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OPINIÃO ARTIGOS Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br 9 771415 88900 92 0 1 0 0 ISSN 14 15 889- 2

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Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br

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Page 3: TN Petroleo 102

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Page 4: TN Petroleo 102

sumário edição nº 102 jul/ago 2015

noss

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edes

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Cobertura especial Brasil Offshore

Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás

Entrevista exclusiva

Especial construção naval

PNG Petrobras 2015-2019

com Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Indústria naval não quer ficar à deriva

“O custo da mudança é menor no contexto de crise”

Choquede realidade

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entrevista exclusiva

Com essas palavras, o professor Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defende a necessidade imediata de o governo federal e a Petrobras aproveitarem o momento para fazer ajustes importantes no setor de óleo e gás brasileiro, pois este vive os efeitos das crises externa e interna.

NO CONTEXTO DE CRISE”

“O custo da mudança é menor

“ACREDITO QUE TODA crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como o planejamento das empresas. Não podemos desper-diçar a oportunidade de abrir o de-bate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planeja-mento e regulação. Precisamos ter coragem para discutir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao crescimento sustentável”, destaca o economista nesta entre-vista exclusiva à TN Petróleo.

TN Petróleo – Hoje, o setor de óleo e gás responde por 13% do PIB brasileiro. O aumento da capaci-dade produtiva e operacional da Petrobras e de suas parceiras vem alavancando a produção nacional, que, de acordo com o boletim da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em maio deste ano alcançou a mar-ca de 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boed). Ao mesmo tempo, a Petrobras vive a maior crise de sua história, com impactos em todo o setor, obrigando-a

a rever seu plano de investimentos. Como avalia o cenário atual do setor e sua crescente participação na economia brasileira?

Edmar Almeida – A questão da participação do setor do petróleo no PIB é bastante controversa. A estimativa de 13% inclui a participa-ção direta dessa indústria bem como de outros segmentos que integram a cadeia produtiva de petróleo. Os cálculos oficiais do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) não validam o número de 13%. De toda forma, o que é importante ressaltar é que o segmento de óleo e gás apresentou um crescimento muito maior que o restante do setor industrial no Brasil nos últimos anos. Os investimentos do setor de petró-leo representam uma parcela muito importante de todo o setor industrial no Brasil. Por isso, contribuiu para alavancar o crescimento industrial, a partir das compras locais de bens e serviços. A crise decorrente da queda dos preços do petróleo e as dificuldades da Petrobras, tanto econômicas como políticas, acres-centam vetor negativo ao já difícil

cenário da economia brasileira, em particular ao setor industrial. Vejo um cenário desafiador de ajustes não somente na área de petróleo, mas em toda a economia brasileira. Este processo de ajustes econômi-cos está apenas iniciando.

E como o Brasil, a Petrobras e o pré-sal e estão inseridos no con-texto mundial?

O Brasil é a principal fronteira de expansão da indústria de petróleo mundial fora dos Estados Unidos e da Organização dos Países Exporta-dores de Petróleo (Opep). Por esta razão, o mundo do petróleo está acompanhando com muita atenção o que está acontecendo aqui. Os contratos assinados entre as ope-radoras e a ANP apontam para uma expansão da produção brasileira de petróleo dos atuais 2,4 para cerca de 2,8 milhões de barris/dia em 2020. Se tal coisa acontecer, o óleo adicional que o Brasil colocará no mercado pode ter um forte impacto no equilíbrio do mercado interna-cional de petróleo. O Brasil deverá se tornar um exportador importante.

por Felipe Salgado

Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Para isso, deverá buscar espaço num mercado externo cada vez mais disputado – lembrando que o país ainda tem como vantagem um gran-de mercado interno. Além do mais, a presença de empresas chinesas, a crescente aproximação da Petrobras com a China e a aposta da Shell no Brasil representam passos importan-tes para a maior inserção brasileira no mercado internacional.

Em março, a oferta excedente de petróleo no mercado global aliada à retração do consumo derrubou o preço do energético ao mais baixo

patamar em seis anos. Naquele momento, a inviabilidade econô-mica do pré-sal parecia iminente. Entretanto, a produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014, em função do pré-sal. A dimensão das reser-vas e alta produtividade de seus poços fazem a aposta valer a pena mesmo com o preço do petróleo em torno de US$ 60?

Acredito que sim. Com poços apresentando uma produtividade entre 20 mil até 40 mil barris diários, o pré-sal é rentável. A questão maior

não parece ser a rentabilidade, mas a disponibilidade de capital para investi-mentos, no contexto de preços baixos da commodity. Todas as empresas estão fazendo ajustes, pois estavam investindo com base numa previsão de fluxo de caixa que não existe mais. Além disso, com o nível de endivida-mento já elevado, o ritmo do investi-mento vai ser ditado pela disponibili-dade de caixa da Petrobras.

Independentemente do preço do petróleo, muitos investidores consi-deram que a compra de certos ativos no Brasil representa a oportunidade

A CRISE DECORRENTE

DA QUEDA DOS

PREÇOS DO PETRÓLEO

E AS DIFICULDADES

DA PETROBRAS,

TANTO ECONÔMICAS

COMO POLÍTICAS,

ACRESCENTAM VETOR

NEGATIVO AO JÁ

DIFÍCIL CENÁRIO DA

ECONOMIA BRASILEIRA,

EM PARTICULAR AO

SETOR INDUSTRIAL.

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DIANTE DA MANUTENÇÃO DO PREÇO BAIXO DO

PETRÓLEO, CRISE ECONÔMICA NOS PRINCIPAIS

PAÍSES DO OCIDENTE, DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL,

PERCALÇOS POLÍTICOS INTERNOS, DENÚNCIAS DE

CORRUPÇÃO E ALTO NÍVEL DE ENDIVIDAMENTO, A

PETROBRAS ANUNCIA SEU PLANO DE NEGÓCIOS E

GESTÃO 2015-2019 DE US$ 130,3 BILHÕES. UM VOLUME

DE INVESTIMENTOS 37% (US$ 90,3 BILHÕES) INFERIOR

AO DO PLANO ANTERIOR, DE US$ 220,6 BILHÕES –

DOS QUAIS US$ 37,1 BILHÕES FORAM UTILIZADOS EM

2014 E US$ 13,8 BILHÕES REFERIAM-SE À CARTEIRA

DE PROJETOS EM AVALIAÇÃO.

por Felipe Salgado

PNG Petrobras 2015-2019

CHOQUE DE REALIDADE

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eventos

O painel de abertura teve a presença do senador José Serra (PSDB-SP), autor do Projeto de Lei que pretende alterar

o marco regulatório do pré-sal, ti-rando da Petrobras a obrigação da participação mínima no consórcio de exploração e sua responsabili-dade pela condução e execução das

atividades relacionadas ao projeto. Inesperadamente, a palestra de Serra foi interrompida pela manifestação de um grupo de petroleiros que, insa-tisfeitos com a proposta de mudança da lei, estenderam faixas contrárias à posição defendida pelo senador e o impediram de falar.

Por um momento, os integrantes da plateia se viram diante de um palco

de disputa política. Foi quando o pre-feito de Macaé, Aluízio dos San-tos, tomou a pala-vra e, reconhecen-do a legitimidade da expressão dos

manifestantes, pediu que eles tam-bém respeitassem o direito reservado

Apontada como a terceira maior conferência internacional da indústria do petróleo e gás, a 8a edição da Brasil Offshore reuniu importantes players do mercado offshore na principal porta de acesso para uma das bacias mais importantes do país – a de Campos – que responde por cerca de 80% da produção nacional. Com 50 mil visitantes, 700 empresas expositoras, 56 empresas internacionais e representantes de 38 países, a feira ocupou 45.000 km² do centro de exposição. Sinal de que a cadeia de fornecedores do setor quer reagir e superar a crise.

do setor de óleo e gás

Cobertura Especial Brasil Offshore

ao convidado de expor as suas ideias e motivações. “A manifestação foi feita. Agora precisamos ouvir o que a indústria tem a dizer aqui”, afirmou Aluízio, pedindo a compreensão dos participantes.

Assim teve início a Brasil Offsho-re 2015.

Imersão nos negóciosRealizada entre os dias 23 e 26

de junho, a conferência trouxe um alento para o setor. Isso porque a Rodada de Negócios, a cargo da Organização Nacional da Indús-tria do Petróleo (Onip), reuniu 20 empresas âncoras – Alphatec, Nuclep, Delp, FMC, Sotreq, Oil States, Shell Materiais, Queiroz Galvão, UTC, Schlumberger, Te-ekay, Subsea 7, Wärtsilä Brasil, Shell Serviços, Techint, GE Óleo e Gás, Expro, Halliburton, Trans-petro e Petrobras UO-BC – e 113 fornecedores. Em dois dias foram realizadas 400 reuniões.

Igor Tavares, diretor de Energia da Reed Exhibi-tions Alcantara Machado, uma das empresas or-ganizadoras da Brasil Offshore,

destaca que nesta edição houve um acréscimo de aproximadamente 3% dos profissionais em cargos de dire-toria e com maiores qualificações.

“Houve um ganho considerável no perfil dos visitantes com mais poten-cial de compra e poder de decisão”, enfatiza ele.

Somado o poder de compra do público visitante com o montante da Rodada de Negócios, a Brasil Offshore 2015 gerou expectativa de negócios de R$ 600 milhões, que ao longo de 24 meses poderá chegar a R$ 1 bilhão. Para o prefei-to de Macaé, a realização da Bra-sil Offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios. “Isso mostra que, apesar do cenário complexo, de incertezas e de toda a pressão que o mercado vive, existe uma onda de otimismo no médio e longo prazo, e mostra, principalmente, que a indústria na-cional quer reagir e superar a crise.”

Um levantamento realizado mostrou que 91% das reuniões fo-ram avaliadas pelas âncoras como sendo acima da média, com ótima e boa expectativa de negócios.

Para o vice-presidente da Reed, Paulo Octávio Pereira de Almei-da, a realização da Brasil Offshore comprova a força do mercado inter-no na realização de negócios e a ativação de con-tatos e conteúdo para a gestão das empresas diante do cenário atual. “A feira teve uma agenda positiva e mostrou qualida-de em produtos, serviços e público visitante, complementou.

Novidades no conteúdo A 8ª Brasil Offshore teve o patrocí-

nio master da Petrobras e do Governo Federal, além das empresas Technip, Caixa, UL do Brasil, Tenaris, Aker Solutions, One Subsea, MRM, Mobil, Prefeitura de Conceição de Macabu, Dassault Systèmes, Estaleiro Brasa, Chromalox, Technoheat, V. V. Holding and Consulting e Viana Offshore.

SUPERAÇÃO É A PALAVRA-CHAVE

Área total: 45 mil m2 Visitantes: 50 mil

Empresas: 700Países: 38

por Felipe Salgado

36 Obras seguem adiante em estaleiros tradicionais

38 Há condições de ‘navegabilidade’ para a indústria avançar

52 Petrobras: participação técnica

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não quer ficar à deriva

por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado

INDÚSTRIA NAVAL

Depois da onda de encomendas do setor offshore, que alavancou sua retomada e a posicionou entre as maiores no ranking mundial, a indústria naval brasileira enfrenta a crise das ‘águas paradas’, sem perspectiva de novas demandas para assegurar uma escala de produção sustentável.

especial: construção naval

Page 5: TN Petroleo 102

Coffee Break

Fino Gosto CONSELHO EDITORIAL

Affonso Vianna Junior

Alexandre Castanhola Gurgel

Antonio Ricardo Pimentel de

Oliveira

Bruno Musso

Colin Foster

David Zylbersztajn

Eduardo Mezzalira

Eraldo Montenegro

Flávio Franceschetti

Gary A. Logsdon

Geor Thomas Erhart

Gilberto Israel

Ivan Leão

Jean-Paul Terra Prates

João Carlos S. Pacheco

João Luiz de Deus Fernandes

José Fantine

Josué Rocha

Luiz B. Rêgo

Luiz Eduardo Braga Xavier

Marcelo Costa

Márcio Giannini

Márcio Rocha Melo

Marcius Ferrari

Marco Aurélio Latgé

Maria das Graças Silva

Mário Jorge C. dos Santos

Maurício B. Figueiredo

Nathan Medeiros

Paulo Buarque Guimarães

Roberto Alfradique V. de Macedo

Roberto Fainstein

Ronaldo J. Alves

Ronaldo Schubert Sampaio

Rubens Langer

Samuel Barbosa

69 Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico, por Doneivan F. Ferreira

72 Desenvolvimento humano e sustentabilidade “Gestão de prioridades”, por Wanderlei Passarella

82 Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido, por Heraldo Batinga

88 Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência, por José de Sá

4 editorial 6 hot news 10 indicadores tn 50 eventos 54 perfil profissional 59 caderno de sustentabilidade

artigos

Ano XVI • Número 102 • jul/ago 2015Foto: Depositphotos/TN Petróleo

seções

Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico, por Doneivan

F. Ferreira | Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: “Gestão de

prioridades”, por Wanderlei Passarella | Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido,

por Heraldo Batinga | Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência, por José de Sá

O P I N I Ã O

A R T I G O S

PNG Petrobras 2015-2019 Choque de realidade Cobertura especial Brasil Offshore:

Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás

20 anos da flexibilização do monopólio do petróleo, de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

“O custo da mudança é menor no contexto de crise”

Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL: CONSTRUÇÃO NAVAL

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não quer ficar à derivaINDÚSTRIA NAVAL

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EE também o restaurante Berbigão, que atravessou a ponte para tornar-se um dos espaços mais bem-sucedidos da culinária especializada em frutos do mar – situa-se na rua do Catete, em frente ao Museu da República.

É em Niterói que está o mercado do peixe São Pedro, visitado diariamente por nove entre dez dos mais afamados chefs do Rio, em busca de pescados frescos.

Agora, chegou a vez do Parador Bistrô, que há mais de uma década é sucesso na terra de Araribóia, fincar suas raízes no outro lado da baía da Guanabara. E traz como comandantes, além do dono, Luis Felipe Gouvea, uma dupla para lá de carismática e eficiente: a ex-jornalista Karine Rodrigues e o chef Ramon Junior.

fino gosto

A cidade que foi capital fluminense antes da fusão com o Estado da Guanabara, mostra que tem muito a oferecer aos cariocas. Vem de Niterói uma das melhores cervejas artesanais produzidas no país, a Noi, com três variações!

por Orlando Santos

PARADOR BISTRÔ Rua do Ouvidor, 60

(entrada pela rua do Carmo)Telefone: (21) 2507-2273

de segunda a sexta, das 11:00h às 19:00h

PARADOR BISTRÔ,o sabor de Niterói no Rio

Karine está na supervisão operacional da casa e Ramon comanda as panelas, à frente de dez auxiliares. Com simpatia, atenção e a excelência de uma boa casa, eles vêm fidelizando os clientes cariocas. São os principais responsáveis pelo suces-so que a casa, com pouco mais de quatro meses de funcionamento, já conquistou.

A ideia, inclusive, é avançar com a criação de novos restaurantes Parador, depois desta bem-sucedida filial. E quando se pergunta a Karine e Ramon o que mais vem por aí, eles, sem falsa modéstia, respondem com a alegria no rosto: “Nós dois”...que sejam bem-vindos!

O Parador Bistrô/Rio está localizado, oficialmente, na rua do Ouvidor 60, loja E, Centro, mas a entrada é pela rua do Carmo, defronte à lateral do antigo edifício da Sul América – este, por sinal, depois de inteiramen-te reformado, abriga, no térreo, o Uniko, de tradicional culinária italiana, e o café Galeria Express.

Às sextas-feiras, o Parador/Rio oferece durante todo o dia, doses duplas de espumante, e a partir das 17h, os clientes são brindados com generosas doses duplas de chopp. Um público essencialmen-te jovem frequenta o local na maior parte do dia, incluindo a hora do almoço e no happy our eles tomas conta da casa.

O chef Ramon é um craque em várias especiali-dades, mas seu forte, além dos risotos, é o arroz de rabada, que às sextas-feiras atrai muitos comensais. Na realidade, a área onde está o Parador estava perdendo suas referências gastronômicas graças ao abre/fecha de outros estabelecimentos. Agora, a área ganhou ares de revitalização com a chegada do Parador. O que é muito bom para o polo gastro-nômico já instalado no entorno da Praça XV, em especial pelos que levam a grife Belmonte, do em-presário Antonio Rodrigues, ou o Cais do Oriente, e, mais recentemente o Bar do Gengibre, ao lado dos centros culturais existentes na área (CCBB, Casa França Brasil e o Centro Cultural Correios).

A arquitetura do Parador é assinada por Ricardo Campos, que assim como o espaço de Icaraí tem um quê de bistrô parisiense. O local é uma boa opção para quem aprecia boa comida e ambiente agradável, com seu cardápio originalmente criado com a consultoria do chef Daniel Pinho.

A advogada Elisabete Barbirato, por exemplo, provou e adorou o arroz com rabada, que ele con-siderou muito bom e bem diferente da rabada com agrião que é servido em muitos restaurantes. De tão satisfeita, ela prometeu levar seus colegas do Fórum, situado nas proximidades do Parador, para experimentar a criação de Ramon.

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O

No aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro, dois símbolos da cidade, o Cine Odeon e a Casa Cavé, reaparecem no cotidiano dos cariocas como bons exemplos de um processo de preservação cultural dos patrimônios históricos – marca registrada de uma sociedade que procura cuidar dos seus valores para as atuais e futuras gerações. É assim que caminha a humanidade em várias cidades do mundo e o Rio, certamente, não será diferente.

Os dois voltam a ocupar a vida do carioca depois de algumas obras, sem perda da identidade: o Cine Odeon, com suas funções culturais amplia-das; a Casa Cavé, por retornar ao antigo endereço, com lustres e vitrais franceses originais nos salões que já foram frequentados por muita gente importante, como escritores e políticos da belle époque carioca.

Um duplo presente que mexe com o coração da gente!

ODEON GANHA NOVAS FUNÇÕES Aberto no início do século passado, o Odeon é o único dos oito cin-

emas que funcionavam no Centro do Rio, e que deram origem ao nome do lugar de Cinelândia. Revitalizado e depois de reformas pontuais, o cinema já exibe em sua fachada a nova marca: o espaço se tornou Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro.

O espaço alternará sua programação cinematográfica com out-ras atividades com conteúdo audiovisual, como óperas, peças, balé e

por Orlando Santos

coffee break

CINE ODEONCENTRO CULTURAL

LUIZ SEVERIANO RIBEIRO Praça Floriano, 7 - Cinelândia

Centro – RJTel.: (21) 2461-0201

www.kinoplex.com.br/cinemas/centro-cultural-lsr-odeon/45

CASA CAVÉ Rua Sete de Setembro, 133

Centro - RJTel.: (21) 2224 2520

www.casacave.com.br

Bruno Barbey, Rio, carnaval, 1980. Coleção particular

shows musicais, além de outros eventos. Sua reabertura é con-siderada um presente do referido Grupo para o Rio em seu an-iversário de 450 anos de fundação, mas também marca o início das comemorações dos 90 anos de in-auguração do cinema – coisa que acontecerá no ano que vem.

Segundo Luiz Severiano Neto, a diversificação de programação foi a forma encontrada para manter vivo este monumento tão importante para a vida da cidade, evitando o seu desaparecimento. O prédio encontra-se bem próximo de outros patrimônios culturais, como o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, e ainda do antigo cinema Vitória, situado à rua Senador Dantas, hoje abrigando a Livraria Cultura.

DE VOLTA AO ANTIGO ENDEREÇO A Casa Cavé voltou a ocupar o mesmo endereço

de 1860, no casarão art nouveau, com lustres e vitrais franceses, onde funcionou por 140 anos – na esquina das ruas Sete de Setembro e Uruguaiana – e recebeu personalidades da vida pública brasileira, incluindo o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Em outubro do ano passado, quatro famílias de origem portuguesa, sócias no empreendimento (que carrega o nome de seu fundador, o francês Auguste Charles Felix Cavé), decidiram reto-mar as atividades no edifício antigo, abandonado o endereço provisório na mesma rua Uruguaiana.

Além das tradicionais receitas portuguesas, como o bacalhau e o pastel de belém, e inumeráveis doces, a Cavé oferece pratos típicos de Portugal quase desconhecidos nas terras da ex-colônia; além de opções de sanduich-es e carnes. “Toda a comida é feita na hora e é muito saudável, não oferecemos frituras. Até o pão é feito aqui”, explica o chefe de cozinha, Alfredo Galhões.

A Casa Cavé havia se mudado em 2000 por impos-sibilidade de se reformar o prédio tombado como pat-rimônio histórico do Rio. Segundo o arquiteto André Rodrigues, responsável pelo novo projeto, houve o cuidado de manter as características do prédio origi-nal. “No interior, além dos lustres e vitrais, mesas e cadeiras também são originais”, explicou o arquiteto, explicando que as únicas obras realizadas foram a am-pliação da cozinha e reposição de novo telhado, pois o original estava deteriorado.

Cine Odeon e Casa Cavé,

ícones cariocas resgatados

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ícones cariocas resgatados

o sabor de Niterói no Rio

Parador Bistrô,

Cine Odeon e Casa Cavé,

74 pessoas 76 produtos e serviços 90 fino gosto 92 coffee break 94 feiras e congressos 95 opinião

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4 TN Petróleo 102

editorial

Rua Buenos Aires, 2/406Centro – CEP 20070 022Rio de Janeiro – RJ – BrasilTel/fax: 55 21 [email protected]

DIRETOR EXECUTIVOBenício Biz - [email protected]

DIRETORA DE COmUNICAçãOLia Medeiros (21 98241-1133)[email protected]

EDITORABeatriz Cardoso (21 99617-2360)[email protected]

EDITOR DE ARTE, CULTURA E GASTRONOmIAOrlando Santos (21 99491-5468)

REPÓRTERFelipe Salgado (21 98247-8897) [email protected]

Mehane Albuquerque (21 98629-8185) [email protected]

RELAçÕES INTERNACIONAISDagmar Brasilio (21 99361-2876) [email protected]

DESIGN GRÁFICOBenício Biz (21 99194-5172)[email protected]

PRODUçãO GRÁFICA E WEBmASTERFabiano Reis (21 2224 1349)[email protected]

Laércio Lourenço (21 2224 1349)[email protected]

REVISãOSonia Cardoso (21 3502-5659)[email protected]

DEPARTAmENTO COmERCIALJosé Arteiro (21 99163-4344)[email protected]

Rodrigo Matias (21 2224 1349)[email protected]

ASSINATURAS(21) 2224 [email protected]

CTP e ImPRESSãOWalprint Gráfica

DISTRIBUIçãO Benício Biz Editores Associados.

Filiada à ANATECOs artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo.

Toquem as sirenes de nevoeiro!

Benício BizDiretor da Benício Biz Editores

TN Petróleo

TAGS#102

Foi nisso que pensei ao ler o noticiário sobre os resultados do

tão aguardado leilão de áreas offshore do México, depois de

quase oito décadas de monopólio: apenas dois blocos foram ar-

rematados, dos 14 oferecidos pelo governo mexicano, no leilão

realizado dia 15 de julho. Abaixo de todas as expectativas, pois

se esperava que 30% a 50% dos blocos (quatro a sete áreas)

fossem arrematados no leilão, depois do sucesso do leilão de

áreas marítimas no Golfo do México, realizado pelo governo dos

Estados Unidos em março e que arrecadou US$ 539 milhões.

O fiasco deste leilão contraria as previsões dos espe-

cialistas do setor de óleo e gás, que alardeavam o risco de o Brasil ficar sem novos

investimentos por conta da grande atratividade do leilão mexicano. Diante da falta de

visibilidade (ou previsibilidade) sobre o futuro do setor, creio que é hora de ligarmos

as sirenes para ver se encontramos o rumo nesse denso nevoeiro que paira sobre a

indústria de óleo e gás.

No Brasil, temos um Plano de Negócios e Gestão, apresentado de forma quase

telegráfica, que não nos permite visualizar o que será feito nos próximos anos e de que

forma a Petrobras pretende manter o nível de produtividade com menos unidades (oito,

no comparativo dos dois planos, entre o período de 2015 e 2019) e investimentos reduzi-

díssimos em infraestrutura e suporte operacional na área de E&P – que caiu de US$ 3,6

bilhões para US$ 600 milhões ao ano.

A visibilidade também é ruim no cenário internacional, com a Organização dos

Países Exportadores de Petróleo (Opep) mantendo os altos níveis de produção – e o

Irã retornando ao mercado depois do fim das sanções ao país, e mesmo assim se ele

cumprir o acordo limitando o enriquecimento e estoque de urânio. Com os preços do

petróleo em baixa há mais de um ano, continuam em rota descendente as atividades de

exploração e produção não convencional de hidrocarbonetos, fato que eleva os Estados

Unidos à condição de maior produtor.

Não está fácil prever o que vai ocorrer na 13ª rodada da Agência Nacional do Pe-

tróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – mesmo depois de a entidade promover

uma audiência pública sobre o evento no dia 9 de julho. Marcado para 7 e 8 de outubro,

o leilão deverá ter um total de 266 blocos, distribuídos em dez bacias sedimentares,

incluindo Sergipe-Alagoas, onde a Petrobras pretende iniciar produção nos próximos

anos, e nas do Espírito Santo e Campos, que vêm tendo produção crescente devido ao

pré-sal (que poderá ter a segunda licitação em 2016).

Mais difícil ainda será manter a rota do desenvolvimento econômico nas águas

revoltas da Operação Lava-Jato e sob o denso nevoeiro da incerteza. Ainda que, com as

sirenes ligadas, precisaremos de pessoas competentes na ponte de comando para fazer

essa nau chamada Brasil aportar com segurança na próxima década, pois uma coisa é

certa: Temos de seguir em frente, e avante!

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Produzidos em aço ASTM A131 com certificação para uso naval.

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hot news

Acordo de automação e sistemas de segurança no setor de gás

A Honeywell Process solu-tions (HPs) anuncia um acordo de fornecimento de tecnologias de au-tomação e sistemas de segurança que ajudarão a companhia Freeport lnG Development, l.P (Freeport lnG) a expandir seu terminal de gás natural liquefeito (Gnl), no su-deste do estado norte-americano do Texas, reforçando-o no patamar de referência mundial e garantindo suas operações de exportação.

essa expansão vai proporcionar à Freeport lnG uma capacidade extra de exportação de 13,9 milhões de toneladas anuais. A expectativa é começar os processos em 2018. o terminal da companhia é um dos dez terminais de importação e expor-tação de Gnl que serão novos ou expandidos, com aprovação do órgão americano do setor, o Federal energy regulatory commission.

A HPs será a principal contra-tante de automação integrada (I--MAc) para este projeto de expan-são. sob esta condição, a divisão da Honeywell será responsável pela concepção, fornecimento e insta-lação de sistemas de automação, instrumentação, controles e segu-rança. A abordagem unificada será fundamental para ajudar o projeto a atingir suas metas operacionais e o sucesso dos negócios no primeiro dia de inicialização das atividades.

“As capacidades de expansão do I-MAc que a Honeywell traz para o projeto – e, especificamente, os nossos serviços de projeto leap – ajudarão a Freeport lnG a iniciar a ampliação do terminal de forma mais rápida e dentro do orçamento previsto”, declara Pieter Krynauw, vice-presidente de Projetos e Au-tomação de soluções da HPs. “As nossas recentes tecnologias e a capa-

cidade de entrega de projetos e ser-viços especializa-dos, criarão uma infraestrutura al-tamente integra-da para aumentar a rentabilidade da planta”, explica.

o terminal, localizado na ilha de Quintana, perto da Freeport, no Texas, terá três novas unidades de processamento, ou trens, como parte de uma expansão de mais de Us$ 13 bilhões, adicionando as capacidades de pré-tratamento de gás e lique-fação. A Honeywell fornecerá sua automação e experiência de controle, além da sua abordagem única, no projeto de consultoria e execução a fim de apoiar a transformação da Fre-eport lnG focada na exportação do gás natural liquefeito, tudo isso para dar sequência às recém exploradas oportunidades do mercado interno.

A Honeywell irá além do papel tradicional de automação ao incluir um escopo amplo de produtos, servi-ços e consultoria que agregam valor ao longo de todo o ciclo de vida do projeto e da capacidade operacional do empreendimento.

As entregas do projeto incluem uma série de tecnologias inovado-ras e patenteadas da Honeywell, entre elas, o leap, serviços de execução de projetos, o experion PKs orion com DsA sistemas de Arquitetura Distribuída, experion security Integrator, FTe ethernet Tolerante a Falhas, Universal Pro-cess and safety I/o, gerenciamento de segurança, incêndios e sistemas de gás, a rede onewireless, Digital Video Manager (DVM), simula-dor de treinamento de operações Unisim, software de gerenciamen-to avançado de alarme e PHD de histórico de dados.

Ao alavancar essas soluções integradas, a Honeywell reduzi-rá os riscos e minimizará atrasos potenciais de cronograma para a Freeport lnG e o time de enge-nheiros, aquisição e construção (ePc) durante o início da expansão da unidade. A empresa é parceira dos diretores da Freeport lnG por quase uma década, com o objetivo de conduzir a otimização da cadeia de fornecimento visando a obten-ção da produção e a entrega das cargas que atendam ao Plano de entregas Anual.

Terminal de gás natural liquefeito da Freeport LNG usará as soluções da HPS no processo de expansão da capacidade para quase 14 milhões de toneladas anuais no Texas.

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A wärTsIlä, líDer global em soluções energéticas de ciclo de vida completo para merca-dos marítimos e de geração de energia, concluiu a aquisição da l-3 Marine systems Internatio-nal (MsI), empresa alemã que atua no segmento de sistemas de automação e de navegação para mercados offshore e marítimo. com a operação, que tem valor aproximado de 285 milhões de euros, a wärtsilä passa a ter 19,2 mil funcionários em 76 países.

Para a multinacional finlande-sa, a carteira de produtos e serviços da l-3 MsI representa uma adição estratégica ao portfólio, uma vez que os sistemas elétricos e de automação (e&A) desempenham um papel cada vez mais impor-tante na operação eficiente dos navios modernos. A sinergia entre as duas empresas irá pro-porcionar novas oportunidades de mercado. “A aquisição da l-3 MsI marca um importante movimento, não apenas para a wärtsilä, mas para todo o setor

marítimo. A combinação de tecnologia das empresas no desenvolvimen-to de produtos, sistemas e solu-ções integradas

irá melhorar a eficiência opera-cional para armadores e ope-radores em todo o mundo”, diz luiz Barcellos, diretor de ship Power da wärtsilä Brasil.

com sede em Hamburgo, na Alemanha, a l-3 MsI tem uma vasta experiência no forneci-mento de automação, navegação e sistemas elétricos, bem como tecnologia de posicionamento dinâmico, sonar e tecnologia de comunicações submarinas para vários tipos de navios e insta-lações offshore. o portfólio da empresa engloba as marcas sAM electronics, Valmarine, lyngsø Marine, Dynamic Positioning & control systems, Jovyatlas eu-roatlas, elac nautik, Funa, GA International e APss.

Embarcação financiada pelo Brasil é entregue em Santa Catarina

A EMBARCAçãO Bram Hero, finan-ciada pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), foi entregue em 24 de junho. Do tipo PSV (Platform Supply Vessel), des-tina-se ao apoio a atividades de extração de petróleo no mar. A Bram Hero foi construída no estaleiro Navship, locali-zado no polo naval de Itajaí-Navegantes, em Santa Catarina e possui 92,60 m de comprimento e 6,35 m de calado máximo e 18,29 m de boca moldada.

A obra foi financiada pelo FMM, por meio do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e corresponde à quinta embarcação de uma série de sete PSVs construídos no estaleiro.

O FMM é gerenciado pelo Ministé-rio dos Transportes e já desembolsou, até maio deste ano, R$ 28,7 bilhões no fomento ao transporte aquaviário e à indústria naval. O Fundo tem contribuído para a renovação e o crescimento da frota brasileira, o fortalecimen-to da indústria naval, o aumento do transporte por hidrovias, cabotagem e apoio marítimo à exploração de pe-tróleo no país.

Wärtsilä conclui aquisição da L-3 marine Systems International Fortalecimento da posição da empresa na indústria de sistemas elétricos e de automação.

PSV com 59% de fabricação nacional tem investimento de R$ 12,2 milhões.

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Raízen realiza primeiro transporte de biodiesel de Rondonópolis para o Sudeste

A rAízen reAlIzoU, de forma pioneira no mercado, o primeiro transporte de biodiesel de rondo-nópolis (MT) para Paulínia (sP) pelo modal ferroviário. A partir de agora, a companhia pode escoar biocombus-tível para o sudeste e, utilizando a logística reversa, levar derivados de petróleo para o centro-oeste. cerca de 50 milhões de litros de produto serão transferidos das rodovias para a ferrovia anualmente. A primeira operação com o novo modelo acon-teceu no último dia 11.

A companhia é a primeira distri-buidora no país a realizar a operação via ferrovia na região, proporcionan-do maior eficiência no transporte e ainda a redução de circulação de cer-ca de 50 caminhões. segundo Luiz Renato Gobbo, diretor de operações da raízen, a expectativa é que a ope-ração fomente a competitividade dos produtores de biodiesel no centro--oeste e proporcione importante re-dução de custos na cadeia logística.

“Uma ferrovia próxima às regiões produtivas evita que as cargas sejam

escoadas unica-mente pelo modal rodoviário, que tem custos opera-cionais maiores. A nova operação for ta lece uma vantagem com-petitiva de rondo-

nópolis, que é a intermodalidade, e foi possível devido ao know-how e à infraestrutura de alta tecnologia da raízen, nas cadeias produtivas e a

logística do segmento de combustí-veis, junto aos esforços envolvendo as iniciativas públicas e privadas”, ressalta Gobbo.

A operação marca mais uma vez a posição de vanguarda da raízen na área de logística – a empresa foi pioneira a usar o mo-dal ferroviário no transporte de biodiesel, quando escoou o bio-combustível entre os terminais de esteio (rs) e Araucária (Pr), na região sul, em 2011.

Operação pioneira favorece redução de preços do biocombustível no Centro-Oeste e maior eficiência logística.

A RAíZEN DISTRIBUI, a partir de junho, a Shell V-Power Racing, gasolina de alta octanagem. O combustível estará disponível em cerca de 200 postos das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

A Shell V-Power Racing é recomen-dada para carros que requerem um com-bustível premium de alta octanagem, mas pode ser usado por qualquer veículo movido a gasolina. Dentro do portfólio da marca Shell no Brasil, trata-se do combustível que apresenta o maior de-sempenho e que foi desenvolvido para ajudar os motores a desempenhar seu potencial máximo.

A Shell V-Power Racing é o produto Shell com maior octanagem no merca-

do brasileiro – são 91 IAD. O produto foi formulado com o FMT (Friction Modification Te-chnology) da Shell – tecnologia desen-volvida em parceria com a Escuderia

Ferrari – e foi criado para atuar ime-diatamente no motor reduzindo o atrito em áreas que entram em contato com o combustível, ajudando a recuperar a potência perdida no processo.

“A Shell V-Power Racing é a nossa gasolina de maior performance desen-volvida pela Ferrari e pelos cientistas da Shell. Com uma octanagem maior

do que uma gasolina comum e uma formulação única de ação dupla cria-da para limpar ativamente o motor e suas peças vitais, a Shell V-Power Racing foi feita para ajudar o carro a desempenhar o seu potencial máximo”, explica Sarina Arnold, cientista de combustíveis da Shell, envolvida no desenvolvimento da Shell V-Power Racing no Brasil.

Com a chegada Shell V-Power Ra-cing, a família V-Power passa a repre-sentar uma oferta completa para os con-sumidores. A partir de agora, os postos Shell oferecem, além da V-Power Racing, a gasolina aditivada (Shell V-Power Ni-tro+) e o exclusivo Shell V-Power Etanol, o único etanol aditivado do Brasil.

Raízen apresenta a nova gasolina da marca Shell: Shell V-Power Racing

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A PrUMo DIVUlGoU que a empre-sa norte-americana edison chouest exerceu as duas últimas opções de aumento de sua área, localizada no Terminal 2 (T2) do Porto do Açu. estas opções de expansão, estabelecidas no contrato assinado em abril do ano passado, venciam em outubro de 2015 e foram antecipadas pelo cliente.

Além das opções exercidas, a em-presa também decidiu contratar mais 40 m de cais para sua área. com isso, a área total da edison chouest no Porto do Açu passa a ser de 597.400 m², com 1.030 m de frente de cais. no

local, a empresa está construindo uma unidade com 15 berços para atracação, além de um estaleiro para reparo de suas próprias em-barcações – mas

que pode atender terceiros no futuro. A previsão é que a unidade movi-mente 10.800 embarcações por ano.

“o início da operação e o anún-cio da Petrobras no Açu criaram uma dinâmica diferente em nossas con-

versas. A edison chouest é a líder no setor de apoio offshore e a visão que ela teve sobre o porto há mais de um ano mostra por que ela está à frente do mercado. É mais uma prova de que o Porto do Açu será o principal polo para o setor de o&G”, diz Eduardo Parente, presidente da Prumo.

com a ampliação da chouest, que está investindo r$ 950 milhões na sua unidade, o canal do Termi-nal 2 conta agora com mais de 3 km de cais ocupados, o que representa cerca de 70% da área molhada, in-cluindo as áreas reservadas.

Centro de pesquisa atraído pela Rio Negócios tem primeira patente aprovada

A rIo neGócIos comemora a aprovação da primeira patente para a indústria bioenergética de-senvolvida no centro de Pesquisa Global da Ge no rio de Janeiro. o Instituto nacional de Proprie-dade Intelectual (Inpi) aprovou o primeiro pedido de patente da Ge para uma solução que reduz o custo da produção do etanol de se-gunda geração (etanol celulósico), permitindo que a indústria recupe-re mais de 25% do total de enzimas usadas no processo. o pedido foi aprovado após um tempo recorde de análise no Inpi: 18 meses.

Para receber o centro de Pesquisa Global da Ge, um in-vestimento de Us$ 500 milhões, o rio de Janeiro competiu com mais de 160 concorrentes e foi reconhecida como a cidade com o ambiente mais propício para sua instalação. “nunca tivemos dúvidas do valor que o centro de Pesquisa da Ge geraria ao país. Além dessa primeira patente, os pesquisadores aguardam a

aprovação de mais dez. o de-senvolvimento de patentes que atendam aos desafios do se-tor de energia é fundamental para fortalecer

um dos mais fortes vetores de desenvolvimento de um país”,

declarou Marcelo Haddad, pre-sidente da rio negócios.

o projeto foi desenvolvido numa colaboração entre pesqui-sadores brasileiros e a matriz do centro em niskayuna, em nova york. A ideia é atender a demanda local e usar as tecnologias da Ge para apoiar o desenvolvimento do país e de toda a região em diversos setores estratégicos..

Mais dez patentes já estão em processo de aprovação.

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Edison Chouest amplia área no Porto do Açu e unidade passa a ser a maior base de apoio offshore do mundoCom 1.030 m de cais, previsão é de que a base movimente 10.800 embarcações/ano.

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MAIs DA MeTADe (56%) dos executivos do setor de óleo e gás pretende realizar fusões e aqui-sições nos próximos 12 meses (60% esperam fechar pelo menos dois negócios), é o que indica o ‘12ª oil & Gas Global capital confidence Barometer’, estudo semestral da ernst & young (ey). A pesquisa global revela que apetite por fusões e aquisições no setor se recuperou acentuada-mente ao longo dos últimos seis meses, conforme as implicações da queda do preço do petróleo foram digeridas.

Praticamente todos os entre-vistados (99%) esperam que o mercado de óleo e gás melhore ou permaneça estável ao longo dos próximos 12 meses e 97% expressaram confiança seme-lhante na economia global. “em 2014 as transações atingiram a maior alta em cinco anos, mas o primeiro trimestre de 2015 foi um dos mais silenciosos nos últimos anos. A queda súbita e acentuada no preço do petróleo

forçou mui-tas empresas a adotar um intenso foco na operação inter-na – cortando agressivamente os gastos e cus-

tos. oportunidades de fusões e aquisições foram adiadas por causa da incerteza sobre as perspectivas do preço do petró-leo. Agora, com o aumento da confiança na economia global, essas oportunidades de aqui-sição estão crescendo e devem ser concretizadas”, afirma Luiz Claudio Campos, sócio de transações corporativas do centro de energia e recursos naturais da ey.

Hoje, 74% das empresas de óleo e gás em busca de negócios estão considerando ofertas de menos Us$ 250 milhões, repre-sentando uma grande oportuni-dade para transações no middle market. e 85% dos executivos de óleo e gás esperam que o

valuation gap entre comprado-res e vendedores permaneça em níveis superáveis, o que irá incentivar o fechamento de negócios em curto prazo.

na maior parte dos últimos três anos, o crescimento ocu-pou a agenda estratégica das empresas do setor. Agora, o foco está na otimização do portfólio e gestão de riscos no atual am-biente econômico. A pesquisa indica que 63% dos executivos de óleo e gás estão dedicados em reduzir custos e melhorar a eficiência operacional, enquan-to planejam aquisições para o próximo ano.

“Inovação e complexidade estão definindo um novo cenário de fusões e aquisições no setor de óleo e gás. Apesar do otimis-mo com a economia aumentar o apetite por oportunidades, os desafios persistem. Incertezas geopolíticas e volatilidade dos preços das commodities conti-nuarão a influenciar as decisões de negócios”, finaliza campos.

O FRACO DESEMPENhO da economia do Brasil vai continuar a influenciar os resultados das empresas brasileiras, pelo menos até meados de 2016. Tal cená-rio coincidirá com incertezas políticas, inflação e deterioração da confiança de investidores. Essa é a avaliação da agência de classificação de risco, Moody’s,

em relatório, divulgado no dia 16 de julho.

A agência espera que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, tenha queda de 1,8%, em 2015, e crescimento de 1% em 2016.

Para a agência, a investigação da Operação Lava-Jato levou os investidores a ficarem mais cau-

telosos em relação às empresas não financeiras do Brasil, limi-tando o acesso das mesmas aos mercados globais.

A agência também considera que a confiança do consumidor e o poder de compra deterioraram-se, influenciados pelo aumento das dívidas das famílias, alta de juros, inflação e desemprego.

EY: Fusões e aquisições no setor de óleo e gás devem crescer no próximo ano

moody’s: Fraco desempenho da economia brasileira afetará empresas em 2016

De acordo com o estudo, o apetite por novos negócios cresceu muito ao longo do último semestre.

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PRé-saL – A produção do pré-sal, oriunda de 49 poços, foi de 726,4 mil barris por dia (bbl/d) de petróleo e 26,9 milhões de m3 por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 895,5 mil boed, um aumento de 1,2% em relação a abril. Queima de gás – o aproveitamento do gás natural no mês de maio foi de 96,6%. A queima de gás natural em abril foi de 3,2 milhões de m3 por dia, uma redução de cerca de 12,5% em relação a abril e de 32,3% em relação a maio de 2014.

Campos produtores – cerca de 93% da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos ope-rados pela Petrobras. Perto de 93,3% da produção de petróleo e 77,4% da produção de gás natural do Brasil fo-ram extraídos de campos marítimos.

o campo de roncador, na Bacia de campos, foi o de maior produ-ção de petróleo, com uma média de 322,2 mil barris por dia, e o campo de lula, na Bacia de santos, foi o maior produtor de gás natural, com uma produção média de 13,4 milhões de m3 por dia.

A plataforma P-52, localizada no campo de roncador, produziu, através de 17 poços a ela interligados, cerca de 163,1 mil boed e foi a platafor-ma com maior produção. os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 61,2 barris diários de petróleo e 21,2 mil m3 de gás natural. Dentre esses campos, Bom lugar, operado pela

Alvopetro, foi o maior produtor de petróleo, com 23 bbl/d, e Morro do Barro, operado pela Panergy, foi o maior produtor de gás natural, com 20,2 Mm³/d.

A produção procedente das ba-cias maduras terrestres (campos/TlDs das bacias do espírito san-to, Potiguar, recôncavo, sergipe e Alagoas) foi de 164,4 mil boed, sendo 135 mil barris de petróleo por dia e 4,7 milhões de m3 de gás natural por dia. Desse total, 3,5 mil boed foram produzidos por con-cessões não operadas pela Petro-bras, sendo 368 boed no estado de Alagoas, 1,514 mil boed na Bahia, 0,004 boed no espírito santo, 1,424 mil boed no rio Grande do norte e 216 boed em sergipe.

Outras informações – em maio de 2015, 311 concessões, operadas por 25 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Destas, 84 são concessões marítimas e 227

terrestres. Do total das concessões produtoras, uma se encontra em atividade exploratória e produzindo através de Teste de longa Duração (TlD), e outras nove são relativas a contratos de áreas contendo acu-mulações marginais.

o grau API médio do petróleo produzido no mês de maio foi de cerca de 25, sendo que 8,4% da produção são considerados óleo leve (>=31°API), 58,4%, óleo médio (>=22°API e <31°API), e 33,2%, óleo pesado (<22°API), de acordo com a classificação da Portaria AnP n. 09/2000.

A produção de petróleo e gás na-tural no Brasil originou-se de 9.059 poços, sendo 803 marítimos e 8.256 terrestres. o campo com o maior nú-mero de poços produtores foi canto do Amaro, na Bacia Potiguar, com 1.096 poços. Marlim, na Bacia de campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores – 62 no total.

Produção aumenta 10,2% em maioA produção brasileira no mês de maio alcançou quase 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia, sendo 2,412 milhões de barris diários de petróleo e 93,1 milhões de m3 de gás natural.

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A carteira de produtos e serviços da L-3 MSI representa uma adição estratégica ao portfólio da Wärtsilä, uma vez que os sistemas elétricos e de automação (E&A) desempenham um papel cada vez mais importante na operação eficiente dos navios modernos. A sinergia entre as duas empresas irá proporcionar novas oportunidades de mercado.

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O MERCADO GLOBAL de petróleo deve ser mais equilibrado no próxi-mo ano à medida que a China e os países emergentes aumentem seu consumo e enquanto a oferta de pe-tróleo não convencional da América do Norte e outras regiões cresça mais vagarosamente, disse em seu relatório a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

A demanda mundial por petróleo deve aumentar em 1,34 milhão de barris por dia (bpd) em 2016, acima do acréscimo de 1,28 milhão de bpd neste ano. Esse crescimento deve superar qualquer aumento da oferta de países não membros da Opep e de petróleo ultraleve como o con-densado, aumentando o consumo de petróleo bruto da organização. “Isso implicaria melhora para um merca-

do mais equilibrado”, afirmam os economistas da entidade.

A Opep espera que a demanda pelo seu próprio petróleo cresça em 860 mil bpd em 2016, passando para 30,07 milhões de bpd. No en-tanto, a entidade cortou a estimativa da demanda por seu petróleo neste

ano em 100 mil bpd para 29,21 mi-lhões de bpd.

Os preços do petróleo estão hoje na metade dos praticados há um ano, com o Brent cotado a menos de US$ 58 o barril, abaixo do pico de 115 dólares o barril registrado em junho de 2014.

Opep eleva produção de petróleo e contribui para oferta excessiva apesar de elevação da demanda

o ínDIce De competitividade Mun-dial 2015 (world competitiveness ye-arbook / wcy), divulgado pelo Inter-national Institute for Management Development, IMD, e pela Fundação Dom cabral, apontou a perda de es-paço do Brasil no cenário competitivo internacional, com a queda de posi-ções pelo quinto ano consecutivo. o país ocupa agora a 56ª colocação no ranking geral, caindo duas posições em relação a 2014. neste ano, o Brasil está à frente apenas da Mongólia, cro-ácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela. É sua pior posição em toda a história do ranking.

“os resultados não surpreendem, uma vez que a atual conjuntura do Brasil limita nosso dinamismo e gera pessimismo entre os agentes econômicos”, avalia Carlos arruda, coordenador do núcleo de Inovação e empreendedorismo da Fundação Dom cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do ranking no Brasil. “Para avançarmos em termos

de competitivida-de, não há como fugir da velha re-ceita de investi-mentos de longo prazo em educa-ção, logística, ci-ência e inovação, aliada a reformas

institucionais que eliminem bu-rocracias e criem agilidade, flexi-bilidade e transparência do setor público. e precisamos com urgência traduzir tudo isso em ganhos reais de produtividade”, destaca Arruda.

“o Brasil caiu nos resultados gerais do ranking global sobretudo por causa da desaceleração de sua economia, impactando diretamente no cresci-mento real do PIB. seu desempenho em governança também deixou a de-sejar no critério de finanças públicas. É importante notar que todos os fatores de competitividade são afetados nega-tivamente por opiniões de executivos menos otimistas, em especial com in-

dicadores relacio-nados às práticas de gestão, saúde e meio ambien-te”, afirma arturo Bris, do IMD.

A desacele-ração interna do Brasil influenciou

de modo negativo sua capacidade competitiva. o crescimento do Pro-duto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,1% em 2014, em contraste com a expansão da economia mundial de 2,3%, colocou o Brasil na 55ª posição no quesito crescimento real do PIB, um dos indicadores analisados den-tro do subfator economia Doméstica, do pilar Desempenho da economia. A previsão de contração de 1% do PIB em 2015, somada às dificuldades em controlar o déficit fiscal e a taxa de inflação, cuja previsão é chegar a 8,2% este ano, também contribuiu para a má avaliação do desempenho da economia.

Brasil perde no ranking mundial de competitividade

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PELO mUNDOEUA: Graças às fontes não convencionais (shale gas/

oil), pela primeira vez o país conseguiu aumentar sua oferta em mais de 1 milhão de barris por dia (bpd) durante três anos consecutivos. Assim, os EUA tornaram-se o maior produtor de petróleo do mundo, ultrapassan-do a Arábia Saudita e a Rússia pela primeira vez desde 1975. O Departamento de Energia dos Estados Unidos informou que os estoques de petróleo no país subiram em 384 mil barris na semana encerrada em 3 de julho, para 465,763 milhões de barris.

ARÁBIA SAUDITA: Em junho, o maior

exportador mundial de petró-leo produziu 10,56 milhões de bpd ante 10,333 milhões de bpd em maio, superando o recorde anterior fixado em 1980. Entre-tanto, o país foi destronado pela Rússia e por Angola como o maior fornecedor da commodity para a China

IRã: Os iranianos que-rem dobrar suas expor-tações de pe-

tróleo bruto logo após as suspen-sões de sanções internacionais, de acordo com seu vice-ministro do petróleo para planejamento e supervisão, Mansour Moazami. O país está se esforçando para con-vencer outros membros da Organi-zação dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para renovar seu sistema de cotas.

RÚSSIA: O país destro-nou a Arábia Saudita como

principal fornecedor da Chi-na. E outra grande novidade: o petróleo russo foi comprado não em dólares mas em yuans (moeda da República Popular da China). A debilidade da eco-nomia russa precisa do apoio da China e o comércio entre os dois países tornou-se uma ferramenta eficaz para a coo-peração estratégica e política entre eles.

CHINA: O segun-do maior consumidor mundial de

petróleo bruto – representando cerca de 11% da procura glo-bal este ano –, tornou-se um mercado-alvo chave para os grandes exportadores, incluin-do a Rússia, Arábia Saudita e Iraque. Embora produza pe-tróleo bruto, as necessidades da economia chinesa mais que duplicam sua capacidade de produção.

mÉXICO: O México está abrin-do o mono-pólio mais

antigo da história do petróleo. A reforma do setor energético mexicano vem em um momento de crise da indústria petrolífe-ra mundial. No primeiro leilão, apenas dois dos quatorze blocos exploratórios ofereci-dos à iniciativa privada foram leiloados, bem abaixo das expectativas do governo.

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A ProDUção InDUsTrIAl cresceu em nove dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e estatística (IBGe) em maio. o resultado interrompeu três meses consecu-tivos de redução no setor. Dados divulgados indicam que as maiores altas foram registradas no ceará, com 3,6%; Amazonas, 2,6%; em Pernambuco 1,4%; e Minas Gerais, 1,3%. Tiveram

resultados positivos em maio: santa catarina (0,7%), espírito santo (0,6%), são Paulo (0,5%), Paraná (0,3%) e rio de Janeiro (0,2%).

Houve redução na produção no nordeste, com queda de 2,2%. na Bahia, a queda foi de 1%. redução também no rio Grande do sul (1,6%), Pará (1,5%) e Goiás (0,6%).

no acumulado de janeiro a maio, a produção industrial caiu

em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGe. em oito, a queda foi superior à média nacional (- 6,9%): Amazonas (17,3%), rio Grande do sul (11,5%), Bahia (10,9%), ceará (9,4%), Paraná (8,8%), são Paulo (8,6%), Minas Gerais (7,4%) e santa catarina (7,4%).

nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à diminui-

Produção industrial cresce em locais pesquisados pelo IBGE em maioAvanço interrompe três meses seguidos de queda.

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil

Janeiro Fevereiro março Abril maio Junho

Bacia de Campos 2.191,7 1.560,8 1.520,8 1.506,4 1.476,7 1.436,2

Outras (offshore) 393,2 391,0 394,6 436,3 444,1 462,9

Total offshore 1.997,4 1.951,8 1.915,4 1.942,7 1.920,7 1.899,1

Total onshore 194,3 194,7 192,9 191,5 190,2 188,7

Total Brasil 2.191,7 2.146,5 2.108,2 2.134,2 2.111,0 2.087,8

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil

Janeiro Fevereiro março Abril maio Junho

Bacia de Campos 26.829,4 26.688,8 26.323,5 25.396,3 25.336,1 24.687,6

Outras (offshore) 30.475,8 29.806,6 30.499,7 30.921,2 31.069,3 32.008,6

Total offshore 57.305,3 56.495,4 56.823,2 56.317,5 56.405,4 56.696,2

Total onshore 17.253,4 17.472,4 17.220,4 17.052,7 17.187,8 17.190,1

Total Brasil 74.558,7 73.967,8 74.043,6 73.370,2 73.593,3 73.886,2

Janeiro Fevereiro março Abril maio Junho

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional

Exterior 97,6 100,4 101,9 102,2 101,4 101,9

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional

Exterior 14.646,0 15.016,3 14.924,4 14.832,5 15.326,7 15.424,8

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d)

Brasil+Exterior 2.844,5 2.800,4 2.763,7 2.785,2 2.765,5 2.745,2

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural Período de 01/2015 a 06/2015

(*) Inclui gás injetado.

(**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom). Fonte: Petrobras

bovespa (%)

dólar comercial*

DJ Oil & Gas (%)

euro comercial*

*Valor de venda, em R$

13.07.201518.05.2015

13.07.201518.05.2015

13.07.2015

13.07.2015

18.05.2015

18.05.2015

3.1343.007

1.01-1.82

0.67-0.03

3.453.40

Variação no período: -8.55%

Variação no período: -7.23%

Variação no período: 4.71%

Variação no período: 0.78%

Page 19: TN Petroleo 102

TN Petróleo 102 17

FRASES

“Dada a reduzida participação das requerentes no mercado nacional, aliada à presença dominante da Petrobras nos dois mercados analisados, é razoável supor que a participação da Shell no segmento de exploração não lhe confira, no Brasil, possibili-dade de exercício unilateral de poder de mercado.” Conselho Administrativo de Defesa Econô-mica (Cade), aprovando em seu parecer a aquisição da britânica BG Group pela Shell no Brasil, 08/07/2015, Diário da União.

“o rebalanceamento que teve início com a queda inicial de preços do petróleo em 60%, há um ano, ainda está em curso. os movimentos recentes suge-rem que este processo vai se estender até 2016.” Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), 07/07/2015.

“as implicações da revolução do petróleo e gás de folhelho são profundas.”

Bob Dudley, diretor executivo da BP, 10/06/2015, Relatório Energy Outlook 2035 da BP.

“Tentaremos maximizar nossa capacidade de exportação de petróleo para a europa e res-taurar nossa fatia de mercado de 42% a 43% por cento no mercado europeu de antes da imposição das sanções.”

mohsen Qamsari, diretor de assuntos inter-nacionais na Companhia Nacional Iraniana de Petróleo, 14/07/2015, Reuters.

“Para a indústria, a projeção é de chorar: ela volta para o nível de meados de 2013 só no início de 2020.”

Francisco Lopes Fonte: ex-presidente do Banco Central e sócio da Macrométrica, 14/07/2015, Valor Econômico.

ção na fabricação de bens de capital (voltados para equipa-mentos de transportes – trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias). registraram também redução os bens intermediários (autopeças, derivados do petróleo, produtos têxteis, siderúrgicos, de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrí-colas); bens de consumo durá-veis (automóveis, eletrodomésti-cos da “linha branca” e da “linha marrom”, motocicletas e móveis); e bens de consumo semi e não duráveis (medicamentos, produ-

tos têxteis, vestuário, bebidas, alimentos e gasolina).

os estados do espírito santo (18,0%) e Pará (6,8%) registraram taxas positivas no acumulado no ano, influenciados pelo desem-penho do setor extrativo.

A taxa anualizada (indi-cador acumulado nos últimos 12 meses) teve recuo de 5,3% em maio de 2015, mantendo a trajetória de redução iniciada em março de 2014 (2,1%). em ter-mos regionais, 11 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas, em maio de 2015, e 12 apontaram menor dinamismo em comparação ao índice de abril.

R$14,64

R$20,12

R$12,65

R$13,78

R$16,98

R$14,21

R$13,27

R$18,50

R$12,60

R$11,82

R$15,36

R$12,90

petróleo brent (US$)

petróleo WtI (US$)

petrobras

CPFL BRASKEM

VALE

Período: 18.05.2015 a 13.07.2015 | ações ações ações ações

ON

ON

ON

PN

PNA

PNA

13.07.201518.05.2015

13.07.201518.05.2015

58.1566.27

52.2060.24

Variação no período: -12.91%

Variação no período: -13.91%

Variação no período: -11.18%

Variação no período: -7.51%

Variação no período: -2.71%

Variação no período: -16.03%

Variação no período: -13.32%

Variação no período: -10.49%

Page 20: TN Petroleo 102

18 TN Petróleo 102

entrevista exclusiva

Com essas palavras, o professor Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defende a necessidade imediata de o governo federal e a Petrobras aproveitarem o momento para fazer ajustes importantes no setor de óleo e gás brasileiro, pois este vive os efeitos das crises externa e interna.

NO CONTEXTO DE CRISE”

“O custo da mudança é menor

“ACREDITO qUE TODA crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como o planejamento das empresas. Não podemos desper-diçar a oportunidade de abrir o de-bate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planeja-mento e regulação. Precisamos ter coragem para discutir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao crescimento sustentável”, destaca o economista nesta entre-vista exclusiva à TN Petróleo.

TN Petróleo – Hoje, o setor de óleo e gás responde por 13% do PIB brasileiro. O aumento da capaci-dade produtiva e operacional da Petrobras e de suas parceiras vem alavancando a produção nacional, que, de acordo com o boletim da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em maio deste ano alcançou a mar-ca de 2,998 milhões de barris de óleo equivalente (boed). Ao mesmo tempo, a Petrobras vive a maior crise de sua história, com impactos em todo o setor, obrigando-a

a rever seu plano de investimentos. Como avalia o cenário atual do setor e sua crescente participação na economia brasileira?

Edmar Almeida – A questão da participação do setor do petróleo no PIB é bastante controversa. A estimativa de 13% inclui a participa-ção direta dessa indústria bem como de outros segmentos que integram a cadeia produtiva de petróleo. Os cálculos oficiais do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) não validam o número de 13%. De toda forma, o que é importante ressaltar é que o segmento de óleo e gás apresentou um crescimento muito maior que o restante do setor industrial no Brasil nos últimos anos. Os investimentos do setor de petró-leo representam uma parcela muito importante de todo o setor industrial no Brasil. Por isso, contribuiu para alavancar o crescimento industrial, a partir das compras locais de bens e serviços. A crise decorrente da queda dos preços do petróleo e as dificuldades da Petrobras, tanto econômicas como políticas, acres-centam vetor negativo ao já difícil

cenário da economia brasileira, em particular ao setor industrial. Vejo um cenário desafiador de ajustes não somente na área de petróleo, mas em toda a economia brasileira. Este processo de ajustes econômi-cos está apenas iniciando.

E como o Brasil, a Petrobras e o pré-sal e estão inseridos no con-texto mundial?

O Brasil é a principal fronteira de expansão da indústria de petróleo mundial fora dos Estados Unidos e da Organização dos Países Exporta-dores de Petróleo (Opep). Por esta razão, o mundo do petróleo está acompanhando com muita atenção o que está acontecendo aqui. Os contratos assinados entre as ope-radoras e a ANP apontam para uma expansão da produção brasileira de petróleo dos atuais 2,4 para cerca de 2,8 milhões de barris/dia em 2020. Se tal coisa acontecer, o óleo adicional que o Brasil colocará no mercado pode ter um forte impacto no equilíbrio do mercado interna-cional de petróleo. O Brasil deverá se tornar um exportador importante.

por Felipe Salgado

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TN Petróleo 102 19

Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Para isso, deverá buscar espaço num mercado externo cada vez mais disputado – lembrando que o país ainda tem como vantagem um gran-de mercado interno. Além do mais, a presença de empresas chinesas, a crescente aproximação da Petrobras com a China e a aposta da Shell no Brasil representam passos importan-tes para a maior inserção brasileira no mercado internacional.

Em março, a oferta excedente de petróleo no mercado global aliada à retração do consumo derrubou o preço do energético ao mais baixo

patamar em seis anos. Naquele momento, a inviabilidade econô-mica do pré-sal parecia iminente. Entretanto, a produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre de 2015 em comparação com o mesmo período de 2014, em função do pré-sal. A dimensão das reser-vas e alta produtividade de seus poços fazem a aposta valer a pena mesmo com o preço do petróleo em torno de US$ 60?

Acredito que sim. Com poços apresentando uma produtividade entre 20 mil até 40 mil barris diários, o pré-sal é rentável. A questão maior

não parece ser a rentabilidade, mas a disponibilidade de capital para investi-mentos, no contexto de preços baixos da commodity. Todas as empresas estão fazendo ajustes, pois estavam investindo com base numa previsão de fluxo de caixa que não existe mais. Além disso, com o nível de endivida-mento já elevado, o ritmo do investi-mento vai ser ditado pela disponibili-dade de caixa da Petrobras.

Independentemente do preço do petróleo, muitos investidores consi-deram que a compra de certos ativos no Brasil representa a oportunidade

a crise decorrente

DA qUEDA DOS

PREçOS DO PETRóLEO

E AS DIFICULDADES

DA PETROBRAS,

TANTO ECONôMICAS

COMO POLíTICAS,

ACRESCENTAM VETOR

NEGATIVO AO Já

DIFíCIL CENáRIO DA

ECONOMIA BRASILEIRA,

EM PARTICULAR AO

SETOR INDUSTRIAL.

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20 TN Petróleo 102

entrevista exclusiva

especial de se posicionar em um mercado que continuará a ser grande. Do ponto de vista geológico, o país é bastante atrativo, como demonstra a aquisição da BG pela Shell, em vista do pré-sal. mas também existem quei-xas acerca dos entraves regulatórios e a falta de transparência das regras. Como vê essa questão?

Certamente existe um espaço enorme para melhorar o ambiente de negócios do setor petrolífero brasilei-ro. Desde 2008, o governo concentrou sua energia em aprovar e implementar o marco regulatório do pré-sal. Neste período, não houve espaço político para discutir outros desafios regula-tórios para investir no setor. Várias barreiras identificadas não foram de-batidas de forma aberta e transparente pelo governo, que, nos últimos anos, considerou algumas questões como cláusulas pétreas. Não estavam em discussão. Com isso os problemas se acumularam. A meu ver, as principais questões que precisam ser debatidas e aprimoradas urgentemente são: a política de conteúdo local, o Repetro, as rodadas de licitação, a política de preços dos derivados praticada pela Petrobras e a barreiras existentes em relação à comercialização do gás natural. Estes temas precisam ser

debatidos de forma mais transparente para se identificar os aprimoramentos necessários e viáveis.

A única forma de a Petrobras cum-prir a exigência legal de participação de 30% nos consórcios do pré-sal seria através do aumento do seu en-dividamento. Com uma dívida líquida de R$ 332,5 bilhões, a companhia tem capacidade financeira para su-portar a lógica do regime de partilha?

Acredito que não tem capacida-de, nem necessidade. A Petrobras é a companhia petrolífera de capital aberto que detém o maior volume de petróleo descoberto no mundo nos últimos anos. Se somarmos as re-servas da Petrobras com os recursos já descobertos por ela sob regime de concessão ou já anunciados pela ANP, na área sob regime de partilha, chega-se ao volume fabuloso de 40 bilhões de barris. Para monetizar estas jazidas, ela precisaria investir cerca de US$ 400 bilhões somente no usptream. Se considerarmos que a Petrobras precisa também investir em outras áreas de negócios, chegamos à conclusão de que ela tem uma agenda de investimentos hercúlea. Para dar conta do petróleo que tem, terá que fazer um enorme esforço para mudar

radicalmente sua estratégia e portfólio de negócios atuais, focando no ups-tream. Ou seja, não faz mais sentido, nem para a Petrobras nem para o Brasil, a cláusula de operadora única no pré-sal. É importante considerar que a área do pré-sal não tem apenas reservatórios gigantescos, com enor-me produtividade. Existem áreas que a Petrobras não se interessaria nem se tivesse recursos para investir. Então por que forçá-la a investir em áreas de menor qualidade se ela tem outras opções melhores? Por estas razões é importante revisitar a questão da ope-radora única de forma objetiva e prag-mática. Não devemos ver esta questão como mais uma cláusula pétrea.

Os investidores depositaram confian-ça nas ações da Petrobras, esperan-do que a administração zelasse pelos interesses da companhia para trazer retorno sobre o capital. Entretanto, a Petrobras se tornou a petroleira mais alavancada e endividada do setor. Qual a sua opinião sobre os recentes esforços da empresa para restaurar a confiança do mercado?

É fundamental restaurar a confian-ça dos investidores na Petrobras. Não será possível enfrentar os desafios atuais quanto a investimentos sem contar com recursos do mercado financeiro. A receita para restaurar a confiança é simples: os investido-res querem ver sinais claros de que a gestão da empresa vai focar no negócio do petróleo (que já é muito arriscado). Os fatos revelados pelas investigações da Lava Jato e toda dis-cussão política recente deixaram claro que a gestão anterior da Petrobras não estava focada no negócio. O con-trolador da empresa impôs uma agen-da política que distanciou a gestão da busca de eficiência e rentabilidade.

O que sinaliza a eleição do pre-sidente da Vale, murilo Ferreira, para a presidência do Conselho de Administração da estatal?

É FUNDAMENTAL

RESTAURAR A CONFIANçA

dos investidores

NA PETROBRAS.

NãO SERá POSSíVEL

ENFRENTAR OS DESAFIOS

ATUAIS qUANTO A

INVESTIMENTOS SEM

CONTAR COM RECURSOS

DO MERCADO FINANCEIRO.

Page 23: TN Petroleo 102

TN Petróleo 102 21

“O custo da mudança é menor no contexto de crise”

A eleição do novo conselho traz um sinal positivo. O fato de não ser um ministro de Estado é sinal de que poderemos ter um conselho mais focado na agenda do negócio. Vejo de forma muito positiva a mudança de rumo. Mas para recuperar a credibili-dade, será necessário que a diretoria e o conselho demonstrem ao mercado uma nova postura. De toda forma, é importante lembrar que se demora muito a construir a credibilidade, sua perda pode ocorrer de forma muita rápida. Portanto, a recuperação da confiança é um longo processo.

Sem o selo de boa pagadora, diante de tantas dúvidas sobre sua capa-cidade de honrar compromissos, a Petrobras e o Banco de Desenvol-vimento da China (CDB) assinaram um contrato de financiamento que totaliza até agora US$ 5 bilhões. Como avalia os interesses da China?

Vejo positivamente. A Petrobras precisa se aproximar da China e garantir acesso a esse mercado. A China tem recursos para investir e a Petrobras tem o petróleo. Assim, os interesses são complementares. No momento é uma opção interessante, até a empresa melhorar sua condi-ção econômica para poder ter um acesso mais favorável no mercado internacional de capitais.

Na primeira investida da Petro-bras no mercado internacional de capitais após a deflagração da Lava Jato, a companhia emitiu 2,5 bilhões de dólares em um bônus de cem anos, pagando um rendimento de 8,45% ao investidor. No momen-to que a empresa precisa aumentar a geração de capital, faz sentido emitir mais dívida?

A Petrobras está emitindo porque precisa. Ela tem de investir e ainda

rolar uma dívida gigantesca. Então, precisa buscar recursos onde eles estiverem. Os juros de 8,45% são elevados. Por isso é fundamental um ajuste econômico na empresa para estancar o crescimento da dívida e iniciar o processo de restauração da confiança dos mercados.

Uma questão importante refere--se à redefinição do núcleo central de negócios da Petrobras. Em sua opinião, como a estatal deve se reposicionar: como companhia inte-grada de óleo e gás ou produtora de energia (inclusive renováveis)?

Em minha opinião esta é a questão mais importante que a empresa deverá enfrentar nos próximos anos. O governo federal e Petrobras terão que buscar uma nova visão de futuro. A empresa está realizando alguns ajustes que apontam para uma maior concen-

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22 TN Petróleo 102

entrevista exclusiva

tração dos negócios no upstream. Entretanto, o movimento recente foi um imperativo do contexto atual. Não foi fruto de um debate político mais amplo sobre qual Petrobras queremos no futuro. Esse debate precisa ser feito porque é necessá-rio criar um ambiente político que legitime mudanças mais estruturais. Por exemplo, hoje a Petrobras tem todo o refino e é responsável pelo suprimento de derivados no país. Ela não tem autonomia política para definir um novo papel no downstre-am. Esta discussão tem de envolver o governo e o congresso. O mesmo se aplica à área de gás. Ou seja, é importante que haja um debate político responsável e objetivo so-bre a Petrobras do futuro. Acredito que esse momento é oportuno para iniciar tal debate. O que falta é um maior interesse dos atores políticos por esse tema. Temos de superar o debate sobre corrupção e iniciar uma discussão mais qualificada sobre a Petrobras.

A 13ª Rodada de Leilões está pre-vista para ocorrer em outubro deste ano, ofertando 266 blocos explora-tórios fora do polígono do pré-sal. Do total, 182 estão localizados em bacias terrestres e 84 nas bacias marítimas de Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Espírito Santo, Campos, Camamu-Almada e Pelotas. Serão ofertadas ainda 11 áreas inativas com acumulações marginais. Será um novo alento para o setor? Ou uma indicação de que as rodadas de licitação podem ter maior regu-laridade daqui para a frente?

Creio que esta rodada tem um papel muito importante nesse momento de crise profunda que vivemos. Demonstra que o gover-no não está imobilizado diante dos problemas e que o setor não pa-rou. Acho importante que o Brasil volte a ser considerado uma opção para investimentos em explora-

ção. O país ficou muito focado no pré-sal e perdeu muito espaço na atração de investimentos nas outras áreas, o que foi muito ruim para a cadeia de fornecedores.

O relatório Energy Outlook 2035 da BP aponta que a demanda por gás natural terá o crescimento mais acelerado dentre os combustíveis fósseis. No Brasil, a sua produção em março alcançou 95,4 milhões de m³/dia, registrando um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2014. O campo de Lula, na Bacia de Santos, é o líder nacional na produção do hidrocarboneto. mas em terra, o suprimento de gás no país demanda investimentos e planejamento. O que falta para acompanharmos essa revolução energética?

A indústria de petróleo brasi-leira está voltada para o ambiente offshore. O investimento na explo-ração onshore no Brasil representa uma pequena fração do volume alo-cado no offshore. A razão principal para isso é que o risco geológico é mais elevado e não existe uma po-lítica de promoção do investimento onshore. Boa parte de nossas bacias terrestres têm vocação para o gás natural. A rentabilidade do investimento em exploração e pro-dução de gás natural é menor do que a do petróleo. Assim, é natural as empresas focarem nas bacias offshore, onde o potencial geológi-co é maior para o petróleo.

Como mudar esse quadro?Para reverter essa lógica e en-

trarmos na trajetória da revolução energética é necessária uma políti-ca clara de incentivos aos inves-timentos na exploração em terra. É necessário reconhecer a maior dificuldade e menor rentabilidade do investimento onshore e traba-lhar numa agenda de incentivos – e eles podem ser de ordem tributária,

regulatória e de financiamento às empresas voltadas para esse seg-mento. Mas é importante um enga-jamento do governo, de forma mais assertiva, no debate sobre os não convencionais. O não convencional está sendo proibido no Brasil sem que tenha havido uma discussão mais ampla com a sociedade sobre o tema dos impactos ambientais. Proibir sem debater é ruim pra todos. Eu não acredito no boom do gás convencional se o Brasil proibir o não convencional. Nós ainda temos um grande potencial para o convencional, mas creio que os esforços sobre o convencional e o não convencional devem andar em paralelo.

Em sua opinião, o que pode ser aprimorado nas regras da política de Conteúdo Local para estimu-lar a competitividade da indústria brasileira de óleo e gás? Quais são os maiores entraves que o setor enfrenta no país?

A primeira coisa, a meu ver, é acabar com o comprometimento com conteúdo local como crité-rio de leilão: as metas devem ser reguladas por outros instrumentos e não ser inseridas no contrato. O Ministério de Minas e Energia (MME) poderia estabelecer metas mínimas para todas as empresas via instrumento regulatório (por-taria ou resolução). As empresas poderiam apresentar plano de conteúdo local para apreciação da ANP. Ou seja, a empresa poderia elaborar o plano de compras locais com base numa avaliação concreta da situação do mercado. Esta seria a regra para novos contratos. Para os contratos antigos, é necessário buscar soluções para viabilizar o cumprimento dos contratos atuais sem que as empresas tenham que pagar multas exorbitantes que acabem criando uma percepção de risco elevado que afaste investido-

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TN Petróleo 102 23

res do setor. Para isso é necessário aprimorar a regulação do conteúdo local buscando-se flexibilizar alguns aspectos da cartilha de conteúdo local de difícil aplicação no contexto atual. Também é preciso rever a re-gulação da fiscalização do conteúdo local para viabilizar a aplicação de waivers quando não houver dispo-nibilidades de produtos e serviços no mercado brasileiro em condições aceitáveis. Entretanto, é necessário que a aplicação deste mecanismo ocorra num contexto transparente e não discricionário.

Essa queda substancial do preço do petróleo em um espaço de tempo tão curto obriga a indústria brasi-leira a buscar eficiência?

Com certeza. A busca de efici-ência deve ser a palavra de ordem para todos neste momento. Aque-les que não conseguirem ganhar dinheiro num contexto de barril a US$ 50 têm um negócio baseado em premissas equivocadas. O pre-ço do petróleo sempre foi volátil e continuará a ser. É importante lembrar que há poucos anos o barril de petróleo a 50 dólares era considerado um bom preço pela indústria e fornecedores. Portanto, a indústria e a cadeia de fornecedores devem ser capazes de ajustar seus custos e suas ex-pectativas de retorno para o atual contexto do mercado petrolífero.

Como avalia o Plano de Negócios 2015-2018 divulgado recentemente pela Petrobras? Em sua opinião, de que forma o corte de investimentos poderá comprometer o setor de petróleo e gás?

A Petrobras precisa cortar investimentos para reduzir seu endividamento. A queda do preço do petróleo, aliada à desvalorização do real, colocou-a numa rota de desequilíbrio econômico grave. Na minha opinião, o plano de negócios

reduz o risco de uma crise finan-ceira na Petrobras. Mas também traz sérios desafios para o setor de petróleo e gás no Brasil: a redução dos investimentos tende a impactar fortemente a cadeia de fornecedo-res do segmento de exploração e produção, o qual se preparou para um cenário de grandes investimen-tos. Enfim, toda esta mobilização de recursos está ameaçada. É natural que se busquem alternativas para evitar uma grande desmobilização no setor. Ademais, sem a Petrobras para puxar investimentos nas áreas de Abastecimento, Gás e Energia, e Petroquímica, será imprescindível a formulação de uma política para atrair novos investidores. Entre-tanto, a única política setorial até o momento foi salvar a Petrobras (o que já é muito importante).

Quais são as oportunidades e li-ções que não podemos desperdiçar nessa crise?Uma lição importante é que o mercado de petróleo é volátil. O fato de os preços terem ficado em um patamar de cem dólares por tanto tempo levou muita gente a apostar equivocadamente numa estabilida-de dos preços na elaboração dos seus planos de negócios. quem fez isso está em apuros agora! Então, a lição é que o negócio do petróleo não pode abrir mão da prudência e eficiência. Toda crise é uma grande oportunidade para revisitar as premissas da regulação e política setorial, bem como as premissas do planejamento das empresas. O custo da mudança é menor num contexto de crise. Portanto, não po-demos desperdiçar a oportunidade de abrir o debate sobre as questões consideradas cláusulas pétreas do nosso planejamento e regulação. Precisamos ter coragem para discu-tir e aprimorar tudo aquilo que seja necessário para voltar ao cresci-mento sustentável.

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24 TN Petróleo 102

não quer ficar à derivaINDÚSTRIA NAVAL

especial: construção naval

24 TN Petróleo 102

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TN Petróleo 102 25

não quer ficar à deriva

por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado

INDÚSTRIA NAVAL

Depois da onda de encomendas do setor offshore, que alavancou sua retomada e a posicionou entre as maiores no ranking mundial, a indústria naval brasileira enfrenta a crise das ‘águas paradas’, sem perspectiva de novas demandas para assegurar uma escala de produção sustentável.

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A tempestade que se abateu sobre o setor de petróleo, em função dos baixos preços do óleo no mercado

global e da crise da Petrobras no âmbito local, acabou por deixar a indústria naval com o sentimento de que pode ficar à deriva.

os efeitos da operação lava--Jato, que apura atos de cor-rupção que vêm ‘sangrando’ a Petrobras, e a revisão do plano de negócios da estatal, que reduz o volume de investimentos em Us$ 90 bilhões em relação ao ano anterior, já se refletem no índice de emprego no setor.

Pela primeira vez em 15 anos, a construção naval registra queda no emprego: de dezembro de 2014 a junho de 2015 já são menos 14 mil empregos. no final de junho, os estaleiros brasileiros apresentavam 68 mil pessoas diretamente empregadas.

não estão incluídos os cer-ca de dois mil funcionários do estaleiro eisa Petro Um, antigo Mauá, símbolo da tradição do setor que há pouco mais de 40 anos (na década de 1970) vi-veu um apogeu similar ao dos últimos anos.

“As dificuldades existem para serem superadas”, afirmou o pre-sidente do sindicato nacional da Indústria da construção e repa-ração naval e offshore (sinaval), Ariovaldo rocha, citando a frase do Barão de Mauá, que implan-tou o primeiro estaleiro brasileiro em Ponta d’Areia, em niterói (rJ), em 1851 – e que leva seu nome até hoje.

“na crise, a empresa se reorienta, como dizem os ad-ministradores. o que podemos afirmar é que existe um mer-cado, incluindo o segmento de construção de navios para trans-

porte na costa brasileira, onde a participação de embarcações locais é mínima”, pontua rocha, frisando: “este foi um dos perío-dos mais vibrantes e dinâmicos da indústria.”

mar revoltoAinda que essa indústria

tenha ciclos, como pontuou o di-rigente do sinaval, não pode ser tratado como cíclico o conjunto de fatores que impactou o setor naval brasileiro, no auge da onda de contratações de plataformas offshore, petroleiros e embarca-ções de apoio.

o que ‘escureceu’ o horizonte dessa indústria e que ameaça levar a pique alguns estaleiros é uma violenta tempestade em alto-mar, formada a partir de algumas intempéries econômicas e políticas, externas e internas. A crise financeira de 2008, que se alastrou pelo mundo ociden-tal a partir dos estados Unidos, pareceu apenas uma nuvem ao Brasil do pré-sal e da retomada do setor naval.

os primeiros sinais visíveis da tempestade que se apro-ximava surgiram há menos de dois anos, com a queda do preço do petróleo, devido ao aumento da produção da or-

ganização dos Países exporta-dores de Petróleo (opep) – que vem lançando anualmente no mercado internacional mais de um milhão de barris acima do seu próprio ‘piso’.

A operação lava-Jato foi o trovão que ribombou e alertou que não dava mais para escapar da tormenta. Foi quando todos pareceram se dar conta das nu-vens carregadas no ar, alimenta-das pela recessão nos principais mercados e o desaquecimento global da economia, assim como pelos percalços fiscais, financei-ros e políticos do país.

A onda provocada pelo boom da indústria de óleo e gás, na qual ‘surfaram’ políticos e empresários, e que agora se quebra com violência, ameaça arrastar os projetos e empreen-dimentos conduzidos por quem não tinha tradição nem experi-ência nessa indústria de ciclos, como é a naval.

neste cenário turbulento, a divulgação do plano de negó-cios e gestão da Petrobras, o PnG 2015-2019, acabou por ter dois efeitos antagônicos. A revisão dos investimentos projetados pela estatal para os próximos cinco anos, incluindo o atual, de Us$ 130,3 (Us$ 90 bi

especial: construção naval

Ariovaldo Rocha, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval)

NA CRISE, A EMPRESA SE REORIENTA, COMO DIZEM OS ADMINISTRADORES. O qUE PODEMOS AFIRMAR É qUE EXISTE UM MERCADO, IN-CLUINDO O SEGMENTO DE CONSTRUçãO DE NAVIOS para transporte na costa BRASILEIRA, ONDE A PARTI-CIPAçãO DE EMBARCAçõES LOCAIS É MíNIMA.

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abaixo do último plano, de Us$ 220,6 bi, dos quais Us$ 37 bi foram aplicados durante o ano de 2014) é vista pelos analistas como necessária para reduzir o nível de endividamento e asse-gurar a continuidade de projetos estratégicos para atingir as me-tas de produção. Deverá servir como ‘bússola’ para orientar os players do setor e dos diversos segmentos da cadeia produti-va de óleo e gás, incluindo os fornecedores de embarcações marítimas e offshore.

o presidente do sinaval considerou positiva a decisão de concentrar a prioridade de inves-timentos no segmento de produ-ção de petróleo e gás em áreas de maior capacidade de ofere-cer retorno. “os investimentos anunciados para o novo plano

de negócios deverão manter as encomendas de plataformas de produção de petróleo, navios pe-troleiros, embarcações de apoio marítimo e sondas de perfuração que garantem a operação nos estaleiros brasileiros, embora com redução da demanda geral”, pontua rocha.

no entanto, ele salienta que a questão não se restringe aos investimentos da petrolei-ra, pois há outros fatores que dependem de uma ação política mais efetiva. “É preciso destra-var (agilizar) a concessão dos financiamentos com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). os agentes financei-ros, responsáveis pelo risco das operações, aumentaram o rigor das garantias a armadores e estaleiros”, afirma o dirigente.

rocha ainda defende que se avalie melhor “os critérios para a concessão dos aditivos legíti-mos nos contratos de construção naval em função dos aumentos de preços, variação da inflação e da correção cambial”, lem-brando que os estaleiros geram grande volume de empregos nos diversos estados e apresentam “uma integração com grandes empresas internacionais, parti-cipando de cadeias mundiais de produção”. “esse é um patrimô-nio de grande relevância para o desenvolvimento brasileiro, portanto, deve ser preservado”, adverte rocha.

Impacto nas encomendas Ainda que possa servir de

bússola em meio a essa tem-pestade, o plano de negócios,

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015*

Total 14.442 19.600 29.125 33.277 40.500 56.112 59.167 62.036 78.136 82.472 68.000* Fonte: Sinaval, junho 2015

Contratação de mão de obra no setor

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especial: construção naval

somado aos outros aspectos econômicos e políticos, produz impactos diretos no setor naval, já identificado por diversas fontes dessa indústria. Princi-palmente no que diz respeito à perspectiva das encomendas, ainda que a maior parte dos in-vestimentos seja em produção e, consequentemente, na implan-tação de sistemas definitivos, com plataformas offshore.

na apresentação à imprensa, a Petrobras informa que até 2020 estão previstas 21 plataformas de produção, como apontado antes, incluindo Iracema norte, que deve extrair seu primeiro óleo nos próximos meses. no entanto, houve uma redução no volume de unidades ainda a serem contratadas: das mais de 20 previstas no plano anterior, a petroleira indica apenas cinco novas contratações.

nas contas do setor, os oito cascos de FPsos replicantes (unidades offshore que produ-zem, estocam e fazem escoamen-to por meio de navios aliviado-res) foram reduzidos a seis e dos quatro que seriam convertidos para a cessão onerosa, pelo me-nos um deles será feito na Ásia, onde se dará a integração de módulos em cascos lá construí-dos. Também já estão contrata-das junto a estaleiros asiáticos as plataformas de Tartaruga Verde e de libra.

A redução do número de plataformas vai causar impacto direto na demanda por navios de apoio marítimo. existe a esperança de que a definição da Petrobras em relação à contrata-ção de sondas poderá melhorar essa perspectiva. Fontes desse setor acreditam que a Petrobras não deve mexer na tarifa diária paga por navio em operação (em torno de Us$ 460 mil). o que é

Cascos FPSO Estaleiro Quantidade Comentários Observações

Construção (replicantes)

Estaleiro Rio Grande (RS)

5

P-66 (entre-gue); P-67, P-69, P-70, P-71.

P-68, P-72 e P-73 serão construídas no exterior

Conversão (cessão one-rosa)

Inhaúma – (Rio Grande/RS)

2 P-74 ; P-76

P-75 e P-77 serão cons-truídas no exterior

Total 7

Módulos Estaleiro Quantidade Comentários Observações

Construção e integração

Brasa (Niterói/RJ)

2FPSO Cidade de Saquare-ma.

Construção e integração de módulos.

Integração

BrasFELS (Rio de Ja-neiro/RJ)

3

FPSO Cidade de Itaguaí.FPSO P-66.FPSO de Tar-taruga Verde e Mestiça.

EBR (Rio de Janeiro/RJ)

1 P-74

Integra – Consórcio Mendes Junior-OSX (Rio de Ja-neiro/RJ)

1 P-67 e P-70

Há informa-ções de que o contrato foi cedido ao epecis-ta China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC).

Techint-Tech-nip Angra dos Reis (RJ)

1

P-76Integração de módulos no Paraná.

QGI – Quei-roz Galvão e Iesa (Rio Grande/RS).

2P-75P-77

Petrobras confirmou, no final de junho de 2015, a construção das duas plataformas P-75 e P-77 com o Con-sórcio QGI, formado por no município de O contrato estava pen-dente desde fevereiro.

Total 10

Unidades offshore contratadas

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especial: construção naval

O ECONOMISTA Carlos Campos Neto, pesquisador de infraestrutura econô-mica do Instituto de Pesquisa Econô-

m i c a A p l i c a d a (Ipea), afirma que embora o setor na-val brasileiro tenha vocação offshore, é possível buscar oportunidades em outros segmentos. “O ressurgimento

dessa indústria no Brasil, que se encon-trava absolutamente deprimida entre os meados dos anos 1980 e o inicio dos anos 2000, deve-se, sem dúvida, aos programas e às encomendas oriundas do setor de petróleo e gás”, pontua o pesqui-

sador. Mas, como ele mesmo lembra, no estudo feito pelo Ipea, os pesquisadores já chamavam a atenção para a pouca di-versificação do mercado naval brasileiro.

“A vocação offshore é uma caracterís-tica, talvez, irreversível. Pode-se ter algum desenvolvimento de embarcações para cabotagem, apoio portuário e transporte fluvial, mas o grande mercado será o de petróleo e gás”, avalia. Ainda assim, ele acredita que há espaço para diversificar. “A grande demanda, presente e futura, tem origem na indústria do petróleo. Portanto, nossa vocação é offshore. É nesse seg-mento que estamos nos tornando com-petitivos, como na produção de barcos de apoio, plataformas e módulos. Temos todo o pré-sal a ser explorado, além de

novas descobertas em águas profundas na região Nordeste”, observa.

“Porém, não podemos deixar de ex-plorar segmentos secundários, como o da construção de navios para cabotagem, que é um mercado que vem crescendo fortemente, assim como o de embarca-ções para transporte fluvial, que apre-sentam demanda ascendente e com boas perspectivas”, pontua. Ele avalia, contudo, que, com exceção do setor offshore, ne-nhum outro tem demanda suficiente para sustentar este setor industrial.

Programas estratégicos – Campos Neto está ciente de que os problemas políti-cos e de caixa envolvendo a Petrobras, incluindo as denúncias de corrupção, estão atingindo frontalmente a opera-cionalização dos principais programas que alavancaram a indústria naval até aqui, e que terão graves repercussões sobre a própria sobrevivência do setor.

Dentre as inciativas elencadas, ele destaca o Programa de Renovação da Fro-ta de Apoio Marítimo (Prorefam), criado em 1999, e que a partir de 2003 ganhou novo impulso, com a encomenda de mais de duas centenas de barcos de apoio offshore. “Muitos desses barcos exigem o desenvolvimento de tecnologia embar-cada nos vários equipamentos de bordo”, salienta. O outro pilar da retomada é o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef), responsável pela encomenda de 49 navios petroleiros, dos quais 11 já foram entregues.

“Os outros dois programas são os de construção de sondas de perfuração e de plataformas de produção, em sua grande maioria FPSOs”, explica, e lembra que os investimentos inicialmente previstos pelo Ipea para os quatro programas en-volviam recursos da ordem de R$ 130 bilhões. “Espero que esses programas sejam redimensionados, mas mantidos operacionais. Até porque o país conti-nua precisando do petróleo que está no fundo do mar e que precisa ser explo-tado”, assegura Campos Neto, e conclui: “quero crer que as autoridades públicas não permitirão que bilhões de reais que foram investidos no ressurgimento da indústria naval brasileira, de novo, se transformem em cinzas.”

Vocação offshore

Tipo Estaleiro Quantidade Cliente

PSV (Platform Supply Vessel)

Aliança (Niterói/RJ)

2 Grupo CBO

São Miguel(São Gonçalo/RJ)

Bravante

Detroit(Itajaí/SC)

4 Starnav

Keppel Singmarine(Navegantes/SC)

2Cliente não revelado

Eisa (estaleiro em recuperação)(Rio de Janeiro/RJ)

2 Brasil Supply

AHTS (Anchor Handling Tug Supply Vessels) operações de manuseio de âncoras, reboque e suprimento

Oceana(Navegantes/SC)

4 Grupo CBO

MPSV (Multi-Purpose Support Vessel) embarcação multitarefa

Navship(Navegantes/SC)

8 Bram Offshore

OSV (Offshore Support Vessel)

Wilson Sons(Santos/SP)

4Dois para terceiros e dois para a empresa

PLSV (Pipe Lay Support Vessel) – de lançamento de dutos

Vard Niterói(Niterói/RJ)

2DOF – TechnipEntregas: 2016 e 2017

Total 32

Barcos de apoio marítimo contratados

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visto como uma notícia boa, pois poderá garantir a construção de 19 navios-sondas no país.

em relação aos navios pe-troleiros, as garantias exigidas pelos agentes financeiros do FMM, apontadas por rocha, criam dificuldades para o pros-seguimento das contratações de navios petroleiros para a Trans-petro no estaleiro Atlântico sul (eAs-Pe) e eisa Petro Um (rJ), que fechou as portas por tempo indeterminado.

“Temos trabalhado direta-mente com o governo federal, mas não conseguimos avan-çar no sentido de solucionar o problema de financiamentos junto aos respectivos agentes. A exceção é o Banco nacional de Desenvolvimento econômi-co e social (BnDes)”, apontou rocha. segundo o dirigente, há uma demora de mais de 90

dias na resposta dos bancos em relação aos pedidos de financia-mento. “e boa parte das respostas é negativa. em 40 dias, o BnDes consegue informar se tocará ou não o projeto. É melhor fazer isso do que ficar sentado em cima do projeto, enrolando”, acrescentou.

em evento realizado recen-temente, a chefe do Departa-

mento de Gás, Petróleo e cadeia Produtiva do BnDes, Priscila Branquinho das Dores, afirmou que já foram desembolsados r$ 16,7 bilhões para o setor na-val – dos quais r$ 1,5 bilhão este ano. Do total, 54% foram destina-dos a embarcações de apoio, 23% para navios petroleiros e 23% para estaleiros e plataformas.

Estaleiro Vard

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No entanto, por força da ope-ração lava-Jato, os agentes estão mais e mais cuida-dosos ao dar o sinal verde

para a liberação dos recursos. De acordo com o sinaval, os agentes financeiros aumentaram o rigor em relação às garantias exigidas aos ar-madores e estaleiros. As instituições financeiras negam que haja qual-quer mudança de comportamento.

o Banco do Brasil alega que to-das as operações de crédito de pes-soa jurídica – de quaisquer portes e segmentos de mercado – são anali-sadas caso a caso e as decisões são tomadas em colegiado. “As análises de crédito de cada projeto seguem em normalidade, assim como a libe-ração de recursos do Fundo da Ma-rinha Mercante (FMM). enquanto no primeiro trimestre de 2014 foram liberados r$ 223 milhões, no primei-ro trimestre de 2015 este número aumentou 29,5%, para r$ 289 mi-lhões”, informa o BB.

A dificuldade em receber em-préstimos para dar continuidade à construção de oito navios petrolei-ros da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, foi a alegação dada pelo estaleiro eisa Petro-Um (o antigo Mauá) para fechar as portas. Quem fez a encomenda afirma estar “rigorosamente” em dia com todas as obrigações contratuais com o es-

taleiro, uma sociedade de propósito específico controlada pelo synergy shipyard. o empréstimo destinava--se a cobrir o compromisso de com-pra de materiais e equipamentos feitos junto a fornecedores.

no comunicado aos funcionários, a empresa afirma estar atravessan-do uma crise financeira cada vez mais profunda. “ela (a crise) está motivada tanto no desequilíbrio eco-nômico dos contratos atuais, como

Segundo o Sinaval, mais além do impacto das demandas reduzidas, os estaleiros precisam concluir o que já foi contratado. E, para isso, precisam da liberação de recursos dos bancos estatais que atuam como agentes financeiros do Fundo da Marinha Mercante (FMM), administrado por um departamento na estrutura do Ministério dos Transportes. Os principais agentes financeiros do fundo são o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF).

ESTALEIROS Em CRISE,mesmo de carteira ‘cheia’

especial: construção naval

Estaleiro mauá

Estaleiro Rio Grande

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na indefinição na liberação dos con-tratos para construção de mais oito navios”, lê-se no comunicado.

Sete Brasil o que provocou maior impacto

no setor, no entanto, foi a crise de-flagrada pelo envolvimento da sete Brasil em um dos maiores escânda-los de corrupção do setor petrolífero e naval. A empresa, que tem a Petro-bras entre seus acionistas, foi criada em 2010 para ser a operadora de sondas, responsabilizando-se pelas encomendas e posterior afretamento à estatal.

A empresa viu sua reputação naufragar no mar de denúncias, passando a ser vista com reservas pelos agentes financeiros, como o BnDes, que no final do ano pas-sado decidiu não liberar a primeira parcela de Us$ 5 bilhões de emprés-timo já aprovado, no valor total de Us$ 21 bilhões. Depois de recorrer a empréstimos de curto prazo, para atenuar a crise financeira, a empresa acabou por suspender o pagamento aos fornecedores – os estaleiros aos quais havia encomendado um total de 29 sondas, das quais 28 para a Petrobras e uma para oferecer no mercado externo.

em março deste ano, o stan-dard chartered Bank, que fez um dos empréstimos de curto prazo, entrou com pedido de execução de garantias por falta de pagamento. em abril, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, antecipou uma possível redução na contratação de sondas junto à sete Brasil, alegando que talvez não houvesse necessida-de de 28 unidades no médio prazo.

o executivo da estatal afirmou ter sido feito, inclusive, um me-morando de entendimentos para se ‘redesenhar’ esse planejamento de sondas e ainda a reorganização das sPes (empresas proprietárias das sondas, que têm a participação da sete Brasil, da Petrobras e de

empresas privadas). A ideia era dar preferência às unidades em constru-ção mais avançada.

menos sondasna revisão do Plano de negó-

cios para 2015-2019, a Petrobras não explicita quantas sondas pretende contratar até 2020. estima-se que dez a 13 delas tenham sido ‘abor-tadas’. o que agravaria ainda mais a situação da sete Brasil, uma vez

que ela já teria pago parcelas das 29 sondas encomendadas, inclusive daquelas que podem ter ‘soçobrado’ nas águas turbulentas da crise da Petrobras.

De acordo com os dados reuni-dos pela Ivens consult Informação estratégica, a continuidade opera-cional da sete Brasil depende de obtenção de financiamentos com recursos do FMM, em negociação com o BB, ceF e BnDes.

Setor de atuação Tipo Quantidade Aplicação

ÓLEO E GÁS

Navios de apoio marítimo

32Suprimentos a platafor-mas de petróleo e serviços de instalação submarina.

Sondas de perfuração**

19Perfuração do leito mari-nho em águas profundas.

Petroleiros 29Transporte de petróleo e derivados.

Plataformas de produção

17Processamento e armaze-namento do petróleo produ-zido nos campos offshore.

Gaseiros 8 Transporte de gás natural.

PORTUÁRIORebocadores portuários*

13Posicionamento de navios nos berços de atracação.

CABOTAGEm

Barcaças e empurradores*

148Comboios de transporte fluvial.

Navios porta--contêineres

3Transporte na costa bra-sileira.

CABOTAGEm E LONGO PERCURSO

Graneleiros 1Transporte de minério de bauxita.

Total 279

* Estimativa**Considera a redução anunciada no número de sondas a serem construídas

Carteira de encomendas dos estaleiros em operação no Brasil

Estaleiro Tipo de navio Local Quantidade

Eisa Petro UmNavios de produtos Petroleiros Aframax

Niterói (RJ) 7

Estaleiro Atlântico Sul

Petroleiros Suezmax e Aframax

Suape (PE) 14

Vard Promar Gaseiros Suape (PE) 8

Total 29

Promef – Programa de modernização e Expansão da Frota da Transpetro

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especial: construção naval

Pelos cálculos da consultoria, a partir de dados obtidos junto à sete Brasil, e outras fontes – incluindo a imprensa –, os contratos com esta-leiros para a construção de sondas somam pagamentos no valor de Us$ 6,9 bilhões, 31% do total contrata-do de Us$ 22,2 bilhões. neste total estão incluídos pagamentos para empresas de projetos e a aquisição dos principais equipamentos.

segundo o presidente da estatal, seria dada preferência a unidades com obras mais adiantadas. Duas sondas têm entrega prevista para 2015: a primeira, da Jurong, o ns Arpoador, para julho, e outra da Brasfels, batizada de Urca, para o fim do ano. Mas o fato é que não se tem, até agora, informação oficial de quantas sondas seriam descartadas nos planos futuros da Petrobras.

Internacionalização à vistao impasse em torno das enco-

mendas e do que pode vir a acon-tecer com a sete Brasil escureceu de vez o horizonte dos estaleiros, muitos deles com uma carteira abrangendo navios petroleiros para a Transpetro e plataformas para a Petrobras. É o caso do pri-meiro empreendimento naval de porte implantado em Pernambuco, o estaleiro Atlântico sul (eAs), que tem como acionistas as brasileiras camargo corrêa e Queiroz Galvão e as japonesas Ishikawajima (IHI) e Japan Marine United (JMU), que juntas têm um terço do controle.

com dívidas crescentes com for-necedores, o estaleiro está ‘à deriva’, uma vez que os sócios locais ‘afun-dam’ na operação lava-Jato. e os parceiros japoneses não se sentem

tranquilos para investir ainda mais dinheiro em um empreendimento que tem tantos percalços e cujo re-torno não parece tão certo agora. A sete Brasil, por outro lado, uma das principais empresas arrola-das na investigação de corrupção, tampouco tem linha de crédito para honrar as dívidas com o estaleiro – além de contestar os valores devidos informados pela eAs.

se escapar de uma possível re-cuperação judicial, o Atlântico sul terá de fazer uma série de ajustes financeiros, até mesmo porque as sondas, que começam a escapar de suas mãos, representavam 60% das receitas futuras. o volume restante refere-se aos 14 navios petroleiros (suezmax e Aframax) que têm em carteira, encomendados pela Trans-petro como parte do Programa de Modernização e expansão da Frota da Transpetro (Promef).

não muito longe, ainda no nor-deste, outro estaleiro enfrenta pro-blemas similares, como é o caso do enseada, na Bahia, com seis sondas na carteira, mas que foi obrigado a demitir quase sete mil pessoas nos últimos oito meses.

o estaleiro, que também tem três sócios sendo investigados no âmbito da lava-Jato – odebrecht (35%), oAs e UTc (cada uma com 17,5%) –, vem sendo suportado pelo sócio japonês, a Kawasaki Heavy Indus-tries (com 30%). Fora do contrato da sete Brasil, quatro sondas em cons-trução terão como operadora a ooG (odebrecht oil & Gas), com contrato direto de serviços com a Petrobras. As outras duas teriam como opera-doras a etesco-oAs, sendo que esta última está vendendo seus ativos.

A empresa espera receber a linha de financiamento de r$ 600 milhões, já aprovada pelo FMM, mas que ain-da não foi liberada pelas instituições repassadoras – BB e ceF. A empresa também tem em carteira contratos com a Petrobras no valor de Us$ 1,7

Estaleiro Atlântico Sul

Estaleiro Inhaúma

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bilhão, para conversão em FPsos, no rio de Janeiro, de quatro cascos de navios Vlccs.

União de esforçoso Governo tenta evitar que os

estaleiros fechem as portas deixando não apenas credores e fornecedores furiosos como também uma massa de desempregados. em maio, o Mi-nistério de Minas e energia (MMe) coordenou uma verdadeira força--tarefa para tentar equacionar essa questão, mobilizando o Fazenda, BnDes, BB, ceF e Petrobras.

As soluções apontam justamen-te para a internacionalização, uma vez que buscam formas de manter ativos os estaleiros que contam com participação acionária de empresas japonesas, como o KHI, o eAs e o es-taleiro rio Grande (erG), na cidade gaúcha de rio Grande, que tem como acionistas o grupo engevix (envolvido na lava-Jato), com 70%, e o consórcio japonês JB Minovix (30%), que reú-ne a Mitsubishi Heavy Industries e estaleiros japoneses.

representantes dos três grupos nipônicos foram recebidos pelo mi-nistro eduardo Braga e este reiterou os compromissos do governo bra-sileiro com a política de conteúdo local, afirmando que essa posição vai assegurar a manutenção das demandas de sondas e outras em-barcações junto aos estaleiros. Teria integrado o grupo um representante do Japan Bank for International cooperation (Jbic), banco de de-senvolvimento japonês.

o erG tem uma carteira de peso abrangendo três navios sondas (ns). Um deles, o ns Cassino, com o casco em construção na china (cosco), com mais de 50% concluído. o segundo, o ns Curumim, está no corte de cha-pas, com menos de 15% concluído. o estaleiro pode perder uma sonda, ainda não iniciada, com a redução das encomendas destes equipamentos pela petroleira brasileira.

Também está sob a responsabili-dade do erG a construção dos cas-cos de cinco plataformas replicantes, do tipo FPso (Floating, Production, storage and offloading), dois dos quais já entregues e sendo integra-dos em outros estaleiros. A P-66, no Brasfels, no rio de Janeiro, de onde deverá sair para o campo de lula sul, em 2017.

e a P-67, para o campo de lula norte (previsto para 2018), saiu do estaleiro gaúcho em maio rumo à Unidade de construção naval (Ucn) do Porto do Açu, no norte fluminense, onde será realizada a integração dos módulos pelo Integra (Mendes Junior-osX/rio de Janei-ro/rJ). com os mesmos problemas, esse consórcio já teria repassado o contrato para a chinesa china offshore oil engineering corpo-ration (cooec).

os outros três cascos estão previs-tos para serem entregues nos próximos anos: a P-69, para o campo de lula oeste, que deverá produzir somente em 2020; a P-70, para Iara Horst; e P71, para Iara nordeste. A construção e integração dos módulos das três unidades estava a cargo da Iesa óleo e Gás, que teve o contrato rescindido pela Petrobras em novembro de 2014, abrangendo outras três unidades. Ainda não há informações oficiais sobre os resultados da nova licitação, feita em janeiro deste ano.

Asiáticos made in BrazilMas estão no Pn outros três

replicantes que deverão ter seus cascos construídos no exterior: o da P-68, que será utilizada na pro-dução dos campos de lula extremo sul, e da área de cessão onerosa sul de Tupi, a partir de 2017; e os dois cascos das áreas de cessão onerosa nordeste de Tupi (P-72) denominada sépia, prevista para 2019, e entorno de Iara (P-73).

esta última área, na declaração de comercialidade, foi dividida

em cinco campos: norte e sul de sururu; norte e sul de Berbigão; e oeste de Atapu. os cinco estão interligados aos ativos sob regime de concessão, batizados de suru-ru, Berbigão e Atapu. no novo Pn da Petrobras não fica claro também qual unidade fará a produção de um ou mais campos, indicando apenas que quatro replicantes devem entrar em operação nos anos de 2018 e 19, para produzir óleo nessas áreas.

o ‘jovem’ estaleiro gaúcho, como os dois do nordeste, também se en-contra em situação complicada pelo envolvimento do sócio majoritário, engevix, nas denúncias de corrup-ção. o consórcio japonês liderado pela Mitsubishi não parece disposto a soltar mais recursos no empreen-dimento sem ter um parceiro com condições mais sólidas.

Quem surge no cenário, mais uma vez, é outro epecista asiático, a já mencionada chinesa cooec, que também estaria avaliando a possi-bilidade de investir nesse projeto, mesmo tendo em mãos contratos de outro consórcio em crise (Integra), também já mencionado antes. os japoneses têm preferência no caso de a engevix vender parte ou a to-talidade de suas operações. Mas podem não estar propensos à par-ticipação de um grupo com interes-ses maiores no país, pois a cooec é uma subsidiária da china national offshore oil corporation (cnooc), que detém 10% do rico campo de libra, único ainda em exploração sob regime de partilha e com projeto piloto previsto para 2020 ainda sem licitação. outras plataformas serão necessárias para explotar o vasto reservatório desse ativo.

os três estaleiros nordestinos podem vir a se tornar ativos asiáti-cos na costa brasileira, produzindo embarcações com capital japonês ou chinês, mas made in Brazil, na rota da internacionalização que está sendo aberta pela crise no setor naval.

Indústria naval não quer ficar à deriva

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36 TN Petróleo 102

Obras seguem adiante em estaleiros tradicionais

O esta le i ro con t ro lado pelo grupo Keppel Fels, de cingapura, tem em carteira um total de seis

sondas e contrato para integração de módulos de três plataformas de produção: além do FPso P-66, já mencionado, é responsável por esta etapa da construção do Cida-de de Itaguaí, que deve começar a operar em Iracema norte até o final do ano, e ainda pelo FPso, que vai produzir óleo dos campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça, na porção sul da Bacia de campos.

esta será a primeira produção compartilhada, uma vez que o re-servatório de Tartaruga Mestiça se estende de um setor sob o contra-to de concessão BM-c-36 (100% da Petrobras) até uma área não contratada no polígono do pré--sal, embora esteja na camada do pós-sal. o início da produção foi mantido para 2017 pelo PnG 2015-2019.

Das seis sondas semissubmer-síveis, com projeto detalhado da própria controladora, os principais equipamentos já foram adquiridos ou contratados, entre os quais o pacote de perfuração da national oilwell Varco (noV), de posicio-namento dinâmico (Kongsberg), de geração de energia e thrusters (caterpillar/Flow service), contro-le do sistema elétrico e integração (Ge), todas elas com plantas de

fabricação no Brasil. o aço foi ad-quirido da brasileira Usiminas e da chinesa Tianjin.

Entrega no prazoA construção prossegue, apesar

dos atrasos da sete Brasil e há in-formações de que a Keppel Fels vai bancar até o final as duas sondas

em estágio avançado e com casco construído na sede, em cingapura.

De acordo com levantamentos da Ivens consult, até maio a sonda Urca, com casco construído em cin-gapura, já tinha concluído quase 90% da integração no estaleiro fluminen-se, com mais de 18 mil toneladas de chapas de aço já cortadas. A previsão

Nem todos estão enfrentando os mesmos problemas, principalmente aqueles estaleiros que têm no comando acionistas com forte experiência nesse setor da indústria, com uma dinâmica não comparável a nenhum outra área da economia. É o caso do Brasfels, em Angra dos Reis (RJ) e do Jurong Aracruz (EJA), em Aracruz (ES).

especial: construção naval

Estaleiro Brasfels

Estaleiro Jurong Aracruz

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Indústria naval não quer ficar à deriva

de entrega é 2016. Uma segunda unidade, Frade, também teria cerca de 60% da construção concluídos e deve começar a operar em 2017. As duas, dentro do cronograma.

Para 2017 também está prevista uma segunda sonda, a Bracuhy, com casco em construção na china, com mais de um terço já executado. É pre-ciso esperar a chegada do casco para estimar se o cronograma vai ou não ser mantido. o mesmo vale para as outras três sondas contratadas, ain-da em início da construção. Do total contratado, a Brasfels recebeu pouco menos que um terço, em dólares.

Sem paralisaçõesQuem tem o maior número de

sondas encomendadas junto a um único estaleiro é o Jurong Aracruz (eJA), no espírito santo, controlado pela sembcorp Marine, que se es-truturou para atuar como uma com-panhia integrada de soluções para o setor naval e offshore.

em crescimento contínuo nos últimos cinco anos, o grupo de cin-gapura também deu prosseguimento aos trabalhos dos navios-sonda con-tratados e com projeto detalhado pela própria Jurong.

o pacote de perfuração de outra norueguesa, a Aker solutions (que também tem fábrica ano Brasil), po-sicionamento dinâmico e controle do sistema elétrico da Kongsberg, e geração de energia e thrusters, da suíça ABB e da filandesawärtsilä.

Usiminas e Bulk Trade fornecem o aço dessas embarcações que estavam em diferentes níveis de construção até

maio passado. com cascos construí-dos em cingapura, dois navios-sonda devem ser entregues já no próximo ano: o ns Arpoador, com mais de 82% construídos (em torno de 23 mil toneladas de chapas aço fabricadas), com superestrutura e torre de per-furação em construção no eJA; e o ns Guarapari, com cerca de 62% das obras concluídas, devendo chegar ainda este ano ao estaleiro capixaba.

Das outras quatro embarcações, duas já foram iniciadas: o mega-bloco de vante do ns Cambury já está concluído em estaleiro na Indonésia, o que configura mais de 36% da obra. Já o ns Itaoca tem apenas cerca de 17% em constru-ção. Pelo levantamento feito pela Ivens consult, até maio o eJA ha-via recebido cerca de 35% do total contratado, em dólares.

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HÁ CONDIçÕES DE ‘NAVEGABILIDADE’para a indústria avançar

especial: construção naval

De acordo com o cenário do primeiro semestre de 2015, divulgado pelo si-naval no dia 14 de julho, os

dez maiores fundos de investimento soberanos dos países somam Us$ 5,3 trilhões em ativos, sendo Us$ 1,8 trilhão da china. Além de qua-tro fundos chineses, há também de países como noruega, cingapura e membros da opep.

“A maior parte dos recursos tem origem na exploração de óleo e gás, indicando compreensão da opor-tunidade que o Brasil representa. Muitos desses países já estão inves-tindo aqui com empresas parceiras e fornecedoras da Petrobras. As fusões e aquisições já começaram”, informa o documento.

“Portanto, não deve surpreender a chegada dos investidores interna-cionais, quando Governo e empresá-rios apresentam limitações de caixa. A grande maioria já está investindo aqui, por meio de empresas que ope-ram no mercado como parceiras e for-necedoras da Petrobras”, reitera ro-cha. ele observa que as reservas de petróleo a explorar exigem serviços e equipamentos muito especializados e que na construção naval brasileira se encontram ativos de grande valor que estão no radar dos investidores.

De acordo com a Ivens consult, a expansão do imobilizado na área de exploração e produção mostra a dimensão do mercado para forne-cedores da indústria da construção

“O mercado existe, gera negócios e desencontros. A indústria da construção naval, com honrosas exceções, sofre com a questão da baixa produtividade”, reconhece o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha. “Como as condições de demanda são reais, atrai atenção dos investidores. Existe ampla liquidez nos mercados financeiros internacionais”, acrescenta o dirigente.

Estaleiro Local Tipo Quant. Comentários

Estaleiro Rio Maguari

PA - Belém Barcaças 20 Diversos clientes

Estaleiro Bibi

SP - SantosBalsas simples e autopropul-soras

5 Diversos clientes

Estaleiro Rio Tietê

SP - Araça-tuba

EmpurradoresBarcaças

2080

Cliente: Transpe-tro 20 comboios para transporte de etanos na hidrovia Tietê-Paraná.Entregas prejudica-das pela estiagem que provocou a perda de navegabi-lidade no Tietê.

EasaAM - Ma-naus

EmpurradoresBarcaças

320

Diversos clientes

Total 148

Estaleiro Local Tipo de navio Quant. Cliente

Wilson Sons SP - Santos Rebocadores portuários 11 –

Detroit SC - Itajaí Rebocadores portuários 2 Starnav

Total 13

2014* 2013* Crescimento

Imobilizado 360.368 296.846 63.522

Em operação 263.794 212.914 50.880

Em construção 96.574 83.932 12.642Fonte: Balanço 2014 da Petrobras *Em R$ milhões

Evolução do imobilizado na área de negócios de E&P

Encomendas: navegação fluvial e apoio portuário

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TN Petróleo 102 39

Indústria naval não quer ficar à deriva

naval (plataformas de produção e navios petroleiros aliviadores) e da indústria subsea (cabeças de poço, dutos submarinos, manifolds) e dos prestadores de serviços. Para a con-sultoria, a expectativa diante dos campos de petróleo em desenvolvi-mento é de prosseguimento desses investimentos, pois eles representam

o efetivo esforço no aumento da pro-dução de petróleo.

Outros setores para ‘navegar’Mais além do setor offshore, há

oportunidades que não devem ser menosprezadas por essa indústria nos segmentos de navegação fluvial e apoio portuário. Impulsionados pelas demandas do transporte flu-vial (grãos e minérios) e de expan-

são dos portos, os segmentos de rebocadores portuários e comboios fluviais estão aquecidos, com boa perspectiva de mercado.

o sinaval destaca a demanda do agronegócio, refletida nos números dos investimentos de grandes corpo-rações. É o caso da norte-americana cargill, que obteve de financiamento no valor de r$ 78 milhões com re-cursos do Fundo constitucional do

Fonte: Clarksons (tipos selecionados) Julho 2015

Navios (principais tipos)

Unidade

Navios petroleiros – petróleo bruto

939

Navios produtos derivados

383

Navios químicos 255

Graneleiros 1.726

Gaseiros 380

Porta-contêineres 414

Subtotal 4.097

Navios de apoio marítimo

psv 397

AhTS 248

PLSV 18

MPSV 75

RSV e apoio a mergulhadores

25

Subtotal 763

Navios sonda 36

FPSO 21

Total geral 4.917

Carteira mundial de encomendas

País USD bilhão Origem

Noruega 880 Gov. Pension Fund

UAE – Abu Dhabi 773 Abu Dhabi Invest. Authority

Arábia Saudita 757 SAMA – Foreign holdings

China 653 China Invest Corporation

Kuwait 548 Kuwait Invest. Authority

China 547 Safe Invest. Company

China – hong Kong 400 hon Kong Monetary Authority

cingapura 320 Gov. Singapure Invest. Authority

qatar 256 quatar Invest. Authority

China 236 National Social Security Fund

Total 5,370

Ativos de fundos internacionais

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40 TN Petróleo 102

OS RECURSOS DO Fundo da Ma-rinha Mercante (FMM) vêm sendo aprovados. A dificuldade está na li-beração dos recursos pelos agentes financeiros, pois estes exigem mais garantias depois do maremoto da operação Lava-Jato. No final de abril, o conselho diretor do fundo aprovou R$ 1,81 bilhão para um total de 247 projetos da indústria naval.

Desse total, R$ 1,26 bilhão irá para novos projetos, incluindo a construção de oito embarcações de apoio offshore, que somam R$ 1,054 bilhão. Também estão incluídos recursos para 47 no-vas embarcações e modernização de 87

balsas graneleiras, todos para navega-ção interior.

O c o n s e l h o também aprovou pr io r idades de apoio financeiro (no valor de R$ 550,7

milhões) para projetos reapresentados em função de alterações, suplementação ou novo prazo para contratação em até 120 dias, envolvendo 104 embarcações e um estaleiro.

Em maio, foi aprovada suplemen-tação de recursos de financiamento de construção naval para a Log-In

em um total de R$ 188,4 milhões, incluindo as quatro embarcações em construção no Estaleiro Ilha S/A (Eisa). “Os recursos aprovados pre-cisam da contratação junto aos agen-tes financeiros autorizados. Após a aprovação pelo agente financeiro os valores serão liberados conforme evo-lução do cronograma físico-financeiro das obras contratadas”, afirma Vital Jorge Lopes, diretor-presidente e de Relações com Investidores da Log-In.

As empresas devem tratar da contrata-ção dos financiamentos junto aos agentes financeiros do fundo: BNDES, BB, CEF, Banco do Nordeste ou Banco da Amazônia (Basa), instituições que estão mais cuida-dosas na liberação de tais recursos.

Financiamento existe

norte, através do Banco da Amazô-nia. os recursos são destinados à construção de 20 balsas ao estaleiro rio Maguari, para escoamento de grãos pelo norte do país – este mi-grará parcialmente da Br-163 para o rio Tapajós, no Pará, e dali para o terminal portuário da cargill, em santarém.

Bunge e Amaggi também anun-ciaram no ano passado a formação da joint venture navegações Unidas Ta-pajós (Unitapajós), com investimento de r$ 300 milhões em 90 barcaças e cinco empurradores.

Fora da costa, o easa (estaleiros Amazônia) informa uma carteira de encomendas que o manterá ocupado nos próximos cinco anos com a cons-trução de comboios (balsas e empur-

radores) para transporte de grãos nas hidrovias Tapajós e Madeira.

“o aumento das operações de navios nos portos brasileiros com expansão de terminais privativos e especializados promove uma demanda estável de rebocadores portuários, movimentando a rede de fornecedores de motores, sistemas elétricos e sistemas de comando e direção”, informa o documento pu-blicado pelo sinaval, apresentando a carteira de encomendas de navios de apoio marítimo para este fim.

Um estudo da conferência das nações Unidas sobre comércio e Desenvolvimento (Unctad, sigla em inglês), apresenta a frota de navios brasileiros com um total de 346 unidades de médio e grande

porte. essa frota verde-amarela oferece uma capacidade de trans-porte de 20 mil toneladas, cerca de 1% de participação no total da oferta mundial de transporte marí-timo. “Muito modesto para um país com 8.000 km de costa”, assinala Ariovaldo rocha. A análise dessa frota mostra que 2,7 mil toneladas é a oferta em navios de bandeira brasileira; 16,7 mil toneladas é a oferta nos navios de bandeira es-trangeira, afretados principalmente pela Transpetro.

Ainda que em crise no Brasil, a indústria continua em expan-são no mundo. A carteira mundial total de encomendas conta com 8.174 empreendimentos. entre os principais construtores estão a china (2.397), Japão (918), co-reia do sul (840) e Brasil (279). os estaleiros coreanos continuam liderando a construção de navios--sonda, plataformas tipo FPso e unidades flutuantes de gás natural liquefeito (Gnl).

De acordo com o levantamento do sinaval, “os estaleiros da eu-ropa se organizam para aumentar a participação no mercado de na-vios especiais, de cruzeiros, para o segmento offshore”.

especial: construção naval

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42 TN Petróleo 102

Tn Petróleo – O setor de óleo e gás soma 15% do faturamento de R$ 72 bilhões anuais da indústria de máquinas e equipamentos. Entretanto, cerca de seis mil empregos de fornecedoras para o setor de óleo e gás foram cortados desde o início do ano passado, de acordo com dados revelados pela abimaq. Em sua opinião, quais seriam os caminhos a serem tomados diante desse cenário?

alberto Machado – o que mais nos preocupa é que, até o momento, não se percebe nenhum sinal de recuperação e nem ao menos algum movimento nesse sentido. Pelo contrário, o cenário tem piorado com novas informa-ções que estão surgindo, como, por exemplo, o pedido de recuperação judicial de diversas contratantes de grande porte, fato que tende a ocasionar um “efeito dominó” nos elos seguintes da cadeia de valor. Acreditamos que seja necessário restabelecer a credibilidade em todo o processo – do planejamento à execução e respectivos pagamen-tos –, divulgando novos planos, estabelecendo novas modalida-des de contratação e definindo diretrizes claras de aplicação para uma política industrial que permita utilizar todo o potencial de fornecimento local. É de funda-mental importância que a indústria consiga sobreviver até que o ritmo de investimentos, tão necessário ao desenvolvimento de nosso país, seja retomado. Torna-se necessá-rio também buscar soluções para a inadimplência de empreiteiras que atualmente vêm prejudicando

diversos fabricantes de máquinas e equipamentos.

O presidente da abimaq, Carlos Pastoriza, disse que “a indústria de máquinas e equipamentos fechou 2014 com a maior crise da sua história”. No fechamento do ano, foi apontado um faturamento bruto real de R$ 71,19 bilhões, uma queda de 13,7% ante 2013. De acordo com a entidade, essa é a terceira queda consecutiva de faturamento anual no setor. Para Pastoriza, a solução para sair do ciclo vicioso em que se encontra a indústria de máquinas é necessá-rio um choque de competitividade sistêmica. Você concorda? Como se daria esse choque?

sem dúvida. como já tem sido comentado nos mais diversos fóruns, a indústria de máquinas e equipamentos praticamente não se apropriou da demanda crescente decorrente dos investimentos da Petrobras nos últimos dez anos. A

causa principal é justamente a falta de competitividade sistêmica da indústria brasileira, cujas principais deficiências todos conhecemos e estão completamente fora do poder de decisão dos empresários. os dados estatísticos levantados pela Abimaq demonstram com clareza que a indústria tem ainda boa mar-gem de ociosidade a ser utilizada, pois, em média, opera com menos de 70% de sua capacidade instala-da, em um único turno. contudo, como as carteiras de contrato estão minguando dia a dia, tememos que muitas empresas não tenham fôle-go para aguardar a crise amainar e, certamente, quebrarão antes.

Da metade do ano passado para cá, com os projetos entre Petro-bras e empreiteiras suspensos, algumas máquinas que já estavam encomendadas foram abandona-das, enquanto novas encomendas praticamente zeraram – produtos feitos sob encomenda para a Pe-trobras, especiais para cada proje-to, prontos, embalados e parados, não servem para mais ninguém. Para quem vender? O que fazer com esses bens de capital?

existem dois conjuntos de má-quinas e equipamentos prontos, to-talizando, em um primeiro levanta-mento que fizemos, cerca de r$ 300 milhões dos quais r$ 200 milhões correspondem a produtos entregues e não pagos e r$ 100 milhões rela-tivos a materiais prontos, porém não entregues. como já foi comentado aqui, esses produtos foram fabrica-dos sob projeto e não são passíveis de utilização em outras aplicações.

Setor de máquinas ainda está ociosoAlberto machado, diretor da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em breve entrevista, fala sobre o cenário naval e o impacto que esse setor vem tendo em relação ao segmento, afirmando que “ainda há boa margem de ociosidade a ser utilizada, pois essa indústria vem operando, em média, com menos de 70% de sua capacidade instalada, em um único turno”.

especial: construção naval

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TN Petróleo 102 43

o melhor modo de recuperar parte do prejuízo dos fabricantes seria aproveitar todos os equipamentos que já haviam sido contratados antes, quaisquer que sejam os detentores dos novos contratos de ePc a serem firmados, sejam eles nacionais ou estrangeiros.

segundo nota divulgada pelo sinaval (sindicato Nacional da Indústria da Construção e Re-paração Naval e Offshore), não há crise na construção naval. De acordo com o comunicado, “as demissões relacionadas à pa-ralisação de obras no Comperj, incluindo montagem e constru-ção de equipamentos, atingem empresas que contratam trabalha-dores metalúrgicos, o que explica informações divulgadas pelo sindicato dos Trabalhadores, no estado do Rio de Janeiro”. Tal de-claração corresponde à realidade dos fatos? Você poderia descrever o cenário atual?

os dados oficiais de que disponho são aqueles relativos ao setor de máquinas e equipamen-tos mecânicos conforme já citado aqui. não temos acesso a outros dados senão àqueles divulga-dos pelo sinaval. entretanto, não acreditamos que o setor de construção naval consiga pas-sar incólume à crise do setor de petróleo e gás, haja vista que os estaleiros de grande porte têm, na quase totalidade de suas carteiras, contratos vultosos com os mesmos atores que, no momento, estão no epicentro da crise que hoje se abate sobre a indústria nacional. cabe ressaltar que alguns estalei-ros estão operando normalmente e até mesmo admitindo pessoal, mas não é essa a regra geral.

a indústria de materiais e equipa-mentos seria afetada por um possí-vel retrocesso do setor naval? Você declarou em matéria veiculada no jornal O Globo (23) que a crise

deixou de ser conjuntural para ser estrutural. Por quê?

se for confirmado o retrocesso do setor naval, a indústria de mate-riais e equipamentos decerto será afetada, apesar de, até o momento, o conteúdo local em máquinas e equi-pamentos ainda estar muito aquém de nossa capacidade de atendimen-to. A crise passou a ser estrutural porque não vemos solução dentro dos paradigmas atuais. não dá mais para continuarmos a fazer mais do mesmo. Uma recuperação do setor passa por modificações significa-tivas nas práticas e procedimentos em vigor, necessitando, em alguns casos, até de alterações no arca-bouço legal do setor. Maximização das compras diretas pela Petrobras, desmembramento de grandes em-preendimentos em pacotes menores que sejam acessíveis para empresas de menor porte, foco em projetos de engenharia básica nacionais, entre outros, seriam alguns dos caminhos a serem tentados.

Conteúdo local deve ser revistoO INSTITUTO BRASILEIRO de Pe-

tróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que reúne as principais empresas do setor, lançou em maio um estudo em que propõe ao Governo a mudança da atual política, com foco na questão das multas para empresas que não cumprem exigências mínimas, incen-tivos tributários e melhores condições de financiamento às empresas fomen-tadoras da cadeia local de equipamen-tos e serviços.

Segundo o IBP, com estimativa de movimentar até 2020 mais de US$ 412 bilhões, a indústria de bens e serviços de óleo e gás ainda tropeça na falta de competitividade no preço e no prazo. Nos últimos três anos, o descumpri-mento das regras gerou multas de R$ 315 milhões, pelos dados da ANP. Somente no último ano foram R$ 278 milhões em multas aplicadas pela agência reguladora. A maior parte é questionada judicialmente, sobretu-

do pela Petrobras, responsável por 42% do total de multas aplicadas. E por isso o IBP considera que este é o momento ideal para “aprimorar” a política de conteúdo local com foco no “incremento da capacidade e competi-tividade internacionais”.

“A regra do conteúdo local é parte do contrato de concessões para exploração e produção de petróleo nos limites de terra e mar brasileiro. Os resultados obtidos na atração de investimentos internacionais são ine-gáveis. hoje, temos parte da demanda atendida em empresas locais. Por-tanto, a regra deve prosseguir como formulada: fazer no Brasil tudo o que pode ser fornecido de forma com-petitiva”, salienta Ariovaldo Rocha, do Sinaval. Mas ele reconhece que é necessário fazer alguns acertos.

O economista Carlos Campos Neto, pesquisador de infraestrutura econômica do Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada (Ipea), tam-bém acredita na necessidade de se aprimorar regras. “A adoção dessa política exige ajustes constantes ao longo de sua implementação, mas não sua extinção. Como política pública, sou francamente favorável à adoção de exigência de conteúdo local de forma a dinamizar a indústria nacional produtora de peças e equipamentos de apoio à indústria naval”, diz ele.

Campos Neto afirma que o país não pode perder a oportunidade de desenvolver a indústria local nesse cenário de expansão da exploração de óleo e gás. “Especificamente com relação à indústria naval, deve-se destacar que nos países onde ela se desenvolveu houve políticas de apoio e proteção ao seu surgimento e forta-lecimento. A grande discussão é sa-ber em qual momento o poder público deve passar a reduzir suas políticas de apoio (subsídio) na medida em que a indústria se torne competitiva”, conclui o economista.

Indústria naval não quer ficar à deriva

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44 TN Petróleo 102

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TN Petróleo 102 45

DIANTE DA mANUTENçãO DO PREçO BAIXO DO

PETRÓLEO, CRISE ECONômICA NOS PRINCIPAIS

PAíSES DO OCIDENTE, DESVALORIzAçãO CAmBIAL,

PERCALçOS POLíTICOS INTERNOS, DENÚNCIAS DE

CORRUPçãO E ALTO NíVEL DE ENDIVIDAmENTO, A

PETROBRAS ANUNCIA SEU PLANO DE NEGÓCIOS E

GESTãO 2015-2019 DE US$ 130,3 BILHÕES. Um VOLUmE

DE INVESTImENTOS 37% (US$ 90,3 BILHÕES) INFERIOR

AO DO PLANO ANTERIOR, DE US$ 220,6 BILHÕES –

DOS QUAIS US$ 37,1 BILHÕES FORAm UTILIzADOS Em

2014 E US$ 13,8 BILHÕES REFERIAm-SE à CARTEIRA

DE PROJETOS Em AVALIAçãO.

por Felipe Salgado

Choque de realidade

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46 TN Petróleo 102

Ainda que repita um movimento global d a s p r i n c i p a i s petroleiras, que vêm reduzindo investimentos, o

Pn não é somente efeito como também causa: representa um choque de realidade para o país como um todo.

A revisão do PnG da Petrobras, que vinha mantendo uma linha ascendente no volume de investi-mentos, reflete não apenas todos os fatores já mencionados (aos quais devemos somar preços de derivados abaixo dos praticados no mercado internacional) como também uma mudança na posição da estatal, vista, até então, quase como uma cornucópia brasileira: não só distribuía frutos na área so-cial e cultural, como foi pródiga em ações que alavancaram a cadeia produtiva de A a z – ainda que em diferentes níveis. Pior: como uma fonte de ganhos para aqueles que viram no boom da indústria brasileira de petróleo uma opor-tunidade, não de negócios, mas sim para tirar vantagens políticas e financeiras.

“Vão-se os dedos, ficam os anéis”, diz o dito popular. É o que a Petrobras tem de fazer agora para se recompor financeiramente e re-conquistar a credibilidade perdida devido às denúncias de corrup-ção de executivos e gerentes da petroleira, fazendo-a enfrentar o maior nível de endividamento de sua história. Tal situação a obrigou a reduzir de Us$ 44,1 bilhões para Us$ 26 bilhões o volume médio anual de investimentos previstos para este e os próximos anos (ainda que, no ano passado, tenha realiza-do apenas Us$ 37 bilhões).

A estatal revisou seus desin-vestimentos para o biênio 2015-2016, que passaram de Us$ 13,7 para Us$ 15,1 bilhões (aumento

de 10%). no biênio 2017-2018, a companhia vai empenhar esfor-ços na reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desin-vestimentos adicionais no valor total de Us$ 42,6 bilhões. soma-dos aos Us$ 37 bilhões realizados em 2014, esse montante é superior aos Us$ 90 bilhões de diferen-ça entre o Pn atual e o anterior. na conciliação dos dois planos, a atualização do câmbio e a infla-ção (-Us$ 28 bilhões) e o atraso e postergação de projetos (-Us$ 22 bilhões) são os dois fatores que mais pesaram na revisão dos in-vestimentos planejados.

Foco em E&Pcom 83% (Us$ 108,6 bilhões)

dos investimentos previstos pelo PnG 2015-2019 no Brasil e no exterior, o e&P deverá ter papel fundamental na redução do en-dividamento da Petrobras nos próximos anos, a despeito dos preços atuais do petróleo e da redução no número de projetos. A estatal aposta parte de suas fichas na alta produtividade dos poços do pré-sal para garantir a rentabilidade e a redução de sua alavancagem.

A monetização de reservas do pré-sal, um dos maiores atrativos da estatal e do mercado brasileiro, é um dos principais recursos que a companhia tem para reduzir seu

endividamento, assim como atrair investidores. Por isso, nada me-nos que Us$ 89,4 bilhões serão alocados no desenvolvimento da produção de petróleo e gás no Bra-sil, que ficou com 82% da fatia dos investimentos. Um índice maior que o planejado antes, que era de 73% (correspondendo a Us$ 112,5 bilhões, com uma média anual de quase Us$ 18 bilhões).

com vários campos a desenvol-ver, tanto sob regime de concessão como de partilha, além da cessão onerosa, os quais somam grande volume in situ em reservas ainda não contabilizadas oficialmente, a empresa optou por reduzir os investimentos em exploração, que receberá Us$ 11 bilhões até 2019 (pouco mais de Us$ 2 bilhões por ano), cerca de 10% dos investi-mentos totais em e&P. Menos da metade dos Us$ 23,4 bilhões que a Petrobras planejava gastar em campanhas exploratórias en-tre 2014-2018 (e que equivalia a 15% do total e uma média de 4,7 bilhões por ano).

o corte maior foi na fatia de recursos alocados para suporte a produção, que ficou com Us$ 3 bilhões (Us$ 600 milhões por ano), menos de 3% do total do volume de investimentos previsto para o e&P. recursos inferiores à média anual prevista de Us$ 3,6 bilhões no PnG 2014-2018 para infraes-

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trutura e suporte, totalizando mais de Us$ 18 bilhões. o objetivo des-se investimento pesado era, entre outros fatores, resgatar o índice de eficiência operacional da compa-nhia na Bacia de campos, assunto que sequer entrou na pauta da nova diretoria na apresentação do PnG atual

A revisão das perspectivas ope-racionais obrigou a companhia a abrir mão da meta de produção até 2020, que caíram de 5,2 para 3,7 milhões de barris de óleo equiva-lente por dia (boed) – uma redução de quase 30%. A meta de produção de óleo caiu de 4,2 para 2,8 milhões de boed (quase 35% a menos que o projetado antes).

Novas unidadeso aumento da produção está

associado às 21 novas plataformas offshore que deverão ser instala-das nas bacias de campos e san-tos, além da P-61, que começou a operar em março, completando o

sistema de produção de Papa-Terra, no extremo sul da Bacia de cam-pos, juntamente com o FPso P-63. o ativo é operado pela Petrobras (62,5%) em parceria com a chevron (37,5%).

no início de julho, o FPso Cidade de Itaguaí ancorou na área de Iracema norte do campo de lula, no pré-sal da Bacia de santos. com capacidade para produzir 150 mil bpd e comprimir 8 milhões de m³ de gás natural por dia, a unidade deve produzir ainda neste terceiro trimestre. A Petrobras é a operadora, com 65%, associada à BG (comprada pela shell), com 25%, e a Petro-gal Brasil s/A (10%).

Dos outros 20 sistemas previs-tos para entrar em operação nos próximos anos, cinco ainda não foram licitados. os três primeiros serão, ainda no próximo ano, na Bacia de santos: dois em lula e um no campo de lapa, antiga área de carioca, além do Teste de lon-ga Duração (TlD) de libra, sob regime de partilha, que ganhará o piloto definitivo em 2020 (uni-dade ainda não foi licitada). Já em 2017, a Petrobras pretende produ-zir o primeiro óleo do pós-sal em regime compartilhado, por meio da PPsA, uma vez que parte do reservatório de um campo avança para a área do polígono do pré-sal, ainda não licitada.

A produção em áreas da cessão onerosa também será iniciada em

E&P US$ 108,6 bilhões

Desenvolvimento da Produção

Exploração

89,411,3 4,9 3,0

Investimentos no Exterior

Suporte Operacional

US$ 12,8 bilhões

ABASTECImENTO

manutenção e Infraestrutura

RNEST

Outros

BR Distri-buidora

8,81,4

1,3 1,3

US$ 6,3 bilhõesGÁS & ENERGIA

Gasodutos

Energia elétrica

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0,9 0,3Plantas de

Gás Química (Nitrogenados)

0,1 Regás - GNL

The Art of BroadSeisTM

The ideal pre-salt exploration solution

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Choque de realidade

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2017, por meio de três FPsos, um dos quais da série de oito replican-tes encomendados pela estatal: ele fará a primeira produção conjunta de reservatório da cessão onerosa e de uma área sob concessão. opera-ção similar será feita por outros três replicantes, que vão ser instalados entre 2018 e 2019. no total, seis dos oito replicantes vão produzir até 2020. os outros dois não têm previsão de entrega. o projeto de revitalização do campo de Mar-lim, um dos maiores produtores do país, deverá também ganhar uma nova unidade de produção, a ser licitada brevemente, para entrar em operação em 2019.

Abastecimento: recursos para manutenção

os aportes na área de abas-tecimento sofreram uma drástica redução no atual PnG, ficando com um volume de Us$ 25,9 bi-lhões inferior ao plano anterior, que era de Us$ 38,7 bilhões. Dos Us$ 12,8 bilhões planejados para essa área, a maior parte (69%, cor-respondendo a Us$ 8,8 bilhões) está destinada à manutenção e in-fraestrutura do parque de refino. Um total de Us$ 1,4 bilhão será destinado à conclusão da obra da refinaria Abreu e lima (rnesT), e outros Us$ 1,3 bilhão, para ou-tros projetos, incluindo o sistema de recepção e tratamento de gás e manutenção de equipamentos no

complexo Petroquímico do estado do rio de Janeiro (comperj). A Pe-trobras Distribuidora receberá Us$ 1,3 bilhão. Fruto da seletividade dos investimentos, a área de Gás e energia ficou com Us$ 6,3 bilhões (distribuídos pelos segmentos de energia elétrica, unidade de re-gaseificação de Gnl, gasodutos e plantas de nitrogenados).

De acordo com o Diário de Pernambuco, o diretor de Abas-tecimento da Petrobras, Jorge celestino ramos, e o consultor de direção Armando Toledo, reu-niram-se no dia 9 de julho com o governador do estado, Paulo câmara, e com o secretário de Desenvolvimento econômico do estado de Pernambuco, Thiago norões, para reforçar o compromisso da estatal de investir Us$ 1,4 bilhão até 2019 na rnesT. os represen-tantes da estatal garantiram que a segunda etapa do empreendimen-to será concluída em dezembro de 2018. Quando estiver pronta, Abreu e lima terá capacidade de processar 230 mil bpd, em dois trens de refino, e será a unida-de da Petrobras com maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%). Também produzirá gasolina, óleo combustível, gás liquefeito de petróleo e coque. Alvo da lava-Jato, a refinaria foi orçada inicialmente em Us$ 2,5 bilhões e hoje é estimada em Us$ 18,5 bilhões.

Quanto ao comperj, as unida-des de processamento de gás na-tural (UPGns) só ficarão prontas em outubro de 2017. essas UPGns – que fazem parte dos Us$ 6,3 bilhões alocados para a área de Gás e energia – tratarão o gás do pré-sal antes de o combustível ser injetado na malha de gasodutos. na divulgação do Plano, o presi-dente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou que, nesse momento, o comperj continuaria a deixar de ter como foco a consolidação de um complexo petroquímico para dar lugar às atividades de refino. segundo ele, a prioridade é buscar uma alternativa para a conclusão das obras do primeiro trem para ampliar a capacidade de refino da companhia.

De acordo com a gerente de es-tratégias de Mercado de Petróleo e Gás do sistema Firjan (Federação das Indústrias do estado do rio de Janei-ro), Karine Fragoso, a redefinição do cronograma das obras do comperj

cria muitas ex-pectativas quanto à geração de em-prego e renda para o munícipio de Ita-boraí: “o Plano de negócios e Gestão da Petrobras ainda

deixou muitas questões não respondi-das. esperamos que a empresa consi-ga encontrar os parceiros necessários para a finalização da obra o quanto antes, porque ela é muito importante para o estado do rio de Janeiro e a vitalidade da região”, avalia.

Desmonte de US$ 57,7 bi“o desmonte da companhia no

valor de U$ 57,7 bi será uma espé-cie de ‘privatização’ da Petrobras. Mas não creio que o país tenha se dado conta isso”, afirma Cesar Prata, presidente do conselho de óleo e Gás da Associação Brasilei-ra de Máquinas e equipamentos

FPSO Cidade de Itaguaí

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(Abimaq), referindo-se ao plano de desinvestimentos, que inclui a venda de ativos e participações em empresas, para aumentar a geração de caixa, reduzir o endividamen-to, otimizar o portfólio e dar continuidade aos projetos em andamento.

Dentro desse novo plano, a di-retoria executiva da Petrobras auto-rizou a elaboração de estudos para analisar alternativas de abertura de capital e/ou atração de um sócio estratégico para a Br Distribuidora. caso a abertura de capital venha a ocorrer, dar-se-á através de oferta pública secundária de ações da subsidiária na Bolsa de Valores. outra medida anunciada recente-mente foi a assinatura do contrato entre a Petrobras e a Petrorio (nova marca da HrT Participações em Petróleo s/A) referente à venda da participação de 20% da estatal nas concessões dos campos de Bijupirá e salema, na Bacia de campos, atualmente operados pela anglo--holandesa royal Dutch shell, por Us$ 25 milhões.

Desestruturação da cadeia de fornecedores

com uma estimativa de 13% da participação (direta e indireta) do setor de óleo e gás no PIB brasi-leiro, a cadeia de fornecedores de bens e serviços preparou-se para um cenário de grande expansão no setor. Agora, com a redução de 37% dos investimentos previstos em relação ao plano anterior, ha-verá impactos negativos sobre a indústria local. A queda vertiginosa do preço do petróleo, aliada às di-ficuldades econômico-financeiras da Petrobras, trazem sérios desafios para a cadeia de fornecedores do segmento de e&P.

Analistas indicam que os interesses da empresa foram colocados acima dos interesses nacionais, e que continuaremos vulneráveis quanto à oferta de petróleo, combustíveis, ener-gia e insumos para fertilizan-tes. Afinal, o que acontece com a Petrobras afeta todo o setor de energia no país. então, uma nova agenda de governança da estatal reflete aspectos políti-cos, econômicos, regulatórios, técnicos e institucionais.

Uma nova política setorialresponsável pela importação

e comercialização de gás e deten-tora de grande parte das usinas térmicas instaladas no país, a Petrobras exerce um papel es-truturante no cenário energético nacional. ela vende para suas usinas gás importado a preços mais baixos, compensando o prejuízo com os lucros na venda de energia. sem ela para puxar investimentos nas áreas de Abas-tecimento, Gás e energia, e Pe-troquímica, será imprescindível reformular uma política setorial para atrair investidores.

contudo, alguns entraves di-ficultam a atratividade e confian-ça no ambiente de negócios, na opinião de analistas. na área de Abastecimento, por exemplo, a Petrobras teve enorme dificuldade em alinhar os preços dos deri-vados no Brasil com o mercado internacional nos últimos quatro anos. eis aí um fator de risco para o investidor que queira partici-par de um empreendimento nesse segmento. Daí a necessidade de o Governo estabelecer uma nova política de preços para os deriva-dos. se isso não for feito, poderá haver queda dos investimentos, desestruturação das cadeias pro-dutivas e aumento da dependên-cia externa do país.

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eventos

O painel de abertura teve a presença do senador José serra (PsDB-sP), autor do Projeto de lei que pretende alterar

o marco regulatório do pré-sal, ti-rando da Petrobras a obrigação da participação mínima no consórcio de exploração e sua responsabili-dade pela condução e execução das

atividades relacionadas ao projeto. Inesperadamente, a palestra de serra foi interrompida pela manifestação de um grupo de petroleiros que, insa-tisfeitos com a proposta de mudança da lei, estenderam faixas contrárias à posição defendida pelo senador e o impediram de falar.

Por um momento, os integrantes da plateia se viram diante de um palco

de disputa política. Foi quando o pre-feito de Macaé, aluízio dos san-tos, tomou a pala-vra e, reconhecen-do a legitimidade da expressão dos

manifestantes, pediu que eles tam-bém respeitassem o direito reservado

Apontada como a terceira maior conferência internacional da indústria do petróleo e gás, a 8a edição da Brasil Offshore reuniu importantes players do mercado offshore na principal porta de acesso para uma das bacias mais importantes do país – a de Campos – que responde por cerca de 80% da produção nacional. Com 50 mil visitantes, 700 empresas expositoras, 56 empresas internacionais e representantes de 38 países, a feira ocupou 45.000 km² do centro de exposição. Sinal de que a cadeia de fornecedores do setor quer reagir e superar a crise.

do setor de óleo e gás

Cobertura Especial Brasil Offshore

SUPERAçãO É A PALAVRA-CHAVE

por Felipe Salgado

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ao convidado de expor as suas ideias e motivações. “A manifestação foi feita. Agora precisamos ouvir o que a indústria tem a dizer aqui”, afirmou Aluízio, pedindo a compreensão dos participantes.

Assim teve início a Brasil offsho-re 2015.

Imersão nos negóciosrealizada entre os dias 23 e 26

de junho, a conferência trouxe um alento para o setor. Isso porque a rodada de negócios, a cargo da organização nacional da Indús-tria do Petróleo (onip), reuniu 20 empresas âncoras – Alphatec, nuclep, Delp, FMc, sotreq, oil states, shell Materiais, Queiroz Galvão, UTc, schlumberger, Te-ekay, subsea 7, wärtsilä Brasil, shell serviços, Techint, Ge óleo e Gás, expro, Halliburton, Trans-petro e Petrobras Uo-Bc – e 113 fornecedores. em dois dias foram realizadas 400 reuniões.

Igor Tavares, diretor de energia da reed exhibi-tions Alcantara Machado, uma das empresas or-ganizadoras da Brasil offshore,

destaca que nesta edição houve um acréscimo de aproximadamente 3% dos profissionais em cargos de dire-toria e com maiores qualificações.

“Houve um ganho considerável no perfil dos visitantes com mais poten-cial de compra e poder de decisão”, enfatiza ele.

somado o poder de compra do público visitante com o montante da rodada de negócios, a Brasil offshore 2015 gerou expectativa de negócios de r$ 600 milhões, que ao longo de 24 meses poderá chegar a r$ 1 bilhão. Para o prefei-to de Macaé, a realização da Bra-sil offshore comprova a força do mercado interno na realização de negócios. “Isso mostra que, apesar do cenário complexo, de incertezas e de toda a pressão que o mercado vive, existe uma onda de otimismo no médio e longo prazo, e mostra, principalmente, que a indústria na-cional quer reagir e superar a crise.”

Um levantamento realizado mostrou que 91% das reuniões fo-ram avaliadas pelas âncoras como sendo acima da média, com ótima e boa expectativa de negócios.

Para o vice-presidente da reed, Paulo Octávio Pereira de almei-da, a realização da Brasil offshore comprova a força do mercado inter-no na realização de negócios e a ativação de con-tatos e conteúdo para a gestão das empresas diante do cenário atual. “A feira teve uma agenda positiva e mostrou qualida-de em produtos, serviços e público visitante, complementou.

Novidades no conteúdo A 8ª Brasil offshore teve o patrocí-

nio master da Petrobras e do Governo Federal, além das empresas Technip, caixa, Ul do Brasil, Tenaris, Aker solutions, one subsea, MrM, Mobil, Prefeitura de conceição de Macabu, Dassault systèmes, estaleiro Brasa, chromalox, Technoheat, V. V. Holding and consulting e Viana offshore.

Área total: 45 mil m2 Visitantes: 50 mil

Empresas: 700Países: 38

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eventos

A conferência realizada em paralelo pelo Instituto Brasilei-ro de Petróleo e Gás natural (IBPo) e da society Petroleum engine-ering (sPe) mobilizou centenas de profissionais que assistiram a palestras sobre temas relevantes, entre os quais a revitalização de campos maduros e as tecnologias disponíveis para ampliar a vida útil desses ativos.

Também foram destacadas as opor tunidades o ferec idas hoje pela Bacia de campos, em produção desde os anos 1980 e que vem sendo revitalizada pela exploração de reservatórios no

pré-sal, além do que vem sendo explotado há mais de três décadas no pós-sal.

Durante o evento, realizou-se a etapa final da competição aca-dêmica promovida pela sPe, o student Paper contest, concurso regional de artigos científicos de alunos de graduação, mestrado e doutorado com trabalhos sobre te-mas relacionados ao setor de óleo e gás. “o vencedor viajará para Houston, nos estados Unidos, para concorrer no evento global, com as despesas pagas pela sPe”, diz o presidente da seção Macaé da sPe, Guilherme Castro.

o inédito es-paço do conhe-cimento offsho-re, montado no meio da feira e com uma progra-mação gratuita to-dos os dias, trouxe

expositores/parceiros especializados à frente de palestras sobre novas tec-nologias e produtos e serviços.

A reed exhibitions também apre-sentou uma novidade, o Premium club Plus – clube dos compradores. o objetivo é estreitar o relacionamen-to com os principais compradores indicados pelos próprios expositores e atrair um público ainda mais qua-lificado para as próximas edições. os convidados são visitantes com maior influência ou poder de com-pra, com cargos acima da gerência. nessa edição, o clube contou com 1.371 credenciados que puderam incrementar os negócios oferecidos pelos expositores.

Competitividade para a indús-tria-chave regional

Para atrair novos investimentos, a cidade de Macaé quer ampliar o acesso às empresas interessadas em estabelecer negócios no município.

enquanto algumas empresas já atuam na região e querem ampliar suas bases, outras demonstram in-teresse em entrar no mercado. esse é o caso da empresa alemã Dräger, presente em mais de 195 países e com uma filial em Macaé para atender a demanda por serviços na área de segurança offshore (Dräger safety). nessa divisão do grupo, segmentada em quatro áreas (óleo e gás, mineração, indústria química e bombeiro), a atividade petrolífera é responsável pela maior parte do faturamento da empresa.

em seu portfólio, ela mostra pos-suir serviços de assistência técnica para calibração e manutenção pe-riódica de detectores de gases em

COM REPRESENTANTES em todas as sessões plenárias da Conferência Internacional da Indústria de Petró-leo e Gás, com palestras e debates, a Petrobras fez uma participação técnica na Brasil Offshore, da qual foi a patrocinadora master.

A conferência teve como tema central ‘Perspectivas para a re-vitalização de campos maduros’, abordando diversos aspectos, como poços e reservatórios, perfuração, completação, operação e manuten-ção, entre outros.

Segundo marcelo Bata-lha, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Petrobras na Bacia de Campos, a Brasil Offshore oferece grandes oportunidades para trocas de experiências entre os atores do arranjo produtivo de óleo e gás. “O evento traz em sua

conferência um tema bastante aderente à rea-lidade da região. O intercâmbio de conhecimen-tos entre os profissionais da indústria do

petróleo é fundamental para que a operação em campos maduros continue trazendo bons resultados nos cenários nacional e interna-cional”, apontou.

No estande montado no pavilhão principal, os visitantes puderam conhecer melhor as tecnologias da empresa premiadas na Offshore Technology Conference (OTC), maior evento do mundo dedicado à área de exploração e produção de petróleo no mar, ocorrido em maio deste ano, nos Estados Unidos.

Petrobras: participação técnica

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plataformas offshore, certificações Inmetro (Instituto nacional de Me-trologia, normalização e Qualidade Industrial) para homologação dos equipamentos e serviços de loca-ção. “se alguma empresa precisar parar para reali-zar manutenção (shut Down), temos capacidade para atender a demanda por mais equipa-mentos”, garante o gerente de óleo e Gás da Dräger, adriano Morelli.

Oferta ampliadaPrestes a completar 74 anos no

mercado nacional, a empresa brasilei-ra sotreq, revendedora de máquinas, peças, serviços e sistemas cater-pillar, pretende vender ao merca-do alguns diferen-ciais competitivos, como atesta Gus-tavo sepúlveda, diretor de Power systems: “Vemos a feira muito voltada para operações, suporte e produto. Isso é extrema-mente positivo”, afirmou.

A empresa anunciou recentemen-te um novo contrato com o grupo cBo (companhia Brasileira de offshore) para a venda de equipamentos cater-pillar para o navio de apoio do tipo Platform supply Vessel (PsV4500).

em construção no estaleiro Aliança, no rio de Janeiro, o PsV será afretado pela Petrobras para atender a demanda no suporte à exploração offshore de petróleo e gás, especialmente nos campos do pré-sal. serão entregues, em agosto, quatro grupos geradores caterpillar, modelo 3512c de 1700 ekw @ 690 V, para aplicação diesel-elétrico em embarcação PsV. Também foi vendido um grupo gerador cater-pillar modelo c18, para operação em modo “porto/emergência”.

Há poucos meses, a sotreq ad-quiriu 50% da radix engenharia e software, grupo que oferece serviços de TI em automação. “esse inves-timento foi estratégico porque per-mitiu o alinhamento e complemen-taridade de valores e competências entre as duas empresas. sendo a radix especializada em soluções em inovação e tecnologia, esse aporte agrega valor na oferta de nossos serviços e gera eficiência e produ-tividade para as nossas próprias unidades”, afirma o diretor.

Comunicação garantidaParticipando pela primeira vez

na Brasil offshore, a Motorola solu-tions apresentou serviços e soluções de radiocomunicação que garantem uma comunicação segura entre as operações onshore e offshore, devi-do ao alto alcance de cobertura e as tecnologias que suportam operações em ambientes críticos.

“em 2014, a empresa participou da rio oil & Gas e, como o evento trouxe bons re-sultados – uma vez que tivemos a oportunidade de apresentar os nossos produtos e serviços para a indústria –, deci-dimos dar continuidade participando deste ano da Brasil offshore”, es-clareceu o presidente da Motorola solutions no Brasil, Paulo Cunha.

Patrocinadora centenária Presente em 104 países – no Bra-

sil desde 1999 –, a multinacional americana Ul, que tem entre seus clientes do setor de petróleo em di-versos países a weG, sTAHl, emer-son, wayne e Dover, entre outros, incluiu o patrocínio da Brasil offsho-re em sua agenda de comemoração dos cem anos. “este é um ano mui-to importante para a Ul. estamos promovendo uma celebração nos

principais even-tos mundiais”, explica Otávio Costa, gerente de vendas da Ul, mul t inac iona l americana líder global em ins-peções, ensaios e certificação de produtos.

“estamos expandindo os serviços oferecidos para aumentar a presença no Brasil e faz todo sentido estarmos aqui. Tudo o que aconteceu de mais positivo na indústria do petróleo na-cional nos últimos anos passou por Macaé em algum momento”, desta-ca. ele acredita que a demanda por certificação de equipamentos para a indústria de petróleo vá crescer significativamente nos próximos anos em função do aumento das atividades de exploração e produção, sobretudo na região do pré-sal.

“Após os incidentes recentes de vazamentos de óleo, a atividade pe-trolífera, pelos riscos operacionais envolvidos, passou a ser ainda mais monitorada”, observa costa. “com isso, o setor se concentrou na me-lhoria contínua da segurança, justa-mente por entender que um alto nível de integridade é decisivo para as operações e para o bom andamento dos negócios, pois gera benefícios como o aumento da competitividade, redução de custos e valorização da marca, por exemplo.”

Acreditada pelo Inmetro, a em-presa atua em todo o processo de certificação, incluindo ensaios, au-ditorias e treinamento. e também auxilia seus clientes no processo de desenvolvimento de produtos, orientando o fabricante quanto aos requisitos necessários à cer-tificação. “nosso principal foco é ajudar a indústria a produzir equi-pamentos seguros e confiáveis”, explica. “Toda nossa história se resume a isso: segurança e con-fiabilidade.”

Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás

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54 TN Petróleo 10254 TN Petróleo 102

Essa parece ser a melhor definição para o catarinense Dalton Schmitt, natural de Itajaí, por muitos considerado um carioca. Equívoco natural para quem conhece o empresário, pois ele deve a ausência de qualquer sotaque denunciador de um ‘barriga verde’ ao fato de ter apenas 8 anos quando começou a peregrinação por escolas de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, terminando a vida escolar nos Estados Unidos. Dalton exerceu as mais diversas funções em diferentes atividades e perambulou por alguns países antes de começar a ‘navegar’ nesse setor, há cerca de quatro décadas. “Sempre gostei de trabalhar, de fazer e criar negócios... e curtir a vida”, confessa o executivo que há um ano é diretor comercial da Farol Apoio Marítimo, empresa brasileira de navegação (EBN) criada em 2010. Considerando os quase 8.000 km de costa e uma indústria offshore em franca expansão, Dalton afiança que o país tem um mercado altamente promissor, mesmo diante do cenário crítico atual. “Não somente em apoio marítimo, que deverá ter forte expansão no final dessa década, como também em cabotagem.”

perfil profissional

ele É PÉssIMo PArA DATAs, mas conhece, como poucos, pratica-mente todo mundo que atua no setor de apoio marítimo, sobretudo no segmento offshore, atividade que praticamente viu ‘nascer’ no país na década de 1970, quando a Petrobras começou a ‘buscar’ petróleo nas águas da Bacia de campos, no norte fluminense.

Dalton também é um grande contador de histórias e causos – al-guns impublicáveis – desse setor no qual se orgulha de ter se ‘forma-do’. Isso porque, apesar dos esforços da família de assegurar a melhor e mais rígida instrução em colégios religiosos e, depois, nos estados Unidos, Dalton acabou abandonando o curso de Administração da new york University no último ano... Foi quando decidiu se ‘douto-rar’ em negócios na universidade da vida.

Desde então, o irrequieto Dalton não parou mais. Membro da ABs, uma das principais classificadoras do mundo, ele soma mais de 45 anos de desenvolvimento de negócios, no Brasil e no exte-rior, como executivo ou dono de empresas que criou, entre idas e vindas de países das três Américas e de outros continentes, como nigéria e Kuwait (África), noruega, Grécia, Alemanha e espanha, na europa, além da Ásia.

experiência que é destacada pela Farol, criada em 2010 com uma proposta diferenciada de serviços de apoio marítimo “amparada pela capacitação, conhecimento e experiência de sua equipe”. Para Dal-ton, integrar a empresa criada por um grupo de velhos amigos é mais

NavegandoNA ESCOLA DA VIDA

por Beatriz Cardoso

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uma aventura a ser vivida com paixão, a despeito de ‘percalços’ na saúde – é assim que o fu-mante inveterado chama os dois cânceres e as pontes de safena.

Do internato para o mundo – Aos 71 anos, Dalton demonstra a mesma inquietude do menino que os pais decidiram internar em um colégio alemão, presbi-teriano, localizado em Brusque (sc), a 35 km de Itajaí. Por pressão da avó materna, cató-lica, ele foi transferido para o colégio santo Antonio, em Blu-menau, da ordem franciscana. Mas, como toda a família havia estudado em instituições jesuí-tas, a avó acabou por convencer o filho a seguir a tradição: ele deixou para trás as delícias da praia de cabeçudas, no bairro onde foi criado, em Itajaí, para estudar em uma centenária instituição jesuíta: o colégio catarinense, em Florianópolis. “era um regime duro”, lembra.

em 1959, o pai decide levá--lo para o rio de Janeiro, onde tornou-se interno do tradicio-nalíssimo colégio Marista são José, na Tijuca (Usina). “Por isso pensam que sou carioca”, diz, rindo, Dalton. criada em 1905, em 110 anos de atividades, a instituição teve como alunos o empresário roberto Irineu Mari-nho, o técnico Mário Jorge lobo zagallo e o ex-reitor da Univer-sidade de Brasília, cristovam Buarque, entre outros.

ele não ficou muito tempo na antiga capital da república, que perdeu seu status com a inauguração de Brasília. no rio, o espírito irrequieto e boêmio de Dalton acabou levando o pai a medidas drásticas: internou o filho em um tradicional laurel crest Academy, na cidade de Bristol, em connecticut (eUA).

Desvios do caminho – concluí-dos os estudos, para alegria do pai ele decide fazer Adminis-tração de empresas em outra instituição secular, a new york University (criada em 1831). É dessa época a primeira expe-riência na área marítima, uma vocação familiar, que vem de algumas gerações dos schmitts. e, assim, ele estagiou na Moore--Mccormack lines, empresa norte-americana de navegação que construiu dois luxuosos navios, o ss Brasil e o ss Argen-tina, para realizar cruzeiros aos exóticos destinos da América do sul, entre os anos 1950 e 60.

Além de vários estágios durante o período universitário, Dalton fez um curso similar ao do cPor (centro de Preparação

de oficiais da reserva) que re-sultaria em sua convocação para o Vietnã. “eu não queria ir e tampouco desejava voltar ao Bra-sil. Meu pai, por meio de ami-gos, conseguiu que me dessem um passaporte oficial. Acabei sendo contratado pelo consulado brasileiro”, lembra, sem deixar de achar graça.

o que o pai não imaginava é que ele queria ficar nos estados Unidos para casar com uma bra-sileira. “ele soube, foi lá conver-sar comigo, tentando me con-vencer a concluir os estudos”, lembra. com o retorno do pai ao Brasil, ele casou e continuou fazendo o que mais gostava: de-senvolver novos negócios. “Gra-ças a Deus sempre aproveitei as oportunidades para trabalhar e curtir a vida. não me arrependo de nada”, afirma Dalton, que voltaria às salas de aula anos depois, no Brasil, para fazer o curso de General Management, na Pontifícia Universidade cató-lica (PUc-rio).

e foi trabalhar em uma em-presa de construção, para, logo depois, cair de novo na estrada, ou melhor, na rota marítima para a europa, onde percorreria alguns países – sempre ‘fazendo negócios’, mas sem uma ativida-de definida, terminando o péri-plo em nova york. “Até então, eu não trabalhava para nenhuma empresa específica, mas realiza-va negócios em áreas de comér-cio exterior e navegação, setores que demandavam bom conhe-cimento de inglês e de mercado internacional”, explica.

Navegar é preciso – na década de 1970, ele daria passos deci-sivos para entrar no mercado de navegação, ao negociar um barco offshore de uma petroleira: nada menos que a zapata oil

Casado? Tem filhos? ViúvoTrês filhos e dois netos (com um terceiro a caminho).Quais livros você está lendo? Está lendo, ou melhor, acabando de ler o X da questão, que conta a história de Eike Batista, escrita por Roberto D’ávila.Qual seu livro de cabeceira? revistas de notícias.O que gosta de fazer nas horas de folga? gosta de fazer de tudo relacionado ao mar – velejar, sair de lancha, pescar e reformar o deque da casa de Búzios, onde fica o veleiro e outras embarcações.

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perfil profissional

corporation, criada em 1953 por George Bush e um sócio. com o apoio de um diretor da zapata, ele começou o negócio, fundan-do, em março de 1976, sua pri-meira empresa, a Apex Marine service s/A, no Panamá, que manteria por quase duas déca-das (fechou as portas em 1995).

“Foi meu primeiro barco de apoio”, diz o executivo. nos anos seguintes, ele traria sete ou oito barcos, todos com bandeiras estrangeiras, para operar para as petroleiras internacionais, que vinham atuar no Brasil a partir de 1975, com a criação dos contratos de riscos com du-ração de 14 anos.

em 1977, ele fundou no Brasil a seamar serviços de Apoio Marítimo, uma das primeiras do país, mantida até 1985. nesse período, fez os primeiros contra-tos com a Petrobras, que com a descoberta de Garoupa, em 1974, no pós-sal da Bacia de campos, começaria a produzir, em 1977, com o campo de enchova. Dessa forma, Dalton participaria da consolidação da maior bacia produtora do Brasil.

aprendizado contínuo –“era mais fácil trabalhar como estran-geiro do que como brasileiro por causa da burocracia do cadastro. Mas logo depois, cadastrei a em-presa na Petrobras”, lembra. na época, o porto mais próximo era o de Vitória, no espírito santo. ele também atuaria em outras regiões da costa do país, que começavam, pouco a pouco, a ser prospecta-das pela petroleira brasileira. “Foi tudo um grande aprendizado”, observa o empreendedor.

ele nunca mais saiu desse setor, ainda que, vez por outra, tenha feito incursões em outras atividades. “em 1982, abri uma empresa de computação, com

um amigo da IBM e outro que entendia de software”, conta. e criou também outra empre-sa, a Brasmix, para controle de processos. “cheguei a vender para o exterior. Trabalhava em três turnos. Passei por todas as crises do país”, recorda, sem deixar de rir.

schmitt diz que o serviço de apoio marítimo offshore, ainda nascente no país, acompanhando a evolução da indústria petrolí-fera, não era fácil, pois se tratava de um mercado em consolidação, mas havia menos burocracia. “operávamos com uma tripula-ção de cinco a sete pessoas, mais do que em outros países. Por isso fazíamos um camarote extra”, conta. segundo ele, o reparo era simples porque os motores eram menores. “Isso nunca foi problema, pois naquela época não havia restrições e tudo era importado: barcos, motores e outros equipamentos.”

Mercado em expansão – A sóli-da experiência em apoio maríti-mo, consolidada nesse período, fez dele um profissional de valor no mercado – mercado este que começaria a mudar no final dos anos 1990. em março de 1997, ano em que seria promulgada a chamada lei do Petróleo, que extinguiu o monopólio estatal na exploração e produção de hidrocarbonetos no país, ele foi convidado a integrar os quadros da Astromarítima, uma das pio-neiras na prestação de serviços de apoio marítimo nas ativida-des de exploração e produção de petróleo na plataforma conti-nental brasileira.

A empresa, que a partir de 1980 contratou a construção de 19 embarcações de suprimento (supply vessel), com financia-mento do Fundo de Marinha

Mercante (FMM), começava a ampliar sua frota e atividades. razão pela qual incorporou aos seus quadros o experiente empresário, que preferia atuar por conta própria. ele entrou como diretor comercial e de operações, cargo que ocupa-ria até abril de 2006, quando assumiu a presidência da Astro Internacional s/A.

na área comercial, condu-zia todas as negociações com os estaleiros na parte de novas construções no Brasil e no exte-rior, assim como nas negociações contratuais junto a petroleiras locais e estrangeiras. como diretor operacional, tratava de todos os assuntos referentes à operação das embarcações de bandeira brasileira, bem como as estrangeiras que operavam no Brasil, tendo a Astromarítima como a eBn (empresa Brasileira de navegação).

sob seu comando estavam as bases e superintendências operacionais de Itajaí (sc), rio de Janeiro (rJ), Vitória (es) e Aracaju (se). “onde houvesse embarcações trabalhando para a Petrobras”, diz ele. Dalton foi responsável pela operação da embarcação do tipo oil spill recovery Vessels, a osrV Astro Ubarana (navio que atua na con-tenção e recolhimento de óleo em derramamentos), no contra-to com a Petrobras colômbia e também na Argentina, a serviço da estatal.

em 2006, tornou-se diretor--presidente da empresa, que na época incluía a Astro operações, cBr (companhia Brasileira de rebocadores), a Astro offshore e a própria Astromarítima. “era responsável pela empresa como um todo, incluindo a política de qualidade, meio ambien-te e segurança, reportando-

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NAVIUM Engenharia, Navegação e Comércio Ltda. Av. Nilo Peçanha, 26, Grupo 904/908 • Centro • CEP 20.020-100 • Rio de Janeiro • RJ • BrazilPhone: +55 21 2524-0296 • [email protected] • www.navium.com.br

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Modec International LLC: installation contractor for the projects FPSO Cidade do Rio de Janeiro, FSO Cidade de Macaé, FPSO Cidade de Niterói, FPSO Cidade de Santos and FPSO Cidade de Mangaratiba – mooring and risers installations procedures; logistics and materials specifi cations; anchors installation surveyor.Prosafe: FPSO Polvo – Mooring Masters for towing and positioning.Omni Offshore Terminals: installation contractor for the project FSO UOTE (in progress).

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-me diretamente ao conselho de administração”. em 2010, assumiu a presidência da Astro Internacional s/A, criada para atender à demanda do merca-do nacional de apoio offshore, principalmente para clientes que vêm operar no Brasil.

Novos rumos – o executivo permaneceu ali até bem pouco tempo, quando decidiu seguir novos rumos, mas sempre na área de apoio marítimo, mer-cado que viu crescer de forma mais acelerada nos últimos anos. “Houve uma grande evolução em mais de três décadas e operação offshore no país”, salienta ele. “Tanto do mercado como da própria regulamentação, no Brasil e no exterior. Hoje há maior preocupação com a questão

ambiental e de segurança”, diz o membro da ABs.

Danton, por estar desde 2014 ‘fazendo negócios’ na Farol Apoio Marítimo, considera o Brasil um país com forte vocação offshore mas que atravessa uma crise inimaginável há alguns anos. “não que já não houvesse tudo o ocorre hoje. Apenas os volumes financeiros são muito maiores. entrou muita gente de

fora nessa área”, comenta, sem entrar em detalhes. Talvez uma alusão ao fato de as empreiteiras terem ‘descoberto’ o setor naval na última década...

“Dentro de alguns anos, quando superarmos essa crise, teremos um mercado ainda maior”, avalia Dalton. Para aqueles que pensam em entrar nesse mercado, mas ainda têm dúvidas quanto ao potencial do setor, ele é taxativo: “com um país com quase 8.000 km de costa e atividades de explo-ração e produção de petróleo se espalhando de norte a sul, o apoio marítimo é um grande ne-gócio”, conclui Dalton schmitt. e continua pensando em fazer negócios nessa área por mais tempo. Talvez, quem sabe?, na cabotagem, que vê como outro segmento promissor.

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Mais do que apenas informar sobre os novos cenários de petróleo e gás, a TN Petróleo ajuda a mostrar a história de pioneirismo desse mercado e os novos desafios enfrentados pela indústria brasileira do setor. As páginas da revista sempre apresentam aos

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Ano 4 • nº 40 • julho de 2015 • www.tnsustentavel.com.br

Sumário

60 66 67Tecnologia nacional Plástico verdeEntrevista com Gérard moss

Itaipu assina acordo para desenvolver protótipo de bateria de lítio nacional

Prysmian expande linha de cabos sustentáveis com o Plástico Verde da Braskem

O que é prioridade?

Lia medeiros, diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

[email protected]

Editorial

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem

O ambientalista voador que luta pela preservação das águas no Brasil

Já SABEMOS qUE Plutão, o planeta anão, tem uma superfície maior do que o previsto e que por conta disso também tem mais gelo e um pouco menos água. Uma notícia não muito boa em tempos de escassez em que já estamos buscando alternativas para além do nosso planeta azul (até quando?) para esse e outros tantos problemas. E essa mesma água, ou a falta dela, continua a nos preocupar mais que inspirar para nossas matérias.

Mas, para o ambientalista e nosso entrevistado Gerard Moss, nem tudo está perdido. Ele está à frente de um projeto de educação ambiental chamado Rios Voadores, que pretende educar jovens amazonenses sobre a importância de mais essa riqueza da Amazônia, que é o vapor d’água formado a partir da evaporação dos rios locais. Imperdível!

Alinhado com essa temática de valores e prioridades, Wanderlei Passarela nos brinda com mais um artigo sobre desenvolvimento humano com o título “Gestão de prioridades”. Segundo ele, promover essa gestão é crucial para alinhar esforços, dar um norte à equipe e permitir que as coisas mais importantes não fiquem de lado na escolha sobre o que deve ser feito na organização.

Criação de valor também é tema do artigo de Doneivan F. Ferreira, que afirma que um dos objetivos do inovador é a criação de valor. Criar para trazer mudanças à sociedade.

Visto isso, podemos então respirar um pouco mais aliviados. As prioridades - parece - es-tão mudando (ainda que lentamente) de lado e trazendo para a frente a busca da melhoria da sobrevivência da vida (nossa vida), aqui mesmo, pertinho, em nosso planeta ainda, sim, azul.

Boa leitura e até a próxima!

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A Amazônia é a maior usina geradora natural de água doce do planeta. Entrecortada por

rios que formam uma imensa malha hídrica, da qual o Amazonas é a principal artéria, possui

também grande reserva potável subterrânea. Mas isso não é tudo. A floresta é responsável

por produzir grande parte da umidade que equilibra o regime de chuvas em outras regiões

do país, especialmente no Sudeste. As árvores amazônicas lançam diariamente na atmosfera

toneladas de vapor d’água que percorrem milhares de quilômetros, levadas por correntes

aéreas de vento, através de rotas nunca antes traçadas.

GÉRARD mOSS, o ambientalista voador que luta pela preservação das águas no Brasil

suplemento especial

InTrIGADo eM conHecer o ca-minho percorrido por toda aquela água em suspensão, o aviador e ambientalis-ta suíço Gérard Moss resolveu seguir as correntes de umidade pelo céu do Brasil, em um projeto com a parceria do Instituto nacional de Pesquisas espaciais (Inpe), e patrocínio da Pe-trobras: rios Voadores. os dados que

coletou ao longo de mais de seis anos em trabalho de campo, compõem um modelo computacional que auxilia na compreensão da dinâmica do clima brasileiro – hoje marcado por secas cada vez mais severas em algumas regiões, e enchentes sem precedentes em outras – e da umidade produzida pela Amazônia nesse contexto.

Antes de pesquisar os “rios aé-reos”, Moss participou de um projeto igualmente estratégico – Brasil das Águas – coletando informações para um inventário completo sobre a situa-ção dos rios brasileiros. A bordo de um hidroavião e de barco, ele percorreu, da foz à nascente, milhares de quilô-metros de cursos d’água, recolhendo

RIOS VOADORES

por mehane Albuquerque Ribeiro

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TN Petróleo 102 61

amostras, registrando imagens e in-teragindo com os habitantes.

o ambientalista que passou a vida voando sobre diferentes países, no começo buscava apenas aven-tura. Mas depois de testemunhar a degradação do meio ambiente em suas formas mais gritantes, acabou se aproximando da ciência, tornando-se um pesquisador de campo com uma habilidade extra: pilotar aeronaves pequenas em condições extremas, o que lhe permite chegar a locais isolados e de difícil acesso.

Apesar de ter visto as paisagens mais exuberantes do planeta, foi no Brasil que resolveu morar com a mulher Margi – companheira nas expedições – e fixar residência logo que chegou por aqui, no início dos anos 1980.

em entrevista ao Caderno de sustentabilidade, Gérard Moss fala de suas aventuras aéreas pelo mundo, da paixão pelo Brasil e pela Amazônia, e do seu envolvimento em pesquisas científicas. Fala, também, sobre a segunda etapa do projeto rios Voadores, voltada para a educa-ção ambiental. nesta fase, realizada inicialmente junto a escolas da rede pública de ensino de Manaus, o ob-jetivo é capacitar professores para conscientizar os jovens da região so-bre a importância da preservação da floresta para o país e para o equilíbrio do clima em todo o planeta.

“Procuramos mostrar que a Ama-zônia, além de todas as riquezas visíveis que produz, nos dá outra, invisível, e talvez mais valiosa: o vapor d’água”, diz.

Você e a Margi viajaram o mundo, porém acabaram se fixando no Bra-sil. Por que o Brasil? O que fez com que vocês resolvessem ficar?

Gérard Moss – eu e a Margi nos encontramos em Búzios, região dos lagos fluminense, há pouco mais de 25 anos. ela chegou ao Brasil primeiro, em 1979. eu cheguei em 1982. o que

mais me chamou a atenção foi o povo brasileiro. o calor humano que eu não vi nem em Hong Kong, onde morei antes, ou na europa, menos ainda. A partir do momento em que conhece-mos mais o país e o comparamos com outros, confirmamos nossa opinião de que era o melhor lugar para morar. entre 1989 e 1992, eu e ela demos a volta ao mundo de avião. Depois disso, decidimos ficar no Brasil. são poucas as pessoas que têm a sorte de conhecer 60 países para poder esco-lher o lugar que mais gosta.

Como vocês se envolveram em cau-sas ambientais?

A primeira volta ao mundo que fizemos foi em um avião de pequeno porte, voando em baixa altitude, a uma altura que eu chamo de ‘hu-mana’, pois a gente vê claramente as belezas – e quanto mais aprecia, mais ama a natureza – mas também vê o estado de destruição da terra. e a nossa vontade de fazer alguma coisa para mudar isso foi crescendo. A partir daí, ao longo dos anos, temos inventado projetos que sempre casam com a aviação, que é o meu xodó, com a ciência, a pesquisa, a descoberta.

Você passou de mero observador a ambientalista...

sim. Todas as pessoas que amam a natureza, no fundo, são ambienta-listas. no nosso caso, não nos con-tentamos em ficar só observando. Pensamos de fato em tentar ‘fazer a diferença’. especialmente, em rela-ção ao tema ‘água’.

Quando começou o seu interesse pela água e por quê?

em muitos países da África e da Ásia a falta de água é flagrante. Mas é um problema do mundo inteiro, cada vez mais crescente. Ainda no início dos anos 2000, eu notei que poucas pessoas no Brasil se davam conta ou percebiam a importância estratégica da água que possuem;

que o Brasil, antes de carnaval e futebol, é um ‘país de água’; que o papel que o Brasil vai desempenhar no mundo, no futuro, vai se basear na quantidade de água que possui e na maneira como vai administrá-la.

o projeto Brasil das Águas sur-giu, então, da ideia de que o Brasil é, em essência, um ‘país de água’. começamos a pesquisar a situação dos rios brasileiros, mas ao mesmo tempo tentamos mostrar às pessoas que elas devem ter orgulho de ain-da possuir grandes reservas estra-tégicas de água limpa. o avião foi a solução mais eficiente encontrada para percorrer esse território enorme. levamos 14 meses voando pelo país, cobrindo uma distância equivalente a duas vezes e meia a volta ao mundo, para coletar água de diferentes rios e pesquisar mais de mil pontos.

Essa foi a primeira vez que vocês colaboraram em pesquisa científica?

Foi a segunda. A primeira vez foi em uma pesquisa de âmbito mais global, quando fizemos a primeira volta ao mundo, a bordo de um mo-toplanador Ximango, fabricado pela embraer. essa viagem teve três obje-tivos. Primeiro, testar o desempenho da aeronave da embraer em condi-ções adversas. segundo, transmitir imagens para a televisão (fizemos uma parceria com a TV Globo e com a embratel, e enviamos as primeiras imagens ao vivo na história da tele-visão brasileira, feitas a bordo de um avião em voo). e o terceiro objetivo, de cunho científico, medir o teor de ozônio em diferentes altitudes e locais.

sobrevoando o Brasil de alto a baixo, qual foi o crime ambiental mais ater-rador que vocês testemunharam?

sem dúvida, as queimadas em grande escala, na região sul da Amazônia. sobre o desmatamento, eu gostaria de ressaltar que o mais deprimente é que, a cada voo que faço, sem exceção – e eu voo o tempo

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suplemento especial

inteiro sobre a Amazônia – tem um pedaço de mata faltando, que virou fumaça, ou que virou pasto. Isso é terrível, porque quando vemos o des-matamento de perto, ele deixa de ser apenas uma estatística que tomamos conhecimento todos os meses pelo noticiário e se torna uma realidade triste, impactante. Ao mesmo tempo, é um motivo a mais para mim e a Margi continuarmos batalhando para alertar o povo brasileiro, pois ele ain-da não se deu conta da importância de preservar a floresta.

Em relação aos rios, o que mais chamou sua atenção durante os sobrevoos?

nem sempre a degradação é vi-sível. Mas alguns rios, como o Igua-çu, no Paraná, por exemplo, quando nasce, perto de curitiba, já é total-mente poluído. A água das represas existentes ao longo do seu curso é completamente verde. É uma visão horrível. como sobrevoei, pousei e naveguei por milhares de rios, o que mais me chamou a atenção é que o mundo já não tem os rios que o Brasil tem. A europa, por exemplo, não pos-sui mais rios naturais. o Brasil tem o Araguaia e o Guaporé, onde a gente ainda consegue navegar da nascente até a foz. Percorri mais de 2,5 mil quilômetros de voadeira nesses rios, conhecendo de perto um tesouro que o país tem de sobra: biodiversidade. Por isso o projeto Brasil das Águas foi tão importante para mostrar o quanto o Brasil ainda tem de água boa. Mas isso não pode ser visto a olho nu, nem do alto.

nos primeiros dois anos de pes-quisa, usamos um hidroavião. Mas depois, em alguns rios seleciona-dos, fizemos as medições indo por terra e por água. Percorremos 8 mil quilômetros de voadeira em pouco mais de um ano. coletando material científico, de um lado, e trabalhando com educação ambiental junto aos ribeirinhos, de outro.

Percebemos que os habitantes das margens do são Francisco ou do Araguaia, muitas vezes não sabiam de onde vem o rio e para onde ele vai. Foi uma grande emoção para nós projetar em um telão, ou às vezes na parede da igreja de algum vilarejo, as imagens aéreas dos rios em toda a sua extensão e beleza. Também mostramos a essas pessoas o quanto elas são importantes para o Brasil, ao preservarem as águas. Foi um projeto simples, sem muita tecno-logia, mas que nos tocou bastante, especialmente durante a fase de mais contato com a população.

Como surgiu o projeto Rios Voado-res e por quê?

o projeto começou em 2006. Teve dois pontos de partida. o primeiro, é que há anos sobrevoando a Amazô-nia, eu sempre via pequenas nuvens se formarem sobre as árvores, depois da chuva. e fiquei curioso em saber para onde ia esse vapor d’água, e qual a quantidade. o segundo ponto de partida foi um encontro, na mes-ma época, com o professor Antonio

nobre, do Inpe. nós nos conhece-mos em um evento, a bordo de um navio, e eu aproveitei a sabedoria deste cientista, que estava ali bem perto, para perguntar sobre o vapor d’água. ele, então, me disse: esse vapor é como um rio voador. e me mostrou a expressão em um trabalho do José Marengo, da década de 1980, onde ele se referia ao fenômeno... e viramos parceiros.

liguei, então, para o Marengo e perguntei se podia usar o termo para dar nome ao projeto. ele respondeu que sim, e o convidei para participar também. Foi uma presença impor-tante, pois ele teve a ideia de usar isótopos para definir as origens do vapor d’água e isso foi fundamental para a pesquisa.

A primeira fase da coleta de dados começou em 2007, durou três anos, e foi feita de avião. A partir de 2011, passamos a utilizar um balão de ar quente. Foi uma mudança importan-te, sobretudo para estudar as origens do vapor d’água. coletando amostras de avião, mesmo a certa altitude, o deslocamento de ar produzido pela

RIO ARAGUAIA

RIO JURUÁ COm NUVENS DE VAPOR

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aeronave causava interferência no resultado. Precisávamos garantir amostras mais puras. Aí usamos o balão por dois anos. Voávamos bem perto das copas das árvores, encos-tando nos galhos, tocando as folhas, percebendo o funcionamento daquilo que chamamos de ‘bomba biótica’, sentindo o cheiro da floresta. Às vezes o silêncio era total, quebrado apenas pelo som do maçarico.

Foi um período mágico. em mi-nhas palestras costumo dizer que, se eu pudesse levar duzentos milhões de brasileiros para um passeio de balão na Amazônia, o problema do desmatamento estaria resolvido.

Você acompanhou a trajetória dessas correntes, desde sua formação até o destino final. Como foi a expe-riência?

o projeto, incialmente, fazia a coleta de vapor d’água em todo o país. segundo o professor Antonio nobre, os rios voadores transpor-tam diariamente para o sudeste, a mesma quantidade de água que o maior rio do mundo em vazão, que é o Amazonas. Mas além das coletas, eu queria seguir uma dessas cor-rentes aéreas. e fiz isso com a ajuda das equipes do Inpe e do centro de Previsão de Tempo e estudos climá-ticos (cPTec), que me passavam as informações necessárias. Isso foi em 2009. eu ficava em terra aguardando, com muito entusiasmo e com o avião pronto para partir, um telefonema do pessoal do Inpe, avisando onde havia um rio voador. eu, então, decolava correndo para não perdê-lo. Mas por várias vezes, não deu certo. Até eu chegar ao local, já havia se dissipado.

Porém, no dia 4 de fevereiro de 2008, decolei de Belém, no Pará, e consegui, pela primeira vez, acom-panhar um rio voador. Fiz a rota de santarém, Manicoré, Porto Velho, Vilhena, cuiabá, Pantanal, e depois de sete dias cheguei a são Paulo, seguindo a mesma massa de ar, com

todos os indicadores meteorológicos confirmados. Durante a viagem, não parei de coletar amostras e depois de aterrissar, revelamos os resultados para a imprensa, que estava espe-rando. A quantidade estimada de vapor d’água que chegou a são Paulo naquele dia foi a mesma de um rio são Francisco. se fosse possível co-letar toda a água daquele rio voador, o total equivaleria ao consumo de são Paulo por 152 dias.

É importante ressaltar que umidade é diferente de chuva. Vapor d’água é um potencial de chuva. e os paulistanos não sabiam que na cidade, a 100 km do litoral, várias vezes durante o ano, o vapor d’água não vem do Atlântico, mas da Amazônia, a muitos e muitos quilômetros de distância dali.

Pesquisas têm demonstrado que existe relação entre o desmatamento na amazônia e as secas que vêm se agravando nos últimos anos no Brasil. Em seus voos mais recentes, observou alguma redução no volume

de vapor d’água transportado pelas correntes aéreas?

não observamos de avião, exata-mente. Monitoramos à distância os rios voadores em 40 cidades do Bra-sil, há cerca de quatro anos. É claro que é um histórico muito pequeno para uma conclusão definitiva, mas o que observamos nesse curto período foi que nos anos de 2013 e 2014, quando começou o agravamento dessa seca terrível no sudeste, a quantidade de rios voadores em al-gumas cidades, como Brasília, Belo Horizonte e Uberlândia, foi bem me-nor. em Brasília, a redução chegou a 50%. então, não temos ainda uma conclusão, mas parece existir uma relação entre a quantidade de rios voadores que chega ao sudeste e a falta de chuva.

Os dados da pesquisa estão sendo estudados pelo Inpe?

sim. o Inpe é um grande parceiro e atualmente me tirou do circuito da pesquisa de campo. Antes, eu precisava voar centenas de horas coletando amostras. Agora, não. As modelagens computacionais desen-volvidas permitem, à distância, sa-ber tudo sobre o deslocamento das massas de vapor d’água. Hoje é fácil localizar e acompanhar a trajetória de um rio voador só pelo computador, sem precisar de avião.

Em sua opinião, a construção de grandes hidrelétricas na amazônia, que provocam o desmatamento de áreas extensas e alteram a dinâmica dos rios, pode estar contribuindo para o agravamento da seca no su-deste e das enchentes em Rondônia e no acre?

Bem, é importante ressaltar que eu não sou cientista, mas sei que o desmatamento nesses casos é sempre anunciado como sendo menor do que de fato é. Particularmente, acho muito perigoso fazer retenção de água em terrenos planos como os da Ama-

A AMAZôNIA PRECISA SER VALORIZADA, NãO

Só PELO PRóPRIO POVO AMAZôNICO, MAS POR

TODOS OS BRASILEIROS.O qUE VAI ACONTECER

NA AMAZôNIA NOS PRó-XIMOS ANOS IRá AFETAR DIRETAMENTE AS ECONO-MIAS E O BEM-ESTAR DA

POPULAçãO.MUITO MAIS DO qUE Já

ESTá ACONTECENDO hOJE NO SUDESTE.

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suplemento especial

zônia. Já vi de avião vários trechos – perto de Jirau, por exemplo – que não iriam ser alagados a princípio, mas foram. o maior problema é que, quando se calcula o custo-benefício de uma hidrelétrica, nunca é incluído o valor de um rio natural. nunca se coloca na equação a perda da biodi-versidade, a perda de uma espécie de peixe que sustenta centenas de famílias locais. o preço de um peixe que vive naturalmente em um rio como o Araguaia – e eu amo esse rio – é inestimável. Daqui a pouco não vai existir mais. só vai ter peixe criado em cativeiro. De acordo com a nossa pesquisa, o Araguaia é o rio brasileiro com maior biodiversidade, com alto índice de fictoplantons e bacterioplanctons.

sobrevoamos recentemente a área do Teles Pires e do Juruena, que são limpos, em uma região belíssima, e vimos as obras das hidrelétricas. É horrível constatar como uma bar-ragem pode afetar a saúde de um rio. e quando nos damos conta de que no Brasil ainda há grandes rios naturais, seria importante, ao plane-jar a construção de uma hidrelétrica desse tamanho, que calculassem a perda de biodiversidade. Temos que preservar os rios naturais. na europa, já não existem. É uma riqueza que o Brasil precisa guardar para as futuras gerações. não podemos cometer os mesmos erros que os europeus.

a população brasileira está vivendo as consequências de uma crise hí-drica e energética jamais vistas. Em sua opinião, um colapso das águas está perto de acontecer? O que fazer, no curto prazo, para evitar?

em uma cidade como são Paulo, acredito que não falta muito para ocorrer um colapso. Fiquei surpreso pelo fato de as autoridades não terem proposto um racionamento logo no início. estive conversando com um colega australiano e ele me disse que, se na Austrália os reservatórios

ficassem abaixo de 50%, seria con-siderado situação de emergência, haveria uma mobilização total para reverter isso. em são Paulo, os re-servatórios chegaram a quase zero e não fizeram nada. Isso é muito grave. Falta a consciência de que talvez tenhamos que racionar água no fu-turo, para sempre. o consumo só vai aumentando, e a oferta diminuindo. A situação que enfrentamos, a essa altura, não vai se reverter tão rápido.

o racionamento deveria ter co-meçado há dois, três anos. só assim as pessoas dariam valor à commodity água. Ao mesmo tempo, há também o fato de que são Paulo perde de 30% a 35% de água tratada em vazamentos nas tubulações. Isso é crime. como convencer o consumidor a economi-zar ou propor um racionamento, se a sabesp joga fora bilhões de litros de água todos os dias e todo mun-do sabe disso? então, a má gestão é outro fator de agravamento da crise que precisa ser solucionado com urgência.

O projeto Rios Voadores entrou em sua segunda fase, de educação am-biental. Como tem sido o trabalho de capacitação de professores na amazônia e como os jovens amazo-nenses reagem ao saber que, além de todas as riquezas conhecidas, a floresta onde moram também expor-ta vapor d’água – bem imensurável – e contribui para o equilíbrio do clima do país?

A Amazônia precisa ser valorizada, não só pelo próprio povo amazônico, mas por todos os brasileiros. o que vai acontecer na Amazônia nos próximos anos irá afetar diretamente as eco-nomias e o bem-estar da população, muito mais do que já está acontecen-do hoje no sudeste.

nessa segunda fase do projeto, nós usamos os rios Voadores como uma espécie de fio condutor para tratar de assuntos relacionados. nos-so objetivo é fazer o jovem pensar:

se existe toda essa água circulando no ar, de onde vem, para que serve, para onde vai?

Trabalhamos com dados simples, mas que impactam as pessoas. nin-guém na Amazônia se dá conta, por exemplo, de que uma árvore de gran-de porte, com mais de 20 metros de altura, pode evaporar uma tonelada de água por dia. são 20 bilhões de toneladas, ou 20 trilhões de litros de água que a bacia amazônica co-loca diariamente na atmosfera. Isso dá uma ideia da importância que a Amazônia tem para o clima, para a economia e para o bem-estar do país.

o rios Voadores começou na região sudeste, que é a receptora do vapor d’água, porque queríamos que as pessoas desses estados sou-bessem como e o quanto estão sendo beneficiadas pela Amazônia, que é a região doadora. o amazonense, que na outra ponta é o foco desta segunda fase do projeto, tem bastante cons-ciência da necessidade de preservar a floresta, e se sente orgulhoso em dar essa contribuição ao país. Todos eles sabem que se a floresta acabar, o Brasil também acaba.

Usamos exemplos simples para sensibilizar os alunos, e fazemos projeção de vídeos de animação para complementar o aprendiza-do. Para crianças de 6 a 10 anos, produzimos um livro chamado Rios que voam. Para o público de 10 a 16, o método usado é um pouco mais complexo. Falamos mais sobre economia e sobre a situação global do Brasil. É muito gratificante che-gar a uma sala de aula e perguntar aos alunos: vocês acham que os rios voam? A maioria responde que não. Aí, nós mostramos o contrário e eles ficam fascinados.

Desde 2010, o projeto rios Voado-res de educação ambiental capacitou 3,8 mil professores, e atingiu direta-mente um total de 150 mil alunos. Meu sonho é alcançar a meta de um milhão de crianças.

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Banco mundial incentiva uso de bicicletas como meio de transporte na América Latina

WWF-Brasil lança estudos que apontam os desafios e oportunidades às energias alternativas renováveis no país

As bicicletas estão cada vez mais adaptadas à realidade dos latino-americanos, dian-te das horas intermináveis

desperdiçadas no trânsito, do trans-porte público muitas vezes deficiente e em meio à busca por uma vida mais saudável. cerca de 450 milhões de pessoas vivem nas cidades da Amé-rica latina, e a maioria delas enfrenta diariamente os engarrafamentos e a poluição atmosférica decorrentes da motorização crescente: 70% das emissões de co2 das grandes cidades provém de carros e motos.

A América latina já conta com 12 cidades que, juntas, oferecem uma rede de mais de 12 mil bicicletas públicas, ajudando a incrementar seu uso. cidades argentinas, como rosário e córdoba, contaram com o apoio direto do projeto de trans-porte sustentável e qualidade do ar

do Banco Mundial. entretanto, en-quanto cidades como Bogotá e rio de Janeiro contam com o recorde de quilômetros de ciclovias, não existem redes institucionalizadas na maioria dos países da América central.

com o sistema Bike no rio, mais de 5,6 milhões de deslocamentos já foram feitos em bicicleta, segundo dados da secretaria Municipal do Meio Ambiente, o que significa uma economia de mais de 2.000 toneladas de co2. em são Paulo

foi inaugurado no último domingo (28) a ciclovia da avenida Paulis-ta, de acordo com a companhia de engenharia de Tráfego (ceT), a administração municipal atual inaugurou 233,9 km de ciclovias desde junho de 2014 – a meta é al-cançar 400 km até o final da gestão. Mais bicicletas, menos carros – em Buenos Aires, o impacto da bicicleta vem sendo crucial para que os deslo-camentos pela cidade não sejam um fator de estresse ou perda de tempo. cerca de 180.000 pessoas usam a bicicleta como meio principal de seus deslocamentos diários ou como complemento de outras opções, como o metrô, trens ou ônibus. Assim, se o automóvel é o meio de transporte mais inefi-ciente, mais caro e mais desigual, a bicicleta é o oposto – é econômica e gera relações mais igualitárias.

O wwF-Brasil lançou no dia 29 de junho dois estudos: um sobre energia eólica e outro sobre energia solar

fotovoltaica, que fazem parte da série ‘Potencial de energias alternativas para o Brasil: oportunidades e desa-fios’. estes estudos podem auxiliar o Brasil no melhor aproveitamento de seu potencial energético a partir de fontes renováveis alternativas. Há três anos, o Brasil tem acionado sistematicamente usinas termelétri-cas (UTes) movidas a combustíveis fósseis, devido à baixa dos reser-vatórios das hidrelétricas que são responsáveis por cerca de 70% da geração elétrica no país, incidindo no aumento de gases de efeito estufa e nos custos de geração de energia.

“existem alguns entraves eco-nômicos e políticos que dificultam um maior avanço das energias solar

e eólica, mas com planejamento e decisões mais as-sertivas, o Brasil pode avançar de forma significa-tiva no melhor aproveitamento de todo este po-

tencial energético e garantir maior diversificação da matriz elétrica bra-sileira, o que traria maior segurança ao sistema e maiores benefícios eco-

nômicos e socioambientais”, afirma andré Costa Nahur, coordenador do Programa de Mudanças climáticas e energia do wwF-Brasil.

segundo os estudos, embora estas fontes estejam em estágios de desen-volvimento bastante distintos, todas tiveram um impulso inicial com a realização de leilões exclusivos para promovê-las. o leilão exclusivo de ener-gia eólica em 2009 contribuiu para dar um impulso à expansão desta fonte que hoje é uma das alternativas reno-váveis que mais cresce no Brasil. e a energia solar fotovoltaica, que está em um estágio inicial de desenvolvimento, deu um primeiro passo importante com a realização do 6º leilão de energia de reserva em outubro passado, que resultou na contratação de 889,7 Mw em projetos de energia solar fotovol-taica, dando início ao seu processo de inclusão na matriz elétrica nacional.

Crise energética retrata a falta de investimento em fontes alternativas mistas e complementares.

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Itaipu assina acordo para desenvolver protótipo de bateria de lítio nacional

Em apenas dois anos o Brasil já terá condições de produ-zir a primeira bateria de íons de lítio com tecnologia

nacional. o anúncio foi feito no dia 28 de maio, em Foz do Iguaçu (Pr), pela diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, duran-te a assinatura de um acordo de cooperação global entre a Itaipu Binacional, Fundação Parque Tec-nológico Itaipu (FPTI) e a empresa inglesa Mira limited, uma das mais importantes consultorias mundiais do ramo de pesquisa de veículos híbridos e elétricos.

Também participaram da ceri-mônia, no edifício das Águas, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge samek, o diretor-geral da Mira do Brasil, Armando canales, e o diretor-superintendente da FPTI, Juan carlos sotuyo.

A parceria tem como objetivo final a instalação, no Parque Tecno-lógico Itaipu (PTI), de um centro de excelência para pesquisa de bateria de lítio, inédito no Brasil. Inicial-mente, já a partir da assinatura, nos primeiros três meses, serão feitos estudos de prospecção junto à in-dústria nacional, para definição do modelo de bateria a ser adotado.

Produção em escala pela indústria – escolhido o modelo, a parceria desenvolverá o primeiro protóti-po, o qual poderá ser levado para produção em escala pela indústria nacional. “Hoje, a bateria de lítio é usada sobretudo em veículos e nas telecomunicações. Queremos

desenvolver aqui no PTI uma ba-teria escalável, que poderá ser uti l izada tan-to em veículos elétricos como em sistemas de

armazenamento de energia”, an-tecipou Margaret Groff.

“outra proposta é criar no Bra-sil uma rede de serviços de alta complexidade na área de bateria... porque hoje, se você compra uma bateria de lítio no exterior, muitas vezes tem de mandar esse produ-to para fazer manutenção fora do país. Queremos prestar esses serviços aqui, e não no exterior”, reforçou ela.

Pioneirismo per-mitiu parceria – Para arman-do Canales, a aproximação da Mira com Itai-pu foi natural. “Achamos que

trabalhar em conjunto com Itaipu e o PTI, que são pioneiros no Brasil no desenvolvimento de veículos elétricos e híbridos, e também na área de armazenamento de energia, representa o perfeito casamento de competências para a criação desse centro de excelência.”

Jorge samek disse que a par-ceria representa um passo im-

portante para a região, que está se tornan-do um celeiro de tecnologia com gente capaci-tada em todas as áreas. “Isso

comprova que os recentes inves-timentos no oeste do Paraná, es-pecialmente em universidades e centros de pesquisa, já começam a apresentar resultados impor-tantes”, afirmou. segundo ele, a parceria com a Mira, uma gigan-te da tecnologia, faz parte desse processo. “se o mundo é global, nossa cabeça também tem que ser global”, comentou.

Protótipo poderá ficar pronto em dois anos, preveem parceiros. Acordo envolve Itaipu, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e empresa inglesa Mira.

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Prysmian expande linha de cabos sustentáveis com o Plástico Verde da Braskem

Brasil recebe primeira frota de ônibus a hidrogênio

Alinhada às principais frentes de desenvolvi-mento de tecnologias sustentáveis, a Prysmian,

maior fabricante mundial de cabos elétricos e de telecomunicações, expande a sua linha de cabos Afumex Green, com o novo com-ponente Afumex Green 1kV (1.000 Volts). referência em segurança e qualidade, o lançamento utiliza, em sua isolação, o Plástico Verde I’m green™ da Braskem, maior petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolí-meros. Desenvolvido a partir da cana-de-açúcar, o material é reno-vável e capaz de capturar co2 em seu processo produtivo.

“A preocupação com sus-tentabilidade está no DnA da Prysmian. com este lançamento, aumentamos nossa gama de pro-dutos verdes. Inovamos ao apre-sentar, há três anos, o primeiro cabo ecológico do mundo, o Afu-mex Green 750V. Agora, com a extensão da linha para o Afumex

Green classe de tensão 0,6/1kV, seguimos com nosso com-promisso de sempre ofere-cer ao merca-do inovações tecnológicas no

segmento de fios e cabos. o pró-ximo passo é ampliar o uso do polietileno de origem renovável para famílias de cabos de con-cessionárias para distribuição de energia em redes aéreas e sub-terrâneas”, declara Humberto

Duplat Paiva, diretor comercial da Prysmian.

os cabos Afumex Green 1kV atendem às exigências das nor-mas (nBr5410 e nBr13570) para instalações elétricas em locais com grande concentração de pes-soas e, até mesmo, em ambientes confinados, uma vez que não pro-paga chama em caso de incêndios e tem baixa emissão de fumaça e gases tóxicos. Além disso, são utilizados para energizar máqui-nas, equipamentos e iluminação em geral, sendo aplicáveis em estádios, aeroportos, shoppings, escolas, edifícios comerciais e residenciais, entre outros.

Para apresentar ao mercado o novo Afumex Green, a Prys-mian investiu r$ 10 milhões em Pesquisa & Desenvolvimento e em equipamentos para produção. A nova geração dos cabos será produzida nas fábricas de soro-caba e santo André (sP), a partir de maio, e será destinada a toda a América do sul.

O estado de são Paulo recebeu no dia 15 de junho a primei-ra frota brasileira de ônibus

a hidrogênio para transporte urba-no no país e da América do sul. os três coletivos, livre de emissão de poluentes, fazem parte de projeto dirigido pelo Ministério de Minas e energia (MMe).

os veículos inaugurados não emitem poluentes, utilizando apenas vapor d’água que é eliminado pelo escapamento dos ônibus. os ônibus também apresentam 45% de energia renovável – contra 14% do resto do

mundo –, colocando o país em uma posição de destaque mundial. Além do Brasil, os únicos países capazes de desenvolver e operar ônibus com tal tecnologia são Alemanha, canadá e estados Unidos.

representando a futura geração da mobilidade sustentável, os cole-

tivos já em circulação foram estam-pados com imagens de três pássaros da fauna brasileira, o ararajuba, o sabiá-laranjeira e o tuiuiú.

o projeto foi coordenado pelo Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), empresa Metropolitana de Trans-portes Urbanos (eMTU), Agência Brasileira de cooperação (ABc), direção do Ministério das Minas e energia, e recursos do Fundo Glo-bal para o Meio Ambiente (GeF) e da Agência Brasileira de Inovação (Finep).

Família Afumex Green cresce incluindo cabos da classe de tensão 0,6/1kV (até 1.000V).

Projeto representa o futuro da mobilidade sustentável no país.

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Braskem economiza R$ 154 milhões com tratamento e reúso de água

Com investimentos de mais de r$ 250 milhões em projetos de eficiência hídrica des-de 2002, a Braskem, maior

petroquímica das Américas e líder mundial na produção de biopolíme-ros, figura hoje como uma das com-panhias de referência na gestão de recursos naturais do setor químico em todo o mundo.

o consumo de água da empresa é seis vezes inferior à média da indús-tria química internacional, segundo dados do International council of chemical Associations (Icca). na Braskem, o índice de consumo de água em 2014 foi de 2,16 m3 por tone-lada, enquanto a média da indústria química mundial é de 25,9 m3 por tonelada. o aporte realizado desde a criação da companhia, em 2002, resultou em uma economia acumu-lada da ordem de r$ 154 milhões na redução de custos com tratamento de efluentes líquidos e na demanda pelo recurso hídrico.

“o crescimento populacional e econômico ocorrido nos últimos 50 anos triplicou o consumo de água no planeta – apenas 2,5% do total de água existente na Terra são aproveitáveis para o uso. Precisa-mos ainda considerar que questões de inviabilidade técnica e econô-mica podem fazer com que essa pequena parcela do insumo natural

seja desperdiça-da”, diz Jorge soto, diretor de Desenvolvimen-to sustentável da Braskem. “Por isso, a empresa tem na eficiên-cia hídrica um

de seus objetivos prioritários de atuação”, explica.

como fruto desse compromis-so, a empresa atingiu indicadores importantes. o índice de geração de efluentes líquidos diminuiu 34% nos últimos 12 anos, representando uma redução acumulada de r$ 154 milhões, principalmente com trata-mento de efluentes

Incentivo à inovação – A utiliza-ção consciente de água conta com os resultados de dois grandes pro-jetos de reúso em andamento na Braskem. Um deles é o Aquapolo, criado em 2010 e que abastece o Polo Petroquímico do ABc, em são Paulo. este projeto é responsável pelo tratamento de água prove-niente de esgoto para utilização em fins industriais. outra inicia-tiva, inaugurada em dezembro de 2012, é o Água Viva, fruto de uma parceria entre a Braskem e a cetrel. com um investimento superior a r$ 20 milhões, a iniciativa possibilita

reduzir também o uso de energia elétrica com a substituição de méto-dos antigos de tratamento de água fluvial e efluentes por um processo único de reaproveitamento.

entre 2011 e 2014, o percentual de reúso total de água (proveniente de chuva, efluente industrial e es-goto doméstico tratados) aumentou em 55%. entre 2013 e 2014, foram reutilizados 38,7 milhões de m3 de água, liberando para as cidades o consumo de um volume equiva-lente a 15 mil piscinas olímpicas, suficientes para suprir o consumo anual de uma cidade de cerca de 500 mil pessoas.

em Duque de caxias (rJ), um projeto de reúso e redução de água desenvolvido por um colaborador será responsável por reduzir, a par-tir deste ano, o consumo de 22,6 mil m3 de água e promover o reúso anual de um volume de 40,1 mil m3 desse insumo. Idealizada em 2013, a iniciativa consiste no re-aproveitamento de água utilizada em processos produtivos, que antes era descartada como efluente, para uso nas torres de resfriamento das plantas. A implementação do pro-jeto resultou em uma economia de r$ 291 mil por ano. o percentual de água economizada destinado ao reúso equivale ao consumo diário de mais de mil pessoas.

Desde 2006, o espaço é reconhecido como área de preservação ambiental da Mata Atlântica e pelo trabalho de educação com crianças da comunidade.

A SUA CONTRIBUIÇÃO

NOS AJUDA AAJUDÁ-LOS. w w w . m s f . o r g . b r

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INVENçãO vs INOVAçãO:começamos a inovar no setor elétrico

A definição de inovação é diferente daquilo que a maioria das pessoas pensa. Inovação envolve a criação de novas ideias, processos ou produtos que, quando colocadas em prática, resultam efetivamente em mudanças positivas. Ou seja, uma inovação vai além de uma invenção... requer a implementação (ser colocada em prática) e a criação de um sistema de valor (ser colocada no mercado).

A história tem alguns ícones da inovação que mudaram o rumo da humanidade. Por exemplo, John Davison rocke-feller, Henry Ford, Thomas Alva edison, os irmãos orville e wilbur wright e steve Jobs. esses célebres empreende-dores foram capazes de tornar uma ideia em um modelo

inovador de negócio. É importante aqui definir o caráter especial des-sas pessoas. existem muitos inventores brilhantes. no entanto, sem uma visão de modelo de negócio, eles serão mais um entre milhões.

rockefeller não foi o primeiro descobridor do petróleo; ele criou um modelo inovador de negócios controlando a produção, processa-mento e distribuição. Ford não foi o inventor do automóvel; ele criou um modelo inovador de produção em massa e um modelo para tornar seu produto acessível a milhares de pessoas. edson não foi o grande inventor do sistema de geração de energia elétrica – no caso, não era nem ao menos o melhor (vide a história de nikola Tesla e a “guer-ra” entre alternating current e direct current); no entanto, ele inovou ao criar um modelo viável de geração centralizada e distribuição de eletricidade (utilities). os irmãos wright não foram os inventores do avião e também não foram os primeiros a decolar e manter um avião motorizado no ar: tecnicamente eles são reconhecidos por inovar com um sistema de controle para dirigibilidade; eles inovaram mesmo foi na negociação de suas patentes, percentual na nova empresa e royal-ties por aviões vendidos. steve Jobs não inventou o computador ou o telefone, mas criou um modelo inovador de microcomputador com sistema operacional amigável (Macintosh) e um audacioso modelo de fornecimento de novidades eletrônicas ao mercado.

Insisto em mostrar que invenção e inovação são coisas bem dife-rentes. criar valor é o objetivo do inovador. criar para trazer mudan-ças à sociedade. Grandes modelos inovadores resultam na interrup-ção e destruição de modelos tradicionais de mercado. A história está

Doneivan F. Ferreira é diretor do Instituto Capital Intelectual (C3i) e pesquisador do CNPq.

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A bateria PowerWall armazena energia e abastece a casa em mo-mentos mais oportunos

Conjunto de baterias para neceesidades especiais (ex. prédios)

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repleta de brilhantes inventores e autodidatas com capacidade de desenvolver pesquisas sistematiza-das. eles sempre estiveram entre nós. no entanto, não eram capazes de desenvolver seus negócios... inclusive santos Dumont (é por isso que seu nome não foi listado acima).

Cenário atual – o mundo encontra-se em uma grande encruzilhada, discutindo como resolver seus problemas de oferta de energia e pressão da sociedade resultante da preocupação com im-pactos ambientais. Além disso, existe uma parte do mundo que precisa se desenvolver e carece de oferta de energia (leia-se África). lembro que mesmo no Brasil existem cerca de 260 mil domicílios sem acesso à eletricidade. sem energia não há renda, desenvolvimento, infraes-trutura, saúde, educação etc. Desenvolver essas regiões não é apenas uma obrigação moral, é uma questão de segurança para a socieda-de como um todo. Todavia, o preço do longo e

sistemático descaso do resto do mundo carrega consigo enorme custo ambiental. como exem-plo do impacto ambiental resultante do rápido desenvolvimento de países não industrializados, observem o preço ambiental sendo pago com a china e a índia.

Elon Musk – elon Musk é engenheiro e inven-tor norte-americano, nascido em 1971. ele é mais conhecido como o grande empreendedor por trás das empresas spaceX, Tesla Motors, solarcity e PayPal. e se destaca dos milhões de empreendedores mundiais pelas seguintes características: capacidade de elaborar modelos conceituais com variáveis técnicas (a invenção) e econômicas (viabilidade e mercado); assumir grandes riscos, apostando seu legado, fortuna e tempo com paixão e comprometimento total.

Musk tornou-se bilionário com o bem-suce-dido modelo de pagamento via internet PayPal. Arriscou sua fortuna e reputação em um modelo de transporte de suprimentos e astronautas para a estação espacial Internacional (spaceX), o que reduziu o custo da atividade, até então só feita pela nasa e rússia, em 320%. Muitos o chamaram de louco pretencioso. Musk investiu no empreendimento de seus primos, a solar-city, criando o maior provedor de serviços de energia solar do mundo. outro empreendimento de destaque é uma linha de carros elétricos de alta performance (< 650 hp) com a promessa de abastecimento gratuito ilimitado de sua empresa Tesla Motors.

a criação de um caminho alternativo para a sociedade: a grande inovação – no início de maio de 2015, elon Musk anunciou que sua empresa Tesla Motors viabilizou um novo modelo mundial de energia descentraliza-da e descarbonizada. seu modelo envolve a captação de energia por painéis fotovoltaicos e sistema de armazenamento e gerenciamen-to de eletricidade, o Powerwal. ou seja, ele uniu sistemas mais eficientes de captação de energia fotovoltaica de sua experiência com a solarcity e um sistema de bateria recarregável de lítio com controle térmico líquido, fruto de sua experiência com a Tesla Motors. seu mo-delo inovador torna cada usuário em gerador e põe em risco o modelo tradicional de geração centralizada, transmissão e distribuição inau-gurado por Thomas edison.

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O PowerPack é um conjunto de baterias maiores fabricadas para fornecer energia até mesmo para indústrias e serviços

A Tesla Gigafactory 1, localizada em Reno, Nevada (EUA), foi projetada para fabricar baterias de íons-lítio

O anúncio da Tesla inclui:1. Fornecimento imediato do Powerwall por Us$ 3,500.00 e Us$ 3.000,00 (10 kwh e 7 kwh). o Powerwall é um painel medindo 1,3 m x 0,86 m x 0,18 m, pesando 100 kg, que pode ser fixado na parede interna ou externa de uma residência. o sistema pode acrescentar até nove unidades para aumento de capacidade.2. sistemas para condomínios, shoppings etc. 3. Gigafactory, suprindo 50 Gwh em áreas estratégicas. 4. Tudo em open source, ou seja, não há co-brança de royalties ou proteção de propriedade intelectual. Todos podem ter acesso à tecnologia para criar melhorias ou novos produtos.

os impactos esperados são de grandes propor-ções. Tenham em mente que, hoje, a matriz elétrica mundial depende em cerca de 80% de termelétricas para gerar energia por queima de combustíveis fósseis. A eletricidade é transmitida por milhões de quilômetros de linhas de alta tensão e distribuída por um emaranhado de redes elétricas municipais e rurais. com isso, a geração de energia elétrica centralizada é uma das maiores responsáveis pelo lançamento de co2 na atmosfera. elon Musk acaba de dar um passo efetivo para a descarbonização da matriz energética mundial. Isto é um marco histórico!

Todos os que nasceram antes de 1985 se lem-bram dos telefones fixos e orelhões. o brasileiro precisava comprar uma linha fixa caríssima, a qual demorava a ser instalada. Algumas pessoas viviam do aluguel de linhas particulares para terceiros. nos últimos anos, o modelo de telefonia mudou drasticamente deste modelo de telefones fixos com linhas aéreas e subterrâneas para o sistema de telefonia móvel (celular). Alguns países asiáticos nem passaram pela experiência da telefonia fixa e implementaram diretamente a telefonia móvel.

o mesmo está prestes a acontecer com o modelo de fornecimento de energia elétrica. A Tesla pode fornecer energia em lugares remotos, onde nunca houve uma central geradora, redes de transmissão ou distribuição. o sistema apresentado pode suprir metrópoles, fábricas, prédios, shopping centers etc. Pode também reduzir ou cancelar o uso de gerado-res com motores a combustão.

Conclusão – enquanto o mundo esperava a viabi-lização técnica e econômica da fusão nuclear (não confundir com fissão nuclear), elon Musk conse-guiu viabilizar o uso do melhor e mais conveniente gerador de fusão nuclear: o sol. Painéis solares

geram a energia localmente e o Powerwall armazena e gerencia seu uso. o mundo já começou a pensar nesta inovação e em seus potenciais impactos. Podem acreditar... os impactos serão significativos e inter-romperão inúmeros modelos de negócios tradicionais.

nossa tarefa não é simples, mas temos cami-nhado bem na formação de um grupo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, com foco na criação de soluções que mudem modelos tradicionais. Às vezes, diante dos pequenos sucessos alcançados enquanto lutamos contra um modelo brasileiro que desestimula a iniciativa privada, o empreende-dorismo e a inovação, temos a breve sensação de estarmos progredindo em nossa missão de inovar. elon Musk vive em um sistema oposto ao brasilei-ro, onde existe atratividade, valorização, estímulo e incentivo à criatividade e à inovação. Apesar das significativas diferenças entre os ambientes, é possível olhar para a paixão e comprometimento deste visionário e tê-lo como exemplo de empreen-dedorismo inovador. e assim devemos prosseguir... querendo inovar.

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Desenvolvimento humano e Sustentabilidade

“GESTãO DE PRIORIDADES”Em nosso último artigo, na edição n. 100, assinalamos que um dos pilares para a reabilitação da coesão entre líderes e equipes é a Gestão de Prioridades.

T emos observado que esse é um dos pontos que os executivos menos prestam atenção e menos investem no seu desenvol-vimento. Por outro lado, a Gestão de Prioridades é crucial para alinhar esforços, dar um norte à equipe e permitir que as

coisas mais importantes não fiquem de lado na escolha sobre o que deve ser feito. negligenciá-la pode significar uma perda de efetivida-de individual e de grupo.

se, por um lado, a priorização é simples, pois envolve o julgamento e o bom senso em distinguir quais são as coisas realmente importantes a serem feitas e o que vem em primeiro lugar, por outro, sua execução é complexa, pois depende de disciplina – algo que é mal compreendido, discriminado e colocado como impossível por muitas pessoas. Ao men-cionar a palavra ‘disciplina’, em salas de aula ou em palestras, podemos sempre ver as expressões faciais das pessoas: bocas viradas de lado, cenhos franzidos, olhar distante, etc.

stephen covey já escreveu brilhantemente sobre a priorização, em Firsts things, first. Ali, a distinção entre o que é urgente e o que é importante é a chave para se escolher as prioridades de ação. no quadro abaixo, e com nossa versão de suas conclusões, exprimimos um resumo dessa visão:

o segredo para a efetividade é colocar na frente as urgências impor-tantes, deixar de lado o que não é urgente nem importante, pensar se é possível delegar ou mitigar as urgências não importantes, se concentrar ao longo do tempo nas coisas importantes e não urgentes. Aí está a chave do desempenho. essas coisas importantes são procrastinadas, pois não são urgentes, e acabam nunca sendo feitas. Mas são elas que fazem a diferença no longo prazo e não deveriam sair do radar, sendo constante-mente revisitadas e tendo tempo dedicado a elas.

Pois para focar nesse último quadrante, do importante/não urgente, é preciso disciplina. e aí mora o problema... Afinal o que é disciplina?

Wanderlei Passarella é mestre em Adminis-tração de Empresas e bacharel em Economia pela FEA-USP, e também engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP. pós-graduado na Abordagem Transdisciplinar holística, pela Unipaz/FSJT. Atualmente dirige a Synchron Participa-ções e é coach de executivos. Foi diretor presidente da GPC química S/A e da Petroflex S/A. Também foi diretor geral da Menasha Materials handling South America e exerceu cargos gerenciais na Nitroquímica (Grupo Votorantim) e Ipiranga química.

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A disciplina é uma arte, um sentimento, um atributo ou uma virtude? É importante frisar que disciplina não é um conjunto de regras. As regras vêm de fora para dentro. elas procuram conformar um compor-tamento, com recompensas e punições, tal qual no movimento em contraposição à verdadeira motiva-ção, que é interior. A disciplina, ao contrário, vem de dentro para fora. ela não é aprisionadora, como as regras, mas libertadora, porque nos leva a con-quistar aquilo que está em nossa alma, se tivermos a convicção e a firme vontade de nos dedicarmos àquilo que almejamos. Assim, a disciplina é uma virtude e pode ser cultivada.

ela é uma virtude que é a base para a transforma-ção pessoal. sem ela não há como evoluir, se transfor-mar. A disciplina, então, para nosso propósito, é uma virtude interna que facilita a cada pessoa o cumpri-mento de suas obrigações, é um autodomínio, e é a capacidade de utilizar a liberdade pessoal, isto é, a possibilidade de atuar livremente, superando os con-dicionamentos internos e externos que se apresentam na vida cotidiana.

os mestres do espírito, de todos os matizes, sem-pre asseveraram que a disciplina é mandatória para a transformação pessoal. os autores de Feitas para durar, um clássico da administração de empresas, collins e Porras escreveram que só há três coisas a fazer na empresa se a gestão objetivar a perenidade: “pensamento disciplinado, processos disciplinados e pessoas disciplinadas”. Assim, a convergência entre diversos gurus é plena: apenas a disciplina lhe permi-te evoluir e criar seu caminho para plenos resultados.

De novo, é importante frisar a distinção entre o que vem de dentro e o que vem de fora. regras vêm de fora, algo que tenta te moldar a certos comportamentos. embora necessárias para estabelecer limites e mostrar até onde vão direitos individuais, elas não são transfor-madoras. Apenas a disciplina o é, pois vem de dentro, é interior. nasce da vontade de se superar, de produzir melhor, de conquistar certos atributos. nada surge do acaso. Para trabalhar e estudar é preciso disciplina.

e a disciplina existe tanto para se fazer algo como para não se fazer. Para se fazer algo, é óbvia a neces-sidade da disciplina. Mas para não se fazer, é mais difícil o entendimento. não fazer é contemplar, medi-tar, deixar a intuição nos guiar. Deixar que os pensa-mentos se acalmem e não gritem incessantemente, impedindo o seu centro de se manifestar, de te mostrar ideias inovadoras.

o não fazer também significa deixar que outros fa-çam. É a arte de o líder agir de forma não centralizado-ra, permitindo que as coisas sejam feitas a seu tempo e a seu modo, confiando que sua equipe esteja preparada para realizar as contribuições importantes, necessárias e suficientes. se, por outro lado, um líder não acreditar no não fazer, ele irá querer interferir em tudo, exigir

que quase todas as decisões passem por ele, impedir que os outros cresçam por assumirem responsabili-dades e as consequências plenas das suas escolhas. Dessa maneira não haverá “espírito de grupo”.

Mas o não fazer não significa ficar de braços cruzados. Pelo contrário, significa um trabalho maior de acompanhar tudo a distância, de estar ligado no que está acontecendo para poder aprender, ensinar, participar como ouvinte e como mentor. o verdadeiro líder faz e não faz! o grande líder, além de prepa-rado na arte de fazer, de saber o que e como fazer (pois investiu em suas competências) também sele-ciona e prepara as pessoas que estão com ele para que possam se habilitar ao mesmo. e, então, com as pessoas preparadas, ele pode investir no não fazer. no acompanhamento do todo. ele pode investir para que a inteligência do grupo possa fluir. e aproveitar a capacidade do grupo, que sempre é maior do que a soma das partes.

A síntese entre fazer e não fazer repousa na capa-cidade do líder integral em trabalhar com os outros. equilibrar sua ação própria com a ação de seu grupo. não é “delargar”. Delargar é um termo que o meio empresarial inventou para designar quando um chefe, ao invés de delegar atividades, ele simplesmente larga a mão... Portanto, essa síntese entre fazer e não fazer é o oposto de “delargar”.

o não fazer exige uma disciplina. A disciplina de estar aberto ao mundo e aos outros. É uma verda-deira disciplina interior, porque necessita de todo o ser. e também necessita do entendimento profundo de que estamos interconectados e de que muitas decisões se baseiam no que está na intuição coleti-va, e não na cabeça de apenas um indivíduo. É uma disciplina porque requer o exercício da humildade de quem a pratica, necessita da presença no dia a dia, para se estar participando sem se estar no centro das ações.

A boa notícia é que, apesar das incertezas e dúvidas de muitos, a disciplina pode ser desenvol-vida em uma equipe. Duas coisas são cruciais para isso: o exemplo e a dedicação do líder; e o estabe-lecimento de processos de trabalho, com métodos, pontos de checagem e discussão periódica dos avanços e retrocessos. Portanto, saber instituir essa cultura de priorização é uma ciência, pois depende de processos testados, mas também é uma arte, porque necessita da vontade e da visão humana do líder. A resposta para nossos males está em nós, pessoas. Melhores resultados depen-dem da atitude de pessoas e assim também o é com a Gestão de Prioridades.

Finalmente, nossa conclusão: capacitar e desen-volver profissionais e líderes, com ciência e com arte, são o caminho para superar as dificuldades da priori-zação de tarefas e da efetividade!

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o conselHo De Administração da Petrobras Transporte s/A (Trans-petro), em reunião realizada no dia 17 de junho, designou o gerente executivo corporativo de Abaste-cimento da Petrobras, Antônio ru-bens silva silvino, para exercer a presidência da companhia, cargo exercido, interinamente, pelo dire-tor da subsidiária cláudio ribeiro Teixeira campos, que assumiu o posto depois da saída de sérgio Machado, há alguns meses.

o novo presidente da Transpetro, Antonio rubens silva silvino, desta-cou o papel estratégico da companhia no sistema Petrobras. “neste pri-meiro momento, estou conhecendo melhor a empresa. o objetivo é contri-buir com a formulação de estratégias que resultem no fortalecimento do sistema Petrobras. o maior desafio da Petrobras hoje é estabelecer o seu Plano de negócios e Gestão 2016-2020. A Transpetro está diretamente envolvida nisso”.

rubens reforçou que a integração da holding com todas as subsidiárias e gerências da companhia é a cha-

ve para o crescimento do sistema Petrobras. “É fundamental fortale-cer a Petrobras. e todo o sistema terá maior valor quanto maior for a sinergia entre as empresas que o compõem”, afirmou.

o presidente defende que todos os esforços devam estar voltados para a execução das operações da Transpetro com melhor qualidade, maior produtividade e menor custo, respeitando sempre a integridade da força de trabalho, das instalações e do meio ambiente.

o presidente da Transpetro é formado em economia pela Facul-dade de ciências econômicas e comerciais de santos (sP) e pós--graduado em Administração de empresas, pela escola de Adminis-tração de empresas de são Paulo (eaesp/FGV). Tem especialização pelo Massachusetts Institute of Te-chnology (MIT), nos estados Uni-dos, e pelo Programa de Gestão Avançada da escola de negócios francesa Insead, em parceria com a Fundação Dom cabral.

no DIA 21 De MAIo, foi publi-cado no Diário oficial da União (DoU) a nomeação de luiz edu-ardo Barata como secretário exe-cutivo do Ministério de Minas e energia (MMe). Barata ocupará o cargo deixado por Márcio zimmermann, que assumiu a presidência da eletrosul.

Barata é engenheiro eletri-cista, formado pela Faculdade de engenharia da Uerj, com pós-graduação em sistemas de Potência na coppe/UFrJ, e MBA na mesma instituição.

com vasta experiência no se-tor elétrico, deixou a presidência do conselho de Administração

da câmara de comercialização de energia elétrica (ccee), en-tidade da qual fazia parte desde 2010, quando assumiu o cargo de superintendente.

o currículo de luiz eduar-do Barata reúne passagens em diversas empresas e órgãos do setor elétrico, como o operador nacional do sistema elétrico (ons), onde ocupou o cargo de diretor de operação; e o Mer-cado Atacadista de energia, onde atuou como conselheiro de Administração.

Também exerceu funções ge-renciais e técnicas na eletrobrás, em Itaipu e em Furnas.

Novo presidente da Transpetro

Luiz Eduardo Barata é nomeado secretário executivo do mmE

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DoIs esTUDAnTes BrAsI-leIros de engenharia química foram os vencedores do prêmio anual Unisim Design challenge, da Honeywell (nyse: Hon) Process solution. no projeto da UsP, premiada pela segunda vez consecutiva, foi utilizado um sof-tware de simulação para mostrar como os poluentes podem ser removidos de água contaminada.

Mariana Kaori Kobayashi cunha, aluna de engenharia Química da escola Politécnica (Poli-UsP), e Herbert senzano lopes, estudante de mestrado da Universidade Federal do rio Grande do norte (UFrn), desenvolveram uma solução que mostra como é possível tratar a água usada na exploração de petróleo e gás e reutilizá-la de diferentes formas, incluindo o consumo humano. os alunos foram orientados pelo professor Galo carrillo le roux, da UsP.

Mariana e Herbert apresen-taram a proposta vencedora du-rante o Honeywell Users Group (HUG) Americas symposium, maior encontro anual de clientes e parceiros da indústria de pro-cessos, que aconteceu em san Antonio, nos estados Unidos. Herbert senzano lopes também foi o vencedor da edição 2014, com seu projeto recuperação de gás expandido para geração de eletricidade.

com o Unisim Design r430, Mariana, Herbert e le roux de-terminaram como tratar a água contaminada com compostos tó-xicos – tais como benzeno, tolue-no, etilbenzeno e xilenos (BTeX)

– por meio de um processo de limpeza utilizando o oxigênio do ar e a energia gerada em proces-sos de produção. Usando a solu-ção supercritical water reactor (scwr), os compostos tóxicos foram convertidos tornando a água potável para seres humanos e o meio ambiente.

o prêmio Unisim De-sign challenge permite que os estudantes de engenharia proponham soluções para os problemas mundiais enfrentados pelos fabricantes de processos que utilizam o software Unisim Design suite da Honeywell, que desenha e modela projetos em instalações do mundo todo.

“no Brasil temos um nú-mero crescente de campos de exploração de petróleo onshore e offshore que produzem muitos barris de água contaminada por

dia. Isso foi a força central por trás do projeto”, conta a estudan-te Mariana Kobayashi. “Ao usar o software Unisim, fomos capazes de resolver efetivamente um dos maiores problemas ambientais do setor de upstream”, explica.

A solução Unisim Design suite fornece um modelo de processo interativo que permite aos engenheiros criar projetos estacionários e dinâmicos, além de ser utilizado extensivamente para desenho de plantas, mo-nitoramento de desempenho, solução de problemas, melhorias operacionais, planejamento de negócios e gestão de ativos. os modelos Unisim Design po-dem ser aplicados em soluções de treinamento e otimização avançada fornecidos por Unisim operations, Unisim optimiza-tion, e Unisim competency.

Estudantes brasileiros vencem prêmio internacional de engenharia química da HoneywellProjeto da Universidade de São Paulo (USP) conquista a primeira colocação do UniSim Design Challenge; Herbert Lopes, da UFRN, é bicampeão do prêmio.

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Da esquerda para a direita: Mariana Kaori Kobayashi Cunha, Andrew D’Amelio, vice presidente de vendas da Honeywell Process Solutions nas Américas e Herbert Senzano Lopes.

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ABB

ABB e o gás natural liquefeito: Transformando o ‘encanamento flutuante’ do futuro

As solUções DA ABB para navios transportadores de Gnl, seus batedores quebradores de gelo e uma ampla variedade de outras classes de navios também incluem sistemas de suporte e ser-viços diagnósticos remotos para aumentar segurança, eficiência e confiança, garantindo que não afundem o “encanamento de gás natural flutuante do futuro” e as oportunidades que este promete.

A solução de energia avançada desenvolvida pela área de marine da ABB para transportadores de Gnl é baseada no portfólio de ge-radores, quadros de distribuição, transformadores, acionamentos de propulsão de velocidades variáveis e motores altamente confiáveis da empresa. estes componentes são combinados com sistemas de pro-teção e gerenciamento de energia avançados especificamente desen-volvidos para esses tipos de navios.

Demanda crescente, fornecimento elevado – e exportações em ascen-são – nos últimos 30 anos, o con-sumo global de gás natural mais do que dobrou para 113 trilhões de pés cúbicos, uma tendência que irá continuar. Até 2035, a produção de gás natural liquefeito responderá por 16% do consumo de gás, prevê o relatório Energy Outlook da BP.

os estados Unidos se tornarão grande exportador de gás, trans-portando 6 trilhões de pés cúbicos até 2040, de acordo com a Agên-cia de Informação de energia dos estados Unidos [U.s. energy In-formation Agency]. Além disso, as ações do Japão e da Alemanha para reduzir a dependência da energia nuclear após o acidente de Fukushima em 2011, associa-das às relações entre países que possam representar desafios para gasodutos convencionais, suge-rem que o papel de navios de Gnl no comércio de gás internacional se intensificará. o comércio de gás natural é um mercado muito dinâmico que exige soluções de

transporte flexíveis. espera-se que o transporte marítimo de gás au-mente ao longo da próxima década.

Desafios e oportunidades – Por exemplo, empresas de energia procurando transportar Gnl pela rota do Mar ao noroeste do Ártico entre a europa e a Ásia estão se voltando para a ABB para fornecer transportadores equipados com o sistema de propulsão Azipod ca-pazes de carregar até 170.000 m3 de gás natural liquefeito. equipa-dos com turbochargers, geradores, transformadores, acionamentos e três Azipods da ABB, estes na-vios do futuro terão capacidade de quebrar gelo permitindo-lhes

Levar gás a mercados, especialmente de regiões remotas, exige transporte seguro e econômico. Navios construídos para carregar com segurança gás natural liquefeito (GNL) resfriados a 163º Celsius negativos têm cada vez mais importância. A ABB já é a maior fornecedora de sistemas de propulsão elétrica, incluindo seus Azipods de padrão industrial para navios transportadores de GNL como aqueles operando nas águas do ártico entre a Europa e a ásia.

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viajar sem escolta, mesmo através de gelo denso, reduzindo custos, acelerando tempos de entrega e mantendo a segurança.

e de sua ponte de comando em Billingstad, noruega, a ABB oferece serviços de diagnóstico remoto para transportadores de Gnl para ajudá-los a permane-cerem em curso, mesmo quando algum imprevisto ocorrer. Um en-genheiro da ABB está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana via conexão por satélite, caso um problema surja.

soluções de derramamento – conforme grandes transportadores de Gnl proliferam, surgem desa-fios. Por exemplo, derramar Gnl em tanques durante tempestades poderia danificá-los, se gerencia-dos de modo inadequado. A ABB oferece a octopus Advisory suite, um pacote de monitoramento de

movimento, previsão e suporte à decisão que melhora a disponibi-lidade e segurança para navios variando desde transportadores de Gnl até navios de cruzeiro em operações sensíveis ao cli-ma. Ideal para transportadores de Gnl, octopus inclui prevenção de derramamento.

Eficiência e limites de emissão estimulam o interesse no GNL – outros navios também se voltaram para o combustível Gnl e para a propulsão elétrica da ABB à fren-te de novos limites de emissão de dióxido de enxofre que até 2020 podem efetivamente banir o óleo combustível pesado no Mar Báltico, Mar do norte, costas dos estados Unidos e do canadá e no caribe.

no ano passado, a ABB forneceu a propulsão elétrica para o primei-ro barco de passageiros a Gnl do mundo, o barco de 218 m Viking

Grace. Também a bordo está o sis-tema de monitoramento emma da ABB, para reduzir o consumo de combustível em seu trajeto entre Turku, Finlândia, e estocolmo, su-écia. os motores do Viking Grace estão equipados com turbochargers da ABB, para aumentar a energia e a eficiência ao transportar 2.500 passageiros e 500 carros entre portos.

Modelo para a marinha – o Gnl também irá energizar um quebrador de gelo bicombustível para ser entre-gue à Agência Finlandesa de Trans-porte [Finnish Transport Agency] em 2016. A Finlândia queria o primeiro quebrador de gelo a Gnl do mundo como um modelo para a indústria na-val, contratando a ABB para fornecer a infraestrutura de energia elétrica e a propulsão Azipod para um navio escoltar outros através do Golfo de Bótnia pelos próximos 50 anos.

• 25 years of finance & accounting experience • Previous work with Shell, Eni, Petronas & Mubadala

• Over 17 years of legal experience in Brazil’s oil & gas sector • Currently provides extensive regulatory assistance with the PSC

COURSE OBJECTIVES:■ Review current international accounting standards and developments that impact JVs for both operator and non-operators ■ Learn how to structure your accounting procedures under the PSC and successfully identify which costs are recoverable ■ Undertake a legal assessment of Brazil’s current unitisation provisions and gain clarity into the treatment of costs ■ Analyse Brazil’s detailed taxation laws and the impact they have on your accounting calculations ■ Be better positioned to evaluate, implement, monitor and oversee your oil and gas projects and understand the key financial risks involved

ACCOUnTIng PROCEdURES fOR PETROlEUm COnTRACTS – PSCs - JOAs - TAx - IfRS31 AUgUST - 03 SEPTEmBER 2015 | RIO dE JAnEIRO, BRAZIl

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BG Brasil e Senai Cimatec

BG Brasil e Senai Cimatec inauguram supercomputador

A BG BrAsIl e senAI cIMA-Tec inauguraram no dia 27 de maio o supercomputador mais rápido da América latina no centro de supercomputação para Inovação Industrial do senai ci-matec, em salvador (BA). Idea-lizada pela companhia de óleo e gás, em parceria com o senai/Fieb, a supermáquina é capaz de processar mais de 400 trilhões de operações por segundo (TFlops) e integra um programa de P&D em geofísica, com investimento total de até r$ 60 milhões.

Batizado de cimatec yemo-ja (Iemanjá, em iorubá), o su-percomputador é parte de uma iniciativa revolucionária em processamento de dados sísmi-cos. neste projeto, também está sendo inaugurado um centro de excelência de nível internacional em computação.

“A complexidade dos campos do pré-sal nos impulsiona a buscar soluções cada vez mais inovadoras.

o supercompu-tador é, definiti-vamente, parte desse esforço e nos auxiliará nas atividades da in-dústria de óleo e gás. nosso obje-

tivo é produzir inovação no Brasil, fomentando conteúdo local de base tecnológica, globalmente competi-tivo”, ressalta Nelson silva, ceo da BG na América do sul.

o projeto dará prioridade ao estudo e otimização da tecno-

logia chamada Full waveform Inversion (FwI) para o proces-samento de dados sísmicos 3D e 4D de dimensões industriais. A iniciativa será conduzida pelo consórcio International Inver-sion Initiative, liderado pela BG Brasil. serão colaboradores nas pesquisas a Universidade Federal do rio Grande do norte (UFrn), além da Universidade de British columbia (canadá) e o Imperial college london (Inglaterra), as duas últimas referências mun-diais em FwI.

“este projeto ilustra o ambiente de inovação no Brasil, que esti-mula parcerias em pesquisas de relevância global. o supercompu-tador é uma infraestrutura estraté-gica que permitirá à BG e grupos de pesquisa de ponta resolverem grandes desafios da indústria re-lacionados a imageamento de re-servatório e processamento de da-dos. Isso tem sido possível através

do investimento da cláusula de PD&I da Agên-cia nacional de Petróleo, Gás natural e Bio-combus t í ve i s (AnP), e de in-

vestimentos dos governos estadu-al e federal”, acrescenta Richard Moore, cTo do BG Group.

o cimatec yemoja utiliza pro-cessadores Intel Xeon e Xeon Phi™ e o sistema sGI® Ice X™. De acordo com o diretor regional do senai-Bahia, leone Peter An-drade, a utilização de softwares de modelagem computacional deman-da conhecimento especializado e muito tempo de desenvolvimento. “o centro de supercomputação, com sua capacidade de escala, adquirirá os principais softwares e ofertará às empresas soluções adequadas às suas necessidades tecnológicas”, avalia.

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Insta lada em Salvador (BA), a supermáquina vai revolucionar o processamento de dados sísmicos e apoiar o desenvolvimento do pré-sal.

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GE Oil & Gas

GE Oil & Gas expande linha de equipamentos para o mercadoPArA ATenDer A crescen-Te busca por equipamentos destinados ao mercado de óleo e gás, a Ge desenvolveu a nova geração de tecnologia voltada para elevação artificial – que normalmente é utilizada para au-mentar a produção de um poço de baixa vazão natural para um ponto determinado de produção. Trata-se da linha do Vector Plus™ Variable speed Drive (VsD). esse lançamento faz parte do compromisso da companhia de trazer inovações para elevação artificial ao mercado petroleiro. A tecnologia oferece, ainda, um sistema de controle de superfície para bombas elétricas submersí-veis (sigla em inglês esP).

A esP – já conhecida no mer-cado – utiliza a força centrífuga para bombear hidrocarbonetos para a superfície, o que possi-bilita o alto fluxo e a produção aperfeiçoada do petróleo. Junto a outras aplicações de bombea-mento artificial, elas são usadas por 94% dos cerca de um milhão de poços produtores de petróleo em todo o mundo. Além de auxi-liarem a produção em poços de alto volume e operar, em média, 6 mil pés abaixo da superfície.

a tecnologia – o Vetor Plus VsD melhora a capacidade do ope-rador de controlar uma bomba elétrica submersível, o que está diretamente ligado ao aumen-to do sistema de produção. A solução e outras tecnologias esP fornecem aos operadores dados de desempenho dos equipamen-tos em tempo real, auxiliando-os na tomada de decisões na linha

de produção. outra vantagem é que a solução possibilita ao operador aumentar a velocidade do motor e ajustar remotamente a velocidade da esP com melhor capacidade de controle.

Também é compatível com os demais produtos da Ge oil & Gas para elevação artificial, como os sensores zenith para fundo de poço e a solução Field Vantage™. Além disso, incorpora outras tec-nologias de controle existentes, possibilitando que a Ge ofereça aos clientes uma solução integra-da e eficaz em termos de custos.

O setor – o crescimento signifi-cativo do setor de petróleo e gás não convencional no mundo é uma grande tendência energética que lidera as inovações de oil & Gas da Ge nas tecnologias de elevação artificial. o objetivo é oferecer aos operadores a solução certa para abordar os desafios ambientais e técnicos dos poços não convencionais que, impulsio-

nada pela exploração e produção de xisto, deve aumentar global-mente em até 50% até 2018.

A primeira aquisição no segmento de elevação artificial da Ge foi em 2011, com a divisão de suporte de poço da John wood Group Plc – um grande fabricante de esP. Já em 2013, a Ge adquiriu bombas a vapor, progressão de bombas de cavi-dade (PcPs), elevação com gás, elevação do êmbolo, elevação hidráulica, bombas de recipro-cidade e soluções de automação da lufkin Industries, permitindo que a empresa ofereça uma car-teira completa de tecnologias de elevação artificial, de acordo com as necessidades do mercado.

com a consolidação desta área, hoje, a Ge oil & Gas é um dos maiores fornecedores de soluções de elevação artifi-cial, oferecendo uma variedade abrangente de tecnologias de bombeamento para a produção de petróleo em todo mundo.

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Edra

Wirex

Material resiste à corrosão e tem durabilidade maior que o aço convencional.

Tubos e conexões da Edra substituem metal em plataformas offshore

Wirex Cable lança linha de cabos para aplicações offshore

UMA DAs GrAnDes demandas das plataformas offshore do setor petroquímico são os custos de manu-tenção com a troca das tubulações e conexões de aço corroídas pela água do mar, o que acontece a cada cin-co anos. A edra desenvolveu tubos FrP capazes de resistir a situações severas – como corrosão por água salgada e fogo – e capaz de dissipar cargas elétricas.

com maior resistência, o FrP diminui o tempo de paralisações para manutenções nas plataformas, o custo da manutenção é menor e, além disso, é de fácil instalação, tem resistência química, longevidade, baixa transmissão térmica e baixo

peso. estas são algumas das carac-terísticas únicas dos produtos da empresa, que passam por rigorosos testes no campo da edra e em insti-tuições independentes.

essas características são essen-ciais para a segurança das platafor-mas offshore, e por isso os produtos do portfólio da edra – tubos, acessórios,

flanges e liners – ganham espaço no mercado como vetor de competitivi-dade e segurança de processo.

As tubulações são oferecidas em diâmetro de até 32 polegadas, com pressão de 20 kgf/cm2 em platafor-mas de petróleo e navios, em siste-mas de drenagem de efluentes, con-dução de água potável, água salgada, transportes de produtos químicos, linhas de incêndios e água de lastro.

Todos os processos da edra são ancorados em normas técni-cas nacionais e internacionais, incluindo a Iso 9001. A empresa possui também o crcc Petrobras e o certificado Type Approval, emi-tido pela DnV Gl.

A FIM De GArAnTIr a segurança nas instalações offshore, a wirex cable s/A oferece a linha de cabos wirex.Marine para aplicação em plataformas de petróleo e navios em geral. os cabos wirex.Marine são fabricados com materiais retar-dantes à chama e isentos de halogê-nios, que minimizam a emissão de fumaça e gases tóxicos em caso de incêndio. Além disso, a linha wirex.Marine inclui os cabos com carac-terísticas especiais: fire-resistant (Fr) e mud-resistant (Mr), para aplicações específicas.

os cabos navais são destinados a circuitos de iluminação e potência em baixa e média tensão; circuitos de controle, sinalização e instrumenta-ção. os cabos são oferecidos com cer-tificações Type Approval emitidas por duas das mais importantes sociedades classificadoras internacionais: Bureau

Veritas (BV) e Det norske Veritas--Germanisher lloyds (DnV-Gl).

com foco na segurança de pes-soas e equipamentos, a wirex de-senvolveu os cabos Fire resistant, que garantem o funcionamento dos circuitos mesmo sob condições de fogo, permitindo que equipamentos

e sistemas de segurança continuem operativos. sua principal aplicação é em circuitos de segurança, tais como: alarme, detector de fumaça e fogo, iluminação de emergência, bombas anti-incêndio, entre outros. A barreira de fita de mica entre o condutor e a isolação garante a pro-teção do produto sob condições de fogo de acordo com os requisitos da Iec60331-21 (90 minutos).

Para utilização em plataformas e sondas de perfuração, a wirex utiliza um composto do tipo Mud resistant, indicado para instalações em que se requer máxima proteção contra a lama com resíduos gerados no processo de perfuração de poços de petróleo. o composto da cobertura em sHF2 mud-resistant atende à norma Iec 60092-360 e aos requi-sitos do ensaio de resistência à lama previsto na neK 606.

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Schneider Electric

Tuper

Schneider Electric apresenta novos controladores para máquinas industriais

Tuper investe em linha própria para revestimento de tubos

A scHneIDer elecTrIc, especialista global em gestão de energia e automação, lança no mercado brasileiro a linha de controladores lógicos Programá-veis (clP) M221, M241 e M251, eles melhoram o desempenho de máquinas nas indústrias. A nova linha é ideal para Integradores de sistemas e fabricantes de máqui-nas em geral.

“A schneider electric investe em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para moderni-zar e otimizar linhas de produção industriais. nossa missão é tornar mais eficiente a gestão de ener-gia e automação, oferecendo aos nossos clientes possibilidade de desenvolverem suas atividades com custo reduzido e melhores resultados”, afirma André Marino,

vice-presidente na schneider electric.

com aspecto multifuncional, o controlador lógico M221 tem ethernet padrão embuti-

da em seu núcleo oferece acesso remoto para manutenção imediata e facilidade na visualização de sua máquina. conta com 640 Kb de memória rAM e 2 Mb de flash, e sua capacidade de processamento pode chegar até a 0.2 µs por ins-trução. o clP M221 também está disponível em formato book.

o M241 é um controlador pro-gramável de automação que aten-de aplicações de alto desempenho. são cinco portas de comunicação

capazes de oferecer alta perfor-mance para as máquinas. Ainda oferece acesso ilimitado para o equipamento via ethernet. o dispositivo permite que as páginas de visualização sejam projetadas diretamente dentro do soMachine e armazenadas no servidor web do Plc. esse procedimento reduz tanto o tempo de instalação, quan-to o custo da máquina.

Já o M251 se encaixa per-feitamente em casos de estrutu-ras modulares e distribuídas. o controlador programável aumenta a flexibilidade da arquitetura do painel sem alterar o espaço interno. o equipamento permite conexão com sistemas scADA, Mes e erP por meio de cabos ethernet padrão e wI-Fi, podendo ser acessado até mesmo de um celular ou tablet.

coM cAPAcIDADe para revestir 42 mil toneladas de tubos por ano, a nova unidade já está em operação e garante à empresa mais compe-titividade, qualidade e melhores prazos de entrega.

Única empresa de capital 100% nacional entre as grandes fabri-cantes instaladas no Brasil a pro-duzir tubos de aço API reconhe-cidos pela indústria internacional de petróleo, a Tuper conta agora com uma linha própria exclusiva para o revestimento de tubos. com investimento de cerca de UD 5 milhões e 35 novos empregos di-retos, a unidade instalada em são Bento do sul (sc) tem capacidade

para revestir 42 mil toneladas de tubos por ano.

os primeiros 570 m de tubos revestidos pela Tuper foram en-tregues ao cliente sc Gás para aplicação nas obras do Gasodu-to serra catarinense. De acordo com o diretor Industrial da Tuper, Jailson Planca, a linha própria

de revestimentos permite que a empresa seja a responsável por todas as etapas do fornecimento. “com isso, ficamos mais compe-titivos, ampliamos a garantia de qualidade e conseguimos melho-res prazos de entrega, pois todo o processo é feito internamente”, assegura o executivo.

Além do fornecimento para o mer-cado interno, a Tuper vislumbra novos negócios com o exterior e mantém seu foco nas exportações para os paí-ses da América do sul. com proteção anticorrosiva, os tubos revestidos são utilizados principalmente na condu-ção de óleo, gás e derivados, água e aplicações industriais e civis.

Lançamento da Linha de Controladores Lógicos Programáveis M221, M241 e M251 possibilita alta performance e flexibilidade no controle de máquinas.

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Heraldo Batinga é en-genheiro mecânico com MBA em gestão de petró-leo e gás pela FGV, ocupa atualmente a função de gerente de Engenharia de Aplicação na hirsa Sistemas; trabalha há 37 anos no setor de Petróleo e Gás, tendo atuado nas áreas de Projeto de Caldeiraria, Tubula-ção Industrial e Instrumentação e Controle.

VCONE, TECNOLOGIA DE PONTApara medição de gás úmido

A medição de gás úmido é um assunto que vem ganhando mais e mais importância para a indústria nos últimos anos. Como exemplo, podemos citar o desenvolvimento de campos marginais de óleo e gás que são economicamente viáveis com a medição direta do gás úmido, ou no gerenciamento de poços, provendo em tempo real informações sobre vazão de produção ou em testes de poços.

Este artigo detalha a tecnologia do elemento deprimogênio Vcone para este tipo de aplicação. Testes realizados em laboratórios de renome como swrI, ceesI e nel e aplicações práticas demons-tram a boa performance dessa tecnologia.

Desenvolvido no começo dos anos 1980 pela Mccrometer, empresa com mais de 40 anos no mercado de vazão, o Vcone é resultado de um esforço de pesquisa e desenvolvimento que resultou em um medidor preciso, inovador e confiável, já consolidado com mais de 5.500 unidades em operação no Brasil e no mundo nas mais diversas aplicações. no caso da medição de gás úmido, os testes demonstram a performance superior do Vcone quando comparado a outros elementos de mesma tecnologia deprimogênia.

Assim como acontece com os outros medidores por diferencial de pressão em medição de gás úmido, o líquido na corrente gasosa induz a um erro positivo geralmente chamado de “over-reading” do medidor, porém no Vcone estes valores possuem alta repetibilidade, sendo possível estimar este percentual de erro positivo e corrigi-lo.

Vcone – o Vcone é um medidor de vazão do tipo pressão diferencial. ele opera com o mesmo princípio físico dos medidores deprimogênios (ex. placa de orifício, Venturi, etc.) com vantagens, usando o teorema da con-servação de energia de um fluido em movimento através de uma tubula-ção. Um cone, posicionado no centro do tubo de medição, interage com o fluido em escoamento, modificando o perfil de velocidade e criando uma região de baixa pressão imediatamente a jusante do cone.

o diferencial de pressão (dp) entre a pressão estática da linha a mon-tante e a região de baixa pressão criada após o cone, pode ser medido através de um transmissor de pressão diferencial conectado nas tomadas do Vcone. o dp pode então ser incorporado à equação de Bernoulli para a determinação da vazão do fluido. este medidor é um inovador dispo-sitivo de dp que mede vazão com precisão, cobrindo grande range de número de reynolds para uma variedade de fluidos líquidos e gasosos sem necessidade de trecho reto a montante ou a jusante. o Vone pode ser construído dos mais diversos materiais para atender as áreas industrial e de petróleo. Devido à sua geometria (poderíamos chamar de venturi in-vertido), possui baixa perda de carga permanente se comparado a outros elementos deprimogênios.

medição de gás úmido

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Princípio de operação – o Vcone é um elemento de-primogênio e, como tal, sua teoria de medição da va-zão se fundamenta em leis físicas conhecidas, ou seja, considera a equação da continuidade e a equação de Bernoulli da conservação de energia em um tubo fechado que demonstra que a uma vazão constante, a pressão é inversamente proporcional ao quadrado da velocidade do fluido dentro do tubo.[1] em resumo, a pressão diminui à medida que aumenta a velocidade. observe a Figura 1: quando o fluido se aproxima do cone sua pressão é (P1), ao passar pela região anular entre o cone e o tubo esta restrição gera um aumento de velocidade e consequentemente a diminuição da pressão a jusante do cone (P2). As pressões P1 e P2 são medidas através de transdutor de pressão diferen-cial (o centro do cone possui um furo interno ligado a P2). o diferencial de pressão (Dp), criado pelo Vcone, aumenta e diminui exponencialmente com a velocidade do fluxo, ou seja, com a vazão (equação 1). Quanto maior for o estreitamento da seção transversal, maior será o diferencial de pressão criado para uma mesma vazão; temos aí a razão beta, que é um impor-tante conceito que relaciona a área de passagem com a área total do tubo. Veja a Figura 2 para a relação beta no Vcone comparado com a relação beta na placa de orifício. Podemos também observar na equação 1, a in-clusão de um coeficiente de correção c, que transforma adequadamente a equação teórica para o uso prático, levando em consideração todos os elementos de escoa-mento real. este coeficiente é chamado de coeficiente de descarga cd e é definido como: cd = vazão real / vazão teórica. A Mccrometer chama este coeficiente de cf – coeficiente de fluxo, uma vez que não usa valores históricos de c ditados por norma como na placa de orifício e sim valor levantado em laboratório para cada Vcone, informado em certificado próprio.

Para fluidos compressíveis, temos a inclusão do fator de expansão y na fórmula da vazão (equação 2) para compensar o fato da mudança na massa específica do gás devido à queda de pressão ao passar pelo cone. Inicialmente era utilizada a fórmula para cálculo de y dada pela Iso 5167, contudo a Mccrometer solicitou ao national engineering laboratory (nel) da escócia, um dos mais conceituados laboratórios de vazão no mundo, um rigoroso estudo para a determinação do fator de expansão para o Vcone. A nova equação então foi desenvolvida e apresentada em agosto de 2001 na conferência Internacional de Medição de Vazão que aconteceu na escócia (equação 3).

Modificação do perfil de velocidade – o cone cen-trado no tubo obriga que o fluido que se move pelo centro da tubulação flua ao redor do cone. esta geo-metria apresenta muitas vantagens se comparada aos tradicionais medidores concêntricos de Dp. A forma do cone foi analisada e testada por mais de dez anos para se obter a melhor performance em diferentes circunstâncias.

É necessário entender o conceito de perfil de fluxo desenvolvido dentro de um tubo para compreender o desempenho do Vcone. se o fluxo em uma tubulação longa não está sujeita a obstruções ou perturbações, se considera um perfil bem desenvolvido (Figura 3). se traçarmos uma linha perpendicular a este fluxo, a velocidade em cada ponto desta linha será diferente.

A velocidade será zero na parede do tubo, máxima no centro e novamente zero na parede oposta. Isto se deve à fricção que se cria com a passagem do fluido. como o cone está colocado no centro do tubo, este

Figura 1. Tomadas de Alta e Baixa

Figura 2. Comparação entre a Relação Beta no Vcone e placa

Equação 2. Equação da vazão para fluido compressível

Equação 3. Equação do Fator de Expansão (NEL)

Equação 1. Equação da vazão para fluidos incompressíveis

onde:D = diâmetro do dutoβ = raio betagc = conversãoΔ P = pressão diferencialρ = densidadeCf = coeficiente de fluidez

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interage diretamente com o “núcleo de alta velocida-de” do fluxo. o cone força o núcleo de alta velocidade a misturar-se com o fluxo de menor velocidade que passa mais perto da parede.

outros medidores de Dp possuem aberturas cen-trais e não interagem com este núcleo de alta veloci-dade. esta é uma importante vantagem do Vcone em baixas vazões, pois continua interagindo com o núcleo de alta velocidade, produzindo Dp em vazões em que outros medidores já não produzem. outro ponto im-portante desta interação é que o perfil de velocidade vai se tornando “flat”, ou seja, as velocidades tendem a se tornar constantes ao se aproximarem do cone (Figura 4), dispensando, portanto, trechos retos ou retificadores de fluxo.

Para medição de vazão de gás seco a performance do Vcone é bem documentada, seja por uma varie-dade de testes realizados, inclusive teste no swrI de acordo com o API 5.7,[2] pela infinidade de aplicações existentes ou pela Aprovação de Modelo para Transfe-rência de custódia já obtida em vários países.

Escoamento multifásico/gás úmido – no escoa-mento Multifásico, os problemas são complexos porque as propriedades de dois ou mais fluidos devem ser consideradas e porque a diferença dos padrões de escoamento depende das condições de operação e arranjo da tubulação (tubo na hori-zontal, vertical, etc.). sabemos que o escoamento multifásico não está ligado apenas ao estado da matéria (líquido/gasoso), podemos ter um escoa-mento multifásico líquido-líquido, contudo aqui

estamos verificando um escoamento líquido-gás, ou seja, com uma interface.

As características acima mencionadas provocam o aparecimento de perfis de escoamento denominados padrões de escoamento multifásico. As denominações destes padrões variam um pouco dependendo do au-tor ou organização, porém os perfis indicados na Figu-ra 5 são os mais usuais para escoamento em tubulação horizontal, a saber: Padrão tipo Bolha, estratificado, ondulado, Tampão, semigolfada, Golfada e Anular.

o padrão de escoamento Anular é o que se verifica no escoamento de gás úmido, ou seja, o gás viajando em alta velocidade ao centro e o líquido escoando pela pare-de interna do tubo. observando o tubo transversalmente, temos um anel de líquido que, devido à gravidade, tem espessura maior na base. observam-se bolhas dispersas no líquido e líquido atomizado na corrente gasosa. com o aumento da vazão, o filme líquido tende a diminuir de espessura e o gás a carrear mais gotículas; estamos entrando em outro padrão de escoamento chamado névoa (Mist ou spray). nesta condição, todo líquido se encontra atomizado, viajando na mesma velocidade do gás. este perfil é também muito encontrado na indústria em escoamento de gás úmido.

Uma pergunta que se impõe seria em que ponto

termina um escoamento multifásico propriamente dito e começa um escoamento de gás úmido. Alguns auto-res consideram “wet gas” um escoamento multifásico com uma fração de líquido de até 5% em volume, outros chegam até 10% (GVF=90%). Atualmente, uma tendência é usar como referência o chamado “lo-ckhart-Martinelli parameter”, que será discutido mais à frente, estabelecendo-se um limite de 0,35 para este parâmetro, o que corresponde a um volume líquido de

Figura 3. Perfil de velocidade desenvolvido

Figura 5. Tipos de perfis de escoamentoFigura 4. O Vcone dispensa trechos retos ou retificadores de fluxo

medição de gás úmido

Flattened profile causedby the V-Cone

Irregular profile causedby a disturbance upstream

Flow direction

Bubble flow

Stratified flow

Wavy flow

Plug flow

Semi-slug flow

Slug flow

Annularflow

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7% e 12% para pressões de cerca de 4 Bar e 100 Bar, respectivamente. o API “Multi-phase report no. 2566” já define desta maneira; a Asme conforme o “wet gas technical report” na última edição, tende a concordar com o API e a Iso tem ideia de adotá-lo.

O Vcone no gás úmido – A Mccrometer tem feito substanciais pesquisas do efeito que o gás úmido exerce na medição com o Vcone desde meados da década passada, inicialmente no southwest research Institute (swrI)-Texas e recentemente com mais pro-fundidade nos dois maiores centros de pesquisa neste assunto que são o colorado engineering experiment station (ceesI) e o national engineering laboratory (nel) na escócia. Todos os resultados obtidos tiveram a mesma orientação no sentido de demonstrar a apli-cabilidade do medidor para esta condição.

Tradicionalmente, as placas de orifício têm sido utilizadas para medição de gases úmidos, contudo, ultimamente, esta aplicação com placas tem sido virtualmente abandonada nos estados Unidos em função do conhecimento adquirido em pesquisas que mostram que o acúmulo de líquido na placa resulta em escoamento não estável. o líquido tende a atraves-sar o orifício em “slugs”, e o resultado final destas golfadas é uma leitura instável de delta P.

Isto pode ser observado na Figura 6, fotografia tirada no swrI em teste de placa de orifício subme-tida a vazão de gás úmido realizado em 1997. em contraponto, a Figura 7 mostra um Vcone submetido às mesmas condições de teste, em que a geometria do mesmo possibilita a passagem do líquido sem acúmu-lo, não interferindo na leitura do diferencial de pres-são. observe que o padrão de escoamento é Anular.

esta mesma geometria inovadora possibilita outra característica que vale a pena ser registrada que é a capacidade “autolimpante” do Vcone, quando aplicado a gases úmidos e sujos. observe a Figura 8, resultado de teste realizado na Marathon oil Gas Metering station, o acúmulo de partículas na placa de orifício após três meses de operação com gás natural úmido (H2s + parafina), este acúmulo se ve-rificou nas faces a montante e a jusante, comprome-tendo o dimensional da placa além do entupimento das tomadas de pressão.

A Figura 9 mostra um Vcone wafer (outra cons-trução do Vcone) que foi montada na mesma linha da placa. Após nove meses de operação foi observado além da limpeza do mesmo, a estabilidade dimen-sional da borda do cone, o que em última análise se traduz em exatidão e prolongamento do período entre inspeções. É óbvio que nem o cliente nem o BlM, órgão americano responsável pelo recolhimento de “royalty” ficaram satisfeitos e todas as placas foram substituídas por Vcones.[4]

outros usuários do Vcone na aplicação de gás úmido, por exemplo, na saída de separadores, se-riam: Halliburton reservoir services, oseberg-A, Brown&root, ABB/statoil, norsk Hydro, Troll, saga, chevron, shell, etc.

Assim como acontece com os outros medidores por diferencial de pressão em medição de gás úmido, o líquido na corrente gasosa induz a um erro positivo geralmente chamado de “over-reading” do medidor, porém no Vcone estes valores possuem alta repetibili-dade. Uma vez informada a vazão de líquido, a vazão de gás e suas massas específicas, é possível estimar o percentual deste erro positivo no Vcone.

os testes demonstraram que o “over-reading” é função do chamado lockhart-Martinelli Parameter, denotado por X (na verdade temos também uma pequena influência da velocidade do gás [número de Froud] e pressão, contudo X é o fator mandatório). este número adimensional é na verdade a relação en-tre a inércia superficial do líquido e a inércia superfi-cial do gás e é calculado pela equação 4 abaixo:

o gráfico a seguir mostra claramente a tendência linear desta relação. Todos os testes realizados no nel e no ceesI demonstram esta tendência, portanto a

Figura 6. Teste no SWRI com placa de orifício Figura 7. Teste no SWRI com o cone

Equação 4. Lockhart-Matinelli Parameter

Figura 8. Placa após três meses de testeFigura 9. Vcone após nove meses de teste

Onde: X = Lockhart-Martinelli Parameter = Vazão mássica do gás (oper. ) = Vazão mássica do líquido (oper.) = massa especifica do gás = massa especifica do líquido

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Mccrometer pode oferecer fatores de correção para o uso industrial na medição da vazão de gases úmidos.

no caso do Vcone, foi desenvolvido o chamado “steve correlation”. o Dr. richard steven, pesquisador da Mccrometer, apresentou em 2002 um trabalho [5] de testes realizados no nel onde foram desenvol-vidas correlações, dentre elas a correlação abaixo (equação 5), neste caso para uma relação beta de 0.5 em um Vcone de 6”. na equação, mg é a vazão mássica do gás corrigida, mg(tp) a vazão aparente no medidor e o termo do denominador o fator de correção. esta correção traz a medição para uma incerteza de +/- 2%.

Devemos observar que os erros são acumulativos. Uma vez que temos uma incerteza de +/- 0.5% em gás seco para o Vcone, e utilizando a regra da raiz qua-drada da soma dos quadrados, teremos uma incerteza

final de aproximadamente 2,1%, ou seja, {[(0.02)^2]+[(0.005)^2)]}^0.5=0.0206.

os gráficos (Figuras 10 e 11) dos testes realizados no nel demonstram claramente isto. no primeiro verificamos a tendência linear de crescimento do over--reading contra X, e os resultados após a correção (6”, beta de 0.55 a 3 pressões). no segundo gráfico temos os resultados corrigidos em escala ampliada onde, fora alguns pontos espúrios, constatamos a incerteza de +/- 2,1%.

no sistema de medição de vazão, o chamado elemento terciário, ou computador de vazão, já possui incorporado o algoritmo de cálculo do Vcone em se tratando de gás seco – para gás úmido já temos fabri-cante com algoritmo desenvolvido para esta aplicação, baseado nas correlações acima discutidas.

medição de gás úmido

Figura 10. Tipos de perfis de escoamento

Equação 5. Steven Correlation

Figura 12. Percentual de erro após correção

Figura 13. Loop de teste do NEL

Figura 11. Resultados antes e após o uso do fator de correção

NEL Wet Gas V-Cone meter Data0.55 Beta, 60 Bar

0.55 Beta V-Cone meter New Wet Gas Correlation

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Referências 1. MCCROMETER, “Vcone technical brief”, p. 1-2, 2M/3-00/k24517-16 rev. 2.4, 2003.2. SWRI Testing of V-Cone Meters in Accordance with API 5.7 Report. 2004.3. ShEN JS et al. “A Performance Study of a V-Cone Meter in Swirling Flow”, North Sea Flow Measurement Workshop 1995, Paper no. 20.4. LAWRENCE PA, “ Wellhead Metering Using Vcone Technology”, p. 8-10, McCrometer 2000.5. STEWART D & STEVEN R et al. “Wet Gas Metering with V-Cone Meters”, North Sea Flow Measurement Workshop 2002, Paper no. 4.2.6. TING VC. “Effect of Orifice Meters Orientation on Wet Gas Flow Measurement Accuracy”, presented at the SPE Gas Technology Symposium, Calgary, Canada, June 28-30, 1993.

Agradecimentos - Ao Dr. Richard Steven e ao Dr. Robert Peters, ambos da Mccrometer/EUA, e ao Sr. Roy Williams,da Nuflo-Barton do Canadá pelo envio de notas técnicas.

embora os loops de teste do nel e do ceesI utilizados nos testes do Vcone tenham significativas diferenças, os resultados encontrados no ceesI foram bem similares aos mostrados aqui do nel. os testes foram realizados para diâmetros e betas específicos.

Tradicionais recomendações para medido-res deprimogênios como Iso 5167, AGA3, etc., oferecem detalhada especificação, requisitos de instalação e cálculo, contudo se aplicam a esco-amentos estáveis, homogêneos e monofásicos. [6]

continuadas pesquisas são necessárias para o completo entendimento do efeito do gás úmido em medidores deprimogênios, porém já temos condi-ção de avaliar muitas instalações com o intuito de minimizar erros onde as medições de gás úmido são consideradas como gás seco. não precisamos ressaltar a importância deste assunto, pois todos sabemos os valores monetários envolvidos nas transferências de grandes volumes de gás que acontecem todos os dias.

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José de Sá é sócio da Bain & Company.

Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência

Decerto nenhum executivo do setor de energia gostaria de abrir o jornal pela manhã e encontrar sua empresa em manchetes envolvendo acidentes. Perfeitamente compreensível, porém em contraste com os crescentes desafios operacionais que a exploração de óleo e gás em águas profundas têm criado, ao mesmo tempo em que investidores pressionam constantemente por ganhos de eficiência nas operações.

Neste cenário, como então uma empresa do setor de energia pode buscar melhorias operacionais e ainda mitigar os acidentes?Ambição para melhorar é um começo, contudo, uma vez que as empresas de energia, em sua maioria, são grandes e complexas

organizações, elas precisam de uma abordagem sistemática: um sistema de gestão de excelência operacional (oeMs). colocado em prática pela primeira vez há mais de 20 anos pela exxon, após o derramamento de óleo em Valdez, a prática da empresa passou a ser um modelo para outras com-panhias petrolíferas internacionais e nacionais.

colocar um oeMs em prática não garante desempenho superior, é apenas um primeiro passo. Alcançar totalmente os ganhos da melhoria na performance depende de quão bem a empresa incorpora o sistema, desde a linha de frente até o backoffice, e como os funcionários reagem com as medidas dia após dia. em outras palavras, não se refere apenas à criação de novos sistemas e sim a como ensinar às pessoas uma nova forma de trabalhar e melhorar continuamente.

Mas então, o que é um oeMs?É mais do que apenas um manual operacional. É um conjunto de regras

que descreve como a empresa pretende atingir a excelência operacional. os melhores exemplos são focados, simples e implacavelmente aplicados.

Um bom oeMs:• Define expectativas globais para operações.• Define a linguagem comum que todos na organização podem usar para falar sobre as operações e as suas aspirações.• Compartilha práticas e comportamentos bem-sucedidos com toda a or-ganização.• Mapeia responsabilidades do topo até a linha de frente.• Promove a melhoria contínua.

Um bom oeMs está alinhado com os objetivos de negócios. Por exem-plo, se a principal meta é reduzir os riscos operacionais, então a priori-dade deve ser o desenvolvimento de sistemas que permitam o controle e

eficiência

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gestão de riscos. se, por outro lado, o objetivo é me-lhorar a eficiência operacional, então o oeMs deve priorizar os sistemas relacionados à manutenção e in-versões. em qualquer caso, o foco deve ser em áreas geográficas ou operacionais que possuem uma gran-de oportunidade de melhora.

A maneira mais eficaz para a implantação de uma grande mudança é por meio da comunicação direta do patamar gerencial para sua equipe. o ideal é que a maioria dos funcionários conheça os detalhes do oeMs pelo seu próprio gerente ou alguém de seu time. Durante todo o processo, é importante verifi-car se há recursos suficientes para que as metas do oeMs sejam atingidas, fazendo todo o esforço ren-der uma boa chance de sucesso. É preciso manter as comunicações simples, descrevendo o que vai mudar e o que vai permanecer igual. É indicado criar incen-tivos para incorporar os oeMs em operações diárias e premiar aqueles que atingirem os seus objetivos de forma rápida e destacada. os objetivos do sistema devem ser mensuráveis.

Mas há algumas armadilhas comuns que ameaçam o sucesso de uma boa implementação. Vamos a elas:• Concentrar-se nas regras em vez da aplicação – Al-gumas empresas gastam muito tempo preparando o manual e não desenvolvem o suficiente para garantir o seu cumprimento. As empresas bem-sucedidas se con-centram mais na implementação para tirar o máximo proveito do esforço.• Prestação de contas pouco clara – Quando as pessoas não são responsabilizadas pela implementação das re-gras descritas no sistema, elas têm menos incentivos para mudar o comportamento.• A linha de frente que não compreende as razões para o programa – Uma reação comum é que as equipes de linha de frente reivindiquem que sua situação é di-ferente, de modo que eles não tenham que aplicar o oeMs na forma prescrita. Alinhamento e comunica-ção são fundamentais.

cair em qualquer uma dessas armadilhas pode im-pedir o progresso de uma empresa em direção à ex-celência operacional. Mas evitá-las pode gerar recom-pensas tangíveis e substanciais.

Tomemos o exemplo de uma grande empresa de energia que, como parte de seu oeMs, estava à procu-ra de ideias para melhorar a forma de conduzir estudos de engenharia. A empresa percebeu que seu processo de aprovação foi engolido pelo número de estudos em análise. em uma avaliação mais próxima, descobriu--se que muitos dos estudos em processo de aprovação não tinham sido analisados no início de seu desenvol-vimento, para verificar se de fato eram necessários. como parte do seu novo oeMs, a empresa colocou uma equipe multifuncional que identificou os primei-ros desafios para os estudos, para garantir que eles eram necessários. e compararam estudos que aguarda-vam aprovação com aqueles já concluídos, percebendo que perto de 10% deles eram redundantes, tendo sido ultrapassados por um estudo ou projeto anterior. o im-pacto da mudança reduziu o acúmulo de projetos em cerca de 20% e o ingresso de novos estudos em 25%.

Assim que uma empresa embarca na jornada para construir a excelência operacional em seus processos, ocasionalmente, o entusiasmo inicial gera questões muito abrangentes para resolver. A empresa não pode se atolar na construção do manual. Uma pesquisa de três a quatro meses sobre as áreas é o suficiente para obter uma imagem clara da diferença entre a realida-de e o ideal. comece por poucos setores, nos quais é possível mostrar um grande impacto em apenas al-guns meses. A empresa provavelmente terá um curto período de lua de mel para demonstrar o sucesso ou o risco de ver o esforço perdido.

e, embora seja importante encontrar esses ganhos rápidos, a empresa não pode declarar vitória cedo de-mais. A implementação de um oeMs é um processo de três a cinco anos, mas as recompensas de excelên-cia operacional valem a jornada. como os executivos de petróleo e gás sabem, as empresas estão sob uma pressão sem precedentes para melhorar sua gestão am-biental, segurança e desempenho financeiro em meio a crescentes custos, operações em ambientes mais desa-fiadores e o aumento da competitividade. A excelência operacional não é apenas mais uma aspiração elevada; está se tornando uma necessidade neste mercado cada vez mais exigente.

Na ponta dos seus dedoswww.tnpetroleo.com.br

A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dos fatos; é preciso ser eficaz, saber onde prospectar a informação e ser ágil ao transformá-la em notícia.

INFORMAçãO DE qUALIDADE.

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Ee também o restaurante Berbigão, que atravessou a ponte para tornar-se um dos espaços mais bem-sucedidos da culinária especializada em frutos do mar – situa-se na rua do catete, em frente ao Museu da república.

É em niterói que está o mercado do peixe são Pedro, visitado diariamente por nove entre dez dos mais afamados chefs do rio, em busca de pescados frescos.

Agora, chegou a vez do Parador Bistrô, que há mais de uma década é sucesso na terra de Araribóia, fincar suas raízes no outro lado da baía da Guanabara. e traz como comandantes, além do dono, luis Felipe Gouvea, uma dupla para lá de carismática e eficiente: a ex-jornalista Karine Rodrigues e o chef Ramon Junior.

fino gosto

A cidade que foi capital fluminense antes da fusão com o Estado da Guanabara, mostra que tem muito a oferecer aos cariocas. Vem de Niterói uma das melhores cervejas artesanais produzidas no país, a Noi, com três variações!

por Orlando Santos

PARADOR BISTRô Rua do Ouvidor, 60

(entrada pela rua do Carmo)Telefone: (21) 2507-2273

de segunda a sexta, das 11:00h às 19:00h

PARADOR BISTRô,o sabor de Niterói no Rio

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TN Petróleo 102 91

Karine está na supervisão operacional da casa e ramon comanda as panelas, à frente de dez auxiliares. com simpatia, atenção e a excelência de uma boa casa, eles vêm fidelizando os clientes ca-riocas. são os principais responsáveis pelo sucesso que o lugar, com pouco mais de quatro meses de funcionamento, já conquistou.

A ideia, inclusive, é avançar com a criação de novos restaurantes Parador, depois desta bem-sucedida filial. e quando se pergunta a Karine e ramon o que mais vem por aí, eles, sem falsa modéstia, respondem com a alegria no rosto: “nós dois”...que sejam bem-vindos!

o Parador Bistrô/rio está localizado, oficialmente, na rua do ouvidor 60, loja e, centro, mas a entrada é pela rua do carmo, defronte à lateral do antigo edifício da sul América – este, por sinal, depois de inteiramen-te reformado, abriga, no térreo, o Uniko, de tradicional culinária italiana, e o café Galeria express.

Às sextas-feiras, o Parador/rio oferece durante todo o dia, doses duplas de espumante, e a partir das 17h, os clientes são brindados com generosas doses duplas de chopp. Um público essencialmen-te jovem frequenta o local na maior parte do dia, incluindo a hora do almoço e no happy our eles tomas conta da casa.

o chef ramon é um craque em várias especiali-dades, mas seu forte, além dos risotos, é o arroz de rabada, que às sextas-feiras atrai muitos comensais. na realidade, a área onde está o Parador estava perdendo suas referências gastronômicas graças ao abre/fecha de outros estabelecimentos. Agora, a área ganhou ares de revitalização com a chegada do Parador. o que é muito bom para o polo gastro-nômico já instalado no entorno da Praça XV, em especial pelos que levam a grife Belmonte, do em-presário Antonio rodrigues, ou o cais do oriente, e, mais recentemente o Bar do Gengibre, ao lado dos centros culturais existentes na área (ccBB, casa França Brasil e o centro cultural correios).

A arquitetura do Parador é assinada por ricardo campos, que assim como o espaço de Icaraí tem um quê de bistrô parisiense. o local é uma boa opção para quem aprecia boa comida e ambiente agradável, com seu cardápio originalmente criado com a consultoria do chef Daniel Pinho.

A advogada elisabete Barbirato, por exemplo, provou e adorou o arroz com rabada, que consi-derou muito bom e bem diferente da rabada com agrião servida em muitos restaurantes. De tão sa-tisfeita, ela prometeu levar seus colegas do Fórum, situado nas proximidades do Parador, para experi-mentar a criação de ramon.

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92 TN Petróleo 102

O

No aniversário de 450 anos do Rio de Janeiro, dois símbolos da cidade, o Cine Odeon e a Casa Cavé, reaparecem no cotidiano dos cariocas como bons exemplos de um processo de preservação cultural dos patrimônios históricos – marca registrada de uma sociedade que procura cuidar dos seus valores para as atuais e futuras gerações. É assim que caminha a humanidade em várias cidades do mundo e o Rio, certamente, não será diferente.

os dois voltam a ocupar a vida do carioca depois de algumas obras, sem perda da identidade: o cine odeon, com suas funções culturais amplia-das; a casa cavé, por retornar ao antigo endereço, com lustres e vitrais franceses originais nos salões que já foram frequentados por muita gente importante, como escritores e políticos da belle époque carioca.

Um duplo presente que mexe com o coração da gente!

ODEON GaNHa NOVas FuNçõEs Aberto no início do século passado, o odeon é o único dos oito

cinemas que funcionavam no centro do rio, e que deram origem ao nome do lugar de cinelândia. revitalizado e depois de reformas pontuais, o cinema já exibe em sua fachada a nova marca: o espaço se tornou centro cultural luiz severiano ribeiro.

o espaço alternará sua programação cinematográfica com out-ras atividades com conteúdo audiovisual, como óperas, peças, balé e

por Orlando Santos

coffee break

CINE ODEONCENTRO CULTURAL

LUIz SEVERIANO RIBEIRO Praça Floriano, 7 - Cinelândia

Centro – RJTel.: (21) 2461-0201

www.kinoplex.com.br/cinemas/centro-cultural-lsr-odeon/45

CASA CAVÉ Rua Sete de Setembro, 133

Centro - RJTel.: (21) 2224 2520

www.casacave.com.br

Bruno Barbey, Rio, carnaval, 1980. Coleção particular

Cine Odeon e Casa Cavé,

ícones cariocas resgatados

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shows musicais, além de outros eventos. sua reabertura é con-siderada um presente do referido Grupo para o rio em seu an-iversário de 450 anos de fundação, mas também marca o início das comemorações dos 90 anos de in-auguração do cinema – coisa que acontecerá no ano que vem.

segundo Luiz severiano Neto, a diversificação de programação foi a forma encontrada para manter vivo este monumento tão importante para a vida da cidade, evitando o seu desaparecimento. o prédio encontra-se bem próximo de outros patrimônios culturais, como o Teatro Municipal, a Biblioteca nacional e o Museu nacional de Belas Artes, e ainda do antigo cinema Vitória, situado à rua senador Dantas, hoje abrigando a livraria cultura.

DE VOLTa aO aNTIGO ENDEREçO A casa cavé voltou a ocupar o mesmo endereço

de 1860, no casarão art nouveau, com lustres e vitrais franceses, onde funcionou por 140 anos – na esquina das ruas sete de setembro e Uruguaiana – e recebeu personalidades da vida pública brasileira, incluindo o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

em outubro do ano passado, quatro famílias de origem portuguesa, sócias no empreendimento (que carrega o nome de seu fundador, o francês Auguste charles Felix cavé), decidiram reto-mar as atividades no edifício antigo, abandonado o endereço provisório na mesma rua Uruguaiana.

Além das tradicionais receitas portuguesas, como o bacalhau e o pastel de belém, e inumeráveis doces, a cavé oferece pratos típicos de Portugal quase desconhecidos nas terras da ex-colônia; além de opções de sanduiches e carnes. “Toda a comida é feita na hora e é muito saudável, não oferecemos frituras. Até o pão é feito aqui”, explica o chefe de cozinha, alfredo Galhões.

A casa cavé havia se mudado em 2000 por im-possibilidade de se reformar o prédio tombado como patrimônio histórico do rio. segundo o arquiteto An-dré rodrigues, responsável pelo novo projeto, houve o cuidado de manter as características do prédio original. “no interior, além dos lustres e vitrais, mesas e cadeiras também são originais”, diz o arquiteto, explicando que as únicas obras realizadas foram a am-pliação da cozinha e reposição de novo telhado, pois o original estava deteriorado.

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27 a 30 - CingapuraGastech 2015Local: CingapuraTel.: +44 (0) 203 772 6091Email: [email protected]

13 e 14 - holandaOffshore EnergyLocal: Amsterdã, holandaTel.: +31 (0)10 2092600Email: [email protected] www.offshore-energy.biz

27 a 30 - BrasilCatbior - 3º Congresso Internacional de Catálise para BiorrefinariasLocal: Rio de Janeiro, RJTel.: (+55 21) 2112-9080Email: [email protected]

19 a 20 - BrasilAutomation & Power World BrasilLocal: São Paulo, SPEmail: [email protected]/apwbrasil

6 a 8 - BrasilTubotech 2015Local: São Paulo, SPTel.: +55 11 2950-4820Email: [email protected]

11 a 13 - Brasilmarintec South AmericaLocal: Rio de Janeiro, RJTel.: + 55 11 4878 5990Email: [email protected]

Setembro

Agosto

Outubro

17 a 20 - áfrica do SulNGV 2014 South AfricaLocal: Johannesburgo, áfrica do SulTel.: + 54 11 4300 6137Email: [email protected]

Novembro

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opiniãode Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial. Professor e autor de diversos livros jurídicos.

20 anos da

do monopólio do petróleoFLEXIBILIzAçãO

Em novembro próximo celebraremos os 20 anos da promulgação da Emenda Constitucional (EC) n. 9, de 9 de novembro de 1995 (DOU de 10/11/1995), que deu nova redação ao art. 177 da Constituição Federal, em especial, ao seu parágrafo primeiro, admitindo que a União possa contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos.

Naquele momento, constitucionalmente falando, perdia a Petrobras o privilégio de atuar sozinha no mercado nacional, dando origem à flexibiliza-

ção do monopólio. No entanto, a EC n. 9∕95 em si não era suficiente para operacionalizar a também chamada “relativização” do monopólio. Havia a necessidade de uma lei para a regulamentação do tema. Desse modo, em 6 de agosto de 1997, surgiu a lei n. 9.478, mais co-nhecida como “lei do Petróleo”, que consagrou o regi-me de concessão, que é o modelo regulatório aplicado em 50% dos contratos de petróleo no mundo.

Muitos fatos transcorreram ao longo desses 20 anos. A 1ª rodada de licitações ocorreu em 1999. Desde então, as licitações foram promovidas ano a ano. Todavia, a partir de 2006, com a suspensão da 8ª rodada de licitações da AnP, confirmado o seu cancelamento em 2012, as questões regulatórias vol-taram a ter influências políticas mais fortes. na se-quência, a 9ª rodada de licitações excluiu 41 blocos importantes, poucos dias antes do leilão. na 10ª ro-dada as ofertas de blocos no certame foram apenas em terra (onshore) e depois disso o país ficou quase cinco anos sem rodadas de licitação, porque no ano de 2010, ou seja, apenas 13 anos depois da instituição do modelo de concessão, o governo instituiu mais dois modelos regulatórios criando a cessão onerosa (lei n. 12.276/2010) estabelecendo um contrato exclusivo com a Petrobras; e o modelo de partilha da produção (lei n. 12.304/2010), que se caracteriza pela proprie-dade do óleo como sendo da União, possibilita a recu-peração dos custos de exploração (cost oil, em média em 30% é recuperado) e partilha o lucro em óleo (pro-fit oil) entre a União e os partícipes do contrato.

somando-se o tempo desperdiçado e o cancela-mento de uma das rodadas, o Brasil perdeu quase seis anos de atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural. Esse vazio está fazendo falta agora! – Vários outros fatores estão influenciando negativamente a atividade, tais como a não sinalização de outros leilões no chama-do “Pré-sal Jurídico”; o evento “operação lava-jato” que forçou o enfraquecimento do poder de investir da Petrobras; e ainda os próprios defeitos regulatórios do regime de partilha da produção. A reunião dessas ques-tões e seus efeitos reflexos nos demais partícipes da in-dústria, em especial, nos fornecedores, nos faz constatar, hoje, uma indústria do petróleo enfraquecida.

o Pré-sal Jurídico foi uma invenção regulatória que se tornou legal. Definiu uma determinada área, conhecida como “polígono do Pré-sal”, para a explo-ração e produção de petróleo e gás exclusivamente pelo regime de partilha da produção, com exceção dos contratos preexistentes de concessão e do contrato de cessão onerosa. não se reclama trabalhar com um re-gime jurídico novo ou diferente – todas as empresas internacionais e também a Petrobras estão acostuma-das aos regimes existentes no mundo. o problema é que nos contratos brasileiros de partilha da produção foram criadas duas situações distintas, em relação aos contratos no mundo, a saber:• A criação do operador único, sem possibilidades de cessão de seus direitos de operadora. Isso obrigou a Petrobras a participar de todo e qualquer bloco que seja leiloado no polígono do Pré-sal. Para não falar que represen-ta afronta aos princípios da livre iniciativa e da livre concor-rência, em termos empresariais, força a empresa a ter que

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ANUNCIANTES DA EDIçãO

ABB - Pág. 11

ABS - Pág. 3

Aerodinâmica - Pág. 21

API – American Petroleum

Institute - Pág. 1

Cashco - Pág. 31

CGG - Pág. 47

China Brasil - Pág. 49

Costa Porto - Pág. 39

CWC School for Energy - Pág. 77

Drager – 2ª Capa

Fluxcon - Pág. 12

Gerdau - Pág. 5

Inchcape Shipping - Pág. 15

marintec 2015 - Pág. 29

médico Sem Fronteiras - Pág. 68

Navium - Pág. 57

OTC Brasil – 3ª Capa

PhdSoft - Pág. 7

Presserv - Pág. 21

RHmed - Pág. 23

Rio Pipeline 2015 - Pág. 41

Status Offshore - Pág. 37

Vallourec - 4ª Capa

Wärtsilä - Pág. 13

A impressão e o papel que o seu anúncio merece! Anuncie.21 2224-1349 • www.tnpetroleo.com.br

opinião

Invenção vs inovação: começamos a inovar no setor elétrico, por Doneivan

F. Ferreira | Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade: “Gestão de

prioridades”, por Wanderlei Passarella | Vcone, tecnologia de ponta para medição de gás úmido,

por Heraldo Batinga | Diminuindo a lacuna entre as aspirações e a excelência, por José de Sá

O P I N I Ã O

A R T I G O S

PNG Petrobras 2015-2019 Choque de realidade Cobertura especial Brasil Offshore:

Superação é a palavra-chave do setor de óleo e gás

20 anos da flexibilização do monopólio do petróleo, de Luiz Cezar Quintans, advogado associado ao G Ivo Advogados, multiespecialista em direito do petróleo, tributário e empresarial.

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Edmar Almeida, diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

“O custo da mudança é menor no contexto de crise”

Ano XVI • julho/agosto 2015 • Nº 102 • www.tnpetroleo.com.br

ESPECIAL: CONSTRUÇÃO NAVAL

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não quer ficar à derivaINDÚSTRIA NAVAL

ter recursos, tanto para o bônus de assinatura quanto para operacionalizar cada bloco, na proporção de suas quotas, considerando uma quota mínima de 30%. sem falar na afeição societária (affectio societatis) que não existe, por ser imposta a parceria com o consórcio ven-cedor e com a PPsA, mesmo que a Petrobras não gos-te dos parceiros ou não tenha feito parte do consórcio que deu o lance vencedor. esse tipo de imposição legal quebra qualquer planejamento financeiro e bagunça o budget de qualquer empresa.• Foi criada uma empresa 100% nacional para fazer parte do regime de partilha, a chamada PPsA. em ter-mos regulatórios e na prática, nos contratos de partilha da produção no mundo, se encontra realmente uma noc (national oil company) presente nos contratos, mas, o que não se vê costumeiramente é a empresa fa-zer parte do comitê que executa e opera a exploração e Produção, compondo o comitê operacional com 50% dos votos, nomeando o presidente do comitê que tam-bém detém o poder de veto em quaisquer questões e ainda o voto qualificado ou de minerva, em caso de empate nas questões operacionais. nem na china, nem na Indonésia, nem na nigéria existem essas re-gras. As decisões, em caso de empate, ou são decididas pelo que deliberar o contratado ou, no máximo, por arbitragem. nem em Angola, país que o legislador bra-sileiro resolveu copiar para incluir a noc no comitê operacional, as questões são decididas pelo presidente do comitê. lá, em caso de empate, as partes resolvem também por arbitragem. e ainda há um contrassenso jurídico porque mesmo a PPsA fazendo parte do co-

mitê que decide tudo sobre a operação, a lei tratou de excluir sua responsabilidade pela execução, direta ou indireta, das atividades de e&P.

Basicamente, essas duas condições motivaram a baixa atratividade do 1º leilão do Pré-sal, que teve apenas um consórcio concorrente, o qual arrematou o bloco pelo lance mínimo vencido pela Petrobras (40%) e mais quatro concessionários: shell (20%), Total (20%), cnPc (10%) e cnooc (10%).

Passados apenas 20 anos da flexibilização, que na prática são 16 anos (a primeira rodada ocorreu em 1999) e considerando os quase seis anos sem atividades, tive-mos apenas dez anos de intensa atividade não mono-polizada. É muito pouco tempo para que as empresas possam se desenvolver. o Brasil precisa de mais roda-das e muito mais negociações. É preciso que as regras não se alterem de modo drástico, especialmente, em curtos espaços de tempo. enfim, é preciso que as em-presas criem raízes, criem negócios e relações fortes, de modo a não serem desestimuladas a sair ou repatriar investimentos. As empresas de petróleo têm condições de gerar emprego, renda e movimentar a economia, de forma que os fornecedores possam também se desenvol-ver e, consequentemente, agregar inovação, tecnologia, investimento, emprego, renda. essa filosofia é que é a verdadeira política para conteúdo local.

esperamos que sejam revistas as regras do “Pré-sal Jurídico”, a periodicidade das rodadas, as políticas de conteúdo local e em especial as políticas sobre os regi-mes jurídicos praticados no Brasil, de forma que possa-mos retomar o crescimento da indústria do petróleo.

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