revista só futebol 04

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ANO 1 • NÚMERO 4 • 2014 • R$10,00 Revista Só Futebol BOLÃO Fernanda Colombo e outras três figuras femininas do futebol contam a sua trajetória no esporte ElA bAtE uM ANO 1 • NÚMERO 4 • 2014 • R$10,00 RádiO EtERNO Bate-papo com craques do microfone Presidente do TJD-PR fala sobre os desafios do cargo tRibuNAl dESpORtivO Imagens marcantes vistas pelas lentes de fotógrafos esportivos CliCK

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Apaixonados por futebol

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Page 1: Revista Só Futebol 04

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bolãoFernanda Colombo e outras três figuras femininas do futebol contam a sua trajetória no esporte

ElA bAtE uM

ANO 1 • NÚMERO 4 • 2014 • R$10,00

RádiOEtERNO

Bate-papo com craques do microfone

Presidente do TJD-PR fala sobre os desafios do cargo

tRibuNAldESpORtivO

Imagens marcantes vistas pelas lentes de fotógrafos esportivos

CliCK

Page 2: Revista Só Futebol 04

Promoções exclusivas nos bares

resultados e tabelas pelo site:www.copakaiser2014.com.br

dos campos participantes.

Cerveja gelando ea Copa Kaiser esquentando

na reta final.

Page 3: Revista Só Futebol 04

Promoções exclusivas nos bares

resultados e tabelas pelo site:www.copakaiser2014.com.br

dos campos participantes.

Cerveja gelando ea Copa Kaiser esquentando

na reta final.

Page 4: Revista Só Futebol 04

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Page 5: Revista Só Futebol 04

5• Revista Só Futebol •

OliK COMuNiCAçãOR. Pamphylo D’Assumpção, 908

Rebouças | Curitiba – PR

(41) 3209.3389

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COORdENAçãO dE CONtEÚdOFernanda Brun

[email protected]

JORNAliStA RESpONSávElThais Vaurof – Mtb: 8270/PR

[email protected]

[email protected]

COlAbORAdORESMahani Siqueira, Rafael Falavinha,

Ricardo Galeb, Thaisa Meraki e

Priciane Crocetti

REviSãOThalita Uba (Lumos Traduções)

pROJEtO GRáFiCO E diAGRAMAçãOLais Pancote

pARA [email protected]

[email protected]

(41) 3209.3389

Nenhuma empresa ou pessoa está autorizada a

retirar produtos, comercializar espaços publicitários

ou editoriais, a não ser com autorização por escrito da

Olik Comunicação, situada na cidade de Curitiba.

ncerramos o ano com a quarta edição da

Revista Só Futebol, junto com as últimas ro-

dadas do campeonato brasileiro e de outros

campeonatos profissionais e amadores pelo

Paraná. Nesta edição, mostramos a garra de

mulheres apaixonadas pelo futebol e que

atuam em diferentes locais dos gramados.

Nossa capa, a bandeirinha Fernanda Colombo, fala sobre

preconceito e superação para estar cada vez melhor para o

próximo jogo. Outro destaque é o paranaense Fernandinho,

que começou sua carreira de jogador em Londrina e hoje

conquista a admiração de torcedores ao redor do mun-

do, com sua atuação no Manchester City e na Seleção

Brasileira. Os artilheiros dos times paranaenses também

fazem história e se destacam no Brasileirão. Paulo Baier,

hoje no Criciúma, já foi goleador do CAP e conta pra gen-

te um pouco dos seus gols inesquecíveis. 2014 foi um ano

importante para dois times do estado: o Coritiba inaugurou

o setor Pro Tork, um sonho antigo de dirigentes e torcedo-

res. Já o Londrina vem ganhando espaço no campeonato

paranaense e também no cenário nacional. Conversamos

com Claudio Tencati, técnico do time principal, e Pedrinho

Maradona, à frente do time Sub-20 do clube. Nas próximas

páginas você ainda encontra com bate-papo com craques

dos microfones e que narram partidas históricas no rádio,

e com o novo presidente do TJD-PR, além de uma matéria

sobre a importância de manter o controle emocional dos jo-

gadores, dentro e fora de campo.

Boa leitura!

E

EditORiAl

Page 6: Revista Só Futebol 04

6 • Revista Só Futebol •

SuMáRiO

38

NOSSA CApAFOtO: Henrique Pereira

pROduçãO: Grazi Meyer

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bolãoFernanda Colombo e outras três figuras femininas do futebol contam a sua trajetória no esporte

ElA bAtE uM

ANO 1 • NÚMERO 4 • 2014 • R$10,00

RádiOEtERNO

Bate-papo com craques do microfone

Presidente do TJD-PR fala sobre os desafios do cargo

tRibuNAldESpORtivO

Imagens marcantes vistas pelas lentes de fotógrafos esportivos

CliCK

Giro do FutebolTudo que aconteceu

em quadras e nos campos

pelo Paraná

08

12 brasileirãoA trajetória

dos times paranaenses

no Brasileirão

38 CapaAs mulheres

estão cada vez mais

atuantes nos gramados

Campeonato brasileiro

Imagens dos times parana-

enses em jogos do Brasileirão

28

20 espeCialLondrina é

destaque entre os

times do interior

34 perFilFernandinho, volante

do Manchester City, é

destaque no futebol inglês

Page 7: Revista Só Futebol 04

7• Revista Só Futebol •

44 estádioCouto Pereira

passa a ter capacidade para

mais de 40 mil torcedores

6044

20

52 saúdePesquisas da FIFA pro-

metem aumentar discussão sobre

a saúde mental dos jogadores

56 papo CabeçaPresidente do

TJD-PR fala sobre os

desafios que irá enfrentar

60artilheirosTimes paranaenses

formam artilheiros no

Campeonato Brasileiro

64 imprensaJornalistas

craques do microfone

falam sobre a era do rádio

70 internetSiga os ídolos

dos campos no

Instagram

Page 8: Revista Só Futebol 04

8 • Revista Só Futebol •

Bolarolando

Confira como estão as disputas nas quadras e nos campos do paraná

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GiRO dO FutEbOl

Sub-17

Atlético campeão

Paranaense

O time Sub-17 do CAP conquistou o

Campeonato Paranaense, no estádio

do Trieste, o último dia 29, contra o

time do Paraná . O jogo teve o placar

de 1 a 0, gol de João Pedro.

de Futebol Feminino

Campeonato Paranaense

Três times disputam o Campeonato Paranaense

de Futebol Feminino. Após quatro rodadas, o Foz

Cataratas lidera, com dez pontos. Na segunda

colocação está o Assai, com sete, e na terceira

posição, o Barec, que ainda não somou pontos.

Page 9: Revista Só Futebol 04

9• Revista Só Futebol •

de futebol amador

2ª divisão

3ª divisão

O maior campeonato

Campeonato Paranaense

Campeonato Paranaense

A bola não para na 6ª Copa Kaiser.

A competição, que reúne 96 ti-

mes, começou dia 12 de outubro

e tem a grande final no dia 14 de

dezembro, que premiará com R$

5 mil reais os primeiros colocados.

Ao todo, são 208 jogos distribuí-

dos em 48 partidas semanais, que

acontecem simultaneamente, em

24 campos de Curitiba e região

metropolitana. O Mengão Lindóia

defende o título de atual campeão.

A vitória por 2 x 1, fora de casa, ga-

rantiu o título da Segunda Divisão do

Campeonato Paranaense ao FC Cascavel.

O clube reverteu a derrota em casa, por

1 a 0, e com gols de Maurício e William

garantiu o título e a melhor campanha da

competição. Com o vice-campeonato, o

Nacional de Rolândia também garantiu

acesso à elite do futebol paranaense.

A campanha do Cascavel foi incontestá-

vel, liderando todas as fases. Em 19 jogos,

foram 12 vitórias, três empates e quatro

derrotas. O time marcou 23 gols e sofreu

dez. Teve um aproveitamento de 68%.

A dupla se une a Atlético, Coritiba,

Paraná, Londrina, Maringá, J. Malucelli,

Prudentópolis, Rio Branco, Operário e

Arapongas na disputa do ano que vem.

O Andraus ganhou o título da terceira divisão do estadu-

al. Na primeira partida da final, jogando em casa, o Pato

Branco venceu o Andraus por 2 a 0. Na segunda partida, o

Andraus conquistou o título nos pênaltis. Os dois times já

garantiram vaga na Divisão de Acesso do Paranaense 2015.

do Brasil

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Page 10: Revista Só Futebol 04

10 • Revista Só Futebol •

OperáriO pilarzinhO

Dava para sentir a responsabilidade que cada

um dos jogadores carregava junto do número

em suas costas e ouvir a esperança nervosa

dos torcedores. Não se trata de exagero, mas

sim de duas décadas e dois anos de espera

até que o Operário Pilarzinho, equipe tricolor

que nasceu no começo da década de 1930 com

trabalhadores do alto da Cruz do Pilarzinho e

Abranches jogando num campinho onde hoje

estão a Pedreira Paulo Leminski e a Ópera de

Arame, chegasse aonde chegou neste ano: na

final da Suburbana. Seu adversário é o União

Nova Orleans (UNO), equipe verde e branca que

começou a se formar em meados dos anos 1960

no meio de uma colônia polonesa e contabiliza

vinte longos anos de jejum após o primeiro tí-

tulo no campeonato.

O amor à camisa e a vontade de seguir adian-

te – características que faltam constantemente

em muitos times de campeonatos profissionais

Seja lá qual for o campeão, ele está esperando há

mais de 20 anos por isso

Decisão

GiRO dO FutEbOl

histórica

– fizeram com que as duas equipes elimi-

nassem os enormes favoritos Iguaçu e Santa

Quitéria em semifinais repletas de lama, chu-

va e algumas divergências em campo – nada

que não fosse resolvido com quatro ou cinco

minutos de acréscimo ao tempo regulamentar.

Operário Pilarzinho e União Nova Orleans fa-

zem, nos dois primeiros sábados de dezembro,

uma decisão inédita. E essa é a graça maior

do futebol. Se Nova Orleans levar a melhor

nos confrontos, encontrará pela segunda vez

o gosto de ser campeão. Se Pilarzinho se der

bem, não só distribuirá lágrimas ao oponente

como entenderá o que é levantar pela primeira

vez a taça do melhor torneio amador do Brasil.

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UniãO nOva Orleans

Page 11: Revista Só Futebol 04

11• Revista Só Futebol •

FUTsal OUrOGinásio da Neva

Cascavel x Guarapuava

de Futsal FemininoFutsal Masculino

2ª fase

ParanaenseSérie Ouro

Série Prata

FUTSAL

Aquárius e Associação Cianortense

estão na grande final. Eles elimina-

ram Guairacá/Guarapuava e Londrina

Futsal, respectivamente, e brigam

pelo título de Campeão Paranaense.

Também disputam a grande final Poker Guarapuava

Garden Óleo Leve e Muffatão/Sol do Oriente/Cascavel. As

equipes entram em quadra para definir o grande campeão.

Pelas semifinais da Série Prata, quatro equipes disputam

a taça: Concrevalle/Dois Vizinhos x Caramuru/PlayBeck/

Castro e Itaipulândia Futsal x Unifil-EAD/Assaí.

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Page 12: Revista Só Futebol 04

12 • Revista Só Futebol •

bRASilEiRãO

12 • Revista Só Futebol •

Page 13: Revista Só Futebol 04

13• Revista Só Futebol •

UFA!Atlético, tranquilo. Coritiba, salvo. E paraná,

com todas as dificuldades, sobreviveu

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AS

Campeonato Brasileiro de

2014 não vai deixar sau-

dade para torcedores de

Atlético, Coritiba e Paraná.

Faltando uma rodada para

o fim da competição, os

clubes não empolgaram Oseus torcedores, que têm mais pre-

ocupações do que alegrias.

Desde o início do campeonato,

em abril, 112 jogos foram disputados

pelo trio, que mais perdeu do que

ganhou. O placar está 43 a 38. As

campanhas não decolaram.

13• Revista Só Futebol •

Page 14: Revista Só Futebol 04

14 • Revista Só Futebol •

bRASilEiRãO

atlétiCoA situação do Atlético é mais

tranquila. O Furacão ocupa a 8ª

colocação, com 53 pontos. Havia

uma expectativa maior pelo tor-

cedor devido à ótima campanha

do ano passado, que rendeu

uma vaga na Libertadores da

América e consolidou Éderson

como artilheiro da competição e

Marcelo como revelação.

Após a curta passagem

do técnico Doriva, a diretoria

apostou na contratação do

treinador Claudinei Oliveira,

que deixou o rival Paraná. Sob

o comando de Claudinei, foram

19 jogos: nove vitórias, dois

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Page 15: Revista Só Futebol 04

15• Revista Só Futebol •

AtACANtE ClEOArtilheiro do furacão no brasileirão

empates e oito derrotas. Uma

campanha marcada por altos e

baixos e que pouco motivou o

torcedor atleticano.

Foram poucos os bons mo-

mentos. Destaques para a vi-

tória sobre o Corinthians, por

1 a 0. Na sequência, vieram

duas derrotas seguidas, para

Coritiba e São Paulo, que dei-

xaram o time, pela primeira

vez no campeonato, próximo

da zona do rebaixamento. E

na gangorra do Furacão no

Brasileiro, foram mais duas vi-

tórias jogando em casa, contra

Figueirense (3 a 0) e Flamengo

(2 a 1). Depois, o time melho-

rou o desempenho jogando

fora de casa: venceu Criciúma,

Botafogo e Bahia. Vitórias

que deram tranquilidade para

os jogadores na reta final do

Brasileirão.

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15• Revista Só Futebol •

Page 16: Revista Só Futebol 04

16 • Revista Só Futebol •

bRASilEiRãO

CoritibaO Coritiba lutou para rever-

ter o péssimo desempenho que

o acompanhou durante toda a

competição. O time sobrevi-

veu em um campeonato para

ser esquecido. Foram poucas

as rodadas fora da zona do re-

baixamento, mas com o apoio

da torcida nos jogos no Couto

Pereira, o time mostrou poder

de reação na reta final.

O que pesa para a campa-

nha ruim são os pontos não

conquistados jogando fora de

casa. Foram duas vitórias e

seis empates: Chapecoense,

S ã o P a u l o , F l u m i n e n s e ,

Bahia, Corinthians e Vitória.

Apenas nove pontos em todo

campeonato.

De s d e q u e v o l t o u a o

Coritiba, o técnico Marquinhos

Santos comandou o time em

20 jogos e deu novo ânimo ao

time. Foram oito vitórias, cin-

co empates e sete derrotas.

Os bons momentos foram to-

dos no Alto da Glória. Vitórias

contra São Paulo, Atlético-

PR, Botafogo, Fluminense,

Botafogo e Palmeiras t i-

raram o clube da lanterna.

Faltando apenas um jogo, o

Coxa conseguiu escapar do

rebaixamento.

Zé Love e Joel comemoram

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Page 17: Revista Só Futebol 04

17• Revista Só Futebol •

obriGado, alex!

O Atletiba do dia 10 de outubro foi especial

para o meia Alex, do Coritiba. Foi o último

clássico da carreira do jogador, que anun-

ciou aposentadoria no final do ano. Foram

19 partidas e o retrospecto é positivo:

nove vitórias, quatro empates e seis der-

rotas. Umas das cenas mais marcantes

do Atletiba também envolve a despedi-

da de Alex do clássico. Fã declarado do

meia coxa-branca, Marcos Guilherme, do

Atlético, pediu para trocar as camisas no

intervalo. “Queria faz tempo uma camisa

dele e vou guardar pra sempre. É um dos

ídolos que tenho no futebol”, disse.

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17• Revista Só Futebol •

Page 18: Revista Só Futebol 04

18 • Revista Só Futebol •

paranáÚnico representante do esta-

do na Série B, o Paraná não re-

pete as boas participações que

teve em anos anteriores, quando

bRASilEiRãO

disputou o acesso à Série A.

Com altos e baixos, o Tricolor

não tem mais chances de su-

bir e apenas cumpre tabela nas

rodadas finais. Após a volta do

técnico Ricardinho, foram 17 jo-

gos: seis vitórias, sete empates

e apenas três derrotas.

Uma das maiores frustra-

ções foi o empate em 2 a 2 com

© F

RA

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18 • Revista Só Futebol •

Page 19: Revista Só Futebol 04

19• Revista Só Futebol •

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ASa Ponte Preta, jogando no

interior paulista. O Tricolor

abriu 2 a 0 no então líder

da competição, mas não

resistiu e cedeu o empate

com gol aos 43 minutos do

segundo tempo. Na sequ-

ência, depois de empatar

em casa com o Oeste, o

Tricolor encerrou uma sé-

rie de seis jogos sem ven-

cer. A vitória por 2 a 0 con-

tra o Luverdense animou

jogadores e torcedores.

Mais duas vitórias ti-

raram qualquer chance

de queda para a Série

C. O triunfo contra a

Portuguesa (1 x 0), na

Vila e a vitória, fora de

casa, contra o Icasa (2

x 1). No meio da tabela,

com 48 pontos, e a 11 ª

colocação, Ricardinho

deve aproveitar estes jo-

gos para projetar 2015.

luCiO FláviOSímbolo paranista

Page 20: Revista Só Futebol 04

20 • Revista Só Futebol •

Domando otubarão

Há mais de três anos no londrina, Claudio tencati prova que o

trabalho a longo prazo dá resultado

ESpECiAl

20 • Revista Só Futebol •

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TraJeTÓriaDesde 2011 no Londrina, Tencati ainda não tem planos de sair do time

Page 21: Revista Só Futebol 04

21• Revista Só Futebol •

laudio Tencati chegou ao

Londrina em abril de 2011.

Hoje, ele é o treinador que há

mais tempo está no comando

de um clube entre as quatro

principais divisões do futebol

brasileiro. Aos 41 anos, ele é

um dos técnicos de destaque da nova geração.

Vive o melhor momento da carreira ao mesmo

tempo em que ajuda na recuperação de um dos

mais tradicionais clubes do Paraná.

A trajetória como treinador do Londrina é im-

pecável. Em 2011, comandou o time na volta à

primeira divisão do Campeonato Paranaense.

Dois anos depois, conquistou o Título do

Interior. Mas foi em 2014 que Tencati escreveu

o nome na história do clube. Sob seu comando,

o Londrina voltou a ser Campeão Paranaense,

após 22 anos, e também garantiu vaga na Série

C do Campeonato Brasileiro de 2015.

Em entrevista à Revista Só Futebol, Claudio

Tencati falou das conquistas, da reformulação

feita no Londrina e da expectativa para o futuro.

Revista Só Futebol: O trabalho a longo prazo é

um dos segredos do sucesso do londrina nos

últimos anos?

Claudio tencati: Com certeza. É preciso ter

tranquilidade para trabalhar no dia a dia.

Dificuldades sempre vão existir, mas quando há

confiança entre os setores, o resultado aconte-

ce. Tudo que planejamos para o Londrina está

acontecendo. E a confiança da diretoria na co-

missão técnica faz parte desse planejamento.

Revista Só Futebol: Sempre que há troca no

comando técnico, principalmente nos times

C"É PrECiSO TEr TrANqUiLiDADE PArA TrABALhAr NO DiA A DiA. DiFiCULDADES SEMPrE vãO ExiSTir, MAS qUANDO há CONFiANçA ENTrE OS SETOrES, O rESULTADO ACONTECE."

de Curitiba, o seu nome é citado como opção.

Como você vê esse reconhecimento?

Claudio tencati: Fico muito satisfeito por ser

lembrado por outros times. Sinto-me feliz por-

que é reflexo do meu trabalho e mostra que os

outros clubes também reconhecem tudo que

está sendo feito aqui no Londrina. É sinal de

que o trabalho está sendo bem feito.

Revista Só Futebol: você comandou o londrina

por mais de 100 partidas. Qual foi o jogo mais

marcante?

Claudio tencati: Dois jogos são inesquecí-

veis. A virada contra o Atlético pela semifinal do

Paranaense deste ano foi incrível. Levamos um

gol, mas o time se superou e marcou quatro, ga-

rantindo a vaga na final.

Outro jogo que não sai da minha cabeça foi o que

nos deu a vaga da Série C. Apesar do empate com

a Anapolina, garantimos a vaga jogando em casa

e ao lado do nosso torcedor.

Revista Só Futebol: Como você vê o resgate

dessa força do interior que é o londrina?

Claudio tencati: Acho que somos um exemplo

para os outros times do interior. Mostramos que,

com organização, é possível chegar lá. O estado

Page 22: Revista Só Futebol 04

22 • Revista Só Futebol •

ESpECiAl

do Paraná precisa de mais times

fortes, brigando pelo título do

Paranaense e vaga nas Séries

D e C. Não podemos ter apenas

os três da capital com força.

Revista Só Futebol: Nos

últimos anos, o londrina

revelou bons jogadores e

também conquistou o título

do paranaense Sub-20. O que

mudou na categoria de base?

Claudio tencati: Há pelo menos

dez anos, o clube vem formando

vários jogadores, que ajudaram o

Londrina e agora defendem ou-

tros times. Posso citar o Bruno

Henrique, que está no Corinthians;

o Arthur, atacante do Flamengo;

o Wendell Borges, que foi para o

Bayer Leverkusen depois de pas-

sar pelo Grêmio; e o próprio Joel,

que está no Coritiba. Tem que in-

vestir na base, não há outro jeito.

São esses atletas que geram a

receita que sustenta o clube. Nós

temos uma política de priorizar a

base, trabalhando bastante esses

jovens e colocando-os para jogar

no time profissional.

Revista Só Futebol: A disputa

da Série C vai proporcionar ao

londrina um calendário para

o ano todo. O que muda no

planejamento?

Claudio tencati: Eu falei para os

nossos atletas que a principal

contribuição que demos para

o Londrina foi um calendário

definido para 2015. Isso é fun-

damental para o planejamen-

to de qualquer time. A disputa

da Série C dura quase todo o

ano, começa em abril e vai até

novembro, e esse calendário

“cheio” é fundamental para o

planejamento da diretoria.

Revista Só Futebol: você per-

manece no londrina em 2015?

Claudio tencati: Eu tenho um

acordo com o presidente para

ficar. Saio apenas se vier uma

proposta mais vantajosa para

minha carreira. Caso contrário,

permaneço no Londrina.

"AChO qUE SOMOS UM ExEMPLO PArA OS OUTrOS TiMES DO iNTEriOr. MOSTrAMOS qUE, COM OrGANiZAçãO. É POSSívEL ChEGAr Lá."

Page 23: Revista Só Futebol 04

23• Revista Só Futebol •

ano do Tubarão, que já era bom,

ficou ainda melhor. Depois de

três vice-campeonatos conse-

cutivos, os garotos do Sub-20

conquistaram o título de cam-

peões paranaenses. O técnico

Pedrinho Maradona falou com

a Revista Só Futebol sobre essa conquista.

Revista Só Futebol: Qual o peso de um título

como esse na formação de um jovem atleta?

pedrinho Maradona: É muito importante por-

que eles são formados como campeões, com

esse sentimento bom da conquista. Isso dá muita

confiança para o início da carreira como profissio-

nal. Para o clube, também foi muito bom, pois não

vencíamos nessa categoria há 20 anos.

Revista Só Futebol: você trabalhou no Atlético-

pR, que é reconhecido por ter uma estrutura

muito boa para a categoria de base. Como é a

estrutura no londrina?

pedrinho Maradona: Não deixa nada a desejar.

É muito parecida com a do Atlético. Nós temos

cinco campos de treinamentos, mais um em

construção, além de uma academia que está

sendo finalizada para uso exclusivo da base.

Isso tudo se reflete no campo, pois se o atleta

O

Seguindoo bom exemplo

Assim como o time principal, o Sub-20 do londrina também

se destacou com pedrinho Maradona no comando

Page 24: Revista Só Futebol 04

24 • Revista Só Futebol •

ESpECiAl

"AO LONGO DOS ANOS, APrENDi COM TODOS OS

TrEiNADOrES qUE TrABALhEi.

AqUi MESMO, NO LONDriNA, O TENCATi ME

AJUDOU MUiTO."

tem boas condições de traba-

lho no dia a dia, o resultado

aparece nos jogos.

Revista Só Futebol: pelo

menos sete jogadores que

foram campeões do Sub-20

vão para o elenco profissional

do londrina em 2015. Como

você avalia a sua participação

nesse processo?

pedrinho Maradona: Quando

eu cheguei no Londrina, esses

atletas já estavam na base e o

Tencati já observava os treina-

mentos. Tento passar minha ex-

periência para que eles tenham

calma e concentração nessa

fase de transição. Costumo dizer

que o Sub-20 é o vestibular do

futebol, pois é a última categoria

antes do profissional. Se o atleta

se preparar e for bem, passa.

Revista Só Futebol: Está nos

seus planos assumir uma

equipe profissional?

pedrinho Maradona: É meu prin-

cipal objetivo. Ao longo dos anos,

aprendi com todos os treinado-

res com que trabalhei. Aqui mes-

mo, no Londrina, o Tencati me

ajudou muito. Estou preparado

para isso e espero uma oportu-

nidade. Se for no Londrina, será

ainda melhor, mas respeito muito

o Tencati e torço por ele.

Page 25: Revista Só Futebol 04
Page 26: Revista Só Futebol 04

UMA DOSEDE ENErGiA

26 • Revista Só Futebol •

Novo produto energético promete melhorar desempenho de atletas

ais energia. Quem pratica

esportes sabe o quanto

isso faz diferença, seja na

hora de um treino ou de

uma partida importante.

Pensando nisso, o Vivamil

se propõe a ser o novo

melhor amigo de quem é adepto de atividades físi-

cas. Importado dos Estados Unidos, sua proposta é

Mcolocar no mercado um novo conceito de energéti-

cos. O produto não é um remédio, é apenas cafeína,

pura e concentrada. Comercializado em comprimido

ou líquido, possui dosagem única de 210 mg, aten-

dendo, portanto, às normas da RDC 27/2010 da

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que

regulamenta o uso da cafeína em suplementos para

atletas em até 420 mg/dia.

Entenda um pouco mais sobre o produto!

publiEditORiAl

Como a cafeína melhora o desempenho de um atleta do futebol?

A cafeína é usada para potencializar a energia e

é reconhecida mundialmente como o estimulante

mais ingerido no mundo. No futebol, ela tem sido

muito útil quando ingerida meia hora antes da ativi-

dade, pois ajuda no desempenho físico, retardando

o cansaço e a fadiga.

Qual é a indicação de uso? Há alguma contraindicação?

Um comparativo útil é que os 210 mg do Vivamil equi-

valem a duas latas e meia de bebidas energéticas co-

muns, à base de taurina e guaraná. Portanto, o produto

é indicado para qualquer pessoa com idade acima de

18 anos. Gestantes, nutrizes e hipertensos devem

consultar o médico ou nutricionista antes de usá-lo.

Page 27: Revista Só Futebol 04

UMA DOSEDE ENErGiA

27• Revista Só Futebol •

"O vivAMiL ESTá PrESENTE EM 50% DAS qUADrAS DE FUTEBOL 7 DE CUriTiBA E rEGiãO METrOPOLiTANA, TOTALiZANDO MAiS DE 30 BAirrOS."Tiago Zella, Gerente Nacional de Operações da marca Vivamil no Brasil

Sim. O Vivamil é fabricado nos Estados Unidos, dentro dos mais

rigorosos padrões de qualidade. O produto é microbiologicamente

testado e a fabricação aufere os selos do GMP (Good Manufacturing

Practices) e também do FDA (Food and Drug Adminsitration), o mais

importante órgão regulador de alimentos e medicamentos ameri-

canos. Aqui no Brasil, o Vivamil está totalmente de acordo com as

regulamentações da Anvisa.

Esse produto possui certificado de qualidade

que ateste segurança ao consumidor?

Qual o lugar mais prático de encontrar o produto?

O Vivamil está presente em 50% das quadras de futebol 7 de Curitiba

e região metropolitana, totalizando mais de 30 bairros. O produto é

encontrado nas lanchonetes das quadras, mas também é possível

adquiri-lo nas principais redes de farmácias e lojas de conveniências.

Com certeza. Os “jogadores de final de semana”, que não têm con-

tato diário com exercícios físicos, podem ter melhor rendimento

quando fazem uso da cafeína concentrada.

para quem é “jogador de final de semana”,

o vivamil também pode ser positivo?

Que times aqui do paraná já estão usando o vivamil?

Times da Copa Suburbana e, para o próximo Campeonato Paranaense,

estamos fechando com duas grandes equipes. Estamos consolidan-

do nosso pioneirismo no futebol e crescendo a cada dia.

para outros esportes, ele também tem benefícios?

O Vivamil é adequado para todo e qualquer tipo de esporte e

atividade física.

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28 • Revista Só Futebol •

CAMpEONAtO bRASilEiRO

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28 • Revista Só Futebol •

do Brasileirãoregistros

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29• Revista Só Futebol •

Paraná valente na vila Capanema

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CAMpEONAtO bRASilEiRO

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bAdiJovem talento do Atlético Paranaense

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Weverton recebe o apoio e carinho da torcida

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CAMpEONAtO bRASilEiRO

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Leandro Almeida comemora o gol feito no Galo

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34 • Revista Só Futebol •

por onde passaSucesso

Atual volante do Manchester City, Fernandinho é ídolo em todas as equipes pelas quais passou. Na ucrânia, ganhou até um documentário sobre a sua

vida, tamanha a marca que deixou no país

ma pessoa calma e de fala

mansa, mas que, em cam-

po, é um guerreiro. Fernando

Luis Rosa, o Fernandinho,

está com 29 anos, é natu-

ral de Londrina e volante de

um dos principais clubes do

mundo, o Manchester City. Para chegar lá, a cami-

nhada foi longa. Polivalente, iniciou como atacan-

te, jogou de meia e lateral até virar volante.

Iniciou na bola aos 13 anos de idade, na equipe

do PSTC, de Londrina, na época parceira do Clube

Atlético Paranaense. Quase parou de jogar por fal-

ta de dinheiro, mas foi ajudado por um observador

técnico, o Ticão, que bancou sua permanência.

Chamou a atenção do Atlético, que o convocou

para ficar no clube. “Difícil sair de casa tão cedo e

ir para uma cidade grande, com estilo, clima e pes-

soas bem diferentes. Era uma novo desafio para

encarar o sonho de ser jogador, com a incerteza de

se daria certo ou não. Mas eu tinha a vontade e a

Udeterminação de fazer dar”, relembrou o volante.

O início no profissional foi muito rápido. Ficou

apenas seis meses na categoria júnior do Atlético

e já estreou no time principal, em um Brasileirão. O

ano de 2003, o primeiro como profissional, serviu

para adquirir experiência.

“Em 2004, a diretoria montou um time muito

forte. Fomos vice no Brasileiro. O time jogava bo-

nito. Fui feliz em jogar vários jogos naquele ano.

E sempre tive a felicidade de jogar em várias po-

sições. Isso, sem dúvida, me ajudou na carreira”,

comentou Fernandinho.

Em 2005, atuando como meia, o atleta foi um

dos remanescentes do ano anterior, que foi vice

da América. “Acho que nenhum brasileiro acredi-

tava naquele time. O Atlético era o time em que

ninguém apostava. Mas, com muito esforço e com

o apoio da torcida, chegamos lá. Foram dois anos

que o Atlético realmente merecia”, destacou.

Após o sucesso, veio uma proposta para jogar

em um futebol não muito conhecido: o ucraniano.

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35• Revista Só Futebol •

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qUE (A COPA) FOi MiNhA MAiOr ExPEriêNCiA

PrOFiSSiONAL. FOi TUDO

ESPETACULAr. MESMO COM A

DErrOTA, vAi FiCAr MArCADO

PArA O rESTO DA MiNhA viDA.”

35• Revista Só Futebol •

FERNANdiNHO volante da Seleção Brasileira

Page 36: Revista Só Futebol 04

36 • Revista Só Futebol •

bate-pronto

Ídolo:

Meu pai

passatempo preferido:

Assistir a filmes

Melhor jogador de todos os tempos:

Romário

Clube de futebol da infância:

Santos

Com quem gostaria de ter jogado:

Zé Roberto

Melhor treinador com que trabalhou:

Mircea Lucescu

Gol mais bonito:

Atlético x Criciúma em 2003

Melhor lembrança que o futebol deu:

Os amigos

Comida preferida:

Lasanha bolonhesa

Filme preferido:

Gladiador

lugar preferido:

Londrina

Fernandinho:

Um cara busca seus objetivos

pERFil

o trabalho reconhecido. Ainda

mais longe da sua casa. Fui

surpreendido, em 2012, com

esse documentário sobre a

minha vida. Fiquei muito feliz.

Sensação de dever cumprido

e de trabalho bem realizado.

Tenho muito carinho pelo clu-

be”, afirmou o volante.

Mas um novo desafio surgiu,

e Fernandinho trocou Donetsk

por Manchester, na Inglaterra.

Ídolo do Manchester City, em

Um time em ascensão, que

apresentou um projeto ousa-

do ao jogador. Fernandinho

comprou a ideia. Foram oito

anos no Shakhtar Donetsk.

Seis títulos nacionais, algu-

mas copas e supercopas e

o título mais importante da

equipe, o da Copa UEFA.

O jogador marcou tanto o

clube que ganhou um docu-

mentário, Fernan7, em sua

homenagem. “Legal você ter

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Page 37: Revista Só Futebol 04

37• Revista Só Futebol •

seu primeiro ano já foi campeão e conquistou a tor-

cida. Mais um pedaço de seu sonho realizado. “Não

realizei tudo ainda, não. Quero mais. Tinha o desejo

da Copa do Mundo e de jogar em um grande clube

da Europa, mas ainda quero mais”, destacou.

E por falar em Copa, jogar no Brasil pela

Seleção é uma das grandes recordações do jo-

gador. “Tenho convicção de que foi minha maior

experiência profissional. Foi tudo espetacular.

Mesmo com a derrota, vai ficar marcado para o

resto da minha vida. Uma realização pessoal e

profissional”, comentou o volante.

Já se vão quase dez anos de Europa, que serão

completos em 2015. Nesse período, Fernandinho

levou o nome da cidade de Londrina e do Paraná

com orgulho para os quatro cantos do mundo.

Mas a saudade aperta e voltar para a terra na-

tal não está descartado pelo jogador. “Já pensei

bastante em voltar. Isso passa pela minha cabeça.

Viver em Londrina ou Curitiba. Mas vai depender

do que farei no meu pós-carreira. Mas sem dúvi-

da, independentemente disso, essas duas cida-

des estarão sempre em meus roteiros de viagem.

Gosto muito das duas”, concluiu.

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SONHAdOR De Londrina para a seleção brasileira, Fernandinho já conquistou vários objetivos, e ainda sonha com mais

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38 • Revista Só Futebol •

rEPÚBLiCAFEMiNiNA DA BOLA

Apaixonadas por futebol, quatro mulheres contam como se aproximaram do esporte e como pretendem

continuar ligadas aos campos e às quadras

CApA

38 • Revista Só Futebol •

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39• Revista Só Futebol •

aroline descobriu o fute-

bol nas brincadeiras com

o pai e o irmão dentro de

casa. Para Thais, a intimi-

dade com a bola se de-

senvolveu graças ao pai,

que trabalhava em uma

escolinha. Fernanda foi incentivada por um

treinador de atletismo. Já Sandra só se apro-

ximou dos gramados graças a uma aposta

firmada com um amigo, árbitro profissional.

As quatro personagens principais desta ma-

téria têm, cada uma a seu modo, uma histó-

ria que as levou para o meio de campo, para

a cabeça de área ou até para o lado de fora

C– junto à linha lateral. Apesar de episódios

de preconceito aqui e ali, dificuldades para

encontrar um time ou atraso na profissiona-

lização do futebol feminino, nenhuma delas

jamais cogitou se afastar do esporte depois

que ele passou a ser tão fiel companheiro.

Fernanda, Carol, Thais e Sandra se en-

cantaram pelo futebol de maneiras dife-

rentes e não dependem só do esporte para

sobreviver. Com a bola nos pés ou com a

bandeirinha em mãos, as quatro exercem

uma atividade que pode não ser um meio de

sustento financeiro, mas alimenta uma pai-

xão que já superou obstáculos e até pesou

na hora da escolha das profissões.

39• Revista Só Futebol •

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40 • Revista Só Futebol •

bola pra FrentePersonagem principal de uma

das maiores polêmicas do ano

no futebol brasileiro, a auxiliar

Fernanda Colombo já deixou para

trás o episódio em que foi dura-

mente criticada por jogadores e

dirigentes do Cruzeiro após uma

falha no clássico contra o Atlético-

MG. Ela não se esquece dos co-

mentários maldosos e machistas

que acompanharam a repercus-

são do caso, mas prefere focar os

esforços no futuro e no sonho de,

um dia, integrar o quadro interna-

cional de árbitros da FIFA.

“Para nós, que trabalhamos

com arbitragem, o próximo jogo

é sempre o mais importante. É

o próximo jogo que vai definir

os próximos para os quais sere-

mos escalados e cada desafio é

fundamental para a carreira que

construímos. Depois da falha na-

quele jogo, eu passei por um pe-

ríodo de reciclagem em partidas

menos importantes, mas sempre

encarei com a mesma seriedade”,

afirma Fernanda.

Apaixonada por futebol desde

criança e auxiliar de arbitragem

desde 2009, quando foi incen-

tivada a encarar o desafio no

"PArA NóS, qUE TrABALhAMOS COM ArBiTrAGEM, O PróxiMO JOGO É SEMPrE O MAiS iMPOrTANTE. "

CApA

Fernanda Colombo

Page 41: Revista Só Futebol 04

41• Revista Só Futebol •

“EU ADOrO JOGAr FUTEBOL

E SOU MUiTO FELiZ

POr TUDO qUE vivi. FiZ

GrANDES AMiZADES E TivE váriAS OPOrTUNiDADES

GrAçAS AO ESPOrTE."

futebol por um treinador de atletismo, ela trabalhou em

jogos amadores e de futebol de base antes de che-

gar à primeira divisão do futebol brasileiro. Os episó-

dios de preconceito sempre existiram isoladamente,

mas chegaram ao seu ápice no Brasileirão deste ano.

Perguntada sobre o que mais a deixou chateada na

história – que envolveu até um dirigente cruzeirense

dizendo que ela deveria posar para a Playboy –, ela

afirma que foi a forma como o caso repercutiu.

“Eu acho que o caso é a prova de que realmente

ainda existe muito preconceito e machismo no fu-

tebol. Erros como esse que eu cometi acontecem o

tempo inteiro, mas nunca a proporção e os comen-

tários foram tão evidentes quanto aconteceu comi-

go. Mesmo árbitros mais experientes já erraram de

forma muito mais grave, mas não sofreram tantas

críticas. Infelizmente, acho que isso acontece por eu

ser mulher e ainda ser muito jovem”, reflete, entris-

tecida, a auxiliar, que tenta não se abalar e, claro, já

se prepara para o próximo compromisso.

dos Campeonatos mistos À seleçãoQuando começou a jogar futebol, com cerca de 11

anos, Caroline Schramm teve que se juntar a poucas

meninas e formar times mistos com meninos para

disputar os campeonatos da escola. Mal sabia ela

que, poucos anos depois, estaria vestindo as cami-

sas da seleção brasileira de base, com direito a títu-

los e experiências ao redor do mundo.

Carol já jogou futsal pelo Coritiba e pelo Paraná Clube

e defendeu as camisas de Vila Fanny e Novo Mundo

nos gramados. Com 18 convocações para as seleções

de base, a zagueira disputou campeonatos mundiais

em Trinidad e Tobago e no Japão, além de ter sido cam-

peã sul-americana sub-17 e sub-20 (com vitória sobre

a Argentina na final, em pleno Couto Pereira).

Hoje com 21 anos, Carol estuda Fisioterapia e

continua jogando futsal para manter a forma e o

contato com a bola. A falta de times profissionais

no Paraná e a vontade de começar uma carreira

como fisioterapeuta (sempre de olho no futebol,

é claro), acabaram afastando a atleta dos grama-

dos. Nada, no entanto, que a faça se arrepender.

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Caroline Scharamm

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42 • Revista Só Futebol •

“Eu adoro jogar futebol e sou

muito feliz por tudo que vivi. Fiz

grandes amizades e tive várias

oportunidades graças ao espor-

te. Mas, hoje, estou apaixonada

pelo meu curso e pretendo se-

guir minha carreira na fisiotera-

pia e ficar próxima aos campos

ou às quadras por conta desse

trabalho. Para jogar em um clu-

be, a proposta teria que ser mui-

to, mas muito boa mesmo”, com-

pleta, com a certeza de que não

será preciso calçar as chuteiras

para viver próxima ao futebol.

ClaVÍCula inimiGaFoi em uma certa quinta-feira

de 2010 que Thais Andrade so-

freu uma lesão na clavícula. No

dia seguinte, o nome dela estava

na convocação para a seleção

brasileira de futebol feminino

para um período preparatório.

Na época, a meio-campista de-

fendia o time do Novo Mundo e,

por um fatídico acidente, teve

que abrir mão da primeira e últi-

ma convocação da carreira.

Nem a dolorida frustração

foi capaz de afastar a atleta do

futebol. Formada em Educação

Física e cursando Fisioterapia,

ela se orgulha de ter defendido

Paraná Clube, Vila Fanny e Novo

Mundo em diversas competi-

ções. Hoje, contudo, ela prefere

o posto de treinadora de times

CApA

de futsal, função em que pre-

tende ficar por bastante tempo.

“Pretendo realmente me es-

pecializar na função de treina-

dora para poder trabalhar com

futsal. Estou fazendo o curso

de Fisioterapia, que funcio-

na como um complemento, e

quero fazer pós-graduação na

área”, finaliza Thais.

"PrETENDO rEALMENTE ME ESPECiALiZAr NA FUNçãO DE TrEiNADOrA PArA PODEr TrABALhAr COM FUTSAL."

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Thais Andrade

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43• Revista Só Futebol •

aposta duradouraO Couto Pereira estava lo-

tado e a árbitra auxiliar Sandra

Maria Dawies marcou um impe-

dimento que evitou o gol que

daria a vitória do Irati contra o

Coritiba. A decisão se mostrou

correta nos replays e fez com

que a partida ficasse marcada

na memória da bandeirinha, que

atua na função desde 2004,

quando se formou no curso

da Federação Paranaense de

Futebol. A vida de árbitra, que

começou com uma aposta en-

tre amigos, já dura dez anos,

com reciclagens anuais e fre-

quentes testes físicos.

“Eu tirei sarro de um amigo

árbitro que havia errado em um

lance. Ele me desafiou para que

eu visse que não é tão simples

assim. Aceitei e me apaixonei

pelo trabalho. Sempre gostei de

futebol, mas não gosto muito de

jogar. A função como assistente

acabou sendo a opção perfei-

ta”, comenta Sandra, que hoje

tem 41 anos e espera aproveitar

ao máximo seus últimos qua-

tro como bandeirinha, já que 45

anos é a idade máxima permiti-

da para o trabalho.

Enquanto não chega a hora

de pendurar a bandeira, a fun-

cionária pública continua sendo

figurinha carimbada em jogos

profissionais, amadores e nos

" CADA DESAFiO

É FUNDAMENTAL

PArA A CArrEirA

qUE CONSTrUíMOS"

cursos de reciclagem. Apesar de

já ter trabalhado em inúmeras

partidas, ela termina a conversa

com um aviso para quem quiser

se aventurar: “O próximo jogo é

sempre o mais importante”, com-

pleta, torcendo para que ainda

venham vários próximos.

43• Revista Só Futebol •

Fernanda Colombo

Page 44: Revista Só Futebol 04

44 • Revista Só Futebol •

EStádiO

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45• Revista Só Futebol •

COriTiBA iNAUGUrA

SETOr PrO TOrK

Couto pereira passa a ter capacidade para mais de 40 mil torcedores

m sonho antigo do torcedor

coxa-branca virou realida-

de. No dia 3 de outubro, foi

entregue pelo presidente

do Coritiba, Vilson Ribeiro

de Andrade, o novo setor

Pro Tork, empreendimento

que “fecha” o estádio, com camarotes e cadei-

ras cobertas na Rua Mauá. As obras iniciaram

em 2013 e foram entregues no prazo.

A cerimônia de inauguração, realizada no

novo espaço, contou com a presença de di-

retores do clube, conselheiros, torcedores e

representantes da empresa. “É um dia muito

importante, pois é a realização de um sonho de

37 anos. Essa diretoria deixa um legado para a

história do Coritiba”, comentou o presidente do

Coxa ao apresentar a placa de inauguração da

obra. O dirigente destacou que o maior mérito

do empreendimento foi a participação da nação

coxa-branca: “Nosso maior orgulho foi o envol-

vimento dos torcedores que ajudaram a viabi-

lizar essa construção.” E acrescentou, "O Setor

Pro Tork é a realização de um sonho de 40

anos, que nós construímos juntos com o maior

parceiro de negócios de todos os tempos do

Coritiba Foot Ball Club. E apesar de ser um ne-

gócio grandioso, pode ser só o começo de um

projeto ainda maior e de longo prazo, que passa

pela revitalização das sociais, da cobertura da

arquibancada, entre outros. Construímos com

a PRO TORK uma relação de confiança e credi-

bilidade sem precedentes no futebol brasileiro,

cuja continuidade está em nossas mãos.”

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46 • Revista Só Futebol •

“É UM DiA MUiTO

iMPOrTANTE, POiS É

A rEALiZAçãO DE UM

SONhO DE 37 ANOS.

ESSA DirETOriA

DEixA UM LEGADO

PArA A hiSTóriA DO

COriTiBA.” Vilson Ribeiro de Andrade, presidente do Coritiba

Os R$ 16,6 milhões investidos na obra vie-

ram da parceria do clube com a Pro Tork, maior

fábrica de moto peças da América Latina. Por

contrato, 50% do que for arrecadado com as bi-

lheterias e os sócios do novo setor irão para a

empresa até que o valor investido seja quitado.

“Nossa expectativa é de recuperar o montante

aplicado na obra em seis anos”, afirmou Marlon

Bonilha, diretor da Pro Tork.

Torcedor coxa-branca, Bonilha comenta como

o negócio foi estruturado. “Esse investimento é

baseado em três pilares. O primeiro é o amor

pelo clube. O segundo, a viabilidade do negó-

cio, pois a diretoria do Coritiba nos trouxe um

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47• Revista Só Futebol •

ambiente de negócio seguro. E

o terceiro é que nós estávamos

em busca de uma nova área de

atuação, saindo do nosso mote.”

A paixão pelo Coritiba foi fa-

tor decisivo na hora de fechar

o acordo. “Juntou a fome com a

vontade de comer. Sou de uma

família de torcedores apaixo-

nados e não tive empecilhos ao

optar em investir no clube. Esta

obra é a realização de um dese-

jo antigo de muitos torcedores.

Sou de família de torcedores do

Coritiba, amamos este clube.”

Fundado há mais de 80

anos, o Couto Pereira passou

por diversas obras no decorrer

dos anos. Na década de 1960,

obteve a forma arquitetônica

atual, com arquibancadas e

coberturas de concreto. A área

da reta da Mauá, contudo, era

a única que estava incompleta.

A conclusão da obra, que com-

pletaria o desenho original do

estádio, era um desejo antigo

de dirigentes e torcedores.

São 4 mil metros quadrados

de área construída, distribuí-

dos em três pavimentos. O setor

possui 38 camarotes, 14 localiza-

dos no primeiro anel e 24 no se-

gundo, com capacidade para 456

torcedores. No setor inferior, são

4.300 cadeiras sociais cobertas,

proporcionando conforto e pro-

tegendo os torcedores do clima

instável da cidade.

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Page 48: Revista Só Futebol 04

48 • Revista Só Futebol •

Para melhor atender ao públi-

co, também foram instaladas sete

lanchonetes exclusivas, lounge,

banheiros com total acessibilida-

de para portadores de necessida-

des especiais e crianças, além de

dois elevadores.

Com o novo setor, a capacida-

de do estádio Couto Pereira au-

mentou para 40.310 lugares.

CamarotesOs 38 camarotes são dividi-

dos em três planos: central, no

valor de R$ 90 mil por ano cada

um (12 camarotes com 12 lugares

cada e três vagas no estaciona-

mento); intermediário, de R$ 80

mil por ano (12 camarotes com

12 lugares cada e duas vagas

no estacionamento); e lateral,

custando R$ 72 mil por ano (14

camarotes com 12 lugares cada

e uma vaga no estacionamento).

CadeirasAs cadeiras do setor são per-

sonalizadas e escolhidas no ato

da assinatura do contrato de só-

cio. As 4.300 cadeiras são iguais

e a mensalidade custa R$ 199.

Até a data do lançamento

“ESTA OBrA É A rEALiZAçãO DE UM DESEJO ANTiGO DE MUiTOS TOrCEDOrES. SOU DE FAMíLiA DE TOrCEDOrES DO COriTiBA, AMAMOS ESTE CLUBE.”

Marlon Bonilha, diretor da Pro Tork

do setor, cerca de 800 cadei-

ras já haviam sido adquiridas

pelos sócios.

Para Vilson Andrade, a co-

mercialização é satisfatória e

espera-se que, depois da inau-

guração, mais torcedores se

associem. “Esse número pode

crescer agora que o setor co-

meçou a funcionar. O torcedor

vê que a obra está pronta e

passa a ter mais interesse”.

noVos inVestimentosDurante a cerimônia de

inauguração, o diretor da Pro

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49• Revista Só Futebol •

vilsOn ribeirO de andradeCom a família Bonilha

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50 • Revista Só Futebol •

EStádiO

Tork, Marlon Bonilha, admitiu que novas obras

no estádio podem ser realizadas. “Temos que

ver o retorno desse primeiro empreendimento

para pensar em um novo.”

Viabilizando as novas obras, Bonilha apon-

ta os próximos passos. “A ideia é mexer em

três setores. Primeiro, as cadeiras das so-

ciais; depois, a arquibancada onde fica o

placar eletrônico; e, por último, uma reforma

da área externa do estádio. Mas isso, por en-

quanto, é um estudo”, ressaltou o diretor.

sobre a pro torKFundada em 1988, na cidade de Curitiba, a Pro

Tork iniciou na produção artesanal de escapamen-

tos para motos importadas. Com práticas empreen-

dedoras, a empresa identificou uma oportunidade

de negócio ao analisar as necessidades do merca-

do e passou a desenvolver novos itens, investir em

tecnologia e na capacitação dos profissionais.

Em 1993, mudou-se para Siqueira Campos,

onde construiu a primeira fábrica de motos do

sul do país. Hoje, a Pro Tork possui oito unida-

des, que somam 250 mil metros de área cons-

truída e mais de 4 mil funcionários.

É líder mundial na produção de capacetes,

além de ser a maior fábrica de moto peças da

América Latina. Está presente em 72% do merca-

do nacional, tendo pelo menos um item da marca

a cada dez motos em circulação no Brasil. No ex-

terior, distribui seus produtos para 56 países.

"TEMOS qUE vEr O

rETOrNO DESSE PriMEirO

EMPrEENDiMENTO PArA

PENSAr EM UM NOvO."

Marlon Bonilha, diretor da Pro Tork

50 • Revista Só Futebol •

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Page 52: Revista Só Futebol 04

52 • Revista Só Futebol •

SAÚdE

corpo sãoMente sã,

pesquisas da FiFA prometem aumentar discussão sobre a saúde mental dos jogadores

ema ainda pouco discutido entre jo-

gadores e clubes de futebol, a saúde

mental – tão importante quanto a

do resto do corpo – não é aberta-

mente conversada e causa danos

nas equipes e em seus atletas. Essa

é a justificativa usada pela FIFA para

iniciar pesquisas na área da saúde mental. Para um bom

rendimento do jogador em campo, são realizados treinos

exaustivos com o objetivo de prepará-lo tecnicamente

para resistir às partidas e aumentar suas habilidades.

Mas e o lado psicológico? Já foi provado que fatores

psicológicos contribuem para o risco de sofrer lesões

esportivas. E para quem está “ruim da cabeça”, ficar “do-

ente do pé” é só uma questão de tempo.

De acordo com Luis Fernando Funchal, médico

responsável pelo Departamento Médico do clube

Avaí, a realidade não é exatamente essa. O profissio-

nal não concorda que exista ausência de discussão

Tnos times. “A psicologia esportiva é muito discutida e

focada no esporte. Não é diferente no futebol. O que

eu acredito e que podemos comprovar com essa ati-

tude da FIFA é a inadequação da forma de lidar com

essa ferramenta”, argumenta.

Para garantir que o assunto deixe de ser tabu,

principalmente com relação aos jogadores de elite,

a FIFA lançou, em 2014, uma nova área de pesquisa

chamada “Saúde Mental e Esporte”. Devido à falta de

dados ou registros científicos relacionados ao tema,

a federação desenvolveu o projeto que tem à frente

Birgit Prinz – já eleita três vezes melhor jogadora do

mundo da FIFA e, atualmente, psicóloga esportiva.

Birgit destacou, através do site da FIFA, que o con-

dicionamento mental é tão importante quanto o físi-

co para o bem-estar dos jogadores dentro e fora de

campo, mas que há uma falsa ideia de que eles são

todos mentalmente sãos. Parte da população brasileira

credita, por exemplo, à falta de preparo psicológico o

Page 53: Revista Só Futebol 04

53• Revista Só Futebol •

JoGadores não estão Fora das estatÍstiCas

A pesquisadora-chefe do Centro de Pesquisa e Avaliação

Médica da FIFA (F-MARC), Astrid Junge, afirmou, através do

site da FIFA, que uma em cada quatro pessoas desenvolve-

rá pelo menos um transtorno mental ou de comportamento

no decorrer da vida. Nada assegura que jogadores estejam

“ACrEDiTO qUE A FrUSTrAçãO DA DErrOTA OU A iNCAPACiDADE DE ADMiNiSTrAr O SUCESSO SEJAM AS

PiOrES CAUSAS PArA iNFLUENCiAr UMA CArrEirA.”

famoso 7 a 1 entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundo.

Funchal, contudo, não concorda que o Brasil tenha per-

dido por não ter preparo psicológico. “Realmente não

acredito que tenha sido isso. Nenhum time, nenhum

atleta se torna campeão em um determinado momento.

A vitória é a consagração de um trabalho longo e árduo.

Ninguém está preparado para perder por 7 a 1”, afirma.

Astrid Junge

CUidadOsAlém da atenção no pre-paro físico, a psicologia esportiva é fundamental

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F.C

.

Page 54: Revista Só Futebol 04

54 • Revista Só Futebol •

um atleta competitivo passa por várias etapas, até a psi-

cológica, mas ela não é a única, nem a mais importante ou

menos importante, é apenas uma das etapas. Acredito que

a frustração da derrota ou a incapacidade de administrar o

sucesso sejam as piores causas para influenciar uma car-

reira”, exemplifica Funchal.

SAÚdE

fora dessa estatística. Ao contrário disso, esse tipo de atle-

ta sofre com pressões, níveis altíssimos de estresse – ge-

rado pela expectativa de seu desempenho –, sobrecarga

de treinamento e relações conflituosas de competitividade

entre os colegas. “Questões psicológicas são importantes,

mas isso não é o único fator de influência. A preparação de

“A PSiCOLOGiA ESPOrTivA É MUiTO DiSCUTiDA E FOCADA NO ESPOrTE. NãO É DiFErENTE NO FUTEBOL.”

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.

A FiFA realizará três pesquisas diferentes:

1altos e baixos durante e após a carreira no futebol profissional

2fatores de risco e a prevenção de problemas de saúde mental

3efeitos do esporte na saúde mental de atletas amadores

Os resultados devem estar disponíveis no segundo

semestre de 2015 e prometem abrir a discussão so-

bre a saúde mental entre os jogadores de futebol.

Page 55: Revista Só Futebol 04
Page 56: Revista Só Futebol 04

56 • Revista Só Futebol •

"homem forte"O novo

do futebol paranaensepaulo César Gradella Filho é o novo

presidente do tribunal de Justiça desportiva do paraná e cumprirá dois anos de mandato

os dias de hoje, o futebol

não chama a atenção so-

mente dentro das quatro

linhas. Os bastidores da

bola ganharam força nos

últimos anos, principal-

mente no âmbito jurídico.

O julgamento de penas a atletas, clubes e tor-

cidas tem sido frequente nos tribunais despor-

tivos do Brasil e, em alguns casos, pode decidir

o futuro de uma equipe, como ocorreu em 2013,

com a permanência do Fluminense na Série A e

o rebaixamento da Portuguesa.

Os torcedores já brincam que um departa-

mento jurídico é fundamental para uma equi-

pe. Mas e do outro lado, quem manda? Quais

as suas versões? Em julho de 2014, o advogado

Paulo César Gradella Filho, de 40 anos e espe-

cialista em processos civis, assumiu a presidên-

cia do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná.

Recente no cargo, o novo “comandante” con-

versou com a revista Só Futebol.

Revista Só Futebol: você é o novo “homem

forte” do futebol paranaense, já que, ultima-

mente, muitas coisas se decidem nos tribu-

nais e não no campo?

paulo César: Não me coloco nesse posto. Eu só

presido a corte, não julgo. O julgamento é feito

pelos auditores e a decisão é do colegiado. Esse

poder é relativo. Como são várias pessoas a votar,

fica difícil dizer qual a influência que eu tenho.

Revista Só Futebol: Como você avalia o

trabalho desenvolvido pelos tribunais, de

maneira geral e especificamente do despor-

tivo, no brasil?

paulo César: O tribunal tem como função resolver

conflitos, basicamente essa é a ideia. Eu penso

que sempre é possível aprimorar, qualificar mais

N

pApO CAbEçA

Page 57: Revista Só Futebol 04

57• Revista Só Futebol •

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BU

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os julgamentos, ter decisões tecni-

camente perfeitas e evitar a despro-

porcionalidade, para que não exista

diferença de penas em casos pare-

cidos. Considero bom, mas pode me-

lhorar. No caso da justiça desportiva,

tem que ter mais condições. Veja a do

trabalho, que, até meados do século

passado, não existia e, atualmenet,

tem uma grande estrutura. Hoje, não

temos força. Não temos, por exemplo,

poder de polícia. Precisa evoluir mais.

Revista Só Futebol: Quais as suas

principais funções como pre-

sidente do tribunal de Justiça

desportiva e o que pretende fazer

no seu mandato?

paulo César: Meu mandato é de dois

anos, vai até julho de 2016. Tenho

basicamente duas metas principais

na minha gestão: a primeira é uma

melhor qualificação dos membros.

Buscaremos qualificar os auditores,

que compõem as comissões, o pleno

e a procuradoria, que também fazem

parte do tribunal, cujas denúncias

quem oferece é o Ministério Público.

E a outra é investir na estrutura do

tribunal. Dar melhores condições

para os membros poderem desem-

penhar o seu trabalho da melhor

forma possível. A minha função é

coordenar toda a estrutura básica

do tribunal, pois fazemos isso quase

como hobby. Eu, como presidente,

e os auditores não recebemos nada

para estar lá.

“O JULGAMENTO É FEiTO PELOS AUDiTOrES. A DECiSãO É DO COLEGiADO.”

Page 58: Revista Só Futebol 04

58 • Revista Só Futebol •

Revista Só Futebol: Qual a

diferença do tJd-pR para o

StJd? Quando cada caso é

julgado em cada tribunal?

paulo César: O julgamento ocor-

re de acordo com quem organiza

a competição. Se for a CBF, ór-

gão nacional, os julgamentos se

fazem pelo STJD, nas mesmas

ordens que o nosso tribunal (vide

box). Se a competição for regio-

nal, organizada pela Federação

Paranaense, por exemplo, quem

julga é o pleno do tribunal local.

pApO CAbEçA

"BUSCArEMOS qUALiFiCAr OS AUDiTOrES, qUE COMPõEM AS COMiSSõES, O PLENO E A PrOCUrADOriA, qUE TAMBÉM FAZEM PArTE DO TriBUNAL"

Entenda como funciona o tribunal de Justiça desportiva do paraná

O tribunal é formado por

três comissões. Cada uma

delas possui cinco audi-

tores, que julgam os ca-

sos que lhes cabem. Além

disso, existe o pleno, que

tem como função revisar

as decisões das comissões.

Nesse caso, a mesa é com-

posta por nove auditores.

Todo julgamento feito

pelas comissões é passível

de recurso ao pleno, como

se fosse um segundo grau

de jurisdição. É possível,

ainda, mais uma forma de

recurso, que é encaminha-

do ao Superior Tribunal de

Justiça Desportiva, em últi-

ma instância.

Revista Só Futebol: por que

nem sempre as penas são

cumpridas?

paulo César: Toda pena é pas-

sível de recurso. Se a primeira

comissão, por exemplo, dá uma

pena de cinco jogos a um atle-

ta, cabe recurso da procurado-

ria, para aumentar a pena, ou

do clube, para diminuir. O soli-

citante nunca pode ter a pena

agravada. Mas depois de tran-

sitado e julgado, o cumprimento

da pena é obrigatório.

© R

BU

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Page 59: Revista Só Futebol 04

facebook.com/revistasofutebol

Curta nossa página e fique

por dentro de novidades e Curiosidades

do mundo do futebol.

a revista só futebol

facebook!também está no

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pla

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t

Page 60: Revista Só Futebol 04

60 • Revista Só Futebol •

rtilheiro. Qual torcedor não

gosta de ver um jogador do

seu time no posto de maior

goleador de uma competição?

Apesar de não terem levado

nenhum título nacional desde

2003, quando o Campeonato

Brasileiro passou a ser disputado no sistema de

pontos corridos, os times paranaenses já “empla-

caram”, em quatro oportunidades, jogadores no

topo da artilharia. Washington, Josiel, Keirrison e

Ederson consolidaram o estado do Paraná como

celeiro de goleadores.

Das 11 edições do Brasileiro disputadas em turno

e returno, quatro tiveram um artilheiro paranaense.

AEntre eles, Paulo Baier. Apesar de não ter sido o go-

leador em nenhuma edição, o meia, jogando com

a camisa do Furacão, marcou o centésimo gol em

Brasileiros e se tornou o maior artilheiro da história

dos pontos corridos. Hoje no Criciúma, o jogador de

40 anos balançou 102 vezes as redes.

Na edição deste ano, apenas Douglas Coutinho,

do Atlético, chegou a ficar entre os principais arti-

lheiros no início do campeonato, mas não manteve

o fôlego e permanece com sete gols. Já o atacan-

te Cléo, também do Furacão, cresceu na artilharia

nas últimas rodadas e chegou a 9 gols. Quem divi-

de a ponta do Brasileirão, até a 36º rodada, é Fred,

do Fluminense, Henrique, do Palmeiras e Ricardo

Goulart, do Cruzeiro, com 15 gols cada um.

ARtilHEiROS

artilheirosO estado dos

times paranaenses construíram, no decorrer da última década, a tradição de formar os artilheiros do brasileirão

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Page 61: Revista Só Futebol 04

61• Revista Só Futebol •

Mas se for levada em con-

ta a média na artilharia, é

grande a chance de termos

um goleador vestindo a ca-

misa de um dos times da ca-

pital paranaense nos próxi-

mos campeonatos nacionais.

maior Goleador em uma edição

Foi com a camisa do Furacão

que Washington fez história.

No Brasileiro de 2004, o ata-

cante marcou impressionantes

34 gols e ajudou o Rubro-negro

a chegar ao vice-campeona-

to e conquistar uma vaga na

Libertadores da América.

Uma das partidas que mos-

traram o faro de gol do atacan-

te foi a vitória, de virada, por 2

a 1 contra o Flamengo, na qual

Washington marcou os dois gols.

Em apenas dois anos, o

Coração Valente, como ficou

conhecido, tornou-se ídolo da

exigente torcida atleticana.

Entre 2003 e 2004, foram 49

jogos e 44 gols, média de qua-

se um gol por partida.

Washington voltou a ser o

maior artilheiro no Brasileirão

de 2008. Com a camisa do

Fluminense, ele marcou 21 ve-

zes. Pendurou as chuteiras em

2011 no clube carioca.

artilheiro triColorOs 20 gols feitos por Josiel

em 2007, quase metade dos 42

marcados pelo Paraná, não fo-

ram suficientes para livrar o clu-

be do rebaixamento para a Série

B. Mesmo assim, o atleta ficou na

história do Tricolor.

Desconhecido, o atacante

chegou do Brasiliense-DF com

27 anos, longe de ser uma pro-

messa. Mas a fama de artilheiro

era grande no time do Planalto

Central. Apesar do rebaixamen-

to, o Paraná fez ótimas partidas

naquele ano. Destaque para

dois jogos fora de casa. Na vi-

tória por 4 a 2 sobre o Cruzeiro,

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Page 62: Revista Só Futebol 04

62 • Revista Só Futebol •

no Mineirão, Josiel marcou duas vezes. Também

fez os gols quando o Tricolor venceu, por 2 a 1, o

Flamengo, no Rio de Janeiro.

O artilheiro deixou saudades na Vila Capanema

e é, até hoje, o único a atingir o topo da artilharia

do Brasileirão com a camisa Tricolor. Hoje, Josiel

joga pelo Inter de Santa Maria-RS.

K9, a reVelação CoxaO ano de 2008 foi atípico na artilharia do

Campeonato Brasileiro. Três jogadores empata-

ram em número de gols. Kleber Pereira (Santos),

Washington (Fluminense) e Keirrison (Coritiba) ba-

lançaram as redes 21 vezes cada um.

Mas o campeonato foi inesquecível para o jo-

vem atacante alviverde, que também foi eleito a

maior revelação. Foram vários gols que deixaram o

Coritiba próximo às primeiras colocações durante

todo o campeonato.

Um terço dos gols de Keirrison foi marcado em

confrontos com o Santos. Foram incríveis sete gols

em duas partidas. No Couto Pereira, o Alviverde ga-

nhou por 5 a 1, e Keirrison marcou 4 vezes. No jogo

na Vila Belmiro, o K9 fez os três da vitória por 3 a 1.

ARtilHEiROS

MArqUEi GOLS iNESqUECívEiS POr TODOS OS TiMES qUE PASSEi. MAS O CENTÉSiMO, PELO ATLÉTiCO PArANAENSE, FOi UM DOS MAiS BONiTOS DA MiNhA CArrEirA.

O faro de gols despertou, no ano seguinte, o in-

teresse do poderoso Barcelona, que o contratou.

Foram várias as equipes de peso em que Keirrison

atuou, apesar da pouca idade, 25 anos: Palmeiras,

Benfica, Fiorentina, Santos e Cruzeiro. Em 2012,

voltou ao Coritiba.

ederGolNo ano passado, mais uma vez o Furacão apre-

sentou ao Brasil um artilheiro. Os 21 gols que mar-

cou no Brasileirão renderam a artilharia logo no

primeiro Brasileirão da Série A que disputou.

Ederson ajudou o Furacão a garantir a ter-

ceira colocação e uma vaga na Libertadores,

apesar das dificuldades de não jogar na Arena

da Baixada, que estava em reforma para a Copa

do Mundo. Destaque para a última partida, em

que marcou três gols na vitória por 5 a 1 contra

o Vasco, em Joinville.

Durante toda temporada, Ederson balançou as

redes 25 vezes – quatro pela Copa do Brasil, com-

petição de que o Furacão foi vice-campeão.

Em 2014, o atacante foi para o Al Wasl, dos

Emirados Árabes.

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Page 63: Revista Só Futebol 04

63• Revista Só Futebol •

Saldo de gols de paulo baier

2003 9 gols Criciúma

2004 15 gols Goiás

2005 8 gols Goiás

2006 10 gols Palmeiras

2007 13 gols Goiás

2008 14 gols Goiás

2009 8 gols Atlético

2010 10 gols Atlético

2011 5 gols Atlético

2013 10 gols Atlético

2014 4 gols Criciúma

artilheiro dos pontos Corridos

Gaúcho de Ijuí, Paulo César

virou Paulo Baier, saiu da late-

ral direita, foi para o meio e, com

17 anos de carreira, tornou-se o

posição. Fiquei mais próximo do

gol, mas na lateral eu já marcava

vários gols, pois apoiava bastante.

Sempre chegava pra finalizar.

Revista Só Futebol: Como você

explica o fato de um meia ter

marcado mais gols do que um

atacante?

paulo baier: Fiquei honrado e

surpreso quando soube que sou

o maior artilheiro dos pontos

corridos com tantos bons ata-

cantes jogando no Brasil. Eu me

adaptei bem no meio, fico próxi-

mo do gol e vou aproveitando as

chances que tenho.

Revista Só Futebol: Que gol

você destacaria pela beleza ou

importância?

paulo baier: Marquei gols ines-

quecíveis por todos os times pe-

los quais passei. Mas o centé-

simo, pelo Atlético Paranaense,

foi um dos mais bonitos da mi-

nha carreira. Um chute forte, de

fora da área. E também foi o de

número 100.

Revista Só Futebol: O paulo

baier joga mais quantos

brasileiros?

paulo baier: Não tenho uma data

para parar. Enquanto eu estiver me

sentindo bem fisicamente e moti-

vado, vou continuar. Quero marcar

mais uns golzinhos (risos).

maior artilheiro da história dos

pontos corridos do Brasileirão.

Desde 2003, quando o campe-

onato passou a ser disputado

nesse formato, Baier já marcou

112 vezes, por cinco times di-

ferentes. Defendeu Criciúma,

Goiás, Palmeiras, Sport e

Atlético Paranaense.

A primeira vez que balançou as

redes foi em 2003, com a cami-

sa do Tigre, justamente contra o

Furacão. E foi durante a passa-

gem pelo Rubro-negro que ele

marcou pela centésima vez, pela

32ª rodada do Brasileiro de 2013.

Paulo Baier jogou de 2009 a

2013 pelo Furacão e marcou 31

gols nos Brasileiros. Foram oito

gols em 2009, dez em 2010,

cinco em 2011, e oito em 2013.

A qualidade no toque na bola,

a liderança em campo e os gols

marcaram o nome do veterano

na história do clube.

Em entrevista à revista Só

Futebol, Paulo Baier, que hoje

está no Criciúma, falou da marca

que deixa no futebol do Brasil.

Revista Só Futebol: você come-

çou na lateral direita e depois

foi para o meio campo. por que

houve essa mudança?

paulo baier: No Palmeiras, eu

comecei a atuar no meio e quan-

do voltei ao Goiás, em 2007, o

Paulo Bonamigo me manteve na

Page 64: Revista Só Futebol 04

iMpRENSA

64 • Revista Só Futebol •

E égooooooooollll!

Emoção e improviso, o rádio faz bem à imaginação do povo

m um domingo de outubro de

2010, Carneiro Neto deu algumas

voltas em um parque curitibano de

manhã, voltou pra casa, almoçou,

tomou dois copos de uísque e pen-

sou em dar uma cochilada antes de

assistir ao Atlético. Então, naquele

momento, se lembrou de que ainda era narrador de

futebol na CBN e, ao invés de acompanhar o jogo

no sofá, teria de ir ao estádio fazer a transmissão.

Depois do gol do Atlético, convertido por Madisson,

ele decidiu que havia acabado ali sua carreira esporti-

va na rádio, que já contabilizava 34 anos. Narrou até o

fim do Brasileirão e deixou sua relação com o esporte

que tanto ama e entende ficar nas letras impressas de

sua coluna na Gazeta do Povo, onde permanece dia-

riamente com grandes histórias e críticas dentro e fora

das quatro linhas.

O esquecimento de Neto foi repentino, mas refletiu

seu descontentamento com as mudanças no jorna-

lismo esportivo. Sem arrependimentos, diz que viveu

seu momento – e muito bem. O cronista, tão conhecido

nas ondas de rádio por seus comentários ácidos e suas

frases e tiradas rápidas e criativas, ganha saudosismo

E

Page 65: Revista Só Futebol 04

65• Revista Só Futebol •

em sua fala e brilho em seus olhos

quando relembra sua época de

cronista esportivo.

Em decisões de campeonatos

ou em Atletibas, a equipe de uma

única rádio era formada por pelo

menos quatro repórteres. Os 90

minutos de cada jogo, fosse ele à

noite no meio da semana ou numa

tarde de domingo, começavam ao

meio-dia, com um jornalista em

cada concentração informando

sobre a preparação dos clubes e

procurando por notícias de última

hora. Finda a peleja, a transmis-

são continuava. E era um dos mo-

mentos mais curiosos e interes-

santes do futebol. “Colocávamos

mães de jogadores cumprimen-

tando os filhos pela vitória e ter-

minávamos fazendo entrevistas

com jogadores dentro do vesti-

ário”, destaca Neto ao fazer um

contraste com as atuais coletivas,

em que o número de perguntas

é limitado. “Além disso, tem mui-

to atleta que não quer falar, pede

pro repórter ir conversar com o

assessor de imprensa. Ficou mui-

to ruim”, reclama.

de ConCurso de beleza À CompetiçÕes de turFe

O tempo romântico da rádio

esportiva paranaense protago-

nizado por Neto foi de meados

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Page 66: Revista Só Futebol 04

iMpRENSA

66 • Revista Só Futebol •

dos anos 60 até final dos anos

90. O cronista passava por todas

as hierarquias – começando com

radio-escuta e, depois, alcan-

çando novas posições – e edito-

rias na rádio, o que resultou não

só em experiência, mas também

em histórias que ele guarda com

devoção. Em 1966, colocaram

o jovem Carneiro Neto (que já

completava dois anos como cro-

nista futebolístico em rádio) no

Ele também recorda quando

sua equipe – formada na épo-

ca por Durval Leal e Gilberto

Fontoura – foi cobrir uma edição

do Miss Paraná. Durval Leal foi

entrevistar a vencedora do con-

curso e começou a fazer uma sé-

rie de perguntas:

– Quantos anos você tem?

– Dezoito.

– Você estuda?

– Sim, estudo.

– Você tem namorado?

– Tenho, estou noiva.

Ao ouvir tal resposta, Leal au-

tomaticamente se inspirou na

pergunta que já era comum entre

os jogadores que entrevistava, e

Jockey Clube para enviar infor-

mações sobre o Grande Prêmio

Paraná (principal competição

de turfe do estado). Em meio

a entrevistas com competido-

res e donos dos animais, sem

saber muito bem o que estava

fazendo, ouviu o narrador lhe

chamando ao vivo e pergun-

tando onde ele estava. Neto

automaticamente falou: “Estou

aqui no vestiário dos cavalos.”

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JOSiAS lACOuR

uM pOuCO dA HiStóRiA dA RádiO ESpORtivA EM páGiNAS

O jornalista Josias Lacour é autor

de “80 anos de gooooollllll, a his-

tória do rádio esportivo no Paraná”

(Editora Instituto Memória), livro

que revela, em suas 350 páginas,

o surgimento do rádio no Brasil,

registra a primeira transmissão de

um jogo no Paraná, em setembro

de 1934, apresentando depoimen-

tos, fotos históricas, curiosidades

e todo o legado que o esporte

e o radiojornalismo

deixaram em ter-

ras paranaenses.

Tanto esta publica-

ção quanto a frase

“Um pouco de te-

atro, um pouco de

religião, o Atlético

faz bem à alma do povo”, famosa

na voz de Carneiro Neto, inspira-

ram o início desta matéria.

Page 67: Revista Só Futebol 04

67• Revista Só Futebol •

metralhou, sem nenhuma cerimônia (há quem afirme

que ele estava rindo por dentro):

– Quer dizer que você vai casar... E quando é que

você vai entrar pro rol das mulheres sérias?

a inVenção e a morte de J. batista Josias Lacour, jornalista que trabalhou durante

décadas com Carneiro Neto, também resgata uma

curiosa passagem de quando ingressou como cronis-

ta esportivo na rádio. O ano era 1976, Vasco e Londrina

se enfrentavam no Campeonato Nacional em São

Januário, no Rio de Janeiro. Na Rádio Clube, Carneiro

Neto estava narrando e Josias Lacour era, na verda-

de, o repórter J. Batista, enviando notícias de dentro

do campo. Para ter tal acesso, os jornalistas trocavam

suas credenciais por uma tarjeta que colocavam no

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OR

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RIA

NO

pAulO MOSSiMAN

braço. Depois, devolviam as tarjetas e pegavam de

volta suas carteiras de jornalista. No meio da disputa,

Orlando Lelé, lateral do Vasco, cometeu uma entrada

dura em Claudinho, ala do Londrina. Foram segundos

para que o campo se transformasse em terra de nin-

guém. Juiz, bandeirinhas e jogadores à flor da pele

tentando bagunçar ainda mais a confusão ao lado

de repórteres amontoados que tentavam entender

e repassar para os narradores o que acontecia. Neto

chamou J. Batista para que ele explicasse a situação.

Nesse momento, o repórter falou, em um tom de voz

alto o suficiente para quem estivesse ao redor não só

escutasse, como também ficasse ainda mais irritado:

“Esse Lelé é um açougueiro, mau caráter, atropelou

o Claudinho!” Ao ouvir a declaração, o mais próxi-

mo e indignado dos jogadores vascaínos, Roberto

Page 68: Revista Só Futebol 04

iMpRENSA

23• Revista Só Futebol •68 • Revista Só Futebol •

Dinamite, pisou no cabo do mi-

crofone do jornalista. A urgência

de uma reação não permitiu que

J. Batista tivesse tempo de olhar

pra trás para verificar quem ten-

tava interromper seu trabalho. Ele

pegou o microfone e, por cima dos

ombros, tacou o objeto para trás,

deixando Carneiro Neto solitário e

confuso na transmissão. Os joga-

dores vascaínos saíram correndo

atrás de Batista enquanto ele cor-

ria pra se esconder no vestiário do

Londrina. “Manda aquele 'papa-

-goiaba' paranaense vir buscar a

credencial dele comigo”, bradou

o presidente do Vasco, Agathyrno

da Silva Gomes, minutos depois

do término do jogo. “Aquela cre-

dencial era do J. Batista mesmo,

obviamente eu não ia enfrentar o

cara, fui embora”, conta Lacour.

Foi esse episódio que enfim de-

cretou finalmente o declínio da

era J. Batista, pseudônimo que

nunca foi de muito agrado do jor-

nalista mesmo.

Para Neto, a rádio esporti-

va perdeu o fôlego no começo

dos anos 2000 e vive com di-

ficuldades, principalmente pela

perda de patrocinadores, e diz

que o futuro desse meio de co-

municação no esporte é incer-

to. Paulo Mossiman, outro ex-

-companheiro de transmissões

de Neto, indica que o futuro da

CARNEiRO NEtO

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OR

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RIA

NO

rádio esportiva existe, mas pre-

cisa ser inovado, principalmen-

te porque “os brasileiros não

vivem sem rádio, mas os ‘bra-

sileirinhos’ e as ‘brasileirinhas’,

sim”. Segundo ele, a inovação

conta com duas palavras-cha-

ve: FM e interação. O jornalista

afirma que, para sobreviver, a

rádio precisa conectar as fer-

ramentas que os jovens não

se cansam de descobrir e usar,

como WhatsApp e redes sociais.

Trabalhar a mentalidade dos di-

rigentes de rádio e a cultura do

futebol, encantando os ouvintes

de antigamente, e utilizar ferra-

mentas modernas, fazendo com

que os jovens também se sin-

tam motivados a ouvir rádio. “A

Transamérica, por exemplo, já

inovou, colocando a voz do ET.

Foi bacana. Tem de haver hu-

mor, mas não podemos perder

o bom senso, se não vira des-

respeito”, finaliza.

Page 69: Revista Só Futebol 04

23• Revista Só Futebol •

Page 70: Revista Só Futebol 04

70 • Revista Só Futebol •

Curtida obrigatóriaSiga os seus ídolos do futebol nas redes sociais

iNtERNEt

O zagueiro, que está no Coritiba desde 2013, compartilha

na sua conta do Instagram momentos dos treinos, dos

jogos e em família. O nascimento da filha Alice também foi

registrado na rede social e com frequência ela aparece por

lá, assim como recados apaixonados para a esposa Camila.

leandro almeida

Contratado pelo CAP no início de 2014, o

lateral-direto do time está presente na sua página

pessoal no Instagram com imagens da rotina de

jogos e de treinos, sempre com uma frase de mo-

tivação ou de inspiração para usar como legenda.

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IVU

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IVU

LG

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@leandroalmeida4

Há pouco mais de três meses no Paraná, o atacante com-

partilha seus momentos nos campos e na vida pessoal,

especialmente com a esposa. Futebol, frases motivacio-

nais e declarações apaixonadas fazem parte da página do

jogador. As fotos do perfil são privadas, por isso, para ter

acesso, o jogador precisa aceitar seu pedido de amizade.

tiaGo alVes

@alvestiagoo

sueliton pereira @sueliton22

Page 71: Revista Só Futebol 04

71• Revista Só Futebol •

As selfies estão sempre presentes na página do

meio-campista do Paraná Clube, que compartilha

imagens de jogos, treinos e dos momentos de lazer

com a família e os amigos. Ele também posta regis-

tros de viagens e dos finais de semana na praia. As

fotos do perfil são privadas, por isso, para ter aces-

so, o jogador precisa aceitar seu pedido de amizade.

marCos serrato

No Atlético Paranaense desde 2013, o zagueiro Drausio

compartilha quase que diariamente imagens da sua partici-

pação nos jogos do time. Entre postagens de treinos, jogos

e com os companheiros de equipe, vez ou outra aparecem

algumas fotos de momentos com a família e com os amigos.

drausio

© D

IVU

LG

ãO

© D

IVU

LG

ãO

@marcosserrato@drausiogil

O atacante coxa branca tem mais de 21 mil seguidores no

Instagram. Na sua página, além de fotos dos jogos e dos re-

sultados do Coritiba, fazem sucesso as postagens com seu

cachorrinho, o Love, um pug recém-chegado na casa do jo-

gador e que já arranca suspiros dos apaixonados não só por

futebol, mas pelos animais também.

zé loVe

@zelove7

Page 72: Revista Só Futebol 04

72 • Revista Só Futebol •

ONdE JOGAR

ONDE JOGAr

piONEiRA NA lOCAçãO dE QuAdRAS EM GRAMA SiNtétiCA NO pARANá, A StARK

SpORtS é REFERêNCiA QuANdO O ASSuNtO é FutEbOl 7. Há MAiS dE 20 ANOS

NO MERCAdO, SEu AMplO E MOdERNO COMplExO ESpORtivO Já FOi pAlCO dE

GRANdES FiNAiS dE COMpEtiçõES EStAduAiS E NACiONAiS COMO COpA dO bRASil

E CAMpEONAtO bRASilEiRO dE FutEbOl 7.

AléM dE uMA QuAdRA dE GRAMA SiNtétiCA CObERtA COM MEdidAS OFiCiAiS,

FAzEM pARtE dO COMplExO ESpORtivO dA StARK SpORtS: uMA QuAdRA dE GRAMA

SiNtétiCA dESCObERtA, 4 QuAdRAS dE FutSAl, AléM dE COMplEtA ACAdEMiA dE

GiNáStiCA E ARtES MARCiAiS.

72 • Revista Só Futebol •

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Jardim das Américas - Curitiba/pR

Fone: (41) 3266-2585

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Page 73: Revista Só Futebol 04

73• Revista Só Futebol •

iNAuGuRAdO EM MARçO dE 2014, O CAMiSA 9 COMEçA A SE tORNAR uMA REFER-

êNCiA EM QuAdRAS dE GRAMA SiNtétiCA NA REGiãO dE piNHAiS. A idEiA dE

AGREGAR àS QuAdRAS, ACAdEMiA, lOJAS, ESCOliNHA dE FutEbOl COM MARCA

pRópRiA E SAlãO pARA EvENtOS tEM AGRAdAdO tANtO O pÚbliCO FiNAl COMO

O CORpORAtivO.

SãO MAiS dE 3.500 M2 dE áREA CObERtA pARA dAR CONFORtO pRA QuEM JOGA,

pRA QuEM tORCE E pRA QuEM Só QuER SE divERtiR.

CAMiSA 9 - A pElAdA REiNvENtAdA.

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pinhais (próx. ao Autódromo)

Fone: (41) 8828-8499

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Page 74: Revista Só Futebol 04

74 • Revista Só Futebol •

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conta dee-mail

Estado queabriga o

Cabo Cana-veral (EUA)

RonaldoFraga,

estilistamineiro

A laranja-da-terra,pelo seu

gosto

Purificar (a água da

piscina)

Seu, emespanhol

Autorida-de como

Hitler(Hist.)

(?)-mate,base do

chimarrão

Benefici-ário da

linguagemde sinais

Post-(?),adesivo

pararecados

Cosméticoaplicadoem peles

secasAnimal docorpo docentauro

(Mit.)

"(?) oHomem":

Ecce Homo(Bíblia)

Lagoa do(?), atra-

ção de Flo-rianópolis

Tipo de lei-te obtido

por ordenhamanual

Situação constran-gedora(gír.)

Embarca-douro

Louco, eminglês

Muito(red.)

Dispositivo que imobi-liza o pescoço (Med.)Pergunta de quem nãoentendeu o que foi dito

Fazerpreces

Florestaboreal

InútilLicençaexigidade lojas

Mono-grama de"Alberto"

Placa usa-da pelo

professorem expli-cações

Clássico do Cinema

japonêsPoxa!

Vida, emfrancês

(?) da Sil-va, joga-dor que

inventou a"bicicleta"

(fut.)

(?) duro: trabalharmuito (bras.)

Imposto que incidesobre imóveis (sigla)

Cidade na-tal de AriBarroso

Steve (?), guitarristade rock

Pena de fantasiascarnavalescas

Planta cujo óleo érico em caroteno

Tipo de rã comestível

Temperatura sentidapelo corpo humano,

diferenteda real

2/it — su. 3/mad — ran — vie. 5/taiga. 6/buriti. 8/leônidas. 13/colar cervical.

CRuzAdiNHA

Page 75: Revista Só Futebol 04
Page 76: Revista Só Futebol 04

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