revista politicom - ano 3 - nº 4 - ago-dez 2010

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4ª Edição da Revista Brasileira de Marketing Político

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Um homem que mudou os rumos do nosso país e do mundo com a palavra

certamente sabia falar e escrever.

Ruy Barbosa foi um dos personagens mais importantesda nossa história, respeitado em todas as áreas em que atuou, mas nem sempre teve esse reconhecimento. Na Conferência de Paz em Haia, de 1907, o Brasil participava como mero coadjuvante,relegado a segundo plano. Nosso representante era Ruy Barbosa, um intelectualmuito reconhecido no Brasil,mas desconhecido no exterior. Por isso, poucos deram atenção quando aquele homem, de aparência frágil e delicada, subiu ao palanque. Mas Ruy discursou com tanta maestria,

mostrando soluções jurídicas para a guerra, que impressionou líderes do mundo inteiro. Por sua atuação, foi nomeado um dos árbitros para resolver conflitos internacionais, enquanto jornais do mundo inteiro declaravam que ele havia sido o grande destaque da conferência. No dia do seu falecimento, o jornal The Times dedicou-lhe um espaço nunca antes concedido a um estrangeiro, exaltando as qualidades de um homem que, por meio de seu enorme conhecimento, mostrou como as maiores nações do mundo poderiam solucionar seus conflitos pacificamente.

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CONSELHO EDITORIALAdolpho Carlos Françoso Queiroz, Universidade Metodista de São Paulo; Alexandre Torrezan, Centro Universitário Cândido Rondon (UNIRON-Cuiabá/MT); Bruna Vieira Guimarães, Universidade Paulista (UNIP-SP); Carlos Colonnese, Supernova Produções; Carlos Manhanelli, Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP); Celso Antonio Meneguetti, Univale de São José dos Campos; Daniela Rocha, Universidade Metodista de São Paulo; Cláudia Setti Gouvêa, Universidade Metodista de São Paulo; Débora Tavares, Universidade Federal do Mato Grosso; Eduardo Grossi, Universidade Metodista de São Paulo; Fábio Ciaccia, IBOPE; Ingrid Go-mes, Universidade Metodista de São Paulo; João Carlos Picolin, Facul-dades Integradas Claretianas de Rio Claro; Jorge Vidigal, Universidade Metodista de Piracicaba; Karla Amaral, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Kleber Carrilho, Universidade Metodista de São Paulo; Letí-cia Costa, Unitau; Lincoln Franco, Universidade Metodista de São Paulo; Livio Sakai, Centro Universitário de Guaxupé; Maurício Romanini, Centro Universitário de Guaxupé; Moisés Barel, Universidade Sao Judas Tadeu; Nahara Mackovics, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Pre-to; Patrícia Paixão, Universidade Metodista de São Paulo; Paulo César D´Elboux, Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste; Ricardo Costa, FMU-SP; Roberto Gondo, Universidade Metodista de São Paulo; Silmara Biazoto, Universidade Presbiteriana Mackenzie; Thailissa Letí-cia Andara Ramos, Universidade de Vila Velha; Victor Kraide Corte Real, PUC Campinas e ISCA Faculdades de Limeira.

DIRETOR RESPONSÁVELAdolpho Carlos Françoso Queiroz

EDITORJoão Carlos Picolin, MTb. Nº 27.018CHEFE DE REDAÇÃOMaurício Romanini, MTb. Nº 29.629

ISSN 2177-8019

PROJETO GRÁFICOVictor Kraide Corte Real AGECOM - Agência Escola Claretianas

MARKETINGPaulo César D´Elboux

CAPAFoto: Paula Sholl | Tratamento: Victor Kraide Corte Real

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica EMEAvenida Brigadeiro Faria Lima, 1080 – Vila FátimaCEP: 13.360-000 – Capivari/SPTelefones (19) 3491.7000 / 3491.5449E-mail: [email protected]. Site: www.editoraeme.com.br

TIRAGEM: 5000 exemplaresCIRCULAÇÃO: NacionalPERIODICIDADE: Semestral

APOIOCátedra UNESCO/METODISTA de Comunicação para oDesenvolvimento Regional.

ENTRE EM CONTATORua do Sacramento, 230 - CEP: 09.640-000 - São Bernardo do Campo/SPTelefone: (11) 4366.5883E-mail: [email protected]: www.sociedadepoliticom.blogspot.com

POLITICOM - Revista Brasileira de Marketing Político

CARTA AO LEITOR No Brasil o voto é tão desigual quanto a distribuição de renda. Os Estados têm pesos dife-rentes na composição da Câmara dos Deputados e no Senado. Dessa forma, as campanhas eleitorais acompanham esse descompasso. Nas eleições de 2010, as estimativas de gastos chegam aos bilhões de reais. Só para os gov-ernos estaduais e Distrito Federal prevê-se gastar R$ 1,5 bilhão – declarados, que fique bem claro, à Justiça Eleitoral. Os principais candidatos à Presidência vão dispender R$ 500 milhões – estimativa, lembre-se estimativa. Outra novidade é o Ficha Limpa que impede a candidatura de políticos condenados criminal-mente na Justiça em decisão colegiada, ainda que caiba recurso, pois são considerados inelegíveis. Boa leitura!

SUMÁRIO

ELEIÇÕESTrio de dois

ESTÉTICAAs campanhas feias que me desculpem

TECNOLOGIAUrna eletrônica

REGIONALA campanha eleitoral no Mato Grosso

INTERNETO Twitter serve para fazer mkt político?

INTERNETJosé Serra: perfil do político e do homem

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ENTREVISTAChico Santa Rita

LEGISLAÇÃOFicha Limpa e a mobilização popular

COMPORTAMENTONovos consumidores, novos eleitores

BIBLIOTECACoração de esquerda e alma de artista

BIBLIOTECAMkt político: as armas do sim e do não

RÁDIOAs eleições norte-americanas

OPINIÃO

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ELEIÇÕES

As eleições presidenciais no Brasil em 2010 mostram que, apesar de termos três candidatos à presidência com chances reais, só dois subirão à rampa no dia 1º de janeiro de 2011. Dois? Um/uma como presidente e outro/a como quase primeiro ministro. Chegar em terceiro lugar neste pleito sig-nifica ter um excelente espaço no governo. É o que demonstram, até aqui, os discursos dos candidatos. Momento chave no discurso de Dilma Roussef: apelos poéticos à manutenção do stabilsh-ment no Governo ficam ressaltados pelo número de vezes em que cita o atual presidente - equiparação da imagem pública Dilma=Lula; luta das mulheres na construção de uma sociedade harmônica e ainda quando elege nomes femininos como Vitória e Ma-ria como símbolos para que no futuro, outras mu-lheres sonhem igualmente com a possibilidade de serem presidentes

A candidata só não consegue explicar a equação de superávit de R$ 250 bilhões e uma dívi-da interna que beira R$ 1,5 trilhão. Ainda, como os antes rivais, antagônicos e egocêntricos petistas vão conviver com os pérfidos, fisiológicos e antiéticos peemedebistas num governo de coalizão. Momento chave do discurso de José Serra: sai a retórica entra o pragmatismo. Evoca sua his-tória, trajetória e ações políticas que ajudou a cons-truir neste tempo todo. Amparado pelo conceito de imagem pública de gestor e político vencedor. Marina Silva tem o melhor discurso, o mais atual, o mais contemporâneo, o mais desafiador para apresentar-se à sociedade brasileira e mun-dial. Defensora da questão ambiental e da biodi-versidade, contudo, apresenta-se sem uma equipe de comunicação, incluindo aí bons redatores, para auxiliá-la na tarefa de dizer isso aos milhões de brasileiros, através de vários tipos de comunicação – a TV, a internet, o jornal, a revista, o rádio e a co-municação interpessoal – e que ela é a pessoa mais qualificada, sensível e competente para governar o Brasil neste momento. Quando apela para velhos e surrados cli-chês, em seu discurso, informando que vai fazer “política com P maiúsculo”, a candidata começa a enterrar os sonhos dos que pretendem ver uma mulher, religiosa e valente chegar ao principal car-go político do seu. Mas com sua conversa enviesa-da, ela se credencia para ser o “tertius” do processo eleitoral. Os votos que conseguir no primeiro turno, será obrigatoriamente os que elegerão o futuro pre-sidente da república do país. Quem conquistar Marina e os seus votos no segundo turno, com compromissos para minis-térios, cargos, estatais e apoios futuros, certamen-te vencerá as eleições. Não tem segredo. Só que na equação da vitória não se sabe ainda o que vai pesar, se a paixão pelos vinte anos de petismo ou se objetividade tucana. De qualquer forma, mesmo perdendo, Marina já é a mulher que vai comandar o Brasil – ou parte dele – a partir de 2011.

*Presidente da Rede POLITICOM (Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Políti-co). Pós-doutor em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense/RJ. Doutor em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, onde atua no Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Professor do curso de Publicidade do Mackenzie/SP.

Trio de doisAdolpho Queiroz*

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ESTÉTICA

*Publicitário, mestre em Educação, professor nas faculdades de Comunicação e Gestão e Negócios da Unimep e pós-graduando em Marketing Político e Propaganda Eleitoral na ECA/USP.

As campanhas feias que me desculpem, mas

beleza é fundamentalWesley Lopes Honório*

Quando Lula ganhou a eleição em 2002, além da sua imagem “interna” (branding), mudou também a sua estética (look). Indicada para suce-dê-lo, Dilma Rousseff abandonou os óculos fundo de garrafa, reformou os dentes e o corte de cabelo (depois da quimioterapia que a deixou careca para combater e curar um linfoma), e em janeiro de 2009 escolheu a primeira fila de um apropriadíssi-mo desfile de moda para participar de seu primei-ro evento público depois de uma cirurgia plástica. A partir daí, as discussões na mídia sobre a transformação estética da candidata petista a presidência parecem sugerir que botox, blushes, batons e photoshopagens seriam moralmente condenáveis na arena política, consideradas tra-quinagens ardilosamente planejadas por marque-teiros com o intuito de encobrir desvios de caráter. Se aos olhos da intelectualidade “apoca-líptica” a estética da publicidade sempre foi vista como parte da trama do capitalismo para ludibriar e seduzir as massas, quando o assunto é política a situação fica ainda pior; especialmente no caso do marketing político brasileiro pós-ditadura, cuja estreia se deu justamente com Fernando Collor “Marketing” de Mello. Desde aquela década, a lei eleitoral proíbe a “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo” e, a julgar pela evolução visual de Lula, Dilma, Serra e tantos outros, não seria surpresa se o TSE decidisse pela proibição do Photoshop, como o utilizado no folheto da candidata do PT, que aparece irrepreensível ao lado de Lula numa imagem que lembra os retratos colorizados e tra-tados à mão, que ficavam na sala e sobre a pentea-deira da minha avó. No cinema, televisão e na publicidade, os “efeitos especiais” harmonizam conteúdos com o objetivo de conquistar através de argumentos emocionais legítimos que levam em conta a inte-ligência, a sensibilidade e décadas de educação vi-sual do espectador. Graças a essa percepção a propaganda evoluiu com e na direção desse público, recorren-do a aparatos cada vez mais sofisticados, não para

dissimular ou usar de ardis subliminares, mas para receber de volta sua atenção de forma igualmente inteligente. Ao contrário da propaganda, aqueles intelectuais admiram, estudam e, por vezes, cul-tuam o belo nas artes plásticas, no cinema ou na fotografia, ainda que ele se preste aos interesses econômicos da “indústria da arte”. Definitivamente, o que qualifica alguém para assumir um cargo público não são a beleza (física), o jingle bem produzido, o santinho bem impresso ou o programa de tevê bem fotografado, redigido e cenografado. Mas, essas características foram incorporadas ao imaginário do eleitor que antes terá julgado todos os elementos que habili-tam o candidato a merecer o seu voto: ética, hones-tidade, competência e a prestação de um serviço que reflita as necessidades legítimas da sociedade. Tomara que esses qualificativos sejam tão comuns entre os candidatos, que nos causem uma tremenda dificuldade na hora do voto. E que só nos reste a beleza como critério de escolha.

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TECNOLOGIA

Urna EletrônicaEvolução tecnológica a favor da democraciaRoberto Gondo Macedo*

*Doutorando em Comunicação Social e Mestre em Administração Pública. Professor dos programas de Especialização Lato Sensu da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Metodista de São Paulo. Diretor Editorial da Rede POLITICOM e Consul-tor nas áreas de comunicação pública, mercadológica e gestão estratégica.

Desde sua implantação em caráter de amostragem no ano de 1996, o sistema eletrônico de votação vem demonstrando bons resultados em âmbito nacional e representatividade no ambiente internacional democrático. Nessas duas últimas décadas, diversas delegações de países com base eleitoral enviaram representantes e técnicos, com o objetivo de co-nhecer com maiores detalhes o processo de vota-ção e apuração de votos, desde o caráter logístico pré-eleições até a estrutura organizacional que sustenta todo o sistema. Nesse universo participativo, destacam-se os países membros do Mercosul, bem como dele-gações de países pertencentes a demais blocos eco-nômicos, como França, Itália, África do Sul, Méxi-co, Japão e EUA. Implantado em sua totalidade nas eleições municipais de 2000, o sistema eletrônico de vota-ção exigiu um plano audacioso e eficaz de comuni-cação, mantido e desenvolvido pelo Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE), visando objetivação, o plano foi direcionado em dois respectivos momentos. O primeiro pode ser considerado as cam-panhas de conscientização acerca da utilização da Urna Eletrônica que foram promovidos desde a implantação reduzida nas primeiras zonas elei-torais de votação. Foram utilizadas estratégias

de interação com as comunidades de centros ur-banos e regiões interioranas, com materiais im-pressos e pontos presenciais com equipamentos eletrônicos idênticos aos utilizados no momento de votação para a simulação do procedimento de escolha de candidatos. Essa estrutura logística somente foi pos-sível devido ao alto grau de autonomia que o TSE oferece as suas estruturas regionais, denominadas Tribunais Regionais Eleitorais (TSE), cuja atuação nos municípios acontece por intermédio dos Car-tórios Eleitorais, desse modo à operacionalização de uma eleição ocorre meses antes do dia do pleito, envolvendo logística de votação e fiscalização elei-toral constante dos envolvidos no processo. Em segundo momento, que perdura mais acentuadamente até os dias atuais, visto que a po-pulação brasileira já convive com alto índice de aceitabilidade da urna de votação, é a construção e manutenção de uma imagem pública sustentável do sistema eleitoral brasileiro, transmitindo ido-neidade e credibilidade nos pleitos eletivos. Várias campanhas institucionais promo-vidas por agências de publicidade previamente licitadas promoveram o aumento do grau de com-preensão do eleitor com as atividades do TSE, for-talecendo o espírito democrático e o senso do voto consciente. Na visão de comunicação política, o TSE com sua estrutura organizacional atenta de modo profissional na promoção de ações de comunicação, tanto publicitária promocional como institucional. Tecnologicamente, o sistema eletrônico promove novas métricas de segurança periodica-mente, como no caso da validação biométrica de votação, com início nas eleições de 2008, em pou-cos municípios, com ampliação para 51 municípios para as eleições de 2010. O objetivo é que até as eleições de 2014, o processo biométrico esteja dis-ponível em todo o território nacional, promovendo maior segurança na validação do eleitor.

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REGIONAL

A Campanha Eleitoral em Mato Grosso

Alexandre Torrezam*Débora Tavares**

*Publicitário e bacharel em ciências da Computação. Mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor e pesquisador do IFMT – Instituto Federal de Mato Grosso e do Centro Universitário Cândido Rondon.**Publicitária, Doutora em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Professora e pesquisadora da UFMT – Univer-sidade Federal de Mato Grosso e Diretora da Regional Centro da Rede POLITICOM.

Se a campanha eleitoral é caracterizada por ser uma corrida contra o tempo, a campanha ao governo do estado de Mato Grosso aparente-mente não corrobora com tal predicado. Moti-vo? Internet, especificamente, as redes sociais. Candidatos procuram estar mais próxi-ma do eleitor, para isso, utilizam o Twitter, prin-cipalmente, para atingir os eleitores com mais familiaridade com essa nova ferramenta. Para escapar das amarras legislativas e do limitado tempo dos meios de comunicação de massa tradicional, eles têm apostados em for-mas alternativas de comunicação e marketing. No entanto, não dispensam as carreatas - principalmente no interior do estado, comí-

cios e as tradicionais visitas às ruas movimen-tadas da capital. No Twitter os candidatos ainda procu-ram ajustar o tom da campanha, pois muitos se posicionam como o centro das atenções. O candidato na rede social deve primar pela inte-ração com o eleitor e não apenas com a divulga-ção de sua agenda e compromissos como num palanque. A discussão horizontal e participativa deve ser a essência do meio. Nas redes sociais é uma oportunidade de ficar mais próximo do eleitor e desfazer a imagem de políticos dis-tantes do seu eleitorado, reforçada por anos de campanhas tradicionalmente massivas.

Roberto Okamura / www.mt.gov.br

Ponte no Pantanal Matogrossense

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INTERNET

O Twitter serve para fazer marketing político?Mauricio Guindani Romanini*

*Jornalista, mestre em Comunicação, professor, pesquisador em Marketing Político e Diretor de Planejamento da Rede POLITICOM

O advento da era digital faz com que, cada vez mais, o eleitor se transforme em protagonista da eleição. Na política essa nova realidade ganha contornos práticos com iniciativas individuais ou coletivas que tentam mobilizar cidadãos para tor-narem-se agentes operacionais das eleições. A cada eleição ganha importância a troca de informações e a colaboração entre internautas com os sites e os serviços online. Podem ser in-formações colocadas na rede e editadas pelos pró-prios internautas ou pelo site do candidato. É necessário entender que os cidadãos tornaram-se fonte e mídia. Eles disseminam infor-mações, opiniões e ideias a respeito de políticos, partidos em diferentes canais, por meio de redes sociais, por exemplo, o Twitter. No marketing político a estratégia e guar-dar segredo e antecipar ou neutralizar as ideias dos adversários. No marketing político online o político ao contrário precisa publicizar seus pontos de vista – muitos se complicam nessa empreitada.O marketing político online requer estratégias di-ferentes e diferenciadas. E-mails e mensagens pa-drão não valem mais, textos preparados por espe-cialistas não valem e mantenha um diálogo aberto com o eleitor.

No mundo digital a agilidade é fundamen-tal, as campanhas lentas estão fadadas ao fracasso. É preciso ter um líder que esteja engajado nos pro-jetos, mas essa liderança deve ser proativa, ou seja, a campanha precisa ser horizontalizada. Incentivar a troca de informação entre os próprios cidadãos é a lógica da campanha no Twitter, isto é, eleitor deve conversar com eleitor. Mas é necessário o constante monitoramento das estratégias montadas, ao menor sinal de problema é necessário solucionar e mudar. Lembre-se as pessoas buscam informa-ções sobre os assuntos relacionados à comunidade em que o usuário está inserido. O Twitter é uma das redes sociais que mais cresce no Brasil e, de acordo com a pesquisa realizada pelas empresas InPress e E.Life, as pessoas buscam informação – prioridade de 60% dos usuários. A resposta para a pergunta que serve de título do artigo é sim, o Twitter pode e deve ser uti-lizado no marketing político online.

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INTERNET

José Serra: perfil do político e do homem

Geraldo Vilela*

*Jornalista pela Universidade Mackenzie/SP, atualmente trabalha com monitoria de redes sociais na área de política.

O estudo José Serra, um perfil do político e do homem: o uso do twitter como ferramenta política nas eleições presidenciais de 2010, traba-lho de conclusão de curso defendido em 2010, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, que anali-sou o comportamento do então pré-candidato tu-cano à presidência durante o ano de 2009. A partir do fenômeno Barack Obama, que em 2008, sacu-diu a eleição americana para presidente. O uso inovador e intensivo das ferramen-tas disponíveis na internet, como as redes sociais, pela equipe de marketing de Obama, inaugurou uma nova tendência nos processos eleitorais e po-líticos, pois fez dessas ferramentas uma aliada na conquista do público. No Brasil, os candidatos pa-recem tentar correm pelo mesmo caminho. Sustentando a ideia de que as redes sociais seriam um fator positivo para o desenvolvimento de uma imagem moderna, inteligente, conectada com a opinião pública e capaz de alcançar resulta-dos fortemente favoráveis na política.

Decidi, em agosto de 2009, que este seria o tema de minha monografia para obtenção do título de bacharel em Jornalismo. Um dos referenciais do qual faço uso para um dos critérios de análise, é o livro do sociólogo e escritor canadense Erving Goff-man, A Representação do Eu na Vida Cotidiana. O autor utiliza como base uma peça tea-tral, que analisa as pessoas como se fossem atores, definindo as atuações do indivíduo pelo seu modo de interagir e da maneira que deseja se apresentar, dividindo estas interações em duas áreas: fachada e bastidor – que envolve o aspecto do eu. A fachada (50,82%) e bastidor (49,18%) constituíram as mensagens do tucano. No início da análise, José Serra, ainda, era pré-candidato e se encaixava nas áreas descritas por Goffman. Em três momentos: como político, ex-go-vernador do Estado de São Paulo e pré-candidato à Presidente da República, José Serra trabalhou de forma positiva sua imagem pública. Ele pode ser considerado um bom “tuíteiro”.

Fachada50,82%

Bastidor49,18%

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ENTREVISTA

Chico Santa RitaOs princípios do marketing político

*Entrevista realizada por João Carlos Picolin (Mestre em Comunicação Social. Coordenador e Professor do Curso de Publicidade e Propaganda das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro-SP. Coordenador Nacional da categoria Publicidade e Propaganda do Expocom. Diretor Científico da Rede POLITICOM).

Lorival Isler Jr

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Com 33 anos de atuação e mais de 120 campanhas como consultor em comunicação e marketing político, Chico Santa Rita é um dos no-mes mais respeitados do país quando o assunto é campanha eleitoral. Autor de dois livros na área (Batalhas Eleitorais, pela Geração Editorial, em 2001; e Novas Batalhas Eleitorais, pela Ediouro, em 2008), ele é o profissional que ajudou o Presi-dencialismo a vencer o plebiscito, em 1993. Essa foi a primeira consulta pública no país após a abertura política em meados dos anos 80. Tam-bém foi o vencedor do referendo sobre o porte ilegal de armas, realizado em 2005, além de ter dirigido campanhas vencedoras para o governo de São Paulo, o senado federal, diversas prefei-turas, e presidente da república. Aliás, esta é a grande frustração profissio-nal de Chico Santa Rita, revelada nesta entrevista exclusiva para a Revista POLITICOM: ter ajudado a eleger Fernando Collor de Melo presidente da República. Por outro lado, o jornalista, publicitário e consultor em marketing político, também revela os fatos marcantes, como a vitória no plebiscito.

Em sua vasta experiência na área de co-municação, destaca-se, entre tantas outras ativi-dades, o inicio de sua carreira, em 1967, no jornal A Tribuna, de Santos; sua atuação noo Jornal da Tarde, do grupo Estado; na Editora Abril, como editor e, posteriormente, como diretor geral de redação e publicidade; a fundação da SRM Publi-cações, empresa do setor de prestação de serviços na área editorial e de publicidade; e, suas ativida-des na Rede Globo, onde foi responsável por vários programas jornalístico, exercendo diversas fun-ções, como editor chefe nacional do Jornal Hoje. Nessa entrevista, Chico Santa Rita, que diz ter começado “por acaso” no marketing político, também fala sobre ética nas campanhas eleitorais e garante que só dinheiro não ganha eleição.

Revista Brasileira de Marketing Político (RBMP) – O senhor trabalhou no Jornal Tribu-

na, na Rede Globo e na Editora Abril, entre outros grandes veículos de comunicação. O que o motivou a trabalhar com marketing político?Chico Santa Rita (CSR) – Na verdade, eu fui jornalista. Trabalhei em grandes veículos, diri-gi diversas revistas na Editora Abril, dirigi vários programas de televisão, e trabalhei, também, na área de propaganda. Trabalhei na própria Edito-ra Abril desenvolvendo materiais numa espécie a House Agency que foi criada na época, através da qual nós fazíamos a comunicação de todas as re-vistas da Editora Abril. Eram cerca de 50 produtos ao todo. Então, na verdade, essa experiência de jornalismo e de propaganda se completou quando eu comecei, por acaso, no marketing político. Ela foi a base e, hoje, eu mostro em minhas palestras que a base do marketing político se assenta nestes dois pés: na propaganda e no jornalismo.

RBMP – Por que o senhor diz que começou por acaso no marketing político?CSR – Começou porque, na época, eu estava na Rede Globo e tinha um pequeno sítio na região de Itatiaia, onde eu descansava. Descansava quando

me permitiam, porque a Globo era uma máquina terrível de triturar cérebros. A gente não tinha dia, nem horário, nem nada. Mas eu tinha um pequeno sítio em Itatiaia, que ficava no município de Re-zende, na época, e um amigo da cidade se candi-datou na primeira eleição que teve depois da di-tadura, quando houve a redemocratização, em 76. Então, como eu tinha uma certa habilidade na área de propaganda e na área de jornalismo, esse ami-go me pediu ajuda. Eu montei a campanha dele e comecei a perceber que o marketing político é di-ferente da propaganda, é diferente do jornalismo, mas que ele tem como base estas duas colunas.

RBMP – O senhor já elegeu presidente da Re-pública, governador, senador, diversos prefeitos, venceu o plebiscito e o referendo que tivemos após a abertura política. Dá para destacar qual foi o tra-balho mais marcante?

Montei a campanha de um amigo em 76,e comecei a perceber que o marketing

político é diferente da propaganda,é diferente do jornalismo, mas que ele

tem como base estas duas colunas.

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CSR – Sem dúvida, o grande trabalho marcante para mim foi o do Presidencialismo. O plebiscito, naquele momento, definiu que tipo de governo o país teria dali para frente. Na constituição de 88 previu-se fazer um plebiscito, que foi feito em 93, sobre que forma de governo seria: se seria presi-dencialismo, se seria parlamentarismo ou se seria monarquia. Eu fui convidado, fiz e dirigi toda a campanha do Presidencialismo. Então, é um mo-

mento em que você se sente colocando um dedi-nho e uma colherzinha na própria história do Bra-sil, que a partir daí pôde eleger presidentes. Muita gente já disse: “Chico, será que o Parlamentarismo não é uma forma de governo melhor e mais avan-çada?” Eu digo: pode até ser. Dá certo nas grandes democracias européias, que são quase todas parla-mentaristas. Mesmo reconhecendo esse avanço do Parlamentarismo, eu entendia que no Brasil falta-vam instituições fortes onde esse Parlamentaris-mo pudesse ser acertado. Veja você uma coisa: dá para você colocar um Parlamentarismo com esse Congresso que existe hoje no Brasil? De repente, um Severino Cavalcanti acabava como primeiro ministro. Sobre o Congresso, nós não temos tido na população um amadurecimento político defini-tivo que faça com que a gente tenha um Congresso de fato. Nosso Congresso, muitas vezes, tem quali-dades, mas, muitas vezes, tem muitos problemas.

RBMP – Então o senhor acha que ainda falta edu-cação para o voto?CSR – Eu acho que ainda falta um pouco de ama-durecimento. Está melhorando. A gente sente que depois da redemocratização, a população vem me-lhorando a qualidade do voto. A população que eu digo em termos gerais. Nós temos que entender e que reconhecer que no Brasil existe uma gran-de maioria de iletrados, de pessoas que não têm acesso à comunicação como a gente tem. A tele-visão ainda é vista como prestadora de serviço de

lazer e não como comunicação; as nossas tiragens de jornal são muito pequenas e não atingem toda a população; nossas revistas também. Então nós temos, ainda, uma maioria iletrada; mas, vem me-lhorando. Não chegamos ao ideal ainda, mas já está melhor do que no início dos anos 80, quando voltamos a votar. Eu acho que os anos do regime militar, da ditadura, amorteceram um pouco essa questão. Nós tivemos um hiato dentro da demo-cracia brasileira; e esse hiato fez como que a po-pulação parasse de votar. Mas vem melhorando. Uma prova disso é que eu estava conversando com diretora operacional do Ibope e nós comentáva-mos que hoje você sente que a população está de-cidindo um pouco mais tarde. Isso porque a popu-lação está pensando melhor, está trabalhando um pouco mais o seu momento de decisão.

RBMP – O senhor acredita que o voto obrigatório contribui para essa falta de amadurecimento?

O voto facultativopode ser vítima deaproveitadores que

levem massas avotar em

determinada pessoa.

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CSR – Eu acho que isso vem ao encontro do que eu falava sobre o Parlamentarismo. Talvez o voto facultativo seja o regime ideal. Agora, com essa situação do Brasil, desse volume muito grande de iletrados, eu tenho, ainda, um pouco de receio de que essa falta de amadurecimento leve o voto fa-cultativo à algumas deformações. O voto faculta-tivo pode ser vítima de aproveitadores que levem massas a votar em determinada pessoa, enquanto, muitas vezes, o pessoal mais letrado pode até se abster de votar. Nós tivemos várias questões nos Estados Unidos, onde as pessoas têm sido, muitas vezes, chamadas a irem votar. Dois exemplos re-centes: na primeira campanha do Bush, os repu-blicanos fizeram uma grande campanha chaman-do as pessoas para votar e, como ele ganhou por pouco, ficou claro que os republicanos ganharam a eleição levando as pessoas para votar. Isso acon-teceu com o [Barack] Obama também, mas em menor escala e de uma forma mais democrática,

eu diria. Então, sem dúvida nenhuma o voto facul-tativo é o ideal, mas será que no Brasil não poderia virar uma manobra nos termos que nós temos com a nossa conformação política? Eu acho que um dia chegaremos lá. Talvez seja, ainda, um pouquinho cedo, mas um dia chegaremos lá.

RBMP – O Senhor falou da vitória do Presiden-cialismo como um fato marcante positivo em sua carreira. Houve alguma frustração, também?CSR – Houve. Eu tive uma grande frustração. Eu fui chamado para trabalhar na campanha de Fer-nando Collor no segundo turno da eleição de 89. No primeiro turno eu havia feito a campanha do Dr. Ulisses [Guimarães]. O Dr. Ulisses, que eu digo em um dos meus livros, é um santo. Uma pessoa parecida com um santo; santificada. Porque tudo o que fazia era de coisas boas e coisas elevadas. E o Dr. Ulisses era, naquela eleição, o homem certo no momento errado. Naquela eleição se pretendia um presidente mais jovem, mais dinâmico e mais atirado, para um país que tinha saído de anos di-fíceis da ditadura. Também tinha saído do gover-no de um vice-presidente, que assumiu no lugar de Tancredo [Neves], o [José] Sarney, que foi um governo que terminou de forma muito lamentá-vel, com uma inflação muito alta e uma situação muito difícil para o país. Então, naquele momento, havia um sentimento de mudança muito forte. O Collor representava essa juventude, essa capacida-de. Tinha um programa muito forte de moralida-de, como se falava na época, de caça aos marajás, e era uma grande esperança. Foi para o segundo turno com o Lula. Dois jovens que representavam exatamente isso que a população queria naquele momento. Então, no segundo turno, eu fiz a cam-panha do Collor e ele acabou sendo eleito. Eu co-mecei a minha decepção com ele nos dias finais da campanha, vendo uma personagem muito histri-ônica, muito prepotente, uma personagem muito difícil. Depois, a forma como ele se conduziu no governo foi uma grande decepção. Mas eu não me considero culpado. Eu fiz o trabalho na boa in-tenção de levar à presidência a pessoa em quem eu iria votar naquele momento. Se ele não soube aproveitar a oportunidade para redimir o Brasil e trabalhar bem para o país, isso é um problema dele e não meu.

RBMP – O Senhor falou da decepção com o Collor. Com relação à questão ética, que sempre é um assunto que vem à tona em períodos eleitorais, qual é a responsabilidade do candidato e qual é a responsabilidade do consultor numa campanha de marketing político?

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CSR – A responsabilidade do candidato é o seu dever perante a população. De fazer para a popula-ção aquilo que ele apresenta como um programa. De ter honestidade e ter uma forma de conduta correta. A responsabilidade do consultor de ma-rketing político, como eu tenho dito sempre, é não permitir que eventos antiéticos ocorram durante a

campanha. E isso, sempre que ocorreu comigo, eu acabei saindo rapidamente da campanha. Eu vejo a condução de uma campanha como um debate político, através do qual as pessoas poderão rece-ber as mensagens do candidato e, depois, votar ou não nele. Eu lhe dou um exemplo, que culminou com um capitulo final lamentável para o Brasil. Há cerca de 12 anos, eu fui chamado para fazer a cam-panha do então candidato ao governo de Brasília,

chamado [José Roberto] Arruda. Comecei a tra-balhar na campanha dele, mas, em três semanas, eu percebi e vi colocações que eu questionei e não aceitava. Coisas como mudar fatos para enganar a população. Eu questionei e saí da campanha.

RBMP – Então, o senhor não trabalharia para um candidato para o qual o senhor não votaria?CSR – Este é, exatamente, o meu princípio. Como eu até me envolvo pessoalmente, eu só trabalho para um candidato para o qual eu votaria. É o caso do Arruda. Essa história está contada no meu li-vro, portanto eu não estou contando essa história somente hoje. E esse, não foi o único caso. Eu já saí de outras campanhas por não concordar com comportamentos antiéticos, danosos à população, ou enganações, ou ‘mutretas’, ou coisa desse tipo. Eu não faço por princípio. Minha vida de 33 anos no marketing político é absolutamente isenta des-se tipo de atitude e desse tipo de atividade.

RBMP – Só dinheiro ganha uma eleição? Ou ain-da: também é possível ganhar uma eleição sem di-nheiro?CSR – Dá para ganhar eleição sem dinheiro. Elei-ção é debate político. Eu te dou como exemplo a campanha do referendo, que foi a campanha mais pobre e mais sem condições que nós fizemos. Foi uma campanha nacional com duas câmeras. Numa cidade como Rio Claro [SP], por exemplo, não dá

Uma campanhavitoriosa começa com

um bom candidatoe uma boa proposta,

e não com umamontanha de dinheiro.

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para fazer uma campanha para prefeito com duas câmeras. Nós fizemos uma campanha nacional as-sim. Foi muito pobre. E nós mudamos uma situa-ção em que você tinha o tal desarmamento, entre aspas, que não ia desarmar ninguém, com 74%, 75%. O “não” saia com cerca de 15% e nós conse-guimos mudar essa situação. Por quê? Porque nós levamos para a população a verdade. Falava-se num desarmamento, mas não ia se desarmar nin-guém. Nós, com toda a tranqüilidade, colocamos, mostramos e provamos na televisão que aquilo era uma falácia, era uma mentira. Então, não é dinhei-ro que ganha uma eleição. É claro que uma campa-nha que tenha um pouco mais de recursos facilita o trabalho, mas não é só dinheiro que ganha uma eleição, não. Eu acho que uma boa proposta políti-ca é um bom começo. Eu digo que uma boa campa-nha não começa com uma montanha de dinheiro; uma boa campanha começa com um bom candida-to. Se esse candidato tiver recursos e tiver formas de captação de recursos para fazer uma campanha minimamente aceitável, é bom. Aliás, eu gostaria de um dia trabalhar numa campanha muito rica, porque eu nunca trabalhei. Eu tenho trabalhado sempre em campanhas que tem tido dificuldades. Aliás, uma campanha que não teve tanta dificul-dade foi em 90: a campanha do [Luiz Antônio] Fleury, que havia recursos [eleição vitoriosa para o governo de São Paulo]. Se eu não citasse, eu se-ria injusto. A própria campanha do presidencialis-mo. Do lado do parlamentarismo estavam todos. Estimou-se que, na época, o parlamentarismo, que começou na frente e depois perdeu, teve um volu-me de dinheiro sete vezes maior que a campanha

do presidencialismo. Isso é verdade. Nós tivemos uma dificuldade muito grande. Então, não é só dinheiro. Política, campanha, eleição trata-se de discussão política. Se você tiver um bom projeto político; se o candidato tiver uma boa mensagem, uma mensagem que sensibilize os corações e as mentes; se o candidato tiver credibilidade e pas-sar essa mensagem com muita competência, é um bom começo e um bom caminho para iniciar uma campanha vitoriosa.

RBMP – O senhor fala de bons nomes e bons pro-jetos. Mas existem várias influências. Por exemplo: o senhor acredita que a divulgação das pesquisas eleitorais ajuda a consolidar votos que ainda não estão consolidados?

CSR – Cada vez menos. Já houve essa história de que as pessoas votam no candidato que está na frente. Hoje, isso é tão insignificante que não che-ga a interferir. A gente acompanha isso em pesqui-sas e as pessoas acabam, na verdade, desconfiando e acabam votando, mesmo não tendo certeza de que aquele candidato vai ganhar ou vai perder. Acontece que esse é outro lado que, no Brasil, tem sofrido problemas muito sérios com o desrespeito ao eleitor; apresentando-se pesquisas com resulta-

Há cerca de 12 anos, fui chamado para fa-zer a campanha do Arruda ao governo de

Brasília. Comecei a trabalhar, mas, em três semanas, vi colocações que eu não aceitava.

Eu questionei e saí da campanha.

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dos duvidosos. Mas o eleitor, cada vez mais, não se deixa enganar.

RBMP – Mudando um pouco de assunto, nós tivemos a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos com o uso da internet muito comentado. Agora, estamos em processo eleitoral no Brasil. De que maneira o senhor coloca a internet no ce-nário de uma campanha eleitoral, se comparada com as tidas mídias tradicionais? Que posição ela deve ocupar?

CSR – A internet é uma mídia que vem crescen-do bastante. Na própria campanha do referendo, nós tivemos, pela primeira vez, o uso muito forte da internet. Mas eu acho que se cometeu, aqui no Brasil, o equivoco, com relação a própria campa-nha do Obama, que foi desmistificado pelo próprio chefe da campanha dele. Ele disse que não foi bem assim. Disse que a internet é um instrumento de

mobilização. Ela foi importante na captação de recursos, ela foi importante nas redes sociais e no acerto de grupos de trabalho; mas esses grupos de trabalho foram para as ruas e lá eles ganharam votos. Que a internet tem crescido em importân-cia, tem. Mas veja uma coisa: a Folha publicou um dado do Datafolha que é importante. Você tem in-ternet em 18% dos lares brasileiros e você tem a TV aberta em 97% dos lares brasileiros. Então, no Brasil, a internet não tem a importância que tem nos EUA, onde esse número é bem maior, mas ela

já está ganhando uma importância, apesar de ain-da não ser um fator decisivo.

RBMP – Então como a internet deve ser usada nas campanhas eleitorais no Brasil?CSR – Eu acho que ela deve ser usada dessa forma, como mobilizadora. Isso para a eleição majoritá-ria. No caso da eleição proporcional, dependendo

Eu acho que as pessoas não podem se omitir.Se você se omite, você perde o direito de

reclamar. O voto é uma arma muito importante.É um instrumento que você pode premiar

alguém que possa representá-lo dignamente.

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do perfil do candidato, ela também pode ser usada como captadora de votos. Mas aí o candidato deve ter um perfil cultural alto. Se for um candidato que tem um perfil popular, a internet não vai falar com o eleitor dele. Então, ela ainda tem que ser dosada e vista dentro daquilo que ela pode oferecer de me-lhor. Como ferramenta, é importantíssima, mas eu acho que se superestimou um pouco a importância da internet no Brasil.

RBMP – Para encerrar: nós temos muitos alunos de comunicação que acompanham as atividades da Politicom. Para esses alunos: por que trabalhar com marketing político?CSR – Porque você se sente, por exemplo, assim como eu disse quando eu fiz a campanha do presi-dencialismo, partícipe da história contemporânea do país. Eu confesso que hoje a atividade acaba me decepcionando um pouco. Mas eu acho que as pessoas não podem se omitir. Se você se omi-te, você perde o direito de reclamar. O voto é uma arma muito importante. É um instrumento que você pode premiar alguém que possa representá--lo dignamente e, também, para punir, caso essa pessoa não corresponda às expectativas que você tem. Por isso eu recomendo a participação das pessoas, no mínimo votando. Agora, participar e ajudar a construir esses momentos importantes e decisivos para a história, com responsabilidade e ética, é muito gratificante para quem trabalha com marketing político.

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LEGISLAÇÃO

Ficha Limpa e a mobilização popularAndréia Rêgo*

*Publicitária e Mestranda em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Diretora da Regional Norte da Rede POLITICOM.

Sem dúvida, a Lei Ficha Limpa, san-cionada sem vetos pelo presidente Lula e aca-tada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é a maior novidade nas eleições de 2010. Fica impedida a candidatura de políticos conde-nados criminalmente na Justiça em decisão colegiada, ainda que caiba recurso, pois são considerados inelegíveis. Políticos enquadrados na nova legisla-ção não podem ser votados por oito anos. Foi um Projeto de Lei de iniciativa popular, que reuniu 1,3 milhões de assinaturas em todo o território nacional. É um projeto ousado, inovador e ade-quado, que atende os interesses da sociedade e um marco na luta contra a corrupção, talvez o maior feito dos últimos tempos. Sua importância, com certeza, vai além dos benefícios que traz já no curto prazo para o jogo político. Além disso, evidencia que

a mobilização civil é fundamental para o siste-ma democrático. Criar e ampliar os espaços de debate, demonstrar a indignação coletiva diante da corrupção política e a cobrança por transfor-mações estruturais na política brasileira é con-dição para fazer valer a noção de cidadania. O impacto do projeto incide sobre po-líticos de norte a sul e de diferente coloração partidária. Sua finalidade não é casuística, mas está ligado à insatisfação popular e à vontade popular de mudar, para que daqui para fren-te os candidatos sejam capazes de exercer seus mandatos sem se envolver em escândalos. Nossa democracia precisa de decisões fortes para se solidificar cada vez mais. Sina-liza para o fim da impunidade que alimenta a corrupção no País, que precisa retomar os va-lores da probidade, moralidade e da ética na política.

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COMPORTAMENTO

Novos consumidores, novos eleitores

Kleber Carrilho*

*Doutor em Comunicação Social e professor da Universidade Metodista de São Paulo.

Nestas eleições, os adolescentes que nas-ceram no ano em que a internet chegou ao Brasil votarão pela primeira vez. Mais uma vez, então, é essencial observar a compreensão dos novos pú-blicos que atingem a “maioridade eleitoral” pelos profissionais de comunicação política. É importante perguntar como os partidos e os políticos têm tido contato com esses novos eleitores, principalmente nos novos meios. Será que existem relações reais e constantes com eles? Observa-se que, mesmo nos meios tradi-cionais, ainda não fomos capazes de desenvolver uma nova linguagem e um novo relacionamento com esses públicos, que podem ser entendidos como consumidores-eleitores, já que exigem uma relação real e de longo prazo. Afinal, os meios com os quais estão acos-tumados não são compreensíveis em relações es-porádicas. Deve-se entender, então, que os novos meios não são só novos meios. São principalmente novos ambientes de in-teração, que exigem novas formas de apresentação, novas linguagens, novas promessas. É difícil imagi-nar que um filme tradicional de divulgação de can-didaturas de deputados ou vereadores possa influen-ciar um novo consumidor-eleitor, acostumado desde a infância com as ações virais e com as campanhas convergentes que associam os diversos ambientes da internet, do celular e dos meios ditos off-line. Não houve, ainda, no Brasil, uma revolu-ção como a ocorrida na tão badalada campanha de Barack Obama à presidência dos EUA, em que os novos meios e os novos eleitores se encontraram. Porém, é possível acreditar que, no caso brasileiro, não haja um divisor de águas, uma grande cam-panha que marque esta “virada”, mas sim, uma nova percepção de candidatos e profissionais de comunicação que compreendam os novos públicos a cada nova campanha.

Nosso desafio é conseguir encontrar, prin-cipalmente no comportamento de consumo, as as-pirações políticas da nova geração. Por isso, ainda temos um grande caminho. Temos que, com cer-teza, observar como marcas de diversos produtos conseguem incluir esses novos públicos nas suas preocupações não apenas nas ações que visam compra, mas principalmente nas que têm como objetivo o desenvolvimento de relações de bem--estar, de fidelidade e de defesa. Afinal, projetos políticos, partidos e can-didatos não precisam apenas de eleitores, mas de defensores.

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BIBLIOTECA

Coração de esquerda e alma de artistaIngrid Gomes*

*Jornalista e Doutoranda pela Universidade Metodista de São Paulo.

A obra A vertigem das urnas, de Jacques Séguéla, é mais que uma reunião de cases de mar-queteiro na política internacional, trata-se de uma valiosa crônica de história e vivência política, que desnuda as velhas e novas estratégias políticas para chegar ao poder, contada a partir de experi-ências e profissionalismo. O autor explica como alicerça “seus man-damentos” nas vias democráticas atuais. Para isso, recorreu ao contexto de nove países e dez eleições, de 1991 a 2000. Passando pelo marketing político do Chile, de Israel, da França, da Polônia, da Eslo-vênia, da Hungria, da Bulgária e da Áustria.

Como profissional que cita Woody Allen, Séguéla declara que seu coração bate pela esquer-da, mas como um legítimo marqueteiro confessa ser um eleitor sem partido político. Confessa dez pontos principais que utili-zou nas campanhas até hoje conduzidas, e que, de maneira geral, podem ser lembrados em qualquer campanha política. Com destaque para: o eleitor irá votar sempre no nome do candidato, o que de-cide a escolha do candidato são suas idéias, o pas-sado nunca convenceu ninguém, e que o que de-cide uma eleição são os planos para o futuro com alicerces no presente. A campanha convincente baseia-se na ideia teatral, mais didática, publicizando a parte da história que o eleitor quer ouvir, explorada a partir dos seus desejos e nunca pela forma vulgar e banal das imagens e cenários. O voto representa sempre uma esperança e, portanto, as propostas devem entusiasmar e o “[...] entusiasmo deve ser sustentado pelo máximo de garantias possíveis”. Uma vez que o candidato é lançado na mídia, ele deve ser encarado como celebridade e deve desenvolver um valor próprio, que possa ser identificado pelo seu público como um ideal, pois esse valor agregado à sua imagem o diferenciará de qualquer outra celebridade. Para Séguéla, uma campanha deve ser de-senvolvida como uma pequena empresa e nunca como uma multinacional. No rumo cada vez mais plural que a sociedade caminha, o profissional de marketing político deve se ater com precaução às variações culturais e às surpresas de cunho moral que acarretam as heranças históricas dos candida-tos e dos contextos que os envolvem. No final do livro, vislumbra o cenário high tech da comunicação e dos recursos da internet para a profissão, atenta que o marqueteiro político deverá ser ainda mais criativo e estrategista para quebrar a solidez e frieza da virtualização dos diá-logos, e a iminente ausência de contextos, sendo o mensageiro que unirá os fragmentos para condu-zir uma campanha mais completa e plural.

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Marketing político: as armas do sim e do nãoBruna Furlan, Danilo Venticinque e Guilherme Tagiaroli*

O referendo das armas – cinco anos de-pois da vitória do “não” no referendo de 2005, ain-da, desafia os especialistas. Enquanto a proibição da venda de armas era apoiada pelos principais partidos políticos do país, num raro momento de união entre os adversários Partido dos Trabalha-dores (PT) e Partido da Social Democracia Brasi-leira (PSDB), além de contar com a simpatia de inúmeras Organizações não-governamentais e movimentos sociais, a campanha do “não” era fi-nanciada pela indústria armamentista e liderada por políticos pouco populares. Mesmo assim, contrariando todos os prog-nósticos, as intenções de voto do “não” começaram a crescer a partir do início da campanha eleitoral, sobretudo na televisão. Ao longo das três semanas de campanha que antecederam a consulta popular, a ampla vantagem do “sim” foi revertida e trans-formada em uma derrota convincente. Antes do início do horário eleitoral gratui-to, os contrários a liberalização de armas de fogo e munições lideravam com 80% das intenções de voto, segundo pesquisa do Instituto Datafolha. Mas, o resultado final foi uma vitoria do favoráveis a comercialização, com 63,94% dos vo-tos válidos, contra 36,06% do “sim” - uma virada amplamente atribuída ao sucesso da campanha de marketing político. O livro-reportagem Por que não? - o mar--keting político e o referendo de 2005 apresenta-do em 2010, como trabalho de conclusão do curso de jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo, sugere possíveis explicações para essa mu-dança nas intenções de votos e reconstitui os bas-tidores das campanhas por meio do estudo das pe-ças publicitárias e de depoimentos de personagens envolvidos, como Chico Santa Rita, Denis Mizne, Paulo Alves, Elysio Pires, Luiz Antônio Fleury Fi-lho e Raul Jungmann.

*O livro na íntegra está disponível em http://tinyurl.com/24lzmb4. Contato com o grupo através de [email protected], [email protected] e [email protected].

BIBLIOTECA

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RÁDIO

As eleições norte-americanas nas ondas do rádio brasileiro

Thybor Malusá Brogio*

*Jornalista. Mestrando em comunicação pela UMESP e redator de jornalismo da rádio Jovem Pan/SP.

As eleições norte-americanas de 2008 ti-veram muitos novos elementos para a história do mundo e do marketing político. No Brasil, a Rádio Joven Pan,de São Paulo, no programa Jornal da Manhã, através do correspondente Caio Blinder, fez ampla cobertura das eleições. Para fazer uma análise de conteúdo quan-titativa, escolhemos o mês de setembro para re-presentar a cobertura America, é um período emblemático, de memórias e turbulências para os Estados Unidos, por causa dos atentados de 11/9/2001. Além disso, foi o ano que eclodiu a cri-se financeira mundial tornando ainda mais repre-sentativa a escolha deste mês.

Na primeira quinzena de análise foram 152 citações republicanas contra 71 citações democratas. Na segunda quinzena, por sua vez, foram 74 citações republicanas contra 38 citações democratas. No to-tal, foram 225 citações republicanas contra 109 cita-ções democratas no período proposto e analisado. No entanto, mesmo os republicanos ten-do espaço maior sendo as críticas de Blinder aos candidatos e membros de ambos os partidos são contundentes. Dessa maneira, as investidas con-tra o Partido Republicano não foram brandas, pelo contrário, em alguns momentos, são bastante cáusticas, até mesmo por ser o partido de maior evidência em alguns instantes.

OpiniãoSilmara R. Biazoto Gabriolli*

Em ano de eleição presidencial todos os dias a mídia bombardeia os eleitores com in-formações de todo o tipo, algumas importantes e verdadeiras e outras plantadas pelos marque-teiros que organizam as campanhas. Com os principais candidatos na disputa pela Presidên-cia da Republica, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) já acompanhamos o caso “Receita Federal”, ainda não esclarecido, e agora o levan-tamento da ficha da candidata e do Partido dos Trabalhadores no que diz respeito à ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que tem gerado um receio na população que não sabia ou não se lembrava do fato. A cam-panha presidencial já tem um formato definido, será uma disputa onde cada lado dispõe todas in-formações e as potencializa para tentar influen-ciar o eleitorado brasileiro que, de acordo com os estudos, decide seu voto baseado na emoção.

A eleição presidencial de 2010 é muito disputada e com uma interrogação sobre o vence-dor. O Brasil tem 135 milhões de eleitores, sendo mais da metade mulheres e com uma diminuição no interesse de votar por parte dos jovens com menos de 18 anos. Se no primeiro momento pa-rece um cenário apropriado para Dilma, a campa-nha de Serra trabalha laçando fortemente na mí-dia o vice Índio da Costa que produz notícias sobre a adversária apostando no receio que o brasileiro tem, quando se trata, da “turma do PT”. Com a lei da ficha-limpa a política co-meça a ser mais séria no país e, seguindo uma tendência natural, mais brasileiros com boas in-tenções devem entrar para os partidos políticos e, provavelmente, a geração da minha filha poderá decidir o voto baseada em propostas de governo organizadas a partir das necessidades da popula-ção, e se preocupar menos com o caráter do can-didato, como na eleição atual.

*Doutoranda em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Professora da Universidade Mackenzie/SP.

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