revista previsão nº 10

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Revista do Sindprevs/SC | ANO III | Nº 10 . Novembro de 2015 O grito que estava esquecido

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Edição Especial sobre a Greve 2015

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Page 1: Revista Previsão nº 10

Revista do Sindprevs/SC | ANO III | Nº 10 . Novembro de 2015

O gritoque estavaesquecido

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GESTÃO RENOVAR, UNIR E AVANÇAR (2014 - 2017)Luciano Wolffenbüttel Véras

Coordenação GeralClarice Ana Pozzo

Diretora da Secretaria-GeralRosi Massignani

Diretora da Secretaria-GeralMaria Goreti dos Santos

Diretora do Depto. Administrativo e FinanceiroMarialva Ribeiro Chies de Moraes

Diretora do Depto. Administrativo e FinanceiroGiulio Césare da Silva Tártaro

Diretor do Depto. de Política e Organização de BaseGuilherme Azevedo

Diretor do Depto. de Política e Organização de BaseFernando Domingos da Silveira

Diretor do Depto. de Formação Sindical e Estudos Sócio-EconômicosVanderléa Regina de Jesus Ramos

Diretora do Depto. de Formação Sindical e Estudos Sócio-EconômicosViviane de Carvalho Fogaça

Diretora do Depto. de Comunicação Maria Lúcia Bittencourt da Silva

Diretora do Depto. de ComunicaçãoRoberto Machado de Oliveira

Diretor do Depto. JurídicoRosemeri Nagela de Jesus

Diretora do Depto. JurídicoCélia Momm

Diretora do Depto. de Aposentados e PensionistasEni Marcos de Medeiros

Diretora do Depto. de Aposentados e PensionistasSilvia Mara Mayer Teixeira Furtado

Diretora do Depto. de Política de Seguridade e Saúde do TrabalhadorAna Maria Pereira Vieira

Diretora do Depto. de Política de Seguridade e Saúde do TrabalhadorRosemary da Silva Neves Destefanis

Diretora do Depto. Sócio-Cultural e Esportivo Maria Helena Pedrini Walter

Diretora do Depto. Sócio-Cultural e EsportivoMarco Carlos Kohls

Diretor do Depto. de Relações Intersindicais e Relações de TrabalhoJoão Paulo Silvestre

Diretor do Depto. de Relações Intersindicais e Relações de Trabalho

Conselho Fiscal:Titulares: Luiz Roberto Doneda, Marilda Lima e Ari José Becker

Suplentes: Alvani Borges e Yolanda Medeiros

Page 3: Revista Previsão nº 10

novembro 2015 | Previsão | 3

Expediente

Redes sociais

www.sindprevs-sc.org.br

Fale com o Sindicato

Previsão é a revista do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Federal no Estado de Santa Catarina.

Edição, textos, editoração e fotos: Rosangela Bion de Assis (Mtb 00390/SC JP); Marcela Cornelli (Mtb 00921/SC JP) e Clarissa Peixoto (Mtb 0003609/SC JP)Projeto gráfico: Cristiane Cardoso Ilustrações e logotipo: Frank Maia Capa: Frank MaiaTiragem: 6.000 exemplares

Rua: Angelo La Porta, 85, Centro 88020-600 - Florianópolis - SCFone/Fax: (48) 3224-7899Atendimento externo: das 9h às 18hAtendimento Jurídico: segunda, terça, quinta e sexta-feira das 9h às 18hPlantão advogados: segundas e terças, das 9h às 12h e das 13h às 18hE-mail: [email protected] jurídico: [email protected]

Twitter: @sindprevsFacebook: Sindprevs/SC

Editorial

Existem perguntas que nos acompa-nham durante toda a vida e algumas de-las nos são verdadeiramente essenciais. Interrogações ajudam na compreensão da realidade e propiciam mudanças e avanços significativos quando respon-didas. Durante muito tempo esquece-mos de olhar a nossa volta, de perce-ber as limitações, as incongruências e a perversidade de dias, meses, anos de trabalho em condições humilhantes e indignas. Sem questionamentos, não percebemos que gradativamente íamos perdendo não só nossa identidade, mas a capacidade de nos percebermos cole-tivamente, de sentirmos a dor do outro e o ambiente em que estávamos. Mui-to sutilmente foram nos tirando a von-tade de lutar e a substituindo por uma indignação velada, paciente, que tudo suporta, tudo aguenta, ainda que com certo desconforto. Melancolicamente o tempo nos arrastou de forma lenta e vazia e então, num despertar, finalmen-te percebemos que perdemos muito mais. Em algum momento entre o can-saço e sofrimento, entre o dia a dia e a perspectiva ilusória de algo melhor, roubaram nossos espíritos e com eles nossos sonhos.

Sem que nossos algozes e o sistema que eles mantém se dessem conta, uma força foi crescendo no seio dos trabalha-dores. De repente as dificuldades foram se tornando alimento; as precariedades e imposições, combustível; e da dema-gogia, legalismos e arbitrariedades diá-rias foram forjadas as armas que varre-

ram o país e o próprio serviço público federal, servindo de exemplo a todos os trabalhadores.

Esta revista é a memória viva de 85 dias de lucidez, de despertar. Mais do que isto, é uma homenagem a todos que tiveram a coragem de se erguer contra um inimigo aparentemente mui-to maior, poderoso e ardiloso. A todos que sabem que o verdadeiro poder não reside em atacar, mas em resistir... na luta, nos sonhos, na união. Aos que, sábios, não desejam o confronto, mas se preparam conscientes e firmes para ele. Aos que hoje se levantaram e, cons-cientes de seu valor, nunca mais ficarão de joelhos pois colocaram a luta pelos direitos de todos acima dos interesses e desejos de poucos.

O Sindprevs/SC tem orgulho de ofe-recer essa modesta contribuição como lembrete de que a verdadeira força sempre esteve e estará na união dos trabalhadores e trabalhadoras, para que nunca nos esqueçamos de que somos nós os excluídos, os explorados, os pá-rias da terra que podem e devem alterar a realidade, o trabalho e o mundo. Pas-samos de observadores para artífices da história e temos a responsabilidade de perpetuar essas conquistas, recordando aos que chegam que enfrentar é pos-sível, resistir é necessário, questionar é imperativo e lutar é essencial.

“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la.”

Bertolt Brecht

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4 | Previsão | novembro 2015

18Veja a retrospectiva da greve que mobilizou a categoria durante 85 dias em 2015.

Compartindo o pão, as experiências e as lutas nas ocupações

23

Sumário

11

Uma greve queficará na história

A mobilização dos servidores pressionouas negociaçõescom o governo

A greve da unidade entre os novos e osantigos servidores.

O grito que estava esquecido

Greve dos servidores do MS colocou a categoria em condições de negociar com o governo a pauta específica da Seguridade Social.

Como muito bem definiu o servidor Ramiro Zancana-ro Pieczkowski, da APS DJ Chapecó, greve “é liberdade, é rebeldia, é coragem, é sentimento. É um dos momentos em que o trabalhador estabelece uma relação horizontal com seu empregador, como meio de emancipação de seus direitos e de sua dignidade.” Por isso, durante a greve, toda a estrutura, todos os recursos e toda a energia do Sindicato são direciona-dos para esses dias de confronto.

Entre 7 de julho e 29 de setembro de 2015, os servidores do INSS e do Ministério da Saúde, ou do Seguro e da Segu-ridade Social, realizaram uma greve histórica de 85 dias. A greve paralisou 27 estados, com uma adesão de 80%, e obte-ve ganhos econômicos mas, a maior conquista foi reunificar a categoria de norte a sul, e recuperar a unidade dos trabalha-dores.

Essa edição especial da Revista Previsão, em sua 10ª edição, recupera os principais momentos, muitas imagens, depoimentos dos servidores; mostra a emoção e as dificulda-des dos que lutam. Essa edição tem a pretensão de ser um do-cumento para o futuro, para os trabalhadores que ainda virão e precisarão saber o que foi feito, porque os servidores não se acomodaram e foram para o confronto, porque se uniram para recuperar a dignidade e a esperança. 06

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novembro 2015 | Previsão | 5

Uma vitóriana luta de classes 34 Novas mídias,

novas greves

Agenda

Veja no sítio do sindpreVs/sCwww.sindprevs.org.br,

informação de qualidade sobre servidores públicos, País, América Latina e Mundo

27Nas passeatas, concen-trações e reuniões, os lutadores dessa greve foram reencontrando o poder da luta coletiva.

Há muito o que apren-der sobre a utilização das novas mídias na organização da classe trabalhadora.

32 Servidores reivindicam acordo salarial para as Agências Reguladoras

Devisa/Fenasps realiza Encontro Nacional para discutir situação da categoria.

novembro

18 a 21 | 21º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, no Rio de Janeiro

dezembro

04 | Assembleia Estadual Geral do Sindprevs/SC, às 13 horas (primeira convocação), no auditório da Fecesc (Avenida Mauro Ramos, nº1.624, Centro, Fpolis)

12 | Abertura da Temporada 2015/2016 no Complexo Esportivo e de Lazer Ademir Rosa, em Ponta das Canas

23/12 a 01/01 | Recesso de fim de ano no Sindprevs/SC

janeiro

04 | Retorno ao expediente normal do Sindprevs/SC

março

13 | Encerramento da Temporada 2015/2016 no Complexo Esportivo e de Lazer Ademir Rosa, em Ponta das Canas

03 | Plenária Sindical de Base do Sindprevs/SC (dirigida aos Diretores de Base e Representantes dos Aposentados e Penionistas), às 9 horas, no auditório da Fecesc (Avenida Mauro Ramos, nº1.624, Centro, Fpolis)

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6 | Previsão | novembro 2015

Capa

O gritoque estavaesquecido

por Marcela Cornellijornalista do Sindprevs/SC

[email protected]

N o dia 7 de julho inicia uma das mais fortes greves de norte a Sul do País no Seguro Social. O Ministério da Saú-de também deflagrou greve em alguns estados. Em um cenário político e econômico desfavorável para a classe trabalhadora, somente após 50 dias de greve o governo apresentou uma primeira proposta. Após 80 dias de gre-

ve, os delegados dos estados, presentes na Plenária Nacional Permanen-te, realizada dia 25 de setembro em Brasília, aprovaram a suspensão da greve do Seguro Social. Foram 85 dias de luta, enfrentamentos e muita negociação em Brasília. A greve da Seguridade Social seguiu por mais uma semana. As greves no Seguro e na Seguridade Social foram defla-gradas devido às dificuldades e degradantes condições de trabalho en-frentadas no dia a dia dos trabalhadores. Foi o último recurso para serem ouvidos pelo governo. E deu certo.

“O movimento sindical busca fortalecer a unidade na luta, construindo uma pauta unificada. Apesar de que, desde 2003, no governo Lula, as ne-gociações das pautas específicas serem usadas como forma de fragmen-tar o movimento, nessa greve a pauta unificada dos Servidores Públicos Federais foi novamente entregue ao governo. Como não houve retorno, alguns setores dos federais entraram em greve, entre eles o Seguro Social e uma parte da Seguridade Social, forçando o governo a negociar a pauta unificada, como também as específicas”, explica Vera Lúcia da Silva San-tos, ex-dirigente do Sindprevs/SC e diretora da Fenasps.

“Foi uma das greves mais importantes já realizadas nesta década,

Lutam melhor os que têm belos sonhos.Che Guevara

“Bem mais do que reajuste salarial,

lutamos por mudanças sociais e sabemos da

importância que a Previdência tem para o

País e para os brasileiros. Para mim, as greves

sempre foram mais do que as reinvindicações

como servidora.”Sônia Maria de Souza Vieira

Gex Fpolis

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paralisando 27 estados. A dimensão deste movimento ultrapassou as fronteiras das reivindicações, mudou a concepção que os trabalhadores tinham de si mesmos, levando-os a uma nova consciência de classe, que mudará definitivamente o processo de trabalho no Seguro Social”, diz Moacir Lopez, da Direção da Fenasps.

Enfrentamento numa conjuntura desfavorável“Foi uma greve que recuperou a vontade de lutar dos trabalhadores.

Muitos pela primeira vez e outros já calejados dos enfrentamentos de ou-tras greves. Essa greve é muito parecida com as greves que fizemos nos anos 80. À época, ganhávamos somente a complementação do salário mí-nimo no contracheque, não tínhamos nada a perder, não tínhamos outra opção. O mesmo aconteceu agora. Os servidores, cansados pela falta de valorização, não tiveram outra saída a não ser a greve”, opina Valmir Braz de Souza, ex-coordenador geral do Sindprevs/SC e Diretor da Fenasps.

Para Valmir, o que mais marcou nesta greve foram as ocupações que ocorreram nas gerências nos estados e também no prédio da Presidên-cia do INSS em Brasília. “Estes atos ajudaram a pressionar o governo e levaram à vitória essa greve. Foi uma greve com enfrentamentos, e o que víamos nestes enfrentamentos eram servidores novos e mais velhos, lado a lado, com a mesma garra de lutar por seus direitos.”

Um dos diferenciais desta greve é que ela foi realizada diante de uma conjuntura desfavorável à classe trabalhadora, diante da crise econômi-ca, ajustes fiscais do governo, profundos ataques às conquistas da classe

Ato durante caravana a Brasília, realizada entre 22 e 24 de agosto

Alimentação durante a caravana a Brasília, realizada entre 22 e 24 de agosto

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trabalhadora. O governo alterou a forma de concessão de pensões, segu-ro-desemprego e seguro-defeso. Fez cortes nos orçamentos da saúde e da Previdência, mas não deixou de ajudar os banqueiros e os empresários. Não cobrou os mais de R$ 300 bilhões dos sonegadores e dos fraudado-res da Previdência Social.

“A greve se constituiu em uma importante vitória da categoria. Se re-alizou em uma conjuntura difícil, tendo em vista o agravamento da crise econômica e o acirramento da crise política que, ao mesmo tempo, fragi-lizaram o governo, mas aumentaram a coesão das forças políticas ligadas aos patrões em torno do ajuste fiscal, centrado no ataque aos direitos dos trabalhadores e, principalmente, dos Servidores Públicos Federais”, ava-lia José dos Campos Ferreira (Zé Campos), também diretor da Fenasps.

“É preciso lembrar ainda que as vésperas do dia 7 de julho, a Pre-sidenta do INSS reunida com representantes da Fenasps e com alguns servidores representando os estados demonstrou que não tinha nenhu-ma preocupação com as reivindicações da categoria, dispensando 15 minutos contados no relógio para conversar e dizendo que, se estava difícil cumprir as metas dos índices do Reat em 30 horas, que então tra-balhássemos 40 horas. Antes da greve, a Diretoria do INSS não acreditava que a categoria pudesse ter voz ativa, que pudesse questionar ou tomar qualquer medida prática contra os seus ditames. A conquista da greve é que, mantida nossa união e mobilização, o INSS não será mais o mesmo”, afirma Zé Campos.

“Vimos a confiança dos novos servidores nas representações sindicais, tanto nos sindicatos estaduais, quanto na Fenasps, e estes não mediram consequências ao entrar na luta, pois os mesmos sofrem na pele as mes-mas pressões que os antigos sofrem. Com isso, os sindicatos também ga-nharam mais filiados e se fortaleceram”, avalia Vera Lúcia da Silva Santos.

“O que mais marcou nesta greve foi o com-

prometimento dos lutadores, que enten-deram que a greve se faz nas ruas, nas pra-ças, ocupando aquilo que é seu por direito:

o local de trabalho. Dizendo não, lutando onde seria mais fácil

ceder, ver que uma nova geração passou a

acreditar em seu po-tencial de lutar.”

Moacir Lopez,Diretor da Fenasps

Participantes da caravana de julho

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“A principal conquista da greve foi o resgate da tradição de luta da categoria. Foi o fato de milhares de cole-gas terem chegado à conclusão de que não há nada a esperar do atual governo, e dificil-mente de outros, dada a atual configuração das principais forças políticas em atividade no País. Não tem como mensurar o significado da dedicação, despren-dimento e determi-nação de centenas de colegas que não só aderiram à greve, mas também trabalharam para que ela fosse vitoriosa, participando e conduzindo as ações dos comandos de gre-ve estaduais e nacional da Fenasps”Zé Campos, Diretor da Fenasps

Ganhos reais e ganhos futurosNa avaliação da Fenasps, essa greve teve importantes ganhos reais e

financeiros, tanto para o Seguro Social quanto para a Seguridade Social, como, permitir o cálculo das aposentadorias pela média dos 60 meses dos pontos aferidos nas gratificações; instituir Comitê Nacional para re-tomar a discussão de Carreiras; mudar o processo de trabalho, pela pri-meira vez em 25 anos desde que o INSS foi criado os servidores poderão discutir e propor alterações no plano de ação e com a suspensão dos indicadores do Reat, manter viva a luta e buscar solução definitiva para a jornada de trabalho. O governo também recuou da proposta de reajus-te em quatro anos, reduzindo para dois anos e concordando em aplicar 10,8% em duas parcelas para expansão da folha de pagamento; aceitou a incorporação das Gratificações pela média dos pontos dos últimos cinco anos começando em 2017, 2018 e 2019, que, conforme cálculos do go-verno para o conjunto dos servidores públicos, vai custar R$ 3,5 bilhões anuais; além da fixação em 70 pontos nos vencimentos básicos da Grati-ficação de Desempenho e não mais 30 pontos; do reposicionamento na carreira dos servidores prejudicados com a modificação do interstício de 12 para 18 meses, que nos cálculos do INSS, o custo é de R$ 90 milhões. Além disso, assim que for aprovado o PL de Anistia (PLS 630/2015) será feito o pagamento dos dias parados em função da greve de 2009 cuja reposição do trabalho foi feita, como reconhece o próprio INSS, e serão retomadas imediatamente as discussões da ON 06/SEGEP/MP, de 18 de março de 2013, para permitir a concessão do adicional de insalubridade para todos os servidores e modificação na IN 74.

Sem dúvida essa greve também deixou um importante legado político para o futuro dos trabalhadores da Seguridade Social e do Seguro Social. “Não há dúvida de que avançamos, embora menos do que precisávamos e que a greve merecia, mas a luta dos trabalhadores nunca termina e continuaremos em busca do atendimento na íntegra das nossas reivin-dicações, principalmente das 30 horas para todos, da integralidade de vencimentos entre ativos e aposentados e da constituição de uma verda-

Protesto em Brasília, durante caravana realizada entre 10 e 13 de agosto

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“Em sua definição mais usual, greve é a interrup-ção coletiva do trabalho como forma de reivin-

dicação. Mas representa muito mais do que isto. Greve é luta, é liberdade, é rebeldia, é coragem, é

sentimento. É um dos momentos em que o tra-balhador estabelece uma relação horizontal com

seu empregador, como meio de emancipação de seus direitos e de sua dignidade. Reconquistamos nesta greve

um de nossos mais importantes direitos, que antes haviam nos usurpado: a aposentadoria digna. Como disse Rui Bar-bosa, ‘quem não luta por seus direitos não é digno deles’”.

Ramiro Zancanaro Pieczkowski, APS DJ Chapecó.

deira carreira do Seguro Social, que reconheça a complexidade da ativi-dade que exercemos, a única no poder Executivo que, ao mesmo tempo, reconhece direitos do cidadão e ordena despesas. Reivindicações essas que têm que ser conquistadas para combater o assédio e democratizar os processos de trabalho no INSS”, avalia Zé Campos.

A Greve encerrou, mas a luta continua.

Passeata em Brasília, realizada durante a caravana entre 21 e 22 de julho

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A mobilização dosservidores pressionou asnegociações com o governo

Seguridade Social

por Rosangela Bion de Assisjornalista do Sindprevs/[email protected]

greve dos servidores do Ministério da Saúde colocou a categoria em condições de negociar com o governo a pauta de reivindicação espe-

cífica da Seguridade Social já enca-minhada na Mesa Setorial de Nego-ciação Permanente do Ministério da Saúde (MSNP/MS). O processo de negociação da Seguridade Social também ocorreu no Ministério do Planejamento, com a participação das três entidades nacionais – Fe-nasps, CNTSS e Condsef, e contem-plado nas negociações com o Fórum

de entidades dos SPFs.As entidades que compõem a

MSNP/MS encaminharam docu-mento pressionando o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a exigir do Ministério do Planejamento o atendimento da reivindicação da reestruturação das tabelas da Car-reira da Previdência, Saúde e Traba-lho (CPST). Proposta assinada por Chioro, em 10 de março de 2015, e protocolada no Ministério do Plane-jamento em 11 de março, conforme Ofício 097.

A proposta de reestruturar as ta-belas das Carreiras da Previdência,

A

Passeata dia 6 de agosto, em Florianópolis

Passeata em 24 de julho, em Florianópolis

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Saúde e Trabalho (CPST) foi formu-lada na Mesa Setorial para resgatar um pouco do poder aquisitivo dos trabalhadores, criando uma gratifi-cação para estimular o servidor a se fixar nesses órgãos, que tem sofrido um esvaziamento sem precedentes.

Atos, marchas e pressõesA greve dos servidores do Segu-

ro e Seguridade Social iniciou-se em 7 de julho, fortalecendo setores dos SPFs que já se encontravam em greve e que, além dos itens específi-cos, reivindicavam a pauta geral dos SPFs.

Dia 21 de julho, aconteceu a pri-meira reunião da pauta específica dos trabalhadores do Seguro e da Seguridade Social com o Ministério do Planejamento, ao ser pressiona-do por uma Marcha Nacional, dos trabalhadores do Seguro Social e da Seguridade Social em Brasília. No dia 22 de julho também foram re-alizados, em frente ao Ministério da Saúde, um ato com esses servidores da base da Fenasps e devido a pres-são uma comissão foi recebida em audiência com a Gestão de Pessoas do Ministério da Saúde.

Quando a greve nacional comple-

tou 30 dias, o movimento esta-va forte em todos os estados e no Distrito Federal, e foram re-alizadas grandes mobilizações nos estados e em Brasília. Nes-se dia 5 de agosto, represen-tantes da Fenasps estiveram reunidos com representantes do Ministério da Saúde e da MSNP/MS, buscando envolver os representantes dos ministé-rios da Previdencia e do Traba-lho, que constituem a CPST, na negociação da reestruturação de tabelas da carreira.

No dia 11 de agosto, apro-ximadamente dois mil traba-

lhadores da base da Fenasps reali-zaram diversas atividades e atos, em Brasília, na Direção Geral do INSS, nos ministérios do Planejamento, da Saúde, do Trabalho, no Congres-so Nacional, inclusive com visitas a gabinetes de parlamentares. No dia seguinte, os caravaneiros reali-zaram atividades em frente ao Mi-nistério da Saúde e foram recebidos pela Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas, com o objetivo de esta-belecer processo de negociação da pauta de reivindicações da Carreira da Seguridade Social. Na semana se-guinte, com 44 dias da greve, repre-sentantes dos Comandos Nacional e estaduais realizaram atividades de rua em frente às sedes dos minis-térios do Planejamento e da Saúde, em Brasília. Paralelamente aos atos, foi realizada uma audiência na Casa Civil, no dia 19 de agosto.

A semana entre 17 e 21 de agos-to, foi de intensa mobilização nos estados e em Brasília, com atos e audiências na sede do INSS, nos mi-nistérios da Previdência, da Saúde, do Trabalho, do Planejamento, na Procuradoria Geral da República, no Congresso Nacional, no Palácio

“Só o fato da greve ter surgido da base, diante

da atual conjuntura, já a torna legítima e vitorio-sa. As conquistas foram

importantes, mas o mais importante foi ter fomentado a união dos servidores. Ela também

foi fundamental pela necessidade que havia

de melhorar a carrei-ra. Não dava mais para

suportar. Eu nem estava no INSS em 2009, mas vivia sob a sombra do

fantasma, que foi enter-rado por

essa greve.”Leonardo

Meira, APS Florianópolis-

-Centro

Manifestação em Brasília, realizada durante a caravana entre 10 e 13 de agosto

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novembro 2015 | Previsão | 13

do Planalto e vigília em frente ao Palácio da Alvorada. Tanta pressão fez o governo acenar com o envio de um documento específico para a Seguridade Social.

Governo corta os salários26 e 27 de agosto ficarão marca-

dos na memória dos trabalhadores do Seguro e da Seguridade Social em greve que estiveram em Brasí-lia, realizando intensas atividades. No dia 26, os servidores realizaram uma ocupação sem precedentes na sede do INSS, com subsequentes marcha ao Ministério da Previdên-cia e audiência com o Ministro e no dia 27, ocuparam o Ministério do Planejamento, desde as 4h da ma-drugada, com trabalhadores e estu-dantes, que pleiteavam mais verbas para a educação federal, bloquean-do todos os acessos ao prédio. Nas audiências que resultaram desses atos, o Comando Nacional de Geve da Fenasps (CNGF), considerou ina-ceitável a atitude do governo de, durante o processo de negociação, realizar o corte de ponto dos traba-lhadores.

Em protesto contra a falta de avanço na negociação e o corte de ponto, novas ocupações e vigílias acontecem nos dias 9 e 10 de se-tembro. No decorrer dessa semana, os membros do Comando Nacional de Greve da Fenasps voltam a bus-car a intermediação dos deputados e senadores.

A criação da Mesa Interministe-rial, com caráter de Comitê, com a responsabilidade de discutir e im-plementar as propostas de reestru-turação da carreira dos ministérios da Previdência, Saúde e Trabalho, foi reivindicada pelas Entidades Nacionais representativas dos ser-vidores da base da Seguridade So-

cial, na reunião realizada em 14 de setembro. No dia 23, o governo se comprometeu a oficializar o Comitê.

Após 86 dias de greve, no dia 30 de setembro, a Fenasps e as entida-des nacionais foram recebidas em audiência na Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Plane-jamento (SRT/MPOG) para análise e debate da proposta apresentada pelo governo em relação à pauta de reivindicações e à reposição dos dias parados da Seguridade Social. Os representantes do Comando Nacional reapresentaram a pauta específica, por inteiro, reforçando a necessidade de se estabelecer uma política que coloque a questão da paridade entre ativos e aposentados como prioridade, já que a propos-ta apresentada na pauta geral pelo governo contempla somente os ser-vidores que se aposentaram após 2004.

Termo de AcordoA Fenasps, juntamente com ou-

tras entidades nacionais, assinou o termo de acordo contendo as pro-postas apresentadas pelo governo, que não respondem à expectativa da categoria e mostram que os ser-vidores precisam estar mobilizados se quiserem conquistar a carrei-ra digna para os trabalhadores da Seguridade Social. O CNGF avalia como um avanço importante a for-malização do comitê que tem como tarefa a reestruturação da carreira da PST.

Após caloroso debate, as enti-dades conseguiram avançar para a proposta de reposição do trabalho acumulado durante o período da greve. A SRT/MPOG enviará aos mi-nistérios da Previdência, da Saúde e do Trabalho orientações a serem adotadas após 5 de outubro. Todo

“A maior conquista desta greve é que conseguimos arran-car do governo pau-tas históricas como a incorporação das gratificações, que na minha opinião foi a principal vitória no campo financeiro. Po-liticamente, o grande ganho foi a vinda dos novos servidores do INSS e Ministério da Saúde para o mo-vimento. Com isso, eles se aproximaram mais do sindicato e começaram a conhe-cer a sua história e a entender o papel do sindicato”.Valmir Braz de Souza ex--dirigente do Sindprevs/SC e diretor da Fenasps.

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servidor que, no retorno ao traba-lho, enfrentar qualquer tipo de pro-blemas, deve entrar em contato pelo e-mail criado pela Fenasps [email protected], para de-núncias de ações de assédio moral e antissindicais nos estados.

O Comando Nacional de Greve da Fenasps (CNGF) realizou reunião, dia 1° de outubro, com representan-tes do Ministério de Saúde e da Mesa Setorial de Negociação Permanente para tratar de questões relativas ao acordo firmado com o Planejamen-to. Foi proposto discutir na mesa se-torial a ampliação do prazo para os servidores que participaram da gre-ve em 2012 reporem o período da greve. Foi solicitado o quantitativo de servidores que serão contempla-dos com a incorporação da Gratifi-cação pela média de cinco anos. Os representantes do Comando Nacio-nal foram informados que hoje há

20 mil servidores do MS em abono de permanência. Eles propuseram discutir a reposição do serviço em sistema de mutirão, buscar uma so-lução para a concessão do adicional de insalubridade e para as 30 horas para os servidores cedidos ao SUS.

Em relação a situação dos servi-dores cedidos a Receita Federal do Brasil, ao Ministério Público Fede-ral, a Procuradoria Geral Especiali-zada, ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Ministério da Previdência, pu-nidos com código 28 (falta injustifi-cada), será enviado comunicado aos gestores para que seja anotado có-digo de greve nas fichas funcionais. Também será orientada a reposição do período da greve conforme esta-belecido no acordo firmado entre governo e entidades.

Fonte: Com dados dos Informativos do Comando Nacional de Greve da Fenasps

“A greve foi impres-cindível diante das

necessidades. O movi-mento nadou contra

a maré e demonstrou a consciência e o

amadurecimento dos servidores antigos e

novos. Foi uma greve criativa, em que os

servidoresestiveram unidos.

As conquistas foram positivas diante da

conjuntura nacional.”Vera Lúcia Wolff, APS Florianópolis-Centro

Participantes da caravana a Brasília, realizada entre 21 e 22 de julho

Page 15: Revista Previsão nº 10

novembro 2015 | Previsão | 15

Greve na Saúde em SC

“Se eu não lutar, quem vai lutar por mim?”

C por Rosangela Bion de Assisjornalista do Sindprevs/SC

[email protected]

omeçou no dia 17 de julho, a primeira greve dos trabalhadores do Hospital Florianópolis (HF) desde que a sua gestão foi en-tregue à SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), uma Organização Social. Exatos 10 dias após o início da greve nacional da categoria, que ocorreu em 7 de julho. Após reunião com membros do Comando Estadual de Greve do Sindprevs/SC, no auditório do Hospital, os servidores

aprovaram a adesão à greve nacional.Eliana Martins Ribeiro da Silva, da Clínica Cirúrgica; Célia Regina Farias

de Andrade, do Centro Material de Esterilização; Jorge Tadeu Dutra, do Ser-viço de Arquivo Médico e Estatística; e Nadir Cecília Fernando Kalbusch, do Ambulatório, reuniram-se no dia 14 de outubro para conversar sobre a gre-ve 2015, para esta edição especial da revista Previsão. Eles fizeram parte do pequeno e corajoso grupo de oito servidores federais do HF que aderiram à paralisação. Atualmente, 54 servidores federais trabalham no Hospital ao lado de servidores estaduais, municipais e terceirizados, totalizando cerca de 700 trabalhadores. Essa realidade, colocada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), dificulta enormemente a mobilização dos trabalhadores da Saúde.

Assim que os servidores se reuniram na sala do Serviço de Arquivo Mé-dico e Estatísticas, o primeiro lembrado foi o infarto sofrido pela Marília durante a greve, no dia 19 de agosto. Marília Elza da Silveira do Amorim, da Farmácia, estava excessivamente estressada, nos dias que antecederam o infarto. Ela já havia sofrido um, há oito anos atrás, seguido de cirurgia cardíaca. Desta vez, ela necessitou de duas angioplastias e ainda terá que fazer uma terceira. Marília espera mudar de setor, quando for liberada pelo médico para retornar. No mesmo dia que Marília infartou, a enfermeira Alda Lúcia de Oliveira Bropp faleceu. Essa é a realidade de um grupo de servidores em que a maioria tem mais 30 anos de serviços prestados, em locais insalubres, que lutam por melhores condições de trabalho e aguar-dam melhores condições de remuneração para se aposentarem.

“Todos deveriam ir pra Brasília”Tadeu falou da insegurança inicial gerada pelo fato do Hospital ser geri-

do por uma Organização Social. “Muitos tiveram medo de aderir e não ter local de trabalho para retornar, mas a OS respeitou nosso direito de greve.” Conta Célia que avisou no seu setor que iria paralisar e teve a consideração dos demais, que não são servidores federais.

Nadir avalia que foi válido. “Como estávamos em número menor, sempre tínhamos que lembrar que estávamos ali. E estávamos para o que der e vier. E valeu o risco. Se eu não lutar, quem vai lutar por mim?” Célia explicou que foi muito importante a conquista da integralização da GDPST, que re-

“Os servidores força-ram a administração a olhá-los com outros olhos. Eles perderam o medo de enfrentar suas chefias, cruzaram os braços e disseram: vamos à luta!A unidade da categoria foi muito importante nessa greve. Os traba-lhadores olharam uns nos olhos dos outros, se sensibilizaram, en-fim, voltaram a ser pessoas.”Vera Lúcia da Silva Santos, ex-dirigente do Sindprevs/SC e diretora da Fenasps.

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16 | Previsão | novembro 2015

presenta cerca de 50% do salário do servidor da Saúde. “Quando integralizar, muitos poderão se aposentar. Eu não me conformava com o fato de perder tudo isso na aposentadoria, depois de uma vida inteira de dedicação.”

“Todos deveriam ir pra Brasília ver o que nós enfrentamos lá, até gás de pimenta jogaram na gente. São 27 horas de ônibus”, desabafou Eliane. “Nós invadimos corredores. A gente queria lutar pelos nossos direitos. Eu voltei a ter orgulho de ser servidora pública”, encerra emocionada.

Nesta greve, o Segad (Serviço de Gestão Administrativa de Santa Catarina), que funciona na Pereira Oliveira, chegou a encaminhar para Brasília o corte do ponto dos servidores do HF que aderiram à greve, mas o desconto foi revertido pelo Comando Nacional de Greve, após negociações realizadas em Brasília.

É preciso resgatar a motivaçãoDurante a greve de 2015, os servidores do prédio do Ministério da Saúde

da Pereira Oliveira, que atualmente abriga o Núcleo Estadual, Advocacia Geral da União, Datasus, Anvisa, Serviço de Auditoria do SUS (Seaud) e Divisão de Convênios (Dicon), mantiveram-se em Estado de Greve. Os trabalhadores foram muito pressionados após o fim da histórica greve de 2012, de 59 dias no Minis-tério da Saúde e 47 dias na Anvisa, a mais forte após a implantação do SUS. A implantação do controle eletrônico do ponto, a compensação de todas as horas paralisadas e a cobrança em pecúnia do período da greve não compensado até a data da aposentadoria desmobilizaram os servidores da Saúde.

João Olímpio Ferreira e Maria Nilza Maria, ambos do Ministério da Saúde/PO, avaliam que será preciso reconstruir a mobilização dos servidores da saúde e re-valorizar o instrumento da greve. Para João, os servidores estão sentindo-se des-valorizados e divididos. Nilza complementa, “há gratificações muito diferenciadas, os servidores novos estão tentando ir para órgãos públicos melhor remunerados.”

Para Zuleide Medeiros Garcia, é necessário resgatar a motivação que os unia em 2012. “Precisamos escolher as palavras certas, as pessoas certas nos locais de trabalho e começar logo, não podemos esperar um novo indicativo de greve para começar isso, porque não haverá conquista sem luta.”

As conquistasA greve de 2015 na Saúde, embora nacionalmente diferenciada da greve do

INSS, por vários fatores, teve uma conquista importante que foi a criação do Comitê de Reestruturação da Carreira da Previdência Saúde e Trabalho, uma reivindicação histórica, que terá como missão construir um Plano de Carreiras que contemple ativos e aposentados. A Fenasps, em todas as reuniões de ne-gociação, reforçou ao governo que não abre mão de uma política de paridade incluindo todos os aposentados e pensionistas.

Também o Termo de Acordo assinado em relação à pauta geral dos SPFs, in-cluí ganhos financeiros para a Seguridade Social, embora não tenha atingido o

percentual reivindicado pelos trabalhadores. Em relação a pauta específica, formalizada na Mesa Setorial de Negociação Permanen-te do Ministério da Saúde, aprovada pelos Ministérios das carreiras da Previdencia, da Saúde e do Trabalho e entregue ao Mpog, a Fenasps orienta que será necessário manter a pressão, para que se concretize mais uma conquista, como nos “velhos” tempos.João Olímpio e Maria Nilza.Servidores do HF durante entrevista

“Esta gestão veio com a responsabilidade de asse-gurar e avançar o legado

construído. Iniciamos com a greve na porta e

os trabalhadores enten-deram nossas propostas e confiaram na direção.

Foi a união de todos que nos deu a força necessária

para enfrentar os proble-mas e organizar o movi-mento. Acho que todos saímos fortalecidos ao

entender a alienação que o local de trabalho impu-

nha e orgulhosos da uniãoque conquistamos.”

Luciano Wolffenbüttel Véras, coordenador do Sindprevs/SC

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novembro 2015 | Previsão | 17

Poesia

TeimosiaO horizonte se apresenta escuro,

Novamente.

E as nuvens negras,

Que antes ameaçavam nunca chover,

São agora temporais,

Chovendo em todos os dias,

Sobre a insegurança e a incredibilidade

De um povo que, em sua maioria,

Planta a honestidade

E uma crença persistente

De que tudo vai mudar.

Esperança ou teimosia

De buscar em seres Extra realidade,

O que na ciência e na política sem máscaras,

Há muito já nos teria permitido não somente o esperar...

Por Zuleide Medeirosservidora do Ministério da Saúde, em 18/09/2015

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Retrospectiva - 07/07 à 29/09/2015

Uma greve que

28/09 | Assembleia Estadual Geral aprova o retorno ao

trabalho no dia 30/09.

28/09 | Formado Grupo de Trabalho no INSS para orientar

o retorno pós greve.

18/09 | Fim da ocupação da Superintendência Regional Sul.

18/09 | Audiência pública na Câmara de Vereadores de Florianópolis discute a valorização do servidor público federal.

18/09 | Assembleia Estadual Geral delibera a manutenção da greve.

23/09 | Reunião Estadual dos Servidores do MS para discutir a

pauta específica.

30/09 | Retorno ao trabalho. Fim da greve no INSS e MS em Santa Catarina.

23/09 | Assembleia Estadual encaminha proposta do fim da greve do INSS e MS vinculada à decisão da Plenária da Fenasps.

23 e 24/09 | Plenária da Fenasps mantida em aberto para o fechamento das negociações com o Governo.

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ficará na história

26/08 | Lançada Campanha Nacional #SomosTodosJoãoPaulo em apoio ao Diretor do Sindprevs/SC, João Paulo, criminalizado na greve e intimado para audiência na Polícia Federal, em Brasília.

27/08 | Ato conjunto dos servidores do PR, SC e RS em frente à Superintendência Regional Sul

em Florianópolis. As portas foram lacradas.

27/08 | Passeata dos servidores públicos federais, com a participação de servidores do Ministério da Saúde

e INSS do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul até o Ticen, em

Florianópolis.

28/08 | Servidores mantém concentração na PO contra o corte de ponto.

10/09 | Assembleia Geral no 57º dia da greve decide pela manutenção do

movimento mesmo com o corte de ponto que afetou cerca de 200 servidores em SC.

10 e 11/09 | Concentração e ocupação da Superintendência Regional Sul do INSS pelos

servidores de Santa Catarina.

14-18/09 | Ocupação com acampamento da Superintendência Regional Sul do INSS em Florianópolis pelos servidores dos Estados de SC, RS e PR contra o corte de ponto.

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Retrospectiva - 07/07 à 29/09/2015

22-24/08 | Caravana a Brasília e Jornada de Lutas: servidores lacram as entradas do Ministério da Previdência e exigem o avanço das negociações por parte do governo.

20/08 | 12º Encontro dos Aposentados e Pensionistas do Sindprevs/SC lança Carta de Bombinhas/SC em apoio à Greve.

14/08 | Concentração na PO e Reunião com o Superintendente Regional Sul do INSS.

12/08 | Plenária Nacional da Fenasps delibera por manter e ampliar a greve nacional, que chega ao seu 36°.

10-13/08 | Caravana à Brasília: atos são violentamente reprimidos pela polícia.

18/08 | Servidores em greve agitam as ruas de Blumenau e interrompem a BR 470.

06/08 | Concentração na PO e ato estadual dos SPFs.

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04/08 | Arrastão da greve do MS no HF e na Policlínica do Continente.

31/07 | Caravana de Greve realiza Ato Regional em Joinville com

participação dos grevistas também da Grande Florianópolis.

29/07 | Greve Nacional atinge todos os estados.

29-31/07 | Caravana da Greve passa pelo Planalto e Meio Oeste catarinense nas APSs de Lages, Curitibanos, Campos Novos, Videira, Caçador, Fraiburgo e Porto União.

24/07 | Assembleia Geral e passeata, sob

chuva, mostram a força da categoria.

08/07 | Lançada a primeira edição de 2015 do Boletim de Greve do Sindprevs/SC, neste ano também disponibilizado via redes sociais, com destaque para o whatsapp.

07/07 | A greve inicia com grande adesão nas diversas regiões do estado. Na saúde, adesão em Florianópolis e São Miguel do Oeste. Anvisa realiza paralisação de 24h.

21 e 22/07 | Caravana à Brasília: servidores públicos federais fazem marcha unificada.

17/07 | Ato Regional em Criciúma: arrastão amplia a adesão à greve no Sul do Estado.16/07 | Sindprevs participa de sessão da Câmara de

Vereadores de Jaraguá do Sul.

13/07 | Pela manhã Ato na APS Florianópolis-Continente e à tarde Reunião no Hospital Florianópolis aprova adesão à greve.

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Ganhos de greve

• Reajuste salarial de 10,8%- 5,5% em agosto de 2016;- 5,5% em janeiro de 2017

• Reajuste nos benefícios para o Seguro e a Seguridade SocialAuxílio AlimentaçãoAtual R$ 373,00 – vai para R$ 458,00 em janeiro de 2016

• Auxílio pré-escolarAtual R$ 73,07 – vai para R$ 321,00 em janeiro de 2016

• Valor per capta médio do plano de saúdeValor médio atual R$ 117,78 – vai para R$ 145,00 em janeiro

de 2016.

• Melhorias nas gratificações para o Seguro Social (Gdass) e na Seguridade Social (GDPST)

Nas Gratificações de Desempenho foi estabelecida a média de pontos para efeito de aposentadoria dos servidores que atenderem os requisitos dos artigos 3º, 6º e 6º-A da Emenda Constitucional nº 41 de 2003, introduzido pela Emenda Constitucional nº 70/2012, e artigo 3º da pela Emenda Constitucional nº47 de 2005, e que exerceram a referida gratificação por período igual ou superior a 60 meses antes do ato de concessão da aposentadoria.

Conquistas para o Seguroe para a Seguridade Social

“Apesar da greve ter se estendido por

tempo além do espe-rado e dos objetivos

não terem sido 100% alcançados, eu avalio que saímos vencedo-

res, sendo as maiores conquistas, no meu

ponto de vista, a alte-ração da IN 74 e do cálculo da Gdass na

aposentadoria. Quero parabenizar à todos que lutaram, e prin-cipalmente aos que abandonaram suas famílias e foram a

Brasília fazer vigílias e participar de inter-

mináveis negociações, lutando até a exaus-

tão para que tudo isso acontecesse.

Parabéns guerreiros.”Sônia Canto Dario, INSS

Gex Criciúma

Passeata em Florianópolis em 24 de julho

Ato Unificado em Blumenau, em 18 de agosto

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Coragem

ônia Maria de Sou-za Vieira, 56 anos, entrou no serviço público em 1986. “Ainda se chamava Inamps e eu traba-

lhava no setor chamado de Coor-denadoria Regional de Pessoal”. Participar das greves já faz parte da sua vida desde essa época. “Nos primeiros três meses, após ser re-distribuída para o INSS, já partici-pei na minha primeira greve”. Em 2015, a história de Sônia não foi

Compartindo o pão,as experiências e as lutasnas ocupaçõespor Marcela Cornellijornalista do Sindprevs/[email protected]

S

Durante a caravana a Brasília, realizada entre 22 a 24 de agosto

“Entrei na greve no primeiro dia, sem pensar qual seria a adesão ao movimento. Eu não aguentava mais as avaliações.Eu detesto fazer greve mas penso que, quando o Sindicato aprova a paralisação, todos têm que lutar. Foi maravilhoso ver a união dos servidores; a garra e o comprometimento dos novos.”Maria Celina Peres Goulart, APS Florianópolis-Centro

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24 | Previsão | novembro 2015

diferente. Ela e muitos colegas do INSS e do Ministério da Saúde de todo o País realizaram umas das mais fortes greves da categoria com 85 dias de duração. Sônia, como muitos colegas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, ficou uma semana acampada na Superintendência Regional Sul do INSS, em Florianópolis. “Só saía para tomar banho e logo retorna-va”.

Edivane de Jesus, 31 anos, en-trou no INSS em 2009. Fez sua primeira greve em 2015, faz parte dos novos servidores da Previdên-cia que lutaram bravamente, lado a lado, com os servidores mais antigos, para garantir direitos a todos. Edivane também participou da ocupação na Superintendência Regional Sul. Dois perfis que mos-tram o que foi esta greve: a greve da unidade entre os novos e os an-tigos servidores.

Para impedir o corte de pontoAs ocupações das Gerências e

Superintendências em todo o País foram um dos pontos de confronto nessa greve, mas necessários para

as negociações avançarem e, mais que isso, para impedir o arbitrá-rio corte de ponto dos servidores por parte do governo. Em Santa Catarina, os servidores também ocuparam as Gerências de Blume-nau e Criciúma. Em Brasília, hou-ve ocupações no prédio do INSS, quando os servidores fecharam a porta com correntes e na gerência do DF.

“Dos fatos mais marcantes des-sa greve estão as ocupações que ocorreram nas gerências nos esta-dos e também no prédio da Presi-dência do INSS em Brasília. Esses atos ajudaram a pressionar o go-verno e levar à vitória a greve. Foi uma greve difícil com enfrenta-mentos, em que víamos servidores novos e mais velhos, lado a lado, com a mesma garra de lutar por seus direitos”, avalia Valmir Braz de Souza, diretor da Fenasps.

No dia 27 de agosto foi realiza-do o ato conjunto dos servidores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em frente à Supe-rintendência Regional Sul do INSS. As portas foram lacradas. A me-dida foi tomada após o corte dos

Ato Unificado na Superintendência Regional Sul do INSS em14 de setembro

“Foi a minha primei-ra experiência e foi muito válida. Você não entra na greve

por uma causa indi-vidual, o coletivo é o que supera, é o que

vale a pena. Cada um estava no seu

posto de trabalho e com a greve a gente conseguiu resgatar

o sentimento de uni-dade e a esperança. As conquistas mate-

riais foram positivas, principalmente para permitir que os ser-

vidores possam se aposentar; mas não

foram tão importan-tes quanto o senso de

equipe que surgiu, e esse sentimento de

que as coisas podem e devem melhorar.”

Mariáh Rodrigues Alves de Araújo, Gerência Exec Fpolis,

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salários. “Quando perguntávamos qual o critério da punição, já que a greve não foi considerada ilegal, ninguém nos respondia”, conta Sonia. “Os colegas do Rio Grande do Sul e Paraná vieram ajudar, vieram ativos e aposentados, na maioria aposentadas”. Cheias de garra, umas destas aposentadas chegou a ser agredida por um ser-vidor que tentou forçar a entrada no prédio e teve que fazer boletim de ocorrência. Tanto em Brasília, quanto nos estados, foi repudiada a atitude violenta e machista do servidor.

“Partilhávamos tudo”, lembra Sônia. “Tínhamos colchonetes es-palhados pelo chão dos corredo-res, sendo que as salas ficavam trancadas. Decidíamos tudo coleti-vamente, desde o que iríamos co-mer às atividades que faríamos no outro dia”, conta. Edivane também tem a lembrança da coletividade como a mais forte de tudo o que se passou na greve. “De manhã orga-nizávamo-nos para comprar o pão. Os colegas do Rio Grande do Sul

fizeram um churrasco da greve em frente à Superintendência. À noite, fazíamos jogos coletivos para pas-sar o tempo”.

A greve é um instrumentoquando não somos ouvidos“Esta greve foi muito impor-

tante para mim e para minha vida laboral. Eu atendo idosos, deficien-tes físicos, pessoas adoecidas. Es-sas pessoas precisam pegar senha para serem atendidas no prédio da APS ao lado de onde trabalho, pois não há espaço na APS para a sala da assistência social. Eles não podem nem usar o banheiro mais próximo da minha sala. Eu vejo o sofrimento deles. E buscar mais condições de trabalho para atender melhor essas pessoas foi um dos motivos que me levou à greve”, diz Edivane.

“Desde o princípio eu estava consciente do papel que tínhamos nesta greve e o sindicato nos deu total apoio e suporte. A greve é um instrumento quando não somos ouvidos. E as ocupações só vieram

Ato Unificado dos três estados do Sul, na Superintendência Regional em14 de setembro

“Esta foi uma das greves mais organiza-das, com forte partici-pação da base. Nesta greve surgiram ver-dadeiros guerreiros que se destacaram na base, no comando es-tadual e até nacional.Uma das grandes preocupações que nós tínhamos era a falta da participação dos colegas mais novos mas, devido ao trata-mento dado pelo go-verno e principalmen-te pela instituição, o sentimento de revolta e de querer mudar a sua realidade faloumais alto.”Denilson Pereira da Silva - APS Araranguá

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depois do corte dos salários. Para toda ação, há uma reação”, afirma Sônia. “A união faz a força. Este go-verno não representa os trabalha-dores, representa os banqueiros e empresários. Se não lutarmos agora vamos sofrer no futuro quando nos aposentarmos”, complementa.

Edivane, mesmo sendo uma das servidoras da nova geração que en-caram a responsabilidade de estar à

frente do movimento, acredita que um dos maiores ganhos da greve foi a incorporação das gratificações para que servidores que já estejam em tempo de aposentadoria pos-sam fazê-lo. “Têm colegas com 46, 47 anos de serviço e esperando para se aposentar. Mais importante que os ganhos imediatos, tivemos conquistas que não foram individu-ais e sim coletivas, para todos”.

“Foi uma das greves mais fortes que eu

participei nesses 20 anos de Previdência.

A base aguentou a pressão e surgiram

lideranças jovens, algumas em estágio

probatório, como aconteceu comigo

em 1994. O pessoal mais novo abraçou a causa e aguentou firme. Eles demons-

traram sabedoria e conhecimento de causa. O Sindicato

precisa disso pra se renovar e se manter.”Áureo João Fonseca Rodri-

gues, APS Florianópolis--Continente

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Servidora do Sindisprev/RS durante Ato Unificado

Servidores na APS Blumenau

Servidores na Superintendênci Regional Sul do INSS

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novembro 2015 | Previsão | 27

o início da exploração capitalista, os trabalhadores realiza-vam jornadas diárias de 12, 15 e até de 18 horas de trabalho durante os 365 dias do ano. Nesse período o trabalho arte-sanal, onde o homem era detentor de todo o processo, deu lugar ao processo industrial com profundas modificações so-ciais. Não havia direitos, só deveres que custavam a saúde e a

vida de homens, mulheres e crianças. Com a Revolução Industrial, surgiu uma nova situação: o trabalho em ambientes fechados, às vezes confina-dos, a que se chamou de fábricas. O êxodo rural, as questões urbanas de saneamento e a miséria se juntaram a outro grande problema: as péssi-mas condições de trabalho alterando o perfil de adoecimento que passou a incluir acidentes e doenças nas áreas fabris, como por exemplo, o tifo europeu (na época chamado febre das fábricas). A maioria da mão de obra era composta de mulheres e crianças que sofriam a agressão de diversos

Uma vitória naluta de classespor Elisa FerreiraPsicóloga e Assessora do Departamento de Saúde do Trabalhador do Sindprevs/[email protected]

N

Saúde do Trabalhador

Passeata em Blumenau, em 18 de agosto

“Essa foi a minha pri-meira greve. Desde o início, acreditei na necessidade de romper com o atual modelo de gestão, devido à gran-de desigualdade com que são tratados os servidores. Nossa maior conquista, na minha opinião, é justamente o nosso maior legado: consciên-cia.”Natália M de Souza, INSSAPS Jaraguá do Sul

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“Essa greve foi um divisor de águas. Separou os homens dos meninos, as mulheres das meninas;

separou os amigos dos inimigos. Estávamos dopados e acordamos. Foi maravilhoso!

Nós vencemos! De hoje em diante vamos dar um basta, não será como antigamente. Vamos criar

Comissões de Trabalhadores em todas as APSs e vamos cobrar dos gestores tudo o que nos adoe-

ce. Vamos criar uma nova Previdência.Agora temos um Sindicato fortíssimo. Essa ges-

tão passou por um batismo de fogo.Que o Sindicato continue nesta linha, com essas

pessoas maravilhosas.Nessa greve eu vi pessoas que nunca haviam

feito greve antes. A participação dos servidores novos foi fundamental e quebra-

mos o paradigma da greve de 2009. Foi especial! Nessa greve

nós resgatamos acapacidade de lutar”.

Paulo César Farias, APS São José

agentes, oriundos do processo e/ou do ambiente de trabalho. Essa era a realidade da classe trabalha-dora até 1840, quando os operá-rios começaram a se organizar e a lutar. A primeira reivindicação foi a redução da jornada de traba-lho para 10 horas. Não é possível dizer quantos morreram reivindi-cando direitos nesses 175 anos que se passaram. No século 21, uma das principais bandeiras de luta da classe trabalhadora con-tinua sendo a redução da jorna-da de trabalho. Um dos itens da pauta reivindicada pelos servido-res do Ministério da Saúde, INSS e Anvisa, na greve de 2015, foi a jornada de 6 horas, sem redução salarial.

Valorização pelo conhecimento e excelência do trabalhoAo longo da história os tra-

balhadores questionaram o que estava posto pelos patrões como impossível de mudar. Eles se orga-nizam para melhorar suas condi-ções de trabalho, para proteger a sua saúde e para ser protagonista dos processos de produção. Fica nítido o papel do próprio traba-lhador como ator social, dinâmico, sofrendo e reagindo às pressões do capital, e desenvolvendo ele próprio, mecanismos de controle social para um novo tempo e mo-delo de organização do processo de trabalho.

Nesse contexto, a Saúde do Tra-balhador surgiu como um novo enfoque de proteção de homens e mulheres, à luz da pressão do capital. Com esse pensamento, o Departamento de Saúde do Traba-lhador do Sindprevs/SC tem atua-do, desde 2010, quando foi estru-turado o programa “Bem Estar é

Alegria, energia e encontro durante as passeatas

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novembro 2015 | Previsão | 29

“Eu nunca participei de uma greve, sempre ocupei cargos de chefia e não imaginava que fosse tão organizada. Aqui na Palhoça a gente sufocou de tanto trabalhar. O Plano de Ação era bonito, mas as metas e a demanda não pararam de aumentar, não há concurso e por isso a gente também lutou por melhores condições de trabalho.Eu gostaria de fazer um elogio especial pra Cleuzinha. Aqui, ela foi nossa referência e não mediu esforços no Comando Estadual”.Kelly Berger, APS Palhoça

Saúde”. Ao longo destes cinco anos, seminários, campanhas, reuniões, dinâmicas, vistorias, levantamento da situação dos locais de trabalho, pesquisas e programas de TV leva-ram para a categoria informações sobre a urgência da luta para esta-belecer condições reais para que o servidor se sinta bem em seu local de trabalho.

Na greve deste ano, nas várias reuniões realizadas pelo estado, com a presença da assessoria, o pedido dos trabalhadores era o mesmo: dignidade, condições ade-quadas para realizar suas ativida-des diárias e valorização por todo acúmulo de conhecimento e exce-lência de seu trabalho.

O poder público importou do setor privado um modelo de ges-tão que estabeleceu metas, atrela-das às avaliações e até à definição da jornada de trabalho. Os traba-lhadores até tentaram se adequar ao modelo, mas o mundo real não permite que um servidor público atinja um patamar que não para de subir, sem condições de traba-lho dignas e sem poder dialogar e sugerir saídas. Nesse quadro de adoecimento e de total desrespei-to, começa a greve nacional da ca-tegoria.

A greve possibilitou um mo-mento coletivo, onde as pessoas puderam compartilhar suas vidas e suas histórias no serviço público. Os mais antigos puderam contar como era e todos puderam conver-sar sobre tudo que desejam mudar em seus locais de trabalho. Rodas de conversa e compartilhamento de momentos áridos, tensos, mas também muito solidários, enfim, um momento precioso em torno do que mais importa: a reivindicação do valor que possui cada trabalha-

Servidores cantam e criam durante as manifestações e concentrações

Kelly, à direita

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30 | Previsão | novembro 2015

dor do INSS, do Ministério da Saúde e da Anvisa. Sem esse momento talvez o despertar não fosse possível

Uma força transformadoraNas passeatas, concentrações, reuniões, ou preparando um lanche co-

letivo, os lutadores dessa greve foram reencontrando o poder da luta co-letiva. A categoria recuperou a dignidade histórica construída na luta pelo movimento sindical e ainda pautou o essencial: melhorar as condições de trabalho e proteger a saúde dos trabalhadores no serviço público federal. O servidor precisa ser respeitado em seu fazer, recuperar sua dignidade enquanto ser social, tendo seu trabalho reconhecido e valorizado, que seja implantada uma política séria de atenção a sua saúde, articulada com a reorganização de seus processos e condições de trabalho.

A greve foi vitoriosa, os servidores precisam voltar de cabeça erguida, certos de que fizeram história, de que deflagraram um novo momento no serviço público. Que esse re-torno possibilite a reorganiza-ção dos processos de trabalho e que essa ação seja protago-nizada pelos trabalhadores, atores essenciais na feitura de um novo e digno ambiente de trabalho. Os trabalhadores precisam se apropriar desse momento, das suas possi-bilidades e manter a união conquistada pelo grupo. Será fundamental para isso reor-ganizar os locais de trabalho no pós-greve. Evitar que tudo que foi cons-truído caia no esquecimento.

A greve despertou e construiu um espírito de solidariedade e união ne-cessário para enfrentar os passos seguintes, as lutas seguintes. Momento potente na organização das pautas coletivas, articuladas em redes e sus-tentadas pelo desejo comum de mudança. Que os trabalhadores possam sensibilizar os que não aderiram à greve a refletir sobre as conquistas desse momento, mostrando que o conjunto dos trabalhadores tem muita força, uma força capaz de mudar a realidade.

Resistência e transgressãoPensar juntos um trabalho vivo, fonte de prazer e emancipação requer

um olhar arguto, inconformado, requer a junção dos trabalhadores em fóruns e espaços que contraponham a realidade que aí está. Espaços que legitimem e fortaleçam cotidianamente o direito que todo trabalhador e trabalhadora possui na proteção de sua saúde, em tensionamento cons-tante a uma sociedade hostil e injusta na garantia de direitos. Propor mu-danças na forma de ser e de fazer o trabalho resulta na confrontação com o novo e com todo tipo de problemas que precisam ser geridos a partir daí. Evidencia-se a fluidez do trabalho e a potencialidade do sujeito traba-

Greve solidária

Durante a greve, os servidores arrecadaram agasalhos e

alimentos não perecíveis. Todo o resultado da campanha foi

enviado para os desabrigados pelo tornado que atingiu

Xanxerê

“Pensar o trabalho é pensar o trabalhador-potência: o que transgride e consegue superar dificuldades imprevistas.”

Concentração na PO, 06 de agosto

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“Antes da greve, a Agência da Palhoça era totalmente desagregada, as pessoas não se olhavam. Quando o Sindicato realizou a reunião aqui, não havia perspectiva de adesão. No dia 7 de julho, fui a primeira a ficar na frente da APS, logo outros foram chegando e em pouco tempo já éramos 10, com a Agência fechada. Foi a greve da integração, mesmo entre grevistas e não grevistas. Todos se conheceram, usaram a mesma camiseta, retornaram unidos e todas as conquistas foram positivas.”Cleusa Maria Pereira, APS Palhoça

lhador na possibilidade de novas organizações, na implementação de mo-dos originais de operar a realidade e na criação de novas entidades coleti-vas. A vida no trabalho permite a troca de saberes, as experimentações, a confrontação com a descoberta, o inusitado. Pensar o trabalho é pensar o trabalhador-potência: o que transgride e também o que consegue superar dificuldades imprevistas, como a cultura burocrática e hierarquizada do serviço público federal.

Que esse momento pós-greve mantenha acesa a chama da indignação e transforme os trabalhadores em potência organizada em cada local de trabalho um espaço microtransgressor, fonte de criatividade e também de resistência. Que surja da vontade desses trabalhadores ambientes cada vez mais vivos de dignidade, bem estar e satisfação em um grande e im-prescindível trabalho social realizado por cada trabalhador do serviço público federal.

“Para mim o mais importante dessa greve foi o resgate da categoria e da coletividade. A greve fez conhecermos os colegas e nos sentirmos parte de um todo. Nessa greve estreitamos os laços e fizemos bons amigos”Edivane de Jesus, APS Florianópolis-Centro

Banda da greve, durante o Ato Unificado em 27 de agosto, em Florianópolis

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Devisa/Fenasps realizou Encontro Nacional no dia 24 de outubro em Bra-sília e participou de várias atividades

e debates naquela semana. Dia 25 de outubro, os membros do Depar-tamento também participaram da Plenária Nacional da Fenasps, em Brasília. No dia 24 de outubro foram debatidos os seguintes temas: regio-nalização de PAFs (Portos Aeroportos e Fronteiras); ponto eletrônico; Mesa Setorial com Mpog; incorporação das Gratificações; subsídio; capacitação; concurso público; novo Encontro Devisa em novembro; e tratar dos assuntos da Anvisa no Ministério da Saúde. Foi solicitado à Fenasps ela-borar e encaminhar, com urgência, um ofício ao SRT (Secretaria de Rela-

ções de Trabalho)/Mpog solicitando agendamento de audiência para tra-tar do acordo salarial, no âmbito das Agências Reguladoras. A expectativa é que o governo ofereça o reajuste de 10,8%, em 2 anos, e demais itens oferecidos ao INSS e Ministério da Saúde.

Com relação ao ponto eletrônico, deverá ser elaborada uma minuta, a ser analisada pela Dicol (Diretoria Co-legiada), orientando o funcionamen-to do ponto biométrico, pois os apa-relhos estão sendo instalados e está previsto o início de operação para o próximo ano.

Solidariedade de classeDurante a maior parte da greve

nacional dos servidores do Seguro e da Seguridade Social, os membros do Devisa integraram o Comando Na-cional da Fenasps e participaram de audiências no Ministério da Saúde, com a direção da Fenasps e demais entidades nacionais. Os servidores da Anvisa não aderiram à mobiliza-ção nacional esse ano mas, seguem firmes na luta, acompanhando as assembleias estaduais e fóruns da categoria. Mesmo sem paralisar, os trabalhadores foram solidários aos servidores do INSS e do Ministério da Saúde e participaram das atividades, concentrações e do Comando de Gre-ve Estadual.

Dia 29 de julho, os membros do Devisa estiveram reunidos, na sede

Devisa

Servidores reivindicamacordo salarial para asAgências Reguladoras

O

Servidores da Anvisa participam do Ato Unificado dos SPFs, em 6 de

agosto, em Florianópolis

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da Fenasps, preparando a audiên-cia de negociação específica das Agências Reguladoras, que acon-teceu naquele dia na SRT/Mpog com representantes da Fenasps, da CNTSS e do Sinagências. Na reunião, o Governo reiterou a proposta de aplicar aos servidores das Agências Reguladoras o mesmo percentual apresentado ao Fórum dos Fede-rais. Nenhum dos pontos da pauta específica, apresentada em maio, foi respondido sob a alegação de que a crise econômica e a atual conjuntu-ra do país impossibilitam o atendi-mento das reivindicações.

No dia seguinte, o Devisa visitou a Secretaria de Portos da Presidência da República, para entregar o dossiê relativo ao Porto de São Sebastião e solicitar audiência com o Ministro de Portos, Edinho Araújo. Ainda no dia 30 de julho, os membros do Devisa, reunidos na sede da Fenasps, aprova-ram: solicitar audiência com o novo diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa da Silva Junior; solicitar audiência com o ministro da Saúde, Arthur Chioro; e realizar ações para mobilizar a categoria nos estados.

Processo de trabalhoe PlanejamentoOs membros do Devisa/Fenasps

participaram, em Brasília, da reu-nião do Fórum de Entidades da Re-gulação que atuam na fiscalização federal, como Receita Federal do Brasil, Ministério da Agricultura, Polícia Rodoviária Federal e Agên-cias Reguladoras, entre outras. Nessa reunião, realizada no Sin-dicato dos Fiscais Agropecuários, em Brasília, em setembro, foi apro-vado o encaminhamento conjunto das entidades representativas dos servidores desse setor, incluindo o Sindprevs/SC, de elaborar um docu-

mento reiterando a necessidade de uma audiência com o Mpog.

Dia 22 de outubro, os membros do Devisa estiveram reunidos com a diretoria colegiada da Anvisa, na sede do órgão em Brasília, discutindo di-versos pontos da pauta interna com a gestão, destacando a área de Portos ,Aeroportos e Fronteiras. A proposta da gestão é realizar reuniões conjun-tas com a participação de represen-tantes das entidades sindicais e dos servidores para definir estratégias, planejamento, processo de traba-lho e regulamentação do controle de frequência específico para essa área, descentralizada nos estados. Os dois diretores da Diretoria Executiva Colegiada do Sindprevs/SC sempre buscam contribuir nessas questões decisivas para a categoria.

Os membros do Devisa estão rei-vindicando junto a Anvisa promover um Encontro Nacional voltado para os servidores de PAFs, em parceria com outras entidades sindicais na-cionais. Importante destacar que a Anvisa está com um grande déficit de trabalhadores nos estados. Com o pacote anunciado pelo governo fede-ral, muitos trabalhadores devem re-querer a aposentadoria e a situação ficará ainda mais crítica se não for realizado concurso público e outras medidas para essa área estratégica do serviço público federal.

Fonte: com informações do Devisa/Fenasps

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Reunião do Devisa/Fenasps no Sinagências, durante a greve.

Durante atividades em Brasília, realizadas entre 21 e 22 de julho

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m dos maiores diferenciais desta greve foi, sem dúvida, a intensificação do uso das redes sociais, principalmente do Whatsapp. Por grupos nacionais, regionais e/ou locais essa ferramenta acelerou o envio de informações para a base dos sindicatos, mas, principalmente, ajudou na auto organização dos trabalhadores. Até onde esta ferramenta mobilizou ou desmobilizou? Não se pode medir ainda a

influência do uso das redes e das novas mídias na organização da luta de classes e na organização dos trabalhadores, nem se ela veio para ficar, po-rém não se pode ignorar que o movimento grevista avançou e, por vezes, refluiu, perpassando pelas redes sociais.

Segundo dados da Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) divul-gada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, metade dos brasileiros usa internet regularmente. Entre os internautas, 92% estão conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o Facebook (83%), o Whatsapp (58%) e o Youtube (17%). O Twitter foi mencionado por apenas 5% dos entrevistados. O uso de aparelhos celula-res para acessar a internet (66%) já compete com o uso de computadores (71%).

Na greve, as notícias chegavam primeiro pelo Whatsapp. Resultados das negociações em Brasília, que antes chegavam uniformizados pela Fe-deração, a Fenasps e os sindicatos, nessa greve choviam pelo Whatsapp

Novas mídias, novas greves

U

Comunicação

por Marcela Cornellijornalista do Sindprevs/[email protected]

“Pra mim, essa foi a melhor greve que já fizemos. Foi o ápice.

A conquista da incor-poração da Gdass foi

importante para 70% dos servidores que já possuem tempo para

se aposentar e para os novos também, que ali

na frente vão usu-

fruir desse ganho.”

Pedro Walkiu, APS

Tubarão

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pessoais dos dirigentes sindicais, alcançando a base com rapidez. Em Santa Catarina, não foi diferente. “O contato pessoal é a melhor

forma de comunicação pra mim, depois o whats. Pelo whats, ficamos sa-bendo de tudo logo após as reuniões. É um espaço público, onde todos podem se manifestar, até os que eram contra ou nem estavam na greve. Os relatos dos membros do Comando de Greve Estadual foram importan-tíssimos e totalmente confiáveis”, diz Paulo César Farias, da APS São José.

O Whatsapp começou como uma febre e muitos acreditavam que subs-tituiria a luta presencial, reuniões e mesmo as orientações do Comando de Greve e do Sindicato. Em alguns momentos, tornou-se um fator des-mobilizante, levando ao desencontro de informações e gerando dúvidas sobre o avanço nas negociações e sobre o potencial do movimento. Dois lados de uma mesma moeda. As atividades de greve eram rapidamente chamadas pelos grupos. Uma tecnologia a não ser ignorada, a ser levada a sério. Com um potencial incrível, mas que pode ser usada tanto para organizar como para confundir o movimento. Houve quem defendesse durante à greve o pensamento de que o Whatsapp substituiria as direções sindicais. Será?

Confiança nas “pessoas do Sindicato”Aos poucos, observou-se a importância da comunicação pelas redes so-

ciais, mas também a necessidade de se buscar as informações confiáveis junto às mídias do Sindicato e/ou Diretores de Base e integrantes dos co-mando locais e estaduais da greve.

“Nessa greve a comunicação foi maior. Eu não tenho Face, mas acom-panhei o site, recebi os boletins eletrônicos e pelo Whatsapp recebia in-formação em tempo real. A tecnologia do Whatsapp uniu virtualmente os trabalhadores da Gerência de Florianópolis. Tenho muita confiança nas informações que vêm dos diretores e dos meios de comunicação do Sindi-cato”, disse Paulo César Bittencourt, da APS Biguaçú.

Elda Maria Fios Rodrigues Fabro, da APS Palhoça, conta que “tudo a gente ficava sabendo pelo whats. O site aqui não tem como acessar. Tenho 100% de confiança nas informações que vêm do Sindicato”.

“No Whatsapp eu acompanhei principalmente os grupos da APS e da Gerência, sempre checando quem falava, peneirando as pessoas que eram do Sindicato. Seria bem melhor se as pessoas colocassem só o necessário, tivessem consciência ao enviar as informações, para não provocar intrigas desnecessárias,” Maria Celina Peres Goulart, da APS Florianópolis/Centro

“Também me informava pelo gru-pos do watts, mas sempre procurava as pessoas do Sindicato”, Kelly Ber-ger, disse APS Palhoça.

Durante a greve, a equipe do Saúde é Tudo gravou dois programas e um vídeo

“Essa greve foi sen-sacional. Nossos ga-nhos, incorporação da Gdass, aumento do Vale, retorno da progressão, queda da IN74, foram do tama-nho da nossa mobili-zação. Ela foi grande, mas se a adesão fosse de 100% nós teríamos conquistado mais em menos tempo.”Norma Cancelier, APS Florianópolis-Continente

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“Eu tenho 40 anos de serviço e antes da greve

a situação era desumana, eu não tinha perspectiva de me aposentar. Agora estou orgulhosa e feliz, realizamos uma greve organizada, planejada.

Foi tudo muito lindo!É minha primeira greve

aqui na Palhoça e foi muito bom o respeito entre quem entrou e quem não entrou na

greve. Também avalio que todos ganharam, os

novos e os antigos. Claro que não conquistamos

tudo, nunca se consegue tudo com uma greve,

mas o maior ganho foi reconquistar o respeito

pela Greve. Todos enten-demos que não há outra forma de luta possível.”

Elda Maria Fios Rodrigues Fabro, APS Palhoça

Desafio comunicacionalPara a comunicação do Sindicato foi um grande desafio: rapidez e agili-

dade, sem deixar de levar em conta princípios básicos do jornalismo como credibilidade, checagem de dados, fontes e principalmente qualidade de in-formações e imagens. O uso das redes sociais na greve foi assunto debatido durante oo 3º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, realizado por um coletivo de jornalistas sindicais, entre eles a assessoria do Sindprevs/SC, com apoio de diversos sindicatos. O seminário aconteceu durante a greve e debateu o uso das mídias na mobilização da classe trabalhadora e o novo perfil dos trabalhadores. As palestras estão na íntegra disponíveis no site do Sindprevs/SC, em Vídeos. Assunto esse não esgotável aqui.

Para darmos um pontapé nesta discussão com a base do Sindprevs/SC, a Revista Previsão entrevistou alguns servidores que falaram sobre o uso dessas novas mídias nessa greve. Alguns depoimentos citamos ao longo da matéria.

A maioria dos entrevistados têm celular e usam o aplicativo Whatsapp como principal fonte de informação. Avaliaram como a ferramenta mais rápida e que mais integrou e informou os trabalhadores em tempo real. No entanto, todos os entrevistados disseram que não dá pra acreditar em tudo o que é postado, que alguns colocam coisas “nada a ver” e outros até provocam intrigas e postam informações desencontradas. Os trabalhadores disseram que têm maior credibilidade as informações postadas por Dire-tores de Base e membros do Comando Estadual e Direção do Sindprevs/SC. Todos afirmaram confiar muito no que era divulgado pelos dirigentes sindicais nos grupos.

O site, Facebook e boletim eletrônico do Sindicato foram muito bem ava-liados pelos servidores, mas estes disseram que “demoravam um pouco” para serem atualizados. Muitos comentaram que a maior limitação do site é que não podem ser visualizados no local de trabalho e muitos disseram que

Elda ao centro

Grevistas conectados.

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a participação é a melhor forma de se informar, sendo que quem vai para as caravanas, atos, concentrações e assembleias fica sabendo de tudo.

“As mídias sociais funcionaram porque informam na hora. O site demora pra atualizar”, comentou Norma Cancelier, da APS Florianópolis/Continente. Já o colega da mesma APS, Áureo João Fonseca Rodrigues, relatou que “como não tenho Whatsapp, me informava pelo boletim eletrônico e pelo site. As informações que vêm do Sindicato têm muita credibilidade.”

Credibilidade e contato pessoal “Como eu participei das concentrações, caravanas e assembleias sempre

estive bem informada. Também acompanhei os boletins eletrônicos, confiava no que era divulgado, não houve omissão”, avalia Vera Wolff, da APS Floria-nópolis/Centro.

“O Sindprevs/SC tem uma comunicação de ponta. Me informei pelo whats, face e site. É claro que não dá pra acreditar em tudo o que é postado, mas pen-so que é uma importante ferramenta de informação, que deve ser utilizada pe-los Diretores de Base”, apontou Leonardo Meira, da APS Florianópolis/Centro.

Ainda há muito o que aprender sobre a utilização dessas novas mídias que vieram para ficar e nos ajudam a construir novas formas de organização da classe trabalhadora. Sigamos em frente por uma comunicação da classe traba-lhadora que faça a luta contra hegemônica com a imprensa da burguesia.

Fonte: com entrevistas de Rosangela Bion de Assis

“A greve uniu mais o pessoal. Pela tecnologia do Whatsapp nós ficávamos sabendo de tudo em tempo real e ainda passamos a conhecer os de-mais trabalhadores de toda Gerência Florianópolis.”Paulo César Bittencourt, APS Biguaçú

Durante a greve oDepartamento de Comunicação

do Sindprevs/SC produziu:

• 34 Boletins de Greve•2 camisetas

• 16 documentos no botãoda greve do site

• Boletins Fique por Dentro diários• 8 Faixas

• 25 artes para o Facebook• Cartazes

• 2 programas especiais Saúde é Tudo. Assista no site do Sindprevs/SC em:

Programa Saúde é Tudo• vídeo “Agora é Greve”. Assista no site do

Sindprevs/SC em: Vídeos• Atualizações do site, face, twitter,

watsapp diárias• Mais de 6mil fotos, sem contar as

realizadas com celular para redes sociais• 67 Informativos do Comando Nacional

de Greve divulgados.

A “arte da vaquinha”, como ficou mais conhecida a criação do ilustrador

e chargista Frank Maia, acabou transformando-se na marca registrada da Greve de 2015. Criada inicialmente

para a Campanha Salarial dos SPFs, a marca identificou nacionalmente os

trabalhadores de Santa Catarina.

Uma arte, mil aplicações

Confecção de cartazes durante a ocupação do RH da Superintendência Regional

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urante a greve, a jor-nalista do Sindprevs/SC, Clarissa Peixoto, produziu dois ensaios fotográficos: o primei-ro durante a passeata

realizada em 24 de julho e o segun-do durante a Assembleia Estadual Geral em 1º de setembro.

Com olhar sensível, ela captou momentos de pura emoção e ale-gria de trabalhadoras e trabalha-dores que não sabiam que estavam sendo observados pela lente atenta da jornalista.

Última página

Sensibilidade e emoção

DFotos: Clarissa Peixotojornalista do Sindprevs/[email protected]

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Veja o ensaio completo no sítio do Sindprevs/SC, na Galeriade Fotos em: Assembleia Estadual Geral 01.09.2015

Veja todas as coberturas fotográficas realizadas durante agreve 2015 no sítio do Sindprevs/SC, na Galeria de Fotos

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Veja o ensaio completo no sítio do Sindprevs/SC, a Galeria de Fotos em: Greve: Assembleia e Passeata - Florianópolis, 24 de julho de 2015

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