perguntas mais frequentes ago-dez 2010

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1 SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DUO INFORMAÇÃO E CULTURA ATENDIMENTO AOS PONTOS DE CULTURA APROVADOS NO EDITAL DE 2010. Caros gestores dos Pontos de Cultura, Elaboramos o documento abaixo a partir de diversas perguntas que nos chegaram, seja por meio da Plataforma de Educação a Distância (EAD|DUO), seja por e-mail ou telefone, entre os meses de agosto a dezembro de 2010. Mais que fornecer informações relevantes a todos os Pontos de Cultura conveniados, nosso intuito é o de fortalecer a troca de experiências que possam colaborar com a qualidade do trabalho de todos. Assim, vocês encontrarão, nas próximas páginas, uma série de perguntas e respostas, enviadas por diversos Pontos, respondidas pelos profissionais contratados para tirar dúvidas e assessorar na execução dos convênios, Prof. Otávio Pedersoli, Prof. Welington Carvalho e Prof. Celso Lembi. Procuramos extrair dos conteúdos originais os nomes dos Pontos de Cultura e de pessoas citadas, pois sabemos que diversas dúvidas que nos chegam são comuns a muitos e fazem parte do cotidiano de todos. Começamos o documento com um trecho do diálogo postado na Plataforma EAD|DUO, entre o prof. Otávio e a Erika Curtis, gestora atuante na Rede, membro do Pontos de Cultura Auta de Souza, da cidade de Ouro Preto e que muito contribuiu com nossa reflexão e ação. (...)Precisamos ter clareza quanto a duas visões: uma política e outra jurídica. Na esfera política, sou a favor da mobilização dos Pontos. Através de engajamento político, participação cidadã ativa, organização em rede, deve crescer o movimento e a luta por condições mais apropriadas para a realidade dos Pontos. Mas há uma visão jurídica que não podemos perder de vista. Ou seja, paralelamente ao "agir político", existe uma realidade: os Pontos celebraram um convênio. Esse convênio tem regras. Essas regras devem ser obedecidas, sob pena de problemas futuros. Meu papel, acredito, é exatamente o de tentar ajudá-los a evitar problemas futuros. Então, neste espaço, cumpre-me passar para vocês a forma jurídica mais segura de agir.”

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Page 1: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA

DUO INFORMAÇÃO E CULTURA

ATENDIMENTO AOS PONTOS DE CULTURA APROVADOS NO EDITAL DE 2010.

Caros gestores dos Pontos de Cultura,

Elaboramos o documento abaixo a partir de diversas perguntas que nos chegaram, seja por

meio da Plataforma de Educação a Distância (EAD|DUO), seja por e-mail ou telefone, entre os

meses de agosto a dezembro de 2010.

Mais que fornecer informações relevantes a todos os Pontos de Cultura conveniados, nosso

intuito é o de fortalecer a troca de experiências que possam colaborar com a qualidade do

trabalho de todos.

Assim, vocês encontrarão, nas próximas páginas, uma série de perguntas e respostas, enviadas

por diversos Pontos, respondidas pelos profissionais contratados para tirar dúvidas e assessorar

na execução dos convênios, Prof. Otávio Pedersoli, Prof. Welington Carvalho e Prof. Celso

Lembi. Procuramos extrair dos conteúdos originais os nomes dos Pontos de Cultura e de

pessoas citadas, pois sabemos que diversas dúvidas que nos chegam são comuns a muitos e

fazem parte do cotidiano de todos.

Começamos o documento com um trecho do diálogo postado na Plataforma EAD|DUO, entre o

prof. Otávio e a Erika Curtis, gestora atuante na Rede, membro do Pontos de Cultura Auta de

Souza, da cidade de Ouro Preto e que muito contribuiu com nossa reflexão e ação.

(...)Precisamos ter clareza quanto a duas visões: uma política e outra jurídica. Na esfera

política, sou a favor da mobilização dos Pontos. Através de engajamento político, participação

cidadã ativa, organização em rede, deve crescer o movimento e a luta por condições mais

apropriadas para a realidade dos Pontos. Mas há uma visão jurídica que não podemos perder de

vista. Ou seja, paralelamente ao "agir político", existe uma realidade: os Pontos celebraram um

convênio. Esse convênio tem regras. Essas regras devem ser obedecidas, sob pena de

problemas futuros. Meu papel, acredito, é exatamente o de tentar ajudá-los a evitar problemas

futuros. Então, neste espaço, cumpre-me passar para vocês a forma jurídica mais segura de

agir.”

Page 2: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Nós, da Secretaria de Estado de Cultura e da DUO Informação e Cultura, permanecemos

disponíveis e esperamos que o compartilhamento das dificuldades, dúvidas e sugestões de

todos, traga como resultados muitas alegrias colhidas por vocês no bom andamento dos

projetos e das atividades que cada um realizar.

COMO UTILIZAR O DOCUMENTO DE DÚVIDAS MAIS FREQUENTES:

Organizamos este documento por três grandes temas, sendo:

1) Processos licitatórios, compras e contratação de serviços e produtos (inclui os itens do kit

multimídia) – página 03

2) Contratação de mão de obra – página 26

3) Gestão administrativa, financeira e contábil, aspectos da readequação – página 37

Para cada desses temas, agrupamos os assuntos mais freqüentes e as perguntas mais comuns

apresentadas pelos Pontos de Cultura. Em alguns casos, o conteúdo foi agrupado em uma única

pergunta, cuja resposta está logo abaixo. Em outros, foram inseridas mais de uma pergunta e

resposta, numeradas na seqüencia.

Nossa sugestão é que você faça uma leitura geral do documento, buscando identificar questões

relativas às dificuldades que tenha encontrado, ou mesmo àquelas pelas quais passou e onde

não tenha encontrado desafios, mas que podem ser relevantes para aprimorar e facilitar seu

desempenho.

Utilizando o sistema de pesquisa em seu computador (geralmente um ícone em formato de

binóculo na tela onde se lê o documento pdf.), você pode digitar palavras-chave para encontrar

perguntas e respostas de forma rápida. Por exemplo, digitando a palavra “INSS”, vão aparecer

na tela todas as expressões onde este termo foi citado, seja em perguntas ou respostas em

relação aos aspectos jurídicos ou contábeis deste tema.

Certamente você terá perguntas que não constam neste documento, e poderá fazê-las por meio

da Plataforma EAD|DUO, ou pelo e-mail [email protected]. É sempre importante

compartilhar as dificuldades encontradas para que as soluções cheguem a todos!

Boa leitura!

Page 3: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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TEMAS: PROCESSOS LICITATÓRIOS, COMPRAS E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS E

PRODUTOS.

ASSUNTO: ÊXITO NO PROCESSO LICITATÓRIO QUANTO À QUALIDADE DOS

SERVIÇOS A SEREM CONTRATADOS

Pergunta: Tenho receios de que, ao divulgar a abertura de vaga para oficineiro,

apareçam pessoas desqualificadas mas que apresentem menor preço e, assim,

vençam a concorrência. Estou me munindo de exigências para comprovação da

capacidade técnica, como um dossiê contendo materiais comprobatórios de

experiência. Esse é o procedimento correto?

Resposta: As regras para definir as exigências de qualificação técnica num processo licitatório

podem ser estabelecidas pelo próprio Ponto de Cultura, conforme o objeto a ser adquirido. Você

pode sim exigir a apresentação de dossiê contendo fotos, recortes de jornal, certificados que

comprovem que o licitante tem experiência na execução do objeto. O Ponto pode e deve tomar

cuidados para garantir que o contratado tenha a qualificação necessária para assumir a

responsabilidade do contrato. O que o Ponto não pode fazer é estabelecer critérios subjetivos,

exigências que limitem a competição injustificadamente, dirigir o CONVITE para uma marca

determinada (se for produto).

Só para você ter uma noção, sugiro ler os artigos 27 a 32 da Lei 8.666/1993. Você os encontra

facilmente na internet. Só que estes artigos não se aplicam "ao pé da letra" aos Pontos de

Cultura. É que, como estabelece o Decreto Estadual 43.635/2003, somos obrigados a usar

procedimentos análogos e não necessariamente idênticos àqueles previstos na Lei de Licitações

(8.666/1993). Veja o que diz o artigo 20 do citado Decreto Estadual: Art. 20. A liquidação da

despesa somente poderá ser realizada, respeitada a legislação em vigor, através da

apresentação de documentação comprobatória hábil. Parágrafo único. Se o convenente for

entidade privada, deverá, na execução das despesas, adotar procedimentos análogos aos

previstos nas leis de licitações e contratos aplicáveis à Administração Pública Estadual, devendo

o processo ser instruído com os seguintes elementos: I - razão da escolha do fornecedor ou

executor; e II - justificativa do preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de

mercado.

Page 4: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: REGISTRO E DOCUMENTAÇÃO DO PROCESSO LICITATÓRIO

Pergunta: Quais os documentos devo guardar, referentes ao processo licitatório?

Resposta: Os documentos são:

- Documento de Nomeação da Comissão de Licitação (portaria da Diretoria ou Presidente da

entidade);

- Ata do dia da análise das propostas e as decisões tomadas, assinada pela Comissão de

Licitação;

- Edital contendo todas as informações sobre o processo licitatório;

- Contrato assinado com o vencedor da licitação;

- Lista com os materiais adquiridos.

Importante também guardar todas as propostas e documentos apresentados pelas empresas

licitantes (não apenas da vencedora, mas também das outras), como envelopes e registro dos

correios dos materiais recebidos, anexos, documentos das empresas e pessoas concorrentes.

Isso provará que a licitação (modalidade convite) foi bem sucedida, ou seja, que o Ponto de

Cultura recebeu, pelo menos, 3 propostas válidas. Ou seja, vale colocar no edital que nenhum

documento apresentado por qualquer concorrente será devolvido!

ASSUNTO: PASSO A PASSO DA LICITAÇÃO SOB A MODALIDADE CONVITE

Pergunta: Qual o passo a passo do processo licitatório na modalidade convite?

Resposta: O primeiro passo é abrir uma pasta e escrever a indicação sucinta do objeto que se

pretende adquirir (bem ou serviço) e justificar sua utilidade para a realização do objeto do

convênio, bem como detalhar de onde virá o recurso próprio para a despesa. Isso pode ser feito

através de uma ata de reunião da diretoria da entidade responsável pela realização do projeto,

por exemplo. Sugere-se que todos os membros da Diretoria assinem ou, no mínimo, o

representante legal da entidade e o responsável pela execução do convênio. Deve ser juntada,

oportunamente, à mesma pasta uma via de todos os convites feitos, com os respectivos

comprovantes de entrega aos potenciais fornecedores (pode ser o protocolo de entrega se ela

foi feita pessoalmente; o comprovante de Aviso de Recebimento se enviado pelo correio etc).

Ao fazer o convite, são necessários alguns cuidados. É importante detalhar o que está sendo

Page 5: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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licitado de forma clara e objetiva. Mas cuidado para não “dirigir” a descrição do objeto

contratado para uma marca determinada. Escolher uma marca específica de produto é vedado

pela Lei de Licitações. O objetivo da descrição clara é apenas evitar “comprar gato por lebre” e

garantir a qualidade do que se está adquirindo. Marque data e horário limite para entrega das

propostas pelos fornecedores potenciais. No dia e horário designado, faça a sessão de abertura

dos envelopes em observância à publicidade. Assim, caso alguém da comunidade queira assistir

ao procedimento, deve ser permitido. É importante fazer uma ata escrevendo os principais fatos

da sessão de abertura e julgamento das propostas. Deixe claro no convite que a empresa

proponente deve entregar dois envelopes lacrados. Em um, ela coloca a proposta comercial; no

outro, os documentos de habilitação que o convite, por ventura, esteja exigindo. Veja, neste

particular, o que diz o artigo 28 e seguintes da Lei 8.666/93. Mas note que o artigo 32 faculta a

dispensa de tais exigências documentais: Art. 32 (...) § 1o A documentação de que tratam os

arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite,

concurso, fornecimento de bens para pronta entrega e leilão. (grifou-se) Quando se tratar de

uma compra mais significativa, devem ser exigidas algumas certidões para análise da segurança

da operação e da idoneidade do fornecedor. Essa cautela pode ajudar a selecionar um

fornecedor mais sério e confiável. Recomendo exigir, no mínimo CND da Receita Federal do

Brasil e de regularidade com o FGTS. Veja artigo 28 a 32 da Lei 8.666/1993. Cabe ao Ponto de

Cultura, no caso concreto, avaliar com bom senso o que convém requerer antes da contratação.

Faça uma ata da sessão de abertura, fundamentando a decisão. Qual o fornecedor ganhou o

CONVITE e o porquê. Se desclassificar algum fornecedor, isso deve ser fundamentado e

explicado o motivo de forma objetiva (Ex: não apresentou uma certidão exigida previamente no

convite). Entregue os convites mediante protocolo ou via correio (com Aviso de Recebimento).

Arquive cópia de tudo, inclusive do comprovante de que convidou, no mínimo, três

fornecedores. Se puder, convide mais de três para garantir pelo menos três propostas. Isso

apenas para dar mais transparência ao processo e garantir a maior competitividade. Mas a Lei

exige que, pelo menos, três fornecedores sejam convidados. O que for possível comprar num

processo único (“pacote”) para garantir maior poder de barganha e melhor preço pode ser feito

de forma unificada. Mas a proposta deve especificar o preço de cada item. É preciso definir no

convite se o critério de julgamento será o preço global ou por cada item. O objetivo é comprar

com a maior qualidade, segurança e melhor preço possível. Outra cautela fundamental é a

exigência de Nota Fiscal de tudo o que for adquiridor pelo Ponto de Cultura de pessoa jurídica.

Se o fornecedor for pessoa física, deve-se exigir, no mínimo, recibo escrito e assinado,

constando-se todos os dados da pessoa (Identidade, CPF, endereço completo etc). Sempre

pagar mediante cheque nominativo ou ordem bancária identificada. É que o dinheiro público

Page 6: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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precisa, se necessário, ser lastreado, para se garantir que efetivamente ele foi utilizado de

forma moral, transparente, pública, impessoal, eficiente etc, justamente em respeito aos

princípios acima explicados. Devem-se escolher na entidade convenente algumas pessoas que

tenham mais afinidade com a leitura de leis, que sejam organizadas e dispostas a conduzir o

procedimento licitatório da melhor maneira possível. Elas podem ser nomeadas, por exemplo,

através de uma Portaria do Presidente ou da Diretoria da própria entidade. Os originais das

propostas dos fornecedores e os documentos que as instruírem devem ser arquivados na

mesma pasta, assim como as atas, relatórios e deliberações da Comissão Julgadora das

propostas. Ao fazer o julgamento, o mesmo deve ser escrito em ata e fundamentado de

maneira clara e objetiva. Se algum fornecedor for inabilitado, tal decisão deve ser justa e

criteriosa, não podendo ser pessoal ou subjetiva. Em regra, se o fornecedor atendeu às

exigências do convite, deve ser consagrado vencedor da licitação pelo critério do MENOR

PREÇO. Após definir quem foi o fornecedor vencedor, deve ser homologado o resultado e

celebrado um contrato escrito entre o Ponto de Cultura e o fornecedor.

CONVITE não precisa, obrigatoriamente, ser publicado em jornal. Eu até recomendo que seja

(para dar maior transparência). Mas não é obrigatório. O princípio da PUBLICIDADE pode ser

alcançado de outras formas: site do Ponto; Mural da Entidade; Jornalzinho ou Boletim do Ponto

(impresso ou eletrônico) etc. Quanto mais transparência e publicidade, melhor. Mas não é

obrigatório publicar em jornal.

ASSUNTO: DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO

Pergunta: O Ponto de Cultura deve publicar em jornal a abertura de um edital de

licitação ou existem outros mecanismos que não gerem ônus financeiro?

Resposta: Não é obrigatória a publicação no Diário Oficial. A transparência e a publicidade

podem ser feitas de várias outras formas no caso do Ponto de Cultura: mural da Associação,

locais públicos, site da entidade, boletim informativo, jornal local etc. Quanto maior a

demonstração de publicidade e transparência, mais credibilidade o projeto transmite.

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ASSUNTO: COTAÇÃO PRÉVIA E CARTA CONVITE

Pergunta: Em quais casos devo realizar o processo de cotação prévia ou o de

licitação na modalidade convite?

Resposta: 1) As entidades privadas sem fins lucrativos deverão realizar, no mínimo, cotação

prévia de preços no mercado, observados os princípios da impessoalidade, moralidade e

economicidade (para compras até R$ 8.000,00). Acima desse valor, deve ser feita licitação

(modalidade convite). 2) Até R$ 8.000,00, a entidade privada sem fins lucrativos deverá

contratar empresas que tenham participado da cotação prévia de preços, ressalvados os casos

em que não acudirem interessados à cotação, quando será exigida pesquisa ao mercado prévia

à contratação, que deverá conter, no mínimo, orçamentos de três fornecedores. 3) A cotação

prévia de preços está prevista no art. 11 do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007 e na

Portaria Interministerial N° 127, principalmente nos artigos 45 e 46. 4) O Ponto de Cultura deve

fazer uma descrição completa e detalhada do objeto a ser contratado, que deverá estar em

conformidade com o Plano de Trabalho, especificando as quantidades no caso da aquisição de

bens. 5) Se o valor for superior a R$ 8.000,00 deve ser feita licitação (modalidade convite).

Neste caso, o Ponto deve encaminhar convite escrito para, no mínimo, três fornecedores. Deve

repetir o convite (até conseguir três propostas válidas) ou fazer uma justificativa escrita,

demonstrando porque não conseguiu as 3 propostas. 5.1) Deve definir prazo para o

recebimento de propostas. Sugestão: marcar a data de abertura das proposta para quinze dias

para frente. 6) O critério para a seleção da proposta deve ser o menor preço, sendo admitida a

definição de outros critérios relacionados a qualificações especialmente relevantes do objeto,

tais como o valor técnico, o caráter funcional, as características ambientais, o custo de

utilização, a rentabilidade. Os critérios devem ser objetivos e nunca subjetivos. A compra não

deve ser dirigida para uma "marca ou fabricante determinado". 7) O Ponto deve pedir propostas

com prazo de validade (sugestão: até sessenta dias). 8) O Ponto de Cultura deve, em decisão

fundamentada (escrita) selecionar a proposta mais vantajosa, segundo os critérios objetivos

definidos no convite. 9) Para definição do valor (mais ou menos de R$ 8.000,00) e da forma de

aquisição (cotação prévia ou licitação/convite), devem ser somadas as parcelas de uma mesma

obra, serviço ou compra ou ainda para obras, serviços e compras da mesma natureza e no

mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente. 10) Quando, em razão

da natureza do objeto, não houver pluralidade de opções, o Ponto deve fazer uma justificativa

escrita, bem como comprovar que os preços estão razoáveis e dentro do valor de mercado,

Page 8: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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respeitando também o plano de trabalho aprovado. Seguindo essas orientações, pessoal, vamos

evitar problemas futuros com a Prestação de Contas.

ASSUNTO: PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS NO PROCESSO DE TOMADA DE PREÇOS

OU CONVITE

Pergunta: A tomada de preços para professores pode ser feita com pessoa física e

jurídica ao mesmo tempo? Por exemplo, posso orçar as aulas com duas cooperativas

e com um professor para atenderem à mesma atividade? Isto é válido na

comparação de preços?

Resposta: Essa pergunta permite-nos fazer algumas considerações importantes. Primeiro

passo: avaliar se, no caso, o Ponto é obrigado a fazer COTAÇÃO PRÉVIA ou LICITAÇÃO

(CONVITE). O que vai definir isso? O valor que será gasto nesta rubrica. Melhor explicando: se

meu gasto com o professor vai ser de menos de R$ 8.000,00, não sou obrigado a fazer licitação

(CONVITE). Neste caso, bastará realizar a COTAÇÃO PRÉVIA. Agora, se ao longo da execução

do plano de trabalho, este gasto vai superar os R$ 8.000,00 (somando o que gastarei mês a

mês)então deve ser realizada a licitação (na modalidade CONVITE). Lembrada essa diferença

entre COTAÇÃO PRÉVIA e CONVITE, vamos voltar à pergunta. É possível, em tese, comparar

valores entre um fornecedor pessoa física e um fornecedor pessoa jurídica. Só que há um

aspecto importante: na administração dos recursos públicos, devemos ser EFICIENTES.

Lembrem-se do PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA estudado no curso. Leiam o artigo 37 da

Constituição de 1988. Além disso, é preciso que o Ponto de Cultura defina um critério OBJETIVO

de comparação. Por exemplo: valor da hora/aula ou valor mensal. Os fornecedores têm direito a

receber um tratamento IGUALITÁRIO na avaliação de suas propostas. Assim, sugiro considerar

o valor final que será aplicado naquele gasto e avaliar o que é mais vantajoso para o Ponto de

Cultura (mais eficiente). O que estou querendo dizer com isso? Quando o Ponto paga uma

pessoa natural (física) através de um RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo), além do valor

que o professor vai receber, o Ponto terá um "gasto extra" de 20% de contribuição

previdenciária. Quando o Ponto paga uma pessoa jurídica (mediante Nota Fiscal) não há esse

"gasto extra" de 20% de contribuição previdenciária. Então, nesse sentido, é mais EFICIENTE

contratar uma pessoa jurídica do que uma pessoa física. Só que, no dia a dia e na realidade dos

Pontos, muitas vezes, não há como contratar uma pessoa jurídica, sendo a única saída possível

contratar uma pessoa física. Neste caso, é perfeitamente possível contratar uma pessoa física,

Page 9: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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tomando os cuidados necessários para respeitar a legislação trabalhista. Em resumo, para fazer

comparação de preços, você deve definir critérios objetivos e igualitários (para que seu

julgamento seja OBJETIVO e EFICIENTE). Neste sentido, o mais simples, prático e fácil é

comparar fornecedores do mesmo tipo (pessoa física, por exemplo). Isso porque se o Ponto

pegar dois orçamentos de pessoa jurídica e um de pessoa física ele precisa considerar que,

além do valor final que será pago ao fornecedor, haverá diferença na tributação a que o Ponto

estará sujeito. E isso, segundo o princípio da EFICIÊNCIA, também precisa ser levado em conta

na avaliação da melhor proposta para o Ponto.

ASSUNTO: LICITAÇÃO UTILIZANDO PREGÃO

Pergunta 1: É obrigatório no processo de licitação a realização de pregão? Também

tenho que publicar o edital de licitação em jornal de grande circulação?Esses dois

procedimentos custariam muito caro para nós e não temos essa previsão no

orçamento.

Resposta 1: A Lei Federal 10.520/2002 (lei que trata da modalidade de licitação denominada

PREGÃO) não é obrigatória para os Pontos de Cultura. A própria Comissão Gestora do SICONV

já prestou o seguinte esclarecimento sobre o assunto: “6 - Obediência à Lei de Licitações (Lei

8.666/93) Esclarecemos que, em razão do disposto no art. 11 do Decreto nº 6.170, de 2007,

entende-se existir uma revogação tácita do art. 1º, § 1º do Decreto nº 5.504, de 2005, ou seja,

inexiste necessidade das entidades privadas sem fins lucrativos realizarem pregão para

selecionar os terceiros com quem irão contratar. Conforme disposto no Decreto, além dos

princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade, as entidades privadas sem fins

lucrativos deverão realizar, no mínimo, cotação prévia de preços no mercado, nos moldes dos

artigos 45 a 47 da Portaria nº 127/2008. Enquanto o SICONV não permite a realização da

cotação prévia, ou seja, até 1º de janeiro de 2009, deve ser aplicado o parágrafo único do

artigo 45 da Portaria nº 127/2008, vale dizer, durante este período, as entidades privadas sem

fins lucrativos farão a cotação de preços no mercado, mediante a apresentação de no mínimo

três orçamentos”. Então, respondendo a sua pergunta, o Ponto não é obrigado a fazer o pregão

mas, se quiser, pode fazê-lo.

Sobre a publicação, a citada Lei Federal 10.520/2002, em seu artigo 4°, estabelece: "Art. 4º A

fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as

Page 10: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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seguintes regras: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de

aviso em diário oficial do respectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação

local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de

grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º;" Entretanto, creio que

exigir isso para um Ponto de Cultura seria excessivo. Então, se vocês quiserem, podem observar

a regra acima (sobre publicação). Contudo, não entendo que seja obrigatória para o Ponto de

Cultura. Ademais, o próprio Decreto Estadual 43.635/2003 (trata de convênios e prestação de

contas em Minas Gerais) dispõe assim: "Art. 20. A liquidação da despesa somente poderá ser

realizada, respeitada a legislação em vigor, através da apresentação de documentação

comprobatória hábil. Parágrafo único. Se o convenente for entidade privada, deverá, na

execução das despesas, adotar procedimentos análogos aos previstos nas leis de licitações e

contratos aplicáveis à Administração Pública Estadual, devendo o processo ser instruído com os

seguintes elementos: I - razão da escolha do fornecedor ou executor; e II - justificativa do

preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de mercado". Ou seja, os Pontos

devem adotar procedimentos análogos e não necessariamente iguais àqueles aplicáveis a

Prefeituras etc. Em resumo, o princípio da PUBLICIDADE (artigo 37 da Constituição de 1988)

pode ser alcançado de outras formas além da publicação no Diário Oficial. O Ponto pode

divulgar no site da entidade, no Boletim Informativo, no mural, em jornal local, enfim, quanto

mais divulgação, maior a transparência para as atividades do Ponto e também melhores as

chances de executar o convênio com EFICIÊNCIA (outro princípio previsto no artigo 37 da

CR/1988).

Pergunta 2: Não conheço três empresas locais para enviar convites, conheço apenas

uma, portanto estou pensando em fazer pregão presencial. Ele terá validade com

menos de três empresas?

Resposta 2: Se você não conhece três empresas locais para enviar convites, pode encaminhar

convites para empresas das imediações. Exceto se, pela natureza do objeto, haja uma

justificativa para assim não agir. Neste caso, é preciso fundamentar por escrito qual o

impedimento fático. Você pode fazer pregão presencial ou até mesmo eletrônico (em parceria

com alguma outra instituição) embora o Ponto de Cultura não seja obrigado a fazer pregão.

Neste caso, o ideal é que tenham pelo menos três empresas participantes. Se não conseguir

três, você terá que repetir o procedimento e, ainda não conseguindo, justificar por escrito os

motivos de tal situação (restrição do mercado ou desinteresse dos convidados).

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ASSUNTO: TIPOS E QUANTIDADE DE FORNECEDORES

Pergunta: Posso fragmentar o pagamento de um serviço ou produto contratando ou

comprando de mais de um fornecedor, evitando cair na modalidade convite?

Resposta: Tomar cuidado com o artigo 23, § 5o da Lei Federal 8.666/1993: "Art. 23 [...] § 5o

É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para

parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e

no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o

somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência",

respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que

possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor

da obra ou serviço". Assim, a lógica da Lei (acima transcrita) aplica-se para o mesmo serviço ou

serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e

concomitantemente. O objetivo legal é não permitir a "divisão"/fracionamento de uma obra ou

serviço apenas para se burlar a modalidade correta da licitação (concorrência, tomada de

preços etc.). Se os serviços forem de natureza diferente, é possível realizar procedimentos

distintos. Agora, se os serviços forem de mesma natureza, você tem que considerar o somatório

e realizar a licitação (sob modalidade CONVITE) e não a cotação prévia.

ASSUNTO: PERÍODO DE CONTRATAÇÃO DOS PROFISSIONAIS E MODALIDADE DE

LICITAÇÃO

Pergunta: Para distinguir se o processo de aquisição será por meio de cotação prévia

(- de 8.000,00) ou de convite (+ de 8.000,00) devemos considerar o valor total dos 3

anos ou de cada ano separadamente? Por ex: Tenho que considerar os 36 meses de

aluguel para os 3 anos ou posso considerar apenas os 12 meses, ou menos, para

cada ano? Um caso prático: Se meu aluguel for R$ 315,00, devo considerar: 36 x R$

315,00 = R$ 11.340,00 ( valor total) ou 12 x R$ 315,00 = R$ 3.780.00 (valor

anual)?

Resposta: Sua pergunta sobre o prazo que deve ser considerado (1 ano ou 3 anos) para

definir qual procedimento adotar (cotação prévia ou licitação sob a modalidade convite) é muito

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boa! Não existe uma "resposta matemática" para sua questão. Vamos juntos interpretar a

legislação e tentar chegar em uma conclusão razoável. A Lei 8.666/1993 (Lei Federal de

Licitações) estabelece em seu artigo 23: Art. 23. As modalidades de licitação [...] serão

determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

[...] § 1o As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão divididas em tantas

parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação

com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da

competitividade sem perda da economia de escala. § 2o Na execução de obras e serviços e nas

compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de

etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a

modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação. [...] § 5o É vedada a utilização

da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma

mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local

que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus

valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos

termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas

por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. [...]

§ 7o Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou

complexo, é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a

ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a

economia de escala. Então, no caso específico dos Pontos de Cultura, creio que, em regra,

devemos considerar o prazo de 12 meses. Isso para respeitar o cronograma do plano de

trabalho, bem como as parcelas que serão liberadas pela Concedente (3 parcelas anuais). Creio

que este entendimento está respaldado no artigo 23, mormente nos § 1o e § 3o acima

transcritos. Ora, a própria Lei de Licitações estabelece que os serviços serão divididos em tantas

parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação

com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e à ampliação da

competitividade sem perda da economia de escala. Ademais, a mesma lei prevê que, na

execução de serviços e nas compras de bens, admite-se o parcelamento a cada etapa ou

conjunto de etapas, devendo corresponder uma licitação distinta para cada etapa. Assim,

parece-me razoável você considerar o prazo de 1 ano. Só que considerar o período total de 3

anos também não é absurdo. Digo isso com base no § 5o do mesmo artigo 23 acima citado. É

que a Lei pretende evitar que um serviço ou obra (por exemplo) sejam fracionados se eles

puderem ser licitados conjuntamente. Assim, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou

ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas

Page 13: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

13

conjunta e concomitantemente, deve-se, em regra, adotar procedimento único de licitação,

exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou

empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço. Então, no caso de

aluguel (conforme sua pergunta) pela lógica e pelo bom senso, é razoável deduzir que o Ponto

de Cultura deverá ficar os 3 anos no mesmo local. Até porque poderá conseguir um aluguel

menor se o prazo do contrato de locação for maior. Ademais, mudança de local poderá

representar outros custos não previstos... Assim, para o caso específico do aluguel, creio ser

mais adequado considerar o prazo total de 3 anos. Obviamente, essa despesa só poderá ser

paga com recursos do convênio se estiver expressamente prevista no plano de trabalho,

previamente aprovada pelo Concedente (SEC) e respeitar o teto de 15% com despesas

administrativas.

Para compras de bens ou contratações de serviços em total maior de R$ 8.000,00, deve ser

feita a licitação (modalidade convite). Para compras de bens ou contratações de serviços em

total menor de R$ 8.000,00, deve ser feita a cotação prévia (mínimo de 3 orçamentos escritos).

Os procedimentos de cada tipo estão explicados nos textos das AULAS (na Plataforma).

ASSUNTO: EDITAL NA COTAÇÃO PRÉVIA

Pergunta: Na cotação prévia devo fazer também edital? Existe algum modelo de cotação e do

edital na modalidade convite?

Resposta: Não é necessário fazer edital na cotação prévia e nem na licitação (modalidade

convite). Na cotação prévia (compras até R$ 8.000,00) devem ser feitos 3 orçamentos escritos

e assinados por fornecedores. Na licitação (modalidade convite) para contratações de bens ou

serviços de valores acima de R$ 8.000,00, também não é necessário fazer edital. Devem ser

remetidos convites escritos para, no mínimo, 3 fornecedores solicitando propostas. O ideal é

mandar pelo correio com AR (para o Ponto ter a prova que convidou pelo menos 3 empresas).

O convite é uma carta. Nesta carta, o Ponto determina a data, hora e local de entrega da

proposta e quais documentos vai exigir. Também especifica tecnicamente os produtos que

pretende adquirir (sem dirigir a compra para uma marca determinada). Importante definir

também qual o critério. Sempre será o MENOR PREÇO, desde que a proposta atenda às

exigências técnicas do convite. Só devem ser feitas exigências que tenham sentido, ou seja, que

vão garantir uma compra segura. Exigências desnecessárias ou exageradas não devem ser

feitas. Mesmo o critério sendo o MENOR PREÇO é preciso definir se o julgamento do Ponto para

Page 14: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

14

escolher a melhor proposta será por item (critério de decisão/julgamento da proposta

comercial) ou se será pelo valor total dos itens licitados (por lote).

Não é obrigatório fazer edital na licitação modalidade CONVITE. Aliás, o CONVITE é exatamente

uma modalidade de licitação mais simples, que não exige edital. Quem fez edital não tem

problema, mas não é obrigatório. Então, se você fez a carta convite para as três empresas,

como você colocou na pergunta, está correto. É exatamente isso, na carta você coloca todas as

informações necessárias. Lembre-se de arquivar todos os documentos de todas as propostas

das empresas (não apenas da vencedora). Isso para provar que a licitação (modalidade convite)

foi bem sucedida, ou seja, pelo menos 3 empresas participaram.

ASSUNTO: FALTA DE FORNECEDORES NO PROCESSO DE LICITAÇÃO

Pergunta 1: O que fazer quando menos de três empresas apresentam propostas

durante o processo de licitação por carta convite? Nós fizemos a divulgação, mas

apenas duas entregaram propostas.

Resposta 1: Quando menos de 3 empresas apresentam propostas, há entendimento do

Tribunal de Contas da União no sentido de que o procedimento (licitação modalidade convite)

deve ser repetido até a obtenção de 3 propostas válidas. Quando isso é impossível, deve ser

feita uma justificativa escrita explicando os motivos dessa impossibilidade (inexistência de 3

fornecedores, por exemplo).

O entendimento do Tribunal de Contas da União (Decisão 45/1999, por exemplo) é de que o

CONVITE deve ser repetido, a fim de obter, pelo menos, três propostas válidas.

Se, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, não for possível obter

as três propostas válidas, tal fato deve ser circunstancialmente justificado por escrito. Nesta

hipótese, é importante que o Ponto de Cultura comprove essa situação, por exemplo, juntando

os convites e comprovantes de entrega aos fornecedores. É importante demonstrar que o preço

está dentro do valor de mercado. Também deve estar dentro do que foi previsto no plano de

trabalho e planilha orçamentária.

Tomados esses cuidados, se mesmo depois de repetido o convite, apenas um fornecedor

“colocar proposta”, você analisa se a proposta dele está dentro das especificações do convite

(qualidade, preço, prazo de entrega, garantia etc.). Caso afirmativo, concretiza a compra,

fazendo a justificativa acima explicada

Page 15: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Pergunta 2: É possível prorrogar o prazo de entrega das propostas e documentação

do Edital de licitação na modalidade convite ou se devo iniciar todo o processo caso

não conseguirmos entregar a pelo menos três concorrentes com o prazo anterior a 5

dias úteis. Posso publicar um edital de prorrogação do prazo?

Resposta 2: É possível sim. Lembre-se de tratar igualmente todos os fornecedores, ou seja, a

data deve ser dilatada para todos. Quem já foi convidado, deve ser avisado dessa prorrogação

do prazo. Abra todas as propostas no mesmo dia e horário agendado (data prorrogada) e faça

uma ata escrita com as principais considerações.

ASSUNTO: PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO NOS FORNECEDORES NO PROCESSO DE

LICITAÇAO

Pergunta: No dia da abertura dos envelopes os licitantes ou seus representantes

devem estar presentes? Se estiverem, podem, após a análise dos preços, dar lances?

Resposta: Se for licitação pela modalidade CONVITE, vale o valor constante da proposta

escrita apresentada pelos fornecedores. No dia da abertura dos envelopes, é bom que eles

estejam presentes, mas não é obrigatória a presença. Faça uma ata dessa sessão de abertura

das propostas. Algo objetivo com os principais dados e acontecimentos. Para que seja possível

dar lances, aí não é CONVITE e sim PREGÃO. Os Pontos de Cultura podem fazer pregão (se

quiserem), mas não são obrigados a fazê-lo. O pregão, no âmbito federal, é regido pela Lei

10.520/2002. No âmbito estadual (MG) Lei 14.167/2002 e Decreto Estadual (MG) 44.786/2008.

Se vocês partirem para pregão, dê uma lida nessas leis e me pergunte se tiver dúvidas.

Lembrando que o Ponto de Cultura não é obrigado a fazer pregão, embora possa fazê-lo (se

preferir).

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ASSUNTO: REGULARIDADE FISCAL DOS FORNECEDORES

Pergunta: Temos que apurar "a regularidade fiscal de todas as empresas

participantes" ou só da empresa vencedora do CONVITE?

Resposta: Cada Ponto pode, em parte, decidir quais documentos vai exigir do fornecedor e se

vai exigir apenas do vencedor ou de todos os participantes. Isso deve ficar claro no texto do

CONVITE. Vejam o que diz o artigo 32, § 1o da Lei 8.666/1993: "Art. 32. Os documentos

necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia

autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em órgão

da imprensa oficial. § 1o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser

dispensada, no todo ou em parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para

pronta entrega e leilão." Traduzindo o "juridiquês para o português": no caso de CONVITE, o

Ponto pode dispensar a apresentação desses documentos (contrato social em vigor; prova de

inscrição no CNPJ; prova de regularidade com fazenda federal, estadual ou municipal, balanço

patrimonial etc.) Então, não é obrigatório exigir tudo isso, OK? Agora, vamos lembrar-nos do

bom senso e da eficiência. É interesse do próprio Ponto de Cultura comprar de fornecedores

que não darão "dor de cabeça" no futuro, certo? Então, para gastos maiores, é importante

exigir alguns documentos para verificar a idoneidade do fornecedor. Além disso, lembro a vocês

que a Constituição de 1988 assim diz no artigo 195,§ 3º: Art. 195 [...] § 3º - A pessoa jurídica

em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar

com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Com base

nisso, como estamos usando recursos públicos, não podemos pagar um fornecedor que possui

débitos com a seguridade social (previdência social, INSS, por exemplo). Por isso, é importante

exigir CND (Certidão Negativa de Débito emitida pela Receita Federal do Brasil) onde consta

que aquele fornecedor não possui débitos com a seguridade social. Em resumo, recomendo

exigir, antes de contratar o fornecedor, que ele apresente, pelo menos, a CND acima

mencionada e a Certidão de regularidade com o FGTS.

Page 17: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: PLANO DE TRABALHO E REALIDADE ATUAL DE MERCADO

Pergunta: É necessário fazer uma pesquisa de preços prévia para fazer a licitação de

kit multimídia? Ou posso de basear nos valores do plano de trabalho? De acordo

com o manual de prestação de contas, preciso apresentar estes 3 orçamentos na

prestação de contas junto com todo o processo licitatório. Se tiver que fazer a

pesquisa, posso fazer nas mesmas empresas que vou convidar para a licitação? Aqui

em Três Corações não há lojas de informática suficientes para fazer a pesquisa e

convidar para a licitação.

Resposta: Não precisa fazer as "duas coisas". Se você já vai fazer a licitação (modalidade

convite) não precisa fazer uma pesquisa de preços prévia para comprar o kit multimídia. Você

deve respeitar os valores aprovados no Plano de Trabalho como "teto", ou seja, a regra geral é

comprar por, no máximo, os valores aprovados no plano de trabalho. Claro que o convite a, no

mínimo, 3 fornecedores tem o objetivo de conseguir comprar até mais barato (se possível) do

que o previsto no plano de trabalho (princípio da eficiência). Na hora da prestação de contas,

como o Ponto fez a aquisição via licitação (modalidade convite) você vai juntar as propostas

apresentadas pelas licitantes (potenciais fornecedores) junto com todo o processo licitatório

(ata de julgamento etc.)

ASSUNTO: TOMADA DE PREÇOS PELA INTERNET

Pergunta 1: Posso realizar cotação prévia utilizando sites de internet como fonte de

orçamento e de compra?

Resposta: Para cotação prévia do kit multimídia, pode-se considerar para pesquisa de preços a

página do site do loja com a descrição dos produtos e valores. Porém, o prof. Otávio Pedersoli

aconselhou solicitar às lojas que encaminhem o orçamento em papel timbrado com carimbo e

assinatura do estabelecimento, pois caracteriza maior credibilidade ao processo. Eles estão

acostumados a fazer orçamento por escrito, basta pedir.

O Prof. Otávio também diz que cabe lembrar a célebre máxima: “À mulher de César não basta

ser honesta, deve parecer honesta.” Assim, quanto mais elementos documentais tiver a futura

prestação de contas, mais transparência vai evidenciar, facilitando sua aprovação. O ideal,

Page 18: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

18

portanto, como regra geral, são orçamentos em papel timbrados e assinados pelo potencial

fornecedor.

Pergunta 2: Realizamos tomada de preço em lojas que ficam fora de nosso

município através da internet. Na hora de prestar contas, os orçamentos enviados

por essas empresas a mim por e-mail, impressos, são válidos? Ou é preciso que o

orçamento seja assinado pelo comerciante?

Resposta 2: O ideal é que os orçamentos sejam assinados. Orçamentos por email podem ser

considerados válidos também. Agora, quanto mais você transparecer credibilidade, melhor.

Então, tente que os orçamentos sejam enviados em anexo (PDF) assinados e em papel

timbrado. Se for impossível, procure se cercar de provas documentais que garantam solidez aos

seus documentos. Além do orçamento por email, imprimir a página do produto do site da loja

etc. Digo isso porque um mero email (texto do orçamento no corpo do email) é "facilmente

fabricado". Então, os documentos que vão ser juntados à Prestação de Contas devem

evidenciar credibilidade e não suscitar dúvidas no futuro examinador da prestação de contas.

Em resumo, só para ilustrar, aplica-se a velha máxima atribuída a César: "À mulher de César

não basta ser honesta, deve parecer honesta"

ASSUNTO: FRAGMENTAÇÃO DE COMPRA DE EQUIPAMENTOS

Pergunta: Na hipóteses de compra do Kit Multimídia onde tenha sido feita uma

cotação de preços com 3 orçamentos e, em todos os casos, o valor ultrapassou

R$8.000,00. Devo cancelar a tomada de preços e iniciar um processo de licitação por

carta convite? Ou posso fragmentar a compra por diversos fornecedores para que,

em nenhum caso, os valores ultrapassem os R$8.000,00?

Resposta: Ultrapassando os R$8.000,00, é obrigatório realizar processo de licitação (que pode

ser por carta convite). Você pode comprar materiais em diversos estabelecimentos pela

modalidade de cotação prévia quando os valores não ultrapassam os R$8.000,00. Contudo, é

importante apenas não caracterizar estratégia para fugir da licitação, por exemplo, comprar três

computadores iguais porém cada um em uma loja diferente.

Page 19: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: AGLUTINAÇÃO DE ITENS PARA COMPRA SIMPLIFICADA

Pergunta 1: É possível aglutinar várias rubricas de prestação de serviço num mesmo

processo licitatório? Assim, contrataria a mesma pessoa jurídica para prestar

serviços correlatos, ganhando tempo.

Resposta 1: Pode sim aglutinar várias rubricas de prestação de serviço num mesmo processo

licitatório, desde que haja afinidade entre os serviços, ou seja, o mesmo tipo de prestador

possa executá-los. Então, você pode contratar uma mesma pessoa jurídica para prestar serviços

correlatos. Neste caso, o valor total das rubricas é que determinará o tipo de procedimento que

você deve adotar (cotação prévia ou convite).

Pergunta 2: Posso contratar uma empresa jurídica para gerir todas as oficinas do

ano?

Resposta 2: Uma pessoa jurídica pode ser contratada, desde que o objeto que conste no

contrato social dela seja compatível com a atividade que será objeto da contratação. Além

disso, deve ser feita a COTAÇÃO PRÉVIA ou a licitação (CONVITE) conforme valor total a ser

aplicado (menos ou mais de R$ 8.000,00 respectivamente).

ASSUNTO: KIT MULTIMÍDIA E OUTROS TIPOS DE EQUIPAMENTOS

Pergunta: Gostaria de saber se para compra dos equipamentos, máquinas de

costura, bem como demais itens da planilha orçamentária aprovada pela SEC, posso

fazer um único processo de licitação, ou tenho que fazer um para o kit multimídia,

outro para as máquinas e assim sucessivamente?

Resposta: É possível aglutinar várias rubricas previstas no orçamento e fazer o mesmo

procedimento licitatório, desde que haja afinidade entre o tipo de fornecedor. Neste caso, o

valor total (somatório) de tais rubricas é que vai determinar o tipo de procedimento a ser

adotado (cotação prévia até R$ 8.000,00 e licitação sob a modalidade convite para compras

acima de R$ 8.000,00).

Page 20: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Em resumo, depende do tipo de fornecedor onde o Ponto encontra tais equipamentos. Assim,

se todos os equipamentos (R$ 20.000,00 por exemplo) são encontrados no mesmo tipo de

fornecedor, o Ponto deve fazer um procedimento unificado. Neste caso, pelo valor do exemplo,

tem que ser licitação sob a modalidade CONVITE.

Agora, se os bens são fornecidos, por exemplo, por tipos de fornecedores (lojas) diferentes, o

Ponto pode fazer procedimentos distintos. Neste caso, os valores abaixo de R$ 8.000,00 podem

ser comprados mediante COTAÇÃO PRÉVIA.

ASSUNTO: COMPRA DE EQUIPAMENTOS ESPECIALIZADOS

Pergunta 1: Estamos com receio de licitar junto com o kit multimídia uma câmera

nova no mercado, que é uma Cannon 7D. Já pesquisamos e aqui em Três Corações

não existe esta câmera nas lojas locais. Os licitantes teriam que comprar ela via

internet. A gente pode tirar ela da licitação mesmo fazendo parte do kit multimídia?

Sozinha ela custaria menos de 8 mil reais, e assim realizaríamos uma cotação com

fornecedores mais especializados.

Resposta: 1 Existindo uma justificativa técnica (este equipamento é tão especializado que não

é encontrado em fornecedores "comuns") é possível fazer a compra em procedimentos

separados. A regra geral é juntar no mesmo processo de compra os itens que podem ser

adquiridos no mesmo tipo de fornecedor. Neste caso, procure fundamentar sua escolha por um

procedimento separado, de preferência solicitando às lojas locais uma declaração, por escrito,

de que elas não podem fornecer o equipamento.

Pergunta 2: Preciso comprar uma impressora muito específica (laser completa) e

não estou encontrando em lojas comuns que vendem computadores e equipamento

de informática em geral. Posso realizar o processo de compra separadamente?

Resposta 2: Em regra, impressoras são vendidas nos mesmos fornecedores que vendem

computadores. Logo, em observância ao princípio da EFICIÊNCIA, a compra deverá ser feita no

mesmo procedimento. Se o valor total dos itens chegará a mais de R$ 8.000,00, deve ser feita a

licitação (modalidade CONVITE). Agora, pelo que você colocou na pergunta, a impressora que

seu Ponto precisa ("laser completa") você só está achando em fornecedor que vende apenas e

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especificamente impressoras. Neste caso, você tem que avaliar o seguinte: O valor total deste

item (impressora) que consta em seu plano de trabalho e no orçamento que foi aprovado é,

hoje, suficiente para comprar a impressora? O Ponto realmente precisa dessa impressora "tão

específica" que não é encontrada em lojas de informática em geral? Hoje, lojas de informática

em geral têm diversos tipos de impressora. Em resumo, não me parece que exista uma

justificativa técnica para desmembrar em dois esse processo de compra. Portanto, minha

recomendação é que a compra seja feita no mesmo processo (princípio da EFICIÊNCIA). Agora,

se você estiver seguro disso, faça uma justificativa escrita para resguardar o Ponto. Neste caso,

busque, no mínimo, três orçamentos escritos de fornecedores de impressora, usando o

procedimento já explicado da COTAÇÃO PRÉVIA.

ASSUNTO: COMPRA DE PRODUTOS E SERVIÇOS EM OUTROS ESTADOS

Pergunta: Posso comprar equipamentos fora do Estado de Minas Gerais?

Resposta: Os equipamentos poderão ser comprados fora do Estado de Minas, contudo, o ideal

é que sejam comprados aqui no estado mesmo, movimentando nossa economia regional e

respeitando as noções do LIMPE apresentadas pelos professores Welington o Otávio. Caso não

haja três fornecedores no Estado para determinado item, é necessário fazer uma justificativa.

ASSUNTO: INEXIBILIDADE NA CONTRATAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

Pergunta 1: Quando posso utilizar a inexigibilidade na contratação de profissionais

para prestação de serviços?

Resposta 1: Sobre a inexigibilidade, como visto no curso, deve ser observada a Lei 8.666/1993

(artigo 25):

"Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição (...)"

Ou seja, quando, em um caso concreto, é inviável a competição entre fornecedores. Na área

da CULTURA, isso pode acontecer no caso do inciso II do artigo 25 da Lei 8.666/1993, veja só:

Page 22: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza

singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para

serviços de publicidade e divulgação;

O citado artigo 13 da mesma lei, tem, por exemplo, o seguinte inciso:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os

trabalhos relativos a: [...] VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Agora, voltando ao artigo 25 da Lei de Licitações, também é inexigível a licitação no seguinte

caso:

"Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição (...) III - para

contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário

exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública".

Perceba que a Lei só aceita a INEXIGIBILIDADE para artista consagrado pela crítica

especializada ou pela opinião pública. Provar isso, na prática, nem sempre é fácil. Portanto, os

Pontos devem tomar cuidado e entender que inexigibilidade é um procedimento difícil de ser

usado porque, lá na frente, na hora da prestação de contas, pode ser questionada a

inexigibilidade.

Por isso, foi comentado pelo prof. Otávio na aula presencial que a inexigibilidade deve ser usada

com cautela e só quando haja efetiva comprovação de seu cabimento.

Vejam o que exigem os parágrafos do mesmo artigo 25 da Lei 8.666/93:

Art. 25 [...] § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito

no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências,

publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados

com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais

adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado

superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o

fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras

sanções legais cabíveis.

Além disso, o artigo 26 da mesma Lei 8.666 exige que a inexigibilidade deve ser

necessariamente justificada por escrito.

E mais, o processo de inexigibilidade deve ser instruído com os seguintes elementos: * razão

da escolha do fornecedor ou executante;

* justificativa do preço;

Page 23: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Em resumo, a regra é usar sempre a COTAÇÃO PRÉVIA ou a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o

valor a ser utilizado. Se decidirem usar a inexigibilidade, atentem para as exigências dos artigos

25 e 26 da Lei 8.666/1993 e documentem todo o procedimento cuidadosamente.

Por fim, lembrem-se que o instrumento de convênio diz:

6.3. Se o convenente for entidade privada, deverá, na execução das despesas, adotar

procedimentos análogos aos previstos nas leis de licitações e contratos aplicáveis à

Administração Pública Estadual, devendo o processo ser instruído com os seguinte elementos:

I – razão da escolha do fornecedor ou executor; e

II – justificativa do preço, comprovando a sua compatibilidade com o preço de mercado.

Pergunta 2: Em nosso município existe apenas uma empresa de contabilidade.

Como faço para contratá-la uma vez que não existem concorrentes?

Resposta 2: Se só existe uma empresa de contabilidade na cidade, obtenha o orçamento

prévio dela e faça uma justificativa escrita (motivo: na cidade, só existe um escritório capaz de

prestar os serviços contábeis). Lembrando que os valores dos honorários contábeis devem estar

previstos no plano de trabalho devidamente aprovado pela Concedente (SEC/MG). Além disso, o

valor deve respeitar o valor de mercado. Neste caso, pelo menos aqui em BH, honorários

contábeis para entidades como os Pontos giram em torno de um salário mínimo (mais ou

menos). Outra dica (apenas sugestão): hoje, com internet, scaner, skipe, celular, enfim,

comunicação mais facilitada, há entidades que contratam assessoria contábil de escritórios não

necessariamente na mesma cidade. Assim, avalie, levando em conta suas peculiaridades e a

realidade de sua região, se é conveniente e possível (operacionalmente) orçar com

contabilidades de cidades próximas à sua. Evite recorrer à inexigibilidade neste caso e procure

realizar o processo comprovando as condições dos serviços contábeis que vocês precisam e a

capacidade dos prestadores de serviços da região em atender (ou não) às exigências.

Pergunta 3: Na cidade de Curvelo não existem fornecedores para os itens do kit

multimídia. Posso usar o princípio da inexigibilidade?

Resposta: Se na cidade de Curvelo não existem fornecedores para os itens do Kit Multimídia,

você pode adquirir de fornecedores de outras localidades. Isso não significa utilizar a

INEXIGIBILIDADE. Mesmo usando o fundamento da inexigibilidade, o Ponto vai ter que comprar

Page 24: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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de algum fornecedor, certo? Pelo que você disse, em Curvelo não existe tal fornecedor. Então,

você vai ter que buscar um fornecedor de outra localidade de qualquer maneira. Neste caso, ao

invés de um, você deve buscar, pelo menos, três fornecedores (para orçar). Então, se a compra

total for de mais de R$ 8.000,00, você vai fazer a licitação (CONVITE). Se o valor total da

compra for de menos que R$ 8.000,00 você vai fazer a COTAÇÃO PRÉVIA (pegar 3 orçamentos

escritos e seguir os procedimentos já explicados).

Complementação do prof. Otávio às questões de inexigibilidade:

E neste tema (inexigibilidade) esteja certa que a regra geral não é a sua adoção. A

inexigibilidade é uma exceção à regra geral. De ordinário, deve ser feita a COTAÇÃO PRÉVIA ou

a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme explicado na aula. Vou citar um trecho do livro do Professor

Luis Carlos da Fonseca (analista do Ministério do Planejamento) sobre CONVÊNIOS (página 239)

baseado nas decisões do Tribunal de Contas da União, para ilustrar o quanto o assunto é sério:

"Nas contratações por inexigibilidade, deve constar nos processos a razão da escolha do

fornecedor, em cumprimento ao artigo 26 da Lei de Licitações. A contratação deve ser

indiscutível. Não pode ser discutida a escolha. A existência de dúvidas sobre se outros

profissionais ou empresas seriam ou não aptos a realizar a execução do objeto pretendido pode

ensejar que a escolha tenha sido inadequada,e que a competição poderia ser viável, exigindo-se

então a licitação". Perceba que o assunto é delicado e melindroso. E mais: lembre-se do que eu

disse sobre os princípios da LEGALIDADE e IMPESSOALIDADE (previstos no artigo 37 da

Constituição de 1988). Em resumo, meu parecer JURÍDICO é que a regra geral deve ser pela

adoção da COTAÇÃO PRÉVIA ou da LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o valor a ser gasto e não

a utilização da inexigibilidade da licitação, exceto se o Ponto estiver seguro de que vai conseguir

comprovar documentalmente as exigências previstas nos artigos e 25 e 26 da Lei 8.666/1993.

A inexigibilidade está prevista na Lei 8.666/1993. Mas, repetindo, deve ser usada apenas se o

Ponto estiver seguro e documentado de que cabe sua aplicação.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DA CONTRATAÇÃO POR COTAÇÃO PRÉVIA

Pergunta: Para cada cotação que fizermos temos que elaborar uma Ata da Diretoria

justificando as contratações?

Page 25: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Resposta: Esse é o melhor caminho: uma ata por procedimento. Agora, nas cotações prévias

corriqueiras (valores menores), se não houver algum fato excepcional (ausência de 3

orçamentos ou outra peculiaridade) não precisa, obrigatoriamente, de ata. Os próprios

documentos da cotação prévia darão consistência para a prestação de contas (3 orçamentos

escritos e assinados pelos fornecedores, nota fiscal do fornecedor que apresentou o menor

preço, contrato etc.). A ata é imprescindível na licitação (modalidade convite) e também quando

ocorre algum fato que foge da normalidade e exige uma justificativa por escrito.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO DE LICITAÇÃO NA MODALIDADE

CONVITE

Pergunta: No manual de orientação pede para que no processo licitatório conste

uma "aprovação do edital pelo órgão jurídico competente". É preciso advogado para

vistoriar o edital de licitação?

Resposta: Não é obrigatório o parecer de advogado. Entes públicos (prefeituras etc.) devem,

no processo licitatório, obter parecer jurídico sobre o processo licitatório. Não faz sentido exigir

isso dos Pontos de Cultura. A legislação obriga que entidades da sociedade civil, sem fins

lucrativos, como os Pontos de Cultura, adotem procedimentos semelhantes e análogos à Lei de

Licitações mas não necessariamente procedimentos idênticos. Então, você não precisará de

advogado neste caso. Claro que o fato de não ser obrigatório não quer dizer que o Ponto não

possa agir assim.. Só que, na prática, não é todo Ponto de Cultura que tem condições de contar

com o apoio técnico jurídico de um advogado local. É o ideal mas, como eu disse acima, não é

obrigatório.

Page 26: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

26

2) TEMA: CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA

ASSUNTO: PARTICIPAÇÃO DE MEMBROS DE DIRETORIA E SÓCIOS NO

FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS

Pergunta 1: Alguns membros da diretoria de nossa entidade possuem uma empresa.

Esta empresa pode prestar serviços ao Ponto de Cultura?

Resposta 1: A entidade Convenente não pode remunerar seus Diretores ou associados,

mesmo que haja uma pessoa jurídica “intermediária”. Ou seja, os sócios ou trabalhadores da

intermediária não podem ser Diretores ou Associados da Convenente.

Existem vários dispositivos normativos que impedem os dirigentes ou associados de receberem

remunerações (sob qualquer título) em atividades de qualquer natureza no caso de CONVÊNIO.

Isso, inclusive, em observância ao princípio da IMPESSOALIDADE e outros previstos no artigo

37 da Constituição de 1988.

Pergunta 2: Estamos com muitas dificuldades na contratação de recursos humanos

porque alguns dos profissionais que atuam no Ponto são membros da diretoria ou

associados à entidade. É possível contratar tais pessoas, alegando a importância de

seu vínculo como fundamental na compreensão de nossos trabalhos e êxito de

nossos objetivos? Existe diferença entre contratar diretores e simples associados?

Resposta 2: O parecer do MinC foi DESFAVORÁVEL à contratação de associados, ou seja, os

Pontos não devem contratar membros associados, mesmo que não façam parte da diretoria ou

de funções com mais poder decisório na entidade.

Meu papel é alertar vocês e ajudá-los a evitar problemas futuros. Só para se ter uma idéia, essa

semana fui consultado por um Ponto de Cultura (de outro convênio mais antigo) que acabou de

receber um Ofício do Ministério da Cultura determinando a devolução de R$ 17.000,00

justamente porque o Ponto pagou um Dirigente e um Associado.

Olha que o Ponto pagou porque eles realizaram algumas oficinas. Então, preciso alertá-los do

que está acontecendo na prática, OK?

Veja, ainda para ilustrar esse alerta, a seguinte decisão do Tribunal de Contas da União:

Identificação

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Acórdão 1946/2005 - Segunda Câmara

Número Interno do Documento

AC-1946-37/05-2

Ementa: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. DESPESA IMPUGNADA. CONTAS IRREGULARES.

Julgam-se irregulares as contas e em débito o responsável, em razão da impugnação de

despesas realizadas a título de pagamentos de serviços prestados, em infringência às

disposições legais que norteiam a execução de convênios.

Grupo/Classe/Colegiado

Grupo I / Classe II / Segunda Câmara

Processo

002.032/2004-6

Natureza: Tomada de Contas Especial.

Interessados Responsáveis: (...) Ex-Presidente, (...) ex-Secretária Executiva e (...) ex-Secretária

Financeira).

Sumário:

Tomada de Contas Especial. Recursos federais transferidos pela então Secretaria de Estado dos

Direitos Humanos/Ministério da Justiça ao Instituto (...). Projeto (...). Pagamentos de serviços

prestados a membros fundadores da entidade beneficiária da verba federal a título de taxa de

administração e gerência. Vedação da IN/STN 01/1997. Impugnação, em parte, da prestação

de contas. Citação dos responsáveis. Alegações de defesa improcedentes. Irregularidade das

contas. Condenação em débito. Autorização para parcelamento do débito em 24 frações

mensais. Fixação de prazo para efeito de cobrança judicial, caso necessária. Envio de cópia de

peças processuais ao Ministério Público da União, para as providências civis e penais cabíveis.

Assunto: Tomada de Contas Especial.

Ministro Relator :LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA

Representante do Ministério Público: PAULO SOARES BUGARIN

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ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL JÁ ATUANTE NO PONTO DE CULTURA

Pergunta: Estou concorrendo a esta vaga, não faço parte da diretoria da entidade há

anos, e acabei de me desligar como associada da entidade, mas sou a mentora do

projeto Ponto de Cultura. Adoraria que tivesse aparecido candidato para ser

oficineiro de Teatro, pois eu estava me guardando para ser supervisora no caso da

Contrapartida. Mas como as atividades precisam começar, gostaria de ter total

segurança para ser contratada como oficineira sem prejuízo futuro para a Entidade.

Podemos seguir nesta direção?

Resposta: É importante documentar sua tentativa de buscar mais de um oficineiro. Deve ser

feita justificativa explicitando o processo, onde foram afixados os cartazes, os motivos pelos

quais não foi publicado em jornal (não existe jornal impresso aí em Extrema?), por quanto

tempo esse material permaneceu exposto. De qualquer forma, precisam formalizar a licitação,

com abertura para entrega de propostas, colocando o fato de que apenas uma proposta foi

recebida (a sua, certo?), e fazer constar na ata da comissão de licitação.

ASSUNTO: FORMALIZAÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

Pergunta: Todos os contratos deverão ser feitos em nome do Ponto de Cultura?

Resposta: A contratante deve ser a mesma pessoa jurídica que assinou o convênio na

condição de convenente. Em regra, é justamente a associação que se candidatou a se tornar

um Ponto de Cultura. Então, a mesma pessoa jurídica que assinou com o Estado o convênio

(como convenente) deve ser a pessoa jurídica que vai contratar seus oficineiros (por exemplo) e

demais fornecedores.

Page 29: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: REGISTRO DE CONTRATOS EM CARTÓRIO

Pergunta: É obrigatório registrar contratos com prestadores de serviços, aluguel e

outros, em cartório?

Resposta: Os contratos não precisam ser registrados em cartório. Basta fazê-los em duas vias,

colher assinaturas das partes e de duas testemunhas. O Ponto deve fazer as atas (justificando

as contratações, narrando as propostas recebidas, enfim, resumindo objetivamente os principais

fatos e decisões). Tais atas devem ser assinadas pela Diretoria e pela Comissão de Licitação (se

o Ponto criou tal comissão). É legal se o Conselho Fiscal também assinar (creio que isso dá mais

credibilidade). Mas também não é necessário registrar em cartório. Em resumo, o Ponto faz a

ata e assina o contrato. Nenhum dos dois documentos precisa ser registrado em cartório.

Lembrando que o "passo a passo" deve ser seguido, tanto para a COTAÇÃO PRÉVIA quanto

para a LICITAÇÃO (CONVITE) conforme o caso.

ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL COM CLT FUNCIONÁRIO DO PONTO

DE CULTURA

Pergunta 1: Posso contratar um profissional que já possui vínculo com carteira

assinada pelo Ponto de Cultura? Preciso fazer três orçamentos também neste caso

ou basta manter a mesma forma de contrato e pagamento? E no caso de estagiário?

Resposta 1: Nada impede que o ponto contrate alguém com carteira assinada (CTPS), ou seja,

como empregado (nos moldes da CLT) desde que isso esteja previsto e aprovado no plano de

trabalho e que a pessoa contratada esteja envolvida apenas nos assuntos do Ponto de Cultura

(e não em outros projetos da Associação convenente). Devem ser feitos 3 orçamentos sim. A

análise de currículo pode ser uma das etapas de seleção (desde que sejam estabelecidos

critérios objetivos e prévios). Senão, corremos o risco de tomar uma decisão PESSOAL, violando

o princípio constitucional da IMPESSOALIDADE (CR/88, artigo 37 já mencionado). Contratar um

estagiário é possível, desde que estejam presentes os elementos que caracterizam o contrato

de estágio. Por exemplo, o estagiário deve estar cursando uma instituição superior de ensino

devidamente autorizada para ministrar o curso em questão (a Faculdade deve assinar o

contrato de estágio também, além do próprio estagiário e do Ponto de Cultura). As atividades

do estagiário devem ser compatíveis com o curso universitário que ele faz. Enfim, veja o

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disposto na Lei Federal 11.788/2008 e, em caso de dúvida, fique a vontade para perguntar. A

Lei do Estágio você encontra no seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2008/lei/l11788.htm Há também um site interessante sobre estagiários. Acesse:

www.estagiarios.com Lá há várias dicas interessantes!

Pergunta 2: Na minha planilha consta recurso para pagamento das obrigações

sociais. Sendo assim, podemos utilizar o recurso previsto na planilha, uma vez que

esta já foi aprovada?

Resposta 2: Vocês podem apenas realizar o pagamento do INSS patronal (até 20%) com os

recursos do projeto. As demais obrigações trabalhistas (FGTS, IR, ISS), não podem ser pagas

com verba do convênio. Veja as orientações da Secretaria de Estado de Cultura: “É permitido

sim o pagamento do INSS patronal de terceiros contratados para trabalhar no Ponto de Cultura

com o recurso do convênio, o que não pode é ser usado do recurso do convênio para pagar o

INSS patronal dos funcionários da Associação que não estejam trabalhando para o Ponto.”

ASSUNTO: QUANDO UM CONTRATO GERA VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Pergunta: Estamos procedendo um contrato registrado em cartório. Uma das

clausulas é a não geração de vínculos empregatícios com a instituição. Além do mais

o serviço de monitoria será avulso. Espero não ter problemas com a legislação. Será

que está tranqüilo assim? Se assinar carteira tem de pagar salário e tem férias, 13º,

aviso prévio e uma série de direitos que iriam provocar aumento nos custos com

mão de obra e inviabilidade do projeto.

Resposta: Não adianta escrever no contrato que não há vínculo empregatício com o Ponto. O

Direito do Trabalho rege-se por um princípio que se chama CONTRATO REALIDADE. Ou seja,

além dos documentos, o Juiz do Trabalho (em caso de ação trabalhista) vai analisar a realidade

dos fatos e não apenas o que está escrito. Assim, o Juiz leva em conta outros elementos

(depoimento das partes, prova testemunhal etc.) Então, para o Juiz decidir se existe ou não

vínculo empregatício com o Ponto, ele vai se basear, principalmente, no artigo 3° da CLT

(Consolidação das Leis do Trabalho) que diz: Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa

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física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e

mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à

condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Em resumo, o Juiz

analisará o seguinte: (i) aquele prestador de serviço era pessoa física? (ii) era sempre a mesma

pessoa que prestava a atividade? (iii) havia pagamento? (iv) havia habitualidade? (v) havia

subordinação? Se a resposta for SIM para todas as perguntas, o risco do Juiz reconhecer o

vínculo empregatício é muito grande. Lembrando que habitualidade não é necessariamente

trabalhar todo dia. Um trabalho duas vezes por semana durante um tempo maior (seis meses,

por exemplo) pode ser entendido pelo Juiz como HABITUAL. Sobre SUBORDINAÇÃO, o Juiz vai

analisar se o Ponto dava ordens para o oficineiro, se ele tinha horário fixo, enfim, se havia

subordinação da pessoa com o Ponto. Cada caso concreto é que vai determinar se existe o

vínculo empregatício ou não. Assim, como o Direito do Trabalho é baseado no princípio do

CONTRATO REALIDADE, não basta escrever em contrato. O que está escrito deve corresponder

à realidade dos fatos. Caso contrário, o Juiz "passa por cima" do contrato e reconhece o vínculo

empregatício (se ficar convencido que estão presentes os requisitos do já citado artigo 3° da

CLT).

Cada situação fática é que vai trazer os elementos para se saber se existe VÍNCULO

EMPREGATÍCIO ou uma relação AUTÔNOMA. Na prática, essa linha divisória é muito sutil.

Então, um fiscal do trabalho (Ministério do Trabalho) ou um Juiz do Trabalho (se o trabalhador

entrar na Justiça do Trabalho) vão examinar os documentos e a realidade de cada caso. O que

vocês precisam saber, para evitar problemas futuros, é o que diferencia uma relação

empregatícia de uma relação autônoma. Vejam uma decisão judicial abaixo para ilustrar o

assunto e para vocês perceberem o que acontece nos Tribunais trabalhistas. Se permanecerem

dúvidas, não hesitem em perguntar.

A decisão judicial é a seguinte:

“Data de Publicação: 26-06-2003 Órgão Julgador: Sexta Turma TRT MG Tema: RELAÇÃO DE

EMPREGO - NÃO EVENTUALIDADE Relator: Convocado Rogério Valle Ferreira. Revisor: Emília

Facchini. EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO. AUDITOR. ATIVIDADE INTERMITENTE. NÃO

EVENTUALIDADE. Considerando a peculiaridade da prestação laboral examinada, e tendo em

vista a controvérsia acerca do conceito de não eventualidade, é necessária uma aferição

convergente e combinada das distintas teorias em cotejo com o caso concreto, definindo-se a

ocorrência ou não da eventualidade pela conjugação predominante dos diversos enfoques.

Neste contexto, ainda que se admita que o reclamante apenas trabalhasse em alguns dias do

mês, a intermitência, neste caso, não traduz eventualidade. Se a prestação é descontinua, mas

permanente, deixa de haver a eventualidade, já que a descontinuidade da prestação de serviços

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não é fator determinante do trabalho eventual. Isto porque a jornada contratual pode ser

inferior à legal, inclusive no que concerne aos dias laborados na semana. Contratado o

reclamante como auditor, para elaboração de inventários, para uma empresa de serviços de

inventários, e reunidos os demais elementos fático-jurídicos da relação de emprego, mantém-se

a r. decisão de primeiro grau que a reconheceu. Recurso Ordinário desprovido”

Abaixo colocamos mais uma decisão real do Tribunal Regional do Trabalho aqui de Minas só

para vocês verem como o assunto é entendido pela Justiça do Trabalho:

“Data de Publicação: 08-02-2010 Órgão Julgador:Terceira Turma Tema:RELAÇÃO DE EMPREGO

– PROFESSOR Relator:Convocado Milton Vasques Thibau de Almeida Revisor:Convocado Danilo

Siqueira de Castro Faria EMENTA: VÍNCULO DE EMPREGO - PROFESSOR - CURSOS À

DISTÂNCIA. Como bem destaca a r. sentença recorrida, o reclamante foi contratado intuitu

personae para trabalhar no assessoramento dos cursos à distância. A intermitência invocada

pela reclamada não descaracteriza o vínculo jurídico de emprego entre o professor e a

instituição de ensino, por não ser imprescindível que o empregado compareça ao

estabelecimento de ensino todos os dias, especialmente no presente caso concreto, por ter sido

contratado o reclamante para trabalhar na execução do Projeto Pedagógico dos Cursos à

Distância instituído pela Universidade reclamada, portanto só comparecendo às atividades

presenciais com a freqüência que lhe for determinada pelo empregador, o que não

descaracteriza a "não-eventualidade" do vínculo jurídico contratual que preside o

relacionamento jurídico entre as partes. Em se tratando de ensino à distância não é

imprescindível a presença física do empregado no estabelecimento de ensino diariamente para

que haja a configuração da relação de emprego, como ocorre com o trabalho externo e com o

teletrabalho. Quem se insere num Projeto Pedagógico de Cursos à Distância, trabalha para o

empregador em casa, participa de uma equipe de teletrabalho ou que seja contratado para

trabalhar on line sozinho em casa, tem plenamente preenchido o requisito da não

eventualidade necessária para a proclamação judicial da existência do vínculo jurídico de

emprego. Os cursos à distância até podem ter curta duração, ser seqüenciados ou ser

descontinuados, o que depende exclusivamente do poder de comando empresário e não da

vontade individual dos professores contratados. A atividade empresarial de educação superior

adotada pela reclamada é permanente, como instituição de ensino superior privada - uma

Universidade particular - , cuja característica de permanência fundamenta o princípio jurídico da

continuidade da relação de emprego, de molde a afastar a suposta eventualidade por ela

invocada.”

Page 33: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: DIFERENÇA ENTRE TRABALHADOR AUTONOMO E EMPREGADO

Pergunta: O que diferencia o trabalhador autônomo do empregado?

Resposta: a) O empregado é sempre pessoa natural (pessoa física). Não existe empresa que

seja empregada, exceto em caso de fraude. B) O empregado presta serviços com pessoalidade.

Isto é, é sempre o João que está prestando o serviço. Ele não pode mandar um amigo para

substituí-lo. O empregado é pessoal. É sempre ele. C) Tanto autônomo como empregado

recebem pagamento. A diferença é que o empregado recebe o salário (assinado em Carteira de

Trabalho) e o autônomo o preço dos serviços (conforme contrato de prestação de serviços). D)

O empregado tem direito a 13° salário, férias + 1/3 etc. O autônomo não. E) O empregado

trabalha habitualmente. O autônomo não. O autônomo executa um serviço certo e com prazo

delimitado (a construção de um muro, por exemplo). Na prática, às vezes, é difícil perceber

essa diferença. F) O empregado é subordinado (recebe ordens, cumpre horário etc.) O

autônomo, como o próprio nome diz, é autônomo. Ou seja, tem liberdade, é dono do próprio

nariz, usa dos seus próprios meios e ferramentas de trabalho, não bate cartão de ponto etc.

Como visto, na prática, às vezes, é difícil definir se estamos diante de um trabalhador autônomo

ou se estamos diante de um empregado.

ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE TRABALHADOR AUTONOMO

Pergunta: Como faço para formalizar a contratação de um profissional autônomo,

como um oficineiro?

Resposta: Passo a passo" para ajudá-los na contratação de um trabalhador autônomo. Tomem

fôlego: 1) É sempre bom celebrar previamente um contrato escrito de prestação de serviços de

trabalho autônomo (vide modelo postado na plataforma EAD|DUO), detalhando as cláusulas

que vão reger a relação jurídica entre o Ponto de Cultura e o autônomo. Esse contrato deve ter,

principalmente, as seguintes cláusulas: as partes (Ponto de Cultura como contratante e o

autônomo como contratado); objeto do contrato (o que o autônomo vai fazer); preço; forma de

pagamento; prazo, obrigações do Contratante e do Contratado; hipóteses de rescisão do

contrato; multa por descumprimento do contrato; foro em caso de demanda judicial; data do

contrato; assinaturas das partes e de duas testemunhas etc. Lembrem-se do princípio da

Page 34: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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primazia da realidade que expliquei antes: não adianta fazer um contrato "muito bonito" se as

cláusulas não corresponderem à realidade dos fatos. Então, o contrato escrito deve estar em

harmonia com a verdade fática. Caso contrário, no futuro, a prova testemunhal pode fazer o

Juiz do Trabalho desconsiderar o contrato escrito. 2) Exija que o autônomo esteja inscrito na

Previdência Social e na Prefeitura (Inscrição Municipal). Peça cópias dos respectivos

documentos (Inscrição Municipal, Inscrição na Previdência Social, Identidade, CPF, comprovante

de endereço). 3) Verifique se o autônomo exerce outras atividades ou atividades para outros

Contratantes (isso pode ajudar a descaracterizar futuro pedido de vínculo empregatício com o

Ponto de Cultura). 4) É sempre bom que o próprio autônomo utilize suas ferramentas de

trabalho (Ex: seus próprios instrumentos musicais, ferramentas de artesanato etc). Isso

demonstra que o autônomo é "dono do próprio negócio". Evite pagar diárias, ajudas de custo,

contas de telefone do autônomo etc. Limite-se a pagar o preço combinado pela execução do

objeto contratual. Isso provará que o autônomo é quem suporta os custos de sua atividade. 5)

Se o autônomo tiver ajudantes, o ideal é que ele próprio os remunere. É mais uma prova de sua

autonomia e liberdade na administração de seu "negócio". 6) Pague mediante RPA (Recibo de

Pagamento de Autônomo), documento onde devem constar todos os dados, por exemplo:

número do recibo, data, nome completo das partes, Identidade, CPF, endereço do Autônomo,

Número de Inscrição Municipal, Número de Inscrição na Previdência Social, discriminação da

tarefa executada (objeto do contrato), período da tarefa executada, valor bruto, retenções,

valor líquido, Nome da entidade Pagadora (Tomadora dos Serviços), CNPJ da Tomadora etc. Há

modelos de RPA disponíveis. Sempre que possível, consulte um contador e/ou advogado. 7) Do

valor bruto do pagamento do Autônomo, o Ponto de Cultura deve fazer as retenções que o

Professor Welington explicou. Além dos valores retidos do próprio autônomo e recolhidos aos

cofres públicos, o Ponto de Cultura terá que recolher mais 20% para a Previdência Social sobre

o valor bruto do recibo. 8) Os serviços contratados devem ser, sempre que possível, de curta

duração. Evitem períodos longos ou com continuidade no tempo. É conveniente, se viável,

variar os Contratados. Contratar sempre o mesmo autônomo ou contratá-lo por muito tempo

pode ajudar na caracterização de vínculo empregatício. 9) O autônomo "verdadeiro" não recebe

FGTS, férias + 1/3, 13o. salário e demais verbas pertinentes ao empregado. Exceto se ele

ingressar na Justiça do Trabalho e provar que, na verdade, ele não era autônomo mas sim um

autêntico empregado nos moldes do artigo 3o da CLT. Em resumo, esse é o "passo a passo"

para a contratação de autônomos, pessoal! Espero que esse guia possa ajudá-los.

Page 35: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO (CLT)

Pergunta: Temos duas situações de contratação na nossa primeira planilha: um

instrutor de tecelagem que irá fazer oficina permanente por 12 meses e um

funcionário para trabalhar no projeto (como um administrador). Se eu contratar o

funcionário (administrador) como autônomo, quando ele começar a aprender o

serviço terei que substituí-lo e não haverá uma sequência no trabalho. Na planilha,

foi incluso a obrigação patronal, neste caso, como deve proceder a contratação?

Nossa instituição possui isenção do INSS patronal.

Resposta: Essa é uma questão séria e importante. Pelo que você narrou, parece-me que o

caso é de vínculo empregatício. Creio que estarão presentes todos os requisitos do artigo 3° da

CLT já mencionados: pessoa natural (física), relação pessoal, remuneração, subordinação e

habitualidade. Não há na lei um prazo a partir do qual se configura o vínculo empregatício. O

Juiz do Trabalho analisa as peculiaridades de cada caso concreto, OK? Assim, na prática,

prevalece a análise se estão presentes ou não os elementos previstos no artigo 3° da CLT. Caso

afirmativo, o Juiz manda assinar CTPS e condena a pagar as verbas devidas a um empregado

(13°, férias + 1/3, FGTS etc.). Então, recomendo cuidado com a contratação desse tipo de

pessoal. Veja algumas jurisprudências que postei (neste documento vide perguntas e respostas

sobre assunto de referência) e atente, sobretudo, para o que diz o artigo 3° da CLT, que não

paro de mencionar. Outro aspecto: se foi inclusa na planilha a obrigação patronal mas sua

instituição possui isenção, parece-me ser o caso de readequar a planilha na forma explicada

pelo Prof. Welington.

Você pode sim contratar mão de obra autônoma e pagar mediante RPA, recolhendo os impostos

e encargos previstos em lei. O Ponto de Cultura pode contratar mão de obra através de

qualquer modalidade admitida legalmente, entre elas: estagiário; serviços autônomos; pessoa

jurídica; empregado (com CTPS assinada). Para cada modalidade, devem ser respeitadas as

regras legais específicas, o instrumento de convênio etc. Agora, o que eu sempre friso é o

seguinte: se estiverem previstos, na realidade prática, os elementos do artigo 3° da CLT

(pessoa natural, pessoalidade, subordinação, remuneração e habitualidade) mesmo que o Ponto

contrate um autônomo e pague via RPA, haverá risco de reconhecimento de vínculo

empregatício, por exemplo, em futura ação judicial movida pelo trabalhador contra o Ponto. É

apenas um alerta para que o Ponto avalie cada situação concreta, sabendo dos "detalhes" de

cada modalidade de contratação. Lembrando que o plano de trabalho e a planilha orçamentária

Page 36: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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aprovados pelo Concedente (SEC/MG) devem ser respeitados, ou seja, não podemos pagar uma

despesa que não esteja aprovada pelo Concedente.

Page 37: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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3) TEMA: GESTÃO ADMINISTRATIVA, FINANCEIRA E CONTÁBIL, ASPECTOS DA

READEQUAÇÃO

ASSUNTO: ISENÇÃO de TARIFAS BANCÁRIAS

Pergunta 1: Os convênios com os Pontos têm isenção de tarifas bancárias? Quais as

regras de uso da conta bancária aberta exclusivamente para o convênio? O que faço

no caso do banco negar a isenção?

Resposta 1: O assunto é tratado com clareza solar no artigo 42, § 5º da Portaria

Interministerial 127/2008. Veja só: Art. 42. A liberação de recursos obedecerá ao cronograma

de desembolso previsto no Plano de Trabalho e guardará consonância com as metas e fases ou

etapas de execução do objeto do instrumento. § 1º Os recursos serão depositados e geridos na

conta bancária específica do convênio ou do contrato de repasse exclusivamente em instituições

financeiras controladas pela União e, enquanto não empregados na sua finalidade, serão

obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança de instituição financeira pública

federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação

financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública,

quando sua utilização estiver prevista para prazos menores; § 2º Os rendimentos das aplicações

financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do convênio ou do contrato de repasse,

estando sujeitos às mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos

transferidos. § 3º As receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não

poderão ser computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado. § 5º As

contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias. A íntegra desta Portaria

está no site www.convenios.gov.br no link LEGISLAÇÃO. Vale a pena ler essa Portaria

integralmente. Tem muita coisa importante nela. Sugestão: imprima esse artigo 42 e leve para

o Gerente do Banco. Se ele titubear, diga que você vai fazer uma denúncia no Banco Central e

perante outras autoridades competentes (Promotor de Justiça, Ministérios etc.) Boa sorte! É a

luta pelo direito, pessoal! Para exercer a cidadania é preciso buscar informações e lutar para

que prevaleçam nossos direitos

Page 38: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

38

Pergunta 2: O gerente da conta bancária insiste em dizer que não pode aplicar a

isenção de tarifas. Ele me falou que a lei que ele obedece é a do chefe dele, e que a

chefia geral da Caixa Econômica Federal manda cobrar!

Resposta 2: Sugiro fazer um ofício, fundamentado no artigo que transcrevi abaixo. Faça o

protocolo de uma via na agência. Se não resolver, sugiro formalizar denúncias nos seguintes

órgãos: Banco Central, Ministério do Planejamento (um dos Ministérios de onde emanou a

referida Portaria), Ministério da Cultura. Procurar o Promotor de Justiça local também pode

ajudar. Ah, não podemos desprezar que a Imprensa também ajuda nesses casos. Já posso ler a

manchete: Banco X descumpre norma Ministerial... É a "luta pelo Direito", como diria o jurista

Rudolph V. Ihering no século XIX.

Pergunta 3: O gerente do meu banco (Bradesco) me disse que a lei que garante

isenção é válida apenas para bancos públicos, como Caixa, Banco do Nordeste e

Banco do Brasil, mas não para Bradesco, Itaú e os outros privados. Isso procede? A

briga é ser privado e não público? Existe isso mesmo?

Resposta 3: Realmente, o artigo 42 da Portaria Interministerial 127/2008 pode dar margem a

essa interpretação do Bradesco. Veja só: "Art. 42. [...] § 1º Os recursos serão depositados e

geridos na conta bancária específica do convênio ou do contrato de repasse exclusivamente em

instituições financeiras controladas pela União e, enquanto não empregados na sua finalidade,

serão obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança de instituição financeira

pública federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês; e II - em fundo de

aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da

dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos menores; [...] § 5º As contas

referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.

O ideal é que a conta do convênio seja em Banco Público (Banco do Brasil ou Caixa). Mas, no

seu caso, você tem que pesar o custo benefício. O Estado de Minas aceita conta em outros

bancos. Avalie o que vale mais a pena. Agora, se você decidir manter a conta no Bradesco, terá

que arcar com as tarifas (que não poderão ser pagas com recursos do convênio). Se quiser ir à

luta, tente uma ajuda no Procon, no Ministério Público, no Juizado Especial, enfim, com alguma

autoridade local disposta a ajudá-la a tentar conseguir a isenção de tarifas no próprio Bradesco.

Mas, realmente, pela redação do artigo 42 da Portaria acima transcrita, isso não será garantido.

Acho que não custa tentar levando em conta as peculiaridades do Ponto de Cultura.

Page 39: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

39

Pergunta 4: A portaria 127/2008 não se aplica somente a convênios recebidos da

Administração Pública Federal sendo que os pontos de cultura são estaduais, então

pergunto se o gerente me fizer esse questionamento qual argumento legal posso

usar?

Resposta 4: Você pode usar vários argumentos com seu gerente, por exemplo: 1) Seu

instrumento de convênio fala expressamente que se aplica a Portaria Interministerial 127/2008.

2) O convênio, apesar de ser celebrado entre SEC/MG e Ponto de Cultura, tem parcela

significativa de recursos oriundos da União, ou seja, que envolvem a transferência de recursos

financeiros oriundos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União, tal como previsto no

artigo 1° da Portaria 127/2008 (tal como citado por você). 3) Lembrando que a base de nossa

tese é o artigo 42 da Portaria 127/2008, mormente os seguintes artigos: Art. 42. [...] § 1º Os

recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do contrato

de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e, enquanto não

empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em caderneta de poupança

de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior a um

mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto

lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos

menores; [...] § 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias

Pessoal, neste país, conseguir que Banco não cobre tarifa é missão hercúlea. Os Bancos são tão

poderosos que conseguiram mudar o artigo 192 da Constituição de 1988 (CR/88). Para quem

não se lembra, o artigo 192 da CR/88 dizia: Art. 192. [...] § 3º - As taxas de juros reais, nelas

incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à

concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima

deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos

termos que a lei determinar. Só que esse artigo nunca foi aplicado realmente no Brasil. Até que

os Bancos "conseguiram" mudar a Constituição. E a Emenda Constitucional 40/2003 revogou o

acima transcrito. Então, meus amigos e amigas, se os Bancos tem mais força do que a

Constituição da República, claro que vão tentar descumprir uma "mera" Portaria

Interministerial... Bom, feito esse desabafo, acrecento que o Banco Central não "manda cobrar".

A Portaria Interministerial 127/2008 é feita e assinada pelos Ministros do Planejamento,

Orçamento e Gestão; do Controle e da Transparência e também do Ministro da Fazenda. Então,

tem que valer alguma coisa oras!!! Em resumo, como tudo nesta amada terra brasilis, temos

que ir à luta e fazer valer a Portaria Interministerial 127/2008. Se o Banco não aceitar, vejo as

Page 40: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

40

seguintes alternativas: a) denunciar aos Ministérios que assinaram a Portaria, mormente o

Ministério da Fazenda. b) denunciar ao Ministério Público. c) denunciar ao PROCON. d)

denunciar para a Imprensa. e) unir forças (Pontos) e trabalhar em rede, inclusive,

nacionalmente. Lembrem-se da frase do jurista alemão Rudolf Von Ihering: "o fim do Direito é a

PAZ, o meio de que se vale é a LUTA 2) Se, após buscarmos ajuda com todas as autoridades

que citei na mensagem anterior, a questão das TARIFAS não se resolver, só restará aos Pontos

ingressarem com uma ação judicial pleiteando a devolução dos valores cobrados

indevidamente.

Um Ponto de Cultura postou na Plataforma EAD|DUO o e-mail que elaboraram para o Banco:

“Prezado Gerente, o Banco do Brasil descontou tarifas que não podem ser descontadas da

nossa conta e ainda não creditou os rendimentos da poupança. A conta está no nome da nossa

entidade, que é pessoa jurídica sem fins lucrativos e a verba é federal. Preciso que veja isto

para mim e estorne os valores descontados pois poderá me dar um grande problema quando

for prestar contas deste dinheiro. Por isto, veja o que diz a Portaria Interministerial nº 127 e a

Resolução 1380/1987 do Banco Central.

PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 127, DE 29 DE MAIO DE 2008

Estabelece normas para execução do disposto no Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007,

que dispõe sobre as normas relativas às transferências de recursos da União mediante

convênios e contratos de repasse, e dá outras providências.

OS MINISTROS DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, DA FAZENDA e DO

CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA, no uso da atribuição que lhes confere o inciso II do

parágrafo único do art. 87 da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 18 do Decreto nº

6.170, de 25 de julho de 2007, resolvem:

(…)

CAPÍTULOII

DA LIBERAÇÃO DOS RECURSOS

Art. 42. A liberação de recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de

Trabalho e guardará consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do

instrumento.

Page 41: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

41

§ 1º Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do

contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,

enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados:

I - em caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso

for igual ou superior a um mês; e

II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada

em título da dívida pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos menores;

§ 2º Os rendimentos das aplicações financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do

convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos às mesmas condições de prestação de

contas exigidas para os recursos transferidos.

§ 3º As receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não poderão ser

computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado.

§ 4º As instituições financeiras de que trata o § 1º deverão manter os recursos bloqueados a

partir do seu recebimento enquanto não cumpridas as condições previstas no art. 43.

§ 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.

Resolução 1380/1987 do Banco Central:

"I - Estabelecer que as instituições autorizadas a receber depósitos de poupança livre somente

poderão creditar rendimentos aos depósitos de pessoas jurídicas com fins lucrativos a cada 3

(três) meses.". II - Determinar que, relativamente às contas de poupança de que sejam

titulares entidades sem fins lucrativos, serão adotados os procedimentos estabelecidos na

Resolução n. 1.236, de 30.12.86.

Veja, agora, o que diz a Resolução 1.236 de 1986: I - Estabelecer que as instituições

autorizadas a receber depósitos de poupança livre deverão creditar os rendimentos às contas de

pessoas físicas no 1. (primeiro) dia útil após período de 1 (um) mês corrido de permanência do

depósito. II - Os depósitos de que trata o item anterior serão remunerados à taxa de juros de

0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, aplicada sobre seus valores atualizados na forma do

Decreto-lei n. 2.311, de 23.12.86. III - O rendimento de que trata o item precedente será

calculado sobre o menor saldo apresentado pela conta no período imediatamente anterior.

Page 42: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

42

Diante desta legislação, aguardo o estorno dos valores e o crédito dos rendimentos da

poupança.

Att.,”

Se o Banco não aceitar, vejo as seguintes alternativas: a) denunciar aos Ministérios que

assinaram a Portaria, mormente o Ministério da Fazenda. b) denunciar ao Ministério Público da

cidade. c) denunciar ao PROCON municipal. d) denunciar para a Imprensa. Uma matéria no

jornal pode agilizar a resposta do Banco... e) unir forças (Pontos) e trabalhar em rede, inclusive,

em âmbito estadual ou, até mesmo, nacional.

Pergunta 5: O Banco do Brasil está cobrando R$8,50 e foi passado pra gente que na

verdade seria R$34,00 mas como o dinheiro está aplicado daí dão desconto de 75%

caindo assim para R$ 8,50.

Resposta 5: Essa cobrança de R$ 8,50 é indevida também. Você deve elaborar o Ofício de

forma objetiva e juntar cópia da Portaria e do convênio celebrado com a SEC/MG. Guarde uma

cópia protocolada com você. Os pedidos a serem feitos são dois: 1) Interrupção imediata da

cobrança de quaisquer tarifas bancárias na conta; 2) Imediata restituição e estorno de todos os

valores deduzidos da conta referentes a tarifas bancárias. O fundamento jurídico do pedido é o

seguinte: Portaria Interministerial 127/2008, artigo 42, parágrafos 1° e 5°: "Art. 42. [...] § 1º

Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do

contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,

enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em

caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for

igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou

operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver

prevista para prazos menores; [...] § 5º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança

de tarifas bancária.

Page 43: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

43

ASSUNTO: APLICAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS

Pergunta 1: O gerente do meu banco (Bradesco) disse que não posso aplicar o

recurso em poupança, mas somente em CDB, porque é um banco privado e não

público. Como a regra é aplicar em poupança, o que faço neste caso?

Resposta 1: O Ponto de Cultura decide onde vai aplicar o dinheiro e não o gerente do Banco.

E, como já visto, o Ponto tem que aplicar em poupança e não em CDB (recursos que ficarão

sem utilização por mais de trinta dias). Importante: o rendimento da poupança para pessoa

jurídica sem fins lucrativos deve ser mensal e não trimestral. Isso se aplica para qualquer Banco

(público ou privado). É regra do Banco Central conforme já respondi anteriormente.

Pergunta 2: Para colocar o recurso em conta poupança, teremos que abrir uma nova

conta com número diferente ao que foi passado e cadastrado no plano de trabalho

do SIGCON, como se daria isso? Seria só abrir a conta poupança e transferir? Outra

coisa, a movimentação do recurso tem de ser através de cheque, mas conta

poupança não tem cheque.

Resposta 2: Deve-se abrir a conta poupança no mesmo banco oferecido para movimentação

da conta corrente do convênio. A movimentação (resgate da conta poupança para a conta

corrente) deverá ser realizada por meio de transferência. A transferência de numerário da conta

poupança para a conta corrente deverá ser imediata e no mesmo valor. A transferência será

realizada por documento comprobatório utilizado pelo banco. Assim os cheques serão da conta

de livre movimentação, não de poupança, sendo que ambas são vinculadas.

Pergunta 3: Atualmente o recurso está aplicado em CDB e tem um rendimento bem

maior que poupança para pessoa jurídica. O dinheiro do Ponto de Cultura está

aplicado no CDB resgate automático. Um dos regulamentos é que seja emitido

cheque para todos os pagamentos para execução do projeto. Pelo que eu entendo a

caderneta de poupança não dá o direito para que haja movimentação e também não

lhe dá o direito de emitir cheque. O que eu faço diante desta situação?

Page 44: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

44

Resposta 3: Aplica-se ao CDB o resgate automático conforme informação do consulente,

portanto o documento comprobatório emitido pelo banco comprovará a transferência do resgate

para a conta corrente do convênio.

ASSUNTO: AGLUTINAÇÃO DE SERVIÇOS EM ÚNICA NOTA FISCAL

Pergunta: Posso fazer uma única nota fiscal no valor total da rubrica para

contratação de professores e a empresa faria a gestão e distribuição do dinheiro

entre os professores (tudo previsto em contrato, certinho)? Se isso for possível, a

parcela destinada ao pagamento da obrigação patronal relativa ao montante de

oficinas pode ser repassada para a empresa contratada? Ou seja, se eu não contrato

pessoa física, não tenho obrigação patronal, então quero aumentar o volume de

recurso disponível para a contratação de oficinas retirando proporcionalmente do

montante que estava destinado à obrigação patronal. Pode?

Resposta: A execução do plano de trabalho deve ser fiel e seguir as rubricas já previstas e o

cronograma. Lembrando que não deve ser feito pagamento antecipado mas apenas após a

realização dos serviços. Você não pode repassar à empresa verba de obrigação patronal. O

fornecedor recebe o preço contratado para executar os serviços, cabendo-lhe responder por

suas obrigações tributárias, trabalhistas, previdenciárias etc. Todo prestador de serviços devem

computar, em sua oferta de preços, os encargos que lhe são obrigatórios.

ASSUNTO: PREENCHIMENTO DA NOTA FISCAL

Pergunta: No modelo de Nota Fiscal de (Modelos de Documentos Fiscais) postado na

plataforma EAD|DUO) há um campo da Nota Fiscal De Venda de Mercadorias

(INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES) em que o fornecedor deve escrever (Compra

para o Projeto X, no do convênio etc.). Como faço se várias notas de vários

comércios de minha cidade já vêm com uma escrita nesse campo, não sobrando

espaço para tal escrita?

Page 45: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Resposta: O fornecedor deverá encontrar algum local na nota para descrever. O importante é

constar essa anotação do fornecedor, em algum local no corpo da nota. Um local, por exemplo,

é logo abaixo da discriminação das mercadorias ou dos serviços. Lembrando que toda nota

deve conter os dados quantitativos e valores unitários dos produtos ou serviços, e não apenas

itens genéricos e valores totais.

ASSUNTO: MODIFICAÇÃO EM ITENS DE MESMA NATUREZA

Pergunta: Coloquei na planilha original a necessidade de 10 computadores não

portáteis. Porém, hoje posso comprar dentro do preço estabelecido 6 computadores

não portáteis e 4 computadores portáteis (laptops). Posso realizar a compra dessa

forma ou teria que readequar a planilha descrevendo esse caso?

Resposta: Não é necessário readequar, pois não há alteração de item ou finalidade, ou seja,

são todos computadores. Como você não descreve que tipo de computador estava previsto, isso

abre a possibilidade de licitar computadores não portáteis e laptops juntos, dentro do valor

proposto.

ASSUNTO: PRESTAÇÃO DE CONTAS E USO DO SICONV

Pergunta: Somos obrigados a usar o Siconv na prestação de contas?

Reposta: Os Pontos de Cultura deste convênio Mineiro que vocês assinaram NÃO estão

obrigados a usar o SICONV. A prestação de contas será feita EM PAPEL perante a Secretaria

Estadual de Cultura (MG). Logo, também as cotações prévias e as licitações (CONVITE) não

precisam utilizar o SICONV.

Neste sentido, não é preciso "se preocupar" com o SICONV. Agora, considerando que sua

entidade poderá celebrar outros convênios, já recomendo ir se inteirando sobre o SICONV e

providenciando credenciamento, cadastramento etc. Tem muita informação no site:

www.convenios.gov.br

Entretanto, o artigo 70, parágrafo único da nossa Constituição de 1988 diz expressamente o

seguinte: Art. 70. [...] Parágrafo único. Prestarão contas qualquer pessoa física ou jurídica,

pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

Page 46: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações

de natureza pecuniária. Ou seja, por previsão expressa da CR/88, somos (inclusive os Pontos)

obrigados a prestar contas porque estamos recebendo dinheiro público. Mas acredito que uma

lei específica sobre o assunto poderá estabelecer procedimentos mais compatíveis com a

realidade e peculiaridade dos Pontos de Cultura (organizações da sociedade civil, sem fins

lucrativos). São duas frentes paralelas de trabalho (política e jurídica). Enquanto a política

caminha, vamos seguindo o ordenamento jurídico em vigor.

A prestação de contas desse convênio será feita perante a SEC/MG, assim, não será necessário

registrar todos os processos licitatórios no SICONV.

ASSUNTO: DESPESAS ADMINISTRATIVAS E PREVISAO DOS 20% PATRONAL

Pergunta: Nossa planilha foi aprovada contendo os 20% de obrigação patronal,

porém sabemos que esse item soma-se às despesas administrativas, limitadas a

15%. Posso realizar pagamentos de obrigação patronal com recursos de outras

fontes?

Resposta: Se a sua planilha foi APROVADA com a previsão orçamentária dos 20% da

obrigação patronal, entendo que poderão ser pagos tais encargos. Creio que se aplica o artigo

39, parágrafo único, da Portaria Interministerial 127/2008. Deve ser observada a seguinte

formalidade: Art. 39 [...] Parágrafo único. Os convênios ou contratos de repasse celebrados

com entidades privadas sem fins lucrativos poderão acolher despesas administrativas até o

limite de quinze por cento (15%) do valor do objeto, desde que expressamente autorizadas e

demonstradas no respectivo instrumento e no plano de trabalho (alterado pela Port. n° 342, de

05/11/2008). Vejam também como se manifestou a Comissão Gestora do SICONV sobre o

tema: "Assim, diante de todo o exposto, para que gastos das entidades privadas sem fins

lucrativos sejam atribuídos como despesas administrativas passíveis de custeio com recursos

oriundos de transferências voluntárias, sugere-se que sejam atendidas cumulativamente as

seguintes condições: a) As despesas estejam previstas e detalhadas no plano de trabalho

aprovado pelo concedente ou contratante; b) as despesas estejam limitadas ao máximo de

quinze por cento do valor do objeto do convênio ou contrato de repasse; e c) as despesas não

tenham sido custeadas com recursos originários de outras fontes, inclusive convênios ou

contratos de repasse.

Page 47: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

47

ASSUNTO: CONTRATAÇÃO DE CONTADOR

Pergunta: Para contratação de contador para o projeto, também devo proceder à

formalidade do convênio?

Resposta: Na contratação de contador ou de qualquer outro serviço, o Ponto tem que fazer,

no mínimo, cotação prévia de 3 fornecedores de tal serviço. Se os valores (somando os meses)

ultrapassarem R$ 8.000,00, deve ser feita licitação (modalidade convite). Lembrando que todas

as despesas pagas com recursos do convênio precisam estar previstas no plano de trabalho

aprovado pela Concedente/SEC-MG.

ASSUNTO: READEQUAÇÃO DE PRAZOS DE CUMPRIMENTO DO CONVÊNIO

Pergunta 1: Como devo ajustar os prazos de cumprimento das metas no primeiro

pedido de readequação? Quanto tempo a Secretaria de Estado de Cultura necessita

para responder ao meu pedido?

Resposta: Os prazos deverão ser ajustados na solicitação de readequação conforme § 2º. Art.

16 do decreto no. 43.635/2003. O prazo a ser considerado deverá ser o período de duração ou

execução da etapa/fase conforme item 5 (IV – Cronograma de Execução – Meta, Etapa ou

Fase) do formulário “Plano de Trabalho”.

O pedido de readequação deve ser feito antes de qualquer despesa que vocês alterem, tanto do

ponto de vista orçamentário quanto das atividades. Por isso é a primeira ação que deve ser

feita. Quanto ao prazo, a Secretaria não o estabeleceu porque os pedidos são avaliados por

ordem de chegada e por isso o tempo para resposta depende do volume das demandas. Mais

um motivo para enviar as solicitações rapidamente.

Inicio e termino das atividades na planilha: A SEC orientou a colocar julho de 2010 como data

de inicio das atividades e junho de 2011 como data de término, para o primeiro pedido de

readequação (1º ano do convênio). Realizadas as atividades neste período, o Ponto deve

proceder a readequação para o 2º ano do convênio, ou seja, a readequação será anual.

Page 48: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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ASSUNTO: APLICAÇÃO FINANCEIRA EM CONTA POUPANÇA E PERÍODO DE

RENDIMENTO

Pergunta: O Gerente do meu banco disse que o rendimento da Poupança só pode ser

trimestral, e não mensal, e me ofereceu outra modalidade de rendimento mensal.

Como devo proceder?

Resposta: Vejam o que diz o artigo 116 da Lei 8.666/1993 sobre sua pergunta (principalmente

o § 4o desse artigo 116): Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos

convênios, [...] § 4o Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão obrigatoriamente

aplicados em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso

for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou

operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização dos

mesmos verificar-se em prazos menores que um mês. Ou seja, a legislação manda aplicar,

obrigatoriamente, em CADERNETA DE POUPANÇA os saldos do convênio enquanto não

utilizados se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês. A Portaria Interministerial

127/2008 (artigo 42) estabelece a mesma coisa. Veja a íntegra da Portaria no site

www.convenios.gov.br / legislação O artigo 42 da Portaria 127/2008 diz o seguinte: Art. 42. A

liberação de recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de Trabalho e

guardará consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do instrumento. §

1º Os recursos serão depositados e geridos na conta bancária específica do convênio ou do

contrato de repasse exclusivamente em instituições financeiras controladas pela União e,

enquanto não empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente aplicados: I - em

caderneta de poupança de instituição financeira pública federal, se a previsão de seu uso for

igual ou superior a um mês; e II - em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou

operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública, quando sua utilização estiver

prevista para prazos menores; § 2º Os rendimentos das aplicações financeiras serão

obrigatoriamente aplicados no objeto do convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos

às mesmas condições de prestação de contas exigidas para os recursos transferidos. § 3º As

receitas oriundas dos rendimentos da aplicação no mercado financeiro não poderão ser

computadas como contrapartida devida pelo convenente ou contratado. [...] § 5º As contas

referidas no § 1º serão isentas da cobrança de tarifas bancárias.

Absurda essa história de rentabilidade apenas de 3 em 3 meses, não é mesmo? Sugiro você

ponderar no seu Banco que a rentabilidade de 3 em 3 meses é válida para pessoa jurídica com

fins lucrativos. O Ponto de Cultura é uma entidade sem fins lucrativos, portanto, a poupança

Page 49: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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deve render mensalmente. Se não der certo essa conversa com o Gerente do Banco, faça uma

consulta e/ou denúncia ao Banco Central. O que é importante frisar: como somos regidos pelo

princípio da LEGALIDADE (artigo 37 da Constituição de 1988) temos que cumprir a lei. E, como

visto no início da resposta, a Lei 8.666/19993 manda aplicar em caderneta de poupança e não

em CDB. Assim, descumprir essa regra pode prejudicar o Ponto na futura prestação de contas.

Olha o que diz a Resolução 1380/1987 do Banco Central: "I - Estabelecer que as instituições

autorizadas a receber depósitos de poupança livre somente poderão creditar rendimentos aos

depósitos de pessoas jurídicas com fins lucrativos a cada 3 (três) meses.". II - Determinar que,

relativamente às contas de poupança de que sejam titulares entidades sem fins lucrativos,

serão adotados os procedimentos estabelecidos na Resolução n. 1.236, de 30.12.86. Prezada

Elza, veja que a Resolução 1.236 de 1986 diz o seguinte: I - Estabelecer que as instituições

autorizadas a receber depósitos de poupança livre deverão creditar os rendimentos às contas de

pessoas físicas no 1. (primeiro) dia útil após período de 1 (um) mês corrido de permanência do

depósito. II - Os depósitos de que trata o item anterior serão remunerados à taxa de juros de

0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, aplicada sobre seus valores atualizados na forma do

Decreto-lei n. 2.311, de 23.12.86. III - O rendimento de que trata o item precedente será

calculado sobre o menor saldo apresentado pela conta no período imediatamente anterior. Em

resumo: o banco está errado ao dizer que a conta do ponto de cultura vai ter rendimento

trimestral de poupança. isso valeria para poupança de pessoa jurídica com fins lucrativos. só

que o Ponto de Cultura é uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, ou seja, o rendimento da

poupança deve ser mensal e não trimestral.

ASSUNTO: READEQUAÇÃO DE PLANILHA

Pergunta: Quais os cuidados mais importantes que devo ter na readequação de

minha planilha orçamentária?

Resposta: Os itens devem ser detalhados dentro das possibilidades e da razoabilidade.

Exemplo: material de escritório. Não é preciso detalhar grampo, papel, cola, borracha etc. Os

valores devem retratar a realidade e os preços de mercado de acordo com a realidade da região

onde atua o Ponto. Também devem respeitar a divisão entre capital e custeio, bem como a

limitação para custos administrativos e os limites orçamentários. Lembre-se que é preciso

preservar a integralidade do objeto do convênio realizado, os objetivos e metas inicialmente

Page 50: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

50

propostos. Releia sempre as regras do edital e do instrumento de convênio ao fazer a

readequação.

ASSUNTO: USO DA APLICAÇÃO FINANCEIRA

Pergunta 1: É possível utilizar as receitas de aplicação financeira como contrapartida

da entidade, uma vez que esse dinheiro não foi depositado pelo convênio com a

SEC? Posso utilizá-lo para pagar custos não previstos na planilha mas que são

importantes para o projeto?

Resposta 1: A Portaria Interministerial 127/2008 responde sua importante pergunta. Veja o

que ela diz no artigo 42, especialmente o § 2º que transcrevo abaixo: "Art. 42. A liberação de

recursos obedecerá ao cronograma de desembolso previsto no Plano de Trabalho e guardará

consonância com as metas e fases ou etapas de execução do objeto do instrumento. [...] § 2º

Os rendimentos das aplicações financeiras serão obrigatoriamente aplicados no objeto do

convênio ou do contrato de repasse, estando sujeitos às mesmas condições de prestação de

contas exigidas para os recursos transferidos. § 3º As receitas oriundas dos rendimentos da

aplicação no mercado financeiro não poderão ser computadas como contrapartida devida pelo

convenente ou contratado."

Pergunta 2: O valor do rendimento da aplicação poderá ser usado na compra dos bens

permanentes? (kit multimídia ou outros itens). Ou na realização de mais uma oficina e compra

de materiais orçados? Aplicamos os R$60.000,00 e já rendeu mais de R$800,00,ou este

rendimento deverá ficar para ser utilizado no final do projeto?

Resposta 2: O rendimento da aplicação financeira, conforme orientação em nosso curso,

deverá permanecer na conta bancaria e somente na solicitação de readequação do terceiro ano

do projeto poderá ser utilizado, se autorizado pela SEC.

ASSUNTO: ERRO NO PREENCHIMENTO DE NOTA FISCAL

Pergunta: Ao organizarmos os documentos para ir montando gradativamente a

prestação de contas do Ponto, verificamos um engano do fornecedor na emissão da

Page 51: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

51

Nota Fiscal pelo Fornecedor, em relação à quantidade de um determinado item. O

valor total está correto e os equipamentos foram entregues corretamente. Como não

havia mais como trocar a Nota por já ter sido paga, optamos por reunir a Comissão,

a Diretoria da Corporação e o fornecedor e fazermos uma carta de correção. Gostaria

de saber se este procedimento está correto. Se não estiver, qual seria a melhor saída

para este caso?

Resposta: O procedimento está correto, a carta de correção deve ser emitida pela empresa

fornecedora, com assinatura e carimbo, e anexada à nota fiscal na prestação de contas.

ASSUNTO: CARIMBOS

Pergunta 1: Conforme orientação do Manual, devemos providenciar a confecção de

alguns carimbos que deverão constar nos documentos comprobatórios das despesas

realizadas. Um deles deverá conter as seguintes informações: o nº do convênio da

SEC, o nº do convênio MINC 470/07 e a seguinte informação “Projeto Ponto de

Cultura”. Minha dúvida é: Devo confeccionar o carimbo só com estas informações,

ou preciso acrescentar o nome do nosso projeto “XXXXXXX” que está sendo

executado, bem como o número do protocolo deste?

Resposta 1: Os documentos comprobatórios das despesas, além de conter manualmente a

identificação do convênio deverão constar o carimbo: Pago com o Recurso – Convênio xxxxxxx

– Projeto: xxxxxx (Convênio nº MINC/SEC 470/07 – SEC 0000/0/00 – Projeto “nome dado ao

projeto”). O modelo do carimbo está em documentos da turma na Plataforma EAD|DUO.

Pergunta 2: Tenho uma verba mensal no meu plano de trabalho para material de

escritório, posso pagar os carimbos com esta verba?

Resposta2 : Sim, carimbos relacionados ao convênio (aqueles exigidos pela SEC), e tão

somente eles são considerados material de escritório.

Page 52: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

52

ASSUNTO: INSS PATRONAL

Pergunta 1: Segundo orientações da SEC com relação à readequação das planilhas

financeiras, item 3, incluímos no nosso plano de trabalho a previsão dos 20% de

despesas com o INSS patronal. Porém, no item 11 do Manual de Orientação para

execução e prestação de contas consta a seguinte expressão: "Não serão aceitas

como despesas do convênio o recolhimento ao INSS patronal, ou seja, a

Contribuição ao INSS da Empresa/Convenente. Só serão aceitas despesas do INSS

aos serviços prestados pela pessoa física ao convênio." Desse modo, poderão ou não

serem pagos com recurso do convênio os 20% do INSS patronal, conforme previsto

no plano de trabalho?

Resposta 1: É permitido sim o pagamento do INSS patronal de terceiros contratados para

trabalhar no Ponto de Cultura com o recurso do convênio, o que não pode é ser usado do

recurso do convênio para pagar o INSS patronal dos funcionários da Associação que não

estejam trabalhando para o Ponto.

Pergunta 2: Temos que descontar 20% de INSS Patronal para os valores destinados

à Criação do Site do Ponto de Cultura e também do valor destinado à aquisição da

Placas do Ponto de Cultura ou é somente para gastos com pessoas físicas?

Resposta 2: O desconto a ser feito no RPA (pagamentos efetuados a pessoas físicas) em geral

é de 11,0%. O Pagamento da parcela patronal ao INSS corresponde a 20,0% sobre o valor

bruto do RPA. Veja documentos preenchidos (RPA) e as instruções constantes no arquivo. Se

a dúvida prevalecer a minha sugestão, conforme reiteramos em nosso curso, é que se consulte

o seu contador que poderá estudar cada caso em sua especificidade.

Pergunta 3: Sabemos que a GPS paga do INSS descontado dos prestadores de

serviços deve compor a prestação de contas. Porém em uma das associações não

está dando a guia, pois temos uma funcionária que está de licença maternidade logo

o INSS está sendo compensado. Diante disto gostaria de saber o que anexar aos

RPAs nesse caso?

Page 53: Perguntas Mais Frequentes Ago-Dez 2010

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Resposta 3: A nossa sugestão, conforme demonstramos em nosso curso, é que se faça uma

GPS para cada prestador de serviço. Isto é absolutamente possível. Portanto, para melhor

gestão do convênio, aconselhamos que se faça para cada RPA todos os pagamentos

individualizados, desvinculados da GPS da associação, portanto não há que se falar em

pagamento de uma única GPS. Além disso você poderá destacar no corpo da GPS (e de todas

as demais guias de recolhimento de impostos) o nome do prestador de Serviços, o número do

RPA, para orientar melhor o técnico que for analisar sua prestação de contas. Portanto, uma

boa prática é que se faça 01 cheque para cada RPA. Para este RPA teremos correspondente os

demais cheques para pagamento dos impostos referentes a este RPA. 01 cheque para a GPS

(INSS) 01 cheque para o ISS 01 cheque para o imposto de Renda retido (se houver).

Resumindo, a GPS será feita individualmente, para cada prestador de serviço. Portanto a GPS

da entidade será desvinculada da GPS do convenio. Todos os encargos patronais dos

prestadores de serviços do convênio deverão ser recolhidos. Portanto, para cada RPA emitido

devera ter uma GPS paga e dentro do convênio não se fala em compensação. Esta se refere à

GPS da entidade. Estamos aqui falando somente das GPS's dos prestadores de serviço do

convênio.