revista nosso clinico nr 105 - colunas - mai/jun 2015

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Indexação Qualis ISSN 1808-7191 ANO 18 - Nº 105 - MAI/JUN 2015 www.nossoclinico.com.br A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório Conhecimento Compartilhado Bem-Estar Animal Terapia Celular Nutrição Animal Gestão Empresarial Medicina Tradicional Chinesa Pets, Famílias e Veterinários Endocrinologia InfoPet Medicina Felina Fisioterapia • Tumor venéreo transmissível com metástase em baço • Linfoma penia- no de células B na espécie canina • Redução de fenda palatina secundá- ria adquirida em um gato • Acompanhamento clínico de cães com otite externa crônica estenosante após terapia cirúrgica de ressecção lateral do conduto auditivo • Síndrome uveodermatológica em um Akita • Pneumotórax espontâneo associado a doença pulmonar crônica em cão • Linfoma multicêntrico em gato • Uso de fipronil no controle de ácaros plumícolas e piolhos malófagos em aves de companhia • Técnica para utilização da homeopatia em doença infecciosa aguda Detecção de HERPESVÍRUS FELINO do tipo 1 e Chlamydia felis em gatil de superpopulação em São Paulo Detecção de HERPESVÍRUS FELINO do tipo 1 e Chlamydia felis em gatil de superpopulação em São Paulo

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Revista de Educação continuada do Clínico Veterinário de animais de companhia.

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Page 1: Revista Nosso Clinico nr 105 - Colunas - MAI/JUN 2015

Indexação Qualis

ISSN 1808-7191

ANO 18 - Nº 105 - MAI/JUN 2015

www.nossoclinico.com.br

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

ENCARTE:Clínica de Marketing

COLUNAS: Dicas do Laboratório• Conhecimento Compartilhado

• Bem-Estar Animal • Terapia Celular • Nutrição Animal • Gestão Empresarial

• Medicina Tradicional Chinesa • Pets, Famílias e Veterinários

• Endocrinologia • InfoPet• Medicina Felina

• Fisioterapia

• Tumor venéreo transmissível com metástase em baço • Linfoma penia-no de células B na espécie canina • Redução de fenda palatina secundá-ria adquirida em um gato • Acompanhamento clínico de cães com otiteexterna crônica estenosante após terapia cirúrgica de ressecçãolateral do conduto auditivo • Síndrome uveodermatológica em um

Akita • Pneumotórax espontâneo associado a doençapulmonar crônica em cão • Linfoma multicêntrico emgato • Uso de fipronil no controle de ácaros plumícolase piolhos malófagos em aves de companhia • Técnica parautilização da homeopatia em doença infecciosa aguda

Detecção deHERPESVÍRUS FELINOdo tipo 1 eChlamydia felisem gatil de superpopulaçãoem São Paulo

Detecção deHERPESVÍRUS FELINOdo tipo 1 eChlamydia felisem gatil de superpopulaçãoem São Paulo

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64 • Nosso Clínico

Eletroforese de Proteínas

[email protected], Mestre em Medicina Veterinária UFMGCRMV-SP 5540 VCRMV-MG 3708

DICAS DO LABORATÓRIO

.

A eletroforese refere-se à migraçãode solutos ou partículas carregadasem um meio líquido sob a influênciade um campo elétrico. As distânciaspercorridas pelas proteínas variam,formando bandas, essas são deno-minadas albumina, alfa-1-globulina,alfa-2-globulina, betaglobulina e ga-maglobulina. É utilizada para auxili-ar o diagnóstico de disproteinemias,gamopatias e processos inflamatóri-os. Os resultados devem ser dadossempre em valor percentual, da con-centração das diversas frações e naforma gráfica.

inflamação aguda ou crônica, doen-ça hepática, glomerulopatias, lesãotubular, enteropatia perdedora de pro-teínas, doença inflamatória intestinal,linfomas, leucemia, desnutrição pro-téica, hipertireoidismo e uso de corti-coides.

Alfa-1-globulinas

A principal proteína é a alfa-1-an-titripsina. O aumento desta geralmen-te ocorre quando há processos infla-matórios agudos ou crônicos, infec-ciosos e imunes, neoplasias e apóstraumas e cirurgias. Já a reduçãodessas proteínas ocorre na hepatiteviral aguda, má absorção, enfisemapulmonar, jejum prolongado, síndro-me nefrótica.

rante uma terapia com estrógenos esofre uma queda quando há desnu-trição, síndrome nefrótica e em ente-ropatias com perda de proteínas.

Albumina

A albumina é a proteína maisabundante do plasma, a sua princi-pal função é a manutenção da pres-são coloidosmótica e o transporte dediversas substâncias. A hipoalbumi-nemia pode estar presente em inú-meras doenças e é altamente ines-pecífica.

Em algumas condições pode-seobservar a redução dessa proteína:

Perfil eletroforéticoem que há perda de

albumina

Perfil eletroforéticoem que há perda de alfa-1

antitripsina

Perfil eletroforético dasproteínas de fase aguda

Alfa-2-globulinas

As proteínas presentes nesta ban-da são a haptoglobina, a alfa-2-ma-croglobulina e a ceruloplasmina. Ra-ramente é observada alteração nes-sa banda, uma vez que quando hádiminuição de uma há aumento dasoutras para compensar.

A elevação da alfa-2-macroglobu-lina associada a redução da albumi-na ocorre na síndrome nefrótica. Ahaptoglobina sofre uma redução emsua concentração quando há uma he-patopatia grave, hemólise e duranteterapias com corticóides e estróge-nos. A ceruloplasmina aumenta du-

Betaglobulinas

São compostas pelas seguintesproteínas: transferrina, betalipoprote-ínas (LDL), C3 e outros componentesdo complemento, antitrombina III ebeta-2-microglobulina.

O aumento das betalipoproteínasgeralmente ocorre quando há hipoti-reoidismo, icterícia obstrutiva, nefro-ses e diabetes mellitus, pois nessescasos pode ocorrer aumento do co-lesterol. Já a anemia por deficiênciade ferro leva a um aumento da trans-ferrina. Quando há hepatite gravepode haver sobreposição ou fusãodas bandas beta e gama pelo aumen-to de IgA, presentes nas cirroses he-páticas, infecções do trato respirató-rio e de pele e na artrite reumatóide.Quando há elevações dos comple-mentos, pode estar presente um car-cinoma ou síndrome de Cushing. Aqueda do C3 está relacionada a do-enças glomerulares.

Gamaglobulinas

São os anticorpos produzidos pe-los plasmócitos quando estimuladospor antígenos. As gamaglobulinassão formadas por duas cadeias pe-sadas (G, A, M, D e E) e duas cadei-as leves (kappa ou lambda).

DR. LUIZ EDUARDO RISTOW

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Nosso Clínico • 65

Algumas características importan-tes das imunoglobulinas (Igs) são:IgG, migra por toda a fração gama,representa a maior parte das Igs nor-mais e age contra antígenos bacteri-anos; IgA, migração na junção dasfrações beta e gama, proteção demucosas e fluidos corporais; IgM,migração na junção das frações betae gama, age na fase aguda de doen-ças infecciosas; IgD, função desco-nhecida; IgE, reação de hipersensi-bilidade.

A fração gama tem dois principaispadrões eletroforéticos, um pico po-liclonal e um monoclonal. O pico po-liclonal ocorre quando há uma res-posta imunológica simultânea de vá-rios clones plasmocitários devido aum estímulo antigênico. Esses estí-mulos podem ser inflamatório, imu-ne ou infeccioso, como por exemploem sarcoides, lúpus eritematoso sis-têmico entre outros. Há um aumentodifuso do padrão gama, em que háuma curva de base larga, pois há pro-dução de todas as classes das Igs.

sentam a mesma mobilidade foréti-ca, o que produz uma curva de baseestreita, é o padrão que ocorre naLeishmaniose Visceral Canina.

Hipogamaglobulinemia/agamaglobulinemia

Consiste na redução do nível dasgamaglobulinas, geralmente sem al-teração pronunciada nas outras regi-ões da globulina. Esse padrão estápresente nas hipo ou agamaglobuli-nemias congênitas ou secundárias,em que há ausência de um ou maisanticorpos específicos, que resultaem infecções frequentes algumasvezes fatais.

RT - Dr. Luiz Eduardo Ristow (CRMV MG 3708)

MATERIAL COD / EXAMES PRAZO DIAS

Sangue total (2,0 mL) colhidoem tubo de tampa vermelha ou1,0 mL de soro sem hemólise

264 / ELETROFORESE DEPROTEINAS

4

Sangue em tubo tampa vermelha 311 / TRANSFERRINA 2

Sangue em tubo tampa roxa 39 / HEMOGRAMA COMPLETO -PET E ANIMAIS SILVESTRES

1

Padrão eletroforético de proteínasséricas

Padrão eletroforéticode pico policlonal

Padrão eletroforético depico monoclonal

Esquema ilustrativo dehipoglobulinemia/ agamaglo-

bulinemia.

O pico monoclonal ocorre quan-do há produção homogênea de umúnico clone plasmocitário de um tipoespecífico de imunoglobulina. Comosão moléculas idênticas entre si apre-

o que leva às alterações em cada ban-da das frações protéicas.

A banda de albumina sofre altera-ção quando há alteração direta ou in-direta em sua produção, pode serpela redução na ingesta ou perdapela via enteral ou proteinúria. Já asalfaglobulinas aumentam em todos osprocessos inflamatórios, infecciosose imunológicos. As betaglobulinas au-mentam quando há alteração no me-tabolismo dos lipídeos ou quando hácolestase. Também há aumento noscasos de anemia ferropriva, quandonão há síntese de transferrina. Mas aqueda dessa fração pode ocorrerquando está em fase crônica. A fra-ção gamaglobulina aumentará todasas vezes que houver processo infec-cioso, inflamatório ou imunológico.Esse aumento ocorre de forma poli-clonal. Em doenças linfoproliferativas,haverá um aumento monoclonal.

É importante que o médico veteri-nário saiba interpretar de forma cor-reta este exame, pois auxilia no diag-nóstico de algumas patologias, pos-sui um custo acessível e fornece oscomponentes principais de cada fra-ção proteica facilitando e guiando oraciocínio clínico para as doenças queapresentam padrões eletroforéticoscaracterísticos.

Referência:Eletroforese de proteínas séricas: interpre-tação e correlação clínica. Roberta Olivei-ra Paula e Silva, Aline de Freitas Lopes,Rosa Malena Delbone Faria. 116-122,Belo Horizonte: Revista Médica de Minas

Gerais, 2008, Vol. 18 (2).

ConclusãoPara que um resultado de eletro-

forese de proteínas seja interpretadoda forma correta, é importante saber

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66 • Nosso Clínico

Colaboração:

A doença infecciosa respiratória canina

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VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?

A doença infecciosa respiratória canina (DIRC), também co-nhecida como “traqueobronquite infecciosa canina” ou “tossedos canis”, é o nome coletivo dado à infecção das vias aéreassuperiores por uma série de agentes virais e bacterianos. O sin-toma mais comum da DIRC é a tosse paroxística de início abrup-to, que pode ser acompanhada de graus variáveis de coriza esecreção ocular. Trata-se de enfermidade extremamente conta-giosa pelo fato de a transmissão ocorrer por contato com mi-cropartículas do trato respiratório aerossolizadas nos episódiosde tosse ou contato direto com secreções. A lista de agentesetiológicos envolvidos na DIRC aumenta ano após ano. Inicial-mente, enfatizava-se apenas o papel da Bordetella bronchisep-tica, do adenovírus canino tipo 2 e do vírus da parainfluenza.Nas últimas décadas, a importância de agentes como a bactériaMycoplasma, o vírus da cinomose e o herpesvírus canino foi re-visitada. Atualmente, o vírus da influenza canina, o reovírus ca-nino e o coronavírus respiratório canino figuram como os maisnovos integrantes etiológicos da DIRC.

Muitos desses agentes já foram isolados de animais conside-rados clinicamente normais, e uma grande discussão coloca-sea respeito da classificação desses agentes como primários ousecundários. É muito comum o isolamento de mais de um agen-te em casos clínicos de DIRC, o que dificulta elucidar, muitasvezes, qual ou quais foram os agentes iniciadores do processopatológico que levou aos sintomas. Apesar das divergências, aBordetella bronchispetica é incriminada como o principal agen-te etiológico da DIRC. No tratamento da DIRC, antimicrobianoscom espectro de ação contra ela e, se possível, contra Myco-plasma, tais como a doxiciclina, são recomendados, tanto paracombater esses agentes quanto para impedir ou tratar eventu-ais infecções por bactérias da microbiota do trato respiratóriosuperior, que se aproveitam da fragilidade epitelial desencade-ada pelos vírus ou das bactérias ditas “primárias”.

O diagnóstico da DIRC é essencialmente clínico. Outras cau-sas de tosse paroxística devem ser descartadas pelo clínico, comofoco nos processos patológicos que de alguma forma afetam atraqueia para produzir a tosse, tais como a endocardiose mitral(que leva ao deslocamento dorsal da traqueia), o colapso tra-queal e, embora raramente observados, os corpos estranhosalojados na traqueia. O isolamento dos agentes etiológicos, ape-sar de possível, raramente é conduzido nas clínicas. A colheitade amostras de faringe ou traqueia com escovas estéreis, com oanimal sob anestesia, permite a realização de reação em cadeiada polimerase (PCR) para identificar DNA dos agentes. Outrapossibilidade é a realização de exame citológico e cultura paraos agentes bacterianos. Todavia, tanto a Bordetella quanto oMycoplasma exigem condições de cultivo especiais, sendo osresultados falso-negativos bastante comuns.

A vacinação é uma ferramenta importante na DIRC. Ela é umauxiliar na prevenção da DIRC, de onde se espera que os ani-mais vacinados, se em contato com os agentes, tenham quadroclínico ausente ou, pelo menos, bastante minimizado em com-

paração aos animais não vacinados. Trata-se da mesma propos-ta observada para as vacinas do complexo respiratório felino(herpervísrus felino tipo 1, calicivírus e Chlamydophila) e, a des-peito de não conferirem imunidade estéril, tais vacinas possu-em grande valia na amenização da doença em indivíduos ex-postos e no controle em grandes populações. Diante da varie-dade de agentes etiológicos envolvidos, deve-se ter em menteque a vacinação pode não proteger contra todos os agentes daDIRC.

As vacinas contra a bordetelose podem ser intranasais ouinjetáveis. As vacinas intranasais (como a Bronchi-Shield III –Zoetis) desencadeiam uma resposta local rápida, cerca de 3 a 5dias após a vacinação, em que mecanismos de imunidade inatae adaptativa mediada por IgA são determinantes. Além disso, avacina não sofre interferência dos anticorpos maternos sistêmi-cos (IgG), uma vez que o efeito da vacina se dá na mucosa nasale os anticorpos IgG não são ativamente secretados sobre a mu-cosa. Por essas razões, a vacina pode ser aplicada a partir de 8semanas de vida, garantindo imunização rápida ideal para situ-ações em que existe risco iminente de desafios, tais como sur-tos de tosse nas redondezas, hospedagens em hotéis, viagens eexposições. Outro benefício de Bronchi-Shield II é que ela pos-sui o adenovírus canino do tipo 2 e vírus da parainfluenza namesma formulação. Esses agentes costumam ser encontradosnas vacinas polivalentes para cães, porém são requeridas dosessequenciais para se atingir a imunidade contra eles em filhotes,em vista da imaturidade do sistema imunológico e da interfe-rência dos anticorpos maternos.

A vacina parenteral (como a BronchiGuard - Zoetis) protegecontra a Bordetella bronchiseptica, o principal agente da DIRC.Após as doses iniciais na primovacinação (2 doses a partir de 8semanas com intervalo de 2 a 4 semanas), verifica-se uma res-posta sistêmica à bactéria mediada principalmente por IgG sis-têmica, mas também certo grau de IgA local. A vacina deve seraplicada anualmente, e conseguem-se excelentes respostas dereforço após cada aplicação ao longo do tempo.

Em resumo, a DIRC é extremamente contagiosa e de elevadamorbidade, havendo evidência, ainda que restrita, de potencialzoonótico para as infecções causadas pela Bordetella. Neste con-texto, os benefícios da vacinação como ferramenta para preve-nir a bordetelose e outros agentes da DIRC, tanto para os indiví-duos quanto para populações de cães, devem ser discutidos comos proprietários no estabelecimento dos protocolos vacinais maisadequados a cada realidade clínica.

Alexandre MerloGerente Técnico deAnimais de Companhia -Zoetis Brasil

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68 • Nosso Clínico

NUTRIÇÃO ANIMAL

Keila Regina de Godoy - [email protected]., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR petwww.premierpet.com.br

foto

Alimentos para raças específicas:por que e para que existem?

Mais de dez anos se passaram des-de o surgimento no Brasil de alimentosespecíficos para determinadas raças ca-ninas. Mesmo com todo este tempo de-corrido, com os produtos presentes namaioria dos pet shops de todo o país,ainda hoje nos deparamos com dúvidasde veterinários e graduandos de medi-cina veterinária a respeito destes ali-mentos.

O propósito de um alimento espe-cífico para a raça é promover o máxi-mo desenvolvimento de suas qualida-des características, bem como preve-nir ou minimizar seus principais pro-blemas de saúde. Tudo isso através deformulações que reunam em um sóproduto todos os cuidados de que ne-cessitam.

Cães possuem a maior variedade deraças dentro de uma mesma espécie.São cerca de 400 raças caninas já des-critas. Esse grande número é fruto dotrabalho de seleção genética feita peloser humano. No início, os esforços deseleção eram focados em produzirexemplares com aptidões específicas detrabalho. Porém, à medida que o cãofoi se tornando essencialmente um ani-mal de companhia, houve uma mudan-ça grande no padrão de diversas raças,muitas delas motivadas exclusivamen-te pela estética. A quem deseja obser-var mais detalhadamente essas diferen-ças, uma consulta a uma publicação de1915, Dogs of all Nations, nos dá umaboa ideia da mudança visual de padrãoracial que ocorreu no último século.

Vale lembrar que para a obtençãode um padrão morfológico específico asraças passaram e passam por uma gran-de pressão de seleção, o que inclui cru-zamentos consanguíneos, os quais senão forem muito criteriosos, podemprecipitar o aparecimento de desordensgenéticas. Mais de 350 desordens ge-

néticas têm sido descritas em cães deraça pura, muitas delas particulares auma raça ou grupo de raças, segundo oestudo Genetic Structure of the PureBred Domestic Dog (2004).

Predisposição Genética

Um estudo realizado pela Universi-dade da Georgia, nos Estados Unidos,tornou possível observar as causas deóbito em mais de 80 raças caninas. Pu-blicado no periódico Journal of Veteri-nary Internal Medicine em 2011, exa-minou as informações reunidas em umabase de dados médicos veterináriospara determinar as causas de óbitos de74.556 cães de 82 raças num períodode 20 anos, de 1984 a 2004. Os óbitosforam classificados pelo sistema orgâ-nico afetado e pelo processo patológi-co desenvolvido. E, então, estes dadosforam posteriormente relacionadoscom raça, idade e peso corpóreo mé-dio dos animais.

O estudo demonstrou que raçasToy, como Chihuahua e Maltês, que sãoreconhecidas por apresentarem alta in-cidência de doença cardiovascular, ti-veram taxa de óbito devido à afecçãode 19% e 21%, respectivamente. Ospesquisadores observaram que o FoxTerrier também apresentou alta inci-dência de doença cardiovascular, com16% dos óbitos por este motivo. Asduas raças reconhecidas por apresen-tarem alta incidência de óbito por ne-oplasia maligna são o Golden Retriever,com taxa de óbito de 50%, e o Boxer,com 44%. No entanto, os pesquisado-res demonstraram que o Bouvier desFlandres, raça relativamente rara, apre-sentou, atualmente, uma taxa de óbi-to por neoplasia maior que a do Boxer,de 47%. Um dos coautores do estudo,Dr. Creevy, pontuou que o risco de de-senvolvimento de neoplasia no Bouvi-

er, que antes era desconhecido, de-monstra a consistência do estudo.

Os pesquisadores observaram tam-bém que raças grandes estão mais pre-dispostas a morrerem por uma doençamusculoesquelética, gastrointestinal e,mais notavelmente, de neoplasias. Ra-ças menores apresentam altas taxas deóbitos em relação a doenças metabóli-cas, como diabetes e síndrome deCushing (hiperadrenocorticismo). Osachados foram considerados muitoúteis na determinação de cuidados pre-ventivos, uma vez que, sabendo dosproblemas que o animal pode desen-volver, torna-se possível direcionar omanejo de sua qualidade de vida atra-vés de um conjunto de cuidados, o quepode incluir dietas específicas que jácontemplem suas particularidades.

Particularidades Metabólicas

Se por um lado temos estudos quedemonstram as enfermidades às quaisas raças são mais predispostas, por ou-tro temos também estudos que eviden-ciam que com toda esta seleção gené-tica envolvida na formação das raças jáse encontram também particularida-des metabólicas, muitas ainda a seremdescobertas. Um estudo de 2006, deBackus e colaboradores, por exemplo,demonstrou que embora a taurina nãoseja um aminoácido essencial paracães, animais da raça Newfoundlandapresentaram baixa concentração plas-mática deste aminoácido, levando acardiomiopatia dilatada. Aparentemen-te estes cães apresentam maior reque-rimento mínimo de cistina e metioni-na, tanto por dificuldades na síntese dataurina a partir destes aminoácidosquanto por uma alta excreção fecal.

Kittleson e colaboradores (1997)também evidenciaram uma particula-ridade racial ao demonstrar casos de

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Nosso Clínico • 69

cardiomiopatia dilatada em cães da raça CockerAmericano associadas a baixa concentração plas-mática de taurina.

No entanto, os requerimentos nutricionais mí-nimos atualmente tabulados são os mesmos paratodas as raças, e muitos destes requerimentos mí-nimos foram estabelecidos em Beagles, que é o cãopadrão para muitos estudos. Mas as diferenças pre-cisam ser cada vez mais levadas em conta.

Um exemplo é o estudo Pharmaco Genetic andMetabolic Differences between Dog Breeds: theirImpact on Canine Medicine and the use of the Dogas a Preclinical Animal Model, (Fleischer et al, 2008)no qual são listadas diferenças fisiológicas e meta-bólicas entre raças caninas. Vale citar ainda o tra-balho de Hernot e colaboradores, que encontrarammaior concentração fecal de sódio em cães Dina-marqueses quando comparado com cães de raçaspequenas. Isso devido a particularidades na perme-abilidade do cólon, o que foi reportado no estudoColonic Permeability is Higher in Great Danes com-pared with Smaller Breed Dogs (2004).

Dietas Específicas

A descoberta do papel de determinados nu-trientes sobre processos patológicos também co-labora para a evolução das dietas específicas. Avitamina C, por exemplo, não é um nutriente es-sencial para cães, porém pode ser particularmen-te interessante de ser suplementada na dieta decães com tendência para desenvolver a catarata.Muitos estudos sugerem que a foto oxidação e pe-roxidação da lente podem ser prevenidas por anti-oxidantes, e embora diversos antioxidantes sejamestudados e estejam envolvidos no processo deproteção, a vitamina C é considerada um fator cha-ve (Willians, 2006).

Todos esses breves exemplos e estudos menci-onados acima evidenciam que as diferenças exis-tem dentro da espécie canina e que determinadasraças de cães podem se beneficiar de um alimentoespecífico, que reuna em um só produto cuidadosque levam em conta todas as suas particularidades.

Naturalmente isso só é possível graças aos avan-ços dos estudos de nutrição de cães e gatos, daalta tecnologia que permeia os modernos proces-sos de produção e da crescente disponibilidade deingredientes funcionais e do conhecimento de seusefeitos.

Até a próxima!

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70 • Nosso Clínico

FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO

M.V. Maira Rezende FormentonFisioanimal / Bioethicus / Hovet Pompé[email protected]

Implante de ouro para

A displasia coxofemoral é uma patologia muitas ve-zes desafiadora para o veterinário clínico. Soluções defi-nitivas ainda não são possíveis, e o controle dos sinaisclínicos como a dor e claudicação interferem diretamentena qualidade de vida dos animais acometidos. A acupun-tura possui diversas técnicas, sendo a técnica de implan-te de ouro, uma das mais indicadas para o tratamento dadisplasia coxofemoral. O implante de ouro consiste emimplantar pequenos fragmentos de ouro 18k em pontosde acupuntura específicos e em pontos gatilho ao redorda articulação de forma a melhorar a dor e mobilidade.Essa técnica é a mais recomendada por apresentar umestímulo permanente dos pontos com resultados de lon-ga duração. Além dessa função, quando ocorre dor ouinstabilidade articular ou inflamação, o organismo tentacorrigir esse desequilíbrio depositando cálcio, formandoassim os osteófitos e a presença do ouro previne essasalterações que levariam à artrose. Estudos mostram queesta técnica pode melhorar a locomoção e promover aanalgesia por até dois anos (Sousa et al, 2010).

É uma técnica ambulatorial, não invasiva, de baixocusto e segura, desde que realizada por um médico vete-rinário especializado em acupuntura e que domine essatécnica. Ressalta-se que os fragmentos são posicionadosem pontos específicos de acupuntura, nunca colocadosdentro da articulação. Além da displasia, outras doençaspodem ser tratadas como artrose, espondiloses, displa-sia de cotovelo e epilepsia.

Recomenda-se realizar algumas sessões de acupun-tura previamente ao implante para intensificar sua eficá-cia e em animais que necessitem de sedação é impres-cindível a realização de exames de sangue e avaliaçãocardíaca para maior segurança do animal.

Participação da M.V. Msc. Bianca Paiva, veterinária acupunturistada Fisioanimal

A utilização dessa técnica é promissora, pois alémde promover maior qualidade de vida e alívio da dor, nãohá necessidade da utilização de medicações e pós-ope-ratório.

Para saber mais: Sousa, N.R. et al. Implante de frag-mentos de ouro em pontos de acupuntura e pontos gati-lho para o tratamento de displasia coxofemoral em cães –revisão de literatura. Vet e Zootec, 2010; 17(3): 355-342.

Aplicação de fragmentosespiralados de ouro paradisplasia coxofemoral emcães e gatos.O procedimento é rápido,pouco invasivo e deresultados duradouros............................................................

uma opção para ocontrole da dor

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72 • Nosso Clínico

TERAPIA CELULAR DR. MARCELO NEMER XAVIER

Terapia ou aplicação? A direção correta é a capacitação

Coordenador Curavet([email protected])www.curavet.com.br

Cariotipagem, exossomos, micro Rna, expressão gêni-ca, apoptose, necrose celular, estroma medular, sinóvia, cul-tura primária, passagem, diferenciação, efeito parácrino, to-dos esses termos soam familiares? A definição de cada umdeles é clara ao serem lidos? Esses são alguns poucos ter-mos rotineiros quando trabalhamos com a terapia celular comcélulas tronco (TCCT).

Como devem lembrar, tivemos em nossa coluna da edi-ção anterior a Parte I da imunomodulação feita pelas célulastronco no organismo dos pacientes, mas haverá uma peque-na interrupção na continuação para falarmos sobre um temamuito importante a todos os estudantes e profissionais quealmejam trabalhar com TCCT.

Está havendo no mercado veterinário uma confusão doque é TCCT e aplicar células tronco. Afinal qual seria a dife-rença entre essas duas modalidades?

Aplicar células tronco, seria apenas o ato de saber ma-nipular corretamente a matéria prima e inserir (aplicar) nopaciente em um ponto pré determinado. Enquanto a terapiaé o tratamento da doença, logo inclui diagnóstico preciso,atualização sobre tratamentos, consciência da capacidade dostratamentos clínicos e perfil de evolução, informações quesó podem ser passadas com uma capacitação mínima em cadaárea de atuação com a TCCT.

As pesquisas geralmente são feitas por laboratórios,equipes, pós-graduandos, ou especialistas que estudam so-bre a doença de interesse e utilizam as células tronco no in-tuito de obter aceleração da recuperação e melhores resul-tados devido à capacidade regenerativa da TCCT. Mas o quetem acontecido no mercado é o aparecimento de cursos cadavez mais curtos e até mesmo online, preparando o médicoveterinário a aplicar as células, mas não deixando claro quea terapia é algo muito além dessa aplicação, se mal aplicadapode levar o paciente a riscos inclusive de morte, muitos dosbons resultados sequer são totalmente detalhados pelas pes-quisas e dependerá muito da união do corpo clínico e do te-rapeuta para o diagnóstico preciso de doenças primárias esecundárias, localizando então todos os tecidos lesionados,formas de direcionamento celular, formas de fixação celular,dentre vários outros fatores para o êxito final com resulta-dos iguais a melhores em relação aos já publicados.

Se você pensa em fazer um curso apenas para ofereceraos seus pacientes a TCCT sem ser seu foco de trabalho talinvestimento hoje torna-se desnecessário! Existem no mer-cado uma equipe multidisciplinar além de pessoas capacita-

das estudando diariamente sobre a terapia, seus resultadosnegativos e positivos, motivos de tais resultados e essa equi-pe e pessoas podem fornecer à sua clínica esse serviço, le-vando uma real possibilidade de recuperação aos seus paci-entes e mais um serviço de altíssima qualidade que ajudaráa você e sua clínica a fornecerem um diferencial.

Durante minhas viagens conhecendo centros de pesqui-sas, laboratórios e universidades que trabalham com a TCCTvi, principalmente, dos pesquisadores das universidades omedo e a preocupação deles com o rumo da capacitação dosprofissionais a utilizarem as células tronco que vem levandoa uma banalização podendo ser muito prejudicial à terapiaatrapalhando o desenvolvimento de uma nova modalidadeque pode ajudar muito os pacientes que dela necessitam,como pode ser visto em nossa fanpage no Dr. Cura feito naUniversidade Federal Rural da Amazônia com a professora epesquisadora Dra. Érika Branco e poderá ser visto em brevecom a professora e pesquisadora Dra. Fernanda da Cruz Lan-dim da UNESP de Botucatu.

Na próxima edição voltamos falando do caso da Mel edos efeitos imunomoduladores obtidos através da TCCT.

Foto1: Arnaud, cãoSRD que foibeneficiado com aTCCT após avulsãode plexo

Foto 2: Caluh,Cocker Spaniel

com sequela decinomose quevoltou a andar

após a TCCT

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74 • Nosso Clínico

Acupuntura, fitoterapia e muito mais na internaçãoe no tratamento intensivo

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Quem imagina que a acupun-tura (que faz parte da medicinachinesa) é utilizada somentepara o tratamento de problemascrônicos, está enganado. Os chi-neses nos últimos milênios fa-zem uso das técnicas da Medici-na chinesa para tratar todo tipode problemas, desde os maiscrônicos ao mais agudo, dos fá-ceis aos mais graves e difíceis deresolver.

Nos últimos anos a terapia in-tensiva e os cuidados emergenciais, tiveram uma ascen-são na veterinária levando a um enfoque diferenciado, como surgimento de vários cursos e profissionais aumentan-do suas capacitações e atingindo níveis de excelência noassunto. Tornou-se rotina encontrarmos nos grandes hos-pitais, seja da própria empresa ou prestando serviços ter-ceirizados, as unidades de terapia intensiva. Com isso, te-mos nas grandes e médias clinicas serviços de internaçãomais sofisticados e comparáveis com os grandes centroshospitalares humanos.

Bom, mas qual a relação da medicina tradicional chi-nesa e o intensivismo? Na verdade, os chineses sempretrataram com excelência seus pacientes em todas as áre-as. O tratamento intensivo e o tratamento de doençasagudas e graves sempre foram considerados como carrochefe dos tratamentos realizados pela medicina chinesa,em especial através da fitoterapia usando fórmulas ma-gistrais à base de plantas, minerais e algumas vezes ani-mais, mas também usando técnicas de estímulo a pontoscom agulhas, massagens e moxabustão.

Na medicina veterinária estes conceitos podem e sãofacilmente aplicáveis. O que o profissional necessita é so-mente de um local preparado e organizado com o materi-al correto e pertinente para o tratamento. Assim antes decomeçar a tratar com medicina chinesa em sua interna-ção deve-se ter um arsenal médico composto em especi-al por fitoterápicos chineses, agulhas e bastões de moxa-bustão.

Quanto aos fitoterápicos, existem alguns específicosque são essenciais para os tratamentos: aqueles com en-foque especial em problemas relacionados ao sanguecomo hemorragias e alterações hematológicas, aquelespara tratamento de infecções e suas complicações e final-

mente aqueles para os casos gra-ves como coma, sepse e choque. Quem deve indicar e esco-lher os fitoterápicos deve ser umprofissional capacitado e comconhecimento dos padrões eformas de diagnóstico dentro damedicina tradicional chinesa.Este diagnóstico se baseia emconceitos antigos de avaliaçãodo pulso, língua e palpação dospontos chamados de diagnósti-co (pontos que possuem influen-

cia sobre os órgãos). O médico chinês, que não possuíaexames laboratoriais, desenvolveu um sistema de diag-nóstico baseado nestas informações e conseguiu diagnos-ticar de uma forma muito elaborada e altamente precisa.

Atualmente o médico-veterinário que pratica acupun-tura (medicina tradicional chinesa) tem essa capacidade,e pode auxiliar inclusive o clínico convencional em seu di-agnóstico, e na escolha do tratamento. Certa vez um acu-punturista americano disse que muitas vezes é chamadopor colegas para estabelecer o diagnóstico e assim auxili-ar no tratamento de equinos em casos mais graves, ondecom todo o arsenal moderno ocidental não conseguemfechar o diagnóstico. Assim através do pulso, língua, pal-pação e é claro do conhecimento clínico ocidental associ-ado se estabelece um diagnóstico sindrômico que indicao tratamento correto a se fazer.

Nos últimos quatro anos temos implantado em nossaclínica este sistema e já temos resultados impressionan-tes quando do uso da medicina chinesa na internação.Atualmente reduzimos em cerca de 50% a mortalidadedos animais e 25% o período de internação, além de aju-dar na indicação de exames mais precisos e na finalizaçãode diagnósticos.

Todos estes dados quando foram apresentados em umapalestra, um colega indagou: “mas assim vamos ganharmenos!”. Não. Ao contrário do imaginado, salvaremos maisanimais, deixando os proprietários mais felizes e satisfei-tos, fidelizando e tendo o cliente provavelmente pelo res-to da vida deste animal e de muitos outros que virá a ter.Assim, vários casos de piometra rompida em animais comsinais graves de sepse vem sendo tratados, sempre asso-ciados à terapia convencional com cirurgia e antibióticos,ocorrendo a recuperação no prazo de 1 a 3 dias e com

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Eduardo Lobo,Rodrigo GusmãoMédicos-Veterinários, com cursosde especialização em AcupunturaVeterinária, Dietética e FitoterapiaChinesa. Coordenadores e profs.em cursos e palestrantes na áreapor todo o Brasil

mortalidade próxima de zero. Casos de leptospirose comlesões renais e hepáticas, casos de hemorragias, edemaspor trauma ou anafiláticos, vômitos que não respondema terapia convencional, diarreias de difícil tratamento esem resposta ao tratamento convencional, convulsões, sta-tus epileticus, parvovirose, cinomose em fase aguda e crô-nica, gatos obstruídos, gatos com tríade felina, rinotraquei-te, animais em caquexia e muitos outros casos têm sidotratados com excelentes resultados, melhorando não sóa qualidade de vida do animal como também aumentan-do a satisfação dos proprietários, que na maioria das ve-zes ficam fascinados com o tratamento e seus resultados.Na maioria das vezes trabalhamos com a acupuntura ba-seada na técnica dos planos e pontos de acúmulo.

Os fitoterápicos são em número de 30 a 40 para se terna clínica, porém os principais que podem auxiliar muitoa introdução da medicina tradicional chinesa na rotina deintensivismo são os seguintes:• Si Ni San: Usado para choque séptico e hipotermia ge-neralizada;• Pu Ji Xiao Du Yin: Uma das fitoterapias chinesas usadaspara infecções graves e sepse;• Wu Mei San: Usado para choque hipovolêmico e paraparasitoses intensas, agudas ou crônicas.

• Dang Gui Bu Xue Tang: Usado para repor o sangue comose fosse uma transfusão de sangue.

Todos fitoterápicos estão disponíveis no Brasil, de cus-to e acesso fácil ao clínico.

Técnicas de moxa direta de massagem Shen shu e ou-tras completam o arsenal terapêutico, que associados cadavez mais às bombas de infusão, monitores multiparamé-tricos e aparelhos de monitorização avançada fazem o mé-dico veterinário atingir o seu principal objetivo: salvar edar o máximo conforto a vida do animal.

Possivelmente, num futuro próximo, a maioria das clí-nicas e hospitais terão dentro de seu serviço de interna-ção um profissional capacitado em medicina chinesa paraprestar este serviço, unindo a mais alta tecnologia ociden-tal ao conhecimento milenar chinês.

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MEDICINA FELINA

POR QUE OS GATOS RONRONAM?

Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel

Consultoria e atendimento especializado emmedicina felina;Coordenador do curso de aprimoramento emMedicina Felina do Cetac - Centro deTreinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária;Proprietário da Gattos - Clínica Especializada emMedicina Felina. (www.gattos.vet.br)([email protected])

– Por que os gatos ronronam?Assim como os humanos sorriem e riem para demons-

trar uma sensação de satisfação ou alegria, e os cães aba-nam seus rabos, o ronronar é uma maneira de o gato de-monstrar através de uma reação física uma sensação ousentimento. No entanto, assim como o sorriso pode signi-ficar alegria, também pode ser um sinal de nervosismo ouser utilizado para conseguir algo que se almeja.

Recentemente, cientistas da Universidade de Sussex(Inglaterra) mostraram que algumas frequências específi-cas do ronronar são ferramentas de comunicação interes-pecíficas que os gatos utilizam para pedir comida aos do-nos.

– É só quando estão felizes ou sentem prazer?Os gatos ronronam em diversas situações, inclusive

quando estão felizes, relaxados, com sensação de bem-estar. As fêmeas podem ronronar enquanto dão cria, osfilhotes ronronam quando mamam. No entanto, gatostambém podem ronronar em quadros de doenças crôni-cas avançadas, após traumas físicos ou em situações ter-minais.

– Como esse ronronar acontece?Quando sinalizado pelo sistema nervoso central, es-

timulado por situações como as descritas anteriormente(sensações variadas), um estímulo é enviado através denervos (n. vago e n. laríngeo recorrente) até a musculatu-ra da laringe e ao diafragma. Esses estímulos geram vibra-ções da musculatura da laringe, que ocorrem em um in-tervalo muito pequeno (de 40 milisegundos).

Com a ativação da musculatura da laringe, ocorre suavibração. A vibração constante gera uma alternância dapressão dentro da laringe, e essa alteração de pressão pro-duz ressonância do ar que entra e que sai, produzindo osom característico do ronronar.

– Qual é o passo-a-passo do ronronar dentro do corpodo gato?

O fenômeno é dividido em três fases:Fase 1 (dura de 20 a 30 milisegundos): Com a contração

muscular, ocorre diminuição da abertura da glote, aumen-tando a pressão e resistência.Fase 2 (dura de 5 a 10 milisegundos): Existe uma rápidaabertura da caixa laríngea, com conseqüente redução dapressão, criando uma turbulência do ar. Essa turbulênciaproduz o som.Fase 3 (dura de 5 a 10 milisegundos): A glote permaneceaberta, permitindo que o fluxo de ar entre e saia da tra-queia.

Cada ciclo deste dura de 30 a 40 milisegundos, sendovirtualmente idênticos na inspiração e na expiração (ex-ceto pela direção do fluxo de ar), gerando o som contínuodo ronronar. O ronronar nada mais é que a rápida ativa-ção alternada desta musculatura intrínseca laringeana (porsegundo, esse ciclo ocorre de 25 a 30 vezes). Tanto a tur-bulência do ar quanto as vibrações musculares podem sersentidas por uma pessoa quando acaricia um gato.

– Só os gatos são capazes de ronronar ou existem outrosanimais que também fazem esse tipo de barulho?

O ronronar é um fenômeno bastante conhecido nogato doméstico, no entanto, outros membros da famíliaFelidae também podem ronronar, entre eles: Guepardo,Puma, Lince e o Cerval.

Na clínica do dia a dia, são comuns as perguntas de proprietários acercade temas totalmente relacionados aos gatos, mas no que se refere à características

comuns e comportamentos normais da espécie. Muitos proprietários ficamcuriosos acerca de alguns hábitos, e um dos campeões é o ronronar

“CASOS EM MEDICINA FELINA”Autor: Alexandre G.T. DanielLançamento oficial: 36º CongressoBrasileiro da Anclivepa (Porto Seguro,BA - 20 a 22 de maio de 2015)

AGUARDE!

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78 • Nosso Clínico

Distúrbios Gastrintestinais, em cães

CONHECIMENTO COMPARTILHADO

Os distúrbios gastrintestinais são uma das razões maiscomuns que fazem com que o proprietário leve seus cães aoMédico-Veterinário em busca de cuidados.

Constipação é caracterizada pela formação de fezes ex-cessivamente firmes e ressacadas, com defecações infre-quentes. A estagnação prolongada de fezes no cólon resultaem desidratação progressiva da matéria fecal, que se tornamuito ressecada, dura e difícil de ser eliminada. O termo obs-tipação é usado para casos de constipação persistente, de-corrente de alterações graves do colón. O megacólon é defi-nido como uma distensão generalizada do cólon combinadacom perda de motilidade (dilatação anormal do intestino gros-so). A constipação pode se desenvolver em qualquer doen-ça que prejudique a passagem de fezes através do colón;nos casos onde há atraso no trânsito fecal permitindo a ab-sorção de quantidades adicionais de água e sal, produzindofezes mais ressecadas ou quando há alterações de motilida-de no trato gastrintestinal.

Inúmeros fatores podem ser a causa da constipação in-testinal e muitas vezes mais de um pode ser identificado.Esse problema pode ser de origem primária ou secundária esomente o Médico-Veterinário poderá diagnosticar. Muitoscasos são relacionados à dor ou dificuldade de evacuar eisso faz com que o cão evite a defecação. Ocorre então àabsorção de água dessas fezes retidas e, na próxima tentati-va, a defecação será mais dolorosa. Esse ciclo de dor e re-tenção fecal comumente agrava o quadro, podendo culmi-nar em obstipação ou megacólon.

Devemos nos atentar que fatores ambientes ou de mane-jo também podem fazer com que o animal fique predispostoà constipação. Por exemplo, cães que dependem do propri-etário para ir ao local de costume para defecar e não sãolevados o numero de vezes suficientes, podem apresentarquadros de constipação. Outro erro comum é repreender ofilhote que defeca em local inapropriado. Ele pode entenderque a bronca foi por causa da defecação e não pelo local. Ocorreto é recompensa-lo por fazer no local certo e não repre-ender por evacuar.

Durante a anamnese o Médico-Veterinário deverá procu-rar por causas iatrogênicas, dietéticas, ambientais ou com-portamentais. As fezes deverão ser examinadas para deter-minar com o intuito de descartar outras doenças ou presen-ça de materiais estranhos. Nos exames físico e retal devemser excluídas causas de obstruções ou processos inflamató-rios. O hemograma, a bioquímica sérica e urinálise podemrevelar causas de inércia colônica. A colonoscopia é indica-da se houver suspeita de obstrução mais distal, que não puderser alcançada pelo toque digital. Radiografia e ultrassono-grafia podem ser utilizadas com o objetivo de descartar to-das as causas e colaborar com o diagnóstico.

O tratamento sintomático inicial muitas vezes é bem su-cedido, mas é preferível procurar as causas, pois alguns pro-blemas que são inicialmente tratáveis podem se tornar irre-versíveis, se o tratamento sintomático mascarar os sinais pormuito tempo.

A cirurgia fica indicada na presença de lesões obstrutivasdo canal pélvico ou lesões compressivas ou quando todasas medidas clínicas ou dietéticas falharem.

De todas as espécies animais presentes na Terra, o cão ésem dúvida nenhuma uma das mais diversas, pois quandoadultos seu peso pode variar de 1 a mais de 90 kg. Hojesabe-se que os animais de pequenas, médias e grandes ra-ças apresentam diferenças nas expectativas de vida, tempode crescimento, numero de filhotes por ninhada além disso,existem, de acordo com o tamanho e a raças, diferenças fisi-ológicas fundamentais.

Os cães de porte muito pequeno (até 4kg quando adul-tos) apresentam uma maior tendência à constipação intesti-nal, devido a características digestivas especificas: esses cãespossuem um menor tempo de fermentação intestinal no có-lon, o que reduz a quantidade de água retida nas fezes.

Consequentemente, podem apresentar fezes mais resse-cadas podendo levar ao quadro de constipação intestinal(escore fecal 5 – Quadro 1). Outra questão importante é o

Quadro 1: Escala de escore fecal baseadono aspecto das fezes de cães

Fezes macias,sem forma definida

Fezes macias,bem formadas,úmidas mas quemantém o formato

Fezes duras,secas, firmesmacias e bemformadas

Fezes muito durase ressecadas,pellets secose pequenos

Fezes líquidas,diarreia

M.V. MSc. Sandra Nogueira([email protected])Gerente de Comunicação Científicada Royal Canin Brasil

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fato desses cães muito pequenos apresentarem um maiorcomprimento intestinal proporcional ao peso do animal quan-do comparado a cães maiores. Isso significa que possuemuma maior área de absorção intestinal, o que favorece maiorabsorção de água, a qual ocorre em todo o trato gastrintesti-nal, podendo contribuir para um maior ressecamento dasfezes e, consequentemente, constipação intestinal.

O tratamento dietético geralmente é essencial nos ani-mais com doenças no trato gastrintestinal. A dieta deve serformulada com o uso de ingredientes com alto valor biológi-co, para garantir a máxima digestibilidade (aproveitamentodos nutrientes pelo organismo do animal).

As proteínas devem apresentar altíssima digestibilidade,ou seja, possuírem um alto aproveitamento pelo organismo,reduzindo assim a quantidade de proteína residual que seráfermentada pelo intestino. Quanto maior a digestibilidade,menor o resíduo de alimento no colón e fermentação conse-quentemente melhor escore fecal. Essa alta digestibilidadefavorece uma digestão saudável contribuindo para o trânsitointestinal ideal.

Outro ponto importante é o enriquecimento da dieta comfibras ajuda a regular o trânsito intestinal em animais consti-pados.

Existem duas formas principais de fibras:1) Fibras solúveis: em geral, são viscosas, fermentáveis

e formam um gel em solução. Estas características afetam oesvaziamento gástrico, o trânsito intestinal e a produção deácidos graxos de cadeia curta no intestino. As principais fon-tes de fibras solúveis são polpa de beterraba, pectinas defrutas, psyllium e goma guar, todas apresentam a capacida-de de reter água, podendo ser fermentadas pelas bactériasintestinais. Porém, cada fibra apresenta uma capacidade di-ferente de fermentação pelas bactérias do cólon.

A fermentação depende da quantidade de tempo que afibra está presente no trato gastrintestinal, a composição dadieta, e o tipo de fibra. A pectina e goma de goma guar sãorapidamente fermentado pelas bactérias colônicas, enquan-to a polpa de beterraba é uma fonte de fibra moderadamentefermentável. Apesar da sua elevada solubilidade, o psylliumapresenta baixa fermentabilidade no intestino grosso, devi-do a esta propriedade possibilita seu emprego em situaçõesde alteração do trânsito gastrintestinal.

A atividade e a fermentação bacterianas exercem um efeitopositivo altamente benéfico sobre a mucosa colônica por meioda liberação de ácidos graxos de cadeia curta. Os ácidosgraxos de cadeia curta como o acético, propiônico e princi-palmente o butírico apresentam um importante papel namotilidade do cólon e na manutenção as saúde intestinal.

Os ácidos graxos de cadeia curta fornecem mais de 70%do requerimento energético dos colonócitos, ou seja, as cé-lulas intestinais são nutridas pelos ácidos graxos de cadeiacurta e, portanto, um teor adequado destas fibras é impor-tante para manutenção da saúde do cólon.

O psyllium em pó (sob a forma de grânulos ou incorpora-do em um alimento seco) é extramente útil para o tratamentode animais constipados. As fibras solúveis, como o psyllium,são boas opções para auxiliar nos casos de constipação crô-

nica, desde que o cão as ingira espontaneamente ou este-jam presentes em alimentos comerciais. Sua ação é basea-da na capacidade de atrair e reter água, formando um gelque aumenta a viscosidade do conteúdo intestinal e regu-lando o trânsito digestivo, o que facilita a defecação.

Vale ressaltar que, se as fibras solúveis forem administra-das em quantidades excessivas, elas poderão amolecer asfezes.

2) Fibras insolúveis: ao contrário das fibras solúveis, asinsolúveis não formam gel, são pouco fermentáveis e nãosão viscosas, sendo eliminadas nas fezes praticamente in-tactas. Devido à sua indigestibilidade, aumentam o bolo fe-cal e, consequentemente, o peso das fezes, além de estimu-lar o peristaltismo. A fibra insolúvel contribui com a manuten-ção do tempo de trânsito do alimento no trato gastrintestinal,ajuda a prevenir constipação, melhora a motilidade intestinale regulariza o esvaziamento gástrico. São fontes de fibrasfarelo de trigo, casca de soja, celulose, casca de ervilha, fi-bra de cana, fibra de milho, entre outros. Esse tipo de fibrasdiminui a digestibilidade do alimento e, portanto, não deveser utilizado de forma indiscriminada. O equilíbrio adequadode fibras na dieta também é fundamental para uma digestãoótima. Nesse sentido, não só a quantidade de fibras comotambém o tipo (solúveis e insolúveis ou fermentáveis, mode-radamente fermentáveis e não fermentáveis) e a proporçãodestas fibras.

Referências Bibliográficas:

1 - CA SE, L.P.; DARISTOTLE, L.; HAYEK, M.G.; RAASCH, M.F. Ca-

nine and Feline Nutrition. Mosby Elsevier. Third Edition, 2012, p.465-

467.

2 - ELLIOT, D. et al. Armadilhas em distúrbios gastrintestinais no cão.

Revista Focus Especial. 2011, p.22-44.

3 - FREICHE, V. How I approach.. constipation in the cat. Veterinary

Focus Gastrointestinal Issues. Vol 23 (2), p.14-21, 2013.

4 - GERMAN, A.; ZENTEK, J. The most common digestive diseases:

the role of nutrition. In: PIBOT, P. et al. Encyclopedia of canine clini-

cal nutrition. Airmargues: Aniwa SAS, 2006, p.92-133.

5 - MARLETT, J.A.; FISCHER, M.H. The active fraction of psyllium

seed husk. Proccedings of the Nutrition Society, v.62, n.1, p.207209,

2003. Disponível em: <http://journals.cambridge.org/action/

displayFulltext?type=6&fid=807288&jid=&volumeId=&issueId=

01&aid=807284&bodyId=&membershipNumber=&societyETOC

Session=&fulltextType=MR&fileId=S0029665103000326>. Acesso

em: 30 mar. 2015.

6 - PONCIANO NETO, B.; VASCONCELLOS, R.S. A importância da

fibra insolúvel na nutrição de cães e gatos. Revista Pet Food, n.34,

2014, p.22-23.

7 - RONDEAU, M.P.; MELTZER, K.; MICHEL, K.E.; McMANUS, C.M.;

WASHABAU, R.J. Short chain fatty acids stimulate feline colonic smoo-

th muscle contraction. Journal Feline Med Surg. 2003, Jun; 5(3):167-

73.

Page 14: Revista Nosso Clinico nr 105 - Colunas - MAI/JUN 2015

80 • Nosso Clínico

ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

MV. MsC. Alessandra Martins Vargaswww.endocrinovet.com.br

Diabetes mellitus: o hormônioinsulina e as manifestações clínicas da doença

O Hormônio Insulina

Sintetizada pelas células B das ilhotas pancreáticas,a insulina é um hormônio peptídeo (proteico) cuja estru-tura varia entre as espécies. A insulina do cão é idêntica àinsulina suína, e quando comparada à humana difere emum aminoácido. Já a insulina do gato difere em quatroaminoácidos em relação à insulina humana e em trêsaminoácidos quando comparada à suína.

A administração exógena de insulina com estruturasquímicas diferentes pode predispor a formação de anti-corpos anti-insulina. Em cães, a produção de anticorpoanti-insulina pode promover uma redução na ação da in-sulina ou mesmo resistência insulínica, e consequente-mente mau controle glicêmico.

A Caninsulin®, insulina de USO VETERINÁRIO, con-siste em uma suspensão aquosa de insulina-zinco quecontém 40 UI/mL de insulina suína de alta purificação,sendo composta por 30% de insulina de zinco amorfa e70% de insulina de zinco cristalina.

Manifestações Clínicas

As manifestações clínicas clássicas do DM incluempoliúria, polidpsia, polifagia e perda de peso. Com a defi-ciência relativa ou absoluta de insulina, tem-se a hipergli-cemia, a qual decorre da menor utilização de glicose pe-los tecidos periféricos (tecidos adiposo e muscular) e doaumento da gliconeogênese (síntese de glicogênio a par-tir de produtos do metabolismo das proteínas e gorduras)e da glicogenólise hepática (degradação de glicogêniopara formação de glicose).

Com o aumento da concentração plasmática de gli-cose (glicemia superior a 180mg/dL), o limiar de reabsor-ção tubular renal de glicose é excedido, resultando emglicosúria persistente e conduzindo à diurese osmótica,responsável pelo aparecimento de POLIÚRIA e POLIDIP-SIA compensatória. A ausência da insulina nas célulasdo centro da saciedade (localizado no hipotálamo) pro-move um quadro de glicocitopenia e consequente nãosupressão da sensação de fome, ocasionando a POLI-FAGIA. A insulina é um hormônio anabólico, e desta for-ma, sua deficiência leva ao aumento no catabolismo deproteínas (aumento da proteólise muscular) e mobiliza-ção de gorduras (lipólise), promovendo assim a PERDADE PESO (Figura 1).

É importante destacar que caso o cão diabético apre-sente anorexia e/ou êmese deve-se investigar a presençade cetoacidose diabética, emergência endócrina poten-cialmente fatal caracterizada por alterações metabólicasextremas as quais incluem hiperglicemia, acidose meta-

bólica, cetonemia, desidratação e perda de eletrólitos.Nestes casos, o paciente deve ser imediatamente hospi-talizado.

REFERÊNCIAS

1 - O conteúdo aqui apresentado também constitui parte do informativo Vets TodayNº22 - Julho/2014 (Conhecendo melhor o diabetes mellitus em cães) publicadopela Royal Canin e também escrito pela autora desta coluna.

2 - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classification of diabetesmellitus. Diabetes Care, v.37, suplemento 1, p.S81-90, 2014.

3 - VARGAS, A.M.; SANTOS, A.L.S. Animais de estimação diabéticos, saudáveis efelizes. Você torna isso possível com Caninsulin®. Manual para o médico veteriná-rio, 2012. Publicação da MSD Saúde Animal, unidade global de negócios de saúdeanimal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512.

FON

TE: E

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Figura 1: Manifestações clínicas clássicas do diabetes mellitus

EVENTOS PARA 2015

• II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ENDOCRINOLOGIA EMETABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAISData: 01/11/2015Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SPInformações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br

NOVIDADES PARA 2016

• CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO(pós-graduação lato sensu) em ENDOCRINOLOGIA EMETABOLOGIA EM PEQUENOS ANIMAISTurma 04 ( 2016 - 2017 )Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SP em parceria com UNICSULProcesso seletivo em 2015Informações: Tel.: (11) 3813-6568 / www.anclivepa-sp.com.br

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Page 15: Revista Nosso Clinico nr 105 - Colunas - MAI/JUN 2015

82 • Nosso Clínico

Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

COMPORTAMENTO EMPRESARIAL

VOCÊ É UM PROSUMIDOR?Marketing colaborativo, pense nisso

Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

Karina CostaMestranda (CRMV/AL 652)

Diretora de MktVetCoach

A tecnologia de hoje permite a conectividade e ainteratividade entre indivíduos e grupos colaboran-do entre si. Possuímos três grandes forças: computa-dores, celulares, internet de baixo custo e fonte aber-ta. Estamos na intitulada era da participação, ondecriamos e consumimos notícias, ideias e entreteni-mento.

Nos transformamos saindo de consumidores paraprosumidores, ou seja, somos consumidores que pro-duz conteúdo. Dividimos constantemente nossas ex-periências, pontuamos tendências e contribuímos nosprocessos de criação de produtos e prestação de ser-viços.

Essas características vêm através da poderosa in-ternet, com a fidelidade de identificação, comunica-ção e compartilhamento. A partir daí há dois cenári-os a encarar todos os dias: o prosumidor feliz e satis-feito e o prosumidor indignado.

A ascensão às mídias sociais são classificadas emduas amplas categorias. Uma é composta de unida-de social expressiva, que são os Blogs, Twitters, YouTube, Facebook, Instagran, Whatsapp e outros web-sites de networking. A outra categoria é a mídia cola-borativa, que inclui sites como Wikipedia, Social book-marking, Social News, Websites de opiniões.

Deu para ter uma breve noção do quanto esta-mos expostos, susceptíveis e devemos nos preocu-par com nossa imagem? Como anda a imagem da suaequipe e de sua empresa?

O prosumidor feliz e satisfeito relata as boas ex-periências e elogios que teve com você ou sua em-presa. Para esse prosumidor você precisa estar emconexão com seus comentários, respondê-los e re-plicar a outros consumidores fortalecendo no incons-

ciente de outros clientes a eficiência de seu trabalhoe possivelmente criando afinidade com seu prosumi-dor feliz e satisfeito. Aproveite e saiba transformá-loem um evangelizador dos seus serviços.

Você já parou para fazer uma busca na rede so-bre você ou sua empresa? Muito provavelmente exis-tiram citações a respeito do seu trabalho. Mas cadêvocê? Interação zero, nenhum tipo de retorno e pou-co desempenho para aumentar a satisfação do seucliente? Aliás, fique atento porque esse pode ser umpulinho para criar reversão à sua marca.

E como agir com os prossumidores insatisfeitos?Ele espalha a sementinha do mal rapidamente disse-minando no maior número de redes possíveis por-que de alguma forma ele foi maltratado, o serviço foipéssimo, não foi atendido quando deveria, não achouo serviço satisfatório, etc. Ele é um perigo principal-mente se tiver audiência para sua indignação, existeum companheirismo nunca antes visto entre consu-midores.

O mais indicado é resolver urgentemente o pro-blema do reclamante, sim você precisa ir atrás e en-tregar a ele a solução dos sonhos. Indicamos aindaque dê um “extra” para que ele veja sua preocupa-ção em atender seus anseios frustrados. Todavia, res-ponder a reclamações deve ser algo simples, semcomprometer sua imagem. Assim deve agir uma em-presa preocupada com sua marca.

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[email protected]

Mercado de saúde pet cresceu11% em 2014

O mercado de saúde pet segue crescendo,mas segue mostrando que o Brasil ainda temmuito a desenvolver no setor. Segundo a Co-mac (Comissão de Animais de Companhia doSINDAN - Sindicato Nacional da Indústria deProdutos para Saúde Animal), em 2014 o cres-cimento foi de 11% ante 2013, faturando R$580milhões. Entre 2008 e 2014 o crescimentomédio anual foi de 15%, acima de muitos se-tores importantes da economia brasileira.

Dados desse porte evidenciam o potencialdo mercado de saúde pet no país, isso porquesegundo a pesquisa Radar Pet, realizada pelaComac, estima-se que apenas 44% dos larespossuam pelo menos um cão ou gato, o que épouco quando comparado ao mercado norte-americano, onde 62% dos lares possuem pets,de acordo com a AVMA – American VeterinaryMedical Association.

Por aqui ainda temos um grande númerode estabelecimentos (pet shops) que estão sa-indo de um perfil “loja agropecuária” para lojaespecializada, com mix de produtos e serviçosespecialmente desenhados para o mercado pet.Além disso, muitos ainda deixam de oferecerserviços essenciais para os clientes. A diferen-ciação dos serviços e a familiaridade com odesejo dos consumidores são os grandes pila-res dos estabelecimentos bem-sucedidos.

Mesmo com grandes desafios e a instabili-dade econômica presente no Brasil, a previsãoda Comac é otimista para 2015. “Acreditamosque este ano o segmento de saúde animal deanimais de companhia repita o desempenhode 2014, com um crescimento ao redor de10%”, diz Tiago Papa, coordenador da comis-são. As categorias de produtos com maior des-taque de crescimento estão:

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Categoria de produtos que mais cresceram em 2014

Endoparasiticida

Dermatológicos

Endectocidas

14%

17%

19%

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O médico-veterinário estuda cinco anos para se tornar umespecialista em saúde animal e lidar com inúmeras adversida-des que podem atingir a fauna. Ou seja, na faculdade ele seprepara para atender desde um hamster com uma dermatiteinespecífica até um elefante acometido de um ataque de pâni-co por estresse.

O curso de Veterinária se inicia com as aulas de Anatomia,depois passa para a Fisiologia, Farmacologia, Patologia, entreoutras, com o objetivo primordial de formar um profissionalapto para atuar nas áreas de prevenção, controle, erradicaçãoe tratamento de doenças, traumatismos ou qualquer outro agra-vo à saúde dos animais.

Além disso, o veterinário também é o profissional respon-sável pelo controle da sanidade dos produtos e subprodutosde origem animal destinados ao consumo humano. Depois,ainda tem a especialização com duração de dois anos. Apóssete anos, chega a hora de entrar no mercado de trabalho eaplicar tudo o que lhe foi ensinado.

Você está preparado para montar sua Clínica?

Na matéria de Inspeção, o aluno aprende as leis que regema fiscalização de produtos de origem animal (RISPOA, DI-POA). Entretanto, o que se percebe na prática é que a maioriados profissionais formados, que tem intenção de clinicar, nãorecebe informações básicas de como montar seu consultóriocorretamente, nem noções de administração e como evitardesperdícios, por exemplo, nem mesmo da legislação que dizrespeito ao funcionamento de clínicas veterinárias, para tra-balhar dentro dos padrões exigidos e cobrados por lei.

Por exemplo: a Resolução nº 670, de 10 de agosto de 2000,do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), queconceitua e estabelece condições para o funcionamento de es-tabelecimentos médicos veterinários, determina que as clíni-cas nas quais sejam realizadas cirurgias, ainda que de peque-no porte, devem ter um setor cirúrgico com:a) Sala de preparo de pacientes;b) Sala de antissepsia com pias de higienização;c) Sala de esterilização de materiais;d) Unidade de recuperação intensiva;e) Sala cirúrgica e oxigenoterapia e anestesia inalatória, entreoutros quesitos.

Outra lei que envolve este segmento é o Decreto nº 40.400,de 24 de outubro de 1995, publicada pelo governo do estadode São Paulo, que aprova norma técnica especial relativa àinstalação de estabelecimentos veterinários. No decreto, o pro-

Antes de abrir sua clínica, o veterinário precisa saber que,como qualquer outro estabelecimento comercial que envolva atividades ligadas

à saúde, seu consultório está sujeito a uma legislação específica

fissional encontra todas as diretrizes de como montar seu ne-gócio como estrutura, metragem, tipo de material a ser utiliza-do em pisos e revestimentos, entre outros. Além dessas, exis-tem várias outras leis que envolvem, por exemplo, utilizaçãoe prescrição de medicamentos controlados, gerenciamento deresíduos de serviço de saúde (lixo contaminado, infectante,perfurocortante), entre outras. Mas ainda não acabou. Existe,ainda, o alvará de funcionamento, a licença do Corpo de Bom-beiros, o Serviço de Controle de Pragas, a limpeza de caixad’água, o programa de saúde ocupacional dos funcionários, alicença sanitária, licença do conselho de classe, entre outros.

Por fim, uma sugestão: lembre-se de que seu negócio é esempre será muito importante para você, desde a sua inaugu-ração. Portanto, é fundamental que sua clínica esteja dentrodas normas exigidas por lei para evitar que você sofra qual-quer tipo de punição.

PRECISA DE TUDO ISSO?

Sim. Você não investiu tanto tempo e dinheiropara construir um nome, uma clientela, uma repu-tação para, num piscar de olhos, ao chegar umfiscal no seu consultório, entre com ele o risco dever todo seu esforço e trabalho irem por água abai-xo. Estabelecimento lacrado e multa aplicada po-dem virar sinônimos de abandono de clientela, oque tornará o prejuízo maior ainda.

Para você ter uma ideia, a multa aplicada deacordo com o Código Sanitário do Estado de SãoPaulo pode variar de R$ 215 a R$ 215 mil. É bomsaber que não existem tabelas nem critérios defi-nidos para estabelecer o valor da multa. Em geral,a estimativa é feita pela média de faturamento daclínica. Portanto, antes de abrir seu negócio, pes-quise, estude, veja o que é preciso e como deixarseu estabelecimento totalmente dentro da lei. Des-ta forma, você ficará tranquilo para quando a fis-calização aparecer.

EM PAZ COM A FISCALIZAÇÃO

Gustavo Ribeiro MercatelliMédico-Veterinário (CRMV-SP 14.723)Sócio e diretor da empresaEquillibrium Consultoria [email protected]

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PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS LUCIANA ISSA

CIÊNCIA EXPLICA PORQUE AS PESSOASCONSIDERAM OS CÃES COMO MEMBROS DA FAMÍLIA

APOIADORES

“Luciana Issa ([email protected]), psicopedagoga clínica, diretora técnicado Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autorado livro “Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalhode quatro cães terapeutas.”

Uma recente descoberta ci-entífica comprovou porque pes-soas veem os cães como parteda família e o porquê desse vín-culo tão forte. Publicado na re-vista Science, o estudo realiza-do por pesquisadores da Univer-sidade Azabu, no Japão, de-monstrou que a oxitocina, umhormônio presente nos sereshumanos e em cães, é respon-sável pelo fortalecimento do vín-culo afetivo, a partir do olhar hu-mano focado nos olhos de um cão de companhia e vice-ver-sa. Para entendermos melhor a pesquisa, vamos conhecerum pouco sobre a oxitocina.

A oxitocina foi descoberta em 1909, portanto, há maisde um século. Inicialmente, constatou-se que ela fazia comque o útero em gatas grávidas sofresse contrações. No de-correr das décadas, mais pesquisas foram realizadas e veri-ficou-se que a oxitocina, também, estimulava a musculaturada glândula mamária das mulheres na produção de leite paraseus bebês. Ao mesmo tempo, essa substância produzidapelo cérebro tem seu nível aumentado, durante a troca deolhares fixos entre mãe e bebê, em ambos os organismos.Na mãe, o chamado “hormônio do amor” acalma e estimula agenitora a dar de mamar ao bebê, assim como, exteriorizan-do o carinho por ele. Por sua vez, o bebê também tem o nívelde oxitocina aumentado e é estimulado para um comporta-mento de apego à mãe, na troca de olhares, culminando como fortalecimento do vínculo biológico entre eles.

Uma outra evidenciação empírica mostrou que a oxitoci-na influenciou no comportamento social de animais elevandoo nível de confiança entre eles e de cooperação. O experi-mento envolveu roedores que toleraram demais membros desua espécie em espaços apertados, ao receberem a oxitoci-na no organismo sendo, portanto, uma substância regulado-ra do comportamento social.

Ressalta-se que a presença da oxitocina produzida pelocérebro não está ativa o tempo todo no organismo e seu efei-to é temporário, mas, é gerada na interação entre a pessoa eseu cão já nos instantes iniciais da troca de olhares. Ela, tam-bém, leva à produção de outros hormônios como a serotoni-na responsável pela redução do nível de ansiedade de umapessoa, além de ajudar no bom humor. A dopamina é outroimportante neurotransmissor estimulado pela oxitocina quegera as sensações de prazer e de bem-estar.

Uma pesquisa realizada com pessoas, em 2000, mos-

trou que a oxitocina gera maiorgrau de generosidade, confian-ça e melhora no comportamentosocial. Em 2003, a Universidade deMaryland apresentou uma pes-quisa que foi publicada no peri-ódico “Behavioral Neuroscience”demonstrando que a oxitocina in-fluenciava o comportamento mo-nogâmico entre ratazanas. A última descoberta feita pe-los pesquisadores japoneses,

em 2015, reuniu no processo de evidenciação empírica 30 do-nos de cães de diferentes raças, tais como: Golden Retrie-ver, Pastor Alemão, Poodles, Jack Russel Terrier e Schnau-zers. Fêmeas e machos participaram do estudo. Antes doteste foram coletadas as urinas de todos (humanos e pets)para futura análise do nível de oxitocina. Durante 30 minutos,os donos brincaram com seus cães acariciando-os e focan-do fixamente o olhar nos bichos, alguns focaram mais do queoutros. A seguir, foram coletadas novamente as amostras deurinas. Ao analisar os resultados constatou-se que houve umsignificativo aumento no nível de oxitocina depois da intera-ção. Tanto a urina dos humanos quanto dos animais mostra-ram um maior nível de oxitocina. Aqueles donos que focarammais nos olhos dos cães apresentaram maior volume do hor-mônio na urina e o mesmo aconteceu com os cães que olha-ram para seus donos por mais tempo do que outros.

Ao repetir o teste, mas, utilizando lobos, ao invés doscães, a análise das urinas não apontaram alterações no nívelde oxitocina.

Conclusão: o olhar recíproco entre o cachorro e seu donodispara os níveis de ocitocina no cérebro fortalecendo e es-treitando o vínculo da relação entre eles. À medida que esseolhar é mais constante, maior é a taxa desse hormônio noorganismo, maior é o afeto.

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Uma vidadedicada àSaúde Animal

Enonomista formado pelaUniversidade Mackenzie,o Dr. Paulo Corrêa sempre pautou-se peloempreendedorismo, dando continuidadeaos feitos de seus pais, fundadores doLaborartório Biovet. Ao lado do seu irmãoRoberto, médico veterinário, o Paulo, entãopresidente da empresa deu importanteimpulso ao crescimento da BIOVET,referência no desenvolvimento e produçãode vacinas de uso veterinário.

Foi membro do Conselho Consultivo do SINDAN, fórum da indústria, onde fazia ouvir suasideias e onde também compartilhava seus conhecimentos, visando o desenvolvimento setorial.Em 2007 foi eleito Empresário do Ano pela ALA - Associação Latinoamericana de Avicultura pelacontribuição dada à avicultura. Atento às atividades da medicina veterinária sempre valorizou osprofissionais médicos veterinários, apoiando as atividade científicas. Foi incentivador e apoiadorda Revista Nosso Clínico por considerar fonte de divulgação do conhecimento científico.A contribuição da BIOVET, como apoiadora e anunciante tem sido importante, pelo queagradecemos.

“Tem pessoas que são importantes, outras são imprescindíveis. Exemplo de generosidade,companheirismo, sempre pronto a ouvir e contribuir com suas opiniões sensatas, Paulo Corrêadeixou na nossa lembrança a mensagem de que vale a pena viver. Temos o momento de chegare a hora de partir, é o ciclo da vida. Fica a lembrança de uma pessoa única que foi modelo de vidaprodutiva, em todos os sentidos.” (Palavras do Milson Pereira quando informado por nós).

Registramos a homenagem da Revista Nosso Clínico que certamente é compartilhada portodos que tiveram o privilégio de conhecer e conviver com o Paulo Eduardo Alves Corrêa.

Fernando Figuerola PonsRevista Nosso Clínico

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BEM-ESTAR ANIMAL

Sidney Piesco de Oliveira([email protected])

Como a crise pode afetar nossos amigos

Diretor Científico do Instituto Brasileiro deRecursos Avançados - IBRAGraduado pela FMVZ- USPMestre em Clínica e Cirurgia de PequenosAnimais (FMVZ-Unesp - Botucatu)Pós-Graduado Lato Sensu em FisioterapiaVeterinária (UNIP)Pós-Graduado Lato Sensu em AcupunturaVeterinária (FACIS - IBEHE)Membro da Comissão Especial deFisioterapia Veterinária - CRMV-SPMembro Fundador da ANFIVETCoordenador da divisão de AcupunturaVeterinária do IBRACoordenador geral de cursos IBRA

O Brasil talvez esteja se preparando para passar poruma de suas maiores crises econômicas, diretamente li-gada à crise política que vem ganhando muita força nes-te primeiro semestre.

Não pretendo entrar no mérito da questão, haja vis-ta que cada brasileiro tem uma opinião diferente sobre oque nos levou a chegar nesse ponto, onde a inflação nãoestá mais batendo à porta, e sim já entrou na sala e sen-tou-se no sofá. Além disso, o desemprego vem aumen-tando a cada mês, inversamente proporcional ao PIB. Osserviços do governo estão mais precários do que nunca,nos obrigando a pagar dobrado por saúde, educação esegurança.

Mas, o que uma coluna de bem-estar animal temcom isso? Tudo. O bem-estar dos animais, principalmen-te os de companhia, está diretamente ligado ao podereconômico de seu proprietário na maioria dos casos.Vamos imaginar um cenário médio, onde o Brasil passesomente por uma crise pequena, que dure por volta deum ou dois anos e depois volte a se recuperar. Agora va-mos imaginar o proprietário que acabou de receber anotícia de sua demissão. Seu primeiro ato é chegar emcasa e pensar em todas as despesas rotineiras para veronde poderá cortar custos. E os animais, em alguns ca-sos, estão no topo dessa lista de cortes.

O primeiro corte na lista dos proprietários é o ba-nho e tosa, pois ele acredita que pode passar a banharseu cão em casa, economizando alguns trocados. Alémdisso, vai ao supermercado e compra o xampu mais ba-rato, se possível com antipulgas para não precisar gastarcom produtos específicos. E isso pode acarretar intoxica-ções e doenças de pele. Outro pensamento que podepassar pela cabeça do recém desempregado é economi-zar na ração, pois aquela de ótima qualidade está muitocara e o vizinho disse que outra mais barata é tão boaquanto a que ele fornece para seu amigo. Mas nós sabe-mos que não há milagre nesse setor. As rações boas sãocaras devido ao seu alto custo de produção.

Mais uma economia, que pode ser a pior, se baseiana vacinação anual. O proprietário pensa que pode dei-

xar para vacinar seu amigo mais pra frente, “quando acoisa melhorar”, mas isso pode durar muito mais tempodo que ele imaginou e seu pet ficar mais de um ano coma vacina atrasada.

Então, diante desse cenário todo, vem as doenças,tanto as que poderiam ser prevenidas pela vacinaçãoquanto aquelas causadas pela má alimentação e pelocuidado errado com a pele. E quando as doenças apare-cerem, esse proprietário não terá dinheiro para levar aoMédico-Veterinário para passar em consulta e ainda ten-tará resolver em casa, com medicamentos caseiros oumesmo comprado em lojas pouco qualificadas.

Com meus vinte e três anos de formado já passeipor algumas crises no Brasil e estou temendo que essaseja uma das maiores. Espero estar totalmente engana-do. Em todas as crises, o cenário que vi foi o mesmodescrito acima, por isso estou escrevendo esse artigo quedeve servir como um alerta para nossos colegas que tra-balham em clínica.

Acredito que seja o momento de iniciarmos umacampanha junto ao proprietário que ainda está empre-gado, mostrando para ele o grande erro que é tentareconomizar no tratamento de seu pet. Dessa maneira,talvez ele esteja preparado para pensar de forma dife-rente se o desemprego bater à sua porta e ele reflitabastante antes de colocar seu melhor amigo em primei-ro lugar na lista de corte de gastos.

O momento é agora. Não vamos esperar nossos cli-entes perderem o emprego para tentar convencê-los docontrário, pois poderá ser muito tarde.

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Há 26 anos desenvolvendo produtos exclusivos paraa saúde animal, a Vencofarma do Brasil conforme afirmao presidente André Paleari (foto) promete entrar comfortes investimentos nos próximos anos. O foco está naslinhas de vacinas, kit diagnóstico e nagama de produtos para o mercado deanimais de companhia, que é o setorque mais cresce no país.

A história da Venconforma seconfunde com o desenvolvimentodo mercado veterinário brasileiro,por conta de seu pioneirismo econtribuição tecnológica. Fundadaem Londrina, no Paraná, começouocupando um importante nicho demercado produzindo soro antiofídicoveterinário e logo ganhou uma importante fatia domercado de vacinas para pequenos e grandes animais.

Lançou o kit diagnóstico, que facilitou a conduta domédico veterinário na rotina da clínica, e desenvolveu oprimeiro soro contra botulismo. Produto este inédito noBrasil, que deu importante contribuição e lhe rendeu oPrêmio Destaque Industrial de Insumos na Expointer -importante feira agropecuária realizada em Esteio, no RioGrande do Sul.

Hoje com mais de 60 produtos, entres soros, vacinase medicamentos para pequenos e grandes animais, aVencofarma ganhou o mercado externo com importanteparticipação na América Latina, Ásia e África.

E com essa inovação e com o compromisso dequalidade que a Vencofarma cresceu e vem crescendo acada dia, buscando levarprodutos que melhorem aqualidade de vida das pessoae dos animais.

VENCOFARMA AUMENTAOS INVESTIMENTOS EM 2015

A história do laboratório se confunde com odesenvolvimento do mercado veterinário brasileiro, porconta de seu pioneirismo e contribuição tecnológica

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IV Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre (Conservação in situ)

Pantanal Sul-MatogrossenseEstudos com animais selvagens em vida livre há

muitotempo vem sendo desenvolvidos, porém pou-cos cursos de capacitação são realizados no Brasil.Devido ao número crescentede projetos, sejam parapesquisa, empreendimentos ambientais e conserva-ção, faz-se necessária a formação de profissionais ca-pacitados para trabalhar a campo nos diferentes bio-mas. Elaborado pela Médica Veterinária Flávia Miran-da e organizado pelo Projeto Tamanduá em parceriacom a Associação Brasileira de Veterinários de Ani-mais Selvagens - ABRAVAS, o IV Curso de Capacita-ção para Trabalho com Fauna em Vida Livre, serárealizado entre os dias 28 de agosto a 5 de setembrona Pousada Aguapé, em Aquidauana no Pantanal Sul-Matogrossense.

O curso tem como objetivo promover o conheci-mento de técnicas desenvolvidas em campo em dife-rentes espécies de fauna e flora. Contou-se com a pre-sença de seis renomados palestrantes internacionaisque vem nos últimos 10 anos desenvolvendo pesqui-sa e trabalhos em prol da conservação dos animaisselvagens. Pesquisadores brasileiros com vasta expe-riência também contribuíram para aumentar o conhe-cimento de 30 alunos de diferentes partes da AméricaLatina. Temas como Biologia, Medicina da conserva-ção, Manejo de animais selvagens em vida livre e cati-veiro, Técnicas e uso de equipamentos a campo fo-ram discutidos durante o evento.

Por oito dias consecutivos, os alunos puderamaprender na teoria e na prática os métodos diretos eindiretos de observação de fauna, elaboração de listavermelha de espécies ameaçadas, uso de programasde GPS e telemetria, captura, colheita, processamentoe armazenamento de amostras biológicas etc. Tudo issovivenciando o dia-a-dia dos pesquisadores que traba-lham a campo em meio ao melhor que o bioma Panta-nal pode proporcionar. De extrema importância paraprofissionais que pretendem se dedicar a área, o cur-so incentiva e promove grande crescimento pessoal eprofissional para os alunos.

Maiores informações, em breve, através dos siteswww.abravas.org.br ou www.tamandua.org e http://projetotamandua.wix.com/cursopantanal