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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

JOARES MAURÍCIO DA ROCHA

A AUTONOMIA DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO

Versus

RENDIMENTO ESCOLAR

CURITIBA

2011

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

A AUTONOMIA DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO

Versus

RENDIMENTO ESCOLAR Caderno Temático apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, área de Gestão Escolar, com estudo referente a autonomia do aluno do Ensino Médio versus Rendimento Escolar. Sob a orientação do Professor Mestre Maurício Cesar Vitória Fagundes, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

CURITIBA

2011

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 04

UNIDADE I

PRÁTICAS DO COTIDIANO DA ESCOLA QUE EXERCITAM A AUTONOMIA.... 05

UNIDADE II

EDUCAÇÃO: UM DEVER DOS PAIS E DO ESTADO E UM DIREITO DO

ESTUDANTE................................................................................................ 07

UNIDADE III

MUDANÇAS NA PRÁTICA DOCENTE E DISCENTE PARA CONSCIÊNCIA DA

RELAÇÃO (CAUSA X EFEITO)............................................................................ 12

UNIDADE IV

AÇÕES PARA O EXERCÍCIO CONSCIENTE DA AUTONO............................... 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 17

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 18

INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional tem como um dos

aportes dos professores que dele se privilegiam, a contribuição com a aplicação

do estudo realizado aos demais docentes e membros da comunidade escolar da

rede pública estadual de educação.

O Tema escolhido, A AUTONOMIA DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO

Versus RENDIMENTO ESCOLAR, visa aprofundar os estudos dentro de uma

postura comissiva já adotada na gestão escolar do Colégio Estadual Helena Viana

Sundin de Paranaguá, mas que necessita de um suporte legal, teórico e

metodológico para justificar sua continuidade.

O presente material faz uma coletânea de textos que tratará do

assunto em comento sobre o viés das ciências que estudam, conceituam e

regulam as relações do homem consigo mesmo e com seus pares.

Esse material não tem o condão de apresentar respostas do quê é e

de como estabelecer uma relação que busque a maturidade dos alunos do Ensino

Médio, mas sim problematizar o cotidiano escolar acerca do não exercício da sua

autonomia e, desse levante levar-nos a uma reflexão de um fazer escolar

diferente do que está posto e que tem servido de modelo às práticas relacionais e

metodológicas do ambiente escolar.

O direcionamento desse tema tem a motivação na busca da afirmação

ou negação da ação autônoma do aluno do Ensino Médio como ferramenta

pedagógica auxiliadora da consciência relacional dos seus atos com a escola,

família e todos os elementos normativos do seu cotidiano, e a possível

conseqüência no aproveitamento escolar.

Lorieri e Rios (2004) afirmam que a autonomia é a situação que

agimos levando em consideração regras das quais fomos os criadores ou que,

mesmo as encontradas prontas na sociedade, avaliamos como significativas e

incorporamos ou internalizamos em nossas ações (LORIERI E RIOS, 2004, p.

65).

Para deslinde do tema, estruturou-se este material em 4 unidades.

UNIDADE I

PRÁTICAS DO COTIDIANO DA ESCOLA QUE EXERCITAM A AUTONOMIA.

A escolha do tema para a realização do trabalho com enfoque no

Ensino Médio deu-se principalmente pela independência que a grande maioria

destes alunos tem quanto ao seu deslocamento para escola, utilizando-se das

mais variadas formas de locomoção. Dessa forma, essa é a primeira ação

autônoma que eles exercem em relação a sua vida acadêmica, e com raras

exceções, todos comparecem ao tempo que é determinado para o início das

aulas, ou seja, pela manhã às 7h 30 min. e no período noturno às 19h.

Já o cotidiano no interior da escola, muitas ações são propostas à

comunidade discente com vistas à promoção do exercício da liberdade com

responsabilidade.

Fundada na confiança, os profissionais da educação do Colégio

Estadual Helena Viana Sundin (Direção – Equipe Pedagógica, professores e

Funcionários) emprestam material esportivo para o aluno, para seu lazer na hora

do intervalo. Há a disponibilização do laboratório de informática e/ou de ciências

quando há falta imprevista de professor sem possibilidade de substituição. Serve-

se merenda escolar num bufê1, a fim de que desperte no aluno e também no

funcionário responsável por esse serviço, um respeito da apropriação do que

baste para seu consumo, dessa forma evita-se desperdício. Nas reuniões do

Conselho Escolar, o Grêmio Estudantil tem participação efetiva, sempre trazendo

a pauta reivindicações da comunidade estudantil e, sobretudo, tem a liberdade do

acesso à direção, bem como, toda equipe pedagógica para tratar de assuntos de

seu interesse.

Quanto a sua permanência na escola, o aluno vale-se do seu direito

de ir e vir, desta forma, terá liberdade para que, querendo possa ausentar-se da

escola ao tempo que julgar necessário. Embora haja profundas ressalvas dessa

permissão, ela nada mais é que o inverso do seu direito de adentrar ao colégio

para usufruir do seu direito aos dias letivos mínimos previstos em lei e do dever

do Estado em ofertá-los sem qualquer distinção.

1 Mesa em que se servem comidas.

Essa relação de confiança que redunda na prática da liberdade com

responsabilidade é extensiva também aos ex-alunos e à comunidade do entorno

da escola, tanto que, dois alunos egressos da instituição têm posse da chave do

portão da escola para que aos finais de semana possam se utilizar das

dependências físicas para atividades de esporte e lazer.

Nessa cooperação no uso do bem público para o uso do público, tem

havido a preservação, o cuidado e zelo pelo patrimônio da Instituição Escola.

UNIDADE II

EDUCAÇÃO: UM DEVER DOS PAIS E DO ESTADO E UM DIREITO DO

ESTUDANTE

O Estado tem como Dever Constitucional oferta da

educação em todos os níveis. Tal previsão está expressa no seu artigo 205 do

capítulo III, o qual menciona a divisão dessa responsabilidade com a família.

Constituição Federal

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Da interpretação do artigo supramencionado dessume-se que

todo o cidadão tem direito de freqüentar e permanecer na escola e cabe ao

Estado a responsabilidade de garantir o acesso universal a todos.

Nos § 1° e 2° artigo 208 também da Constituição Federal, traz o

dever do Estado para com a efetivação do direito à educação: tem o Estado a

obrigação de garantir o ensino fundamental, atendimento educacional

especializado, oferta ao ensino noturno, dentre outros direitos. Faz menção

também que é de responsabilidade do Poder Público a oferta do ensino público

gratuito, caso não o faça importa responsabilidade da autoridade competente.

Desse dever da oferta, está indissociável o direito aos que procuram

o acesso à Educação. O capítulo da Constituição Federal que trata dos Direitos

Fundamentais assim prescreve

Constituição Federal

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Desta forma, é imperiosa a garantia dos Direitos ao acesso à

educação, bem como, o Dever do Poder Público para a sua consecução. Com

esse intuito é que tal garantia redunda na Constituição e também traz previsão

nas normas infraconstitucionais que também tratam do assunto, vejamos:

Constituição Federal

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96

Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Do arcabouço normativo apresentado não resta dúvida quanto ao

dever do Estado e da Família e o direito do cidadão ao acesso à Educação.

Porém, o Estatuto da Criança e do Adolescente foi norma balizadora das ações

na escola, pois nossa clientela e composta pelo grupo etário ao qual a lei faz

menção, mas propriamente dito, dos alunos do Ensino Médio, que são da faixa

etária maior de doze anos, ou seja, adolescentes e alguns casos de adultos.

Vejamos:

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Abordada a obrigação do Poder Público e o Direito do cidadão ao

acesso à Educação, faz-se necessária trazer à discussão de que forma se

operacionalizará esta oferta. Para isso, mister se faz colacionar o disposto no

artigo 24º - I da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei

9394/96:

Art. 24º. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;

Isto posto, ressalta-se que disposto contido na legislação, acerca da

oferta mínima em dias e horas são cumpridos pela rede pública estadual de

educação, por conseguinte pelo Colégio Estadual Helena Viana Sundin.

Passada a apresentação dos Fundamentos Legais que regem o

Dever do Estado e da Família, é de suma importância apresentar os deveres e

direitos dos alunos na sua relação com a Instituição Escolar, as quais têm

representação através do Regimento Escolar.

O Regimento Escolar pode ser considerado como sendo um

conjunto de normas e regras que regulam o funcionamento de uma escola, bem

como dos direitos e deveres de todos que a compõem. Como toda norma, que

tem função precípua regular as relações sociais, o Regimento normatiza a relação

do aluno com seus pares, quais sejam, alunos, professores, funcionários e

direção.

Via de Regra, os Regimentos Escolares é uma reprodução dos

Direitos e Garantias constitucionais, porém, a que merece destaque no presente

trabalho é o DOS DIREITOS INDIVIDUAIS que estão previstos no art. 5º da

Constituição Federal e dessa forma merece recepção no documento interno da

escola.

Assim, com o fundamento legal é que se fez a propositura do

trabalho no Colégio Helena Viana Sundin, dentro da especificidade da faixa etária

que a Instituição atende, a dos adolescentes. Por isso, apresentamos:

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como

sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; (grifos meus)

II - opinião e expressão;

A aplicação do disposto no Regimento Escolar com substância na

Legislação Constitucional e Infraconstitucional cabe ao Diretor da Instituição. Essa

ação deve ser feita de forma conjunta com o Conselho Escolar, pois assim

garante uma análise democrática das possíveis infrações aos direitos e deveres

da comunidade escolar. Esta prevenção tem previsão no Estatuto da Criança e do

adolescente:

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Da relação entre o Direito de ir e vir e não violação dos direitos da

criança do adolescente, é que se traduziu a permissão do aluno do Ensino Médio

ausentar-se do colégio ao tempo que desejar. Ressalta-se que não há por parte

da direção uma “dispensa” do aluno, posto que o Diretor não é o responsável

legal pelo adolescente, assim não tem poderes pra isso. O aluno ao assumir sua

saída da escola, estará da mesma forma assumindo a mesma autonomia que lhe

é conferida pela família ao propiciar que ele se desloque de casa para a escola e

da escola para casa.

Como supedâneo da postura permissiva ao aluno, importante a

ressalvar o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente acerca da aplicação

da norma ao indivíduo em desenvolvimento:

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. (grifos meus).

O Gestor, aplica o disposto no artigo acima citado, pois considera

o adolescente como uma pessoa em desenvolvimento, que já possui a

credibilidade da família, a fim de conduzir sua vida escolar, dessa forma sua

permissão só corrobora com os pais ou responsáveis.

UNIDADE III

MUDANÇAS NA PRÁTICA DOCENTE E DISCENTE PARA CONSCIÊNCIA DA

RELAÇÃO (CAUSA X EFEITO).

Embora haja uma defesa sistemática do exercício da autonomia

pelo aluno do ensino médio, é de suma importância que se ressalte como ela

deva ser exercida, a fim de que não se confunda essa prática.

Barroso (2001) traz o conceito de autonomia ampliado, e assim se

manifesta: “Está etimologicamente ligado à idéia de autogoverno, isto é, à

faculdade que os indivíduos (ou as organizações) têm de se regerem por regras

próprias. Contudo, se a autonomia pressupõe a liberdade (e capacidade) de

decidir, ela não se confunde com a “independência”. A autonomia é um conceito

relacional (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa), pelo que a

sua ação exerce sempre num contexto de interdependência e num sistema de

relações. “A autonomia é também um conceito que exprime sempre certo grau de

relatividade: somos mais, ou menos, autônomos; podemos ser autônomos em

relação a umas coisas e não o ser em relação a outras”. (BARROSO, 2001, p.16).

Corroborando com que o prescrito pelo autor, Lorieri e Rios (2004)

afirmam que a autonomia é a situação que agimos levando em consideração

regras das quais fomos os criadores ou que, mesmo as encontradas prontas na

sociedade, avaliamos como significativas e incorporamos ou internalizamos em

nossas ações (LORIERI E RIOS, 2004, p. 65).

Assim, a autonomia apregoada no trabalho do PDE, não está

desvinculada da legislação reguladora dos Direitos e Deveres dos alunos.

Entendemos que o exercício da autonomia se dá com o profundo conhecimento

de todas as regras que permeiam a relação do aluno com a escola e com o

sistema educacional.

Lorieri e Rios (2004), também traz como contraponto à autonomia a

heteronomia e problematizam o antagonismo desses dois valores e sobre a

heteronomia. Os autores enfatizam que se trata de uma situação na qual a ação

obedece a regras impostas externamente e aceitas passivamente e se realiza

levando-se em conta a punição ou a recompensa que se terá (id. ibid.). O

processo de heteronomia faz-se presente em nossas construções históricas e

muito latente na personificação do mercado, portanto sua superação é um

desafio. Nesse sentido, a autonomia é uma construção permanente que se dá no

tensionamento com a heteronomia.

Dessa inter-relação cabe apresentar aos alunos do ensino médio as

posturas heterônomas que acontecem e são necessárias no interior da escola,

quais sejam: Regimento Escolar, LDB, ECA e os demais atos normativos da

mantenedora e do gestor escolar. Dessas “contradições” entre o desejo do aluno

em se ausentar do colégio e a questão legal inerente a educação e todo o

processo educacional pressupõe a construção coletiva com a escola do conceito

de autonomia relacional.

Como enfatizam Lorieri e Rios (2004), se constitui em relação com

os outros e, portanto, é inadequado confundi-la com independência ou com

ausência de responsabilidade. Autonomia implica liberdade, que não é algo que

isola os indivíduos, mas, ao contrário, aponta para o que se chama

interdependência (p. 66).

Das ações heterônomas que terão como função o tensionamento

para o despertar da autonomia, algumas mudanças fazem-se necessárias

acontecer no cotidiano da escola. A principal delas é a oferta dos duzentos dias

letivos. Essa é a parcela mínima de um todo que deve ser mudado na escola.

Porém dela depende a garantia e a liberdade de ir e vir, pois está diretamente

ligada a possível Reprovação do aluno ante a necessidade da freqüência de 75%.

Para a consecução de tal postura, há a necessidade da redução de

faltas por parte dos professores, bem como, uma atitude mais imediata do Estado

em substituir professores que se afastam para tratamentos de saúde.

Outra mudança importante, é a implementação da transparência no

tratamento das notas dos alunos. É de suma importância para quem quer

exercitar sua autonomia, que se faça dentro do conhecimento de sua condição

real de aproveitamento e ara isso, deve-se partir para a prática do anúncio do

rendimento escolar bimestral do aluno de forma pública, clara e imutável.

Essa propositura do conhecimento das notas e dos critérios

avaliativos aplicados aos alunos, tem a previsão legal do artigo 53 – III do

Estatuto da Criança e do Adolescente que assim estabelece:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

Embora haja a previsão supramencionada, nas relações

Professor x Aluno no que se refere a avaliação e Rendimento, nas escolas, a

prática que se observa é a subtração desse Direito, sob a égide de que as

informações devam ser repassadas para os pais ou responsáveis.

Na defesa desse direito do aluno, não subsiste a pretensão de

alijar os pais das suas responsabilidades, os quais por lei também tem o Dever de

acompanhar o rendimento do filho e o Direito de participar das propostas

educacionais da Escola.

Veja-se:

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

Apesar do comando legal, direcionar a reportagem do

aproveitamento do aluno aos pais ou responsáveis, a escola ao tratar do assunto

primariamente com o próprio aluno que, como já foi dito já exerce várias ações

que conotam sua autonomia, estará dando respostas das suas ações, dessa

forma fortalecendo a relação CAUSA X EFEITO.

UNIDADE IV

AÇÕES PARA O EXERCÍCIO CONSCIENTE DA AUTONOMIA

O exercício consciente da autonomia se dá com a vivência dos

valores CAUSA X EFEITO. Para que o aluno tenha dimensão dos resultados de

suas ações, importante se faz definir de forma clara quais são as regras que

permearam seu processo de aprendizagem e da aprovação, e mais importante

fazer cumpri-las ao tempo em que são exigidas

A cultura inerente da nossa sociedade tem como certa o

descumprimento das regras, justificada sempre por questões subjetivas. Este

trabalho não tem o fito de abandonar os julgamentos dos fatos sobre o viés do

subjetivismo, pois as ciências humanas existem justamente para promover o

entendimento das diferentes relações que o homem estabelece com o meio e que

por vezes tem como pano de fundo a cultura forjada principalmente no ambiente

familiar.

Porém a subjetividade não pode ser a única justificadora das

decisões que, via de regra, é abandonada pelo professor e pela escola durante

todo o ano letivo para só então ser ressuscitada nos Conselhos de Classes finais.

A reprovação ou aprovação do aluno está além da média aritmética

que ele deva conseguir ao final do ano letivo como requisito mínimo do êxito. O

ato de aprovar ou reprovar deve ser trabalhado a cada dia e em cada ação ou

omissão do discente, bem como do professor. Por isso, é desumano esperar um

momento final para se decidir sobre a vida escolar do aluno sem que ele tenha

tido um retorno do seu desempenho que se explicite além da nota.

Essa abordagem temporânea, ao tempo dos fatos, deve ser prática

constante do professor. Cabe ao docente em conjunto com a equipe pedadógica

tratar de assuntos referentes à sua relação com o aluno e do aluno com o

aprendizado. Para efetivação de tal propósito, mister se faz que os Pré-conselhos

sejam invocados a fim de se avaliar o processo como um todo, e não somente os

resultados obtidos pelos alunos.

Desse retorno ao tempo que acontecem os atos ou fatos é que deve

ser construída a relação de CAUSA X EFEITO, vez que a cultura comportamental

é forjada pela repetição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há um profundo desejo que este trabalho tenha despertado nos

educadores, em especial nos Gestores Escolares, uma reflexão acerca do

tratamento com os alunos do ensino médio, levando em consideração o seu

estágio de desenvolvimento à busca da afirmação dos seus valores.

O Estágio de maturação que passa nossos alunos merece de nós,

adultos que somos, um crédito às suas ações, desvinculado de qualquer juízo de

valor que possa estar arraigado na cultura popular – “senso comum”.

Gestores: Nossa função é de extrema responsabilidade com aqueles

que creditaram em nós o privilégio de ordenar os trabalhos da comunidade

escolar a qual eles pertencem. Assim, é importante que jamais percamos a

dimensão de que somos educadores e seres sociais, e que de nossas ações

produziremos reações boas ou más, sabendo sempre que elas são e serão

interdependentes.

Por isso, deposite confiança para receber fidelidade, e lembre-se, já

fomos adolescentes um dia, e hoje somos educadores. Ou seja, o comportamento

que em princípio possa lhe parecer inadequado, é inerente à idade e é

passageiro, e servirá com aporte para a construção do discernimento do que é

esperado e aceitável para se viver em comunidade.

REFERÊNCIAS

BARROSO, J. O reforço da autonomia nas escolas: a flexibilização da

gestão escolar em Portugal. In: FERREIRA, N.S.C. (Org.) Gestão

Democrática da Educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo:

Cortez, 1998.

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BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990 . Estatuto da Criança e do

Adolescente.

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 . Diretrizes e Bases da

Educação Nacional.

CURY, Munir; SILVA, Antonio Fernando do Amaral; GARCIA MENDES, Emílio.

(Coord.). Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: comentários

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GHIGGI, Gomercindo. A pedagogia da autoridade a serviço da liberdade:

diálogos com Paulo Freire e professores em formação. Pelotas, Seiva,

2002.

LORIERI, Marcos Antônio e RIOS, Terezinha Azeredo. Filosofia na escola o

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REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo. Saraiva, 2002. p.

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SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 8ª ed. São

Paulo: Malheiros Editores, 1992. p. 213.