revista politicom - ano 2 - nº 2 - ago-dez 2009

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Revista Brasileira de Marketing Político - Ano 2 - Nº 2 - Ago-Dez 2009

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CONSELHO EDITORIALAdolpho Carlos Françoso Queiroz, Universidade Metodista de São Paulo; Alexandre Torrezan, Centro Universitário Cândido Rondon (UNIRON-Cuiabá/MT); Bruna Vieira Guimarães, Universidade Paulista (UNIP-SP); Carlos Colonnese, Supernova Produções; Carlos Manhanelli, Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP); Celso Antonio Meneguetti, Univale de São José dos Campos; Daniela Rocha, Universidade Metodista de São Paulo; Cláudia Setti Gouvêa, Universidade Metodista de São Paulo; Débora Tavares, Universidade Federal do Mato Grosso; Eduardo Grossi, Universidade Metodista de São Paulo; Fábio Ciaccia, Universidade Me-todista de São Paulo; Ingrid Gomes, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; João Carlos Picolin, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Jorge Vidigal, Universidade Metodista de Piracicaba; Karla Amaral, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Kleber Carri-lho, Universidade Metodista de São Paulo; Letícia Costa, Unitau; Lincoln Franco, Universidade Metodista de São Paulo; Livio Sakai, Centro Uni-versitário de Guaxupé; Maurício Romanini, Centro Universitário de Gua-xupé; Moisés Barel, Universidade Sao Judas Tadeu; Nahara Mackovics, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; Patrícia Paixão, Universidade Metodista de São Paulo; Paulo César D´Elboux, Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste; Ricardo Costa, FMU-SP; Roberto Gondo, Universidade Metodista de São Paulo; Silmara Biazoto, Univer-sidade Presbiteriana Mackenzie; Thailissa Letícia Andara Ramos, Uni-versidade de Vila Velha; Victor Kraide Corte Real, PUC Campinas e ISCA Faculdades de Limeira.

DIRETOR RESPONSÁVELAdolpho Carlos Françoso QueirozEDITORJoão Carlos Picolin, MTb. Nº 27.018

CHEFE DE REDAÇÃOMaurício Romanini, MTb. Nº 29.629PROJETO GRÁFICOVictor Kraide Corte Real MARKETINGPaulo César D´Elboux

CAPAIvan Romanini. E-mail: [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica EMEAvenida Brigadeiro Faria Lima, 1080 – Vila FátimaCEP: 13.360-000 – Capivari/SPTelefones (19) 3491.7000 / 3491.5449E-mail: [email protected]. Site: www.editoraeme.com.br

TIRAGEM: 2000 exemplaresCIRCULAÇÃO: NacionalPERIODICIDADE: Semestral

APOIOCátedra UNESCO/METODISTA de Comunicação para oDesenvolvimento Regional.

ENTRE EM CONTATOCorrespondência: Rua do Sacramento, 230CEP: 09.640-000 – São Bernardo do Campo/SPTelefone: (11) 4366.5883E-mail: [email protected]

POLITICOM - Revista Brasileira de Marketing Político

CARTA AO LEITOR Contar a história dos candidatos derrotados nas eleições não é tarefa simples. Corre-se o risco de concluir apressadamente, de analisar superficialmente e, acima de tudo, de não entender o jogo político, que muda muito com o decorrer da campanha. Resumir, simplesmente, que um candidato ganhou porque o outro perdeu também é pouco esclarecedor. Por exemplo, quem perde uma eleição? O Candidato ou o marqueteiro? A eleição é uma operação muito grande e complexa para que alguém chame a responsabili-dade para si, no sucesso ou na decepção. Cada um, com seu trabalho, procura fazer a diferença. É isso o que mostra a reportagem de capa desta edição da Revista Brasileira de Marketing Político (RBMP), que procurou entender, conhecer e relatar as particularidades da derrota. Boa leitura!

SUMÁRIO

FOLKCOMUNICAÇÃO POLÍTICACriatividade sem infringir a

legislação eleitoral

O XIS DA QUESTÃOA hora e a vez da dignidade no

Marketing Político

CAPACom a palavra: os perdedores

CAPAPor que se perde uma eleição?

ENTREVISTACarlos Colonnese

NAVEGAR É PRECISOPesquisa política na Web

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CRUZANDO FONTEIRASMarketing político:a contra-hegemonia pela internet

NOVAS FERRAMENTASPor que não a Internet?

EVENTOIntercom Nacional também discute comunicação política

EM TAUBATÉPoliticom 2009 terá o rádio como tema principal

NAS ONDAS DO RÁDIOO rádio como instrumento depropaganda política

BIBLIOTECA

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FOLKCOMUNICAÇÃO POLÍTICA

Criatividade sem infringir a legislação eleitoralVictor Kraide Corte Real*

*Publicitário e Mestre em Comunicação Social. Coordenador do curso de Publicidade e Propaganda do ISCA Faculdades (Limeira/SP) e Docente do Centro de Ciências e Letras da PUC Campinas.

As estratégias de folkcomunicação nas campanhas eleitorais podem ser vistas, analisadas e discutidas de muitas maneiras diferentes. Nem sempre há consenso entre os profissionais de co-municação sobre o modo adequado de utilizar esse tipo de aproximação – baseada no folclore e na cultura popular – em paralelo às ações convencio-nais nos meios de comunicação de massa. Às vezes os recursos não convencionais, que chegam a ser precários e toscos, acabam des-pontando como a única alternativa para candi-datos com orçamentos limitados e sem qualquer tipo de assessoria capacitada e profissional. Nestes casos, o que acontece é uma distorção na prática da folkcomunicação e uma aplicação acidental de algumas de suas características. Basta lembrar das dezenas de casos esdrúxulos, bizarros e irônicos que frequentemente são veiculados no Horário Eleitoral Gratuito. Mas, em outras situações, a prática da folkcomunicação, intermediada por elementos populares ou até popularescos, é utilizada de ma-neira criteriosa. Sendo efetivamente planejada e coordenada; tendo o amparo de pesquisas de opi-nião extremamente amplas e fundamentadas; e fazendo parte de um forte esquema estratégico de marketing. É preciso levar em conta também que a folkcomunicação pode ser uma boa opção diante

das limitações e restrições impostas, ano após ano, pela legislação eleitoral. As mudanças nas regras e a proibição de alguns tipos de veiculação, for-çam e estimulam os profissionais de criação a se superarem e encontrarem alternativas inovadoras, surpreendentes, e ao mesmo tempo eficientes, ca-pazes de conquistar o eleitorado e fixar a imagem de um candidato durante as campanhas de propa-ganda política. Tomando cuidado, sempre, em não infringir a legislação vigente. Foi seguindo esta segunda linha – profis-sional e popular – que os coordenadores da cam-panha de Gilberto Kassab (DEM), candidato à Prefeitura de São Paulo, em 2008, criaram um ele-mento simbólico de folkcomunicação muito mar-cante e digno de ser lembrado pelos historiadores, pesquisadores e profissionais de marketing políti-co e eleitoral – o “Kassabão”. Um boneco inflável de 2,5m de altura, produzido em lona e controlado internamente por uma pessoa que, além de con-duzir o gigante pelas ruas, ainda carrega a bateria responsável por manter o funcionamento do ven-tilador que infla o personagem. A inspiração veio dos clássicos “Bonecos de Olinda” já utilizados anteriormente em outras campanhas, no entanto a técnica foi aperfeiçoada, evoluindo muito nos quesitos de estética, plastici-dade e acabamento como também na ação total-mente alinhada aos demais componentes da cam-panha, reforçando a lembrança da marca, nome e número do candidato. A linha visual do “Kassabão” foi inspirada no “Kassabinho”, mascote utilizado nas animações dos vídeos e nas peças impressas da campanha, um personagem tridimensional desenvolvido a partir da aparência física do próprio Gilberto Kas-sab, porém com traços leves e caricatos, seguindo o estilo dos desenhos infantis. Circularam pelas ruas da capital paulistana 10 bonecos gigantes, que ga-rantiram ampla repercussão e sucesso na campa-nha vitoriosa do atual prefeito. O custo unitário de cada boneco foi de R$ 1,5 mil, valor irrisório diante do montante da campanha e do resultado obtido. A Folha de S. Paulo noticiou no final da campa-nha do ano passado que o criador dos bonecos e a empresa fabricante já receberam encomendas de

possíveis candidatos para as próximas eleições.

Folha Imagem

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O XIS DA QUESTÃO

*Jornalista, Doutor em Ciências da Comunicação e professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo.

Agradecemos as palavras do professor Carlos Chaparro sobre a criação da Sociedade Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Político (Politicom). Recuperamos o texto exposto em seu blog “O Xis da Questão” (www.oxisdaquestao.com.br) , em de-zembro do ano passado, para compartilhar nossa felicidade. Obrigado.

Na próspera área do Marketing Político, dois fatos importantes ocorreram em meados de outubro: a prisão de Marcos Valério, o detestável operador do não menos detestável “mensalão”, e a criação da Sociedade Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Políti-co, a POLITICOM. Aparentemente, são coisas excludentes, já que remetem a significações opostas. Mas, na leitu-ra que faço, constituem, na verdade, fatos de efeitos convergentes, na medida em que, embora por vias e lógicas diferentes, ambos contribuem ou podem contribuir para a moralização do marketing políti-co, atividade com papel decisivo nos indispensáveis jogos de poder, na democracia brasileira. No que se refere a Marcos Valério, deixe-mo-lo no merecido lugar onde está. Na prisão. Es-pero que tenha julgamento honesto, rigoroso e pe-dagógico. E não quero falar mais dele. Nem com ele. Mas quero falar com o meu amigo e colega Adolpho Queiroz, professor conhecido e respeitado de marketing e propaganda, com foco prioritário em marketing político, área na qual é referência teórica. Por esses e outros méritos, os fundadores da POLITICOM acertaram em cheio ao lhe confia-rem a presidência da entidade. E é curioso saber que tudo começou com a revista também chamada “Politicom”, lançada em agosto deste ano, tendo o próprio Adolpho Queiroz como diretor responsável.

(...) E o trago a este Postigo do Diálo-go, Adolpho, para lhe dizer que concordo com você quanto à importância da criação da POLI-TICOM. É uma bela notícia, neste final de ano. Trata-se de uma Sociedade de dupla face, a aca-dêmica e a profissional. Pelo que você me ex-plicou, parece-me que mais acadêmica do que profissional. E isso é bom. Porque, como enti-dade preponderantemente acadêmica, a POLI-TICOM terá de se empenhar na tarefa de difun-dir conhecimento, no campo multidisciplinar do marketing político. Sei que você também pensa assim, caro Adolpho, e por isso no projeto da entidade está escrito que a POLITICOM realizará seminários e congressos, editará livros e revistas, e passará a integrar a rede científica de pesquisadores e pro-fissionais que atuam na área. Tenho a certeza, Adolpho Queiroz, que você realizará ótimo trabalho na POLITICOM. Experiên-cia e idealismo não lhe faltam. Por isso me atrevo a deixar aqui duas sugestões que não fazem parte do plano de ação anunciado, mas que, a meu ver, podem e devem fazer parte das metas da entidade. Primeira Sugestão - Aproveite a capacida-de de articulação com que a POLITICOM já nasce para envolver as outras entidades na discussão e definição de um Código Ético-Dentológico para os profissionais que atuam no Marketing Político. É preciso e urgente dar dignidade à profissão e à atividade. E você sabe melhor do que eu que uma consciência deontológica sustentada em valores pode ser um bom começo. Segunda Sugestão – Arranje jeitos e recur-sos para que a POLITICOM desenvolva projetos e conteúdos voltados para a informação e a educa-ção política dos eleitores. Até agora, o marketing político só os tem tratado como objetos manipulá-veis. Pois está na hora de pensar neles como cida-dãos e sujeitos. Entretanto, caro Adolpho, parabéns pela dupla criação da POLITICOM (a revista e a Socie-dade). E votos de boa presidência. Grande abraço!

A hora e a vez da dignidadeno Marketing Político

Carlos Chaparro*

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CAPA

Com a palavra: os perdedores

Sempre após o período eleitoral surgem dois cenários: o montado pelos ganhadores e o destruído pelos perdedores. No palco iluminado da vitória todos querem subir para receber os cum-primentos, elogios pela estratégia bem-conduzida e os parabéns pela equipe de comunicação e ma-rketing político competente. Enfim, são os louros da glória. E os perdedores. O que têm a dizer? Quem são os responsáveis pela derrota? Houve estratégia errada? Faceta pouco conhecida – só é tratada nos bastidores e, mesmo assim, com muito cuidado. Os analistas procuram mensurar o grau do terremoto produzido por uma eleição: quem ganha? Quem perde? Que forças desapareceram? Que lideranças emergiram? De preferência com respostas prontas e sem ouvir a parte derrotada. Para entender, conhecer e relatar as parti-cularidades da derrota, a RBMP entrevistou três candidatos a prefeito, em diferentes regiões do Brasil, que contam as versões dos perdedores. Os candidatos apontam os valores gastos – informações de bastidores passadas a RBMP, em três cidades diferentes. Juntos somam R$ 5 milhões. Em duas cidades os candidatos que mais investiram perderam. Somente em uma cidade a campanha mais cara ganhou. A importância do marketing político, para Reginaldo Santos Souza, candidato na cidade de Ibaté (região de São Carlos), no Estado de São

Paulo, quarto colocado, pelo Partido dos Trabalha-dores (PT), está na comunicação e no marketing eleitoral. “É o elo do candidato com os eleitores e, todos precisam da ajuda do marketing eleitoral, pois a política, hoje, é profissional, não é mais uma disputa que possa ser conduzida de modo amador, principalmente, a comunicação”, comenta. Para José Aparecido de Oliveira (Zelão), candidato na cidade de Guaxupé, no Estado de Mi-nas Gerais, pela coligação “Guaxupé para todos”, que terminou em terceiro lugar, com 24% dos vo-tos válidos, a importância do marketing político é estrutural. “É fundamental, mas é preciso organi-zação, estratégia e disciplina. Hoje, pós-eleição, enxergo que sem dedicação integral o trabalho não surte efeito”, diz. Na visão do marqueteiro Carlos Augusto Manhanelli, “a maioria dos candidatos não comu-nica e transmite o que pensa e, dessa maneira, não consegue conquista o eleitor”, explica. O político mineiro ensina que o marque-teiro não é médico, ou seja, sua “função não é salvar o paciente quando ele já está na UTI”, fala. Sua obrigação é montar a estratégia de campanha, mas salienta a importância do trabalho em equipe, “nem o candidato e nem o marqueteiro ganham sozinhos”, profetiza. Para Aloisio Calsoni Bozzini, candidato pelo Partido dos Trabalhadores, na cidade paulista de São José do Rio Pardo, que terminou em tercei-

Maurício Romanini

José Aparecido de Oliveira (Zelão), candidato a prefeito da cidade de Guaxupé/MG

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ro lugar, com 15% dos votos válidos, “o marketing político é importante para estruturar o candidato, compor sua imagem e direcionar suas falas, que devem ser amparadas em pesquisas”, comenta. Além disso, comenta sobre a importância do marqueteiro conhecer a realidade da cidade e vivenciar o processo. “Faltou um marqueteiro para lapidar nossa campanha e acompanhar todo o transcorrer da eleição”, enfatiza A campanha eleitoral tem vários setores diferentes – que precisam estar em sintonia, para fazer a candidatura andar. O setor de comunicação divide-se em televisão, rádio, outdoor, impressos e internet, ou seja, o trabalho dentro da área comu-nicação é muito grande. Quando a comunicação é mal-planejada per-de-se a eleição, o que não quer dizer que uma comu-nicação bem feita ganhe a disputa. Posicionamento e mensagem equivocada ajudam na derrocada. Na visão do marqueteiro Carlos Colonnese, o candidato precisa ser trabalhado para se enqua-drar nos anseios da população, “O marketing políti-co vai explorar os atributos positivos do candidato e potencializar a esperança das pessoas”, explica. Os motivos do fracasso são explicados pe-los candidatos. Souza aponta os aspectos que re-sultaram no fracasso: “a derrota foi um somatório de erros, mas, dois fatores se destacam: falta de dinheiro e estrutura amadora de marketing polí-tico”, pondera. Nas disputas eleitorais os erros são ter-ríveis e, de difícil recuperação, por isso, cada vez mais as campanhas são profissionais. No entanto, algumas regras do marketing político não podem ser desrespeitadas, como a de menosprezar o ad-versário. Situação admitida Oliveira, “nosso maior erro foi achar que a campanha estava ganha e, dessa forma, menosprezamos o adversário”, argumenta. A três meses da eleição a coligação “Gua-xupé para todos” tinha 47% de intenção de votos e o candidato vencedor apenas 5%, sinalizando que a disputa estava ganha. No entanto, o resulta de-monstrou o contrário. Na campanha as mudanças são rápidas e, no marketing político, como adverte Colonnese, “nunca menospreze a força do adversário e a inte-ligência do eleitor”, enfatiza. A área comunicacional é bastante sensível numa campanha, os mínimos descuidos tornam-se incontornáveis. Para Oliveira a comunicação falha é fatal, “erramos em nossa estratégia de co-municação e marketing, o jingle podia ser melhor, o trabalho de rua foi muito ruim e o programa da televisão não atingiu nosso eleitor”, reconhece. A campanha de Bozzini contou com o

apoio de dois profissionais: um jornalista e um cientista político, que ajudaram na preparação do material de campanha sem cobrar nada. “Foi um material caseiro, nosso carro de som era um fusca emprestado e o equipamento amador. A parte im-pressa não ficou boa ”, aponta. Para Souza a estrutura de trabalho foi muito engessada, por falta de recurso financeiro e profissional. “Utilizamos o que o partido dispo-nibilizou e, depoimentos de personalidades mais conhecidas, para veicular nos programas de rádio e ajuda informal de amigos”, enfatiza. Essa mesma situação ocorreu com Bozzini.

A estratégia de campanha foi definida pelo próprio candidato, que reconhece seu amadoris-mo. Segundo Souza, “desde o programa de rádio passando pela abordagem do corpo-a-corpo nas ruas até os panfletos com as propostas de governo ficou aquém das expectativas”, aponta. Segundo Bozzini a estratégia foi pontual, ou seja, conforme a campanha caminhava e, de acordo com as necessidades, as estratégias eram montadas. “Durante toda a campanha encontra-mos com o estrategista – assessor parlamentar, três vezes”, enfatiza. A questão financeira é lembrada por Sou-za, que diz que não ser possível disputar uma elei-ção sem dinheiro. “Em qualquer eleição, seja em cidade pequena, média ou grande, se gasta muito dinheiro”, atesta. Quem também fala sobre dinhei-ro é Oliveira, “nosso caixa não era bom, pagáva-

Reginaldo Santos Souza,candidato a prefeito da cidade de Ibaté/SP

Maurício Romanini

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mos tudo, inclusive os agitadores de rua, gasolina para carreata, etc.”, completa. O papel do marqueteiro é reconhecido como fundamental por todos. Durante a campa-nha política não há espaço para a acomodação e o descuido. Na visão de Oliveira, o marqueteiro não pode acompanhar a distância e sua presença no cotidiano é importante. “Erramos ao contratar um profissional que estava envolvido com várias campanhas ao mesmo tempo”, fala.

Dedicação e disciplina numa disputa são condições básicas. Além disso, planejamento e es-tratégia são o norte. “Senti falta de um planejamento com começo, meio e fim, e de ser melhor preparado pelo nosso marqueteiro, pois não tinha experiência política. Faltou também um foco específico para a realidade da nossa cidade.”, reclama Oliveira. Não dá para trabalhar tendo contato uma vez por semana e, depois, tentar resolver tudo por telefone e e-mail. “A estratégia era para dois ou três dias, durante a campanha é necessário andar pela cidade e sentir o clima político”, diz Oliveira. Em momentos mais agudos da eleição, por exemplo, nos debates, o candidato mineiro foi para eles desamparado. “Fui para os debates tele-visivos e radiofônicos sozinho, ou seja, o marque-teiro não me acompanhou e nem me preparou”, argumenta Oliveira Para Manhanelli o maior pecado numa campanha é a desorganização. Infelizmente, a maioria das campanhas tem muitas cabeças, mãos e bocas, mas pouco cérebro, ajuda e palavra certa.

“É preciso definir quem comanda dividir responsabilidades – primordial montar um bom organograma, pessoal competente e comprome-tido - motivação constante, trabalho em equipe, cobrança de resultados, readequação das ações falhas, metas por período - cronograma de traba-lho), menos repreensão por erros e mais reconhe-cimento pelos acertos”, sintetiza. Todos os candidatos reclamaram das pes-quisas – os dois petistas por falta de dinheiro para fazê-las e o peemedebista pela imprecisão. Sua im-portância é na montagem e definição das ações, ou seja, o marqueteiro vai se orientar por elas. Quem comenta a importância das pesqui-sas é Manhanelli, e mostra que os candidatos não podem desprezar essa importante ferramenta, que baliza a tomada de decisão, “candidatos montam os planos de governo sem base em pesquisas, se avalia pela sua forma de administrar, mas o eleitor avaliou a relação entre ambos”, destaca. A relação entre o candidato e o profissio-nal não pode ser fria, distante e sem cumplicidade, como aponta Oliveira, “o marqueteiro precisa con-versar mais com os candidatos, conhecer seu perfil, suas ideias e seus pontos fortes e fracos. Sua vida pessoal, profissional e seu temperamento”, diz. O marqueteiro precisa antever os passos do adversário, o cenário político e as mudanças. “Quando o cenário mudar é preciso mudar tam-bém, isso é fundamental”, diz Oliveira. O balanço de acertos e erros é apontado por Souza: “acertamos em fazer uma campanha propositiva, sem atacar ninguém, ou seja, procu-ramos apresentar propostas e debater idéias”, diz. “Erramos na condução amadora da cam-panha, na falta de experiência e de estrutura. Hoje, não saio mais candidato sem uma estrutura de ma-rketing político profissional”, assegura Souza Para Bozzini sua campanha foi boa para o processo político e para solidificar sua imagem, num discurso ideológico. “Minha campanha foi a mais eficiente, pois levamos a mensagem do parti-do, mobiliamos a militância e aumentamos nossa base eleitoral”, fala. A equipe de marketing trabalhou bem ao mapear os bairros visitados apontando suas necessi-dades, pois os planos de governo foram feitos em cima disso. “Eu chegava no bairro sabendo dos seus proble-mas e propunha as soluções”, pondera Bozzini. Destaca o erro com a música e com jingle que ficou despersonalizado, sem adequação a re-alidade. “Um erro muito grande foi pegar o jingle disponibilizado pelo partido e usar, pois ele não tinha identidade com a cidade e nem comigo”, atesta Bozzini.

Aloisio Calsoni Bozzini, candidato a prefeitoda cidade de São José do Rio Pardo/SP

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CAPA

Por que se perdeuma eleição?

Carlos Manhanelli*

Toda vez que termina uma eleição, vem a maior dúvida na cabeça dos perdedores: “Por que perdemos a eleição, fizemos tudo certo (na opinião deles), e perdemos?. Por que será? Varias situações se apresentam nas derrotas: Boas administrações não se reelegeram, ou não elegeram seus sucessores; reconhecidos administradores não conseguiram os votos neces-sários para se eleger; candidatos com credibilidade não tiveram sucesso; administradores medíocres elegeram-se ou fizeram seus sucessores; candida-tos com poucas perspectivas venceram as eleições; viradas sensacionais na ultima semana; e surpre-sas na abertura das urnas. Os candidatos que perderam as elei-ções, com raras exceções, integram o grupo que “pisou na bola” em pelo menos um dos sete pe-cados da derrota:1 - O candidato se avaliou pela sua forma de Adminis-trar e o eleitor o avaliou pela forma de se relacionar;2 - Apoiadores assumiram papéis mais fortes que o candidato. O eleitor não aceita que se tire a auto-ridade do candidato: o candidato é o sol da campa-nha. Ninguém pode brilhar mais do que ele;3 - O candidato foi exageradamente liberal. Os ex-tremos não agradam o eleitor;4 - Subir o primeiro degrau da escada da campa-nha pensando no segundo: candidato e apoiadores pensando em outros cargos públicos;5 - Não foram administrados com firmeza as vai-dades e os interesses da equipe: nada pior do que ciúme de homem em campanha eleitoral;6 - O candidato não soube abrigar pessoas que gos-tariam de ajudar e não encontraram espaço;7 - O candidato não soube se comunicar de maneira correta, não conseguindo transmitir o que pensava. Plano de governo feito sem base em pesquisas. Se o candidato, porém, não infringiu ne-nhum dos sete pecados da derrota, veja quais as suas deficiências:

1 - Prepotência;2 - Arrogância;3 - Ingratidão;4 - Vingança;5 - Preguiça;6 - Individualismo;7 - Incompetência; Quando procuramos o inverso, ou seja, os motivos das vitórias, iremos com certeza encontrar nessas campanhas pontos convergentes entre elas. Primeiro a organização: uma definição clara de comando, definição de responsabilidades (um bom organograma), pessoal competente e comprometido (atividades de motivação constan-te), trabalho em equipe; cobrança de resultados; readequação das ações falhas, metas por período (cronograma de trabalho), menos repreensão por erros e mais reconhecimento pelos acertos. Segundo a motivação: bom relacionamen-to entre todos os membros da equipe, clima agra-dável e de cooperação, comemoração das metas alcançadas, oportunidade para mostrar trabalho, sinergia permanente, prazer e orgulho de perten-cer ao grupo, informações democratizadas e parti-cipação no conjunto de atividades. Terceiro o trabalho: muito trabalho, cada um faz o que sabe fazer (designar e detalhar fun-ções), pensamentos, palavras e atitudes coerentes, conhecer o resultado do trabalho, saber da impor-tância do trabalho, ter prazer de trabalhar, ser re-conhecido pelo trabalho e não manifestar cansaço. Como sempre digo: o voto é construído por vários fatores. Não existe apenas um fator que faça o eleitor se decidir por um candidato. A so-matória de fatores positivos é que leva ao eleitor a decidir seu voto, quando não, os negativos levam o eleitor a votar até em um candidato que não tem sua legitima preferência, mas o outro é altamente capaz de aglutinar fatores negativos, então... Mutatis mutandis

*Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, Autor de 10 livros na área. Professor Titular na Pon-tifícia Universidade de Salamanca – Espanha no curso Maicop. Presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e membro da IAPC – International Associatin of Political Consultants.

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ENTREVISTA

Carlos ColonneseA verdade sobre o episódio decisivo da eleição de 1989

Ele já trabalhou na TV Cultura, na TV Bandeirantes, no SBT e na Rede Globo. Jornalis-ta, com mestrado pela Universidade de San Diego, Carlos Colonnese atuou em diversas campanhas eleitorais importantes no Brasil. Desde 1995 está à frente da Supernova, uma produtora que de-senvolve diversos trabalhos para TV, e que presta serviços também em períodos eleitorais. Com uma vasta experiência em comunicação eleitoral, Co-lonnese é o entrevistado da Revista Politicom.

Revista Brasileira de Marketing Político (RBMP): Como foi a sua trajetória até as campa-nhas eleitorais?Carlos Colonnese (CC): Faço parte de uma geração que teve o gosto de acreditar em idéias e o prazer em contestar. Não sabíamos muito bem para onde ir, mas tínhamos certeza que era para um outro lado. Entre as muitas inquietações da juventude, queria seguir o caminho de amigos próximos envolvidos com movimentos sociais e políticos. Mas, para isto, a pacata Piracicaba não era o lugar mais adequado. Com 15 anos comecei a infernizar a vida dos meus pais e, numa tentativa de esfriar ânimos juvenis, arrumaram um empre-

go para mim no Diário, um dos jornais da cidade. Comecei aí uma carreira marcada pelo entusiasmo e o acaso. Trabalhei no Diário até entrar na facul-dade de jornalismo da FAAP, em São Paulo. Logo no primeiro semestre consegui um estágio na TV Cultura e por lá fiquei mais de 10 anos. Fiz mes-trado na Universidade da Califórnia, em San Die-go, e na volta continuei trabalhando em televisão e lecionando na FAAP e na PUC de São Paulo. Fui diretor de programas de TV na Band, SBT e, na Globo, fui diretor e editor do Globo Repórter.Nos anos 80 vivíamos um momento de reencontro com a democracia e a liberdade de expressão. Al-guns colegas foram trabalhar, praticamente como voluntários, em programas políticos e campanhas eleitorais para o rádio e TV. Trocávamos informa-ções e experiências, e comecei a me empolgar com a perspectiva de, naquele momento histórico, fazer comunicação política. Acreditava, como acredito ainda hoje, que a comunicação é ferramenta indis-pensável para fomentar a participação da socieda-de no processo político. Em 89, Silvia Popovic, com quem trabalhava, su-geriu meu nome ao Chico Santa Rita para integrar a equipe da campanha presidencial de Ulisses Gui-

Divulgação

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marães. A coordenação da campanha era em Bra-sília e fui contratado para o núcleo de São Paulo e região Sul, que acabei dirigindo. Depois da campanha Chico me convidou para continuar com ele na TVT - naquela época uma das maiores produtoras do Brasil - como editor-chefe, uma espécie de diretor de criação, porque a produtora também criava comerciais e progra-mas de TV, principalmente para o PMDB e o go-verno do Estado. Trabalhei na TVT por seis anos. Um período muito especial da minha carreira, onde tive a oportunida-de de participar de grandes campanhas, utilizando a mais sofisticada tecnologia da época e conviven-do com grandes cabeças. Além do Chico, que era considerado o “papa” do marketing político, traba-lhei ao lado profissionais talentosos, como Dani-lo Palasio - hoje sócio da GW, Anne Porlan - Pro-grama do Jô, Tereza Pinheiro, Cristina Piasentini, Tereza Cavalleiro - diferentes cargos de chefia no jornalismo da Rede Globo, e Chiquinho Oliveira, de quem sou sócio há 15 anos. Depois da TVT comecei a organizar uma agência, mas logo fui convidado por Eurico Andrade para coordenar o programa de TV da campanha do An-tonio Britto para o governo do Rio Grande Sul, em 94. Britto foi eleito. A agência era de Geraldo

Walter e o Nizan Guanaes coordenava esta cam-panha e a do Fernando Henrique para presidente.

RBMP: Desde quando a Supernova está em ati-vidade e porque razão você escolheu o marketing político para trabalhar profissionalmente?CC: A Supernova nasceu em 1995, logo após a campanha do Britto. Ela é uma produtora em per-manente evolução que acompanha as constantes transformações dos modelos e plataformas de comunicação. Fazemos filmes, vídeos, web, trans-missões por satélite, conteúdo para programas de TV e eventos. Os trabalhos políticos e eleitorais são feitos por ou-tra empresa, a Campanha Estratégia e Marketing, que é formada por profissionais com experiência específica. A Supernova é contratada para a produ-ção de filmes e vídeos quando existe demanda para este tipo de produto.

RBMP: Como é fazer campanhas vitoriosas pelo Brasil? Conte algumas das suas experiências, como no Amazonas, por exemplo.

CC: Cada campanha tem sua particularidade. Cada uma delas sofre forte influência do mo-mento histórico, das boas alianças políticas, das condições organizacionais, da capacidade de ar-recadação de fundos, da harmonia entre os vários núcleos da campanha ou de plataformas eleito-rais que atendam verdadeiramente os anseios da população. Quando todos estes requisitos são fa-voráveis, as chances de vitória são evidentemente muito maiores. Porém, o fator determinante de vitória é o bom candidato. Um candidato que não consegue esta-belecer empatia com o eleitorado ou incapaz de estabelecer com ele uma relação de confiança e credibilidade dificilmente será bem sucedido.Nas campanhas de 2002 para o governo do Ama-zonas, o atual governador, Eduardo Braga apre-sentou-se como o candidato mais bem preparado. Além disso, era um jovem inteligente, com grande conhecimento dos problemas do estado e um pro-grama de governo moderno e ousado, que apre-sentava respostas às necessidades da população. A comunicação soube explorar bem os atributos positivos do candidato e potencializar a esperança de transformações.Em 2006, o governador se reelegeu fortemente amparado nos resultados positivos de seu primei-

ro governo. Nesta eleição, o foco da comunicação foi mostrar a importância da continuidade para a ampliação das conquistas daquele primeiro man-dato. Mas não foi uma jornada fácil. O governador enfrentou uma das campanhas mais violentas da história, com uma infinidade de golpes baixos. A estratégia dos adversários era tirar a atenção do eleitor das conquistas do estado e minar a repu-tação do governador com matérias apócrifas, acu-sações fraudulentas e testemunhos falsos. Nada fi-cou sem resposta e, muito provavelmente por isso, pela coragem do enfrentamento, Eduardo Braga foi vitorioso no primeiro turno.

RBMP: E com Lindberg Farias, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, como foi a experiência?CC: Com Lindberg, foi uma campanha totalmente diferente. Ele era um candidato novo, sem experi-ência em campanhas majoritárias e praticamente desconhecido do eleitor da Baixada Fluminense. Para complicar ainda mais a situação, recaia sobre Lindberg a suspeita de oportunismo político.Tínhamos que torná-lo mais conhecido, mostrar

Acredito que a comunicação é ferramentaindispensável para fomentar a participação

da sociedade no processo político.“

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que apesar de novo era capaz e dirimir todas as suspeitas de oportunismo. Nesta campanha o pro-grama de televisão teve papel decisivo.Adotamos a estratégia da sinceridade. Lindberg reconheceu sua juventude e a sua condição de nordestino. Fez um pacto com o eleitor, admitin-do que seria bom para ele vencer aquela eleição, mas seria bom também para a população, porque tinha novas idéias, força de vontade e uma grande capacidade de interlocução com o governo Lula. Mostramos na televisão imagens dele como líder estudantil, o trabalho sério como congressista e seu fácil trânsito nas esferas federais.A televisão também foi vital para elevar a auto-estima da população de Nova Iguaçu, uma cidade estigmatizada pelo vasto noticiário policial. Que-

bramos esta imagem ao mostrar uma cidade cons-truída por pessoas lutadoras, que encontraram ali um refúgio para construir suas vidas. Aos poucos, os eleitores passaram a prestar mais atenção às mensagens do jovem Lindberg e a acreditar que ele poderia ser um fator de transformação. Em 2004, os comícios ainda eram permitidos pela lei eleitoral e reforçamos os encontros com a popula-ção. Nestes contatos, Lindberg selava os compro-missos com a cidade.Em menos de um mês de campanha ele saltou de 10 para 30 pontos das intenções de voto e garantiu sua ida para o segundo turno e a vitória.

RBMP: Você já trabalhou em campanhas presi-denciais. Qual a diferença entre trabalhar uma

campanha de prefeito, de governador e para uma de presidente da República? Qual o “cliente/can-didato” que lhe deu mais trabalho? E por quê?CC: Como disse, nenhuma campanha é igual a ou-tra. O maior erro de um profissional da área talvez seja querer repetir fórmulas de sucesso.As campanhas mais difíceis foram aquelas em que as pesquisas qualitativas sempre apontavam o nosso candidato como o mais bem preparado, com a melhor proposta, mas não deslanchava. Foi as-

sim com o Serra em 96 para prefeito de São Paulo e Caldini Crespo para prefeito de Sorocaba.Participei de praticamente todas as pesquisas qua-litativas. Voltava sempre com notícias animado-ras. As pessoas reconheciam que o nosso candida-to tinha o melhor programa, era o mais sério, mais capaz, porém os números das pesquisas permane-ciam estagnados.Fui aprendendo com o tempo que uma das maio-res dificuldades é trabalhar para um candidato que representa a mudança quando a população quer a continuidade.

RBMP: No livro do Chico Santa Rita, “Batalhas eleitorais”, ele atribui a você o comentário de que a gravação com a Mirian Cordeiro, ex-mulher do

Lula, era “ouro puro”. Conte um pouco mais so-bre o episódio e qual o seu papel nele. Você acha que ele foi decisivo para a vitória do Collor contra o Lula na ocasião?CC: O Chico foi chamado pelo comando da cam-panha do Collor para tentar reverter uma tendên-cia de queda do candidato. Como trabalhava para ele na TVT, fui junto com outros profissionais re-crutados para formar a equipe. No livro, Chico faz várias citações ao meu nome como um dos melhores profissionais do time. Não sei se de forma intencional, o trecho em que ele cita a gra-vação com Miriam Cordeiro é ambíguo e passa a impressão de que ele, Chico, não sabia do que se tratava. Impossível, já que ele era o chefe e, junto com Leopoldo Collor, decidia o que ia para o ar.

E, vale lembrar, que a palavra final, em qualquer campanha com o mínimo de profissionalismo é do candidato. Naqueles dias próximos à eleição, a campanha passou a receber uma série de contribuições. Vá-rias agências de publicidade e profissionais de comunicação enviavam comerciais, textos e gra-vações. A gravação com a ex-mulher de Lula veio numa destas levas. Não acredito que a entrevista de Miriam Cordeiro

Não acredito que ataques pessoais ajudema ganhar eleição. O medo, sim, é fator

determinante numa escolha.“

O voto consciente não pode prescindir dainformação, e este é o nosso papel.“

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tenha sido decisiva para derrota do Lula. Não acre-dito que ataques pessoais ajudem a ganhar eleição. O medo, sim, é fator determinante numa escolha. Os brasileiros, de uma maneira geral, tinham medo do Lula e muito medo do sectarismo e da violência com que o PT impunha seus dogmas. Lula só foi vi-torioso depois de um intenso e minucioso trabalho de mudança de imagem pessoal.

RBMP: Depois de tantos anos “na estrada”, quais as suas expectativas para o trabalho com o marke-ting político no futuro?

CC: Minha grande expectativa é que as pessoas não deixem de acreditar no processo democrático, ape-sar do processo de corrosão de nossas instituições. E o marketing político é ferramenta indispensável para isso. Ele é e continuará sendo decisivo para in-formar, mobilizar e ajudar na tomada de decisão.

RBMP: Como vê o papel da internet nas próxi-mas eleições?CC: Em 1981, quando ficávamos admirados com as novas máquinas de escrever elétricas capazes de fazer correções automáticas, tive um professor visionário na Universidade da Califórnia, Denis Sanders. Ele dizia – e nós não entendíamos mui-to bem - que o computador pessoal seria a maior revolução da história da humanidade. Hoje, o que ele preconizava é incontestável.Participei recentemente de uma palestra de Ben Self, presidente da Blue State Digital, a empresa res-ponsável pela campanha digital de Barack Obama. Com uma sinceridade surpreendente ele disse que o objetivo inicial do trabalho deles era fazer com que os simpatizantes de Obama doassem um dólar para a campanha e com isso esperavam estreitar o rela-cionamento com o candidato e fazer com que estes doadores, de alguma forma, se sentissem responsá-veis pela campanha. Eles conseguiram algo muito maior e inesperado. O desejo de participar superou de tal maneira as expectativas que a internet pas-sou a ser a principal ferramenta de mobilização. Também, de forma surpreendente, começaram a surgir contribuições espontâneas que foram ime-diatamente incorporadas e a comunicação virtual se transformou neste inédito fenômeno.É importante lembrar que a internet foi decisiva para a arrecadação de milhões de dólares que cus-tearam o principal pronunciamento de Obama em

horário nobre pela televisão às vésperas da eleição.Acredito que, apesar das tentativas ditas legais de limitar o uso da internet nas eleições brasileiras, ela terá um novo papel, não só pelo o que ela represen-tou na campanha de Obama, mas pelo crescimento do meio no país e pela nova maneira de buscar in-formação que estamos cada vez mais atrelados.

RBMP: Analise um pouco sobre o campo profis-sional do marketing político no Brasil.CC: A imagem do marketing político e de seus pro-fissionais sofreu um implacável revés nos últimos

anos, principalmente com o escândalo do mensa-lão. Éramos vistos como agentes importantes na consolidação da democracia no Brasil, mas hoje muitos dos profissionais referem-se com certo constrangimento à carreira que escolheram.Os incontáveis escândalos no Congresso Nacional noticiados de forma vigorosa pela imprensa con-tribuem para este declínio de imagem. Mas a atividade continua e continuará a ser im-portante enquanto acreditarmos nos valores bá-sicos da democracia. O voto consciente não pode prescindir da informação e este é o nosso papel, que deve ser desempenhado de maneira profis-sional e honesta.

RBMP: Estamos fazendo nesta edição da revista Politicom, uma matéria de capa intitulada “POR QUE ELES PERDEM ELEIÇÕES?”, tentando en-tender um pouco as razões do não profissionalis-mo no nosso campo. De a sua versão sobre “Por que eles perdem eleições?”CC: Assim como existe um conjunto de fatores que podem levar à vitória, também há as condições que podem conduzir à derrota. Um candidato ao fra-casso é aquele que: - menospreza a inteligência do eleitor. - não está comprometido com a verdade. - não tem convicção do que fala. - muda a imagem pessoal, apresentado-se

como alguém diferente do que realmente é. - faz propostas inexequíveis. - não se prepara para o cargo que almeja. - não acredita em trabalho de equipe. - coloca as ambições pessoais acima do bem

comum. - inseguro e incapaz de tomar decisões rápidas. - menospreza a força do adversário.

Fui aprendendo com o tempo que uma dasmaiores dificuldades é trabalhar para um

candidato que representa a mudançaquando a população quer a continuidade.

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NAVEGAR É PRECISO

Pesquisa política na Web.Um mar de oportunidades de informação,para quem sabe navegarCélia Maria Retz Godoy dos Santos*

*Mestre em Comunicação Social, doutora em Sociologia e coordenadora do Núcleo de Opinião Unesp. Desenvolve trabalhos e es-tudos sobre opinião pública nas diferentes interfaces com pesquisas de opinião, imagem, gestão, eleitoral e política. É docente no curso de Relações Públicas da Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação da Unesp.

Quando se fala em pesquisa política, a maioria das pessoas se refere àquelas voltadas para levantar a intenção de voto, quando muito, saber alguns aspectos do eleitorado como em que cidades estão os eleitores de tal candidato, ou ain-da, em que gênero ou escolaridade estes se enqua-dram. Mas a pesquisa política é muito mais que isso. Envolve todos os tipos de levantamentos, grupos focais, pesquisas de ambiente, de concei-tos e de atitudes que fornecem parâmetros para as decisões políticas junto aos parceiros, colabo-radores e cidadãos. São aquelas que identificam as falhas e pontos de estrangulamento da comu-nicação política. As que subsidiam as campanhas eleitorais e os programas de governo segundo as demandas sociais. As que avaliam os beneficios e serviços públicos, as que trazem informações relevantes para ajudar candidatos e gestores na área política, e, ainda, as eleitorais, que definem o perfil do eleitor e quantificam a intenção de voto nas proximidades dos pleitos. Nestes últimos cinco anos, percebe-se um mar de possibilidades no uso da Internet para pes-quisas políticas. Esta entra em cena como um for-te instrumento de socialização das informações e também como um meio para se levantar a opinião dos cidadãos que se comunicam pela rede, seus comportamentos, perfis, demandas e aspirações, possibilitando não só a elaboração de campanhas, mas de planos de governo mais ajustados aos an-seios dos cidadãos (pelo menos em tese). Nenhum outro meio de comunicação ante-rior à Internet exigiu do usuário a entrega de tantas informações sobre si mesmo para ter acesso à rede. Há sistemas que permitem sondar todo o históri-co de navegação de uma pessoa: a identificação dos usuários por seu IP (siga em inglês para protoco-lo da internet) que desvela seu endereço na rede, o tempo que passou conectado, se utilizou blogs e redes sociais, quais sites visitou. São meios que pos-sibilitam investigar uma infinidade de assuntos em tempo real, sobre o consumo, raça, idade, posturas políticas, a exposição de determinado candidato, identificação de temas em evidência, mapeamento de assuntos sensíveis, opiniões dos formadores de opinião, entendimento de impulsos e intenções en-fim, isso é pesquisa de opinião na rede.

Qualitativas ou quantitativas, com fins de mercado, avaliativas, políticas ou eleitorais, as pesquisas na Web ganham cada vez mais for-ça: são ágeis e rápidas, seu custo é bem inferior às realizadas pelos processos tradicionais e oferecem estatísticas ou análises aprofundadas. Baseadas em observações de sites de relacionamentos, ava-liam dados específicos sobre a interação entre in-divíduos, ou coletivos de grupos, comunidades ou nações, nas mais variadas dimensões. Afinal, a In-ternet oferece informações para quem estiver dis-posto a pegá-las e estas podem valer “ouro” para quem souber utilizá-las corretamente. E muita gente já percebeu isso: várias em-presas desenvolvem sistemas para pesquisas na Web por meio do monitoramento e análise dos dados da rede. As campanhas políticas e eleitorais começam a ser pautadas por informações trazidas da Internet: encontrar, filtrar e organizar os da-dos pertinentes não é tarefa fácil, mas o resultado pode ser surpreendente. Em 2008, por exemplo, nos EUA, a equipe de Barack Obama mapeou as grandes redes sociais preferidas do público norte-americano e criou perfis em cada uma delas para se relacionar de forma assertiva e com conteúdo adequado às expectativas dos eleitores internau-tas. São oportunidades de se conhecer o cidadão, seus relacionamentos e interesses para tentar in-fluenciá-lo e a Internet torna possível alcançar os diversos públicos, com os quais se deseja a apro-ximação. Orkut, Facebook, Youtube e Twitter são “pratos cheios” para se conhecer pessoas, grupos e seus desejos e necessidades. Há que se considerar, no entanto, que no Brasil o acesso ainda está longe de ser democráti-co e tais pesquisas de hábitos, perfis e comporta-mentos refletem somente os usuários da rede. De qualquer forma, não dá para negar: quem sabe na-vegar nesse mar de blogs e sites da rede pode fisgar informações valiosas que vão fazer a diferença no marketing e na atuação política.

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CRUZANDO FONTEIRAS

Marketing político:a contra-hegemonia pela internet

Mauricio Guindani Romanini*

*Jornalista, Mestre em Comunicação Social, professor universitário e consultor em comunicação e marketing político.

Começo o artigo sem querer fazer compa-rações, mas projeções. Mesmo porque seria uma comparação injusta e desigual. Estou falando do uso da internet como estratégia de comunicação e marketing político no Brasil e nos EUA. Depois dos excelentes resultados obtidos pelo então pré-candidato Barack Obama, do Par-tido Democrata, que usou de forma profissional a internet na sua campanha eleitoral, quando a Casa Branca era um sonho, no ano de 2007. Ao visitar os sites dos candidatos Barack Obama e de John MacCain o cidadão e eleitor não observava grandes discrepâncias entre eles, pois ambos pedem voto e dinheiro, vendem camisetas e exibem filmes da campanha. Qual foi então a grande diferença? A for-ma como o democrata utilizou os dados, ou seja, a equipe de Obama soube como organizar os simpa-tizantes, programar tarefas para eles executarem e escolher bem o software utilizado para fazer a rede social. Utilizou o orkut, facebook, twitter para mo-bilizar as pessoas. Via web, Obama, enviava as missões que os simpatizantes deveriam executar como: ligar ou vi-sitar os eleitores indecisos em sua vizinhança – vale ressaltar que o voto nos EUA não é obrigatório, en-viar e-mails ou SMS para que as pessoas compare-cessem nas reuniões políticas. Além disso, colocou propaganda eleitoral até em videogame. Segundo as últimas pesquisas norte-ame-ricanas cerca de 60% dos americanos têm acesso à banda larga e 50% dizem procurar informação política na rede. Hoje, o espaço na mídia tradicio-nal está limitado e controlado. Ao (re)posicionar o olhar e ampliar a perspectiva que favoreça a com-preensão do cenário político, muito além da tele-visão, Obama entendeu que a internet é a contra-hegemônica. A Obamania uniu gerações, mais incisiva-mente, os jovens, que mobilizaram-se como pou-cas vezes se viu nas eleições americanas. Há várias razões para sua vitória, a internet destaca-se, mas, sua vitória não foi por causa dela, no entanto, é certo que não daria para vencer sem ela. Em 2008, a comunicação e o marketing político na internet no Brasil completaram dez

anos, com poucos resultados para se comemorar. Venho pesquisando a temática desde 2001, seja nas eleições para presidente, governador ou pre-feito, sempre com o mesmo resultado: amadoris-mo total. Reflexo da incompetência do Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE) e dos políticos que não con-seguem fazer uma legislação específica para a web, que contemple os anseios da população da mídia. Políticos e marqueteiros desprezam a importância da internet nas campanhas eleitorais, com o argu-mento de que poucas pessoas têm acesso a web e o que decide a eleição em termos de mídia é a televi-são – posição que não refuto. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha referentes ao ano de 2008, no Brasil, são 64,5 milhões de usuários da rede, isto é, quase 34% da população. Desses 48% acessam todos os dias, 51% buscam informações e 55% já incluíram textos, fotos ou vídeos na rede. Desde 2004, candidatos e marqueteiros americanos valem-se da internet para mobilizar pessoas. Mas, quem melhor conseguiu transfor-mar o entusiasmo virtual em votos na urna foi Barack Obama Como disse no início do texto, que não queria comparar, mas projetar, quem será o can-didato brasileiro que irá fazer história na internet?

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NOVAS FERRAMENTAS

Vivemos, sem dúvida, um período de im-portantes revoluções tecnológicas. Hoje, termos como a realidade aumentada, holografia, análise de sentimento, projeção 3D, entre tantas outras, fazem referência às incursões da tecnologia da informação em nossas vidas. Ainda sim, discute-se o uso da in-ternet como ferramenta da propaganda política. Aqueles que costumam navegar têm idéia das infinitas possibilidades que a rede oferece. A pergunta que se faz é: onde está o limite? Talvez seria melhor perguntar: existe um limite? Se vol-tássemos ao passado sobre os estudos de comuni-cação, nas discussões sobre o acesso aos canais de distribuição de informação, a internet, com certe-za, nos orientaria a dizer que encontramos um ca-nal onde todos podem propagar suas expressões. O uso de blogs, redes sociais, site de inte-ração e de mensagens instantâneas e outras formas de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica, parece ser uma tendência inevitável. Entretanto o seu uso como ferramenta de propa-ganda no cenário eleitoral é questionado. Amparado em restrições, a pergunta, en-tão, seria a seguinte: quem pode dizer o que devo ou não escrever no Twitter? E no blog? E no Orkut? Estes ambientes foram criados para que as pessoas pudessem se expor. O sentido da exposição está jus-tamente no compartilhamento, inclusive de idéias. O problema pode ser, talvez, a perspecti-va que a internet possibilita ao receptor de se co-locar na condição de emissor a qualquer momen-to e com a vantagem de atingir um contingente enorme de pessoas. Em outro aspecto, deve-se considerar que internet não é televisão, não é rádio, não é jornal, não é revista, não é. Ela tem características pró-prias e devem ser consideradas. Os próprios sites, mantidos por grandes provedores ou por veículos de comunicação, e que distribuem conteúdo na in-ternet, utilizam esta linguagem com todos os seus recursos. Por outro lado, se é um canal de comuni-cação, por que não utilizá-lo como ferramenta de propaganda política? Não com a limitação dos sites de candida-tos ou de partidos, mas no formato de anúncio. A perspectiva da imparcialidade deve refletir-se em todos os tipos de comunicação em período eleito-

ral, qualquer que seja o meio. Sob esta égide é que se discute o uso destas “novas” formas de intera-ção no formato de propaganda. Limitar o seu uso, entretanto, parece um caminho em retrocesso. Engajamento político-partidário e/ou afi-nidade por determinada ideologia em detrimento de outra não é exclusividade da internet. Assim, sobre os grandes portais, entende-se o controle como com qualquer outro veículo de comunicação. Tenho certeza, em breve estaremos dis-cutindo a mesma temática em relação ao “mobile marketing”. Se não há limites para a informação, não deve haver limites para a criação e nem tão pouco para o acesso a ela. Se a nova geração de eleitores é a da tecnologia da informação, ela deve ser utilizada. Porque esta nova geração de eleitores formará a nova geração de políticos. Não é a intenção gerar conflito de gera-ções, mas o fato é: “o hábito é que faz o monge”. No ano passado a Gazeta Mercantil trouxe maté-ria dizendo que os parlamentares, como o senador Cristovam Buarque, utilizam blogs para chegar às suas bases eleitorais. No recente caso do “circo do Senado”, senadores, como Aluizio Mercadante, repercutiram as fervorosas discussões no twitter. Nos Estados Unidos, a iniciativa de utilizar a inter-net para conseguir fundos para a campanha de Ba-rack Obama, se transformou numa das principais fontes de recursos para a eleição do democrata à Casa Branca. Em linhas gerais, é inevitável à propagan-da política o uso de tão poderosa ferramenta. Não a que se limita ao site dos candidatos e/ou parti-dos, mas a todos os recursos que ela disponibiliza de acesso ao eleitor. Entretanto, sob o ponto de vista deste último, de seu interesse sobre a temáti-ca e da possibilidade do chamado spam, é bom que se diga: use com moderação.

*Jornalista, Publicitário e Mestre em Comunicação Social na área de comunicação e marketing político. É coordenador do curso de Publicidade e Propaganda das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro-SP. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Profissionais e Pesquisadores de Comunicação e Marketing Político (Politicom).

Por que não a Internet?João Carlos Picolin*

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EVENTO

Intercom Nacional também discute comunicação política

LucianaPanke*

*Doutora em Ciências da Comunicação, professora adjunto da Universidade Federal do Paraná.

O espaço destinado à discussão sobre a comunicação política durante o XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação foi muito produtivo. Realizado no início de setembro, em Curitiba, o Intercom Nacional ofereceu duas me-sas exclusivamente destinadas ao tema: uma du-rante o II Libercom e outra na programação do GT de Publicidade e Propaganda. Tive a oportunidade de coordenar ambos os trabalhos e presenciar as diversas abordagens que os pesquisadores brasi-leiros desenvolvem. No II Libercom, a mesa redonda Comu-nicação e Política contou com a participação dos pesquisadores: Kelly Prudêncio (UFPR), Maria Berenice da Costa Machado (UFRGS) e Roberto Gondo (Politicom). Os participantes destacaram os aspectos multidisciplinares que envolvem a co-municação política. Pesquisar o tema significa transitar em outros espaços como sociologia, psicologia e ciên-cias da linguagem, por exemplo. Durante os de-bates os aspectos tradicionais da área: propaganda política, eleitoral, ideológica, governos e partidos foram enfocados. No GT de Publicidade e Propaganda a temática foi: propaganda eleitoral e controle ideológico em momentos históricos do contexto

político brasileiro com a presença dos pesquisa-dores: Cristiane Soraya Moura (FCL), Marcelo Navarro Serpa (UFRJ), Sérgio Trein (Unisinos), Flailda Garboggini (PUC Campinas) e meu tra-balho junto com Antonella Iacovone e Thaise Mendonça (UFPR). A manhã de domingo, com o tradicional friozinho curitibano, não espantou o público que lotou a sala e permaneceu uma hora a mais que o previsto. As discussões se desenvolveram a partir de questões sobre persuasão, ética e imagem, bem como abordaram os casos analisados pelos pesqui-sadores: a propaganda no período do governo mi-litar brasileiro, os programas eleitorais de Lula no rádio, eleições municipais e a imagem da governa-dora do Rio Grande do Sul, diante das denúncias que enfrenta. Mesmo com enfoques distintos as duas mesas apresentaram um ponto central comum: tratamos de uma área multi e interdisciplinar. Profissionais e pesquisadores da área convergem ao afirmar que a comunicação política se encarre-ga de projetar imagens públicas repletas de sim-bolismos e apelos emocionais, independente dos objetivos propostos. Assim, prática e pesquisa acarretam muita responsabilidade e a necessidade de constante aperfeiçoamento.

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EM TAUBATÉ

Politicom 2009 terá o rádio como tema principal A cidade de Taubaté, no interior do estado de São Paulo, foi escolhida para ser a sede da oi-tava edição do Congresso Brasileiro de Marketing Político, que será realizado nos dias 15 e 16 de ou-tubro. Um dos eventos mais importantes da área no país, o Politicom é promovido anualmente pela cátedra Unesco de Comunicação para o Desen-volvimento Regional. A Universidade de Taubaté (Unitau) sediará a edição deste ano, que tem como seu principal tema: “O Rádio na Propaganda Po-lítica”. O congresso será marcado pelo lançamen-to da revista do Politicom e pelas conferências de acadêmicos e profissionais de renome na área da comunicação política no Brasil. A temática principal do Politicom deste ano é o rádio. Para o Prof. Dr. Adolpho Queiroz, idealizador do congresso e presidente da Socie-dade Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Político, o tema foi escolhido pelo fato de o rádio ser um veículo ao qual o marketing político atual atribui pouca im-portância. “É um tema de certa forma novo, já que o rádio é um meio de comunicação marginalizado atualmente”. A intenção, segundo ele, é mostrar, por meio da ação científica e da experiência profis-sional, como as ações de marketing político podem explorar o veículo de maneira eficaz.

Destaques Dentre os principais nomes da conferência deste ano estão a Profa. Dra. Sonia Virgínia Mo-reira, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considerada uma das principais pesquisa-doras da radiocomunicação no Brasil, e Fernando José, o comentarista político da Rádio Jovem Pan de São Paulo. Eles vão participar do simpósio: “A propaganda política nas ondas do rádio no Bra-sil”. De acordo com o Prof. Dr. Adolpho Queiroz, a intenção da organização do evento ao convidar acadêmicos e profissionais atuantes na comuni-cação política é “proporcionar aos participantes uma ampla discussão sobre marketing político por meio da pesquisa e da experiência profissional dos conferencistas”. Outra conferência de destaque da oitava edição do Politicom é a apresentação de um tra-balho inédito sobre a importância histórica dos jingles nas campanhas eleitorais brasileiras, reali-zada pelo presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli.

Além das conferências, serão realizadas apresen-tações de pesquisas e de projetos relacionados ao marketing político nos vários meios de comunica-ção. As apresentações desses trabalhos serão fei-tas em salas temáticas, organizadas em grupos de modo a agrupar os estudos sobre o mesmo veículo ou sobre temas semelhantes. Os grupos são: rádio, televisão, internet, impressos, projetos experi-mentais e temas livres

Regionalização A coordenadora do curso de pós-gradu-ação em Comunicação e Marketing Político da Unitau, Profa. Dra. Letícia Costa, que também é uma das organizadoras do evento, destaca tam-bém a presença de palestras e debates regionais no congresso. Um exemplo é a mesa-redonda so-bre o tema: “Rádio elege”, que faz parte do even-to. Participarão do debate o jornalista da rádio Metropolitana e vereador de Taubaté, Alexandre Vivela (PMDB); o jornalista da rádio Unitau e pro-fissional de marketing político, Ednelson Prado, e o jornalista da TV Câmara Taubaté, Miguel Kater. O Prof. Dr. Fabio Ricci, cientista político e docente da Unitau vai mediar a discussão.

Lançamentos de livros Durante o 8º Congresso Brasileiro de Marketing Político (Politicom), será realizada uma sessão de lançamentos de diversos livros de pesquisadores e profissionais da área do marke-ting político. Também será feito o lançamento da revista institucional do evento. O mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Unitau, que também participa da organização do evento, vai produzir um dossiê sobre as principais confe-rências do evento, que será publicado no periódi-co do mestrado, a Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional.

Expectativas Os organizadores do evento esperam que esta edição do Congresso supere as anterio-res quanto ao número de participantes. Ao todo, aproximadamente duzentos pesquisadores e pro-fissionais devem apresentar os resultados de seus trabalhos na área de marketing político. Para o chefe do Departamento de Comunicação Social da Unitau, Prof. Ms. Marcelo Pimentel, a reali-zação Politicom na região do Vale do Paraíba é

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importante para alavancar a profissionalização do marketing eleitoral, que inda é pequena em al-gumas regiões do país. Ele ressalta ainda a impor-tância do evento para que os profissionais da área possam planejar suas estratégias de campanha já para as eleições de 2010.

Politicom, 8 anos de história O Congresso Brasileiro de Marketing Po-lítico, que realiza neste ano a sua oitava edição, consagra-se como um dos maiores eventos da área de comunicação política no Brasil. Mas a grande dimensão do evento só foi atingida com o tempo. O evento surgiu a partir de um projeto do Prof. Dr. Adolpho Queiroz, docente do Programa de pós-graduação em Comunicação da Univer-sidade Metodista de São Paulo (Umesp) sobre a propaganda política no Brasil Republicano. Com o incentivo da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, sediada na própria instituição, o professor Queiroz decidiu criar um conjunto de seminários com o objetivo de divulgar as pesquisas sobre marketing político realizadas na instituição. Com o sucesso das primeiras edições e o apoio de diversas instituições de ensino e de vários pesquisadores, o evento foi crescendo ano a ano e ganhando proporções maiores. Esse crescimento do Politicom culminou na criação da Sociedade

Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Co-municação e Marketing Político em 2008, durante a sétima edição do congresso, realizada na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Devido ao fato de buscar conciliar a pes-quisa acadêmica e a prática profissional para o es-tudo e para o desenvolvimento do marketing polí-tico, o congresso não se restringe apenas aos que tem formação na área da comunicação. Queiroz ressalta que, além dos profissionais da comunica-ção, o Politicom tem atraído pessoas de outras áre-as do conhecimento, principalmente os que têm formação em sociologia, antropologia, psicologia, história e geografia, mas que atuam ou desejam atuar na área do marketing político. Pelo fato de ser realizado em diferentes cidades e instituições de ensino a cada edição, o Politicom também tem contribuído para a forma-ção e para o desenvolvimento de uma mão-de-obra especializada na área do marketing político nas regiões em que acontece. Para a docente do programa de pós-graduação em gestão e desen-volvimento regional da Unitau, Profa. Dra. Mo-nica Franchi Carniello, que também é uma das organizadoras da oitava edição do evento, “O evento é um espaço de debate, discussão, o que alimenta a reflexão científica sobre a realidade regional, dando subsídio teórico para a compre-ensão de cada região.”

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NAS ONDAS DO RÁDIO

O rádio como instrumentode propaganda políticaAdolpho Queiroz*

*Presidente da Politicom, Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Político; pós-doutor em comunicação pela Universidade Federal Fluminense/RJ; doutor em comunicação pela Universidade Metodista de são Paulo, onde atua no Programa de Pós- Graduação em Comunicação.

Quando escolhemos o rádio como instrumento da propaganda política no Brasil, para tema do nosso VIII Congresso Brasileiro de Marketing Político, o fizemos especialmente motivados pela falta de um debate consistente sobre o seu papel no conjunto dos veículos que difundem a propaganda política no nosso país. Bem como sobre a bibliografia modesta e a falta de interesse em estudar o “primo pobre” da comunicação política. Depois que o Ministro da Propa-ganda de Hitler, J.P.Goebells lhe deu no-toriedade durante a II Guerra Mundial nos anos 40, o veículo tem circulado seu potencial pelo país como um marginal, embora lhe sejam atribuídos poderes especiais de convencimento das classes majoritárias da população, as classes C, D e E. Deve-se questionar, também, sua capaci-dade de “eleger” comunicadores que utilizam seus microfones em programas populares para ganha-rem notoriedade e ascenderem à vida pública, ora como representantes do Legislativo, ora no Execu-tivo, sempre com votações marcantes. Na academia, os estudos sobre a propa-ganda política no rádio são modestos, especial-mente em tempos de paixão profunda pela comu-nicação virtual. Na net, o rádio como instrumento político ainda é incipiente. A justificativa que temos para privilegiar este tema num congresso científico, mais do que homenagem, é pretender ampliar o repertório conceitual construído sobre o seu impacto no pro-cesso político eleitoral. Além dos estudos histó-ricos que resgataram parcelas deste impacto em momentos marcantes de governos brasileiros, em especial o de Getúlio Vargas que lhe deu amplitude profissional e de engajamento ideológico; passan-do pelos vários estudos de caso sobre suas influên-cias regionais em eleições; do impacto virtuoso dos jingles que se cantam e difundem através de suas ondas, desde Júlio Prestes ao “Lula lá”, temos en-tão que o novo momento histórico está a exigir dos

pesquisadores um olhar mais conseqüente para o rádio como veículo imprescindível para a comuni-cação política. E também postular que seja tratado com profissionalismo. O rádio não pode e não deve ter a sua comunicação política como mera extensão sonora do áudio gravado para a televisão, como nos tempos da candidatura de Ciro Gomes à presi-dência da república, quando insistia em nos “fazer ver”, através do rádio, os buracos de ruas e avenidas mostrados com impacto no programa televisivo. Instaurar igualmente o diálogo entre pesquisadores já consagrados academicamente com representantes do mercado que fazem da crítica política diária um instrumento importante de manifestação e ampliação do grau de conhe-cimento das causas políticas para a sociedade, é tarefa não só de um, mas de vários congressos, colóquios, seminários que sejam capazes de in-centivar a construção de literatura, conhecimento e, especialmente, de crenças sobre a necessidade de se fazer do rádio um instrumento decisivo para as disputas eleitorais num país de dimensão con-tinental como o Brasil. E que, de “primo pobre” o rádio seja alça-do à condição de instrumento influente e decisivo na conquista do voto e na consolidação do proces-so democrático no nosso país.

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Prudente de Moraes:o precursor da propaganda política no Brasil

Mauricio Guindani Romanini*

*Jornalista, professor universitário, consultor em marketing político e autor do livro “Prudente de Moraes: o precursor da propaganda política no Brasil”.

Após o golpe militar de 1964, com a rede-mocratização do Brasil e com a campanha pelas “Diretas Já”, em 1984, o marketing político ga-nhou autonomia e passou a fazer parte do jogo po-lítico como um diferencial nas disputas eleitorais.Atualmente, a campanha para presidente da Re-pública é no grau superlativo, as propagandas po-lítica e eleitoral monopolizam as atenções, cujo principal veículo é a televisão, e toda estratégia é traçada a partir das pesquisas de opinião. Os meios de comunicação de massa torna-ram-se cada vez mais sofisticados impulsionados pelos avanços tecnológicos, trazendo novidades para as campanhas políticas e eleitorais e, em con-comitância, a propaganda política acompanhou o novo paradigma. Por exemplo, os programas para a televisão são bem produzidos, recebem elogios dentro e fora do país. Com o intuito de resgatar e pormenorizar a trajetória do marketing político no Brasil, a Uni-versidade Metodista de São Paulo (Umesp), no cur-so de Pós-Graduação em Comunicação Social, está recuperando as estratégias e particularidades das campanhas de todos os presidentes brasileiros. O livro “Prudente de Moraes: o precursor da propaganda política no Brasil” resgata a traje-tória do primeiro presidente civil da República. Na verdade, no início da segunda metade do século XIX, um dos fenômenos dominantes já era a pro-paganda política, principalmente a partir de 1870, com a divulgação do Manifesto Republicano, na ci-dade do Rio de Janeiro, pelo Partido Republicano. A partir dessa data, o embate político ga-nhou competitividade, pois nascia um partido que objetivava a troca de sistema de governo, empre-gando para isso, estratégias de propaganda políti-ca assaz interessante e inovadora para a época. Prudente de Moraes, natural de Itu, no in-terior do Estado de São Paulo, foi o precursor da propaganda política no Brasil. Foram 34 anos de-dicados à vida pública passando, tendo ele passado por todos os cargos a que um político pode aspirar. Foi três vezes vereador em Piracicaba – por força da Lei assumia também o cargo de Pre-feito, três vezes Deputado Provincial (Deputado

Estadual), Deputado Geral (Deputado Federal), Governador do Estado de São Paulo, Senador e Presidente da República. Chefiou, ainda, o Parti-do Republicano Paulista (PRP) e foi o relator da Constituinte de 1891. Assim, em 1894, ele chegou à presidên-cia da República, eleito em primeiro de março com 290.883 votos diretos, correspondendo a 84,5% dos votos válidos. Foi umas das maiores porcentagens até hoje obtidas, proporcional-mente, por um chefe da Nação, em toda a histó-ria republicana. Ele tomou posse em 15 de No-vembro, como primeiro governante civil, depois dos dois governos militares.

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BIBLIOTECA

Uma nação com alma de Igreja:religiosidade e políticas públicas nos EUAClaudia Gouveia Franco*

*Mestre em Comunicação pela Faculdade Anhembi Morumbi e Doutoranda em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo.

O título do livro objeto da resenha é em si só, um manifesto de confirmação da hipótese do projeto de pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas e Internacionais (IEEI) no período de 2007 a 2008 coordenado por Carlos Eduardo Lins e Silva que deu origem a obra. “Uma nação com alma de Igreja” Religiosidade e Políticas Pú-blicas nos EUA (LINS E SILVA, 2009), conforme escreve Gilberto Dupas no final da introdução do livro, encerra a percepção de que durante muito tempo os EUA continuarão a ser “uma nação com alma e igreja na concepção dos cinco autores que assinam os seis capítulos do livro. A obra busca

situar as religiões como parte integrante das so-ciedades e fonte permanente de inspiração para indivíduos e governo, freqüentemente utilizada para legitimar o poder e modular comportamentos coletivos, em especial nas sociedades onde as pre-senças das crenças e dos dogmas religiosos datam da sua fundação como é o caso dos Estados Unidos da América do Norte. Os seis capítulos que com-põem a obra relatam detalhadamente a história da formação dessa nação pelos imigrantes britâ-nicos, chamados de puritanos; do crescimento da direita religiosa americana dos anos 70 até o final do governo Bush; das crises como o atentado de 11 de setembro e suas consequências na socieda-de pós-moderna com ênfase na biografia religiosa de Barack Obama e da influência da religiosidade em diversas políticas pública e na política externa americana. A reflexão proposta no livro sobre a sociedade norte-americana passa pelo conceito de hospitali-dade enquanto dádiva de tolerância e abre espaço para análise da possível utilização do conceito nas estratégias de marketing eleitoral. Hospitalidade, política e religião têm seu ponto de aderência na fundação da sociabilidade humana e auxiliam na compreensão da dinâmica relacional entre indiví-duos e suas crenças, indivíduos e religião, indiví-duos, religião e sociedade, e indivíduos, religião, sociedade e governo. Entender hospitalidade e tolerância como conceitos que trabalham lado a lado, permite entender o “sou hospitaleiro por que sou tolerante, dessa forma limito a minha acolhi-da, retenho o poder e mantenho o controle dos meus limites”, equação presente na estratégia de campanha de Barack Obama. É um tipo de doação limitada, uma hospitalidade fiscalizada, parcimo-niosa e protetora. Sem a referência do conceito de hospitalidade enquanto dádiva, ou seja, a hospi-talidade previamente aberta ao outro que ressalta a importância das relações humanas e as alianças decorrentes, não teríamos a idéia do outro, aquele que entra em nossas vidas sem ter sido convidado, compreensão fundamental para a prática da coabi-tação global tolerante.

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POLITICOMelegeu sua primeira diretoria

Ao chegar a sua VII Conferência Brasi-leira de Marketing Político em outubro de 2008, o evento, promovido pela Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimen-to Regional, aproveitou sua estada na cidade de Itu/SP, berço da República do Brasil, para a cria-ção e posse da primeira diretoria da Sociedade Brasileira de Pesquisadores e Profissionais de Co-municação e Marketing Político, POLITICOM. A entidade foi constituída tendo como objetivos promover a difusão do conhecimen-to no campo do marketing político, realizar se-minários, congressos, cursos, publicar revistas, livros,integrar-se como rede científica de pesqui-sadores e profissionais e contribuir para o aperfei-çoamento do processo democrático no país. Fazem parte da primeira diretoria os professores Adolpho Queiroz, presiden-te (UMESP); Paulo D´Elboux, vice-presiden-te (Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara d´Oeste); secretário, Victor Kraide Corte Real (PUCCamp e Isca Faculdades/Limeira); dire-tor científico, João Carlos Picolin (Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro); diretor de planejamento, Mauricio Romanini (Centro Universitário da Fundação Educacional Gua-xupé/MG); diretor editorial, Roberto Gondo Macedo (UMESP); diretor de relações interna-

cionais, Carlos Manhanelli (ABCOP); diretora de documentação, Ingrid Gomes (Centro Uni-versitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto); di-retores regionais, Luciana Panke (Universidade Federal do Paraná, Região Sul), Débora Tavares (Universidade Federal de Mato Grosso/Cuiabá, Centro-oeste), Sander Neves (Faculdade Me-todista do Espírito Santo, Sudeste) e Andréia Rego (Região Norte). Como membros do Con-selho Fiscal foram eleitos os professores Jorge Vidigal (UNIMEP); Daniel Galindo (UMESP) e Bruna Vieira Guimarães (UNIP). Para o prof. Adolpho Queiroz, presidente eleito do POLITICOM, os próximos desafios da en-tidade são “a disponibilização do e-book lançado, contendo os melhores papers das seis conferências anteriores, a regularização jurídica, o início do pla-nejamento para ações institucionais e realização de cursos presenciais e a distância em convênio com Universidades brasileiras, a preparação do próxi-mo número da Revista Brasileira de Marketing Po-lítico, a avaliação dos sete últimos congressos e a organização da oitava Conferência Brasileira, que será realizada em outubro de 2009, no campus da UNITAU, Universidade de Taubaté.” Para Taubaté, a POLITICOM pretende apro-var formalmente seus estatutos em Assembléia Geral, bem como a temática e o local do próximo congresso.

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