saf - sistema agroidustrial florestal
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Trabalho apresentado a faculdade de ciencias sociais e agrarias de itapeva na materia de agronegociosTRANSCRIPT
SAF – SISTEMA AGROINDUSTRIAL FLORESTAL: ESTUDO DE
CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR FLORESTAL
JÚNIOR, Vanderlei Aparecido Santos R.A. 21.425.
RODRIGUES, Igor Fernando R.A. 21.458.
CAMARGO, Matheus Valter Castilho R.A. 21.445.
TAVARES, Rodrigo da Cunha R.A. 21.720.
MACARRONI, Marcos Vinicius de Assis R.A. 21.515.
Alunos do 6º período do curso de Administração Faculdades de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva – FAIT
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo analisar, investigar e conhecer quais são e como
funcionam os processos do método SAF – Sistema Agroindustrial Florestal, se baseando em uma
empresa do setor florestal, o qual se situa no segundo grupo de empresas do SAF. Para
complementar o estudo, foi aplicado um questionário a um colaborador da empresa responsável pela
coordenação de processos para aquisição da certificação florestal FSC.
Palavras-chave: Sistema, Agroindustrial, Florestal, FSC.
AFS - AGROINDUSTRIAL FOREST SYSTEM: A CASE
STUDY COMPANY FOREST
ABSTRACT
This study aims to analyze, investigate and know what they are and how the processes of the
AFS method - Agroindustrial Forest System, based on a company in the forest sector, which is located
on the second group of SAF companies. To complement the study, a questionnaire was administered
to an employee of the company responsible for the coordination process for the acquisition of FSC
forest certification.
Keywords: System, Agribusiness, Forest, FSC.
1- INTRODUÇÃO
O SAF – SISTEMA AGROINDUSTRIAL FLORESTAL é um conjunto de todas
as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos insumos
agropecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até o
processamento, distribuição e consumo dos produtos agropecuários “in natura” ou
industrializados.
Deste modo, segundo Bacha (2011), fazem parte do SAF os seguintes
conjuntos de atividades:
� Indústrias que elaboram insumos a serem utilizados na extração vegetal e na
silvicultura (como as indústrias de tratores, equipamentos, defensivos e
fertilizantes), as empresas que comercializam esses produtos a
estabelecimentos silvicultores e de extração vegetal;
� Estabelecimentos silvicultores e de extração vegetal;
� Indústrias que realizam a primeira transformação industrial da madeira ou do
carvão vegetal, caso de empresas siderúrgicas, de processamento mecânico
da madeira (serrarias, fábricas de lâminas, compensados e chapas de fibras)
e do setor de celulose e papel;
� Indústrias que realizam a transformação de produtos elaborados a partir da
madeira (empresas moveleiras, gráfica e editoração, empresas de
embalagens, por exemplo) ou distribuem os produtos o conjunto dos
segmentos acima mencionados.
A figura 1 ilustra os componentes do SAF.
Figura 1 - SISTEMA AGROINDUSTRIAL FLORESTAL.
2- APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ESCOLHIDA PARA O ESTUDO DE
CASO.
Escolhemos a empresa Sengés Florestadora e Agrícola Ltda. (SFAL) para
obtermos informações acerca do método SAF. A empresa analisada atua no setor
florestal com maior concentração de áreas na região nordeste do estado do Paraná,
nos Municípios de Sengés, Jaguariaíva e Doutor Ulysses. A SFAL vem atuando
nesse mercado desde o ano de 1985 para abastecimento da unidade industrial do
grupo, a empresa Sengés Papel e Celulose Ltda. (SPCL), servindo como base
florestal ao processo de fabricação de Celulose de Fibra Longa e Papel Kraft.
3- PROCESSOS DE PRODUÇÃO DA MADEIRA
Explicando de uma forma mais enxuta os principais passos do processo do
cultivo da madeira de Pinus e Eucalyptus; inicia-se da seguinte forma:
1. A SFAL adquire de várias empresas, insumos como: adubos,
defensivos, sementes de Pinus e Eucalyptus, implementos que são
instalados nas máquinas que são usadas no plantio ou no corte de
madeira. Uma empresa que se destaca é a empresa BELAGRÍCOLA
da cidade de Itapeva-SP, que fornece adubos e defensivos.
2. Em seguida, a SFAL faz preparação da terra;
3. O cultivo das mudas;
4. O plantio das árvores;
5. O controle das florestas;
6. Então, a SFAL faz o corte e a remoção da madeira; nesse ponto, de
acordo com o diâmetro da madeira já se sabe para qual cliente será
enviada tal madeira. Além de abastecer a empresa SPCL com toretes
de Pinus, a SFAL tem vários clientes, um dos que destacam pela longa
parceria, está à empresa MADGON.
7. Para o transporte da madeira, são contratadas transportadoras da
região ou o próprio cliente retira a madeira no campo;
8. Após a extração da madeira, a terra é preparada novamente;
4- MANEJO ADOTADO PELA SFAL
Os objetivos do manejo adotados da SFAL são:
• Produzir toretes de Pinus e Eucalyptus para consumo próprio e toras para
comercialização na região onde a empresa está inserida, contribuindo para o
desenvolvimento regional;
• Planejar, implantar e conduzir plantios florestais em regime de manejo
sustentável para garantir a continuidade do negócio no longo prazo, atuando sob a
ótica da responsabilidade socioambiental;
• Desenvolver e aprimorar técnicas de silviculturas de modo a maximizar o
rendimento das florestas e minimizar possíveis impactos ambientais; adotando a
abordagem da precaução em relação à conservação da natureza;
• Buscar o uso múltiplo dos recursos florestais para obter o máximo
aproveitamento da produção florestal.
5- QUESTIONÁRIO SOBRE A CERTIFICAÇÃO FSC
Para melhor atender seus clientes internos e externos, para melhorar a
qualidade de vida da sociedade da região em que a empresa está inserida; e para
oferecer um produto com ótima procedência e qualidade; a empresa SFAL está
buscando a certificação FSC. Assim, aproveitamos a ocasião para pesquisar mais
sobre como a busca pela certificação FSC afeta o SAF.
Entrevistamos o Responsável pelo Plano de Manejo da empresa SFAL:
Súlivan Sinval Bernardon:
� Qual o foi o principal motivo para buscar a certificação FSC?
A certificação FSC é hoje o selo verde mais difundido no mundo e está
presente em mais de 80 países.
A cadeia produtiva florestal junto à globalização do mercado madeireiro e de
derivados de madeiras, bem como o consumo predatório das florestas ao redor do
mundo, fez com que os consumidores passassem a buscar fontes seguras para
estas matérias primas e produtos. Com base nesta demanda e preocupação, a
certificação florestal se tornou um instrumento importante para as empresas lícitas
diferenciarem seus produtos daqueles explorados de forma prejudicial ao meio
ambiente à sociedade como um todo. Desta forma a certificação FSC passou a ser
um passaporte para os mercados mais exigentes, podendo ser considerado como
um tipo de barreira não tarifária. Para o segmento de mercado “papel para
embalagens” este selo é especialmente importante, pois as grandes marcas
consumidoras de embalagens levam aos seus consumidores a marca FSC como
sinônimo de responsabilidade e preocupação com as questões ambientais e sociais,
agregando valor à marca.
� Descreva como e quais são as etapas do processo para conseguir a
certificação FSC? Desde a solicitação para a certificadora até conseguir a
certificação.
Qualquer empresa florestal pequena ou grande, produtora de florestas
homogêneas ou manejo de florestas nativas pode obter a certificação do Manejo
Florestal FSC. Para o caso de empresas reflorestadoras ou produtoras de florestas
de Pinus ou Eucalipto o processo de Certificação do Manejo Florestal FSC se inicia
oficialmente através da contratação de uma certificadora FSC credenciada e atuante
no País para realização de auditoria de verificação. No ambiente corporativo a
certificação se inicia através da implantação do padrão FSC-STD-BRA-01-2014
vigente para Avaliação de Plantações Florestais na República Federativa do Brasil:
Padrão Harmonizado entre as Certificadoras. A empresa deve conhecer a aplicar
todos os princípios e critérios do padrão para candidatar-se a empresa certificada.
Após a implantação dos padrões a empresa deverá requerer auditoria prévia
“obrigatória apenas para empresas com mais de 10.000 hectares de área total” à
certificadora. Esta última irá auditar a empresa candidata quanto ao atendimento dos
padrões requeridos. Após esta etapa e certificadora enviará um relatório de não
conformidade para que as pendências sejam resolvidas. Esta pré-auditoria é válida
por até dois anos. Cumpridas as exigências a empresa candidata deverá requerer a
certificadora sua auditoria principal. Esta auditoria normalmente é realizada de forma
bastante detalhada com a participação de três ou mais auditores. Após a realização
da auditoria a certificadora emitirá relatório de não conformidades com prazos para o
cumprimento. Em havendo o pleno atendimento das não conformidades à empresa
candidata será indicada a certificação válida por cinco anos. Uma vez certificada a
empresa deverá passar ao menos por uma auditoria anual de verificação e ao
término do prazo de cinco anos deverá requerer recertificação.
� Descreva algumas mudanças que a empresa precisou fazer para conseguir a
certificação?
A principal mudança observada foi o estabelecimento de rotinas formalizadas
para as atividades e processos. Como a certificação requer o atendimento de
inúmeros requisitos, esta prática necessita do apoio de um sistema de gestão
interno robusto e eficiente.
� A empresa teve que trocar algum fornecedor, para atender alguma norma da
certificação?
Parcialmente. Assim como a empresa candidata a certificação seus
fornecedores também necessitam de adequações, especialmente as relativas aos
atendimentos das obrigações legais – Princípio um do FSC. Desta forma a grande
maioria dos fornecedores de produtos e serviços tiveram a oportunidade de se
adequar as exigências do cliente contratante o que é extremamente positivo.
� Para implantar as mudanças necessárias para certificação, a empresa teve
muitos custos?
A grande maioria dos custos relativos ao processo de certificação de uma
empresa florestal para FSC referem-se ao tratamento de custos da má qualidade,
além do investimento em sistemas de gestão. Fora as questões administrativas que
são inerentes à própria organização, existe sim um adicional de custo relativo às
questões ambientais e sociais necessárias à sustentabilidade das atividades da
companhia, tais como: estudos da fauna e flora para conservação ambiental,
desenvolvimento de programas sociais voltados a geração de oportunidade de
emprego, melhoria da qualidade de vida de seus trabalhadores e familiares, entre
vários outros. Há quem considere estes custos intangíveis em investimento, daí a
questão a ser respondida, quanto custa ser sustentável?
� Quanto tempo demora, para que o processo da certificação chegue ao fim?
Este tempo é muito próprio de cada empresa. Existem empresas que
certificaram em 18 meses, outras em 60, ou seja, varia muito. O tempo médio para
as empresas florestais se certificarem é de 3 a 5 anos. A Sengés tem como meta
concluir o processo em 3,5 anos o que é razoável.
� Qual foi o principal desafio para implantar as mudanças necessárias para a
certificação FSC?
O maior desafio não só para implantar mas manter a certificação FSC é a
mudança da cultura organizacional. Toda companhia tem como foco principal a
obtenção de lucro e a geração de riquezas. No entanto a proposta da
sustentabilidade requer uma mudança de visão, as responsabilidades ambientais e
sociais deixam de ser dos governos e passam a ser muito mais próprias das
organizações e colaboradores. A empresa passa a agir pro ativamente na busca de
soluções alternativas para o desenvolvimento ambiental, social e econômico.
� Como a certificação FSC, a empresa poderá agregar valor ao produto?
Notadamente o mercado se auto regula em função da oferta e demanda por
produtos. Observa-se que na prática as empresas certificadas não operam com
vantagem sobre preço de produto, porém passam a ter a preferência o cliente e
maior penetração no mercado, abarcando novos clientes. Empresas certificadas são
menos sensíveis a retração da demanda, uma vez que permanecem como opção de
fornecedor prioritário frente a outros não certificados. Destaca-se que com a
certificação a empresa agrega valor ao negócio como um todo, valorizando sua
marca e seus ativos biológicos uma vez que está em conformidade com as
obrigações legais; inclusive eliminado passivos ambientais e sociais como ações
trabalhistas, multas, etc.
� Os clientes se preocupam com a procedência de seu produto?
Apenas os clientes mais exigentes, ou seja, aqueles comprometidos com a
continuidade do seu negócio demonstram preocupação quanto à procedência de
seu produto.
� Qual o setor se adaptou mais facilmente às mudanças? Por quê?
O setor mais sensível às mudanças é o de segurança do trabalho, uma vez
que já tem como foco principal a melhoria das condições de trabalho dos
colaboradores da organização. Este setor é de extrema importância para
manutenção de procedimentos e rotinas necessários ao alcance dos objetivos da
certificação, além dos agentes ambientais e sociais. Destaca-se ainda o papel
indispensável dos gestores como principais agentes responsáveis pelas mudanças
de visão e manutenção do sistema.
� Agora, após a certificação FSC e a implantação de mudanças necessárias
para conseguir a certificação, constata-se:
• As mudanças melhoraram o desempenho dos setores?
Embora ainda estejamos em processo para certificação, podemos considerar
grande avanço e melhoria de desempenho nos diversos setores, que passaram de
uma postura reativa para uma postura proativa na busca por resultados.
• Os colaboradores trabalham mais confiantes?
Seguramente, os colaboradores da organização passaram a depositar maior
confiança na força e capacidade de realização do empreendimento, demonstrando
maior satisfação e realização.
6- CONCLUSÃO
Após esse estudo, aprendemos mais a respeito do método de cadeia do SAF;
o qual se mostra muito interessante a partir do momento que conseguimos enxergar
não somente os processos de uma empresa, mas sim, desde as empresas
fornecedoras de insumos até as empresas da 2ª transformação.
O SAF também é uma boa maneira de rastreabilidade de um produto.
7- REFERÊNCIAS
BACHA, Carlos José Caetano. O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DA MADEIRA NO
BRASIL. 2011 Disponível em:
<http://www.bnb.gov.br/projwebren/Exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=255> ,
acesso em 14 de outubro de 2015.
RESUMO PÚBLICO DO PLANO DE MANEJO FLORESTAL E COMPR OMISSO
COM O FSC. 1ª Ed. Sengés: SFAL, AGOSTO 2015.