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Page 1: R'Sink - 2000  · Web viewProposta de um Perfil de Administrador para a Era da Informação e do Conhecimento. Autoria: Anielson Barbosa da Silva. RESUMO. O administrador está diante

Proposta de um Perfil de Administrador para a Era da Informação e do Conhecimento

Autoria: Anielson Barbosa da Silva

RESUMO

O administrador está diante de um ambiente marcado pela competitividade, pela velocidade das informações e pela busca de novos modelos de gestão, mais flexíveis e capazes de reagir rapidamente às mudanças. Este artigo é parte de uma pesquisa que teve como objetivo geral analisar um perfil de administrador na Era da Informação e do Conhecimento na opinião de alunos do Curso de Graduação em Administração de uma Universidade Federal localizada no Nordeste Brasileiro e de Executivos de empresas industriais do setor de transformação desse Estado. Foi procedida uma revisão bibliográfica sobre o tema e pôde-se identificar três grupos de atributos para o perfil de administrador: 1) Conhecimentos, 2) Habilidades e 3) Valores e Atitudes. Após a coleta e o tratamento dos dados pode-se traçar um perfil sócio-demográfico dos pesquisados. Os resultados demonstram que tanto os alunos quanto os executivos têm opiniões similares quanto ao ambiente empresarial e o papel do administrador nesse ambiente. O teste de Mann-Whitney foi aplicado para fazer uma análise comparativa entre o grau de importância de cada atributo sob a ótica dos Executivos e dos Alunos, e revelou que algumas variáveis foram significantes ao nível de 5 e 10 %. Diante dos resultados, foi apresentada uma proposta de perfil de Administrador por grupo de atributos e por ordem de importância.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O administrador, como um ‘ator’ importante no cenário das organizações, está diante de um ambiente empresarial marcado pela incerteza e pela grande velocidade das mudanças. A globalização desencadeou um processo de transformação das organizações, que tiveram que se adequar para manterem a sua competitividade.

Surge a era da informação e do conhecimento, caracterizada pela velocidade das informações e pela busca incessante por novos nichos de mercado. Empresas e trabalhadores procuram adquirir e disseminar conhecimentos e utilizam as informações como uma ferramenta na busca de novas formas para otimizarem o desempenho organizacional e o próprio desempenho pessoal.

As empresas da Era da Informação e do Conhecimento estão procurando profissionais inovadores, criativos, capazes de criar novas formas de gerir recursos financeiros, humanos, tecnológicos e materiais; com conhecimentos técnicos em várias áreas, apesar de serem especialistas em uma delas; que estejam sempre atualizados em aspectos políticos e econômicos num contexto global, entre outros.

O presente artigo relata uma parte de uma pesquisa que procurou analisar um perfil de Administrador na Era da Informação e do Conhecimento, desenvolvida com Executivos e Alunos Concluintes do Curso de Administração de uma Universidade Federal localizada no Nordeste Brasileiro.

É importante ressaltar que o objetivo da pesquisa não foi criar um protótipo de administrador para servir de base para que as Universidades e Faculdades se adaptem a ele, até porque o objetivo dessas Instituições não é colocar um profissional ‘pronto’ para o mercado, pois existem fatores como a experiência e também porque o processo de formação profissional não termina com a conclusão de um curso superior; muito pelo contrário, é o inicio de um novo ciclo de aprendizado.

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O que se pretendeu com a pesquisa foi realizar uma análise comparativa entre a percepção do Aluno e do Executivo das empresas industriais do setor de transformação do Estado sobre o grau de importância dos atributos do perfil do administrador na Era da Informação e do Conhecimento. Além disso, procurou-se identificar como eles caracterizam o ambiente empresarial e o papel do administrador nesse ambiente e realizar algumas análises comparativas entre os pesquisados. Desta forma, cada um dos agentes envolvidos na pesquisa pode contribuir com sua opinião, ajudando a direcionar novos rumos para a pesquisa sobre o tema.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pode-se definir o perfil como a descrição de uma pessoa em traços mais ou menos rápidos. Do ponto de vista administrativo, Silva et al (1995, p. 20) definem dois tipos de perfil: o perfil ideal e o perfil real.

O perfil ideal “é uma abstração formada a partir das exigências de novas interpretações das abordagens administrativas já existentes e também da necessidade de compreensão dos novos campos do conhecimento humano”. Já o perfil real “engloba o perfil ideal, juntamente com as características pessoais e a influência do meio”.

No ambiente empresarial existe uma grande variedade de atributos envolvendo o administrador. Tudo depende do nível gerencial, da natureza e amplitude do seu trabalho, do tipo de atividade da empresa, entre outros.

Para o presente trabalho, o perfil do administrador na Era da Informação e do Conhecimento é definido como um conjunto de qualidades ou atributos, relacionados com conhecimentos, habilidades, valores e atitudes.

A intenção em caracterizar o perfil do administrador partiu do pressuposto de que as mudanças ocorridas no ambiente empresarial nos últimos anos têm suscitado um novo profissional, responsável pela gestão da organização numa Era em que a velocidade das informações e a grande importância do conhecimento tornam-se fundamentais para a sobrevivência das empresas. Vale lembrar que o fato de estarmos vivendo em uma nova Era não quer dizer que os administradores devem abandonar alguns atributos e mudar completamente a sua forma de agir nas organizações. É evidente que alguns deles devem permanecer e com muito mais importância.

Serão apresentados a seguir atributos pessoais e profissionais que compõem o perfil do administrador, decorrentes da análise de vários autores, reunindo suas abordagens para melhor contextualizar o tema de análise deste trabalho. Os autores pesquisados foram: Oliveira (1991), Bueno apud Teixeira (1995), Stoner & Freeman (1995), Pereira & Fonseca (1997), Prahalad (1995), Franco (1997), Andrade (1997), Echeveste et al (1998) e Silva (1998).

2.1 Grupos de atributos do perfil de Administrador na Era da Informação e do Conhecimento

2.1.1 Conhecimentos

A Administração é uma ciência nova, que está em evolução e que procura entender os fenômenos organizacionais. O administrador é o profissional que estuda esses fenômenos e procura entender as relações internas e externas entre a empresa e seu ambiente.

Para isso, ele deve passar por um processo de formação, que procura dotá-lo de várias técnicas administrativas, bem como conhecimentos ligados a outras áreas de conhecimento, como Economia, Direito, Contabilidade, Sociologia, Psicologia, Filosofia, etc.

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Como grupo integrante do perfil do administrador, verifica-se que o conhecimento inclui todas as técnicas e informações que esse profissional domina e que são fundamentais para o bom desempenho do seu trabalho. Ele deve ter o conhecimento técnico sobre o assunto administrado.

“Os conhecimentos funcionam como pontos de referência para a compreensão dos fenômenos e como base para o desenvolvimento de habilidades. Quanto mais ampla a gama de conhecimentos de que a pessoa dispõe, maior também se torna a quantidade de fenômenos que ela é capaz de interpretar” (Maximiano, 1995, p. 74).

Para Echeveste et al (1998), o conhecimento, como parte integrante do perfil do administrador, é definido como um conjunto de informações, como o saber que o indivíduo deve possuir de forma a atender às exigências do mercado. Essa será a definição adotada para efeito deste trabalho.

Segundo Drucker (1993), o administrador vê o conhecimento como um meio para chegar aos fins do desempenho organizacional. Entretanto, o conhecimento, por si só, não garante o seu sucesso.

A partir dos autores pesquisados, pode-se dizer que o administrador na Era da informação deve possuir os seguintes atributos ligados ao conhecimento: assuntos econômico-financeiros, legislação, negócios internacionais, processos de alianças e parcerias, tecnologia da informação (manipulação da informação através de recursos computacionais), cultura de outros países, funções da administração (planejamento, direção, coordenação e controle), conhecimento em uma área da Administração, cultura brasileira, comportamento humano.

2.1.2 Habilidades

As habilidades integram o segundo grupo de qualidades ou atributos do perfil do Administrador foram estudadas por vários autores.

Maximiano (2000, p. 76) define habilidades como “competências para o desempenho de tarefas”.

Alguns autores como Echeveste et al (1998) integram as habilidades e as competências em um mesmo grupo de atributos e o define como as aptidões e capacidades propriamente ditas para o desempenho das atividades profissionais.

Já Fleury & Fleury (2000) apresentam uma visão mais ampla de competência que abrange os atributos citados no presente trabalho. Eles definem competência como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo” (p. 21).

As habilidades são fundamentais para o bom desempenho do administrador. Entretanto, alguns deles afirmam que as habilidades, diferentemente do conhecimento, são adquiridas através da experiência. “Os conhecimentos podem ser adquiridos por leitura, observação, freqüência de uma escola e outros meios semelhantes. A aquisição de habilidades, no entanto, exige experiência prática” (Maximiano, 1995, p. 75).

Após os estudos realizados, pôde-se levantar uma série de atributos ligados as habilidades para o administrador. As habilidades formam um conjunto de aptidões e capacidades que o Administrador pode adquirir ou desenvolver durante a sua formação profissional, que inicia na Universidade e contínua no ambiente empresarial, configurando-se como um processo contínuo.

A partir dos autores estudados, pode-se dizer que o Administrador na Era da Informação e do Conhecimento deve possuir as seguintes habilidades: visão sistêmica da empresa, dimensão adequada do tempo, coordenação de trabalhos em equipe, ser um elemento sinérgico, gerenciamento de inovação, integração das diversas áreas funcionais,

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relacionamento com culturas diversas, integração do saber e do fazer, antecipação de ameaças e oportunidades, capacidade de negociação, visão estratégica, capacidade de delegação, capacidade de decisão, relacionamento interpessoal, capacidade de liderança, facilitação de aprendizagem individual e organizacional, autogerenciamento, resolução de problemas, foco no resultado, fornecimento de soluções para os clientes, administração de conflito, agente de mudanças, desenvolvimento de pessoas, capacidade de aprender, desaprender e reaprender, capacidade de viabilizar/implementar idéias, correlação fatos com repercussões para a empresa.

2.1.3 Valores e Atitudes

O terceiro componente ou grupo de atributos do perfil do administrador é composto pelos valores e atitudes, que são as características referentes à predisposição dos indivíduos, à sua postura e maneira de agir (Echeveste et al, 1998).

Os valores são organizados hierarquicamente e são relacionados com estados de existência ou modelos de comportamentos desejáveis, servem como orientadores da vida de um indivíduo e expressam interesses individuais, coletivos ou mistos. Vale ressaltar que, nessa definição, os valores estão relacionados com metas que o indivíduo fixa para si próprio, relativos a sua existência ou a modelos de comportamentos desejáveis (Tamayo & Schawartz,1993).

Para Trompenaars (1994, p. 23), os valores “determinam a definição de ‘bom e mau’ e, portanto, estão intimamente relacionados aos ideais compartilhados por um grupo”.

Uma definição mais ampla sobre valores é apresentada por Alves (1997, p. 10), os “valores são as noções compartilhadas que as pessoas têm do que é importante e acessível para o grupo a que pertencem. Eles atuam como padrões quanto à forma de sentir e de agir, e como roteiros ou critérios para escolha de objetivos ou soluções alternativas, em uma circunstância qualquer. Brotam do ambiente que circunda o indivíduo (percepções, experiências, aprendizagens, convivências, educação familiar) e servem como guias que dão sentido à vida dos membros do grupo, integrando as suas atividades”.

Para Robbins (1999, p. 92), “atitudes não são o mesmo que valores, mas os dois estão interrelacionados”. Essa interrelação ocorre porque os indivíduos tomam como base para suas decisões quadros de referências, que determinam qual postura adotar em determina situação, ou seja, o estilo de gestão do administrador na organização. A partir desses quadros de referências é que surgirão relações formais e informais, como também os padrões de comportamento que serão utilizados para gerir a organização.

As atitudes também podem ser entendidas como “uma combinação de conhecimentos mediante os quais cada indivíduo e grupo interpretam e julgam o mundo que os cerca e a si próprios. As atitudes formam os quadros de referências, isto é, as ‘molduras’ valorativas dentro das quais as pessoas, fatos, idéias e objetos são vistos, interpretados e avaliados. As atitudes estão na base das doutrinas administrativas e da cultura organizacional” (Maximiano, 1995, p. 75).

É bom lembrar ainda que os valores e as atitudes interferem diretamente na forma como o administrador gerencia a empresa, pois envolvem aspectos da situação do trabalho. Um grupo de qualidades ou atributos de valores e atitudes possui aspectos importantes que ajudam o administrador a desenvolver as suas habilidades e os seus conhecimentos. A sua postura no desempenho de suas atividades depende de um quadro de referência condizente com uma conduta desejada, fortalecendo, assim, o seu papel no ambiente empresarial.

Os valores e atitudes do administrador, para efeito deste trabalho, são características adquiridas ao longo de sua vida, que influenciam o seu comportamento diante de uma

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situação e que determinam a forma como conduzem os negócios nas organizações e servem de orientação para o seu trabalho.

Os atributos do administrador referentes aos valores e atitudes foram identificados como fundamentais nesse novo ambiente empresarial. São eles: predisposição à negociação, predisposição para correr riscos, agilidade, criatividade, lealdade, flexibilidade, motivação, intuição como recurso para tomada de decisão, atitude reativa, ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais, autoconfiança, mobilidade pessoal (adaptar-se rapidamente e ser favorável a mudanças), dignidade, capacidade de superação (principalmente no que diz respeito a situações de frustração, stress, pressão por resultados e hierarquia), abertura para novas idéias, integridade, humildade, vontade de auto-desenvolvimento, atitude pró-ativa, gosto pelo que faz, orientação para o cliente, educação continuada.

3 OBJETIVOS E MÉTODO DA PESQUISA

O presente artigo possui quatro objetivos: 1) traçar um perfil sócio-demográfico dos Executivos e Alunos que participaram da pesquisa; 2) caracterizar o ambiente empresarial e o papel do Administrador nesse ambiente na ótica dos pesquisados; 3) proceder uma análise comparativa entre a opinião dos Executivos e a opinião dos Alunos, em relação ao perfil proposto para o Administrador na Era da Informação e do Conhecimento e; 4) apresentar um perfil de administrador sob a ótica dos Executivos e dos Alunos pesquisados, para cada grupo de atributos (conhecimento, habilidades, valores e atitudes), utilizando como parâmetro de referência a média obtida com a tabulação dos dados.

A pesquisa é de natureza descritivo-exploratória, e que procura observar, descrever, registrar, analisar e correlacionar fatos. Os estudos exploratórios “não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar maiores informações sobre determinado assunto de estudo” (Cervo & Brevian, 1996, p. 49).

3.1 Variáveis da pesquisa

Para que o objetivo da pesquisa fosse alcançado, foram determinadas algumas variáveis, divididas em grupos. - Variáveis sócio-demográficas dos alunos: faixa etária, gênero, renda familiar, formação de segundo grau, vínculo empregatício. - Variáveis sócio-demográficas dos executivos: gênero, cargo que ocupa na empresa, faixa etária, renda familiar, formação profissional (segundo grau, graduação e pós-graduação); tempo de trabalho na empresa e tempo de trabalho no cargo atual.- Variáveis referentes ao Perfil de Administrador. Como já foi mencionado anteriormente, o perfil para o administrador na era da informação e do conhecimento foi definido segundo três grupos: conhecimentos, habilidades, valores e atitudes. As variáveis relativas a esses grupos foram identificadas no perfil citado na fundamentação teórica.

3.2 Universo da Pesquisa, Seleção e Determinação da Amostra

O universo da pesquisa compreende os alunos dos Cursos de Administração de uma Universidade Federal do Nordeste Brasileiro, os quais estudam no campus da capital e de uma cidade do interior do Estado, que realizaram o provão no ano 1999 e dos executivos das empresas industriais do setor de transformação localizadas nesse Estado, que possuem mais de 100 empregados.

O setor de transformação foi escolhido porque “as empresas pertencentes a este setor apresentam todas as funções típicas, tais como a aquisição de materiais, de produção,

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de tecnologia, de distribuição, de administração, de recursos humanos e financeiros” (Leone, 1991, p. 34).

Desse modo, os executivos dessas empresas atuam em um ambiente empresarial composto pelo maior número de áreas administrativas, o que proporciona uma visão mais contextualizada do trabalho do administrador.

O universo dos alunos do Curso de Administração que estudam nos dois campi, segundo dados do INEP (1999) foi de cento e sessenta (cento e vinte e um que estudavam na capital e trinta e nova que estudavam no interior do Estado) e o Universo de empresas pesquisado, segundo dados da FIEP (1999) foi de quarenta e seis.

Embora não se tenha decidido determinar uma amostra para a pesquisa, a mesma surgiu naturalmente. A seleção da amostra dos executivos foi procedida da seguinte forma.. Foi definido, a priori, que seriam pesquisados dois executivos por empresa, perfazendo um total de 72 (setenta e dois). Devido a uma série de fatores, o pesquisador só conseguiu a participação de vinte e cinco executivos, o que representou a amostra específica do trabalho.

Quanto aos alunos, o pesquisador também encontrou uma série de problemas e só conseguiu a participação de noventa e cinco (setenta e cinco no campus da capital e vinte no campus do interior do Estado).

3.3 Instrumentos da Pesquisa , Coleta e o Tratamento dos Dados

Para a realização da pesquisa foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: o questionário e a entrevista. Para o presente trabalho, só serão apresentados dados referentes ao questionário.

Foram desenvolvidos dois questionários: um para os alunos e outro para os executivos. No questionário dos Alunos e dos Executivos constavam três questões abertas, mas neste artigo só serão analisadas duas delas: como você caracteriza o ambiente empresarial na atualidade ? e qual o papel do Administrador nesse ambiente ?

Uma outra parte do questionário abordou o perfil do Administrador na Era da Informação e do Conhecimento. Esse perfil foi composto por dez variáveis referentes ao grupo conhecimentos, vinte e sete referentes às habilidades e vinte e duas referentes a valores e atitudes, levando em consideração a importância de cada atributo na atuação desse profissional na era da informação e do conhecimento. Para tanto, foi criada uma escala com cinco escores: 01 – sem importância, 02- pouco importante, 03 – importante em parte, 04 – importante e 05 – muito importante.

Para Richardson (1985, p. 222), “uma escala é um contínuo separado em unidades numéricas e que pode ser aplicada para medir determinada propriedade de um objeto (...) para poder medir coisas intangíveis, como atitudes, crenças, valores, devemos construir uma escala numérica que possa ser utilizada para medir subjetivamente o grau de presença de algo, mesmo quando as escalas (...) não possuam a precisão de escalas físicas ou cognitivas”.

Outra parte do questionário procurou traçar um perfil sócio-demográfico dos Alunos e dos Executivos que participaram da pesquisa.

A coleta dos dados foi realizada entre os meses de abril e julho de 1999. Antes de iniciá-la, foi realizado um pré-teste com quinze alunos e professores e com cinco executivos para verificar a validade e fidedignidade dos questionários que seriam utilizados na pesquisa. Após esse pré-teste, foram feitos alguns ajustes, em virtude de alguns questionamentos levantados pelos pesquisados nessa etapa.

A coleta de dados com os alunos foi efetuada pelo próprio pesquisador, que entregava o questionário para os alunos em uma sala e explicava os objetivos da pesquisa, preocupando-se em não direcionar as respostas. Os questionários dos Executivos foram

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entregues pessoalmente nas empresas. O pesquisador entregou junto com os questionários um envelope selado para que, após a resolução dos mesmos, os participantes pudessem enviá-los pelo correio.

O tratamento dos dados foi realizado, levando-se em consideração dois aspectos: quantitativo e qualitativo. Os dados quantitativos foram analisados com base no pacote estatístico Statistical Package for the Social Science - SPSS - release 8.0.

Além da estatística descritiva, que contempla distribuição de freqüência, média, mediana e desvio padrão, foram feitos alguns cruzamentos, identificadas as separatrizes (quartis) e utilizados testes não-paramétricos para fazer uma análise comparativa dos dois grupos. A fim de se compararem as opiniões dos alunos com as opiniões dos executivos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Já para comparar as respostas dos alunos foram utilizados os testes de Wilcoxon e Kruskall Wallis (Siegel, 1979).

No presente artigo, só serão apresentados dados descritivos, alguns cruzamentos, os resultados análise da comparativa utilizando o teste de Mann-Whitney, além da análise do conteúdo das respostas emitidas pelos pesquisados.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Perfil Sócio-Demográfico dos Executivos e dos Alunos

O perfil sócio-demográfico dos executivos procura caracterizá-los de acordo com algumas variáveis. Os resultados demonstram que os executivos são, na maioria, do sexo masculino (76%), com faixa etária maior de trinta e cinco anos (66 %), renda familiar superior a vinte salários mínimos (48 %) , possuem curso superior em Administração (36 %). Os executivos que têm Curso de pós-graduação se especializaram nas seguintes áreas: Administração, Segurança no Trabalho, Qualidade e Produtividade, Engenharia da Produção e MBA Executivo.

Os cargos foram os mais variados, variando desde Gerente de Recursos Humanos (20 %) até Coordenador de Qualidade (4 %), o que demonstra que a opinião dos pesquisados contempla todas as áreas funcionais da empresa, o que é interessante.

A maioria (40 %) trabalha na empresa a mais de dez anos e estão no cargo atual entre quatro e seis anos (28 %). Ao cruzar essas variáveis, verificou-se que quatro executivos estão na empresa há mais de dez anos e estão no cargo atual de quatro a seis anos. Três executivos estão na empresa há mais de dez anos e trabalham no cargo atual também há mais de dez anos. Um dos executivos está na empresa há menos de um ano, mas tem mais de dez anos de trabalho no cargo atual.

Quanto ao perfil sócio-demográfico dos alunos, observa-se que são, em sua maioria, do sexo feminino (52,6 %), têm entre 22 e 24 anos (49,5 5), com renda familiar que varia entre 06 e 20 salários mínimos (77,4 %), cursaram o segundo grau em escolas particulares 62,1 %) e não trabalham com vínculo empregatício (53,7 %).

Dos alunos que trabalham com vínculo empregatício, 62,8 % desenvolvem atividade relacionada com o Curso de Administração e 60,4 % já trabalhavam antes de começarem o Curso. Desses, 20,9 % têm renda familiar de até 06 salários mínimos e 27,9 % têm renda que varia entre 06 e 10 salários mínimos. Os outros 51,2 % dispõem de renda superior a 11 salários mínimos.

Na pesquisa, foi identificado que a maioria dos alunos não trabalha. Através do cruzamento de variáveis, verificou-se que 23,5 % desses alunos têm renda familiar de até 5 salários mínimos e 19,5 % renda de mais de 20 salários mínimos. A renda dos outros alunos oscila entre 06 e 20 salários mínimos.

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Ao serem questionados sobre os motivos que os levaram a não trabalhar, 33,3 % responderam que querem se dedicar exclusivamente aos estudos e 21,0 % porque o mercado de trabalho está difícil. Vale ressaltar que apenas dois alunos disseram que não trabalham porque seus pais não querem.

4.2 Ambiente Empresarial e Papel do Administrador

Essa seção apresenta um resumo dos resultados referentes a caraterização do ambiente empresarial na atualidade e do papel do administrador nesse ambiente.

Os Executivos e os Alunos tiveram opiniões similares e afirmaram que o ambiente empresarial atual é caracterizado como sendo competitivo, incerto, imprevisível, instável, globalizado, desafiador, dinâmico, dependente do sistema financeiro mundial, muito complexo, em plena mutação, modernização e adaptação aos ‘ventos’ da economia mundial, com oportunidades a serem exploradas. A maioria dos pesquisados respondeu que a competitividade é a característica mais marcante do ambiente empresarial na atualidade. Um aspecto interessante foi que, para alguns alunos, o ambiente é complexo, e para outros é dinâmico, flexível e desafiador. Alguns alunos afirmaram que o ambiente empresarial possui uma tecnologia de informação avançada; é um ambiente duvidoso, conturbado, sujeito a modismos, extremamente excludente, com grandes coalisões e fusões, a Era do ‘fim do emprego’, onde a informação e o conhecimento têm um alto grau de obsolescência. É um ambiente em transformação, saturado e muito vulnerável, angustiante, exigente, hostil, com várias ameaças e economicamente difícil.

Foram escolhidas e analisadas trinta e três respostas (treze dos executivos e vinte dos

alunos). Algumas delas, são transcritas a seguir:

“caracteriza-se primordialmente pela dinâmica e pelo entrelaçamento entre administrador e demais colaboradores. A amistosidade e até mesmo o conceito de autoridade do administrador devem ser reavaliados, haja vista a necessidade da proximidade de todos os integrantes da empresa para construção de um ambiente adequado, harmonioso, humano e produtivo” (executivo).

“o número de variáveis internas e externas e os fatores que exercem influência sobre os processos de mudança são cada vez maiores e de naturezas diferentes, tornando o ambiente empresarial extremamente competitivo, dinâmico e muitas vezes imprevisível. As mudanças são de todas as ordens: econômicas, financeiras, culturais e legais. A evolução tecnológica, especialmente dos meios de comunicação e transporte, aliadas a queda de barreiras protecionistas da maioria dos países, facilitaram por demais a comunicação e as transações entre instituições de todo o mundo. Essa abertura é, ao mesmo tempo, um risco e uma oportunidade, pois ampliou significativamente o ambiente externo das instituições” (executivo).

“o ambiente empresarial atual se caracteriza por um momento de muito turbulência; estamos vivendo a Era da incerteza, onde o sucesso do passado não garante o sucesso no futuro” (aluno).

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“um ambiente cada vez mais instável, globalizado, competitivo, que exige excelência e qualidade. Com a abertura do mercado novas oportunidades podem ser exploradas” (aluno).

“o ambiente empresarial mostra-se muito mais competitivo e, portanto, exige uma melhor e maior preparação dos profissionais. As organizações também precisam contribuir mais com a comunidade onde está inserida. Não basta apenas vender seus bens e serviços. A sua sobrevivência depende de uma atuação mais abrangente” (aluno).

Outra questão procurou abordar qual o papel do Administrador nesse ambiente empresarial. Ao analisar as respostas dos executivos, observou-se que o papel do administrador é o de ajudar a empresa a se adaptar às adversidades, à nova realidade do mercado para conduzi-la ao sucesso, buscando novas oportunidades, antecipando-se aos fatos e buscando novas alternativas para vencer a concorrência e torná-la competitiva e lucrativa.

Para isso, esse profissional deve estar preparado para tirar proveito das mudanças de forma rápida, agregando valores através do conhecimento, quebrando paradigmas e estando sempre aberto às informações para manter-se atualizado e correr riscos calculados. Deve ser um empreendedor, um interventor e implementador de mudanças, conduzindo a empresa com tranqüilidade e segurança, coordenando ações para atingir metas, prevendo conflitos e gerando um clima de satisfação para os trabalhadores. Além disso, deve procurar diminuir os custos, investir em novas tecnologias, procurando motivar as pessoas, de modo que possam tratar bem os clientes da empresa e atender às suas expectativas e à dos fornecedores. Algumas das respostas que ratificam o papel do administrador no ambiente empresarial, de acordo com a opinião de alguns dos executivos são:

“ser um agente de mudanças, estando sempre à frente para prever conflitos, com criatividade e visão do todo. Deve antecipar-se aos fatos, estando sempre aberto às informações e conhecimentos”.

“adaptar-se à todas as circunstâncias adversas e conduzir a empresa ao sucesso, atendendo às expectativas dos clientes e dos fornecedores, bem como propiciando aos trabalhadores um clima de satisfação no seu trabalho”.

“o papel do administrador deixou de ser o de apenas exercer as atividades de planejar, organizar, dirigir e controlar. Atualmente, ele precisa ser flexível, perspicaz, estar disposto a correr riscos, precisa ter um boa visão sistêmica da empresa e do ambiente no qual ela está inserida”.

Essa mesma questão foi respondida pelos alunos. Ao caracterizar o papel do administrador, eles puderam expressar opiniões diferentes, mas complementares. Do mesmo modo dos executivos, percebe-se uma preocupação muito grande com as mudanças no ambiente empresarial. Esses futuros profissionais consideram que o administrador deve estar preparado para enfrentar o mercado competitivo e dinâmico e tem o papel de promover o crescimento da empresa frente à concorrência, elaborando planos e estratégias capazes de ajudarem a organização a se adaptar às mudanças, procurando superar as dificuldades, identificando barreiras para contornar e superar as crises que ocorrem com freqüência.

O papel do administrador é também o de aprender a lidar com todas as situações previsíveis ou não para transpor o clima de instabilidade. Para isso, torna-se necessário identificar oportunidades e ameaças, visando tornar o ambiente empresarial seguro, tranqüilo e motivador. Alguns enfatizam a importância dos recursos humanos como um fator

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estratégico, e o administrador é o elemento catalisador que impulsiona o crescimento organizacional.

Além dessa visão do papel do administrador como um agente de mudanças frente ao novo ambiente empresarial, outros alunos procuraram contextualizar o seu papel, levando em consideração algumas variáveis referentes à gestão da empresa, de modo que o administrador deve promover soluções inovadoras para a sobrevivência da organização. Para tanto, seu papel pode ser definido como o de um empreendedor, facilitador, oportunista e visionário, um agente transformador, equilibrado e com espírito de liderança, capaz de resolver problemas e aplicar soluções éticas e intuitivas, que procuram minimizar conflitos, atuando como um mediador, tomando decisões rápidas, eficientes e eficazes para solucionar problemas e atingir os objetivos da organização.

Um outro aspecto importante apresentado pelos alunos é a ênfase dada aos aspectos ligados à aquisição e transmissão de conhecimento, como também a necessidade de atualização constante. Eles consideram que o papel do administrador é também é o de ‘desenvolvedor’ de pessoas, gerenciador do conhecimento. Deve ser um polivalente e ajudar a empresa a otimizar seus resultados, trabalhando em parceria com os funcionários.

Algumas opiniões dos alunos que ilustram as considerações acima citadas são:

“conseguir perceber as mudanças no ambiente interno e externo, de modo que se consiga manter a empresa competitiva e, que sabe, mantê-la um passo a frente em relação aos seus concorrentes”

“O de um grande ator que está sempre apto a desempenhar qualquer papel e até de representar simultaneamente vários papéis. Deve também estar apto a observar as oportunidades e ameaças. Não se deve esquecer de ser um líder, capaz de envolver todos para alcançar o desenvolvimento da empresa”.

“Fazer com que sua organização transforme-se em uma aprendiz, calcando seus planos de ação nas pessoas, na qualidade e na flexibilidade organizacional, buscando cada vez mais expandir-se em todos os setores”.

“se atualizar a cada minuto e procurar ser bom no que faz. Ter um diferencial é muito importante. Saber ser um líder e trabalhar em equipe ao mesmo tempo. Saber conviver com os recursos humanos, consciente de que eles são a estrutura da empresa. Descentralizar ao máximo e delegar tudo que for possível, menos as suas responsabilidades”.

4.3 Análise comparativa das opiniões dos Executivos e dos Alunos sobre o grau de importância de cada atributo na atuação do Administrador

Na pesquisa realizada, antes de fazer a análise comparativa foi feita uma análise descritiva das respostas dos alunos e dos executivos, procurando identificar o grau de importância de cada atributo proposto para o perfil de Administrador na Era da Informação e do Conhecimento. Para cada grupo de atributos, foi identificado o percentual de respostas para a escala proposta, descrita no método da pesquisa, a média, a mediana, o desvio padrão e feita uma análise do comportamento das respostas através das separatrizes.

A seguir, apresento apenas os resultados da análise comparativa entre as opiniões dos executivos e dos alunos foi realizada estatisticamente, utilizando-se o teste de Mann-Whitney. É um teste não-paramétrico que objetiva comparar duas amostras ou grupos independentes.

Para cada variável do grupo, um posto médio é calculado para o aluno e o executivo. Um valor maior do posto médio significa que o grupo possui maior valor na escala adotada,

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ou seja, se a escala avalia a importância, então o grupo de maior posto médio considera essa variáveis mais importante.

De acordo com os resultados encontrados, constatou-se que a variável legislação apresentou estatisticamente divergência de opinião, ao nível de significância de 5 %. O posto médio dos Executivos (71,60) foi maior que o posto médio dos Alunos (57,58), o que indica que os executivos consideraram essa variável mais importante do que os alunos. Outra variável que apresentou divergência ao nível de significância foi o comportamento humano. Para essa variável, o posto médio dos Executivos (70,54) também foi maior dos que o dos Alunos (57,86). Todos os outros atributos não apresentaram divergência, o que indica que a opinião mediana do aluno e do executivo pode ser considerada a mesma.

Para as variáveis do grupo habilidades, observou-se que as opiniões dos executivos e alunos foram divergentes para três variáveis: integração do saber e do fazer, levando em consideração o nível de significância de 10 %, resolução de problemas e foco no resultado, considerando um nível de significância de 5 %. Os alunos consideram mais importantes na atuação do administrador as habilidades integração do saber e do fazer (posto médio=63,05), e resolução de problemas (posto médio=63,18). O posto médio dos Executivos para essas variáveis foi de 50,8 e 48,06 respectivamente. Já em relação a variável foco no resultado, os executivos consideram a consideraram mais importante (posto médio=71,28) do que os alunos (posto médio=57,0). Isso pode ser explicado, em virtude do maior envolvimento do executivo com o dia-a-dia da empresa e a sua empregabilidade depende muito dos resultados para permanecer no cargo.

Um fato interessante é que a opiniões dos executivos e dos alunos foram praticamente a mesma para a variável capacidade de decisão. A estatística do Teste foi de 0,02. Isso demonstra que um administrador, para ser bem sucedido, deve conhecer as etapas do processo decisório a fim de adquirir a habilidade para realizar um bom trabalho em uma empresa. Todas as outras variáveis não apresentaram divergências de opinião.

Todas as outras variáveis não apresentaram opiniões divergentes, segundo o teste de Mann-Whitney, utilizando o nível de significância de 5 %.

No que se refere ao grupo, valores e atitudes, após a realização do teste, verificou-se que os alunos divergem dos executivos em cinco aspectos. A flexibilidade foi considerada para os primeiros como mais importante (posto médio=71,40) do que para os segundos (posto médio=50,58). Por outro lado, a lealdade, a ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais, a dignidade e a integridade apresentaram um posto médio para os executivos maior do que para os alunos1. Isso indica que entre os grupos entrevistados as respostas não são homogêneas. Para as outras variáveis que integram o grupo valores e atitudes, foi comprovado estatisticamente que as opiniões são as mesmas ao nível de significância de 5 %. Um resultado interessante foi o da variável educação continuada que apresentou na estatística do teste um valor zero, o que indica que o padrão de resposta para o aluno e o executivo foi exatamente o mesmo.

5. CONCLUSOES

A partir dos resultados apresentados, pode-se concluir o seguinte:

Em relação ao ambiente empresarial e ao papel do Administrador, pode-se concluir que, apesar de os alunos e os executivos estarem em ambientes diferentes, eles tiveram opiniões convergentes, ou seja, caracterizaram esse ambiente de forma contextualizada e estão conscientes do papel do Administrador nesse ambiente.

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Os teste estatístico de Mann-Whitney demonstrou que houve divergência entre as opiniões dos alunos e dos executivos em algumas variáveis. No grupo conhecimentos, houve divergência de opinião ao nível de significância 5 % nas variáveis legislação e comportamento humano. Nessas variáveis, o posto médio dos executivos foi maior que o dos alunos. Isso indica que os executivos consideram essas variáveis mais importantes do que os alunos.

No grupo habilidades, houve divergência de opinião ao nível de significância 10 % na variável integração do saber e do fazer. O posto médio dos alunos para essa variável foi maior que o dos executivos. Ao nível de significância 5 %, houve divergência de opinião nas variáveis resolução de problemas e foco no resultado. Na primeira, o posto médio dos alunos foi maior e, na segunda, o maior posto médio foi dos executivos.

Quanto ao grupo valores e atitudes, as variáveis flexibilidade e ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais. O posto médio dos alunos foi maior do que o dos executivos na variável flexibilidade e maior para os executivos na variável ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais. Considerando um nível de significância 5 %, as variáveis referentes a valores e atitudes lealdade, dignidade e integridade tiveram opiniões divergentes estatisticamente. Nesse caso, o posto médio dos executivos foi superior ao dos alunos, o que demonstra que os executivos consideram essas variáveis mais importantes do que os alunos.

Apesar dos resultados descritivos não terem sido apresentados neste artigo, torna-se importante listar, em ordem de importância, os atributos dos grupos conhecimentos, habilidades, e valores e atitudes, utilizando como parâmetro de referência a média obtida com a tabulação dos dados na ótica dos executivos das empresas industriais do setor de transformação que participaram da pesquisa e dos Alunos do Curso de Administração de uma Universidade Federal localizada no Nordeste Brasileiro. O perfil listado abaixo pode ser considerado uma proposta e foi o resultado do levantamento dos estudos de vários autores e da análise da pesquisa realizada.

Para definir os atributos que integrariam esse perfil, utilizou-se apenas os atributos que obtiveram média superior a 04. Em caso de empate nas médias, foram considerados mais importantes os atributos que apresentaram um maior percentual no escore 05, ou seja, muito importante. As médias abaixo de 04 não foram consideradas pois, de acordo com a escala adotada, não exercem muita importância segundo os pesquisados. Das variáveis que foram excluídas, duas chamam a atenção e pertencem ao grupo conhecimentos (negócios internacionais e cultura de outros países). Apesar de terem sido excluídas, elas também são importantes na opinião do pesquisador.

De acordo com os executivos e ao alunos pesquisados, os atributos mais importantes na atuação do Administrador na Era da Informação e do Conhecimento, por grupo foram:

Conhecimentos:

EXECUTIVOS ALUNOS

01. Comportamento humano02. Funções da Administração

03. Tecnologia da Informação (manipulação da informação através de recursos computacionais)04. Assuntos econômico-financeiros05. Cultura brasileira06. Em uma área da Administração07. Processos de Alianças e Parcerias

01. Funções da Administração02. Tecnologia da Informação (manipulação da informação através de recursos computacionais)03. Comportamento humano

04. Assuntos econômico-financeiros05. Em uma área da Administração06. Cultura brasileira07. Processos de Alianças e Parcerias

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08. Legislação

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Habilidades EXECUTIVOS ALUNOS

01. Capacidade de decisão02. Capacidade de liderança03. Capacidade de negociação04. Visão sistêmica da empresa05. Visão estratégica06. Agente de mudanças07. Capacidade de viabilizar/implementar idéias.08. Coordenação de trabalhos em equipe09. Gerenciamento da inovação10. Relacionamento interpessoal

11. Desenvolvimento de pessoas

12. Foco no resultado13. Ser um elemento sinérgico14. Dimensionamento adequado do tempo15. Integração das diversas áreas funcionais

16. Capacidade de delegação

17. Fornecimento de soluções para os clientes18. Capacidade de aprender, desaprender e reaprender19.Antecipação de ameaças e oportunidades20. Autogerenciamento21. Integração dos conhecimentos dos indivíduos para gerar novos conhecimentos22. Integração do saber(os que pensam) e do fazer(os que executam)23. Correlação de fatos com repercussões para a empresa24. Administração de conflito

25. Facilitação da aprendizagem Individual e organizacional26. Resolução de problemas

01. Capacidade de decisão02. Visão estratégica03. Capacidade de negociação04. Visão sistêmica da empresa05. Fornecimento de soluções para os clientes06. Capacidade de liderança07. Coordenação de trabalhos em equipe

08. Antecipação de ameaças e oportunidades09. Gerenciamento da inovação10. Capacidade de viabilizar/implementar idéias.11. Integração do saber(os que pensam) e do fazer(os que executam)12. Relacionamento interpessoal13. Agente de mudanças14. Dimensionamento adequado do tempo15. Integração dos conhecimentos dos indivíduos para gerar novos conhecimentos16. Capacidade de aprender, desaprender e reaprender17. Resolução de problemas18. Integração das diversas áreas funcionais

19. Ser um elemento sinérgico20. Desenvolvimento de pessoas21. Capacidade de delegação

22. Autogerenciamento

23. Administração de conflito

24. Correlação de fatos com repercussões para a empresa25. Foco no resultado

26. Facilitação da aprendizagem Individual e organizacional27. Relacionamento com culturas diversas

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Valores e Atitudes

EXECUTIVOS ALUNOS

01. Dignidade02. Integridade

03. Ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais 04. Gosto pelo que faz05. Capacidade de superação (principalmente no que diz respeito a situações de frustração, stress, pressão por resultados e hierarquia).06. Mobilidade pessoal (adaptar-se rapidamente e ser favorável a mudanças)07 .Motivação

08. Lealdade 09. Abertura para novas idéias 10. Criatividade11. Orientado para o cliente12. Educação continuada13. Vontade de auto-desenvolvimento14. Autoconfiança15. Atitude pró-ativa

16. Humildade17. Flexibilidade18. Agilidade19. Predisposição à negociação20. Predisposição para correr riscos21. Intuição como um recurso para tomada de decisão

01. Gosto pelo que faz02. Capacidade de superação (principalmente no que diz respeito a situações de frustração, stress, pressão por resultados e hierarquia).03. Criatividade

04 .Motivação05. Vontade de auto-desenvolvimento

06. Educação continuada

07. Ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais 08. Orientado para o cliente09. Flexibilidade10. Dignidade11. Abertura para novas idéias 12. Integridade13. Predisposição à negociação14. Autoconfiança15. Mobilidade pessoal (adaptar-se rapidamente e ser favorável a mudanças)16. Humildade17. Lealdade 18. Atitude pró-ativa19. Agilidade20. Predisposição para correr riscos

Esses resultados demonstram que o grau de importância atribuído pelos executivos é diferentes do atribuído pelos alunos, utilizando a média como unidade de análise. Os atributos resultantes da pesquisa podem auxiliar na formação ou no aperfeiçoamento profissional de um administrador. É importante ressaltar que a pesquisa não teve a intenção de determinar que os administradores devem possuir todos os atributos acima mencionados, pois existe a consciência de que todos os profissionais, inclusive os administradores, possuem limitações.

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Notas de página:1 O valor do posto médio dos executivos para essas variáveis oscilou entre 69,22 e 71,75,

enquanto o posto médio dos alunos oscilou entre 56,37 a 58,21.

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