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UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Administração
Dener Giovanni da Silva Granero Lopes
James Figueiredo da Cruz
Kevin Arnold dos Santos Silva
A INFLUÊNCIA DA ERGONOMIA NA PRODUTIVIDADE
EMPRESARIAL
BRASFORT CALÇADOS Guaiçara/SP
LINS – SP
2017
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DENER GIOVANNI DA SILVA GRANERO LOPES
JAMES FIGUEIREDO DA CRUZ
KEVIN ARNOLD DOS SANTOS SILVA
A INFLUÊNCIA DA ERGONOMIA NA PRODUTIVIDADE EMPRESARIAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Teraoka Tófoli e orientação técnica da Profª. Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2017
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Lopes, Dener Giovanni da Silva Granero; Cruz, James Figueiredo; Silva, Kevin Arnold dos Santos.
A importância da ergonomia na produtividade empresarial / Dener Giovanni da Silva Granero Lopes; James Figueiredo da Cruz; Kevin Arnold dos Santos Silva – – Lins, 2017.
84p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2017.
Orientadores: Eduardo Teraoka Tófoli; Jovira Maria Sarraceni
1. Ergonomia 2. Produtividade. 3. Recursos Humanos. 4. Qualidade de vida. I Título.
CDU 658
L851i
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DENER GIOVANNI DA SILVA GRANERO LOPES
JAMES FIGUEIREDO DA CRUZ
KEVIN ARNOLD DOS SANTOS SILVA
A INFLUÊNCIA DA ERGONOMIA NA PRODUTIVIDADE EMPRESARIAL
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do titulo de Bacharel em Administração.
Aprovada em ___/___/___
Banca Examinadora:
Prof.º Orientador: Eduardo Teraoka Tófoli
Titulação: Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Metodista de
Piracicaba- UNIMEP
Assinatura:________________________________
1°Prof(a):_______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:________________________________
2°Prof(a):_______________________________________________________
Titulação:_______________________________________________________
_______________________________________________________________
Assinatura:________________________________
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Agradecimentos
Em primeiro lugar agradecemos a Deus por nos proporcionar a dádiva de
desfrutar deste momento único, dando-nos a oportunidade de concluir este
projeto bem como, guiando nos pelos caminhos que nos trouxeram até aqui.
Agrademos também aos nossos orientadores Eduardo Tófoli e Jovira
Sarraceni pelo conhecimento compartilhado, que nos auxiliaram no
desenvolvimento desta monografia.
Gostaríamos ainda de agradecer aos nossos familiares, amigos e
respectivos companheiros, que nos servem como alicerces para enfrentar os
desafios da vida.
Agradecemos também a toda equipe da Brasfort Calçados pela abertura da
empresa para o desenvolvimento da pesquisa, e por essa oportunidade de
compreender o processo administrativo de forma pratica.
Por fim somos gratos a todo o corpo docente do Unisalesiano que nestes
quatro anos buscaram nos ensinar e nos preparar de forma magnífica e exitosa,
bem como aos nossos colegas de sala e a todos que contribuíram de forma direta
e indireta para o sucesso deste trabalho.
Dener Giovanni, James Figueiredo e Kevin Arnold.
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Dedicatória
Em primeiro lugar, dedico o presente TCC ao meu companheiro Fabio
Pascuini Martins.
Dedico-o ainda aos meus familiares, amigos, professores e colegas de
classe que estiveram sempre comigo e contribuíram para a conclusão do mesmo
e principalmente aos meus amigos coautores Kevin Arnold e James Figueiredo
que, mesmo em um mundo tão focado nas diferenças, sempre preferiram olhar
pelos aspectos que nos tornam semelhantes.
Dener Giovanni
Dedico esta, bem como as minhas demais conquistas à Deus por guiar
meu passos e ter dado forças para essa longa jornada, aos meus familiares em
especial, meu irmão e minha mãe Marina Figueiredo, que nunca mediu esforços
e sempre me apoiou para que eu chegasse até aqui, e ao meu pai Jaime Rosa que
eu acredito estar vibrando por cada vitória por mim alcançada em algum lugar lá
do céu. Dedico e agradeço a minha namorada, pelos carinhos e momentos de
felicidade, ao meu amigo Dener Giovanni, e ao meu amigo Kevin Arnold, que
foi ponta firme desde o início e chamou a responsabilidade, “valeu irmão
kkkkk”. Agradeço também aqueles que de alguma forma contribuíram para
minha recuperação física e moral após o acidente, pois se não fossem por eles eu
não estaria aqui.
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Dedico aos nossos professores pelo conhecimento e estimulo que nos foi
dado, e aos meus orientadores Ma. Jovira Maria, pelos puxões de orelha e
brincadeiras e Dr. Eduardo Tófoli, por ter nos ajudado com sua vasta
experiência e apoiado no decorrer do trabalho, à nossa querida coordenadora
Ma. Máris Vendrame, por sempre se mostrar disponível para qualquer problema
ou dúvidas encontradas pelo grupo. E por fim agradeço a todos meus amigos e
colegas de sala, pelo apoio e momentos de alegria compartilhados.
James Figueiredo
Dedico esta monografia as pessoas mais importantes da minha vida, Maria
José Maciel, Adriana Mayara, Kayky Andrey e Jéssica Souza, pois se eles não
estivessem presentes na minha caminhada, jamais estaria onde estou neste
momento.
Dedico também ao professor Eduardo Tófoli e meus companheiros Dener
Giovanni e James Figueiredo, por me darem a honra de participar desta
grandiosa equipe.
E por fim a todas as pessoas que fizeram parte disto de forma direta e
indireta, pois como disse Walt Disney “Você pode sonhar, criar, desenhar e
construir o lugar mais maravilhoso do mundo. Mas é necessário ter pessoas para
transformar seu sonho em realidade”.
Kevin Arnold
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RESUMO
Com o cenário empresarial cada vez mais competitivo e globalizado, o mercado atual requer que as empresas se empenhem para gerar vantagem competitiva perante seus concorrentes. Um dos meios para alcançar melhores resultados é buscar um aumento na produtividade, e é neste ponto que a ergonomia se torna necessária, pois sua implantação atinge diretamente um dos ativos mais valiosos da organização, o colaborador. A ergonomia, desde seus primórdios tem como objetivo trazer melhorias nas condições de trabalho através de adaptações em maquinários, ambientes de produção, entre outros, proporcionando uma melhora na qualidade de vida do funcionário, aumentando sua eficiência produtiva. Sabendo disso, o objetivo desse trabalho foi de verificar a influência da ergonomia na produtividade empresarial. Para atingir esse objetivo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica através de livros e artigos científicos. Assim como uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa desenvolvida na fábrica de calçados Brasfort, localizada na cidade de Guaiçara, interior do estado de São Paulo. Na pesquisa foram analisados dados do processo produtivo, em conjunto com questionários respondidos por parte dos funcionários da fábrica com a finalidade de observar as condições propostas no posto de trabalho, Diante do exposto, foi possível verificar que a ergonomia implementada na empresa influencia na produtividade de seus colaboradores, com o ambiente de trabalho adaptado as suas necessidades os colaboradores tornam-se mais satisfeitos e produtivos. Palavras chaves: Ergonomia. Produtividade. Recursos Humanos. Qualidade de vida.
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ABSTRACT
With the increasingly competitive and globalized business landscape, the current market requires companies to strive to create a competitive advantage vis-à-vis their competitors. One of the means to achieve better results is to seek an increase in productivity, and it is at this point that ergonomics becomes necessary because its implementation directly reaches one of the most valuable assets of the organization, the employee. Ergonomics, from its beginnings, aims to bring improvements in working conditions through adaptations in machinery, production environments, among others, thus providing an improvement in the employee's quality of life, thus increasing their productive efficiency. Knowing this, the objective of this work was to verify the influence of ergonomics on business productivity. In order to reach this objective, a bibliographical research was carried out through books and scientific articles. As well as an exploratory qualitative approach research developed at Brasfort shoe factory, located in the city of Guaiçara, in the interior of the state of São Paulo. In the research, data from the production process were analyzed, together with questionnaires answered by the employees of the factory in order to observe the conditions proposed in the workstation. In view of the above, it was possible to verify that the ergonomics implemented in the company influence the productivity of its employees, with the working environment adapted to their needs the employees become more satisfied and productive.
Keywords: Ergonomics. Productivity. Human resources. Quality of life.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Escala linear para avaliação de uma variável ................................... 31
Figura 2: Etapas da elaboração de um questionário ........................................ 33
Figura 3: Fatores que influenciam na atividade do trabalho ............................. 36
Figura 4: Processo implantação da ergonomia ................................................. 38
Figura 5: Teoria da expectativa ......................................................................... 48
Figura 6: Fluxograma do processo produtivo .................................................... 55
Figura 7: Corte do couro ................................................................................... 56
Figura 8: Chanfradeira ..................................................................................... 56
Figura 9: Preparação ........................................................................................ 58
Figura 10: Pesponto .......................................................................................... 58
Figura 11: Revisão ............................................................................................ 60
Figura 12: Estrobel ........................................................................................... 60
Figura 13: Aplicação da biqueira ....................................................................... 61
Figura 14: Lixadeira .......................................................................................... 62
Figura 15: Aplicação da cola ............................................................................. 62
Figura 16: Costura lateral ................................................................................. 63
Figura 17: Acabamento ..................................................................................... 64
LISTA DE QUADROS
Quadro1: Comparações entre experimentos de laboratório e de campo .......... 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABERGO: Associação Brasileira de Ergonomia
AET: Análise Ergonômica do Trabalho
BSB: Brazil Safety Brands
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CA: Certificado de Aprovação
CADRI: Certificado de Aprovação de Resíduos Industriais
CETESB: Companhia Ambiental dos Estado de São Paulo
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
DORT: Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho
EPI’S: Equipamento de Proteção Individual
EPC’S: Equipamento de Proteção Coletiva
ISO: International Organization for Standardization
LER: Lesão por Esforço Repetitivo
NR 17: Norma Regulamentadora 17
RH: Recursos Humanos
TQC: Total Quality Control
1 T: Tecnologia
7 M: Máquinas, manutenção, matéria- prima, material, métodos, meio ambiente
e mão-de-obra.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
CAPÍTULO l - BRASFORT CALÇADOS ................................................................. 15
1 HISTÓRIA ................................................................................................... 15
1.1 Missão .................................................................................................................................. 17
1.2 Visão ..................................................................................................................................... 17
1.3 Valores ................................................................................................................................. 17
1.4 Cultura .................................................................................................................................. 18
1.5 Responsabilidade Social e Ambiental .............................................................................. 19
1.6 Divisão de Negócios ........................................................................................................... 19
1.7 Clientes ................................................................................................................................ 19
1.8 Concorrentes ....................................................................................................................... 20
1.9 Gestão de Pessoas ............................................................................................................ 20
1.9.1 Desenvolvimento profissional ........................................................................................... 21
1.9.2 Segurança e Saúde no trabalho ....................................................................................... 22
CAPÍTULO II - ERGONOMIA ................................................................................... 23
1 CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................................ 23
1.1 Fases da ergonomia .......................................................................................................... 25
1.2 O desenvolvimento dos Órgãos Ergonômicos pelo mundo ......................................... 26
2 CONCEITOS E CRACTERÍSTICAS DA ERGONOMIA ............................................. 27
2.1 Importância da ergonomia ................................................................................................. 28
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA ERGONOMIA ............................................................... 29
3.1 Experimentos ...................................................................................................................... 29
3.2 Observações ....................................................................................................................... 30
3.3 Entrevistas ........................................................................................................................... 31
3.4 Questionários ...................................................................................................................... 32
3.5 Analise Ergonômica no trabalho ....................................................................................... 35
3.6 Métodos participativos ........................................................................................................ 37
4 FERRAMENTAS DA ERGONOMIA .............................................................................. 38
4.1 Automação .......................................................................................................................... 39
4.2 Principais áreas da ergonomia no trabalho .................................................................... 40
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5 CUSTO BENEFÍCIO DA ERGONOMIA ........................................................................ 42
5.1 Risco de investimento e fatores intangíveis .................................................................... 42
6 IMPLANTAÇÃO DA ERGONOMIA NA EMPRESA ................................................... 44
7 PERIGOS ERGONÔMICOS ........................................................................................... 44
7.1 Tipos de perigos ergonômicos .......................................................................................... 45
8 RELAÇÃO DA ERGONOMIA COMA GESTÃO DE PESSOAS .............................. 46
8.1 Motivação humana ............................................................................................................. 47
9 FATORES ERGONÔMICOS LIGADOS A PRODUÇÃO QUE AFETAM A
PRODUTIVIDADE ............................................................................................................................. 49
9.1 Fatores de organização do trabalho com impacto na ergonomia ................................ 51
CAPÍTULO III - A PESQUISA .................................................................................. 53
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 53
1.1 Relato da pesquisa ............................................................................................................. 54
1.2 Influência da ergonomia na produtividade ....................................................................... 55
2 PROCESSO PRODUTIVO .............................................................................................. 55
2.1 Corte couro e aviamento ................................................................................................... 57
2.2 Setor de preparação ........................................................................................................... 58
2.3 Setor de Revisão e Carimbo ............................................................................................. 60
2.4 Estrobel ................................................................................................................................ 61
2.5 Montagem............................................................................................................................ 62
2.6 Costura lateral ..................................................................................................................... 64
2.7 Acabamento ........................................................................................................................ 65
3 PERSPECTIVAS DOS COLABORADORES COM RELAÇÃO A
ERGONOMIA ..................................................................................................................................... 65
3.1 Perspectivas dos gestores com relação à ergonomia ................................................... 66
4 RESULTADO DA PESQUISA ...................................................................................... 67
4.1 Parecer final ................................................................................................. 68
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 70
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74
APÊNDICES ............................................................................................................. 78
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INTRODUÇÃO
Diante de um cenário mercadológico altamente competitivo, as
organizações estão buscando maneiras de tornarem-se mais eficientes e
produtivas. Neste ponto à ergonomia vem evoluindo de forma significativa e
ganhando ênfase, considerando que o seu foco de estudo é o principal
elemento do sistema produtivo de uma empresa, o colaborador.
Focando em melhorar a qualidade de vida dos funcionários no momento
de desempenho de suas atividades organizacionais, a ergonomia trás um
aumento na motivação dos colaboradores e uma redução de dados negativos,
a exemplo do absenteísmo, através de medidas que tornam o ambiente de
trabalho mais seguro e confortável.
Ergonomia tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos processos projetuais de situações de trabalho, interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho. (SANTOS e ZAMBERLAN, 1992, p.62).
Como Martins e Laugeni (2006) destacam o ambiente de trabalho deve
estar ajustado para o colaborador, e não o colaborador adaptar-se ao
ambiente. Para tanto, são adotadas as medidas ergonômicas, que buscam
maximizar o conforto e bem estar do ser humano, otimizando o sistema
produtivo, para estar adequado às necessidades de seus usuários, tornando
assim os colaboradores mais satisfeitos e consequentemente mais produtivos.
O presente trabalho tem como objetivo verificar a influência da
ergonomia na produtividade empresarial, e analisar quais impactos dessas
medidas tanto para a organização, quanto para o colaborador.
Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa na Brasfort Calçados,
localizada na cidade de Guaiçara, com a finalidade de demonstrar que a
ergonomia implantada trás benefícios para a empresa, entre eles um aumento
na produtividade. Em conjunto com uma pesquisa bibliográfica que busca
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expor os conceitos e as principais ferramentas da ergonomia e como elas
podem ser utilizadas.
A pesquisa foi baseada com o objetivo de responder o seguinte
questionamento: A empresa que se preocupa como a ergonomia, consegue ter
uma melhor produtividade?
Em resposta a tal questionamento desenvolveu-se a seguinte hipótese:
A empresa que se preocupa com a ergonomia, tem um impacto direto na
produtividade, pois após sua implantação, e com um ambiente de trabalho
aperfeiçoado e que proporcione conforto, bem estar e segurança para o
colaborador, a organização consegue uma redução de dados negativos, tais
como o absenteísmo e um aumento na motivação do colaborador, o que reflete
na forma como ele desempenha suas atividades, aumentando assim a
produtividade da organização.
Para realizar esse trabalho, a pesquisa está estruturada da seguinte
forma:
Capítulo I: apresenta-se o contexto histórico da empresa Brasfort
Calçados abordando história, missão, visão, concorrentes, saúde e segurança
no trabalho.
Capítulo II: descreve a teoria do assunto abordado, descrevendo
contexto histórico, características, ferramentas e importância.
Capítulo III: apresenta a pesquisa desenvolvida na empresa, aplicando a
teoria estudada no sistema produtivo da organização.
Encerra-se apresentando a proposta de intervenção e conclusão.
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CAPÍTULO I
BRASFORT CALÇADOS
1 HISTÓRIA
A trajetória da Brasfort Calçados iniciou-se muito antes do empresário
Luiz Antônio Furoni fundar a mesma no ano de 2000. Por volta de quatorze
anos antes, em 1986, foi fundada em Guaiçara no interior do estado de São
Paulo a fábrica de tênis APPOGE e, para prestar serviços na mesma, foi
trazida de uma cidade próxima chamada Birigui um grupo de funcionários com
experiência em todas as especificações da área, grupo este que trouxe Luiz
Antônio consigo. A APPOGE funcionou na cidade até o ano de 1997, quando o
empresário do ramo calçadista Francisco Aristeu Albert, entre este ano e o
próximo, adquiriu as instalações para fundar a Anarryê Calçados. Mesmo com
o mercado coureiro em expansão na região e apostando em um mercado
promissor, a empresa não escapou de problemas financeiros e divergências
politicas com o município, dentre outros, e teve seu futuro ameaçado. Foi então
que Luiz Antônio realizou uma proposta a Francisco para seguir com os
negócios e manter, não só o seu, mas também o emprego de seus colegas na
fábrica.
No início, entre os anos de 1999 e 2000, a empresa prosseguiu nos
mesmos moldes da anterior, incluindo a produção de cabedais de calçados de
segurança e a prestação de serviços. Luiz Antônio usava 10% do faturamento
obtido pela fábrica para investir em maquinário e a mesma se mantinha de
forma satisfatória. A produção operava com 14 funcionários provindos da
pioneira APPOGE (que também permaneceram na empresa anterior).
Logo a empresa Bracol, do grupo Bertin SA, procurou a empresa
buscando fechar contrato para prestação de serviços. Com tal contrato
fechado, a fábrica passou a ter quase toda sua capacidade produtiva voltada à
Bracol e ficou impedida de prestar serviços a outras empresas. Com a parceria,
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a empresa atingiu seu auge em 2006, quando havia 92 funcionários prestando
serviços à fábrica e eram confeccionados em média dois mil pares de cabedal
por dia.
Infelizmente, os bons números alcançados não puderam aumentar e
nem ao menos se manter no próximo ano, quando a Bracol principal cliente
desfez o acordo de prestação de serviços, isso fez com que a demanda de
produção sofreu-se uma redução muito expressiva, cortes drásticos precisaram
ser feitos e o quadro de funcionários foi reduzido em 83%.
Entre 2010 e 2011 a Bracol adquiriu a certificação ISO 9000. Conhecida
por ser extremamente exigente, a ISO 9000 requeria um aumento total de
qualidade na produção e nos sistemas da organização como um todo e, sendo
assim, a empresa de Luiz Antônio acabou não conseguindo se enquadrar nos
novos padrões exigidos e acabou perdendo seu maior cliente.
Novamente mostrando perseverança, com sua produção reduzida em
mais da metade, Luiz optou por manter a produção individual que havia
implantado dar continuidade aos negócios já existentes e fundar a Brasfort
Calçados. Nos anos que seguiram, a empresa se firmou e conquistou seus
clientes, mas novamente passou por momentos difíceis quando seu maior
parceiro/cliente não cumpriu com as obrigações com a Brasfort, diminuindo em
torno de dois terços sua produção e gerando uma nova situação a ser
superada pela gestão da fábrica, tal gestão que sempre precisou ser eficaz
para superar os problemas, geralmente financeiros, da empresa.
Atualmente a Brasfort Calçados busca voltar a obter resultados
positivos, sua marca se tornou tradicional na cidade de Guaiçara e suas
parcerias alcançam todo o território nacional, novamente incluindo a Bracol
(sob a denominação atual BSB) para quem voltou a prestar determinados
serviços, mesmo embora enxergue na mesma uma de suas concorrentes
diretas. A gestão da empresa é familiar e os mesmos operam tanto fornecendo
seus produtos para revenda, quanto para uso. A produção gira em torno de 160
pares de calçados ao dia variando de acordo com sua demanda e conta com
18 funcionários na linha.
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1.1 Missão
Para Chiavenato (2005) a missão é o motivo pelo qual a organização
existe. demonstrando que missão "é uma declaração de propósitos ampla e
duradoura que individualiza e distingue a organização em relação a outras no
mesmo ramo de negócio".
A missão da Brasfort Calçados é levar os melhores produtos e
resultados para seus clientes, atendendo suas expectativas com excelência,
para fortalecer cada vez mais suas parcerias, sempre através de um trabalho e
de negócios focados na honestidade e na satisfação de seus colaboradores.
1.2 Visão
A visão nada mais é de onde a empresa quer chegar, ela fornece a base
para o planejamento estratégico da organização. De acordo com Scott, Jafe e
Tobb (1998) a visão toma como base a realidade, porém sempre olhando para
o futuro, proporcionando assim compreender as perspectivas dos cenários
futuros.
No caso da Brasfort, a empresa visa buscar continuamente o máximo
possível de eficiência, para primeiramente concretizar-se cada vez mais no
mercado já atingido e, posteriormente, expandir-se para outros ramos
calçadistas, tornando-se referencia regional em seu meio.
1.3 Valores
Os valores definem um padrão de comportamento de uma organização,
dando uma identidade para a mesma. Costa (2004), afirma que valores são
"características, virtudes, qualidades da organização que podem ser objeto de
avaliação, como se estivessem em uma escala, com gradação entre avaliações
extremas".
A Brasfort se apoia em seis valores básicos para criação de sua
identidade empresarial:
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a) Paixão: utilizar-se da intimidade com o negócio que move o proprietário
e sua família há anos, para seguir buscando os melhores resultados em
todos os aspectos.
b) Foco: determinar objetivos e metas, e trabalhar para alcança-los, através
do trabalho de seus gestores sobre o serviço e sobre seus
colaboradores, para que este seja o caminho até o alcance dos bons
resultados.
c) Valorização das Pessoas: demonstrar reconhecimento para com seus
colaboradores, entregando seu melhor a ele, para obter o melhor dele no
desempenho de suas funções.
d) Simplicidade: reconhecer suas raízes e dificuldades, trabalhando sempre
dentro de suas possibilidades, buscando nelas possibilidades de
transcender desafios, além de sempre manter o respeito para com os
demais.
e) Honestidade: agir com clareza e ser confiável a seus parceiros, inclusive
em relação a sua produção, agindo corretamente e de maneira
comprometida.
f) Perpetuidade do Negócio: buscar constantemente por uma maior
solidificação no cenário em que se encontra.
Esses valores moldam a identidade da Brasfort construindo assim uma
organização sólida, e que encontrou seu espaço no seu ramo de atividade.
1.4 Cultura
A cultura da Brasfort Calçados prega uma comoção, tanto como
indivíduos quanto como organização, decorrida de três pontos que os
impulsionam desde o início:
a) A família, por ser uma empresa familiar, onde os membros da mesma se
apoiam para prestar sempre a melhor gestão à marca;
b) O compromisso em ser a cada momento uma versão melhor de si
mesma, mantendo sua essência enquanto aproveita as oportunidades
de melhora;
c) E a devoção ao trabalho, que os da força para passar pelas
adversidades propostas, olhando sempre à frente, com a certeza de que
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a história da empresa os deu a convicção e a consistência necessárias
para escolher os melhores caminhos.
A cultura da organização se baseia em crenças como foco no detalhe,
paixão pelo que faz liderar pelo exemplo, produto de qualidade, acreditar faz a
diferença, que moldam o comportamento de todos seus colaboradores criando
assim uma cultura organizacional muito forte, mantendo como pilares sua
cultura, seu pessoal, seus produtos e seus clientes.
1.5 Responsabilidade Social e Ambiental
A Brasfort Calçados faz parte do CADRI, programa da CETESB para
descarte consciente de lixo pelas fábricas. A empresa custeia o transporte do
lixo gerado até um aterro situado em Piratininga e é fiscalizada pela CETESB
para cumprimento de tal programa, além de outras fiscalizações que cabem à
maioria de empresa que funciona em conformidade ao que se impõe para o
funcionamento.
1.6 Divisão de Negócios
A empresa Brasfort Calçados, devido à imposição de seu registro, pode
atuar apenas com a produção de equipamentos de proteção individual, mas
entre o fim do ano de 2016 e o inicio de 2017 investiu na criação de uma linha
casual experimental com a marca e desde então observa os resultados,
estudando a possibilidade da criação de um novo segmento, que necessitará
de um desligamento, para a produção de tênis sob o nome Brasfort Calçados.
1.7 Clientes
A Brasfort Calçados produz equipamentos de proteção individual tanto
para organizações que realizam a revenda de seus produtos, quanto para
empresas que possuem sistemas de produção e utilizam seus produtos em tal.
Seu mercado consumidor está, em sua maioria, concentrado no estado de São
Paulo, mas a Brasfort possui clientes em diversos estados brasileiros, como
Minas Gerais, Brasília, Paraná, Mato Grosso do Sul e Tocantins.
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1.8 Concorrentes
Embora a Brasfort Calçados tenha seu mercado disseminado por grande
parte do Brasil, ela considera como concorrente direto apenas a outra empresa
do mesmo ramo na região em que sua fabrica se situa, a BSB, instalada em
Lins, cidade vizinha de Guaiçara, onde está situada a Brasfort.
A Brazil Safety Brands (BSB) é uma empresa imensamente maior do
que a Brasfort, possuindo em seus ativos marcas como a Bracol, a Motosafe e
a Ecoboots, sua produção alcança diversos segmentos, inclusive o mesmo
segmento de produção da Brasfort Calçados, sendo considerada sua única
concorrência direta. Pode-se ainda citar empresas produtoras de equipamentos
de proteção individual nas cidades de Lins ou Guaiçara, ou em cidades
próximas, das dos clientes de outros estados.
1.9 Gestão de Pessoas
A gestão de pessoas é feita através da participação, capacitação,
envolvimento e desenvolvimento dos colaboradores, tendo a função de
humanizar a empresa.
Muitas vezes, a gestão de pessoas é confundida com o setor de
Recursos Humanos, porém RH é o departamento que utiliza técnicas e
mecanismos para gerenciar os funcionários e a gestão de pessoas tem como
objetivo a valorização dos profissionais. Em uma empresa, a gestão de
pessoas deve ser feita pelos gestores e diretores, porque é uma área que
requer capacidade de liderança.
O setor de gestão de pessoas possui uma grande responsabilidade na
formação dos profissionais, e tem o objetivo de desenvolver e colaborar para o
crescimento da instituição e do próprio profissional.
Gestão de pessoas é o conjunto integrado das atividades de especialistas e gestores como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. No sentido de proporcionar competências e competitividade à organização. (CHIAVENATO, 2004).
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Na Brasfort, que por ser de pequeno porte, não é uma empresa
setorizada em detalhes, portanto não possui um amplo espaço para que sejam
realizados trabalhos específicos de gestão de pessoas, embora exista a
valorização da equipe.
A organização, uma vez que trabalha com uma produção “mecânica” e
sem modificações e ramificações, utiliza-se da experiência de funcionários
mais antigos para que estes instruam novos funcionários, apenas fiscalizando o
processo, gerando uma troca de vivencias com uma maior integração de seu
pessoal e uma maior padronização na produção, o que gera mais qualidade ao
processo operacional da empresa.
A parte gestora da empresa realiza ainda o trabalho de incrementar o
reconhecimento aos colaboradores, usando de atitudes como ouvi-los para
implantar certas mudanças e flexibilizando horários, mostrando preocupação
com aspectos dos colaboradores aquém de seu trabalho, por exemplo,
adaptando o horário das mulheres que prestam serviços à fábrica e possuem
filhos pequenos, para que este seja compatível com o horário de entrada e
saída das crianças na creche, causando assim uma maior satisfação e
motivação aos empregados da organização.
1.9.1 Desenvolvimento profissional
Geralmente o desenvolvimento profissional está diretamente ligado ao
conhecido plano de carreira, que para Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) é a
integração dos interesses de crescimento do indivíduo com os interesses da
organização, buscando um alcance mutuo de objetivos profissionais.
A Brasfort Calçados não possui um plano de carreira em sua definição.
Em equivalência, segundo os conhecimentos dos processos que os
funcionários vão adquirindo com o tempo, este pode escalar através dos “níveis
operacionais” dentro da própria produção. Isto devido ao fato de que a empresa
divide-se basicamente em gestão e produção.
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1.9.2 Segurança e Saúde no trabalho
Na Brasfort Calçados, como deveria ser de praxe a todas as
organizações, a segurança e saúde no trabalho são assuntos tratados com
extrema seriedade. A empresa respeita as medidas gerais de segurança no
trabalho, instalando e realizando a manutenção de extintores e outros
equipamentos contra incêndios, cuidando da higiene no local de trabalho,
dentre outros.
Para auxilio no cumprimento das medidas gerais de segurança no
trabalho, a Brasfort utiliza do programa denominado Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA), uma comissão constituída pelos funcionários
que tem a responsabilidade de representar os funcionários da companhia,
orientados pela politica de segurança e saúde do trabalho.
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CAPÍTULO II
ERGONOMIA
1 CONTEXTO HISTÓRICO
O médico italiano Bernardino Ramazzini foi o primeiro a demonstrar
estudos sobre as lesões que o trabalho poderia gerar, o que poderia ser
caracterizado como um esboço do que viria a ser a ergonomia. Anos depois,
em 1857, o professor e cientista polonês Wojciech Jastrzebowski do Instituto
Agronômico de Varsóvia usou pela primeira vez a palavra ergonomia, ligada ao
conceito que se conhece hoje em seu artigo chamado “Ensaios de ergonomia,
ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência sobre a natureza”.
Posteriormente, Frederick Winslow Taylor escreveu o livro “Administração
Científica”, com estudos a fim de manter o bem estar dos trabalhadores
enquanto executavam suas atividades, em 1900, Frank Bunker Gilbreth e sua
esposa Lilian desenvolveram o livro “Estudos de tempo e movimentos” a partir
de melhoramentos em cima das ideias de Frederick Winslow Taylor sobre
ergonomia e correlacionando mais fixamente o assunto com o trabalho.
(MORAES; SOARES, 1989)
Embora não existam registros que possibilitem um estudo aprofundado
sobre a origem e a história da ergonomia, tem-se que a partir da segunda
Guerra Mundial, com o crescimento da industrialização, esta foi incrementada
com a finalidade de auxiliar na manutenção da recém-surgida relação homem-
máquina-atividade. (MORAES; SOARES, 1989).
Iida (2005) complementa que a ergonomia foi oficialmente criada em 12
de julho de 1949, quando um grupo de estudiosos a formalizou para auxiliar na
relação homem-máquina que estava em constante crescimento provinda da
industrialização que se proliferava ferozmente por conta da Segunda Guerra
Mundial. Nos anos subsequentes, a ergonomia manteve-se em constante
estudo e evolução e no início da década de 80, é criada a Associação
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Brasileira de Ergonomia, onde a mesma passa a ter duas linhas a americana e
a europeia:
a) Americana: considerada uma abordagem clássica, que foca nas
preocupações com os aspectos físicos do colaborador e realiza simulações
para adequar o ambiente de trabalho ao mesmo.
b) Europeia: de abordagem situada, que foca no trabalho
desempenhado pelo operário de seu entendimento até sua realização, através
de observações em condições reais, obtendo uma verbalização por parte dos
próprios operadores para chegar a uma aprendizagem da tarefa e à
competência do trabalhador como demonstra Moraes; Soares (1989).
Depois disso, a ergonomia passou a ser cada vez mais estudada e
implantada, sendo hoje um aspecto extremamente presente nas organizações.
Atualmente as individualidades dos colaboradores são respeitadas, e os
próprios trabalhadores fazem parte das decisões sobre suas atividades
desempenhadas, com o grande interesse das empresas em aumentar sua
eficiência no processo produtivo a ergonomia ganha relevância por ser uma
ferramenta que influência direta e indiretamente na produtividade empresarial.
(IIDA, 2005)
Couto (2007) expõe o conceito de ergonomia conseguido através de um
histórico do mundo de trabalho separado em quatro grandes épocas:
A primeira época foi antes de 1750, nenhuma forma de energia era
aproveitada para facilitar a produção além da energia do fogo, o trabalho era
adquirido através da energia física humana ou da tração animal e as grandes
cidades viviam do comércio próximo ao mar, mas o que mantinha a economia
eram a sustentação e troca das atividades agrícolas.
A segunda época aconteceu com o início da Revolução Industrial, os
trabalhadores do campo migraram para as grandes cidades para trabalhar em
fábricas, porém, havia um número excessivo de horas trabalhadas, salários
muito baixos, péssimas condições de trabalho e os acidentes aconteciam
frequentemente.
A terceira época, já na Segunda Revolução Industrial, que teve inicio no
século XX juntamente com o nascimento da Administração Científica,
estabeleceram-se por Fayol as regras de hierarquia, Taylor e Ford
estabeleceram regras do funcionamento de chão de fábrica, gerando um
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aumento significativo da produtividade nas empresas com a produção em
massa.
E a quarta época, vem sendo fundamental desde 1973 até os dias de
hoje a Reestruturação Produtiva, ocorrendo à mudança na base tecnológica
com a robótica, automação e sistemas informatizados; mudanças na relação de
trabalho como a diminuição do número de colaboradores e levantamento de
outras formas de contribuição como terceirização, autônomos e cooperativas;
mudança na organização do trabalho com a implantação do modelo de gestão
japonês na indústria e inovação no sistema gerencial como o Just-in-Time,
acompanhado do Total Quality Control (TQC), reengenharia, Downsizing,
Benchmarking, inclusive os modelos de gestão de linhas de produção como a
Lean Manufacture e o Sistema Toyota de Produção.
1.1 Fases da ergonomia
Segundo Hendrick (2006) existem quatro fases em que a ergonomia se
divide, seguindo a tecnologia enfocada. Nessas fases é possível notar que o
layout do ambiente de trabalho não leva o enfoque principal, este sendo
realocado para a qualidade do processo de produção, da organização e da
qualidade de vida geral.
A primeira fase, a chamada Tradicional (ou de Hardware) se refere ao
momento em que, no decorrer da guerra, foi necessário que um grande número
de tanques de guerra, aviões, armas e submarinos fossem desenvolvidos em
grande velocidade, além de um avanço maior e mais rápido da tecnologia para
auxiliar na comunicação e na localização.
Os processos de criação desses itens, muitas vezes não levavam em
conta que os mesmos seriam operados por seres humanos e que deveria
haver uma adequação entre as partes para uma boa e correta utilização, o que
acabou gerando inúmeros acidentes, erros e até mesmo mortes. Levando em
conta que o falecimento de cada componente humano da guerra gerava
problemas gravíssimos às Forças Armadas, uma equipe de profissionais das
áreas da ciência, da medicina e da engenharia foi montada para desenvolver
pesquisas que os levariam a projetos para moldar certos componentes, tais
como pedais, espaço das cabines, campo de visão do maquinário, painéis,
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alavancas e outros aspectos da diversidade humana, aos soldados
responsáveis por utilizá-los em momentos extremos de batalha.
Ainda de acordo com Hendrick (2006), a segunda fase da ergonomia,
denominada Ergonomia do meio ambiente, tem seu enfoque nas questões
ambientais naturais e artificiais que podem gerar interferências nas atividades
dos colaboradores. Foi tratada com importância, além da atual preocupação
ecológica, por conta do crescente interesse em estudar a relação do
trabalhador com o ambiente que integra. A terceira fase conhecida como
Ergonomia cognitiva ou de software contou com o crescimento da informática
para trabalhar o processamento de informações a partir dos anos 80. Aqui,
diferentemente da primeira fase, o enfoque é na interface da relação homem-
máquina e menos na parte física, tendo em vista que o colaborador já não mais
lida diretamente com o produto, mas sim opera uma máquina, e esta sim
trabalha com o produto. Então é trabalhada de forma central a relação do
cérebro do trabalhador com suas funções.
E por fim a quarta fase, macro ergonomia que como o nome sugere, se
refere a uma visão mais ampla da ergonomia, relacionando-a ao ambiente
externo em que está inserida, considerando aspectos organizacionais,
psicossociais e políticos. É diferenciada das fases anteriores por não ligar-se
totalmente em integrações de operação e sim em processos participativos. Isso
garante que a implantação da ergonomia apresente melhores resultados,
reduzindo riscos de erros e fazendo que com as pessoas envolvidas aceitem
melhor e colaborem com tal implantação.
1.2 O desenvolvimento dos Órgãos Ergonômicos pelo mundo
Em 1949 na Inglaterra, após anos de pesquisas, estudos e um constante
desenvolvimento, o engenheiro inglês Kenneth Frank Hywel Murrel reuniu
diversos itens já colhidos sobre ergonomia para a criação da chamada
“Ergonomic Research Society”, a pioneira em termos de sociedades nacionais
de ergonomia. (SILVA; PASCHOARELLI; SANTOS, 2010).
Ainda segundo o autor a inglesa “Ergonomic Research Society” abriu
caminho para que outros países seguissem no mesmo rumo desenvolvendo
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órgãos voltados para a Ergonomia, podendo-se citar a Alemanha, o Japão, os
Estados Unidos e a França, países nos quais a industrialização já havia se
estabelecido fortemente posteriormente, foi fundada a “International
Ergonomics Association”, na tentativa dos estudiosos da área de unificar,
disseminar e ramificar as regras estabelecidas pela Ergonomia e todos os
componentes da mesma.
Em território nacional, a criação da “Associação Brasileira de Ergonomia”
(ABERGO) ocorreu apenas em 31 de agosto de 1983 e a mesma definiu
Ergonomia como uma “disciplina científica que trata da compreensão das
interações entre os seres humanos a outros elementos de um sistema e a
profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam
aperfeiçoar o bem estar humano e o desempenho global dos sistemas. A
ergonomia visa adequar sistemas de trabalho às características das pessoas
que nele operam. Nos projetos de sistemas de produção a ergonomia faz
convergir os aspectos de segurança, desempenho e de qualidade de vida,
através de sua metodologia específica, a análise ergonômica do trabalho.”.
2 Conceitos e características da ergonomia
Segundo Dul e Weerdmeester (2004), o termo Ergonomia se dá pela
junção das palavras gregas “Ergos”, que significa “trabalho”, e “normos” que
pode ser traduzida como “leis”, “normas”, “regras” ou regulamento, podendo ser
conceituada como uma ciência que regulariza o trabalho, fazendo com que
este fique de acordo com as necessidades do ser humano que o desempenha.
Hoje em dia, esta ciência tem como objetivo desenvolver e aplicar normas e
regras para contribuir com a organização do trabalho, estudando todas as
particularidades da atividade humana e para que isso seja realizado, varias
outras ciências são aplicadas.
Barbosa Filho (2010) define os objetivos da ergonomia como um estudo
de conhecimentos antropométricos e neurossensoriais, de modo que
proporcione condições em um ambiente de trabalho que sejam pertinentes ao
homem, resultando positivamente no aumento de sua produtividade através de
ambientes de trabalho saudáveis e seguros, que exijam um menor desgaste
dos trabalhadores e alcance um maior resultado.
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A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. REVISTA AÇÃO ERGONÔMICA, v.3, n. 2 (2008).
Para Couto (2007) define-se ergonomia como o conjunto de ciências e
tecnologias de forma que ajuste e adapte o ser humano ao seu ambiente de
trabalho de maneira produtiva, agradável e segura.
Iida (2005) conceitua, os ergonomistas são aqueles que fazem a
ergonomia funcionar, desenvolvendo um planejamento das tarefas, postos de
trabalho, ambiente tornando- os adaptados a necessidade dos colaboradores.
Eles precisam ter uma visão holística do desempenho das atividades
levantando características especificas do processo, como:
a) Ergonomia Física: onde se estuda as características da anatomia
humana, relacionando-as com as atividades físicas, levando-se em
consideração postos de trabalho, movimentos repetitivos, manuseio
de materiais, segurança e saúde do trabalhador.
b) Ergonomia cognitiva: o foco são os processos mentais, tais como,
percepção, raciocínio, memoria, relacionados com as interações do
homem com as suas tarefas. Trata da carga mental, estresse,
treinamento.
c) Ergonomia Organizacional: abrange as estruturas e os processos
organizacionais, otimizando os sistemas sócio técnicos, tem como
tópicos relevantes, projetos de trabalho, comunicação, cultura
organizacional, gestão da qualidade.
Logo a ergonomia estuda toda a interação do homem com seu ambiente
de trabalho, desde as condições prévias, as interações que ocorrem durante a
realização da tarefa, e as consequências que essa tarefa vai causar no
colaborador, contribuindo assim para melhorias nas condições de trabalho.
2.1 Importância da ergonomia
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De acordo com Abrahão e Pinho (2002), a importância da ergonomia é
abordada nos anos 1940 através do trabalho humano e sua convivência em um
determinado ambiente, seja ele social, ou tecnológico, buscando expor a difícil
compreensão de tal interação, entendendo essa interação entre o homem e o
ambiente de trabalho a ergonomia pode cria mecanismos que minimizem o
risco ao colaborador no ambiente de trabalho.
Moraes e Soares (1989) destacam que a importância da ergonomia se
dá a partir da maximização do conforto e bem-estar humano, garantindo a
segurança e evitando doenças ou lesões relacionadas ao trabalho, a fim de
aperfeiçoar o processo e melhorar o desempenho do colaborador, tornando-o
satisfeito com o trabalho e consequentemente mais produtivo.
3 Métodos e técnicas da ergonomia
A ergonomia estuda todo o processo da interação do homem com o
ambiente de trabalho, abrangendo desde conceitos físicos e biológicos até
psicologia, sociologia e antropologia e cada uma dessas vertentes utilizam
técnicas e métodos diferentes, que vai depender da situação que a
organização se encontra e da qual ela almeja, para isso existem os métodos e
técnicas da ergonomia que são usados para desenvolver e implantar a
ergonomia na empresa, não existindo assim um método superior, tudo vai
depender da necessidade da empresa. (IIDA, 2005).
O método de pesquisa segundo Iida (2005) é o mecanismo usado pelo
pesquisador para encontrar a ligação entre a causa e o efeito, e as técnicas
são as operações ou modo de se realizar determinada atividade, sendo o
método mais vasto do que as técnicas.
3.1 Experimentos
Os experimentos são testes desenvolvidos para obter-se a veracidade
de uma hipótese, quando se trata de ergonomia existem duas formas de
realizá-los, de forma artificial construindo as condições e controlando-as e de
forma real observando no local onde ela ocorre.
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O experimento de laboratório é utilizado porque proporciona um maior
controle das variáveis ao pesquisador, por ser uma simplificação da realidade,
entretanto seus resultados dificilmente seguirão fielmente à realidade, pelo fato
de que algumas condições reais são complexas de se reproduzir em
laboratório. Em contrapartida existe o experimento de campo que é utilizado
para verificar uma hipótese na condição real, é necessário um planejamento
detalhado e cooperação de todos os envolvidos para que este seja eficiente.
Sua vantagem é que ele trás resultados realistas auxiliando assim na resolução
do problema. Os dois tipos de experimentos possuem pontos positivos e
negativos e sua escolha vai depender do pesquisador e de sua finalidade. Iida
(2005) desenvolveu um quadro em que ele demonstra o comparativo entre os
dois tipos de experimentos, facilitando assim sua escolha.
Quadro 1: Comparações entre experimentos de laboratório e de campo.
Características Experimento de laboratório Experimento de campo
Realismo Simulado Real
Controle Alto Baixo
Tempo Reduzido Longo
Custo Baixo Alto
Interferências Baixas Altas
Generalização Riscos maiores Riscos menores
Fonte: Iida, 2005, p. 39
Iida (2005) enfatiza ainda que apesar das comparações entre os dois
tipos de experimentos eles não são excludentes, e que se pode fazer um
experimento de laboratório como uma fase prévia com variáveis mais
controladas para que posteriormente se possam realizar os testes no campo.
3.2 Observações
De acordo com Iida (2005) grande parte dos problemas ergonômicos
acontece em comportamentos humanos observáveis. Para tanto é utilizada a
técnica de observação do comportamento que basicamente trata-se de
observar o que as pessoas fazem e analisar e interpretar esses
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comportamentos. Esta técnica propicia um realismo o que a faz diferenciar-se
com relação às entrevistas e questionário, onde os entrevistados podem
distorcer as respostas.
Ainda segundo Iida (2005) a técnica de observação pode ser classificada
como informais, onde a estrutura é menor e o observador tem uma maior
autonomia pra escolher a forma de coleta e registro das observações, e a
formal que exige um trabalho mais detalhado de seleção, analise e descrição
dos eventos a serem observados.
A técnica também é dividida em contínua e por amostragem, onde a
continua é realizada sem interrupção e a por amostragem é feita de forma
instantânea com intervalos pré-estabelecidos pelo observador. A coleta de
dados nesse método na maioria dos casos é feita através de uma escala linear
que proporciona uma avaliação de determinada variável, que pode ser
classificada em escalas, elencando do péssimo ao excelente. Através desta
escala consegue-se avaliar a variável estudada de uma forma eficiente.
3.3 Entrevistas
Outro método utilizado para uma análise ergonômica é a entrevista, que
basicamente é uma conversa que visa um objetivo. A entrevista pode ser
caracterizada de três formas. Informal, quando não há um roteiro
preestabelecido, estruturado quando as perguntas são elaboradas antes da
entrevista e por fim semiestruturada, onde se tem perguntas elaboradas, porém
podem surgir novas perguntas de acordo com o desenvolvimento da conversa
focando sempre em aspectos que o entrevistador consiga o maior número de
informações possíveis (IIDA, 2005).
Figura 1: Escala linear para avaliação de uma variável.
Fonte: Iida, 2005, p.52
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Robson (1993) apud IIDA (2005) demonstra que uma entrevista pode ser
dividida em cinco etapas:
a) Introdução: onde é feita as apresentações e explicado o objetivo da
entrevista.
b) Degelo: perguntas mais leve são feitas para focar o assunto.
c) Conteúdo principal: a parte chave da entrevista, onde todas as
perguntas principais devem ser realizadas e esclarecidas para se obter o
máximo de informação possível.
d) Finalização: nessa etapa são feitas perguntas para reforçar uma ideia.
e) Fechamento: por fim é explicado de que maneira o conteúdo da
entrevista será usado, e se o entrevistado obterá algum feedback da
entrevista.
Iida (2005) ressalta que para uma entrevista atingir o seu objetivo é
necessários que alguns procedimentos sejam adotados como, por exemplo, o
entrevistador deve ouvir mais e falar menos, porque as informações do
entrevistado é que são relevantes; as perguntas devem ser curtas e diretas
para que sejam respondidas de forma totalitária; usar vocabulário adequado é
essencial que o entrevistador fale de acordo com o vocabulário do entrevistado
para que ele compreenda com clareza a pergunta; evitar perguntas
tendenciosas, pois a entrevista deve ser conduzida de forma imparcial, não
induzindo as respostas do entrevistado.
Este método como todos os outros possui seus pontos fortes e fracos, a
vantagem da entrevista é que ela é volátil e adaptável a situação podendo
proporcionar informações poderosas para o entrevistador de uma forma
diversificada, e o seu ponto fraco é que geralmente entrevistas são demoradas
porque as informações necessárias começam a surgir após os 30 minutos de
entrevista, além do tempo de transcrição e análise das respostas.
3.4 Questionários
Os questionários são outro método muito utilizado em ergonomia por
sua eficiência em se obter informações de um grande número de pessoas em
um tempo acessível como demonstra Iida (2005). Os questionários podem ser
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classificados em abertos e fechados. Nos questionários abertos as perguntas
são de respostas livres e se parecem muito com uma entrevista, já o
questionário fechado traz opções de respostas predeterminadas. Para que um
questionário consiga ser eficiente ele tem de trazer informações pertinentes
para o objetivo almejado, proporcionando perguntas que possam ser
compreendidas com clarezas não deixando abertura para interpretações
dúbias.
Para tanto Iida (2005) elaborou um esquema para facilitar a construção
de um questionário: que contém desde a etapa inicial onde é abordada a
definição do objetivo do questionário até a sua finalização que compreende a
definição das questões e layout do mesmo. Com este esquema o pesquisador
consegue montar um questionário objetivo e com perguntas que irão atingir
diretamente o público alvo, atendendo assim o objetivo pretendido com os
questionários elaborados.
O autor também levanta dez pontos que devem ser considerados na
hora da elaboração de um questionário para que ele seja efetivo, sendo eles:
Figura 2: Etapas da elaboração de um questionário.
Fonte: Iida, 2005, p.57
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a) Definir a forma de processamento: estabelecer a forma como ele será
elaborado e analisado;
b) Questões específicas: as perguntas devem ser diretas pra se obter
melhor qualidade na resposta e não deve ser feita de forma genérica;
c) Prefira questões fechadas: as questões fechadas proporcionam uma
análise mais adequada do contexto, além de não permitir interpretações
diferentes;
d) As opções devem fechar todas as possibilidades: as opções disponíveis
na pergunta devem cobrir todo o cenário da resposta.
e) Escala adequada: é necessário que as escalas de variabilidade dos
extremos estejam bem delineadas, podendo elas serem nominal,
quando as opções se referem a categorias, ordinal quando as opções
apresentam um grau de intensidade de uma determinada característica,
mas não indica a diferença entre as opções e intervalar que é como no
caso anterior, entretanto elas indicam precisamente a distancia entre as
opções.
f) Colocar a alternativa “nenhuma das respostas anteriores”: em perguntas
que pedem opinião do questionado é interessante colocar esta opção
para ele não seja “forçado” a responder outra alternativa.
g) Fazer uma escala: em caso de variáveis subjetivas é recomendado
colocar-se uma escala que meça a intensidade do fator.
h) Opções que exijam certa interpretação: desenvolver opções melhores
que sim e não, pode melhorar a qualidade das informações, pois as
pessoas possuem tendência para responder sim ou concordo.
i) Ordenar as questões: é interessante que as questões sejam organizadas
de forma que busquem respostas gerais para as especificas, podendo
algumas questões se complementar.
j) Vocabulário adequado: existem casos em que a pergunta é de difícil
compreensão ou pode ser interpretada de forma diferente, por conta
disso sugere-se que quando for relacionada a um assunto essencial que
se faça mais de uma pergunta referente ao tema, para observar de mais
ângulos.
Iida (2005) destaca que o questionário deve passar por uma fase teste, e
ser aplicado em uma amostra menor para que se possa corrigir possíveis
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problemas. O método de questionário é vantajoso em decorrência do seu
grande poder de alcance com um baixo custo, entretanto a sua desvantagem é
que na maioria das vezes as respostas superficiais dificultam a sua análise e
comprovação de suas respostas.
3.5 Análise Ergonômica no trabalho
A análise ergonômica do trabalho (AET), segundo Iida (2005) tem como
finalidade utilizar-se dos conhecimentos sobre ergonomia para analisar,
identificar e corrigir uma situação real no ambiente de trabalho. E de acordo
com o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 (2002) a AET é
uma metodologia construtiva e participativa que auxilia na solução de um
problema mais complicado que exige um conhecimento do processo como um
todo abrangendo as tarefas e atividades a serem desenvolvidas, além dos
possíveis obstáculos encontrados.
Guérin et al. (2001) divide a AET em cinco fases:
a) Análise da demanda: a demanda é a descrição de uma adversidade ou
situação problema que se faz necessário uma ação ergonômica,
podendo ter origem tanto por parte dos gestores como por parte dos
colaboradores. A função da análise da demanda é compreender o
problema e a sua magnitude, além dos envolvidos.
b) Análise da tarefa: a tarefa são os objetivos que os colaboradores devem
atingir no desenvolvimento de sua função e como devem ser feitos,
podem ser prescritos por documentos formais da empresa o melhor
método para ser executada esta tarefa. E a análise das tarefas consiste
em avaliar a diferença entre aquilo que foi prescrito para o
desenvolvimento da tarefa e o que realmente ocorre na execução real do
trabalho, podendo ocorrer divergências em decorrência de máquinas
desajustadas, materiais irregulares, velocidade da linha de produção
acima do permitido entre outros.
c) Análise da atividade: diferente da análise das tarefas que o foco é
naquilo que o colaborador tem de atingir, a análise das atividades tem
como objetivo observar o comportamento do trabalhador no
desenvolvimento de sua tarefa, ou seja, como o colaborador age para
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atingir seus objetivos. O método como o colaborador age no
desenvolvimento de suas atividades podem ser influenciadas por fatores
internos, que são próprios do trabalhador como experiência, sexo, idade,
disposição e motivação momentânea, cansaço, fadiga e etc. E fatores
externos que são as condições em que a atividade é desempenhada,
abrangendo conteúdo do trabalho, organização do trabalho e meios
técnicos.
d) Formulação do diagnóstico: nessa etapa procura-se levantar as causas
geradoras dos problemas apresentados na análise de demanda, e trata-
se dos diversos fatores que podem afetar o desempenho do colaborador
na atividade de trabalho. Guérin et al. (2001) desenvolveu um quadro em
que apresenta alguns dos fatores que podem influenciar na atividade de
trabalho sejam eles internos ou externos.
e) Recomendações ergonômicas: por fim, as recomendações seriam as
medidas que devem ser tomadas para solucionar o problema
diagnosticado na análise de demanda.
Ainda segundo Guérin et al. (2001) para que a análise ergonômica do
trabalho seja realizada de forma eficiente essas etapas devem ser seguidas de
forma especifica passando por todas etapas elencadas e descrevendo cada
etapa, também é recomendável que seja indicada as pessoas ou departamento
responsáveis por adotar as medidas e quais seriam os prazos.
Figura 3: Fatores que influenciam na atividade de trabalho.
Fonte: Guérin, et al. 2001, p.61
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3.6 Métodos participativos
Métodos participativos segundo Iida (2005) são aqueles que o
pesquisador deixa de ser um simples observador e passa a ser um agente
ativo no processo de solução do problema, diferente das pesquisas
convencionais onde o pesquisador não interfere na situação/pesquisa,
pesquisa-ação, ergonomia participativa e projeto participativo são alguns
exemplos deste tipo de metodologia.
A pesquisa-ação é uma metodologia em que os pesquisadores
cooperam e participam de forma direta para a solução do problema em questão
desempenhando um papel ativo no desenvolvimento das soluções.
(THIOLLENT, 1996 apud IIDA, 2005).
O método envolve realização de reuniões e seminários com os
colaboradores para planejar futuras tomadas de decisões, e pode muitas vezes
ser de difícil implantação em decorrência do envolvimento dos próprios
trabalhadores na busca de soluções. Em caso de resistência dos mesmos seu
sucesso é reduzido.
Na ergonomia participativa são os usuários finais que desempenham
um papel de grande importância na análise dos problemas e desenvolvimento
de soluções. Para que a ergonomia participativa tenha sucesso é necessário o
engajamento de todos os níveis da organização, além de total apoio do
conselho administrativo da organização. É necessário treinamento para os
colaboradores e criação de grupos participativos. (IIDA, 2005)
Iida (2005) ainda afirma que para que ocorra a participação efetiva de
todos na ergonomia participativa elaboraram-se níveis de obtenção do
conhecimento que devem ocorrer de forma continua, iniciando-se em regulação
externa que é o estado inicial quando apenas um consultor externo detém
conhecimentos com relação a ergonomia chegando-se ao ponto de regulação
interna onde após diversos ciclos de mudanças de percepção o conhecimento
é incorporado na cultura organizacional da empresa, conseguindo assim a
participação efetiva de todos sem a necessidade de estímulos.
Demonstrado de forma sucinta no quadro de Haims e Carayon (1998
apud IIDA, 2005).
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Fonte: Iida, 2005, p.64
E por fim, o projeto participativo que seria uma situação particular da
ergonomia participativa, aplicada ao design de novos produtos ou de redesign
de produtos já existentes no mercado. Nesse método participativo o usuário do
produto participa desde a etapa inicial de fabricação do produto, podendo
assim fazer analises a cada etapa do processo tendo possíveis erros corrigidos
na etapa inicial. Esse tipo de método é adotado tendo em vista que alguns
produtos desenvolvidos por especialistas com designs ergonômicos perfeitos
não tem sucesso em decorrência da não aceitação dos consumidores, sendo
assim o usuário final do produto participando ativamente das análises e
avaliações dos processos de fabricação as chances de aceitação dos produtos
aumentam. (IIDA, 2005).
4 Ferramentas da ergonomia
Couto (2007) demonstra em seu livro diversos critérios de avaliação
ergonômica, baseados em questionários sintéticos que possibilitam ao
ergonomista classificar de forma eficiente uma condição de trabalho, quanto à
Figura 4: Processo de implantação da ergonomia
participativa.
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presença de risco ergonômico. Para que esta ferramenta tenha sucesso é
necessário que estes quatro itens se cumpram:
a) Bom entendimento: o analista precisa compreender com clareza o que o
questionário está pedindo.
b) Reprodutibilidade: é necessário que as análises tenham uma fidelidade
depois de certo período, ou seja, as respostas serão 90% iguais às
anteriores.
c) Sensibilidade: o questionário deve encontrar todas as questões
ergonômicas presentes naquela condição de trabalho.
d) Confiabilidade: as respostas do questionário devem ser fidedignas à
realidade, por exemplo, se no instrumento contém um alto risco
ergonômico pressupõe que existem muitas queixas quanto aquele
problema.
Com o levantamento destes critérios será possível observar o nível de
risco ergonômico presente naquela atividade, podendo assim, trabalhar-se em
medidas de prevenção, correção, conscientização como afirma Iida (2005).
4.1 Automação
Lacombe (2004) define automação como um sistema automático
acionado pelos seus próprios mecanismos de controle, ou seja, que se move
por si só, tendo por objetivo aperfeiçoar os processos produtivos tornando-os
mais eficientes e eficazes, principalmente em atividades contínuas e
repetitivas, facilitando a realização das atividades, podendo haver ou não a
interferência da mão de obra humana.
Arnold e White (1963) acrescentam que a automatização dos processos
funciona da forma pela qual os mecanismos controlem o seu próprio
funcionamento, com a mínima interferência humana, proporcionando um
aumento na produtividade, eliminando atividades desgastantes que não
agreguem valor ao produto, proporcionando melhores condições, se tornando
uma ferramenta vantajosa para a ergonomia.
Com o surgimento das inovações tecnológicas nas empresas, o homem
passou a realizar suas atividades de maneira mais prática, substituindo funções
numa organização voltadas para a produção e a melhoria na rotina do
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trabalhador, evitando o desgaste físico, aumentando o seu desempenho
continuamente.
Couto (2007) enfatiza regras de integração gradativa do trabalhador ao
ritmo normal da área:
a) Possuir um responsável pelo treinamento operacional que tenha o
conhecimento de como manusear uma ferramenta, fazer esforço físico e
trabalhar com um menor consumo de energia;
b) Utilizar maneiras claras de comunicação com o colaborador, através de
mensagens eficazes para que o mesmo cumpra as tarefas corretamente;
c) O responsável pelo treinamento deve demonstrar os diferentes ritmos de
velocidade da produção, e onde cada membro do corpo será utilizado
em determinada atividade/função;
d) Verificar e controlar o desenvolvimento do colaborador durante a
operação, corrigindo os movimentos incorretos e erros grosseiros da
realização da atividade.
Couto (2007) ainda ressalta que a implantação de tecnologia
automatizada na fábrica, deve ser acompanhada de treinamento, onde o
responsável por aplicá-lo seja extremamente experiente na execução da
atividade, orientando os colaboradores quais os movimentos corretos a fazer,
corrigindo imperfeições e motivando o aprendizado.
4.2 Principais áreas da ergonomia no trabalho
É inevitável não falar de ergonomia, pois se faz presente na vida do ser
humano e em qualquer atividade exercida, desde doméstica, de lazer até as
relacionadas ao trabalho. A seguir pode-se ver a classificação das áreas de
ergonomia (COUTO, 2007):
a) Trabalho fisicamente pesado: é uma área que vem sendo minimizada de
acordo com a evolução tecnológica onde as empresas estão priorizando
a mecanização e automação, visando a melhoria na mão de obra dos
colaboradores e a produtividade da organização;
41
b) Trabalho em altas temperaturas: queda da capacidade de trabalho com
a desidratação causada pelo esforço físico excessivo para a realização
de atividades em ambientes quentes;
c) Trabalho em ambientes frios: normalmente esse risco ergonômico ocorre
em indústrias de abate e processamento de carne animal (frigoríficos),
provocando a redução do fluxo de sangue, problemas respiratórios,
estresse, hipotermia entre outras doenças;
d) Biomecânica: ocorre através do esforço físico do colaborador exercido
em suas atividades diárias de trabalho, como levantamento e transporte
de peso, má postura, uso da coluna vertebral, ação de membros
superiores como ferramentas de trabalho e etc. Essas entre outras
lesões são consideradas mais importantes, pois, a incidência delas leva
o colaborador ao afastamento no trabalho, trazendo grandes prejuízos
às empresas;
e) Métodos e posto de trabalho: essa área determina os riscos
ergonômicos relacionados à altura, iluminação, posicionamento, conforto
térmico e acústico adequados para o tipo de atividades;
f) Ergonomia na administração do processo produtivo: determinam a
melhor forma de trabalho ao colaborador e a adaptação do ambiente
para que os resultados planejados sejam alcançados, para isso, deve-se
resolver qualquer problema que possa resultar uma sobrecarga do
colaborador, a fim de evitar distúrbios e lesões. A administração do
processo produtivo associa-se às demais áreas citadas, pois não há
produtividade e organização no trabalho caso haja ausência de
colaboradores, uma vez que a falta de pessoal pode acarretar em
sobrecarga aos demais colaboradores;
g) Ergonomia na prevenção de acidentes de trabalho: as atividades
realizadas sem condições ergonômicas induzem o colaborador a falhas,
podendo ocasionar em lesões ou até acidentes no ambiente de trabalho,
que também podem gerar afastamento prejudicando a empresa e
principalmente o colaborador.
Ainda de acordo com Couto (2007) as seguintes áreas recebem a
aplicação da ergonomia:
a) reestruturação produtiva;
42
b) carga mental no trabalho;
c) prevenção de estresse no trabalho;
d) saúde mental no trabalho;
e) qualidade de vida no trabalho;
f) ergonomia e produtividade.
5 Custo beneficio da ergonomia
Segundo Iida (2005) a ergonomia como todas as outras atividades
desenvolvidas no setor produtivo, só obtém uma aprovação se ela comprovar-
se que é economicamente viável, ou seja, que terá um bom custo/beneficio
para a organização. Nessa análise indica-se de um lado os gastos necessários
para a implementação do projeto ergonômico, considerando material e
equipamento, treinamento de pessoal e em contrapartida são levantados os
benefícios que este projeto ergonômico trará para a organização, como por
exemplo, economia de material, redução de acidentes e absenteísmo da
organização, além do aumento da produtividade.
Ainda segundo o autor, o projeto só se torna economicamente viável se
a sua razão custo/beneficio for menor que 1,0 sendo os benefícios superiores
aos custos. Na maioria dos casos os custos aparecem em curto prazo,
enquanto os benefícios aparecem gradativamente, tendo um prazo
estabelecido em algumas empresas para obter o retorno do investimento, que
geralmente é de cinco anos. Entretanto essa análise não é tão fácil de fazer,
pois existem ainda dois fatores associados à relação custo/beneficio que nem
sempre podem ser quantificados que são eles risco de investimento e fatores
intangíveis.
5.1 Risco de investimento e fatores intangíveis
Os riscos de investimentos podem ser classificados como as incertezas
que ocorrem dentro do processo de implantação do projeto, causando assim
certos imprevistos. Na ergonomia isso geralmente ocorre em decorrência do
avanço tecnológico que trás mudanças consideráveis no ambiente de trabalho.
43
Com isso o retorno do investimento acaba sendo menor do que o esperado,
tornando assim o projeto ergonômico inviável (IIDA, 2005)
Os fatores intangíveis são aqueles que não podem ser mensurados em
valores monetários, por exemplo, o aumento da motivação dos colaboradores,
uma melhora na comunicação do ambiente de trabalho, o aumento do conforto,
entre outros, mesmo não sendo quantificáveis são de extrema importância para
a organização, em alguns casos até se sobressaindo aos fatores quantificáveis
pelo fato de as decisões envolvidas com esses fatores serem tomadas no alto
escalão.
Iida (2005) afirma que uma análise de custo/beneficio é realizada
inicialmente com os fatores quantificáveis e posteriormente complementada
com os fatores intangíveis, proporcionando dados exatos para saber a
viabilidade do projeto ergonômico e dados qualitativo e subjetivo, conhecendo
assim as limitações da organização.
Alexandre (2016) complementa a Ergonomia é conhecida no Brasil, na
maioria das vezes, apenas como uma norma regulamentadora (NR17) que vem
ganhando uma maior atenção de grandes, médias e pequenas empresas,
porém sua implantação pode oferecer um conjunto de benefícios, tais como:
a) redução de custos com a saúde do trabalhador - reduzindo os fatores de
riscos ergonômicos;
b) aumento nos índices de produtividade - eliminando movimentos que não
agregam valor ao produto, melhores arranjos físicos e células mais
flexíveis;
c) melhoria na qualidade do produto - melhorando a inspeção de qualidade
com uma iluminação adequada;
d) ambientes mais seguros - Percepção dos colaboradores no investimento
da empresa, que pode ser revertido na qualidade de vida dos mesmos,
reduzindo a rotatividade e o absenteísmo;
e) ganhos com segurança - o investimento em ergonomia está diretamente
ligado com a segurança, pois o investimento em uma se torna ganho na
outra, tornando atividades mais seguras.
Conforme o autor citado a Ergonomia possui uma relação de ganha-
ganha, tanto para a empresa com maiores receitas e menores custos como
para o colaborador com ambientes mais adaptados às suas características.
44
6 Implantação da Ergonomia na Empresa
A implantação da ergonomia nas empresas pode ser aplicada através de
uma escala crescente simbolizando um degrau, onde mostra o passo a passo
da implantação do processo no posto de trabalho (COUTO, 2007).
a) Situação primitiva: empresas que ainda trabalham da forma primária,
com situações de trabalho desconfortáveis para o colaborador, gerando
fadiga, dor e improdutividade;
b) Ambiente de trabalho: essa etapa do processo aponta as condições
climáticas, preocupando-se com o frio e o calor excessivo, e
circunstâncias de iluminação e conforto auditivo para o trabalhador;
c) Método de trabalho: essa fase tem por objetivo planejar o trabalho com
as devidas ferramentas disponíveis, a fim de reduzir os esforços na
realização das atividades do trabalho;
d) Organização do trabalho: é necessário o planejamento dos meios de
trabalho para se alcançar o objetivo esperado, ou seja, tecnologia,
maquinário, manutenção, matéria-prima, material, método, meio
ambiente e mão-de-obra, devem funcionar perfeitamente para não
sobrecarregar os colaboradores onde cada meio, tem a sua forma de
prejudicar na ergonomia das empresas, caso não funcione corretamente;
e) Ergonomia no projeto: por fim, é a fase mais avançada de implantação
da ergonomia, pois, fazendo a junção de todos os outros processos para
o aprimoramento das condições de trabalho, o profissional de ergonomia
realiza a análise dos impactos dessas condições de forma preventiva,
podendo ser avaliadas para refletir em benefícios ergonômicos para o
trabalhador.
7 Perigos ergonômicos
De acordo com Couto (2007), perigos ergonômicos são quaisquer
fatores que coloquem em risco a saúde física ou mental do colaborador em
decorrência da sua atividade desempenhada no ambiente de trabalho,
45
causando desconforto ou doença. Os perigos ergonômicos mais comuns em
ambientes de trabalho são:
a) esforço físico em excesso;
b) postura inadequada;
c) controle rígido de produtividade;
d) estresse;
e) jornada de trabalho longa;
f) repetitividade e rotina intensa.
Na maioria dos casos esses riscos ergonômicos podem contribuir para
distúrbios físicos e/ou psicológicos ao trabalhador, prejudicando assim a sua
saúde e gerando doenças tais como:
a) LER/DORT;
b) dores musculares;
c) hipertensão arterial;
d) alteração do sono;
e) ansiedade;
f) problemas de coluna.
São só algumas das doenças que podem ser adquiridas por ambientes
que não apresentam condições ergonômicas adequadas. Para que esses
perigos ergonômicos não comprometam a saúde do colaborador é necessário
a intervenção da ergonomia, proporcionando uma melhoria no ambiente de
trabalho para que a interação entre o homem e o ambiente de trabalho seja
feita de forma harmônica.
7.1 Tipos de perigos ergonômicos
Segundo Couto (2007) os perigos ergonômicos encontrados no
ambiente de trabalho podem ser classificados em cinco tipos:
a) Riscos de acidentes: Situação que deixa o colaborador vulnerável,
podendo afetar sua saúde física ou mental. Como por exemplo, incêndio,
acidente com máquina;
46
b) Riscos ergonômicos: Situações psicofisiológicas que afetem o
colaborador causando desconforto ou lesão afetando sua saúde, tais
como postura inadequada, esforço repetitivo, levantamento de peso;
c) Riscos físicos: Os perigos físicos são aquelas situações do ambiente
físico de trabalho da qual o colaborador fica exposto, por exemplo: ruído,
temperaturas extremas, radiação, vibração etc;
d) Riscos químicos: Situação em que substancias ou produtos que possam
penetrar no organismo do colaborador e afetar sua saúde, tais como:
poeiras, gases, vapor ou produtos químicos;
e) Ricos biológicos: Composto por qualquer tipo de bactéria, vírus,
parasitas dos quais o colaborador esta sujeito no desenvolvimento de
sua atividade de trabalho.
8 Relação da ergonomia com a gestão de pessoas
Signorini (1999, p.200) ressalta a importância das pessoas para o
processo produtivo, citando que "Qualquer componente do sistema produtivo
em algum momento precisou ou precisará das pessoas, pois o processo
produtivo é imprescindível e delas dependente." E completa dizendo que a
motivação do ser humano é fundamental para alcançar os resultados do
processo, pois impulsiona o individuo a atingir o objetivo pretendido. Chang
Júnior (1995) complementa que as pessoas satisfeitas com o seu trabalho,
raramente serão forçadas a trabalhar e se dedicar aquilo que está fazendo,
pois elas se dispõem a oferecer o melhor de si.
Jonash e Sommerlatte (2001) afirmam que a as empresas mais
avançadas investem em tecnologias para alcançar a vantagem competitiva e
se empenham em gerar um maior bem estar, disposição e motivação para os
seus colaboradores, tendo em troca a mão de obra, força de trabalho e
comprometimento dos mesmos.
Atualmente as empresas procuram investir em programas de Saúde e
Qualidade de Vida para melhorar o seu índice de absenteísmo, Couto (1987)
destaca que as empresas que dão uma atenção maior aos seus funcionários
tendem a ter índices de absenteísmo menores, diminuindo a ausência do
colaborador no trabalho.
47
Segundo Lima (2003), a maioria das empresas está alterando seus
conceitos com relação à atribuição da qualidade de vida do colaborador na
organização, ou seja, adaptando o seu ambiente de trabalho, diminuindo a
sobrecarga física e mental do funcionário, tornando fundamental a saúde e o
bem estar no trabalho.
8.1 Motivação humana
Chiavenato (2009) destaca que o capital financeiro, a tecnologia, os
maquinários, equipamentos e instalações não são os recursos mais
importantes da organização. O recurso fundamental e essencial para o sucesso
organizacional são as pessoas, pois nelas residem competências e habilidades
capazes de atingir os objetivos da empresa.
Na maioria das vezes o colaborador realiza uma atividade de trabalho a
fim de obter um retorno que satisfaça suas necessidades, ou seja, oferecendo
a sua mão de obra em troca de um salário, porém, se houver uma familiaridade
com a empresa, o colaborador trabalha por mais motivos além de uma
remuneração. Ele trabalha com o intuito de alcançar seus resultados
juntamente com os da organização, mas para isso, a empresa deve fornecer as
condições necessárias onde contribua com o bem estar do colaborador,
alinhando os seus objetivos para que sejam aproximados, buscando uma
melhor forma de adaptação do trabalho ao trabalhador, contribuindo para o
aumento da produtividade. O comportamento de cada pessoa relaciona-se
diretamente com suas técnicas e habilidades, exigindo também motivação para
trabalhar, impulsionando no melhor desempenho do colaborador.
(CHIAVENATO, 2003)
De acordo com Maslow apud BASTOS (2001), as pessoas têm suas
necessidades particulares, sendo desejos, ambições, objetivos individuais ou
motivos, impulsionando-as no seu melhor desempenho no trabalho. A teoria
das necessidades humanas parte do princípio, de que a motivação vem de
dentro de cada pessoa, o que ocorre externamente são estímulos para que
esta apareça.
Já Vroom (1997) destaca que o nível de produtividade está intimamente
ligado a motivação do colaborador, e segundo a teoria da expectativa o autor
48
demonstra que a motivação baseia-se em três pontos: Expectativas;
Recompensas; Relação entre expectativas e recompensas.
a) Expectativas: objetivos individuais que as pessoas buscam dentro da
empresa.
b) Recompensas: o colaborador passa a produzir mais desde que seus
objetivos individuais e suas recompensas estejam alinhados, tratando-se
da remuneração recebida a sua aceitação social pelo grupo de trabalho.
c) Relações entre expectativas e recompensas: a produtividade pode ser
influenciada através dessas relações desde que as recompensas
satisfaçam as expectativas e objetivos individuais do colaborador.
Figura 5: Teoria da Expectativa
Fonte: Vroom, 1997, p. 55
Desta maneira o nível de produtividade individual depende da inter-
relação desses fatores, conforme indicados na figura acima:
Os estudos de Maslow instigaram muitos autores em aprofundar sua
teoria, entre eles Frederick Herzberg, autor da Teoria dos Dois Fatores
(Motivação e Higiene), no qual alçava conceitos sobre o comportamento
humano no trabalho. Hezberg ressalta a sua hipótese da seguinte maneira:
"para a empresa, a vantagem do estudo das atitudes no trabalho seria o
aumento da produtividade, a diminuição do absenteísmo e melhores relações
de trabalho. Para o indivíduo, a compreensão das forças que elevam o moral
traria mais felicidade e auto realização". (COUTO, 2007).
Observando como um colaborador motivado se torna produtivo, é
49
necessário pensar o ambiente de trabalho de uma forma que o mesmo esteja
adaptado para o trabalhador, fornecendo bem-estar e qualidade de vida,
consequentemente um funcionário que possui um ambiente de trabalho
adequado sente-se valorizado que o motiva para alcançar os resultados
organizacionais, enfatizando assim a importância da ergonomia nas
organizações e como ela impacta na produtividade dos colaboradores.
(RIBEIRO, 2005).
9 Fatores ergonômicos ligados à produção que afetam a
produtividade
Existem alguns aspectos relacionados à ergonomia que afetam
diretamente a produtividade dos colaboradores, que acabam passando
despercebidos pelas organizações, mas acumulados causam extremos
problemas, como absenteísmo, doenças trabalhistas, desgaste entre outros.
(COUTO, 2007).
Para tanto existem as medidas ergonômicas que impedem ou diminuem
o impacto desses problemas na produção como destaca Veronesi (2008).
Couto (2007) citou em seu trabalho algumas das situações e medidas
utilizadas para adaptar a linha de produção ao colaborador proporcionando um
ambiente mais seguro e de qualidade para o mesmo, tais como:
a) Antropometria: estuda as medidas humanas e é muito importante para a
adequação do ser humano ao trabalho, a fim de evitar esforços
excessivos, dores e dificuldades na execução do trabalho, fatores que
podem interferir na produtividade, pois as diferentes dimensões de uma
pessoa se não forem utilizadas corretamente no planejamento das
atividades do trabalho podem tornar os movimentos mais lentos,
consequentemente menos produtivos;
b) Prevenção da sobrecarga do trabalho: é um fator ligado diretamente na
produtividade de uma empresa e nas condições favoráveis de trabalho
ao colaborador que se forem bem organizadas são muito eficientes,
porém se forem mal organizadas podem acarretar em grandes
problemas na produtividade, qualidade e lesões sobre os colaboradores;
50
c) Aumento da velocidade de esteira: o aumento da velocidade para
compensar atrasos de produção pode ocasionar em lesões e formação
de gargalos em determinado setor de montagem;
d) Qualidade de vida do trabalhador: problemas relacionados à qualidade
de vida no trabalho, especialmente a robotização do ser humano;
e) Pausas para reabilitação do corpo do trabalhador: em termos claros, em
operações de movimentação similar, em que o rodízio não significaria
nada além de outra função equivalente, as pausas são absolutamente
necessárias. Quando elas não ocorrem, elimina-se um dos mecanismos
de recuperação da integridade das estruturas.
De acordo com Veronesi (2008) essas ações ergonômicas baseiam-se
na situação do trabalho e buscam compreender o funcionamento da atividade
desempenhada e o seu reflexo tanto para o bem-estar do colaborador como
para o desempenho dele, buscando corrigir os possíveis perigos ergonômicos,
e consequentemente fazendo com que o colaborador desempenhe a suas
funções de uma forma mais segura e agradável, com isso ele se torna mais
produtivo e a organização ganha em produtividade.
Couto (2007) também destaca que os trabalhos em linhas de produção
foram o assunto das empresas de montagem ao longo do século XX e estes
estudos foram baseados em quatro ideias iniciais, que se mostraram altamente
eficazes no aumento da produtividade:
a) A esteira de produção, com eliminação da perda de tempo com a
movimentação, tanto do corpo, quanto das peças;
b) Trabalhador fixo numa só posição, com maximização da produção
individual através de movimentos automatizados;
c) Tempo pré-estabelecido para a execução da tarefa, com consequente
eliminação de tempos ociosos, e;
d) A produção em escala, com redução de custos disso decorrente.
O autor enfatiza ainda que a ergonomia aplicada em uma organização
gera retornos positivos à produtividade, pois após ser implantada ocorre a
redução do tempo de setup, aumento do tempo de disponibilidade do
equipamento para a produção, redução de defeitos e melhorias da qualidade,
além de uma série de ganhos com efetivo retorno financeiro (Tangíveis) e
51
qualidade de vida do trabalhador, tornando-o mais satisfeito com a empresa
(Intangíveis).
9.1 Fatores de organização do trabalho com impacto na ergonomia
De acordo com Couto (2007) o gestor com conhecimento na área em
que atua, nota as dificuldades encontradas pelo colaborador na empresa e
consequentemente nas atividades exercidas, mas, é necessário realizar uma
pesquisa exploratória de nível gerencial através de entrevista, para identificar
quais dos meios de trabalho interferem nas condições e desempenho do
colaborador.
Os meios de trabalho são organizados em 1 T e 7 M: tecnologia,
máquinas, manutenção, matéria-prima, material, método, meio ambiente e
mão-de-obra. Se ocorrer falhas em um desses métodos, consequentemente
acarretará em sobrecarga do trabalhador que não existiria caso a empresa
trabalhasse de maneira correta visando corrigir suas falhas operacionais.
Iida (2005) destaca que os colaboradores também devem participar junto
com a empresa na análise dos impactos ocupacionais e da organização do
trabalho, para encontrarem soluções ergonômicas que sejam cabíveis a
aplicação da empresa, melhorando as condições de trabalho sem prejudicar os
gestores.
Slack (1993) expõe a maneira adequada de organização do trabalho de
maneira que não afete nas condições do trabalhador e não exceda o limite da
tolerância humana. O aumento da velocidade do processo produtivo, não incide
somente no aumento da velocidade da esteira de produção, mas sim em
eliminar o tempo de processo que não agrega valor ao produto, simplificando
também as tomadas de decisões, tornando a tecnologia mais flexível,
reduzindo o tempo de troca e objetivando sempre a qualidade.
Para diminuir a sobrecarga do trabalhador e aumentar a produção
também é necessário ser pontual na data de entrega do produto final, sendo
feita na data zero (data da entrega) ou menor que zero (entrega antecipada),
porém, as empresas têm um grande problema com a falta de controle e
definição de estratégias, com isso, Slack (1993) discorre que o plano de
52
produção deve ser elaborado de forma que a empresa trabalhe com uma ligeira
folga.
Outro ponto importante é o investimento em tecnologias, pois além de
facilitar o desenvolvimento da produção também favorece as condições dos
trabalhadores, uma vez que ocorra a manutenção preventiva dos
equipamentos para evitar a quebra e mantê-los sempre em funcionamento.
53
CAPÍTULO III
A PESQUISA
1 INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje o colaborador passou a ser o maior ativo da
organização, deixando de ser apenas mão de obra ou uma ferramenta
substituível na engrenagem. O colaborador passou a ser valorizado e fazer
parte do todo da organização, logo proporcionar um ambiente de trabalho
funcional e confortável é o desafio das empresas atualmente, em decorrência
disso a ergonomia vem ganhando destaque, pois empresas que adotam ações
ergonômicas e possuem um ótimo ambiente de trabalho, formam funcionários
mais motivados e produtivos. Desta forma sua aplicação pode ser utilizada
para tornar a empresa mais produtiva e consequentemente mais competitiva.
(SANTOS [s.d]).
Para expor como a ergonomia influencia diretamente na produtividade
das organizações, através do aumento da qualidade de vida, segurança,
motivação do colaborador tornando-o mais produtivo e comprometido com o
desempenho de suas atividades, foi realizada uma pesquisa de campo na
Brasfort Calçados durante o período de fevereiro a outubro de 2017, com o
objetivo verificar a influência da ergonomia na produtividade empresarial. A
Brasfort Calçados é uma indústria voltada para a produção e comercialização
de calçados, atuando nos segmentos de calçados de segurança, e casuais.
Com sede na cidade de Guaiçara na Rua Marechal Deodoro, nº 22- CEP:
16430-000.
Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes métodos:
Método de observação sistemática: foram observados e analisados os
procedimentos ergonômicos utilizados pela empresa como suporte para
desenvolvimento do estudo de caso.
Método de estudo de caso: foi realizado um estudo de caso na Brasfort
Calçados de Guaiçara, analisando o seu processo produtivo e as ações
54
ergonômicas utilizadas, e como essas ações impactavam nos colaboradores.
Como a analise limitou-se a apenas uma organização caracteriza-se estudo de
caso como afirmou Vergara (2005).
As técnicas utilizadas na pesquisa foram:
Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)
Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B)
Roteiro de entrevistas com os colaboradores (Apêndice C)
Roteiro de Entrevistas com os gestores (Apêndice D)
1.1 Relato da pesquisa
Para realização da pesquisa e coleta dos dados foi realizado um
acompanhamento no processo produtivo da organização etapa por etapa,
analisando e verificando as ações ergonômicas adotadas pela organização, e a
coleta de informações foi feita através de fotos, gravações e um diário de
campo. E simultaneamente para verificar a influência dessas medidas
ergonômicas no colaborador e na organização foi realizada entrevistas com os
colaboradores e com os gestores da organização para observar quais impactos
a ergonomia trouxe para a empresa, atingindo assim, na pesquisa, todos os
agentes envolvidos no processo produtivo e ergonômico da empresa,
colaboradores, gestores, máquinas.
A atual pesquisa teve como fator limitante a análise dos dados obtidos,
não interferindo assim no processo de produção da fábrica e nas condições
ergonômicas ali oferecidas.
A empresa Brasfort Calçados, situa-se na cidade de Guaiçara, interior do
estado de São Paulo onde atua na produção de calçados EPI’S que é o
principal produto da organização. A empresa investe também paralelamente na
produção de uma linha de calçados casuais que ainda está em fase de teste,
os tênis Furoni.
A Brasfort Calçados apesar de ser uma empresa pequena, vem
ganhando consolidação na cidade de Guaiçara e sua marca já é conhecida
entre os munícipes, e através de parcerias no cenário nacional, como por
exemplo, com a BSB a empresa busca aumentar seu campo de atuação e
consolidação. Hoje a empresa conta com cerca de 18 funcionários na sua linha
55
de produção, atuando da melhor forma possível para fornecer os melhores
produtos para o mercado.
1.2 Influência da ergonomia na produtividade
A ergonomia deixou de ser apenas um estudo cientifico e passou a ser
mais abrangente, contribuindo com a melhora no ambiente de trabalho e
maximização da produtividade, através de modificações no ambiente de
trabalho para adequá-lo aos seus colaboradores. Os pontos em que a
ergonomia contribui para a empresa enfatiza sua necessidade dentro da
organização, com impactos na qualidade de vida do colaborador, motivação,
qualidade do produto, satisfação do funcionário, além de reflexos diretos na
produção como redução de fadiga, absenteísmo, doenças ocupacionais, e
diminuição dos riscos de acidentes de trabalho. Pode-se observar que a
ergonomia tem influencia direta e indireta sobre a produtividade organizacional,
e se utilizada de maneira estratégica pode tornar a empresa mais competitiva
diante do mercado onde ela está inserida.
Silva et al. (2009) complementa que com as organizações se tornando
mais estratégicas, a visão do processo produtivo foi moldada, e atualmente
para que o mesmo funcione é necessária a participação e colaboração de
todos os envolvidos, o que enfatiza ainda mais a importância das condições de
trabalho oferecida pelas empresas e a importância da ergonomia, pois as
condições do ambiente de trabalho está essencialmente relacionado ao modo
como o colaborador desempenha suas atividades, e com sua saúde.
Em uma organização que oferece um ambiente de trabalho agradável,
com segurança e bem-estar o colaborador será mais produtivo, e quando
ocorrer o contrário, a empresa sofrerá com queda na produtividade,
absenteísmo e colaboradores desmotivados, tornando a ergonomia fator
decisivo na busca por um aumento da produtividade.
2 Processo produtivo
Atualmente o processo de fabricação da Brasfort Calçados é dividido em
duas etapas, sendo elas: corte e preparo do couro; e o corte e preparo do
56
aviamento, para que posteriormente o calçado siga para as próximas etapas,
como preparação, montagem entre outros.
Apesar da utilização de máquinas, o processo de produção exige que a
todo o momento um colaborador esteja fazendo esforços manuais ou
manuseando as máquinas.
Para entender melhor o processo produtivo da empresa, a figura 6
apresenta seu fluxograma do processo produtivo.
Figura 6: Fluxograma do processo produtivo.
Fonte: elaborado pelos autores, (2017)
57
2.1 Corte couro e aviamento
Para iniciar o processo, a matéria-prima sai do estoque e é direcionada
para o setor de corte do couro, na máquina Balancim onde é realizado o corte,
que será utilizado na produção do lote de caçados.
Figura 7: Corte do couro
Fonte: Brasfort, 2017
Posteriormente as peças são encaminhadas para a Chanfradeira, onde
são cortadas.
Após passar pela chanfradeira, as peças seguirão para a máquina ZIG,
para ser colocada uma espécie de acabamento na gáspea (parte da frente do
calçado) e a junção do couro com o aviamento.
Fonte: Brasfort, 2017
Figura 8: Chanfradeira
58
O corte do aviamento, ou seja, a forração, elástico, espumas, dorso e
palmilhas internas e de acabamento segue o mesmo processo do corte do
couro passando pelas máquinas anteriormente citadas, ou seja, Chanfradeira e
Zig.
Foi observado que no setor de corte a maioria das atividades
desempenhadas exige um alto grau de movimentação dos membros
superiores, além de algumas máquinas exigirem que o colaborador fique em
pé, como é o caso do balancim proporcionando um maior desgaste físico. O
fator ruído também interfere no bom desempenho do colaborador para a
realização da atividade, causando o cansaço mental de forma mais rápida e
tornando o ambiente mais estressante. Para minimizar o impacto dos ruídos a
empresa fornece protetores auditivos para serem utilizados no momento da
execução da tarefa.
Em contrapartida atividades menores como pequenos ajustes nas peças
permitem uma alternância na postura do colaborador. Foi verificado que para
atividades que exigem que o colaborador fique em pé ou numa situação de
movimentações repetitivos, há uma troca de funções entre os funcionários das
máquinas operadas, para que ocorra uma mudança na postura e nos
movimentos, permitindo assim que o colaborador não se sinta fadigado.
Os funcionários que trabalham nessas máquinas acima citadas
alternam-se no desenvolvimento das atividades, com isso, os colaboradores
não ficam exaustos devido ao movimento repetitivo, foi observado também que
com essa troca de funções os colaboradores conseguem manter uma alta
eficiência não comprometendo o decorrer do processo produtivo evitando
assim que este processo se torne um gargalo, os funcionários alternam-se em
tempos pré-estabelecidos para que não comprometa o funcionamento do
processo como um todo.
2.2 Setor de preparação
Após os processos anteriores as peças de couro e aviamento são
encaminhadas para o setor de preparação onde é realizada a aplicação da cola
e junção das partes.
59
Figura 9: Preparação
Fonte: Brasfort, 2017
Seguindo posteriormente para o pesponto que é onde é realizada a
costura e montagem do cabedal (parte superior do calçado).
Nessa etapa do processo produtivo que envolve atividades de costura e
preparação, foram observadas características como; motricidade fina
(capacidade de realizar movimentos com maior facilidade) e acuidade visual
(habilidade de identificação das formas e detalhes dos objetos), além do
acionamento de máquinas por pedal.
Exigindo assim que os colaboradores operem a máquina sentado, o que
pode deixar o funcionário desconfortável após um tempo em decorrência de
estar na mesma postura por muito tempo.
Figura 10: Pesponto
Fonte: Brasfort, 2017
60
Nessa etapa, foi observado que para diminuir esses impactos, ocorre
uma troca de funções entre as funcionarias deste setor para que possa evitar a
fadiga e o desconforto, elas alternam entre si nas atividades desempenhadas
que é colagem, costura e montagem do cabedal, considerando que essas
atividades exigem extrema atenção por conter muitos detalhes, após se passar
um tempo o colaborador começa a acumular cansaço nas mãos e olhos, além
do desconforto. Alterando as funções o colaborador alterna seu ritmo no
desenvolvimento da atividade o que o permite recuperar-se da desempenhada
anteriormente.
As cadeiras utilizadas também possuem pés fixos para evitar que fique
se movimentando e colocando o colaborador em posições desagradáveis e que
prejudiquem sua coluna. Com as cadeiras fixas e na altura ideal para o
desempenho da atividade os funcionários podem manter uma postura
adequada no momento da atividade de trabalho.
2.3 Setor de Revisão e Carimbo
Após a costura e montagem do cabedal, o calçado segue para a revisão,
onde é verificado se há algum defeito no sapato e é realizada a limpeza para
que se possa seguir para o processo seguinte, que é o carimbo. Nessa etapa,
o calçado recebe o carimbo do certificado de aprovação que tem como
finalidade registrar e certificar que o calçado pode ser utilizado como
equipamento de proteção individual (EPI).
No processo de revisão e carimbo o mesmo colaborador realiza os dois
processos para que não fique preso em movimentos repetitivos, constituindo
assim em posturas alternadas prevenindo de doenças como o LER, por
exemplo. Como esta etapa exige menos fisicamente do funcionário e é
executada em um tempo menor, ele pode revezar entre carimbar e efetuar a
revisão dos pares de calçados.
Para aumentar o conforto e evitar maior desgaste o colaborador que
aplica o Certificado de Aprovação (CA), tem uma cadeira para trabalhar
sentado, entretanto, desempenha outras funções simultâneas, que podem
facilitar na sua movimentação, mas haverá o aumento do cansaço físico.
61
Para evitar que este colaborador tenha um acúmulo de cansaço e por
essa etapa ser mais ágil o mesmo pode fazer paradas curtas e regulares para
descanso que não comprometem o desempenho do processo.
Figura 11: Revisão
Fonte: Brasfort, 2017
2.4 Estrobel
A seguir, o processo segue para o Setor Estrobel, onde ocorre a
inserção da palmilha interna e acabamento na máquina Estrobeladora (faz a
costura da palmilha no cabedal).
Figura 12: Estrobel
Fonte: Brasfort, 2017
62
Este processo é realizado sentado com os braços na altura do peito para
aumentar o conforto do colaborador, exigindo também a movimentação dos
membros superiores do colaborador a todo instante mesmo ocupando uma
posição consideravelmente confortável.
Foi observado que na Estrobeladora o processo exige acuidade e
sutileza para não ocorrer erros na hora da costura, e para tanto, exige um alto
grau de movimentação dos membros superiores, que se feitos de forma errada
pode prejudicar o colaborador fisicamente. Para tanto o colaborador que
trabalha nesta célula é instruído a fazer os movimentos de uma forma que se
torne menos prejudicial para a sua saúde, não existe uma sequência de
movimentos padronizados formalmente pela empresa, porém no momento de
treinamento são passadas as orientações para os funcionários.
2.5 Montagem
Neste procedimento, o calçado é enformado para a aplicação da
biqueira, a preparação do solado e do cabedal, sendo ele lixado e riscado. É,
então, aplicada a cola no solado e no cabedal, colocando-os separadamente
na Estufa.
Após a retirada da estufa ocorre o encaixe da sola no cabedal, onde o
calçado é inserido na máquina de Prensa para aderir a sola ao cabedal.
Figura 13: Aplicação da biqueira
Fonte: Brasfort, 2017
63
Figura 14: Lixadeira
Fonte: Brasfort, 2017
Figura 15: Aplicação da cola
Fonte: Brasfort, 2017
No Setor de Montagem, a predominância das máquinas é para o
trabalho com a postura em pé, e para a realização dessas atividades a
empresa proporciona o rodízio de função para facilitar a alternância na
realização das atividades, divididas da seguinte forma:
a) atividades com ampla movimentação de membros superiores (em pé);
b) atividades com uso de força muscular (em pé);
c) atividades com motricidade fina e pouca movimentação (alternado).
Nesta etapa foi observado que a maioria das atividades exige certo grau
de atenção por envolver máquinas que proporcionam maiores riscos de
64
acidentes, para minimizar esses riscos a empresa fornece equipamentos como
luvas e óculos de proteção para o desenvolvimento da atividade, além do
rodizio de funções que minimiza o cansaço do colaborador.
2.6 Costura lateral
A Costura Lateral é realizada manualmente na blaqueadeira onde o
colaborador desenvolve suas atividades sentadas para que não ocorram fadiga
e dores na coluna e pernas, mas o colaborador também pode desempenhar
suas funções em pé, para que não fique muito tempo na mesma postura, logo
o colaborador alterna, entre estar sentado e em pé, ficando sempre em uma
posição confortável para o desempenho de suas atividades.
Figura 16: Costura Lateral
Fonte: Brasfort, 2017
Foi observado nesta etapa que suas atividades possuem motricidade
fina, o que exige maior destreza do colaborador no desempenho das
atividades, também foi constatado que a movimentações padronizadas
adotadas pelos colaboradores para aumentar a eficiência e o conforto no
momento do desempenho das atividades.
65
2.7 Acabamento
No Setor Acabamento, o calçado passa mais uma vez por revisão de
qualidade, onde se faz a limpeza e inserção da palmilha de acabamento e
finalmente é empacotado e encaminhado para a expedição.
Figura 17: Acabamento
Fonte: Brasfort, 2017
Nesse setor observou-se que é um trabalho mais leve, e que quando a
produção aumenta pode ser realizado por dois funcionários para não
sobrecarregar, onde o primeiro faz a revisão e limpeza e o outro empacota e
leva para a expedição, alternando as atividades para que não prejudique o
colaborador.
Com a observação foi constatado que essa etapa é a que oferece o
menor grau de risco ergonômico, e que no caso de um aumento considerável
da produção ou um acúmulo de serviço, a atividade sendo realizada por dois
colaboradores, oferece uma minimização no desgaste físico do funcionário.
3 Perspectivas dos colaboradores com relação à ergonomia
66
A pesquisa realizada com os funcionários da Brasfort calçados, com
base nos dados coletados através dos questionários desenvolvidos, foi
observado, que os colaboradores possuem um conhecimento superficial sobre
o que é a ergonomia, e que a maioria não havia pensado na relação das
medidas ergonômicas com o seu desempenho no trabalho.
Em contrapartida os colaboradores afirmaram que se a organização
proporcionar um ambiente de trabalho adequado e agradável ele irá trabalhar
mais motivado e consequentemente tornando-se mais produtivo para a
organização e que medidas ergonômicas adotadas pela empresa como troca
de funções para evitar fadiga, alternância nas posturas, fornecer cadeiras para
que as atividades não sejam desempenhadas em pé faz com que além de
evitar o afastamento por doenças ocupacionais os funcionários se sintam
valorizados e procurem fazer o seu melhor na empresa.
3.1 Perspectivas dos gestores com relação à ergonomia
A pesquisa realizada com os gestores da Brasfort Calçados
proporcionou verificar que mesmo a empresa não possuindo um ergonomista
responsável, e não ter um número consideravelmente alto de funcionários, a
organização compreende a importância de fornecer um ambiente de trabalho
adequado para os colaboradores.
E que oferecer condições ergonômicas como forma de prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais, além de aumentar a qualidade de vida do
colaborador influencia sim de forma positiva na produtividade da organização,
porque os funcionários estarão mais motivados e dispostos a desempenhar as
suas atividades da melhor maneira possível.
Os gestores demonstraram também conhecimento de que a ergonomia
pode ser adotada como uma estratégia para tornar a organização mais
competitiva pelo fato de auxiliar na redução de acidentes, absenteísmo, e
insatisfação no trabalho, entretanto eles consideram o custo para a
implementação de um plano ergonômico alto para a realidade do mercado e da
organização relatada.
67
4 Resultados e discussões da pesquisa
A proposta de pesquisa procura demonstrar como a ergonomia
influencia na produtividade de uma organização, através do aumento da
qualidade de vida e motivação do colaborador, pois proporcionando um
ambiente de trabalho mais agradável, seguro e funcional o colaborador vai se
sentir valorizado e em decorrência disso poderá aumentará sua produtividade,
pois como demonstrou Maximiano (2004) o desempenho produtivo das
organizações tem uma relação maior com o comportamento do colaborador do
que com o processo produtivo, complementado por Vroom (1997) que afirmou
em seu trabalho que o nível de produtividade está diretamente ligado com o
nível de motivação dos colaboradores.
Com a pesquisa realizada constatou-se que a fábrica de calçados
Brasfort, apesar de ser uma microempresa se preocupa em fornecer condições
adequadas de trabalho para os seus funcionários, através de medidas
ergonômicas aparentemente simples, mas que melhoram a qualidade da
atividade desempenhada e prevenindo doenças ocupacionais e até acidentes
no trabalho.
O estudo foi complementado com questionários realizados com os
colaboradores e gestores da organização, para observar seus pontos de vistas
como as ações ergonômicas influenciavam no desempenho de suas atividades.
Através desses questionários foi conseguido resultados positivos, pois ficou
constatado que os colaboradores e gestores consideram importante um
ambiente de trabalho adequado, que os protejam de acidentes, e doenças
ocupacionais.
E que essas medidas, também afetam diretamente no desempenho de
suas funções, em decorrência de que com as medidas ergonômicas a tarefa a
ser desempenhada se torna mais funcional e menos cansativa, fazendo com
que aumente a qualidade do serviço e o desempenho do colaborador.
As análises das informações demonstraram também a importância da
ergonomia dentro da fábrica, pois apesar de ter inúmeras máquinas que
automatizam o processo produtivo, uma boa parte ainda é manual o que torna
os riscos de doenças ocupacionais ainda mais presentes.
68
Foi observado também que a organização oferece todos os
equipamentos de proteção individuais (EPI’s) necessários para o desempenho
das atividades, para que o colaborador não seja lesado, equipamentos esses
como óculos, protetor auditivos, luvas, botas entre outros.
Através da pesquisa realizada na empresa pode-se verificar como a
ergonomia ajuda na organização, através dessas simples medidas adotadas
pela empresa no seu processo produtivo, conseguiu-se reduzir os riscos
ergonômicos presentes, além de prevenir doenças ocupacionais e acidentes, o
que diminui a rotatividade dos colaborares em decorrência do baixo índice de
absenteísmo da empresa.
Foi observado que essas medidas ergonômicas proporcionam um
ambiente de trabalho mais seguro e confortável, e isso reflete na satisfação dos
colaboradores, e no aumento de sua qualidade de vida, considerando que a
QVT é construída através de ações realizadas para melhorar as condições e
organização do trabalho e de uma forma externa atendendo da melhor forma
possível às necessidades de saúde, segurança do colaborador, demonstrado
por Iida (2005), onde ele demonstra que empresas que possuem condições
ergonômicas possuem um melhor ambiente de trabalho e consequentemente
seus colaboradores possuem um aumento da QVT.
Consequentemente um colaborador que obtém um aumento na sua
qualidade de vida poderá se tornar mais satisfeito e motivado desempenhando
assim suas atividades da melhor forma possível, chegando então ao ponto
principal, um aumento da produtividade. Com essas medidas ergonômicas, a
empresa consegue se tornar mais eficiente, apenas otimizando o processo, e
os colaboradores vão estar mais motivados e sentindo-se parte das soluções
da empresa logo, as suas funções serão desempenhadas de forma eximia
refletindo assim diretamente na produtividade da organização. Como citado por
Chiavenato (2003) que quando a empresa oferece melhores condições, além
da remuneração, o colaborador se sente parte do processo e adquiri uma
familiaridade com a organização o que impulsiona o seu desempenho e com
isso a organização ganha em produtividade.
Com os resultados obtidos constatou-se que o objetivo principal da
pesquisa foi atingido, e que a pergunta problema foi respondida, pois foi
observado que a ergonomia influencia direta e indiretamente na produtividade
69
dos colaboradores, e que organizações que oferecem condições ergonômicas
adequadas para os seus colaboradores possuem funcionários mais motivados
e produtivos.
Com a pesquisa, foi possível verificar o confronto da teoria com a prática
e observar que a empresa busca desenvolver técnicas e medidas
demonstradas por autores em seus livros sobre ergonomia.
Enfatiza-se que apesar da proposta da pesquisa ter sido alcançada, o
assunto é muito amplo e difuso e ainda há inúmeros campos dentro da
ergonomia a serem estudados, e que novos acadêmicos podem estudá-lo e
aprofundar-se ainda mais no assunto.
4.1 Parecer final
Após a pesquisa realizada na Brasfort Calçados constatou-se que a
empresa possui no seu processo produtivo as condições ergonômicas para
tornar o ambiente de trabalho mais seguro e adaptado aos seus colaboradores.
Foi verificado também que a presença da ergonomia no ambiente de
trabalho tem um reflexo positivo no colaborador, com a organização oferecendo
um ambiente que proporciona segurança e bem estar, o colaborador tem um
aumento na sua motivação e como consequência torna-se mais produtivo.
Logo diante da pesquisa foi observado que a ergonomia trás resultados
positivos para a organização, e mesmo sendo uma empresa pequena foi
possível notar a influencia da ergonomia na produtividade do processo.
Por fim observou-se que a ergonomia não trás apenas benefícios para
os colaboradores a organização também ganha em termos de produtividade e
eficiência com condições ergonômicas presentes no processo produtivo,
fazendo com que a organização possa se tornar mais competitiva perante o
cenário mercadológico.
70
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Após a coleta de dados e pesquisa de campo realizada, os resultados
definem que o processo operacional de fabricação de calçados ocorre de forma
repetitiva e mecânica, podendo acarretar em uma série de lesões musculares e
doenças ocupacionais causando consequentemente o alto índice de
absenteísmo que é cada vez mais constatado atualmente nas empresas.
A Brasfort calçados revelou resultados positivos com relação a medidas
ergonômicas na empresa, pois indiretamente já se encontrava fatores
ergonômicos implementados na empresa, como: altura e posicionamento das
mesas, fornecimento de Epi's e Epc's, posicionamento das máquinas, funções
de acordo com os limites físicos, redução do esforço físico, revezamento de
função, iluminação adequada, planejamento de prazos e jornada de trabalho
correta. O clima organizacional e relacionamento entre liderança e
colaboradores também contribui para a ergonomia da empresa, onde os
colaboradores tem a liberdade de se expressar sobre pontos que possam ser
melhorados na sua atividade.
Analisando a seguinte pesquisa, considera-se a ergonomia como fator
essencial nas organizações, tornando-se uma vantagem perante as suas
concorrentes por impulsionar diretamente na produtividade da empresa,
contudo, a Brasfort calçados pode aperfeiçoar alguns aspectos encontrados e
incrementar o que consideramos ausentes na fábrica, sugerindo-se como
proposta de melhoria:
a) Desenvolver um planejamento de ginástica laboral com exercícios
variados durante 10 minutos antes de começar a produção, intercalando
diariamente com Diálogos Diários de Segurança, para a prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais dentro da empresa;
b) Implementar uma caixa de sugestões para que os funcionários possam
expor medidas de melhoria tanto para a empresa quanto para a função
em que ele exerce, facilitando a busca por soluções, referindo-se a
satisfação do colaborador;
c) Automatizar máquinas e equipamentos a longo prazo a fim de contribuir
para a redução da repetitividade dos movimentos e das atividades
71
laborais que possam provocar fadiga e desgaste, tanto físico quanto
psicológico, dos colaboradores;
d) Melhorar a postura de quem precisa trabalhar sentado e realiza
movimentos repetitivos em pé, de acordo com as normas ergonômicas,
envolvendo o interesse dos colaboradores, estimulando-os a trabalhar
na postura correta;
e) Adequação e organização do posto de trabalho, para que as posturas
constrangedoras sejam minimizadas e não ocorra nenhum acidente,
trazendo conforto para o colaborador;
f) Promover treinamentos internos, a fim de estimular o desenvolvimento
correto das funções, evitando lesões e acidentes de trabalho de forma
que contribua para a produtividade da empresa consequentemente
aumentando o desempenho do colaborador.
g) Contratar uma consultoria com ergonomistas qualificados, para propor
melhorias no processo produtivo da fábrica. Define-se este planejamento
para longo prazo, num momento oportuno e de maior demanda na
empresa, pois o custo atualmente é inviável para a organização.
72
CONCLUSÃO
Após o desenvolvimento da pesquisa ficou constatado, que a ergonomia
tem uma grande importância e relaciona-se diretamente com a produtividade
das organizações. Em decorrência de que as medidas ergonômicas
possibilitam um ambiente de trabalho mais seguro, e confortável, adaptado ao
colaborador, o que proporciona maior bem estar ao colaborador, e
consequentemente o torna mais motivado e produtivo, além de prevenir
doenças ocupacionais e reduzir acidentes no trabalho, o que faz com que o
índice de absenteísmo da organização diminua proporcionando assim retornos
positivos para a mesma.
Foi observado nessa pesquisa que o esforço físico e repetitivo do
colaborador torna o processo mais demorado, pois com o passar do tempo o
ritmo dos trabalhadores diminuem. Ou seja, a ergonomia nas indústrias tornou-
se uma necessidade, com foco no bem-estar do colaborador ela consegue
trazer resultados positivos para a organização, pois melhora as condições de
trabalho para os colaboradores, aumenta a flexibilidade no processo produtivo,
a qualidade dos produtos e possibilita a redução de desperdícios.
Com os dados adquiridos na pesquisa, percebe-se que a produtividade
passou a ser um diferencial competitivo nas empresas e para alcançá-lo há
uma grande dependência da mão-de-obra dos colaboradores. Essa adequação
do ambiente de trabalho, permite a redução de custos e a melhora da saúde do
trabalhador e consequentemente o aumento da produtividade, proporcionando
o bem-estar e motivação dos colaboradores.
Com a implantação e a preocupação da empresa com a ergonomia, faz
com que a mesma consiga redução dos acidentes de trabalho, redução dos
custos decorrentes de incapacidade dos trabalhadores, aumento da produção,
melhoramento da qualidade do trabalhador, diminuição do absenteísmo,
aplicação das normas existentes, diminuição das perdas de matéria-prima,
entre outros.
Portanto conclui-se que a ergonomia trás benefícios para a organização
quando implementada de forma assertiva, e que suas medidas influenciam na
produtividade de uma organização, beneficiando tanto os colaboradores quanto
73
a empresa, sendo assim o objetivo deste trabalho foi atingido com êxito,
demonstrando a importância da ergonomia dentro das organizações.
O assunto abordado nesta monografia é bem amplo e com diversas
abordagens, o que possibilita que novos acadêmicos utilizem-no para
aprofundá-lo e redirecioná-lo.
74
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79
APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso
1 INTRODUÇÃO
Será realizado um levantamento de dados sobre a ergonomia na
empresa Brasfort Calçados, com a finalidade de observar a sua influencia na
produtividade da empresa.
1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado
As informações serão obtidas a partir de questionários feitos com
os colaboradores e gestores da empresa.
1.2 Discussão
Após a pesquisa ser realizada será feito um confronto entre o
referencial teórico estudado nos primeiros capítulos e a prática utilizada pela
empresa estudada.
1.3 Parecer Final
Parecer final sobre o caso e uma proposta de intervenção para
possíveis melhorias.
80
APÊNDICE B- Roteiro de Observação Sistemática
I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa: Brasfort Calçados
Cidade: Guaiçara Estado: São Paulo
Atividade: Industria de Calçados
II ASPECTO A SEREM OBSERVADOS
1 Histórico da Empresa
2 Ergonomia.
3 A relação da ergonomia com a produtividade.
4 Métodos ergonômicos utilizados.
5 Melhores condições ergonômicas deixam os colaboradores mais
motivados.
81
APÊNDICE C – Questionário colaboradores da empresa
I IDENTIFICAÇÃO
Nome: ____________________________________________________
Cargo, funções: ____________________________________________
Escolaridade: ______________________________________________
Experiências: ______________________________________________
Residência/ Local: __________________________________________
II PERGUNTAS
1 O que você acha do serviço que você realiza?
____________________________________________________________
2 Qual a importância da ergonomia como um fator de alavancagem na
produtividade empresarial?
____________________________________________________________
3 Quais ferramentas utilizadas pela empresa no processo de ergonomia?
____________________________________________________________
4 Como a ergonomia influencia na produtividade empresarial?
____________________________________________________________
5 Qual a relação da ergonomia com a produção?
____________________________________________________________
6 Quais os benefícios que a ergonomia trás na produtividade de uma
empresa?
____________________________________________________________
7 A qualidade de vida do funcionário influencia na sua produtividade?
82
____________________________________________________________
7.1 Se sim como??
____________________________________________________________
83
APÊNDICE D- Questionário para os gestores da empresa
I IDENTIFICAÇÃO
Nome: ____________________________________________________
Cargo, funções: ____________________________________________
Escolaridade: ______________________________________________
Experiências: ______________________________________________
Residência/ Local: __________________________________________
II PERGUNTAS.
1. Qual o seu setor de trabalho?
____________________________________________________________
2. O que você entende por ergonomia?
____________________________________________________________
3. Em sua opinião a ergonomia afeta a produtividade da empresa?
____________________________________________________________
3.1 Se sim, como?
____________________________________________________________
3.2 Se não, por quê?
____________________________________________________________
4. No seu setor, você enxerga condições ergonômicas?
____________________________________________________________
4.1 Quais?
____________________________________________________________
84
5. Qual a importância da ergonomia como um fator de alavancagem na
produtividade empresarial?
____________________________________________________________
6. Quais ferramentas utilizadas pela empresa no processo de ergonomia?
____________________________________________________________
7. Como a ergonomia influencia na produtividade empresarial?
____________________________________________________________
8. Qual a relação da ergonomia com a produção?
____________________________________________________________
9. Quais os benefícios que a ergonomia trás na produtividade de uma
empresa?
____________________________________________________________
10. Em sua opinião, é responsabilidade da empresa fornecer condições
ergonômicas para o colaborador?
____________________________________________________________
10.1 Por quê?
____________________________________________________________
11. Como a segurança do trabalho influencia na produtividade da empresa e
no bem-estar do colaborador?
____________________________________________________________