revista psicoativa

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Revista PsicoAtiva! A Sociedade dos Indivíduos: Cada um na sua (mas com algo em comum) Dezembro 2014 Percepção Viu como você viu? Exemplar A Pós-modernidade e a era do Virtual Modernidade Líquida, Relações Descartáveis, Amigos off-line. Qual o destino da sociedade? Modernidade Líquida, Relações Descartáveis, Amigos off-line. Qual o destino da sociedade? A Pós-modernidade e a era do Virtual A Sociedade dos Indivíduos: Cada um na sua (mas com algo em comum)

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Revista Psicoativa Psicologia

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Page 1: Revista Psicoativa

R e v i s t a

PsicoAtiva!A Sociedade dos

Indivíduos:Cada um na sua

(mas com algo em comum)

Dezembro 2014

Percepção

Viu como você viu?

Exemplar

A Pós-modernidadee a era do VirtualModernidade Líquida,Relações Descartáveis,Amigos off-line.Qual o destino da sociedade?

Modernidade Líquida,Relações Descartáveis,Amigos off-line.Qual o destino da sociedade?

A Pós-modernidadee a era do Virtual

A Sociedade dos Indivíduos:

Cada um na sua(mas com algo em comum)

Page 2: Revista Psicoativa

Expediente:

Editorial

02PsicoAtiva!

02

Nest

a E

diç

ão:

Quem somos nós

Perceber Para Sobreviver

Psicologia Oganizacional e do Trabalho

A sociedade dos Indivíduos

Opinião

Diversão & Arte

Pág.

03

04

06

07

09

11

Como diria o velho cantor: “são tantas emoções...” e realmente foram. Foi um semestre intenso com emoções de todos os tipos. Desde o tipo de emoção sentida na pele (e na amídala do sistema límbico cerebral), até aquela aprendida em sala de aula de maneira didática. Uma montanha russa de emoções e sentimentos que irão ficar guardadas no lado esquerdo... Do peito? Não. Do hipocampo!

Na disciplina Processos Psicológicos Básicos fomos apresentados de maneira cordial a estes processos e suas multideterminações. Caracterizamos assim a sensação, atenção, percepção, emoção, memória, pensamento e linguagem.

O conteúdo foi complementado pela disciplina de Dimensões Psicossociais da Constituição do Sujeito, na medida em que a subjetividade, pelo que foi estudado, é formada pelo ser biológico – um corpo no mundo – e sua interação dialética com o contexto histórico e social em que está inserido.

Com o Desenvolvimento da Psicologia como Ciência fomos remetidos a períodos antes de Cristo e gradativamente chegamos aos dias atuais, compreendendo a posição da psicologia no passar dos tempos.

Tudo isso acompanhado pela Atuação Profissional em Psicologia, que já nos situava na realidade e no cotidiano do mercado nacional.

E com a Psicofisiologia descobrimos um universo interno. Um mundo tão familiar e ao mesmo tempo tão alienígena, repleto de hormônios e neurotransmissores capazes de fazer você perder o controle. Ou acalmar-se.

E assim, estamos formando nossa ontogenia até este exato momento. Até este “agora”. E que não será mais a mesma em algum tempo, pois tudo pode mudar. E, Deus queira, que mude para melhor!

03

Quem somos nósQuem somos nós

PsicoAtiva!

Mara Giane SerafimMara Giane Serafim

Ana Luisa Ramos da RosaAna Luisa Ramos da Rosa

Sarah de Barros Maia

Geyson Souza SerafinGeyson Souza Serafin

Graduada em Diretito pela UFSC,

atualmente ocupa o cargo de Juíza

de Direito na vara de violência

doméstica e retorna ao ambiente

universitário em busca de novas

perspectivas para o futuro.

Graduada em Automação de Escritório

pela Univali e pós-gradua em Marketing

pela UFSC, retoma os estudos na área

de humanas visando engrandecimento

profissional.

Graduado em Jornalismo pela Unisul e

com MBA em Gestão Comercial pela

Cândido Mendes-RJ, atua como

no ramo livreiro e com esta

graduação busca novos horizontes.

empresário

Graduada em Jornalismo pela Unisul,

busca na psicologia o inútil, a pequena

abordagem dos banquetes reflexivos: de

Nietzsche e um pouquinho, e

um montão de Freud.

Goethe,

Sarah de Barros MaiaA Pós-modernidadee a era do Virtual

16

Revis ta

PsicoAtiva!Dezembro 2014

Geyson Souza Serafin

Mara Giane Serafim

Ana Luisa Ramos

Sarah de Barros Maia

Matérias: Diagramação:

Geyson Souza Serafin

Page 3: Revista Psicoativa

Expediente:

Editorial

02PsicoAtiva!

02

Nest

a E

diç

ão:

Quem somos nós

Perceber Para Sobreviver

Psicologia Oganizacional e do Trabalho

A sociedade dos Indivíduos

Opinião

Diversão & Arte

Pág.

03

04

06

07

09

11

Como diria o velho cantor: “são tantas emoções...” e realmente foram. Foi um semestre intenso com emoções de todos os tipos. Desde o tipo de emoção sentida na pele (e na amídala do sistema límbico cerebral), até aquela aprendida em sala de aula de maneira didática. Uma montanha russa de emoções e sentimentos que irão ficar guardadas no lado esquerdo... Do peito? Não. Do hipocampo!

Na disciplina Processos Psicológicos Básicos fomos apresentados de maneira cordial a estes processos e suas multideterminações. Caracterizamos assim a sensação, atenção, percepção, emoção, memória, pensamento e linguagem.

O conteúdo foi complementado pela disciplina de Dimensões Psicossociais da Constituição do Sujeito, na medida em que a subjetividade, pelo que foi estudado, é formada pelo ser biológico – um corpo no mundo – e sua interação dialética com o contexto histórico e social em que está inserido.

Com o Desenvolvimento da Psicologia como Ciência fomos remetidos a períodos antes de Cristo e gradativamente chegamos aos dias atuais, compreendendo a posição da psicologia no passar dos tempos.

Tudo isso acompanhado pela Atuação Profissional em Psicologia, que já nos situava na realidade e no cotidiano do mercado nacional.

E com a Psicofisiologia descobrimos um universo interno. Um mundo tão familiar e ao mesmo tempo tão alienígena, repleto de hormônios e neurotransmissores capazes de fazer você perder o controle. Ou acalmar-se.

E assim, estamos formando nossa ontogenia até este exato momento. Até este “agora”. E que não será mais a mesma em algum tempo, pois tudo pode mudar. E, Deus queira, que mude para melhor!

03

Quem somos nósQuem somos nós

PsicoAtiva!

Mara Giane SerafimMara Giane Serafim

Ana Luisa Ramos da RosaAna Luisa Ramos da Rosa

Sarah de Barros Maia

Geyson Souza SerafinGeyson Souza Serafin

Graduada em Diretito pela UFSC,

atualmente ocupa o cargo de Juíza

de Direito na vara de violência

doméstica e retorna ao ambiente

universitário em busca de novas

perspectivas para o futuro.

Graduada em Automação de Escritório

pela Univali e pós-gradua em Marketing

pela UFSC, retoma os estudos na área

de humanas visando engrandecimento

profissional.

Graduado em Jornalismo pela Unisul e

com MBA em Gestão Comercial pela

Cândido Mendes-RJ, atua como

no ramo livreiro e com esta

graduação busca novos horizontes.

empresário

Graduada em Jornalismo pela Unisul,

busca na psicologia o inútil, a pequena

abordagem dos banquetes reflexivos: de

Nietzsche e um pouquinho, e

um montão de Freud.

Goethe,

Sarah de Barros MaiaA Pós-modernidadee a era do Virtual

16

Revis ta

PsicoAtiva!Dezembro 2014

Geyson Souza Serafin

Mara Giane Serafim

Ana Luisa Ramos

Sarah de Barros Maia

Matérias: Diagramação:

Geyson Souza Serafin

Page 4: Revista Psicoativa

Perceber para SobreviverMesmo que você não saiba, seu organismo percebe centenas de estímulos a

cada segundo. Seu cérebro está em um constate atividade e percebe até mesmo da menor variação de mudança no ambiente. E tudo isso por um único

motivo: a sua sobrevivência.

Por: Ana Luisa Ramos; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim; Sarah de Barros Maia

PsicoAtiva!04

Mesmo que você não saiba, seu organismo percebe centenas de estímulos a cada segundo. Seu cérebro está em um constate atividade e percebe até mesmo a menor mudança no ambiente. E tudo isso por um motivo: a sua sobrevivência.

A cada fração de segundo, seu organismo recebe centenas de estímulos que são captados pelos cinco sentidos – visão, audição, tato, olfato e paladar – e ainda aos s e n t i d o s v e s t i b u l a r e cinestésico. Você quer ter uma breve ideia desse u n i v e r s o d e informações que p a s s a d e s p e r c e b i d o ? Experimente, por apenas dez segundos, fechar os olhos e prestar a atenção aos odores do ambiente, aos barulhos que vêm de longe, no vento que passa pela sua pele ou até mesmo em seus pés encostando a palmilha dos sapatos. Sim, seja bem-vindo ao mundo dos estímulos sensoriais (DAMÁSIO, 1996).

Mesmo que você não perceba, qualquer estímulo que lhe chegue é captado pelos órgãos receptores e levado até o sistema nervoso central. Essa informação, inicialmente, é um registro passivo a que os cientistas dão o nome de sensação. Somente após seu cérebro interpretar esse estímulo é que você poderá dizer que percebeu alguma coisa. E essa percepção está ligada diretamente ao foco da sua atenção

Ter atenção, nada mais é do que priorizar um estímulo a outros. Neste exato momento, por exemplo, você está dando atenção à leitura deste texto em detrimento dos demais estímulos ao seu redor. Isso significa que agora seu cérebro está fazendo uma triagem das informações recebidas, selecionando as importantes e descartando as irrelevantes. Somente assim é possível que você compreenda o significado deste texto. Então, você está fazendo uma seleção da atenção. (ALENCAR, 2003).

Existem dois fatores importantes que o

(WERTHEIMER, 1977).

influenciam a fazer esta seleção da atenção: as características do estímulo - como intensidade, tamanho ou novidade - e a sua história de vida - ao maior ou menor valor que você dá aos seus interesses ou necessidades.

Assim, quanto maior o objeto, ou mais intenso um som, maior a probabilidade de ele ser notado. Imagine que neste exato momento

de leitura do texto, um barulho muito forte aconteça do

lado de fora do recinto onde você se encontra. Muito provavelmente s u a a t e n ç ã o s e r á desviada para esta enorme fonte sonora e

somente após você identificar esse estímulo externo (um trovão, por exemplo) é que você retornará ao texto. (LURIA, 1991).

Outro exemplo é relacionado à mudança do estímulo. Suponhamos que neste mesmo momento de concentração a luz do recinto silenciosamente se apague. Somente isso já é o suficiente para que sua atenção seja desviada (ALENCAR, 2003).

Além do exposto acima, as suas necessidade cotidianas também têm grande importância nos motivos pelos quais você elege uma atividade à outra como, por exemplo, procurar algo para comer e desviar a atenção do programa de televisão a q u e v o c ê e s t a v a assistindo. Essa atitude e x t r e m a m e n t e comum é questão de sobrevivência e de a d a p t a ç ã o d o organismo ao meio ambiente.

Tipos de Percepção:

Foi com o passar dos séculos e com o desenvolvimento do córtex cerebral humano que nossa raça conseguiu se desenvolver. O raciocínio passou a fazer parte da percepção e a partir daí o ser humano conseguiu pensar em perspectiva, sem perder o foco. Veja no quadro abaixo algumas características que seu cérebro possui e talvez você nem tenha se dado conta!

Constância Perceptual

Depois que o sujeito

conhece as características

dos ob je tos , e l e os

perceberá da mesma

forma, independentemente

das condições e posições

em que eles se encontram.

Um ser humano será

sempre percebido do

tamanho que é mesmo que esteja muito

distante ao invés de ser percebido como um

humano pequeno (SCHULTZ & SCHULTZ, 2002).

Partes do que estão próximas no tempo ou no

espaço parecem formar uma unidade e tendem a ser

percebidas juntas. Na figura 1, você vê os círculos

em linhas ou colunas, e não como um grande

conjunto (WERTHEIMER, 1977).

Há uma tendência na nossa percepção de seguir

uma direção, de vincular os elementos de uma

maneira que os faça parecer contínuos ou fluindo

numa direção particular. Na figura 2, você tende a

seguir as colunas de pequenos círculos de cima para

baixo (SCHULTZ & SCHULTZ, 2002).

Partes semelhantes tendem a ser vistas juntas como

se formassem um grupo. Na figura 3 os círculos

parecem formar uma classe e você tende a perceber

fileiras de círculos (WERTHEIMER, 1977).

Por Proximidade, semelhançae Continuidade

1

2

3

Por Complementação

Há uma tendência na nossa percepção de

completar figuras incompletas, preencher as

lacunas. Na figura abaixo, você percebe

quadrado e círculo, embora as figuras

estejam incompletas (WERTHEIMER, 1977).

Tendemos a organizar percepções nos objetos

observado a figura e o segundo plano contra o

qual ela se destaca, o fundo. A figura parece ser

mais substancial e destacar-se do seu fundo.

Nas ilustrações abaixo esta relação é reversível

da maneira como organiza sua percepção

(ATKINSON & HILGARD, 2012).

Figura / Fundo

PsicoAtiva!05

Page 5: Revista Psicoativa

Perceber para SobreviverMesmo que você não saiba, seu organismo percebe centenas de estímulos a

cada segundo. Seu cérebro está em um constate atividade e percebe até mesmo da menor variação de mudança no ambiente. E tudo isso por um único

motivo: a sua sobrevivência.

Por: Ana Luisa Ramos; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim; Sarah de Barros Maia

PsicoAtiva!04

Mesmo que você não saiba, seu organismo percebe centenas de estímulos a cada segundo. Seu cérebro está em um constate atividade e percebe até mesmo a menor mudança no ambiente. E tudo isso por um motivo: a sua sobrevivência.

A cada fração de segundo, seu organismo recebe centenas de estímulos que são captados pelos cinco sentidos – visão, audição, tato, olfato e paladar – e ainda aos s e n t i d o s v e s t i b u l a r e cinestésico. Você quer ter uma breve ideia desse u n i v e r s o d e informações que p a s s a d e s p e r c e b i d o ? Experimente, por apenas dez segundos, fechar os olhos e prestar a atenção aos odores do ambiente, aos barulhos que vêm de longe, no vento que passa pela sua pele ou até mesmo em seus pés encostando a palmilha dos sapatos. Sim, seja bem-vindo ao mundo dos estímulos sensoriais (DAMÁSIO, 1996).

Mesmo que você não perceba, qualquer estímulo que lhe chegue é captado pelos órgãos receptores e levado até o sistema nervoso central. Essa informação, inicialmente, é um registro passivo a que os cientistas dão o nome de sensação. Somente após seu cérebro interpretar esse estímulo é que você poderá dizer que percebeu alguma coisa. E essa percepção está ligada diretamente ao foco da sua atenção

Ter atenção, nada mais é do que priorizar um estímulo a outros. Neste exato momento, por exemplo, você está dando atenção à leitura deste texto em detrimento dos demais estímulos ao seu redor. Isso significa que agora seu cérebro está fazendo uma triagem das informações recebidas, selecionando as importantes e descartando as irrelevantes. Somente assim é possível que você compreenda o significado deste texto. Então, você está fazendo uma seleção da atenção. (ALENCAR, 2003).

Existem dois fatores importantes que o

(WERTHEIMER, 1977).

influenciam a fazer esta seleção da atenção: as características do estímulo - como intensidade, tamanho ou novidade - e a sua história de vida - ao maior ou menor valor que você dá aos seus interesses ou necessidades.

Assim, quanto maior o objeto, ou mais intenso um som, maior a probabilidade de ele ser notado. Imagine que neste exato momento

de leitura do texto, um barulho muito forte aconteça do

lado de fora do recinto onde você se encontra. Muito provavelmente s u a a t e n ç ã o s e r á desviada para esta enorme fonte sonora e

somente após você identificar esse estímulo externo (um trovão, por exemplo) é que você retornará ao texto. (LURIA, 1991).

Outro exemplo é relacionado à mudança do estímulo. Suponhamos que neste mesmo momento de concentração a luz do recinto silenciosamente se apague. Somente isso já é o suficiente para que sua atenção seja desviada (ALENCAR, 2003).

Além do exposto acima, as suas necessidade cotidianas também têm grande importância nos motivos pelos quais você elege uma atividade à outra como, por exemplo, procurar algo para comer e desviar a atenção do programa de televisão a q u e v o c ê e s t a v a assistindo. Essa atitude e x t r e m a m e n t e comum é questão de sobrevivência e de a d a p t a ç ã o d o organismo ao meio ambiente.

Tipos de Percepção:

Foi com o passar dos séculos e com o desenvolvimento do córtex cerebral humano que nossa raça conseguiu se desenvolver. O raciocínio passou a fazer parte da percepção e a partir daí o ser humano conseguiu pensar em perspectiva, sem perder o foco. Veja no quadro abaixo algumas características que seu cérebro possui e talvez você nem tenha se dado conta!

Constância Perceptual

Depois que o sujeito

conhece as características

dos ob je tos , e l e os

perceberá da mesma

forma, independentemente

das condições e posições

em que eles se encontram.

Um ser humano será

sempre percebido do

tamanho que é mesmo que esteja muito

distante ao invés de ser percebido como um

humano pequeno (SCHULTZ & SCHULTZ, 2002).

Partes do que estão próximas no tempo ou no

espaço parecem formar uma unidade e tendem a ser

percebidas juntas. Na figura 1, você vê os círculos

em linhas ou colunas, e não como um grande

conjunto (WERTHEIMER, 1977).

Há uma tendência na nossa percepção de seguir

uma direção, de vincular os elementos de uma

maneira que os faça parecer contínuos ou fluindo

numa direção particular. Na figura 2, você tende a

seguir as colunas de pequenos círculos de cima para

baixo (SCHULTZ & SCHULTZ, 2002).

Partes semelhantes tendem a ser vistas juntas como

se formassem um grupo. Na figura 3 os círculos

parecem formar uma classe e você tende a perceber

fileiras de círculos (WERTHEIMER, 1977).

Por Proximidade, semelhançae Continuidade

1

2

3

Por Complementação

Há uma tendência na nossa percepção de

completar figuras incompletas, preencher as

lacunas. Na figura abaixo, você percebe

quadrado e círculo, embora as figuras

estejam incompletas (WERTHEIMER, 1977).

Tendemos a organizar percepções nos objetos

observado a figura e o segundo plano contra o

qual ela se destaca, o fundo. A figura parece ser

mais substancial e destacar-se do seu fundo.

Nas ilustrações abaixo esta relação é reversível

da maneira como organiza sua percepção

(ATKINSON & HILGARD, 2012).

Figura / Fundo

PsicoAtiva!05

Page 6: Revista Psicoativa

06PsicoAtiva!

beijo é uma das maiores representações de carinho. Em qualquer cultura em torno do globo ainda não foi encontrada uma sociedade que não utilizasse o beijo como forma de

demonstrar afeto. Existem sim, povos que quase não se beijam, como os japoneses ou os índios, por exemplo.

Porém, na cultura brasileira a coisa é bem diferente. Beijamos até demais. São os três beijinhos na entrada e mais três na saída que fazem do Brasil um dos países mais beijoqueiros do mundo. E atrelado a isso vem mais uma réstia de outros motivos que o brasileiro encontra para beijar. O animal de estimação, o emblema do time de futebol, a bandeira nacional, a mão do bispo, o troféu de primeiro lugar, a medalha de ouro, a imagem de Nossa Senhora e qualquer outra pessoa ou até objeto, que lhe signifique estimo. Isso mesmo, no Brasil também beijamos objetos.

Contudo, dentre os povos que têm como hábto beijar pessoas, é quase que generalizado o beijo no rosto de um bebê ou de uma criança que não seja seu filho. Independente do sexo da criança, não existe forma mais singela e honesta de representar a inocência do amor afetivo, do que o beijo no rosto. É muito comum ouvirmos pais e mães pedindo para seus filhos pequenos darem “um beijinho no rosto do tio”, mesmo que este “tio” não seja realmente um tio sanguíneo, mas apenas um adulto amigo do casal ao qual afetivamente a criança passe a chamar assim. A resposta lógica do então “tio” para retribuir esta forma de afeto à criança, é, em muitas vezes, de corresponder também com um beijinho no rosto do menino ou da menina.

Agora, caso esta criança venha a ser uma menina,

O

Com qual idade deve-se parar de beijar um masculino?

O p i n i ã o

Por: Geyson Serafin

ela vai passar a vida inteira cumprimentando este “tio”, com um beijo no rosto, quando lhe encontrar. E pode ser em qualquer lugar. Desde um evento social na casa desta pessoa ou até mesmo em um “esbarrão” pelas ruas do centro da cidade. Porém, o foco muda quando esta criança for um garoto. Cedo ou tarde, eles irão parar de se beijar. Ao invés do beijo, trocarão tal demonstração de afeto por um aperto de mão bem estalado e uns bons tapas nas costas. Isso quando não vier acompanhado também de um daqueles abraços ao estilo “quebra-costelas”.

E aí vem a minha indagação: Com qual idade deve-se parar de beijar um masculino? O que faz capaz um homem de beijar um bebê masculino, uma criança masculina, mas não um adolescente ou um adulto masculino? E com que idade esta barreira é levantada? Existe uma regra ou um indicativo?

Em culturas de outros países, como no Irã, na Itália e até mesmo na Argentina, é comum vermos homens se cumprimentando encostando rostos e, com a boca, imitando o som de um beijo (assim como fazemos quando damos os famosos “três beijinhos” – porém lá é somente um beijo). E não precisa ter grau de parentesco para isso acontecer. Basta ser um grande amigo.

Obviamente que em nosso país estamos falando de questões culturais. Está tudo misturado naquela mesma panela velha de que “homem não chora”, “aprenda a ser homem” e até mesmo daquela frase redundante que diz: “homem tem que ser macho”.

E assim vai-se levando o orgulhoso cotidiano, cada vez mais certos de que homem com “H” chega a ter barba até mesmo nos neurônios.

Psicologia Organizacional e do TrabalhoA saúde do trabalhador nunca foi um assunto tão discutido como nos dias de

hoje. A psicologia organizacional e do trabalho surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem como objetivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas profissionais,

referentes ao bem-estar do funcionário e da corporação

oi com a larga expansão do capitalismo e do estilo de vida promovido pelo mesmo, que a ideia de trabalho passou a ser soberana nos mais diversos patamares sociais de nosso

país. Independente da atividade realizada passou-se a associar a imagem do trabalhador com a retidão do cidadão de bem. Ainda, com o crescimento populacional em conseqüência deste fenômeno, foi constatado também o crescimento empresarial, onde se tornou cotidiana a interação entre as empresas e a sociedade contemporânea. Ao momento em que as empresas começam a crescer e tomam grandes proporções em relação aos seus quadros de funcionários, surge também a necessidade de alinhar o pensamento individual do trabalhador com a cultura da empresa a qual trabalha, ou seja, uma cultura corporativa. (ZANELLI, 2004)

A psicologia organizacional e do trabalho (POT), surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem como objet ivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas profissionais, referentes ao bem-estar do funcionário e da corporação. (SCHEIN, 1982 apud CAMPOS, DUARTE, CEZAR & PEREIRA, 2011). Nesta mesma linha, (ORLANDINI, 2008 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA, 2011) complementam que “(...) o psicólogo do trabalho tem como principal objetivo compreender esse homem que trabalha e as implicações do seu trabalho no cotidiano (...)”, onde t a m b é m , a a t u a ç ã o profissional ultrapassa o conceito meramente técnico e teórico, expondo os valores e papéis das relações sociais neste ambiente de trabalho (GONDIN, BASTOS & PEIXOTO, 2010).

R e f e r e n t e a o aspecto evolutivo da prática psicológica nas empresas nota-se que na

Por: Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim; Sarah de Barros Maia

atualidade, os profissionais que estão dedicados exclusivamente a esta área já utilizam, de forma simultanea, diversas abordagens teóricas em suas intervenções, o que aponta uma tendência multidisciplinar para o psicólogo, o qual recorre também a outras áreas da ciência para ampliar sua capacidade de maestria na profissão. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO, 2010; BOCK, 1999). Ainda assim, a diversificada extensão dos vários aspectos psicológicos em uma empresa passa por assuntos como: recrutamento, seleção de pessoas, diagnóstico operacional, análise de cargos e salários, saúde, funcionalidade, aposentadoria, qualidade de vida, conflito, aconselhamento social e readaptação, além, da preparação de palestras e eventos internos. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO, 2010; BARDINI, 2014).

O motivo da preocupação com a proficiência dos assuntos citados acima, têm o intuito de manter o clima empresarial o mais estável e aprazível possível, visando em sua tota l idade , a harmonia entre os diversos setores e colaboradores dentro de suas mais variadas at iv idades e pos ições hierárquicas na organização a qual constituem. Desta forma, o psicólogo

PsicoAtiva!07

F

Page 7: Revista Psicoativa

06PsicoAtiva!

beijo é uma das maiores representações de carinho. Em qualquer cultura em torno do globo ainda não foi encontrada uma sociedade que não utilizasse o beijo como forma de

demonstrar afeto. Existem sim, povos que quase não se beijam, como os japoneses ou os índios, por exemplo.

Porém, na cultura brasileira a coisa é bem diferente. Beijamos até demais. São os três beijinhos na entrada e mais três na saída que fazem do Brasil um dos países mais beijoqueiros do mundo. E atrelado a isso vem mais uma réstia de outros motivos que o brasileiro encontra para beijar. O animal de estimação, o emblema do time de futebol, a bandeira nacional, a mão do bispo, o troféu de primeiro lugar, a medalha de ouro, a imagem de Nossa Senhora e qualquer outra pessoa ou até objeto, que lhe signifique estimo. Isso mesmo, no Brasil também beijamos objetos.

Contudo, dentre os povos que têm como hábto beijar pessoas, é quase que generalizado o beijo no rosto de um bebê ou de uma criança que não seja seu filho. Independente do sexo da criança, não existe forma mais singela e honesta de representar a inocência do amor afetivo, do que o beijo no rosto. É muito comum ouvirmos pais e mães pedindo para seus filhos pequenos darem “um beijinho no rosto do tio”, mesmo que este “tio” não seja realmente um tio sanguíneo, mas apenas um adulto amigo do casal ao qual afetivamente a criança passe a chamar assim. A resposta lógica do então “tio” para retribuir esta forma de afeto à criança, é, em muitas vezes, de corresponder também com um beijinho no rosto do menino ou da menina.

Agora, caso esta criança venha a ser uma menina,

O

Com qual idade deve-se parar de beijar um masculino?

O p i n i ã o

Por: Geyson Serafin

ela vai passar a vida inteira cumprimentando este “tio”, com um beijo no rosto, quando lhe encontrar. E pode ser em qualquer lugar. Desde um evento social na casa desta pessoa ou até mesmo em um “esbarrão” pelas ruas do centro da cidade. Porém, o foco muda quando esta criança for um garoto. Cedo ou tarde, eles irão parar de se beijar. Ao invés do beijo, trocarão tal demonstração de afeto por um aperto de mão bem estalado e uns bons tapas nas costas. Isso quando não vier acompanhado também de um daqueles abraços ao estilo “quebra-costelas”.

E aí vem a minha indagação: Com qual idade deve-se parar de beijar um masculino? O que faz capaz um homem de beijar um bebê masculino, uma criança masculina, mas não um adolescente ou um adulto masculino? E com que idade esta barreira é levantada? Existe uma regra ou um indicativo?

Em culturas de outros países, como no Irã, na Itália e até mesmo na Argentina, é comum vermos homens se cumprimentando encostando rostos e, com a boca, imitando o som de um beijo (assim como fazemos quando damos os famosos “três beijinhos” – porém lá é somente um beijo). E não precisa ter grau de parentesco para isso acontecer. Basta ser um grande amigo.

Obviamente que em nosso país estamos falando de questões culturais. Está tudo misturado naquela mesma panela velha de que “homem não chora”, “aprenda a ser homem” e até mesmo daquela frase redundante que diz: “homem tem que ser macho”.

E assim vai-se levando o orgulhoso cotidiano, cada vez mais certos de que homem com “H” chega a ter barba até mesmo nos neurônios.

Psicologia Organizacional e do TrabalhoA saúde do trabalhador nunca foi um assunto tão discutido como nos dias de

hoje. A psicologia organizacional e do trabalho surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem como objetivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas profissionais,

referentes ao bem-estar do funcionário e da corporação

oi com a larga expansão do capitalismo e do estilo de vida promovido pelo mesmo, que a ideia de trabalho passou a ser soberana nos mais diversos patamares sociais de nosso

país. Independente da atividade realizada passou-se a associar a imagem do trabalhador com a retidão do cidadão de bem. Ainda, com o crescimento populacional em conseqüência deste fenômeno, foi constatado também o crescimento empresarial, onde se tornou cotidiana a interação entre as empresas e a sociedade contemporânea. Ao momento em que as empresas começam a crescer e tomam grandes proporções em relação aos seus quadros de funcionários, surge também a necessidade de alinhar o pensamento individual do trabalhador com a cultura da empresa a qual trabalha, ou seja, uma cultura corporativa. (ZANELLI, 2004)

A psicologia organizacional e do trabalho (POT), surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem como objet ivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas profissionais, referentes ao bem-estar do funcionário e da corporação. (SCHEIN, 1982 apud CAMPOS, DUARTE, CEZAR & PEREIRA, 2011). Nesta mesma linha, (ORLANDINI, 2008 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA, 2011) complementam que “(...) o psicólogo do trabalho tem como principal objetivo compreender esse homem que trabalha e as implicações do seu trabalho no cotidiano (...)”, onde t a m b é m , a a t u a ç ã o profissional ultrapassa o conceito meramente técnico e teórico, expondo os valores e papéis das relações sociais neste ambiente de trabalho (GONDIN, BASTOS & PEIXOTO, 2010).

R e f e r e n t e a o aspecto evolutivo da prática psicológica nas empresas nota-se que na

Por: Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim; Sarah de Barros Maia

atualidade, os profissionais que estão dedicados exclusivamente a esta área já utilizam, de forma simultanea, diversas abordagens teóricas em suas intervenções, o que aponta uma tendência multidisciplinar para o psicólogo, o qual recorre também a outras áreas da ciência para ampliar sua capacidade de maestria na profissão. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO, 2010; BOCK, 1999). Ainda assim, a diversificada extensão dos vários aspectos psicológicos em uma empresa passa por assuntos como: recrutamento, seleção de pessoas, diagnóstico operacional, análise de cargos e salários, saúde, funcionalidade, aposentadoria, qualidade de vida, conflito, aconselhamento social e readaptação, além, da preparação de palestras e eventos internos. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO, 2010; BARDINI, 2014).

O motivo da preocupação com a proficiência dos assuntos citados acima, têm o intuito de manter o clima empresarial o mais estável e aprazível possível, visando em sua tota l idade , a harmonia entre os diversos setores e colaboradores dentro de suas mais variadas at iv idades e pos ições hierárquicas na organização a qual constituem. Desta forma, o psicólogo

PsicoAtiva!07

F

Page 8: Revista Psicoativa

organizacional acolhe a todos os integrantes da empresa e com intuito de facilitar a interação entre estes, especialmente a díade, funcionário – chefia (ORLANDINI, 2008 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA). Contudo, segundo (GARCIA, VALDEHITA & JOVER, 2003 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA, 2011, p.1) o papel deste profissional ainda estende-se sobre a “intervenção, tanto sobre a pessoa como sobre o trabalho, com o propósito de melhor satisfazer as necessidades dos trabalhadores, sem nunca se esquecer de incrementar os benefícios e rendimentos da empresa”.

Em relação ao mercado de trabalho é claramente entendido o papel do psicólogo dentro de uma empresa e a importância do desempenho de suas funções. Em alguns casos, especialmente em empresas de grande porte, é possível encontrar mais de um psicólogo efetivado. Outra vertente é a participação de um psicólogo na composição do quadro de chefia para melhor avaliar o desempenho e diagnóstico organizacional na empresa (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO,2010).

Quando o psicólogo não está envolvido em manobras empresariais importantes, há uma grande chance do mesmo ser consultado após a tomada de decisão da chefia. Em alguns casos, o resultado de tal deliberação vinda de um superior pode ocasionar na empresa um mal-estar ético, onde, pousa na pessoa do psicólogo a esperança dos superiores, adicionado a uma dose de responsabilidade, para que tal imbróglio criado pelos chefes seja solucionado por este profissional em questão. (BARDINI, 2014). De qualquer modo, das diversas áreas de atuação da psicologia, esta ainda é a segunda melhor remunerada, perdendo apenas para a docência de nível superior. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO,2010).

Mesmo sendo a psicologia uma profissão que há décadas encontra-se atuante em nossa sociedade, seus desdobramentos e especialidades continuam a aflorar em áreas jamais imagináveis na época de sua regulamentação. Grande parte deste fenômeno nasce da necessidade das mais variadas áreas profissionais precisarem de respostas cada vez mais certeiras e menos duvidosas.

Aproveitando-se deste pensamento qualitativo, a psicologia utiliza-se de suas variadas e maleáveis teorias e adapta-se ao mercado preenchendo a lacuna a qual estava desabitada há tempos. Com isso, alavanca os processos básicos de interação do homem com a sociedade e cultura e preconiza o motivo ao qual foi inventada.

Embora tal área de atuação ainda encontre-se em processo inicial, é possível constatar, desde agora, a devida importância ao qual este prolongamento exerce e numa visão positiva, vislumbrar o sucesso neste valioso caminho.

Crislaine Bardini é Psicóloca da Eletrosul e foi entrevistada para esta matéria.08

PsicoAtiva!

A psicologia organizacional e do trabalho, surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem

como objetivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas

profissionais

” SCHEIN, 1982

To d o s u t i l i za m a p a l av ra “sociedade”, mas ninguém contesta seu significado. É quase como um dogma passivamente aceito.

Segundo Durkheim (1899), a sociedade é um conjunto de regras, normas , padrões , condutas de pensamento e sentimentos, que não acontece apenas na consciência de cada um. Os sentimentos não residem apenas no coração mas na essência da sociedade em si, que é a instituição encarregada de formar o indivíduo com valores e referências. É tão forte esta relação que mesmo antes de nascermos, o cenário já está montado e quando morrermos a situação continuará a mesma.

Já Weber (1890) discorda do pensamento anterior e não enxerga a sociedade como um ente além e acima do indivíduo. Este autor prega que a sociedade é formada nas relações sociais onde a interação dos indivíduos é que a transforma. Portanto, tem a ver com as motivações de cada pessoa e com o significado que cada um dá a esta motivação. Então, a sociedade é constituída pela motivação individual de uma pessoa interagindo com a motivação individual de outra.

Por outro lado, Marx, (1873), se opõe à concepção weberiana. Não prioriza o indivíduo e suas motivações, sem enfatizar as condições materiais das quais parte, pois em isso não se chega à

A Sociedade

dos Indivíduos

conclusão alguma. Além disso, não é qualquer relação social que permite entender a sociedade, mas sim as relações de produção. O que identifica o modelo de sociedade é a forma como os homens produzem, o modo como transformam o mundo ao seu redor através do trabalho, e, sobretudo, a relação com os meios de produção.

E a g o r a ? S e r á q u e entendemos mesmo o significado da palavra “sociedade”? Poderíamos definir sociedade como sendo todos nós, ou uma quantidade de pessoas juntas? No entanto, torna-se importante compreender que um agrupamento de pessoas forme uma sociedade, mas que cada País possui um tipo diferente de sociedade.

S o m o s p a r t e d e u m a sociedade que não planejamos e muito menos desejamos. As mudanças nos modos de vida em sociedade não dependem do p l a n e j a m e n t o i n d i v i d u a l , a s s i m como ele também existe pelo fato de existir uma grande q u a n t i d a d e d e pessoas e só funciona p o r q u e m u i t a s pessoas, de forma individual, querem e

realizam determinados atos.Existem duas opiniões que se

divergem. De um lado, pessoas que defendem que as formações sócio-históricas foram planejadas e criadas, ou seja, pré-concebidas. Com isso, a evolução dos estilos artísticos ou o próprio processo civilizador são questões sem resposta. De outro lado, pessoas que afirmam que o indivíduo não desempenha nenhum papel na sociedade. Dizem que as formações sócio-históricas estão acima do individual, quase que possuindo vida própria. Assim, as formas culturais e as instituições econômicas possuem um papel de grande importância.

Da mesma forma essa dualidade acontece também em relação às funções psicológicas sociais. Enquanto uns afirmam que existe a possibilidade de isolar o indivíduo das suas relações com as demais pessoas, outros dizem não

“Mas meu filho , o que os outros vão pensar?” Quem nunca ouviu esta frase? Quando vivemos em sociedade vivemos para nós ou para os outros?

Será que você realmente pode dizer: “A vida é minha e eu faço dela o que bem quero?

Por: Mara Giane Serafim; Geyson Souza Serafin; Ana Luisa Ramos; Sarah de Barros Maia

Page 9: Revista Psicoativa

organizacional acolhe a todos os integrantes da empresa e com intuito de facilitar a interação entre estes, especialmente a díade, funcionário – chefia (ORLANDINI, 2008 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA). Contudo, segundo (GARCIA, VALDEHITA & JOVER, 2003 apud CAMPOS, CEZAR, DUARTE & PEREIRA, 2011, p.1) o papel deste profissional ainda estende-se sobre a “intervenção, tanto sobre a pessoa como sobre o trabalho, com o propósito de melhor satisfazer as necessidades dos trabalhadores, sem nunca se esquecer de incrementar os benefícios e rendimentos da empresa”.

Em relação ao mercado de trabalho é claramente entendido o papel do psicólogo dentro de uma empresa e a importância do desempenho de suas funções. Em alguns casos, especialmente em empresas de grande porte, é possível encontrar mais de um psicólogo efetivado. Outra vertente é a participação de um psicólogo na composição do quadro de chefia para melhor avaliar o desempenho e diagnóstico organizacional na empresa (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO,2010).

Quando o psicólogo não está envolvido em manobras empresariais importantes, há uma grande chance do mesmo ser consultado após a tomada de decisão da chefia. Em alguns casos, o resultado de tal deliberação vinda de um superior pode ocasionar na empresa um mal-estar ético, onde, pousa na pessoa do psicólogo a esperança dos superiores, adicionado a uma dose de responsabilidade, para que tal imbróglio criado pelos chefes seja solucionado por este profissional em questão. (BARDINI, 2014). De qualquer modo, das diversas áreas de atuação da psicologia, esta ainda é a segunda melhor remunerada, perdendo apenas para a docência de nível superior. (GONDIM, BASTOS & PEIXOTO,2010).

Mesmo sendo a psicologia uma profissão que há décadas encontra-se atuante em nossa sociedade, seus desdobramentos e especialidades continuam a aflorar em áreas jamais imagináveis na época de sua regulamentação. Grande parte deste fenômeno nasce da necessidade das mais variadas áreas profissionais precisarem de respostas cada vez mais certeiras e menos duvidosas.

Aproveitando-se deste pensamento qualitativo, a psicologia utiliza-se de suas variadas e maleáveis teorias e adapta-se ao mercado preenchendo a lacuna a qual estava desabitada há tempos. Com isso, alavanca os processos básicos de interação do homem com a sociedade e cultura e preconiza o motivo ao qual foi inventada.

Embora tal área de atuação ainda encontre-se em processo inicial, é possível constatar, desde agora, a devida importância ao qual este prolongamento exerce e numa visão positiva, vislumbrar o sucesso neste valioso caminho.

Crislaine Bardini é Psicóloca da Eletrosul e foi entrevistada para esta matéria.08

PsicoAtiva!

A psicologia organizacional e do trabalho, surge como uma área de escopo interdisciplinar, a qual tem

como objetivo entender os fenômenos organizacionais que se manifestam em diversas esferas

profissionais

” SCHEIN, 1982

To d o s u t i l i za m a p a l av ra “sociedade”, mas ninguém contesta seu significado. É quase como um dogma passivamente aceito.

Segundo Durkheim (1899), a sociedade é um conjunto de regras, normas , padrões , condutas de pensamento e sentimentos, que não acontece apenas na consciência de cada um. Os sentimentos não residem apenas no coração mas na essência da sociedade em si, que é a instituição encarregada de formar o indivíduo com valores e referências. É tão forte esta relação que mesmo antes de nascermos, o cenário já está montado e quando morrermos a situação continuará a mesma.

Já Weber (1890) discorda do pensamento anterior e não enxerga a sociedade como um ente além e acima do indivíduo. Este autor prega que a sociedade é formada nas relações sociais onde a interação dos indivíduos é que a transforma. Portanto, tem a ver com as motivações de cada pessoa e com o significado que cada um dá a esta motivação. Então, a sociedade é constituída pela motivação individual de uma pessoa interagindo com a motivação individual de outra.

Por outro lado, Marx, (1873), se opõe à concepção weberiana. Não prioriza o indivíduo e suas motivações, sem enfatizar as condições materiais das quais parte, pois em isso não se chega à

A Sociedade

dos Indivíduos

conclusão alguma. Além disso, não é qualquer relação social que permite entender a sociedade, mas sim as relações de produção. O que identifica o modelo de sociedade é a forma como os homens produzem, o modo como transformam o mundo ao seu redor através do trabalho, e, sobretudo, a relação com os meios de produção.

E a g o r a ? S e r á q u e entendemos mesmo o significado da palavra “sociedade”? Poderíamos definir sociedade como sendo todos nós, ou uma quantidade de pessoas juntas? No entanto, torna-se importante compreender que um agrupamento de pessoas forme uma sociedade, mas que cada País possui um tipo diferente de sociedade.

S o m o s p a r t e d e u m a sociedade que não planejamos e muito menos desejamos. As mudanças nos modos de vida em sociedade não dependem do p l a n e j a m e n t o i n d i v i d u a l , a s s i m como ele também existe pelo fato de existir uma grande q u a n t i d a d e d e pessoas e só funciona p o r q u e m u i t a s pessoas, de forma individual, querem e

realizam determinados atos.Existem duas opiniões que se

divergem. De um lado, pessoas que defendem que as formações sócio-históricas foram planejadas e criadas, ou seja, pré-concebidas. Com isso, a evolução dos estilos artísticos ou o próprio processo civilizador são questões sem resposta. De outro lado, pessoas que afirmam que o indivíduo não desempenha nenhum papel na sociedade. Dizem que as formações sócio-históricas estão acima do individual, quase que possuindo vida própria. Assim, as formas culturais e as instituições econômicas possuem um papel de grande importância.

Da mesma forma essa dualidade acontece também em relação às funções psicológicas sociais. Enquanto uns afirmam que existe a possibilidade de isolar o indivíduo das suas relações com as demais pessoas, outros dizem não

“Mas meu filho , o que os outros vão pensar?” Quem nunca ouviu esta frase? Quando vivemos em sociedade vivemos para nós ou para os outros?

Será que você realmente pode dizer: “A vida é minha e eu faço dela o que bem quero?

Por: Mara Giane Serafim; Geyson Souza Serafin; Ana Luisa Ramos; Sarah de Barros Maia

Page 10: Revista Psicoativa

existir um lugar apropriado às funções psicológicas do indivíduo singular.

Muitas vezes parece que as psicologias do individuo e da sociedade são disciplinas totalmente diferentes, por mais que saibamos que somos indivíduos e conhecemos o significado de sociedade. É provável que isso aconteça porque não temos modelos conceituais e nem uma visão global para poder entender como é possível que indivíduos isolados possam formar e transformar a sociedade, sem nem mesmo ter desejado ou planejado.

Seria impossível desassociar o individuo da sociedade, visto que, o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m e s t á profundamente ligado ao do outro. No entanto, podemos perceber que as pessoas dividem opiniões a respeito entre quem é mais importante; se o indivíduo é mais importante que a sociedade, ou se a sociedade é mais importante que o indivíduo. As pessoas não percebem que o essencial não é saber quem é mais importante, mas sim ter consciência de que um não existe sem o outro.

Se as circunstâncias influenciam os indivíduos, esses também interferem nas circunstâncias. A vida em uma determinada sociedade é possível porque seus indivíduos vivem situações em comum, como por exemplo, são julgados por determinadas leis, falam a mesma língua, possuem histórias e hábitos em comum e etc.

Para completar, Elias (1994, p.62), diz que: “A sociedade não é um baile á fantasia, em que cada um pode mudar a máscara ou a fantasia a qualquer momento. Desde o nascimento, estamos p re s o s à s re l a çõ e s q u e fo ra m estabelecidas antes de nós e que existem e se estruturam durante a nossa vida”.

No que diz respeito às questões sociais; pode-se dizer

que elas são os problemas que vão além do nosso cotidiano e estão ligados à estrutura de uma ou de várias sociedades. São situações que afetam o dia a dia de um individuo, desde problemas locais até acontecimentos que atingem a maioria dos países.

Cabe lembrar que e s t a m o s s e m p r e interl igados à nossa historia e às pessoas que

fazem parte dela. O indivíduo possui um círculo de relações a que pertence, sejam elas pessoais ou profissionais e também têm fatos que vivem apenas em sua memória mais em que, um dia, fizeram parte de sua história de vida.

Mesmo vivendo em uma sociedade temos que ver o indivíduo isoladamente, gerando com isto uma profundidade entre os fenômenos sociais e individuais.

Todo indivíduo nasce num grupo de pessoas que já existem antes dele e, das quais, ele depende. Mas cada um tem sua história individual. As relações deste indivíduo com as outras pessoas terá muito mais influência sobre ele que sua própria constituição.

Muitas vezes as pessoas se isolam para esconder sua própria personalidade ou controlar suas emoções, gerando um profundo

conflito interno no indivíduo que passa a acreditar que dentro dele existe algo isolado e que só depois se relaciona com os outros.

O individuo acaba vendo a sociedade como algo que lhe acorrenta e lhe impossibilita de ser livre. Não se sabe ao certo se são as pessoas que moldam a sociedade ou se a sociedade que molda as pessoas, mas pode-se dizer que a sociedade tem um controle indiscutível sobre o ser humano. De fato, quando nascemos já nos deparamos com um punhado de valores, regras e costumes sociais já pré-determinados e normalmente não temos co m o e s ca p a r d e s s a s n o r m a s j á estabelecidas por outras pessoas, que podem ser nossos pais, amigos ou mesmo um grupo de pessoas ao nosso entorno que formam uma congregação religiosa, por exemplo.

P o d e m o s f a z e r v á r i o s questionamentos como: Não temos liberdade de decidir e agir? Somos determinados pela sociedade? Será que temos a capacidade de mudar a sociedade assim como ela nos muda?

Alguns sociólogos relatam que o individual e o comum não estão separados. Afirmam que existe entre eles vários níveis de interdependência. Num contexto geral não existe liberdade individual, pois a vida de uma pessoa foi de alguma forma condicionada por escolhas e decisões definidas por um todo e sem que o indivíduo tivesse participação.

Para concluir, (ELIAS, 1994, p.45) relata que “A história é sempre a história de uma sociedade, mais sem a menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos”.

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

Por: Sarah de Barros Maia; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim e Ana Luisa Ramos. Por: Sarah de Barros Maia; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim e Ana Luisa Ramos.

PsicoAtiva!10

Page 11: Revista Psicoativa

existir um lugar apropriado às funções psicológicas do indivíduo singular.

Muitas vezes parece que as psicologias do individuo e da sociedade são disciplinas totalmente diferentes, por mais que saibamos que somos indivíduos e conhecemos o significado de sociedade. É provável que isso aconteça porque não temos modelos conceituais e nem uma visão global para poder entender como é possível que indivíduos isolados possam formar e transformar a sociedade, sem nem mesmo ter desejado ou planejado.

Seria impossível desassociar o individuo da sociedade, visto que, o d e s e n v o l v i m e n t o d e u m e s t á profundamente ligado ao do outro. No entanto, podemos perceber que as pessoas dividem opiniões a respeito entre quem é mais importante; se o indivíduo é mais importante que a sociedade, ou se a sociedade é mais importante que o indivíduo. As pessoas não percebem que o essencial não é saber quem é mais importante, mas sim ter consciência de que um não existe sem o outro.

Se as circunstâncias influenciam os indivíduos, esses também interferem nas circunstâncias. A vida em uma determinada sociedade é possível porque seus indivíduos vivem situações em comum, como por exemplo, são julgados por determinadas leis, falam a mesma língua, possuem histórias e hábitos em comum e etc.

Para completar, Elias (1994, p.62), diz que: “A sociedade não é um baile á fantasia, em que cada um pode mudar a máscara ou a fantasia a qualquer momento. Desde o nascimento, estamos p re s o s à s re l a çõ e s q u e fo ra m estabelecidas antes de nós e que existem e se estruturam durante a nossa vida”.

No que diz respeito às questões sociais; pode-se dizer

que elas são os problemas que vão além do nosso cotidiano e estão ligados à estrutura de uma ou de várias sociedades. São situações que afetam o dia a dia de um individuo, desde problemas locais até acontecimentos que atingem a maioria dos países.

Cabe lembrar que e s t a m o s s e m p r e interl igados à nossa historia e às pessoas que

fazem parte dela. O indivíduo possui um círculo de relações a que pertence, sejam elas pessoais ou profissionais e também têm fatos que vivem apenas em sua memória mais em que, um dia, fizeram parte de sua história de vida.

Mesmo vivendo em uma sociedade temos que ver o indivíduo isoladamente, gerando com isto uma profundidade entre os fenômenos sociais e individuais.

Todo indivíduo nasce num grupo de pessoas que já existem antes dele e, das quais, ele depende. Mas cada um tem sua história individual. As relações deste indivíduo com as outras pessoas terá muito mais influência sobre ele que sua própria constituição.

Muitas vezes as pessoas se isolam para esconder sua própria personalidade ou controlar suas emoções, gerando um profundo

conflito interno no indivíduo que passa a acreditar que dentro dele existe algo isolado e que só depois se relaciona com os outros.

O individuo acaba vendo a sociedade como algo que lhe acorrenta e lhe impossibilita de ser livre. Não se sabe ao certo se são as pessoas que moldam a sociedade ou se a sociedade que molda as pessoas, mas pode-se dizer que a sociedade tem um controle indiscutível sobre o ser humano. De fato, quando nascemos já nos deparamos com um punhado de valores, regras e costumes sociais já pré-determinados e normalmente não temos co m o e s ca p a r d e s s a s n o r m a s j á estabelecidas por outras pessoas, que podem ser nossos pais, amigos ou mesmo um grupo de pessoas ao nosso entorno que formam uma congregação religiosa, por exemplo.

P o d e m o s f a z e r v á r i o s questionamentos como: Não temos liberdade de decidir e agir? Somos determinados pela sociedade? Será que temos a capacidade de mudar a sociedade assim como ela nos muda?

Alguns sociólogos relatam que o individual e o comum não estão separados. Afirmam que existe entre eles vários níveis de interdependência. Num contexto geral não existe liberdade individual, pois a vida de uma pessoa foi de alguma forma condicionada por escolhas e decisões definidas por um todo e sem que o indivíduo tivesse participação.

Para concluir, (ELIAS, 1994, p.45) relata que “A história é sempre a história de uma sociedade, mais sem a menor dúvida, de uma sociedade de indivíduos”.

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

A Pós-modernidade e a subjetividade

fragmentada na era do virtual

Por: Sarah de Barros Maia; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim e Ana Luisa Ramos. Por: Sarah de Barros Maia; Geyson Souza Serafin; Mara Giane Serafim e Ana Luisa Ramos.

PsicoAtiva!10

Page 12: Revista Psicoativa

subjetividade é altamente moldada pelo ambiente em que nos encontramos. O homem portanto é este corpo e mente no mundo, participando de um processo histórico que, ao ser perpassado por fatores culturais, o experiencia de forma profunda gerando comportamentos, sentimentos e emoções. Para Vygotsky, “as funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social. Isto é, o desenvolvimento mental humano não é dado a priori, não é imutável e universal, não é passivo, nem tampouco independente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana. A cultura é, portanto, parte constituitiva da natureza humana, já que sua característica psicológica se dá através da internalização dos modos históricamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações” (REGO, p.41,1998). Contudo, as formas de se vivenciar o meio mudam de acordo com o espírito do tempo - o Zeitgeist. Mudanças estas que irão ocorrer com a entrada da modernidade e, mais tarde com a pós-modernidade, nas formas de ser e agir

dos indivíduos, quando a chamada Revolução Tecnológica* passa a fazer parte do cotidiano.

Das mais importantes transformações que o homem vivenciou, está a Revolução Industrial. Tendo início no século XVIII, e continuação na segunda metade do século XIX, através da implementação da máquina a vapor, do sistema fabril e da energia elétrica. É neste solo fértil que o Capitalismo traz metamorfoses radicais para a forma de ser dos indivíduos: o sistema que até então era de produção passa a ter a lógica de consumo. De acordo com Aranha e Martins (2008, p. 40), a mudança de enfoque “descentraliza a atenção, antes voltada para a produção, e orientando-se agora para a informação e o consumo. A atividade da maioria dos trabalhadores se encontra nos escritórios, ampliada por uma comunicação ágil, quase instantânea, veiculada em âmbito mundial pela expansão das redes de telefonia e das info-vias”.

O que ocorre na modernidade é que as formas de subjetivação formam maneiras até então novas de se colocar

no mundo. Transformações que estarão em curso a todo momento, já que as bases culturais mudam rapidamente. Com o advento das novas tecnologias as fronteiras passam por um processo de estreitamento e ressignificação: são os novos tempos de Globalização, onde as formas de ser nos espaços urbanos e privados são reaprendidas. A característica marcante do modo de vida do homem na idade moderna “(...) é a sua concentração em agregados gigantescos. (...) As influências que as cidades exercem sobre a vida social do homem são maiores do que poderia indicar a proporção da população urbana, pois a cidade não somente é, em graus sempre crescentes, a moradia e o local de trabalho de homem moderno, como é o centro iniciador e controlador da vida econômica, política e cultural que atraiu as localidades mais remotas do mundo para dentro de sua órbita” (WIRTH apud NICOLACI-DA-COSTA, p.196, 2002).

Mais tarde, com a Pós-

modernidade - atual momento em

que nos encontramos na história - a

mudança se fará maior na origem do

tempo das coisas: a partir de agora,

nada terá uma longa duração. O

descartável que rege essas vidas,

inclusive os laços humanos. Para o

filósofo Luis Felipe Pondé (2013), o

que fica evidente é a rapidez da vida

alienada: “você tem que correr

muito, a velocidade é cada vez maior.

Na maior parte das vezes você pára e

diz: 'estou correndo para onde,

mesmo?' Você não está correndo

para lugar nenhum. Está correndo

simplesmente porque tem que

correr. Se não correr, a casca de gelo

sobre seu solo racha”. Esse olhar

sobre o tempo traz algo novo: o fim

da vivência linear. O homem que

antes experienciava uma vida com

início, meio e fim bem marcados,

agora conhece o que se chama de

fragmentação do indivíduo. Isso

implica em dizer que, na

modernidade e pós-modernidade, a

vida começa a ser vivida em

episódios.

O que há é um fragmento de

histórias - como em uma figura

cubista que o todo é formado por

pequenas partes, pedacinhos

diferentes. Tudo é rápido e sem

lógica de continuação: não se almeja

uma coisa por vez, mas tudo ao

mesmo tempo.

Por outro lado, há a questão de

identidade que também será

afetada. Assim como se tem a

fragmentação do homem, em

termos de identidade, há talvez, a

fragmentação dos papéis. Eles são

redefinidos durante toda a vida.

Quem o indivíduo é, é um exercício

constante por uma resposta. Para o

sociólogo Zygmunt Baumann, em

entrevista ao programa Café

filosófico, em 2012, “as questões

de identidade têm um papel

tremendamente importante hoje,

no mundo. Você tem que criar a

sua própria identidade. Você não a

herda. Não apenas precisa fazer

isso a partir do zero, mas você tem

que passar a sua vida, de fato,

redefinindo sua identidade. Porque

os estilos de vida, o que é

considerado ser bom e ruim para

você, as formas de vida atraentes e

tentadoras mudam tantas vezes na

vida”.

No livro Modernidade Líquida,

Baumann (2006) ainda afirma que os

laços humanos pós-modernos têm

uma peculiaridade. Pegando a

famosa frase de Marshall Berman,

que define o capitalismo: “Tudo o

que é sólido desmancha no ar”, o

autor vai definir a noção de

sentimento líquido. Já não se tem

algo sólido e durável nas relações, o

que dá o tom desse novo homem é a

vivência descartável. Pondé (2013)

afirma que nada é sólido, “as coisas

não têm forma, elas se espalham.

Hoje se tentar pegar com a sua mão

o que você entende por sua família,

é líquida. (...) A qualquer momento

ela acaba. Não há nenhuma garantia

de que a pessoa que está ao seu

lado, permanecerá com você.

Inclusive, porque ela é

'Mulher em frente ao espelho' (1932), Pablo Picasso

O Pós-moderno

11PsicoAtiva!

13

A

Page 13: Revista Psicoativa

subjetividade é altamente moldada pelo ambiente em que nos encontramos. O homem portanto é este corpo e mente no mundo, participando de um processo histórico que, ao ser perpassado por fatores culturais, o experiencia de forma profunda gerando comportamentos, sentimentos e emoções. Para Vygotsky, “as funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social. Isto é, o desenvolvimento mental humano não é dado a priori, não é imutável e universal, não é passivo, nem tampouco independente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana. A cultura é, portanto, parte constituitiva da natureza humana, já que sua característica psicológica se dá através da internalização dos modos históricamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações” (REGO, p.41,1998). Contudo, as formas de se vivenciar o meio mudam de acordo com o espírito do tempo - o Zeitgeist. Mudanças estas que irão ocorrer com a entrada da modernidade e, mais tarde com a pós-modernidade, nas formas de ser e agir

dos indivíduos, quando a chamada Revolução Tecnológica* passa a fazer parte do cotidiano.

Das mais importantes transformações que o homem vivenciou, está a Revolução Industrial. Tendo início no século XVIII, e continuação na segunda metade do século XIX, através da implementação da máquina a vapor, do sistema fabril e da energia elétrica. É neste solo fértil que o Capitalismo traz metamorfoses radicais para a forma de ser dos indivíduos: o sistema que até então era de produção passa a ter a lógica de consumo. De acordo com Aranha e Martins (2008, p. 40), a mudança de enfoque “descentraliza a atenção, antes voltada para a produção, e orientando-se agora para a informação e o consumo. A atividade da maioria dos trabalhadores se encontra nos escritórios, ampliada por uma comunicação ágil, quase instantânea, veiculada em âmbito mundial pela expansão das redes de telefonia e das info-vias”.

O que ocorre na modernidade é que as formas de subjetivação formam maneiras até então novas de se colocar

no mundo. Transformações que estarão em curso a todo momento, já que as bases culturais mudam rapidamente. Com o advento das novas tecnologias as fronteiras passam por um processo de estreitamento e ressignificação: são os novos tempos de Globalização, onde as formas de ser nos espaços urbanos e privados são reaprendidas. A característica marcante do modo de vida do homem na idade moderna “(...) é a sua concentração em agregados gigantescos. (...) As influências que as cidades exercem sobre a vida social do homem são maiores do que poderia indicar a proporção da população urbana, pois a cidade não somente é, em graus sempre crescentes, a moradia e o local de trabalho de homem moderno, como é o centro iniciador e controlador da vida econômica, política e cultural que atraiu as localidades mais remotas do mundo para dentro de sua órbita” (WIRTH apud NICOLACI-DA-COSTA, p.196, 2002).

Mais tarde, com a Pós-

modernidade - atual momento em

que nos encontramos na história - a

mudança se fará maior na origem do

tempo das coisas: a partir de agora,

nada terá uma longa duração. O

descartável que rege essas vidas,

inclusive os laços humanos. Para o

filósofo Luis Felipe Pondé (2013), o

que fica evidente é a rapidez da vida

alienada: “você tem que correr

muito, a velocidade é cada vez maior.

Na maior parte das vezes você pára e

diz: 'estou correndo para onde,

mesmo?' Você não está correndo

para lugar nenhum. Está correndo

simplesmente porque tem que

correr. Se não correr, a casca de gelo

sobre seu solo racha”. Esse olhar

sobre o tempo traz algo novo: o fim

da vivência linear. O homem que

antes experienciava uma vida com

início, meio e fim bem marcados,

agora conhece o que se chama de

fragmentação do indivíduo. Isso

implica em dizer que, na

modernidade e pós-modernidade, a

vida começa a ser vivida em

episódios.

O que há é um fragmento de

histórias - como em uma figura

cubista que o todo é formado por

pequenas partes, pedacinhos

diferentes. Tudo é rápido e sem

lógica de continuação: não se almeja

uma coisa por vez, mas tudo ao

mesmo tempo.

Por outro lado, há a questão de

identidade que também será

afetada. Assim como se tem a

fragmentação do homem, em

termos de identidade, há talvez, a

fragmentação dos papéis. Eles são

redefinidos durante toda a vida.

Quem o indivíduo é, é um exercício

constante por uma resposta. Para o

sociólogo Zygmunt Baumann, em

entrevista ao programa Café

filosófico, em 2012, “as questões

de identidade têm um papel

tremendamente importante hoje,

no mundo. Você tem que criar a

sua própria identidade. Você não a

herda. Não apenas precisa fazer

isso a partir do zero, mas você tem

que passar a sua vida, de fato,

redefinindo sua identidade. Porque

os estilos de vida, o que é

considerado ser bom e ruim para

você, as formas de vida atraentes e

tentadoras mudam tantas vezes na

vida”.

No livro Modernidade Líquida,

Baumann (2006) ainda afirma que os

laços humanos pós-modernos têm

uma peculiaridade. Pegando a

famosa frase de Marshall Berman,

que define o capitalismo: “Tudo o

que é sólido desmancha no ar”, o

autor vai definir a noção de

sentimento líquido. Já não se tem

algo sólido e durável nas relações, o

que dá o tom desse novo homem é a

vivência descartável. Pondé (2013)

afirma que nada é sólido, “as coisas

não têm forma, elas se espalham.

Hoje se tentar pegar com a sua mão

o que você entende por sua família,

é líquida. (...) A qualquer momento

ela acaba. Não há nenhuma garantia

de que a pessoa que está ao seu

lado, permanecerá com você.

Inclusive, porque ela é

'Mulher em frente ao espelho' (1932), Pablo Picasso

O Pós-moderno

11PsicoAtiva!

13

A

Page 14: Revista Psicoativa

alimentada pelo mesmo motor de

todos na pós-modernidade: eu

mereço ser feliz no que faço”. Ou

seja, quando as pessoas param de

preencher os requisitos de felicidade

nos outros, são prontamente

trocadas.

Encara-se o outro pela lógica

do consumismo, ou seja, a

quantidade em prol da qualidade.

Quanto mais, melhor. Quer-se

preencher um saco de pano que não

tem fim. O vazio. O homem pós-

moderno é mestre no hedonismo, o

prazer pelo prazer.

Nesse sentido,

não há busca pela

costrução de um

relacionamento,

mas a felicidade a

todo custo. Pondé (2013) afirma

que nunca houve tanta procura para

relacionar-se com alguém, “mas as

relações são frágeis, começam e

terminam na mesma velocidade,

pois na sociedade consumista

globalizada há sempre novos

produtos, mais modernos, atraentes

e estimulantes para serem

consumidos. Assim, Baumann trata

das consequências provocadas por

uma sociedade que sustenta a busca

pela individualização e liberdade em

detrimento de uma vida afetiva

estável”. Sem saber que laços são

construções, o homem até pode

buscá-los, mas não quer um

comprometimento. Quem tem

tempo para comprometer-se?

Aqui observa-se um possível

estado de quem, provavelmente,

não amadurecerá afetivamente. A

capacidade de aprender com as

experiências, passa pela dor - coisa

que o homem hedonista não

suporta. Banca-se um suposto

banquete onde ninguém se

alimenta, apenas embriaga-se.

Trazendo rapidamente para a

internet, o meio virtual, podemos

pegar vários exemplos. Talvez, o

Facebook seja a mais atual. A

facilidade que as redes sociais

oferecem para conhecer pessoas é

algo novo. Acontece que o homem

passa a viver uma ligação emocional

de online/offline. Não passa disso,

porque a construção de um laço

afetivo, para Baumann (2003, p.46),

requer o olho no olho, requer a

vivencia conjunta. Qual seria, então,

a vantagem da virtualidade? A

facilidade da desconexão com o

outro. “Imagine que o que você

tem não são amigos online,

conexões online,

compartilhamento online,

mas conexões off-line,

conexões de verdade,

frente a frente, corpo a

corpo, olho no olho.

Então, romper relações é

sempre um evento muito

traumático. Você tem que

encontrar desculpas, você

tem que explicar, tem que

mentir com frequência e,

mesmo assim, você não se

sente seguro. É difícil, mas

na internet é tão fácil,

você só pressiona delete e

pronto. Em vez de 500

amigos, você terá 499,

mas isso será apenas

temporario, porque

amanhã você terá outros 500. E isso

mina os laços humanos”.

A superficialidade do mundo

pós-moderno, por um lado, é

extrema. Afeta em cheio a

convivência humana. A nossa

necessidade de criar laços

duradouros. “É uma situação muito

ambivalente e, consequentemente,

um fenômeno curioso dessa pessoa

solitária numa multidão de solitários.

Estamos todos numa solidão e numa

multidão ao mesmo tempo”, afirma

Baumann em entrevista à TV Cultura.

Ao psicólogo desses novos

tempos, cabe a reflexão da busca

pela essência do homem na pós-

modernidade líquida. De que forma

podemos ajudar o indivíduo

fragmentado nesse pomar de solidão

acompanhada?

'Os amantes' (1928), René Magritte

Lapa, por volta de 1903.

Page 15: Revista Psicoativa

alimentada pelo mesmo motor de

todos na pós-modernidade: eu

mereço ser feliz no que faço”. Ou

seja, quando as pessoas param de

preencher os requisitos de felicidade

nos outros, são prontamente

trocadas.

Encara-se o outro pela lógica

do consumismo, ou seja, a

quantidade em prol da qualidade.

Quanto mais, melhor. Quer-se

preencher um saco de pano que não

tem fim. O vazio. O homem pós-

moderno é mestre no hedonismo, o

prazer pelo prazer.

Nesse sentido,

não há busca pela

costrução de um

relacionamento,

mas a felicidade a

todo custo. Pondé (2013) afirma

que nunca houve tanta procura para

relacionar-se com alguém, “mas as

relações são frágeis, começam e

terminam na mesma velocidade,

pois na sociedade consumista

globalizada há sempre novos

produtos, mais modernos, atraentes

e estimulantes para serem

consumidos. Assim, Baumann trata

das consequências provocadas por

uma sociedade que sustenta a busca

pela individualização e liberdade em

detrimento de uma vida afetiva

estável”. Sem saber que laços são

construções, o homem até pode

buscá-los, mas não quer um

comprometimento. Quem tem

tempo para comprometer-se?

Aqui observa-se um possível

estado de quem, provavelmente,

não amadurecerá afetivamente. A

capacidade de aprender com as

experiências, passa pela dor - coisa

que o homem hedonista não

suporta. Banca-se um suposto

banquete onde ninguém se

alimenta, apenas embriaga-se.

Trazendo rapidamente para a

internet, o meio virtual, podemos

pegar vários exemplos. Talvez, o

Facebook seja a mais atual. A

facilidade que as redes sociais

oferecem para conhecer pessoas é

algo novo. Acontece que o homem

passa a viver uma ligação emocional

de online/offline. Não passa disso,

porque a construção de um laço

afetivo, para Baumann (2003, p.46),

requer o olho no olho, requer a

vivencia conjunta. Qual seria, então,

a vantagem da virtualidade? A

facilidade da desconexão com o

outro. “Imagine que o que você

tem não são amigos online,

conexões online,

compartilhamento online,

mas conexões off-line,

conexões de verdade,

frente a frente, corpo a

corpo, olho no olho.

Então, romper relações é

sempre um evento muito

traumático. Você tem que

encontrar desculpas, você

tem que explicar, tem que

mentir com frequência e,

mesmo assim, você não se

sente seguro. É difícil, mas

na internet é tão fácil,

você só pressiona delete e

pronto. Em vez de 500

amigos, você terá 499,

mas isso será apenas

temporario, porque

amanhã você terá outros 500. E isso

mina os laços humanos”.

A superficialidade do mundo

pós-moderno, por um lado, é

extrema. Afeta em cheio a

convivência humana. A nossa

necessidade de criar laços

duradouros. “É uma situação muito

ambivalente e, consequentemente,

um fenômeno curioso dessa pessoa

solitária numa multidão de solitários.

Estamos todos numa solidão e numa

multidão ao mesmo tempo”, afirma

Baumann em entrevista à TV Cultura.

Ao psicólogo desses novos

tempos, cabe a reflexão da busca

pela essência do homem na pós-

modernidade líquida. De que forma

podemos ajudar o indivíduo

fragmentado nesse pomar de solidão

acompanhada?

'Os amantes' (1928), René Magritte

Lapa, por volta de 1903.

Page 16: Revista Psicoativa

Diversão &ArtePor: Mara Serafim

Algumas pessoas passam a vida toda em busca da felicidade.Outras, simplesmente são felizes. Algumas pessoas gastam fortunas para cuidar da alma.Outras apenas deixam a alma livre.Algumas pessoas vivem para o futuro.Outras aproveitam cada momento do presente.Algumas pessoas procuram a felicidade no próximo.Outras buscam a felicidade dentro de si. Algumas pessoas são presas ao passado.Outras são livres para viver o presente.Mas ao final, você é responsável pelas suas escolhas.Você é quem escolhe se quer viver como “algumas pessoas”, sempre em busca de algo, ou viver como “outras” e ser feliz.

Somos o que escolhemos ser!

Quando a gente tem um sonho...Só um fraco é que desisteSem ao menos começarNão percebe que na vidaPra vencer tem que lutar.

O tempo passa A vida é curtaSeja forte Vá à luta!

Quando a gente tem um sonhoE não consegue realizarÉ porque falta coragemE vontade de lutar.

O tempo passa A vida é curtaSeja forte Vá à luta!