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SALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Educação Física Eric Almeida Santos ESPIRITUALIDADE: fator moral na formação do aluno do curso de Educação Física. LINS SP 2007

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SALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Educação Física

Eric Almeida Santos

ESPIRITUALIDADE: fator moral na formação do aluno do curso de Educação Física.

LINS SP 2007

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ERIC ALMEIDA SANTOS

Espirutalidade: fator moral na formação do aluno do curso de Educação Física

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Educação Física sob a orientação da Professora Liliane Donizete Silva. Valbom e orientação técnica da Professora M. Sc. Jovira Maria Sarraceni.

LINS SP 2007

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ERIC ALMEIDA SANTOS

ESPIRITUALIDADE: FATOR MORAL NA FOMAÇÃO DO ALUNO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel/Licenciado em Educação Física.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof.(a) Orientadora: ______________________________________________

Titulação _______________________________________________________

______________________________________________________________

Assinatura: ______________________

1° Prof.(a): ______________________________________________________

Titulação _______________________________________________________

______________________________________________________________

Assinatura: _____________________

2° Prof.(a): ______________________________________________________

Titulação _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ______________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos que nos são tão importantes.

Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigo. Há muitos tipos de amigos. Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles. Os primeiros que nascem do broto é o amigo pai Dejair e a amiga mãe Risomar. Que Deus a receba em seus calorosos braços. Mostram o que é ter vida.

Depois vem o amigo irmão Alex, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós. Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e desejamos o bem. O destino ainda nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho. Muitos desse são designados amigos do peito, Rafael, Waguinho, Camila e outros, do coração. São sinceros, são verdadeiros. Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz feliz... Mas também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias ou mesmo um dia ou uma hora. Esses costumam colocar muitos sorrisos na face, durante o tempo que estamos por perto.

Falando em perto, não podemos nos esquecer dos amigos distantes, que ficam nas pontas dos galhos, mas que quando o vento sopra, aparecem novamente entre uma folha e outra.

O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima, e perdemos algumas de nossas folhas. Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações. O que nos deixa mais felizes é quando as folhas que caíram continuam por perto, continuam alimentando as nossas raízes com alegria. Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam o nosso caminho. Desejo a você, folha da minha árvore, paz, amor, saúde, sucesso, prosperidade... Hoje e sempre...

Simplesmente porque cada pessoa que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso.

Todas as faculdades da alma e do corpo... em suma.. se move por amor e no amor... Vida feliz, feliz estado, E feliz a alma que o alcança! .

São João da Cruz

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AGRADECIMENTOS

Aos professores, especialmente à Professora Liliane Donizete Silva

Valbom e também à Professora Jovira Maria Sarraceni, pela contribuição,

dentro de suas áreas, para o desenvolvimento de nossa monografia, e,

principalmente pela dedicação e empenho que demonstraram no decorrer de

suas atividades para com o grupo.

Ao pessoal da Biblioteca, que me possibilitou o acesso irrestrito para as

consultas que se fizeram necessário, e também ao bom atendimento das

bibliotecárias.

Ao Pe. Paulo Fernando Vendrame por colaborar com a monografia e

também nos auxílios espirituais que vem me auxiliando.

A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este

trabalho consiga atingir aos objetivos propostos.

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RESUMO

Espiritualidade, ética, filosofia e educação são preceitos importantes na

vida e formação de qualquer indivíduo, na formação de professores de

Educação Física esta proposta não é diferente, e é justamente sobre ela que o

Centro Universitário Salesianos estrutura sua proposta pedagógica, crendo na

necessidade de formar não só profissionais, mas também pessoas. O objetivo

deste estudo é levantar a questão da espiritualidade na formação dos

profissionais de educação física, denotando o quanto esta é importante.

Espiritualidade é um tema fundamental em nossos dias. Está relacionado com

o equilíbrio psicológico e a maturidade humana. Espiritualidade pode ser

definida como um sistema de crenças que enfoca elementos intangíveis, que

transmite vitalidade e significado a eventos da vida. Tal crença pode mobilizar

energias e iniciativas extremamente positivas, com potencial ilimitado para

melhorar a qualidade de vida da pessoa. Em tempo de confusão, A

espiritualidade cristã tem seu ponto de partida na preocupação pelo outro que

se expressa nesta pergunta existencial que procura não dominar/oprimir o

outro, mas escutar, receber, aceitar. Estar pronto a dar a vida pelo outro.

Responsabilidade pessoal a partir do encontro com Cristo, nas suas

caminhadas. Aqui o sentido da comunidade não se realiza na solidão, nem na

multidão, a espiritualidade cristã aparece como uma unidade entre a vida

interior tradicionalmente chamada de espiritualidade. A metodologia utilizada

para sua elaboração foi a quantitativa, realizando uma pesquisa com

funcionários do Centro Universitário Salesianos, contemplando preceitos

considerados importantes para estes profissionais no que tange à formação de

seus alunos. Espera-se contribuir para uma reflexão crítica a respeito deste

assunto deixado à margem na proposta pedagógica da educação brasileira.

Palavras-chaves: espiritualidade, filosofia, educação física.

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ABSTRACT

Espiritualidade, ethics, philosophy and education are important rules in

the life and formation of any individual, in the formation of professors of Physical

Education this proposal is not different, and is exactly on it that the University

Center Salesianos structure its proposal pedagogical, believing in the necessity

to form not only professional, but also people. The objective of this study is to

raise the question of the espiritualidade in the formation of the professionals of

physical education, denoting how much this is important. Espiritualidade is a

basic subject in our days. It is related with the psychological balance and the

maturity human being. Espiritualidade can be defined as a system of beliefs that

focuses intangible elements, that transmit vitality and meaning the events of the

life. Such belief can mobilize extremely positive energies and initiatives, with

limitless potential to improve the quality of life of the person. In confusion time,

the Christian espiritualidade has its starting point in the concern for the other

that if express in this existencial question that it looks not to dominate/to

oppress the other, but to listen, to receive, to accept. To be ready to give the life

for the other. Personal responsibility from the meeting with Christ, in its walked.

Here the direction of the community is not become fullfilled in the solitude, nor in

the multitude, the Christian espiritualidade appears as a unit enters the interior

life traditionally called espiritualidade. The methodology used for its elaboration

was the quantitative one, carrying through a research with employees of the

University Center Salesianos, contemplating rules considered important for

these professionals in whom it refers to the formation of its pupils. One expects

to contribute for a critical reflection the respect of this subject left to the edge in

the proposal pedagogical of the Brazilian education.

Key words: espiritualdiade, philosophy, physical education.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráficos1, 2,3: ... .......62

Gráficos 4,5,6:....................................................................................................63

Gráficos 7,8,9:....................................................................................................64

Gráficos 10,11,12...............................................................................................65

LISTA DE TABELA

Tabela................................................................................................................53

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1cor 1 Coríntios 2cor 2 Coríntios A.C. Antes de Cristo Ap Pocalipse At. Atos dos Apóstolos Cl Colossenses Gl Gálatas Hb Hebreus Jo João Lc Lucas Mc Marcos Mt Mateus Sl Salmo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................12

CAPÍTULO I ESPIRITUALIDADE....................................................................13

1 Conceito..........................................................................................................13

1.1 Objetivos ......................................................................................................14

1.1.1 Espiritualidade na história.........................................................................14

1.1.2 Dos primórdios da história a história medieval.........................................14

1.1.3 Martírio ......................................................................................................14

1.1.4 Vida Una...................................................................................................15

1.1.5 Santo Agostinho........................................................................................15

1.1.6 Evágrio Pôntio (+400)...............................................................................16

1.1.7 São Bento (480-547).................................................................................16

1.1.8 História Medieval......................................................................................16

1.1.9 São Bernardo (1090-1153).......................................................................16

1.2 São Domingos (1170-1221).........................................................................17

1.2.1 São Francisco de Assis (1182-1226)........................................................17

1.2.2 História moderna.......................................................................................18

1.2.3 Santo Inácio de Loyola.............................................................................18

1.2.4 Espiritualidade Carmelita..........................................................................18

1.2.5 São Francisco de Sales (1567-1622).......................................................19

1.2.6 Santo Afonso Maria de Ligório (+1787)....................................................19

1.2.7 São Luis Maria Grignion de Montfort (1673-1716)....................................19

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1.2.8 São João Bosco........................................................................................20

1.2.9 A espiritualidade no Evangelho................................................................20

1.3 Espiritualidade no Antigo Testamento.........................................................21

1.3.1 Espiritualidade Deuteronomista................................................................21

1.3.2 Espiritualidade Profética...........................................................................21

1.3.3 Espiritualidade Sapiencial.........................................................................21

1.3.4 Espiritualidade Sálmica.............................................................................22

1.3.5 Tu és a luz da minha lâmpada ...............................................................22

1.3.6 Amo-te, Senhor, meu rochedo ...............................................................22

1.3.7 A noite escura .........................................................................................23

1.3.8 A verdadeira face de Deus .....................................................................23

1.3.9 Novo Testamento......................................................................................23

1.4 Espiritualidade Paulina................................................................................24

1.4.1Espiritualidade Joanina..............................................................................24

CAPÍTULO II - FILOSOFIA EDUCAÇÃO FÍSICA..........................................26

2. Filosofia........................................................................................................26

2.2 Método.........................................................................................................27

2.3.Objetivos......................................................................................................27

2.4 História da filosofia.......................................................................................27

2.4.1 Período clássico........................................................................................27

2.4.2 Período cristão Patrística.......................................................................35

2.4.3 Período cristão Escolástico....................................................................36

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2.4.4 Período moderno ....................................................................................38

2.4.5 Período contemporâneo...........................................................................41

CAPÍTULO III ÉTICA E MORAL E SUA IMPORTÂNCIA NA CONDUTA

HUMANA...........................................................................................................44

3 Conceituação e classificações de ética......................................................44

3.1 A ética e os valores......................................................................................46

CAPÍTULO IV - SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO...........................48

4 O Sistema Preventivo como pedagogia.....................................................48

4.1 O Sistema Preventivo como espiritualidade................................................48

CAPÍTULO V A PESQUISA...........................................................................51

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO.....................................................................51

CONCLUSÃO....................................................................................................55

REFERÊNCIAS.................................................................................................56

APÊNDICES......................................................................................................59

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INTRODUÇÃO

Discute-se na atualidade os quesitos necessários para a formação de

professores no século XXI, levantando questões relevantes como competência,

excelência, capacidade de trabalho, atualidades do currículo, entretanto pouco

ou quase nada se fala acerca da espiritualidade indispensável na sociedade

contemporânea.

O homem de hoje trabalha, cresce profissionalmente, constitui família,

busca enriquecer-se, entretanto não considera aspectos fundamentais e que

são inerentes à sua existência, e a espiritualidade é uma delas.

O crescimento pessoal e profissional só pode se alicerçar mediante o

conhecimento pessoal, e este é obtido através da relação espiritualidade

racionalidade, onde se consegue alcançar a excelência.

O objetivo deste estudo é levantar a relação intrínseca existente entre

espiritualidade e formação profissional, relação esta abandonada pelos

profissionais responsáveis pela formação, bem como por aqueles que desejam

se especializar e se graduar para exercer o ofício do magistério.

Educar é acima de tudo respeitar o próximo, sua individualidade, seus

preceitos morais, não esquecendo de que além do profissional em formação há

um indivíduo ansioso por conhecimentos, que possam transformar acima de

qualquer outra coisa a si mesmo.

A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência e boniteza de mãos dadas. Cada mais me convenço de que, desperta com relação à possibilidade de enveredar-se no descaminho do puritanismo, a prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e pureza (FREIRE, 1996, p. 32 e 33).

Esta análise de Freire elucida pertinentemente a relação a ser

estabelecida entre espiritualidade, ética e educação.

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CAPÍTULO I

ESPIRITUALIDADE

1 CONCEITO

Na Teologia moral se estuda o correto relacionamento com Deus,

enquanto a espiritualidade dedica-se a estudar o efeito desta relação na

consciência e o desenvolvimento concreto disto.

No Catecismo da Igreja Católica diz que o Espírito com o qual faz

referência a espiritualidade, é a realidade mais profunda da pessoa. No

coração da espiritualidade cristã está a presença do Espírito do Senhor

ressuscitado, uma profunda experiência de Deus Pai, no centro de toda

espiritualidade cristã está, pois, a experiência trinitária, comunidade de amor

(CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2000).

O dom da espiritualidade cristã está na graça de Deus concretizada no

homem, pois Deus é Pai e nos chama para a vida em espírito, isso só por uma

real entrega de si, de sal alma, no qual recebemos do Pai gratuitamente.

São João da Cruz ensina que quem busca a Deus com amor singelo e

puro, o primeiro a mostrar-se e a sair ao encontro daqueles que desejarem é o

Pai.

Em termos mais claros a espiritualidade é marcada por uma profunda

experiência do amor, como nos lembra Santo Agostinho que devemos amar o

nosso próximo, ou porque ele é bom ou para que ele se torne bom, dando-nos

uma grande responsabilidade (Mt 9, 37), ou seja, a aceitação com Deus e os

irmãos de acordo com a vontade do Pai (Hb 10, 7).

É preciso definir que a espiritualidade não se reduz a um subjetivismo

intimista e sem um compromisso de fé e moral, nem sendo sentimentalista,

pelo contrário, é uma assimilação interiorizada de valores cristãos tanto na vida

pessoal quanto na comunitária.

No sentido teórico, a espiritualidade nasce da esperança, ligado a um

método teológico ligado à prática e à cultura. No sentido prático se dá à

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experiência da ação salvadora do Espírito Santo, ou seja, aquele que nasceu

do espírito (Jo. 3, 1-21) e vive segundo o espírito (Gl. 5, 16-26).

A antropologia Paulina mostra que o homem ou é espiritual ou não o é,

na verdade, onde para o homem espiritual tudo

mesmo as realidades mais

banais

torna-se sagrado, enquanto que para o homem não-espiritual também

as realidades mais sagradas tornam-se profanas.

1.1 Objetivos

O principal objetivo da espiritualidade é uma pessoa: Jesus Cristo. São

Bernardo ensina a refletir Jesus Cristo em sua humanidade, pois segundo ele,

são disposições para caminhar e penetrar até o verbo, isto é, a segunda

pessoa da trindade, o Pai e o Espírito Santo, restaurando-se através da

humildade e da baixeza ao pecado, a imagem de Deus na alma humana, já

que o pecado tira a imagem de Deus nos homens.

Também pode expressar-se na afirmação de São Paulo:

Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, assim como Cristo também vos amou e se entregou por nós a Deus, como oferta de sacrifício de odor suave. (Bíblia de Jerusalém p. 2045, Ef. 5, 1-2).

São Paulo nos convida a manter os olhos fixos em cristo para

compreender-se que Deus nos trata como filhos (Hb. 12, 1-13), para isso como

nos recomenda São Bernardo, precisa-se dedicar-se a uma vida de santidade

observando sempre Jesus Cristo.

1.1.1 Espiritualidade na história

1.1.2 Dos primórdios da história à história medieval

1.1.3 Martírio

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Nos três primeiros séculos os cristãos eram tidos como ateus por não

cultuarem os deuses de Roma. Santo Antão deixou o deserto e foi a Alexandria

na esperança de ser prezo e martirizado, mas acabou voltando frustrado por

nada lhe acontecer, pois nesses três primeiros séculos o martírio era o vértice

supremo da perfeição cristã onde toda a piedade organizava-se em torno da

cruz gloriosa. O martírio é acompanhado de fenômenos místicos como um

dom, livremente aceito por amor a Cristo (Secondin, 1993) (Bettencourt OSB,

2006).

1.1.4 Vida Una

Junto ao martírio coloca-se a veneração pela pureza, numa sociedade

vulgarmente paganizada, e distinguiam-se nas comunidades cristãs por um

estilo de vida exemplar sobretudo na caridade. Os Santos Padres exaltavam as

virgens considerando-as como sinal da superioridade do cristianismo sobre o

paganismo.

No ano 56 São Paulo em 1 Cor. 7, 25-35, fala sobre homens e mulheres

que renunciavam ao casamento para se consagrarem inteiramente ao Senhor.

Tal prática se expandiu e deu origem ao monaquismo (Secondin,1993)

(Bettencourt OSB, 2006).

1.1.5 Santo Agostinho ( 325-692 )

Pode ser considerado o mestre da espiritualidade ocidental. A doutrina

Agostiniana revelou-se fecunda na história da espiritualidade cristã, influenciou

toda a Idade média até o século XIII, mas ainda dando vida a uma corrente de

espiritualidade atingindo aos tempos contemporâneos (Secondin, 1993)

(Bettencourt OSB, 2006).

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1.1.6 Evágrio Pôntio ( +400 )

Sua espiritualidade consiste na pureza de coração e na conquista da

ausência de paixões, para favorecer o amor de Deus, exercendo grande

influência no Oriente (Secondin, 1993).

1.1.7 São Bento (480-547)

Pode ser considerado o fundador do monaquismo beneditino ocidental.

São Bento sintetizou em si a herança do mundo greco-romano, transformando,

não apenas a liberdade de cada indivíduo em relação à comunidade, mas

liberdade dos Filhos de Deus, uma obediência à palavra de Deus.

A Regra de São Bento se tornou aceito por inúmeros mosteiros na

Europa representando a unidade de fé e dos sentimentos que caracterizaram a

Idade Média sob o impulso e tutela de São Bento, patrono da Europa

(Secondin, 1993).

1.1.8 História Medieval

Devido à invasão dos bárbaros a Roma, prejudicou-se as atividades

literárias dos cristãos, de modo que não se encontra algum documento de mais

notável espiritualidade até o imperador Carlos Magno (742-814).

Nos séculos X e XI houve um declínio da moral prejudicando a Igreja.

Surgiu então Pedro Damião (+1.072), monge caldense que propôs aos leigos

um ideal de vida pautada pela fidelidade ao evangelho (Bettencourt OSB,

2006).

1.1.9 São Bernardo (1090-1153)

Como representante do renascimento da literatura espiritual no século

XII, no qual fica impossível compreender a alma mística da Idade Média sem

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partir de suas obras. São Bernardo ensina a meditar nos mistérios de Jesus

Cristo, e que essa meditação é indispensável à contemplação do Verbo

Encarnado, ou seja, um conhecimento de si até a posse de Deus. São

Bernardo concebeu sua vida mística como uma vida repleta de amor,

restaurando a imagem de Deus na alma humana num processo que vai de um

Cristo segundo a carne, a um Cristo segundo o espírito. Esse santo exerceu

uma notável influência da espiritualidade cristã (Secondin,. 1993) (Bettencourt

OSB, 2006).

1.2 São Domingos (1170-1221)

Com o crescimento da heresia dos cátaros difundindo-se no início do

século XIII, São Domingos instituiu para essa desastrosa situação de fé, os

pregadores permanentes, nascendo assim a nova Ordem dos Pregadores, cuja

finalidade é a salvação das almas mediante a pregação das verdades da fé.

A espiritualidade dos Dominicanos distinguia-se pela conotação doutrinal

e contemplativa. Uma vida militante, apostólica e batalhadora. Nasceu da

heresia dos cátaros (Secondin, 1993).

1.2.1 São Francisco de Assis (1182-1226)

Aos 26 anos de idade um jovem sai ao mundo vende tudo o que

possui, e faz votos de pobreza, castidade e obediência, seu nome é São

Francisco de Assis. Pregando mais com o testemunho da própria vida, junto

com alguns companheiros, do que com palavras, ou seja, íntegra mensagem

do evangelho.

São Francisco surgiu num momento histórico em que a doutrina

evangélica estava quase esquecida. Em um mundo em profunda crise e

sequioso de renovação, Francisco propõe à humanidade desordeira e inquieta

da época a total adesão a Cristo.

Exerceu grande influência criando condições de vida mais humanas em

uma época histórica de grandes violências (Secondin, 1993).

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1.2.2 História moderna

Na metade do século XVI, ocorre a controvérsia protestante (Bettencourt

OSB, 2006).

1.2.3 Santo Inácio de Loyola

Fundador da Companhia de Jesus, que em sua espiritualidade imprime o

caráter de militância, no combate às heresias e na evangelização dos povos

recém-descobertos na América, Ásia e África. A espiritualidade jesuíta se

contempla na ação, praticando o método inaciano na meditação.

Exerceu influências notáveis da espiritualidade cristã, na prática da

piedade, na experiência mística, possuindo uma presença fundamental na

espiritualidade católica, e revela-se até hoje.

O ponto fundamental da espiritualidade Inaciana é o caminho com o qual

se chega a Jesus Cristo, exigindo a atuação da alma em particular. Ao longo

dos séculos a espiritualidade inaciana fundamenta a contínua busca da

vontade de Deus, mediante a um serviço desinteressado por meio de um

apostolado (Secondin, 1993).

1.2.4 Espiritualidade Carmelita

Outra resposta aos desafios do Humanismo Renascentista é a do

Carmelo.

Com a estrutura teológica de Santa Tereza de Ávila (1582) e São João

da Cruz (1591), empreenderam a reforma no convento masculino e feminino da

Ordem, ensinado a purificar o coração mediante severa ascese, ou seja,

mortificação e meditação religiosa.

São João da Cruz e Santa Tereza ensinam a dupla união da alma com

Deus, onde a primeira leva a alma a uma perfeita conformidade em favor da

vontade de Deus. A segunda consiste na transformação da alma, onde sente

invadida pela vida divina e percebe que Deus vive nela. Também as orações

servem de intensificações na oração mental, uma conversação íntima e

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afetuosa com Deus. A escola carmelita deu frutos que duram até nossos dias

(Secondin, 1993) (Goulart, 2005).

1.2.5 São Francisco de Sales (1567-1622)

Bispo de Anney (Suíça) renovou a vida espiritual dos cristãos cultivando

a união com Deus. Sua espiritualidade se caracteriza por um religioso

humanismo, mais sensível e piedoso. Sua doutrina espiritual ensina a remover

os impedimentos à perfeição cristã, pois para ele a vida está acima de uma

retidão humana ou a perfeição que permite o homem se comprazer nela. Só a

perfeição do amor e a honra ao nome de Deus diariamente, e cumprindo sua

vontade com um amor puro se chegará ao fim (Secondin, 1993).

1.2.6 Santo Afonso Maria de Ligório (+1787)

Incentivou a prática da oração e a devoção à Maria Santíssima. Apoiou o

exercício espiritual por amor e no amor de Deus, contra o jansenismo que

destruía com os fiéis (Secondin, 1993).

1.2.7 São Luis Maria Grignion de Montfort (1673-1716)

Representa o carisma do louco da Cruz e do inflamado apóstolo

Mariano, mas íntegro e corajoso. Para ele ser cristão era como colocar sobre

os ombros a Cruz de Cristo, seguindo no mistério da eterna Sabedoria.

A espiritualidade segundo São Luiz parte da sabedoria da cruz,

participação da sabedoria encarnada.

A santidade consiste na ligação ao Cristo da Cruz, oferecido aos cristãos

através dos braços de Maria, um caminho ao alcance de todos para se chegar

a Jesus Cristo (Secondin, Bruno. 1993).

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1.2.8 São João Bosco

Considerado o inventor do sistema pedagógico preventivo, contra o

repressivo, na educação dos jovens, razão religião e bondade sintetizam seu

pensamento educativo.

Sua vida foi dedicada aos jovens, onde o sacerdote compartilha em toda

a vida do jovem, colocando os jovens na impossibilidade moral de cometer

pecados.

Sua espiritualidade era motivada com um vigilante otimismo à natureza

humana, consciente de que o fogo do pecado deve ser sempre vigiado, nos

jovens e nos adultos, querendo que ele se mortifique com o trabalho e a

temperança entregue às práticas dos sacramentos e empenhada na caridade,

com uma contínua união com Deus (Secondin, Bruno. 1993).

1.2.9 A espiritualidade no Evangelho

O evangelho nos mostra a relação de Deus com os homens na história,

sua total entrega por amor aos homens sempre renovando sua aliança até se

chagar à mais perfeita aliança: Jesus Cristo.

Na Bíblia dá-se a consciência para produzir nos homens ou gerar neles

espiritualidade através de um projeto de vida espiritual. É uma proposta de

caminho à santidade (Lv 19, 2), como nosso Pai nos convida a sermos santos,

atualizando ou assimilando o dom de Deus no desenrolar de nossa existência,

comprovando assim, que a espiritualidade não é senão a vida segundo o

espírito (Rm 8).

Pode-se chamar um processo de vida espiritual, ou também, de um

encontro consigo mesmo, Conheça-te a ti mesmo . Um exemplo no caso de

Elias que no deserto, sentiu a presença de Deus na brisa leve que tocava seu

rosto (1Rs 19, 1-17), ou seja, uma profunda experiência de encontro e

aceitação com Deus, fazendo sua vontade (Hb 10, 7).

A espiritualidade nos leva a contemplação através dos evangelhos que

ensina e faz ansiarmos o Cristo a ponto de declarar que já não sou eu que

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vivo é Cristo que vive em mim (Gl 2, 20) exigindo de cada uma o mais

profundo amor.

1.3 Espiritualidade no Antigo Testamento

O Antigo Testamento é uma conjunção de 46 livros, onde encontram

diversas experiências do povo de Israel com Deus, individual e coletivo, junto

com os livros poéticos e sapiensiais, e também os livros proféticos.

1.3.1 Espiritualidade Deuteronomista

O Deuteronômio é uma coleção de homilias que concentra-se na

fidelidade da Lei e amor a Deus (Dt 10, 11), onde a falta desse amor é muito

grave: Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte

e a infelicidade (Dt 30, 15), requerendo assim, uma conversão interior, mas

voluntária a Deus com amor (Dt 6, 5).

1.3.2 Espiritualidade Profética

Representa uma concreta revelação de Deus nos profetas, ou seja,

dentro do que o profeta é chamado a comunicar a palavra divina.

Sua espiritualidade une-se à mística e à justiça dos profetas com

palavras que muitas vezes perturbam a existência humana e até o portador

como em Jeremias (Jr 10), mas também palavras que consolam e salvam (Am

9, 11; Jr 30,31), unindo assim o céu e a terra, Deus com os homens, fé e razão,

mística e justiça.

1.3.3 Espiritualidade Sapiensial

Entramos em um novo tema, pois os livros sapiensiais (Provérbios, Jô,

Eclesiastes, Sabedoria e Eclesiástico) deslocam-se para novas diretrizes,

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tirando os grandes eventos salvitícios, mas dando ênfase às secretas epifanias

divinas no cotidiano e na natureza.

Os que amam a sabedoria amam a vida; os que a procuram, desde a

manhã ficarão cheios de alegria (Eclo 4,12), a sabedoria é uma qualidade

divina que penetra o ser humano, sendo de um positivo e alegre otimismo

como participantes na dança da sabedoria divina (Pr 8, 30).

Encontra-se no livro de Jó que parte de um silêncio de Deus, e a

aparência concreta do mal, pois Deus se silencia para o homem em si construir

uma sabedoria mística, assim como em Eclesiastes, ambos misteriosos, mas

salvadores.

1.3.4 Espiritualidade Sálmica

O coração da espiritualidade bíblica. Nos salmos mostra-se com grande

cuidado a face de Deus.

O desejo da alma nos salmos expressa a sede de Deus (Sl 18, 29). O

sabor e o frescor de Deus é o alimento que sacia as esperanças humanas,

suas palavras como o mel que escorre dos favos (Sl 19, 11).

1.3.5 Tu és a luz da minha lâmpada

O homem que se deixa envolver por esta luz, é quase possuído por

Deus. (Second, 1993). Deus irradia sua luz

empalidecendo as pequenas

lâmpadas dos homens

e tudo o que o circunda aquecendo e vivificando a

todos os homens que buscam tua palavra, sendo luz para o caminho (Sl 119,

105).

1.3.6 Amo-te, Senhor, meu rochedo

Representa Deus como força, rocha, libertador, escudo, baluarte (Sl 27,

1), mesmo se o fiel estiver cercado por males Deus é a fortaleza (Sl 27, 1),

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coloca sua confiança em Deus e em sua justiça divina, pois somos aquecidos e

nutridos por Ele, quem poderá contra Ele?

1.3.7 A noite escura

Mesmo estando muito arrasado, ainda o salmista mantém sua fé. Dá-se

uma parte desses salmos ao sofrimento do homem em relação ao mal, quer

por doenças ou por males externos (Sl 7, 2; 35, 19), a crise da fé (Sl 7),

solidão (Sl 102, 7), mas tudo supera-se mediante à confiança em Deus, porque

Ele acolhe (Sl 27, 10).

O drama do pecador nos salmos penitenciais 51 e 130 mostra a

conversão pelo perdão divino que o reconduz à aliança, pois o mal nasce do

pecado, e a conversão faz o homem retornar ao projeto divino, fonte de uma

nova existência.

1.3.8 A verdadeira face de Deus

Caracteriza-se nos salmos como a última meta onde Deus aparece

como Pai (Sl 68, 6). No salmo 131 exprime o amor profundo de Deus por suas

criaturas.

1.3.9 Novo Testamento

O Novo Testamento é um conjunto de 27 livros separados em

evangelhos, atos dos apóstolos, epístolas e apocalipse, anunciando a pessoa

de Jesus Cristo. Os textos desse conjunto de livros confirmam a mais perfeita

nova e eterna aliança de Deus aos homens por Jesus Cristo.

Em Mt 5, 48, Jesus exige atitudes decisivas como no sermão das Bem

Aventuranças, que mostram o modelo desta atitude com relação a Deus,

regulados por uma lei ainda santa.

Daí a urgência da decisão unida ao anúncio do Reino, com base nestas

palavras de Cristo Arrependei-vos e crede no Evangelho (Mc 1, 15), segundo

a tradição sinóitica, junto à prontidão sem olhar para trás (Lc 9, 62), renúncia

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(Mt 6, 19-34), aos laços carnais (Lc 14, 26) e à sua própria vida (Lc 9, 24),

buscando a salvação (Lc 16, 1-8).

Outra forma de observa Cristo é no cotidiano, mais precisamente e suas

obras, seus milagres. Este fato resume-se a seguinte palavra de Cristo: Pois

o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida

em resgate por muitos (Mc 10, 45).

Depois de suas demonstrações, com palavras e obras vem o anúncio de

Jesus: Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo (Mc 1, 15),

todavia, como diz na parábola da semente (Mc 4, 26-29), mas para atingir a

plenitude, essa semente necessita da colaboração humana.

No evento Pascal é onde se dá a gloriosa atuação do Reino de Deus. O

centro do qual parte toda a fé cristã, na ressurreição, de Cristo, manifestando e

transcendendo a história. Portanto na espiritualidade pascal está exaltada o

destino da plenitude onde nunca mais haverá morte ( Ap 21,4) para toda a

humanidade.

1.4 Espiritualidade Paulina

A meta da espiritualidade paulina é a de formar no ser uma nova criatura

através de Cristo: se alguém estiver em Cristo, é nova criatura (2Cor 5, 17),

repetindo em (Cl 3, 10).

Enquanto o homem exterior caminha para a ruína, o homem interior se

renova dia-a-dia (2Cor 4, 16), sintetizando todas as dimensões do homem em

Cristo mediante a fé e o amor (1Cor 13).

1.4.1 Espiritualidade Joanina

João propõe uma espiritualidade e mística muito intensa, nas

experiências históricas do Cristo, conhecer e fazer a verdade. A espiritualidade

joanina revela como o ponto de chegada E o Verbo se fez carne e habitou

entre nós (Jo 1, 14), da ação trinitária, até a plena participação do fiel na vida

divina (Jo 17, 23).

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João nos convida a entrar na vida interior de Cristo, juntando-se a Ele

totalmente (Jo 17, 30).

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CAPÍTULO II

FILOSOFIA - EDUCAÇÃO FÍSICA

2 FILOSOFIA

Filosofia é uma palavra de origem grega que significa literalmente

amigo da sabedoria (philos sophia). Assim, pois, etimologicamente, o termo

filosofia significa: amor à sabedoria, gosto pelo saber. No século VI a.C. dá-se

o termo filosofia pela primeira vez escrita por Pitágoras, pois o mesmo não se

considerava sábio e sim um amante da sabedoria .

A filosofia surge como uma forma de saber tendo uma esfera própria de

competência, adquirindo informações ordenadas e precisas. No dizer dos

filósofos, ela estuda todas as coisas. A filosofia estuda as causas últimas de

todas as coisas , como dizia Aristóteles; Cícero define como o estudo das

causas humanas e divinas das coisas ; Descartes a defina como a ciência que

ensina a raciocinar o bem . Muitos outros filósofos definem a filosofia ora como

o estudo do valor do conhecimento, ora como a indagação do fim último do

homem, ora como estudo da linguagem, do ser, da história, da arte, da cultura,

da política etc. Então não há algo específico em relação à filosofia que a possa

colocar num patamar de estudo, pois ela engloba tudo, e por duas razões.

(Abrão, 1999).

Na primeira razão, todas as coisas examinam-se em nível científico e

filosófico. Assim, os homens, os animais, as plantas, a matéria, estudados por

muitas ciências e sob diversos pontos de vista, podem também ser objeto de

indagações filosóficas. Os cientistas se perguntam de que é feita a matéria,

que coisa é a vida, como são formados os animais e o homem, mas não

consideram outros problemas como, por exemplo, o que é a existência.

Especialmente a respeito do homem, que as ciências estudam sob vários

aspectos, mas muitos problemas são deixados de lado pela ciência, como o do

valor da vida e do conhecimento humanos, o da natureza do mal, o da origem e

do valor da lei moral. Dessas questões se ocupa a filosofia, pois a ciência as

deixa de lado como um caso resolvido.

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Na segunda, as ciências estudam uma ou outra dimensão da realidade,

já a filosofia estuda a totalidade, o universo. Procurando oferecer um

conhecimento ou uma explicação ás vezes exaustiva, mas completa da

realidade de uma esfera em particular.

Há ainda, duas qualidades que dão características específicas ao saber

filosófico, Métodos e Objetivos.

2.2 Método

Caracteriza-se na ciência, no experimentalismo, no mito, no lirismo. Mas

sempre utilizando uma justificação lógica, racional, por uma simples

verificação. Desejando o conhecer das coisas que se estuda, através de uma

explicação conclusiva, utilizando-se somente da razão (logos). (Abbagnano,

Nicola, 2003).

2.3 Objetivos

O objetivo da filosofia é a vontade ou a procura de saber a verdade, sem

interesses práticos ou externos como a ciência, tendo como finalidade

puramente teórica, ou seja, na contemplação da verdade. Ela não procura a

verdade por algum motivo que não seja a própria verdade, como dizem alguns

autores. (Abbagnano, Nicola, 2003).

2.4 História da filosofia

A história da filosofia pode ser dividida em período: Clássico, Cristão, Moderno e Contemporâneo. Através desses períodos intenciona-se a descobrir a cronologia dos fatos.

2.4.1 Período Clássico

Os primeiros filósofos gregos são chamados de filósofos da natureza,

porque se interessavam pela natureza, com os filósofos voltando-se no mundo

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exterior, procurando um princípio unitário de todas as coisas, tomando a

denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede de

Sócrates.

O primeiro filósofo que se tem conhecimento é Tales, da colônia grega

de Mileto, na Ásia Menor. Tales considerava a água como fonte de origem de

todas as coisas. Tales deu uma forma científica de pensar, a transformação da

natureza. Se Tales aparece como o iniciador da filosofia, é porque seu esforço

em buscar o princípio único da explicação do mundo não só constitui o ideal

mesmo da filosofia como também forneceu-lhe o impulso para desenvolver-se .

(Bernadette, 1999, p26).

O próximo filósofo da natureza é Anaximandro, que também viveu em

Mileto, contemporâneo de Tales, mas que procurou um caminho diferente do

de Tales. Para ele tudo a partir do qual surge é algo diferente do que é criado,

e tudo o que é criado é finito, o que está antes desse finito tem de ser infinito,

portanto para ele a substância básica não era a água. (Jostein Gaarder, 2004)

Um terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes, segundo ele a substância

básica era o ar, tudo provém do ar mesmo água, fogo, vida, terra enfim tudo o

que existe. Estes três pensadores pertencem ao período do VI século a.C. e

termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V. Como vimos

esses pensadores identificam o divino com o princípio, e logo a frente dá-se o

pitagorismo, que vincula o divino ao número.

Pitágoras

Foi o fundador da escola pitagórica, nasceu em Samos (571 a.C.), mas

viveu na Itália meridional, onde fundo a sua escola filosófica, e morreu em 497

a.C.

Os pitagóricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substância das

coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento.

Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas,

passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas

(Amério, 1960).

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Como a filosofia da natureza, assim a astronomia pitagórica representa

um progresso sobre a jônica. De fato, os pitagóricos afirmaram a esfericidade

da Terra e dos demais corpos celestes, bem como a rotação da Terra,

explicando assim o dia e a noite; e afirmaram também a revolução dos corpos

celestes em torno de um foco central. Pelo que diz respeito à moral, enfim,

dominam no pitagorismo o conceito de harmonia, logicamente conexo com a

filosofia pitagórica, e as práticas ascéticas e abstinenciais, com relação à

reencarnação das almas. Segundo o pitagorismo, a essência da realidade é

representada pelo número, isto é, pelas relações matemáticas. Para explicar a

multiplicidade e o vir a ser, o pitagorismo recorre à luta dos opostos, pares e

ímpares. Essa antítese é reconduzida à unidade pela harmonia matemática,

que governa o mundo todo, material e moral.

Demócrito (Atomismo)

Nascido em Abdera na Trácia (460-370) é o maior expoente da escola

atomística, fundada por Leucipo. Para ele o mundo é composto de átomos, que

significa indivisível. Segundo ele estes átomos estão no espaço vazio, onde se

movem por causa do diverso tamanho e por causa da diversa gravidade dos

átomos (Jostein Gaarder, 2004), e Franco Amerio na História da Filosofia,

mostra que o atomismo é a primeira formulação do materialismo, ou seja, reduz

as formas da realidade em matérias (átomos). Diferente dos naturalistas,

Demócrito não acreditava numa força superior que pudesse intervir nos

processos naturais, pois segundo ele, quando uma pessoa morre, por exemplo,

seus átomos se espalham e são reaproveitados para dar origem a outros

corpos, pois os átomos se movimentam no espaço. Para Demócrito a alma

está ligada ao cérebro, dando uma explicação sobre a consciência, e também

não acreditava na alma imortal já que os átomos da alma eram arredondados e

lisos segundo ele. Tudo flui Demócrates concordava nesse termo com Heráclito

sendo que as formas vão e vêm, porém, por trás de tudo há o eterno e imutável

que não flui, dando assim o nome de átomo.

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A Sofística

Depois da vitória de Atenas sobre os persas, em 479 a.C., consolida-se

a democracia na cidade e o valor da educação, no intento de formarem

cidadãos para participarem da vida pública. A teoria do conhecimento sofista

pode ser conhecida como sensual, subjetiva, céptica. Eram hábeis na

persuasão, e cobravam por seus ensinos, por serem estrangeiros não se

interessavam pelos destinos da cidade. Em suas argumentações não se

preocupavam, portanto, em serem, justos ou injustos, moral ou imoral. O que

importava a eles era o simples fato de seus alunos saberem falar de modo

convincente, apenas compartilhava da experiência da democracia com os

atenienses, contudo os valores e as verdades se tornam relativos e instáveis. A

sofística enfatiza o relativismo prático, demolidor da moral. Como é verdadeiro

a aquilo que satisfaz aos sentimentos, impulso, à paixão de cada qual em cada

momento, como um único bem, o prazer, única regra de conduta, o interesse

empírico. Quanto ao direito e à religião, a posição dos sofistas é igualmente

extremista, egoísta e cética. A moral para os sofistas era mais um empecilho

ao homem, no qual não deve pôr nenhum freio ao seu egoísmo e prazeres.

Sócrates

Há quem diga que a filosofia propriamente dita só começou com

Sócrates (Abrão, 1999). Um personagem enigmático para muitos, pois não

deixou nada escrito, mas exerceu grande influência sobre o pensamento

europeu (Gaarder, 2004).

Nasceu em Atenas em 470 a.C., filho de Sofrônico, escultor, e de

Fenáreta, parteira. Desde cedo se dedicou-se à meditação e ao ensino

filosófico, como a uma vocação religiosa. Enquanto viveu já era uma pessoa

enigmática, sua atitude crítica, irônica e o seu método racional despertaram

descontentamento geral, hostilidade popular e inimizades pessoais que se

concretizaram na famosa acusação movida contra ele, de corromper a

mocidade e alterar a religião nacional. Processado, desdenhou defender-se; foi

condenado à morte, que enfrentou, serenamente, no cárcere, no ano 355 a.C.

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Sócrates foi influenciado por Anaxágoras, e seus pensamentos

discorrem sobre a essência da natureza da alma humana. Demonstrava uma

grande necessidade de levar o conhecimento para os cidadãos gregos,

levando o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano.

Para Reale e Antiseri (1990), Sócrates passou a se concentrar na

questão do que é o homem - ou seja, do grau de conhecimento que o homem

pode ter sobre o próprio homem.

Ensinar o homem a cuidar de sua própria alma seria a principal tarefa a

ser desempenhado por ele, Sócrates, e por todos os filósofos autênticos.

Sócrates acreditava vivamente ter recebido essa tarefa por Deus. E persuadiu-

se de que não há para todos maior bem na cidade que esta obediência a Deus.

Na verdade, não é outra coisa que Sócrates fez em suas andanças a não ser

persuadir, jovens e velhos, de que não devem cuidar só do corpo, nem

exclusivamente das riquezas, e nem de qualquer outra coisa antes e mais

fortemente que da alma, de modo que ela se aperfeiçoe sempre, pois não é do

acúmulo de riquezas se nasce a virtude, mas do aperfeiçoamento da alma é

que nascem as riquezas e tudo o que mais importa ao homem e ao Estado

(Reale e Antiseri 1990).

Segundo Reale & Antiseri (1990), um dos raciocínios fundamentais feitos por

Sócrates para provar essa tese é o seguinte: uma coisa é o instrumento que se

usa e a outra é o sujeito que usa o instrumento. Ora, o homem usa o seu corpo

como instrumento, o que significa que a essência humana utiliza o instrumento,

que é o corpo, não sendo, pois, o próprio corpo.

Jostein Gaarder faz um paralelo de Sócrates com Cristo, pois em vida

eram consideradas pessoas enigmáticas, e nenhum dos dois deixaram um

registro sequer de suas idéias, restando assim confiar na imagem e impressões

que foram legadas por seus discípulos. E ambos tinham tanta confiança e eram

mestres da retórica, que irritavam certas pessoas, mas arrebatavam muitos

também, e ainda acreditavam estar falando em nome de algo maior que eles.

Que por fim acabou custando-lhes a vida.

Em resumo, Sócrates fazia as pessoas conhecerem-se a si mesmas

também estava ligada à sua descoberta de que o homem, em sua essência, é

a sua psyché. Psyché para Sócrates entende-se a nossa sede racional (Abrão,

1999), inteligente e eticamente operante, ou ainda, a consciência e a

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personalidade intelectual e moral. Esta colocação de Sócrates acabou por

exercer uma influência profunda em toda a tradição européia até hoje.

Platão

Platão, cujo verdadeiro nome era Aristócles, nasceu em Atenas no ano

428 a.C. Seus pais pertenciam a uma antiga e nobre descendência. Teve um

temperamento de artista e de filósofo ao mesmo tempo, manifestação

característica e elevada de gênio grego. Aos vinte anos, Platão travou relações

com Sócrates, cujo ensino e amizade gozou durante oito anos. Tinha vinte e

nove anos quando Sócrates teve de beber o cálice de cicuta.

Tornou-se discípulo de Sócrates com aproximadamente vinte anos de

idade e com o objetivo de se preparar melhor para a vida política. Mas os

acontecimentos acabariam por orientar sua vida para a filosofia.

Jostein Gaarder diz que para Platão a natureza do homem é racional, e,

por conseqüência, na razão o homem realiza a sua humanidade em ação

racional, ou seja, o sumo bem que é a felicidade e virtude. Entretanto, esta

natureza racional do homem encontra no corpo não um instrumento, e sim um

obstáculo, que Platão explica mediante um dualismo filosófico - religioso de

alma e corpo, o intelecto encontra um obstáculo no sentido, a vontade no

impulso. A moral platônica, portanto, é uma moral de renúncia ao mundo e o

homem realiza o seu destino além deste mundo, na contemplação do mundo

das idéias.

Em questão da moral Platão enfatiza quatro virtudes: a sabedoria, a

fortaleza, a temperança, a justiça (Gaarder, 2004).

Contrariando as crenças pagãs, Platão exigiu que se excluísse qualquer

sinal de imperfeição, ou alteração do conceito de Divindade. Para Platão, Deus

é o criador de tudo, o Artista do universo. Ele é o Espírito eterno, que muda a

aparência da matéria de acordo com Seu pensamento. Existe um eterno e real

mundo das idéias, o qual é por natureza, inseparavelmente ligado a realidade

verdadeira do homem. A cabeça desse reino das idéias eleva-se à Idéia do

Bem, ou Deus, o Criador do universo infinito. Platão sustentava que a alma

humana é imortal (Reale, Antiseri, 1990).

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Aristóteles

Aristóteles nasceu em Estagira no ano 384 a.C., aos 18 anos entrou na

Academia Platônica, onde ficou por vinte anos, até a morte do mestre. Treze

anos depois da morte de Platão, Aristóteles fundou perto do templo de Apolo

Lício, a sua escola. Daí o nome de Liceu dado à sua escola, também chamada

peripatética devido ao costume de dar lições, passeando nos umbrosos

caminhos do ginásio de Apolo. Esta escola seria a grande rival e a verdadeira

herdeira da velha e gloriosa academia platônica. Em 323 teve de abandonar

Atenas por motivos políticos, retirando-se para Eubéia, onde morreu em 332

a.C. com 62 anos de idade. Aristóteles foi especialmente um homem de cultura

e de pensamento, que se isola da vida prática, para a pesquisa científica.

Aristóteles segundo os autores tanto Jostein Gaarder (2004) quanto

Franco Amerio (1951), dizem em resumo que Aristóteles ensina que Deus é o

início de tudo, o começo do movimento do universo, a fonte do movimento e da

ação no universo. Ele é a Essência eterna, perfeita, o início e o centro da ação,

o movimento e a energia. Ele é inatingível, incompreensível, criador de tudo.

Ele é a Razão Puríssima, livre de qualquer materialidade e vivendo na mais

intensiva atividade intelectual da própria-contemplação.

De acordo com Aristóteles o mundo todo anseia por Deus, por um Ser

amado como resultado de Sua perfeição. Com isso o filósofo insistindo na

existência de um Único Ser sábio sobre o mundo, o Ser perfeito, influenciou os

atenienses a levantarem um altar ao "Deus desconhecido", o Qual foi

mencionado pelo apóstolo Paulo no começo de seu célebre discurso no

Areópago em Atenas (At. 17:23).

Aristóteles chega a Deus mediante uma sólida demonstração, que parte

da experiência imediata, da indiscutível realidade do devir, da passagem da

potência ao ato. Todo devir demanda necessariamente uma causa, e esta uma

outra causa ainda; e, assim por diante, até se chegar a um ser que não vem a

ser, a um motor em ato, a um puro ato, que, de outra forma, deveria ser movido

por sua vez. Da análise do conceito de Deus, concebido como primeiro motor

imóvel, Aristóteles deduz logicamente a natureza essencial de Deus. Antes de

tudo, Deus concebido como ato puro, perfeição absoluta e, depois, concebido

como pensamento do pensamento, conhecimento de si mesmo: nesta

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autocontemplação imutável e ativa está a beatitude divina. O aristotelismo,

mais do que o platonismo, terá uma fecunda vida fora do pensamento grego,

para o pensamento cristão, escolástico, tomista.

Neoplatonismo

Foi a mais importante corrente filosófica inspirada em Platão, cujo mais

importante neoplatônico foi Plotino (a.C. 205-270), estudou em Alexandria e

depois se mudou para Roma.

O Neoplatonismo pode ser caracterizado como o último e supremo

esforço do pensamento clássico para resolver o problema filosófico, que tinha

encontrado um obstáculo intransponível no dualismo e racionalismo. (Jostein

Gaarder, 2004)

Plotino e o misticismo

Plotino afirma certa transcendência de Deus, em que este é imaginado

como o suprainteligível. Sendo inefável e pode ser atingido na sua plenitude

unicamente mediante o êxtase, que é uma fulguração divina, superior à

filosofia. Com esta doutrina do êxtase, em que é afirmada uma relação

específica com a Divindade, parece abrir-se o caminho para uma nova filosofia

religiosa, para a valorização da religião positiva. E outro caminho parece abrir-

se na doutrina dos intermediários, que estão entre Deus e o homem, e por

Plotino distintos em deuses invisíveis e visíveis, a que são assimiladas as

divindades das religiões tradicionais. (Abrão, 1990)

Nisto consiste a moral plotiniana, libertação, purificação da matéria, do

corpo, do sentido. Os graus dessa libertação são representados, em linha

ascendente, pelas virtudes éticas, arte e filosofia, culminando no êxtase

(Jostein, 2004).

A obra de Plotino possui uma tônica de misticismo que é nova; sente-se

aí o desejo e o esforço de uma alma que quer se encontrar e ao mesmo tempo

se perder no Uno universal e inefável.

Franco Amerio, em História da filosofia mostra que o neoplatonismo

perdeu forças para o Cristianismo apesar de terem muitas idéias parecidas.

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Com o cristianismo triunfando, e entrando no organismo romano, e com sua

verdade na mente dos homens, o neoplatonismo reduziu-se à Escola de

Atenas, mas fecha as portas em 529, por ordem do imperador Justiniano,

marcando assim o fim da filosofia pagã.

2.4.2 Período Cristão Patrística

Patrística dá-se o período do pensamento cristão que se segue à época

neotestamentária, isto é, os séculos II-VIII da era vulgar. Chama-se Patrística,

porquanto representam o pensamento dos Padres da Igreja, os mestres da

doutrina cristã. Dada a culminante grandeza de Agostinho, a Patrística divide-

se em três períodos: antes de Agostinho, Agostinho e depois de Agostinho.

Santo Agostinho nasceu em 354, em Tagaste na província romana da

Numídia, atual Argélia, estudou em Cartago, onde depois ensinou. Através das

vicissitudes da sua vida, ele partilhou e depois criticou e superou as

experiências do paganismo.

Santo Agostinho dizia que a filosofia tem um duplo objeto: Deus e alma,

iluminando o mistério de Deus e o do espírito humano.

O sentido profundo da interioridade da filosofia agostiniana: para encontrar Deus não é necessário olhar para fora; basta o homem debruçar-se sobre as profundidades da própria alma (Amerio, Franco. História da Filosofia. Casa do Castelo.1960, p.163).

O mundo exterior nos faz refletirmos em nosso interior iluminando-nos

ou transcendendo a Deus: de lo exterior a lo interior y de lo interior a lo

superior (Fraile, p.205).

Segundo Maria da Graça e Rosane Maria (1994), Deus para santo

Agostinho é o ser em si mesmo, o princípio de todos os seres. Deus é perfeito

e se basta a si mesmo, ou seja, Deus é o bem, a verdade Suprema, portanto a

sabedoria se identifica com a filosofia, depois com a religião e finalmente com

Deus. Por isso a sabedoria consiste em conhecer e amar a Deus.

Fraile (1975) diz que santo Agostinho dá um novo sentido à teoria das

idéias de Platão alterando para o cristianismo. Mas santo Agostinho conhecia

as limitações da razão humana devido a diversidades de opiniões das escolas

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filosóficas, daí a revelação pela fé como auxílio de Deus ao homem, para

aumentar suas virtudes e reduzir suas fraquezas.

Em resumo esse período caracteriza-se pelo esforço de reabilitar a

razão mediante a fé.

2.4.3 Período Cristão Escolástico

A escolástica representa o último período da história do pensamento

cristão, que vai do início do século IX até ao fim do século XV. Este período do

pensamento cristão é denominado Escolástico, porque era a filosofia ensinada

nas escolas da época por mestres chamados escolásticos. Diferente da

Patrística, cujo interesse é acima de tudo religioso e cuja glória á a elaboração

da teologia dogmática católica, o interesse da escolástica é especulativo, e a

sua glória é a elaboração da filosofia cristã. Tal elaboração será plenamente

racional, consciente e crítica, apenas em Tomás de Aquino, que levou a

escolástica ao seu apogeu. Distingue-se a escolástica pré-tomista, com

orientação agostiniana (séc.IX-XIII); Tomás de Aquino, que foi o verdadeiro

construtor da filosofia cristã (séc.XIII); o período pós-tomista (séc. XIV-XV), que

representa a rápida decadência história da escolástica.

Santo Tomás de Aquino contemporâneo de São Boa Ventura, é natural

de Roccasecca, nasceu em 1225, descendente da nobre estirpe dos condes de

Aquino. Foi educado em Monte Cassino, estudou em Nápoles as artes liberais

e entrou na ordem dominicana, renunciando a tudo, salvo à ciência. Dedicou-

se, ao estudo da teologia e da filosofia sob a direção de Alberto Magno, seu

mestre nas universidades de Paris e Colônia. Em 1252, Tomás voltou para

Paris onde colou os graus acadêmicos e ensinou longamente. Faleceu em

1274 no mosteiro de Fossanova entre Nápoles e Roma, a caminho de Lião,

onde ia tomar parte no concílio por ordem de Gregório X.

Franco Amerio mostra que santo Tomás revisou o pensamento

aristotélico permitindo uma síntese da sabedoria dos filósofos com a dos

evangelhos harmonizando no mundo racional da visão cristã. As principais

obras dele se dividem em quatro grupos: comentários, tratados, questões e

opúsculos.

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Ainda havia o problema da razão em relação à fé, filosofia e revelação,

verdade natural e sobrenatural. Mas santo Tomás apresenta a razão e fé como

auto-suficientes, mas cada uma dentro de sua esfera própria, porém, entre a

razão e a fé há relações mais íntimas e significativas, aplicando-se às verdades

reveladas, num trabalho de penetração da razão nas verdades reveladas.

(Amerio, 1960).

Desse modo, a razão atinge o conhecimento da existência de Deus. A

razão demonstra e a fé revela sem que haja contradição, manifestando assim a

mesma e única Verdade.

Outro ponto é sobre o pensamento da existência de Deus, embora

afirmando que o Ser supremo é incompreensível, insiste na cognoscibilidade

de Deus, ou seja, determinando o processo com o qual a razão humana pode

chegar ao conhecimento da essência divina.

Tomás de Aquino acentuou a diferença entre a Filosofia, que estuda

todas as coisas pelas últimas causas através da luz da razão, e a Teologia,

ciência de Deus à luz da revelação.

Em resumo, mostrou que o homem é o ponto de convergência de toda a

criação e que nele se encerram todas as coisas. E ainda há uma união

substancial entre a alma e o corpo, isto é o fundamento maior da dignidade da

pessoa humana. .Defendeu o livre arbítrio, ou seja, a liberdade da vontade

humana para aderir ao bem ou ao mal, donde a responsabilidade moral do

homem. Para ele a morte determina para sempre a alma humana quer na

desordem e na infelicidade, quer na ordem e na felicidade, como está na Bíblia.

O conhecimento tem a primazia sobre a ação, pois nada pode ser amado se

não for conhecido primeiro.

A grande questão de santo Tomás foi não permitir a fragmentação entre

Filosofia e Teologia (Amerio, 1960, p. 88).

Em torno do problema das relações entre filosofia e teologia, ciência e

fé, razão e revelação, e em torno do problema da função da razão no âmbito da

fé, santo Tomás de Aquino dá uma solução definitiva mediante uma distinção

clara entre as duas ordens. Com base no sólido sistema aristotélico, é

eliminada a doutrina da iluminação, agostiniana, que levava inevitavelmente a

uma confusão da teologia com a filosofia. Assim sendo, é finalmente

conquistada à consciência do que é conhecimento racional e demonstração

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racional, ciência e filosofia: é um lógico procedimento de princípios evidentes

para conclusões inteligíveis. E compreende-se, que não é possível

demonstração racional em matéria de fé, onde os princípios são, para nós, não

evidentes, transcendentes à razão, mistérios, e igualmente ininteligíveis suas

condições lógicas (Amerio, 1960).

2.4.4 Período Moderno

Os Períodos do Pensamento Moderno manifesta-se através de uma

série de períodos, que se podem historicamente indicar assim:

Renascença: se dá o período em que a concepção imanentista,

humanista ou naturalista, é potentemente afirmada e vivida. Trata-se de uma

afirmação ainda não plenamente consciente e sistemática, em que o novo é

misturado com o velho. Este prevalece ao menos na exterioridade da forma

lógica e literária. A Renascença é preparada pelo Humanismo, e tem como seu

equivalente religioso a reforma protestante. E ainda continua Abrão (1999),

mostra que no renascimento, o homem é basicamente o indivíduo. Os

humanistas do renascimento eram pessoas burguesas da classe de

comerciantes e pessoas a eles associadas.

Após a Renascença e a Reforma, o segundo grande período na história

do pensamento moderno é representado pelo racionalismo e pelo empirismo:

duas tendências paralelas que abrangem os séculos XVII e XVIII. Racionalismo

e empirismo encontram-se numa composição e numa aplicação prática no

iluminismo, que é o pressuposto da revolução francesa. Dos dois movimentos

especulativos, o racionalismo de Descartes, Spinoza, Malebranche, Leibniz,

Wolff, é originariamente francês, segundo a clareza e a logicidade do espírito

francês: ao passo que o empirismo de Bacon, Hobbes, Locke, Berkeley, Hume,

é propriamente inglês, correspondendo à índole positiva e prática da

mentalidade anglo-saxônia (Reale, 1990).

O racionalismo afirma que a razão pura, sem influência dos sentidos

empíricos, é a maior e única fonte do conhecimento, enquanto o empirismo,

afirma que todo nosso conhecimento é adquirido pelos sentidos empíricos

(visão, audição, tato, etc.). Esses pensamentos abrangem os séculos XVII e

XVIII. Como são muito extensas as obras, e diversos os autores representa-se

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este pequeno resumo para se ter uma idéia da concepção filosófica dos

tempos modernos.

Racionalismo - Descartes

Após a Renascença e a Reforma, o segundo grande período na história

do pensamento moderno é representado pelo racionalismo

Renato Descartes nasceu em 1596 na Turena, e foi educado pelos

Jesuítas no colégio chamado La Flèche. Após alguns anos de vida militar e

depois de ter longamente viajado, retirou-se para a Holanda, dedicando-se aos

estudos prediletos: filosofia e ciências. Faleceu em 1650 em Estocolmo, para

onde foi a convite da rainha Cristina da Suécia.

Jostein Gaarder destaca que Descartes deu o pontapé no projeto mais

importante para as seguintes gerações em relação à filosofia. Primeiro ele se

preocupou com a questão do conhecimento, se eles são realmente seguros, e

por segundo a relação do corpo e alma.

Considerando, portanto, entre as diversas idéias que uma é a do ente sumamente inteligente, sumamente potente e sumamente perfeito, a qual é, de longe, a principal de todas, reconhecemos nela a existência, não apenas como possível e contingente, como acontece nas idéias de todas as outras coisas que percepcionamos distintamente, mas como totalmente necessária e eterna. E, da mesma forma que, por exemplo, percebemos que na idéia de triângulo está necessariamente contido que os seus três ângulos iguais são iguais a dois ângulos rectos, assim, pela simples percepção de que a existência necessária e eterna está contida na idéia do ser sumamente perfeito, devemos concluir sem ambigüidade que o ente sumamente perfeito existe (Descartes, Princípios da Filosofia, I Parte, p. 61-62).

Jostein Gaarder analisa que Descartes consiste em mostrar que existe

em nós a simples idéia de um ser perfeito e infinito, daí resulta que esse ser

necessariamente tem que existir. Descartes, conclui que Deus existe pelo fato

de a sua idéia existir em nós.

Assim, dado que temos em nós a idéia de Deus ou do ser supremo, com razão podemos examinar a causa por que a temos; e encontraremos nela tanta

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imensidade que por isso nos certificamos absolutamente de que ela só pode ter sido posta em nós por um ser em que exista efetivamente a plenitude de todas as perfeições, ou seja, por um Deus realmente existente. Com efeito, pela luz natural é evidente não só que do nada se faz, mas também que não se produz o que é mais perfeito pelo que é menos perfeito, como causa eficiente e total; e, ainda, que não pode haver em nós a idéia ou imagem de alguma coisa da qual não exista algures, seja em nós, seja fora de nós, algum arquétipo que contenha a coisa e todas as suas perfeições. E porque de modo nenhum encontramos em nós aquelas supremas perfeições cuja idéia possuímos, disso concluíram corretamente que elas existem, ou certamente existiram alguma vez, em algum ser diferente de nós, a saber, em Deus; do que se segue com total evidência que elas ainda existem (Descartes, Princípios da Filosofia, I Parte, p. 64).

Segundo Franco Amerio, mostra que, pelo fato de possuirmos a idéia de

Deus como ser perfeitíssimo, é levada a concluir que esse ser efetivamente

existe como causa da nossa idéia da sua perfeição, já que nenhum homem

possui tais perfeições, deve existir algum ser perfeito que é a causa dessa

nossa idéia de perfeição, e esse ser é Deus. E conclui que se não podemos

garantir a nossa existência, e mesmo assim existimos, é porque alguém nos

pode garantir essa existência.

Iluminismo

O iluminismo foi um movimento europeu que se desenvolveu entre a

revolução inglesa (1688) e a revolução francesa (1789). O nome deriva do seu

intento de iluminar o povo mediante a razão, contra o obscurantismo da

história, da tradição, da sociedade política e religiosa.

O iluminismo desmorona toda a história, julga realizado o seu ideal

racional no começo da humanidade, no homem primitivo para o qual se deverá,

ou mais ou menos, voltar. E se ele desmorona toda religião positiva, inclusive o

cristianismo, e, em definitivo, também a religião natural de um Deus

transcendente, substitui, todavia, a esta religião a religião humanista e

imanentista da razão, cujo reino se encontra neste mundo e na vida terrena

(Abrão, 1990).

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Emanuel Kant

Kant nasceu, estudou, lecionou e morreu em Koenigsberg. Jamais deixou essa

grande cidade da Prússia Oriental, cidade universitária e também centro

comercial muito ativo para onde afluíam homens de nacionalidade diversa:

poloneses, ingleses, holandeses.

Emanuel Kant vem a ser o centro da filosofia moderna a tendência

filosófica que se afirma com Kant toma o nome de criticismo, porquanto tal

tendência filosófica institui uma investigação preliminar sobre a possibilidade da

razão e constitui uma crítica radical da metafísica (Gaarder, 2004).

Segundo Jostein Gaarder, Kant queria salvar o fundamento da fé do

cristianismo, pois sua família era muito religiosa no qual foi a razão pela qual

sua convicção religiosa foi um elemento importante para sua filosofia. Seguindo

o mesmo autor, Kant achava que o homem jamais chegará a um conhecimento

seguro sobre as coisas. Pois para Kant as razões operavam fora dos limites

que se possa compreender. Kant rejeitava todas as provas da existência de

Deus, já que nem a razão e a experiência são capazes de afirmar que Deus

existe. A religião para Kant preenche a dúvida sobre a existência de Deus,

somente pela fé, como diz o autor pelo fato do filósofo ser protestante. Assim

ele afirmava que foi a fé que o levou a esta conclusão.

Gaarder conclui que Kant encontrou uma saída para o embaraço com a

briga dos filósofos empíricos e racionalistas.

2.4.5 Período Contemporâneo

Hegel afirma que a História é o modo de ser da razão e da verdade, o

modo de ser dos seres humanos e que, portanto, somos seres históricos

(Gaarder, 2004).

Jorge Guilherme Frederico Hegel nasceu em Stuttgart, em 1770.

Estudou teologia e filosofia, simpatizou com o iluminismo e o criticismo, mas

voltou-se em seguida para o historicismo romântico. Lecionou em várias

universidades alemãs, especialmente na de Berlim, onde granjeou muita fama

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e exerceu notável influência. Faleceu em Berlim, em 1831. As suas obras

filosóficas principais são: Fenomenologia do Espírito; Lógica; Enciclopédia das

Ciências Filosóficas.

O sistema filosófico de Hegel pode dividir-se em três partes: lógica,

filosofia da natureza e filosofia do espírito.

Segundo Franco Amerio (1961) a lógica estuda o desenvolvimento das

noções universais das determinações do pensamento, que são o fundamento

de toda a existência natural e espiritual e que constituem a evolução lógica do

absoluto, ou seja, toda a idéia tem três momentos: primeiro apresenta-se (a

tese); opõe-se a si mesma (a antítese); e, finalmente, regressa a si mesma

conciliando tese e antítese (a síntese). O objeto da filosofia da natureza é

continuar este desenvolvimento do mundo real exterior à idéia. A filosofia do

espírito tem três divisões: o espírito subjetivo, subdividido em antropologia,

fenomenologia e psicologia; o espírito objectivo, subdividido em direito, moral e

costumes; e o espírito absoluto, subdividido em arte, religião e filosofia

propriamente dita. Estas três grandes partes do sistema representam os três

momentos do método absoluto: afirmação, negação e unidade de ambas.

Bernadette Abrão (1999) conclui que para Hegel tudo flui do espírito até

na história onde tudo na história nada mais é do que o procedimento do espírito

constituindo sua própria idéia.

Fenomenologia

Segundo Joahannes (1963) a fenomenologia é uma das correntes

importantes da filosofia do século XX, sendo seus maiores expoentes Husserl,

Scheler e Hartmann. Consiste no conhecimento e na descrição do mundo

eidético, ou seja, na descrição da essência das coisas. Já Scheler (1875-1928)

deu novos rumos à fenomenologia, ocupando-se dos valores (essências)

eternos, absolutos; Scheler admite uma hierarquia dos valores, sendo Deus, o

valor supremo. Hartmann (1882-1950) orientou a fenomenologia para o

problematicismo. Faz afirmações de realismo e, proclamada a impossibilidade

da metafísica, constrói uma ontologia, que é o conjunto dos conhecimentos

sobre os fenômenos do ser. Para ele, a função essencial da filosofia é pôr

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problemas e esclarecer as aporias da realidade, sem preocupar-se com a

construção de sistemas.

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CAPÍTULO III

ÉTICA: SUA IMPORTÂNCIA NA CONDUTA HUMANA

3 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE ÉTICA

A palavra ética apesar de muito difundida nas organizações, na mídia e

no cotidiano, não pode e não deve ser usada sem um rigor mínimo, a palavra

por si só embute inúmeros precedentes, nos remetendo a diversos conceitos

filosóficos e sociais. Segundo Nalini (2001) Ética é a ciência do comportamento

moral dos homens em sociedade. É uma ciência, pois tem objeto próprio, leis

próprias e método próprio. O objetivo da Ética é a moral. A moral é um dos

aspectos do comportamento humano.

Outra definição pode ser aplicada também segundo Lisboa (1997, p. 21)

De forma simplificada, pode-se definir o termo ética como sendo um ramo da

filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. Pode-

se dizer, também, que ética e filosofia da moral são sinônimos.

A ética visa acima de tudo preservar a moral positiva dos homens, ou

seja a adoção de um comportamento e forma de vida da qual o bem tende a

ser priorizado nas relações sociais e individuais. A ética não deve ser

confundida com a moral, ainda que em significados etimológicos sejam

semelhantes, a ética é mais teórica do que a moral, se direciona a uma

reflexão sobre os fundamentos da moral, das regras de uma cultura etc.

Nem sempre a ética ou moral é aquilo que as pessoas fazem

costumeiramente, mas sim no que elas pensam ser correto fazer, ou são

obrigadas a fazer.

É importante frisar que a ética não cria normas de conduta para guiar a

população, não estipula o que ela deve ou não deve fazer, apenas norteia

aquilo que já existe, a fim de que o certo se priorize sobre o errado. Ex. todos

sabem que roubar é errado, a ética não irá ensinar isso, apenas guiará as

pessoas mostrando as conseqüências que tal atitude pode trazer para o

homem e para a sociedade.

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Segundo Lisboa (1997) A ética representa uma tomada de posição

ideológico-filosófico que remete aos interesses sociais envolvidos. Assim,

dependendo da posição dos agentes, pode-se ter mais de uma posição ética,

segundo a ótica de cada um.

Ao contrário do que muitos imaginam a ética não é um conceito único e

sim repleta de ramificações das quais norteiam o pensamento e atitude do ser

humano, destacam-se: ética pessoal, ética profissional, ética empírica, ética de

bens, ética formal e ética valorativa. Tal separação não é obrigatória e nem

definitiva, tem como função apenas colaborar para a melhoria do seu estudo e

definição.

a) Ética pessoal: normalmente aplicada em referência aos princípios de

conduta das pessoas em geral.

b) Ética profissional: serve como indicativo do conjunto de normas que

baliza a conduta dos integrantes de determinada profissão.

c) Ética empírica: se define basicamente pela observação dos fatos e daí

partir para seus princípios reais. Segundo Nalini (2001) Não se deve questionar

o que o homem deve fazer, senão examinar o que o homem normalmente faz.

Pois o homem deve ser como naturalmente é, e não se comportar como as

normas queiram que ele seja.

A ética empírica se torna relativa e subjetiva partindo do pressuposto de

que cada indivíduo tem idéias e conceitos morais próprios, ou seja, nem

sempre o que é bom para um é bom para outro. A ética empírica co-relaciona-

se com a ética anarquista, ética utilitarista e ética ceticista.

d) Ética dos bens: ao contrário da ética empírica, a ética dos bens se

baseia no valor fundamental denominado de bem supremo, ou seja, acredita

que o homem é capaz de propor fins, eleger meios e os colocar em prática. O

homem sempre irá buscar algo que o realize, que o complete seja no trabalho,

na escola, na vida particular, familiar. Sempre haverá um objetivo a ser

alcançado.

A ética dos bens ou dos fins está relativamente ligada ao eudemonismo,

o idealismo ético e o hedonismo.

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e) Ética formal: a idéia que resume a ética formal diferente das outras

duas não está ligada diretamente nas atitudes e sim na pureza da vontade e na

retidão dos propósitos. Segundo Nalini (2001)

O ato só é moralmente valioso quando representa observância de uma norma que o sujeito deu a si mesmo. Se a conduta não atende a um mandato oriundo da vontade própria, mas procedente de vontade alheia, carece de valor do ponto de vista ético. E para que o ato valha moralmente é indispensável possa aplicar-se a todo ser racional (NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p 56).

f) Ética dos valores: Ao contrário da ética formal, baseada nos princípios

de Kant, a ética dos valores se baseia na teoria de que todo dever encontra

fundamento em um valor. Ainda que não haja uma apreciação do valor ele vale

por si só, pela sua própria existência, conhecimento e realização.

3.1 A Ética e os Valores

O homem desde que nasce está inserido em um meio. A princípio sua

formação se dá com a influência da família e de seu cotidiano, depois ele

adquire informações que passará a levar consigo pela vida toda. A formação do

ser humano é diferenciada em cada meio que está inserido, influências

externas como: família, ambiente, condições financeiras e localizações

geográficas, embute-lhe noções diferenciadas a respeito da ética que o

norteará.

É importante frisar que nem sempre o que é ético para uma pessoa é

para outra, ou o que é em um lugar será em outro. Somente a vivência irá

mostrá-lo o que é certo

errado, justo

injusto, honesto

desonesto ético

antiético etc.

O fato de pessoas distintas apresentarem comportamentos distintos, diante de situações iguais, nem sempre implica que exista uma parte certa e outra errada . Significa tão-somente que cada parte tem sua visão própria da vida, isto em decorrência das condições que possui e das informações que recebe. (Lisboa, 1997. p. 19)

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Na verdade, é impossível dar um caminho, um remédio, ou uma conduta

específica e uniforme para todos os cidadãos viverem sempre guiados pela

ética, acima de qualquer coisa cabe ao próprio indivíduo nortear sua vida pela

ética, ninguém além dele próprio pode estabelecer parâmetros e condutas para

aprimorar sua vida em um caminho melhor.

No mundo de hoje é extremamente complicado lidar e associar

progresso com cidadania e ética, o homem na busca insaciável pelo lucro e

pelo primeiro lugar, muitas vezes ultrapassa valores condizentes com a moral e

com o respeito ao próximo.

Deve-se priorizar quais são os valores na vida e quais os procedimentos

para atingi-los, até onde se pode ir ou não, é importante frisar que esses

valores não podem ser creditados apenas como uma idéia e sim como algo

realmente importante na conduta e na realização pessoal de cada cidadão. O

cidadão consegue avaliar rapidamente tais questões quando analisa onde está

sendo empregado seu dinheiro e seu tempo e principalmente o que mais lhe dá

alegria.

A priorização dos valores varia muito na escala financeira, pois para

alguns enquanto a preocupação é com a educação, com a intelectualidade,

status etc. para outros os valores são ligados a subsistência individual e de

todos que dependem diretamente da sua obtenção de rendas, existem abismos

sociais gritantes e que envolvem diretamente tais escalas de valores.

Hoje viver com ética e conviver com ela é muito difícil, pois não se cobra

dos indivíduos aquilo que eles são e sim aquilo que eles têm, o sucesso

financeiro, o sucesso no trabalho, no casamento, na vida familiar. Predicativos

importantes como: respeito, lealdade, honestidade, caráter, são fatores muitas

vezes deixados de lado em prol de outros benefícios que em sua essência não

levam o cidadão a uma convivência com o mundo e consigo mesmo muito

benéfica. Viver e conviver com ética nos dias atuais pode ser difícil, mas não é

impossível.

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CAPÍTULO IV

SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO

4 O SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO COMO PEDAGOGIA

O Sistema Preventivo é uma experiência educativa proposta por Dom

Bosco, padre católico que viveu na Itália entre 1815 a 1888, fundador da

Congregação Salesiana e proclamado santo pelo papa Pio XI em 1934, que se

prolongou no tempo e no espaço através da ação das comunidades de

educadores que a atualizaram sempre, de forma dinâmica. É, portanto, um

estilo de educação, feito de ação e reflexão.

O Sistema Preventivo é uma metodologia caracterizada pela vontade de

estar entre os jovens compartilhando sua vida, atento às suas verdadeiras

exigências e valores, pela acolhida incondicionada na capacidade incansável

do diálogo, pelo critério preventivo que crê na força do bem presente de todo

jovem. Pela centralidade da razão, que se torna bom senso das exigências e

das normas. Da religião entendida como desenvolvimento do sentido de Deus

congênito a toda pessoa e esforço de evangelização cristã. Da bondade, que

se expressa como amor educativo que faz crescer e cria correspondência, por

um ambiente positivo tecido de relações pessoais, vivificado pela presença

amorosa e solidária, animadora e ativadora dos educadores e do protagonismo

dos próprios jovens Pe. Afonso (2003).

4.1 O Sistema preventivo como espiritualidade

O Sistema Preventivo encontra sua fonte e centro na experiência da

caridade de Deus, que antecede toda criatura com a sua Providência,

acompanha-a com sua presença e salva-a dando a vida. Essa experiência

dispõe o educador a acolher a Deus nos jovens, convencido de que neles Deus

lhe oferece a graça do encontro com Ele, chamando-o a servi-lo neles,

reconhecendo a sua dignidade, renovando a confiança em seus recursos de

bem e educando-os à plenitude da vida. A caridade pastoral cria uma relação

educativa na medida do adolescente e do adolescente pobre, fruto da

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convicção de que qualquer vida, mesmo a mais pobre, complexa e precária,

traz em si, pela presença misteriosa do Espírito, a força do resgate e a

semente da felicidade.

O dom da própria espiritualidade aos jovens, é a própria graça de Deus concretizada em diversos salesianos que responderam ao apelo do Pai para serem generosamente outros D. Bosco para os jovens de cada geração (CASTRO, Pe. Afonso de; Formação Salesiana. trabalho, educação e ética. 1° ed. Campo Grande: UCDB, 2003).

Essa experiência dispõe o educador a acolher a Deus nos jovens,

convencido de que neles Deus lhe oferece a graça do encontro com Ele,

chamando-o a servi-lo neles, reconhecendo a sua dignidade, renovando a

confiança em seus recursos de bem e educando-os à plenitude da vida.

Dom Bosco descreve em três palavras o Sistema Preventivo em razão,

religião e amorevoleza. Segundo Pe. Paulo Vendrame (2001) o sistema

preventivo é uma questão de valores, conteúdo a serem transmitidos,

colocando-se na doação de si aos jovens. Continuando o mesmo autor, a

apresentação do ambiente físico escolar também interfere no espírito das

pessoas que freqüentam a escola.

As instituições salesianas sempre procuraram, pelo espaço físico, demonstrar a primazia dos jovens. Suas escolas mostram claramente o valor da capela, do pátio, dos espaços para os encontros e agradabilidade de ali se estar e encontrar-se com pessoas, pois o que há de mais especificamente em um ambiente educativo são as relações que se processam nesse ambiente e que o constituem. Entre os administradores este fenômeno é chamado de clima organizacional (VENDRAME, Pe. Paulo Fernando; Mercado e Missão. Mestrado, Bragança Paulista; SP: 2001 p. 39).

Segundo Pe. Castro (2003) O ambiente educativo salesiano é feito de

coerentes valores como a alegria, a dedicação ao trabalho, a sensibilidade e a

vivência religiosa em seu cotidiano. Podendo assim contribuir para que o jovem

busque seus valores em completa alegria e doação de si mesmo. Tornando

assim a razão e religião como instrumentos de que o educador se deve servir,

deve ensiná-los e praticá-los ele mesmo, se quiser ser obedecido e alcançar os

resultados que deseja.

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Pe. Paulo Vendrame (2001) destaca ainda outra forma de amor e

vivência na casa salesiana, uma devoção à Maria, através de expressões de

carinho, amor e fé em sua proteção materna, partindo dos alunos, da direção,

dos professores e funcionários, pois segundo o mesmo autor ela é a figura da

bondade materna. Mostrando claramente o processo religioso dentro da

instituição.

A presença educativa para Dom Bosco é a presença amorosa, amor vigilante. Exige uma generosidade incondicional, ilimitada, uma enorme simpatia, uma atitude dialogal, convicção profunda, transparência, finalidade sobrenatural, coração aberto, alegria e esperança... Tudo nos remete a Dom Bosco Pai que constrói um ambiente educativo como um ambiente familiar, de alegria, de liberdade, de responsabilidade e de reciprocidade. Predomina uma bondade humana muito humana, impregnada pela caridade evangélica (RODRIGUEZ, Jaime; El sistema preventivo: expresión de la santidad salesiana. Bogotá: Centro Dom Bosco, 1989, p. 154-155).

Contudo conclui-se que com essas qualidades se chega ao coração dos

jovens se deixando entusiasmar através dessas relações educativas e afetivas

sinceras, propiciando um melhor crescimento e enriquecimento de valores para

toda sua vida. Pois somente com espírito simples e alegre se agregam esse

valores fundamentais a vida.

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CAPÍTULO V A PESQUISA

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

População investigada

A proposta de intervenção para a realização da pesquisa centrou-se na

escolha de professores e do Reitor que trabalham no Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium com o propósito de confirmar sua aceitação e

aplicação da proposta pedagógica aqui ministrada. Evidenciar-se-á, portanto

quais são as colaborações advindas desta proposta ao procurar mesclar as

questões de ordem religiosa, filosófica e científica.

A aplicação de questionários se deu para professores de ambos os

sexos, sem haver particularidades em relação a idade, ao tempo de profissão,

dentro ou fora do Centro Universitário.

Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada com professores do Centro Universitário

Salesianos.

O Colégio Diocesano foi fundado em 1929, com o nome de Colégio São

Luiz. Em 1931 foi instalada a Faculdade de Comércio de Lins, anexa ao

Colégio.

Em 1940, já sob a direção do Bispado de Cafelândia, foi adquirido pelo

Bispo Diocesano, Dom Henrique Mourão, passando a denominar-se ginásio

Diocesano de Lins. Para serem diretores, Dom Henrique convidou o Pe.

Osvaldo Vieira de Andrade e Pe. José Nunes.

No dia 18 de janeiro de 1942, a Diocese transferiu a Direção do Colégio

para a Missão Salesiana de Mato Grosso, com sede em Campo Grande.

Em 1950, o Colégio Diocesano de Lins passou a denominar-se Colégio

Salesiano Dom Henrique e a Escola Técnica de Comércio chamou-se Escola

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Técnica de Comércio Salesiano Dom Henrique. Na época funcionavam os

cursos de Primário, Ginasial, Colegial Científico e Técnico em Contabilidade.

Em 1952 iniciou-se a construção da ala nova do Salesiano. Em 1972 foi

fechado o Internato e os cursos Ginasial e Científico do Externato. Foram

mantidos os cursos profissionalizantes de Técnico em Contabilidade e Técnico

em Secretariado.

Atualmente, o Salesiano oferece o Ensino Médio, Ensino Médio com

técnico em Web, Enfermagem e Especialização de Técnico em Enfermagem

do Trabalho.

O processo para a instalação de cursos de nível superior teve início no

ano de 1969, mas somente em 1972 a Faculdade de Ciências Administrativas

e Contábeis (FACAC) foi aprovada, com os cursos de Administração e Ciências

Contábeis. No início de 1970 foi montado o projeto para criação da Faculdade

de Educação Física de Lins (FEFIL), sendo aprovada também no ano de 1972.

Já criadas e funcionando regularmente, as Faculdades tiveram seus cursos

reconhecidos pelo MEC. A FEFIL em 4 de novembro de 1975 e a FACAC em

21 de outubro de 1976.

Visando a melhoria contínua das Faculdades Salesianas na região

Oeste do Estado de São Paulo, os Salesianos e Salesianas se unem em um

esforço concentrado para criação do mais jovem Centro Universitário do Brasil:

o UNISALESIANO. É a busca pela excelência acadêmica, com novas

propostas, idéias e projetos. A partir de agora, o Salesiano de Lins está unido a

suas instituições irmãs: a Faculdade Auxilium (FAL - também de Lins) e as

Faculdades Católicas Salesianas (FCS - de Araçatuba). Com esta sinergia, os

alunos e a comunidade da região só têm a ganhar. Com isso institui-se novos

desafios para todos os cursos existentes e para aqueles que serão criados,

elevando ainda mais o nome da Instituição Salesiana. É a pedagogia de Dom

Bosco cada vez mais atual e comprometida com o ensino superior, o social, a

promoção humana e a síntese entre a ciência, cultura, fé e luz do evangelho.

Uma nova e brilhante etapa está por vir, com novos horizontes que nos

desafiam para a conquista.

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TABELA DE RESULTADOS DA PESQUISA

Questões Sim Não Total de Perguntas

Pergunta 1 14 0 14

Pergunta 2 14 0 14

Pergunta 3 14 0 14

Pergunta 4 14 0 14

Pergunta 5 14 0 14

Pergunta 6 13 1 14

Pergunta 7 8 6 14

Pergunta 8 10 4 14

Pergunta 9 6 8 14

Pergunta 10 12 2 14

Pergunta 11 8 6 14

Pergunta 12 14 0 14

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Coleta de dados

Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter descritivo, utilizando

como estratégia de pesquisa o questionário com perguntas fechadas.

No que diz respeito ao questionário, Cervo e Bervian (1998, p. 138) o

definem:

O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois

possibilita medir com melhor exatidão o que se deseja. Em geral, a palavra

questionário refere-se a um meio de obter respostas às questões por uma

fórmula que o próprio informante preenche .

Os autores ainda reiteram que:

É necessário que se estabeleçam com critério quais as questões mais

importantes a serem propostas e que interessam ser conhecidas, de acordo

com os objetivos. Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente às

respostas (p. 138).

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CONCLUSÃO

A espiritualidade enquanto essência do ser humano deve ser trabalhada

em todas as profissões, as razões são obvias, entretanto pouco visíveis e

compreensíveis para muitos. Através da espiritualidade o homem consegue

trabalhar o que há de mais importante para si o auto-conhecimento.

Se conhecendo melhor é possível ser melhor pai, melhor filho, melhor

profissional. A espiritualidade independe da religião, ela está baseada naquilo

que a pessoa crê, considera verdadeiro e utiliza como preceito de vida. Em

síntese ela consiste em tudo aquilo que não é material, mas que possui valor

para o homem e para a sua existência.

Mediante esta análise se estabelece a intrínseca relação entre

espiritualidade, conhecimento e ética. Estes três preceitos quando trabalhados

devidamente constituem-se como princípios básicos e indispensáveis a toda e

qualquer formação, seja ela pessoal ou profissional.

Atualmente nos deparamos com escândalos de ordem pessoal e

profissional porque as pessoas acima da excelência buscam o dinheiro, o

poder e o status. Quando há prevalência pela ética, moral e espiritualidade o

homem se torna melhor e vê que acima de qualquer preceito financeiro o

pessoal está sempre à frente e ele quem deve nortear o sentido de sua vida.

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VENDRAME; Pe. Paulo Fernando. Mercado e Missão. Mestrado, Bragança Paulista; SP: 2001.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A QUESTIONARIO AOS PROFESSORES

Formação Acadêmica:

Residência/Cidade:

Perguntas Específicas

1 Você acredita que com uma boa formação espiritual dentro da comunidade e da universidade Salesiana de Lins os alunos do curso de Educação Física podem ser beneficiados e/ou transformados integralmente como ser humano?

Sim ( ) Não ( )

2 Em sua opinião a espiritualidade, ou seja, o lado religioso pode ser utilizado pelos professores do curso de educação Física na contribuição para a formação dos alunos?

Sim ( ) Não ( )

3 Você acredita que se pode obter melhores resultados integrando a espiritualidade no aprendizado do aluno de Educação Física?

Sim ( ) Não ( )

4 É importante a atuação dos professores do curso de Educação Física se utilizar da filosofia Salesiana (Dom Bosco) no processo de aprendizagem do aluno do curso de Educação Física?

Sim ( ) Não ( )

5 Filosoficamente os conteúdos abordados no curso de Educação Física são pertinentes aos objetivos proposto no projeto pedagógico?

Sim ( ) Não ( )

6 Você utiliza métodos filosóficos Salesianos nas atividades em sala de aula?

Sim ( ) Não ( )

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7 Em tempos que se falam muito de ética você acredita que acabam deixando a moral de lado?

Sim ( ) Não ( )

8 No campo da moral e da ética é conhecida as normas do Centro Universitário Salesiano aos alunos do curso de Educação Física?

Sim ( ) Não ( )

9 A moral nas salas de aula e na relação aluno professor está valorizada nos tempos atuais?

Sim ( ) Não ( )

10 Existe uma valorização por parte do Unisalesiano e do trabalho desenvolvido pelos professores do curso de Educação Física em sintonia com o Sistema Preventivo?

Sim ( ) Não ( )

11 O Sistema Preventivo se concretiza claramente na formação do aluno do curso de Educação Física?

Sim ( ) Não ( )

12 O Sistema Preventivo contribui para uma melhor abordagem do aluno numa discussão em sala de aula?

Sim ( ) Não ( )

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APÊNDICE B GRÁFICO DE ANÁLISE DAS PERGUNTAS

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Santos, Eric Almeida

S234e Espiritualidade: fator moral na formação do aluno do curso de

Educação Física / Eric Almeida Santos. - - Lins, 2007.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium

UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Educação

Física, 2007.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Liliane Donizete Silva Valbom

1. Espiritualidade. 2. Filosofia. 3. Educação Física. I Título.

CDU 796.4

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