secretaria de estado da educaÇÃo · que: [...] pedagogo é alguém que ensina algo. ......

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁCAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

EDILAINE APARECIDA DELAMUTA VANZELA

UNIDADE DIDÁTICA

O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

SANTA MARIANA2011

Dados de Identificação

Professor PDE: Edilaine Aparecida Delamuta Vanzela

Área PDE: Pedagogia

Professor Orientador IES: João Vicente Hadich Ferreira

IES vinculada: Universidade Estadual do Norte do Paraná- Campus

de Cornélio Procópio

Escola de Implementação: Colégio Estadual Joaquim Maria

Machado de Assis

Público objeto de intervenção: Direção, Professores e Pedagogos

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁCAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONALEDILAINE APARECIDA DELAMUTA VANZELA

O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

Unidade Temática apresentada como Produção Didático-Pedagógica do Professor PDE à coordenação do PDE/SEED como requisito parcial do Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE 2010/2011 – Área PDE: Pedagogia – IES: UENP- Campus de Cornélio Procópio.Professor Orientador IES: João Vicente Hadich Ferreira

SANTA MARIANA2011

O PROFESSOR PEDAGOGO E SUA ORIGEM

[...] Não há sociedade sem práticas educativas. Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. De modo que não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Por conseqüência, se há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além, é claro, da pedagogia escolar. (LIBANEO, 2001, p.6-7)

A partir da epígrafe apresentada, cabe-nos indagar o que significa e onde

surgiu a pedagogia?

Apesar da quantidade, diversidade e larga utilização das correntes

pedagógicas pelos profissionais da educação atualmente, poucos sabem onde e

quando surgiu a Pedagogia e como foi sua utilização pelos povos ao longo dos

tempos.

A palavra Pedagogia tem origem na Grécia, paidós (criança) e agodé (condução). A palavra grega Paidagogos é formada pela palavra paidós (criança) e agogos (condutor). Portanto, pedagogo significa condutor de crianças, aquele que ajuda a conduzir o ensino. Este era o trabalho do escravo, que era encarregado também de dar formação (Paidéia), palavra grega cujo significado refere-se à prática educativa e à formação cultural do cidadão. Remete à idéia de educação ligada aos conteúdos da cultura, das práticas corporais e artísticas. (HOLTZ, 1999, p. 9)

Nesse sentido, percebe-se que muitos romanos entregaram a educação dos

seus filhos aos gregos, seus escravos, “os pedagogos”, como nos relata Holtz:

[...] com o desaparecimento da escravatura, sob influência do Cristianismo, o Pedagogo-escravo deixou de existir, passando então a constituírem-se os estudantes pobres, que aprendiam com os filósofos e se instalavam, nos castelos senhorais e na morada das

famílias nobres, como encarregados da educação das crianças do lar, ou seja, dos filhos dos grandes senhores. Enquanto estudavam e ensinavam, recebiam pequenas importâncias, na maioria dos casos ensinavam em troca de hospedagem, alimentação, luz e roupa lavada. Com o tempo, e como a instrução era difícil, estes Pedagogos-estudantes começaram a reunir as crianças do palácio, com outras de famílias conhecidas das redondezas, fazendo surgir as primeiras escolas particulares. Nessa época a palavra Pedagogo, começou a ser usada como sinônimo de Mestre-Escola. (HOLTZ, 1999, p. 11)

Diante disso, e de acordo com as idéias da referida autora, cabe mencionar

que foi no século XVIII que surgiu, pela primeira vez no Dicionário da Língua

Francesa, o vocábulo Pedagogia, que já se usava na linguagem corrente. “Assim,

delineando-se como a formação em educação, o vocábulo Pedagogia e

conseqüentemente a profissão pedagogo se enobreceram, sendo hoje a Pedagogia,

a ciência da e para a educação – teoria e prática da educação.” ( LIBANEO, 1999, p.38).

Em relação ao Brasil pode-se dizer que há uma certa tradição histórica da

Pedagogia como curso de formação de professores no Brasil. Então Libâneo afirma

que:

[...] pedagogo é alguém que ensina algo. Essa tradição teria se firmado no início da década de 30 com a influência tácita dos chamados “Pioneiros da Educação Nova”. Dessas idéias, firmou-se o entendimento de que o curso de Pedagogia seria um curso para formação de professores para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental. (LIBANEO, 1999, p.36)

Nessa perspectiva “de ensinar algo”, pode-se dizer que, toda educação

corresponde a uma pedagogia, uma vez que esta se constitui como um conjunto de

influências tanto espirituais, mentais e culturais que modificam os seres humanos

para que possamos viver em sociedade, de acordo com Libâneo: “[...] é possível

caracterizar a educação como uma prática social que busca realizar nos sujeitos às

características de humanização plena.” (LIBANEO, 1999, p.28)

De acordo com as idéias de Luzuriaga, ela entende por educação:

[...] a influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade sobre s gerações jovens, com o fim de

conservar e transmitir a existência coletiva. A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre a terra. (LUZURIAGA 2001, p. 10- 11)

Desse modo, vale destacar que a educação é uma peça fundamental na vida

dos seres humanos, visto que permite que diferentes culturas sejam passadas de

gerações a gerações. E sendo a Pedagogia uma ciência que estuda a educação,

Luziriaga afirma que:

Pedagogia é a ciência da educação: por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é ciência do espírito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é ciência autônoma. (LUZURIAGA, 2001, p.12)

Tomando como referência esses conceitos, verifica-se que a educação é um

elemento essencial para a vida pessoal e social do ser humano, pois atua como

agente de transformação. Proporciona o convívio em sociedade e interação entre

diferentes povos e culturas, o que acaba por gerar a aquisição de novos

conhecimentos e informações.

2 . A PEDAGOGIA NO BRASIL

O Curso de Pedagogia no Brasil foi criado devido à preocupação com o

preparo dos professores para a escola secundária.

Surgiu junto com as licenciaturas. Instituídas ao ser organizada a antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei n° 1190 de 1939. Essa faculdade visava à dupla função de formar bacharéis e licenciados para várias áreas, entre elas, a área da pedagógica, seguindo a fórmula conhecida como “3+1”, em que as disciplinas de natureza pedagógica, cuja duração prevista era de um ano, estavam justapostas às disciplinas de conteúdo, com duração de três anos.Formava-se então o bacharel nos primeiros

três anos do curso e, posteriormente, após concluído o curso de didática, conferia-se-lhe o diploma de licenciado no grupo de disciplinas que compunham o curso de bacharelado. (SCHEIBE E AGUIAR, 1999, p. 223)

O pedagogo como bacharel, poderia exercer cargos de técnico em educação,

sendo este um campo de inúmeras funções. Já como licenciado, o seu campo de

trabalho era exclusivamente a docência. A década de 1960 foi um período em que o

curso passa por um processo de definição das especializações como inerentes à

formação do pedagogo. Tem-se a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Base

da Educação Nacional (LDBEN), Lei 4024/1961, com uma visão profissionalizante e

utilitarista e, a partir de 1962, com o Parecer Co Conselho Federal de Educação

(CFE) nº 251/1962 que estabelece um currículo mínimo e a sua duração, o curso de

Pedagogia passa a assumir a formação tanto do técnico em educação quanto do

professor de disciplinas pedagógicas do curso normal, ou seja, o curso passa a

formar o bacharel.

Desse modo, apesar de algumas modificações feitas na estrutura de 1962,

esse quadro do Curso de Pedagogia perdurou até 1969 quando:

[...] este foi reorganizado, sendo então abolida a distinção entre bacharelado e licenciatura, e criadas as “habilitações”, cumprindo o que acabava de determinar a lei 5540/68. A concepção dicotômica presente no modelo anterior permaneceu na nova estrutura, assumindo apenas uma feição diversa: o curso foi dividido em dois blocos distintos e autônomos, desta feita, colocando de um lado disciplinas dos chamados fundamentos da educação e, de outro, as disciplinas das habilitações específicas. O curso de pedagogia passou então a ser predominantemente formador dos denominados “especialistas” em educação (supervisor escolar, orientador educacional, administrador escolar, inspetor escolar, etc.), continuando a ofertar, agora na forma de habilitação, a licenciatura “Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais”, com possibilidade ainda de uma formação alternativa para a docência nos primeiros anos do ensino fundamental. (SCHEIBE E AGUIAR 1999, p. 224)

Portanto, ocorre no âmbito escolar a fragmentação do trabalho pedagógico, e

os especialistas técnicos em Educação, evidentemente, são introduzidos no

processo educacional com a função de reproduzirem as relações sociais mantidas

pela sociedade capitalista, ou seja, com a função de racionalizar as questões que

englobam a escola, utilizando-se dos mesmos princípios orientadores da Administração

Empresarial.

Nesse contexto histórico, os fundamentos dessa formação eram

extremamente reprodutivistas e submissos à lógica do mercado, que apresentava o

sistema e o definia. Também o trabalho do pedagogo, na área profissional, tinha de

adequar-se à tal lógica do mercado.

Assim sendo, apresentaremos na seqüência alguns aspectos da divisão do

trabalho na organização escolar, bem como, da atuação dos profissionais da

Educação, primeiramente numa perspectiva de reprodução da sociedade capitalista,

e, em seguida, numa perspectiva progressista de educação: Administração Escolar -

Fica sob a responsabilidade maior do Diretor, o qual, nos termos das Teorias da

Administração Empresarial, deve fazer cumprir as políticas educacionais do sistema.

Entretanto, é preciso que o Diretor tenha claro dois aspectos principais da teoria e

da prática da administração capitalista. De um lado as atividades de gerenciamento,

que tem a ver com o controle das relações de trabalho entre pessoas. De outro, a

racionalização, que se encarrega da distribuição de tarefas especializadas,

buscando o desenvolvimento da produtividade. Ou seja, através da organização e

coordenação da rotina escolar, cabe ao Diretor controlar as questões

administrativas, burocráticas e financeiras, além de acompanhar a execução do

Projeto Político Pedagógico da unidade escolar em que atua, afinal, o Diretor é o

líder da escola, e como tal, deve ter uma visão ampla da rotina da escola para

melhor gerenciá-la. Supervisão Educacional.

A função supervisora teve sempre o caráter de ação educativa. Desde a sua origem a característica da função supervisora .era a de estar constantemente presente junto às crianças, tomando conta delas, isto é, vigiando, controlando, supervisionando, portanto, todos os seus atos. (SAVIANI, 2000, p. 17).

Entretanto, na Época Moderna, com a generalização da escola:

[...] a educação passa a ter caráter formal, e então tem início a idéia de Supervisão Educacional. Aqui no Brasil esta idéia tem início com os Jesuítas, e mais especificamente com o documento Ratio Studiorum, que colocava o Supervisor na figura do prefeito dos estudos. No referido documento as funções do prefeito dos

estudos eram reguladas por trinta regras, e dentre elas, a regra nº 17 apontava, claramente, como função do prefeito dos estudos ouvir e observar os professores. (SAVIANI, 2000, p. 21).

Enquanto especialidade em Educação, a Supervisão Educacional, nos

moldes do tecnicismo e regida pelas Teorias da Administração Empresarial, diz que

cabe ao Supervisor Educacional a função de assistir técnica e didaticamente ao

professor no sentido de que se alcance a melhor produtividade possível no trabalho

com os alunos.

Quanto à profissão de Supervisor, ela só vai aparecer aqui no Brasil na década de vinte com o surgimento dos .profissionais. em educação, isto é, o aparecimento dos técnicos em escolarização, constituindo-se como uma nova categoria profissional. (SAVIANI, 2000, p. 25).

O termo Orientação Educacional segundo Andrade surgiu na :

[...] década de 20, com o surgimento dos técnicos em educação, função da Orientação Educacional passou por diversos períodos históricos. Ou seja, de 1920 a 1941, no chamado Período Implementador, devido às exigências de um contexto sócio-econômico-cultural voltado à industrialização, a Orientação Educacional esteve voltada para a orientação profissional, e dessa forma, seu papel esteve voltado para o trabalho de seleção e escolha profissional. De 1941 a 1960 - Período Institucional - ocorre a exigência legal da Orientação Educacional nas escolas. De 1961 a 1970 - Período Transformador - a Orientação Educacional apresenta um caráter preventivo, ou seja, realiza trabalhos, principalmente de dinâmica de grupos, com o intuito de sustar eventuais conflitos. De 1971 a 1980 . Período Disciplinador . com a Lei 5692/71 a Orientação Educacional fica sujeita à obrigatoriedade. Neste período estava em alta o Tecnicismo, que exigia da Orientação Educacional atribuições voltadas à Psicologia, as quais envolviam, basicamente, o aconselhamento vocacional ou profissional. Nesse caso, seguindo as Teorias da Psicologia, o Orientador Educacional tem como objeto o aluno, cabendo-lhe, portanto, a função de orientação terapêutica e psicológica, ou seja, de dar conselhos ao aluno, procurando ajustá-lo ao modelo de família, escola e sociedade do sistema capitalista, cuja finalidade, em última instância, é formar para o mercado de trabalho.(ANDRADE, 1976, p.38)

Com o intuito de reformular os encaminhamentos teórico metodológicos

desenvolvidos pelos Especialistas em Educação, desde o final da década de

setenta, reflexões sobre a divisão do trabalho na escola foram ganhando espaço em

debates e estudos no cenário nacional brasileiro.

A formação do pedagogo, naquele momento, era voltada para as funções

hierárquicas e articulada à direção da escola; era formação obtida através da

formação universitária e das práticas na escola.

A partir dos anos 1980 houve uma grande atuação do movimento para

reformulação dos cursos de formação do educador, cuja atividade perdura até hoje

na Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE).

Este movimento manteve, nos documentos que produziu o espírito do Parecer CFE

252/69 de segundo Libâneo :

[...] não diferenciar a formação do professor e do especialista, tendendo esvaziar o prescrito nesse Parecer quanto às habilitações do curso. Também reafirmou a idéia de que o curso de Pedagogia é uma licenciatura, contribuindo para descaracterizar a formação do pedagogo stricto sensu. (LIBANEO, 2010, p.46)

Esse entendimento permite falar de três tipos de pedagogos, que segundo

Libâneo são:

1) pedagogos lato sensu, já que todos os profissionais se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades, são, genuinamente, pedagogos. São incluídos, aqui, os professores de todos os níveis e modalidades de ensino; 2) pedagogos stricto sensu, como aqueles especialistas que, sempre com a contribuição das demais ciências da educação e sem restringir sua atividade profissional ao ensino, trabalham com atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições; 3) pedagogos ocasionais, que dedicam parte de seu tempo em atividades conexas à assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes. (LIBANEO, 2001, p.9)

Algumas Faculdades de Educação, em meados da década de 1980

suspenderam ou suprimiram as habilitações convencionais (administração escolar,

orientação educacional e supervisão escolar), para investir num currículo centrado

na formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental e curso de

magistério.

A idéia de conceber o curso de Pedagogia como formação de professores, a meu ver, é muito simplista e reducionista, é, digamos, uma idéia de senso comum. A Pedagogia se ocupa, de fato, com a formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.[...] (LIBANEO 2001, p.6 )

Considerando que em nível de graduação, segundo a Nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 64, é o

Curso de Pedagogia que forma os Especialistas em Educação, e que, na proposta

de trabalho coletivo constante nos documentos da ANFOPE, a base de todo

profissional da Educação é a docência, pois não há possibilidade de um especialista

desenvolver um bom trabalho de orientação, supervisão e direção se não tiver

embasamento teórico e experiência de docência. Ou seja, se faz necessário

repensar o papel de cada especialista na proposta de trabalho coletivo na

organização escolar.

Atualmente, com a implantação das Diretrizes Curriculares do Curso de

Pedagogia (Resolução Conselho Nacional de Eduacação CNE/CP nº 1, de 15 de

maio de 2006 ), a função do Pedagogo passa do estágio fragmentado para

atividades amplas, principalmente na questão de organização do trabalho

pedagógico e curricular da escola, devendo este estar apto para desenvolver as

atividades, conforme contempla o Artigo 5º das Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Pedagogia.

Art. 2º O curso de pedagogia destina-se precipuamente à formação de docentes para a educação básica, habilitado para:a- Licenciatura em Pedagogia – Magistério da Educação Infantil;

b- Licenciatura em Pedagogia – Magistério dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.Parágrafo Único – O projeto pedagógico de cada instituição poderá prever qualquer uma das habilitações ou ambas, na forma de estudos concomitantes ou subseqüentes.

O Parecer ainda enfatiza a docência como base compreendida como ação educativa e

processo pedagógico metódico e intencional e estabelece a formação teórica articulada à

prática docente, à prática gestora tanto nos processos educativos escolares como não

escolares.

Dessa forma Libâneo nos destaca a importância do papel do pedagogo dentro

do ambiente escolar:

a presença do pedagogo escolar torna-se, pois, uma exigência dos sistemas de ensino e da realidade escolar, tendo em vista melhorar a qualidade de oferta de ensino para a população. [...] Sua contribuição vem dos campos de conhecimento implicados no processo educativo-docente, operando uma intersecção entre a teoria pedagógica e os conteúdos-métodos específicos de cada matéria de ensino, entre o conhecimento pedagógico e a sala de aula (LIBÂNEO, 2004, p. 62).

O trabalho pedagógico hoje requer um domínio mais aprofundado das

questões educacionais e pedagógicas presentes na escola que ultrapasse o mero

espontaneísmo e imediatismo com os quais se tem legitimado a cultura escolar.

Nessa perspectiva, Libâneo contribui afirmando sobre a importância desse trabalho,

uma vez que este: “[...] não pode eximir-se de uma determinação de sentido da

práxis educativa, já que intervém no destino humano, na formação e no ser humano

dos educandos.” (LIBÂNEO, 2004, p.192)

Esse autor colabora, ainda, indicando a relevância de pensar uma Pedagogia

Crítica, a qual postula a formação de cidadãos capazes de intervir nos processos

políticos na conquista de estruturas socioeconômicas que assegurem as condições

de democracia, igualdade e justiça.

Diante disso, os pedagogos não podem e não devem permanecer mais na

ingenuidade e no romantismo, eximindo-se segundo Libâneo: “[...] da natureza

prática da ação educativa, de compromissos morais, do desenvolvimento de práticas

investigativas.” (LIBÂNEO, 2004, p.192)

Discutir a respeito do pedagogo é tarefa difícil, pois seu trabalho pedagógico

sempre se situa no meio de um conflito ideológico, que interfere de forma

preponderante na vida escolar. O pedagogo continuará sendo visto simplesmente

como aquele que detém um poder junto à direção, caso não tenha consciência, ele

mesmo, de seu verdadeiro papel de elemento mediador e articulador do

conhecimento, e caso não compreenda em profundidade a sua relação com os

pares da escola.

CONCLUSÃO

Percebe-se que a função do pedagogo nas escolas públicas está um tanto

quanto descaracterizada de especialista em educação ele passa a fazer às vezes de

menino de recados; fiscalizador das entradas e saídas dos alunos na escola;

substituto de professores que, pelos mais variados motivos, necessitam se ausentar

das escolas em que trabalham; responsável pelo processo de conscientização do

grupo de profissionais da escola quanto a elaboração do projeto político pedagógico

e pela organização, elaboração e implementação deste; organizador de festas e

eventos , causando assim uma série de atividades paralelas que impossibilitam o

trabalho pedagógico, o qual está preparado, pelo menos teoricamente, para realizar.

Como nos relata Vasconcellos:

A identidade do profissional do pedagogo deve ser um dos constitutivos dessa luta, pois caso contrário o pedagogo estará ainda por muito tempo reduzido a função de apagador de incêndios, solucionador de problemas emergenciais da/na escola, ou ainda, bedéis de alto nível. (VASCONCELLOS, 2002).

Os cursos de Pedagogia, que formam estes profissionais, encontram-se

também na mira do poder público, com relação a sua regulamentação e alteração

das características que o tornam específico. Não bastasse toda a sorte de desafios

que a profissão tem de enfrentar, o enfraquecimento/esvaziamento dos cursos de

Pedagogia possibilitado pela aprovação dos cursos Normal Superior (sejam eles

presenciais ou à distância) corrobora para o desvirtuamento de uma educação de

qualidade. Realmente os currículos são distantes das necessidades , o ensino é

precário e precisamos repensar a preparação para a docência no país com urgência.

Como afirma Libâneo:

[...] O ideal de um ensino de qualidade para todos não pode ter caducado, porque a sociedade brasileira não cumpriu, ainda, as promessas inscritas na modernidade de autonomia e dignidade humana para todos. [...] A prioridade para a educação e a exigência de maior profissionalismo dos professores têm, nesse momento histórico, o nome de “profissionalização”, isto é, salários dignos, formação profissional de qualidade e planos de carreira, sem o que é inútil falar em modernidade ou pós-modernidade. (LIBANEO, 2010, p.205-206)

Portanto, o objetivo maior desta reflexão é fornecer subsídios para a

discussão, tendo em vista a situação atual do pedagogo nas escolas.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, N. V. de. Supervisão em educação: um esforço para melhoria dos serviços educacionais. Rio de Janeiro: Editora Livros Técnicos e Científicos. FENAME, 1976.

BRASIL; CONGRESSO NACIONAL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. In: Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional: texto na íntegra. São Paulo: Editora Saraiva, s/d.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Pareceres, Resoluções e DCNs. Disponível em:http://www.mec.gov.br.. (Acesso em 16/07/2011.)

HOLTZ, Maria Luiza Martins. Lições de Pedagogia Empresarial. MH Assessoria Empresarial Ltda. Sorocaba. 1999. Disponível em http://www.mh.etc.br/documentos/ licoes_de_pedagogia_empresarial.pdf .(Acesso em 16/072001)

LIBANEO, J.C. Formação dos profissionais da educação: visão crítica e perspectivas de mudança. In: PIMENTA, S.G. Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.

______________. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar em Revista, Curitiba: n.17, 2001

______________. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2010.

LIBÂNEO, J. C. PIMENTA, S.G. Formação dos profissionais da educação – visão crítica e perspectivas de mudança. In: Revista Educação e Sociedade, Campinas: Cedes nº.68, 1999.

LUZURIAGA, Lorenzo. História da educação e da pedagogia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.

Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia.. Parecer nº 5/2005 de 13/12/2005.

PARANÁ. A Função do Pedagogo: organização do Trabalho Pedagógico. O Papel do Pedagogo na escola publica. Disponível em www.diaadiaeducacao.pr.gov.br (Acesso em 18/06/2011)

PIMENTA, S.G. Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002.

SAVIANI, D. O sentido da pedagogia e o papel do pedagogo. In: Revista da ANDE, São Paulo:/Cortez, nº. 9, p.27-28, 1985.

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SCHEIBE, L. e AGUIAR, M. A. Fomação de profissionais da educação no Brasil: O curso de pedagogia em questão. Educação e Sociedade, ano XX, nº 68, dezembro/99.

SOUZA, D. B.; CARINO, J. (Orgs.). Pedagogo ou professor? O processo de reestruturação dos cursos de educação no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.

VASCONCELLOS, I.J. Apresentação. In: SOUZA, D. B.; CARINO, J. (Orgs.). Pedagogo ou professor? O processo de reestruturação dos cursos de educação no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.