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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL –PDENÚCLEO REGIONAL DE PARANAGUÁ

FAFIPAR

LEILA BONZATTO

CADERNO PEDAGÓGICO LITERATURA E ESCOLA – CONCEPÇÕES E PRÁTICAS

PARANAGUÁ 2011

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LEILA BONZATTO

CADERNO PEDAGÓGICO PRODUÇÃO DIDÁTICA: LITERATURA E ESCOLA – CONCEPÇÕES E PRÁTICAS

Trabalho a ser desenvolvido comocomplementação do projeto contex -

tualizando a prática pedagógica noensino de Língua Portuguesa media-da por pesquisas e novas tecnologias

da informação.Professor orientador IES: Prof. Dr.

Moacir Dalla Palma.IES vinculada: FAFIPAR

Professora – Leila BonzattoPDE – 2011

PARANAGUÁ2011

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1 - INTRODUÇÃO

“A leitura é conhecimento, e conhecimento é

uma forma de dominar a realidade”(Vargas ).

O atual material didático refere-se ao Projeto de Intervenção Pedagógica do

Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE da Secretaria de Educação do

Estado do Paraná para implementação no colégio de intervenção, estabelecendo o

vínculo da teoria/prática como sugere o título: Literatura e Escola – Concepções e

práticas. A elaboração desta produção se faz necessária como forma de

buscar metodologias e estratégias educacionais que possam superar as limitações

impostas pelo ensino tradicional. Modificar a dinâmica das aulas e intensificar as

relações professor-aluno e aluno-aluno, desenvolver atitudes de respeito,

cooperação e valorização da diversidade, além de promover a tomada de

consciência de que a ação individual pode fazer a diferença para a melhoria. É

através do gênero narrativo, em especial a fábula; por ser um texto curto, tem o de

valores.

O desinteresse dos nossos alunos tem como uma das causas esse nosso

condicionamento, essa tranqüilidade com que vamos, ano após ano, levando às

crianças os mesmos livros, as mesmas histórias, supondo sempre atividades iguais,

para alunos iguais. Pensa-se que há necessidade de lutar contra essa situação, pois

acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador poderá melhorar seus

poder de prender a atenção, de entreter e deixar uma mensagem, um ensinamento

conhecimentos e despertar o interesse pela leitura literária mediada pelo

computador. Sendo assim, acredita-se que o hábito da leitura só poderá melhorar

quando toda a postura do adulto relativa ao livro seja revista, de maneira que a

literatura venha a ter a função atual, verdadeiramente recreativa e estética – e por

isso social e renovadora.

Segundo Bruno Bettelheim (1903), depois que a psicanálise desmistificou a

“inocência” e a “simplicidade” do mundo da criança, os contos de fadas voltaram a

ser lidos (e discutidos), por descreverem um mundo pleno de experiências, de amor,

mas também de destruição. Entretanto, a maior contribuição dos contos de fadas é

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em termos emocionais propondo-se e realizando concretamente quatro tarefas:

fantasia, escape, recuperação e consolo.

A psicanálise dos contos de fadas mostra as razões, as motivações

psicológicas, os significados emocionais, a função do divertimento, a linguagem

simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis. A aquisição de

uma compreensão segura do que o significado da própria vida pode ou deveria ser é

o que constitui a maturidade psicológica.

A finalidade desse trabalho não é o de tratar a literatura e a tecnologia

simplesmente em objeto de investigação e avaliar a sua intervenção na sala de aula

e possibilitando o conhecimento da literatura infantil, analisando a sua contribuição e

possibilidades para a melhoria da qualidade de ensino da disciplina na sua

implementação e registrar os resultados indicados em um artigo na última etapa do

Programa de Desenvolvimento PDE/PR.

O grande desafio para a educação é mostrar como a tecnologia é importante

para o futuro e capacitar essa nova geração de alunos e professores é fundamental.

A escola deve incentivar e motivar os alunos, mostrar a eles os inúmeros benefícios

do uso da tecnologia. Ainda cabe lembrar que existem oportunidades de emprego,

há um grande apagão de mão-de-obra em TI no Brasil. Um estudante que abraça

essa carreira encontra imediatamente oportunidades no mercado de trabalho. A

escola também deve facilitar o acesso a informações e isso também se dá por meio

da tecnologia.

O material didático está pautado nas Diretrizes Curriculares da Educação

Básica – Língua Portuguesa da SEED/PR, em autores como: Bruno Bettelheim,

Nelly Novaes Coelho, Jeanni Rodari, Regina Zilberman, Luis Antonio Marcuschi e

Antonio Xavier, marco Aurélio Kalinke e outros.

Afinal como destaca Paulo Freire:

A teoria sem a prática é puro verbalismo inopera-,

nte a prática sem teoria é um ativismo cego”.

Paulo Freire

OBJETIVOS

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- Conscientizar e motivar as pessoas a desenvolver e utilizar o seu pleno potencial

espiritual, mental, emocional e social.

- Encorajar a criação de fábulas diferentes, saudáveis e novas para nos ajudar a

conhecer melhor os desafios de nossos dias.

-Dialogar com os alunos do ensino fundamental para incentivar nele o hábito de

promover atividades oriundas da leitura de textos desse gênero.

- Contextualizar a problemática do livro relacionando o ontem e o hoje.

- Promover a descoberta da fábula como forma de expressão dos sentimentos e

como instrumento de reflexão sobre o pensamento.

- Aprofundar, por meio da leitura de textos literários, a capacidade de pensamento

crítico e a sensibilidade estética, permitindo a expansão dos sentimentos e como

instrumento de reflexão sobre o pensamento.

- Possibilitar ao aluno a refletir sobre a prática do ensino da leitura (Língua

Portuguesa) em sala de aula, cujos resultados refletem na aprendizagem de áreas

do conhecimento trabalhadas na escola.

- Utilizar a internet como ambiente virtual de aprendizagem lúdico e motivador que

possibilidade a implementação de atividades de leitura de fábulas em língua

portuguesa.

- Reconhecer as características marcantes de uma fábula, associadas ao nosso

cotidiano, mediado pelo computador.

- Incentivar o uso das tecnologias em atividades que proporcionem a transformação

da escola em um espaço de aprendizagem contínua para educadores e educandos.

CONTEÚDOS

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Atividades de oralidade, leitura e escrita a partir da leitura e análise de fábulas, de

versões diferenciadas de A cigarra e a formiga, de elementos lingüísticos,de

gravuras educativas e propagandas, atividades estruturais, formação de texto,

releitura de texto, atividades em grupo, preparação de autoria, espetáculo teatral,

contação de fábulas, comparação de fábula que conhece com a versão do escritor,

análise e interpretação de fábula virtual, leitura e construção de sentidos, uso de

dicionário e produções escritas diversas.

RECURSOS DIDÁTICOS:

Texto 1: “O egoísmo da onça”. Livro Didático de Português. Pág. 71 – 72.

Texto 2: “A águia e a coruja”/“A coruja e a águia”. Livro Didático de Português.

Viva Português. Autor: Elizabeth Campos, Paula M. Cardoso e Silvia L. de Andrade.

Pág. 79-81.

Texto 3: “A rã e o boi”. Livro Didático de Português. Leitura, Escrita e Reflexão.

Autor: Márcia Leite e Cristina Bassi. Pág. 182 a 184.

Texto 4: “O sapo e o boi”. Livro Didático de Português. “Hoje é dia de Português”

Autor Samira Campadelli. Pág. 90 – 93.

Texto 5: “A cigarra e a formiga”. Seqüência Didática 07 – Gênero Textual.

“Fábula”. Pág. 70.

Texto 6: “A formiga má”. Seqüência Didática 07 - Gênero textual “Fábula”.

Pág. 71.

Texto 7: “A formiga boa”. Seqüência Didática 07 - Gênero Textual “Fábula”.

Pág. 72.

Texto 8: “O pastor e o lobo”. Livro Didático de Português. “Hoje é dia de Português”.

Autor: Samira Campadelli. Pág. 94.

Texto 9: “Fábula virtual”. Apostila do Dom Bosco. Pág. 154 – 157.

Dicionários da Língua Portuguesa.

Apostila do Dom Bosco, 6º ano | 2. 2011. 701330030.

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2 - O QUE É LER / LEITURA?

Àqueles que fazem da sala de aula um projeto

de vida e, da leitura, um caminho para a

construção de uma sociedade.

José N. Gregorin Filho.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008

p.56), ler é familiarizarem-se com diferentes textos que envolvem demandas

sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de

determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus

conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as

várias vozes que o constituem.

A leitura se efetiva no ato da recepção, configurando o caráter individual que ela

possui, “[...] depende de fatores lingüísticos e não-linguísticos: o texto é uma

potencialidade significativa, mas necessita da mobilização do universo de

conhecimento do outro –o leitor- para ser atualizado” (PERFEITO, 2005).

Ensinar a ler é uma questão de compartilhar. Compartilhar objetivos,

compartilhar os significados construídos em torno delas. No entanto, nessa

atividade compartilhada, a responsabilidade é diferente para o professor e para

os alunos, pois o primeiro pode se colocar ao nível dos segundos, para ajudá-los

a se aproximar dos objetivos perseguidos. (apud IBID, 2007 p.173). Graça

Paulino e outros pesquisadores (2001, p. 11), ao discutirem o conceito de

leitura, partem da etimologia da palavra ler, que vem do latim legere. Segundo

as autoras, na origem do vocábulo, encontram-se três significados: primeiro, ler

significa soletrar, agrupar as letras em sílabas; segundo, ler está relacionado ao

ato de colher, a leitura passa a ser a busca de sentidos no interior do texto,

nessa concepção os sentidos vivem no texto, basta que eles sejam retirados,

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colhidos como uvas no vinhedo; e, terceiro e último sentido apontado vincula o

ler ao roubar, isto é, o leitor tem a possibilidade de tirar do texto sentidos que

estavam ocultos, o leitor cria até significados que, em princípio, não tinha

autorização para construir. Nesta última acepção, o sentido nasce das vontades

do leitor - o autor escreve o texto, mas quem lhe confere vida é o leitor. Ler é

uma aventura na qual vamos defrontarmos com algo que não está

completamente claro, nem preciso. O desafio de descobrir o significado daquilo

que está sugerido torna-se o prêmio para todos que se deixarem levar pelos

prazeres da leitura. Ela propicia a ampliação do conhecimento, abre horizontes

na mente, aumenta o vocabulário permitindo melhor entendimento do conteúdo

das obras.

A importância da leitura e escrita na educação de forma lúdica e investigante é o

assunto desse trabalho, visando às dificuldades dos educadores em despertar o

interesse pela leitura. A leitura do texto digital exige, diante de tantos suportes

eletrônicos, um leitor dinâmico, ativo e que selecione quantitativa e

qualitativamente as informações, visto que ele escolhe o caminho, o percurso da

leitura, os supostos inícios, meio e fim, porque seleciona os hiperlinks que vai ler

antes ou depois(LÉVY1996).

Ângela Kleiman afirma a respeito da atividade de leitura e o estudo atual:

A concepção hoje predominante nos estudos de leitura como prática social que, na lingüística aplicada, é subsidiada teoricamente pelos estudos do letramento. Nessa perspectiva, os usos da leitura estão ligados à situação; são denominados pelas histórias dos participantes, pelas características da instituição em que se encontram, pelo grau de formalidade ou informalidade da situação, pelo objetivo da atividade de leitura, diferindo segundo o grupo social. Tudo isso realça a diferença e a multiplicidade dos discursos que envolvem e constituem os sujeitos e que determinam esses diferentes modos de ler.

A boa leitura é aquela que, depois de terminada, gera conhecimentos, propõe

atitudes e analisa valores, aguçando, adensado, refinando os modos de perceber e

sentir a vida por parte do leitor. A leitura ocupa um espaço privilegiado não só no

ensino da língua portuguesa, mas também no de todas as disciplinas acadêmicas

que objetivam a transmissão de cultura e de valores para as novas gerações.

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3 - O QUE È LITERATURA / LITERATURA INFANTIL

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida através da palavra . Funde sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível / im-

possível realização...

Nelly Novaes Coelho

3.1 - LITERATRA É...

- a expressão máxima da cultura de um povo e é através da língua que ela realiza-

se. Ela procura retratar o homem, vale dizer: seu ambiente, suas alegrias, emoções,

angústias e aspirações. Porém, ao transformá-los em linguagem, o escritor cria outra

realidade, um universo autônomo, produto de sua criatividade, inventividade e

fantasia.

- é uma linguagem específica que, como linguagem, expressa uma determinada

experiência humana, e dificilmente poderá ser definida com exatidão.

- “é um fenômeno cultural e histórico e, portanto, possível de receber diferentes

definições em diferentes épocas e por diferentes grupos sociais” Costa, (2007 p.20),

será entendida como aquela que se relaciona direta e exclusivamente com a arte da

palavra, com a estética e com o imaginário. O que é literatura infantil? Objeto

cultural? São histórias ou poemas que ao longo dos séculos cativam e seduzem as

crianças.

- é vista como arte que transforma/humaniza o homem e a sociedade(Candido,

1972 ).

O autor atribui à literatura três funções: a psicológica, a formadora e a social.

Cada época compreendeu e produziu literatura a seu modo. Conhecer esse “modo”

é, sem dúvida, conhecer a singularidade de cada momento da longa marcha da

humanidade em sua constante evolução. Conhecer a literatura é conhecer os ideais

e valores ou desvalores sobre os quais cada sociedade se (fundamentou e se

fundamenta). E quanto aos seus principais objetivos seriam:

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1- Literatura, como arte da palavra, é um jogo descompromissado, que visa apenas

o prazer estético, ou visa transmitir conhecimentos ao homem?

2- Literatura é fruto da imaginação criadora, livre? Ou é condicionada por fórmulas,

conceitos ou valores que a sociedade impõe ao escritor? Ou ainda, literatura é

criação individual ou social?

3- A literatura é necessidade vital para o homem, ou é mera gratuidade,

entretenimento que nada acrescenta de essencial a vida humana?

4- Há uma essência eterna e substancial da literatura, ou ela é uma forma estética

da práxis social? É ela um epifenômeno dependente do progresso ou da alteração

das condições de produção e consumo da obra, vigentes em cada época ou em

cada sociedade?

As interrogações poderiam multiplicar-se. Mas cada resposta a essas

preocupações de natureza literária dependerá sempre de uma opção ideológica,

extra literária (seja esta consciente ou inconsciente). Como essas opções são

múltiplas e mudam continuamente, fácil é compreendermos a quase impossibilidade

de se chegar a uma definição clara e unívoca do que seja literatura. Jamais se

conseguiu definir a vida de modo cabal e definitivo.

A primeira, função psicológica, permite ao homem a fuga da realidade, mergulhando

num um ela se realizando de fantasias, o que lhe possibilita momentos de reflexão,

identificação e catarse. Na segunda, (Candido 1972) afirma que a literatura por si só

faz parte da formação do sujeito, atuando como instrumento de educação, ao

retratar realidades não reveladas pela ideologia dominante. E a terceira função

social, por sua vez, é a forma como a literatura retrata os diversos segmentos da

sociedade, é a representação social e humana.

Para que a literatura cumpra seu papel no imaginário do leitor, é funda-

mental a mediação do professor na condução dos trabalhos em sala de aula e no

exemplo que ele dá a seus alunos, lendo e demonstrando, sempre que possível,a

utilidade do livro e o prazer que a leitura traz para o intelecto e a sensibilidade.

Regina Zilberman (2007, p.20), a mesma também destaca essa importância: “ ao

professor cabe o desencadear das múltiplas visões que cada criação literária

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sugere, enfatizando as variadas interpretações pessoais (...) em razão de sua

percepção singular do universo representado”. De acordo com as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica ( 2008, p. 58 ),

O ensino da leitura/ literatura deve ser pensado a partir dos pressupostos teóricos da

Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, visto que as teorias buscam formar um

leitor capaz de sentir e de expressar o que sentiu com condições de reconhecer nas

aulas de literatura, um envolvimento de subjetividades no que se expressa pela

tríade: obra/autor/leitor, por meio de uma interação que está presente na prática de

leitura, sendo que a literatura deve ser trabalhada em sua dimensão estética.

Concluindo que as vertentes concebem a literatura como provocação na

medida em que conduzem o leitor à busca de novos sentidos, levando-o a uma

visão crítica, tanto na obra literária, como de sua própria identidade. A literatura,

como produção humana, está ligada à vida social.

A literatura em especial a infantil tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta

sociedade em transformação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no

diálogo leitor/texto estimulado pela escola. Ela é a expressão máxima da cultura de

um povo e é através da língua que ela se realiza. Daí a estreita relação entre a

língua, cultura e literatura. A mesma procura retratar o homem e seu mundo vale

dizer: seu ambiente, suas alegrias, emoções, angústias e aspirações. Porém, ao

transformá-los em linguagem, o escritor cria outra realidade, um universo autônomo,

produto de sua criatividade, inventividade e fantasia. É por isso que ao nos

referirmos a determinados textos literários denominamos de obras de ficção, do latim

fictione, palavra que significa “ato ou efeito de fingir, simulação, coisa imaginária,

fantasia, invenção, criação”. Da subversão da linguagem, que se manifesta também

através de símbolos, comparações, metáforas, metonímias e outras figuras de

linguagem, aliadas e recursos fônicos: onomatopéias, aliterações, repetições e

demais recursos expressivos, que nasce a verdadeira obra de arte literária.

Para que a literatura cumpra seu papel no imaginário do leitor, é fundamental a

mediação do professor na condução dos trabalhos em sala de aula e no exemplo

que ele dá a seus alunos, lendo e demonstrando, sempre que possível, a utilidade

do livro e o prazer que a leitura traz para o intelecto e a sensibilidade.

Regina Zilberman (2007 p.20), a mesma também destaca essa importância: “ ao

professor cabe o desencadear das múltiplas visões que cada criação literária

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sugere, enfatizando as variadas interpretações pessoais (...) em razão de sua

percepção singular do universo representado.

A historiografia literária se ocupou da história da recepção, a qual rompe com

a seqüência de fatos do passado morto, recuperando a história viva da obra de arte.

Segundo Jauss:

A história da literatura é um processo de recepção e produção estética que se realiza na atualização dos textos literários por parte do leitor que os recebe, do escritor, que se faz novame- nte produto e do crítico, que sobre eles reflete A soma crescen te a partir de vista – de “fatos” literários conforme os registram as histórias da literatura convencionais é mero resíduo desse processo, nada mais que passado coletado e classificado, por isso mesmo não constituindo história alguma, mas pseudo-his tória. [...] Ele [ literário ] só logra seguir produzindo seu efeito na medida em que sua recepção se estenda pelas gerações futuras, ou se já por elas retomada na medida, pois em que haja leitores, que novamente se apropriem da obra passada aos autores que desejam imitá-la, sobrepujá-la ou refutá-la.

(Jauss, apud Cereja, 2005 p.156 ) se for Jauss dentro do Cereja deve ser desta forma chamada.

A literatura infantil (...) é levada a realizar sua função formadora, que não se

confunde com uma missão pedagógica (...): aproveitada em sala de aula na sua

natureza ficcional que aponta a um conhecimento de mundo, e não enquanto súdita

do ensino de boas maneiras (de se comportar e ser ou de falar e escrever), ela se

apresenta como o elemento propulsor que levará a escola à ruptura com a

educação contraditória e tradicional.

Os principais conceitos e padrões de pensamento ou de comportamento que se

defrontar, hoje, no caos de nossa civilização em mudança. Referimo-nos aos

chamados “valores tradicionais” (consolidados pela sociedade romântica no século

XIX) e aos “valores novos” (gerados em reação aos antigos, mas que ainda não

foram equacionados em sistema). (Coelho, 2000 p.19 )

A natureza da literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte:

fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da

palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua

possível/impossível realização...

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A literatura infantil: a abertura para a formação de uma nova mentalidade. Seguindo

a ordem de idéias acima expostos, e defendendo a literatura infantil como agente

formador, para acompanhar as transformações do momento presente e reorganizar

seu próprio conhecimento ou consciência de mundo, orientado três direções

principais: da literatura (como leitor atento), da realidade social que o cerca (como

cidadão consciente da “geléia geral” dominante e de suas possíveis causas) e da

docência (como profissional competente).

3.2 - ELOS ENTRE A LITERATURA E A VIDA

Dessa maneira, (Nelly Novaes Coelho 2001, p. 116), diz: há uma identificação

essencial entre as invariantes que estruturam essas narrativas maravilhosas e as

exigências básicas que a vida faz a cada um de nós, para que nos realizemos

plenamente como indivíduos e seres sociais. As personagens desses contos de

fada, contos exemplares, parábolas, fábulas, etc, nada mais é do que símbolos ou

alegorias da grande aventura humana, que cada qual vive a seu modo, ou de acordo

com as circunstâncias.

Assim vejamos:

1- cada ser humano precisa ter um ideal ( ou idéias, desígnios, projetos

que se sucedem ) para ser alcançado;

2- para tentar alcançá-lo, precisa sair de seu meio familiar ( viagem ) e

enfrentar o meio exterior, o confronto com os demais seres;

3- nessa busca, certamente encontrará obstáculos (opositores) para serem

vencidos;

4- nesse esforço para vencer os obstáculos, encontrará também auxílio (

mediadores ) e

5- finalmente realizará o ideal perseguido (final feliz) e, obviamente,

recomeçará a caminhada perseguido um novo ideal ou projeto.

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(Processo que só deve terminar com a morte).

Conclusão: a vida é processo em contínuo fazer-se. Cada conquista deve

corresponder a um fim e a um novo começo. É essa analogia existente entre as

invariantes do universo literário e as do universo humano que explica a fascinação

que, através dos séculos, essas narrativas fantasiosas continuar a exercer sobre os

povos e sobre as crianças, em particular (p.17).

Coelho (2000, p. 18-19) menciona que através do levantamento dos principais

conceitos, padrões de pensamento e comportamento que se defrontam, hoje, no

caos de nossa civilização em mudança. Uns e outros determinaram (ou determinam)

a temática e as peculiaridades formais que diferenciam as literaturas de ontem e de

hoje.

3.3 - O TRADICIONAL

1- Espírito individualista.

2- Obediência absoluta à Autoridade.

3- Sistema social fundado na valorização do ter e do parecer, acima do ser.

4- Moral dogmática.

5- Sociedade sexófoba.

6- Reverência pelo passado.

7- Concepção de vida fundada na visão transcendental da condição humana.

8- Racionalismo.

9- Racismo.

10- A criança: “adulto em miniatura”.

3.4 - O NOVO

1- Espírito solidário.

2- Questionamento da autoridade.

3- Sistema social fundado na valorização do fazer como manifestação autêntica

do ser.

4- Moral da responsabilidade ética.

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5- Sociedade sexófila.

6- Redescoberta e reinvenção do passado.

7- Concepção de vida fundada na visão cósmica / existencial / mutante da

condição humana.

8- Intuicionismo fenomenológico.

9- A criança: ser-em-formação (“mutantes” do novo milênio ).

10- Anti-racismo.

O TRADICIONAL – O individualismo e suas verdades são a pedra angular do

sistema. Tudo na sociedade tradicional (cristã, liberal,

burguesa, pragmática, progressista, capitalista, patriarcal) parte do indivíduo e

nele tem seu maior sustentáculo.

O NOVO _ O espírito solidário, socializante, que é a consciência de que o

indivíduo é parte essencial do todo (a humanidade, a sociedade, o cosmos)

pelo qual cada um é visceralmente responsável.

Além disso, tais dados são básicos para o exercício de uma literatura crítica

avaliadora dessa literatura nova, que, sem deixar de ser um instrumento de emoção,

diversão ou prazer, poderá auxiliar, e muito, a tarefa da Educação, no abrir caminho

aos que estão chegando, em direção à nova mentalidade a ser conquistada por

todos, em breve tempo...

Hoje, temos muitos livros de repercussão cultural, que revelam formas de ver

o mundo em sintonia com o nosso tempo. São publicações que denotam respeito

para com os leitores ao oferecer-lhes não apenas propostas literárias de alto nível,

publicações que pensam o livro enquanto objeto de arte. A criança ao ler confronta

sua própria experiência contida nos livros e assim, compara, aceita ou rejeita, deduz,

reformula, ou seja, reconstrói os significados contidos nas obras. Essa literatura

questionadora, indagativa é uma literatura que se humaniza, aceitando não saber

tudo, não controlar tudo, não responder tudo. Com isso, deixa espaço para a procura

do leitor, para suas próprias respostas e dúvidas para sua atuação sobre o texto.

Esta tendência reafirma que a literatura pode ser uma experiência transformadora,

de ampliação de horizontes. A função da literatura como obra de arte é: a de educar

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os sentidos, e de possibilitar a experiência simbólica através de uma linguagem que

surpreende, provoca, emociona, mobiliza e oferece novos caminhos. A mesma

propõe a explorar a palavra em suas mais variadas dimensões: intelectual, afetiva,

sensorial, social, emocional, imaginativa e evocativa.

3.5 TENDÊNCIAS DA LITERATURA INFANTIL/ JUVENIL CONTEMPOÂNEA

Atualmente, as tendências temáticas e estilísticas se impõem com igual força

na produção literária para crianças, jovens e adultos. Passado e presente se fundem

para gerar novas formas. No panorama literário geral coexistem, com igual

interesse, diferentes linhas ou tendências de criação literária. Como orientação

didática, há cinco linhas básicas, que, por sua vez, se desdobram em outras:

- linha do Realismo cotidiano ( desdobra em: Realismo crítico, Realismo lúdico,

Realismo humanitário, Realismo histórico ou memorialista, e realismo mágico );

- linha do Maravilhoso (desdobrada em: Maravilhoso metafórico, Maravilhoso

satírico, Maravilhoso popular ou folclórico, Maravilhoso fabular, e Maravilhoso

científico);

- linha do Enigma ou Intriga Policialesca;

- linha dos Jogos Lingüísticos.

A efabulação tende a se iniciar de imediato com o motivo principal ou com

circunstâncias que levam diretamente à situação problemática.

Mais do que a história a ser contada, preocupa o autor a maneira pela qual ele pode

apresentá-la ao leitor. (Coelho 2009, p.153).

Apenas a título de exemplo, que oriente os leitores a organizarem suas

próprias listas de leituras, registramos abaixo alguns títulos representativos de cada

linha ou tendência. Só se trata de uma seleção representativa. O que não quer dizer

que certos títulos não possam ser incluídos em mais de uma linha ou tendência.

Lembrar que, em literatura ou arte, nada é absoluto...

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Linha do Maravilhoso

( Situações que ocorrem fora do nosso espaço / tempo conhecido ou em local vago

ou indeterminado na Terra ). O mundo do maravilhoso pode se apresentar sob

diferentes aspectos: metafórico, satírico, científico, popular ou folclórico e fabular.

Maravilhoso metafórico (ou simbólico ) Narrativas cuja efabulação atrai por si mesma,

isto é, pelo referencial, pela história que transmite ao leitor, mas cuja significação

essencial só é apreendida quando o nível metafórico de sua linguagem narrativa for

percebido ou decodificado pelo leitor.

O Azulão e o Sol de Walmir Ayala; Estória da Borboleta de Marina Sendacz;

Fauno e Flora de Diane Mazur; Uma Idéia Toda Azul, Doze Reis e a Moça do

Labirinto e Ana C. Onde Vai Você? de Marina Colassanti; O Menino Que Veio do

Mar e O País das Coisas Bonitas de Luiz Paiva de Castro; Nadistas e Tudistas de

Doc Comparato; Outra Vez; de Ângela Lago.

Maravilhoso fabular Situações vividas por personagens-animais, que podem ter

sentido simbólico, satírico ou puramente lúdico.

Angélica e os Colegas de Lygia Bojunga Nunes: O Caso da Borboleta Atíria e

Histótias do Fundo do Mar de Lúcia Machado de Almeida; Lúcia- Já-Vou-Indo de

Maria Heloisa Penteado; Maria Vai com as Outras e Ofélia, a Ovelha de Sylvia

Orthof; Pimenta no Cocuruto de Ana Maria Machado; A Primavera da Lagarta e Viva

a Macacada de Ruth Rocha; O Leão da Noite Estrelada de Ricardo Azevedo; O

Burrinho Que Queria Ser Gente de Herberto Sales; O Macaco e a Boneca de Cera

de Sonia Junqueira.

Tudo, não responder tudo,. Com isso deixa espaço para a procura do leitor, para

suas próprias respostas e dúvidas, para sua atuação sobre o texto. Essa tendência

reafirma a crença de que a literatura pode ser uma experiência transformadora, de

ampliação de horizontes.

Hoje, temos um número significativo de livros de grande repercussão cultural,

que revelam formas de ver o mundo em sintonia com o nosso tempo.

O livro enquanto objeto de arte que ao ler confronta sua experiência com a

experiência contida nos livros e assim compara, aceita ou rejeita, deduz, reformula,

ou seja, reconstrói os significados contidos nas obras. Essa literatura indagativa, é

uma literatura que se humaniza, aceitando não saber tudo, não controlar.

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A literatura para criança deve ser oferecida como arte de prazer, arte porque

é o resultado de um fazer estético do (s) autor (es) e prazer porque o contato com a

arte pode ser encarado desde a mais tenra idade como uma experiência ricamente

prazerosa, capaz de nos envolver e trazer novas dimensões ao cotidiano. Desse

modo, podem ser criadas atividades de leitura literária que diminuam a distância

existente entre o livro e os leitores. Assim a perspectiva pedagógica para a pesquisa

de literatura infantil tem como objetivo voltar a atenção de futuros profissionais da

educação para sua diversidade, no sentido de que um livro pode ser aplicado em

atividades lúdicas, artísticas e como aliado das práticas docentes que envolvem o

ler, o escrever e, principalmente, o desenvolvimento de posturas investigativas e

críticas do aluno, pois ensinar a pensar é também uma das funções mais

importantes da escola. Aliada a perspectiva de cunho pedagógico, podemos levar o

ambiente escolar a entender e questionar aspectos históricos e sociais de um povo,

educar o olhar para o universo de imagens e signos de mundo contemporâneo e,

ainda, perceber comportamentos e atitudes de alunos ou grupos de alunos.

Com base na LDB (lei n.9394/1996), a literatura pode e seve ser vista como

ferramenta importante para o início das discussões geradas pelos temas, como a

pluralidade cultural e ética, entre outros, trabalhando no sentido de formar cidadãos

éticos, plurais e participativos. Não se deve colocar de lado, nesse enfoque, a

questão dos suportes textuais, pois cada época, em razão de suas conquistas

tecnológicas e de seus saberes, presenciou a veiculação dos textos de maneira

diferente e mais adequada às suas relações sociais.

Portanto, é por meio dela, novas possibilidades interpretativas para que os docentes

possam olhar com mais cuidado e com mais segurança para os livros e as

atividades por meio deles criadas e aplicadas.

Essa orientação teórico-metodológica tem algumas relações com a perspectiva

psicanalítica, pela razão de buscar nos estudos da psicologia elementos que

possam trazer orientações sobre as fases de amadurecimento da criança.

Fundamentada principalmente nos estudos da psicanálise de Freud e Jung, a

perspectiva psicanalítica encontra na literatura para crianças e jovens um importante

recurso para os estudos da psique e do comportamento humano.

Acima de tudo, ao escolher texto (fábula) para o alunos, o educador deve perceber a

importância de sua função como agente transformador da realidade social e buscar

sempre o questionamento de atividades e instrumentos não condizentes com os

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valores de liberdade de pensamento e tolerância às diferenças. Através de novas

orientações teórico-metodológicas para que se alcancem de maneira mais clara e

fidedigna os propósitos de cada professor no seu trabalho diário em sala de aula,

além de oferecer um olhar mais apurado para as diferentes nuances que a literatura

para crianças na sala de aula pode solicitar. (Gregorin 2009, p.72).

Evidentemente, Lobato fora o precursor de uma nova literatura destinada às

crianças no Brasil, uma literatura que ainda passaria por inúmeras transformações,

por uma ditadura militar e por grandes mudanças na tecnologia e na sociedade.

Essas mudanças foram, de maneira histórica e dialógica, trazendo para a literatura

infantil a diversidade de valores do mundo contemporâneo, o questionamento do

papel do homem diante de um universo que se transforma a cada dia e, além disso,

trouxeram também as vozes de diferentes contextos sociais e culturais presentes na

formação do povo brasileiro, sua diversidade e dificuldade de sobrevivência e, o

mais importante, trouxeram as vozes e sentimentos da criança para as páginas dos

livros, para as ilustrações e para diferentes linguagens que se fazem presentes na

produção artística para crianças. Hoje, há uma produção literária/artística para as

crianças que não nasce da necessidade de se transformar em mero recurso

pedagógico, mas cujas principais funções são o lúdico, o catártico e o libertador,

além do cognitivo e do pragmático, já que visa a preparar o indivíduo para a vida

num mundo repleto de diversidades. Autores como Pedro Bandeira, Carlos Queiroz

Telles, Lúcia Pimental Góes, Roseana Murray e Ziraldo, entre outros, trazem as

vozes das crianças e o universo cotidiano com seus conflitos para serem

lidos/vistos/ sentidos. Na literatura infantil de hoje, conflitos esses levados às

crianças com uma proposta de diálogo, não somente de imposição de valores, por

meio da literatura que busca a arte, sua característica primeira. (Gregorin 2009,

p.30).

3.6 - BREVE BIOGRAFIA DE MONTEIRO LOBATO

“Um país se faz com homens e com livros”.

Monteiro Lobato.

Desde meados do século XIX até o aparecimento de A Menina do Narizinho

Arrebitado, em 1920, escrito por Monteiro Lobato, as leituras oferecidas às crianças,

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meninos ou jovens eram praticamente as mesmas que foram vistas nos tópicos

precedentes. Foi Monteiro Lobato que, entre nós, abriu caminho para que as

inovações que começavam a se processar no âmbito da literatura adulta (com o

Modernismo) atingissem também a infantil.

Este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté,

interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor

público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Lobato

passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que,

posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso

escritor. O escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um

estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado.

Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.

Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com

sentimento e idéias independentes: Pedrinho, personagem que o autor se identifica

quando criança; Visconde de Sabugosa, a sábia espiga de milho que tem atitudes

de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras

personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Escreveu outras obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci,

Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, As

Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do

Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho. Além dos livros infantis,

escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca

de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Nesse último livro, demonstra todo seu

nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo

apenas por empresas brasileiras. Foi ensaísta, contista e também tradutor. No ano

de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que contribuiu com o desenvolvimento

de nossa literatura.

4 - O QUE É FABULA?

A linguagem é, por si, uma relação com

o mundo, com o inconsciente e a história.

Eduardo Prado Coelho,

Reino Flutuante.

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A medida que a humanidade evolui, os desafios tornam-se cada vez mais

ferramentas capazes de nos colocar na vanguarda das soluções, é por esse motivo

que propomos as mais variadas formas de explorações textuais, em especial o

gênero fábula na relação ensino e aprendizagem como instrumento de apoio e

tecnologia do futuro.

De acordo com a autora (Coelho 2000, p.165) fábula é de origem latina,

significa “contar”, “narrar”, o que nos leva crer que esse gênero teve origem e se

firmou inicialmente na tradição oral.

Fábula (vem do latim e significa: dizer, contar algo) é a narrativa (de natureza

simbólica) de uma situação vivida por animais que alude a uma situação humana e

tem por objetivo transmitir valores humanos. A julgar pelo que a história registra, foi

a primeira espécie de narrativa a aparecer.

Nascida no Oriente, a fábula vai ser reinventada no Ocidente pelo grego

Esopo (século VI a. C.) e aperfeiçoada séculos mais tarde pelo escravo romano

Fedro (século I a. C.), que a enriqueceu estilisticamente. No século XVI, ela foi

descoberta e reinventada por Leonardo da Vinci (mas sem grande repercussão fora

da Itália e ignorada até bem pouco tempo).

No século XVII, La Fontaine reinventou a fábula (a partir do modelo latino e do

oriental oferecido pelos textos do indiano Pilpay), introduzindo-a definitivamente na

literatura ocidental. Em suas duas coleções de Fábulas, encontramos também uma

certa definição de matéria sob o mesmo rótulo geral. Mas já aparece uma

preocupação de análise, ou melhor, de definir a matéria reinventada. Tanto é assim,

que ele diz no prefácio da coletânea de 1668: “ O apólogo é composto de duas

partes... o corpo é a fábula, a alma são os valores”. Por aí se vê que La Fontaine

dava o nome de “apólogo” à espécie de sua matéria literária; de “fábula” à história ali

narrada (tal como o fazem hoje os formalistas russos) e de “valores” ao significado

simbólico da história. Mas por tradição rotulam tudo como fábulas.

Entretanto, a partir do século XIX, o racionalismo crescente vai estabelecer

fronteiras entre as formas literárias, e a fábula passou a ser definida como uma

história de animais que “prefiguram” os homens, e que tem como finalidade divertir o

leitor e ensinar-lhe uma moralidade.

Fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente animais

que possuem características humanas. Por ser escrita em prosa ou em versos e é

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sustentada sempre por valores fundamentais vida em sociedade, constatada na

conclusão da história.

De acordo com La Fontaine (apud Coelho, 2009, p.165): “fábula é uma

pequena narrativa que sob o véu da ficção, guarda um ensinamento”. Ela surgiu

no Oriente, mas foi particularmente desenvolvida por um escravo chamado Esopo,

que viveu no século VI a. C. na Grécia antiga. Esopo inventava

histórias em que os animais eram os personagens e estes serviam de exemplos

para os seres humanos, sendo que cada bicho apresentava um aspecto ou

qualidade de ser humano como, por exemplo, o leão representava a força, a raposa,

à astúcia, a formiga, o trabalho, etc. Quando as personagens são seres

inanimados, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla

tópicos como a vitória da força sobre a fraqueza, da bondade sobre a astúcia e a

derrota de preguiçosos. Além disso, o diálogo, no caso de uma fábula, deve estar

presente, uma vez que se trata de uma narrativa. Por ser contada também

oralmente, a fábula apresenta diversas versões de uma mesma história e, por este

motivo, dá-se ênfase em um princípio ou outro, dependendo da intenção do escritor

ou interlocutor.

Para Fedro (século I d.C.) “a fábula tem dupla finalidade entreter e

aconselhar”. Pela versatilidade do gênero fábula a criança enxerga com maior

facilidade as diversas situações e orientações sem perceber o que estão

aprendendo. Ela é um gênero que sempre atraiu a atenção de adultos e crianças.

Os primeiros acabam por utilizá-las numa tentativa de transmitir valores

importantíssimos, enquanto que as crianças são atraídas pelo lado lúdico e

fantástico que estão contidos nessas histórias. Em decorrência de instruções

presente nas fábulas, esse gênero narrativo adentrava à escola com finalidade

educativa. Como conseqüência, a lição de ensinamento era transmitida aos alunos

numa tentativa de moldar seu comportamento, além de adquirir autonomia na escrita

de textos de forma prazerosa.

Conforme Martin Claret (2007, p. 11-15) a fábula é um gênero literário tanto o

estudo que veio do conto popular. São narrativas alegóricas em prosa ou verso

próximas do mito e da poesia. Mais precisamente, a fábula e o conto, por exemplo,

é que o conto “conta” histórias sobre feitos humanos e a fábula relata concisamente

histórias sobre objetos, principalmente sobre animais, vegetais e deuses. A principal

diferença entre o conto e a fábula é que esta transmite uma lição de moral – é um

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gênero literário educativo. A tradição esópica sempre deu ênfase à moralidade que é

verdadeira função da fábula.

É necessário evidenciar que nos tempos antigos, a fábula era contada ou

escrita para adultos – sua verdadeira finalidade era transmitir uma mensagem para

homens e mulheres adultos e não apenas para crianças infanto-juvenis como

acontece modernamente.

Esta tradução das fábulas completas de Esopo foi feita a partir da tradução

francesa que, por sua vez, foi realizada diretamente do texto grego pelo grande

helenista Émile Chambry, sob o título Fable de Esopo. Ao publicar, em 1925,

Hesopi-Fabulae tanto o estudo crítico do texto quanto a sua tradução, optou

Chambry por trabalhar com as 358 fábulas que levam como título Hisópou Mythoi

(Fábulas de Esopo).

4.1 - A HISTÓRIA DA FÁBULA

O leão e o camundongo, a lebre e a tartaruga, a raposa e a cegonha, a

cigarra e a formiga são algumas das duplas que protagonizam fábulas muito

conhecidas. Há também o homem que matou a galinha dos ovos de ouro, fábula de

La Fontaine da qual se extrai a lição: “Quem tudo quer, tudo perde”. Sua

peculiaridade reside fundamentalmente na apresentação direta das virtudes e

defeitos do caráter humano, ilustrados pelo comportamento antropomórfico dos

animais. O espírito é realista e irônico, e a temática é variada; a vitória da bondade

sobre a astúcia e da inteligência sobre a força, a derrota dos presunçosos,

sabichões e orgulhosos, etc. A fábula comporta duas partes; a narrativa e a

moralidade. A primeira trabalha as imagens, que constituem a forma sensível, o

corpo dinâmico e figurativo da ação. A outra opera com conceitos ou noções gerais,

que pretendem ser a verdade “falando” aos homens. Para os antigos a parte

filosófica era essencial; para atingirem de modo mais direto o alvo moral, sacrificava

a ação, a vivacidade das imagens e o drama. Assim, a evolução da fábula pode ser

cifrada na inversão do papel desses dois elementos: quanto mais se avança na

história, mais se vê decrescer o tom sentencioso, em proveito da ação. A presença

da moral, no entanto, nunca desapareceu de todo da fábula. Explicitada no começo

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ou no fim, ou implícita no corpo da narrativa, é a moralidade que diferencia a fábula

das formas narrativas próximas, como o mito, a lenda e o canto popular. Situada por

alguns entre o poema e o provérbio, a fábula estaria a meio caminho na viagem do

concreto para o abstrato. A finalidade com o provérbio encontra-se no nível mediano

– lugares – comuns proverbiais – a que geralmente se reduz a lição extraída da

narrativa. Sob esse aspecto, a fábula também se distingue da parábola, que procura

maior elevação no plano ético, além de lidar com situações humanas mais reais.

Teve início, assim como os contos de fada, na oralidade e tem, com isso uma

lição de valores ligação muito íntima com a “sabedoria popular”. Sua estrutura é

facilmente identificada: narrativa pequena que serve para ilustrar algum vício ou

alguma virtude humana terminando sempre em uma moral – lição de ensinamento.

A maioria das fábulas, para representar esses traços com o caráter humano, tem

como, personagens animais ou criaturas imaginárias (fabulosas) que geralmente,

falam.

Aqui no Brasil, Monteiro Lobato (1882 – 1948), em seu projeto de criar uma

literatura brasileira voltada para as crianças e os jovens, interessou-se por este

gênero tradicional. Pode até acontecer de existir que não conheça o gênero fábula,

mas a moral de algumas dessas histórias acabou se tornando provérbios ou

expressões que certamente, é de conhecimento comum. Frases como: “Quem ama

o feio bonito lhe parece” ou “Quem desdenha quer comprar”, são algumas exemplos

de provérbios originários de fábulas!

4.2 – A EFABULAÇÂO E SEUS FATORES ESTRUTURANTES

Chamamos de efabulação o recurso pelo qual os fatos são encadeados na

trama, na seqüência narrativa. É o recurso básico na estruturação de qualquer

narrativa, pois dele depende o desenvolvimento e o ritmo da ação. Em se tratando

de literatura infantil, a estrutura mais adequada é a linear, ou melhor, a que segue a

seqüência normal dos fatos; princípio, meio e fim. A efabulação que utiliza o

retrospecto (flashback) pede um leitor mais experiente (leitor fluente ou leitor crítico).

As efabulações fragmentadas, muito comuns na ficção contemporânea, exigem

mentes intelectualmente maduras, capazes de se movimentar no labirinto narrativo.

(Coelho, 2000, p.76).

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4.3 – A FÁBULA ORIENTAL E ESOPO

Na evolução do gênero, o primeiro dos três períodos da fábula, aquele em

que a moralidade constitui a parte fundamental, é o das fábulas orientais, que

passaram da Índia para a China, o Tibet, a Pérsia, e terminaram na Grécia com

Esopo. No oriente, a fábula foi usada desde cedo com o veículo de doutrinação

budista. O Pantchatantra escrito em sânscrito, chegou ao ocidente por meio de uma

tradução árabe do século VIII, conhecida pelo título de Fábulas de Bidpay , depois

retraduzida do árabe para várias línguas.

Esopo, fabulista grego de existência duvidosa a quem se atribuem as fábulas

reunidas por Demétrio de Falero no século IV a.C., teria sido uma espécie de orador

popular que conta histórias para convencer os ouvintes a agir de acordo com o bom-

senso e na defesa de seus interesses. De acordo com Aristóteles, a fábula esópica é

uma das formas da arte de persuadir e não poesia.

4.4 - FEDRO E FÁBULA MEDIEVAL

O segundo período da fábula se inicia com as inovações formais de Fedro. Ao

fabulista latino é atribuído o mérito de ter fixado a forma literária do gênero, o que

garante para ele um lugar na poesia.

Escritas em versos, as histórias de Fedro são sátiras amargas, bem ao sabor do

gosto latino, contra costumes e pessoas de seu tempo. Mais tanto Fedro quanto

Bábrio (século III da era Cristã) partiram dos modelos de Esopo, que foram

reinventados poeticamente.

A Idade Média cultivou com insistência a tradição esópica Entre as muitas

versões da época, divulgadas sob o nome de Ysopets (Esopetes), a mais famosa

ficou sendo a de Marie de France, do século XII. As fabliaux (fabuletas) medievais,

embora não sejam propriamente fábulas, guardam com elas algumas analogias. Por

meio dos personagens animais, os poetas fazem críticas e pretendem instruir

divertindo.

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No Brasil, as melhores realizações inspiraram-se no folclore e na literatura oral.

Como exemplos, há as fábulas de Luís de Vasconcelos, as Fábulas e alegorias de

Catulo da Paixão Cearense e as Fábulas brasileiras de Antonio Sales. Cabe

mencionar também Monteiro Lobato, José Oiticica e o Marquês de Marica.

4.5 - ESOPO: O PRIMEIRO FABULISTA

Figura supostamente lendária da Grécia antiga, Esopo passou para a história

como o primeiro fabulista. O mais provável, no entanto, é que a expressão “fábulas

de Esopo” tenha sido inventada para designar relatos protagonizados por animais,

da mesma forma como a locução “contos da carochinha” se aplica às histórias

infantis.

Uma biografia egípcia do século I conta que Esopo teria nascido em alguma

cidade na Anatólia, no século VI a.C. Foi vendido como escravo em Samos a um

filósofo que, posteriormente, lhe concedeu alforria. Plutarco, na mesma época,

afirmou que Esopo teria sido conselheiro de Creso, rei da Lídia, e que costumava

contar histórias sobre animais, das quais extraía uma lição de moral. Pela

simplicidade e amenidade da narrativa, esses relatos tornaram-se popularísmos na

Grécia clássica.

Demétrio de Falero, no século IV a.C., redigiu em prosa a primeira coletânea

de fábulas atribuídas a Esopo. Mais tarde, no século I da era Cristã, um escravo

liberto chamado Fedro escreveu em latim diversos livros de fábulas que imitavam as

de Esopo e se tornaram igualmente célebres. As fábulas de Esopo que chegaram

até nossos dias foram compiladas por um monge bizantino do século XIV, Maximus

Planudes, que escreveu ainda uma biografia do autor grego. Entre os títulos mais

famosos figuram “A raposa e o cacho de uvas”, “O cão convidado”,”O leão e o rato

reconhecido” e “As rãs (que pedem um rei)”. Em torno da morte de Esopo surgiram,

também, muitas lendas. Segundo a mais difundida, ele teria morrido em Delfos,

lançado de um precipício sob acusação de sacrilégio. As fábulas que lhe são

atribuídas inspiraram numerosos autores, inclusive La Fontaine

Segundo (Melanie Klein 2009, p.66-67), faz as seguintes abordagens: podem

referenciar as fábulas (contos), os quais fornecem subsídios para que se possam

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analisar fatores relacionados à solução de problemas ligados ao crescimento e ao

amadurecimento. Com a saída do lar e a escolha de seus próprios caminhos, como

se verifica em Chapeuzinho Vermelho e João e Maria – é rica metáfora dos rituais

iniciáticos e das etapas a serem ultrapassadas para que o ser humano consiga

crescer e alcançar a sua maturidade de maneira plena.

Os trabalhos desenvolvidos nesta perspectiva tomam as fábulas como objeto

de análise, já que a sociedade procura discutir questões com a alteridade, a

sexualidade e a violência no âmbito escolar e desse modo, pois, educadores e

outros profissionais envolvidos no processo de educação encontram, importantes

aliados para a resolução de questões inerentes ao comportamento humano.

(Gregorin Filho 2009, p.).

As narrativas (fábulas) apresentam características populares, ou seja, foram

retiradas das histórias do próprio homem mostrando as mudanças e valores da

sociedade ao longo dos tempos. Segundo Nelly Novaes Coelho, a Literatura Infantil

representa três mundos diferentes, dentro desta classificação das narrativas

primordiais: mundo real, animais no qual são atribuídos sentimentos e fala aos, em

uma narrativa conhecida como Fábula: mundo das metamorfoses, presente no

Conto de fadas, o qual convivem seres fantásticos e seres naturais e, o mundo

religioso,cristão, representado, principalmente, pelas Parábolas , que trazem em

suas narrativas um fundo espiritual, alterando para os pecados, vícios e virtudes das

pessoas.

As fábulas surgiram, primeiramente, para os adultos, visto que queriam, com

elas, denunciar uma sociedade que apresenta comportamentos de corrupção, além

da maldade presente nos seres humanos; portanto surgiu da necessidade natural

que o homem sente de expressar seus pensamentos por meio de imagens,

emblemas ou símbolos.” (SOSA, 1978, p. 144). São formas de protesto para essa

atitude de denúncia. Ao longo dos tempos, as fábulas tornaram-se uma forma de

cartilha de bons princípios para as crianças trazendo os animais como instrutores

desses conhecimentos.

Deram origem ao simbolismo animal ( a raposa e o corvo significam

esperteza: o lobo, a força: o cordeiro, a ingenuidade: o leão, a valentia e a nobreza,

o tigre e a raposa, a força e a astúcia, e assim por diante. Até nossos dias,

encontramos a presença dessa personificação que, por vezes, à zoolatria e ao

totemismo.

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As lendas, as fábulas e contos, muitas vezes, são considerados explicações míticas,

pois apresentam indiretamente um questionamento da origem da existência.

O mítico está também diretamente ligado ao espiritual, pois a crença na

existência de ser um ser superior fez com que os homens temessem castigos e

esperassem uma recompensa.

Ainda segundo Nelly Coelho, mito e literatura caminham juntos, pois ambos

apresentam situações “sobrenaturais” para explicar a realidade. A psicanálise

também vai atribuir aos mitos as fontes de explicação humana, por exemplo, o termo

narcisista surgiu do Mito do Narciso, que diz respeito a pessoas com vaidade

exacerbada. A psicanálise tem feito uso intenso dos mitos: Ferud foi responsável

pelo ressurgimento do mito de Édipo. As fábulas, os mitos e as lendas apresentam,

portanto, particularidades quanto a forma em que são narradas as reflexões e

interpretações sobre a Vida e o Mundo. (Costa, 2008, p.79 – 82).

5 - LITERATURA NA REDE

Com a introdução das novas tecnologias e principalmente da internet, novas

condutas são necessárias aos educadores para que consigam utilizar essas

ferramentas de modo que elas se tornem aliadas do ensino e da aprendizagem. Faz-

se necessário, então, que eles, além do necessário conhecimento dessas

tecnologias, utilizem tais ferramentas não só como apoio metodológico, mas também

como uma forma de desenvolver no educando uma postura crítica diante do ato de

ler e escrever. Dessa forma, no que concerne ao ensino da língua materna, mais

especificamente no ensino da leitura e da escrita, a internet pode ser uma grande

aliada para resgatar nos alunos motivações e estímulos perdidos. Pois, além de

oferecer muitas possibilidades para um enriquecimento informacional, possibilita o

resgate de um destinatário real para as produções escolares, o que pode repercutir

em um interesse maior no ensino da língua materna. Sabe-se que as crianças estão

imersas na realidade digital e várias campanhas são feitas para a inclusão digital. O

contrato efetivo das crianças com o computador acaba ocorrendo, na maioria das

vezes, com os sítios de jogos, e alguns não são muito recomendados.

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Com esta atividade, precedida de uma pesquisa do professor, a criança pode

descobrir uma infinidade de lugares literários na rede mundial de computadores.

Grandes escritores de literatura infantil da atualidade mantêm páginas na internet

com hipertextos nos quais a criança pode construir diversas possibilidades de

leitura, interagindo na tela do computador. Alguns bons exemplos são; Ângela Lago,

Sérgio Caparelli, Roseana Murray, Ziraldo, entre outros. Com esta atividade, a

criança pode descobrir que a literatura é veiculada em diferentes suportes textuais,

construídos à medida que a sociedade amplia as suas potencialidades tecnológicas.

Algumas indicações de sítios na internet para esta atividade podem ser:

www.angela-lago.com.br

www. Capparelli.com.br

www.docede letras.hpg.ig.com.br

www.roseanamurray.com

Essas sugestões trazem palavras e textos de autor para que a criança possa

interagir e ver a literatura em outro tipo de suporte textual. Num trabalho de pesquisa

na rede mundial de computadores, o educador pode encontrar outros bons lugares

de literatura hipermidiática para seus alunos. (Gregorin, 2009, p. 82-

83).

Para (Dols e Schneuwly 2004), propõe que os gêneros devem ser explorados

de maneira que essas capacidades possam desenvolver no ambiente escolar. Para

tanto sugerem que eles sejam agrupados de acordo com certas regularidades

línguísticas, que oscilam devido a determinados contextos. Uma das formas de se

colocar isso em prática seria a utilização do computador como meio de desenvolver

as atividades de leitura. Pois, para Behrens (2001), o profissional do futuro precisa

ter competência autônoma na produção de conhecimento e ser acessível para

coletivizá-los em grupos. O aluno precisa pesquisar e acessar informações

ininterruptamente, frente ao avanço das ciências e ao acelerado processo de

produção do conhecimento. O final do século XX ficou marcado pela aceleração do

processo da globalização, derrubando fronteiras, nos vários campos do universo de

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conhecimento cultural, social e histórico. A chamada globalização tem sido elemento

de amplos estudos e discussões, enfatizando múltiplos fatores e manifestando

várias tendências, como a divulgação rápida de informações, tanto na área social

quanto na técnica. Nessa perspectiva, afirma (Soares, 1997):

O maior instrumento da globalização cultural na sociedade tem

sido certamente o conjunto das redes de comunicação de massa.

A abrangência, extensão e eficácia dessas redes estão na raiz

das maiores transformações na virada do século.

A Internet é uma das ferramentas educacionais com maior possibilidade de

agregar valor, ajuda a desenvolver a instituição, a flexibilidade mental, a adaptação a

ritmos diferentes e ressaltar a importância dos professores que estejam abertos a

recebê-la.

Pode-se dizer que a internet é um meio de comunicação que se enquadra no

dispositivo “Todos e Todos”. Ela proporciona a interação entre locutor e interlocutor,

uma vez que na rede, qualquer elemento adquire a possibilidade de interação,

havendo interconexões entre pessoas dos mais diferentes lugares do planeta,

facilitando, portanto, o contato entre elas, assim como a busca por opiniões e ideais

convergentes. A linguagem da internet tem seus pressupostos que, naturalmente,

estão caminhando para um novo e/ou outro modelo de comunicação. A internet se

transformou em um veículo de comunicação com uma linguagem acessível à maior

parte dos hiperleitores e, desse modo, há uma exploração dos termos dessa área,

os quais são transferidos para o contexto social e divulgados como uma linguagem

global. Assim sendo, as mensagens veiculadas nos sites são destinadas a todo tipo

de público. No entanto, o locutor precisa estar sempre atento ao emprego da

linguagem, uma vez que “não é só quem escreve que significa: quem lê também

produz sentidos” (Orlandi, 2000, p.101).

De acordo com Tajara (2007, p.12) a escola e os professores devem oferecer

aos seus alunos os recursos disponíveis nos seus meios, a fim de cumprirem com

seu papel de preparar cidadãos proativos para um mundo cada vez mais

competitivo e repleto de desigualdades assumirem os riscos de novas experiências

e reverem sua metodologia enquanto, facilitadores e coordenadores competentes,

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mudanças devem ocorrer para atender as novas necessidades dos alunos que

possam: ler, consultar, estudar, escrever e comunicar-se por meio de documentos

eletrônicos. (Keinking, 1997: Álvares, 1998). Espera-se com esse trabalho poder

viabilizar o conhecimento através das fábulas mediadas pelas tecnologias

educacionais, mobilizando-os para sermos agentes transformadores de nossa

realidade brasileira.

As tecnologias não são meras ferramentas transparentes; elas não se deixam

usar de qualquer modo; são em última análise a materialização da racionalidade de

uma certa cultura e de um “modelo global de organização do poder”. Martin-Barbero,

(1997, p.256).

Também (Moran, 2007) afirma que: a internet ajuda a desenvolver a intuição,

a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes; que facilita a motivação dos

alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece e

que através dela, desenvolvemos novas formas de escrita: “passamos a escrever de

forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilinguística aproximando texto e

imagem”. A evolução intelectual pode ser explicada pelo ciclo realidade – reflexão –

ação – realidade, em que se enfatiza a relação dialética desenvolvida na interação

do sujeito com a realidade social e cultural.

Como afirma Montagero & Maurice Naville;

A reflexão enriquece notavelmente o conhecimento extraído. O resultado de uma nova forma de conhecimento ou instru-

mento de pensamento. Esse ato criador pode conduzir dois resultados, segundo Piaget : ou ele cria um novo esquema (instrumento de conhecimento ) por diferenciação, ou ele con- duz à “objetivação” de um processo de coordenação de ativi- dades: o que era instrumento de pensamento torna-se objeto

de pensamento e alarga o campo de consciência do sujeito.

Vê - se, portanto, que o processo constrói tanto formas ou estruturas de raciocínio como noções (estando ambas pouco

diferenciadas, na teoria de ativa do conhecimento ).

Montagero & Maurice Naville, 1998, p.93).

Considerando a informática como área técnica o vocabulário terminológico

dessa disciplina permite aos locutores falar, entender o mundo e as coisas de forma

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interativa. O avanço da tecnologia permitiu a ampliação e a padronização do léxico,

em área de especialidade, de forma a atender as necessidades em situação de uso

uma questão social e histórica. Nesse universo, a internet tem se tornado um dos

meios de difusão de mensagens mais acessíveis e, desse modo, sua linguagem

também se propagou e se tornou globalizada.

A LITERATURA TAMBÉM INFORMA

Querer saber de todo o processo que acontece do nascimento até a morte,

faz parte da curiosidade natural da criança, pois se trata da vida em geral e da sua

sexualidade, seus problemas de crescimento, sua relação (fácil ou dificultosa) com

os outros faz parte do se perguntar sobre si mesma e do precisar encontrar

respostas...

A criança, dependendo de seu momento, de sua experiência, de sua vivência,

de suas dúvidas, pode estar interessada em ler sobre qualquer assunto...

Uma sala de aula pode contar com tecnologias que vão além do quadro-de-

giz, mesmo que professores e alunos ainda não tenham assegurado o direito de uso

dos multimeios ( Alves, 2000 ). É preciso garantir a presença de TV, de vídeo, de

computador etc. Por um lado, para que a prática escolar não esteja absolutamente

distante das demais práticas sociais de alguns dos seus alunos. Por outro, porque a

escola pode ser a única possibilidade de acesso de outros muitos ao conjunto

destas tecnologias. O professor da sala de aula possível – como ela pode ser -, não

se deixa seduzir apenas pela atratividade das novas tecnologias, nem privilegia

somente a interação dos alunos com elas. Tem como horizonte, a interação maior:

a discussão ( das informações coletadas e dos processos vividos ) para o confronto

dos diferentes percursos ( ( individuais ), visando à produção ( coletiva ) de sínteses

integradoras que extrapolam conteúdos específicos.

A apropriação educacional das tecnologias da informação e da comunicação requer

abertura para as novas subjetividades produzidas na interação com elas (Fischer,

2001), requer abertura para os novos padrões de interação humana em todos os

espaços de aprender / ensinar.

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- Utilizar a internet como ambiente virtual de aprendizagem lúdico e motivador que

possibilidade a implementação de atividades de leitura de fábulas em língua

portuguesa.

SOBRE FÁBULAS

A função própria da imaginação é a visão de realidades e possibilidades que não se mostram nas condições normais da percepção sensível. Seu objetivo é penetrar claramente no remoto, no ausente, no obscuro. Não só a história, a literatura, a geografia, os princípios das ciências, mas também a geometria, e a aritmética contêm uma quantidade de argumentos sobre os quais imaginação deve operar, para que possam ser compreendidos. (Gianni Rodari 1982)

As fábulas populares entraram como matéria-prima em diversas operações

fantásticas:

- do jogo literário ( straparola ) ao

- do jogo de corte ( Perrault ),

- do romantismo ao positivismo.

Multiplicam-se os textos que jogam com a imagem e a palavra, não apenas

através do desenho, pintura ou ilustração, mas também com os múltiplos recursos

computadorizados. Novas técnicas estão sendo inventadas a partir das sucessivas

conquistas da informática. E a área da literatura infantil vem sendo descoberta como

o espaço ideal para essa nova experimental.

Essas atividades propostas têm como objetivo levar o educando a participar de uma

experiência humana transfigurada em matéria literária, que deve envolvê-lo

emocionalmente, diverti-lo, desafiá-lo, etc.

A FÁBULA

Quem diz?

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As fábulas eram histórias contadas oralmente pelas pessoas, com a intenção

de transmitir ensinamentos. Com o passar de tempo, muitas delas foram registradas

por escrito por autores que ficaram conhecidos como fabulistas. Hoje em dia,

quando querem transmitir indiretamente um ensinamento, os escritores costumam

lançar mão da linguagem figurada da fábula.

O que diz?

O Tema das fábulas é sempre alguma característica do ser humano, como

inveja, covardia, vaidade, mesquinhez, etc, tratada de forma crítica, satírica ou

irônica.

Como diz?

Por meio de um texto narrativo curto, para prender a atenção do leitor ou

ouvinte. A história deve apresentar:

- poucas descrições ou informações sobre tempo e lugar:

- personagens animais (geralmente) que apresentem comportamento característico

dos seres humanos

- uma moral no final, resumindo o ensinamento do texto.

Por que diz?

O produtor de uma fábula tem a intenção de, indiretamente, transmitir um

ensinamento, de aconselhar, criticar ou satirizar o comportamento dos seres

humanos.

Para quem diz?

Eram contadas às pessoas a quem se desejava ensinar alguma coisa, ou até

às pessoas a quem se queria criticar, mesmo que poderosas ( e o fabulista não

poderia ser acusado de estar apontando defeitos desta ou daquela pessoa, já que

as personagens da história eram animais!).

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“SEQUÊNCIA DIDÁTICA”

“GÊNERO TEXTUAL FÁBULAS”

Observe as características de uma fábula:

O EGOÍSMO(a) da onça

Ao voltar da caça, com uma veadinha nos dentes, a onça encontrou sua toca

vazia. Desesperada, esgoelou-se em urros de encher de espanto a floresta. Uma

anta veio indagar do que havia.

- Mataram-me as filhas! - gemeu a onça(b). – Infames caçadores cometeram

o maior dos crimes: mataram-me as filhas...

Diz a anta: - Não vejo motivo para tamanho barulho... Fizeram-te uma vez o que

fazes todos os dias. Não andas sempre a comer os filhos dos outros? Inda agora

não mataste a filha da veada?

A onça arregalou os olhos, como que espantada pela estupidez da anta.

- Ó grosseira criatura! Queres então comprar os filhos dos outros com

os meus? E equiparar minha dor à dor dos outros?(c) Um macaco, que do alto

do seu galho assistia à cena, meteu o bedelho na conversa.

- Amiga onça é assim: pimenta na boca dos outros não arde... (d)

Monteiro Lobato. Obra Infantil completa.

São Paulo: Brasiliense

Monteiro Lobato – Todos os direitos reservados.

a) Retrata características típicas dos humanos.

É produzida em parágrafos ou em versos.

(b) As personagens animais vivem situações próprias dos seres humanos.

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O tempo não é definido podem aparecer em discurso direto ou indireto, dependendo

do estilo do autor. , porque a idéia transmitida pela fábula vale para qualquer época.

(c) As falas das personagens

(d) Traz um ensinamento que resume a intenção do autor.

Produção de texto

Atividade 1 – Reprodução: versão

Nas fábulas há sempre uma situação de conflito que gera uma transformação.

Esse conflito pode envolver inveja entre personagens, disputa de forças, etc. Como

esses sentimentos e comportamentos existem entre os seres humanos de qualquer

lugar ou época, as fábulas são contadas e recontadas em diversas regiões do

mundo, o que faz com que várias delas tenham diferentes versões.

- A seguir apresentamos duas versões do mesmo texto: uma portuguesa e outra

brasileira. Seu trabalho será produzir uma terceira versão da fábula. Para isso:

a) leia as duas fábulas dadas, que serão modelos para sua produção;

b) identifique o problema nas duas histórias – você verá o conflito é o mesmo;

c) produza uma mensagem para o primeiro texto;

d) elabore no caderno uma nova versão da fábula, com o mesmo conflito; você

pode criar novas personagens (outros animais), modificar o vocabulário, etc;

e) estruture sua fábula em parágrafos:

f ) ao escrever, tenha em mente seus leitores: o professor e os colegas;

g) por fim, crie um título adequado para o seu texto.

A águia e a coruja A coruja e a águia

A coruja encontrou a águia, e Coruja e águia, depois de muita

disse-lhe: briga resolveram fazer as pazes.

- O águia, se vires uns passarinhos - Basta de guerra – disse a coruja. O

muito lindos em um ninho, com uns mundo é tão grande, e tolice maior que o

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biquinhos muito bem feitos, olha lá mundo é andarmos a comer os filhotes u-

não nos comas, que são os meus fi- ma da outra.

lhos. A águia prometeu-lhe que não - Perfeitamente – respondeu a águia.

Os comia; foi voando e encontrou Também eu não quero outra coisa.

numa árvore um ninho de coruja, e - Nesse caso combinemos isto: de ora e

comeu as corujinhas. Quando a co- em diante não comerás nunca os meus fi

ruja chegou e viu que lhe tinham co- lhotes. – Muito bem. Mas como posso dis

mido os filhos, foi ter com a águia , tingir os teus filhotes?

muito aflita: - Coisa fácil. Sempre que encontrares uns

- O águia, tu foste-me, falsa, borrachos lindos, bem feitinhos de corpo

Porque prometeste que não me co- alegres, cheios de graças especiais que

mias os meus filhinhos, e mataste- não existe em filhote de nenhuma outra a

Nos todos! Diz a águia; vê, já sabes, são os meus.

- Eu encontrei umas corujas - Está feito! – concluiu a águia.

pequenas num ninho, todas depena Dias depois, andando à caça, a águia

das, sem bico, e como tu me disses- encontrou um ninho com três monstrengos

te que teus filhos eram muito lindos dentro, que piavam de bico muito aberto.

e tinham os biquinhos bem feitos en- - Horríveis bichos! – disse ela. - Vê-se

tendi que não eram esses. logo que não são os filhos da coruja.

- Pois eram esses mesmos, disse a E comeu-os.

coruja. Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar

- Pois então queixa-te de ti, à toca a triste mãe chorou amargamente o

que é que me enganaste com tua desastre e foi ajustar contas com a rainha

cegueira. Das aves. – Quê? – disse esta, admirada.

Fábulas portuguesas: Porto.http.//web. Eram teus filhos aqueles monstrengui-

Ipn.PT. literatura/infantil/fábulas 2.htm, nhos? Pois olha, não se pareciam em

na-

Acessado em 02/06/2006. da com o retrato que deles me fizeste...

Para retrato de filho ninguém acredite

Ensinamento? em pintor pai.

Monteiro Lobato. Obra infantil completa.

São Paulo: Brasiliense, s.d.

Monteiro Lobato.Todos os direitos reservados.

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Atividade 2 - Decalque: o que falta na fábula

A fábula abaixo pertence ao livro 100 fábulas fabulosas, de Millor Fernades,

Jornalista, crítico e escritor brasileiro. Aqui o autor recria as fábulas de La Fontaine e

de Esopo de maneira bem divertida.

Observe, porém, que retiramos a moral da fábula – a frase final que sintetiza

A intenção do autor.

Você terá de reconhecer o conflito e, com base nele, criar no caderno, em

uma frase, uma moral que esteja de acordo com a intenção de Millor de criticar e

divertir.

A rã e o boi

Quatro rãs muito bonitinhas, uma mãe rãzona e três filhas rãzinhas, viram um

boi pela primeira vez na vida. O boi, sozinho, puxava arado conduzido por um

lavrador.

As três rãzinhas quase morreram de admiração. Que animalzão! Que fortão! Que

bichano! Que gatão! A mãe rãzona, enciumada, exclamou:

- Mas vocês acharam esse boi assim tão forte? Que é que há ? Não

exagerem.

No máximo é uns dos dois centímetros mais alto do que eu. Basta eu querer...

- Querer como? – disseram as rãzinhas em coro. – Você é uma rã, e até,

como escreve o Millôr aí em cima, uma rãzona. Mas jamais será sequer um

boizinho.

- Ora – disse a rãzona -, é, só uma questão de comer mais e respirar mais

fundo. E ali mesmo, na frente das filhas perplexas, a rãzona começou a comer mais

e respirar tudo o que podia em volta. E foi crescendo e perguntando:

- Já estou do tamanho dele?

E as filhas sempre em coro:

- Não. Ainda falta muito.

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Estimulada pelas negativas, a mãe foi comendo e respirando, respirando e

comendo, até que as filhas tiveram de concordar:

- Espantoso, mãe, agora a senhora está um boi de verdade. Faz um! E

quando ela fez um, o lavrador, que ia passando de novo com o arado e o boi,

também ficou entusiasmado:

- Ei, ô rãzona metida a boi, de hoje em diante você vai puxar o meu arado pra

serviços especiais. Tem aí um terreno cheio de morrinhos e eu não consegui fazer o

diabo desse boi frouxo aprender a saltar.

A partir daí, a rãzona teve que trabalhar de sol a sol sem soltar um pio, isto é,

um coaxo.

Millôr Fernandes. 100 fábulas fabulosas.

Rio de Janeiro: Record,

2003.

Atividade 3 - Produção de autoria

- Agora você tem a liberdade de criar uma fábula com as personagens e o conflito

que desejar, mas não deixe de ter em mente que seu texto poderá ser adaptado

para teatro no projeto do final do semestre.

Planeje um problema para sua fábula: uma personagem quer o que outra tem, ou

tenta enganar alguém, ou se sente injustiçada quando ela mesma comete injustiças,

etc. Depois, pense em que animais poderiam representar esse tipo de problema e

inicie seu texto.

Atividade 4 - Preparando a segunda versão do texto

Sob a orientação do professor, sente-se com um grupo e corrijam os textos

uns dos outros, de acordo com estes critérios.

- O texto foi estruturado em parágrafos?

- A pontuação ajuda o leitor a compreender o sentido da história?

- Há combinação entre os sujeitos e os predicados? Por exemplo, ambos estão no

plural?

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- As personagens são animais (ou seres imaginários), o tempo é indefinido e o

espaço é descrito com poucos detalhes?

- A moral resume o ensinamento que o autor quis transmitir?

Os textos que não se ajustarem a todos esses critérios deverão ser refeitos e

passados a limpo em uma folha. Depois todos poderão ser expostos no mural da

sala.

Atenção

Atividade 5 Projeto: ESPETÁCULO TEATRAL

Guarde sua fábula, pois ela poderá ser

Usada no espetáculo que você e seus colegas

Montarão como projeto de final de semestre.

No mundo da fala

Atividade 6 - Contação de fábulas

Como você viu, as fábulas são histórias antigas que passaram de geração a

geração. Seguindo esse princípio, peça a uma pessoa mais velha conhecida que lhe

conte uma fábula e prepare-se para recontá-la aos colegas de sua turma! Siga as

orientações

*Ouça a história com atenção e tente memorizá-la sem escrever. Para isso, peça a

quem lhe contou que repita a fábula algumas vezes, até você saber bem a

seqüência dos fatos narrados e a moral.Tire todas as dúvidas que tiver sobre a

história e sinta-se seguro a respeito dela antes de passá-la adiante. Depois disso, é

só treinar para a apresentação.

Apresentação

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1ª- Se der branco – faça uma pausa, deixando o ouvinte mais curioso, ou

repita as últimas palavras ditas, enquanto tenta se lembrar.

2ª- Respiração – respire de acordo com o ritmo da história.

Adaptado de: O Estado de S. Paulo, 19/10/2007.

Além dessas dicas, procure seguir estas instruções:

- Não se preocupe se, na hora da apresentação, você esquecer um trecho ou uma

palavra. Se compreendeu a história (tema, assunto, ensinamento) e sabe como ela

deve se desenvolver,você conseguirá contá-la mesmo que altere um pouco o texto

ouvido. Em passagens esquecidas, por exemplo, você pode usar alguma palavra ou

frase que se encaixe na situação contada.

Durante a contação, olhe nos olhos do público, perceba a reação das pessoas e

trabalhe com isso. Se sentir que alguém está ficando curioso, por exemplo, continue

com a mesma estratégia.

- Ao caracterizar as personagens, não exagere nos adjetivos nem nos detalhes, para

não cansar o ouvinte. Lembre-se as fábulas costumam ser curtas.

Enquanto você conta sua fábula, seus colegas deverão anotá-la em uma folha

avulsa para depois reescreverem e entregarem ao professor. Portanto, após a

contação, fique a disposição dos colegas para responder às perguntas que surgirem

a respeito dela. Depois de eliminadas as dúvidas, os colegas reescrevem o próprio

texto, observando-se ao relatar a fábula, seguiram as características do gênero.

O professor escolhe algumas das reescritas da fábula contada oralmente: o

que ficou diferente? Qual texto parece mais vivo? Que marcas de linguagem

diferenciam esses textos (expressões, repetições, elementos de coesão.

Atividade 7 - Apresentação da situação

7.1 - Reconhecimento do gênero textual “FÁBULA”

7.2 - Pesquisas sobre o gênero

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Atividade 8 - Você sabe o que é uma fábula? Para explicar melhor, vá até o

dicionário e pesquise. Depois, com suas palavras, explique o que é uma fábula,

escrevendo no quadro abaixo.

FABULA É...

8.1- Agora que você sabe o que é uma Fábula, encontre alguns textos que

pertençam a esse gênero e leia-os para seu (sua) professor(a).

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8.2 Dos títulos abaixo, assinale aquele(s) que, segundo seu conhecimento e leitura,

são títulos de Fábulas.

( ) A raposa e a uva ( ) Os três porquinhos

( ) O leão e o rato ( ) O lobo e o cordeiro

( ) O Chapeuzinho Vermelho ( ) A cigarra e a formiga

( ) A Cinderela ( ) A formiga e a pomba

O sapo e o boi

Há muito, muito tempo, existiu um boi imponente. Um dia o boi estava dando

seu passeio da tarde quando um pobre sapo todo mal vestido olhou para ele e ficou

maravilhado. Cheio de inveja daquele boi que parecia o dono do mundo, o sapo

chamou os amigos.

- Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa:

se eu quisesse também era. Dizendo isso o sapo começou a estufar a barriga e em

pouco tempo já estava com o dobro do seu tamanho normal.

- Já estou grande que nem ele? – perguntou aos outros sapos.

- Não, ainda está longe! – responderam os amigos.

O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.

- Não – disseram de novo os outros sapos -, e é melhor você parar com isso

porque senão vai acabar se machucando. Mas era tanta a vontade do sapo de imitar

o boi que ele continuou se estufando, estufando, estufando – até estourar

Fábulas de Esopo. Tradução de Heloísa Jahn,

São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1994.

Atividade 9 - Leitura e construção de sentidos

Primeira versão de Esopo:

A cigarra e as formigas

No inverno, as formigas estavam fazendo secar o grão molhado, quando u-

ma cigarra faminta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram:

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Por que, no verão, não reservaste também o teu alimento? A cigarra

respondeu:

Não tinha tempo, pois contava melodiosamente.

E as formigas, rindo, disseram:

- Pois bem, se cantavas no verão, dança agora no inverno.

A fábula mostra que não se deve negligenciar em nenhum trabalho, para evitar

tristeza e perigos.

Esopo: fábulas completas.Tradução de

Neide Smolka, São Paulo Moderna, 1994.

Segunda versão

Versão de La Fontaine

A cigarra e a formiga

Tendo a cigarra em cantigas

Folgado todo o verão,

Achou-se em penúria extrema

Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha

Que trincasse a tagarela

Foi valer-se da formiga,

Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,

Pois tinha riqueza e brio,

Algum grão com que manter-se

Até voltar o acesso estio.

“Amiga” – diz a cigarra –

“Prometo, à fé d’animal.

Pagar-vos antes de agosto

“Os juros e o principal.”

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A formiga nunca empresta,

Nunca dá, por isso junta:

“No verão em que lidavas?”

A pedinte ela pergunta.

Responde a outra: “eu cantava

Noite e dia, a toda hora.”

- Oh! Bravo! – torna a formiga –

“Cantavas? Pois dança agora!”

Fonte: “Fábulas de La Fontaine”.Tradução; Bocage.

Rio de Janeiro: Editora Brasil - América,1985.

9.1 - Conversando sobre o texto

a) O texto lido é semelhante ao anterior? Por quê?

b) Que gênero de texto é esse?

c) Vamos reler as estrofes, para reconstruir a história narrada em versos.

d) O que conta a primeira estrofe? Verifique, com seus colegas, o que significa

“provisão”, antes de responder.

e) O que acontece na segunda estrofe?

a) E na terceira estrofe, qual é o diálogo entre a formiga e a cigarra? Verifique,

antes, o significado de “avara”.

9.2 - Compreendendo o texto

a) Você acha correto o que a formiga fez com a cigarra, negando-se a ajudá-la?

b) A moral da fábula não apareceu escrita. Em sua opinião, o que essa história

ensina?

c) Escolha uma dos seguintes provérbios para ser usado como ensinamento da

fábula A cigarra e a formiga: “Uma boa ação ganha a outra.”, “Quem canta os

males espanta.”, “Deus ajuda quem cedo madruga.”, “A união faz a força.”,”É

dando que se recebe.”, “A pressa é inimiga da perfeição.”, “Cada uma dá o

que tem.”

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9.3 - Compreendendo à escrita

Observe o seguinte diálogo entre a cigarra e a formiga:

a) - Você já sabe o que significam os sinais realçados. Explique a função desses

sinais nos diálogos.

b) - Troque idéias com seus colegas e seu professor e escreva, em seu caderno,

uma definição para o diálogo, de acordo com o seguinte roteiro:

- O que é um diálogo?

- Que sinais de pontuação são mais utilizados para representar ou reproduzir

a fala nos textos escritos?

- Você conhece outro sinal de pontuação que também pode ser utilizado

para representar ou reproduzir uma fala?

Dentre as duas fábulas apresentadas (de Esopo e de La Fontaine),

sugerimos, agora, a leitura de três versões diferenciadas de “A cigarra e a formiga”

para, logo em seguida, propor atividades de: oralidade, leitura e compreensão,

análise de sua estrutura e análise de seus elementos lingüísticos.

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Texto 1

A cigarra e a formiga

Era verão, e a cigarra vagabundeava estendida numa folha, abanando-se

preguiçosamente.

“Que vida boa!, ”pensou a cigarra. “Está um belo dia, e me sinto realmente

feliz!” E olhava com pena as lagartas e as formigas que se cansavam ao sol.

- Pare de trabalhar - disse afinal a cigarra a uma formiga - e venha se divertir

comigo!

Mas a rainha das formigas disse à formiga operária para não ouvir os maus

conselhos da cigarra e continuar trabalhando com suas companheiras.

Enquanto o vento do outono fazia cair as últimas folhas, a cigarra continuava a

cantar, e as formigas seguiam trabalhando a fim de acumular provisões para o longo

inverno.

Chegou o inverno, e a cigarra não tinha nenhum alimento para comer, nem

abrigo para proteger-se do frio.

“Como fui descuidada!”, reprovava-se a cigarra. “Por que não recolhi as

provisões para o inverno como fizeram as formigas?”

A cigarra já estava morrendo de fome e frio; mas algumas formigas a

socorreram e a levaram para sua caverna, onde todas as formigas estavam

descansando, desfrutando as férias de inverno.

As corajosas formigas socorreram a cigarra; tiraram-lhe as roupas molhadas

e lhe deram de comer.

- Veja o estado em que você ficou por causa da sua maluquice! – repreendeu-

a a rainha das formigas

A cigarra pediu desculpas e prometeu não ser mais preguiçosa e insensata; e

para retribuir a ajuda das formigas tocou, e cantou para elas.

Quem é previdente não corre riscos.

Coleção fábulas do bosque. Versão de Félix Samaniego,

Tradução: Olga Cafalcchio. (São Paulo: Maltese, 1993).

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Texto 2

A formiga má

Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra

e com dureza a repeliu de sua porta.

Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com

o cruel manto de gelo.

A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estilo inteiro, e o

inverno veio encontrá-la desprovido de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem

folhinhas que comesse. Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou –

emprestado, notem! – uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos

àquela comida de empréstimo, logo que o tempo permitisse.

Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como

não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres. - Que

fazia você durante o bom tempo?

- Eu... Eu cantava!...

- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! - e fechou-lhe a porta no nariz.

Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera, o

mundo apresentava um aspecto mais triste. É que faltava na música do mundo o

som estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas usuária

morresse, quem daria pela falta dela? Os artistas – poetas, pintores, músicos – são

as cigarras da humanidade.

(Monteiro Lobato: fábulas. Círculo do Livro

S/A).

Texto 3

A formiga boa

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum

formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento, então, era observar

as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.

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Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos,

arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo

em seu galhinho seco, metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.

Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu

– tique, tique, tique... Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de

paina. – Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a

tossir. – Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga

olhou – a de alto a baixo.

- E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?

- Eu cantava, bem sabe...

- Ah... – exclamou a formiga recordando-se. – Era você então quem cantava

nessa árvore enquanto nós lubutávamos para encher as tulhas?

- Isso mesmo, era eu...

- Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua

cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho.

Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga,

que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.

A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de

sol. Os artistas – poetas, pintores, músicos – são as cigarras da humanidade.

(Monteiro Lobato: fábulas. Círculo do Livro

S/A.)

Professor (a):

É extremamente viável que se discuta com a classe um texto de cada vez,

esclarecendo bem a ideologia que está subentendida em cada um em relação ao

trabalho e à vida em sociedade. Nesse caso, converse com as crianças sobre quem

esses animais estão representando, ou seja, quem são as cigarras e as formigas

atuais. Outra atitude que deve ser tomada é a procura de termos desconhecidos no

dicionário.

Atividade 10 –

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Responda as questões abaixo, em seu caderno, relacionando suas respostas com o

conhecimento que você já adquiriu sobre o gênero:

a)Quem escreve, geralmente, esse gênero?

b) Nesse caso, quem escreveu:

Texto 1:

Texto 2:

Texto 3:

O que você sabe sobre estes autores?

b) Quando será que esses texto foram produzido? E com que propósito?

c) Qual a temática explorada em cada texto?

d) Para quem eles foram produzidos?

e) Como será que esses textos circularam na época em que foram produzidos?

f) E hoje, qual é o seu veículo de circulação?

Pensem e respondam, relacionando, agora, as idéias do texto com seu

conhecimento de mundo.

a) Com quem você relacionaria a formiga hoje:

- no texto 1?

- no texto 2?

- no texto 3?

b) E a cigarra?

c) Você acha importante o trabalho da formiga?

d) Você considera o canto da cigarra como uma forma de trabalho?

Por quê?

e) Como você explica a moral da história de cada texto?

f) Você concorda com as formigas ao negar ajuda à cigarra? Por quê?

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10.1 - Explorando a oralidade

Para a realização e melhor compreensão da atividade seguinte,

sugerimos que a sala seja organizada em semicírculo e que você, professor (a),

juntamente com os alunos, vá lendo cada período e questionando-os de quem é

aquela fala para juntos encontrarem a cor e pintar. Fazer pelo menos um texto

completo no coletivo, depois deixá-los realizar as atividades sozinhas.

a) - Use as seguintes cores para destacar os discursos presentes nos textos:

- Narrador: cor amarela

- Falas da cigarra: cor azul

- Falas da formiga: cor vermelha

b) - Agora se organize com seus colegas e, em grupo de três alunos, façam a

leitura dramatizada. Um será o narrador, outro a cigarra e outro a formiga. Depois

de bem preparados, apresentem para a classe a sua leitura.

c) - Professor (a) organize a sala em três grupos e sorteie uma das versões para

cada grupo, que deverá preparar um teatro para apresentar aos colegas.

IMPORTANTE

Este é um momento importante para que o professor de Língua Português a

propicie a interdisciplinaridade, pedindo ajuda aos professores de Artes e

Educação Física para a preparação das peças teatrais nas aulas deles também.

Depois de tudo pronto, marquem um dia para a apresentação.

10.2 - Atividades de leitura e compreensão dos textos

Releia os textos e responda:

a) O que a cigarra pede à formiga:

- no Texto 2:

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- no Texto 3:

b) No texto 1, o que a formiga fazia no início?

c) Os fatos narrados na primeira e terceira fábula acontecem em duas estações

do ano. Quais são essas estações? Prove com passagens do texto.

d) Quais as estações do ano citadas na segunda fábula?

e) Copie do texto 1 o convite que a cigarra faz à formiga.

f) Releia o texto 3 e copie a pergunta que a rainha das formigas fez à cigarra

depois de observá-la da cabeça aos pés.

j) Você considera o canto da cigarra como uma forma de trabalho?

Por quê?

l) Na época em que foi escrita a primeira versão de “A cigarra e a formiga”, o

trabalho artístico não era visto como profissão, e sim, como sinônimo de

“vagabundagem”, ou seja, ficar à toa. Você considera que hoje as pessoas

mudaram sua opinião? Comente.

m) Que profissão você considera mais desvalorizada hoje? Por quê?

n) Das profissões que você conhece, qual é mais valorizada pela sociedade?

Justifique sua resposta.

p) No texto 2, a formiga nega ajuda à cigarra. Você concorda com essa atitude?

Comente sua resposta.

10.3 - Atividades de análise linguistica

Professor (a): as atividades de análise linguística têm, como propósito,

proporcionar, ao aluno, reflexões em relação ao emprego de determinados

elementos gramaticais. Nossa preocupação, aqui, não é com a nomenclatura,

mas sim, com as relações, de sentido estabelecido por esses elementos no texto

que está sendo analisado.

Complete as tabelas comparando o que faz a cigarra e o que faz a formiga em

cada versão da fábula.

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Texto

CIGARRA FORMIGA

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

Texto 2

CIGARRA FORMIGA

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

Texto 3

CIGARRA FORMIGA

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

___________________ ___________________

10.4 - Como a formiga é considerada:

Texto 1 Texto 2 Texto 3

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Pelo narrador ______________ _______________ _____________

Pela formiga ______________ _______________ _____________

Por ela própria ______________ _______________ _____________

c) - Observando as tabelas acima e pela leitura e discussão feita dos textos, quais

são as características atribuídas à formiga e a cigarra nessas versões da fábula de

La Fontaine e Esopo?

CIGARRA FORMIGA

Texto 1 __________________ __________________

Texto 2 __________________ __________________

Texto 3 __________________ __________________

As características atribuídas à cigarra e à formiga são chamadas, pela gramática

normativa, de adjetivos.

d) - Que outro adjetivo você daria às personagens dos textos lidos e que ainda não

foram dados?

10.5 - Observe o adjetivo sublinhado:

- Cantava? Pois dance agora, vagabunda! (texto 2)

a) Que imagem da cigarra o autor passa ao leitor com o uso desse adjetivo?

b) Observe as seguintes frases do Texto 2, depois responda os itens a e b.

“Mas se a usuária morresse, quem daria pela falta dela”?

“Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha...”.

c) Procure no dicionário o significado dos adjetivos sublinhados e copie-os.

d) Reescreva a frase substituindo as palavras usuária e entanguidinha por um dos

significados que você encontrou. A frase mudou de sentido? Por quê?

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e) Desenhe a formiga usuária e a cigarra estanguidinha e mostre que você

entendeu, realmente, e os colegas.o significado das palavras.

10.6 - Observe estes parágrafos do Texto 1 :

Era verão, e a cigarra vagabundeava estendida numa folha, abanando-se

preguiçosamente.

“Que vida boa!”, pensou a cigarra. “Está um belo dia, e me sinto realmente

feliz!” E olhava com pena as lagartas e as formigas que se cansavam ao sol.

- Pare de trabalhar – disse à formiga operária para não ouvir os maus

conselhos da cigarra e continuar trabalhando com suas companheiras.

(Texto 1).

a) Pinte os trechos do narrador de uma cor e os trechos das personagens de outra.

b) Por que em alguns trechos forma utilizadas as aspas [ “ “ ]?

c) Por que foi utilizado também o travessão [ - ]?

d) Que conclusão você pode tirar sobre o uso desses dois sinais de pontuação?

Comente com o professor e os colegas.

e) Qual a imagem da cigarra que a autor do texto nos passa nesse trecho?

f) Quais palavras reforçam essa imagem?

10.7 - No trecho acima citado, o autor usou o discurso direto, ou seja aparece a fala

da personagem, a qual é demonstrada com o uso do travessão e o pensamento com

o uso das\aspas. Reescreva esse trecho usando o discurso indireto: somente o

narrador contando os fatos sem a fala da personagem.

a) Agora, faça o contrário. Reescreva os parágrafos seguintes empregando o

discurso direto e usando travessão para indicar as falas das personagens.

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b) Mas a rainha das formigas disse à formiga operária para não ouvir os maus

conselhos de cigarra e continuar trabalhando com suas companheiras.(Texto1).

c) Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou emprestado, notem!

- uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de

empréstimo, logo que o tempo permitisse. (Texto 3)

d) Releia o parágrafo seguinte:

As corajosas formigas socorreram a cigarra; tiraram - lhe as roupas molhadas e lhe

deram de comer.

e) As palavras sublinhadas foram empregadas no texto para evitar a repetição de

um nome. Qual?

10.8 - Produção escrita

a) Relembrar de todas as fábulas lidas durante esse tempo e proponha que façam

como La Fontaine e Monteiro Lobato.

b) Escolher uma e reescrevê-la, dando uma nova versão, podendo, inclusive,

colocar novos elementos, mudar a época, o cenário dos acontecimentos, sempre

adaptando para a nossa realidade e tendo claro seu objetivo no texto.

c) Produzir, se quiserem, uma nova fábula, ao invés de fazer uma versão diferente

de uma que já existe.

Atividade 11. Circulação do gênero

Depois de todos os textos prontos, chamar o (a) coordenador (a) e o(a)

diretor(a) na sala e pedir que viabilizem a digitação e encadernação dos mesmos

deixando um espaço para que cada aluno ilustre sua fábula.

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Após serem digitados ficará a cargo da direção a quantidade de cópias que serão

disponibilizadas. Quando estiverem encadernados, em grupo os alunos passarão

nas salas fazendo a divulgação do trabalho e informando que os livros estarão na

biblioteca para quem quiser lê-los.

Entregar os livros na biblioteca para que sejam registrados e depois emprestados

aos leitores.

11.1 - Produção de texto

Atividade 11.2 - Técnica de composição

Usando a pontuação correta, é possível colocar a voz do narrador e da personagem

na mesma linha. Observe:

Em linhas separadas Na mesma linha

A raposa berrou: - Preciso de ajuda! - berrou a raposa.

- Preciso de ajuda!

A raposa disse: _ Não vou perder o rabo - disse a raposa.

- Não vou perder o rabo.

Vamos agora praticar essas duas formas de apresentar a fala da personagem e a

intervenção do narrador. .

1 - Reescreva as frases, colocando a voz do narrador e a voz da personagem em

duas linhas.

a) Fugi de casa – contou a jovem.

b) Você deve ir à farmácia – disse a mãe à filha.

c) Vou fazer uma mágica – anunciou o artista ao público.

d) Estou apaixonado – disse o rapaz.

e) Não quero ir à escola – reclamou o garoto.

2 – Reescreva os diálogos colocando a voz do narrador e da personagem na mesma

linha.

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a) Alguém gritou:

- O prédio está pegando fogo!

b) O jovem confessou:

- Bati o carro.

c) O presidente anunciou:

- Vou viajar.

d) O professor falou:

- Não darei prova hoje.

11.3 - Técnica de criação

Amplie o parágrafo abaixo, introduzindo um fato que coloque a personagem

Em uma situação de conflito.

a) José Roberto estava muito nervoso naquela manhã. Era o dia de sua prova de

matemática e sua. Entrou na sala, escolheu um lugar e recebeu sua prova.

Respirou fundo e começou a resolver os problemas.

Tudo ia bem até que...

b) Tudo indicava que aquele seria mais um dia como outro qualquer para Califa, o

cão de Fábio. Depois de comer sua ração, ele se estirou de barriga para cima no

quintal e começou a tomar sol. Já estava quase dormindo, quando...

Atividade 12 - Organizando uma narrativa

Descubra a sequência dos parágrafos para montar a fábula O cão e a carne.

Depois copie ao lado da ilustração correspondente.

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O pedaço de carne caiu na água e se foi, assim como a sua imagem.

Quando passou ao lado do rio, viu sua própria imagem na água.

E o cão, que queria os dois, ficou sem nenhum.

Pensando que havia na água um novo pedaço de carne, soltou o que car-

regava para apanhar o outro.

Um cão vinha caminhando com um pedaço de carne na boca.

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Recontando uma fábula ouvida

Atividade 13 - Ouça com atenção a fábula que sua professora vai contar.

-Depois reconte - a no quadro a seguir.

O pastor e o lobo

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Quando os mentirosos falam a verdade, ninguém acredita.

Releia seu texto.

Veja se você contou:

. com quem se passa a história:

. o que a personagem sempre fazia:

. que situação perigosa viveu:

. o que aconteceu no final.

Sugestões de redação

Atividade 14 - Individual - Diálogo entre animais

Segundo a Emília do Sítio do Picapau Amarelo, os animais “falam para que

possa haver fábulas”! Assim, crie um diálogo entre animais.

Sugestões:

Reflita bastante sobre o conteúdo do (assunto). Sobre o que falarão os ani-

mais? Serão suas memórias ( como, por exemplo, as do ratinho sobrevivente da

fábula contando a história para seus netos)? A lembrança de um passeio que

fizeram? A poluição dos tempos modernos? A escassez de alimentos? A revolta

Por serem cobaias de laboratório?

Escolha um assunto bem interessante. Não esqueça da estrutura dos diálogos

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(parágrafos e travessões nos lugares certos).

14.1 - Atividade oral

Observe e comente a ilustração:

Você costuma desistir de lutar nos momentos difíceis?

Às vezes, a persistência nos salva a vida. É o que provam o desenho acima.

14.2 - Em grupo

Na fábula, os ratos surgem como bichos simpáticos, que apenas visitam a

cozinha para se alimentar. Na verdade, atrás dessa aparência inofensiva, a maio-

ria deles transmite doenças ao ser humano.

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14.3 - Leia o anúncio abaixo e depois, em grupo, responda e discuta as questões

da página seguinte:

Transcrição do texto

Não existe nenhum Mickey ou Jerry entre os

100 milhões de ratos que se alimentam do li-

xo jogado nas ruas de S. Paulo diariamente.

Em compensação, existem alguns persona-

gens que você nunca viu nos desenhos de

TV. Salmonelas, coliformes, estafilococos,

estreptococos e outros que, em vez de diver

tir você, causam doenças como o tifo, menin-

gite, hepatite leptospirose dermatoses difteria

e muitas outras. Cada vez você joga lixo nas

ruas, os ratos ficam mais fortes, graças a esse

banquete. Então graças a você.

MPM Propaganda. Folha de

São Paulo, 3 de julho de 1988.

Não existe nenhum Mickey ou Jerry entre os

100 milhões de ratos que se alimentam do lixo

jogado nas ruas de São Paulo diariamente em

compensação, existem alguns personagens que

você nunca viu nos desenhos da TV.Salmonelas, coliformes, estafilococos,

estreptococos e outros que, hepatite, leptospirose,

der-matoses, difteria e muitas outras cada vez que você joga lixo nas ruas os ratos ficam

mais fortes, graças a esse banquete.Então, saúde para você.

MPM Propaganda. Folha de,

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São Paulo, 3 de julho de 1988.

Quando os mentirosos falam a verdade, ninguém acredita

Veja se você contou:

Releia seu texto.

*com quem se passa a história:

*o que a personagem sempre fazia:

*que situação perigosa viveu:

*o que aconteceu no final.

a) O que é um surto?

R=

b) Que tipo de personagens são o Mickey e o Jerry?

R=

c) Salmonelas, coliformes, estafilococos e estreptococos (streptococcus) são

bacilos ou bactérias que provocam doenças. Que doenças provocadas pelos ratos

são mencionadas no anúncio?

R=

d) No anúncio há um trocadinho ( jogo de palavras semelhantes na forma, mas

diferentes no significados). Descubra qual é e o explique.

R=

e) Quando o texto diz “saúde para você”, o que está sugerindo que se faça, em

relação aos ratos?

R=

f) O que se deve fazer se alguém for mordido por um rato?

R=

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“O grande desafio para a educação é mostrar como a tecnologia é importante para o futuro e capacitar essa nova geração de alunos e professores é fundamental.” Marinês Gomes

Atividade 15 - Expressão oral

O professor vai ler um texto que se chama Fábula virtual. Antes da leitura,

discutam o seguinte:

a) O título de uma história dá várias pistas para o leitor. O que é possível saber

sobre o texto chamado Fábula virtual, antes mesmo de ouvir a leitura?

b) Como será essa fábula? Dê uma espiadinha na ilustração da próxima página.

c) Ciber, do inglês cyber, significa tudo o que se encontra na internet.

O que será uma fábula virtual, com ciberbichos?

d) O texto vai tratar de participação, de interação. O que essas palavras significam?

15.1 - Interpretação de texto

Fábula virtual

Um ratinho virtual vinha por uma floresta de signos. Perto de uma caverna,

avistou um leão, desses grandes, ameaçadores, desenhados em programas

coloridos, bem modernos.

- Vou de devorar – disse o leão. – E não adianta disfarce de ratinho virtual,

cibernético, ou seja, lá o que for.

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- Não faz isso – suplicou o ratinho.

- Por que, se sou o leão?

- Não sou compatível.

- Ah – rugiu o leão – essa é boa.

Vou te procurar no meu de bom humor, perdôo tua arrogância.

- Arrogância? Que arrogância?

- Arrogância de existir.

O ratinho percebeu que aquele seria um diálogo difícil. Estava diante de um

leão que ignorava o direito dos mais fracos. Melhor afastar-se dali o mais depressa

possível.

- Está bem, mas, desaparece.

Antes de sumir no mato, o ratinho disse:

-Um dia vou te salvar. Ou vou salvar outro leão. Nem que seja numa fábula.

- Essa é boa - disse o ciberleão, achando acintosa a atitude do ratinho.

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Alguns anos depois, porém, o leão estava ao computador. Aperta uma

tecla aqui, outra ali, e teve a idéia de conversar, via internet, com os leões do

zoológico de Tóquio. Acontece que ele deu um comando errado e caiu numa rede

de caçadores.

Esses homens virtuais, rudes, riram de satisfação e discutiram do que fazer

com tão preciosa caça. Sem chegar a nenhuma conclusão, deixaram o leão na rede

e foram conversar com seus companheiros. O leão lutou ainda muito tempo,

mas mesmo assim, não conseguiu sair. Cansado, ficou cebertriste. Sabia que os

caçadores iriam pegá-lo. Ou então levá-lo para um zoológico bem longe.

Passado algum tempo, ouviu uma voz junto de seu ouvido.

Era a voz do ratinho virtual.

– O que estás fazendo aí, nessa rede? – quis saber o ratinho, que

passava por ali, procurando um leão preso em rede, a fim de cumprir sua

promessa.

- Caí aqui por acaso e não consigo sair.

- Vou te tirar dessa armadilha.

Como um animal tão insignificante poderia ajudá-lo?

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- Chama alguém maior e mais forte. Nem disco rígido tem. Nunca

conseguirás me tirar daqui – rugiu o ciberleão, rei dos programas mais sofisticados do

mundo e amigo pessoal do Bill Gates.

- Sou pequeno, mas, tenho os bits afiados – disse o ratinho.

O ratinho roeu então algumas malhas da internet e o leão pode escapar.

Quando os caçadores voltaram, a rede estava vazia.

Sérgio Caparelli, 33 ciberpoemas e uma fábula virtual.

15.2 - Reconte a história, respondendo às questões a seguir.

a) Onde se passa a história?

b) Descreva as personagens da fábula.

c) Por que o leão virtual ameaçou devorar o ratinho cibernético?

d) Perdoado por existir, o ratinho promete ao leão:

Um dia vou te salvar. Ou vou salvar outro leão. Nem que seja numa fábula.

e) A que fábula o ratinho se refere?

f) Compare a fábula que você conhece com a versão do escritor Monteiro Lobato:

Ao sair do buraco viu-se um ratinho entre as patas do leão. Estacou, de

pelos em pé, paralisado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.

- Segue em paz, ratinho; não tenhas medo de teu rei.

Dias depois o leão caiu numa rede. Urrou desesperadamente, debateu-se,

mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava. Atraído pelos urros,

apareceu o ratinho.

_ Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas.

Num instante conseguiu romper uma das malhas. E como a rede era das tais

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que rompida a primeira malha as outras se afrouxaram, pôde o leão deslindar-se

e fugir.

Ensinamento: Mais vale paciência pequenina que arrancos de leão.

g) O ratinho salva o leão, tanto na fábula virtual quanto na de Monteiro Lobato.

Como ele fez isso?

h) Para você, quem era o “melhor” rei dos animais: o leão da ciberfábula ou da

fábula não virtual? Por quê?

i) Vivemos num mundo interativo, um mundo de influências mútuas. Como

podemos torná-lo um lugar melhor para viver? Agindo como o ciberleão ou

como o ratinho? Justifique sua resposta.

“ASPECTOS A CONSIDERAR NA ESCRITA/ REESCRITA DO TEXTO”

Condições de produção Conteúdo

Adequação ao gênero proposto ( ) Informação ( )

Objetivo da produção ( ) Clareza de idéias ( )

Adequação de registro ( ) Seqüência de idéias ( )

Concisão ( )

Criatividade ( )

Forma

Ortografia e acentuação ( )

Pontuação ( )

Paragrafação ( )

Concordância nominal e verbal ( )

Recursos coesivos ( )

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Referências Bibliográficas:

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linguística / Márcia Leite, - Cristina Bassi – São Paulo: FTD, 2008 – (Coleção

L.E.R.). Todos os direitos de edição reservados à Editora FTD S.A.

http: www.ftd.com.br pág. 182 - 184

CAMPADELLI. Samira. Hoje é dia de português: 3º ano / Samira Campedelli;

ilustrações Beatriz Rohrig... [ET AL.], - Curitiba: Ed. Positivo; 2007.

http: www.editorapositivo.com.br pág. 90-93.

COSTA. Marta Morais / Literatura Infantil, / Marta Morais da Costa – Curitiba:

IESDE. S.A., 2008. http: iesde.com.br

COELHO. N. N. (2000). Literatura Infantil: teoria, análise, didática.São Paulo

Moderna, 2000.

CAMPOS. Elizabeth M. Viva português: língua portuguesa / Elizabth M.

Campos, Paula Marques Cardoso, Silvia L. de Andrade. – 2. ed. São Paulo:

Ática, 2009.

COPYRIGHT. desta tradução: Editora Martin Claret, 2007. Título original em

latim: Aeseepi: fábulae São Paulo.

FÁBULAS de La Fontaine. São Paulo. Edigraf (1945). 3 t. MONTEIRO LOBATO,

J.B. Fábulas e histórias diversas. São Paulo, Brasiliense, 1956, 319 p. (Obras

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GREGORIN. Filho, José Nicolau. Literatura Infantil: múltiplas linguagens na

formação de leitores/São Paulo; Editora Melhoramentos, 2009.

MELLON. Nancy, A arte de contar histórias / Nancy Mellon, tradução de

Amanda Orlando e Aulyde Soares Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.

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ZILBERMAN. Regina, A literatura Infantil na escola / 11ed. Revista atualizada -

São Paulo: global, 2003.

Sites para pesquisa:www.revista escola.com.br www.portasdasletras.com.br www.usinadasletras.com.brwww.google.com.brwww.ggpe.prpg.unicamp.br/multimidia/pdf