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SAMUEL CASTAÑON PENHA VALLE QUALIFICAÇÃO DE AUDITORES INTERNOS: GARANTIA DE EFICÁCIA EM SISTEMAS DE GESTÃO Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistema de Gestão. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas Niterói 2003

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SAMUEL CASTAÑON PENHA VALLE

QUALIFICAÇÃO DE AUDITORES INTERNOS: GARANTIA DE EFICÁCIA EM SISTEMAS DE GESTÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistema de Gestão. Área de Concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas

Niterói 2003

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SAMUEL CASTAÑON PENHA VALLE

QUALIFICAÇÃO DE AUDITORES INTERNOS: GARANTIA DE EFICÁCIA EM SISTEMAS DE GESTÃO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Gestão pela Qualidade Total.

Aprovada em 06 de setembro de 2003

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas

Universidade Federal Fluminense

________________________________________________________ Prof. Dra. Renata de Sá Osborne da Costa

Universidade Federal Fluminense

________________________________________________________ Prof. Dr. João Batista Turrioni Universidade Federal de Itajubá

3

Dedico este trabalho

Ao núcleo central de minha família através de minha mãe, Sônia Alves Teixeira

Castañon, ao meu amor, Márcia Rodrigues de Carvalho, a meus filhos Samuel Castañon

Duarte Valle e Guilherme Félix Cabral Castañon Valle, meus irmãos Roberto Castañon Penha

Valle e Marília Castañon Penha Valle e, a meu falecido pai, Samuel Penha Valle, cujo projeto

de realizarmos os estudos em conjunto não foi possível de ser realizado.

4

AGRADECIMENTOS

Não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que, direta ou indiretamente,

contribuíram para a elaboração desta dissertação e, de modo especial:

Ao INMETRO, representado por seus dirigentes e funcionários, que em sua visão de

futuro desenvolveram e concretizaram a idéia da realização de um mestrado profissional, com

um grande número de participantes. Um especial agradecimento ao Sr. Richardson de Souza

da DICLA pela grande ajuda no mapeamento das NC, ao Petrônio Berquó e Amanda Araújo

pela revisão final da redação e a todos os demais funcionários da DIVEL que acabaram por

influenciar este trabalho.

Ao meu orientador e professor, Osvaldo Quelhas (D. Sc.) que, além da constante

presença, dedicação e carinho com que me guiou e ensinou, atuou de forma exemplar como

um sábio orientador apresentando críticas e sugestões que muito contribuíram para o

aprimoramento deste trabalho assim como forneceu palavras motivadoras, como meu pai em

épocas passadas, nos momentos difíceis da elaboração deste trabalho.

A todos os instrutores do LATEC/UFF com o fornecimento de informações

imprescindíveis à minha formação e, em especial ao Emmanuel Paiva de Andrade (D.Sc.)

cujas ponderações quanto à metodologia da pesquisa fizeram com que eu revisse alguns

conceitos de pesquisa para elaboração deste trabalho, José Rodrigues de Farias Filho (D.Sc.)

cujas apresentações sobre qualidade total fizeram com que eu me entusiasmasse por esta

vertente de sistema de gestão, ao também orientador Osvaldo Quelhas (D. Sc.), cujo conteúdo

de sua disciplina de Recursos Humanos afetaram de forma profunda e positiva minha idéia

inicial de projeto e determinaram minha decisão pela escolha do tema de um SGQ para a

5

qualificação de auditores. Finalmente, ao Fernando Toledo Ferraz (D. Sc.) por representar

incentivo a continuar e melhorar nos momentos mais difíceis de apresentação de resultados.

A todos os funcionários e colaboradores do LATEC/UFF pelo apoio recebido e, em

particular à Emília com sua paciência e dedicação no atendimento a meus pedidos de

bibliografia e informações.

Aos colegas do curso de mestrado que, através de trocas de experiências permitiram

um maior aprofundamento de algumas questões apresentadas.

A todos os familiares, pela compreensão e paciência fornecida mesmo com a privação

dos momentos prazerosos de convívio e, em especial à minha mãe e meus filhos, que mais

duramente sofreram com minhas ausências para elaboração e desenvolvimento deste trabalho

e ao meu amor que me acolheu com seu carinho nos momentos difíceis.

Aos Srs. Vainer Grizante Júnior, Servus Souza e Silva, Maurílio de Oliveira e João

Carlos Rodrigues pelas idéias fornecidas e aproveitadas neste trabalho.

Ao CPqD, em especial à Elisabete Zago, Gino Rossi e Paulo Edmundo, à GL, em

especial ao Sr. Jeffrerson, Sr. Ângelo e Sr. Sérgio Rosa, ao NMi, em especial ao Sr. Fábio

Jacon pelo fornecimento de informações e disponibilidade para os infindáveis

questionamentos da aplicabilidade das idéias em seus ambientes corporativos, que

viabilizaram este trabalho com sua eficiência.

Aos laboratórios que prontamente responderam à demanda de informações.

6

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 18

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 18

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AUDITORIA 22

1.3 PROBLEMA E PRESSUPOSTOS 24

1.4. OBJETIVOS E HIPÓTESES 27

1.4.1 Objetivos gerais 27

1.4.2 Objetivos específicos 27

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO 29

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 30

2. REVISÃO DA LITERATURA 32

2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS AUDITORIAS 33

2.2 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA 36

2.3 A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DOS AUDITORES 39

2.4 A IMPORTÂNCIA DA EFICÁCIA DE SISTEMAS DE GESTÃO 40

2.5 FRAUDES EM SISTEMAS DE GESTÃO 42

2.6 RODÍZIO DE COMPOSIÇÃO DE EQUIPE AUDITORA 46

7

2.7 QUALIFICAÇÃO DE AUDITORES PARA NOVAS ATIVIDADES 47

2.8 PRESSÕES COMERCIAIS, FINANCEIRAS E OUTRAS 47

2.9 FALTA DE COMPROMETIMENTO DA GERÊNCIA SUPERIOR 48

2.10 A QUALIFICAÇÃO DO AUDITOR 49

2.11 ANÁLISE DE NORMAS E OUTROS DOCUMENTOS 52

2.12 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO/IEC 17025 58

2.13 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO 19011 x ILAC G11 61

2.14 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO 10015 68

3. METODOLOGIA 73

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 73

3.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA 73

3.3 METODOLOGIA EMPREGADA 75

3.3.1 Metodologia da pesquisa 77

3.3.2 Pesquisa de campo e entrevistas 79

3.3.3 Pesquisa bibliográfica 80

3.3.4 Consolidação e análise dos resultados 81

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 83

4.1 REQUISITOS BÁSICOS PARA QUALIFICAÇÃO 90

4.2 QUALIFICAÇÃO EM REQUISITOS DE GESTÃO 95

4.3 QUALIFICAÇÃO EM REQUISITOS TÉCNICOS 98

5. MODELO PROPOSTO 100

5.1 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE CANDIDATOS ADEQUADOS 102

8

5.2 RECONHECIMENTO DE FORMAÇÃO ADEQUADA 106

5.3 RECONHECIMENTO DE TREINAMENTO ADEQUADO 107

5.4 RECONHECIMENTO DE EXPERIÊNCIA ADEQUADA 114

5.5 RECONHECIMENTO DE HABILIDADE ADEQUADA 116

5.6 MANUTENÇÃO DA QUALIFICAÇÃO 116

5.6.1 Nível de competência do capital humano 118

5.6.2 Nível de disponibilidade do capital humano 118

5.6.3 Nível de compromisso do capital humano 119

5.6.4 Nível de satisfação do capital humano 119

5.6.5 Nível do “tun-over” do capital humano 120

5.6.6 Nível do custo de reposição do capital humano 121

5.6.7 Nível de independência do capital humano 121

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS 123

6.1 CONCLUSÕES GERAIS 123

6.2 SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS 127

7 BIBLIOGRAFIA 130

8 ANEXOS 135

8.1 ANEXO – TABELA DE ANÁLISE CRÍTICA DE PROCESSOS 2002 136

8.2 ANEXO – ANÁLISE CRÍTICA DE PROCESSOS 2002 POR ÁREA 144

GLOSSÁRIO 148

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Pressupostos e problema científico 26

QUADRO 2 – Resultados esperados e hipóteses 28

QUADRO 3 - Funções no processo de auditoria 57

QUADRO 4 - Comparação de atributos pessoais em normas 62

QUADRO5 – Entendimento dos atributos pessoais em normas 62

QUADRO 6 – Aplicação dos atributos pessoais em normas 63

QUADRO 7 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o

item 7.3.1.a 65

QUADRO 8 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o

item 7.3.1.b 66

QUADRO 9 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o

item 7.3.1.c 66

QUADRO 10 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com

o item 7.3.1.d 66

QUADRO 11 – Conhecimento e habilidades genéricas de líderes

acordo com o item 7.3.1.a 67

QUADRO 12 – Conhecimento e habilidades genéricas de auditores

acordo com o item 7.3.3.a 67

10

QUADRO 13 – Conhecimento e habilidades específicas de auditores

de SGQ de acordo com o item 7.3.3.b 67

QUADRO 14 – Obtenção de dados e critérios de avaliação 82

11

LISTAS DE FIGURAS

FIGURA 1 – Modelo de um SGQ baseado em processo da NBR 9001 23

FIGURA 2 – Relações de terminologia em auditoria 35

FIGURA 3 – Relações de terminologia em um SGQ 41

FIGURA 4 – Fluxo de desenvolvimento da pesquisa 76

12

SIGLAS

ABED Associação Brasileira de Educação à Distância

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRH Associação Brasileira de Recursos Humanos

ALA América Latina

APEC Ásia Pacific Economic Cooperation

APLAC Asia Pacific Laboratory Accreditation Cooperation

ATM Apreciação Técnica de Modelo

AV Auto Verificação

BIML Bureau International de Metrologie Legale

CE Comunidade Européia

CEE Comunidade Econômica Européia

CEM Centro Espanhol de Metrologia

CEN Centro Europeu de Normalização

CGCRE Coordenação Geral de Credenciamento

13

CGPM Conferência Geral de Pesos e Medidas

CIML Comitê Internacional de Metrologia Legal

CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

CRM Customer Relationship Management

DICLA Divisão de credenciamento de laboratórios e provedores de ensaio de

proficiência

DIDER Divisão de Desenvolvimento e Regulamentação Metrológica

DIMEL Diretoria de Metrologia Legal

DIVEL Divisão de Instrumentos de Medição no Âmbito da Eletricidade e dos

Ensaios de Perturbação

EA European Organization for Accreditation

EAL European Cooperation for Accreditation of Laboratories [Nota: EAL foi

criada em 1994 através da associação da Western European Calibration

Cooperation (WECC) e a Western European Laboratory Accreditation

Cooperation (WELAC)]

EMC ElectroMagnetic Compatibility – compatibilidade eletromagnética

EUA Estados Unidos da América

FTEH conjunto denominado de Formação, Treinamento, Experiência e Habilidade

que são os parâmetros de qualificação de um recurso humano no sistema de

gestão de laboratórios descrito na norma NBR ISO/IEC 17025.

IATCA International Auditor Training and Certification Association

IEC International Electrotechnical Commission

ILAC International Laboratory Accreditation Committe

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

INPM Instituto Nacional de Pesos e Medidas

14

IPEM Institutos de Pesos e Medidas

ISO International Organization for Standardization

ITU International Telecomunication Union

MID Measuring Instruments Directive

MIL-STD Military Standard – normas militares dos EUA

NC Não Conformidade

NIE Norma INMETRO Específica

OIML Organização Internacional de Metrologia Legal

OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte

OVM Organismos de Verificação Metrológica

PCRH Programa de Capacitação de Recursos Humanos

PDCA Execução de um processo baseado em P – Plan (planejamento), D – DO

(fazer), C – Check (verificar, avaliar), A – Action (agir corretivamente)

PEA Posto de Ensaio Autorizado

PTB Physikalisch Technische Bundesanstalt

RAB Registrar Accreditation Board (órgão oficial dos EUA encarregado de

credenciamentos e certificações de sistemas de gestão e auditores)

RBC Rede Brasileira de Calibração

RBMLQ Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade

RH Recursos Humanos

RTM Regulamento Técnico Metrológico

SG Sistema de Gestão

SGQ Sistema de Garantia da Qualidade

SI Sistema Internacional de Unidades

15

TQC Total Quality Control

TQM Total Quality Management

WELMEC European Cooperation in Legal Metrology que, anteriormente detinha a

nomenclatura de Western European Legal Metrology Cooperation

16

RESUMO

O objetivo da dissertação é propor um modelo de atuação a ser aplicado às atividades de

qualificação de auditores internos de laboratórios de ensaio. Este novo modelo foi baseado

nos requisitos definidos nas normas de referência para um sistema de gestão de laboratórios.

O estudo foi desenvolvido seguindo-se as fases de levantamento de dados que confirmassem a

falta de eficácia dos sistemas, a identificação das principais questões a serem respondidas,

relacionadas com os processos de qualificação dos auditores internos e, finalmente, com as

formas de medição de desempenho dos auditores. A fundamentação teórica utilizou normas

internacionais, livros sobre o assunto e entrevistas com os gerentes dos sistemas de gestão de

laboratórios. A apresentação desta proposta busca a garantia da eficácia dos sistemas de

gestão através da qualificação dos auditores internos. Este modelo apresenta um método de

qualificação de auditores internos que não foi usado por nenhum dos laboratórios pesquisados

e demonstra um melhor atendimento à demanda proveniente do setor tecnológico de garantia

da qualidade intrínseca de produtos e às necessidades da sociedade.

Sistema de gestão, Qualificação, auditores,

17

ABSTRACT

The aim of this study is to propose an action model to be applied to qualification activities of

internal assessors from testing laboratories. This new model was based on requirements

defined on reference standards for management system of laboratories. This study was

developed by following the phases of data collection that confirmed the lack of efficacy of the

systems, the identification of major questions to be answered, related to the qualification

process of internal assessors and, finally, pointing the ways to measure the performance of

these assessors. Theorical fundamentals here used can be found in international standards,

books about the matter and interview with management systems managers of many

laboratories. Presentation of this proposal looks for the assurance of efficacy on management

system through qualification of its internal assessors. This model presents a method to

internal assessor´s qualification which has not been used by none of the researched

laboratories and demonstrates a better compliance to demand that comes from technological

sector, in terms of product intrinsic quality assurance and needs from the society.

Management System, Qualification, assessors

18

1. INTRODUÇÃO

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

As normas voltadas para sistemas de garantia da qualidade surgiram na década de 40

com a série de normas MIL-STD (Military Standard – normas militares dos EUA) dos EUA

(Estados Unidos da América) com o objetivo de padronizar produtos e itens de produtos de

aplicação militar em função da necessidade de intercambialidade. Na década de 60 houve um

grande avanço das normas OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) , em função

da guerra fria existente entre os blocos de países referenciados aos EUA ou a URSS (União

das Repúblicas Socialistas Soviéticas). A ISO (International Organization for Standardization)

foi criada em 1946 e desenvolveu uma série de normas visando vários segmentos da indústria,

preocupados com as necessidades emergentes do pós-guerra. Na década de 70, ao se deparar

com o milagre japonês, a ISO passou a desenvolver uma série de normas de sistemas de

gestão da qualidade. A partir destas normas sugiram os processos de credenciamento e de

certificação.

O atual conjunto de normas da série ISO 9000 (9000, 9001 e 9004) representa uma

metodologia de implantação de um SGQ (sistema de garantia da qualidade da qualidade) em

organizações de qualquer tipo ou porte, cuja apresentação ao mercado internacional se deu

em 1987. Este conjunto de documentos tem como objetivo apresentar a proposta de um

modelo de implantação de sistemas da qualidade aplicável e tendo como enfoque a garantia

da qualidade, com claro foco na satisfação do cliente. A sua utilização internacional constitui-

se numa forma de harmonização dos interesses comerciais envolvidos, estabelecendo uma

linguagem uniforme que é entendida globalmente.

19

Este conjunto de normas surgiu como uma ferramenta de suporte que auxiliasse as

organizações na obtenção de um grau de qualidade que as permitisse competir dentro do

conjunto de empresas que as utilizasse e que colocasse as organizações que não as adotassem

em situação de desvantagem econômica. Esta desvantagem surgiria em função do mercado

reconhecer uma clara separação entre os que as adotam dos que as não adotam. A efetividade

de sua adoção depende do conhecimento e habilidade de quem está no comando da gestão de

uso desta ferramenta de suporte.

A criação do conjunto de normas foi uma reação natural dos fabricantes do mundo

ocidental ao crescente aumento da competitividade dos produtos japoneses que começavam a

dominar o mercado mundial em função da adoção de uma outra forma de gerir seus negócios.

Esta forma de gestão desenvolvida pelos fabricantes do mercado japonês era denominada de

TQC (Total Quality Control). Esta forma estava sendo à época, considerada revolucionária,

uma vez que os produtos japoneses na década de 60 não possuíam um nível de qualidade

intrínseca que assustasse os fabricantes do mercado ocidental.

O TQC foi uma forma de gerenciamento desenvolvida originalmente no Japão a partir

dos ensinamentos de Deming e Juran. Posteriormente, este conhecimento foi paulatinamente

transferido para outros locais onde existissem investimentos japoneses. Notadamente

mercados como Coréia e Vietnam puderam usufruir o aprendizado que foi obtido no Japão. O

principal objetivo do TQC não era estabelecer uma nova ordem e sim estabelecer um processo

que, através de sucessivos aprimoramentos a organização chegasse a esta nova ordem.

Portanto seu objetivo não era o de criar um novo sistema de forma repentina e sim, adaptar os

sistemas de gestão existentes, fazendo-os chegar a um novo sistema, através de um processo

de melhoria contínua. Desta forma, não importava em que nível uma organização estivesse

em um determinado momento. O processo de melhoria contínua faria com que esta

organização melhorasse dia-a-dia, alcançando ao longo de determinado tempo, patamar de

qualidade que anteriormente não seria possível de ser alcançado.

No início o Japão deu pouca importância ao movimento pela ISO 9000 uma vez que

suas indústrias e seus produtos tinham alcançado um grau de qualidade que se sentiam

confortáveis na disputa dos mercados mundiais. Isto fez com que pouco contribuísse no início

da estruturação das normas da série ISO 9000, uma vez que acreditavam não necessitar de

comprovação da qualidade de seus sistemas por entidades certificadoras. Mas a adesão maciça

dos países às normas da série ISO 9000 adotando-as na íntegra, iniciando-se pela União

Européia, fez com que este pensamento fosse alterado uma vez que tinham que se preocupar

20

com a possibilidade de sofrerem discriminação pela criação de barreiras não tarifárias, uma

vez que muitos clientes começaram a solicitar a comprovação de atendimento a estas normas.

Hoje a maioria das empresas que trabalham com exportação, e as empresas

exportadoras japonesas estão incluídas, buscam a certificação de seus sistemas da qualidade

com o objetivo de não ficar fora do mercado mundial.

Em 1978 foi apresentada ao mercado internacional a primeira versão da ISO/IEC

(International Organization for Standardization/International Electrotechnical Commission)

Guide 25. Esta norma, estabelecida com o intuito de ser adotada como uma diretriz para

unidades organizacionais que realizassem calibrações e ensaios, foi a precursora das

atualizações que se seguiram em 1982 e 1990. A segunda versão da ISO/IEC Guide 25

(ISO/IEC, 1982) apresentava a característica de estabelecimento de requisitos de competência

técnica para laboratórios de ensaio enquanto que a versão seguinte de 1990 estabelecia

requisitos para laboratórios de calibração e ensaios. Este fato demonstra o aumento da

abrangência de aplicação em diferentes tipos de laboratórios dos requisitos estabelecidos.

Em 1999 uma nova norma foi apresentada ao mercado internacional, cuja base foi o

entendimento da necessidade de integração de sistemas de gestão de laboratórios com o

sistema preconizado pela ISO 9001: 1994. Esta norma recebeu a denominação de ISO/IEC

17025. Esta norma possui 2 grandes capítulos que buscam o fortalecimento da integração. O

capítulo 4 estava referenciado ao atendimento dos requisitos da ISO 9001: 1994 enquanto que

o capítulo 5 tratava de um aprimoramento significativo nos requisitos técnicos provenientes

da ISO/IEC Guide 25.

Diariamente são vivenciadas superações de paradigmas em virtude das mudanças

estruturais na forma de gestão das empresas, que tem sido denominadas de SG (sistemas de

gestão). Estas superações de paradigmas, normalmente ocorrem em função de novos

acontecimentos externos ou internos. Normalmente estas alterações nas formas de gestão são

realizadas em resposta à demandas provenientes do mercado ou provenientes de clientes

internos, que geram situações que passam a causar pressões sob o sistema interno de gestão da

organização. Estas pressões são identificadas nos pontos dos sistemas de gestão que se

relacionam com os pontos de percepção das situações. Dependendo da organização onde tais

alterações acontecem, pode acontecer que os resultados provenientes do sistema de gestão

alterado podem acarretar resultados que alteram as estruturas econômicas dos países e blocos

econômicos, assim como as formas de interação e atuação dos mais diferentes agentes

econômicos. Uma clara percepção deste acontecimento foi o citado no início deste capítulo.

Os japoneses ao aprimorarem continuamente seus sistemas de gestão, foram alterando

21

paradigmas e os resultados decorrentes destas contínuas alterações em seus sistemas de

gestão, desencadearam a onda de desenvolvimento das normas ISO 9000.

Os conceitos que são aplicados nas diferentes formas de gestão estão em franco

aprimoramento ou são provenientes de novos conceitos que são estabelecidos a partir da

observação de tendências em diferentes países. As formas de produção de bens e serviços se

tornaram tão diversificadas que exigem, cada vez mais estudos aprofundados para sua

compreensão. Modelos de gestão como TQM (Total Quality Management) foram

desenvolvidos nos últimos 10 anos, na busca de se enfrentar as dificuldades cada vez maiores

na obtenção de um sistema de gestão que venha a atender todas as necessidades corporativas.

Estudos da aplicação de modelos de gestão tais como o estudo realizado por Denis Leonar e

Rodney McAdam (Leonard and McAdam, 2002) em 19 organizações, evidenciou a

inconsistência da terminologia adotada, especialmente em relação à integração do TQM com

o processo de planejamento estratégico e o uso do TQM somente como um meio de se

alcançar objetivos estabelecidos no nível estratégico.

Estas diferentes formas de gestão produzem desdobramentos amplos e complexos nos

campos político, social e econômico, agregando novas questões que devem ser

sistematicamente estudadas para sua plena compreensão. Tais desdobramentos podem se

traduzir nas relações entre estes sistemas de gestão, que podemos entender como interações

intersistêmicas, nas relações entre os grupos e/ou pessoas dentro de uma mesma forma de

gerenciamento, que podemos entender como interações intra-sistêmicas. Tais interações

podem ser traduzidas em termos de diversificação de formas de detecção das demandas de

bens e serviços, da diversificação de ofertas de bens e serviços, das características

diferenciadas que cada bem ou serviço pode assumir, a demanda de novos bens e serviços que

passam a ser necessários em função das atividades de oferta dos bens e serviços em

desenvolvimento e produção, alteração de tamanho, características, localização das unidades

de fornecimento ou produção, competência do pessoal envolvido em determinado sistema de

gestão e alterações nas formas de estratégia para que os objetivos almejados possam ser

alcançados.

Dentro deste contexto, os mentores das estratégias, além de buscarem a garantia que o

desenvolvimento destas mesmas estratégias esteja sendo realizado de forma adequada,

buscam garantias de que as estratégias e objetivos definidos estejam sendo alcançados de

forma eficaz. A volatilidade dos contextos econômicos, políticos e sociais acarreta em

constantes mudanças ou refinamentos de uma dada estratégia definida. Elas se tornam, assim,

dinâmicas e pró-ativas em relação às tendências.

22

Esta constante mudança gera falhas que vão se refletir no sistema de gestão e, como

resultado na eficácia de seu próprio sistema. Neste momento, o processo de auditoria surge

como um processo dentro do próprio sistema de gestão, como um elemento de fundamental

importância, visando obter a garantia que o sistema é eficaz a seus propósitos. Este processo

permitirá fornecer garantias aos mentores da estratégia que suas políticas, diretrizes e

objetivos desejados estejam ou não sendo alcançados. A este tipo de auditoria, designa-se de

auditoria de sistemas.

1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AUDITORIA

As auditorias podem ser de sistema, de processo e de produto. Neste trabalho vamos

nos ater aos aspectos das auditorias de sistema, em virtude do interesse em se garantir a

eficácia do sistema em relação à políticas, diretrizes e objetivos, mesmo que seus princípios

sejam aplicáveis aos outros tipos de auditoria, guardadas as devidas proporções.

Na ISO 9001, a importância e complexidade da atividade de auditoria interna ficam

evidenciadas através do merecimento de um sub-item 3.9 “Termos relacionados à auditoria”,

que foram preparados em data anterior à publicação da norma ISO 19011.

A ISO 19011 trata de forma específica o tema de auditoria de sistemas de gestão da

qualidade e auditoria ambiental tanto em seu caráter externo à organização quanto de caráter

interno. Ela apresenta requisitos que devem ser cumpridos quanto ao processo de gestão de

auditoria, ao processo de execução das atividades de auditoria, quanto ao perfil, educação,

treinamento e experiência dos auditores e aos processos de avaliação do auditor.

Na ISO 14001 (ABNT, 1996, p.7) as auditorias são tratadas como um requisito que “a

organização deve estabelecer e manter programa(s) e procedimentos para auditorias

periódicas” no item 4.5.4.

Na ISO/IEC 17025 (ABNT, 1999), as auditorias são tratadas no item 4.13, com a

seguinte redação:

O laboratório deve, periodicamente e de acordo com um cronograma e um

procedimento predeterminados, realizar auditorias internas de suas atividades

para verificar se suas operações continuam a atender os requisitos do sistema

da qualidade e desta Norma.

23

Na figura a seguir apresentamos o desenho significativo da idéia de um modelo

de sistema de gestão baseado em processos que é descrito na norma brasileira NBR ISO

9001 (ABNT, 2000, p.2) onde o item “Medição, análise e melhoria” está relacionado

com o processo de auditoria interna.

Figura 1 – Modelo de um SGQ baseado em processo da NBR 9001 Fonte: ABNT, 2000 p. 2

Além das auditorias de sistemas de gestão, alvo maior deste estudo, outras designações

de forma de auditoria são apresentados tais como apresentado nas diferentes obras de Gil,

2000. Terminologias de auditoria de sistema, de processo ou de produto são abordadas em

Cerqueira; Martins (1994 p.32) onde é citado que:

Auditoria de Sistema ! visam determinar a eficácia e conformidade do sistema da qualidade com os padrões de referência adotados. Podem ser realizados em todo o sistema (total) ou em elementos do sistema (parcial).

LE Flux Ativid

Fig.1 Modelo de um sistema de gestão da qualidade base

Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade

C L I

E

N

T

E

S

R e q u i s i t o s

C L I

E

N

T

E

S

Satisfção

Responsabilidade da administração

Gestão de recursos

Medição, análise e melhoria

Realização do produto

24

Auditorias de Processo ! são exames a avaliações da qualidade aplicado a um produto particular. Ele examina todos os elementos do processo, e os elementos do sistema com ele relacionados, para avaliar a aplicação do sistema contra padrões e especificações estabelecidas para o processo.

Auditoria de Produto ! são exames e avaliações do sistema da qualidade aplicado a um produto particular. Ela examina todos os elementos do produto, e os elementos do sistema a ele relacionados para avaliar a aplicação do sistema contra padrões e especificações estabelecidos para o produto.

1.3 PROBLEMA E PRESSUPOSTOS

Considerando que o INMETRO é um organismo brasileiro, credenciador de

laboratórios de calibração e ensaios e que, para realização das atividades de novos

credenciamentos ou de manutenção dos credenciamentos existentes, realiza auditorias,

considerei que este seria um caminho natural para obter informações sobre o estágio evolutivo

de sistemas de gestão em laboratórios.

Trabalhando em cooperação com a DICLA, foi estudada uma forma de realizar um

mapeamento de não conformidade que os laboratórios obtinham no decorrer de avaliações

executadas em atividades de novos credenciamentos ou de manutenção de credenciamentos já

existentes. Estes 2 casos são entendidos pela DICLA como processos de credenciamento. As

informações resultantes deste processo são demonstradas no Anexo I.

Por motivos óbvios de confidencialidade das informações dos clientes do processo de

credenciamento do INMETRO, as designações e códigos de credenciamento dos referidos

laboratórios foram suprimidos.

Apesar de não mais atuar como supervisor de processos de credenciamento de

laboratórios de calibração e ensaio, o INMETRO exige de todos que atuem no sistema a

assinatura de um documento onde está estabelecida a concordância de atender os requisitos

contratuais relacionados com a confidencialidade das informações de clientes ou do

INMETRO.

Em uma análise em 83 unidades laboratoriais de um universo de 143, realizadas em

2002 e pertencentes a 41 diferentes organizações, em processos de auditoria de terceira parte

realizados pela DICLA, nenhuma apresentou zero não conformidade, como apresentado no

Anexo I deste documento. Da análise dos resultados das auditorias constatou-se que 22

laboratórios possuíam não conformidades em seus processos de auditoria interna. Não

25

conformidade em processos de auditoria interna pode representar uma das causas da não

comprovação de eficácia de todo o sistema de gestão. Nos demais laboratórios foram

observados não conformidade em outros aspectos do sistema que também deixam em

razoável dúvida a eficácia do sistema.

O Anexo II apresenta informações consolidadas sobre os resultados de auditorias

realizadas pela DICLA e as áreas de atuação dos laboratórios, buscando indicar claramente o

total de e percentual de não conformidade considerada crítica foram encontrados por área de

atuação. Somente em áreas onde uma única unidade laboratorial foi auditada é que foi obtida

a marca de 0 (zero) não conformidade crítica. Em nenhum destes casos foi o de uma avaliação

inicial ou reavaliação onde é realizada uma auditoria completa.

Deve-se considerar, também, a possibilidade do grau de eficácia da auditoria de

terceira parte ser comprometida por inúmeros fatores, possibilitando que estes números não

expressem adequadamente a realidade dos fatos, apesar do sistema de qualificação de

avaliadores de laboratórios de o INMETRO seguir normas internacionais e ser periodicamente

avaliado por outros organismos credenciadores através de Peer Evaluation. Atrasos em vôos

que podem reduzir o tempo de auditoria e, como conseqüência, a possibilidade de se analisar

o sistema de gestão com o grau de profundidade desejada, é um dos exemplos de fatores que

podem contribuir para redução da eficácia em uma auditoria de terceira parte.

O levantamento de tais informações permitiu a constatação de que a eficácia dos

sistemas de gestão não alcançava o nível de inexistência de não conformidade em item

considerado crítico. Como a auditoria interna é responsável por garantir à direção a

conformidade do sistema aos requisitos, estava claro que algum problema no processo de

auditoria interna estava a acontecendo.

Como a qualidade é baseada no homem, a qualidade do processo de qualificação de

auditores internos passou a ser o alvo de análise. A partir da percepção que as questões

relacionadas à qualificação de auditores poderia estar afetando a eficácia dos sistemas de

gestão, o objeto de pesquisa começou a ser delineado.

Portanto, é necessário o aprimoramento do processo de qualificação dos auditores

internos em virtude da constatação que a eficácia da auditoria interna não era suficiente para a

obtenção da conformidade do sistema, quando verificado por uma auditoria externa, de cunho

amostral.

Se uma auditoria externa, com pequeno cunho amostral apresenta não conformidade

que poderiam ter sido eliminadas com as auditorias internas, isto demonstra que a eficácia

destas auditorias internas não tem obtido o grau de eficácia desejado.

26

A seguir apresentamos uma tabela que apresenta os pressupostos e as perguntas

relacionadas ao trabalho científico.

Pressupostos

* O processo de desenvolvimento da qualificação dos auditores destaca-se como fator de competitividade ao garantir a eficácia de atendimento a requisitos pré-estabelecidos.

* Atualmente há uma tendência crescente de as organizações obterem a qualificação de seus auditores a partir de desenvolvimento próprio e/ou empreendimentos conjuntos (joint ventures) com treinamentos externos e experiência adquirida internamente.

* Há necessidade de avaliar o processo de desenvolvimento da qualificação de auditores a partir de um conjunto de indicadores de desempenho.

* O processo de desenvolvimento da qualificação dos auditores é aperfeiçoado por intermédio de ações de melhoria monitoradas pelos indicadores de desempenho.

Problema científico

1) Como avaliar sistematicamente o processo de desenvolvimento de qualificação e de manutenção da qualificação dos auditores?

2) Como estabelecer ações sistemáticas que permitam aperfeiçoar o processo de desenvolvimento de qualificação e de manutenção da qualificação dos auditores?

Quadro 1 – Pressupostos e problema científico

Após a identificação de vários tipos de problemas que podem acarretar a baixa eficácia

das auditorias de comprovação da eficácia dos sistemas de gestão, foi selecionado o foco na

qualificação de auditores internos porque está relacionado com a identificação de fraudes

mais bem apresentada na revisão da literatura no item 5.1 deste trabalho, com a identificação

do processo de rodízio de auditores citado no item 5.2 deste trabalho, com a identificação da

qualificação dos auditores para a execução das atividades de auditoria em novos processos e

com a identificação da falha de auditores sob diferentes formas de pressão

Toda esta abordagem realizada nos itens específicos deste capítulo tem relação com a

qualificação de auditores internos. O item 5.6 deste documento que relaciona os problemas de

gestão com o comprometimento da gerência superior estão fora do escopo deste trabalho e

pode ser uma oportunidade de estudo futura.

27

1.4 OBJETIVOS E HIPÓTESES

1.4.1 Objetivos gerais

Mapear e avaliar os fatores restritivos de obtenção da eficácia desejada do sistema de

gestão através dos resultados das auditorias e propor um método de qualificação de auditores,

centrado nas competências de gestão, para o estabelecimento de um modelo de gestão para

qualificação de auditores internos de sistemas de gestão para laboratórios cujo sistema seja

baseado em requisitos da norma NBR ISO/IEC 17025: 2001.

Deseja-se com isto, que as organizações alcancem objetivos almejados, utilizando a

auditoria para a maximização dos resultados corporativos almejados.

1.4.2 Objetivos específicos

1) Fornecer uma visão estruturada de conhecimentos e estudos referentes à medição de

desempenho de auditores de sistemas de gestão da qualidade, principalmente de

laboratórios.

2) Analisar os diferentes modelos de qualificação de auditores e fornecer uma proposta

de modelo de qualificação de auditores que tente eliminar os problemas de eficácia

que as diferentes formas de qualificação dos auditores internos tem apresentado.

3) Propor um modelo, centrado nas competências de gestão necessárias, para o

estabelecimento de um conjunto de medidas de desempenho do processo de

qualificação e da manutenção da qualificação de auditores.

4) Orientar o estabelecimento dos indicadores na determinação e na aplicação de um

adequado espectro de medidas de desempenho para o processo de qualificação e

manutenção da qualificação de auditores internos de sistemas de gestão.

5) Fornecer a visão que as competências de gestão do modelo a proposto para a

qualificação de auditores internos em sistemas de gestão de laboratórios que atendem

os requisitos da NBR ISO/IEC 17025 incluem competências gerenciais e

competências técnicas.

28

A seguir apresentamos um quadro que apresenta, em síntese, os resultados esperados e

as hipóteses relacionadas ao trabalho científico.

Resultados esperados

As organizações que utilizarem o conjunto de medidas de desempenho poderão:

1) avaliar sistematicamente e objetivamente o processo de desenvolvimento de qualificação de seus auditores internos;

2) confirmar a capacidade da organização em atingir seu objetivo em relação à qualificação e manutenção da qualificação de seus auditores internos;

3) planificar as competências de gestão necessárias para o estabelecimento de uma metodologia de qualificação e de manutenção da qualificação de auditores internos, que incluirão competências gerenciais e técnicas;

4) orientar ações de aperfeiçoamento nas metodologias de qualificação e de manutenção da qualificação de auditores internos;

5) ampliar, de forma sistemática e formal, a memória organizacional em relação às metodologias adotadas na qualificação e manutenção da qualificação de auditores internos.

Hipóteses

1) O processo de qualificação e manutenção da qualificação de auditores internos pode ser avaliado e aperfeiçoado a partir de medidas de desempenho centradas nas competências de gestão, que incluirão competências gerenciais e técnicas.

2) As medidas de desempenho são focadas nas competências gerenciais de gestão que podem ser: estratégicas, com foco no desenvolvimento e planejamento da metodologia; de recursos financeiros e materiais e humanos disponíveis; da tecnologia utilizada nos processos de auditoria e do conhecimento necessário para a realização das auditorias.

Quadro 2 – Resultados esperados e hipóteses

Do quadro 2, com relação às hipóteses, são apresentados os seguintes esclarecimentos

adicionais :

1) “O processo de qualificação e manutenção da qualificação de auditores internos pode

ser avaliado e aperfeiçoado a partir de medidas de desempenho centradas nas

competências de gestão”. Para isto o processo de desenvolvimento de qualificação de

auditores em laboratórios não pode ser deficiente em medidas de desempenho de

auditores internos que, necessariamente, utilizam normas internacionais como padrão

29

de requisitos. O estabelecimento de um sistema de medição de desempenho propicia o

aperfeiçoamento mais rápido do processo de desenvolvimento da qualificação dos

auditores internos de sistema de gestão e sua conseqüente manutenção da qualificação;

2) “As medidas de desempenho são focadas nas competências gerenciais de gestão que

podem ser: estratégicas, com foco no desenvolvimento e planejamento da

metodologia; de recursos financeiros e materiais e humanos disponíveis; da tecnologia

utilizada nos processos de auditoria e do conhecimento necessário para a realização

das auditorias.”. Os gestores, normalmente, são mais centrados em dados concretos,

visíveis, quantificáveis e reportáveis aos resultados dos sistemas de medição de

desempenho a partir de informações. Geralmente, o foco da gestão ainda está

fortemente vinculado ao visível, ao concreto e ao quantificável em termos de

resultados financeiros no mais curto prazo possível. Esta ânsia de resultados positivos

e mensuráveis mais imediatos pode acarretar em resultados indesejáveis em longo

prazo. Esta situação pode ser motivada pela necessidade de se comprovar resultados

positivos imediatos colocando-se em segundo plano o conhecimento existente sobre

causa e efeito em mais longo prazo. O tipo de tomada de decisão poderá estar atrelado

à necessidade de resultados imediatos, podendo comprometer os resultados futuros.

Por isso, surge espaço para pesquisas na busca de atuar sobre o todo, tanto no concreto

como no abstrato. Nesse sentido, as medidas de desempenho de processo contemplam

também as competências gerenciais de gestão.

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Esta dissertação busca identificar as diferentes metodologias de qualificação de

auditores, suas causas e diferentes formas de melhoria e respaldar um modelo de qualificação

de auditores internos. Este modelo deve facilitar aos responsáveis pelos sistemas de gestão na

elaboração do planejamento de qualificação de seus auditores internos. Busca-se, assim,

constatar que:

1) o processo de desenvolvimento de qualificação e de manutenção da

qualificação de auditores em laboratórios é deficiente em medidas de desempenho e de

30

processos que utilizam normas internacionais como padrão de requisitos. Este é um dos

fatores que dificultam a necessidade de investimentos direcionados na qualificação de

auditores para que a auditoria interna garanta a eficácia do sistema de gestão;

2) o estabelecimento de um sistema de medição de desempenho propicia o

aperfeiçoamento mais rápido e adequado do processo de desenvolvimento da qualificação dos

auditores internos de sistema de gestão;

3) os gestores, normalmente, são mais centrados em dados concretos, visíveis,

quantificáveis e reportáveis aos resultados dos sistemas de medição de desempenho a partir de

informações. Geralmente, o foco da gestão ainda está fortemente vinculado ao visível, ao

concreto, ao quantificável. Por isso, surge espaço para pesquisas na busca de atuar sobre o

todo, tanto no concreto como no abstrato. Nesse sentido, as medidas de desempenho de

processo contemplam também as competências gerenciais de gestão propostas no

entendimento da gestão do conhecimento, que são: estratégicas com foco no desenvolvimento

de recursos humanos com flexibilidade de conhecimento para análise e solução de problemas

até então desconhecidos;

4) através do incremento da competência dos auditores internos, pode-se

aumentar a eficácia do sistema de gestão, uma vez que eles são os principais responsáveis em

identificar o grau de aderência do sistema aos requisitos previamente estabelecidos.

1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO

Este estudo está estruturado em 7 capítulos e 2 anexos. Cada capítulo exerce uma

função específica para a apresentação de todas as informações relacionadas com o estudo. Os

anexos apresentam as informações complementares ao entendimento do estudo.

No capítulo 1 faz-se a introdução ao assunto de forma geral, definindo-se a importância

da eficácia do sistema de gestão, da auditoria interna e da qualificação de auditores. Procurou-

se nesta introdução espelhar os conceitos gerais destes temas na ótica de diversos sistemas de

gestão. Esta correlação foi identificada como uma forma de ressaltar a importância do tema

não somente para o problema restrito identificado, mas para o problema de forma geral.

Posteriormente é relacionada uma das causas dos problemas identificados. Esta causa deverá

31

eliminar os diversos problemas identificados. A seguir são abordados os objetivos gerais e

específicos, a importância e a estrutura do estudo em questão.

No capítulo 2 apresenta-se a revisão bibliográfica realizada durante o processo de

pesquisa e da análise dos resultados obtidos. Aborda-se, primeiramente, os diversos

problemas relacionados com a auditoria de sistemas de gestão. São descritos os documentos

lidos ou referenciados, as observações e a análise e considerações a respeito da

documentação. Algumas conclusões puderam ser obtidas desta atividade.

No capítulo 3 apresenta-se a metodologia da pesquisa utilizada na elaboração do

estudo. São descritos a forma de pesquisa, sua seqüência, as observações e os dados coletados

durante a pesquisa de campo, e introduzidas a análise e as considerações a respeito da

pesquisa, o que conduz às principais conclusões.

No capítulo 4 são apresentados os resultados e discussões relacionadas com o estudo.

Neste capítulo, são apresentados os modelos atuais de qualificação de auditores que são

utilizados pelos laboratórios pesquisados.

No capítulo 5 apresenta-se o modelo proposto de gestão para qualificação dos

auditores, baseado na análise de todas as informações obtidas no estudo. Descreve-se,

também, o método proposto para o estabelecimento de medidas de desempenho do processo

de qualificação de auditores. E busca-se a compreensão das competências gerenciais do

processo de qualificação de auditores, ou seja, a gestão dos recursos, da tecnologia, da

criatividade, de projetos e estratégica. Procura-se manter o foco no desenvolvimento de

processo de qualificação de auditores que garanta, através das atividades de auditoria interna,

a eficácia dos sistemas de gestão, determinantes em sistemas de gestão laboratorial.

No capítulo 6 apresentam-se as conclusões e sugestões definidas durante o processo de

elaboração do estudo.

No capítulo 7 apresenta-se a lista de bibliografia utilizada no decorrer do estudo.

No Anexo I apresenta-se a lista de laboratórios e o que foi identificado de não

conformidade na avaliação do processo de 2002, que serviu de embasamento para a

identificação da falta de eficácia dos sistemas de gestão.

No Anexo II apresenta-se a lista de áreas de atuação de laboratórios e informações de

não conformidade relacionada na avaliação do processo de 2002, que serviu de embasamento

para a identificação da falta de eficácia do sistema de gestão.

32

2. REVISÃO DA LITERATURA

A revisão da literatura foi realizada baseando-se na priorização de necessidades de

informações que configurassem em melhor consistência na constatação dos problemas quanto

à qualificação de auditores. Tais auditores, por serem usados na execução de atividades de

confirmação da adequação e conformidade do SG do laboratório, fazem com que exista uma

perda da eficácia do sistema de gestão. Temas como formação e treinamento, obtenção de

experiência, desenvolvimento de habilidades, conceitos de sistemas de gestão, baseados em

sistemas de garantia da qualidade, e suas diversas formas de gestão e avaliação foram

consideradas nesta revisão bibliográfica.

Neste capítulo são descritos os aspectos relacionados ao contexto dos problemas que são

observados pelos diferentes atores de um sistema de gestão tais como clientes de auditorias,

gerentes da qualidade, auditores e auditados.

Procurou-se identificar as falhas dentro do processo de qualificação dos auditores e dos

processos de definição, documentação, comunicação e entendimento das atividades de

auditoria interna. Não foi dada ênfase à análise dos problemas do próprio sistema de gestão.

Estes problemas, quando detectados, serviram como amostras para análise da eficácia da

realização das atividades de qualificação de auditores e de auditoria interna.

No desenvolvimento do estudo foi verificada a necessidade de definir indicadores para

monitorar e aperfeiçoar o processo de qualificação de auditores uma vez que existe uma

diretriz estabelecida pela EA, designada de EA/MAC-WG-T(02)12,ver.4 (EA, 2002) e que

serve de requisito para as avaliações entre os pares nos processos de reconhecimento mútuo,

do qual o processo de credenciamento de laboratórios coordenado pela DICLA faz parte. Os

problemas levantados são apresentados a seguir a partir de todo o processo da pesquisa. Seus

pressupostos, objetivos, hipóteses e a descrição da metodologia utilizada para sua realização

são apresentados nos capítulos seguintes.

33

2.1 CLASSIFICAÇÃO DE AUDITORIAS

Para que seja possível um melhor entendimento dos diferentes tipos de auditoria

existentes em relação a uma organização, apresentam-se, a seguir como as auditorias podem

ser classificadas:

Auditoria de Primeira Parte – visa atender a uma forma de certificação de primeira

parte que corresponde à declaração feita por um fornecedor, atestando, sob a sua

responsabilidade, que um produto, processo ou serviço está em conformidade aos requisitos

previamente estabelecidos. Este modelo de auditoria é o principal alvo deste estudo uma vez

que sua eficácia garante o atendimento aos requisitos de clientes, da própria organização, dos

organismos regulamentadores e dos organismos credenciadores ou certificadores, quando for

o caso.

Auditoria de Segunda Parte – visa atender à certificação de segunda parte que

corresponde ao ato em que o comprador (segunda parte) avalia seu fornecedor, de modo a

verificar se o produto, processo, serviço ou sistema está em conformidade com os requisitos

previamente estabelecidos. Este tipo de auditoria é realizado quando, entre outras, o cliente

deseja se assegurar que o fornecedor atenda requisitos específicos para os quais o mesmo

fornecedor não consiga demonstrar por outros mecanismos. Para muitos clientes o simples

atendimento à normas internacionais de sistemas de gestão podem não ser mais suficientes ou

pode ser do interesse do cliente a realização de auditorias sistemáticas para acompanhamento

da evolução do sistema do fornecedor. Neste último caso é comum a designação de um

processo denominado de “desenvolvimento do fornecedor” que, em última instância trata-se

do acompanhamento do desenvolvimento do sistema do fornecedor através de técnicas

sistemáticas de auditoria.

Auditoria de Terceira Parte – é o procedimento pelo qual uma terceira parte

(independente das partes envolvidas de cliente e fornecedor) dá garantias de que o produto,

processo, serviço ou sistema está de acordo com as exigências específicas. Atende à

certificação de terceira parte, que é muito utilizada pelo mercado no reconhecimento de que

uma organização atende requisitos de normas internacionais de sistemas de gestão tais como a

ISO 9001 e ISO 14001. Também atende ao credenciamento por entidades credenciadoras que

a organização atende requisitos de normas internacionais de sistemas de gestão tais como a

ISO/IEC 17020 e ISO/IEC 17025. Este tipo de auditoria também pode ser utilizado para a

34

realização de auditorias baseadas em normas técnicas internacionais, regionais, nacionais ou

até mesmo de associações que sejam internacionalmente reconhecidas.

A seguir apresentamos uma figura que busca demonstrar as relações entre os

diferentes componentes de uma auditoria. Seja ela de primeira, segunda ou terceira parte.

35

Figura 2– Relações de terminologia em auditoria Fonte: ISO 9000, 2000, p. 22

evidência da auditoria (3.9.5)

registros, apresentação de fatos ou outras informações,

pertinentes aos critérios de auditoria acordados, e que

possam ser verificados

critérios (3.9.4) conjunto de políticas,

procedimentos ou requisitos estabelecido

como referência

auditoria (3.9.1)processo sistemático, documentado e independente, para obter evidência da

auditoria e avaliá-la objetivamente com o objetivo de determinar a extensão na qual os critérios

acordados são atendidos

auditor (3.9.11)pessoa designada para realizar uma auditoria

equipe de auditoria(3.9.10)

pessoa ou grupo de pessoas que realiza um

auditoria

auditado (3.9.9)organização que

está sendo auditada

cliente da auditoria ( 3.9.8)

organização ou pessoa que solicita

uma auditoria

conclusões da auditoria (3.9.7)

resultado de uma auditoria apresentado pela equipe de

auditoria após levar em consideração todas as

constatações da auditoria

programa de auditoria (3.9.2) conjunto de uma ou mais auditorias

planejadas para um período de tempo determinado e direcionadas a um

propósito específico

qualificações do auditor(3.9.13)

combinação de atributos pessoais e educacionais, treinamento, experiência profissional em

auditoria, assim como nas áreas de competência que precisam ser demonstradas para habilitar uma pessoa a ser designada auditor

especialista (3.9.12)pessoa que tem conhecimento ou

experiência específicos com relação a uma organização,

processo, atividade ou assunto a ser auditado

constatações da auditoria (3.9.6)

resultado de uma auditoria

escopo da auditoria(3.9.3)

extensão e limites de uma auditoria

auditor qualificado(3.9.14)

pessoa que foi bem sucedida num processo de qualificação

de auditor

36

2.2 A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA INTERNA

No contexto internacional, todas as normas de sistemas de gestão que foram alvo deste

estudo estabeleciam como requisito a necessidade de comprovação de definição e execução

de atividades de auditoria interna. Por si só, a documentação internacional estabelece como

sendo de indiscutível importância a necessidade deste elemento ser cumprido. Como tais

documentos são estabelecidos dentro de uma metodologia de consenso internacional, entende-

se que mundialmente a importância e necessidade estão claramente estabelecidas.

Como exemplo, as normas ISO 9001, ISO 14001, ISO Guide 34, ISO Guide 62, ISO

Guide 66, NBR ISO/IEC 17025, NBR ISO/IEC 17020, ISO/IEC Guia 58 apresentam a

necessidade de estabelecimento de um processo de auditoria interna para verificação da

conformidade de seus sistemas aos critérios de auditoria.

No caso da NBR ISO 9001, ela reflete um sentimento que cresce cada vez mais pela

redução da exigência de documentação de processos mas com um aumento dos requisitos que

busquem a indicação de resultados concretos. Nesta última revisão de 2000, a norma limitou o

número de procedimentos a 6 que devem ser apresentados como obrigatórios. É requisito que

a organização desenvolva e implante um procedimento de auditoria interna, definido em seu

item 8.2.2. Para este grupo mínimo de 6 procedimentos ainda é indicado que a organização

deve demonstrar a existência de um procedimento de auditoria interna. Este procedimento

deve conter, no mínimo,as responsabilidades das pessoas envolvidos no processo, os

requisitos para o planejamento, os requisitos para execução, os requisitos para relatar os

resultados e manutenção dos registros. Isto demonstra a importância que é dada a este tema.

A auditoria interna é a atividade dentro de sistemas de gestão que permite fornecer

evidências de garantia à direção do negócio, que todos operam de acordo com as políticas e

diretrizes estabelecidas por ela e que o sistema é conforme ao atendimento das necessidades

do negócio. Estas necessidades são geradas a partir do desejo de clientes, acionistas,

organismos regulamentadores, e os próprios membros da equipe da organização. Requisitos

adicionais provenientes de organismos credenciadores e certificadores podem ser adicionais

caso a organização tenha interesse em credenciar ou certificar alguma de suas atividades.

Tais requisitos adicionais acabam sendo incorporados ao sistema de gestão da

organização em resposta à necessidade de atendimento às exigências destas organizações seja

por interesse de sobressair no mercado, seja pela oportunidade de realizar novos negócios,

seja por exigência de algum cliente ou seja por exigência de um organismo regulamentador

37

que passa a estabelecer, como critério para atendimento a algum documento legal o

credenciamento ou certificação em um dos campos de produto, processo ou sistema.

Um sistema de gestão, por si só degrada em sua conformidade por causa da evolução

dos requisitos com o passar do tempo. A própria evolução das necessidades humanas, faz com

que os clientes de sistemas de gestão aumentem suas exigências com o tempo. Assim sendo,

em um momento após a aquisição da percepção da nova necessidade por parte de um cliente,

automaticamente é estabelecido um novo patamar de necessidades para este mesmo cliente.

Este novo patamar de necessidades se refletirá como novos requisitos para o sistema de gestão

dos fornecedores deste cliente. Esta nova exigência proveniente dos clientes acarretará na

necessidade de adaptações no sistema de gestão para o contínuo atendimento deste mesmo

cliente. O mesmo ocorrerá com relação aos acionistas e dirigentes de qualquer organização.

As necessidades destas partes interessadas, demandarão a necessidade de evolução do sistema

de gestão para atendimento destes novos requisitos. Esta contínua evolução dos requisitos

para os sistemas acarretará de forma relacionada a uma degradação da conformidade do

sistema de gestão aos novos requisitos.

Quando esta evolução dos requisitos é próxima ao sistema já implantado, ações de

auditoria interna no sistema podem ser suficientes para se detectar esta diferença e para

estabelecer um processo de ciclo fundamentado no PDCA (Plan – Do – Check – Act) para a

execução de ações que visem a eliminação das causas de não atendimento e, desta forma,

consiga estabelecer novamente a conformidade aos requisitos de clientes externos e de

clientes internos.

Quando a evolução dos requisitos ainda não se estabeleceu em forma definitiva mas

indica uma tendência, o atendimento a esta tendência pode se configurar como uma

oportunidade de melhoria e, em conseqüência ser tratada dentro do processo de análise crítica.

O processo de análise crítica é uma das atividades dos sistemas de gestão que visa levar o

sistema de gestão como um todo a obter índices mais elevados de qualidade na visão de seus

clientes. Desta forma, espera-se fidelizar os clientes para se obter maiores vantagens

econômicas deste relacionamento.

Estou convicto de que, para uma organização obter um sucesso sustentável em longo

prazo, mesmo com as incertezas que o mercado tem, deverá proporcionar, a seus membros o

conhecimento técnico e de mercado que necessitem nas suas respectivas áreas e

conhecimentos nas áreas de humanas e políticas que permitam trabalhar em equipe de forma

harmoniosa. Isto inclui todas as atividades dentro dos processos de planejamento, execução de

38

atividades individuais ou em grupos tais como reuniões, gestão e execução de atividades de

logística, coleta de dados, análise de informações, comunicação de resultados, etc.

No caso específico de sistemas de gestão de laboratórios de calibração ou ensaio, isto

significa que todo o ciclo de formação da competência baseada na formação, treinamento,

experiência e desenvolvimento de habilidades no que se refere à parte técnica, como definido

na norma NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001) seja considerado finalizando antes do término

do ciclo de formação de competência de auditor. Usando a norma NBR ISO 19011 (ABNT,

2002) como diretriz geral, além da própria NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), consegue-se

direcionar o modelo de qualificação dos auditores.

No caso de uma assistência técnica que represente o fabricante e que tenha como

obrigação a correção de equipamento defeituoso e a comprovação que sua atividade de

reparação foi realizada de forma que o equipamento reparado encontra-se nas condições de

trabalho definidas como aceitáveis pelo próprio fabricante, este sistema de gestão, além do

atendimento aos requisitos da ISO 9001 (ABNT, 2000), deveria atender, também os requisitos

da NBR ISO 170125 (ABNT, 2001). Este é um caso específico onde os testes realizados pela

reparadora devem garantir à organização um índice mínimo de confiança metrológica de 95%.

Assim, a formação de auditor passa anteriormente pela boa formação de especialistas.

O modelo geral definido para a formação de auditores neste documento pode ser utilizado

para de especialistas em diversos e diferentes níveis, para atendimento de necessidades

específicas, desde que haja um estudo mais aprofundado para adequações relativas ao escopo

pretendido. Para um auditor que realize a auditoria em um processo, espera-se que tenha

competência suficiente para poder avaliar a competência das pessoas envolvidas na operação

do processo, assim como tenha um nível de competência que permita avaliar a forma de

supervisão neste mesmo processo.

A implantação de um Sistema de Qualificação de Auditores Internos que considere a

competência necessária dos auditores para processos específicos é uma proposta que visa

garantir à direção que disponha dos mecanismos necessários e adequados para que seus

auditores internos adquiram as Competências Técnicas, Humanas e Políticas necessárias. As

competências necessárias estão relacionadas a quem desenvolverá um trabalho de avaliar se o

Sistema de Gestão atingiu o nível de eficácia desejado pela direção.

39

2.3 A IMPORTÂNCIA DA QUALIFICAÇÃO DOS AUDITORES

Nas normas de sistemas de gestão analisadas, além do estabelecimento de requisitos

para existência e operacionalização de atividades de auditoria interna, definem requisitos

específicos que tratam da qualificação das pessoas que realizarão tais atividades.

O resultado de uma auditoria é um julgamento (opinião), obtido de uma equipe que se

deseja ser independente e competente, tratados como uma mistura de capacitação e ética

profissional e que incorpora os requisitos necessários para a execução de uma auditoria de

forma eficaz. Quanto maior for a experiência e habilidades do conjunto de auditores em

relação às situações que se encontre auditando, maior será a eficiência que poderá ser obtida

nesta mesma auditoria.

As normas de sistema de gestão apresentam a necessidade da qualificação dos

auditores, como ponto de fundamental importância para obtenção da comprovação de eficácia

do sistema de gestão. Como exemplo, a norma NBR ISO 9001, em sua página 11, indica em

seu item 8.2.2 que “A seleção dos auditores e a execução das auditorias devem assegurar

objetividade e imparcialidade do processo de auditoria.” E indica como “NOTA – Ver NBR

ISO 10011-1, NBR ISO 10011-2 e NBR ISO 10011-3 para orientação.” À época deste estudo

estas 3 normas já tinham sido substituídas pela NBR ISO 19011. As diretrizes desta norma

enfatizam substancialmente a necessidade de um complexo processo de qualificação de

auditores.

A norma ISO 19011 assume uma relevante importância no contexto uma vez que,

além de servir de base para a qualificação de auditorias para sistemas de gestão da qualidade e

ambiental possui mecanismos genéricos que podem ser relacionados e utilizados nos

processos de qualificação de auditorias baseados em outras normas, além das citadas.

No Brasil esta questão da importância da qualificação de auditores está sendo

caracterizada e evidenciada através Portaria no 319, de 15 de agosto de 2003, onde o MMA –

Ministério do Meio Ambiente estabelece os requisitos mínimos quanto ao credenciamento,

registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional dos

auditores ambientais para execução de auditorias ambientais de sistemas de gestão e controle

ambiental nos portos organizados, instalações portuárias, plataformas e suas instalações de

apoio, dutos e refinarias.

40

2.4 A IMPORTÂNCIA DA EFICÁCIA DO SISTEMA DE GESTÃO

Quando adotamos requisitos de sistemas de gestão relativos à qualidade, seu principal

intuito é de garantir que os processos estejam alinhados às políticas e objetivos delineados

pela organização para obtenção de resultados junto à produção ou fornecimento de bens e

serviços.

Quando adotamos os requisitos de sistema de gestão ambiental, seu principal intuito é

de garantir que as atividades desenvolvidas possuam um impacto ambiental aceitável.

Quando adotamos requisitos de sistemas de gestão de competência de laboratórios, seu

principal intuito é de se garantir que as atividades de calibração e/ou ensaio sejam realizadas

dentro de um âmbito de reconhecimento de competência tecnológica para que os resultados

obtidos destas atividades sejam confiáveis.

Quando da adoção de quaisquer dos sistemas de gestão citados, a garantia de seus

resultados depende do sistema de gestão em questão ter sido definido, documentado,

comunicado e entendido. Quando ocorrem falhas durante o processo de execução de cada

uma das etapas, isto acarreta na diminuição da garantia de resultados confiáveis em relação

aos objetivos do próprio sistema de gestão. Desta forma, a garantia da eficácia do sistema é

premissa maior para que os estrategistas tenham a garantia que obterão os resultados

desejados quando definiram a adoção de um ou mais sistemas de gestão baseados em normas

internacionais.

Para o entendimento da importância da eficácia de um sistema de gestão, a figura a

seguir apresenta as relações entre as diferentes terminologias adotadas em um sistema de

gestão da qualidade baseado na norma NBR ISO 9001 (ABNT, 2000), apresentada na norma

NBR ISO 9000 (ABNT, 2000, p. 25).

41

Figura 3– Relações de terminologia em um SGQ Fonte: ISO 9000, 2000, p

efic iên c ia (3 .2 .15) re lação en tre o resu ltado a lcançado

e os recu rsos usados

s is tem a d e g e s tão d a q u a lid ad e (3 .2 .3 ) s is tem a de ges tão para d irig ir e con tro la r um a

organ ização no que d iz respe ito à qua lidade

s is tem a d e g e stão (3 .2 .2 )

s is tem a pa ra es tabe lecer po lític a e

ob je tivos , e pa ra ating ir es tes ob jetivos

g estão (3 .2 .6 )a tiv idades

coo rdenadas pa ra d irig ir e c on tro la r um a

o rgan izaç ão

g estão d a q u a lid ad e (3 .2 .8 )

a tiv idades coordenadas pa ra d irig ir e con tro la r um a

o rgan ização no que d iz respe ito à qua lidade

g aran tia d a q u a lid ad e (3 .2 .11)

parte da gestão da qua lidade focada em p rover con fiança de que os requ is itos da

qua lidade se rão a tend idos

co n tro le d a q u a lid ad e (3 .2 .10)

pa rte da gestão da qua lidade focada no

a tend im ento dos requ is itos da qua lidade

p lan e jam en to d a q u a lid ad e (3 .2 .9 ) pa rte da gestão da

qua lidade focada no es tabe lec im ento dos

ob je tivos da qua lidade e que es pec ifica os

recu rsos e p rocessos ope rac iona is

necessá rios para a tende r a estes

ob je tivos

m elh o ria co n tín u a (3 .3 .13 )

pa rte da gestão da qua lidade focada no

aum ento da capac idade de sa tis fazer os requ is itos da

qua lidade

p o lítica d a q u a lid ad e (3 .2 .4 )

in tenções e d ire trizes g loba is de um a organ ização, re lativas `a

qua lidade , fo rm alm en te exp ressas pe la A lta A dm in is tração

o b jetiv o d a q u a lid ad e (3 .2 .5 )

aqu ilo que é buscado ou a lm e jado re la tivo à qua lidade

m elh o ria co n tín u a (3 .2 .13) pa rte da gestão da qua lidade

focada no aum en to da capac idade de s a tis faze r os requ is itos da

qua lidade

A lta A d m in is traç ão (3 .2 .7 )

pessoa ou grupo de pessoas que d ir ige e

contro la um a o rgan izaç ão no m a is a lto n íve l

eficác ia (3 .2 .14) extensão na qua l as a tiv idades p lane jadas são rea lizadas e os

resu ltados p lane jados são a ting idos

s is tem a (3 .2 .1 ) con jun to de e lem entos que es tão in te r-re lac ionados ou

en in te raç ão

42

2.5 FRAUDES EM SISTEMAS DE GESTÃO

Um dos problemas que são alvo de preocupação dos dirigentes das organizações é

com aspecto de ocorrência de fraudes. Este problema é pouco mensurável em áreas técnicas,

mas existe maior exposição em áreas administrativas e financeiras pelo simples motivo da

manipulação de ativos financeiros. Não sendo alvo de análise em sistemas de gestão

preconizada em normas internacionais, este assunto acaba sendo mais analisado quando da

avaliação de negócios como um todo.

A realização de auditorias internas que visem à avaliação da existência ou não de

fraude nos diversos setores da organização, acarreta na exigência de uma qualificação

específica. Esta qualificação exige uma constante atualização do auditor em diversos ramos

do conhecimento. Por exemplo, para fraudes em sistemas informatizados, o conhecimento do

atendimento de requisitos estabelecidos na norma NBR ISO 17799 passa a ser obrigatório

uma vez que os requisitos estabelecidos neste documento procuram estabelecer barreiras a

fraudes que sejam possíveis de serem realizadas com o uso de sistemas informatizados ou

sistemas automatizados.

Portanto, o problema das fraudes em sistemas de gestão é um problema que é

analisado pelas empresas brasileiras. Este assunto foi abordado em documento de pesquisa

bianual (KPMG Foresinc, 2002) que apresenta pesquisa feita com mais de 1.000 empresas

que fazem parte das maiores do Brasil.

Das breves conclusões da pesquisa, pode-se ressaltar os problemas que diretamente

despertam a necessidade de um sistema de auditoria interna que consiga prevenir ou detectar

fraudes. Elas são:

“O índice geral de resposta foi de aproximadamente 20% (vinte por cento), bem

superior do que as respostas recebidas em 2000, o que indica a preocupação dos executivos

empresariais com a gravidade do problema.” Isto indica que, aproximadamente 200 empresas

responderam o questionário. Dentro deste universo, temos organizações com o seguinte perfil:

49% (quarenta e nove por cento) serem indústrias, 17% (dezessete por cento) na área de

serviços (à exceção de água & energia, serviços bancários e de seguros) e 16% da área de

comércio.

Destas, “76% (setenta e seis por cento) dos respondentes vivenciaram fraudes em

suas organizações.” O relatório adiciona que, das fontes identificadas, 48% (quarenta e oito

por cento) eram provenientes de pessoal de suporte, 31% (trinta e um por cento) de

43

funcionários em posição de supervisão, 19% (dezenove por cento) por funcionários em postos

de gerência e 2% (dois por cento) em postos de presidência e diretoria.

“85% (oitenta e cinco por cento) de todos os respondentes acreditam que a fraude é ou

pode tornar-se um grande problema para a sua empresa.”. Do exposto, dentro de uma visão

preventiva ou de atendimento a requisitos de normas de sistemas de gestão, é necessário o

estabelecimento de ações que inibam as fraudes para que elas não venham a se tornar um

grande problema.

“74% (setenta e quatro por cento) dos respondentes julgam que a fraude aumentará no

futuro – apenas 14% (quatorze por cento) acreditam que ela diminuirá”. Indicadores poderão

ser utilizados para comprovação que as medidas tomadas para prevenção de fraudes estejam

fornecendo a eficácia desejada.

“73% (setenta e três por cento) dos respondentes reconheceram que os montantes

envolvidos em fraude foram inferiores a R$ 1milhão, porém, em 46% (quarenta e seis por

cento)” dos casos, não se recuperou nenhuma parte do dinheiro.”. Desta afirmativa, conclui-se

que mecanismos de recuperação de perdas devem ser aprimorados.

“74% (setenta e quatro por cento) dos respondentes afirmaram que o crime organizado

representa uma ameaça/perigo para a indústria ou empresa, sendo que as maiores

preocupações são fraudes e roubos, bem como a utilização de informações privilegiadas.”. No

que se refere à informações privilegiadas, a segurança às informações deve ser reforçada.

“76% (setenta e seis por cento) afirmam que a espionagem corporativa representa uma

ameaça ou perigo para área que atua e/ou para a própria empresa.”. Sistemas de contra-

espionagem devem se utilizar de processos de segurança das informações.

Como resultado a pesquisa apresenta as principais ações que as empresas têm tomado,

por ordem de importância, os quais aproveito e insiro os comentários pertinentes a este

trabalho.

Na ação “1 – melhoria dos controles internos (84% fazem isso)” – A melhoria de

controles internos deve ser evidenciada de alguma forma para que se possa afirmar o

atendimento desta determinação. A auditoria interna é uma das formas de controle. A

auditoria interna é uma forma de controle onde a amostragem e a qualificação de quem realiza

a auditoria são de fundamental importância para garantir que o resultado retrate o total. As

auditorias internas podem ser utilizadas como forma de comprovação da melhoria dos

controles internos. A auditoria permitiria a comprovação da eficácia dos controles internos

adotados pela simples constatação de não repetição das fraudes anteriormente identificadas.

Entretanto, novas formas de fraude podem surgir e, para estas, o controle pode não ser eficaz.

44

A auditoria interna pode ser utilizado como um dos mecanismos de detecção de novas formas

de fraude e de validação de mecanismo de inibição ou impedimento desta nova forma de

fraude. Como o grau de eficácia de uma auditoria interna está diretamente relacionada à

qualificação dos auditores, pois através desta qualificação os auditores adquirem a

capacidade em detectar as fraudes, a melhoria do processo de qualificação dos auditores

influirá diretamente na credibilidade de comprovação da eficácia dos controles internos

adotados.

Na ação “2 – treinamento de pessoal (38%)” – A esta ação podemos entender que a

disseminação do conhecimento permite que mais pessoas possam identificar problemas, não

permitir a execução de desvios na operação da atividade, além de estarem capacitados a

executar ações que minimizem os efeitos de trabalhos que estejam em não conformidade. Um

dos benefícios da auditoria interna é a identificação da adequação da qualificação de recursos

humanos às atividades que executam. Quanto melhor qualificado o auditor maior a

possibilidade de detecção de algum tipo de disfunção de qualificação dos recursos humanos

relacionados ao trabalho que executa. O processo de auditoria é um dos mecanismos que

permite identificar a eficácia do treinamento do pessoal, garantindo que o investimento

empregado renda os resultados necessários.

Na ação “3 – elaboração de um manual de conduta (35%)”. Este tipo de ação está

diretamente relacionado à forma de atuação de cada um, como cada um pode verificar se o

comportamento do parceiro está adequado. Comportamentos não adequados podem ser

evidências para análises de fraude.

Na ação “4 – condução de investigações especiais”. Este tipo de ação está diretamente

relacionado ao processo de auditoria, mesmo que os empresários não tenham se utilizado

desta terminologia. Na NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001) em seu item 4.10.5 “Auditorias

adicionais” estabelece o seguinte requisito:

Onde a identificação das não-conformidades ou de desvios causar dúvidas sobre a conformidade do laboratório com suas próprias políticas e procedimentos, ou sobre sua conformidade com esta Norma, o laboratório deve garantir que as áreas de atividades apropriadas sejam auditadas de acordo com 4.13, o mais rápido possível.

O item 4.13 da referida norma relaciona os requisitos estabelecidos para as atividades

de auditoria interna. A eficácia das investigações especiais depende da qualificação dos

auditores que forem designados.

45

Na ação “5 - aumento de orçamento do departamento de auditoria interna (27%)”.

Indica claramente a importância da realização de auditorias internas. Os investimentos de um

departamento de auditoria interna estará diretamente relacionado ao aumento da realização

das auditorias, do aumento do quadro de auditores e da melhoria de qualificação dos novos e

dos atuais auditores.

Na ação “6 – sensibilização dos gerentes (26%)”. A importância do conhecimento dos

níveis de gestão para assegurar ações contra os problemas. A sensibilização dos gerentes

quanto a eficácia de aumento de controles internos, cuja uma das formas é a auditoria interna,

é destacada em posição inferior às atuações mais determinadas.

Na ação “7. rodízio de pessoal (14%)”. Para que seja possível realizar o rodízio de

pessoal, é necessário um maior investimento em qualificação de pessoal. O mesmo se aplica

quando da realização de rodízio de auditores na realização das atividades de auditoria interna.

Nas grandes corporações, não se consegue qualificar um auditor com competência para

realizar auditorias em todos os processos da organização. Assim sendo, é necessário que os

auditores sejam qualificados por grupos de processos. Para que as auditorias não venham a

ficar viciadas por causa da constante aplicação de um mesmo auditor, este deve ser,

periodicamente, substituído por outro auditor qualificado. Esta ação demanda a necessidade

de se ampliar à quantidade de auditores internos qualificados.

Conclui-se que a eficácia da ação 1 depende de alguma forma de comprovação que

exista uma real melhoria nos controles internos. Esta comprovação pode ser proveniente de

auditorias internas. A periodicidade de realização das auditorias permitiria a verificação da

melhoria dos controles internos com o passar do tempo.

A ação 4, por si só já indica a realização de um tipo específico de auditoria. A

auditoria interna é um tipo de investigação. Entretanto, de forma geral, a aplicação de uma

auditoria interna em seu sistema de gestão se utiliza de um processo de investigação formal,

de comum conhecimento entre as partes. Uma investigação de cunho fiscalizador não se

utiliza de processo de comunicação prévia.

Ações identificadas como 2, 3, 5, 6 e 7 são ações de efeito indireto onde a garantia de

obtenção do resultado desejado depende de comprovação direta. Esta comprovação poderia

ser fornecida através da aplicação da metodologia de auditoria interna.

As entrevistas realizadas durante este estudo com os responsáveis pelos sistemas de

gestão dos laboratórios não indicaram claramente a preocupação com fraudes. Todas as

demais abordados neste estudo foram citadas por um ou mais laboratórios.

46

Para esta falta de preocupação com as fraudes, estabelecemos uma hipótese a ser

confirmada em outro estudo, uma vez que a pesquisa executada pela KPMG indica

exatamente o contrário (KPMG Foresinc, 2002). A hipótese é que a não preocupação com

fraudes deve-se ao fato do sistema de gestão laboratorial estar diretamente relacionado com a

qualidade das calibrações e ensaios e não com os aspectos financeiros da própria organização.

A norma de referência para sistemas de gestão em laboratórios, a NBR ISO/IEC 17025

(ABNT, 2001), não aborda em seus requisitos questões financeiras do negócio, salvo aquelas

que possam diretamente comprometer os resultados das calibrações ou ensaios por

correlacionar o ganho das pessoas envolvidas na execução destas atividades com o volume ou

resultado final.

2.6 RODÍZIO DE COMPOSIÇÃO DE EQUIPE AUDITORA

Nos processos de reconhecimento de competência de laboratórios realizada pelo

INMETRO, existem diretrizes básicas de alteração da equipe avaliadora. Quando da

realização de uma avaliação inicial com vistas ao reconhecimento através do credenciamento,

é realizada uma seleção da equipe avaliadora que ficará responsável pelo processo de

avaliação. Normalmente, para estes casos são escolhidos os mais experientes.

Cada ciclo de contrato de credenciamento possui uma duração de 4 anos e isto

acarreta na realização de auditorias anuais, consideradas “supervisão”, cujo escopo de

auditoria é reduzido a 1/3 do escopo total avaliado inicialmente. Nestes processos de

supervisão, quando existe algum impedimento da equipe mais experiente ou de um de seus

membros, a equipe ou o membro com impedimento é substituído.

Quando não há nenhum impedimento, normalmente a equipe é mantida até o fim das

supervisões, quando é programada uma avaliação de “recredenciamento” no qual o escopo a

ser avaliado é todo o escopo no qual o laboratório encontra-se credenciado. Nestes casos,

normalmente, a equipe avaliadora deve ser diferente da equipe que realizou a avaliação

inicial.

Quando da alteração da equipe auditora, a maior preocupação é com o entrosamento

da nova equipe. Este entrosamento é melhorado à medida que os componentes da equipe vão

se acostumando uns aos outros. Treinamentos de reciclagem que considerem a participação de

47

um grande número de auditores favorecem o entrosamento da equipe nos trabalhos

posteriores.

2.7 QUALIFICAÇÃO DE AUDITORES PARA NOVAS ATIVIDADES

Também considerado como problema em avaliação da conformidade de sistemas de

gestão, uma vez que os auditores têm como responsabilidade a análise e estabelecimento de

parecer sobre adequação do sistema às necessidades. Novas atividades, ao serem inseridas,

geram um problema crítico de qualificação de auditores para a realização das auditorias. A

implantação de novas atividades gera ameaça à eficácia da auditoria interna em função da

pequena vivência da organização em relação ao assunto. Assim sendo, os auditados e

auditores sentem-se intranqüilos em virtude de dívidas que surgem decorrentes das diferentes

interpretações dos requisitos.

Em casos da necessidade de se realizar auditoria interna quando os auditores ainda não

se sentem confortáveis em sua prática, pode-se utilizar a experiência de auditores externos à

organização, que tenham sua competência avaliada para serem classificados como

qualificados para atuar como auditores internos. Algumas organizações utilizam organizações

de reconhecimento de qualificação de auditores ou de organismos de treinamento de auditores

para a aceitação de qualificação ou de parte da qualificação exigida.

Entretanto, em muitas áreas de atuação, pessoas com qualificação adequada para a

realização de auditorias internas em determinados processos podem somente ser provenientes

de organizações concorrentes, o que inviabiliza o seu uso. Portanto, neste caso específico, um

dos problemas a ser superado é de como se realizar uma qualificação adequada do auditor

interno em um curto espaço de tempo.

2.8 PRESSÕES COMERCIAIS, FINANCEIRAS E OUTRAS

Este item é abordado na 17025 porque afeta a competência na realização de ensaios

tecnológicos cuja metodologia de execução tem de ser previamente validada tecnicamente.

48

Nesta norma considera-se como pressão comercial a qualquer atividade que venha a

ser alterada em função da necessidade de se atender compromissos comerciais assumidos e

que possa diminuir a confiança no resultado. Esta alteração ou desvio pode ocorrer, por

exemplo, através da alteração da seqüência de execução e redução de tempo de execução.

Nesta norma considera-se como pressão financeira a qualquer atividade que venha a

ser alterada em função da necessidade das pessoas envolvidas em obter maiores resultados

financeiros diretamente decorrentes de sua atividade. Esta alteração ou desvio pode ocorrer,

por exemplo, através da alteração da seqüência de execução, da redução de tempo de

execução, da realização de uns volumes maiores de atividades, de onde se obterá ganhos

financeiros.

Nesta norma existe uma designação de outros para indicar tipos de pressão diferentes

das pressões comerciais e financeiras. Em alguns sistemas de gestão este tipo de pressão é

claramente identificado como pressões subordinadas onde o subordinado simplesmente

cumpre determinação superior, que não seja motivada por necessidade de resultados

específicos, provenientes de relacionamento comercial ou de necessidade financeira.

Considera-se, neste caso, as pressões provenientes ao desejo do superior hierárquico de

atendimento de suas próprias necessidades financeiras e políticas. Desta forma, entende-se

que a pressão financeira sob uma determinada função no sistema de gestão pode ser

interpretada como pressão subordinada, quando submetida a outra função do mesmo sistema

de gestão.

2.9 FALTA DE COMPROMETIMENTO DA GERÊNCIA SUPERIOR

Este item é abordado na NBR ISO/IEC 17025 no item 4.2.2.e onde exige do

laboratório que o comprometimento da gerência no atendimento aos requisitos da própria

norma. Este mecanismo faz com que se possibilite a determinação de não conformidade

quando a equipe auditora entender que a falta de comprometimento da gerência está

ocasionando o não atendimento integral dos requisitos da norma.

Além deste item específico, o item 4.2.4 refere-se à obrigatoriedade da definição das

atribuições e responsabilidades como uma forma de se permitir saber como a gerência está

organizada para garantir que os requisitos da norma sejam atendidos.

49

2.10 A QUALIFICAÇÃO DO AUDITOR

Para a qualificação de auditores internos devem–se entender todos os requisitos que

visam estabelecer parâmetros de avaliação do nível de competência dos mesmos. Tais

parâmetros, se adequadamente atendidos, configuram-se no estado da arte de reconhecimento

de competência dos auditores.

A qualificação de um auditor, no sentido clássico, é realizada através do atendimento a

requisitos estabelecidos nos documentos de referência do sistema de gestão que será auditado,

complementado pelos requisitos de qualificação fornecido em documentos específicos que

são exigências adicionais para determinados sistemas de gestão. Como exemplo pode ser

citado que, para aplicação da norma de sistema de gestão em laboratórios - a NBR ISO/IEC

17025 (ABNT, 2001) é imprescindível que a metodologia de realização da calibração ou

ensaio seja documentada e aplicada de forma complementar. As exigências a respeito da

apresentação são apresentadas no item 5.4 da norma, que se refere tanto a métodos

normalizados no âmbito internacional, regional ou nacional assim como métodos

desenvolvidos pelo próprio laboratório, seus clientes, outros laboratórios, etc....

Um auditor deve ser bastante observador, ter rapidez de raciocínio e demonstrar

grande poder de síntese. Esses elementos são cruciais para uma auditoria interna ser bem

sucedida. Também é ponto importante que o pessoal selecionado para compor uma equipe de

auditoria seja capaz de entender que o processo de auditoria é sério, e mesmo que

eventualmente tenha intimidade com as pessoas responsáveis pelas atividades que estão sendo

avaliadas, essa intimidade não deve prevalecer durante a auditoria. Essa capacidade

individual necessita ser aprimorada nas pessoas que desejam exercer o papel de auditor. A

intimidade durante a auditoria pode comprometer o poder de análise e investigação do

auditor, o que prejudica a auditoria como um todo. Naturalmente o auditor deve ser polido e

educado, além de saber verbalizar suas idéias com clareza.

Um técnico atuante em atividades, como o nome sugere, deve ter formação técnica

adequada às atividades que executa. A técnica está relacionada ao foco da atividade fim de

um negócio. A técnica está, então, relacionada ao que o cliente deseja adquirir. Sejam bens ou

serviços. As técnicas com que se atende as necessidades de um cliente podem ser das mais

variadas formas. Um negócio que fornece treinamento é diferente de um laboratório de

calibração ou ensaios, apesar de ambos fornecerem um tipo específico de serviço. Em ambos

os casos, as técnicas serão muito diferentes. No primeiro caso a técnica de se organizar e

50

ministrar os treinamentos enquanto que no segundo serão as técnicas relacionadas à

calibração de instrumentos de medição ou de ensaios de diferentes tipos e formas de produtos

tais como eletrodomésticos ou software sendo executado em um determinado sistema

computacional. Considerando um auditor de uma atividade técnica, isso não pode ser

diferente.

Um auditor interno de um laboratório deve conhecer as terminologias envolvidas nos

processos de calibração ou ensaio que avaliará, as técnicas de execução do trabalho e todo o

conhecimento agregado que lhe permita realizar análise de competência das pessoas que

executam as atividades laboratoriais de forma adequada.

Uma formação de nível superior pressupõe um embasamento teórico que permitiria a

um candidato a auditor poder exercer seu aprimoramento em diversas áreas de atuação com

menor necessidade de treinamentos específicos ou experiência ou desenvolvimento de

habilidades, que poderiam ter sido desenvolvidos no decorrer do processo de formação

superior. Aqui é reforçado o ganho que o laboratório terá no processo de auditoria se os

auditores tiverem formação de nível superior em área técnica correlata com a atividade

avaliada, ou de nível médio com suficiente habilidade, experiência e treinamento. Entretanto o

processo de formação deve ser avaliado na prática para que possamos comprovar sua eficácia.

O diploma não pode servir como referendo da avaliação de longo prazo preconizado

no item 4.5.1 da NBR ISO 10015 (ABNT, 2001) “Os resultados do treinamento em geral não

podem ser plenamente analisados e validados até que o treinando possa ser observado e

avaliado no trabalho.”. A aplicação desta norma foi desenvolvida para aplicação da

terminologia “educação”, como apresentado em seu capítulo “Introdução”, que surge nas

normas da série ISO 9000, que é considerada sinônimo do termo “formação” existente na

17025.

O auditor de uma atividade técnica deve ter um treinamento mínimo na atividade que

vai avaliar. A recomendação é que, a cada 3 anos, no máximo, esse treinamento seja

completamente atualizado, no que for necessário. Esta diretriz atende o item 7-1 do KPI (EA,

2002). Daí a importância que os laboratórios devem dar à participação de seu pessoal em

congressos, feiras técnicas e simpósios, etc. A qualificação de RH (recursos humanos) é um

ponto de diferenciação entre as organizações laboratoriais comprometidas com a qualidade,

tendo sempre mais sucesso aquelas que incentivam seus técnicos a participarem desses

eventos. Muitas vezes as organizações desprezam a necessidade do treinamento técnico de

seus auditores, mas uma leitura cuidadosa da Nota 2 do item 5.2.1 da NBR ISO/IEC 17.025

51

deixa claro que o auditor precisa conhecer bem a técnica que irá avaliar, uma vez que realizar

uma auditoria interna nada mais é do que expressar “... opiniões e interpretações ...”.

Embora nem sempre seja possível, é interessante que o auditor tenha experiência na

execução prática da atividade avaliada, apesar de ser requisito de norma que ele não esteja

diretamente ligado a ela. Poucas instituições atentam para essa necessidade, infelizmente.

Esse aparente paradoxo pode ser facilmente contornado com o sistema de rodízio de pessoal

mas que possui o agravante de problema como apresentado no item 2.2 deste documento. A

realização da atividade técnica que será alvo de sua auditoria interna deve ser realizada pelo

auditor (executada pessoalmente, não apenas atuando como observador), ao menos uma vez

por semestre. Naturalmente a supervisão por um técnico capacitado na atividade é

importante, para não dizer imprescindível.

A habilidade do auditor na execução da atividade técnica que está avaliando é um

ponto menos importante entre todos os aqui apresentados. Não há necessidade de um auditor

ser um prático de execução da mesma atividade que se encontra avaliando porque a forma de

execução de tais ensaios pode variar, não sendo excludente em outras atividades. O auditor

deve ter habilidades específicas, dependendo do grau de necessidade de tais habilidades

perante os ensaios em questão, mas não necessariamente na atividade avaliada. Toda vez em

que isso foi observado, a auditoria apresentou melhores resultados. O mais importante é que

este auditor possua a habilidade suficiente em anotar, analisar e registrar. Isso não deve ser

considerado uma contradição ao que se pretende dizer com Treinamento Técnico, pois ter

habilidades particulares em uma atividade independe, até certo ponto, de ter sido treinado na

técnica.

Na NBR ISO 19011 item 7.4.1.d é apresentada a seguinte redação: d) “Experiência em

auditoria nas atividades descritas na seção 6.” [N. A. – Atividades de auditoria], não

possuindo nenhum requisito diretamente relacionado à habilidades, para confirmar o

posicionamento sobre o assunto.

Normalmente um especialista conhece os requisitos definidos em normas técnicas por

se tratar de um assunto intensamente interligado ao conhecimento necessário à sua atuação.

Requisitos adicionais como legislação, sistemas de gestão e outros podem não ser de seu

conhecimento pleno, em função de sua pouca utilização no dia-a-dia. Por exemplo,

normalmente conhecimento de legislação pertinente, mesmo que afete o trabalho do

especialista, é de conhecimento de outras funções na organização, devido a algum tipo de

afinidade de formação ou de execução de atividades.

52

2.11 ANÁLISE DE NORMAS E OUTROS DOCUMENTOS

Dentre as normas que estabelecem requisitos para diferentes sistemas de gestão podem

ser citadas as NBR ISO/IEC 9001 (ABNT, 2000), NBR ISO 14001 (ABNT, 1996), ABNT

ISO/IEC Guia 62 (ABNT, 1997), ABNT ISO/IEC Guia 66 ABNT, (2001), ISO/IEC 17020

(ISO/IEC, 1998) e NBR ISO/IEC 17.025 (ABNT, 2001).

A NBR ISO 9001 (ABNT, 2000) estabelece os requisitos que uma organização deve

atender em seu sistema de gestão. O atendimento a estes requisitos permite que a organização

demonstre sua capacidade de fornecer produtos que atendam requisitos de clientes e requisitos

regulamentares aplicáveis. Este sistema visa aumentar a satisfação dos clientes com a

organização. Há um consenso internacional do uso de organismos certificadores, que são

credenciados por organismos credenciadores, executam as atividades de reconhecimento do

sistema de gestão que, no Brasil é designado de certificação. As organizações que desejam

obter a certificação devem qualificar seus auditores internos, considerando critérios de

recrutamento e seleção que considerem o documento NIT-DICOR-005 (INMETRO, 2002).

Este critério estabelece que o treinamento deve atender requisitos estabelecidos na NIT-

DICOR 064 (INMETRO, 2003).

A NBR ISO 14001 (ABNT, 1996) estabelece os requisitos que uma organização deve

atender em seu sistema de gestão ambiental, integrado ou combinado a outros sistemas de

gestão. O atendimento a estes requisitos permite que a organização demonstre sua capacidade

de equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades sócio-

econômicas. Há um consenso internacional do uso de organismos certificadores, que são

credenciados por organismos credenciadores, executam as atividades de reconhecimento do

sistema de gestão que, no Brasil é designado de certificação. As organizações que desejam ser

certificada devem qualificar seus auditores internos, considerando critérios de recrutamento e

seleção que considerem o documento NIT-DICOR-006 (INMETRO, 2002).

A ABNT ISO/IEC Guia 62 (ABNT, 1997) estabelece os requisitos que uma

organização deve atender em seu sistema de gestão para que venha a atuar como organismo

que opere avaliação e certificação / registro de sistemas da qualidade. O atendimento a estes

requisitos permite que a organização demonstre sua capacidade de gerir um sistema de

certificação/registro por terceira parte de forma consistente e confiável. Desta forma, pode ser

utilizado como base para um processo de reconhecimento nacional ou internacional. O

requisito deste sistema descrito no documento não apresenta de forma clara e inequívoca

53

quais sejam os critérios para qualificação de seus auditores (ABNT, 1997, item 2.1.6 p.5). Os

requisitos no documento definem que o organismo deve verificar se o sistema está

implementado e eficaz. Entretanto, considerando-se que, para a realização da auditoria interna

de seu sistema de gestão tenha necessidade de identificar ou qualificar auditores competentes

para sua realização, e considerando que se deseje a garantia da qualidade do produto (em

relação a este tipo de organização é a realização de avaliação ou certificação/registro de

sistema da qualidade), deduz-se pela necessidade dos auditores atenderem os requisitos

considerados na NBR ISO 19011 (ABNT, 2002).

A ABNT ISO/IEC Guia 66 (ABNT, 2001) estabelece os requisitos que uma

organização deve atender em seu sistema de gestão para que venha a atuar como organismo

que opere avaliação e certificação /registro de sistemas de gestão ambiental (SGA). O

atendimento a estes requisitos permite que a organização demonstre sua capacidade de gerir

um sistema de avaliação e certificação/registro por terceira parte de forma consistente e

confiável. Desta forma, pode ser utilizado como base para um processo de reconhecimento

nacional ou internacional. O requisito deste sistema descrito no documento citado não

apresenta de forma clara e inequívocas quais sejam os critérios para qualificação de seus

auditores no elemento referente a auditorias internas e análises críticas pela administração

(ABNT, 2001, item 4.1.6 p.6). Os requisitos no documento definem que o organismo deve

verificar se o sistema está implementado e eficaz. (ABNT, 2001, item 4.1.6.1 p.6). Entretanto,

considerando-se que, para a realização da auditoria interna de seu sistema de gestão tenha

necessidade de identificar ou qualificar auditores competentes para sua realização, e

considerando que se deseje a garantia da qualidade do produto (em relação a este tipo de

organização é a realização de avaliação ou certificação/registro de sistema de gestão

ambiental), deduz-se pela necessidade dos auditores atenderem os requisitos considerados na

NBR ISO 19011 (ABNT, 2002).

A ISO/IEC 17.020 (ISO/IEC, 1998) estabelece os requisitos para o sistema de gestão

de organismos de inspeção. O requisito deste sistema descrito no documento citado exige que

o auditor seja adequadamente qualificado e independente das atividades que audite (ISO/IEC,

1998, item 7.7, p.3). Os requisitos no documento definem que o organismo deve verificar se o

sistema está atendendo os requisitos e a efetividade do sistema da qualidade. (ISO/IEC, 1998,

item 7.7 p.3). Como o próprio critério estabelecido na norma aborda seu sistema como um

sistema da qualidade e considerando que se deseje a garantia da qualidade do produto (em

relação a este tipo de organização é a realização de atividades de inspeção), deduz-se pela

54

necessidade dos auditores atenderem os requisitos considerados na NBR ISO 19011 (ABNT,

2002).

A NBR ISO/IEC 17.025 (ABNT, 2001) estabelece os requisitos de competência para

laboratórios de calibração e ensaios, sendo esse o alvo deste trabalho. Há um consenso

internacional das formas segundo as quais os requisitos da qualidade são avaliados pelos

organismos responsáveis pelo reconhecimento da competência de laboratórios, tal como, por

exemplo, o sistema de credenciamento de laboratórios realizado pelo Inmetro que faz uso

desta norma como documento de requisitos, além de outros documentos próprios que são

desenvolvidos a partir de outros documentos internacionais.

O esquema de credenciamento adotado pelo Inmetro atende a diretrizes internacionais

estabelecidas nos fóruns do ILAC (International Laboratory Accreditation Committee) de

forma a atender o reconhecimento internacional estabelecido pelo ILAC (ILAC G1, 1994) e o

regional definido pela EA (European Co-operation for Accreditation) (EA 2/02, 1998). Os

procedimentos adotados para esse fim não fazem parte do escopo deste trabalho, e portanto

não serão discutidos amiúde. Apenas vale a observação de que qualquer que seja o sistema de

avaliação de uma organização quanto a sua competência em relação aos requisitos de sistemas

de gestão da qualidade, ambiental, da competência laboratorial ou outros, a auditoria interna é

um elemento obrigatório.

Mesmo normas de diretrizes de desempenho, tal como a NBR ISO 9004 (ABNT, 200)

e a NBR ISO 14004 (ABNT, 1996), apresentam informações relevantes da necessidade de

estabelecimento de um sistema de auditoria interna confiável.

No entanto, uma organização preocupada com a funcionalidade de seu sistema de

gestão não deve considerar a auditoria interna uma mera obrigação para alcançar a

certificação ou o credenciamento. Fato comprovado em diversos processos de avaliações de

diferentes sistemas de gestão, o almejado reconhecimento da qualidade gerencial de uma

organização passa obrigatoriamente por um eficiente processo de planejamento e execução de

auditorias internas em seu sistema.

A qualificação do corpo de auditores internos é um ponto nem sempre muito bem

abordado nos sistemas de gestão. Como pode–se facilmente teorizar, a eficácia e eficiência

da auditoria interna dependem diretamente da capacitação dos auditores, respectivamente em

relação aos requisitos técnicos e dos de sistema. Não raramente, as organizações delegam

essa atividade às vezes considerada enfadonha para pessoas não muito solidamente

preparadas, ou que não tenham formação apropriada. O resultado nesses casos não pode ser

diferente de uma auditoria que não cumpre adequadamente o seu papel no sistema de gestão.

55

Esse é um importante fator de desperdício de recursos humanos (potencialidades individuais

mal exploradas) e de horas de serviço (atividade mal desempenhada), que acarretam em um

desperdício de recursos (tempo de pessoal disponível). Desta forma o desenvolvimento de

uma metodologia que permita identificar corretamente as necessidades de qualificação de

pessoal que será utilizado nas atividades de auditoria interna, e que permita traçar o perfil do

pessoal quanto às capacidades inatas e desenvolver habilidades específicas seria de grande

interesse para as organizações. Um modelo de sistema de gestão de qualificação de auditores

internos que atenda a estes objetivos gera uma clara economia de recursos para a organização

e que não deve ser menosprezada.

Após a realização da identificação das necessidades de qualificação, como segundo

passo de relevante importância, existe a necessidade de se equacionar as atividades de

planejamento, execução e avaliação dos treinamentos que forem ministrados aos candidatos a

auditor. Para este conjunto de atividades, a ISO desenvolveu e a ABNT traduziu e implantou

como norma brasileira a NBR ISO 10015 (ABNT, 2001). Esta norma reflete as diretrizes da

ISO consideradas relevantes no que se refere à treinamentos. Esta norma é indicada como

aplicável para a interpretação de referências às terminologias “educação” e “treinamento”

existentes nas normas da série ISO 9000, traduzidas e implementadas como normas brasileiras

da série NBR ISO 9000.

A experiência é obtida com a prática de execução, para o qual deva existir um

planejamento muito semelhante ao que empregamos na parte de treinamento.

A habilidade, dependendo do tipo que se deseje desenvolver, pode ser desenvolvida

através de treinamentos ou na própria absorção da experiência.

A norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) fornece orientação sobre a gestão de

programas de auditoria, como proceder a sua realização e como atuar nas questões relativas à

competência e avaliação de auditores, sejam para ser utilizados em auditorias internas ou

externas. Esta norma foi desenvolvida especificamente para as auditorias de sistemas da

qualidade e auditorias de sistemas de gestão ambiental. Entretanto, ela foi desenvolvida de

uma forma flexível de maneira a poder ser aplicada em outros sistemas de gestão. Então, a

priori, seu próprio desenvolvimento permite que, com as adaptações e extensões aplicáveis ao

caso, poderia ser aplicável aos critérios de qualificação de auditores para sistemas

laboratoriais baseados na NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001).

A integração dos requisitos de competência e avaliação de auditores definidos na NBR

ISO 19011 (ABNT, 2002, item 7,p.18) com o documento que referencia os critérios de

qualificação e competência para auditores de laboratório definido como ILAC G11 (ILAC,

56

1998, p.7) permitira atender à necessidade de requisitos atualizados para um sistema de gestão

de qualificação de auditores internos. Para o INMETRO, o documento ILAC tem sido

utilizado, na prática, como referência na qualificação de auditores internos de sistemas de

gestão de laboratórios em virtude de existir a falta de uma diretriz clara sobre o assunto em

termos de normas internacionais. O INMETRO adota seu entendimento como requisito para

seus avaliadores. O documento ILAC aplica-se aos avaliadores de sistemas de gestão de

laboratórios dos organismos credenciadores. Isto é, os auditores externos que avaliam este

tipo de sistema de gestão e não aos auditores internos. A norma NBR ISO 19011 (ABNT,

2002, item 7,p.18) abre a possibilidade de seu uso em outros sistemas (considero, aqui o

sistema de gestão laboratorial) desde que as adaptações e extensões necessárias sejam

identificadas e consideradas.

Considerando-se o documento G11 (ILAC, 1998) como referência, nos deparamos

com uma tabela que resume o sumário das funções das pessoas envolvidas em avaliações. Das

informações contidas nesta tabela, incluímos as anotações de (1) a (7) para esclarecer pontos

que, por ventura, não tenham sido claramente esclarecidos.

57

FUNÇÃO AVALIADOR AVALIADOR TÉCNICO DE ESPECIALISTA

EXERCIDA LÍDER TÉCNICO CREDENCIAMENTO TÉCNICO

(1) (2) (3) (4) (5)

Conduzir a avaliação da

competência técnica em áreas

específicas de calibração e

ensaio.

O P O X

Conduzir avaliação do sistema

de gestão da qualidade do

laboratório

P O O X

Liderar e coordenar atividades

dos membros da equipe

P X O X

Avaliar desempenho de

membro da equipe

O O (6) O (7) X

Fornecer aviso sobre políticas

e regulamentos dos organismos

credenciadores

O X P X

Fornecer experiência técnica O P O P

(1) Considera-se a função diretamente exercida nos processos de auditoria.

(2) Pessoa responsável pela execução da auditoria e responsável por conduzir auditoria no âmbito

gerencial. Também pode executar auditorias no âmbito técnico, nas áreas de sua competência.

(3) Pessoa capaz de conduzir auditoria só no âmbito técnico.

(4) Pessoa que supervisiona os processos de auditoria. Equivalente ao responsável pelo sistema de gestão

nas auditorias internas.

(5) Pessoa com conhecimento técnico, que pode participar da equipe auditora mas não realiza auditoria em

função de não se encontrar oficialmente qualificado como auditor.

(6) Em alguns sistemas pode possuir qualificação para avaliar um especialista.

(7) Em alguns sistemas, dependendo de sua qualificação, pode avaliar um avaliador líder, um avaliador

técnico ou um especialista. Pode participar da auditoria como um auditor técnico.

O – outra função possível de ser exercida

P – função principal que exerce na equipe

X – não exerce esta função

Quadro 3 – Funções no processo de auditoria

58

2.12 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO/IEC 17025

Na NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), no item 4.13.1 existe a indicação de que os

auditores devem ser treinados e qualificados. Não há uma clara menção sobre que

metodologia adotar para a comprovação do conceito de “treinado” e “qualificado”. No item

5.2.1 o requisito definido é: “O pessoal que realiza tarefas específicas deve ser qualificado

com base na formação, treinamento, experiência apropriados e/ou habilidades demonstradas,

conforme requerido”.

A seguir, no item 5.2, nota 2 existe uma clara referência a quem pode ser considerado

qualificado para emissão de opiniões e interpretações onde, “além das qualificações,

treinamento, experiência apropriada e conhecimento satisfatório do ensaio realizado, também

tenha”:

- conhecimento pertinente da tecnologia usada para a fabricação de itens, materiais, produtos

etc..ensaiados, ou o modo como estes são usados ou a forma como se pretende usá-los, e dos

defeitos e degradações que possam ocorrer durante ou em serviço;

- conhecimento dos requisitos gerais expressos na legislação e nas normas; e,

- um entendimento da importância dos desvios encontrados, referentes ao uso normal dos

itens materiais, produtos etc. em questão.”.

A norma é extremamente econômica nas atribuições necessárias para qualificar os

auditores internos das organizações. No item 4.13.1, como anteriormente mencionado, em

uma única frase, a norma estabelece que aos auditores devem ser treinados e qualificados e,

preferencialmente independentes da atividade a ser avaliada. Nesse ponto a norma cumpre

muito bem o seu papel, no sentido de não impor regras muito detalhadas para a escolha da

equipe auditora. Ela dá, portanto, um voto de confiança à maturidade do sistema de gestão da

organização e, em última análise a seu responsável, que também deve ser o responsável pelo

planejamento das auditorias internas.

Um laboratório que disponha de um sistema de gestão maduro e, como conseqüência,

esteja comprometido com seus resultados a curto, médio e longo prazo, não toma medidas

sem uma análise profunda de suas conseqüências. Desta forma, necessita saber com mais alto

grau de confiança possível qual o grau de eficácia de seu sistema de gestão, como está a

alteração de seu grau de eficiência e, se possível, o grau de efetividade de seu sistema junto de

seus atuais e potenciais clientes. Um laboratório que está atento às diferentes formas de

reconhecimento de sua competência observa uma homologação, certificação ou

59

credenciamento, como um resultado a ser obtido da qualidade de seu sistema de gestão e não

como um fim de si próprio. Em suma, um laboratório cujo sistema de gestão esteja

amadurecido, reconhece que os diferentes reconhecimentos fornecidos por diferentes

entidades servem como elementos de indicação a seus clientes da constante busca “por algo

melhor”. Desta forma, o laboratório está consolidando o vetor da qualidade denominado

“imagem”, que irá se refletir no valor de “qualidade” que o cliente terá deste mesmo

laboratório.

Portanto um sistema de gestão que se encontre neste estágio, vai entender muito bem

quão a fundo deve investir no treinamento de seus auditores, atentando para as qualificações

prévias e necessárias. Quanto melhor a qualificação dos auditores e a realização do processo

de auditoria interna, mais a organização poderá comprovar que atende aos requisitos dos

reconhecimentos que deseja obter e manter.

Por outro lado, os laboratórios que ainda estejam em processo de consolidação dos

conceitos da qualidade em seus sistemas de gestão têm dificuldade em entender o que seja

necessário para qualificar seus auditores internos, e quais seriam os passos a serem cumpridos

para que os requisitos de formação, treinamentos, experiência e habilidades fossem

completamente atendidos. Tais passos seriam imprescindíveis para a comprovação que o

sistema de gestão possui a conformidade necessária para atingir o reconhecimento de

competência. O modo lacônico de a norma colocar a questão deixa poucas pistas para os

laboratórios inexperientes e este fato deixa muitas dúvidas quanto à certeza da interpretação

adequada. Não deve ser raro o fato de laboratórios inexperientes interpretarem erroneamente

como devem considerar seus auditores internos treinados e qualificados..

A partir do estudo minucioso da própria norma, pode–se obter uma importante diretriz

para estabelecer o que seria necessário para qualificar auditores internos. A auditoria interna

é um requisito de sistema definido no elemento 4.13 da NBR ISO/IEC 17.025 que se refere a

um conjunto de atividades que visa a identificação do grau de conformidade do sistema no

atendimento de requisitos. Esta auditoria é, certamente, uma atividade técnica, uma vez que

ela deve cobrir além da verificação das atividades gerenciais, também as atividades técnicas

de “... ensaio e/ou calibração”. Ora, assim sendo, o auditor não pode ser enquadrado em outra

figura dentre os requisitos técnicos que não como “Pessoal”. Ou seja, um auditor deve

cumprir os requisitos do item 5.2 da norma. Segundo esta abordagem, talvez não muito

ortodoxa, fica claro que o auditor é uma pessoa que “... deve ser qualificada com base na

formação, treinamento, experiência apropriada e/ou habilidades demonstradas...”, segundo o

item 5.2.1 da NBR ISO/IEC 17.025.

60

Como o auditor deve ser qualificado e possuir competência para auditar esta função no

sistema, consideramos como mesmo requisito para o auditor. Este detalhamento é

complementar ao que está descrito na NBR ISO 19011 (ABNT, 2002, item 7,p.18) e é muito

semelhante ao descrito no documento ILAC G11 (ILAC, 1998, p.7) onde no item 2 são

estabelecidos os critérios para avaliadores/auditores.

Nos casos de treinamentos para qualificação de auditores para laboratório, que o

INMETRO se utiliza para executar o seu programa de avaliação da conformidade, o curso

deve atender o disposto no ILAC G3 (ILAC, 1994). No Brasil, o INMETRO como organismo

credenciador, necessita qualificar os auditores que são utilizados nas auditorias de terceira

parte, quando dos processos de reconhecimento de competência. O curso de formação de

avaliadores de laboratório estabelecidos pelo INMETRO atende o disposto no documento

ILAC G3 (ILAC, 1994) e o documento EAL-G10 (EAL, 1993) para que fosse possível a

obtenção do reconhecimento mútuo entre o INMETRO e os outros organismos signatários do

ILAC e EA que participaram do esquema de “Peer Evaluation” e assinaram os acordos de

reconhecimento. Este acordo de reconhecimento mútuo é gerenciado pela DICLA que

pertence a CGCRE.

No que se refere a um sistema de gestão de laboratório, com a aplicação dos requisitos

da NBR ISO/IEC 17025, o valor de uma auditoria bem executada é incomensurável, uma vez

que esse processo de diagnóstico tem características muito interessantes e particulares entre

todos os previstos nas normas de qualidade. Podemos listar alguns, ressaltando que não são

os únicos:

A auditoria interna deve ser feita por um corpo de pessoas engajadas no processo de

desenvolvimento do sistema da qualidade da instituição, uma vez que “... devem ser

realizadas por pessoal treinado e qualificado...” (veja o item 4.13.1 da NBR ISO/IEC

17.025);

Os auditores devem, sempre que possível, avaliar atividades que não executem e,

portanto, devem ser suficientemente isentos para avaliar com probidade;

O processo de auditoria interna deve avaliar, preferencialmente com periodicidade não

superior a um ano, “... todos os elementos do sistema da qualidade...” (retirado

também do item 4.13.1 da NBR ISO/IEC 17.025);

A partir do exposto acima, fica clara a importância da auditoria interna como elemento

chave da avaliação de um sistema de gestão laboratorial, uma vez que tem seus alicerces

conceituais na isenção do processo, abrangência completa e obrigatória do SG e competência

61

dos auditores. A despeito dessas características, muitas organizações negligenciam a

importância da auditoria interna, e perdem uma importante fonte de aprimoramento de seus

sistemas.

2.13 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO 19011 x ILAC G11

Uma profunda análise bibliográfica sobre assuntos relacionados ao perfil psicológico

de auditores psicológicos não foi alvo de estudo neste trabalho. Este trabalho procurou

comparar os requisitos estabelecidos nas normas e buscar o entendimento do significado dos

mesmos, quando apresentados.

Considerando-se como referência a NBR ISO 19011 (ABNT, 2002), observamos que

a primeira frase no item 7.1 considera que a segurança e confiança no processo de auditoria

dependem da competência dos que as conduzem e está baseado na demonstração de atributos

pessoais, que é apresentada no item 7.2 e na capacidade de aplicar conhecimentos e

habilidades, que é apresentada no item 7.3, que devem ser adquiridos através de educação,

experiência profissional, treinamento em auditoria e experiência em auditoria, apresentada no

item 7.4.

A norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002), em seu item 7.2 – atributos pessoais, indica

que atributos pessoais um auditor convém possuir de forma que possa atuar de acordo com os

princípios definidos no item 4. Evidenciou-se que esta norma, do item 7.2. a ao item 7.2.i,

apresenta alguns atributos idênticos aos estabelecidos no documento ILAC G11 (ILAC, 1998,

p.7). Como exemplo pode ser citada a equivalência do atributo “mente aberta” definida no

item 7.2.b da NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) e no item 2.1.1.1 do ILAC G11 (ILAC, 1998,

p.7).

Outro atributo que pode ser citado como exemplo é o denominado “tenacidade”, que á

abordado no item 7.2.g da norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) e no item 2.1.1.2 do ILAC

G11 (ILAC, 1998, p.7).

Os atributos pessoais que um auditor deve possuir são comparados entre os

documentos na tabela 5.2 a seguir:

62

ATRIBUTO NBR ISO ILAC

PESSOAL 19011 G 11

Ser ético. 7.2.a -

Ser amadurecido. - 2.1.1.1

Ter mente aberta. 7.2.b 2.1.1.1

Ser diplomático 7.2.c -

Ser analítico - 2.1.1.2

Ser observador 7.2.d -

Ser perceptivo 7.2.e 2.1.1.3

Ser versátil 7.2.f -

Ser tenaz 7.2.g 2.1.1.2

Ser decisivo 7.2.h -

Ter julgamento adequado - 2.1.1.2

Ser autoconfiante 7.2.i -

Quadro 4 – Comparação de atributos pessoais em normas

Para o entendimento do significado de cada um dos atributos pessoais definidos, a

seguir apresentamos um quadro 5 com o significado da terminologia e o documento de

referência adotado.

ATRIBUTO ENTENDIMENTO DOCUMENTO

PESSOAL DO ATRIBUTO DE REFERÊNCIA

Ser ético. Ser justo, sincero, honesto e discreto. NBR ISO 19011

Ser amadurecido. [ Não há descrição no documento. ] ILAC G 11

Ter mente aberta. Disposto a considerar idéias ou pontos de vista alternativos. NBR ISO 19011

Ser diplomático Com tato para lidar com pessoas. NBR ISO 19011

Ser analítico [ Não há descrição no documento. ] ILAC G 11

Ser observador Ativamente atento à circunvizinhança e às atividades físicas. NBR ISO 19011

Ser perceptivo Instintivamente atento e capaz de entender situações. NBR ISO 19011

Ser versátil Se ajuste prontamente a diferentes situações NBR ISO 19011

Ser tenaz Focado em alcançar objetivo. NBR ISO 19011

Ser decisivo Conclusões são baseadas em razões lógicas e análise. NBR ISO 19011

Ter julgamento

confiável

[ Não há descrição no documento. ] ILAC G 11

Ser autoconfiante Ser independente, enquanto interage de forma eficaz NBR ISO 19011

Quadro 5 – Entendimento dos atributos pessoais em normas

63

A principal diferença entre o documento ILAC e ISO é que o documento ILAC indica

poucos atributos pessoais mas indicam objetivos a serem alcançados com a aplicação dos

objetivos definidos. No caso do documento ISO, existe um grande número de atributos

pessoais definidos mas não são descritos objetivos que se deseja alcançar com a aplicação de

tais requisitos. Neste caso, o documento da ISO deixa de forma subjetiva os resultados que

devem ser alcançados. Esta forma de subjetividade pode necessitar de interpretação específica

para que a uniformidade do critério seja mantida entre diferentes sistemas de gestão que

utilizem o mesmo documento como referência.

O quadro 6 a seguir apresenta os itens existentes no documento ILAC G11 (ILAC,

1998) onde são definidas as aplicações do atributo pessoal.

APLICAÇÃO DO NBR ISO ILAC

ATRIBUTO PESSOAL 19011 G 11

Obtenção e avaliação da evidência objetiva com justiça. 7.2.a 2.1.2.1

Manter-se aos propósitos da avaliação sem medo ou favor. 7.2.g 2.1.2.2

Avaliar constantemente efeitos das observações. ----- 2.1.2.3

Avaliar constantemente as interações pessoais. ----- 2.1.2.3

Tratar pessoal de forma a melhor obter os objetivos da auditoria. 7.2.c 2.1.2.4

Reagir com sensitividade às convenções 7.2.e 2.1.2.5

Não desviar por distrações. ----- 2.1.2.6

Atenção total e suporte ao processo de avaliação. 7.2.i 2.1.2.7

Reagir efetivamente em situações de estresse. 7.2.f 2.1.2.8

Obter conclusão aceitável baseada nas observações. 7.2.h 2.1.2.9

Manter conclusão se alteração não for baseada em evidência. ----- 2.1.2.10

Quadro 6 – Aplicação dos atributos pessoais em normas

A norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002), em seu item 7.3 – conhecimentos e

habilidades dividem a estrutura de qualificação dos auditores em 4 níveis.

O primeiro nível, abordado no item 7.3.1 – Conhecimento e habilidades genéricas de

auditores de sistemas de gestão da qualidade e sistema de gestão ambiental - estabelece um

nível mínimo de conhecimento para quem for atuar em um destes 2 segmentos de gestão.

Neste primeiro nível, a NBR ISO 19011 (ABNT, 2002, p.19), estabelece os critérios em 3

áreas:

- Princípios, procedimentos e técnicas de auditoria de acordo com o item 7.3.1.a.

64

- Sistema de gestão e documentos de referência de acordo com o item 7.3.1b.

- Situações organizacionais de acordo com o item 7.3.1.c.

- Leis, regulamentos e outros requisitos pertinentes à disciplina aplicáveis de acordo

com o item 7.3.1.d.

O segundo nível, abordado no item 7.3.2 – Conhecimento e habilidades genéricas de

líderes de equipe de auditoria – estabelece um nível mínimo para qualificação de líder de

equipe de auditoria. Como estaremos nos restringindo a auditorias de primeira parte, estes

requisitos podem ser dispensáveis aos auditores, caso o sistema de gestão do laboratório não

indique que os auditores devam ter perfil de líderes, como requisito mínimo de qualificação.

Alguns laboratórios indicam em seus sistemas de gestão que um auditor qualificado para

realizar as auditorias internas considerando os capítulos 4 – Requisitos gerenciais e 5 –

Requisitos técnicos, deve ter concluído um curso de Lead Assessor de ISO 9000 ou

equivalente. Isto ocorre porque este tipo de treinamento aborda os requisitos de liderança,

direção de reuniões e comunicação em auditorias. O segundo nível, abordado como item 7.3.2

– Conhecimento e habilidades genéricas . . . – da NBR ISO 19011 (ABNT, 2002, p.19)

estabelece os critérios em outros atributos pessoais, indica que atributos pessoais um auditor

convém possuir de forma que possa atuar de acordo com os princípios definidos no item 4.

Evidenciou-se que a norma NBR ISO 19011 (ABNT, 20002), itens 7.2 de “a” até “i”,

apresenta alguns atributos idênticos aos estabelecidos no documento ILAC G11 (ILAC, 1998,

p.7), tal, como por exemplo o atributo de “mente aberta” no item 7.2.b da NBR ISO 19011

(ABNT, 2002) e item 2.1.1.1 do ILAC G11 (ILAC, 1997, p.7). Outro item que pode ser citado

como exemplo é a “tenacidade”, que á abordado pela norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002)

no item 7.2.g e no item 2.1.1.2 do ILAC G11 (ILAC, 1998, p.7).

O terceiro nível, abordado no item 7.3.3 – Conhecimento e habilidades específicas de

auditores de sistemas de gestão da qualidade – estabelece um nível mínimo de conhecimento

e habilidades de um auditor que venha atuar em sistemas de gestão da qualidade. Este item

será considerado na análise comparativa para avaliadores de laboratório. Exige-se que os

auditores tenham conhecimento e habilidades nas seguintes áreas:

- Métodos e técnicas relacionadas com a qualidade de acordo com o item 7.3.3.a.

- Processos e produtos, incluindo serviços de acordo com o item 7.3.2.b.

O quarto e último nível, abordado no item 7.3.4 – Conhecimento e habilidades

específicas de auditores de sistemas de gestão ambiental – estabelece um nível mínimo de

conhecimento e habilidades de um auditor que venha atuar em sistemas de gestão ambiental.

Este item só será considerado na análise comparativa para avaliadores de laboratório, quando

65

no sistema deste ou nas normas técnicas, for obrigatório seu cumprimento. Os auditores

devem demonstrar conhecimento e habilidades nas seguintes áreas:

- Métodos e técnicas de gestão ambiental de acordo com o item 7.3.4.a.

- Ciência e tecnologias ambientais de acordo com o item 7.3.4.b.

- Aspectos técnicos e ambientais de operações de acordo com o item 7.3.4.c

A seguir apresento a quadro 7 que relaciona os critérios de qualificação dos auditores

referentes a conhecimento e habilidades, dividindo-os nos tópicos “Conhecimento e

habilidades genéricas”, “Conhecimento e habilidades genéricas para líderes”, “Conhecimento

e habilidades específicas” e “Conhecimento Técnico em práticas laboratoriais específicas”

CONHECIMENTO E HABILIDADES GENÉRICAS NBR ISO ILAC

a) Princípios, Procedimentos e Práticas de Auditoria 19011 G 11

Aplicar princípios, procedimentos e técnicas de auditoria 7.3.1.a 2.2.2.1

Planejar e organizar o trabalho com eficácia 7.3.1.a 2.2.2.1

Realizar auditoria dentro da programação acordada 7.3.1.a 2.2.2.1

Priorizar e enfocar assuntos de importância 7.3.1.a 2.1.1.4 (#)

Coletar informações através de entrevistas eficazes, executar ,

observar e analisar criticamente documentos, registros e dados

7.3.1.a 2.2.2.2

Entender a conveniência e conseqüência das técnicas estatísticas 7.3.1.a 2.2.2.2

Verificar precisão das informações 7.3.1.a

Confirmar suficiência e conveniência das evidências 7.3.1.a 2.2.2.2

Avaliar fatores de influência da confiabilidade das constatações e

conclusões, sua manutenção e segurança das informações

7.3.1.a 7.2

Uso de documentos de trabalho e documentação dos resultados 7.3.1.a

Comunicar eficazmente (oral e escrita) 7.3.1.a 2.2.2.2

(#) Relacionado a atributos

Quadro 7 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o item 7.3.1.a

CONHECIMENTO E HABILIDADES GENÉRICAS NBR ISO ILAC

b) Sistema de gestão e documentos de referência 19011 G 11

66

Aplicação de sistema de gestão para diferentes organizações 7.3.1.b 2.2.1.1

Interação entre os componentes dos sistemas de gestão 7.3.1.b 2.2.1.2

Normas de sistemas de gestão, procedimentos aplicáveis e outros

documentos de sistema de gestão usados como critérios de auditoria

7.3.1.b 2.2.1.2

Reconhecer diferenças e prioridades entre documentos de referência 7.3.1.b 2.1.1.4 (#)

Aplicação de documentos de referência na auditoria 7.3.1.b 2.2.1.3

Sistemas de informação e tecnologia para autorização , segurança,

distribuição, e controle de documentos, dados e registros

7.3.1.b

(#) Relacionado a atributos

Quadro 8 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o item 7.3.1.b

CONHECIMENTO E HABILIDADES GENÉRICAS NBR ISO ILAC

c) Situações organizacionais 19011 G 11

Tamanho organizacional, estrutura, funções e relações 7.3.1.c 2.2.3.7

Processos gerais de negócio e terminologia relacionada 7.3.1.c 2.2.3.7

Costumes culturais e sociais do auditado 7.3.1.c 2.1.2.5 (*)

(*) Relacionado a objetivos que devem ser alcançados através de atributos

Quadro 9 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o item 7.3.1.c

CONHECIMENTO E HABILIDADES GENÉRICAS NBR ISO ILAC

d) Leis, regulamentos e outros requisitos pertinentes 19011 G 11

Códigos locais, regionais e nacionais, leis e regulamentos 7.3.1.a 2.2.3.6

Contratos e acordos 7.3.1.a 2.2.3.6

Tratados e convenções internacionais 7.3.1.a 2.2.3.6

Outros requisitos para os quais a organização é submetida 7.3.1.a 2.2.3.6

(*) Relacionado a objetivos que devem ser alcançados através de atributos

Quadro 10 – Conhecimento e habilidades genéricas de acordo com o item 7.3.1.d

Enquanto que a NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) refere-se à necessidade de

conhecimento dos auditores quanto a leis, regulamentos e outros requisitos pertinentes a todas

as atividades que a organização exerce e que deverão ser auditadas, o ILAC G11 (ILAC,

1998) referem-se aos mesmos documentos com um foco muito mais restrito. Este documento

enfoca a necessidade de conhecimento dos auditores quanto a leis, regulamentos e outros

requisitos pertinentes a todas as atividades laboratoriais executadas.

67

CONHECIMENTO E HABILIDADES GENÉRICAS NBR ISO ILAC

Líderes de Equipe 19011 G 11

Auxiliar na seleção dos membros da equipe 2.2.2.5.1

Planejar auditoria e fazer uso eficaz dos recursos 7.3.2 2.2.2.5.2

Representar equipe nas comunicações 7.3.2 2.2.2.5.5

Organizar e dirigir membros 7.3.2 2.2.2.5.3

Fornecer direção e orientação aos auditores em treinamento 7.3.2 2.1.2.4 (*)

Conduzir equipe para obter melhoria dos resultados 7.3.2 2.2.2.5.3

Prevenir e solucionar conflitos 7.3.2 2.1.2.8 (*)

Preparar e completar o relatório 7.3.2 2.2.2.5.6

(*) Relacionado a objetivos que devem ser alcançados através de atributos

Quadro 11 – Conhecimento e habilidades genéricas de líderes acordo com o item 7.3.1.a

CONHECIMENTO E HABILIDADES ESPECÍFICAS NBR ISO ILAC

a) Métodos e técnicas relacionadas à qualidade 19011 G 11

Terminologia da qualidade 7.3.3.a -

Princípios de gestão da qualidade e sua aplicação 7.3.3.a 2.2.2.3

Princípios de controle da qualidade e sua aplicação - 2.2.2.3

Ferramentas de gestão da qualidade e sua aplicação 7.3.3.a 2.2.2.4

Quadro 12 – Conhecimento e habilidades genéricas de auditores acordo com o item 7.3.3.a

CONHECIMENTO E HABILIDADES ESPECÍFICAS NBR ISO ILAC

b) Processo e produtos (bens e serviços) 19011 G 11

Terminologia específica 7.3.3.a 2.2.3.7

Características técnicas de processos e produtos (bens e serviços) 7.3.3.a 2.2.3

Processo e práticas específicas ao setor 7.3.3.a 2.2.3.1

Projeto de métodos de calibração ou ensaio - 2.2.2.3

Quadro 13 – Conhecimento e habilidades específicas de auditores de SGQ de acordo com o item 7.3.3.b

A NBR ISO 19011 estabelece em seu elemento 4 (página 4) princípios relacionados

aos auditores e ao processo de auditoria.

Os princípios relacionados aos auditores são:

a) “Conduta ética: o fundamento do profissionalismo”. Onde cita que a confiança,

integridade, confidencialidade e discrição são essenciais para auditar.

b) “Apresentação justa: a obrigação de reportar com veracidade e exatidão”.

68

c) “Devido cuidado profissional: a aplicação de diligência e aplicação na auditoria”.

Os princípios relacionados com o processo de auditoria são:

a) “Independência: a base para a imparcialidade da auditoria e objetividade das conclusões

de auditoria”.

b) “Abordagem baseada em evidência: o método racional para alcançar conclusões de

auditoria confiáveis e reproduzíveis em um processo sistemático de auditoria”.

2.14 ANÁLISE DETALHADA DA NBR ISO 10015

Considerando a parte referente a treinamento, para auditores internos de laboratório,

foi realizada a correlação entre as diretrizes de treinamento estabelecidas na NBR ISO 10015

(ABNT, 2001), que também trata de sistemas de gestão da qualidade. Esta norma também

foca a necessidade do reconhecimento das competências, quando de sua aplicação.

Na aplicação da primeira fase das diretrizes para treinamento definidos nesta norma,

existe a necessidade da organização conhecer a sistematização da execução de suas

atividades. O Inmetro definiu seu sistema de gestão em macro-processos, processos

específicos e processos operacionais onde graduava da forma “top-down” sua forma de

entendimento de sua forma de atuar. Cada organização deve encontrar uma forma própria e

adequada para definir e documentar sua forma de atuar no mercado e atender seus clientes.

Sem uma forma bem definida e documentada de seus processos, uma organização não terá

condições de implantar um sistema de qualificação de auditores internos que sirva de modelo

para garantir a eficácia das auditorias e, conseqüentemente, a adequação de seu sistema de

gestão.

Para que, na quarta fase de aplicação dos conceitos estabelecidos no documento, seja

possível a real constatação da eficácia do treinamento, a organização deve estabelecer quais

são os indicadores de qualidade e produtividade, onde verificá-los, como verificá-los e a

qualificação de quem irá auditá-los. Os indicadores de qualidade, que refletirão a satisfação

do cliente, podem ser definidos em função dos 6 vetores da qualidade que são apresentados

em 5.1 deste documento. Indicadores de produtividade podem ser definidos pelo cliente,

principalmente quando são estabelecidos contratos onde os desembolsos são realizados em

função de atendimento de metas.

69

Devem-se distinguir as necessidades de competências da organização das necessidades

de treinamento de um candidato a auditor. As definições de necessidades de treinamento,

definidas no item 4.2 desta norma, estão relacionadas à competência que se deseje obter em

um determinado recurso humano. A competência da organização, no que se refere à auditoria

interna, está relacionada ao conjunto de competência que a equipe auditora deve possuir,

como um todo, para poder executar as atividades de auditoria e terem condições de alcançar a

eficácia desejada em sua execução. Assim sendo, a competência para realização de toda

auditoria interna estará diluída na competência existente em cada um dos auditores. Desta

forma a competência total da equipe auditoria, formada pelo somatório das competências

individuais de cada auditor, é que deve ser suficiente para garantir que a equipe como um

todo tem condições de realizar com eficácia uma auditoria. Pode ser que algumas

competências sejam redundantes em mais de um auditor. Redundância de competência

aumenta a capacidade de garantia da obtenção da eficácia da auditoria.

Em sistemas aprende-se que redundância de sistemas aumenta a confiabilidade do

mesmo em virtude de na falha da atuação de um componente ser suprida pela

operacionalização da atuação estabelecida em outro componente. Traduzindo-se esta análise

para o caso da auditoria interna, um sistema de redundância de competências pode

proporcionar uma garantia adicional que, caso exista a falha de um determinado auditor em

um processo de auditoria, outro estará capacitado a substituí-lo ou atuar em seu nome para a

manutenção da eficácia do processo de execução da auditoria. Devemos, entretanto,

considerar que, redundância de competências significa custo adicional em todo o processo de

qualificação. Sendo custo um dos vetores da qualidade, entende-se que um maior custo

significa um menor índice de qualidade para o cliente, que á a própria direção da organização.

Existe, portanto a necessidade de uma melhor análise do assunto porque este aumento

do índice de redundância das competências nos auditores, que pode trazer um ganho maior na

eficácia e, conseqüentemente, na qualidade do processo de auditoria e, em decorrência, uma

maior garantia à alta direção de que o sistema está funcionando de forma adequada e, nos

casos em que não, os rumos estão sendo adequadamente corrigidos, pode se transformar em

uma perda da qualidade por aumento do custo operacional que, além de desagradar à direção,

terá de ter seus custos repassados ao cliente externo do sistema. Como conseqüência, existirá,

por parte da visão do cliente, de uma perda da qualidade no que se refere a valor custo.

Quanto mais o valor custo aumenta, menor qualidade será percebida pelo cliente. Se o

aumento for demasiado, isto pode acarretar na possibilidade do cliente não mais desejar os

frutos do sistema de gestão deste negócio. Este resultado maléfico, apesar do aumento da

70

garantia do sistema estar funcionando adequadamente, este sistema passa a não mais atender

um de seus próprios objetivos, o de “atender as necessidades e expectativas do cliente”. Ao

não mais atender a este objetivo, o sistema de gestão passa a não ser mais adequado ao

propósito do próprio negócio. Ao não mais cumprir o objetivo de atendimento às

“necessidades e expectativas do cliente”, a auditoria interna deve observar e analisar como

uma não conformidade séria no sistema, porque afeta a própria sobrevivência do negócio.

Como ações corretivas, a organização deve adequar o processo de qualificação de

auditores e o próprio acarretar em que um determinado cliente ou um grupo ou até mesmo um

segmento de processo de realização das auditorias. Esta adequação deverá acarretar em um

redimensionamento tal que estabeleça um equilíbrio entre custo e eficácia. Isto fará com que

os níveis de custeio sejam adequados às necessidades e expectativas do cliente.

As necessidades e expectativas dos clientes também alteram com a variação de

inúmeros fatores. Tais fatores poderão mercado passe a exigir maior eficácia do sistema em

um determinado momento e menor custo em outro determinado momento.

A organização através de sua auditoria interna deve verificar se o subsistema de coleta

de informações sobre clientes e mercado está adequado, de forma a manter uma monitoração

sobre as variações de necessidades e expectativas. Dos resultados desta monitoração é que a

organização, através da atividade de análise crítica do sistema, deve adequar suas atividades

internas, inclusive, os processos de qualificação de auditores internos e os processos de

execução de auditorias internas.

Um dos pontos que a auditoria interna não deve falhar em sua eficácia, é da

constatação da adequação das metodologias e análises das necessidades e expectativas do

mercado e de clientes. Falhas neste contexto poderão acarretar na perda de mercados futuros

e, como resultado, a ameaça ao futuro do próprio negócio.

A determinação das necessidades de competência de uma equipe auditora é muito

complexa porque exige da organização o pleno conhecimento prévio de todos os processos

que executa das competências de que necessita para que possa auditá-las, das competências de

cada candidato, de cada auditor já qualificado e de como resulta a eficácia de trabalho de

auditores trabalhando em conjunto. Somente após a análise de todas informações pertinentes

que a organização poderá mapear suas necessidades de qualificação de cada um dos

candidatos a auditor ou auditores qualificados em outros processos.

Existe uma grande dificuldade das organizações em definir exatamente suas

necessidades, quando da implantação de seu sistema de gestão em atendimento a requisitos

internacionais. Esta dificuldade é reduzida à medida que o aprimoramento do sistema

71

acontece com a execução dos processos de auditoria interna, análise crítica do sistema e de

“benchmarking”.

A segunda fase da aplicação das diretrizes estabelecidas na NBR ISO 10015 (ABNT,

2001) refere-se ao projeto e planejamento do treinamento. Dentro desta fase estão incluídas

as ações que terão de ser estabelecidas para a eliminação das lacunas de competência

identificadas pela diferença entre as competências existentes nos candidatos a auditor e as

competências necessárias do indivíduo como auditor competente para a realização de

auditoria em um determinado processo.

Na terceira fase da aplicação das diretrizes estabelecidas na NBR ISO 10015 (ABNT,

2001) refere-se à execução do treinamento. A execução pode ser realizada pelo próprio

sistema ou pode ser adquirido de um fornecedor especialmente selecionado. Em qualquer um

dos casos, a organização deve assegurar que o apoio aos treinandos e ao instrutor seja

fornecido no nível adequado às necessidades do treinamento. Normalmente este apoio é

definido em 3 momentos considerados: “apoio pré-treinamento”, “apoio ao treinamento” e

“apoio ao final do treinamento”, como descrito nos itens 4.4.2.1, 4.4.2.2, e 4.4.2.3 da NBR

ISO 10015 (ABNT, 2001). Nas atividades de “apoio ao pré-treinamento” encontram-se as de

informar ao fornecedor do treinamento as necessidades de treinamento para que os envolvidos

estejam sintonizados com os objetivos do treinamento, informar aos treinandos a natureza do

treinamento e as lacunas de competência que se deseja eliminar e possibilitar os contatos

necessários entre os treinandos e os instrutores.

Nas atividades de “apoio ao treinamento” encontram-se as de fornecer a infra-estrutura

necessária para a realização do treinamento de forma adequada. Considera-se como

infraestrutura adequada às instalações em meio ambiente adequado, equipamentos,

documentação e outros. Nas atividades de “apoio ao final do treinamento” encontram-se as de

obter a realimentação do treinando quanto à qualidade do treinamento, realimentação do

instrutor quanto à qualidade do treinamento e fornecimento da análise das informações aos

gerentes e pessoal envolvido no processo de treinamento. Tanto a obtenção quanto ao

fornecimento de informações, procurei adotar o conceito dos seis vetores da qualidade, que

são descritos no item 6.1 deste documento.

Na quarta fase da aplicação da NBR ISO 10015 (ABNT, 2001) deve-se avaliar os

resultados obtidos do treinamento. Seu principal objetivo é a de confirmar que os objetivos da

organização e do treinamento foram alcançados. Sua obtenção significará que o treinamento,

em toda a sua contextualização, foi considerado eficaz. Os insumos para avaliação serão as

especificações das necessidades de competência e dos programas de treinamento

72

implementados. Os resultados para comparação e análise serão os obtidos por avaliações

realizadas durante a aplicação no trabalho de auditoria dos conhecimentos adquiridos no

treinamento. Estes resultados devem ser obtidos após a finalização do treinamento e devem,

em um prazo mais curto possível de sua finalização, obter a opinião dos treinandos sobre os

conhecimentos e habilidades adquiridas como resultado do treinamento e, em um prazo mais

longo, obter os índices de qualidade e produtividade. A avaliação inclui a coleta de dados,

análise das informações e elaboração de relatório de avaliação do treinamento ou dos

processos de treinamento. Este relatório deve ser estruturado de tal forma que consiga cumprir

com sua finalidade que será a de fornecer insumos para a monitoração de todo o processo.

Entre os pontos que devem ser analisados e apresentados no relatório estão os de satisfação do

treinando, aquisição de conhecimentos, habilidades e comportamento do treinando,

desempenho do treinando no trabalho, satisfação do gerente do treinando, impacto na

organização e monitoração do processo de treinamento.

73

3. METODOLOGIA

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este estudo possui como objetivo propor um método, centrado nas competências de

gestão, para o estabelecimento de um modelo de qualificação de auditores de sistemas de

gestão para laboratórios baseados em requisitos gerenciais e técnicos definidos na norma

NBR ISO/IEC 17025: 2001. A metodologia empregada na realização deste estudo considerou

as limitações do problema, as características das organizações que puderam contribuir como

amostra de estudo e a documentação necessária para análise dos parâmetros do problema.

Os recursos utilizados foram: pesquisa bibliográfica, experiência do autor, visita a

laboratórios, questionários e entrevistas com responsáveis por sistemas de gestão.

3.2 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA EMPREGADA

Em virtude de o tema qualificação de auditores internos ter uma grande amplitude de

abordagem, em função da diversificação de áreas de atuação das organizações, diferentes

níveis de maturidade dos diferentes sistemas de gestão e suas características organizacionais,

foi definida uma limitação a um modelo de sistema de gestão para que fosse possível uma

melhor observação das variáveis envolvidas.

A limitação inicial considerada foi a definição de um sistema de gestão relacionado a

laboratórios. Isto configuraria em uma norma de referência de sistema de gestão, como alvo

principal. Desta forma, outros sistemas de gestão baseados em outras normas ficaram fora do

escopo. Normas da série ISO 9000 e 14000 que representam sistemas de gestão da qualidade

e ambiental ficaram fora do escopo principal deste estudo.

74

A limitação adicional escolhida foi do sistema de gestão de laboratórios que já tivessem

obtido um nível mínimo de grau de maturidade de sistema de gestão relacionado ao escopo do

estudo, uma vez que a norma internacional de referência, a NBR ISO/IEC 17025, estabelece

requisitos gerais de competência relacionados à qualificação técnica, necessária às atividades

de auditoria. Mesmo com esta limitação, ainda se observa uma ampla variedade de fatores de

influência provenientes do campo de atuação de cada laboratório.

Considerando as duas limitações já apresentadas, estariam de fora laboratórios que

implantaram, somente, seu sistema de gestão da qualidade baseado em normas da série ISO

9000. Este sistema não é considerado pelos organismos de credenciamento que fazem parte

do acordo mútuo de reconhecimento do ILAC (International Laboratory Accreditation

Committe) como um sistema de gestão apropriado para o reconhecimento de competência de

um laboratório de calibração ou ensaio.

Outra limitação neste estudo é a qualificação complementar que os auditores internos

quando o laboratório automatiza e/ou informatiza de forma muito ampla seus processos de

calibração ou ensaio. Nestes casos os auditores internos podem vir a ter necessidade de avaliar

parâmetros relacionados à tecnologia da informação e, para isto, algumas diretrizes adicionais

podem vir a ser necessárias em termos de necessidade de conhecimento específico.

Além da limitação do escopo de abordagem do sistema, outra grande limitação ao tema

prende-se à validação do método proposto para o estabelecimento de medidas de desempenho

do processo de qualificação de seus auditores. Essa limitação se dá, principalmente, por

causa:

1) da dificuldade na obtenção de informações das próprias organizações para a submissão

da metodologia de pesquisa;

2) do caráter estratégico que envolve o processo de desenvolvimento de qualificação de

seus auditores internos, uma vez que estes obtêm informações, muitas vezes, de cunho

sigiloso para a própria organização. Dentro deste contexto, nem sempre as

informações são obtidas em sua integridade, o que dificulta a realização de pesquisa

aplicada.

A aplicação e a divulgação dos resultados do método de qualificação apresentados

ficaram condicionadas a posterior interferência por parte da alta direção das organizações que

determinarem sua adoção, de modo a salvaguardar seu domínio tecnológico. Isto se deve,

principalmente ao fato de que a maioria dos laboratórios pesquisados, além de algum tipo de

ensaio de rotina, executava atividades de ensaio específicas de desenvolvimento de produtos.

75

A relação dos laboratórios com o ineditismo de alguns produtos que ensaia ou calibra

para clientes, faz com que as informações tenham de ser filtradas antes de serem fornecidas.

A pesquisa não é conclusiva, mas exploratória, e o conjunto formado entre metodologia

e indicadores de desempenho apresentado pode ser estendido a diferentes organizações, com

seus diferentes sistemas de gestão com as devidas adaptações.

3.3 METODOLOGIA EMPREGADA

Foi escolhida a análise exploratória em virtude da enorme diversificação de informações

que gerou o interesse maior em conhecer as características relevantes ao processo.

Um plano de ação composto por entrevistas, visitas a laboratórios, aplicação de

questionários e pesquisa bibliográfica foi realizado para obtenção de informações suficientes

para uma análise que fornecesse resultados consistentes.

Com as informações coletadas, uma profunda análise dos resultados foi possível e,

como conseqüência, a obtenção de conclusões e geração de sugestões.

76

Figura 4 Fluxo de desenvolvimento da pesquisa

Definição do Objeto da Pesquisa

Definição da Metodologia da Pesquisa

Pesquisa Exploratória

Pesquisa Exploratória baseada em:

Elaboração e execução da Pesquisa

Bibliográfica

INMETRO

ILAC

E A

Livros

Artigos

InternetConsolidação e Análise dos Resultados

Conclusões e Sugestões

EntrevistasObservações em Campo

Análise de: dados e

alternativas

Critérios de seleção

77

3.3.1 Metodologia da pesquisa

Para o estabelecimento da metodologia da pesquisa, inicialmente foi realizado um

levantamento dos processos de credenciamento ou de manutenção de credenciamento de

laboratórios que se encontravam finalizados em 2003, baseados em auditorias de 2002, e

disponíveis para análise. Este levantamento visou a comprovação da consistência do problema

e avaliar a diversificação da população que seria alvo do estudo.

No processo de reconhecimento de competência de atividades laboratoriais estabelecido

pelo INMETRO, processos de novos credenciamentos, extensões de credenciamento ou

manutenção de credenciamento de laboratórios são encaminhados às equipes avaliadoras que,

ao término de sua etapa de verificação da documentação e de avaliação de execução de

atividades laboratoriais através de acompanhamento, os devolvem à divisão responsável, para

análise de resultados. Atualmente a divisão do INMETRO que é responsável por este

processo de reconhecimento da competência é a DICLA (Divisão de Credenciamento de

Laboratórios e Provedores de Ensaio de Proficiência). Os processos encaminhados pelas

equipes avaliadoras são submetidos à análise pela gerência da DICLA, que toma medidas

cabíveis em relação aos resultados obtidos. Estes processos só são considerados totalmente

finalizados quando todas as não conformidades forem eliminadas ou qualquer outra situação

relacionada com a forma de gerenciamento do processo é executada. Podem existir casos

onde o credenciamento do laboratório seja suspenso ou até mesmo cancelado.

Por exemplo, pode existir uma não conformidade que indique que o laboratório possua

instalações físicas inadequadas a um novo método de ensaio. Uma das opções que o

laboratório pode optar seria o de não executar este ensaio para clientes enquanto suas

instalações físicas não forem consideradas adequadas. Neste caso, provavelmente, o

laboratório realizará adequação de suas instalações físicas, realizando obras e tudo o mais que

for necessário. Durante este tempo, até a comprovação da adequação das instalações, o

processo estará com a equipe avaliadora e não será considerado finalizado. Uma outra

situação que pode ocorrer é a da suspensão das atividades de um laboratório, em virtude da

mesma causa de instalações inadequadas, por determinação da DICLA, em função do

laboratório não ter determinado antecipadamente a paralisação das suas atividades onde a não

conformidade foi identificada.

Dos 143 processos de credenciamento de laboratórios existentes na DICLA, que foram

auditados e analisados no decorrer do ano de 2002, 18 eram referentes a avaliações iniciais e

78

125 relacionados a supervisões e reavaliações. Uma avaliação inicial significa que é um novo

processo de credenciamento de laboratório. Uma supervisão significa que o sistema de gestão

é avaliado em parte, por se tratar de um tipo de avaliação periódica onde nem todo o sistema é

avaliado. É escolhida uma parcela do sistema de gestão em termos de atividades. Algumas

atividades gerenciais são avaliadas em sua plenitude e, em relação à avaliação das atividades

técnicas, no mínimo, 1/3 das calibrações ou ensaios que o laboratório executa como

credenciado é avaliado. Uma reavaliação significa que o sistema de gestão é completamente

avaliado em relação às atividades gerencias e técnicas. Todos os ensaios que já são

credenciados são avaliados. Em função de a DICLA possuir o prazo de até setembro de 2003,

para que os laboratórios comprovassem atendimento a todos os requisitos da NBR ISO/IEC

17025, o universo de laboratórios credenciados seria a população mais adequada ao estudo.

Portanto, nem todos os laboratórios avaliados em 2002 finalizaram suas ações de correção no

mesmo ano. Para que este problema não afetasse adversamente a qualidade do estudo, dos

143 processos vigentes em 2002, foram escolhidos 81 processos para avaliação da

consistência do problema. Isto representa 56,6% de todo o universo de laboratórios já

credenciados e os que, em fase de credenciamento, passaram pela avaliação inicial em 2002.

Para consolidação do problema foram realizadas análises em 81 processos de avaliação

de laboratórios nas seguintes áreas de atuação: Alimentos, Automotiva, Construção Civil,

Couros e Calçados, Eletro-Eletrônica, Emissão Veicular, Físico-Química, Mecânica, Meio

Ambiente, Metalúrgica, Petroquímica, Química e Têxtil.

Foi realizado um levantamento do numero de não conformidades, visando-se a

identificação de problemas nas auditorias internas, considerando-se os itens 4.13 – auditoria

interna, 5.2 – “pessoal” e 5.6 – “rastreabilidade da medição” da NBR ISO/IEC 17025 são

considerados relevantes para a garantia da eficácia do sistema de gestão pertinente.

O item 4.13 – Auditoria interna, foi selecionado em função da análise que uma não

conformidade detectada no processo de auditoria interna poderia colocar em risco a eficácia

da própria auditoria uma vez que seu processo de execução não estaria conforme as

recomendações estabelecidas.

O item 5.2 – Pessoal, foi selecionado em função da análise de que uma não

conformidade detectada no processo de qualificação do pessoal do próprio pessoal interno que

atuasse na execução das auditorias internas poderia colocar em risco a eficácia da própria

auditoria interna por uso de pessoal não adequadamente qualificado.

79

O item 5.6 – Rastreabilidade das medições, foi selecionado em função da análise de que

uma não conformidade na rastreabilidade da medição do laboratório pode incorporar um

desvio sistêmico que poderia colocar em dúvida a qualidade dos resultados emitidos.

A ISO/IEC 17025 de 1999, posteriormente traduzida pela ABNT e emitida como NBR

ISO/IEC 17025 de 2001, é o resultado de sucessivas revisões da ISO/IEC Guide 25. Assim,

uma oportunidade de realização de estudos nesta área do conhecimento surge em relação à

série histórica da evolução dos requisitos para o sistema de gestão do laboratório. Acredito

que possam existir requisitos que tenham sido definidos na ISO/IEC Guide 25, em sua

primeira versão de 1978, e que estejam sendo mantidos até hoje na versão da ISO/IEC 17025

de 1999. Acredito, também, que possam existir outros requisitos que tenham sido

estabelecidos na primeira versão da ISO/IEC Guide 25 e que tenham sido alterados ou

eliminados na última versão da ISO/IEC 17025. Para os interessados em implantação de

sistemas de gestão em laboratórios o conhecimento histórico da evolução dos requisitos para

um sistema de gestão de laboratórios pode indicar a possibilidade de uma metodologia

confiável de implantação deste sistema em etapas.

A identificação das principais questões a serem respondidas foi obtida através da

análise dos resultados apresentados nos Anexos I e II que consolidaram a identificação do

problema, análise da bibliografia, considerações relativas à minha experiência pessoal como

supervisor de processos de credenciamento, avaliador líder em alguns destes processos e

avaliador de outros sistemas de gestão, dentre outras que tem sido exercida desde 1976.

3.3.2 Pesquisa de campo e entrevistas

Trabalhando em cooperação com a DICLA, foram realizadas consultas a laboratórios

previamente selecionados dos 81 inicialmente considerados.

Por motivos óbvios de confidencialidade das informações dos clientes do processo de

credenciamento do INMETRO, as designações e códigos de credenciamento dos laboratórios

que forneceram as informações foram suprimidos.

Das tabelas apresentadas no Anexo I e no Anexo II, foram retiradas informações que

permitiram a seleção dos laboratórios e áreas de atuação onde o trabalho poderia ser realizado.

Dos 81 laboratórios dos quais possuíamos as informações das NC interna, foram

escolhidos alguns laboratórios para remessa da pesquisa. Para a realização das entrevistas e

80

pesquisas de campo foi realizado um levantamento dos responsáveis pelo sistema de gestão

dos laboratórios cujos processos tinham sido mapeados. Foram identificados todos os

responsáveis dos laboratórios identificados nos 81 processos de credenciamento.

Através do cadastro da DICLA foi possível a identificação das pessoas de contato do

laboratório e, a partir desta informação foram remetidos 52 e-mail para confirmação e

encaminhamento de 2 questionários. A escolha dos 52 laboratórios considerou a necessidade

de diversificação, buscando a obtenção das informações relacionadas à pesquisa que

refletissem um amplo segmento de diferentes áreas de atuação de laboratórios. Buscava-se,

com isso, uma amostragem que permitisse refletir os problemas de forma abrangente. As

informações constantes nos Anexos I e II serviram de base para a seleção.

Foram encaminhados questionários para laboratórios das seguintes áreas: alimentos,

construção civil, eletro-eletrônica, meio ambiente e química. Dos 50 laboratórios contatados,

apenas 14 laboratórios responderam.

Os laboratórios que responderam a pesquisa possuem seus processos de

credenciamento em diferentes áreas. Esta diversificação permitiu que fossem recebidas

informações de todas as áreas selecionadas para as quais as pesquisas foram remetidas. A

abrangência foi obtida. Restava ainda que as respostas não deixassem dúvidas. Para isto, nos

casos onde existia a possibilidade de dúbia interpretação, foram feitos contatos telefônicos ou

pessoais, visando a eliminação da dúvida. Os laboratórios consultados por telefone ou

pessoalmente se prontificaram a colaborar com informações adicionais, esclarecendo nos

mínimos detalhes todo o processo interno de qualificação de auditores para que fossem

possíveis um entendimento do grau de aproximação das informações fornecidas pelas

perguntas e a realidade. Esta atividade serviu para identificarmos o grau de eficácia da

pesquisa encaminhada aos gestores.

Foi realizado um estudo comparativo entre os diferentes modelos de qualificação dos

auditores internos realizados pelos laboratórios, procurando-se identificar, principalmente,

como tais modelos de qualificação, estabelecidos pelos laboratórios, entendiam e aplicavam

na prática o conjunto de requisitos relacionados ao FTEH que simbolizassem a obtenção da

competência por um auditor interno.

Foram avaliados os documentos dos laboratórios aos quais tivemos acesso assim como

as informações provenientes das pesquisas e entrevistas, visando-se o grau de implantação de

indicadores de desempenho que as organizações estabelecem para seus auditores internos.

81

3.3.3 Pesquisa bibliográfica

Foram analisadas as normas de sistemas de gestão e de diretrizes de qualidade que

envolvesse requisitos relacionados ao conjunto FTEH definido na NBR ISO/IEC 17025

(ABNT, NBR ISO/IEC 17025) como conjunto que permite uma pessoa obter competência nas

atividades que executa.

Foram estudadas as principais normas de sistemas de gestão aplicados pelas

organizações, uma vez que a experiência demonstrava que, em alguns casos, o sistema de

gestão de laboratórios era integrado ou destes sistemas se aproveitava para realização de

atividades relacionadas ao negócio laboratório. Por exemplo, laboratórios que estavam

buscando reconhecimento de seu sistema de gestão baseado na NBR ISO/IEC 17025 mas que

pertenciam a uma organização que já possuía seu sistema de gestão baseado na NBR ISO

9001, utilizam os mecanismos já existentes na organização para atendimento à certificação,

para atendimento dos requisitos para laboratórios.

Por este motivo, laboratórios que pertencem a organizações cujo escopo principal de

atividade não é a atividade laboratorial, tendem a ter soluções mais corporativas. Isto induz a

algumas soluções no sistema de gestão caracterizadas pelo atendimento a mais de uma norma

de requisito de sistema de gestão de forma simultânea. Isto acarreta em formas de

atendimento diferentes das formas encontradas pelos laboratórios que atendem somente aos

requisitos da NBR ISO/IEC 17025 para sistemas de gestão laboratorial de forma isolada.

3.3.4 Consolidação e análise dos resultados

Foram comparadas as informações obtidas das pesquisas de campo e entrevistas e as

obtidas nos documentos que foram alvo da revisão da literatura. A partir da comparação das

informações estabelecidas nos documentos internacionais, regionais e nacionais e as

informações obtidas referentes à forma de atuação dos laboratórios é que foi delineada a

necessidade de apresentação de um modelo de gestão para a qualificação de auditores.

Baseado em documentos internacionais consensados e na análise das informações obtidas,

procurou-se estabelecer um modelo que aumentasse a garantia de uma melhor qualificação

dos auditores internos.

82

Após este processo de consolidação e análise de resultados conclusões e sugestões

foram estabelecidas.

A seguir é apresentada uma tabela onde está sintetizada a forma com que foi realizada

a obtenção dos dados e como foi realizada a avaliação dos dados resultantes da coleta.

Obtenção dos dados

• Em unidades laboratoriais de diferentes segmentos empresariais, que possuem sistema de gestão implantado e que já possuem reconhecimento de seu sistema de gestão através do Inmetro como laboratórios credenciados.

• Unidades laboratoriais que avaliadas em 2002 e finalizaram o ciclo de avaliação em 2002 sem necessidade de paralisação ou de suspensão das atividades.

Avaliação dos dados

• Confronto da gestão das diferentes metodologias de qualificação e de manutenção da qualificação dos auditores internos dos diferentes sistemas de gestão laboratoriais pesquisados.

• Confronto dos métodos de formação de auditores internos e resultados das avaliações realizadas pela DICLA.

Quadro 14 – Obtenção de dados e critérios de avaliação

83

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação das informações neste capítulo está relacionada com o estudo das

observações realizadas nas visitas a alguns laboratórios, com as entrevistas que foram

realizadas com os responsáveis pelos sistemas de gestão dos laboratórios com perguntas

abertas e fechadas e pela análise de documentos cedidos por alguns laboratórios.

As visitas a laboratórios tiveram o intuito de conhecer de forma mais próxima a

realidade operacional de diferentes laboratórios e suas dificuldades. As entrevistas permitiram

obter uma visão geral das metodologias de qualificação de auditores internos utilizadas por

diferentes laboratórios. A análise da documentação de alguns laboratórios permitiu que

algumas dúvidas pudessem ser eliminadas.

Dos laboratórios pesquisados, 14 responderam a tempo para formação da estatística e

de forma que, as informações encaminhadas puderam ser utilizadas. Das respostas recebidas,

constatou-se que 11 laboratórios (78,6%) consideram que seu sistema não é eficaz, e,

normalmente, possui desempenho e produz resultados abaixo do esperado, apesar de

satisfatórios às necessidades atuais, sendo que, um deles acrescentou a falta de

comprometimento na cadeia gerencial no tratamento e verificação das ações corretivas e a

falta de disponibilidade de recursos para obtenção da eficácia nas ações corretivas

provenientes das auditorias internas. Outros 3 dos laboratórios (21,4%) responderam que o

sistema de gestão é eficaz e produz resultados além dos esperados.

Quando questionados sobre que documentos de referência o sistema se utiliza para

elaborar o plano de qualificação de auditores internos 10 laboratórios (71,4%) responderam

que se utilizam da NBR ISO/IEC 17025 enquanto que 12 laboratórios (85,7%) informaram se

utilizar da NBR ISO 19011, tendo sido esclarecido que um dos laboratórios deste último

grupo, se utiliza parcialmente dos requisitos desta norma, somente no que se refere ao item

7.4 – Educação, experiência profissional, treinamento em auditoria e experiência em

84

auditoria. Dos laboratórios pesquisados, 9 (64,3%) informaram explicitamente que se utilizam

da NBR ISO/IEC 17025 e da NBR ISO 19011 em conjunto. Um laboratório único laboratório

(7,1%) informou explicitamente que se utiliza das normas NBR ISO/IEC 17025:2001, NBR

ISO 9001:2000, NBR ISO 14001:1996 e OSHAS 18001:1999 para elaborar o plano de

qualificação dos auditores internos.

Quando questionados sobre a existência de metodologia de qualificação de auditores

internos documentada, 13 laboratórios (92,8%) responderam que sim e 1 laboratório (7,1%)

respondeu que não mas forneceu o seguinte esclarecimento “Existia um procedimento

documentado quando o sistema atendia os requisitos da ISO 9001:1994. Na transição para

NBR ISO 9001: 2000, o documento foi revisto com foco no processo de auditoria. Para a

qualificação de auditores estamos planejando incorporá-lo no processo de capacitação de

RH.”

Quando questionados sobre a existência de indicadores de desempenho de auditores

internos em seus sistemas de gestão, 4 laboratórios (28,6%) indicaram que não possuíam

nenhum tipo de indicador de desempenho de auditores internos. A indicação de existência de

2 a 5 indicadores de desempenho de auditores internos foi respondida por 4 laboratórios

(28,6%) enquanto que a indicação de existência de um único indicador foi apresentada por 6

laboratórios (42,9%). Isto demonstra claramente que, apesar da preocupação e de ações no

sentido da busca da melhoria, independente de ser ou não da existência de requisito

obrigatório. Os laboratórios demonstraram que estão buscando obter informações através de

indicadores que auxiliem a monitoração da qualificação dos auditores internos. De acordo

com Ittner & Larcker (Ittner & Lacker, 2003) existem vários benefícios que são advindos da

implantação de indicadores não financeiros. Entre outros, cita que “é dar à direção indícios do

progresso da empresa antes de pronunciado um veredicto financeiro e colocado em dúvida a

adequação dos investimentos”. Portanto, os investimentos em qualificação de todo o pessoal

e, mais especificamente, dos auditores internos devem ser ter seus resultados mensurados de

alguma forma. Na minha percepção, o foco na qualificação dos recursos humanos deixa a

desejar em virtude da dúvida que se tem em relação ao retorno do investimento que deve ser

realizado no capital humano. À medida que resultados mensuráveis e positivos surjam, a

consolidação da importância deste tipo de investimento fica mais clara.

Quando questionado sobre a metodologia de formação de auditores internos, as

respostas indicaram que apenas 2 (14,3%) não possuem metodologia definida. De todos os

demais, 6 laboratórios (42,9%) informaram que possuem política e metodologia definidas e

85

documentadas e, em outros 6 laboratórios (42,9%) informaram que somente a metodologia

encontra-se documentada.

Não há requisitos específicos da NBR ISO/IEC 17025 estabelecendo que os

laboratórios definam e documentem políticas e procedimentos para a qualificação de auditores

internos. As respostas recebidas indicam claramente que os laboratórios estão preocupados

com esta questão, apesar de não ser um requisito obrigatório.

A análise dos resultados obtidos está dividida em 3 partes. A primeira parte demonstra

a busca de informações sobre requisitos mínimos para candidatos a auditor, a segunda parte

demonstra a busca de requisitos estabelecidos para qualificação de auditores que realizarão

auditorias nos requisitos gerenciais e a terceira parte demonstra a busca de informações sobre

os requisitos para a qualificação de auditores que realizarão auditorias nos requisitos técnicos.

Foi alvo de preocupação, na formação da entrevista, que informações sobre os

requisitos mínimos e formas de recrutamento e seleção de candidatos a auditor interno fossem

obtidas, os requisitos de qualificação dos auditores para que pudessem auditar os requisitos

gerenciais estabelecidos no capítulo 4 da NBR ISO/IEC 17025 e os requisitos sobre a

qualificação dos auditores para que pudessem auditar os requisitos técnicos estabelecidos no

capítulo 5 da referida norma.

Esta divisão foi realizada para que pudéssemos melhor visualizar o grau de

preocupação dos laboratórios na identificação de pessoas com perfil adequado à função em

relação aos requisitos de perfil para auditores definidos nos documentos de referência, assim

como procurar identificar como os laboratórios estavam lidando com as necessidades de

qualificação de auditores especializados no entendimento de requisitos gerenciais e em

requisitos técnicos. Devido ao fato dos requisitos abordados nos capítulos 4 e 5 induzirem a

diferentes necessidades de qualificação de auditores, procurou-se avaliar se os laboratórios

consideravam a possibilidade de estabelecimento de 2 diferentes graus de qualificação de

auditores.

As observações e entrevistas demonstraram um número muito grande de variáveis que

dificultaram uma análise quantitativa. Os laboratórios apresentarem “modelos gerais” de

qualificações bastante semelhantes, posteriormente, nas entrevistas, descobriam-se variações

que dificultavam em muito um mapeamento estatístico. Provavelmente este fato ocorra em

função da diversificação de atividades realizadas pelos laboratórios. A diversificação das

áreas de atuação e, como conseqüência, dos métodos de trabalho, deve ser a causa de tal

dispersão, que não foi confirmada neste estudo por não ser este o objetivo.

86

Em cada tipo de organização, mesmo para uma mesma norma de requisito de sistema

de gestão como a NBR ISO/IEC 17025, encontraram-se diferentes formas de qualificação dos

auditores para que as auditorias mantivessem a conformidade necessária para um determinado

grupo de características de atividades (volume de ensaios e calibrações, número de pessoas

envolvidas na execução dos processos, características da tecnologia envolvidas). Estas

diferentes formas de qualificação buscavam o atendimento aos requisitos especificados no

item 4.13 da NBR ISO/IEC 17025. Entretanto, os requisitos referentes à auditoria interna são

muito sucintos e não apresentam muitas informações para os laboratórios que estão

implantando o sistema pela primeira vez.

Mesmo nos casos dos laboratórios que estavam atualizando seus sistemas de gestão da

norma ABNT ISO/IEC Guide 25 de 1993 para a nova versão NBR ISO/IEC 17025 de 2001 e,

portanto, já possuíam um histórico de implantação de sistema de gestão em laboratório, não

foi possível se evidenciar uma metodologia única de modelo de qualificação de auditores, o

que nos faz reforçar a hipótese que metodologias idênticas devem surgir em áreas e métodos

idênticos de atuação. Esta hipótese, entretanto, não foi alvo deste estudo, por não ser seu

objetivo principal.

Os laboratórios que possuem reconhecimento do Inmetro, como laboratório

credenciado, usam pessoas que possuem conhecimento adequado nas áreas que se pretende

auditar e que recebem a qualificação de auditor. Verificou-se que o ciclo de formação de

competência de auditores internos considera os aspectos técnicos específicos de cada negócio,

e que existe uma necessidade comum de reciclar de forma constante seus auditores, seja por

motivo de introdução ou de aprimoramento de processos ou pela necessidade de qualificação

de novos auditores, em função de situações diversas. Entretanto, verificou-se também, com

raras exceções, que o ciclo de qualificação dos auditores internos segue metodologias bem

menos sistêmicas que a metodologia de qualificação dos demais membros da equipe que

atuam na atividade fim do negócio. A qualificação dos auditores é aprimorada sempre que é

detectada uma nova necessidade. Este fato pode estar ocorrendo em função da norma não

apresentar claramente o entendimento de como deve ser processada a qualificação dos

auditores internos.

Em nenhum dos casos foi detectado que o sistema só utilizasse auditores externos. Os

laboratórios consideram que as pessoas que possuam conhecimento técnico do negócio podem

vir a ser qualificadas como auditor interno, para atendimento das necessidades de execução de

auditorias internas.

87

Não foi evidenciado nas pesquisas e entrevistas o uso regular de auditores técnicos

externos à organização. Em alguns casos era citada a possibilidade de seu uso, apenas. Isto

nos induz a pensar sobre a possibilidade de convivência com os mesmos paradigmas, uma vez

que a principal função do uso de um auditor externo à organização para a realização de

auditorias internas, é a possibilidade de obtenção de novas visões sobre o sistema instaurado.

Por exemplo, o uso de auditores externos, que tenham sido submetidos a outros

processos de qualificação, é uma das formas de se procurar auditar a atividade laboratorial, de

forma independente. Assim, toda a atividade relacionada ao relacionamento direto com o

cliente, que estaria diretamente vinculado ao processo de CRM (Customer Relationship

Management), estaria sendo auditada por pessoal qualificado mas que, em primeira análise,

não estaria entranhado dos vícios da organização. Cada vez mais a gestão do relacionamento

com clientes tem sido alvo de prioridade dentro de uma estratégia de manutenção dos clientes

já conquistados que não permita a perda do mesmo para um concorrente e um processo de

aquisição de novos clientes dentro dos nichos de mercado que tenham sido focados. Esta

última estratégia atende às questões de captação de novos clientes entrantes no nicho definido,

aumentando seu próprio crescimento no mercado e dificultando o crescimento da

concorrência e o encantamento de clientes que estejam sendo atendidos pela concorrência

visando sua captação e enfraquecimento do concorrente que possuía tais clientes em sua

carteira de negócios. Este conjunto de medidas faz com que o negócio se consolide e cresça.

Portanto, o uso de auditores externos, sem vícios da própria organização, busca o

fortalecimento de um grupo de atividades no negócio que está diretamente relacionado com a

sobrevivência do mesmo. Na comparação de evolução de implantação do CRM nas

organizações foi evidenciado que na pesquisa de 2002 Pouco mais da metade das empresas

entrevistadas (52%) vem desenvolvendo este trabalho há 3 anos ou mais e 37% estariam

implantando o CRM há um ano. Na pesquisa do ano de 2001, 80% das empresas tinham

iniciado seu programa de implantação de CRM há um ano (GROUP, 2003). Isto demonstrou

uma clara evolução no sentido da busca de um modelo de gestão organizacional que buscasse

um grau relevante de prioridade na melhoiria do relacionamento com clientes.

Das entrevistas foram obtidos resultados que estão listados a seguir. O número de

laboratórios que forneceram as mesmas respostas encontra-se ao lado de cada uma das opções

escolhidas.

Perguntas relacionadas aos fatores que possam afetar adversamente a garantia da

eficácia da auditoria interna geraram o seguinte resultado:

Falta de qualificação de auditores para novas atividades [13 – 92,8%];

88

Falta de qualificação dos auditores quanto a documentos de referência [12 – 85,7%];

Falta de qualificação de auditores para atividades rotineiras [11 – 78,6%];

Falta de planejamento de auditoria [08 – 57,1%];

Número insuficiente de auditores para cobrir todo o SG no tempo definido [08 –

57,1%];

Falta de confiança pessoal na ética e integridade da equipe auditora [07 – 50%];

Tempo de auditoria insuficiente [06 – 42,8%];

Falta de priorização da atividade de auditoria interna em relação às demais atividades

desenvolvidas [03 – 21,4%];

Falta de priorização da atividade de verificação de eficácia de ações corretivas em

relação às demais atividades desenvolvidas [03 – 21,4%];

Pressão comercial – auditor reduz tempo em função de outras atividades [02 – 14,3%]

Falta de documentação de apoio para realização da auditoria (check-list) [01 – 7,1%].

Falta de recursos para auditoria interna [01 – 7,1%]

Do que foi observado, está evidenciado que a qualificação de auditores seja para as

novas atividades, nos documentos de referência do sistema e nas atividades rotineiras é um

problema que necessita ser solucionado. O problema de qualificação de auditores é

confirmado em estudo da aplicação da 17025 em processos de credenciamento de laboratórios

na Grécia, onde o treinamento de auditores é considerado uma matéria de grande importância.

Neste estudo foi identificada a falta de auditores internos com a qualificação adequada.

(VLACHOS, 2002)

Em todos os casos pesquisados não se encontrou um único modelo de gestão idêntico

a outro que funcionasse com mesmo desempenho. Foram comparados as respostas fornecidas

e os resultados obtidos nas auditorias. Mesmo em modelos parecidos, foram identificadas

necessidades de qualificação específicas diferentes com referência às atividades técnicas

desenvolvidas, que acabaram por gerar níveis de conhecimento diferenciados.

De todo o exposto, configura-se como vital para a sobrevivência da organização, seu

autoconhecimento de fraquezas e pontos fortes, que é analisado através da execução de

atividades relacionadas com o item 4.14 – Análise crítica do sistema da NBR ISO/IEC 17025.

Os pontos fortes e fracos adicionados à informação de ameaças e oportunidades ao negócio,

representado por seu sistema de gestão, determinam seus requisitos de atendimento. O

processo de auditoria interna permite que a organização se conheça melhor e tome as

providências necessárias, para a busca da garantia de que está sendo definido um rumo

adequado ao seu futuro.

89

O processo de qualificação de pessoal, que será envolvido na verificação da

conformidade a políticas e procedimentos, deve ter um nível de qualificação adequado à

complexidade das atividades da organização, ou a eficácia da auditoria ficará comprometida

e, por conseqüência, a eficácia do sistema de gestão, comprometendo o futuro da organização

em longo prazo. Este processo de qualificação considera, além do entendimento dos requisitos

do sistema, conhecimentos necessários quanto às técnicas de análise de informações e

estabelecimento de ações de atuação para atendimento das demandas.

O gestor do sistema de auditorias internas possui grandes desafios a enfrentar. A

grande dificuldade, do estabelecimento de um modelo único de qualificação de auditores

internos, é a incerteza da garantia que se tem de se avaliar o desempenho das pessoas que

tenham sido qualificadas por um determinado método para que seja possível a comprovação

que este método adotado é adequado à qualificação do auditor. Existem várias dificuldades

que devem ser superadas na atividade de avaliação da eficácia do conhecimento que consegui

ser transferido do instrutor ao aluno nos casos de formação e treinamento e da experiência

adquirida quando da vivência de determinada atividade que se deseje mensurar.

Esta dificuldade de se avaliar o desempenho de um recurso humano é apresentada de

forma sintetizada da seguinte forma: A grande ironia é que o único componente econômico que pode agregar valor em uma organização em seu próprio termo é aquele que é o mais difícil de ser avaliado. Ele é o componente humano - claramente o ativo mais difícil de se gerir. A variabilidade e a falta de previsibilidade quase infinita dos seres humanos faz com que eles sejam muito mais complexos de se avaliar do que qualquer componente eletromecânico que vem acompanhado de especificações operacionais predeterminadas. (FRITZ-ENZ, 2001)

A auditoria interna é a atividade dentro de sistemas de gestão que permite fornecer

evidências de garantia à direção do negócio, que todos operam de acordo com as políticas e

diretrizes estabelecidas por ela e que o sistema é conforme ao atendimento das necessidades

do negócio. Estas necessidades são geradas a partir do desejo de clientes, acionistas, dos

membros dirigentes, organismos regulamentadores, e os próprios membros da equipe da

organização. Requisitos adicionais provenientes de organismos credenciadores e

certificadores podem ser acrescentados caso a organização tenha interesse de credenciar ou

certificar alguma de suas atividades.

Tais requisitos adicionais acabam sendo incorporados ao sistema de gestão da

organização em resposta à necessidade de atendimento às exigências destas organizações seja

por interesse de sobressair no mercado, seja pela oportunidade de realizar novos negócios,

seja por exigência de algum cliente, seja por ameaça de perda de mercado ou seja por

90

exigência de um organismo regulamentador que passa a estabelecer, como critério para

atendimento a algum documento legal o credenciamento ou certificação em um dos campos

de produto, processo ou sistema.

Um sistema de gestão, por si só degrada em sua conformidade por causa da evolução

dos requisitos com o passar do tempo. A própria evolução das necessidades humanas, faz com

que os clientes e outras partes que se relacionam com o laboratório aumentem suas exigências

com o tempo. Assim sendo, em um momento após a aquisição da percepção da nova

necessidade pelo cliente, automaticamente é estabelecido um novo patamar de necessidades

para ele. Isto se refletirá em novos requisitos para o sistema de gestão do fornecedor que o

cliente se utiliza. Esta nova exigência proveniente dos clientes acarretará na necessidade de

adaptações no sistema de gestão para seu atendimento. O mesmo ocorrerá com relação aos

acionistas e dirigentes de qualquer organização. Esta contínua evolução dos requisitos para os

sistemas acarretará de forma relacionada a uma degradação da conformidade do sistema de

gestão aos novos requisitos.

Quando esta evolução dos requisitos é próxima ao sistema já implantado, ações de

auditoria interna no sistema podem ser suficientes para se detectar esta diferença e para

estabelecer um processo de ciclo fundamentado no PDCA para a execução de ações que

visem à eliminação das causas de não atendimento e, desta forma, consiga restabelecer a

conformidade aos requisitos de clientes externos e de clientes internos.

Quando a evolução dos requisitos ainda não se estabeleceu em forma definitiva mas

indica uma tendência, o atendimento a esta tendência pode se configurar como uma

oportunidade de melhoria e, em conseqüência ser tratada dentro de uma metodologia

sistêmica de análise crítica. A análise crítica é uma das atividades dos sistemas de gestão que

visa levar o sistema de gestão como um todo a obter índices cada vez mais elevados de

qualidade na visão de seus clientes. Desta forma, espera-se fidelizar os clientes para se obter

maiores vantagens econômicas deste relacionamento.

4.1 REQUISITOS BÁSICOS PARA A QUALIFICAÇÃO

Neste item procuro abordar os requisitos básicos que os laboratórios definiram para se

iniciar um processo de qualificação de auditores internos. Considera-se a necessidade do

auditor vir a possuir qualificação apropriada para auditar um sistema de gestão com relação

91

aos requisitos estabelecidos na NBR ISO/IEC 17025 e outros documentos de referência

estabelecidos por organismos regulamentadores. O interesse do levantamento destes

requisitos estaria diretamente relacionado à necessidade de conhecimento do nível mínimo de

competência que um potencial candidato a auditor interno já deveria possuir para atender as

diferentes metodologias de recrutamento e seleção estabelecidas pelos laboratórios e os

diferentes requisitos que estes laboratórios devem atender.

Os atuais sistemas de gestão dos laboratórios pesquisados são baseados em SGQ

relacionados com a NBR ISO/IEC 17025, em virtude da necessidade de atendimento dos

requisitos de credenciamento do INMETRO, que se baseia em normas internacionais. Desta

forma, o processo de recrutamento, seleção e qualificação de auditores internos reflete o

atendimento aos requisitos definidos nos documentos do INMETRO.

Nesta primeira parte realizo a apresentação dos métodos que os mais diversos

laboratórios se utilizaram na realização das atividades de recrutamento e seleção de potenciais

candidatos a auditor interno. Esta parte é particularmente importante para os momentos em

que o laboratório está estabelecendo os mecanismos de obtenção de potenciais candidatos a

auditor interno, para suprir suas deficiências nos processos de auditoria interna no que se

refere à qualificação destes auditores em atividades específicas.

Salvo as exceções de laboratórios que possam iniciar novas atividades contando com

auditores internos já qualificados, quando da implantação de novas atividades, os laboratórios

se deparam com a necessidade de planejar, executar, avaliar e tomar ações corretivas para

garantir a qualificação de novos auditores internos como forma de suprir as deficiências de

competência de equipe auditora para o novo escopo.

A princípio, verifica-se na maior parte dos representantes dos laboratórios

entrevistados, que o modelo adotado parte do princípio do atendimento de necessidades

imediatas da organização quanto à qualificação de auditores internos. As respostas foram

muito semelhantes mas não podemos classificá-las como metodologias idênticas. Em uma das

respostas (7,1%), especialistas da própria organização, por determinação da gerência superior

da organização, assumem a posição de candidatos a auditores internos. Esta diretriz

estabelecida é muito interessante do ponto de vista de sinalizar à todos da organização o grau

de autoridade e responsabilidade que a função auditor interno possui. Em todos os demais

laboratórios (92,9%), a gerência intermediária dos laboratórios possui mecanismos no

processo de seleção de candidatos.

De todas as respostas, em 2 laboratórios (14,3%) o responsável pela área técnica

indica as pessoas que irão participar de cursos de auditoria para sua formação como auditores

92

internos. Em 3 laboratórios (21,4%), a indicação de candidatos internos vem do gestor da

qualidade mas necessita da aprovação dos gerentes das áreas aos quais os candidatos estão

subordinados enquanto que no caso de candidatos externos, existe um processo seletivo

determinado para contratação de auditores qualificados e não para candidatos à formação de

auditores internos. Em 2 respostas (14,3%) foi indicado que o processo de recrutamento e

seleção de auditores internos somente utilizava especialistas da própria organização que

tivessem um curso de auditoria ou de “lead Assessor” e tivesse a disponibilidade de atuar,

como observador em até 40 horas de atividades de auditoria, para sua formação básica. Em 6

respostas (42,8%) o processo de recrutamento era executado somente com pessoal interno que

tivesse participado de um curso sobre a NBR ISO/IEC 17025, como requisito básico. Em um

laboratório (7,1%) utiliza-se o critério de quem possui mais experiência relacionada com

auditoria para ser candidato a auditor interno. Neste caso a indicação é realizada peçla

gerência superior.

O requisito habilidade não foi abordado por nenhum dos laboratórios que respondeu a

pesquisa. De uma forma geral não há uma indicação clara de requisitos gerais de habilidades

específicas para a qualificação de auditores internos em nenhuma das respostas de nenhum

laboratório.

Mesmo na NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), este requisito, junto com o requisito

experiência, encontra-se determinado em uma condicionante “e/ou” onde esta condição pode

sugerir que, em alguns casos, a habilidade seja substituída pela experiência ou vice-versa Em

outros casos, pode ser necessário ao laboratório interpretar que o requisito habilidade seja um

requisito adicional ao requisito da experiência. Esta necessidade é evidenciada quando alguns

tipos de ensaio necessitam que seus operadores desenvolvam uma destreza específica para

que seja possível a garantia da qualidade dos resultados dos ensaios. Na realidade, a

interpretação desta condição estabelece que existam casos de qualificação de pessoal em que

basta a experiência na atividade ou em atividades correlatas que forneçam a devida

capacitação. Outros casos, apenas a demonstração de habilidade na execução de determinada

atividade é requisito para obtenção da qualificação. Em um terceiro caso, somente a

comprovação de experiência, adicionada da comprovação de habilidade específica, poderá

gerar a qualificação almejada.

Este diferencial existe em função das características de realização das atividades

laboratoriais, que exigem um profundo conhecimento tecnológico para a realização de

auditorias em seu escopo de atividades. Não foi detectado nos laboratórios algum tipo de

preocupação com relação às necessidades básicas de habilidade que um candidato a auditor

93

tenha que demonstrar. Isto não foi detectado na pesquisa, nem nas entrevistas e nem nos

documentos aos quais tivemos acesso. Acreditamos que isto esteja ocorrendo em função de

quase todos os laboratórios utilizaram auditores da própria organização para a realização das

auditorias internas e considerem que os candidatos já possuam as habilidades necessárias

desenvolvidas. Entretanto, o cuidado adicional de se definir que habilidades um candidato a

auditor deva demonstrar deve ser incorporado quando do desejo de uso de auditores externos

à organização.

Os requisitos básicos para candidatos a auditor devem considerar o conhecimento

considerado como mínimo necessário para se iniciar o processo de qualificação de auditores

para qualquer uma das áreas de atividades. Nada impede que o laboratório possua um

programa de qualificação de pessoal visando qualificar pessoas de seu interesse de forma que

venham a atender os requisitos mínimos de qualificação para serem introduzidos em um

programa de qualificação de auditores.

Como exemplo pode ser citado que uma atividade ou unidade laboratorial ao ser

criada dificilmente possui auditores qualificados e é possível que possua pessoas que não

atendam um critério mínimo de candidatos a auditor, se o sistema de gestão da organização ao

qual pertence já for bem evoluído. Para algumas atividades tais como a realização de ensaios

de apreciação técnica de modelos de medidores de energia elétrica ou para verificação da

condição metrologia de tais medidores em funcionamento nas instalações em campo, são

atividades de função exclusiva de determinadas organizações. Assim, é necessário que o

profissional que venha a ser candidato a auditor disponha de um conhecimento básico comum

que permita, através de treinamentos específicos, vir a estar plenamente qualificado a exercer

suas funções de auditor interno.

Quanto à formação, o primeiro passo foi o entendimento do perfil de formação mínima

desejado para o reconhecimento de suficiência de qualificação de um indivíduo neste item. Na

opinião pessoal de gestores do sistema de 14 laboratórios, que poderiam não estar refletindo a

determinação nos sistemas de gestão de seus respectivos laboratórios, 7 gestores (50,0%)

estabelecem em suas opiniões, como requisito mínimo, a formação de nível superior. A

opinião dos outros 50% dos gestores, equivalentes a 7 laboratórios, responderam que

consideram, como formação mínima de um auditor competente, a formação de nível médio.

Quando questionados sobre os requisitos de formação mínima para auditores internos

que iriam atuar em auditorias internas mais relacionadas à avaliação da conformidade a

requisitos da gerência resposta obtida foi de 5 gestores (35,7%) consideram que a formação

94

poderia ser de nível médio, enquanto que 9 gestores (64,3%) responderam que deveria ser de

nível superior.

A organização deve estabelecer os parâmetros de aceitação para reconhecimento de

qualificação mínima para candidatos a auditor interno. O sistema pode estabelecer os critérios

de aceitação que, dependendo de sua forma de execução, pode ser feito através da análise

individual do candidato, desconsiderando-se, a princípio, em que entidade o indivíduo obteve

sua formação. Em alguns casos, onde sistemas de gestão que realizam o processo de

recrutamento e seleção em função de requisitos específicos que devem ser atendidos, é

necessário que seja obtida a garantia de formação mais confiável por parte do candidato.

Em virtude de características específicas, um processo de recrutamento e seleção pode

eliminar candidatos que não sejam provenientes de entidades educacionais consideradas como

confiáveis pelo sistema. Em outros casos, ainda, outros sistemas de gestão podem preferir

realizar uma pontuação no indicador “formação” em função de classificações das

organizações que forneceram a qualificação dos indivíduos tal como certificação de pessoal.

Em outros casos, o sistema de gestão pode considerar uma “pontuação” mista dos critérios

anteriores. Neste caso, os indivíduos mesmo provenientes de organizações que não sejam bem

classificadas pela organização podem recuperar seus indicadores através de outros critérios de

pontuação em outras etapas do processo seletivo.

No recrutamento de candidatos a auditor interno para laboratórios, as organizações

tem tido uma tendência de uso de RH cuja formação acadêmica tenha sido realizada em

escolas técnicas, faculdades e universidades. Apesar de, para outras funções, ser aceito a

formação estabelecida através de centros de instrução tecnológica, não foi observado em

nenhum sistema a clara definição de sua aceitação para auditores internos.

Casos como a escola de nível médio de Xerém, na cidade de Duque de Caxias no

Estado do Rio de Janeiro, cuja formação de escola técnica é realizada em convênio com o

Inmetro, foram introduzidas disciplinas tais como SGQ baseado na NBR ISO/IEC 17025 e

cálculo de incerteza de medições, que são básicas e fundamentais para a formação de um

especialista ou auditor de laboratórios. Com a evolução do processo de qualificação mínima,

aos poucos está se delineando um requisito para contratação de pessoas para o laboratório

que já possuam conhecimento nos requisitos da NBR ISO/IEC 17025 e cálculo de incertezas

de medição.

O reconhecimento da qualificação de auditores internos poderia ser realizado, também,

por organizações credenciadas que fornecem serviços de certificação de pessoal que possui

um certo grau de reconhecimento nos seus países de origem.

95

Na falta destas organizações que possuem reconhecimento ou na insuficiência de

abrangência na prestação de seus serviços, outras organizações, que atuam de forma

independente poderiam oferecer o serviço de qualificação de recursos humanos sem o

reconhecimento de organizações oficiais, por se tratar de uma oportunidade de negócios.

Neste caso, a organização cliente deve utilizar os mecanismos de auditoria de fornecedor para

garantir que o prestador de serviço atenda-o dentro do grau de qualidade necessária. O

estabelecimento e fornecimento de uma cadeia de transferência de conhecimento é uma

atividade disseminada em diferentes áreas do conhecimento. Entretanto, o fornecimento de

qualificação de auditores internos não é muito comum. Em pesquisa pela Internet localizaram-

se várias ofertas de treinamento em auditoria e poucos com a clara definição de oferecimento

de serviço de qualificação de auditores internos.

Pessoas com formação de nível médio técnico ou convencional podem ser empregadas

em atividades de auditoria técnica ou de sistema, respectivamente. Entretanto, a capacidade de

identificar desvios no seu serviço (não conformidades potenciais ou reais), oportunidades de

melhoria e outras classificações, poderá ficar comprometida se o conjunto FTEH (mnemônico

de formação, treinamento, experiência e habilidade) não considerar um maior nível de

severidade em relação ao treinamento, à experiência e ao desenvolvimento de habilidades,

que agreguem a competência necessária para realização das auditorias.

É imprescindível se considerar qual seria o menor grau de conhecimento geral e

específico e maturidade do raciocínio para que a eficácia de uma auditoria não fosse

comprometida. É importante ressaltar que nenhum profissional pode ser qualificado como

auditor baseado somente em sua formação, por melhor que ela possa evidenciar que seja.

A habilidade como requisito básico para candidatos a auditor deve ser muito bem

tratada pelos responsáveis por gerenciar a qualificação de candidatos a auditores internos do

sistema de gestão. O desenvolvimento das habilidades permite a garantia de realização de

atividades complexas em conformidade às especificações. Desenvolvimento de habilidades

significa que o candidato deva possuir habilidade mínima ou tendência para uma determinada

habilidade, para que a mesma possa ser desenvolvida. Muitas vezes uma fonte importante de

não conformidade nas atividades é o fato de pessoas atuarem em atividades nas as quais não

tenham demonstrado uma destreza suficiente, mesmo tendo formação, treinamento e até

experiências suficientes.

96

4.2 QUALIFICAÇÃO EM REQUISITOS DE GESTÃO

Esta segunda parte trata especificamente da apresentação dos requisitos para a

qualificação de auditores que vão avaliar os requisitos definidos no item 4 – requisitos

gerenciais da NBR ISO/IEC 17025.

Neste item serão apresentados os elementos de FTEH que o auditor deve apresentar

em relação aos conceitos da qualidade e sistemas de gestão. Os atributos listados a seguir

podem servir como orientação para a escolha da equipe de auditores internos para qualquer

norma de requisitos da qualidade, mas foram idealizados com a intenção voltada para atender

a NBR ISO/IEC 17.025. Essas seriam condições mínimas para um auditor capaz, cabendo a

cada laboratório as complementar conforme lhe seja conveniente.

Um dos laboratórios (7,1%) respondeu que o auditor com formação e treinamento

adequado deve participar de 40 horas de atividades de auditoria para ser considerado um

auditor qualificado. Após 80 horas de auditoria são considerados auditores líderes. Outros 4

laboratórios (28,6%) pesquisados definem o mesmo processo básico de qualificação mas não

indicam claramente um quantitativo de horas pré-definido para os treinamentos ou auditorias

de treinamento. Um laboratório, deste grupo de quatro que forneceram a mesma resposta,

define, adicionalmente, que o observador acompanhará auditor qualificado sem definir o

número de acompanhamentos necessários nem a forma com que é reconhecida a qualificação.

Outro laboratório pesquisado (7,1%) indica que, para ser considerado auditor qualificado terá

que obter grau adequado nos exames teóricos e práticos. Outro laboratório (7,1%) analisado

indica que um auditor só estará devidamente qualificado se obtiver nota mínima de 7 (sete)

nos cursos e nota 9 (nove) para candidatos a auditor líder. Para complementar o requisito para

auditor líder, é necessário que este tenha atuado em 3 auditorias antes de sua qualificação.

Sete laboratórios (50%) responderam que após a realização dos cursos relacionados com

auditoria interna, que podem ser diferentes em função das necessidades de cada área de

atuação, o candidato a auditor é convidado a participar de uma auditoria técnica, sob

supervisão de um auditor qualificado. Se obtiver desempenho satisfatório, o candidato passa a

ser considerado qualificado. Esta última matodologia foi a adotada pela maioria dos

laboratórios pesquisados mas carece de uma definição mais clara de quais cursos são

considerados relacionados à auditoria interna. Não foi evidenciado que os cursos de requisitos

e de auditoria seguem as diretrizes de qualidade para gestão de treinamento estabelecidas na

NBR ISO 10015.

97

A vantagem da formação superior para o auditor que avaliará o atendimento do

sistema aos requisitos gerenciais é que ele terá convivido, pelo menos em sua vida acadêmica,

com um vasto leque de conceitos teóricos, e algumas vezes práticos, que podem ser

fundamentais durante a avaliação de uma atividade gerecial.

Ficou evidenciado, nos casos onde existe o requisito de participação em auditorias,

que a experiência necessária é obtida através de atividades de observação e de treinamento

prático durante a realização das auditorias com outros profissionais mais qualificados, que

podem vir a ser as pessoas que avaliam e decidem que o candidato a auditor possui

desempenho adequado ou não.

Deve ser lembrado, ainda, no que se refere à obtenção da experiência mínima para

atuação como auditor, a norma 19011 apresenta como referência satisfatória que o auditor

atenda requisitos distintos quanto a experiência profissional total, experiência profissional nos

campos de gestão da qualidade ou ambiental e experiência em auditoria.

Na 19011, a experiência profissional mínima que o candidato a auditor deve

comprovar para sua qualificação é de 5 anos para quem possui formação de segundo grau,

enquanto que, para os que possuírem uma formação pós-secundária adequada, o requisito de 5

anos pode ser reduzido para 4 (quatro) anos.

Neste documento não há distinção de requisitos de experiência profissional, em termos

de anos, entre quem está se candidatando a atuar como auditor técnico e quem está se

candidatando a atuar como auditor líder. Existem requisitos adicionais de conhecimentos e

habilidades genéricas em liderança de auditoria, abordados no item 7.3.2, para planejamento e

uso eficaz dos recursos, comunicação entre as partes envolvidas, organização e direção da

equipe e auditores em treinamento, condução da equipe para obtenção de conclusões,

prevenção e solução de conflitos e preparação do relatório de auditoria.

Em relação à experiência profissional nos campos de gestão da qualidade ou

ambiental, o candidato deve comprovar a experiência de, no mínimo, 2 anos do total de 5.

Este critério também é válido para candidato que tenha o desejo de vir atuar como auditor

líder.

Em nenhum laboratório entrevistado foi identificado algum tipo de requisito de

habilidades para auditores de sistemas de gestão.

98

4.3 QUALIFICAÇÃO EM REQUISITOS TÉCNICOS

Esta terceira parte trata da apresentação da metodologia de qualificação de auditores

que vão avaliar os requisitos definidos no item 5 – requisitos técnicos da NBR ISO/IEC

17025.

Na maioria dos ensaios de rotina, os laboratórios sinalizaram com a possibilidade de

uso de pessoal de nível médio, desde que tivessem qualificação técnica na área de atuação

(elétrica, eletrônica, química, etc...) e possuíssem complementação de treinamentos adequados

às necessidades. Formação de nível superior era exigida em laboratórios de ensaio, onde as

atividades exigiam um maior grau de embasamento teórico.

Nos laboratórios voltados à pesquisa, pode ser necessário que os auditores possuam

formação de mestrado ou doutorado, para que possuam conhecimento técnico nos assuntos

diretamente relacionados com as necessidades da auditoria.

Quando a atividade técnica é muito específica, como o caso de atividades

laboratoriais, nem sempre é possível contar com pessoas que apresentem experiência prévia

especificamente em todas as atividades. Experiência em áreas semelhantes é considerada útil

e pode ser utilizada no processo de reconhecimento de qualificação de auditores internos. Por

exemplo, para um técnico que vá desempenhar a função de auditar a atividade de calibração

de hidrofones, é aceitável, como requisito básico, que ele tenha experiência em calibração de

microfones durante um período anterior na sua vida profissional. Embora essas atividades

sejam essencialmente distintas entre si, a natureza e os conceitos teóricos são muito

semelhantes. Pode-se considerar como tempo de experiência a realização de atividades que

tenham sido desenvolvidas sob supervisão, mesmo que seja de forma contínua.

Em termos de experiência, foi evidenciado que os laboratórios não estabeleciam

critérios diferentes para qualificação dos auditores dos requisitos de gestão dos auditores que

iriam auditar os requisitos técnicos.

No que se refere à obtenção da experiência para atuação como auditor, a norma 19011

apresenta como referência satisfatória que o auditor atenda requisitos distintos quanto à

experiência profissional total, experiência profissional nos campos de gestão da qualidade ou

ambiental e experiência em auditoria.

Na 19011, a experiência profissional total que o candidato a auditor deve comprovar

para sua qualificação é de 5 anos para quem possui formação de segundo grau, enquanto que,

para os que possuírem uma formação pós-secundária adequada, o requisito de 5 anos pode ser

99

reduzido para 4 (quatro) anos. Neste documento não há distinção de requisitos entre quem

está se candidatando a atuar como auditor e quem está se candidatando a atuar como auditor

líder.

Em relação à experiência profissional nos campos de gestão da qualidade ou

ambiental, o candidato deve comprovar a experiência de, no mínimo, 2 anos do total de 5.

Este critério também é válido para candidatos a atuar como auditor líder.

Complementarmente, a experiência em auditoria que o candidato a auditor deve

comprovar é de 4 (quatro) auditorias completas de um total de 20 (vinte) dias de experiência

em auditoria como um auditor em treinamento sob a direção e orientação de um auditor

competente como auditor líder. Considera-se auditoria completa aquela que realiza todo o

processo de auditoria e contempla a avaliação de todos os elementos da norma de gestão em

questão. Como requisito adicional existe a exigência de que as auditorias válidas são aquelas

realizadas nos últimos 3 anos, de forma consecutiva.

Em nenhum laboratório entrevistado foi identificado algum tipo de requisito de

habilidades para auditores de requisitos técnicos. Verificou-se que os laboratórios procuraram

adotar um o modelo de comprovação da competência adquirida com experiência após a

comprovação de todo o ciclo de aprendizado através dos processos de formação e de

treinamento anteriormente apresentados. Isto significa que os laboratórios estão considerando

que o candidto esteja adequadamente qualificado em habilidades se foi qualificados nas fases

de formação, treinamento e exp-eriência. A comprovação da competência do auditor que

ainda se encontra em processo de qualificação, poderia ser executada através da avaliação da

atuação do auditor em auditorias que esteja realizando sob supervisão. Quando da

comprovação de execução de 3 auditorias completas, sob supervisão, dentro da condição que

qualquer não conformidade praticada pelo candidato não poderia influir no resultado, o

auditor poderia ser considerado plenamente qualificado.

100

5. MODELO PROPOSTO

Esta proposta de modelo de processo de qualificação de auditores internos baseia-se

no princípio que as normas internacionais são o mais alto nível de consenso internacional de

requisitos para um dado sistema. Assim, considerando-se o uso das normas internacionais

relacionadas com um determinado assunto, consegue-se estabelecer o mais alto nível de

requisitos de sistemas de garantia da qualidade que este assunto deva atender no âmbito de

consenso internacional.

Este estudo resultou em um modelo de processo de qualificação de auditores internos

que busca a garantia da eficácia de todo o sistema a partir da eficácia do processo de

auditoria. Para a definição deste modelo, realizou-se uma intensa pesquisa dos documentos

relacionados, principalmente no que se refere a normas internacionais consensadas, buscou-se

o entendimento das diferentes formas de qualificação de auditores internos que eram adotadas

por diferentes laboratórios, analisou-se as informações disponíveis em livros, artigos e

páginas na internet e foram verificadas quais as falhas poderiam estar afetando o processo de

qualificação dos auditores.

A experiência obtida como auditor de diferentes sistemas de gestão, como supervisor

de processos de credenciamento de laboratórios na área de eletro-eletrônica, automotiva e

química e, agora, como gestor na implantação e implementação de laboratórios de ensaios de

compatibilidade eletromagnética, ensaios elétricos, ensaios climáticos, ensaios mecânicos e

ensaios de software de instrumentação de medição, tem permitido observar que muitas

organizações, mesmo esmerando-se nos processos de qualificação de auditores internos, ainda

não conseguem garantir a total eficácia de seus sistemas de gestão, quando da execução de

operações rotineiras, como comprovado nos registros das auditorias executadas pelo

INMETRO.

101

Este Sistema de Garantia da Qualidade desenvolvido para qualificação de auditores

considera que o auditor deva ser qualificado de forma a conhecer os princípios de gestão tais

como estratégias de ação, tipos de ação que os sistemas de gestão podem se utilizar, as

exigências estabelecidas nas normas de requisitos, de desempenho e/ou segurança dos

produtos e normas específicas de qualificação, que formam o arcabouço básico do

entendimento das necessidades de qualificação.

O detalhamento deste modelo de qualificação do auditor interno deve ser único para

cada organização, em função de suas características de mercado, culturais e organizacionais,

além das características específicas das atividades que serão auditadas. Em virtude da enorme

diversificação nas qualificações específicas encontradas, decorrentes das diferentes atividades

que os laboratórios realizam, optou-se por estabelecer um limite para o grau de profundidade

do modelo do processo de qualificação de auditores internos. O limite foi determinado em

função que o modelo pudesse ser genérico suficiente para que todos os laboratórios pudessem

dele se utilizar, sem que deixasse de conter todas as diretrizes necessárias para sua aplicação,

em um laboratório específico que desejasse se utilizar deste modelo. Para que possa ser

adotado em qualquer caso específico é necessária à interpretação das diretrizes indicadas em

ações no grau de profundidade necessária para obtenção da eficácia desejada no sistema. Este

modelo genérico foi desenvolvido para a qualificação de auditores que viessem a atuar em

processos de auditoria interna em sistemas de gestão de laboratórios de calibração ou ensaio,

baseados na norma NBR ISO/IEC 17025. Este modelo considerou que pudesse ser utilizado

por diferentes laboratórios de diferentes áreas de atuação, de forma a servir como um guia,

sem que a aplicabilidade do mesmo ficasse comprometida pelo grau de profundidade de

detalhamento. Considerou-se, também, como característica deste modelo genérico que, para

cada laboratório específico só fosse necessário o detalhamento considerando-se as

necessidades específicas em relação a cada item apresentado. Isto é, não haveria necessidade

de se estabelecer nenhum requisito adicional, além dos apresentados.

A aplicação deste modelo, inicia no mapeamento de necessidades do sistema de gestão

e finaliza nas diferentes formas com que será realizado o aprimoramento deste mesmo

sistema, baseando-se em todas as informações disponíveis, principalmente, os indicadores de

desempenho.

O levantamento dos requisitos do sistema de gestão é iniciado através do levantamento

das exigências dos acionistas, direção superior, demandas provenientes das diferentes

funções, organismos regulamentadores, demandas da sociedade e demandas do mercado para

as áreas de atuação do sistema, que são consideradas na definição e estabelecimento do

102

sistema. Quando a organização decide, em função de um dos atores que estabelecem

requisitos para o sistema, a obtenção do reconhecimento de seu sistema de gestão ou da

competência de seu pessoal na realização das atividades, os requisitos adicionais

estabelecidos pelos organismos credenciadores ou certificadores devem ser atendidos. O

conhecimento a tais requisitos é exigência de qualificação que os candidatos a auditores

devem evidenciar para serem classificados como auditores qualificados.

Considerando os requisitos estabelecidos na NBR ISO/IEC 17025 quanto à

qualificação de recursos humanos, é imprescindível que o auditor comprove possuir

formação, treinamento, experiência e/ou habilidades adequadas para o exercício competente

desta função. Desta forma, este estudo procurou assegurar que cada um destes pontos fosse

claramente abordado no processo de qualificação, iniciando-se pelo recrutamento e seleção.

O processo de qualificação dos auditores internos que serão envolvidos na verificação

da conformidade a políticas e procedimentos deve ser adequado à complexidade das

atividades da organização ou a eficácia da auditoria ficará comprometida e, por conseqüência,

a eficácia do sistema de gestão, comprometendo o futuro da organização em longo prazo. Este

processo de qualificação considera, além do entendimento dos requisitos do sistema,

conhecimentos necessários quanto a técnicas de análise de informações e estabelecimento de

ações de atuação para atendimento das demandas.

5.1 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE CANDIDATOS ADEQUADOS

Após a realização do levantamento dos requisitos para o sistema de gestão, o processo

de qualificação de auditores internos dá continuidade através do recrutamento e seleção de

potenciais candidatos que deve considerar o perfil da pessoa que se deseja vir exercer a

função de auditor interno. A NBR ISO/IEC 17025 não faz nenhuma menção a nenhuma

exigência de perfil para auditores. Apenas indica em seu item 4.13.1 que os auditores sejam

treinados e qualificados. Entretanto, a norma ILAC G 11 que referencia o processo de

qualificação de auditores para organismos de credenciamento de laboratório estabelece perfis.

A norma que trata de auditoria de sistemas da qualidade e ambiental NBR ISO 19011, trata do

perfil de auditores que realizam auditorias em sistemas baseados em requisitos da NBR ISO

9001 e NBR ISO 14001. Apesar de serem sistemas de gestão com objetivos diferentes, os

103

requisitos aplicados a estes sistemas podem ser aplicados à auditores da NBR ISO/IEC 17025,

desde que os critérios de competência com relação às atividades específicas sejam mantidos.

Deve ser lembrado que os laboratórios internos das organizações que são utilizados

para a confirmação da qualidade intrínseca do produto para atendimento dos requisitos

estabelecidos na NBR ISO 9001 e os laboratórios internos utilizados para confirmação dos

requisitos ambientais estabelecidos ou decorrentes da NBR ISO 14001, devem atender em seu

sistema de gestão interno aos requisitos da norma NBR ISO/IEC 17025.

A diversificação das formas de realização do recrutamento traz como conseqüência a

oportunidade da obtenção de contato com uma maior diversificação de potenciais candidatos,

sejam em perfis, conhecimento, experiência e habilidades. Esta mesma diversificação,

entretanto, acarreta em um direto aumento de custos e aumento da dificuldade de selecionar

os potenciais candidatos, em virtude do substancial aumento de informações que devem ser

analisadas. A seleção de potenciais candidatos a auditores internos com uso de perfis

psicológicos não deve ser considerada eliminatória, e sim, classificatória, uma vez que os

testes psicológicos são considerados conclusivos para a determinação do perfil em um dado

instante e a pessoa tem condições de evoluir ao longo do tempo. A seleção deve considerar a

qualidade do perfil como um diferencial para classificação a ser aplicado no final do processo

de qualificação de auditores.

A análise de perfis foi abordada pelo INMETRO, após a realização do concurso de

seleção de candidatos, quando foi iniciada a realização de uma série de testes psicológicos a

partir de 2001. Estes testes foram feitos com o intuito de determinação do perfil psicológico

dos aprovados para a determinação por parte da direção da organização, de um subsídio

adicional na escolha das pessoas que viriam a atuar em suas unidades. Estes testes não foram

desenvolvidos e considerados para aplicação específica em auditores internos. Portanto, seus

resultados não puderam ser conclusivos, de alguma forma a este estudo.

Este modelo preconiza a realização de uma série de testes quando do início do

processo de seleção e outro quando da finalização do processo de qualificação. Este modelo

foi sugerido em função do processo de qualificação poder influir nos perfis dos candidatos e

se desejar conhecer o resultado final. Uma opção seria a realização da avaliação de perfil

psicológico somente após a execução da fase de treinamento mas antes da fase de aquisição

de experiência e habilidades, que é realizado quando o candidato participa ativamente de

auditorias. É possível que algum sistema defina a possibilidade de participação de um

candidato como um observador. Nesta condição, o candidato participa da equipe auditora

como um membro que está, apenas, a observar e não interfere no processo de auditoria. Assim

104

sendo, o candidato observa os acontecimentos, realiza anotações sobre os fatos e suas

dúvidas. Estas são discutidas com os auditores qualificados que são responsáveis por fornecer

as explicações necessárias. Quando o sistema permite a possibilidade de participação do

candidato a auditor como observador antes de sua participação em treinamentos teóricos sobre

auditoria, cuidados adicionais devem ser tomados com relação à seleção, uma vez que este

candidato ainda não foi submetido aos testes psicológicos. Este cuidado adicional pode ser

uma entrevista com os candidatos para se verificar se há uma razoável segurança em inserir

este candidato ao contato direto com os auditados e com a situação de uma auditoria nesta

fase do processo de qualificação. A questão do perfil deve ser detectada antes da realização de

atividades de campo como auditor em treinamento.

Para o processo de recrutamento recomenda-se o uso de recrutamento de pessoal

interno e externo à organização. Para cada tipo de organização e de processo de recrutamento

devem ser consideradas as suas diferentes necessidades, oportunidades e ameaças. Não é foco

deste estudo uma avaliação destas necessidades, oportunidades e ameaças e nem a indicação

dos métodos mais adequados de sua execução. Neste estudo procuramos identificar, apenas,

as principais questões que devem ser abordadas quando da escolha de um candidato a auditor.

O recrutamento interno é definido como “o preenchimento de vagas por meio da

promoção ou transferência de funcionários da organização. É a valorização dos recursos

humanos internos” (Pontes, 2001). Entretanto, a NBR ISO/IEC 17025 não distingue a

competência de uma pessoa pelo fato de ser ou não funcionário. Esta norma admite o uso de

pessoal sob novas formas de contratação, desde que os demais requisitos de competência

sejam cumpridos.

O recrutamento interno pode ser realizado de forma transparente a que todos que

tenham interesse, dentro das diretrizes organizacionais possam se candidatar. O acúmulo das

atividades já exercidas com esta nova função gerará um adicional de trabalho que deve ser

compensado pela melhor qualificação profissional e redução de carga horária de alguma outra

atividade. Estes poderão ser formas de motivação para os potenciais candidatos.

Como ferramentas para realização do recrutamento interno podem ser utilizadas as

apresentações espontâneas, a indicação de superiores e indicação de outros membros da

organização. A apresentação espontânea pode ser motivada por avisos na intranet, quadros de

aviso, jornal de comunicação interna e quaisquer outros mecanismos de comunicação que a

organização disponha para este tipo de divulgação.

O recrutamento externo pode ser realizado de forma transparente através da indicação

pessoal de qualquer um dos membros da organização. Esta indicação deve ser realizada de

105

forma a que o membro que esteja indicando esteja relacionado em comprometimento com os

resultados de quem indica. Isto pode inibir o interesse de indicações pessoais sem uma

avaliação um pouco mais profunda das necessidades organizacionais. O processo de indicação

pessoal deve considerar o endosso de quem indica e seu conhecimento sobre as necessidades

do sistema de gestão que é alvo da indicação do candidato. Deve-se lembrar que trata-se,

apenas, de uma indicação de um potencial candidato e que o sistema deverá depurar a

validade ou não da indicação.

O recrutamento externo pode ser feito por indicação profissional, onde um membro da

organização avalia as referências não pessoais, baseadas em evidências objetivas obtidas no

mercado. Pode, também, ser realizado através do conjunto indicação profissional e pessoal. A

organização deve estabelecer, na sua visão, o peso de cada uma das indicações e a conjugação

simultânea de algumas.

As organizações devem ter um processo de investigação de cada novo membro que

venha participar de seu sistema. Estas investigações devem ser realizadas, principalmente,

quando o candidato a auditor vem a ter acesso a documentos que contenham informações

consideradas sensíveis. Quando for o caso da aplicação de uma investigação completa sobre o

novo indivíduo, esta deve ser estabelecida no processo de contratação inicial. A adoção de

investigação completa é realizada nos casos onde a relação custos da investigação e a

confiança que é necessária no candidato indicam que seja necessária em virtude do tipo de

sistema que será auditado. Este método é aplicado quando segredos industriais e outros estão

envolvidos e vazamento de informações ou desvios de conduta possam acarretar em prejuízos

significativos, no entender da organização.

No processo de investigação deve ser considerada a necessidade ou não de

investigação sobre o passado do indivíduo. Muitos tipos de auditoria exigem, por parte do

auditor, um maior grau de confidencialidade e responsabilidade. Históricos passados servem

como base de análise. Forças armadas se utilizam deste mecanismo para estabelecer um

histórico sobre a vida do indivíduo. Este processo atua como um elemento de pré-qualificação

para alguns postos que estejam sendo projetados para o indivíduo.

Quanto à experiência profissional, ao término do processo de qualificação, os

auditores devem comprovar uma experiência de, no mínimo, 5 anos para quem possui

formação de segundo grau, enquanto que, para os que possuírem uma formação pós-

secundária adequada, o requisito de 5 anos pode ser reduzido para 4 (quatro) anos. Para a

realização de auditorias com relação aos requisitos gerenciais, o auditor deve possuir, no

106

mínimo 2 anos de experiência em sistemas de gestão. Este requisito é indispensável para

quem deseje se tornar auditor líder.

Desta forma, considero que os critérios mínimos para recrutamento e seleção de

potenciais candidatos a atuar como auditores devem ser a formação e a experiência mínima

que pode considerar o período em que o processo de qualificação é executado. Dependendo

das características, necessidades da organização e das características dos candidatos

disponíveis, o processo de qualificação pode ser mais ou menos demorado. Considera-se um

ano como um período de tempo apropriado para a maior parte das situações encontradas.

5.2 RECONHECIMENTO DE FORMAÇÃO ADEQUADA

Quanto à formação, o primeiro passo é o entendimento do perfil de formação mínima

desejado para o reconhecimento de suficiência de qualificação de um indivíduo neste item. Na

maioria dos casos, os sistemas de gestão baseados na NBR ISO/IEC 17025, para as diferentes

atividades que são executadas, utilizam pessoal que adquiriu formação acadêmica em centros

de instrução tecnológica para operários como o Senai, técnicos de segundo grau formados por

escolas técnicas e técnicos de terceiro grau formados por faculdades e universidades.

A organização deve estabelecer os parâmetros de aceitação para reconhecimento uma

vez que, de forma geral, a prestação de serviços de formação de RH não é realizada por ela

mesma. Ela estabelece os critérios de aceitação que, dependendo do sistema, pode ser através

da análise individual do candidato, desconsiderando-se, a princípio, em que entidade o

indivíduo obteve sua formação. Em outros casos, alguns sistemas de gestão realizam o

processo de recrutamento e seleção baseando-se na eliminação de candidatos que não sejam

provenientes de entidades consideradas pelo sistema como confiáveis. Em outros casos, ainda,

alguns sistemas de gestão preferem realizar uma pontuação no indicador “formação” em

função de classificações das organizações que forneceram a qualificação dos indivíduos.

Neste caso, os indivíduos mesmo provenientes de organizações que não sejam bem

classificadas pela organização podem recuperar seus indicadores através de outros critérios de

pontuação.

Na questão de qualificação de auditores internos, as organizações tem tido uma

tendência de uso de RH cuja formação acadêmica tenha sido realizada em faculdades e

universidades. Em alguns casos, com freqüência inferior, foram observados o uso de pessoas

107

com formação de segundo grau em escolas técnicas. Apesar de, para outras funções, ser aceito

a formação estabelecida através de centros de instrução tecnológica, não foi observado em

nenhum sistema a aceitação deste modo de formação como aceitável.

O reconhecimento de qualificação pode ser realizado de 2 formas:

a) Reconhecimento realizado por processo externo e,

b) Reconhecimento realizado por processo interno.

O reconhecimento de qualificação da formação de auditores internos por processo

externo pode ser realizado através dos resultados do provão, metodologia de avaliação

exercida pelo Governo Brasileiro a partir do Governo Fernando Henrique ou através de

processo realizado por entidade que seja reconhecida pela organização que deseja recrutar os

candidatos a auditor interno. Para este reconhecimento, a organização pode recorrer a

entidades de credenciamento de organismos certificadores de pessoal em suas áreas de

interesse. Nos casos em que tais condições não sejam aplicáveis, a própria organização deve

definir a forma adotada de reconhecimento de formação adequada dos candidatos a auditor.

Outras organizações, que atuam de forma independente oferecem o serviço de

qualificação de recursos humanos sem o reconhecimento de organizações oficiais, por se

tratar de uma oportunidade de negócios. O estabelecimento e fornecimento de uma cadeia de

transferência de conhecimento é uma atividade disseminada em diferentes áreas do

conhecimento. Entretanto, o fornecimento de qualificação de auditores internos não é muito

comum. Em pesquisa pela Internet foram localizadas algumas ofertas de treinamento em

auditoria e poucos com a clara definição de oferecimento de serviço de qualificação de

auditores internos.

5.3 RECONHECIMENTO DE TREINAMENTO ADEQUADO

Além da formação básica direcionada, os documentos que definem os requisitos para

os treinamentos de qualificação dos auditores em sistemas de mútuo reconhecimento

internacional, tais como EAL G10 (EAL, 1993) e ILAC G3 (ILAC, 1994), determinam que

no mínimo o auditor deve ser treinado nos requisitos específicos definidos. Em atendimento

às recomendações da EAL G10 (EAL, 1993), ILAC G3 (ILAC, 1994), que definem

metodologias e conteúdos mínimos de treinamento e às recomendações no ILAC G11 (ILAC,

108

1998) e NBR ISO 19011 (ABNT, 2002), o auditor pode considerado completamente treinado

se tiver obtido os seguintes treinamentos:

Treinamento em fundamentos de sistemas de gestão em que devem ser abordados os

principais itens do conhecimento que sejam comuns a todos os documentos que são

requisitos para os sistemas de gestão, tais como aplicação dos sensos de gestão,

PDCA, auditoria interna, análise crítica do sistema, “benchmarking”, entre outros.

Deve ser lembrado que neste estágio, o treinamento representa a iniciação do

candidato em um processo de qualificação. Pode ser oferecido em 2 versões. A

primeira voltada para a apresentação dos itens de conhecimento e forma de aplicação

imediata enquanto que a segunda seria direcionada à aplicação estratégica destes itens

no contexto do sistema de gestão.

Este treinamento, em sua primeira versão, é considerado imprescindível para

candidatos a auditor que não tenham muita intimidade com sistemas de gestão e para

reciclagem quem já possuiu alguma intimidade com o conhecimento dos itens de

sistema de gestão mas que estejam sentindo a necessidade de obter uma reciclagem.

Este treinamento deve ser fornecido a todos os candidatos a auditor que serão

direcionados para verificação da conformidade dos requisitos gerenciais, definidos no

capítulo 4 da NBR ISO/IEC 17025, quanto aos candidatos que serão direcionados para

a verificação da conformidade dos requisitos técnicos, definidos no capítulo 5 da NBR

ISO/IEC 17025. Um candidato que possua perfil para atuar como auditor líder ou

auditor de requisitos gerenciais também pode ser qualificado para a realização de

auditorias técnicas. Para laboratórios pertencentes às organizações que atuem em áreas

mais complexas tais como pesquisa, recomenda-se que só seja admitido para a

qualificação como auditor líder ou auditor da parte do sistema referente a requisitos

gerenciais, definidos no capítulo 4 da NBR ISO/IEC 17025, se este candidato possuir

conhecimento adequado para realizar algum tipo de auditoria técnica no campo das

calibrações ou ensaios.

Este treinamento, em sua segunda versão, é considerado necessário quando a

organização deseja avaliar a eficácia do seu sistema de análise crítica. Esta versão de

treinamento está direcionada para os auditores que serão responsáveis pela verificação

da conformidade do sistema mais profunda com relação a requisitos, oportunidades e

ameaças que são tratados na análise crítica do sistema de gestão. O processo seletivo

dos candidatos que necessitem deste tipo de treinamento pode ser realizado através de

entrevistas. No treinamento de fundamentos direcionado à estratégia, são abordados

109

alguns tipos de requisitos que podem ser demandados por acionistas e membros da alta

direção, que interferem de forma contundente na forma de atuação do sistema. Esta

versão de treinamento é particularmente importante quando do desejo da organização

de estabelecer sistemas integrados de gestão. Sistema integrado de gestão é aquele

que, simultaneamente, atende os requisitos de 2 normas de sistemas de gestão

simultaneamente. Pode ser citada a necessidade que as organizações possam ter de

integrar os sistema de laboratórios, baseado na NBR ISO/IEC 17025, com o sistema

da qualidade e ambiental de toda a organização, que são baseados, respectivamente,

nas normas NBR ISO 9001 e NBR ISO 14001. Este sistema pode ser integrado de

forma a atender requisitos de prêmios da qualidade. Um laboratório que pertença à

uma organização pública pode ter a necessidade de integrar os sistemas baseados nas

normas citadas e o Prêmio da Qualidade do Governo Federal (PQGF). Em um estudo

da integração dos sistemas ISO 9000 e 14000 com práticas de prevenção de risco

ocupacional (Brio, 2001) as companhias espanholas indicam que a mais importante

vantagem da integração destes sistemas é o compartilhamento da documentação. Deste

compartilhamento da documentação são obtidos o compartilhamento dos objetivos e o

fornecimento de maior consistência ao sistema;

Treinamento em requisitos da NBR ISO/IEC 17.025 onde devem ser abordadas as

interpretações dos requisitos definidos nesta norma internacional, utilizando-se de

outros documentos de referência, onde a norma por si só não permita uma

interpretação segura. Adicionalmente, recomenda-se que, todos os envolvidos com a

aplicação do sistema de gestão laboratorial devem participar deste treinamento. Este é

o caso de pessoas que exercem funções em unidades na organização diferentes da

unidade laboratorial mas que estejam envolvidas com o cumprimento dos requisitos

para o sistema de gestão dos laboratórios. Como exemplo, pode-se citar o pessoal

envolvido com processos de aquisição de bens e serviços, que está relacionado com o

conhecimento dos requisitos gerenciais estabelecidos em 4.6 como “Aquisição de

serviços e suprimentos” da NBR ISO/IEC 17025. Este pessoal, mesmo não

trabalhando no laboratório estará diretamente envolvido na aplicação e cumprimento

do sistema de gestão do laboratório. Esta atividade, mesmo não sendo realizada por

pessoal do laboratório, também pertence ao sistema de gestão do laboratório. Algumas

das pessoas envolvidas podem ser qualificadas como auditores de algumas partes do

sistema de gestão do laboratório, fora das atividades técnicas de calibração ou ensaio;

110

Requisitos de credenciamento ou treinamento específico sobre outros documentos do

organismo credenciador, nos casos de auditoria para reconhecimento de competência

do Inmetro. Neste tópico, o mesmo acontece com relação ao citado na apresentação

anterior. Neste caso, podemos dar como exemplo o pessoal que divulga as atividades

do laboratório. Organismos credenciadores estabelecem diretrizes específicas para

divulgação e propaganda, uma vez que o estabelecimento de tais diretrizes são

critérios para o reconhecimento internacional destes organismos;

Requisitos de organismos regulamentadores ou treinamento específico sobre os

requisitos legais que afetem as atividades laboratoriais. Para isto é necessário que seja

realizado um levantamento do impacto da legislação pertinente ao negócio do

laboratório. No que se refere a aquisição de conhecimento de requisitos provenientes

de organismos regulamentadores, treinamentos específicos devem ser estabelecidos.

Por se tratar de requisitos compulsórios que, por não serem cumpridos podem

significar uma grave ameaça à sobrevivência do negócio e, por conseqüência ao

sistema de gestão, é imprescindível o conhecimento destes requisitos pelos auditores.

Na maioria dos casos, tais requisitos, quando relacionados às atividades de calibração

e/ou ensaio, são analisados, em uma auditoria, pelo auditor técnico. No Brasil,

regulamentação relacionada ao Ministério do Trabalho deve ter seus requisitos

atendidos pelo sistema de gestão. Esta regulamentação estabelece que o sistema de

gestão seja gerenciado por um técnico de nível secundário para organizações de

pequeno porte com poucos membros e que, a partir de um volume maior de pessoas, o

gerenciamento deve ser realizado por pessoal de nível universitário e com

especialização em “Engenharia de Segurança do Trabalho” e os requisitos

estabelecidos sejam auditados por pessoal que possua uma qualificação como técnico

de segurança do trabalho ou engenharia de segurança do trabalho. Como a

regulamentação possui capítulos que são de aplicação específica a determinadas

atividades exercidas pelo sistema de gestão, a qualificação destes especialistas para

que possam, futuramente, serem utilizados como auditores internos, deverá considerar

a formação como técnico ou como engenheiro do trabalho, além de conhecimentos da

interpretação dos requisitos. Laboratórios pertencentes a organizações maiores,

normalmente contam com a contribuição de um setor específico que tem como

responsabilidade desenvolver trabalhos de prevenção no âmbito da segurança do

trabalho. Pode ser mais viável e adequado aos laboratórios neste caso, estabelecer um

111

programa de qualificação de auditor interno contando com um ou mais representantes

deste setor;

Treinamento na tecnologia usada para a fabricação, das diferentes aplicações, defeitos

e degradações que possam ocorrer em uso normal e do entendimento da importância

de desvios do uso normal dos itens que são alvo das atividades de serviço tecnológico

de calibração e ensaios;

Treinamentos nos princípios de funcionamento de todos equipamentos considerados

específicos pelo sistema de gestão, para que esteja capacitado a realizar avaliação de

competência do operador destes equipamentos, como definido no item 5.2.1 da NBR

ISO/IEC 17025.

É aconselhável que o pessoal de auditoria receba um treinamento que aborde as

dificuldades de implantação de sistemas de gestão. Este treinamento é de particular

importância a todos que desejem conhecer em que pontos de controle sejam mais

adequados se auditar com mais persistência nestes pontos por ser pontos com maior

possibilidade de falhas; e, ainda

Treinamento em processo e técnicas de auditoria. Este treinamento permitirá ao

candidato capacitar-se na metodologia empregada pela organização para realização de

suas auditorias internas e adquirir conhecimento das técnicas que deve aplicar durante

a execução de uma auditoria.

É aconselhável também que o auditor seja periodicamente reciclado nos temas acima

descritos. Aconselha-se que esta periodicidade não seja superior a 4 anos, em virtude da

maioria dos países adotarem o ciclo de 4 anos de contrato para reconhecimento de

competência. A periodicidade deve ser menor nos casos de revisões de documentos de

referência do sistema de gestão.

No treinamento sobre os requisitos da NBR ISO/IEC 17025, especial atenção deve ser

dada aos seguintes itens:

Como a organização estabelecida como laboratório assegura a competência técnica de

quem opera equipamentos específicos, que realiza calibrações e/ou ensaios, que

avaliam resultados e assinam certificados de calibração ou relatórios de ensaio, que é

apresentado no item 5.2.1 da NBR ISO/IEC 17025, é um dos subsistemas;

Como a organização assegura que o pessoal em treinamento possui supervisão

adequada.

O modelo de supervisão do pessoal em treinamento deve ser avaliado uma vez que,

ainda não considerados qualificados, podem estar mais sujeitos a falhas na realização de suas

112

atividades. O treinamento de fundamentos de sistemas de gestão procura abordar, de forma

conceitual importantes pontos que devem ser considerados no decorrer da avaliação da

sistemática de supervisão adotada e, este assunto deve ser complementado no treinamento de

requisitos relacionando-se questões específicas do sistema de gestão adotado.

O conhecimento da interpretação de todos os requisitos que são base de formação do

sistema de gestão é imprescindível para a consolidação da competência do auditor. Existem

requisitos estabelecidos por atores no sistema como acionistas e membros da alta direção que,

em alguns casos, estabelecem requisitos adicionais aos existentes por outros atores para

determinar uma forma de atuação ou para obtenção de um determinado grau de desempenho

de resultado. Normalmente estes requisitos só podem ser claramente observados quando da

instalação do sistema ou quando se está auditando o sistema. Neste caso, os conhecimentos

destes requisitos não podem ser previamente estabelecidos e, portanto, estes são requisitos

que, geralmente, não são abordados nos treinamentos citados.

Alguns tipos de requisitos, estabelecidos por acionistas e membros da alta direção, de

outros sistemas de gestão podem ser abordados no treinamento de fundamentos com perfil de

estratégia.

Treinamentos desenvolvidos concomitantemente com a realização de tarefas,

designados de On Job Training, devem ser mais acessíveis e aplicados na qualificação dos

auditores internos. Este último método de treinamento, entretanto, exige da organização uma

maior adequação por parte da organização, uma vez que ela também passa a ser a fornecedora

do treinamento.

Atualmente, estão sendo fornecidos muitos treinamentos à distância através do uso de

ferramentas multimídia em CD-ROM e, outros, fornecidos através da Internet. Verifica-se,

neste momento, um crescimento das ofertas de treinamento à distância. Na Home Page da

ABED pode-se constar um grande volume de cursos voltados à área de informática, que pode

ser uma das áreas de conhecimento que os auditores internos necessitem evoluir em função da

crescente demanda por sistemas automatizados e informatizados nos laboratórios.

Muitos destes treinamentos poderiam ser utilizados e considerados como treinamento

no trabalho. Entretanto, ainda não foi possível identificar a possibilidade de um amplo

programa de treinamento utilizando-se esta ferramenta por causa das poucas opções de

assuntos ainda abordados, em relação às necessidades de um sistema de gestão laboratorial.

Esse ponto é de grande importância para a qualificação da mão de obra especializada, e deve

ser dada atenção especial por parte da gerência da organização. Os treinamentos não devem

se limitar à lapidação inicial do RH a uma determinada atividade, mas devem estar previstos

113

no processo de aprimoramento contínuo e atualização dos conhecimentos da equipe, quanto às

necessidades atuais e previstas. O conceito de Gestão do Conhecimento se aplica a este

tópico. A NBR ISO/IEC 17.025 (ABNT, 2001) indica em seu item 5.2.2 “A gerência do

laboratório deve estabelecer as metas referentes à formação, treinamento, e habilidades do

pessoal do laboratório. “ e, ainda no mesmo item “O programa de treinamento deve ser

adequado às tarefas do laboratório, atuais e previstas.” Esta condição acarreta em que para

cada atividade, existirão funções agregadas a RH´s específicos que necessitarão ter seus

programas de treinamento analisados em relação às necessidades presentes e previstas em um

prazo futuro que seja adequado. Este prazo deveria ser definido em função da análise

estratégica que é realizada quando da execução da análise crítica do sistema de gestão.

Para o treinamento de auditores de laboratórios, o fornecedor deste curso deve atender

requisitos adicionais estabelecidos nos documentos ILAC, no caso dos membros que

assinaram o acordo de mútuo reconhecimento do ILAC, e os documentos estabelecidos pela

EA/EAL, no caso dos membros que assinaram o acordo de mútuo reconhecimento da EA. No

caso do ILAC, o documento em vigor é o ILAC G 3 (ILAC, 1994) que estabelece diretrizes

do curso e ILAC G 11 (ILAC, 1998) que estabelece diretrizes de qualificação de auditores.

No caso da EA, o documento em vigor a ser atendido é o EAL-G10 (EAL, 1993).

Recomenda-se que os laboratórios considerem a inclusão, como treinamentos, da

participação em estágios avançados, workshops, seminários e congressos etc. É uma boa

prática a vinculação da participação em tais eventos com a apresentação de trabalhos no

próprio evento ou apresentação de trabalhos baseados em assuntos que sejam tratados nestes

temas. Entretanto, não foi detectado nenhum requisito obrigatório de atendimento a nenhum

destes treinamentos. Não foi identificado o critério de participação nos treinamentos citados

através de apresentação de trabalhos desenvolvidos na própria organização, relacionados à

melhoria de processos de execução de auditoria interna ou de qualificação de auditores

internos.

A adoção de normas atualizadas do organismo normatizador nacional, é entendido

como uma prática adequada. Será considerado adequado o treinamento que for desenvolvido e

executado em atendimento aos requisitos da NBR ISO 10015 (ABNT, 2001).

No Brasil, as organizações devem considerar as normas brasileiras aprovadas e

emitidas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, quando atualizadas no

contexto internacional e/ou nacional como requisito para seus sistemas de gestão. Desta forma

os treinamentos nas normas relacionadas ao sistema de gestão e às áreas técnicas laboratoriais

devem ser executados.

114

No Brasil, as organizações devem considerar as normas brasileiras aprovadas e

emitidas pela ABNT como requisito para seus sistemas de gestão. Desta forma, algumas

normas técnicas que o laboratório se utilize pode fazer referência a outras normas, que

também farão parte do escopo de requisitos do sistema de gestão e, desta forma, será

considerado requisito adicional para qualificação de auditores internos.

O entendimento de requisitos outras normas de gestão podem vir a ser necessária em

função de determinação de organismos regulamentador ou para obtenção de melhor

visualização por clientes, quando da existência de demanda da sociedade. Por exemplo, a

adoção dos requisitos estabelecidos na norma SA 8000 Social Accountability pode ser

proveniente pelo simples fato de ser uma norma de forte apelo a um determinado segmento da

sociedade ou do mercado com que a organização tenha um interesse em cumprir para

obtenção de uma visão mais favorável por parte destes segmentos. Assim, a visão da

sociedade pode influenciar os membros da alta direção pela decisão de adotar os requisitos

estabelecidos no documento como uma forma de obtenção de vantagem competitiva perante

os clientes.

5.4 RECONHECIMENTO DE EXPERIÊNCIA ADEQUADA

Complementarmente, as experiências mínimas profissional, utilizando-se a NBR ISO

19011 (ABNT, 2002) como referência, o candidato deve obter experiência em auditoria. O

candidato a auditor deve comprovar ter participado de 4 (quatro) auditorias completas de um

total de 20 (vinte) dias de experiência em auditoria como um auditor em treinamento sob a

direção e orientação de um auditor competente como auditor líder.

Considera-se auditoria completa aquela que realiza todo o processo de auditoria e

contempla a avaliação de todos os elementos da norma de gestão em questão. Como requisito

adicional existe a exigência de que as auditorias válidas são aquelas realizadas nos últimos 3

anos, de forma consecutiva.

Este requisito é especialmente complicador quando se está em fase de estruturação do

primeiro sistema de gestão na organização. A participação dos auditores em qualificação em

auditorias internas que passam a ser realizadas com mais freqüência e auditorias internas em

outras organizações ou, até mesmo, auditorias externas, passam a ser necessárias para

obtenção da qualificação de auditores internos em prazos menores.

115

É aconselhável que antes de avaliar uma atividade técnica à luz dos requisitos do

sistema de gestão, o candidato a auditor acompanhe uma ou mais auditorias como observador,

antes de realizar seu estágio probatório realizando auditorias sob supervisão. É importante que

o candidato a auditor tenha a possibilidade de acompanhar uma auditoria sem ter a

responsabilidade de executá-la. Isto permite que faça as anotações devidas e tire suas

principais dúvidas com os auditores qualificados. Neste processo, o candidato estará sendo

avaliado como um observador. Isto é, uma pessoa da equipe que não interfere no processo de

auditoria, somente observa, realiza anotações e tira suas dúvidas.

Para a qualificação de auditores de laboratório do Inmetro, utiliza-se a técnica do

candidato participar da primeira auditoria como observador e nas seguintes como auditor em

treinamento. Seus treinamentos práticos, que na realidade representam o ganho de

experiência, são supervisionados por um auditor líder qualificado. Ao término da auditoria o

auditor líder fornece informações ao gestor do processo de auditoria e/ou gestor do processo

de qualificação de auditores sobre sua análise da capacidade do auditor em realizar os

próximos trabalhos como um auditor qualificado. Não está pré-estabelecido um número fixo

de auditorias sob supervisão para a obtenção da qualificação. Depende do resultado obtido

pelo próprio auditor em reconhecimento de qualificação. Desta forma, alguns auditores

podem obter sua qualificação em ciclos mais rápidos de treinamento prático.

Para a manutenção de sua qualificação, o auditor deve participar ao menos de 1

auditoria por ano, e, dentro de periodicidade definida pelo gestor do processo de qualificação

de auditores, demonstrar a manutenção de sua competência, através de avaliação de auditor

monitor. O auditor não deve ultrapassar o período de 1 ano, considerado como prazo máximo,

sem realizar uma auditoria. A prática de auditoria tem demonstrado que um prazo de 6 meses

entre auditorias, é mais adequado para manutenção da competência, habilidade e desenvoltura

do trabalho. Considerando que as atividades de auditoria interna são realizadas anualmente,

na maioria dos casos, seria necessário participar da realização de auditorias adicionais, como

definido no item 4.10.5 da NBR ISO/IEC 17025 ou de auditorias em fornecedores e outros

casos possíveis tais como auditorias de organismos certificadores ou credenciadores.

Geralmente nas organizações laboratoriais o auditor interno também desempenha

atividades técnicas tais como calibração e/ou ensaio, ou outras atividades como supervisão do

sistema. Dependendo do volume de trabalho, das características do sistema de gestão,

características do trabalho desenvolvido e outros fatores, um auditor pode sofrer pressões para

a realização de auditorias ao mesmo tempo em que lhe é imputado uma carga de trabalho

adicional. Sendo essa pressão sazonal ou não, o resultado é que a eficácia desejada na

116

auditoria não costuma ser alcançada. Assim sendo, dependendo das características

anteriormente indicadas, mais do que 2 auditorias internas por ano podem vir a ser uma carga

de trabalho incompatível com suas atribuições primárias, fazendo com que o auditor dê menos

atenção às atividades de auditoria devido a uma sobrecarga indesejável. Tal situação deve ser

observada quando do estabelecimento do número de auditorias que o auditor deva participar

para ganhar a qualificação e para mantê-la no que se refere à experiência em auditar.

5.5 RECONHECIMENTO DE HABILIDADE ADEQUADA

Procurou-se adotar o modelo de comprovação da competência adquirida com

experiência após a comprovação de todo o ciclo de aprendizado através dos processos de

formação e de treinamento anteriormente apresentados. A comprovação da competência do

auditor em treinamento, poderia ser determinada por avaliação profunda da atuação do

auditor. Quando da comprovação de execução de 3 auditorias completas dentro da condição

que qualquer não conformidade praticada pelo candidato não poderia influir no resultado. O

laboratório deve definir que não conformidade não afeta adversamente o resultado da

auditoria realizada para o estabelecimento dos limites de aceitação. O auditor em qualificação

deve ser auditado por auditor qualificado como auditor líder.

5.6 MANUTENÇÃO DA QUALIFICAÇÃO

Procurou-se adotar o modelo de comprovação da manutenção da competência

adquirida através de indicadores de desempenho. A manutenção da adequação da qualificação

deve estar sujeita ao ciclo de PDCA de melhoria contínua, uma vez que os requisitos para os

sistemas de gestão estão sempre em aprimoramento contínuo. Este aprimoramento contínuo

pode ser proveniente da atualização das normas de gestão, normas técnicas, especificações de

clientes, requisitos da direção e regulamentos.

Este processo de reconhecimento da manutenção da qualificação é baseado em

avaliação de desempenho que considera indicadores de desempenho individual e do sistema

como um todo. É importante lembrar que a avaliação de desempenho individual deve ser

117

individualmente ajustada para considerar as características de cada um. Entendemos como

correta a afirmação que “Nada mais desigual do que tratar igualmente os desiguais. É falsa a

perspectiva, pretensamente democrática, do trabalho em equipe de igualar os desiguais. É

preciso respeitar as diferenças individuais, ajustando os compromissos de desempenho às

características de cada um. Se você não fizer, alguns se sentirão sobrecarregados, enquanto

outros ficarão entediados[...]” (SIQUEIRA, 2002).

A comprovação da manutenção da competência do auditor, deve ser determinada por

profunda avaliação da atuação do auditor, ajustando seu desempenho às suas características

individuais. Todos apresentam desempenho superior em determinadas condições e inferior

aos outros em outras situações. Este processo de contínua avaliação deve considerar avaliação

individual, avaliação do grupo de auditores e indicadores de desempenho que devem ser

utilizados como elementos de “benchmarking” com outras organizações.

Foram selecionados indicadores que serão utilizados no modelo. Estes indicadores são

apresentados a seguir e buscam atender os requisitos do KPI 9: Internal audits and

management reviews do documento EA/MAC-Wg-T(02)12, ver.4 (EA,2002, p. 17).

O ciclo de avaliação da monitoração dos auditores qualificados deve ser igual ou

menor do que 3 anos. O atendimento a este requisito busca evidenciar o atendimento ao KPI

7-1 (EA, 2002).

Para a avaliação individual devem ser considerados os dados que são obtidos para a

identificação do número máximo de falhas no planejamento das auditorias e a freqüência de

avaliação dos itens, adequação da redação de NC, adequação do enquadramento de NC nos

requisitos definidos nos documentos, aceitação de ações adequadas do sistema em resposta à

NC, avaliação de acompanhamento de não conformidades detectadas em auditorias anteriores,

disponibilidade individual de poder atender a necessidade da organização dentro do tempo

estabelecido por ela, se pretendem ou possa permanecer na organização por um período

superior a 3 anos, porcentagem das recomendações de adoção de melhorias fornecidas que

são adotadas após a análise crítica do processo de auditoria, satisfação do cliente de auditoria

com seu trabalho e com a equipe do qual participa, satisfação de outros colegas de equipe

auditora com seu desempenho, custo individual de qualificação e indicador de independência

com relação ao número de atividades que está qualificado a auditar.

118

5.6.1 Nível de competência do capital humano

Porcentagem dos auditores que satisfazem aos padrões mínimos de competência

estabelecidos pelo próprio laboratório, considerando-se o FTEH específico. É interessante que

se tenha um indicador global, incluindo-se todos os auditores, e outros, parciais,

diferenciando-se auditores de sistema e auditores técnicos, se existir esta distinção no sistema

de gestão laboratorial.

No sistema de gestão deve estar estabelecido o padrão máximo de falha que um

auditor possa ter, após sua qualificação formal, em termos de planejamento e freqüência de

avaliação dos itens ou atividades que lhe são designadas em atendimento ao KPI 9 item 9-3,

adequação da redação de NC em atendimento ao KPI 9 item 9-5, adequação do

enquadramento de NC nos requisitos definidos nos documentos, aceitação de ações adequadas

do sistema em resposta à NC e avaliação de acompanhamento de não conformidades

detectadas em auditorias anteriores, quando designadas, em atendimento ao KPI 9 item 9-5. A

superação deste padrão máximo de falhas permissíveis deve ser um indicador claro da

necessidade de se promover um processo de nova qualificação do auditor.

O conjunto de análise que garanta a indicação da conformidade do auditor na emissão

dos documentos de auditoria tal como um relatório de auditoria, busca evidenciar atendimento

ao requisito KPI 7-2, que deve ser realizado por pessoa qualificada e responsável pelo

processo de auditoria.

5.6.2 Nível de disponibilidade do capital humano

Porcentagem dos auditores plenamente qualificados que podem atender imediatamente

uma solicitação de auditoria adicional, como definido no item 4.10.5 e auditoria interna, como

definido no item 4.13 da NBR ISO/IEC 17025. É interessante que se tenha um indicador

global, incluindo-se todos os auditores, e outros, parciais, diferenciando-se auditores de

sistema e auditores técnicos, se existir esta distinção no sistema de gestão laboratorial. É

necessário que o laboratório defina o conceito de atendimento imediato.

Para alguns sistemas de gestão de laboratórios este conceito pode estar atrelado ao

tempo máximo de 5 dias úteis do momento da detecção da necessidade até o momento do

119

atendimento da solicitação. Para que este indicador reflita um resultado sistêmico, pode vir ser

necessário que o sistema de gestão disponha de uma diretriz de prioridades de atendimento

das atividades que os auditores internos tenham de cumprir. Isto se deve em virtude do auditor

interno, quando pertencente à mesma organização, normalmente possui outras atribuições a

cumprir, além de participar das auditorias internas.

Este indicador pode ser utilizado para sinalizar o momento em que a organização deve

iniciar um processo de qualificação ou de manutenção da qualificação de auditores.

5.6.3 Nível de compromisso do capital humano

Índice que conjuga a porcentagem dos auditores plenamente qualificados que

pretendem e que possam permanecer na organização por um período superior a 3 anos com a

porcentagem de recomendações de adoção de melhorias que os auditores recomendam e são

adotadas após a análise crítica do processo de auditoria. Esta última porcentagem pode servir

de evidência ao atendimento do KPI 9 item 9-6 (EA, 2002). É interessante que se tenha um

indicador global, incluindo-se todos os auditores, e outros, parciais, diferenciando-se

auditores de sistema e auditores técnicos, se existir esta distinção no sistema de gestão

laboratorial no que se refere à qualificação de auditores.

Para identificar os auditores plenamente qualificados que pretendem permanecer na

organização nos próximos 3 anos, é necessária uma avaliação de clima organizacional

sistemático que obtenha este dado de forma confiável. A identificação do número de auditores

que possam permanecer na organização nos próximos 3 anos dependerá da análise da

legislação vigente para se verificar se existe algum impedimento legal referente à

permanência da pessoa na função de auditor em atividades específicas.

5.6.4 Nível de satisfação do capital humano

Porcentagem dos auditores plenamente qualificados e dos clientes destes auditores que

evidenciam as melhores pontuações em pesquisas de satisfação no trabalho e em relação à

realização de atividades com os colegas. A coleta de informações e transformação das

120

informações em indicadores de satisfação dos auditados busca evidenciar atendimento ao KPI

7-3 (EA, 2002). O indicador definido pela EA está claramente definido para atendimento de

necessidades de auditorias de terceira parte. Neste caso, foi necessário acrescentar no cálculo

do indicador a componente de satisfação do auditor em relação à equipe e aos auditados. Esta

inclusão permite obter o reflexo da atuação a partir de cada uma das partes componentes de

uma auditoria interna.

É interessante que se tenha um indicador global, incluindo-se todos os auditores, e

outros, parciais, diferenciando-se auditores de sistema e auditores técnicos, se existir esta

distinção no sistema de gestão laboratorial.

Para a obtenção deste índice é necessária a definição de qual o grau mínimo de

satisfação que deve ser considerado para a execução dos cálculos. Isto significa a necessidade

de realização de pesquisas sistemáticas de satisfação dos auditores em relação aos auditados e

dos auditados em relação aos auditores e de cada auditor em relação à participação nas

auditorias com a equipe de auditoria.

Sugere-se que sejam estabelecidas metas de índice mínimo de satisfação, obtidas nas

pesquisas, para determinação do número de envolvidos e execução dos cálculos. Estes itens

devem ser incrementados à medida da evolução do sistema até que seja atingido o grau de

satisfação de 95%.

5.6.5 Nível do “turn-over” do capital humano

Índice que relacione a quantidade de auditores plenamente qualificados que solicitam

desligamentos ou que são transferidos para outras atividades que dificultam a participação em

auditorias ou o número de auditores que possuam outros motivos que aumentem o grau de

indisponibilidade para a realização de auditorias, com o tempo de reposição deste auditor

qualificado. Representa um indicador de rodízio de auditores.

A disponibilidade do auditor depende do tempo de resposta que a organização

determinará que seja obrigatório de ser cumprido para a realização de uma auditoria interna.

Este tempo de resposta também foi abordado no item 5.6.2 – Nivelo de comprometimento do

capital humano.

121

É interessante que se tenha um indicador global, incluindo-se todos os auditores, e

outros, parciais, diferenciando-se auditores de sistema e auditores técnicos, se existir esta

distinção no sistema de gestão laboratorial.

5.6.6 Nível do custo de reposição do capital humano

Porcentagem do custo total de um processo de auditoria relacionado com o custo de

desligamento do auditor e todos os custos relacionados à qualificação do novo auditor para

que esteja apto a substituir o auditor plenamente qualificado que solicitou o desligamento.

Todos os custos relacionados ao recrutamento, seleção e qualificação devem ser

contabilizados. É interessante que se tenha um indicador global, incluindo-se todos os

auditores, e outros, parciais, diferenciando-se auditores de sistema e auditores técnicos, se

existir esta distinção no sistema de gestão laboratorial.

5.6.7 Nível de independência do capital humano

Porcentagem dos auditores plenamente qualificados que possuem independência em

relação às ações e decisões em uma auditoria interna. Este item tenta relacionar evidências de

comprovação de atendimento ao item 4.13.1 da NBR ISO/IEC 17025 que indica o seguinte

texto: “Estas auditorias devem ser realizadas por pessoal treinado e qualificado e que seja,

sempre que os recursos permitirem, independente da atividade a ser auditada.”. É interessante

que se tenha um indicador global, incluindo-se todos os auditores, e outros, parciais,

diferenciando-se auditores de sistema e auditores técnicos, se existir esta distinção no sistema

de gestão laboratorial.

Entendemos que este é um índice que deve ser analisado dentro de uma ótica de

independência relativa. Não existe independência total e absoluta quando se utiliza um auditor

interno à organização. Para a melhoria do grau de independência, outros fatores poderiam ser

considerados tais como garantia de permanência no emprego por prazo determinado, garantia

de treinamento de atualização automática nos documentos de referência e redução do escopo

de outras atividades para melhor exercer a atividade de auditoria interna.

122

Este índice busca evidenciar o atendimento ao item 9-1 do KPI 9 (EA, 2002).

123

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS

6.1 CONCLUSÕES GERAIS

A competência dos auditores internos de um laboratório é fundamental para que o seu

Sistema de Gestão comprove sua eficácia e demonstre o nível de confiança desejado. Esta

competência é também imprescindível para que, através das auditorias internas, o sistema de

gestão seja aprimorado para que o atendimento aos requisitos estabelecidos seja consistente

ao longo do tempo. O nível de confiança nas medições do laboratório deve alcançar a

confiança mínima de 95% como estabelecido pela NBR ISO/IEC 17025. Entende-se que esta

seja, também, a meta mínima de confiança que o laboratório deseje alcançar com o seu

sistema de gestão. Isto é, a confiança das medições que realiza sendo respaldadas pela

confiança em seu sistema de gestão. Isto acarretará na manutenção deste índice de confiança

ao longo do tempo.

Esta visão da constante busca da atualização da competência sendo aplicada a

auditores internos, proporciona à direção a garantia de que o sistema, através de constantes

avaliações internas, busca a consistência da sobrevivência e crescimento do negócio, mesmo

em ambientes turbulentos. Isto é proporcionado através da garantia da eficácia do próprio

sistema de gestão, que é confirmado por estes auditores competentes. Este sistema de gestão,

quando cumpre com os requisitos estabelecidos em normas internacionais de forma eficaz,

tem condição de visualizar ameaças e oportunidades no mercado em função dos mecanismos

de interação com os clientes e com o mercado. Para que este modelo funcione é indispensável

que o sistema reconheça que o auditor necessita de conhecimentos como os princípios de

gestão e suas estratégias e tipos de ação, as exigências estabelecidas nas normas de requisitos

de gestão, nas normas de desempenho e normas específicas de processo de auditoria e de

124

perfil de qualificação, que formam o arcabouço básico do entendimento das suas necessidades

de qualificação.

Conclui-se que, para uma organização obter o sucesso da sustentação desta confiança

ao longo do tempo, é imprescindível que proporcione a seus membros, conhecimento técnico,

gerencial e de mercado de suas respectivas áreas de atuação e de conhecimentos nas áreas de

humanas e políticas que permitam trabalhar em equipe de forma harmoniosa. Isto inclui todas

as atividades dentro dos processos de planejamento, execução de atividades individuais ou em

grupos tais como reuniões, gestão e execução de atividades de logística, coleta de dados,

análise de informações, comunicação de resultados, etc...

No caso específico de sistemas de gestão de laboratórios de calibração ou ensaio, isto

significa que todo o ciclo de formação da competência baseada na formação, treinamento,

experiência e desenvolvimento de habilidades no que se refere à parte técnica, como definido

na norma NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001) seja considerado finalizando antes do término

do ciclo de formação de competência de auditor. No decorrer do estudo, concluiu-se que esta

norma, por si só, não permitia um claro entendimento das ações necessárias para a realização

de uma qualificação de auditores internos de forma confiável. Usando as normas ILAC G 11

(ILAC, 1998) e a norma NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) como diretriz geral, além da própria

NBR ISO/IEC 17025 (ABNT, 2001), consegue-se direcionar o modelo de qualificação dos

auditores.

O modelo definido para a formação de auditores neste documento pode ser utilizado

para especialistas em diversos e diferentes níveis, para atendimento de necessidades

específicas, desde que haja um estudo mais aprofundado para adequações que venha a ser

necessária. Para que um auditor realize uma auditoria em um processo de modo satisfatório, é

necessário ele tenha competência suficiente para poder avaliar a competência dos operadores

trabalhando em máquinas específicas a este processo, assim como tenha um nível de

competência que permita avaliar a forma de supervisão neste mesmo processo.

A introdução de indicadores de desempenho em processos de auditoria interna é

imprescindível para a análise dos resultados da auditoria e, por conseqüência, a obtenção da

confiança em sua eficácia.

Conclui-se que a primeira dificuldade surge no processo de recrutamento e seleção

onde pessoas com base cultural, perfil e motivação adequada devem ser selecionados para os

passos seguintes de qualificação. As chances de sucesso do programa de qualificação

aumentam à medida que as pessoas estão empenhadas na obtenção do conhecimento e sua

aplicação. Apesar da falta de destes elementos não determinarem a impossibilidade da

125

formação de um bom auditor entretanto, podem atuar como elementos que aumentem as

possibilidades de insucesso. A falta de base cultural específica a estas atividades fará com que

o processo de qualificação seja antecedido pelo fornecimento de treinamentos de nivelamento.

Aliado ao tempo que se deverá gastar com a execução dos treinamentos de nivelamento, o

custo destas atividades podem acarretar em desvios de valores de investimento, fazendo com

que o negócio laboratório perca competitividade por redução de investimento em outros

fatores importantes ou críticos para o negócio. As pessoas que não atendam de forma

completa os requisitos de perfil adequado às atividades de auditoria ainda assim podem render

bons resultados, quando utilizados. Obviamente os melhores resultados poderão ser obtidos

quando uma pessoa com perfil adequado é selecionada para atuar como auditor interno. É

imprescindível que o processo de qualificação seja continuado até o momento de que o

candidato atenda todos os requisitos estabelecidos para o perfil. A partir deste momento deve-

se iniciar um processo de monitoração do auditor qualificado para que seja identificada, na

maior brevidade possível, a necessidade ou não de nova qualificação. A motivação, quando

perdida, pode ser recuperada, com mais dificuldade, mais à frente através da identificação de

fatores de motivação das pessoas envolvidas.

Conclui-se que a segunda dificuldade surge quando do estabelecimento de todos os

treinamentos que os candidatos devem realizar para adquirirem o conhecimento necessário

para o pleno exercício da função de auditor interno. O grau de profundidade do conhecimento

necessário para quem audita os requisitos gerenciais é diferente do conhecimento necessário

para quem audita requisitos técnicos. Para quem audita a parte do sistema de gestão referente

ao atendimento dos requisitos gerenciais, especial atenção deve ser dada à necessidade de

conhecimento de conceitos estratégicos e táticos relacionados ao negócio no qual o

laboratório está envolvido e conhecimento de outras atividades do sistema de gestão tal como

a realização das aquisições de produtos, tratamento de reclamações, cooperação com clientes,

auditoria interna e análise crítica do próprio sistema, como alguns dos itens. Para quem audita

a parte do sistema de gestão referente ao atendimento dos requisitos técnicos, especial atenção

deve ser dada à análise de competência de pessoal relacionado com a operação de

equipamentos e execução do método em análise, à adequação ou não do método utilizado em

relação a seu uso pretendido, que é evidenciado através da análise da realização das

calibrações ou ensaios, com a avaliação dos certificados ou relatórios emitidos. A maior parte

do conhecimento adquirido para atividades específicas é realizado através de treinamentos.

Foi possível verificar que não está estabelecida de forma consensual uma metodologia de

avaliação da eficácia do treinamento nas questões relacionadas a sistemas de gestão

126

laboratorial. A eficácia de um treinamento ainda é um ponto de difícil comprovação no

contexto de comprovação da qualificação de auditores internos.

Conclui-se que a terceira dificuldade, relacionada com a experiência necessária que o

candidato precisa obter para realização de auditorias como auditor qualificado, surge quando

da necessidade de comprovação de experiência. Neste caso, 2 questões devem ser entendidas.

Existe a necessidade de obtenção de experiência no aspecto técnico ou gerencial como

conhecimento para a avaliação das atividades que estão se processando no sistema de gestão e

outra no sentido de adquirir experiência de participação em auditorias para consolidação do

conhecimento na forma com que o processo de auditoria é realizado. A primeira está

relacionada à experiência específica da avaliação da execução das atividades no laboratório. A

segunda está relacionada à experiência específica no método adotado de se realizar um

processo de auditoria interna, que pode variar de laboratório para laboratório.

Conclui-se que a quarta dificuldade surge conjunto quando da definição das

habilidades que devem ser desenvolvidas em um candidato para que venha a ser considerado

auditor qualificado. Salvo a existência de atividades específicas que acarretem em exigências

adicionais para a qualificação de auditores internos, esta dificuldade passa a ser a mesma e

encontra-se relacionada com a dificuldade de obtenção de experiência em auditoria. Na

maioria dos casos, a aquisição de experiência em determinadas atividades permite um

suficiente desenvolvimento das habilidades específicas e necessárias que tenham sido

detectadas.

Após terem sido superadas as dificuldades de qualificação, a manutenção da

qualificação surge como um novo desafio. Isto porque existirá a necessidade de definição de

indicadores de desempenho e a permanente avaliação da pessoa que já foi qualificada, um dia,

como auditor. Esta dificuldade de se avaliar o desempenho de um recurso humano é

apresentada em virtude do receio das pessoas em serem avaliadas individualmente ou em

grupo.

A principal conclusão que se pode tirar dos laboratórios que atuam em diferentes áreas

de atuação é que não foi possível se determinar à existência de um modelo único e detalhado

de qualificação dos auditores internos para todos os tipos de laboratórios atuantes em todos os

diferentes tipos de áreas. Por causa desta característica foi necessário analisar cuidadosamente

as respostas e as observações realizadas para o desenvolvimento de um modelo geral que

atendesse às características de necessidades dos diversos laboratórios nestas diferentes áreas.

Conclui-se que para cada área de atuação existe uma dinâmica própria de evolução dos

requisitos. Assim, cada sistema de cada laboratório deverá estabelecer seu próprio modelo de

127

processo de qualificação de auditores internos e revê-lo sistematicamente, em periodicidade

definida. Esta periodicidade variará em função da evolução dos requisitos específicos à área.

6.2 SUGESTÕES DE NOVAS PESQUISAS

A partir das constatações observadas durante a realização deste trabalho, sugere-se a

realização de estudos adicionais sobre os seguintes temas:

No capítulo 2 deste estudo foi abordado a necessidade de se considerar o perfil para

auditores, cuja abrangência não é do escopo deste estudo. Não foi alvo deste estudo uma

profunda análise bibliográfica sobre o efeito do perfil dos auditores no decorrer da execução

das auditorias. Este estudo restringiu-se à apresentação dos perfis exigidos e o entendimento

de seu significado. Sugere-se que sejam desenvolvidos estudos adicionais referentes ao perfil

de candidatos a auditor e os indicadores de desempenho destes auditores após a realização de

sua qualificação.

Como apresentado no item 4.3 deste documento, existe um espaço que surge para

pesquisas na busca de informações sobre diferentes formas de tomada de decisão, sejam elas

baseadas em dados concretos, visíveis, quantificáveis e reportáveis aos resultados dos

sistemas de medição de desempenho a partir de informações ou não e seus resultados a longo

e curto prazo. A ânsia em resultados positivos e mensuráveis mais imediatos pode acarretar

em resultados indesejáveis em longo prazo. O tipo de tomada de decisão poderá estar atrelado

à necessidade de resultados imediatos, podendo comprometer os resultados futuros. Esta

situação pode ser motivada pela necessidade de se comprovar resultados positivos imediatos

colocando-se em segundo plano o conhecimento existente sobre causa e efeito em mais longo

prazo. Uma análise de formas de tomada de decisão associadas a resultados a médio e longo

prazo pode indicar o caminho de cuidados que devem ser tomados pelos gestores de sistemas.

Como citado no item 4.5.2 deste estudo, uma oportunidade de realização de estudos na

área do conhecimento de supervisão de sistemas de gestão de laboratórios, surge em relação à

série histórica de não conformidades que os laboratórios podem obter em processos de

auditoria interna ou externa. É imprescindível que, para este estudo, o sistema encontre-se

estável em relação ao atendimento a requisitos. Mesmo quando da alteração de uma norma

para outra, tal como foi o caso da transição da NBR ISO/IEC Guide 25 para a NBR ISO/IEC

17025, é imprescindível que seus requisitos estejam relacionados para que seja possível uma

128

análise histórica da evolução do sistema. Esta questão não foi abordada por este estudo e pode

vir a ser de interesse dos responsáveis pela supervisão de sistemas de gestão de laboratórios

ou de responsáveis pela supervisão de processos de reconhecimento de qualidade de sistemas

de gestão através de credenciamento, certificação ou até mesmo na qualificação de

fornecedores.

Do exposto no capítulo 4 deste estudo, sugere-se a realização de um estudo mais

aprofundado, em laboratórios de mesma área de atuação e, se possível, atuantes nos mesmos

métodos de calibração ou ensaios, de uma comparação das metodologias de qualificação de

auditores internos, como forma de obtenção de um perfil estatístico consistente dos métodos

de qualificação de auditores internos. Pode ser que seja possível o desenvolvimento de um

modelo de qualificação de auditores internos muito específico para laboratórios que atuem

dentro de uma mesma área específica, adicional ao modelo genérico apresentado no presente

estudo. Pode vir a ser de interesse de alguma associação de fornecedores ou de compradores

de um determinado produto ou dos responsáveis pela supervisão de sistemas de gestão de

laboratórios que atuem m uma área específica ou de responsáveis pela supervisão de

processos de reconhecimento de qualidade de sistemas de gestão através de credenciamento,

certificação ou até mesmo na qualificação de fornecedores, que um modelo de gestão de

qualificação de auditores seja desenvolvido visando-se à busca pela garantia da eficácia do

sistema de gestão.

Como apresentado no capítulo 5 deste estudo, sugere-se a realização de um estudo

aprofundado da aplicação da metodologia apresentada, em diferentes laboratórios, para sua

validação, uma vez que esta atividade estava fora do escopo do presente estudo. Pretendo,

com este modelo, aplicá-lo na qualificação dos auditores internos das atividades da Divel –

Divisão de Instrumentos de Medição no Âmbito da Eletricidade e dos Ensaios de Perturbação

da Dimel – Diretoria de Metrologia Legal do Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial de forma que, no futuro, esta nova divisão venha a ser

reconhecida como referência nacional dos ensaios que realiza. Desta forma, no futuro, com o

modelo sendo testado na Divel e em outas unidades laboratoriais, poder-se-ia obter a

validação da metodologia proposta.

Não foi alvo deste estudo a verificação se, de alguma forma, diferentes mecanismos de

contratação dos auditores possam afetar sua imparcialidade ou confidencialidade. Sugere-se

que estudos adicionais sejam realizados para que seja possível constatar se diferentes formas

de contratação possam afetar adversamente o resultado das auditorias.

129

OBS: Algumas normas internacionais posteriormente foram traduzidas e inseridas no

Sistema Brasileiro de Normalização através da edição de normas NBR. Neste caso, sempre

que foi possível relacionar a norma brasileira à norma internacional ou regional, isto foi

colocado, referenciando-se o documento brasileiro a ser consultado.

130

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135

8 ANEXOS

136

8.1 ANEXO – TABELA DE ANÁLISE CRÍTICA DE PROCESSOS 2002

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13.1 X 4.13.3 X 5.2.5 X 5.6.3.1 X

1

Físico – Química

Supervisão

5.6.2.2.2.1 X

16

4.13 X 5.2.1 X

2

Química

Supervisão 5.6 X

9

4.13.1 X 5.2.5 X

3

Automotiva

Supervisão 5.6 X

16

4.13.1 X 5.2.2 X

4

Química

Supervisão 5.6.3.3 X

21

4.13 X 5.2.2 X

5

Meio Ambiente

Supervisão 5.6 X

10

4.13 X 5.2 X

6

Química

Avaliação

Inicial 5.6 X

6

4.13.1 X 4.13.4 X 5.2.1 X

7

Química

Avaliação Inicial

5.6 X

15

4.13.1 X 5.2 X

8

Físico – Química

Reavaliação 5.6 X

10

4.13 X 5.2 X

9

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6 X

1

137

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2.2 X

10

Mecânica

Supervisão 5.6.1 X

25

4.13 X 5.2 X

11

Mecânica

Supervisão 5.6 X

4

4.13 X 5.2 X

12

Metalúrgica

Supervisão Extensão

5.6 X

14

4.13 X 5.2 X

13

Eletro-eletrônica

Supervisão Extensão

5.6 X

33

4.13 X 5.2 X

14

Mecânica

Supervisão 5.6.1 X

18

4.13 X 5.2 X

15

Meio Ambiente

Supervisão 5.6.3.4 X

7

4.13.1 X 5.2 X

16

Couros e Calçados

Supervisão 5.6 X

8

4.13.1 X 5.2 X

17

Couros e Calçados

Supervisão 5.6 X

8

4.13.1 X 5.2 X

18

Couros e Calçados

Supervisão 5.6 X

8

4.13 X 5.2 X 5.6.1 X

19

Mecânica

Supervisão

5.6.2 X

13

138

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2 X

20

Couro e Calçados

Supervisão 5.6.3.4 X

19

4.13.4 X 5.2.1 X 5.6.1 X 5.6.2.1.1 X

21

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6.3.3 X

9

4.13 X 5.2.5 X 5.2.2 X

22

Química

Supervisão Extensão

5.6 X

28

4.13 X 5.2 X

23

Física-Química

Supervisão 5.6 X

1

4.13.1 X 4.13.4 X 5.2 X

24

Têxtil

Supervisão Extensão

5.6 X

7

4.13.1 X 5.2.2 X

25

Têxtil

Supervisão 5.6 X

10

4.13 X 5.2.1 X

26

Têxtil

Supervisão 5.6 X

24

4.13.1 X 5.2.2 X

27

Eletro-eletrônica

Extensão 5.6 X

7

4.13 X 5.2 X

28

Saúde

Supervisão Extensão

5.6 X

12

139

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não Conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2.5 X

29

Física-Química

Supervisão Extensão

5.6 X

11

4.13 X 5.2 X 5.6.3.1 X

30

Física-Química

Supervisão Extensão

5.6.3.2 X

4

4.13.1 X 5.2 X

31

Automotiva

Supervisão 5.6 X

16

4.13.1 X 5.2.1 X 5.6.1 X 5.6.2.1.1 X

32

Meio Ambiente

Supervisão

5.6.3.4 X

27

4.13.1 X 5.2 X

33

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6 X

6

4.13 X 5.2 X

34

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6.1 X

9

4.13 X 5.2 X

35

Meio Ambiente

Reavaliação 5.6 X

9

4.13.1 X 5.2 X

36

Eletro-eletrônica

Avaliação Inicial

5.6 X

10

4.13 X 5.2 X 5.6.1 X

37

Construção Civil

Supervisão

5.6.2.2.1 X

10

140

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2 X

38

Construção Civil

Supervisão 5.6.1 X

12

4.13 X 5.2 X

39

Mecânica

Supervisão 5.6.2 X

3

4.13 X 5.2 X

40

Mecânica

Supervisão 5.6 X

18

4.13 X 5.2.5 X

41

Meio Ambiente

Supervisão 5.6 X

1

4.13 X 5.2 X

42

Têxtil

Supervisão 5.6 X

3

4.13 X 5.2 X

43

Mecânica

Supervisão 5.6.2 X

4

4.13 X 5.2 X

44

Mecânica

Supervisão 5.6 X

5

4.13 X 5.2 X

45

Mecânica

Supervisão 5.6 X

18

4.13.1 X 5.2.2 X

46

Petroquímica

Supervisão 5.6 X

10

4.13.1 X 4.13.2 X 4.13.3 X 4.13.4 X 5.2 X 5.6.2.2 X

47

Meio Ambiente

Supervisão

5.6.3.3 X

32

141

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2.1 X

48

Construção Civil

Reavaliação 5.6.1 X

16

4.13 X 5.2 X

49

Construção Civill

Supervisão 5.6.1 X

9

4.13 X 5.2 X

50

Mecânica

Supervisão 5.6 X

2

4.13 X 5.2.1 X

51

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6.1 X

12

4.13 X 5.2.5 X

52

Produtos Alimentícios

Supervisão 5.6.1 X

13

4.13 X 5.2 X

53

Produtos Alimentícios

Supervisão 5.6 X

9

4.13 X 5.2 X

54

Produtos Alimentícios

Supervisão 5.6 X

6

4.13 X 5.2 X

55

Produtos Alimentícios

Supervisão 5.6 X

6

4.13 X 5.2 X

56

Eletro-eletrônica

Reavaliação 5.6 X

8

4.13 X 5.2 X

57

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6.2.1.1 X

9

142

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2.1 X 5.6.1 X

58

Construção Civil

Supervisão

5.6.3.3 X

5

4.13 X

5.2 X

5.6.2.1 X

59

Automotiva

Reavaliação

5.6.3.1 X

13

4.13 X 5.2.1 X

60

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6 X

10

4.13 X 5.2 X

61

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6.3.2 X

3

4.13.1 X 5.2.2 X

62

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6 X

9

4.13.1 X 5.2.2 X 5.6.3.1 X

63

Automotiva

Supervisão

5.6.3.2 X

28

4.13 X 5.2.5 X

64

Construção Civil

Reavaliação 5.6 X

4

4.13.1 X 5.2.5 X 5.2.1 X 5.6.1 X

65

Construção Civil

Extensão Supervisão

5.6.3.2 X

13

4.13 X 5.2 X

66

Química

Avaliação Inicial

5.6.2.1.1 X

4

143

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13 X 5.2 X

67

Meio Ambiente

Supervisão 5.6 X

10

4.13 X 5.2 X

68

Química

Avaliação Inicial

5.6.1 X

13

4.13 X 5.2 X

69

Construção Civil

Supervisão Extensão

5.6 X

1

4.13 X 5.2 X

70

Têxtil

Supervisão 5.6 X

5

4.13.1 X 5.2 X

71

Mecânica

Supervisão 5.6 X

13

4.13 X 5.2 X

72

Produtos Alimentícios

Supervisão 5.6 X

3

4.13 X 5.2 X

73

Físico-Quimica

Supervisão 5.6 X

2

4.13 X 5.2 X

74

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6 X

11

4.13 X 5.2.2 X 5.2.5 X

75

Eletro-eletrônica

Supervisão

5.6 X

10

4.13 X 5.2 X

76

Eletro-eletrônica

Supervisão 5.6.2.2.1 X

18

144

Análise Crítica do Sistema

Situação dos Laboratórios Credenciados Quanto aos Itens 4.13 , 5.2 e 5.6 da NBR ISO/IEC 17025

SITUAÇÃO Nº

LAB

CRL /CLF

ÁREA

TIPO

ITEM

Conforme Não conforme

Não avaliado

TOTAL DE NC

4.13.1 X 5.2.1 X 5.2.3 X 5.6.2.2.1 X 5.6.3.2 X

77

Automotiva

Reavaliação

5.6.3.3 X

19

4.13.1 X 5.2 X

78

Química

Supervisão 5.6.1 X

15

4.13.1 X 5.2.5 X

79

Química

Supervisão 5.6.1 X

37

8.2 ANEXO – ANÁLISE CRÍTICA DE PROCESSOS 2002 POR ÁREA

AAARRREEEAAA AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNÃÃÃOOO---CCCOOONNNFFFOOORRRMMMIIIDDDAAADDDEEESSS

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Automotiva

15

Extensão 0 Reavaliação 2

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Automotiva

16%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 3

Total de NC obtidas nos processos de Automotiva 92

Supervisão + Extensão 0

AUTOMOTIVA

TOTAL 05Média de NC obtidas nos processos de Automotiva 18

TIPO Nº

Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Construção Civil

23

Extensão 0

Reavaliação 2

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Construção Civil

22%

Reavaliação + Extensão 0

Supervisão 4

Total de NC obtidas nos processos de Construção Civil

105

Supervisão + Extensão 7

CONSTRUÇÃO

CIVIL

TOTAL 13

Média de NC obtidas nos processos de Construção Civil

08

145

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Couros e Calçados

04

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Couros e Calçados

09%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 4

Total de NC obtidas nos processos de Couros e Calçados

43

Supervisão + Extensão 0

COUROS E

CALÇADOS

TOTAL 04Média de NC obtidas nos processos de Couros e Calçados

11

TIPO Nº Avaliação Inicial 1

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Eletro-eletrônica

12

Extensão 1 Reavaliação 1

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Eletro-eletrônica

09%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 7

Total de NC obtidas nos processos de Eletro-eletrônica

130

Supervisão + Extensão 1

ELETRO-

ELETRÔNICA

TOTAL 11Média de NC obtidas nos processos de Eletro-eletrônica

12

AAARRREEEAAA AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNÃÃÃOOO---CCCOOONNNFFFOOORRRMMMIIIDDDAAADDDEEESSS

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Físico-Química

09

Extensão 0 Reavaliação 1

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Físico-Química

21%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 3

Total de NC obtidas nos processos de Físico-Química

44

Supervisão + Extensão 2

FÍSICO-QUÍMICA

TOTAL 06Média de NC obtidas nos processos de Físico-Química

07

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Mecânica

08

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Mecânica

07%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 11

Total de NC obtidas nos processos de Mecânica 123

Supervisão + Extensão 0

MECÂNICA

TOTAL 11Média de NC obtidas nos processos de Mecânica 11

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Meio Ambiente

13

Extensão 0 Reavaliação 1

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Meio Ambiente

14%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 6

Total de NC obtidas nos processos de Meio Ambiente

96

Supervisão + Extensão 0

MEIO AMBIENTE

TOTAL 07Média de NC obtidas nos processos de Meio Ambiente

14

146

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Metalúrgica

00

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Metalúrgica

00%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 0

Total de NC obtidas nos processos de Metalúrgica 14

Supervisão + Extensão 1

METALÚRGICA

TOTAL 01Média de NC obtidas nos processos de Metalúrgica 14

AAARRREEEAAA AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNÃÃÃOOO---CCCOOONNNFFFOOORRRMMMIIIDDDAAADDDEEESSS

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Petroquímica

02

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Petroquímica

20%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 1

Total de NC obtidas nos processos de Petroquímica

10

Supervisão + Extensão 0

PETROQUÍMICA

TOTAL 01Média de NC obtidas nos processos de Petroquímica

10

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Produtos Alimentícios

02

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Produtos Alimentícios

05%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 5

Total de NC obtidas nos processos de Produtos Alimentícios

37

Supervisão + Extensão 0

PRODUTOS

ALIMENTÍCIOS

TOTAL 05Média de NC obtidas nos processos de Produtos Alimentícios

07

TIPO Nº Avaliação Inicial 4

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Química

16

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Química

11%

Reavaliação + Extensão 1 Supervisão 4

Total de NC obtidas nos processos de Química 148

Supervisão + Extensão 0

QUÍMICA

TOTAL 09Média de NC obtidas nos processos de Química 16

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Saúde

00

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Saúde

00%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 0

Total de NC obtidas nos processos de Saúde 12

Supervisão + Extensão 1

SAÚDE

TOTAL 01

Média de NC obtidas nos processos de Saúde 12

147

AAARRREEEAAA AAAVVVAAALLLIIIAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNÃÃÃOOO---CCCOOONNNFFFOOORRRMMMIIIDDDAAADDDEEESSS

TIPO Nº Avaliação Inicial 0

Total de NC do estudo encontradas nos processos de Têxtil

05

Extensão 0 Reavaliação 0

Percentual de NC do estudo encontradas nos processos de Têxtil

10%

Reavaliação + Extensão 0 Supervisão 4

Total de NC obtidas nos processos de Têxtil 49

Supervisão + Extensão 1

TÊXTIL

TOTAL 05Média de NC obtidas nos processos de Têxtil 10

148

GLOSSÁRIO

Aplicação Aplicativo projetado para um uso específico e não para uso geral.

Detalhamento ou refinamento de critérios estabelecidos. Esta

terminologia é aplicada no Anexo B da NBR ISO/IEC 17025

(ABNT, 2001) que estabelece orientações de seu estabelecimento.

Aplicável somente aos requisitos do capítulo 5 da referida norma.

Auditor “pessoa designada para realizar auditoria” [NBR ISO 9000: 2000,

item 3.9.11]

Auditoria “processo sistemático documentado e independente, para obter

evidência da auditoria e avaliá-la objetivamente com o objetivo de

determinar a extensão na qual os critérios acordados são

atendidos”. [NBR ISO 9000: 2000, item 3.9.1]

Avaliação Terminologia adotada pelo INMETRO para auditoria de

laboratório visando-se o credenciamento do mesmo.

Avaliador Terminologia adotada pelo INMETRO para auditor considerado

com competente para a realização de avaliações de terceira parte

em laboratórios.

Benchmarking Metodologia adotada para verificação de desempenho relativo entre

práticas.

Competência “atributos pessoais demonstrados e capacidade demonstrada para

aplicar conhecimento e habilidades” [NBR ISO 19011: 2002, item

3.14]

149

Home Page Página de informação disponível em meio eletrônico através da

internet

Peer Evaluation Avaliação realizada entre pares. Avaliação de membros de um

grupo realizada por outros membros.

Produto “resultado de um processo”. [NBR ISO 9000: 2000, item 3.4.2]

Top-down Processo de implantação ou avaliação que considera uma seqüência

que inicia do nível estratégico e vai ao nível mais operacional.