revista tn petróleo

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opinião PETRÓLEO I GÁS I BIOCOMBUSTÍVEIS Entrevista exclusiva Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás OOG quer ser parceira estratégica no upstream O Brasil, os Brics e seus parceiros, por Fernando Padovani Sustentabilidade corporativa, por José Osvaldo Bozzo PCHs: é necessário investir mais nesta alternativa, por Regina Pimentel A tecnologia é nossa, por Otto Licks e Rodrigo Souto Maior Aneel: contabilidade regulatória e renovação das concessões, por Rosane Menezes Lohbauer e Rodrigo Barata A importância das reservas do pré-sal na economia brasileira, por Augusto Mendonça A prática da arbitragem no Brasil, por Patrícia Sampaio Fiad Prospectos exploratórios: estimativa do VME, por Túlio Márcio ESPECIAL: SÍSMICA NO RASTRO DO PETRÓLEO Ano XIII • maio/jun 2012 • Nº 83 • www.tnpetroleo.com.br OTC 2012: cobertura especial Cinquentenário da Sobena Magda Chambriard: pulso firme na ANP Tecnologia centenária Métodos sísmicos e tipos de levantamento Sísmica permanente Prepare-se para voltar a crescer, de Mark Dixon, CEO e fundador do Grupo Regus.

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Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

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Page 1: Revista TN Petróleo

o p i n i ã oPETRÓLEO I GÁS I BIOCOMBUSTÍVEIS

Entrevista exclusiva

Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás

OOG quer ser parceira estratégica no upstream

O Brasil, os Brics e seus parceiros, por Fernando Padovani

Sustentabilidade corporativa, por José Osvaldo Bozzo

PCHs: é necessário investir mais nesta alternativa, por Regina Pimentel

A tecnologia é nossa, por Otto Licks e Rodrigo Souto Maior

Aneel: contabilidade regulatória e renovação das concessões, porRosane Menezes Lohbauer e Rodrigo Barata

A importância das reservas do pré-sal na economia brasileira, por Augusto Mendonça

A prática da arbitragem no Brasil, por Patrícia Sampaio Fiad

Prospectos exploratórios: estimativa do VME, por Túlio Márcio

ESPECIAL: SÍSMICA

NO RASTRODO PETRÓLEO

Ano XIII • maio/jun 2012 • Nº 83 • www.tnpetroleo.com.br

OTC 2012: cobertura especial

Cinquentenário da Sobena

Magda Chambriard: pulso firme na ANP

Tecnologia centenáriaMétodos sísmicos e tipos de levantamentoSísmica permanente

Prepare-se para voltar a crescer, de Mark Dixon, CEO e fundador do Grupo Regus.

Page 2: Revista TN Petróleo
Page 3: Revista TN Petróleo
Page 4: Revista TN Petróleo

Da análise do investimento à gestão tributária, logística e de processos, passando pelas questões ambientais, a Ernst & Young Terco ajuda empresas do setor de óleo e gás em todo o mundo a compreender os desafios e aproveitar as oportunidades do setor.

Beth Ramos Carlos Assis Sócia-líder de Óleo e Gás Sócio-líder de Mineração ( 21 3263 7307 ( 21 3263 7308

www.ey.com.br

Óleo e gás. Nós conhecemos

bem esse assunto.

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Page 5: Revista TN Petróleo

Da análise do investimento à gestão tributária, logística e de processos, passando pelas questões ambientais, a Ernst & Young Terco ajuda empresas do setor de óleo e gás em todo o mundo a compreender os desafios e aproveitar as oportunidades do setor.

Beth Ramos Carlos Assis Sócia-líder de Óleo e Gás Sócio-líder de Mineração ( 21 3263 7307 ( 21 3263 7308

www.ey.com.br

Óleo e gás. Nós conhecemos

bem esse assunto.

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TMRio2016

Page 6: Revista TN Petróleo

Sobena: Cinquentenário de dedicação à indústria naval

sumário edição nº 83 maio/jun 2012

Entrevista exclusiva

Magda Chambriard

Cobertura OTC 2012

Especial: sísmica

com Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás (OOG)

OOG quer ser parceira estratégica no upstream

Sísmica: no rastro do petróleo

Pulso firme na ANP

OTC 2012 tem participação recorde

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entrevista exclusiva

“NÃO PRETENDEMOS SER uma companhia de petróleo e sim uma parce-ria estratégica no setor offshore brasileiro, atuando desde a perfuração e serviços subsea à produção de óleo e gás”, afirma Roberto Ramos, Ramos, presidente da OOG, em entrevista exclusiva à TN Petróleo.

O FPSO em construção no estaleiro Jurong, em Cingapura, adquirido pela joint venture formada pela OOG e a norueguesa Teekay Petrojarl, tem contrato de nove anos com a Petrobras, renovável por mais seis. Ele é um dos pontos chaves da estratégia de crescimento da empresa criada em 2006, respaldada na experiência do grupo Odebrecht, que desde 1997 opera o FPSO North Sea Producer, no Mar do Norte, com recordes de produtivi-dade. O outro pilar da expansão é a frota de sondas, que deve dobrar até o final da década. E para isso a empresa, que registrou receita de US$ 500 milhões em 2011, prevê investimentos da ordem de US$ 5 bilhões em ativos de última geração até 2013, como plataformas semissubmersíveis, navios--sonda, PLSVs, FPSOs, dentre outras embarcações.

TN Petróleo – O projeto de refinanciamento da OOG no valor de US$ 1,5 bilhão, para a construção de duas sondas, conquistou o prêmio Deals of the Year 2011 (Negócio do Ano) na categoria Project Financing na América Latina, da revista Latin Finance, tornando-se uma referência de mercado para outros players do setor. Esse modelo de project bond poderá propiciar o financiamento da expansão da frota da empresa?

Roberto Ramos – Na realidade, esse project bond ganhou quatro prê-mios, pois já havia sido distinguido em 2010 pelas revistas Project Finance and Infrastructure Finance, Marine Money e pela International Financing Review. Esse modelo de projetc financing é relativamente novo e se adapta muito bem a projetos na área offshore. Um de seus fundamentos é es-truturar uma operação financeira com base no risco de um projeto, que está isolado do resto da companhia. É isso que uma sonda é: um projeto, que tem contrato com a Petrobras e será operado por sete a dez anos; um investimento específico, razoavelmente isolado do restante da companhia. Os credores que estão financiando aquele ativo conseguem ver o fluxo de caixa, como o financiamento está sendo servido, qual o desempenho do ativo, se o negócio está faturando, se está sendo bem operado ou não... tudo isso em separado do resto da companhia. Assim, construção e operação de sondas de perfuração, barcos de lançamento de linhas flexíveis, plataformas

Com a entrada em atividade do FPSO

(Floating Production Storage and Offloading)

Cidade de Itajaí nos campos de Tiro e

Sídon, no sul da Bacia de Santos, litoral

catarinense, prevista para até o final do ano,

a Odebrecht Óleo e Gás (OOG) consolida uma

estratégia bem-sucedida delineada há seis anos, o que, além de posicioná-la como a primeira e maior

empresa brasileira de drilling, a insere como

um player estratégico no upstream brasileiro.

por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

OOG quer ser PARCEIRA ESTRATÉGICA

no upstream

O MODELO DE

PROJETC FINANCING É

RELATIVAMENTE NOVO E

SE ADAPTA MUITO BEM

A PROJETOS NA ÁREA

OFFSHORE. UM DOS

FUNDAMENTOS DESSE

MODELO É ESTRUTURAR

UMA OPERAÇÃO

FINANCEIRA BASEADA NO

RISCO DE UM PROJETO,

QUE ESTÁ ISOLADO DO

RESTO DA COMPANHIA.

Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás

26 TN Petróleo 83 TN Petróleo 83 27

especial: sísmica

Sísmica: no rastrodo petróleo

Com cerca de uma dúzia de navios autorizados a realizar a

aquisição de dados do subsolo na costa brasileira, e grupos de

sísmica terrestre espalhados de norte a sul do país, a tecnologia

centenária – que ajudou a descobrir os campos gigantes do

pós-sal das bacias de Campos e Espírito Santo, e o pré-sal

da Bacia de Santos – continua sendo o grande ‘cão de caça’

das companhias petrolíferas. Estas, além de demandar novos

levantamentos, estão reprocessando dados de mais de quatro

décadas... com resultados altamente positivos.

por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

especial: sísmica

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42 TN Petróleo 83 TN Petróleo 83 43

TN Petróleo – A senhora afirmou que já está tudo preparado para os novos leilões. Isso se aplica às diferentes modalidades: pré-sal, blocos exploratórios offshore e onshore, campos marginais?

Magda Chambriard – Apenas a 11ª Rodada, que foi aprovada em reunião do Conselho Nacional de Política Ener-gética (CNPE) no final de abril do ano passado, é que está pronta. Estamos aguardando a aprovação do Governo Federal para realizá-la. As outras ro-dadas ainda não estão prontas. A ANP continua fazendo estudos das áreas com potencial para petróleo e gás no Brasil. Estamos ampliando nosso co-nhecimento sobre o subsolo brasileiro com a execução do Plano Plurianual. Entre 2007 e 2014, pretendemos investir R$ 1,5 bilhão em estudos e levantamentos geológicos e geofísicos de 22 bacias sedimentares brasileiras. Quais os leilões que deverão ocor-rer antes? E quando?

Acredito que a 11ª Rodada deva ser a primeira a acontecer. Quanto às demais, ainda precisamos espe-rar pelas decisões do governo.

Quais são as áreas que a senhora acredita que devem atrair mais interessados? Os apetites estarão aguçados depois da ausência de leilões por três anos?

Acredito que qualquer oferta de área que aconteça no Brasil vai atrair

muitos interessados. A indústria do petróleo atravessa um momento muito promissor. Temos muitas áreas com enorme potencial. No Mato Gros-so, temos esxudação de gás em um trecho de 800 m no rio Teles Pires. Também temos boas perspectivas de gás no Maranhão, Piauí e Minas Gerais. Estou muito otimista com as bacias sedimentares terrestres. O pré-sal é o grande atrativo, colo-cando as rochas carbonáticas como as mais promissoras do momento. No entanto, há quem diga que po-derão surgir surpresas no pré-sal? A senhora acredita nisso ou a era dos turbiditos acabou?

A área do pré-sal brasileiro possui potencial para descobertas de grande porte, especialmente a região do cluster da Bacia de Santos, que possui características geológicas particulares que per-mitiram a acumulação de grandes jazidas de petróleo (Lula, Iara, Guará, Franco, Libra, entre outros). O principal diferencial geológico é a presença de um grande alto estrutu-ral denominado ‘Platô de São Paulo’ e a presença das muralhas de sal. Os reservatórios carbonáticos são conhecidos na Bacia de Campos desde a década de 1980.

Os turbiditos são comuns na Bacia de Campos e grandes acu-mulações de óleo foram encontra-das nesse tipo de reservatório. Os

reservatórios se caracterizam por excelentes condições permoporo-sas com boa continuidade lateral. Existem muitas áreas a explorar no Brasil e é provável que várias descobertas ainda sejam realizadas em reservatórios turbidíticos. A senhora mencionou, em outros eventos, que há outras áreas impor-tantes, que merecem maior atenção, como a margem equatorial brasileira e o sul do Brasil. Quais os grandes atrativos para os investidores na margem equatorial brasileira?

A margem equatorial brasilei-ra apresenta potencial petrolífero altamente promissor caracterizado pelos numerosos indícios já identifi-cados nas bacias sedimentares dessa região, pelos campos produtores das bacias Potiguar (mar) e Ceará; corroborado pelas recentes desco-bertas na costa oeste africana e pelas descobertas no litoral dos países vizinhos (Guiana, Guiana Francesa e Suriname). Além disso, os óleos iden-tificados nessas bacias são leves e de excelente qualidade, similar ao pe-tróleo árabe leve. Por fim, a margem equatorial brasileira está próxima dos maiores mercados consumidores mundiais (EUA e Europa). E quais os atrativos na região Sul?

Infraestrutura; maior mercado consumidor da América do Sul.

Qual a estratégia da ANP para incentivar a exploração em áreas onshore no país? Quais os cenários mais promissores?

Para incentivar a exploração onshore, a ANP vem investindo sistematicamente na aquisição de novos dados geológicos e geofísicos por meio de seu Plano Plurianu-al (PPA) de Estudos de Geologia e Geofísica. O PPA da ANP foi implementado em 2007 e desde então a Agência já investiu cerca de R$ 500 milhões. Estão contrata-

Com uma trajetória marcante na superintendência de Exploração da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, nova diretora-geral do órgão, deverá atuar com pulso firme, do poço ao posto, literalmente.

“Vocês têm razão quando dizem que nossas multas são brandas. A Lei das Penalidades foi feita para o setor de abastecimento e revenda de combustíveis. Ela não previa a inclusão do segmento upstream”, destaca ela, que assumiu o comando da ANP em evento prestigiado pela presidenta Dilma Rousseff, e a dirigente da Petrobras, Graça Foster. “O Brasil tem na Magda um símbolo de que as pessoas ascendem aos seus postos por merecimento, capacidade e dedicação”, afirmou Rousseff, na solenidade de posse da ex-petroleira da Petrobras, que promete todo rigor na fiscalização e punição de infrações e acidentes. Devido a essa postura firme, similar à da presidente da Petrobras, o mercado já começa a falar que a indústria petrolífera brasileira hoje está sob o comando de ‘damas de ferro’. Nada mais adequado para um setor que tem impactos sobre diversos segmentos da economia e da sociedade.

por Beatriz Cardoso na ANP

Entrevista com Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

ANP

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A presidente Dilma Rousseff e Magda Chambriard

PULSO FIRME

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eventos

Área: 220 mil m2

Visitantes: 90 milEmpresas: 2.500Países: 46

OTC 2012tem participação recorde

por Maria Fernanda Romero

A Offshore Technology Conference (OTC) confirma sua posição como maior e mais importante feira mundial de petróleo offshore a cada ano. Nesta 43ª edição, o evento contou com 90 mil participantes, o terceiro maior público na história do evento e 14% maior do que o registrado no ano passado, que recebeu 78.645 espectadores. Segurança operacional e novas tecnologias foi o tema central da conferência e a exposição teve 2.500 empresas de 46 países, incluindo 200 novos expositores, que incluíram participantes de Bahrein, Hungria, Israel, Lituânia, Nova Zelândia e Taiwan.

cobertura otc - offshore technology conference

54 Brasil-EUA mantêm boas relações em óleo e gás

58 IBP fecha parceria com a OTC Brasil

Page 7: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 5

CONSELHO EDITORIAL

Affonso Vianna Junior

Alexandre Castanhola Gurgel

André Gustavo Garcia Goulart

Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira

Bruno Musso

Colin Foster

David Zylbersztajn

Eduardo Mezzalira

Eraldo Montenegro

Flávio Franceschetti

Francisco Sedeño

70Gary A. Logsdon

Geor Thomas Erhart

Gilberto Israel

Ivan Leão

Jean-Paul Terra Prates

João Carlos S. Pacheco

João Luiz de Deus Fernandes

José Fantine

Josué Rocha

Luiz B. Rêgo

Luiz Eduardo Braga Xavier

Marcelo Costa

Márcio Giannini

Márcio Rocha Melo

Marcius Ferrari

Marco Aurélio Latgé

Maria das Graças Silva

Mário Jorge C. dos Santos

Maurício B. Figueiredo

Nathan Medeiros

Paulo Buarque Guimarães

Roberto Alfradique V. de Macedo

Roberto Fainstein

Ronaldo J. Alves

Ronaldo Schubert Sampaio

Rubens Langer

Samuel Barbosa

Pavilhão Brasil

Rio Gas Forum

16 O Brasil, os Brics e seus parceiros, por Fernando Padovani

94 Sustentabilidade corporativa, por José Osvaldo Bozzo

96 Empreendimentos sustentáveis, por João Marcello Gomes

96 PCHs: é necessário investir mais nesta alternativa, por Regina Pimentel

124 A tecnologia é nossa, por Otto Licks e Rodrigo Souto Maior

126 Aneel: contabilidade regulatória e renovação das concessões, por Rosane Menezes Lohbauer e Rodrigo Barata

128 Os quatro benefícios da recessão global, por Matthew Halle

130 A importância das reservas do pré-sal na economia brasileira, por Augusto Mendonça

132 A prática da arbitragem no Brasil, por Patrícia Sampaio Fiad

134 Prospectos exploratórios: estimativa do VME, por Túlio Márcio

7 editorial 8 hot news 12 indicadores 82 perfil profissional 85 caderno de sustentabilidade 108 pessoas

114 perfil empresa 116 produtos e serviços 138 fino gosto 140 coffee break 143 feiras e congressos 144 opinião

Grande visibilidadebrasileira

Gás: grandes perspectivas e indecisões

artigos

Ano XIII • Número 83 • maio/jun 2012Fotos: PGS e Ricardo Almeida

seções

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o p i n i ã oPETRÓLEO I GÁS I BIOCOMBUSTÍVEIS

Entrevista exclusiva

Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás

OOG quer ser parceira estratégica no upstream

O Brasil, os Brics e seus parceiros, por Fernando Padovani

Sustentabilidade corporativa, por José Osvaldo Bozzo

PCHs: é necessário investir mais nesta alternativa, por Regina Pimentel

A tecnologia é nossa, por Otto Licks e Rodrigo Souto Maior

Aneel: contabilidade regulatória e renovação das concessões, porRosane Menezes Lohbauer e Rodrigo Barata

A importância das reservas do pré-sal na economia brasileira, por Augusto Mendonça

A prática da arbitragem no Brasil, por Patrícia Sampaio Fiad

Prospectos exploratórios: estimativa do VME, por Túlio Márcio

ESPECIAL: SÍSMICA

NO RASTRODO PETRÓLEO

Ano XIII • maio/jun 2012 • Nº 83 • www.tnpetroleo.com.br

OTC 2012: cobertura especial

Cinquentenário da Sobena

Magda Chambriard: pulso firme na ANP

Tecnologia centenáriaMétodos sísmicos e tipos de levantamentoSísmica permanente

Prepare-se para voltar a crescer, de Mark Dixon, CEO e fundador do Grupo Regus.

60 TN Petróleo 83 TN Petróleo 83 61

eventos

A indústria brasileira de petróleo e gás offshore têm despertado bastante interesse internacional. Mesmo sem a tradicional presença do estande da Petrobras, a visibilidade e a visitação no Pavilhão Brasil continuou sendo surpreendente. Pelo 13º ano consecutivo o Pavilhão Brasil reuniu as organizações e entidades brasileiras do setor no evento, que por unanimidade consideraram a melhor edição no que se refere a prospecção de negócios e movimentação nos estandes durante a feira.

Grande visibilidadebrasileira

Coordenado pela Organiza-ção Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Instituto

Brasileiro de Petróleo, Gás e Bio-combustíveis (IBP) e Agência Bra-sileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o pavilhão é parte do projeto Oil Brazil, que tem o objetivo de incrementar as exportações e dar maior visibilida-de aos fornecedores nacionais de bens e serviços.

“Este ano tivemos um espaço institucional onde divulgamos oportunidades de parcerias com empresas bra-sileiras e escla-recemos sobre as regras de conteúdo local estabelecidas pelo governo”, diz Bruno Mus-so, gerente do Projeto Oil Brazil e superintendente da Onip.

Segundo ele, o destaque do pavilhão em 2012 ficou pela pre-sença de instituições brasileiras importantes e com grande atuação no setor, como o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ), a Federação das Indústrias do Es-tado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Porto de Suape. “O pavilhão Brasil é uma iniciativa voltada à promo-ção das exportações das empresas fornecedoras de bens e serviços do setor petróleo, e essas insti-tuições fizeram um trabalho com-plementar, procurando identificar possibilidades para cooperação institucional e entre empresas, além da atração de investimentos para o Brasil”, afirmou.

De acordo com a Onip, o Bra-sil virou o centro das atenções em vários segmentos e isso aumenta a procura por informações e inte-ração com as empresas brasileiras.

“De um modo geral, os estrangeiros começam realmente a estudar o Brasil. Eles querem saber como são as regras que regulam o se-tor, querem entender melhor as

EntidadesANP; IBP; Onip; CTDUT; Sebrae; Firjan; Abimaq; AbenavEmpresasAltona; Altus; Chemtech; Cotema; Flexomarine; Forship; Grupo GP; Grupo IFM; Jaraguá; Keppel Fels; Kromav; LabOceano; MCS Enge-nharia; Nuclep; Oceânica; Orteng; Petrolab; Porto de Suape; Subsin; Rio Engenharia; Schulz; Softex; Subsin; SSB; Technofink; T&B Petroleum Magazine (TN Petróleo); Tomé Engenharia; Vanasa; WEG.

Área: 290 m2

Estandes: 1117, 1317

Empresas: 30

Organizações: 8

cobertura otc

TN Petróleo 83 69 68 TN Petróleo 83

eventos Rio Gas Forum

GÁS:grandes perspectivas e indecisões

O setor de gás no Brasil continua indo bem: no ano passado se observou uma elevação da oferta de gás natural graças à entrada em produção dos campos da Bacia de Santos. O GLP e o shale gas (gás não convencional) já são uma realidade no país. Entretanto, ainda há dúvidas no mercado quanto ao futuro desse insumo, às oportunidades de novas aplicações e aos desafios da sua produção nos campos do pré-sal. Para esquentar esses debates, pelo terceiro ano consecutivo, o Rio de Janeiro sediou o Rio Gas Forum, cujo principal objetivo é fomentar a discussão sobre os mercados globais do gás, em especial o mercado brasileiro e suas oportunidades.

O encontro, pro-duzido pelo Grupo CWC, juntamente com a Petrobras, possibilitou a

análise das últimas tecno-logias para aperfeiçoar os recursos de gás do país, com o intuito de manter o Brasil como uma das potências glo-bais nessa área.

No primeiro dia do evento, realizado entre em março no Hotel Copacabana Palace, o ge-rente executivo de Marketing e Comercialização da área de Gás e Energia da Petrobras, Antônio Castro, destacou os avanços da companhia no setor – houve lucro recorde no ano passado, além do início do aproveitamen-to do gás do pré-sal.

Em 2011, a empresa atingiu o recorde de 37 milhões de m³ de gás por dia entregues ao mer-cado. Já em dezembro, foram alcançados os recordes mensal e diário, com 46,1 milhões de m³ ofertados ao mercado.

“A elevação da oferta de gás natural em 2011 foi possível gra-ças à entrada em produção dos campos de Mexilhão, Uruguá e Tambaú, na Bacia de Santos”, afirmou Castro. Outro desta-que foi o início do escoamento da produção do campo de Lula em setembro do ano passado. Segundo Antônio Castro, o gás do pré-sal já é uma realidade no mercado brasileiro e nas opera-ções da Petrobras.

Em 2011, a estatal fechou um ciclo de investimentos na malha de transporte de gás natural, que totalizou US$ 15 bilhões desde 2007. Durante o último ano, ini-ciou as operações do Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté e da Uni-dade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba, ambos em São

Paulo. Com esses investimentos, atingiu o total de 42 sistemas de compressão e 173 pontos de entrega instalados no Brasil, com uma malha de gasodutos de 9,7 mil km de extensão.

Já Marcelo Castilho, espe-cialista em geologia e geofísica e superintendente adjunto da Agência Nacional de Petróleo. Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), destacou os investimen-tos que a agência vem fazendo desde 2007 através do Plano Plu-rianual das Bacias Sedimentares Brasileiras, criado para a obten-ção de mais dados sobre áreas pouco conhecidas e de interesse exploratório, principalmente de gás natural.

Os dados estão sendo ob-tidos através da aquisição de sísmicas 2D e também 3D, um investimento de R$ 1 bilhão até o final deste ano. Marcelo adiantou, durante sua palestra, que as reservas provadas de gás no país chega a 423 bilhões de m³ de gás, e que a produção em 2011 foi de 66,7 milhões de m³ de gás por dia. Segundo ele, os campos onshore são a nova fronteira exploratória no setor de gás natural no país, princi-palmente nas bacias do Amazo-nas, Parnaíba e Paraná.

Sobre a 11ª rodada de licita-ções da ANP, Castilho informou que já foi autorizado pelo Conse-lho Nacional de Política Energé-tica, mas que para dar andamen-to é preciso a publicação dessa autorização, o que ainda não foi feito. Ele adiantou que a rodada vai licitar 168 blocos, 84 onshore e 84 offshore.

Com uma visão pouco otimis-ta, o vice-presidente Comercial da BG Brasil Marcelo Menicucci disse que nos próximos anos o Brasil vai continuar sendo impor-tador de gás natural para manter

a demanda do mercado interno. “O gás do pré-sal precisa ter sua infraestrutura desenvolvida para que se torne viável para o merca-do”, afirmou.

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NOS PRÓXIMOS DEZ ANOS, O GÁS DEVERÁ TER, SOBRETUDO NO BRASIL E NA AMÉRICA LATI-NA, PAPEL MUITO IMPORTANTE PARA O DESENVOLVI-MENTO NACIONAL. A GERAÇÃO TER-MELÉTRICA SERÁ USADA DE FORMA INTERMITENTE E COMPLEMENTAR, AO LADO DOS RE-CURSOS DE ENER-GIA RENOVÁVEL – EM ESPECIAL A EÓLICA E A SOLAR – COMO ACONTE-CEU EM PAÍSES NA EUROPA E ESTA-DOS UNIDOS”.

Marcelo Prado, diretor de Marketing da GE Energy

para a América Latina

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

68 Oportunidades pernambucanas na OTC

69 Internacionalização estratégica

Page 8: Revista TN Petróleo

6 TN Petróleo 83

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Page 9: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 7

editorial

Rua do Rosário, 99/7º andarCentro – CEP 20041-004

Rio de Janeiro – RJ – BrasilTel/fax: 55 21 3221-7500

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EDITORABeatriz Cardoso (21 9617-2360)

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EDITOR DE ARTE, CULTURA E VARIEDADES

Orlando Santos (21 9491-5468)

REPÓRTERESMaria Fernanda Romero (55 21 8867-0837)

[email protected] Miguez (21 9389-9059)

[email protected] Gomes (55 21 7589-7689)

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RELAÇÕES INTERNACIONAISDagmar Brasilio (21 9361-2876)

[email protected]

DESIGN GRÁFICOBenício Biz (21 3221-7500)

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PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTERFabiano Reis (21 3221-7506)

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Laércio Lourenço (21 3221 7510)[email protected]

REVISÃOSonia Cardoso (21 3502-5659)

Marco Antonio Coelho (21 2568-3451)

DEPARTAMENTO COMERCIALJosé Arteiro (21 9163-4344)

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Lorraine Mendes (21 8105-2093)[email protected]

Bruna Guiso (21 7682-7074)[email protected]

Lorena Kayzer (21 7629-3422)[email protected]

Luiz Felipe Pinaud (21 7861-4828) [email protected]

ASSINATURASRodrigo Matias (21 3221-7503)

[email protected]

CTP e IMPRESSÃOWalprint Gráfica

DISTRIBUIÇÃO Benício Biz Editores Associados.

Filiada à ANATEC

Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores,

não representando, necessariamente, a opinião dos editores.

TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos,

técnicos, pesquisadores, fornecedorese compradores do setor de petróleo.

Com o petróleo chegando a US$ 130 o barril e colocando em risco a débil recuperação da economia global,

o Brasil continua em uma situação mais confortável, a despeito do possível aumen-to da gasolina e da queda na expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Não somente por conta da estabi-lidade econômica e da pressão do dólar fazendo cair os juros, como pela pers-pectiva, gerada pelo setor de petróleo e gás, de grandes negócios e investimentos externos no país.

Interesse que não foi afetado nem mesmo pela queda nos lucros da Petrobras − e de sua liderança no ranking das empresas mais valoriza-das da América Latina, perdida para a Ecopetrol, de acordo com a pesquisa da Eco-nomática. Afinal, ainda que sob revisão da nova direção da estatal, os investimentos previstos para os pró-ximos anos continuam sendo os mais volumosos da indústria mundial, criando uma verdadeira bacia de oportunidades para toda a cadeia produtiva de óleo e gás − nacional e internacional.

Mas não apenas os investimentos da Petrobras tornam o país atrativo. So-mente o desenvolvimento da produção no pré-sal deverá demandar US$ 400 bilhões em materiais, equipamentos, sistemas e serviços até 2020, como pontuou a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Cham-briard, em concorrida palestra na OTC 2012, no dia 30 de abril, nos Estados Unidos. Mesmo sem a participação da Petrobras em um megaestande, o Brasil continua no foco das atenções, como aferiu a TN Petróleo, que participa des-se evento desde 1999: a demanda do pré-sal já é um grande atrativo para as empresas internacionais, a despeito do conteúdo nacional, uma vez que muitas já estão no país e, outras, chegando aqui por meio de parceiras locais.

Some-se a isso o aumento da produção (superior a 6 bilhões) e da exportação de petróleo – que deve superar os dois milhões de barris diários até o final da década –, aliado à perspectiva de duplicação das reservas provadas. E isso, tanto em termos de pré-sal como de pós-sal, com desco-bertas sendo realizadas, assim como as novas fronteiras exploratórias, que abrem um leque de oportunidades.

O grande potencial do país como província petrolífera, como frisou a diretora da ANP, vem sendo confirmado pelos pro-missores resultados de estudos geológicos e geofísicos coordenados pela Agência e companhias de petróleo em outras bacias sedimentares, como a do Delta do Amazonas, Pará-Maranhão, Paraná, São Francisco, Parecis e Parnaíba. No rastro do petróleo, uma verdadeira onda sísmica vem varrendo não somente a costa, mas também o interior do país, como mostra a reportagem de capa dessa edição.

Mas para o país continuar nessa ‘maré’ de desenvolvimento, impulsio-nada pelos ventos do setor de petróleo e gás, é preciso que o governo e as instituições democráticas façam a sua parte, pois não depende apenas da natureza. É necessário colocar um ponto final no impasse em torno da distribuição dos royalties, sem oportu-nismos e meias palavras, assim como é fundamental que sejam realizadas licita-ções de blocos exploratórios (inclusive na área do pré-sal, dentro das novas regras de partilha) para que o mercado retome seu curso.

É preciso sair da inércia não somente nessa área, como também em todos os segmentos da economia e ainda na gestão pública, para que o país que vai abrigar, mais uma vez, o maior fórum ambiental do planeta, a Rio+20, possa seguir os rumos do desenvolvi-mento sustentável e se tornar, de fato, a sexta maior economia do mundo.

Sem meias palavras

Benício BizDiretor executivo da TN Petróleo

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Oceaneering fornecerá cabos umbilicais para a Petrobras

Obras avançam na Unidade de Destilação do Comperj

A Oceaneering assinou um contrato com a Petrobras para fornecer umbilicais termoplásticos de controle de produção para projetos nas bacias de Santos em Lula e Sapinhoá, e do Espírito Santo, no Parque das Baleias.

Em SantoS, serão cerca de 200 km do material. o negócio, maior contrato de umbilicais da história da oceaneering, soma mais de US$ 120 milhões para a carteira de produtos submarinos da empresa.

a fabricação deve começar no terceiro trimestre de 2012, e a conclusão está prevista para o terceiro trimestre de 2015.

no Espírito Santo, serão 135 km de umbilicais, com

contrato firmado no valor de US$ 70 milhões.

a fabricação dos produtos acontecerá na planta da oce-aneering em niterói, e para este último projeto a previsão de conclusão é para o quarto trimestre de 2014.

“Estamos extremamente sa-tisfeitos por ter conseguido estes grandes contratos com a Petrobras, a maior operadora em águas pro-fundas no mundo. Essa conquista

demonstra a posição de ponta de nossa planta de fabricação brasilei-ra”, disse o presidente da empresa, Kevin m. mcEvoy. “atribuimos o negócio à nossa capacidade de execução”, conclui.

aS obraS da Unidade de Destilação atmosférica e a Vá-cuo (Udav) no novo Complexo Petroquímico do rio de Janeiro (Comperj), localizado em Ita-boraí (rJ), já atingiram cerca de 90% da construção civil e 30% da montagem eletromecâ-nica. o projeto – realizado pelo Consórcio SPE – é liderado pela Skanska em parceria com as em-presas Promon e Engevix.

a Udav é a primeira etapa dentro de todos os processos de transformação do petróleo, e terá capacidade para proces-sar aproximadamente 150 mil barris por dia. “todo o óleo bruto que ingressar na nova refinaria passará por esta unidade onde se destilará em diferentes compo-nentes, que logo serão enviados às distintas unidades de proces-so”, explica orlando Gavilanes,

engenheiro da Skanska e diretor do projeto.

atualmente, trabalham 2.300 colaboradores no empreendi-mento, podendo chegar a 2.500 na fase de pico, em maio de 2012. o Consórcio SPE informa que está implementando, ao longo da execução do projeto, di-versas ações pautadas em ética, segurança, meio ambiente e res-

ponsabilidade social, explorando a conscientização e aplicação no dia a dia.

o projeto utilizará 15.916 m³ de concreto, 2.196 toneladas de estruturas metálicas, 3.347 tone-ladas de tubulação com válvulas, 320 toneladas de suportes, 7.520 toneladas de equipamentos me-cânicos, 756.000 m de cabos e 6.215 instrumentos.

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Estaleiro Aliança batiza e entrega PSVo EStalEIro alIança realizou no dia 26 de abril a cerimônia de batismo e entrega do CBO Pacífico à Companhia brasileira de offshore (Cbo). a embarcação é de apoio ma-rítimo do tipo PSV (Platform Supply Vessel), para suprimento a plataformas de produção de petróleo em alto-mar. Esse é o 19º navio da frota da Cbo, e vai operar para a Petrobras.

De acordo com o presidente da empresa e do estaleiro, luiz maurício Portela, a embarcação foi construída com financiamento do Fundo de marinha mercante (Fmm), do ministério dos trans-portes, concedido pelo bnDES, e incentivos dos governos federal e estadual. a companhia está construindo mais quatro novos navios de apoio marítimo.

a Cbo opera no segmento de navegação de apoio marítimo, no suprimento às plataformas, na atividade de reboque de plata-formas e manuseio de âncoras,

flotel, na proteção ambiental com embarcações de recolhimento de óleo e em operações com roV (Veículo Submarino de operação remota).

o CBO Pacífico teve como ma-drinha maria Hermínia oliveira naslausky, esposa do diretor da Cbo, alfredo naslausky.

O SEBRAE ESTARá presente na Rio+20 para sensibilizar o público sobre as oportunidades dos chama-dos negócios verdes – com foco em práticas sustentáveis –, e para orien-tar os empreendedores na adoção dessas práticas. No dia 14 de junho, a instituição participará do ciclo de debates promovido pelo Ministério do Meio Ambiente. Já no dia 21, integrará evento com especialistas nacionais e internacionais para debater a relação dos pequenos negócios com o desen-volvimento sustentável.

Palestras e oficinas serão produzidas para mostrar ao empre-

sário como atender às exigências do mercado quanto à adoção de práticas sustentáveis. A série Super Ideias também será apresentada no evento. Realizada pelo Sebrae em parceria com o Canal Futura, mostra casos bem-sucedidos de empreendimentos que, com responsabilidade ambiental, aumentaram sua competitividade.

A Rio+20 também terá a Feira do Empreendedor, que apresentará oportunidades de negócios para quem deseja abrir uma empresa ou quer ampliar um negócio. A novidade deste ano será a oferta de soluções com foco em práticas verdes.

CBO PaCífiCOComprimento total: 76,3 m

Largura: 16 m

Profundidade do convés principal: 7,5 m

área da plataforma de carga: 660 m²

Tanques multitanks do sistema Cargomax

Diesel de propulsão elétrica e propulsores

azimutais

Velocidade: aproximadamente 15 nós

Classificadora: Det Norske Veritas

Presença na Rio+20

A uNIDADE BRASILEIRA do grupo SKF, líder na fabricação de rolamen-tos, equipamentos de monitoramento e serviços industriais, construirá em Camaçari (BA) sua primeira unidade no Nordeste. O novo escritório faz parte de uma estratégia de regiona-lização dos negócios da companhia, que inclui proximidade com clientes e aumento da demanda por produtos e serviços industriais. A empresa esti-ma receita próxima aos R$ 12 milhões para a nova unidade até 2015.

“Nossa chegada acontece em um momento importante. As empresas precisam melhorar sua produtivida-de e não podem contar com eventos inesperados e paradas não programa-das na operação. Vamos ajudá-las a afastar qualquer risco de falha”, expli-ca Ricardo Perroni, gerente de vendas de serviços da SKF do Brasil.

Por meio do escritório no municí-pio baiano, a companhia poderá atuar em duas frentes: suporte à rede de distribuidores autorizados e execução de serviços em manutenção industrial. Os produtos da empresa, como rola-mentos, correias, polias, acoplamen-tos e correntes, ajudam a aumentar a eficiência operacional das indústrias e a reduzir os custos das operações com paradas não programadas em máquinas e equipamentos.

A SKF iniciou suas atividades em Camaçari há dois anos. A empresa atende clientes no município e região, prestan-do consultoria de engenharia aplicada e monitorando equipamentos rotativos. “Pretendemos conquistar 20 clientes até 2015”, aposta o executivo.

SKF chega a Camaçari

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Skandi iguaçu é batizado no estaleiro STX OSV, em Niterói

o GrUPo norUEGUêS DoF aSa, controlador das empresas norskan offshore e DoF Sub-sea, batizou no dia 19 de abril o maior rebocador já construí-do no brasil, o Skandi Iguaçu. a embarcação possui mais de 32.000 bHP instalados e bollard pull de mais de 300 toneladas. o navio, que será entregue à Petrobras cinco meses antes do prazo contratual, foi encomen-dada ao estaleiro StX oSV, em niterói, com financiamento do Fundo da marinha mercante por meio do bnDES.

o Skandi Iguaçu, batizado pela madrinha rita torressen,

integra uma nova geração superpotente de rebocadores, desenhada para operar em águas profundas e va-riadas condições ambientais. Ele possui os últimos equipamentos em segurança para operações de aHtS, tais como os maio-res guinchos,

guindastes móveis com mani-puladores e um novo sistema de manuseio de âncoras.

o novo barco consome até 30% menos combustível (óleo diesel), por utilizar um sistema de propulsão híbrido

que combina motor a diesel convencional com um sistema elétrico ligado diretamente às suas engrenagens.

“o crescente volume de encomendas da Petrobras e o desenvolvimento de áreas explo-ratórias por outras petroleiras de-verão acelerar o ritmo da indús-tria naval nacional nos próximos anos. É natural que o estado do rio se beneficie diretamente com os novos investimentos feitos por empresas como o grupo DoF aSa, que acreditam no potencial da indústria local para realizar essas obras”, disse o secretário Julio Bueno.

“o Skandi Iguaçu é muito importante por ter uma série de equipamentos que foram imagina-

dos para atender uma necessidade que é única no brasil: os campos do pré-sal”, afirmou o vice-presi-dente operacional do estaleiro, Paulo Rolim. a embarcação tem um lançador de torpedo, um tipo de âncora específica para plata-formas de grandes profundidades, além de ter capacidade para trans-portar uma quantidade enorme de cabos de poliester que fazem amarração, o que reduz o número de viagens. “temos a vantagem de possuir o conhecimento norue-guês, os melhores operadores de embarcações offshore. a possibili-dade de ter acesso a essa tecnolo-gia é um diferencial enorme para nossa empresa.”

o estaleiro tem mais seis navios em construção. São três PSVs – 1 para Deep Sea e dois para a Siem –, e três aHtSs para DoF. rolim ex-plica que os projetos justi-ficam os investimentos em Suape, onde a empresa está investindo cerca de US$ 150 milhões na construção de um novo estaleiro.

Skandi iguaçuComprimento total: 95 m

Largura: 24 m

Profundidade do convés principal: 8,7 m

área da plataforma de carga: 750 m²

Porte bruto: 4.700 t

Velocidade: aproximadamente 17,5 nós

Acomodações: 60 pessoas

Motor principal: 02 X 7680 kW

O Grupo norueguês DOF ASA, controlador das empresas Norskan Offshore e DOF Subsea, batizou no dia 19 de abril o maior rebocador já construído no Brasil, o Skandi Iguaçu.

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Argentina expropria YPF e volta a controlar os hidrocarbonetos do paísCom 207 VotoS a favor e 32 contra, a Câmara argentina apro-vou no dia 3 de maio a nacio-nalização de 51% das ações da petroleira YPF, privatizada nos anos 1990 e controlada desde então pela espanhola repsol.

a expropriação foi anun-ciada em abril pela presidente Cristina Kirchner, que acusou o grupo espanhol de não cumprir os compromissos de investi-mentos no país. Segundo ela, a decisão foi tomada em defesa do interesse público e da sobe-rania nacional de hidrocarbone-tos da argentina.

a expropriação causou um estremecimento nas relações do país com a Espanha e a União Europeia. Segundo o grupo espanhol, a previsão de investimentos na filial seria de 15 bilhões de pesos (US$ 3,4 bilhões).

o negócio representava dois terços da produção de petróleo da repsol (62%) e quase a meta-

de de suas reservas (1 bilhão de barris de um total de 2,2 bilhões).

Com a medida, a repsol perde o controle da produção de hidrocarbonetos no país latino--americano. o grupo mantinha a liderança no mercado argentino de combustíveis, com 54% do refino, e com controle de 52% da capacidade de refinamento no

país, dispondo de uma rede de 1.600 estações de serviços.

no projeto do governo, o es-tado fica com 26,03% do total de ações, e as províncias produtoras com 24,99%. assim, o Grupo Petersen manterá em seu poder os 25,46% atuais, o mercado fica com 17,09% das ações e a repsol passará a deter 6,43%.

NOMEADO GERENTE-GERAL da petrolífera, o engenheiro da área petroquímica Miguel Galuccio, de 44 anos, disse no dia 6 de maio que se sente “muito orgulhoso” por ter sido escolhido para co-mandar a nova etapa da empresa. “Tenho certeza de que poderemos ter uma empresa moderna, com-petitiva e profissional.”

Segundo o executivo, seu primeiro emprego na carreira foi na YPF, que na época era pública. Depois foi para o exterior, onde

permaneceu nos últimos anos. Em seu discurso, a presidenta da Ar-gentina, Cristina Kirchner, disse que Galuccio é uma espécie de

“símbolo” de profissionais com-petentes e modernos na área de petróleo no país.

O novo gerente-geral da YPF é formado pelo Instituto Tecnológi-co de Buenos Aires (Itba), um dos

mais respeitados da Argentina, e assume a nova função a partir desta segunda-feira. A primeira ação dele deverá ser nomear a nova equipe de direto-res da empresa.

Com mais de duas décadas de experiência, Galuccio trabalhou em multinacionais norte-americanas, asiáticas, russas e chinesas. De acordo com analistas da área, o gerente-geral se caracteriza pela visão estratégica e a experiência internacional.

YPF: novo gerente-geral prevê que empresa será mais competitiva e profissional

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HRT anuncia lucro de R$ 53,3 milhões no primeiro trimestre de 2012No dia 11 de maio, a HRT anunciou os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2012 (1T12). A companhia, que há pouco mais de um ano iniciou atividades na Bacia do Solimões (AM) e na Namíbia (África), teve lucro líquido de R$ 53,3 milhões, e atribuiu o resultado ao ganho de capital na operação com a TNK-Brasil.

“EStE É Um Fato notável para a Hrt e mostra que a companhia está comprometida com maxi-mizar resultados para os nossos acionistas”, comentou o diretor--presidente marcio rocha mello.

a Hrt apresentou os princi-pais marcos ocorridos no período, como a aprovação pela anP da transferência de 45% de partici-pação nos direitos e obrigações da Hrt o&G dos 21 blocos da bacia do Solimões para a tnK--brasil. a parceria tem como objetivo a exploração dos ativos onshore na amazônia, pela qual a companhia anglo-russa assinou contrato de US$ 1 bilhão, a serem

pagos em seis parcelas até o final de 2014.

a empresa também destaca a eficiência operacional de ex-ploração na bacia de Solimões, onde a companhia já conta com seis poços concluídos – todos com descobertas de hidrocarbo-netos – e dois poços em perfura-ção. a aquisição de 3.500 km de sísmica 2D, onde foram mapea-dos mais de 60 prospectos, é uma amostra do extenso trabalho que ainda será realizado na região.

os ativos na namíbia tiveram concluídos 9.000 km² de sísmica 3D, e a Hrt confirmou o início do processo de farm out com a

abertura do data room para a busca de parceiros estratégicos.

“Estamos muito satisfeitos com o progresso da campanha exploratória e os resultados da interpretação da sísmica 3D. Confirmamos nossa expectativa original baseada nos estudos prévios de dados 2D e identifica-mos a presença de sete grandes prospectos em nossos blocos onde já podemos dar início à perfuração”, comentou Wagner Peres, diretor-presidente da Hrt américa. a companhia pretende iniciar a perfuração no offshore da namíbia no final de 2012 ou início de 2013.

a ProDUção braSIlEIra de aço bruto em abril de 2012 foi de 3,0 milhões de toneladas, repre-sentando queda de 1,2% quando comparada com o mesmo mês em 2011. Em relação aos lamina-dos, a produção de 2,2 milhões de toneladas, apresentou cresci-mento de 0,1% quando compa-rada com abril do ano passado. a produção acumulada em 2012 totalizou 11,8 milhões de tonela-das de aço bruto e 8,7 milhões de toneladas de laminados, o que significou aumento de 1,7% e de 2,2%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2011.

Quanto às vendas internas, o resultado de abril de 2012 foi de 1,8 milhão de toneladas de pro-

dutos, queda de 2,1% em relação a abril de 2011. as vendas acu-muladas em 2012, de 7,2 milhões de toneladas, mostraram cresci-mento de 0,4% com relação ao mesmo período do ano anterior.

as exportações de produtos siderúrgicos em abril de 2012 atingiram 826 mil toneladas no valor de 612 milhões de dólares. Com esse resultado, as exporta-ções em 2012 totalizaram 3,4 mi-

lhões de toneladas e 2,4 bilhões de dólares, representando declí-nio de 7,3% em volume e de 9,0% em valor, quando comparados ao mesmo período do ano anterior. as importações alcançaram um volume de 317 mil toneladas (US$ 362 milhões) totalizando 1,3 milhões de toneladas de pro-dutos siderúrgicos importados no ano, 16,5% acima do mesmo período do ano anterior.

o consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos em abril foi de 2,1 milhões de toneladas, to-talizando 8,4 milhões de toneladas em 2012. Esses valores represen-taram queda de 0,8 e aumento de 2,0%, respectivamente, em relação a igual período do ano anterior.

Aço: queda na produção

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DE ACORDO COM o documento, indica-dores apontam para uma estabilização da economia mundial, mesmo com as preocupações com relação à zona do euro. Esse cenário sustenta a previsão da Opep com relação à demanda mun-dial de petróleo.

A oferta de petróleo dos países não pertencentes à Opep deverá crescer em 0,6 mb/d em 2012, uma alta em relação à revisão do mês anterior. O ajuste foi apoiado sobretudo pelo bom início de ano na América do Norte e na China. O crescimento esperado continua a ser impulsionado por Estados unidos, Brasil, Rússia, China e Colômbia.

A Opep está trabalhando para rebai-xar os preços do petróleo, que subiram em direção a 130 dólares o barril no início deste ano. Em março, o preço do barril fechou em 122,97 dólares, a maior média mensal desde o nível mais alto de julho de 2008.

Segundo a Opep, a demanda de pe-tróleo para a América Latina em 2012 deve ficar em 6,5 milhões de barris por dia. A oferta de petróleo do Brasil

deve ter um aumento de 0,17 mb/d para uma média de 2,8 milhões de barris por dia em 2012, indicando uma pequena revisão para cima com relação ao re-latório anterior.

Problemas como um pequeno vaza-mento no campo de Frade, que resultou em uma paralisação temporária, e um incêndio no campo de Albacora, prejudi-caram um pouco a produção de petróleo no Brasil. O maior produtor de petróleo do

país anunciou uma redução das despesas de capital para 2012, o que poderia ter um impacto negativo sobre a produção.

No entanto, outros operadores na-cionais anunciaram previsões de saudá-vel crescimento da produção em 2012, o que compensou alguns dos resulta-dos negativos. Em bases trimestrais, a oferta do Brasil é vista situando-se em 2,79 mb/d, 2,78 mb/d, 2,81 mb/d e 2,83 mb/d, respectivamente.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirmou no seu relatório mensal de abril que a demanda mundial de petróleo permanece inalterada em relação à última estimativa, quando a demanda ficaria em uma média de 88,6 milhões de barris diários (mb/d).

Demanda mundial de petróleo fica inalterada

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Produção de países-membros da Opep e não membros – maio/10 a abril/12

Tel.: 4004 2503

BNDES P&G tem R$ 1,48 bilhão em financiamentos o ProGrama de apoio ao Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores de bens e Serviços relacionados ao setor de Petróleo e Gás natural (bnDES P&G), criado há menos de um ano, já reúne carteira com 19 operações, no valor de r$ 1,48 bilhão em financiamento, equivalente a investimentos de r$ 2,49 bilhões.

Desse total, duas operações estão contratadas: a da Geo-radar (localizada em minas Gerais), de serviços sísmicos, no valor de r$ 143 milhões; e da ruhrpumpen do brasil, fa-bricante de bombas hidráulicas, com projeto para a instalação de sua primeira unidade fabril no país, em Duque de Caixas (rJ), que receberá crédito de r$ 12,8 milhões.

a estimativa do Departa-mento da Cadeia Produtiva de Fornecedores de Petróleo e Gás do banco é que o programa desembolse, em 2012, cerca de r$ 750 milhões, valor que supera as expectativas, dado o curto período de vigência da linha de financiamento.

o Programa bnDES P&G é voltado para empresas de todos os portes que integrem ou

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“O aumento da produção de petróleo da Opep destaca a tendência atual de uma abundante oferta acima das necessidades do mercado”, Relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), 10/05/2012.

“Vocês não vão gostar do que eu vou dizer... não acreditem que vocês conseguirão resolver a distribuição (de royalties) de hoje para trás. Lutem pela distribuição de hoje para a frente”, Dilma Rousseff, presi-dente da República, encerrando discursos durante a 15ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios que deveriam lutar pela distri-buição de royalties. Agência Estado, 15/05/2012.

“Esse valor tão alto é muito ruim para o desenvolvimento das economias. Porque é inexorável, é impossível (...) que a gente não repasse para o preço futuros patamares, caso esse Brent [tipo de petróleo que é referência de preço para a estatal] caminhe nas proporções apresentadas por alguns previsores”, Graça Foster, presidente da Petrobras, sobre aumento da gasolina, caso a cotação do barril chegue a uS$ 130. Folha de S. Paulo, 26/04/2012.

“Na Bacia do Parecis, em Mato Grosso, no rio Teles Pires, há 800 metros de rio borbulhando gás e, em certos pontos, se pode até gravar o som. Podemos deixar um Brasil desses para trás?”, Magda Chambriard, diretora-geral da ANP. Agência O Globo, 28/04/2012.

Frases

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d)

Out Nov Dez Jan Fev MarBrasil+Exterior 2.616,0 2.684,2 2.715,8 2.731,1 2.700,8 2.599,0

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Out Nov Dez Jan Fev MarBacia de Campos 1.655,09 1.698,6 1.713,6 1.753,1 1.758,7 1.641,2 Outras (offshore) 131,7 150,2 158,8 149,8 130,0 142,6Total offshore 1.787,6 1.848,8 1.872,5 1.902,9 1.888,8 1.783,8Total onshore 213,8 211,9 211,8 207,2 209,3 209,4Total Brasil 2.001,4 2.060,7 2.084,3 2.110,1 2.098,1 1.993,2

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil

Out Nov Dez Jan Fev Mar Bacia de Campos 22.079,6 22.779,0 23.275,7 24.553,8 23.946,8 22,784,8Outras (offshore) 18.978,3 19.456,7 21.327,1 20.386,3 17.782,3 17.712,9Total offshore 41.140,1 42.235,7 44.602,8 44.940,1 41.729,2 40.497,7Total onshore 15.848,8 15.385,2 16.060,8 15.542,0 15.120,3 15.665,6Total Brasil 56.906,8 57.620,9 60.863,8 60.482,1 56.849,5 56.163,3

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional

Out Nov Dez Jan Fev MarExterior 155,4 152,7 152,8 148,0 145,2 151,1

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional

Out Nov Dez Jan Fev MarExterior 17.214,5 17.188,7 16.502,7 15.735,3 16.983,1 17.400,3

Produção da Petrobras de óleo, LGN e gás natural – 10/2011 a 03/2012

(*) Inclui gás injetado.

(**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom). Fonte: Petrobras

venham a integrar a cadeia de fornecedores de bens e serviços ao setor de óleo e gás e prevê condições especiais, inclusive para as micro, pequenas e mé-dias empresas, que respondem por cerca de 85% do universo de firmas atuantes nesse setor.

Com orçamento de r$ 4 bilhões e vigência até 31 de de-zembro de 2015, o bnDES P&G tem como objetivo buscar solu-ções para alguns dos entraves à competitividade e ao desen-volvimento do setor, entre eles a dificuldade de acesso ao crédito, o elevado custo de capital e o acesso à tecnologia de ponta.

CNI: valorização do dólar vai melhorar competitividade da indústriaA VALORIZAçãO do dólar, cotado na semana do dia 16 de maio a R$ 2, é positiva para o país e não trará reflexos inflacionários, na opinião do presidente da Confede-ração Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade. Segundo ele,

com essa cota-ção a indústria brasileira terá mais competiti-vidade tanto no mercado interno como no externo.

“O câmbio do dólar a R$ 2 melhorou a situação da economia, da indústria e do Brasil. Ele dará mais competitivida-de à indústria brasileira, que estava sufocada”, disse Andrade. “Já é suficiente para termos uma recu-peração importante, mas se subir um pouco ficará ainda melhor”, acrescentou.

A CNI considera como “ideal”, uma cotação entre R$ 2,40 e R$ 2,60. “Mas o dólar custando R$ 2 já nos dá mais competitividade e iso-nomia na competição com produtos importados”, avaliou.

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TN Petróleo 83 15

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16 TN Petróleo 83

e seus parceirosO Brasil, os Brics

Bloco busca objetivos de longo prazo de natureza

negocial

Realizou-se em nova Delhi, na Índia, no final de março desse ano, a segunda cúpula dos brics, com a presença dos chefes de Estado deste bloco de cooperação. ali, foram discutidas algumas estraté-

gias de consolidação desta organização, tais como ampliação dos acordos monetários e tarifários para o comércio exterior, mecanismos de coopera-ção científica, ou ainda a proposta de constituição de um banco de desen-volvimento do bloco. trata-se de projetos importantes, que contribuirão sem dúvida para agregar conteúdo a esta iniciativa.

Entretanto, os resultados mais concretos que poderão resultar da reu-nião serão sempre aqueles relacionados com a própria consolidação do bloco do ponto de vista estratégico, mobilizando seus membros em torno dos objetivos estratégicos comuns dos membros do grupo. mais que inte-resses comerciais de curto prazo, o bloco busca objetivos de longo prazo de natureza negocial e, para isso, tem diante de si o desafio de consolidar e ampliar o grau de coesão interna e de articulação do grupo.

São comuns análises no sentido do questionamento da ‘coerência’ econômica ou comercial do bloco, tendo em vista sua complementarida-de ou não dos interesses exportadores, ou ainda sobre a artificialidade ou não da composição deste agrupamento de países tão diversos, tanto do ponto de vista geográfico como da estrutura econômica. Entretanto, a coerência que anima a institucionalização do grupo repousa sobre os interesses comuns de caráter estratégico das quatro maiores economias emergentes, contando recentemente com a incorporação da África do Sul, com representatividade emergente por ser a maior economia africana.

Este grupo representa hoje um quinto do PIb mundial, e seu peso relativo não para de aumentar, tendo em vista o encolhimento do G-7, resultado da crise e a recessão originada em 2008, nos mercados financei-ros do hemisfério norte. Embora também afetadas pela recessão mundial, estas grandes economias emergentes passaram praticamente ilesas pela crise, sobretudo em termos comparativos, ao considerarmos o tamanho dos problemas enfrentados por Estados Unidos, Europa e Japão. ao contrário, muitas economias emergentes se beneficiaram com a crise, conquistando novos mercados, reconstituindo suas reservas internacionais, saneando o perfil do endividamento público, com a possibilidade de alongamento da dívida. a manutenção de um elevado volume de entrada de investimentos estrangeiros diretos, mas também financeiros nessas economias, a manu-tenção de elevadas taxas de crescimento na China e na Índia, e a relativa estabilidade dos mercados financeiros emergentes são elementos que pare-cem confirmar certo descolamento dos problemas europeus.

tal conjuntura representou de fato um aumento relativo de importân-cia das maiores economias emergentes, colocando sobre a mesa o debate sobre uma paralela reorganização das relações de influência na economia mundial. ainda sem iniciativas concretas nesse sentido, as demandas por parte das economias emergentes aparecem, especialmente por parte das quatro maiores, reivindicando maior participação nos centros de decisão da economia mundial, ou seja, reivindicando mais voz, vez, voto e veto. Seria esse contexto de reordenação da influência econômica que forjaria entre os brics interesses imediatos, táticos, pontuais e, por isso, provavel-mente transitórios, para a atuação coordenada, na forma de grupo.

Por essa razão, é preciso ter em mente que, mais do que um projeto de integração comercial e econômica, a bandeira dos brics, deve ser enten-

Fernando Padovani é professor da ESPM-RJ e da uerj.

indicadores tn

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TN Petróleo 83 17

dida como um elemento de pressão dentro do proces-so, que na verdade nem foi iniciado, de reordenamen-to de forças na economia mundial.

o que atribui coerência ao bloco dos brics seria então justamente a dispersão geográfica e a hetero-geneidade econômica de seus membros. Seria exata-mente por não possuir dinâmicas naturais ou iner-ciais de cooperação, baseadas na complementaridade econômica ou em proximidades de qualquer ordem, a não ser as demandas por uma participação emer-gente, que o bloco pretenderia construir dinâmicas institucionais de cooperação.

os encontros periódicos, os protocolos de intenção, as declarações protocolares, além de uma série de iniciativas variadas, contribuem para a consolidação de uma dinâmica institucional própria, focada essen-cialmente na construção de uma identidade do bloco, externa – mas, sobretudo, interna – entre os países--membros. Esta ritualística institucional em matéria de cooperação internacional deverá contribuir para que a opinião pública, os decisores empresariais, a diplomacia, os parlamentares, os governos interiori-zem a percepção de que esta diversidade geográfica e comercial possui interesses comuns, de que o bloco é um critério de decisão, e que os benefícios da coo-peração, apesar de serem difusos e de longo prazo, são bastante concretos, relacionados à barganha por espaços de influência em benefício do grupo.

assim, os brics vêm cultivando a elaboração de estratégias conjuntas, focadas na ação conjunta nos fóruns negociais internacionais, em especial o recém--constituído G-20, emprestando apoio em troca de vantagens coletivas, sempre no intuito de negociar configurações e reformas em que venham a ter maior influência. São exemplos dessa iniciativa a proposta de reconfiguração do FmI, especialmente do que diz respeito à sua estrutura de cotas e decisão, e também na reconfiguração do bIS (sigla em inglês de banco de Compensações Internacionais, o banco central de todos os demais) a instância de regulação dos merca-dos financeiros, onde os brics não têm participação. ou

ainda apoio de cada país a questões de interesse dos demais membros do bloco dentro das negociações da organização mundial de Comércio (omC). ao mesmo tempo, Índia, África do Sul e brasil pretendem poten-cializar, por meio do bloco, suas demandas de assento permanente no Conselho de Segurança da onU, con-tando para isso com apoio da China e rússia.

Este esforço de lobby estratégico coordenado por estes países emergentes na forma da institucionaliza-ção dos brics tem a lógica e o momento, aproveitando o período de crescimento próprio e se valendo dos problemas econômicos dos países de industrialização antiga, que já foram ricos e hoje se tornam caros, e enfrentam problemas de solvência e de produtividade decrescente. mesmo assim, este processo está longe de ser automático. a estratégia central dos governos americano e europeu no front estratégico tende a ser de resistência e de protelação de decisões estruturais apenas para depois da recuperação econômica.

além disso, os resultados dos brics dependem diretamente da taxa de coerência e de coesão coleti-va, o que parece ser uma tarefa apenas em processo de construção. as tentações dos membros de divergir para atender aos interesses nacionais mais diretos são constantes e importantes. o brasil tem dificuldades de se alinhar às demandas de protecionismo agríco-la da Índia, na sua condição de grande exportador de agro business. China e Índia têm divergências estratégicas e geopolíticas importantes no contexto asiático, especialmente aquelas envolvendo o apoio chinês aos vizinhos indianos. brasil e Índia têm adotado medidas protecionistas orientadas especifica-mente para as manufaturas chinesas, exatamente por sofrerem com a valorização de suas moedas e enfren-tarem os impactos da retomada chinesa da política de desvalorização do yuan. E, embora a China perceba a possibilidade de ganhos com a participação nos brics, a percepção de seu comprometimento de adesão ao grupo vem sempre acompanhada de suspeitas, em função da importância e da diversidade de sua influ-ência global já consolidada.

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18 TN Petróleo 83

entrevista exclusiva

“NãO PRETENDEMOS SER uma companhia de petróleo e sim uma parceria estratégica no setor offshore brasileiro, atuando desde a perfuração e servi-ços subsea à produção de óleo e gás”, afirma Roberto Ramos, presidente da OOG, em entrevista exclusiva à TN Petróleo.

O FPSO em construção no estaleiro Jurong, em Cingapura, adquirido pela joint venture formada pela OOG e a norueguesa Teekay Petrojarl, tem contrato de nove anos com a Petrobras, renovável por mais seis. Ele é um dos pontos-chaves da estratégia de crescimento da empresa criada em 2006, respaldada na experiência do grupo Odebrecht, que desde 1997 opera o FPSO North Sea Producer, no Mar do Norte, com recordes de produtivi-dade. O outro pilar da expansão é a frota de sondas, que deve dobrar até o final da década. E para isso a empresa, que registrou receita de uS$ 500 milhões em 2011, prevê investimentos da ordem de uS$ 5 bilhões em ativos de última geração até 2013, como plataformas semissubmersíveis, navios--sonda, PLSVs, FPSOs, entre outras embarcações.

TN Petróleo – O projeto de refinanciamento da OOG no valor de US$ 1,5 bilhão, para a construção de duas sondas, conquistou o prêmio Deals of the Year 2011 (Negócio do Ano) na categoria Project Financing na América Latina, da revista Latin Finance, tornando-se uma referência de mercado para outros players do setor. Esse modelo de project bond poderá propiciar o financiamento da expansão da frota da empresa?

Roberto Ramos – Na realidade, esse project bond ganhou quatro prê-mios, pois já havia sido distinguido em 2010 pelas revistas Project Finance and Infrastructure Finance, Marine Money e pela International Financing Review. Esse modelo de projetc financing é relativamente novo e se adapta muito bem a projetos na área offshore. um de seus fundamentos é es-truturar uma operação financeira com base no risco de um projeto, que está isolado do resto da companhia. É isso que uma sonda é: um projeto, que tem contrato com a Petrobras e será operado por sete a dez anos; um investimento específico, razoavelmente isolado do restante da companhia. Os credores que estão financiando aquele ativo conseguem ver o fluxo de caixa, como o financiamento está sendo servido, qual o desempenho do ativo, se o negócio está faturando, se está sendo bem operado ou não... tudo isso em separado do resto da companhia. Assim, construção e operação de sondas de perfuração, barcos de lançamento de linhas flexíveis, plataformas

Com a entrada em atividade do FPSO

(Floating Production Storage and Offloading)

Cidade de Itajaí nos campos de Tiro e

Sídon, no sul da Bacia de Santos, litoral

catarinense, prevista para até o final do ano,

a Odebrecht Óleo e Gás (OOG) consolida uma

estratégia bem-sucedida delineada há seis anos, o que, além de posicioná-la como a primeira e maior

empresa brasileira de drilling, a insere como

um player estratégico no upstream brasileiro.

por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

OOG quer ser PARCEIRA ESTRATéGICA

no upstream

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TN Petróleo 83 19

O MODELO DE

PROJETC FINANCING É

RELATIVAMENTE NOVO E

SE ADAPTA MuITO BEM

A PROJETOS NA áREA

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FuNDAMENTOS DESSE

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RESTO DA COMPANhIA.

Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás

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20 TN Petróleo 83

entrevista exclusiva

de produção são ideais para projetc financing e os gestores de fundo que buscam retornos mais altos, com bons níveis de risco, estão sempre predispostos a participar de operações como essas.

Qual o tamanho atual da frota? Chegaram ou vão chegar quantas unidades ainda este ano?

Temos hoje sete unidades em nossa carteira, sendo três platafor-mas de perfuração com capacidade para operar até 2.400 m, e quatro navios de perfuração, para 3.000 m. Desse total, cinco já foram entre-gues no Brasil, duas delas este ano: as plataformas de perfuração ODN Delba (março) e a ODN Tay (abril). Até meados do ano devemos receber mais dois navios-sonda: ODN I e II, ambos em construção no estaleiro Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering (DSME), na Coreia do Sul. Assim, vamos operar sete sondas até o final do ano (as outras unidades da frota são a plataforma Norbe VI, e os navios--sonda Norbe VIII e IX, que tiveram o project financing premiado e vem tendo destaque pelo alto desempe-nho). Todas elas com capacidade para atuar em águas de mais de 2.000 m de profundidade, o que nos torna o maior operador brasileiro em águas ultraprofundas.

A empresa pretende adquirir novas sondas até 2020 ou a frota atual é suficiente para atender à demanda crescente?

Das 21 sondas que estão sendo contratadas pela Petro-bras junto à Sete Brasil, vamos ficar com cinco: quatro delas serão construídas no estaleiro Enseada do Paraguaçu (empre-endimento no qual a Odebrecht tem participação, junto com a OAS e uTC, com um pacote de seis sondas) e uma semis-submersível, no Brasfel, em Angra dos Reis (RJ), estaleiro do grupo Keppel Fels. Devemos começar a receber a primeira sonda a partir de 2016, sendo uma por ano, até 2020, quando teremos uma frota de 12 unida-des de perfuração.

Uma frota com 12 unidades é a meta final?

Podemos fazer outros movi-mentos, caso haja necessidade de ampliar a frota. Por exemplo, quan-do encomendamos as duas últimas unidades ao DSME, negociamos a opção de fazer mais duas sondas lá. O que estamos fazendo agora é buscar uma oportunidade de cons-trução, pois até agora encomenda-mos sondas mediante contrato que garantisse esse investimento. Mas com o tamanho da frota que tere-mos até o final da década, podere-mos até mesmo comprar uma sonda para prospectar oportunidade. O setor oferece opções: temos a Pe-trobras, que hoje responde por 80% da demanda, sendo os 20% res-tantes das outras operadoras que atuam no Brasil – e que devem ter uma participação maior na demanda futura –, como também podemos buscar oportunidades no mercado externo, em Angola, por exemplo.

Por que Angola?Pelas características da nossa

frota, que é de sondas para águas ultraprofundas. quando se tem sondas para diferentes profun-didades, ou onshore e offshore, você começa a perder sinergias. Atualmente, só há três lugares em que o mercado de águas profundas está mais aquecido: Golfo do Méxi-co, costa oeste da áfrica e Brasil. Além disso, em Angola, o grupo Odebrecht está presente há mais de 30 anos. Temos mais de 14 mil funcionários lá e um ótimo relacio-namento com todos os setores da economia e do governo.

E na área de produção, como a empresa se posiciona hoje, uma vez que opera o FPSO North Sea Producer (NSP), em parceria com a Maersk, para Conoco Philips, no Mar do Norte? Vocês seguem nessa operação?

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ATÉ O FINAL DA DÉCADA,

PODEREMOS ATÉ MESMO

COMPRAR uMA SONDA

PARA PROSPECTAR

OPORTuNIDADE.

Page 25: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 21

Sim. Estamos no campo de MacCulloch (a 250 km a noroeste de Aberdeen, na Escócia, em águas de 150 m de profundidade). Esta-mos em fase final de estender esse contrato com a Conoco Philips até 2020, porque temos tido um desem-penho incrível. Já foram produzidos 110 milhões de barris de petróleo ao longo de 14 anos, número bem acima dos 26 milhões previstos no início do contrato. A expectativa inicial de produção já foi superada quatro vezes. O que mostra que os geólogos ou são muito conservado-res ou a natureza é uma surpresa. Na realidade, na média geral, os campos estão produzindo mais. Tanto que mais de 70% da produção de petróleo acontecem em campos maduros. E essa tem sido a tônica da indústria de petróleo: produzir o máximo possível o reservatório. Em MacCulloch, somente vamos saber

quanto conseguiremos de recupera-ção quando a operação acabar. Mas acreditamos produzir mais de 150 milhões de barris.

A segunda unidade de produ-ção que esse consórcio vai operar é o FPSO Cidade de itajaí, que se consagrará como a primeira da empresa no Brasil. Qual a previsão de início das operações?

Trata-se também de uma joint venture, desta vez com a noruegue-sa Petrojarl Teekay, que vai operar o referido FPSO. A unidade está chegando ao país até o final de julho para começar a produzir, no mais tardar, no início do segundo semes-tre, nos campos de Tiro e Sídon, da Petrobras, localizados no sul da Bacia de Santos.

Isso é um marco para a empre-sa e também no mercado, certo?

Esse mercado de afretamento de unidades de produção da Petrobras hoje é dominado por duas grandes empresas: a SBM (holandesa) e a japonesa Modec (Mitsui Ocean Development & Engineering Com-pany). Todos os contratos têm sido fechados com eles e o que quere-mos é ser uma alternativa, uma vez que temos uma base comparativa importante. Esse contrato nos dá a primeira chance de ingressar nessa área e consolidar uma experiência... uma relação maior com a Petrobras nessa área. É um mercado muito interessante porque os contratos são de longo prazo, bem maiores do que os de perfuração, uma vez que, em geral, uma unidade de produção, como o FPSO, é contratada para ir até o final da vida útil do campo. Tanto que no Mar do Norte esta-mos sempre renovando, porque as companhias de petróleo não querem

queremos ser parceira estratégica no upstream

Nesta edição.

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22 TN Petróleo 83

entrevista exclusiva

paralisar a produção, enquanto o campo é produtivo. E os contratos de FPSO são mais fáceis também de serem financiados, justamente por serem de longo prazo e oferecerem uma possibilidade de receita mais garantida, com maior possibilidade de rentabilidade, como é o caso de uma unidade de produção.

Vocês pensam em ter mais algu-ma unidade de produção operan-do aqui?

A Petrobras está lançando lici-tação este ano para mais dois FPSO com grande capacidade de produ-ção. O maior desafio é encontrar um lugar para construir unidades de grande dimensão, capacidade de produção e armazenamento. Já há quatro em construção – dois da SBM [Cidade de Ilhabela, para Guará Norte, e Cidade de Paraty, para Lula Nordeste] e dois da Modec [Cidade de Mangaratiba, para Cernambi Sul, e Cidade de São Paulo, para o piloto de Guará] – e uma enorme carteira de encomendas para a indústria naval brasileira. há estaleiros em construção, mas todos estão com uma carteira razoável. Assim, está nos planos da empresa poder ofe-

recer a maior quantidade possível de elos dessa cadeia produtiva. Não pretendemos ser construtores de navio, até porque temos uma empresa do grupo que faz isso: seremos sempre mais integradores e provedores de soluções.

A OOG tem planos de partici-par mais ativamente da área de E&P, indo além de prestação de serviços? Ou seja: poderá partici-par de futuros leilões, sozinha ou em parceria, para se posicionar entre as petroleiras independentes brasileiras?

Como OOG, não vamos nos en-volver na atividade e E&P propria-mente dita, não teremos participa-ções em concessões, até mesmo porque ela foi criada como empresa de prestação de serviços, e também para não correr o risco de ter con-flito de interesses com os nossos clientes, de não ter a atividade-fim, de produção, a não ser como ope-radora de unidade afretada. O que não quer dizer que a Odebrecht não possa se envolver em atividades de produção. hoje, a Odebrecht já é só-cia do bloco 16, no offshore de An-gola, que está entrando na fase de

desenvolvimento. A expectativa de reservas não é pública, mas o sim-ples fato de ter sido declarada sua comercialidade indica que se tem suficiente petróleo para investir, até mesmo porque se trata de um bloco em águas razoavelmente profun-das. Também estamos criando uma empresa conjunta com a PDVSA para desenvolver três campos maduros, no oeste de Maracaibo, na Venezuela. São oportunidades que apareceram em países em que a construtora atua, em consequên-cia de contatos, e até mesmo por encorajamento de governos locais. O que fazemos é administrar esse investimento para a organização. Gerenciamos o projeto para eles. Não somos o investidor, o operador como petroleira.

Mas isso não está totalmente des-cartado, não é?

Não, por enquanto. O céu é o limite. Mas não estamos desconsi-derando eventuais participações, no caso de interesse de parceiras. Por exemplo, a Braskem é grande consumidora de gás natural na Bahia e no Rio Grande do Sul. E, portanto, amanhã ou depois ela

DESDE A DÉCADA de 1950 prestando serviços para a indústria brasileira de petróleo, a Odebrecht começou a atuar em perfuração offshore em 1979, sendo a primeira empresa privada nacional a prestar este tipo de serviço no Brasil. Na década de 1990, expandiu sua atuação para o exterior, atuando no Mar do Norte, com foco na prestação de serviços e operação de FPSO para novos clientes. Em 2006 a Odebrecht concentrou seus investimentos em petróleo e gás em uma nova empresa, a Odebrecht Óleo e Gás (OOG), que atua nas áreas de manutenção e modifica-ção, plataformas de perfuração, subsea e plataformas de produção.

Para garantir a realização de seu plano de investimentos, de uS$ 5

bilhões em ativos de última geração até 2013 (plataformas semissubmer-síveis, navios-sonda, PLSVs, FPSOs, dentre outros), a OOG conta com a participação societária da Gávea Investimentos, que adquiriu 5% do capital total da empresa em 2011, e também da Temasek holdings, em-presa de investimentos sediada em Cingapura, com 13,57%.

A entrada dos acionistas conferiu maior flexibilidade financeira para novos planos de expansão da empre-sa, que espera dobrar o faturamento em 2012. “queremos ser o maior prestador de serviços das empresas que estão no Brasil para atuar na exploração e produção do pré-sal. A higidez financeira é fundamental para

garantir nosso plano de negócios, que prioriza investimentos contínuos em soluções e tecnologias avançadas para a segurança e qualidade dos serviços”, afirmou Roberto Ramos, CEO da OOG.

Mais de 30 anos no setor offshore

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TN Petróleo 83 23

poderia buscar a produção de gás para se tornar autossuficiente. Nesse caso, poderíamos pres-tar serviços para eles. Estamos falando no equacionamento da necessidade de gás natural para um grande consumidor. É uma história diferente, de quem está demandando continuamente e não pode ficar sem o energético, como ocorreu no ano passado, devido a problemas de energia que fizeram parar a produção em Camaçari (BA). O custo da falta de confiabi-lidade na entrega de energia para uma empresa de processamento contínuo, como uma petroquími-ca, é enorme. Portanto, também é grande o incentivo para buscar a autossuficiência. Mas o gás tem o péssimo hábito de estar onde não se precisa dele...e de não estar onde se precisa. Só interessaria a uma empresa como a Braskem se houvesse gás onde ela atua.

Além do EPC do projeto de dutos rígidos Sul-Norte Capi-xaba (GSNC-Raso) em parceria com a Subsea 7 – no qual a OOG responde pelo gerenciamento do contrato, fabricação dos equipa-mentos, concretagem e logística dos tubos –, vocês já têm algum outro contrato subsea?

Esse contrato representou uma nova vertente para a com-panhia. Esse é um mercado dominado por quatro ou cinco empresas, todas estrangeiras. queremos ocupar todos os espa-ços possíveis nessa linha. Somos hoje, por força desse contrato, a única brasileira na área subsea. Começamos a prestar serviços nessa área em 2009, associada à Subsea 7, quando ganhamos contrato da Petrobras para a construção e instalação do gaso-duto GSNC-Raso (que interliga a plataforma ao PLEM /Pipeline End

Manifold). No ano passado, em parceria com a Technip (França), ganhamos outro contrato: para a construção e operação de dois navios de lançamento de linhas flexíveis, cada um com guindaste capaz de suportar uma tensão de até 550 toneladas na ponta do guincho (o que será um recorde no mundo). Estes navios, que vão poder operar a uma profundidade de até 2.500 m (e que deverão, portanto, ser usados nos campos do pré-sal da Bacia de Santos), estão sendo construídos também no estaleiro, na Coreia do Sul e serão afretados por cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período.

A participação de 51% do grupo Odebrecht no Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) poderá dar maior respaldo à OOG na expansão de sua frota, tanto em drilling como em FPSOs?

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24 TN Petróleo 83

entrevista exclusiva

O Enseada do Paraguaçu é de grande relevância estratégica, em nossos planos de crescimento, pois nos permite ter um grau de confia-bilidade de entrega de equipamen-tos para os quais temos contratos e prazos a cumprir, isto alinhado à questão do requisito crescente de conteúdo nacional. O modelo de parceria que temos com o DSME, junto ao qual já encomendamos seis embarcações e, portanto, conhecemos bem sua forma de operar pois interagimos em todas as etapas do empreendimento, pre-tendemos replicar com o Enseada do Paraguaçu, levando em consi-deração as suas particularidades, e o fato de que não há um mundo perfeito (sempre há problemas a se administrar), mas com a vantagem de que temos um acionista comum. E vamos fazer tudo o que for pos-sível, do lado da OOG, para ajudá-lo a crescer.

Vocês mantêm a previsão de inves-tir US$ 3,5 bilhões até 2013?

Temos uS$ 3,5 bilhões com-prometidos, mas o plano é che-gar a uS$ 4,5 bilhões até 2013. O faturamento em 2010 foi de

uS$ 500 milhões, e a previsão para esse ano é o dobro: chegar a uS$ 1 bilhão, com ‘tudo que boia no mar’... ou seja: com a frota de sete navios e platafor-mas de perfuração em atividade.

Recentemente, a OOG rece-beu a renovação das certifi-cações internacionais OHSAS 18.001:2007, referente à Gestão de Sistemas de Saúde Ocu-pacional e Segurança, ISO 14.001:2004, que avaliou a em-presa quanto à Gestão Ambien-tal e ISO 9.001:2008, baseada na Gestão da Qualidade. Qual a importância dessas certifica-ções internacionais para a OOG e quais seriam as que a empresa ainda pretende receber?

Isso é uma questão importante, pois a nossa indústria convive com condições de risco bem particula-res, que só teriam paralelo com a indústria de refino e petroquímica, além de energia nuclear, óbvio. No setor de refino e petroquímico, se convive com altas pressões e temperaturas e, portanto, com grandes riscos de explosões. No segmento de perfuração e produ-ção de petróleo, estamos em cima de um reservatório com sistemas de controle de poço sofisticados, hoje com tripla redundância... e ainda assim acontecem acidentes. Nesse cenário, a importância da prevenção de acidentes é muito maior do que se estivesse em uma indústria comum, pois qualquer ato inseguro de um único inte-grante pode levar a consequências devastadoras. A repercussão de um ato inseguro pode significar um desastre. Temos um requisito de segurança do trabalho a bordo de nossas embarcações que tem como benchmark os mesmos níveis de exigências de uma planta petroquímica. Temos quase um mantra da segurança, pois a nossa responsabilidade é muito grande. E temos que provar duas vezes mais por sermos brasileiros. As-sim, buscamos consolidar o SMS como um valor – se não existir essa prioridade, essa redundân-cia, há acidentes.

O FPSO Cidade de Itajaí terá capaci-dade de produzir 80 mil barris/dia e estocar 650 mil barris de petróleo. Descobertos em 2008, os campos de Tiro e Sídon estão 210 km equidistan-tes da Cidade de Itajaí (SC) e da Ilha Comprida (SP), a uma profundidade de cerca de 250 m. Considerados pra-ticamente um único campo, têm um volume recuperável de perto de 150 milhões de barris de óleo equivalente de boa qualidade, de 34o API. O em-preendimento vai servir de parâmetro para o desenvolvimento da parte sul da Bacia de Santos.

O FPSO Cidade de Itajaí, resulta-do do completamento e upgrade do FPSO Petropod I, pode operar em

águas de até 1.000 m e tem flexibi-lidade para processar vários tipos de óleo. O contrato com a Petrobras abrange um período de nove anos, com possibilidade de renovação por mais seis. Com acomodações para 70 pessoas, o FPSO Cidade de Itajaí é considerado pela Petrobras um “navio de oportunidade”, que pode, no futuro, ser realocado para outros poços.

A joitn venture entre a Teekay Petrojarl, detentora de grande experi-ência na operação de FPSOs, e a OOG foi firmada em maio de 2011, quase um ano depois da norueguesa ter vencido a licitação promovida pela Petrobras.

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aquisição de dados do subsolo na costa brasileira, e grupos de

sísmica terrestre espalhados de norte a sul do país, a tecnologia

centenária – que ajudou a descobrir os campos gigantes do

pós-sal das bacias de Campos e Espírito Santo, e o pré-sal

da Bacia de Santos – continua sendo o grande ‘cão de caça’

das companhias petrolíferas. Estas, além de demandar novos

levantamentos, estão reprocessando dados de mais de quatro

décadas... com resultados altamente positivos.

por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez

especial: sísmica

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28 TN Petróleo 83

Os sinais não são audíveis nem tampouco detec-tados por instru-mentos comuns, no entanto, uma

verdadeira ‘matilha’ de equipa-mentos sísmicos, instalados em embarcações que navegam pela costa brasileira ou em locações terrestres, inclusive no coração da selva amazônica, vem ‘farejando‘ e indicando potenciais jazidas de petróleo e gás no subsolo do país. no mar, esses sinais atravessam lâminas d’água de até 2.000 m e 7.000 m de profundidade no solo.

Desde 2000, uma verdadeira onda de estudos sísmicos varreu a costa brasileira, principalmente nas áreas de grande produção, como a bacia de Campos, e outras nas quais essa atividade também era tradicional, como a do Espírito Santo, Camamu, Sergipe e Santos, até então com uma pequena produção em mer-luza, campo descoberto na época dos contratos de risco.

na realidade, essa onda começou a se formar em 1998, com a criação da então agência nacional do Petróleo (anP, que agregaria depois as palavras Gás natural e biocombustíveis) e o fim do monopólio que pesava sobre a exploração e produção de hidrocarbonetos no brasil. Com a realização de leilões de blocos ex-ploratórios, as atividades de aqui-sição de dados sísmicos também ganharam fôlego em terra firme.

Desde então, as descobertas não pararam mais, indicando o enorme potencial do brasil para petróleo e gás, riquezas minerais que não tinham ainda o mes-mo peso de outras no Produto Interno bruto (PIb) e na balan-ça comercial, como o minério de ferro, ouro, bauxita, cobre e rochas ornamentais.

Década das descobertasna esteira desses levanta-

mentos sísmicos e do incremento das atividades exploratórias no brasil, assim como do avan-ço tecnológico e também dos processos de análises de dados, começaram a ser revistos, ou melhor, reprocessados, dados adquiridos há 20, 30 anos. Foi assim que o brasil entrou na dé-cada das grandes descobertas, a maior delas em águas profundas e ultraprofundas, que posiciona-ram o país como a mais atraente

fronteira exploratória de petróleo e gás do planeta.

o primeiro sinal dessa nova era foi dado na bacia de Santos, em 2003, quando a Petrobras anunciou a descoberta do campo depois batizado de mexilhão: a maior reserva de gás natural da plataforma continental brasileira, com cerca de 70 bilhões de m3 (o equivalente a 30% das reservas consolidadas naquele ano, de 234 bilhões de m3). o segundo, na mesma bacia, ocorreu em agosto de 2005, quando a Petrobras perfurou e encontrou indícios de hidrocarboneto em um primeiro poço de nova fronteira explorató-ria, no bloco bm-S-10 (Paraty).

o sinal mais forte veio no ano seguinte, em julho de 2006, quando a petroleira encontra uma jazida de óleo leve no bloco bm-S-11, depois de ultrapassar uma camada de sal de mais de 2.000 m de espessura, em lâmina d’água de 2.140 m. Estava descoberto o pré-sal brasilei-ro, que se estende da costa norte de Santa Catarina (na altura do alto de Vitória, elevação topográfica dessa região) até o sul do Espírito Santo (alto de Vitória).

o campo, que passaria a ser chamado de tupi (atual lula), a mais de 250 km da costa sul da ci-dade do rio de Janeiro, ainda que fosse um bloco isolado de outras áreas onde a petroleira já tinha registrado descobertas, valia por si só. Com volumes estimados de 4 a 8 bilhões de barris de óleo equi-valente, tupi levou o Governo a determinar a retirada de 41 blocos adjacentes àquele campo do portfó-lio da nona rodada, promovida em 28 de novembro de 2007 pela agência nacional de Petróleo, Gás natural e biocombustíveis (anP).

Resultados à vistaa bacia de Santos começou

a ganhar destaque interna-

especial: sísmica

Números geraisBacias Sedimentares: 38 (com interesse parapetróleo e GN: 29)

Extensão total: 7,5 milhões de km2

Onshore: 5,0 milhões de km2 Offshore: 2,5 milhões de km2

Bacias produtoras: 10Solimões, Ceará, Potiguar,Recôncavo, SE-AL,Camamu-Almada, ES,Campos e Santos

Do total das Bacias SedimentaresBrasileiras, menos de 5,0% está emconcessão

ANP – projetos em andamento: • Bacia do Parnaíba (aerolevantamento + 2 sísmicas 2D + geoquímica); • Bacia do São Francisco (aerolevantamento + sísmica 2D + geoquímica + Bafran); • Bacia do Paraná (= aerolevantamento + sísmica 2D); • Bacia do Parecis (sísmica 2D + geoquímica + MT); • Bacia do Amazonas (aerolevantamento + sísmica 2D + MT).

Page 33: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 29

cional, atraindo a atenção de petroleiras internacionais e de empresas de sísmica. novas descobertas se sucederam na área que foi denominada clus-ter do pré-sal, abrangendo um aglomerado de blocos na re-gião central da faixa de quase 800 km dessa camada.

Foi lá que a Petrobras e seus parceiros registraram o maior índice de acertos de uma campanha exploratória no país. a descoberta de petróleo e gás natural nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível graças à evolução na aquisição de dados, com tecnologias mais avançadas como a sísmica 3D

e 4D – além, é claro, de novas técnicas de perfuração do leito marinho, sob mais de 2.000 m de lâmina d’água.

novos levantamentos e re-processamentos de dados leva-ram a estatal, assim como outros players que atuam no país, a ir mais fundo em suas perfurações, buscando cenários mais pro-fundos, uma vez que a sísmica havia apontado que o pré-sal passaria literalmente por baixo do pós-sal da bacia de Campos, responsável por mais de 80% da produção nacional.

Foi nesse rastro sísmico que a Petrobras acabou descobrindo o pré-sal do campo de Caxaréu, na bacia de Campos, agregado

depois ao Parque das baleias, província petrolífera que abran-ge ainda os campos de Jubarte (onde foi produzido o primeiro óleo do pré-sal), Cachalote, ba-leia azul, baleia Franca e baleia anã. Hoje se estima que as re-servas totais desses sete campos sejam de 1,2 bilhão de barris de óleo no pós-sal e 1,2 bilhão de barris no pré-sal.

o advento do pré-sal – que nos próximos anos pode agregar às reservas brasileiras de 13,1 a 14,6 bilhões de boe (potencial recuperável em lula, Cernambi, Iara, Guará e Parque das baleias, somado aos dos campos Gua-rá Sul, tupi Sul e nE, Florim, Franco e entorno de Iara, da

sísmica: no rastro do petróleo

Plano plurianual de geologia e geofísica da ANP, 2007-2014

Investimento por Bacia:(1) Acre/Madre de Deus: R$ 137,02 milhões; (2) Solimões: R$ 6,25 milhões; (3) Amazonas: R$ 98,53 milhões; (4) Tacutu: R$ 54,52 milhões; (5) Alto Tapajós: 0; (6) Marajó: R$ 56 mil; (7) Foz do Amazonas: R$ 20 mil; (8) Pará-Maranhão: 0; (9) Barreirinhas: 0; (10) Pernambuco-Paraíba: R$ 33 mil; (11) Jacuípe: R$ 31 mil; (12) Cumuruxatiba: R$ 1,88 milhão; (13) Pelotas: R$ 1,23 milhões; (14) São Francisco: R$ 117,6 milhões; (15) São Luís-Bragança-Vizeu: R$ 111,6 milhões; (16) Parnaíba: R$ 158,81 milhões; (17) Jatobá/Tucano Norte: R$ 59 mil; (18) Paraná: R$ 207,36 milhões; (19) Ceará (Piauí-Camocim, Acaraú e Icaraí): R$ 12,7 milhões; (20) Parecis: R$ 224,04 milhões; (21) Pantanal: 0; (22) Araripe: R$ 2,6 milhões; (23) Bananal: 0; (24) Irecê/Lençóis: 0; (25) Pré-Sal de Santos: R$ 500 milhõesTOTAL: R$ 1,8 bilhão

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30 TN Petróleo 83

especial: sísmica

Fonte: DPC - Departamento de Portos e Costas, 19/03/2012

Navios de aquisição de dados em operação na costa brasileiraEMBARCAÇÃO EMPRESA BACIA TéRMINO DO CONTRATO

BOA GALATEA EMGS Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará, Potiguar, Sergipe-Alagoas e Campos

20/12/2012

CGG SYMPHONY CGG do Brasil Santos, Campos e Espírito Santo 31/12/2012

DISCOVERER GX Technology Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará, Potiguar, Per-nambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Jequiti-nhonha, Cumuruxatiba, Mucuri, Espí-rito Santo, Campos, Santos e Pelotas

30/04/2012

HAWK EXPLORER Spectrum Geo Costa Brasileira 09/09/2012

OCEAN EUROPE RXT Campos (Blocos: Marlim e Marlim Leste)

14/10/2013

OCEANIC PHOENIX CGG do Brasil Santos, Campos e Espírito Santo 31/12/2012

POLAR EXPLORER Spectrum Geo Costa Brasileira 26/01/2013

RAMFORM SOVEREIGN PGS Santos, Campos e Espírito Santo (Blocos: Tupi/Iracema, Tambaú/Uruguá e Tambuatá, Franco/Iara, Pirapitanga e Extensão Pirapitanga, Papa-Terra/Maromba e Caxaréu/Pirambu)

08/10/2012

SANCO STAR RXT Campos (Blocos: Marlim e Marlim Leste)

30/04/2013

VERITAS VIKING CGG do Brasil Santos, Campos e Espírito Santo 31/12/2012

WESTERN MONARCH Westerngeco Santos, Campos e Espírito Santo (Blocos: Albacora, Roncador, Peroá, Cangoá e Complexo de Golfinho), Campos (Blocos: Barracuda, Cara-tinga, Marlim, Espadarte, Pampo, Badejo, Linguado, Ativo Norte e Viola)

05/10/2012

WESTERN NEPTUNE WesternGeco Santos 11/07/2013

cessão onerosa) – é, sem sombra de dúvida, o resultado de uma cadeia de avanços tecnológicos e de processos, entre os quais o da própria sísmica.

a tecnologia centenária (ver box), usada inicialmente como uma arma tática de guerra para indicar a posição da artilharia inimiga, continua a ter papel estratégico. mas, desta vez, para indicar às companhias petro-líferas do mundo inteiro locais das bacias sedimentares em que há possibilidades de existirem

grandes reservatórios de petróleo e gás natural.

Base de dadoso tiro de largada da in-

dústria brasileira de petróleo, que vem acelerando os inves-timentos na área explorató-ria – ainda que os projetos de desenvolvimento da produção consumam a maior parte dos recursos –, aqueceu a deman-da na área de sísmica. E isso não somente por parte das petrolíferas.

Desde 2007, a anP já inves-tiu r$ 500 milhões na aquisição de novos dados geológicos e geo-físicos em bacias brasileiras, por meio de seu Plano Plurianual de Estudos de Geologia e Geofísica (PPa), que é financiado com re-cursos do PaC (Plano de acele-ração de Crescimento). afinal, os 300 mil km² sob concessão até 31 de dezembro de 2011 represen-tam pouco mais de 4% da bacia sedimentar do país.

Com recursos previstos de r$ 1,8 bilhão para o período de 2007-

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2014, o PPa tem por objetivo adquirir dados geológicos e geo-físicos em 22 bacias sedimentares brasileiras, sobretudo em novas fronteiras, para incrementar seu conhecimento dessas áreas. Estão contratados e em andamento dez projetos (incluindo um de repro-cessamento de dados antigos) que totalizam cerca de r$ 250 milhões em investimentos, cujo objetivo é adquirir dados nas ba-cias de fronteira exploratória, em especial na região norte do país.

Estudos realizados pela anP já apresentaram resultados bastante positivos nas bacias do Parnaíba, do Parecis, do São Francisco e do acre. Segundo a diretora-geral da anP, magda Chambriard, na bacia do Parnaí-ba já foram investidos mais de r$ 100 milhões. E a agência conti-nuará a alocar recursos para essa região, na qual dois campos de

gás localizados em blocos licita-dos em 2007 (todos os oferecidos nessa área foram arrematados) já tiveram declarada sua comercia-lidade.

a do Parnaíba será a primeira bacia a produzir gás natural como fruto dos recursos aplicados pela agência e as concessionárias atu-antes – como é o caso da oGX, que fez sua maior descoberta nessa região, estimada a princípio em 10 a 15 trilhões de pés cúbi-cos. os dois primeiros campos com comercialidade declarada em 2011, Gavião azul e de Ga-vião real, têm recursos potenciais de 1,1 trilhão de pés cúbicos.

Uma nova ondaainda que não com o mesmo

ímpeto do início dos anos 2000, uma nova onda sísmica começa a se formar. nos últimos anos, a empresa internacional de geofí-

sica, CGGVeritas, que em 2011 comemorou 50 anos de brasil e abriu um Centro de tecnologia no rio, vem realizando suces-sivas campanhas nas bacias de Santos e Campos, para aquisi-ção de dados na área do pré-sal.

É nessa região que ela tem, em seu histórico de sucesso, o mapeamento do já citado cluster do pré-sal, onde se concentram as grandes descobertas dos últi-mos anos que somariam até 15 bilhões de boe.

o maior Centro de Processa-mento de dados proprietários na américa latina está no brasil, país onde, até hoje, a CGGVe-ritas já adquiriu e processou mais de 120.000 Km2 de dados sísmicos multicliente (informa-ções que intergram a biblioteca de sua base de dados). Com o centro em macaé, ela é a única empresa no mundo a ter um

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sísmica: no rastro do petróleo

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A SíSMICA COMEçOu a ser usada na Primeira Guerra Mundial, como uma ferramenta tática: o cientista alemão Ludger Mintrop utilizou sismógrafos portáteis desenhados especialmente para localizar com precisão a posição

de fogo da artilha-ria. Isso era feito colocando-se três sismógrafos em pontos de coorde-nadas conhecidas, frente à artilharia inimiga, o que possibilitava,

através de triangulações, estabele-cer a posição exata da mesma, para destruí-la.

Diante da necessidade de intro-duzir correções nesses cálculos, em função das diferenças na velocidade de propagação do som em subsuper-fície, provocadas pelas características geológicas locais, Mintrop percebeu que seu método poderia ser usado nessa área. A patente para o método

de perfilagem por refração sísmica foi requerida em 1919 por Mintrop, que em abril de 1921 fundou a companhia Seismos Gesellschaft, com a qual tra-balhou em prospecção de petróleo na região da Costa do Golfo e no Leste do Texas até 1925.

Nos EuA, em 1926, a Geophysical Research Corporation (GRC) iniciou as experiências com sísmica de re-flexão. Em 1931, a Petty Geophysycal Engineering Company, de San Anto-nio, inventou e implementou o método do perfil reverso de tiro, que viria a se tornar convencional na indústria. Também nos EuA foi perfurado o primeiro poço com locação defini-da a partir de dados de sísmica de reflexão: o poço 1hallum, na Pottawa-tomie County, em Oklahoma, iniciado em setembro de 1928 pela companhia norte-americana Amerada.

Até meados dos anos 1960, a sísmica foi impactada pela limita-ção dos instrumentos eletrônicos e do registro por meios analógicos.

Com a chamada ‘revolução digital’ na sísmica de reflexão, ela ganhou mais conteúdo tecnológico, que vem passando por uma evolução contínua até os dias de hoje. As primeiras experiências de sísmica 3D foram realizadas pela Exxom Production Research, em 1963.

Os sismógrafos acompanharam a evolução tecnológica da eletrônica e da informática, e de geração em gera-ção foram adquirindo mais sensibili-dade, mais canais e melhores técnicas de filtragem e registro do sinal. Além disso, o processamento dos dados sísmicos também teve um grande salto com a revolução digital.

Com capacidade crescente e de revelar e identificar características dos reservatórios e dos fluidos, a sísmica ganhou papel importante também nas etapas pós-descoberta e na fase de delimitação dos campos produtores, como ferramenta essen-cial nos estudos de reservatório. E pode ser utilizada durante toda a vida útil de um campo, no gerenciamento dos reservatórios, principalmente em campos maduros.

Tecnologia centenária

especial: sísmica

Centro Dedicado de dados mul-ticomponentes e, também, a úni-ca a ter um Centro Dedicado 4D nas américas, sendo este último de uso exclusivo da Petrobras.

a CGGVeritas também é a primeira empresa a introduzir no brasil o rtm (na língua in-glesa, reverse time migration), a mais avançada tecnologia de imageamento no mercado. o maior projeto marinho em águas profundas já conduzido no mun-do, 5.300 Km2 de HD (dados de alta densidade) foi processado em seu centro no rio de Janeiro.

as últimas aquisições foram concluídas recentemente e auxi-liarão a anP na locação de um novo poço estratigráfico (de estu-do da coluna) a ser perfurado no próximo ano. Foram adquiridos dados sísmicos spec 3D (dados especulativos, como são chama-

dos os projetos multiclientes) ao sul dos blocos bm-S-21 (Ca-ramba, operado pela Petrobras) e bm-S-22 (azu-lão, consórcio operado pela Exxon), que estão sendo processados pela CGGVe-ritas. Segundo a anP, o levanta-mento da chamada estação Sul do cluster foi concluído no início de 2011, com o mapeamento de 18,6 mil km².

a empresa também concluiu a aquisição no entorno da área de libra, realizada pelo Sym-phony e está na etapa final da aquisição sísmica realizada pelos navios Oceanic Phoenix e Veritas Viking, na área de divisa das bacias de Santos e Campos, próxima à região do alto de

Cabo Frio. no início de 2012 a CGGVeritas chegou a ter três navios de aquisição operando na costa brasileira.

“Estamos concluindo o levan-tamento de 14 mil quilômetros quadrados de sísmica spec 3D, utilizando a mais moderna tec-nologia de aquisição de dados, broadSeistm, que possibilita um imageamento de alta qualidade. É um projeto de grande porte, inteiramente no pré-sal”, observa Patrick Postal, diretor geral da CGGVeritas no brasil.

“É a primeira aquisição de broadSeis que fizemos no país”, comemora o executivo, desta-cando que a empresa tem pro-curado trazer as mais modernas tecnologias para o país, onde tem o maior banco de dados multiclientes das bacias offsho-re brasileiras (com mais de 120

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TN Petróleo 83 33

mil Km2 de dados adquiridos). “na aquisição sísmica há um processo contínuo de inova-ções tecnológicas, não somente de aquisição, mas também de algoritmos de processamento e de novos softwares de análise de reservatórios etc.”.

a CGGVeritas, que busca manter em dia as diversas li-cenças para aquisição de dados nas bacias offshore brasileiras, tem vários projetos de aquisição sísmica 2D e 3D em andamen-to, as quais vão agregar ainda mais informações ao seu já vasto banco de dados multiclientes, utilizados pelas grandes compa-nhias de petróleo e também pela anP. “no pré-sal adquirimos dados em praticamente toda a região, tanto no sul, como na parte norte, nordeste e no cen-tro”, observa Postal.

Segundo ele, há dois tipos de dificuldades na aquisição sísmica nessa região. a primeira, de ordem operacional e logística, devido à longa distância da área de levantamento até a costa. Sem falar na forte correnteza, ventos, mau tempo etc. E ainda existem as complexidades geofísicas.

“Quanto maior a lâmina d’água, maior a dificuldade de

se obter boas imagens, prin-cipalmente abaixo da camada de sal. Daí termos trazido uma solução inédita no brasil, a broadSeistm, totalmente desen-volvida dentro da empresa e que resulta em uma imagem de alta resolução, uma vez que reúne inovações em toda a cadeia, em termos de equipamentos, processamento e aquisição no mar”, explica o executivo.

Postal pontua que a empresa também pretende incrementar o uso de outras tecnologias de aquisição de dados, como a wide-azimuth, e aquelas relacio-nadas ao monitoramento per-manente ou semipermanente de reservatórios, tais como, opto-

wave e nodes. “Um dos desafios na tecnologia da sísmica ainda é o aprimoramento contínuo do imageamento”.

De acordo com Patrick Postal as novas fronteiras E&P no brasil, como as margens equato-riais, por exemplo, tem potencial por causa do desconhecimento geofísico dessas áreas. “São promissoras por que a aquisi-ção sísmica aumentará nosso conhecimento”, acrescenta, lem-brando que a companhia tem atuado, praticamente, em todas as bacias costeiras.

a própria anP avalia que a margem equatorial brasileira tem potencial petrolífero altamen-te promissor (de óleo leve e de

sísmica: no rastro do petróleo

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especial: sísmica

excelente qualidade, similar ao árabe leve), onde já foram iden-tificados numerosos indícios em bacias sedimentares como a do Potiguar e a do Ceará (reforçados por descobertas na costa oeste africana e no litoral da Guiana, Guiana Francesa e Suriname).

Postal acredita que, além das novas fronteiras, vale a pena também revisitar as bacias do Espírito Santo e de Campos, utilizando novas ferramentas, mais eficientes. “São áreas que tem muito a ganhar com novas tecnologias, tanto de aquisição quanto de processamento”, afirma. Um potencial já confir-mado por diversas descobertas

feitas nos últimos anos nessas áreas maduras de produção.

Na trilha do gás na Parnaíba a sísmica está atrás não

somente de novas descobertas em áreas maduras de produ-ção como também em regiões terrestres de novas fronteiras, como é o caso da bacia do Parnaíba, no sul do maranhão, que ganhou destaque depois da descoberta de uma grande re-serva de gás natural , em 2010, feita pela oGX.

Desde que iniciou as ativi-dades nessa bacia, em 2009, com a realização de pesquisas sísmicas, a oGX maranhão

(sociedade formada pela oGX e mPX, ambas do grupo EbX de Eike batista) já perfurou dez poços nos oito blocos que abrangem seis municípios. Dentre eles, Capinzal do norte e Santo antônio dos lopes, onde se localizam os campos de Gavião azul e Gavião real, respectivamente.

a previsão da oGX mara-nhão é começar a produzir gás ainda este ano, prevendo atingir um volume total 6 milhões de m³/dia de gás natural, que será processado em uma Unidade de tratamento de Gás (UtG).

Em Santo antônio dos lopes, a mPX constrói um complexo

A SíSMICA É um dos métodos mais empregados na indústria do petróleo para analisar a formação das rochas e, dessa forma, a existência de jazi-mentos de hidrocarbonetos. As ondas sísmicas são geradas artificialmente através de explosões na superfície (por dinamite, na aquisição de dados terrestres, e por canhões de ar com-primido, no mar).

Cada uma destas fontes produz ondas características, que se propa-gam no subsolo e voltam à superfície através do fenômeno da reflexão, quando são captadas por receptores –em terra, geofones (eletromagnéticos) e no mar, hidrofones (piezoelétricos) – que têm a função de transformar esta perturbação (energia cinética ou de pressão) em sinais elétricos para posterior processamento.

A investigação do subsolo por meio do método sísmico se dá em três eta-pas: aquisição de dados, processamento e interpretação dos mesmos (segundo modelos físicos e geológicos).

qual a diferença entre sísmica de refração e sísmica de reflexão?Refração - Tempo que as ondas demoram para percorrer um determi-nado espaço. Reflexão - Tempo do “eco” das ondas

dos estímulos feitos na superfície (explosivos).

Tipos de levantamentoSísmica 2D – A sísmica 2D é em geral utilizada para o reconhecimen-to regional, ou para o trabalho de exploração detalhada. A pesquisa sísmica 2D busca informações a gran-des profundidades para possibilitar o mapeamento de áreas extensas.Sísmica 3D – A sísmica 3D produz resultados espacialmente contí-nuos, com imagens da geometria externa e interna dos reservatórios petrolíferos, que reduzem a incer-teza em áreas de geologia estrutu-ral complexa. A pesquisa sísmica

3D possibilita uma análise mais detalhada das possíveis acumula-ções de petróleo e gás.Sísmica 4D – A pesquisa sísmica 4D visa compreender o reservatório, uti-lizando pesquisas sísmicas 3D repeti-das ao longo do tempo. Esse levanta-

mento e o processamento de dados permitem a observação de mudanças no movimento dos fluidos do reser-vatório em decorrência da produção. São realizadas imagens, utilizando

dados de diferentes aquisições sísmi-cas, para estudar o comportamento do reservatório, identificando áreas com hidrocarbonetos que ainda possam estar no reservatório.

Sísmica com cabo de fundo oceânico ou Ocean Bottom Cable (OBC) – Conhecida como sísmica com cabo de fundo, essa modalidade de aquisição sísmica, mais voltada para a produção de petróleo. É com-posta por um conjunto de geofones orientados verticalmente e hidrofo-nes conectados por fios elétricos e implantados no fundo do mar para gravar e repassar os dados para um navio de gravação sísmica.

Métodos sísmicos e tipos de levantamentoFo

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TN Petróleo 83 35

O BANCO NACIONAL de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) aprovou o repasse de R$ 143 milhões ao grupo mineiro Georadar, especiali-zado em serviços onshore e offshore de levantamentos geofísicos, por meio do Programa de Apoio ao Desenvol-vimento da Cadeia de Fornecedores de Bens e Serviços relacionados ao setor de petróleo e gás (BNDES P&G). Essa é a maior operação envolvendo empresas de médio e grande porte desde a criação do programa, em setembro de 2011.

O valor será aplicado em três pro-jetos no Norte do país, dois da Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e outro do consórcio constituído entre a Petro-bras e a portuguesa Petrogal, denomi-nado Espec, em desenvolvimento na Amazônia. Os estudos sísmicos para a ANP no Acre, na região do município de Cruzeiro do Sul, começam neste semestre, e serão concluídos ainda em 2012. No Pará, a Georadar obteve a licença ambiental concedida pelo governador Simão Jatene para iniciar o projeto em torno de Santarém.

“O empréstimo mostra que a Georadar conquistou espaço e credibilidade junto ao BNDES e é

reconhecida por seus resultados, serviços, atuação e política de governança. Nossa carteira de pro-

jetos para 2012 está estimada em R$ 600 milhões, valor bastante significativo”, acredita Luiz Nagata, diretor financeiro da empresa. Os con-

tratos também reforçam os planos de atuar no exterior. “Estamos es-tudando oportunidades no Paraguai e em Angola”, afirma o executivo.

Georadar recebe R$ 143 milhões do BNDES

de geração de energia terme-létrica a gás natural, a Usina termelétrica Parnaíba. Com capacidade instalada de 3.722 mW de energia, a UtE Parnaíba será o maior complexo terme-létrico para geração de energia no brasil. as primeiras unidades começam a gerar energia já em 2013. Hoje, as obras estão em etapa de terraplenagem.

ao mesmo tempo, a oGX dá continuidade à fase exploratória, de pesquisa sísmica e perfu-ração de poços, que deve se estender pelos próximos anos, em busca de novas jazidas para confirmar o potencial anunciado em 2010, de 10 a 15 trilhões de pés cúbicos de gás natural.

a oGX já requereu à Se-cretaria de Estado do meio ambiente (Sema) do maranhão a ampliação da atividade para aquisição de dados sísmicos 3D e inclusão dos municípios de buriti bravo, Governador luiz rocha, Graça aranha, mirador, Presidente Dutra, Santa Filome-na do maranhão e tuntum.

Atividade aquecida Desde a descoberta da oGX,

aumentou o interesse geológico

por essa bacia sedimentar, de idade paleozoica, que se esten-de por uma área de cerca de 680 mil km², distribuídos pelos estados do maranhão, Piauí, to-cantins, e pequena parte pelos estados do Pará, Ceará e bahia.

na trilha da oGX seguem a Petrobras e bP – esta última, com a aquisição dos ativos da norte-americana Devon Ener-gy, em 2011, tornou-se sócia da estatal em consórcio formado com a Vale, e arrematou os blocos bt-Pn-2 (antigo Pn-t-66) e bt-Pn-3 (antigo Pn-t-86) também na nona rodada, vizinhos aos dos arrematados pela oGX na bacia de Parnaí-ba, que hoje vive a expectativa de se tornar uma província de gás natural e óleo.

a petroleira britânica estreia sua campanha exploratória onshore no país em parceria com a brasileira Georadar, a qual está fazendo a aquisição de 1.000 km de sísmica 2D no blo-co bt-Pn-2, operado por ela. a campanha, iniciada em março, com a mobilização das equipes e equipamentos, para dar a partida, em abril, na aquisição sísmica, vai se estender até o

final do ano, atingindo oito mu-nicípios maranhenses da área de abrangência desse bloco.

Com seis equipes sísmicas terrestres e serviços prestados para diversas petroleiras nessa região, a Georadar também foi contratada pela Petrobras, ope-radora e sócia do bloco vizinho, o bt-Pn-3. a estatal já requereu licença prévia e de operação e aguarda apenas o licencia-mento para iniciar as pesquisas sísmicas terrestres 2D e definir a locação de perfuração de um poço, para avaliar possíveis reservatórios de petróleo e gás natural na região.

além das petroleiras, a anP também está expandindo seus estudos nessa bacia, na qual já investiu mais de r$ 100 mi-lhões. no início do ano, fechou contrato de r$ 62,4 milhões com a Geokinetics, para aquisição de dados sísmicos 2D na bacia da Parnaíba. a empresa norte-ame-ricana vai fazer a aquisição e processamento de 42 mil pontos de tiro de sísmica de reflexão bidimensional terrestre, com aquisição de 10.500 estações de aquisição gravimétrica e magne-tométrica associadas.

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Começando pelo 2D, indo para o 3D e chegando no 4D, a tecnologia de aquisição de dados sísmicos não para de evoluir, acompanhando as necessidades de empresas petrolíferas por dados cada vez mais precisos para que o investimento de prospecção seja o mais adequado e vantajoso possível.

Sísmica permanente

A sísmica é aplicada hoje em todas as etapas de explo-ração e produção, desde

a prospecção e perfuração de poços até o final da produção de um campo, tendo papel funda-mental também na recuperação de reservatórios maduros.

Uma das soluções que vem despontando como um instru-mento estratégico para o melhor gerenciamento dos reservatórios offshore, principalmente nos campos maduros, é a sísmica permanente. tida como a sísmi-ca do futuro pelos especialistas, esse modelo de aquisição de da-dos utiliza sensores permanen-tes, que analisam o reservatório periodicamente, interpretam os dados e têm como meta a am-pliação do fator de recuperação de hidrocarbonetos das jazidas.

a sísmica permanente tem valor nas avaliações de planos de melhoria da produção, com a perfuração de novos poços e alterações nas estratégias de produção e injeção nas diferen-tes camadas dos reservatórios. Sua importância estratégica está no fato de possibilitar, com o aumento do índice de recupe-ração do óleo in situ, estender a vida útil de campos maduros, com enorme potencial, devido ao gigantismo e suas reservas.

Para se ter uma ideia, no brasil, dos cinco campos que

mais produzem petróleo, quatro (marlim Sul, roncador, marlim e marlim leste) têm entre 15 e 20 anos de produção. Somente o chamado ‘complexo de marlim’ teria reservas estimadas, com os atuais níveis de recuperação, su-periores a 13 bilhões de barris de óleo equivalente. Imagine-se o que significaria elevar em cinco pontos percentuais os índices de recuperação!

Já para os novos campos, a grande vantagem é que o sistema é instalado desde o início da atividade, fornecendo contínuas informações. Com as interpretações geradas pela sísmica permanente é possível fazer uma otimização do projeto de produção do campo, com um melhor posicionamento de poços produtores e injetores, identifica-ção das áreas lavadas e de óleo residual, de formação de capas de gás e de reativação de fratu-ras e falhas.

Com quase 100% dos campos de óleo e gás do mar do norte em fase de declínio da produção, as empresas de petróleo que atuam na região já estão usando a técnica da sísmica 4D para aumentar a produtividade e o fator de recuperação de óleo de seus ativos. a prática tem sido adotada por todas as companhias de petróleo atuantes em águas norueguesas, adicionando de

1% a 5% ao volume de reservas atuais de óleo.

De acordo com Cristina Chaves, presidente da Sociedade brasileira de Geofísica (SbGf), o uso da sísmica permanente ainda é tímido no brasil, mas deve crescer nos próximos anos. Para ela, um dos fatores mais atraentes no uso de sistemas permanentes é o fato de que eles assegurariam a produção

do campo em bases racionais de forma a se extrair o máxi-mo de petróleo com custos menores. “no brasil, essa tec-nologia ainda não está sendo empregada de forma sistemá-tica como em campos do mar do norte. En-tretanto, já está

sendo utilizada, e seguramente a tendência é de crescimento no uso dessa técnica”, afirmou.

Ferramenta de excelênciaPara Celso Magalhães, pre-

sidente do Conselho e da área de novos negócios do grupo Georadar, o crescimento do uso da sísmica permanente no mundo está atrelado ao fato de

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sísmica: no rastro do petróleo

os reservatórios petrolíferos em desenvolvimento, assim como os maduros, responderem bem ao correto posicionamento de um poço de produção. “o permanen-te monitoramento será mais uma ferramenta para os engenheiros extraírem maior quantidade de dados e, por consequência, pro-longarem ao máximo a vida dos reservatórios, aumentando seu fator de recuperação e aceleran-do sua produção, com a otimiza-ção dos recursos”, afirmou Celso.

a empresa vem utilizando a tecnologia ocean bottom Cable (obC) ou aquisição sísmica com cabo de fundo, que, além de poder ser usada no monitora-mento permanente de reserva-tórios, terá amplo uso na própria aquisição de dados sísmicos em cenários mais profundos como, por exemplo, o pré-sal abaixo do pós-sal na bacia de Campos – ou até mesmo no outro lado do oce-ano, na costa oeste da África.

Essa inovação tecnológica foi introduzida pela empresa na sua estratégia de expansão para águas profundas – ou seja, a sísmica offshore –, consolidada no final do ano passado com a aquisição da rXt do brasil, subsidiária da norueguesa reservoir Exploration technology, com nove anos de atuação no brasil, especializada na aquisição de dados geofísicos marítimos com obC.

Sediada no rio de Janeiro e com planos de operar na amé-rica do Sul, angola e oriente médio, a GeorXt, como passou a se chamar o braço offshore do grupo Georadar, fechou recente-mente contrato com a Petrobras para executar um trabalho de le-vantamento sísmico do tipo obC 4C, na bacia de Campos.

a campanha, que teve início em março, será realizada com o suporte de dois navios sísmicos

da empresa, o ocean Europe e o Sanco Star, especificamente de-senvolvidos para trabalhos com essa tecnologia. Segundo Celso, a empresa deve ter em 2013 mais uma equipe de obC com equi-pamentos para chegar a lâminas d’água mais profundas.

a Georadar pretende ainda ter equipes modulares, mais práticas e baratas, capazes de permitir incrementar a utilização dessa tecnologia em reservató-rios como os carbonatos de água rasa, que têm grandes perspecti-vas no brasil e na África e onde a nova tecnologia deve ser uma das soluções de imageamento.

Testes na costa brasileirana visão do setor de Ex-

ploração e Produção (E&P) da Petrobras, o uso da sísmica permanente na fase de produção pode ser extremamente vantajo-so no seu monitoramento, com o mapeamento da movimentação dos fluidos saturantes (gás, óleo e água), nas modificações de pressão de poros do reservatório e das condições geomecânicas das rochas encaixantes.

Hoje, a companhia está concluindo a fase de testes do sistema sísmico no campo de

Jubarte, cuja implantação está prevista para setembro de 2012. a primeira campanha de regis-tros sísmicos deverá ocorrer logo após sua instalação, em outu-bro, e para os próximos anos, a Petrobras irá fazer campanhas sísmicas anuais na região.

Segundo a estatal, já foram iniciados estudos de viabilida-de técnica e econômica para a instalação de sistemas sísmi-cos permanentes em outros campos, nos quais a empresa é operadora. além disso, em campos em que a Petrobras é parceira de outras compa-nhias, também há estudos em andamento, como o do Parque das Conchas, operado pela Shell, com planos de instala-ção para 2013.

De acordo com o E&P, a Petrobras está executando le-vantamentos sísmicos terrestres (onshore) do tipo 2D e 3D na ba-cia do amazonas e 3D na bacia do recôncavo. no mar (offshore), há aquisição de dados 2D nas bacias da margem Equatorial e de Pelotas, além de levantamen-tos sísmicos 3D e 4D nas bacias de Campos e Santos.

Para a CGGVeritas, trata-se de um mercado superatraente, pois

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além da expertise consolidada na aquisição sísmica nas bacias brasileiras, a empresa dispõe de todas as tecnologias, uma vez que sua subsidiária, a Sercel, é uma das grandes fornecedoras desses equipamentos sísmicos de fundo.

“Estamos com grandes expecta-tivas em relação à sísmica perma-nente, pois dispomos de tecnologia de ponta tanto na aquisição (com tecnologia a fibras óticas) como no processamento dos dados sísmicos 4D”, observa Patrick Postal, diretor da CGGVeritas no brasil. Por ser uma tecnologia intensiva em capi-tal, Postal crê no uso dessa ferra-menta para cenários complexos, como os dos campos de marlim e roncador, por exemplo – com gigantescas reservas.

Novas tecnologias

Quem também está investindo em tecnologia é a Petroleum Geo--Services (PGS), que tem o maior centro privado de processamento sísmico da américa do Sul, volta-do para dados convencionais ou dual-sensor. Inaugurado em 2004, o espaço conta hoje com tecnolo-gia dez vezes mais avançada e no fim do ano passado foi concluída a fase 5 da expansão do centro com uma atualização de hardwa-re multimilionária.

além disso, a companhia está criando um centro de excelência na área de serviços de monitora-mento de reservatórios, base-ado no rio de Janeiro, dando suporte para todos os países

do mundo. “trouxemos para o brasil um expressivo conjunto de tecnologias, como o PGS Hyperbeam™ PSDm, que é um sistema construtor de modelos

de velocidade e imageamento em profundida-de, totalmente integrado com o nosso sistema de visualização 3D holoSeis™”,

afirmou Stephane Dezaunay, diretor da PGS do brasil.

no ano passado, a empresa introduziu no país a tecnologia de processamento de dados GeoStrea-mer, a qual tem dentre os principais benefícios a eliminação de fantasma do receptor, largura de frequência de banda ampliada, entre outros. a PGS também começou a pri-meira aquisição multiazimute, que combina dados GeoStreamer a dados convencionais. E este ano vai realizar o primeiro processamento 4D mundial a partir de dados obti-dos na instalação de monitoramento permanente em águas profundas.

a PGS tem usado o navio Ramform para adquirir dados em alta definição, utilizando um cabo rebocado com dual sensor, através do Geostreamer, completamente compatível com a sísmica 4D, adequada para estudo e monitoramento de reservatório, mais ainda o das áreas do pré-sal. opera-cionalmente, é a solução mais eficiente em condições de mar

mais adversas, pois permite rebocar o cabo em profundida-des maiores sem prejudicar a banda de frequências.

“o sistema permanente é a solução 4D que a PGS vai instalar este ano no brasil. nos últimos tempos, a maioria de nossos levantamentos foi 4D. Isso mostra o nosso compromisso - e a nossa aposta - nesta tecno-logia”, afirmou Stephane Dezau-nay, diretor da PGS do brasil.

também a norueguesa octio Geophysical decidiu apresentar ao mercado brasileiro sua tecno-logia de monitoramento perma-nente de reservatórios 4D/4C, depois de ter completado com sucesso o teste de qualificação do sistema de monitoramento permanente 4D/4C, instalado em um campo na costa oeste da noruega, depois de dois anos e meio de desenvolvimento.

o sistema foi projetado para operar por 25 anos e pode ser empregado em campos offshore com mais de 2.000 m de profun-didade de água. Ele é dotado com vários tipos de sensores digitais integrados como os eletromagné-ticos, ambientais e de poluição e está preparado até para monitorar armazenagem de Co².

P&D fortePara monitorar regiões cada

vez mais profundas e trazen-do resultados cada vez mais completos, os pesquisadores do Centro de Pesquisas leopoldo miguez de mello (Cenpes), da Petrobras, têm desenvolvido no laboratório de Física de rochas trabalhos voltados para a sísmica permanente, em conjunto com técnicos da área de Exploração e Produção (E&P) da companhia.

Uma das soluções é o siste-ma permanente com sensores de fibra ótica em Jubarte. outro

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exemplo é o sistema Seismo-vietm (técnica de monitoramento da movimentação de fluidos no reservatório, baseada na varia-ção de medidas de propriedades elétricas realizadas durante o tempo de observação), desenvol-vida pela CGGVeritas (que possui a patente do sistema Seismovietm junto com o Instituto Francês do Petróleo e GDF-Suez) e utilizada no campo terrestre de miranga, na bacia do recôncavo, na bahia.

o Cenpes tem trabalhado com projetos relacionados à melhoria da qualidade dos dados sísmicos da Petrobras tanto em pesquisas exclusivas (interna-mente ao Cenpes) quanto em parceria com empresas de ser-viço da área de sísmica, visando aprimorar o planejamento da aquisição de dados sísmicos e seu processamento.

no laboratório de Física de rochas, a instrumentação básica é constituída por aparatos que permitem a medição de parâ-metros diversos em amostras de rocha, tais como a velocidade de transmissão de impulsos acústicos e elétricos, anisotropia horizontal/vertical e a variação de tais parâmetros sob diferentes condições de saturação de flui-dos (água, óleo, gás), de tempe-ratura e de pressão confinante.

além da reprodução de parâmetros representativos das condições originais da jazi-da, amostradas à época de sua descoberta, no laboratório são realizadas simulações de parâ-metros aos quais os reservatórios estarão submetidos ao longo de sua história de produção, visando uma estimativa do potencial de monitoramento sísmico perma-nente da acumulação.

Cristina Chaves, da Sociedade brasileira de Geofísica, lembra que o país vive uma fase satisfa-

tória com relação ao setor de P&D graças aos recursos previstos em lei decorrentes da participação espe-cial de campos de petróleo pagos pelas empresas exploratórias, os quais são investidos em projetos em parceria com instituições brasi-leiras de ensino e pesquisa.

DesafiosSegundo a presidente da

SbGf, os campos onshore no bra-sil têm uma quantidade substan-cial de bacias de fronteira explo-ratória cujo potencial petrolífero ainda não foi convenientemente avaliado. além disso, um dos desafios do setor é a necessida-de de desenvolver tecnologias e metodologias de aquisição e de processamento de dados geofísi-cos que tenham melhor qualida-de, possibilitando interpretações mais confiáveis de áreas de baixa resposta geofísica, como por exemplo, na bacia do Paraná.

“muitas áreas de bacias se-dimentares marítimas e terres-tres brasileiras possuem dados insuficientes e muito antigos, havendo necessidade de empre-ender campanhas de aquisição de novos dados geofísicos, tanto sísmicos quanto não sísmicos, para enriquecer o conhecimento geológico”, afirma Cristina.

Porém, ela diz que já vem sendo feito no país um trabalho

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de desenvolvimento de técni-cas de aquisição de dados com amostragem espacial densa e com grande variação azimutal, aliadas a técnicas de migração de dados sísmicos em profundidade que têm propiciado um melhor imageamento das camadas ge-ológicas em subsuperfície, nos reservatórios do pré-sal.

Para a octio Geophysical, a sísmica permanente é o grande salto de tecnologia no monitora-mento de reservatórios de óleo e gás devido a sua enorme utilida-de, como a análise de dados em tempo real, o que faz da sísmica um componente muito impor-tante no DoF (Digital oil Field) cujas tecnologias até hoje foram

focalizadas em perfuração e pro-dução de poços.

Para superar os desafios da busca por novas regiões petrolíferas no brasil, a evolução da tecnologia de aquisição de dados sísmicos mostra-se cada vez mais impor-tante para a garantia de um futuro próspero e tranquilo no setor de petróleo e gás brasileiro.

A AquISIçãO 2D e 3D e o reproces-samento de dados sísmicos, aliados a análises geofísicas e geoquímicas e um bom conhecimento de sistemas petrolíferos das bacias sedimentares brasileiras, estão assegurando boas perspectivas de negócios à brasileira hRT, que tem 21 blocos (que totali-zam 48,5 mil km2) na bacia terrestre do Solimões e opera 10 dos 12 blocos (quase 69 mil km2) que detém no offshore da Namíbia, na costa sudo-este da áfrica.

A petroleira, que está na sua fase pré-operacional, ganhou uma parceira estratégica na Bacia do Solimões: a TNK-Brasil, subsidiária brasileira da gigante anglo-russa TNK-BP, terceira maior empresa do setor naquele país, que para ficar com 45% de parti-cipação nos ativos amazônicos vai desembolsar, até o final de 2014, uS$ 1 bilhão, em seis parcelas.

O que atraiu a empresa da Europa Oriental foi o potencial desses ativos, que têm 52 prospectos e 11 desco-bertas mapeados e avaliados pela consultoria internacional DeGolyer and MacNaughton (D&M), que certificou 964 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) em recursos prospectivos e contingentes.

A hRT, que iniciou a campanha exploratória no ano passado, depois de uma captação recorde de RS$ 2,5 bilhões (na abertura de seu capital, no final de 2010), já tem seis poços concluídos – todos com descobertas de hidrocarbonetos – e dois poços

em perfuração nessa região, além de 3.500 km de dados sísmicos adquiri-dos nos últimos 16 meses (elevando para 60 o número de prospectos).

As locações foram definidas pela hRT a partir de análises geofísicas e geoquímicas (área onde a empresa tem expertise consagrada) e de reinterpre-tação de 20 mil km de dados sísmicos obtidos entre 1970 e 1990. Os esforços da petroleira lhe renderam a prorroga-ção, por dois anos, do segundo período exploratório de nove blocos, que se encerrariam durante 2012.

Com sua nova sócia, a hRT espera confirmar a teoria defendida pelo fundador da companhia, Márcio Rocha Mello, de que a segunda bacia maior produtora de gás do país pode

esconder, em cenários mais profun-dos (go deeper), reservatórios de óleo leve, abaixo de camadas de gás. Principalmente depois de a Petrobras ter encontrado uma reserva signi-ficativa de óleo, em um poço com quase 3.500 km de profundidade, em área adjacente à da hRT.

A sísmica também tem sido um dos focos da hRT na costa da Namí-bia. Foi lá que, no ano passado, ela re-alizou aquisição de mais de 9 mil km2 de sísmica 3D – a maior campanha desse tipo já feita por uma compa-nhia independente naquele país. Esse conhecimento sendo processado e a aquisição de participação em ativos na região lhe possibilitaram mais que triplicar os recursos prospectivos riscados, que somam agora em torno de 6,9 bilhões de BOE.

Com este portfólio valorizado, em abril a empresa abriu o data room para buscar parceiros estratégicos, por meio de um farm out de parte desses ativos, que lhe assegurem expertise e novos investimentos para seguir adiante em sua campanha exploratória, que prevê a perfuração de um primeiro poço ainda este ano. Com dinheiro em caixa (em torno de R$ 1,5 bilhão) e resultados positivos no primeiro trimestre, a hRT tem recursos suficientes para bancar essas atividades. Mas sabe que novos investidores, que agreguem também experiência no setor, podem agilizar essas operações e também a moneti-zação desses ativos.

Ativos valorizados em novas fronteirasHRT

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Com uma trajetória marcante na superintendência de Exploração da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, nova diretora-geral do órgão, deverá atuar com pulso firme, do poço ao posto, literalmente.

por Beatriz Cardoso na ANP

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A presidente Dilma Rousseff e Magda Chambriard

PULSO FIRME

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TN Petróleo – A senhora afirmou que já está tudo preparado para os novos leilões. Isso se aplica às diferentes modalidades: pré-sal, blocos exploratórios offshore e onshore, campos marginais?

Magda Chambriard – Apenas a 11ª Rodada, que foi aprovada em reunião do Conselho Nacional de Política Ener-gética (CNPE) no final de abril do ano passado, é que está pronta. Estamos aguardando a aprovação do Governo Federal para realizá-la. As outras ro-dadas ainda não estão prontas. A ANP continua fazendo estudos das áreas com potencial para petróleo e gás no Brasil. Estamos ampliando nosso co-nhecimento sobre o subsolo brasileiro com a execução do Plano Plurianual. Entre 2007 e 2014, pretendemos investir R$ 1,5 bilhão em estudos e levantamentos geológicos e geofísicos de 22 bacias sedimentares brasileiras. Quais os leilões que deverão ocor-rer antes? E quando?

Acredito que a 11ª Rodada deva ser a primeira a acontecer. quanto às demais, ainda precisamos espe-rar pelas decisões do governo.

Quais são as áreas que a senhora acredita que devem atrair mais interessados? Os apetites estarão aguçados depois da ausência de leilões por três anos?

Acredito que qualquer oferta de área que aconteça no Brasil vai atrair

muitos interessados. A indústria do petróleo atravessa um momento muito promissor. Temos muitas áreas com enorme potencial. No Mato Gros-so, temos esxudação de gás em um trecho de 800 m no rio Teles Pires. Também temos boas perspectivas de gás no Maranhão, Piauí e Minas Gerais. Estou muito otimista com as bacias sedimentares terrestres. O pré-sal é o grande atrativo, colo-cando as rochas carbonáticas como as mais promissoras do momento. No entanto, há quem diga que po-derão surgir surpresas no pré-sal? A senhora acredita nisso ou a era dos turbiditos acabou?

A área do pré-sal brasileiro possui potencial para descobertas de grande porte, especialmente a região do cluster da Bacia de Santos, que possui características geológicas particulares que per-mitiram a acumulação de grandes jazidas de petróleo (Lula, Iara, Guará, Franco, Libra, entre outros). O principal diferencial geológico é a presença de um grande alto estrutu-ral denominado ‘Platô de São Paulo’ e a presença das muralhas de sal. Os reservatórios carbonáticos são conhecidos na Bacia de Campos desde a década de 1980.

Os turbiditos são comuns na Bacia de Campos e grandes acu-mulações de óleo foram encontra-das nesse tipo de reservatório. Os

reservatórios se caracterizam por excelentes condições permoporo-sas com boa continuidade lateral. Existem muitas áreas a explorar no Brasil e é provável que várias descobertas ainda sejam realizadas em reservatórios turbidíticos. A senhora mencionou, em outros eventos, que há outras áreas impor-tantes, que merecem maior atenção, como a margem equatorial brasileira e o sul do Brasil. Quais os grandes atrativos para os investidores na margem equatorial brasileira?

A margem equatorial brasilei-ra apresenta potencial petrolífero altamente promissor caracterizado pelos numerosos indícios já identifi-cados nas bacias sedimentares dessa região, pelos campos produtores das bacias Potiguar (mar) e Ceará; corroborado pelas recentes desco-bertas na costa oeste africana e pelas descobertas no litoral dos países vizinhos (Guiana, Guiana Francesa e Suriname). Além disso, os óleos iden-tificados nessas bacias são leves e de excelente qualidade, similar ao pe-tróleo árabe leve. Por fim, a margem equatorial brasileira está próxima dos maiores mercados consumidores mundiais (EuA e Europa). E quais os atrativos na região Sul?

Infraestrutura; maior mercado consumidor da América do Sul.

Qual a estratégia da ANP para incentivar a exploração em áreas onshore no país? Quais os cenários mais promissores?

Para incentivar a exploração onshore, a ANP vem investindo sistematicamente na aquisição de novos dados geológicos e geofísicos por meio de seu Plano Plurianu-al (PPA) de Estudos de Geologia e Geofísica. O PPA da ANP foi implementado em 2007 e desde então a Agência já investiu cerca de R$ 500 milhões. Estão contrata-

“Vocês têm razão quando dizem que nossas multas são brandas. A Lei das Penalidades foi feita para o setor de abastecimento e revenda de combustíveis. Ela não previa a inclusão do segmento upstream”, destaca ela, que assumiu o comando da ANP em evento prestigiado pela presidenta Dilma Rousseff, e a dirigente da Petrobras, Graça Foster. “O Brasil tem na Magda um símbolo de que as pessoas ascendem aos seus postos por merecimento, capacidade e dedicação”, afirmou Rousseff, na solenidade de posse da ex-petroleira da Petrobras, que promete todo rigor na fiscalização e punição de infrações e acidentes. Devido a essa postura firme, similar à da presidente da Petrobras, o mercado já começa a falar que a indústria petrolífera brasileira hoje está sob o comando de ‘damas de ferro’. Nada mais adequado para um setor que tem impactos sobre diversos segmentos da economia e da sociedade.

Entrevista com Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

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A áREA DO PRÉ-SAL BRASILEIRO POSSuI

POTENCIAL PARA DESCOBERTAS DE GRAN-

DE PORTE, ESPECIALMENTE A REGIãO DO

CLuSTER DA BACIA DE SANTOS, quE POSSuI

CARACTERíSTICAS GEOLÓGICAS PARTICu-

LARES quE PERMITIRAM A ACuMuLAçãO DE

GRANDES JAZIDAS DE PETRÓLEO (LuLA, IARA,

GuARá, FRANCO, LIBRA, ENTRE OuTROS). O

PRINCIPAL DIFERENCIAL GEOLÓGICO É A PRE-

SENçA DE uM GRANDE ALTO ESTRuTuRAL

DENOMINADO ‘PLATô DE SãO PAuLO’ E A PRE-

SENçA DAS MuRALhAS DE SAL.Magda Chambriard e

Graça Foster, Petrobras

ANP

dos e em andamento dez projetos (três levantamentos sísmicos; dois levantamentos geoquímicos; três levantamentos MT; um projeto de avaliação geológica; um processa-mento de dados sísmicos antigos) que juntos totalizam cerca de R$ 250 milhões em investimentos. O PPA é financiado com recursos do PAC do Governo Federal e visa a aquisição de dados nas bacias de fronteira exploratória.

Dentre os estudos realizados pela ANP já surgiram resultados bastantes positivos na Bacia do Parnaíba, Bacia dos Parecis, São Francisco e até na Bacia do Acre. Na Bacia do Parnaíba a ANP já investiu mais de R$ 100 milhões e ainda continua investindo. Os blocos da Bacia do Parnaíba licitados em 2007 foram todos arrematados e já houve a declaração de comerciali-dade de dois campos de gás. Nos últimos cinco anos, que áreas tiveram maior aquisição de dados por parte da ANP e operadoras, ampliando a base de dados sobre as bacias brasileiras?

Aquisição de dados pela ANP – bacias do Parnaíba (aerolevanta-mento + 2 sísmicas 2D + geoquí-mica), São Francisco (aerolevanta-

mento + sísmica 2D + geoquímica + Bafran), Paraná (= aerolevantamen-to + sísmica 2D), Parecis (sísmica 2D + geoquímica + MT), Amazonas (aerolevantamento + sísmica 2D + MT), entre outras.

Sem esquecer que a margem equatorial tem despertado grande interesse das Empresas de Aquisi-ção de Dados (EAD).

E nos próximos anos, quais as áreas que devem ser priorizadas na aquisição de dados, principalmente pela ANP, para cobrir as lacunas existentes?

Pensamos, sobretudo, em con-tinuar investindo em terra, com o objetivo de buscar mais gás para o interior do país. No entanto, também há esforço exploratório previsto para o pré-sal.

O país tem grande volume de campos maduros, uma vez que são mais de quatro décadas de explora-ção. A senhora acredita que a maior parte será repassada aos produ-tores independentes ou, como diz Graça Foster, se eles não têm re-cursos e infraestrutura operacional e de escoamento, não vale a pena abrir mão do que a Petrobras tem? Não gostaria de colocar a questão dessa maneira. O que os peque-nos necessitam, tanto quanto os

grandes, é visão de futuro. Ninguém entra em um negócio sem ter pers-pectiva de crescimento. Para mim, é importantíssimo termos uma grande bacia inteira viabilizada, além das maduras revitalizadas. As independentes reclamam que o maior problema está no escoamento, transporte da produção, principal-mente de gás. O que a ANP e o Go-verno podem fazer para minimizar esse problema que vem impactando a atuação das independentes?

A reunião do CNPE realizada no final de abril de 2011 aprovou uma minuta de resolução que institui uma política pública para pequenas e médias empresas de petróleo. Essa minuta tem algumas medidas importantes para os pequenos pro-dutores, como a oferta permanente de áreas em bacias maduras. Essas medidas ainda deverão ser aprova-das pela presidenta da República. A recuperação avançada tem sido um dos focos da Petrobras, que tem investido em novas tecno-logias para aumentar a produti-vidade nos megacampos, como Marlim. A senhora acredita que esses campos, ainda que madu-ros, vão dar suporte ao cresci-

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mento da produção e que hoje o país tem tecnologia para ampliar ainda mais o índice de recupe-ração do óleo in situ, atrás do grande benchmarking norueguês, que é de 62%?

Certamente há espaço para a reexplotação dos grandes campos produtores como Marlim. Acidentes acontecem, mas é sabido que, nessa indústria, prevenir é obrigação. Quais as lacunas na legislação e na fiscalização das ati-vidades exploratórias que poderiam reduzir o risco desses acidentes, para que a comunicação dos mes-mos seja mais imediata?

A comunicação dos incidentes é imediata por parte das concessionárias. Desde 2009, quando acabou o prazo para as empresas se adequarem à Resolução 43/2007, a ANP vem inten-sificando a fiscalização offshore. Os técnicos da ANP têm tido treinamento intenso aqui no Brasil e no exterior. Não vejo lacunas na legislação, mas acho que sempre teremos algo a aprimorar no trabalho. Essa é uma discussão internacional. Também estamos estreitando nossos contatos com as agências de países desenvolvidos que regulam risco. Essa troca de informa-ções é muito importante para que nos mantenhamos atualizados. Na Austrália, por exemplo, o quadro exploratório foi alterado recentemente. O mesmo ocor-reu nos EuA, tudo isso em função dos acidentes de Montana e Macondo.

A senhora acredita que ainda são muito leves as multas e puni-ções às empresas responsáveis por

acidentes que acarretam perda de vidas humanas e impactos ambien-tais? Elas devem ser mais duras? De que forma coibir as ações que levam a esses incidentes no Brasil?

A melhor maneira de coibir é fiscalizando e monitorando para que os acidentes não aconteçam. Depois que acontecem, temos que aprender com os erros. Mas vocês têm razão quando dizem que nossas multas são brandas. A Lei das Penalidades foi feita para o setor de abasteci-mento e revenda de combustíveis. Ela não previa a inclusão do seg-mento upstream. Além disso, as mul-tas que aplicamos para um pequeno revendedor de GLP é a mesma aplicada para um grande distribui-dor, como a BR ou Cosan. Temos que ajustar essa lei para a enorme diversidade que temos aqui. Afinal, a ANP tem liberdade para, em casos extremos, impedir que uma petroleira opere no país devido ao seu histórico de infrações e incidentes, ou isso viola o princípio de isonomia, uma vez que o mercado está aberto a todas aquelas que se demonstrem aptas a operar em áreas offshore?

O que temos em mente é traba-lhar reforçando a ’cultura da segu-rança’, e cada vez mais apertando o cerco às análises de risco, gestão de mudanças e treinamento de pessoal. Também pensamos na forma de atuar para garantir o empoderamento das filiais brasileiras. É impossível con-duzir operações do exterior de São Ramon ou de Nova Delli, por exemplo.

A legislação brasileira estabe-lece regras para que determinemos se o operador é A, B ou C. Para ser um operador A, a empresa tem que provar à ANP que tem condições de explorar em águas profundas e ultra-profundas. As exigências que faze-mos são condizentes com o risco que a operadora vai assumir. Ao operar uma concessão, a empresa confirma ao país se está apta ou não. Enfim, para evitarmos maiores inci-dentes, sobretudo em cenários tão complexos como o offshore, a ANP po-derá endurecer as regras, tanto no que diz respeito a multas e punições, mas, também, no que se refere à qualifica-ção de empresas para operarem em águas profundas e ultraprofundas? Ou seja: tornar o processo ‘classificatório’ mais exigente, incluindo, entre outros, histórico de incidentes (ou de SMS) das petroleiras que solicitarem permis-são para atuar em áreas offshore?

Os acidentes ocorreram em operação de grandes companhias de petróleo com experiência com-provada em todo o mundo. A regu-lação da segurança operacional no Brasil é uma das mais modernas do mundo e será aperfeiçoada sempre que necessário.

Entrevista com Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

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46 TN Petróleo 83

Sobena 50 anos

Em março deste ano a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) completou 50 anos de trabalho em prol da engenharia naval brasileira. Fundada nos primórdios da fase moderna da construção naval brasileira, em 1962, o objetivo da entidade é congregar engenheiros, técnicos e outros profissionais que atuam na indústria marítima nacional.

CINQUENTENÁRIO de dedicação à indústria naval

Acompanhando a evo-lução da indústria, a Sobena passou a dedicar-se, nos últimos

anos, também a atividades re-lacionadas com a exploração e produção de petróleo offshore.

Desde a sua fundação, a Sobena vem promovendo o desenvolvimento tecnológi-co nas áreas naval e offshore, através de diversos meios, tais como conferências, seminários, palestras e debates. Para Luiz Felipe Assis, diretor técnico da Sobena, a principal conquista da sociedade durante esses 50 anos de trabalho tem sido a continuidade de todo seu esfor-ço de implantação e desenvol-vimento da moderna indústria marítima no brasil.

“a Sobena sempre esteve presente na história da mo-derna indústria marítima no país. nos mo-mentos de pros-

peridade e crescimento do setor naval e, principalmente, nos momentos difíceis. Em passado recente, quando o setor passou por aguda crise, a Sobena exer-ceu, sem dúvida nenhuma, um papel fundamental na recupera-ção do setor”, lembra assis.

a Sobena é hoje uma fonte de referência e é chamada a opinar em vários assuntos de interesse público. recentemente, como integrante do Comitê mobiliza-dor da organização nacional da Indústria de Petróleo (onIP), vem participando de diversos subcomitês que procuram criar condições para fomentar a in-dústria brasileira de construção naval e offshore.

ao longo de sua história, como uma sociedade técnica voltada para o desenvolvimen-to da engenharia nacional, a Sobena realizou 23 congressos nacionais, foro técnico qualifi-cado mais importante do país para apresentação e discussão de desenvolvimentos e estudos na área de transporte aquaviário,

construção naval e offshore. os congressos foram realizados sem uma única interrupção ao longo desses 50 anos. outras realiza-ções da Sobena foram a criação da publicação técnica marine Systems & ocean technology – mSot, única no país na área naval, e o acordo com o SnamE (Society of naval architects and marine Engineers).

a Sobena agrega, além dos engenheiros navais e de outras especialidades, técnicos e profis-sionais que desenvolvam ativida-des em áreas como: construção e reparo naval, projetos e serviços de engenharia, construção e con-versão de plataformas e outras embarcações offshore, transpor-te marítimo, transporte fluvial, hidrovias, portos, terminais es-pecializados de carga, bases de apoio offshore, logística offshore, aspectos navais da exploração e produção offshore, transportes aquaviários e logística, além de meio ambiente marinho.

“a Sobena é uma entidade técnica e seus congressos e

por Maria Fernanda Romero

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seminários, além de comissões técnicas, têm o objetivo de apresentar e discutir aspec-tos técnicos ligados ao setor naval e offshore. os eventos da Sobena são uma oportunidade para que profissionais do setor possam trocar experiências e apresentar novas ideias”, co-menta luiz Felipe assis.

atualmente a entidade possui 334 sócios efetivos, 48 sócios coletivos e 503 sócios juniores.

“a expectativa da Sobena para os próximos anos é trabalhar no sentido de articular a demanda por inovação, pesquisa e desen-volvimento de forma sustentável com os representantes do setor marítimo”, finaliza o executivo.

De acordo com o diretor técnico da Sobena, com a recu-peração da atividade naval nos últimos anos, a entidade entende que o principal desafio do setor é o desenvolvimento tecnológico que possa garantir a sustentabili-dade da indústria naval no país. Segundo ele, um passo nesse sentido foi a criação da rede de Inovação – rICIno (rede de Inovação para a Competitividade da Indústria naval e offshore).

a rede busca criar uma agenda tecnológica que en-volva a indústria, para faci-litar a disponibilidade finan-ceira, via fundos de ciência e tecnologia, já que a indústria naval e offshore tem dificul-dade de montar projetos de pesquisa e desenvolvimento e de levantar recursos.

a rede de Inovação foi for-mulada pela Comissão técnica Especial de Política tecnológi-ca, coordenada pelo associado engenheiro Sergio Garcia, e ganhou a adesão de outras instituições de grande repre-sentatividade no setor como o Sindicato nacional da Indústria da Construção e reparação naval e offshore (Sinaval), Sindicato nacional das Em-presas de navegação marítima (Syndarma) e o Centro de Exce-lência em Engenharia naval e oceânica (CEEno), constituído pela Coppe/UFrJ, IPt, USP e transpetro.

a Sobena prepara uma série de eventos durante o ano de 2012 para comemorar os 50 anos da entidade. ao todo serão quatro eventos entre os meses de abril e

outubro deste ano, sendo o mais importante destes o Sobena 2012.

o primeiro deles foi realiza-do no dia 12 de abril. o coquetel comemorativo pelos 50 anos da Sobena contou com a presença de associados e personalidades do setor. o en-contro aconte-ceu no museu naval.

no final de abril, entre os dias 24 e 27, foi realizado o 3º Seminá-rio Heliponto offshore, no Centro de Con-venções do rb1. no seminá-rio foram realizadas reuniões técnicas nas quais painéis de especialistas discutiram em profundidade assuntos rele-vantes para os helipontos a serem construídos no futuro.

outro presente da Sobena nos seus 50 anos será o lançamen-to de um livro que vai contar a

Almte. Aniceto Cruz Santos, primeiro presidente

Ary Biolchini, segundo presidente

Registro do III Congresso Nacional da Construção Naval e III Exposição Nacional da Indústria Naval e Navegação, realizado de 25 de novembro a 4 de dezembro de 1970 na uFRGS - universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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LINHA DO TEMPO1962 - A Sobena é criada no dia 15 de março, tendo como presidente Aniceto Cruz Santos.

1963 - Realização do seu primeiro seminário no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

1966 - 1º Congresso Panamericano de Engenharia Naval.

1967 - A Sobena adquire sede própria no Edifício IASA.

1970 - 3º Congresso Nacional, desta vez fora do Rio de Janeiro. O encontro foi em Porto Alegre - RS.

1975 - 1º Simpósio de Transporte Marítimo no hotel Glória.

1980 - A Sobena realizou seu 8º Congresso, com a presença do Ministro dos Transportes, engenheiro Eliseu Rezende, e o Ministro da Marinha, Almirante Maximiano Eduardo da Silva Fonseca.

1989 - A Sobena é declarada de utiliza pública pelo Decreto Federal nº 97.589, de 22 de março de 1989.

1996 - Publicação do trabalho “Proposta de substitutivo do Projeto de Lei nº 1.125”, sobre a ordenação dos transportes aquaviários no Brasil.

1997 - Na vanguarda do setor naval, a Sobena realiza o 1º Seminário sobre Meio Ambiente Marinho.

2001 - Realização do Seminário Nacional sobre a Indústria de Cruzeiros Marítimos.

2002 – A Sobena completa 40 anos de atividades e inaugura placa em homenagem aos ex-presidentes.

2004 - Lançamento da revista Marine Systems & Ocean Technology - A Journal of Sobena, revista em inglês que é referência acadêmica pela divulgação de material técnico e científico de caráter original.

2008 - 1º Seminário Nacional de Transporte hidroviário Interior e o 1º Seminário de heliponto Offshore.

2010 - Lançamento do RICINO - Rede de Inovação para a Competitividade da Indústria Naval e Offshore constituída por instituições de grande representatividade no setor naval.

2012 - Sobena completa 50 anos de fundação com 885 associados e 48 empresas em seu quadro.

A expectativa para os próximos anos é trabalhar no sentido de articular a demanda por inovação, pesquisa e desenvolvimento de forma sustentável com os representantes do setor marítimo.

PresidenteEng. Alceu Mariano de Melo SouzaVice-PresidenteEng. Floriano Carlos Martins Pires JrEx-PresidentesEng. Ary BiolchiniAlte José Celso de Macedo Soares GuimarãesAlte. José Carlos Coelho de SouzaEng. Mauro Fernando Orofino CamposEng. Marcio Edmundo Silva SallesEng. Mário Frederico de Mendonça GoesEng. Reinaldo Brown Rego MacedoAlte Elcio de Sá FreitasEng. Ildefonso Marques Porto CortesEng. Newton do Amaral FigueiredoEng. Rubens Langer de Almeida e AlbuquerqueEng. Agenor Cesar Junqueira LeiteEng. Armando de Senna BittencourtEstaleirosEng. Ricardo Lutz da Cunha e Menezes - EASEng. Jorge Roberto Coelho Gonçalves - EISA

Indústria Subsidiária e de Equipamentos NavaisEng. Alberto Machado - ABIMAqEmpresas de Navegação NacionaisEng. Luiz Maurício da Silveira Portela - CBOEng. Arnaldo Calbucci Filho - Wilson SonsDocentes dos Cursos de Engenharia NavalProf. Segen Farid Estefen - uFRJProf. Dr. hélio Miito Morishita- uSPMarinha do BrasilC.Alte Arthur Paraizo Campos – Arsenal de MarinhaV.Alte Eduardo Bacellar Leal Ferreira – Diretoria Portos e CostaMinistério dos TransportesEng. Djalma da Rocha Santos Netto – DFMMMarinha Mercanteálvaro José de Almeida Jr. – Centro de Capitães da Marinha MercanteAssociados IndividuaisEng. Nobuo OguriEng. Luiz Alberto de Mattos

Conselho Superior do Biênio 2011-2012

Sobena 50 anos

história da sociedade desde sua criação em 1962. a data de lança-mento ainda não está definida.

E o Sobena 2012 (Con-gresso nacional de transporte aquaviário, Construção naval e offshore), promovido a cada dois anos, que será realizado nos dias 15 a 19 de outubro junto com a EXPonaVal 2012.

o evento, que está na sua 24ª edição, é o mais tradicional e importante foro para apresenta-ção e discussão de pesquisas em andamento e desenvolvimentos técnicos em projeto, construção e operação de navios e estru-turas marítimas, assim como em engenharia oceânica para a produção de óleo e gás.

Rubens Langer de Almeida e Albuquerque, ex-presidente; Armando de Senna Bittencourt, ex-presidente; Alceu Mariano de Melo Souza, presidente; Agenor Cesar Junqueira Leite, ex-presidente.

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eventos

Área: 220 mil m2

Visitantes: 90 milEmpresas: 2.500Países: 46

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OTC 2012tem participação recorde

por Maria Fernanda Romero

A Offshore Technology Conference (OTC) confirma sua posição como maior e mais importante feira mundial de petróleo offshore a cada ano. Nesta 43ª edição, o evento contou com 90 mil participantes, o terceiro maior público na história do evento e 14% maior do que o registrado no ano passado, que recebeu 78.645 espectadores. Segurança operacional e novas tecnologias foi o tema central da conferência e a exposição teve 2.500 empresas de 46 países, incluindo 200 novos expositores, que incluíram participantes de Bahrein, hungria, Israel, Lituânia, Nova Zelândia e Taiwan.

cobertura otc - offshore technology conference

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eventos

Por mais um ano Houston, no texas (EUa), reuniu o mercado mundial offshore. Este ano o grande tema em

discussão foi a necessidade de ampliação de segurança opera-cional no setor a nível mundial. Projetos na área eólica offshore e geração local de energia elétrica para unidades offshore também estiveram em pauta no evento.

“a otC 2012 foi o evento mais bem sucedido que tivemos desde os anos 80”, comemora Steve balint, presidente da otC. “Em termos de força das sessões técnicas e tecnológicas em exibi-ção, a otC atingiu um número recorde de pessoas e ofereceu o maior número de maneiras de se conectar, educar e conduzir negócios. a indústria está em ascensão e os desafios estão à frente, tornando-se cada vez mais importante o compartilha-mento das melhores práticas com colegas de todo o mundo. a otC é o lugar para se fazer isso”, concluiu.

Com a apresentação de oito painéis, 29 apresentações de executivos nos almoços e ca-fés da manhã, e 300 trabalhos técnicos, palestrantes de grandes operadoras, independentes e nacionais, funcionários de gover-nos do mundo e universidades apresentaram seus pontos de vista sobre os desafios atuais e perspectivas futuras da indústria.

a otC também introduziu novos tópicos técnicos e manei-ras de se conectar através de dois eventos de networking focados em saúde, segurança e profissio-nais do meio ambiente e outro sobre as mulheres que trabalham na indústria.

a área de exposição, que teve ingressos esgotados, foi a maior

na história do evento, com 220 mil m2 , somando o pavilhão ao ar livre.

o Jantar anual da otC foi prestigiado por cerca de 900 líderes da indústria e participantes da con-ferência, e arrecadou US$ 225.000 para a organização Engenheiros Sem Fronteiras EUa.

“o Engenheiros Sem Frontei-ras trabalha para alcançar a vi-são de um mundo em que todas as comunidades têm a capacida-de de satisfazer as suas necessi-dades humanas básicas. o apoio financeiro da otC será posto em

prática em co-munidades ao redor do mundo pelos mesmos engenheiros e funcionários que trabalham para as corpora-

ções que frequentaram o evento deste ano”, disse Cathy Leslie, diretora executiva do Engenhei-ros Sem Fronteiras EUa.

as novas normas de perfu-ração e a promoção de novos métodos de segurança e sistemas

de gestão am-biental do setor fazem parte do novo cenário mundial pós--acidente em macondo. a declaração foi

dada por Jack Gerard, presidente do Instituto americano de Petró-leo, durante a otC.

Segundo o executivo, após o trágico acidente em macondo, as melhores mentes do setor offshore de petróleo dos EUa e da indústria de gás natural se reuniram para realizar uma rea-valiação rigorosa de segurança, o que resultou em um novo quadro de regras, normas e fiscalização, incluindo mecanismos que vão

ajudar a indústria mundial de óleo e gás a continuar a elevar o nível de segurança.

“o novo quadro de segurança desse setor se concentra em: pre-venção de incidentes através de normas severas de perfuração da indústria e da promoção de uma segurança mais robusta e siste-mas de gestão ambiental, que será facilitada pelo novo Centro de Segurança offshore; conten-ção inovadora dos poços e novas capacidades de intervenção; melhor planejamento e recursos para resposta a derramamentos de óleo”, indicou Gerard.

Pré-Sallogo no primeiro dia da

feira, o engenheiro da Petrobras Renato Amaro apresentou um trabalho sobre as tecnologias

de perfuração de ponta, em sessão técnica no evento. De acordo com ele, as atividades de perfuração direcional no

pré-sal exigirão o uso de turbinas com direção rotativa e brocas especificadas para desempenhar perfuração a laser no médio e longo prazo, respectivamente.

“as previsões são baseadas em testes feitos em um bloco da bacia de Santos, em lâmina d’água de 2.200 m, nos quais se buscou atravessar camadas de anidrita e halita (rochas salinas) num percurso que totalizou cerca de 950 m em ângulo médio de 48º, com taxa de ganho de ângulo de aproximadamente 1º a cada 10 m, com velocidade de penetração média das brocas em torno de 26 m/h. ao final, obteve-se inclina-ção máxima de 85º”, explicou.

Segundo o executivo, os tes-tes indicaram que, para as seções

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TN Petróleo 83 53

superiores a serem perfuradas, é preferível o uso de brocas do tipo PDC. Já para a camada de sal, são recomendáveis sistemas direcionais rotativos, ao passo que, para o pré-sal, turbinas com brocas impregnadas são a solução mais confiável. amaro destacou ainda que, para o caso da perfuração direcional no pós--sal – especificamente para a seção de 26” –, serão necessárias novas soluções.

a demanda de investimentos para o pré-sal deverá superar US$ 400 bilhões em materiais, equipamentos, sistemas e servi-

ços, até 2020. a informação foi apresentada pela diretora-geral da agência nacional do Petróleo, Gás natural e biocombustíveis (anP), Magda Chambriard, em palestra na otC 2012.

Segundo a diretora, as empresas instaladas no brasil terão prioridade no fornecimento de bens e serviços para as cres-centes atividades de petróleo e gás no País com base na cláusula de conteúdo local constante dos

contratos de concessão assinados pela anP.

“o montante de recursos é um grande atrativo para empre-sas de vários países. Desde as primeiras rodadas de licitação promovidas pela anP, o con-teúdo local mais que dobrou”, afirmou magda.

magda Chambriard mostrou como a descoberta do pré-sal reposicionou o brasil no cenário internacional do petróleo. De acordo com ela, as projeções de alta expressiva do volume da produção, motivadas pela pers-pectiva de quase duplicação das

JOE BuRKhARDT, engenheiro do sistema subsea de produção (SPS) da Exxon nos Estados unidos e do desenvolvimento do projeto Perdido da Shell, recebeu das mãos do Steve Balint, presidente da OTC o prêmio OTC Distinguished Achievement Award 2012.

Burkhardt foi premiado por seu longo recorde e excelência no desenvolvimento subsea e avanços de tecnologias offshore, incluindo o desenvolvimento de diversos conceitos únicos que ainda estão em uso hoje. Ele liderou o conceito de engenharia e sistema do SPS, um programa piloto em águas rasas, que foi reconhecido como projeto do ano na OTC em 1980. Ele também é co-autor e recebeu inúmeras patentes para esses conceitos inovadores que ajudaram a tecnologia avançada para exploração e produção offshore.

A tecnologia está sempre na vanguarda do mercado e ficou evidente pelas 13 tecnologias vencedoras do prêmio OTC Spotlight para novas tecnologias. A Petrobras, junto com a FMC Technologies, foi uma das premiadas deste ano, pelo sistema de separação subsea de óleo e água do Campo de Marlim. A cada ano, a OTC reconhece tecnologias inovadoras com o prêmio holofote sobre novas tecnologias.

O programa de premiação foi criado para mostrar as tecnologias mais recentes e avançadas que estão liderando a indústria offshore. Dentre as empresas premiadas este ano estão:

Baker Hughes - TeleCoil™ Downhole Communication System, e o MaxCOR™ Large-Diameter Rotary Sidewall Coring Service; ClampOn - ClampOn Subsea Corrosion-Erosion Monitor; Dockwise - Dockwise Vanguard; FMC Technologies - Pazflor Subsea Separation System; Halliburton - EquiFlow® Autonomous Inflow Control Device (AICD); Reelwell AS - Reelwell Downhole Isolation System (RDIS); Schlumberger - Signature quartz gauges e o PowerDrive Archer high build rate RSS; ShawCor Ltd - The ShawCor Simulated Service Vessel (SSV)™; Tesco Corporation - Directional Liner Drilling System; Versabar, Inc - The Claw

OTC Distinguished Achievement Award 2012

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reservas provadas, indicam que o País se fortalecerá cada vez mais como exportador de petróleo. Supondo uma demanda crescen-do entre 4,3% e 5,7% ao ano até 2020, o brasil chegará ao final da década podendo exportar cerca de dois milhões de barris diários de óleo bruto.

a expectativa da agência é de que a estabilidade política e regulatória, somada à política de investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico (1% da receita dos campos maiores aplicada em pesquisa e desen-volvimento), permita atender à

enorme demanda gerada pelo pré-sal. Com uma política clara de conteúdo local e incentivo à tecnologia, com US$ 3,5 bilhões de investimento na infraestrutura laboratorial (70%) e nos recursos humanos (25%), entre 1998 e 2011. a projeção é que até 2020 esse total se eleve a US$ 8,9 bilhões, mais do que o dobro acu-mulado até este ano.

a apresentação destacou o repetro, regime especial de tri-butação que concedeu à indústria de óleo e gás US$ 26 bilhões em isenções e reduções fiscais de 2001 a 2010. a diretora-geral da

anP informou, também, que o governo federal cogita a expan-são desses benefícios a outros segmentos da cadeia produtiva do setor. magda Chambriard comentou os resultados promis-sores dos estudos geológicos e geofísicos em outras bacias sedimentares, como a do Delta do amazonas, Pará-maranhão, Paraná, São Francisco, Parecis e Parnaíba. ressaltou, com isso, que as oportunidades para a in-dústria do petróleo e gás natural não se resumem ao pré-sal.

De acordo com magda, o pré--sal impulsionará não somente

A INDúSTRIA BRASILEIRA de petróleo e gás é a principal contribuidora das exportações dos Estados unidos. No ano passado, as exportações bilaterais dos EuA ultrapassaram uS$ 2,1 trilhões. A

afirmação foi feita pelo subsecretário de comércio dos EuA, Francisco Sanchez, durante almoço-palestra na OTC. Magda Chambriard, diretora-geral ANP, também participou

da confraternização onde discursou sobre a regulação brasileira do setor.

“Em 2011, chegamos ao recorde de uS$ 75 bilhões em exportações para o Brasil”, afirmou Sanchez. Segundo ele, o Brasil é a sexta maior economia do mundo e a indústria de óleo e gás que tem crescido mais rápido. “Vemos o comércio do Brasil como economia prioritária. Além disso, o Brasil é parte integrante da iniciativa do presidente Obama de exportação nacional”, pontuou.

Sanchez, por sua vez, disse que a parceria entre EuA e Brasil é extremamente benéfica para ambos os países, que são atualmente as duas maiores economias do hemisfério Ocidental. “O Brasil cria empregos

para nossa sociedade e nós também os ajudamos a cumprir suas metas para o futuro”, indicou.

O subsecretário fez um panorama sobre o regime regulatório brasileiro, e enfatizou o crescimento rápido e contínuo de petróleo e gás no País. Magda Chambriard sugeriu que as exportações continuarão a crescer exponencialmente. “O Brasil hoje representa 25% da produção mundial de petróleo, e com as novas reservas do pré-sal esse número deve aumentar significativamente.”

Magda disse que o Brasil estima o mínimo de 15 bilhões de barris de reservas provadas na área do pré-sal, mas as previsões já apontam para mais de de 30 bilhões de barris de reservas recuperáveis. hoje, ela indicou que o País está produzindo 2,2 milhões bpd e 65,9 MM de gás, todos produzidos a partir das 60 plataformas da Bacia de Campos.

Chambriard acrescentou que o governo brasileiro continua a exigência por incentivos principalmente destinados a promover a construção local de perfuração de plataformas, navios e o incremento da infraestrutura portuária. Além disso, ela disse que o governo é um grande apoiador de pesquisa e desenvolvimento (P&D). “um por

cento da receita bruta dos campos é revertido em P&D. Entre 2011 e 2020, esperamos gastar até uS$ 8,9 bilhões em P&D, com ênfase em recursos humanos e infraestrutura.”

Apesar de o potencial das Bacias de Campos e Santos e as reservas em águas profundas no Brasil dominarem as notícias de petróleo e gás do mundo, a diretora contou que o País também caminha bem no que se refere à área onshore. A executiva informou que já foram identificadas novas fronteiras terrestres no País, especificamente 38 bacias sedimentares. “uma delas é a Bacia dos Parecis, no Mato Grosso, onde há 1.500 km de sísmicas 2D e 2.400 amostras geomecânicas já analisadas.

Ao discutir segurança operacional offshore, Chambriard destacou que o Brasil tem alguns dos regulamentos mais rigorosos na indústria global. “Durante 2010 e 2011, foram realizadas 130 auditorias e teve 910 não conformidades. Nós cobramos uS$ 23 milhões em multas, mas descobrimos que ordenar a parada de operação é mais eficaz do que aplicar multas”, disse. A diretora destacou que a principal área de melhoria identificada pela agência é a avaliação de risco.

Brasil-EUA mantêm boas relações em óleo e gás

eventos

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as atividades fins da indústria do petróleo, mas também inves-timentos em Pesquisa & De-senvolvimento (P&D), tanto em infraestrutura como em recursos humanos. os estaleiros rio Grande, no extremo sul do País, e atlântico Sul, no litoral do nor-deste, em Pernambuco, foram citados como exemplos bem-su-cedidos da política de incentivo à instalação de fornecedores. a construção das plataformas de exploração P-50 e P-52 no País foi outro caso de sucesso citado por magda Chambriard.

a apresentação destacou os nichos mais propícios aos investidores estrangeiros. Em 80% dos equipamentos que se-rão demandados, existem ainda poucos fornecedores instalados no País. as companhias estran-geiras atuam sozinhas em 38%

dos itens, correspondentes a um intervalo entre 42% a 46% do valor agregado. São itens como turbogeradores, centrífu-gas, unidades de remoção de sulfato, flares, motores a gás. Prevalecem em outros 37% dos itens, correspondentes a 48% a 52% do valor, como motores a diesel, válvulas de controle, sistemas de posicionamento, compressores de ar, instrumen-tos de controle de fluxo e moto-res e geradores sincronizados. Fornecedores nacionais preva-lecem ou detêm a exclusividade em 4% a 7% dos itens, como sistemas de automação, bombas e trocadores de calor.

a diretora da anP acentuou que o brasil é hoje a maior fron-teira petrolífera do mundo e que são muito bem-vindos os investi-dores estrangeiros comprometi-

dos com o atendimento às regras estabelecidas no brasil.

Perfuração inovadoraa GE apresentou na otC

2012 sua nova maxlift, sistema de bomba de 1800. o produto, que representa um marco para a indústria de óleo e gás, irá pavimentar o caminho para o uso da tecnologia dual gradiente de perfuração (DGD), em aplicações em águas profundas.

a nova tecnologia diminui o impacto da coluna de água durante a perfuração em águas profundas. além disso, pode alcançar reservatórios de difí-cil acesso usando gradiente de perfuração único convencional. o efeito líquido da DGD ajuda a otimizar a produtividade, segu-rança e eficiência de poços em águas profundas.

cobertura otc

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Sam Aquillano, vice-presi-dente de perfuração e de super-fície para a GE oil & Gas, disse: “Durante anos, os operadores e fornecedores de equipamen-

tos em águas profundas em todo o mundo têm investigado maneiras de ex-plorar os reser-vatórios onde se pensava ante-

riormente serem inacessíveis. após rigoroso teste do protótipo e testes de campo bem-sucedidos desde 2001, o maxlift 1800 fará a perfuração de um gradiente de dupla realidade para a indústria, ajudando a otimizar a perfuração segura e eficiente no futuro de poços em águas profundas.”

Poços em águas profundas no Golfo do méxico e em outras partes do mundo, incluindo África ocidental e no mar Cás-pio, são desafiadores devido ao estreito ambiente gradiente de pressão de poros/fratura. o siste-ma DGD oferece aos operadores uma ferramenta para gerenciar o ambiente de fundo do poço durante a perfuração, resultando em longas cadeias de revesti-mento. o sistema DGD aumenta a eficiência, reduzindo o risco de perfuração mecânica e custos. a nova bomba da GE pode forne-cer até 1.800 gpm em pressões de descarga de até 6.600 psi e pode lidar com sólidos de até 1,5 centímetro de diâmetro.

Amarras para produção em águas profundas

a DSm Dyneema desenvol-veu uma corda de amarração permanente para utilização na produção de petróleo em con-junto com a lankhorst ropes e apresentou o novo produto na otC 2012.

Com cerca de 40% do peso e 75% do diâmetro das cordas de poliéster, as cordas de fibras de polietileno Dyneema de alto módulo (HmPE) podem instalar mais que o dobro do compri-mento de corda de um guincho padrão, afirma a empresa.

Novas brocas fixas de cortena otC, a Halliburton apre-

sentou o megaforce, avança-das brocas fixas de corte. Uma tecnologia-chave na estrutura de corte e material de matriz, balanceamento de força de múltiplos níveis, hidráulica e comprimento de haste que au-menta em mais de 20% a taxa de perfuração.

laura Schwinn, vice-presi-dente da Halliburton Drill bits and Services disse: “Como os operadores perfuram cada vez mais fundo e em formações não convencionais, eles devem con-fiar nas brocas para perfurarem mais longe e mais rápido com total segurança”, afirmou.

os ensaios de campo das brocas megaforce revelaram uma taxa de penetração melhor do que os produtos atuais do mercado.

Energia offshorea Schneider Electric, especia-

lista global na gestão de energia, distribuição e automação elétrica para o mercado de óleo e gás, participou da otC 2012 destacan-do suas soluções para o mercado offshore: soluções integradas de subestações (e house), transforma-dores, painéis de média e baixa tensão, UPS – todos integrados e de fabricação própria.

“Para a otC levamos uma solução testada e comprovada para distribuição elétrica subsea, desen-volvida em nosso centro de P&D de Grenoble, na França”, afirma Luis Felipe Kessler, vice-presidente da

unidade de negócios de energia da Schneider Electric.

Por meio de seus centros globais e regionais de soluções

para óleo e gás, a empre-sa desenvolve projetos para as áreas de offsho-re, downstream e midstream, para as prin-

cipais companhias de petróleo no brasil, EUa, Europa, Ásia, rússia, Golfo do méxico, austrá-lia e África.

“a otC é um centro de discussões tecnológicas para offshore com estes principais ato-res e entendemos ser importante nossa participação”, enfatiza Kessler, informando que a área de óleo e gás é um dos maiores mercados de soluções para a Schneider Electric no mundo.

Durante a otC, a empresa anunciou o início da fabricação, em blumenau (SC), de toda a estrutura mecânica para a criação de eletrocentros. o equipamento é voltado, principalmente, a médias e grandes empresas do setor de mineração, óleo & gás, papelei-ras, distribuidoras de energia e indústrias em geral. além disso, ele permite a redução do consumo de energia, com baixo custo.

Brasil é estratégico o compromisso estratégico

da dinamarquesa Viking, espe-cializada em equipamentos de segurança marítima, no brasil ficou claro quando a empresa abriu sua primeira estação de serviço no país em 2009. Desde então, a companhia tem expan-dido significativamente seus negócios no brasil cujo foco é o fornecimento e manutenção de equipamentos de segurança para navios comerciais, instalações e

eventos

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navios offshore, setor de defesa, bombeiros e iates de lazer.

a Viking possui 1.600 funcio-nários em todo o mundo, e seus produtos são fabricados em qua-tro locais: Esbjerg, na Dinamarca; bergen, na noruega; Colorado, nos EUa e bangkok, na tailândia. o grupo conta com 54 filiais e 270 estações de serviço certificados.

Dentre as soluções de segu-rança com que a empresa traba-lha, estão: sistemas de evacua-ção marinha, evacuação offshore e sistemas de transferência da tripulação, balsas salva-vidas, barcos, aparelhos que salvam vidas, vestuário de proteção, tais como roupas de imersão, ternos, roupas de trabalho de bombeiros e coletes salva-vidas.

a primeira estação de serviço da Viking no brasil foi aberta em

novembro de 2009 e se localiza em magé, no rio de Janeiro. Posteriormente, em 2011, foi aberto outro em Santos, São Paulo. Com ca-pacidade para até 15 balsas salva-vidas, e 25 funcionários, a unidade é a maior estação de serviço de balsa salva-vidas no brasil, podendo ser a maior da américa do Sul.

“ainda existem planos de cres-cimento da presença da Viking no brasil. mais duas estações de serviços devem estar operando no terceiro trimestre de 2012, um em recife (Pernambuco) e outra em São luís (maranhão); enquanto uma quinta unidade está sendo planejada e deverá abrir as suas

portas antes do fim do quarto trimestre de 2012”, explica a dire-tora de vendas da Viking, Mette Line Pedersen, responsável pela estação de serviço brasileira da Viking no rio de Janeiro, que conta ainda com 21 funcionários, dentre administrativos e técnicos.

De olho no mercado brasileiroa americana Caterpillar apre-

sentou novas tecnologias durante a otC, em Houston, incluindo um kit de mistura de gás dinâmi-co retrofit. a empresa anunciou que o gerador a diesel Cat C175-16, já está disponível global-mente para aplicações offshore, incluindo plataformas jackup.

a empresa anunciou que expandiu suas operações no brasil em 2011 para agregar os produtos marítimos e de petró-

uMA GRANDE NOVIDADE anunciada durante a feira foi o acordo de parceria para a realização da segunda edição da OTC Brasil 2013 entre o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e a OTC. O IBP será a primeira organização não americana a participar do board da OTC.

Segundo o secretário executivo do IBP, álvaro Teixeira, as associações fecharam um consórcio, sendo que a

coordenação da exposição do evento será compartilhada entre as duas instituições e a OTC ficará mais focada na parte técnica da conferência.

“A OTC Brasil é um evento muito importante para o país. Ele demonstra o avanço tecnológico brasileiro do setor e agrega valor à indústria nacional”, comenta o secretário executivo do IBP. “queremos que o Rio de Janeiro seja uma grande

capital do petróleo offshore como houston”, completou.

A primeira edição da OTC Brasil, no ano passado, superou a expectativa de seus organizadores, recebendo mais de dez mil visitantes em três dias de evento. Mais de 400 empresas, de 23 países, participaram da exposição.

“A inauguração da OTC Brasil em 2011 foi uma grande conquista”, disse Steve Balint, chairman da OTC. “Com esta parceria com o IBP, que está presente no Brasil há mais de 50 anos, a OTC espera um sucesso ainda maior, alcançando mais profissionais e empresas expositoras.”

A OTC Brasil 2013 será realizada nos dias 8 a 10 de outubro, no Rio Centro, no Rio de Janeiro.

IBP fecha parceria com a OTC Brasil

eventos

Da esquerda para a direita (sentados): Stephen

Graham, OTC; Álvaro Teixeira, IBP; João Carlos de

Luca, IBP; Mark Rubin, OTC; Steve Balint, OTC; Wafik

Beydoun, OTC. Da esquerda para a direita (em pé):

Doug Stroud, OTC; Maurício Figueiredo, IBP; Solan-

ge Ferreira, SPE; Ana Guedes, IBP; Liliane Arroyave,

SPE; William Zattar, IBP; José Luiz Orlandi, IBP.

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cobertura otc

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leo e de gás em suas instalações em Piracicaba (SP). De acordo com a Caterpillar, os grupos geradores Cat 3500 já entraram em produção plena. a primeira remessa de quatro grupos de geradores Cat 3512 DEP foram entregues em dezembro do ano passado para o construtor o navship e o operador Edison Chouest offshore.

a Petrobras assinou recen-temente contratos de constru-ção para até 28 semissubmer-síveis em águas profundas e navios-sonda, para entrega durante os próximos anos. Cada equipamento poderá exigir até oito motores.

a primeira geração da mis-tura de gás dinâmico retrofit está disponível para alguns modelos de seus grupos de geradores 3516 e 3512. o kit ajusta automaticamente as alterações na qualidade do combustível de entrada e de pressão, permitindo que os mo-tores possam rodar com uma variedade de combustíveis. o kit tem aplicações onshore e offshore, e mantém os níveis de desempenho para motores diesel com substituição de até 70% do diesel pelo gás.

o conjunto gerador C175-16, agora disponível mundialmente, foi projetado para atender ao aumento da demanda de ener-gia, os requisitos de emissões e

outras necessidades atuais da indústria de perfuração.

o grupo gerador oferece 20% mais potência instalada do que os modelos anteriores, permitin-do uma profunda perfuração e cargas mais elevadas da bomba de lama, enquanto o seu forma-to compacto oferece reduções significativas de peso quando comparado com velocidade média dos motores. Ele pode ser equipado com o design do módulo atual 3516.

a Caterpillar está envolvida em diversos contratos do pré-sal. Reese Jones, gerente comercial da Caterpillar no brasil, co-menta que a

companhia está construindo e entregando equipamentos para o mercado brasileiro com conteúdo local acima de 60%, mas o objeti-vo deles é chegar a 75%. “Esta-mos constantemente estudando a regulação brasileira e conver-sando com abimaq e onip para aumentarmos essa taxa”, diz.

“no que se refere à transferên-cia de tecnologia e incremento dos negócios, o governo brasileiro tem nos estimulado bastante. acredito que isso esteja contribuindo para o crescimento do país”, ressalta Jones, indicando que a grande preocupação da Caterpillar aqui é a

segurança operacional. no ano pas-sado a companhia recebeu o Prêmio Petrobras melhores Fornecedores de bens e Serviços do brasil.

Federal MogulPela quinta vez participando

da otC, a Federal mogul marcou presença no Pavilhão alemão, apresentando suas soluções de rolamentos autolubrificantes, livres de manutenção e aplicáveis nas indústrias naval e offshore.

Segundo Hubert Hilp, geren-te de aplicação da área marinha

e offshore da Federal mogul, diante do cresci-mento do merca-do de rolamentos autolubrificantes dentro dessas indústrias, a

empresa vê bastante oportunidade no brasil e na américa do Sul.

De acordo com Hilp, depois da descoberta do pré-sal e das encomendas anunciadas pela Petrobras, todo o mundo acre-dita no potencial do mercado brasileiro de petróleo e gás e a empresa quer acompanhar esse desenvolvimento. “Que-remos instalar um centro de pesquisa nos próximos anos, mas ainda estamos analisando como efetivar isso por causa da questão do conteúdo local e da regulação brasileira do setor”, comenta.

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eventos

A indústria brasileira de petróleo e gás offshore têm despertado bastante interesse internacional. Mesmo sem a tradicional presença do estande da Petrobras, a visibilidade e a visitação no Pavilhão Brasil continuou sendo surpreendente. Pelo 13º ano consecutivo o Pavilhão Brasil reuniu as organizações e entidades brasileiras do setor no evento, que por unanimidade consideraram a melhor edição no que se refere a prospecção de negócios e movimentação nos estandes durante a feira.

Grande visibilidadebrasileira

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TN Petróleo 83 61

Coordenado pela organiza-ção nacional da Indústria do Petróleo (onip), Instituto

brasileiro de Petróleo, Gás e bio-combustíveis (IbP) e agência bra-sileira de Promoção de Exportações e Investimentos (apex), o pavilhão é parte do projeto oil brazil, que tem o objetivo de incrementar as exportações e dar maior visibilida-de aos fornecedores nacionais de bens e serviços.

“Este ano tivemos um espaço institucional onde divulgamos oportunidades de parcerias com empresas bra-sileiras e escla-recemos sobre as regras de conteúdo local estabelecidas pelo governo”, diz Bruno Mus-so, gerente do Projeto oil brazil e superintendente da onip.

Segundo ele, o destaque do pavilhão em 2012 ficou pela pre-sença de instituições brasileiras importantes e com grande atuação no setor, como o Serviço de apoio às micro e Pequenas Empresas do rio de Janeiro (Sebrae/rJ), a Federação das Indústrias do Es-tado do rio de Janeiro (Firjan) e o Porto de Suape. “o pavilhão brasil é uma iniciativa voltada à promo-ção das exportações das empresas fornecedoras de bens e serviços do setor petróleo, e essas insti-tuições fizeram um trabalho com-plementar, procurando identificar possibilidades para cooperação institucional e entre empresas, além da atração de investimentos para o brasil”, afirmou.

De acordo com a onip, o bra-sil virou o centro das atenções em vários segmentos e isso aumenta a procura por informações e inte-ração com as empresas brasileiras.

“De um modo geral, os estrangeiros começam realmente a estudar o brasil. Eles querem saber como são as regras que regulam o se-tor, querem entender melhor as

EntidadesANP; IBP; Onip; CTDuT; Sebrae; Firjan; Abimaq; AbenavEmpresasAltona; Altus; Chemtech; Cotema; Flexomarine; Forship; Grupo GP; Grupo IFM; Jaraguá; Keppel Fels; Kromav; LabOceano; MCS Enge-nharia; Nuclep; Oceânica; Orteng; Petrolab; Porto de Suape; Subsin; Rio Engenharia; Schulz; Softex; Subsin; SSB; Technofink; T&B Petroleum Magazine (TN Petróleo); Tomé Engenharia; Vanasa; WEG.

Área: 290 m2

Estandes: 1117, 1317

Empresas: 30

Organizações: 8

cobertura otc

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questões relacionadas a conteúdo local e também têm muitas dúvidas em relação ao ambiente fiscal”, concluiu musso. outro ponto de crescente interesse dos estrangei-ros ainda está em como investir no brasil, tanto por meio de parcerias quanto por investimento direto.

Para o superintendente da onip, a otC representa uma fer-ramenta excepcional de promoção dos produtos e tecnologias brasi-leiros. além disso, a presença de uma empresa como expositora do pavilhão brasil dá a ela uma posição diferenciada no mercado internacional.

Segundo os organizadores do pavilhão, este ano, mesmo sem a participação direta da Petrobras através de um estande, o número de brasileiros que confirmaram a participação na feira é recorde.

o Departamento de Comércio dos EUa, junto com o Consulado Geral dos Estados Unidos no rio de Janeiro, organizou uma dele-gação para visitar a otC 2012. De acordo com Regina Cunha, asses-

sora comercial sênior do US Com-mercial Service no rio de Janeiro, estiveram presentes nesta edição da otC 1.386 brasileiros, sendo 231 recrutados através da delega-ção do Consulado americano/US Commercial Service.

“acredito que o principal motivo do crescimento da delegação nos

últimos anos seja conhecer as no-vas tecnologias do setor dado os desafios tec-nológicos que a indústria de pe-tróleo apresenta.

além disso, o grande volume de encomendas esperadas pela Pe-trobras e pelos principais EPCistas contratados por ela e por outras empresas de petróleo vêm fazen-do com que um número maior de empresas busque novas alternati-vas de fornecedores e/ou parceiros comerciais para joint-venture”, co-menta Cunha.

Para o US Commercial Service é muito importante levar empre-

sas brasileiras para terem contato com empresas americanas e poder fomentar parcerias comerciais. Se-gundo a executiva o Consulado americano, há muita procura por parte de fornecedores americanos de bens e serviços de petróleo e gás o ano inteiro. “Eles também têm participado nas principais feiras do setor no rio de Janeiro. Para a rio oil & Gas 2012, teremos um novo pavilhão americano e temos uma lista de espera para mais espaço. até fevereiro de 2012, já tínhamos 30 empresas americanas confirma-das”, conclui.

De acordo com regina Cunha, o brasil ficou em quarto lugar em termos de delegações estrangeiras para a otC este ano, perdendo po-sição para o UK, China e nigéria, respectivamente.

Centro de Inteligência em óleo e gás

a Plugar Informações Estra-tégicas, empresa de consultoria, processos e serviços, tecnologia e treinamento para inteligência competitiva de forma integrada, concretizou no mês de abril o Cen-tro de Inteligência em Petróleo & Gás (CIP o&G), uma verticalização do já existente Centro de Inteligên-cia Plugar (CIP). Esta iniciativa é uma parceria com a empresa Di-namus Inteligência em negócios, consultoria especializada nas áreas de inovação, sustentabilidade e novos negócios, com o objetivo de expandir os serviços para este seg-mento. Para marcar oficialmente o lançamento do CIP o&G, a Plugar e a Dinamus estiveram em Houston participando da otC 2012.

o CIP o&G atuará como braço de inteligência em petróleo e gás de seus clientes, diagnosticando, recomendando e desenvolvendo soluções específicas para o seg-mento. as soluções serão focadas em Estratégia, Inteligência, Infor-

eventos

Claudia Rabello, superintendente; Madga Chambriard, diretora geral e Durval Carvalho de Barros, superintendente da ANP.

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TN Petróleo 83 63

Job: 16916 -- Empresa: Ogilvy RJ -- Arquivo: 16916 An 210x280 BP-Portugues-ICONES.pdf_pag001.pdfRegistro: 73559 -- Data: 17:34:21 09/04/2012

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64 TN Petróleo 83

mação e Projetos on demand para a cadeia produtiva do setor, sejam em conjunturas regionais, nacionais ou internacionais.

“o conhecimento compartilha-do e os contatos realizados durante a otC foram essenciais para con-solidar o CIP o&G que tem como

objetivo apoiar as empresas que já estão estabe-lecidas no brasil e aquelas que queiram realizar negócios no País, ajudando-as a ter

melhor entendimento da cadeia de valor da indústria de petróleo e gás, e a transpor seus desafios”, explicam o gerente do CIP o&G, luciano Gonçalves, e o sócio da Dinamus, Glauco Nader.

Automação Industriala gaúcha altus, fabricante de

painéis de controle e automação, participou da otC 2012 apresen-tando suas soluções nas áreas offshore e destacando seu mais recente lançamento: os controlado-res programáveis da Série nexto, utilizados nos projetos do pré-sal. “aproveitamos também o evento

para divulgar o prêmio de design recebido em Hannover, na ale-manha, pelo desenvolvimento da série nexto. Este prêmio chancela o esforço da indústria brasileira em desenvolver produtos de classe mundial”, comentou Leonardo Pin-zon, gerente de negócios de óleo e

gás da altus.Em seu es-

tande, a empresa apresentou suas soluções para a área de explora-ção e produção, refino, transpor-

te e gás e energia, com destaque especial para os projetos de auto-mação das plataformas do pré-sal, em desenvolvimento pela empresa.

“a otC foi um bom termômetro e um indicativo de que estamos no caminho certo para exportar uma tecnologia genuinamente brasileira e que possa fazer fren-te a grandes players mundiais. Saímos desta feira com a certeza que estamos no caminho certo e com insumos para pavimentar uma estrada sólida e longa para junto com nossos clientes e parceiros romper as barreiras tecnológicas existentes”, finaliza o executivo.

Em junho de 2011, a altus assi-nou contrato com a Petrobras para o fornecimento de sistemas de au-tomação das oito primeiras plata-formas para as operações em larga escala do pré-sal. Esse é o maior negócio da história da empresa, no valor de r$ 115 milhões, impulsio-nado pelo alto nível de conteúdo local atendido pela companhia.

Petróleo, gás e mercado mobiliário

o aquecimento do setor de pe-tróleo e gás no brasil também está movimentando o mercado mobiliá-rio que vê grandes oportunidades de negócios nas principais áreas onde as últimas descobertas do setor estão sendo exploradas.

a telelok, empresa especiali-zada na locação de móveis para escritórios, é um exemplo disso. os maiores clientes da empresa são do setor de óleo, gás e energia, dentre eles Petrobras e anP. Com isso, a companhia resolveu prospectar negócios no setor pela primeira vez na otC deste ano.

“Viemos observar as empresas que participaram do Pavilhão bra-

sil e as estrangei-ras que tenham interesse em se instalar no País. Fomos conhecer novas empresas, novas pessoas e ter ideias de no-

vos negócios para atender este se-tor”, afirma Nelson Domingues, sócio da telelok. Segundo ele, a empresa também pretende visitar a rio oil & Gas 2012 e será patro-cinadora das rodadas de negócios organizadas pela onip.

Domingues comenta ainda que todos os móveis da nova fábrica de fertilizantes da Petrobras no mato Grosso Sul foram fornecidos pela telelok e que as regiões que a empresa mais atende o setor são

Da esquerda para a direita: Sergio Villarreal, coordenador Tecnológico do CTS Automação e Simulação; Mauricio Ogawa, gerente do CTS Solda; Alexandre dos Reis, diretor de Rela-ções com o Mercado do Sistema Firjan; Solange Guedes, gerente executivo de Engenharia de Produção de Poços Petrobras; Raul Sanson, vice-presidente do Sistema Firjan; Bruno Gomes, gerente CTS Automação e Simulação; Glícia Carnevale, gerente de Petróleo e Gás do Sistema Firjan.

eventos

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cobertura otc

o rio de Janeiro, macaé (rJ) e Santos (SP). além disso, 10% do negócio da empresa destinam-se a atender grandes eventos, en-tre eles: Fóruns da organização das nações Unidas (onU), Jogos Pan-americanos, olimpíadas do Serviço nacional de aprendiza-gem Industrial (Senai) e Fóruns da HSm”, complementa.

Mangotes Por mais um ano no Pavilhão

brasil, a Flexomarine, única em-presa brasileira fabricante de man-gotes marítimos submarinos, flutu-antes e para carretéis, marcou sua presença na otC. a empresa, com capital 100% brasileiro, é a prin-cipal fornecedora da Petrobras no que se refere ao desenvolvimento e aos desafios de novos campos em águas profundas, mas nos últimos anos tem se dedicado também ao fornecimento de mangotes para outras empresas internacionais de petróleo e operadoras, como por exemplo bW Indonésia.

Segundo antonio Caparelli, diretor comercial da Flexomarine, a feira é muito importante para a internacionalização da compa-nhia, que apesar disso ainda de-tém seus maiores projetos no país: navios da oSX, os replicantes da Petrobras, os navios operados pela

modec e ainda a própria Petrobras diretamente.

a participação em eventos internacionais do setor tem sido estratégica para a empresa. “Este ano ainda participaremos do onS Exhibition Conference Festival, na noruega, além do 8º Encontro latino–americano de operadores de monoboias, que este ano será realizado no brasil, da rio oil & Gas, e ainda temos a otC brasil no próximo ano”, afirma Caparelli.

Avanço na internacionalizaçãoa tecnofink, especializada em

manutenção industrial, participou pelo quarto ano do Pavilhão brasil da otC, que tem significado es-pecial para a companhia. “a nossa internacionali-zação começou com a otC, que realmente signi-ficou muito para nós em matéria de avanço no mercado inter-nacional. a feira nos possibilitou o escritório em Houston, que já vai fazer três anos este ano”, afirma Thomas Fink, diretor da tecnofink.

o diretor pontua que a tecno-fink é fabricante do oxiFree, uma resina polimérica para proteção e inibição de corrosão e que para

melhorar a internacionalização do produto eles criaram a oxi-Free Global com sede em Hous-ton. “Criamos a oxiFree Global só para vender o oxiFree partindo dos EUa para atender todos os países do mundo, com exceção da amé-rica do Sul, para onde vendemos através da tecnofink”, esclarece.

Fink conta ainda que esteve na feira representando mais uma em-presa além da tecnofink, a Polino-va, única empresa com tecnologia 100% brasileira que fabrica revesti-mento e proteção contra corrosão, ataque químico e abrasão.

thomas explica que a compa-nhia foi para a otC através do Pro-grama de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (ProInter). o executivo tem partici-pação na Polinova desde dezembro de 2011, sendo responsável pela área comercial e internacional.

“Esse é o segundo evento de que participamos dentro da missão do ProInter e a nossa primeira par-ticipação em uma feira internacio-nal. a Polinova já despertou muito interesse do público. na próxima otC, estaremos com nosso estande próprio”, diz.

Para a otC 2012, a Polinova apresentou seu mais novo lança-mento, um produto inovador que é altamente resistente a produto

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eventos

químico e a abrasão, tendo em sua fórmula o nióbio, material extremamente resistente e que o brasil tem a maior reserva do mundo. “Este é o primeiro produto do mundo que usa o nióbio em sua formulação para resistência a corrosão. o produto faz parte de um projeto da Petrobras que demandou a criação de produto de resistência para atender aos desafios corrosivos do pré-sal”, afirma. Segundo ele, o projeto contou com recursos de r$ 1,3 milhão da Financiadora de Es-tudos e Projetos (Finep), onde a Universidade Federal do rio de Janeiro (UFrJ) é detentora da patente e a Polinova responsável pelos direitos comerciais.

Química brasileiraa brasileira Petrolab destacou

na otC suas mais novas soluções, os sequestrantes de H2S, especial-

mente desenvolvidos para atuar tanto em meios gasosos como lí-quidos. a empresa trabalha com soluções químicas para o setor de petróleo e gás.

“Estamos apresentando na feira todas as nossas soluções

de tratamentos químicos para adequar o óleo e o gás ao uso, mas enfatiza-mos nossas úl-timas soluções: o Sul fa Zero,

para gás e o Petrolab GS-1a, para óleo”, comenta Carlos Cor-reia, CEo da Petrolab.

Segundo o executivo, o Sulfa Zero já está em fase de testes no brasil e o Petrolab GS-1a já está sendo utilizado pela Petrobras. Correia destacou ainda que este último está sendo muito deman-dado pela Árabia Saudita.

Há 19 anos no mercado, a Pe-trolab já desenvolveu técnicas para um eficiente transporte a baixo cus-to de óleo pesado e novos produtos para o controle de derramamento de óleo. a empresa conta com uma matriz no estado de Sergipe e duas filiais, uma no estado da Paraíba e outra no estado da bahia.

São produtos desenvolvidos com preocupações ambientais e de segurança dos trabalhadores. a reação do produto com o H2S é imediata e irreversível, produzindo como resultado uma substância inerte considerada não tóxica. Seu desempenho não é reduzido na presença de Co2.

a Petrolab desenvolveu diver-sas novas tecnologias nos últimos anos, incluindo novos métodos de remoção de H2S em tanques de petróleo, novas técnicas para um eficiente transporte a baixo cus-to de óleo pesado, como também

ESTE ANO, O PAVILhãO BRASIL contou pela primeira vez com a participação de uma federação nacional, o Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que está cada vez mais acompanhando o crescimento de petróleo e gás no Brasil. Foi a primeira vez que a área de petróleo e gás da Firjan participa de uma feira internacional.

A Firjan participou da OTC 2012 levando suas soluções e serviços que atendem às demandas por qualificação

profissional em alta performance para o s p ro f i s s i o n a i s que atuam no setor de petróleo e gás. Segundo Glícia Curti Sant´Anna Carnevale, gerente do setor de Estratégias de Mercado

Petróleo e Gás, da Firjan, no ano passado foi identificada a questão do treinamento para o setor. A federação percebeu que as empresas oferecem o hardware, o

software e não a solução de treinamento do equipamento.

“Percebemos então que este seria um gancho interessante para apresentar na feira, já que desde 2006 temos o Núcleo de Treinamento Offshore, que é referência nacional em treinamentos especializados nas áreas de controle de estabilidade, atmosferas explosivas e operação de plantas de processo e facilidades, além de ser reconhecido como um dos mais modernos e completos centros de treinamento em atendimento ao setor de petróleo e gás da América Latina”, comenta.

Para Glícia, esta edição da feira está muito mais robusta e tecnológica, de um nível profissional maior, e a movimentação está melhor do que no ano passado: “Observamos que as empresas estrangeiras estão apostando mais na feira. Tivemos mais de 200 visitantes em nosso estande e 70% deles estrangeiros. Além disso a acessibilidade de parceiros brasileiros que não conseguimos contactar no Brasil são um ponto forte também. A

nossa vinda este ano mostrou que vale a pena continuarmos investindo para participarmos novamente da feira”, afirma.

De acordo com Alexandre dos Reis , diretor de petróleo e gás do Sistema Fir jan, eles perceberam q u e f a l t a v a uma federação b r a s i l e i r a d e representatividade part icipando da

feira. “Apresentamos na OTC nossos centros de tecnologia, pesquisa e treinamentos do setor. Nosso objetivo foi divulgar institucionalmente o estado do Rio de Janeiro e suas características, divulgar o papel da Firjan junto às indústrias também como uma forma de ponte para as empresas que queiram chegar no estado do Rio de Janeiro, quisemos mostrar para o mercado a competência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RJ) com soluções inovadoras em simulação virtual, realidade aumentada e 3D, entre outros”, pontua.

Participação pioneira

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TN Petróleo 83 67

novos produtos para o controle de derramamento de óleo.

EngenhariaCom o objetivo de evoluir no

desenvolvimento de negócios orientados ao brasil, acompanhar ao vivo a evolução do mercado mundial offshore e, ainda, buscar negócios no exterior, pelo segundo ano consecutivo a radix, empresa de engenharia e tecnologia, conta com um estande no Pavilhão brasil da otC. Este é o único evento in-ternacional que a radix participa.

a radix, que só tem dois anos de mercado, apresentou no evento as soluções e serviços que oferece ao setor offshore. “a base do por-tfólio da empresa são os serviços de engenharia e tecnologia que interagem entre si aliando o co-nhecimento de processo ao de de-senvolvimento de software, com áreas de atuação variadas, desde o design conceitual até a engenharia de detalhamento de unidades gre-enfield e otimização/modernização de unidades brownfield. também desenvolvemos sistemas da infor-mação e tI Industrial desde a sua arquitetura e modelagem até a homologação e comissionamento da solução”, explica Luiz Eduardo Rubião, CEo da radix.

De acordo com rubião, outro objetivo ao participar da feira é f o r t a l e c e r a s re lações com clientes com os quais estão exe-cutando projetos e que também participarão da feira, além de abrir novas oportunidades e par-ceiros de negócio. a área de óleo e gás representa 60% do fatura-mento da empresa.

a empresa possui escritórios no rio de Janeiro e belo Horizonte, este último voltado para atender

às demandas da refinaria Gabriel Passos (rEGaP), em betim, e ou-tros mercados como o de eficiência energética.

“atualmente a radix junto com a francesa Doris Engeneering tra-balha no contrato de engenharia dos navios do pré-sal para a Petro-bras. a companhia realiza numa parte dos topsides das plataformas e atua também na parte de suporte técnico do projeto”, pontua rubião.

a companhia ficou em quarto lugar no ranking das “melhores Empresas para trabalhar na amé-rica latina 2012” na categoria até 500 funcionários, do Great Place to Work (GPtW).

Forshipa Forship Engenharia, referên-

cia mundial na área de comissio-namento, também participou da otC. a empresa, que desenvol-ve soluções de engenharia para plantas industriais, aproveitou a oportunidade para divulgar o seu portfólio de serviços especializa-dos e intensificar seu networking nacional e internacional.

“Participamos pela primeira vez da otC em 2002, achamos muito positiva a ida da empresa ao even-to. nossas últimas participações nos renderam bons resultados em negócios. além disso, essa é a única feira internacional do setor

de que partici-pamos”, afirma Roberto Rocha, CEo da Forship Engenharia.

De aco rdo com rocha, as expectativas da

empresa para este ano, no que se refere ao setor de petróleo e gás, são muito grandes. a companhia recentemente enviou 30 propostas ao mercado e detém 26 projetos no brasil e no mundo – África, moçambique, Singapura, China

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e Coreia. o setor de petróleo e gás corresponde a 49% do faturamento da empresa, os demais ficam com energia e mineração.

atualmente a Forship Engenha-ria está envolvida com três projetos de óleo e gás em Singapura, um projeto de inspeção de construção de navio para a Camargo na Coreia e outro para a Vale na China. a em-presa também está, desde dezem-bro do ano passado, executando para a Eletrobrás Furnas serviços de comissionamento do ciclo com-binado da Usina termoelétrica de

Santa Cruz (UtE Santa Cruz), para operação com gás natural (caldeira de recuperação e turbogerador a vapor).

Tomé Engenharia“Participamos da otC porque

queremos mostrar nossa capacida-de de fornecimento e construção, e estamos conseguindo bons resulta-dos por isso, principalmente pelo retorno de empresas estrangeiras que têm vindo nos procurar com interesse em investir no brasil”, afirma Edson Ferreira, gerente

técnico da tomé Engenharia.

Com o início das atividades da divisão de enge-nharia óleo e gás em 2001, o Gru-po tomé conso-

lidou-se entre os maiores do setor com a execução de contratos em regime de EPC junto à Petrobras. a empresa participa pelo quarto ano da feira.

Hoje a divisão óleo e gás, que corresponde a 60% do fatura-

uM DOS PRINCIPAIS canteiros de obras e investimentos do país, o Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral sul de Pernambuco, participou pela primeira vez como expositor da OTC e já comemorou o sucesso. Somente nos primeiros dias do evento, foram realizadas mais de 15 reuniões com empresas dos Estados unidos, China, Japão, França, Itália e Coreia do Sul. Além disso, o estande de Suape foi um dos quatro maiores do Pavilhão Brasil, com 40 m².

“No ano passado, a equipe do Porto de Suape também participou da OTC para prospectar negócios e fazer contatos, e entendemos que agora, com a consolidação de alguns projetos importantes do país e em Pernambuco,

deveríamos participar com um estande nosso e fincar nossa bandeira em uma região tão importante para este setor que é houston”, afirma o vice-presidente do Complexo de Suape, Frederico Amancio.

S u a p e b u s c o u d i v u l g a r internacionalmente suas potencialidades, bem como as oportunidades de negócios em Pernambuco, focando o adensamento das cadeias produtivas de petróleo, gás, offshore e naval. Foram realizadas visitas de cerca de 40 empresas e várias

outras já reservaram uma agenda para conhecer o Complexo.

Segundo Frederico Amancio, eles aproveitaram a oportunidade para apresentar o projeto Suape Global criado em 2008, cujo objetivo é consolidar Pernambuco como um polo provedor de bens e serviços da indústria de petróleo, gás, offshore e naval.

Amancio explica que o Suape Global tem uma atuação muito forte na atração de empreendimentos e trabalha diversas ações importantes para o desenvolvimento do setor em Pernambuco. Por exemplo, de acordo com ele, um dos assuntos que foram colocados em discussão no fórum foi a importância de o Brasil voltar a criar novos cursos para a área de engenharia naval. Então, foi criada uma decisão estratégica com o governo e foi estabelecido na universidade de Pernambuco o curso de engenharia naval, que já iniciou sua primeira turma.

“Não apenas estimulamos os invest imentos , mas cr iamos a infraestrutura para tal. Além disso, estão sendo implantados alguns centros de pesquisas de tecnologia de materiais em Suape”, ressalta.

O vice-presidente comentou ainda que o Complexo de Suape está virando um grande rubby, um grande centro de distribuição logística e que hoje é uma grande porta de entrada para todo Norte e Nordeste do Brasil.

“Estamos crescendo cada vez mais e óleo e gás é um setor que nos interessa. Já pegamos uma parcela de mercado – estamos com as encomendas do Atlântico Sul e dos navios do STX Promar – mas queremos muito mais”, concluiu. O executivo comenta ainda que em 2009 Suape movimentou 242.000 TEus, e em 2011, 435.000 TEus. “Ou seja, quase que dobramos a movimentação. Agora estamos movimentando o dobro de Salvador, o triplo de Pecém e agora estamos próximos ao Porto do Rio”, pontua Amancio.

Interesse Internacional – Frederico Amancio contou que a equipe da universidade Texas A&M, do Texas, já visitou Suape algumas vezes e tem interesse em fazer um acordo de cooperação com Suape para realizar um grande estudo na área de logística, produção, e envolver a área de óleo e gás também.

“Eles acham Suape um case interessante que envolve infraestrutura logística de cunho industrial e que mistura petróleo, gás e indústria naval. Estamos bastante empolgados com esse projeto, será importante para Suape”, afirma.

Amancio lembrou ainda que o Porto de Roterdam, na Europa, já trabalhou com Suape durante elaboração do novo market plan e informou que atualmente eles estão estudando uma parceria societária juntos.

Oportunidades pernambucanas na OTC

eventos

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COM O OBJETIVO de promover o intercâmbio tecnológico entre empresas brasileiras e estrangeiras, o Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (ProInter P&G) promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi para a OTC 2012 a todo vapor.

“No primeiro ano que viemos para a OTC trouxemos cinco empresas na missão do Prointer, este ano participaram 42 empresas. Acredito que no próximo ano aumentaremos ainda mais este número e conseguiremos atingir a meta de 70 empresas”, afirma a gerente do Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás (ProInter P&G) pelo Sebrae-RJ, Miriam Ferraz.

Segundo a executiva, a importância da participação do Prointer na OTC é estar presente em um ambiente onde se encontram as grandes operadoras, epecistas

e outros agentes do mercado, onde as oportunidades de negócios seguem a mesma dimensão.

“ q u e r e m o s q u e n o s s a s empresas tenham u m p a d rã o d e

classe mundial, por isso trazemos as empresas para a OTC para elas observarem onde estão as melhores práticas de gestão internacional, as últimas tecnologias aplicadas aos bens e serviços, as melhores práticas do setor, etc.”, explica.

Ferraz comen ta que fo ram organizadas reuniões de negócios para otimizar o tempo e o acesso das empresas brasileiras a executivos de companhias globais e estrangeiras. “É um trabalho que vem crescendo gradativamente. Nosso grande foco é melhorar a competitividade da indústria de petróleo e gás brasileira. Fizemos reuniões com os EuA, Canadá, Escócia e Noruega e nos reunimos também com a Petrobras América”, diz.

A gerente informou que até hoje o grupo de empresas já fechou em torno de 1.700 bilhões de reais em negociações fechadas e 8 milhões de euros em join ventures firmadas. O programa reúne 247 empresas fornecedoras da cadeira produtiva que trabalham de forma organizada e cooperada.

Internacionalização estratégica

mento da companhia, integra o projeto desde seu detalhamento até sua automação. a tomé En-genharia participou da constru-ção de módulos da P-48, P-43, P-50, P-54 e P-53.

“além dos contratos offshore, a empresa trabalha atualmente na planta de gasolina da refina-ria landulpho alves (rlam), na bahia; na planta de tanques da refinaria abreu e lima (rnESt); e na planta de diesel da refinaria Presidente bernardes (rbbC), em Cubatão (SP). Estamos par-ticipando também da concorrên-cia dos módulos de replicantes da cessão onerosa do pré-sal”, pontua Ferreira.

Prospecção de negóciosPara a siderúrgica altona, a

otC proporciona bons contatos que geram negócios para a em-presa. “Há quatro anos renovamos nossa participação na otC, é uma oportunidade de aprofundar nos-sos laços de negócios com clientes desenvolvidos nos anos anterio-res e também a possibilidade de

prospecção de negócios nas vi-sitas aos demais expos i to res” , comenta Pedro Crestani, geren-te de exportação da altona.

Segundo ele, o objetivo da empresa é aumentar a capaci-dade de fornecimento de peças de aço para o setor de óleo e gás, que atualmente representa apenas 5% do faturamento da companhia. “observamos a ex-pansão do mercado de petróleo e queremos aumentar nossa par-ticipação nele, e estar em uma feira do setor como a otC é im-portantíssimo para isso”, diz.

CotemaPor acreditar na credibilidade

do evento e na visibilidade que ela proporciona à empresa, a pres-tadora de serviços nos setores de petróleo, gás e energia e ferroviário Cotema, que completa 40 anos de atividades este ano, apostou mais uma vez na participação na otC.

a empresa levou todo o seu por-tfólio para o setor na feira, como ferramentas de manuseio de tu-bos de perfuração e equipamentos pneumáticos, dentre outros.

“Um dos nossos objetivos em participar da feira é nos apre-sentarmos ao mercado interna-

cional como um todo e ampliar ainda mais nos-sa atuação na américa lati-na. Queremos expandir os ne-gócios da com-

panhia através da exportação”, conta Denisarth Steagall Ju-nior, presidente da Cotema. Se-gundo ele, esta edição da otC se destacou pela ampliação do espaço brasileiro e pela grande procura das estrangeiras pelas empresas brasileiras.

além de fabricar ferramentas e equipamentos para perfuração e exploração de petróleo e gás, a empresa também presta serviços de reforma e manutenção de equi-pamentos mecânicos.

cobertura otc

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Eventos informais reforçam

INTERAçãO

A programação de reuniões e compromissos fora da feira, os encontros sociais que fazem parte da rotina

da otC, este ano foi aberta pela confraternização da Vicinary Ca-denas. o encontro, assim como em 2011, foi realizado no sábado, dois dias antes da otC, no Kara-mu outpost, área do zoológico de Houston, em um ambiente bem informal e divertido. a exibição de alguns animais exóticos para

os convidados e um caricaturista foram os destaques deste ano.

E no domingo, véspera do início da feira, realizou-se o tradicional churrasco de boas-vindas aos bra-sileiros, na residência de Fernando e rosa Frimm, no bairro de White Wing lane, patrocinado pelo abS--rio e GustomSC. o churrasco se tornou uma tradição a partir do en-contro, em 1994, de três engenheiros navais, amigos há mais de 15 anos, ex-companheiros da escola politéc-

nica da Universidade de São Paulo (USP). o bate-papo entre amigos acabou se tornando a mais tradicio-nal e informal reunião fora da agenda oficial da otC, hoje disputada até por parceiros internacionais. Daí as

Da esquerda para a direita: José Carlos Fer-reira, ABS-Rio, Lia Medeiros, Dagmar Brasílio, Maria Fernanda Romero, TN Petróleo, Fernan-do e Rosa Frimm e Benício Biz.

Encontro da Vicinary Cadenas no Karamu Outpost, zoo de houston.

Por mais um ano, paralelamente à OTC, a maratona de coquetéis, jantares e confraternizações foi intensa no calendário dos participantes. Com um toque mais informal e festivo, os coquetéis e recepções durante o período da feira foram marcados por comemorações de aniversário das empresas. Os encontros são excelente forma de integração entre parceiros e possíveis contatos.

eventos

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mais de 220 pessoas que participa-ram do evento desse ano.

no primeiro dia da otC, a re-cepção ficou a cargo do Consu-lado do Canadá que reuniu seus convidados no omni Houston Hotel. E, no Uptown Park blvd., a IntecSea, empresa do Grupo Worley Parsons, aproveitou a oca-sião para realizar sua tradicional festa de degustação de vinho... a rolls-royce reuniu seus convi-dados em um coquetel no Grand ballroom.

o segundo dia pós-feira também foi um dos mais movimentados. Hou-ve o descontraído coquetel da Came-ron no West Club do reliant Stadium

e o da UPC Interpipe no the Westin oaks, no Shopping Galleria.

Grandes comemoraçõesalgumas empresas aproveitaram a

presença de diversos executivos e par-ceiros de outros países para realizar suas comemorações de aniversário, como a Keppel offshore & marine, no dia 1º de maio, e a oil States Indus-tries, no dia 30 de abril e 1º de maio, e o abS Group, no dia 2.

Subsidiária da oil States Inter-national, a oil States comemorou seus 70 anos de atividades com dois coquetéis no salão do Holiday Inn, em frente ao reliant Park, reunin-do seus principais executivos, par-ceiros e amigos. a empresa possui sede em Houston, texas (EUa) e é fornecedora mundial de produtos e serviços para o setor de óleo e gás. no brasil, possui escritório em macaé, no rio de Janeiro.

Em uma festa exuberante e luxuosa no the Westin Galleria ballroom, a Ke-ppel offshore & marine, subsidiária do grupo cingapuriano Keppel Corpora-tion limited, comemorou seus dez anos de conquistas e realizações. o grupo já tem projetados e construídos mais de

250 navios e plataformas de petróleo de diversos tipos, tamanhos e funções.

E o abS Group preferiu comemo-rar seu aniversário de 150 anos em uma recepção no Hotel Derek. Com atuação em 39 países, incluindo a região das américas, Europa, oriente médio e Sudoeste da Ásia, o abS Group é fornecedor global de servi-ços especializados em engenharia e gerenciamento de riscos, atuando nos setores marítimo, offshore, portos e terminais, indústrias de processo, governos, utilidades, água e esgoto, construções e instalações.

“recebemos quase 700 convida-dos em nossa festiva recepção. Co-memoramos nosso 150º aniversário este ano, mas também nossos mais de 60 anos dedicados à indústria offsho-re”, comentou José Carlos Ferreira, vice-presidente regional da abS na américa do Sul.

Finalizando os encontros, na quarta-feira à tarde, no reliant Cen-ter, foi realizado o tão esperado co-quetel do Pavilhão brasil, promovido pelo IbP (Instituto brasileiro de pe-tróleo, Gás e biocombustíveis), onip (organização nacional da Indústria do Petróleo) e apex-brasil.

Diva Qwiscz, J.C. Albanez e Benício Biz no coquetel oferecido pela uPC Interpipe no The Westin Oaks.

cobertura otc

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eventos Rio Gas Forum

GÁS:grandes perspectivas e indecisões

O setor de gás no Brasil continua indo bem: no ano passado se observou uma elevação da oferta de gás natural graças à entrada em produção dos campos da Bacia de Santos. O GLP e o shale gas (gás não convencional) já são uma realidade no país. Entretanto, ainda há dúvidas no mercado quanto ao futuro desse insumo, às oportunidades de novas aplicações e aos desafios da sua produção nos campos do pré-sal. Para esquentar esses debates, pelo terceiro ano consecutivo, o Rio de Janeiro sediou o Rio Gas Forum, cujo principal objetivo é fomentar a discussão sobre os mercados globais do gás, em especial o mercado brasileiro e suas oportunidades.

Foto

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orte

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por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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TN Petróleo 83 73

O encontro, pro-duzido pelo Grupo CWC, juntamente com a Petrobras, possibilitou a

análise das últimas tecno-logias para aperfeiçoar os recursos de gás do país, com o intuito de manter o brasil como uma das potências glo-bais nessa área.

no primeiro dia do evento, realizado entre em março no Hotel Copacabana Palace, o ge-rente executivo de marketing e Comercialização da área de Gás e Energia da Petrobras, antônio Castro, destacou os avanços da companhia no setor – houve lucro recorde no ano passado, além do início do aproveitamen-to do gás do pré-sal.

Em 2011, a empresa atingiu o recorde de 37 milhões de m³ de gás por dia entregues ao mer-cado. Já em dezembro, foram alcançados os recordes mensal e diário, com 46,1 milhões de m³ ofertados ao mercado.

“a elevação da oferta de gás natural em 2011 foi possível gra-ças à entrada em produção dos campos de mexilhão, Uruguá e tambaú, na bacia de Santos”, afirmou Castro. outro desta-que foi o início do escoamento da produção do campo de lula em setembro do ano passado. Segundo antônio Castro, o gás do pré-sal já é uma realidade no mercado brasileiro e nas opera-ções da Petrobras.

Em 2011, a estatal fechou um ciclo de investimentos na malha de transporte de gás natural, que totalizou US$ 15 bilhões desde 2007. Durante o último ano, ini-ciou as operações do Gasoduto Caraguatatuba-taubaté e da Uni-dade de tratamento de Gás de Caraguatatuba, ambos em São

Paulo. Com esses investimentos, atingiu o total de 42 sistemas de compressão e 173 pontos de entrega instalados no brasil, com uma malha de gasodutos de 9,7 mil km de extensão.

Já marcelo Castilho, espe-cialista em geologia e geofísica e superintendente adjunto da agência nacional de Petróleo. Gás natural e biocombustíveis (anP), destacou os investimen-tos que a agência vem fazendo desde 2007 através do Plano Plu-rianual das bacias Sedimentares brasileiras, criado para a obten-ção de mais dados sobre áreas pouco conhecidas e de interesse exploratório, principalmente de gás natural.

os dados estão sendo ob-tidos através da aquisição de sísmicas 2D e também 3D, um investimento de r$ 1 bilhão até o final deste ano. marcelo adiantou, durante sua palestra, que as reservas provadas de gás no país chega a 423 bilhões de m³ de gás, e que a produção em 2011 foi de 66,7 milhões de m³ de gás por dia. Segundo ele, os campos onshore são a nova fronteira exploratória no setor de gás natural no país, princi-palmente nas bacias do amazo-nas, Parnaíba e Paraná.

Sobre a 11ª rodada de licita-ções da anP, Castilho informou que já foi autorizado pelo Conse-lho nacional de Política Energé-tica, mas que para dar andamen-to é preciso a publicação dessa autorização, o que ainda não foi feito. Ele adiantou que a rodada vai licitar 168 blocos, 84 onshore e 84 offshore.

Com uma visão pouco otimis-ta, o vice-presidente Comercial da bG brasil marcelo menicucci disse que nos próximos anos o brasil vai continuar sendo impor-tador de gás natural para manter

a demanda do mercado interno. “o gás do pré-sal precisa ter sua infraestrutura desenvolvida para que se torne viável para o merca-do”, afirmou.

NOS PRÓXIMOS DEZ ANOS, O GáS DEVERá TER, SOBRETuDO NO BRASIL E NA AMÉRICA LATI-NA, PAPEL MuITO IMPORTANTE PARA O DESENVOLVI-MENTO NACIONAL. A GERAçãO TER-MELÉTRICA SERá uSADA DE FORMA INTERMITENTE E COMPLEMENTAR, AO LADO DOS RE-CuRSOS DE ENER-GIA RENOVáVEL – EM ESPECIAL A EÓLICA E A SOLAR – COMO ACONTE-CEu EM PAíSES NA EuROPA E ESTA-DOS uNIDOS”.

Marcelo Prado, diretor de Marketing da GE Energy

para a América Latina

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eventos

a UoP llC, empresa do grupo Honeywell, também parti-cipou da rodada de palestras do primeiro dia do evento. na sua apresentação, rebecca liebert, vice-presidente e gerente geral da divisão de Processamento de Gás e Hidrogênio da Honeywell UoP, falou sobre a tecnologia UoP Separex, sistema de membranas e tecnologia absorvente, que tem sido cada vez mais utilizado no processamento de gás natural em navios FPSo.

“a tecnologia Separex da Honeywell UoP pode ser usada para diferentes aplicações de tratamento de gás, mas é ideal para o processamento de gás offshore devido ao seu projeto compacto e livre de solventes, que permite uma operação sim-ples”, explicou liebert.

Para rebecca, essa tecnolo-gia, que está sendo utilizada no FPSo Cidade de Angra dos Reis, eleva o refinamento de gás natural, removendo dióxi-do de carbono, sulfato de hi-drogênio, mercúrio e vapor de água. liebert também mostrou o Sistema Supersônico de Se-paração de Gás UoP-twister, usado para recuperar líquidos de gás natural.

o papel do gás no forneci-mento de geração de energia

foi o primeiro tema abordado no segundo dia do evento. marcelo Prado, diretor de marketing da GE Energy para a américa lati-na, apresentou os recursos de gás disponíveis no brasil e como está essa demanda para o mercado.

De acordo com o executivo, o gás terá papel cada vez mais relevante no mercado e será fonte prioritária para geração de energia no país. “nos próxi-mos dez anos, o gás deverá ter, sobretudo no brasil e na américa latina, papel muito importante para o desenvolvimento nacional. a geração termelétrica será usada de forma intermitente e comple-mentar, ao lado dos recursos de energia renovável – em especial a eólica e a solar – como aconteceu em países na Europa e Estados Unidos”, afirmou. na ocasião, Prado destacou que as turbinas a gás devem ter mais flexibilidade na operação além de eficiência.

mark Carls, gerente da área de gás da Caterpillar, comentou sobre os produtos e serviços da empresa para o mercado, dentre eles o conjunto de geradores a gás Cat®, que estão liderando algumas grandes mudanças no mundo, como a flexibilidade para queimar metano em aterros, bio-gás agrícola e gás natural.

a importância do gás natural para o crescimento industrial foi o tema abordado por antônio Castro, geren-te executivo de marketing e comercialização da área de Gás e Energia da Petrobras. o consumo de gás industrial

A AVEVA, fornecedora de softwares de engenharia, soluções para pro-jetos e gerenciamento de informa-ções para as indústrias de cons-trução naval, energia e processos, apresentou no evento os projetos de gás natural em andamento no Brasil que utilizam soluções de TI da empresa.

“Trabalhamos em diversos projetos em pelo menos 15 refina-rias da Petrobras, todos com foco na

centralização das informações com vistas à qualidade”, informou o vice--presidente sênior da Aveva para a

América Latina, Santiago Pena.

Responsá-vel pelo projeto de expansão da refinaria de Duque de Caxias (Reduc) como parte do Plano

de Antecipação da Produção de Gás (Plangás), a Setal/Óleo e Gás concluiu no ano passado a implan-

tação da suíte de aplicativos Aveva Plant em seu sistema. A compa-nhia já utilizava em seus projetos na área de refino o software Aveva PDMS, que faz parte da suíte de aplicativos do Aveva Plant. A de-cisão de instalar o pacote indicou um expressivo ganho de eficiência.

um dos contratos mais recentes foi fechado com o consórcio formado pela Galvão Engenharia, Sinopec e GDK, que participa da construção da unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (uFN-3), da Petrobras, e utilizará o gás natural como matéria-prima.

TI no gás

O GáS quE IN-

CREMENTARá

O AuMENTO DA

PRODuçãO NA

PRÓXIMA DÉCA-

DA VIRá DA BA-

CIA DE SANTOS”.Antônio Castro,

gerente executivo de marketing e comercialização da área de Gás e

Energia da Petrobras

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TN Petróleo 83 75

no brasil aumentou 14% no período de 2007-2011. Segundo Castro, a demanda da indústria impulsiona o mercado. “a base do consumo de gás no brasil, firme e contínua, é a indústria brasileira”, afirmou o gerente.

Castro comentou sobre a produção de gás no pré-sal: “o gás que incrementará o aumento da produção na próxima década virá da bacia de Santos”. Ele opina que esse gás será usado primordialmente na reinjeção nos poços, otimizando a produ-ção de petróleo. outra parte será utilizada para compensar o declí-nio da produção atual de outros campos no longo prazo. E uma terceira parcela será destinada a novos mercados, como fábricas de fertilizantes, refinarias e com-plexos petroquímicos.

Já Eric Eyberg, consultor da área de Gás e Energia da Wood mackenzie, falou sobre a opor-tunidade de industrialização a partir do gás não convencional (shale gas) no brasil. o executivo

apresentou resultados e conclu-sões de vários estudos de con-sultoria feitos recentemente para consumidores e produtores sobre a bacia do São Francisco.

a análise constatou o grande potencial da região, que po-deria ser equivalente ao mar-cellus, dos EUa, em tamanho e recursos. “minas Gerais é um ‘hub’ importante na indústria e no setor de infraestrutura existente como linhas de trans-missão de alta voltagem e a proximidade dos novos recur-sos de gás podem motivar as expansões em outras indústrias de gás intensivos”, pontua.

a empresa acredita no desen-volvimento internacional do shale gas, com grandes oportunidades na Polônia, China e américa do Sul. “apesar do cenário favorável, no brasil, ainda existem gargalos como falta de mão de obra, falta de uma indústria de serviços onshore, tecnologia para aplica-ção, comercialização e regime de regulação”, pontua Eyberg.

o executivo comentou ainda que o gás não convencional é promissor, mas há empecilhos a serem resolvidos, entretanto o sucesso dependerá da capacida-de de produtores e consumido-res em cooperar para viabilizar todas as partes da cadeia de valor (de forma operacional e financeiramente).

no mesmo painel, Juan Jasson, consultor em negócios de Gnl da Shell, indicou o Gnl como uma opção boa para o brasil, pela competitividade, acessibilidade e não corrosão, e apresentou os projetos da companhia que usufruem de tecnologias inovadoras para aplicação no gás.

as questões financeiras e de regulação que afetam o mercado de gás no brasil fo-ram discutidas ainda por luiz Daniel de Souza, gerente do departamento de gás do banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (bnDES) e pelo advogado Godofre-

ATuANDO NO BRASIL há mais de 60 anos, a uOP tem participação importan-te no desenvolvimento de tecnologias em benefício do mercado de petróleo e gás, de refino e petroquímico no país. Em entrevista exclusiva à TN Petróleo, Rebecca Liebert, vice-presidente de Processamento de Gás Natural e hidrogênio da ho-neywell uOP, lem-brou que, dentre os projetos de que a empresa participa no Brasil, está o das novas refina-rias Premium I e II, que estão sendo construídas pela Petrobras, no Mara-nhão e Ceará, respectivamente.

A empresa vai usar tecnologias de hidrocraqueamento e hidrotratamento para produzir combustível de alta qua-

lidade, a partir do óleo bruto nacional nas duas novas refinarias. E será res-ponsável pela elaboração do projeto bá-sico e detalhamento das duas refinarias. Atualmente, 130 unidades de membrana uOP foram instaladas em todo o mundo.

Sobre a tecnologia uOP Separex, aplicada em navios-plataforma (FPSO) na produção de gás natural, Rebecca explicou que o produto tem o objetivo de remover os contaminantes ácidos da corrente de gás, visando cumprir as especificações da ANP, para somente então ser transportado e comercializado. Além do FPSO Cidade de Angra dos Reis, esta tecnologia será utilizada no FPSO Cidade de São Paulo, que deve entrar em operação até novembro deste ano.

“Estamos muito satisfeitos e empolga-dos com o rumo da indústria do óleo e gás, e com as contínuas descobertas que estão sendo feitas no Brasil”, afirmou Rebecca.

A empresa também trabalha com tecnologia para transformação de bio-massa e outras matérias-primas não fósseis, como vegetais, em combustí-vel. hoje, o foco está no biodiesel e em combustível de aviação, que já está em período de teste com muitas companhias aéreas. Segundo Rebecca, o etanol ainda está fora dos planos da empresa.

Sem falar em números, Liebert dis-se que a uOP está investindo quantias importantes em infraestrutura e treina-mento, e também realizando parcerias com empresas nacionais de engenharia, como a Chemtech. E adiantou que a empresa não pretende construir um centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, mas sim trabalhar em con-junto com os grandes centros de refe-rência já existentes, como o Centro de Pesquisas Leopoldo Miguez de Mello, da Petrobras (Cenpes).

Honeywell UOP foca nas novas refinarias e no pré-sal

cobertura rio gas forum

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do mendes Vianna, sócio do escritório Kincaid mendes Vianna advogados.

o debate sobre como o brasil pode colaborar no mercado de gás da américa latina encerrou o evento, com a participação do gerente de comercialização de Gnl da Petrobras, márcio Demori, e o vice-presidente de marketing da Schlumberger, João Felix.

o gerente da Petrobras apresentou as especificida-des do continente, com gran-de dispersão geográfica dos mercados na américa Central e Caribe, além dos desafios de transporte para mercados mais isolados, por questões de rele-vo, na américa do Sul.

Para márcio, devido ao posicionamento geográfico e aos terminais de regaseificação instalados, o brasil pode ser uma importante ligação para o merca-do de gás entre a américa do Sul e a américa Central e o Caribe.

João Felix, da Schlumberger, ressaltou que de acordo com o relatório da agência americana EIa, publicado em abril de 2011, o méxico está em quarto lugar no ranking dos países com maior re-cursos tecnicamente recuperáveis de shale gas, abaixo somente da China, EUa e argentina. Segundo ele, com esse potencial o méxico poderá aumentar suas atuais reser-vas provadas de gás em 57 vezes.

Sobre o brasil, o executivo indicou que há muito potencial

para o gás não convencional na região da bacia de São Francis-co. “o custo elevado devido à escala e logística e os fatores am-bientais como a caracterização de reservatórios que aumentam a complexidade de operações e requer fluxos de trabalho otimi-zados são alguns dos desafios operacionais do gás não conven-cional”, afirma.

Felix comentou ainda sobre as novas tecnologias Schlum-berger Power Drive archer e HiWaY* Flow-Channel Hydrau-lic Fracturing technique, que permitem adições de reservas tecnicamente recuperáveis e geram mais eficiência nas ope-rações de perfuração e aumento de produção.

DuRANTE O Rio Gas Forum 2012, Claudio Steuer, diretor da SyEnergy, consultoria especializada em gás natural, gás natural liquefeito (GNL) e gás natural comprimido (GNC), com mais de 20 anos de experiência em formulação de estratégia, desenvolvi-mento de novos negócios e resolução de importantes questões ou disputas comerciais, trouxe uma nova discus-são. Ele discorreu sobre o potencial do GNC marinho e o apontou como alter-nativa viável e eficaz para o mercado brasileiro, com potencial de utilização imediata. “O GNC marinho pode preen-cher uma importante lacuna na cadeia produtiva e logística, viabilizando uma redução sensível da queima do gás natural no mar”, informou.

De acordo com o executivo, segun-do informações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombus-tíveis (ANP), só no estado do Rio de Janeiro foram queimados em média, nos últimos cinco anos, 160 Mmscf/dia, o que seria suficiente para gerar 950 MW de energia elétrica. “O GNC marinho pode ser complementar nos sistemas de produção de óleo e gás do pré-sal brasileiro. O volume de gás de

poços menores ou isolados, que antes seriam queimados, pode ser coleta-do e entregue a sistemas flutuantes de produção de GNL, ou injetado em plataformas que estejam conectadas à costa através de gasodutos”, aponta.

Claudio Steuer acrescentou ainda que em poços com maior volume de produção é perfeitamente viável utilizar o GNC marinho como “gasoduto flutu-ante”, conectando a fonte produtora di-retamente com uma distribuidora como a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) ou a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás).

“O GNC marinho permitirá um nível mais apropriado de concorrên-cia no mercado doméstico de gás natural, devido ao seu menor custo e viabilidade econômica com menores volumes”, afirmou o executivo. Para ele, a utilização do GNC marinho permitirá a empresas como a OGX e a hRT a opção de comercializar sua produção de gás natural diretamente com clientes industriais de grande porte, atendendo a todas as normas de segurança e respeito ao meio am-biente, e podendo reduzir o preço do gás natural no mercado doméstico.

Segundo o Claudio Steuer, apesar de não ser tão flexível como o GNL, o GNC oferece importantes vantagens competitivas ao mercado brasileiro – por exemplo: a maior proximidade entre a fonte produtora e o centro de consumo permite um melhor nível de abastecimento com redução do nível de estoques. A redução sensível nos investimentos necessários permite a criação de uma cadeia dedicada reduzindo a influência de mercados externos e a alta volatilidade dos preços in-ternacionais. Steuer garante que o GNC é uma alternativa mais barata e atraente do que comprar o gás importado.

O executivo conclui: “A SyE-nergy oferece a seus clientes uma solução completa e integrada e que leva em conta seus objetivos técnicos e comerciais. Por ser uma firma independente, possuímos toda a liberdade de propor as opções que julgamos mais apropriadas caso a caso, e em conjunto com nossos clientes avaliamos cada opção efe-tuando uma recomendação final com base nos critérios acordados.”

Alternativa inovadora e competitiva

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THE 4TH SAUDI ARABIA INTERNATIONALOIL & GAS EXHIBITION

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SImUltanEamEntE à feira foram realizados o 9º Congresso Interna-cional navegar, o navtec 2012, a 5ª rodada de negócios Sebrae, o 2º Se-minário de Direito, Desenvolvimento Portuário e Construção naval do rio Grande e a Conferência Internacio-nal em tecnologias naval offshore: Ciência e Inovação (navtec).

Dentre as muitas palestras que fizeram parte da programação do evento, as principais foram ‘Indústria naval: política industrial e tecnológi-ca’ e ‘Desafios tecnológicos – naval e offshore’. além de discutir o futuro da indústria naval, a feira também visa incentivar a qualificação de profis-sionais para a indústria de petróleo e gás. nesse sentido, o estande da Petrobras detalhou aos visitantes os cursos do Programa de mobilização da Indústria nacional de Petróleo e Gás natural (Prominp), que está com 1.192 vagas abertas no rio Grande do Sul, sendo 576 delas para a cidade de rio Grande.

a Feira do Polo naval debateu a importância e os desafios do trans-porte de cargas até os portos dentro do país. Das cerca de 30 milhões de toneladas movimentadas pelo porto do rio Grande em 2011, apenas sete milhões – algo em torno de 20% – foram movimentadas por hidrovias.

a agência nacional de trans-portes aquaviários (antaq) adiantou durante o evento que o rio Grande do Sul será beneficiado com a melho-ria do trajeto pela lagoa dos Patos e com a chamada Hidrovia do Sul, que pretende ligar o Uruguai ao porto de rio Grande pela lagoa mirim.

Com o objetivo de revelar pers-pectivas e detalhes da operação em rio Grande, a Engevix promoveu dois

painéis no último dia do Congresso navegar, quando foram apresentados tópicos do trabalho da empresa nos próximos anos em rio Grande.

Para fabricar os 18 cascos de na-vios replicantes já contratados, estão sendo montadas as três unidades

que farão parte do parque fabril da Engevix. o Estaleiro rio Grande 1 (ErG1), já em operação, será comple-mentado pelas estruturas do ErG2 e ErG3, que darão suporte à cons-trução dos cascos. a alta tecnologia envolvida no processo de fabricação dos cascos para plataformas também foi tema discutido pela Engevix.

Para o presi-dente da agência Gaúcha de Desen-volvimento e Pro-moção do Inves-timento (aGDI), Marcus Coester, a sustentabilida-

de depende da tecnologia local, do fomento ao parque industrial gaúcho como complemento aos grandes em-preendimentos do polo naval.

Durante o evento, representantes do banco nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (bnDES), badesul, Caixa e banrisul anunciaram a intenção de financiar projetos relacio-nados à indústria naval e apresentaram suas linhas de crédito para as principais empresas do setor naval do país e em especial as gaúchas.

RIO GRANDEem foco

Com 200 estandes e 15.000

m2 de área, a primeira edição

da Feira do Polo Naval

aconteceu na cidade de Rio

Grande, no Rio Grande do

Sul, onde representantes dos

diversos setores da indústria

naval brasileira se reuniram

para debater sobre os

desafios e as oportunidades

para que o desenvolvimento

da atividade seja sustentável e

crescente nos próximos anos.

por Rodrigo Miguez

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Alfredo renault, superintendente da onip, assegurou que o setor vive um bom momento já que os

investimentos da Petrobras e de outras grandes companhias dão confiança às empresas continuarem investindo, pois a demanda dos equipamentos está garantida por muito tempo.

Segundo ele, a indústria nacional ainda tem muito a se desenvolver, principalmente quanto à tecnologia para conseguir competir com as em-presas estrangeiras que têm preços mais competitivos. “Um dos princi-pais problemas para a competitivi-dade da indústria nacional de óleo e gás está na carga tributária, que leva os nossos produtos a um preço muito mais alto do que em outros países, como a China”, afirmou. Ele lembrou a noruega, que tem 25% do seu PIb provenientes da indústria nacional de suprimento do setor de petróleo.

Já o especialista em regulação da agência nacional de Petróleo, Gás natural e biocombustíveis(anP), Silvio Jablonski, afirmou que o pri-meiro megacampo a ser licitado já no modelo de partilha deve ser o de libra, na bacia de Santos. Ele afir-mou ainda que a produção no pré--sal está em 118 mil barris por dia, correspondente a 8% da produção brasileira total do país, que está em 2,2 milhões de barris por dia.

Silvio lembrou ainda que de 1998 a 2011 foram investidos 3,5 bilhões de dólares, aplicados 50% em centros de pesquisa e 50% em universidades. Esses recursos foram provenientes

do 1% obrigatório de investimento em P&D pelas empresas de petróleo. Desse total, 96% dos investimentos foram feitos pela Petrobras.

Segundo o professor César Vitó-rio Franco, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os par-ques tecnológicos são um caminho importante para o fomento da ino-vação tecnológica. Ele comparou a corrida espacial da década de 1960 com a exploração do pré-sal e o de-senvolvimento de tecnologias para a exploração em águas ultraprofun-das. “É possível que as tecnologias a serem utilizadas na exploração do pré-sal possam sê-lo em outras áreas, no futuro”, afirmou.

a nanotecnologia é uma grande aposta para o futuro da exploração do pré-sal – inclusive, no setor de preservação ambiental, usa-se na-noabsorventes para coletar óleo na água e também nanotecnologia para mitigar a presença de Co², corrosivo e prejudicial aos dutos.

Focado na tecnologia para so-lução para os setores de energia, óleo e gás e biocombustíveis, a GE apresentou detalhes do seu Centro de Pesquisa Global que está sen-do construído no rio de Janeiro e

tem previsão de inauguração em 2013. Com investimento de r$ 170 milhões, o centro já possui acordos com a Petrobras, Vale e EbX para desenvolver tecnologias com foco sobretudo em biocombustíveis, ener-gias renováveis e sistemas subsea.

no centro, a GE irá desenvolver seu programa GE Smart oilfield, de soluções integradas para a indústria de óleo e gás. o Smart oilfield des-tina-se ao desenvolvimento de siste-mas de monitoramento para melho-rar o diagnóstico para manutenção preventiva em plataformas offshore e para uma ampla competência na estratégia da gestão do reservatório.

Já Eduardo von ristow, da Sub-sin, apresentou o método em Y para colocação de equipamentos em águas profundas, desenvolvido pela companhia e testado no laboratório de tecnologia oceânica do Coppe/UFrJ (laboceano). Feito por meio de duas embarcações do tipo HtS, de menor porte, o método é mais preciso pois elimina a ressonância (ondulações e vibrações no mar) e não há soltura do equipamento. ou-tra vantagem desse procedimento é que ele pode ser feito em situações marítimas adversas.

Tecnologias para o

O Pre-Salt Tech 2012 debateu os desafios tecnológicos na exploração e produção

no pré-sal. O foco do primeiro dia ficou por conta do desenvolvimento da indústria de

fornecimento de produtos e serviços e também do avanço tecnológico necessário para a

exploração do petróleo em águas ultraprofundas.

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drillingOportunidades e tecnologiasdo mercado mundial de

O I a D C I n t e r n a t i o n a l Deepwater Drilling Con-ference & Exhibit ion apresentou os rumos do

mercado de drilling no mundo e as últimas inovações tecnológicas que estão sendo desenvolvidas no setor.

o primeiro dia de evento teve como destaque temas como os pro-cedimentos de perfuração em águas ultraprofundas, as técnicas para a manutenção da pressão, e também as últimas tecnologias para exploração em águas profundas e os equipa-mentos para o controle do poço e prevenção de acidentes.

Uma das tecnologias abordadas foi o EC-Drill™, desenvolvida pela

aGr, empresa fornecedora de solu-ções de perfuração, que permite às operadoras ajustarem ativamente o nível de fluido de perfuração no condutor, dando acesso à manipula-ção precisa de pressão no fundo do buraco para uma perfuração mais eficaz. “além de menor impacto am-biental, a ferramenta oferece benefí-cios, como maior segurança, graças a uma detecção mais rápida de per-das, além de significativa economia de tempo, equipamento e custos em poços de águas profundas”, afirmou John Cohen, gerente de tecnologia e P&D da aGr Subsea Inc.

o primeiro treinamento de pes-soas para aplicação submarina do

EC-Drill foi pela empresa Petronas, na malásia, em 2011, que também se apresentou no evento.

Em janeiro deste ano a multi-nacional concluiu com sucesso sua primeira operação no brasil usando seus equipamentos EC-Drill. a so-lução baseias-se no já consagrado Sistema rmr, modificado especial-mente para o uso em poços da Pe-trobras. o sistema de perfuração da aGr foi utilizado em dois poços no rio Grande do norte. Esta foi a pri-meira vez que soluções aprimoradas da divisão de perfuração (EDS) for-neceram serviços de Dual Gradient Drilling (DGD) para a Petrobras. os poços foram os dois primeiros

Perfuração em águas profundas foi o tema da conferência e exposição internacional que a Associação Internacional de Empreiteiras de Perfuração (IADC/International Association of Drilling Contractors) realizou em abril no Rio de Janeiro. Foram apresentados diversos temas relacionados às novas tecnologias e sistemas de perfuração em águas profundas, além da área destinada à exposição. Entre os participantes e moderadores dos debates estiveram os representantes IADC, Petrobras, BG, Noble, Baker Hughes, entre outros.

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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projetos em uma série de contratos de dois anos de serviços assinado entre a aGr e a Petrobras em 2010.

rohit K. mathur, gerente de Contas de Sistemas de avaliação e Perfuração da baker Hughes, co-mentou sobre a tecnologia Wired Pipe, para fundo de poço. o Wired Pipe melhora o monitoramento, a capacidade de aquisição de dados do poço, pode ser utilizado como ferramenta para controle de poços, elimina falhas telemétricas, dentre outros. atualmente, a baker Hughes executa trabalhos com a tecnologia nos EUa e no Golfo do méxico para a bP. a primeira implantação foi na américa do norte.

a grande discussão em torno da tendência brasileira para explora-ção em águas ultraprofundas, que está empurrando a demanda por equipamentos de alta especifica-ção, também englobou a necessi-dade do treinamento de mão de obra local qualificada.

Captar novos talentos e qualifi-car mão de obra são um dos grandes desafios do mercado de óleo e gás. no painel ‘atendendo a demanda regional de pessoas’, os executivos puderam debater a contraditória situação do mercado de trabalho nessas áreas, cuja demanda é alta, tem projeções de aumentar ainda

mais, mas também encontra grande dificuldade em atrair profissionais qualificados e preparados para aten-der o mercado aquecido.

Empresas como a noble, transo-cean e Petrobras discorreram sobre como captam seus recursos huma-nos e como realizam a qualificação de seus profissionais. o Programa Progredir e o Prominp (Programa de mobilização da Indústria nacional de Petróleo e Gás natural) foram apontados pela Petrobras como os mais eficientes para atender à de-manda futura por mão de obra da indústria nacional de petróleo e gás.

no segundo dia do evento do IaDC, os palestrantes focaram na segurança operacional da exploração de petróleo e gás, principalmente depois do acidente de macondo, no Golfo do méxico, quando toda a in-dústria teve que repensar suas ações, melhorar os equipamentos tanto na tecnologia quanto na manutenção. terry Foster, vice-presidente de ser-viços subsea da empresa Wild Well Control apresentou o Global Subsea Well Containment System.

Durante o painel sobre prevenção, planejamento e regulação, o vice-pre-sidente da West Engeneering Services, Jeff Sattler, lembrou a importância das ações dos órgãos governamentais nos Estados Unidos no aprimora-

mento das normas de fiscalização de segurança nas plataformas e nas empresas de petróleo.

Ele citou um documento do órgão de regulação americano bureau of ocean Energy management, regu-lation, and Enforcement (boemre), que sugere regras mais duras para as empresas e que as mesmas devem dar informações prévias sobre sua atuação na região explorada. Segun-do Jeff, o reforço no treinamento dos profissionais que atuam no setor é fundamental para evitar erros que levem a acidentes e a aplicação cada vez mais intensa de tecnologia é crucial para o futuro da indústria de óleo e gás.

outro membro da indústria de óleo e gás presente ao evento foi John de lange, vice-presidente de Engenharia e operações da bG bra-sil. o executivo mostrou entusiasmo com os avanços que a indústria de óleo e gás brasileira vem apresen-tando nos últimos anos. “agora é um grande momento para as empresas investirem no brasil, especialmente em novas tecnologias e em pesqui-sa e desenvolvimento”, afirmou. E adiantou que o centro de tecnologia que a empresa está construindo no Parque tecnológico da Universidade Federal do rio de Janeiro (UFrJ) deve ficar pronto em dois anos.

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Seguindo em busca do sonho de ser um engenheiro naval e residir em uma cidade grande, o paranaense Luiz Geraldo Motta agarrou as oportunidades que surgiram em sua carreira e construiu uma trajetória profissional marcada principalmente por sua atuação no mercado internacional, como Grécia e Coreia. O expatriado, engenheiro naval da ABS, fornecedor independente global de serviços de gerenciamento de riscos e certificações do setor de óleo e gás, considera a mudança de país um grande desafio. E afirma se sentir realizado graças ao contínuo aprimoramento profissional ao lado dos maiores construtores navais e armadores do mundo. por Maria Fernanda Romero

perfil profissional

Nascido em Santo antônio da Platina, uma pequena cidade do norte do Paraná, bem distante do mar, com atividade dedicada à lavoura de café, desde criança luiz motta tinha muita admi-

ração pela engenharia e pela cidade do rio de Janeiro. mais tarde, a escolha pela engenharia naval possibilitou unir o útil ao agradável e motta se formou pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Iniciou a carreira como estagiário na libra navegação, trabalhan-do no estaleiro Caneco, estaleiro Espanhol de Sevilha (Espanha) e finalmente contratado pela american bureau of Shipping (abS), para trabalhar no escritório do rio de Janeiro.

“Comecei a minha carreira profissional na abS como vistoria-dor. Presenciando testes de materiais nas usinas siderúrgicas, re-alizando vistorias de navios em construção e de navios em opera-ção. mais tarde, fui transferido para o departamento técnico, onde ocupei várias posições: de engenheiro a gerente de engenharia”, comenta o executivo.

a vida de expatriado começou em julho de 1995, quando recebeu o convite da abS para morar em busan, segunda maior cidade da Coreia do Sul, com o porto mais importante do país. a atividade naval do brasil naquela época estava reduzidíssima e o escritório da abS na Coreia com muito trabalho.

“Fui transferido para ocupar o cargo de gerente do escritório de aprovação de planos de casco. a abS facilitou o processo de transfe-rência e obtenção do visto de trabalho no departamento de imigração do país estrangeiro, bem como outros aspectos relacionados com

Expatriado naval: DO BRASIL à COREIA

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seguro social, assistência médica e imposto de renda, e eu fui”, lembra motta.

Ele comenta que a profissão de engenharia é global e ofe-rece oportunidades de trabalho em vários países, dependendo, logicamente, da aspiração e da especialidade de cada um e que companhias multinacio-nais, como a abS, oferecem aos seus empregados oportuni-dades no exterior.

mas sua trajetória interna-cional não pararia aí. trabalhou por 12 anos como gerente do departamento técnico de apro-vação de planos, quando ficava diretamente em contato com os maiores construtores navais. mas em 2007, foi transferido para o escritório técnico da abS em Piraeus, na Grécia, onde trabalhou por cinco anos junto a experientes armadores.

Hoje, de volta ao escritório de busan, motta é engenheiro che-fe, responsável pela aprovação de estruturas de navios da abS Corporate, nos escritórios de Engenharia da abS localizado nas regiões do Pacífico, Europa e américas; mora com a esposa e um de seus filhos reside em Portugal, os demais no brasil.

“a mudança de país é um grande desafio. não é fácil deixar a zona de conforto a que estamos acostumados e ir trabalhar num lugar distante e com uma cultura diferente. Por outro lado, há o reconhecimen-to profissional, melhor remu-neração e um estilo de vida diferenciado”, assegura.

Com relação à importância de aprender a língua local, mot-ta diz que apesar de ter vivido na Coreia por muitos anos, infeliz-mente não fala coreano. “Faltou vontade e perseverança, visto que a língua utilizada na comu-

nicação na abS e nos estaleiros é o inglês... mas com certeza aju-daria muito falar fluentemente a língua local”, pontua.

Sobre a Coreia, ele afirma que é um excelente país para se trabalhar como expatriado. Segundo ele, a cidade está se desenvolvendo com rapidez e oferece qualidade de vida de primeiro mundo. “os coreanos respeitam os estrangeiros e admiram o povo brasileiro em geral. o que me chama a aten-ção neste país é a capacidade de trabalho e a eficiência na execu-ção e prestação de serviços. não é por acaso que a Coreia do Sul teve acelerado desenvolvimento econômico e tecnológico nas últimas décadas”, ressalta.

Para motta, o mercado de construção naval brasileiro está se recuperando após longo período de estagnação e inves-

timentos estão sendo feitos para a construção de infraestrutura e parques fabris, mas há difi-culdades em encontrar mão de obra especializada. o mercado naval coreano está plenamente desenvolvido, as universidades formam 1.600 engenheiros na-vais e oceânicos por ano. tanto os estaleiros como os fabrican-tes de equipamentos estão bem integrados, oferecendo prazos e preços competitivos com o mer-cado internacional.

o engenheiro naval conta que em 2012 a abS comemora 150 anos de fundação e está envolvida em diversos proje-tos importantes, dentre eles o maior navio porta-contêiner já encomendado com capacida-de para 18.000 tEU, além de grandes petroleiros, gaseiros, sondas de perfuração, ins-talações flutuantes de pro-cessamento e armazenagem de petróleo. “Promovemos a segurança da vida no mar, protegemos a propriedade e o meio ambiente e nosso maior desafio é continuar crescendo neste ambiente competitivo e oferecer serviços diferenciados aos nossos clientes”, finaliza.

motta diz que trabalhar com os maiores construtores navais e armadores e testemunhar os avanços tecnológicos de projeto e construção de navios possi-bilitou seu contínuo aprimo-ramento profissional. assim, considera sua carreira de enge-nheiro naval muito gratificante. “Gosto da minha profissão de engenheiro naval e me conside-ro realizado profissionalmente. tive oportunidade de trabalhar no exterior até agora e manter os conhecimentos atualizados, importantes para o desempe-nho pleno e eficiente da minha profissão”, conclui.

Idade: 60 anos

Principais cargos: vistoriador, gerente

e engenheiro naval chefe

Hobby: natação

Bom lugar para descansar: praia

Livro: Outliers, de Malcolm Gladwell

Música preferida: Garota de Ipanema

Um filme: Taxi Driver

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6º Fórum Mundial das Águas

Ano 3 • nº 21 • maio de 2012 • www.tnsustentavel.com.br

NESTA EDIçãO especial que abre as discussões sobre a Rio+20, que se realizará de 13 a 22 de junho próximo no Rio de Janei-ro, trazemos em entrevista exclusiva do físico austríaco Fritjof Capra. Ele mostra como podemos quebrar os paradigmas de uma educação tradicional, que nos deixou de legado o mundo contur-bado e doente em que vivemos,e partir para uma nova proposta de educação e um modelo econômico que inclui uma formação mais realista e consciente da posição que o homem ocupa no mundo.

Também trazemos uma matéria sobre o 6º Fórum Mundial da água, realizado entre os dias 12 e 17 de março, em Marselha, na França, com o tema “Tempo de Soluções”. Realizado a cada três anos, o evento reuniu mais de 35 mil participantes, entre chefes de estado, sociedade civil, indústria e terceiro setor, em uma prévia da Rio+20 que também vai abordar esse precioso recurso natural, que já ganhou uma data específica, o Dia Mundial das águas (22 de março), instituído em 1992 pela Assembleia Geral da Organiza-ção das Nações unidas.

Na esteira das inovações tecnológicas, um dos focos princi-pais do nosso caderno, temos um projeto de pesquisa global da IBM para desenvolver o primeiro sistema integrado de monitora-mento ambiental do mundo, com o objetivo de ajudar as empresas de petróleo e gás a minimizar o impacto de suas operações. O projeto, que reúne pesquisadores e desenvolvedores da empresa em diversas partes do mundo, inclusive do Centro IBM de Exce-lência em Petróleo e Gás da IBM, sediado em Stavanger, Noruega, tem a parceria de especialistas da Statoil, Kongsberg Group e Det Norske Veritas (DNV). Trata-se de uma tecnologia avançada de processos analíticos em streaming que permitirá o monitoramento, em tempo real, de dados ambientais e a identificação precoce de

indícios de ocorrências próximas a instalações offshore, de forma a dar uma resposta adequada aos mesmos.

Pensando na sustentabilidade empresarial e em formas de orientar setores como o de açúcar e etanol que enfrentam a falta de investimentos após o turbulento cenário econômico desenca-deado em 2008, trouxemos o especialista José Osvaldo Bozzo para falar sobre como as empresas podem se preparar de maneira organizada para eventuais restrições do mercado, identificando oportunidades de redução de gastos sem impactar a capacidade de produção e de atendimento.

E, finalmente, trazemos um artigo sobre empreendimentos sustentáveis, de João Marcello Gomes, sobre o crescente interes-se em construções sustentáveis, que tem uma demanda crescente, atraindo para o país empresas e profissionais que já atuam nessa área há algum tempo no exterior e que hoje veem um mercado em expansão no Brasil, principalmente na região Sudeste.

Às vésperas da Rio+20 há uma enorme expectativa em relação ao saldo que ela nos deixará, e torcendo muito para que esse debate seja profícuo. Continuamos assim a fazer a nossa parte, trazendo sempre para os nossos leitores a contribuição que um veículo de comunicação com a nossa história e compromisso pode agregar. Fica aqui o convite para que venham ocupar os espaços que estarão abertos durante o evento, assim como em todos os momentos, para que todos possamos desfrutar de uma forma justa, amorosa e pacífica do mundo em que vivemos, tomando para nós a responsabilidade de ajudar a manter este planeta e as pessoas que nele habitam vivas, saudáveis e mais felizes!

Lia MedeirosDiretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

86 88 97Entrevista especial com Fritjof Capra Energia solar

Alfabetização ecológica e crescimento qualitativo

Barco movido a energia so-lar conclui volta ao mundo

6º Fórum Mundial das Águas antecipa Rio+20

Ocupando consciente Editorial

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem

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FRITJOF CAPRA, físico austríaco e te-órico de sistemas, diretor fundador do Centro de Ecoalfabetização de Berke-ley, e um dos maiores pensadores do mundo na área da sustentabilidade, fala à Tn Petróleo um pouco sobre dois conceitos que defende e que são ex-tremamente pertinentes às discussão nos dias de hoje, e reúnem pontos es-senciais para que se consiga fazer a mudança para uma economia mais ver-de e para um futuro mais sustentável.

TN Petróleo – A percepção da neces-sidade de mudanças de paradigmas e valores na busca do desenvolvimento sustentável já é uma realidade. O que falta, na sua opinião, para de fato con-cretizarmos a mudança?

Fritjof Capra – Estamos agora à bei-ra de uma profunda mudança cultural, uma mudança de uma visão de mundo mecanicista para uma visão holística e ecológica, de um sistema de valores dominado pela concorrência, expansão e de dominação, para outro, baseado na cooperação, conservação e parceria. Os valores centrais do novo paradigma são a dignidade humana e a sustentabilida-de ecológica. No entanto, o sistema de valores antigo ainda está presente nas empresas multinacionais que perse-guem a ilusão do crescimento quanti-tativo e, no caso do setor de energia, se baseiam nos processos de produção de combustíveis fósseis. hoje, estes valores desatualizados corporativos são os principais empecilhos.

O Centro de Ecoalfabetização trabalha inspirado na educação ecológica como disciplina. Qual a proposta desse tipo de educação?

Vou começar com o conceito de sus-tentabilidade ecológica. uma comunidade sustentável é concebida de tal maneira que seus modos de vida, negócios, econo-

Entrevista especial com Fritjof Capra

A sustentabilidade corporativa e o desenvolvimento sustentável conquistam cada vez mais espaço na agenda de governos e iniciativa privada, e a sociedade já cobra respostas efetivas. Entretanto, ainda há muitas discussões em torno dos caminhos alternativos para a insustentabilidade do modelo econômico que rege o mundo.

Alfabetização ecológicaE CRESCIMENTO QUALITATIVO

por Maria Fernanda Romero

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mia, estruturas físicas e tecnologias não interferem com a capacidade inerente da natureza de sustentar a vida. O primeiro passo nessa empreitada deve ser o de entender os princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para dar suporte à teia da vida. Esse entendi-mento é o que eu chamo de ‘alfabetização ecológica’, a compreensão dos princípios básicos da ecologia e a vida com base nesses princípios. hoje, esse entendi-mento é crucial para a sobrevivência e o bem-estar da humanidade.

Vocês acreditam que desta forma iremos atingir as novas gerações e os líderes governamentais e empresariais no que se refere às transformações para alcan-çarmos um mundo sustentável ou pelo menos mais preocupado com isso?

No Centro de Ecoalfabetização em Berkeley, desenvolvemos uma pedagogia especial para nossas escolas, ensinando os princípios básicos da ecologia e as habilidades que são necessárias para construir e nutrir comunidades sustentá-veis. É uma pedagogia que oferece uma abordagem experiencial, participativa e multidisciplinar. Estou feliz em dizer que temos sido muito bem-sucedidos nessa empreitada, atingindo mais de cinco milhões de crianças da escola. Eu mesmo também ensino a ecologia e o pensamento sistêmico para líderes empresariais. No Brasil, tenho feito isso também em colaboração com a Amana--Key nos últimos 20 anos.

Essa alfabetização ecológica já é aplica-da em outros países? Como introduzi-la no Brasil?

O Centro tem trabalhado com escolas de 300 cidades em seis continentes. Mantemos vários seminários durante o ano, que são assistidos por educadores de todo o mundo. No Brasil, também temos colaborado com o Instituto Ecoar, em São Paulo.

Qual o grande desafio do século XXI no que se refere à sustentabilidade?

O grande desafio do século XXI é evitar o colapso climático que ameaça desestabilizar os ecossistemas ao redor do mundo, causa a extinção em massa de vida vegetal e animal, e a sobrevivência da humanidade. Para evitar este destino

terrível, precisamos mudar, o mais rápi-do possível, para uma era pós-carbono com as energias renováveis a partir de fontes amplamente distribuídas e com-partilhadas através de redes inteligentes em toda a toda a sociedade.

O Brasil é um país com significativa mobilização empresarial em torno dos temas ligados à responsabilidade social empresarial, além disso, é um dos líde-res na adoção de energias renováveis. Como você avalia o posicionamento do Brasil com relação ao desenvolvimento sustentável?

Embora o Brasil tenha sido líder no desenvolvimento de etanol e outros biocombustíveis, estes esforços têm tido um efeito negativo, pois cada vez mais terras férteis estão sendo utilizadas pelos grandes agricultores brasileiros para a produção desses energéticos, em vez de alimentos, não só no Brasil, mas também no Paraguai e na Bolívia. As consequências ambientais de tal con-versão de terras enormes pode cancelar todo o progresso que o Brasil tem feito para o desenvolvimento sustentável em outros setores. Enquanto Angela Merkel acaba de investir 200 bilhões de euros em energias renováveis na Alemanha , o Brasil está investindo uma quantidade similar nas recém-descobertas reservas do pré-sal de petróleo, uma forma ma-nifestamente insustentável de energia. Assim, a liderança do Brasil no setor de energia é provável de acabar em breve.

Qual o grau de influência das empresas na sustentabilidade? E das ONGs? E do governo?

Acredito que a mudança para um futuro sustentável só será possível se os três centros de poder que existem no mundo de hoje – governo, empresas e sociedade civil – colaborarem. Em minha experiência, a colaboração destes três centros de poder tem sido mais bem--sucedida no Brasil, a partir do momento que o Presidente Lula criou conselhos especiais que permitem a entrada da sociedade civil e das empresas dire-tamente à presidência e, assim, ajudar o governo a ganhar uma perspectiva ampla e sistêmica. Sei, é claro, que o Brasil ainda apresenta muitos problemas,

entretanto, com essa ampla colaboração entre diferentes setores, o Brasil poderia ser um modelo para o mundo.

Como as organizações podem construir vantagens competitivas sustentáveis?

Precisamos ter cuidado aqui para não abusar do conceito de sustentabi-lidade ecológica. O que se sustenta em uma comunidade sustentável não é o crescimento econômico ou a vantagem competitiva, mas toda a teia da vida de que nossa sobrevivência depende no longo prazo. No longo prazo, as em-presas que sejam ecologicamente sus-tentáveis também terão uma vantagem competitiva, porque vão satisfazer às regulamentações ambientais e as pre-ferências dos clientes.

Você defende o conceito de crescimento qualitativo como uma alternativa para o nosso modelo de desenvolvimento. Como define este conceito? Já há exem-plos práticos dessa aplicação?

Em vez de avaliar o estado da econo-mia em termos de quantitativo bruto do WPIB (Produto Interno Bruto), é preciso distinguir entre o crescimento ‘bom’ e o crescimento ‘ruim’ e, em seguida, au-mentar o primeiro em detrimento deste último, para que os recursos naturais e humanos amarrados aos processos de produção inúteis e inconsistentes pos-sam ser liberados e reciclados, como re-cursos para processos eficientes e sus-tentáveis. Do ponto de vista ecológico, o crescimento ruim é o dos processos de produção e serviços que externali-zam custos sociais e ambientais, são baseados em combustíveis fósseis, que envolvem substâncias tóxicas, esgotam os recursos naturais e degradam os ecossistemas da Terra. O bom cresci-mento é o crescimento de processos de produção mais eficientes e serviços que envolvam energias renováveis, emissão zero de poluentes, reciclagem contí-nua de recursos naturais e restauração dos ecossistemas da Terra. Imposto de mudança, ou seja, reduzir os impostos sobre o trabalho e o aumento em várias atividades ambientalmente destrutivas, que agora é feito em vários países, é um primeiro passo para o crescimento qualitativo.

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O Brasil foi um dos países participantes do 6º Fórum Mundial da Água, realizado entre os dias 12 e 17 de março, em Marselha, na França, com o tema “Tempo de Soluções”. O evento, que acontece a cada três anos, reuniu mais de 35 mil participantes, entre chefes de estado, sociedade civil, indústria e terceiro setor. O evento fez uma prévia do Rio+20 no âmbito das discussões em torno desse precioso recurso natural, que já ganhou uma data específica, o Dia Mundial das Águas (DMA), 22 de março, instituído em 1992 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

A edição deste ano propôs que as nações, institui-ções e técnicos avancem, a partir de suas experiên-

cias, de um patamar teórico para a apresentação de soluções em te-mas como garantia de acesso aos serviços de água, harmonização entre água e energia, impactos das mudanças climáticas e gestão dos recursos hídricos.

a delegação brasileira – mais de 40 instituições públicas e priva-

das – foi chefiada pela ministra de meio ambiente, Izabella teixeira, e contou com um pavilhão de 345 m², onde foram apresentadas soluções técnicas, encontros e trabalhos.

Este ano, a importância do fó-rum ganhou maior peso devido à proximidade da Conferência das nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável, a rio+20. Por isso, o conselho organizou um evento especial intitulado “a Caminho da rio+20”, em que as

discussões travadas sinalizaram as principais questões sobre o insumo, que serão abordadas em junho, no rio de Janeiro.

“a rio+20 é uma conferência política, mas o que esperamos dela são resultados práticos e ações. Precisamos de ações, não de de-clarações, papéis, reuniões, de pessoas vindo de vários países só para conversar. Precisamos colo-car as ideias em prática, porque as pessoas precisam comer, beber

6º Fórum Mundial das Águasantecipa Rio+20

por Karolyna Gomes

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água, viver de forma sustentável nas cidades de todas as partes do mundo”, disse a ministra durante o evento especial.

A Agência Nacional de Águas (ANA) compartilhou soluções e projetos que vem desenvolven-do, como o Programa Produtor de Águas (de pagamento por serviços ambientais), o Prodes (de despo-luição de bacias hidrográficas por meio do financiamento do trata-mento do esgoto), o Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água (como solução de monitoramento da eficiência no abastecimento) e a experiência com o gerenciamento dos Recursos Hídricos e o monito-ramento de rios e eventos críticos.

Paralelamente às sessões oficiais do evento, a agência realizou pa-lestras com temas sobre Recursos Hídricos na Amazônia, Seguran-ça Hídrica, Escassez em Regiões Semiáridas, entre outros. Também organizou reuniões de trabalho com representantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Eco-nômico (OCDE), Países da Comuni-dade de Língua Portuguesa (CPLP), representantes de instituições de infraestrutura hídrica dos Estados Unidos e com parlamentares brasi-leiros presentes no fórum.

Reúso de água na PetrobrasA Petrobras, pela primeira vez

um dos patrocinadores do Pavi-lhão Brasil no fórum, apresentou seus programas e projetos de uso racional e eficiente da água em suas unidades.

Em 2011, o volume economiza-do pela companhia foi superior a 20 bilhões de litros, o que representa 10% da quantidade de água neces-sária às suas operações. A meta é chegar a 2013 com economia de 31 bilhões de litros por ano.

Além de seus representantes participarem de painéis e discus-sões, a companhia apresentou seu

programa Petrobras Ambiental que, em 2012, conclui um ciclo de cin-co anos, com R$ 500 milhões de investimentos em projetos de con-servação ambiental relacionados ao tema “Água e Clima”, em todo o Brasil.

Entre os destaques está o “Rios Voadores”, apresentado pelo am-bientalista Gérard Moss. O pes-quisador, que foi condecorado pela rainha da Grã-Bretanha, Elizabe-th II, por seu trabalho em prol do meio ambiente no Brasil, explicou como o desmatamento da Região Amazônica pode alterar o ciclo das chuvas, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste do País.

Outro ponto alto da petrolífera brasileira é o projeto de reúso que está sendo implantado no Comple-xo Petroquímico do Rio de Janei-ro (Comperj). O empreendimento, que será responsável pelo refino e transformação de 165 mil barris/dia de óleo pesado nacional em sua 1ª unidade, terá o maior projeto de reúso industrial de água do mundo, reaproveitando efluente tratado da

Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) para uso como água industrial.

Com esta ação, o Comperj dei-xará de captar água em fontes na-turais, quer dizer, não usará água potável no seu processo industrial, garantindo sua operação sem con-correr com o fornecimento para a população. A água fornecida ser-virá principalmente para processos de resfriamento e geração de vapor.

A vazão total prevista será de 1.500 litros por segundo, o que equivale a 47,3 bilhões de litros por ano, quantidade suficiente para o consumo de uma cidade de 750 mil habitantes.

O projeto contempla, também, o fornecimento de água potável. Conforme previsto no convênio firmado em março de 2008, entre Petrobras e Cedae, foi inaugurada a ampliação da Estação de Trata-mento de Água (ETA) de Porto das Caixas, em Itaboraí, incluindo o sistema de adução, que ampliará a capacidade de produção em 100 litros por segundo.

Metade do acréscimo do supri-mento é ofertada para a população do entorno do empreendimento,

No alto, Pavilhão Brasil no Fórum Mundial da Água, e ao lado o suíço naturalizado brasileiro Gérard Moss apresenta o proje-to Rios Voadores.

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O FÓRuM AGREGA a 3ª Conferência Internacional de Autoridades Locais e Regionais sobre a água, da qual participou a empresa Itaipu Binacio-nal. O diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, apresentou o Cultivando água Boa (CAB), um projeto de referência que estabelece uma rede de proteção dos recursos da Bacia hidrográfica do Paraná 3, localizada no oeste do estado, na confluência dos rios Paraná e Iguaçu.

Friedrich teve aporte do superinten-dente da Sabesp, Edson Giriboni, e de José Bernardo Denig, prefeito de Atibaia e presidente da Agência Reguladora do Serviço de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

Prefeitos de cidades beneficiadas pelas ações participaram do bate--papo, relatando ao público suas ex-periências. Segundo Friedrich, a ideia de realizar um debate com ênfase em cidades de pequeno e médio porte foi muito positiva.

“O velho mundo está de olho na nossa forma de construir a cultura da água. Temos muitas ações inovadoras. As soluções nem sempre estão nos

grandes centros. Nós já somos re-ferência no que diz respeito a ações participativas”, disse o diretor.

O prefeito de Toledo (PR),

José Carlos Schiavinato, repre-sentou os 29 chefes do oeste do estado e os integrantes da Frente Nacional de prefeitos signatários do Pacto de Istambul – documento de compromissos e metas sobre a água, elaborado na edição anterior do fórum. Ao lado de represen-tantes das cidades de Toulouse, Bourges e Arles, na França, Osaka, no Japão, e eThekwini-Durban, na áfrica do Sul, Schiavinato pôde fa-lar sobre as iniciativas ambientais que visam a melhoria da qualidade das águas.

“Por meio de ações como o Pacto das águas, a Itaipu incenti-va a comunidade a enfrentar seus problemas e resolvê-los. Desde que o programa foi implantado, há quase oito anos, vem mudando conceitos e ajudando na proteção dos mananciais.”

Poder público

Da esquerda para a direita: o diretor de Coorde-nação de Itaipu, Nelton Friedrich, e os colegas João José Passini, da Divisão de Ação Ambiental, e Domingo Fernandez, da Divisão de Reservató-rio da binacional.

beneficiando aproximadamente 25 mil pessoas, e a outra metade é fornecida para o abastecimento de água potável do Comperj.

Brasil e o fator águao brasil, que produz cerca de

12% da água doce superficial do planeta, possui uma avançada legislação de recursos hídricos, tornando-se o primeiro país do continente sul-americano, e um dos primeiros do mundo, a cumprir uma das metas da Cúpula mundial para o Desenvolvimento Sustentá-vel (rio+10), realizada em Joanes-burgo, África do Sul, ao elaborar e implementar o Plano nacional de recursos Hídricos até 2015. Pela grande relevância, o País é, tam-bém, o único da américa latina que possui dois representes no quadro de governadores do Con-

selho mundial da Água: o diretor da agência nacional de Águas (ana) Paulo Varela e o ex-diretor da instituição, benedito braga.

Segundo a ana, em 2011 foram regularizados 1.358 usuários de recursos hídricos, 20% a mais que em 2010. na análise das princi-pais demandas registradas, a da indústria vem em segundo lugar, com 151 regularizações, atrás da irrigação, com 525. E mesmo as-sim, somente 1% das indústrias reutiliza água.

atualmente, a indústria na-cional está unindo forças para desenvolver competitividade in-ternacional, e para isso precisa agregar em sua pauta as normas para gestão dos recursos naturais. neste cenário, há investimentos no aprimoramento de processos em sistemas de gestão hídrica para

atender às especificações dos mer-cados interno e externo.

Já podemos encontrar mode-los bem-sucedidos de implanta-ção de sistemas e procedimentos de gestão da demanda de água e de minimização da geração de efluentes. Entre as práticas estão a aquisição de água de reúso ou água de utilidade, produzida por companhias de saneamento, atra-vés de tratamento complementar de seus efluentes secundários; ou o reúso dos próprios efluen-tes, após tratamento adequado. De acordo com o “manual de Conservação e reúso da Água na Indústria”, desenvolvido pelo sis-tema Firjan, o reúso dos próprios efluentes tem sido a solução mais atrativa entre grandes empresas, por ter custos inferiores de im-plantação e operação.

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Faltando pouco mais de um mês para o início da Conferência da ONU, Rio+20, os principais nomes ligados à

área da sustentabilidade e meio ambiente no país se reuniram no evento Sustentável 2012, no Rio de Janeiro,

para falar sobre assuntos que serão debatidos durante o evento das Nações Unidas em junho.

Organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

(CEBDS), o evento iniciou com uma pergunta: Como medir progresso em um mundo sustentável? Para a presi-dente-executiva do CEBDS, Marina Grossi, esse progresso sustentável é perfeitamente possível, basta apenas que as empresas vejam os benefícios por trás das ações sustentáveis, e tenham vontade para dar prossegui-mento às ideias.

“É preciso sair da vontade de fazer e transformar as ideias em ações concretas”, afirmou Marina. De acordo com ela, a medida da sus-tentabilidade precisa ser mudada e as empresas necessitam alterar sua forma de pensar, como por exemplo dar um tempo maior para alcançar o lucro desejado. “Queremos que o setor privado brasileiro entenda seu papel para fazer com que o Brasil chegue a 2050 com qualidade de vida, respeitando os limites do pla-neta” explica Grossi.

Para Philippe Joubert, principal assessor do World Business Coun-cil for Sustainable Development (WBCSD), acabou a época da cons-cientização dos empresários, pois o recado foi dado na Rio-92. “Quere-mos soluções com grandes escalas e com ações imediatas. O papel das empresas é essencial”, afirmou.

Ainda segundo ele, a Rio+20 vai colocar um senso de urgência sobre a importância da questão da susten-tabilidade tanto no Brasil, quanto no mundo.

Outro assunto debatido no evento foram as relações do con-sumo com o ambiente em que vive-mos. Para Alice Freitas, fundadora da Rede Asta, estão acontecendo na sociedade civil microrrevolu-

ções com rela-ção ao consu-mo consciente, como o uso de sacolas de pano no lugar das de plástico e a esco-lha por produtos ambientalmente

corretos, apesar de mais caros. A explosão social da nova classe

média e a necessidade da educação dessa população foram vistos como entrave e ao mesmo tempo uma opor-tunidade de disseminação da cultura do consumo responsável.

No final, os debatedores apro-veitaram para falar da importância das cidades na evolução das ações de sustentabilidade, com a cons-trução de prédios inteligentes que consomem menos energia e reapro-veitam água da chuva, tornando-se assim autossustentáveis. Um pacto social para manter o planejamento das cidades em termos de inovações sustentáveis foi tido como essencial, além do investimento em mobilidade urbana para reduzir cada vez mais os níveis de CO2 nas grandes metrópo-les como Rio de Janeiro e São Paulo.

Na última plenária do Sustentá-vel 2012 foi lançado, pelo CEBDS, o programa Parceria Empresarial pelos

Serviços Ecossistêmicos, junto com os parceiros World Resources Institu-te (WRI), Usaid e FGV-SP. De acordo com Marina Grossi, presidente do CEBDS, o programa traz uma ferra-menta única e inédita, que ajudará as empresas a gerenciar proativamente riscos e oportunidades nos negócios, decorrentes de suas dependências e impactos sobre os serviços ecos-sistêmicos.

Para o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP, Mário Monzoni, a parceria irá impulsionar novas soluções de negócios em meio à larga degrada-ção dos ecossistemas. O diretor da Usaid, Lawrence Hardy, disse que a parceria é uma grande oportunida-de para a preservação dos recursos naturais e para o aprendizado das empresas brasileiras na realização de negócios aliado ao crescimento e desenvolvimento sustentável.

O representante do WRI, Rachel Biderman, listou os benefícios da parceria para as empresas partici-pantes do programa. Entre os quais, consultoria personalizada de espe-cialistas, implementação de novas estratégias de negócios, treinamento no gerenciamento dos serviços ecos-sistêmicos e reconhecimento público em sustentabilidade empresarial.

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Custo dos impactos ambientais duplica a cada 14 anos, alta dos custos ambientais externos ainda não está sinalizada nas demonstrações financeiras, empresas e formuladores de políticas devem tomar decisões conjuntas e agir diante desse cenário

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Uma nova pesquisa da KPmG International identificou dez ‘megaforças’ que afe-

tarão, de maneira significativa, o crescimento das empresas de modo global nas próximas duas décadas. o estudo “Espere o ines-perado: construindo valor para os negócios em um mundo em mudança” (“Expect the unexpec-ted: building business value in a changing world”) explora ques-tões como as mudanças climáti-cas, volatilidades relacionadas ao suprimento de energia e combus-tíveis, disponibilidade e custo da água e de outros recursos, assim como problemas relacionados ao crescimento demográfico dos cen-tros urbanos.

a análise examina como estas forças globais podem ter impacto sobre os negócios e indústrias, calcula os custos ambientais dos negócios e convoca empresas e formuladores de políticas a conju-gar esforços para mitigar futuros riscos para os negócios e tomar atitudes imediatas frente às opor-tunidades.

“Estamos vivendo em um mundo com recursos limitados. o rápido crescimento de mercados em desenvolvimento, mudanças climáticas e questões de segurança energética e água estão entre as forças que exercerão enorme pres-são sobre os negócios e a socieda-

de”, destaca Mi-chael Andrew, presidente da KPmG Interna-tional. “Sabemos que os governos sozinhos não po-dem enfrentar

esses desafios. as empresas devem assumir um papel de liderança no desenvolvimento de soluções que ajudarão a criar um futuro mais sustentável. ao alavancar suas capacidades de melhorar os pro-cessos, criar eficiências, gerenciar riscos e promover inovação as em-presas contribuirão com a socieda-de e com o crescimento econômico no longo prazo.”

a pesquisa da KPmG considera que os custos ambientais externos (que muitas vezes não são indica-dos nas demonstrações financeiras, pois seus portadores podem ser in-divíduos ou a sociedade como um todo, sendo também geralmente não monetários e problemáticos para serem quantificados como valores monetários) de 11 setores--chave da indústria subiram 50%, de US$ 566 bilhões para US$ 846 bilhões em oito anos (de 2002 a 2010), duplicando assim em média a cada 14 anos.

o relatório calculou que, se as companhias tivessem que pagar por todo o custo ambiental de sua produção, elas perderiam em mé-

dia US$ 0,41 a cada US$ 1,00 em ganho. Yvo de Boer, asses-sor especial da KPmG Global para assuntos de mudanças Cli-

máticas e Sustentabilidade, afirma que as ‘megaforças’ de sustentabi-lidade global aumentarão, de ma-neira significativa, a complexidade do ambiente de negócios.

“Sem ação e planejamento es-tratégicos, os riscos se multiplica-rão e serão perdidas oportunidades. as corporações estão reconhecendo que há valor e oportunidade na responsabilidade que vai além dos resultados do próximo trimestre, e que o que é bom para as pessoas e para o planeta também pode ser bom para os resultados no longo prazo e para a geração de valor aos acionistas”, avalia Yvo de boer.

no brasil, que tem a respon-sabilidade de organizar a Confe-rência rio+20 em junho e é hoje referência mundial em ações de sustentabilidade, o avanço das exi-gências sobre a atuação responsá-vel e sustentável das empresas tem evoluído significativamente, o que exige grande atenção do mundo corporativo. “o cumprimento dos compromissos assumidos interna-cionalmente pelo brasil em relação à construção de condições adequa-

Dez ‘megaforças’ relacionadas à sustentabilidade

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das para reduzir impactos sobre o meio ambiente decerto terá de contar com a participação ativa e decisiva das empresas brasileiras, e esse será o grande desafio imposto ao mundo corporativo nos próxi-mos anos, que exigirá cada vez mais eficiência na gestão de custos e de processos”, explica Sidney Ito, sócio líder da área de riscos e de Sustentabilidade da KPmG no brasil.

John B. Veihmeyer, head da KPmG nas américas e presidente e CEo da KPmG llP, dos Estados Unidos, avalia que a firma glo-bal assumiu um papel de lide-rança no auxílio às organizações em compreender a oportunidade da equação que envolve a susten-tabilidade, e não apenas o risco. “os clientes da KPmG e outros es-tão vendo a conexão entre susten-tabilidade e resultados financeiros se tornar cada vez mais clara. as companhias que reconhecem as influências externas em suas or-ganizações e as aproveitam como oportunidades estão percebendo uma vantagem competitiva”, diz o executivo.

o estudo foi divulgado na aber-tura do evento KPmG Summit: bu-siness Perspective for Sustaina-ble Growth: Preparing for rio+20 (Encontro de cúpula da KPmG: Perspectiva de negócios com cres-cimento sustentável: Preparando--se para a rio+20), que ocorreu em meados de fevereiro, em nova York (EUa). o evento atraiu mais de 400 líderes empresariais das maiores corporações do mundo, assim como alguns dos principais formuladores de políticas ambien-tais e foi organizado pela KPmG International em cooperação com o Pacto Global das nações Unidas

(UnGC), o Conselho Empresarial mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WbCSD) e o Progra-ma das nações Unidas para o meio ambiente (Unep).

as dez ‘megaforças’ em sus-tentabilidade global identifica-das pelo estudo e que podem causar impactos significativos nos negócios pelas próximas duas décadas:Mudanças climáticas: Esta deve ser a única megaforça global que impacta diretamente sobre as ou-tras. as estimativas de perdas anu-

ais devido às mudanças climáticas variam de 1% ao ano, se ações for-tes e imediatas forem tomadas, até 5% ao ano, se os formuladores de políticas não agirem rapidamente.Energia e combustíveis: os merca-dos de combustíveis fósseis tendem a se tornar mais voláteis e impre-visíveis devido: à maior demanda global por energia; a mudanças no padrão geográfico de consumo; às incertezas de fornecimento e consumo; e ao aumento de inter-venções regulatórias relacionadas às mudanças climáticas.

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Escassez de recursos materiais: Como os países em desenvol-vimento se industrializam com rapidez, a demanda global por recursos materiais deve aumentar de maneira drástica. os negó-cios devem enfrentar restrições comerciais crescentes e intensa competição global por variados recursos que se tornam menos disponíveis. a escassez também cria oportunidades para que se-jam desenvolvidos materiais subs-titutos ou para que se recupere materiais a partir de resíduos.Escassez de água: a previsão é de que, em 2030, a demanda global por água fresca excederá as provi-sões em 40%. as empresas estarão vulneráveis ao racionamento de água, à queda da qualidade da água, à volatilidade dos preços da água e a riscos de reputação.Crescimento populacional: a po-pulação mundial deve alcançar 8,4 bilhões em 2032. Isto deixará os ecossistemas e o fornecimento de recursos naturais, como co-mida, água, energia e materiais, sob pressão intensa. Se, por um lado, isto é uma ameaça aos ne-gócios, também há oportunidades de crescimento do comércio, de geração de empregos e de cria-ção de inovações para atender às necessidades de agricultura, sa-neamento, educação, tecnologia, finanças e saúde das populações crescentes.Riqueza: Estima-se que a classe média global (definida pela oCDE como indivíduos com rendimen-to disponível entre US$ 10 e US$ 100 per capita ao dia) cresça 172% entre 2010 e 2030. o desafio para as empresas é atender a este novo mercado de classe média em uma época em que os recursos tendem a ser mais escassos e voláteis. as vantagens da “mão de obra ba-rata”, que muitas companhias experimentaram nas nações em

desenvolvimento nas últimas duas décadas, tendem a ser corroídas pelo crescimento e o poder da clas-se média global.Urbanização: Em 2009, pela primeira vez, um maior número de pessoas vivia em cidades do que no campo. até 2030, todas as regiões em desenvolvimento, incluindo a Ásia e a África, devem ter a maioria de seus habitantes vivendo em áreas urbanas. Prati-camente todo o crescimento po-pulacional, nos próximos 30 anos, será nas cidades. Estas cidades exigirão melhorias extensas na infraestrutura, incluindo cons-trução, fornecimento de água e saneamento, eletricidade, gestão de resíduos, transporte, saúde, se-gurança pública e conectividade de internet e telefonia.Segurança alimentar: nas pró-ximas duas décadas, o sistema global de produção de alimentos estará sob crescente pressão das megaforças, incluindo o cresci-mento populacional, escassez de água e desmatamento. os preços globais de alimentos devem au-mentar de 70% a 90% até 2030. Em regiões com escassez de água, os produtores agrícolas provavel-mente terão que competir por pro-visões com outras indústrias que exigem muita água, como utilida-des elétricas e mineração, e com consumidores. Será necessária uma intervenção para reverter o crescimento da escassez locali-zada de alimentos (o número de pessoas cronicamente subnutridas

subiu de 842 milhões, no final dos anos 1990, para mais de 1 bilhão, em 2009).Declínio do ecossistema: Histori-camente, o principal risco para os negócios no declínio dos serviços de biodiversidade e ecossistema tem sido a reputação das corpo-rações. no entanto, como ecossis-temas globais mostram crescentes sinais de colapso e estresse, um número maior de companhias está percebendo o quanto suas opera-ções dependem dos serviços críti-cos que estes ecossistemas forne-cem. o declínio dos ecossistemas está tornando os recursos naturais mais escassos, mais caros e me-nos diversificados, aumentando os custos da água e intensificando o dano causado por espécies inva-sivas em setores como agricultu-ra, pesca, alimentação e bebidas, medicamentos e turismo.Desmatamento: Florestas são grandes negócios: produtos de madeira movimentaram US$ 100 bilhões por ano entre 2003 e 2007, e o valor de outros produtos derivados das florestas, em sua maioria alimentos, foi estimado em US$ 18,5 bilhões em 2005. no entanto, a oCDE prevê que as áreas florestais irão diminuir 13% globalmente, entre 2005 e 2030, principalmente no sul da Ásia e da África. a indústria madeireira e as indústrias de derivados, como papel e celulose, estão vulnerá-veis a uma potencial regulamen-tação para reduzir ou reverter o desmatamento. as companhias também podem vir a perceber que estão sob crescente pressão de clientes para provar que seus pro-dutos são sustentáveis pelo uso de padrões de certificação. oportuni-dades de negócios devem surgir a partir do desenvolvimento de mecanismos de mercado e incen-tivos econômicos para reduzir o desmatamento.

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A IBM foi selecionada para participar de um projeto de pesquisa global para desenvolver o primeiro sistema integrado de monitoramento ambiental do mundo, com o objetivo de ajudar as empresas de petróleo e gás a minimizar o impacto ambiental de suas operações

Pesquisadores e desenvol-vedores da Ibm de todo o mundo, juntamente a

uma equipe do Centro Ibm de Excelência em Petróleo e Gás, em Stavanger, noruega, estão colaborando com especialistas da Statoil, Kongsberg Group e Det norske Veritas (DnV) para desenvolver uma solução de tec-nologia avançada de processos analíticos em streaming que per-mitirá o monitoramento em tem-po real de dados ambientais e a identificação precoce de indícios de eventos operacionais perto de instalações offshore, responden-do adequadamente a eles.

o sistema de monitoramento aplicará essa tecnologia, desen-volvida pela equipe de pesquisa da Ibm para medir, processar e analisar com rapidez grandes quantidades de dados físicos, biológicos e químicos, gerados em tempo real por sensores e câmeras instalados em torno de uma instalação offshore, faci-litando, assim, a previsão e a detecção de desvios.

Utilizando as técnicas avan-çadas de modelagem, o sistema será capaz de prever e prevenir problemas antes que eles ocorram, ajudando as empresas a minimi-zar o risco ambiental associado a operações submarinas de petróleo e gás. a Ibm também fornecerá

a tecnologia de integração de informações que oferece visibi-lidade de toda a empresa, bem como monitoramento e análise em tempo real de sistemas operacio-nais offshore.

atualmente, empresas de pe-tróleo e gás empregam diferentes métodos de monitoramento am-biental, mas não existem, hoje, soluções integradas disponíveis que permitam medir dados físicos, biológicos e químicos das operações em tempo real. Por meio da transformação do mo-nitoramento ambiental de uma tarefa isolada em componente integrado ao dia a dia das ope-rações de um campo petrolífero, durante todo o seu ciclo de vida, o novo sistema permitirá que empresas do setor possam prever e responder de forma mais ágil às condições previstas.

“o monitoramento ambiental, como parte integrante de opera-ções em tempo real, é essencial

para o setor de petróleo e gás”, afirma Ulisses Mello, diretor do laboratório de pesquisas da Ibm

brasil. “Esta iniciativa – que se baseia em re-sultados de pes-quisa, conheci-mento do setor e experiência da Ibm no au-

xílio às empresas para gerenciar e conquistar informações valio-sas a partir de grandes volumes de dados – ajudará as empresas de petróleo e gás a operar com mais segurança, minimizando seu impacto ambiental”, conclui.

a Statoil contratou o proje-to de três anos como parte da iniciativa de pesquisa e de-senvolvimento chamada nova Energia e HSE. a solução será demonstrada na plataforma sub-marina da Kongsberg maritime, na bacia portuária oceânica de Horten, na noruega.

IBM ajudará a monitorar e reduzir o impacto ambiental

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Com o intuito de incentivar novos projetos de geração solar fotovoltaica no brasil

(geração de energia elétrica com energia renovável do sol), o Instituto Ideal, organização sem fins lucrativos, sediada em Flo-rianópolis (SC), em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), criou o Selo Solar, com o objetivo de estimular a geração e o consumo da energia renovável.

Com o Selo, o consumidor poderá identificar quais empre-sas utilizam energia gerada a partir do sol. Para recebê-lo, a empresa deverá comprovar que adquire um volume mínimo de eletricidade solar por um período de pelo menos cinco anos. Vale

lembrar que o brasil é um dos países com maior incidência de irradiação solar do mundo, po-rém o uso de tal potencial para a geração elétrica no país ainda é pouco utilizado.

o Instituto Ideal será o responsável pela concessão do

Selo Solar às empresas e pela supervisão do cumprimento das regras básicas de sua utili-zação, enquanto a CCEE irá verificar a autenticidade dos contratos de compra da energia solar limpa.

a ideia do selo de eletricida-de solar brasileiro surgiu a partir de uma experiência alemã bem--sucedida. o GrünerStromlabel (Selo de Energia Verde/SES) foi criado em 1998 e hoje certifica em torno de 120 produtos de energia limpa na alemanha. o processo de criação do Selo teve o apoio da Cooperação para o Desenvolvimento, por meio da Deutsche Gesellschaftfür Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

a SCoPUS tECnoloGIa, uma das maiores fornecedoras de serviços e soluções de tI do mercado brasileiro, conquistou a certificação nbr ISo 14001. a norma internacional define as ações para estabelecer um Sistema de Gestão ambiental, melhorando continuamente as operações e negócios.

o Sistema de Gestão ambien-tal da Scopus, que começou a ser implantado em maio de 2011, inclui práticas que garantem a conservação do meio ambiente, com a aplicação de um plano de gerenciamento de resíduos, controle dos aspectos e impactos ambientais e cumprimento das legislações aplicáveis ao negócio da empresa. “temos realizado di-versas ações nesse sentido, como o encaminhamento de resíduos tecnológicos para reciclagem em

empresa especializada e a desti-nação adequada de outros tipos de resíduos gerados, como reci-cláveis em geral (papel, plástico, metal e vidro), óleo comestível, lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias”, afirma Paulo José Carignani, diretor de Projetos da Scopus.

a empresa mantém, por exemplo, uma campanha que incentiva os funcionários a tra-zerem o óleo de cozinha usado em suas casas em garrafas PEt, que são armazenadas e doadas para uma organização de interesse público (oscip) voltada para a sustentabili-dade. no caso de recicláveis em geral, a companhia doa os resíduos para uma cooperativa de reciclagem da região, pro-movendo a inclusão social de ex-catadores de lixo.

a preocupação com a redução da emissão de gases de efeito estufa faz com que a Scopus dê preferência ao uso do etanol para abastecer a frota de carros utilizada por suas equipes de assistência técnica, espalhadas por mais de 150 localidades no brasil, e também à realização de treinamentos a distância, para evitar viagens aéreas. Em seus escritórios, a empresa também só utiliza papel com o selo FSC (Forest Stewardship Council) Fontes mistas.

o certificado foi emitido após rigoroso processo de audito-ria na empresa realizado pela Fundação Vanzolini. Ele incluiu, também, a auditoria de super-visão da certificação nbr ISo 9001:2008 (Sistemas de Gestão da Qualidade), que a Scopus já possui há 16 anos.

Certificação para energia solar

Scopus conquista certificação de gestão ambiental

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o Turanor PlanetSolar, maior barco abastecido por energia so-lar do planeta, concluiu sua pri-meira volta ao mundo em maio. a viagem, que se tornou um marco histórico, durou 585 dias e teve início no mês de setembro de 2010. a jornada começou no oceano atlântico, passou pelo Pacífico, Índico e se encerrou no porto de Hercule, no méxico.

os materiais de absorção da luz solar, utilizados no catamarã de 31 m de comprimento e 15 m de largura, foram fornecidos pela DuPont. a embarcação utiliza 537 m2 de módulos fotovoltaicos, que geram uma energia de 93,5 kW e alimentam um motor elétrico.

o projeto foi realizado como forma de demonstrar que a ener-gia renovável e a tecnologia atu-al já podem ser aplicadas para viabilizar um transporte susten-tável. a energia solar gerada foi suficiente para fazer com que os quatro tripulantes sobrevives-sem tranquilamente à viagem e garantissem todo o caminho traçado sem maiores problemas. Ciente de que precisaria de muito sol para navegar, o capitão do PlanetSolar fez sua trajetória o mais perto possível da linha do Equador, onde as condições climáticas são melhores.

“o sucesso da iniciativa com-prova um valor fundamental da DuPont: de que a ciência pode ser usada para ajudar a resol-ver grandes desafios do mun-do. temos as ferramentas e os

materiais disponíveis para tornar nosso planeta melhor e mais sus-tentável”, afirma Simone arizzi, diretor de Ciência e tecnologia da DuPont para as regiões da Europa, oriente médio & África.

os módulos fotovoltaicos utilizados para alimentar o barco ficaram expostos a um rigoroso ambiente marítimo, dia após dia, durante 19 meses e, por isso, precisavam ser altamente duráveis. o filme de fluoreto polivinil (PVF) DuPont™ tedlar® foi usado como um componente

essencial da placa traseira foto-voltaica, sendo uma importante ferramenta para proteger os mó-dulos do PlanetSolar, garantindo a geração confiável de energia durante toda a viagem. DuPont™ tedlar® é o único material com mais de 25 anos de desempenho comprovado em módulos foto-voltaicos para todas as condições climáticas e faz parte de um amplo e crescente portfólio de soluções fotovoltaicas de alto desempenho da DuPont.

“nosso planeta merece um futuro melhor, mais brilhante e mais limpo”, disse raphaël Domjan, incentivador e líder da expedição solar. “Soluções preci-sam ser encontradas. Espero que nosso sucesso motive engenhei-ros e cientistas a continuarem desenvolvendo tecnologias inovadoras que mostram que o impossível pode se tornar reali-dade”, finaliza.

Barco movido a energia solar conclui volta ao mundoO Turanor PlanetSolar, maior barco abastecido por energia solar do planeta, concluiu sua primeira volta ao mundo em maio.

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o PrImEIro-mInIStro da no-ruega, Jens Stoltenberg, inaugurou

no dia 7 de maio a maior instalação para testes de cap-tura de Co2 – par-cialmente baseada na tecnologia de amônia resfria-da – no Centro de

tecnologia mongstad (tCm). a alstom foi uma das duas fornece-doras selecionadas para construir e testar as instalações, localizadas próximas a bergen. a escolha foi feita pelos parceiros do tCm: Gas-snova, Statoil, Shell e Sasol.

“Este é um verdadeiro marco e estamos felizes por participar da usina de demonstração do pro-cesso de amônia resfriada em mongstad. Estamos muito inte-ressados em testar nossa tecno-logia para gases de combustão, tanto em gases emitidos pela es-tação de energia quanto em gases industriais da refinaria próxima. Isso nos oferece uma experiência valorosa para explorar e aperfei-çoar esta tecnologia”, diz Patrick Fragman, vice-presidente para os Sistemas de Controle ambien-tal, Captura e armazenamento de Carbono da alstom.

após o início das operações, a alstom, junto ao tCm, realizará testes de 12 a 18 meses, e inicia-rá os programas durante o verão europeu de 2012. a empresa acre-dita que o centro será um local atraente para validar melhorias, prevendo ir além do período de teste programado.

“Com a inauguração do tCm, a alstom se mostra parte impor-tante deste desenvolvimento único na noruega, e estamos confiantes de que isso se desenvolverá em um ponto global de referência com a realização de instalações de Captura e armazenamento de Co2 de escala completa”, diz Eric Staurset, presidente nacional da alstom na noruega.

Com base em um piloto bem-su-cedido (5 mW, We Energies, EUa), assim como uma operação de fábrica de validação (54 mW, aEP mountai-neer, EUa), o Processo de amônia resfriada tem demonstrado poten-cial para se tornar uma tecnologia global. o programa de validação confirmou os níveis esperados de desempenho sem qualquer impacto ambiental prejudicial.

a empresa oferece ampla carteira das tecnologias mais avançadas em captura de carbono para usos em energia e na indústria, e está com-prometida com 16 projetos piloto e de Captura e armazenamento de Carbono (CCS) em larga escala, com diversos parceiros industriais e con-cessionárias ao redor do mundo.

Maior instalação do mundo para testes de Captura de CO2

www.tnpetroleo.com.br...na ponta dos seus dedos

INFORMAçãO DE quALIDADE...A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a

informação e ser ágil ao transformá-la em notícia.

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Lançamento garante mais qualidade para águaA Ag Solve lança no Brasil, simultaneamente com a Aquaread na Inglaterra, as sondas AP 2000 e AP 7000

As novAs sondAs se des-tinam ao monitoramento da qualidade da água em Estações de Tratamento de Água (ETA), Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), indústrias, bacias hidrográficas, poços, aquíferos (low flow subterrâneo), entre outros locais.

As sondas AP 2000 e AP 7000 podem ser utilizadas para monitoramento portátil, semifixo ou telemétrico da qualidade da água. Por meio delas, é possível avaliar de 11 a 17 variáveis, dependendo da configuração, e assim medir diversos parâmetros (turbi-dez, clorofila “A”, algas azuis, amônio e amônia, cloretos, fluoretos, nitratos e cálcio, etc.) medindo a quantidade de elementos presentes na água.

de acordo com Mauro Bande-rali, especialista em instrumen-tação ambiental da Ag solve, “a sonda de qualidade das águas AP 2000 é pequena e flexível, ideal para monitoramentos portáteis ou semifixos com terminal de campo com GPs e barômetro integrados. Já as sondas AP 7000 são ideais para aplicações de médio e longo prazo de monitoramento. Têm baixas manutenção e limpeza em função de dois limpadores que

agem em todos os sensores eliminando depósitos de particulados ou precipitados e mantendo os sensores isentos de interferentes”. Banderali afirma que ambas as sondas possuem características de baixíssima ma-nutenção, robustez e qualidade na medição, além de serem protegidas contra organismos incrustantes.

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Sustentabilidade é desafio para micro e pequenas empresasUma soNdagem FeiTa pelo sebrae mostra que proprietários de micro e pe-quenas empresas (mPe) no Brasil estão atentos às ações ligadas à preservação do meio ambiente. o comportamento in-clui coleta seletiva de resíduos (70,2%), controle de consumo de papel (72,4%), de água (80,6%), de energia (81,7%) e uso adequado de resíduos tóxicos, como solventes, produtos de limpeza e cartu-cho de tinta (65,6%).

apesar disso, 81% das mPe desco-nhecem a Rio+20, conferência da or-ganização das Nações Unidas (oNU) que tratará do desenvolvimento e da sustentabilidade, de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.

Para 46% dos entrevistados, a ques-tão ambiental representa oportunidade de ganhos para a empresa. Por outro lado, 54% deles afirmam que as chances

de lucros relacionadas ao tema ainda não estão bem evidenciadas: 16% dos empresários acreditam que a questão representa custos e despesas, e 38%, nem ganhos, nem despesas.

segundo o presidente do sebrae, Luiz Barretto, o levantamento “demons-tra que um dos desafios é fazer com que uma quantidade cada vez maior de micro e pequenas empresas passe a in-corporar o conceito de sustentabilidade à gestão de seus negócios”. Para isso, a instituição estará presente na Rio+20 como patrocinadora oficial, expondo oportunidades de negócios na econo-mia verde e promovendo capacitação de empresários.

grande parte dos entrevistados entende que a sustentabilidade está fortemente associada a questões ambientais (87%), sociais (82%) e

econômicas (82%), e não apenas a um ou dois desses pontos. o percentual de empreendedores que demonstrou ter consciência de que as empresas que adotam medidas de preservação ambiental podem atrair mais clientes foi de 79%. do total de entrevistados, apenas 13% consideram que ações para preservar o meio ambiente não estão relacionadas ao aumento da clientela.

do total de empreendedores ou-vidos, 65% declararam ter conheci-mento mediano sobre os conceitos de sustentabilidade e meio ambiente. apenas 2% dos entrevistados alega-ram não possuir conhecimento sobre os temas e 21% disseram saber pouco. o percentual de gestores que decla-rou ter muita informação acerca do assunto foi de 12%.

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José Osvaldo Bozzo é sócio da área de Tributos do escritório de Ribeirão Preto da KPMG no Brasil.

CORPORATIVASustentabilidade

O setor de açúcar e etanol viveu uma crise de falta de investimentos após o turbulento cenário econômico desencadeado em 2008. Hoje, um novo cenário de crise mundial está desenhado, razão pela qual a postura destas empresas, para enfrentar tais adversidades, é preparar-se de maneira organizada para eventuais restrições do mercado, identificando possíveis áreas em que é possível realizar reduções sem que seja afetada sua capacidade de produção e de atendimento.

Uma ótima opção para melhorar as finanças é adotar um plano de revisão de dívidas bancárias, com análise criteriosa de contratos, em específico aqueles relacionados ao setor agrícola, além de uma

avaliação dos processos judiciais (acordos judiciais) nos quais a empresa possa ser ré. tudo isso com o intuito de reduzir custos, diminuir seus dé-bitos e, ainda, refinar o prolongamento de prazos, sendo o objetivo crucial melhorar o perfil das dívidas. a combinação desses fatores será uma forma de fortalecer o setor, quando exposto às turbulências de mercado.

outro aspecto importante é o investimento em treinamento contínuo dos profissionais. o empresário do agronegócio precisa ter em mente que a gestão de pessoas deve ser feita continuamente, buscando sempre o apri-moramento e, consequentemente, o desenvolvimento progressivo de cada profissional. Isso agrega valor à companhia, na medida em que o investimento visa buscar a preparação, aprimoramento e, o mais importante, permitir às empresas criar e manter vantagens competitivas. afinal, a falta de mão de obra qualificada é justamente um dos desafios mais importantes do setor. Quem tiver habilidade para “preparar quem não está pronto” decerto colherá os melhores resultados, pois, via de regra, as empresas do setor costumam priorizar cortes de gastos em recursos Humanos, outras em manutenção, e há também aquelas que optam por reduzir gastos com tratos culturais.

Porém, deve-se tomar cuidado redobrado ao, estrategicamente, adotar prioridades em momentos de turbulência, devendo, desta forma, avaliar com cautela e dentro de seu ambiente particular. Como exemplo a ser se-guido, temos:a) evitar cortes de investimentos em áreas prioritárias do chamado ‘core business’;b) adotar soluções inovadoras nos processos de produção que podem pos-sibilitar redução de custos;c) aperfeiçoar o uso de equipamentos, evitando sua ociosidade, o que tam-bém redunda em redução de custos;d) organizar a logística pode ser fundamental para a minimização de custos variáveis.

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Se, por outro lado, entendermos que os ajustes de-vem ser feitos apenas na gestão, certamente não serão suficientes para dar conta das necessidades de cortes, o que acaba redundando em eventuais reduções de gastos com pessoal, além de outros, o que deve ser evitado ao máximo. não obstante, é fundamental aperfeiçoar a profissionalização do setor por meio da implantação de uma política voltada para a governança corporativa, ou seja, uma gestão feita de modo transparente, que possa pressupor a adoção de métodos e processos modernos em todas as etapas da cadeia produtiva.

outro aspecto importante é o uso de ferramentas adequadas para que se tenha uma avaliação correta de gerenciamento de riscos. os riscos a que o setor de agronegócios está exposto são muitos e variados. Estamos observando nesse momento os riscos advin-dos dos reflexos da crise financeira de 2008/2009 e o recrudescimento de problemas com as atuais turbu-lências causadas pelas dívidas soberanas de países europeus e pela desaceleração econômica em nações como os Estados Unidos.

Há também riscos ligados à variação cambial, aos preços internacionais das commodities, ao padrão de consumo energético interno e externo, à oferta de cré-dito, ao custo do dinheiro e às intempéries naturais, entre muitos outros.

o planejamento e a adoção de soluções que reduzam a exposição aos riscos podem representar a diferença entre a sobrevivência e a falência de uma empresa.

outros instrumentos que poderão ajudar na re-dução da exposição ao risco são: o planejamento financeiro para a constante redução de custos e a ampliação de prazos na tomada de dinheiro no mer-cado; a constituição de fundos de hedge, caso haja risco relacionado à variação cambial; no caso do setor sucroenergético, a organização da área produtiva que permita uma pronta e imediata troca do produto explorado de etanol para açúcar, ou vice-versa, de-pendendo do momento do mercado e da vantagem financeira que exista; e os investimentos em pesquisa e inovação que tendem a dar bons resultados. não po-demos esquecer que as empresas devem estar atentas ao controle de perdas, desperdícios e de eventuais desvios ou fraudes.

Somadas todas essas premissas, teremos, invariavel-mente, uma minimização de custos, além de uma melhoria significativa na estrutura de controles dos gastos fixos e variáveis, dando ao negócio, em si, um impacto positivo e tangível na avaliação de sua produtividade.

a partir daí, as propostas de soluções deverão obe-decer a um tempo de aplicação e de maturação para se tornarem efetivas. todo esse processo é evolutivo e demanda mudanças e adaptações da cultura da empresa e de seus profissionais, para que gerem de fato resulta-dos adequados. Um dos impactos perceptíveis, a partir da adoção dos controles, é a mudança de percepção da

saúde de uma empresa pelas instituições que oferecem crédito ao setor. Como já dissemos antes, isso representa redução de custo do dinheiro tomado e melhora imediata no perfil dos passivos.

É fato que cada empresa tem suas peculiaridades e características intrínsecas. Enquanto há aquelas em que se percebe que a gestão eficiente e o planejamento estratégico já fazem parte de seu dia a dia, outras ainda precisam melhorar nesses quesitos. Em razão das próprias características da maioria das empresas do setor sucroe-nergético, que em geral têm administrações familiares, percebemos que há muito a evoluir na direção de uma gestão moderna, com grande potencial de melhorar significativamente os resultados.

a retirada de alguns obstáculos – em especial aque-les relacionados à exportação de etanol, por exemplo, como vem sendo percebido pelos esforços do governo federal – pode dinamizar muito o mercado, o que exigirá empresas preparadas para uma nova realidade muito mais rentável que a atual.

Percebemos que o mercado sucroenergético tem grande potencial de expansão, o que abre largas opor-tunidades para a evolução setorial. Com certeza, as empresas que estiverem mais preparadas e organizadas para os desafios futuros serão as que terão sucesso com a progressão do setor. não basta ter um plano de gestão e estratégico se ele não for colocado em prática. Isso requer austeridade e transparência.

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João Marcello Gomes Pinto é engenheiro civil pela Escola Politécnica da uSP, mestre em En-genharia Ambiental pela universidade de Karlsruhe (Alemanha) e pós-gradu-ado em Gerenciamento de Riscos Ambientais na universidade da ONu, em Tóquio (Japão). O empresário é integrante do Comitê de Avalia-ção de Sustentabilidade do CBCS (Conselho Brasileiro da Construção Sustentável) e dos Comitês Técnicos do GBC (Greenbuilding Council) Brasil.

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SuSTENTáVEISEMPREENDIMENTOS

A primeira construção sustentável no Brasil, comprovada por certificação, ocorreu em 2007, quando a agência do Banco Real (atual Santander) foi certificada pelo selo Leed, na Granja Viana, em São Paulo. Desde então, todo o mercado da construção no Brasil vem buscando evoluir para se adaptar aos empreendimentos sustentáveis

As incorporadoras já entendem os benefícios de terem um em-preendimento sustentável e certificado, e o primeiro passo é a contratação de uma empresa de consultoria especializada em

sustentabilidade e no próprio processo de certificação. É o caso da Sustentech, empresa da qual sou fundador e diretor,

que auxilia o incorporador, desde a fase de planejamento do empre-endimento sustentável, definindo as estratégias de sustentabilidade do empreendimento (levamos em conta aspectos técnicos e econômi-cos), até a orientação de todos os envolvidos no desenvolvimento do empreendimento: arquitetos, equipes de projeto de ar condicionado, iluminação, elétrica, hidráulica, paisagismo e monitora também todo o trabalho da construtora no canteiro de obras.

o consumidor leva cada vez mais a sustentabilidade em conta na hora de avaliar um imóvel. os compradores de imóveis comerciais para fins de investimento já perceberam os benefícios de adquirir um empreendimento sustentável e certificado. Empresas que vão alugar esses imóveis para ocupar preferem e estão dispostas a pagar mais por imóveis sustentáveis por ter uma qualidade dos ambientes maior (o que reduz doenças transmitidas pelo ar e consequentemente as faltas dos empregados) e um consumo principalmente de energia e água muito menor.

assim, grandes fundos de pensão, por exemplo, que investem em imóveis, têm buscado comprar apenas imóveis sustentáveis (em que a certificação é exigida por contrato). os compradores residenciais, apesar de preferirem morar em imóveis sustentáveis e mostrarem pre-ocupação com o tema, ainda não priorizam isto quando comparado com valor e localização do imóvel. mas se dois imóveis têm a mesma localização e aproximadamente o mesmo preço, ele já vai optar pelo sustentável.

toda a cadeia de fornecedores de insumos para a construção tem desenvolvido produtos que atendam aos requisitos das certificações de empreendimentos sustentáveis: aço com mais de 70% de conteúdo reciclado, tintas à base de água, vidros com maior eficiência para bar-

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rar o calor, madeiras oriundas de florestas com ma-nejo sustentável, equipamentos de ar condicionado que consomem menos energia, bacias sanitárias e torneiras economizadoras de água, sistemas de piso, carpete e mobiliário com conteúdo reciclável e que emitem pouco cheiro, entre outros. no início dos empreendimentos sustentáveis, a utilização desse tipo de material era pequena e, portanto, como não havia escala, contraditoriamente os pre-ços eram mais elevados. Hoje, a indústria cresceu, a demanda aumenta a cada ano e os valores já estão no mesmo nível.

Durante a construção sustentável, uma boa redução de custos pode ocorrer na reciclagem dos entulhos gerados durante o processo de construção. Hoje, se utiliza entulho até para fazer argamassa que vai ser utilizada na própria obra. recicladoras de papel, alumínio e madeira também têm gerado alguma receita para os recicláveis produzidos nas obras sustentáveis.

a empresa que desenvolver, comprar ou se instalar em um imóvel sustentável vai ter uma redução de até 30% no consumo de energia, até 40% de redução no consumo de água, vai ter um ambiente com baixo risco de propagação de doenças respiratórias, um imóvel com valor de revenda de 10% a 20% maior e ainda vai estar contribuindo para o meio ambiente. Um empre-endimento sustentável certificado pode ter um custo adicional de 0,5% a 7%. Esse percentual é pouco se comparado com o benefício de 9% de redução dos custos operacionais do imóvel du-rante toda sua vida útil.

a certificação de sustentabi-lidade garante e atesta que o empreendimento é de fato susten-tável e que, por-

tanto, o investidor, o comprador e o usuário terão todos aqueles benefícios resultado de um empre-endimento sustentável. Para certificar um empre-endimento é necessário atender diversos critérios e alcançar alguns indicadores de desempenho nas seguintes áreas: energia, água, materiais, resídu-os, qualidade do ar, saúde, conforto e entorno do empreendimento.

São dois os principais selos de certificação existentes no mercado brasileiro, o leed e o aqua. Para certificar leed o empreendimento deve atender a todos os pré-requisitos do sistema e pelo menos 40 pontos dos 110 disponíveis (a pontuação depende da tipologia e uso do edifício que está sendo certificado). Se o empreendimento atingir 50 pontos ele certifica como leed Silver, 60 pontos como leed Gold e 80 pontos como leed Platinum, o máximo nível de certificação de um empreendi-mento sustentável. o selo aqua (alta Qualidade ambiental) tem outra estrutura de pontuação: 14 categorias podem alcançar níveis de desempenho bom, Superior ou Excelente. Para certificar aqua o empreendimento precisa atingir em pelo menos três categorias o nível de desempenho Excelente. nessas certificações é importante a contratação de uma empresa de consultoria em certificação para

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auxiliar o empreendedor em como alcançar seus objetivos com o menor custo possível.

a consultoria atuará desde as fases iniciais de projeto, interagindo com todas as equipes envolvidas, durante o acompanhamento da obra interagindo com a construtora, fará toda a documentação e submissão do processo de certificação e tem ferramentas específicas ne-cessárias para a certificação, como a simulação temoenergética.

as certificações podem ser feitas em empreen-dimentos em qualquer estado do brasil. o mercado ainda é maior no eixo rio-São Paulo, de onde vem grande parte das obras certificadas, mas existem projetos em processo de certificação nos estados de minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, amazonas, Ceará, Espírito Santo, alagoas, bahia, maranhão, mato Grosso, Paraíba, mato Grosso do Sul, rio Grande do norte e Pernambuco, além do Distrito Federal. É aplicada tanto a novas edificações quan-to a já existentes.

Para enquadrar um edifício já construído, é necessário primeiro realizar uma avaliação, um diagnóstico do prédio. a partir desse diagnóstico, conseguimos apontar quais ações devem ser toma-das e quanto vai custar. Em geral, as edificações existentes que visam a certificação passam por um processo de retrofit nos sistemas de iluminação, ar condicionado e eventualmente fachada. as trans-formações podem ir desde físicas, no prédio, até a adoção de práticas de sustentabilidade na gestão e operação do prédio, como coleta seletiva de lixo, política de compras sustentáveis para o condomínio e procedimentos de limpeza sustentável.

Em regiões em que o estoque de terrenos é escasso, como rio de Janeiro e São Paulo, os re-trofits com certificação têm sido bastante visados e, em alguns casos, aumentam o valor do aluguel de prédios comerciais em até 100%.

a redução do consumo de energia do edifício é um dos principais requisitos de sustentabilidade nas certificações. as soluções de energia imple-mentadas nesse tipo de empreendimento permitem que o edifício gaste menos energia mantendo ou até aumentando o nível de conforto dos usuários. São vidros que barram a entrada do calor e con-sequentemente demandam menos o sistema de ar

condicionado, que é o grande vilão no consumo de energia das edificações; o próprio projeto de arquitetura com o uso de proteções solares (brises) e orientação geográfica correta que tem o mesmo efeito no sistema de ar condicionado; o sistema elétrico que permite que as luminárias próximas à janela possam ser apagadas quando existe entrada de luz natural independente do resto do ambiente; equipamentos com menor consumo de energia, com o selo Procel; e muitos outros.

Em 2011, tivemos 477 empreendimentos em processo de certificação leed e aqua. o resulta-do representa crescimento de 190% em relação ao ano anterior e a expectativa de crescimento para 2012 é ainda maior. o mercado da cons-trução sustentável representa cerca de 1% do mercado de construção no brasil, enquanto que em países em que esse mercado já é maduro, a relação é de mais de 10%, ou seja, ainda temos muito que crescer.

o mercado da construção civil envolve uma ca-deia enorme de fornecedores de insumos, produtos, e prestadores de serviço, e o impacto da construção sustentável afeta todos os níveis. São Paulo e rio de Janeiro têm sido os principais mercados para a construção sustentável, o rio de Janeiro com pers-pectivas de crescimento ainda maior em função das cidades que vêm crescendo junto graças à indústria do petróleo e às obras na capital para as olimpía-das de 2016.

Depois de rio e São Paulo, a região nordeste está descobrindo os empreendimentos sustentá-veis agora, e já temos um ou outro empreendi-mento sendo pioneiro nos principais estados do nordeste. o mercado imobiliário no nordeste está crescendo como um todo, principalmente em Pernambuco, bahia e Ceará e os consumidores nordestinos também querem qualidade e padrões elevados. o empreendimento sustentável propor-ciona tudo isso. ademais, grandes empresas estão se instalando no nordeste e precisam de imóveis novos e com alta qualidade para montar suas sedes administrativas. Junto com empresas e pro-fissionais de fora, chega a demanda por empreen-dimentos sustentáveis, com os quais eles já estão acostumados há muito tempo no exterior e mais recentemente na região Sudeste.

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PCHs:é necessário investirmais nesta alternativa

O Brasil, campeão na geração de energia renovável, tem focado a expansão da oferta no sentido de manter essa vantagem competitiva, ainda que, dadas as características de volatilidade da disponibilidade hídrica, seja necessário investir continuamente na complementação térmica.

Essa necessidade se intensifica na medida que encolhe a capacidade de estoque hídrico, decorrência dos requisitos ambientais cada vez mais severos, mas o foco na energia limpa tem sido constante, através

de leilões específicos e de incentivos econômicos e financeiros. Com seu enorme potencial hidrelétrico, o país precisa maximizar o uso

da fonte hídrica. Desse ponto de vista, a pequena central, em comparação com usinas hidrelétricas de porte maior, apresenta as vantagens de reque-rer menor tempo de construção e utilizar reservatório de acumulação de porte proporcionalmente muito menor, o que, por consequência, facilita em muito o licenciamento ambiental – grande óbice, hoje, para a expansão do parque hidrelétrico.

as pequenas centrais hidrelétricas/PCHs (empreendimentos com potência instalada entre 1 e 30 mW) têm outro apelo imediato, se comparadas com alternativas como usinas eólicas e fotovoltaicas: a energia que geram não é volátil. além disso, utilizam a tecnologia de geração de energia elétrica mais tradicional que existe, com mais um século de maturação. E há potencial grande para expansão deste tipo de planta: dados da aneel mostram que, entre empreendimentos em construção e outorgados, o parque de PCHs tem expectativa de crescimento de 65% nos próximos anos, contra 54% de usinas termelétricas. Hoje, estão em operação 424 plantas, com potência total de 3.902 mW.

os requisitos de licenciamento ambiental são os estabelecidos no âmbito da Política nacional do meio ambiente, criada pela lei 6.938, de 1981, e regulamentada pela resolução Conama 237 (de 19/12/97). o processo de licenciamento ambiental envolve, na esfera federal, o Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis (Ibama), e nas esferas estaduais os órgãos de meio ambiente, e passa por três diferentes fases: a licença Prévia (lP), que autoriza os estudos prévios, a licença de Insta-lação (lI), que autoriza a construção, e finalmente a licença de operação (lo), requerida para entrada da planta geradora em operação. Entretanto, embora os requisitos para licenciamento sejam severos, são menores para PCHs, se comparado com o processo de licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas de grande porte.

Pequenas centrais podem, ainda, optar por participar do mecanismo de realocação de Energia (mrE). Este dispositivo permite ao grupo de geradores

Regina Pimentel é asses-sora de Gestão de Risco e Regulação da Trade Energy, comercializadora independente de energia.

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hidrelétricos que dele participa o compartilhamento do risco hidrológico, de forma a tirar partido da diversidade geográfica da sazonalidade das afluências. Por meio do mecanismo (gerenciado mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a geração total do grupo é realocada entre os participantes de for-ma a conferir a cada um deles sua parcela de garantia física ainda quando a geração verificada no local não é suficiente para isso. a troca de energia entre os partici-pantes do grupo, com esta finalidade, é feita pela tarifa de otimização (tEo), fixada pela aneel para 2012 em r$ 9,58/mWh.

Para que a PCH possa aderir ao mrE, ela deve solici-tar ao ministério das minas e Energia (mmE) o cálculo de sua garantia física, a partir do histórico de vazões médias mensais num período mínimo de 30 anos e dos dados físicos do empreendimento. o valor de garantia física, correspondente à geração média referida ao ponto de entrega do subsistema geoelétrico em que se encontra a usina, valerá, então, para o cálculo de realocação de energia no mrE e para a participação em leilões.

Como característica positiva adicional, verifica-se também que a sazonalidade da geração de PCHs é com-plementar à sazonalidade do vento e da disponibilidade de biomassa. ou seja, no período de baixas afluências (maio a novembro, nas regiões Sudeste, Centro oeste e Sul), existe maior quantidade de ventos e de biomassa.

Entretanto, do ponto de vista econômico, PCHs apre-sentam um viés com relação aos outros tipos de fontes geradoras. Enquanto os leilões de compra de energia nova contam com a participação grande de empreendi-mentos a biomassa, usinas eólicas e usinas hidrelétricas têm contado com participação muito reduzida de PCHs. Isso ocorre à luz da lógica na qual os leilões se baseiam: reduzir o preço da energia para o mercado regulado. Grandes hidrelétricas são naturalmente competitivas, sobretudo quando contam com possibilidade de reser-vatório de acumulação plurimensal, no mínimo. a bioeletricidade também apresenta custo relativamen-te baixo, já que tem caráter complementar à atividade agroindustrial.

o preço da geração eólica, impulsionado por fatores como excedente de oferta de equipamentos, incentivos financeiros, evolução tecnológica e a própria competição, acabou batendo os r$ 100/mWh, algo impensável há alguns anos. Já as PCHs, que contam com tecnologia já extensivamente maturada, apresentam custos acima do patamar de competividade dos leilões, em torno de r$ 150/mWh. Cabe notar ainda que o custo de produção de energia por este tipo de usina tende a ser crescente: os sítios de menor custo já estão aproveitados, sendo os remanescentes pouco a pouco mais caros.

Em comparação às grandes plantas hidrelétricas, a PCH, entretanto, apresenta algumas vantagens, como o regime fiscal por lucro presumido, e a conexão mais barata à rede elétrica. Quando se soma a isso o descon-

to nas tarifas de transmissão e distribuição, o preço de empate final acaba sendo bastante parecido para os dois tipos de planta hidrelétrica. a diferença é que o grande incentivo representado pelo desconto nos encargos de uso da rede, extensível ao consumidor, não é levado em conta nos leilões regulados, reduzindo a competitividade da PCH frente às outras fontes.

a elas é destinado outro nicho: o dos consumidores chamados ‘especiais’, com demanda acima de 500 kW, que podem escolher livremente seu fornecedor de energia desde que este gere, a partir de fontes alternativas e/ou não poluentes, caso das já citadas biomassa, energia eólica, cogeração qualificada e PCHs. Este mercado conta com a redução nos encargos de uso das redes, e é esse plus que tem auxiliado a viabilização de novos empreendimentos em PCH.

outro fator de potencialização da viabilidade finan-ceira da PCH é o mDl (mecanismo de Desenvolvimento limpo, criado pelo Protocolo de Kyoto), que propicia renda com a venda de créditos de carbono. Deve ser lembrado, porém, que a elegibilidade do projeto para o mDl deve ser concedida ainda na fase de projeto. a análise da elegibilidade é feita pela Carbon Project Review, que avalia a capacidade do empreendimen-to em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), ou de sequestro de carbono, ao longo da vida econômica do projeto. a avaliação do projeto é feita por analistas externos a partir das informações fornecidas pelo proprietário do projeto, confrontadas com outras informações disponíveis. Uma vez obtidos os certificados, denominados reduções Certificadas de Emissões (rCE), estas podem ser negociadas no mercado internacional, onde são adquiridas por países que estejam abaixo de suas metas de redução de emissão dos GEE. Essa receita comporá a receita total prospectada do projeto.

todavia, antes que seja possível a venda a consu-midores especiais ou a venda dos créditos de carbono, o investimento tem que ser viabilizado: hoje, mais de 1.800 PCHs estão outorgadas, aguardando o acesso ao capital para início da construção. muitos empreendi-mentos viáveis esperam uma oportunidade comercial de concretização. os leilões de energia nova para o ambiente regulado focados em PCHs podem ser uma ideia. Isso não seria inédito: já houve leilões exclusivos para fontes alternativas. Seria bastante justificável um leilão exclusivo para a pequena central: trata-se de fon-te renovável que amplia a oferta de energia em áreas remotas, muitas vezes afastadas da rede básica, e que podem significar reforço importante nas redes locais como geração distribuída.

Enfim, um grande número de PCHs aguarda, para viabilização, medidas adicionais de incentivo por parte do governo, que se agreguem aos já mencionados. Essa fonte ambientalmente correta por excelência tem que ser concebida como parcela importante da expansão da oferta no brasil.

Suplemento especial • Ano 3 • nº 21 • maio de 2012 • www.tnsustentavel.com.br

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Dois novos diretores tomam posse na Petrobras

a CErImônIa de posse contou com a participação dos diretores Financeiro e de relações com Investidores, almir barbassa; de Exploração e Produção, José miranda Formigli Filho; de Gás e Energia, José alcides Santoro martins; do gerente executivo José Carlos amigo, representan-te do diretor da Área Interna-cional, Jorge luiz Zelada; dos presidentes da Petrobras Distri-buidora, José lima de andrade neto; da Petrobras biocombustí-vel, miguel rosseto; e da trans-petro, Sergio machado, além de gerentes e técnicos.

José Carlos Cosenza é forma-do em engenharia pela Univer-sidade Federal do rio Grande do Sul (UFrGS), e possui ampla experiência como executivo na empresa. Há 36 anos na compa-nhia, foi gerente-geral das refi-narias Presidente Getúlio Vargas (repar), no Paraná, e Paulínia (replan), em São Paulo. “Espero contribuir para a melhoria dos

resultados da empresa buscando sempre a integração entre as áreas e a produtividade, com res-peito ao meio ambiente. Fiquei sensibilizado com a indicação para o cargo e não tenho dúvidas de que tudo que realizei até hoje foi com a ajuda inestimável dos meus colegas”, avaliou.

José antonio Figueiredo é formado em Engenharia Eletrô-

nica pela Universidade Federal do rio de Janeiro e trabalha há 33 anos da Petrobras. ao longo da sua carreira, já assumiu diver-sos cargos gerenciais nas Direto-rias de Engenharia e Exploração & Produção. José Figueiredo foi gerente executivo Sul-Sudeste e tinha assumido recentemente a Gerência Executiva de E&P--Serviços.

A Petrobras anunciou dois novos nomes para sua diretoria. José Carlos Cosenza, antes gerente executivo de Refino, substitui Paulo Roberto Costa na área de Abastecimento, e José Antonio de Figueiredo, antes gerente executivo, para substituir o primeiro indicado a cargo, o diretor de Engenharia, Tecnologia e Materiais, Richard Olm, que renunciou ao cargo em maio por motivos pessoais.

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Brix contrata diretor comercial

Nobuo Oguri recebe condecoração do Governo Japonês

a brIX, PlataForma eletrônica de negociação de energia elétrica, anunciou em março a chegada de Luis Fernando de Freitas Man-zano como diretor comercial. o executivo, que possui mais de dez anos de experiência na área de regulação e comercialização de energia, terá como desafio ampliar ainda mais o número de partici-pantes da plataforma. Com pouco mais de sete meses de operação, a brix conta com mais de 90 empresas, que representam cerca de 200 agentes do mercado livre de Energia (consumidores livres, geradores e comercializadores).

ao longo da carreira, o exe-cutivo foi proprietário da man-zano Consultoria em Comercia-lização e regulação de Energia, e atuou nas empresas btG Pactual, Service Energy Comer-cializadora de Energia ltda, andrade & Canellas Consulto-ria e Engenharia ltda, União Comercializadora de Energia Elétrica e CPFl Energia. luis é formado em Engenharia mecâ-nica pela Universidade Federal de Uberlândia, com pós-gradu-ação em Gerência em Energia e possui MBA Executivo pela Funda-ção Getúlio Vargas.

o EnGEnHEIro nobuo oguri, lenda viva da indústria naval bra-sileira, recebeu condecoração do Governo Japonês, em nome do Im-perador, da the order of the rising Sun, Gold and Silver rays reco-nhecendo sua grande contribuição para o intercâmbio industrial e comercial entre brasil e Japão.

Em março deste ano, oguri completou 84 anos de brasil e de rio de Janeiro – país que adotou como pátria e cidade que esco-lheu para viver e contribuir para o desenvolvimento. aos 86 anos de idade, a todo vapor, o brasi-leiro que veio da terra do Sol nascente passou mais da metade desse tempo no setor marítimo.

nobuo oguri nasceu em tó-quio, Japão, em 1925, e veio com sua família para o rio de Janeiro em 1928. Formou-se Engenheiro

mecânico e naval, com inú-meros cursos de especialização no exterior, e dirigiu diversos estaleiros como Ishikawajima, EmaQ, renave, Verolme, impor-tantes empresas do setor naval brasileiro, entre outras. Consul-tor da Firjan (navipeças), oguri

é reconhecido no brasil por seu pioneirismo na área naval.

Considerado como uma “len-da viva” no mercado naval, oguri foi homenageado em 2004, na alErJ, onde recebeu a medalha tiradentes e o título de Cidadão Fluminense. nobuo oguri sem-pre lutou pela engenharia naval brasileira defendendo a capaci-dade de projeto, a construção de navios no País, a busca de inteli-gência tecnológica internacional na atividade naval, e, principal-mente, nas universidades.

nobuo oguri, mesmo sendo japonês, sempre honrou o brasil com tal patriotismo que deve servir de inspiração e motivação aos profissionais envolvidos com o setor aquaviário, pois ele é a prova de que vale a pena lutar por ideais.

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Alstom: mudanças na diretoria

Unica tem diretor-presidente interinoa UnIão Da InDúStrIa de Cana-de-açúcar (Unica) anun-ciou hoje a indicação, por seu Conselho Deliberativo, do dire-tor técnico Antonio de Padua Rodrigues como diretor-presi-dente interino da entidade. Ele ocupará o cargo até a indicação de um novo diretor-presidente em substituição a marcos Jank, que anunciou sua saída da en-tidade há cerca de um mês, no dia 27 de março. o processo de seleção do novo executivo está em andamento.

Com mais de 30 anos de atu-ação no setor sucroenergético, antonio de Padua rodrigues, ou ‘Padua’ como é mais conhe-cido, integra a equipe da Unica desde 1990 e exerce o cargo de diretor técnico desde 2003. Sua carreira inclui passagens pelo Programa nacional de melho-ramento da Cana-de-açúcar (Planalsucar), no qual foi co-ordenador de administração e Finanças, e pelo ministério da Indústria, Comércio e tecno-logia, quando foi supervisor administrativo-financeiro dos projetos financiados pela Secre-taria de tecnologia Industrial (StI). De 1983 a 1990, atuou como consultor e participou da implantação, junto aos forne-cedores de cana, do Sistema de Pagamento de Cana por teor de Sacarose (SPCtS).

Jank assumiu a presidência da Unica e de seu Conselho De-liberativo em julho de 2007 e li-derou um período de importantes realizações para o setor sucroe-nergético. os avanços incluem a intensificação do diálogo com todas as esferas governamentais, diversas conquistas voltadas para as áreas trabalhista, ambiental, social e regulatória, e o estabe-lecimento de uma forte presença internacional, com a abertura de escritórios em Washington e bruxelas. a ação foi fundamental para a não renovação, no final de 2011, da elevada tarifa imposta pelos Estados Unidos ao etanol importado. a Unica também adotou uma postura proativa

para a comunicação, expandindo o atendimento a demandas de veículos brasileiros e interna-cionais e realizando iniciativas que produziram ganhos para a imagem do setor no brasil e no exterior, como as edições de 2009 e 2011 do Ethanol Summit e o premiado Projeto agora.

“Foi uma grande honra servir a um setor tão fundamental para a vida nacional e cada vez mais vital para o mundo, devido à crescente gama de soluções de baixo carbono que vem da cana--de-açúcar. o futuro do setor é muito promissor e tenho certeza de que o trabalho realizado até aqui será uma base sólida para os avanços que veremos daqui para a frente”, afirmou Jank, que antecipou sua saída da Unica para poder atender a convites nacionais e internacionais liga-dos a seus próximos passos na vida profissional.

“Queremos registrar o nosso agradecimento ao marcos por seu trabalho intenso e abran-gente no comando da Unica desde 2007, impactando a rea-lidade do setor sucroenergético em inúmeras frentes, dentro e fora do brasil. Desejamos a ele muito sucesso nos novos desa-fios que já se desenham em seu futuro”, disse o presidente do Conselho Deliberativo da Unica, Pedro Parente.

O COMANDO DA áREA de hidroeletricidade da Alstom América Latina, empresa que está participando dos grandes projetos hidrelétricos como Santo Antônio, Jirau e Belo Monte, está passando por mudanças. Michel Boccaccio, até então diretor-geral hydro para a região, foi nomeado vice--presidente do programa mundial de melhoria das operações da hydro. Mesmo com a promoção, ficará baseado no Brasil.

quem assume o antigo cargo do executivo é Januário Soares Dolores, até então diretor de operações da hydro para a América Latina.

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a 13ª aSSEmblEIa Geral ordinária da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE definiu no final de abril o novo corpo de exe-cutivos membros do Conselho de administração da CCEE.

os agentes de mercado presentes aprovaram a recondução do conse-lheiro luciano macedo Freire para novo mandato. Paulo Henrique Si-queira born, indicado pela categoria de distribuição, e antonio Carlos Fraga machado indicado pelos agentes de geração, também foram eleitos como conselheiros da CCEE. os três man-datos vigoram de 2012 a 2016.

born e machado substituem, respectivamente, os conselheiros leonardo Calabró e luiz Fernando Couto amaro da Silva que cumpri-ram dois mandatos consecutivos e não poderiam receber nova recondu-ção. o Conselho de administração da CCEE é composto ainda por luiz Eduardo barata Ferreira, que o pre-side, e por ricardo lima.

De acordo com o Estatuto Social da CCEE, o Conselho de administra-

ção é composto por cinco executivos, eleitos para mandatos de quatro anos pelos associados da CCEE, por cate-goria (distribuição, geração e comer-cialização) e pelos agentes da CCEE em conjunto também pela totalidade do corpo de agentes. a cada um dos conselheiros é permitida uma única reeleição.

a CCEE conta com 1.868 agentes associados. abaixo a atual composi-ção do Conselho de administração da CCEE.Luiz Eduardo Barata Ferreira – Pre-sidente do Conselho de administração eleito em 5 de maio de 2011, perma-nece no cargo.

Ricardo Lima, conselheiro – Eleito em 5 de maio de 2011, como represen-tante de todos os agentes associados, permanece no cargo.Luciano Macedo Freire, conselheiro – reeleito por indicação dos agentes comercializadores.Paulo Henrique Siqueira Born, conselheiro – Eleito por indicação dos agentes distribuidores, assume o cargo em substituição a leonardo Calabró.Antonio Carlos Fraga Machado, conselheiro – Eleito por indicação dos agentes geradores, assume o car-go em substituição a luiz Fernando Couto amaro da Silva.

o EnGEnHEIro de equipamen-tos marcos assayag foi nomeado gerente executivo do Centro de Pesquisas & Desenvolvimento leopoldo américo miguez de mello (Cenpes) no dia 16 de maio.

assayag substitui o engenheiro de petróleo Carlos tadeu da Costa Fraga, que assumiu o cargo de ge-rente executivo do pré-sal na área de Exploração e Produção.

“assumo essa gerência executi-va com humildade e simplicidade diante da grandeza do Cenpes e da companhia, consciente dos de-safios que nos aguardam e da res-ponsabilidade de prover tecnologia e serviços que atendam a necessi-dade da Petrobras”, afirmou.

marcos assayag formou-se em engenharia mecânica em 1974,

pela Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminen-se (UFF) e tem mba em gestão

empresarial pela UFrJ. Ingressou na Petrobras em 1975 e traba-lhou, até 1981, com projetos de facilidades de produção em órgãos opera-

cionais na bahia e Sergipe. nesse ano, foi designado chefe do Setor de Instalações de Produção no Serviço de Engenharia. Foi trans-ferido para o Cenpes em 1982 e, em 1989, foi designado coordena-dor do Programa de Capacitação em Águas Profundas (Procap), que coordenou nas versões para 1.000,

2.000 e 3.000 m de profundidade de água.

Em setembro de 2002, passou a ocupar a função de gerente geral de Engenharia básica do Cenpes, res-ponsável pelos projetos das unidades de produção marítima e por projetos na área de abastecimento e refino.

Em 2007, recebeu o prêmio “otC Distinguished achievement award for Individuals”, o maior reconhecimento da indústria de petróleo no mundo, por sua contí-nua contribuição para o desenvol-vimento tecnológico da indústria de petróleo.

Em 2010, foi designado para atuar na gerência de Equipa-mentos, Engenharia e logística do escritório de E&P da Petro-bras em londres.

CCEE: novo conselho administrativo

Marcos Assayag é o novo gerente executivo do Cenpes

Da esquerda para direita: Paulo Henrique Siqueira Born, Antonio Carlos Machado, Luiz Eduardo Barata Ferreira, Ricardo Lima e Luciano Macedo Freire.

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CH2M Hill tem novo diretor de Power

Carlos Tavares vai para a Brafer

a CH2m HIll, empresa de en-genharia, construção, gerencia-mento, operações e meio ambien-te, que atua no brasil desde 1996, anunciou em abril a implantação no país da Diretoria de Power, destinada a empreendimentos do setor de energia, como terme-létricas, centrais de cogeração, parques eólicos, parques solares, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e projetos de transmissão e distribuição, entre outros.

Para comandar a nova direto-ria, junta-se à equipe da CH2m Hill no brasil o executivo José Renato Bruzadin. Engenheiro eletricista formado na Poli/USP e com mba em administração de negócios pela Fundação Getúlio Vargas, bruzadin tem mais de 20 anos de experiência no setor, tendo atuado nas empresas abb, EnergyWorks, Shell, bG Group e Cummins. até janeiro de 2012, ocupava o cargo de diretor de

Engenharia para a américa latina da GE Water & Process technologies.

De acordo com o diretor de Power, a ampliação da oferta de energia é condição para a continuidade do crescimento da região. Por isso, é um dos setores de infraestrutura que concen-tra maiores perspectivas de investimentos. oferecer amplo espectro de serviços, incluindo consultoria, engenharia (projetos conceituais, básicos e detalha-dos, engenharia do proprietário,

gestão de projetos e gestão de programas) e projetos em regime turn-key são os objetivos da nova área da CH2m Hill no brasil.

“a larga experiência da CH2m Hill em projetos de ener-gia ao redor do mundo somada à estrutura local serão os principais diferenciais que ofereceremos aos clientes no brasil”, destaca José renato bruzadin. a empresa já participou da implantação de mais de 25 mil mW de projetos de Geração de Energia com as mais diversas tecnologias. Entre os projetos em destaque estão a termelétrica de ciclo combinado Empire Generating de 630 mW, fornecida em regime turn-key, no estado de nova York (EUa), con-siderada uma das mais sustentá-veis daquele país, e a termelétrica de ciclo combinado de Darling Downs de 635 mW, também fornecida em regime turn-key, a maior do tipo na austrália.

CarloS robErto taVarES Vieira assumiu a direção da nova divisão de oil & Gas da brafer, após sair da maxen, na qual ocu-pava a função de vice-presidente da companhia. o executivo tam-bém teve passagem pela empre-sa Protubo.

na brafer, Carlos terá o de-safio de ampliar os negócios da empresa na área de estruturas metálicas, visando desenvolver a empresa como tradicional

fornecedor de estruturas metálicas, além de in-troduzir duas novas áreas de fabricação na unidade do rio

de Janeiro, cujo investimento será de r$ 30 milhões e con-sistirá na compra de equipa-mentos e ampliação da planta aumentando o escopo de forne-

cimento com a Pré-Fabricação de tubulação e a Fabricação de Equipamentos sob encomenda (caldeiraria).

tavares é Engenheiro mecânico formado pela Uni-versidade Federal Fluminense (UFF), com mba em Gestão de negócios pelo Ibmec-rJ e Engenheiro de Dutos formado pela Pontifícia Universidade Católica do rio de Janeiro (PUC-rio).

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DE olHo no noVo mercado para construção de gasodutos, a Gas Energy, maior consulto-ria brasileira de gás, contratou o engenheiro argentino Os-car Guillermo Álvarez, espe-cialista em desenvolvimento de projetos para distribuição de hidrocarbonetos.

no mercado desde 1977, o executivo prestará consultoria às companhias independentes de

petróleo que fizeram descobertas de gás no brasil. atualmente, a construção do metro polegada do gasoduto em área metropolitana custa cerca de r$ 300, por isso, o estudo de mercados consumidores e as estratégias de traçados podem definir a viabilidade dos projetos.

Álvarez foi gerente opera-cional do bG Uruguai, empresa do bG Group plc – um dos líde-res globais no segmento de gás natural –, e já atuou na Gas del Estado, empresa pública argentina dedicada à distri-buição e comercialização de gás natural naquele país, entre outras companhias.

Bomcobras anuncia novo diretor

A BOMCOBRAS, fabricante brasi-leira de equipamentos para E&P (exploração e produção), informou, em março, que conta com o novo diretor superintendente, Luiz Ânge-lo Lopes dos Santos.

O último emprego de Lopes foi na Exterran Serviços de Óleo e Gás, onde foi diretor Comercial de Óleo e Gás, diretor executivo da área de manutenção industrial da empresa no Brasil, e mais tarde diretor de Integrated Projects da Exterran para toda a América Latina, ficando ba-seado em houston (EuA), onde fica a matriz mundial da empresa.

Desde outubro de 2011, o enge-nheiro químico foi selecionado para ocupar o cargo de diretor superin-tendente e CEO, se concentrando no start up da empresa, tanto na área organizacional quanto na implanta-ção física das instalações.

A Bomcobras é uma joint ventu-re formada entre a maior fabricante chinesa de equipamentos para exploração e produção de petróleo e gás, Bomco, e as brasileiras Asper-bras e BRCP. O objetivo da parceria é produzir no Brasil máquinas e equipamentos para atender à de-manda de empresas que perfuração de petróleo e gás.

ALL: novo diretor de Serviços e Tecnologiasa amÉrICa latIna logística anuncia a criação da diretoria de Serviços e tecnologia, que terá no comando Marcos Rodrigues da Costa. o executivo, que está na all desde o início da empresa em 1997, tem uma trajetória de sucesso, tendo começado como estagiá-rio na área de Controladoria. Graduado em administração de empresas pela Universidade Federal do Paraná, conta com pas-sagem em áreas Financeira e de operações rodoviárias até 2005. Em 2006, liderou as áreas Finan-ceira e de Controladoria durante a transição da brasil Ferrovias, tendo sido fundamental para a in-tegração rápida e com sucesso da malha paulista. ocupou em 2007 o cargo de gerente da Controlado-ria, e em 2009 foi promovido para

Superintendente do Centro de Serviços Compartilhados.

agora, como diretor de Servi-ços e tecnologia, marcos rodri-gues da Costa terá como desafio dirigir e gerir as áreas de supri-mentos, tecnologia da informação (tI), CSC, regulatório, resultados e projetos de infraestrutura da com-panhia e suas controladas.

Com a nova diretoria, o quadro do comando administrativo da all Holding permanece com:

Paulo basílio como diretor-pre-sidente, cargo que ocupa desde o início de 2011. o quadro da direto-ria all conta ainda com Eduardo machado de Carvalho Pelleissone; diretor-superintendente; rodrigo Campos, diretor Financeiro e de relações com Investidores; Pedro almeida, diretor de relações Institucionais; Sergio luiz nahuz, diretor Comercial; melissa alves Werneck, diretora de Gente e Qualidade; alexandre Zanelatto, diretor de operações.

Gas Energy contrata especialista em gasodutos

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Com o mercado aquecido demandando soluções de ponta em todos os segmentos da cadeia produtiva de óleo e gás, o brasil tem atraído novos players internacionais, entre os quais o grupo italiano Fores

Engineering, que vai fornecer os sistemas de injeção química para duas plataformas da Petrobras, a P-58 e a P-62.

o contrato inclui a engenharia e fornecimento de 32 tanques em aço ino-xidável aISI 316l com indicadores de nível e transmissores, 76 bombas do tipo diafragma duplo de acordo com aPI675 com vazão a partir de 1 litro/hora a 5.000 litros/hora e pressão de descarga até 225 barg, potes de calibração, dampers, válvulas, transmissores de fluxo, válvulas de controle de pressão e todos os acessórios necessários para atingir as performances solicitadas.

a empresa vai fornecer também toda a assistência técnica para o pré--comissionamento, comissionamento, start-up das atividades onshore e offshore e o treinamento dos operadores. “Esse projeto será mais uma boa oportunidade para a Fores Engineering mostrar sua potencialidade na cooperação com seus clientes, suas habilidades operacionais, sua capaci-dade técnica, sua sinergia com as construtoras brasileiras e sua eficácia na

aplicação de tecnologias de EPC nos sistemas de injeção químicos”, afirma o diretor comercial da companhia, Stefano Cappelli.

a Fores Engineering, que completa 20 anos de ati-vidades em 2012, faz parte do Grupo rosetti marino, especializado na integração de engenharia e construção de sistemas de óleo e gás. a empresa oferece sistemas de controle de cabeça de poço de petróleo; sistemas de medição de gás; sistemas de injeção de químicos, gás

e combustível; sistemas de óleo diesel, controle e segurança; sistemas de telecomunicação e salas de controle pré-fabricadas.

tendo iniciado suas atividades em 1992, como uma empresa de auto-mação, instrumentação e elétrica do Grupo rosetti marino, com sede na Itália, ela ganhou seu know-how em plataformas offshore no mar me-diterrâneo, expandindo sua atuação rapidamente para o mar do norte, África ocidental, Golfo Pérsico e mar Cáspio, e ingressou no mercado de instalações terrestres. Hoje, oferece soluções onshore e offshore pra diversos mercados, incluindo a indústria de óleo e gás no oriente médio, Extremo oriente e Federação russa.

Essas atividades levaram a empresa a diversificar seus produtos para instalações de cabeça de poço, instrumentação, segurança, sistemas de automação e de telecomunicações, além de desenvolver sólida capacidade para suprir serviços técnicos e operacionais, devido à sua atitude positiva e forte e comprometimento com integração local. a empresa consolidou grande experiência e competência para gerir projetos complexos, cumprir

Atuação global e forte presença local

Com 20 anos de atividade no mercado mundial, a Fores Engineering, líder em engenharia e construção na indústria offshore e onshore, inicia suas operações no Brasil com os contratos de sistemas de injeção química para as plataformas P-58 e P-62.

perfil empresa – fores

Av. Treze de Maio, 13 - Salas 1816/1817 Centro - Rio de Janeiro - RJ, Brasil CEP 20031 901Tel.: 55 21 2220-9340 / 2220-9840 /2262-5066Celular: 55 21 [email protected]

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exigências contratuais dos clientes e atender às expec-tativas das mais exigentes petrolíferas internacionais e nacionais, e contratadas em EPC.

Entrada no Brasila Fores e o Grupo rosetti marino chegaram ao brasil

com grande otimismo, que foi reforçado pelos recentes contratos de skids de injeção química, os quais repre-sentam um primeiro passo para uma presença mais forte e duradoura no país. Devido às peculiaridades e procedimento padrão, a Fores normalmente ‘acom-panha’ seus produtos durante as etapas de instalação, pré-comissionamento, comissionamento e inicialização e é obrigada a prestar serviços de assistência pós-venda.

a prestação de serviços permanentes de assistência pós-venda e serviços técnicos é desenvolvida no exterior por empresas locais ou parcerias no Egito, algéria, ni-géria, Croácia, Emirados Árabes Unidos e Cazaquistão. Visando estabelecer a prestação de uma assistência pós--venda competente e conteúdo local no brasil, a empresa recentemente qualificou e executou um acordo com uma parceira brasileira sólida com a qual irá partilhar competências e conhecimento.

a estratégia da Fores no brasil, onde é representada pela termopump, sob a direção de Ricardo Martuscelli é aumentar sua presença através de parcerias com empresas competentes e confiáveis que estejam dispostas a dividir participação de mercado com o objetivo de aprimorar suas competências nos produtos e serviços da Fores e que queiram integração e verdadeira parceria.

o primeiro acordo já foi realizado com a Vessel, par-ceira local para o fornecimento de serviços ligados a painéis de controle de cabeça de poço e unidade de po-tência hidráulica. atrair parceiros brasileiros no processo

de fabricação é a nossa principal meta para estabilizar nossa presença no brasil e aumentar o conteúdo local para os próximos projetos.

Produtos e serviços Skids e grupo de skids – a Fores fornece ao mercado de petróleo e gás de upstream, midstream e downs-tream uma grande quantidade de equipamentos: painéis de controle de cabeça de poço, unidades de potência hidráulica, sistemas para medição, injeção química, sistemas a gás combustível, geração de energia, análise de processo, sistemas de amostra-gem, abrigos e cabines pré-fabricadas.Sistemas de Automação – Como integradora de sistema, a Fores fornece sistemas para controle de processo e potência (baseado em DCS e PlC), SCaDa, paralisa-ção de emergência e detecção de incêndio e gás, todos funcionando com o Sistema Integrado de Controle e Segurança (ICSS).Sistemas de Telecomunicações – Como integradora tlC, a Fores fornece sistemas para UHF/VHF e rádio ma-rítimo, PaGa, PabX, InmarSat/VSat, CCtV, meteo, relógio mestre e GPS. Serviços Industriais – além de prestar serviços de assistência pós-venda para seus produtos, a empresa presta serviços de assistência técnica às atividades de pré-comissionamento, comissionamento e inicializa-ção, modificação e melhoria de sistemas/equipamen-tos, manutenção preventiva e corretiva, fornecimento e gerenciamento de peças sobressalentes.

CLIENTES DA FORES: a Fores fornece produtos e serviços para empresas operadoras e epecistas inter-nacionais e nacionais: EnI, total, Exxonmobil, Shell, maersk, adnoc, Petrobras, rosetti marino, Saipem, techint, technip, tecnimont, tecnicas reunidas, abb e recentemente os Consórcios CCI e CQG.

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Schlumberger

Schlumberger anuncia acordo para comprar o SPT Groupa SCHlUmbErGEr anunciou na última semana que entrou em acordo com a altor Fund II para adquirir o SPt Group, empresa de software especializada em modela-gem dinâmica para a indústria de petróleo e gás. a empresa oferece uma combinação de softwares e serviços de consultoria de fluxo multifásico e aplicações de enge-nharia de reservatórios.

“a modelagem dinâmica e o software de otimização de reser-vatório do Grupo SPt irão com-plementar o portfólio de softwa-re de produção já existente da Schlumberger”, disse tony bow-man, presidente da Schlumberger Information Solutions (SIS). “Isso permitirá que os clientes otimi-zem ainda mais o desempenho da produção de reservatórios para

instalações de processamento”, complementa o executivo.

“Combinando as competências, habilidades, presença e tecnologias das duas empresas iremos aumentar ainda mais a escala de nossas ativida-des e permitir a entrega contínua de produtos e serviços com a qualidade e o ritmo das demandas do mercado”, comentou tom Even mortensen, dire-tor executivo do SPt Group.

produtos e serviços

Rolls-Royce

Rolls-Royce fecha contrato com a Island OffshoreEmpresa participará de projeto de embarcação de construção submarina

a rollS-roYCE, empresa global de sistemas de energia, presente no brasil há mais de 50 anos, foi selecionada pela Island offshore para projetar, equipar e impulsio-nar um avançado navio de cons-trução submarina. a embarcação será construída no estaleiro da StV oSV em brevik, na noruega, e a entrega está prevista para o início de 2014.

o navio modelo Ut 737 CD dará suporte aos mais desafia-dores projetos submarinos, como a construção e a manutenção de poços de óleo e gás, a mais de 3.000 m abaixo do nível do mar. Para isso, o navio apresentará características especiais. Entre elas, estão dois sistemas inde-pendentes para lançamento e recuperação de Veículos ope-rados remotamente (roV), um guindaste de 125 toneladas que compensa movimentos das on-

das, além de uma torre offsho-re que manipula equipamentos submarinos por meio de uma grande abertura no casco do navio, chamada de moon pool (piscina-lua).

Anders Almestad , presi-dente da divisão offshore da rolls-royce, comemorou o novo contrato. “Essa embarcação de alta tecnologia a p r e s e n t a r á uma combina-ção de tecno-logia inovado-ra e projeto de classe mundial energeticamente eficiente. Isso demonstra nossa posição de líder no mercado de navios offshore de alta comple-xidade e nossa habilidade em superar os desafios da exigente indústria de óleo e gás em águas profundas”, afirmou o executivo.

o projeto e a adaptação do na-vio permitem que este desempenhe quase qualquer tipo de tarefa em campos de óleo em águas profun-das. além de dar suporte a ope-rações submarinas, também pode transportar carga entre plataformas offshore e atuar como embarcação de recuperação de óleo.

o navio também inclui um sistema de propulsão diesel-elé-trica que incorpora quatro mo-tores bergen, que irão conduzir dois propulsores azipull, além de outros dois laterais – eles irão trabalhar em conjunto com um di-nâmico sistema de posicionamen-to que permite que a embarcação mantenha sua posição enquanto realiza atividades submarinas. o sistema de propulsão diesel--elétrica também aumenta muito a eficiência energética da embar-cação, reduzindo a emissão de gases poluentes.

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Hojuara As Built 3D

Tecnologia 3D no levantamento de dados offshorea HoJUara aS bUIlt 3D, especializada em levantamen-to tridimensional a laser com base em nuvem de Pontos, faz a documentação física de plantas industriais como apoio a revamps e retrofits, acompanhamento de fa-bricação, montagem e elaboração de as-built 3D. a tecnologia laser Scanning surgiu em 1990. no iní-cio, significou um avanço para a área topográfica, e hoje é utilizada em diferentes ramos e atividades, como no setor offshore.

Desde 2003 a empresa re-aliza a varredura a laser e tem a “nuvem de Pontos” como insumo principal nas atividades de projeto, fabricação e monta-gem visando a eliminação do retrabalho durante a construção na indústria de petróleo e gás - tanto em ambiente onshore quanto offshore - e também atende as áreas de siderurgia, papel e celulose, construção ci-vil, usinas, refinarias, mineração e documentação de patrimônio histórico. Entre as empresas atendidas pela Hojuara estão: Petrobras, Shell, SubSea7, ode-brecht, IESa, Promon, Engevix, Chemtech, Vale e outras.

Segundo Boaz Teixeira, sócio-diretor da Hojuara as built 3D, diante das dificuldades operacionais das atividades offshore de re-alizar qualquer modificação ou reparo em plataformas, o laser Scanning oferece a possibilidade de cap-turar as informações do projeto e levá-las para a mesa de trabalho e ali fazer todos os estudos e si-

mulações necessários, fabricar as peças com segurança e, depois de tudo pronto, levar para cons-trução e montagem no mar com a garantia do mínimo retrabalho.

“Como toda nova tecnologia, o laser Scanning teve seus early adapters e seus later adapters, ou seja, tem aqueles que conhe-cem a tecnologia, entendem e já iniciam sua aplicação, e tem aqueles que são um pouco mais reticentes, que gostam mais de atuar com o tradicional e só co-meçam a usar a tecnologia quan-do veem que outras empresas utilizaram e obtiveram sucesso”, explica teixeira.

o executivo comenta ainda que há muita mão-de-obra que não é 100% formada para fazer esse tipo de trabalho, por isso, ficam sujeitas a erros e enganos. “acontece que havendo um erro, isso pode causar um prejuízo para o cliente, causando um impacto grande e extremamen-te negativo para a tecnologia”, complementa.

teixeira explica que no setor offshore a tecnologia pode ser aplicada em qualquer situa-ção em que se desejar ter uma visualização tridimensional, mas

o laser Scanner na forma como a Hojuara as built 3D utiliza é uma ferramenta de engenharia.

“Seu uso é bastante vantajoso e recomendável em projetos de revamp ou retrofit, porque, para se fazer modificações em uma instalação existente, é necessá-rio possuir uma documentação confiável. mas a maioria dos empreendimentos não a tem, não suportando bem os projetos e, nestes casos, o laser Scanning permite fazer uma atualização precisa da planta que servirá como um facilitador na execução da obra, identificando e elimi-nando desajustes e interferên-cias”, afirma o executivo.

Em plataformas de petróleo, quando a execução de reparos requer agilidade e precisão, como nos casos em que há pa-rada de produção, o uso da tec-nologia laser Scanning, além de eficaz, é bastante rentável, porque a experiência já de-monstrou que pode reduzir em mais de 20% o tempo de para-da, representando em cifras um ganho na produtividade, visto que em um só dia a plataforma produz milhares e milhares de barris de petróleo.

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produtos e serviços

no ano Em que o GlP (Gás liquefeito de Petróleo), mais conhecido como gás de cozi-nha, completa cem anos de história no mundo e a Ultra-gaz comemora 75 anos no brasil, a companhia aproveita a ocasião para alertar a popu-lação sobre a importância da escolha do seu revendedor de gás. Para segurança e tran-quilidade do consumidor, é de fundamental importância que o revendedor seja autorizado pela anP (agência nacional do Petróleo, Gás natural e biocombustíveis).

no brasil, a anP regu-la todo o setor de GlP e é responsável pelas normas técnicas e de segurança que devem ser seguidas pelas empresas, sejam revendas ou distribuidoras. Se acondicio-nado e armazenado adequa-damente, este é um produto seguro para uso residencial, comercial e industrial. além disso, é uma fonte energé-tica importante para o país, pois apresenta baixo impacto ambiental e tem demonstrado alta eficiência na substituição de outros energéticos tradi-cionais, mais poluentes e da-nosos para o meio ambiente.

o aumento do consumo de GlP no brasil nos últimos anos, que contribui direta-mente para a melhoria da qualidade de vida da po-

pulação, infelizmente, vem acompanhado do crescimento do mercado de gás ilegal,

que coloca em risco a vida do consumidor e de sua família. as revendas piratas comer-cializam botijões fora dos padrões de peso, segurança, armazenagem e transporte adequados, e atuam contra a lei de Propriedade Industrial, o Código de Defesa do Consu-midor e as normas da anP.

o botijão de GlP possui a marca da distribuidora gravada em relevo no seu corpo, com o rótulo e o lacre da mesma distribuidora, pois é a empresa que assume a responsabilidade pelas condições de seguran-ça deste produto. Se o botijão foi adquirido de revendedor não autorizado, o consumidor perde as garantias inerentes ao produto adquirido em uma revenda regularizada.

Ultragaz

Ultragaz completa 75 anos no BrasilEmpresa faz campanha alertando para os perigos da compra de gás ilegal

CREDENCIAIS ULTRAGAZ

Primeira empresa de GLP do Brasil

Faturamento: cerca de R$ 4

bilhões em 2011

Quantidade de GLP distribuído: 1,6 milhão de toneladas/ano

Bases de engarrafamento: 17Bases de estocagem e distribui-ção: 21

Domicílios atendidos: 10,8

milhões

Clientes empresariais: 41,9 mil

Funcionários: 4.100

Revendedores: 4.400

Lojas próprias: 26

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maIor FornECEDora de solu-ções para o local de trabalho do mun-do, a regus comemora a conquista do seu milionésimo cliente. a marca representativa para a empresa foi alcançada com o seu mais recente cliente, a Innovative Database So-lutions (IDS) que está instalada no centro empresarial the Point of In-verness, em Denver (EUa), um dos 1.200 endereços da empresa em todo o mundo.

“Estou muito contente por alcan-çarmos essa marca histórica. nossa missão é fazer com que as empresas atuem de forma mais inteligente e aumentem a produtividade. a IDS representa muito bem uma série de pequenas empresas que utilizam os nossos escritórios e serviços para iniciarem atividades em uma nova região, com uma relação custo-be-nefício vantajosa para seu projeto de expansão”, afirma Mark Dixon, CEo

da regus. “no universo corporativo cada vez mais empresas optam por práticas flexíveis de trabalho. Já são mais de um bilhão de profissionais que trabalham com mobilidade e formas alternativas de trabalho em vários setores e empresas de todos os portes”, completa.

até dezembro de 2012, a regus irá inaugurar centenas de centros de negócios. atualmente, a rede regus está presente em mais de 90 países, o que é um indicador de que a pro-cura pelos serviços relacionados às condições flexíveis de trabalho está crescendo. no brasil, a regus tem aberto novos centros empresariais

em algumas capitais como São Paulo, rio de Janeiro e Vitória.

a escolha da IDS pelo escritório da regus, nos EUa, não foi por acaso. “Um dos motivos pelos quais escolhi a empresa é a grande diversidade de endereços que a regus possui em todo o mundo. Quando precisar sair de Denver numa viagem de trabalho, posso simplesmente usar o centro empresarial mais próximo de onde eu estiver”, afirma Justin Hamilton, presidente da IDS.

além da localização em áreas valorizadas nas principais cidades, os centros de negócios da regus pos-suem a infraestrutura necessária para o funcionamento das empresas. Esse é o maior atrativo apontado pelos clientes, pois podem se dedicar às suas atividades profissionais (core business), ficando livres de questões como gerenciamento da estrutura física do escritório.

A SKANSKA, um dos mais im-portantes grupos do mundo em construção e desenvolvimento de projetos, assinou um contrato com a Petrobras para aumentar em 25% a capacidade de tratamento e com-pressão de gás natural do Terminal de Cabiúnas (Tecab), no município de Macaé (RJ).

“Esse contrato é muito im-portante para a Skanska e para a Petrobras, que investirá quantida-des significativas para extrair gás natural nesta área. O Brasil está se expandindo fortemente e os investimentos em infraestrutura em petróleo e gás são responsáveis por grande parte disso. A Petrobras é um cliente muito importante, com o qual temos trabalhado por dez anos. Esse projeto irá gerar 3000 novos

empregos, dos quais 1500 serão na Skanska.”, disse Nelson Branco, Coun-try Manager da Skanska Brasil.

O empreen-dimento será executado por meio de um consórcio, dividido em três partes iguais entre a Skanska e mais duas outras empresas, o que corresponde a uma participação de R$ 448 milhões para cada uma das três consorciadas.

A Skanska é a líder do consór-cio responsável pela engenharia de detalhamento e construção das instalações, incluindo obras civis e instalações eletromecâni-cas. O contrato também inclui o

fornecimento de equipamentos e materiais, ficando também a cargo do consórcio a assistência técnica para as fases de comissionamento e start-up das diversas unidades dentro da nova planta.

O projeto prevê a instalação de cinco novas unidades de pro-cessamento e suas respectivas interligações com as unidades existentes (off-sites). Ainda terá a vantagem de utilizar o gás natural produzido pelos campos de petró-leo e gás do pré-sal, explorados pela Petrobras.

As obras têm início imediato, com previsão de conclusão no início do quarto trimestre de 2014. Cerca de três mil trabalhadores serão envolvidos quando o projeto atingir o auge.

Regus

Skanska

Regus alcança a marca de um milhão de clientes

Skanska assina contrato de R$ 1,34 bilhão com Petrobras

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produtos e serviços

Com a CrIação da joint ven-ture, a Kawasaki torna-se sócia efetiva do EEP, com 30% de par-ticipação no empreendimento, garantindo transferência tecno-lógica para o desenvolvimento da indústria naval brasileira e a capacitação de mão de obra local. o anúncio acontece 21 dias após a assinatura, em 18 de abril, da Car-ta de Intenção com a Sete brasil – companhia de investimentos es-pecializada em gestão de portfólio de ativos voltados para o setor de petróleo e gás na área offshore no brasil – para a construção de seis sondas de perfuração do pré-sal para a Petrobras.

“Celebramos um momento histórico para a indústria naval baiana: a entrada da Kawasaki na sociedade que compõe o EEP. Com a parceria, asseguramos as condições necessárias para aten-der às demandas de equipamen-tos navais de alta complexida-de, que resultam do desafiador Programa de Investimentos da Petrobras e da Sete brasil. ter a Kawasaki como sócia garan-te transferência de tecnologia e assegura um horizonte de per-manente desenvolvimento. as-sim, estaremos habilitados para enfrentar a batalha da competiti-vidade”, afirmou Fernando Bar-bosa, diretor-presidente do EEP.

Esta é a terceira parceria in-ternacional da Kawasaki, que já

conta com experiências bem-su-cedidas de transferência tecno-lógica, realizada por joint ventu-res, com dois estaleiros na China: nantong CoSCo KHI Ship En-

gineering Co., ltd. (nacks) e Dal ian Cosco Shipbuilding In-dustry Co., ltd. (Dacos).

Para o presi-dente da compa-

nhia japonesa, Satoshi Hasegawa, o fechamento do contrato é motivo de orgulho. “teremos oportunidade de operar com empresas líderes, como a odebrecht, oaS e UtC. Colaboraremos com nossa experi-ência e know-how para a constru-ção do EEP e seu desenvolvimento, transformando-o no mais moderno do mundo, dotado de tecnologia de última geração. nós nos dedicamos

a unir forças para desenvolver a indústria do petróleo. a KHI, que já conta com fábrica de motos em manaus, parceria com Embraer para construção de asas de aero-

naves, agora é parceira do esta-leiro e está con-tribuindo para o desenvolvimento do brasil por ter-ra céu e mar.”

“a b a h i a , que tem tradição de mais de 30 anos na indústria naval, agora conseguiu reunir três grandes empresas de raiz baiana: odebre-cht, oaS e UtC. o investimento é relevante para o desenvolvi-mento do estado. agora, com a parceria do Enseada do Para-guaçu com a japonesa KHI, te-remos qualidade de mão de obra para a retomada dessa indústria,

EEP - Estaleiro Enseada do Paraguaçu

Estaleiro Enseada do Paraguaçu firma parceria com KawasakiO Estaleiro Enseada do Paraguaçu S/A (EEP), formado pelas empresas Odebrecht, OAS e UTC, anunciou no dia 4 de maio a parceria tecnológica com a empresa japonesa Kawasaki Heavy Industries Ltd. (KHI). A atuação será na construção e integração de unidades offshore, como plataformas, navios especializados e unidades de perfuração.

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Uma DaS PIonEIraS na utili-zação de energia eólica no mun-do, a empresa alemã Fuhrläender lançou a pedra fundamental da sua primeira fábrica de máquinas e equipamentos destinados ao seg-mento eólico.

o aumento da participação da energia eólica na matriz brasilei-ra e a encomenda de 126 máqui-nas para os 17 parques eólicos que Furnas está construindo no nordeste viabilizaram o investi-mento. “a principal motivação de Furnas para trazer a Fuhrläender para o brasil foi a transferência de tecnologia. as característi-cas dos equipamentos e as boas condições de negociação nos ajudaram a conquistar os em-preendimentos no último leilão. as duas empresas compartilham o objetivo comum de investir em geração de energia limpa e re-novável”, afirmou Flavio Decat, presidente de Furnas.

“nossa preocupação não é ape-nas com a geração de energia lim-pa. Queremos transferir tecnologia e formar técnicos brasileiros no setor de energia eólica”, afirmou o presidente da Fuhrläender, Joa-chim Fuhrläender.

a futura fábrica, que já tem licença de Instalação (lI) para ocupar cerca de 122 mil m2 no Complexo Industrial do Porto de Pecém (CIPP), Ceará, conta com investimento inicial de r$ 15 mi-lhões. o presidente da Fuhrläender disse que se a unidade for amplia-da poderá receber investimento adicional de r$ 30 milhões.

o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho neto, também ressaltou o empenho da subsidiária de Furnas no desen-volvimento da energia eólica no brasil. “Enquanto o potencial hi-dráulico do país é de 260 mil mW, o potencial eólico apenas onsho-re está estimado em 350 mil mW. Hoje, com o avanço tecnológico, os dois tipos de energia já compe-

tem em termos de preço”, ressaltou Carvalho neto.

Já o governador Cid Gomes lembrou que até o final deste ano o Ceará será autossuficiente em energia e, até 2016, a região irá exportar energia limpa.

as instalações devem ficar pron-tas em oito meses. no primeiro semestre de 2013 será iniciada a fabricação de aerogeradores das classes Fl 2.5 mW e Fl 3.0mW, máquinas de grande potência com 141 m de altura e adaptadas para obter o melhor aproveitamento dos ventos. a previsão é de que sejam produzidas 20 unidades por mês, em um turno de trabalho. Porém, dependendo da demanda, a ca-pacidade de produção poderá ser distribuída em até três turnos.

Fuhrläender

Fuhrläender lança pedra fundamental da sua primeira fábrica no Brasil

por meio dessa grande unidade fabril na bahia que será o EEP. o investimento equivale à ins-talação de duas indústrias auto-mobilísticas e vai impactar forte-mente, e de maneira positiva, o recôncavo”, disse o governador do estado, Jaques Wagner.

Criado em 2010, o EEP fará um investimento privado de cerca de r$ 2 bilhões na bahia, o maior rea-lizado na região na última década. Ficará localizado no município de maragojipe (ba), a 23 milhas náu-ticas de Salvador (42 km, mais ou menos) e ocupará uma área de 1,6 milhão de m2.

as obras, atualmente na fase de terraplenagem, deverão ser finalizadas em 2014. Em ativida-

de, o estaleiro poderá processar 36 mil toneladas de aço por ano para fabricação de diferentes ti-pos de embarcações, como sondas de perfuração offshore e FPSos (unidades flutuantes de armaze-namento e transferência). a pre-visão é gerar três mil empregos diretos durante a construção e cinco mil após início da operação do empreendimento, além de dez mil indiretos.

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a braStEC tECHnoloGIES S/a adquiriu 100% da holandesa SaS, empresa especializada em desenvol-ver projetos e fabricar equipamentos embarcados (offshore). Com o ne-gócio surge a brastec SaS, a pri-meira empresa brasileira capacitada para produzir equipamentos como torres de lançamento para PlSV, guinchos de até 750 toneladas para lançamento e manuseio de tubos em águas profundas, horizontal pipe lay (Slay), vertical pipelaying systems (J-lay), a-Frames, handling towers, assim como carrosséis offshore e ten-sionadores de alto porte.

“a indústria brasileira precisa ga-nhar mercado internacional apresen-tando qualidade. E é para atender

a essa expectativa que concretiza-mos a aquisição. Ficamos bem posi-cionados na Euro-pa, middle East e Ásia”, afirma Fabio Romano, CEo da brastec SaS.

a empresa passa a ter porte de uma multinacional, com operação no brasil, Holanda, Canadá, EUa, China e Inglaterra. “nosso plano é reforçar a equipe de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, além de aumentar o número de escritórios de venda ao redor do mundo. acabamos de abrir um escritório da brastec SaS limited em newcastle, na Inglaterra, estratégico para os negócios de o&G, pois temos vários clientes na região e acabamos de fechar um projeto de r$ 60 milhões”, diz romano, sem dar maiores detalhes por ter que cumprir cláusula de confidencialidade.

a empresa também abrirá um es-critório em Cingapura, onde a SaS já tinha clientes. “Um dos objetivos é recrutar o maior número de profis-sionais de vendas e promover nossos equipamentos e projetos, claro, junto com os negócios da SaS”. as novas

unidades se unem a outras já exis-tentes em toronto (Canadá) e em Houston (EUa).

Com a aquisição da SaS, a bras-tec eleva seu faturamento de r$ 75 milhões, no ano passado, para cerca de r$ 300 milhões, já neste ano. an-tes da união, a empresa já tinha r$ 275 milhões contratados até 2013, dos quais r$ 155 milhões para 2012.

atualmente uma das fornecedo-ras de maior porte da Petrobras, a brastec SaS irá participar das pró-ximas licitações de construção de Equipamentos de manuseio para sondas de perfuração. “De imediato, podemos informar que conseguimos atingir um conhecimento de mercado que, aliado à atual estrutura da enge-nharia, supply chain e montagem da brastec nos permite atingir 60% de conteúdo nacional para atender aos projetos. temos fabricação de uma gama de equipamentos que ainda não eram fabricados no brasil, sa-tisfazendo requisitos do conteúdo local para sistemas de Pipelay para PlSVs e guinchos pesados de até 750 toneladas para lançamentos de tubos flexíveis em águas profundas”, disse romano.

no rio de Janeiro, a brastec possui um escritório para vendas e

engenharia. mas para desenvolver os itens embarcados – já fabricados na Holanda –, a companhia busca uma unidade com acesso ao mar. “Pretendemos montar uma estrutura à beira-mar. ainda estamos decidin-do a localização.”

a nova unidade que será cons-truída no rio contará com o apoio logístico, supply chain, engenharia e automação da própria brastec – matriz em Jundiaí (SP). “Quanto a supply chain, estamos bem prepa-rados, pois além da nossa própria cadeia de fornecimento no brasil, podemos utilizar o supply chain SaS na Europa e Coreia, nos capacitando para projetos fora do brasil.”

Para atender aos novos desafios, a empresa vai precisar reforçar sua direção. romano adianta que haverá um vice-presidente na Europa que acompanhará os dois atuais direto-res da SaS. “Ele se reportará dire-tamente a mim. também estamos trabalhando na criação de um board advisory [conselho consultivo] e na contratação de um CFo para a SaS na Holanda.”

Com a expansão no mercado in-ternacional, a empresa terá novos de-safios internos, e para isso criou uma nova estratégia. “Estamos lançando um programa de intercâmbio entre Holanda e brasil, fundamental para a empresa entender as diferenças cultu-rais, os desafios, e trocar conhecimen-to. Vamos implantar um programa de capacitação extensivo também para a língua inglesa, que passa a ser requisito fundamental para nossos funcionários”, diz o executivo.

outro projeto em desenvolvimen-to é a Escola brastec, voltada para a capacitação de profissionais na área elétrica, automação e software, engenharia hidráulica e mecânica. o foco, no primeiro momento, será em automação – parte importante de muitos projetos da companhia –, além da engenharia mecânica.

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Brastec reforça posição com aquisição da SAS

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tecnologia

Otto Licks é advogado do Leonardos & Licks Advogados.

Rodrigo Souto Maior é advogado do Leonardos & Licks Advogados.

A tecnologiaé NOSSA

O Brasil sempre reconheceu o mar como uma de suas principais fontes de riqueza. E, se as dádivas do Atlântico já eram evidentes nos tempos de Cabral, tornaram-se ainda mais com a descoberta de grandes reservas de petróleo e gás na chamada zona do pré-sal.

Este inegável marco foi apenas possível com o desenvolvi-mento de sofisticada tecnologia, necessária para vencer os imensos desafios relacionados à exploração desta faixa, que se estende por 800 km e guarda promessas incríveis de

recursos em abundância. Porém, além de promessas, a explotação do pré-sal traz consigo

uma série de importantes questões jurídicas, algumas delas relacio-nadas às tecnologias que têm permitido a concretização do seu imen-so potencial. Especialmente interessante é a questão do alcance das normas de propriedade intelectual e jurisdição brasileiras sobre o uso de tecnologia em plataformas e navios operando nesta zona.

É certo que a descoberta destas reservas posicionou o brasil no centro do mercado petrolífero global, resultando na convergência de esforços para viabilizar e desenvolver a extração e distribuição dos seus recursos. as profundidades superiores a 6 km e os dois 2 km de crosta que separam os poços da superfície impulsionam constantes pesquisas tecnológicas, sendo esta – a exploração em grandes profundidades –, uma das áreas em que o brasil ocupa a vanguarda da pesquisa cien-tífica mundial. a proteção de tais inovações por meio dos direitos de propriedade intelectual, notadamente do direito de patentes, é um importante fator para o incentivo de novas pesquisas. a questão é como e se a legislação brasileira alcança os atos praticados a quilômetros da costa, no curso da explotação dos recursos do pré-sal.

Sabe-se que o território marítimo brasileiro abrange – nos termos da Convenção das nações Unidas sobre o Direito do mar/CnUDm e da lei 8.617/93 –, o mar territorial (12 milhas marítimas da linha base), a zona contígua (24 milhas marítimas da linha base) e a zona econômica exclusiva/ ZEE (188 milhas marítimas adjacentes ao mar territorial). Em 2004, o brasil apresentou à onU proposta de exten-são de sua área marítima para além das 200 milhas com base em sua plataforma continental, conforme autoriza a CnUDm.

a soberania plena do brasil é exercida sobre o mar territorial, o es-paço aéreo sobrejacente, seu leito e subsolo. a explotação dos recur-sos do pré-sal dá-se fora do mar territorial, nos limites da zona econô-mica exclusiva. nela, o brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos seus recursos

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naturais. De igual maneira, na ZEE, o país exerce sua jurisdição pelo direito exclusivo de regulamen-tar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo e a construção, operação e uso de ilhas artificiais, instalações e estruturas. a ZEE é ainda regulada pela chama-da lei do Petróleo, a lei 9.478/97, que a inclui em sua definição de território nacional no contexto do monopólio da União sobre o petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. Segundo o artigo 3º desta lei, no território nacional estão compreendi-dos a parte terrestre, o mar territorial, a plataforma continental e a zona econômica exclusiva.

a proteção do direito de patentes respeita o Princípio da territorialidade, segundo o qual a proteção conferida pelo título está adstrita ao território nacional do país onde foi concedido. no brasil, a proteção é delimitada no artigo 42 da lei 9.279/96, que confere ao titular de uma patente o direito de impedir terceiro, sem o seu consenti-mento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos um produto obje-to de patente e/ou um processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. tais con-dutas são inclusive tipificadas como crimes pela mesma lei em seus artigos 183 a 186.

Convém notar que as atividades de explotação dos recursos do pré-sal não se enquadram na exce-ção trazida pelo artigo 5 da Convenção da União de Paris para a Proteção dos Direitos de Propriedade Industrial. Segundo este artigo, não serão conside-rados lesivos dos direitos do titular da patente “o emprego, a bordo dos navios dos outros países da União, dos meios que constituem o objeto da sua patente no corpo do navio, nas máquinas, mastrea-ção aprestos, e outros acessórios, quando esses na-vios penetrarem temporária ou acidentalmente em águas do país, sob reserva de que tais meios sejam empregados exclusivamente para as necessidades do navio”. a operação de prospecção e extração de petróleo e gás natural certamente encontra-se fora dos conceitos de entrada temporária ou acidental apresentados no artigo.

Com base no que foi observado aqui, vê-se que o brasil pode exercer sua jurisdição sobre o uso não autorizado de tecnologia patenteada nas atividades relacionadas à explotação dos recursos contidos na camada do pré-sal. tal uso, nos termos dos dispo-sitivos supra mencionados, pode acarretar conse-quências tanto na esfera cível como penal. Deve-se ressaltar que, sendo objeto de monopólio legal, o petróleo e gás natural brasileiros podem apenas ser

explotados nos termos dos contratos de concessão para exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural firmados com a agência na-cional do Petróleo, Gás natural e biocombustíveis (anP). Esses contratos são firmados entre a própria anP e as empresas de petróleo que participaram da licitação e sagraram-se vencedoras. Pelos contratos, os concessionários obrigam-se a assumir e respon-der integral e objetivamente pelas perdas e danos causados, direta ou indiretamente, pelas operações e sua execução, independentemente da existência de culpa, tanto a terceiros quanto à anP e à União.

a tecnologia de exploração de petróleo e gás natural em águas profundas é hoje motivo de orgulho e de esperança ao brasil. muitos anos e recursos foram investidos no seu desenvolvimento, e as perspectivas são de que cada vez mais novida-des sejam trazidas para que o país avance rumo à autossuficiência e à consolidação de sua posição de destaque no cenário internacional. a aplicação da lei da Propriedade Industrial aos atos praticados na ZEE durante a explotação dos recursos do pré-sal é algo não apenas possível, mas muitíssimo desejável como meio de proteger os investimentos em tecnolo-gia e incentivar que novos esforços continuem sendo feitos para aprimorar a eficiência e a segurança das atividades praticadas na zona do pré-sal.

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concessão

contabilidade regulatória e renovação das concessões

Aneel:

Permanece o impasse sobre o que fazer com as concessões do setor elétrico após 2015. Nunca é demais lembrar que será o ano de vencimento de grande parte das concessões do setor – em especial nos segmentos de geração e transmissão.

De um lado, há restrição legal à renovação dos contratos, que dependem de prévia licitação. Do outro, há obrigação de continuidade na prestação dos serviços, despreparo da União para assumi-los e, sobretudo, alto valor estimado de

indenizações aos atuais concessionários.nesse contexto, um aspecto pouco explorado na doutrina jurídica

e de raro trato pelos tribunais – talvez por seu ineditismo – poderá afetar diretamente a discussão ao redor das renovações: a forma de verificação dos investimentos não ressarcidos aos concessionários.

o racional das concessões é simples: o Estado permite que al-guém explore, por prazo determinado, uma atividade que, em essên-cia, seria por ele prestada e, em contrapartida este concessionário do serviço será remunerado pela quantia paga pelos próprios usuários (cidadãos). ao final do prazo contratual, todo o investimento realiza-do pelo concessionário (construção, equipamentos, imóveis, dentre outros) deverá ter retornado, junto à remuneração pela prestação do serviço, pois os ativos reverterão às mãos do Estado.

o problema, contudo, está na forma de aferição deste ressarci-mento pelo investimento realizado. o critério adotado pela agência nacional de Energia Elétrica (aneel), por exemplo, é contábil e em função da depreciação dos ativos.

Depreciação, no entanto, é conceito contábil atrelado à vida útil do ativo, sem relação direta, portanto com o investimento realizado para sua aquisição ou instalação. ou seja, deprecia-se um ativo em função do tempo pelo qual ainda poderá ser utilizado em suas regu-lares funções, com o objetivo da execução dos serviços e, ao final do dia, na capacidade de gerar receitas.

ainda que não pareça o mais adequado, este critério faz sentido se assim observado: uma vez realizado investimento em determinado ativo, espera-se, racionalmente, usufruí-lo pelo período de sua vida útil, de modo que ao final desta tenha-se recebido receita capaz de remunerar as atividades prestadas com sua exploração, assim como

Rosane Menezes Loh-bauer é sócia da área de infraestrutura e regula-tório do Madrona hong Mazzuco Brandão/So-ciedade de Advogados.

Rodrigo Barata é advo-gado do Madrona hong Mazzuco Brandão/Socie-dade de Advogados.

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o ressarcimento pelo investimento. Caso tolhido o direito de exploração do ativo pelo concessionário, parece natural que seja indenizado na proporção do investimento realizado e não usufruído.

abrem-se parênteses, pois o brasil, ao adotar as regras internacionais de contabilidade (IFrS, lei n. 11.638/07) deveria – e já o fez – superar o modelo acima. Isso porque, as novas regras consi-deram os ativos vinculados à concessão não como propriedade dos concessionários, mas mero direito de uso deles. Com isso, a contabilização dos ativos deve ocorrer na conta dos intangíveis ou financei-ros, aplicando-se o conceito de amortização, que deverá acompanhar o prazo contratual, pois não mais baseada na vida útil do ativo, mas na vigência do direito sobre ele.

ocorre que a aneel expressamente vedou, para fins regulatórios, a aplicação da ICPC-01, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, cuja função é disciplinar este novo modelo de contabilidade às concessões. Fato este que, somado à imposição dos prazos de depreciação de ativos, ultrapassando em muitos casos o prazo concessório, impôs a necessá-ria indenização ao final das concessões.

Há quem argumente, contudo, que o art. 20, §1º, do Decreto n. 2.003/96 teria excluído tal dever aos concessionários em regime de autopro-dução (em regra, consumo próprio) e produção

independente (consumo próprio e comercializa-ção). a nós parece, porém, que tal restrição seria inconstitucional, atentando contra o fundamental direito à propriedade e à vedação ao confisco. outra vez: se o ressarcimento pelo investimento inicial é medido em função de uma taxa fixa de depreciação de ativos, muitas vezes superior ao próprio contrato, não há como impedir a indeni-zação pelo saldo não depreciado.

Esta situação ainda apresenta contornos mais graves se observada a situação específica dos terre-nos vinculados a estas concessões.

tais ativos, embora integrantes da conta dos imobilizados, em regra não depreciam no tempo, posto que sua vida útil é ilimitada. assim, inexis-tindo qualquer parâmetro para que o investimento na aquisição de terrenos seja ressarcido, o con-cessionário faria jus à indenização por seu valor integral, ao final da concessão, sob pena de que se caracterize uma desapropriação (com necessária indenização justa e prévia) ou, ao cabo, incons-titucional violação ao direito de propriedade e à vedação ao confisco.

tal questão há de ser considerada pelo Go-verno Federal na avaliação sobre o futuro do se-tor elétrico. De sorte que se a pauta poderá trazer alterações legislativas, talvez esta falha também deva ser corrigida.

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da recessão global Os quatro benefícios

Nos últimos anos, é provável que ninguém tenha conseguido escapar das discussões sobre a recessão global e seu impacto sobre a vida de todos nós – como consumidores, proprietários de imóveis, pais ou funcionários. Os impactos foram grandes e variados e muitas vidas mudaram como resultado de novas atitudes, políticas e procedimentos em todas as esferas da vida cotidiana.

Grande parte das discussões em torno deste tema focou os impac-tos negativos da recessão – e existem vários! – o que é compre-ensível. Entretanto, devido ao fato de o setor de petróleo e gás

ser muito importante para o mundo, que conta com ele para atender à crescente demanda mundial de energia (independentemente do clima econômico), ele sentiu menos os efeitos negativos da recessão em comparação com os outros setores.

na verdade, a recessão trouxe uma série de mudanças positivas para o setor de petróleo e gás e espera-se que essas mudanças permaneçam: aumento da eficiência, melhor estratégia de recursos humanos, melhor planejamento de conteúdo local, aumento das oportunidades de trabalho para recém-formados, maior chance de prosperidade para as agências de nicho e maior lealdade por parte dos candidatos. todos esses elementos estiveram presentes durante a recessão e geraram um impacto positivo no setor de petróleo e gás.

Aumento da eficiênciao setor de petróleo e gás não sofreu o mesmo impacto sentido pe-

los outros setores durante a recessão. não houve cortes de pessoal em grande escala ou congelamento de novas contratações. Um dos efeitos da recessão no setor incluiu a revisão dos processos e procedimentos internos para assegurar a máxima eficiência das operações. Em muitos casos, fez parte deste processo a reestruturação e reavaliação das de-mandas de talentos.

Hoje, os responsáveis pelas contratações avaliam todas as vagas que surgem e mudam os requisitos sempre que necessário porque as orga-nizações vêm sendo fortemente pressionadas a reduzir os custos. Eles buscam identificar oportunidades que podem contribuir para aumentar a eficiência das suas organizações através de uma nova abordagem em gestão de talentos, o que inclui planejamento de futuro.

Melhor estratégia de RHa luta pela sobrevivência de algumas economias mundiais trouxe com

ela uma mudança significativa na atitude do setor de petróleo e gás em termos da sua estratégia de recursos humanos – mudança que, sem dúvi-

Matthew Halle é gerente de Operações da NES Global Talent.

economia

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da, resistirá ao teste do tempo e permanecerá intacta mesmo em cenários econômicos mais estáveis. a nova atitude inclui planejamento futuro e a utilização de equipes de recrutamento profissional especializadas para suprir as necessidades de mão de obra.

o processo de trabalhar com agências especializa-das para formular estratégias mais eficazes de gestão de talentos – processo muitas vezes realizado em par-cerias exclusivas em vez de ser dividido entre vários fornecedores – reflete maior entrosamento e entendi-mento entre os responsáveis pelas contratações e as consultorias de recrutamento, o que tem aumentado a qualidade dos candidatos.

Aumento das oportunidades para recém-formados

o alto índice de desemprego entre recém-forma-dos e jovens foi um tópico que dominou as manche-tes durante toda a recessão. mas as restrições orça-mentárias e medidas de redução de custos durante este período na verdade conduziram a um aumento das oportunidades para recém-formados e à acelera-ção do processo de qualificação para novos entrantes no mercado de trabalho, uma vez que as empresas estavam buscando manter baixos os custos relacio-nados à contratação de pessoal. as oportunidades para recém-formados apresentadas pelas nES Global talent aumentaram porque as organizações estavam buscando encontrar profissionais de qualidade sem ter que gastar muito.

Embora isso não signifique sobrecarregar os recém-formados ou esperar que trabalhem além da sua capacidade, significa que aqueles que estão bus-cando uma posição permanente e não apenas tempo-rária terão acesso a oportunidades que não existiam antes da recessão, quando profissionais um pouco mais experientes teriam ganhado mais para fazer um trabalho similar.

Agências de nicho prosperaramas consultorias de recrutamento profissional que

atendem nichos específicos do mercado trabalham dentro de setores que elas de fato entendem e ofere-cem serviços que as empresas contratantes realmente valorizam. Essas consultorias tiveram a oportunidade de brilhar durante a recessão. os bons consultores, aqueles que oferecem assessoria e recrutamento, conquistaram clientes fiéis que não apenas confiam neles como se sentem confiantes em sua capacidade de trazer as pessoas certas de forma rápida.

outros serviços especializados, como gestão de folhas de pagamento, assistência com obtenção de vistos e parcerias de segurança, ajudaram as agências de nicho a gerar maior valor durante a recessão. tudo que ajudasse os responsáveis pelas contratações a melhorar a eficiência do processo de recrutamento foi

bem acolhido por eles, uma vez que a pressão para fazer mais (por menos) se intensificou.

FuturoEstá claro que, como consequência da recessão,

alguns dos processos e procedimentos das empresas do setor de petróleo e gás estão sendo executados com maior eficiência e a atitude dessas empresas em rela-ção à estratégia de rH mudou de forma significativa – essa nova abordagem na gestão de talentos fomentará parcerias mais sólidas entre as empresas contratantes e as consultorias de recrutamento.

apesar de as mudanças no setor de petróleo e gás terem acontecido durante o período de recessão, isso não significa necessariamente que elas serão reverti-das em períodos econômicos mais estáveis. Elas foram importantes lições; elementos como maior eficiência, melhor estratégia de rH e planejamento de conteúdo local vieram para ficar.

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Augusto Mendonça é empresário, formado em Engenharia Elétrica pela uMC (universi-dade de Mogi das Cru-zes/SP). É presidente da Abenav (Associação Brasileira das Em-presas de Construção Naval e Offshore), vice-presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval) e vice-presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraes-trutura e Indústrias de Base).

na economia brasileira

A importância dasRESERVAS DO PRé-SAL

Já é fato hoje que o pré-sal representará uma grande transformação para a economia brasileira. Isto porque ele trará oportunidades para o desenvolvimento e para o crescimento do Brasil, através dos grandes investimentos públicos e privados que se farão necessários para atender à demanda de todo o ciclo de produção.

Com os recursos oriundos do pré-sal, a previsão é de que surjam mais de dois milhões de novos empregos diretos e indiretos no país até 2020. Estima-se, também, que a participação do setor no

PIb cresça a uma taxa de 1% a 2 % ao ano, dobrando sua participação de 10% para 20% do PIb brasileiro. Para atender a toda essa demanda é necessário que o brasil cresça de maneira equilibrada, proporcio-nando melhoria da qualidade de vida.

Esse crescimento na economia brasileira deve ser sadio e toda cadeia precisará ser competitiva em relação a preço, prazo, qualidade e condições de financiamento. Para isso, será necessária uma política industrial forte e medidas que estimulem nossa indústria.

no âmbito internacional, nossas reservas representam uma vanta-gem competitiva no cenário energético mundial, fazendo com que o brasil passe de importador para exportador de petróleo e derivados. outra vantagem é a presença de fatores que fazem do brasil um cená-rio ideal de consumo versus produção, diferentemente de outros países nos quais há muitas reservas, mas sem mercado consumidor, ou, em contrapartida, há mercado consumidor mas não existem reservas su-ficientes para atender ao consumo. Com isso, o brasil torna-se capaz de suprir sua demanda tanto de óleo bruto quanto de derivados, o que nos deixará mais fortes e preparados para enfrentar uma eventual crise energética.

a abenav (associação brasileira das Empresas de Construção naval e offshore) estima que as reservas do pré-sal cheguem a 100 bilhões de barris de óleo equivalente, sendo que os principais campos já anunciados são os de libra e Franco, na bacia de Santos, que juntos possuem reservas estimadas de 13 bilhões de barris. no Campo de lula (antigo tupi), também na bacia de Santos, a estimativa dos téc-nicos é de que as reservas estejam em torno de cinco a oito bilhões de barris de petróleo. É importante frisar que essas são apenas as princi-pais descobertas, pois se espera que com o pré-sal o brasil fique entre os cinco principais países com maiores reservas no mundo.

Podemos citar também outros campos com grande potencial como o Carioca, onde há uma perspectiva de reserva de até 30 bilhões de barris, podendo se tornar o maior campo brasileiro. Já os campos de

economia

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Júpiter, Guará, azulão, Caxaréu, Cernambi, Iara, Jubarte, Peroba, Gávea, e outros, ainda estão na fase de avaliação.

as produções somadas do pré-sal das bacias de Santos e Campos já estão alcançando cerca de 129 mil barris por dia e a previsão é de que até 2020 a produção no pré-sal chegue próximo aos dois mi-lhões de barris por dia.

Segundo estatísticas já divulgadas, as reservas do pré-sal totais tiveram incremento de 34,5% – maior variação constatada na década. as reservas provadas cresceram 10,6%, apresentando os maiores aumentos desde 2002. Esse crescimento é fruto dos investimentos no setor. o brasil é líder mundial em tecnologia de exploração e produção em águas pro-fundas. nossa expectativa é de que o brasil possa aumentar de modo significativo suas reservas nos próximos anos, produzindo seis milhões de barris por dia, ficando o pré-sal responsável por mais de 1/3 desse total.

Porém, devemos ressaltar que para crescer a esse nível o brasil precisará se estruturar, precisará se tornar capaz de desenvolver toda a cadeia de maneira sustentável e competitiva, para que este progresso promova o bem-estar de toda a popula-ção e que os impactos causados sejam diluídos em forma de desenvolvimento.

nós, da abenav, enxergamos no pré-sal a grande oportunidade de crescimento e desenvolvimento da indústria brasileira, sendo um importante agente gerador de renda e criador de empregos. Somente a indústria naval e offshore têm estimativa de gerar 110 mil novos postos de trabalho dentro dos estalei-ros até 2016, o que é atualmente o mesmo patamar empregado pela indústria automobilística.

Quanto à exploração de produção, temos o que há de melhor no que se refere a tecnologia mundial, mas acreditamos que o mais interessante é investir em tec-nologias que visam diminuir o custo de produção no pré-sal, o que nos daria maior competitividade e nos ajudaria frente a futuras instabilidades nos preços.

o setor da construção naval e offshore é o que precisa de mais investimentos, pois temos uma demanda de mais de US$ 170 bilhões até 2020, e devido à estagnação sofrida pelo setor nos anos 1980 e 90, perdemos competitividade e ficamos ob-soletos por longo período. Precisamos desenvolver a indústria nacional para que ela possa ser atuan-te em todo o ciclo do petróleo, tanto no upstream quanto no downstream.

o governo já está se mobilizando para que isso ocorra a partir de conversas mantidas com repre-sentantes do setor. nossa expectativa é de que seja montado um programa governamental que incen-tive a indústria de navipeças, expandindo a cadeia local de fornecedores e internalizando a indústria de bens e serviços.

Já está mais que do provado que o pré-sal é uma realidade e sua exploração é viável. Diante disto, acreditamos que a partir da definição do Congresso sobre a lei da Partilha tenhamos um cenário político mais seguro, atraindo ainda mais investidores. o país está mobilizado como um todo, pois se existe mercado (oportunidades), o governo certamente dará seu in-centivo. a Petrobras também está apoiando; o sistema financeiro está participando; os políticos estão se en-volvendo; e a indústria nacional está estruturalmente preparada, viabilizando a participação e entrada da indústria internacional. todos estes fatores conspiram para o sucesso do pré-sal.

@portalnaval

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no BrasilA prática da

ARBITRAGEMA arbitragem é um dos meios alternativos de solução de controvérsias com que a indústria do petróleo e gás, hoje, pode contar para a solução de seus conflitos, sem ter que passar por todo um processo no judiciário. Diferentemente da conciliação ou da mediação, a arbitragem não prevê consenso entre as partes em conflito. Temos a figura do julgador, cuja decisão poderá ser diretamente executada pela parte vencedora.

Esse mecanismo de solução de controvérsias tem ganhado espaço significativo na indústria do petróleo e gás. Isso porque a arbitra-gem traz algumas vantagens importantes se comparada ao processo

judicial: por meio da arbitragem, as partes podem escolher seus próprios julgadores, optando-se, assim, por um quadro de árbitros com conheci-mento técnico específico e podem, ainda, manter todo o processo arbitral em sigilo. a arbitragem permite, além de tudo, que as partes escolham até mesmo as regras procedimentais, como os prazos e o número de recursos possíveis, sendo o mais habitual a não utilização de recursos, o que permite um procedimento mais célere.

Portanto, o que se tem hoje em dia é a utilização cada vez mais fre-quente da arbitragem, tanto para conflitos entre empresas privadas, como nos conflitos entre essas e a agência nacional de Petróleo, Gás natural e biocombustíveis (anP), devido ao fato de que as duas hipóteses contam, hoje, com respaldo na legislação nacional e bastante experiência dos nossos juristas.

assim, já é possível encontrarmos cláusulas estabelecendo a arbi-tragem como principal meio de solução de controvérsias, em diversos contratos, por exemplo, joint ventures e contratos de concessão, em que a anP sempre estabeleceu como regra o uso da arbitragem para solucionar os conflitos com seus concessionários. Essas são as chamadas cláusulas compromissórias.

Vale lembrar ainda que, além da cláusula compromissória, é sempre possível estabelecer uma arbitragem através do compromisso arbitral que é nada mais, nada menos do que um contrato com o objetivo de afastar o poder judiciário e garantir que o conflito seja decidido por uma corte arbitral quando as partes já estão em litígio.

Passamos, a seguir, a analisar algumas dúvidas recorrentes do tema na indústria do petróleo e gás.Quais as opções que a arbitragem oferece? ao inserir uma cláusula de arbitragem no contrato, as partes criam numerosas possibilidades para a solução de futuros conflitos. além das vantagens já mencionadas, desta-camos que, em primeiro lugar, a arbitragem impede a interferência de qualquer judiciário, independentemente do domicílio das partes ou local de celebração e execução do contrato. a única exceção é a utilização do

arbitragem

Patrícia Sampaio Fiad é advogada do escritório

Mota Advogados e Professora de Direito Internacional Privado

na uerj.

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judiciário, como auxiliar da corte arbitral, para medi-das de urgência.

Em segundo lugar, as partes ficam livres para escolher a lei aplicável ao negócio: a lei de algum país determinado, a combinação da lei de diferentes países, uma convenção internacional específica, etc.

E as partes podem ainda optar por manter todo o processo arbitral sob sigilo. assim, os árbitros terão a possibilidade de analisar a questão em debate com todos os instrumentos que se fazem necessário, sem a burocracia e exposição comuns do judiciário.

Se a arbitragem ocorre no brasil, a sentença final terá os mesmos efeitos que uma sentença judicial, podendo ser executada de pronto. Já se a arbitragem ocorrer fora do brasil, basta que esta seja homologada pelo StJ, como se sentença judicial estrangeira fosse, para que possa ser executada. o Judiciário brasileiro aceita muito bem a promoção da arbitragem e tem reconhecido laudos arbitrais estrangeiros.

Por outro lado, nosso judiciário já se manifestou contra cláusulas de eleição de foro (quando o contra-to afasta o nosso judiciário, elegendo o judiciário de outro país para solucionar o conflito). Isso nos permite afirmar que, hoje, é mais seguro ver o laudo arbitral sendo reconhecido e executado pelo judiciário nacio-nal do que uma sentença judicial estrangeira.

outra possibilidade já mencionada é a de as partes escolherem também as regras procedimentais da arbi-tragem, de modo que o tempo da arbitragem se torna mais previsível do que no judiciário, dependendo sempre da complexidade da causa.

Contudo, a legislação brasileira estabelece dois limites ao uso da arbitragem: que as partes sejam civilmente capazes e que o objeto do conflito esteja relacionado a direito patrimonial disponível. Como funciona a arbitragem com a ANP? a lei 9.478/97 autoriza a utilização da arbitragem na indús-tria petrolífera, afastando a discussão sobre a possibi-lidade ou não de a administração pública participar de uma arbitragem. a lei destaca a arbitragem como uma das formas preferenciais para solução dos conflitos relativos à indústria, dando fim a discussões sobre sua legalidade. além disso, tanto a lei citada como a lei 12.351/10 preveem a cláusula de arbitragem nos con-tratos de concessão e de partilha, respectivamente.

Entretanto, destaca-se que, no contrato de conces-são com a anP, a instauração da arbitragem está condi-cionada a negociações amigáveis anteriores, por meio ou da conciliação ou de perito internacional. além disso, uma vez instaurada a arbitragem, caberá à anP decidir sobre a suspensão das atividades do concessio-nário, se essas dependerem da conclusão do conflito.

Dessa forma, na relação anP-empresa privada, já se verificou incontáveis casos de arbitragem. Porém, não se pode deixar de ressaltar a difícil tarefa de instauração da arbitragem quando se está litigando

contra a anP. apesar de já previsto no contrato de concessão com a agência, muitas vezes, ela dificulta a instauração do processo, tendo em vista diversos aspectos a serem ainda definidos pelas partes, como a divisão de custas, a escolha dos árbitros, etc.

Consequentemente, as empresas terminam por recorrer ao judiciário para que este estabeleça um pra-zo de instauração da arbitragem ou mesmo algumas das regras para o procedimento arbitral poder ser instaurado, já que as partes não conseguem entrar em acordo. a boa notícia é que nosso judiciário, mesmo em sede liminar, tem reconhecido a validade da cláu-sula arbitral e obrigado à instauração da mesma. Em casos como esses, já houve oportunidade em que o judiciário suspendeu multa aplicada pela anP, tendo em vista que a multa havia sido aplicada antes de se dar à empresa privada o direito a litigar contra a anP em sede arbitral.

Uma vez instaurada a arbitragem, esta seguirá o procedimento da International Chamber of Commer-ce/ICC. a escolha por essas regras procedimentais sempre gerou bastante segurança para o empresário brasileiro e aquele cuja empresa mãe é estrangeira, por se tratar de regras internacionalmente conhecidas, criadas por instituição com grande experiência na área. no entanto, o próprio contrato de concessão já estabelece algumas normas especiais: a língua adota-da durante a arbitragem é a língua portuguesa, não há possibilidade de recurso contra a decisão arbitral, a lei aplicável é a brasileira, etc. Com essa cláusula, a anP garante que qualquer conflito com seus concessioná-rios não será objeto de decisão de um juiz nacional, assegurando, por conseguinte, um julgamento neutro.

observa-se, contudo, que a nova minuta de contrato de concessão da anP traz uma regra polêmica relati-va à arbitragem. Segundo a nova redação, a anP não adiantaria qualquer valor referente à instauração e ao funcionamento da arbitragem até a sentença arbitral ser proferida, cabendo ao concessionário o pagamento de todos os valores até este momento. Essa mudan-ça faz gerar diversas dúvidas. mas antes de buscar respondê-las, é preciso ter em vista que se trata de uma minuta ainda em vias de ser alterada pela anP.

ConclusãoPor meio da arbitragem, as partes poderão, então,

eleger o número e o nome dos árbitros, as regras pro-cedimentais, a lei aplicável, o local da disputa, dentre outros aspectos; e, ainda, terão segurança jurídica para executar a sentença arbitral no brasil com o res-paldo de larga jurisprudência.

Sendo o contrato entre partes brasileiras, entre empresas estrangeiras, ou ainda com a anP, é cada vez mais claro que o uso da arbitragem, além de uma tendência, é uma necessidade nos contratos comerciais.

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Túlio Márcio é geólogo do MSc, e doutorando da uFRJ-Departamen-to de Geologia.

Agradecimento ao geólogo Luciano A.R. da Costa, por excelentes sugestões na montagem do modelo de simulação.

Prospectos exploratórios:estimativa do VME

Na indústria do petróleo, muitas decisões de investimentos em áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural, em diversas escalas, estão associadas a leilões promovidos pelas agências reguladoras.

perfuração

É preciso avaliar o potencial das áreas disponíveis, selecionar even-tuais parceiros, avaliar a capacidade técnico-financeira dos con-correntes e definir uma estratégia adaptativa para a disputa das

oportunidades em cada rodada de licitação. no caso específico do brasil, um processo de concessão de áreas exploratórias foi estabelecido pela Emenda Constitucional n.5, aprovada pelo Congresso nacional em 1995, que deu uma nova redação ao artigo 177 da Constituição Federal, flexibi-lizando o monopólio na exploração, produção, importação e transporte de petróleo e gás natural.

a lei 9478/1997 (lei do Petróleo) estabelece que aquelas atividades podem ser exercidas por outras empresas além da Petrobras.

“Com a abertura do setor, as atividades de exploração e produção de petróleo, isto é, do upstream, passam a ser regidas por concessões, precedidas de licitações – administradas pelo órgão regulador nacional, a agência nacional do Petróleo, Gás natural e biocombustíveis (anP) –, e implementadas por contratos. Já as atividades de refino, transporte e distribuição de derivados – do downstream –, além da importação e exportação de petróleo, derivados ou gás natural, passam a depender de autorização da anP” (margueron, 2003). Isto ocasionou, ao longo dos últimos anos, a diversificação das empresas que atuam na exploração de petróleo e gás no brasil.

Sucessivas rodadas licitatórias (num total de dez até o momento)foram organizadas pela anP, com o propósito de ofertar blocos explora-tórios, mediante o pagamento de bônus de assinatura, o compromisso de utilização de equipamentos e serviços locais, além de metas de explora-ção e, no caso de descobertas, recolhimento de royalties e participações sobre a produção aos cofres públicos. na competição por blocos explora-tórios, as empresas participantes realizam ofertas para três itens definidos previamente pela anP (anP, 2008): 1) o bônus (valor monetário igual ou maior que o mínimo aceitável, declarado em edital); 2) o conteúdo local (percentual de equipamentos e serviços nacionais com cuja utilização a empresa se compromete nas fases de exploração e desenvolvimento); e 3) o Programa Exploratório mínimo (PEm) – sendo este definido como a relação de atividades (poço exploratório, realização de sísmica 2D e 3D, geoquímica, gravimetria e magnetometria) a serem executadas.

os blocos ganhos na licitação terão que ser pesquisados conforme a proposta feita à anP; caso contrário, multas poderão ser aplicadas. as empresas ou consórcios ganhadores têm que responder às seguintes questões, antes de iniciar a exploração: 1) qual o tempo para a realização da pesquisa?; 2) os dados sísmicos disponibilizados pela anP cobrem totalmente os blocos adquiridos?; 3) serão suficientes?; 4) será neces-

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Tempo Máximo de emissão de Licença (meses)

Prospecto 01

Prospecto 02

Prospecto 03

Prospecto 04

Prospecto 05

Prospecto 06

33 100 99 90 67 33 8 0,5

36 100 95 81 58 29 7 4,5

38 99 91 76 53 26 7 8,5

40 96 87 71 49 24 6 12,8

Probabilidade de cumprimento do PEM para cada prospecto (%) Probabilidade de ocorrerem valores negativos do VME(%)

sário novo levantamento (2D/3D)?; 5) quantos furos por bloco serão realizados?; 6) quantas sondas serão necessárias para cumprir a pesquisa?; 7) existem sondas disponíveis?; 8) qual o tempo requerido para o licenciamento ambiental de sísmica e de sonda?

Este cenário torna necessária a criação de proce-dimentos que possibilitem gerenciar todos os recursos (humanos, logísticos, financeiros, tecnológicos e de conhecimento geológico), assim como um método de seleção e priorização de projetos no tempo.

além do gerenciamento dos recursos e do crono-grama, requer-se uma análise de fatores sujeitos a incerteza, que podem retardar o sequenciamento dos trabalhos, como a aquisição de licenças ambientais (lPS e lPper) e tempo de perfuração.

as principais incertezas envolvidas são: 1) o tempo de licenciamento ambiental de perfuração e 2) o tempo de perfuração. Valores atípicos destas variáveis poderão interferir na escolha do melhor prospecto (poço a ser perfurado).

Objetivosa proposta deste trabalho consiste em avaliar o

impacto das atividades de licenciamento ambiental e de perfuração no valor de cada prospecto e possibilitar a criação de um método de seleção e priorização de áreas de exploração no tempo.

o método será formulado sob a ótica de concei-tos e técnicas oriundas da teoria da decisão, no que diz respeito à utilização de um conjunto de escolhas estratégicas que consideram a presença de riscos e incertezas em processos de tomada de decisões.

a principal tarefa é relacionar a variação temporal do licenciamento ambiental e o tempo de perfuração com o Valor monetário Esperado (VmE).

o VmE, um dos critérios mais utilizados para sele-ção de projetos de petróleo, é o somatório dos valores potenciais de ganhos ou perdas dos eventos multipli-cados pelas suas probabilidades de ocorrência. Para decisores indiferentes ao risco, o critério de decisão consiste em maximizar o VmE.

o VPl (Valor Presente líquido) de um projeto é o somatório dos valores de entradas e saídas do fluxo de caixa de um projeto, descontados à taxa mínima de atratividade e referidos ao final da avaliação (delimi-tação) da descoberta (nepomuceno, 1997), onde:

Desenvolvimento do trabalhoa pesquisa na qual se insere o presente artigo trata

de um conjunto de blocos exploratórios concedidos à mesma empresa numa rodada de licitações promovida pela anP. neste espaço, entretanto, trata-se apenas de um bloco exploratório genérico.

Inicialmente, faz-se a previsão das atividades que compõem as diversas estratégias exploratórias pos-síveis em cada bloco. Verifica-se a necessidade de aquisição de dados sísmicos exclusivos (2D e 3D) e do consequente licenciamento ambiental, ou da compra de dados Spec. Estimam-se os seguintes parâmetros: a) tempo médio de perfuração com objetivo de alcançar os horizontes estratigráficos definidos pela anP; b) tempo médio de licenciamento para sísmica; c) tempo médio para licenciamento de sondas para perfuração; d) cus-tos diários das sondas; e) custos de perfuração; f) custos para realização de sísmica 2D e 3D, processamento e interpretação; e g) número de furos por bloco.

na sequência prevista de atividades, observa-se que o licenciamento ambiental para sísmica poderia constituir um gargalo, podendo atrasar atividades sub-sequentes. Entretanto, a resolução Conama n. 350/07 reduziu de modo considerável o tempo de licencia-mento. as duas atividades com maior potencial para interferir no cumprimento do PEm são o tempo de emissão da lPper (licença Prévia para perfuração) e o próprio tempo de perfuração.

o tempo de emissão de uma licença lPper pode variar de 15 a 40 meses, dependendo da bacia se-dimentar e da localização do poço. Para o tempo de perfuração, pode-se considerar uma taxa média de 50 m/dia, sendo VPl = [ r1/( 1 + i)1 + r2/(1+ i)2 + •••• + Rn/(1+i)n] – C, este valor estimado a partir de informações fornecidas por algumas operadoras.

Esses tempos, bem como alguns custos variá-veis, são tratados como variáveis aleatórias e repre-

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sentados por distribuições triangulares, através do software @rISK, associado a uma planilha Excel. Com base em publicações liberadas pelas empre-sas operadoras e pela anP, estimaram-se os valores mínimo, modal e máximo para os seguintes tempos: a) emissão da lPper; b) chegada da sonda; c) perfu-ração de poço exploratório. os custos de aluguel de sonda e de perfuração também foram representados por distribuições triangulares.

Com simulação de monte Carlo, estimam-se as probabilidades de: a) perfurar o(s) poço(s) dentro do prazo contratual; b) não perfurar o(s) poço(s), incorrendo em multa. Para cada cenário simulado, calculam-se os seguintes valores de VmE, tendo como entrada um VmE original, publicado pela empresa concessionária do bloco: a) VmE ponderado; b) VmE descontado; c) VmE em caso de multa.

na realização do trabalho, idealizou-se um bloco de exploração com seis prospectos, todos com expectativa de perfuração até 3.000 m, uti-lizando uma velocidade modal de perfuração de 50 m/dia. o tempo total admitido para perfuração foi de 36 meses (tempo para conclusão do PEm, definido pela anP).

Para perfuração, foi contratada uma sonda, cujos tempos para chegada ao brasil foram definidos como mínimo de três meses, moda de seis meses e máximo de 12 meses. Para o tempo de licenciamento, levanta-ram-se dados dos últimos cinco anos para emissão da lPper, obtendo valores de tempo mínimo de 15, moda de 22 e máximo de 40 meses para emissão.

os custos de sonda foram estimados em US$ 400 mil/dia, totalizando US$ 12 milhões/mês, sem considerar os custos de completação, que são equivalentes, sendo totalizados em Custo total de perfuração.

no caso de não conclusão do poço, a empresa incorre em multa no valor de US$ 18 milhões, apli-cada pela anP.

Para cada prospecto, definiu-se um VmE hipotéti-co, com finalidade de ilustrar o exercício, assim como o cálculo dos VmEs ponderado e descontado.

Com o objetivo de avaliar as incertezas, realizou-se uma simulação de monte Carlo com dez mil iterações.

no processo de simulação foram substituídos os tempos máximos de emissão das licenças, mantendo o valor mínimo e da moda, utilizando os seguintes valores 33, 36, 38 e 40 meses.

ResultadosPor meio da simulação, verifica-se que o primei-

ro prospecto terá 100% de chance de ser cumprido. Com a ampliação dos tempos de emissão para 38 e 40 meses, o primeiro prospecto também sofre uma redução na probabilidade de ser cumprido. Conse-quentemente, a empresa incorrerá em risco crescen-te de ser multada.

Para os valores apresentados de VmE, o tempo de ociosidade causado pelo licenciamento tornou o empreendimento com probabilidade crescente de se tornar inviável (tabela 1). Portanto, para valores de VmE mais elevados, com tempos de ociosidade mais reduzidos (emissão de licenças mais rápidas), passamos a ter sucesso. outra possibilidade de reduzir o custo da ociosidade é encaminhar o recurso sonda para outro projeto da empresa, minimizando seu custo no caixa da empresa. Esta possibilidade é viável desde que seja comunicada ao Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis (Ibama) a inclusão de uma nova sonda para o pro-jeto que já possui licença de perfuração.

INFORMAçãO DE quALIDADE.

Na ponta dos seus dedoswww.tnpetroleo.com.br

A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na trans-missão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transfor-má-la em notícia.

perfuração

Page 141: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 137

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Entrevista exclusiva

José Jorge de Araújo, presidente da Technip no Brasil

Aquisições dão suporte à expansão no Brasil

Coleta e rerrefino: práticas sustentáveis, por Thiago Luiz Trecenti

Petróleo e gás no Brasil: antes mal acompanhado do que só, por Bashir Karim Vakil e Ana Luiza Cruz Vizaco

Mancais de deslizamento autolubrificantes, por Hubert Hilp

Controle microbiano gera aumento de produção de gás, por Debora Takahashi

Seguro contra riscos de engenharia garante tranquilidade à obra, por Luciana Santana

especial

mercado aquecidomercado aquecidoDrilling

Ano XII • jan/fev 2012 • Nº 81 • www.tnpetroleo.com.br

Frota em expansão

Frade: tolerância zero

Retrospectiva 2011: ano de pré-sal e renováveis

Suplemento especial: Caderno de Sustentabilidade

A proteção da federação: receitas de royalties e do ICMS, de Rodrigo Jacobina, sócio do Doria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados.

o p i n i ã oPETRÓLEO I GÁS I BIOCOMBUSTÍVEIS

Entrevista exclusiva

Tommy Bjørnsen, diretor de operações para DNV América do Sul

P&D assegura mais valor e qualidade

Combustíveis do inferno, por Célio Pezza

Desmistificando o Brasil no geral, criticando-o no particular, por Bashir Karim Vakil e Ana Luiza Cruz Vizaco

A Política Nacional de Resíduos Sólidos afinando com a interpretação econômica dos resíduos e rejeitos, por Cassio dos Santos Peixoto

ESPECIAL: PERSPECTIVA 2012

Suplemento especial:CADERNO DE SUSTENTABILIDADE

Otimismo em alta

Ano XII • mar/abr 2012 • Nº 82 • www.tnpetroleo.com.br

Estaleiros em ritmo acelerado

OGX: primeiro óleo

Maria das Graças Foster: uma petroleira na presidência da Petrobras

Grandes investimentos no RioCenário complicado para os independentes

Etanol: mercado estável em 2012

Consórcios na Lei do Petróleo, de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados.

o p i n i ã oPETRÓLEO I GÁS I BIOCOMBUSTÍVEIS

Entrevista exclusiva

Roberto Ramos, presidente da Odebrecht Óleo e Gás

OOG quer ser parceira estratégica no upstream

O Brasil, os Brics e seus parceiros, por Fernando Padovani

Sustentabilidade corporativa, por José Osvaldo Bozzo

PCHs: é necessário investir mais nesta alternativa, por Regina Pimentel

A tecnologia é nossa, por Otto Licks e Rodrigo Souto Maior

Aneel: contabilidade regulatória e renovação das concessões, porRosane Menezes Lohbauer e Rodrigo Barata

A importância das reservas do pré-sal na economia brasileira, por Augusto Mendonça

A prática da arbitragem no Brasil, por Patrícia Sampaio Fiad

Prospectos exploratórios: estimativa do VME, por Túlio Márcio

ESPECIAL: SÍSMICA

NO RASTRODO PETRÓLEO

Ano XIII • maio/jun 2012 • Nº 83 • www.tnpetroleo.com.br

OTC 2012: cobertura especial

Cinquentenário da Sobena

Magda Chambriard: pulso firme na ANP

Tecnologia centenáriaMétodos sísmicos e tipos de levantamentoSísmica permanente

Prepare-se para voltar a crescer, de Mark Dixon, CEO e fundador do Grupo Regus.

Há mais de uma década, TN PETRÓLEO é a mais importante mídia impressa do setor. Uma competente e especializada equipe de jornalistas, articulistas e consultores traz para você os principais fatos referentes a essa indústria, com informa-ções isentas e objetivas.

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Page 142: Revista TN Petróleo

138 TN Petróleo 83

fino gosto

Aa combinação de literatura erótica com receitas picantes e afrodisía-cas acaba de ganhar um reforço de peso com o recente lançamento de Duas bocas, um livro que para muitos é tão leve e saboroso que pode e deve ser lido de um fôlego só. trata-se de uma obra instigante, com uma particularidade curiosa, como costuma acontecer a livros dessas natureza: ninguém sabe quem é a autora, que se esconde atrás do pseudônimo Fugu. Há quem afirme que ela é uma escritora que faz sucesso com livros infantis e por isso evita mostrar essa nova faceta.

Duas bocas é um livro erótico, com anotações de cama e mesa e direito a várias receitas já experimentadas pela autora. a narradora se apresenta como uma mulher que acaba de completar 50 anos e se propõe a relatar a descoberta de uma nova libido, “uma carne erotiza-da, uma sensibilidade capaz de penetrar até os ossos, uma eletricida-de nos sentidos em nada semelhante àquela que experimentava anos

por Orlando Santos

DUAS BOCASAutora: FuguNova FronteiraPáginas: 128Preço sugerido: R$ 24,90

PRAZERESda cama e mesa

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Page 143: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 139

antes”. mas, a alcova de Fugu é lugar de experi-mentações que vão além do sexo: as páginas de Duas bocas misturam harmoniosamente slow food & slow sex, comfort food & comfort sex.

Fugu é o nome japonês de um peixe (conhecido no brasil como baiacu ou peixe-balão) possuidor de veneno letal, mas que é transformado em iguaria rara pelos cozinheiros mais experientes que, duran-te o preparo, retiram dele praticamente todas as toxinas, deixando, no entanto, uma pequena quan-tidade capaz de inebriar sem matar.

“lidar com fugus é uma experiência sensorial única, tanto para quem os prepara e adquire um poder quase divino sobre a vida e a morte de seu convidado, quanto para quem os come e confia ao cozinheiro a dosagem exata que separa o êxtase do envenenamento. Preparar fugu é prova de sabedo-ria. Comer fugu é prova de confiança”, assegura a autora. o detalhe intrigante é que tanto a narra-dora quanto seu amante chamam-se mutuamente de Fugu – assim, homem e mulher dedicam-se à entrega total em tato, olfato e paladar, formando um único ser.

no decorrer da leitura, sexo e comida se tornam prazeres indissociáveis. azeites, frutas, chocolates, carnes e panquecas se combinam a lábios, braços e quadris nas receitas de Fugu. “Experimente apertar uma lichia entre os lábios, deixar deslizar como se fosse batom, lamber, prender um pouquinho no interior da boca e devolver para os lábios”, propõe.

a lichia, aliás, tem destaque especial no livro, já que a reprodução da fruta ocupa sua capa e em suas páginas a autora afirma que essa fruta lembra os encantos do corpo, sendo a mais exata defini-ção da feminilidade. Para a antropóloga e escritora mirian Goldenberg, “o livro é servido em finas e

delicadas fatias, regadas por um molho picante e irresistível. (...) Duas bocas é sobre a boca que come, beija, chupa, fala, deseja; a boca faminta de comida, prazer, tesão, gozo, paixão e amor”.

nada mais verdadeiro.

Sorbet de limão com cachaça

EROTISMO À PARTE, a lichia, originária da China, anda se desenvolvendo de maneira bastante satisfatória em terras brasileiras. As culturas pioneiras no estado de São Paulo, graças ao clima, estão produzindo excelen-tes safras, com resultados econômicos compensadores.

A colheita da lichia ocorre de novembro a janeiro, atendendo ao mercado por ocasião das festas natalinas, quando a procura – e o preço – são maiores. Segundo especialistas, o Brasil, em futuro próximo, poderá domi-nar o mercado mundial, porque a produção das outras regiões, incluindo a China, ocorre de maio a agosto. Assim, sem concorrência, o Brasil poderá abastecer o mercado mundial com lichias no Natal.

FERVA A áGuA com o açúcar até que ele esteja dis-solvido. quando esfriar, junte a casca de limão ralada, tampe e deixe descansar por duas horas. Dá tempo de ir ao cinema, ler alguns poemas ou tomar um banho prolongado. Recomendo assistir a Le trou normand, de 1952, que marcou a estreia de Brigitte Bardot no cine-ma. Foi logo depois desse filme que ela explodiu nas telas, mostrando ao mundo o que siginificou a expres-são sex symbol. Suspire e coe a infusão. Acrescente o suco de limão e a cachaça. Leve ao freezer por quarenta minutos. Retire e bata em uma batedeira. Recoloque no freezer por mais vinte minutos e depois bata de novo. Repita a operação mais quatro ou cinco vezes. Guarde no freezer, num recipiente tampado.

Sirva numa taça de martini. Enfeite com uma folha de hortelã. Ou tire uma colherada da fôrma, ponha uma pequena porção no bico do seio e a ofe-reça ao seu amor.

200g de açúcar250ml de água1/2 colher (de sopa) de raspas de casca de limão75ml de suco de limão25ml de cachaça

A lichia

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140 TN Petróleo 83

Irmãos Campanaarte em dose dupla

oos irmãos Fernando e Humberto Campana ‘desembarcam’ no rio em dois lugares distintos: têm obras expostas no Centro da cidade e na badalada Ipanema, na Zona Sul.

no Centro Cultural banco do brasil (CCbb), na região central do rio, aconteceu a mostra Anticorpos, a mais completa retrospectiva dos dois artistas, com 200 obras feitas no período de 1989 a 2009. antes de ser apresentada à cidade, a mostra também esteve num dos mais importantes espaços da alemanha, o Vitra Design museum, percor-rendo depois outros museus da Europa. no brasil, já foi abrigada pelo museu Vale (Espírito Santo), pelos CCbb de brasília e de São Paulo – e foi premiada pela associação Paulista de Críticos de arte, de 2011, na categoria artes Visuais-Design, figurando entre as melhores do ano. a curadoria da exposição carioca foi de mathias Schwarz--Clauss, também curador do Vitra Design museum, da alemanha.

coffee break

Fernando CampanaHumberto Campana

Cadeira Corallo

Cadeira Red

Cadeira Harumaki

por Orlando Santos

Page 145: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 141

o segundo evento em torno dos irmãos Campana é a exposi-ção Arte de Sentar com Arte, que a Galeria luciana Caravello arte Contemporânea, em Ipanema, abriu para o público, juntando 11 cadeiras produzidas pela dupla, incluindo a Favela, de 1991, ins-pirada na rocinha. a mostra tem atraído muitos visitantes, pela originalidade e concepção das cadeiras, todas produzidas uma a uma, em edição limitada.

Anticorpos tem como foco o conjunto dos trabalhos dos irmãos Fernando e Humberto Campa-na em artes plásticas, peças de mobiliário e joias, elucidando suas estratégias, fontes de inspiração e as variadas abordagens do design que eles utilizam. Enquanto Humberto cria seus objetos como artesão e ar-tista autodidata, Fernando participa como arquiteto experiente. Juntos, ignoram todas as convenções do

design tradicional, brincam com a noção de funcionalidade e formam seus objetos poéticos a partir de realidades contraditórias.

Considerados figuras centrais do design internacional, os ir-mãos Campana têm uma lingua-gem visual ancorada no brasil, com extraordinário contraste de cores, formas e matérias. Uti-lizando fios emaranhados ou entrelaçados, algodão, plástico, cobre, retalhos coloridos e estam-pas em formas exuberantes, eles transformam uma cadeira em obra de arte. Entendem o design como ‘uma apropriação cultu-ral de influências’, e o sucesso de suas criações transcende as fronteiras entre a arte e o design, criando ícones estéticos.

a retrospectiva no CCbb apresentou a maior parte dos tra-balhos dos dois artistas, incluin-do coleções particulares, insti-

tucionais e a ainda do Estúdio Campana. Exibe também peças criadas pelos dois designers es-pecialmente para Anticorpos, de-senvolvidas em cooperação com a Vitra Design museum. Dentre elas, um número de experimen-tações em papel machê e uma série de colagens em papel que anuncia cada tema da exposição.

Em paralelo, uma variedade de objetos curiosos que os Cam-pana colecionam há muitos anos e permite ao público decifrar o seu mundo pessoal. Um filme com imagens do balé Metamor-phoses, cujos cenários e figurinos são de autoria da dupla, com-pleta a mostra. o balé, inspirado nos textos mitológicos de ovídio e coreografado por Fréderic Flamand, foi filmado durante uma apresentação no théâtre national de Chaillot, em Paris, em 2008.

Relief

Cadeira favela

Poltrona Banquet

Page 146: Revista TN Petróleo

142 TN Petróleo 83

Os irmãos CampanaConhecidos internacionalmente como Irmãos Campana, Humber-to (1953) e Fernando (1961) nas-ceram em brotas, no interior pau-lista. Humberto graduou-se em Direito e, com o diploma debaixo do braço, começou a pesquisar oficialmente o que lhe interessava desde criança: as possibilidades infinitas do artesanato. nos anos 1980, montou um pequeno estú-dio de produtos feitos à mão. Gra-duado em arquitetura, Fernando se interessava pela investigação de métodos alternativos para a materialização do design. Estuda-va o poder de comunicação e de síntese dos traços de le Corbusier e oscar niemeyer, assim como a construção de objetos em pequena escala. Formado, esta-giou na 17ª edição da bienal de arte de São Paulo.

no final de 1983, Humber-to chamou o irmão para que o ajudasse na entrega de um grande pedido. Desde então, eles formam um das duplas mais premiadas do design contemporâneo. São reconhe-cidos por sugerir novos códi-gos de leitura sobre os objetos, além de contribuir para mu-danças de perspectivas sobre a vida cotidiana. Sua primeira mostra juntos foi em 1989, na Galeria nucleon, em São Paulo. a coleção de cadeiras de ferro chamou-se Desconfor-táveis, uma seleção de peças que discutiu o aspecto artísti-co, o erro e a poesia contidos no desconforto.

Em 2009, ao completar dez anos da exposição que os lançou, o Estúdio Campana

foi escolhido para celebrar seu aniversário no Vitra Design museum, na alemanha, que também comemorava uma década de existência. além dessa instituição alemã, as obras dos irmãos Campana in-tegram o acervo dos principais museus do mundo, entre os quais o museu de arte mo-derna de nova York (moma) e o Centro George Pompidou (beaubourg), em Paris.

Fernando e Humberto Campana ganharam o Prêmio Especial museu da Casa bra-sileira, em 2011, e Designer of the Year, pelo Design miami, em 2008. Paulistas de origem, eles estão aproveitando as duas exposições no rio para conhe-cer melhor a cidade, pela qual se dizem apaixonados.

coffee break

Mesa de centro nazareth

Poltrona anemone

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Page 147: Revista TN Petróleo

TN Petróleo 83 143

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou [email protected]

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12 a 14 - CanadáGlobal Petroleum Show & ConferenceLocal: Calgary, [email protected]

22 a 25 - BrasilSubsea Forum Rio 2012Local: Rio de Janeiro, RJTel.: (+55 21) [email protected]

21 a 24 - Inglaterra4th African - Gas LNGLocal: LondresTel.: + [email protected]

17 a 20 - BrasilRio Oil & Gas 2012Local: Rio de JaneiroTel.: (+55 21) [email protected]

24 a 28 - CanadáIPC 2012 - International Pipeline ConferenceLocal: Calgary, AlbertaTel.: (403) [email protected]

SetembroJunho

Maio

Agosto

08 a 11 - InglaterraGastech Conference & ExhibitionLocal: LondresTel: +44 (0) 203 180 [email protected]

27 a 29 - BrasilStrategy Execution SummitLocal: São PauloTel: +55 (11) 3132 [email protected]

29 a 31 - BrasilRH: gestão transformadoraLocal: São PauloTel: +55 (11) 3132 [email protected]

Outubro

Novembro

feiras e congressos

24 a 26 - Arábia SauditaThe 4Th Saudi ArabiaInternational Oil & Gas ExhibitionLocal: Arábia [email protected]

06 a 08 - EUADeepwater OperationsLocal: Galveston, TXTel.: +1 713 963 [email protected]

07 a 09 - MéxicoNGV Global 2012Local: Cidade do MéxicoTel.: +39 335 [email protected]

14 a 16 - ChinaCIPTC 2012Local: [email protected] www.ciotc-top.com

27 a 29 - AustráliaDeep Offshore TechnologyLocal: Perth, AustráliaNicole FaethTel.: +1 918 832 [email protected]

Page 148: Revista TN Petróleo

144 TN Petróleo 83

feiras e congressos de Mark Dixon, CEO e fundador do Grupo Regus.

Prepare-se para voltar a

crescerCrescer é o que realmente importa para qualquer negócio. E se você não acredita, basta ler autores desde Karl Marx e J.M. Keynes a Joseph Schumpeter ou Milton Friedman. Não importa se são teóricos do monetarismo ou estudiosos políticos, com foco na oferta ou na procura. Todos acreditam em algum tipo de ciclo comercial.

Talvez esse não seja o melhor cenário, mas as

coisas irão melhorar. E isso não é otimismo exa-

gerado, e sim, observação dos fatos com base

na experiência. o ciclo comercial envolve períodos de

expansão e retração. não existe um sem o outro.

Estamos em um certo tipo de recessão e a recupera-

ção levará um tempo. Já passamos por outras recessões

antes, e passaremos por outras novamente. É neste

cenário que vivemos e, na minha compreensão, a única

questão importante é como iremos voltar a crescer.

Pense grande! Warren buffett, o bilionário norte-

-americano, é o investidor mais bem-sucedido, o ho-

mem que descrevia derivativos financeiros como “ar-

mas financeiras de destruição em massa”, e que ajudou

a salvar o Goldman Sachs quando Wall Street passava

por uma onda de pânico. Ele conseguia conversar com

bom senso, enquanto os outros estavam transtornados.

E o que Warren buffett está fazendo agora? Está

comprando ações, pois sabe que se aproveitar para

comprar as ações certas pelo preço certo, ele e seus

investidores estarão em ótima posição em alguns

anos. E isso também vale para empresários e negócios

de todos os tamanhos. É hora de alicerçar a base que

sustentará o crescimento. É o momento para investir

no que é necessário e barganhar com fornecedores.

lembrando que a rede de fornecimento é uma das

chaves para o crescimento no longo prazo.

E, por que não buscar novos mercados? Se você

tem capital, coloque-o para trabalhar. Invista na

expansão. assuma riscos. mas não faça uma dívida

que você não tenha condições de honrar. E se você

precisar de um empréstimo, a melhor hora é agora,

pois as taxas de juros estão baixas. E os governos

estão propensos a conceder algumas facilidades para

incentivar o crescimento.

Procure onde está a melhor oportunidade de

expansão. Pode ser no setor público ou no privado.

nos EUa, enquanto o crescimento estava em queda

em 2010, houve um aumento de 33% das empresas

que prestavam serviços para o governo. muitas dessas

companhias do segmento de tI ou relacionadas a

algum tipo de serviço militar eram de Washington DC,

Virgínia ou maryland.

Países e continentes apresentam realidades dife-

rentes. na américa do Sul, os setores de prestação de

serviços estão em crescimento, desde a área de segu-

ros, serviços financeiros até os de tI, como o gerencia-

mento de relacionamento com o cliente. na Ásia, o su-

cesso é decorrente da utilização da mão de obra local

na produção de serviços e bens. o atual desafio na

região é criar produtos e serviços diferenciados para

atender a uma classe média instruída e em expansão.

os líderes empresariais precisam estar sempre bem

informados, devem conhecer quais são as medidas que

cada governo está tomando, o que as pessoas estão

fazendo, o que é permitido e o que não é pela cultura

local. E, acima de tudo, estar aberto a experimentar.

não importa qual seja seu destino e objetivo, a

pesquisa deve ser intensa e os contatos certos preci-

sam ser feitos. Se o objetivo é lucrar, é preciso crescer

primeiro. E quando está difícil crescer é que os deste-

midos crescem mais do que qualquer um.

opinião

Page 149: Revista TN Petróleo
Page 150: Revista TN Petróleo

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