revista politicom - ano 1 - nº 1 - ago-dez 2008

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1ª Edição da Revista Brasileira de Marketing Político

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Page 1: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008
Page 2: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

CONSELHO EDITORIALAdolpho Carlos Françoso Queiroz, Universidade Metodista de São Paulo; Alexandre Torrezan, Universidade Metodista de São Paulo; Bruna Vieira Guimarães, Universidade Paulista, UNIP-SP; Carlos Manhanelli, ABCOP, Associação Brasileira de Consultores Políticos; Celso Antonio Meneguetti, Univale de São José dos Campos; Daniela Rocha, Universidade Metodista de São Paulo; Cláudia Setti Gouvêa, Universidade Metodista de São Paulo; Débora Tavares, Universidade Federal do Mato Grosso; Eduardo Grossi, Universidade Metodista de São Paulo; Fábio Ciaccia, Universidade Metodista de São Paulo; Ingrid Gomes, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; João Carlos Picolin, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Jorge Vidigal, Universidade Metodista de Piracicaba; Karla Amaral, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Kleber Carrilho, Universidade Metodista de São Paulo; Letícia Costa, Unitau; Lincoln Franco, Universidade Metodista de São Paulo; Livio Sakai, Centro Universitário de Guaxupé; Maurício Romanini, Centro Universitário de Guaxupé; Moisés Barel, Faculdade Anhanguera de Limeira; Nahara Mackovics, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; Patrícia Paixão, Universidade Metodista de São Paulo; Paulo César D´Elboux, Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste; Ricardo Costa, FMU-SP; Roberto Gondo, Universidade Metodista de São Paulo; Silmara Biazoto, Universidade Presbiteriana Mackenzie; Thailissa Letícia Andara Ramos, Universidade de Vila Velha; Victor Kraide Corte Real, Faculdade Prudente de Moraes de Itu.

DIRETOR RESPONSÁVELAdolpho Carlos Françoso QueirozEDITORJoão Carlos Picolin, MTb. Nº 27.018CHEFE DE REDAÇÃOMaurício Romanini, MTb. Nº 29.629

CARTA DO EDITOR

Não restam dúvidas que as discussões sobre a Comunicação e o Marketing Político são, cada vez mais,

emergentes no Brasil. A POLITICOM, Revista Brasileira de Marketing Político, vem contribuir neste sentido, ora

apresentando aspectos científicos do campo, ora abordando os temas de maior demanda sobre os processos políticos.Colocar em pauta os assuntos referentes aos relacionamentos entre a comunicação, o marketing e a política é a

tarefa que nos propomos a cumprir, buscando oferecer um olhar crítico e criterioso sobre os processos que envolvem

este triedro.Com a participação de pesquisadores em Comunicação e Marketing Político e profissionais do mercado, a

POLITICOM, Revista Brasileira de Marketing Político, vem atender às demandas sobre a estreita relação dicotômica

entre a teoria e a prática da inserção dos processos comunicacionais, do estabelecimento de estratégias

mercadológicas, das relações interpessoais, das estruturas de poder, entre outros, nos processos políticos.É com esta perspectiva que nos colocamos à vista da academia e do mercado, procurando oferecer um novo

instrumento para o aprofundamento das discussões emergentes do campo.

MARKETINGPaulo César D´ElbouxPROJETO GRÁFICOVictor Kraide Corte RealCAPAIvan Romanini. E-mail: [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica EMEAvenida Brigadeiro Faria Lima, 1080Vila Fátima - CEP: 13.360-000 - Capivari/SPTelefones: (19) 3491.7000 / 3491.5449E-mail: [email protected]: www.editoraeme.com.br

TIRAGEM: 2000 exemplaresCIRCULAÇÃO: NacionalPERIODICIDADE: Semestral

APOIOCátedra UNESCO/METODISTA de Comunicação para o Desenvolvimento Regional.

ENTRE EM CONTATOCorrespondência: Rua do Sacramento, 230CEP: 09.640-000 – São Bernardo do Campo/SPTelefone: (11) 4366.5883E-mail: [email protected]

POLITICOM - Revista Brasileira de Marketing Político

SUMÁRIO

ENTREVISTACarlos Manhanelli

CAPAA miopia do TSE

ACADEMIAPropaganda e marketing político

na teoria e na prática

REGIONALFalta de comunicação nas

prefeituras municipais

ELEIÇÕESLista suja

4

6

8

10

11

EVENTOPoliticom - Conferência Brasileirade Marketing Político

IDEOLOGIAA perspectiva do voto evangélico

COMUNICAÇÃO DE MASSAHorário nobre

CULTURA POPULARFolkcomunicação política

INVENTÁRIOEntre a pesquisa e o mercado

BIBLIOTECA

HUMOR

12

14

16

17

18

19

22

Page 3: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

CONSELHO EDITORIALAdolpho Carlos Françoso Queiroz, Universidade Metodista de São Paulo; Alexandre Torrezan, Universidade Metodista de São Paulo; Bruna Vieira Guimarães, Universidade Paulista, UNIP-SP; Carlos Manhanelli, ABCOP, Associação Brasileira de Consultores Políticos; Celso Antonio Meneguetti, Univale de São José dos Campos; Daniela Rocha, Universidade Metodista de São Paulo; Cláudia Setti Gouvêa, Universidade Metodista de São Paulo; Débora Tavares, Universidade Federal do Mato Grosso; Eduardo Grossi, Universidade Metodista de São Paulo; Fábio Ciaccia, Universidade Metodista de São Paulo; Ingrid Gomes, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; João Carlos Picolin, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Jorge Vidigal, Universidade Metodista de Piracicaba; Karla Amaral, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Kleber Carrilho, Universidade Metodista de São Paulo; Letícia Costa, Unitau; Lincoln Franco, Universidade Metodista de São Paulo; Livio Sakai, Centro Universitário de Guaxupé; Maurício Romanini, Centro Universitário de Guaxupé; Moisés Barel, Faculdade Anhanguera de Limeira; Nahara Mackovics, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; Patrícia Paixão, Universidade Metodista de São Paulo; Paulo César D´Elboux, Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste; Ricardo Costa, FMU-SP; Roberto Gondo, Universidade Metodista de São Paulo; Silmara Biazoto, Universidade Presbiteriana Mackenzie; Thailissa Letícia Andara Ramos, Universidade de Vila Velha; Victor Kraide Corte Real, Faculdade Prudente de Moraes de Itu.

DIRETOR RESPONSÁVELAdolpho Carlos Françoso QueirozEDITORJoão Carlos Picolin, MTb. Nº 27.018CHEFE DE REDAÇÃOMaurício Romanini, MTb. Nº 29.629

CARTA DO EDITOR

Não restam dúvidas que as discussões sobre a Comunicação e o Marketing Político são, cada vez mais,

emergentes no Brasil. A POLITICOM, Revista Brasileira de Marketing Político, vem contribuir neste sentido, ora

apresentando aspectos científicos do campo, ora abordando os temas de maior demanda sobre os processos políticos.Colocar em pauta os assuntos referentes aos relacionamentos entre a comunicação, o marketing e a política é a

tarefa que nos propomos a cumprir, buscando oferecer um olhar crítico e criterioso sobre os processos que envolvem

este triedro.Com a participação de pesquisadores em Comunicação e Marketing Político e profissionais do mercado, a

POLITICOM, Revista Brasileira de Marketing Político, vem atender às demandas sobre a estreita relação dicotômica

entre a teoria e a prática da inserção dos processos comunicacionais, do estabelecimento de estratégias

mercadológicas, das relações interpessoais, das estruturas de poder, entre outros, nos processos políticos.É com esta perspectiva que nos colocamos à vista da academia e do mercado, procurando oferecer um novo

instrumento para o aprofundamento das discussões emergentes do campo.

MARKETINGPaulo César D´ElbouxPROJETO GRÁFICOVictor Kraide Corte RealCAPAIvan Romanini. E-mail: [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica EMEAvenida Brigadeiro Faria Lima, 1080Vila Fátima - CEP: 13.360-000 - Capivari/SPTelefones: (19) 3491.7000 / 3491.5449E-mail: [email protected]: www.editoraeme.com.br

TIRAGEM: 2000 exemplaresCIRCULAÇÃO: NacionalPERIODICIDADE: Semestral

APOIOCátedra UNESCO/METODISTA de Comunicação para o Desenvolvimento Regional.

ENTRE EM CONTATOCorrespondência: Rua do Sacramento, 230CEP: 09.640-000 – São Bernardo do Campo/SPTelefone: (11) 4366.5883E-mail: [email protected]

POLITICOM - Revista Brasileira de Marketing Político

SUMÁRIO

ENTREVISTACarlos Manhanelli

CAPAA miopia do TSE

ACADEMIAPropaganda e marketing político

na teoria e na prática

REGIONALFalta de comunicação nas

prefeituras municipais

ELEIÇÕESLista suja

4

6

8

10

11

EVENTOPoliticom - Conferência Brasileirade Marketing Político

IDEOLOGIAA perspectiva do voto evangélico

COMUNICAÇÃO DE MASSAHorário nobre

CULTURA POPULARFolkcomunicação política

INVENTÁRIOEntre a pesquisa e o mercado

BIBLIOTECA

HUMOR

12

14

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18

19

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Page 4: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

Carlos Augusto Bonacorso

Manhanelli, ou simplesmente, Carlos

Manhanelli, é uma das figuras mais

importantes do moderno marketing

político brasileiro. Profissional e

polêmico ao extremo, brincalhão e

generoso, ele tem compartilhado suas

atividades de assessoramento de

campanhas eleitorais no Brasil, America

Latina e África. ”Já são mais de 230

campanhas eleitorais em todos os níveis”.Mais recentemente, ingressou

como aluno no Programa de Pós-

G ra d u a ç ão e m C o m u n i c aç ã o d a

Universidade Metodista de São Paulo

(Umesp), onde tem aperfeiçoado seus

conhecimentos e dividido com seus jovens

colegas a experiência de algumas três

décadas no mercado de trabalho. “Vou

deixar uma contribuição para a história

republicana com a minha pesquisa de

mestrado”. A seguir, um pouco das

origens e da história desta figura impar.

Revista Brasileira de Marketing Político (RBMP):

Qual sua origem, seus primeiros trabalhos e do seu

espírito empreendedor?Carlos Manhanelli (CM): Sou neto de italianos, que

imigraram para o Brasil em busca de melhores condições

de vida e para substituir a mão-de-obra escrava que havia

sido libertada. Meu avô, Carlos Magnanelli, nascido em

Balbano, na Província de Lucca, na região da Toscana,

chegou ao Brasil com 15 anos e, em 1890, seguiu direto

para as fazendas de café em São Simão, em São Paulo. Meu

pai, Antonio Manhanelli – reparem no erro da grafia do

nome – nasceu em Salles de Oliveira, interior do Estado de

São Paulo, vindo posteriormente trabalhar em São Paulo.

Sou paulistano e desde cedo conheci o trabalho. Minha

família possuía uma mercearia e todos precisavam

colaborar. Sou o terceiro filho - de uma família com

quatro, sendo três homens e uma mulher, meus irmãos

trabalhavam fora e minha irmã cuidava da casa. Dessa

forma, o trabalho na mercearia ficava para mim.

RBMP: Até que idade você ficou no negócio familiar? CM: Com 12 anos de idade fui morar numa fazenda

familiar, no interior de São Paulo, tocada por um tio, que

POLITICOMago/dez.2008

ENTREVISTA

4

memória do marketing político está

preservada no arquivo da ABCOP.

RBMP: Quantos livros o senhor já

escreveu sobre marketing político?CM: Escrevi, em 1988, “Estratégias

eleitorais”. Desde então, já tenho mais de

nove livros publicados sobre a temática.

RBMP: Como surgiu a ABCOP,

Associação Brasileira de Consultores

Políticos? CM: Em 1991, profissionais de diversas

áreas uniram-se na sede da Fundação

Escola de Sociologia e Política para criar a

ABCOP, hoje uma entidade com mais de

500 associados espalhados por todo o

país. Além de ser o seu presidente, hoje

mantenho contatos com a IAPC

(International Association of Political

Consultants), que igualmente se reúne

para discutir, planejar e ampliar o

repertório de conhecimentos sobre a

nossa área.

RBMP: Quais os planos para o futuro?CM: Defender minha dissertação. Estou

pesquisando as origens e significados dos

jingles em campanhas eleitorais para

presidente da república. Creio que vou

deixar uma boa contribuição para ampliar

os conhecimentos sobre a história

republicana do nosso país.

aplicava a mesma regra da família: todos deviam trabalhar

para ajudar no sustento da casa. Esse espírito fez nascer o

conceito de empreendedorismo em mim. Já imaginava o

que poderia fazer profissionalmente. O primeiro passo era

o estudo e, depois, fazer os cursos necessários para

alcançar meus objetivos. Estudei em escolas públicas, no

tempo em que elas eram consideradas sinônimos de

qualidade. A partir daí tive que empreender vôo solo, pois

minha família não tinha condições de me manter no

ensino particular. Meu primeiro curso foi o de Técnico em

Contabilidade; depois cursei Administração, Economia e

Contábeis.

RBMP: Quando começou no marketing político?CM: Em 1978 abri minha própria empresa de marketing, para oferecer um serviço pouco difundido no país: o de marketing político. Com os conhecimentos práticos obtidos na área, decidi me especializar e, em 1982, fiz o curso de especialização em marketing na ESPM. Em 1986, fui convidado pelo prof. Emmanoel Públio Dias (atualmente é Diretor de Marketing da ESPM) a ministrar aulas sobre marketing político e organizar o 1º Seminário Nacional sobre Marketing Político, que foi realizado simultaneamente em todas as capitais brasileiras com onze palestrantes e professores.

RBMP: Quantas campanhas realizadas?CM: São mais de 230 campanhas realizadas no Brasil, na

América Latina e África. Todas com suas particularidades,

alegrias, decepções e surpresas. Além de consultorias e

projetos de marketing político. Durante esses anos tenho

guardado muitos jingles, vídeos e programas eleitorais. É

um arquivo extenso, rico e importante. Boa parte da

POLITICOMago/dez.2008

ENTREVISTA

5

Carlos Manhanelli

O bandeirante do marketing políticoDIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

Page 5: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

Carlos Augusto Bonacorso

Manhanelli, ou simplesmente, Carlos

Manhanelli, é uma das figuras mais

importantes do moderno marketing

político brasileiro. Profissional e

polêmico ao extremo, brincalhão e

generoso, ele tem compartilhado suas

atividades de assessoramento de

campanhas eleitorais no Brasil, America

Latina e África. ”Já são mais de 230

campanhas eleitorais em todos os níveis”.Mais recentemente, ingressou

como aluno no Programa de Pós-

G rad u aç ão e m C o m u ni c aç ão d a

Universidade Metodista de São Paulo

(Umesp), onde tem aperfeiçoado seus

conhecimentos e dividido com seus jovens

colegas a experiência de algumas três

décadas no mercado de trabalho. “Vou

deixar uma contribuição para a história

republicana com a minha pesquisa de

mestrado”. A seguir, um pouco das

origens e da história desta figura impar.

Revista Brasileira de Marketing Político (RBMP):

Qual sua origem, seus primeiros trabalhos e do seu

espírito empreendedor?Carlos Manhanelli (CM): Sou neto de italianos, que

imigraram para o Brasil em busca de melhores condições

de vida e para substituir a mão-de-obra escrava que havia

sido libertada. Meu avô, Carlos Magnanelli, nascido em

Balbano, na Província de Lucca, na região da Toscana,

chegou ao Brasil com 15 anos e, em 1890, seguiu direto

para as fazendas de café em São Simão, em São Paulo. Meu

pai, Antonio Manhanelli – reparem no erro da grafia do

nome – nasceu em Salles de Oliveira, interior do Estado de

São Paulo, vindo posteriormente trabalhar em São Paulo.

Sou paulistano e desde cedo conheci o trabalho. Minha

família possuía uma mercearia e todos precisavam

colaborar. Sou o terceiro filho - de uma família com

quatro, sendo três homens e uma mulher, meus irmãos

trabalhavam fora e minha irmã cuidava da casa. Dessa

forma, o trabalho na mercearia ficava para mim.

RBMP: Até que idade você ficou no negócio familiar? CM: Com 12 anos de idade fui morar numa fazenda

familiar, no interior de São Paulo, tocada por um tio, que

POLITICOMago/dez.2008

ENTREVISTA

4

memória do marketing político está

preservada no arquivo da ABCOP.

RBMP: Quantos livros o senhor já

escreveu sobre marketing político?CM: Escrevi, em 1988, “Estratégias

eleitorais”. Desde então, já tenho mais de

nove livros publicados sobre a temática.

RBMP: Como surgiu a ABCOP,

Associação Brasileira de Consultores

Políticos? CM: Em 1991, profissionais de diversas

áreas uniram-se na sede da Fundação

Escola de Sociologia e Política para criar a

ABCOP, hoje uma entidade com mais de

500 associados espalhados por todo o

país. Além de ser o seu presidente, hoje

mantenho contatos com a IAPC

(International Association of Political

Consultants), que igualmente se reúne

para discutir, planejar e ampliar o

repertório de conhecimentos sobre a

nossa área.

RBMP: Quais os planos para o futuro?CM: Defender minha dissertação. Estou

pesquisando as origens e significados dos

jingles em campanhas eleitorais para

presidente da república. Creio que vou

deixar uma boa contribuição para ampliar

os conhecimentos sobre a história

republicana do nosso país.

aplicava a mesma regra da família: todos deviam trabalhar

para ajudar no sustento da casa. Esse espírito fez nascer o

conceito de empreendedorismo em mim. Já imaginava o

que poderia fazer profissionalmente. O primeiro passo era

o estudo e, depois, fazer os cursos necessários para

alcançar meus objetivos. Estudei em escolas públicas, no

tempo em que elas eram consideradas sinônimos de

qualidade. A partir daí tive que empreender vôo solo, pois

minha família não tinha condições de me manter no

ensino particular. Meu primeiro curso foi o de Técnico em

Contabilidade; depois cursei Administração, Economia e

Contábeis.

RBMP: Quando começou no marketing político?CM: Em 1978 abri minha própria empresa de marketing, para oferecer um serviço pouco difundido no país: o de marketing político. Com os conhecimentos práticos obtidos na área, decidi me especializar e, em 1982, fiz o curso de especialização em marketing na ESPM. Em 1986, fui convidado pelo prof. Emmanoel Públio Dias (atualmente é Diretor de Marketing da ESPM) a ministrar aulas sobre marketing político e organizar o 1º Seminário Nacional sobre Marketing Político, que foi realizado simultaneamente em todas as capitais brasileiras com onze palestrantes e professores.

RBMP: Quantas campanhas realizadas?CM: São mais de 230 campanhas realizadas no Brasil, na

América Latina e África. Todas com suas particularidades,

alegrias, decepções e surpresas. Além de consultorias e

projetos de marketing político. Durante esses anos tenho

guardado muitos jingles, vídeos e programas eleitorais. É

um arquivo extenso, rico e importante. Boa parte da

POLITICOMago/dez.2008

ENTREVISTA

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Carlos Manhanelli

O bandeirante do marketing políticoDIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

Page 6: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

O período pré-eleitoral começou

agitado em 2008. O Tribunal Superior

Eleitoral (TSE) fez valer para empresas

públicas e privadas de mídia a mesma

legislação.Por não precisar de concessão

pública, a imprensa não pode ou não deve

ser enquadrada na Lei Eleitoral, ao

contrário das rádios e televisões, que

precisam respeitar a regra.Além disso, jornais e revistas

podem até, se desejarem, apoiar

candidatos e partidos sem que isso

sugestione propaganda eleitoral. Não se

pode confundir propaganda política ou

eleitoral com direito à informação.A mídia tem regras, que muitas

vezes são isonomicamente diferentes.

Candidatos, dos partidos maiores, têm a

preferência na pauta do interesse comum.

Todo o imbróglio foi causado pelas

matérias publicadas pela Folha de São

Paulo, no dia 4 de junho, e Veja São Paulo,

edição de 11 de junho, com a então pré-

candidata Marta Suplicy, do Partido dos

Trabalhadores (PT).No entendimento de um juiz

auxiliar da 1º Zona Eleitoral de São Paulo,

as entrevistas caracterizavam propaganda

eleitoral extemporânea, ou seja, antes da

data permitida. Para Wander Pereira Rossette

Junior, Juiz de Direito, titular da 93º

Zona Eleitoral de Piracicaba, a decisão foi

acertada, pois “a Lei comporta várias

interpretações; são os juízes que

interpretam, mas sempre prevalece a

decisão do TSE, quando não há recursos”,

pondera. A Lei Eleitoral é analisada por

vieses diferentes e restritivos, não

considerando os anseios da coletividade e

nem os interesses jornalísticos. Aqui, não

é o espaço apropriado para debater, o que

no jargão da imprensa convencionou-se

chamar de: igreja (área editorial) e estado

(área comercial), mas sim para garantir o

direito de informar.

Para o marqueteiro e mestrando em Comunicação

Social, Carlos Augusto Manhanelli, é preciso respeitar a

liberdade de expressão. “São equívocos que acontecem,

quando a Lei (Eleitoral) e a liberdade de expressão não são

levadas em consideração”, diz. Alguns dizem que o jogo

político no Brasil começa muito cedo. A bem da verdade, o

Pais começa a respirar o ar eleitoral, no mínimo, um ano

antes do pleito. Políticos, partidos, marqueteiros e a mídia

esboçam os primeiros movimentos no tabuleiro das

eleições para ganhar terreno. A Justiça se esforça para

acompanhá-los.Como a Justiça é lenta, as leis interpretativas

ficam a critério de juízes, o que pode levar a uma

enxurrada de ações no TSE. Candidatos e partidos não

concordam com as multas aplicadas e recorrem das

decisões, como no caso de São Paulo.

POLITICOMago/dez.2008

CAPA

6

Na internet, o marketing político

carece de regulamentação viável e

condizente com a realidade social. A

legislação é vaga e meramente normativa,

ou seja, define quando começa e quando

termina.A s n o v a s t e c n o l o g i a s e m

comunicação proporcionam oportuni-

dades singulares para ajudar a superar

desafios sociais, econômicos e, também,

políticos. Sua vantagem é encurtar as

distâncias e ajudar a equacionar a questão

do tempo.

Algumas dúvidas surgem,

particularmente, quando o TSE tenta

impor regras ou normas para a utilização

da internet, como estratégia de marketing

político. O TSE deve cumprir somente, e

tão somente, seu papel fiscalizador, pois

não há como controlar o fluxo informativo

e propagandístico da rede mundial de

computadores.Para Rossette Junior, é preciso

uma regulamentação específica para a

internet e não haver censura. “Com

relação à internet eu tenho uma posição

diferente de outros juízes, embora eu ache

que a Lei não está censurando a liberdade

de expressão. Na verdade, ela esta

delimitando espaço, situação que eu acho

importante para equilibrar o jogo político,

pois um candidato com poder econômico

maior pode levar vantagem. Acho

necessário uma outra regulamentação,

específica, para a internet”, enfatiza.A internet não é um espaço

proibido nas eleições. O que falta é uma

regulamentação. Sendo assim, o TSE

precisa fazer uma Lei especifica para a

internet, em caráter urgentíssimo.

Na opinião de Rossette Junior, a decisão do caso

estava correta, embora admita as várias interpretações

sobre a mesma Lei. “No caso das multas aplicadas aos

veículos e a candidata Marta Suplicy eu acho que foram

corretas, pois elas estavam prevista na Lei. Certo ou errada

é outro juízo”, afirma.Para Manhanelli, o TSE precisa demonstrar que

tem força, “a intenção é a do TSE demonstrar que tem

força e faz a legislação, na lacuna deixada pelo Legislativo.

Na falta da Lei, resoluções tomam força de Lei”,

argumenta.A questão da igualdade é utopia, pois o processo

político, com raras exceções, é desigual. Promotores,

juízes entre outros gostam de falar de igualdade entre

candidatos, mas a legislação eleitoral não é desigual?Por que a Lei não garante tempos iguais para os

candidatos, no rádio e na televisão? Ora, nenhum partido é

igual ao outro. A concessão do tempo do programa

eleitoral é distribuída conforme a freqüência de acordo

com a representatividade dos partidos.Aqui, cabem várias questões: o que é igualdade?

Entrevistar todos no mesmo dia? Fazer as mesmas

perguntas para candidatos com propostas diferentes? As

matérias, reportagens e entrevistas terão que ter o mesmo

espaço? A política ficará acéfala e virará centímetro por

coluna, como se define o espaço publicitário na imprensa?A Lei nº 9.504/97, que permite a propaganda eleitoral

somente após o dia 6 de julho, no seu capítulo V, que rege a

propaganda eleitoral na imprensa diz, no parágrafo

terceiro, que “não caracterizará propaganda eleitoral a

divulgação de opinião favorável a candidato, a partido

político ou a coligação pela imprensa escrita, desde que

não seja matéria paga”.O TSE aprovou, no dia 26 de junho, a proposta que

altera a legislação para permitir a apresentação de

propostas de candidatos e pré-candidatos em entrevistas,

debates e encontros antes do dia 6 de julho de 2008, data

prevista para o início da propaganda eleitoral.

Com a mudança, poderão também ser divulgadas

as plataformas e projetos políticos dos candidatos, sem

que isso seja caracterizado como propaganda eleitoral.

POLITICOMago/dez.2008

CAPA

7

A miopia do TSE

ANTONIO TRIVELIN / GAZETA DE PIRACICABA

Wander Pereira Rossette Junior, Juiz de Direito,titular da 93º Zona Eleitoral de Piracicaba

Na internet o marketing

político carece de

regulamentação viável e

condizente com a

realidade social

Não se pode

confundir

propaganda

política ou eleitoral

com direito à

informação

Page 7: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

O período pré-eleitoral começou

agitado em 2008. O Tribunal Superior

Eleitoral (TSE) fez valer para empresas

públicas e privadas de mídia a mesma

legislação.Por não precisar de concessão

pública, a imprensa não pode ou não deve

ser enquadrada na Lei Eleitoral, ao

contrário das rádios e televisões, que

precisam respeitar a regra.Além disso, jornais e revistas

podem até, se desejarem, apoiar

candidatos e partidos sem que isso

sugestione propaganda eleitoral. Não se

pode confundir propaganda política ou

eleitoral com direito à informação.A mídia tem regras, que muitas

vezes são isonomicamente diferentes.

Candidatos, dos partidos maiores, têm a

preferência na pauta do interesse comum.

Todo o imbróglio foi causado pelas

matérias publicadas pela Folha de São

Paulo, no dia 4 de junho, e Veja São Paulo,

edição de 11 de junho, com a então pré-

candidata Marta Suplicy, do Partido dos

Trabalhadores (PT).No entendimento de um juiz

auxiliar da 1º Zona Eleitoral de São Paulo,

as entrevistas caracterizavam propaganda

eleitoral extemporânea, ou seja, antes da

data permitida. Para Wander Pereira Rossette

Junior, Juiz de Direito, titular da 93º

Zona Eleitoral de Piracicaba, a decisão foi

acertada, pois “a Lei comporta várias

interpretações; são os juízes que

interpretam, mas sempre prevalece a

decisão do TSE, quando não há recursos”,

pondera. A Lei Eleitoral é analisada por

vieses diferentes e restritivos, não

considerando os anseios da coletividade e

nem os interesses jornalísticos. Aqui, não

é o espaço apropriado para debater, o que

no jargão da imprensa convencionou-se

chamar de: igreja (área editorial) e estado

(área comercial), mas sim para garantir o

direito de informar.

Para o marqueteiro e mestrando em Comunicação

Social, Carlos Augusto Manhanelli, é preciso respeitar a

liberdade de expressão. “São equívocos que acontecem,

quando a Lei (Eleitoral) e a liberdade de expressão não são

levadas em consideração”, diz. Alguns dizem que o jogo

político no Brasil começa muito cedo. A bem da verdade, o

Pais começa a respirar o ar eleitoral, no mínimo, um ano

antes do pleito. Políticos, partidos, marqueteiros e a mídia

esboçam os primeiros movimentos no tabuleiro das

eleições para ganhar terreno. A Justiça se esforça para

acompanhá-los.Como a Justiça é lenta, as leis interpretativas

ficam a critério de juízes, o que pode levar a uma

enxurrada de ações no TSE. Candidatos e partidos não

concordam com as multas aplicadas e recorrem das

decisões, como no caso de São Paulo.

POLITICOMago/dez.2008

CAPA

6

Na internet, o marketing político

carece de regulamentação viável e

condizente com a realidade social. A

legislação é vaga e meramente normativa,

ou seja, define quando começa e quando

termina.A s n o v a s t e c n o l o g i a s e m

comunicação proporcionam oportuni-

dades singulares para ajudar a superar

desafios sociais, econômicos e, também,

políticos. Sua vantagem é encurtar as

distâncias e ajudar a equacionar a questão

do tempo.

Algumas dúvidas surgem,

particularmente, quando o TSE tenta

impor regras ou normas para a utilização

da internet, como estratégia de marketing

político. O TSE deve cumprir somente, e

tão somente, seu papel fiscalizador, pois

não há como controlar o fluxo informativo

e propagandístico da rede mundial de

computadores.Para Rossette Junior, é preciso

uma regulamentação específica para a

internet e não haver censura. “Com

relação à internet eu tenho uma posição

diferente de outros juízes, embora eu ache

que a Lei não está censurando a liberdade

de expressão. Na verdade, ela esta

delimitando espaço, situação que eu acho

importante para equilibrar o jogo político,

pois um candidato com poder econômico

maior pode levar vantagem. Acho

necessário uma outra regulamentação,

específica, para a internet”, enfatiza.A internet não é um espaço

proibido nas eleições. O que falta é uma

regulamentação. Sendo assim, o TSE

precisa fazer uma Lei especifica para a

internet, em caráter urgentíssimo.

Na opinião de Rossette Junior, a decisão do caso

estava correta, embora admita as várias interpretações

sobre a mesma Lei. “No caso das multas aplicadas aos

veículos e a candidata Marta Suplicy eu acho que foram

corretas, pois elas estavam prevista na Lei. Certo ou errada

é outro juízo”, afirma.Para Manhanelli, o TSE precisa demonstrar que

tem força, “a intenção é a do TSE demonstrar que tem

força e faz a legislação, na lacuna deixada pelo Legislativo.

Na falta da Lei, resoluções tomam força de Lei”,

argumenta.A questão da igualdade é utopia, pois o processo

político, com raras exceções, é desigual. Promotores,

juízes entre outros gostam de falar de igualdade entre

candidatos, mas a legislação eleitoral não é desigual?Por que a Lei não garante tempos iguais para os

candidatos, no rádio e na televisão? Ora, nenhum partido é

igual ao outro. A concessão do tempo do programa

eleitoral é distribuída conforme a freqüência de acordo

com a representatividade dos partidos.Aqui, cabem várias questões: o que é igualdade?

Entrevistar todos no mesmo dia? Fazer as mesmas

perguntas para candidatos com propostas diferentes? As

matérias, reportagens e entrevistas terão que ter o mesmo

espaço? A política ficará acéfala e virará centímetro por

coluna, como se define o espaço publicitário na imprensa?A Lei nº 9.504/97, que permite a propaganda eleitoral

somente após o dia 6 de julho, no seu capítulo V, que rege a

propaganda eleitoral na imprensa diz, no parágrafo

terceiro, que “não caracterizará propaganda eleitoral a

divulgação de opinião favorável a candidato, a partido

político ou a coligação pela imprensa escrita, desde que

não seja matéria paga”.O TSE aprovou, no dia 26 de junho, a proposta que

altera a legislação para permitir a apresentação de

propostas de candidatos e pré-candidatos em entrevistas,

debates e encontros antes do dia 6 de julho de 2008, data

prevista para o início da propaganda eleitoral.

Com a mudança, poderão também ser divulgadas

as plataformas e projetos políticos dos candidatos, sem

que isso seja caracterizado como propaganda eleitoral.

POLITICOMago/dez.2008

CAPA

7

A miopia do TSE

ANTONIO TRIVELIN / GAZETA DE PIRACICABA

Wander Pereira Rossette Junior, Juiz de Direito,titular da 93º Zona Eleitoral de Piracicaba

Na internet o marketing

político carece de

regulamentação viável e

condizente com a

realidade social

Não se pode

confundir

propaganda

política ou eleitoral

com direito à

informação

Page 8: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

No início uma certa desconfiança generalizada por parte dos alunos, depois o envolvimento e, finalmente, um interesse maior por um campo que, a cada eleição, cria novas oportunidades no mercado de trabalho. Têm sido assim os projetos laboratoriais de comunicação e marketing político desenvolvido por diversas Instituições de Ensino Superior em todo o país.

Talvez pelos escândalos políticos evidenciados corriqueiramente pela mídia, que alimenta o senso comum da corrupção instituída, ou pela própria faixa etária dos estudantes universitários, ainda existe uma imagem de descrédito por parte dos alunos quando o assunto é política e um diagnóstico mais preciso deste fenômeno ainda precisa ser feito. Entretanto, quando os alunos identificam a aplicação de conceitos de planejamento, mídia, criação, marketing, publicidade, propaganda, entre outros, no processo eleitoral, começam a se interessar mais pelo assunto e, geralmente, passam a dedicar maior atenção à temática, ora por despertarem uma “orientação política” que ainda não havia sido sensibilizada, ora por v isual izarem uma nova oportunidade de atuação no mercado de trabalho.

Apesar da existência de disci-plinas específicas de propaganda ou de marketing político na estrutura curricular dos cursos de graduação, ou de outras disciplinas que perpassam os conteúdos pertinentes ao marketing e à propaganda política, vir de há muito tempo, é apenas no final dos anos noventa e início dos anos dois mil que as atividades aplicadas se intensificaram nesta área em termos de trabalhos de graduação. Em muitos casos, os projetos de produção de campanha eleitoral, nas diversas instâncias, envolvem outras disciplinas oferecidas caracterizando o que se chama de projeto integrado ou trabalho integrado. Algumas Instituições de E n s i n o S u p e r i o r c h e g a r a m a institucionalizar estas atividades no Projeto Pedagógico dos Cursos de Publicidade e Propaganda, como é o caso

das Faculdades Integradas Claretianas, de Rio Claro, Isca – Faculdades, de Limeira e Faculdade Prudente de Morais, de Itu, Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdades Anhanguera, de Santa Bárbara D'Oeste, todas no interior do estado de São Paulo e Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé, no interior de Minas Gerais.

“Este é o projeto mais trabalhoso da nossa grade”, disse o coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda do Isca, Professor Antonio Peres, “entretanto, pela sua relevância para a formação dos alunos, consideramos pertinente mantê-lo em nosso curso com o empenho do corpo docente”, completou. Realmente o projeto é bastante complexo e trabalhoso tanto para alunos quanto para professores. “Na dimensão teórica é preciso conhecer as nuances da história da cidade em que será realizado o projeto; a história do candidato e a construção da sua imagem pública; o comportamento eleitoral da cidade nas últimas eleições, entre outras ações que requerem pesquisa e o conteúdo de disciplinas que abordem temáticas relacionadas ao marketing e ao planejamento, por exemplo. O projeto envolve atividades laboratoriais em criação para mídia impressa, em rádio, em TV e em Web. Mas no conjunto das ações, o planejamento, as pesquisas de opinião, a criação da plataforma de governo, o planejamento de mídia, entre outras atividades, requerem conteúdos científicos que dão ao projeto um caráter híbrido entre uma dimensão teórica e outra aplicada”, comentou o Professor Adolpho Queiroz, um dos precursores do projeto a partir da Universidade Metodista de Piracicaba.

A proposta do projeto é chegar o mais próximo da realidade num cenário eleitoral e, por isso, todas as etapas de uma campanha são abordadas nesta atividade. Neste sentido, a participação efetiva do candidato escolhido pelos alunos como objeto de estudo é fundamental. Mas

POLITICOMago/dez.2008

ACADEMIA

8

POLITICOMago/dez.2008

ACADEMIA

9

Propaganda e marketing políticona teoria e na prática

LORIVAL ISLER JUNIOR

Aluno orienta o radialista profissional Moacir Martins na gravação de programa eleitoral em projetodesenvolvido em Rio Claro. Projeto envolve produção para TV, Rádio, Internet e Mídias Impressas.

Despertar o interesse dos alunos para as questões políticas, transcender o senso comum dos jovens sobre a temática, contribuir para a formação de pessoas mais críticas e criteriosas sobre os processos políticos, qualificar profis-sionais para atuarem com propaganda e marketing político são algumas das perspectivas identificadas na realização do projeto. Do ponto de vista do mercado d e t r a b a l h o , o s r e s u l t a d o s s ã o surpreendentes. Na maioria das Instituições de Ensino Superior que desenvolvem o projeto, pode-se identificar o encaminhamento de egressos e mesmo graduandos em atividades de assessoria de comunicação, assessoria de marketing de políticos e/ou prefeituras, câmaras, sindicatos, etc., além da participação de forma efetiva em campanhas eleitorais. “Em Rio Claro temos pelo menos dez alunos e ex-alunos trabalhando em campanhas para prefeito e vereador neste ano”, comentou D'Elboux, professor do Curso de Publicidade das Faculdades Integradas Claretianas. Antonio Peres relata o mesmo em Limeira: “temos um candidato a prefeito e outro a vereador que estão sendo atendidos por ex-alunos”, finalizou.

nem sempre existe uma participação efetiva. “Já tivemos casos dos alunos serem obrigados a usarem 'dublês' para as fotos, vídeos e áudios”, disse o coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Prudente de Morais, Professor Victor Kraide Corte Real. “No início do projeto nas Claretianas, os candidatos achavam que era 'mais uma pesquisa de estudante' e não deram tanta atenção. Depois, quando viram o resultado, a situação mudou. Hoje, alguns partidos aguardam o período da realização do projeto integrado para indicarem candidatos para participarem da atividade”, comentou o Professor de Propaganda Política, Paulo Cesar D'Elboux.

Em alguns casos, quando existe um envolvimento maior do candidato, as propostas chegam até a ser implantadas. É o que aconteceu com Claudio Borsari (PDT), Prefeito de Capivari, que participou do projeto e aplicou algumas propostas em sua campanha. “O projeto foi bem composto e apresentado com embasamento teórico para cada aplicação dos materiais e estilos utilizados nas peças”, disse ele. Sobre a importância deste tipo de atividade, Borsari afirma que “a prática sempre vem complementar a teoria e vice-versa. Muitas vezes o que aprendemos nos livros exemplificam situações pontuais, mesmo que sejam emblemáticas. Contudo, o exercício da prática sempre nos proporciona a vivência de novas experiências, o que estimula a criatividade e colabora para construir bons profissionais. O marketing bem como a política são atividades muito dinâmicas e que estão sempre em desenvolvimento. Daí a importância de se proporcionar aos alunos projetos laboratoriais”.

A proposta do projeto é

chegar o mais próximo da

realidade num cenário

eleitoral e, por isso, todas

as etapas de uma

campanha são abordadas

nesta atividade

Projetos desenvolvidos em Cursos de Publicidade e Propaganda aplicamconceitos e técnicas para a realização de campanhas eleitorais

Page 9: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

No início uma certa desconfiança generalizada por parte dos alunos, depois o envolvimento e, finalmente, um interesse maior por um campo que, a cada eleição, cria novas oportunidades no mercado de trabalho. Têm sido assim os projetos laboratoriais de comunicação e marketing político desenvolvido por diversas Instituições de Ensino Superior em todo o país.

Talvez pelos escândalos políticos evidenciados corriqueiramente pela mídia, que alimenta o senso comum da corrupção instituída, ou pela própria faixa etária dos estudantes universitários, ainda existe uma imagem de descrédito por parte dos alunos quando o assunto é política e um diagnóstico mais preciso deste fenômeno ainda precisa ser feito. Entretanto, quando os alunos identificam a aplicação de conceitos de planejamento, mídia, criação, marketing, publicidade, propaganda, entre outros, no processo eleitoral, começam a se interessar mais pelo assunto e, geralmente, passam a dedicar maior atenção à temática, ora por despertarem uma “orientação política” que ainda não havia sido sensibilizada, ora por v isual izarem uma nova oportunidade de atuação no mercado de trabalho.

Apesar da existência de disci-plinas específicas de propaganda ou de marketing político na estrutura curricular dos cursos de graduação, ou de outras disciplinas que perpassam os conteúdos pertinentes ao marketing e à propaganda política, vir de há muito tempo, é apenas no final dos anos noventa e início dos anos dois mil que as atividades aplicadas se intensificaram nesta área em termos de trabalhos de graduação. Em muitos casos, os projetos de produção de campanha eleitoral, nas diversas instâncias, envolvem outras disciplinas oferecidas caracterizando o que se chama de projeto integrado ou trabalho integrado. Algumas Instituições de E n s i n o S u p e r i o r c h e g a r a m a institucionalizar estas atividades no Projeto Pedagógico dos Cursos de Publicidade e Propaganda, como é o caso

das Faculdades Integradas Claretianas, de Rio Claro, Isca – Faculdades, de Limeira e Faculdade Prudente de Morais, de Itu, Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdades Anhanguera, de Santa Bárbara D'Oeste, todas no interior do estado de São Paulo e Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé, no interior de Minas Gerais.

“Este é o projeto mais trabalhoso da nossa grade”, disse o coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda do Isca, Professor Antonio Peres, “entretanto, pela sua relevância para a formação dos alunos, consideramos pertinente mantê-lo em nosso curso com o empenho do corpo docente”, completou. Realmente o projeto é bastante complexo e trabalhoso tanto para alunos quanto para professores. “Na dimensão teórica é preciso conhecer as nuances da história da cidade em que será realizado o projeto; a história do candidato e a construção da sua imagem pública; o comportamento eleitoral da cidade nas últimas eleições, entre outras ações que requerem pesquisa e o conteúdo de disciplinas que abordem temáticas relacionadas ao marketing e ao planejamento, por exemplo. O projeto envolve atividades laboratoriais em criação para mídia impressa, em rádio, em TV e em Web. Mas no conjunto das ações, o planejamento, as pesquisas de opinião, a criação da plataforma de governo, o planejamento de mídia, entre outras atividades, requerem conteúdos científicos que dão ao projeto um caráter híbrido entre uma dimensão teórica e outra aplicada”, comentou o Professor Adolpho Queiroz, um dos precursores do projeto a partir da Universidade Metodista de Piracicaba.

A proposta do projeto é chegar o mais próximo da realidade num cenário eleitoral e, por isso, todas as etapas de uma campanha são abordadas nesta atividade. Neste sentido, a participação efetiva do candidato escolhido pelos alunos como objeto de estudo é fundamental. Mas

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ACADEMIA

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ACADEMIA

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Propaganda e marketing políticona teoria e na prática

LORIVAL ISLER JUNIOR

Aluno orienta o radialista profissional Moacir Martins na gravação de programa eleitoral em projetodesenvolvido em Rio Claro. Projeto envolve produção para TV, Rádio, Internet e Mídias Impressas.

Despertar o interesse dos alunos para as questões políticas, transcender o senso comum dos jovens sobre a temática, contribuir para a formação de pessoas mais críticas e criteriosas sobre os processos políticos, qualificar profis-sionais para atuarem com propaganda e marketing político são algumas das perspectivas identificadas na realização do projeto. Do ponto de vista do mercado d e t r a b a l h o , o s r e s u l t a d o s s ã o surpreendentes. Na maioria das Instituições de Ensino Superior que desenvolvem o projeto, pode-se identificar o encaminhamento de egressos e mesmo graduandos em atividades de assessoria de comunicação, assessoria de marketing de políticos e/ou prefeituras, câmaras, sindicatos, etc., além da participação de forma efetiva em campanhas eleitorais. “Em Rio Claro temos pelo menos dez alunos e ex-alunos trabalhando em campanhas para prefeito e vereador neste ano”, comentou D'Elboux, professor do Curso de Publicidade das Faculdades Integradas Claretianas. Antonio Peres relata o mesmo em Limeira: “temos um candidato a prefeito e outro a vereador que estão sendo atendidos por ex-alunos”, finalizou.

nem sempre existe uma participação efetiva. “Já tivemos casos dos alunos serem obrigados a usarem 'dublês' para as fotos, vídeos e áudios”, disse o coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Prudente de Morais, Professor Victor Kraide Corte Real. “No início do projeto nas Claretianas, os candidatos achavam que era 'mais uma pesquisa de estudante' e não deram tanta atenção. Depois, quando viram o resultado, a situação mudou. Hoje, alguns partidos aguardam o período da realização do projeto integrado para indicarem candidatos para participarem da atividade”, comentou o Professor de Propaganda Política, Paulo Cesar D'Elboux.

Em alguns casos, quando existe um envolvimento maior do candidato, as propostas chegam até a ser implantadas. É o que aconteceu com Claudio Borsari (PDT), Prefeito de Capivari, que participou do projeto e aplicou algumas propostas em sua campanha. “O projeto foi bem composto e apresentado com embasamento teórico para cada aplicação dos materiais e estilos utilizados nas peças”, disse ele. Sobre a importância deste tipo de atividade, Borsari afirma que “a prática sempre vem complementar a teoria e vice-versa. Muitas vezes o que aprendemos nos livros exemplificam situações pontuais, mesmo que sejam emblemáticas. Contudo, o exercício da prática sempre nos proporciona a vivência de novas experiências, o que estimula a criatividade e colabora para construir bons profissionais. O marketing bem como a política são atividades muito dinâmicas e que estão sempre em desenvolvimento. Daí a importância de se proporcionar aos alunos projetos laboratoriais”.

A proposta do projeto é

chegar o mais próximo da

realidade num cenário

eleitoral e, por isso, todas

as etapas de uma

campanha são abordadas

nesta atividade

Projetos desenvolvidos em Cursos de Publicidade e Propaganda aplicamconceitos e técnicas para a realização de campanhas eleitorais

Page 10: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

Passada a euforia da vitória nas eleições, seja ela municipal, estadual ou federal, o político pode descansar e governar por quatro anos. Certo? Não! Pois, começa agora uma etapa nova da comunicação política, o que muitos chamam de marketing pós-eleitoral.

Um dos maiores erros, principal-mente, das Prefeituras Municipais das cidades de pequeno e médio porte é desprezar o trabalho de comunicação, exercido por profissionais preparados para isso.

O mais comum é colocar parentes para exercer a função, ou ainda, aquele “ f a z t u d o , b o n z i n h o o u a n t i g o funcionário”, que habita as Prefeituras pelo Brasil afora, e que, às vezes, tem boa vontade, mas carece de competência. Sabe o resultado disso? Problema. Não agrega qualquer valor para a comu-nicação.

Os cidadãos, cada vez mais, querem ver seus anseios e expectativas resolvidas pela administração municipal, ou seja, a Prefeitura precisa estar presente na vida das pessoas, para atender suas necessidades.

As pessoas dimensionam esse impacto em suas vidas quando recebem informação sobre o que acontece na cidade; que melhoria seu bairro vai receber, onde está sendo aplicado o dinheiro dos impostos, etc.

Na hora de compor as secretarias é normal, infelizmente, esquecer a de comunicação. Esse profissional só é lembrado nos momentos difíceis, quando a população já tomou conhecimento de algum fato ruim para a imagem da Prefeitura, é claro, pelos jornais, rádios e televisões.

Muitos políticos não entendem que é mais fácil e menos desgastante contar com um Assessor de Imprensa para auxiliá-lo na comunicação da sua administração, do que contar com “bombeiros”, ou seja, apagadores de incêndio.

O Assessor de Imprensa será imprescindível para fazer a ponte entre prefeito, imprensa e eleitores. Além de competência, opinião e imagem pública boa são tudo o que um político precisa para ser bem sucedido.

Os políticos devem ser muito cuidadosos com a primeira impressão que causam, pois, muitas vezes, não terão uma segunda chance. Sempre a primeira impressão tende a povoar a mente das pessoas e correr através do boca a boca.

Para muitos prefeitos parece ser regra: deixar a comunicação da sua administração para o último ano de mandato. Falta planejamento, estratégia, divulgação e pesquisa sobre as Prefeituras.

Sua linha de comunicação para os quatro anos de governo ignora que palavras, ações e imagem formam um só conjunto. Isto é, o que fizer, falar e der a entender ou interpretar será usado favoravelmente ou contrariamente. O Prefeito e a Prefeitura são notícia.

É necessário construir uma relação de confiança e de credibilidade com a cidade. Impor seu estilo de governar, mobilizar, engajar e contar com o apoio da sociedade é fundamental para o projeto político pessoal e profissional. Isso não ocorre da noite para o dia, pois é necessário coerência na comunicação.

_______________Mauricio Guindani Romanini é jornalista, professor universitário e consultor em comunicação política

POLITICOMago/dez.2008

REGIONAL

10

POLITICOMago/dez.2008

ELEIÇÕES

Falta de comunicação nasprefeituras municipais

Mauricio Guindani RomaniniNum momento em que a classe

política é nivelada por baixo, quanto mais informação os eleitores tiverem melhor será a sua escolha diante das urnas. Mas, pelo simples fato das informações tornarem-se públicas, não significa que os eleitores buscarão informações, muitos até nem sabem por onde começar.

A falta de ética na vida pública brasileira é gritante e antiga. Será que ações desse tipo ajudam a tirar o eleitorado da sua passividade diante das questões políticas? Tentar separar bons e maus políticos – através de medidas democráticas, sérias e abrangentes – é dever de todos.

Cabe uma constatação prática: se não houver um esforço conjunto de associações, mídia e sociedade civil, o trabalho pode ser perdido, assim como, a chance de se fazer um debate sério e profundo sobre a temática das eleições no Brasil. Poucos eleitores têm acesso à internet e podem consultar a listagem, sendo assim, sem essa simbiose, o peso nas eleições poderá ser zero. Fica valendo a boa e velha força do voto, para ele mesmo começar a fazer a limpeza e afastar candidatos “lista suja” do cenário político nacional.

Sem dúvida, a maior polêmica das eleições de 2008 foi a divulgação do que ficou conhecida como “lista suja”. A iniciativa partiu da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que divulgou a primeira lista de candidatos que respondem a ações penais, por improbidade administrativa ou por crime eleitoral.

A lista pode ser consultada no www.amb.com.br, que traz os nomes dos políticos processados. No entanto, muitos processos, ainda, não foram julgados em última instância, isto é, transitado e julgado - quando não há mais possibilidade de qualquer recurso.

Muitos advogam da tese de que trânsito em julgado no Brasil é mera peça jurídica, pois há recursos demais e rapidez de menos na Justiça. Seria então necessário fazer uma reforma do judiciário e do sistema eleitoral brasileiro? Inexoravelmente, já tardou a necessidade.

O anseio da população e da maioria dos setores sociais esbarra na Justiça e na interpretação das Leis. Juízes e os órgãos competentes têm opiniões divergentes, como, por exemplo, o Juiz titular da 93 Zona Eleitoral de Piracicaba, Dr. Wander Pereira Rossette Junior, que é contrário a sua divulgação, “particularmente, entendo que enquanto não houver trânsito julgado não há condenação efetiva, sendo assim, eu tenho um pouco de receio de sua divulgação”, afirmou.

No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou as candidaturas de políticos que respondem a acusações na Justiça. Chegou-se a classificar a intenção da divulgação de populista.

Respeitar a Constituição e as decisões judiciais deve ser o norte para a sociedade. Mas discutir é necessário. A idéia n ã o é p r é - j u l g a r ninguém. O imbróglio envolve o legal e o moral, que certa-m e n t e n ã o s e r á definido nessa eleição.

Longe de ser p o p u l i s t a , t o r n a r pública a divulgação da 'lista suja” é mais um passo para fazer a cobrança por uma legislação eleitoral mais r i g o r o s a . O d i r e i t o à informação faz parte das sociedades democráticas. Trata-se de prestação de serviço à cidadania.

Para muitos

prefeitos parece ser

regra deixar a

comunicação para

o último ano de

mandato

Lista sujaDivulgar ou não divulgar, eis a questão

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Passada a euforia da vitória nas eleições, seja ela municipal, estadual ou federal, o político pode descansar e governar por quatro anos. Certo? Não! Pois, começa agora uma etapa nova da comunicação política, o que muitos chamam de marketing pós-eleitoral.

Um dos maiores erros, principal-mente, das Prefeituras Municipais das cidades de pequeno e médio porte é desprezar o trabalho de comunicação, exercido por profissionais preparados para isso.

O mais comum é colocar parentes para exercer a função, ou ainda, aquele “ f a z t u d o , b o n z i n h o o u a n t i g o funcionário”, que habita as Prefeituras pelo Brasil afora, e que, às vezes, tem boa vontade, mas carece de competência. Sabe o resultado disso? Problema. Não agrega qualquer valor para a comu-nicação.

Os cidadãos, cada vez mais, querem ver seus anseios e expectativas resolvidas pela administração municipal, ou seja, a Prefeitura precisa estar presente na vida das pessoas, para atender suas necessidades.

As pessoas dimensionam esse impacto em suas vidas quando recebem informação sobre o que acontece na cidade; que melhoria seu bairro vai receber, onde está sendo aplicado o dinheiro dos impostos, etc.

Na hora de compor as secretarias é normal, infelizmente, esquecer a de comunicação. Esse profissional só é lembrado nos momentos difíceis, quando a população já tomou conhecimento de algum fato ruim para a imagem da Prefeitura, é claro, pelos jornais, rádios e televisões.

Muitos políticos não entendem que é mais fácil e menos desgastante contar com um Assessor de Imprensa para auxiliá-lo na comunicação da sua administração, do que contar com “bombeiros”, ou seja, apagadores de incêndio.

O Assessor de Imprensa será imprescindível para fazer a ponte entre prefeito, imprensa e eleitores. Além de competência, opinião e imagem pública boa são tudo o que um político precisa para ser bem sucedido.

Os políticos devem ser muito cuidadosos com a primeira impressão que causam, pois, muitas vezes, não terão uma segunda chance. Sempre a primeira impressão tende a povoar a mente das pessoas e correr através do boca a boca.

Para muitos prefeitos parece ser regra: deixar a comunicação da sua administração para o último ano de mandato. Falta planejamento, estratégia, divulgação e pesquisa sobre as Prefeituras.

Sua linha de comunicação para os quatro anos de governo ignora que palavras, ações e imagem formam um só conjunto. Isto é, o que fizer, falar e der a entender ou interpretar será usado favoravelmente ou contrariamente. O Prefeito e a Prefeitura são notícia.

É necessário construir uma relação de confiança e de credibilidade com a cidade. Impor seu estilo de governar, mobilizar, engajar e contar com o apoio da sociedade é fundamental para o projeto político pessoal e profissional. Isso não ocorre da noite para o dia, pois é necessário coerência na comunicação.

_______________Mauricio Guindani Romanini é jornalista, professor universitário e consultor em comunicação política

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POLITICOMago/dez.2008

ELEIÇÕES

Falta de comunicação nasprefeituras municipais

Mauricio Guindani RomaniniNum momento em que a classe

política é nivelada por baixo, quanto mais informação os eleitores tiverem melhor será a sua escolha diante das urnas. Mas, pelo simples fato das informações tornarem-se públicas, não significa que os eleitores buscarão informações, muitos até nem sabem por onde começar.

A falta de ética na vida pública brasileira é gritante e antiga. Será que ações desse tipo ajudam a tirar o eleitorado da sua passividade diante das questões políticas? Tentar separar bons e maus políticos – através de medidas democráticas, sérias e abrangentes – é dever de todos.

Cabe uma constatação prática: se não houver um esforço conjunto de associações, mídia e sociedade civil, o trabalho pode ser perdido, assim como, a chance de se fazer um debate sério e profundo sobre a temática das eleições no Brasil. Poucos eleitores têm acesso à internet e podem consultar a listagem, sendo assim, sem essa simbiose, o peso nas eleições poderá ser zero. Fica valendo a boa e velha força do voto, para ele mesmo começar a fazer a limpeza e afastar candidatos “lista suja” do cenário político nacional.

Sem dúvida, a maior polêmica das eleições de 2008 foi a divulgação do que ficou conhecida como “lista suja”. A iniciativa partiu da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que divulgou a primeira lista de candidatos que respondem a ações penais, por improbidade administrativa ou por crime eleitoral.

A lista pode ser consultada no www.amb.com.br, que traz os nomes dos políticos processados. No entanto, muitos processos, ainda, não foram julgados em última instância, isto é, transitado e julgado - quando não há mais possibilidade de qualquer recurso.

Muitos advogam da tese de que trânsito em julgado no Brasil é mera peça jurídica, pois há recursos demais e rapidez de menos na Justiça. Seria então necessário fazer uma reforma do judiciário e do sistema eleitoral brasileiro? Inexoravelmente, já tardou a necessidade.

O anseio da população e da maioria dos setores sociais esbarra na Justiça e na interpretação das Leis. Juízes e os órgãos competentes têm opiniões divergentes, como, por exemplo, o Juiz titular da 93 Zona Eleitoral de Piracicaba, Dr. Wander Pereira Rossette Junior, que é contrário a sua divulgação, “particularmente, entendo que enquanto não houver trânsito julgado não há condenação efetiva, sendo assim, eu tenho um pouco de receio de sua divulgação”, afirmou.

No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou as candidaturas de políticos que respondem a acusações na Justiça. Chegou-se a classificar a intenção da divulgação de populista.

Respeitar a Constituição e as decisões judiciais deve ser o norte para a sociedade. Mas discutir é necessário. A idéia n ã o é p r é - j u l g a r ninguém. O imbróglio envolve o legal e o moral, que certa-m e n t e n ã o s e r á definido nessa eleição.

Longe de ser p o p u l i s t a , t o r n a r pública a divulgação da 'lista suja” é mais um passo para fazer a cobrança por uma legislação eleitoral mais r i g o r o s a . O d i r e i t o à informação faz parte das sociedades democráticas. Trata-se de prestação de serviço à cidadania.

Para muitos

prefeitos parece ser

regra deixar a

comunicação para

o último ano de

mandato

Lista sujaDivulgar ou não divulgar, eis a questão

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Page 12: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

Desde que foi estabelecida a Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo, em 1998, a grande meta dos seus executores foi a de dar visibilidade para temas contemporâneos, construindo reper-tórios adequados para interpretá-los.

A partir de 29 de agosto de 2002, no anfiteatro do Edifício Capa, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), começou a ser escrita uma nova história. Primeiramente com o nome de Seminários Brasileiros de Marketing Político e depois, renomeados em 2006 com as comemorações dos dez anos da Cátedra UNESCO em São Bernardo, como Conferência Brasileira de Marketing Político.

Com modéstia, naquele ano, o então reitor da Universidade, prof. Dr. Davi Ferreira Barros, ao lado do diretor da Cátedra UNESCO, prof. Dr. José Marques de Melo, abriram solenemente o encontro que percorreu três períodos do dia, entre palestras, apresentações de trabalho, culminando com uma conferência pronunciada pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva sobre a temática do marketing político e eleitoral. Entre alunos do mestrado e doutorado da Metodista, fixou-se o objetivo de dar prosseguimento ao evento no ano seguinte.

Em 2003, ainda no mesmo auditório, tendo como convidado especial o prof. Gaudêncio Torquato, o II Politicom já recebeu uma estrutura organizacional mais adequada e uma programação rica apreciada igualmente por alunos de pós e de graduação da Metodista.

O III Politicom realizou-se em agosto de 2004 sob o patrocínio do Instituto Superior de Ciências Aplicadas, de Limeira-SP, tendo como coordenadora local a profa. Dra. Adriana Pessate Azolino e como conferencista a profa. Dra. Graça Caldas, do programa de pós-graduação em comunicação da Metodista. Naquela ocasião, a primeira vez que o evento saia de São Bernardo, optou-se

também por agregar às palestras, a apresentação de trabalhos em GTs (Grupos de trabalho), que receberam contribuições da propaganda política no rádio, na televisão, na Internet, nos jornais, nas revistas, bem como um especial, tratando das campanhas políticas desenvolvidas pelos alunos dos cursos de publicidade das várias instituições de ensino superior presentes.

O IV Politicom realizou-se em agosto de 2005, nas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro-SP, sob a coordenação local do prof. Ms. João Carlos Picolin e colocou o evento na modernidade, construindo o seu primeiro site de divulgação, feito especialmente pelos acadêmicos da agência escola de publicidade da instituição. O presidente da ABCOP, Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, fez então a conferência de abertura, mostrando um pouco da facetado mercado aos presentes.

A comemoração dos dez anos de existência da Cátedra, realizada entre 9 a 11 de outubro de 2006, fez com que inúmeros eventos simultâneos fossem realizados, para comemorar a efeméride. Junto com o V Politicom, realizaram-se as etapas do Folkom, ComSaúde, Regiocom, Unescom, Celcacom, promovidos igualmente pela Cátedra. E o evento ganhou nova denominação, passando a chamar-se Conferência Brasileira de Marketing Político. Além disso, ganhou um tema central

POLITICOMago/dez.2008

EVENTO

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EVENTO

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Politicom, a regionalidade na propaganda política

para as suas discussões. “Comunicação política na Internet” ficou sendo um marco importante no debate que reuniu, pela primeira vez, pesquisadores de Universidade Públicas e Privadas, como da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG, Universidade Federal de Tocantins/TO, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de São Carlos, entre outras.

Quando atingiu sua sexta edição, o Politicom voltou ao interior de são Paulo, desta vez a convite da Faculdade Anhanguera, de Santa Bárbara D´Oeste, sob a coordenação local do prof. Ms. Paulo César D´Elboux, tendo como convidado para discutir o tema “Eleições municipais”, novamente o presidente da ABCOP, Carlos Manhanelli e da profa. Dra. Letícia Costa, da Unitau. No painel de encerramento, estavam presentes os deputados Célia Leão (PSDB), Chico Sardeli (PV) e Roberto Felício (PT), que na condição de parlamentares e clientes, opinaram sobre a importância da profissionalização do campo. Posteriormente, o deputado Chico Sardelli (PV), redigiu uma moção de aplauso ao evento, que foi aprovada pelo plenário da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Chegando a sua sétima edição, agora sob a coordenação do prof. Victor Kraide Corte Real, da Faculdade Prudente de Moraes, em Itu-SP, o Politicom caminha para a sua consolidação institucional, lançando um e-book, uma revista e prepara-se para tornar-se uma Oscip, capaz de, em 2009, avançar ainda mais nos seus objetivos e propósitos iniciais: ampliar o repertório, os conhecimentos e a visibilidade do campo da propaganda política no Brasil.

A VII Conferência Brasileira de Marketing Político (Politicom), discutirá o tema: Marketing Pós-Eleitoral (veja box). O evento ocorrerá em Itu, no interior do Estado de São Paulo. A cidade foi o berço do movimento Republicano no Brasil, no século XIX. A Faculdade Prudente de Moraes (FPM), nos dias 16 e 17 de outubro deste ano, sediará os debates sobre marketing político.

O evento é uma Promoção da Universidade Metodista de São Paulo e da Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, tendo em seu Comitê Organizador como Presidente José Marques de Melo (UNESCO/ UMESP) e os professores Adolpho Queiroz (UMESP), Victor Kraide Corte Real (Faculdades Prudente de Moraes de Itu), João Carlos Picolin (Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro) e Paulo César D´Elboux (Faculdades Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste). O evento tem em seu Comitê Acadêmico as professoras Graça Caldas (UMESP), Neusa Gomes (PUC-RS), Heloísa Matos (Faculdade Cásper Líbero) e Rousiley Maia (UFMG).

Politicom 2008 eas expectativas

sobre omarketing

pós-eleitoral

Programação

> Dia 1619h30 - Conferência inaugural:“Marketing Pós-Eleitoral” Palestrantes:Dr. Adolpho Queiroz (UNESCO/UMESP) Ms. Marcelo Melo (UMESP)

> Dia 179h00 - Painel I:“Marketing político e marketing para político”Palestrante: Dr. Daniel Galindo (UMESP)

10h00 - Painel II:“A evolução do conceito do marketing político na Itália”Palestrante: Ms. Bruna Vieira Guimarães (UNIP/SP)

15h00 - Grupos de TrabalhoComunicações Científicas e Projetos Laboratoriais de Graduação

19h30 - Conferência de encerramento:“Marketing político, imprensa e pesquisas de opinião” Palestrantes:Rodrigo Manzano (Editor da revista Imprensa) Dra. Célia Reetz (UNESP/Bauru)

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Desde que foi estabelecida a Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo, em 1998, a grande meta dos seus executores foi a de dar visibilidade para temas contemporâneos, construindo reper-tórios adequados para interpretá-los.

A partir de 29 de agosto de 2002, no anfiteatro do Edifício Capa, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), começou a ser escrita uma nova história. Primeiramente com o nome de Seminários Brasileiros de Marketing Político e depois, renomeados em 2006 com as comemorações dos dez anos da Cátedra UNESCO em São Bernardo, como Conferência Brasileira de Marketing Político.

Com modéstia, naquele ano, o então reitor da Universidade, prof. Dr. Davi Ferreira Barros, ao lado do diretor da Cátedra UNESCO, prof. Dr. José Marques de Melo, abriram solenemente o encontro que percorreu três períodos do dia, entre palestras, apresentações de trabalho, culminando com uma conferência pronunciada pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva sobre a temática do marketing político e eleitoral. Entre alunos do mestrado e doutorado da Metodista, fixou-se o objetivo de dar prosseguimento ao evento no ano seguinte.

Em 2003, ainda no mesmo auditório, tendo como convidado especial o prof. Gaudêncio Torquato, o II Politicom já recebeu uma estrutura organizacional mais adequada e uma programação rica apreciada igualmente por alunos de pós e de graduação da Metodista.

O III Politicom realizou-se em agosto de 2004 sob o patrocínio do Instituto Superior de Ciências Aplicadas, de Limeira-SP, tendo como coordenadora local a profa. Dra. Adriana Pessate Azolino e como conferencista a profa. Dra. Graça Caldas, do programa de pós-graduação em comunicação da Metodista. Naquela ocasião, a primeira vez que o evento saia de São Bernardo, optou-se

também por agregar às palestras, a apresentação de trabalhos em GTs (Grupos de trabalho), que receberam contribuições da propaganda política no rádio, na televisão, na Internet, nos jornais, nas revistas, bem como um especial, tratando das campanhas políticas desenvolvidas pelos alunos dos cursos de publicidade das várias instituições de ensino superior presentes.

O IV Politicom realizou-se em agosto de 2005, nas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro-SP, sob a coordenação local do prof. Ms. João Carlos Picolin e colocou o evento na modernidade, construindo o seu primeiro site de divulgação, feito especialmente pelos acadêmicos da agência escola de publicidade da instituição. O presidente da ABCOP, Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, fez então a conferência de abertura, mostrando um pouco da facetado mercado aos presentes.

A comemoração dos dez anos de existência da Cátedra, realizada entre 9 a 11 de outubro de 2006, fez com que inúmeros eventos simultâneos fossem realizados, para comemorar a efeméride. Junto com o V Politicom, realizaram-se as etapas do Folkom, ComSaúde, Regiocom, Unescom, Celcacom, promovidos igualmente pela Cátedra. E o evento ganhou nova denominação, passando a chamar-se Conferência Brasileira de Marketing Político. Além disso, ganhou um tema central

POLITICOMago/dez.2008

EVENTO

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EVENTO

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Politicom, a regionalidade na propaganda política

para as suas discussões. “Comunicação política na Internet” ficou sendo um marco importante no debate que reuniu, pela primeira vez, pesquisadores de Universidade Públicas e Privadas, como da Universidade Federal de Juiz de Fora/MG, Universidade Federal de Tocantins/TO, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de São Carlos, entre outras.

Quando atingiu sua sexta edição, o Politicom voltou ao interior de são Paulo, desta vez a convite da Faculdade Anhanguera, de Santa Bárbara D´Oeste, sob a coordenação local do prof. Ms. Paulo César D´Elboux, tendo como convidado para discutir o tema “Eleições municipais”, novamente o presidente da ABCOP, Carlos Manhanelli e da profa. Dra. Letícia Costa, da Unitau. No painel de encerramento, estavam presentes os deputados Célia Leão (PSDB), Chico Sardeli (PV) e Roberto Felício (PT), que na condição de parlamentares e clientes, opinaram sobre a importância da profissionalização do campo. Posteriormente, o deputado Chico Sardelli (PV), redigiu uma moção de aplauso ao evento, que foi aprovada pelo plenário da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Chegando a sua sétima edição, agora sob a coordenação do prof. Victor Kraide Corte Real, da Faculdade Prudente de Moraes, em Itu-SP, o Politicom caminha para a sua consolidação institucional, lançando um e-book, uma revista e prepara-se para tornar-se uma Oscip, capaz de, em 2009, avançar ainda mais nos seus objetivos e propósitos iniciais: ampliar o repertório, os conhecimentos e a visibilidade do campo da propaganda política no Brasil.

A VII Conferência Brasileira de Marketing Político (Politicom), discutirá o tema: Marketing Pós-Eleitoral (veja box). O evento ocorrerá em Itu, no interior do Estado de São Paulo. A cidade foi o berço do movimento Republicano no Brasil, no século XIX. A Faculdade Prudente de Moraes (FPM), nos dias 16 e 17 de outubro deste ano, sediará os debates sobre marketing político.

O evento é uma Promoção da Universidade Metodista de São Paulo e da Cátedra UNESCO de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, tendo em seu Comitê Organizador como Presidente José Marques de Melo (UNESCO/ UMESP) e os professores Adolpho Queiroz (UMESP), Victor Kraide Corte Real (Faculdades Prudente de Moraes de Itu), João Carlos Picolin (Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro) e Paulo César D´Elboux (Faculdades Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste). O evento tem em seu Comitê Acadêmico as professoras Graça Caldas (UMESP), Neusa Gomes (PUC-RS), Heloísa Matos (Faculdade Cásper Líbero) e Rousiley Maia (UFMG).

Politicom 2008 eas expectativas

sobre omarketing

pós-eleitoral

Programação

> Dia 1619h30 - Conferência inaugural:“Marketing Pós-Eleitoral” Palestrantes:Dr. Adolpho Queiroz (UNESCO/UMESP) Ms. Marcelo Melo (UMESP)

> Dia 179h00 - Painel I:“Marketing político e marketing para político”Palestrante: Dr. Daniel Galindo (UMESP)

10h00 - Painel II:“A evolução do conceito do marketing político na Itália”Palestrante: Ms. Bruna Vieira Guimarães (UNIP/SP)

15h00 - Grupos de TrabalhoComunicações Científicas e Projetos Laboratoriais de Graduação

19h30 - Conferência de encerramento:“Marketing político, imprensa e pesquisas de opinião” Palestrantes:Rodrigo Manzano (Editor da revista Imprensa) Dra. Célia Reetz (UNESP/Bauru)

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A perspectiva que vou abordar é e s p e c í f i c a d o p o v o e v a n g é l i c o presbiteriano. Sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) desde criança e é sobre essa Igreja que eu gostaria de abordar as questões relacionadas com as eleições.

Fui vereador em minha cidade – Santa Bárbara D'Oeste-SP por três legislaturas, presidi a Câmara Municipal, fui Secretário Municipal de três prefeitos diferentes. Vivi intensamente os bastidores da política. Fui candidato a Deputado Estadual. Subi em muitos palanques, fiz discursos inflamados, pedi muitos votos, dentro e fora da Igreja. Confesso que nunca me entusiasmei com o apoio dentro da Igreja. É verdade!

A minha Igreja é muito cuidadosa nessa questão. Existe uma recomendação do Supremo Concílio da Igreja quanto ao não engajamento político direto do ministro em pleno exercício do seu ofício, evi tando ass im, as polar izações partidárias dentro da Igreja. Cabe, todavia, ao pastor presbiteriano, bem como aos líderes locais, a instrução e orientação, com profundidade bíblico-teológica, ao seu povo, quanto ao voto consciente, ético e responsável. Claro que depende do ministro a metodologia que vai usar para transmitir essa instrução e orientação! Alguns poucos são mais contundentes e chegam até a manifestar, mesmo que veladamente, sua preferência política ao seu público. Nunca fazem isso do púlpito ou mesmo em suas pregações fora dele.

Fui ouvir o Rev. Roberto Brasileiro Silva, Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Ele disse que a Igreja entende que “... não há autoridade que não proceda de Deus”, segundo registro bíblico na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos, em seu capítulo 13, no verso primeiro. Disse mais, a maior autoridade da IPB: “o voto é um ato de culto, por meio do qual exercitamos a escolha daqueles que Deus mesmo tenha levantado. Por essa razão, a

Igreja deve orar pelas autoridades constituídas e a serem constituídas. A nossa pregação visa formar na Igreja um povo que exerça seu direito de votar consciente e sem amarras. Cabe ao crente responsável e conscientizado não ser precipitado e nem deixar que as aparências o confundam e muito menos embasar a sua escolha em 'possíveis benefícios'. O crente é sempre desafiado a distinguir o 'joio do trigo', em todas as circunstâncias, inclusive nas escolhas dos candidatos a cargos políticos públicos”.

O sistema de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil é semelhante ao do nosso país. Para presidir o Supremo Concílio é preciso ser eleito pela maioria dos votos dos representantes locais das igrejas do Brasil todo. Essa representação é feita através de pastores e de presbíteros (leigos, eleitos democraticamente pela comunidade local) que administram a vida da Igreja em cada lugar. Quando abordamos a questão da interface com a comunicação o Rev. Roberto emendou: “Entendemos que comunicar é 'tornar comum', 'fazer saber', 'participar', 'propagar' e, essa passagem do individual para o coletivo é determinada pela comunicação. Assim sendo, aceitamos que a comunicação promove a socialização e concorre para a formação da identidade. Nesse contexto, encontra-se a relevância da mídia, inclusive na área política”.

A Igreja Presbiteriana do Brasil reconhece o papel importante que a mídia política representa para o povo brasileiro. Nosso entrevistado declarou: “somos defensores que a mídia deve orientar e informar o eleitor com toda responsabilidade e fidelidade dos fatos”. Citando o sociólogo Octavio Ianni, disse: “os políticos são cada vez

POLITICOMago/dez.2008

IDEOLOGIA

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IDEOLOGIA

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mais orientados, influenciados e maquiados, e sua imagem, suas palavras e suas propostas são transformadas segundo a dinâmica estabelecida pelo escritório de publicidade, pela equipe que trabalha o candidato como se fosse um produto de mercado, uma marca”.

Continuando sobre a mídia, o Rev. Roberto afirmou que “para nossa tristeza, também sabemos que a 'mídia nunca é inocente', ela sempre se articula à luz de interesses e conveniências, por isso, a prudência e a análise crítica, sempre devem ser cultivadas pelos cristãos. Nossa conversa com o Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil concluiu com ele dizendo que, particularmente entende que a influência da mídia política sobre os presbiterianos é relevante, contudo, por sua formação e identidade histórica, o povo presbiteriano sabe extrair o que é bom e necessário para embasá-lo na hora da decisão. Concluindo disse “no geral, entendo que o voto dos presbiterianos, tem bom nível de excelência, e, certamente, a comunicação oferecida pela mídia política, contribui para a formação desse juízo, obviamente, precedida pela consciência bíblica muito cultivada em nossos arraiais”.

Finalizando, afirmo que o povo presbiteriano cumpre seu papel de eleitor com muita discrição dentro da Igreja. Pelo fato de que aos pastores é recomendado o não envolvimento direto com a política, também os fiéis, dentro da igreja, não falam de política, não fazem campanha e nem mesmo incentivam seus irmãos na fé, quando estes se arriscam a disputar algum cargo público.

_______________Gilson Alberto Novaes é Diretor de Administração e Gestão de Pessoas do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Vereador de 1973 a 1988, presidiu a Câmara Municipal no biênio 1977/78, e foi Secretário Municipal de Governo, de Planejamento e de Administração em três administrações passadas em Santa Bárbara D'Oeste-SP.

A perspectiva dovoto evangélico

Gilson Alberto Novaes

Rev. ROBERTO: “para

nossa tristeza, também

sabemos que a mídia

nunca é inocente”

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A perspectiva que vou abordar é e s p e c í f i c a d o p o v o e v a n g é l i c o presbiteriano. Sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) desde criança e é sobre essa Igreja que eu gostaria de abordar as questões relacionadas com as eleições.

Fui vereador em minha cidade – Santa Bárbara D'Oeste-SP por três legislaturas, presidi a Câmara Municipal, fui Secretário Municipal de três prefeitos diferentes. Vivi intensamente os bastidores da política. Fui candidato a Deputado Estadual. Subi em muitos palanques, fiz discursos inflamados, pedi muitos votos, dentro e fora da Igreja. Confesso que nunca me entusiasmei com o apoio dentro da Igreja. É verdade!

A minha Igreja é muito cuidadosa nessa questão. Existe uma recomendação do Supremo Concílio da Igreja quanto ao não engajamento político direto do ministro em pleno exercício do seu ofício, evi tando ass im, as polar izações partidárias dentro da Igreja. Cabe, todavia, ao pastor presbiteriano, bem como aos líderes locais, a instrução e orientação, com profundidade bíblico-teológica, ao seu povo, quanto ao voto consciente, ético e responsável. Claro que depende do ministro a metodologia que vai usar para transmitir essa instrução e orientação! Alguns poucos são mais contundentes e chegam até a manifestar, mesmo que veladamente, sua preferência política ao seu público. Nunca fazem isso do púlpito ou mesmo em suas pregações fora dele.

Fui ouvir o Rev. Roberto Brasileiro Silva, Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Ele disse que a Igreja entende que “... não há autoridade que não proceda de Deus”, segundo registro bíblico na carta que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos, em seu capítulo 13, no verso primeiro. Disse mais, a maior autoridade da IPB: “o voto é um ato de culto, por meio do qual exercitamos a escolha daqueles que Deus mesmo tenha levantado. Por essa razão, a

Igreja deve orar pelas autoridades constituídas e a serem constituídas. A nossa pregação visa formar na Igreja um povo que exerça seu direito de votar consciente e sem amarras. Cabe ao crente responsável e conscientizado não ser precipitado e nem deixar que as aparências o confundam e muito menos embasar a sua escolha em 'possíveis benefícios'. O crente é sempre desafiado a distinguir o 'joio do trigo', em todas as circunstâncias, inclusive nas escolhas dos candidatos a cargos políticos públicos”.

O sistema de governo da Igreja Presbiteriana do Brasil é semelhante ao do nosso país. Para presidir o Supremo Concílio é preciso ser eleito pela maioria dos votos dos representantes locais das igrejas do Brasil todo. Essa representação é feita através de pastores e de presbíteros (leigos, eleitos democraticamente pela comunidade local) que administram a vida da Igreja em cada lugar. Quando abordamos a questão da interface com a comunicação o Rev. Roberto emendou: “Entendemos que comunicar é 'tornar comum', 'fazer saber', 'participar', 'propagar' e, essa passagem do individual para o coletivo é determinada pela comunicação. Assim sendo, aceitamos que a comunicação promove a socialização e concorre para a formação da identidade. Nesse contexto, encontra-se a relevância da mídia, inclusive na área política”.

A Igreja Presbiteriana do Brasil reconhece o papel importante que a mídia política representa para o povo brasileiro. Nosso entrevistado declarou: “somos defensores que a mídia deve orientar e informar o eleitor com toda responsabilidade e fidelidade dos fatos”. Citando o sociólogo Octavio Ianni, disse: “os políticos são cada vez

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mais orientados, influenciados e maquiados, e sua imagem, suas palavras e suas propostas são transformadas segundo a dinâmica estabelecida pelo escritório de publicidade, pela equipe que trabalha o candidato como se fosse um produto de mercado, uma marca”.

Continuando sobre a mídia, o Rev. Roberto afirmou que “para nossa tristeza, também sabemos que a 'mídia nunca é inocente', ela sempre se articula à luz de interesses e conveniências, por isso, a prudência e a análise crítica, sempre devem ser cultivadas pelos cristãos. Nossa conversa com o Presidente do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil concluiu com ele dizendo que, particularmente entende que a influência da mídia política sobre os presbiterianos é relevante, contudo, por sua formação e identidade histórica, o povo presbiteriano sabe extrair o que é bom e necessário para embasá-lo na hora da decisão. Concluindo disse “no geral, entendo que o voto dos presbiterianos, tem bom nível de excelência, e, certamente, a comunicação oferecida pela mídia política, contribui para a formação desse juízo, obviamente, precedida pela consciência bíblica muito cultivada em nossos arraiais”.

Finalizando, afirmo que o povo presbiteriano cumpre seu papel de eleitor com muita discrição dentro da Igreja. Pelo fato de que aos pastores é recomendado o não envolvimento direto com a política, também os fiéis, dentro da igreja, não falam de política, não fazem campanha e nem mesmo incentivam seus irmãos na fé, quando estes se arriscam a disputar algum cargo público.

_______________Gilson Alberto Novaes é Diretor de Administração e Gestão de Pessoas do Instituto Presbiteriano Mackenzie. Vereador de 1973 a 1988, presidiu a Câmara Municipal no biênio 1977/78, e foi Secretário Municipal de Governo, de Planejamento e de Administração em três administrações passadas em Santa Bárbara D'Oeste-SP.

A perspectiva dovoto evangélico

Gilson Alberto Novaes

Rev. ROBERTO: “para

nossa tristeza, também

sabemos que a mídia

nunca é inocente”

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Marqueteiros, pesquisadores, coordenadores de campanha e os próprios candidatos sabem muito bem da importância do rádio e da televisão no processo eleitoral. Por isso buscam fazer grandes coligações para poderem aumentar seu tempo de exposição no período de 45 dias de utilização gratuita desses veículos.

Essa estratégia de uso da TV e do rádio ficou ainda mais importante com as restrições da legislação eleitoral para as campanhas, que proíbe os showmícios, a distribuição de camisetas, brindes, outdoors e outros meios de propaganda.

Muitos marqueteiros dizem que a propaganda eleitoral começa apenas com o início do horário eleitoral do rádio e da TV. O período que antecede a utilização dos veículos é considerado como planejamento de campanha, quando todos procuram produzir as melhores imagens, bons clipes e bons discursos do seu candidato. Os resultados dessa estratégia de utilização do rádio e da TV são claros nas principais capitais do Brasil.

Em São Paulo, entre 21 e 22 de agosto, praticamente no início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, os candidatos Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) despontavam nas pesquisas; ela na liderança com 41% e Alckmin em segundo com 24%. Em terceiro vinha Gilberto Kassab (DEM) com 14% das intenções de votos, seguido por Paulo Maluf com 8% e Soninha com 2%. Em quase uma semana de horário eleitoral gratuito com a exposição dos

candidatos no rádio e na TV o quadro eleitoral começou a ser desenhado. Entre 26 a 28 de agosto Marta recuou dois pontos, passando a 39%, Alckmin manteve os 24% e Gilberto Kassab subiu dois pontos, passando a 16%, Paulo Maluf com 7%, Soninha com 3% e o nome de Ciro Moura apareceu nas pesquisas com 1% das intenções.

Os efeitos do horário gratuito mostraram um quadro diferente na primeira quinzena de setembro. Marta, que tem um tempo maior de propaganda eleitoral continuou na liderança com 40% entre os dias 4 e 5, enquanto Alckmin recuou para 22% e Gilberto Kassab subiu mais 2 pontos. Já a pesquisa de 11 e 12 de setembro revelou uma nova situação e causou a mudança no comando da produção da propaganda de Alckmin. Marta seguiu liderando com 37% das intenções de votos, Kassab saltou para 20% e Alckmin, que tem um tempo menor na propaganda, recuou ainda mais, ficando com 20%.

No Rio de Janeiro, o candidato Eduardo Paes (PMDB), que tem o maior tempo de propaganda eleitoral, era o segundo colocado na pesquisa no início do horário gratuito, com 17% das intenções, enquanto Marcelo Crivella liderava com 20%. No início de setembro Paes já liderava com 25% enquanto Crivella recuava para 17%.

Surpreendente, nesse processo eleitoral, é o efeito do tempo de televisão do candidato Márcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte. Ele saiu de um patamar de 5% nas pesquisas, atingindo 21% das intenções de voto na primeira semana de propaganda eleitoral na TV e no rádio no início do horário gratuito e mais que dobrou esse número chegando a 42% na primeira semana de setembro, enquanto seu adversário, Jô Moraes, oscilou entre os 17% e 13% no mesmo período.

Também com o maior tempo de televisão, em Salvador, ACM Neto iniciou liderando no horário gratuito com 26% em agosto e 28% na primeira quinzena de setembro e vem se distanciando do segundo colocado, que saiu com 24% em agosto e está com 21% em setembro.

Todos esses dados confirmam a importância do investimento cada vez maior na produção da propaganda de rádio e TV, de forma a aproveitar cada segundo, cada gesto, cada palavra, cada sorriso e cada olhar do candidato, que podem ser decisivos no resultado da eleição.

POLITICOMago/dez.2008

COMUNICAÇÃO DE MASSA

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POLITICOMago/dez.2008

CULTURA POPULAR

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A s c a m p a n h a s p o l í t i c a s espalhadas pelo Brasi l são caracterizadas, muitas vezes, por estratégias e manifestações inusitadas, para não dizer surreais e pitorescas, chegando, às vezes, ao p o n t o d e l e v a r e m a l g u n s candidatos a situações ridículas e grotescas.

Não cabe aqui, mesmo porque nem é o objetivo central desse breve texto, discutir ou julgar de maneira maniqueísta e limitada se determi-nadas ações de marketing político são certas ou erradas. O intuito imediato é, simplesmente, oferecer argumentos e hipóteses capazes de instigar a reflexão sobre as potencialidades a serem exploradas

a partir do cruzamento das estratégias de comunicação advindas da cultura de massa e da cultura popular.

As freqüentes reformulações determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e supervisionadas pelos Cartórios Eleitorais a respeito da legislação que rege as práticas das campanhas políticas e eleitorais em todo o país, sejam elas majoritárias ou proporcionais, acontecem apoiadas no discurso da busca constante por uma democracia participativa cada vez mais transparente, justa e igualitária.

No entanto, as resoluções do TSE, com impacto direto sobre as ações de propaganda eleitoral, nem sempre são coerentes. Por esse motivo, no período que antecede as eleições, acontece por um lado uma exploração excessiva das mídias eletrônicas – Rádio e TV (lembrando que o enorme volume dessas inserções é gratuito e ultrapassa as divisas das cidades onde os sinais são gerados, atingindo um público excedente não relacionado ao foco específico da mensagem) e, por outro, uma ampliação na restrição do uso da mídia exterior e impressa, além do controle da internet e da distribuição de brindes.

Não acredito, sinceramente, e essa é apenas minha visão particular, que assim será alcançado um equilíbrio na exposição e nas oportunidades dos candidatos apresentarem suas propostas de governo, tendo eles maiores ou menores recursos financeiros.

Como terceira via, ou alternativa para lidar com as possíveis distorções e incompatibilidades ocasionadas pela própria inconsistência da legislação eleitoral, são encontradas, tanto nas regiões metropolitanas como nos cantos mais remotos do país, diversificadas manifestações de marketing político (se é que literalmente podemos categorizá-las de acordo com a nomenclatura de marketing, o ideal talvez seja considerá-las genericamente como ações de comunicação política) com características peculiares, entrecruzadas por aspectos populares e de massa.

Esse cruzamento, também chamado de miscigenação ou hibridismo, é representado pelos

“bonecos de Olinda” usados como cabos eleitorais, “literatura de cordel” e “fanzine” servindo como santinhos, “carros de som” com marcantes alegorias e decorações carnavalescas, além de jingles, spots e aparições em vídeo inspiradas em danças, músicas e expressões regionais.

De maneira geral, são estratégias que, apesar de inusitadas, normalmente não transgridem a legislação eleitoral e podem fortalecer uma campanha pelo vínculo com a cultura popular, com o folclore e com o repertório cultural do público-alvo.

Existe uma linha de pesquisa, eminentemente brasileira, que estuda justamente esse tipo de manifestação dentro do âmbito da Comunicação Social, denominada Folkcomunicação e formulada originalmente, na década de 1960, pelo pernambucano Luiz Beltrão.

De acordo com a proposição inicial do fundador, acrescida das conseqüentes contribuições de José Marques de Melo, Roberto Benjamim, Joseph Luyten, além de muitos outros pesquisadores e ilustres discípulos de Luiz Beltrão, a Folkcomunicação pode ser vista, de maneira sintética, como a disciplina que analisa as adaptações promovidas pela linguagem popular a partir das informações propagadas pela indústria cultural, bem como o processo inverso de retro-alimentação da cultura de massa pelas expressões populares.

Considerando ainda a abordagem do conceituado folclorista brasileiro, Édison Carneiro, a respeito das manifestações folclóricas poderem atuar como uma expressão de acomodação das tradições, mas também como uma forma de reivindicação e resistência, somos levados a pensar nas estratégias de comunicação política que se utilizam de abordagens populares, muitas vezes pitorescas ou até grotescas, como alternativa, mais econômica e talvez mais eficaz que as próprias mídias de massa, para garantir a identidade de uma campanha, fixar a imagem de um candidato e conquistar votos.

_______________Victor Kraide Corte Real é publicitário e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda, da Faculdade Prudente de Moraes.

Horário nobrePesquisas confirmam a importância do rádio e da TV nas eleições

São Paulo, Rio de

Janeiro e Belo

Horizonte apontam

efeitos do horário

eleitoral gratuito

nas pesquisas

eleitorais

Folkcomunicação políticaVictor Kraide Corte Real

VIC

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Marqueteiros, pesquisadores, coordenadores de campanha e os próprios candidatos sabem muito bem da importância do rádio e da televisão no processo eleitoral. Por isso buscam fazer grandes coligações para poderem aumentar seu tempo de exposição no período de 45 dias de utilização gratuita desses veículos.

Essa estratégia de uso da TV e do rádio ficou ainda mais importante com as restrições da legislação eleitoral para as campanhas, que proíbe os showmícios, a distribuição de camisetas, brindes, outdoors e outros meios de propaganda.

Muitos marqueteiros dizem que a propaganda eleitoral começa apenas com o início do horário eleitoral do rádio e da TV. O período que antecede a utilização dos veículos é considerado como planejamento de campanha, quando todos procuram produzir as melhores imagens, bons clipes e bons discursos do seu candidato. Os resultados dessa estratégia de utilização do rádio e da TV são claros nas principais capitais do Brasil.

Em São Paulo, entre 21 e 22 de agosto, praticamente no início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, os candidatos Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) despontavam nas pesquisas; ela na liderança com 41% e Alckmin em segundo com 24%. Em terceiro vinha Gilberto Kassab (DEM) com 14% das intenções de votos, seguido por Paulo Maluf com 8% e Soninha com 2%. Em quase uma semana de horário eleitoral gratuito com a exposição dos

candidatos no rádio e na TV o quadro eleitoral começou a ser desenhado. Entre 26 a 28 de agosto Marta recuou dois pontos, passando a 39%, Alckmin manteve os 24% e Gilberto Kassab subiu dois pontos, passando a 16%, Paulo Maluf com 7%, Soninha com 3% e o nome de Ciro Moura apareceu nas pesquisas com 1% das intenções.

Os efeitos do horário gratuito mostraram um quadro diferente na primeira quinzena de setembro. Marta, que tem um tempo maior de propaganda eleitoral continuou na liderança com 40% entre os dias 4 e 5, enquanto Alckmin recuou para 22% e Gilberto Kassab subiu mais 2 pontos. Já a pesquisa de 11 e 12 de setembro revelou uma nova situação e causou a mudança no comando da produção da propaganda de Alckmin. Marta seguiu liderando com 37% das intenções de votos, Kassab saltou para 20% e Alckmin, que tem um tempo menor na propaganda, recuou ainda mais, ficando com 20%.

No Rio de Janeiro, o candidato Eduardo Paes (PMDB), que tem o maior tempo de propaganda eleitoral, era o segundo colocado na pesquisa no início do horário gratuito, com 17% das intenções, enquanto Marcelo Crivella liderava com 20%. No início de setembro Paes já liderava com 25% enquanto Crivella recuava para 17%.

Surpreendente, nesse processo eleitoral, é o efeito do tempo de televisão do candidato Márcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte. Ele saiu de um patamar de 5% nas pesquisas, atingindo 21% das intenções de voto na primeira semana de propaganda eleitoral na TV e no rádio no início do horário gratuito e mais que dobrou esse número chegando a 42% na primeira semana de setembro, enquanto seu adversário, Jô Moraes, oscilou entre os 17% e 13% no mesmo período.

Também com o maior tempo de televisão, em Salvador, ACM Neto iniciou liderando no horário gratuito com 26% em agosto e 28% na primeira quinzena de setembro e vem se distanciando do segundo colocado, que saiu com 24% em agosto e está com 21% em setembro.

Todos esses dados confirmam a importância do investimento cada vez maior na produção da propaganda de rádio e TV, de forma a aproveitar cada segundo, cada gesto, cada palavra, cada sorriso e cada olhar do candidato, que podem ser decisivos no resultado da eleição.

POLITICOMago/dez.2008

COMUNICAÇÃO DE MASSA

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CULTURA POPULAR

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A s c a m p a n h a s p o l í t i c a s espalhadas pelo Brasi l são caracterizadas, muitas vezes, por estratégias e manifestações inusitadas, para não dizer surreais e pitorescas, chegando, às vezes, ao p o n t o d e l e v a r e m a l g u n s candidatos a situações ridículas e grotescas.

Não cabe aqui, mesmo porque nem é o objetivo central desse breve texto, discutir ou julgar de maneira maniqueísta e limitada se determi-nadas ações de marketing político são certas ou erradas. O intuito imediato é, simplesmente, oferecer argumentos e hipóteses capazes de instigar a reflexão sobre as potencialidades a serem exploradas

a partir do cruzamento das estratégias de comunicação advindas da cultura de massa e da cultura popular.

As freqüentes reformulações determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e supervisionadas pelos Cartórios Eleitorais a respeito da legislação que rege as práticas das campanhas políticas e eleitorais em todo o país, sejam elas majoritárias ou proporcionais, acontecem apoiadas no discurso da busca constante por uma democracia participativa cada vez mais transparente, justa e igualitária.

No entanto, as resoluções do TSE, com impacto direto sobre as ações de propaganda eleitoral, nem sempre são coerentes. Por esse motivo, no período que antecede as eleições, acontece por um lado uma exploração excessiva das mídias eletrônicas – Rádio e TV (lembrando que o enorme volume dessas inserções é gratuito e ultrapassa as divisas das cidades onde os sinais são gerados, atingindo um público excedente não relacionado ao foco específico da mensagem) e, por outro, uma ampliação na restrição do uso da mídia exterior e impressa, além do controle da internet e da distribuição de brindes.

Não acredito, sinceramente, e essa é apenas minha visão particular, que assim será alcançado um equilíbrio na exposição e nas oportunidades dos candidatos apresentarem suas propostas de governo, tendo eles maiores ou menores recursos financeiros.

Como terceira via, ou alternativa para lidar com as possíveis distorções e incompatibilidades ocasionadas pela própria inconsistência da legislação eleitoral, são encontradas, tanto nas regiões metropolitanas como nos cantos mais remotos do país, diversificadas manifestações de marketing político (se é que literalmente podemos categorizá-las de acordo com a nomenclatura de marketing, o ideal talvez seja considerá-las genericamente como ações de comunicação política) com características peculiares, entrecruzadas por aspectos populares e de massa.

Esse cruzamento, também chamado de miscigenação ou hibridismo, é representado pelos

“bonecos de Olinda” usados como cabos eleitorais, “literatura de cordel” e “fanzine” servindo como santinhos, “carros de som” com marcantes alegorias e decorações carnavalescas, além de jingles, spots e aparições em vídeo inspiradas em danças, músicas e expressões regionais.

De maneira geral, são estratégias que, apesar de inusitadas, normalmente não transgridem a legislação eleitoral e podem fortalecer uma campanha pelo vínculo com a cultura popular, com o folclore e com o repertório cultural do público-alvo.

Existe uma linha de pesquisa, eminentemente brasileira, que estuda justamente esse tipo de manifestação dentro do âmbito da Comunicação Social, denominada Folkcomunicação e formulada originalmente, na década de 1960, pelo pernambucano Luiz Beltrão.

De acordo com a proposição inicial do fundador, acrescida das conseqüentes contribuições de José Marques de Melo, Roberto Benjamim, Joseph Luyten, além de muitos outros pesquisadores e ilustres discípulos de Luiz Beltrão, a Folkcomunicação pode ser vista, de maneira sintética, como a disciplina que analisa as adaptações promovidas pela linguagem popular a partir das informações propagadas pela indústria cultural, bem como o processo inverso de retro-alimentação da cultura de massa pelas expressões populares.

Considerando ainda a abordagem do conceituado folclorista brasileiro, Édison Carneiro, a respeito das manifestações folclóricas poderem atuar como uma expressão de acomodação das tradições, mas também como uma forma de reivindicação e resistência, somos levados a pensar nas estratégias de comunicação política que se utilizam de abordagens populares, muitas vezes pitorescas ou até grotescas, como alternativa, mais econômica e talvez mais eficaz que as próprias mídias de massa, para garantir a identidade de uma campanha, fixar a imagem de um candidato e conquistar votos.

_______________Victor Kraide Corte Real é publicitário e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda, da Faculdade Prudente de Moraes.

Horário nobrePesquisas confirmam a importância do rádio e da TV nas eleições

São Paulo, Rio de

Janeiro e Belo

Horizonte apontam

efeitos do horário

eleitoral gratuito

nas pesquisas

eleitorais

Folkcomunicação políticaVictor Kraide Corte Real

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A temática do marketing político percorre, hoje, no Brasil, duas vertentes importantes entre a pesquisa acadêmica e o mercado profissional. Com a retomada da democracia no Brasil, nos anos 80, os cursos de comunicação nas áreas de graduação e pós-graduação ganharam impulso e interesse para estudar, discutir, pesquisar e influir nas temáticas recorrentes ao campo do marketing político.

Paralelamente, o surgimento de associações profissionais de diversos ramos, que atuam no campo político profissionalmente fez com que debates, seminários e livros fossem transformados em momentos de excelência entre nós, fazendo o Brasil despertar de uma letargia que o impediu, durante os seus vários períodos de ditadura, de enfrentar as discussões sobre o engrandecimento do campo do marketing político.

Perene em países democra-ticamente consolidados, como Estados Unidos e Inglaterra, de onde partem contribuições expressivas para este campo de estudos, o Brasil caminha, aceleradamente, para assumir papel importante na troca de experiências para a consolidação do marketing político.

Temos contribuições que nos orgulham e outras que nem tanto! O tal mensalão e seu personagem-laranja, o tal Marcos Valério, influiu decisivamente nas eleições municipais de 2008, para a diminuição da presença da comunicação no processo.

Temos também na nossa contabilidade histórica, o ex-presidente Campos Salles que, no começo do século XX, foi o primeiro a rasgar os compromissos éticos e transformar governo e a imprensa em condomínio privado, mantendo relações reprováveis. Estas foram imitadas mais adiante por Benito Mussolini, na Itália, que deu ao caixa dois da época, o nome sugestivo de “Fondo del repti”.

Do ponto de vista estratégico, valemo-nos também da experiência do então presidente Prudente de Moraes, que percorria o Estado de São Paulo em comícios, andando de trens, com paradas estratégicas pelas cidades. Em cada parada um comício e um contato com o eleitorado. Franklin Roosevelt nos Estados Unidos e mais recentemente Barack Obama, desfilaram em campanhas pelos Estados Unidos usando trens ou ônibus, como fazia o velho Prudente no final do século XIX.

Profissionalmente, hoje o Brasil exporta quadros técnicos e consultores para prestarem apoio profissional em campanhas na América Latina, Europa e, mais recentemente na África.

Assim, começam a surgir no país instituições de pesquisa e difusão científica para o campo da comunicação política. Em seu segundo congresso nacional, em dezembro de 2007, em Belo Horizonte, a Compolítica (Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação e Política), reuniu cerca de 150 papers sobre comunicação e política.

E a ABCOP (Associação Brasileira de consultores Políticos), ao realizar o seu 8º Congresso Interamericano, no mês de maio em São Paulo, conseguiu o grande feito de lançar, pelo menos, 60 títulos novos sobre comunicação e marketing político, dando ampla difusão à produção acadêmica e profissional contemporânea sobre o campo.

Apesar da aguda descrença da sociedade com relação aos políticos; dos desprezos dos candidatos e partidos para o fato de que a comunicação é igualmente ferramenta estratégica importante num pleito eleitoral; da falta de compreensão dos candidatos sobre um melhor preparo e atuação de planejamento, prevalecem os “achismos” e a informalidade contra a necessidade de um planejamento estratégico para o campo.

Com a chegada da internet, novos olhares são e serão possíveis, para difundir a propaganda política de forma criativa. E barata! E que para cada novo mensalão que surgir consigamos, todos, ter discernimento sobre a seriedade, os compromissos e a postura ética dos novos e jovens pesquisadores do campo do marketing político. Vida longa a eles!

_______________Adolpho Queiroz é doutor em Comunicação, professor da pós-graduação em Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Anhanguera/Piracicaba.

POLITICOMago/dez.2008

INVENTÁRIO

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BIBLIOTECA

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Sua BibliotecaA Revista Brasileira de Marketing Político trará

em suas edições indicações de livros que abordem questões relacionadas ao Marketing e à Propaganda Política. Mais do que uma “estante”, esta secção configura-se como um espaço para ressaltar os conceitos, as técnicas, as estratégias e as atividades de profissionais e pesquisadores da área, que contribuem para o fortalecimento do campo com suas experiências e pesquisas. Nesta edição, destacamos quatro livros que abordam temáticas voltadas às campanhas eleitorais, a participação dos meios de comunicação de massa nos processos eleitorais, a informação midiática e a informação institucional. Aproveite. Leia.

Um aperitivo

SANTA RITA, Chico. Novas batalhas eleitorais: o que o público não vê nas campanhas políticas, São Paulo: Ediouro, 2008.

O livro “Novas batalhas eleitorais: o que o público não vê nas campanhas políticas”, do jornalista, publicitário e consultor em marketing político, Chico Santa Rita, resgata seis momentos recentes do marketing político brasileiro e o referendo de 2005, sobre a questão do desarmamento.

São mais de 30 anos no campo do marketing político. Profissional com mais de 120 campanhas realizadas, com muitas vitórias e algumas derrotas. Em sua nova obra compartilha com os eleitores os acertos e erros das batalhas eleitorais.

“Nesses trinta anos de história, ajudei a eleger políticos que, no exercício do poder, se transformaram em bons governantes. Também ajudei a eleger outros tantos que acabaram decepcionando – a mim e aos seus eleitores”, pondera Santa Rita.

O autor diz que é preciso separar os profissionais éticos e os não éticos. Além disso, o problema não é com o marketing político, mas com alguns marqueteiros. “Mas não se condene aleatoriamente o sistema, nem os outros profissionais que dele fazem parte”, afirma.

Não tem dúvida de que os políticos precisam da ajuda dos profissionais. Ele prega que é preciso dosar forma com conteúdo, pois o eleitor está mais crítico e exigente. Programas embonecados não resolvem e sem informação não adianta. “Nem tanto à forma nem tanto ao conteúdo”, enfatiza.

O escritor fala do despreparo da maioria dos políticos: “o político brasileiro é um ser em geral despreparado”, fala. Reclama do sistema político brasileiro, “que precisa de uma reforma urgente. A infidelidade partidária é a tônica”, argumenta.

Sobre as Leis confusas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é enfático: “todos pensam que temos uma Lei eleitoral. Mas o que temos, na verdade, é uma colcha de retalhos compostas de dezenas de resoluções, normas e até leis que se ajuntaram aleatoriamente nos últimos 20 anos”, diz.

Para Chico Santa Rita, falta visão estratégica para os marqueteiros, que são bons profissionais, sabem fazer televisão e rádio com competência, mas não são estrategistas.

“Sabem mexer as peças do tabuleiro do xadrez político. Mas não sabem trabalhar o lance, prevendo o cheque-mate que virá muitas jogadas na frente”, fala Santa Rita.

Além disso, defende que a eleição de Presidente deveria ser separada, para haver mais debate, mais informação e mais aprofundamento nas temáticas. “A eleição maior deveria ser isolada – como acontece no mundo civilizado – para dar mais oportunidade de a nação discutir profundamente seus grandes temas. Aqui, esse momento de reflexão nacional acaba virando bagunça”, argumenta.

Na visão do autor o marketing político evoluiu muito nos últimos 30 anos. As campanhas políticas são completamente diferentes daquelas feitas pré-redemocratização. “A razão disso é muito simples: o eleitor brasileiro tem evoluído. O eleitor já não decide o voto da forma como fazia antigamente; está mais cauteloso, pensa mais, tem certo medo de errar”, afirma.

Entre a pesquisa e o mercadoAdolpho Queiroz

DIVULGAÇÃO

Prof. Dr. Adolpho Queiroz

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A temática do marketing político percorre, hoje, no Brasil, duas vertentes importantes entre a pesquisa acadêmica e o mercado profissional. Com a retomada da democracia no Brasil, nos anos 80, os cursos de comunicação nas áreas de graduação e pós-graduação ganharam impulso e interesse para estudar, discutir, pesquisar e influir nas temáticas recorrentes ao campo do marketing político.

Paralelamente, o surgimento de associações profissionais de diversos ramos, que atuam no campo político profissionalmente fez com que debates, seminários e livros fossem transformados em momentos de excelência entre nós, fazendo o Brasil despertar de uma letargia que o impediu, durante os seus vários períodos de ditadura, de enfrentar as discussões sobre o engrandecimento do campo do marketing político.

Perene em países democra-ticamente consolidados, como Estados Unidos e Inglaterra, de onde partem contribuições expressivas para este campo de estudos, o Brasil caminha, aceleradamente, para assumir papel importante na troca de experiências para a consolidação do marketing político.

Temos contribuições que nos orgulham e outras que nem tanto! O tal mensalão e seu personagem-laranja, o tal Marcos Valério, influiu decisivamente nas eleições municipais de 2008, para a diminuição da presença da comunicação no processo.

Temos também na nossa contabilidade histórica, o ex-presidente Campos Salles que, no começo do século XX, foi o primeiro a rasgar os compromissos éticos e transformar governo e a imprensa em condomínio privado, mantendo relações reprováveis. Estas foram imitadas mais adiante por Benito Mussolini, na Itália, que deu ao caixa dois da época, o nome sugestivo de “Fondo del repti”.

Do ponto de vista estratégico, valemo-nos também da experiência do então presidente Prudente de Moraes, que percorria o Estado de São Paulo em comícios, andando de trens, com paradas estratégicas pelas cidades. Em cada parada um comício e um contato com o eleitorado. Franklin Roosevelt nos Estados Unidos e mais recentemente Barack Obama, desfilaram em campanhas pelos Estados Unidos usando trens ou ônibus, como fazia o velho Prudente no final do século XIX.

Profissionalmente, hoje o Brasil exporta quadros técnicos e consultores para prestarem apoio profissional em campanhas na América Latina, Europa e, mais recentemente na África.

Assim, começam a surgir no país instituições de pesquisa e difusão científica para o campo da comunicação política. Em seu segundo congresso nacional, em dezembro de 2007, em Belo Horizonte, a Compolítica (Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação e Política), reuniu cerca de 150 papers sobre comunicação e política.

E a ABCOP (Associação Brasileira de consultores Políticos), ao realizar o seu 8º Congresso Interamericano, no mês de maio em São Paulo, conseguiu o grande feito de lançar, pelo menos, 60 títulos novos sobre comunicação e marketing político, dando ampla difusão à produção acadêmica e profissional contemporânea sobre o campo.

Apesar da aguda descrença da sociedade com relação aos políticos; dos desprezos dos candidatos e partidos para o fato de que a comunicação é igualmente ferramenta estratégica importante num pleito eleitoral; da falta de compreensão dos candidatos sobre um melhor preparo e atuação de planejamento, prevalecem os “achismos” e a informalidade contra a necessidade de um planejamento estratégico para o campo.

Com a chegada da internet, novos olhares são e serão possíveis, para difundir a propaganda política de forma criativa. E barata! E que para cada novo mensalão que surgir consigamos, todos, ter discernimento sobre a seriedade, os compromissos e a postura ética dos novos e jovens pesquisadores do campo do marketing político. Vida longa a eles!

_______________Adolpho Queiroz é doutor em Comunicação, professor da pós-graduação em Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Anhanguera/Piracicaba.

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BIBLIOTECA

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Sua BibliotecaA Revista Brasileira de Marketing Político trará

em suas edições indicações de livros que abordem questões relacionadas ao Marketing e à Propaganda Política. Mais do que uma “estante”, esta secção configura-se como um espaço para ressaltar os conceitos, as técnicas, as estratégias e as atividades de profissionais e pesquisadores da área, que contribuem para o fortalecimento do campo com suas experiências e pesquisas. Nesta edição, destacamos quatro livros que abordam temáticas voltadas às campanhas eleitorais, a participação dos meios de comunicação de massa nos processos eleitorais, a informação midiática e a informação institucional. Aproveite. Leia.

Um aperitivo

SANTA RITA, Chico. Novas batalhas eleitorais: o que o público não vê nas campanhas políticas, São Paulo: Ediouro, 2008.

O livro “Novas batalhas eleitorais: o que o público não vê nas campanhas políticas”, do jornalista, publicitário e consultor em marketing político, Chico Santa Rita, resgata seis momentos recentes do marketing político brasileiro e o referendo de 2005, sobre a questão do desarmamento.

São mais de 30 anos no campo do marketing político. Profissional com mais de 120 campanhas realizadas, com muitas vitórias e algumas derrotas. Em sua nova obra compartilha com os eleitores os acertos e erros das batalhas eleitorais.

“Nesses trinta anos de história, ajudei a eleger políticos que, no exercício do poder, se transformaram em bons governantes. Também ajudei a eleger outros tantos que acabaram decepcionando – a mim e aos seus eleitores”, pondera Santa Rita.

O autor diz que é preciso separar os profissionais éticos e os não éticos. Além disso, o problema não é com o marketing político, mas com alguns marqueteiros. “Mas não se condene aleatoriamente o sistema, nem os outros profissionais que dele fazem parte”, afirma.

Não tem dúvida de que os políticos precisam da ajuda dos profissionais. Ele prega que é preciso dosar forma com conteúdo, pois o eleitor está mais crítico e exigente. Programas embonecados não resolvem e sem informação não adianta. “Nem tanto à forma nem tanto ao conteúdo”, enfatiza.

O escritor fala do despreparo da maioria dos políticos: “o político brasileiro é um ser em geral despreparado”, fala. Reclama do sistema político brasileiro, “que precisa de uma reforma urgente. A infidelidade partidária é a tônica”, argumenta.

Sobre as Leis confusas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é enfático: “todos pensam que temos uma Lei eleitoral. Mas o que temos, na verdade, é uma colcha de retalhos compostas de dezenas de resoluções, normas e até leis que se ajuntaram aleatoriamente nos últimos 20 anos”, diz.

Para Chico Santa Rita, falta visão estratégica para os marqueteiros, que são bons profissionais, sabem fazer televisão e rádio com competência, mas não são estrategistas.

“Sabem mexer as peças do tabuleiro do xadrez político. Mas não sabem trabalhar o lance, prevendo o cheque-mate que virá muitas jogadas na frente”, fala Santa Rita.

Além disso, defende que a eleição de Presidente deveria ser separada, para haver mais debate, mais informação e mais aprofundamento nas temáticas. “A eleição maior deveria ser isolada – como acontece no mundo civilizado – para dar mais oportunidade de a nação discutir profundamente seus grandes temas. Aqui, esse momento de reflexão nacional acaba virando bagunça”, argumenta.

Na visão do autor o marketing político evoluiu muito nos últimos 30 anos. As campanhas políticas são completamente diferentes daquelas feitas pré-redemocratização. “A razão disso é muito simples: o eleitor brasileiro tem evoluído. O eleitor já não decide o voto da forma como fazia antigamente; está mais cauteloso, pensa mais, tem certo medo de errar”, afirma.

Entre a pesquisa e o mercadoAdolpho Queiroz

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Prof. Dr. Adolpho Queiroz

Page 20: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

QUEIROZ, Adolpho; MANHANELLI Carlos; BAREL, Moisés. Marketing político, do comício à internet. Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos). Capivari-SP: Editora EME, 2007.

O livro foi construído coletivamente a partir de quatro eixos temáticos: os meios de comunicação como influência dos processos eleitorais; o papel dos jornais e revistas nas eleições; novos movimentos: a internet e, por fim, um pouco de história. Em cada um deles, os autores, alunos e professores do Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, UNESP (Bauru), UFSCAR/SP, entre outras, debatem de que forma evoluíram os conceitos e práticas do marketing político no Brasil, desde os tempos do telégrafo até a velocidade quase instantânea da internet.

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BIBLIOTECA

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LONGHI, Carla Reis. Autoritarismo político e mídia impressa: linhas que compõem a tessitura da cidadania no Brasil, 1964/84. São Paulo: Porto das Idéias Editora, 2007.

Fruto da tese de doutorado da professora Carla Longhi, este livro mostra uma primeira discussão sobre a informação midiática e a informação institucional: linhas que constituem a informação sobre o cidadão no regime militar, mostrando que, através da informação jornalística naquele período, foi possível dar visibilidade e objetividade à informação e, depois disso, a informação institucional, na qual prevalece a constituição dos indícios. Na segunda parte, é feita uma discussão sobre o discurso nacional da época; as linhas fluidas entre os direitos políticos e os direitos naturais e; por último, de que forma os conceitos de humanidade e cidadania tiveram uma imagem criada pelas fontes e confirmadas pela mídia.

NEVES, Flora. Telejornalismo e poder nas eleições presidenciais. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

Também tese de doutorado transformada em livro este ano pela Summus, o trabalho da professora Flora Neves discute o poder da televisão e a televisão do poder, mostrando histórias das relações de poder entre TV e estado e, depois disso, fazendo um estudo comparativo das eleições presidenciais de 2002 e 2006 a partir da análise do conteúdo das informações oferecidas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. No segundo capítulo, a autora discute de que forma enquadramento, visibilidade e valência fizeram a diferença para ganhar e perder as eleições presidenciais no Brasil naquele período.

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QUEIROZ, Adolpho; MANHANELLI Carlos; BAREL, Moisés. Marketing político, do comício à internet. Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos). Capivari-SP: Editora EME, 2007.

O livro foi construído coletivamente a partir de quatro eixos temáticos: os meios de comunicação como influência dos processos eleitorais; o papel dos jornais e revistas nas eleições; novos movimentos: a internet e, por fim, um pouco de história. Em cada um deles, os autores, alunos e professores do Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, UNESP (Bauru), UFSCAR/SP, entre outras, debatem de que forma evoluíram os conceitos e práticas do marketing político no Brasil, desde os tempos do telégrafo até a velocidade quase instantânea da internet.

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LONGHI, Carla Reis. Autoritarismo político e mídia impressa: linhas que compõem a tessitura da cidadania no Brasil, 1964/84. São Paulo: Porto das Idéias Editora, 2007.

Fruto da tese de doutorado da professora Carla Longhi, este livro mostra uma primeira discussão sobre a informação midiática e a informação institucional: linhas que constituem a informação sobre o cidadão no regime militar, mostrando que, através da informação jornalística naquele período, foi possível dar visibilidade e objetividade à informação e, depois disso, a informação institucional, na qual prevalece a constituição dos indícios. Na segunda parte, é feita uma discussão sobre o discurso nacional da época; as linhas fluidas entre os direitos políticos e os direitos naturais e; por último, de que forma os conceitos de humanidade e cidadania tiveram uma imagem criada pelas fontes e confirmadas pela mídia.

NEVES, Flora. Telejornalismo e poder nas eleições presidenciais. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

Também tese de doutorado transformada em livro este ano pela Summus, o trabalho da professora Flora Neves discute o poder da televisão e a televisão do poder, mostrando histórias das relações de poder entre TV e estado e, depois disso, fazendo um estudo comparativo das eleições presidenciais de 2002 e 2006 a partir da análise do conteúdo das informações oferecidas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. No segundo capítulo, a autora discute de que forma enquadramento, visibilidade e valência fizeram a diferença para ganhar e perder as eleições presidenciais no Brasil naquele período.

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POLITICOMago/dez.2008

HUMOR

22

Eu sou o José.

Há quatro anos só como pizza.

Parece que tudo sempre acaba em pizza.

No começo era bom, mas agora nem posso ouvir falar em

calabreza...

Quatro anos é muito tempo.

Principalmente quando as coisas não vão bem.

muzzarela,

Page 23: Revista Politicom - Ano 1 - Nº 1 - Ago-Dez 2008

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HUMOR

22

Eu sou o José.

Há quatro anos só como pizza.

Parece que tudo sempre acaba em pizza.

No começo era bom, mas agora nem posso ouvir falar em

calabreza...

Quatro anos é muito tempo.

Principalmente quando as coisas não vão bem.

muzzarela,

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