revista meiaum nº 17

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17 Vamos falar de cinema Ano 2 | Setembro 2012 | www.meiaum.com.br U LEMBRANÇAS Cineastas falam da experiência no evento + + FESTIVAL DE BRASÍLIA Veja a programação completa da 45ª edição, de 17 a 24 de setembro Consegue identificar os filmes nacionais e estrangeiros representados nesta capa? As respostas estão na pág. 7

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Consegue identificar os filmes nacionais e estrangeiros representados nesta capa? As respostas estão na pág. 7

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N°17

Vamos falar de cinema

Ano

2 |

Sete

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ULEMBRANÇASCineastas falam da experiência no evento

+ +FESTIVAL DE BRASÍLIAVeja a programação completa da 45ª edição, de 17 a 24 de setembro

Consegue identificar os filmes nacionais e estrangeiros representados nesta capa? As respostas estão na pág. 7

WWW.BRB.COM.BR

É O BANCO QUE APOIA

A CULTURA DE BRASÍLIA.

O BRB, há mais de 10 anos, apoia o

festival de cinema de Brasília e outras

manifestações culturais.

Tudo isso, porque também é importante

investir na cultura da nossa gente.

O BRB É tão PARTE DE brasÍLIA quanto você.

da série

motivos parater uma conta

no brb:

WWW.BRB.COM.BR

É O BANCO QUE APOIA

A CULTURA DE BRASÍLIA.

O BRB, há mais de 10 anos, apoia o

festival de cinema de Brasília e outras

manifestações culturais.

Tudo isso, porque também é importante

investir na cultura da nossa gente.

O BRB É tão PARTE DE brasÍLIA quanto você.

da série

motivos parater uma conta

no brb:

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Papos da CidadeReflexões, análises e resmungos de quem vive em Brasília

Independentes – Gustavo SerrateFalta grana, mas sobra vontade

Fora do Plano Noelle Oliveira conta o que o poder público tem feito pela produção cinematográfica

Memória – Lúcio FlávioCineastas falam de sua relação com o Festival de Brasília

TTexto – TT CatalãoEle fez uma lista dos seus filmes preferidos do festival

Artigo – Vladimir CarvalhoPaulo Emilio fascinava os que o conheceram, mesmo de longe

Perfil Walter Mello é muito mais que um espectador apaixonado pela sétima arte

Tributo – Mª do Rosário CaetanoA importância de Paulo Emilio para o cinema nacional

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Brasífra-me Os poemas-enigmas de Nicolas Behr

Evolução – André CunhaBrasília nasceu filmada e cresceu filmando

Conto – Patrick SelvattiA saga de Kate para fazer sua estreia

Caixa-PretaEstá difícil saber quem é mocinho e quem é bandido

Vida real – Sérgio MoriconiBrasília agora mostra a cara por meio de cineastas criados nas satélites

Charges do GougonCenas da política nacional

Programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Arte, Cultura e LazerOs destaques da programação da cidade

Banquetes e BotecosEm cada edição, Marcela Benet visita um restaurante. E ninguém sabe quem ela é

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ÍNDICE

Vladimir Carvalho

pág. 20Documentarista

paraibano-brasiliense, diretor dos longas-

metragens O país de São Saruê, O homem de areia,

O Evangelho segundo Teotônio, Conterrâneos velhos de guerra, Barra

68, O engenho de Zé Lins e Rock Brasília.

Chico Régis págs. 8 e 9É natural de Brasília, filho de

migrantes nordestinos, da primeira geração nascida

na capital (safra 1965). É formado em comunicação

social e atualmente trabalha com ilustração, web e design

gráfico. Como ilustrador, tem gosto especial pela área

editorial, especialmente na imprensa, onde dispõe

de muita liberdade para trabalhar técnicas e ideias,

sempre com o intuito de dar maior valor à notícia.

Nil

son

Car

valh

o

Gustavo Serrate pág. 12Como jornalista, gosta de sujar os sapatos, trazer para o papel recortes da realidade. Pílulas de vida. Também é cineasta-independente-sem-glória, e vive tentando trair a narrativa tradicional com poesia. Mas, antes de tudo, diz ser um candango construindo esta obra inacabada, a cultura brasiliense.

Leonardo Arruda

Leon

ard

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rru

da

Sérgio Moriconi pág. 40Cineasta, professor, crítico de cinema da revista Roteiro. Dirigiu o curta-metragem Athos, uma homenagem ao artista Athos Bulcão. Colaborou no roteiro de vários curtas e longas. Ao lado da Objeto Sim, é o criador e curador do Slow Filme – Festival Internacional de Cinema e Alimentação, que ocorre de 13 a 16 de setembro na cidade goiana de Pirenópolis.

Luana Lleras

ColaboraDorEs

E mais...Noelle Oliveira págs. 8 e 15 Paula Oliveira págs. 9 e 22 Suélen Emerick pág. 9 Priscila Praxedes págs. 10 e 52 Gougon págs. 15, 39 e 42 Leonardo Arruda pág. 22 Nicolas Behr pág. 28 Francisco Bronze pág. 32 Patrick Selvatti pág. 36 Werley Kröhling pág. 36 Miguel Oliveira pág. 39 Marcela Benet pág. 58 Rômulo Geraldino pág. 58

André Cunha pág. 32É cineasta, jornalista,

músico e escritor. Acredita em transmigração das almas, metempsicose,

parapsicologia e meditação

transcendental. Criou uma ideologia (o

Anarquismo Militante), uma religião (o

Hinduísmo Cyberpunk) e escreve com um estilo

“místico e criptografado” segundo o espírito de

Glauber Rocha, evocado numa sessão mediúnica da Associação Planetária

de Magia, Alquimia e Experimentalismo.

TT Catalão pág. 18Poeta, jornalista, carioca e cidadão honorário de Brasília. Editou cadernos culturais do Jornal de Brasília e Correio Braziliense; passou pela Última Hora e Tribuna da Imprensa; escreveu para o Crônicas da Cidade, DF-TV. Um dos criadores do Espaço 508. Foi do grupo criador dos Pontos de Cultura, gestão Gil-Juca, e secretário de Cidadania Cultural do MinC. É consultor Iphan-Unesco para salvaguardas do Patrimônio Imaterial. Mantém o blog braXil no portal Cultura Digital.

Maria do Rosário Caetanopág. 26Jornalista (MG, 1955), autora de Cineastas latino-americanos – entrevistas e filmes, de três volumes da Coleção Aplauso (João Batista de Andrade, Fernando Meirelles, Marlene França) e do livro-álbum 40 anos do Festival de Brasília. Colaboradora do livro Alle Radici del cinema brasiliano (Itália). Organizadora dos livros ABD 30 anos, Cangaço, O Nordestern no cinema brasileiro, DocTV – Operação de rede e Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto.

Th

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Arr

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a

Nilson Carvalho

Lúcio Flávio págs. 16 e 53Como um daqueles personagens de Woody Allen, desenvolvendo estilo de vida que não necessite de sua existência. Até que leva jeito para a coisa. Outro dia mesmo fez uma prova de filosofia sobre crise existencial e não respondeu a nenhuma questão... Tirou nota máxima!

Thyago Arruda

Respostas da capaEm sentido horário, começando da esquerda, no alto: Pixote, a lei do mais fraco | Bicho de sete cabeças| O pagador de promessas | Dona Flor e seus dois maridos | Jeca Tatu | Xica da Silva | Branca de Neve e os sete anões | O poderoso chefão |Doutor Jivago | O sétimo selo | Tempos modernos | Cidade de Deus | Ben-Hur | O leopardo

(meiaum) é uma publicação mensal da editora meiaum Diretor Editorial: Hélio Doyle Diretora de Redação: AnnA HAlley Fotografia: luAnA llerAs Projeto gráfico e diagramação: CArlos DrumonDAssistente de Produção: Cristine sAntosPubliciDADE Sucesso Mídia comunicações – (61) 3328-8046 – [email protected] 12 mil exemplares iMPRESSão Gráfica imprima (brasília) – (61) 3356-7654Os textos assinados não expressam, necessariamente, a opinião da Editora Meiaum. | Contato: [email protected]

Acompanhe nossa página Siga @revistameiaum | www.meiAum.Com.br

CAPA | Por PeDro ernestoDesenho a lápis aquarelado

Designer gráfico, atua no mercado brasiliense, é autor de livro infantil

e colabora na meiaum desde seu primeiro número. Faz parte do

escritório Grande circular. Veja os trabalhos da equipe em

www.grandecircular.com.

Carta dos editores

Diversas visões de um mesmo tema

Diretores: Anna Halley e Hélio Doyle SHiN cA 1 lote A Sala 349 Deck Norte Shopping – lago Norte | brasília-DF | (61) 3468-1466

www.editorameiaum.com.br

()MEIAU

Esta é a primeira edição da meiaum, em 17, inteiramente dedicada a um único tema. A realização da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, de 17 a 24

de setembro, é o nosso motivo para fazer um número sobre a sétima arte. Em todas as seções da revista procuramos, de algum modo, abordar o tema.

Não era nossa intenção esgotar o assunto, ou contar a história detalhada do festival que começou em 1965, despretensiosamente, como a Semana de Brasília do Cinema Brasileiro. E desse primeiro momento ganham relevo, nesta edição, as figuras de Paulo Emilio Salles Gomes, considerado o criador do festival, e de Walter Mello, que trabalhou intensamente para a realização das primeiras edições. O perfil de Walter foi feito por nossa repórter Paula Oliveira.

Paulo Emilio é tema dos textos do considerado o maior documentarista brasileiro, Vladimir Carvalho, e da jornalista Maria do Rosário Caetano, conhecida de quem faz arte e cultura em Brasília. Eles falam da influência do criador do curso de cinema da Universidade de Brasília no cinema nacional.

TT Catalão mostra que a relevância da criação do festival foi além da cultura, em um momento em que Brasília era “ponto central de um sistema nervoso arbitrário e asfixiante”. Lúcio Flávio, por sua vez, conversou com cineastas que participaram do festival. Eles contam episódios de diversas edições e falam da relação com o evento.

O crítico de cinema Sérgio Moriconi também colaborou nesta edição. Escreveu sobre os que fizeram cinema “fora dos Eixos” no passado e os que mostram as contradições da cidade

hoje. Contradições que surgiram logo depois da inauguração e que inspiraram os primeiros filmes feitos aqui, como conta André Cunha. Ele descreve a evolução cinematográfica da cidade que nasceu filmada e cresceu filmando.

As colunas de política também estão no clima da sétima arte, assim como a seção feita pelo poeta Nicolas Behr, que preparou enigmas especiais. Marcela Benet sugere o programa ideal para depois do cinema. Já Gustavo Serrate perguntou a cineastas que trabalham com baixo (ou baixíssimo) orçamento por que se mantêm nessa estrada. As respostas variam, mas no fundo sabemos que só pode ser mesmo por amor.

Anna Halley e Hélio Doyle

issn 2236-2274

PaPos Da CIDaDE } i lustrações Chico Régis

Dispenso a dimensão extraÉ difícil entender o fascínio que os filmes em 3-D despertam nos cinemas. Usar óculos escuros em busca de imagens que saem da tela não é novidade. Há mais de duas décadas já experimentei vários deles em casa, quando ainda vinham com “exclusividade” nas revistas de programação da TV a cabo. Tudo bem, a tecnologia avançou muito. Mas não o suficiente para me convencer. O efeito não é lá tão sensacional. Os filmes longos se tornam enjoativos. Os olhos ardem. É cansativo aliar os detalhes das imagens às legendas, e a cabeça dói. Sem falar nos óculos reaproveitados de sessões anteriores, que vêm com marcas de dedos gravadas nas lentes e, quem sabe, trazem inúmeras bactérias de brinde. Os cinemas dizem que os objetos são esterilizados, ou até mesmo descartáveis, mas não é o que parece ao encontrar uma digital no centro da lente. Não estou sozinha na tese. Entre os adeptos, oftalmologistas renomados de Brasília. Quem seriam, então, os espectadores que lotam as salas em 3-D, todos os domingos, nos cinemas da capital? Empiricamente, reparo que, em maioria, são pais com crianças que se divertem mais batendo os óculos uns nos outros do que assistindo aos efeitos especiais prometidos. Sem falar nos casais, que tentam conciliar o adereço aos beijos no escurinho das sessões, ou naqueles que já usam óculos de grau e se esforçam para sobrepor um aparato ao outro, sem sucesso, antes de o filme começar. No exterior, já estão à venda óculos em 2-D para os espectadores que dispensam os efeitos tridimensionais, mas não conseguem encontrar nos cinemas versões de seus filmes prediletos sem a tecnologia. Os óculos podem ser adquiridos por pouco mais de R$ 20 e eliminam os efeitos extras. Na compra de dois pares, economizam-se mais de R$

[email protected]

9

4, com direito a frete para todo o mundo. Não torço para abolirem o 3-D, nem quero ter de encomendar um par de lentes 2-D, apenas prefiro confiar que sobrará para pessoas como eu uma sala sem óculos e, de preferência, sem filas. Noelle Oliveira

Onde está o charme da Sra. Smith?“Atirador mata 14 e fere pelo menos 50 na estreia do filme do Batman, nos Estados Unidos.” A manchete estava nos principais jornais do mundo em julho. O assassino, de 24 anos, vestia colete à prova de balas, portava uma escopeta, uma espingarda, uma pistola, bombas de gás e muita munição. A notícia chocou pela ousadia do facínora, com a mesma crueldade psicótica dos assassinos dos filmes de ação e aventura, deixando dezenas de famílias traumatizadas para o resto da vida. E mais uma vez trouxe à tona a questão do uso indevido das armas de fogo no país mais armado do mundo.Quantos assassinatos covardes acontecerão até que se perceba que é preciso limitar o comércio de armas ao cidadão comum? Ao longo de anos, são inúmeras as campanhas em defesa da proibição. Mas nos Estados Unidos as indústrias de armas são bilionárias e financiam um verdadeiro arsenal de políticos, meios de comunicação, instituições e até mesmo acadêmicos na defesa de seu mercado. E como o tema é sensível à mudança de humor da opinião pública, nem mesmo o presidente Barack Obama ousou colocá-lo em debate. O máximo que fez foi se declarar consternado com o fato. O óbvio, e que muitos fazem de conta que não veem, é que para a indústria das armas o quanto pior é melhor (!)... Após o massacre, a venda de armas de fogo aumentou mais de 40% no estado do Colorado, onde se deu o

crime. Considerando o período de recessão, até que não foi mau negócio. Quanto mais medo, melhor. Interessante também foi a postura das grandes produtoras de cinema, que depois do massacre colocaram seu batalhão de assessores a dar total apoio aos veículos de comunicação (que fazem parte do mesmo grupo...) de modo a minimizar os danos à indústria do entretenimento. E ainda posaram bonito na foto ao tomar a iniciativa de apoiar o fundo criado em apoio às vítimas... pontinho positivo. Logo, logo o público esquece. Ninguém quer perder o próximo lançamento...Apesar do estrago à imagem, a sociedade continua a amar seus heróis e a vê-los em cenas de ação e aventura. Espaço infinito para as emoções de grife: óculos, acessórios, relógios, computadores, bebidas, telefones celulares, carros, motos... e armas! Um arsenal de marcas e modelos consagrados a compor os mais nobres personagens, do bandido à mocinha. E quem admira reconhece a marca, a performance, o fabricante, o estilo. É como qualquer outro produto. O cinema virou a vitrine dos atiradores de carteirinha.Quer um exemplo? Assista ao filme Sr. e Sra Smith, protagonizado pelo casal queridinho da América. Entram em cena 18 tipos de pistola, 12 tipos de espingarda, 4 modelos de submetralhadoras, 4 tipos de metralhadoras automáticas, além de rifles automáticos, granadas, caixas de munição, silenciadores, lunetas de precisão, acessórios e mais acessórios para quem gosta de sair atirando mundo afora. Os dados estão em sites especializados em armas de fogo. Não perca tempo contando tiros, explosões, estilhaços... apenas aprecie como é bonito atirar, como é sexy portar uma arma de fogo! Isso mesmo, é tudo de que precisamos para ter estilo e afirmar a nossa libido... Mas não

se surpreenda se, após a sessão, aparecer um psicopata qualquer brincando de matar... é tudo coisa de cinema. No outro dia se vende jornal à beça (e armas!).Chico Régis

Tecla SAP, por favorQual o problema de preferir filme dublado? Nenhum, eu sei. Pelo menos para mim. Que eu saiba, sou a única entre as pessoas que conheço que procura no roteiro de cinema as salas com o (dublado) ao lado dos horários de exibição. Sim, prefiro. Pode ser de péssima qualidade, pode haver desencontro da imagem com a fala, pode parecer bizarro ouvir atores conhecidos com vozes diferentes, pode tirar a graça de algumas piadas e pode até me obrigar a assistir aos filmes em salas lotadas de adolescentes e crianças. Não estou nem aí. Prefiro mesmo.E não, não é preguiça de ler. Gosto de olhar os detalhes dos cenários e das expressões faciais dos atores. Vira e mexe me pego refletindo sobre o que estão dizendo e gosto de ter a liberdade de me desconcentrar um minuto e não perder nenhuma fala. Sem contar que detesto perder a última palavra da legenda e não entender o contexto da frase. Mas não tenho companhia para isso. Embora eu goste bastante de ir ao cinema sozinha, também o considero um programa social. E, claro, me rendo às sessões legendadas sem nem mesmo protestar. Também tenho capacidade de acompanhar todo o filme e a história com as legendas. Mas que eu prefiro os dublados, ah, eu prefiro.Paula Oliveira

Saudades dos cinemas de ruaOs resmungos dos brasilienses sobre a falta de opções de atividades culturais são frequentes.Talvez a palavra correta seja elitização. O

10

Distrito Federal até oferece bons shows e peças de teatro, mas são inacessíveis (no sentido mais amplo do termo).Os preços são geralmente elevados. Quando não são, as programações culturais são realizadas em locais e/ou horários não favoráveis para quem depende de transporte público.Um dos resultados disso são cinemas superlotados. As sessões esgotadas e filas extensas são rotina. Apesar das condições oferecidas ao público, a procura não diminui. A verdade é que os brasilienses são apaixonados pelas telonas. Ou devido à rotina da cidade, aprenderam a ser.Lembro a época da minha infância, em que ir ao cinema não era diretamente associado a ir ao shopping.Ir ao cinema era um evento tão importante que servia como recompensa para boas notas no boletim bimestral do colégio.Lembro do antigo Cine Lara, no centro de Taguatinga. O estabelecimento, fechado em 1998, foi um dos últimos cinemas de rua no DF.Durante 20 anos marcou infâncias, o começo de muitos romances e programas familiares.Até o fim dos anos 90, ir ao cinema tinha mesmo gostinho de pipoca com manteiga derretida. As pessoas se programavam para esse passeio. Não era apenas um escape durante as compras ou um programa de improviso por falta de opção de lazer.Os cinemas de rua valorizavam ainda mais a sétima arte e não faziam apologia direta ao consumismo. Lamento que as crianças dos anos 2000 não tenham experimentado essa sensação. Suélen Emerick

E o Oscar não vai para...Nos últimos anos, não tivemos sorte com os atores escolhidos pela plateia do Distrito Federal para o papel de governador. Um era o rei da comédia. Mesmo eu, que nunca cobri política, me divertia quando tinha de acompanhar inaugurações de obras, coletivas de imprensa e outros espetáculos montados para o grande público. Ele tornava os discursos hilários, e eu morria de rir quando ele trocava nomes ou simplesmente os esquecia – juro que uma vez tiveram de lhe soprar ao ouvido o nome da primeira-dama. Ele era bom no improviso muito antes de o stand-up virar moda no Brasil. Tinha muitos fãs. Não estou falando da tradicional claque que todos eles têm para garantir os aplausos. Sabe como é, foram muitos anos levando felicidade a um público que precisava de pouco para ser feliz. E essa gente retribuía com muitos, muitos aplausos, gritinhos e até choro desesperado, como hoje fazem as fãs do vampiro Robert Pattinson. Quando o evento terminava, nós jornalistas levávamos muitas cotoveladas disputando espaço com as fãs mais afoitas em busca de beijo, abraço, foto ou autógrafo. É sério, ele dava autógrafo. Depois da comédia, o público brasiliense achou que o drama daria mais certo. Deu uma segunda chance ao chorão mais famoso do Senado. Parecia o ator mais adequado para incorporar o personagem. Os espectadores imaginaram que, com a nobre atitude de lhe dar um voto de confiança mais uma vez, ele teria atuação digna de Oscar. Esperavam um final feliz, daqueles que servissem de exemplo para os que não acreditam que as pessoas podem se regenerar.Foi mesmo um espetáculo, mas o dramalhão acabou se tornando filme de terror, com imagens assustadoras e chocantes. Como o clímax aconteceu bem às vésperas do

aniversário de 50 anos da capital federal, o País inteiro acompanhou as cenas. O filme se tornou um vergonhoso sucesso devido à ousada interpretação do elenco. O público se cansou de tanto espetáculo à sua custa e resolveu que não queria mais comédia nem drama. Precisava mesmo de ação, de um novo ator, cheio de atitude e destemido. É claro que alguém com esse perfil não interessava aos partidos. O público, então, optou por um ator que estava havia um tempo no mercado, mas sem expressão. Ele teria nesse personagem, portanto, sua grande chance. Há mais de um ano e meio no papel de governador do Distrito Federal, porém, não convence. Como o típico canastrão, só ele não nota que não tem o menor talento. Atrapalha-se nas falas e sua linguagem corporal quase sempre entrega quando ele não sabe do que está falando. Não aceita críticas. Prefere ouvir apenas seus bajuladores, que dizem qualquer coisa para garantir um papel secundário neste filme trash que se tornou a administração da cidade. Pena que não haja como recuperar o ingresso.Anna Halley

Não julgue pela capaAcho que todos temos a impressão de que nos ambientes em que se promove a cultura, as pessoas têm a cabeça aberta. Mas não é o que vejo no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, evento que frequento há cinco anos. Na 44ª edição, no ano passado, fiquei intrigada, por exemplo, com um diálogo que tive com uma desconhecida na fila. Ela começou a esbravejar sobre as sequências intermináveis de filmes em Hollywood. Acho que ela imaginou que, num território dominado por quem se considera cult, não haveria quem discordasse.Mas discordei e ela se assustou. Quando admiti que aprecio as comédias românticas norte-

11

americanas, aí ela nem quis mais conversa. Num ambiente de celebração do cinema nacional e, muitas vezes, não comercial, dizer isso é quase um crime. O que não entendo é como pessoas que acham que têm tanto senso crítico se esquecem de que há filmes ruins de qualquer origem e gênero, inclusive entre os exibidos no festival – que estão ali sujeitos a aplausos ou vaias. Existem, sim, filmes horríveis produzidos por Hollywood, mas também há produções excelentes. Não acho legal essa ditadura de ter que gostar de uma coisa ou outra. Não é porque gosto de filmes americanos que eu desmereça os nacionais. Sei que nem todos que compõem o público cativo do festival são assim, mas que o preconceito é grande, isso é.Priscila Praxedes

Pipoca combina com circoHá filmes que têm de ser vistos nas telonas dos cinemas. Só a exibição nessas salas nos dá a dimensão da obra de arte. Assistir a eles exige envolvimento, atenção aos detalhes, concentração. Há filmes que podem ser vistos nas telas de televisão, pois são apenas entretenimento – ou de má qualidade mesmo. Nesses casos, o barulho não incomoda. Mas, mesmo quando vistas em casa, obras de arte exigem silêncio. Já filminhos podem ser vistos em meio a conversas e ruídos, até nos cinemas. O problema é que ir ao cinema está complicado. E não tanto pelas filas, ou por causa do estacionamento que ou é difícil ou é pago. Para mim, o problema maior é a pipoca. Associada, claro, à má-educação de boa parcela dos que vão aos cinemas. Um marqueteiro inventou que pipoca combina com cinema. De olho nos lucros, claro. Subserviente às modas e tendências,

principalmente se são made in USA, muita gente foi atrás da bobagem e hoje a peste está disseminada.Um bom número de pessoas, seja lá qual for o filme, entra nos cinemas com enormes sacos de pipoca, muitas vezes acompanhados de copos de refrigerantes gigantescos. O espectador interessado no filme é obrigado ouvir os ruídos de mãos pegando as pipocas no fundo dos sacos, que depois são lentamente amassados (e jogados no chão, claro) e bocas (certamente abertas) mastigando estrepitosamente o milho. Fora aquele barulhinho (sssslurp) que alguns fazem ao sorver o refrigerante pelo canudo. E além, naturalmente, de pessoas que, com ou sem pipoca, assistem aos filmes no maior papo, como se estivessem vendo a novela das 21 horas.Pipoca, para mim, combina é com circo.

Hélio Doyle

[email protected]

Filmar pra quê?Texto GusTAVo sErrATE

Captamos pílulas de pensamento de alguns

dos cineastas de Brasília que mantêm produção relativamente constante com orçamentos baixos

– em alguns casos, inexistentes. Saiba um

pouco mais sobre como funciona a cabeça de um realizador, quais são suas preocupações e por que motivos escolheu trilhar

essa estrada.

INDEPENDENtEs

Érico Cazarré

O diretor da Caza Filmes

produziu 14 filmes, dirigiu

13 e foi diretor de fotografia

em 17.

Péterson

PaimRealizou mais de 20 film

es,

entre eles o longa Além dos

olhos, suspense experimental.

Os R$ 25 mil para o film

e

saíram do bolso do diretor.

Tiago

Esmeraldo

Realizou nove filmes ligados

a assuntos como a tom

ada de

decisões, sobre consciência e

fé. O último foi o resultado de

uma oficina para jovens.

José de Campos Afastou-se da publicidade depois

de 20 anos para estudar artes

cênicas e cinema. Realizou três

filmes que considera “autorais”:

Navalha, Homilia e Duplo.

O cinema me deu uma profissão.

Além disso, me trouxe muitos

amigos, me levou para viajar e me

permite viver uma vida que não cai

na rotina. Como todo trabalho, às

vezes me deixa sobrecarregado, mas

não compromete outras atividades.

O comentário mais interessante que

ouvi foi que meus filmes começa-

ram a fazer sentido dentro de um

conjunto. Para fazer bons filmes

é fundamental uma boa equipe. O

filme existe para ser visto. Fazer fil-

mes que ninguém gosta de ver, para

satisfazer caprichos, é desperdício

de tempo e dinheiro.

Se eu tivesse condições, viveria para

fazer cinema, mas tenho contas a

pagar. O cinema me trouxe satisfa-

ção, amigos verdadeiros e alguma

renda quando trabalhei com a di-

reção e produção de documentários

para a UnB e a ITTO [organização

que promove o uso sustentável das flo-

restas tropicais] na Amazônia. De vez

em quando faço trabalho extra, mas

minha prioridade são meus filmes.

Os cineastas independentes movem

o cinema de Brasília limitados pelos

recursos financeiros. Há ótimos

profissionais, mas falta uma manei-

ra de escoar o trabalho para o resto

do País e do mundo por caminhos

comerciais que não dependam de

festivais nem de distribuidoras

monopolizadoras.

Nunca fui bom em me comunicar

apenas com palavras. Na maioria

das vezes preciso ilustrar o que

quero passar com gestos, sons ou

imagens. Fazer cinema surgiu da

necessidade de me comunicar.

Cinema não é um vício, é um

prazer. Uma das melhores coisas

da vida é ser pleno naquilo que se

faz. Isso só é possível se há prazer.

Não conseguiria me lembrar de

todas as coisas boas que o cine-

ma me trouxe, mas gostaria de

destacar quatro: conhecimento,

oportunidades, crescimento e

amizades, que para mim foi o

mais importante. O cinema tem

esse poder de conectar as pessoas

umas às outras.

Tenho 46 anos e sou de uma geração criada pela TV. Existia dificuldade financeira real para se assistir a um filme. Ir ao cinema era um programa como jantar em um restaurante fino. Antes do videocassete éramos reféns da programação dos poucos canais.A quantidade de coisas que assimila-mos é tão enorme e rica que se trans-forma em necessidade fisiológica de repassar isso adiante, de contar suas próprias histórias e ser lido e assistido. Tem muito a ver com as leis de retorno que a própria natureza cria, para que as coisas continuem evoluindo e mudando.Em meus estudos de preparação de elenco, pude vislumbrar um cinema 100% nacional. Está relacionado ao timing da atuação. Mas o entendi-mento do timing ainda é problema para nós, um povo acostumado a assistir a novelas e a filmes america-nos. Sei que o nosso cinema legítimo está por aí.Não acredito que tenhamos um mer-cado forte em Brasília. Temos muito talento e força de vontade. O curta só tem o mercado dos festivais. O longa ainda é utopia, mas temos duas ou três faculdades que ainda movimen-tam bastante as produções locais.

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Distritais fazem o filmeA produção e comercialização cinematográfica no Distrito Fe-deral não é o tema preferido da Câmara Legislativa. Nos últi-mos anos, foi pequeno o quantitativo de projetos de lei (PLs) e normas distritais tratando de cinema. Em 2012, nenhum PL com esse enredo foi apresentado, mas duas propostas antigas emplacaram como leis. O petista Chico Leite conseguiu tirar do papel a Lei 4.917, que começa a valer em 21 de novembro e ga-rante que acompanhantes de pessoas com deficiência também tenham lugares reservados nos cinemas, ao lado das poltronas especiais. No caso de a pessoa com deficiência pagar preço promocional, o desconto deve ser estendido ao acompanhan-te. Com a regra, as salas da cidade, sujeitas a multas, terão de se adaptar. Em fevereiro, a deputada Eliana Pedrosa (PSD) incluiu no calendário oficial de eventos do DF a Mostra de Cinema e Vídeo Brasiliense. Além disso, com a Resolução nº 50, a CLDF incrementou a 17ª edição do Troféu Câmara Legislativa, parte da programação do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Foram incluídas categorias técnicas como fotografia, roteiro e trilha sonora, e premiações do júri popular, totalizando R$ 200 mil em prêmios. Não é o suficiente para resolver os problemas dos profissionais do segmento audiovisual da capital, mas serve como empurrãozinho político.

Fonte únicaSe a legislação distrital não incentiva a pro-dução audiovisual, os parlamentares inves-tem por meio de emendas ao orçamento do DF. São muitas, o que não garante que serão executadas. Para 2012, destinaram um terço à cultura. A maior parte foi para o segmen-to musical, mas o audiovisual também foi contemplado. No último grupo, estão o Fes-tival Internacional de Cinema de Brasília, em julho, e o projeto Maratona do Cinema – que exibirá filmes nacionais em escolas públicas. Ainda assim, o principal aporte continua vindo do Fundo de Apoio à Cultu-ra (FAC). De 2008 a 2010, foram investidos mais de R$ 3 milhões no segmento audiovi-

pletando 50% da reforma. Aí será possível avaliar se tudo está mesmo no cronograma. O cinema leva parte significativa dos R$ 10 milhões investidos neste ano, até setembro, em patrimônios culturais do DF. Os recur-sos também são aplicados no Teatro Nacio-nal, em três igrejas e no Panteão da Pátria. O governo trabalha, ainda, nos textos das licitações para compra de equipamentos para o cinema. Já as obras do Polo de Ci-nema, em Sobradinho, terão de esperar até 2014. A prioridade agora é o Plano Piloto, devido à Copa do Mundo. Em 2013, o go-verno local pretende investir R$ 100 mi-lhões no patrimônio da capital, a fim de se preparar para o evento.

sual. Em 2011, o FAC esteve voltado para a linguagem do cinema e aplicou, aproxima-damente, R$ 9,4 milhões em 54 projetos de criação e difusão cultural da área. Para 2012, a expectativa é que o investimento seja re-forçado em quase R$ 500 mil, somando R$ 9,9 milhões para cinema, vídeo, produções para televisão e algumas ligadas ao rádio.

A promessa do Cine BrasíliaPor enquanto, o prazo para a entrega da reforma do tradicional cinema está manti-do para novembro. A Secretaria de Cultura só recebeu um relatório, referente aos 45 primeiros dias da obra. Em setembro, será entregue o segundo, dos outros 45, com-

Fora Do PlaNopor NOELLE OLIVEIRA

[email protected]

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Eles são parte da história do Festival de Brasília

Cineastas recordam episódios de edições anteriores e falam de sua relação com o evento

Texto LúCIo FLáVIo

MEMórIa

luciointhesky.wordpress.com

O ano de 1969 foi um divisor de águas na vida do paraibano Vla-dimir Carvalho. Ele desembar-cou em Brasília pela primeira

vez para participar do prestigiado festival de cinema da cidade daquele ano com o míti-co curta-metragem A bolandeira e, logo de cara, teve uma surpresa agradável. Ao es-barrar com o amigo Fernando Duarte, di-retor de fotografia com quem trabalhou no documentário Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho, recebeu proposta ir-recusável: participar da criação do Núcleo de Produção de Documentários do Centro--Oeste na UnB.

“Era um contrato transitório de dois me-ses que se converteu em definitivo, já que completei neste ano 43 anos de Brasília”, diz o veterano cineasta.

De lá para cá, a relação dessa figura que-rida e respeitada do cinema brasileiro com o festival mais antigo do País se materiali-zou de diversas formas, seja como jurado, competidor ou mero espectador. Em qual-quer uma dessas condições a emoção sem-pre esteve à flor da pele, mas a situação mais marcante, segundo Vladimir Carvalho, foi aquela em que seu filme O país de São Saruê,

selecionado na mostra competitiva de 1971, prestes a ser exibido, foi drasticamente ar-rancado do certame pela censura.

“A direção do festival se omitiu e foi cho-cante também para o público que esperava o longa. A celeuma resultou na suspensão da mostra por três anos consecutivos”, recorda nosso velho conterrâneo de guerra.

NEM PELé EVITou A VAIA

Ele ainda era um jovem, aparentemente inocente e longe de ser o respeitado crítico de cinema que se tornaria. Mas o sempre eloquente Sérgio Moriconi lembra, como se fosse hoje, aquela sessão que nunca existiu de O país de São Saruê, no extinto Cine Atlân-tida (Conic). “Pela primeira vez na vida eu assisti a uma estrepitosa vaia a um filme que tinha Pelé com um dos protagonistas”, con-ta Moriconi, referindo-se ao documentário Brasil bom de bola, filme escolhido aos 45 minutos do segundo tempo para substituir o censurado. “Embora fosse uma pessoa mui-to esclarecida, não conhecia as nuances po-líticas que impediram a projeção do clássico filme do Vladimir Carvalho”, revê o crítico e também cineasta Moriconi, que só foi ver a

“É uma relação de

amor. E como toda

relação de amor ela não

pode ser conivente com

os erros. E nos últimos

anos, principalmente

nesse último, vêm sendo

muitos. Mas, enfim, as

pessoas passam, espero que

o festival fique, pois uma

coisa eu tenho visto: o

Festival de Brasília é o

único do País que parece

uma fênix.”

José Eduardo Belmonte

17

fita proibida oito anos depois, na edição do festival de 1979, quando o filme recebeu o Prêmio Especial do Júri.

Outro artista que sentiu na pele as dia-bruras insanas da ditadura militar foi o baia-no André Luiz Oliveira, diretor do delirante Meteorango Kid – O herói intergalático. Em 1969, mesmo ano da chegada de mestre Vla-dimir ao Cerrado, o filme quase ficou de fora da festa, em razão da intolerância do regime vigente. “A sessão foi tumultuada. Até o últi-mo momento, não sabíamos se o filme seria exibido, mas a censura não conseguiu proi-bi-lo nem cortá-lo, então o censor ficou na cabine de projeção abaixando o som nos di-álogos inconvenientes”, lembra Oliveira. “O público vaiava toda vez que eles interferiam e em protesto deixei a sala, foi um tumulto.”

Foi também no extinto Cine Atlântida que o crítico de cinema Sérgio Bazi, então com 14 anos, teve a oportunidade de estar cara a cara com uma das musas do cinema nacional, a atriz Adriana Prieto. O ano era 1971. “Foi inesquecível quando ela me perguntou o nome para dar o autógrafo”, brinca Bazi, que tem efetiva participação no evento, inclusi-ve como concorrente da mostra competitiva, em 1986, com o curta Brasiliários, premiado nas categorias melhor música e fotografia. O crítico ainda guarda na memória o dia da primeira sessão. “Fui sozinho à missa de di-plomação do ginásio na igreja Dom Bosco. Com o diploma no bolso, cheguei ao Cine Atlântida, sobretudo com a intenção de ver e falar com a minha então grande musa, Adriana Prieto.”

PLATEIA dIFíCILIntegrante de um dos grupos de teatro

mais prestigiados da cidade, Os Melhores do Mundo, Jovane Nunes também guarda uma recordação marcante, infelizmente não tão boa assim. Foi em 2005, durante a exibição do curta À espera da morte, primeiro proje-to cinematográfico do grupo, recebido pelo público com vaia estridente. “Descobrimos depois que uma turma que trabalha com ci-nema aqui puxou a vaia. O pessoal da área é muito desunido”, lamenta. “Perdemos em Brasília, depois o filme foi a cinco festivais pelo Brasil afora e ganhou todos.”

Da mesma geração que Jovane Nunes, o cineasta José Eduardo Belmonte é autêntica prata da casa, formado em cinema pela UnB. No caso dele, foi justamente a receptividade calorosa do público diante de seu primeiro trabalho, o curta-metragem Cinco filmes es-trangeiros, um dos fatores para que ele até hoje esteja na estrada do cinema. O sucesso do seu pequeno projeto, vencedor na cate-goria naquele distante ano de 1997, seria uma glória não apenas pessoal, mas também do cinema local.

“Era o começo dos curtas ocupando re-gularmente as telas do festival, e no ano an-terior os filmes de Brasília não tinham ido bem. Era uma pressão forte sobre os filmes locais, com os trabalhos sendo julgados com o dobro de rigor”, conta o diretor dos elo-giados A concepção e Meu mundo em perigo. “Mas logo no começo o filme foi aplaudido em cena aberta e no final mal conseguia ou-vir os créditos”, emenda. ) )

“Acho a ideia do festival

muito legal, ele já foi

mais importante. Deveria

evoluir com o tempo.

Deveria dar mais espaço

para o cinema comercial.

Cinema é dinheiro. Custa

dinheiro e precisa fazer

dinheiro. Enquanto ficar

só com essa bobagem de

arte, perderá cada vez

mais espaço.”

Jovane Nunes

“O Festival de Brasília sempre acolheu muito bem meus filmes. Aquela

sessão memorável do “Louco por cinema” me marcou profundamente. Era

como se eu estivesse devolvendo à cidade e às pessoas da cidade (com o

filme e consequentemente o prêmio) tudo aquilo que havia ganhado de

receptividade e acolhimento ao vir morar aqui.”

André Luiz Oliveira

17

a utopia da capital decapitada

a luz na tela e o fim do túnel

só o cinema nos anima a continuar requebrando barreiras

TTexto TT CATALão

ttExto

[email protected]

As botas pisaram forte de-pois de 64. Principalmente na cidade capital, ponto central de um sistema nervoso arbitrário e asfixiante. As reações foram diversas: armadas, partidárias, cidadãs e culturais. No cabres-to, cada um berrava com o fôlego que melhor expressasse a indig-nação e resistisse do jeito mais próprio.

Persistia sempre uma dúvida: a luz no fim do túnel significava alguma abertura ou era um trem vindo em sentido contrário para aumentar o estrago? Quem não caía na LSN – Lei de Segurança

Nacional – caía de LSD – ácido lisérgico. “Militar Me Limita”, pichava-se o EXU monumental. Servia para o militar opressor e para a militância com a sua dose tímida de romance e risco.

Brasília, especialmente, era quartel repressivo e trincheira guerrilheira. Quem tava dentro achava um jeito de escapar pelas f(r)estas. Até que a luz projetada na tela criou, em 1965, um Fes-tival de Cinema para ser projeto de encontro, ânimo, retomada e manifesto capaz de manter a utopia da capital decapitada. Não era um trem vindo contra,

era rito de passagem para a “ci-dade cassada” (no dizer de Tan-credo Neves). Festival para além da celebração do contexto e agi-to, mas espaço e templo do cine-ma fora do mercadão e do gueto da crítica. Pelo pulso da UnB e o impulso de Paulo Emilio Salles Gomes e grupo. Paulo veio, em 1964, a convite de Pompeu de Sousa, para fundar o curso de cinema da Faculdade de Comu-nicação da UnB. A interrupção do curso ocorre em outubro de 65 com a demissão coletiva de 223 professores (num total de 249) em solidariedade a 15 com-

19

panheiros afastados arbitrariamente. Logo após essa devastação, a I Semana do Cinema Brasileiro consagra o extraordinário filme de Roberto Santos, A hora e vez de Augusto Matraga, conto de Guimarães Rosa. Como se o grito lancinado de Vandré na trilha disses-se ao Brasil: “Nós que aqui estamos e daqui não sairemos mais!”

Interrompido de 1972 a 74, quando o “pra frente Brasil” deixava no rastro os di-reitos humanos, encarou censura, hipocri-sia, omissões do Estado. Fortaleceu vozes e ideias em uma narrativa histórica ainda em busca de um belo roteiro para contar sua história. Migrou para shopping, quando o bravo Cine Brasília o colocava em micos su-cessivos pela baixa qualidade de projeção, e voltou rápido ao “templo” para comprovar que não era um simples Festival de Cinema, era fator cultural de afirmação na construção simbólica de Brasília.

Mesmo quando Nenê Bandalho, de Emílio Fontana, era substituído por Brasil bom de bola (de Carlos Niemeyer), abria-se a chan-ce da vaia como panfleto em dias de difícil mobilização de rua. As agruras do agreste

aquim Pedro de Andrade, 1981); Tabu (Julio Bressane, 1982); O mágico e o delegado (Fer-nando Coni Campos, 1983); A hora da estrela (Suzana Amaral, 1985); Memória viva – Alo-ísio Magalhães (Octávio Bezerra,1988); Que bom te ver viva (Lucia Murat, 1989) – Louco por cinema (André Luiz Oliveira, 1994); O baile perfumado (Paulo Caldas, 1996); Lavou-ra arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001); Eu me lembro (Edgard Navarro, 2005).

Entre não vencedores destaco Macunaíma (1969); Rainha Diaba (1975); em 2005 surge A concepção, de José Eduardo Belmonte; em 2006, o documentário Encontro com Milton Santos, de Silvio Tendler, e em 2007 o anar-codoc Anabasys, com sotaque glauberiano, de Joel Pizzini e Paloma Rocha.

A luz na tela persiste ainda que hoje os tú-neis sejam mais sutis e a repressão não seja tão explícita ou brutal, mas continua fazen-do vítimas quando exclui pensares e isola contribuições, seja por não pertencerem a um clube ideológico, panela estética ou fai-xa particular de classe, corporação ou gueto discriminado por geração. Só o cinema nos anima a continuar requebrando barreiras. Brasília insiste. Existir é resistir! ) )

sertanejo de Vladimir Carvalho com o nosso O país de São Saruê. O pau quebrado no Hotel Nacional entre o sempre lúcido messiânico Glauber e Jean Rouch.

Em suas origens, o próprio Paulo Emilio revela a influência participativa e radical do público como a base do festival. Fruto dos caldeirões mestiços em fervura, colagens da capital, uma outra antropofagia formava a cultura brasiliense (ainda com poucos pro-dutos, mas imersa em processo riquíssimo). Esse público que consagrava Matraga fez do festival o olho do furacão nas contradições nacionais.

Depois viriam ousadias na luz da tela a nos incendiar por dentro e por fora e inci-tar: continuem, avancem, não se entreguem, lutem! Especialmente, os que mais me toca-ram, entre vencedores, foram: Matraga (Ro-berto Santos, 1965); Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz (Paulo Gil Soares, 1967); O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzer-la,1968 – sendo o melhor curta BlaBlaBlá, de Andrea Tonacci); Tenda dos Milagres (Nelson Pereira dos Santos, 1977); Iracema– uma transa amazônica (Jorge Bodansky e Orlan-do Senna,1980); O homem do pau brasil (Jo-

Um sábioBastaram alguns encontros para aprender muito com o mestre

artIgo

Texto VLAdIMIr CArVALho Foto ACErVo dA CINEMATECA BrAsILEIrA

21

Foram só três ou quatro encontros com Paulo Emilio no transcurso de minha atividade no cinema, mas o suficiente para sentir o fascínio que sua personalidade exercia sobre todos

os que o conheceram – uns mais de perto, outros nem tanto, e entre esses me incluo. Nos anos de 1950, quando enviou um colaborador seu, Caio Scheyber, à Paraíba, já interessado em saber sobre os filmes de nosso pioneiro Walfredo Rodriguez, pude aquilatar a sua importância e influência só de ouvir o modo apaixonado com que o seu emissário se referia ao seu jeito de ser e às suas iniciativas na batalha para estabelecer os marcos da preservação da memória cinematográfica brasileira.

Éramos um grupo muito pequeno e provinciano em João Pessoa, basicamente formado de jornalistas e cineclubistas, entre os quais sobressaía a figura de Linduarte Noronha, que ainda não realizara o seu hoje célebre Aruanda. A passagem de Caio Scheyber muito nos motivou e, mal ele deu as costas de regresso a São Paulo, corremos todos em busca dos livros e das revistas para melhor conhecermos Paulo Emilio.

O tempo passou e depois do acontecimento Aruanda, sendo ele um dos seus arautos mais entusiastas, assinando um texto consagrador, fui vê-lo a primeira vez em Salvador, onde eu fazia faculdade (1963) já com meu primeiro filme, Romeiros da Guia, debaixo do braço. Foi uma exibição de curtas baianos promovida por Orlando Senna, que teve a generosidade de incluir o documentário que realizei com João Ramiro Mello. Lembro-me do quanto estava nervoso naquela ensolarada manhã baiana, no Cine Guarani, então em grande voga. Do nosso grupo fazia parte, entre outros, meu colega de turma Caetano Veloso, então em plena curtição do cinema frequentando as sessões comandadas por Walter da Silveira, papa da crítica local, também ali presente porque amigo e anfitrião de Paulo Emilio. Glauber Rocha foi a grande ausência sentida naquele momento porque se encontrava em Monte Santo filmando Deus e o Diabo na Terra do Sol. Guardávamos todos os mais jovens uma distância reverencial dos dois depois da projeção. Apresentado por Orlando, ouvi do mestre alguma coisa como “que bom que vocês da Paraíba estão se mantendo no caminho aberto por Aruanda. Muito bem”. E foi tudo, mas o suficiente para deixar-me em estado de graça pelo resto do dia.

Muitos anos depois voltei a encontrar PE por ser amigo de Cosme Alves Neto, a quem ele visitava na Cinemateca do MAM, que eu frequentava intensamente, apadrinhado

que era pelo Cosme. Identificou-me e lembrou-se dos Romeiros na sessão baiana, e eu aproveitei para perguntar sobre seu período na Universidade de Brasília. Discorreu sobre a experiência, que se frustrou em 1965, com a demissão voluntária de mais de duzentos professores, sem evitar se referir a seus aspectos mais controversos. Senti, no entanto, que mesmo mantendo um tom de irônica isenção, deixava transparecer certa nostalgia do episódio. Na verdade, estava mergulhado de ponta-cabeça na aventura de tocar a cinemateca paulista, enquanto esbanjava conhecimento do cinema e charme nas aulas que ministrava na USP.

Seguiram-se outros encontros desse naipe, no Rio e em São Paulo, até que bem antes de sua morte, em 1977, eu o reencontrei em Brasília, no alvoroço do seu festival de cinema. Ele alcançara um sábio equilíbrio entre o que pensava enquanto ardoroso militante contra a injustiça, a repressão e a censura e uma visão histórica do processo político brasileiro. Sem ser condescendente, estribava-se na experiência, na vida vivida.

Lembro-me, a propósito, de que no episódio da drástica retirada do meu filme O país de São Saruê da programação do Festival de Brasília, em 1971, fomos – num clima de animada conspiração – nos reunir no apartamento de Luis e Regina Mayer, seus amigos, para saber que atitude tomar. E qual não foi minha surpresa quando se virou para mim, começando o papo, e perguntou à queima-roupa: “Você que é o interditado, que acha que devemos fazer?” Era um jeito seu de provocar a discussão para depois chegar didaticamente a uma proposta. De minha parte, estava desesperado com a situação do filme e queria a todo custo ir à forra. Ele então ponderou que o festival devia ser poupado, que era muito importante para o cinema brasileiro e que não devíamos dar curso à emocionalidade e radicalizar. Os demais, inclusive Wladimir Murtinho e Edgar Telles Ribeiro, ali presentes, o apoiaram unanimemente e foi redigida uma nota superequilibrada e conciliadora. Eu me contive e dominei como pude a minha frustração. Na perspectiva de hoje, sinto o quanto Paulo Emilio sabia ver além do tumulto e estava coberto de razão. Era de fato um sábio.

*Este texto foi originalmente escrito para o livro Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, que será lançado no Festival de Cinema

Sabe tapete vermelho, flashes e glamour, muito glamour? Esqueça! Estamos diante de um apaixonado por cinema, mas não esse que fatura milhões em exibição na sala mais perto de você

Texto PAuLA oLIVEIrA Fotos LEoNArdo ArrudA

PErFIl

[email protected] [email protected]

praticidade é característica importante para sobreviver ao mundo moderno. Não se ater a detalhes sem importân-

cia e saber trabalhar, evoluir e viver bem com as ferramentas que tem é um grande passo. E é isso que se vê em Walter Albu-querque Mello, de 84 anos. A qualidade pode ser notada já no primeiro contato. “Eu moro em uma comercial, então vamos nos encontrar na lanchonete para tomar um café”, disse, por telefone. O homem de roupa clara, camiseta esporte e tênis foi logo nos guiando para a sua mesa cati-va. No segundo encontro, ficamos em uma mesa ao lado porque a primeira opção es-tava ocupada. A impressão era de que está-vamos na sala da casa dele.

Até no jeito de morar ele é prático. Vive em uma quitinete. “É do tamanho de que preciso”, garante. Na verdade, agora ficou pequena porque o mais novo dos três filhos voltou a morar com ele. Walter é pai de Da-niel, de 40 anos, Camila, de 31, e Joaquim Pedro, de 23. O tamanho reduzido? Walter nem se lembra disso. Diz que o lugar é bom porque tem de tudo: lanchonete para o ca-fezinho, restaurantes para variar o cardápio, academia, supermercado, ponto de ônibus e um parque para a caminhada diária. “Per-corro dois quilômetros por dia, depois vou à academia e cumpro minha missão.”

Fica em casa só para ler ou assistir aos filmes que aluga ali na mesma quadra. Em média, 20 ou 30 por mês. Não dá para saber exatamente. É um apaixonado por cinema de arte. É frequentador das salas de projeção da cidade, principalmente das que apresentam filmes dessa linha, fora do circuito tradicional. No dia em que conversou com a equipe da meiaum, estava ansioso para assistir a Fausto, de Alexandr Sokurov, Violeta foi para o céu, de Andrés Wood, e Na estrada, de Walter Salles. “Quando vou, aproveito para tomar um sorvete no shopping, mas nem olho as lojas. Sou anticonsumista”, ressalta.

Fala de Charlie Chaplin como se esti-vesse contando sobre o melhor amigo de infância. Lembra-se de histórias de Paulo Autran e de Fernanda Montenegro com o status de quem os recebeu várias vezes na cidade. Apesar de ser entendedor de arte – além do cinema, é apaixonado por músi-ca e teatro –, a conversa flui bem. Mesmo com quem não entende muito do assunto. Não se parece em nada com os novos cult, que fazem questão de não ser entendidos para ganhar ar intelectual diante dos lei-gos. Fala rápido, cita muitos nomes, se lembra de detalhes de filmes que somen-te um apaixonado observaria. Mas não foi apenas um observador. Foi um dos prota-gonistas da arte em Brasília.

O soteropolitano foi se aventurar na então capital da República, Rio de Janei-ro, ainda na década de 1950. Frequentava as rodas teatrais, de poesia, de música e, claro, acompanhava os filmes de arte na-cionais e estrangeiros. E fez muitos ami-gos. Um deles, Roberto Nikovski, era seu companheiro de Teatro Municipal. Foi ele que o apresentou ao jornalista Narceu de Almeida. Este o convidou para vir abrir uma loja de discos – uma discoteca, como ele diz – em Brasília, em 1960. Era um negócio da família do jornalista e, como Walter tinha muita afinidade com arte, foi chamado. E foi assim que virou candango.

NA CAsA dE ZILáA loja ficava na W3 Sul. A quadra ele

não lembra. O importante é que em fren-te ficava a residência de Zilá Reis, irmã de Narceu, também entusiasta da sétima arte. Outros sentiam falta de sessões es-peciais de cinema, com filmes artísticos e não comerciais. Aquele sentimento com-partilhado por meia dúzia de pessoas mo-tivou a criação de um grupo fechado, mas que tinha o claro objetivo de se abrir para a cidade. “Nós nos reuníamos ali na sala da casa de Zilá eu, Geraldo Sobral Rocha, Rogério Costa Rodrigues, Cleide Almeida

e André Reis. Queríamos estar por dentro das novidades, discutir os filmes atuais e, principalmente, vê-los”, lembra.

Em meados dos anos 1960, Walter já não trabalhava na discoteca e havia se tornado funcionário da Fundação Cultu-ral de Brasília. Sendo assim, o Cine Clube de Cinema de Brasília, como foi batizado, não era só hobby, era coisa séria. Se hoje é extremamente fácil conhecer a produção cultural de outros países, naquela época a história era outra. Cada um do clube ficava responsável por um filme, ou por um di-retor, e pesquisava em jornais, conversava com amigos de fora do Brasil e corria atrás do que estava sendo exibido e produzido. Dava certo! Foi nesse espírito que o grupo conseguiu reservar três dias da semana no Cine Brasília para exibir essas películas. O interesse foi crescendo e, em pouco tem-po, havia gente suficiente para encher a sala. “O público estava garantido! Sei que esse foi um passo importante para criar um grupo grande de espectadores de cine-ma de qualidade”, acredita.

Na mesma época, o então diretor da Fundação Cultural, Carlos Augusto de Oli-veira Albuquerque, chefe de Walter, e o jornalista José Vieira Madeira idealizaram a I Semana do Cinema Brasileiro. Como não eram tão envolvidos com o cinema, convidaram Paulo Emilio Salles Gomes para coordenar os trabalhos. Walter, como funcionário da fundação e membro do ci-neclube, também ajudou a viabilizar as exibições. E foi assim que nasceu o Festi-val de Brasília do Cinema de Brasileiro.

Hoje, Walter não é mais lembrado pela organização do evento e lamenta não re-ceber nem mesmo convite para a exibição dos filmes. Tudo bem, ele assiste a to-dos quando passam em outras telas, me-nos concorridas, ou são reproduzidos em DVDs ou até na televisão. “Não esquento com isso. Estou velho para me preocupar”, dá de ombros.

Ele se orgulha de participar dessa histó-

A

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ria. Não é um orgulho arrogante, mas de quem participou ativamente de uma mudança cul-tural em uma cidade tão nova e visada. Quem ditava as regras era o governo tomado pelos militares. A censura corria solta, mas Walter, cheio de amigos e de argumentos, convenceu censores a liberar filmes que só poderiam ser exibidos durante o festival e que depois se-riam proibidos para o grande público. Foi o caso de Meteorango Kid – O herói intergalático, de André Luiz Oliveira, e O bandido da luz ver-melha, de Rogério Sganzerla.

CuLPA do NArCEuRestringir Walter Mello ao cinema em

Brasília é, no mínimo, injusto. Tudo o que fez, tudo o que conseguiu foi para promover a cultura na capital. “Tudo culpa do Narceu”, brinca. É por culpa dele, por exemplo, que a documentação da história de Brasília está armazenada e disponível a quem se inte-

ressar no Arquivo Público do DF, criado por Walter em 1983. As fotos da construção e os documentos da época de JK estavam todos em uma salinha da Novacap, encaixotados e guardados junto ao material de limpeza.

Ele recebeu muitos títulos, mas nenhum o deixa mais feliz do que ser reconhecido como Operário da Cultura, concedido pela embaixada da antiga Tchecoslováquia. Pelo governo do DF, recebeu o Mérito Bu-riti e o Mérito Cultural, além de ser Cida-dão Honorário. Walter Mello também foi imortalizado como verbete em Artes plás-ticas no Centro-Oeste, de Aline Figueiredo.

Walter é tão prático, mas tão práti-co, que já planejou o que deverá ser feito depois que morrer. “É um assunto chato, mas tenho que pensar nisso.” Quer ser cremado. As cinzas devem ser divididas em duas partes. A primeira será deposi-tada no buriti plantado com a participação

dele em frente ao palácio do governo do DF. Plantada em 1959, a árvore foi tom-bada historicamente por sugestão dele, em 1985, quando era diretor da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico do DF. “É um símbolo da preservação da nature-za e da cidade que tanto amo”, explica. A segunda parte voltará para Salvador e será jogada no túmulo da poetisa tcheca Clé-mence Kalas, de quem foi muito amigo.

Avesso ao consumismo, se rendeu re-centemente ao cartão de crédito para aten-der a um luxo, bastante coerente, mas que não deixa de ser luxo. Uma televisão de 42 polegadas para assistir às Olimpíadas e aos filmes que aluga. “Parece que estou no cinema”, encanta-se. Mas ele não perde a mania de circular pela cidade e de conver-sar com as pessoas. Afinal, não combina em nada com um operário ficar em casa com o controle remoto nas mãos. ) )

O homem que ajudou a criar a

UnB e o Festival de Brasília

As lições que Paulo Emilio deixou para seus discípulos e para os seguidores que ainda virão

Texto MArIA do rosárIo CAETANo Foto ACErVo dA CINEMATECA BrAsILEIrA

trIbuto

[email protected]

Paulo Emilio entrou na mi-nha vida no primeiro semestre de 1973, quando fui aprovada no vestibular de comunicação, na UnB. Já na recepção aos calouros, o nome dele aflorou. No semes-tre seguinte, matriculei-me no curso de Elementos de Lingua-gem Estética e História da Arte. O professor chamava-se Rogério Costa Rodrigues (1935–2005) e citava Paulo Emilio em muitas aulas. Para ser aprovado na disci-plina (da grade do Departamento de Desenho e Artes) tínhamos que preparar trabalho em for-mato audiovisual. Escolhi o tema “Recriação Cinematográfica de Obras Literárias no Cinema Bra-sileiro”. Rogério me recomendou que fosse à Biblioteca Central da UnB, à Sala de Referência, onde havia muitos livros sobre cinema brasileiro. Muitos deixados por Paulo Emilio.

Na “Referência” encontrei dois livros. Um em formato álbum – 70

anos do cinema brasileiro –, orga-nizado e escrito por Paulo Emi-lio, em parceria com Adhemar Gonzaga. O outro – Introdução ao cinema brasileiro – era da lavra de Alex Viany (1918–1992). Eram obras de consulta. Todo dia, à tar-de, eu os lia. Hoje sei que foram, para mim, o que a Bíblia é para os crentes. Transformaram-me numa espécie de “Irmã Dulce do Cinema Brasileiro”. Ou, como diz Luiz Zanin, meu companheiro, em “missionária do celuloide e da celulose”.

Em 1975, o Festival de Brasí-lia renasceu, depois de três anos silenciado pela censura dos anos Médici (tivera sua trajetória in-terrompida em 1972, seguindo assim em 73 e 74). Fui assistir a todas as sessões da “edição do renascimento” e um nome pai-rava no ar: Paulo Emilio Salles Gomes, um dos fundadores do festival. Acompanhei a edição de 1976 como estudante. A par-

tir de 1977, como repórter, cobri todas as edições do mais longevo dos festivais brasileiros. Sem-pre evocando a seminal figura de Paulo Emilio. Que, infelizmente, partiu muito cedo. Quando a no-tícia chegou à redação do Jornal de Brasília, onde eu trabalhava, a editoria de Cultura entrou em transe. Brasília perdia o fundador do curso de cinema da UnB (que estava desativado) e do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro...

Na época, Geisel prometia uma “abertura lenta, gradual e irres-trita”. Parte de meus colegas de geração se aferrava à luta política, 24 horas por dia. Era o meu caso. Metida até a medula na Greve de 77, que parou a UnB por uns três meses, recebi triste notícia em julho: fora expulsa da Universi-dade, com mais 30 colegas, por “subversão”. Já atuava como jor-nalista profissional e fazia dupla opção em letras. Mas a tristeza maior viria mesmo naquele tris-

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te 9 de setembro de 1977: a morte de Paulo Emilio. O nome dele, com o de Darcy Ribeiro, Pompeu de Sousa, Nelson Pereira dos Santos e Jean-Claude Bernardet, era música para nos-sos ouvidos. Simbolizavam a UnB, que amáva-mos e que queríamos ver resgatada. Ou seja, livre do domínio do físico nuclear e capitão de mar e guerra José Carlos de Azevedo, que a co-mandava com pulso de ferro.

Depois do livro-álbum 70 anos do cinema brasileiro, demorei a ler outro livro de Paulo Emilio. Meu contato com o seminal ensaio Ci-nema – Trajetória no subdesenvolvimento se deu em cópia xerox da revista Argumento (1973). Só viria a lê-lo, em formato livro, quando saiu a segunda edição (publicada em 1986, pela Paz e Terra). Ao folheá-lo, tive meus olhos mag-netizados por uma foto do jovem Paulo Emi-lio, com o rosto grave, semiescondido atrás de uma foice e de um martelo. É uma das fotos que tenho como fundamentais na minha vida (só perde para duas do Vietnã: a da menina correndo com o corpo queimado por napalm e a do vietnamita do sul atirando na cabeça de um vietcong. E, claro, para o Che morto, so-bre uma pia, na Bolívia). Essas três imagens evocam fatos muito significativos para minha geração. A foto de Paulo Emilio, nos anos 30, simboliza os sonhos de tantos de nós que nos formamos em busca do sonho socialista.

Ao longo dos anos 1980 e 1990 li quase tudo de Paulo Emilio: os dois grossos volumes Crí-tica de cinema no suplemento literário (do Esta-dão), o “livro branco” (Um intelectual na linha de frente, Brasiliense, 1986), Almereyda, o pai, e Jean Vigo, o filho. Em 2002, li de um fôlego só a monumental biografia Paulo Emilio no pa-raíso, de José Inacio de Mello Souza (Record).

Da leitura dos dois volumes do “Suple-mento Literário”, destaco o texto que mais me apaixonou: O mito, a obra e o homem, um belíssimo, irônico, afetuoso e crítico rela-to sobre a passagem de Eric Von Stroheim (1885–1957) por São Paulo, durante o Fes-tival Internacional de Cinema do IV Cente-nário (1954). Uma aula de jornalismo mais atual que nunca.

Do “livro branco”, retiro um texto que me deixou intrigada (Vittorio de Sica ou a transfigu-ração da mediocridade). Sempre amei Rosselli-ni. Concordo com Saraceni, citado por Gato Barbieri (num filme de Fernando Trueba, Calle 36) que “no se puó vivere senza Rossellini”. Mas sempre amei Ladrões de bicicletas e o De Sica ator (inclusive em De crápula a herói, dirigido por Rossellini!). Fiquei de coração partido. Para defender Rossellini, ele descia o pau em De Sica. Já nos anos 2000, reli o texto e achei-o, além de brilhante, até ponderado.

Quero registrar a capacidade de Paulo Emi-lio de fecundar paixões cinematográficas em corações e mentes alheios. Deixou centenas de discípulos. Há uma primeira geração de di-fusores de sua obra (Jean-Claude Bernardet, Gustavo Dahl, Maurice Capovilla). A segunda tem em Ismail Xavier, Carlos Augusto Calil, Carlos Roberto de Souza e José Inacio de Mello Souza os principais nomes. A terceira, com os ex-alunos André Klotzel, Ricardo Dias, Cláudio Kahns, Alain Fresnot, Cristina Amaral, Rogé-rio Corrêa, Pedro Farkas, entre muitos outros. E há uma quarta (com o “Quarteto Sinopse”: Newton Cannito, Leandro Saraiva, Manoel Rangel & Alfredo Manevy). Considero-me da terceira. Não fui aluna de Paulo Emilio, mas vivi sob total influência de suas ideias, graças a Rogério Costa Rodrigues, Vladimir Carvalho, Geraldo Sobral, entre outros professores.

Depois de organizar o livro-catálogo Paulo Emilio – O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, me pergunto se Paulo Emi-lio e sua obra ainda fazem a cabeça de novas gerações. Formou-se uma quinta leva de dis-cípulos? Parece que não. Por isso, espero que a reedição de sua obra, comandada pela Editora CosacNaif (em volumes ricamente ilustrados), e o livro – com o qual o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro o homenageia – sirvam para fertilizar novos corações e mentes, dispostos a abraçar algumas das causas que ele defendeu em seus produtivos 60 anos de vida. ) )

*Este texto foi originalmente escrito para o livro Paulo Emilio

– O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tanto, que será lançado no Festival de Cinema

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2*o bombeiro incendiárioé uma incandescência, resides?

trouxe o trashpagou em cash

sacou o coltvirou cult

1*cinema

no tapete voador

(tapete sem topete

que topa tudo)

é cultura

ou crack, disse o zé

dessa mata não sai cachorro

(ele não é

um intelectuau-au-au)

por N

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3**bota um tênis

para ir à academia

malhar o cérebro

assistindo a filmes-cabeça

pena que acabou

o cérebro

ou o filme-cabeça?

4**paraibano

velho de guerra

1 m e 63 cm de talento

(11 cm a mais que napoleão)

sua família são os cangaceiros, diz

valente? mais que valente!

insistente!

teimoso? mais que teimoso!

nordestino!

5*amado cinema

ficava no gama

tinha nome de praia

mas vinicius

nunca passou

uma tarde lá

6*criou o festival

amante do cinema

mais que cinéfilo:

filósofo

um grande nome

Respostas:1 José Damata – 2 Afonso Brazza – 3 Cine Academia – 4 Vladimir Carvalho 5 Cine Itapoã – 6 Paulo Emilio Salles Gomes

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É O MESMONÃO REPORTAGEM

O JEITO DEESCREVER

SHIN CA 1 Lote A Sala 349 | Deck Norte Shopping – Lago Norte Brasília/DF

www.editorameiaum.com.br | 61 3468.1466

Mas os princípios do bom jornalismo permanecem. Apuração

benfeita, compromisso com a informação, criatividade e respeito à

língua portuguesa não ficam ultrapassados. Na internet ou no papel,

produzimos o conteúdo de que você precisa para se comunicar

com o seu público. Textos e imagens. Revistas customizadas.

Boletins. Livros institucionais. Ou o que você inventar.

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Evolução

[email protected] [email protected]

Partofilmado

Texto ANdré CuNhA Ilustração FrANCIsCo BroNZE

Brasília nasceu filmada e cresceu filmando. Hoje tem um festival de prestígio e exporta talentos, mas a especulação

imobiliária acabou com os seus cinemas mais queridos

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“Diga a ela que vou pra Goiás e de lá mando dinheiro.” Na década de cinquenta, era assim que muitos trabalhadores partiam, mal se despedindo de suas famílias. Iam em busca do sonho de Juscelino, o de construir Brasí-lia. Quem conta a história é um dos pioneiros candangos em Conterrâneos velhos de guerra, documentário de Vladimir Carvalho que re-gistra em fotograma o nascimento da cidade e a criação dos seus primeiros mitos.

As imagens de arquivo de Conterrâneos co-brem momentos marcantes: a inauguração da cidade, em 1960, com direito a festa e a fogos de artifício; a chegada da seleção de fu-tebol campeã do mundo em 1970 (reza a lenda que Pelé teria pedido para descer do carro de bombeiros na 109 Sul para comer o famoso quibe do Beirute); a visita do papa, em 1980; e o enterro de Juscelino, que morreu em cir-cunstâncias misteriosas e levou mais de cem mil pessoas às ruas.

Os figurantes dessas imagens antigas, os primeiros candangos que vinham fazer di-nheiro na Cidade Livre, hoje Núcleo Bandei-rante, logo descobriram que o sonho de Jus-celino era para poucos. Eles haviam erguido os prédios e as escolas, mas eram os filhos dos burocratas que iam morar e estudar lá dentro. O “céu aberto pra ganhar dinheiro” se trans-formara em trabalho semiescravo, e muitos tombavam no caminho.

Espremidos no Paranoá e no Morro do Urubu, hoje Ceilândia, sofreram com epide-mias (uma de meningite matou muita gente) e com a truculência das construtoras. Conta--se de um motim em que mais de quarenta trabalhadores foram chacinados. Os primei-ros sindicatos só surgiram depois de muitos prédios já estarem erguidos.

“A imagem tornou-se fundamental para a re-presentação de Brasília”, diz a antropóloga Ariana Timbó Mota em O cinema brasiliense em uma narra-tiva antropológica. Ariana conta como o norte-ame-ricano Eugene Feldman e os fotógrafos franceses Jean Mazon e Marcel Gautherout, preferidos de Juscelino, registraram em filme e película a gesta-ção e o parto de Brasília, legando-nos um arquivo de grande valor histórico.

Pouco depois, em plena ditadura, Joaquim Pedro Andrade filmou Brasília: contradições de uma cidade nova, que revela a cidade no frescor dos seus sete anos. O narrador constata que “o plano dos arqui-tetos propôs uma cidade justa, sem discriminações sociais, mas à medida que o plano se tornava reali-dade os problemas cresciam para além das frontei-ras urbanas em que se procuravam conter”.

Depois de mapear o território do Plano Piloto e do Entorno e de entrevistar candangos e funcioná-rios públicos, conclui: “Na verdade são problemas nacionais, de todas as cidades brasileiras, que nes-ta generosamente concebida se revelam com insu-portável clareza”. Em evidência desde cedo, a se-gregação de renda em Brasília serve de espelho para o resto do território brasileiro. O conflito Zona Sul x Periferia da antiga capital se reproduzia na forma Plano Piloto x Entorno, variação do Brasil Rico x o Brasil Pobre que conhecemos desde o começo.

A frustração gerada por essa Brasília que não deu certo, somada aos desmandos dos políticos, gerou algum ressentimento. Natural que essa ci-dade superexposta e alvejada de críticas por todos os lados sofresse, em algum momento da sua his-tória, um sarrafo cinematográfico – o que ocorreu em Redentor, comédia com Pedro Cardoso que conta a história de um homem simples esmaga-do pela roubalheira e pela politicagem dos pode-rosos. Num delírio, ele vê Brasília destruída por um raio fulminante e o Plano Piloto se desintegrar num cogumelo atômico.

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Uma cidade contraditória

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Fazer porra nenhumaJosé Eduardo Belmonte, cineasta cresci-

do e formado em Brasília, também não devia estar muito feliz quando escreveu o monó-logo que abre A concepção: “As únicas saídas de Brasília são o hospício, o aeroporto e o serviço público (...) Ficar embaixo do bloco, fazer porra nenhuma, estudar pra concurso, ter uma banda de merda, querer ser o Rena-to Russo. Cá entre nós, Brasília é uma merda. Calor de merda, seca pra caralho, parece que tá o tempo inteiro com dor de garganta”.

O personagem vivido pelo ator Muri-lo Grossi em Subterrâneos, outro de filme de Belmonte, não é menos incisivo. Filmado em estilo de guerrilha no Conic, um dos lugares mais labirínticos de Brasília, Subterrâneos apresenta um escritor perturbado, com mil dilemas internos, perdido e apaixonado entre os camelôs e os escritórios, passando por cor-redores, autarquias e sindicatos. “Todo mun-do é puta, você é puta”, diz a um interlocutor, transmitindo, sem dúvida, um sentimento.

Igualmente viscerais são os filmes de Afonso Brazza, o lendário bombeiro que re-solveu virar cineasta nos anos oitenta. Autor de clássicos do cinema trash como Gringo não perdoa, mata e Tortura selvagem – a gra-

de, Brazza fazia filmes de micro-orçamento e com a ajuda de amigos. As histórias versavam sobre guerra de gangues numa ilha perdida no meio do Planalto.

Cansados de “fazer porra nenhuma”, Brazza e Belmonte ligaram as suas câmeras e conquistaram território. Como Vladimir, começavam a colonizar os espaços vazios e a contar a história de um lugar no planeta.

Nós também temos tapete vermelho

Ao lado da arquitetura modernista de Nie-meyer e da bossa nova de Tom Jobim, o Cine-ma Novo de Glauber era visto, na década de 60, como a expressão de um Brasil ousado e criativo. Nesse clima foi criado o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na primeira edição, em 1965, duas estreias que mexeram com o público: A hora e vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos, baseada na obra de Gui-marães Rosa, e A falecida, de Leo Hirzsman, inspirada em Nelson Rodrigues.

Bom sinal que o festival começasse home-nageando dois escritores de peso, pois uma de suas marcas daí para a frente seria passar filmes de cineastas pensantes e dar chance real aos novos talentos. Idealizado por Paulo Emilio Salles Gomes, ele seria um sopro cos-mopolita no Cine Brasília uma vez por ano. A cidade teria agora o seu evento de gala, o seu red carpet. No ano seguinte, Leila Diniz, que lançava o filme Todas as mulheres do mundo, ia chamar a atenção na pérgula do Hotel Nacio-nal e nas festas, para delírio dos jornalistas e do público.

O festival foi suspenso de 1972 a 74 por motivos políticos e voltou em 75 para se in-corporar, com o bloco Pacotão no carnaval e o réveillon na Esplanada dos Ministérios, ao calendário cultural dos moradores. De lá para cá, revelou filmes e diretores importantes. O público, muitas vezes descrito como “bastan-te crítico”, foi responsável por vaias homé-ricas e aplausos esfuziantes ao longo desses mais de quarenta anos.

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Em ascensão mesmo“O cinema daqui está em ascensão e tem um futuro

promissor”, diz Flavio Chacal Geromel, que há alguns anos trabalha com cinema em Brasília. Já foi assistente de fotografia, iluminador, contrarregra e produtor em longas e curtas. Também já atuou. Em Somos tão jovens, que Antô-nio Carlos Fontoura filmou há pouco na cidade e que narra a adolescência do líder da Legião Urbana, faz uma ponta como um policial que dá uma dura em Renato Russo.

Entre os novos talentos da cidade, Geromel destaca Jimi Figueiredo, Bruno Torres, Iberê Carvalho e Rafael Lobo. E lembra que René Sampaio está finalizando outro filme inspirado em Renato Russo: Faroeste Caboclo, que conta a saga de João de Santo Cristo, que na capital encon-tra o mesmo destino dos primeiros candangos.

Por outro lado, a cidade exporta talentos como a pró-pria Legião Urbana. Murilo Grossi já representou o cine-ma nativo em vários momentos, além de brilhar na Rede Globo. Mas nada se compara ao currículo afetivo de Julia-no Cazarré, outro ator da cidade, no cinema.

Faz par com Maria Flor no novo filme de Fernando Meirelles, 360. Teve uma relação passional com Leandra Leal em Nome próprio. E esteve aos beijos com Deborah Secco em Bruna Surfistinha. Está em ascensão mesmo.

Cinemark, Multiplexe Platinum

Antigamente, os cinemas tinham nome. Na época da construção, funcionava o Cine Bandeirante, na Cidade Livre. Em 73, uma novidade: o Drive-In, onde se podia ver o fil-me do carro, ao estilo norte-americano.

Na Asa Sul, havia o Karin e o Cine Cultura. No Conjunto Nacional, o Astor e o Márcia. No Conic, por muito tempo funcionaram o Mi-guel Nabut, o Badia Helou e o Bristol, além do Cine Ritz, especializado em filmes adultos. O mais prestigiado era o Atlântida.

Havia ainda o Cine Lara, em Taguatin-ga, e o Cine Itapoã, no Gama. No Gilberto Salomão, o Cinema Espacial abrigava três telas dispostas em círculos. A Academia de Tênis tinha uma programação globa-lizada, que fugia dos filmes comerciais e dos grandes lançamentos.

Dessas salas, muitas foram vendidas e transformadas em igrejas evangélicas. Ou-tras faliram. A Academia de Tênis sofreu um incêndio e o empreendimento mudou de dono. O Cine Ritz foi fechado sob a denúncia de que, após as exibições dos filmes pornôs, as dançarinas iam além do striptease com os espectadores.

Apesar das dificuldades, o Drive-In continua.

Hoje, quase todas as salas estão em shop-ping centers e agregam a palavra shopping ou mall ao nome. Em tempos de Cinemark e Kinoplex, ir ao cinema tornou-se um hábi-to menos prosaico. Ver um filme com a fa-mília agora implica pagar estacionamento e ser assolado pelo merchandising das bom-boniéres, que vendem de nachos mexicanos a brinquedos.

Uma sala Platinum anuncia “poltronas reclináveis de couro ecológico azuis, que têm apoio para os pés, como as dos aviões da primeira classe”. E oferece a Pipoca Del To-rero, que leva “azeite de pimenta, cardamo-mo e sal virgem temperado com especiarias (R$ 15 a pequena)”. ) )

Um roteiro imprevisível

A cinéfila da Asa Sul

A história de Kate, que sonhava em fazer sua grande estreia cinematográfica, tem drama, terror, pastelão. Será que acaba em romance?

Texto PATrICk sELVATTI Ilustração WErLEy kröhLING

CoNto

[email protected] [email protected]

Kate era assídua do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Aliás, de todos os festivais rea-lizados em Brasília, em especial os do Cine Brasília. Ainda me-nina, no início dos anos 80, Kate já ficava na janela de seu aparta-mento, na 107 Sul, observando, encantada, o mais antigo cinema da capital federal. Admirado-ra precoce da sétima arte, Kate criava filmes imaginários que seriam exibidos na grande tela. Na adolescência, decidiu: assim que saísse do Colégio Militar, entraria na UnB como aluna de artes cênicas e, um dia, atuaria

em uma superprodução cinema-tográfica. Até nome de diva ela já tinha: Kate Palmeira, que obvia-mente se transformaria em Pal-mer. O que ela não tinha mesmo era o physique du rôle de que ne-cessitava para brilhar na telona ao lado dos galãs que idolatrava. Era uma moça alta, encurvada, muito acima do peso para não dizer gorda e ainda usava óculos de grau e aparelho nos dentes do tipo freio de cavalo.

Apesar de tanta paixão pelo cinema, Kate nunca trabalhou na área. Formou-se na UnB, mas, desprovida de beleza e

sem o menor talento para o hu-mor, não foi bem-sucedida na carreira de atriz. Para produzir cinema, precisaria de recursos financeiros que não possuía – nem o recurso nem o talento para captá-lo. A solução foi tra-balhar em uma videolocadora, ali mesmo, no comércio ao lado de sua quadra. Uma loja bonita, repleta de pôsteres de filmes. Ali, nos anos seguintes, sonha-ria com galãs como Mel Gibson, Kevin Costner, Gerard Depar-dieu, Antonio Banderas, entre muitas opções de títulos, do in-fantil ao adulto, passando pelo

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terror, pela comédia, pelo romance e pelo policial de que o Carlos tanto gostava.

Carlos era o namorado de Kate. Conhece-ram-se no antigo Cine Márcia, no Conjunto Nacional, em 1994, durante uma exibição de Pulp fiction, do Quentin Tarantino, ganhador da Palma de Ouro de Cannes naquele ano. Mas o jovem rapaz nem sabia disso: queria mesmo era ver a Uma Thurman dançando com o John Travolta… Carlão, para os ínti-mos, era professor de educação física, dava aulas em escola pública e particular, um ver-dadeiro atleta na difícil maratona de pagar as contas no fim do mês, mas sempre bem-hu-morado, sorridente. Um rapaz muito boni-to para o que se podia esperar de uma moça tão, digamos assim, mal-enjambrada. Alto, forte, cabelos negros contrastando com os olhos azuis. Ninguém acreditava no que via.

***Kate imaginou um casamento de cinema.

A ocasião seria a primeira produção cine-matográfica da carreira de cineasta de Kate Palmeira. Ela própria dirigiu, mesmo sendo a protagonista. Criou o roteiro na cabeça, pediu a um amigo que colocasse no papel as ideias dela, elegeu um diretor de fotografia e conduziu tudo – desde os preparativos, pas-sando pela despedida de solteira, as provas do vestido, a cerimônia realizada na Igreji-nha da 307 Sul e a festa no Clube do Exérci-to – como se fosse um filme. E foi, mas nada que se comparasse a um conto de fadas. Du-rante a gravação de uma cena na festa, Kate teve a grande decepção de sua vida. Antes mesmo da tão sonhada lua de mel, que mar-caria o clímax da produção cinematográfica, descobriu que Carlão gostava mesmo era de homem e mantinha um relacionamento com um famoso atleta da cidade que se preparava para as Olimpíadas daquele ano em Atlanta. Namorou Kate e casou com ela para manter as aparências. Ela flagrou os dois musculo-sos rapazes aos beijos em um dos banheiros do clube. A gravação vazou e o escândalo saiu na mídia. O atleta não foi para as Olimpíadas

e Kate continuou solteira – e virgem. E não havia quem não comentasse o seu filme tris-te nos arredores do Distrito Federal.

Depois desse escândalo, Kate passou os anos seguintes enclausurada na sua vergo-nha. Teve um namorico aqui, outro lá, mas nenhum homem que conseguisse levá-la para a cama, tampouco para o altar. Sua úni-ca tentativa de perder a virgindade foi com um sujeito que tinha o mesmo nome do Le-onardo Di Caprio, o galã da vez, que arrasava corações de moçoilas românticas ao contra-cenar, com outra Kate, a Winslet, no filme Titanic, grande sucesso do cinema daquele ano de 1998. Dada a coincidência cinema-tográfica, tentaram repetir a cena do filme: dentro de um carro, no estacionamento 10 do Parque da Cidade. Mas a cena que deveria ser romântica – ou no mínimo erótica – foi digna de comédia pastelão. Primeiramente, Leonardo não conseguia nem abrir o sutiã de Kate nem ficar no ponto necessário para a execução do ato; depois, enrolou-se na ta-refa de abrir a embalagem do preservativo e também de colocá-lo em seu devido lugar. Por sua vez, Kate, bem gordinha, não conse-guia encontrar a melhor posição para rece-ber o rapaz entre suas pernas e, de tanto mo-vimentá-las de um lado para o outro, acabou por acertar uma delas no nariz de Leonar-do. Mesmo com dor e sangue escorrendo, o atrapalhado casal iniciou o ato, mas, na hora H, foi surpreendido pela chegada das famo-sas joaninhas. Resultado: uma boa bronca dos vigilantes do parque e nada de cópula.

Kate decidiu seguir sua vida trabalhando de atendente na videolocadora e suas noites se resumiam em assistir a filmes e mais fil-mes. Do K7 ao DVD ao blu-ray, passando por todos os festivais até os dias de hoje. Guar-dou tanto dinheiro que, no ano 2000, acabou comprando a loja. Agora era proprietária de uma videolocadora, a mais antiga e tradicio-nal da Asa Sul. E seu destino, pelo visto, se-ria o mesmo da Bridget Jones: escrever um diário revelando as suas qualidades e os seus defeitos, seus problemas com o trabalho, a

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busca do príncipe encantado, a luta pela per-da de calorias, para largar o cigarro etc.

***E foi assim, até que, no ano passado, sur-

giu em sua vida o Walter. Não o Salles nem o Carvalho, mas o Silva mesmo. Conhece-ram-se no Cine Brasília, após a exibição de plateia vazia da reprise de um clássico do cinema francês, Le fabuleux destin d’Amélie Poulain. Estava frio, ventava e Kate não con-seguia acender seu cigarro quando Walter surgiu, isqueiro a postos, chama bem alta. Era produtor cultural, alto escalão do Minis-tério da Cultura, na área de audiovisual. Um amante do cinema como Kate, mas muito longe do estereótipo físico de Carlão: alto e magro feito um varapau, careca e de bigode. Aos quarenta anos de idade, para quem não via perspectiva de se relacionar novamente um dia, estava bom demais.

Kate e Walter marcaram o casamento e, desta vez, sim, prometeu o noivo, seria um casamento de cinema. A data escolhida foi 29 de abril de 2011, sem sequer imaginarem que, na mesma data, na Abadia de West-minster, em Londres, o príncipe William também se uniria pelos laços do matrimônio a sua namorada de nome… Kate Middleton. A coincidência fez com que a Kate brasi-liense sofresse. Algo lhe dizia que o fracasso de bilheteria estava batendo à sua porta em mais uma sessão de cinema. Mas Walter não permitiria: prometeu que, se o enlace matri-monial da corte inglesa seria o assunto mais comentado do mundo, o deles ganharia pelo menos repercussão na corte brasileira. Seria um casamento inesquecível. Pediu que Kate se preocupasse apenas com o vestido de noi-va. Que lhe desse a lista de convidados que ele mesmo faria os convites.

Kate não sabia por que, mas confiava em Walter. Deixou tudo em suas mãos e focou apenas o seu figurino. Parou de fumar, subs-tituiu os óculos por lentes de contato, ema-greceu quase 20 quilos a duras penas e, no grande dia, estava bem bonita e bastante an-

siosa com a surpresa que seu noivo reserva-va. Naquela manhã de sexta-feira, enquanto a plebeia Kate Middleton ganhava os holofo-tes do mundo inteiro em seu casamento de princesa, a brasiliense Kate entrava em uma linda limusine a caminho da cerimônia do seu tão sonhado enlace matrimonial. Entre-tanto, o rosto da noiva estava coberto por um belo véu que impedia sua visão. Fazia parte da surpresa de Walter que Kate nem descon-fiasse onde era o local de sua cerimônia.

Com seus contatos no governo, não foi di-fícil para Walter conseguir a autorização de que precisava. O local da cerimônia, entre-tanto, foi revelado aos convidados somente na noite anterior. Dentro da limusine, Kate nem sequer imaginava que o Cine Brasília, palco dos festivais que tanto apreciava, ha-via se transformado no cenário da realização de um sonho. A surpresa foi revelada só no momento em que desembarcou da limusine na lateral por onde anualmente entravam e saíam grandes nomes do cinema nacional. Fotógrafos e cinegrafistas a aguardavam, ao lado do tapete vermelho estilo cerimônia de Oscar, por onde, ao som do tema de Carrua-gens de fogo, realizaria seu ingresso.

No interior do cinema, Kate encontrou plateia tão lotada quanto a concorrida noite de abertura do Festival de Cinema. No pal-co, os mesmos apresentadores do festival conduziriam o cerimonial. O noivo, Walter, recebeu a noiva sob aplausos do grande pú-blico. Kate realizava, assim, o seu grande sonho: casava e estreava no cinema em cli-ma de superprodução hollywoodiana, com o bônus da cobertura jornalística da grande imprensa brasileira. Afinal, a Kate de Brasí-lia não foi levada ao altar da Abadia de West-minster por um príncipe britânico, mas um casamento realizado dentro de um cinema era digno de manchete de jornal. E, para co-roar com todos os Oscars possíveis, o filme da cinéfila da Asa Sul teria seu happy ending nos Estados Unidos, em Los Angeles, em um charmoso hotel com vista para o famoso le-treiro de Hollywood. ) )

No ano passado,

surgiu em sua vida o

Walter. Não o Salles nem o Carvalho, mas o Silva mesmo. Era

produtor cultural, alto

escalão do Ministério da

Cultura.

Quem é mocinho, quem é bandido?Nos filmes mais antigos, mocinhos e bandidos eram fa-cilmente identificados. Até pelo rosto, pela aparência, pelo jeito de vestir. Politicamente incorretos, cowboys e a cavalaria eram os bons, índios preocupados em preservar a natureza eram os maus. Nos filmes de guerra ninguém torcia pelos alemães ou pelos japoneses – a não ser bem intimamente, sem demonstração de simpatia pelo nazis-mo. Havia personagens dúbios, claro, mas a norma era que ou se estava de um lado ou de outro.Hoje a distinção entre os bons e os maus não é tão nítida, o que é bom. O maniqueísmo cinematográfico acabou. Há nuances, diferentes tons até do cinza, bons que não são tão bons assim, malvados com os quais simpatizamos. Há mais complexidade nos personagens. O julgamento depende do ponto de vista do espectador, de suas convicções, de sua visão de mundo. Vilões podem ser vistos com condescen-dência, bonzinhos podem ser muito chatos. O cinema, na verdade, reflete mais a realidade do mundo atual, em que velhos paradigmas são constantemente transformados e mesmo colocados de cabeça para baixo. E no qual os mo-cinhos (?) e os bandidos (?) se misturam na maior alegria.

Arena e MDB Na política, o bem e o mal também não são tão nítidos. A qualificação depende da perspectiva política que se tem. Só nos tempos da ditadura era relativamente fá-cil classificar os políticos de acordo com sua ideologia, com suas posições. Os que apoiavam e davam sustentação civil aos militares no poder se agrupavam na Arena – Aliança Renovadora Nacional –, que já foi chamada de o maior partido político do ocidente. Nela, ex-UDNs e ex-PSDs trava-vam suas batalhas municipais e estaduais. Os que se opunham à ditadura estavam no MDB – Movimento Democrático Brasilei-ro –, no qual havia um grupo moderado e outro radicalizado, autodenominado de

Tudo misturadoMas todos tiveram de fazer alianças com ex-adversários, para garantir maioria no Congresso e poder governar. Itamar ainda manteve uma relativa distância deles, daí em diante fez-se a confusão: o PSDB de Fer-nando Henrique aliou-se ao PFL, que virou DEM. No governo de Lula e de Dilma estive-ram e estão figuras que foram importantes na época dos generais, dos almirantes e dos brigadeiros. Estão no próprio PMDB, no PR, no PP, no PRTB e por aí adiante. Por isso a aliança de poder vai da direita à esquerda, e a oposição tem o DEM e o Psol. Seria bom se, pelo menos, cada um pudes-se identificar seus bandidos e mocinhos. A luta política seria mais clara.

“autêntico”. No MDB conviviam liberais, trabalhistas, socialistas, comunistas.Fosse como em um filme antigo de moci-nhos e bandidos, derrotada a ditadura os oposicionistas assumiriam o poder, pelo menos nos primeiros momentos do novo regime. Foi assim em outros países, como Argentina, Uruguai, Chile, Portugal, Es-panha, Grécia. Mas não aqui. O primeiro presidente da República pós-ditadura, José Sarney, tinha sido presidente da Are-na. Foi sucedido por outro ex-arenista, fi-lho de senador da Arena, Fernando Collor. Só depois do impeachment é que vieram os presidentes que faziam oposição à dita-dura: Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula e Dilma.

CaIxa-PrEtapor mIguEL OLIVEIRA (INtERINO)

Fora dos Eixos

A periferia no centroBrasília foi retratada com curiosidade, encanto e desencanto por cineastas de todas as origens. A Brasília real, reflexo do perverso modelo socioeconômico

brasileiro, agora mostra a cara pelas mãos de cineastas das satélites

Texto sérGIo MorICoNI Foto ANToNIo NEPoMuCENo

vIDa rEal

[email protected]

Não é de hoje que a Brasília épica dos tempos pioneiros se desvaneceu das telas de cinema como a espuma do mar. Se for possível estabelecer um mar-co definidor para a mudança de percepção de nossa mítica ca-pital modernista no imaginário local e nacional, escolheríamos sem dúvida o Golpe de 1964. Foi ali que a cidade utópica, imagi-nada por Juscelino Kubitschek, Oscar Niemeyer e Lucio Costa, registrada em película pelos ci-negrafistas pioneiros e por inú-meros realizadores brasileiros e estrangeiros, deixou de ser o símbolo de redenção de um Bra-sil arcaico para se tornar a sede de uma ditadura militar, per-petuadora do atraso e das mais atrozes ignomínias. A degrada-ção do simbolismo positivo de Brasília foi surgindo no cinema

da cidade aos poucos, à medida que a periferia da capital come-çou a ocupar um lugar de des-taque em obras documentais e mesmo ficcionais.

Nos anos 70, o fracasso do quimérico projeto urbano de Lucio Costa saltava aos olhos: o aumento das invasões e a fave-lização das inúmeras cidades--satélites eram como que a ale-goria desse fracasso. A culpa, obviamente, não era do projeto urbanístico em si, mas do mo-delo social do País. Costuma-se identificar Vladimir Carvalho como o cineasta que ousou fa-zer explodir no cinema as ma-zelas sociais da capital. O curta Brasília segundo Feldman (1979) e o longa Conterrâneos velhos de guerra (1990) não nos deixam mentir. Antes, porém, o chama-do “entorno” já estava no centro

do interesse de vários cineastas da cidade. Ainda que semiama-doristicamente, eu mesmo re-alizei em 1976, em super-8 (o digital da época), Ceilândia 76, curta-metragem sobre a vida dos recém-erradicados mora-dores da “Invasão do IAPI” para aquela cidade-satélite. Dois anos depois, faria outro curta, Carolino Leobas, documentário sobre um poeta de cordel que vivia naquela cidade.

Em 1982, Armando Lacerda dirigiria Taguatinga em pé de guerra, drama sobre lavadeiras que se revoltam pela perda de uma bomba d’água na quadra em que moravam, em Tagua-tinga. O curta era uma adapta-ção da peça cômica Brasília, a capital da esperança, baseada em episódios reais. A ironia do título nos remete a todo um

41

cinema brasiliense contemporâneo, muito ciente das contradições da nova capital no seu primeiro meio século de existência. Curiosamente, essas contradições foram primeiro percebidas e levadas para o cine-ma por um cineasta “de fora”, já que aqui, na segunda metade dos anos 60, ainda não havia uma geração formada na cidade. O pioneiro curso de cinema da Universidade de Brasília, criado em 1965 por Paulo Emi-lio Salles Gomes, a convite de Pompeu de Sousa, havia sido abortado pelos militares e vivia um período de limbo, antes de ser retomado precariamente entre 1970 e 1972.

Brasília, contradições de uma cidade nova (1967), de Joaquim Pedro de Andrade, era para ser originalmente um filme institucio-nal, patrocinado pela multinacional italiana Olivetti. A empresa, no entanto, constran-gida com a crueza das imagens das invasões (as nossas favelas), impediu que o filme fosse exibido. Narrado pelo poeta Ferreira Gullar, Contradições transforma-se, então, numa obra banida. Mas vejam que história curiosa: quarenta e cinco anos depois, os ci-neastas Getsemane Silva e Santiago Dellape homenageiam o filme de Joaquim Pedro, no ainda inédito Plano B, documentário de longa-metragem que analisa as contradições da cidade hoje (foto). Os diretores se valem da presença, como entrevistados, de Affon-so Beato (fotógrafo), Joel Barcelos (diretor de produção) e Jean-Claude Bernardet (roteirista e um dos professores do curso de cinema pioneiro da UnB) – todos rema-nescentes da equipe de Joaquim Pedro nas funções indicadas entre parênteses –, para fazer uma reflexão sobre os rumos e as dis-torções de Brasília, neste novo século, à luz de muitas das questões levantadas na obra que lhes serve de base.

Mais ou menos na mesma época em que Contradições foi produzido, a imprensa no-ticiou a intenção do cineasta Álvaro Guima-rães de utilizar Brasília como cenário de uma fantasmagórica ficção, em que a nossa capi-tal estaria sitiada por um anel de monstros.

Esses “monstros” seriam os esfomeados habitantes das cidades situadas em torno do Plano Piloto. Autor de Caveira my friend, clássico do cinema marginal, o cenógrafo, dramaturgo e ator baiano (amigo de Cae-tano Veloso) imaginou um macabro terror trash, em que os desempregados e esfome-ados da periferia se tornam feras incapazes de se comunicar “e a simples visão de uma pele cor-de-rosa desperta neles uma agres-sividade incontrolável e feroz”. Estuda-se a possibilidade do uso da força, mas um cien-tista cria “um gás que tem por efeito tornar os gaseados amáveis e amantes do trabalho. A situação volta à normalidade e o produto maravilhoso é usado em âmbito nacional”.

As citações acima estão em Brasil em tem-po de cinema (Companhia das Letras), de Je-an-Claude Bernardet. A fantasia lúgubre de Álvaro Guimarães, ao que parece, não deixa de fazer sentido nos dias de hoje. Apesar da volta da democracia, um simples olhar em volta nos mostra um contexto socioeconô-mico muito semelhante. Jovens cineastas da cidade não lhe são indiferentes, como bem demonstra a revisão de Brasília, contradições de uma cidade nova efetuada por Getsemane Silva e Santiago Dellape em Plano B. Neste novo milênio, a novidade é que realizadores criados nas cidades-satélites começam a as-sumir a perspectiva negativa do “mito fun-dador” de Brasília. Adirley Queirós é uma das vozes das satélites do cinema brasilien-se. A voz da Ceilândia, mais especificamen-te. Filmes como Rap – o canto da Ceilândia, Dias de greve, A cidade é uma só são marcos do que o diretor chama de um “cinema de fora dos Eixos”. Adirley está finalizando o do-cumentário de longa-metragem Branco sai, preto fica, também rodado na Ceilândia. O filme trata de amputados, vítimas da vio-lência policial nos anos 80. Ao que pare-ce, o gás paralisante imaginado por Álvaro Guimarães não amansou todas as “feras” da periferia, muito menos aniquilou sua ca-pacidade de se indignar, denunciar, enfim, de se comunicar. ) )

[email protected]

CHargEs Do gougoN

45° Festival de Brasília

43

do cinema brasileiro

Cinema VoadorDe 19 a 23 De setembro, haverá exibição De filmes nacionais na Praça Da Qe 7 Do Guará 1, semPre às 19h.

De 17 a 24 De setembro, no teatro nacional clauDio santoro. a ProGramação é Gratuita, exceto nas sessões Da mostra comPetitiva na sala villa-lobos (r$ 6 a inteira). as sessões estão sujeitas a lotação. verifiQue a classificação em www.festbrasilia.com.br.

mostra CompetitiVa sala villa-lobos (teatro Nacional), teatro Newton

rossi (sesc Ceilândia), teatro de sobradinho, teatro

Paulo autran sesc (taguatinga) e teatro do sesc

(Gama). No dia seguinte à exibição, os filmes

serão reprisados no cinema do Centro Cultural

Banco do Brasil, às 16h, 19h e 21h.

18 de setembro, às 19h

Câmara esCura, Curta doCumeNtário de

marCelo Pedroso, 25miN, Pe

as imagens dos objetos iluminados penetram um

compartimento escuro através de um orifício, sendo

impressas em um papel branco a certa distância

desse pequeno furo. desse modo, é possível ver no

papel os objetos invertidos com as suas formas e

cores próprias.

um filme para DirCeu, loNGa doCumeNtário de aNa JohaNN, 80miN, Pr

recebo uma ligação. a pessoa quer fazer um filme

sobre sua vida porque tem semelhanças com 2

filhos de francisco, com a diferença de não ser o

Zezé nem o luciano, mas o dirceu. aos 17 anos,

ficou paraplégico. voltou a andar e, um ano depois.

É gaiteiro e sonha viver da música. a proposta é

acompanhar o dirceu por três anos e incorporar o

próprio processo do filme ao documentário.

18 de setembro, às 21h

linear, Curta aNimação de amir admoNi, 6miN, sP

a linha é um ponto que saiu caminhando.

Canção para minha irmã, Curta FiCção de Pedro severieN, 18miN, Pe

um rio sobre a ponte. memórias na casa sem teto.

irmã triste. uma canção.

eles voltam, loNGa FiCção de marCelo lordello, 100miN, Pe

Cris, uma garota de 12 anos, e seu irmão mais

velho são deixados na beira da estrada pelos pais.

o castigo, devido às constantes brigas durante

a viagem à praia, torna-se desafio: os pais não

retornam. Cris terá, então, que trilhar seu caminho

de volta, deparando-se com realidades distantes e

aberturasala villa-lobos 17 De setembro, às 20h30Na abertura solene, só para convidados, haverá

apresentação da orquestra sinfônica do teatro

Nacional. será exibido o longa-metragem a última

estação, de márcio Curi. No elenco, o libanês

mounir maasri, a atriz/poeta elisa lucinda e atores

de Brasília como Klarah lobato, João antonio,

Chico sant’anna, sérgio Fidalgo, adriano siri e

Narciza leão, além de convidados: edgard Navarro,

iberê Calvancanti, José Charbel. o filme é uma

narrativa poética e bem-humorada da trajetória de

um imigrante libanês. em 1950, o adolescente tarik

(massri) migra para o Brasil. No navio, conhece

cinco rapazes, que se tornam seus companheiros

de viagem. Cinquenta anos depois, viúvo e com

uma filha para criar, entra em crise profunda e

resolve viajar o Brasil atrás dos seus companheiros.

no Dia seGuinte à exibição Dos filmes Da

mostra comPetitiva, haverá Debate com

as eQuiPes. serão no salão caxambu Do

KubitscheK Plaza hotel. os Debates Dos

Documentários serão às 10h30. os Dos

filmes De animação e ficção serão às

11h30. o Debate Do filme aPresentaDo

na abertura Do festival será na manhã

seGuinte ao evento, às 10h30.

distintas da sua. uma fábula de tons, personagens e

situações realistas que auxiliarão Cris a revisitar sua

vida quando, finalmente, voltar.

19 de setembro, às 19h

a CiDaDe, Curta doCumeNtário de liliaNa

sulZBaCh, 15miN, rs

distante de centros urbanos, itapuã (rs) é uma

comunidade com hábitos bem característicos. a

localidade, que já abrigou 1.454 pessoas em 70

anos de existência, tem só 35 moradores, todos

acima de 60 anos. Ninguém gosta de lembrar o

que o lugar foi no passado, mesmo que para muitos

a lembrança se inscreva no próprio corpo.

Kátia, loNGa doCumeNtário de Karla

holaNda, 74miN, Pi

Kátia tapety é a primeira travesti eleita a um cargo

político no Brasil. Foi vereadora três vezes e vice-

prefeita. o filme é resultado de 20 dias de convívio

com ela no seu pequeno município, no sertão do

Piauí.

19 de setembro, às 21h

mais valia, Curta aNimação de marCo

túlio ramos vieira, 4miN22, mG

um macaco se sente aprisionado no seu trabalho,

pois não é feliz dentro de um escritório fazendo o

serviço que faz. decide largar tudo e se dedicar

àquilo de que gosta de verdade: a música.

vereDa, Curta FiCção de dieGo FloreNtiNo, 20miN, Pr

o pescador paira sobre a correnteza e sobrevive

das sobras do amor gasto. toma para si a beleza

que o mar revolto lhe deu em troca de sua vida.

a universidade de Brasília, com o segundo

curso de cinema mais antigo do País, tem papel

importante na produção audiovisual da cidade e na

realização do mais tradicional festival dedicado ao

cinema brasileiro – nascido no palco do auditório

dois Candangos da unB, na primeira semana do

cinema brasileiro. a proposta do seminário é refletir

sobre a formação de realizadores, profissionais

e pesquisadores do audiovisual, entrecruzando-a

com a modernidade de Brasília e a emergência de

um cinema novo e nacional que inaugura um olhar

singular sobre o interior e a diversidade brasileira.

9he Como tuDo Começou – meio séCulo

De Cinema na unB

a mesa reúne professores e alunos que, ao longo

dos anos 1960 e 70 fundaram, refundaram

e mantiveram o curso de cinema da unB –

legendária e utópica referência para o ensino do

audiovisual, marco da resistência democrática,

território da livre expressão e da arte. trechos

de filmes serão exibidos no início do encontro.

Participantes: vladimir Carvalho, Fernando duarte,

marcos mendes, Geraldo moraes, Pedro Jorge de

Castro e tizuka Yamazaqui.

14h Como tuDo Continuou – Dos anos 80

aos Dias De hoje

a mesa reúne a experiência do curso de cinema,

desde a perspectiva de diferentes gerações de

ex-alunos até as memórias e vivências afetivas

das diferentes fases do curso, dos momentos,

fatos, episódios que, durante os anos 70 e 80,

conferiram identidade ao cinema da capital.

trechos de filmes serão exibidos no início do

encontro. Participantes: sérgio moriconi, Pedro

anísio, João lanari, armando lacerda, maria do

rosário, mallú moraes e João Facó.

16h30 a universiDaDe nas telas Da CiDaDe – nossos alunos, professores e

realizaDores

a mesa reúne a atual geração de professores

e ex-alunos, hoje pesquisadores, profissionais

e realizadores de projeção nacional, para troca

de experiências e perspectivas para o cinema

na unB. trechos de filmes desses realizadores e

trabalhos interativos de professores e alunos serão

mostrados no início do encontro. Professores

convidados: armando Bulcão, dácia ibiapina, david

Pennington, denise moraes, erica Bauer, mauro

Giuntini, tânia montoro, Gustavo Castro, susana

dobal Jordan. ex-alunos convidados: andré

Carvalheira, andré luís da Cunha, adirley Queirós,

argemiro Neto, Cássio Pereira dos santos, daniela

Proença, dirceu lustosa, dizo dal moro, Érico

Cazarre, Felipe Gontijo, José eduardo Belmonte,

marcelo díaz, Nôga ribeiro, santiago dellape,

marcela tamm e adriana vasconcelos.

seminário memórias afetiVas: 50 anos de Cinema na unbKubitschek Plaza hotel – salão tiradentes

18 de setembro

4545° Festival de Brasíliado cinema brasileiro

a memória que me Contam, loNGa FiCção

de luCia murat, 95miN, rJ

drama irônico sobre utopias derrotadas, terrorismo,

comportamento sexual e a construção de um mito.

um grupo de amigos que resistiu à ditadura militar,

acompanhado dos filhos, vai enfrentar o conflito

entre o cotidiano de hoje e o do passado quando

um deles está morrendo.

20 de setembro, às 19h

a guerra Dos giBis, Curta doCumeNtário de thiaGo BraNdimarte meNdoNça e raFael

terPiNs, 19miN30, sP

Nos anos 60, surge uma criativa produção de

quadrinhos eróticos no Brasil. a censura, porém,

conspirava para o seu fim. satã, Chico de ogum,

Beto sonhador, maria erótica e outros personagens

se unem aos quadrinistas contra a ditadura neste

documentário em que a pior ficção é a realidade.

otto, loNGa doCumeNtário de Cao

Guimarães, 70miN, mG

o filme acompanha o processo de gravidez da

esposa do diretor e o nascimento de seu filho.

instintivo e visceral como um gesto. intimista e

confidente como um diário filmado. uma celebração

à vida, um filme de amor.

20 de setembro, às 21h

o gigante, Curta aNimação de luís da

matta almeida, 10miN35, sC

de um mundo escuro, ele sai à procura de um

mundo de luz e cor, percorrendo um caminho

árduo e perigoso. ao atingir esse sonho, percebe-o

volatilizar-se e se reduzir novamente a solidão e

silêncio, talvez por sua precipitação. retornando

a seu mundo real, volta a tentar, pois precisa de

respostas e de que a esperança permaneça viva.

a mão que afaga, Curta FiCção de

GaBriela amaral almeida, 19miN, sP

No aniversário de 9 anos do único filho, lucas, a

operadora de telemarketing estela planeja uma festa

que tem poucas chances de dar certo.

Boa sorte, meu amor, loNGa FiCção de

daNiel araGão, 95miN, Pe

dirceu tem origens que remontam à aristocracia

latifundiária do sertão pernambucano. vive no

recife, cuja paisagem sofre um descontrolado

processo de transformação, em parte graças ao

seu trabalho em uma empresa de demolição. maria

compartilha as origens, embora use a cidade para

outro propósito. É uma estudante de música com

alma de artista. se dirceu aspira a um mundo

estável e presente, maria vive em discordância

com o presente. a presença de maria, quase uma

aparição, desencadeia em dirceu a urgência por

mudanças. em uma rota de fuga e peregrinação

pelo deserto, um encontro singular está marcado.

21 de setembro, às 19h

empurranDo o Dia, Curta doCumeNtário de FeliPe ChimiCatti, Pedro Carvalho e

raFael Bottaro, 25miN, mG

“empurrar o dia” é uma expressão utilizada no

interior de minas Gerais. Nos últimos dias do ano,

o filme constrói um olhar sobre o cotidiano de

pequenos municípios. a fé, a religião, o trabalho,

a política e a comunicação de massa se diluem

na rotina, evidenciando uma forma específica de

relação com o passar das horas.

DoméstiCa, loNGa doCumeNtário de

GaBriel masCaro, 75miN, Pe

sete adolescentes registram, por uma semana,

a sua empregada doméstica e entregam o

material bruto ao diretor. o filme lança um olhar

contemporâneo sobre o trabalho doméstico no

ambiente familiar, transformando-se em um potente

ensaio sobre afeto e trabalho.

21 de setembro, às 21h

valquíria, Curta aNimação de luiZ

heNriQue marQues, 8miN32, mG

Baseado na ópera o anel dos nibelungos, narra um

conflito no qual o filho se volta contra o pai e por

isso deve ser punido. o amor da irmã poderá ser o

elo de reconciliação entre eles.

eu nunCa Deveria ter voltaDo, Curta FiCção de eduardo morotó, marCelo martiNs

saNtiaGo e reNaN BraNdão, 15miN, rJ

a foto do jantar com seus pais e irmãos liga dirceu ao

amor e à morte.

era uma vez eu, verôniCa, loNGa FiCção

de marCelo Gomes, 90miN, Pe

as reflexões de uma recém-formada em medicina,

que questiona suas escolhas profissionais e relações

mais íntimas, e até mesmo sua capacidade de lidar

com a vida no Brasil urbano contemporâneo.

seminário tendênCias do Cinema Contemporâneo: gêneros CinematográfiCos e suas interfaCesKubitschek Plaza hotel – salão Caxambu

19 de setembro, às 14h30

Com o avanço da indústria cinematográfica, criou-

se distinção entre cinema de indústria e cinema de

autor. Na produção contemporânea, tais fronteiras

vêm sendo borradas e questionadas. Com ataídes

Braga, eduardo santos mendes, Guile martins,

adirley Queirós e erika Bauer (mediadora).

45

22 de setembro, às 19h

a DitaDura Da espeCulação, Curta

doCumeNtário de ZÉ Furtado, 10miN20, dF

uma nova ditadura se instala Brasil afora: grandes

empreendimentos que passam literalmente o trator

por cima de culturas, saberes, vidas. No dF, a

especulação imobiliária acelera a destruição. este

filme – continuação de sagrada terra especulada:

a luta contra o setor noroeste, premiado no

44º Festival de Brasília – mostra que ainda há

resistência indígena e de seus apoiadores.

olho nu, loNGa doCumeNtário de Joel

PiZZiNi, 101miN, rJ

a vida-obra de Ney matogrosso a partir de imagens

e sons que o artista reuniu em casa, além dos

existentes em arquivos públicos, em contraponto

à performance de seu show inclassificáveis. É um

espetáculo-síntese de seu percurso musical, com

cenas e situações de Ney tanto nos palcos quanto

na vida cotidiana. evitando o tom nostálgico e

reverente, busca a dimensão humana e sensível

do personagem. desnuda o homem por trás da

fama, sondando as motivações de sua arte, o senso

crítico, o caráter libertário e o ideário político que

permeia seu repertório.

22 de setembro, às 21h

phantasma, Curta aNimação de

alessaNdro Corrêa, 10miN20, sP

uma jovem cantora de ópera busca o estrelato com

a ajuda de um misterioso personagem. Não imagina

os horrores que a aguardam no caminho da fama.

vestiDo De laerte, Curta FiCção de Claudia

PrisCilla e Pedro marQues, 13miN, sP

laerte percorre um longo caminho pela cidade de

são Paulo em busca de um certificado.

noites De reis, loNGa FiCção de viNiCius

reis, 93miN, rJ

anos após uma tragédia, dora e sua filha Júlia

retomam o cotidiano. É dezembro. os palhaços e

músicos da Folia de reis dançam pelas ruas de

uma pequena cidade do litoral do rio de Janeiro.

Para dora, ir à praia é reencontrar seu filho

lucas, cujas cinzas repousam no mar. uma visita

inesperada abalará essa rotina. É Jorge, o marido

de dora, que partiu no dia seguinte ao incêndio

que matou lucas. sua chegada traz de volta a dor

da perda do filho, da falta do irmão. dessa crise se

abre a possibilidade de superação.

23 de setembro, às 19h

a onDa traz, o vento leva, Curta doCumeNtário de GaBriel masCaro,

24miN47, Pe

rodrigo é surdo e trabalha instalando som em

carros. o filme é uma jornada sensorial sobre

um cotidiano marcado por ruídos, vibrações,

incomunicabilidade, ambiguidade e dúvidas.

elena, loNGa doCumeNtário de Petra Costa,

82miN, sP/mG

elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da

mãe: ser atriz de cinema. deixa para trás uma infância

na clandestinidade dos anos de ditadura militar. deixa

Petra, a irmã de 7 anos. duas décadas mais

tarde, Petra também se torna atriz e vai em busca

de elena. tem pistas. Filmes caseiros, recortes

de jornal, um diário. Cartas. espera encontrá-la

pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem

que elena pegou, bate na porta de seus amigos,

percorre seus caminhos. e a descobre em um

lugar inesperado. aos poucos, os traços das irmãs

se confundem, já não se sabe quem é uma, quem

é a outra. a mãe pressente. Petra decifra. agora

que encontrou elena, Petra precisa deixá-la partir.

enContro de CineClubes e CineClubistas do df e entornosala alberto Nepomuceno

22 de setembro, das 14h às 18h

a Campanha dos direitos do Público,

autossustentabilidade e ações colaborativas em

rede, circuito alternativo de exibição e cineclubismo

e educação estão entre os temas a ser discutidos.

fórum de defesa e promoção do Cinema infantil brasileiro18 de setembro, às 14h

Kubitschek Plaza hotel – salão Caxambu

19 de setembro, às 10h

Kubitschek Plaza hotel – salão tiradentes

em debate na última edição do festival, o

desenhista, escritor, chargista e dramaturgo

Ziraldo disse que o cinema infantil no Brasil não

reflete a força da literatura infantil. Justamente

para promover a aproximação entre as duas

artes foi criado o Fórum de defesa e Promoção

do Cinema infantil Brasileiro. o encontro vai

reunir o próprio Ziraldo, Carla Camurati (diretora

do Festival internacional de Cinema infantil), a

consultora de projetos culturais Carla esmeralda,

o produtor cultural Nilson rodrigues, o cineasta

Pedro rovai, o produtor cinematográfico diler

trindade, o comediante renato aragão, luiza

lins (diretora geral da mostra de Cinema infantil

de Florianópolis) e a curadora luciana druzina

(especialista em cinema de animação). a

produtora e curadora anna Karina de Carvalho

será a moderadora.

4745° Festival de Brasíliado cinema brasileiro

23 de setembro, às 21h

Destimação, Curta aNimação de riCardo de Podestá, 13miN, Go

um papagaio, seduzido pelas imagens de uma caixa

de luz, atrapalha a convivência mórbida do recinto.

menino peixe, Curta FiCção de eva

raNdolPh, 17miN, rJ

No começo, todo bicho é peixe. e depois, algum

vira gente. ou sonho.

esse amor que nos Consome, loNGa

FiCção de allaN riBeiro, 80miN, rJ

Gatto larsen e rubens Barbot são companheiros de vida

há mais de 40 anos e acabaram de se instalar em um

casarão no centro do rio. ali, passam a viver e ensaiar

com sua companhia de dança. a luta do dia a dia se

mistura com a arte e a crença em orixás. Pela dança, se

espalham pela cidade, marcando seus territórios.

mostra brasíliasala martins Penna

22 de setembro, às 14h

um Copo D’água, Curta FiCção de

mauríCio Chades, 11miN

túlio deixa Patrícia, que traz a dor para o corpo.

BiBinha, a luta Continua!, Curta FiCção

de adriaNa de aNdrade, 19miN

Com muita alegria e humor, narra 24 horas na

vida de Bibinha. Produtor de cinema, soropositivo

há 20 anos, continua na luta pela vida e pela arte.

Baseado em história real. um filme de amor à vida!

na Cozinha, Curta FiCção de aNdrÉ luis

da CuNha, 7miN

Gente sente, ama, odeia, depende, despreza e

sente... falta.

soB o signo Da poesia, loNGa

doCumeNtário de Neto BorGes, 70miN

se cidades tivessem signos, o de Brasília seria

a Poesia, seu ascendente seria a diversidade e

sua lua seria povoada por poetas. o filme traz

versos declamados em feixes de luz dando forma

à história lírica da cidade desde que essas terras

eram habitadas por indígenas. rima música à chuva

e à seca do cerrado, e as cores do céu tiram os

sentidos para dançar. artistas falam de movimentos

pela ocupação dos espaços públicos, como o

Concerto Cabeças. e cinquenta anos depois, ainda

é proibido pisar na grama?

22 de setembro, às 16h

CiDaDão De limpeza urBana, Curta doCumeNtário de luCas madureira e

thaNdara YuNG, 18miN59

assim que resíduos vão para o lixo paramos de

pensar neles. É matéria desprezível. as pessoas que

levam esse lixo, embora recebam, muitas vezes, o

mesmo tratamento que o material descartado, são

ignoradas. o uniforme alaranjado as transforma

em máquinas limpadoras, em serviços prestados.

histórias contadas por cidadãos e não vassouras ou

pás. trabalhadores que se tornam invisíveis por lidar

diariamente com má educação, o lixo nas ruas.

Kinólatras, Curta FiCção de tiaGo Belotti, rodriGo luiZ martiNs e Gustavo

serrate, 14miN

Kinólatras anônimos – livre-se do vício de fazer

cinema sem dinheiro, seguindo os oito passos.

viDa Kalunga, Curta doCumeNtário de

BetâNia viCtor veiGa, 18miN

em busca da liberdade, escravos se refugiaram no

interior goiano. os remanescentes viveram décadas

isolados e só foram registrados como cidadãos

nos anos 80. hoje, representam o maior território

quilombola do Brasil, a 300 quilômetros da capital.

o documentário registra um pouco dessa cultura que

mostra profunda relação do homem com a terra.

meu amigo nietzsChe, Curta FiCção de

FáustoN da silva, 15miN

alemanha, século 19 – “... um fantasma ronda a

europa!...” Brasil, século 21 – “... um fantasma ronda

a américa?...” Nietzsche: filósofo alemão do século 19.

sua obra faz apologia ao super-homem e à vontade

de poder. declarou: “... meu nome estará unido a algo

gigantesco... uma crise como jamais houve na terra...

eu não sou um homem, eu sou uma dinamite”. lucas:

estudante brasileiro do século 21. É dotado de fantástica

capacidade de liderança, que faz com que suas ideias se

reflitam em todo seu contexto social. Porém, está prestes

a repetir o ano na escola em razão do analfabetismo

funcional. o improvável encontro entre lucas e Nietzsche

será o começo de uma violenta revolução na mente de

um garoto, em uma família e em uma sociedade.

lançamentos de liVros e dVdsKubitschek Plaza hotel – Bamboo Bar

22 de setembro, às 16h

livro paulo emilio – o homem que amava o Cinema e nós que o amávamos

tanto, organizado por maria do rosário Caetanolivro festival De Brasília Do Cinema

Brasileiro, memória CrítiCa, organizado

por José Carlos avellar e hernani reffner

livro DoCtv – operação De reDe,

organizado por maria do rosário Caetano e

editado pelo instituto Cinema em transe

livro alma, de antônio Carlos da Fontoura

DvD paralelo 10, de silvio da-rin

DvD Curtas De helvéCio martins,

coletânea da lume Filmes

47

a jangaDa De raiz, Curta doCumeNtário de

edsoN FoGaça, 25miN

edilson miguel da silva, pescador marítimo artesanal

do Ceará, reflete sobre sua opção profissional e sobre

um modelo de jangada, feita com raízes. Por mais de

35 anos, construiu e utilizou esse tipo de embarcação,

enquanto seus colegas migraram para outro modelo, a

canoa. aposentado, é o único em sua região que ainda

detém a técnica e decide construir a derradeira.

o Corpo Da Carne, Curta FiCção de maria

meNdoNça, 18miN40

ivan é um açougueiro que, após presenciar um acidente

com um operário, começa a se sentir angustiado em seu

trabalho. uma nova consciência será formada.

23 de setembro, às 14h

hex omega, Curta FiCção de dioGo seraFim,

8miN

a busca pela identidade própria de um jovem, interagindo

com as influências impressas sobre ele.

Colher De Chá, Curta FiCção de J. ProCóPio,

25miN

Érico é residente em um hospital público. sua rotina é

como a de tantos que cuidam da saúde dos outros.

Érico não está bem.

pareCe que existo, loNGa doCumeNtário de

mário salimoN, 73miN

um filme sobre a arte de João macdowell e sua geração,

que, inconformada em ser simples consumidora,

produziu sua própria cultura.

23 de setembro, às 16h

sagraDo Coração, Curta FiCção de Cauê

BraNdão, 24miN

após sair da prisão, Paulo tenta se reaproximar da família,

mas logo percebe que não será tão simples deixar o

passado para trás.

a Caroneira, Curta FiCção de otavio

Chamorro e tiaGo vaZ, 19miN

uma mulher misteriosa em busca de vingança. Para

enfrentar sua arquirrival, eleolaine vai enveredar pelo

crime e a paixão para fazer justiça.

véi, Curta FiCção de ÉriCo CaZarrÉ e JuliaNo

CaZarrÉ, 25miN

retrata a juventude brasiliense por meio da história de

thiago, derrota e Paulo. são três amigos que passam o

dia fazendo o que fazem de melhor: nada!

zé Do peDal, aCima Da terra e aBaixo Do Céu, Curta doCumeNtário de márCio GaraPa

e viça saraiva, 24miN50

um menino sofreu um acidente de carro e entrou em

coma. Nesses três dias, deus falou com ele. o menino

despertou e disse à mãe que tinha uma missão. José de

oliveira souza Junior conheceu o mundo em cima de

uma bicicleta e tornou-se o Zé do Pedal.

debate sobre séries de tVKubitschek Plaza hotel – salão Caxambu

23 de setembro, às 14h

desde a virada do milênio as séries de tv

chamam a atenção para uma nova forma

de interação entre o público e a linguagem

audiovisual. trazem algumas das principais

inovações narrativas na dramaturgia. assim,

acabaram por suscitar migrações de roteiristas,

diretores e atores do cinema para a tv, ou de

novos talentos que surgem nas séries para depois

irem para o cinema. Na mesa, o escritor marçal

aquino, o roteirista Newton Cannito, o assessor

da ancine rodrigo Camargo e o curador e crítico

Pablo Gonçalo, organizador do evento.

festiValzinhosó para as crianças. são duas programações:

programa 1

o filho do vizinho, de alex vidigal, 7min20, dF, 2011

uma estrela no quintal, de danielle divardin, 6min50, sP,

2010

os caçadores de saci, de sofia Federico, 13min, Ba,

2005

Feira da fantasia, de talvanes moura, 10min25, Ce, 2010

Cores e botas, de Juliana vicente, 15min, sP, 2010

Josué e o pé de macaxeira, de diogo viegas, 12min, rJ,

2009

programa 2

traz outro amigo também, de Frederico Cabral,

14min45, rs, 2011

menina da chuva, de rosaria, 6min45, rJ, 2010

o mistério do boi de mamão, de luiza lins, 13min, sC,

2005

o nordestino e o toque de sua lamparina, de ítalo maia,

8min, Ce, 1988

Campeonato de pescaria, de luiza lins e marco

martins, 14min, sC, 2009

De 18 a 21 De setemBro, às 10h

Plano Piloto: sala martins Penna • Candangolândia:

salão Comunitário • Ceilândia: escolas Classes 2, 11,

16, 17, 20, 22, 28, 40, 52, 55, 65, 66 e P Norte,

CeF 28 e CaiC Bs • Cruzeiro: Centro Cultural rubem

valentim • Guará: Gerência de Cultura/Cre • Gama:

teatro sesc Gama • Núcleo Bandeirante: auditório

da igreja Padre roque • Park Way: escola de vargem

Bonita, escola ipê Coqueiros e espaço Criativo • riacho

Fundo ii: Gerência de Cultura/Cre • samambaia:

Gerência de Cultura/Cre • sobradinho: teatro de

sobradinho • taguatinga: teatro sesc Paulo autran

22 e 23 De setemBro, às 10h e às 14h

Centro Cultural Banco do Brasil

4945° Festival de Brasíliado cinema brasileiro

hereDitário,Curta FiCção de sÉrGio laCerda e Johil Carvalho, 20miN

um pai, três irmãos, um destino.

mostra brasília 5.2 – Cinema e memóriasala alberto Nepomuceno

18 de setembro, às 17h

a saga Das CanDangas invisíveis, Curta doCumeNtário de deNise CaPuto, 15miN, dF,

2008

um segmento à margem da história oficial: as

prostitutas que chegaram a Brasília no fim dos

anos 50, guiadas pelo sonho de um Brasil novo.

expectativas, dificuldades, frustrações e a vida

cotidiana das primeiras meretrizes da capital.

Brasília segunDo felDman, Curta doCumeNtário de euGeNe FeldmaN e

vladimir Carvalho, 20miN, dF, 1979

em 1957, em visita turística, o designer norte-

americano eugene Feldman filmou a construção e

o cotidiano dos candangos. décadas mais tarde,

o material foi entregue a vladimir Carvalho, que o

utilizou em uma denúncia dos maus-tratos sofridos

pelos operários, da repressão e das mortes nos

canteiros de obras e acampamentos.

jK: o menino que sonhou um país, doCumeNtário de silvio teNdler, 52miN, rJ,

2002

JK realizou projetos até então nunca sonhados

e deixou a marca da alegria e da confiança em

todos nós. uma carta em nome do povo brasileiro,

endereçada ao presidente, conta o que ficou de seu

sonho, 26 anos depois de sua partida.

19 de setembro, às 16h

poeira & Batom, doCumeNtário de tâNia

FoNteNele, 58miN, dF, 2010

a saga da construção contada por 50 mulheres,

de diferentes profissões e classes sociais, que

chegaram entre 1956 e 1960. Para elas, construir

Brasília simbolizava a inovação na educação, nas

relações sociais, na arquitetura, nas artes. relatos

de demarcações das terras, acampamentos de

madeira, desafios e agruras na antiga Cidade livre.

jK – um Cometa no Céu Do Brasil, doCumeNtário de maria maia, 80miN, dF, 2001

história de JK, da infância até a morte, aos 73

anos, em acidente de carro. milton Nascimento,

Celso Furtado, oscar Niemeyer, maristela

Kubitschek, Carlos heitor Cony, ronaldo Costa

Couto, vera Brant, ernesto silva, affonso heliodoro,

serafim mello Jardim e os senadores Pedro simon

e José sarney, entre outros, falam da convivência

com JK, revelando o perfil do homem e do político.

21 de setembro, às 16h

Cinejornal Brasília número 4 (liBertas

filmes/novaCap)

doCumeNtário, 35mm, 9miN17, 1957

Filmado por José silva, retrata a visita do prefeito

de Nova York, robert Wagner. recebido por israel

Pinheiro, Bernardo sayão e outras autoridades, visita

a Cidade livre, o Catetinho e obras. o vídeo se

encerra com solenidade do dia da Bandeira.

Cinejornal Brasília número 10 (liBertas

filmes/ novaCap)

doCumeNtário, 35mm, 8miN45, 1958

a inauguração de diversas obras, entre elas a igrejinha,

a estrada Brasília-anápolis, o Palácio da alvorada

e o Brasília Palace hotel. destaca-se a entrega de

credenciais do embaixador de Portugal, manoel

rocheta, a Juscelino Kubitschek, ato que assinala o

início das atividades presidenciais no novo palácio.

21 de setembro, às 17h Debate: brasília 52 anos De memória auDiovisual, com tânia fontenelle, walter mello e Gustavo chauvet.-------------------------------21 de setembro, às 18h lançamento Do catáloGo brasília 5.2 – cinema e memória, De berê bahia.

Cinejornal Brasília número 16 (liBertas

filmes/ novaCap)

doCumeNtário, 35mm, 9miN45, 1959

as comemorações do primeiro 1º de maio em

Brasília. Caminhões e operários passam pelo eixo

monumental em direção à Praça dos três Poderes

a fim de acompanhar a cerimônia. o discurso de

Juscelino no evento é apresentado integralmente,

acompanhado por imagens aéreas da construção.

Cinejornal profeCia Dom BosCo (agênCia naCional)

doCumeNtário, 8miN58, 1957/1958

Filmado por romeu Paschoaline, com texto de maurício

vaitsman e narração de alberto Curi, um panorama

da construção, evidenciando as primeiras obras ao

mesmo tempo em que se associa o imaginário mítico

de dom Bosco às maquetes das futuras edificações.

o destaque ao estado das obras e ao cotidiano dos

primeiros moradores demonstra a facticidade do

empreendimento de construção da nova capital.

49

Desenho De som, Com eDuarDo santos menDes 18 a 22 de setemBro, das 14h às 18hFaCuldade de ComuNiCação da uNB, iCC Norte, CamPus darCY riBeiro

o desenvolvimento histórico da relação

audiovisual, em especial no cinema narrativo

clássico, enfocando o uso do som no cinema

silencioso. as primeiras experiências sonoras

de diretores consagrados no cinema silencioso,

como alfred hitchcock, Fritz lang e rené

Clair, a padronização do modelo monofônico,

o surgimento da estereofonia, além da

padronização do modelo monofônico analógico

e a padronização do modelo estereofônico

digital, serão abordados. Com um exemplo de

edição de som de um longa-metragem em 5.1.

eDição De som, Com guile martins 18 a 22 de setemBro, das 14h às 18hFaCuldade de ComuNiCação da uNB, iCC

Norte, CamPus darCY riBeiro

a primeira intenção é sensibilizar os alunos para a

audição e a compreensão da paisagem sonora.

a descrição de um lugar, rodoviária ou montanha,

a partir do que ali se escuta; as manifestações

sonoras de um lugar e como estas marcam

as horas do dia e a passagem do tempo; a

importância do registro dos sons ameaçados de

desaparecer, como o sussurro de uma cachoeira

ou o assobio do amolador de facas pela rua.

a ideia é apresentar o som no cinema como

desdobramento da nossa maneira de ouvir o

mundo e de se situar nele, para, a partir daí, usá-

lo como ferramenta narrativa e criativa.

atuanDo para a Câmera,

Com mounir maasri

19 a 21 de setemBro, às 14hKuBitsCheK PlaZa hotel – salão tiradeNtes

destinada a atores com experiência. aborda

o estudo do entendimento e da composição

de personagens, técnicas de atuação e

atuação para câmera. o ator e o aluno terão

oportunidade de enfrentar a câmera. todas as

cenas serão filmadas, discutidas, avaliadas.

interpretação para Cinema –

o ator e a arte, Com mallú moraes

19 a 22 de setemBro, das 9h às 16hteatro sesC Paulo autraN

(taGuatiNGa Norte)

Propõe-se a transmitir conhecimentos de

interpretação para cinema e tv por meio

de aulas teóricas, práticas e exercícios de

habilidade para interpretar para tv e cinema. a

oficina é acompanhada de ensaios, preparação

de cenas e textos e gravações em vídeo.

CrítiCa De Cinema e análise fílmiCa,

Com Ciro marConDes

22 de setemBro, das 14h às 18h30teatro sesC Paulo autraN (taGuatiNGa

Norte)

a ideia é munir professores com noções básicas

de análise de filmes e de crítica de cinema

para utilização em sala de aula com o objetivo

é formar plateias e aguçar o olhar crítico de

alunos e professores.

Quer fazer filmes também?as oficinas que ocorrerão durante o festival (inscrições até 10 de setembro)

as primeiras imagens De Brasília (jeanmanzon films/atlântiDa empresa

CinematográfiCa Do Brasil s.a.)

doCumeNtário, 35mm, 10miN26, 1957

encomendado por JK como resposta aos críticos da

construção da nova capital, é narrado por luiz Jatobá,

então locutor do Canal 100 e da voz do Brasil. “este

documentário tem a única finalidade de historiar em

imagens os primeiros meses de vida de Brasília.” a frase

de abertura e o título indicam o teor dos cinejornais

e filmes institucionais do período, evidenciando sua

relevância como aparato governamental.

mostra panorama brasilsala villa-lobos

20 de setembro, às 16h

entorno Da Beleza, doCumeNtário de

dáCia iBiaPiNa, 71miN, dF, 2012

temporada de concursos de miss em Brasília e

cidades-satélites do distrito Federal. Contradições

afloram em ensaios, camarins e passarelas.

21 de setembro, às 16h

Carta para o futuro, doCumeNtário de

reNato martiNs, 88miN, rJ, 2011

Quatro gerações de uma família cubana, ao longo

de sete anos. arquivos em super-8, dos anos 60,

misturados a imagens atuais. os personagens falam

sobre o país, suas rotinas, conquistas e questionam

o futuro. um filme sobre família, amor e revolução.

22 de setembro, às 16h

o som ao reDor, FiCção de KleBer

meNdoNça Filho, 126miN, Pe, 2011

a vida em uma rua de classe média do recife

5145° Festival de Brasíliado cinema brasileiro

assume rumo inesperado após a chegada de uma

milícia e a pretensa paz de espírito oferecida pela

segurança particular. em uma comunidade cheia de

temores e tensões, a presença desses homens traz

tranquilidade apenas para alguns. enquanto isso, Bia,

casada e mãe de duas crianças, precisa encontrar

uma maneira de lidar com os latidos constantes do

cão do vizinho. É uma crônica brasileira, uma reflexão

sobre história, violência e ruído.

23 de setembro, às 16h

Cine holliúDy, FiCção de halder Gomes,

91miN, Ce, 2012

a chegada da tv ao interior do Ceará, na década

de 1970, colocou em xeque as salas de cinema

das pequenas cidades. mas um herói chamado

Francisgleydisson resolveu lutar para manter viva sua

paixão pela sétima arte, com criatividade e o bom

humor cearense.

a unb e o Cinemasala alberto Nepomuceno

20 de setembro, Das 15h às 19h

os ínDios uruBus – um Dia na viDa De uma triBo Da floresta tropiCal, mÉdia doCumeNtário em 35mm de heiNZ

ForthmaNN, 36miN, 1949-1950

as atividades de subsistência de uma família Kaapor,

da aldeia do capitão Piarrú, à margem esquerda

do rio Gurupi, maranhão. a colheita e o preparo

da mandioca, a fabricação detalhada de flechas e o

cotidiano de Xiyra, Kosó e do filho Beren constituem

a estrutura desse raro filme etnográfico.

heinz forthmann, doCumeNtário em 16mm de marCos de souZa meNdes, 55miN, 1985-1990

a vida e a obra do fotógrafo e cineasta, brasileiro

por opção, realizador de vasta documentação

etnográfica no serviço de Proteção aos índios e no

museu do índio. Professor de cinema e fotografia

da unB de 1965 a 1978. o filme é constituído

por documentários de arquivo, fotografias, filmes

do autor e depoimentos de contemporâneos como

João domingos lamônica, darcy ribeiro, orlando

villas Bôas, takumã Kamayurá, luis humberto,

vladimir Carvalho e rosa de arruda Förthmann.

universiDaDe De Brasília: primeira experiênCia em pré-molDaDo, Curta doCumeNtário em 16mm de heiNZ

ForthmaNN, 19miN, 1962-1970

apectos da construção do instituto Central de

Ciências e dos prédios em pré-moldado da unB,

concebidos pelo arquiteto João da Gama Filgueiras

lima, lelé.

rito Krahô, doCumeNtário em 16mm de

heiNZ ForthmaNN, 29miN, 1971-1993

o premiado documentário é sobre o rito da tora da

Batata-doce, Yótyõpi, dos índios Krahô, da aldeia

de Pedra Branca, município de Piacá, tocantins.

esse ritual de colheita apresenta o corte dos troncos

destinados à corrida de toras, o preparo de grandes

bolos de mandioca e de carne, a corrida de toras

disputada pelas duas partes da aldeia – Khoikatayê

e harakateyê – e a grande procissão final.

o viDreiro, doCumeNtário em 16mm de marCos de souZa meNdes, 30miN, 1992-

1997

documentário sobre o mestre vidreiro Joaquim

Ferreira lima, antigo funcionário da unB e

responsável técnico, por quase 30 anos, pela

oficina de vidraria Científica do instituto de Química.

sua arte e técnica foram registradas durante a

construção de três vidros destinados a pesquisa

e a experimentos científicos – os dois primeiros,

um balão e um vidro de encaixe, feitos a mão com

fogo de maçarico e sopro; o terceiro, composto em

torno industrial, também com sopro e maçarico.

premiaçãosala villa-lobos

24 de setembro, às 20hNoite de entrega dos troféus e dos prêmios,

apenas para convidados

o objetivo é reavaliar o alcance e a atualidade da obra

de um dos fundadores do festival, Paulo emilio salles

Gomes (1916-1977), considerado por seus pares o

mais influente pensador do cinema no Brasil.

20 de setembro, às 14h30 temas: Cinema Brasileiro – atividade ainda Cíclica?

e ensaio Cinema Brasileiro – uma trajetória no

subdesenvolvimento

mesa: ismail Xavier, alfredo manevy e ivonete Pinto

(moderadora)

21 de setembro, às 14h30tema: Presença de Paulo emilio no pensamento

cinematográfico brasileiro: ela ainda existe?

palestrantes: Fernão ramos, Carlos augusto Calil,

luiz Zanin e José Geraldo Couto (moderador)

22 de setembro, às 14h30 tema: o estágio atual da crítica na imprensa escrita e

nas plataformas da internet

mesa: inácio araújo, sérgio rizzo, Fabio andrade e

João sampaio (moderador)

seminário paulo emilio e a CrítiCa CinematográfiCa Kubitschek Plaza hotel – salão Caxambu

51

O OutrO ladO de Burle Marx

Ele ficou conhecido pelas suas obras de paisagismo, em mais de

2 mil jardins espalhados pelo mundo. Mas a exposição revela

outro lado de Roberto Burle Marx, surpreendente para quem está

acostumado a ver o trabalho do paulista em monumentos de

Brasília. A mostra que está na cidade traz um conjunto de 120

obras feitas pelo artista desde seus 10 anos até a década de 1940.

São desenhos de figuras humanas, especialmente figuras do povo,

utilizando diferentes materiais. Os trabalhos estavam guardados no

sítio que leva o nome dele, em Barra de Guaratiba (RJ), e estarão até

4 de novembro no Museu dos Correios.

Cinema – lançamentos

abraham lincoln – caçador de vampiros Direção: Timur Bekmambetov. Inspirado no livro homônimo de Seth Grahame-Smith. Nancy Lincoln (Robin McLeavy), mãe de Abraham Lincoln (Benjamin Walker), foi assassinada por uma criatura sobrenatural quando ele era criança. Já na presidência dos EUA, ele começa a destruir os vampiros e os escravos que os ajudam. Terror. Classificação 16 anos. Cinemark e

Kinoplex em 7 de setembro. 105 minutos.

a estranha vida de timothy GreenDireção: Peter Hedges. Cindy (Jennifer Garner) e Jim Green (Joel Edgerton) desejam um filho, mas não conseguem. No quintal de casa, enterram uma caixa com papéis com as qualidades que o filho teria se existisse. No dia seguinte o menino Timothy (CJ Adams) aparece na soleira da casa deles. Comédia.

Classificação 10 anos. Cinemark em 21 de setembro

e Kinoplex em 28 de setembro. 90 minutos.

a lady e o lobo – o bicho tá soltoDireção: Anthony Bell e Ben Gluck. Dois jovens lobos com personalidades totalmente diferentes são capturados e levados para um parque. Têm de vencer as diferenças para percorrer o longo caminho até em casa, uma floresta bem distante dos humanos. Na versão original, vozes de Justin Long e Hayden Panettiere. Animação. Classificação livre.

Kinoplex em 21 de setembro. 88 minutos.

DreddDireção: Pete Travis. Na violenta e futurista Mega City One, a polícia tem autoridade para agir como juiz, júri e carrasco. O juiz Dredd (Karl Urban), o mais temível, une-se a uma recruta (Olivia Thirlby) para derrubar a quadrilha que vende uma droga capaz de alterar a realidade. Em 3-D. Ação. Classificação 16 anos. Cinemark e

Kinoplex em 21 de setembro. 106 minutos.

looper: assassinos do futuro Direção: Rian Johnson. Mafiosos do futuro se aproveitam da descoberta da viagem no tempo

para matar e desovar corpos. Contratam um jovem assassino para receber as vítimas recém-chegadas do futuro. Mas Joe descobre que sua vítima é ele mesmo 30 anos depois. Bruce Willis interpreta Joe mais velho e Joseph Gordon-Levitt, a versão jovem. Ficção científica.

Classificação 12 anos. Cinemark e Kinoplex em 28

de setembro. 118 minutos.

os candidatosDireção: Jay Roach. Quando o experiente congressista Cam Brady (Will Ferrell) comete uma gafe antes das eleições, dois homens ricos decidem lançar um rival. O escolhido é o inocente Marty Huggins (Zach Galifianakis), diretor do centro de turismo local. Com o apoio dos benfeitores, Marty se torna ameaça ao carismático Cam. Comédia. Classificação 12

anos. Kinoplex em 28 de setembro. 90 minutos.

os infratoresDireção: John Hillcoat. Baseada no livro The wettest county in the world, de Matt Bondurant, a história real de três irmãos mafiosos. Jack (Shia LaBeouf) é o caçula e sonha com mulheres, carros e poder. Howard (Jason

[email protected], Cultura E lazEr

53

Clarke), o irmão do meio, usa os músculos para falar o que pensa. O mais velho é Forrest (Tom Hardy), que conduz os negócios. Drama.

Classificação 12 anos. Kinoplex e Cinemark em 21 de

setembro. 115 minutos.

ParanormanDireção: Chris Butler e Sam Fell. Norman (voz de Kodi Smit-McPhee) é um menino que fala com os mortos. Para salvar sua cidade de uma maldição, tem de lidar com zumbis, bruxas, fantasmas e adultos idiotas. Nessa missão, pode ter suas habilidades levadas além dos limites. Animação. Classificação livre.

Cinemark e Kinoplex em 7 de setembro. 93 minutos.

Perigo por encomendaDireção: David Koepp. Um jovem que faz entregas de bicicleta (Joseph Gordon-Levitt) recebe um estranho envelope e atrai a atenção de um policial corrupto (Michael Shannon), que passa a persegui-lo. Ação. Classificação 14

anos. Kinoplex em 28 de setembro. 91 minutos.

Poder paranormal Direção: Rodrigo Cortés. Margaret (Sigourney Weaver) é uma psicóloga que, com seu ajudante Tom (Cillian Muprhy), tenta provar a origem fraudulenta de supostos fenômenos sobrenaturais. Até que Simon Silver (Robert De Niro), lendário vidente cego, reaparece depois de uma ausência enigmática de 30 anos, tornando-se o maior desafio para a ciência e os céticos profissionais. Ação.

Classificação 12 anos. Cinemark em 7 de setembro e

Kinoplex em 21 de setembro. 118 minutos.

Projeto dinossauroDireção: Sid Bennett. Uma equipe de filmagem sai em expedição na África e descobre dinossauros. Luta para sobreviver e documenta tudo em vídeo. No elenco, Natasha Loring, Matt Kane, Richard Dillane, Peter Brooke e Stephen Jennings. Ação. Classificação 12 anos.

Kinoplex em 7 de setembro. 83 minutos.

Relação explosivaDireção: David Brooks Palmer e Dax Shepard. Charlie Bronson (Dax Shepard) é um ex-piloto de fuga em programa de proteção à testemunha que põe sua liberdade em risco para ajudar a namorada (Kristen Bell) a chegar a Los Angeles. Agora, ambos são perseguidos pela polícia e por antigos conhecidos. Ação. Cinemark em 28 de setembro.

Classificação 12 anos. 100 minutos.

Resident evil 5 – retribuiçãoDireção: Paul W. S. Anderson. O mortal vírus T continua a devastar o planeta, transformando a população em mortos-vivos. A última esperança é Alice (Milla Jovovich), que continua sua busca pelos responsáveis pelo surto na Terra. No elenco, Sienna Guillory, Colin Salmon, Li BingBing, Michelle Rodriguez, Shawn Roberts, Boris Kodjoe, Johann Urb. Ação.

Classificação 12 anos. Kinoplex em 14 de setembro.

117 minutos.

Ruby sparks – a namorada perfeitaDireção: Jonathan Dayton e Valerie Faris. Um escritor com bloqueio criativo (Paul Dano) encontra o amor na forma menos usual possível, criando uma personagem (Zoe Kazan) que ele acredita o ame. No elenco, Antonio Banderas, Annette Bening, Alia Shawkat, e Steve Coogan. Comédia. Classificação 14 anos.

Kinoplex em 28 de setembro. 104 minutos.

tedDireção: Seth MacFarlane. Em um Natal, o ursinho de pelúcia de John Bennett (Mark Wahlberg) ganha vida. Os dois crescem juntos e, já adulto, ele deve escolher entre sua namorada, Lori Collins (Mila Kunis), e a amizade com o urso Ted (animação com voz de Seth MacFarlane). Comédia. Classificação 16

anos. Kinoplex em 21 de setembro. 106 minutos.

Cinema

Quem viu o grande sucesso 2 filhos de

Francisco já percebeu que Breno Silveira é

um cineasta que manipula bem a emoção

do seu público. Mas não de forma piegas

ou cheia de clichês, e sim apostando na

sinceridade, daí a empatia quase que

imediata de quem viaja em suas histórias.

Ao pegar carona em seu novo projeto, À

beira do caminho, em cartaz na cidade,

tais ingredientes vêm à tona, mesmo que

o resultado final não seja tão empolgante

quanto seu trabalho de estreia.

Na trama, conduzida pelas músicas do rei

Roberto Carlos, Silveira conta a história do

solitário caminhoneiro João (João Miguel),

um homem rude e de mal com o seu

passado. Ele um dia encontra na beira da

estrada o pequeno Duda (Vinicius Nasci-

mento), um menino que acaba de perder

a mãe e agora busca o paradeiro do pai

que nunca conheceu, em São Paulo.

Aos poucos, na dureza e solidão da estra-

da, eles vão estreitando suas diferenças

e descobrindo a importância de um ter o

outro diante das agruras da vida, porque,

como diz o pequeno Duda, o jeito é fazer

que nem os caminhoneiros, sempre seguir

em frente porque se olhar para trás a

gente se perde.

“As músicas do Roberto Carlos mexeram

comigo desde a adolescência, é algo que

não sei explicar. Acho que todo brasileiro

tem um pouco disso, difícil alguém não se

emocionar com as músicas do rei”, disse

o diretor Breno Silveira, em entrevista à

meiaum.

Lúcio Flávio É jornalista especializado em cultura

tinker Bell e o segredo das fadasDireção: Ryan Rowe. Tinker Bell (voz de Mae Whitman), Periwinkle (voz de Lucy Hale) e seus amigos se aventuram no mágico e proibido Misterioso Bosque do Inverno, no qual a curiosidade os leva a uma descoberta que unirá o Refúgio das Fadas. A voz da rainha Clarion é de Anjelica Huston. Animação.

Classificação livre. Cinemark e Kinoplex em 21 de

setembro. 92 minutos.

totalmente inocentes Direção: Rodrigo Bittencourt. A comunidade do DDC está em guerra. O branquelo Do Morro (Fábio Porchat) e o travesti Diaba Loira (Kiko Mascarenhas) disputam o poder. Alheio a isso, Da Fé (Lucas D’ Jesus) acredita que precisa se tornar o chefe do morro para conquistar o amor de Gildinha (Mariana Rios). Tudo piora quando o atrapalhado repórter Vanderlei (Fábio Assunção), pressionado pela chefe (Ingrid Guimarães), forja uma capa que vai dar o que falar. Comédia. Classificação 14 anos.

Cinemark e Kinoplex em 7 de setembro. 90 minutos.

tropicália Direção: Marcelo Machado. O diretor conduz o espectador por uma viagem de sons e imagens por meio da história de um dos mais

emblemáticos movimentos culturais do Brasil. Documentário. Classificação 12 anos. Cinemark e

Kinoplex em 14 de setembro. 72 minutos.

Vizinhos imediatos de 3º grauDireção: Akiva Schaffer. Quatro sujeitos comuns (Ben Stiller, Vince Vaughn, Rosemarie Dewitt e Jonah Hill) unem-se para formar um grupo de vigilância comunitária. Na verdade, é desculpa para escaparem da vida sem graça. Tudo muda quando acidentalmente descobrem que a cidade foi invadida por extraterrestres. Ação.

Classificação 12 anos. Cinemark e Kinoplex em 14

de setembro. 102 minutos.

www.cinemark.com.br

www.kinoplex.com.br

Não informaram a programação a tempo:

www.itaucinemas.com.br

www.cinecultura.com.br

músiCa

ana CarolinaEla volta a Brasília com o show Ensaio de cores, que já foi apresentado em abril na capital. O show é uma mistura de música com a mostra das telas pintadas por Ana Carolina. Parte do valor da venda das telas será revertida para a Associação de Diabetes Infantil. 13 de setembro,

às 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

Ingressos (inteira): Superior R$ 100; Plateia R$ 160;

VIP Lateral R$ 210; VIP R$ 250. Classificação 16 anos.

Telefone: 3551-6069.

Boa do sambaArlindo Cruz, Martinália e Marcelo D2 tocarão juntos clássicos do samba. Abrirão o show as bandas Casuarina (RJ) e Canarvália (DF). 21

de setembro, às 21h, no Estacionamento do Mané

Garrincha. Ingressos (inteira): Fem. R$ 60; Masc. R$

70. Classificação 18 anos. Telefone: 3364-6024.

Bonde do RolêO grupo, conhecido pelo jeito despojado e pelas letras politicamente incorretas, traz a Brasília a turnê do disco Tropical banana. 21 de

setembro, às 23h, na Victoria Haus (SAAN Quadra 1).

Ingressos (inteira): Até as 23h com flyer a entrada

é franca; até as 0h com flyer, R$ 20; após a 0h, R$ 25.

Classificação 18 anos. Telefone: 9552-2891.

Brasília elétricaCom as bandas Chiclete com Banana e Timbalada. 29 de setembro, às 22h, no

estacionamento do Mané Garrincha. Ingressos

(inteira): Atrás do trio R$ 100; Camarote Fem. R$

240; Camarote Masc. R$ 270; Camarote Sky Lounge

Fem. R$ 380; Camarote Sky Lounge Masc. R$ 420.

Classificação 16 anos (18 anos nas áreas open bar).

Telefone: 4141-8007.

55

Celebrar BrasíliaA quarta edição traz os DJs Gui Boratto, Patife e Marky, além do cantor Criolo. 27 e 28

de setembro, a partir das 18h, na praça do Museu

Nacional da República. Entrada franca e livre.

Programação em www.celebrarbrasilia.com.br.

Cena Black BrasíliaA banda Groundation mistura o reggae com o jazz e volta ao Brasil para o lançamento do álbum Building an ark. The Abyssinians são os donos de um dos maiores hinos do reggae, Satta massagana. Também fazem a festa os DJs

Contra Plano – take #6Em sua sexta edição, a festa com cenário cinematográfico já é consolidada para os que participam do Festival de Brasília. Todos os anos, o evento conta com a presença dos realizadores da cidade, diretores dos filmes exibidos nas mostras, suas equipes e atores. Neste ano as atrações são: DJs Pezão, Oops e Barata (Criolina, na foto) e os DJs Wash e Chicco Aquino (Funk the System). 22 de setembro, às 23h, na chácara Santa Cruz (Park Way). Classificação 18 anos. Informações do valor do

ingresso em www.coletivocasa30.com.br/contra-plano.

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Percussion Brothers, Flowgados e Barata, do projeto Criolina. 6 de setembro, às 22h, no Minas

Tênis Clube. Ingressos (inteira): Pista R$ 35; Camarote

R$ 70. Classificação 18 anos. Telefone: 3342-2232.

CJ Ramone O ex-integrante da banda de punk rock está em turnê do disco Reconquista, com o guitarrista Steve Solo e o baterista Michael Stamberg. Christopher Joseph Ward substituiu Dee Dee, o lendário baixista dos Ramones, em 1989, e ficou até o fim da banda, em 1996. No repertório, clássicos dos Ramones e músicas

do rock dos anos 80 e 90. 21 de setembro, às 22h,

no Arena Futebol Clube. Ingresso (inteira): R$ 40.

Classificação 16 anos. Telefone: 3224-9401.

Concerto de ophélie Gaillard& Pulcinella Eclética tanto nas escolhas musicais como na prática instrumental, a violoncelista franco-suíça Ophélie Gaillard vai da música barroca até a clássica, a romântica e a contemporânea. Será acompanhada do coletivo Pulcinella, formado por solistas e especializado no repertório para violoncelo dos séculos 17 e 18. 21 de

setembro, às 21h, no Teatro Nacional. Entrada

franca. Classificação 12 anos. Telefone: 3325-6239.

Fernando e sorocabaA dupla sertaneja se apresenta no Moon Festival. Therme e Thiago fazem a abertura. 15 de setembro, às 22h, no estacionamento do

Mané Garrincha. Ingressos (inteira): Área VIP R$

80; Frente do palco R$ 140; Camarote R$ 300 (open

bar). Classificação 16 anos (18 anos na área open

bar). Telefone: 3264-4669.

Porão do RockO tradicional festival completa 15 anos. Serão 30 bandas, 18 de Brasília. Entre os destaques, Sepultura, Kyuss Lives! (EUA) e Motosierra (Uruguai). 7 e 8 de setembro, no Ginásio Nilson

Nelson. Ingresso (inteira): R$ 20. Classificação e a

programação em www.poraodorock.com.br.

exPosições

a figura humana Roberto Burle marx São 120 desenhos do artista (1909-1994). O material, pela primeira vez em Brasília, é do acervo do Sítio Roberto Burle Marx. São obras com carvão, grafite, nanquim, lápis de cor, giz de cera, hidrocor e guache. Até 4

de novembro, de terça a sexta, das 10h às 19h, no

Museu Nacional dos Correios. Entrada franca e

livre. Telefone: 3426-1000.

56

Construtores do BrasilA mostra, em comemoração aos 190 anos da Independência do Brasil, é composta por 25 retratos de personagens que contribuíram para a formação e consolidação do País, como Anita Garibaldi, Deodoro da Fonseca e Getúlio Vargas. Até 30 de setembro, de segunda a domingo,

das 9h às 18h, na Câmara dos Deputados. Entrada

franca e livre. Telefone: 3215-8083.

enguias – prosa do observatório iiCirilo Quartim transformou o Espaço Marquise da Funarte. São três escadas em caracol com 3 metros de altura cada uma e mirantes com lunetas. A obra ganhou o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012. Até 1º de outubro, de segunda a domingo,

das 9h às 21h, no Complexo Cultural da Funarte.

Entrada franca e livre. Telefone: 3322-2032.

Guayasamin – Continente mestiçoSão 350 obras do equatoriano, que retratou opressões ao povo latino e a luta pelo continente livre. Oswaldo Guayasamím (1919-1999) esteve em Brasília na época da inauguração e o retrato que fez de Juscelino Kubitschek faz parte da exposição. Até 14 de outubro, de terça

a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional.

Entrada franca e livre. Telefone: 3325-5220.

Ícones – outras palavrasPinturas de Jair Correia para comemorar os seus 40 anos de atividades. Por quatro anos, o artista colecionou signos que

traduzem informações como “frágil”, “este lado para cima”, “perigo” e “inflamável”, impressos em produtos variados pelo mundo. São sete telas grandes. Até 1º de

outubro, de segunda a domingo, das 9h às 21h, no

Complexo Cultural da Funarte. Entrada franca e

livre. Telefone: 3322-2076.

Jenner, cores de uma vidaSão 25 obras do pintor, cartazista, ilustrador, desenhista e gravador. O sergipano Jenner Augusto é conhecido por retratar trabalhadores, a vida cotidiana e os contrastes sociais. 18 de setembro a 7 de

outubro, de terça a domingo, das 9h às 21h, no

CCBB. Entrada franca e livre. Telefone: 3108-7600.

Peso e levezaTrabalhos de 15 artistas de seis países da América Latina. As imagens refletem as desigualdades, as situações problemáticas e violentas comuns às nações latino-americanas. São 73 fotografias, dois vídeos e uma instalação. 12 de setembro a 20

de outubro, de segunda a sexta, das 11h às 21h,

no Espaço Cultural Instituto Cervantes. Entrada

franca e livre. Telefone: 3242-0603.

Primeira mostra coletiva da Galeria FotoPontoSão 12 imagens de Celso Júnior, Elyeser Szturm, João Campello e Luiz Clementino. A mostra passeia por temas variados. Até 30

de novembro, de segunda a sexta, das 14h às 18h, no

Espaço Brasil 21. Entrada franca e livre. Telefone:

3039-8670.

Revisitando ansel adams O fotógrafo Eduardo Moreira faz uma homenagem aos 110 anos de nascimento de um dos grandes mestres da fotografia do século 20, Ansel Adams (1902-1984). Percorreu 15 parques e monumentos do oeste estadunidense, seguindo os passos de Adams, e selecionou 33 fotos para a mostra.

Imagem sem fronteira O fotojornalista André Liohn, ganhador do Robert Capa Gold Medal 2012, é o sexto convidado do projeto. O paulista apresenta cinco fotos ampliadas, feitas na cidade sitiada de Misrata (Líbia). Até 25 de setembro, de terça a sábado, das 10h às 18h, na Galeria Olho de Águia (CNF

1, Edifício Praiamar, Loja 12 – Taguatinga Norte). Entrada franca. Classificação 14 anos. Telefone: 9996-2575.

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13 de setembro a 6 de outubro, de segunda a sexta,

das 9h às 21h, na Casa Thomas Jefferson (SHIS QI 9).

Entrada franca e livre. Telefone: 3326-1014.

teatRo

a rosa que gira a rodaO espetáculo infantil é baseado no livro A Rosa que gira a roda, de Flávia Savary. Narra a ascensão de Rosa Acácia Margarida Miosótis Lilás Alfazema, menina pobre e órfã que se transforma em salvadora do povo de Vila Aurora. Com tanto mau humor na cidade, um dia tudo congelou, menos Rosa, que busca a solução. No elenco, Flavia Neiva, Lilian França, Pecê Sanváz, Thiago de Moraes e Vanessa Di Farias. Até 23 de setembro, domingos, às 11h e às

16h, no Teatro Caleidoscópio. Ingresso (inteira):

R$ 20. Classificação livre. Telefone: 3344-0444.

Concerto para Crianças Na quinta edição, o projeto local apresenta a obra do compositor francês Claude Debussy, em referência aos 150 anos de seu nascimento. A música clássica se funde ao universo mágico do teatro e do circo. Obras do compositor serão executadas ao vivo por um grupo de Brasília: Francisca Aquino (piano), Beth Ernest Dias (flauta) e Janaína Salles (violoncelo). Com os atores Cirila Targhetta, Luciano Porto e Micheli Santini. 15 e 16 de setembro, às 17h, no Teatro

Nacional. Ingresso (inteira): R$ 30. Classificação

livre. Telefone: 3325-6239.

CPi no motelUm deputado foi denunciado pela própria esposa na CPI da Corrupção. Desesperado, resolve relaxar no motel com a secretária Cleonice, mas não dá conta do recado. Samanta Raio Laser é acionada para ajudar. Para piorar, a esposa o flagra. Com a Cia. Teatral Néia e Nando. 8 e 9 de setembro, sábado, às 21h; domingo, às

20h, na Escola Parque 307/308 Sul. Ingresso (inteira):

R$ 30. Classificação 14 anos. Telefone: 8199-2120.

era uma vez... Grimm Celebrando os 200 anos do primeiro volume de contos dos irmãos Grimm, o ator José Mauro Brant e o músico Tim Rescala se reúnem. Há duas versões: adulta e infantil. O espetáculo apresenta os irmãos Grimm e seus personagens cantando e interpretando clássicos como Chapeuzinho Vermelho, O Juníparo e Cinderela. Versão adulta: 13 a 15 de

setembro, de quinta a sábado, às 21h; domingo, às

19h. Ingresso (inteira): R$ 6. Classificação 10 anos.

Versão infantil: 15 de setembro, às 15h. No CCBB.

Entrada franca e livre. Telefone: 3108-7600.

Fale com ela doce como quê? Baseada no clássico Fale comigo doce como a chuva, do norte-americano Tennessee Williams, a montagem é do Laboratório de Performance e Teatro do Vazio em parceria com o Teatro Pândego. Será em locais abertos, em contato direto com o espectador. A peça mistura histórias de pessoas reais e fictícias. No elenco, Deborah Soares, Felipe Fernandes, Mariana Neiva, Rogério Luiz, Carol Voigt, Pedro Mesquita. Até 29 de setembro. Classificação

14 anos. Entrada franca. Locais e os horários em

www.lptv.com.br.

Festival internacional de mulheres no teatro – solos FérteisBrasília será sede da segunda edição no Brasil, com espetáculos nacionais e internacionais, mesas-redondas, palestras, lançamentos de livros e exposições. O evento é da rede intercultural The Magdalena Project, criada em 1986 pela atriz Jill Greenhalgh para mostrar o papel da mulher no teatro. 10 a 16

de setembro. Entrada franca. Classificação em a

programação em www.solosferteis.com.br.

nós...!História de amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Lipe e Rafa se descobrem perante o maior conflito da sua vida. Medo, angústia e dúvidas predominam. No elenco, Elmo Ferrér

e Láidison Peixoto. 28, 29 e 30 de setembro, sexta e

sábado, às 21h; domingo, às 20h, no Espaço Mosaico.

Ingresso (inteira): R$ 5. Classificação 16 anos. Telefone:

3032-1330.

o Pequeno Príncipe Adaptação da Cia. Néia e Nando. A peça conta as aventuras de um príncipe que vivia no Asteroide B 612, planeta do tamanho de uma casa com dois vulcões ativos, um extinto e uma linda flor. 8 a 29 de setembro, sábados e domingos, às

17h, na Escola Parque 307/308 Sul. Ingresso (inteira):

R$ 30. Classificação livre. Telefone: 8199-2120.

tim maia – vale tudoO musical, dirigido por João Fonseca, vem pela segunda vez a Brasília. Agora com o novo protagonista, Danilo de Moura, que substituiu Tiago Abravanel. 21 e 22

de setembro, às 21h, no Centro de Convenções

Ulysses Guimarães. Ingressos (inteira): Na sexta,

Superior R$ 50; VIP B R$ 70; VIP A R$ 80; VIP Gold

R$ 110. No sábado, Superior R$ 60; VIP B R$ 80; VIP

A R$ 90; VIP Gold R$ 120. Classificação 14 anos.

Telefone: 3364-9102.

VênusA peça é essencialmente corporal e faz referência ao Butoh (Japão). A dança mostra o extremo da mobilidade corporal. Uma apresentação cênico-ritualística criada e conduzida por Tiago Ianuck, sob orientação de Willian Lopes. 14, 15 e 16 de setembro, sexta e sábado,

às 21h; domingo, às 20h, no Espaço Mosaico. Entrada

franca. Classificação 14 anos. Telefone: 3032-1330.

Dança

Cabaret latino O espetáculo de dança é apresentado pela professora e dançarina Rebeca Mesquita, ao lado do artista cubano Felix Valoy. Com o ritmo, música e jogo cênico, a peça mostra o universo latino. 7, 8 e 9 setembro,

sexta e sábado, às 21h; domingo, às 20h, no Espaço

Mosaico. Ingresso (inteira): R$ 10. Classificação 16

anos. Telefone: 3032-1330.

Domingo à noite, depois de uma sessão de cinema, nada melhor que ir a uma pizzaria. Combina bem comer uma pizza quentinha, acompanhada de um chopinho geladinho ou uma taça de vinho. Cinema pede pizza e, sendo pizza, a Fratello é ótima pedida.

Primeiro foi inaugurada a Fratello Uno da 103 Sul, em setembro de 2000. Em abril de 2003 foi aberta a pizzaria na 109 Norte. Aos sábados e domingos – dias de cinema – há filas nas duas unidades. É, pois, uma bem-sucedida sociedade do empresário Vaninho Couto com o conhecido chef Dudu Camargo.

O que caracteriza a casa são os recheios diferentes em massa fina. Hoje, temos excelentes pizzarias na nossa cidade, mas com certeza a Fratello revolucionou o mercado de pizza brasiliense e se consagrou.

A Fratello Uno serve entradas saborosas: pão da casa, cornicióne, saladas e burrata. O cornicióne de pesto de tomate seco é uma delícia, mas não resisto à simplicidade do sal grosso com alecrim, crocante e delicioso. A burrata é um ótimo acompanhante de um dos vinhos da carta da casa, que tem mais de 60 rótulos. A maioria não ultrapassa cem reais.

Entre as pizzas temos várias opções, desde a Duda – a tradicional pizza de presunto desfiado com tomate pelado, muçarela especial e azeitonas verdes sem caroço – a pizzas especiais de alcachofra, abobrinha, cogumelos, pimenta-de-cheiro e outras, de acordo com gosto do freguês. O que me chama a atenção é a qualidade dos produtos, como a farinha de trigo italiana, o tomate pelado também italiano, a calabresa apimentada. Todos os produtos, de modo geral, são escolhidos a dedo e garantem a excelência da pizza. A massa é preparada diariamente e colocada para descansar por 24 horas.

De sobremesa há pizzas doces, como a Coelho Sensual, coberta de morangos ao kirsch (licor de cereja), sorvete de creme e amêndoas douradas. Uma coisa! Além da tradicional Chita, de banana, canela e açúcar borrifado com rum. O petit gateau é delicioso.

Reformada recentemente, a unidade da Asa Sul ganhou dois novos ambientes. Ficou mais ampla e confortável, com clima bem aconchegante e descontraído. E a pizzaria oferece serviço de entrega para os que preferem assistir a seus filmes em casa mesmo. Então... toda vez que penso em cinema, meu programa acaba em pizza.

i lustração Rômulo geraldino

(61) 3349-4117103 Sul, Bloco A

109 Norte, Bloco DDomingo a quinta: 18h30–0h

Sexta e sábado: 18h30–0h30

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Quer comer uma pizza saborosa depois do cineminha? Vá à Fratello

baNquEtEs E botECos } Por MarCEla [email protected]

[email protected]

59

60

MENOS NOSSOS SALÁRIOS

HÁ 6 ANOS TUDO AUMENTA,

0%

Período apurado: 01/2006 a 06/2012 - Fonte: ICV - Índice do Custo de Vida, Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos

Educa

ção

52,86 %

Tran

sport

e

24,55 %

Alim

enta

ção

59,98 %

Saúde

36,66 %

Hab

itaç

ão

37,84 %

Salá

rio

dos

Serv

idore

s

www.sindjusdf.org.br

O custo de vida aumentou, tudo ficou mais caro, mas os salários

dos servidores da Justiça não tiveram nenhum reajuste desde 2006.

66ANOS

ISSO NÃO É

JUSTO

SEM REAJUSTE