anatomia ecolÓgica do xilema secundÁrio de espÉcies nativas da floresta de vÁrzea da amazÔnia...

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  1 ANATOMIA ECOLÓGICA DO XILEMA SECUNDÁRIO DE ESPÉCIES NATIVAS DA FLORESTA DE VÁRZEA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA Maila Janaína Coêlho de Souza 1;  Karem Santos da Silva 1 , Gleidson Ribeiro da Silva 1 , e Luiz Eduardo de Lima Melo 1 . ([email protected]; Universidade do Estado do Pará) RESUMO É de suma importância a realização de estudos que torne possível uma identificação quanto às características anatômicas de espécies arbóreas amazônicas de mata de várzea tendo em vista a importância da compreensão anatômica estrutural das árvores que compõem este ambiente. Visando a analise estrutural e anatômica destas, foram analisadas 8 espécies distribuídas em 7 famílias, a seleção das espécies utilizadas no trabalho se fez a partir do levantamento de amostras coletadas em áreas de várzea e depositadas na Xiloteca Walter Alberto Egler do Museu Paraense Emílio Goeldi com número de registro correspondente no Herbário desta mesma instituição. As espécies analisadas foram: Carapa guianensis Aubl, Genipa spruceana Steyerm, Virola elongata Warb,  Rinorea paniculata Kuntze,  Manilkara excelsa (Ducke) Standl, Genipa americana Linn, Tapirira guianensis Aubl, Terminalia luycida Holffmgg. Para a descrição da estrutura anatômica da madeira, foram utilizados os métodos tradicionais, seguindo as recomendações da INTERNATIONAL ASSOCIATION OF WOOD ANATOMISTS / IAWA (1989). Os corpos de prova da madeira foram obtidos com tamanho aproximado de 1,5 x 1,5 x 1,5 cm nos planos, transversal, longitudinal tangencial e longitudinal tangencial. Foram realizados cortes histológicos obtidos com o auxílio de um micrótono de deslize para montagem de lâminas permanentes. Entre as espécies estudadas, 50% apresentaram diâmetro dos elementos de vasos maior que 100 µm; em 87,5% observaram-se até 20 vasos/mm 2 ; em 100% foram encontrados vasos de comprimento superior a 350 µm e fibras de comprimento superior a 900 µm; detectaram-se também a  presença de camadas de crescimentos em 100% das espécies e em 75% observaram-se raios com 1   3 células de largura. Palavras - chave: Vasos; Fibras; Madeira; Estrutural; Anatômica.

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É de suma importância a realização de estudos que torne possível uma identificação quanto às características anatômicas de espécies arbóreas amazônicas de mata de várzea tendo em vista a importância da compreensão anatômica estrutural das árvores que compõem este ambiente. Visando a analise estrutural e anatômica destas, foram analisadas 8 espécies distribuídas em 7 famílias, a seleção das espécies utilizadas no trabalho se fez a partir do levantamento de amostras coletadas em áreas de várzea e depositadas na Xiloteca Walter Alberto Egler do Museu Paraense Emílio Goeldi com número de registro correspondente no Herbário desta mesma instituição. As espécies analisadas foram:Carapa guianensis Aubl, Genipa spruceana Steyerm, Virola elongata Warb, Rinorea paniculata Kuntze, Manilkara excelsa (Ducke) Standl, Genipa americana Linn, Tapirira guianensis Aubl, Terminalia luycidaHolffmgg.

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    ANATOMIA ECOLGICA DO XILEMA SECUNDRIO DE ESPCIES

    NATIVAS DA FLORESTA DE VRZEA DA AMAZNIA BRASILEIRA

    Maila Janana Colho de Souza1;

    Karem Santos da Silva1, Gleidson Ribeiro da Silva

    1, e Luiz

    Eduardo de Lima Melo1. ([email protected]; Universidade do Estado do Par)

    RESUMO

    de suma importncia a realizao de estudos que torne possvel uma identificao quanto s

    caractersticas anatmicas de espcies arbreas amaznicas de mata de vrzea tendo em vista

    a importncia da compreenso anatmica estrutural das rvores que compem este ambiente.

    Visando a analise estrutural e anatmica destas, foram analisadas 8 espcies distribudas em 7

    famlias, a seleo das espcies utilizadas no trabalho se fez a partir do levantamento de

    amostras coletadas em reas de vrzea e depositadas na Xiloteca Walter Alberto Egler do

    Museu Paraense Emlio Goeldi com nmero de registro correspondente no Herbrio desta

    mesma instituio. As espcies analisadas foram: Carapa guianensis Aubl, Genipa spruceana

    Steyerm, Virola elongata Warb, Rinorea paniculata Kuntze, Manilkara excelsa (Ducke)

    Standl, Genipa americana Linn, Tapirira guianensis Aubl, Terminalia luycida Holffmgg.

    Para a descrio da estrutura anatmica da madeira, foram utilizados os mtodos tradicionais,

    seguindo as recomendaes da INTERNATIONAL ASSOCIATION OF WOOD

    ANATOMISTS / IAWA (1989). Os corpos de prova da madeira foram obtidos com tamanho

    aproximado de 1,5 x 1,5 x 1,5 cm nos planos, transversal, longitudinal tangencial e

    longitudinal tangencial. Foram realizados cortes histolgicos obtidos com o auxlio de um

    micrtono de deslize para montagem de lminas permanentes. Entre as espcies estudadas,

    50% apresentaram dimetro dos elementos de vasos maior que 100 m; em 87,5%

    observaram-se at 20 vasos/mm2; em 100% foram encontrados vasos de comprimento

    superior a 350 m e fibras de comprimento superior a 900 m; detectaram-se tambm a

    presena de camadas de crescimentos em 100% das espcies e em 75% observaram-se raios

    com 1 3 clulas de largura.

    Palavras - chave: Vasos; Fibras; Madeira; Estrutural; Anatmica.

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    1. INTRODUO

    Cutter (1978) apud Pinheiro (1999) define anatomia ecolgica como a relao entre a

    estrutura da planta e o ambiente. Alves & Angyalossy-alfonso (2001) ratificam que os

    trabalhos que comparam floras ou espcies em diferentes ambientes de regies temperadas

    e/ou tropicais tm demonstrado que as variaes ambientais tm reflexos sobremaneira na

    estrutura do lenho, principalmente em estruturas como: dimetro, comprimento e frequncia

    de vasos, espessura da parede e comprimento das fibras, altura e largura dos raios.

    A cobertura vegetal da Amaznia como um todo est subdividida com base no critrio

    fisionmico em dois subtipos: mata de plancie de inundao (terminologia regional mata de

    vrzea e mata de igap) e matas de terra firme, alm de outras formaes como cerrado e a

    floresta semimida (PANDOLFO, apud GAMA et al., 2005). Segundo o mesmo autor

    algumas caractersticas diferenciam a mata de vrzea dos outros tipos de cobertura vegetal

    existentes na floresta amaznica, o solo da mata de vrzea tipicamente formado por terras

    baixas que margeiam os rios, so reas planas e de formao sedimentar, submetida a

    peridicos regimes de inundao. De acordo com Marques (2008) existe um total de 4.000 a

    5.000 espcies florestais na Amaznia, e a diversidade de rvores pode variar de 70 a 130

    espcies por hectare nas florestas de vrzea e at 500 espcies por hectare nas florestas de

    terra firme.

    Sabendo que pouco se conhece sobre os mecanismos que possibilitam a sobrevivncia

    de espcies vegetais em reas naturalmente inundveis, objetivou-se nesta pesquisa realizar

    uma anlise florstica das espcies ocorrentes nos ecossistemas de vrzea da Amaznia

    brasileira, esperando-se determinar uma tendncia da estrutura anatmica do lenho dessas

    espcies.

    2 . MATERIAL E MTODOS

    O material utilizado para caracterizao anatmica foi obtido da coleo do Museu

    Paraense Emlio Goeldi. Para uma melhor preciso s foram utilizadas amostras de madeira

    que tinham material botnico correspondente no herbrio desta instituio. Para a escolha das

    espcies analisadas, foi feito primeiramente um levantamento das amostras coletadas em reas

    de vrzea e depositadas na Xiloteca Walter Alberto Egler do Museu Paraense Emlio Goeldi

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    com nmero de registro correspondente no Herbrio desta instituio. Foram analisadas 8

    espcies distribudas em 7 famlias.

    Os corpos de prova foram obtidos das amostras de madeira, com tamanho aproximado

    de 1,5 x 1,5 x 1,5 cm nos 3 planos: transversal, longitudinal radial e longitudinal tangencial. E

    a sua caracterizao macroscpica foi realizada com o auxlio de um micrtomo de deslize

    Reichit, os planos foram aplainados para uma melhor visualizao das estruturas anatmicas e

    uma lupa conta fios de 10x de aumento foi utilizada para auxiliar na caracterizao. Para a

    descrio da estrutura anatmica da madeira, foram utilizados os mtodos tradicionais,

    seguindo as recomendaes da INTERNATIONAL ASSOCIATION OF WOOD

    ANATOMISTS / IAWA (1989).

    Para a montagem de lminas permanentes os corpos de provas foram submetidos a

    imerso em gua destilada por um perodo de 48 horas e com um micrtomo de deslize foram

    obtidos os cortes histolgicos, que foram conservados ao natural e foram submetidos a

    desidratao e montagem. Foram montadas trs lminas permanentes para cada amostra. Para

    a obteno do macerado foi utilizado o mtodo de Franklin (1945).

    As contagens e mensuraes dos vasos (n / mm2) e de tipo de agrupamento (%), de

    raios (largura e altura em nmero de clulas, altura em micrmetro, frequncia por mm linear

    e percentual de raios simples e fusionados) foram realizadas em cortes histolgicos nas sees

    transversal e longitudinal tangencial, utilizando-se um sistema de anlise digital, com

    microscpio acoplado a um computador. As medidas da espessura da parede, da largura do

    lume e do comprimento das fibras, bem como do comprimento dos elementos de vaso foram

    realizadas em material macerado.

    A documentao microscpica foi feita com o auxlio de um fotomicroscpio ou

    atravs da captao de imagens com o auxlio do sistema de anlise digital.

    As espcies analisadas neste trabalho, seguidas de todos os dados correspondentes a

    sua coleta, encontram-se descritos na Tabela 1.

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    Tabela 1: Dados das espcies analisadas

    Famlia Espcie MGX MGH Coletor/Ano/N coleta Local-Coleta

    Sapotaceae Manikara excelsa 741 54489 Rosa N.de A. (26/06/1977)N

    2219

    Brasil, Mato Grosso, Margem direita do rio Juruena, terreno da vrzea. SC

    21 VB PT 01. Espcie muito comum em quase toda margem alagada.

    rvore de 30m por 2,50m de circunferncia, leite branco.

    Meliaceae Carapa guianensis 4553 114298 Lins A.L.F. de A. (01/12/1983)

    N 157

    Brasil, Par, Barcarena, margem esquerda do rio Murucupi. Mata de

    vrzea pouco mexida. Inventrio 1, transecto de 250m x 20m, parcela 1-1-

    31. rvore de 11m x 47 cm de circunferncia. Estril.

    Rubiaceae Genipa spruceana 6492 135980 Dias A.T.G. (26/11/1986) N

    561

    Brasil, Par, Altamira, Inferno verde, Juru. rvore de 8mx 47 cm circ.

    Frutos imaturos marrons. Vrzea com solo arenoso.

    Myristicaceae Virola elongata 6856 140000 Rosa N.de A. (14/01/1991) N

    5322

    Brasil, Amazonas, Mara, Lago Aman. Igarap Taboca (afluente do rio

    Japur). Levantamento florstico em mata de vrzea alta e baixa, ambas

    alagadas apenas durante o perodo chuvoso. gua de cor escura.

    Violaceae Rinorea paniculata 1046 53866 Rosa N.de A. (22/02/1977) N

    1596

    Brasil, Amazonas, Floresta de vrzea, Floresta de vrzea, prximo a serra,

    ou seja, em baixo. rvore de 8m por 40 cm de circ. Frutos jovens.

    Rubiaceae

    Genipa americana

    5090

    135905

    Dias A.T.G. (27/10/1986) -N

    482

    Brasil, Par, Altamira, Ilha da regio do quebra linha, abaixo do rancho do

    Zacarias com 15 x 80-cm. Solo arenoso e afloramento rochoso, vegetao

    tipo praia. Ilha de aluvio. Vrzea. Arbusto c/ 30 cm de alt., botes florais

    verdes, flor branca e frutos verdes secos.

    Anacardiaceae Tapirira guianensis 5106 135657 Dias A.T.G. (12/10/1986) - N

    226

    Brasil, Par, Altamira, Rio Xingu, margem direita a montante, em frente a

    ilha de Belo Horizonte. Capoeira aberta com cip. Vrzea. rvore com 20

    m de altura e 68 m de circunferncia. Flores creme.

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    Combretaceae Terminalia luycida 6460 166676 Dias A.T.G. (24/01/1987) - N

    852

    Brasil, Par, Altamira, Rio Xingu, Largo do Irineu; base de morro entre as

    cachoeiras do Pirararara e do Sapiquara. Mata de vrzea. Solo areno-

    argiloso. rvore de 20 m de altura e 1, 50 m de circunferncia. Frutos

    imaturos verdes.

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    3. RESULTADOS

    1. Carapa guianensis Aubl. MGX 4553

    Anis de crescimento distintos, pela presena de parnquima marginal. Vasos difusos;

    dimetro transversal, mdio de 145,67 m; nmero de vasos por mm2, mdia de 9,03;

    solitrios (76,38%), mltiplos de 2 (21,77%), 3 (1,85%); placas de perfurao simples;

    pontuaes intervasculares alternas; pontuaes radio-vasculares com arolas distintas,

    semelhantes s intervasculares em tamanho e forma; comprimento dos elementos de vasos,

    mdia de 437,33 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia de 1480,67 m;

    largura do lume, mdia de 8,94 m; espessura da parede, mdia de 2,79 m. Parnquima axial

    em faixas marginais, ocorrendo tambm paratraqueal escasso e em seriado de 3 a 5 clulas

    por srie. Raios mais largos 4 a 10 raios; corpo das clulas procumbentes principalmente com

    2 a 4 filas de clulas marginais quadradas e/ou eretas; tetrasseriados ou mais (46,67%),

    trisseriados (33,33%), bisseriados (3,33%), unisseriados (16,67%); raios por mm linear, mdia

    de 7,3; altura dos raios, mdia de 695,33 m; altura dos raios mdia de 22,07 n de clulas;

    largura dos raios, mdia de 66,33 m; largura dos raios, mdia de 3,13 n de clulas; raios

    obstrudos por leo-resina; no estratificados; canais intercelulares em linhas tangenciais

    curtas.

    Figura 1- Fotomicrografia da anatomia da espcie Carapa guianensis Aubl. C plano Transversal. B longitudinal tangencial. C longitudinal radial

    2. Genipa spruceana Steyerm.. MGX 6492

    Anis de crescimento distintos, demarcadas por faixas fibrosas mais escuras com

    fibras de paredes mais espessas. Vasos difusos; dimetro transversal, mdia de 91,73 m;

    nmero de vasos por mm2, mdia de 55,73; solitrios (96,95%), mltiplos de 2 (2,99%);

    placas de perfurao simples; pontuaes intervasculares opostas; pontuaes radio-

    vasculares com arolas distintas, semelhantes s intervasculares em tamanho e forma;

    A B C

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    comprimento dos elementos de vasos, mdia de 447 m. Fibras com pontuaes simples;

    comprimento, mdia de 1155,73 m; largura do lume, mdia de 6,16 m; espessura da

    parede, mdia de 5,32 m. Parnquima axial difuso e seriado com mais de 10 clulas por

    srie. Raios com 1 a 3 clulas de largura; corpo das clulas procumbentes com mais de 4 filas

    de clulas marginais quadradas e/ou eretas; trisseriados (60%), bisseriados (23,33%),

    unisseriados (16,67%); raios por mm linear, mdia de 16,17; altura dos raios, mdia de 707,33

    m; altura dos raios, mdia de 16,97 n de clulas; largura dos raios, mdia de 42 m; largura

    dos raios mdia, de 2,43 n de clulas; no estratificados.

    Figura 2- Fotomicrografia da anatomia da espcie Genipa spruceana Steyerm. A plano Transversal. B longitudinal tangencial. C longitudinal radial

    3. Virola elongata Warb. MGX 6856

    Anis de crescimento distintos, pelo espessamento diferencial da parede das fibras.

    Vasos difusos; dimetro transversal, mdia de 97 m; nmero de vasos por mm2, mdia de

    5,9; solitrios (43,5%), mltiplos de 2 (38,98%), 3 (11,86%), > 4 (5,08); placas de perfurao

    escalariforme; pontuaes intervasculares escalariformes; pontuaes radio-vasculares com

    arolas bem reduzidas at aparentemente simples, pontuaes horizontais; comprimento dos

    elementos de vasos, mdia de 1182 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia

    de 1428 m; largura do lume, mdia de 13,08 m; espessura da parede, mdia de 3,09 m.

    Parnquima axial paratraqueal escasso. Raios com 1 a 3 clulas de largura; corpo das clulas

    procumbentes com uma fila de clulas marginais quadradas e/ou eretas; bisseriados (80%),

    unisseriados (20%); raios por mm linear, mdia de 12,07; altura dos raios, mdia de 685,33

    m; altura dos raios, mdia de 20,03 n de clulas; largura dos raios, mdia de 34,10 m;

    largura dos raios, mdia de 1,8 n de clulas; no estratificados.

    A B C

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    Figura 3- Fotomicrografia da anatomia da espcie Virola elongata Warb. A plano Transversal. B longitudinal tangencial. C longitudinal radial

    4. Rinorea paniculata Kuntze MGX 1046

    Anis de crescimento distintos, pelo espessamento diferencial da parede das fibras no

    limite dos anis de crescimento. Vasos difusos; dimetro transversal, mdia de 81,67 m;

    nmero de vasos por mm2, mdia de 31,17; solitrios (54,65%), mltiplos de 2 (30,48%), 3

    (11,02%), 4 (2,25%), > 4 (1,6%); placas de perfurao escalariforme; pontuaes

    intervasculares alternas; pontuaes radio-vasculares com arolas bem reduzidos at

    aparentemente simples, pontuaes arredondas ou angular; comprimento dos elementos de

    vasos, mdia de 1585 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia de 2084,67

    m; largura do lume, mdia de 9,75 m; espessura da parede, mdia de 6,87 m. Parnquima

    axial seriado com mais de 10 clulas por srie. Raios mais largos 4 a 10 raios; todas as clulas

    dos raios so quadradas e/ou eretas; tetrasseriados ou mais (13,33%), trisseriados (80%),

    bisseriados (6,67%); raios por mm linear, mdia de 5,23; altura dos raios mdia, de 1735 m;

    altura dos raios, mdia de 66,43 n de clulas; largura dos raios, mdia de 56,33 m; largura

    dos raios, mdia de 2,93 n de clulas; no estratificados; cristais prismticos presentes nas

    clulas quadradas e/ou eretas dos raios.

    Figura 4 Fotomicrografia da anatomia da espcie Rinorea paniculata Kuntze. A plano Transversal. B longitudinal tangencial. C longitudinal radial

    A B C

    A B C

  • 9

    5. Manilkara excelsa (Ducke) Standl. MGX 741

    Anis de crescimento distintos, pelo espaamento diferencial das linhas de parnquima

    marginal. Vasos difusos; dimetro transversal, mdia de 92 m; nmero de vasos por mm2,

    mdia de 21,23; solitrios (63,27%), mltiplos de 2 (22,29%), 3 (11,15%), 4 (2,67%), > 4

    (0,63); placas de perfurao simples; pontuaes intervasculares alternas; pontuaes radio-

    vasculares com arolas bem reduzidas at aparentemente simples, pontuaes arredondas ou

    angular; comprimento dos elementos de vasos, mdia de 476,67 m; tilose comum presente.

    Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia de 1179,67 m; largura do lume, mdia

    de 1,61 m; espessura da parede, mdia de 3,64 m. Parnquima axial em faixas estreitas ou

    linhas com at trs clulas de largura. Raios com 1 a 3 clulas de largura; corpo das clulas

    procumbentes principalmente com 2 a 4 filas de clulas marginais quadradas e/ou eretas;

    trisseriados (6,67%), bisseriados (80%), unisseriados (13,33%); raios por mm linear, mdia de

    12,23; altura dos raios mdia, de 293,67 m; altura dos raios, mdia de 10,23 n de clulas;

    largura dos raios, mdia de 36,27 m; largura dos raios mdia, de 1,93 n de clulas; no

    estratificados.

    Figura 5 Fotomicrografia da anatomia da espcie Manilkara excelsa (Ducke) Standl. A plano Transversal. B longitudinal tangencial. C longitudinal radial

    6. Genipa americana Linn. MGX 5090

    Anis de crescimento distintos, pelo espessamento diferencial da parede das fibras.

    Vasos difusos; dimetro transversal mdio de 101,67 m; nmero de vasos por mm2, mdia

    de 32,20; solitrios (97,44%), mltiplos de 2 (2,46%); placas de perfurao simples;

    pontuaes intervasculares alternas; pontuaes radio-vasculares com arolas distintas,

    semelhantes s intervasculares em tamanho e forma; comprimento dos elementos de vasos,

    mdia de 370 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia de 1114,67 m;

    largura do lume, mdia de 4,44 m; espessura da parede, mdia de 5,93m. Parnquima axial

    seriado com mais de 10clulas por srie. Raios mais largos 4 a 10 raios; corpo das clulas

    A B C

  • 10

    procumbentes com 2 a 4 filas de clulas marginais quadradas e/ou eretas; tetrasseriados ou

    mais (23,33%), trisseriados (63,33%), bisseriados (3,33%), unisseriados (10%); raios por mm

    linear, mdia de 14,4; altura dos raios, mdia de 317,33 m; altura dos raios, mdia de 11,47

    n de clulas; largura dos raios, mdia de 46 m; largura dos raios, mdia de 3 n de clulas;

    no estratificados.

    Figura 6 Fotomicrografia da anatomia da espcie Genipa americana Linn. a plano Transversal. b longitudinal tangencial. c longitudinal radial

    7.

    8.

    7. Tapirira guianensis Aubl. MGX 5106

    Anis de crescimento distintos, pelo espessamento diferencial da parede das fibras.

    Vasos difusos; dimetro transversal mdio de 111 m; nmero de vasos por mm2, mdia de

    14; solitrios (76,81%), mltiplos de 2 (20,53%), 3 (1,45%), 4 (0,72%); placas de perfurao

    simples; pontuaes intervasculares alternas; pontuaes radio-vasculares com arolas bem

    reduzidos at aparentemente simples, pontuaes arredondadas; comprimento dos elementos

    de vasos, mdia de 432 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia de 927,67

    m; largura do lume, mdia de 9,43 m; espessura da parede, mdia de 2,93 m. Parnquima

    axial paratraqueal escasso. Raios com 1 a 3 clulas de largura; corpo das clulas

    procumbentes com uma fila de clulas marginais quadradas e/ou eretas; trisseriados (13,33%),

    bisseriados (86,67%); raios por mm linear, mdia de 8,97; altura dos raios, mdia de 301,67

    m; altura dos raios, mdia de 19,03 n de clulas; largura dos raios mdia de 40 m; largura

    dos raios, mdia de 2,87 n de clulas; no estratificados; cristais prismticos presentes nas

    clulas quadradas e/ou eretas dos raios; canais secretores axiais e radiais presentes.

    A B C

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    Figura 7 Fotomicrografia da anatomia da espcie Tapirira guianensis Aubl. a plano Transversal. b longitudinal tangencial. c longitudinal radial

    7. Terminalia luycida Holffmgg MGX 6460

    Anis de crescimento distintos, pelo espessamento diferencial da parede das fibras.

    Vasos difusos; dimetro transversal mdio de 168,67 m; nmero de vasos por mm2, mdia

    de 8,17; solitrios (75,51%), mltiplos de 2 (18,78%), 3 (4,9%), 4 (0,82%); placas de

    perfurao simples; pontuaes intervasculares alternas; pontuaes radio-vasculares com

    arolas distintas, semelhantes s intervasculares em tamanho e forma; comprimento dos

    elementos de vasos, mdia de 445 m. Fibras com pontuaes simples; comprimento, mdia

    de 1325,67 m; largura do lume, mdia de 5,08 m; espessura da parede, mdia de 4,52 m.

    Parnquima axial aliforme formando longas confluncias. Raios com 1 a 3 clulas de largura;

    corpo das clulas procumbentes com uma fila de clulas marginais quadradas e/ou eretas;

    bisseriados (33,33%), unisseriados (66,67%); raios por mm linear, mdia de 10,87; altura dos

    raios, mdia de 268 m; altura dos raios, mdia de 10,4 n de clulas; largura dos raios, mdia

    de 21 m; largura dos raios, mdia de 0,48 n de clulas; no estratificados; presena de gro

    de amido nas clulas do parnquima axial.

    Figura 8 Fotomicrografia da anatomia da espcie Terminalia luycida Holffmgg .a plano Transversal. b longitudinal tangencial. c longitudinal radial

    A B C

    A B C

  • 12

    4. DISCUSSO

    A Tabela 2 evidencia caractersticas comuns entre as espcies de ecossistema de

    vrzea da Amaznia, estudadas nessa pesquisa.

    Tabela 2 - Frequncia relativa das caractersticas anatmicas das espcies estudadas. Os diferentes

    tipos de placas de perfurao e parnquima axial podem ocorrer associados em uma mesma espcie,

    portanto a soma dos porcentuais ultrapassa 100%. CARACTERSTICAS PORCENTAGEM

    Camadas de crescimento distintas 100%

    Porosidade difusa 100%

    Dimetro tangencial do elemento de vaso entre 50 e 100 m 62,50%

    Dimetro tangencial do elemento de vaso entre 100 e 200 m 37,50%

    Comprimento do elemento de vaso entre 350 e 800 m 62,50%

    Comprimento do elemento de vaso > 800 m 37,50%

    Placas de perfurao simples 75,00%

    Placas de perfurao escalariforme 25,00%

    Pontoaes intervasculares opostas 12,50%

    Pontoaes intervasculares alternas 75,00%

    Pontoaes intervasculares escalariformes para opostas 12,50%

    Pontoaes raio-vasculares com arolas distintas 37,50%

    Pontoaes raio-vasculares com arolas reduzidas simples 62,50%

    Fibras curtas (900 a 1600 m) 87,50%

    Fibras longas (>1600 m) 12,50%

    Parnquima axial em srie com 3 a 5 clulas por srie 25,00%

    Parnquima axial apotraqueal difuso em agregados 12,50%

    Parnquima axial paratraqueal escasso 37,50%

    Parnquima axial paratraqueal aliforme 25,00%

    Raios de 1-3 clulas de largura 62,50%

    Raios > 4 clulas de largura 37,50%

    Raios com clulas procumbentes, quadradas e/ou eretas 100%

    4 a 12 raios/mm 50,00% > 12 raios/mm 50,00% Presena de cristais 37,50 %

    Camadas de crescimento distintas, porosidade difusa, fibras curtas, raios com clulas

    procumbentes, quadradas e/ou eretas, os resultados referentes a camadas de crescimento

    distintas so prximos dos observados por Alves & Angyalossy-Alfonso (2000) que tambm

    detectou essa tendncia em 48% das espcies brasileiras por eles estudadas; Os resultados

    referentes porosidade difusa esto de acordo com Detine & Jacquet (1983) que descreveu

    que espcies que apresentam porosidade difusa so mais comuns em climas tropicais; todavia

    a alta incidncia de placas de perfurao simples presente em 75% das espcies estudadas

    nesse trabalho diverge do autor BASS et al. (1983) que descreve placas de perfuraes

    simples como sendo mais comuns em espcies de ambientes frios ou temperados.

  • 13

    Entre as espcies estudada mais de 37 % apresentaram dimetro dos elementos de

    vasos maior que 100 m; em 50% das espcies observaram-se at 12 vasos/mm2; em 100%

    foram encontrados vasos de comprimento superior a 350 m e 100 % das fibras apresentaram

    comprimento superior a 900 m; detectaram-se tambm a presena de camadas de

    crescimentos distintas em 100 % das amostras.

    O que foi observado no presente estudo que as espcies ocorrentes no ecossistema de

    vrzea apresentam na composio anatmica de seu lenho estruturas adaptativas que excedem

    as tendncias descritas mesmo para ambientes msicos, um exemplo a frequncia e o

    dimetro dos elementos de vasos que foi observado respectivamente, menos de 12 vasos por

    mm2 em 50% das espcies e elementos de vasos de dimetro superior a 100 m em 37,50 %

    das espcies analisadas. Os resultados evidenciam que as espcies ocorrentes em vrzea

    apresentam estruturas anatmicas mais volumosas que o normal para ambientes msicos,

    justamente pela alta disponibilidade hdrica do solo que apresenta teores umidade superior, se

    comparado com outros tipos de habitats.

    5. CONCLUSO

    A partir da caracterizao anatmica das espcies ocorrentes em floresta de vrzea da

    Amaznia brasileira pode-se concluir: Constatou-se que em algumas estruturas, como no

    caso dos elementos de vasos, os resultados referentes frequncia por mm2, dimetro

    transversal e comprimento foram extremados em relao mdia encontrada por outros autores

    para ambientes msicos; Tais resultados podem estar relacionados intensa disponibilidade

    hdrica, bem como ao regime de inundao aos quais tais indivduos esto sujeitos no

    ecossistema de vrzea. O comprimento das fibras em m foi alto isso pode estar relacionado

    ao alto teor de umidade dos solos de vrzea.

    REFERNCIAS

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    species. 1. Growth rings and vessels. IAWA Journal 21(1): 3-30. 2000.

    BAAS, P.; WERKER, E.; FAHN, A. Some ecological trends in vessel characters. IAWA Bull. v. 4, n. 2-3, p.

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    DETINNE, P. & JACQUETE, PAULETIE. Atlas DIndentification des bois de lAmazonie at regions

    voisines. Frana. P. 186 201. 1983.

  • 14

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    macerating method for wood. Nature, v 155, n 3924, p. 51. 1945.

    GAMA, J. R. V. et al. Comparao entre Florestas de Vrzea e de Terra Firme do Estado do Par. Revista

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    dez.2009.

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    features for hardwood identification. IAWA Bulletin New Series. Vol. 10. p. 226-332. 1989.

    JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: McGraw-Hill. 523p. 1940.

    MARQUES, H. B. M. Agrupamento de 41 espcies de madeiras da Amaznia para secagem baseado em

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    Braslia, Braslia, 2008.

    PINHEIRO, A. L. Consideraes sobre a taxonomia, filogenia, ecologia, gentica, melhoramento florestal e

    a fertilizao mineral e seus reflexos na anatomia e qualidade da madeira. Viosa: SIF, 1999. 144 p.