revista indústria capixaba 323

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Publicação Oficial do Sistema Findes • Mar/Abr 2016 • Distribuição gratuita • nº 323 • IMPRESSO Reativação da unidade da Samarco no ES é chave para o crescimento Inovação Gestão Entrevista A chegada da indústria inteligente Empresas se preparam para adequação à ISO 9001 Ana Paula Vescovi: Estado faz seu dever de casa Em busca da retomada

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Revista oficial da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo - Mar/Abr 2016

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Page 1: Revista Indústria Capixaba 323

Publicação Oficial do Sistema Findes • Mar/Abr 2016 • Distribuição gratuita • nº 323 • IMPRESSO

Reativação da unidade da Samarco no ES é chave para o crescimento

Inovação

Gestão

Entrevista

A chegada da indústria

inteligente

Empresas se preparam para

adequação à ISO 9001

Ana Paula Vescovi: Estado faz seu dever de casa

Em busca da retomada

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Expediente

Indústria Capixaba – Findes

Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo – FindesPresidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos ReggianiVice-presidentes: Aristóteles Passos Costa Neto, Benízio Lázaro, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Elder Elias Giordano Marim, Egidio Malanquini, Houberdam Pessotti, Leonardo Souza Rogerio de Castro, Manoel de Souza Pimenta Neto, Sebastião Constantino Dadalto1º diretor administrativo: José Augusto Rocha2º diretor administrativo: Sérgio Rodrigues da Costa1º diretor financeiro: Tharcicio Pedro Botti2º diretor financeiro: Ronaldo Soares Azevedo 3º diretor financeiro: Flavio Sergio Andrade BertolloDiretores: Almir José Gaburro, Atilio Guidini, Elias Cucco Dias, Emerson de Menezes Marely, Ennio Modenesi Pereira II, Jose Carlos Bergamin, José Carlos Chamon, Luiz Alberto de Souza Carvalho, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Luiz Henrique Toniato, Loreto Zanotto, Mariluce Polido Dias, Neviton Helmer Gasparini, Ocimar Sfalsin, Ortêmio Locatelli Filho, Ricardo Ribeiro Barbosa, Samuel Mendonça, Silésio Resende de Barros, Tullio Samorini, Vladimir Rossi

Conselho Fiscal Titulares: Bruno Moreira Balarini, Ednilson Caniçali, José Angelo Mendes RambalducciSuplentes: Adenilson Alves da Cruz, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Fábio Tadeu Zanetti

Representantes na CNI Titulares: Marcos Guerra, Gibson Barcelos ReggianiSuplentes: Lucas Izoton Vieira, Leonardo Souza Rogerio de Castro

Superintendente corporativo: Marcelo Ferraz Goggi

Serviço Social da Indústria – SesiPresidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes do Ministério do Trabalho Titular: Alessandro Luciani Bonzano ComperSuplente: Alcimar das Candeias da Silva Representante do Governo: Orlando Bolsanelo Caliman Representantes das atividades industriaisTitulares: Sebastião Constantino Dadalto, Houberdam Pessotti, Jose Carlos Bergamin, Valkinéria Cristina Meirelles BussularSuplentes: Sergio Rodrigues da Costa, Gibson Barcelos Reggiani, Eduardo Dalla Mura do Carmo, Luiz Carlos Azevedo de AlmeidaRepresentantes da categoria dos trabalhadores da indústriaTitular: Luiz Alberto de CarvalhoSuplente: Lauro Queiroz RabeloSuperintendente: Luis Carlos de Souza Vieira

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SenaiPresidente do Conselho Regional: Marcos Guerra Representantes das atividades industriais Titulares: Benízio Lázaro, Rogério Pereira dos Santos, Neviton Helmer Gasparini, Manoel de Souza Pimenta NetoSuplentes: Ronaldo Soares Azevedo, Wilmar Barros Barbosa, Luciano Raizer Moura, Pablo José MiclosRepresentantes do Ministério do TrabalhoTitular: Alessandro Luciani Bonzano ComperSuplente: Alcimar das Candeias da SilvaRepresentante do Ministério da EducaçãoTitular: aguardando indicação do MECSuplente: Ronaldo Neves CruzRepresentantes da categoria dos trabalhadores da indústria Titular: aguardando indicaçãoSuplente: aguardando indicação Diretor regional: Luis Carlos de Souza Vieira

Centro da Indústria no Espírito Santo – CindesPresidente: Marcos Guerra 1º vice-presidente: Gibson Barcelos Reggiani2º vice-presidente: Aristóteles Passos Costa Neto3º vice-presidente: Houberdam PessottiDiretores: Cristhine Samorini, Ricardo Augusto Pinto, Edmar Lorencini dos Anjos, Altamir Alves Martins, Rogério Pereira dos Santos,Zilma Bauer Gomes, Alejandro Duenas, Ana Paula Tongo da Silva, Antonio Tavares Azevedo de Brito, Bruno do Espírito Santo Brunoro, Celso Siqueira Júnior, Eduarda Buaiz, Gervásio Andreão Júnior, Helio de Oliveira Dórea, Julio Cesar dos Reis Vasconcelos, Raphael Cassaro MachadoConselho Consultivo: Oswaldo Vieira Marques, Helcio Rezende Dias, Sergio Rogerio de Castro, José Bráulio Bassini, Fernando Antonio Vaz, Lucas Izoton Vieira, Marcos GuerraConselho Fiscal: Joaquim da Silva Maia, Gilber Ney Lorenzoni, Hudson Temporim Moreira, Ennio Edmyr Modenesi Pereira, Marcondes Caldeira, Sante Dassie

Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo – IdeiesPresidente do Conselho Técnico do Ideies: Marcos GuerraMembro representante da Diretoria Plenária da Findes: Egidio MalanquiniMembro representante do Setor Industrial: Benízio Lázaro Membro efetivo representante do Senai-ES:Luis Carlos de Souza VieiraMembro efetivo representante do Sesi-ES: Yvanna Miriam Pimentel Moreira Representantes do Conselho Fiscal - Membros efetivos:Tullio Samorini, José Carlos Chamon, José Domingos DepolloRepresentantes do Conselho Fiscal - Membros suplentes:José Ângelo Mendes Rambalducci, Luciano Raizer Moura, Houberdam PessottiRepresentante da Comunidade CientíficaAcadêmica e Técnica: João Luiz Vassalo ReisDiretor-executivo do Ideies: Antonio Fernando Doria Porto

Instituto Euvaldo Lodi – IELDiretor-regional: Marcos GuerraConselheiros: Luis Carlos de Souza Vieira, Maria Auxiliadora de Carvalho Corassa, Lúcio Flávio Arrivabene, Geraldo Diório Filho, Sônia Coelho de Oliveira, Rosimere Dias de Andrade, Vladimir Rossi, José Bráulio Bassini, Houberdam Pessotti, Aristóteles Passos Costa Neto e Aureo MameriConselho Fiscal: Egidio Malanquini, Tharcicio Pedro Botti, Loreto Zanotto, Rogério Pereira dos Santos e Sérgio Rodrigues da CostaSuperintendente: Fábio Ribeiro Dias

Instituto Rota Imperial – IRIDiretor-geral: Marcos GuerraDiretores: Adenilson Alves da Cruz, Benízio Lázaro, Jose Carlos Bergamin, Edmar Lorencini dos AnjosConselho DeliberativoTitulares: Marcos Guerra, Baques Vladimir Carvalho Sanna, Celso Siqueira Júnior, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, José Augusto Rocha, Tharcicio Pedro BottiSuplentes: Maely Guilherme Botelho Coelho, Eustáquio Palhares, Flavio Sergio Andrade Bertollo, Gervásio Andreão Junior, Henrique Angelo Denicoli, Elias Cavalho SoaresMembros natos: Aristóteles Passos Costa Neto, Ernesto Mosaner Júnior, Lucas Izoton Vieira, Sergio Rogerio de Castro Titulares: Associação Montanhas Capixabas Turismo e Eventos, Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó, Associação Leopoldinense de TurismoSuplentes: Cristhine Samorini, Levi Tesch, Luiz Carlos Azevedo de Almeida, Tullio Samorini, Valter Braun, Associação Turística de Pedra Azul, Fundação Máximo Zandonadi, Agrotures - Associação de Agroturismo do Estado do Espírito SantoConselho Fiscal Efetivos: Egidio Malaquini, Sergio Brambilla, Altamir Alves MartinsSuplentes: Antonio Tavares Azevedo de Brito, Mariluce Polido Dias, Raphael Cassaro

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Condomínio do Edifício Findes (Conef)Presidente do conselho: Marcelo Ferraz Goggi

Câmaras Setoriais Industriais e Conselhos Temáticos (Consats)Coordenador geral: Gibson Barcelos Reggiani

Câmaras Setoriais Industriais Câmara Setorial das Indústrias de Alimentos e BebidasPresidente: Claudio José RezendeCâmara Setorial das Indústrias de Base e ConstruçãoPresidente: Wilmar dos Santos Barroso Filho Câmara Setorial da Indústria de Materiais da Construção Presidente: Houberdam PessottiCâmara Setorial das Indústrias de Mineração Presidente: Samuel MendonçaCâmara Setorial da Indústria Moveleira Presidente: Luiz RigoniCâmara Setorial da Indústria do VestuárioPresidente: Jose Carlos Bergamin

Conselhos TemáticosConselho Temático de Assuntos Legislativos (Coal) Presidente: Paulo Alfonso MenegueliConselho Temático de Comércio Exterior (Concex) Presidente: Marcílio Rodrigues MachadoConselho Temático de Desenvolvimento Regional (Conder) Presidente: Áureo Vianna MameriConselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) Presidente: Sebastião Constantino DadaltoConselho Temático de Meio Ambiente (Consuma) Presidente: Wilmar Barros Barbosa Conselho Temático de Micro e Pequena Empresa (Compem) Presidente: Flavio Sergio Andrade BertolloConselho Temático de Política Industrial e Inovação Tecnológica (Conptec)Presidente: Franco MachadoConselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) Presidente: Haroldo Olívio Marcellini Massa Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores) Presidente: Jefferson CabralConselho Temático de Educação (Conedu)Presidente: Luciano Raizer MouraConselho Temático de Energia (Conerg)Presidente: Nélio Rodrigues BorgesConselho Temático de Economia Criativa (Conect)Presidente: Jose Carlos Bergamin

Diretorias e Núcleos RegionaisDiretoria da Findes em Anchieta e região Vice-presidente institucional da Findes: Fernando Schneider KunschDiretoria da Findes em Aracruz e região Vice-presidente institucional da Findes: João Baptista Depizzol NetoNúcleo da Findes em Barra de São Francisco e regiãoVice-presidente institucional da Findes: não definidoDiretoria da Findes em Cariacica e VianaVice-presidente institucional da Findes: Rogério Pereira dos Santos Diretoria da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região Vice-presidente institucional da Findes: Áureo Vianna MameriDiretoria da Findes em Colatina e região Vice-presidente institucional da Findes: Manoel Antonio GiacominNúcleo da Findes em Guaçuí e região:Vice-presidente institucional da Findes: Bruno Moreira BalariniDiretoria da Findes em Linhares e região Vice-presidente institucional da Findes: Paulo Joaquim do Nascimento Núcleo da Findes em Nova Venécia e região Vice-presidente institucional da Findes: José Carnieli

Núcleo da Findes em Santa Maria de Jetibá e regiãoVice-presidente institucional da Findes: Denilson PotratzNúcleo da Findes em São Mateus e região Vice-presidente institucional da Findes: Nerzy Dalla Bernardina Junior Diretoria da Findes em Serra:Vice-presidente institucional da Findes: José Carlos ZanotelliNúcleo da Findes em Venda Nova do Imigrante e região Vice-presidente institucional da Findes: Sérgio BrambillaDiretoria da Findes em Vila VelhaVice-presidente institucional da Findes: Vladimir RossiDiretoria da Findes em VitóriaVice-presidente institucional da Findes: não definido

Diretores para Assuntos Específicos e das entidadesDiretor para Assuntos do Fortalecimento Sindical e da Representação Empresarial: Egidio MalanquiniDiretor para Assuntos Tributários: Leonardo Souza Rogerio de CastroDiretor para Assuntos de Capacitação e Desenvolvimento Humano: Clara Thais Rezende Cardoso OrlandiDiretor para Assuntos de Marketing e Comunicação: Eugênio José Faria da Fonseca Diretor para Assuntos de Desenvolvimento da Indústria Capixaba:Paulo Roberto Almeida VieiraDiretor para Assuntos de Políticas Públicas Industriais:Paulo Alexandre Gallis Pereira BaraonaDiretor para Assuntos de Relações Internacionais:Rodrigo da Costa FonsecaDiretor para Assuntos do IEL:Aristóteles Passos Costa NetoDiretor para Assuntos do Ideies/CAS:Egidio MalanquiniDiretor para Assuntos do Cindes:Aristóteles Passos Costa NetoDiretor para Assuntos do IRI:Adenilson Alves da CruzDiretor para Assuntos do Sesi: Jose Carlos BergaminDiretor para Assuntos do Senai:Benízio Lázaro

Sindicatos da Findes e respectivos presidentesSinduscon: Paulo Alexandre Gallis Pereira Baraona | Sindipães: Luiz Carlos Azevedo de AlmeidaSincafé: Egidio Malanquini | Sindmadeira: Luiz Henrique ToniatoSindimecânica: Ennio Modenesi Pereira II | Siges: João Baptista Depizzol Neto Sinconfec: Clara Thais Rezende Cardoso OrlandiSindibebidas: Sérgio Rodrigues da Costa | Sindicalçados: José Augusto Rocha Sindifer: Manoel de Souza Pimenta Neto | Sinprocim: Pablo José MiclosSindutex: Mariluce Polido Dias | Sindifrio: Elder Elias Giordano MarimSindirepa: Eduardo Dalla Mura do Camo | Sindicopes: José Carlos ChamonSindicacau: Gibson Barcelos Reggiani | Sindipedreiras: Loreto Zanotto Sindirochas: Tales Pena Machado | Sincongel: Paulo Henrique Teodoro de Oliveira Sinvesco: Fábio Tadeu Zanetti | Sindimol: Alvino Pessoti SandisSindmóveis: Ortêmio Locatelli Filho | Sindimassas: Levi TeschSindiquímicos: Elias Cucco Dias | Sindiolarias: Ednilson CaniçaliSindinfo: Luciano Raizer Moura| Sindipapel: Glaucio Antunes de Paula Sindiplast: Gilmar Guanandi Regio | Sindibores: Valkinéria Cristina Meirelles Bussular Sinvel: Delson Assis Cazelli | Sinconsul: Bruno Moreira Balarini Sindilates: Claudio José Rezende | Sindipesca: Mauro Lúcio Peçanha de Almeida Sindividros: Arisson Rodrigues Ferreira | Sinrecicle: Romário José Correa de Araújo

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Nesta Edição

Indústria Capixaba – Findes6

INOVAÇÃOTendo como destaques máquinas que conversam entre si, a chamada indústria 4.0 pode significar uma mudança na relação de trabalho nos parques e nas empresas brasileiras nos próximos anos. Conheça os detalhes dessa indústria inteligente.

Nesta Edição

CENÁRIOO Espírito Santo busca alternativas para o grande impacto econômico causado pelo rompimento da barragem da Samarco. Além da tragédia ambiental, o Estado precisa lidar com a interrupção da produção das usinas da empresa em Anchieta, em um quadro de muitas incertezas para fornecedoras e trabalhadores.

26INDÚSTRIA O desemprego em terras capixabas alcançou um nível recorde no final de 2015. Para enfrentar a maior recessão dos últimos 25 anos, a união entre empresários e trabalhadores se coloca como caminho possível para recuperação dos negócios e manutenção de postos de trabalho.

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20ENTREVISTARever o orçamento, detectar prioridades e reduzir as despesas. É essa a fórmula da secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi, para que o Espírito Santo possa atravessar este período de grave crise. Confira as ações tomadas para minimizar os efeitos deste momento e como a desburocratização dos processos pode melhorar a vida dos capixabas.

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16+ INDÚSTRIA Com investimentos de R$ 16,8 milhões em obras e equipamentos, Centro Integrado Sesi/Senai é inaugurado no sul do Estado e disponibilizará 12 mil matrículas por ano em cursos profissionalizantes, educação continuada e básica.

38+ INDÚSTRIA As empresas do setor frigorífico do Espírito Santo passaram a contar com uma importante aliada na capacitação de mão de obra especializada. Orçada em R$ 2,5 milhões, a Unidade Móvel Frigorífica marca mais uma ação do Sistema Findes para o desenvolvimento da indústria.

Edição nº 323 Mar/Abr 2016

Conselho Editorial – Marcos Guerra, Gibson Barcelos Reggiani, Sebastião Constantino Dadalto, Aristóteles Passos Costa Neto, Luis Carlos de Souza Vieira, Elcio Alves, Clara Thais Rezende Cardoso Orlandi, Jose Carlos Bergamin, Egidio Malanquini, Benízio Lázaro, Eugênio José Faria da Fonseca, Annelise Lima, Fábio Ribeiro Dias, Antonio Fernando Doria Porto, Marcelo Ferraz Goggi, Cintia Dias e Breno Arêas.

Jornalista responsável – Breno Arêas (MTB 2933/ES)

Apoio técnico – Assessoria de Comunicação da Findes Jornalistas: Evelyn Trindade, Fábio Martins, Fernanda Neves, Milan Salviato, Natália Magalhães e Rafael PortoGerente de Marketing: Cintia Dias Coordenação: Breno Arêas

Depto. Comercial – URM/Findes Tel: (27) 3334-5791– [email protected]

Produção Editorial

Coordenação Editorial: Mário Fernando Souza Gerente de Produção: Cláudia LuzesEditoração: Michel Sabarense Apoio: Mara CimeroCopidesque: Márcia RodriguesTextos: Ana Lúcia Ayub, Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Lui Machado, Roberto Teixeira, Thiago Lourenço e Yasmin VilhenaFotografia: Jackson Gonçalves, fotos cedidas, arquivos do Sistema Findes e Next Editorial Impressão

Publicação oficial do Sistema Findes Mar/Abr – 2016 • nº 323

facebook.com/sistemafindes twitter.com/sistemafindes

GESTÃOAs empresas deram a largada para a capacitação de suas equipes visando à adequação à nova versão da ISO 9001. A expectativa é que a Norma, criada para padronizar os processos integrantes do sistema de gestão da qualidade nas organizações, possa reduzir índices de erros, desperdícios, retrabalho e despesas.

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SUSTENTÁVELLíder no ramo de biscoitos caseiros, a Kebis sabe a importância de crescer de forma sustentável. Com foco na preservação ambiental e em diversas ações nos seus processos de produção, a empresa capixaba trabalha conforme os pilares estabelecidos pela ONU.

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Editorial

Indústria Capixaba – Findes8

Tempo de ajustes

Marcos Guerra Presidente do Sistema Findes/Cindes

O Brasil parou. Enquanto o mundo caminha para a metade de 2016, a crise política nacional, iniciada ainda no ano passado, continua afetando gravemente

nossa economia. A indústria, em especial, permanece refém das incertezas criadas pela atual gestão, sofrendo queda acumulada de 11,8% no país e de 22,5% no Espírito Santo no primeiro bimestre – na comparação com o mesmo período de 2015, segundo o IBGE. O Governo Federal, por sua vez, parece mais preocupado em defender sua ideologia e seus parceiros políticos.

Após um ano de desemprego crescente e um terço de ociosidade no chão de fábrica, a indústria se vê diante de novos obstáculos. Planalto e Congresso não se entendem, deixando de lado pautas essenciais para a retomada do crescimento. Precisamos de uma agenda positiva de recupe-ração: ajustes fiscais, desvinculação de receitas, redução de juros com oferta de recursos para financiar a produção, sem esquecer as reformas estruturantes – no âmbito trabalhista, previdenciário, tributário e político. O Executivo necessita cortar na própria carne para reaver a confiança do mercado. Nada disso foi feito.

No Espírito Santo, ao contrário do país, a gestão pública não é o entrave, mas a fase vivida pela indústria extrativa sim. Com a paralisação da Samarco, tema de capa desta edição, e o baixo preço das commodities, nosso Produto Interno Bruto registrou baixa de 1,1% em 2015, interrompendo uma sequência de oito trimestres de alta. Sem perspectivas de recuperação econômica, o setor produtivo atualiza seu planejamento. O momento é de cautela e revisão de metas, e nem mesmo a manutenção da alta do dólar anima o empre-sariado do segmento.

Considerando a elevação dos custos industriais, a inflação nos produtos básicos e o encolhimento do poder de compra dos trabalhadores, teremos um ano desafiador. Pensando nisso, abrimos espaço para uma ampla reportagem sobre o envolvimento de todos no combate à crise. É tempo de inovarmos, sermos mais produtivos e compreendermos as dificuldades de cada setor. Capital e trabalho devem dar as mãos. É preciso fazer mais com menos para superar um ano de retração econômica.

Ainda nesta publicação, ouvimos a secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi, que tem colhido bons resultados

à frente de uma das pastas mais relevantes do Governo. Com números positivos e o bom exemplo do Espírito Santo – que vem se tornando uma referência nacional nos últimos anos –, ela detalhou as ações desenvolvidas para ampliar a competi-tividade da indústria capixaba. A entrevista serve de alento para os diferentes setores da economia e reacende a espe-rança dos empreendedores.

Por fim, mesmo diante do cenário desafiador que 2016 nos apresenta, destacamos as entregas realizadas pelo Sistema Findes: o Sesi Saúde de Colatina, a Unidade Móvel Frigorífica e o Centro Integrado Sesi/Senai de Anchieta. Obras que ampliam a oferta de qualificação profissional no interior e na Grande Vitória, estimulando a produtividade e a inovação em nosso parque industrial, além de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. É por meio da educação que venceremos as intempéries e prepararemos o Espírito Santo para um novo salto de desenvolvimento.

Uma boa leitura a todos!

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Indústria Capixaba – Findes10

Cenáriopor Fernanda Zandonadi

P ara além de uma tragédia social e ambiental, o rom-pimento da barragem da Samarco em Mariana, Minas Gerais, configura-se uma avalanche eco-

nômica que atinge trabalhadores, empresas e até mesmo o Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo. O Governo do estado vizinho embargou a licença de fun-cionamento das minas de extração de ferro da companhia no município, consequentemente deixando a usina da empresa localizada em Anchieta, sul capixaba, com suas atividades paralisadas desde novembro, quando ocor-reu a tragédia, por falta de matéria-prima. O primeiro efeito drástico deu-se na queda da arrecadação do Estado, que amargou encolhimento de 1,1% em 2015, puxado pela

Produção física industrial do Espírito Santo (%)

Fontes: Ideies

Economia em queda após o desastre O rompimento das barragens em Mariana já reflete na economia do Espírito Santo

Indústria geral

-22,5

Indústria extrativa

-37,3

Metalurgia básica

-6,8

Cenário

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Mar/Abr 2016 • 323 11

“Nossa posição é de que a Samarco está cumprindo com seus compromissos e agora precisamos que a empresa retorne aos trabalhos o mais rápido possível. Sua parada, sem operar, afeta diretamente a produção física industrial do Espírito Santo”Marcos Guerra, presidente da Findes

retração do quarto trimestre, de -11,1%. O setor que mais influenciou a baixa foi a indústria extrativa, que engloba as operações com minério de ferro e petróleo.

Um importante termômetro da economia também apresentou dados preocupantes e nada animadores. “Tivemos uma surpresa negativa no final do ano passado. A produção física industrial do Estado crescia, e estimávamos que iríamos fechar o ano com avanço em torno dos 6%. A projeção levava em conta o ano anterior. Mas ela não se confirmou e girou em torno dos 4,4%, devido, em grande parte, à paralisação da Samarco”, observa o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra.

Se 2015 já refletiu os impactos da tragédia, janeiro também não foi de boas-novas. Segundo os números do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), a produção física da indús-tria geral capixaba caiu 22,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O maior peso negativo ficou com a indústria extrativa (-37,3%), pressionada, principalmente, pelo minério de ferro pelotizado ou sinterizado. Foi o terceiro mês seguido que esse segmento do Estado acusou baques com o desastre de Mariana.

A influência negativa mais importante ficou com a indústria extrativa (-37,3%), pressionada, principalmente pelo minério de ferro pelotizado ou sinterizado. O recuo do setor de metalurgia (-6,8%), explicado sobretudo pela menor fabricação de tubos flexíveis e tubos trefilados de ferro e aço e de bobinas a quente de aços ao carbono.

A única contribuição positiva veio do setor de produtos alimentícios (13,3%), impulsionado, principalmente, pelo aumento na produção de bombons e chocolates em barras contendo cacau, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas e congeladas e massas alimentícias secas.

Alimentos

13,3

Indústria da transformação

0,3

Minerais não metálicos

2,0

Variação acumulada no 1º bimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 (%).

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Indústria Capixaba – Findes12

Cenário

“O ano de 2016 está comprometido. Além da paralisação da Samarco, que vai contribuir significa-tivamente para a queda na produção física industrial, há outras frentes que prometem criar um cenário ruim: a questão política, gravíssima no país; e o câmbio incerto, oscilando e criando desconforto para as exportadoras. O que avaliamos até agora é que 2016 deve ser um ano difícil para o setor produtivo”, aponta o estudo do Ideies.

As atividades da Samarco no Espírito Santo não têm qualquer impedimento legal. No entanto, a planta industrial depende do minério vindo de Mariana. E é aí que ocorre o entrave, explica Marcos Guerra. “Aqui no Estado, a Samarco está totalmente liberada para funcionar. Agora é neces-sário resolver o embargo em Minas Gerais: a empresa precisa da licença social para voltar a operar. Nossa posição é de que a Samarco está cumprindo com seus compromissos e agora precisamos que a empresa retorne aos trabalhos o mais rápido possível. Sua paralisação, afeta diretamente a produção física industrial do Espírito Santo a cada mês. Estamos esperançosos de que no início do último

Depoimentos

IMPACTO PARA TODOS

A paralisação dos trabalhos na Usina da Samarco em Ubu, Anchieta, afeta empresários, governos e, claro, os cidadãos. As opiniões são unânimes em dois pontos: a mineradora precisa solucionar os impactos sociais e ambientais da tragédia em Mariana, mas se houver o fechamento de suas portas, os efeitos na economia podem ser ainda mais amplos e igualmente desastrosos.

“Estou em Anchieta há mais ou menos um ano. Tenho uma loja de celulares e, quando abri as portas, a crise já estava instalada no país. Depois veio o problema com a Samarco, o que tornou o ambiente ainda mais incerto. O que percebo entre os moradores e os clientes é que há receio em consumir. Todos preferem esperar um pouco mais para ver como fica a situação. Donos de supermercados já falam que o volume de compras das pessoas é menor. É um receio que tomou conta de toda a cidade, todos estão sofrendo com a incerteza sobre quando a Samarco vai voltar a produzir. Mas há muita gente esperançosa, principalmente os empregados da companhia, que se mantêm firmes à espera do reinício dos trabalhos.”

Bruno Vilas Boas Favato, empresário de Anchieta

“Nós conseguimos manter os empregos dos trabalhadores diretos da Samarco. Mas, nas conversas com as terceirizadas, obtivemos um prazo até 1º de maio. A partir daí não há garantias, e podem, sim, ocorrer demissões. Estimamos que já foram demitidos 800 trabalhadores em várias áreas, influência direta da paralisação da Samarco. O Sindimetal é totalmente favorável à volta das operações, caso contrário certamente ocorrerão novas dispensas. São duas mil famílias que dependem da empresa, e a paralisação vai potencializar os prejuízos do acidente. Temos instituições fortes, como o Ministério Público e órgãos ligados ao meio ambiente, apurando as causas do acidente e prontas a aplicar as medidas necessárias para minimizar os danos. Por isso, agora temos que pensar também nos empregos que podem ser extintos caso a empresa feche as portas.”

Max Célio de Carvalho, secretário de Formação Sindical e Assuntos Socioeconômicos e Culturais do Sindimetal-ES (Sindicato dos Metalúrgicos do Estado)

“Precisamos estar atentos para que o problema não atinja ainda mais trabalhadores e pessoas que dependem da mineradora para sobreviver. Há uma gigantesca cadeia em volta da empresa, e isso vai muito além dos empregos diretos e indiretos. As portas fechadas desencadeiam consequências desastrosas para vários setores da economia capixaba”Manoel de Souza Pimenta, presidente do Sindifer

Economia enfraquecida

Pará

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10,6 8,1

-4,9 -6,8 -8,0 -9,1 10,0 -11,2 11,8 -14,2 -15,2-22,6 -28,0 -28,0

12,8

Produção física da indústria geral: Brasil Variação acumulada do 1º bimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 (%)

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trimestre de 2016 ela volte a operar. É longe, é um caminho extenso, mas é ainda menos ruim do que se não conseguíssemos enxergar nenhuma mudança lá na frente”, ressalta.

Efeito bola de neveA paralisação dos trabalhos na Samarco

ultrapassa os muros da empresa e atinge em cheio seus fornecedores de bens e serviços, que também computam prejuízos e demissões. “As terceirizadas deixam de vender e de faturar. Indiretamente, esse grupo de empresas depende da Samarco. E não é um problema pontual, concentrado em Anchieta, onde fica a planta industrial, mas atinge todo o Espírito Santo. Há empresas da Serra e de Vila Velha que a atendem. Quer dizer, é um efeito que será sentido em todo o Estado”, avalia o presidente da Findes.

No mercado profissional, a dimensão da paralisação é de assustar: 1.282 trabalhadores têm seus empregos garantidos apenas até o próximo dia 1º de maio. Quanto às vagas indiretas, só no sul do Estado são 5,9 mil funcionários de firmas terceirizadas do setor metalmecânico, em especial fornecedoras de calcário, que podem ser cortados se a indús-tria não voltar a abrir as portas.

Na prática, isso é o que se pode chamar de efeito bola de neve. Produção estagnada signi-fica empregados parados, terceirizados sem trabalho, mais desemprego, menos dinheiro no mercado. Manoel de Souza Pimenta, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), mostra pessi-mismo caso a situação permaneça. “Teremos um caos social na região sul do Espírito Santo se a mineradora não voltar a operar em breve. Quem convive com o comércio sabe que o impacto já teve início, e é grande.”

Agora, o trabalho é para estabilizar a queda nos empregos. “Precisamos estar atentos para que o problema não atinja ainda mais trabalha-dores e pessoas que dependem da mineradora para sobreviver. Há uma gigantesca cadeia em volta da empresa, e isso vai muito além dos empregos diretos e indiretos. As portas fechadas trazem consequências desastrosas para vários setores da economia capixaba”, relata o presidente do Sindifer.

EM DEFESA DO MEIO AMBIENTEGovernos, entidades e empresas assinaram acordo para recuperação do Rio Doce

A compensação ambiental pelos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, é um ponto defendido por todos os atores da história. Governos, entidades, empresários e a própria Samarco afinam uma resposta comum: é preciso trabalhar para minimizar os impactos da tragédia.

No dia 2 de março, a companhia assinou um acordo para a recuperação da Bacia do Rio Doce. O documento prevê que, nos próximos três anos, a empresa destinará R$ 4,4 bilhões para compensar os prejuízos sociais, ambientais e econômicos do desastre.

O documento foi firmado com o Governo Federal e os Executivos de Minas Gerais e do Espírito Santo, estados diretamente afetados pelo acidente, junto às empresas acionistas da Samarco, Vale e BHP, que terão que arcar com os pagamentos, caso a Samarco não honre o acordo.

O valor ainda é um número parcial e dependerá de novos cálculos, que determinarão o volume de dinheiro que deverá ser empregado até 2018. No total - englobando os R$ 4,4 bilhões que serão aplicados nos próximos três anos - serão revertidos para o tratamento ambiental cerca de R$ 20 bilhões, e outros R$ 4,1 bilhões para ações compensatórias. O dinheiro será direcionado às ações durante 15 anos.

Uma fundação será criada para gerir essa verba, formada por especialistas indicados pela mineradora. Embora privada, o controle público sobre a entidade será feito por um comitê interfederativo formado por representantes dos governos Federal, estaduais, municipais e do Comitê de Bacia do Rio Doce. A proposta é que sejam criados e desenvolvidos 38 projetos voltados à recuperação ambiental e socioeconômica dos municípios atingidos, indenização e assistência à população.

Uma cerimônia no Palácio do Planalto marcou a assinatura do acordo. Além da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente, Michel Temer, participaram do evento os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung e os presidentes da Samarco, Roberto Lúcio Nunes de Carvalho; da Vale, Murilo Ferreira; e da BHP, Andrew Mackenzie.

Fonte: Agência Brasil

“Sabemos que a Samarco tem compromissos e responsabilidades sociais e ambientais que precisam ser assumidos e cumpridos mas, para Anchieta, é de fundamental importância o retorno da empresa ao funcionamento”

Marcus Assad, prefeito de Anchieta

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Cenário

Depoimentos

“Está na hora de os capixabas se unirem num segundo grande mutirão em favor do Espírito Santo, agora pela preservação de empregos e estímulo às atividades econômicas. O primeiro mutirão foi no início da década passada, quando nosso Estado estava afundado em grave crise política, com denúncias de corrupção na área pública. A população se uniu em torno de um projeto, e o Espírito Santo, em poucos anos, passou a ser referência nacional em gestão pública. Neste momento, o Estado vem sofrendo perdas significativas na área econômica, como a queda brutal de receita pela mudança nos critérios do Fundap e também por desonerações tributárias promovidas pela União. Isso sem falar nos efeitos da baixa do preço do petróleo e da ausência de investimentos federais em nossa infraestrutura. Diante desse cenário pouco favorável, precisamos, de maneira urgente, de um segundo grande mutirão, especificamente pela retomada das atividades da Samarco no Espírito Santo. São milhares de empregos diretos e indiretos em risco. Já tivemos uma grande tragédia, a do rompimento das barragens de Mariana. Sabemos que cabe à Samarco promover a recuperação dos danos às pessoas e ao meio ambiente, e isso vem sendo feito, com a empresa cumprindo as determinações dos órgãos competentes. E da mesma forma, é igualmente importante que sejam criadas condições para a retomada das atividades econômicas da companhia. O Espírito Santo em Ação é uma entidade que reúne empresários com foco no desenvolvimento. Criada em 2001, participou do primeiro grande mutirão capixaba, que reergueu nosso Estado. Juntos, queremos agora participar deste segundo grande momento em defesa da atividade econômica, pilar fundamental para a geração de emprego e renda. Pelas gerações futuras, precisamos, mais uma vez, nos empenhar junto à bandeira do Espírito Santo.”

Wagner Chieppe, presidente do Espírito Santo em Ação

Em Anchieta, o impacto imediato ocorre na contribuição da empresa para o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) do município. Para se ter ideia, desde novembro a cidade amargou redução de cerca de R$ 2 milhões por mês na arrecadação desse tributo. Para 2017, os efeitos negativos serão sentidos também na receita advinda da quota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), paga às prefeituras pelo governo estadual.

Não há dúvidas de que o freio ordenado à economia local pode afetar outros municípios, avalia o prefeito de Anchieta, Marcus Assad. O compromisso ambiental deve ser respeitado, mas as cidades precisam de apoio para manter a economia girando. “Sabemos que a Samarco tem compromissos e responsabilidades sociais e ambientais que precisam ser assumidos e cumpridos mas, para Anchieta, é de funda-mental importância o retorno da empresa ao funcionamento.”

Segundo Assad, a perda da capacidade de investimento se reflete principalmente em obras de infraestrutura que elevam a quali-dade de vida da população. “A diminuição de receitas correntes impacta também o custeio do setor público municipal em todas as áreas. Por isso, é necessário ter cautela redobrada. Um exemplo de projeto adiado é a implan-tação da Cidade Digital, que levaria a internet gratuita a todas as comunidades rurais, inter-ligando em rede escolas, postos de saúde e demais serviços públicos municipais.”

Em nota, a Samarco informou que tem feito esforços para manter sua mão de obra. Em janeiro, um acordo de suspensão temporária do contrato de trabalho foi aprovado em votação junto aos empregados. A medida visa à manu-tenção das vagas, da ajuda compensatória e dos benefícios previstos em acordo coletivo.

A mineradora informa ainda, segundo o comunicado, que prioriza as ações de mitigação dos efeitos do acidente em Mariana. Entretanto, a reativação dos negócios é essencial para que possa voltar a produzir e, assim, cumprir todas as suas obrigações perante a comunidade e seguir contribuindo para o desenvolvimento socioeco-nômico do Espírito Santo.

“Tenho confiança de que está sendo construído um caminho responsável para a recuperação ambiental e o reparo social referentes ao desastre de Mariana. Nesse contexto, acreditamos que sociedade civil, Governo, empresa e instituições comprometidas vão construir as condições adequadas e seguras para o retorno de operação da Samarco este ano. A retomada das atividades é importante para a recuperação econômica e social dos dois estados, mas principalmente das comunidades e dos moradores atingidos nos municípios envolvidos. É também condição importante para permitir o suporte econômico das medidas de reconstrução e reparação que estão previstas nos protocolos de compromisso da empresa.”

José Eduardo Azevedo, secretário de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo

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Indústria Capixaba – Findes16

Indústria

U ma das principais obras previstas no Plano de Investimentos do Sistema Findes, o Centro Integrado Sesi/Senai de Anchieta foi entregue no dia 17 de

março. Com investimentos de R$ 16,8 milhões em construção e equipamentos, a unidade possui capacidade para oferecer 12 mil matrículas por ano em cursos profissionalizantes, educação continuada e básica.

Presidentes de sindicatos, diretores e executivos do Sistema Findes participaram da cerimônia de inaugu-ração do Centro Integrado, batizado com o nome do empresário Lucas Izoton. Também estiveram presentes lideranças políticas, entre elas o governador Paulo Hartung, e industriais, como o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, que na ocasião recebeu o troféu Amigo da Indústria – uma home-nagem do Sistema Findes às lideranças que atuam em favor do setor produtivo.

Com 4,6 mil metros quadrados de área edificada, o Centro foi erguido em um terreno de quase 20 mil metros quadrados e conta com 13 salas de aula e 14 laboratórios voltados para

Centro Integrado Sesi/Senai é inaugurado em AnchietaNova unidade oferecerá 12 mil matrículas por ano em cursos profissionalizantes e educação continuada e básica

Cursos oferecidos em Anchieta

Cursos técnicos nas áreas de:

• Mecânica• Eletrotécnica• Administração• Meio Ambiente• Construção Civil• Segurança do Trabalho • Informática

Cursos de aperfeiçoamento:

• Programação e Operação do Torno CNC• Alinhamento de Eixo a Laser• Leitura e Interpretação de Desenhos• Comandos Elétricos• Inversor de Frequência• Controlador Lógico Programável (PLC)• Comandos Pneumáticos e Eletropneumáticos• Autocad 2D

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Sobre o Centro Integrado Sesi/Senai de Anchieta

Onde fica: Rua Philadelfio Fernandes (antiga Estrada do Limão), s/nº, no entroncamento com a rodovia ES 146.

Investimento: R$ 16,8 milhões em obras e equipamentos

Área: 4,6 mil m² de área construída, em um terreno de quase 20 mil m².

Principais segmentos atendidos: metalmecânica, construção civil, eletroeletrônica, meio Ambiente e segurança do trabalho.

• Possui 13 salas de aula e 14 laboratórios.

• Capacidade para oferecer 12 mil matrículas por ano em cursos profissionalizantes e educação continuada e básica.

• Arquitetura limpa, com estrutura pré-fabricada em concreto.

• Cobertura termoacústica que permite o isolamento do som, reflete a luz e não absorve calor.

• Reaproveitamento da água da chuva.

• Estação de tratamento de efluentes.

• Acessibilidade em todas as salas e laboratórios.

a partir da ampliação dos serviços oferecidos pelo Sistema Findes”, declarou.

O prédio possui acessibilidade a todas as salas e laborató-rios, tendo recebido um modelo diferenciado de construção que prioriza a sustentabilidade e a ecoeficiência. Entre as particularidades está a utilização de uma arquitetura limpa, com estrutura pré-fabricada em concreto, cobertura termoa-cústica, que permite o isolamento do som, reflete a luz e não absorve calor, reaproveitamento de água da chuva e estação de tratamento de efluentes.

Serão oferecidos cursos técnicos nas áreas de mecânica, eletrotécnica, administração, meio ambiente, construção civil e segurança do trabalho, além de cursos de aper-feiçoamento, entre os quais Programação e Operação do Torno CNC, Leitura e Interpretação de Desenhos, Comandos Elétricos e Inversor de Frequência. “Essa é uma das grandes entregas do nosso Plano de

mecânica, soldas, informática, eletrônica, construção civil, segurança do trabalho, e meio ambiente.

De acordo com o diretor regional do Senai-ES e superinten-dente do Sesi-ES, Luis Carlos Vieira, a estrutura vai contribuir para a dinamização da economia local. “O Senai tem o papel de estimular o desenvolvimento, e há grandes expectativas para a região, que já é industrializada e pode se tornar ainda mais próspera

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Indústria

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Laboratórios do complexo, que contemplam as áreas de mecânica, soldagem, informática, eletrônica e construção civil, entre outras

Investimentos e vai atender a todos os setores industriais da região. O momento enfrentado pelo país é propício para as pessoas se qualificarem e requalificarem, até mesmo quem está desempregado, parado ou em férias temporárias”, destacou o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra.

A RegionalDados do caderno “Caminhos para o Desenvolvimento

Regional”, elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), apontam que existem mais de 900 empresas industriais na Regional de Anchieta, composta ainda pelos municípios de Alfredo Chaves, Guarapari, Iconha e Piúma. Os setores produtivos mais fortes da região, que responde por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) capixaba, são construção civil, minerais não metálicos, alimentos, produtos metalúrgicos, confecções, madeira e móveis, bebidas e petróleo.

Anchieta atravessa um momento de fragilidade, em virtude da paralisação das atividades da Samarco, que vem impactando a economia capixaba como um todo. Segundo informações do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o PIB do Estado recuou 11,1% no quarto trimestre de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, principalmente pela queda de 24,1% registrada a partir de novembro pela indústria extrativa, que até então era a grande sustentação dos números positivos do Espírito Santo.

Para o vice-presidente institucional da Findes em Anchieta e região, Fernando Kunsch, o Brasil enfrenta “um momento difícil na economia e na política”, mas “o ciclo de baixa será superado”. “A inauguração da obra é uma prova de que o Sistema Findes acredita nisso e está se movimentando para oferecer à população condições de se preparar e estar apta para encarar os desafios e as oportunidades que surgem”, disse.

Com relação à Samarco, Kunsch comenta que a mineradora foi uma das grandes demandantes e incentivadoras da cons-trução do Centro Integrado local, tendo inclusive doado o terreno. “A empresa passa por um momento difícil, mas também acredita na retomada e com certeza continuará sendo a prin-cipal parceira do Sistema Findes para oferecer capacitação às pessoas da região”, finaliza.

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Artigo

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O s estudos seminais de Nikolai Kon-dratiev demonstraram que as crises são inerentes ao sistema capitalista.

O citado economista russo, pesquisando indi-cadores macroeconômicos dos séculos XIX e XX, constatou determinados padrões entre as crises cíclicas. Segundo ele, a recorrência das crises econômicas mundiais girava em torno de 50 anos.

Nesse intervalo de tempo, a depressão po-deria caracterizar o que entendemos por crise. Esta seria seguida pelos períodos de cres-cimento/melhoria, prosperidade, recessão e novamente depressão. A inovação explicaria as fases de expansão econômica ao represen-tar uma espécie de mola propulsora da dinâ-mica dos períodos de crescimento/melhoria e prosperidade.

A teoria dos ciclos da inovação, do econo-mista austríaco Joseph Schumpeter, derivou da formulação de Kondratiev e ampliou algumas perspectivas. Schumpeter, por exemplo, consta-tou que o tempo de recorrência das inovações, e consequentemente das crises, apresentava tendência de redução gradativa.

O constructo dessa teoria schumpeteriana permite identificar os seguintes adventos que marcaram os últimos cinco ciclos de inovação: a força hidráulica, a produção têxtil e a indústria do ferro, entre 1785 e 1845; a máquina a vapor, o modal logístico férreo e a indústria do aço, entre 1845 e 1900; a eletricidade, a indústria química e o motor a combustão, entre 1900 e 1950; a indústria petroquímica, a eletrônica e a aviação, entre 1950 e 1990; a microinfor-mática e a rede mundial de computadores, dos anos 90 até os dias atuais.

A Revolução Industrial do século XVIII pode ser entendida como um marco para analisar os ciclos aqui mencionados. A maio-ria dos adventos de inovação contribuiu para

ampliar a pegada ecológica do homem no planeta Terra. Os relatórios e os indicadores apresentados e produzidos nas Conferências das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e pelo Painel Intergovernamental sobre Mu-danças Climáticas (sigla em inglês IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change) apontam que após a Revolução Industrial a humanidade aumentou significativamente seu potencial de impactar, sistematicamente, o meio ambiente.

Na segunda metade do século XX, na esteira das Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, chefes de Estado constataram a relevância de as nações prospectarem novas formas de se desenvolver, gerando menos im-pacto ao meio ambiente. Nesse sentido, foram estabelecidos planos e metas de diminuição da poluição global, protocolos e diretrizes para promoção de um modelo de desenvolvimen-to mais equilibrado. Assim foi consolidado no relatório “Nosso Futuro Comum”, também co-nhecido como relatório Brundtland, o conceito de desenvolvimento sustentável, que pode ser compreendido como a busca pelo equilíbrio entre as esferas social, econômica e ambien-tal, satisfazendo as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

No campo teórico, esse conceito representa a mudança de um paradigma. O “crescimento econômico” almejado pelas nações, que em de-terminado período evoluiu ao “desenvolvimento econômico”, passou a dar lugar à busca pelo desenvolvimento sustentável, sobretudo após os anos 90. O atual ciclo de inovação, representado pelos avanços das tecnologias da informação e comunicação (TICs), proporcionou e propicia novas bases e padrões tecnológicos que tornam possível um modelo de desenvolvimento mais equilibrado e menos impactante.

Crise e desenvolvimento: a relevância da inovação e a sustentabilidade no século XXI

PABLO LIRA é pesquisador e professor universitário

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Artigo

Indústria Capixaba – Findes20

Entrevista

Ana Paula Vescovi

E m uma empresa, quando as vendas não vão muito bem, ou a inadimplência é alta, é hora de rever o orçamento. Observar as planilhas, identificar onde é

possível baixar gastos, revisar os processos de produção, adiar investimentos, enfim, esmiuçar toda a gestão e tentar cortar custos ou aumentar os ganhos. Na administração pública, a lógica é a mesma. As receitas do Estado ficam mais escassas, sinalizando que é chegada a hora de rever todas as operações e fazer o possível para deixar o caixa no azul. Na crise econô-mica e política que se instalou no país, realizar essa avaliação tornou-se questão de sobrevivência. No Espírito Santo, o dever de casa foi feito, como conta a secretária de Estado da Fazenda, Ana Paula Vescovi. As ações para minimizar os efeitos da crise nos cofres públicos começam com o detalha-mento das contas e das receitas, passam pela desburocratização dos processos – a fim de ajudar empresários a terem um menor custo de produção – e se firmam na resolução de que, na turbulência, aumentar impostos para setores que já estão sofrendo não é uma saída aceitável. Ana Paula Vescovi fala ainda da queda na arrecadação do dinheiro do petróleo. Com a crise moral e financeira que afeta a Petrobras, aliada ao preço baixo do barril do produto, o Estado pode ter uma redução de R$ 430 milhões no repasse dos royalties este ano, algo similar ao que ocorreu em 2015. A secretária abordou também os rumos políticos do país, cuja instabilidade afeta diretamente a economia. Ela é enfática ao afirmar que, independentemente do resultado do impasse, a agenda política deve ser finalizada, a discussão precisa terminar e o trabalho das instituições necessita ser feito.

A indústria brasileira e também a do Espírito Santo sofrem com a crise política e econômica que se instalou. Quais medidas o Estado adotou para minimizar os efeitos da turbulência que assola o país?

Nosso campo para atuar sobre a crise é restrito, mas conhece-mos esse espaço e estamos atuando com firmeza para ocupá-lo. Somos um Estado da Federação, e as políticas voltadas para o ganho de eficiência e produtividade pertencem a uma esfera regulatória federal. No que nos compete, trabalhamos para melhorar o ambiente de negócios para quem deseja produzir, empreender e inovar. E trabalhamos para desburocratizar o

Fisco e o Governo Estadual. Para o setor produtivo, essa desburocratização simplifica processos e é positiva no senti-do de ajudar as empresas a ter um custo de produção menor. Também asseguramos esforços para manter nossas contas equilibradas. Esse é um caminho que nos permite não falar sobre aumentos de impostos no Espírito Santo.

E na infraestrutura, o que tem sido feito?Trabalhamos a infraestrutura fazendo a interlocução com

o Governo Federal, o que nos auxilia a avançar na pauta de melhorias. Alguns exemplos são as obras do Aeroporto Eu-rico Salles, que estão de volta, a dragagem e a derrocagem do Porto de Vitória, avanços nos processos de permissão dos portos privados e também no projeto da Estrada de Ferro EF118, que vai ligar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. São várias ações voltadas para a infraestrutura que estão em an-damento. Entre as obras do Governo do Estado, temos ainda a Rodovia Leste-Oeste, importante alternativa de tráfego na Região Metropolitana, além de ser fundamental para o escoamento de cargas do Porto de Capuaba.

A receita dos cofres públicos caiu, tanto por conta da crise quanto pela queda nos royalties. O que tem sido feito para deixar o caixa em dia, sem a possibilidade de aumento de impostos para o setor produtivo?

Nossa meta é não elevar impostos, acima de qual-quer outra coisa. Entendemos que há uma crise instalada e sabemos que o setor privado, que já está sofrendo, não pode ser mais onerado. Por trás dessa recusa em aumen-tar impostos, há todo um trabalho. Primeiro, garantindo o equilíbrio das contas. Temos que saber quais são os cus-tos da máquina pública e dar mais eficiência à arrecadação. Esse trabalho passa pelo aumento da eficiência dentro do próprio Governo, quer seja no recolhimento dos tributos, quer seja na redução dos gastos. E tudo isso tem que ser pensado de forma a não prejudicar entregas que precisam ser feitas pelo Estado à sociedade. Preservamos as políticas sociais, mas as despesas realizadas para essas entregas sociais têm que ser extremamente eficientes. Além disso, os gastos contidos ajudam a equilibrar o orçamento. Para complementar, do lado da Receita temos a política de aumentar a eficiência

“Nossa meta é não elevar impostos, acima de qualquer outra coisa. Entendemos que há uma crise instalada e sabemos que o setor privado, que já está sofrendo, não pode ser mais onerado”

por Fernanda Zandonadi

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“O desenho da despesa de pessoal no país leva a uma tendência de crescimento. Mas precisamos acelerar o ajuste dos gastos para equilibrar o Orçamento”

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Artigo

Indústria Capixaba – Findes22

Entrevista

“Este ano, a previsão é de perdas de R$ 430 milhões, algo similar ao que perdemos em 2015, quando tivemos uma receita de R$ 1,35 bilhão”

da arrecadação, reduzindo a sonegação de impostos e recu-perando a dívida ativa. Temos um processo aberto do Refis para recuperar esses ativos. Tudo isso é feito, claro, associado a tecnologias novas, que permitem realizar esses trabalhos de forma muito mais rápida e transparente. Apenas três estados da Federação não aumentaram impostos, Pará, Santa Catarina e Espírito Santo, e estamos trabalhando para manter esse quadro. Há um outro ponto importante a se falar sobre impostos: precisamos ter uma tributação mais igualitária. E por isso estamos revendo normas, realinhando concessões de bene-fícios fiscais. Nossa lógica parte do princípio de que precisa-mos sustentar os empregos e manter os tributos como estão. Para dar uma ideia, no primeiro bimestre deste ano tivemos uma queda de 16,6% no caixa do Estado, em comparação com o primeiro bimestre de 2015. Por isso, não houve espaço para ampliar a concessão de novos benefícios.

Desde o começo deste ano, o comércio eletrônico passou a recolher parte do ICMS no Estado em que a empresa funciona. A outra parte vai para os cofres do Estado de destino da mercadoria. Isso é bom ou ruim para o Espírito Santo? E como os empresários estão lidando com essa mudança?

Essa mudança surgiu com a Emenda Constitucional 87, que trouxe ajustes na forma de arrecadar o ICMS. O que os estados fazem é simplesmente aplicar essa norma. E ela trouxe uma complexidade gigantesca. A regra de transição

da medida, que vai durar três anos, aumentou enormemen-te a complexidade desse processo em um momento em que as empresas não podem se dar o luxo de gastos extras. Temos feito discussões no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) para adotar medidas de simplificação. Há grupos de trabalho que estão tentando ajustar e reduzir a bu-rocracia neste momento de transição da regra. O impacto desse processo para a arrecadação do Estado só vai ficar mais claro no futuro. No curto prazo, teremos uma arrecadação próxima aos R$ 50 milhões por conta da emenda, mas ainda é cedo para um diagnóstico mais preciso.

A queda no preço do petróleo também atingiu em cheio os cofres públicos, reduzindo a receita com royalties. Como o Espírito Santo está lidando com isso?

Só em janeiro e fevereiro deste ano já tivemos uma perda de 45% no repasse de royalties. Para dar ideia, o preço do barril, que no ano passado ficou em torno dos US$ 54, em 2016 fi-cou abaixo dos US$ 27. Por aí já é possível visualizar que as perdas são altas. Há uma defasagem de dois meses entre os preços internacionais e a arrecadação dos royalties, por isso o Estado já começou a acompanhar esse processo e antecipar os movimentos. O Governo reeditou um decreto de contenção e disciplinamento de gastos. Fizemos uma revisão do Orçamento com as estimativas de receitas e, se as perdas não se concre-tizarem, basta descongelar a parte do Orçamento que estava parada por conta da perda esperada. Este ano, a previsão é de perdas de R$ 430 milhões, algo similar ao que perdemos em 2015, quando tivemos uma receita de R$ 1,35 bilhão.

O Estado tem feito seu dever de casa, no sentido de cortar gastos e estimular as receitas. Mas há também os municípios, muitos em apuros em função de queda na arrecadação e nos repasses legais. Há alguma ação para socorrer essas cidades?

Nosso esforço na eficiência da arrecadação já gera efeitos positivos para as cidades. O Refis também é importante para os municípios. Quando falamos em melhorar a eficiência da cobrança do ICMS – os municípios recebem 25% deste im-posto -, além de 50% do IPVA- todos ganham. Com o Es-tado organizado, gastando o que pode e pagando o que deve, damos uma demonstração de que, com uma política na di-reção correta, o ambiente fica mais favorável. Imagine que já há estados com os salários atrasados. Isso é ruim para todos

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“No que nos compete, trabalhamos para melhorar o ambiente de negócios e desburocratizar os processos dentro do Governo Estadual”

econômica. Precisamos imprimir ações para que o país volte a crescer, que o Espírito Santo siga o mesmo rumo e para que possamos sair desse impasse que se instalou no ambiente político. Nós temos a preocupação de manter a credibilidade junto ao servidor público. Queremos que ele confie no Estado, o que significa manter esse elo fortalecido entre quem presta serviços e a sociedade. Em 2015, honramos o compromisso de pagar em dia. Dez estados tiveram problemas com as folhas de pagamento, precisando atrasar ou até modificar a data de pagamento. Aqui estamos conseguindo fazer o dever de casa, e este ano, continuaremos com o esforço de dar apenas um passo de cada vez, mas um passo sustentável. Temos que ser fir-mes. O servidor público conta com a vantagem da estabilidade, é uma proteção que o trabalhador do meio privado não tem. Agora, o que precisamos é que os servidores entendam o am-biente de crise e lutem conosco para contornar este momento. Quando temos quedas bruscas de receita, faltam mecanismos para fazer modificações na despesa na mesma velocidade. Por isso este momento demandará esforço, disciplina e ma-turidade. O pagamento da folha em dia será fruto de uma conquista coletiva, da gestão fiscal, do trabalho de todos os servidores e da sociedade.

A crise política em Brasília afeta diretamente os estados. O pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff está tramitando. Como a senhora avalia os dois cenários, com e sem o governo do PT, para a economia do Espírito Santo?

O que acreditamos é que a agenda política precisa ser fi-nalizada, a discussão precisa terminar, e o trabalho das ins-tituições precisa ser feito. Independentemente do resultado desse impasse, precisamos sair dele para voltar a discutir as agendas estruturais que podem conduzir o país a um cená-rio favorável na economia. Nossa torcida é que a discussão seja finalizada, para então podermos focar as medidas que precisam ser aprovadas para sairmos da turbulência.

os setores da economia. Por isso falamos em organização. Com as contas em dia, libera-se a percepção de que o ambiente de negócios é positivo. Associando isso à desburocratização, reforçamos o reconhecimento de que o Espírito Santo é um bom lugar para se investir e abrir novos negócios. Com isso, os municípios também saem ganhando.

A senhora falou de estados que já estão com os salários dos servidores atrasados. Há alguma possibilidade de a remuneração dos funcionários públicos do Espírito Santo atrasar?

O gasto com pessoal cresceu fortemente no Espírito Santo, saindo de R$ 260 milhões em 2010 para R$ 430 milhões em 2014. O esforço feito até agora deu conta de estabilizar a folha de pagamento. Foi um esforço destacável, em compa-ração com outros estados. O desenho da despesa de pessoal no país leva a uma tendência de crescimento. Além disso, passaremos por mais perdas na arrecadação, pois o processo de queda ainda não foi estancado, principalmente por con-ta da pauta no preço do barril do petróleo. Mas precisamos acelerar o ajuste dos gastos para equilibrar o Orçamento. O Estado não tem mais folga no caixa nem folga no Orça-mento, por isso a necessidade da contenção de gastos e o con-gelamento do Orçamento. Mas precisamos também atacar as causas da perda de receita que veio com a queda da atividade

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Artigo

Indústria Capixaba – Findes24

Indústria em ação

ATM’S QUALIFICAM POPULAÇÃO DO INTERIOR DO ESTADO Capacitar mão de obra em diversas áreas e melhorar a competitividade das indústrias capixabas, gerando emprego e renda para a população. Com esses objetivos, as Agências de Treinamento Municipais (ATMs) têm levado desenvolvimento para vários pontos do Estado. Presentes em Itaguaçu, Guaçuí, Ibiraçu, São Gabriel da Palha, Santa Teresa e Vitória, as unidades qualificaram 2.467 profissionais em 2015. E para 2016, a meta é ir ainda mais longe e um dos objetivos é construir uma ATM no município de Castelo. Instituídas pelo Sistema Findes, em parceria com prefeituras, as agências oferecem oportunidades elaboradas de acordo com a vocação regional e a carência de profissionais no mercado. Entre os destaques em cursos disponibilizados estão auxiliar administrativo, costureiro industrial, operador de computador, eletricista instalador predial e soldador. Os interessados em buscar qualificação para novas oportunidades de emprego devem procurar a ATM da sua cidade e verificar vagas, cursos e horários disponíveis. “É um novo conceito em qualificação profissional. É uma inovação que garante rapidez e formação de qualidade”, disse o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra.

CULTURA TRANSFORMA VIDAS DE JOVENS DE VITÓRIA

Idealizado com a finalidade de fortalecer a autoestima, os vínculos familiares e comunitários, elevar a escolaridade e apoiar a inserção no mundo do trabalho, o Programa Vira Vida, do Sesi-ES, tem mudado a trajetória de jovens da capital do Espírito Santo. E em uma parceria com o Núcleo Afro Odomodê (desen-volvido pela Secretaria de Assistência Social de Vitória e pelo Instituto Gênesis), foram retomadas no dia 12 de fevereiro as atividades socioculturais na sede deste projeto que tem o suporte municipal, localizada na Fonte Grande. Os encontros de 2016 serão realizados de forma quinzenal e irão se revezar entre os espaços que abrigam as atividades do Odomodê e do Vira Vida, na Cidade Alta, também no Centro. Criado pelo Diretório Nacional do Sesi, o Vira Vida iniciou seu trabalho em terras capixabas em maio de 2015, com ações nas áreas de educação continuada em português e matemática, desenvolvimento humano, acompanhamento psicossocial e noções de empregabilidade, com foco na inserção socioprodutiva do público atendido.

IMPOSTOS SEGUEM COMO GARGALO PARA A INDÚSTRIA EM 2015Histórico, mas por um motivo que não traz celebração. Assim foi o ano de 2015, que registrou um recorde na arrecadação aos cofres públicos. O Impostômetro instalado em frente ao Edifício Findes registrou a marca de R$ 2 trilhões de tributos. Os recolhimentos federais representam 65,95% do montante. Já os estaduais equivalem a 28,47% e, os municipais, a 5,58%. A sufocante carga foi apontada como o maior problema enfrentado pela indústria no último trimestre de 2015, segundo sondagem do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies-ES), entidade do Sistema Findes. No levantamento, o entrave foi citado por 46,2% das empresas e alcançou a primeira posição do ranking. Para o presidente da Federação, Marcos Guerra, a indústria chegou ao seu limite. “O Governo Federal insiste na criação da famigerada CPMF, enquanto aumenta o custeio da máquina pública em plena crise. É preciso enxugar gastos, cortar na própria carne e revisar planejamentos, assim como a indústria nacional tem feito”, explicou.

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EMPRESAS LOCAIS APRESENTAM PRODUTOS EM FÓRUM DE PETRÓLEO E GÁS Com uma reunião técnica com fornecedores locais para a apresentação de produtos que estão em processo de desenvolvimento para atender ao segmento no Espírito Santo, aconteceu no dia 19 de fevereiro, no Plenário do Edifício Findes, o Fórum Capixaba de Petróleo e Gás (FCP&G). Coordenado pelo Sistema Findes por meio do Ideies, o evento serviu ainda para alinhar as ações que buscam o fortalecimento de projetos de empresas e instituições capixabas que serão utilizados na cadeia em destaque. Participaram do encontro representantes de Findes, Sebrae-ES, Ufes, Petrobras, Onip, Rede Petro-ES, Macaúba Offshore, Tecvix, Vix System, Tecvix DI, Cé Engenharia e Tec Vitória. “Uma das principais ações do FCP&G é promover a indústria local por meio do desenvolvimento de fornecedores de produtos e serviços para o setor”, falou a secretária executiva do FCP&G, Aline Cotta D’Avila.

SESI-ES TEM O MELHOR RESULTADO NO ENEM DOS ÚLTIMOS ANOS Com medidas como o reforço nas disciplinas de Matemática, Química, Física e Língua Portuguesa; reestruturação da prática pedagógica do ensino médio; adoção da Plataforma Adaptativa Geekie Lab; e implementação de pilotos da XD Education nas unidades de Cachoeiro de Itapemirim, Campo Grande e Cobilândia, o Sesi-ES celebrou o melhor resultado dos últimos cinco anos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além do desempenho em vestibulares. A média geral em todas as escolas da rede subiu de 539,96 pontos em 2014 para 556,71 em 2015, ano em que alunos e professores de todo o país avaliaram o exame como sendo um dos mais difíceis desde que foi criado. O Sesi conquistou ainda 40 aprovações na Ufes, dos quais sete estudantes classificados entre os 10 primeiros em seus respectivos cursos. Já no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) foram 10 aprovações. Os matriculados no Sesi também conquistaram 19 aprovações em universidades públicas de outros estados e 243 aprovações em faculdades particulares.

ENTIDADES DEBATEM OPERAÇÃO DE AEROPORTOS REGIONAIS

Durante reunião do Conselho Temático do Desenvolvimento Regional (Conder) na Findes, a Federação das Indústrias, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento (Sedes) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-ES) decidiram pela formação de um grupo de trabalho junto às prefeituras dos municípios onde estão instalados os aeroportos regionais para reorganizar o plano aeroviário estadual. Coordenado pelo presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, e pelo presidente do Conder, Áureo Vianna Mameri, o encontro contou ainda com o diretor-geral do DER-ES, Halpher Luigi; a coordenadora de Aeroportos Regionais, Ketrin Alvarenga; e o subsecretário de Logística de Transporte da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Orlando Bolsanelo Caliman. Os presentes debateram os gargalos para economia e a realidade atual dos terminais. “Precisamos avançar na infraestrutura e na logística aeroportuária, o que garante aos industriais mais agilidade no processo de produção e vendas, além de ser um cartão de visita para atrair novos investimentos”, argumentou Guerra.

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Indústria

Caminho para superar a crise

por Thiago Lourenço

Indústria

União de esforços entre empresários e trabalhadores é caminho para recuperação da sustentabilidade dos negócios e dos empregos

O s últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), mostram o lado mais cruel da crise: o desem-prego recorde registrado no Espírito Santo, com uma taxa de 9,1% de desocupação no quarto trimestre de 2015.

As consequências sociais da maior recessão dos últimos 25 anos, combinadas a uma grave instabilidade política, só serão mitigadas a partir de uma palavra que é bastante conhecida pelos integrantes do Sistema Indústria: união. É no fortalecimento da relação entre industriais e industriários que reside a superação da crise econômica.

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“A sustentabilidade dos negócios e dos empregos é um objetivo comum, necessário a todas as partes, independentemente de porte, de setor, ou se é órgão público ou privado”Kátia Vasconcelos, presidente da ABRH-ES

A percepção da turbulência se intensifica à medida que as pessoas são por ela afetadas, o que vem acontecendo a partir do aumento do desemprego e do custo de vida. “Os resultados obtidos pelas empresas estão diretamente relacionados ao engajamento das pessoas, em todos os níveis hierárquicos. É uma relação em que todos ganham porque o que dá vida a uma empresa são justamente as pessoas. Mais do que nunca, este é o momento para que todos se unam. A sustentabilidade dos negócios e dos empregos é um objetivo comum, necessário a todas as partes, indepen-dentemente de porte, de setor, ou se é órgão público ou privado”, explica a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional Espírito Santo (ABRH-ES), Kátia Vasconcelos.

Segundo o estudo “Indústria Brasileira: da perda de competitividade à recuperação?”, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crescimento sustentável da competitividade está atrelado à elevação da produtividade. Entretanto, este não tem sido o quadro registrado no país. A produtividade efetiva do trabalhador industrial brasileiro se manteve em queda durante 10 anos, tendo fechado em baixa de 2% em 2014, depois de já haver amargado retração de 2,5% no período entre 2011 e 2014.

“Ocorre que nos últimos anos perdemos cultura, ética e oportunidades de desenvolvimento profissional em nome de uma relação trabalhista de proteção, sem o caminho da contrapartida. Enveredamos para o retrocesso. Acredito que no mérito reside o sucesso”, afirma o presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Haroldo Massa.

Na avaliação de Alcimar Candeias, superintendente adjunto da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Espírito Santo (SRT-ES), órgão vincu-lado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), é importante que as empresas cultivem boas relações com seus funcionários, independentemente do cenário nacional desfavorável. “O diálogo permanente possibilita Fonte: Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

Dicas para conquistar o comprometimento dos colaboradores

6. Estimule a troca de ideias e crie oportunidades para ouvir as pessoas. Evite eventuais críticas não construtivas.

1. Estabeleça um plano de carreira para que o funcionário consiga visualizar as possibilidades internas e, assim, investir no seu crescimento.

2. Crie um ambiente que permita ao colaborador desenvolver projetos com maior autonomia e novas competências.

3. Envolva os funcionários nos processos de decisão ou engaje-os em projetos em andamento, escutando suas sugestões de forma apreciativa.

4. Crie ações para melhorar o clima no ambiente de trabalho. Estimule a prática de esportes, promova campeonatos internos ou disponibilize áreas de lazer.

5. Crie um ambiente mais familiar, com confraternizações e happy hours, ou incentive o colaborador a contribuir com uma planta, fotos ou objetos que tornem o ambiente mais acolhedor.

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a criação de vínculos entre empresários e colaboradores.Quando esse envolvimento é construído no longo prazo, fica muito mais fácil obter resultados positivos ao expor a situ-ação para a equipe. Entretanto, se esta nunca chegou a ser uma diretriz para a administração, é difícil cultivá-lo em meio a um panorama de instabilidade”, destaca.

Kátia aponta que a comunicação entre diretoria e funcio-nários precisa ser objetiva e transparente, sem apresentar-se alarmista. “Isso só geraria medo. O importante é estar sempre otimista, oferecendo às pessoas uma visão de futuro. A verdade precisa ser dita, mas sem criar uma sensação de desânimo, porque senão as pessoas não sairão do lugar justamente no momento em que é preciso mais atitude. É fundamental que haja uma maior integração, porque o bom trabalho é aquele que gera crescimento para todo mundo”, garante a presidente da ABRH-ES.

Nesse sentido, Haroldo Massa sugere que um caminho útil para a divulgação das dificuldades são as reuniões mensais ou quinzenais de grupos de trabalho. “Recomendo muito cuidado na forma, pois a verdade deve ser a única regra. Não valem a partidarização ou a tendência para qual-quer lado. O foco deve ser único, a empresa”, alerta.

Apostar no diálogo foi justamente o comportamento adotado pela Konyk, empresa do setor de confecções sediada em Vila Velha. No final do ano passado, a diretoria resolveu reunir todo o seu time de colaboradores para informar a realidade da companhia e suas metas para os próximos anos. “Com o agravamento da situação econômica do país, tivemos um diálogo franco com os nossos profissionais para discutir as nossas metas, expor a situação que enfrentamos e reforçar nosso compromisso com eles”, conta o diretor comercial, Jose Carlos Bergamin Filho.

Para o executivo, o fato de a organização possuir um bom relacionamento com seus empregados foi de grande ajuda nesse momento de superação de percalços. “Nossa preocupação sempre foi manter os cerca de 250 postos de trabalho que geramos, tanto na área industrial, quanto nas lojas próprias espalhadas por todo o Estado. Dessa forma, estamos conseguindo atravessar a crise sem reduzir o quantitativo de funcionários porque acreditamos que esta deva ser a última decisão tomada pelo empresário”, acrescenta.

Reunir o quadro pessoal para um bate-papo informal, em que todos têm a oportunidade de expor suas dúvidas e preocupações, é um procedimento que vem dando certo para a Konyk. De acordo com o gerente industrial, Marco Aurélio Lovatte, a equipe recebeu de forma muito positiva as informações prestadas pela diretoria e tem se empenhado para alcançar bons resultados. “Foram duas conversas, uma no ano passado e outra logo no começo de 2016. Como já havia um canal de diálogo aberto entre todas as esferas da empresa, todos entenderam a gravidade da situação e passaram a se empenhar ainda mais para o sucesso do negócio. O resultado é perceptível no ambiente de trabalho, e até mesmo as faltas caíram”, revela.

Transparência que gera engajamento“Sem cultivar uma relação de transparência, pode

haver calamidade dentro do negócio.” Essa é a visão do gerente administrativo e de Recursos Humanos da Morar Construtora, Sidcley Gabriel da Silva, ao avaliar o impacto que as notícias sobre o agravamento da crise financeira podem causar para os funcionários. “Imagine como está a cabeça de qualquer pessoa do mercado de trabalho hoje, com informações sobre o aumento do número de demissões. Isso gera uma insegurança tremenda para todos, que na maioria das vezes são pais de família e precisam prover o sustento da casa. Quando não há uma relação próxima, sem um posicionamento da empresa e uma visão clara da estra-tégia do negócio, o profissional fica sem saber como ajudar, mesmo que esteja disposto a não fazer parte das estatísticas de desemprego”, ressalta.

Para Sidcley, não esclarecer para o contratado qual a estra-tégia que está sendo adotada no negócio obriga-o a conviver com o temor de ser demitido a qualquer momento, o que afeta diretamente a sua produtividade. “É nosso papel reco-nhecer a existência da crise e indicar quais caminhos queremos percorrer para superá-la. Nesse período, é preciso contar com a contribuição de todos, olhando para a mesma direção e com o mesmo objetivo. A empresa é um organismo

“A verdade deve ser a única regra. Não valem a partidarização ou tendência para qualquer lado. O foco deve ser único, a empresa”Haroldo Massa, presidente do Consurt/Findes

“Estamos conseguindo atravessar a crise sem reduzir nosso quantitativo de funcionários porque acreditamos que esta deva ser a última decisão tomada pelo empresário”

Jose Carlos Bergamin Filho, diretor comercial da Konyk

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“O diálogo permanente possibilita a criação de vínculos entre empresários e colaboradores. (...) Entretanto, se essa nunca chegou a ser uma diretriz para a administração, é difícil cultivá-lo em meio a um cenário de instabilidade”Alcimar Candeias, superintendente adjunto da SRT/ES

vivo, composta por pessoas, e ninguém sobrevive sozinho. Caminhando juntos, é possível enfrentar essa instabilidade, que certamente vai passar e em breve voltaremos a crescer como nos últimos anos”, acrescenta.

A informação tem sido uma aliada da Morar Construtora no trato com os funcionários durante esta recessão econô-mica. A companhia tem efetuado palestras em que mostra para os colaboradores as ações que eles podem realizar

“A empresa é um organismo vivo, composta por pessoas, e ninguém sobrevive sozinho. Caminhando juntos, é possível enfrentar essa instabilidade, que certamente vai passar e em breve voltaremos a crescer como nos últimos anos”

Sidcley Gabriel da Silva, gerente administrativo e de Recursos Humanos da Morar Construtora dentro de casa para buscar economia, alterando hábitos de consumo. O objetivo é que eles repliquem essas atitudes dentro da organização, trazendo para o ambiente de trabalho a mesma preocupação que demonstram em suas residências.

Um exemplo indicado por Silva, da Morar, é a redução dos descartes desnecessários. No exercício de sua atividade, o trabalhador passa a perceber que materiais desperdi-çados podem contribuir também com sua empregabilidade. “Isso não pode ficar só na cabeça do gestor, precisa estar alinhado com todos os que compõem a organização. Por isso, fazemos questão de ser transparentes com nossos cola-boradores”, reforça.

Em 2015, a construtora foi eleita pelo prêmio IEL/ABRH-ES como a melhor empresa para se traba-lhar no Espírito Santo, na categoria Grande Empresa, em reconhecimento por suas práticas na área de gestão de pessoas. “Entendemos que o trabalho vai muito além da atividade que é prestada. Por isso, a Morar realiza diversas ações para o desenvolvimento, a capaci-tação, o engajamento e o envolvimento dos profissionais. São programas de aprimoramento para líderes e demais colaboradores, um processo de recrutamento estruturado para todos os níveis e ainda uma preocupação com o clima organizacional”, detalha o gerente.

As ações na área de Gestão de Pessoas ultrapassam as barreiras corporativas e envolvem também os familiares. “São programas sociais realizados nos nossos canteiros de obras, com a prestação de serviços médicos e odontológicos, visitas às residências dos funcionários por meio de projetos como o Olho Vivo e o Kit Bebê, além da participação nos resultados da empresa. Neste momento de crise, há coisas que não podem ser mudadas, como o valor dos salários. E nem é esse o propósito. É preciso oferecer subsídios que envolvam o profissional e o engajem no nosso negócio. Com o mercado em recessão, existe uma necessidade de se preocupar em gerar mais retorno para a organização, porque o resultado da coletividade passa a ser a principal prioridade. Quando todos contribuem, naturalmente todos são reconhecidos”, conclui Sidcley.

Comportamentos que o funcionário deve adotar no trabalho

Proatividade. As empresas precisam de funcionários que se dediquem e se envolvam por completo nos processos, fornecendo boas sugestões para sua melhoria;

Flexibilidade. É preciso se adequar às mudanças, recebê-las de prontidão, e se adaptar quando novas situações surgem. Isso significa estar aberto ao diálogo, saber ouvir críticas e estar disposto a melhorar;

Trabalhe em equipe. É muito raro que um trabalho seja feito por apenas uma pessoa; o time precisa estar em sintonia para que tudo seja executado em menos tempo e com qualidade;

Criatividade. O trabalhador precisa estar envolvido com sua função e apresentar formas criativas de executá-la melhor;

Evite faltas e atrasos. Faltas ou atrasos com frequência mostram que o funcionário é uma pessoa com que a empresa nunca poderá contar e assim ele jamais conseguirá crescer na organização. Se possível, avise previamente a empresa que você faltará e tente repor as horas não trabalhadas;

Cumpra suas obrigações de trabalho. Funcionários que deixam o tempo passar até terminar o horário de expediente e atrapalham à serviço alheio não são bem-vistos;

Seja educado. Tratar os outros com educação, cordialidade, gentileza e respeito é fundamental.

Fonte: Emprego Ligado

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Especial

O peso da corrupção no Brasil

por Ana Lúcia Ayub

Especial

Além de desviar de R$ 171 bilhões a R$ 285 bilhões por ano no país, a prática equivale a 7,6% do investimento produtivo na economia

É fácil entender os danos que a corrupção causa para o desenvolvimento de um país. A prática criminosa eleva em até 10% os custos dos negócios globalmente,

de acordo com pesquisa do Banco Mundial. E, apesar da dificuldade para se mensurar o montante que tais atos ilí-citos movimentam no Brasil, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estimou o custo médio entre 1,38% e 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto), isto é, de R$ 171 bilhões a R$ 285 bilhões entre 2012 e 2014. Para se ter uma ideia, só com o valor de R$ 171 bilhões seria possível equipar e prover material para 440 mil escolas das séries iniciais do ensino fundamental, com capacidade para 600 alunos cada.

“A corrupção é, provavelmente, uma das mais perni-ciosas formas de deterioração social, porque ela lança seus efeitos em praticamente todos os setores. Não só representa uma relação que deturpa todo o tecido social, mas também impede que recursos valiosos cheguem aos setores mais carentes da sociedade”, explicou o procurador da República no Espírito Santo, Ercias Rodrigues de Souza.

Nos últimos 10 anos, segundo cálculos da Fiesp, foram desviados dos cofres brasileiros R$ 720 bilhões. Nesse período, a Controladoria-Geral da União (CGU) fez auditorias em 15 mil contratos da União com estados, municípios e ONGs, encontrando irregularidades em 80% deles. Nesses docu-mentos, a CGU flagrou rombos de R$ 7 bilhões – o que

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O peso da corrupção no Brasil

“A corrupção no Brasil é uma atividade com possibilidades de ganhos excepcionais. Nós queremos que ela passe a não compensar e que as pessoas possam medir os riscos a partir de punições mais duras”Ercias Rodrigues de Souza, procurador da República no ES

significa que a cada R$ 100 roubados, apenas R$ 1 é desco-berto. Dos R$ 7 bilhões, o Governo conseguiu recuperar pouco mais de R$ 500 milhões. Uma pedra de gelo na ponta de um iceberg.

A verdade é que os valores escoados da receita pública são incalculáveis, afinal, fraudes não emitem recibo. Mas, independentemente da inexatidão da cifra extraviada, a vazão no Orçamento nacional é enorme e afeta a todos. O dinheiro, que deveria garantir melhor ensino, estruturas de saúde adequadas, aparatos de segurança que realmente protejam as famílias, estradas, portos, aeroportos, ferrovias, hidrovias que comportem as necessidades da sociedade e da economia do país, vai parar em contas bancárias no exterior e sustenta o luxo de particulares. Triste realidade.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcos Guerra, a corrupção provoca uma forte indignação na população porque, no final, é ela quem acaba pagando a conta. “O cidadão já trabalha cinco meses por ano só para pagar impostos, o que lhe consome 41% da renda anual, e além de o Executivo não prestar os serviços adequados em saúde, segurança, educação e saneamento, a corrupção desvia recursos que deveriam ser investidos em vários setores da sociedade. Os danos são irreparáveis para a nação, e a conta acaba sendo paga pelo cidadão, que tem de arcar com mais impostos para abastecer a corrupção”, explica.

Corrupção afeta competitividadeO que se percebe é que, quanto menor a corrupção,

maior tende a ser a competitividade nacional. Países com maior efetividade da administração pública e

Estimativa do custo da corrupção no país de 2012 a 2014

R$ 171 bilhões

1,39% do PIB 2,3% do PIB

R$ 285 bilhões

Fontes: Fiesp

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Especial

Na disputa por mercados, o país preenche a 75ª posição entre as 140 economias analisadas no Relatório Global de Competitividade divulgado em 2015. A Suíça ostenta o melhor ambiente para negócios, liderando a relação pelo sétimo ano seguido. No ranking da corrupção, é a 6ª que menos registra esses delitos no planeta. A Dinamarca, o país menos corrupto do mundo, ocupa no 12º posto em competitividade.

Combater as práticas desonestas é o primeiro passo para conter o crime organizado e também para criar institui-ções sólidas. No Brasil, escândalos de corrupção no sistema político, como o “mensalão” e os denunciados pelas opera-ções Sanguessuga, Lava Jato e Zelotes, vêm causando intenso abalo. E, apesar da complexidade burocrática da estrutura pública, é fato que houve progresso nesse campo.

Desde a Constituição de 1988, os procuradores do Ministério Público (MP) podem agir de forma indepen-dente na fiscalização de políticos e funcionários públicos. Há órgãos atuantes na averiquação das contabilidades esta-tais, como a CGU e os tribunais de contas. O Ministério Público Federal (MPF), por exemplo, apura hoje, no Brasil, 26 mil casos suspeitos de corrupção.

Principal motor da corrupção: impunidadeMas o avanço não foi suficiente para derrotar o principal

motor desses nefastos desvios: a impunidade. Quando apenas sete de cada 100 suspeitos vão para a cadeia, fica difícil para um corrupto imaginar que ele poderá sofrer sanções por seus crimes. Condená-los a penas severas na Justiça é o passo seguinte – e é nesse ponto que o Brasil tem falhado.

“A corrupção no Brasil é uma atividade com possi-bilidades de ganhos excepcionais. Nós queremos que ela passe a não compensar e que as pessoas possam medir os riscos a partir de punições mais duras. A pena mínima é de dois anos. O Ministério Público Federal, com a campanha ‘Dez Medidas Contra a Corrupção’, está propondo que passe para quatro anos e que seja crescente nas fraudes envolvendo grandes valores, até chegar próximo às penas de homicídio. Defende também mecanismos que assegurem rapidez e efetividade na recuperação dos valores desviados e implementação de instrumentos que tornem o processo penal mais rápido, com menos recursos protelató-rios”, afirmou Ercias Souza.

Para o antropólogo Roberto DaMatta, a impunidade é apenas uma parte do problema, pois a sociedade vive calcada nas relações pessoais e familiares, cuja base não está alicerçada no “princípio de cidadão, e sim na relação que ele tem com o poder, seja o macropoder do Estado ou seja o micropoder do cotidiano”. Na sua opinião, a política precisa legitimar-se a partir da noção de uma atividade dirigida ao bem comum. “É preciso rediscutir os direitos e os deveres dos agentes polí-ticos e só então estabelecer as punições para quem se utiliza indevidamente dos recursos públicos”, argumenta.

“A impunidade é apenas uma parte do problema. A sociedade vive calcada nas relações pessoais e familiares, cuja base não está alicerçada no princípio de cidadão, e sim na relação que ele tem com o poder”Roberto DaMatta, antropólogo

ES é o primeiro a aplicar Lei Anticorrupção

Pela primeira vez no país, uma empresa é condenada no âmbito estadual com base na Lei Anticorrupção (Lei 12.846). O estado precursor é o Espírito Santo, que aplicou sanção prevista na norma a uma microempresa, a William de Andrade Bullerjahn, por “perturbar” um processo de licitação. Após vencer o pregão eletrônico, a companhia não apresentou os documentos exigidos para habilitação e assinatura do contrato, retardando a formalização do acordo e, consequentemente, a execução do serviço que o Estado pretendia contratar. A multa é de R$ 6 mil. Mas ainda cabe recurso.

A condenação foi baseada no artigo 5º, inciso IV, alínea b da Lei 12.846, segundo o qual constituem atos lesivos à administração pública “impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público. Apesar de não ser um caso típico de corrupção, o secretário de Estado de Controle e Transparência, Marcelo Zenkner, afirma que a norma também veio para fomentar a boa administração. “A lei pretende cultivar a integridade no meio empresarial e negocial, fazendo com que as empresas sejam mais responsáveis ao contratar com o poder público para que este, por sua vez, possa ser mais eficiente e prestar serviços públicos de melhor qualidade”, afirmou.

Fonte: Secont ES

leis mais eficazes apresentam reduzidos níveis dessas práticas. É o caso da Dinamarca, que ocupa o primeiro lugar como nação menos corrupta do planeta, segundo o Índice de Percepção da Corrupção de 2014 elaborado pela Transparência Internacional. Já o Brasil aparece em 69° entre as 175 colocações nessa lista.

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“Os danos são irreparáveis para a nação, e a conta acaba sendo paga pelo cidadão, que tem de arcar com mais impostos para abastecer a corrupção”

Marcos Guerra, presidente da Findes

O que poderia ser feito com o dinheiro desviado

Educação

As vagas no ensino fundamental público saltariam de 34,5 milhões para 51 milhões – um aumento de 47%.

Saúde

Nos hospitais do SUS, os leitos para internação (hoje 321,6 mil) poderiam crescer 89% – 286,2 mil vagas a mais

Saneamento

O número de domicílios atendidos, segundo o IBGE, é de 41,9 milhões, e poderia subir 103,8%, reduzindo doenças e a mortalidade infantil.

Infraestrutura

Os 2.518 km de ferrovias, conforme as metas do PAC, cresceriam 525% (13.230 km). Os 19 portos que o país possui poderiam ser 184, um incremento de 973%. Além disso, com o montante desviado poderiam ser construídos 277 novos aeroportos – alta de 462%.

Das 607,7 mil pessoas que superlotam as unidades prisio-nais do país, somente 1.677 estão lá sob a acusação de terem praticado corrupção. Isso equivale a 0,28% do total de presos no Brasil, ou seja, 99,7% da população carcerária respondem por outros tipos de crimes, segundo o último relatório do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça.

Operação Lava JatoOs dados mais recentes do Governo são anteriores à

devassa da Operação Lava Jato faz no meio político e nas maiores empreiteiras do país. Mas a tendência é que as prisões determinadas pelo juiz Sérgio Moro apenas façam traço nas estatísticas penitenciárias.

A força-tarefa, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, colocou na cadeia executivos das mais impor-tantes empreiteiras do Brasil, e 53 políticos, incluindo deputados federais, senadores e dois governadores, se tornaram alvo de investigação do Ministério Público. Cerca de 500 pessoas e empresas estão na mira por envol-vimento no esquema.

Conforme o MP Federal, ainda não há uma estima-tiva oficial de quanto foi desviado dos contratos na estatal.

Mas o cálculo aproximado é de que a cifra tenha sido da ordem de R$ 14,5 bilhões. Destes, R$ 2,9 bilhões já foram recuperados, por meio de acordos de colaboração.

Responsável pela condução da Lava Jato em primeira instância, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, disse estar “decepcionado” com a falta de respostas institucionais do Congresso Nacional e do Governo Federal para os problemas decorrentes da corrupção no país, apesar do impacto das revelações das averiguações. A afirmativa foi feita durante o 9º Fórum da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), realizado no final do ano passado, em São Paulo.

Segundo ele, a operação, que ainda está em anda-mento, mostrou “indícios de corrupção sistêmica, profunda e penetrante no âmbito da administração pública”. “O processo tem ido bem, mas não posso assegurar o dia de amanhã. Do ponto de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção, existe um deserto”, disse o magistrado, que desde o ano passado defende, em parceria com a Associação de Juízes Federais (Ajufe), uma série de reformas legislativas para dimi-nuir a impunidade e melhorar procedimentos de combate à corrupção no país.

Para Moro, só as reformas necessárias permitirão que inves-tigações não sejam tratadas como “casos extraordinários”, mas “de maneira ordinária nas Cortes de Justiça”.

Lei AnticorrupçãoA corrupção não é um “privilégio” só da classe política, mas

pouco ainda é comentado a respeito dos impactos da parti-cipação da iniciativa privada nessa questão. E apesar de a Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013) ter sido editada em 2013 – embora só tenha sido regulamentada em 2015 –, o seu conteúdo ainda é desconhecido pelos executivos brasileiros.

Fontes: Sindjufe/Fiesp/IBGE

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Especial

A lei passa a punir as empresas pela prática de atos lesivos contra a administração pública nacional ou estrangeira. Até então, as penas eram direcionadas apenas à pessoa física. Processavam-se o funcionário, o dirigente público, e a empresa ficava impune. Agora, ela será punida de forma objetiva, não importa se tinha ou não conhecimento das falcatruas.

“Ao entrar no ciclo da corrupção, o empresário não se dá conta dos riscos que traz para o seu negócio”, alertou a advo-gada Nara Borgo, especialista em Direito Penal Econômico pela Universidade Castilla (Espanha). “Prova disso é que uma pesquisa realizada pela KPMG aponta que 83% dos empre-sários brasileiros desconhecem o conteúdo e o funcionamento da Lei nº 12.846/2013”, completou ela.

Um dado preocupante, segundo a advogada, é que, de acordo com estudo feito pela Global Fraud Survey, cerca de 12% dos executivos brasileiros admitiram estar dispostos a pagar propinas para conseguir ou manter um negócio. “Globalmente, 15% dos empresários admitiram que pagariam propina para a mesma finalidade, mas esse percen-tual deve ser muito maior, pois a maioria não admite tal prática”, afirmou.

Os riscos do envolvimento das empresas com a corrupção são muitos, como apontou Nara Borgo: perdas econômicas, responsabilização da companhia e dos administradores, despesas com litígio, reação negativa do mercado e ausência de novos investimentos. Agora, as empresas envolvidas em fraudes serão alvos de processos e podem pagar multa de 0,1% a 20% do faturamento anual bruto. Quando não for possível calcular essa receita, o juiz vai estipular o valor, que pode variar entre R$ 6 mil e R$ 60 milhões. Além da multa, a organização passa a fazer parte de uma “lista suja”, impedida de firmar contratos públicos. Em alguns casos, a Justiça pode até determinar até o seu fechamento.

Na opinião do presidente da Findes, Marcos Guerra, a legislação tem que penalizar tanto o corrupto como o corruptor. “Pela lei, a responsabilização da empresa não exclui a dos dirigentes. Se um funcionário de uma empresa cometer algum ilícito, o presidente também responderá pelo ato.

O mesmo tem que acontecer na esfera pública. Se um funcio-nário de um ministério, por exemplo, comete uma atitude lesiva, está sujeito a ser punido, mas o ministro pode ficar ileso. Isso não pode ocorrer, e o ministro tem que ser responsabili-zado também. Todos, igualmente, têm que ser punidos”, disse.

Diante da regulamentação, das pesadas multas e do destaque que o combate à corrupção adquiriu, todas as empresas devem estar preparadas para assegurar que as suas práticas estejam em conformidade com a plena aplicação da legis-lação e para atuar em um ambiente de maior transparência e lisura. Segundo Nara, pela nova lei, as companhias terão que se preocupar com a criação de um setor de “ética empresarial” para prevenir internamente os riscos de se envolverem em atos de corrupção – processo conhecido pelo mercado como compliance (observância).

Entre as ações importantes a serem mantidas pelas orga-nizações, estão a aplicação de códigos de ética e de conduta, auditorias, políticas e programas de conformidade efetivos, e incentivos à denúncia de irregularidades, com o obje-tivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública. “Além de auxiliar na prevenção de envolvimento em atos de corrupção, os programas são importantes para os casos em que as empresas forem condenadas por atos fraudulentos, pois servirão como importante fator para atenuar as pena-lidades que possam recair sobre elas”, conclui a advogada. Pelo visto, a nova Lei Anticorrupção é um passo muito importante para o Brasil, mas é só o começo de um caminho longo pela frente.

“Só as reformas necessárias permitirão que investigações como a Lava Jato não sejam tratadas como casos extraordinários, mas de maneira ordinária nas Cortes de Justiça”

Sérgio Moro, juiz da 13ª Vara Federal

“Cerca de 12% dos executivos brasileiros admitem que pagariam propina para realizar ou manter um negócio, mas esse percentual deve ser muito maior, pois a maioria não admite tal prática” - Nara Borgo, advogada

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Indústria

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C erca de 50 mil atendimentos por ano serão realizados na nova unidade do Sesi Saúde, inaugurada em Colatina no último dia 3 de março. Esse é mais um

importante passo dado pelo Sistema Findes para melhorar a qualidade de vida do trabalhador das indústrias de toda a região noroeste do Estado. A solenidade contou com a presença de autoridades empresariais e políticas, como o governador Paulo Hartung.

O investimento é de cerca de R$ 1,5 milhão, numa estru-tura que ocupa 766,25 metros quadrados de área construída

para atender aos municípios de Colatina, Baixo Guandu, Governador Lindenberg, Marilândia, Pancas, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha, São Roque do Canaã e Vila Valério. Apesar de as ações terem foco nos trabalhadores da indústria e seus familiares, a sociedade em geral também será beneficiada com a prestação de serviços a preços mais em conta. Entre as especialidades oferecidas estão medi-cina do trabalho, psicologia, fonoaudiologia, odontologia, além de exames como audiometria, espirometria, acuidade visual e eletrocardiograma.

Mais qualidade de vida para industriários de Colatina e região

Solenidade contou com a presença de autoridades empresariais e políticas,

como o governador Paulo Hartung

Com a inauguração da nova unidade do Sesi Saúde, serão realizados 50 mil atendimentos por ano

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O Sesi Saúde de Colatina é o terceiro aberto pelo Sistema Findes, que antes já havia entregue as unidades de Vitória e Laranjeiras. Os próximos municípios contemplados serão Cachoeiro de Itapemirim e Linhares. “A escolha dessas cidades é precedida de dois fatores principais. Um é a carac-terística da gestão do presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra de atender a todo o Estado. Para falar em interio-rização do desenvolvimento, é preciso garantir que todos os serviços cheguem ao interior. O outro é a realização de pesquisas, que reforçaram a importância dos polos industriais dessas regiões”, explica o diretor regional do Senai-ES e supe-rintendente do Sesi-ES, Luis Carlos Vieira.

Especialidades do Sesi Saúde:

O foco do Sesi Saúde de Colatina são os trabalhadores das indústrias da região e seus dependentes, mas a população em geral também pode utilizar os serviços, contando com preços acessíveis. Conheça as especialidades:

• Medicina do trabalho• Medicina assistencial, com os seguintes profissionais:

clínico geral, dermatologista, cardiologista, oftalmologista, otorrinolaringologista e ortopedista

• Fonoaudiologia• Psicologia• Nutrição• Odontologia: endodontia e periodontia• Exames de audiometria, espirometria, acuidade visual,

eletrocardiograma, radiologia e análises clínicas• Credenciamento de laboratórios locais

para alguns serviços

Marcos Guerra destaca que atuar na área da saúde é uma das missões do Sesi. “É onde nós podemos fazer mais diferença e contribuir com a administração pública – afinal, saúde custa muito caro. Além de todos os exames e serviços oferecidos, um dos nossos focos é fazer medicina e segurança do trabalho, realizando ainda ações de prevenção de doenças ocupacionais e todos os exames necessários para demissão e admissão de funcionários”, conclui.

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D esde o dia 3 de março, as empresas que atuam no setor frigorífico do Espírito Santo contam com um importante apoio para superar um dos principais

gargalos da atividade: a falta de profissionais qualificados. É que naquela data foi inaugurada a Unidade Móvel Frigorífica, projeto que recebeu investimento de R$ 2,5 milhões realizado pelo Sistema Findes, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Com a estrutura, os alunos interessados em ingressar nesse mercado de trabalho contarão com um labora-tório completo. “É um minifrigorífico que ofecerá cursos in company para um setor muito forte no Estado. Contribui com a redução de custos, já que hoje os funcio-nários acabam sendo treinados dentro da própria empresa, além de minimizar impactos com acidentes durante o

Senai-ES inaugura Unidade Móvel Frigorífica

Projeto recebeu investimento de R$ 2,5 milhões e é realizado pelo

Sistema Findes, por meio do Senai

Com layout totalmente inédito, estrutura foi criada junto a empresários da região para atender à demanda por qualificação de mão de obra em todo o Estado

Cursos da Unidade Móvel Frigorífica

Conheça algumas das capacitações que serão oferecidas para a população na Unidade Móvel Frigorífica de Colatina:

• Afiador (facas, cutelos etc) • Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)• Anatomia Bovina, Suína e Avícola (tipos de cortes)• Boas Práticas de Fabricação (BPF)• Cortes Especiais para Bovinos, Suínos e Aves• Fabricação de Embutidos• Fabricação de Hambúrgueres• Fabricação de Nuggets• Magarefe

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treinamento”, destaca o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra.

Cursos com carga horária variável, de 20h a 260h, serão oferecidos para o setor alimentício de corte de aves, bovinos, suínos, caprinos e ovinos. A capacidade é para atender 12 alunos por turno, por meio de programas que serão focados tanto na formação inicial quanto no aperfeiçoamento e na qualificação profissional.

Entre os cursos específicos para o segmento, estão os de Magarefe e Cortes Especiais para Bovinos, Suínos e Aves, além de outros chamados transversais, entre os quais Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).

Para o diretor regional do Senai-ES e superinten-dente do Sesi-ES, Luis Carlos Vieira, a participação do Sindicato da Indústria do Frio do Espírito Santo (Sindifrio) no projeto representa uma mudança de paradigma. “Isso contribuiu para a criação do layout, a escolha das tecnolo-gias e das áreas contempladas, com a definição dos currículos e dos programas dos cursos, além da contratação da profissional que atua na unidade”, esclarece.

O presidente do Sindifrio, Elder Marim, destaca que a inserção das indústrias frigoríficas nos treinamentos do Senai-ES é importante para a área, carente de treinamentos

específicos. “Hoje o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior produtor. No Estado, nosso sindicato possui 20 indústrias associadas e um total de 50 frigoríficos. A Unidade Móvel Frigorífica certamente será mais uma ferramenta para fortalecer o associativismo em nosso setor”, finaliza.

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Especial

A chegada da indústria inteligente

por Lui Machado

Inovação

Com máquinas autônomas que “dialogam” entre si, indústria 4.0 pode pautar a mudança do setor e a relação de trabalho nos parques industriais nos próximos anos

U m parque industrial com máquinas totalmente inteligentes. Mais que isso, capazes de verificar um problema, apontar a solução e, eventualmente,

aplicá-la por conta própria, utilizando-se de centenas de milhares de sensores que atuam ao mesmo tempo, trocando dados entre si. É esse o cenário posto com a chegada da quarta revolução industrial, ou da assim chamada “indústria 4.0”.

O conceito se refere a uma evolução do processo de produção, que utiliza sistemas ciberfísicos e a ideia de “internet das coisas”, que conecta objetos e computadores à web. Isso permite tornar as operações mais inteligentes e autônomas, possibilitando que decisões sejam tomadas pelas próprias máquinas das fábricas, diminuindo os custos, melhorando a produção e aumentando a competitividade.

O panorama apresentado pode parecer coisa de filme de ficção científica, mas não só corresponde a um futuro

“Estamos entrando em uma fase na qual a indústria que não chegar nesse nível de automação dificilmente conseguirá se sustentar no mercado nos próximos 10 anos”

Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes

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“Eu penso que as empresas maiores vão entrar primeiro, principalmente as automobilísticas, a aeroespacial e a da saúde. As fabricantes de equipamentos também já estão muito perto disso” André Gomide, presidente da CDV

de Inovação e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo.

Segundo ele, não há tempo a perder e a ordem é entrar “de cabeça” nessa nova onda de automação e inovação. Fortalecer novamente o setor de acordo com o conceito de indústria 4.0 seria mais que uma questão estratégica; seria crucial para a competitividade, por mais complicado que seja este momento de turbulência.

Para Maia, o momento de investir é hoje, enquanto a economia mundial ainda patina. “Em épocas de crise, temos que dar um salto. Você precisa aproveitar para repensar e renovar suas ações. Se ficarmos esperando, aí sim, ficaremos para trás, não só dos países desenvolvidos, porque eles já estão na nossa frente há muito tempo nesse sentido, mas também entre os emergentes. Não podemos ficar tão atrás em competitividade com relação a eles”, afirma.

Para o presidente do Sistema Findes, Marcos Guerra, manter-se atualizado é uma questão de pura sobrevivência. “Estamos entrando em uma fase na qual a indústria que não chegar a esse nível de automação dificilmente conseguirá se sustentar no mercado nos próximos 10 anos”, analisa.

De fato, às indústrias brasileiras não resta outra alterna-tiva senão investir na automação. Afinal, o caminho para essa evolução industrial já está posto e não deve demorar a ser seguido por nações cuja economia é de porte parecido com a do Brasil, como os BRICS. Os mais desenvolvidos, como França, EUA e Alemanha (primeiro a conceituar essa nova fase indus-trial), já iniciaram essa trajetória.

O desafio, entretanto, é enorme. Para Marcos Guerra, os principais e maiores entraves são de infraestrutura e polí-tica de inovação. Segundo ele, o setor precisa cobrar maior transparência por parte do Governo Federal, bem como mais investimentos em logística e energia.

É o que também afirma o presidente da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), André Gomide, ao citar a existência de etapas a serem implementadas e desenvolvidas antes. “Precisamos de investimentos em infraestrutura, que tem de ser totalmente otimizada. Para isso, é preciso ter capital de

próximo, como também é considerado o caminho para reposicionar e fortalecer a indústria brasileira em termos de competitividade.

Afinal, não é novidade para ninguém que o setor vem passando por um processo de desaceleração ao longo das últimas décadas. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015 a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu para menos da metade do que era em 1981. Se há 30 anos, a produção do segmento representava quase 22% do cresci-mento econômico, em 2015 chegou a apenas 9%.

A alta carga tributária, a burocracia e a falta de investi-mentos para solucionar problemas crônicos em logística e transporte são apenas alguns dos motivos apontados para a queda dessa contribuição. “Nas últimas duas décadas, o Brasil focou muito a produção de commodities e deixou de lado a indústria de transformação. Deixou de fazer investimentos importantes, que seriam fundamentais para aumentar nossa competitividade. A indústria extrativa cresceu muito nos últimos anos, mas a de transformação perdeu dinamismo nesse mesmo período”, frisa o econo-mista Orlando Caliman.

Se a primeira década dos anos 2000 representou um período de ouro para o Brasil, com o preço de commodities como minério de ferro e petróleo bruto em alta, hoje o ciclo parece ter chegado ao fim. Com as sucessivas quedas no valor das commodities minerais no mercado mundial, agravadas pela desaceleração chinesa, e ainda com a sua própria crise política e econômica interna, talvez seja hora de o país dar início a um novo ciclo. É o que argumenta Osvaldo Lahoz Maia, gerente

O que será exigido na indústria 4.0

Formação especializada e multidisciplinar: A formação multidisciplinar deverá ser necessária, uma vez que, com procedimentos mais efetivos, os funcionários poderão refletir sobre novas maneiras de gerar riquezas. “Será mais necessário um conhecimento profundo de software e informática. Você ainda vai precisar do profissional de engenharia e produção, mas a parte de tecnologia e informação ocupará um papel cada vez mais central na indústria”, projeta Franco Machado, diretor do Sindinfo.

Cursos tecnológicos: Para uma formação que atenda às exigências da indústria 4.0, serão necessários mais cursos voltados para a área tecnológica. Aprender a usar softwares e programas específicos será fundamental para a indústria do futuro.

Crédito facilitado para investimentos: Não há como entrar na era da indústria 4.0 sem investir em máquinas mais modernas e, principalmente, em um complexo sistema de big data. Para isso, créditos menos onerosos para o setor seriam indispensáveis para incentivar as indústrias a investir em inovação.

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Inovação

giro, que é um problema estrutural, ligado à saúde financeira das empresas”, observa.

Nova relação de trabalho e formaçãoMas, afinal, o Brasil tem capacidade de mergulhar rapi-

damente nesse processo de modernização? Para Marcos Guerra, não só tem, como também já há exemplos de indús-trias no Estado que possuem nível de automação de primeira linha, dignas dessa nova era. “Temos o polo moveleiro de Linhares, que é bastante moderno, além das empresas de grande porte, como Fibria e Vale”, cita.

André Gomide sustenta que essa já é uma realidade muito próxima, mas apenas para as companhias de grande porte. “Eu penso que as maiores vão entrar primeiro, principalmente as automobilísticas, a aeroespacial e a da saúde. As fabricantes de equipamentos também já estão muito perto disso”, defende.

Vale ressaltar que, mais importante do que apenas comprar máquinas inteligentes que façam o trabalho, será o inves-timento na formação de pessoas que saibam desenvolver esses equipamentos ou mesmo operá-los. “É uma questão

de evolução”, alega o diretor do Sindicato das Empresas de Informática do Espírito Santo (Sindinfo), Franco Machado. “O homem não pode ficar fadado ao serviço repetitivo e a tendência é que no futuro esse tipo de trabalho seja completa-mente delegado às máquinas, principalmente em áreas como biotecnologia e robótica”, complementa.

Segundo ele, já é bem claro que o perfil dos trabalhadores da indústria, e até mesmo dos engenheiros, sofrerá mudanças profundas na próxima década. Para isso, entretanto, será preciso aperfeiçoar os profissionais de hoje e do futuro, o que tropeça em um gargalo antigo da área de TI: a formação e a capacitação. “Eu vejo isso com uma preocupação grande, porque as univer-sidades em geral não estão capacitadas. Os currículos de Engenharia mudaram muito pouco durante os últimos anos. É preciso modernizar os cursos e ter uma flexibilidade maior para que sejam inseridas neles as características regionais e as necessidades das empresas”, aponta Machado.

Um trunfo contra o gargalo crônico da falta de mão de obra qualificada é o Senai. Conforme Marcos Guerra, os cursos ofertados pela instituição podem ser uma porta de entrada de colaboradores que queiram se aprimorar em linha com o que há de mais moderno no momento. “O Senai tem feito um investimento pesado em máquinas, oficinas e laboratórios, que possuem uma estrutura igual ou melhor que as indús-trias mais atualizadas do país. Isso serve até como incentivo às empresas locais, as médias e pequenas, que não têm conse-guido fazer isso porque estão com sua margem de lucro reduzida”, afirma o dirigente.

A chegada da indústria 4.0 pode ser um norte ou um ponto de referência para retomar o crescimento da atividade. O caminho é longo, complicado, mas igualmente necessário para que o país volte a ter um setor competitivo, inovador e grandioso.

Diferenças entre as revoluções industriais ao longo dos anos:

Primeira revolução Baseada na introdução de equipamentos de produção mecânicos impulsionados por água e energia de vapor.

Simbolizado por: primeiro tear mecânico.

Segunda revolução Baseada na produção em massa, que se alcança graças ao conceito de divisão do trabalho e ao uso da energia elétrica.

Simbolizado por: primeira correia transportadora em um matadouro em Cincinnati-EUA.

Quarta revolução Baseada no uso de sistemas físicos cibernéticos (CPS).

Simbolizado por: indústria conectada e fábricas inteligentes.

Terceira revolução Baseada na utilização de eletrônica e informática (TI) para promover a produção automatizada.

Simbolizado por: primeiro controlador lógico programável.

1784 1870 1969 Atualmente

“O homem não pode ficar fadado ao serviço repetitivo, e a tendência é que no futuro esse tipo de trabalho seja completamente delegado às máquinas, principalmente em áreas como biotecnologia e robótica”

Franco Machado, diretor do Sindinfo

Fonte: Maxim Integrated

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Artigo

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E ncerrou-se o prazo para submissão de projetos de pesquisa ao Edital Fapes/Vale/Faperj. O documento prevê o

desembolso de R$ 16 milhões, igualmente distribuídos entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, dos quais R$ 8 milhões foram aportados pela Vale. Fapes e Faperj – funda-ções de amparo à pesquisa dos dois estados – arcam, cada uma, com R$ 4 milhões.

No Espírito Santo, foram protocoladas 38 propostas, totalizando um pleito de R$ 15,9 milhões, montante que supera em 98,8% a dotação de recursos sob a adminis-tração da Fapes. Não deixa de ser um reco-nhecimento de que o Edital foi bem acolhido junto à comunidade capixaba.

A maior oferta deu-se na área de “meio ambiente”, com 52,6% das inscrições, seguida por “logística” (27,9%), “pelotização” (11,7%) e “eficiência energética” (5,6%). No que diz res-peito às instituições proponentes, destaca-se a expressiva participação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com 71,1%.

O Edital reveste-se de grande relevo. Não só pelo significante volume de recursos disponibilizado para os grupos e as redes de pesquisa sediados em território capixaba, mas também pelo ineditismo e pela comple-xidade. As negociações para se chegar a um bom termo quanto ao escopo (temas de pes-quisa, subtemas e desafios a serem alcançados)

e aos critérios de pontuação foram exaustivas. As primeiras reuniões aconteceram ainda em 2011 e foram finalizadas nos meses iniciais de 2015. Neste particular, cabe destacar a visão estratégica e o empenho do professor Anilton Salles Garcia, então diretor-presidente da Fa-pes, amplamente reconhecida por ocasião do lançamento do documento, ocorrido em 19 de outubro do ano passado, no Palácio Anchieta, em presença do governador Paulo Hartung.

Trata-se de um plano de avanço do conhe-cimento em temas de interesse do Estado e da Vale, permitindo o aprofundamento do relacio-namento entre as comunidades de pesquisa do Espírito Santo e do Rio de janeiro, bem como entre ambas e a empresa. Os objetivos são o fortalecimento de grupos e redes já existentes e o surgimento de novas organizações desse tipo, para o estudo de temas pouco pesquisados no Espírito Santo, a exemplo de “pelotização”.

Importa salientar que, para a Fapes, ficou internalizado o aprendizado na construção de editais complexos, cuja competência foi devidamente utilizada na confecção do Edi-tal do PPE Agro, lançado recentemente, assim como o edital do Rio Doce, em parceria com a Fapemig.

Os projetos entram agora em fase de análise pelos comitês e pelos pareceristas. A divul-gação do resultado está prevista para 31 de maio deste ano.

Um investimento válido

JOSÉ ANTONIO BOF BUFFON é diretor-presidente da Fapes, economista e professor do Departamento de Economia da Ufes

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Especial

Sustentabilidade é foco em fábrica de biscoitos

por Roberto Teixeira

Sustentável

Líder em seu segmento, Kebis não se esquece da preservação ambiental e adota medidas sustentáveis, em acordo com as diretrizes das Nações Unidas

N as últimas décadas, no mundo dos negócios - cada vez mais alicerçado na utilização de recursos tecnoló-gicos -, conquistar o equilíbrio econômico, ambiental

e social com o uso consciente dos recursos naturais do planeta tem sido um dos maiores desafios das organizações. Mas esse é um processo em curso, que se torna cada vez mais inevitável e imprescindível para a sobrevivência de todos.

É preciso crescer empresarialmente, tendo, porém, o compromisso de deixar um mundo com melhor qualidade de vida para as futuras gerações. Dentro dessa ótica, a Kebis se apresenta como exemplo de uma empresa capixaba do ramo de biscoitos, líder em posicionamento e marca no segmento, que, para além do sucesso financeiro, está inserida nesse cenário de preocupação com a sustentabilidade.

Mudas de ipê-amarelo cultivadas em viveiro na empresa Kebis

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a Mata Atlântica. Por fim, os efluentes sanitários são coletados e destinados para a empresa Marca Ambiental, especializada em multitecnologias para o gerenciamento integrado de resí-duos, evitando, dessa forma, a poluição dos rios.

O confeiteiro da indústria, Adivan José, participa de todo o processo de reflorestamento. “Na empresa, verifico se as mudas estão atingindo o tamanho ideal, se a irrigação está adequada. Ajudo a cuidar desde a colheita das sementes até o plantio e a distribuição. Também já levei mudas para cultivar na minha propriedade”, explica. Para Adivan, trata-se de uma lição que passa para a família. “É preciso parar e olhar o que ocorrerá para a frente. Tenho uma filha de 4 anos, afilhados e sobrinhos que já agem pensando na preservação do meio ambiente”, comenta.

“Surgido em 2013, o projeto passou por fases como criação, laboratório, revisão, implantação e distribuição e já está total-mente disseminado dentro da empresa. Os colaboradores e os diretores o compreendem e o executam”, pontua o sócio-gerente da Kebis, Valter Braun.

Além disso, palestras de conscientização ambiental são promovidas em escolas, entidades e empresas, como também são recebidos, para visitas técnicas ao projeto, alunos e profes-sores de colégios e faculdades e funcionários de outras companhias. Vislumbrando a preservação da fauna, casinhas de canários são distribuídas em vários pontos do município de Domingos Martins.

O Projeto Economize adota as seguintes práticas para “ser economicamente viável”:

• Consumo consciente – Os funcionários são estimulados, por meio de palestras e capacitações, ao correto uso dos recursos utilizados pela empresa, como matérias-primas, água, energia, gás, papel, descartáveis, embalagens, telefone e combustíveis, dentre outros.

• Logística reversa – As caixas de papelão utilizadas retornam para a empresa, passam por um processo de inspeção e, se estiverem em perfeito estado, são reutilizadas. Caso não estejam em adequadas condições, seguem para Centros de Reciclagem.

• Caixas plásticas – Visando a minimizar o impacto ambiental, as caixas de papelão estão sendo substituídas pelas plásticas.

• Coleta seletiva – O lixo seco (latas, garrafas, baldes, plásticos, papel e papelão, entre outros materiais) é destinado de forma adequada, reduzindo assim o impacto ambiental.

“É preciso parar e olhar o que ocorrerá para a frente. Tenho uma filha de 4 anos, afilhados e sobrinhos que já agem pensando na preservação do meio ambiente”

Adivan José, confeiteiro da Kebis

A fábrica, inaugurada em 1994, adotou diversas práticas e projetos buscando trabalhar em consonância com os pilares da Organização das Nações Unidas (ONU) relativos à sustenta-bilidade: ser economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Apesar de só ter lançado oficialmente seu programa de sustentabilidade no dia 12 deste mês de março, há anos desenvolve ações e projetos nesse sentido.

Em um dos pilares da sustentabilidade, a Kebis se destaca ao desenvolver um processo de reflorestamento na região de montanha, onde está localizada a sede. Para isso, implantou o Projeto Natureza é Vida, em que cada funcionário ganha um pacote de biscoito por semana. Depois, ele é incenti-vado a trazer as sacolas vazias de volta, as quais são utilizadas para o cultivo de mudas de ipê-amarelo, planta escolhida por ser uma espécie nativa que, quando florida, lembra as cores estampadas na bandeira brasileira. O processo de produção de mudas é desenvolvido pela empresa junto com seus colabora-dores, consistindo em colheita da semente, preparo, semeadura e plantio nas sacolas devolvidas pelos funcionários.

Os ipês-amarelos vão para um viveiro e, após o período de crescimento, são distribuídos, buscando recompor e embelezar

Árvore de ipê-amarelo

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“Os danos ao meio ambiente no planeta são graves, e precisamos agir e fazer a nossa parte. Mostrar às pessoas que outros modelos de gestão são possíveis. Não é tudo pelo lucro. O principal é o respeito à vida. A ideia é que daqui a alguns anos a região onde a empresa está localizada, em Domingos Martins, tenha mais árvores, mais verde e mais beleza”, comenta o sócio-gerente da Kebis, Valter Braun.

Além disso, para esse propósito de sustentabilidade a Kebis também desenvolve os projetos Economize e Ser. Sob o ponto de vista social, o Projeto Ser - Sonhos, Estratégias e Resultados – conta com a interação dos públicos de interesse. “Para os colaboradores, oferecemos remuneração justa, inves-timos em treinamento, capacitações constantes e um pacote com vários benefícios: eventos de integração, passeios, parti-cipação nos lucros, seguro de vida, plano de saúde, assistência odontológica, dentre outros. Os fornecedores locais e os regio-nais são selecionados a partir dos critérios da sustentabilidade e fidelizados desde que cumpram essas premissas e a legislação vigente no país. Anualmente, também promovemos com os nossos colaboradores visitas a instituições como asilos e hospi-tais”, enumera Braun.

Para confirmar os pilares da ONU, o dirigente afirma: “Para ser culturalmente diversa, a empresa não faz acepção de reli-gião, cultura, raça, credo, sexo, idade dos colaboradores, clientes e público em geral”.

O Projeto Ser, inspirado na premissa “um exemplo vale mais que mil palavras”, desenvolve ainda ações como promoção de palestras em escolas, entidades e empresas e também recepciona clientes, escolas, faculdades e grupos de alunos para trabalhos escolares ou de conclusão de curso

Histórico da Kebis

Em 1847, famílias de imigrantes alemães que chegaram a Domingos Martins-ES trouxeram consigo suas tradições, que ainda hoje se manifestam na comunidade, como a de reunir os membros para produzir biscoitos caseiros, com ingredientes naturais, para as festas natalinas. As famílias realizavam essa tarefa durante a época do Natal e do inverno.

A senhora Adélia Kill, descendente desses imigrantes, fazia os biscoitos caseiros por décadas para moradores e turistas da cidade. Com o intuito de preservar essa tradição, em 1994 três famílias se uniram e fundaram a Kebis Biscoitos Caseiros. O nome Kebis surgiu da junção das primeiras letras de keks (biscoito, em alemão) e a primeira sílaba de “biscoito”.

Desde 1994, a marca é registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão do governo brasileiro que tem como finalidade e responsabilidade zelar e responder pelas normas que regulam a propriedade intelectual e industrial, como marcas e patentes, desenhos industriais, assinaturas, convenções e tratados.

A empresa conta com 34 receitas de biscoitos caseiros finos elaboradas com ingredientes naturais como coco, limão, maracujá, canela, laranja, ervas finas, cebola, orégano, pimenta e queijo, entre outros. Todas as receitas têm selo de garantia de 100% natural.

Para conhecer melhor os projetos e os programas desenvolvidos pela Kebis, agende uma visita pelo e-mail [email protected] ou ligue para 27 99983-7117.

(TCC), bem como treinamentos, consultorias e missões de negócios nacionais e internacionais, divulgando valores e missões da fábrica.

“Com esse projeto, cumprimos a missão de divulgar, inspirar e multiplicar na equipe e na sociedade nossa história, tradição, princípios e valores, o regimento interno e as práticas de gestão que executamos para alcançar nossos resultados de sustenta-bilidade e justiça social num mercado imediatista e altamente competitivo”, afirma Valter Braun.

A Kebis também se preocupa com a chamada logística reversa, que pode ser conceituada como um instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial. A ideia é que ocorra o reaproveitamento desses materiais em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou ainda que lhes seja dada outra destinação final ambien-talmente correta. Além de consultorias periódicas, a empresa adota também um modelo de excelência da gestão, o MEG, que pretende culminar no alcance da sustentabilidade.

“Os danos ao meio ambiente no planeta são graves, e precisamos agir e fazer a nossa parte. Mostrar às pessoas que outros modelos de gestão são possíveis. Não é tudo pelo lucro”Valter Braun, sócio-gerente da Kebis

Sustentável

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MULHERES GANHAM MAIS REPRESENTATIVIDADE NA INDÚSTRIA Cada vez mais presentes no mercado de trabalho, as mulheres estão inseridas em todos os diferentes estágios dos processos produtivos da indústria, da ponta da esteira ao cargo de chefia. No Senai-ES é grande a demanda do público feminino por cursos antes considerados apenas masculinos, como os de técnicos em Mêcanica e em Eletrotécnica.Em 2015, mais de 15 mil mulheres se inscreveram em cursos da entidade. Desse total, a maioria optou pelas áreas técnicas, e o restante se dividiu entre cursos de qualificação e aperfeiçoamento. Segurança do Trabalho foi o mais procurado. Segundo levantamento realizado pelo Ideies, 46.547 mulheres atuam em empresas industriais, representando 22,3% da força de trabalho. São 37.780 delas trabalhando na indústria de transformação, 1.454 na extrativa mineral, 1.496 em serviços industriais de utilidade pública e 5.817 na construção civil. No perfil feminino constam ainda idade entre 30 e 39 anos e ensino médio completo.

CIN-ES ANUNCIA AÇÕES PARA 2016 Entidade voltada ao fomento do comércio exterior para a

indústria capixaba, o Centro Internacional de Negócios (CIN-ES) da Findes divulgou seu cronograma de ações para este ano. As iniciativas vão de capacitações empresariais a estudos de mercado, passando pela implantação da certificação digital para o Espírito Santo e organização de missões dos empreen-dedores para eventos como Angola Fashion Week, Sial China, Sial Paris e Colômbia Moda. Além disso, está programada a continuidade do projeto Inserção Internacional Competitiva de Pequenos Negócios (Inseri), iniciado em 2015. Para o gerente da entidade, Christiano Furtado, as oportunidades estão presentes mesmo com a crise econômica. “No Espírito Santo, os segmentos que mais têm probabilidade de exportação são: confecção, piscicultura, frutas, café com maior valor agregado, calçado infantil, além das commodities como minério de ferro e celulose. Destaco também o setor de mármore e granito, que possui mercado consolidado e já exporta há bastante tempo”, disse. O cronograma completo de ações em 2016 pode ser solicitado pelo telefone (27) 3334-5789 ou pelo e-mail [email protected]

Christiano Furtado (no centro), em missão internacional na Escócia

SISTEMA FINDES APRESENTA BALANÇO DO PDAPautado por ampliar resultados e unir forças, o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) contou em 2015 com diversas palestras e capacitações para industriais do Estado, executivos dos sindicatos patronais e contadores das companhias. Foram abordadas questões como normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho; adequação à legislação trabalhista, ambiental e tributária; redução de custos com energia elétrica e caminhos para promover a internacionalização das indústrias brasileiras. O programa é desenvolvido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e aplicado no Espírito Santo pelo Centro de Apoio aos Sindicatos (CAS) do Sistema Findes. As ações se dividiram nos grupos “Avança Sindicato” e “Associa Indústria” e atenderam 29 sindicatos e mais de 1.200 pessoas, entre executivos dessas organizações patronais e empresários, sendo 72% do interior do Estado e 28% da Grande Vitória. “Conseguimos mostrar ao empresário industrial capixaba que não basta apenas ser associado, pois a participação dele nessas ações o torna mais forte, melhor articulado e com mais conhecimento sobre diversas legislações”, disse o diretor para Assuntos de Fortalecimento Sindical e Representação Empresarial da Findes, Egidio Malanquini.

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Gestãopor Roberto Teixeira

Gestão

E mpresas deram a largada para a capacitação de suas equipes visando à adequação à nova versão da International Organization for Standardization (em

português, Organização Internacional para Padronização), a ISO 9001, promulgada no dia 23 de setembro do ano passado em todo o mundo. Aguardada com expectativa, a publicação ocorreu no Brasil em 30 de setembro, nomeando a Norma como ABNT NBR ISO 9001.

Foi estabelecido que as organizações certificadas terão um prazo de três anos após a veiculação das regras – ou seja, até setembro de 2018 – para se adequar à ISO 9001:2015.

Em relação ao texto de 2008, o conteúdo atualizado manteve o modelo baseado no PDCA (do inglês: Plan - Do - Check - Act, ou, em português: Planejar, Fazer, Verificar, Agir) e o foco na conformidade com os requisitos do produto e a satis-fação do cliente.

A ISO 9001 entrou em processo de revisão sistemática em 15 de outubro de 2011, em resposta à disposição da maioria dos países-membros do Comitê TC 176 – dentre eles, o Brasil – de vê-la ajustada. Esse é um procedimento integrante da ISO, que estabelece um processo de reavaliação, no mínimo, a cada cinco anos, para identificar a necessidade de mudança. No caso

Empresas iniciam adequação da ISO 9001

Norma foi publicada no Brasil em setembro de 2015 como ABNT NBR ISO 9001, visando a aprimorar as regras de padronização em diferentes ramos de atuação

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“A principal vantagem em se adotar a ISO 9001 é a entrega de produtos conformes e o atendimento aos requisitos de clientes e demais partes interessadas”Fábio Dias, superintendente do IEL/ES

Fonte: As informações técnicas do box e da matéria foram fornecidas pelos entrevistados.

do Nascimento. O tripé de sustentação é formado pelo con-ceito de gestão de risco aliado à gestão de processos e ao método PDCA.

“Aparentemente, o risco é uma novidade, porque nunca se falou explicitamente sobre esse aspecto, mas, na verdade, um sistema de gestão já é desenhado para mitigá-lo, já que seu objetivo é evitar produto não conforme. Quando se desenvolve um sistema para obter conformidade, ele acaba sendo baseado na prevenção. O que a Norma fez foi deixar isso mais explícito e dar ‘o nome certo aos bois’, digamos assim. Não existe mais aquela história de ação preventiva”, comentou o coordenador.

Ainda de acordo com Luiz Carlos, a nova edição pretende responder a questionamentos que ocorrem aos usuários, bem como adequar-se a tendências e necessidades. A manutenção ou ganho dos mercados é um dos resultados aferidos ao longo do tempo, de acordo com o superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/ES), Fábio Dias.

em questão, desde a sua edição original, em 1987, já foram executadas três adaptações além da de 2015 – nos anos de 1994, 2000 e 2008.

A ISO 9001, que padroniza os processos integrantes do sistema de gestão da qualidade, é a mais famosa norma da organização internacional, que conta com representantes em 93 nações. A enviada oficial do país aos fóruns é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), formada por diversos comitês, geralmente constituídos como grupos “espelhos” da ISO.

O Comitê Brasileiro da Qualidade (CB-25) é a equipe nacional “espelho” do TC 176. Cabe a ele representar oficialmente o país nos encontros, preparar comentários e instruir os votos em questões relativas à gestão da qualidade. A revisão contou com a participação de comitês setoriais e regionais do CB-25, localizados em seis estados brasileiros: Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais.

“A ISO 9001:2015 passará a adotar a estrutura de alto nível comum a todas as normas de gestão da ISO, como a ISO 14.001, a ISO IEC 27001 e a ISO 22.301”, afirma o coordenador técnico do ABNT/CB-25, Luiz Carlos

Veja as principais alterações

• Adoção de uma nova estrutura, comum às demais normas de sistemas de gestão.

• Escopo e aplicabilidade.

• Requisitos menos prescritivos.

• Adoção da mentalidade de risco.

• Determinação das partes interessadas pertinentes.

• Maior ênfase em gestão estratégica e nos papéis da alta direção.

• Maior foco nos resultados em relação ao cumprimento dos requisitos.

• Nova subseção sobre conhecimento organizacional.

• Ênfase na informação documentada.

• Alteração do item aquisição para provisão externa de processos, produtos e serviços, evoluindo o conceito.

“A implantação da ISO 9001 funciona como um green card da empresa para com o cliente no momento da negociação e do cadastro, condição fundamental para o processo de seleção de fornecedor”

Mauro Lúcio Peçanha Diretor presidente da Atum do Brasil

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Indústria Capixaba – Findes50

Gestão

CertificaçõesO Espírito Santo possui 348 empresas com certificações,

somando-se as da ISO, do Sistema de Gestão da Qualidade em Fornecimento (SGQF) do Prodfor e do SGQ-Tec (Sistema de Gestão da Qualidade para empresas de Tecnologia baseado na ISO 9001), de acordo com dados do IEL-ES, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e do Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores (Prodfor).

“As empresas passaram a trabalhar mais seguindo a abor-dagem de processos, melhorando sua gestão e os resultados. Para alguns mercados, a certificação ISO 9001 também representou diferencial ou mesmo cumprimento a requi-sitos de fornecimento exigidos por grandes compradores”, ressalta Dias.

Na avaliação do diretor-presidente da Atum do Brasil, Mauro Lúcio Peçanha, a aplicação da atualização do regra-mento traz benefícios tanto internos quanto externos. Internamente, eles se relacionam a identificação de missão, visão e valores; caracterização de processos; padronização de atividades e rotinas e criação de metas e indicadores, proporcionando a inclusão de colaboradores de uma forma homogênea e trazendo comprometimento da equipe. Já externamente, ocorre a geração de reconhecimento e credi-bilidade nas operações comerciais nacionais e internacionais.

Segundo Fábio Dias, do IEL-ES, a principal vantagem da empresa com a adoção desse ordenamento é ter processos mais controlados e melhor gerenciados, favorecendo a eficácia, ou seja, a entrega de produtos conformes e o atendi-mento aos requisitos de clientes e demais partes interessadas pertinentes. “Dessa forma, há o direcionamento da organi-zação para o alcance dos resultados planejados de acordo com sua política da qualidade. A nova versão agrega o conceito de identificação de riscos e oportunidades, o que aumenta ainda mais a eficácia do sistema de gestão”, exeplica.

A expectativa é de reduzir índices de erros, desperdícios, retrabalho e custos. “Foram geradas novas expectativas em termos de práticas de gestão e comportamento dos colabo-radores. Sem dúvida, o investimento valerá a pena, mesmo porque, apesar de a empresa já ter implementado procedi-mentos para os processos operacionais e de apoio, a ISO 9001 certamente agregará novos conhecimentos, novas formas de organização e melhorias à gestão”, comenta.

A Atum do Brasil iniciou os investimentos na Norma em setembro de 2015, e o impacto já é percebido pelo presidente.

“Está gerando aprendizado sobre as operações da empresa, especialmente clareza dos processos, conversação em equipe dos problemas e das soluções, interação das equipes, provo-cações para as melhorias contínuas de processos e atividades. Outro ponto importante é que cria uma melhor integração entre as estratégias da empresa e sua gestão operacional, pois os níveis gerenciais são envolvidos e comprometidos com os resultados”, afirma Mauro Lúcio Peçanha.

Ele acredita que a implantação da ISO 9001 funciona como um green card da empresa para com o cliente no momento da negociação e do cadastro, ou seja, condição fundamental para o processo de seleção de fornecedor. “Provoca a geração de ideias e busca saídas para a ‘mesmice’, especialmente quando trata de racionalizar procedimentos. Gera diferença em relação aos concorrentes que não possuem”, comenta.

O superintendente do IEL-ES destaca que o ajuste dos processos, a garantia da conformidade dos produtos entre-gues ao mercado e o estabelecimento de uma política e objetivos que direcionem o negócio considerando os riscos e a oportunidades se tornam itens primordiais para a susten-tabilidade das organizações, em especial em momentos de crise, como o atual.

Fábio Dias afirma ainda que o IEL-ES está preparado para implantar o sistema com a versão atualizada em todas as empresas, por meio de uma metodologia própria, elaborada pela equipe, com uma didática apropriada para uma melhor absorção dos conceitos e, sobretudo, uma aplicação prática.

“A ISO 9001:2015 passará a adotar a estrutura de alto nível comum para todas as normas de gestão da ISO, como a ISO 14.001, a ISO IEC 27001 e a ISO 22.301” Luiz Carlos do Nascimento, coordenador técnico do ABNT/CB-25

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Artigo

Indústria Capixaba – Findes52

Indústria em ação

ORQUESTRA SESI-ES HOMENAGEIA MOZARTNo ano em que homenageará o compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart com a série “Sesi-ES Música Clássica”, a Orquestra Camerata Sesi-ES iniciou, no dia 2 de março, a sua temporada de apresentações. Nascido em Salzburgo em 1756, Mozart é um dos maiores nomes da música erudita e um dos compositores clássicos mais importantes da história. Depois da solenidade, o instrumentista convidado, Cristian Budu, se apresentou, utilizando o piano de cauda adquirido especialmente para os concertos da camerata desta temporada.

PROFESSORES DO SESI-ES PARTICIPAM DE SEMINÁRIO SOBRE INOVAÇÃO

Uma necessidade para vários campos, a inovação também é funda-mental para os processos de aprendizagem. E para debatê-lo à luz da área educacional, os professores do ensino fundamental I e II da Rede Sesi-ES participaram do “Seminário de Sensibilização sobre o Programa de Formação Continuada” das disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências. Realizado no Teatro do Sesi Jardim da Penha, no dia 27 de fevereiro, o evento teve a mediação do consultor em Educação Ronis Faria de Souza, além de uma palestra com o tema “A aula inesquecível: o que é qualidade educacional? O papel do professor na qualidade de ensino”.

Para o professor licenciado em Biologia Raphael Cardoso Rodrigues, é essencial que o profissional do magistério acabe com a ideia de modelo único de ensino. “É hora de redefinir a profissão e utilizar a prática. Temos que inovar as aulas de Ciências e criar novas formas de aprendizagem, com abordagem interativa e investigativa. Vamos usar a nosso favor as redes sociais, os compartilhamentos de imagens e os vídeos”, disse.

CINDES OFERECE CERTIFICADO DIGITALEntidade do Sistema Findes, o Centro da Indústria do Espírito Santo (Cindes) já está oferecendo, em parceria com a empresa Doccloud, a emissão de certificados digitais, considerados “carteiras de identidade” virtuais, tanto das pessoas físicas quanto jurídicas, permitindo a identificação ou a realização de serviços eletrônicos e via internet com segurança. Com ele, é possível também assinar e enviar documentos on-line, como declaração de Imposto de Renda e escrituras contábeis, além de efetuar transações bancárias. A oferta do certificado digital é o primeiro produto do Cindes aberto a todos, não somente às empresas associadas. “É importante frisar que o foco é atender à indústria com benefícios e serviços, e por isso o associado do Cindes possui uma tabela com condições especiais. Mas a entidade saiu na frente ao disponibilizar para empresas e pessoas físicas em geral um tipo de serviço que é pré-requisito para abrir qualquer negócio”, disse o coordenador do Cindes, Adilson Barreto.

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U m projeto pioneiro, inovador, ambicioso e de longo prazo. Foi assim que o presidente emérito da Findes, Sergio Rogerio de Castro, referiu-se à Escola de Asso-

ciativismo, lançada no dia 15 de março no auditório do Edi-fício Findes, em Vitória. Uma iniciativa do Sistema Findes, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES), com apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi-ES) e em parceria com a empresa Fibrasa, Ebrand e Mar a ação visa ao fomento ao associativismo de alto nível, melhorando os serviços prestados e o retorno aos seus filiados. Empossado diretor da escola, Castro disse que as prioridades do programa são o associati-vismo empresarial e na área da saúde.

A unidade contará com módulos específicos, chamados de “Pílulas de Associativismo”, que orientarão os diretores dos sindicatos a respeito de temas relacionados à boa gestão das entidades.

Vários empresários e autoridades prestigiaram o evento, que foi aberto por um pronunciamento do presidente do Siste-ma Findes, Marcos Guerra. Durante a solenidade foram en-tregues certificados para instituições e empresas parceiras que

contribuíram para a concretização do projeto. A programação ainda abriu espaço para a palestra. “A Importância do Asso-ciativismo”, ministrada pelo ex-presidente da Associação Bra-sileira da Indústria de Hotéis, Nerleo Caus. Ele falou sobre a formação de pessoas no processo de sucessão e renovação de lideranças dentro das organizações.

Escola de Associativismo é lançada na Findes

Indústria em ação

Lideranças participaram do lançamento da Escola, que fomentará o associativismo de alto nível

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Indicadores

Indústria Capixaba – Findes54

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) do Espírito Santo, pesquisa realizada pelo Sesi/Senai/ES,

por meio de sua Gerência Executiva de Economia Criativa, e pelo Ideies (Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo), sob a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresentou decréscimo em março de 2016, em relação ao mês anterior (-2,1 pontos). Com isso, o índice permanece muito distante (12,2 pontos abaixo) da linha divisória entre confiança e falta de confiança, que é 50 pontos (37,8 pontos), tendo essa redução sido influenciada tanto pelo indicador de condições atuais, como pelo de expectativas para os próximos seis meses. Entretanto, na comparação de março de 2016 com março de 2015, quando estava em 35,7 pontos, o Icei avançou 2,1 pontos.

O indicador de condições atuais, que é apurado com base na per-cepção dos industriais capixabas em relação à economia, ao Estado e à própria empresa, demonstrou queda de 0,7 ponto em março de 2016 comparado ao mês anterior, continuando na faixa inferior a 50 pontos (29,3 pontos). O recuo foi motivado pelos três itens que o constituem: condições da economia brasileira (-1,2 ponto), do Estado (-2,6 pontos) e da empresa (-0,9 ponto). Todos se mantêm bem abaixo da linha divisória de 50 pontos: condições da economia

O Icei da indústria brasileira cresceu suavemente 0,3 ponto em março de 2016 em relação a feve-reiro, e passou a se posicionar em 37,4 pontos. Apesar de acumular alta desde janeiro, mostrando recupe-ração moderada, a falta de confiança do empresário

se mantém, já que o indicador se encontra abaixo da linha divisória de 50 pontos. O resultado mensal positivo foi influen-ciado pelos dois itens que o integram: condições atuais (+0,3 ponto) e expecta-tivas (+0,3 ponto). Frente a março de 2015 (37,5 pontos), o índice caiu (-0,1 ponto), tal como nas condições atuais e em oposição às expectativas.

O Icei do Brasil é composto pelas informações de Condições Gerais da Economia Brasileira, Condições Gerais da Empresa, Expectativas da Economia Brasileira e Expectativas da Empresa. O Icei do Espírito Santo inclui mais duas questões: Condições Gerais do Estado e Expectativas do Estado.

Índice de Confiança do Empresário Industrial Icei – Espírito Santo e Brasil

Tabela 1

Out/15 Nov/15 Dez/15 Jan/16 Fev/16 Mar/16

Brasil 35,0 36,4 36,0 36,5 37,1 37,4

Espírito Santo 36,5 38,5 35,7 38,5 39,9 37,8

Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI

ICEI RECUA APÓS DOIS MESES SEGUIDOS DE CRESCIMENTO

Percepção do empresário industrial – condições atuais

Índice de Confiança do Empresário Industrial - Icei-ES(em pontos)

Gráfico 1

Fonte e elaboração: Ideies/Sistema Findes/CNIA média histórica considera o período de fev/2010 a ago/2015

6560555045403530

mar/11 set/11 mar/12 set/12 mar/13 set/13 mar/14 set/14 mar15 mar/16

Média histórica - 53,5

37,8

(21,9 pontos), condições do Estado (25,1 pontos) e condições da empresa (31,8 pontos). No confonto entre os resultados de março de 2015, verificou-se crescimento no indicador de condições atuais (+1,8 ponto), bem como no de condições da economia brasileira (+1,9 ponto), do Estado (+2,2 pontos) e da empresa (+1,3 ponto).

A indústria brasileira identificou pequeno acréscimo no indicador de condições atuais, que se posicionou em

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Percepção do empresário industrial – expectativas para os próximos seis meses

- Em janeiro de 2012, as empresas da amostra foram reclassificadas segundo a CNAE 2.0. Seus portes foram redefinidos de acordo com a metodologia do EuroStat (mais informações http://www.cni.org.br/) e a série histórica do ES foi recalculada retroativamente a fevereiro de 2010.

- O Icei varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes.

- A pesquisa, cuja amostra é selecionada pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, contou nesse mês com a participação de 89 empresas capixabas (23 pequenas, 40 médias e 26 de grande porte). Destas, 24 pertencem à indústria da construção.

Notas

A pesquisa de março de 2016 mostrou uma piora na perspectiva do empresário industrial capixaba, pois o indicador de expectativas em relação aos próximos seis meses decresceu 2,4 pontos frente ao mês anterior, permanecendo abaixo da linha divisória de 50 pontos (42,4 pontos). O recuo foi influenciado por todos os indicadores que o formam: expectativas com relação à economia brasileira (-3,0 pontos), com relação ao Estado (-2,7 pontos) e com relação à empresa (-2,7 pontos). Todos permanecem na faixa inferior a 50 pontos: expectativa da economia brasileira com 33,2 pontos; do Estado com 36,7 pontos; e da empresa com 45,9 pontos. Contudo, frente a março de 2015 observou-se alta de 2,9 pontos, impulsionada por todos os itens listados.

O indicador de expectativas da indústria nacional registrou crescimento ameno em março de 2016, em relação ao mês anterior (+0,3 ponto); contudo ainda se situa na faixa inferior a 50 pontos (41,5 pontos). Esse resultado foi impactado pelos dois indicadores que integram as expectativas: economia brasileira (+0,3 ponto) e empresa (+0,4 ponto).

Indicador de expectativas para os próximos seis meses Tabela 3

ESPÍRITO SANTO BRASIL

Mar/15 Fev/16 Mar/16 Mar/15 Fev/16 Mar/16

EXPECTATIVAS ² 39,5 44,8 42,4 41,4 41,2 41,5

Com relação a:

Economia brasileira 28,5 36,2 33,2 30,0 31,5 31,8

Estado 33,7 39,4 36,7 - - -

Empresa 44,4 48,6 45,9 47,2 46,2 46,6

Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI2 - Para os próximos seis meses

Indicador de condições atuais Tabela 2

ESPÍRITO SANTO BRASIL

Mar/15 Fev/16 Mar/16 Mar/15 Fev/16 Mar/16

CONDIÇÕES ATUAIS ¹ 27,5 30,0 29,3 29,8 28,9 29,2

Com relação a:

Economia brasileira 20,0 23,1 21,9 19,9 21,0 21,0

Estado 22,9 27,7 25,1 - - -

Empresa 30,5 32,7 31,8 34,9 33,0 33,5

Fonte: Ideies/Sistema Findes/CNI1 - Em comparação com os últimos seis meses

Entretanto, ambos continuam posicionados abaixo da linha divisória de 50 pontos, patamar não favorável. Na comparação de março de 2016 com março de 2015 verificou-se ínfima retração no indicador de expectativa (-0,1 ponto), por influência apenas do indicador da empresa (-0,6 ponto), em oposição ao indicador da economia brasileira que cresceu 1,8 ponto.

29,2 pontos. Em março de 2016, frente ao mês anterior, o avanço de 0,3 ponto foi impulsionado por um dos dois itens que o compõem: “condições da empresa” (+0,5 ponto), tendo em vista que o de “condições da economia brasileira” se manteve estável. Ainda assim, ambos permanecem na faixa inferior a 50 pontos. Na avaliação do re-sultado de março de 2016 com março de 2015, notou-se redução no indicador de condições atuais (-0,6 ponto), influencia-da pelo item condições da empresa (-1,4 ponto), já que o quesito relacionado à eco-nomia brasileira se elevou (+1,1 ponto).

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Fatos em fotos

Indústria Capixaba – Findes56

Vitória Stone Fair recebe 24 mil visitantes

A 41ª edição da Vitória Stone Fair – Marmomacc Latin America, realizada entre os dias 16 e 19 de fevereiro, no Pavilhão de Carapina, na Serra, reuniu mais de 24 mil visitantes, além de 300 empresas brasileiras e 120 expositores de países como Turquia, Itália, Índia, Portugal, China, Egito, Grécia e Paquistão, que apresentaram o que há de mais moderno no mercado da pedra, da construção civil, da arquitetura e do design. A Feira é promovida pelo Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais, Cal e Calcários do Estado Espírito Santo (Sindirochas) e pelo Centro Tecnológico do Mármore e Granito (Cetemag) e organizada pela Milanez & Milaneze em parceria com o Grupo Verona Fiere.1 – Autoridades na solenidade de abertura da Feira. 2 – Áureo Vianna Mameri, vice-presidente institucional da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região, representou Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes 3 – Paulo Hartung, governador do Estado do Espírito Santo, discursou na solenidade 4 – Carlos Nogueira da Costa Júnior, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, participou do evento. 5 – Aristóteles Passos Costa Neto, vice-presidente do Sistema Findes; Áureo Vianna Mameri, vice-presidente institucional da Findes em Cachoeiro de Itapemirim e região; Leonardo Souza Rogerio de Castro, vice-presidente do Sistema Findes; Tales Machado, presidente do Sindirochas; e Luis Carlos Vieira, diretor regional do Senai-ES e superintendente do Sesi-ES 6 – Cecília Milanez, diretora da Milanez & Milaneze, empresa organizadora da Vitória Stone Fair. 7 – Olívia Tirello, superintendente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas) 8 – Regis Mattos Teixeira, secretário de Estado de Economia e Planejamento; e José Eduardo Faria de Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento 9 – O Sindirochas, a Findes e o Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes) promoveram um almoço no dia 18 de fevereiro, dentro da programação da Vitória Stone Fair. Participaram: Tales Machado; Aristóteles Passos Costa Neto; Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Bandes; Marcos Guerra, presidente do Sistema Findes; José Eduardo Faria de Azevedo, secretário de Estado de Desenvolvimento; e Ilson Milanezi, diretor da Milanez & Milaneze

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Artigo

58 Indústria Capixaba – Findes

O que fazer em momentos de turbulência econômica como a que estamos vivendo no Brasil? É uma questão de difícil resposta,

até porque estamos, certamente, testemunhando a maior crise institucional desde 1964.

Em momentos como este os setores pro-dutivos sofrem muito com a desaceleração da atividade econômica. Podemos dizer que de alguma forma todos os segmentos, em propor-ções distintas, vêm padecendo com este caos. O segmento do qual faço parte, a indústria da construção, e que até dias atrás representava na condição de presidente do Sinduscon-ES, está sendo fortemente afetado. Coube a mim, e cabe ao atual presidente, liderar com muita dedicação, mas, principalmente, com muito equilíbrio, as ações institucionais necessárias para que as empresas comandadas consigam atravessar, com segurança, essa tempestade.

O que mais angustia os dirigentes sindi-cais é conhecer as realidades de seus pares, associados e empresários que administram suas crises internas esperando que surjam soluções vindas dos céus para seus problemas. Problemas que são de toda ordem, mas que no fundo resumem-se a redução de merca-do, perda drástica no volume de negócios e sufocamento por um contingenciamento de crédito que, de uma hora para outra, tira o combustível importante para as empresas, que são os recursos para capital de giro.

Como transmitir a esse empresário uma palavra de ânimo, de confiança em dias me-lhores, quando está com seu fluxo de caixa comprometido e sem perspectiva de médio prazo? Sim, porque no curto prazo ele já está administrando sua crise de todas as formas.

É angustiante ver os companheiros de longa data, muitos protagonistas de batalhas vito-riosas em prol do mercado, perder em guerra para uma economia em declínio, entregando seu patrimônio em processos de toda ordem, inclusive em situações de recuperação judicial, numa tentativa desesperada de contornar uma condição em um cenário que não tem sequer uma sinalização dessa reversão.

As associações empresariais e os sindica-tos são, nesses momentos, um bom fórum para discussão e debates dessa conjuntura. Apesar de não terem controle sobre variáveis que impõem essa turbulência, temos con-vicção de que o ambiente sindical é positivo para as análises de conjuntura e o encami-nhamento de propostas para aqueles que detêm o poder sobre tais fatores. É aí que está a grande virtude dos líderes sindicais empresariais, em propiciar esse ambiente favorável promovendo as discussões, sem paixões, sem conflitos, mas buscando os caminhos que possam representar alterna-tivas para o mercado e, consequentemente, para as empresas.

Não exerço mais a função de liderança sindical, no sentido legal e formal, mas como empresário atuante no mercado e que acre-dita no associativismo como forma de supe-ração dos problemas comuns, vou continuar desempenhando esse papel de construtor de propostas e ideias. Vou seguir dando a contri-buição que meus pares desejam e necessitam.

Nós precisamos acreditar que podemos mudar esse estado de coisas. Com a ajuda da sociedade e da classe política, vamos buscar e encontrar a saída para a nossa crise.

O papel das lideranças empresariais e sindicais

ARISTÓTELES PASSOS COSTA NETO é engenheiro eletricista formado pela PUC-RJ em 1979, pós-graduado em Administração de Empresas pelo Instituto de Administração e Gerência (PUC-RJ). Vice-presidente da Findes, recentemente deixou a presidência do Sinduscon-ES, entidade que presidiu por três mandatos

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