saúde e nutrição
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Nesta obra o autor discute diferentes conceitos na relação saúde e corpo, hábitos de higiene, nutrição, controle da alimentação, a base da boa nutrição, glicídios, protídeos, lipídios, sais minerais, vitaminas. Este conteúdo contempla, também a relação entre energia e atividade física, além de ensinar ao leitor como calcular a ingestão de alimentos e seus gastos calóricos.TRANSCRIPT
SAÚDE E NUTRIÇÃO
SAÚDE E NUTRIÇÃO
5Saúde e NutriçãoApresentação
Apresentação
Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva
a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga
o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor é que
foi criado este produto voltado para os anseios de quem busca informação e
conhecimento com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,
com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,
associada a uma leitura agradável e organizada, visando facilitar o aprendizado e
a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
Atenção, que o alertam sobre a importância do assunto explorado, e o Para saber mais, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e
curiosidades bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de
recursos ilustrativos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado.
Ao clicar nas palavras-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário e terá
acesso à definição da palavra. Para voltar ao conteúdo do ponto onde parou,
bastará o leitor clicar na própria palavra-chave do referido Glossário e dar
continuidade ao estudo.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
doconhecimentodemaneiraobjetiva,concisa,didáticaeeficaz.
Boa leitura!
7Saúde e NutriçãoPrefácio
Prefácio
Arotinaestressantequeodiaadianos impõedificulta,emuito,avivênciade
comportamentos saudáveis e regrados. Acabamos por esquecer o quanto é
importante e complexa uma boa alimentação, o gozo integral dos intervalos de
descanso, a relevância no nosso corpo e mente da prática de exercícios físicos...
Esse “esquecimento”, na verdade, é perigoso. Muitas vezes, o corpo não sente, mas
a mente clama por estratégias de qualidade para manter a sanidade e levar a vida.
Estematerialtemafinalidadederesgataraconsciênciadessaimportância.
Dividido em quatro unidades, Saúde e Nutrição pretende oferecer ao leitor
conceitosqueremeterão,nãosomenteaoaprendizado,mas,também,àreflexão.
A Unidade 1 apresenta temas como a alimentação do corpo, a ciência do bom viver,
o controle da alimentação e os fatores de risco como obesidade e desnutrição,
além de recomendações para uma alimentação saudável.
Na Unidade 2, a base da boa alimentação é debatida, com a apresentação de
conceitos importantes acerca dos sais minerais, vitaminas, gorduras e óleos,
entre outros.
A Unidade 3 traz, como centro do aprendizado, a questão da energia e do exer-
cício físico.
Finalmente, a importância da higiene e do sono é apresentado na Unidade 4, que
vai tratar, além de outros assuntos, da energia que o alimento nos fornece.
Podemos dizer que o conteúdo dessa disciplina cumprirá duas funções: a de lhe
transmitir conhecimentos e a de alertar para as práticas saudáveis que garantam
melhores condições para o alcance de uma vida com mais qualidade.
Desejamosatodos,bonsestudoseproveitosasreflexões.
9Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
UNIDADE 1NUTRIÇÃO: UMA QUESTÃO DE SAÚDE
Capítulo 1 Nutrição: uma questão de saúde, 10
Capítulo 2 O que alimenta o corpo?, 12
Capítulo 3 A ciência do bom viver, 16
Capítulo 4 O controle da alimentação, 18
Capítulo 5 Desnutrição: o perigo oposto à obesidade, 20
Capítulo 6 Alimentação saudável e a prevenção de doenças, 24
Capítulo 7Consideraçõesfinais,26
Glossário, 28
10 Saúde e Nutrição
1. Nutrição: uma questão de saúde
Nas últimas décadas, muitos pesquisadores têm trabalhado o conceito de qua-
lidade de vida. Partindo das ciências humanas, das ciências médicas, da enfer-
magemedaeconomia,seuobjetivoétentaridentificarainfluênciadecadauma
dessas áreas na vida das pessoas, principalmente concernente às pessoas com
algumadoençaoudeficiência,afimdeentendermecanismosparamelhorá-las.
Por outros percursos, essas mesmas áreas procuram meios para a prevenção de
doenças, cujo foco se encontra atrelado a um estilo de vida saudável que envolve,
entre outros fatores, alimentação correta, atividades físicas, trabalho, hidrata-
ção, higiene e repouso.
Em sua versão moderna, o conceito de
qualidade de vida surgiu por volta da
década de 70, com o avanço de doenças
crônicas, como as metabólicas, as car-
diovasculares ou de natureza pulmo-
nar, as neurológicas, do trato digestivo,
a AIDS e as doenças mentais. Outros
fatores contribuíram para as pesquisas
na área, como o envelhecimento da po-
pulação, a proliferação de deficiências
relacionadas a acidentes graves, espe-
cialmente entre os jovens, e o desenvol-
vimento das técnicas cirúrgicas.
Contudo, de forma gradual, ao longo do tempo esse conceito tem ganhado im-
portância.ElenasceunafilosofiadeAristóteles,quedescreveuafelicidadecomo
uma atividade da alma, congruente
com as maneiras que, supostamente,
levariam a uma vida boa. De acordo
comofilósofo, todosossereshuma-
nos anseiam por uma vida feliz, não
importando a sua condição.
Antes de falar em qualidade de vida,
a literatura já tratava de termos si-
nônimos como satisfação, felicidade,
equilíbrio, estar bem consigo mesmo
ou estar saudável, enfim, remetia à
busca do bem-estar.
Os primeiros dados sobre indicadores
da qualidade de vida tratam do
11Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
início de 1940, com a Escala de KATZ sobre as atividades da vida diária e, logo
depois, com a Escala de Karnofski, em 1948, que descrevia a condição física de
um paciente. Em 1947, a Organização Mundial de Saúde (OMS) forneceu uma
definiçãodesaúdequeestipula,alémdeausênciadedoençaouenfermidade,que
ela acaba por ser um estado completo do físico, do mental e do social.
Nos dias de hoje, a qualidade de vida está no centro das preocupações de todos
os profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos,
nutricionistas etc.) que exercem as suas profissões em ambientes hospitalares
ou não hospitalares. Nos atuais projetos de saúde, principalmente em países
industrializados, e seguindo o tipo de atitude que esteve sempre presente na
maiorpartedasculturasorientais,o tratamentoclíniconãoésuficienteparao
tratamento de um paciente. É preciso que ele viva da melhor forma possível e, por
isso, faz-se necessário trabalhar na prevenção de doenças.
O conceito de qualidade de vida parece estar estreitamente relacionado com
os objetivos e com os componentes cognitivos, embora não descarte, também,
elementos subjetivos. O próprio ser humano pode avaliar o seu nível de qualidade
de vida em termos do que é importante para ele, seus valores e crenças. Ao
longo dos anos, essa percepção pode mudar para a mesma pessoa, dependendo
dasuaidadeematuridade,doseuestadodesaúdeoudeficiência.É,portanto,
um conceito abstrato, complexo, situacional, ligado de forma multidimensional a
outrasteoriascomoodeenfrentamento,afluência,cumprimentodemetasetc.Não
é de se surpreender que, na área da saúde, esse conceito seja objeto de inúmeras
pesquisasetrabalhoscientíficos.
Diante do exposto, podemos afirmar
que o estado nutricional e a qualida-
de de vida estão intimamente ligados,
tanto na área da prevenção quanto du-
rante o tratamento de uma patologia
qualquer. A desnutrição ou a obesida-de são fatores de risco independentes,
responsáveis por piorar a qualidade de
vida antes, durante e após o tratamen-
to de doenças, mesmo quando os pa-
cientes estão curados.
Enquanto ciência, a nutrição é a
disciplina que estuda os alimentos
e a sua utilização pelo organismo,
sendo um elemento-chave para a saúde, pois algumas doenças estão diretamente
relacionadas com a ingestão de determinados alimentos. A importância de uma
12 Saúde e Nutrição
boa nutrição não é uma ideia nova, haja vista que, em 400 a.C., Hipócrates já
afirmavaqueoalimentoeraoprimeiroremédiodoserhumano.Deacordocoma
milenar medicina chinesa, os alimentos também são remédios e é extremamente
importanterespeitarumadietaespecíficaparaaprevençãoe,atémesmo,parao
tratamento de doenças.
No século passado foi comprovada a ligação entre deficiências nutricionais e
doenças graves. Essas diferentes formas de desnutrição são, ainda hoje, problemas
de saúde pública nos países em desenvolvimento, tais como a cegueira, devido à
deficiênciadevitaminaA,ouocretinismo,devidoàdeficiênciadeiodo.Desdeos
anos 60, a investigação sobre as ligações entre a alimentação e a saúde tem feito
enormes progressos.
ATENÇÃO! Há fortes evidências de que duas das maiores causas de morte por doença no mundo – as doenças cardiovasculares e o câncer – estejam ligadas
à maneira como nos alimentamos. É sabido, também, que fatores dietéticos estão associados com a ocorrência de muitas outras doenças comuns, tais como diabetes, osteoporose ou obesidade, e uma nutrição adequada seria um fator-chave para uma boa saúde.
2. O que alimenta o corpo?
Estamos no meio de uma revolução na maneira como entendemos os hábitos ali-
mentares e a saúde. A nutrição começou como o estudo de que tipo de alimentos
precisamos ingerir para a sobrevivência, em seu sentido mais básico. A pesquisa
inicial estava focada em deter-
minar a quantidade mínima de
um nutriente na dieta para
prevenir a manifestação de um
mau funcionamento visível ou
de uma doença.
Com o avanço da tecnologia e
a capacidade, cada vez maior,
de ver o que está dentro do
seu corpo e, até mesmo, den-
tro das próprias células, somos
capazes de acompanhar como
os nutrientes realmente fun-
cionam. O mais importante é
que essa nova visão nos ajuda
a entender por que a falta de
13Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
componentes alimentares importantes pode nos levar a baixos níveis de energia,
ao envelhecimento precoce e às doenças. É possível entender como os alimentos
que decidimos ingerir hoje afetarão a nossa saúde alguns anos mais tarde em
nossas vidas.
As células são as unidades fundamentais da nossa existência – são os “tijolos”
a partir dos quais todos os seus tecidos e órgãos são feitos – e são os menores
componentes considerados como organismos vivos em nosso corpo. Elas estão
constantemente se comunicando umas com as outras, respondendo ao meio e aos
sinais que recebem informações sobre o que tocamos e como nos movimentamos. Se
nãopodemoperardeformaeficiente,ofuncionamentodetecidoseórgãos,quesão
construídos pelas células, torna-se comprometido, fazendo com que se experimente
uma diminuição da capacidade funcional e o início de uma série de condições de
saúde e doenças. Manter as células bem alimentadas é, portanto, manter-se a si
próprio bem nutrido.
Dos muitos papéis importantes que
as células desempenham em nos-
sa vida diária, um deles é manter
o DNA seguro contra danos e for-
necer a energia para todas as ativi-
dades. O DNA é armazenado den-
tro do núcleo celular, e as células
têm muitas maneiras de mantê-lo
seguro. Contudo, pesquisas apon-
tam que uma dieta pobre, com
baixa ingestão de antioxidantes e
outros fitonutrientes importantes,
além da exposição às toxinas am-
bientais, como os pesticidas, podem causar danos ao DNA. Esses danos, também
chamados de mutação, podem afetar a capacidade das células em produzir energia,
podem causar a sua morte precoce, resultando em tecidos comprometidos ou in-
flamados,epode,atémesmo,evoluir,anosmaistarde,paraalgumtipodecâncer.
ATENÇÃO! Um adulto médio tem cerca de 30 trilhões de células no seu corpo e, todos os dias, milhares de novas células são replicadas a partir das antigas. As novas
células são feitas para substituir aquelas que se tornam desgastadas ou danificadas. O fornecimento de matérias-primas para a criação dessas novas células por meio dos nutrientes que podem ser encontrados nos alimentos, desempenha um importante papel na sustentação celular e, portanto, na saúde em geral. Além disso, certos nutrientes protegem as células contra danos e possibilitam a produção de energia para o nosso corpo.
14 Saúde e Nutrição
Enquanto as células de diferentes tecidos ou órgãos podem variar na forma, no
tamanho ou nos atributos, cada uma delas contém componentes semelhantes que
executamtarefasespecíficas.
O desenvolvimento de células saudáveis envolve uma variedade de vitaminas e mi-
nerais, bem como outros componentes presentes em uma dieta. Fornecer todos es-
sesnutrientesparaascélulassignificacomertodososalimentosquecontenhamo
complemento máximo desses nutrientes. Uma das fontes de alimentos mais com-
pleta para os nutrientes que favorecem células saudáveis são os grãos integrais.
PARA SABER MAIS! Um interessante vídeo de pouco mais de 58 minutos está disponível na internet com uma excelente aula sobre o funcionamento da célula.
Pode ser encontrado no site <http://www.dailymotion.com/video/xv5l4i_curiosidade-a-celula-humana_tech>. Acesso em: 10 out. 2015. Recomendamos!
Um grão inteiro, como um grão de trigo, contém três partes principais: o germe,
que é parte do grão; o endosperma, que contém o amido (calorias) para dar suporte
ao broto durante as suas fases iniciais; e o farelo, que é a camada de proteção que
envolve o broto e o seu endosperma. Em um alimento de grão inteiro, todas as três
partes estãopresentes;numprodutoalimentar refinado, comoopãobranco, o
germe e o farelo são removidos, e apenas o endosperma é utilizado.
Cadaumadaspartesdogrãotemfinalidadesdiferentese,porconseguinte,um
complemento diferente de nutrientes. O germe é rico em micronutrientes para
apoiar o jovem broto. Ele contém um elevado nível de vitamina E, tocoferóis e
várias vitaminas do complexo B. O endosperma, embora seja a maior parte do
grão, contém o menor número de micronutrientes em relação ao seu tamanho,
porqueasuafinalidadeédesimplesmenteforneceramido(açúcar),caloriaspara
o jovem broto.
O farelo da proteção contém uma série de micronutrientes para proteger o broto
contra danos causados pelo sol, o que pode provocar a formação de radicais livres,
bem como outros danos ambientais. Esses mesmos compostos protegem as nossas
células contra danos, o que é uma razão pela qual o farelo é uma fonte de alimento
saudável para o ser humano. Ele contém mais de 60% dos minerais, incluindo
magnésio, fósforo, potássio, ferro, cobre e manganês, os quais são necessários
para dar suporte às células saudáveis. É fácil ver por que os grãos integrais
exaustivamente protegem e apoiam as células saudáveis, enquanto os produtos
feitoscomgrãosprocessados,comopãoecereaisfeitosapartirdegrãosrefinados
brancos, oferecem pouca proteção contra danos.
As células precisam de um espectro completo de vitaminas, especialmente as vi-
taminas do complexo B, para dar suporte à produção de energia e manter o nível
15Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
mínimo de radicais livres. Necessitam, ainda, de gorduras saudáveis (como o ôme-
ga-3 e os ácidos graxos) e uma boa fonte de proteínas para sustentar membranas
protetoras saudáveis. Carecem de uma alta ingestão de antioxidantes, como os
compostos da família da vitamina E, que são encontrados no germe de grãos intei-
ros, a vitamina C, encontrada em alimentos cítricos, e os carotenoides dos vegetais
para proteger o DNA de danos que podem ser causados pelos radicais livres, o que
pode causar mutações.
Umasériedeoutrosfitonutrientes,comoasantocianinasdasuvasedosmorangos,
e catequinas encontradas no chá verde, também pode atuar como antioxidantes e
ajudar na proteção das células e do DNA contra os radicais livres.
Sem essa gama de nutrientes ou de fitonutrientes, asmembranas das células
podem se tornar quebradiças, desenvolvendo brechas, não sendo capazes de
funcionar corretamente, e não conseguindo proteger, portanto, o DNA. Uma vez
desprotegido, ele pode desenvolver mutações que podem afetar a célula, deixando-a
incapacitada de funcionar. Esses danos podem diminuir a produção de energia
e levar a um aumento na geração de radicais livres, causando mais danos e
destruindo a capacidade de funcionamento completo das células.
O ser humano depende do oxigênio para a sua sobrevivência, e a geração de energia
mitocondrial requer oxigênio para converter moléculas de combustível em dióxido
de carbono. Paradoxalmente, o oxigênio é um reagente tão poderoso que pode
interromper a função celular e prejudicar o metabolismo por meio da geração de
moléculas reativas de oxigênio. Elas podem causar danos por acúmulo oxidante
16 Saúde e Nutrição
por estarem associadas com muitas condições degenerativas, incluindo o câncer e
o envelhecimento, e a morte celular. A nutrição adequada desempenha, portanto,
um papel crítico na neutralização de químicos prejudiciais, protegendo a saúde
das células.
3. A ciência do bom viver
Oque se entende por nutrição?Como todas as ciências, ela pode ser definida
como aquela que funciona dentro de um quadro de dimensões, e a sua política
epráticasãoregidaseguiadasporprincípios.Contudo,issonãosignificadizer,
necessariamente, que a sua definição esteja fixada damesma forma para todo
o mundo, nem que as suas dimensões ou os seus princípios estejam sempre
explícitos, uma vez que esses, ao invés, podem ser implicitamente indicados.
De fato, não parece haver nenhuma definição globalmente fixada para a atual
ciência da nutrição, nem mesmo
definições alternativas predomi-
nantemente globais, assim como
também não há princípios ge-
raisacordadosafimdegovernar
e nortear o seu trabalho e sua
aplicação enquanto política de
alimentação e nutrição. Diante
disso, não se trata de uma ques-
tãoapenasdedefinição,masde
direção.
Historicamente, a dietética foi
definida de formamuito ampla,
masuma definição que data de
meados do século XX. Trata-se
de uma exposição relativamen-
teestreitaondeseafirmaquea
dialética é uma ciência dedicada à aplicação dos fatos que, até então, foram des-
cobertos a cerca dos alimentos para o seu uso no corpo.
Nessemesmoperíodo,surgiuumadefiniçãomaisamplaparaanutrição,quea
considerava enquanto estudo de alimentos e bebidas em todos os seus aspectos
paraacuramedicinal,oqueadistinguiudadietética.Outradefiniçãodenutrição
foi concebida em Viena, em 2001, que remete ao estudo da totalidade da relação
entre as características funcionais – metabólico e comportamental – do organismo
e seu ambiente dietético, com ênfase nos nutrientes e na dieta como um todo.
17Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
Atualmente, muitas instituições de
ensinodefinemaciênciadanutrição
como o estudo das formas de inte-
ração entre a ingestão de alimentos,
que fornecem energia e nutrientes, e
as demandas metabólicas do corpo,
que são necessárias para estabelecer
e manter a sua função. Essa intera-
ção ocorre contra uma ampla gama de
fatores ambientais. De maneira mais
simples, é vista enquanto o estudo
de nutrientes nos alimentos, como o
corpo vai utilizá-los, e a relação entre
dieta, saúde e doença. Assim, nutri-
cionistas criam e aplicam o conheci-
mentocientíficoparapromoveremumacompreensãodosefeitosdadietasobrea
saúde e o bem-estar dos seres humanos e dos animais.
Todasessasdefiniçõesedescriçõessãoimportantespeloqueelasincluemeassu-
mem, pelas implicações e sugestões, e até pelo que elas excluem. Em geral, apontam
paraumaciênciabiológicacujasperspectivasdescritivassãofisiológicasebioquí-
micas – e recentemente genômicas –, e cujos aspectos normativos são médicos.
O contexto da saúde, entendida no sentido de ausência e presença de doença, é
assumido. Sugere-se um foco direto ou indireto sobre a espécie humana. Há, tam-
bém, uma ligeira referência a toda a dimensão social ou ambiental, e todos esses
conceitos refletem na estrutura principal de livros didáticos da ciência da nu-
trição, mas que incluem, em edições
recentes, alguns aspectos de saúde
pública, bem como alguns materiais
auxiliares de vários outros tópicos.
Uma vez aceita enquanto ciência bio-
lógica,comaspectosfisiológicos,bioló-
gicos, genéticos e médicos, e pelo fato
de encontrar-se preocupada com os
seres humanos e o mundo onde eles
vivem,umadefiniçãodetrabalhopara
a atual nutrição convencional e a apli-
cação enquanto política de alimenta-
ção e nutrição seria dizer que ela estu-
da as interações dos constituintes de
alimentos e de dietas como um todo,
18 Saúde e Nutrição
com outros sistemas humanos e biológicos, e a sua aplicação enquanto política ali-
mentar e de nutrição é projetado para prevenir doenças e para manter a saúde em
indivíduos e nas populações.
A indústria dos alimentos não obedece às mesmas leis que outras indústrias. Nesse
caso, não é a tecnologia que governa, mas o fator humano: o que o consumidor quer
comer? O que ele deve comer? No entanto, quase ninguém sabe se um determinado
alimento é bom ou ruim para a sua saúde em particular. Logo, de forma resumida,
a nutrição estará encarregada em analisar a relação entre os alimentos e a saúde.
Combase,porexemplo,naobservaçãoclínicadeumadoença,cujadeficiênciapode
ter uma causa na dieta, como a falta de vitamina C, ela parte para a investigação
de questões mais complexas, como problemas cardíacos, diabetes ou osteoporose.
Hoje,oseufocobaseia-seemumanovadefiniçãodesaúde,voltadaàprevenção
de doenças, em que desempenha um importante papel.
É possível distinguir três regras principais dessa ciência:
1) efeitos da dieta sobre os sistemas funcionais complexos do corpo humano
não são fáceis de serem observados;
2) envolve a utilização de projeções ao longo de um período de tempo da vida,
pois as consequências do tipo de tratamento nutricional só são eficazes
durante períodos muito longos, bem mais do que a duração média da maioria
dos estudos; e
3) muitas das chamadas doenças ocidentais são tão complexas que,
provavelmente, não são o resultado de uma única causa e, quase sempre,
não podem ser tratadas por um único meio de cura.
Diante do exposto, o objetivo da nutrição enquanto ciência é de contribuir para
um mundo no qual as atuais e as futuras gerações venham a desenvolver as suas
potencialidades, extraindo o melhor da sua saúde. A nutrição deve ser a base
para as políticas de alimentação e nutrição, concebidas para identificar, criar,
conservar e proteger de maneira racional, sustentável e equitativa os sistemas
alimentarescomuns,nacionaiseglobais,afimdefavorecerasaúde,obem-estar
e a integridade da humanidade.
4. O controle da alimentação
A luta contra a obesidade é um importante problema de saúde pública. Além de
suas consequências psicossociais, remete, de fato, à origem de graves complicações
de saúde. A nutrição tem um papel fundamental a desempenhar, qual seja, a
prevenção de doenças e o cuidado dos pacientes, mantendo-os informados sobre
os riscos relacionados ao aumento do peso, ajudando-os a corrigir seus maus
hábitos alimentares.
19Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
A causa do excesso de peso é uma via
de mão dupla: de um lado, há maior
disponibilidade e acesso aos alimen-
tos; do outro, um estilo de vida cada
vez mais sedentário. O excesso de
peso também pode ocorrer em pesso-
as com doenças do sistema endócrino,
ou devido à hereditariedade. Outros-
sim, as pesquisas no geral mostram
que essas pessoas, em porcentagem,
representam muito pouco em compa-
ração com aqueles que comem mais
do que necessitam e se movimentam
muito pouco.
Quandotratamosespecificamentedaalimentação,principalmentenosdiadehoje
e em especial àquela destinada às crianças e ao adolescente, sem significativa
diferençageográfica,épossívelafirmarqueelaéricaemproteína (comexcesso
de ingestão de proteína animal), possui alto teor de gordura (com alta ingestão de
gordura saturada) e contém alto teor de açúcares e sal. Por outro lado, há uma
reduçãonaingestãodefibradietética,decálcioetambémdeferro.Esseserros
nutricionais são, muitas vezes, adicionados a uma dieta monótona; à distribuição
inadequada de calorias durante o dia, geralmente intercaladas com diversos
lanches inadequados, e o mau hábito de não tomar um bom café da manhã.
Existe uma comunicação estreita e contínua entre o tecido adiposo, o sistema
digestivo e o sistema nervoso central por meio de sinais que, ao serem processa-
dos emáreas específicas do cére-
bro, se transformam em respostas
referentes que regulam o equilíbrio
entre fome e saciedade e o balanço
de energia do organismo. Trata-se
de moléculas que, ao entrarem na
corrente sanguínea, atingem ór-
gãos-alvo. Uma dessas substân-
cias é a leptina, que é produzida
por células de tecido adiposo e
transmite mensagens sob o con-
trolo da saciedade, além de atuar
sobre o hipotálamo, que conduz a
uma redução de calorias e a um
aumento no gasto energético.
20 Saúde e Nutrição
Os sinais de fome e de saciedade são, em curto prazo, dependentes de substâncias
produzidas pelo trato gastrointestinal durante a refeição. O estômago produz tais
substâncias como a grelina, ou o hormônio da fome, um peptídeo que estimula
a ingestão de alimentos (seus níveis aumentam antes das refeições e diminuem
depois). Ela é produzida de dia e estimula o apetite, enquanto o hormônio da
saciedade – a leptina – é produzido durante o sono, inibindo o apetite. Logo, o
organismo produz uma diminuição e/ou saciedade da fome e a sensação de uma
noitedesonosuficiente.Poroutrolado,umareduçãodotempodesonoprejudica
esse equilíbrio.
Aproduçãodetodasessassubstânciaséinfluenciada,inclusiveporfatorescon-
gênitos, que dependem da informação genética que cada um de nós tem em suas
células.Noentanto,ofatorquedeterminadeformamaissignificativaocomporta-
mento alimentar de uma pessoa saudável é representado pelo estilo de vida.
O sobrepeso e a obesidade não são apenas problemas estéticos. Afetam não só
a qualidade de vida, mas, também, a esperança de vida. Nos países ocidentais,
a obesidade é a segunda principal causa de morte evitável, depois do fumo. A
comunidadecientíficaconcordaqueoexcessodepesopossuiumpapelsignificativo
na patogênese de muitas doenças metabólicas e degenerativas, tais como doença
cardíaca isquêmica, doença cerebrovascular, diabetes, doenças respiratórias e
doenças musculoesqueléticas, gordura no fígado, cálculos biliares e certos tipos de
cancro. Além disso, de acordo com pesquisas mais recentes, o sobrepeso incentiva
no desenvolvimento de distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão, e pode
levar a limitações de vitalidade, discriminação social, diminuição da produtividade
no trabalho ou nos estudos.
Diante do exposto, além dos níveis preocupantes de inatividade física, o
comportamento alimentar mais comum que predispõe ao aumento de peso é a
ingestão de alimentos que não levam em conta a qualidade e a quantidade dos
alimentos, em especial:
1) alta ingestão de alimentos e bebidas com alto teor calórico, baixo consumo de
frutaselegumes(quefornecemfibradietética),econsumoexcessivodeálcool;
2) consumo cada vez maior de refeições rápidas, principalmente aquelas que
são realizadas fora de casa; e
3) o mau hábito de não se alimentar após acordar.
5. Desnutrição: o perigo oposto à obesidade
Quandoo corpohumanoapresentaumconsumo insuficiente, excessivooude-
sequilibradodenutrientessignificaque,essencialmente,estáocorrendoumpro-
cesso de má nutrição. Pode ocorrer uma supernutrição, que faz com que o corpo
21Unidade 1 – Nutrição: uma questão de saúde
tenha que lidar com nutrientes demais, ca-
racterizada pela ingestão de mais alimentos
do que o necessário, ou pela ingestão exces-
siva de suplementos. Já a subnutrição ou
desnutrição caracteriza-se por uma dieta que
é carente de nutrientes e não fornece uma
quantidade adequada de calorias, sustento e
proteínas para a manutenção e o crescimen-
to,ou,ainda,peladeficiêncianautilizaçãode
alimentos, em consequência de uma doença.
Embora ela se destine a ser mais comum em
países em desenvolvimento, onde há escassez de alimentos, a desnutrição pode
afetar pessoas de todas as idades e gêneros, e cresce, também, nos países indus-
trializados, tendo como causas comuns uma dieta incorreta, alcoolismo, proble-
mas de saúde mental e distúrbios digestivos. De acordo com a OMS, a desnutrição
é a ameaça mais perigosa para a saúde pública global, especialmente porque pode
terumimpactoaltamentesignificativosobreobem-estarfísicoeemocional.
No geral, como citado, as causas
mais comuns estão relacionadas
com uma dieta pobre de nutrien-
tes. Em países menos desenvolvi-
dos, muitas pessoas vão desen-
volver o problema como resultado
da escassez de alimentos e da
fome. Em países mais ricos e in-
dustrializados, a comida é mais
acessível, e a desnutrição acaba
se distanciando de qualquer fator
relacionado à falta de alimentos.
Doenças e problemas de saúde
também podem causar a subnu-
trição, especialmente quando im-
pactam nos hábitos alimentares.
Seumadoençadeixaumpacientecomsintomasdedisfagia(dificuldadededeglu-
tição),elepodenãosercapazdeconsumiraquantidadesuficientedosalimentos
de que precisa para uma nutrição saudável. Distúrbios digestivos e do estômago
tambémpodeminfluenciarnessaquestão,comoaDoençadeCrohn,queprejudi-
ca a capacidade do corpo de digerir e absorver alimentos e nutrientes vitais. Por
outro lado, as pessoas que sofrem de problemas digestivos podem evitar comer
certosalimentos,oquesignificaquepoderiaocorrerumafaltadenutriçãovital.
Nesta obra o autor discute diferentes conceitos na relação saúde e corpo, hábitos de higiene, nutrição, controle da alimentação, a base da boa nutrição, glicídios, protídeos, lipídios, sais minerais, vitaminas. Este conteúdo contempla, também a relação entre energia e atividade física, além de ensinar ao leitor como calcular a ingestão de alimentos e seus gastos calóricos.
SAÚDE E NUTRIÇÃO
ISBN 978-85-221-2374-2