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p. 384-9444-932 f. 945-9586-958 e. [email protected] a. 5 Oklahoma Avenue Stroudsburg, PA w. artreview.com NOVEMBRO 2019 "As diretrizes alimentares contemporâneas recomendam limitar o consumo de carne vermelha e carne processada. Porém, essas diretrizes clínicas não são robustas e não apresentam estruturas metodológicas rigorosas, portanto, uma equipe internacional de pesquisadores cientistas, incluindo as universidades McMaster, Dalhousive e, a universidade de Toronto no Canadá, o Centro Cochrane Iberoamericano na Espanha, o departamento de pesquisa da Holanda, a universidade médica da Polônia, e o ICT/UNESP se reuniram com intuito de gerar diretrizes clínicas na área de Nutrição considerando não somente o uso do sistema GRADE – que é um manual de graduação da certeza das evidências para a tomada de decisão em saúde, mas também um time isento de quaisquer conflitos de interesse financeiro e intelectual, e que consideram na recomendação de suas diretrizes resultados de pesquisas voltados para os valores e preferencias dos consumidores. 01 Profa. Regina El Dib e Profa. Luciane Dias de Oliveira Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal Por Thaís Cristine Pereira

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Dnation to ARenrich students'

lives

ArtReview, Inc.

p. 384-9444-932

f. 945-9586-958

e. [email protected]

a. 5 Oklahoma Avenue Stroudsburg, PA

w. artreview.com

A CIENTISTA REGINA EL DIB, PROFESSORA DA PÓS-

GRADUAÇÃO EM BIOPATOLOGIA BUCAL, É UMA DASLÍDERES SENIORES DOS ARTIGOS DE MAIOR REPERCUSSÃOSOBRE CARNE VERMELHA E/OU PROCESSADA, PUBLICADOS

NA ANNALS OF INTERNAL MEDICINE

NOVEMBRO 2019

Por que os pesquisadores se interessaram por essatemática e como foram realizadas essas pesquisas?

"As diretrizes alimentares contemporâneas recomendam

limitar o consumo de carne vermelha e carne processada.

Porém, essas diretrizes clínicas não são robustas e não

apresentam estruturas metodológicas rigorosas, portanto,

uma equipe internacional de pesquisadores cientistas,

incluindo as universidades McMaster, Dalhousive e, a

universidade de Toronto no Canadá, o Centro Cochrane

Iberoamericano na Espanha, o departamento de pesquisa

da Holanda, a universidade médica da Polônia, e o

ICT/UNESP se reuniram com intuito de gerar diretrizes

clínicas na área de Nutrição considerando não somente o

uso do sistema GRADE – que é um manual de graduação

da certeza das evidências para a tomada de decisão em

saúde, mas também um time isento de quaisquer conflitos

de interesse financeiro e intelectual, e que consideram na

recomendação de suas diretrizes resultados de pesquisas

voltados para os valores e preferencias dos consumidores.

01

Profa. Regina El Dib e Profa. Luciane Dias de Oliveira Programa de Pós-graduação em Biopatologia Bucal

Por Thaís Cristine Pereira

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02

A pesquisa se baseou em analisar se a redução do

consumo de carne vermelha (como por exemplo,

carne de vaca, de porco, de carneiro) ou carne

processada (como por exemplo, presunto, bacon,

salame, salsichas) interferia na redução da

ocorrência de doenças cardiovasculares, diabetes e

cânceres. Para isso, foram realizadas seis revisões

sistemáticas que geraram evidências suficientes para

embasar a nova diretriz clínica sobre carne vermelha

e carne processada", explica a Profa. Regina. O que a pesquisa recomenda em relação aoconsumo de carne vermelha e carneprocessada?

"A pesquisa recomenda que os adultos (> 18 anos de

idade) continuem com o consumo atual de carne

vermelha e/ou carne processada, pois há baixa certeza

nas evidências mostrando uma associação pequena

entre a redução da ingestão de carne vermelha e/ou

carne processada (numa proporção de 3 porções para 0

por semana). Ou seja, num conjunto de 1.000 pessoas

que diminuíssem o consumo de carne vermelha - por

exemplo de 7 para 4 porções por semana ou de 3 para 0

porções por semana, existe a probabilidade de redução

da ocorrência de um derrame, três infartos do

miocárdio, seis diabetes tipo II, e sete mortalidades

devido a todas as causas quando comparado aos

consumidores de carne vermelha que não

diminuíssem a ingestão da mesma. Notem que quando

há baixa certeza nas evidências é provável que

pesquisas futuras tenham um impacto importante nos

nossos achados e provavelmente alterem os mesmos. E

quando há muito baixa certeza nas evidências, nós não

temos certeza dos efeitos da intervenção, neste caso dos

efeitos da carne vermelha e/ou carne processada na

incidência de cânceres e doenças cardiometabólicas",

disse a Profa. Regina.

Como foi a repercussão nas mídias? "Assim que as publicações foramlançadas na revista de fator de impacto19.315 -Annals of Internal Medicine nodia 01 de outubro de 2019, inúmerasmídias de vários países como a BBCnews, CNN news, NBC news, the NewYork Times, the Washignton Post, LosAngeles Times, GloboNews,MedicalXPress, Le Monde, the Japannews, Yahoo, e outros, noticiaram osnossos achados recebendo com amesma surpresa que tivemos quandofinalizamos as pesquisas. Como estudosanteriores sobre carne vermelha e/oucarne processada corroboraram parauma associação entre o consumo destetipo de proteína e cânceres e doençascardíacas, nossos resultados foramrecebidos com revolta", afirma a Profa.Regina.

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Quais foram os aspectos mais importantesque foram considerados para a decisão dospainelistas?

"Três aspectos contaram para que os painelistas

pudessem escolher. Sugerimos a continuação do

consumo atual de carne vermelha e/ou carne

processada (recomendação fraca, evidência de baixa

certeza). A primeira delas diz respeito às evidências

(provas científicas) serem classificadas como de baixa

a muito baixa, o que nos limita fazer quaisquer

inferências causais entre o consumo de carne

vermelha e/ou carne processada e a ocorrência de

desfechos maléficos. A segunda engloba os valores e

preferencias dos consumidores de carne vermelha

e/ou carne processada. A maioria deles não estão

dispostos a mudar esse comportamento quando

confrontados com efeitos potencialmente

indesejáveis para a saúde. E, por último, devido aos

dois aspectos anteriores nós, cientistas, geramos

recomendações a nível individual do que a nível de

sociedade, exatamente pelo fato da incerteza

prevalecer. Dessa forma, com esta recomendação

clínica, os nutricionistas poderão adaptar a ingestão

de carne vermelha e/ou carne processada “sob

medida” de acordo com o tipo de paciente (e.g.,

atletas, pacientes com doenças causadas pela

deficiência de proteínas, prognóstico de câncer colo

retal). Se as pessoas tinham três preocupações em

comer carne vermelha, ou seja, saúde, ambiental e

animal, neste momento elas possuem apenas duas,

ambiental e animal. Vale ressaltar que estas duas

outras preocupações exigiriam pesquisas, que

estavam além do escopo de nosso trabalho - e, de

fato, de nossa experiência", esclarece a Profa. Regina

El Dib.

Prof. Bradley C. Johnston e Profa. Regina El Dib ministrando a aula sobre o consumo de carne

na Universidade de Dalhousie - Canadá