revista nosso clinico nr 104 - colunas mar/abr 2015

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Indexação Qualis www.nossoclinico.com.br ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório Conhecimento Compartilhado Bem-Estar Animal Terapia Celular Nutrição Animal Gestão Empresarial Medicina Tradicional Chinesa Pets, Famílias e Veterinários Endocrinologia InfoPet Medicina Felina Fisioterapia • Glossectomia total em cadela (relato de caso) • Diferentes aplicações do pericárdio bovino preservado em glicerina 98%, em cães (relato de 22 casos) • Ablação total de conduto auditivo e osteotomia de bula timpânica em cão (relato de caso) Evolução clínica e ecocardiográfica em um cão da raça Boiadeiro Australiano, portador de comunicação interventricular congênita (relato de caso) Diagnóstico por imagem em felino politraumatizado Estudo retrospectivo das principais afecções GASTROINTESTINAIS em roedores e lagomorfos em uma clínica veterinária de São Paulo em roedores e lagomorfos em uma clínica veterinária de São Paulo ISSN 1808-7191 ANO 18 - Nº 104 - MAR/ABR 2015 A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO A B • Tratamento cirúrgico de não-união óssea em rádio e ulna de cão (revisão de literatura e relato de caso) • Tratamento cirúrgico de não-união óssea em rádio e ulna de cão (revisão de literatura e relato de caso)

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Revista de Educação continuada do Clínico Veterinário de animais de companhia.

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Page 1: Revista Nosso Clinico nr 104 - Colunas MAR/ABR 2015

Indexação Qualiswww.nossoclinico.com.br

ENCARTE:Clínica de Marketing

COLUNAS: Dicas do Laboratório• Conhecimento Compartilhado

• Bem-Estar Animal • Terapia Celular • Nutrição Animal • Gestão Empresarial

• Medicina Tradicional Chinesa • Pets, Famílias e Veterinários

• Endocrinologia • InfoPet• Medicina Felina

• Fisioterapia

• Glossectomia total em cadela (relato de caso)• Diferentes aplicações do pericárdio bovino preservado em

glicerina 98%, em cães (relato de 22 casos)• Ablação total de conduto auditivo e osteotomia de bula

timpânica em cão (relato de caso)• Evolução clínica e ecocardiográfica em um cão da

raça Boiadeiro Australiano, portador de comunicaçãointerventricular congênita (relato de caso)

• Diagnóstico por imagem em felino politraumatizado

Estudo retrospectivo das principais afecçõesGASTROINTESTINAISem roedores elagomorfos em umaclínica veterináriade São Paulo

em roedores elagomorfos em umaclínica veterináriade São Paulo

ISSN 1808-7191

ANO 18 - Nº 104 - MAR/ABR 2015

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

A B

• Tratamento cirúrgico denão-união óssea em rádioe ulna de cão (revisão deliteratura e relato de caso)

• Tratamento cirúrgico denão-união óssea em rádioe ulna de cão (revisão deliteratura e relato de caso)

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66 • Nosso Clínico

Colaboração:

O anti-inflamatório para a cirurgia:herói ou vilão?

...................................................................................

Como extrair o máximo de resultado de seu uso?Entendendo o conceito de medicina perioperatória.

Todos nós nos preocupamos com a dor causadapor um procedimento cirúrgico, porém muitos cole-gas só entendem o processo álgico após o términoda intervenção. É sabido que a analgesia deve serbuscada antes mesmo do início do estímulo doloro-so. Este conceito de analgesia preemptiva é parteintegrante de um processo mais complexo denomi-nado medicina perioperatória. Entender seu pacien-te desde o momento da consulta inicial, identifican-do a moléstia primária para qual o procedimento ci-rúrgico será indicado, verificando se há qualquer ou-tra disfunção orgânica (de modo a compreender opaciente como um todo e oferecer a ele o melhor tra-tamento possível) e acompanhando-o até a alta clí-nica, é premissa fundamental deste conceito.

Deste modo, exames hematológicos, perfis bio-químicos, exames de imagem e avaliações cardioló-gicas não são meramente uma rotina a ser cumprida,nem tampouco obrigação formal para o procedimen-to anestésico. Fazem parte da rotina da equipe cirúr-gica a avaliação e tomada de decisão sobre qual omelhor caminho para tratar este paciente.

A dor entra como parâmetro fundamental nesteprocesso de cura ou remissão da moléstia. Tratar ador não é tratar somente um componente do ato ci-rúrgico, mas sim, fornecer condições de recuperaçãomais adequada aos pacientes. Um paciente sem dorrecupera-se mais rápido, apresenta menor índice derespostas catabólicas, como deiscência de sutura,febre, vômito, letargia e anorexia, além de retornaràs atividades rotineiras de forma mais precoce.

O anti-inflamatório pode ser usado para esta fi-nalidade de forma muito importante. Uma vez que a

VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?

dor decorrente do ato cirúrgico é de natureza infla-matória, ao aplicar o medicamento antes do procedi-mento, a equipe estará modulando esta resposta,podendo reduzir inclusive a necessidade de anesté-sicos e analgésicos no trans-operatório.

Para tanto, mais uma vez, fica clara a necessida-de do conhecimento do paciente como um todo, demodo a assegurar que suas condições permitam queele receba o medicamento. A escolha adequada deum agente anti-inflamatório que atue seletivamentena fase indutiva da inflamação e não nas relaçõesconstitutivas do organismo, como homeostase demucosa gástrica, mecanismos de agregação plaque-tária, entre outras, é muito importante.

Deve ser ressaltado ainda que, ao contrário dopostulado por alguns, os anti- inflamatórios não es-teroidais modulam mas não inibem a síntese de teci-dos, inclusive o tecido ósseo. Portanto, podem e de-vem ser utilizados no período perioperatorio, inclusi-ve de cirurgias ortopédicas.

O anti-inflamatório não esteroidal é um agenteantiálgico indispensável para a medicina periopera-tória.

Conheça seus pacientes como um todo, tenhauma equipe cirúrgica em consonância e faça bom usode todo o arsenal que temos à nossa disposição.

Dr. Alexandre SchmaedeckeMédico Veterinário / Doutor em cirurgia

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68 • Nosso Clínico

FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO

M.V. Maira Rezende FormentonFisioanimal / Hovet Pompé[email protected]

Alongamento de musculatura de membro anterior

A Microfisioterapia é uma técnica de terapia manualdesenvolvida na França pelos fisioterapeutas e osteopatasDaniel Grosjean e Patrice Benini. Sua elaboração e formu-lação foram iniciadas na década de 80, baseando-sena embriologia, na filogênese e na ontogênese.

Parte do princípio que todas as células do nosso cor-po são capazes de armazenar memórias em todos os perí-odos da vida, e até mesmo informações ancestrais. E quetodo ser vivo possui uma capacidade de se adaptar, sedefender e se auto-corrigir buscando um equilíbrio para seproteger e se equilibrar ao meio exterior.

O corpo sofre agressões de todas naturezas (tóxica,química, física, emocional ou ambiental) e em diferentesintensidades. No entanto, se as agressões não forem iden-tificadas ou forem muito intensas, o corpo não reage demaneira eficaz a esta agressão, a qual registra uma memó-ria, ou cicatriz patológica, do acontecimento nos tecidos.Esta cicatriz altera a vitalidade e função do tecido agredi-do, que é palpável ao terapeuta, podendo manifestar umou mais sintomas sobre o local de agressão ou à distânciagerando desordem física psíquica ou emocional.

A Microfisioterapia permite o terapeuta identificar osrastros deixados por essas agressões nos diferentes teci-dos do organismo. Uma vez identificada e localizada a ci-catriz, o terapeuta reinforma o corpo, para que então sejaestimulado a desencadear os processos de auto correção,auxiliando no restabelecimento da vitalidade e função teci-dual. O mecanismo de auto correção é obtido desta ma-neira, igualmente tanto nos adultos como nos bebês ouanimais.

Todo processo de identificação da causa primária deuma doença ou disfunção e estimular o equilíbrio e manu-tenção da saúde, é realizado através de diferentes micromovimentos palpatórios específicos seguindo mapas cor-

MICROFISIOTERAPIAVETERINÁRIA

porais desenvolvidos para pacientes humanos pelos cria-dores da técnica. E para os animais, Michel Zaluski – fisio-terapeuta e osteopata francês desenvolveu outros mapas emovimentos palpatório específicos.

O trabalho de “faxina” que o corpo inicia pode provo-car um ligeiro cansaço durante um ou dois dias, sendoindicado que o paciente não faça esforço físico. Sintomasfísicos como diarreia, vômito, aumento da dor, febre, criseemocional podem ocorrer até os dois dias após a sessão.Estas manifestações ocorrem como um sinal de liberaçãodas memórias agressoras. Para minimizar os efeitos, é acon-selhado se manter bem hidratado principalmente nos doispróximos dias que seguem a sessão, para facilitar o traba-lho de eliminação. O paciente, portanto, deve repousar epermitir a auto correção do corpo, com o mínimo de inter-ferência medicamentosa possível.

Texto: Dra. Thiana Tanaka, médica veterinária da Equipe Fisioanimal, fezo primeiro curso de Microfisioterapia Veterinária no Instituto Salgado

Satine em sessão de microfisioterapia com Dra. Thiana Tanaka..................................................................................................................

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Nosso Clínico • 69

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70 • Nosso Clínico

Fatos, Falácias e Fantasias sobreLeishmaniose Canina

[email protected], Mestre em Medicina Veterinária UFMGCRMV-SP 5540 VCRMV-MG 3708

DICAS DO LABORATÓRIO DR. LUIZ EDUARDO RISTOW

.

Muitas vezes no dia a dia da clínica,existe um bombardeio de informações detodos os lados e por vezes fica difícil se-parar o que é “achismo” de verdades ci-entíficas. Então no contexto da Leishma-niose muita coisa é Fato – verdade cien-tífica – muita coisa são Falácias – verda-des construídas de forma empírica sobrefalsos pressupostos – outras são simples-mente fantasias.

EPIDEMIOLOGIA

Diagnosticar a Leishmaniose canina,em regiões de alta incidência da doença,pode parecer complexo, mas existe umpensamento lógico que pode nos ajudarmuito na hora de construir este diagnós-tico. Em primeiro lugar se a região é dealta incidência já temos um ponto a favordo diagnóstico: EPIDEMIOLOGIA POSI-TIVA.

SINAIS

Sinais da Leishmaniose são mais di-fíceis e somente irão se manifestar aosolhos do veterinário quando o curso dadoença já é avançado – uma vez que adoença é interna, visceral. Não espereachar sinais externos para poder fecharo seu diagnóstico. Se o cão falasse, po-deria manifestar sintomas o que facilita-ria, mas não é o caso. Procurar sinaisnem sempre ajuda, mas quando estãopresentes são um ponto a mais para odiagnóstico: SINAIS EXTERNOS suges-tivos de Leishmaniose (não espere en-contrar isto na maioria dos casos atuais).

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:SOROLOGIA

Em todo o mundo, a Sorologia é oexame eleito como o mais sensível paraum diagnóstico laboratorial da Leishma-niose Canina. Em todos os países ondeesta doença está presente o que se rea-liza em primeira instância é a Sorologia -por ELISA e Imunofluorescência Indireta

- RIFI. Portanto, caros colegas, não po-demos ir na contra mão do mundo e acharque só aqui é tudo diferente – a Sorolo-gia é barata, é muito sensível e muitoespecífica sim! Qualquer um que dizer ocontrário deve ser questionado e investi-gado, pois pode estar com interesses fi-nanceiros por trás disto. São centenasde publicações científicas respaldandoeste fato. Use a Sorologia para o diag-nóstico laboratorial da Leishmaniose!

• Por que utilizamos dois métodos so-rológicos na Leishmaniose ?

Pelo mesmo motivo que o Ministérioda Saúde padronizou dois métodos nodiagnóstico da AIDS – para aumentar acerteza do diagnóstico laboratorial umavez que se trata de doença grave e deuma zoonose. Um método sorológico(ELISA) complementa o outro (RIFI) emsensibilidade e em especificidade, a aná-lise dos dois em conjunto é que vai nosdar um diagnóstico laboratorial.

• Quando tenho os dois métodos diver-gentes, isto quer dizer que a sorologia éuma droga?

Não, muito pelo contrário, temos deanalisar cada método de forma separa-da e manter um estreito relacionamentocom seu Laboratório de escolha para dis-cutir os casos. Atualmente o método ELI-SA se encontra bastante específico e porvezes conflita com o método de RIFI, queestá mais sensível do que específico. NaRIFI dificilmente vai passar um cão rea-gente sem que seja diagnosticado.

• Existe reação cruzada?Pode haver alguns animais reagen-

tes na RIFI e Não reagentes ou Indeter-minados (Zona Cinza - perto do Cutoff doteste) no ELISA, pois o excesso de sensi-bilidade da RIFI pode levar (em títulos bai-xos sempre) a resultados que espelhamuma reação cruzada com outras patolo-gias. O melhor a fazer nestes casos é

solicitar a Sorologia com Diluição Totalpara ver até que ponto está o titulo noexame de RIFI, caso esteja acima ou iguala 1/160 descarte reação cruzada – estecão tem Leishmaniose, mesmo se o ELI-SA tiver indeterminado – isto vai ser pos-sível pois o ELISA está menos sensíveldo que a RIFI. Siga o resultado da RIFI.

No caso de suspeita de reação cru-zada a primeira coisa a fazer são os tes-tes diagnósticos de patologias que po-dem levar a este quadro. Pesquise a pre-sença de hemoparasitas, inclusive a pre-sença de Tripanossoma. Não se esqueçade situações como Prenhez, Dermatopa-tias crônicas, etc.

• Deu um resultado Reagente no ELISAe Não reagente na RIFI o que pode ser?

Pode ser erro do laboratório (geral-mente pessoal mal treinado em RIFI oucom pouca experiência) ou algum pro-blema sério na conservação desta amos-tra – por exemplo amostra hemolisada –repita o exame em outra amostra. Discu-ta com o Patologista do Laboratório.

• Deu um resultado Reagente no RIFI eNão reagente ou Indeterminado no ELI-SA o que pode ser?a) Pode ser Reação cruzada com outrapatologia, pesquise as patologias quemais frequentemente dão reação cruza-da.b) Pode ser animal vacinado que em al-guns raros casos apresenta RIFI reagen-te em títulos de até 1/80, porém ELISAsempre Não reagente.

c) Pode ser o início de uma soro conver-são de animal infectado pois com a RIFImais sensível do que o ELISA, nós pode-mos começar a ter reagentes apenas noRIFI. Repita o exame após 21 a 30 dias –neste intervalo este animal pode ser con-siderado suspeito, use coleira + repe-lentes, etc. Caso se mantenha da mes-ma forma parta para um exame Parasi-tológico.

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Nosso Clínico • 71

d) Caso o título da RIFI seja 1/80 solicitediluição Total ao laboratório, caso venhamaior ou igual a 1/160, descarte reaçãocruzada e considere este animal comoReagente.e) Este resultado também pode ocorrerquando existe uma hemólise muito acen-tuada da amostra.f) Animal em tratamento que consegue“negativar” o ELISA mas mantém a RIFIcom baixos títulos. Lembre-se que exis-tem proprietários administrando Alopuri-nol por conta própria e isto causa umamudança total na interpretação dos re-sultados dos exames.

• Sorologia com Diluição total, o que éisto?

O exame de Reação de Imunofluores-cência Indireta - RIFI, é o exame sorológi-co que sai com títulos se der Reagente.Começando com 1/40 - que é considera-do um título baixo e na zona cinza daRIFI, e indo até títulos como 1/1280 oumais. Quanto maior o título da RIFI, pior oprognóstico, segundo a literatura científi-ca. Portanto saber em qual patamar, comqual título está o animal que eu encami-nhei, é muito importante. No TECSA vocêpode solicitar a diluição TOTAL - na roti-na diluímos até 1/80, mas se solicitar di-luição Total vamos diluir até o máximo.Com isto você pode acompanhar esteanimal se o mesmo for ser submetido atratamento - pois sabemos que muitoscolegas estão optando pelo tratamento.Títulos maiores ou iguais a 1/160 já afas-tam a possibilidade de ser uma reaçãocruzada, as reações cruzadas são quasesempre com títulos de 1/40.

MOMENTO DA VERDADE:LEISHMANIOSE CANINA

1) Métodos Sorológicos

Primeiramente, para o diagnóstico so-rológico da Leishmaniose canina é ne-cessário e imperativo que sejam empre-gadas duas técnicas sorológicas: ELISAe a IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA(IFI). Essas duas técnicas são recomen-dadas pelo Ministério da Saúde e em casode divergência entre as duas, considera-se o método de IMUNOFLUORESCÊN-CIA INDIRETA como o método confirma-tório. Não aceite exame apenas com ométodo ELISA, pois sozinho pode levar aresultado falso - negativo.

2) O exame de ImunofluorescênciaIndireta - IFI

• Este método depende de uma leituravisual e para isto é necessário que o téc-nico seja extremamente competente ecom muita experiência. Além disto, é im-portante uma leitura em duplicata, por ob-servadores diferentes e sem saberem osresultados um do outro.

• Todos os casos conflitantes devem serrevistos (Retestados) por um terceiro pro-fissional experiente. No TECSA nossasleituras são realizadas por Profissionaiscom vários anos de experiência em Lei-tura de Leishmaniose e todos são super-visionados e liberados na bancada porum Médico Veterinário. Com 20 anos deexperiência em Laboratório diagnósticoe com centenas de milhares de examesde Leishmaniose já realizados, muitacoisa já vimos e muitos casos raros e inu-sitados também, o que nos dá um baga-gem enorme para compartilharmos comos colegas. 3) Outros Métodos Diagnósticos paraLeishmaniose

• Não podemos esquecer que testes so-rológicos requerem correlação clínica eepidemiológica e em caso de dúvida, sefaz necessário a realização de outros tes-tes diagnósticos como: PESQUISA DIRE-TA DO AGENTE através de Citologia /Biópsia de Linfonodo, de Pele, ou aindade Punção de Medula e a IMUNO-HIS-TOQUÍMICA.

4) Proteína Total e Frações - RelaçãoA/G

• A importância deste exame como maisum exame complementar no diagnósticoda LVC, está comprovada por trabalhoscientíficos publicados. Nós, do TECSA,relatamos esta correlação há muito tem-po e agora diversos pesquisadores cor-roboram nossa experiência. Solicite sem-pre junto à Sorologia para Leishmanioseo exame Proteínas Total e Frações, quevem com a relação A/G. Utiliza-se o mes-mo SORO e o preço é muito acessível.Fique de olho na relação A/G, caso sejamenor do que 0,60 a chance de ser umainfecção por Leishmânia é grande, em-bora NÃO SEJA PATOGNOMÔNICO.Trata-se de mais um parâmetro que podenos auxiliar nos casos Indeterminados oucom resultados de RIFI com 1/40 persis-

tentes. Peça sempre junto ao exame deLeishmaniose.

5) Exame com Diluição Total

• O exame de Imunofluorescência Indi-reta de rotina foi padronizado, em acordocom a FUNED, para diluição até 1/80. Àpartir daí apenas faremos uma diluiçãomaior nos casos em que o Veterináriosolicitar o exame Leishmaniose DiluiçãoTotal – desta forma iremos diluir até o pon-to máximo. Neste caso é cobrado o preçode dois exames de LVC.

6) Exames Sorológicos de animaisvacinados

• Até o momento, na nossa experiênciaacumulada de centenas de exames deanimais vacinados com até quatro doses,nós observamos que aqueles cães queapresentaram sorologia Reagente esta-vam realmente infectados com a Leish-mania. Ou seja, ao contrário do que sesupunha a vacinação não parece tornaro animal soropositivo ao exame. Destaforma continua sendo válido solicitar aSorologia para o diagnóstico de doençamesmo em animal vacinado. Recomen-damos solicitar o exame com a DiluiçãoTotal, pois quanto maior o título mais cer-ta a chance de ser um animal infectado(falha vacinal?). Segundo o fabricante daúnica vacina existente no mercado há umKit sendo testado para que se possa de-tectar os títulos de IgG que são produzi-dos pela vacinação. 7) Alerta: a Hemólise pode afetar oresultado

• Em um belo trabalho publicado nosAnais da X Reunião de Pesquisa emLeishmaniose - em Uberaba (outubro de2006) concluiu-se que a hemólise afetaa sensibilidade dos métodos - sobretudodo ELISA. A mesma cai para 75% em so-ros hemolisados. Isto pode explicar di-versos resultados que acompanhamos naprática diária e que apresentam variaçãode sensibilidade em um mesmo cão emamostras diferentes. Portanto, garantaque o processo de retração do coáguloseja muito bem feito no momento da co-leta. O Soro não deve estar hemolisado eisto consegue-se com uma boa coleta.

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72 • Nosso Clínico

TERAPIA CELULAR DR. MARCELO NEMER XAVIER

Efeitos da terapia celular (Parte 1)

Coordenador Curavet([email protected])www.curavet.com.br

IMUNOMODULAÇÃOA imunomodulação é a alteração de uma resposta imuno-

lógica de um paciente ou indivíduo perante a uma determina-da doença, lesão ou moléstia e esse efeito imunomoduladordas células tronco é um fator determinante para o sucesso nareabilitação de algumas doenças como a aplasia de medulaimunomediada e sequela neurológica da cinomose.

As células tronco mesenquimais (CTMs), através de dife-rentes moléculas e citocinas, atuam em todo o sistema imuno-lógico do paciente causando uma imunossupressão inicialpara uma reprogramação, que tenderá a não reconhecer ostecidos e sistemas do paciente como invasores e por isso atuacom tanta eficácia em doenças imunomediadas e degenerati-vas.

Muitas doenças auto imunes são controladas pela tera-pia tradicional com imunossupressores por dias, meses e atéanos, o que traz um benefício ao paciente, contudo leva a le-sões em órgãos que podem ser prejudiciais a longo prazo. Oque diferencia as CTMs desses imunossupressores é exata-mente o fato de não trazerem efeitos colaterais e ainda pro-porcionarem a modulação final através de estímulos das célu-las estromais da medula óssea, que auxiliarão em todo o sis-

tema de coordenação medular (em breve explanaremos a res-peito).

As CTMs ao entrarem em contato com o interferon-gamainiciam a produção e liberação no líquido extracelular de fato-res (PGE-2, IL-4, IL6, IL10, TGF-β, IDO e HGF) atuantes sobre ascélulas do sistema imunológico (células dendríticas apresen-tadoras de antígeno e linfócitos).

Essas moléculas interferem nos linfócitos T, inibindo suaproliferação (TGF-β e HGF), inibindo a produção dos linfócitosT citotóxicos (PGE-2), além da enzima IDO que induz apoptosedos linfócitos T. Os mesmos TGF-β e HGF inibem a proliferaçãodos linfócitos B e essas moléculas juntamente com o IDO atu-am na perda do potencial citotóxico das células natural killer.Por fim as células dendríticas apresentadoras de antígeno sãobloqueadas em sua diferenciação, maturação e ativação devi-do a presença do fator de crescimento estimulador de macró-fago e IL-6.

As CTMs tem a capacidade de diminuir a inflamação atra-vés da supressão de linfócitos B e T citotóxicos. Essa supres-são ocorre pois as CTMs liberam fatores, como: prostaglandi-nas, interleucinas (IL-4, IL-6 e IL-10), fator de cresciemno trans-formador β (TGF-β), e a enzima indoleamina 2,3-dioxygenase.

Através dessa capacidade imu-nomodulatória, as CTMs são vis-tas com grande importância nostratamentos de alergias, problemasauto imunes, mecanismos de rejei-ção de implantes e as pesquisasem uma ampla gama de doençasvêm acontecendo por todo o mun-do. Afinal até onde vai a capacida-de de imunomodulação das CTMs? Essa resposta ainda é incerta,mas é sabido que a terapia celularcom células-tronco irá acarretarna diminuição ou substituição detratamentos halopáticos, o que levaa um confronto com a indústria far-macêutica, uma vez que, haveráuma diminuição em seu faturamen-to com a venda de medicamentos. Na próxima edição traremoso caso da Bulldog Mel exemplifi-cando melhor essa importante atu-ação.

•Inibição da estimulaçãodo IL-2 NK

•Redução do IFN-y•Contato envolvendo

célula-célula

• Inibição da divisão celular•G0/G1 fase presa•Fatores solúveis

desconhecidas envolvidas

• Inibição da maturação•G0/G1 fase presa•Redução de IL-1, CD40,

TNF-α•Fatores solúveis

envolvidos

• Inibição de proliferação• Bloco de entrada da fase S• G0/G1 fase presa• Indução de apoptose da célula T• Contato envolvendo célula-célula

LINF B

NATURAL KILLER MONÓCITO

CÉLULASDENDRÍTICAS

LINF T REGCD4+ LINF TCD8+ LINF T

INIB

IÇÃO

DA

LISIS

MED

IADA

POR

CTL

ATIV

AÇÃO

DA

CÉL

ULA

-TR

ON

CO

INDUÇÃO DE LINF T REG

Atuação da célula-tronco sobre as células de defesa do paciente

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74 • Nosso Clínico

NUTRIÇÃO ANIMAL

Keila Regina de Godoy - [email protected]., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR petwww.premierpet.com.br

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Envelhecimento e Nutrição do cãoA população de cães idosos vem au-

mentando significativamente. Estima-seque aproximadamente 35% dos cães noBrasil hoje têm mais de sete anos. Isso éo reflexo de um século marcado por gran-des avanços na medicina veterinária.Medidas preventivas, progressos cientí-ficos e tecnológicos no diagnóstico e tra-tamento das doenças, bem como na nu-trição animal, permitiram um maior con-trole e prevenção das enfermidades econsequente aumento na qualidade eexpectativa de vida dos cães.

Numerosos estudos sobre animaisgeriátricos mostram que conforme osanimais envelhecem requerem uma nu-trição específica, com uma formulaçãoque leve em consideração as alteraçõesassociadas a esta fase da vida.

Expectativa de Vida e Envelhecimento

Acredita-se que a duração máxima davida de uma espécie permaneça relati-vamente fixa, mas a expectativa de vidado indivíduo pode ser afetada pela gené-tica, status sanitário e tamanho corpo-ral na idade adulta. Sugere-se que a vidamáxima de um cão seja em torno de 27anos.

O envelhecimento é definido comoum processo biológico complexo, inici-ado no momento do nascimento, que re-sulta na redução progressiva da capaci-dade de o indivíduo manter a homeosta-sia sob estresses fisiológicos, aumentan-do a vulnerabilidade a doenças e a óbi-to. A base biológica do envelhecimentoestá fundamentada em fatores genéticos,principalmente aqueles que afetam o re-paro das células somáticas, a capacida-de de resposta ao estresse, a respostaimune e a suscetibilidade às doenças, asupressão de tumores, o estresse oxida-tivo, o reparo do DNA e a reativação degenes normalmente inativados.

Embora ocorram muitas variações in-dividuais entre os animais, cães de ra-ças grandes e gigantes são considera-dos geriátricos aos cinco anos de idade,ao passo que os de raças pequenas oumédias, a partir dos sete anos.

Manifestações do Envelhecimento

O envelhecimento por si só não é umadoença, porém, com grandes variaçõesindividuais, um animal sênior pode apre-sentar diferentes alterações imperceptí-veis e manifestações clínicas em prati-camente todos os sistemas do corpo, asaber:• Taxa metabólica - Diminui de maneiranatural com o passar dos anos. Uma dasjustificativas está no fato de ocorrer per-da de fibras musculares e um aumentona porcentagem de gordura, diminuindoa atividade oxidativa oriunda da mus-culatura e consequentemente a necessi-dade energética. Ademais, a maioria dosanimais domésticos reduz voluntaria-mente seu nível de atividade física à me-dida que envelhece.• Composição corporal - É documentadoque, no início da velhice, há alteraçõescomo diminuição da massa total de célu-las no organismo, dos estoques proteicose do conteúdo intracelular de água, comtendência ao aumento das reservas degordura em detrimento da perda de mas-sa magra. Em cães geriátricos, a obesida-de é um dos distúrbios mais prevalentes.Atualmente, cerca de 44% dos cães apre-sentam excesso de peso, consequência daquantidade excessiva de alimento forne-cido, utilização inadequada de energia e/ou atividade física reduzida5,8.

Além da perda de musculatura, no sis-tema musculoesquelético também ocor-rem alterações ósseas, provavelmentepela absorção inadequada de cálcio noscães velhos1. Outras alterações ortopédi-cas comuns em animais idosos são asdoenças articulares degenerativas e dis-copatias, que causam dores e diminuema mobilidade, criando um ciclo viciosopara a obesidade.

• Pele - Com o avanço da idade há umaumento do conteúdo de cálcio e dimi-nuição da quantidade de elastina, resul-tando em perda de elasticidade, acom-panhada por hiperqueratose. Os folícu-los pilosos podem sofrer atrofia e perdadas células pigmentares, gerando áreasalopécicas ou pelos brancos – muito co-muns nos focinhos dos animais idosos.• Sistema urinário - O rim é um dos ór-gãos mais vulneráveis às mudanças as-sociadas ao envelhecimento. Importan-tes alterações senis, como a nefro escle-rose, são frequentes e podem desenca-dear doença renal crônica, uma das qua-tro mais importantes em cães idosos. Essedeclínio das funções renais é associadocom a idade em todos os mamíferos.• Sistema imunológico - Ocorrem mudan-ças quantitativas e qualitativas na res-posta humoral e alterações no númerode imunoglobulinas, assim como modi-ficações quanto à especificidade e afini-dade dos anticorpos, contribuindo parao aumento da suscetibilidade e severi-dade de doenças infecciosas, e para amenor eficiência de vacinação.

A disfunção imune relacionada à ida-de pode ser particularmente prevenidapor intervenção dietética, pois as defici-ências de alguns micronutrientes – vita-minas e minerais – podem estar associ-adas ao decréscimo na função imune.

O estudo abaixo relaciona as princi-pais manifestações clínicas e causas demorte em animais idosos, sendo as neo-plasias as principais manifestações clí-nicas aparentes e a principal causa demorte.

A DIETA IDEAL PARA O CÃO SENIL

• ALTA PALATABILIDADE E SAÚDE ORAL -Com o intuito de estimular a ingestão,

AD

AP

TAD

O D

E B

EN

TUB

O (2

007)

Ranking das principais causas de óbito e manifestações clínicas da senilidade em cães

Causas de morte em cães idosos Manifestações da Senilidade em cães idosos

1º lugar Neoplasias Neoplasias

2º lugar Cardiopatias Gastrenterites

3º lugar Alterações Renais e Pancreáticas Pele, Otite e Piometra

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um alimento para animais senis deve teruma palatabilidade aumentada e ser for-mado por partículas de tamanho adequa-do ao porte do animal. O grão ideal deveser de fácil mastigação com intuito de fa-cilitar a ingestão mesmo nos cães que jápossuam alterações periodontais. Alémdisso, é interessante que contenha subs-tâncias coadjuvantes da saúde oral, comoo hexametafosfato de sódio, que auxiliana prevenção da formação do cálculo den-tal e, assim, na saúde oral como um todo.• ALTA DIGESTIBILIDADE - Para minimizaros problemas comuns de digestão e ab-sorção, o uso de ingredientes de alta di-gestibilidade permite ao animal um apro-veitamento máximo de todos os nutrien-tes.• Proteínas: Com a perda de fibras mus-culares, os animais geriátricos tambémperdem uma importante forma de reser-va proteica. Essa reserva tem grande im-portância, pois grande parte seria utili-zada pelo sistema imune para respon-der a estímulos estressantes e a todas asalterações orgânicas inerentes a senes-cência. Não apenas a quantidade de pro-teína deve ser adequada, mas a qualida-de deste nutriente também deve ser con-siderada. Proteínas de qualidade – comalta digestibilidade e ricas em aminoá-cidos essenciais, como frango e ovos –além de proporcionarem um maior apro-veitamento pelo animal, também redu-zem a formação de metabólitos bacteri-anos (amônia, uréia, aminas biogênicas)no trato digestivo.• Carboidratos: A formação de metabóli-tos tóxicos também é influenciada pelaquantidade e qualidade de carboidratosda dieta. Quando uma dieta possui altosníveis de carboidrato, a digestão das pro-teínas passa a ser realizada na porçãomais posterior do intestino, próximo aocólon, favorecendo a ação das bactériase a produção destes metabólitos.• Fibras: Têm papel fundamental comocomponente de alimentos para animaisidosos. Além das funções regulatórias so-bre o trânsito gastrintestinal, um peque-no aumento na quantidade de fibras inso-lúveis atua diminuindo o apetite por au-mentar o volume dos alimentos, reduzin-do a densidade calórica e facilitando arestrição de energia. Adicionalmente, asfibras de fermentação moderada, como asencontradas na polpa de beterraba, ain-da promovem a nutrição dos colonócitosatravés da sua fermentação e consequen-te formação de ácidos graxos de cadeia

curta, beneficiando a microbiota entéri-ca. Assim, as fibras ajudam a prevenirdoenças, já que tornam o intestino maissaudável, diminuindo a ocorrência tan-to de diarreias como de constipações.• Prebióticos: Além das fibras comuns, éinteressante que o alimento para ani-mais idosos seja enriquecido com pre-bióticos como mananoligossacarídeos(MOS) e frutoligossacarídeos (FOS), jáque favorecem ainda mais a seleção demicrobiota benéfica à saúde intestinal.• Ácidos graxos essenciais: Há necessida-de de que a gordura fornecida a cães ido-sos seja de qualidade superior, rica emácidos graxos poli-insaturados, principal-mente os das famílias Ômegas 6 e 3. Deveser evitado o uso de gorduras saturadas,como as presentes no sebo bovino, poisestas têm menor digestibilidade, resultan-do em menor taxa de aproveitamento.Além dos benefícios do ácido linoléico(Ω6) na hidratação da pele e qualidadeda pelagem, o EPA (Ω3), presente no óleode peixe, é muito importante para o cãoidoso. Sua capacidade de modular a in-flamação faz com que este ácido graxoseja importante para controle de muitosprocessos inflamatórios e dolorosos,como no caso das osteoartrites, tão co-muns em animais senis.• ENERGIA CONTROLADA - Devido à re-dução da taxa metabólica basal e do ní-vel de atividade física, o animal deve tero fornecimento de energia diminuído. As-sim, a quantidade de alimento deve serrigorosamente controlada para prevenira obesidade e, ao mesmo tempo, assegu-rar que um adequado aporte nutricionalserá fornecido. Um estudo importantesobre animais que tiveram sua dieta demanutenção restrita em 25% de alimen-to concluiu que o início da ocorrênciade artrose na articulação coxofemoralfoi retardado e sua severidade reduzida,favorecendo tanto a duração quanto aqualidade de vida.• INGREDIENTES FUNCIONAIS - O efeitoda associação de dois condroprotetoresna dieta foi evidenciado claramente emexperimentos, resultando na proteção daarticulação ao estimular a regeneraçãoda cartilagem articular, diminuir a velo-cidade de degeneração da cartilagem e,consequentemente, prevenindo ou dimi-nuindo a velocidade de desenvolvimen-to da artrose3.• Glicosamina: é um constituinte dos pro-teoglicanos das cartilagens articulares.Alguns trabalhos sugerem que ela pode

alterar o metabolismo dos condrócitos,estimulando a síntese de elementos es-truturais da cartilagem.

• Condroitina: É uma glicosaminoglicana,fornecedora de monômeros para a sínte-se de outras glicosaminoglicanas de gran-de importância para os tecidos de susten-tação (tecidos articulares e ósseos) e coma capacidade de inibir a ação de enzimasque prejudicam a cartilagem articular.

• βββββ-Glucano purificado: É um compostonatural extraído da parede celular da le-veduraSaccharomycescerevisiae. Age porestimulação do sistema imune, principal-mente em macrófagos, exercendo efeitobenéfico contra uma variedade de bacté-rias, vírus, fungos e parasitas. Seu efeitoimunoestimulante está relacionado à in-teração com receptores específicos do sis-tema imune presentes em todo organis-mo. Estudos comprovam que a ação an-tiinflamatória do β-Glucano é efetiva nadiminuição dos sinais clínicos apresen-tados por cães com osteoartrite.• Cuidado Renal: Muitos animais idosostêm perda de função renal, sem, contudoapresentar os sintomas da doença. A res-trição dietética de fósforo é associadaao retardo das lesões renais, por issosua manipulação na dieta de cães ido-sos é de suma importância.• Zinco Quelatado: Tem importância clí-nica, pois sua suplementação auxilia nocontrole de disfunções comuns em ido-sos, como distúrbios de comportamen-to, imunodeficiências e, até mesmo, a ci-catrização alterada de feridas.• Antioxidantes: Sabe-se que, além dosradicais livres produzidos naturalmen-te pelo organismo, nos animais idosos émaior a quantidade de sustâncias oxi-dantes devido às lesões celulares pró-prias da idade, em conjunto com a me-nor capacidade de excreção e detoxifi-cação. Assim, é muito importante o enri-quecimento da alimentação destes ani-mais com nutrientes antioxidantes, comozinco, cobre, selênio, β-caroteno, vitami-na E, C, taurina, entre outros.

Mediante estas particularidades e sen-do o envelhecimento um processo bioló-gico de alterações progressivas ao longoda vida do animal, todos os cuidados pre-ventivos devem ser tomados o mais cedopossível. A nutrição ocupa papel funda-mental neste programa de prevenção e,portanto, para cada fase do animal, é im-portante o fornecimento de uma dieta queinclua benefícios específicos.

Até a próxima!

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ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

MV. MsC. Alessandra Martins Vargaswww.endocrinovet.com.br

Diabetes mellitus:etiopatogenia e apresentação clínica

EVENTOS PARA 2015

• II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DEENDOCRINOLOGIA E METABOLO-GIA EM PEQUENOS ANIMAISData: 01/11/2015Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SPInformações: Tel.: (11) 3813-6568 /www.anclivepa-sp.com.br

NOVIDADES PARA 2016

• CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO(pós-graduação lato sensu) emENDOCRINOLOGIA E METABOLO-GIA EM PEQUENOS ANIMAISTurma 04 ( 2016 - 2017 )Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SP em par-ceria com UNICSULProcesso seletivo: 8 novembro 2015Informações: Tel.: (11) 3813-6568 /www.anclivepa-sp.com.br

DefiniçãoSegundo a American Diabetes As-

sociation, o diabetes mellitus (DM) in-clui um conjunto de transtornos meta-bólicos de diferentes etiologias, carac-terizados por hiperglicemia crônica re-sultante da diminuição da sensibilida-de dos tecidos à ação da insulina e/ouda deficiência de sua secreção.

Conceitualmente falando, a compre-ensão da definição do diabetes melli-tus é fundamental para se realizar cor-retamente o diagnóstico e tratamentodesta endocrinopatia. O DM caratacte-riza-se por alterações no metabolismode carboidratos, lipídeos e proteínas econsequente hiperglicemia e glicosú-ria persistentes resultantes da deficiên-cia relativa ou absoluta de insulina.

A glicose é o principal substratoenergético para a maioria dos tipos ce-lulares. No entanto, para que a glicoseseja transportada para o interior das cé-lulas e seja utilizada como fonte deenergia é necessária a ação do hor-mônio insulina. Em situações nas quaisa insulina não consegue agir (resistên-cia insulínica) ou em que há falta deinsulina por deficiência da sua secre-ção, não haverá captação de glicosepelas células e consequentementeocorrerá hiperglicemia.

Etiopatogenia

De acordo com a etiopatogenia,pode-se classificar o DM em tipo I (de-corrente da destruição imunomediadado pâncreas) e tipo II (decorrente daresistência insulínica). A doença tam-bém pode ser classificada de acordocom a necessidade terapêutica em in-sulino-dependente e não insulino-de-pendente. É importante destacar queos termos DM insulino-dependente eDM tipo I não devem ser utilizadoscomo sinônimos. Da mesma forma, tam-bém é incorreto afirmar que DM nãoinsulino-dependente e DM tipo II sãosinônimos.

Uma outra classificação proposta,leva em consideração a etiologia dadoença:

• Diabetes insulino-deficiente: carac-terizado pela perda primária e progres-siva de células B pancreáticas (célulasprodutoras de insulina), ou seja, ocor-re uma hiperglicemia secundária à hi-poinsulinemia, mas não há resistênciaà ação da insulina. A etiologia da de-generação celular ainda não está bemelucidada. Tem-se conhecimento dealguns mecanismos envolvidos taiscomo a hipoplasia ou aplasia congêni-ta de células B, a destruição de célulasB associada às doenças do pâncreasexócrino, a destruição imune-mediadae idiopática.• Diabetes insulino-resistente: carac-terizado pelo antagonismo da ação dainsulina por aumento na concentraçãosérica de hormônios hiperglicemiantes,tais como progesterona (diestro ou dia-betes gestacional), glicocorticoides (hi-peradrenocorticismo espontâneo ouiatrogênico), hormônio do crescimento(diestro ou acromegalia). A obesidadetambém pode contribuir para resistên-cia insulínica, entretanto há poucasevidências na literatura que comprovema obesidade como uma das causas pri-márias do DM em cães. Neste caso,tem-se inicialmente a resistência à açãoda insulina e consequente hiperinsuli-nemia, a qual cronicamente irá evoluirpara uma deficiência relativa ou abso-luta de insulina e hiperglicemia.

Apresentação clínica

Tanto no cão quanto no gato, a inci-dência do diabetes mellitus varia entre1:100 e 1:500. A doença acomete cãescom idades entre quatro e 14 anos, compico de prevalência entre sete e 10anos, sendo as fêmeas mais acometi-das em relação aos machos. O DM ju-venil (diabetes insulino-deficiente)ocorre em cães com menos de um anode idade, porém é de ocorrência rara(Figura 1). Entre as raças acometidasdestacam-se Poodle, Schnauzer, Bea-gle, Spitz, Lhasa Apso, Labrador, Gol-den Retriever, Pastor Alemão, CockerSpaniel, Rottweiler, Pastor de Shetland,Daschund, Yorkshire. Comumente, o

DM também é diagnosticado em cãessem raça definida. Nos gatos, o diabe-tes acomete animais de todas as ida-des, principalmente aqueles com ida-de superior a seis anos. Não há predis-posição sexual e/ou racial, no entanto,em machos, a castração aumenta a in-cidência.

REFERÊNCIAS:

1 - O conteúdo aqui apresentado também constitui parte doinformativo Vets Today, n.22 - julho/2014 (Conhecendo me-lhor o diabetes mellitus em cães) publicado pela Royal Canine também escrito pela autora desta coluna.

2 - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis andclassification of diabetes mellitus. Diabetes Care, v.37, su-plemento 1, p.81-90, 2014.

3 - VARGAS, A.M.; SANTOS, A.L.S. Animais de estimação di-abéticos, saudáveis e felizes. Você torna isso possível comCaninsulin®. Manual para o médico veterinário, 2012. Pu-blicação da MSD Saúde Animal, unidade global de negóci-os de saúde animal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512.

Figura 1: DMjuvenil emcanino, macho,Golden Retriever,três meses deidade, nomomento dodiagnósticoE

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MEDICINA FELINA

PERITONITE INFECCIOSA FELINAum pesadelo na clínica de felinos (parte 3)

Nesta última parte, os principais tópicos sobre achadoslaboratoriais, diagnóstico e tratamento, bem como prevenção,serão abordado.

Achados Laboratoriais e Diagnóstico

Existem diversas alterações laboratoriais comumente en-contradas em gatos com PIF, no entanto, nenhuma delas é pa-tognomônica da doença. Sendo assim, o diagnóstico definitivoda PIF não pode ser dado baseado nesses achados, sendo es-tes uma ferramenta presuntiva no levantamento da possibili-dade diagnóstica.

Os animais podem ter hemograma normal, discreta ane-mia, neutrofilia e linfopenia (leucograma de estresse), poden-do ocorrer desvio a esquerda. Em mais de 65% dos gatos comPIF, a anemia está presente, muitas vezes observada somente-pela redução do hematócrito. Trombocitopenia é um achadocomum, resultante do consumo mediante a vasculite.

O achado de bioquímica sérica mais consistente com a PIFé o aumento na concentração da proteína total. Esse achado épresente em 50% dos gatos com a forma efusiva e 70% dosgatos com a forma não efusiva. No entanto, esse aumento podeser observado em outras reações inflamatórias agudas, nãosendo considerado achado exclusivo da PIF.

Hiperbilirrubinemia e aumento das enzimas hepáticas sãoobservados frequentemente em casos de acometimento hepá-tico, principalmente quando existe necrose hepática.

A análise laboratorial da efusão dos gatos com PIF é consi-derada típica, consistindo de efusão amarelada, podendo serviscosa, com alta concentração protéica (densidade > 1,017ou 12 g/dL) e celularidade moderada. A concentração protéicaelevada deve-se principalmente a presença de globulinas. Se arelação albumina : globulina for menorque 0,8, a probabilida-de do gato estar com a doença é alta (valor preditivo positivode 92%). No entanto, se essa relação for maiorque 0,8, a proba-bilidade do gato estar com a doença é baixa.

Figura 1: Achado característico de efusão abdominal de gatos comPIF. Efusão de coloração amarelo citrino

A citologia do líquido revela presença de neutrófilos e ma-crófagos não degenerados, constituindo-se como um exsudatoasséptico. Pode haver a deposição de precipitado protéico aofundo da lâmina.

A sorologia pode auxiliar o diagnóstico, no entanto, é fre-quentemente interpretada de maneira errônea, valendo ressal-tar a importância da interpretação da mesma com cautela. Asorologia não diferencia a infecção pelo FCoV da infecção pelovírus da PIF, não é correlacionada com a gravidade da doençae não é indicativa de infecção ativa. Em abrigos e criatórios,filhotes normalmente possuem títulos altos (1:400 a 1:6.400),embora a maioria não desenvolva a doença.

A análise do líquor, principalmente em gatos com a mani-festação neurológica da doença, pode evidenciar aumento daconcentração de proteínas e pleocitose com predominância deneutrófilos não degenerados.

A confirmação da PIF é feita por biópsia e histopatológicoou amostras de necrópsia de piogranulomas e detecção doantígeno em macrófagos locais. O aspecto da vasculite e for-mação de piogranulomas induzidos pelo vírus da PIF são úni-cos, caracterizando-se por manguitos perivasculares de célu-las inflamatórias, principalmente macrófagos. Esses piogra-nulomas podem ter tamanhos variáveis, normalmente com áre-as necróticas ao centro.

A imuno histoquímica positiva de macrófagos lesionais éconsiderada o teste diagnóstico mais confiável para a PIF. Ba-seado no fato de que somente os FCoV mutados se replicam emmonócitos, esse teste é considerado de grande significânciadiagnóstica.

Tratamento

A PIF é uma doença invariavelmente fatal. Quando a doen-ça se desenvolve, com manifestações clínicas características,torna-se incurável.

O tratamento dos gatos acometidos geralmente é de supor-te e sintomático. Terapias antivirais têm pouca aplicabilidadee funcionabilidade. Diversos protocolos de combinações anti-virais e imunomoduladoras são propostos, no entanto, nenhu-ma se mostra aplicável e com bons resultados.

O tratamento que propicia melhor qualidade de vida aopaciente é a administração de fármacos imunossupressores(que visam reduzir a agressividade das reações imuno media-das). Os mais utilizados são a prednisolona (4 mg/kg SID) e oclorambucil (20 mg/m2 a cada 2 a 3 semanas). Esses fármacosreduzem a velocidade de progressão da doença, mas não pro-movem a cura.

Recentemente, foi lançado no mercado o Interferon-ω feli-no, sendo este específico para a espécie. O uso é permitido emalguns países da Europa e Japão, tendo o produto a vantagemde não criar anticorpos. Sendo assim, seu uso é tido como

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Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel

Consultoria e atendimento especializado emmedicina felina;Coordenador do curso de aprimoramento emMedicina Felina do Cetac - Centro de Treinamentoem Anatomia e Cirurgia Veterinária;Proprietário da Gattos - Clínica Especializada emMedicina Felina. (www.gattos.vet.br)([email protected])

mais eficiente. No entanto, nenhum estudo comprova sua efi-cácia frente a gatos com PIF, não aumentando a expectativa equalidade de vida emgatos acometidos.

A abdominocentese é indicada para alívio do paciente, emelhora o padrão respiratório. O uso de antibióticos tambémé indicado, principalmente quando o tratamento imunossu-pressor é instituído, visando prevenir infecções oportunistas.Tratamento suporte, com manutenção da hidratação e suportenutricional também são indicados.

Prevenção

A prevenção da PIF é extremamente difícil e trabalhosa. Seum gato do local desenvolver PIF, os contactantes certamentejá tiveram contato com o coronavírus. No entanto, somente 5%a 10% dos animais desenvolvem a doença.

Poucos são os gatos imunologicamente sadios que desen-volvem a doença. Isso pode ser alterado por fatores de estres-se, como a separação de ambiente ou isolamento dos gatosnão acometidos em cômodos diferentes da casa.

Após o aparecimento da doença em um local, a probabili-dade de outros gatos do mesmo local de desenvolver a doençaé igual a qualquer outro criatório de gatos.

Medidas gerais a serem tomadas envolvem:

• Pelo menos uma bandeja sanitária por gato, e em locais dife-rentes; de preferência, bandejas de fácil limpeza e desinfec-ção.• Bandejas em locais diferentes de onde é oferecido alimento,para prevenir a reinfecção.• As fezes devem ser removidas diariamente da bandeja, comlimpeza e desinfecção da mesma pelo menos 2 vezes por sema-na.• Manutenção de gatos em pequenos grupos, visando com issominimizar o estresse. Grandes números de gatos dificultam amanutenção da higiene do local.• Minimizar fatores estressores.

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Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

COMPORTAMENTO EMPRESARIAL

Quando se trata de nossos amigos dequatro patas, há uma expressão que diz:“a vida é muito curta, o que é a parte ruimdesta história”. É uma mensagem simples,mas eficaz. Nossos animais de estimaçãosignificam muito para nós, e é difícil reco-nhecer que seu tempo na Terra pode sertão limitado. Claro que, com o aumentoda idade vem um maior risco de doençase lesões, mas os proprietários de pets tema tendência em acreditar que essas doen-ças são parte da vida. Todavia, com o avan-ço da tecnologia veterinária de hoje, mui-tos problemas podem ser evitados. Enve-lhecer é parte da vida de qualquer animalde estimação, mas a falta de comunica-ção adequada com o cliente pode fazercom que eles aceitem facilmente a falsaideia de que uma diminuição da qualida-de de sua vida é parte da equação.

Quando se trata de tratamento de ani-mais mais velhos, a importância da edu-cação do cliente não pode ser negligenci-ada. Como veterinário, você é mais do que“o mais informado” sobre as formas depreparar nossos amigos caninos e felinospara os seus anos dourados, mas o queacontece com seus clientes? Por exemplo:tosse persistente, aumento significativodo apetite, feridas abertas ou crostas ediminuição da visão, são todos sintomasde doenças associadas com um animalde estimação idoso. Sabemos que os pro-prietários de tais animais tendem a igno-rar ou negar estes sintomas. Na maioriados casos isso se deve à falta de conheci-mento e de motivação para cuidar do queestá por trás destes problemas. Educarseus clientes sobre o que avaliar numanimal de estimação idoso não é só aju-dar a prolongar a vida, mas também podegerar mais receita para a sua clínica. Abor-dar os problemas reais de animais maisvelhos é uma oportunidade que nunca ter-mina, sendo que a cada ano, mais ani-mais de estimação chegam a sua terceiraidade.

Os “testes sênior de bem-estar” sãoótimas maneiras de gerir a saúde de umanimal de estimação a longo prazo. O tes-te de bem-estar sênior não lhe dá unica-mente a chance de se conectar e educar

Marco Antonio Gioso,Maria das Graças,Steve Kornfeld (EUA)

Você já pensou em oferecer mais cuidados aos animaisidosos gerando novas oportunidades para você?

seus clientes sobre a forma de ajudar osseus animais a viver um estilo saudávelde vida durante esta etapa da vida, mastambém lhe dá a oportunidade de fazertestes importantes que podem prevenirnovas lesões ou doenças.

Infelizmente a maioria dos proprietá-rios parece estar contente com os examesanuais que realizam nos seus pets. Masda mesma forma que a idade do animalavança, os exames “anuais” precisamacontecer com mais frequência. O reco-mendado para cães e gatos saudáveis éter exames de bem-estar e testes de la-boratório a cada seis meses. Isso podeajudar a prevenir problemas de saúde epode diagnosticar afecções antes queestas avancem.

Como veterinário, portanto, é sua obri-gação ajudar os seus clientes a entendera importância dos exames de bem-estarem animais idosos que podem ser demuita ajuda para os pets nesta etapa davida. A boa notícia é que educar os seusclientes nunca foi tão fácil. Atualmentehá mais caminhos do que antes para secomunicar com seus clientes e oferecer oconhecimento que eles precisarão paragarantir vida saudável e longa a seus pets.

Manter sessões constantes de educa-ção dos proprietários de cães idosos nasua clínica, além de oferecer treinamentodirecionado, pode atrair novos clientes,os quais não tenham recebido este tipode atendimento por parte de outros servi-ços veterinários. Isto pode ser uma açãode muito sucesso se anunciada apropria-damente, utilizando seu website ou es-crevendo artigos submetidos a revistas ejornais locais, abordando problemas desaúde de animais idosos.

Claro que poucas coisas são tão efeti-vas na educação dos seus clientes comoo marketing direto. O que queremos é quevocê identifique dentro da sua carteira declientes, os que são proprietários de ani-mais de estimação idosos; identifiqueentre eles os que mais gastaram dinhei-ro com serviços veterinários no ano pas-sado, para logo entrar em contato com elespara comunicar-lhes a importância de pre-venir e tratar problemas de saúde relaci-

onados a idade. Sim, é preciso um inves-timento inicial de tempo, porém, uma vezvocê cria material educativo de boa quali-dade, pode usá-lo sempre. Tais ferramen-tas podem incluir e-mails aos clientesproprietários de pets idosos, explicando-lhes por meio de perguntas dirigidas so-bre seus animais; o que significa ter umanimal deste tipo em casa. Este questio-namento irá sensibilizar ainda mais osclientes em relação à condição dos seuspets. Enviando cartões postais personali-zados, explicando brevemente a importân-cia da saúde dos seus animais, e dando-lhes um incentivo para visitar seu serviçoveterinário. Chegar a um seleto grupo declientes por telefone para envolvê-losnuma conversa sobre o fato de seus ani-mais de estimação podem ter problemasde saúde, e que, embora eles não sejamaparentes no momento, eles poderiamestar incomodando-os. Estas ligações so-bretudo devem estar focadas em educaresses clientes de que a prevenção é omelhor curso de ação nessa idade. Outraação é notar quem, entre os muitos clien-tes, você vê devido a diferentes razõestodas as semanas e meses, e lembrar deeducá-los em relação à especial condi-ção de seus animais de estimação.

Tal como acontece com os seres hu-manos, um estilo de vida saudável com-binado com medidas preventivas pode fa-zer maravilhas para a preparação de nos-sos animais de estimação para verdadei-ramente apreciar seus anos dourados.Educar seus clientes no bem-estar sênioré realmente simples. Não só mantem seusclientes próximos a sua clínica nos próxi-mos anos, bem como fornece a eles umavida feliz e saudável durante os seus anosmais avançados. A curta vida de um ani-mal de estimação pode ser de fato suaúnica falha, mas com uma comunicaçãoadequada com o cliente, isto talvez sejabastante amenizado.

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Alimentos úmidos para gatos:qual sua importância?

CONHECIMENTO COMPARTILHADO

Christiane Prosser([email protected])M.V., Membro da Equipe de Comunicação Científicada Royal Canin Brasil

Os proprietários de gatos são unâni-mes: felinos são de fato animais muitodiferenciados e não devem – nunca – serconfundidos com cães pequenos. Queestas espécies são bastante diferentesentre si é algo bastante notório, e as par-ticularidades vão desde as atitudes soci-ais e comportamentais até a ocorrênciade sensibilidades e reações orgânicas afármacos específicas. O padrão alimen-tar e as necessidades nutricionais dosfelídeos são também distintos. Por estarazão o estudo da nutrição dos gatos do-mésticos é de suma importância, e é con-siderado hoje uma das razões para o au-mento da expectativa de vida destes ani-mais.

Os gatos são considerados carnívo-ros estritos, e dependem de aminoácidosespecíficos para sobreviver (também cha-mados de “essenciais”, como taurina, ar-ginina, metionina e cisteína). Estes sãoadquiridos pela ingestão de tecidos deorigem animal (na natureza, gatos domés-ticos alimentam-se de pequenos roedo-res e aves, principalmente). O organismodestas presas possui altos teores de pro-teína, moderados teores de gordura emínimos teores de carboidrato. Carnívo-ros estritos possuem um metabolismo de-senhado para, preferencialmente, obtera energia vinda de proteínas e gordurase, em menor escala, de amido, quandocomparados a outros onívoros como ocão, por exemplo.

Cabe ressaltar também que, ao comera presa, o gato não se alimenta apenasda carne: há o consumo de água, vitami-nas e minerais específicos (eles ingeremcerta quantidade de ossos e cartilagensao fazer a refeição). Portanto, pode-sedizer que alimentar um gato exclusiva-mente com carne não fornecerá a ele umanutrição adequada, acarretando em des-nutrição.

Os gatos também apresentam hábi-tos bastante particulares quando se tratade ingestão de água. Quando compara-dos aos cães, os gatos tomam menoságua, e estimula-los a ingerirem líquidospode ser bastante difícil em alguns ca-

sos. Acredita-se que esta baixa ingestãohídrica seja decorrente da evolução daespécie, uma vez que os ancestrais dogato doméstico habitavam o norte da Áfri-ca, uma região desértica e com escassezde água. Fisiologicamente, seu organis-mo se adaptou a conservar água: ao ava-liarmos os néfrons do gato, observamosque a Alça de Henle (porção responsávelprincipalmente pela reabsorção de águae solutos) é bastante longa, conferindoassim uma capacidade maior de concen-tração urinária para esta espécie. Por estemotivo, a urina de gatos saudáveis podeapresentar uma densidade urinária de até1,080, demonstrando assim sua grandecapacidade de não eliminar água atra-vés da urina, mantendo-a em seu orga-nismo para uso em seu metabolismo. Éde se imaginar, portanto, que gatos seadaptem melhor que cães à privação deágua.

Porém, algumas condições clínicas re-querem que os gatos ingiram maior quan-tidade de água, como as doenças do tra-to urinário inferior dos felinos (DTUIF) e adoença renal crônica (DRC), por exem-plo. Em casos de DTUIF causada por uro-litíase, a excessiva concentração urináriacom componentes que formam cálculos(p. ex, cálcio, oxalato, fosfato etc) é umfator predisponente para a ocorrência dadoença. Sabe-se que, quanto mais urinao gato produzir e, efetivamente, urinar,menor a chance de recorrência do pro-blema. Gatos com DRC também necessi-tam ingerir grandes quantidades de água.Com a perda de capacidade de concen-tração urinária pelos rins doentes, o gatose torna poliúrico (passa a urinar em ex-cesso) e, por sua vez, desidratado. Pormais que o gato comece a ingerir maiságua que o normal (polidipsia) para com-pensar a grande perda hídrica pela mic-ção, a quantidade geralmente não é sufi-ciente, e a desidratação acontece. As cri-ses urêmicas (agudizações do pacientecrônico) ocorrem principalmente por de-sidratação excessiva.

O aumento da ingestão hídrica podeser feito por meio de estímulos como o

fornecimento de água sempre limpa e fres-ca, distanciar o pote de água da liteira (nomínimo 50 cm), oferecer água em fontesde água corrente etc. Cabe ressaltar que,além de estimular a ingestão de água, ogato não pode ter qualquer aversão àcaixa de areia. Ela tem de estar posicio-nada em locais tranquilos, ser higieniza-da frequentemente, e preconiza-se quehaja uma caixa a mais de areia do que aquantidade de felinos na casa (p. ex. 5liteiras atenderão 4 gatos). Porém, mes-mo com todos estes estímulos, a ingestãohídrica de alguns animais fica aquém desuas necessidades, e o alimento úmido,além de fornecer água, traz consigo osnutrientes fundamentais específicos paraanimais doentes.

Os alimentos úmidos são divididos emduas categorias: os alimentos completose os que fornecem suplementos ou quesão considerados petiscos. Os alimentosúmidos (principalmente os comercializa-dos em latas) são submetidos a um pro-cesso de esterilização, responsável poreliminar grande parte das bactérias noci-vas aos animais. Porém, tal processotambém acarreta em algumas perdas nu-tricionais, e por esta razão os fabricantesde produtos de alta qualidade estudamminuciosamente tais perdas e ajustam asformulações visando compensá-las, ga-rantindo que os animas recebam as quan-tidades nutricionais recomendadas paracada caso. Em linhas gerais, os alimen-tos úmidos são mais palatáveis e digestí-veis que os alimentos secos, e possuemmenor quantidade de carboidratos. Sãoalimentos mais caros, porém isto não apa-renta ser um problema para a alimenta-ção de felinos ou de cães pequenos, sen-do uma preocupação maior aos proprie-tários de cães grandes.

A utilização de alimentos úmidos comofonte única de alimento ou como parte daalimentação (também chamado de mixfeeding) dos felinos é uma excelente es-tratégia para estimular a ingestão hídricadestes animais. Em média, alimentosúmidos possuem 75% de água, enquan-to produtos secos apresentam entre 6% e

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10%. O alimento úmido também pode cor-rigir casos de anorexia e hiporexia, pois émais palatável e acaba estimulando oanimal a comer. Gatos são extremamentesensíveis à falta de apetite, e grande par-te das doenças – se não todas – acarre-tam em inapetência. Um estudo feito naUniversidade Estadual de São Paulo,Campus Jaboticabal, comprovou que pa-cientes desnutridos (com escores corpo-rais considerados magros e caquéticos)apresentam taxas de morbidade e morta-lidade maiores que pacientes com esco-re corporal ideal. Logo, observa-se que adesnutrição é um fator agravante no esta-do de saúde do animal.

E o leite, poderia ser uma fonte deágua para gatos? O fornecimento de leiteé um dos grandes mitos sobre a nutriçãofelina. Sabe-se que o leite de vacas e ca-bras possui menor teor de gorduras, prote-ínas e energia quando comparados aoleite da gata. Logo, a substituição do leitede uma espécie pelo leite de outra nãodeve ser realizado, pois cada espéciepossui uma necessidade nutricional dife-rente para se desenvolver de maneira

adequada. O fornecimento de leite apósa fase de desmame também não deve serrealizado, pois o trato gastrintestinal dofilhote amadurece com seu crescimento,e perde a capacidade de digestão da lac-tose. Assim, muitos gatos podem passar ater diarreia secundária à ingestão de leite.

Sabe-se hoje que parte dos hábitosalimentares adquiridos pelos filhotes éaprendida com a mãe. Isto significa dizerque, caso a mãe aceite ou tenha hábitode comer determinado alimento, há gran-de chance de que seus filhotes façam omesmo. Os hábitos do filhote são adquiri-dos principalmente quando muito jovens,e recomenda-se que até os 4 meses devida o gatinho seja exposto às diversassituações, pessoas, animais e, também,aos diversos tipos de alimento (pensan-do aqui especialmente em sua consistên-cia). Desta forma, o gato reconhecerá for-mas diferentes de produto como alimen-to, facilitando seu manejo futuramente.

Concluindo, oferecer alimentos úmi-dos para gatos apresenta diversas vanta-gens. Além de ser possível garantir o forne-cimento balanceado de todos os nutrien-

tes fundamentais para o animal (quandoutilizados alimentos completos), esta éuma forma bastante eficaz de estimular aingestão de água, essencial não somen-te para a manutenção da saúde em indi-víduos sadios, mas especialmente impor-tante em casos de doenças de trato uri-nário inferior e de doença renal crônica.Além disso, o alimento úmido facilita mui-to o manejo da inapetência em váriosoutros quadros clínicos.

REFERÊNCIAS

1 - A ENCICOLPÉDIA DO GATO ROYAL CANIN. Dis-ponível em: http://enciclopedia gato.royalcanin.com.br/. Acessado em: 2 fev 2015.

2 - CASE, L. P. et al. Canine and feline nutrition. 3 .ed.,Mosby Elsevier: Missouri, p.163-176, 2011.

3 - CHEW, D.J.; DIBARTOLA, S.P.; SCHENCK, P.A.Urologia e Nefrologia do Cão e do Gato, 2.ed., Saun-ders: Rio de Janeiro, p.271-305, 2011.

4 - OSBORNE, C. A. et al. Paradigms changes in therole of nutrition for the management of canine andfeline urolithiasis. Vet Clin Small An. v. 38, p.127-141,2008.

5 - ZORAN, D. L. The Carnivore connection to nutriti-on in cats. J Am Vet Med Assoc, v. 221, n. 11, p.1559-1567, 2002.

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Dieta complementando o tratamento com Acupuntura

Eduardo Lobo / Rodrigo Gusmão:Médicos-Veterinários, com cursos deespecialização em AcupunturaVeterinária, Dietética e FitoterapiaChinesa. Coordenadores e professoresem cursos e palestrantes na área portodo o Brasil

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Cientificamente e na prática, cada vez mais a acupunturavem se consolidando como uma técnica eficiente e reconheci-da para o tratamento dos mais diversos tipos de problemasnos animais e nas pessoas. Porém em alguns problemas maiscomplexos as técnicas de acupuntura são ineficientes paraque se consiga os efeitos necessários para uma recuperaçãomaior e efetiva, principalmente em problemas com mais deuma sistema envolvido, ou em animais muito debilitados ecomprometidos em nível sistêmico.

Assim se deve adotar outras técnicas que melhoram oefeito da acupuntura fazendo com que os animais se recupe-rem melhor e mais rapidamente. Por isso falamos geralmenteem Medicina Chinesa e não em apenas Acupuntura, pois existeuma complementação de conhecimentos que potencializam osefeitos para a cura.

Mas porque isso ocorre? Vamos partir do básico. A acu-puntura seria como um catalizador para que as reações quími-cas, físicas, bioquímicas e biofísicas que ocorrem em nossocorpo para a manutenção da vida ocorram em uma forma maiseficiente, com maior rapidez e qualidade na geração dos efei-tos e com resultados na recuperação dos animais doentesmelhores e maiores. Como ela faz esta ação? A acupunturaatua sobre o sistema nervoso que no geral é quem comanda amaioria das reações orgânicas. Não só o sistema nervoso cen-tral (cérebro e medula) através de neurotransmissores, neuro-moduladores e neurohormonios atua em todo o corpo e fazcom que este se equilibre e realize as funções em uma grau deeficiência mais aprimorado e preciso, mas também atua equi-librando e trabalhando através dos mesmos componentes osistema simpático e parassimpático que mantem a vida e atu-am sobre o nosso corpo mantendo a sua homeostase. Assim oefeito da acupuntura é rápido, preciso e serve para intervir emqualquer reação, local ou doença.

Aonde entra a dieta então? Para produzir todos estes me-diadores, enzimáticos, hormonais e neurais além do estimulotemos que ter nutrientes, ou seja, matéria prima para que estassubstâncias estejam presentes e atuando de forma qualitati-vamente eficiente. Assim, é através da dieta que conseguimosos vários componentes que vão ajudar a mediar e realizar asreações orgânicas. Por exemplo: se temos um animal com imu-nodeficiência muitas vezes teremos o estimulo da acupunturaa nível central / neuro-humoral para produzir anticorpos, lem-brando que cada vez mais o papel dos receptores morfoninér-gicos tem sido descoberto como imunomoduladores e, por con-seguinte, o que cientificamente se comprova que a acupunturaatua neles, vide experimentos em ratos com o uso da naloxonaque inibe o efeito da acupuntura comprovando a ação destatécnica na expressão e ação nestes receptores, usamos acu-puntura e temos um resultado excelente em 60% dos animais.Mas como atingir os outros 40% que não responderam ao esti-mulo da agulha? Porque não conseguimos resultados nestescasos?

Na verdade o estímulo foi dado e houve resposta, porémprovavelmente pela falta de nutrientes em quantidade e dispo-nibilidade suficiente para a produção dos mediadores bioquí-

micos e de formação dos receptores teremos o estimulo, mastambém a falta do local onde estimular e /ou do ativador des-tes receptores. Este é o momento que entra a dietoterapia, e emalguns casos a fitoterapia chinesa (que é considerada como umramo da dietoterapia chinesa), fornecendo o substrato e os compo-nentes adjuvantes das reações bioquímicas e biofísicas, per-mitindo assim que o estimulo se manifeste e seja efetivo.

Como exemplo podemos usar uma alimentação a base desardinha com castanha e natô que são imunoestimulantes evão fazer o efeito da acupuntura e a resposta imunológica doanimal ser maior e mais eficiente. Na medicina chinesa a sar-dinha, que vem de águas profundas e frias, é um alimento frio,salgado e neutro. E, segundo os conceitos chineses, frio com-bate o calor (inflamação), salgado faz a essência (metabolis-mo basal) funcionar e neutro que equilibra a função digestiva(local de maior quantidade de células de defesa). Assim a sar-dinha combate a inflamação, acelera e equilibra o metabolis-mo basal e atua na resposta imunológica, que na nossa medi-cina se relacionam ao ômega 3, conhecido antioxidante e imu-nomodulador e ao iodo essencial no metabolismo da tireoide.A castanha do Pará entre outras coisas é um dos alimentosmais ricos em Selênio, catalizador e potencializador dos efei-tos do ômega 3 / sardinha. Na Medicina chinesa por se parecercom o aspecto físico do Pulmão, e este ser este considerado aorigem de toda a defesa do corpo, também é considerado umimunomodulador e um tônico do Pulmão / imunidade. O natôage nos intestinos e geram a essência segundo a medicina chi-nesa atuando no equilíbrio do pulmão (imunidade) e dos rins(metabolismo basal), assim por ser rico em vitamina K2 atuadiretamente na cascata orgânica de produção de imunomodu-ladores e de receptores imunológicos celulares, regulando todoo metabolismo imunológico.

Quando se estuda os alimentos e compara os efeitos queos antigos chineses de uma forma metafórica conferiam a eles,conseguimos entender a metáfora e traçar uma comparaçãoaos achados científicos atuais, entendendo também porque ochinês tem um complexo sistema de diagnóstico e tratamento,aonde a dietoterpia chinesa é cada vez mais relevante ao médi-co veterinário no tratamento e na melhora de quadro clínicosmais complexos, tendo resultados mais eficientes e sem osefeitos colaterais que a maioria dos fármacos com os compo-nentes destes alimentos podem causar.

Troque informações com um veterinário que trabalhe comdietoterapia chinesa e se surpreenda com os resultados quepoderá conseguir não só em animais com problemas e patolo-gias, mas também nos animais saudáveis para manter suaqualidade de vida e na maioria das vezes aumentarmos sualongevidade.

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Desafios e oportunidades paraquem quer faturar no mercado pet

Com uma população de 21,5 milhões de cães egatos domiciliados, o mercado pet brasileiro cresce,em média, 8% por ano desde 2011, ultrapassandoimportantes setores do varejo brasileiro. Segundo oEstudo Pet Brasil, realizado pela consultoria GS&MD(Gouvêa de Souza) em parceria com a Comac (Co-missão de Animais de Companhia do SINDAN), o seg-mento movimenta anualmente mais de R$10 bilhões,tendo nos estabelecimentos com serviços veteriná-rios uma grande oportunidade de negócio. Trata-sede um mercado de baixíssima concentração. Osgrandes players representam apenas 7%, enquanto93% ficam diluídos entre pequenos empresários. Petshops que possuem um profissional da saúde, hos-pitais e clínicas veterinárias são responsáveis por47,3% do faturamento do setor.

Com tantos números positivos, é natural queinvestidores apostem suas fichas neste segmento,muitas vezes sem saber detalhes sobre o ramo queestão investindo. Eis o primeiro erro. Segundo An-dré Prazeres (foto), especialista em varejo da Co-mac, estudar o mercado a fundo é essencial para aconsolidação do negócio. “É imprescindível que oproprietário conheça as praças em que pretendeabrir e sua dinâmica do consu-mo”. Ainda de acordo com o pro-fissional, que há mais de uma dé-cada atua no setor, quem desejainvestir precisa oferecer diferen-ciais de serviço, preços bem pra-ticados, cuidado com o cliente eseu pet, boa gestão e, principal-mente, profissionalização.

O mercado é bastante promissor. Devido à as-censão das classes, a demanda, até então retraí-da, passou a consumir. A exigência daqueles que jáutilizam os serviços e que agora buscam diferenci-ais bastante específicos também contribui para queo cenário seja positivo. A pesquisa Árvore de Valordo Negócio Pet, encomendada pela Comac (Comis-são de Animais de Companhia do SINDAN) revela oque os varejistas precisam adequar para rentabili-zarem ao máximo seus negócios. “Quem decide ondelevar o animal é o tutor, por isso o proprietário de

clínica e pet shop precisa entender as duas neces-sidades, tanto do animal quanto do seu dono”, afir-ma Prazeres.

Entre os pontos sugeridos, fica estabelecido quemais importante do que preço são os cuidados coma comunicação, instalações e diagnósticos preci-sos. Ou seja, as facilidades oferecidas ao cliente,flexibilidade nos horários de atendimento, boa loca-lização, higiene, funcionários que auxiliam no aten-dimento, condução e contenção do animal, uma salade espera confortável, salas de atendimento am-plas e organizadas e tempo de espera pequeno. Es-tar atento ao atendimento por meio das diversasplataformas de comunicação, promoções, progra-mas de fidelidade, lembrar os clientes da próximaconsulta, entre outros benefícios também foram res-saltados pelo estudo. Além é claro das técnicas ecompetências relacionadas à saúde do animal.

Há muito a se fazer no Brasil em termos de ino-vação. A retenção dos clientes nos varejos podeser cada vez maior, desde que haja atenção ao layoutda loja, por exemplo. “Se a ração é o que mais sevende, não posso deixa-la na porta do meu estabe-lecimento. É necessário criar uma disposição deprodutos de maneira que o consumidor circule peloambiente”, diz Prazeres. Outro exemplo é o dos es-paços aconchegantes e informativos voltados aosdonos de filhotes. Nos EUA e Austrália, as lojas passa-ram a criar departamentos exclusivos para esse pú-blico, prestigiando-os e estimulando-os a consumir.

Para o especialista, a chave do sucesso para onovo empreendedor está na saúde animal, já queos mercados de toys, alimentação e estética estãoamadurecidos. “O mercado pet brasileiro com focoem saúde tem dois extremos, o grande varejista eo pequeno. Está faltando o varejista intermediá-rio. Hoje temos os hospitais veterinários que, de-vido à altíssima qualidade e profissionalização, co-bram caro. Empregam mais, investem mais, de-senvolvem mais e inovam mais. O outro é o pe-queno, que cobra muito barato. Porém, não apre-senta bons diagnósticos, não oferece diferencialde serviços e benefícios, tendo dificuldades em semanter”, finaliza.

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BEM-ESTAR ANIMAL

Sidney Piesco de Oliveira([email protected])

Torturas de Artifício

Diretor Científico do Instituto Brasileiro deRecursos Avançados - IBRAGraduado pela FMVZ- USPMestre em Clínica e Cirurgia de PequenosAnimais - FMVZ- Unesp - BotucatuPós-Graduado Lato Sensu em FisioterapiaVeterinária – UNIPPós-Graduado Lato Sensu em AcupunturaVeterinária - FACIS - IBEHEMembro da Comissão Especial deFisioterapia Veterinária – CRMV-SPMembro Fundador da ANFIVETCoordenador da divisão de AcupunturaVeterinária do IBRACoordenador geral de cursos IBRA

O Brasil é, sem dúvida, um país festeiro. Começamos oano festejando sua entrada, temos o Carnaval, as FestasJuninas, os dias santos, o futebol e outras festas, regionaisou não, que sempre inserimos no nosso calendário.

Não podemos reclamar por viver em um país como onosso, apesar dos políticos. Porém, não vou entrar nessadiscussão agora. Mas, o problema para os nossos amigosanimais é que todas essas datas, e mesmo os jogos de fute-bol, são comemoradas com fogos de artifício. E não sãopoucos. Parece que sempre há uma disputa entre as torci-das, igrejas, cidades e etc. para demonstrar maior poderde fogo no momento da comemoração.

Também não podemos negar que é um espetáculobonito de se ver, apesar de muito perigoso, haja vista asmortes e mutilações que aparecem nos jornais após essascomemorações. Porém, isso é problema do ser humanoque é responsável por seus atos. Se ele se coloca em risco,o prejuízo deve caber somente a ele.

Contudo, não é dessa forma que os fatos ocorrem. Osanimais também são prejudicados, seja pelos acidentes emmenor escala ou pelo som produzido.

Vamos começar pelos cães. Ao ouvir uma explosão, opobre animal não sabe de onde veio o barulho, sua origeme muito menos suas consequências. Além de ser um sommuito alto para seus ouvidos sensíveis, ainda há a reaçãode seus proprietários, que não raramente, os pegam nocolo ou abraçam na tentativa de acalmá-los. Porém, esseato serve somente para reforçar ao cão que aquele baru-lho é realmente uma ameaça em potencial, caso contrárioo seu proprietário não teria se aproximado para defende-lo. E isso perpetua o medo do cachorro em relação aosfogos. O mesmo pode ser aplicado ao som dos trovões como acréscimo dos proprietários que também sentem medo edeixam transparecer aos seus amigos de estimação.

Todos os animais são afetados pelo barulho dos fogos,e podemos incluir nessa lista os animais que vivem em flo-restas próximas às cidades ou mesmo aqueles que vivemnos centros urbanos. Esses também não sabem o que signi-fica o barulho que estão ouvindo e o tem como uma grande

ameaça, provocando grande estresse que pode acarretaracidentes durante as fugas ou mesmo doenças causadaspela baixa resistência resultante desse estado de medo.

Achei muito interessante a atitude de um condomí-nio de classe média-alta na região da Serra da Cantareira,aqui na cidade de São Paulo. Uma das proprietárias deimóvel no condomínio me disse que em reunião na assem-bleia geral, os proprietários decidiram modificar o regula-mento interno e impor multas pesadas a quem soltar fo-gos de artifício, seja durante jogos esportivos, festas religi-osas ou comemorações em geral.

Para quem não conhece São Paulo, a região da Can-tareira é uma área de pseudo-preservação ambiental. Usoo termo pseudo porque existem barbaridades contra amata local como ocorre em qualquer outro local do nossoBrasil. Essa região é cercada de florestas nativas, com di-versas espécies animais vivendo por lá, inclusive algumasem risco de extinção. Então a ideia dos condôminos é pre-servar esses animais, não impondo medo a eles por umabrincadeira que, no meu ponto de vista, remete o ser hu-mano à idade média.

Vamos fazer a nossa parte. Quem sabe plantar umasemente aqui e outra acolá, tentando sensibilizar os pro-prietários de animais e convencê-los a comemorar de ou-tra forma o gol do seu time ou a entrada do novo ano.

E por falar nisso, mesmo atrasado, feliz ano novo atodos os colegas que tanto trabalham por um mundo commais humanidade e saúde.

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PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS LUCIANA ISSA

1º CURSO DE TAA - TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS, NA AACDO IBETAA - Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por

Animais, com o apoio de seus mantenedores, no final de janeiro, minis-trou o 1º Curso de Terapia Assistida por Animais (TAA), para uma equi-pe de terapeutas da AACD, na unidade da Mooca, em São Paulo.

Em outubro de 2013, a AACD e o IBETAA deram início ao projeto deTAA e foi criada uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos,fisioterapeutas, pedagogos, fonoaudiólogos e terapeutasocupacionais, que passaram a trabalhar juntos com a equipe do IBE-TAA, assistindo às crianças com deficiência selecionadas pelos tera-peutas para as sessões de reabilitação tendo o cão como um grandeinstrumento facilitador, despertando o interesse dos assistidos e poten-cializando as terapias.

O curso “Fundamentos Teóricos e Modelos Práticos” apresentou afundamentação científica a partir de pesquisas realizadas noexterior, onde o “poder” da cinoterapia (uso do cão em terapia) eviden-ciou o papel do cão como coterapeuta sendo uma ferramenta para osterapeutas no processo diagnóstico e de intervenção nassessões deterapia.

O conceito e o objetivo da TAA - Terapia Assistida por Animais, aindahoje, no Brasil, tem sido confundidos com o conceito de AAA – AtividadeAssistida por Animais ou outras ações que incluem a presença doanimal.

A melhor forma de nos aproximarmos desse tema é fazer umareflexão ampla de toda a terapia e a peculiaridade que cada uma nosoferece.

A palavra terapia de origem grega therapeia significa tratamento ouassistência. Pode ser compreendido, também, como todo um conjuntode cuidados que tem por objetivo a cura para a doença ou minimizar ossintomas oriundos de uma patologia, tendo papel paliativo. Pode serconcebida, ainda, como todo tipo de “remédio” técnico posto à disposi-ção para uma ação curativa.

Assim, a TAA – Terapia Assistida por Animais como outros tipos deterapia apresenta uma singularidade terapêutica e gera um conjunto debenefícios para os assistidos. É importante evidenciar que a relaçãopessoa-animal não é equivalente a relação terapeuta-paciente e que oobjetivo da TAA só pode ser alcançado quando existe antes de tudo, arelação terapeuta-paciente, isto é, o estabelecimento do vínculo inter-humano é prioritário e o animal é o mediador, auxiliando nesse estabele-cimento.

A interação pessoa-animal e seus benefícios servem para enrique-cer e completar o elo essencial da relação paciente-terapeuta, por isso,não se pode utilizar, nem de forma metafórica a expressão “DOUTORCÃO” porque o animal é considerado coterapeuta.

Enfim, o caráter primário e básico da TAA apresenta duas obrigato-riedades: relação terapeuta-paciente e a relação pessoa-animal devi-damente integrados.

São os elementos constitutivos da TAA:1. O próprio sujeito - paciente com sua patologia;2. Patologia - diagnosticada, previamente, com análise de todo conjuntode suas circunstâncias;3. Terapeuta - especialista, com formação técnica, capaz de estruturare programar a formação da relação básica com os efeitos que existemna interação pessoa-animal;4. O animal - preparado adequadamente para o encontro e para a rela-ção com o paciente, o qual possui qualidades intrínsecas que facilitamo processo terapêutico – um instrumento vivo, fonte de motivação efoco de interesse.

A TAA é, portanto, um conjunto de estudos que devido às suaspeculiaridades implica ser considerada como uma “ecoterapia” repre-sentada pela natureza (animal), mas, ligada ao mesmo tempo ao mundodas psicoterapias devido a existência da relação terapeuta-paciente.

“Um animal não pode ocupar o lugar de um profissional,por outro lado, às vezes, o papel do animal é tão importante,tão único, que um ser humano não pode ocupar seu lugar.”(Odean Cusack – Animais de compañia y salud mental)

Patrocinadoresdo IBETAAque apoiaramo curso:

O diretor presidente do IBETAA, Carlos Pires, agradece os mantenedores do IBETAA que viabi-lizaram o 1º Curso de Terapia Assistida por Animais, na AACD, o maior centro de reabilitação decrianças com deficiências da América Latina. Ao mesmo tempo, parabeniza a todos os terapeutasparticipantes do curso e integrantes da equipe de TAA

“Luciana Issa ([email protected]), psicopedagoga clínica, diretora técnicado Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autora dolivro “Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalho dequatro cães terapeutas.”

Parceria:

Com download gratuito,os leitores podem ter olivro digital acessando osite www.ibetaa.org.bre conhecer um poucomais o trabalho de TAA

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