2# edição da revista strombolli - jul/ago/set de 2010
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Colaboradores: Amanda Nespoli, Andy Council, Banda Proxy*, Bubble Friends, Chicow, Cometa Ghavaberry, Dalmo Roger, Féffi, Happywallmaker, Jazz, Kauê Scarim, Kauê Scarim, Lívia Colbellari, Lomobaires, Lys Freire, Marcelo Voodoo, Mariana Guerci, Mariana Mauro, Mariana Mendonça, Manoella Mariano, Matilde Franz, Naguel Diego (Die Dié), Nanda Correa, Nirev, No Para Innita, Noelas, Olga Polschikova, Petite Poupée, Sann Gusmão, Tanja Deuß, Tatiana Pezzin e Yseult.TRANSCRIPT
ModaMari Mauro, Lys Freiree Fiufiu Buttons
EntrevistaCom o artista plástico
colombiano No Para Innita
jul/ago/set de 2010 • edIção #02
Arte | Ilustração | Moda | Música | Fotografia | Cinema e Outros
Cinemasexo, álcool e literatura
Fotografiatop ten do Flickr
ExpEdiEntE
Coordenação geral e ProduçãoSthefany Frassi | FéffiJasmin Druffner | Jazz
Projeto gráfico e diagramação Sthefany Frassi
ColaboradoresAmanda Nespoli, Andy Council, Banda Proxy*, Bubble Friends, Chicow, Come-ta Ghavaberry, Dalmo Roger, Féffi, Ha-ppywallmaker, Jazz, Kauê Scarim, Kauê Scarim, Lívia Colbellari, Lomobaires, Lys Freire, Marcelo Voodoo, Mariana Guer-ci, Mariana Mauro, Mariana Mendonça, Manoella Mariano, Matilde Franz, Naguel Diego (Die Dié), Nanda Correa, Nirev, No Para Innita, Noelas, Olga Polschikova, Peti-te Poupée, Sann Gusmão, Tanja Deuß, Ta-
tiana Pezzin e Yseult.
AgradecimentosAgradecemos a todos aqueles que de alguma forma participaram desta publicação, direta ou indiretamente, colaborando para a possível realização.
Todos os materiais publicados são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da revista. é proibida a reprodução total, parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização dos artistas ou
jul/ago/set de 2010 • edIção #02
a strombolli está aberta para novas ideias e experi-
mentos. Para colaborar envie seu material para o e-mail: [email protected]
PORTFÓLIOAndy COunCIL
www.andycouncil.co.uk
MARCELO VOOdOO www.flavors.me/vuduzim
COMETA GhAVAbERRy www.flickr.com/cometa-guavaberry
nAGuEL dIEGO (dIE dIé) www.flickr.com/erantodosgrises
bubbLE FRIEndswww.bubblearmy.com
PETITE POuPéE www.flickr.com/petitepoupee7
nO PARA InnITA www.flickr.com/noparainnita
nAndA CORREA www.nandacorrea.carbonmade.com
ysEuLT www.openyoureyesproject.com
MARIAnA GuERCI (CObRInhA) www.flickr.com/cobrinha_marian
hAPPywALLMAkER (sEIzE)www.flickr.com/seizehappywallmaker
POEMAsJazz • www.cachalote.wordpress.comNirev • www.nirev.org
ARTE dA CAPA POR nAGuEL dIEGO (dIE dIé) www.flickr.com/erantodosgrises
PORTFÓLIOAndy COunCIL
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MARCELO VOOdOO www.flavors.me/vuduzim
COMETA GhAVAbERRy www.flickr.com/cometa-guavaberry
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PETITE POuPéE www.flickr.com/petitepoupee7
nO PARA InnITA www.flickr.com/noparainnita
nAndA CORREA www.nandacorrea.carbonmade.com
ysEuLT www.openyoureyesproject.com
MARIAnA GuERCI (CObRInhA) www.flickr.com/cobrinha_marian
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MúsICAbAndA PROxy* www.myspace.com/projetoxy
Música • Reviews• Charlotte Gainsbourg • IRM POR SANN GuSMãO
• Céu • Vagarosa POR MARIANA MeNDONçA
QuITAndA MARI MAuRO www.mari-mauro.blogspot.com
Lys FREIRE www.lysfreire.com
FIuFIu buTTOns www.fiufiubuttons.blogspot.com
CInEMA Sexo, álcool e literatura POR LíVIA COLBeLLARI
TOP TEn
LITERATuRADespedida POR KAuê SCARIM
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nO PARA InnITA EnTREVIsTA
stRoMbolli • Quem é Innita? Conte-nos um pouco sobre você e a história dela. Innita é uma roqueira albina e nu-dista, que tem cabelos e olhos rosa, pin-tinhas em forma de estrela no rosto e está constantemente fazendo turnês mundiais. Innita é o meu amor, minha amada, minha amante, minha noiva, minha melhor amiga, minha outra metade, meu sonho acordado e dormido.
e eu sou a mesma coisa para ela. Falo sobre ela por meio de símbolos; símbolos escritos e ilustrados. então, ela é tão real, surreal e irreal como eu. Sou um biólogo no sentido amplo: eu percebo e analiso a vida. Somos um amor em dois corpos. Nossa história está em tempo real na minha arte, com ilustrações e escritos que metaforicamente descrevem parte de nossas vidas.
stRoMbolli • Como você se vê? desde 1998, quando eu percebi que sou uma pessoa que adora e que aprecia e se relaciona com tudo que é feminino, criei o termo “ginotropia”, que precisamente significa o que mencionei anteriormente.
eu tinha necessidade por esse termo para, finalmente, me encaixar nesse mundo binário feminino-masculino. eu me vejo
como uma lésbica presa em um corpo masculino, as pessoas podem ver isso como uma piada ou uma tragédia.
stRoMbolli • Quais são suas ferramen-tas favoritas para criar sua arte? Por qual processo de criação você passa? Eu gosto muito de simplesmente desenhar com lá-pis em folhas de papel. Faço isso desde a minha infância. Mas nos últimos 5-7 anos eu tenho desenhado muito com progra-mas vetoriais com mouse – não gosto de tablets. Ano passado (2009) eu comecei a pintar com tinta acrílica.
stRoMbolli • Existe algum artista que você admira profundamente e que te-nha influenciado seu trabalho? Não há somente um artista favorito para mim. De tempo em tempo eu me deleito com o tra-balho de um artista e então eu pulo para outro, não em uma forma particular.
Às vezes eles são pintores, ou cartunistas, ou fotógrafos ou até mesmo diretores de vídeo-clipes; e claro, muito músicos, mas estes não cabem nessa resposta. Confesso que hoje em dia não vejo muitas ilustra-ções, em anos recentes tenho preferido ver fotógrafos e algumas pinturas. então, meu artista favorito é, na verdade, uma longa
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nO PARA InnITA
lista de diferentes artistas visuais: pintores como William Bouguereau, Claude Monet, Alessandro Botticelli; ilustradores de histó-ria em quadrinhos como André Franquin, Adam Hughes, Joe Madureira, Bruce Timm, Mike e Laura Allred; ilustradores “dirigidos pela arte” como Tara McPherson; diretores de filmes como Woody Allen e Clint eas-twood; e diretores de vídeo-clipes como Floria Sigismondi.
Acho que todos eles fazem, há bastante tempo, parte da minha mistura dos meus gostos e influências.
stRoMbolli • Com o que ou com quem você se inspira? Com meus desejos, em primeiro lugar. em segundo lugar, me ins-piro com a rispidez da natureza humana.
stRoMbolli • Pessoas superficiais des-creveriam sua arte apenas como perver-tida, mas como você vê seu trabalho? Novamente, a rispidez da natureza humana inspira parte do meu trabalho, então a per-versidade é algo que eu permito ser expres-so; minha atual saga da IV Guerra Mundial, auto-rotulada como “Guerra Crua”, é mais pervertida do que o conteúdo explícito
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de alguns dos meus trabalhos artístico de mulheres nuas, que as pessoas vêem como pervertida. e julgar meu próprio trabalho... eu prefiro criá-lo com desenhos a analisá-lo com palavras. De qualquer modo, defino meu trabalho do modo que todos o vêem: centrado no feminino.
stRoMbolli • Como você percebe a posição da mulher na sociedade? Você acredita que ela seja a vítima ou a causa da nossa sociedade machista/sexista? Não é um segredo que nosso mundo térreo é centrado no masculino, algumas pessoas dizem que isso é necessário, outras dizem que isso é extremamente injusto.
Meu corpo é masculino, minha lebsbiani-dade é escondida pelo meu físico, e, dessa forma, sou um observador lésbico discreto/invisível. eu me aproveito disso e confirmo o quanto a sociedade é machista. eu acredito que as mulheres sejam as vítimas, e claro, a maioria dos homens irão negar isso. e quem gera esse abuso? Ambos: homens e mu-lheres.
stRoMbolli • O que você vê de tão atraente na mulher? Tudo na mulher é fascinante para mim: sua mente, sua face, seu corpo, seus gestos, seu movimento, sua voz.
stRoMbolli • E o que faz o homem ser tão enfadonho? eu não sei por que ho-mens são tão tediosos; acho que a esper-teza de qualquer ser é feminina. eu acho que o lado lésbico de qualquer ser é o úni-co ingrediente capaz de trazer salvação.
stRoMbolli • Visto que você é tão atra-ído pelo corpo feminino, pela feminili-dade, como pode ser que você apenas desenha meninas magras? seus valores fundamentais não estão presentes em mulheres gordas? Ou até em senhoras? Sempre digo que meu trabalho não é po-liticamente correto, quase que odeio essa “atitude política”, é quase hipócrita. Não uso meu trabalho como um veículo poli-ticamente correto para o feminismo. Nem acredito que eu seja feminista, se algo, sou um tipo de pós-feminista.
Gosto que uma mulher use suas ferramen-tas sexuais ou mentais para conseguir o que ela quiser, gosto que a Madonna faça exercícios e seja famosa pelo seu corpo, como uma parte importante de sua pleni-tude. Não desenho um tipo particular de mulher apenas para satisfazer a grande va-riedade de mulheres para a audiência.
Acredito que haja apenas duas éticas notórias no meu trabalho: o vegetarianismo e a liberdade sexual da mulher, mas meu trabalho não é de fato como uma voz para todas as mulheres, este não é o meu propósito. então, eu não me vejo como um bem-feitor, embora que tenha sempre admirado esse tipo de pessoas, mesmo que sejam motivadas por causas inocentes.
Minha variedade será mais ampla quando meu discurso for assim. eu tenho, de qualquer modo, planos para alguns personagens: Polar Dear – uma mulher gorda – e uma mulher velha, que ainda é um segredo, pois ela tem a ver com a V Guerra Mundial.
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eu me vejo como uma lésbica
presa em um corpo masculino, as pessoas podem ver isso como
uma piada ou uma tragédia.
ilustrações > no Para Innita www.flickr.com/noparainnitao
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bAndA PROxy*MúsICA
Com a missão de levar a sério o prazer de tocar, Martinho Hoffman (baixo), André Mercier (guitarra e voz), Leandro Was-sem (bateria) e Henrique Landim (gui-tarra e vocal) representaram a primeira formação do grupo, a princípio, inclina-do principalmente para o hardcore.
em função dos ambientes que frequen-tavam, como o extinto bar entre Amigos II, o Anchietinha e o Praia Tênis Clube, principais redutos underground do esta-do na época, a Proxy* era influenciada pela sonoridade forte dos conterrâneos do Dead Fish e por outras bandas, como
Não tente procurar uma nota de rodapé ao final desse texto - o asterisco ao lado do nome Proxy* é um adereço proposital para chamar atenção de imediato para essa banda de Vitória - ES, formada em meados de 2005 por um quarteto de amigos unidos em torno de um mesmo propósito: fazer rock para se divertir.
FOTOMARLON STeIN
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Carbona e Garage Fuzz, chegando, in-clusive, a abrir um show para essa última em Vila Velha.
Somando a essência hardcore a outras preferências musicais dos integrantes como The Beatles, Green Day, Paralamas do Sucesso, Radiohead, Sublime, Blink 182 e bandas mais atuais, como Incu-bus e Arctic Monkeys, surgiram músicas como ‘Catarina’, ‘A Última Dança’, ‘Nossa Canção’, ‘Talvez’, ‘ela Vai Saber’ e ‘5 Se-gundos’ que, ao lado de outras 4 faixas, deram vida ao primeiro CD DeMO da Proxy*, disponibilizado na íntegra para ser baixado na Internet.
Produzido por Marcello índio, no estú-dio Dourados, o álbum encontrou gran-
de receptividade do público ao longo das apresentações da banda em impor-tantes locais do cenário independente do espírito Santo.
No ano de 2007, a Proxy* trabalhou em outras músicas avulsas para incrementar o repertório, além de covers de bandas como Jet e Los Hermanos (destaque para Pierrot”, gravada para a participa-ção no Festival Inverno Pop, promovido pela Rádio Cidade), que acaloravam os shows, mesclando pegadas dançantes com baladas para cantar em coro, com direito à participação massiva da platéia.
Sempre requisitada em eventos univer-sitários, a Proxy* aproveitava a oportu-nidade para ganhar mais visibilidade junto ao público, acumulando experiên-cia e diversos fãs, o que rendeu à ban-da maior motivação para expandir suas produções e sua agenda de shows.
A Proxy* rodou o espírito Santo, marcan-do presença em valiosas ocasiões como o Festival de Bandas Novas de Vila Ve-lha, o Palco Livre do Festival de Alegre, o Festival Nacional de Rock de Colatina (neste, levando o Prêmio de Melhor In-térprete com a música “ela Vai Saber”), o 1º show de rock da Cidade Mineira de Manhumirim e várias apresentações em Vitória, Vila Velha, Marataízes, São Ma-teus, Aracruz, Marechal Floriano, etc.
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Sem abrir mão das raízes e com idéias
em ebulição, no início de 2009, a banda sentiu que era hora de dar mais um
passo na carreira.
FOTOMARLON STeIN
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Música > banda Proxy*www.myspace.com/projetoxy
em 2008, a formação original sofreu uma alteração com a saída de Martinho, que se mudou para Niterói.
O baixista deu lugar a Henrique Leal (No-bellia), que ajudou a banda a cravar um estilo mais audível para o público POP, mas que ao mesmo tempo, continuasse tendo aceitação dos fãs alternativos.
Ainda nesse ano, mereceu destaque a apresentação da Proxy* na estação Por-to para comemorar o Dia Mundial do Rock ao lado de outras bandas locais, o que rendeu ao grupo uma menção no informativo online Diário de Vitória e uma entrevista ao Século Diário, no dia 13 de julho.
Sem abrir mão das raízes e com idéias em ebulição, no início de 2009, a banda
sentiu que era hora de dar mais um pas-so na carreira.
Revigorada e com composições mais maduras, a Proxy* voltou aos estúdios, explorando mais os timbres de guitar-ra e outros recursos musicais, como o uso de sintetizadores - a grande aposta da vez foi mesmo no estilo Power Pop Vintage.
O som tornou-se mais suave, com dis-torções cruas e limpas. Algumas levadas ousadas e “insanas”, no entanto, conti-nuam preservadas em nome do inegável pé no submundo musical.
em abril de 2009, a banda gravou o eP virtual “Pangalático”, no estúdio Mo-nollito, sob a produção de Giuliano de Landa. Foram lançadas 3 faixas, intitula-
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Música > banda Proxy*www.myspace.com/projetoxy
das de ‘Tudo Bem’, ‘Vai Me Dizer’ e ‘Ca-téter’, que ficaram prontas em Setembro do mesmo ano e estão disponíveis para streaming no MySpace oficial.
Com a conclusão de mais um projeto, Henrique Leal (baixo) deixa a banda e Vitor Brêda, o Ovelha, o substitui para juntar-se a Henrique Landim, André Mercier e Leandro Wassem para que, as-sim, possam dar continuidade ao ideal de oferecer diversão e música de qua-lidade aos que prestigiam seu trabalho.
Prova da boa sintonia nessa nova fase já pôde ser vista no dia 23 de Agosto de 2009, quando tocaram ao lado da reno-mada Cachorro Grande, no aniversário de 88 anos da cidade capixaba de Co-latina e no dia 7 de Novembro de 2009, quando abriram o show da roqueira
baiana Pitty no Ginásio do Marista, em Vila Velha.
Atualmente, a Proxy* está em processo de negociação para gravações futuras. enquanto isso, a banda luta por uma parceria com algum selo ou por um su-porte divulgador, além da Internet, que possa ajudá-la a distribuir suas músicas autorais.
www.myspace.com/projetoxy www.youtube.com/bandaproxy www.twitter.com/projetoxy
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ChARLOTTE GAInsbOuRGMúsica • REVIEws
em seu terceiro álbum a atriz france-sa de beleza errática, que causa uma admiração inesperada, recentemente aclamada por sua atuação em Antichrist (2009), Charlotte Gainsbourg reflete so-bre suas experiências e existência.
Voz de um sussurro sedutor Gainsbourg não compõe, mas acerta em suas parce-rias, que parecem conseguir exteriorizar o melhor lado da moça e traduzir exata-mente o que está sentido. Neste álbum, conta com a colaboração do cantor e compositor Beck, que também a produz.
O disco trás vários momentos, gravado paralelamente às filmagens do longa de Lars Von Trier, não esconde a neces-sidade de sua fuga ao clima sobrecar-regado, mas também remete a então recente experiência de Gainsbourg em uma cirurgia cerebral - necessária após se acidentar enquanto praticava esqui aquático - que inclusive dá nome a uma música e ao próprio disco, IRM - ima-gem de ressonância magnética.
Além da evidente introspecção é pos-sível ainda provar efeitos de uma sutil
alegria. O disco é também sobre supe-ração e não apenas melancolia.
A dupla Gainsbourg e Beck lançam mão de efeitos moduladores, arranjos ten-sos e ritmos carregados, quase arrasta-dos algumas vezes, para trazer todo o drama que experimentava. em Master’s Hands, primeira do disco, a sonorida-de reverberada e ritmo bem marcado parecem já nos levar a outro estado de consciência, a intenção se repete em Vanities com muitos dalys e sutileza no arranjo de violinos.
charlotte Gainsbourg • iRMPor Sann Gusmão
ChARLOTTE GAInsbOuRG
É inevitável a imagem de uma sala de cirurgia logo após os primeiros minutos de efeitos que reproduzem equipamen-tos médicos em IRM, “following the X-ray eye/ from the cortex to medulla” canta ela. Le Chat Du Café Des Artistes trás, em seu ornato orquestrado, certo enigma.
As belas melodias das canções In The end e Me And Jane Doe, de paisagens etéreas. Heaven Can Wait e Time of The Assassins fazem a balada do disco.
Tricky Pony, Dandelion e Looking Glass Blues são as que mais se aproximam do rock, cada uma à sua maneira, numa clássica harmonia blues, em simples ri-ffs de guitarras com wha-wha ou nos sujos e pesados acordes. Greenwich Mean Time lembra ainda um momen-to confuso de pouca dinâmica. A estra-nha, mas bela, Voyage com percussão tribal.e ainda a minimalista La Collectio-nneuse, com os adoráveis sussuros em francês.
É evidente, estamos em frente de uma ótima obra que a música pop contem-porânea pode nos mostrar, sofisticado sem ser complexo. O Disco não é fácil de ser totalmente compreendido e nem mesmo apreciado em qualquer dia, por sua carga emocional forte. e só por curiosidade, Charlotte é filha do poeta e cantor francês Serge Gainsbourg e da atriz inglesa Jane Birkin.
www.charlottegainsbourg.com www.myspace.com/charlottegainsbourg
Para comprar o álbum, acesse:www.tinyurl.com/23mgf53
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Céu
Qualidade musical, sonoridade singular, voz aconchegante. esses são os adjetivos para descrever o disco Vagarosa, da cantora e compositora Céu, revelação da MPB.
A maioria das músicas são de autoria da própria Céu, com algumas parcerias, entre elas estão nomes como Beto Villares, um dos produtores do disco, Anelis Asumpção e Thalma de Freitas, que contribuem com suas belas vozes
céu • vagarosaPor Mariana Mendonça
em Bubuia. Além de Luiz Melodia que participa de Vira-Lata, uma das melhores músicas do álbum. O cd apresenta apenas uma regravação, que é da música de Jorge Ben Rosa, Menina Rosa.
Dentre todas as músicas destacam-se Cangote, Grains de Beaute e Cordão da Insônia. esse álbum é para os interessados em boa música. um disco ousado e gracioso, vale a pena ouvir.
www.ceumusic.comwww.myspace.com/ceuambulante
Para comprar o álbum, acesse:www.tinyurl.com/kw8etw
Música • REVIEws
Blog > Mariana Mendonçawww.mariesuasideias.blogspot.como
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Rosa-choquePor Jazz
Foi na garoa de segunda-feiraQue pela primeira vez ouvi o pipilar.Virei-me pra dar com uma freiraDe rosa – choque, a me importunar.
De hóstia quis me empanturrar,Mas me embebedei com a garrafa inteirae me atirei num vício do qual só pude pararQuando no fundo da lagoa de sexta-feira.
Blog > Jazzwww.cachalote.wordpress.como
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FIuFIu buTTOns
O Começo | A história da Fiufiu Buttons começou logo depois de uma viagem feita à África do Sul. Lá, como em alguns outros lugares que conheci, vi muitas lojas alternativas, de moda e acessórios alternativos. Chegando ao Brasil, fui fazer um curso em Belo Horizonte - MG e também vi várias lojas bem parecidas com as que eu tinha visto na África. A idéia original era montar uma loja parecida com essas que já tinha conhecido, pois não existia (e não existe!) nada parecido em Vitória - eS.
Como sempre gostei muito de buttons (meu primeiro foi um do Michael Jackson aos cinco anos de idade), decidi que iria começar com os buttons, antes de fazer um investimento muito grande. Fui a São Paulo comprar a máquina. Mas chegando, desisti da ideia, pois era algo muito maior e diferente do que imaginei.
Ao pensar em uma alternativa, uma amiga disse que daria para fazer com tecidos de forrar botão. então fui pesquisar, fiquei dias na internet procurando algo parecido. Decidi fazer um teste. Comprei os botões de forrar (bombê), a matriz e alguns tecidos, mas ainda não tinha a prensa.
Prensava com um martelo. Vi que dava certo e comecei a fabricar para mim. Algumas amigas viram, gostaram e eu comecei a vender. Como gosto de onomatopéias, fiquei ensaiando vários nomes até essa mesma amiga que deu a idéia dos botões, sugerir Fiufiu Buttons. Gostei e assim nasceu a Fiufiu.
Criei o blog e já participamos de duas edições do Super Mercado, evento realizado no Centenário, em Vitória - eS. A tendência é investir em novidades, como os button plásticos (a idéia original) e acessórios para o cabelo.
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sExO, áLCOOL E LITERATuRACInEMA
Desde que li sobre o filme “Nome Próprio” fiquei muito interessada por ele. Quando pude assisti-lo, não me decepcionei. Sabia que iria gostar e gostei mesmo. Muito.
Para quem não conhece “Nome próprio” é um filme brasileiro de 2007, dirigido e escrito por Murilo Salles. A protagonista é a atriz Leandra Leal. ela interpreta Camila Jam, uma blogueira, que quer se tornar escritora.
O filme mostra seus desafios para conseguir se bancar e escrever seu livro, que é sobre sua própria vida. O filme é baseado no livro Máquina de Pinball, de Clara Averbuck. Porém, as poesias que a personagem escreve em seu blog são todas da capixaba Viviane Mosé.
Camila é uma garota extremamente inconstante e intensa, envolve-se em diversos relacionamentos que só resultam em sofrimento. Os ambientes do filme são sempre vazios, o que intensifica a solidão e a carência sentidas pela personagem.
O computador e o blog são as únicas coisas que ela realmente se apega, e é através deles que busca alcançar algum tipo de estabilidade.
Murilo Salles se utiliza muito de planos fechados, ou closes, para mostrar detalhadamente as expressões dos atores. Outra característica que o diretor transmite com as imagens é a impressão de que estamos espiando a vida de Camila como se fossemos voyeurs.
A fotografia é simples, mas não deixa de ser original e bela. A atuação de Leandra Leal é ótima. Ao mesmo tempo em que nos comovemos nos irritamos com as atitudes da personagem.
Por Lívia Corbellari
uma história própria
“A intensidade é uma doença contagiosa.
e eu não concebo uma vida sem contágios.”
Viviane Mosé
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sExO, áLCOOL E LITERATuRA
“Nome Próprio” é um filme que inco-moda pela inconsequência e a autodes-truição da protagonista, que apela para remédios e ao álcool a fim de perder a consciência e agir e escrever sempre por impulso. A nudez também é muito pre-sente para demonstrar a exposição de Camila através de seus textos confessio-nais. O final é surpreendente e dá mar-gem a diversas interpretações.
Porém, algumas cenas e diálogos caem no clichê e são um pouco forçadas só para reafirmar o quão Camila é rebelde e despreza os valores da sociedade.
A protagonista é uma mulher contradi-tória, ela sabe o que a faz mal e mes-mo assim o faz. Torna-se escritora é seu único objetivo, e as palavras seus verdadeiros amores.
Blog > Lívia Colbellariwww.liiviacor.blogspot.como
nome Próprio, 2007
• direção: Murilo Salles• Gênero: Drama• origem: Brasil• duração: 130 minutos• tipo: Longa-metragem
arrume as malaspor nirev
patzy(ahn?)arruma as malas.
arruma as malas que a felicidade tá passando pra te pegar.junta as tralhas.diga um rápido adeus, sem olhar pra trás.a felicidade tá passando e não gosta de esperar.
agora se você perguntar, pra onde ela vai te levar...meu bem, eu não sei.e é isso a magia. é isso que importa.viajar com a felicidade, sem rumo, sem hora, sem paixão, sem demora.
vem comigo, meu bem. pra sempre.vem comigo, meu bem. enquanto durar.vem comigo, meu bem. até acabar.dubdu dá.
sobre vidasAs cabeças, boiando na lama do brejo, olhavam para mim. Sempre adorei essa cena. Ficavam ali, hora viradas para baixo, hora para cima. Aos lados, a pouca água manchava-se de sangue. Alguns pedaços de corpos também eram visíveis por meio do mato, retratos das constantes torturas do lugar. Isso é o que ninguém vê, o que ninguém sabe. Ou melhor, quase ninguém. Porque eu sei. eu vi. Sou único na aldeia.
Do outro lado do lamaçal erguia-se a grande muralha do castelo. Apenas uma janela dava para o lugar onde me encontrava: a mais alta. De onde eu estava, era possível ver alguns dos muitos ornamentos de ouro em seu teto, refletindo o Sol poente. Após e abaixo da grande fortaleza, estendia-se a aldeia. A essa hora, todos já deveriam estar em suas casas, começando a se recolher para dormir. Os telhados, normalmente marrons da cor do barro, tingiam-se de dourado à luz solar. Nunca mais veria isso. Graças a Deus.
Ouvi passos. era ela. Cabelos esvoaçantes, o rosto meio tapado pelos panos e o astuto olhar cinzento fixo em mim, estava mais linda do que nunca. Quando me abraçou, disse, baixinho:- Vamos logo.
Concordei com a cabeça e comecei a caminhar para longe do lugar em que morei em toda a minha vida. Dei uma última olhada para trás, para a janela, no alto. Naquele cômodo encontrava-se o meu maior inimigo. “Adeus, tirano”, pensei. “Sua filha vem comigo. Volto depois para buscar a última coisa minha neste lugar. Sua vida.”
LITERATuRA
dEsPEdIdA
Conto > Kauê scarim • Brasilwww.blogcontado.blogspot.como