revista nosso clinico nr 103 - colunas - jan/fev 2015

22

Click here to load reader

Upload: editora-trofeu-revista-veterinaria

Post on 23-Jul-2016

228 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Revista de Educação continuada do Clínico Veterinário de animais de companhia.

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Indexação Qualis

ISSN 1808-7191

ANO 18 - Nº 103 - JAN/FEV 2015

www.nossoclinico.com.br

A REVISTA DO MÉDICO VETERINÁRIO

ENCARTE:Clínica de Marketing

COLUNAS: Dicas do Laboratório• Conhecimento Compartilhado

• Bem-Estar Animal • Terapia Celular • Nutrição Animal • Gestão Empresarial

• Medicina Tradicional Chinesa • Pets, Famílias e Veterinários

• Endocrinologia • InfoPet• Medicina Felina

• Fisioterapia

• Tratamento e manejo de feridas cutâneas em cães e gatos• Fisioterapia em pós-cirurgia de ruptura de ligamento cruzado

cranial após realização da técnica de TPLO: relato de caso• Herpesvírus simplex em Sagui-de-tufo-preto

• Estudo retrospectivo da ocorrência do prolapsode glândula da terceira pálpebra em cães

• Comparação diagnóstica da Leishmaniose canina emdiferentes situações clínicas utilizando examesorológico e parasitológico direto

Nutrição

na clínica de pets exóticos

• Apicectomiacomo alternativa ao tratamentoconvencional de canal radicular emduas sessões: relato de caso

Page 2: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

68 • Nosso Clínico

GIARDÍASE

Colaboração:

VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?VVVVVocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?ocê Sabia ?

Giardíase, uma infecção frequenteDentre as infecções parasitárias que acometem os ani-

mais de companhia, destaca-se a giardíase, causada peloprotozoário Giardia duodenalis, e considerada zoonosepela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1979.

A transmissão ocorre pela a ingestão de cistos elimina-dos pelas fezes de portadores sãos ou sintomáticos, quecontaminam o ambiente, água, alimentos ou fômites(utensílios, brinquedos, casinhas). Tais cistos são extrema-mente resistentes no ambiente e à maioria dos desinfe-tantes, o que estabelece uma alta taxa de reinfecção, quese torna ainda maior devido à presença de fontes de in-fecção assintomáticas que disseminam permanentemen-te ou intermitentemente essas estruturas.

A apresentação de sintomas (passa a se chamar giardi-ose) depende da carga infectante, virulência da cepa, es-tado imunológico e nutricional do animal infectado, alia-do à dieta e existência de comorbidades.

No cão, os sintomas se referem a uma Síndrome MalAbsortiva, caracterizada por enteropatia de Intestino Del-gado (fezes pastosas a aquosas, fétidas, em grandes volu-mes, com esteatorréia e flatulência), geralmente sem mucoou sangue. Cãezinhos muito jovens podem vir a óbto peladesidratação, hipovolemia e endotoxemia. Já os felinos po-dem apresentar comprometimento conjunto ou compar-timentalizado dos diferentes segmentos do intestino, po-dendo apresentar clínica semelhante à dos cães, apenassintomas de enterite de Intestino Grosso (tenesmo, urgên-cia, muco e hematoquezia) ou um quadro misto.

Apesar de ser amplamente difundida, pode ser facil-mente confundida com outras enfermidades intestinais etratada de maneira incorreta. Para tanto, o diagnósticopode ser realizado por meio de exame coproparasitológi-co pela técnica de Faust (centrífugo flutuação em sulfatode zinco) ou imunoensaios comerciais (testes rápidos)como imunocromatografia ou ELISA. Para a pesquisa decistos nas fezes, recomenda-se a utilização de amostras seri-adas (três) devido à intermitência de excreção do agente.

O tratamento se baseia na administração de antipara-sitários como albendazol, fembendazol, metronidazol, sec-

nidazol, ronidazol, tinidazol, furazolidona, nitazoxanida ouassociações como pirantel, febantel e praziquantel. Comoo ciclo vital do parasita é direto, não há necessidade bioló-gica de tratamento em fases; no entanto, a alta taxa dereinfecção pela contaminação ambiental e contactantes as-sintomáticos sugere que se repita a administração dos fár-macos em um intervalo variável entre 2 a 4 semanas.

Ambiente e contactantes devem ser tratados conjun-tamente com o paciente enfermo. Para a desinfecção, re-comenda-se a utilização de compostos amoniacais ou fe-nólicos, ou água fervente, ressaltando que os desinfetan-tes só devem ser aplicados após a retirada mecânica detoda a matéria fecal e limpeza das superfícies com água esabão, pois as fezes inativam o amoníaco.

Devido à alta contaminação ambiental, existência deum grande número de portadores sãos (que atuam comfontes de infecção) e a possibilidade de transmissão zoo-nótica, há uma vacina disponível no mercado, para cães. AGiardiaVax é elaborada a partir de extratos de trofozoítose tem como objetivo minimizar a infectividade do parasi-ta, abrandando ou evitando o desenvolvimento de sinto-mas, e, principalmente, diminuindo a contaminação am-biental por meio de uma redução drástica da eliminaçãode cistos, além da sua inviabilização. A vacina é indicadapara cães saudáveis, a partir de 8 semanas de idade, comintervalo de duas a quatro semanas entre as doses, e re-forços anuais. A proteção é conferida após 15 dias após aaplicação da segunda dose. Portanto, animais sob esque-ma vacinal não devem ser desafiados em passeios à rua, aces-so ao jardim ou quintal, idas a Pet Shops, canis ou parques.

Dra. Maria Alessandra Martins Del BarrioMédica Veterinária graduada pela Faculdadede Medicina Veterinária e Zootecnia daUSP/SP, residência em Clínica e Cirurgiade Pequenos Animais e Mestre em ClínicaVeterinária pela Faculdade de MedicinaVeterinária e Zootecnia da USP/SP

...................................................................................

Page 3: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 69

Page 4: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

70 • Nosso Clínico

FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO

M.V. Maira Rezende FormentonFisioanimal / Hovet Pompé[email protected]

Importância do

O alongamento e a flexibilidade do sistema músculo-esquelético consistem em uma das partes mais impor-tantes no processo de prevenção e tratamento de lesões,além de melhorar o desempenho em atividades diárias edesportivas.

Quando realizado de forma adequada e regular, o trei-no de flexibilidade promove a diminuição de tensões mus-culares, relaxamento, melhora da coordenação motoracomo efeito secundário e também aprimora a consciên-cia corporal. Contribui indiretamente na redução do acú-mulo de ácido lático pós exercício, além de proporcionarganho na fase elástica da contração muscular, aumen-tando a capacidade do músculo de gerar força.

A elasticidade muscular é uma propriedade dos com-ponentes musculares (fibras) de deformarem-se peranteà influência de forças externas, aumentando seu compri-mento e retomando seu tamanho original quando cessa-do o estímulo. O músculo tem também propriedades plás-ticas, sendo que o estímulo do alongamento pode per-manecer e conferir um ganho elástico das fibras mesmodepois de cessado o estímulo (Dantas, 2005). Estas pro-priedades fazem com que após poucas sessões do trei-no de flexibilidade seja possível perceber as diferençasem tratamentos de encurtamentos, contraturas e altera-ções posturais.

Existem diversos tipos de treinos de elasticidade, masos principais dividem-se em estático, balístico e passivo.Nos animais o mais comum é a realização da modalidadepassiva, onde o terapeuta irá gerar uma tensão alongan-do o músculo até a amplitude desejada, mantendo-a poralgum tempo e voltando à posição original.

Em encurtamentos e contraturas musculares, reco-menda-se que o músculo seja massageado ou aquecidoantes para diminuição do desconforto e melhor aprovei-tamento do tratamento. Porém, este aquecimento tam-bém pode gerar uma diminuição do reflexo de proteçãoao estiramento excessivo, portanto recomenda-se que oterapeuta seja neste caso experiente para não causar le-sões.

Por fim, o treino de flexibilidade é essencial para qual-quer paciente em processo de reabilitação, seja ele atletaou não. Nunca deve ser deixado de lado e sempre reali-zado na posição e duração corretas, para o máximo apro-veitamento da terapia.

Leitura recomendada:Dantas EHM. Alongamentos e Flexionamento. 5.ed., Rio de Ja-neiro: Shape, 2005

na ReabilitaçãoAlongamento de musculatura de membro anterior

Alongamento de musculatura em bola suíça......................................................................................................................

Page 5: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

72 • Nosso Clínico

Alopecias não inflamatórias em gatos

[email protected], Mestre em Medicina Veterinária UFMGCRMV-SP 5540 VCRMV-MG 3708

DICAS DO LABORATÓRIO DR. LUIZ EDUARDO RISTOW

A alopecia felina é o termo médicopara a perda excessiva de pelo, algoque pode ser bastante comum numdeterminado número de animais, in-cluindo os gatos. Perder umas me-chas de pelo não é uma doença gra-ve, mas a perda excessiva pode indi-car uma série de problemas de saú-de no gato.

A perda de pelo pode causar regi-

ões de calvície na superfície do cor-po, enquanto a pele pode permane-cer sem mudanças ou apresentaruma cor avermelhada com pequenasbolhas, dependendo da causa sub-jacente à alopecia. Na continuaçãoestão as possíveis causas de alope-cia felina não inflamatória com cau-sas muito variadas.

Sabe-se que a anormalidade pri-

mária é um excesso na higiene dospelos, que pode ser resultado de umaansiedade do gato. A ansiedade podeser causada por fatores psicológicoscomo fenômenos de deslocamento.Alguns gatos lambem vigorosamen-te uma área particular até que farpascurtas na língua produzam alopecia,abrasão, ulceração e infecção secun-dária. Outros gatos lambem e mor-

.

Quadro 1: Diagnósticos diferenciais, locais mais afetados, testes diagnósticos recomendados e prognósticoem um gato com alopecia não inflamatória

Afecção Locais mais Afetados Provas diagnósticas Prognóstico

Hipersensibilidade a picada depulgas

Área dorsal e lombossacral,metade caudal do corpo ouafecção generalizada

Tricograma (cód. 736) eTeste alérgico a picada de pulgas(cód. 684)

Bom para o paciente com aadministração continuada deimunoterapia

Atopia (hipersensibilidade aaeroalérgenos como pólen, ácarosou esporos de fungos)

Metade cranial do corpo, ventre,flancos ou doença generalizada

Diagnóstico baseado na história,exame físico, diag. Diferenciais eTeste Alérgico permite a formulaçãode imunoterapia (cód. 685)

Bom para o paciente com aadministração continuada deimunoterapia

Reação adversa a Alimentos(pode ou não ser alérgica, reaçãoa uma proteína e raramente a umaditivo, indistinguível da atopia)

Metade cranial do corpo, abdômenventral ou doença generalizada

Tricograma (cód. 736) e dietarestritiva

Excelente, se a proteína éidentificada e evitada.Bom com o manejo contínuo se asproteínas não são identificadas.Reservado para a cura

Dermatofitose (esta forma écausada tipicamente pelo M.canis)

Focal ou generalizada Tricograma (cód. 736),Citologia (cód. 87),Cultura para fungos (cód. 255) eBiopsia (cód. 86)

Reservado para a cura

Alopecia psicogênica (devido àlimpeza excessiva causada porfatores psicológicos)

Parte medial e caudal doabdômen, patas dianteiras evirilha

História clínica e Tricograma(cód. 736)

Bom

Alopecia por interferência comdrogas antifúngicas, produzindohastes anormais, fazendo comque o pelo quebre inesperadamente

Alopecia sem locais prediletos,mas de iniciação repentina

História clínica e Tricograma(cód. 736)

Excelente se remover a causa

Alopecia por estresse severocomo o choque, provoca ainterrupção do crescimento dopelo mudando a fase telógena

ExcelenteAlopecia focal a generalizada História clínica e Tricograma(cód. 736)

Hiperadrenocorticismo (muitorara, semelhante as condição emcães)

Polidipsia, poliúria, perda de peso,anorexia, polifagia, depressão,perda de massa muscular,alopecia (flancos, barriga ou emtorno do tronco) e pele frágil

ReservadoTeste de estimulação ACTH(cód. 630),Teste de supressão comdexametasona (cód. 621)

Page 6: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 73

dem delicadamente uma área maisdisseminada, de forma que a alope-cia é a lesão predominante. Aindaexistem aqueles que mastigam seupelo ou pele, ao passo que outrosmastigam e arrancam seus pelos. An-tes de diagnosticarmos uma alopeciade causa não inflamatória devemosresponder algumas questões, como:1. Qual era a idade do paciente quan-do os primeiros sinais foram reconhe-cidos?2. Quanto a doença progrediu desdeque foi detectada?3. Em qual parte do corpo o proble-ma começou?4. A doença é sazonal?5. Existem outros sinais clínicos taiscomo espirros, tosse ou diarreia?6. Com que o animal é alimentado. Al-guma dieta animal especial foi usadano passado?7. Existem outros animais em casa?8. Alguém na família possui algumaalteração de pele?9. O animal foi previamente tratado de

alguma doença? Se sim, que tipo dedroga foi usada e o tratamento foi bemsucedido?10. Qual é o método utilizado paracontrolar pulgas?11. Quando a última medicação quefoi administrada no animal?

DIAGNÓSTICO

Alopecia não inflamatória é um pa-drão de reação cutânea felina quepode ter várias causas. A alopecia

hormonal é bastante rara em gatos e,normalmente, os gatos afetados apre-sentam outros sinais graves. A condi-ção geralmente afeta gatos de raçapura com uma disposição nervosa. Asmudanças ambientais, tais como umnovo parceiro, um filho, animal de es-timação ou se mudar para uma casanova podem predispor aos sinais clí-nicos. Os diagnósticos diferenciaispara alopecia não inflamatória felinaestão listadas nos quadros.

Exame para diagnóstico de gato com alopecia não inflamatória

MATERIAL COD/EXAMES PRAZO

Tubo Tampa Vermelha 686 - Teste Alérgico Painel c/ 24 Alergenos 7 dias

Tubo Tampa Vemelha 685 - Teste Alérgico Painel c/ 36 Alergenos 7 dias

Tubo Tampa Vermelha 683 - Teste Alérgico Triagem Screening 2 dias

Tubo Tampa Vermelha 334 - Perfil Hiperadrenocorticismo 3 dias+ Tampa Roxa

Tubo Tampa Vermelha 620 - Cortisol Pós Supressão Dexa 2 Dosagens (Radioimunoensaio) 2 dias

Tubo Tampa Vermelha 621 - Cortisol Pós Supressão Dexa 3 Dosagens (Radioimunoensaio) 2 dias

Tubo Tampa Vermelha 631 - Dosagem de Cortisol Pós ACTH (Basal + Pós ACTH) 2 dias

Pelos Arrancados 736 - Tricograma (Avaliação Morfológica Microscópica de Pelos) 3 dias

Quadro 2: Esquema diagnóstico de gato com alopecia não inflamatória

Page 7: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

74 • Nosso Clínico

Prof. Msc. Alexandre G.T. Daniel

Consultoria e atendimento especializado emmedicina felina;Coordenador do curso de aprimoramento emMedicina Felina do Cetac - Centro deTreinamento em Anatomia e Cirurgia Veterinária;Proprietário da Gattos - Clínica Especializadaem Medicina Felina. (www.gattos.vet.br)([email protected])

MEDICINA FELINA

PERITONITE INFECCIOSA FELINAum pesadelo na clínica de felinos (parte 2)

Dando continuidade à nossa coluna, teremos o discer-nimento de mais alguns tópicos acerca da peritonite in-fecciosa dos felinos, a doença infecciosa mais comum daespécie felina.

Na primeira parte, características do vírus e fisiopato-genia da doença foram citadas. Nesta edição, abordare-mos os principais achados clínicos.

Achados clínicos - Forma efusivaA doença efusiva é caracteristicamente classificada pelo

acúmulo de exsudato fibrinoso e formação de pequenospiogranulomas em omento e nas superfícies serosas damaioria dos órgãos abdominais, além das superfícies pleu-rais e pericárdica. Os gatos podem formar efusões em ca-vidade abdominal (62% dos casos) e cavidade torácica (17%dos casos) isoladamente, ou formar efusão em ambas ascavidades (21% dos casos). A forma efusiva é responsávelpor cerca de 60% dos casos de PIF.

Em gatos com a forma efusiva peritoneal, o aumentode volume abdominal, sendo este de consistência macia eflutuante, é relatado pelo proprietário. Massas abdomi-nais podem ser palpadas, refletindo a aderência do omentoàs vísceras abdominais ou aumento de linfonodos mesen-téricos. As efusões torácicas normalmente geram dispnéiae taquipnéia, podendo chegar a gerar cianose e respira-ção com a boca aberta. A auscultação revela sons cardía-cos abafados. Alguns gatos com a forma efusiva encon-tram-se alertas e ativos, enquanto outros podem apresen-tar-se prostrados e apáticos. É achado comum febre e per-da de peso.

O acometimento hepático pode ocorrer pela formaçãode granulomas ou por hepatite viral. Nestes casos, o gatopode apresentar-se ictérico.

Quando presentes granulomas pulmonares, os animaispodem apresentar dispneia. Radiografias torácicas eviden-ciam áreas focais de maior densidade radiográfica.

Aumento dos lifonodos mesentéricos e nefromegaliapodem ser encontrados na palpação abdominal.

A manifestação neurológica da PIF ocorre em cerca de30% - 50% dos gatos acometidos pela doença, e apresentamanifestações como ataxia, convulsões, hiperestesia, hi-per-reflexia, propriocepção reduzida, paralisia de cauda,head tilt (cabeça pendente para a direita ou para a esquer-da), depressão mental, paralisia, entre outras manifesta-ções. Gatos com PIF geralmente apresentam lesões ocula-res, sendo as mais facilmente observadas as uveítes, as-sim como precipitados queratóticos.

Na ausência de uveíte e/ou manifestações neurológi-cas, as manifestações tendem a se tornar extremamentevagas e não específicas; podem caracterizar-se por febreintermitente, não responsiva a antibióticos, perda de pesoprogressiva e disorexia. A icterícia, nesses casos, é o acha-do mais comum.

Figura 1:Achado

característicada PIF

predominantementeefusiva – ascite –

caracteristicamenteum exsudato

asséptico

Figura 2: Múltiplosgranulomas

distribuídos emsuperfície visceral

abdominal, maisvisíveis em omento

e fígado, em gatoacometido pela PIF

FOTO

: A

LEX

AN

DR

E G

. T.

DA

NIE

L (A

RQ

UIV

O P

ES

SO

AL)

Mas é fundamental ressaltar - a PIF sempre apresentamanifestações efusivas e granulomatosas, em maior oumenor grau. Não existem “entidades separadas” com ma-nifestações somente efusivas ou somente granulomato-sas!

A divisão visa facilitar a explicação e entendimento ca-tegorizado das principais manifestações clínicas!

Achados clínicos - Forma não efusivaNa forma não efusiva da doença, granulomas desen-

volvem-se em diversos locais, sendo as manifestações clí-nicas extremamente variáveis, geralmente direcionadas aoórgão envolvido. Os principais órgãos envolvidos são o fí-gado, rins, pâncreas, linfonodos mesentéricos, omento,olhos e o sistema nervoso central. Manifestações comunse inespecíficas destes casos são febre, perda de peso, le-targia e disorexia.

FOTO

: A

LEX

AN

DR

E G

. T.

DA

NIE

L (A

RQ

UIV

O P

ES

SO

AL)

Page 8: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

76 • Nosso Clínico

NUTRIÇÃO ANIMAL

Keila Regina de Godoy - [email protected]., Gerente de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR petwww.premierpet.com.br

foto

Estratégias para maior adesão do proprietárioao tratamento com alimentos coadjuvantes

Falamos muito nas últimas ediçõessobre diversas condições nas quais cãese gatos se beneficiam de uma alimenta-ção específica.

Só é possível oferecermos esses cui-dados porque, assim como em outrasáreas da Medicina Veterinária, a Nutri-ção dos animais de companhia passoupor uma evolução muito evidente nas úl-timas décadas.

Um forte reflexo desta evolução sãoos alimentos coadjuvantes, que se desti-nam a auxiliar no tratamento ou preven-ção de distúrbios fisiológicos ou meta-bólicos em cães ou gatos através de ní-veis diferenciados de nutrientes especí-ficos e de ingredientes funcionais, sendonecessariamente isentos de agentes far-macológicos ativos.

Os alimentos coadjuvantes são im-prescindíveis em muitos casos e têm sidoamplamente prescritos na rotina clínica.No entanto, relatos de dificuldades paraobter a adesão ou manutenção do pro-prietário na dieta prescrita ainda são fre-quentes.

Por ser este o primeiro ponto a serenfrentado pelo clínico ao instituir umanutrição adequada, vamos relembraraqui os principais pontos que precisamser observados para melhorar o enten-dimento dos proprietários e sua adesãoao tratamento proposto.

A Professora Andrea J. Fascetti, daUniversidade da Califórnia, em seu livroApplied Veterinary Clinical Nutrition, edi-ção de 2012, dedica grande parte do pri-meiro capítulo a tratar do tema, dada asua relevância.

Reforçamos aqui as principais reco-mendações com o intuito de chamar aatenção para o assunto e colaborar comos clínicos para uma plena efetividadenos tratamentos propostos. Os principais

pontos considerados para aumentar aadesão do proprietário são:• O estabelecimento e alinhamento dasexpectativas;• O monitoramento da resposta do paci-ente;• O fornecimento de opções e varieda-de.

Estabelecendo e alinhandoas expectativas

Muitos clientes não iniciam ou aindainterrompem a dieta porque não enten-deram claramente o que podem esperardo alimento. Para que isso não ocorra énecessário explicar a eles o mecanismopelo qual o alimento promove o benefí-cio e por que está sendo indicado. Porexemplo: um proprietário que entendeque dietas com alto teor de fósforo po-dem promover a piora do dano renal, eque a maior parte do fósforo da dietavem de ingredientes ricos em proteínas,entenderão melhor por que não admi-nistrar os alimentos não prescritos.

Estudos mostram ainda que pacien-tes humanos que receberam, além daorientação verbal uma orientação por es-crito, retiveram melhor a informação eorientação, sendo portanto útil o uso depequenos manuais de recomendaçãocom linguagem adequada ao proprietá-rio.

Igualmente útil é reforçar todos ospontos chaves do tratamento a todos osmembros da família que podem interfe-rir sobre a alimentação do animal. Vári-os são os casos de familiares ou funcio-nários da casa não orientados que, pordesconhecimento, fornecem alimentosproibidos.

O tempo de uso do alimento tambémdeve ser deixado claro. Especialmentenos casos crônicos, nos quais devem ser

usados pelo resto da vida. Os casos deobesidade também requerem atençãomáxima a este ponto, dado que o trata-mento dura em média 6 a 8 meses, po-dendo se estender. Calcular o tempo es-timado para atingir o peso ideal é impres-cindível.

Monitorando a resposta do pacientePor mais que uma dieta seja efetiva,

ela não terá desempenho idêntico em to-dos os pacientes.

O primeiro ponto a monitorar é se oanimal aceitou a dieta prescrita. A recu-sa mantida, mesmo sob alternativas demanejo que favoreçam a aceitação, exi-ge uma rápida e efetiva nova prescrição.A demora pode promover a desistênciado tratamento.

Frequentemente uma primeira recu-sa pode ser manejada com recomenda-ções apropriadas para transição ao novoalimento, bem como estimulando um re-torno por parte do proprietário, seja pore-mail ou telefone. A visita pessoal à re-sidência pode ser necessária em algunscasos, ocasião na qual pode-se examinarmelhor ambiente e condições de mane-jo que possam desfavorecer o tratamen-to. O follow up frequente é fundamentalpara reforçar a importância da recomen-dação dietética em conjunto com o tra-tamento. Recomendações que não têmnenhum follow up são susceptíveis deserem consideradas como não sendo tãocruciais ou importantes.

Por fim, checar o progresso do trata-mento é uma oportunidade para discu-tir e selecionar uma alternativa que sejacompatível caso o primeiro alimento te-nha sido recusado.

A equipe de apoio da clínica ou hos-pital, quando bem treinada, pode auxili-

Page 9: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 77

ar neste acompanhamento. Muitos tele-fonemas podem ser conduzidos por fun-cionários da recepção, passando na me-dida do necessário para enfermeiros e,quando for o caso, ao médico veteriná-rio. Esta triagem pode aumentar a efici-ência do processo e muitas vezes é bemrecebida pelos funcionários, que se sen-tem ainda mais úteis e participativos. Noentanto, o treinamento adequado é fun-damental para o sucesso da atividade.

Fornecendo umavariedade de opções

Uma vez que nenhum alimento vaifuncionar em todas as situações igual-mente, dado aos fatores individuais decada animal, é muito importante daropções adicionais ao cliente.

Uma recomendação alternativa pron-

ta e específica reduz a probabilidade deque o cliente selecione um alimento porsi próprio, o que resulta em uma poten-cial escolha inadequada.

Uma seleção dos alimentos utilizadospara manejo das doenças mais frequen-tes na prática clínica, juntamente com umatendimento especial, como o serviço dedelivery, é provavelmente a melhor abor-dagem.

A opção de ter em estoque embala-gens pequenas, que favoreçam a experi-mentação, também ajuda a aumentar avariedade de alimentos oferecidos semaumentar substancialmente o custo comestoque. As embalagens menores podemser oferecidas inicialmente e, após aadaptação, o proprietário adquire entãoembalagens maiores.

Do ponto de vista do médico veteri-

nário, ter para a venda e recomendaçãouma variedade de produtos para a mes-ma condição irá lhe proporcionar um au-mento da familiaridade com produtos di-ferentes. A experiência clínica com cadaproduto aumenta a probabilidade de fa-zer a melhor recomendação inicial, bemcomo aumenta a segurança com a mu-dança para um produto alternativo casoa recomendação inicial não tenha êxito.

Por fim, é primordial lembrarmos queos alimentos coadjuvantes não devem serindicados, e sim prescritos. E prescreverinclui estipular nome completo do ali-mento, frequência das refeições, quanti-dade a ser oferecida em cada refeição,orientações de manejo especiais quan-do for o caso e tempo de utilização doalimento.

Até a próxima!

Page 10: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

78 • Nosso Clínico

[email protected]

Como foi 2014 e o que esperar do mercadode saúde de animais de companhia em 2015

O ano chega ao fim e nesse momento todos co-meçam a realizar seus balanços pessoais e profis-sionais. Com o mercado não é diferente, é hora deolhar para trás e perceber os desafios que foramsuperados, identificando também o que precisamudar para o ano seguinte. Tivemos um Carnavaltardio, a Copa do Mundo e a eleição mais disputa-da dos últimos tempos, alguns dos principais even-tos. E o mercado de saúde de animais de compa-nhia resistiu a toda essa euforia, contrariando ospessimistas de plantão, que imaginaram os pro-prietários escondidos em casa com os seus pets,apenas esperando tudo isso passar. E o que é me-lhor, não só resistiu, mas também cresceu.

Segundo dados do SINDAN (Sindicato Nacionalda Indústria de Produtos para Saúde Animal), omercado de saúde de animais de companhia (vaci-nas, produtos ectoparasiticidas tópicos, orais esprays, antibióticos, anti-inflamatórios, shampoosterapêuticos, entre outras categorias) deve fecharo ano com um crescimento na ordem de 10% emrelação ao ano passado, puxado pelos segmentosde vacinas (13%), produtos endectocidas (19%),antimicrobianos (15%) e endoparasiticidas (14%).Vale lembrar que esses são dados acumulados atésetembro de 2014, ou seja, até o final do ano de-verão mudar.

Olhando o crescimento histórico do mercado desaúde animal (15% em taxa composta de 2008 a2013), esse não foi um ano dos mais incríveis. Aindaassim, se forem consideradas as turbulências vivi-das e os resultados pífios de outros mercados, osetor não pode reclamar.

A Comac (Comissão de Animais de Companhiado SINDAN) ainda não tem uma previsão oficialpara o mercado de saúde animal pet em 2015.

“Quando olhamos o cenário econômico e políti-co que se desenha à nossa frente, podemos serum pouco mais conservadores e esperar que o va-rejo geral – o que afeta diretamente o nosso mer-cado – não terá grandes rompantes de crescimen-to. Especificamente para o mercado de saúde deanimais de companhia eu acredito que ficaremosna ordem de 8 a 10% de crescimento, basicamen-te repetindo o desempenho desse ano”, afirma Leo-nardo Brandão, Diretor de Operação de Animais deCompanhia da Ceva Saúde Animal e Coordenadordo GT InfoPet da comissão.

Segundo Brandão, essa expectativa não deveser vista de forma pessimista, mas sim realista.Mas lembra que os momentos de baixo crescimen-to no mercado são ideais para que as empresas sereinventem. Pois é nessa hora que os mais prepa-rados para atender as demandas emergentes domercado poderão se destacar. “Cabe aos clínicos eempresários do setor de animais de companhia de-senvolver estratégias que atraiam e fidelizem osclientes, ‘blindando’ assim seus negócios contrafuturas intempéries. Nesse aspecto, sai muito nafrente quem tem informação e, baseado nelas,constrói um plano de ações para o ano”, finaliza.

Nesse aspecto, a Comac, que foi criada em 2007com o objetivo de tratar dos interesses do merca-do de animais de companhia, é uma entidade quepode auxiliar os empresários. Pois se trata de umgrupo formado por 15 das principais empresas daárea de saúde animal (nacionais e estrangeiras)com foco no setor. Está sempre de olho nas novi-dades do segmento e publica com frequência pes-quisas de mercado com o intuito de fomentar oconhecimento e as boas práticas de gestão no seg-mento.

Page 11: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

80 • Nosso Clínico

O avanço da medicina veterinária está correlacionado como avanço das pesquisas em prol da melhoria na qualidade devida dos pacientes e a terapia celular com células-tronco (TCCT)tem ocupado um espaço de prestígio dentre as novas modalida-des terapêuticas do mercado.

A TCCT teve início com uma empresa americana há 12anos com o foco em equinos e desde 2005 em pequenos ani-mais. Diferentemente do que é transmitido em algumas regiões,a TCCT é uma terapia já consolidada para diversas doenças,com pesquisas, trabalhos e os resultados são independentes daorigem tecidual da célula-tronco mesenquimal (CTM) além deinúmeras pequisas com células-tronco hematopoiéticas.

Apesar de não serem muito difundidas ainda na medicinabrasileira, as células-tronco (CT) já são uma realidade inclusivenos humanos, onde podemos pegar como exemplo o tenista Ra-fael Nadal que já passou por terapia em seu joelho lesionado erecentemente fez tratamento para uma lesão na coluna devidoaos esforços repetitivos de sua profissão.

O que são as células-tronco?

As CT são células indiferenciadas e não especializadas,com capacidade de diferenciação, alto poder de multiplicação,efeito anti-inflamatório, poder de regeneração e possuem capa-cidade de estimular as CT inertes do paciente.

Qual a plasticidade das CT?

Após a fecundação, temos a multiplicação celular em pro-gressão geométrica, até a composição de oito células temos aschamadas células totipotentes, ou seja, cada célula dessas pode-ria se tornar um indivíduo completo.

As CT germinativas embrionárias são as células do indiví-duo até a fase de blastocisto no embrião, cerca de 100 célulashaverá no embrião nesse momento, de acordo com a espécie doanimal essa fase é alcançada pelo embrião em horas, ou dias.Essas células são chamadas de pluripotentes e têm a capacidadede se diferenciar em qualquer tecido do animal, exceto placentae tecidos de sustentação do feto, porém são células não utiliza-das nas terapias celulares a nível comercial, por diversos moti-vos inclusive a alta capacidade carcinogênica.

As CT adultas tem origem no epiblasto de onde serão gera-dos o endoderma, o ectoderma e o mesoderma do embrião, cha-mados de folhetos embrionários. De acordo com sua origem nosfolhetos as CT têm uma pré-determinação a se diferenciar emdeterminados tecidos, com por exemplo:Ectoderma: neurônios do cérebro, células da derme e epiderme.Mesoderma: células musculares cardíacas, de músculos estria-dos esqueléticos e células sanguíneas.Endoderma: células do pâncreas e tireoide.

TERAPIA CELULAR DR. MARCELO NEMER XAVIER

O que são as células-tronco?

Qual origem das células comercializadas?

Hoje em dia as células comercializadas nos tratamentospelo Brasil, são CTM retiradas da gordura, devido à grande con-centração de CTM no tecido, fácil obtenção da amostra paracultivo celular, pouco desconforto para o doador em compara-ção com outras fontes como polpa dentária, medula óssea e ou-tros tecidos que também são ricos nessa mesma variedade deCT. Essas células podem ser coletadas do próprio paciente, oque o submete a uma sedação prévia para retirada do tecido eencaminhamento da amostra ao laboratório, após o cultivo, aná-lises e multiplicação (período que pode durar até 5 semanas) ascélulas são transplantadas no próprio paciente.

Outra opção que vêm sendo muito aceita e altamente di-fundida é a utilização de células vinda de um banco de células-tronco, onde os doadores são pré-selecionados, as amostras es-tudadas no sentido de multiplicação, diferenciação, infecção dodoador e da amostra para, após comprovação da qualidade domaterial, essa célula compor o banco e poder ser aplicada nospacientes doentes. Isso é possível já que as células-tronco nãocausam efeitos colaterais e por serem primitivas, ainda não pos-suem capacidade de causar rejeição por não possuírem os epito-pos para tal reação.

Coordenador Curavet([email protected])www.curavet.com.br

Após 12 horas dessa aplicação, Vanilla deu seu primeiro passeioandando com as quatro patas

Filhote de Labradorparaplégico preparandopara receber as célulastronco

....................................................................................

Page 12: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 81

Essa amostra vai para o cultivo celular primário, onde mi-gram do tecido para o meio de cultura devido a necessidade denutrientes e após a retirada dessa amostra são mantidas em cul-tura contínua, onde serão analisadas a confluência, capacida-des de multiplicação, contaminação da amostra, capacidade tu-morogênica, diferenciação celular e após todas análises, dar-se-á início as passagens e envasamento nos criotubos, ou frascosespecíficos para o congelamento.

Como as células-tronco localizam o tecido lesionado?

A terapia pode ser feita de forma sistêmica e local, depen-dendo da doença a ser tratada. De forma local, as células já sãoimplantadas no(s) local(is) necessários para sua atuação. Mas,na verdade elas só permanecem lá por ter tecido inflamado e ascitocinas pró-inflamatórias são as responsáveis pela quimiota-xia e tropismo das células-tronco para o tecido alvo. Essa carac-terística faz com que lesões agudas possuam maior capacidadede tropismo celular devido ao grande número de citocinas pró-inflamatórias na região, novos estudos têm deixado claro queessa característica não se aplica no tecido nervoso central quemantém sua capacidade de estimular e atrair as células para suaregião lesionada, por um período muito longo.

O que esperar na TCCT?

Nas terapias sempre esperaremos que as células atuem atra-vés de suas características e principais capacidades que são:• Anti-inflamatória;• Imunomodulação;• Angiogênese;• Anti-apoptótica nos tecidos lesionados;• Diferenciação tecidual;• Atuação por períodos indeterminados.

Em quais doenças as células-tronco já são utilizadas?

As CTM em pequenos animais já são utilizadas comercial-mente em diversas doenças como:• Artrites e artroses: devido a grande capacidade anti-apoptó-tica, anti-inflamatória e o efeito parácrino, as células atuam deforma a melhorar a qualidade do líquido sinovial, evitar a pro-gressão natural das lesões, melhorar a circulação na região dacartilagem lesionada, aumento da proliferação celular para re-generação local.• Discopatias: utilizada de forma conservativa e também de for-ma trans cirúrgica as células possuem um alto poder anti-infla-matório nesses pacientes, induzem a divisão celular local, difi-cilmente se diferenciando em neurônios, mas auxiliando de for-ma parácrina a regeneração do tecido no local.• Tendinopatias: em rupturas de tendão as células têm a capa-cidade de atuar impedindo a formação de fibrose, acelerando acicatrização local.• Sequelas da desmielinização imunomediada provocada pelacinomose: a alta capacidade das células em imunomodular opaciente, faz com que a progressão da sequela seja cessada e a

atuação direta e indireta das células ajudam na remielinizaçãode alguns neurônios.• Ceratoconjuntivite seca: quando a causa for imunomediada,as células tem alta capacidade de imunomodulação, além demelhora na capacidade da glândula de produção de lágrimas.• Aplasia de medula: seu efeito parácrino estimula a medula aretornar sua função, caso seja imunomediada, além do estímu-lo parácrino, teremos a capacidade imunomoduladora junta-mente para o reestabelecimento da função.• Doenças renais: as doenças renais, agudas ou crônicas po-dem ter o auxílio das células-tronco no intuito de utilizaremsuas capacidades anti-apoptóticas, de estímulo as células-tron-co do tecido em diferenciação e diminuição da formação defibrose.• Úlcera de córnea: além da alta capacidade angiogênica queajuda a nutrir o local da lesão, há a capacidade anti-inflamató-ria e o efeito parácrino para a aceleração da cicatrização.• Hepatopatias: as células mesenquimais produzem as mes-mas substâncias produzidas pelos hepatócitos quando há lesãohepática, o que promove a regeneração do órgão, além de atu-ar com o efeito anti-inflamatório e imunomodulador.

Além disso, várias pesquisas vêm sendo feitas e com umagrande tendência de rapidamente estar sendo comercializadopara outras doenças como:• Algumas doenças cardíacas,• Problemas circulatórios,• Doenças neurológicas intracraniana,• Doenças autoimunes de forma geral,• Dermatopatias.

Cabe ressaltar que há muitos mitosenvolvendo as células-tronco, muitos pro-fissionais acreditam na regeneração com-pleta dos órgãos e em grande potencial tumorogênico e os doisextremos são mitos. Essa terapia tem grande capacidade de cres-cimento, simplesmente pelas características já comprovadas dascélulas e já expostas nessa matéria, nenhuma terapia é indicadasem o acompanhamento de um profissional qualificado e espe-cializado naquela especialidade ou doença.

Afinal, o intuito da terapia é criar um ambiente favorávelpara a reestruturação tecidual, acelerar o processo de reparação,recrutar as células do próprio indivíduo e com isso chegar aqualidade de vida possível para aquele paciente.

Com essas informações, percebe-se que a terapia vem mos-trando ótimos resultados, contudo há a possibilidade de otimi-zar caso haja intervenção precoce e trabalho em equipe com oclínico e/ou especialista, não retirando os tratamentos conven-cionais e sim potencializando os resultados.

Nas próximas edições estaremos explanando mais detalha-damente sobre cada doença, as formas de atuação, suplementosque auxiliam no direcionamento celular e as novidades terapêu-ticas.

Vanilla após mesesda aplicação

Page 13: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

82 • Nosso Clínico

ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

MV. MsC. Alessandra Martins Vargaswww.endocrinovet.com.br

Diabetes MellitusO renomado médico Drauzio Vare-

lla, em um de seus inúmeros textos, fazreferência ao diabetes mellitus comouma epidemia que se espalha pelo Bra-sil e por muitos países. Tal afirmação pa-rece estranha porque costumeiramen-te se emprega o termo epidemia ape-nas no que se refere às doenças infec-to-contagiosas. Entretanto, a atual ex-plosão de casos de diabetes obedecea todos os critérios epidemiológicosnecessários para a caracterização deuma epidemia.

Segundo a Organização Mundial daSaúde (OMS) a incidência de diabetesaumenta não apenas nos países indus-trializados, mas também nos que ado-taram estilos de vida e hábitos alimen-tares “ocidentalizados”. A OMS estimaque cerca de 5,1% da população mun-dial entre 20 e 79 anos sofra da doen-ça. E faz previsões nada otimistas: onúmero atual de 194 milhões de casosduplicará até 2025.

Na medicina veterinária, o diabetesmellitus é comum tanto em cães quan-to em gatos. Infelizmente também te-mos observado o aumento na incidên-cia da doença em nossos pacientes. Oconhecimento desta endocrinopatiaassociado à adequada instituição do tra-tamento e orientações aos tutores pos-sibilitam um melhor controle da doen-ça, e consequentemente, o aumento naqualidade e expectativa de vida do pa-ciente.

Um breve histórico...

O diabetes mellitus (DM) pode serconsiderado endocrinopatia tão antigaquanto a própria humanidade. Os pri-meiros relatos da sua existência cons-tam no papiro Ebers, documento médi-co egípcio escrito há aproximadamen-te 1.500 anos antes de Cristo, o qualfaz referência a uma doença caracteri-zada por emissão frequente e abundan-

te de urina.No entanto, foi o médico romano

Aretaeus (30-90 da era cristã) que criouo termo diabetes, que significa “passaratravés”, pelo fato da poliúria, sintomacaracterístico da doença, assemelhar-se à drenagem de água através de umsifão. Outros relatos semelhantes foramdescritos nos séculos seguintes, porémfoi Cullen (1709-1790) quem acrescen-tou ao termo diabetes o adjetivo melli-tus, com o objetivo de distinguir a do-ença do diabetes insipidus.

Mesmo sem conhecimento da etio-logia do DM, em 1796, Rollo foi o pri-meiro médico a propor a restrição die-tética no tratamento de pacientes dia-béticos, teoria esta reiterada por Bou-chardat (1806-1886) ao enfatizar a res-trição de carboidratos e propor a suasubstituição por vegetais verdes. So-mente em 1900 Opie correlacionou odiabetes com a degeneração das ilho-tas pancreáticas (descritas por Lan-gerhans em 1869). Já a primeira aplica-ção de insulina no homem com finali-dade terapêutica foi realizada em 1922,e no ano seguinte, foi lançada a primei-ra insulina comercial.

Desde a descoberta da insulina atéos dias atuais, importantes progressosforam conduzidos no campo da Diabe-tologia. Consideráveis avanços tambémforam observados na medicina veteri-nária, com o lançamento da insulinaCaninsulin® (única insulina de uso vete-rinário disponível no mercado veteriná-rio) e também com o desenvolvimentode alimentos coadjuvantes para o trata-mento do DM canino.

Durante as próximas edições iremosdiscorrer sobre a definição da doença,manifestações clínicas, diagnóstico, tra-tamento, monitorização do paciente,orientações que devem ser transmitidasaos tutores, doenças concomitantes,possíveis complicações, prognóstico

para assim auxiliar você leitor a respon-der as principais questões envolvendoo diabetes mellitus.

Aproveito o ensejo para desejar avocê que acompanha a nossa coluna bi-mestral um Feliz 2015, repleto de con-quistas e realizações! Sucesso!

Referências:

1 - O conteúdo aqui apresentado tambémconstitui parte do informativo Vets TodayNº22 - Julho/2014 (Conhecendo melhoro diabetes mellitus em cães) publicadopela Royal Canin e também escrito pelaautora desta coluna.

2 - VARELLA, D. Doença Crônica. A epi-demia de diabetes. Disponível em:<http://drauziovarella.com.br/diabetes/a-epidemia-de-diabetes> Acesso em: 18/12/2014, 09:13.

3 - Caninsulin® - MSD Saúde Animal é aunidade global de negócios de saúde ani-mal da Merck & CO, Inc. 0800 70 70 512(A orientação do médico veterinário é fun-damental para o correto uso dos medi-camentos).

EVENTOS PARA 2015

• II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DEENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIAEM PEQUENOS ANIMAISData: 01/11/2015Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SPInformações: Tel.: (11) 3813-6568 /www.anclivepa-sp.com.br

NOVIDADES PARA 2016

• CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO(pós-graduação lato sensu) emENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIAEM PEQUENOS ANIMAISTurma 04 ( 2016 - 2017 )Local: São Paulo, SPOrganização: ANCLIVEPA-SP em parce-ria com UNICSULProcesso seletivo em 2015Informações: Tel.: (11) 3813-6568 /www.anclivepa-sp.com.br

82 • Nosso Clínico

Page 14: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

84 • Nosso Clínico

Hábitos e características nutricionaisdo gato doméstico

CONHECIMENTO COMPARTILHADO

Há poucos anos os gatos ainda eramconsiderados por muitos como “cães pe-quenos”. Hoje, com a evolução da medi-cina felina e da etologia da espécie, sabe-se que as diferenças entre eles são notó-rias. As atitudes sociais, o comportamen-to alimentar e as necessidades nutricio-nais dos gatos são específicas. Para quemanifestem seu comportamento natural(etograma), os gatos precisam se sentirseguros em seu ambiente. Os proprietári-os devem permitir que os animais exterio-rizem seu etograma normal: comer, dor-mir e brincar, bem como garantir que ogato tenha a oportunidade de se escon-der e de ficar em posição de recuo ou re-tirada em caso de estresse.

Quando a mobília da casa onde o gatovive é planejada e o ambiente bem arru-mado, ele terá pouquíssimos lugares parase esconder em caso de perigo. Conse-quentemente, o gato se sentirá exposto evulnerável. É preciso, portanto, promoverseu bem-estar, adaptando, sobretudo, seuambiente. O mesmo deve ser constante eprevisível, tanto em termos de estruturafísica como de odores; o acesso a prate-leiras de repouso em locais altos e segu-ros diminui o risco de que o gato tenhacomportamentos de escape, visando ali-viar a ansiedade, tal como o excesso deauto-higienização e a superalimentação.Uma possibilidade de enriquecimentoambiental é fixar prateleiras ou estantespara que o gato suba e observe o ambi-ente do alto, ou esvaziar uma parte de umarmário a fim de oferecer um espaço paraque ele se sinta seguro e possa se escon-der quando desejar.

O gato foi domesticado há quase 6 milanos, mas seu etograma permanece rela-tivamente o mesmo. Ainda que a domes-ticação produza mudanças na duração decada uma das sequências, até o gato devida doméstica é um “gato com uma vidade gato”! As nove necessidades compor-tamentais básicas são idênticas, indepen-dentemente do estilo de vida do gato. Sãoelas: brincar, comer, esconder-se, obser-var, explorar, marcar território, dormir, higi-enizar-se e caçar.

Christiane Prosser([email protected])M.V., Membro da Equipe de Comunicação Científicada Royal Canin Brasil

Predação e Caça

O gato é um caçador solitário, mas ten-de a se reunir em pontos de alimentaçãoe reprodução em grupos urbanos selva-gens. O território é transitório e variável aolongo do tempo e do espaço, ou seja, épossível que o território se sobreponhaentre dois gatos, mas em diferentes mo-mentos. A hierarquia na espécie felinadepende do lugar e da hora do dia, ou seja,existe uma dominância relativa, e o terri-tório pode deflagrar agressões e brigascom facilidade. Ao contrário dos cães, osgatos domésticos costumam comer sozi-nhos e não parecem ser afetados pela pre-sença de outro gato. Alguns gatos atécompartilham sua tigela com outro animal,enquanto outros podem se sentar tranqui-lamente e esperar por sua vez.

Diferentemente do cão doméstico, obiotipo do gato doméstico não está longede seus ancestrais selvagens. Contudo,diferenças nos tamanhos das presas in-duziram mudanças significativas, p. ex., osgatos domésticos usam menos os incisi-vos, embora as refeições sejam mais fre-quentes.

O comportamento predatório é inato:todos os gatos provavelmente sabemcomo caçar, mas certos aspectos pare-cem ser aprendidos. A abordagem/apro-ximação e a perseguição/busca são esti-muladas pelos companheiros de ninhada.O comportamento de caça é mais prova-velmente observado em filhotes de umagata que tenha esse tipo de atitude. Du-rante o desmame, existe um surpreenden-te programa de adestramento de caçaexibido pela gata:- 4ª semana: a gata traz pedaços de car-ne para os filhotes- 5ª semana: a gata come a presa mortana frente de seus filhotes- 6ª ou 7ª semana: a gata deixa seus filho-tes comerem a presa- 8ª semana: a gata traz uma presa vivapara que os “jovens caçadores” aprendama matar.

As primeiras sessões (aulas) de caçaocorrem aos 3 meses. A falta de experi-ência predatória não parece interferir nas

habilidades motoras, mas frequentemen-te revela questões de seletividade da pre-sa. De fato, um filhote precisa ser ensina-do que um camundongo pode ser consu-mido. Se isso não for feito antes dos 3meses de vida, o gato poderá passar fomemesmo na presença da presa. Contudo,até mesmo os gatos que não tiveram aces-so a presas quando eram filhotes podemaprender a se tornar caçadores proficien-tes.

Sessão de Caça

Na vida selvagem, os gatos podem so-breviver facilmente graças ao seu instintode caça. Ao contrário dos cães, os gatossão caçadores solitários, que capturampequenas presas, ingerindo-as sozinhos.Em consequência disso, eles comem vá-rias vezes durante o dia e a noite. Essaatividade requer a manutenção de umpeso ideal, o que explica o motivo peloqual os gatos ativos regulam seu consu-mo calórico e raramente ficam obesos. Osgatos caçam por instinto e não por fome:como cada presa atende apenas a umapequena parte de suas necessidades, oato de esperar sentir forme antes de ca-çar pode vir a ser fatal. As observaçõesmostram que os gatos frequentementefalham em suas tentativas de capturar apresa: apenas 13% das presas rastreadassão, na verdade, capturadas, mas cadacaptura bem-sucedida é resultado de 3-5tentativas. Um gato leva para casa 0,7 pre-sas em média por semana.

As sessões de caça podem durar 30minutos, em distâncias entre 600 e 1.800metros em seu território. Existe uma vari-abilidade individual óbvia: por exemplo, osgatos machos caçam mais longe e pormais tempo que fêmeas. Em condiçõesnaturais, os gatos gastam dois terços deseu tempo acordados para caçar.

O comportamento de caça é compos-to por várias sequências:• Procurar e espreitar a presa• Aproximar-se e perseguir a presa• Capturar a presa• Matar a presa• Consumir a presa

Page 15: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 85

O consumo raramente ocorre no localda captura (por uma questão de tranquili-dade e sossego). Cada etapa induz à se-guinte, o que permite a sucessão de todasas sequências por estímulos diferentes. Afome não desencadeia/aciona a buscapela presa. O gato doméstico caça comfrequência, mas raramente come sua pre-sa. O fato de levar a presa ao proprietáriopode ser interpretado erroneamente comouma prova de ligação quase materna.

Os gatos raramente enterram sua cap-tura para um consumo tardio. Geralmentecomem com muita rapidez e, depois, re-gurgitam os pelos e os ossos. O gato frag-menta os ossos e mastiga com seus gran-des pré-molares, e pode comer um ca-mundongo inteiro em menos de 1 minu-to. Os gatos domesticados conservaramseu instinto de caça e reagem à presençada presa em movimento, mesmo se esti-verem no processo de alimentação. Taisgatos conservam o hábito de fazer peque-nas e inúmeras refeições, pegando o ali-mento com delicadeza.

Observações do comportamento alimen-tar: de que forma o gato come

A regulação do consumo é um fenô-meno complexo e ainda pouco compre-endido, e a frequência e o tamanho dasrefeições representam dois parâmetros-chave do comportamento alimentar.

• Número de refeições por dia

Cada gato tem seu próprio jeito de fa-zer suas refeições ao longo do dia. Geral-mente, um gato necessita de 3 semanaspara formar seu hábito. Em um esquemaad libitum, a alimentação varia de 3 a 20refeições por dia.

• Tamanho, duração das refeiçõese velocidade de alimentação

O tamanho das refeições aumentacom a palatabilidade (especialmente a pri-meira refeição) ou quando o comedouroautomático passa de uma alimentaçãoprogramada para uma alimentação ad li-bitum. A duração média de uma refeiçãoé de quase 2 minutos. A velocidade de ali-mentação é um critério importante para apercepção do proprietário. Na verdade,essa velocidade é muito mais influencia-da pela composição do alimento do quepela palatabilidade.

Gato, um carnívoro estrito comparticularidades nutricionais

Os gatos são carnívoros estritos e de-pendem de nutrientes específicos origi-

nalmente encontrados na presa. A presanão é somente composta por carne (pro-teína), dessa forma pode-se dizer quequando um felino consome uma presa eleingere: água, proteína, gordura, carboidra-tos, vitaminas e minerais. Em relação à ne-cessidade proteica, por exemplo, um gatoadulto requer de 2 a 3 vezes mais proteí-na que um onívoro adulto.

Cabe ressaltar que os gatos domésti-cos necessitam de 11 aminoácidos essen-ciais: arginina, histidina, isoleucina, leuci-na, lisina, metionina, fenilalanina, triptofa-no, treonina, valina e taurina. Aminoácidosessenciais são aqueles que não são sin-tetizados pelo organismo, assim, devemser obrigatoriamente incluídos na alimen-tação.

No seu habitat natural os gatos con-somem altas quantidades de proteína,moderada quantidade de gordura e baixaquantidade de carboidrato (Tabela 1). Ain-da, seu metabolismo é adaptado para pro-duzir energia principalmente a partir deproteínas. O carboidrato também forneceenergia, porém é utilizado em menor quan-tidade nessa espécie quando comparadaaos cães. Com a domesticação e a inclu-são progressiva de alimento industrializa-do, o metabolismo dos gatos se ajustou aum consumo um pouco maior de carboi-drato na dieta.

Na dieta dos carnívoros a gordura pro-vê grande parte da energia,e também éimportante para gerar palatabilidade no ali-mento. Cabe ressaltar que as fontes degordura devem prover ainda os ácidosgraxos essenciais que incluem os ácidosgraxos ômegas 3 e 6. Dentre os ácidos

graxos ômega 6 está o ácido araquidôni-co que é considerado um ácido graxo es-sencial para gatos, uma vez que sua sín-tese não é realizada a partir de seus pre-cursores. O EPA (ácido eicosapentaenoi-co) e o DHA (ácido docosahexaenoico)são ácidos graxos ômega 3 e sua produ-ção também não ocorre na espécie felinaa partir de seus precursores, assim tam-bém são considerados ácidos graxos es-senciais para a espécie.

A alimentação do gato deve ser pres-crita por um Médico-Veterinário, profissio-nal que detém maiores informações so-bre as necessidades e manejo nutricionaismais específicos e adequados a essa es-pécie.

REFERÊNCIAS

1 - BATESON, P.; BATESON, M. Post-weaning fe-eding problems in young domestic cats - a newhypothesis. Vet J; v.163, p.113-114, 2002.

2 - DEHASSE, J.; DE BUYSER, C. Socio-écologiedu chat. Prat Med Chir Anim Comp; v.28 p.469-478, 1993.

3 - FITZGERALD, B.M.; TURNER, D.C. Huntingbehavior of domestic cats and their impact on preypopulations. In: TURNER, D.C.; BATESON, P. TheDomestic Cat: the biology of its behavior. 2.ed.Cambridge University Press, p.152-175, 2000.

4 - LEYHAUSEN, P. Cat Behavior: the predatoryand social behavior of domestic and wild cats.Garland Press, New York, 1979.

5 - RABOT, R. Le comportement alimentaire et dip-sique du chat et ses troubles. In: ProceedingsSéminaire Société Féline Française, p.42-47,1994.

6 - ZORAN, D. L. The carnivore connection to nu-trition in cats. J Am Vet Medicine Association,v.221, n.11, 2002.

Peso do trato digestivo / 2,7% para cães gigantes e 2,8 a 3,5%Peso corporal 7% para cães de pequeno porte

Área das membranas olfativas 60 a 200 cm2 20 cm2

Células olfativas 80 a 220 milhões 60 a 70 milhões

Papilas gustativas 1.700 500

Dentição 42 dentes 30 dentes

Mastigação muito curta sem mastigação

Enzimas salivares digestivas NÃO NÃO

Tempo de ingestão de alimentos 1 a 5 minutos múltiplas refeições pequenas

Necessidade energética diária 130 a 3.500 kcal/dia 200 a 300 kcal/dia

pH estomacal 1 a 2 1 a 2

Comprimento do intestino delgado 2 a 6 m 1 a 1,7 m

Comprimento do intestino grosso 20 a 80 cm 20 a 40 cm

Tempo médio de trânsito intestinal 24 a 48 horas 24 a 36 horas

Recomendação de ingestão de carboidratos para adultos muito baixa muito baixa

Recomendação de ingestão de proteinas para adultos 20 a 40% da matéria seca 25 a 40% da matéria seca

Recomendação de ingestão de gorduras para adultos 10 a 65% da matéria seca 15 a 45% da matéria seca

Dieta semi-carnívoro carnívoro

Tabela 1: Diferenças fisiológicasdo sistema digestório entre gato e cão

Page 16: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

86 • Nosso Clínico

Prof. Dr. Marco Antonio GiosoFMVZ-USPwww.usp.br/locfmvz

COMPORTAMENTO EMPRESARIAL

Somos eficazes e eficientes?O trabalhador braçal e operário

de fábrica trabalham muito, cons-tantemente, duramente, e diga-mos com eficiência, isto é, fazembem o que se propuseram a fazer.Ele terá independência financeiraum dia? Terá uma vida confortávelna velhice? Provavelmente, não. Arazão é não ser “eficaz”, isto é, nãosaber fazer as escolhas certas.

Muitos microempresários pati-nam em suas vidas empresariaisexatamente porque fizeram esco-lhas erradas no passado, e conti-nuam a ser ineficazes. O segredo épensar assim: o que eu estou dis-posto a fazer agora, consideraresta proposta, ou ideia, me levaráa que no futuro? Por isto StephenCovey criou o excelente livro “ Os7 hábitos das pessoas altamenteeficazes”. Perceba: ele não se re-fere a pessoas altamente eficien-tes! Pode-se construir uma pontecom muita eficiência, antes do pra-zo, e que fique bonita e segura,porém, ligando a lugar nenhum, eninguém usa a tal ponte. Ou seja,não houve eficácia, não se pensouna necessidade da ponte.

Muitas empresas não saem dolugar, não crescem em faturamen-to ou lucro porque erraram nassuas escolhas. Compram equipa-mentos que não geram lucro, con-tratam pessoas que não geram fa-turamento, criam serviços que nãotrazem rentabilidade alguma, fa-zem cursos que não trazem incre-mentos, promovem reformas inú-teis, etc. Os exemplos são muitos.O que se pode fazer é refletir suaempresa totalmente, bem comosua vida. Deve-se parar tudo poruns dias, e re-significar suas atitu-des frente aos resultados que vocêanda colhendo na vida e projetaro futuro. O que você faz hoje, da

forma que faz, as escolhas quevocê tem feito, vão levá-lo aondeem cinco anos ou 20 anos?

Uma dica do Stephen Covey érever seus valores de vida. Quan-do sabemos muito bem nossosprincípios e valores e vivemos emfunção deles, fica mais fácil fazerescolhas. Quando sabemos nossavisão arquetípica, onde queremoschegar, que tipo de vida queremoster, as várias possibilidades queaparecem em nosso caminho tor-nam-se claras, pois a escolha serábaseada em: escolhendo este ca-minho, chegarei mais rápido oumais devagar aonde quero chegar?Será um desvio ruim? Por istodeve-se criar a visão e manter-sena rota. Muito de nossa vida nãoocorre como foi planejado. Nãotemos controle sobre muitas coi-sas, mas podemos ter sobre mui-tas outras, em especial traçar umarota, para a vida familiar e para aempresa. Isto facilitará fazer esco-lhas com eficácia, para não recla-marmos no futuro do que fizemoscom nossas vidas.

A decisão é sua!

“Uma dica do StephenCovey é rever seus

valores de vida. Quandosabemos muito bemnossos princípios e

valores e vivemos emfunção deles, fica mais

fácil fazer escolhas.”

Page 17: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

88 • Nosso Clínico

Nos últimos 30 anos tivemos um crescente aumento daacupuntura veterinária no Brasil. Graças a nomes como o Dr.Tetsuo Inada e o Dr. Stelio Luna, da universidade Rural do Riode Janeiro e da Universidade Paulista de Medicina de Botuca-tu, tivemos a formação cada vez mais de profissionais que di-fundiram e compartilharam seus conhecimentos culminandocom o reconhecimento pelo CFMV da especialidade de Acu-puntura Veterinária.

Porém como tudo na vida e conforme o ensinamento damedicina tradicional chinesa tudo muda e tudo progride. A acu-puntura desta forma começou a ser mais estudada e compre-endida e ficou claro que ela faz parte de algo maior que sechama Medicina Tradicional Chinesa (MTC) ou Medicina Vete-rinária Tradicional Chinesa (MVTC).

Mas o que é uma Medicina Tradicional? Este termo serefere aos conhecimentos de um povo, raça ou nação, que atra-vés de suas experiências e tradições usa diferentes recursos parapraticar medicina. Lembrando que medicina pela origem lati-na da palavra tem como significado a arte da cura. Assim te-mos a prática de uma medicina tradicional como a arte da curapraticada da forma que um grupo de pessoas usa através desua experiência. Os chineses têm grandes populações e grandeconhecimento adquirido pelo extenso comércio que praticamhá muito tempo. Então a MTC se baseia em conceitos adquiri-dos a mais de 4.000 anos, que apesar de ainda não se encaixa-rem na medicina cientifica ocidental atual, que tem em torno de150 a 200 anos, tem um uso e uma eficácia bastante provada.

É o que vemos refletido no reconhecimento da especiali-dade médica de “acupuntura” pelos conselhos das classes mé-dicas humana e veterinária. A MTC se compõe de mais ingredi-entes para a cura que muito tem sido utilizados, e assim mos-trado que seu uso isolado ou em conjunto com as terapias oci-dentais médicas, resulta em benefícios e resultados cada vezmaiores, levando a curas antes mais difíceis ou até impossíveis,e principalmente melhorando a qualidade de vida de pessoase animais.

Se dividíssemos a MTC, então teríamos as áreas de: die-tética chinesa, fitoterapia chinesa, manipulação energética doorganismo através de massagens Tuiná e do Qi gong e o con-trole do ambiente aonde o animal vive que os chineses cha-mam de Feng shui.

Quanto à dietética, temos notado nos últimos anos, emespecial nos grandes centros como Estados Unidos e Europa,que está acontecendo uma mudança na forma de alimentar oanimal, passando da ração comercial “pasteurizada e homoge-neizada” (que teve um grande aumento também nestes últi-mos 30 anos, porém vem sendo muito questionada), para ali-mentação natural e dietas caseiras. Isto vem acontecendo noBrasil e temos cada vez mais proprietários e veterinários pro-curando um alimento diferente e de melhor qualidade para oanimal. Desta forma, podemos considerar a experiência da MTC,que há mais de 4000 anos faz utilização de alimentos para tra-tamentos, com técnicas sólidas e bem comprovadas de prepa-ração, conservação e da composição do tipo de alimento, per-mitindo ao veterinário que trabalhe nesta área produzir ali-mentos compatíveis com uma boa qualidade nutricional, sem

se esquecer da qualidade energética.Da dietética chinesa veio a fitoterapia chinesa. Os chine-

ses viram que os alimentos tinham seus efeitos nas diferentesdoenças, porém muitas vezes era preciso uma dose mais altadestes alimentos e uma combinação mais complexa difícil deatingir somente com o uso da dieta. Assim criaram maneirasde combinar ingredientes de origem animal, vegetal e minerale fizeram compostos naturais medicamentosos que testadosconforme o uso se mostram altamente eficientes. Vale lem-brar que os remédios atuais que se compram nas farmáciassão todos derivados de componentes animais, vegetais ou mi-nerais, de onde eles extraem ou descobrem os princípios ati-vos e posteriormente produzem de forma sintética. Dentro daquímica, para se estabilizar um composto temos que usar vari-as reações e componentes, utilizando energia e combinaçõespouco estáveis que geram radicais e resíduos podendo estesserem tóxicos ao ser separado em nosso corpo o princípio ati-vo funcional dos estabilizantes usados. Este processo torna ummedicamento tóxico e com efeitos colaterais. Já usando os com-ponentes in natura, oriundos diretamente das plantas, dos ani-mais ou do ambiente, evitamos estas reações adversas e dimi-nuímos em muito os efeitos colaterais.

Temos também a manipulação de energia no corpo. É doconhecimento de todos os efeitos de relaxamento com umaboa massagem, e como este tipo de manipulação também aju-da na recuperação de doenças, os chineses desenvolveram aTuiná, uma técnica de massagem que além de movimentar aparte física muscular e nervosa, trabalha também as reaçõesquímicas e suas formações de resíduos produzidas em especi-al quando estas reações estão incorretas devido às doenças doanimal. As reações químicas e seus resultados são chamadaspelos chineses de energia ou Qi. Assim, a manipulação da ener-gia / Qi melhora o funcionamento orgânico e ajuda na cura doanimal. O Qi gong é o uso de atividades físicas para que atravésdo exercício este Qi consiga fluir por todo o corpo de formauniforme, fortalecendo nos locais onde estiver alterado (oucomo dizemos, nos locais doentes) e ajudando na recuperaçãomais rápida da doença.

Por último temos o ambiente. Sabemos que um animalcom doenças articulares não deve ficar em um piso liso e es-corregadio, ou que um animal doente com rinotraqueite nãodeve ser exposto ao frio ou ficar em lugar muito úmido. Intuiti-vamente ou por meio da informação que ouvimos de colegas epessoas tentamos corrigir o ambiente onde fica o animal paraque tenha melhores condições de recuperar. Os chineses fa-zem isso há 4000 anos através do feng shui, que se tornou umaarte e uma ciência em corrigir e melhorar a qualidade do am-biente para que este fique menos propenso ao desenvolvimentode doenças e também que ajude em sua recuperação.

É isto que iremos discutir nesta coluna, tentando ampliarainda mais a ação do veterinário em novas áreas e de novasformas, mas principalmente melhorando a qualidade de vida ea saúde dos animais.

Porque Medicina Veterinária Tradicional Chinesa

Rodrigo Gusmão / Eduardo Lobo: M.V., com cursos de especializaçãoem Acupuntura Veterinária, Dietética e Fitoterapia Chinesa. Coordena-dor e professor em cursos e palestrante na área por todo o Brasil

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Page 18: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

90 • Nosso Clínico

BEM-ESTAR ANIMAL

Sidney Piesco de Oliveira

Brincadeiras InocentesNão é novidade para os colegas que os cães neces-

sitam da atenção do ser humano e que a reciproca éverdadeira em muitos casos. Também é sabido que osanimais em fase de crescimento precisam brincar paradesenvolver o equilíbrio, coordenação motora e forçamuscular. Porém, temos que ter em mente que nem to-das as brincadeiras são benéficas aos cães, tanto na fasede crescimento quanto em toda a sua vida adulta.

Uma das brincadeiras mais comuns e que os cãesmais gostam, seja pela dinâmica, seja pela interativida-de com o dono, é a famosa bolinha. Essa é uma das for-mas de distração mais comuns e que costumam trazersérios problemas aos animais de estimação se não forempregada de forma correta.

A brincadeira, como todos sabem, consiste em pe-gar uma bola que caiba na boca do cão e jogar longe,incentivando o animal a pegá-la. Quanto mais essa bolativer a propriedade elástica que a faça quicar, melhor.

Mas essa modalidade de distração para nossos ami-gos normalmente é feita dentro de casa, com quatroparedes limitantes e um chão liso e escorregadio. Sen-do assim, o cenário para um acidente está formado e,caso ele não ocorra, a força empregada sobre as estru-turas esqueléticas é tão intensa que provocará proble-mas no futuro.

Imagine uma bola sendo atirada em uma sala, mes-mo que ampla, batendo contra a parede e voltando. Ocão, ao tentar segui-la, esquece que seu corpo é frágile, no calor da brincadeira escorrega no piso, bate con-tra a parede e torce intensamente a coluna cervical, to-rácica e lombar. Tudo para alcançar a bolinha que pare-ce ter vida própria. Não vamos negar que a brincadeiraé divertida, mas tentemos imaginar o quanto os ten-dões, ligamentos, articulações, ossos e músculos sãoexigidos durante essa modalidade.

Os traumas agudos mais comuns decorrentes des-sa brincadeira são o rompimento de ligamentos - prin-cipalmente o cruzado - distensões musculares, torções

e até fraturas.Os traumas crônicos também aparecem, mas es-

ses são mais lentos e não costumam ser relacionados àbrincadeira com bolinha. São eles as artroses, as tendi-nites e as discopatias.

Outra brincadeira que costuma provocar muitaslesões nos animais, principalmente os de médio a gran-de porte, que são os que mais gostam de participar, é ocabo de guerra, que consiste em o proprietário seguraralgo como um pano, uma camiseta ou uma toalha en-quanto o cachorro a segura com os dentes e cada umpuxa para o lado oposto.

As lesões mais comuns são as discopatias cervicais,mas outras lesões podem aparecer, como o rompimen-to de ligamentos e as tendinites.

Eu sei que a essa altura do texto os colegas estãopensando que essas são as brincadeiras mais popula-res e que será muito difícil convencer o proprietário anão empregá-las, pois o principal argumento é que oanimal gosta muito e sentirá muita falta.

O argumento procede, mas cabe a nós instruirmosos proprietários e mostrarmos a eles os perigos de taisbrincadeiras, que podem parecer inocentes, mas sãomuito lesivas às estruturas corporais.

Precisamos ser criativos e ensinar aos nossos cli-entes brincadeiras que podem substituir essas sem ne-nhum prejuízo aos seus amigos.

([email protected])Diretor Científico do Instituto Brasileiro deRecursos Avançados - IBRAGraduado pela FMVZ- USPMestre em Clínica e Cirurgia de PequenosAnimais - FMVZ- Unesp - BotucatuPós-Graduado Lato Sensu em FisioterapiaVeterinária – UNIPPós-Graduado Lato Sensu em AcupunturaVeterinária - FACIS - IBEHEMembro da Comissão Especial deFisioterapia Veterinária – CRMV-SPMembro Fundador da ANFIVETCoordenador da divisão de AcupunturaVeterinária do IBRACoordenador geral de cursos IBRA

90 • Nosso Clínico

Page 19: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 91www.nossoclinico.com.br

Page 20: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

92 • Nosso Clínico

PETS, FAMÍLIAS E VETERINÁRIOS LUCIANA ISSA

Luciana Issa ([email protected]), psicopedagoga clínica, diretora técnica doInstituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais e autora do livro“Kíon Branquelo, Joe Caramelo & Amigos. As aventuras e o trabalho de quatrocães terapeutas”

PROGRAMA DE LEITURA ASSISTIDA POR ANIMAISPara que um indivíduo adquira o hábito da

leitura é preciso que ele construa uma imagempositiva acerca dela, tornando-a parte de suavida diária e para isso acontecer, o desejo doleitor deve existir sempre. Se a leitura for cons-truída de forma a não trazer prazer ao indiví-duo, sendo transformada em uma obrigação,certamente, ela se constituíra em um enfado.É imprescindível que o caminho para a cons-trução desse desejo seja propiciado.

Contudo, nem todas as crianças trilham um caminho semdificuldades no processo da leitura. Os fracassos contínuos aoler, o enorme esforço para decodificar as letras, palavras, fra-ses, acabam por impedir que o prazer pela leitura venha nascer.Com o tempo, as crianças começam a demonstrar medo, emrazão de uma leitura vacilante, com erros, sentem-se inferiores,chegando ao ponto de se sentirem ansiosas e emocionalmenteabaladas ao terem que enfrentar a leitura diante das pessoas.

Métodos e técnicas de leitura diferentes e motivadoras sãofundamentais no despertar do desejo pela leitura, além de auxi-liarem na superação de possíveis obstáculos que possam sur-gir nessa caminhada. Nesse sentido, por que os animais sãocompanheiros ideais para leitura?

1. QUAL O OBJETIVO PRINCIPAL DO PROGRAMA DE LEI-TURA?

Ajudar crianças a superem suas dificuldades e a descubramo prazer pela leitura, com a participação do cão como instru-mento facilitador, um aliado da professora.

2. QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DO PROGRAMA DE LEITU-RA COMPARTILHADA?

Alguns dos benefícios documentados de terapia com ani-mais incluem redução da pressão arterial, o aumento de relaxa-mento, além de induz a criança ao esquecimento de suas limi-tações, etc. Por parte das crianças, o cão é digno de confiançae elas não têm com o que se preocupar, não há constrangimen-tos, em razão dessa confiança existir. Às vezes, as criançasque estão aprendendo a ler ficam estressadas não porque elasnão têm capacidade de ler, mas, porque ficam nervosas e sepreocupam em não cometer erros. Sentem pavor em ler peran-te os outros. Elas ficam como que mudas, “congeladas” e ascoisas só pioram. Quando a criança começa a ler para o cão,antes que perceba, ela está aproveitando a experiência de leitu-ra em vez de temer. Sai da sala pensando na próxima sessão.

O pesquisador Aaron Katcher registrou que um ambienteterapêutico saudável conta com a presença de um animal quechama a atenção da criança, isto é, tira o foco da criança desuas dificuldades, assim, ela se “desliga” da ansiedade, raiva edepressão, cria segurança e intimidade, aumenta as expectati-vas positivas de ambos; além do mais, experimenta mudanças-terapeutas. Outros pesquisadores e fontes produziram a seguintelista: Animais de terapia proporcionam conforto, reforçam a apren-dizagem; motivam o discurso; motivam o movimento e exercí-

cio; estimulam os sentidos; facilitam o aconse-lhamento e incentivam comportamentos posi-tivos sociais, sentimentos de segurança e deacolhimento, aceitação; aumentam a autoesti-ma; diminuem a solidão, oferecem a oportuni-dade de contato; proporcionam a oportunidadede dar em vez de receber; inspiram as pessoasa sorrir e a se divertirem; oferecem amor in-condicional e normalizam extremos em umadireção saudável, levam as pessoas a esque-

cer a sua dor e limitações, focando o exterior; fornecem cone-xões para casa e um ambiente doméstico.

Professores relataram que no programa de leitura assistidapor animais observaram que as crianças sentiam alegria e pra-zer no momento da interação com o animal e não pensavamem suas próprias insuficiências.

O programa reconhece que problemas na leitura, normal-mente, não é meramente de ordem intelectual. Sabemos que apresença do cão ajuda mais do que a leitura em si, mas, tam-bém, no aspectos das habilidades. As crianças começam a ir àescola de forma mais consistente, raramente, chegam atrasa-das, fazem as lições de casa, mostram melhoria na autoestima,constroem relações de confiança, etc.

Durante as sessões existem ilimitadas oportunidades paradiscutir coisas como: respeito aos animais, posse responsável,higiene pessoal e problemas pessoais. Os professores sãomuitas vezes surpreendidos, ao ouvirem revelações surpreen-dentes de crianças tendo que informar os diretores das escolas.

3. O QUE TORNA O PROGRAMA DE LEITURA ASSISTIDAPOR CÃES UM PROGRAMA DIFERENTE DOS DEMAIS PRO-GRAMAS DE TERAPIA?

O programa atua na área educacional enquanto outros pro-gramas estão voltados para assistir a pessoas com problemasde saúde mental ou física.

Uma boa parte da mágica no programa gira em torno dedeixar o foco da criança sobre o cão. Quando ela acha que estáajudando o cão a entender as palavras e a história, a criança sesente capaz de ser um auxiliar e professor, em vez de se preo-cupar com sua falta de habilidade. Essa mudança crítica no focofaz uma diferença incrível no fluxo de processos de aprendiza-gem da criança. É muito mais divertido ler com um amigo queescuta atentamente e não julga do que ler para seu professor,na frente de seu colegas.

APOIO:

Page 21: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

94 • Nosso Clínico

Page 22: Revista Nosso Clinico nr 103 - Colunas - JAN/FEV 2015

Nosso Clínico • 95