revolução industrial, neoclassicismo, estilo vitoriano e panorama de estilos

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CECOTEG CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL “SERGIO DE FREITAS PACHECO” 1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Fonte: http://maniadehistoria.wordpress.com/2009/02/17/revolucao-industrial/ A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para Contemporânea. Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média. A) O PROCESSO DE PRODUÇÃO Nessa evolução, a produção manual que antecede a industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: O artesanato, foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os meios de produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pelo utilização das ferramentas. É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também encontrava-se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção. A manufatura, predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do Curso: Técnico em Comunicação Visual Turma: Módulo II Disciplina: História do Design Docente: Angélica Ferraz

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Page 1: Revolução Industrial, Neoclassicismo, Estilo Vitoriano e Panorama de estilos

CECOTEG CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL “SERGIO DE FREITAS PACHECO”

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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Fonte: http://maniadehistoria.wordpress.com/2009/02/17/revolucao-industrial/

A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, integra o conjunto das “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, que sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para Contemporânea. Em seu sentido mais pragmático, a Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta pela máquina, e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção dominante. Esse momento revolucionário, de passagem da energia humana para motriz, é o ponto culminante de uma evolução tecnológica, social, e econômica, que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média.

A) O PROCESSO DE PRODUÇÃO

Nessa evolução, a produção manual que antecede a industrial conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo:

O artesanato, foi a forma de produção característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor (artesão), possuía os meios de produção ( era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final; ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pelo utilização das ferramentas.

É importante lembrarmos que nesse período a produção artesanal estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também encontrava-se sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da produção.

A manufatura, predominou ao longo da Idade Moderna, resultando da ampliação do mercado consumidor com o desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do

Curso: Técnico em Comunicação Visual Turma: Módulo II Disciplina: História do Design Docente: Angélica Ferraz

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trabalho, devido a divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um produto. A ampliação do mercado consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em direção ao oriente como em direção à América, permanecendo o lucro nas mãos dos grandes mercadores. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria prima e a determinar o ritmo de produção, uma vez que controlava os principais mercados consumidores.

A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e até numa terceira e quarta Revolução Industrial. Porém, se concebermos a industrialização, como um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo momento (energia elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica e do setor de comunicações ao longo dos século XX e XXI, porém aspectos ainda discutíveis.

B) O PIONEIRISMO DA INGLATERRA

A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes de outras nações, por possuir uma série de condições históricas favoráveis dentre as quais, destacaram-se: a grande quantidade de capital acumulado durante a fase do mercantilismo; o vasto império colonial consumidor e fornecedor de matérias-primas, especialmente o algodão; a mudança na organização fundiária, com a aprovação dos cercamentos (enclousures) responsável por um grande êxodo no campo, e consequentemente pela disponibilidade de mão-de-obra abundante e barata nas cidades.

Docas de Londres

Outro fator determinante foi a existência de um Estado liberal na Inglaterra, que desde 1688 com a Revolução Gloriosa. Essa revolução que se seguiu à Revolução Puritana (1649), transformou a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar, libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que dará lugar a um Estado Liberal Burguês na Inglaterra um século antes da Revolução Francesa.

C) PRINCIPAIS AVANÇOS DA MAQUINOFATURA

Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante. Em 1767 James Hargreaves inventa a “spinning janny”, que permitia a um só artesão fiar 80 fios de uma única vez. Em 1768 James Watt inventa a máquina a vapor. Em 1769 Richard Arkwright inventa a “water frame”. Em 1779 Samuel Crompton inventa a “mule”, uma combinação da “water frame” com a “spinning jenny” com fios finos e resistentes. Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.

D) DESDOBRAMENTOS SOCIAIS

A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção.Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis trabalhistas.

O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas

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minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo.

Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento “ludista” (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários, e o movimento “cartista”, organizado pela “Associação dos Operários”, que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto censitário. Destaca-se ainda a formação de associações denominadas “trade-unions”, que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros sindicatos modernos. O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime.

NEOCLASSICISMO

Fonte: http://www.pegue.com/artes/neoclassicismo.htm

Neoclassicismo é um movimento artístico que se desenvolveu especialmente na arquitetura e nas artes decorativas. Floresceu na França e na Inglaterra, por volta de 1750, sob a influência do arquiteto Palladio (palladianismo), e estendeu-se para o resto dos países europeus, chegando ao apogeu em 1830. Inspirado nas formas greco-romanas, renunciou às formas do barroco (que não tinha tido grande repercussão na França e na Inglaterra) revivendo os princípios estéticos da antiguidade clássica.

EXEMPLO DE EDIFÍCIO NEOCLÁSSICO

Palácio de Exposições de Munique

Entre as mudanças filosóficas, ocorridas com o iluminismo, e as sociais, com a revolução francesa, a arte deveria tornar-se eco dos novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo e democracia. No entanto, eram tantas as mudanças que elas ainda não haviam sido suficientemente assimiladas pelos homens da época a ponto de gerar um novo estilo artístico que representasse esses valores. O melhor seria recorrer ao que estivesse mais à mão: a equilibrada e democrática antiguidade clássica. E foi assim que, com a ajuda da arqueologia (Pompéia tinha sido descoberta em 1748), arquitetos, pintores e escultores logo encontraram um modelo a seguir.

Mais do que um ressurgimento de estética antiga, o Neoclassicismo relaciona fatos do passado aos acontecimentos da época. Os artistas neoclássicos tentaram substituir a sensualidade e trivialidade do Rococó por um estilo lógico, de tom solene e austero. Quando os movimentos revolucionários estabeleceram repúblicas na França e América do Norte, os novos governos adotaram o neoclassicismo como estilo oficial por relacionarem a democracia com a antiga Grécia e República Romana.

Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de

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temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza, mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. A imagem das cidades mudou completamente. Derrubaram-se edifícios e largas avenidas foram traçadas de acordo com as formas monumentais da arquitetura renovada, ainda existentes nas mais importantes capitais da Europa.

Igreja de Madeleine - Paris

A Igreja de Madeleine, de Vignon, é uma amostra inconstestável do retorno da arquitetura clássica que se verificou durante a época napoleônica. São edifícios grandiosos de estética totalmente racionalista: pórticos de colunas colossais com frontispícios triangulares, pilastras despojadas de capitéis e uma decoração apenas insinuada em guirlandas ou rosetas e frisos de meandros.

National Gallery, Londres

Surgido para dar sustentação à revolução francesa e depois ao império, o neoclassicismo, no entanto, se apóia principalmente nos países da aliança contra Napoleão, como a Alemanha e a Inglaterra. Durante este período, as cidades foram invadidas por edificações colossais, como o célebre Arco do Triunfo, em Paris, construído em homenagem às vitórias de Napoleão. Nele evitou-se ao máximo recorrer aos ornamentos romanos, como as colunas clássicas.

Arco do Triunfo, Paris

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A era de ouro de um estilo PERÍODO VITORIANO, MARCADO POR AVANÇOS SOCIAIS E DE TECNOLOGIA NA INGLATERRA, DITOU MODA MUNDO AFORA 13 de setembro de 2008 | 21h 37 Maria Ignez Barbosa - O Estado de S.Paulo Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,a-era-de-ouro-de-um-estilo,241312,0.htm Ela foi rainha da Inglaterra entre 1837 e 1901, mas o período a que Vitória emprestou o nome teve duração bem além de seu próprio reinado. Pode-se dizer que surgiu em 1815, quando a política expansionista de Napoleão saiu de cena, antes mesmo do nascimento da pequena princesa em 1819, e se perpetuou até 1914, quando eclodiu a 1ª Guerra. Isso, no caso de querermos limitar no tempo um estilo que evoluiu fazendo releituras ou revivals do gótico, clássico, rococó, elisabetano e por aí afora, sempre com ingredientes de exotismo oriental e que não parece, apesar de estarmos no século 21, ter sido completamente relegado ao passado. Como se verá, ainda há quem ache graça nessa superposição de estilos, quem curta acumular, colecionar, buscar inspiração em terra alheia e recriar elementos e detalhes do vitoriano de forma consciente e brincando com o ridículo. Vivia-se então na Inglaterra um período de avanços, de surgimento de tecnologias e grande mobilidade social, onde a população rural se transformava em urbana. Foram os mais abastados dessa nova classe média trilhando as novas estradas de ferro - e nas pegadas da aristocracia - os que de fato vieram a ditar os novos estilos e costumes que logo atravessariam o oceano para se impor também nos Estados Unidos e na Austrália, África do Sul e Índia. Tornava-se mais fácil produzir, e, portanto, mais barato comprar conforto e modismos. Morava-se melhor e a aparência dos interiores passou a ser primordial. Leis de higiene foram decretadas e era considerado vulgar, até mesmo imoral, não dar importância e atenção à casa. Acumular objetos, possuir móveis entalhados, misturar estilos, forrar o chão com tapetes estampados, enfeitar lareiras com cerâmica pintada, ter cortinas emoldurando portas ou drapejadas nas janelas e forrar paredes com papel estampado eram demonstração de evolução social, riqueza e considerado de bom gosto e tom. E a multiplicidade de objetos espalhados por sobre qualquer superfície disponível, de modo a não fazerem sombra uns aos outros, servia de assunto para a conversa em festas e jantares. E, sinal também desses agitados anos, foi assinada em 1842 a Registration Act, lei para proteger os criadores das cópias e reproduções. Surgia o design e, em retrospecto, é do escocês Christopher Dresser o título de primeiro designer industrial da Inglaterra e de William Morris, na segunda metade do século, o de primeiro style setter. Entretenimento e deleite era fazer window-shopping pelas grandes exposições internacionais, atualizar-se sobre novidades, comercializar e aprender. Dar de cara com madeiras raras e outras novidades importadas era como viajar sem sair do lugar. E colecionar, uma divertida decorrência. Foi marco e fez história a Great Exhibition de 1851, no Cristal Palace, um verdadeiro palácio de cristal erguido emLondres com esse propósito - e que fez a romancista Charlotte Bronté escrever sobre "a grandeza dessa exposição, que não consiste em uma coisa em si só, mas sim no acúmulo de todas essas coisas produzidas em diferentes partes do mundo". Pois de tudo parecia haver ali: móveis imitando bambu, estatuetas black amour, vidros de perfume com formas e diferentes cores de cristal, caixas revestidas com conchas, roupas de cama, mesa e banho em linho com rendas e bordados e entremeadas por fitas, caixas de tartaruga ou laca imitando o xadrez (ou tartan dos escoceses), cerâmicas tipo majólica e tudo o que antes jamais se sonhara existir. Tomar chá estava na moda, daí que abundavam jogos compostos de bules, leiteiras e açucareiros, em prata ou estanho, mas sempre com desenhos e muito ornamentados. Foi quando os vitorianos descobriram a bone china, porcelana mais barata do que aquela feita no século anterior.

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Reações aos excessos Embora Vitória, a rainha do período, fosse discreta e recatada, as fantasias barrocas dos reinos anteriores de Jorge IV e Guilherme IV prevaleciam e davam o tom, tanto que até os objetos mais domésticos eram decorados de forma extravagante, com figuras grotescas, guirlandas e animais. Na segunda metade dos anos 1800 - o século 19 também viveu os seus anos 60 na moda e nos costumes -, já eram evidentes reações a esses excessos. O movimento Arts & Crafts, do qual William Morris foi um dos criadores, começou a produzir cerâmicas e outros móveis e objetos onde função e forma melhor se harmonizavam. Os motivos passaram a ser buscados na natureza. Em lugar da cerâmica produzida na primeira metade do século, onde até a cara de conhecidos criminosos era tema de estatuetas, surgiram imagens sentimentais ou domésticas como as de crianças dormindo. Num século que viveu o advento da produção em massa em relativa paz, difícil resumir as variações em matéria de tendências, modas e hábitos dentro e fora da típica casa vitoriana. Apesar do aparente vale-tudo, a cara do vitoriano é bem própria e organizada em seus excessos. Vale rever o filme A Época da Inocência, de Martin Scorsese, baseado no romance de Edith Wharton, para um belo apanhado do estilo, da moda e dos costumes, morais inclusive, nessa era de espartilhos, preconceitos e amores impossíveis. É, aliás, de Edith Wharton, junto com Ogden Codman, o primeiro livro de decoração de que se tem notícia, The Decoration of Houses. Nele, aprendia-se que, no hall de entrada de uma casa vitoriana, não se deve colocar uma pintura importante. Sendo lugar de passagem ou espera, além de um cabideiro ou hang tree para a bengala e o chapéu, bastaria um busto num pedestal ou nicho, além da mesa com a bandeja para os cartões de visita. São nossas conhecidas e belas sobreviventes da era vitoriana a loja Liberty’s, em Londres, com lambris de madeira escura que ali estão desde sua inauguração, no final do século 19, e a americana Tiffany’s, cujas luminárias de vidro pintado foram tão marcantes na decoração da típica casa vitoriana. ([email protected]) PANORAMA DA HISTORIA DA ARTE Referência:GOMBRICH,E.H. A história da arte . Rio de Janeiro: Zahar, 1985 . Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1714456-panorama-da-historia-da-arte/#ixzz2IpaWxSdO O século XVIII até o XIX foi um período de muitas revoluções que influenciaram nas transformações do estatuto social do artista e da arte. Entre o século XVII até o XVIII surge o estilo Barroco que, ligado à Contra-Reforma, retratava em suas pinturas, além da temática religiosa, os temas mitológicos. Uma das características da pintura barroca é o culto da forma e o jogo de luz e sombra. Com a reforma protestante a pintura barroca assume características diferentes, pois a hostilidade contra as imagens e o luxo e a força da burguesia nos estados protestantes levaram a pintura aos temas burgueses e cenas da vida comum, substituindo a pintura decorativa, denominada posteriormente de rococó, beneficiando a arte do retrato. No século XVIII as academias passam a controlar o ensino da arte e a função do artista na sociedade, impondo-lhes normas e regras para a pintura artística. A arte deixou de ser um oficio comum para se tornar uma disciplina. Influenciados pelos ideais da Revolução Francesa, muitos artistas passaram a questionar as normas impostas pelas academias e as convenções do passado, gerando um rompimento com a tradição. Portanto, essa ruptura fez com que os artistas se sentissem livres para escolherem como tema desde uma cena de Shakespeare a um acontecimento corrente. A Revolução Francesa trouxe também, uma nova concepção de arte: O Romantismo. O espírito romântico surgiu no final do século XVIII, e se caracterizou pelas representações mais subjetivas e emocionais do artista, separando a arte das ilustrações. No Romantismo, os artistas expressavam as suas visões pessoais e retratavam em suas pinturas o sentimentalismo. No século XIX, com a Revolução Industrial, surge um novo movimento artístico: O

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Realismo. A obra de arte passou a ser um instrumento de denúncia da realidade social, rejeitando a pintura das belas artes da natureza. O pintor realista retratava em suas pinturas a realidade crua. Posterior ao realismo surge um novo movimento artístico que ficou conhecido como Impressionismo. Os impressionistas defendiam que a pintura da natureza deveria ser feita fora dos estúdios, in loco, com a finalidade de capturar a vida e a luz como eram vistas pelos olhos humanos, criando uma nova técnica de pintura, com pinceladas rápidas, sem a preocupação com o acabamento, pois queriam fixar na tela aquilo que tinha sido capturado. Essa forma de pintar foi rejeitada pelas academias e os pintores impressionistas tiveram dificuldades em conseguir que suas telas fossem aceitas. Percebe-se então, que a arte e a sua história atravessaram momentos de profundas rupturas ao longo dos tempos, ocasionando mudanças significativas em sua representação. Quanto aos artistas, até o século XVIII, tinham o seu fazer artístico relacionado à coletividade, pintavam os mesmos temas e viviam de encomendas de retratos e pinturas para decorar as residências e igrejas, tendo, desse modo, trabalho garantido. A partir do século XIX, a arte passa a expressar a individualidade e os artistas tiveram um campo ilimitado de opções, passando a ser o responsável pelo seu fazer, o que gerou um sentimento de insegurança, pois quanto maior a diversidade de opções era menos provável que o gosto do artista coincidisse com o do público. Todas essas transformações ocorridas no século XVIII até o XIX fizeram com que o artista, antes considerado pintor de ofício, passasse a ser encarado como um “gênio”, alguém além de seu tempo, ou um “louco” que através de suas pinturas fala de algo que só ele possa ver.