revista gual implantação do reuni estudo de caso32120-107606-1-pb

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__________________________________________________________________________ Revista GUAL, Florianpolis, v. 6, n. 4, p. 147-170, Edio Especial. 2013 www.gual.ufsc.br

DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1983-4535.2013v6n4p147

A IMPLANTAO DO PROGRAMA DE

REESTRUTURAO E EXPANSO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS/REUNI: UM ESTUDO DE

CASO

IMPLEMENTATION OF RESTRUCTURING PROGRAM AND EXPANSION OF FEDERAL UNIVERSITIES IN BRASIL: A CASE STUDY

Rosenildes Lacerda da Silva, Graduada

Universidade Federal de Sergipe - UFS

[email protected]

Florence Cavalcante Heber Pedreira de Freitas, Doutora


[email protected]

Maria Teresa Gomes Lins, Mestre


[email protected]

Recebido em 29/novembro/2013

Aprovado em 29/novembro/2013

Sistema de Avaliao: Double Blind Review

AS POLTICAS DE ASSISTENCIA ESTUDANTIL: EXPERINCIAS COMPARADAS EM UNIVERSIDADES PBLICAS BRASILEIRAS


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RESUMO

O presente estudo tem como finalidade analisar os impactos do Programa de Apoio a Planos

de Expanso e Reestruturao das Universidades Federais (REUNI) na Universidade Federal

de Sergipe (UFS). A pesquisa caracteriza-se como descritiva e exploratria e a estratgia

utilizada foi a de estudo de caso nico. Os dados foram coletados atravs de entrevistas semi-

estruturadas com seis gestores da alta administrao participantes da implantao do REUNI

na UFS. Os resultados mostram os principais desafios enfrentados e os efeitos decorrentes da

implantao do programa. A aprovao do REUNI na UFS, assim como nas demais

instituies universitrias federas do Pas, no ocorreu imune a polmicas e discusses.

Dificuldades para atingir as metas tambm foram observadas, no entanto, as melhorias

suplantam-nas, pois houve, na graduao, aumento da ordem de 34,9 % na oferta de vagas e

de 28,6 % no nmero dos cursos (hoje a UFS possui 117 opes de curso), impactando no

crescimento de 69,2% de matriculados. O quadro docente elevou-se em 77,2% e 64% do total

so doutores. Houve crescimento na pesquisa, extenso e ps-graduao e grandes

investimentos foram realizados na infraestrutura, mas persistem problemas relacionados s

condies de ensino, tais como salas de aula, turmas com nmero muito grande de alunos,

qualidade de servios na Biblioteca, Restaurante Universitrio, dentre outros.

Palavras-chave: Administrao Pblica. Gesto Universitria. REUNI.

ABSTRACT

The present study aims to analyze the impacts of the Program to Support Expansion Plans and

Restructuring of Federal Universities (REUNI) at the Federal University of Sergipe (UFS).

The research is characterized as descriptive AND exploratory and the strategy used was the

single case study. Data were collected through semistructured interviews with six managers of

senior management participants in the implementation of REUNI at UFS. The results show

the main challenges faced and the effects resulting from the implementation of the program.

The approval of REUNI at UFS, as in other federal universities of the country, there was no

immune to controversies and discussions. Difficulties to achieve the targets were also

observed, however, the improvements outweigh them because there was, at graduation, an

increase of about 34.9 % in the number of vacancies and 28.6 % in the number of courses (

today UFS has 117 options of course), impacting on the growth of 69.2 % enrolled. The

number of professors increased by 77.2 % and 64% of them are doctors. There was growth in

research, extension and graduate and major investments were made in infrastructure, but

problems remain related to teaching conditions, such as classrooms, classrooms with too

many students, quality of services in the Library and the Restaurant, among others.

Keywords: Public Administration. University Management. Program to Support Expansion

Plans and Restructuring of Federal Universities.



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1 INTRODUO

Ao longo da histria as universidades ocuparam lugar de destaque para o

desenvolvimento econmico e social dos pases. Assim, sempre oportuno abordar esse tema,

uma vez que as transformaes globais que esto ocorrendo na atualidade implicam em

mudanas em todos os setores da sociedade e em todas as reas do conhecimento e tendem a

provocar mudanas nas organizaes do mundo corporativo, incluindo as instituies

universitrias (COLOSSI; BERNARDES, 2007).

Esse ciclo contnuo de mudanas aliadas a prpria complexidade destas instituies

tendem a impactar na sua gesto, pois para Tamayo (2007), a produo e gesto de servio

educativos, incluindo a Educao Superior so muito complexas e possuem caractersticas

muito particulares.

Nessa perspectiva, fica evidente que a aplicao de teorias organizacionais tradicionais

no atendem a nova realidade das universidades, uma vez que a universidade brasileira passa

por profundas transformaes e redefinio de seu papel, em funo das mudanas exigidas

pela sociedade atual, onde esta passa a exercer um papel estratgico para o desenvolvimento

socioeconmico do pas.

Assim, as tendncias e as polticas de educao superior ganham o conceito de

incluso social, levando o governo a repensar o papel da universidade, passando este a

desenvolver polticas educacionais que possibilitem um maior acesso da populao a essas

instituies.

nesse contexto que o governo brasileiro cria, em 24 de abril de 2007, o programa de

Apoio aos Planos de Expanso e Reestruturao das Universidades federais - o REUNI-, que

tem como objetivo principal criar condies de ampliao de acesso e permanncia ao ensino

superior, bem como um melhor aproveitamento da estrutura fsica e dos recursos humanos

das universidades federais. A proposta foi a elevao da taxa gradual dos cursos presenciais

de 72% para 90%, alm da relao de professor aluno de dez para dezoito nos cursos

presenciais no prazo de cinco anos a contar da data de cada plano, e do aumento mdio das

matrculas em 20% (BRASIL, 2007a).

Segundo esse decreto, o programa foi formulado a partir de seis dimenses, que so:

garantir as universidades condies necessrias para ampliao do acesso da educao

superior; assegurar a qualidade por meio da inovao acadmica; promover a articulao entre



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os diferentes nveis de ensino, a graduao, a ps-graduao, a educao bsica, e a educao

profissional e tecnolgica.

De acordo com Lugo et al. (2010, p. 2), o REUNI passa a ser a grande poltica do

governo federal para o ensino superior no pas, traduzido como um programa de ampla

dimenso ao mesmo tempo acadmico poltico e estratgico. Estes fatores devem trazer

grandes impactos gesto dessas instituies, uma vez que o financiamento das IFES estar

vinculado ao alcance de rgidas metas pactuadas (CISLAGHI, 2010).

Dessa forma, este estudo pretende fazer um diagnstico mais detalhado no que se

refere aos impactos causados pelo programa REUNI, especificamente na Universidade

Federal de Sergipe (UFS).

2 FUNDAMENTAO TERICA

Os fundamentos e pressupostos apresentados nesta seo tm por objetivo permitir que

essa pesquisa seja analisada dentro de um contexto terico, com base em publicaes e

estudos realizados sobre o tema. Sero abordados a Gesto Universitria e o Modelo

Gerencial nas Universidades Pblicas e, em seguida, o Programa de Apoio a Planos de

Reestruturao e Expanso das Universidades Federais REUNI.

2.1 GESTO UNIVERSITRIA

Segundo Souza (2009, p. 27), abordar a gesto universitria constitui-se em um espao

especial de estudo, tendo em vista as universidades estarem passando por um momento de

grandes transformaes polticas e administrativas, aumentando assim as incertezas que

refletem diretamente nas atividades acadmicas e, consequentemente, nas questes pertinentes

s teorias universitrias.

As transformaes globais ocorridas nas ltimas dcadas, os avanos na cincia, alm

do intenso desenvolvimento tecnolgico tm trazido constantes desafios s organizaes,

incluindo as universitrias, no sentido de adaptarem-se ao ambiente no qual esto inseridos.

(SOUZA, 2009).

Todas estas transformaes, aliadas prpria complexidade destas instituies

exigem, segundo Tamayo (2007, p. 12), uma gesto diferenciada das demais organizaes,

uma vez que a gesto e a produo dos servios educativos que inclui a educao superior



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um servio muito complexo com caractersticas particulares que invalidam qualquer teoria

de gesto empresarial vigente.

No entanto, como observa Meyer Jr. e Meyer (2011), a falta de uma teoria especfica e

adequada para essas instituies tem levado seus gestores a importar modelos de gesto

utilizados no ambiente empresarial como forma de encontrar maior rapidez e excelncia

organizacional. Porm, estes autores colocam que essa prtica pouco contribui para o sucesso

dessas organizaes, pois trata-se de um tipo de organizao complexa com caractersticas

especficas, que limitam ou impedem a utilizao de prticas gerenciais oriundas das

empresas, e que so ineficazes quando utilizadas nesse contexto.

Nesta perspectiva, Souza (2009) afirma que deve-se considerar a gesto de

universidades pblicas como tema e ir em busca das suas especificidades. Pois embora haja

muitas semelhanas entre a gesto de empresas e gesto universitria no que tange alguns

aspectos administrativos, ambas so bastante distintas, principalmente quando se trata das

pblicas federais, que possuem caractersticas bastante especficas.

Por essa razo, autores como Meyer Jr. e Meyer (2011) defendem a profissionalizao

da gesto acadmica como uma necessidade que poder ajudar estas instituies educacionais

a obter melhores resultados. Para tanto, defendem o desenvolvimento de uma teoria prpria

que atenda s especificidades dessas instituies e que deem conta das suas mltiplas funes,

que embora sejam interdependentes, requerem uma organizao diferenciada nas funes de

ensino, pesquisa e extenso.

Souza (2009) destaca que nas ltimas dcadas diversos fatores contriburam para

aumentar ainda mais a complexidade que j peculiar essas instituies. Dentre esses

fatores, o autor destaca as mudanas ocorridas no campo poltico, econmico e social. Ainda

segundo esse mesmo autor, todas essas mudanas tm exigido uma mudana de paradigma no

modo como essas organizaes so geridas.

Dentre as mudanas externas (polticas e sociais) destacam-se as dcadas de 60 e 70, a

reforma universitria de 1968, que provocou, segundo Souza (2009, p. 48), uma mudana

radical no ensino superior brasileiro; tambm merece destaque o movimento das Diretas J na

dcada de 80, contribuindo para o movimento pelas diretas j nas universidades federais.

Porm, foi na dcada de 90 que os impactos na gesto universitria tornaram-se mais

evidentes. Destaque especial para a Reforma do Aparelho do Estado realizada no governo de

FHC pelo ento Ministro da Administrao Federal e Reforma do Estado, Bresser Pereira,



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uma vez que a universidade passa a ser caracterizada como uma Organizao Social (OS)

(BRESSER-PEREIRA, 1998).

Ainda nessa mesma dcada, ocorrem outros fatores que talvez sejam os mais

impactantes para a gesto universitria. Um deles a aprovao da Lei de Diretrizes e Bases

da Educao (LEI N 9394/ 96), a nova LDB, que traz uma srie de mudanas para a

educao brasileira e a prpria exigncia do mercado por uma mo de obra mais qualificada;

e, na dcada passada a criao da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a implantao do

REUNI.

Todos esses eventos externos contriburam para ampliar ainda mais a complexidade da

gesto nessas instituies, em decorrncia da implantao de Programas Educacionais

bastante complexos. Alm disso, as instituies universitrias vem sendo influenciadas pelo

ambiente dinmico e altamente competitivo, como tambm pela crescente democratizao da

sociedade e as transformaes sociais, polticas e tecnolgicas mais recentes (COLOSSI;

BERNARDES, 2008).

2.2 O MODELO GERENCIAL NAS UNIVERSIDADES PBLICAS

O gerencialismo ou a nova gesto pblica implantada no Brasil na dcada de

noventa, pelo ento Ministro da Administrao Federal e Reforma do Estado Bresser Pereira,

durante o primeiro mandato de FHC. Esse novo modelo de administrao pblica, com claras

intenes de flexibilizar e reduzir a interveno direta do Estado em diversos setores e

servios pblicos, tem como pressuposto bsico a reorganizao interna dos orgos de

governo, bem como uma nova articulao entre os setores pblico/privado e as organizaes

do chamado terceiro setor.

Sem dvida, as mudanas trazidas por esse novo modelo de gesto interferem na

estrutura e gesto das organizaes pblicas, inclusive na universidade. No modelo gerencial

as instituies universitrias passam a ser definidas no mais como uma instituio social,

mas como uma organizao social. Como tal incorpora-se categoria de servios no

exclusivos do Estado.

Para Chau (2003, p. 6), ocorrendo essa diferenciao a universidade passa a ser regida

por contratos de gesto e passa a ser avaliada por ndices de produtividade atravs de uma

gesto menos controlada, sendo, portanto, estruturada por estratgias e programas de eficcia

organizacional , ou seja, pela particularidades dos meios e objetivos.



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Dentro desse novo contexto, o que se observa uma gesto muito mais comprometida

com metas e resultados e cada vez mais desvinculada dos processos. Sendo assim, a pergunta

que se faz a seguinte: Ser que estas instituies estavam preparadas para tantas mudanas

em to curto espao de tempo?

Para Arajo e Pinheiro (2010), esses novos mecanismos de gesto tendem a gerar

impactos na gesto das universidades, uma vez que h uma prevalncia da cultura burocrtica

nestas instituies. Assim, migrar de um modelo para o outro tem sido um grande desafio

para essas instituies, tendo em vista que o novo modelo baseado na gesto por resultados,

exige uma mudana radical de paradigma da gesto pblica, incluindo as instituies

universitrias.

Souza (2009) admite que uma das vantagens do modelo gerencial a possibilidade de

participao da sociedade no processo decisrio, uma vez que o controle antes restrito apenas

ao administrador impossibilitava uma participao mais ativa da sociedade, desde que esse

controle restringia-se a procedimentos atravs de rgos de controle internos.

Assim, a gesto dessas instituies passa a ser determinada por um conjunto de metas

e indicadores a serem alcanados (LDA; MANCEBO, 2009). Para estas autoras, o foco

dessa relao contratual o resultado a ser alcanado.Observa-se, portanto, que a ideia

presente nessa nova concepo altera substancialmente a forma de gesto destas instituies.

Neste sentido, Arajo e Pinheiro (2010) afirmam que esse novo modelo de gesto

dotado de maior flexibilidade, portanto, mais eficiente na alocao de recursos que o antigo

modelo, uma vez que possibilita a parceria pblico- privada, diferente do modelo burocrtico

que estava preso a regras e normas estabelecidas.

Porm, esse ponto de vista bastante diverso entre os pesquisadores. Muitos deles,

inclusive Cislaghi (2010), discordam por acreditar que essa diversificao das fontes de

financiamento tende a provocar a mercantilizao da universidade pblica, ou seja, pode levar

a universidade para um processo de privatizao. No entanto, apesar da existencia desta

possibilidade, a ltima decada foi caracterizada por governos que tiveram como marca de

gesto uma mo mais forte do Estado na economia, apesar das privatizaes no final dos

anos 90 e de uma certa reviso de rota tendendo mais a incorporao do setor privado em

servios pblicos em anos recentes.



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Na dcada anterior, o Programa de Apoio a Planos de Expanso e Reestruturao das

universidades Federais REUNI constitui-se um marco em termos de poltica pblica

voltada educao superior, como ser visto na sequencia.

2.3 PROGRAMA DE APOIO A PLANOS DE REESTRUTURAO E EXPANSO DAS

UNIVERSIDADES FEDERAIS REUNI.

Em considerao ideia de destinar um papel estratgico s universidades como

meio para o desenvolvimento social e econmico do pas -, foi criado, pelo governo federal,

atravs do decreto N 6.096, de 24 de abril de 2007, o Programa de Apoio a Planos de

Expanso e Reestruturao das universidades Federais REUNI (BRASIL, 2007a).

Vale lembrar que este decreto foi institudo pelo governo Lula e faz parte do Plano de

Desenvolvimento da Educao PDE, que possui mais de quatro dezenas de medidas, sendo

dirigido especificamente s IFES, cujo o histrico merece apreciao mais

detida(ANDRADE, et al., 2011).

importante destacar que a criao desse Programa foi uma das estratgias do

governo federal para expandir o ensino superior no pas, uma vez que o Brasil ainda

apresentava um desafio neste campo, desde que o acesso de jovens entre 18 e 24 anos a essas

instituies possuia um percentual muito baixo se comparado a outros pases; principalmente

aqueles oriundos das camadas mais baixas da populao.

Dados do Censo da Educao Superior (2010), revelam que o nmero de matrculas

nos cursos de graduao, aumentou 110% de 2001 a 2010, sendo de 7,1% entre 2009 e 2010,

anos de vigencia do REUNI. Esses dados mostram que a educao superior no pas cresceu

bastante durante a dcada de 2010.

Ainda segundo este documento, alguns fatores podem ter contribudo para este

crescimento: do lado da demanda pode-se destacar o crescimento econmico do pas nos

ltimos anos, que provocou uma busca do mercado por uma mo de obra mais especializada.

Do lado da oferta pode-se perceber um desenvolvimento de polticas pblicas voltadas para o

financiamento (bolsas e subsdios) aos alunos, como programa Fies e Pr-Uni, alm do

aumento da oferta de vagas na rede federal, em instituies privadas, como tambm a

interiorizao da universidade.

A expanso da oferta tambm teve grande impulso devido aos novos formatos de

cursos que tm sido adotados, como os cursos distncia e os cursos voltados formao

profissionalizante de nvel superior, chamados tecnolgicos (CENSO DA EDUCAO



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SUPERIOR, 2010). Porm, mesmo com o significativo aumento das vagas o ensino superior,

o acesso s instituies pblicas de ensino no Brasil ainda representa um desafio.

Assim, o REUNI define como um dos seus objetivos dotar as universidades federais

das condies necessrias para a ampliao do acesso e permanncia na educao superior e

um maior aproveitamento da estrutura fsica e humana existentes.

Dessa forma, este Programa tem como meta global a elevao da taxa gradual dos

cursos presenciais de 72% para 90%, e da relao de professor/aluno de dez para dezoito nos

cursos presenciais no prazo de cinco anos, a contar da data de cada plano; alm do aumento

mdio das matrculas de 20% ( BRASIL, 2007a).

No entanto, segundo Tonegutti e Martinez (2007), a meta de 90% de diplomao

estabelecida pelo REUNI uma meta irreal e no condiz com a realidade educacional, pois

nem mesmo os pases europeus conseguiram atingir esse patamar. At hoje, somente o Japo

conseguiu atingir essa meta.

Quanto s diretrizes para a apresentao de propostas no mbito do REUNI, houve

uma exigncia ao lado das metas quantitativas dispostas no decreto n 6.096/2007 pelo

SESU/MEC, de que a reestruturao e a expanso garantam tambm a manuteno da

qualidade acadmica. Alm desses aspectos, h outros dispostos no mesmo diploma legal que

devem ter tratamento prioritrio pelas universidades, entre eles destacam-se:

A flexibilidade curricular nos cursos de graduao para que permita a construo de itinerrios formativos diversificados para que conduzam e facilitem a mobilidade

estudantil.

A oferta de formao e apoio pedaggico aos docentes da educao superior que permitam a utilizao de prticas pedaggicas modernas e o uso intensivo e inventivo

de tecnologias de apoio aprendizagem.

A disponibilidade de mecanismos de incluso social, a fim de garantir igualdade de oportunidade de acesso e permanncia na universidade pblica a todos os cidados.

Dessa forma, as propostas devem atender a seis necessidades ou dimenses que

precisam melhorar nas universidades pblicas federais, que so:

Ampliao da oferta de educao superior pblica com o aumento de vagas de ingresso, especialmente no perodo noturno, reduo das taxas de evaso e ocupao de vagas

ociosas; Reestruturao acadmica - curricular, com a reviso da estrutura acadmica

buscando a constante elevao da qualidade, reorganizando os cursos e diversificando

as modalidades de graduao;



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Renovao pedaggica da educao superior, articulando educao superior com educao bsica, profissional e tecnolgica, atualizando metodologias (e tecnologias)

de ensino-aprendizagem;

Mobilidade intra e inter-institucional, promovendo ampla mobilidade estudantil mediante o aproveitamento de crditos e a circulao de estudantes entre cursos e

programas, e entre instituies de educao superior;

Compromisso social da instituio, com polticas de incluso e extenso universitria, programas de assistncia estudantil;

Suporte da ps-graduao ao desenvolvimento e aperfeioamento qualitativo dos cursos de graduao, articulando graduao com ps-graduao.

Nas diretrizes, consta que o REUNI no adota um modelo nico para graduao, pois

respeita a autonomia universitria e a diversidade das instituies (BRASIL, 2007b). Porm,

autores como Tonegutti e Martinez (2007) que no so favorveis proposta do REUNI,

acreditam que alguns pontos mencionados nas Diretrizes do REUNI , apesar de afirmar no

interferir na autonomia das universidades prejudicaram discentes, docentes e instituies.

No entanto, logo no primeiro ano, todas as 53 universidades federais aderiram as

proposta do REUNI que foi estabelecida atravs de um acordo de metas (BRASIL, 2008).

Porm, como consta nas Diretrizes do REUNI, o financiamento est condicionado

consecuo de metas preestabelecidas.

Percebe-se que o programa REUNI est envolto de grandes discusses. No entanto,

ainda muito cedo para chegar a concluses definitivas, uma vez que a sua implantao

bastante recente e, portanto, o mais importante nesse momento desenvolver estudos para que

se possa compreender melhor as alteraes que vm ocorrendo nas universidades aps a

implantao do REUNI. E este um dos objetivos deste artigo.

3 PROCEDIMENTOS METOLGICOS

Este estudo pode ser classificado como qualitativo e pode ainda ser classificado como

sendo exploratrio, tendo em vista que o REUNI uma realidade emprica bastante recente

com escassa literatura disponvel. Esta pesquisa tambm pode ser considerada como

descritiva que, segundo Gil (2009), tem como objetivo principal a descrio de uma

populao ou fenmeno, sendo, portanto, uma das pesquisas mais solicitadas por

organizaes, incluindo as instituies sociais.

De acordo com Yin (2001, p.105), a coleta de dados para estudo de caso pode se

basear em muitas fontes de evidncia. Para fins deste estudo, em relao ao processo de

coleta de dados, foram utilizados os mtodos de pesquisa documental, bibliogrfica,



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consubstanciadas com entrevistas com 6 gestores da alta administrao que participaram da

implantao do REUNI, a partir de roteiro estruturado.

So muitas as contribuies de documentos para os estudos de caso, dentre elas

valorizar as evidncias oriundas de outras fontes (YIN, 2001). Dessa forma, foram analisados

documentos do governo Lus Incio Lula da Silva, incluindo Relatrios, Decretos, Propostas,

entre outros.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Em consonncia com os objetivos da pesquisa, apresenta-se inicialmente os impactos e

transformaes ocorridas na UFS, as metas previstas e realizadas e a implantao do

programa, segundo a avaliao dos gestores e os registros em documentos citados.

4.1 OS IMPACTOS DO REUNI NA EXPANSO/TRANSFORMAO DA UFS

Com base nas evidncias coletadas em documentos da Instituio, na dcada de 1980

ocorre o incio da transformao gradativa da universidade, com a sua instalao no campus

de So Cristvo, na Grande Aracaju (que em 1987 passou a se chamar Cidade Universitria

Jos Alosio de Campus). Em 1984 houve a criao do Campus da Sade Prof. Joo Cardoso

do Nascimento Jnior, em Aracaju. A instalao de novos campi (Campus Prof. Alberto

Carvalho, em 2006, Laranjeiras, em 2007 e Lagarto, em 2011) marca o incio do processo de

expanso da Universidade Federal de Sergipe. Para dar apoio a essa expanso, em 2007 houve

a adeso ao programa REUNI. Este programa foi aprovado na Universidade Federal de

Sergipe UFS em 25 de outubro de 2007 atravs da Resoluo n 40/2007/CONEP onde

consta objetivo, meta, compromisso social, propostas de mudanas para discentes, docentes,

aspectos acadmicos, relao graduao e ps-graduao, alm disso, foi feita a alocao dos

recursos disponibilizados pelo REUNI.

Nesse nterim, possvel observar que a universidade j possua um plano de expanso

anterior ao REUNI, que data de 2004. Esse plano de expanso demonstra um interesse de

crescimento da instituio, pois foram feitas algumas parcerias com o Estado, Tribunal de

Justia e Petrobras onde foi possvel conseguir recursos investidos em oito laboratrios e

bolsas para pesquisadores da rea de petrleo e gs, na construo de prdios para execuo

de aulas, alm de investimentos na extenso universitria.



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O REUNI tinha como grandes metas para as Universidades: alcanar ao final de 2012

a proporo de 18 alunos por professor e elevar a taxa de sucesso na graduao (diplomados)

em 90%. Na UFS, em 2006, o indicador era de 22,8 alunos por professor e, em 2012, tem-se

uma mdia de 22,4 alunos por professor. Assim, pode-se verificar que a meta estipulada (18

alunos por professor) na proposta REUNI/UFS ainda no foi alcanada, necessitando que

sejam contratados mais professores para atingir o patamar desejado. A segunda grande meta

do REUNI/UFS era elevar 58% (em 2006) para 90% o nmero de diplomados nos cursos de

graduao. Entretanto, essa taxa no cresceu na mesma proporo do nmero de ingressantes,

pois houve uma queda na taxa de diplomao nos anos de 2009, 2010 e 2011, tendo como

principal motivo a elevao do nmero de alunos matriculados. Porm, em 2012, j mostrou

sinais de melhora, saiu de 47% para 50%.

Quando da elaborao da proposta REUNI a UFS ofertava 4070 vagas e 64 opes de

cursos, sendo 1.085 dessas vagas distribudas em 22 cursos noturnos. At 2012 foram

previstas 4.885 vagas nos cursos presenciais sendo 1.805 no perodo noturno. No entanto,

foram ofertadas em 2012 o quantitativo de 5.490 vagas em cursos de graduao presenciais e

117 opes de cursos de graduao e assim superou a meta estabelecida no REUNI. Quanto

s vagas noturnas, nesse mesmo perodo foi ofertado o quantitativo de 1.705 vagas, apesar da

meta de 1.805 vagas pretendida pelo REUNI.

Com relao reduo da taxa de evaso na UFS, algumas medidas foram

estabelecidas na proposta, dentre elas: ofertarem perodos especiais de vero e inverno

disciplinas consideradas bloqueadoras para o desenvolvimento curricular dos alunos, aceitar

que o aluno com mdia igual ou superior a sete possa se matricular em mais disciplinas do

que rege o projeto pedaggico do curso. permitido tambm que o aluno possa fazer

aproveitamento de estudos e ser aprovado mesmo sem a frequncia de 75% desde que consiga

mdia igual ou superior a sete, entre outras coisas. No entanto, mesmo com todas as medidas

essa meta no foi alcanada, a taxa de evaso na instituio ainda bastante alta.

No que tange reestruturao curricular a proposta da UFS previu maior flexibilidade

para que, alm das matrias obrigatrias, aquelas fundamentais a cada curso, o currculo possa

ter disciplinas optativas de carter interdisciplinar, alm de um percentual de crditos que o

aluno pode utilizar em atividades complementares: os chamados crditos eletivos que j

vigoram nos cursos. Outras estratgias para alcanar essa reestruturao foi o incentivo a

monitoria, a criao de bacharelados e licenciaturas em reas interdisciplinares.



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Como compromisso social a UFS tinha estabelecido na proposta, entre outras, as

seguintes metas: a) iseno da taxa de vestibular a estudantes de baixa renda de escolas

pblicas; b) ampliao do nmero de estudantes no ensino superior atravs da elevao do

nmero de vagas nos cursos; maior divulgao dos cursos oferecidos pela UFS e c)

disponibilizao de mais espao para aulas e eventos acadmicos.

Outro ponto da proposta visava promoo da mobilidade intra e interinstitucional

mediante o aproveitamento de crditos e a circulao de estudantes entre cursos e programas,

e entre instituies de ensino superior. O ultimo ponto da proposta trata da articulao da ps-

graduao com graduao, a UFS j disponibiliza aos alunos de graduao que tiverem

cursado mais de 50% do curso e tenham mdia igual ou maior que oito a oportunidade de

cursar disciplinas dos cursos de ps-graduao stricto sensu, podendo integralizar no currculo

como atividade extracurricular at o limite de 8% dos crditos.

4.2 IMPLANTAO DO PROGRAMA NA UFS

Essa seo trata sobre a implantao do programa REUNI na UFS, onde foram

analisadas as respostas a questes formuladas aos gestores e os registros em fonte

documental, a partir dos temas apresentados a seguir.

4.2.1 Pr-requisito para a liberao das verbas

Percebeu-se que todos os gestores tinham conhecimento sobre a proposta REUNI, pois

todas as informaes passadas esto de acordo com os documentos pesquisados, inclusive nas

Diretrizes gerais do Programa REUNI. Como consta no depoimento do gestor 3:

[] As instituies federais de superior de ensino (IFES) teriam que apresentar comprovante de adeso, aprovado pelos Conselhos Superiores,

com plano detalhado da aplicao dos recursos dentro do escopo global do

programa. Isso seria principalmente atravs da ampliao de vagas e da

criao de novos cursos.

Em entrevista, o gestor 1 relatou inclusive que os recursos do programa REUNI eram

liberados por etapa, ou seja, o MEC liberava parte do dinheiro para as universidades, caso

fossem cumpridas as metas estabelecidas na proposta para aquele perodo era feita uma

avaliao pelo MEC, e s ento, era liberado o restante do dinheiro. Reforando essa

afirmativa, possvel observar que, de acordo com o Relatrio de Gesto UFS (2004 - 2012),

o MEC liberou em maro de 2008 um montante R$ 55.887.648,75 (cinquenta e cinco



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160 | P g i n a

milhes, oitocentos e oitenta e sete mil, seiscentos e quarenta e oito reais e setenta e cinco

centavos) para investimento e de R$ 25.107.519,65 (vinte e cinco milhes, cento e sete mil,

quinhentos e dezenove reais e sessenta e cinco centavos) para custeio/pessoal, sendo que este

ltimo valor seria incorporado ao oramento da instituio desde que a UFS cumprisse as

metas estabelecidas no plano.

Pode-se observar a partir dos depoimentos dos entrevistados que a liberao das

verbas do programa REUNI dependeu exclusivamente do cumprimento de metas. Este fato

remete ao que foi colocado por alguns autores no referencial terico deste estudo, dentre eles,

Fiuza (2010), quando afirma que o REUNI foi um acordo de metas, ou um contrato de gesto.

4.2.2 Participao acadmica no REUNI

A referida participao tomou por base as informaes divulgadas na poca, sobre as

diversas manifestaes de docentes e alunos que circularam em diversas mdias como, sites,

blogs, jornal local, entre outros. Os entrevistados afirmaram que durante o processo de adeso

ao programa a participao da comunidade acadmica ocorreu. Foi discutido nos Conselhos

Superiores que representam todos os segmentos da instituio, como pode ser visto nos

depoimentos abaixo:

O projeto foi elaborado por assessores da Reitoria e submetido aos

Conselhos Superiores da Universidade Federal de Sergipe, que possuem

representantes de todos os segmentos da instituio: docentes de todos os

campi e centros acadmicos, servidores tcnicos administrativos e discentes.

[...] O reitor colocou o Programa para que fosse discutido nos

Departamentos, nos Centros em todas as instncias da universidade,

inclusive nas sindicais; [].

Percebe-se que esse depoimento traz semelhanas com as queixas dos docentes e

alunos na poca. Eles desejavam um tempo maior e uma discusso mais ampla do plano. Esse

fato pode ser observado atravs de relatos feitos nos blogs pelos estudantes. Um dos

representantes dos discentes e de um dos conselheiros, disse em entrevista no site Centro

Acadmico Slvio Romero (CASR, 2007), ser contra ao projeto pela forma como foi

apresentado, sem uma discusso pblica.

No blog MRL (2007) uma matria assinada trs dias antes da aprovao do REUNI

por estudantes os representantes dos centros acadmicos afirmavam querer clareza nas

polticas expansionistas da UFS no mbito do REUNI e apresentaram duas propostas: a)

Realizao de um Seminrio sobre o REUNI, aberto para toda a comunidade acadmica e b)



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realizao de um plebiscito, organizado conjuntamente pela reitoria, professores, estudantes e

servidores tcnicos administrativo, com participao paritria da comunidade acadmica,

sobre a adeso ou no ao REUNI. Apesar das manifestaes feitas por esses grupos o REUNI

foi aprovado para o perodo de 2008-2012, atravs da Resoluo n40/2007/CONEPE, em 25

de outubro de 2007.

Pode-se inferir a partir das entrevistas e outras fontes de informao, que houve

participao da comunidade acadmica, mas ela foi realizada atravs dos Conselhos que

representam essas categorias.

4.2.3 Aprovao do programa na UFS

Os depoimentos manifestaram o reconhecimento e o esforo que a UFS fez para

aprovar o plano, pelo menos dentro da tramitao legal, seguindo o regimento e o

regulamento, como pode ser observado no depoimento do gestor 6:

Aps as discusses, as reformulaes necessrias nas instncias superiores, o

projeto chegou nos dois Conselhos Superiores (CONEP e CONSU), e eles

so os dois organismos responsveis pela aprovao definitiva do Projeto. O

MEC no poderia jamais, no financiaria jamais, se no tivesse sido

aprovado do jeito que foi, tal como aconteceu em todas as universidades

pblicas federais brasileiras, e a mesma tramitao que obedeceu Sergipe,

[].

O gestor 2 relatou que a aprovao era uma exigncia do prprio Decreto, a tramitao

legal era que a proposta fosse submetida ao Conselho Superiores e, segundo o entrevistado,

assim ocorreu. Houve na poca uma sesso do Conselho do Ensino e da Pesquisa onde os

Conselheiros votaram pela adeso da universidade ao programa REUNI. No entanto, como

revelaram os entrevistados 1, 4 e 5, no dia da aprovao a sesso foi interrompida por

manifestantes (docentes e discentes).

O gestor 5 revelou ainda que essas manifestaes no ocorreram somente na

Universidade Federal de Sergipe, elas ocorreram em todo Brasil; realmente esse fato pde ser

visto em muitas outras universidades do pas, a exemplo da Universidade Federal da Bahia

(UFBA), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde ocorreram diversas

manifestaes.

Percebe-se, portanto, que a aprovao do REUNI na UFS foi bastante conturbada, e

que a comunidade acadmica desejava uma maior participao nesse processo. No item que

se segue sero analisadas as motivaes que levaram a UFS aderir ao REUNI.



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4.2.4 Motivaes para UFS aderir ao REUNI

De forma geral, verificou-se nos depoimentos dos entrevistados que a principal

motivao para UFS aderir ao programa REUNI deu-se em funo da possibilidade de obter

mais recursos por parte do governo federal. Esse fato traz algumas semelhanas com o que

assinalado por autores que tratam do tema (LDA; MANCEBO, 2009; FIUZA, 2010) de que

a adeso em massa ao REUNI ocorreu porque as universidades perceberam que essa seria a

nica forma delas obterem mais recursos.

O gestor 4 revelou em seu depoimento que o programa REUNI inicialmente previa

um repasse da ordem de R$ 2 bilhes de reais para todo o conjunto das IFES. Esses recursos,

segundo ele, seriam usados tanto para despesas de custeio quanto de capital. Acrescentou que

o REUNI representava para as universidades uma oportunidade nica de viabilizar novos

investimentos, que no passado teriam sido irrelevantes. Os entrevistados 2, 3 e 5 destacaram

tambm o fato da UFS j ter um plano de expanso desde o ano de 2004.

Pode-se observar a partir dos depoimentos, que a adeso da UFS ao REUNI deu-se

principalmente, pela possibilidade de alocar os recursos desse programa num plano que j

vinha sendo implementado na instituio. Tambm para a incluso de uma maior parcela da

populao, que foi proporcionada pela interiorizao da universidade.

4.2.5 Dificuldades para a UFS atingir as metas do REUNI

Dos seis entrevistados, apenas os gestores 3 e 6 disseram no ter havido nenhuma

dificuldade para a UFS atingir as metas do REUNI. O entrevistado 1 destacou que algumas

dificuldades ocorreram pelo fato de tratar-se de uma organizao pblica, onde todas as obras

tem que passar pelo processo licitatrio (que demanda um tempo maior) e isso acabou

atrasando algumas obras de infra-estrutura.

Outra dificuldade citada por esse gestor foi com relao ao nmero de professores,

pois segundo ele, houve descontinuao pelo MEC na liberao das vagas a partir de 2010.

Foi citado tambm como uma das dificuldades do perodo, o boom no mercado da construo

civil no Estado e a carncia de empresas que tocassem as obras previstas. O entrevistado 1

citou ainda outras dificuldades como a falta de pessoal qualificado e de um sistema de

informao eficiente na instituio. No entanto, ressaltou que todas essas dificuldades fizeram

parte de um processo de aprendizagem e acrescentou que, do segundo ano em diante, elas

foram sendo superadas e o processo comeou a fluir com mais naturalidade.



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Apesar das dificuldades enfrentadas, a UFS conseguiu atingir quase todas as metas

estabelecidas na Proposta REUNI, e este pode ser considerado um fator positivo no processo

de expanso da UFS.

4.2.6 Tempo de planejamento do REUNI na UFS

Observou-se que a implantao do REUNI na UFS foi bastante polmica, pois

ocorreram diversas manifestaes contrrias a esse programa, como j citadas anteriormente.

Tambm merece destaque as rgidas metas que foram pactuadas entre governo e universidade,

pois algumas dessas metas foram bastante difceis de serem alcanadas. A falta de tempo para

planejar a execuo das obras tambm foi destacada por alguns entrevistados, pois como os

recursos tinham que ser aplicados dentro do prprio exerccio a universidade muitas vezes

teve dificuldade para fazer o planejamento dessas obras.

Foi percebido que por conta da urgncia em implantar esse programa, surgiram alguns

transtornos para essa instituio, dentre elas: dificuldade de licitar empresas para executar as

obras, falta de pessoal qualificado para tocar a proposta, dificuldades no gerenciamento de

professores, dificuldades com o sistema informao eficiente, quantidade de equipamento

insuficiente da instituio, entre outras coisas.

Dessa forma, perceptvel que faltou um tempo maior para que a universidade

pudesse planejar melhor a implantao do REUNI, sendo unnime a opinio dos gestores

sobre o assunto.

Esse fato pode ser comprovado atravs do cronograma que consta nas Diretrizes

Gerais (2007) do programa e assim, percebe-se claramente a falta de planejamento para se

implantar programas do governo.

4.2.7 Alternativas de expanso da UFS

Os entrevistados 1, 2, 3 e 6 destacaram que uma instituio pblica s pode crescer se

houver investimentos do poder pblico, e afirmaram que a expanso que vem ocorrendo nas

universidades pblicas no seria possvel acontecer com poucos recursos. Assim, o REUNI

foi, na percepo dos mesmos, fundamental para expanso da UFS. O gestor 5 destacou

ainda que para a instituio cumprir o seu papel de propulsora do conhecimento na regio

teria que ter a possibilidade de contar com um programa diferenciado. O gestor 4



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mencionou que os recursos do REUNI possibilitaram a alocao de recursos num ousado

plano, atravs de investimentos jamais vistos na instituio.

4.2.8 Aplicao das verbas do REUNI

De forma geral, verificou-se entre os gestores entrevistados que h a concordncia de

que os recursos do REUNI foram aplicados basicamente em infra-estrutura e pessoal. Sobre

essa questo o gestor 1 destacou que os recursos do REUNI foram aplicados em obras de

infra-estrutura, em contratao de professores e de tcnicos. Foi destacado ainda por esse

gestor, que esses recursos foram importantes porque possibilitaram que a UFS fizesse vrios

investimentos.

No Catlogo de Obras de 2012 constata-se que as obras foram entregues a partir de

2009-2012; existem obras em andamento e outras, em fase de licitao. Com os recursos do

REUNI a UFS pde dar um salto bastante significativo no quesito infra-estrutura,

representado pelas melhorias em diversos aspectos, a exemplo da ampliao do

estacionamento, construo de novas didticas, implantao de laboratrios, construo de

novos departamentos, entre outros, se configurando o balano positivo.

4.2.9 Mudanas na Infra-estrutura

De acordo com as percepes dos entrevistados e as informaes contidas nos

Relatrios de Gesto da UFS, em 2012 possvel constatar as transformaes aps a

implantao do REUNI.

De maneira geral, os impactos do REUNI na infra-estrutura podem ser considerados

como positivos, pelo menos em termos quantitativos. Com os recursos do REUNI a

instituio vem realizando diversas obras, como a construo de novos prdios, e reforma de

outros, alm das adequaes que vem sendo feitas para atender os portadores de deficincia, e

mais recentemente, a climatizao das salas de aula.

Porm, o grande problema que foi observado que as melhorias na infra-estrutura vm

ocorrendo paralelamente ampliao das vagas, e isso vem trazendo muitos transtornos

comunidade acadmica que tem que conviver com as dores desse crescimento rpido e sem o

planejamento necessrio.

Na Biblioteca Central (BICEN) unnime a opinio de todos os entrevistados quando

afirmaram as melhorias, atravs de obras de melhorias e ampla reforma, com a duplicao do



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espao fsico. Quanto a ampliao do acervo bibliogrfico, de acordo com o Relatrio de

Gesto/UFS (2004-2012) houve um crescimento percentual de 32% no nmero de exemplares

e de 29,37% no nmero de ttulos, nesse mesmo perodo.

O Restaurante Universitrio (RESUN) tambm est passando por uma ampla reforma

e esto sendo feitas todas as adequaes necessrias para atender a um nmero maior de

usurios. O gestor 4 destacou que durante esse perodo ocorreram duas intervenes no

Restaurante Universitrio, uma em 2008, que possibilitou um aumento da capacidade de

oferta do restaurante.

As mudanas que ocorreram nas salas de aula, equipamentos, projeto de climatizao

e laboratrios aps o REUNI, de maneira geral, todos os entrevistados concordam que houve

um aumento significativo em todos estes itens. Conforme consta no Relatrio de Gesto/UFS

(2004-2012), houve um aumento percentual de 33% no nmero de salas de aula. Quanto ao

nmero de equipamentos, houve uma grande aquisio, no entanto ainda insuficiente,

principalmente projetores e computadores para quantidade de professores e climatizao das

salas.

Com relao ao projeto de climatizao foi dito pelos entrevistados que o projeto j foi

licitado e em breve a obra estar sendo executada.

O nmero de laboratrios na UFS, aps o REUNI, do ponto de vista dos gestores e das

informaes que constam no Relatrio de Gesto/UFS (2004-2012) no perodo de 2008-2011,

teve crescimento de 24,74%. Com a implantao do REUNI esse nmero vem crescendo, pois

no Catlogo de Obras/UFS (2012) possvel observar que muitos outros laboratrios esto

sendo construdos, com previso de entrega para 2013.

4.2.10 Impactos nas Atividades de Ensino

Nas atividades de ensino ocorreram alguns impactos, aps a implantao do REUNI

na UFS. Porm, alguns desses impactos foram positivos e outros, no entanto, negativos.

Dentre os impactos positivos destacam-se: a ampliao das vagas possibilitada pela criao de

novos cursos, o aumento do nmero de professores efetivos e a reduo do nmero de

contratos de professores substitutos, maior qualificao desses docentes, aumento da ps

graduao nos cursos de mestrado e doutorado. O nmero de matriculados no mestrado saiu

de 596 em 2008, para 1.285 em 2012, o aumento percentual foi de 115%. J o curso de

doutorado tinha em 2008, 112 alunos, hoje esse nmero corresponde a 405, em termos



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percentuais observa-se um aumento de 261,6%. Foi tambm observado um aumento da

produo cientfica na instituio nesse perodo, alm de outras coisas.

Os pontos negativos observados na pesquisa se deram em funo das dificuldades de

gerenciamento de professores. Como foi destacado por um dos entrevistados houve um atraso

pelo MEC na liberao das vagas de docentes causando alguns transtornos para as atividades

de ensino. Esse atraso na liberao das vagas de docentes vem trazendo alguns problemas

para o ensino, uma vez que muitas turmas foram criadas sem a garantia de professores para

ministrar as aulas. Essa dificuldade tambm acabou aumentando muito o nmero de alunos

por turma.

Os depoimentos que seguem confirmam a elevao do quadro professores na UFS, de

2008 a 2012, perodo do REUNI:

[...] Em 2007, antes do REUNI, j eram 55,6% doutores (323 de 581), e em

fins de 2012 alcanamos 1136 docentes, com 64,1% de doutores (728). Tais

nmeros refletem o amplo crescimento da instituio...(gestor 4)

[...] o nmero de docentes praticamente triplicou em 08 anos [...] bem como

a qualificao desses docentes, uma vez que os editais de concursos para

professores foram em sua maioria na categoria adjunto o que exigia o titulo

de doutor (gestor 5).

O aumento na oferta de disciplinas beneficiou os discentes, j que houve uma

ampliao do leque de opes. O gestor 3 relatou que, com a ampliao no nmero de

disciplinas houve um aumento da diversidade na formao dos profissionais por melhores

alternativas nas escolhas de disciplinas eletivas e optativas. Os depoimentos dos

entrevistados mostraram que ocorreram mudanas em termos quantitativos e essas mudanas

devem se refletir numa melhor formao para o aluno.

Consta no site da Comisso de Concursos Vestibular CCV (2013) que hoje a UFS

conta com 117 opes de cursos, em quase todas as reas do conhecimento, essa ampliao

permite que aluno circule por vrios cursos, escolhendo disciplinas que lhes interessem.

5 CONCLUSES

Este estudo teve como foco analisar os impactos do processo de implantao do

REUNI na Universidade Federal de Sergipe UFS atravs da percepo dos entrevistados e

da pesquisa documental. A partir dos dados obtidos, possvel inferir quais os efeitos que

ocorreram durante o processo de implantao deste programa.



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Pode-se observar que a implantao e implementao do REUNI na UFS, assim como

nas demais universidades do pas, no ocorreu imune a polmicas e questionamentos, como

destaca Frana (2011). A maneira como foi implantado sem uma discusso aberta com a

comunidade acadmica e a sociedade, demonstra que a sua implantao no ocorreu da forma

como esses grupos desejavam. Porm, toda a comunidade acadmica participou das

discusses atravs dos Conselhos representativos.

Como verificado na pesquisa feita por Melo e Santana (2010), na UFS a comunidade

acadmica desejava que fosse feito um plebiscito para que toda a comunidade pudesse votar a

adeso do programa. Alm disso, a exigncia de adeso ao programa j com o cumprimento

de metas antes da liberao dos recursos, demonstra que no houve um planejamento mais

estruturado com vistas a adequar primeiramente as condies fsicas e humanas para atender a

nova demanda.

Dessa forma, percebe-se que houve certa urgncia em aprovar o programa REUNI.

Pode-se observar tambm que, sem um prvio planejamento, muitos transtornos vem

ocorrendo. Dentre esses problemas destacam-se as dificuldades no gerenciamento de

professores, como dito pelo gestor 1, obras em excesso sendo realizadas ao mesmo tempo,

trazendo transtornos para toda a comunidade acadmica, ampliao rpida do nmero de

vagas antes das melhorias em infra-estrutura, fechamento do restaurante universitrio para

reforma, dificuldades nas licitaes das obras, entre outros aspectos.

Tambm merecem destaque as rgidas metas pactuadas nesse programa, como a

elevao da taxa de diplomados de 58% para 90%, a ampliao em 20,02% do nmero de

vagas, a reduo da taxa de evaso. Algumas dessas metas vm causando dificuldades para a

gesto da Instituio, uma vez que o tempo que foi dado para se atingir essas metas foi muito

curto e tambm pelo fato dessas metas serem puramente quantitativas, podendo acarretar

problemas na qualidade do ensino.

Por outro lado, apesar de todas as dificuldades que a comunidade acadmica vem

enfrentando com a implantao do programa REUNI, diversas melhorias vem ocorrendo na

UFS. No se pode negar que hoje a instituio j conta uma infra-estrutura bem melhor do

que h 5 anos atrs, houve tambm incluso maior da sociedade ao ensino superior, um

crescimento muito grande na ps-graduao, dentre outros aspectos.

Sabe-se que ainda cedo para se fazer qualquer diagnstico definitivo sobre esse

programa, uma vez que as ltimas verbas do REUNI foram liberadas em 2012 e muito ainda



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168 | P g i n a

falta para sua concluso. necessrio certo tempo para que seja possvel os reais ganhos

trazidos por esse programa nesta e em outras instituies.

Finalmente, sugere-se a realizao de estudos semelhantes em outras universidades

pblicas do pas para o estabelecimento de parmetros comparativos e novas pesquisas

envolvendo a percepo de outros grupos da comunidade acadmica e da sociedade, para

avaliar a eficcia e efetividade das aes implementadas pelo REUNI.

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