aqualon edição 04 - jul / ago / set 2009

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Ano II Número 4 Julho/Agosto/Setembro/2009 Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza Peixes da bacia do rio Tibagi Siluriformes Espécies exóticas em ambientes aquáticos Distribuição Gratuita Pantanal do Mato Grosso do Sul Projetando um plantado Parte 3: O que adquirir ?

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Ano IINúmero 4Julho/Agosto/Setembro/2009

Revista feita por e para aquaristas amantes da natureza

Peixes da bacia do rio TibagiSiluriformes

Espécies exóticas em

ambientes aquáticos

Distribuição

Gratuita

Pantanal do Mato

Grosso do Sul

Projetando um plantadoParte 3: O que adquirir ?

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Revista Aqualon 3

Editorial

Revista Aqualon 3

Sumário4 - Pantanal do Mato Grosso do Sul

Estrada pantaneira e seus mistérios  Roberta Mochi de Miranda

10 - Projetando um plantado

Parte 3: O que adquirir?  Americo Guazzelli

12 - Galeria de Peixes  Chantal Wagner Kornin & Cinthia C. Emerich

13 - Galeria de Plantas Aquáticas  Rony Suzuki

15 - Peixes da bacia do rio Tibagi I:Siluriformes

  Oscar Akio Shibatta

18 - Espécies Exóticas em Ambientes Aquáticos  João Luis “Johnny Bravo”

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Viagem maravilhosa, do começo ao m, a expectativa

sempre vem primeiro. Além dos mantimentos e equipa-

mentos, o item mais importante é a máquina fotográca!Ela será a “eternizadora” de todos os seus momentos, sejaela simples ou moderna.

A primeira aventura foi no sábado, assim que chega-mos em Coxim. Nosso guia, que é um experiente aqua-rista, disse que avistara muitos peixes ornamentais no ri-beirão próximo ao município, principalmente Coridoras.E lá fomos nós. Antes de chegar ao ribeirão, tivemos al-gumas paradas. A primeira foi para pegar um sapinho que

é muito bonito,chamado de Fer-

reirinha, mas obicho era muito li-geiro para a minhacâmera.

A foto acima mos-tra o brejinho dos Fer-reirinhas, com muitasplantas aquáticas comoninféias e juncos. Muitas

plantas eu desconhecia.Na foto 01, o sapinhoFerreirinha.

Nesse mesmo brejoencontramos uma es-pécie muito diferentede Taturana. Ela passatodo o seu período lar-val na água, depois dametamorfose se torna umamariposa. Como disse o nos-so guia, muito pouco se sabesobre ela. Na foto 02 pode-mos ver mais detalhes dela.

Mais adiante encontra-mos alguns pés de Araçá.Fomos ansiosamente paraapanhar as frutas, masainda estavam verdes. Sóconseguimos alguns fru-

tos maduros para matar asaudade de seu gosto docee levemente ácido. Na foto03 podemos ver os pés de

Araçá (  Psidium araca

 Raddi). Na foto 04, alguns dos perigos escondidosentre as folhas.

Logo após a parada dos Araçás, encontramosessa linda lagoa (foto 05), cheia de Copeinas

Pantanal do Mato Grosso

do Sul

Estrada Pantaneira e seus MistériosPor: Roberta Mochi de Miranda

Fotos: Roberta M. de Miranda e William P. de Paula

 f o t o  0 1

foto 02

foto 03

foto 04

foto 05

Revista Aqualon4

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(Copeina sp.). As Co-peinas eram muitobonitas e mansas, poisbastava um pequenopedaço de pão paraque grandes cardumesviessem banquetear emnossas mãos.

Finalmente chega-mos ao ribeirão que oguia tinha falado. Re-almente estava cheio depeixes ornamentais, atéme arrependi de não tercondições de tirar fotos

submersas. E a vegetação típica dava um show. Na foto06 podemos ver um formoso Buriti ( Mauritia exuosa)que adora lugares alagados e várzeas. É uma árvore típicado Pantanal.

A seguir (fotos 07 e 08) podemos observar a vegeta-

ção submersa e alguns de seus habitantes. Um fato mui-to curioso é o peixinho dourado que aparece na foto 08.Ele é um Neon negro ( Hyphessobrycon herbertaxelrodi),mas podemos observar uma variação na coloração de seudorso, esse fato ainda é inexplicado, chamado apenas de

“Toque de Midas”. E mesmono aquário ele mantém o tomdourado.

Descobri um jeito parafotografar os peixes (foto09). Podemos identicar as

seguintes espécies: Corydora(Corydoras polystictus), Co-peina (Copeina sp.), NeonNegro ( Hyphessobrycon

herbertaxelrodi), MatoGrosso ( Hyphessobrycon

serpae), Poptella ( Poptella

 paraguayensis), Hemigram-mus ( Hemigram-

mus ulrey), MatoGrossos transpa-rentes ( Phenaco-

gaster tegatus)e alguns que eunão pude identi-car.

O sábado foiuma aventurae tanto, e o do-

foto 06

foto 07

foto 08

Alevino de Pacu-Peva( Metynnis maculatus)

 Poptella paraguayensis

 Hemigrammus ulrey

foto 09

Mato Grosso ( Hyphessobrycon serpae)Mato Grossos Transparentes( Phenacogaster tegatus)

Revista Aqualon 5

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mingo foi uma aventura ainda maior. Não acordamos tão cedo quanto queríamos, masconseguimos ver muitos animais e plantas.

Já na estrada Transpantaneira, a primeira parada foi para fotografar essa linda plantado cerrado que tem um fruto que lembra um cacho de guaraná (foto 10).

Depois de termos fotografado a planta, vimos um Tamanduá Bandeira fêmea com umlhotinho nas costas. Mas, até conseguir tirar a máquina, ela já tinha ido embora. Logo

em seguida tivemos o consolo: um Taman-duá Mirim (Tamandua tetradactyla) bemcamarada. Esse bicho é muito engraçado,ele anda igual um cachorro atordoado...As patas dele são meio viradas para den-tro, nem se incomodou muito com nossapresença, foi logo se dirigindo para a mataapós uma refeição de cupins (foto 11).

A nossa próxima surpresa foi esse Ja-buti andarilho (foto 12). O Jabuti-piranga(Geochelone carbonaria) do Pantanal. Éum bicho muito sossegado da ordem dosQuelônios.

Já havíamos visto tanta coisa e o passeio

estava apenas no começo.

Revista Aqualon

Acará Festivo (Mesonauta festivus)

 Apistogramma trifasciata

Jurupari (Satanoperca Leucosticta)

 Pseudocurimata lineopunctata

Corydoras polystictusMelequinhaOchmacanthus batrachostomus

foto 10

foto 11

foto 12

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Revista Aqualon

Andamos mais um pouco, e avistamos algo an-dando rapidamente na lateral da estrada. Era umTatu Peludo (Chaetophractus villosus) (foto 14). Deutempo apenas de mirar a câmera e bater uma foto.Porque quando descemos do carro para pegá-lo e tiraralgumas fotos o danado se escondeu no meio dos Ca-raguatás (Bromelia balanceae) (foto 15). E ali cou

escondido, não teve acordo.Enquanto tentavam pegar o Tatu em meio aos

Caraguatás espinhosos, decidi observar a vegetaçãonativa. Foi quando me deparei com essa planta muitointeressante, a Aristolochia sp. A principio pensei setratar de uma planta carnívora, mas não pertence a essa classicação.

Ela se especializou em capturar moscas para efetuar a polinização (fotos16 e 17).

Essa planta prende as moscas dentro de suas ores e consegue isso

através do seu mau cheiro. Ela as prende temporariamente até a aberturadas anteras e liberação dos grãos de pólen. Depois ela libera as moscas,que vão para outra or e acabam por depositar o pólen sobre o estigma

desta, polinizando-a. Isso não impede que algumas moscas morram no

processo.Quando se está passeando, tudo é motivo para foto, até uma manilhade escoamento de água infestada de morcegos (foto 18).

Quando estávamos passando por uma clareira encon-tramos um animal muito comum na América do Sul, o

Quati (  Nasua nasua) (foto19). Tem a maior parte da suaalimentação a base de frutas,mas, quando há escassez, tornasua dieta mais carnívora. Ge-ralmente vivem em grupos, po-dendo ter até vinte indivíduos.Esse é um macho solitário queestava à procura de alimento.Quando notou nossa presençatratou de sair às pressas.

Onde tem lagoa, geralmentetem sapo. Olhem esses sapinhos que saiam de pequenosburacos na areia (fotos 20 e 21). Não encontrei identi -cação para eles, mas o nosso guia nos informou que eramvenenosos e nenhum animal se interessava em comê-los. E, realmen-te, como erama b u n d a n t e s !

Havia muitos no

chão e, dentro dalagoa, pareciamformigas.

Uma plantaque até podemos

foto 14

foto 15

foto 16

foto 19

foto 18

foto 21

foto 17

foto 20

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encontrar em alguns lagos articiais é a  Ludwigia

sedoides (foto 22). Aqui no Pantanal elas crescemnos alagados e nas terras úmidas, suas folhas seassemelham a losangos e formam um mosaico na-tural.

Abaixo vemos um inseto bem diferente, chama-se Formiga Leão ( Myrmeleon brasiliensis ) (foto 23).Ela é a larva de um inseto da ordem Neuroptera.

Seu desenvolvimento se completa no período re-produtivo, se tor-nando um insetomuito delgado deasas frágeis e pergamináceas.Na fase adulta, ainda se ali-menta prendando outros inse-tos e tem atividades noturnas.Na fase de larva possui duasmandíbulas fortes que usa paraprender suas vítimas e sugar

seus uídos. Sua armadilha é um buraco

na areia em formato de cone, capturandoformigas e insetos que nele caiam.

Depois de andar muito, ver plantas,ver bichos e belas paisagens, paramospara descansar, apreciar a paisagem e pes-car. Anal, muitas pessoas apreciam um

bom peixe assado. O lugar que paramosera muito bonito, tinha um rio bem rasode águas avermelhadas, uma ponte de ma-deira bem antiga e vegetação típica. Pode-mos identicar duas espécies de plantas

aquáticas nas fotos 24 e 25, as Lentilhas d’Água (Salvina natans) e os Aguapés( Eichhornia azurea).Quando chegamos armamos nossas redes e almoçamos. Ficamos descansando

por algum tempo. Mesmo descansando, ainda encontramos algumas surpresas.Veio correndo, de repente, vindo da mata, um pequeno Veado Campeiro (Ozo-

toceros bezoarticus) (foto 26). Parecia assustado e até imaginamos que estivessefugindo de algum animal. Ficou bem próximo de nós e não se importou em posarpara algumas fotograas.

Apesar de não comer carne, arrisquei molhar a isca para ver o que conseguia

(fotos 27 e 28). Anal, a paisa-gem era muito bonita e queriadescobrir que espécies grandeshabitavam ali. Não demoroumuito até descobrirmos quaispeixes seriam, depois de sgar-mos umas dez piranhas, desco-

brimos que naquele ambienteela era a espécie predominante.Havia muitas pegadas de

animais na areia. Adorava ob-servá-las, cada bicho tinha sua

impressão característica. Na foto 29 podemos observar as pegadas de uma Anta (Tapirus

terrestris). Ao anoitecer vimos uma enorme Anta. Quem sabe não foi ela a autora dessaspegadas? Mas como ela é muito ligeira e estava muito escuro, vou car devendo a foto.

Depois de um dia inteiro de passeio guarda-mos tudo, recolhemos todo o lixo e começa-mos a longa jornada de volta para casa. Mas

foi ai que cou interessante, porque na voltacomeçaram a aparecer os animais de hábitosnoturnos. Vimos lebres, lobinhos, anta, capi-varas. Ficamos muito felizes pelo passeio, eeu mais ainda pela oportunidade de fotografaranimais em seu habitat natural.

Revista Aqualon

foto 22 foto 27

foto 24

foto 25

foto 26

foto 28

foto 29

foto 23

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Projetando um plantadoParte 3: O que adquirir?

Texto: Americo Guazzelli

Fotografia: Rony Suzuki

Com layout defnido, plantas, hardscape e aquário, o que mais precisaremos para colocar em andamento nosso projeto?

São mais alguns itens que nos ajudarão na manutenção da montagem e na

obtenção do sucesso, desde que bem escolhidos.

Filtro: São inúmeros modelos e tamanhos dispo-níveis no mercado. Todos possuem seus pontosfortes, mas em plantados precisamos de um equi-pamento que faça seu trabalho com eciência e

não gere muita movimentação na água, evitando odesperdício de CO2. Filtros internos são inviáveispor disputar espaço com as plantas e carem apa-rentes. Os do tipo hangon podem criar efeitocachoeira, necessitandoque o nível de água doaquário cubra seu re-torno. O mais indicadopara plantados é o do

tipo canister.A ltragem é tão

importante que algunsaquapaisagistas usammais que um canister,dependendo do tamanhodo display, para podercobrir todas as áreas.

Lâmpadas: Existem lâmpadas especícas para

plantados e são as mais recomendadas. A utiliza-ção de 1 watt para cada litro de água nos permiteutilizar plantas mais exigentes. Essa regra é ape-

nas uma base, existindo outros fatores que pode-rão alterá-la. Uma opção mais em conta seriam aslâmpadas uorescentes, tubulares ou compactas,

que possuem temperatura de cor em 6500 Ke dão um bom resultado. Ainda há a opção dese misturar esses tipos de lâmpadas, obtendouma média em torno de 8000 K. Em aquáriosmais altos há a necessidade do uso de lâm-padas HQI ou T5, que possuem maior poderde penetração. HQI é uma lâmpada de des-

carga em alta pressão muito eciente, porém,esquenta muito e isso precisa ser levado emconsideração antes da elaboração do projeto.A T5 está surgindo como uma excelente op-ção para todos. Ela pode chegar a diminuir aproporção de watts/litro para a metade, em al-guns casos, desde que em calha com eciente

material reetivo.

Substrato fértil: Os industrializados são práticose as recomendações dos fabricantes devem ser se-guidas, sem esquecer de observar se são compostospelos nutrientes necessários para o desenvolvimen-to das plantas e se necessitam de camada isolante.A facilidade na montagem e a qualidade que mui-tos deles possuem podem nos oferecer tranqüilida-

de. Outros substratos férteis podem ser utilizados,mas, se queremos economia e eciência, não pre-cisamos citar nenhum além do húmus com laterita,que podem ser isolados ecazmente com uma ca-mada de areia de ltro de piscina, que também tem

ótimo preço. Mas o barato dá mais trabalho, vistoque precisaríamos encontrar húmus de qualidade econável, passar por todas as etapas de tratamen-to e isolá-lo corretamente, ou o resultado esperadopode não vir e ainda nos trazer dores de cabeça.

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Aquecedor: Costuma-se recomendar aquecedorespara plantados com potência conforme o clima daregião. Observe a necessidade das plantas e peixesque irá manter.Termômetro: É interessante para conferir facil-mente a temperatura de seu aquário. Nem todossão exatos. Existem os digitais, de mercúrio e deta. Na hora da compra pegue vários do mesmo

tipo e escolha um dos que estão marcando a mesmatemperatura.

Instrumentos: Não há como trabalhar com plantassem uma boa pinça para o plantio e tesoura parapodas. Existem outros opcionais que podem facili-tar o trabalho, até mesmo a redinha de pegar peixesajuda na coleta de restos de podas. Verique o que

o mercado oferece.

Painel: Existem nas lojas do ramo painéis própriospara cobrir o vidro de trás do aquário. Também sãoutilizados papéis colantes coloridos tipo “contact”.A cor deve ser denida com critério, pois irá in-uenciar no layout.

Gás Carbônico: Existem equipamentos especí-cos para a injeção de gás carbônico em nossos

aquários, que nos dão segurança, tranqüilidade e

constância na injeção. É um investimento que valecada centavo. Porém, se não houver como adquiriresse sistema, podemos optar pela injeção atravésda famosa “garrafada”, que é uma receita caseiradisponível em todos os fóruns de aquarismo. Estaopção é paliativa, pois apresenta oscilação na pro-dução e injeção do gás, o que atrapalha o desen-volvimento das plantas, já o sistema com cilindro,além de manter a constância, possibilita controlar

e dosar a quantidade a ser injetada no aquário. Di-visores de saída de CO2 com ajustes nos comple-mentam o sistema com um bom difusor do gás.

Espero que a seqüência de artigos tenha ajudadode alguma forma a tornar a montagem e manuten-ção dos plantados mais fáceis e agradáveis. Creioque isso ocorra sempre que planejamos nossos pas-sos em qualquer projeto.

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Peixes

 Iriatherina werneriMeinken, 1974

Revista Aqualon12

Nome Popular: Arco-íris AgulhaFamília: MelanotaeniidaeOrigem: Ásia e Oceania.Tamanho: Aproximadamente 4 cm.Comportamento: Preferem nadar naspartes intermediárias e superiores do

aquário.Sociabilidade: Manter em grupos, naproporção de duas fêmeas por macho.Agressividade: São peixes pacíficos e tí-midos, um pouco territoriais com machosda mesma espécie. Estão sempre dispu-tando hierarquia, abrindo suas nadadeirase “tremendo” em um ritual muito bonito.As disputas de território não passam depequenas perseguições, mas os machossubmissos podem se tornar muito tími-dos, principalmente em aquários muito

pequenos.Manutenção: Aquário bem plantadocom áreas de sombra e abrigo, mas comum espaço aberto para os peixes se mo-vimentarem.Temperatura: 26 a 30 ºCpH: 6,0 a 7,0Alimentação: Aceita qualquer tipo deração, desde que em pedaços pequenoso suficiente para caberem em sua boca.

Aceita muito bem alimentos vivos comodaphnias, microvermes e náuplios de ar-têmia.Dimorfismo Sexual: Machos são maisesguios e as nadadeiras se estendem emlongos filamentos, o que dá o nome à

espécie. A nadadeira dorsal é colorida ese abre como um leque em disputas comoutros machos. O corpo é acinzentado epode ter suaves listras verticais pretas.Fêmeas tem o corpo amarelado e não temas barbatanas longas.Reprodução: Ovíparos. Em trios ou ca-sais, a proporção ideal é de um machopara várias fêmeas, pois os machos asdisputarão incessantemente. Relatos in-dicam que depositam os ovos sobre fo-lhas de plantas e a desova ocorre princi-

palmente nas primeiras horas da manhã.Não é uma espécie de difícil reprodução,basta um aquário de aproximadamente60 litros com musgo e plantas de folhasfinas. Água bem limpa e TPAs são essen-ciais, os ovos eclodem em poucos dias eos alevinos devem ser alimentados, de-pois de completarem uma semana devida, com náuplios de artêmia, infusóriosou outra alternativa.

 Hyphessobrycon megalopterus(Eigenmann, 1915)

Por: Chantal Wagner Kornin

&

Cinthia C. Emerich

Nome Popular: Tetra Fantasma Negro,Black Phantom TetraFamília: CharacidaeOrigem: América do Sul / Alto da Bacia

do Paraguai e Rio Guaporé.Tamanho: Aproximadamente 4 cm.Comportamento: Ficam a maior partedo tempo na camada intermediária doaquário.Sociabilidade: Cardumes, sempre emquantidade superior a 5 peixes.Agressividade: Ocorrem disputas entreos machos pela hierarquia do cardume,mas são pacíficos com os demais habi-tantes do aquário.Manutenção: Aquário bem plantado e

com volume mínimo de 50 litros paracomportar cardumes maiores.Temperatura: 24 a 28 ºCpH: 6,2 a 7,0Alimentação: Onívoro, come de tudo.Complementar a dieta à base de raçãocom alimentos vivos ao menos uma vezna semana.Dimorfismo sexual: O macho é muitomais escuro que a fêmea, apresenta a na-

dadeira dorsal maior, todas as nadadeirasnegras e o ventre é retilíneo. A fêmeapossui coloração mais clara, nadadeirasanal, ventrais, peitoral e adiposa verme-

lhas e o ventre roliço.Método de reprodução: Ovíparo, sãoconsiderados disseminadores livres, poisa fêmea libera os ovos na água e o ma-cho nada em volta fertilizando-os. Nãoocorre cuidado parental nesta espécie, apartir do momento que os filhotes apre-sentarem nado livre, pode-se começar aalimentação com infusórios e naupliosde artêmias. Conforme forem crescendo,alimentos maiores podem ser oferecidos.

f   o t   o :  C

i  n t  h i   a E m e r i   c h 

f   o t   o : R on y S  uz  uk i  

f   o t   o :  Ch  a n t   a l   W a  g n e r K or ni  n

   f  o   t  o  :   C   h  a  n   t  a   l   W  a   g  n  e  r   K  o  r  n   i  n

Fêmea

Fêmea

Pl

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Plantas aquáticas Myriophyllum aquaticum

(Vellozo) Verdcourt, 1973

Família: HaloragaceaeOrigem: América do SulHábito: Aquática emergenteTamanho: 30 a 50 cm de alturaTemperatura: 10 a 29 °CIluminação: IntensaPh: 6 a 9Manutenção: Relativamente fácilCrescimento: RápidoPropagação: Sua reprodução é feita através do corte e replantio do caule.Plantio: Ideal para compor a área posterior do aquário. Melhor se plantada emmolho com 2 ramos e espaçamento de uns 3 cm.

Excelente planta para compor a parte traseira do aquário, sua cor dourada con-trastando com as de folhas verdes ou mesmo as vermelhas dão um toque todoespecial à montagem. A   Myriophyllum aquaticumcresce muito rápido necessi-tando várias podas seguidas. Jamais deixe chegar à superfície, caso isso ocorra,em pouco tempo já estará lançando as folhas emersas, sendo que a readaptaçãoao meio submerso é um pouco difícil.

Folhas emersas

Por: Rony Suzuki

f   o t   o : R on y S  uz  uk i  

   f  o   t  o  :   R  o  n  y   S  u  z  u   k   i

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A bacia do rio Tibagi localiza-se no estadodo Paraná, percorrendo, de sul a norte, uma ex-tensão de aproximadamente 550 km. Tem comoprincipais atrativos turísticos as formações ro-chosas do Parque Estadual de Vila Velha, emPonta Grossa, e um belíssimo cânion cortadopelo rio Iapó no Parque Estadual do Guartelá,em Tibagi. O município de Londrina é o maispopuloso dessa bacia, situando-se na regiãonorte do estado, na margem esquerda do rio, de

onde capta água para o seu abastecimento.Na bacia do rio Tibagi ocorrem peixes das

ordens Siluriformes, Characiformes, Gymno-tiformes, Perciformes, Cyprinodontiformes eSynbranchiformes. A mais rica é Siluriformes,com cerca de 50 espécies. Esta ordem é consti-tuída pelos peixes de couro, tais como os bagres,ou com tegumento composto por placas ósseas,tais como os cascudos. Normalmente apresen-tam barbilhões bem desenvolvidos e que são uti-lizados como órgão sensorial (tátil, gustativo e

olfativo). O corpo geralmente tem a região ante-rior deprimida dorso-ventralmente e a posteriorcomprimida lateralmente. Com essas caracterís-ticas, podem se abrigar entre rochas e troncos deárvores e manter uma atividade noturna.

Por ser um rio encaixado, e por apresentar vá-rias formações rochosas em seu leito, a principalcaracterística do rio Tibagi são suas águas cor-rentes. Um dos peixes que apreciam o ambientetorrentícola é o cascudo. O interessante é quesob esse nome popular foram identicadas 26espécies, pertencentes a 11 gêneros, na bacia dorio Tibagi. Uma dessas espécies foi recentemen-te descrita e recebeu o nome Hypostomus multi-dens, devido à grande quantidade de dentes. Emvida, essa espécie é belíssima, com padrão decolorido castanho escuro, quase negro, e pintasamarelas, mais intensas que as de  Hypostomusalbopunctatus (g. 1). Por apresentarem carac-teres morfológicos muito similares entre as es-pécies, o estudo taxonômico dos cascudos é um

Peixes da bacia do rio Tibagi I:

SiluriformesOscar Akio Shibatta

Universidade Estadual de Londrina

Fotografias: Rony Suzuki

dos mais complexos dentro da nossa ictiofauna e espécie se abriga em meio às frestas de troncosSil if

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dos mais complexos dentro da nossa ictiofauna e,certamente, muitas espécies novas ainda serão des-critas. Dentre as espécies presentes na bacia e comcerto interesse para a aquariolia estão aquelas dogênero  Ancistrus (g. 2). Machos desse gêneroapresentam cirros ou tentáculos na região dorsal dofocinho, o que lhes conferem um aspecto estranhoe, por isso, atraente aos aquaristas.

Outro peixe que aprecia a correnteza é o ba-grinho Pseudopimelodus aff.  pulcher, muito belo,

com o corpo de coloração alaranjada intercaladacom largas faixas negras (g. 3). Nada se conhecesobre a sua biologia, mas já observei que formamgrandes cardumes na época do verão e são encon-trados em pequenas corredeiras, tais como as do riodas Cinzas. Esta espécie pode ser confundida comoutra,   Microglanis garavelloi (g. 4), devido aopadrão de colorido. Mas, observando atentamen-te, é possível diferenciá-las. Ao contrário de P. aff. pulcher, esse bagrinho não forma cardumes e nãoé coletado em corredeiras. Na bacia ainda ocorreuma outra espécie da família Pseudopimelodidaechamada   Pseudopimelodus mangurus, ou bagre-sapo, que tem padrão de colorido similar, mas atin-ge maior tamanho. Apesar de serem peixes poucoativos e de permanecerem escondidos em meio àsrochas e troncos, não devem ser colocados compeixes menores, pois podem predá-los.

Nas corredeiras ainda se encontram mandis dogênero  Pimelodus. Além de pintas escuras, estestem um belo colorido dourado, como em  Pimelo-dus maculatus, ou prateado, como em  Pimelodusheraldoi (g. 5). Já observei que são peixes ativos

em aquários, principalmente na hora da refeição.São onívoros, consumindo todos os tipos de ali-mento. Deve-se ter especial cuidado no manuseiodesses mandis, porque possuem espinhos pungen-tes nas nadadeiras peitorais e dorsal, formando umtripé defensivo, cujas picadas podem ser muito do-lorosas.

Outra espécie que utiliza o tripé defensivo é Ta-tia neivai (g. 6), da família Auchenipteridae. Essa

espécie se abriga em meio às frestas de troncossubmersos, de onde saem à noite para se alimentar.No aquário o exemplar dicilmente será visto.

O candiru-açu, Cetopsis gobioides (g. 7) é rela-tivamente raro na bacia e sua biologia é pouco co-nhecida. Assim como muitos bagres é um predadore deve ser mantido apenas com peixes maiores.

Muito populares na aquariolia, os limpa-fundoda família Callichthyidae, gênero Corydoras, tam-bém estão presentes na bacia. A espécie mais co-

mum na região baixa da bacia, inclusive em Lon-drina, é Corydoras aeneus, que possui um coloridoavermelhado com uma mancha escura triangularna região dorsal do tronco (g. 8). Já Corydoras paleatus (g. 9) é mais freqüente na região mé-dia e alta da bacia. Esta espécie apresenta o corpocastanho claro com manchas e pintas escuras quelhe conferem um padrão de colorido muito bonito.Além disso, o macho tem a nadadeira dorsal maisalongada. Alimentam-se de detrito que se acumulano fundo dos rios e, por isso, não é agressivo comoutros peixes. Da mesma família, na bacia aindatemos Callichthys callichthys e  Hoplosternum lit -torale, conhecidos popularmente como cambojasou caborjas. São de colorido pardacento a acinzen-tado e o corpo é mais alongado e maior que o deCorydoras.

Na bacia ainda podemos encontrar várias espé-cies da família Heptapteridae, representadas porbagrinhos dos gêneros Cetopsorhamdia, Impar-fnis (Fig. 10),   Phenacorhamdia, Pimelodella e Rhamdia. Muitas delas preferem riachos de águacorrente, mas também vivem em rios. Outra famí-

lia interessante é Trichomycteridae, com espéciesdos gêneros Trichomycterus e  Ituglanis ocorren-do principalmente nas cabeceiras dos riachos, emáguas limpas e oxigenadas. São peixes alongados,com pintas ou manchas escuras no tronco.

A maioria dessas espécies não é muito comumnas lojas, provavelmente porque o público que asapreciam é muito limitado, por razões tais como aausência de atividade diurna, não se expondo facil-

Siluriformes

Loricariidae

Fig. 1. Hypostomus albopunctatus, de coloração

escura com pintas amarelo-claras, é um dos belos

cascudos da bacia do rio Tibagi. Vive em corredei-

ras e se alimenta de algas e detritos.

Fig. 2. Este exemplar de Ancistrus sp., embora de

 procedência desconhecida, é semelhante à espé-cie da bacia do rio Tibagi. No detalhe observam-

se os tentáculos que se desenvolvem no macho

adulto.

Revista Aqualon16

mente e por serem predadoras vorazes Mas comPseudopimelodidae Callichth idae

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mente, e por serem predadoras vorazes. Mas, comcerteza, são tão belas e interessantes quanto as quesão usualmente comercializadas. Anal, parafrase-ando o ditado popular, “a beleza está nos olhos dequem vê”.

No próximo artigo abordarei a ordem Chara-ciformes, onde se encontram os ágeis e coloridospeixes que tanto atraem os aquaristas.

Pimelodidae

Fig. 3. Pseudopimelodus aff. pulcher, coletado no

rio das Cinzas, é uma espécie nova que está sen-

do descrita pelo autor.

Pseudopimelodidae Callichthyidae

Fig. 8. Corydoras aeneus, coletado no ribeirão

dos Apertados. Provavelmente é a espécie mais

 popular entre os limpa-fundo.

Fig. 9. Exemplar macho de Corydoras paleatus,com os primeiros raios alongados da nadadeira

dorsal.

Fig. 4. Microglanis garavelloi, coletado em Jataizi-nho, no córrego Taquari, que deságua diretamen-

te no rio Tibagi.

Fig. 5. Pimelodus cf. heraldoi, coletado no rio Ti-

bagi. Tem aparelhos sensoriais, tais como olhos e

barbilhões, bem desenvolvidos.

Auchenipteridae

Fig. 6. Tatia neivai, coletado no rio Tibagi, se es-conde no meio de frestas de troncos de árvores.

Cetopsidae

Fig. 7. Cetopsis gobioides, coletado no rio Tibagi.

Peixes desse gênero são conhecidos como can-

diru-açu na região norte do Brasil.Fig. 10. Imparfnis schubarti, da bacia do rio Tiba-

gi, é uma espécie muito comum nos riachos.

Heptapteridae

Revista Aqualon 17

A invasão do equilíbrio

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Revista Aqualon18

Espécies Exóticas em

Ambientes Aquáticos

Texto: João Luis “Johnny Bravo”

Fotos: Rony Suzuki

A natureza lutou muito, milhões e milhões de anos ao, sem feriado ou m de semana de descanso, para apre-sentar ao jovem ser humano algo sobre o equilíbrio danatureza e suas tênues fronteiras. Apresentou aos recém-abertos olhos um mundo repleto de diversidade de cores,formas, aromas e gostos. Diversidade esta, dividida con-forme decidiram os cataclismos e tratados interespecí-cos, amadurecidos sob incontáveis eras, fora da concepçãotemporal humana. Mas em alguns poucos (pouquíssimos)milhares de anos, munido de sua maior arma, a razão, e

alimentado com sua ilimitada capacidade criativa, o ho-mem decidiu que podia mudar, pois entendia que poderiacontornar qualquer problema. E com todas as facilidadese oportunidades surgidas ao longo das gerações humanas,as espécies começaram a ser levadas de um lugar para ooutro, por motivos que vão desde a necessidade alimentardos povos, passando pelos requintes exóticos de nossosconvivas do planeta Terra, até questões que envolvem asaúde, sem contar os inúmeros ‘oops’ (introduções aci-dentais). Que mal há nisso? Perguntam-se alguns.

qu

O equilíbrio natural é sustentado por distintas partes:químicas, físicas e biológicas – mas aqui vamos levar aconversa para o ponto de vista biológico, olhando paraos efeitos que os seres vivos exercem, e centrando nospeixes. Originalmente, toda espécie tem um papel, ouseja, ocupa um nicho no seu ambiente. Quando chega,de repente, uma espécie que não é dali e ela conseguepassar por todos os testes a que é submetida, ela poderapidamente afetar as regras que reinavam ali durantemuitos anos e mudá-las para sempre. Falar de nicho nãosignica apenas dizer que uma espécie é base ou topo deuma cadeia alimentar, mas sim atribuir a uma funciona-lidade, que signica algo muito mais estrutural. E comosabemos, uma máquina que perde ou danica uma peçapode ter todo seu funcionamento comprometido.

Para entender esse lance de nicho pensem na seguintesituação, dada por um exemplo clichê de nossas ‘funçõessociais’. Domingão, dia que você quer relaxar e de re-pente toca a campainha. Sabe aqueles vizinhos que atéhoje você fez questão de desviar na rua, por já ter tido

a péssima experiência de conhecê-los? Pois é, são eles.Espécimes mais que exóticos. Claro que chegam na horada comida e sem trazer nada. A mulher já chega dandopitaco no que sua mina estava fazendo na cozinha e empoucos minutos já tomou da mão dela a colher, o fogão eo controle. Você chama mais um casal para ajudá-lo nessatarefa de contê-los, não tão exóticos, mas que vivem emoutra região, porém, tudo que acontece é que ao invés deum, agora, se tem dois casais a beira do desespero. Horasdepois, indignado e esgotado, você foge para sua poltronapreferida a m de praguejar contra esses cidadãos infa-mes, mas se depara com alguém usando-a e tomando acerveja que você havia deixado gelando exclusivamentepara si – era justamente o amigo que você havia chamadopara te ajudar, mas que se cansara antes de você na tarefade repulsa e controle das pragas. É aí que você percebeque apenas Chuck Norris seria capaz de expulsar aquelagente da sua casa e você acaba se vendo sem saída. Issoé perder o nicho.

Muitas vezes as espécies exóticas agem assim, ocu-pando o espaço e consumindo os recursos dos seres nati-

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pidamente estoques locais de alimento, e continentes. Este, em especíco, é um dos mais robus-

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100% das proles, que sempre têm machos e fêmeas, eevitaria que se reproduzissem no ambiente. Existem pes-quisas sendo feitas no Brasil, com o mesmo foco, sobre asespécies Trichogaster trichopteros (tricogaster), Poeciliareticulata (guppy) e Poecilia sphenops (molinésia negra),todas com alto potencial para predar larvas de mosquito.

Para mim, as duas últimas preocupam mais, pois temospeixes do gênero  Poecilia naturais do Brasil e não sepode descartar o risco de hibridização.

 Poecilia reticulata (Guppy), espécie linda nos aquá-rios e horrível no ambiente estrangeiro. Embora tenha boatolerância à salinidade, sabe-se que o quesito temperaturaa limita em tomar conta de tudo; a espécie requer águamorna (temp. mínima de 23ºC segundo os relatos lidos).Cabe ressaltar que tanto esta espécie quanto a molly ca-recem de ambiente bem vegetado para evitar a predaçãopor outros peixes. Coisas assim tranqüilizam aqueles quemantêm os olhos sobre a proteção do meio ambiente, mas

não nos permitem sequer piscar. Sabe-se que esse peixe, oguppy, está espalhado por mais de 40 países e mesmo nosfrios, em águas aquecidas (ex: fontes geotermais), faz-sepresente. Em ambiente natural o guppy pode até mesmoperder suas chamativas cores ou aumentar a média de ta-manho para evitar os predadores, neste último caso eleresponde se houver alta disponibilidade de comida. E étalvez nesse quesito que possam vir a prejudicar espéciesnativas, pois são muito prolícos e podem consumir ra -

sem contar o fato que no Brasil temospoecilídeos com certa proximidade aoguppy, o que poderia propiciar hibri-dização.

Pequenas pestes

O   Xiphophorus hellerii (espa-da), mais um poecilídeo, não caatrás e também já está presenteem dezenas de países na África,

Ásia, ilhas oceânicas e também nasAméricas. Tem alguma (baixa) resistência à sa-

linidade, sabe-se que não proliferaem temperaturas abaixo de 15 ºCe acima dos 29 ºC, mas parecemignorar parâmetros como oxigênioou condições hidrológicas. Assimcomo os poecilídeos citados aqui,também parece precisar de vege-tação para evitar a predação. Tem

sido encontrado em vários am-bientes criados pelo homem. Sãocapazes de coexistir com outrasespécies de poecilídeos, como opeixe-mosquito (Gambusia punc-tata), uma característica dessas, junto com sua ampla dieta e rapi-dez de reprodução (indivíduos de4 meses já podem estar maturossexualmente), além de outras já ci-tadas aqui, levam esta espécie a serconsiderada uma peste. O  Xipho-

 phorus maculatus, o plati, pode sercomparado ao seu congênere nessatarefa de invasão.

Outro conhecido peixe orna-mental citado na literatura de inva-sões é o barbo conchonius ou bar-bo rosado (  Puntius conchonius),como os demais exemplos tambémse encontra em uma série de países

tos barbos (peixes do gênero Puntius), os quais já são ci-tados na literatura como tendo uma ampla resistência aosparâmetros ambientais (particularmente a água). Todavia,alguns estudos já apontam que seus alevinos são suscetí-veis a copépodos e ostrácodos (crustáceos planctônicos).

As aparências enganam

O ‘bobão’ Carassius auratus (kinguio, peixe-douradoou japonês), que tomamos até cuidado para não misturá-lo com espécies ultra-ativas para não danicar suas nada-deiras ou provocar ferimentos, embora não seja utilizadopelos programas de controle biológico, tem seu papel pre-

ocupante no cenário de introduçõesde espécies exóticas. Oriundo daÁsia, já tem relatos na literatura porter se estabelecido em mais de 20países (inclui-se o Brasil). Atribui-se que suas introduções provenhamtanto de formas deliberadas quantoacidentais, sempre associado ao

propósito de ornamentação. Presen-te em rios, lagos, tanques etc. quepossuam baixo uxo de água, temignorado temperatura, pH, oxigênioou salinidade nos casos estudadosmundo a fora, todavia, encontra-seuma faixa de altitude em que estálimitado, entre 200 e 1000 metros.Disso eu não sabia! Se considerar-mos ambientes com fundo lodoso,seu hábito forrageiro pode acentuara turbidez da água, arrancar plantas

pela raiz ou mesmo interferir sobreespécies que utilizam o substratopara desova (não só de peixes, mastambém insetos, plâncton e anfí-bios). Dependendo da quantidadede peixinhos dourados fazendo issono ambiente, é facilmente aceitávela possibilidade de ocorrer um ‘efei-to cascata’ no resto do ecossistema,

 P o e c i l i a  r e

 t i c u l a t a

 Xiphophorus hellerii 

Puntius conchonius

Carassius auratus

bus correto’, serem capazes de antecipar e amplicar os Sei que minha capacidade de inuenciar ou levar novas

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uma vez que peças-chave podem ter seu número reduzi-do. A Austrália registra um indício de que o japonês temprovocado ameaça à população de uma truta nativa ( Mac-cullochella macquariensis).

Olhando para o futuro

Em termos de Brasil, podemos facilmente encontrarexemplos de espécies exóticas causando danos sobre nos-sos ecossistemas. As espécies de tucunaré (Cichla spp.),peixes do nosso país, mas que aqui no texto consideramosexóticas quando fora de sua distribuição natural, tamanhoé o poder de seu impacto, são conhecidas por atuaremdireta e fervorosamente sobre espécies de peixes. Nossasespécies também fazem fama fora daqui, o oscar ( Astro-notus ocellatus), encontra-se estabelecido (reproduzindoe feliz da vida) na Flórida e no Mississipi (EUA), desde adécada de 50. Embora não tenha encontrado detalhes dos

danos, se existem registros é porque alguém se preocupoucom algo. O que será? Será esse peixe o inspirador dafamosa frase: ‘The Oscar goes to...’?

Fazendo uma leitura de todo texto e tecendo algumasconclusões, vemos que não dá para colocar a culpa 100%numa espécie exótica, pois sempre tem um conjunto deefeitos e condições que auxilia as catástrofes. Mas tenhoconvicção que certas espécies, com sua robustez nata,têm uma chance innitamente maior de, ‘tomando o ôni-

danos que um ecossistema em desequilíbrio pode ofere-cer. São elas a quem chamo de ‘ninja’.

As tilápias (Oreochromis niloticus e Tilapia rendalli)são peixes habilidosíssimos para ocupar nichos, pois sãoespécies que parecem ignorar as restrições ambientais,resistindo a diversos tipos de intempéries e possuem umvasto cardápio alimentar, sem contar que são agressivas – como o são os ciclídeos normalmente – e protegemsua prole. A carpa (Cyprinus carpio), por sua vez, é umacoadjuvante dedicada, pois onde se instala ca pratica-mente impossível de ser erradicada. Se acabasse por aquipoderia até pensar bem desses peixes, pois sabe-se quepodem ajudar no combate ao caramujo da esquistosso-mose (gênero Biomphalaria), mas não há como pensarem proteção da natureza ou gestão ambiental pensandonuma escala micro ou demasiadamente pontual.

E os exemplos não fndam

O Rony sabe quanto tive que cortar deste texto, cercade metade, para caber na revista, mas o assunto tem tan-

tos exemplos e tantas repercussões que ca difícil resu -mir e pontuar o essencial. A cada dia o ser humano temuma nova idéia e põe a natureza à prova, considerando omundo sem fronteiras ou limites. Mas o que será que aTerra nos diz hoje? O que será que nos falta? Aprender aouvir, ver, sentir? Falta humildade, respeito? Para que se-guir nesse ritmo tão acelerado? Que bom que os aquáriosnos fazem parar para contemplar. Nesses dias velozes maltemos tempo para dizer bom dia ao vizinho e saber comoele está, ou mesmo saber quem é ele, quem dirá pensar.Aproveite um desses dias em que você se dá ao luxo deparar e tente um olhar diferente, mais amplo e completo.

Como é comum nos textos que venho escrevendo,pode-se perceber que estou sempre buscando trazer oaquarista para a responsabilidade, mostrando a ele ondeele está dentro do hobby e que não basta apenas achar quedentro de casa se está protegido. Somos responsáveis,mais que imaginamos. Sou um tipo de pessoa (ou pelomenos tento ser), que pensa como o Balian, de Cruzada(lme), que tinha entalhado em sua forja “Que tipo de ho-mem é o homem que não tenta tornar seu mundo melhor”.

reexões é limitada, mas tento aproveitar sempre que medão a oportunidade. Se ao menos uma pessoa se importoucom o que leu aqui ou em outro texto, já posso considerarmeu esforço válido, como meta atingida. Quem sabe esse‘um’ possa fazer algo mais, ou bem melhor? Eu não sei,mas gostaria de ver. Acho que, nesse caso, vale a pena sesentir como uma espécie exótica, ou seja, uma espéciediferente de tudo que se vê ao redor, pensando diferente,fazendo diferente e acreditando que pode mudar algo.

Boa jornada no exotismo!

 Astronotus ocellatus

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EXPEDIENTE:

Revista Aqualon é uma publicação da Aqualon - Aquaris-mo em Londrina. Com distribuição gratuita, visa divulgaro aquarismo em todos os seus segmentos, desde os aquáriospropriamente ditos até os aspectos ecológicos que o hobbyabrange.

Editor: Rony SuzukiCoordenação: Americo Guazzelli e Rony SuzukiProjeto gráfico e diagramação: Evandro Romero e Rony

SuzukiPeriodicidade: TrimestralTiragem: 2000 exemplaresRevisão: Americo GuazzelliFotografia: Chantal Wagner Kornin, Cinthia C. Emerich,Roberta M. de Miranda, William P. de Paula e Rony SuzukiColaboraram nessa edição: Americo Guazzelli, ChantalWagner Kornin, Cinthia C. Emerich, Oscar Akio Shibatta,João Luis “Johnny Bravo” Roberta M. de Miranda e RonySuzuki

Para anunciar na revista: [email protected]

(43) 3026 3273 - Rony Suzuki Colaborações e sugestões: Somente através do e-mail: [email protected]

As matérias aqui publicadas são de inteira responsabilida-de dos autores, não refletindo necessariamente a opinião daRevista Aqualon. Não publicamos artigos pagos, apenas oscedidos gratuitamente para desenvolver o aquarismo.

Permite-se a reprodução parcial ou total dos artigos e outrosmateriais divulgados na revista desde que seja solicitada suautilização e mencionada a fonte.

A Revista Aqualon, poderá ser baixada gratuitamente em ar-quivo PDF pela internet através dos sites:www.aquahobby.comwww.aqualon.com.brwww.aquamazon.com.brwww.aquaonline.com.brwww.forumaquario.com.brwww.xylema.net/

* Não solte peixes, plantas ou qualquer outro ani-

mal aquático nos rios ou lagos. A soltura dessesanimais pode causar impactos ambientais muitosérios, prejudicando fauna e ora nativa!

* Não superalimente os seus peixes, pois o excessode alimento pode poluir a água do seu aquário.

* Não compre rações vendidas em saquinhos plás-ticos transparentes. A luz retira todas as vitaminase proteínas da ração. Estas também não possuem

prazo de validade. Procure comprar rações de boaqualidade que você notará a diferença na saúde deseus animais.

* Não Superpovoe o aquário, pois o excesso depeixes debilitará todo o sistema de ltragem do

aquário, podendo levar seus peixes à morte.

* Não compre peixes que estejam em aquários

que tenham peixes doentes ou mortos. Eles podemtransmitir doenças para todos os peixes que você jápossui em seu aquário.

* Não compre peixes por impulso. Pesquise antesa respeito da espécie. Muitas podem ser incompa-tíveis com o seu aquário, seja por agressividade,parâmetros da água ou tamanho do aquário.

* Não coloque juntas espécies de peixes de pH di-

ferentes. Certamente uma delas será prejudicada,podendo adquirir doenças e contaminar todo o res-tante.

* Não inicie o hobby se não estiver disposto a dis-pensar os cuidados básicos que os peixes exigem.Com pouco tempo de dedicação obterá sucesso eisto se transformará em lazer.

* Seja observador. É preciso conhecer o comporta-

mento dos habitantes de seu aquário para se anteci-par aos problemas que possam surgir.

* Lembre-se: Peixes são seres vivos e não merca-dorias que podem ser descartadas a qualquer mo-mento. Preserve a vida!

* Finalizando, PESQUISE! Atualmente podemos

usar a internet como uma forte aliada para alcançar

um aquarismo saudável e consciente. Temos váriossites/fóruns que pregam a prática correta do aqua-rismo. Citaremos apenas alguns dos mais coná-veis, em ordem alfabética:

www.aquahobby.comwww.aquaonline.com.brwww.forumaquario.com.br

Seja um aquarista consciente:

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