revista floresta brasil amazônia - 04

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Amazonas Rural fortalece a economia do povo da floresta O Programa Amazonas Rural é a mais ousada iniciativa do governador Omar Aziz para proporcionar o desenvolvimento regional aos homens e mulheres que vivem no interior do Estado. Nesta edição registramos em Roraima a força da produção de morangos na Serra do Tepequém, onde a iniciativa do agricultor Eugênio Thomé, que foi secretário da Agricultura do Estado por quatro vezes e duas da cidade de Boa Vista, surpreende pela qualidade dos frutos alcançados em pouco mais de um ano, como podemos perceber na 1ª Festa do Morango.

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4 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))www. s e na r - am . o r g . b rAMAZONAS

O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL

weg

a

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 5 )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

))))))))))))))))))))))))Sumário

» ARTIGO 69 - Ulisses Girardi escreve sobre o

aproveitamento dos resíduos para adubo

» AGROPEC 70 - A feira Agropec ofereceu um show de vaquejada

» ARTIGO 82 - Presidente da FAS fala do manejo

sustentável do Pirarucu

» TEPEQUÉM 84 - A Serra do Tepequém em Roraima revela o

melhor morango do Norte

» ARTIGO 91 - Hiroshi Noda fala sobre conservação de

espécies amazônicas

» SUSTENTABILIDADE 92 - Resultados positivos na Rio+20

» ARTIGO 96 - Diretor do Musa escreve sobre a capacitação

e formação na Amazônia

» ARTIGO 98 - Secretário Eron Bezerra reflete sobre a

cimeira Rio+20

» ARTIGO 100 - Ivaneide Lima fala sobre grandes mulheres

do Brasil

» EFEMÉRIDE 101 - Os 40 anos do SEBRAE

» ENERGIA 102 - Geração de energia e gás no Amazonas

» REGISTRO 8 - O que acontece na região

» NOTAS 10 - Fique por dentro

» PROGRAMA 12 - Amazonas Rural dará impulso ao setor

primário

» FRUTICULTURA 20 - Produtores rurais foram ao Nordeste

conhecer a cultura da graviola

» EVENTO 31 - Programação especial comemora a 1ª

Semana do Produtor

» MINERAÇÃO 32 - Manaus tem distribuidor direto de calcário

» EMPREENDEDORES 38 - Programa Negócio Certo Rural muda a

realidade de propriedades no Amazonas

» ARTIGO 41 - Presidente do SENAR-AM fala da missão

da Instituição

» PESQUISA 46 - Estudo pretende comprovar a viabilidade

econômica do tambaqui

» BOVINOCULTURA 50 - Destaque no agronegócio brasileiro no cenário mundial

» PARCERIA 54 - A empresa Coca-Cola vai vender suco de

açaí para todo o Brasil

» PRÊMIO 58 - Premiados recebem a placa do Mérito

Cooperativista 2012

» EXPOBOCA 60 - Boca do Acre realiza a 1ª EXPOBOCA

» FEIRA 64 - XVII Fepagro incentiva a agricultura familiar

» ARTIGO 66 - Senador Valdir Raupp faz um panorama do

papel das usinas de Jirau e Santo Antônio

» ARTIGO 68 - Secretário de mineração fala sobre

reservas de sais de potássio

www. s e na r - am . o r g . b rAMAZONAS

O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL

weg

a

24AVICULTURAManaus é autossuficientena produção de ovos

42EXPOSIÇÃOApuí comemora bodasde prata da feiraagropecuária

34JI-PARANÁEmoção na 33ª EXPOJIPA

74DESPESCAManejo sustentável depirarucu no Médio Juruá

João RicardoDesigner Gráfico

Francisco AraújoFotógrafo

Ana Paula SenaJornalista

Ivaneide LimaProdutora

Mayara LimaJornalista

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

Bruno KellyFotógrafo

Rui de AlmeidaDesigner Gráfico

Epifânio LeãoPublicitário

Diárcara RibeiroJornalista

Rua Pará, 425, Sala 3 – Cj. VieiralvesN. Sa. das Graças – Fone: 92 3087-5370 CEP: 69053-575 – Manaus–Amazonas

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Diretor de redação eJornalista Responsável

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Epifânio Leão Antonio XimenesMTB: 23.984 DRT-SP Diárcara Ribeiro Rui de Almeida

Ivaneide Lima Antonio XimenesDiárcara RibeiroMayara Lima

Ana Paula Sena Antonio XimenesBruno KellyFrancisco Araújo

Epifânio Leão

João Ricardo

Bruno Kelly

Imanam

Regional

Trimestral

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 7

EDITORIALAmazonas Rural fortalece a economia do povo da floresta

O Programa Amazonas Rural é a mais ousada iniciativa do governador Omar

Aziz para proporcionar o desenvolvimento regional aos homens e mulheres

que vivem no interior do Estado.

Linhas de crédito para a compra de equipamentos agrícolas, entrega de se-

mentes, assistência técnica, construção de estradas vicinais para auxiliar no

escoamento da produção, subsídios para a borracha, incentivo maior para

os produtores de malva e juta, instalação de agroindústrias para beneficiar

o açai em Carauari, Benjamin Constant, entre outras cidades do Amazonas

Profundo, fazem parte da estratégia para melhorar a qualidade de vida de

milhares de produtores rurais.

Na mesma direção, mas no âmbito de Manaus, os avicultores da capital e da

região metropolitana dão o exemplo de autonomia ao abastecerem a maior

cidade amazonense com ovos. Manaus é autossuficiente neste importante

alimento para a saúde da população.

Ainda falando de alimentos, mas, neste caso de peixes, pescadores da co-

munidade de São Raimundo, da Reserva Extrativista do Médio Juruá, ten-

do à frente o líder Manoel Cunha, que também é presidente do Conselho

Nacional dos Seringueiros, provam que é possível despescar pirarucu, com

base em manejo sustentável.

Agora, a força do Bacalhau da Amazônia, com sua unidade de beneficiamen-

to em Maraã, no Alto Solimões, é inegável, pela ousadia da proposta, que

tem tudo para ganhar o mundo, especialmente nos melhores restaurantes

do planeta, criando empregos para os ribeirinhos.

Além do pirarucu observamos que a piscicultura em tanques com o tamba-

qui, também apresenta bons resultados.

Nesta edição registramos em Roraima a força da produção de morangos na

Serra do Tepequém, onde a iniciativa do agricultor Eugênio Thomé, que foi

secretário da Agricultura do Estado por quatro vezes e duas da cidade de

Boa Vista, surpreende pela qualidade dos frutos alcançados em pouco mais

de um ano, como podemos perceber na 1ª Festa do Morango.

Ainda na tradição amazônica estivemos na 33ª Expojipa, em Ji-Paraná, neste

que é o maior avento agropecuário da região central de Rondônia, onde as-

sistimos uma bela homenagem a Ney Goes (faleceu em 2006), um dos mais

respeitados empresários da cultura sertaneja.

Com toda esta diversidade, podemos dizer que a nossa publicação está sor-

tida de novidades da Amazônia. Boa leitura.

Antonio XimenesJornalista Responsável

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8 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» REGISTRO DA FLORESTA

Foto: Bruno Kelly

Jacaré de 3,5 metros pego nas

redes dos pescadores em des-

pesca do pirarucu do Médio

Juruá.

» MEMÓRIAO Amazonas perdeu um dos

grandes líderes do agroextrati-

vismo, o Sr. Antonio Malveira

Gomes, de 51 anos, no dia

11/09. Um produtor rural que

com muito esforço e determi-

nação foi um dos fundadores

da Associação e Cooperativa

dos Produtores Agroextrativis-

tas da Colônia do Sardinha (As-

parc), localizada no município

de Lábrea.

» RESTAURANTE SUZURANPirarucu no misso com castanha

do Brasil, gelatina de tucupi e vi-

nagrete. Culinária japonesa da

floresta.

» AVENTURA NA SELVA DISCOVERY

O coronel Leite da Aeronáutica,

protagonista do programa "Desa-

fio em Dose Dupla", da Discovery

Chanel, fez uma conferência sobre

sobrevivência na selva, no dia 4 de

outubro no Dulcila da Ponta Ne-

gra. Na ocasião, 450 pessoas assis-

tiram o evento que foi direciona-

do para um público empresarial.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 9

Fotos: Divulgação/Ministério da Defesa » OPERAÇÃO AMAZÔNIAO Ministro da Defesa, Embaixador

Celso Amorim, acompanhou as

atividades que foram desenvolvi-

das na Operação Amazônia 2012.

Durante as atividades por inter-

médio da Marinha, do Exército e

da Aeronáutica, foram oferecidos

à população atendimentos mé-

dico, odontológico, psicológico,

orientação jurídica, vacinação,

corte de cabelo, orientação sobre

prestação do serviço militar, entre

outros serviços.

A Operação Amazônia 2012 teve

como objetivo adestrar as forças

conjuntas para missões de comba-

te, mas com relacionamento social

com os ribeirinhos.

» Almirante de Esquadra Max e Vice-Almirante Frade do 9º Distrito Naval, durante a operação em Iranduba

» Comandante do CMA, General de Exército Eduardo Villas Bôas

10 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» NOTAS

Foto: Divulgação

» CONGRESSOAconteceu em Manaus o 45º Con-

gresso Brasileiro de Fitopatologia,

no Studio 5 Centro de Convenções.

No evento foram ministradas pa-

lestras, mini-cursos, exposição de

pesquisas e debates, com pesqui-

sadores nacionais e estrangeiros. O

presidente da FAEA, Muni Lourenço,

participou da abertura do evento e

ressaltou, “O Agronegócio precisa

do estreito laço com a Fitopatologia

para continuarmos crescendo com

a produção de alimentos em nosso

país aliando com a sustentabilida-

de”. Atualmente se produz em 27%

do território brasileiro enquanto

61% são preservados.

» EXPORTAÇÃOAs exportações brasileiras de pro-

dutos do agronegócio somaram

US$ 62,568 bilhões no acumula-

do de janeiro a agosto deste ano,

crescimento de 1,8% em relação ao

mesmo período de 2011, quando os

embarques desse segmento rende-

ram US$ 61,488 bilhões. Com o re-

sultado, o setor ampliou para 39%

sua participação no total exportado

pelo Brasil, segundo dados divulga-

dos no dia 27/09 pela Confederação

da Agricultura e Pecuária do Brasil

(CNA). Em igual período de 2011, a

participação do setor nas exporta-

ções totais do país foi de 36,9%.

» OURO DO MADEIRA

A Cooperativa de Garimpeiros da

Amazônia (Cogam), do município de

Humaitá, efetuou a primeira venda

de ouro, extraído do Rio Madeira,

após a entidade ter recebido o li-

cenciamento ambiental e mineral.

A cooperativa comercializou cerca

de cinco quilos de ouro, ao preço de

481.103,15 R$, beneficiando direta-

mente 93 cooperados.

» AVICULTURAA veterinária Marlene Sala, partici-

pou durante os dias 12 a 14 de se-

tembro, do IX Curso de Atualização

em Avicultura para Postura Comer-

cial realizada na Unesp em Jabotica-

bal -- São Paulo.

» PESCAO Instituto de Proteção Ambiental

do Amazonas (IPAAM), comemora

os resultados do manejo de pesca

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 11

Foto: Divulgação SDS

no Lago Samaúma, localizado na Re-

serva Extrativista do Médio Juruá,

no rio Juruá, município de Carauari,

onde foram capturados pirarucus

e tambaquis manejados que soma-

ram mais de duas toneladas.

» MELHORAMENTO DA CITRICULTURA

A citricultura está consolidada

como uma importante atividade

econômica no Amazonas, ocupan-

do uma área com 4 mil hectares, a

produção se concentra nos muni-

cípios de Manaus, Rio Preto da Eva

Manacapuru, Itacoatiara, Careiro e

Iranduba. A atividade está em ex-

pansão e exigindo conhecimento

técnico. A Federação da Agricul-

tura e Pecuária do Estado do Ama-

zonas (FAEA), e Serviço de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), conheceram in loco um

projeto, voltado para produção de

laranjas.

Desenvolvido na Fazenda Brejo do

Matão, Km 15 da BR, 174, o proje-

to consiste no ‘Plantio Direto’.

» PRÊMIO CLAUDIA 2012Secretária de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável do

Amazonas (SDS), Nádia Ferreira,

tem se destacado por seus proje-

tos de conservação da floresta e

de desenvolvimento das comuni-

dades ribeirinhas e extrativistas.

A bióloga foi uma das finalistas

da categoria Políticas Públicas, do

Prêmio CLAUDIA 2012, da editora

Abril.

Segundo a revista, mais de 250

personalidades públicas foram in-

dicadas por opiniões de todo o

país para as cinco categorias do

prêmio.

» RESERVACriança sobre sementes de Muru-

muru, na reserva extrativista RE-

SEX, no médio Juruá. A região for-

nece óleos para a Natura.Foto: Bruno Kelly

Foto: Divulgação

12 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Programa

DESENVOLVIMENTOREGIONAL

REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Ana Paula Sena, Diárcara Ribeiro e Agecom

O PROGRAMA AMAZONAS RURAL VAI BENEFICIAR 78 MIL FAMÍLIAS NO INTERIOR DO ESTADO, E OS PRODUTORES RURAIS JÁ COMEMORAM OS RESULTADOS POSITIVOS[ [

Lançado pelo governador do Amazonas, Omar Aziz no

dia 25 de julho deste ano, o programa tem contribuído

para que agricultores ampliem a produção e a renda com

o abastecimento de feiras e mercados na capital e no in-

terior. De acordo com o governador o programa Amazo-

nas Rural dará um novo impulso à economia do Estado, a

partir do setor primário.

O programa investe no setor por meio do crédito, assis-

tência técnica e comercialização, alavancando a econo-

mia e gerando mais emprego e renda e fortalecendo as

agroindústrias, produtos como malva e juta, borracha,

castanha e óleos vegetais, dentre outros.

Omar Aziz explicou que o programa é um pacote de me-

didas para aumentar a produção, a fim de tornar o Ama-

zonas autossuficiente em alimentos e produtos agroflo-

restais, dinamizar a economia dos municípios, gerando

riqueza e oportunidades de emprego a partir da criação

de mais de 200 mil ocupações, além de estimular o de-

senvolvimento sustentável, por meio da consolidação de

culturas tradicionais, como peixe, fibras, borracha, frutas

regionais, manejo madeireiro e a pecuária. “Nosso obje-

tivo é alavancar a economia do Estado. O País passa por

dificuldades, e a economia não tem crescido no setor in-

dustrial. Cabe a nós criarmos oportunidades para gerar

emprego no campo”, afirmou o governador.

» INVESTIMENTOS

O programa tem investimentos previstos de R$ 1 bilhão,

dos quais R$ 100 milhões são estaduais, R$ 200 milhões

de parceiros públicos, como Ministério das Cidades e

Fundo da Amazônia, e o maior volume, cerca de R$ 700

milhões, da iniciativa privada, além de um pacote de R$

600 milhões em obras de infraestrutura no interior do Es-

tado, que inclui construção de estradas e vicinais, portos

e melhoria da infraestrutura das cidades. “Não é possível

que um pequeno agricultor ainda tenha que remar horas

para levar sua produção até a cidade”, disse Omar Aziz.

Segundo o governador, um dos principais eixos do Ama-

zonas Rural é o desenvolvimento do setor pesqueiro, com

a consolidação de cinco polos de aquicultura no Estado. A

meta é sair das atuais 15 mil toneladas de pescado/ano

para 100 mil. “Queremos fazer do Estado uma referência

na produção de peixe em cativeiro”, afirmou Omar Aziz.

» AGROINDÚSTRIA, EXTRATIVISMO E PECUÁRIA

O desenvolvimento da agroindústria é outra meta do

programa, com objetivo de gerar emprego e agregar va-

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 13

lor aos produtos, como o açaí, o pescado, frutas regio-

nais, produtos florestais e outras culturas tradicionais.

O Amazonas Rural prevê o estímulo à fruticultura com a

finalidade de garantir fornecimento para a agroindústria.

O extrativismo também será fortalecido, por meio do

incentivo à produção de fibra (juta e malva), com a fina-

lidade de tornar o Brasil autossuficiente. A meta é sair

dos atuais 12 mil toneladas por ano para 20 mil por ano,

em 2015. O mesmo deve acontecer com a borracha, cuja

meta é chegar em 2015 produzindo 5 mil toneladas por

ano. Hoje a produção é de 1 mil toneladas por ano, mo-

bilizando 9 mil seringueiros, distribuindo kits sangria,

abrindo novas estradas e construindo mil casas popula-

res para os trabalhadores.

No manejo florestal, a meta é atingir, até 2015, a produ-

ção de 400.000 m3 de madeira e implantar mil planos de

manejo simplificado para legalizar a produção e atender

serrarias e movelarias. Na pecuária, a meta é ampliar a

produção de leite de 1 milhão de litros por ano para 9 mi-

lhões de litros por ano, e o manejo do gado de uma para

três cabeças por hectare, com uso de tecnologia, além de

classificar o Amazonas como área livre de febre aftosa.

» PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS

O governador Omar Aziz também assinou o Termo de

Adesão do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA),

que vai beneficiar 685 famílias de 17 municípios, com

aquisição de aproximadamente 855 toneladas de ali-

mentos. O convênio é de R$ 2.429.000,00 e os alimen-

tos adquiridos dos produtores rurais serão doados a 34

entidades assistencialistas. Na segunda fase serão mais

19 municípios.

» ESCOAMENTO

O escoamento de produção também é uma ação do pro-

grama e já iniciou em quatro municípios da região metro-

politana e na zona rural de Manaus. As obras já iniciaram

» Governador do Amazonas, Omar Aziz, durante o lançamento do Programa Amazonas Rural, com a presença de secretários, políticos, representantes de entidades classistas e produtores

14 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

em Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Rio Preto da Eva,

Iranduba e assentamento Tarumã Mirim, no ramal Cris-

tiano de Paula. Só nessa primeira etapa estão sendo re-

vitalizados 627 km de vicinais, beneficiando um total de

4.573 famílias.

Para todo o ano de 2012, a Secretaria de Estado da Pro-

dução Rural (Sepror) prevê a recuperação de aproxima-

damente 1.500 km de vicinais em todo o Estado do Ama-

zonas, gerando 56 mil empregos.

São caminhões basculantes (caçambas), retroescavadei-

ras, pás-mecânicas, trator de esteira D6, rolos compacta-

dores e motoscraper trabalhando a todo vapor para levar

dignidade aos homens e mulheres do campo. “A meta do

governador Omar Aziz é tornar o Amazonas autossufi-

ciente na produção de alimentos e produtos agroflores-

tais, gerando riqueza e oportunidades de emprego aos

trabalhadores do campo”, ressaltou o secretário de pro-

dução rural do Amazonas, Eron Bezerra.

» FEIRAS

A produtora Terezinha Saraiva, 52, que mora em Iran-

duba (a 28 quilômetros de Manaus), produz hortaliças

(couve, cheiro verde, salsinha e pimentão) e relata que

há 20 anos cultiva esses produtos, recebe apoio na co-

mercialização dos seus produtos por meio do Programa

de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), realizado

por intermédio da Agência de Desenvolvimento Susten-

tável (ADS).

Terezinha Saraiva ainda revela que já comercializou

12.382 kg de hortaliças, totalizando renda de mais de

R$ 60 mil. A produtora ainda conta que teve mais opor-

tunidade de crescimento e melhorias na sua renda. “Um

dia pensei em desistir. Mas ao fazer parte dos incentivos

do Governo do Amazonas pude aumentar a minha pro-

dução, o que elevou minha autoestima e a vontade de

trabalhar”, explicou Terezinha, que também abastece o

comércio do município e da capital.

No ramal do Pupunhal, há 20 minutos da horta de Tere-

zinha Saraiva, mora o casal Antônio e Francisca Silva, que

desenvolve a agricultura familiar no cultivo de couve-flor,

feijão de metro, quiabo, cebolinha, pepino, alface e chei-

ro-verde. Toda a produção atende as feiras dos produto-

res regionais em Manaus.

De acordo com o presidente da ADS, Valdelino Cavalcan-

te, o objetivo do governo é sempre criar oportunidades

para população, com projetos que gerem renda para fa-

mílias. “Desta maneira todos os feirantes poderão ter um

lugar para vender com mais qualidade. Com o Amazonas

Rural as cadeias produtivas tradicionais são fomentadas,

a produtividade melhora, os produtores passam a ter

acesso ao crédito, um escoamento mais fácil, além de

garantir mercado e competitividade aos produtos, ofere-

cendo novas alternativas econômicas e mais oportunida-

de ao homem e a mulher do interior”, disse.

Programa

» Assinatura de seis projetos de leis, encaminhados à Assembleia Legislativa do Amazonas

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 15

» ORGÂNICO

No bairro Colônia Antônio Aleixo, zona leste de Manaus,

a horta dos agricultores Raimundo Silva e Walda Ferrei-

ra reúne hortaliças da agricultura orgânica. Eles relatam

que esse diferencial tem consolidado a clientela nas

feiras do Centro de Instrução de Guerra na Selva, que

acontece no Cigs, e da Economia Feminista e Solidária de

Produtos Regionais, no pátio do Cassino dos Suboficiais

e Sargentos da Guarnição de Aeronáutica (Cassam), am-

bas em Manaus, e junto aos moradores do bairro Colônia

Antônio Aleixo.

O cheiro verde e o couve-flor respondem pelo maior vo-

lume de produção para as feiras regionais. “Graças a Deus

que participamos desse projeto porque é uma força gran-

de para que possamos tirar nosso sustento. Só temos a

crescer com esses incentivos”, enfatizou Walda Ferreira.

Para Raimundo Silva os programas estaduais ajudam a

prosperar os negócios. Ele mantém a convicção de que

esse sucesso deve continuar com o Programa Amazonas

Rural. “Esses incentivos do Governo tiraram a gente da

pequena produção para algo em grande escala, e acre-

dito muito que o Amazonas Rural vai aumentar nossa

produtividade”.

» CAPACITAÇÃO

O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal

Sustentável do Amazonas (IDAM) prioriza os agricultores

familiares com assistência técnica e ações que vão desde

a capacitação até o auxílio na hora de escoar a produção,

por conta disso, muitas comunidades tem investido nas

plantações e atividades que geram renda e postos de tra-

balho na região, com o objetivo de levar o produto para

ser comercializado nas feiras e mercados do município.

De acordo com o presidente do IDAM, Edmar Visoli, é

muito importante nesse processo a capacitação dos pro-

fissionais, para que se consigam resultados positivos na

produção e colheita do produto. “Nem mesmo a distân-

cia impede que a gente chegue até os nossos agriculto-

res, o Governo do Estado prioriza atender da melhor for-

ma possível os protagonistas do setor primário, que são

os produtores rurais”, afirmou.

» CRÉDITO

Os produtores rurais do Estado afetados pela cheia des-

te ano receberam créditos, devido a perca das safras.

De acordo com a Secretaria Estadual de Produção Rural

» Governador entrega um Kit Sangria para um produtor rural no auditório da Universidade Federal do Amazonas

16 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

(SEPROR), mais de 30 mil pessoas já fizeram o pré-cadas-

tro para ter acesso ao crédito, e a estimativa é de que o

volume total chegue a R$ 150 milhões. O recurso é oriun-

do do Fundo Nacional do Norte (FNO) e tem o objetivo

de reestruturar as áreas produtivas com ações pós-en-

chente. O valor do empréstimo pode ser de até R$ 12

mil, com juros de 1% ao ano, prazo para pagamento de

até 10 anos e bônus de 40% para os que pagarem em dia.

Também foi apresentada uma segunda linha de crédito,

o “Mais Alimento”, com volume de negócios previstos em

R$ 30 milhões, com a finalidade de financiar a aquisição

de tratores para facilitar a mecanização dos solos, reduzir

o desmatamento e aumentar a produtividade. Serão dis-

ponibilizados 300 tratores para financiamento por meio

do Banco do Brasil e do Basa, com valor unitário de R$ 80

mil. O juro de 2% ao ano será subsidiado pelo Governo

do Estado, ou seja, o produtor só paga ao banco o valor

emprestado.

» LEIS APROVADAS

Seis projetos de Lei encaminhados pelo Governo do Ama-

zonas já foram votados e cinco aprovados por unanimi-

dade, em reunião Ordinária na Assembleia Legislativa do

Amazonas (ALEAM) no dia 21 de agosto deste ano.

Entre os projetos aprovados está o que dispõe sobre a

política geral de Produção Rural do Estado do Amazonas

(Projeto de Lei nº 181/2012, oriundo de Mensagem Go-

vernamental nº 61/2012); o que trata sobre a produção,

transporte interno, comercialização, armazenamento,

utilização, destino final de embalagens vazias, controle,

inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus compo-

nentes e afins, no Estado do Amazonas (Projeto de Lei

nº 182/2012, oriundo de Mensagem Governamental nº

62/2012); e o que disciplina a atividade de aquicultura no

Amazonas (Projeto de Lei nº 183/2012, oriundo de Men-

sagem Governamental nº 63/2012).

O projeto de Lei que institui o programa de incentivo e

uso de insumos agropecuários, semoventes, máquinas

e equipamentos agrícolas (Proinsumos), também foi

aprovado por unanimidade. O Proinsumos tem a meta

de elevar a produção do Setor Primário, com a utilização

de corretivo de solos, fertilizantes, defensivos, sementes

e mudas, ração, medicamentos, vacinas, animais de pe-

queno e médio porte e máquinas e equipamentos agrí-

colas, agroindustriais, pesca artesanal e aquicultura. Pelo

projeto, os produtores individuais poderão obter finan-

ciamento máximo de até 200 salários mínimos ou de até

três vezes esse limite em se tratando de cooperativas e

Programa

» Estradas vicinais estão sendo construídas para melhorar a distribuição dos alimentos produzidos nas comunidades rurais

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 17

associações de produtores rurais. O prazo máximo para

pagamento é de 10 anos, com três anos de carência. Não

haverá juros ou correção monetária.

Também foi aprovado, por unanimidade, o projeto que

dispõe sobre a criação da Agência de Defesa Agrope-

cuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF) em

substituição à Comissão Executiva Permanente de Defe-

sa Sanitária Animal e Vegetal (CODESAV). A ADAF ficará

responsável por elaborar, coordenar e executar a política

de defesa agropecuária no Estado do Amazonas, promo-

ver a idoneidade dos insumos e dos serviços utilizados na

agropecuária e garantir a identidade e segurança higiê-

nico-sanitária e tecnológica dos produtos agropecuários

finais e destinados aos consumidores.

A autarquia adquire autonomia administrativa e finan-

ceira e será vinculada à Secretaria de Produção Rural

(SEPROR). Sua estrutura organizacional será formada por

diretor-presidente; assessoria jurídica; chefia de gabinete;

assessoria técnica; departamentos de defesa agropecuá-

ria e florestal e administrativo, financeiro, comercialização

e fomento, além de gerências e coordenações das áreas.

A Lei que cria a ADAF, era uma das mais esperadas pelos

pecuaristas, segundo o presidente da FAEA, Muni Louren-

ço, a criação da Agência vai ajudar na luta para que o Esta-

do se torne área livre de Febre Aftosa. Para continuar pro-

duzindo sem que seja necessário abrir novas frentes, a Lei

dos Proinsumos será uma grande aliada. “Sem dúvida que

todas as Leis aprovadas vão ao encontro com as necessida-

des dos produtores rurais; como a criação da ADAF, que já

se fazia necessária, e a Lei de Proinsumos, com a utilização

de corretivo de solos e fertilizantes”, avaliou Lourenço.

Foi aprovado, ainda, o Projeto de Lei nº 186/2012, oriun-

do de Mensagem Governamental nº 66/2012, que dispõe

sobre a regularização fundiária das terras situadas em

domínio do Estado e que altera a Lei nº 2.754, de 29 de

outubro de 2012.

» Representantes das classes patronais, produtores e secretários, comemoram o lançamento do programa

18 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

A Sessão contou com a presença do secretário de Produ-

ção Rural do Amazonas, Eron Bezerra; do secretário de

Pesca e Aquicultura, Geraldo Bernardino; do presidente

do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Flores-

tal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), Edimar

Vizolli; do presidente da Federação da Agricultura do Es-

tado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço; do presidente

da Agência de Desenvolvimento Social (ADS), Valdelino

Cavalcante; do diretor presidente do Instituto de Terras

do Amazonas (ITEAM), Wagner Ferreira Santana, entre

outras autoridades e trabalhadores do setor rural.

» PLANO SAFRA PARA AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura familiar no Amazonas também ganhou re-

forço de cerca de R$ 135,6 milhões provenientes do Pla-

no Safra 2012/2013 do Governo Federal, lançado no dia

03 de setembro, pelo governador Omar Aziz e o ministro

do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas. Os recursos

anunciados são destinados para financiamento de produ-

tores rurais, assistência técnica e para os programas de

compras de alimentos desenvolvidos pelos governos.

De acordo com o governador Omar Aziz, os recursos re-

forçam a política estadual de desenvolvimento do setor

primário. “Estamos avançando, e a médio e longo prazo

essa realidade irá mudar”, disse .

O governador também afirmou que os principais desafios

do setor são a regularização fundiária, assistência técnica

e o acesso ao crédito. “Hoje temos mais de 200 mil pes-

soas trabalhando na agricultura familiar no Amazonas.

É um contingente grande de pessoas que precisam de

assistência técnica, regularização fundiária, e recursos

para fazer investimentos necessários para que possam

ter uma qualidade de vida cada vez melhor”, ressaltou.

Outro ponto destacado pelo governador foi a infraestru-

tura, principalmente no que se refere às condições das

vicinais. “Não basta produzir se os produtores não têm

pra quem vender, não há preço de mercado e condições

para escoar a produção. Eu dei um prazo para que ano

que vem me apresentem o que avançou ou não e porque

não avançou. A gente lança um programa e ele tem que

sair do papel”, cobrou.

» VALORES

O valor liberado pelo Plano Safra no Amazonas é de R$

135.694.666,89. Desse recurso, R$ 100.000.000,00 (sen-

do R$ 50 milhões de investimentos e R$ 50 milhões de

custeio) são oriundos dos programas de Crédito Rural; R$

11.738.466,67 de Assistência Técnica e Extensão Rural

(ATER); R$ 822.222,22 de Programa de Aquisição de Ali-

mentos (PAA); e R$ 23.133.978,00 de repasse do Fundo

Programa

» Produtora Teresinha Saraiva, na produção de hortaliças no município de Iranduba

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 19

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Apro-

ximadamente 61 mil famílias da agricultura familiar serão

beneficiadas com os recursos no Estado.

No geral, o Plano Safra 2012/2013 conta com recursos na

ordem de R$ 22,3 bilhões a serem aplicados em todo o

País. Um investimento recorde, segundo o Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA). A verba é para ampliar

a produção de alimentos, incrementar a produtividade e

melhorar a renda dos produtores.

Para o secretário de produção rural do Amazonas, Eron

Bezerra, o Plano Safra é fundamental para o fortaleci-

mento da agricultura familiar e está em consonância com

o Programa Amazonas Rural, lançado pelo governador

Omar Aziz. Segundo Eron, o Amazonas possui 94% dos

produtores rurais na agricultura familiar, que, por sua

vez, representa 83% do que é produzido no setor primá-

rio em todo Estado. ■

» Casal de produtores de banana, da comunidade José Lindoso, em Rio Preto da Eva, mostra orgulhoso, o fruto do seu trabalho

» A produtora rural, Walda Ferreira, produz hortaliças de agricultura orgânica no bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste de Manaus

20 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Fruticultura

AMAZONAS PARTICIPA DAFRUTAL

REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena

Em busca de novas tecnologias que possam ser adap-

tadas à realidade da região amazônica, 18 produtores

rurais do interior do Amazonas participaram da 19ª

Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e

Agroindústria de 2012 (Frutal 2012/ XIV Agroflores/ Ex-

pofood), realizada entre os dias 25 e 27 de setembro, no

Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. A troca de

experiências entre os produtores é um incentivo dado

pelo Governo do Estado, por meio do Programa Amazo-

nas Rural, que tem como meta dar um novo impulso à

economia do Estado e tornar o Estado autosuficiente, a

partir do setor primário.

O produtor rural da comunidade Novo Remanso, per-

tencente ao município de Itacoatiara (a 177 quilômetros

de Manaus), Francisco Nobre, faz questão de destacar

que com o investimento de tecnologias no Amazonas é

possível obter resultados positivos. “É só avaliar os resul-

tados na economia do Estado do Ceará que com pouca

água e muita tecnologia de produção irrigada obteve

excelentes resultados, e o Amazonas com muita água

e pouca tecnologia ainda precisa avançar, por isso essas

visitas contribuem com o nosso Estado”, disse.

Enfrentando a maior seca da história, comparada à dos

anos 1915 e 1958, o Estado do Ceará já revela nova rea-

lidade no setor de fruticultura, floricultura e agroindús-

tria, devido às políticas sociais e soluções tecnológicas,

que foram adotadas para fortalecer a economia agrícola

regional e reduzir os riscos de perdas das safras.

Com o tema “Experiências Exitosas no Semiárido”, a Frutal

2012, desde 1994, vem incentivado os produtores rurais,

com a realização de encontros, debates, palestras, cursos

e exposições para capacitação dos produtores e oportuni-

dades de negócios para pequenos, médios e grandes em-

presários. Promovido pelo Instituto Frutal, o evento tem o

objetivo de ressaltar os esforços para melhorias no setor.

DEZOITO PRODUTORES DO ESTADO FORAM AO CEARÁ CONHECER A CULTURA DE GRAVIOLA[ [

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 21

Durante os quatro dias da Feira, os participantes pude-

ram visitar estandes de produtores de frutas, flores, su-

cos e polpas, além de terem a oportunidade de participar

de diversas atividades, divididas em cursos e palestras

técnicas, seminários técnicos e setoriais, paineis, mesas

redondas e oficinas.

» NOVAS TECNOLOGIAS

O presidente do Instituto Frutal, Euvaldo Bringel, enfa-

tiza que não acontece a tragédia das secas anteriores,

devido às políticas sociais que vem sendo realizadas ao

longo dos anos. “O grande diferencial é que estamos

transformando a cultura do povo, fazendo com que cada

vez mais as famílias plantem. Em 400 anos de história,

essa é a primeira vez que o Ceará pode dizer que venceu

a seca”, comemorou.

Euvaldo Bringel, destaca ainda que este ano os cearenses

podem comemorar os resultados positivos que obtiveram

após os investimentos com tecnologia, durante o evento

foram apresentadas as 20 melhores experiências a mais de

600 produtores rurais de vários estados do Brasil. “Muitas

famílias tem uma qualidade de vida melhor, devido a no-

vas tecnologias e capacitação, que foram implantadas, por

isso expandimos essa ideia ao Brasil e ao mundo”, afirmou.

De acordo com o diretor técnico do Instituto Frutal, Eril-

do Pontes, desde o início do projeto, em 1994, o Ceará

exportava apenas U$ 8 milhões somente de frutas fres-

cas, e em 2011 passou para U$ 102 milhões de exporta-

ções. “A tecnologia era muito atrasada e o Instituto Frutal

surgiu para mudar essa realidade. Hoje produzimos, por

exemplo, melancia e melão sem sementes, para atender

a todos os públicos”, explicou.

» HISTÓRIA

A Frutal foi criada visando facilitar a vida do pequeno

agroinvestidor, trazendo dicas de novas técnicas de plan-

tio e manejo da terra, curso de capacitação, encontro de

negócios e feira. Desde a sua criação, o Ceará se tornou o

terceiro maior exportador de frutas do País. Atualmente,

o Porto do Pecém, localizado na região metropolitana de

Fortaleza, é o líder nacional na exportação de frutas.

» PRÊMIO SEREIA DE OURO

Devido à atuação na agroindústria e fruticultura e a di-

vulgação do trabalho do homem cearense no campo, o

empresário Euvaldo Bringel Olinda, pós-graduado em

Gestão Empresarial e engenheiro eletricista pela Universi-

dade Federal do Ceará (UFC) e presidente do Instituto de

Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria – Frutal,

recebeu no dia 28 de setembro o prêmio Sereia de Ouro.

Criado pelo industrial Edson Queiroz em 1971, o prêmio

Sereia de Ouro tem como objetivo homenagear perso-

nalidades cearenses, ou não, que tenham contribuído de

alguma forma, com o desenvolvimento e a promoção do

Estado do Ceará.

» DISTRITO DE IRRIGAÇÃO

Para conhecer a região e a forma de organização dos

produtores, uso de tecnologia e gestão das atividades

da agricultura familiar do Estado do Ceará, o Governo do

» Produtores rurais do Amazonas durante visita ao projeto de irrigação no interior do Ceará

22 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Fruticultura

Estado do Amazonas por meio da Agência de Desenvol-

vimento Sustentável do Amazonas, (ADS) visitou com os

18 produtores vindos dos municípios de Rio Preto da Eva,

Novo Remanso, Iranduba e Manacapuru, diversas pro-

priedades com plantações de fruticultura que possuem

novas tecnologias.

Segundo o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, a

troca de experiência é muito importante para os produ-

tores do Amazonas, visto, que apesar da seca que eles en-

frentam, conseguiram fazer um excelente trabalho para

alavancar a economia do Estado, por meio de novas tec-

nologias e capacitação dos produtores rurais. “Queremos

incentivar o produtor rural do Amazonas e fazer com que

ao ver uma realidade bem diferente eles percebam que é

possível aumentar a produção na região”, descreveu.

Os produtores do Amazonas tiveram a oportunidade de co-

nhecer diversificação das culturas nas propriedades, localiza-

das no sertão do Ceará. “Fizemos questão de trazê-los a essa

região para ver de perto a tecnologia a serviço da produção

de frutas, onde cerca de 500 famílias já somam experiências

de sucesso na produção de graviola, coco, goiaba e mandio-

ca com sistema de mecanização e irrigação, dentre outros,

que está inclusive ajudando na prática sustentável da ativi-

dade”, enfatizou o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante.

São 110 quilômetros de canais de irrigação, distribuídos

em 8.500 hectares, na comunidade do Baixo Acaraú, si-

tuado na região norte do Ceará, distando 220 km de For-

taleza e 160 km do porto de Pecém, proporcionando a

toda a região abrangida pelo perímetro um crescimento

concreto, com geração de emprego e renda.

Para o produtor rural do município de Manacapuru, Ex-

pedito Santana de Souza, poder conhecer projetos como

esse é muito valido e gratificante. “A iniciativa de visitar

essas propriedades e esse projeto de irrigação foi ótima,

pois pudemos conhecer uma realidade diferente da que

enfrentamos no dia a dia no Amazonas, compartilhar as

experiências dos cearenses e implantar na nossa região

nos dará grandes resultados”, descreveu.

» EXPORTAÇÃO

De acordo com o engenheiro agrônomo do Ceará, Eliseu

Belfort Prata, que participa do projeto desde sua implan-

tação, o sistema de tecnologia, -- incluindo irrigação, ma-

nejo e mecanização --, tem uma posição privilegiada para

exportação de seus produtos. Podendo alcançar a Europa

ou Estados Unidos da América do Norte em sete dias de

navio ou 10 horas de avião. Para o mercado interno está

interligado com a malha rodoviária nacional por rodovias

asfaltadas. “O Perímetro foi implantado por iniciativa do

Ministério da Integração Nacional, o qual contou com a

parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BIRD), resultando na implantação de uma das mais mo-

dernas e funcionais obras de irrigação existente na Amé-

rica Latina e até mesmo do mundo, proporcionando as-

sim reais condições aos produtores nele instalados para

desenvolverem a prática do sistema produtivo irrigado

da melhor e mais produtiva forma possível”, afirmou.

» ORGANIZAÇÃO

Eliseu Belfort explica que o Perímetro do canal é ad-

ministrado pela organização de produtores de-

tentores de lotes, em uma forma colegiada,

fundamentado em um convênio de trans-

ferência de gestão, assinado entre o

DNOCS e o Distrito de Irrigação, o qual

estabelece normas, critérios,

direitos e deveres de

cada um. “Esta organi-

zação de produtores

responsável pela ad-

ministração,

operação e

manutenção

de toda infra-estru-

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 23

tura de irrigação de uso comum rece-

be o nome de Distrito de Irrigação do

Perímetro Baixo Acaraú e é uma or-

ganização civil de direito privado,

sem fins lucrativos”, explanou.

O produtor de graviola no Ceará, An-

tonio Soares, 30, herdou do pai, Rai-

mundo Soares, 59, a prática da fruti-

cultura, e afirma que durante muito

anos, não se conseguia produzir gran-

des quantidades da fruta, e após ser

implantado o projeto de irrigação, eles puderam ampliar

o negócio. “Devido a grande seca que acontece no Nor-

deste não conseguíamos cultivar grandes quantidades de

frutas e de boa qualidade. Hoje o cenário é outro”, come-

morou.

» PODA E POLINIZAÇÃO

Fazendo parte do mesmo projeto de tecnologia para pro-

dução irrigada, o produtor de graviolas, Itelmir Parnaíba,

também é um exemplo de como a irrigação transformou

a vida das famílias do Ceará, que além da irrigação, tam-

bém utilizam o método de poda das árvores e polinização

das flores do fruto. “A polinização manual da gravioleira é

uma condição indispensável para aumento da produtivi-

dade e da qualidade do fruto, constatamos que tivemos

um aumento superior a 60% no índice de ‘pegamento’ de

frutos em plantas polinizadas artificialmente”, explanou.

Eliseu Belfort ainda completa explicando que para a rea-

lização da polinização artificial (manual), deve-se coletar

botões florais no estádio feminino no

inicio da manhã, quando a parte mas-

culina já estará se abrindo e liberando

os grãos de pólen, que poderão ser

transferidos (polinização). “A poliniza-

ção manual deve ser feita com auxílio

de um pincel. Cada flor poderá render

pólen para polinizar de cinco a seis

outras flores. O período de melhor

resultado da polinização é das 6 às 10

horas da manhã, quando as flores es-

tiverem semiabertas”, esclareceu.

» SISTEMA PRODUTIVO

Segundo Eliseu Belfort, o sistema de produção e comer-

cialização é desenvolvido por meio de Associações de

Produtores, geralmente em número de 10 a 20 produ-

tores. “O Perímetro possui estrutura de apoio como gal-

pões construídos nos NH’s – Núcleos Habitacionais, que

são disponibilizados aos pequenos produtores, tendo

assim toda a estrutura de apoio à produção e comerciali-

zação”, concluiu.

O diretor de negócios agropecuários e pesqueiros da

ADS, Luis Otávio, afirmou que as visitas e experiências ad-

quiridas com os produtores do Ceará, são válidas para que

os produtores conheçam o profissionalismo na condução

das lavouras. “Essa realidade observada pode ser muito

positiva para a economia de diversos municípios do inte-

rior do Amazonas, por meio da implementação do Progra-

ma Amazonas Rural”, concluiu. ■

» O produtor e empresário Antônio Soares com o pai, Raimundo Soares e Eliseu Belfort na plantação de graviola

24 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Avicultura

MANAUSÉ AUTOSSUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE OVOS

REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Francisco Araújo

GRANJAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIARPRODUZEM MAIS DE 45 MILHÕES DE OVOS MENSALMENTE, ABASTECENDO A METRÓPOLE[ [

Com tradição familiar atravessando gerações, a produ-

ção avícola no Amazonas está passando por um processo

de transformação e se destacando pela competitividade

no mercado. A capital Manaus é a que possui maior pro-

dução de ovos do Estado, fornecedora para vários mu-

nicípios que ainda não são autosuficientes na produção.

A avicultura tem contribuído para melhorar a alimenta-

ção das pessoas e auxiliando como renda na economia

familiar. A qualidade do produto e os preços são pontos

primordiais do mercado, por isso a necessidade dos cuida-

dos técnicos realizados por veterinários, agregando valor

ao produto, e oferencendo o melhor para o consumidor.

Atualmente 20 mil pessoas trabalham na avicultura no

Amazonas. A Responsável Técnica (RT), veterinária, Mar-

lene Lourdes Sala, 46, administra seis granjas no Estado

e explica que sem a assistência por parte dos técnicos so-

bre os cuidados que as aves devem receber seria impossí-

vel a produção de ovos como ela é hoje. "Existe uma série

de legislações que regem o sistema de produção, tanto

para as granjas como para a sala de classificação de ovos,

que é o responsável técnico quem orienta os produtores

sobre essas regulamentações, garantindo um aumento

de qualidade e segurança", relatou.

MANAUSÉ AUTOSSUFICIENTE NA PRODUÇÃO DE OVOS

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 25

26 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Avicultura

A Granja São Pedro, localizada na AM-010 e na BR 174,

km 3,5, produz ovos desde 1967, sendo a maior produ-

tora de ovos do Amazonas. O alcance dessa posição só

foi possível graças aos investimentos em tecnologia e

pessoal qualificado.

Com 400 funcionários e fabricando 600 mil ovos por dia,

distribuídos em 1.564 caixas, a granja é provida de 800

mil frangas alojadas em 54 galpões com dimensões de

150 m x 7,5 m e cada um possui 15.000 aves poedeiras

das linhagens Lohmann, HiSex na produção de ovos bran-

cos, das linhagens Isa Brown e Lohman Brown na produ-

ção de ovos marrons.

Luiz Mário Peixoto trabalha com o pai, Francisco Helder

Assis Peixoto, e herdou o amor pela profissão na adminis-

tração da Granja São Pedro, ele relata que até o esterco

das aves é aproveitado para a produção de adubo. "O pro-

duto é considerado por muitos produtores o melhor adu-

bo orgânico produzido no Estado. O segredo da grande

procura está nos elementos que compõe o adubo", disse.

O empresário revela que fornece ovos para o Programa

da Regionalização da Merenda Escolar (PREME), atra-

vés da Agência de Desenvolviemnto Sustentável (ADS),

como também para supermercados e feiras de Manaus.

"A expansão dos negócios aconteceu no sentido de aten-

der às necessidades da própria granja e a construção de

uma fábrica de ração que antes produzia somente ração

para as aves. A entrada de ovos provenientes de outros

Estados não é necessária, pois somente os granjeiros

» Funcionária da granja São Pedro selecionando e embalando os ovos, respeitando todas as normas de higiene padrão

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 27

instalados no Amazonas conseguem atender a demanda

local", afirma.

A granja, que também tem como responsável técnica a

veterinária Marlene Lourdes Sala, é a Miyamoto, situada

no km 38 da AM 010, e que tem como proprietários o

pai e os dois filhos, que dão continuidade nos negócios

da família.

Michio Miyamoto, 40, conta que produz de 12 a 13 mil

dúzias de ovos por dia, tem 65 funcionários em uma área

de 25 hectares com 260 mil aves. Para ele, que chegou

com a família de imigrantes japoneses, poder gerar ren-

da e emprego para os manauaras é muito gratificante.

"Quando chegamos nessa terra contamos com o apoio

de muitas pessoas, e essa é a maneira que podemos con-

tribuir", disse.

Outra granja de origem japonesa é a Nishiki, que desde

1980 produz ovos no Estado, localizada na Estrada do

Caldeirão, Km 4 de Iranduba, a empresa possui 25 funcio-

nários e produz 85 caixas de ovos por dia, o que contabi-

liza 30.600 ovos.

Com a produção totalmente tradicional o proprietário

Kazuyoshi Nishiki, 82, faz questão de coordenar o traba-

lho dos dois filhos na propriedade. Com muito vigor, seu

Nishiki também iniciou o plantio de hortaliças na granja

com estercos do frango. "Meus filhos assumiram a parte

administrativa da granja, pois a Legislação mudou muito

e eles estão mais capacitados para cuidar, por isso eu criei

» A qualidade do produto e o preço são os pontos primordiais do mercado consumidor

28 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Avicultura

minha horta e é onde passo maior parte dos meus dias",

descreveu.

» MODERNA

Quando a palavra é modernidade a Granja São Francisco,

localizada na Rodovia AM 010, km 61 Ramal Boa Espe-

rança, em Manacapuru, é um belo exemplo. Tendo como

fundador o empresário Lucinho Oliveira Rodrigues, pos-

sui como administradores o filho, Anderlúcio Monteiro

Rodrigues, 32, e a nora, Cleonice Rodrigues, 36, eles

reformaram e ampliaram a empresa, onde atuam há 18

anos.

Com 20 funcionários, 40 mil aves de postura alojadas em

80 hectares de terra, Anderlúcio enfatiza que a priorida-

de é produzir ovos de qualidade. "Nós investimos pen-

sando no nosso cliente e funcionários. O nosso objetivo

agora é adquirir nosso rótulo", disse.

» RAÇÃO

A veterinária Marlene Sala explica que todas as rações

fabricadas pelos produtores seguem orientação técnica

de profissionais, e o ingrediente das rações, na maior

parte, vem de fora do Estado, o que acaba encarecendo

bastante o custo do alimento para as aves. "Não temos

grandes problemas com doenças nos plantéis da região.

Os problemas que ainda temos são comuns também em

outros estados, como a diarréia e problema respiratório",

explicou.

» O empresário Luiz Mário Peixoto herdou a profissão do pai, Francisco Helder e, atualmente, administra a granja São Pedro

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 29

» VACINA

As aves seguem um plano de vacinação adequado para a

região e, preventivamente, são feitas pulverizações com

desinfetantes nos aviários, prevenindo o aparecimento

de doenças.

» AUTOSUFICIENTE

De acordo com a veterinária Marlene Sala, há 10 anos o

Amazonas é autosuficiente na produção de ovos, mas

mesmo assim o setor ainda enfrenta problemas com a

importação de ovos de outros estados, principalmente

Mato Grosso e São Paulo. "Isso ocorre devido ao nosso

custo de produção ser mais elevado", disse.

Ela ainda enfatiza que as granjas profissionais trabalham

em ritmo acelerado e compara a produção com a do Dis-

trito Industrial, tendo como única diferença que a avicul-

tura de postura trabalha com animais vivos e dependen-

tes do homem. "A galinha é uma máquina de produção

de ovos, mas não é uma máquina que, chegando no final

do expediente, desliga-se o botão e apaga-se as luzes. Na

indústria não se trabalha aos domingos e feriados, já a

galinha trabalha todos os dias e horas, por isso precisa

ser bem cuidada para estar saudável e produzir ovos de

qualidade à população", concluiu.

» COLORAÇÃO DOS OVOS

A cor da casca do ovo é uma característica genética liga-

da à raça da galinha, mas segundo a veterinária não há

diferença nutricional neles. As aves de plumagem branca

» A veterinária Marlene Sala faz periodicamente visitas às granjas, para dar orientação técnica aos funcionários e empresários

30 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Avicultura

colocam ovos brancos, enquanto as vermelhas (ou amar-

ronzadas) põem ovos nesses tons. "A origem do pigmen-

to não é conhecida, mas os cientistas acreditam que ele

provenha de células presentes no útero, órgão em que é

formada a casca, ao contrário do que muita gente pensa,

a cor da casca do ovo não tem nada a ver com a alimenta-

ção que a galinha consome. A dieta da ave só influencia a

coloração da gema", disse.

A médica veterinária, Marlene Sala, ainda destaca que do

ponto de vista nutricional, não há diferença entre os ovos

brancos e os vermelhos. Ambos são igualmente ricos em

proteínas, vitaminas e sais minerais e contêm por volta de

220 miligramas de colesterol. "A diferença de preço entre

eles -- os vermelhos são normalmente mais caros -- é de-

terminada pelo mercado, já que eles são mais procurados

pelos consumidores, que acreditam, erradamente, que os

ovos escuros têm mais vitaminas na gema", explanou.

» PRODUÇÃO

O Amazonas possui atualmente 80 avicultores e um plan-

tel de 2 milhões de aves, além de uma produção diária de

1,5 milhões de ovos, gerando em torno de 45 milhões de

ovos mensais, sem contar com 1.650 toneladas de adu-

bos por mês. ■ » Michio Miyamoto na sala de produção dos ovos da granja Miyamoto,

no Km 38 da AM 010

» A seleção dos ovos é feita minuciosamente com tecnologia para identificar possíveis rachaduras

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 31

Evento

1ª SEMANA DO PRODUTORCOMERCIAL RISADINHAA loja de produtos agropecuários, Comercial Risadinha,

realizou a I SEMANA DO PRODUTOR RURAL, durante os

dias 23 a 27 de julho, na sede da empresa.

A equipe da Comercial Risadinha e agrônomos das prin-

cipais empresas de agronegócio do País, realizaram con-

sultorias técnicas gratuitas sobre os temas: fruticultura,

horticultura, hidroponia, irrigação, pecuária, piscicultura

e avicultura familiar. ■

32 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Mineração

CALCÁRIO DA CHAVESATENDE REGIÃO

REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena

Tendo como distribuidor direto no Amazonas a Comer-

cial Risadinha, a empresa Gesso Chaves S/A Mineração

e Indústria atua no mercado do Ceará desde 1928, nos

setores de mineração -- gipsita, magnesita, calcário dolo-

mítico e calcário calcítico -- , além de operar no beneficia-

mento de minérios produzindo gessos industriais, gessos

para construção, óxido e carbonato de magnésio, cargas

industriais e corretivos de solo na agricultura, e cerâmica

técnica com isoladores elétricos e refratários.

A indústria também recebeu a visita dos produtores ru-

rais do Amazonas, onde participaram de uma palestra

sobre a utilização do calcário e gesso sobre técnicas para

um melhor aproveitamento do solo. De acordo com o

empresário Augusto Sala, todo o calcário utilizado por

produtores no Amazonas vem da Chaves e é vendido

pela Comercial Risadinha e por isso é importante eles ad-

quirirem conhecimento sobre a qualidade e produção do

material que eles compram”, disse.

COMERCIAL RISADINHA REPRESENTA NO ESTADO,EMPRESA DO CEARÁ QUE É REFERÊNCIA NACIONAL NA ÁREA[ [

» Zito de Oliveira, auxiliar de laboratório da Chaves

» Da esquerda para a direita, produtor rural, Edinilson Gomes, com empresário Germano Filho, presidente da ADS Valdelino Cavalcante e Augusto Sala no depósito de gesso da Chaves

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 33

» Empresa que iniciou a fabricação apenas com gesso, hoje possui quatro plantas industriais, laboratórios e está em sete estados do Brasil

A ideia de levar os produtores do Amazonas ao Ceará,

segundo Augusto Sala, surgiu durante um evento que

aconteceu no Comercial Risadinha, onde se comemorava

o dia do produtor rural, 28 de setembro. “Acreditamos

que a troca de experiência e capacitação dos produtores

rurais é a única defesa para se enfrentar os obstáculos do

dia a dia”, disse.

Passada de geração em geração, a empresa iniciou a

fabricação apenas com o gesso, e hoje já possui quatro

plantas industriais, laboratório e pontos de vendas em

sete estados do Brasil, distribuindo oito tipos de gessos,

três de calcário, e demais produtos, mantendo mais de

300 empregos diretos.

De acordo com o empresário Germano Frank Filho, ele

é a quarta geração na Chaves, e desde o ano 2000 deci-

diram se aperfeiçoar com o calcário mais fino e produzir

outros tipos de gesso para a construção. “Mantemos um

constante processo de aperfeiçoamento e incorporação

de técnicas industriais modernas, voltadas para o incen-

tivo da produtividade e da qualificação de seu produto e

de sua mão-de-obra”, afirmou.

O engenheiro agrônomo, Zé Maria, que orientou os pro-

dutores sobre técnicas de utilização do calcário e o gesso

no solo, levando em consideração o clima típico de cada

região, explica que para conseguir os melhores resulta-

dos de produção é preciso monitoramento e processos

de testes. “Esses processos de testes nós realizamos na

fábrica, fazemos uma série de ensaios em laboratório e

por isso conseguimos os melhores resultados do merca-

do”, explicou.

O empresário Augusto Sala, ainda garante que adquire

os produtos há mais de dez anos e faz questão de desta-

car que os produtos são de excelente qualidade. “Sem-

pre procuro oferecer aos clientes os melhores produ-

tos do mercado, apesar da logística ser muito difícil no

Amazonas e o frete ser muito alto, vale a pena revender

um produto que irá oferecer retorno ao consumidor”,

afirmou. ■

34 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Ji-Paraná

NEY GOESÉ HOMENAGEADO NA33ª EXPOJIPA 2012

REPORTAGEM e FOTOS: Antonio Ximenes

Ney Campos Goes foi presidente da Expojipa em 1981,

1987, 1988, 2000 e 2001. Apaixonado por rodeio foi aos

Estados Unidos para estudar a técnica de montaria em

touro e como organizar o evento que se transformou na

referência nacional da cultura sertaneja. No município de

Ji-Paraná, localizado na região central de Rondônia, ele

organizou as mais vibrantes exposições agropecuárias

deste Estado amazônico. Este ano a 33ª Expojipa fez uma

homenagem a Ney Goes, o peão/empresário/dirigente

que se dedicou integralmente à cultura sertaneja.

PRESIDENTE POR CINCO VEZES, O EX-DIRIGENTE, FALECIDO EM 2006,RECEBE HOMENAGEM PÓSTUMA NA ARENA DE RODEIO[ [

"O Ney vivia para o rodeio, ele sabia da importância his-

tórica da Expojipa", disse Elizabeth Rodriguez Goes, viúva

de Ney Goes, com quem viveu 26 anos e teve dois filhos:

Felícia Rodrigues Goes e Terêncio Rodrigues Goes.

» MEMÓRIA

Ney Goes (faleceu em 4 de março de 2006) está na me-

mória do povo de Ji-Paraná que aplaudiu em pé quando

seu nome foi mencionado na arena. "É uma emoção mui-

to grande perceber que o meu amigo continua nos cora-

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 35

ções dessas pessoas", disse Valdelino Cavalcante, empre-

sário/peão e presidente da Agência de Desenvolvimento

Sustentável (ADS), do Amazonas, que foi a Rondônia para

a homenagem de Ney Goes.

» EXEMPLO

O presidente da comissão organizadora da 33ª Expojipa,

Luiz Carlos Lyra, 52, disse que Ney Goes é um exemplo a

ser seguido, pela sua disciplina, responsabilidade, orga-

nização, amor ao rodeio e ao desenvolvimento regional.

"Foi um presidente respeitado pelos peões, fazendeiros

e a sociedade em geral. Está fazendo falta para o povo do

rodeio", comentou.

» CONFIANÇA

Na condição de juiz titular do rodeio profissional da 33ª

Expojipa, Tião Procópio, que é uma 'lenda viva' na cultura

de rodeio do Brasil, disse que Ney Goes tinha um carisma

arrebatador, com seu jeito simples, direto e firme de ser.

"As pessoas tinham confiança nele, porque ele cumpria o

que falava e porque amava o rodeio", comentou.

» EMOÇÃO

A entrada dos peões na arena com uma faixa onde se lia

a palavra Paz, com tochas de fogo iluminando a noite e a

figura de nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil,

emocionou as mais de 35 mil pessoas que estavam pre-

sentes na abertura oficial do rodeio profissional.

» Ney Campos Goes

36 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Ji-Paraná

Com o locutor de rodeio Marcus Vinicius falando o nome

de Ney Goes ao microfone, da importância dele para a

cultura sertaneja, a emoção percorreu o público nas ar-

quibandas, onde estavam muitos conhecidos de Ney

Goes, dos tempos de outras Expojipas.

» CAVALGADA MANTÉM TRADIÇÃO

A 33ª Expojipa manteve as características de abertura

da festa, com uma grande cavalgada que reuniu mais de

quatro mil cavaleiros, mulheres e crianças pelas princi-

pais ruas da cidade, tendo à frente o senador Acir Gur-

gacks (PDT-RO), um dos maiores incentivadores do even-

to em Ji-Paraná.

"A Expojipa é tradição, respeito ao povo trabalhador da

terra e mobilização pelo agronegócio e a cultura serta-

neja", disse o senador, que nesta edição teve um papel

determinante no apoio à divulgação do evento.

A 33ª Expojipa foi aberta oficialmente pelo vice-governa-

dor Airton Gurgacz, e durante oito dias (7 a 15 de julho)

recebeu mais de duzentas mil pessoas, no Parque de Ex-

posições Hermínio Victorelli.

» ATRAÇÕES

Além das atrações artísticas nacionais, como Hugo &

Tiago, Edson & Hudson, João Lucas & Marcelo, o evento

contou com estandes de representantes da agricultura

familiar, máquinas colheitadeiras, tratores e dezenas de

expositores de gado geneticamente evoluído.

Durante o evento foram sorteados cinco automóveis e

várias motos. O volume de negócios durante a 33ª Expo-

jipa superou as expectativas dos organizadores. ■

» Abertura do rodeio profissional com mensagem de paz levada pelos peões

» Senador Acir Gurgacz (PDT-RO) na abertura da tradicional cavalgada que dá início aos festejos

» Juiz titular do rodeio profissional, Tião Procópio, considerado uma "lenda viva" na cultura do rodeio do Brasil

» Rainha e princesa da 33ª Expojipa

» Elizabeth Goes e Valdelino Cavalcante

» Mais de 30 mil pessoas assistiram ao show de Edson & Hudson

» Luiz Carlos Lyra, presidente da comissão organizadora da 33ª Expojipa

38 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Empreendedores

EMPREENDEDORES DO

AGRONEGÓCIOREPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Divulgação FAEA - SENAR

O PROGRAMA NEGÓCIO CERTO RURAL NO AMAZONAS TEM COMO META PARA ESTE ANO ATENDER 550 PROPRIEDADES RURAIS, JÁ ESTÃO PREVISTAS 30 TURMAS[ [

Sair do amadorismo e transformar a propriedade rural

em um negócio lucrativo, por meio de ferramentas de

gestão. Os instrutores do Programa Negócio Certo Rural

realizam encontros presenciais, na qual o produtor rural

recebe consultoria tendo em foco a construção do plano

de negócio e a análise in loco da propriedade.

O curso está entre os mais procurados, e já está sendo

ministrado nas feiras. A produtora rural, Eliane Pinto, 40

anos, possui um sítio no município de Rio Preto da Eva,

localizado no ramal Manopolis, km 46, trabalha com hor-

taliças, e emprega na propriedade quatro pessoas, a pro-

dução é comercializada no Feirão da Sepror na Expoagro

em Manaus.

Segundo Eliana, sua produção de hortaliças não está

sendo bem sucedida devido a pragas. A jovem empreen-

dedora quer continuar no setor primário, possui planos

para construir uma granja, mais ainda não sabia por onde

começar.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 39

Ela foi uma das alunas do Programa Negócio Certo Ru-

ral, oferecido gratuitamente no auditório da Expoagro.

“Quero ter mais renda com minha propriedade. Com o

curso que realizei me ajudou muito, em como desenvol-

ver um plano de trabalho, a começar um novo investi-

mento com mais planejamento. Tive a oportunidade de

conhecer pessoas do mesmo ramo. Para mim foi muito

importante porque abriu meus horizontes ”, disse.

Segundo o superintendente do Serviço Nacional de Apren-

dizagem Rural (SENAR-AM), Aécio Filho, o curso já vem

sendo oferecido em comunidades rurais e nos municípios

do interior, a necessidade de oferecer na feira surgiu dos

próprios feirantes. “A necessidade surgiu porque eles en-

tenderam que agregando valor nas mercadorias, o serviço

melhora e consequentemente o lucro também. Durante

as aulas, eles aprendem também a calcular o quanto estão

investindo e o quanto estão ganhando financeiramente.

Os custos reais do próprio negócio”, avaliou.

» Alunos da comunidade aprendem a fazer o planejamento da propriedade rural, conhecendo os potenciais e as fraquezas, sobre a supervisão do instrutor capacitado pelo SENAR

40 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Empreendedores

Despertar o empreendedorismo é uma das metas, ava-

liou o diretor técnico, Maurício Aucar Seffair. “Sim, este é

o objetivo, fazer com que o produtor possa ver sua pro-

priedade como uma empresa, este desafio só é possível

para aqueles que têm um sonho. O SEBRAE/AM avalia o

programa como uma excelente oportunidade para quem

pretende realizar seu sonho na área rural, e os participan-

tes do NCR (Negócio Certo Rural) com uso das ferramen-

tas de capacitação e consultoria, utilizada em seu plane-

jamento e aplicado na prática, e o resultado aparece na

comercialização de seus produtos nas feiras organizadas

em seus municípios, por exemplo na cidade de Manaus

ocorre todo final de semana as feiras da Agricultura Fa-

miliar, com espaço para o agricultor comercializar sua

produção”.

Em 2010 e 2011 o curso foi oferecido para 44 turmas, be-

neficiando 766 propriedades rurais. Até o final deste ano já

estão previstas 30 turmas, atendendo 550 propriedades.

Na avaliação do presidente do SENAR-AM, Muni Lou-

renço, “o agronegócio de hoje exige profissionalismo e

administração eficiente, por isso a importância do Pro-

grama Negócio Certo Rural que proporciona esses co-

nhecimentos para o nosso produtor rural, que cada dia

mais é demandado a ter uma postura empreendedora”.

A capacitação dos donos das propriedades rurais e de

seus colaboradores prepara o homem do campo para a

competitividade do agronegócio. O programa vem sen-

do executado no Amazonas através de uma cooperação

entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)

com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-

quenas Empresas (SEBRAE). ■

» Muni Lourenço, presidente do SENAR-AM no

treinamento dos instrutores na sede da instituição

["O programa no AM trouxe excelentes oportunidades para o homem do campo, promovendo melhor sua atividade na propriedade, e para que ele tenha condições de avaliar oportunidades e buscar soluções que aumentem o lucro, gerem crescimento econômico, e bem estar para sua família."

Maurício Aucar Seffair

Artigo

SENAR-AM QUALIFICA MÃO DE OBRA PARA O SETOR PRIMÁRIO

L Lançado no Dia do Produtor Rural em julho deste ano, pelo Governo

do Estado do Amazonas, o Programa Amazonas Rural, pretende dar

impulso a economia a partir do setor primário. O programa consiste

em um pacote de medidas para aumentar a produção, a fim de tornar o Ama-

zonas autossuficiente em alimentos. Um dos obstáculos do campo é a falta

de mão de obra qualificada.

Para reverter esse cenário de qualificação rural, o Serviço Nacional de Apren-

dizagem Rural -- Regional Amazonas (SENAR-AM) está voltado ao longo dos

anos a formação de recursos humanos especializados na atividade agrossil-

viopastoril. Já foram milhares de produtores e produtoras rurais que recebe-

ram em sua comunidade, fazenda ou município, que tiveram acesso a orienta-

ção técnica qualificada, levando educação profissional e promoção social até

os amis distantes rincões do Amazonas.

Não há como imaginar hoje o campo amazonense sem o SENAR-AM, uma vez

que seus diversos projetos e programas de desenvolvimento rural estão for-

mando novas gerações de produtores rurais cada vez mais eficientes.

O SENAR-AM entende que os cursos contribuem para o desenvolvimento sus-

tentável e a conscientização da preservação ambiental, ao mesmo tempo em

que está formando mão de obra. A Instituição oferece um leque de cursos,

que são oferecidos gratuitamente, entre eles Olericultura Básica, Hidroponia,

Bovinocultura de Corte, Ovinocultura, Piscicultura, Operação e Manutenção

de Tratores Agrícolas, Artesanato Regional com Tratamento de Sementes,

corte e costura, entre outros.

São executados programas especiais, como: Negócio Certo Rural, que tem

como foco o empreendedorismo, destacando as mulheres, que são o pilar

da família; o Com Licença Vou a Luta; e Útero é Vida, que já são oferecidos

no Estado.

Para alcançar o objetivo de atender a educação rural, na qual é missão desta

Instituição, o SENAR-AM organiza e executa treinamentos e cursos práticos,

Muni LourençoPresidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas – FAEA

investindo diariamente no seu público

alvo.

42 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Os olhares estavam voltados para o centro da arena, a elegante Karina Aparecida Bissoli, 17 anos, foi eleita Rai-nha do Rodeio 2012. A felicidade veio para ela pela se-

» BELEZA NÃO BASTA

Exposição

XXV EXPOAPREPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro

LOCALIZADO NA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA, O MUNICÍPIO DE APUÍ (A 476 KMDE MANAUS) FOI TRANSFORMADO NA CAPITAL SERTANEJA DO SUL DO AMAZONAS.

ESTE ANO FOI COMEMORADO OS 25 ANOS DA EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA DA CIDADE (EXPOAP). A FESTA OCORREU ENTRE OS DIAS 30 DE AGOSTO A 2 DE SETEMBRO[ [

A abertura foi marcada com a tradicional cavalgada, à fren-

te a Rainha de Rodeio, as princesas e a comitiva da festa,

logo em seguida, cavalos, motos carros e caminhões per-

correram as principais ruas, a maioria caracterizada com

camisas das comitivas. Todas as noites contaram com

shows musicais, duplas sertanejas nacionais, como Cacio

e Marcos, e no encerramento, João Carreiro e Capataz, ar-

rastaram uma multidão para dançar.

No Parque de Exposições Dr. José Maia, foi possível notar

a reforma. Este ano o evento foi organizado pelo Sindica-

to Rural do Sul do Amazonas (SINDISUL), e contou com

novidades. “A feira foi preparada para comemorar os 25

anos da Expoap, vamos valorizar a agricultura familiar”,

disse o presidente do Sindicato e diretor da exposição,

Carlos Koch.

gunda vez, também foi eleita Rainha do Leite em outra festa.Filha de produtores rurais, o pai cria gado da raça Nelore, sempre ajudou a mãe no sitio. Karina diz que para ser eleita a rainha, não pode apenas ter beleza. “É preciso saber estralar o chicote, dançar bem a música sertaneja, tocar berrante e ter desenvoltura no desfile”, afirmou.O sonho da jovem é estudar medicina veterinária, por enquanto diz que os pais estão felizes pelos títulos de rainha. “Quero ser bem vista pelo povo que estou repre-sentando”, disse.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 43

A população de Apuí, que é basicamente constituída por

imigrantes do sul do Brasil (RS, SC, PR), mostrou que a

economia da cidade vem do setor primário. Além do

entretenimento a organização promoveu a 1ª Feira de

Produtos Rurais, na qual os visitantes puderam comprar

verduras, frutas e queijo. Animados, os produtores par-

ticiparam do 1º Concurso de Produtos da Agricultura

Familiar, concorrendo nas categorias: Maior Raiz de Ma-

caxeira; Maior Cacho de Banana; Maior Abóbora; Maior

Abacaxi e Cará mais pesado.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do

Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, ressaltou que

a Feira é uma oportunidade de mostrar a produção agro-

pecuária do município, que caminha com produtores cons-

cientes na preservação do meio ambiente. Lourenço, pa-

rabenizou ainda, o SINDISUL pela organização do evento.

Para o secretario de produção rural do município, Sérgio

Boza, as principais culturas do município, como café, mi-

lho, arroz, o cacau e a pecuária, estão em fase de cres-

cimento. “A exposição é a vitrine da nossa produção”. O

secretário conta que a festa começou de uma brincadei-

ra, hoje é uma das mais esperadas movimentando toda a

economia da cidade.

“Faço questão de participar todos os anos e trazer a fa-

mília. Apuí é uma cidade acolhedora”, disse a visitante

Zenira Sena, que veio a trabalho.

Mais de 70 mil reais em prêmios foram entregues nas cate-

gorias: Motojada, Prova do Laço, Concurso Leiteiro, Monta-

ria Profissional, Prova do Couro, e Baliza em Tambor.

» RODEIO

Depois da apresentação da comitiva e da preparação

dos peões no brete, era chegada a hora mais espera-

da, a montaria profissional em touro. Este ano concor-

rerem pelo prêmio 40 peões dos estados de Rondônia,

Acre, Mato Grosso do Sul, e dos municípios do Amazonas

como, Apuí, Km 180, Humaitá e Manaus.

» Abertura do rodeio profissional com a presença do presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM,

Muni Lourenço, na noite de sábado

» Cavalgada de abertura da XXV Expoap no sul do Amazonas

44 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» GENÉTICACom um rebanho estimado entre 180 mil cabeças de animais, e pecuaristas que acreditam no desenvolvimento em conciliação com preservação, a cidade vem se destacando no setor primá-rio. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM), ofereceu vários cursos para os produtores rurais em 2011, entre eles o de Inseminação Artificial, Bovinocultura de leite, Bovinocultura de Corte, e Piscicultura.

O de Inseminação artificial teve o objetivo de possibilitar a eles o melhoramento genético do rebanho, assegurando maior produtividade e maior renda à sua família. A força do setor foi representada no 10º Concurso Leiteiro, durante a feira.

Segundo o coordenador, Orlando Barbosa Junior, nove pro-dutores estavam participando, era tirado o leite e pesado três vezes ao dia. “O mais importante é o espirito de equipe e a demonstração que todos estão investindo no melhoramento genético visando o crescimento”. As vacas que participaram são mantidas no pasto e começaram a receber tratamento di-ferenciado uma semana antes do concurso.

Um dos alunos do curso de Inseminação ganhou em segundo lugar. Vencedor por sete vezes, Raimundo Vicente Bueno, 70 anos, fez questão de ressaltar que o curso de Inseminação Arti-

ficial oferecido pelo SENAR-AM, foi essencial para a atividade. “Para mim não poderia ter curso melhor”.

Com uma produção diária de 300 litros de leite, seu Bueno tem orgulho em dizer que participa e apoia os cursos, que além de qualificar só traz benefícios para o setor.

Um dos diferenciais da inseminação é a qualidade do sêmen utilizado. O pecuarista Raimundo Bueno fez questão de mos-trar a primeira fêmea nascida fruto do curso do SENAR-AM, chamada de Gisele, da raça GIR. “Ela é a mais linda, é neta do touro mais caro do Brasil”.

Resultado1° lugar: Produtor Adão Alves, ganhou com a vaca Jamanta da raça Holandesa, foram 60.715 kg de leite.2° lugar: Produtor Márcio Bueno (representando Raimundo Bueno), ganhou com a vaca Pinta Silva, da raça Holandesa, foram 56.345 kg de leite.3° lugar: Produtor José Alves, ganhou com a vaca Jaborandí, da raça Holandesa, foram 52.135 kg de leite.4° lugar: Produtora Simone Santos Rosa, ganhou com a vaca Juriti, da raça Holandesa, foram 48.440 kg de leite.5° lugar: Produtora Poliana da Silva Alves, ganhou com a vaca Ratinha da raça Jersey, foram 46.255 kg de leite.

A prova do laço contou com 65 participantes. A organi-

zadora, Sueli da Anunciação, 42 anos, garante que já faz

o rodeio no município desde 1998, mesmo assim o frio

na barriga é o mesmo. “Fico torcendo para tudo ocorrer

bem. Todos os anos, mesmo com a experiência, é como

se fosse uma estreia”, disse.

Um rodeio diferente, essa foi a proposta do SINDISUL, que

na terceira noite levou para arena mensagens de inclusão

social. Crianças soltaram faixas com os dizeres: “Não às

drogas”, “Paz no Trânsito”, “Produzir = Sobreviver”.

“Temos um índice na cidade e queremos colaborar na

conscientização dos jovens, contra a dependência quími-

ca e acidentes no trânsito”, afirmou Sueli.

» SHOW PIRO MUSICAL

A arquibancada lotada brincava com o locutor. E quem

brincou com a música foram os fogos de artifício, o show

‘Piro Musical’, embalado pelo sucesso, Eu quero tchu eu

quero tcha, obedecia os comandos do técnico em piro-

tecnia, Jonas Bacaria, 28 anos.

Segundo o técnico, nas quatro noites foram estouradas

200 bombas, de 3 a 6 polegadas. “Fico feliz em trazer

para o rodeio de Apuí o show musical embalado pela

música sertaneja. Foram quatro minutos de show e uma

cascata que dura em média um minuto”.

Os fogos vieram da China, e soltados pelos técnicos da

empresa Becaria Pirotecnia, de Ariquemes, município de

Rondônia. A empresa costuma fazer 150 shows pela re-

gião Norte por ano.

Exposição

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 45

» Os vencedores do concurso leiteiro investem em melhoria da qualidade genética dos rebanhos

» COMÉRCIO

Saudável, saborosa e refrescante, a água de coco caiu no

gosto dos consumidores da XXV EXPOAP. O sucesso gera

lucro no campo e garante oportunidades em toda a ca-

deia produtiva. A produtora Lucia Inês Mariotti, 55 anos,

que trabalha com o produto, está investindo também em

cocadas, óleos e até sabão.

“Comecei a fazer também outros produtos, assim não des-

perdiçamos a fruta. Meu objetivo agora é poder fazer um

curso para levar a água de coco para outros municípios”,

projetou Lucia Mariotti, que possui oito hectares em plena

produção e já prepara uma área para produzir mais. A pro-

priedade Santa Lucia, fica localizado no vicinal Morena, Km 4.

Quem também aproveitou a festa para ter uma renda

extra foi a comerciante Valdirene Constante de Souza. A

barraca Opção Feminina e Moda Coutry, levou o que está

em evidência, vestidos quadriculados, fivelas customiza-

das, botas, chapéus, bonés, blusas e bijuterias com mar-

cas consagradas fizeram a cabeça de quem passou pelo

local. Entre as novidades o chapéu dos cantores Daniel e

João Carreiro e Capataz.

Segundo a comerciante a procura pelas roupas começa

antes. “Antes da festa o movimento da loja fica mais in-

tenso, é uma boa oportunidade para vender”.

Para se ter uma ideia, botas que chegam a custar até R$

1.034,00 foi vendida durante a exposição. Entre os pro-

dutos os mais vendidos foram botas com couro de jacaré,

cobra e bucho. ■

» A comerciante, Valdirene de Souza, aproveita a data para aumentar as vendas de moda country

» Produtora de coco, Lucia Mariotti (de óculos) expõe os produtos na 1ª Feira de Produtos Rurais

» Presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM, Muni Lourenço, Zenira Sena e o presidente do Sindisul, Carlos Koch

46 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Pesquisa

TAMBAQUITEM MERCADO

REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro

A PESQUISA PRETENDE VERIFICAR A VIABILIDADE ECONÔMICA DO TAMBAQUIATÉ O SEGUNDO ANO DE CRIAÇÃO, AGREGANDO VALOR AO PRODUTO

E GERANDO MAIS OPÇÃO DE EMPREGO[ [Difícil encontrar quem não aprecia um peixe, seja assado,

cozido ou frito. O tambaqui (Colossoma macropomum),

possui grande valor no mercado pesqueiro. O Amazonas

importa o tambaqui produzido em Roraima e Rondônia,

pois a produção do Estado ainda não atende o consumo

local. O fator econômico também conta, isso porque o

peixe produzido em Rondônia tem um custo de produ-

ção menor do que o Amazonas.

Foi pensando nos diferentes nichos de mercado, que o

pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Ama-

zônia (INPA), Alexandre Honczaryk, Mestre em Aquícultu-

ra, iniciou um novo estudo.

“Com a proibição da pesca, transporte e comercialização

oriundo da pesca do tambaqui em ambiente natural, ha-

verá uma demanda por um peixe maior, e consequente

valorização no mercado também. Mas acima de tudo, há

uma necessidade de que devemos obter diferentes pro-

dutos de um mesmo peixe, para assim agregar mais valor

e, quem sabe, remunerar muito bem quem no futuro vier

a produzir tambaqui de 6 kilos. A população que costuma

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 47

ir a restaurantes consumir bandas de 4 kilos, certamente

ficará satisfeita com a qualidade do peixe da piscicultura,

uma vez que o seu principal atributo será o frescor e sa-

bor da carne”, avaliou.

O pesquisador afirma que a criação do tambaqui tem po-

tencial promissor para a piscicultura sustentável da Ama-

zônia. “É um peixe que aceita proteína vegetal na ração

muito bem, convertendo de forma bastante eficiente em

carne quando criado sob boas condições de cultivo. Exce-

lente sabor, rápido crescimento, mercado que remunera

muito bem o produtor”.

A pesquisa tem como título “Viabilidade técnica e econô-

mica do cultivo do tambaqui até dois anos para aprovei-

tamento da hipófise para indução à desova hormonal, da

ova para produção de caviar, da pele para couro de peixe

e da carne para cortes gourmet”.

De acordo com Alexandre Honczaryk, “as possibilidades

são grandes em não só ter o peixe in natura para ser ven-

dido em uma feira, mas agregar valor a este produto,

dando oportunidade das pessoas terem mais opção do

que já está sendo feito hoje”, afirmou.

A pesquisa pretende verificar a viabilidade econômica do

tambaqui até o segundo ano de criação, agregando valor

ao produto e gerando mais opção de emprego, exempli-

fica o pesquisador. “Na biomassa final produzida, verifi-

ca-se a porcentagem que atinge a maturidade sexual e

destas retira-se sua hipófise para avaliação técnica e eco-

nômica na utilização para indução hormonal de outras

espécies de peixes. A hipófise é uma glândula que pro-

duz vários hormônios, entre eles as gonadotropinas, res-

ponsáveis pelo controle da reprodução. Uma vez limpa e

» Pesquisador Alexandre Honczaryk, Mestre em Aquícultura, iniciou os estudos que pretendem verificar a viabilidade econômica do Tambaqui

48 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

desidratada, pode ser utilizada novamente na indução de

outras espécies de peixes. Outra avaliação será a coleta

de ovas das fêmeas para o seu processamento e produ-

ção de caviar, avaliando suas características e aprovação

junto ao público consumidor. E por último será avaliada

a viabilidade zootécnica e econômica do processo da

criação de um peixe de maior porte, para disponibilizar

cortes especiais, e sua pele para o curtimento e transfor-

mação em couro”, argumenta.

» CONTRARIANDO AS ESTATÍSTICAS

Existem dados que mostram que o tambaqui é economi-

camente rentável até o primeiro ano. O ciclo de engorda

é de 12 meses, alcançando de 2 a 2,5 kilos em média com

conversões alimentares de 1,8 quando cultivado em bar-

ragens ou 1,5 em tanques escavados.

“A partir deste tamanho a conversão alimentar aumenta,

e até o momento não há estudos para comprovar o custo

benefício da criação pelo segundo ano, onde é possível

obter um peixe maior de até 5 kg e de melhor preço no

mercado consumidor. Ao final do segundo ano de culti-

vo, o tambaqui inicia sua maturação sexual, com a sínte-

se e acúmulo de hormônios gonadotrópicos na hipófise.

Contudo, sob condições de cativeiro o ciclo reprodutivo

natural do peixe pode tornar-se irregular, onde exempla-

res podem apresentar precocidade e outros atraso na

formação das gônadas. Uma vez atingida a maturação se-

xual, é possível realizar a coleta das hipófises”, explicou.

» EXECUÇÃO

A pesquisa está sendo desenvolvida na Fazenda Santo

Antônio II, localizada na estrada AM 240 Km 48, municí-

pio de Presidente Figueiredo. O apoio logístico contará

com a equipe da Fazenda para as atividades de coleta de

dados, além das Coordenações de Pesquisas em Aquicul-

tura (CPAQ) e Tecnologia de Alimentos (CPTA) do Institu-

to Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

O projeto já foi encaminhado para análise no edital universal

da Fapeam. O pesquisador está aguardando o resultado. ■

Pesquisa

» Tanques de criação de peixe na Coordenação de Pesquisas em Aquícultura do INPA

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 49

50 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Bovinocultura

BOI VERDE,PECUÁRIA DA

FLORESTA

REPORTAGEM: Mayara Lima FOTOS: Rogério Perin e divulgação SINDISUL

O ESTADO DO AMAZONAS VEM AVANÇANDO SIGNIFICATIVAMENTE NO SETOR DA PECUÁRIA COM RESPONSABILIDADE AMBIENTAL; FOI ASSINADA A LEI QUE CRIA A AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA E FLORESTAL (ADAF), COMO TAMBÉM O

DECRETO PARA REDUÇÃO DO ICMS, DA CARGA TRIBUTÁRIA DE 5% INCIDENTE SOBRE AS OPERAÇÕES REALIZADAS POR FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS DE ANIMAIS, PARA 1%[ [

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 51

Abovinocultura (criação de gado) é um dos prin-

cipais destaques do agronegócio brasileiro no

cenário mundial. De acordo com o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil é

detentor do segundo maior rebanho efetivo do mundo,

com cerca de 200 milhões de cabeças, sendo superado

pela Índia, mas esse país não utiliza a pecuária bovina

com fins comerciais. Além disso, desde 2004, assumiu a

liderança nas exportações, com um quinto do gado de

corte comercializado internacionalmente e vendas em

mais de 180 países.

O rebanho bovino brasileiro proporciona o desenvolvi-

mento de dois segmentos lucrativos, as cadeias produ-

tivas da carne e leite. O valor bruto da produção desses

dois segmentos, estimado em R$ 67 bilhões, aliado a

presença da atividade em todos os estados brasileiros,

evidenciam a importância econômica e social da bovino-

cultura em nosso país.

Um fator que contribui para esse resultado é o clima tro-

pical. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental,

Rogério Perin, que atua em manejo de pastagens e inte-

gração lavoura-pecuária-floresta, afirma que “no Estado

do Amazonas a temperatura é elevada e praticamente

uniforme ao longo do ano. A luminosidade é alta e os pe-

ríodos secos são relativamente curtos e pouco severos.

Isto configura uma situação climática muito próxima da

ideal para a produção de pastagens, permitindo que esta

seja utilizada como base alimentar para a criação de ru-

minantes durante o ano todo. Em tese isso possibilita a

produção do chamado “boi verde”, produto atualmente

valorizado em mercados do primeiro mundo”.

Outro fator que colabora para a expansão do rebanho

bovino é a extensão territorial do Brasil. E no maior Es-

tado do país, o rebanho amazonense, estatisticamente,

poderia dobrar. “No Amazonas a pecuária é explorada

52 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Bovinocultura

em pastagens de várzea e de terra firme, estas últimas

quase que totalmente originárias de áreas de florestas.

Estatísticas atuais apontam em uma área superior a 1,8

milhões de hectares que, se adequadamente utilizados

possibilitariam mais do que dobrar o rebanho amazonen-

se", aponta o pesquisador, Perin.

Todo desenvolvimento da bovinocultura no Brasil só foi

possível por meio de investimentos em tecnologia e ca-

pacitação profissional; desenvolvimento de políticas pú-

blicas, que permitem que o animal seja rastreado do seu

nascimento até o abate; controle da sanidade animal e

a segurança alimentar. Aspectos que contribuíram para

que o País atendesse às exigências dos mercados rigoro-

sos e conquistasse espaço no cenário mundial.

O crescimento das atividades pecuaristas no Amazonas

é evidente. As expectativas, quanto ao seguimento, são

as melhores. “A partir do Programa Amazonas Rural, te-

remos condições de triplicar o nosso rebanho e ampliar

para todo o território do Amazonas o status de livre de

aftosa com vacinação, sendo importante destacar que

esse incremento de nossa pecuária não representará au-

mento de desmatamento, pois o crescimento está acon-

tecendo com tecnologia e utilizando as áreas já abertas”,

declarou o presidente da Federação de Agricultura, Pe-

cuária no Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e

Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), em

2011 foram assistidos 20.389 criadores com um rebanho

de 1.443.627 animais. Desse total de animais, 55% corres-

pondem à bovinocultura de corte, 29% bovinocultura mis-

ta, 11% bovinocultura de leite e 5% de bubalinocultura.

Dos criadores assistidos, destacam-se em número de

animais e produção, as aptidões e municípios a seguir:

bovinocultura de corte -- Boca do Acre, Apuí, Manicoré,

Parintins e Guajará; bovinocultura mista -- Boca do Acre,

Itacoatiara, Barreirinha e Parintins; bovinocultura de leite

-- Careiro da Várzea, Autazes e Apuí; bem como na buba-

linocultura -- Autazes, Itacoatiara, Parintins, Nhamundá e

Urucurituba. ■

» PROTEÍNA Um dos pratos mais comum na mesa do brasileiro é o famoso bife, arroz e feijão. Uma combinação de carboidratos e proteínas que garante a nutrição de todos. De acordo com a nutricionista, Jeanne Araújo dos Santos, o arroz, feijão e carne são alimentos ri-quíssimos em nutrientes, podem ser consumidos de diversas maneiras, mas quando consumidos juntos, tornam-se uma combinação perfeita. “Os nutrientes do arroz se completam com os nutrientes do feijão, sendo enriquecidos pela riqueza protéica da carne nesta refeição”, afirmou a nutricionista.

Rico em fibras, o arroz e o feijão fazem com que a glicose seja liberada gradativamente na corrente sanguínea retardando a fome e diminuindo a produ-ção excessiva de insulina. “Para uma dieta saudável e equilibrada, o arroz e o feijão podem ser conside-rados uma boa pedida. Lembrando que a escolha do produto de boa qualidade influencia na qualidade do alimento, o mesmo está diretamente ligado ao seu valor nutricional”, avaliou.

» Pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Rogério Perin, atua em manejo de pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 53

54 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Parceria

QUER VENDER AÇAÍ

PARA TODO OBRASIL

REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena

A MULTINACIONAL COCA-COLA PRETENDE, ATÉ O SEGUNDO SEMESTRE

DO ANO DE 2013, VENDER SUCODE AÇAÍ EM CAIXINHA PARA TODO

O BRASIL[ [Uma parceria entre poder público, iniciativa privada e co-

munidade resulta no fortalecimento da cadeia produtiva

com base no desenvolvimento sustentável no Amazonas.

Seis agroindústrias de açaí beneficiado do Amazonas pro-

duzirão açaí para a multinacional Coca-Cola a partir do

segundo semestre de 2013, a empresa pretende vender

sucos em caixa da fruta para todo o Brasil, beneficiando o

produtor, que terá melhor qualidade de vida e o trabalho

mais valorizado.

O produtor Sebastião Amaral da Silva, 54, vê a parceria

como um grande benefício para a região, segundo ele,

desde que começou a extrair o açaí e vender à agroindús-

tria Açaí Tupã, em Carauari, sua vida melhorou, somente

na safra deste ano ele vendeu 12 toneladas de açaí à fá-

brica, gerando uma renda de R$ 10 mil. “Hoje tenho ou-

tra vida, já investi no meu negócio com equipamentos e

já vou expandir para a produção de abacaxi, laranja e ma-

» Representantes da multinacional Coca-Cola com produtores rurais, membros da FAS e dirigentes do Governo do Amazonas

racujá. Com a chegada da Coca-Cola esse número pode

dobrar e é isso que queremos”, festejou.

O pontapé inicial para a empreitada foi dado na segun-

da quinzena de agosto deste ano, quando representan-

tes da multinacional estiveram no Amazonas para visitar

agroindústrias instaladas em Benjamin Constant, Caraua-

ri, Manacapuru e Manaus e se reunir com os represen-

tantes do governo. “Os executivos da Coca-Cola ficaram

surpreendidos com as agroindústrias, sinalizaram e de-

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 55

monstraram total interesse em adquirir o açaí beneficia-

do para a elaboração de novos produtos da empresa”,

disse o diretor-presidente da Agência de Desenvolvimen-

to Sustentável (ADS), Valdelino Cavalcante.

Ainda será agendada uma data para que os representan-

tes da Coca-Cola visitem a Agroindústria Fruistar, instala-

da em Humaitá. As visitas ocorreram entre uma segunda-

feira e uma quinta-feira da segunda quinzena de agosto,

nas quais os executivos da multinacional puderam conhe-

cer as agroindústrias e como é feito o processamento de

açaí no Amazonas. Os representantes da Coca-Cola tam-

bém puderam conhecer a capacidade produtiva de cada

agroindústria e a estrutura física dos empreendimentos

visitados.

Entre as agroindústrias visitadas estão Açaí Wotüra, em

Benjamin Constant, a Açaí Tupã, em Carauari, a Nat Fru-

tas, em Manacapuru e a Infrutas e Polpas da Amazônia,

instaladas na capital amazonense que terão que seguir

56 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Parceria

um padrão estabelecido pela Coca-Cola e enviar um re-

latório individual no qual constarão as adequações que

deverão ser realizadas para que o acordo seja fechado.

Sobre as adequações que precisam ser realizadas, o di-

retor-presidente da ADS salientou que não há nada que

possa impedir as empresas de atenderem as exigências

da Coca-Cola. “São pequenos ajustes na pasteurização,

por exemplo. Após tomarem as devidas providências,

haverá uma auditoria final para o início à compra da pró-

xima safra de açaí amazonense, que ocorre entre janeiro

e julho de cada ano”, comemorou Cavalcante.

Raimundo Menezes de Souza, 56, produz açaí há dois

anos e relata os benefícios que a agroindústria trouxe à

Benjamim Constant. “Essa fábrica é um sonho realizado e

muito esperado, já avançamos muito, mas ainda precisa-

mos de um melhor escoamento da produção, que espe-

ramos receber com novas estradas”, pontuou.Para o diretor da agroindústria Açaí Tupã, Samir Bastos Cha-

gas, a parceria com a Coca-Cola fará com que as empresas

gerem mais emprego e renda. “A produção que atualmente

é durante o dia poderá acontecer 24 horas”, afirmou.

A diretora administrativa da agroindústria Açaí Wotüra,

Maria Glacy Alencar de Oliveira, também afirma que com a

parceria a produção e a geração de emprego e renda tende

a crescer. “Além disso, estaremos contribuindo com a dimi-

nuição do desmatamento e queimadas na região”, frisou.

As agroindústrias já atendem o Programa de Regionaliza-

ção da Merenda Escolar (PREME) e mercado local, e com

a nova parceria os municípios beneficiados irão gerar

mais emprego e renda, através de uma parceria com o

Governo do Estado do Amazonas por meio da Agência de

Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Secre-

taria de Estado de Produção Rural (Sepror), Secretária de

Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-

vel (SDS), o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário

e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam),

Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e

Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

» A PARCERIA

A parceria entre as beneficiadoras de polpa de frutas

amazonenses e a Coca-Cola deixou animados os represen-

tantes da Coca-Cola que estiveram no Estado. Segundo o

gerente de Aprovação de produtos da Coca-Cola a nível

» AGROINDÚSTRIAS A instalação de agroindústrias em território local é resultado de ações do governo do Amazonas para in-centivar políticas voltadas para o extrativismo, ativi-dade que é fonte de renda para milhares de famílias que residem no interior do Estado. Somente no ano passado a administração estadual, por meio da agên-cia de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), in-vestiu R$ 144 milhões na operacionalização de em-presas beneficiadora de frutas. “No que depender da Afeam para ajudar as agroindústrias nas adequa-ções, estaremos disponíveis, pois sabemos que o de-safio é grande, mas será recompensador”, afirmou o presidente da Afeam, Pedro Falabella. “Os investimentos continuam. O governador Omar Aziz continuará investindo no setor, pois empresas como essas beneficiam milhares de famílias no in-terior, com emprego e renda, além de desenvolver atividades que promovam a economia de forma sus-tentável e a inclusão social do homem da floresta”, ressaltou o diretor-presidente da ADS, Valdelino Cavalcante. Com o objetivo de melhorar a escoação do produto, o Governo do Amazonas irá viabilizar as estradas do Riozinho e do Gavião em Carauari, e possivelmente a Estrada do Umarizal e Perimetral Norte em Benja-mim Constant.

» Auditor da Coca-Cola, durante inspeção na agroindústria Açaí Tupã, no município de Carauari

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 57

nacional, que não teve o nome revelado, por exigência da

empresa, outras visitas deverão ser feitas às potenciais

fornecedoras de açaí beneficiado para que a parceria seja

concretizada. “Consideramos o açaí uma super fruta, essa

é a primeira visita de outras que ainda faremos na região.

Quem se preocupa com o meio ambiente e sustentabili-

dade com certeza investe em projetos como este. É só

questão de tempo para que esse processo se concretize,

porém é preciso pequenas adequações para que a Coca-

Cola possa homologar as Agroindústrias”, explicou.

Ele ainda considerou o projeto um dos mais desafiadores

da multinacional, mas garantiu que a empreitada será um

grande aprendizado para ele como profissional. “É nosso

objetivo levar o melhor produto ao consumidor e é isso

que vamos fazer. Com o mapeamento de toda a área para

saber a real potencialidade do açaí, iremos projetar o nú-

mero de vendas, fazer testes com o consumidor e saber

a real quantidade de produto que precisaremos”, frisou.

» MAPEAMENTO

Será realizado até a primeira quinzena de outubro deste

ano, um levantamento para diagnosticar o potencial pro-

dutivo do açaí na região, por meio do inventário. De acor-

do com o presidente do Idam, Edmar Vizolli, a parceria

com a Coca-Cola é um momento importante para inves-

tir de maneira correta. “Estaremos juntos fiscalizando o

mapeamento, para que se possa chegar ao número mais

próximo da realidade. Nosso desafio é fazer com que as

políticas públicas cheguem até os produtores”, afirmou.

Para o Superintendente Técnico-Científico da FAS, que

também coordena a implementação do Programa Bol-

sa Floresta nas unidades de conservação do Amazonas,

João Tezza, a parceria com a Coca-Cola é um trabalho

que todos os órgãos do governo precisam estar integra-

dos. “Vamos realizar juntos e com grande empenho este

projeto, temos uma grande riqueza e precisamos levar

em conta a cultura e conhecimento de cada região. Está

chegando uma nova visão ao interior é um dos maiores

desafios”, enfatizou. ■

» Visita técnica dos representantes da Coca-Cola e dos dirigentes do Amazonas na Agroindústria Açaí Wotüra, em Benjamim Constant

MÉRITO COOPERATIVISTA 2012REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro

A maior Comenda do Cooperativismo no Amazonas -- Mé-

rito Cooperativista 2012, Dr. Petrucio Pereira Magalhães,

foi entregue na noite do dia 05 de julho, ao presidente da

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-

nas (FAEA), Muni Lourenço, e à presidenta da Cooperativa

de Trabalho dos Enfermeiros de Urgência e Emergência do

Amazonas (COOPENURE), Hadelândia Milon de Oliveira.

Membro da Cooperativa dos Produtores de Leite do Mu-

nicípio de Autazes (COOPLEITE) e presidente da FAEA,

Muni Lourenço ressaltou durante seu discurso que se

sentiu honrado em receber o prêmio. “Este é um ano

muito importante para todos nós, tenho a plena con-

vicção que o cooperativismo é uma forma fundamental

para o desenvolvimento da classe agropecuária, e que no

Amazonas vem fazendo esse papel muito bem. A OCB-

SESCOOP/AM tem uma trajetória dentro da FAEA, e essa

parceria vem dando certo, unida em uma missão que é

desenvolver o Estado do Amazonas”, disse Lourenço,

emocionado durante seu discurso e agradecendo a todos

que contribuíram em sua vida profissional e familiar.

DURANTE O ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS O SISTEMA OCB-SESCOOP/AM ESTÁ REALIZANDO UMA SÉRIE DE EVENTOS EM ALUSÃO A DATA.

O MÉRITO COOPERATIVISTA FOI ENTREGUE À PRESIDENTA DA COOPENUREE AO PRESIDENTE DA FAEA

Prêmio

Criado em 2002, na gestão de José Merched Chaar, ex-

presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas

do Estado do Amazonas – OCB/AM, o Mérito Coopera-

tivista passou a chamar Petrucio Pereira de Magalhães,

em 2010. O prêmio é conferido anualmente a duas per-

sonalidades.

O presidente do Sistema OCB-SESCOOP/AM, Petrucio

Magalhães Júnior, avaliou. “Estamos felizes em poder-

mos homenagear líderes que contribuem para a constru-

ção de um mundo melhor. O Muni Lourenço, de fato tem

feito um trabalho no Amazonas reconhecidamente de

apoio de incentivo e contribuição para o fortalecimento

das cadeias produtivas, das organizações sociais das nos-

sas cooperativas e, portanto, nós do cooperativismo tí-

nhamos esse dever de homenageá-lo ao reconhecimento

de todo o trabalho e esforço pela FAEA”, concluindo que

espera-se que cada vez mais pessoas possam ter acesso

ao trabalho digno e a possibilidade de produzir com qua-

lidade e sustentabilidade.

Petrucio Jr. elogiou o trabalho da cooperada Hadelândia

Milon de Oliveira, que também recebeu o prêmio, dizen-

do que ela é um exemplo na liderança e que vem mos-

trando trabalho a frente da COOPENURE.

Há 12 anos em funcionamento a COOPENURE conta com

260 cooperados, todos com especialização em urgência

e emergência atuando em 6 unidades hospitalares em

Manaus. À frente das atividades a presidenta Hadelândia

Milon de Oliveira. “Estou na cooperativa há 2 anos, fize-

mos algumas mudanças, e estamos com várias frentes de

trabalho; para mim, receber esse prêmio no Ano Inter-

nacional das Cooperativas é emocionante, estou muito

lisonjeada de ter sido escolhida entre tantas pessoas”.

[ [

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 59

» PERFIL DOS GANHADORES Hadelândia Milon de Oliveira, presidenta da Coopera-tiva de Trabalho dos Enfermeiros de Urgência e Emer-gência do Amazonas – COOPENURE; Possui Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia pela Uni-versidade Federal do Amazonas (UFAM), Especialização em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela Universidade Federal do Amazonas e Especialização em Enfermagem em Suporte-Avançado de Vida-Urgência e Emergência pela Universidade Federal do Amazonas.

Muni Lourenço Silva Jr. é pecuarista no município de Autazes, preside desde 15 de março de 2010, a Fede-ração da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-

Os convidados assistiram a uma palestra do presidente

da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Dr. Odacir

Klein, que tem uma trajetória no cooperativismo, inician-

do sua carreira como auxiliar no escritório de uma Coope-

rativa de pequenos agricultores. É formado em advoca-

cia, foi ministro e deputado federal do Rio Grande do Sul,

durante a palestra contou o papel do cooperativismo no

mundo. “O Ano Internacional do Cooperativismo é uma

comemoração para chamar a atenção para a importância

dessa pratica de solidariedade no mundo. O cooperati-

vismo atua nas mais diversas áreas, fazendo com que as

pessoas busquem soluções para seus problemas e se for-

taleçam, é uma forma de juntar as fragilidades de cada

um e transformar em força”, disse ainda que se sentiu

muito satisfeito em ter sido convidado para palestrar em

Manaus. ■

nas – FAEA, entidade que representa a classe patronal agropecuária do Estado. É um dos vice-presidentes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, entidade máxima de representação do agronegócio brasileiro. É presidente, também, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Amazonas – SENAR-Amazo-nas. É membro de diversos colegiados representando o segmento agropecuário do Amazonas e recentemente assumiu a titularidade da representação das classes pro-dutoras da Amazônia Ocidental no Conselho de Admi-nistração da SUFRAMA.

» Presidente do Sistema OCB-SESCOOP/AM, Petrucio Magalhães Júnior

» Presidenta da Uniodonto, Daniele Magalhães, com a vencedora Hadelândia Milon de Oliveira

» Presidente da FAEA, Muni Lourenço, com o superintendente da CONAB-AM, Thomaz Meirelles

60 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

EXPOBOCA

MAIOR REBANHO DOAMAZONAS

REPORTAGEM e FOTOS: Diárcara Ribeiro

O MUNICÍPIO DE BOCA DO ACRE REALIZOU A 1ª EXPOBOCA E INAUGUROU O PARQUE DE EXPOSIÇÃO. A FESTA CONTOU COM LEILÃO

DE ANIMAIS, FESTIVAL DO COSTELÃO E RODEIO PROFISSIONAL[ [O clima era de música sertaneja, rodeio, cavalgada, e o

tempo estava frio. Esse clima sulista era de um município

aqui no Estado do Amazonas. Estamos falando de Boca

do Acre (a 1.028 km de Manaus), que realizou a 1ª EXPO-

BOCA e inaugurou o Parque de Exposição Agropecuária.

A festa ocorreu durante os dias 8, 9 e 10 de junho.

Cavaleiros, amazonas e visitantes se reuniram em comi-

tivas, realizando a tradicional cavalgada. O desfile atraiu

olhares de muitos espectadores, durante a primeira noi-

te de evento.

A festa foi marcada por rodeios, cavalgada, shows mu-

sicais, exposição da agricultura familiar e extrativistas,

artesanato, pequenos negócios, exposição de máquinas

agrícolas e leilão de animais. De acordo com o presidente

do Sindicato Rural do município que realizou o evento,

Ildo Gardingo, a expectativa dos organizadores foi supe-

rada, “Foram movimentados cerca de R$ 5 milhões de

reais, a 1ª EXPOBOCA é o resultado da expressividade da

atividade rural desenvolvida no município”, afirmou.

Boca do Acre é referência em padrão genético e detentor

do maior rebanho do Estado do Amazonas, com 362 mil ca-

beças de gado, com o status de área livre de febre aftosa.

O produtor rural, Francisco Geraldino de Souza, 67 anos,

que planta limão, banana, açaí e outras culturas, realizou

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 61

um grande sonho. “Pude financiar meu primeiro cami-

nhão, graças a feira que me proporcionou a oportunidade

de fazer negócios com juros baixos. Financiei e vou pagar

em 10 anos”, afirmou o trabalhador que está comerciali-

zando as frutas no feirão montado dentro do Parque.

Segundo o gerente do Banco da Amazônia no município,

Salomão Alencar, até a segunda noite já foram movimen-

tados mais de um milhão de reais, “Foram quinhentos mil

em tratores e implementos agrícolas. Os resultados da

feira vão além dos três dias, com a EXPOBOCA nós am-

pliamos nossa rede de contatos”.

» INAUGURAÇÃO DO PARQUE

Durante a inauguração do Parque de Exposição do mu-

nicípio, várias autoridades do setor primário estiveram

presentes. O presidente da Federação da Agricultura e

Pecuária do Estado do Amazonas, Muni Lourenço, afir-

mou que os pecuaristas da região investem fortemente

na melhoria do padrão genético dos animais, e que a 1ª

EXPOBOCA é o resultado do trabalho e esforço da classe.

"A inauguração do Parque é de fundamental importância

para o setor rural da região, um momento no qual todos

terão a oportunidade de realizar cursos, fazer negócios,

trocar informações, como também o entretenimento”.

» Solenidade de abertura e inauguração do Parque de Exposição Agropecuária do município de Boca do Acre

62 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

EXPOBOCA

O secretário da Produção Rural, Eron Bezerra, elogiou os

pecuaristas que fazem do rebanho de Boca do Acre refe-

rência em qualidade genética, dizendo ainda que, o Par-

que é um dos mais modernos do Estado. “A EXPOBOCA

vai trazer abertura de novos mercados”.

Com uma área total de 90 mil metros quadrados, e uma

área construída de aproximadamente 34 mil metros qua-

drados, estiveram expostos 140 bovinos e 300 ovinos.

Para a construção foram investidos R$ 2,4 milhões; o supe-

rintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, participou

da inauguração, a obra recebeu recursos da autarquia.

» RODEIO

Quarenta peões do Estado do Amazonas e Acre partici-

param do rodeio, a arquibancada lotada agitava, com ex-

pectativa, a cada montaria.

O empresário responsável pela Companhia, Dennys Fer-

reira, 37, disse que “a estrutura montada pela companhia

de rodeio aqui em Boca do Acre está dentro dos padrões

do rodeio que acontecem em todo Brasil”, avaliou.

O campeão foi João Souza, o ‘Carrapicho’, natural da ci-

dade de Nova Califórnia/RO, o 2º lugar ficou com Fábio

Soares e 3º lugar foi de João Possiano.

» SINDICATO

Durante a 1ª EXPOBOCA, o sindicato Rural, Federação da

Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), e

o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM),

montaram um stand para atender produtores, pecuaris-

tas e os visitantes da Feira.

O Sindicato Rural de Boca do Acre comemorou na mesma

data um ano de sucesso. Um bolo de dois metros foi servido

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 63

durante o 3º Leilão Nelore das Fazendas Annasara e Simo-

nik. Foram leiloados 70 touros com genética selecionada.

Através do Sindicato já foram realizados diversos cursos

de capacitação do produtor e sua família. “Para se ter

uma ideia, 240 pessoas já realizaram cursos”, avaliou o

presidente do Sindicato, Ildo Gardingo, que junto com a

diretoria e patrocinadores, realizaram o Festival do Cos-

telão, no domingo, dia 10 de junho.

De acordo com presidente do Sistema FAEA-SENAR/AM,

Muni Lourenço, o Sindicato do município é referência

para os demais. “São notórias as ações de fortalecimento

da classe através do Sindicato de Boca do Acre, capacita-

ção e orientação. Exemplo disso, foi a organização e arti-

culação da inauguração do Parque de Exposições Agro-

pecuárias”, afirmou. ■

» Produtor rural, Francisco Geraldino de Souza, financiou o seu primeiro caminhão para pagar em 10 anos, junto ao BASA

» Secretária de Esportes do Estado, Alexandra Campelo, e de chapéu, a gerente-técnica do SENAR, Eunice Cunha, com o restante da equipe e produtores da região

» Autoridades participaram da abertura do rodeio

» Leilão de animais de genética selecionada reuniu compradores da região sul do Estado

64 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Feira

XVII FEPAGROREPORTAGEM e FOTOS: Mayara Lima

OBJETIVO DA FEIRA É PROMOVER O INCENTIVO À AGRICULTURA FAMILIAR, FORTALECENDO O MERCADO INTERNO, POR MEIO DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COM

BAIXO CUSTO E A INCLUSÃO ECONÔMICA E SOCIAL DE FAMÍLIAS DE AGRICULTORES[ [Trabalhos voltados para a piscicultura, avicultura e oleri-

cultura, além de práticas de arborismo, foram destaque

na XVII Feira de Produtos da Agricultura Familiar – Fepa-

gro, realizada entre os dias 30 de agosto e 02 de setem-

bro, na sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Amazonas – IFAM, Zona Leste em Manaus.

Segundo a organização, cerca de 60.000 visitantes passa-

ram pelo local. Este ano 24 instituições participaram do

evento, foram cerca de 60 produtores familiares e artesa-

natos, representando mais de 10 associações.

O técnico agrícola, João Fernandes, que se formou em

2003 no Instituto, atua como apicultor e trabalha em uma

empresa de produtos e serviços apícolas. Ele integra a

Associação Rural Assistencial de Mulheres e Amigos da

Colônia Agrícola João Paulo do Puraquequara (ARAMA-

JA), que participa há quinze anos da feira. “Quando a Feira

se aproxima, aumentamos a produção dos animais, pois

há uma procura muito grande do público, às vezes antes

mesmo de acabar a Feira, os nossos produtos são todos

vendidos”, informou Fernandes.

Nesta edição a ARAMAJA ofereceu vários produtos resul-

tados da agricultura familiar, como frutas, verduras e hor-

taliças, mas os produtos apícolas são os mais procurados

pelo público.

Já a Associação da Comunidade Vila Nova, do município

de Iranduba, participou pela primeira vez da Feira. Com-

posta por 22 famílias, entre homens e mulheres que

trabalham com artesanato desde cerâmica a semente. A

associada, Rosaneide Rabelo da Silva, 53, percebeu a va-

lorização que seus produtos tiveram com a Fepagro. “Es-

tamos sendo mais vistos, isso é bom porque gera renda

para nossas famílias. Houve uma procura pelo nosso con-

tato para que os nossos produtos fossem vendidos por

encomendas”, declarou a artesã.

Para várias Associações e produtores, a Fepagro é uma

ótima oportunidade de empreendedorismo e negócios.

Além disso, oferece espaço para divulgação das ações de

órgão e instituições do setor primário e orientação para

os produtores. De acordo com os visitantes a Fepagro

proporcionou ao público produtos de qualidade, exposi-

ções, segurança, parque de diversões e atrações musicais.

O diretor do IFAM, Aldenir de Carvalho Caetano, explica

que o objetivo da Fepagro é promover o incentivo à agri-

cultura familiar, fortalecendo o mercado interno, por meio

da produção de alimentos com baixo custo e a inclusão

econômica e social de famílias de agricultores. Além dos

produtos da agricultura familiar e derivados do extrativis-

mo realizado pelas populações tradicionais e agricultores

familiares, são apresentados na feira, também produtos e

serviços de outras entidades afins, órgãos das administra-

ções públicas federal, estadual e municipal, organizações

sociais e não governamentais. O evento também visa pro-

mover o estreitamento das relações entre os agentes que » Produtores de mel aproveitam a feira para ter uma renda extra

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 65

atuam no gerenciamento, assistência técnica, produção e

consumo de produtos agrícolas e artesanais.

A Gerência de Educação Ambiental (GEAM) do Instituto

de Proteção Ambiental (IPAAM) participou com um estan-

de na Feira, divulgando e esclarecendo dúvidas a respeito

do Cadastro Ambiental Rural – CAR, para as pessoas que

visitaram o espaço. O foco era os produtores rurais, do-

cumento indispensável. Na oportunidade também foram

distribuídos materiais de divulgação do Cadastro.

No estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-

tecimento (MAPA), os visitantes puderam ter acesso a

publicações sobre produtos orgânicos, orientação ao con-

sumidor para comprar produtos certificados e esclareci-

mentos de dúvidas sobre cultivo de produtos orgânicos.

Entre os expositores estavam: Instituto de Desenvolvi-

mento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do

Amazonas (IDAM), Federação da Agricultura e Pecuária do

Estado do Amazonas (FAEA), Superintendência Federal de

Pesca e Aquicultura de Amazonas (SFPA/AM), Universida-

de Nilton Lins, Faculdade Tahirih, Ministério da Agricultu-

ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Secretaria de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Agência

de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Associação Rural

Assistencial de Mulheres e Amigos da Colônia Agrícola

João Paulo, Associação Agrícola Rural do Ramal do Pau

Rosa, Associação dos Produtores do Feirão da Sepror,

Cooperativa Agrofrutífera dos Produtores de Urucará, As-

sociação de Produtores do Ramal do Ipiranga, Associação

de Produtores do Brasileirinho, Associação de Moradores

e Agricultores da Comunidade do Uberê, Associação de

Produtores Orgânicos do Amazonas, e outros. ■

» HISTÓRICO Segundo o vice-presidente da comissão organizado-ra, professor António Ribeiro da Costa Neto, a Fepa-gro foi criada em 1995, com o objetivo de expor e divulgar à sociedade amazonense as tecnologias e as experiências nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão voltadas para a produção agropecuária e florestal em bases sustentáveis.

Tradicionalmente, a Fepagro é realizada no Campus Manaus Zona Leste, localizado na Avenida Cosme Ferreira, nº 8.045, Bairro do São José Operário. “A Feira promove o intercâmbio entre as Organizações Governamentais e Não Governamentais que contri-buem para o desenvolvimento do setor primário e, de modo especial, para o fortalecimento da agricul-tura familiar no Estado do Amazonas”, disse.

» Frutas e verduras foram vendidas a preço mais em conta para o consumidor que visitou a Feira da Agricultura Familiar de 30 de agosto a 2 de setembro

» A artesã, Rosaneide Rabelo, associada da comunidade Vila Nova do município de Iranduba, participou pela primeira vez da Feira

66 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Artigo

N osso País tem a felicidade de ocupar uma área imensa, um dos maiores

territórios nacionais do mundo. São dimensões verdadeiramente con-

tinentais, visto que tanto do extremo norte ao extremo sul quanto da

ponta leste à oeste do Brasil são mais de 4 mil quilômetros, um décimo da circun-

ferência terrestre!

Não é de admirar, portanto, que em toda essa vastidão territorial encontremos

tanta diversidade.

Diversidade de clima: do semiárido nordestino ao equatorial da bacia amazônica,

com índices pluviométricos de espantosos 2.000 mm ao ano e onde a população,

brincando, diz que no verão chove todo dia, e no inverno chove o dia todo.

Diversidade de relevo: das planícies dos Pampas Gaúchos à Serra do Mar, que se

estende por cerca de 1.500 km ao longo de nosso litoral.

Diversidade de vegetação e de vida animal, também conhecida como biodiversi-

dade: esta, tão variada que me seria difícil, e desnecessário, escolher exemplos.

E, por fim, diversidade social, econômica e cultural. Esse é o nosso Brasil, extenso,

diverso, multicultural e multifacetado. Na verdade, de certo modo, pode-se dizer

que não é um Brasil, mas vários “Brasis”, contidos nesta grande nação unida pela

língua portuguesa e por um governo central.

É muito bom viver num país assim. Por outro lado, nem toda diversidade, nem

toda diferença é desejável. Quando temos as mesmas oportunidades e nos tor-

namos diferentes por opção, por gosto ou escolha, isso é ótimo. Mas quando a

diferença está nas oportunidades, quando a diferença implica a impossibilidade

de alguns se tornarem plenamente realizados, então essa diferença não é boa.

Certamente é a esse tipo de diferença indesejável que se refere o que está inscul-

pido em nossa Constituição Federal, em seu terceiro artigo, que afirma ser obje-

tivo da República Federativa do Brasil “erradicar a pobreza e a marginalização e

reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL: O PAPEL DAS USINAS DE JIRAU E SANTO ANTÔNIO

Não é por menos

que estamos

muito felizes com

obras como a

construção das

hidrelétricas de

Jirau e Santo

Antônio, em

Porto Velho,

capital do Estado

de Rondônia.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 67

Valdir RauppSenador da República pelo Estado de Rondônia e Presidente nacional do PMDB

Em nome das pessoas que me ele-

geram seu representante no Senado

Federal, quero expressar com toda a

clareza nossa satisfação e alegria por

essas duas obras que têm trazido de-

senvolvimento à nossa Região Norte.

São essas desigualdades regionais e sociais a que se refere a Carta Magna que

devemos combater. Especialmente nós, Senadores, que atuamos nesta Casa

onde os Estados estão representados em igualdade de forças, por três repre-

sentantes eleitos cada.

O Senado Federal certamente é a maior expressão desse desejo que temos

de que todo o País seja próspero; esse desejo de que todos os brasileiros e,

eventualmente, mesmo os estrangeiros que entre nós habitem tenham boas

oportunidades de uma vida bem sucedida, digna, feliz, independentemente

do Estado ou região em que estejam vivendo.

E quando falamos em prosperidade, quando falamos em igualdade de opor-

tunidades, é incontornável que mencionemos também o desenvolvimento

econômico, visto que este talvez seja o fator mais importante a impulsionar

todos os demais.

De fato, é o investimento econômico, é a oferta de emprego, é o aquecimento

da economia local o motor por trás do desenvolvimento de outros setores,

como a saúde, a educação, a cultura, etc.

E nesse sentido, é inquestionável a participação do Governo como promotor

de infraestrutura, como fomentador da economia nas regiões do País onde ela

porventura se encontrar fraca.

Não é por menos que estamos muito felizes com obras como a construção das

hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho, capital do estado de

Rondônia. São investimentos públicos que beneficiarão todo o Brasil, garantin-

do nossa segurança no bem mais precioso para o desenvolvimento econômico

– já que, sem energia, não adianta uma população empreendedora; sem ener-

gia, de nada valem industriais dispostos a produzir; sem recursos energéticos,

a indústria parará, e a falta de produtos só produzirá inflação.

As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio serão essenciais para o desenvolvi-

mento do Brasil como um todo. Entretanto, sua construção e futura operação

são de imenso valor para nossa região, trazendo emprego, capacitando fun-

cionários, atraindo profissionais qualificados, aquecendo o mercado local, etc.

São duas obras de grande porte, que muito estão contribuindo e ainda contri-

buirão por muito tempo para a diminuição da desigualdade regional em nossa

Nação tão vasta, tão variada em suas características naturais e culturais, mas

também tão desigual no que tange às oportunidades, especialmente entre o

Sul desenvolvido e o Norte desfavorecido.

68 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

UM SONHO QUE SE MATERIALIZA

O Estado do Amazonas trabalha para contribuir significativamente à

sustentabilidade da produção nacional de alimentos e de biocom-

bustíveis. Desde 2003, a partir de ações iniciadas na Assembleia

Legislativa do Amazonas temos estudado o aproveitamento das reservas de

sais de potássio – silvinita – localizadas nos rios Madeira e Amazonas, região

que se estende por cerca de 400 km e abrange 13 municípios do Amazonas.

Este minério é utilizado mundialmente na indústria de fertilizantes, na forma

do NPK, componente estratégico e insumo tecnológico para o aumento de

produtividade na agricultura. Por sinal, nos últimos 20 anos, o uso intensivo

deste produto na produção nacional de alimentos levou o Brasil ao relevante

patamar mundial que ocupa, saindo de uma produção de 68 milhões de tone-

ladas de grãos para os atuais 160 milhões de toneladas (dados da CONAB e

ANDA), crescimento superior a 7%, sem, contudo, necessitar de novas áreas

destinadas às atividades agrárias, o crescimento destas áreas neste período

foi de apenas 2,1%. O aumento do consumo de fertilizantes foi superior a

10%.

Neste contexto de sustentabilidade, empresas como a Potássio do Brasil,

que conta na constituição acionaria de experientes grupos empresariais ama-

zônicos, como o Grupo Simões e FOGÁS, acreditando neste potencial ama-

zonense, materializou no primeiro semestre de 2012 os resultados de suas

pesquisas nas regiões de Autazes e Itapiranga, ampliando em 40% as reservas

do Amazonas de sais de potássio conhecidas, podendo chegar até o final de

2012 ao patamar de meio bilhão de toneladas do minério, considerando nes-

te cálculo, as reservas de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara sob a responsa-

bilidade da PETROBRAS.

O Governo do Amazonas ampliou suas ações de fomento do Projeto Silvinita

com a criação da Secretaria de Estado de Mineração, Geodiversidade e Re-

cursos Hídricos em 2011. Concomitante e sinergicamente, a sinalização dada

pelo Governo Federal a partir do discurso da Presidenta Dilma Rousseff pro-

ferido em março de 2011 em Uberaba (MG), onde além de ressaltar o papel

estratégico das reservas de potássio do Amazonas, foi anunciada a explora-

ção destas reservas ao longo do seu Governo, materializou-se o alinhamento

de interesses estaduais, federais e das municipalidades quanto aos objetivos

a que este projeto se propõe: o desenvolvimento regional, a consolidação da

integração socioeconômica da Amazônia ao Brasil e a autossuficiência nacio-

nal quanto aos insumos fertilizantes.

Trabalhando para criar oportunidades, estamos formatando um Grupo de

Trabalho em parceria com a Secretaria de Planejamento e Investimentos

Daniel Borges NavaGeólogo, Mestre em Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia. Professor da Faculdade La Salle e atual Secretário de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Amazonas.

Estratégicos do Ministério do Pla-

nejamento, Orçamento e Gestão do

Governo Federal que atuará na siste-

matização e materialização do sonho

destes amazonenses e amazônidas,

particularmente aqueles que vivem

nestes municípios e vislumbram um

novo momento em nossa história,

que, quer construir marcos de parce-

rias publico privadas alicerçadas no

alcance social, econômico e ambiental

que o Projeto Silvinita proporcionará.

Artigo

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 69

Artigo

MATÉRIA-PRIMA VIRA LIXO

A política nacional de resíduos entrou em vigor no final de 2010. A lei

mostra uma maneira adequada para destinação dos resíduos sólidos

urbanos, entendendo que a indicação mais apropriada é a não gera-

ção, redução, reutilização, coleta seletiva, reciclagem e compostagem. Este

conceito é uma proposta inovadora baseada na disseminação de soluções

para o problema voltado ao lixo urbano.

Como brasileiro, ecologista e empresário ligado à reciclagem e com a res-

ponsabilidade de lutar para que tenhamos um futuro mais sustentável e com

melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras, gostaria de

fazer uma observação referente ao destino do lixo orgânico doméstico, eu

faço com a consciência de cidadão totalmente isento de interesse econômico

ou político.

Não podemos esquecer que dar o destino adequado aos resíduos orgânicos

domésticos não é enviá-los aos aterros, mas sim transformá-los em matéria-

prima para produção de fertilizantes orgânicos que podem ser um grande

aliado na recuperação de solos degradados, aumentando a produção de ali-

mentos, minimizando a fome do mundo e a pressão do desmatamento.

É claro que precisamos de políticas públicas para fortalecer o segmento de

compostagem, intensificando a coleta seletiva incluindo os catadores que já

desenvolvem um papel importante no tocante: a reciclagem.

A conscientização ambiental combinada com a vontade política poderá mu-

dar este panorama dando destino correto dos resíduos urbanos com sabedo-

ria e conhecimento dos envolvidos.

Ulisses GirardiDiretor Executivo das Empresasdo Grupo Visafértil

[email protected] [email protected]

70 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

AGROPEC

AGROPEC,UM SHOWDE RODEIOE VAQUEJADA

REPORTAGEM e FOTOS: Ana Paula Sena

Omunicípio Careiro Castanho (localizado a 102

quilômetros de Manaus) realizou no período

de 6 a 8 de agosto, a 8ª Feira Agropecuária e

de Agronegócios (Agropec – 2012), com o objetivo de

mostrar as potencialidades da região e realizar negócios.

Além de palco para a exibição da qualidade do rebanho

do Careiro Castanho, Manaquiri, Autazes e Careiro da

Várzea, o evento serviu, também, para a demonstração

dos resultados de práticas agrícolas desenvolvidos na re-

gião para fortalecer a produção de culturas.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 71

O evento contou com rodeios, onde 27 peões participa-

ram das montarias e 25 duplas de vaqueiros com a vaque-

jada. De acordo com o organizador da vaquejada, Francis-

co de Assis Alves de Souza, 52, conhecido apenas como

"Assis", há oito anos ele promove o esporte no Amazonas

com o objetivo de divulgar essa cultura a pessoas de di-

ferentes classes sociais. "Por ser um esporte tipicamen-

te do Nordeste, poucos o praticavam em Manaus, mas,

hoje, as pessoas já conhecem e procuram participar e

competir", disse.

Na vaquejada, dois vaqueiros a cavalo têm de perseguir

o animal (boi) até emparelhá-lo entre os cavalos e condu-

zi-lo ao objetivo (duas últimas faixas de cal do parque de

vaquejada), onde o animal deve ser derrubado.

Segundo Assis, para participar é preciso ter uma "apare-

lhada de cavalos" e um caminhão para o transporte dos

animais. "A coragem e a habilidade dos vaqueiros são

indispensáveis para que se alcance o objetivo da prova",

explicou.

72 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

O Rodeio foi uma das grandes atrações da Agropec, que

contou com peões de vários estados do Brasil e interior

do Amazonas. Leonardo Flores dos Santos, 29, veio de

Mato Grosso do Sul para participar, segundo ele a paixão

pelo esporte vem desde criança. "Eu faço questão de

participar dos rodeios no Amazonas, que está crescendo

muito. Eu já nasci com amor por rodeio, no momento em

que estou em cima de um boi é como se eu quisesse ven-

cer algo mais forte que eu", disse.

Para ganhar o rodeio é preciso que o peão permaneça

por até oito segundos sobre um animal (boi). A avaliação

é feita por dois árbitros cuja nota é de 0 a 50 cada; um

árbitro avalia o competidor e o outro avalia o animal, to-

talizando a pontuação de 0 a 100. O peão vencedor do

rodeio foi Willian Leandro, de Apuí, para ele, os oito se-

gundos em cima de um boi são indescritíveis. "Eu nasci

pra isso e amo o que faço, quando estou em cima de um

boi esqueço tudo, é muita adrenalina", descreveu.

» JUIZ E PEÃO

Manoel Nascimento dos Santos, 30, não montava em um

boi desde julho de 2006, quando sofreu um grave aciden-

te após uma montaria, desde então, se dedicou a ser juiz

de rodeio, tendo como professor e mestre Tião Procó-

pio, o mais premiado e respeitado juiz do Brasil. Mesmo

após todos esses anos, Manoelzinho, como é conhecido,

decidiu montar na Agropec, para homenagear o amigo

Carlinho Rondônia, -- considerado a revelação do rodeio

na região Norte e que se descata por onde passa --, mas,

que no momento enfrenta problemas de saúde e está

precisando de ajuda e incentivo. "Dificilmente voltarei a

montar novamente, pois agora me dedico a ser juiz de

rodeio; montei este ano para ajudar o amigo que está

precisando, e matar um pouco da saudade", afirmou.

» INCENTIVOS

A Feira aconteceu em parceria do Governo do Estado do

Amazonas com a Prefeitura Municipal do Careiro Cas-

tanho, e contou com o apoio da Agência de Desenvol-

vimento Sustentável do Amazonas (ADS) e com a parti-

cipação da Cia de Rodeio Pedro Arruda. De acordo com

o presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, a expansão

das feiras agropecuárias regionais é mais um resultado

prático dos incentivos do programa Amazonas Rural às

atividades do setor primário no interior do Estado. "As

vantagens das políticas estaduais permitem uma série de

benefícios sobre essas atividades, que é o grande dife-

rencial dos eventos", destacou.

Para Pedro Arruda, poder contribuir com essa cultura que

há muito tempo esteve abandonada no Estado é muito

gratificante. "Faço por amor, amo o campo e os rodeios,

invisto em bois de qualidade. Preparo e treino o animal,

pois esses bois têm um estilo próprio, além de oferecer

a eles alimentação diferenciada, com suplementos", re-

latou. A Companhia oferece toda a infraestrutura para a

realização do rodeio, como arquibancadas, palco de luz,

locutores, show pirotécnico, médicos e segurança, além

de carretas para a transportar todo o equipamento.

» SHOWS

Na primeira noite, o evento teve como principais atrações

o concurso da 'Rainha Agropec Country', shows de rodeio

e musical com a dupla Zezé Di Camargo & Luciano, cantor

Mauro Mayck, Gang do Forró, Sedução do Forró. No dia

AGROPEC

» Princesas e Rainha do rodeio AGROPEC country, durante a premiação. O rodeio profissional contou com peões de vários estados do Brasil

» Após seis anos sem montar, Manoel Nascimento dos Santos homenageou o amigo e locutor, Carlinho Rondônia

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 73

07, Breno Marx e Rabo de Vaca, dia 08 Bagaceiros do For-

ró, Forró Gaiato, Leadro Leal e Forró Balancear, além da

Tenda Rock que agitou os quatro dias de evento durante

os intervalos dos shows com rock e música eletrônica.

» TURISMO

A cidade do Careiro Castanho, além das belezas naturais,

tem como destaque o cultivo do cupuaçu. A agricultura

e a pecuária são as principais atividades econômicas do

município, que tem uma população estimada em 30 mil

habitantes e faz divisa com os municípios de Careiro da

Várzea, Borba, Autazes e Manaquiri. Entre os atrativos tu-

rísticos naturais da região, os programas de ecoturismo

ganham destaque, que convidam a passeios para conhe-

cer os lagos da região. Os mais conhecidos são o Lago

Janauacá e o Lago do Juma. Na ilha do Careiro ainda tem

o Lago do Rei, onde fica a sede do município.

Outro atrativo ecológico são os passeios fluviais pelo Rio

Castanho, onde o Lago do Mamori -- grande lago de várzea

-- é conhecido pela diversidade de seus pássaros e peixes.

Os hotéis da região também oferecem programas como

a pesca esportiva do tucunaré. O ponto de partida dos

passeios ecológicos pode ser o porto de Araçá, onde é

possível alugar barcos e lanchas voadeiras.

» ECONOMIA

Sua produção agropecuária e baseada no cultivo de man-

dioca, batata doce, cana-de-açúcar, cacau, malva, milho

e abacaxi. Entre as culturas permanentes destacam-se o

abacate, banana, laranja e limão. A pecuária é represen-

tada principalmente por bovinos e suínos, com produção

de carne e de leite destinada ao consumo local. A pesca é

praticada de forma artesanal. ■

» Peões pedem a proteção de Deus e Nossa Senhora Aparecida, antes de montar em cima de touros, sobre os olhares da multidão que lota a arquibancada da arena de montaria

» Pedro Arruda, um dos grandes incentivadores dos rodeios no Brasil

74 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Despesca

PIRARUCUSUSTENTÁVEL

REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Bruno Kelly

MANEJO SUSTENTÁVEL DO PIRARUCU NO MÉDIO JURUÁ RESPEITA O EQUILÍBRIO DA NATUREZA E SE TORNA EXEMPLO[ [

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 75

Na Reserva Extrativista do Médio Juruá, a comunidade

do São Raimundo despescou mais de 134 pirarucus du-

rante três dias de trabalho no lago nativo Manariã. Oi-

tenta pessoas entre homens e mulheres trabalharam em

pé de igualdade na dura tarefa de despescá-los, retirar

as vísceras, transportá-los no gelo e vender a iguaria na

cidade de Carauari, município da calha do rio Juruá.

"Nós temos uma prática de respeito ao equilibrio da na-

tureza. Só despescamos peixes acima de 1,65. A gente

se organiza em mutirão para a pescaria porque tudo tem

que ser feito com muita rapidez e a máxima organização,

senão o peixe pode estragar", afirmou Manoel Cunha,

presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros e líder

da comunidade São Raimundo.

76 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Despesca

Após montarem acampamento na "boca do lago", junto

a um barranco de mais de dez metros, os pescadores ini-

ciam os preparativos para a pescaria. Redes são revisadas

para identificar buracos, facas são afiadas para retirar as

visceras do pescado, a alimentação é preparada para 80

pessoas e até um pequeno gerador de energia é instala-

do, tudo para a pescaria.

Ao anoitecer, os pescadores saem para lançar as redes no

lago. Trinta e cinco homens são divididos em equipes que

têm a responsabilidade de monitorar as malhadeiras. Os

pirarucus têm uma bexiga natatória modificada para

funcionar como um pulmão, e quando presos nas redes,

morrem afogados. Como os jacarés estão sempre à es-

preita, os pescadores têm que ser rápidos para retirá-los

da água.

"Logo que cai na rede, temos que tirar. Como ele é mui-

to grande e pesado, usamos a ‘paulada de misericordia’

na cabeça para trazê-lo para dentro da canoa", disse An-

tonio da Lima da Silva, 51, um dos lideres da equipe de

pescadores.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 77

78 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Despesca

Habilidosos, os pescadores conseguem, em seis horas,

pescar 74 pirarucus. E esse número poderia até ser maior,

se Manoel Cunha não tivesse determinado a diminuição

do ritmo, com o objetivo de conseguir peixes maiores do

que um metro e sessenta.

"No ano passado despescamos 153 pirarucus, com uma

média de tamanho maior do que um metro e sessenta e

cinco, mas este ano eles estão menores, por isso, vamos

despescar menos e controlar ainda mais o tamanho de-

les", comentou Cunha. A decisão foi acatada por todos.

» CONTRA O TEMPO

Ao retornarem ao acampamento, os peixes foram esten-

didos em um trapiche montado especificamente para a

limpeza e medição. Equipes são montadas para pescar e

transportar os peixes. A carne do pirarucu não pode ficar

muito tempo exposta e a partir do momento em que ele

é retirado da água, inicia-se uma corrida contra o relógio

para manter as características da iguaria.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 79

Com afiadas facas, homens e mulheres iniciam a retirada

das vísceras. Em quatro horas todos os peixes são limpos.

"A gente está feliz porque ganha a mesma quantia que

os homens, é de igual para igual", disse Mariângela Lima

Paixão, 29, que recebeu mais de R$ 1,5 mil com a despes-

ca deste ano.

Segundo o pescador, José Luiz Bispo de Lima, 40, quando

a comitiva de pesca do São Raimundo chega em Carauari,

imediatamente, já tem compradores. "A gente é espe-

cializado em oferecer o que povo gosta: os restaurantes

compram o filé, mas as tripas e a ossada é o povão que

gosta".

» Manoel Cunha, líder da comunidade de São Raimundo e Rosi da Silva, chefe da Resex do Médio Juruá

80 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Despesca

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 81

» EXEMPLO DE MANEJO NA FLORESTA

Convidado pela comunidade do São Raimundo para

acompanhar a pescaria, o superintendente da Fundação

Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, acompanhou

todas as atividades do mutirão.

"A técnica deles na mobilização, preparativos, pesca,

limpeza e transporte é extraordinária. São pessoas que

estão revolucionando a geração de renda dentro da flo-

resta e, ao mesmo tempo, preservando uma espécie com

manejo adequado", disse.

A chefe da reserva extrativista do Médio Juruá, Rosi Ba-

tista da Silva, 49, participou da pescaria. Representante

do governo federal em uma área de mais de 253 mil hec-

tares, ela afirmou que quer estabelecer parcerias. "Go-

verno Federal e FAS têm muito a contribuir para a melho-

ra da qualidade de vida dos povos da floresta", disse Rosi.

» MERCADO

Praticamente todas as partes do pirarucu são comerciali-

zadas no interior do Amazonas. A procura é tanta, que os

pescadores dividem o peixe em várias partes. O quilo do

filé sai, em média, a R$ 8, mas também pode ser encon-

trado a R$ 9 e R$ 10. A ossada com cabeça custa R$ 4,50

o quilo; o couro com escamas vale R$ 7 o quilo e as vísce-

ras, muito apreciadas no Juruá, custam R$ 2,50 o quilo.

82 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Artigo

ACalha do Juruá é uma das regiões mais isoladas e empobrecidas do

Amazonas e do Brasil. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)

está entre os menores do Estado (0,52 no Juruá versus 0,78 no Ama-

zonas). A navegação pelo Juruá é difícil, demorada e perigosa. Isso aumenta

os custos de transporte, o que torna os produtos menos valiosos para os pro-

dutores.

O outro lado dessa moeda é que a natureza tem uma riqueza excepcional: é

uma das regiões melhor conservadas de toda a Amazônia. Os lagos do Juruá

são muito fartos de peixe, jacaré, etc. A criação de Unidades de Conservação

(Reservas Extrativistas -- RESEX e Reservas de Desenvolvimento Sustentável

-- RDS) teve importante papel no controle da pesca predatória. Isso abriu o

caminho para o manejo pesqueiro.

O manejo do pirarucu começou em 2011, agora começa a ganhar escala no Ju-

ruá. A primeira despesca também ocorreu ano passado, em duas comunidades:

São Raimundo e Xibauazinho. Foram vendidos 246 peixes, apurado um valor

de R$ 97.548 para 38 famílias, cada qual recebendo R$ 2,5 mil por cerca de

uma semana de trabalho no ano (além do monitoramento dos lagos). Em 2012,

já são 17 comunidades participando do manejo, na RDS do Uacari e na RESEX

do Médio Juruá, com 40 e 18 ambiente de manejo (lagos, paranás e sacados),

respectivamente.

O sistema de manejo está funcionando bem. Tive a oportunidade de ver isso

de perto, no fim de agosto, na comunidade do São Raimundo. A pesca é feita

numa espécie de mutirão comunitário, no qual participam homens e mulheres,

pescando e limpando os peixes, respectivamente. Os peixes saem lacrados dos

lagos, com a contabilidade feita de forma muito transparente e honesta.

Os órgãos de controle ambiental estavam presentes, acompanhando tudo de

perto: IBAMA, ICMbio e CEUC. As organizações comunitárias e órgãos não go-

vernamentais também faziam sua parte: AMARU, ASPROC, FAS, IDAM e AMEC-

SARA. É raro ver uma ação inter-institucional tão bem articulada, cada qual

cumprindo seu papel, entorno de um objetivo comum: assegurar que o manejo

estava sendo bem feito e os resultados beneficiando ao máximo as comunida-

des envolvidas.

O MANEJO DO PIRARUCU AVANÇA NO JURUÁ

O sucesso do

manejo do

pirarucu no Juruá

é mérito de um

esforço multi-

institucional.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 83

Virgilio VianaPh.D. por Harvard; foi

Secretário de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável

do Amazonas (2003-2008).

Atualmente é o Superintendente

Geral da Fundação Amazonas

Sustentável.

O futuro é promissor. O potencial de produção é muito maior do que o atu-

almente utilizado. Pode haver uma expansão significativa, com a inclusão

de mais lagos e comunidades. Esse aumento da produção deve ser gradual,

para manter a boa qualidade dos trabalhos, considerando as capacidades

das instituições de apoio e controle, para evitar desvios ou retrocessos.

Existem ainda desafios importantes. É necessário fortalecer os programas

de educação, pesquisa e inovação tecnológica. Educação para que fique

cada vez mais claro a base científica do manejo do pescado. Pesquisa e ino-

vação para melhorar a eficiência da cadeia produtiva, reduzindo custos e

melhorando a qualidade da produção.

A Fundação Amazonas Sustentável -- FAS tem orgulho de apoiar de forma

decisiva iniciativas como essa. Os investimentos do Programa Bolsa Flores-

ta Renda permitiram alavancar os investimentos de contagem dos peixes,

essenciais para a obtenção da licença ambiental. Além disso, apoiamos o

fortalecimento das associações de moradores, por meio do Bolsa Floresta

Associação. O sucesso dessa iniciativa reforça o conceito de que programas

de pagamento por serviços ambientais devem ir além da simples transfe-

rência de renda. É essencial uma abordagem holística, que inclua investi-

mentos em saúde, educação, organização social e geração de renda.

O sucesso do manejo do pirarucu no Juruá é mérito de um esforço mul-

tiinstitucional que envolve associações locais, governo federal, governo

estadual, prefeitura e organizações não governamentais: ao todo são dez

instituições.

O avanço do manejo de pirarucu no Juruá é mais uma evidência de que o ca-

minho da sustentabilidade é bom para as comunidades ribeirinhas. Ao invés

de vender peixe de forma ilegal, a R$ 4,00 o quilo, as comunidades conse-

guem o dobro do preço pelo pirarucu manejado. Ao contrário de verem os

lucros serem levados pelos pescadores de fora ou atravessadores, as pró-

prias comunidades ficam com os resultados econômicos dos lagos que elas

mesmas aprenderam a proteger e manejar. Ao invés de verem o peixe se

acabar, como em outras regiões do Amazonas, as comunidades podem ter a

certeza de que todos os anos poderão usufruir da despesca. Isso é susten-

tabilidade no seu conceito mais genuinamente amazônico.

84 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Tepequém

MELHOR MORANGO DO NORTE

REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Antonio Ximenes

A SERRA DO TEPEQUÉM EM RORAIMA SURPREENDEPELA QUALIDADE DA PRODUÇÃO DE MORANGOS[ [

A setecentos metros de altitude, na Serra do Tepequém, em

Roraima, planta-se e colhe-se o melhor morango do Norte

do Brasil. O clima com variações de até 14 graus centígra-

dos permite uma excelente adptação da fruta conferindo à

ela sabor, coloração e tamanho no mesmo padrão dos que

são produzidos nas mais tradicionais regiões do País.

"Nós viemos plantar morango aqui, porque acreditamos

na força da economia de Roraima e porque as condições

climáticas são ideais. Hoje estamos plantando em um

hectare e meio, mas a nossa proposta é a de transformar

o Tepequém no maior polo de produção de morango da

região. Vontade, apoio e tecnologia não faltam e o mer-

cado tem sido muito receptivo", disse o produtor rural

Eugênio Thomé, empreendedor tarimbado, que por seis

vezes esteve à frente das secretarias da Agricultura do

Estado de Roraima (quatro vezes) e do município de Boa

Vista (duas vezes), a capital.

» MULHER MORANGO

Dispostos a dar visibilidade a nova cultura agrícola do

Tepequém, os produtores rurais locais, tendo à frente

o empresário e procurador Federal Washington Pará,

promoveram a 1ª Festa do Morango, nos dias 3, 4 e 5 de

agosto. O evento reuniu mais de 1000 pessoas e contou

com a participação da "Mulher Morango", a artista Ellen

Cardoso, que com desenvoltura, charme e muita simpa-

tia fez com que os participantes aplaudissem sua perfor-

mance no palco montado no centro do vilarejo.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 85

» Princesa, Mulher Morango e a rainha da Festa do Morango foram os destaques do evento

"Eu vim de São Paulo para participar da festa e encontrei

um povo alegre, trabalhador e com muita vontade de ser

feliz com o cultivo e venda dos morangos, que é a minha

fruta preferida", disse.

» RAINHA

Com uma animada disputa pela coroa de rainha da Festa

do Morango, nove candidatas desfilaram para o público

que, ao final, conheceu a rainha do Morango, a bela mo-

rena Larisse Souza Silva. "É uma grande alegria ter sido

escolhida a vencedora, eu sou a pioneira de uma festa

que vai crescer muito", disse Larisse. Em segundo lugar,

86 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Tepequém

na condição de princesa, foi escolhida a jovem Aryane

Gondim.

» MISS

Com a presença da miss Roraima de 2011, Mel Anne, a

festa ganhou ainda mais em charme, elegância e beleza.

Coube a ela fazer as honras às jovens pretendentes à co-

roa de majestade do morango. "Em vim aqui para apoiar

uma festa que tem tudo para ser um marco na cultura

de Roraima".

» APOIO

Autoridades políticas também estiveram presentes na

Festa do Morango, foi o caso do ex-deputado federal e

atual presidente do Instituto de Terras de Roraima (Ite-

rama), Márcio Junqueira, que subiu a serra para parabe-

nizar seu amigo Eugênio Thomé pela produção de mo-

rangos em sua propriedade. "Thomé é um visionário, sua

iniciativa de fazer do Tepequém um polo de produção de

morango surpreendeu a todos, e o melhor, está dando

certo, disse ao governador Anchieta que o Tepequém vai

mudar profundamente com esta nova cultura agrícola,

que conta com o nosso total apoio", destacou.

Quem também compareceu ao evento na serra foi o en-

genheiro agrônomo Erwin Lima, diretor do Departamen-

» Eugênio Thomé, ao centro, de camisa listrada, com equipe da Secretaria de Agricultura de Roraima

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 87

to de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria

de Estado da Agricultura. Ele estava acompanhado por

uma equipe de mais de dez pessoas e foi representando

o secretário da Agricultura, Francisco Rodrigues. "Thomé

foi um dos mais vibrantes secretários da Agricultura do

Estado, e a nossa presença aqui é para prestigiar o forta-

lecimento da cultura do morango, que tem tudo para se

transformar em uma das mais rentáveis da região, pela

excelente aceitação que está tendo em Boa Vista", co-

mentou.

» CONSUMIDORAS

Na condição de consumidoras privilegiadas do morango

orgânico do Tepequém, a mãe Jane Lima Paixão e a sua

filha Jeane Lima Paixão tiveram a oportunidade de co-

lher no pé as frutas mais aprecidas da região. "Trouxe a

minha filha, porque ela gosta muito da vida ao ar livre

e esta é uma oportunidade dela comer algo saudável e,

que, dificilmente, se encontra em outras áreas do Esta-

do", disse Jane.

» Jeane Paixão e a mãe, Jane, apreciam a fruta no local de plantação

88 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Tepequém

Já a estudante de Administração, Jeane Paixão, comen-

tou que a fruta tem toda uma tradição que envolve um

ar romântico, pelo seu formato de coração. "Estou gos-

tando de participar da festa e de colher com as mãos os

morangos", disse.

Quem também aproveitou a ocasião para colher e comer

os morangos diretamente da terra foi a Miss Roraima de

2011, Mel Anne, ela não se conteve e foi até os túneis de

morango, onde eles são tratados, e, junto com a asses-

sora administrativa do Tribunal de Contas do Estado de

Roraima, Nathalia Rocha Lima, brindou aos particIpantes

da festa pelo sucesso da iniciativa inédita. "Temos que va-

lorizar os frutos da nossa terra", disse.

» COMITIVA

Uma comitiva de 22 pessoas de Manaus, dentre elas o

presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentavel

(ADS) do Amazonas, Valdelino Cavalcante, e o empresá-

rio do agronegócio, Augusto Sala, da Comercial Risadi-

nha, foram à Festa do Morango na serra do Tepequém.

"Não poderia deixar de participar de um momento

como este, principalmente por se tratar de uma inicia-

tiva do meu amigo Eugênio Thomé, um empreendedor

símbolo de Roraima, que tem se dedicado ao longo da

» Nathalia Rocha Lima e a amiga Mel Anne, Miss Roraima de 2011, comem a fruta diretamente do pé

vida em mudar a agricultura da região", disse Valdelino

Cavalcante.

Augusto Sala, por sua vez, destacou que o Tepequém

receberá toda a ajuda técnica e de insumos que for ne-

cessária para prosperar em sua cultura do morango."-

» Sistema de plantio do morango em tuneis de plástico que protegem a fruta do rigor do frio da serra do Tepequém

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 89

Nós precisamos de atividades corajosas e desbravadoras

como esta. Lá de Manaus vamos ajudar no que for neces-

sário ", salientou.

A Comercial Risadinha tem técnicos agrícolas, agrôno-

mos e outros profissionais do setor primário, que auxi-

liam os produtores no acompanhamento dos plantios de

praticamente todas as culturas cultivadas na Amazônia,

dentre elas a do morango.

» TURISMO

Além da cultura do morango, a serra do Tepequém é co-

nhecida pela beleza dos seus vales, montanhas e cachoei-

ras. Com paisagens espetaculares, que permitem aos tu-

ristas vislumbrarem a planície a centenas de quilômetros,

de uma altura superior a 800 metros em alguns lugares,

o Tepequém se destaca pelas águas límpidas, a fauna e

a flora de montanha. Os turistas procuram suas belezas

naturais, como um dos últimos refúgios da natureza into-

cada, no alto da serra de Roraima.

» Apreciadores do fruto compram diretamente da fonte sem atravessadores, o que reduz os custos para o consumidores

90 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Fruticultura

Para abrigar os turistas, um conjunto de pousadas rústi-

cas e outras mais sofisticadas, oferecem a infraestrutura

de hospedagem para aqueles que ainda acreditam, que

o melhor lugar para descansar e afastar o stress é jun-

to à natureza, de preferência próximo as nuvens, com

na serra do Tepequém, um paraíso, agora, com sabor de

morango. ■

» Público acompanha escolha da rainha da Festa do Morango no Tepequém

» Comitiva amazonense que foi à Festa do Morango, no Marco Zero da Linha do Equador

» A Mulher Morango, Ellen Cardoso, na companhia do organizador do evento, Washington Pará

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 91

Artigo

CONSERVAÇÃO E MELHORAMENTO GENÉTICOIN SITU DE ESPÉCIES HORTÍCOLAS AMAZÔNICAS

N a agricultura praticada pelos produtores da Amazônia Centro-Oci-

dental, as espécies hortícolas são cultivadas ou manejadas dentro

dos componentes dos sistemas agroflorestais tradicionais. Não ra-

ramente, a dispersão de sementes ocorre naturalmente, sem a intervenção

humana, mantendo ampla variabilidade genética das populações uma vez

que, nesses casos, o processo seletivo direcionando a evolução no sentido

da adaptação das espécies aos ambientes heterogêneos é mais relevante

do que aquele direcionado, exclusivamente, nas características agronômicas

valorizadas pelo consumo ou comercialização. O estoque de biodiversidade

disponível associado às formas de manejo dos ecossistemas praticados pe-

los agricultores tradicionais tem viabilizado a auto-suficiência e a sustenta-

bilidade da produção na agricultura familiar na Amazônia. Por outro lado, a

prática do compartilhamento intercomunitário dos recursos genéticos e as

formas de produção são expressões culturais dessas populações, podendo

se estabelecer uma relação recíproca de causa e efeito entre conservação da

Sociodiversidade e da Biodiversidade. Assim, o processo de conservação dos

recursos genéticos agrobiológicos in situ pelas populações tradicionais é de-

pendente do contexto social, cultural e ambiental vigente.

Na Amazônia, a domesticação e melhoramento de plantas vêm sendo, ainda

hoje, praticada pelos agricultores tradicionais e é uma herança cultural dos

seus antepassados. É uma atividade que faz parte do cotidiano e da organi-

zação social das famílias e das comunidades. O NERUA – Núcleo de Estudos

Rurais e Urbanos Amazônicos, grupo de pesquisa interinstitucional vinculado

à Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde do INPA, vem desenvolven-

do, na região do Alto Solimões, no Amazonas, um projeto de Melhoramento

Genético Vegetal in situ dentro do conceito do melhoramento participativo

de plantas enunciado por Cleveland e colaboradores, adotando-se, também,

como componente indissociável do manejo das plantas pelos agricultores tra-

dicionais da Amazônia, o processo de conservação dos Recursos Genéticos

Vegetais. Assim, o melhoramento participativo de plantas, quando o conhe-

cimento científico, compartilhado pelos melhoristas profissionais, é agrega-

do ao conhecimento tradicional, criam-se condições para geração de novos

produtos (variedades melhoradas) capazes de aumentar a renda monetária

das unidades familiares de produção sem causar distúrbios na organização

cultural, social e ambiental das comunidades.

A agricultura, em escala global, tem três grandes desafios a serem suplan-

tados: garantir a segurança alimentar, principalmente nos países periféricos,

onde o acesso ao alimento continua sendo, ainda hoje, um grave problema

nas camadas mais pobres da população; aumentar os níveis de sustentabili-

dade agrícola face ao processo gradual de deterioração ambiental e desace-

Dr. Hiroshi NodaNúcleo de Estudos Rurais e Urbanos AmazônicoCoordenação de Sociedade, Ambiente e SaúdeInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

lerar e estancar o processo de perda

da agrobiodiversidade. Portanto, é

extremamente importante que a So-

ciedade possa entender e valorizar o

importante papel que as populações

tradicionais e agricultores familiares,

não somente da Amazônia, mas de

qualquer localidade neste planeta,

desempenham na conservação dos

recursos genéticos vegetais e esse

reconhecimento, por certo, deverá

constituir o elemento chave na garan-

tia da segurança alimentar para toda a

humanidade.

92 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Sustentabilidade

O CORAÇÃO DA AMAZÔNIA NA

REPORTAGEM e FOTOS: Divulgação FAS

COM DEBATES SOBRE A FLORESTA AMAZÔNICA DURANTEA CONFERÊNCIA, RIBEIRINHOS CHAMAM A ATENÇÃO DO MUNDO

E APRESENTAM A REALIDADE DO AMAZONAS[ [Entre os dias 13 e 22 de junho, o mundo voltou o foco

para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvi-

mento Sustentável (Rio+20), realizada na cidade do Rio

de Janeiro. Reunindo 193 países e com uma proposta de

debate que ora favoreceu o multilateralismo e ora privi-

legiou a subjetividade, a Rio+20 trouxe para perto dife-

rentes públicos, que estiveram direta ou indiretamente

ligados aos debates e cartas propostas.

Se os argumentos dos chefes de estado traziam a consis-

tência das experiências no cadenciado desenvolvimento

social e científico de seus países, por outro lado, os deba-

tes evidenciaram suas firmes políticas de desenvolvimento

econômico, severamente rodeadas de vinculações indus-

triais e inundadas de questionamentos da sociedade civil.

O avanço mais significativo ganhava destaque em meio

às cúpulas e espaços criados para debate, no contorno

dessas discussões. Instituições de vários segmentos apre-

sentaram propostas e projetos com foco na sustentabili-

dade. Para o Amazonas, muitos olhos estavam voltados

à realidade local e a valorização das populações tradicio-

nais. Da vivência pura aos estandes, a dinâmica ribeirinha

era apresentada aos múltiplos espaços do encontro.

Como parte dessa proposta, uma iniciativa da Fundação

Amazonas Sustentável (FAS) fora decisiva para um êxito pa-

ralelo a qualquer discussão travada durante a Conferência.

Com um panorama completo de cada pedaço da sua lo-

calidade, 15 líderes comunitários de Unidades de Conser-

vação (UCs) do Estado puderam acompanhar de perto as

experiências e debates sobre as políticas internacionais

de conservação e sustentabilidade, e que influem dire-

ta e indiretamente na região onde vivem. Mais do que

acompanhar, ele participaram ativamente dos encontros,

que rodearam os temas de sua própria região.

A ideia de levá-los surgiu durante o VII Encontro de Li-

deranças das Unidades de Conservação do Programa

Bolsa Floresta (PBF), que ocorreu em maio. Na ocasião, o

superintendente geral da FAS, Virgílio Viana, levantou a

necessidade de chamar para perto dos debates aqueles

que dependiam diretamente deles.

Os encontros, aliás, servem de espaço para o alinha-

mento dos interesses comunitários e das políticas de

desenvolvimento traçadas pela Fundação, ocorrendo

três vezes ao ano. Os ribeirinhos se reúnem em Manaus,

» Os comunitários puderam compartilhar experiências na capital fluminense, com outros grupos de várias partes do Brasil

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 93

trazendo na bagagem suas opiniões, e voltam levando

planos para novos investimentos e potenciais melhorias

na qualidade de vida. Como espaço para debate, o oitavo

encontro teve como cenário a capital carioca. A dinâmica

recebeu novos elementos e a essência que já era provei-

tosa, ganhou firmeza.

"A Rio+20 é um marco histórico. Cruzamos nossos rios

para nos reunirmos em Manaus, e dessa vez foi bem di-

ferente. Agora o mundo pode ver a realidade da nossa

unidade de conservação. Depois da Rio+20, nossos en-

contros estão amadurecidos, ainda mais fortes", comen-

ta Edimar Pereira, líder comunitário da Reserva de De-

senvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Madeira.

» EXPERIÊNCIA DO AMAZONAS NO RIO

De comunitários a pesquisadores, de instituições a socie-

dade civil. Os ribeirinhos reforçaram as cerca de 50 mil

pessoas que atravessaram a capital carioca, na busca de

atividades e iniciativas que servissem de resposta aos

amplos questionamentos sobre o futuro do chamado

desenvolvimento sustentável. A temática, aliás, avançou

significamente desde a Eco 92, conferência que há 20

anos revelou a responsabilidade internacional no declí-

nio da estabilidade dos ecossistemas globais.

Como preparação para integrar o notório batalhão da

Conferência, os líderes comunitários se interaram ainda

em Manaus, na sede da FAS. Com o evento tomando fô-

lego no Rio de Janeiro, no dia 13, a Fundação apresentou

algumas informações com intuito de incrementar a agen-

da de debates e exposições.

Na capital carioca, as realidades tiveram o decisivo con-

tato. Os comunitários puderam compartilhar ainda um

pouco da experiência local, aliada aos últimos avanços

e desafios das suas localidades. Para o Fundo Amazônia,

foram expoentes em um ciclo de palestras que envolveu

os projetos incentivados pelo Banco Nacional do Desen-

volvimento (BNDES) na região, como o os componentes

do Bolsa Floresta. Na Cúpula dos Povos, interagiram com

outros grupos de várias partes do Brasil.

Nos nove dias de Conferência, também foram apresenta-

dos a uma gama quase infinita de instituições. Cadastra-

das oficialmente no evento, quase 10 mil.

Arleílson Melo, líder da Reserva Extrativista (RESEX) do

Rio Gregório, comenta sobre o intercâmbio de experiên-

cias no evento. Para ele, a ação é uma importante ajuda

na luta diária pela conservação da sua moradia.

"A gente aprendeu novos conhecimentos. Vimos que

muitas instituições estão conosco, pra lutar para o meio

» Quinzes líderes comunitários de Unidades de Conservação do Amazonas puderam acompanhar os debates em prol do desenvolvimento sustenstável na maior conferência do clima

94 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

ambiente. Viemos aqui atrás de divulgar e receber aju-

da para nossa reserva. Queremos continuar lutando pela

floresta que conhecemos”, comenta.

Quando perguntado sobre a importância do debate, Ar-

leílson faz questão de afirmar o grau de conservação do

lugar onde reside. A Resex Rio Gregório conta com uma

área aproximada de 300.000 de hectares, e que freou os

grandes índices de desmatamento nos últimos anos.

“Nas nossas comunidades, a maior parte está conserva-

da, nossa floresta está inteira. Em nível de aquecimento

global, nós da Resex Rio Gregório temos muita coisa para

manter. Gostaria de saber por que o mundo não apresen-

ta um plano completo, direto, para parar de vez com esse

problema. Não para amenizar”, relata.

» O PROGRAMA BOLSA FLORESTA

O contato com essas instituições foi promissor. Os fru-

tos foram muito além dos elogios. Nas mochilas e malas

levadas para a capital carioca, o positivo exemplo trazido

do Amazonas. As 15 unidades de conservação represen-

tadas reduziram os incêndios florestais em 40%, em boa

parte graças aos investimentos anuais de R$ 1,4 mil por

família, potencializados pela iniciativa privada.

Segundo uma pesquisa realizada pela Action Pesquisas,

58% das famílias beneficiadas atesta que a vida melho-

rou. O total de 94% afirmou que deseja a continuidade do

Programa Bolsa Floresta, que se tornou referência inter-

nacional em estratégias de desenvolvimento sustentável.

O Programa atua nas esferas Familar, Renda, Social e As-

sociação e beneficia cerca de 35 mil pessoas nas unidades

de conservação, através do apoio direto pela conserva-

ção das florestas, ou de políticas de apoio ao desenvolvi-

mento social e das associações ribeirinhas.

O líder da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

(RDS) do Juma, Doracy Paes, reforça o projeto de sus-

tentabilidade colocado em prática. Para ele, é preciso

avançar apresentando os avanços e principalmente, no

diálogo sobre os desafios.

"Temos dois Núcleos de Conservação e Sustentabilidade

(NCS), reforçando bastante a Educação. Morávamos em

um município onde a educação era muito carente. Com

ajuda dessas políticas, as coisas tem melhorado bastante.

Precisamos debatê-las”, comenta. ■

Sustentabilidade

» RIO+20 No Rio de Janeiro, comunitários participaram de uma apresentação do Fundo Amazônia, organizada pelos próprios diretores do Fundo exclusivamente para as Lideranças. Um documento foi entregue pelas lideranças comunitárias reivindicando atenção especial em pequenos projetos.

» Rodada de debate com líderes da floresta na Rio+20

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 95

96 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Foi apresentado pelos reitores das Universidades da região Norte ao Se-

nador João Capiberibe (AP), em audiência realizada no Senado em 28 de

agosto último, um programa de desenvolvimento acelerado da capaci-

dade de pesquisa e de formação a nível de pós graduação na Amazônia.

A proposta prevê a criação de uma Bolsa de fixação de pesquisadores na Ama-

zônia de R$ 3.000 mensais a ser paga durante os primeiros cinco anos, de con-

trato com uma instituição acadêmica ou de pesquisa na região.

Os reitores pensaram em um programa de dez anos, com uma meta de atrair

dez mil pesquisadores para a região. O custo anual varia de R$ 36 milhões nos

primeiros anos, para mil bolsistas, a R$ 180 milhões para cinco mil alguns anos

depois. Por outro lado o projeto apresentado ao Senador e ao Ministro da Ciên-

cia e Tecnologia M. A. Raupp, também presente na audiência, propõe também

ampliar as bolsas oferecidas a pesquisadores já em atuação na região o que

poderia acrescentar, estima-se, mais R$ 28 milhões anuais ao valor acima. Em

dez anos o investimento para este programa de bolsas seria de R$ 1,7 bilhões.

Obviamente deveria-se pensar também em equipar os laboratórios dos Institu-

tos e Universidades de modo que o sangue novo injetado no sistema de pesqui-

sas revigore braços e mentes empenhadas em agregar inteligência aos planos

de desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Equipar laboratórios pode corresponder em dez anos a um investimento equi-

valente ao mencionado para atrair e fixar os pesquisadores, mais R$ 1,7 bilhões

portanto.

O projeto é oportuno e mesmo imperativo ainda que o propósito de incentivar

a fixação de quadros técnicos especializados na região vem sendo reafirmado

há décadas, sem sucesso. Apesar de timidos progressos devidos principalmen-

te às Fundações de Apoio à Pesquisa Estaduais, hoje mal conseguimos equi-

librar o saldo negativo de jovens – em geral os mais talentosos – que deixam

a região em busca de melhores condições de trabalho em P&D. São poucos,

muito poucos, os laboratórios de excelência existentes na região. Pesquisado-

res do mais alto nível na classificação do CNPq atuantes na região, contam-se

ainda nos dedos.

Qual seria então, para além dos incentivos financeiros, o ingrediente neces-

sário para garantir a desejável fixação na região dos pesquisadores jovens ou

menos jovens? Arrisco algumas hipóteses:

1. Precisamos antes de mais nada de um projeto nacional de desenvolvimento

social e econômico para a Amazônia. O que existe hoje, o Plano de Aceleração

do Crescimento, o PAC trata a região Norte como os países centrais tratam o

Brasil: Fornecedor de grãos, minérios e energia.

2. Não há preocupação com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. E tan-

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Não faltam de fato boas razões para reclamar por mais investimentos na região, uma vez que é bem conhecido o potencial aplicativo da vasta biodiversidade.

Artigo

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 97

to menos com a ampliação do conhecimento científico e tecnologico necessá-

rios para promover a exploração da biodiversidade, microrganismos, toxinas e

produtos naturais inovadores.

3. Vejam-se por exemplo os projetos de mineração, construção de hidrelétri-

cas, portos, ferrovias, linhões que encontramos no PAC/Norte, aos quais se des-

tinam investimentos de mais de 200 bilhões de reais nos próximos dez anos.

Quanto destes recursos se destinam a P&D necessária para promover uma mu-

dança significativa na qualidade de vida da região?

4. O PAC parece desconhecer o PAS, Plano Amazônia Sustentável, desenhado

pelo Governo na mesma época.

5. Não faltam de fato boas razões para reclamar por mais investimentos em

C&T na região uma vez que é bem conhecido – e celebrado – o potencial aplica-

tivo da vasta biodiversidade e dos serviços ambientais que a floresta e as águas

oferecem.

6. Enquanto existir crédito abundante para plantar soja e criar gado na terra

desmatada e forem regateados os necessários investimentos em laboratórios

e indústrias de biotecnologia e microbiologia, micologia, botânica, ictiologia e

entomologia, o quadro de dependência e subordinação política da região Nor-

te ao poder do Centrosul, se perpetuará e não haverá bolsas e incentivos fi-

nanceiros que consigam fixar quadros técnicos e jovens talentos (como havia

dificuldade de fixá-los no Brasil até poucos anos atrás).

7. De pouco adiantará porém, pedir aos Institutos e universidades que se articu-

lem com boa vontade aos setores empresariais (existem?) para resolver as difi-

culdades que estes encontram ao tentar produzir industrialmente os processos

e os produtos inovativos desenvolvidos nos laboratórios. Para tanto dever-se-ia

pensar em criar na região empreendimentos de base tecnológica equipados

para realizar esta tradução/transferência dos processos e produtos dos labo-

ratórios para a indústria.

8. Cabe enfim observar que os conhecimentos existentes que posssam dar ori-

gem a produtos de interesse comercial são ainda muito escassos. Será preciso

muito trabalho de pesquisa e inventário para que as possibilidades aplicativas

se multipliquem até níveis capazes de mover a economia da região. Para tanto

os dez mil (ou mais) quadros técnicos de bom talento, empenhados em pesqui-

sas realizadas em laboratórios equipados são essenciais.

9. O que desconhecemos supera de muito o que conhecemos e não adianta,

como querem alguns ‘pragmáticos’, abrir a galinha dos ovos de ouro para dela

extrair o ouro. O tesouro se encontra na caminhada, floresta adentro. Cuidado,

porém! Precisamos de guias para entrar e sair da floresta com vida. Já sabemos

Obviamente deveria-se pensar também em equipar os laboratórios dos Institutos e Universidades, de modo que o sangue novo injetado no sistema de pesquisas revigore braços e mentes.

Ennio Candotti Diretor Geral do Museu da Amazônia

conversar com eles? Sem eles

não haverá tesouro, encontrare-

mos apenas galinhas. As bolsas

de fixação criativa deveriam ser

pensadas para eles também.

98 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Guerra na SelvaArtigo

Ahumanidade acaba de realizar a 3ª Conferência Mundial sobre meio am-

biente. Isso por si só já revela que esse assunto não frequentava a agenda

dos mandatários mundiais, especialmente dos chamados ricos – Estados

Unidos à frente – que sustentaram o crescimento econômico de seus países num

modelo produtivo altamente predatório e de consumismo irracional.

A 1ª Conferência sobre o Homem e o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972) foi marcada

pela contradição entre países ricos e pobres. Os primeiros, liderados pelos EUA e seu

Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), defendendo o “crescimento zero”,

como forma de reduzir o impacto ambiental; os segundos (Brasil incluído) sustentan-

do a necessidade de crescer e se desenvolver para erradicar as mazelas sociais. A 2ª

Conferência, conhecida como Eco 92, pautou o conceito de desenvolvimento susten-

tável, a partir do relatório Brundtland, conhecido como Nosso Futuro Comum, embora

a legislação ambiental mundial tenha se orientado mais pelo Santuarismo do que pelo

Sustentabilismo ali preconizado. A 3ª Conferência, a Rio+20, foi aberta 40 anos depois

procurando encontrar respostas às mesmas contradições da 1ª Conferência.

Não há consenso sobre esse tema porque esse debate tem motivação ideológica e não

técnica. As principais correntes que polemizam esse assunto se orientam, como não po-

deria ser diferente, por concepções distintas, de acordo com o seu conteúdo de classe,

tanto no que diz respeito ao caráter finito ou infinito dos recursos naturais quanto ao

princípio da soberania nacional.

Para os produtivistas ou cornucopianos os recursos são infinitos e, no extremo, po-

derão ser substituídos por outro tipo de recurso natural ou sintético, razão pela qual

desprezam toda e qualquer ponderação de uso racional dos recursos naturais. Uma

avaliação mesmo que superficial dos estoques de recursos naturais dos ditos países ri-

cos não autoriza essas “certezas”. Embora se proclamem nacionalistas adotam padrões

econômicos – exportação de matéria prima bruta – que favorece o imperialismo e com-

promete a soberania nacional pela exaustão de recursos estratégicos.

Os santuaristas ou neomalthusianos alardeiam que os recursos naturais, além de fini-

tos, já se esgotaram. Sustentam que o planeta chegou ao limite e se aproxima perigo-

samente do colapso ambiental. Recuperam a cantilena malthusiana quanto a escassez

de alimentos e sugerem que os pobres continuem pobres e os ricos continuem ricos,

na medida em que não apresentam uma alternativa para equacionar a enorme discre-

pância de consumo que há entre ricos e pobres ou mesmo emergentes, como é o caso

dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Sua matriz ideológica é o Clube de

Roma (1968) que defende a teoria do “crescimento zero”. Dentre seus sócios honorá-

rios figuram personagens associados a movimentos de traição nacional e de servilismo

UMA EXPERIÊNCIA SUSTENTÁVEL NA RIO+20

O que não é discutível é o princípio da soberania nacional sobre a Amazônia.

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 99

]Eron BezerraEngenheiro Agrônomo, Professor da Universidade Federal do Amazonas, Secretário de Estado da Produção Rural e Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia.

“Bacalhau da Amazônia”, gerando

quase mil postos de trabalho, ver-

ticalização da produção, agregação

de valor a matéria prima regional

e elevação de padrão de renda de

homens e mulheres daquela região,

especialmente pescadores.

Foi essa experiência inédita no Brasil

que tanto encantou aos que parti-

ciparam da 3ª Conferencia Mundial

sobre meio ambiente, a chamada

Rio+20.

inconteste aos (des) mandos do chamado consenso de Washington e da pregação

neoliberal de Friedrich Hayek, entre os quais Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e

o rei Juan Carlos I (Espanha), o “ecologista” que foi flagrado matando elefantes na

Botswana. Precisa dizer mais? Aceitam “candidamente” a gestão compartilhada da

Amazônia, ou seja, a sua internacionalização.

Os sustentabilistas, baseados em larga fundamentação teórica, tem claro que os re-

cursos naturais são finitos, que não há ação antrópica ou natural que não provoque

impacto ambiental e que é perfeitamente possível, a um só tempo, usar, conser-

var e preservar os recursos naturais, desde que manejados em bases sustentáveis.

Epicuro (341-271 aC) já afirmava que “nada pode originar se do nada”, enquanto

Fausto de Goethe (1832) proclamava que “tudo que nasce deve morrer” e Marx,

na Introdução a dialética da natureza, conclui que “na natureza, como na socieda-

de, tudo está interligado, interconectado e interdependente”, sugerindo o caráter

finito dos recursos naturais e, também, a necessidade de sua permanente renova-

ção. E Marx é explícito ao afirmar que: “talvez passem ainda milhões de anos... e a

humanidade, cada vez mais amontoada em torno do equador, não encontrará nem

sequer ali o calor necessário para a vida... e a Terra, morta, convertida numa esfera

fria, como a lua, girará nas trevas mais profundas... em volta do Sol, também morto,

e sobre o qual, por fim, cairá...”. O debate, portanto, é como reduzir esse impacto e

conciliar a ação com o interesse popular, tendo presente à necessidade de alongar

o uso dos recursos naturais. Repudiamos toda e qualquer tentativa de se colocar

em discussão a soberania nacional sobre os seus recursos naturais, especialmente

a Amazônia.

» PREMISSA ZERO: SOBERANIA SOBRE A AMAZÔNIA

O que não é discutível é o princípio da soberania nacional sobre a Amazônia. Mas o

fato de termos presente que a questão ambiental é, lamentavelmente, usada como

instrumento geopolítico e não de real preocupação com a defesa dos recursos na-

turais, não nos autoriza a estimular o desmatamento irracional ou defender outras

aberrações similares sob o argumento de que os imperialistas já destruíram todos

os seus recursos e agora querem preservar os nossos. Ao contrário. Devemos tirar

proveito dessa questão, inclusive preservando grandes áreas como recurso estraté-

gico que somente nós podemos dispor.

E, ao mesmo tempo, desenvolver alternativas realmente sustentáveis como a ex-

periência que estamos desenvolvendo na Reserva de Desenvolvimento Sustentá-

vel de Mamirauá, no Alto Solimões. Ali, mais precisamente no município de Maraã,

Amazonas, estamos transformando o pirarucu oriundo de manejo sustentável em

100 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Artigo

JOSEFINA, UM EXEMPLO DE VIDA

N o final do século XIX, Josefina Álvares de Azevedo foi uma das pri-

meiras defensoras do voto feminino no Brasil. Avançada para a

época reivindicava para o sexo feminino um tipo de educação que

desenvolvesse sua capacidade para exercer não só a direção da família, mas

também os altos postos do Estado. Ela acreditava que sem esse direito, a

igualdade prometida pelo novo regime político não passava de utopia. Em 24

de fevereiro de 1932 o voto feminino é obtido.

A luta das mulheres por respeito, melhores condições de trabalho e direitos

iguais é permanente, no entanto, elas ainda enfrentam muitas barreiras no

mercado de trabalho. As brasileiras ganham, em média, 34% menos do que

os homens, sendo que a diferença da média global é de 22%.

No Amazonas, mulheres que trabalham na despesca do pirarucu, estão re-

escrevendo essa história. Elas estão felizes por ganharem a mesma quantia

que os homens -- “é de igual para igual”, diz Mariângela Lima Paixão, 29, da

Comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista do Médio Juruá, no Mu-

nicípio de Carauari.

Mas foi Josefina com seu exemplo que nos deixou seu importante legado.

Abriu-nos novos horizontes. A mulher que cuida da casa, dos filhos, do mari-

do, é também a mulher que trabalha fora, que faz faculdade, que administra

uma empresa, que traz e faz o pão.

No Programa Bolsa Floresta, da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), são

as mulheres que recebem o pagamento mensal. São elas que assumem o

compromisso com a educação, a conservação ambiental e o desenvolvimento

sustentável de suas famílias.

Desde Josefina, a luta das mulheres por melhores condições e direitos só se

acentuou e ganhou força, como prova disso, temos uma mulher como presi-

dente do país, Dilma Rousseff.

Não podemos esquecer que na luta pela equiparação dos salários com o dos

homens, redução da jornada de trabalho para 10h e tratamento digno, mu-

lheres fizeram greve em uma fábrica de Nova Iorque em 1857. Refugiadas na

fábrica, em resistência, 129 operárias tiveram suas vidas ceifadas pelo fogo da

intolerância. Por isso, que as conquistas sociais, econômicas e políticas estão

ainda distantes da igualdade. Nós, mulheres, precisamos estar permanente-

mente alertas na defesa dos nossos direitos, tanto na cidade como na floresta.

Ivaneide Lima da SilvaEngenheira Agrônoma

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 101

Efeméride

"NÓS CONSTRUIMOSUM NOVO BRASILA PARTIR DASPEQUENAS EMPRESAS.NESSES 40 ANOS, A SOCIEDADE TEM SE BENEFICIADO DOS NOSSOS SERVIÇOS."

Nelson RochaSuperintendente do SEBRAE-AM

PEQUENAS EMPRESAS

102 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Energia

EXPANSÃO DA GERAÇÃODE ENERGIA E DE GÁS NO

AMAZONAS

REPORTAGEM: AGECOM FOTOS: Alex Pazuello / AGECOM

Em seis meses Manaus passará a fazer parte do Sistema

Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica. O prazo,

que corresponde ao tempo que falta para o sistema elé-

trico da cidade ser ligado ao linhão de Tucuruí, foi dado

pelo ministro das Minas e Energia (MME), Edson Lobão,

que esteve na cidade no último dia 15 de outubro.

Na companhia do governador Omar Aziz e do senador

Eduardo Braga, Lobão visitou as obras da subestação do

Lechuga, na AM-010, onde deverá chegar o linhão, para,

em seguida, na Sede do Governo, assinar o contrato

da obra da nova estação termelétrica a gás Mauá 3. Na

mesma ocasião, na presença da presidente da Petrobras,

Maria das Graças Foster, foi assinado o contrato para a

realização de estudos de viabilidade técnica e econômica

que deverão permitir a expansão da exploração de gás

natural na Bacia do Solimões.

Somente para a expansão da rede de geração e distribui-

ção de energia, os investimentos devem chegar perto de

R$ 9 bilhões, segundo o MME. Desse total R$ 3,8 bilhões

estão sendo investidos no Linhão de Tucuruí, cujas obras

devem estar concluídas até o dia 31 de dezembro. No fim

do ano, também deverá ser concluída a subestação de

Lechuga, uma das maiores do Brasil, conforme informou

o ministro Edison Lobão.

Outra obra de grande porte no Amazonas é a construção

da nova termelétrica de Mauá, na qual está sendo inves-

tido R$ 1,1 bilhão, para a geração de mais de 600 Mega-

wats de energia. O início da operação da nova termoelé-

trica está previsto para o primeiro semestre de 2014. ■

Acompanhamento pedagógico

Higiene corporal e bucal

Alimentação Balanceada

Enfermagem

Acompanhamento nutricional

Atividades educacionais lúdicas e psicomotoras

Floresta Brasil Amazônia - OUT / NOV / DEZ 2012 | 103

Acompanhamento pedagógico

Higiene corporal e bucal

Alimentação Balanceada

Enfermagem

Acompanhamento nutricional

Atividades educacionais lúdicas e psicomotoras

104 | OUT / NOV / DEZ 2012 - Floresta Brasil Amazônia