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Sinopse

Um jovem músico que se chamava Zé Betovi e que nas horas vagas gostava de se divertir com seu inseparável violino. Um dia quando estava tocando conhece o alegre e simpático, Nhô Mozarte, que tinha o costume de fazer suas leituras diárias sentado no banco da praça. Depois de uma longa e interessante conversa e de muitas afinidades musicais resolvem formar uma dupla, tornando-se parceiros e amigos. E a estréia dos dois, como dupla aconteceu na janela da casa de D Elvira, uma beata solitária, que tinha como sonho ser acordada um dia com uma serenata. Tem Gildinha a afilhada do padre Godofredo uma bela jovem que andava insatisfeita porque queria ser atriz e cantora e em sua escola não tinha aula de teatro e nem de música. Depois de ter conhecido Nhô Mozarte e ouvido seus conselhos Gildinha se tornou uma garota exemplar na escola. No final Padre Godofredo organiza uma quermesse e convida Nhô Mozarte e Zé Betovi para encerrarem o evento com um show de música. E com o dinheiro arrecadado pretende consertar a igreja que estava com vazamentos e precisava pintar.

Zé Betovi e Nhô Mozarte foi escrito com o objetivo maior de passar para o público o quanto a música é importante e necessária na vida das pessoas, e também mostrar que de certa forma já faz parte de cada um sendo um dos principais meios de comunicação existentes na sociedade, pois transmiti não só palavras mais sentimentos e idéias que podem ganhar grandes proporções didáticas quando bem direcionadas. Por esse motivo principalmente o seu público alvo está direcionado aos jovens e adolescentes. A prática musical no ambiente escolar auxilia no processo de aprendizagem estimulando e despertando a área afetiva, lingüística e cognitiva da criança. Os benefícios que a música proporciona seja pela expressão de emoções, sociabilidade, seja pelo raciocínio, concentração, comunicação, é de grande valor para a vida de cada um. A história também retrata o encontro e a relação de amizade ligada pela música de duas gerações diferentes, tudo isso de forma lúdica e descontraída. No final a platéia poderá assisti a um bonito show tendo no repertório música clássica e popular.

FICHA TÉCNICA

Texto: Marluzi MoreiraDireção: Alejandro Velásquez

Assistente de Direção: Marluzi MoreiraFigurinos e Cenários: Alejandro e Marluzi

Iluminação: LeloSonoplastia: Alejandro velasquez

Produção Executiva: Marluzi MoreiraAssistente de Produção: Alejandro Velásquez

Elenco:

Alejandro Velásquez

(Padre Godofredo)

Bacharel em Artes Cênicas e Direção Teatral pela Universidade Federal da Bahia. Dirigiu espetáculos como: Um Senhor Monólogo 2007, Fernando + 55 2010, Dois Perdidos Numa Noite Suja, 1989, Chapeuzinho Vermelho 2002, entre outros.

Camila Matta

(Gildinha)

Diogo Lopes

(Nhô Mozarte)

Participações no teatro:

Amor Barato, texto e dir. de Fábio Espírito Santo, 2012/2013; musical Papagaio, de Cacilda Póvoas, 2010, direção de Felipe Assis; musical Minha Amiga Mente Pra Mim, de Aninha Franco, 2006, direção de

Paulo Dourado; Esse Glauber, de Aninha Franco, 2004, direção de Marcio Meireles;

musical Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia, de Cacilda Povoas - Cláudio

Simões - Gil Vicente Tavares, 2004, direção Fernando Guerreiro; musical

Brasis, de Aninha Franco, 2002, direção de Fernando Guerreiro; musical

Flicts, de Ziraldo, 2002, direção de Fernando Guerreiro; musical Play-Back, 2001, criação coletiva; Noviças Rebeldes, de Dan Goggin, 1995, direção de Wolf Maia;

musical A Bofetada em sua penúltima versão, direção de Fernando Guerreiro; O Casamento do Pequeno Burguês, de Bertolt Brecht, direção Luiz

Marfuz. Merlin ou a Terra Deserta, de Tankred Dorst, 1993, direção de

Carmem Paternostro; A Vaca Lelé, de Ronaldo Ciambroni, direção de Lelo Filho; musical Pode Ser Que Seja Só O Leiteiro Lá Fora, de Caio Fernando Abreu,

1992, direção de Paulo Dourado; Leonce e Lena, de Georg Buchner 1992, direção de Yumara

Rodrigues; O Curupira Quer Casar, 1992, direção de Vadinha Moura; A Mão, 1990, direção de Yumara Rodrigues.

Fale-Me de Amor, Uma Tempestade com Dez Canções da Renascença, 1990, direção Sérgio Farias. Musical

Joana Angélica e Um Homem Maduro Para a Morte, 1990, direção de Carlos Pronzato.

Cinema:

Central do Brasil, de Walter Sales – 1998. Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington – 2000. Três estórias da Bahia, de Araripe Jr Capitães da Areia, de Cecília Amado - 2009

Outros:

Vocalista da Banda Limusine

Apresentou as Noites Sem Caráter do Teatro XVIII de 2002 a 2005

Show Projeto “Atores Que Cantam”

Show Projeto “Pelourinho Dia e Noite”

Show com “Banda Palindromia”

Rodrigo Carvalho

(Zé Betovi)

Músico violinista e integrante do Projeto Neojibá (Núcleos de Orquestras Infantis e Juvenis da Bahia).

Em abril participou da gravação do segundo DVD do Neojibá que teve Cezar Camargo Mariano como convidado especial, Orquestra Rumpilezz e músicos internacionais de renome.

Em fevereiro 2014 fez sua primeira turnê internacional. Com 12 concertos em 11 cidades, passando pelos estados de Arizona, Missouri, Indiana e Califórnia ao longo de três semanas.

Vanja Veridiano

(Dona Elvira)

Graduada em Psicologia e Artes Cênicas - Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia - UFBA.

Participou de leituras dramáticas do Projeto Contexto Cênicas da Escola de teatro da UFBA.

Dentre seus principais trabalhos estão:

Juventude Esclarecida 2008, Mulher com L 2007, Mulher sem Pecado maio 2000, Navalha na Carne 1997, Oração 1997, Piquenique no Front 2000, Baal março 1999, Os Fuzis da Senhora Carrar em

2000.

Gênero: musical

Tempo: 60 minutos

Recomendação: Livre

Espaço para apresentações: Teatros

Orçamento

Pessoal Diárias dos Ensaios 5.000Serviços Iluminação, limpeza, Bilheteria 2.000

Infra-estrutura e Montagem

Pauta, Cenário, Vestuário, Lanche 5.000

Comunicação e Divulgação Material gráfico 3.000

TOTAL 15.000,00

Zé Betovi e Nhô Mozarte

Texto: Marluzi Moreira de Carvalho

Entra Nhô Mozarte com seu livro embaixo do braço olhando em sua volta e fala em voz alta:

Nhô Mozarte: Aqui está bem mais tranqüilo. Pelo menos não tem nenhuma obra por perto, com aquele barulho danado das máquinas eu não estava conseguindo me concentrar.

(Em seguida se senta no banco da praça e começa a ler).

Zé Betovi: Tchau mãe, tô indo lá na praça tocar um pouco.

(Zé Betovi caminha em direção a praça com seu violino na mão e resolvi se sentar perto de uma árvore, pois o calor estava muito grande naquele dia. Nem notou a presença de Nhõ Mozarte sentado no banco entretido, lendo seu livro e começa a tocar. Quando Nhô Mozarte escuta a música, para de ler e procura ver de onde vem aquele som. Avista Zé Betovi sentado tocando. Então se levanta devagar procurando não fazer barulho, e vai em direção a ele. Quando Zé Betovi acaba de tocar aplaudi com entusiasmo, e diz:

Nhô Mozarte: Bravo meu jovem!Que maravilha! Estou admirado de ver um garoto de sua idade tocando violino. E um instrumento que não é fácil. Os jovens assim como você, principalmente nos dias de hoje, preferem as guitarras, baterias, violão.

Zé Betovi: Obrigado. É mesmo... Eu também gosto dos outros instrumentos. Tenho violão e teclado e toco de vez em quando, mais o meu preferido mesmo é esse aqui (mostra o violino).

Nhô Mozarte: Um artista completo!(Admiração) Então se você toca violino é porque aprecia a música clássica.

Zé Betovi: Gosto. E nem tinha como eu não gostar. Lá em casa tanto meu pai como minha mãe adoram. Na verdade eu cresci ouvindo. Meu avô, o pai de minha mãe tocava muito bem de ouvido e nem sabia ler partitura.

Nhô Mozarte: E você? Toca de ouvido como seu avô?

Zé Betovi: Das duas formas. Minha mãe me colocou em aulas de música desde que eu era bem pequeno. Ela achou que ia ser bom pra mim. E quando eu fiz seis anos escolhi o violino.

Nhô Mozarte: Sua mãe fez muito bem. A música é importante na vida de todo mundo. Ela nos ajuda em tantas coisas... Mais me diga meu rapaz, você sabe quem é o autor da música que estava tocando há pouco?

Zé Betovi: Villa Lobos.

Nhô Mozarte: Isso mesmo. E o nome completo dele era “Heitor Villa-Lobos”. E foi o maior expoente da música do modernismo no Brasil. Em 1905 até 1912 ele fez umas viagens pelo norte e nordeste do país e ficou impressionado com as coisas que viu. Como vários tipos de instrumentos, cantigas de roda, repentistas, sons dos pássaros...

Zé Betovi: Imagine quanta coisa ele deve ter visto e aprendido, por esse Brasil a fora...

Nhô Mozarte: Sem dúvida. Uma grande experiência na vida musical dele. Não é a toa que foi tão importante e se tornou um grande compositor e maestro. Mais me diga uma coisa... Conversamos tanto e nem sei o seu nome.

Zé Betovi: José Bento... Mais pode me chamar de Zé Betovi. Um primo meu que colocou esse apelido e eu gostei, daí todo mundo me chama assim. Na época eu tinha uns nove anos.

Nhô Mozarte: E esse seu primo deve ser um admirador do grande Ludwing Van Beethoveen...

Zé Betovi: Acho esse nome difícil de falar... Deve ser porque ele era alemão.

Nhô Mozarte: E a Alemanha é um país de grandes nomes da música clássica. E tem mais, o pai de Bethoveen era músico, e queria que ele também fosse por isso o obrigava a estudar durante horas por dia.

Zé Betovi: Coitado! E estudando tanto assim ainda tinha tempo pra brincar e fazer as coisas que toda criança faz?

Nhô Mozarte: Se tinha tempo para brincar eu não sei... Mais que tinha que estudar muito, há isso tinha... Você imagine que com dez anos já ajudava no sustento da casa com a música. Mais quando ele fez 26 anos teve um problema sério de saúde. Parece que pegou um vírus que o deixou surdo.

Zé Betovi: Então ele teve que parar de tocar?

Nhô Mozarte: Não. Apesar de ter sofrido e ficado muito desanimado, inclusive por conta disso quase ter feito uma loucura em sua vida, por amor a musica continuou assim mesmo. E compôs uma de suas mais conhecidas obras: a nona sinfonia (Linda!)

Zé Betovi: Também acho. Eu sei tocar, quer ouvir?

(Nhô Mozarte na mesma hora balança a cabeça gostando da idéia e pedi ao garoto para tocar um trecho da sinfonia. Zé Betovi começa a tocar enquanto Nhô Mozarte escuta. Quando Zé Betovi acaba Nhô Mozarte bati palmas com entusiasmo)

Nhô Mozarte: Parabéns! Tocou muito bem, Zé Betovi.

Zé Betovi: Obrigada. O senhor perguntou meu nome e nem sei o seu.

Nhô Mozarte: Pode me chamar de Nhô Mozarte.

(Zé Betovi da risada e repete em voz alta o nome que acabara de ouvir)

Zé Betovi: N-H – Ô - M-O -Z -A- R -T- E... Já sei! Já sei! Esse apelido alguém te botou pra homenagear Mozart. Acertei?

Nhô Mozarte: Isso é óbvio. Mais deixa eu te contar a história: Meu nome mesmo não tem nada a ver: Clariovaldo Justino da Luz. Quando eu era menino acho que na época eu tinha uns onze anos, assim como seus pais os meus também adoravam música clássica e ouvíamos muito lá em casa. Cresci nesse ambiente e Mozart era meu preferido. Eu me lembro que eu gostava de pegar uma caneta ou qualquer objeto que se parecesse com uma batuta e fingia que estava regendo uma orquestra (REGENDO). Então como minha voz era bonita meus pais me colocaram para cantar no coral da igreja. Depois fui tocando em casamento, festas e daí um dos meus amigos brincando me chamou um dia de Nhô Mozarte, gostaram, desde então, só me chamam assim.

Zé Betovi: (rindo) Ficou engraçado esse apelido e combinou com você (hi hi). Nhô Mozarte, eu não lembro, Mozart nasceu na Alemanha também?

Nhô Mozarte: Não. Na Áustria. E assim como você foi estimulado pelos pais a estudar música. Aprendeu violino e cravo. Quando fez cinco anos já fazia turnê pela Europa.

Zé Betovi: (Espantado) Nossa!Tão pequeno assim... (Olha pro público e diz: E eu só fiz com 14 anos fui para os Estados Unidos).

Nhô Mozarte: Pra você vê como ele era um gênio. E compôs mais de seiscentas obras. E isso, porque morreu cedo demais apenas com 35 anos.

Zé Betovi: Imagine se ele vivesse mais tempo ia compor muito mais que isso.

Nhô Mozarte: Com certeza meu filho. Tem outra coisa importante que muitas pessoas não sabem, Bethoveen compôs suas obras seguindo os passos de Mozart.

Zé Betovi: Legal! Mais uma coisa interessante que eu aprendi hoje com o senhor. Tô adorando conversar e saber tanta coisa mais tenho que voltar pra casa.

Nhô Mozarte: Que pena! Nossa conversa está tão agradável.

Zé Betovi: Também acho....mais antes queria te falar sobre uma idéia que veio na minha cabeça enquanto a gente estava conversando.

Nhô Mozarte: (Curioso) Idéia??????

Zé Betovi: Sabe o que é? Pensei assim , Nhô Mozarte canta, tem voz bonita, eu toco e canto também, de repente e porque não formarmos uma dupla?

Nhô Mozarte: (Espantado) Dupla? Nós dois? Dessas que tem por aí?

Zé Betovi: Sim...parecida com essas ... Só que a nossa vai ser melhor que todas (rindo). Eu toco, você canta, eu canto, nós dois cantamos...

Nhô Mozarte: Sabe que essa sua idéia (apesar de meio atrapalhada) pode ser muito divertida pra gente...

Zé Betovi: Então Nhô Mozarte. Vai topar?

Nhô Mozarte: Está certo. Topo sim. Vai ser um prazer tê-lo como parceiro.

Zé Betovi: Legal! Legal! Bati aqui parceiro. Agora vou ter que ir mesmo. Há sim....antes vem cá pra eu te mostrar onde eu moro(Pega Nhô Mozarte pelo braço e aponta sua casa), moro ali ó, naquela casa amarela do lado da farmácia.

Nhô Mozarte: Há sim. Estou vendo. Aquela de porta branca....

Zé Betovi: Isso. Apareça hoje lá em casa umas cinco horas se puder...a gente pode conversar mais sobre essa idéia e aproveito e te apresento logo pros meus pais. Minha mãe vai gostar de conhecer você. Há sim....Vou pedir a ela pra fazer bolo de milho, pra gente lanchar, ela faz delicioso

Nhô Mozarte: Hum!!! Bolo de milho. Adoro. Vai logo....tchau! Até mais tarde.

(Em seguida Nhô Mozarte se senta no banco para continuar sua leitura. Passado alguns minutos entra D Elvira e se senta no banco ao lado dele):

D.ELVIRA: Boa tarde, Nhô Mozarte.

NHÔ MOZARTE: Boa tarde, D. Elvira. Como está passando à senhora?

D.ELVIRA: Bem obrigada, Nhô Mozarte. E o senhor mudou de praça? Digo isso porque sempre te vejo lendo naquela outra pracinha junto da padaria de seu Claudeonor.

Nhô Mozarte: É verdade... Mais de uns dias pra cá começaram umas obras ali perto e as máquinas fazem um barulho grande, incomoda muito e tira minha concentração. Então resolvi ficar aqui nessa, que além de ser tranqüila é bem aconchegante.

. D.ELVIRA: Fico admirada de ver como o senhor gosta de ler.

NHÔ MOZARTE: A leitura pra mim já é uma rotina. Sinto um prazer grande quando leio. Aliás, fico impressionado como hoje em dia as pessoas não tem esse hábito. Seja criança, jovem...pessoas mais velhas... Em vez disso elas preferem ficar horas e horas no computador.

D.ELVIRA: Eu gosto também mais não como o senhor. E em relação a computador pra falar a verdade, nem sei como ligar e nem faço questão de aprender.

(Nhô Mozarte observa que D. Elvira está silenciosa e distante)

NHÔ MOZARTE: Estou achando a senhora tão distante D. Elvira...

D. ELVIRA: Pois é. Deve ser saudade. Faz tanto tempo que não vejo meus parentes. Mais também todos moram longe... Vivo aqui praticamente sozinha. Se não fossem os amigos...o tempo está passando rápido demais. E por aqui as coisas andam muito paradas. Nunca mais teve uma festa. Se bem me lembro à última foi no São João do ano retrasado. Assim mesmo, um dia só.

NHÔ MOZARTE: A senhora tem razão. O povo daqui é muito acomodado para essas coisas. Alguém precisa incentivar para que tenha mais festas nessa cidade. As pessoas precisam de música e alegria em suas vidas.

D. ELVIRA: Isso mesmo Nhô Mozarte. Mais sabe... Um dia desses, eu estava pensando num desejo que eu tenho guardado comigo desde que era mocinha.

NHÔ MOZARTE: Um desejo guardado? E eu posso saber qual é?

(D. Elvira responde envergonhada)

D. ELVIRA: Parece uma coisa bôba, mais pra mim é um sonho.

NHÔ MOZARTE: Então me conte logo D. Elvira. Estou curioso pra saber que sonho é esse.

D. Elvira: (Suspirando) Há! De um dia ser acordada com uma serenata. Como naqueles filmes e novelas de antigamente... Que os namorados ou pretendentes iam cantar nas janelas de suas amadas...

Nhô Mozarte: Mais isso é uma coisa simples de acontecer.

D. ELVIRA: Simples como Nhô Mozarte. Se não aconteceu quando eu era mais jovem, imagine agora... Parece que o romantismo saiu de moda. Não ouço mais ninguém dizer que recebeu uma carta, até flores, não vejo

tanto assim como antes. Hoje é tudo mensagem pelo celular, whatsApp ou essas coisas parecidas...

Nhô Mozarte: Como a senhora é romântica. Acho isso tão bonito. E te digo uma coisa o romantismo e os nossos sonhos não acabaram e nem podem acabar, porque são eles que alimentam nossa alma e dá sentido a vida das pessoas.

D. ELVIRA: Que palavras bonitas, Nhô Mozarte. Está tão agradável conversar com o senhor mais vou ter que passar na quitanda de seu Manoel pra fazer umas comprinhas pro almoço. Tenha um bom dia. Até mais vê...

NHÔ MOZARTE: Eu também gostei muito da nossa conversa. Até mais D. Elvira. E boas compras.

(Nisso D. Elvira acena um até logo e vai embora. E Nhô Mozarte fica um tempo pensativo. Ocorre-lhe uma idéia depois de toda aquela conversa com D. Elvira e fala em voz alta):

Nhô Mozarte: Isso mesmo que eu vou fazer... Vou aproveitar que vou mais tarde à casa de Zé Betovi e falar com ele sobre minha idéia. E essa pode ser a estréia de nossa dupla: uma serenata na janela de D. Elvira. Ela jamais vai imaginar uma coisa dessas... (e continua sua leitura).

(No dia combinado deu tudo certo como Nhô Mozarte tinha pensado. Quando D. Elvira ouviu aquela cantoria acordou e foi pra sua janela ver o que estava acontecendo. Ficou surpresa e emocionada ao ver Nhô Mozarte cantando na sua janela. Parecia que estava sonhando. Ficou debruçada até acabarem. Agradeceu aos dois e mandou que esperassem um pouco foi até a cozinha e pegou uns biscoitos de polvilho que havia feito na noite anterior e deu pros dois em agradecimento. Ficou um clima de romantismo no ar entre Nhô Mozarte e D. Elvira. D. Elvira resolvi voltar e dar um beijo no rosto de Nhô Mozarte que fica surpreso ao mesmo tempo gostando e fica com cara de apaixonado. Enquanto isso Zé Betovi observa tudo e se divertiu muito com o que estava acontecendo.)

Zé Betovi: Nhô Mozarte! Você viu a cara de felicidade de D. Elvira? Alias não só de felicidade...

Nhô Mozarte: Hum... De que mais menino?

Zé Betovi: (irônico) De emocionada, hora! É isso que a música faz com as pessoas. Sua idéia foi genial mesmo.

Nhô Mozarte: Estou sentindo ironia no ar

Zé Betovi: Não é ironia não.... Mais que D. Elvira estava toda derretida pro senhor estava mesmo... E o senhor também pra ela

Nhô Mozarte: Debochado! É melhor ir logo pra sua casa, eu disse pra sua mãe que não iríamos demorar. Também estou indo pra minha. Adoro tomar meu café da manhã assistindo jornal. Tchau.

(Zé Betovi se despediu e saiu rindo. Passado alguns dias e Nhô Mozarte vai sentar no banco da praça como de costume. Quando estava concentrado em sua leitura entra Gildinha que é afilhada do Padre Godofredo. Senta-se ao lado de Nhô Mozarte sem percebê-lo mascando seu chiclete e parecendo está chateada. Começa a puxar o chiclete desconcentrando a leitura de Nhô Mozarte que começa a observar o comportamento da jovem, sentindo que algo estava acontecendo e puxa conversa)

Nhô Mozarte: Boa tarde, minha jovem. Me parece um pouco chateada. Posso ajudar?

GILDINHA: Oi. Não é bem chateada... Estou entediada.

(Nhô Mozarte percebe que ela está com a farda da escola num horário que na verdade deveria está em sala de aula e pergunta em seguida):

Nhô Mozarte: Estou vendo que está fardada numa hora dessas, não deveria está na escola?

GILDINHA: Eu sei.... Mais hoje resolvi não ir pra escola. Preferi andar um pouco pra pensar em minha vida...

Nhô Mozarte: Quer me contar o que está acontecendo, porque está assim tão entediada? Se não quiser também não precisa falar.

(Pensa um pouco e diz:)

GILDINHA: É que lá na minha escola está tudo muito igual. Quero dizer...tem aula de física, matemática, química mais não tem do que eu queria que tivesse que é teatro ou canto ou música. Tem religião, educação para o lar mais não botam as coisas que eu gosto. Eu queria mesmo é ser atriz, representar, cantar ou até dançar. Ainda tem uma coisa que me deixa mais chateada, só porque sou afilhada do Padre Godofredo sou mais cobrada em tudo. Mais do que meus colegas.

NHÔ MOZARTE: Como é seu nome mesmo minha jovem? (Pergunta com curiosidade)

GILDINHA: Gilda. Mais todo mundo me chama de Gildinha.

NHÔ MOZARTE: Esse nome não me é estranho na boca do padre...(Fala Baixinho).

GILDINHA: O que o senhor disse?

NHÔ MOZARTE: Nada não... Então Gildinha de certa forma você tem razão. Veja bem. Em relação às coisas que você gosta como dança, música, teatro, acho maravilhoso que tivesse nas escolas, acredito que muitas até tenham. Quanto a ser afilhada, do Padre Godofredo, e ser mais cobrada, isso não está certo. Ele nem deve saber que isso acontece. Ele é uma pessoa sensata e compreensiva. Acredito que as pessoas te cobram mais porque aqui todo mundo admira e gosta muito do seu padrinho e

acham que você tem que dar o exemplo, sendo ótima aluna e a mais comportada para não desagradá-lo.

(Gildinha ouve com atenção as palavras de Nhõ Mozarte e pergunta):

GILDINHA: E o que o senhor acha que eu devo fazer?

NHÔ MOZARTE: Primeira coisa e não faltar mais a aula. Parar de mascar chiclete desse jeito esticando. Todos nós temos que cumprir deveres na vida e por enquanto o seu é esse de estudar e tirar notas boas para um dia poder ter uma profissão. Quanto a sua vontade de ter aulas de teatro, dança e canto, aconselho você a conversar com seus pais sobre esse seu desejo e tentar convencê-los a te colocar num curso desses. Se quiser posso até falar com Padre Godofredo, garanto que ele vai ajudar de alguma forma. Sabia que eu conheço um jovem chamado Zé Betovi e a mãe dele o colocou na música ainda usando fraldas, inclusive vive aqui na praça tocando seu violino inseparável ficamos amigos e parceiros. Formamos até uma dupla...

GILDINHA: Uma dupla, tipo Victor e Léo, Zezé de Camargo e Luciano?

NHÔ MOZARTE: Um pouco menos... (rindo). Na verdade unimos o útil ao agradável. Em nossos horários vagos, ficamos tocando, cantando já fizemos até serenata. È uma forma que encontramos de nos divertir.

GILDINHA : P oxa! Que legal!Eu quero conhecer esse Zé Betovi (rindo) nome engraçado. E o senhor como se chama? Desculpe nem perguntei...

NHÔ MOZARTE: Tem nada não... Chamo-me Nhô mozarte.

(Gildinha não agüenta e começa a rir sem parar depois pedi desculpas):

GILDINHA: Desculpe, Nhô Mozarte...É que vocês dois tem nomes engraçados.

NHÔ MOZARTE: Outra debochada (falando baixinho). Olha menina. Volte pra sua aula e peça desculpas pelo atraso. Tenho certeza que as coisas vão melhorar você vai ver. Se quiser pode encontrar comigo e o menino Zé Betovi amanhã à tarde para assistir nosso ensaio e conhecê-lo. Hoje mesmo vou tentar falar com seu padrinho sobre o que conversamos.

GILDINHA : Obrigada, Nhô Mozarte! Vou voltar agora mesmo pra escola. E amanhã vou lá ao ensaio de vocês. Tchau.

(Antes de sair, pega o endereço da casa de Zé Betovi, e vái feliz cantarolando depois da conversa que tivera com Nhô Mozarte. Passaram-se alguns dias entra padre Godofredo na praça e vê Nhô Mozarte como sempre lendo no banco. Se aproxima com ar de felicidade sorridente e satisfeito):

PADRE GODOFREDO: Bom dia, Nhô mozarte! Que bom encontrá-lo aqui. Queria mesmo falar com o senhor há dias, mais são tantos os problemas na paróquia, que fico sem tempo.

NHÔ MOZARTE: Bom dia Padre! Sua benção...

PADRE GODOFREDO: Deus te abençoe meu filho. E que Deus te abençoe mesmo....digo isso porque estou muito grato ao senhor pelos sábios conselhos que andou dando a minha afilhada Gildinha e a mim também. Depois que ela entrou no curso de canto e teatro nem parece à mesma. Está cada dia melhor, tanto na escola como nas aulas particulares. A professora de canto me disse que ela é muito talentosa. Outro dia mesmo estava almoçando na casa dela e ela elogiou bastante o senhor e o menino Zé Betovi. Falar em elogiou D. Elvira também esteve na sacristia para se confessar e comentou da tal serenata que fizeram e ela adorou. Fala pelos cotovelos...

NHÔ MOZARTE: Há sim! A serenata. (fica desconcertado)

PADRE GODOFREDO: Pois é.... Na verdade eu queria te pedir uma coisa.

NHÔ MOZARTE: Como assim Padre?

PADRE GODOFREDO: É o seguinte, nossa paróquia está com infiltrações no teto da igreja. Aquela água da chuva do mês passado acabou de estragar o fôrro da sacristia. Ando agoniado com essa situação. O que eu arrecado na igreja mal da pra comprar as velas. E faz tempo que a igreja não vê nenhum tipo de reparo, venha ver aqui uma coisa...

(pega Nhô Mozarte pelo braço e o leva até a porta da igreja e mostra os estragos do teto)

NHÔ MOZARTE: Realmente padre. Está estragado. Mais como sabe sou aposentado e tenho umas economiazinhas, guardadas no banco, mais é pouca coisa e...

PADRE GODOFREDO: Não é nada disso que está pensando. É o seguinte outro dia estava matutando na hora de dormir porque não fazemos uma quermesse bem bonita com barraquinhas. Peço ajuda dos fiéis e nesse dia à noite finalizamos com um show especial de Zé Betovi e Nhô Mozarte. Não é uma excelente idéia?

NHÔ MOZARTE: Hum! Realmente aqui precisa mesmo de festa, inclusive estava conversando outro doa com D Elvira sobre isso. Até que essa idéia é interessante. E por uma causa justa. Mais antes de te dar uma resposta, tenho que falar com Zé Betovi.

PADRE GODOFREDO: Está bem meu filho. Eu aguardo. Tenho certeza que o menino Betovi vai aceitar.

NHÔ MOZARTE: Hoje mesmo falo com ele e depois passo na igreja para dar a resposta.

PADRE GODOFREDO : Está certo meu filho. Deus te abençoe mais uma vez. Até mais.

NHÔ MOZARTE: Até Padre.

(Dá a benção de novo a Nhô Mozarte e sái apressado. Nhô Mozarte fica um tempo pensativo mais adorou a idéia. Vai procurar Zé Betovi e conversar sobre o assunto. Tudo certo. Zé Betovi aceitou. Nhô Mozarte vai em seguida para igreja dar resposta ao padre. E chega o dia do espetáculo. Entra D. Elvira e o Padre Godofredo agitados enfeitando e dando os últimos retoques no palco onde vai acontecer o show. E como sempre uma tagarela. Tudo pronto. D. Elvira faz uma pequena apresentação e apresenta à dupla. Começa o show e o Pd e D. Elvira ficam sentados ao lado da dupla).

Boa noite meus queridos amigos. Que lindo!!!!!!!!!! Quanta gente bonita veio prestigiar nossa festa. Obrigado! Obrigado a todos vocês por estarem aqui numa noite tão importante como essa. Agora é com muito orgulho que convido aqui nesse palco essa dupla tão querida por todos aqui da cidade e que aceitaram nos ajudar com a maior boa vontade Zé Betovi e Nhô Mozarte. (Aplausos.... )

Roteiro do Show:

- Ìndia (Zé Betovi e Nhô Mozarte)

- 9 de Bethoveen (Zé Betovi)

-Luar do sertão ( Zé Betovi e Nhô Mozarte)

- Brasileirinho (Zé Betovi)

-Romaria (Zé betovi e Gildinha)

Ave Maria de Gonôt (Zé Betovi)

- É preciso saber viver (Zé Betovi , Nhô mozarte e Gildinha)

(Quando acaba o espetáculo todos batem palmas e o Padre Godofredo e D. Elvira comentam sobre o dinheiro conseguido felizes)