revista floresta brasil amazônia - 02

104

Upload: wega-editora

Post on 31-Mar-2016

242 views

Category:

Documents


20 download

DESCRIPTION

O ano de 2011 encerra com o Estado do Amazonas dando um exemplo de sustentabilidade ambiental e produção rural. O trabalho desenvolvido pelo governador Omar Aziz de valorização dos homens e mulheres do in- terior, tem mostrado que a agricultura, agropecuária e o manejo florestal tem lugar em uma economia de produção de riquezas, geração de empre- gos e diversidade biológica da maior floresta tropical do planeta.

TRANSCRIPT

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 3

4 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))www. s e na r. o r g . b rAMAZONAS

O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL

weg

a

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 5 )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

))))))))))))))))))))))))Sumário

10 ExpoAgro 2011 O maior evento do agronegócio do Norte movimentou mais de R$ 30 milhões

» ArTIgo Francisco Cruz e a retomada do extrativismo no

Amazonas – Pág 68

» CEnTEnárIo Carauari comemora seus 100 anos – Pág 69

» SEmInárIo dE pECuárIA Em busca de conhecimentos para uma pecuária

sustentável – Pág 70

» CImEnTo CompoSTo O composto que pode baratear os custos de uma

construção – Pág 72

» VIdA noS rIoS A história dos navegantes da maior bacia

hidrográfica do mundo – Pág 74

» FAS BolSA FlorESTA Lideranças debatem o programa Bolsa Floresta –

Pág 78

» AnAmã Preservação de cardumes entusiasma

pescadores do município – Pág 80

» pArquE rIo nEgro Unidade de conservação se prepara para receber

turistas – Pág 82

» ArTIgo Ennio Candotti comenta a importância das áreas

úmidas da Amazônia – Pág 85

» CmA Produtos mais baratos direto de produtores do

interior – Pág 90

» Km 180 mATupI Matupi recebe fiscalização de órgãos ambientais – Pág 94

» ArTIgo Virgílio Viana na COP-17 em Durban, África do

Sul – Pág 96

» ArTIgo O senador Eduardo Braga pontua sobre o novo

Código Florestal – Pág 98

» ArTIgo Manoel Cunha conta sobre a força da cultura do

açaí – Pág 102

» rEgISTro O que acontece – Pág 8

» noTAS Fique por dentro – Pág 9

» pIng pong Entrevista com o presidente do Sindicato Rural

de Boca do Acre – Pág 20

» prêmIo AgríColA A 14ª edição da Medalha da Ordem do Mérito

Agropecuário foi para empreendedores que se destacaram em 2011 – Pág 22

» EmBAlAgEm AgroTóxICo Entregue as embalagens vazias de agrotóxico,

faça a sua parte – Pág 24

» JuTA E mAlVA Inauguração de uma fábrica no Distrito Industrial

de Manaus impulsiona o mercado de juta e malva – Pág 26

» ArTIgo Muni Lourenço faz um balanço do desenvolvimento

da pecuária no Estado – Pág 37

» CulTIVo Melhoramento genético do guaraná – Pág 38

» prEVEnção Mulheres que realizam o exame preventivo

têm mais chances de cura se diagnosticado precocemente o câncer – Pág 40

» ArTIgo Senadora Vanessa Grazziotin escreve sobre

saúde das mulheres – Pág 43

» promoVE 2011 Moveleiros recebem curso de qualificação – Pág 58

» ArTIgo O cientista Hiroshi Noda escreve sobre o

melhoramento genético das hortaliças – Pág 61

» mApA mInErAl A região se destaca pela diversidade mineral – Pág 62

30 mAuéS Fortalecimento da cadeia produtiva do interior e a realização da tradicional Festa do Guaraná

44 FESTA do ABACAxI Produção de 43 milhões de frutos em 2011 é celebrada

48 FIAm 2011 Feira Internacional da Amazônia atrai investidores nacionais e estrangeiros

86 guErrA nA SElVA Treinamento para fortalecer as fronteiras do Brasil

www. s e na r. o r g . b rAMAZONAS

O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL

weg

a

diretor Executivo Epifânio Leão

diretor de redação e Jornalista responsável

Antonio XimenesMTB: 23.984 DRT-SP

Editora Assistente Diárcara Ribeiro

diretor de Criação Marcelo Duque

diagramação Helcio Ferreira Jr.MTB: 556 SRTE-AM

repórteres Ana Paula SenaAntonio XimenesClarice ManhãDiárcara RibeiroJaíze AlencarKenia LealLaila PereiraLemmos RibeiroMarcello de PauloSuelen Araújo

Fotógrafos Antonio XimenesBruno KellyEuzivaldo QueirozJJ SoaresMichell MelloRicardo OliveiraSérgio Oliveira

revisão Epifânio Leão

peças publicitárias Marcelo Duque

Concepção da Capae Assinatura Visual Marcelo Duque

Impressão Gráfica Ampla

Tiragem: 5000 exemplaresDistribuição: RegionalPeriodicidade: Bimestral

Rua Pará, 425, Sala 3 – Cj. VieiralvesN. Sr.a das Graças – Cep: 69053-575Manaus–Amazonas - Fone: 92 3087-5370

[email protected]

Para assinar:[email protected]

Publicidade:[email protected]

Epifânio LeãoPublicitário

Marcello de Paulo Jornalista

Clarice ManhãJornalista

Lemmos RibeiroJornalista

Ana Paula SenaJornalista

Diárcara RibeiroJornalista

Kenia LealJornalista

JJ SoaresFotógrafo

Helcio Ferreira Jr.Diagramador

Marcelo DuqueDesigner

Jaíze AlencarJornalista

Suelen AraújoJornalista

Michell MelloFotógrafo

Bruno KellyFotógrafo

Euzivaldo QueirozFotógrafo

Laila PereiraJornalista

Ricardo OliveiraFotógrafo

Wallace SouzaProdutor

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 7

EDITORIALO ano de 2011 encerra com o Estado do Amazonas dando um exemplo

de sustentabilidade ambiental e produção rural. O trabalho desenvolvido

pelo governador Omar Aziz de valorização dos homens e mulheres do in-

terior, tem mostrado que a agricultura, agropecuária e o manejo fl orestal

tem lugar em uma economia de produção de riquezas, geração de empre-

gos e diversidade biológica da maior fl oresta tropical do planeta.

O retorno ao extrativismo, como bem diz o presidente da Afeam, Pedro

Falabella, se evidencia com a retomada das culturas da malva e da juta, da

castanha do Brasil, da borracha e de frutas nativas como o açaí.

Também o pirarucu, transformado em “Bacalhau da Amazônia”, mostra que o

mercado está pronto para aceitar o maior pescado com escama, de água doce

do mundo, como uma iguaria que tem permitido a melhora da qualidade de

vida de milhares de pescadores e ribeirinhos da Amazônia profunda. O secre-

tário Eron Bezerra, titular da Sepror, é o pioneiro nesta iniciativa. “O Amazonas

tem o melhor bacalhau do mundo de água doce”, pontua Bezerra.

Na condição de fruta responsável pela longevidade da população, segun-

do apontam pesquisas científi cas, o guaraná se apresenta como uma das

melhores opções econômicas, como observamos em Maués, que este ano

realizou uma das festas mais extraordinárias dos últimos tempos tendo à

frente o prefeito “Belexo”.

Um dos destaques do Polo Industrial de Manaus foi a realização da Feira In-

ternacional da Amazônia, que contou com o apoio da Suframa e parceiros

como o Sebrae, ADS, SDS e demais órgãos do governo estadual e federal.

Também o Exército brasileiro, através de iniciativas como a realização da

feira do Cigs, demostrou as potencialidades dos produtores da região.

“Queremos comprar a produção rural local para abastecer a nossa tropa”,

disse o general comandante do Comando Militar da Amazônia, Eduardo

Dias da Costa Villas Bôas.

Finalizando, o Estado teve a oportunidade de assistir ao sucesso da 38ª Ex-

poagro, que faturou mais de R$ 30 milhões, com ênfase para a isenção de

ICMS aos produtos comercializados no parque de Exposição Dr. Eurípedes

Ferreira Lins.

Antonio XimenesJornalista Responsável

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

8 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» registro da floresta

» gT doS quElônIoS AprESEnTA oS prImEIroS rESulTAdoS

A Secretaria de Estado do Meio Am-

biente e Desenvolvimento Sustentá-

vel (SDS), criou um Grupo de Trabalho

para o manejo de quelônios, reunin-

do instituições envolvidas na cadeia

produtiva da espécie. O GT trabalha

na elaboração de instrumentos jurí-

dicos que se aproximem da realidade

do Amazonas, com o objetivo de pro-

teger a espécie, combater o mercado

ilegal e possibilitar a geração de ren-

da para as comunidades tradicionais

que preservam, mas não podem co-

mercializar pelas restrições impostas

pela legislação vigente.

» CoopErATIVAS

O ano de 2012 foi escolhido pela ONU,

como o ano Internacional das Coo-

perativas. Segundo o presidente da

OCB- SESCOOP/AM Petrucio Maga-

lhães Jú nior, no mês de março vai ser

inaugurada nova sede na Av. Japurá.

"Vamos aumentar nossa base de asso-

ciados".

» CnA ComEmorA 60 AnoS dE ATuAção no BrASIl

No dia 23 de novembro foi realizado

em Brasília, o seminário sobre “Os

desafios do Brasil como 5ª potência

Mundial e o papel do agronegócio”,

em comemoração aos 60 anos da

Confederação da Agricultura e Agro-

pecuária do Brasil – CNA e os 20 anos

de atividades do Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural – Senar. O

evento recebeu cerca de 1500 pesso-

as entre elas a senadora Kátia Abreu,

o Ministro da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, Mendes Ribeiro e a

presidente Dilma Rousseff.

» Cop 17

A 17ª Conferência das Partes da Con-

venção-Quadro das Nações Unidas so-

bre Mudança do Clima, aconteceu em

Durban na África do Sul entre os dias

28 de novembro a 9 de dezembro. A

Cop é o fórum multilateral mais am-

plo com a participação de centenas de

países, incluindo o Brasil e a União Eu-

ropeia, para discutir e adotar medidas

contra o aquecimento global.

» Nardelio Delmiro Gomes, 48, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Santo Antônio do Matupi, tombou com dois tiros no dia 30 de novembro em Humaitá. Ele deixou um legado de amor à produção rural. Seus amigos e familiares homenageam sua memória, como um brilhante líder e pai exemplar

Foto: SDS/CEUC

Foto: Alex Pazuello/Agecom

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 9

» Notas

» proCESSo FundIárIo

Aconteceu em novembro na As-

sembleia Legislativa do Amazonas

o encontro que teve como desta-

que a agilização dos processos fun-

diários e assinatura de convênios

na ordem de R$ 100 milhões que

subsidiarão as ações do Plano Safra

da Agricultura Familiar em todo o

Amazonas. Os convênios, assina-

dos pelo Ministro do Desenvolvi-

mento Agrário, Afonso Florence,

e o governador Omar Aziz, perten-

cem ao Programa Nacional de For-

talecimento da Agricultura Familiar

(Pronaf), e serão aplicados em ope-

rações de crédito de investimento

e operações de custeio, fomentan-

do um dos setores fundamentais

na realidade sócio-econômica do

país, que envolve cerca de 4,8 mi-

lhões de agricultores familiares em

todo o Brasil, sendo destes mais de

270 mil amazonenses.

» rIo+20

Manaus realizou um encontro no

dia 23 de setembro, na Assembleia

Legislativa do Estado do Amazonas,

sobre o tema: Biomas: preservação,

conservação e os serviços ambien-

tais que prestam para a qualidade

de vida no planeta. O debate faz

parte da programação referente

à Conferência das Nações Unidas

sobre o Desenvolvimento Susten-

tável, a Rio+20, que acontece em

junho de 2012. Com o objetivo de

sistematizar um diagnóstico e pro-

por alternativas para solucionar os

principais problemas relacionados à

questão ambiental.

» FESTA do lEITE

Entre os dias 11 e 17 de dezembro

aconteceu no município de Auta-

zes, o Festival do Leite e a Feira

Agropecuária de Autazes. O Even-

to já está em sua 19ª edição e tem

como objetivo principal introduzir

nova genética ao rebanho local,

trazendo oportunidades de agro-

negócio, turismo e lazer, gerando

empregos e renda ao seu povo. Di-

versas atrações animaram o públi-

co presente na festa como: shows

musicais, parque de diversões, área

de alimentação e o tão esperado

rodeio profissional, que contou

com o prova do laço, prova do tam-

bor e torneios leiteiros.

» Diretoria da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas em almoço de confraternização com parceiros

Foto: Chico Batata

Foto: Antonio Ximenes

10 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Expoagro

AGRONEGóCIO, CURSOS, SEMINÁRIOS, TECNOLOGIA, RODEIO E ENTRETENIMENTO NA

rEporTAgEm: Ana Paula Sena, Diárcara Ribeiro, Jaíze Alencar, Marcello de Paulo e Suelen Araújo FoToS: JJ Soares, Euzivaldo Queiroz e divulgação

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 11

MAIS DE 500 MIL PESSOAS PRESTIGIARAM A FEIRA AGROPECUÁRIA, EM BUSCA DE FAZER NEGóCIOS, LAZER E CAPACITAçãO. ESTE ANO TIãO PROCóPIO, O PEãO DE RODEIO CONHECIDO MUNDIALMENTE, MINISTROU UM CURSO DE CAPACITAçãO, ALéM DE SER O JUIZ DO RODEIO

[ ]

12 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Expoagro

A 38a Expoagro movimentou R$ 30 milhões. Com

a responsabilidade de estimular o agronegócio e

capacitar os produtores e peões, a Feira Agrope-

cuária do Estado do Amazonas (Expoagro), que aconteceu

de 26 de novembro a 4 de dezembro, não focou tanto no

entretenimento, mas na cultura regional e nos negócios.

O evento ocorreu no Parque de Exposições Agropecuárias

Dr. Eurípedes Ferreira Lins, na Av. Torquato Tapajós, Km

10. Mais de 500 mil pessoas passaram por suas instalações.

Quem deixou para comprar maquinários como tratores,

bomba d’água, além de produtos agrícolas e pesqueiros

durante a feira teve um incentivo a mais. Foi isento o Im-

posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),

aumentando assim o volume de negócios. De acordo com

o Secretário de Produção Rural, Eron Bezerra, essa foi uma

oportunidade que os produtores tiveram para comprar

máquinas que vão auxilia-los no trabalho do dia-a-dia. “A

mecanização do campo é essencial para quem deseja rea-

lizar um trabalho com menos tempo e mais resultados. O

que estamos buscando é cada vez mais ajudar no desen-

volvimento do setor primário do Estado”, disse.

A mobilização prévia da equipe do Instituto de Desenvolvi-

mento do Estado do Amazonas (Idam), movimentou pro-

dutores para conseguir fi nanciamentos de máquinas de im-

plementos agrícolas através de agências bancárias, devido

haver uma verba destinada para o fortalecimento da agri-

cultura dentro do Programa do Governo Federal chamado

Mais Alimento. No dia 3 de dezembro, por volta das 9 horas,

ocorreu entrega simbólica de máquinas agrícolas para

produtores em torno de Manaus, visando à meca-

nização agrícola, como um grande ganho para o

setor primário.

O Coordenador Geral da Expoagro, Marcan

Zik, destacou o que acontece nos bastido-

res do evento. “Com aproximadamente 45

dias de antecedência da realização da feira,

No Brasil as festas com estilo Country já existem há

mais de 40 anos. Se tornando populares em rodeios

e festas sertanejas. O estilo encontrado no sul dos Es-

tados Unidos pode ser visto na Expoagro. Mulheres e

moças com a calça jeans justa que até parece que foi

costurada no corpo, blusa quadriculada, madeixas sol-

tas ou tranças com muito estilo. Os tradicionais cintos

com fi vela para todos os gostos, botas com modelos

básicos até mais ousado feitos de pena de avestruz, fez

sucesso entre o público feminino.

Todos estes itens foram usados pela cowgirl, Kalina

Renaldo Sales, 26, o que custou cerca de R$ 600,00.

Alguns acessórios ela conta que costuma comprar em

regiões como São Paulo, devido à atividade

do marido em participar de rodeios. “A cowgirl

original vem de família de criadores de gado,

gosto muito desse visual. É tradição familiar,

você tem que gostar de bicho”, ressalta Sales com

entusiasmo.

Kelriane Couteiro Longo é casada com um

tropeiro (nome dado ao dono de touros de

rodeios), e adora o estilo. “Sempre uso esse

visual nestes eventos”. Para ela as cowgirls

sempre usam acessórios originais, mesmo

com custo elevado. Mas, existem algumas

contrariedades na moda. “Quanto maior a

Mais Alimento. No dia 3 de dezembro, por volta das 9 horas,

ocorreu entrega simbólica de máquinas agrícolas para

produtores em torno de Manaus, visando à meca-

nização agrícola, como um grande ganho para o

O Coordenador Geral da Expoagro, Marcan

Zik, destacou o que acontece nos bastido-

res do evento. “Com aproximadamente 45

dias de antecedência da realização da feira,

regiões como São Paulo, devido à atividade

cowgirl

original vem de família de criadores de gado,

gosto muito desse visual. É tradição familiar,

você tem que gostar de bicho”, ressalta Sales com

Kelriane Couteiro Longo é casada com um

tropeiro (nome dado ao dono de touros de

rodeios), e adora o estilo. “Sempre uso esse

cowgirls

sempre usam acessórios originais, mesmo

com custo elevado. Mas, existem algumas

contrariedades na moda. “Quanto maior a

» AS CoWgIrlS Com ESTIloS próprIoS E IrrEVErEnTES

» Durante a abertura autoridades discursaram sobre os avanços do setor primário

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 13

começam as providências da parte de infraestrutura e

logística da produção. Há também o processo de ne-

gociação de contratação de pessoas terceirizadas para

trabalhar no rodeio, vaquejada, segurança, além de

serviços de revisão elétrica, hidráulica e estacionamen-

to”. Este ano foram gerados cerca de 500 empregos

diretos.

Para o presidente da Federação de Agricultura e Pe-

cuária do Estado do Amazonas – Faea, Muni Lou-

renço, a feira é o momento que o produtor tem

a oportunidade de fazer negócios e de se capaci-

tar. Avaliou, ainda, que o setor da ovinocaprinocultura

vai muito bem. “O rebanho de ovinos e caprinos do Es-

tado cresceu consideravelmente, hoje, conta com 105

mil cabeças. Os produtores estão introduzindo raças de

excelente padrão genético”, ele disse também que em

agosto a 2ª Exposição de Ovinos e Caprinos Sustentável

(Expovicam), movimentou R$ 2 milhões.

fi vela, menor a fazenda ou propriedade”, segun-

do Kelriane Longo, essa frase é muito usada para

homens e mulheres que costuma exibir fi velas com

tamanho anormal.

Mesmo tendo origem em países orientais, usada há sé-

culos por guerreiros para proteger os pés, a bota não

pode faltar no vestuário, o que se tornou uma marca re-

gistrada nas festas agropecuárias, não somente em adul-

tos, mas também em crianças. E Kalina Sales, já insere

a moda nos fi lhos. “Sempre vesti meus fi lhos na moda

country em ocasiões desse segmento”, conta.

» ESTIlo próprIo

As simpatizantes da moda country adaptaram a

moda e criaram um estilo em uma versão mais ousa-

da no misto de rock e cowgirl. “Não somos cowgirls,

apenas usamos outros acessórios em nosso visual,

nosso estilo é próprio e usamos no dia-a-dia”. Res-

salta a estudante Kalyane Ribeiro de 19 anos.

Para Cristiane Lacerda,18, a mistura de bandas de

rock com moda country faz parte do seu visual.

"Gosto de roupas pretas, botas, calças coladas estilo

anos 80, só coloquei o chapéu como mais um aces-

sório”, afi rmou .

logística da produção. Há também o processo de ne-

gociação de contratação de pessoas terceirizadas para

trabalhar no rodeio, vaquejada, segurança, além de

serviços de revisão elétrica, hidráulica e estacionamen-

to”. Este ano foram gerados cerca de 500 empregos

diretos.

Para o presidente da Federação de Agricultura e Pe-

cuária do Estado do Amazonas – Faea, Muni Lou-

renço, a feira é o momento que o produtor tem

a oportunidade de fazer negócios e de se capaci-

fi vela, menor a fazenda ou propriedade”, segun-

do Kelriane Longo, essa frase é muito usada para

homens e mulheres que costuma exibir fi velas com

tamanho anormal.

Mesmo tendo origem em países orientais, usada há sé-

culos por guerreiros para proteger os pés, a bota não

pode faltar no vestuário, o que se tornou uma marca re-

gistrada nas festas agropecuárias, não somente em adul-

tos, mas também em crianças. E Kalina Sales, já insere

a moda nos fi lhos. “Sempre vesti meus fi lhos na moda

country em ocasiões desse segmento”, conta.

» Os maquinários comercializados dentro do complexo tiveram incentivos

14 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Expoagro

» mErCAdoS

Em eventos desse segmento há também lojas especiali-

zadas na moda country. “Estou vendendo muito chapéu

que tem de vários valores e modelos”, conta a proprietá-

ria da Loja Country, Maria Rita. Segundo ela, os chapéus

telados estão em torno de R$ 30,00, e os de material

mais simples custam R$ 20,00. Há também de couro que

podem ultrapassar os R$ 90,00.

Na Caipira Country, por exemplo, as botas que podem

ser de pelica mais fina, couro de boi, de cobra e até de

arraia, que são para todos os gostos e bolsos, podem ul-

trapassar R$ 1.000.

Quanto às moças que não são de tradição familiar do

segmento de rodeios, vaquejadas, pecuaristas e se ca-

sam com homens desse ramo, segundo Kerlriane Lon-

go, são denominadas de “Fora de Eixo”. Em relação

ao visual e comportamento, ela percebe muito bem

outro estilo: As “Breteiras”, são mais ousadas, estão

sempre em busca de fisgar um peão, conhecidas tam-

bém na versão “Fura Olho”, que em geral nem sempre

conseguem investir tanto na moda country como as

originais cowgirls.

» rodEIo

Participaram mais de 60 peões no rodeio, que contou

com toda infraestrutura da companhia Pedro Arruda de

Rodeios. Foi o quarto ano consecutivo que a companhia

montou todos os equipamentos da Expoagro no quesito

rodeio. "A nossa experiência conta muito e nos sentimos

realizados em oferecer o melhor da área para o povo do

Amazonas", disse Pedro Arruda responsável geral dos

equipamentos, pessoas e animais do rodeio.

BACAlhAu dA AmAzônIA

O "Bacalhau da Amazônia" é feito a partir do processa-

mento do pirarucu, oriundo da Reserva de Desenvolvi-

mento Sustentável (RDS) de Mamirauá (a 635 quilôme-

tros de Manaus), onde já foi inaugurada uma agroindús-

tria. Lançado durante a Expoagro o "Bacalhau da Amazô-

» Durante os dias de rodeio a população lotou as arquibancadas da arena

» O cinto é um dos adereços mais cobiçados do mercado

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 15

nia " já pode fazer parte da ceia de natal. De acordo com

o secretério da Sepror, Eron Bezerra, o preço agrada a to-

dos e, principalmente quem não podia comprar o tradi-

cional bacalhau. “O quilo do Bacalhau da Amazônia deve

custar entre R$ 35,00 e 45,00. O consumidor também

poderá encontrar o produto nas redes de supermercado

locais e no feirão da Sepror”, avaliou ainda que poderá

ser comercializado pelo grupo Pão de Açúcar – maior em-

presa varejista do Brasil, o qual pode ir para distribuição

no resto do Brasil.

» A VIdA dE TIão proCópIo

Responsável direto pela difusão do rodeio em touros no

Brasil, Sebatião Procópio Ribeiro, mais conhecido como

Tião Procópio, foi criado em uma fazenda, em São José

do Rio Preto, São Paulo. Tímido declarado relata que

a família inteira sempre trabalhou com bois, cavalos,

e que é fruto desse meio. “No Estado de São Paulo e

em todo o Sudeste, o rodeio tem muita estrutura, e o

meu pai, juntamente com o meu avô, ajudou a fundar

o primeiro rodeio de Barretos, há aproximadamente 57

anos”, pontuou.

Casado, com duas filhas, Tião conheceu Manaus pela

primeira vez em 2002, a convite do presidente da Agên-

cia de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Valdelino

Cavalcante, e descreve que na época, nunca tinha acon-

tecido um rodeio na capital. “O primeiro ano que nós

fizemos rodeio em Manaus a Expoagro estava total-

mente sem estrutura. Depois voltei, montei um projeto

e conseguimos organizar o primeiro rodeio. Trouxemos

a boidada, peões e estrutura de rodeio do Pará, Mato

Grosso e São Paulo”, disse.

Tião Procópio trouxe a modalidade dos EUA para o

país no início da década de 80. Foi neste período que

competiu nos rodeios em diversos Estados Americanos,

participando, inclusive, do mais antigo e tradicional

campeonato de rodeio do mundo: PRCA (Professional

Rodeo Cowboys Association). Experiência que deu a Tião

o título de campeão de Barretos em 1980. Montou em

touros por dez anos. Foi um dos primeiros a formar uma

boiada e exerceu a função de tropeiro por uma década.

Atua como juiz há oito anos nos melhores rodeios e

circuitos do país e do mundo. É tri-campeão do prêmio

Arena de Ouro como melhor juiz.

» Janete Fernandes presidente da Abrasel, com o secretário Eron Bezerra, no lançamento gourmet do Bacalhau da Amazônia

» Tião Procópio foi o juiz do rodeio

» Os peões pedem a proteção divina antes do espetáculo

16 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Expoagro

Segundo Tião, a vontade de montar em bois veio do san-

gue. “Eu fui para os Estados Unidos em 1980, não tinha

rodeio de touro aqui ainda e eu sabia que lá tinha. Parti-

cipei de um curso de três dias na Califórnia, fizeram um

teste comigo para ver se eu tinha condições de participar

do rodeio deles. Tive que comprar todo o equipamento

lá, esporas, cordas e luvas. Acabei sendo campeão da es-

cola”, relatou.

Tião foi então para o Colorado Springs, para receber a

carteirinha de profissional e poder participar dos rodeios,

com 19 anos, permanecendo por seis meses. Voltou ao

Brasil em 1982 ganhando vários rodeios.

» ACIdEnTES

O primeiro acidente de Tião aconteceu no mesmo ano,

onde se classificou para uma final, se enroscou no tou-

ro, causando uma luxação no ombro. Em 1986 voltou ao

Brasil durante um rodeio em Barretos, levou um coice do

touro, teve uma fratura externa na clavícula e uma fratura

na costela que perfurou pulmão. “Quase morri, fiquei um

ano parado, depois voltei, mas tive que colocar pino no jo-

elho. Quando tinha 9 anos caí do cavalo e quebrei o crânio,

mas nunca pensei em parar, fui forçado a dar um tempo

por causa do ombro, que a qualquer movimento brusco,

luxava”, disse.

Com a sua própria boiada, Tião começou a julgar os ro-

deios porque percebeu que estava faltando gente que

entendesse do assunto. Ele realizou diversos cursos com

os americanos e se aprofundou no assunto, nas regras,

tipo de pulo do touro ou do cavalo, para poder avaliar a

montagem.

» noVElA

Uma vida com tantas histórias chamou a atenção de Glória

Perez e, sua vida serviu de inspiração para a autora criar o

personagem Tião, de América, novela da Rede Globo, que

foi ao ar no ano de 2005.

Tião conta que Glória foi em Barretos dois anos antes de co-

meçar a escrever a novela e ouviu sua história. Depois, foram

vários encontros em São Paulo e Rio de Janeiro. “A novela

não foi 100% a minha vida, a história é escrita de acordo com

a audiência, por isso saiu um pouco da realidade. Eu partici-

pei de alguns capítulos, e era bem interessante me ver ali

(risos). Depois eu fui vendo que não tinha muito a ver e me

desiludi ainda mais com novelas, nunca mais assisti”, citou.

Mesmo assim, Tião afirma que a experiência trouxe mui-

tos benefícios. “Fiquei um pouco mais conhecido, e ganhei

muitas amizades. O Murilo Benicio veio fazer um estudo co-

nosco, ficou uma semana na minha casa, ele é gente boa”,

completa.

» InVESTImEnToS

Tião conclui que atualmente o Brasil possui os melhores

competidores do mundo, mas o que deixa um pouco a

» Tradicional rito religioso antes do rodeio

» Alunos durante o curso sobre montaria e prevenção de acidentes

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 17

desejar é a profissionalização, seguindo o exemplo do Es-

tados Unidos, que possui a liga e montadores profissionais

de touro, e no Amazonas o que falta é incentivo. “Eu dei,

há alguns meses, um curso em Santo Antônio do Matupi

(distrito de Manicoré). E eu já fiquei sabendo que os me-

ninos que participaram das aulas comigo estão ganhando

muitos prêmios, então, a tendência é melhorar”, pontuou.

» TIão proCópIo rEAlIzou CurSo dE monTArIA

Este ano Tião Procópio ministrou o curso de Montaria e

Prevenção de Acidentes a convite do Sistema Nacional

de Aprendizagem Rural (Senar). Compartilhando seus

inúmeros títulos de campeão e sua experiência durante

três dias de teoria e prática.

Para Tião, o posicionamento na montaria é o que atrapa-

lha o bom desempenho dos peões. “São 8 segundos, as

pessoas acham pouco, mas para quem está ali em cima é

uma eternidade. Tem que procurar fazer tudo certo, para

sair tudo bem no final”, disse.

Para realizar uma excelente montaria alguns materiais

são necessários. Como a corda americana, que é trança-

da e toda trabalhada, tem um couro na parte em que é

colocada a mão e ela fica mais aderente. Essa técnica foi

introduzida no Brasil pelo Tião que ao realizar um curso

de montaria nos Estados Unidos percebeu que a utiliza-

ção dessa corda facilitava a montaria.

A luva, o colete, o chapéu, a bota, o cinto, a camisa de

manga cumprida, também fazem parte dos equipamen-

tos de montaria, além do breu usado para dar aderência,

a espora que é utilizada pra ajudar o peão a montar e fi-

car mais tempo em cima do touro, não pode ser pontia-

guda, é proibido o uso de material perfurocortante, ela

é parecida com uma moeda e não machuca o touro, e o

capacete que não é obrigatório.

» moVImEnTo CorrETo

Muitos participantes perguntaram sobre o movimento

correto, Tião Procópio falou: “a montaria começa dentro

do “brete”, o local onde o peão se prepara para a saída, na

largada o peão precisa sair com o melhor posicionamento,

pra dar continuidade e fazer uma boa montaria”. Ele explica

que é preciso apertar a corda bem forte, no meio do touro,

e usar equilíbrio e força, procurar ficar bem centralizado, se

o touro girar para direita ou esquerda tem que acompanhar

e voltar a centralizar, manter o queixo no peito para olhar o

touro, e sempre fazendo o “pêndulo”.

“O Pêndulo é o movimento ideal que proporciona a boa

montaria, se o touro sobe com a frente o peão tem que es-

tar posicionado na frente, se levantar a parte traseira tem

que se posicionar atrás, fazendo um pêndulo, nunca pode

atrasar, tem que estar sempre junto”, salientou Tião.

» mElIponICulTurA

A Meliponicultura ou criação racional de abelhas nativas,

em particular das abelhas-sem-ferrão se apresenta como

uma atividade simples de ser replicada e fácil de ser ado-

tada para que gere uma alternativa de renda. Especialista

em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,

Davi Grijó Cavalcante, há 11 anos trabalha com abelhas, e

fala que as pessoas ainda têm muito a ideia de abelha com

ferrão, “quando você fala em abelha é essa ideia que exis-

te, então é preciso ainda um trabalho para repassar infor-

mações”, declarou Davi.

“O rodeio é como qualquer outro esporte, é preciso ter um pouco de dom, não é qualquer um que consegue, é preciso treinar muito”.

Tião Procópio, Juiz do rodeio da Expoagro 2011[

» Ensinamentos de como melhorar a Meliponicultura no Estado foi ministrado durante a Feira

18 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Expoagro

Na maioria das vezes se prioriza espécies de fora, que

possuem ferrão, as do gênero Apis mellifera que atuam

na polinização ajudando a agricultura, na produção de

mel, geleia real, cera, própolis e pólen. Elas têm uma boa

produção, mas não têm a adaptabilidade que a abelha

nativa tem. São conhecidas cerca de vinte mil espécies

diferentes. Davi garante que essa produção e seus deri-

vados ainda vai alcançar voos altos. “Ainda temos muito a

explorar, das abelhas hoje em dia a gente já consegue ter

um nível de produção razoável de 5 mil abelhas nativas”,

informou.

Ana Sheila, 41, é finalista do curso de Engenharia flores-

tal no Instituto Federal do Amazonas, assistiu às pales-

tras de Meliponicultura e de Lavoura, Pecuária e Floresta.

Destacou a importância de participar enquanto finalista

do curso de Florestal. “A gente percebe a importância do

manejo, que não está atrelada apenas a floresta, quando

você atua com outro produto, no cultivo de abelhas, por

exemplo, quando se tem uma criação, às vezes o produ-

tor não tem preocupação com cada fase desse produto,

não há um manuseio diferente e para agregar valor ao

produto, é importante obter conhecimento para não

perder produtos pela falta de cuidado, tanto no cultivo,

como na fase final”, disse.

» AVICulTurA CAIpIrA

Carlos Modestino há 28 anos trabalha com avicultura. Du-

rante o curso abordou sobre as vantagens da galinha caipi-

ra melhorada sobre a criação de aves de corte comercial. O

Amazonas não tem como competir com as fábricas do Sul

do país, em função da matéria prima, a produção de grão,

o abatimento, o evisceramento e o congelamento que tor-

nam o valor do produto mais elevado, por não serem en-

contrados aqui na região.

Em função dessa desigualdade na competitividade de pre-

ços, fecharam-se as portas da avicultura comercial, surgin-

do a alternativa da avicultura caipira melhorada, “e essa

alternativa foi a salvação da região. Você pode criar o fran-

go com um custo mais barato e vender por um preço mais

elevado, com uma margem de lucro de 100%, é a febre do

momento”, disse Carlos.

A ração do frango caipira é a mesma do frango comercial.

Mesmo sendo uma ave mais rústica, com crescimento pre-

coce, existiam aquelas de fundo de quintal, que tinham um

crescimento tardio, para atingirem o peso de 1.800 kg leva-

vam 12 meses, enquanto que as caipiras melhoradas estão

pesando 3.200 kg em 79 dias. “Olha a diferença, isso é tec-

nologia, é ciência”, destacou Carlos.

» A "largada" é a parte mais perigosa do rodeio

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 19

» SorrISo no mEIo dA ArEnA

Ele logo se destaca no meio da multidão. Tem a

grande missão de animar crianças e adultos, além

de servir de distração para os ferozes touros do

rodeio. Com seu rosto pintado de forma bem

singular, Valdeci Aparecido, o palhaço Charlie

Chaplin, entra na arena no momento da oração,

com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida

nas mãos, iniciando o que promete ser um dos

rodeios mais difíceis dos seus 19 anos de carreira.

“Este é um momento complicado e muito emo-

cionante pra mim. Meu irmão, palhaço, e grande

parceiro de rodeios faleceu há quatro dias, e este

vai ser o primeiro rodeio que vou olhar para o

lado e ele não vai estar ali. Mas com certeza o riso

não pode parar”, afirmou Chaplin, tentando segu-

rar as lágrimas que brotavam de seus olhos, mas

fazendo questão de logo desfazer a cara de choro

e arrancar o sorriso de uma criança que passava

no colo de seu pai. Para ele, apesar de todo peri-

go e do coração dilacerado pela recente perda do

irmão, o momento de estar dentro da arena era

ansiosamente aguardado.

“Parece brincadeira, mas não é. Os touros são

muito perigosos, mas nós palhaços somos movi-

dos por esta emoção. É o que faz o nosso coração

bater mais forte, quando distraímos o touro para

o peão ter tempo de sair ou arrancamos aplausos

e risadas do público.

O fator principal que impulsiona esse crescimento ace-

lerado é a ração balanceada à base de milho, elemento

energético, soja, proteína de origem vegetal, farinha de

carne e osso, proteína de origem animal, calcário calcifi-

co, cálcio para fortalecer a carcaça do animal, tem ainda

o sal, mineral essencial e as vitaminas, nesse processo

existe também o semi-confinamento, quando o animal é

liberado para comer outras coisas como restos de frutas

e hortaliças, e isso permite ao pequeno produtor econo-

mizar com ração.

Dona Maria do Carmo é uma produtora que começou

criando de maneira meio empírica, e ela resolveu buscar

informações, conhecer um pouco mais sobre a criação de

galinhas e aprendeu a trabalhar com a avicultura caipira,

e hoje em dia ela possui seis galpões de galinha caipira

melhorada e uma fábrica de ração própria, a renda men-

sal chega a R$ 12 mil.

» InSEmInAção ArTIFICIAl Em SuínoS

Davi Anderson Tamborini é médico veterinário, e há 8

anos trabalha com suínos atendendo os produtores ru-

rais. A técnica da inseminação aqui no Amazonas ainda é

vista como novidade, apesar de ser utilizada há bastante

tempo. Para obter êxito é necessário que o produtor já

possua um plantel formado e com uma genética boa.

Em sua palestra, o médico veterinário repassou algumas

informações importantes à cerca de quando utilizar a

técnica. Para ele, o fator principal é a inserção de uma ge-

nética forte na produção ou quando se tem um número

alto de matrizes (fêmeas parideiras), que já estão prontas

para gerar filhotes.

» TIpoS dE InSEmInAção

A inseminação em suínos se torna mais barata. A mais

comum é a inseminação com sêmen à fresco, onde é co-

letado o sêmen de um reprodutor na granja e através do

processo de diluição pode transformar essa única coleta

em várias doses para inseminar várias matrizes . Existem

outros tipos, o chamado sêmen refrigerado, onde o pro-

dutor pode adquirir o sêmen em outros Estados, e existe

o tipo de inseminação com sêmen congelado que tem

ilimitada capacidade de conservação. ■

20 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Entrevista

lÚCIo gArdInoreportagem e FoToS: Diárcara Ribeiro

F oi inaugurado no município de Boca do Acre, o

Sindicato Rural Patronal do município. A cidade

que está frequentemente nos noticiários quando

se refere à criação de bovinos no Estado se mostra atenta

as normas ambientais. Conversamos com o secretário de

Meio Ambiente e presidente do Sindicato Patronal Rural,

Ildo Lúcio Gardingo, 35, pecuarista desde 2000. Veio do

Estado de Minas Gerais para a região, atualmente possui

um rebanho com 650 cabeças de bovinos da raça Nelore.

Durante a solenidade de inauguração estiveram presen-

tes diversos pecuaristas, o Secretário Estadual das Opor-

tunidades de Tocantins, Omar Hennemann, diretores da

Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ama-

zonas (Faea), e do Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-

ral (Senar) e a prefeita Maria das Dores.

: Atualmente o Sindicato Rural patro-

nal do município de Boca do Acre conta com quantos

associados?

Lúcio Gardino: Inicialmente estamos com 52 associa-

dos. De acordo com a Secretaria de Produção Rural

(Sepror) e do Instituto de Desenvolvimento Agrope-

cuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas

(Idam), a quantidade do município com o sul de Lábrea

é de 1.364 produtores rurais. Almejamos no mínimo

alcançar 60% deles.

FB: Como o senhor avalia a inauguração do Sindicato,

com uma sala para o programa de Inclusão Digital?

LG: A inauguração do Sindicato já é um fato que fortalece

a classe, nosso trabalho é fazer com que ele tenha uma

lÚCIo gArdInoSECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE E PRESIDENTE DO SINDICATO PATRONAL RURAL DE BOCA DO ACRE FALA SOBRE A SITUAçãO DOS PECUARISTAS[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 21

força e expressão dentro do Estado. Queremos trabalhar

juntos de uma forma integrada, trazendo os produtores

para a legalidade do setor, que é sindicalizar essas pes-

soas. Nós temos 49 pessoas inscritas para fazer o curso,

essa demanda vai crescer, pois vamos atender os produ-

tores em três turnos. Favorecendo assim quem não pode

estudar durante o dia.

FB: Quais são as atividades que o Sindicato vai desen-

volver?

LG: A primeira meta do Sindicato é fazer associados.

Vamos trabalhar junto com o Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural (Senar) nos cursos de capaci-

tações. Não só para os homens, porque o Senar tem

cursos voltados para as mulheres também. Queremos

ligar a produção com preservação, capacitando quem

vive no campo.

FB: Como presidente representando os produtores

na região, quais são as dificuldades encontradas pe-

los pecuaristas?

LG: A principal dificuldade é a questão fundiária e a ques-

tão ambiental. Porque não tem documento para se licen-

ciar ambientalmente. Assim, o produtor não consegue

fazer financiamento. Se nós brasileiros conseguirmos re-

solver essa situação o caminho vai estar aberto para pro-

duzir, preservar e proporcionar uma qualidade de vida

melhor para o produtor rural.

FB: O município está participando do Cadastro Am-

biental Rural (CAR)? Quando foi aderido e quantas

propriedades rurais já foram cadastradas?

LG: O cadastro tem como objetivo promover a regulariza-

ção ambiental das propriedades, já foi aderido há quatro

meses aqui no município, mas sofreu alteração por causa

da área de zoneamento ecológico. Cerca de 100 proprie-

dades já estão cadastradas no Cadastro Ambiental Rural

(CAR). Esse número é até um pouco baixo, porque ainda

tem o trâmite do Código Florestal.

FB: Há recuperação das áreas desmatadas, como tam-

bém a prevenção ambiental são pautas do Sindicato?

LG: Na Secretaria de Meio Ambiente, estamos acom-

panhando o zoneamento nas propriedades rurais.

Estamos ajudando os produtores a virem para a lega-

lidade. ■

NA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE,

ESTAMOS ACOMPANHANDO O

ZONEAMENTO NAS PROPRIEDADES RURAIS.

ESTAMOS AJUDANDO OS PRODUTORES

A VIREM PARA A LEGALIDADE.

A INAUGURAçãO DO SINDICATO

JÁ É UM FATO QUE FORTALECE A

CLASSE, NOSSO TRABALHO É FAZER

COM QUE ELE TENHA UMA FORçA

E EXPRESSãO DENTRO DO ESTADO.

22 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Premiação

A festa do setor rural do Estado do Amazonas acon-

teceu no dia 21 de setembro. Na ocasião da 14ª

edição da Medalha da Ordem do Mérito Agrope-

cuário, destinada aos empreendedores rurais que mais se

destacaram nas categorias: Agricultor, Agroindustrial, e

Pecuarista. A menção honrosa foi concedida pela Federa-

ção de Agricultura e Pecuária do Amazonas e pelo Serviço

Nacional de Aprendizagem Rural (Faea/Senar). Na soleni-

dade também foi assinado um termo de cooperação com

a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), com

objetivo de evitar a abertura de novas áreas de desmata-

mento e recuperar áreas degradadas.

A cerimonia ocorreu no Dulcila Buffet, na Estrada da Ponta

Negra, estiveram presentes autoridades, pecuaristas e

políticos locais. Desde quando foi criada em 1995,

já foram premiadas mais de 70 pessoas. De acordo

com o presidente do Sistema Faea/Senar- AM, Muni

Lourenço, a iniciativa é o reconhecimento do trabalho

14ª EDIçãO DA mEdAlhA DA ORDEM do mérITo AgropECuárIo

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Matias Oliveira

RECEBERAM A MEDALHA OS EMPREENDEDORES QUE MAIS SE DESTACARAM EM TRêS CATEGORIAS: AGRICULTOR, AGROINDUSTRIAL, E PECUARISTA [ ]

» Presidente Muni Lourenço durante a abertura da premiação discorreu sobre os trabalhos realizados pelos homenageados

» Robson Marmentini com a família e o amigo Edimar Vizolli

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 23

desenvolvido pelos empreendedores rurais, servindo

também como incentivo. “É feita uma seleção pela

mesa diretora da Federação considerando a trajetória

de cada um deles. A iniciativa é importante para dar

visibilidade do empreendedor de sucesso, para que

os governantes cada vez mais considerem o setor

agropecuário uma alternativa econômica real para

o desenvolvimento do interior do Estado em bases

sustentáveis”, ressalta.

Quem recebeu a Medalha da Ordem do Mérito na cate-

goria Agricultor foi Paulo Sérgio Santana, considerado

um dos maiores produtores de laranja do Estado. Segun-

do o citricultor a propriedade gera 76 empregos diretos

e possui 76 mil pés de laranja, diariamente são retirados

cerca de 100 mil unidades. “Sinto-me com orgulho, acre-

ditei e consegui realizar um bom trabalho”, disse Paulo

Sérgio Santana.

Na categoria Agroindustrial, Celso Scherer recebeu a

homenagem pelo trabalho desenvolvido na região de

Maués. O empresário é formado em Veterinária pela

Universidade do Paraná e investe no município de Maués

com a Usina São João, produzindo derivados da cana-de-

açúcar. A rapadurinha produzida pela agroindústria é

vendida para o Programa de Regionalização da Merenda

Escolar (Preme) do Estado, a empresa entrega uma vez

por semana caldo de cana para as escolas do município,

onde a usina está instalada.

O pecuarista Robson Ávila Marmentini também rece-

beu o prêmio. Ele se destaca pela criação de bovinos

com genética apurada, investimento no melhoramen-

to do rebanho no município de Apuí, no sul do Estado,

além de fornecer animais para outras cidades. “Estou

muito contente pelo reconhecimento, é minha pri-

meira homenagem. O Amazonas não tem como cultu-

ra a pecuária, mas estamos fazendo um trabalho mui-

to bom. Nosso gado está evoluindo geneticamente”,

o pecuarista ofereceu o prêmio à família.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-

pa) da Amazônia Ocidental representada pelo pesqui-

sador Luiz Marcelo Brum Rossi, recebeu, em nome da

instituição de pesquisa, a Menção Honrosa Dr. Eurípedes

Ferreira Lins. ■

» dESmATAmEnTo

Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesqui-

sas da Amazônia (Inpe), Embrapa e o Ministério do

Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia, mapeou

o desmatamento da região até o ano de 2008. Esse

levantamento serviu para que a Faea e a Secretaria

de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (SDS), firmassem um acordo para conter

o desmatamento e utilizar da melhor forma o pasto

em especial para a pecuária.

De acordo com a Secretária da SDS, Nádia Ferreira,

esse compromisso promoverá mais incentivos a novas

tecnologias e atividades educativas, incorpora novos

conhecimentos da Embrapa. “Assinamos um termo

com o compromisso de não abrir novas frentes de pas-

tagens. Ou seja, com a área que nós temos é possível

ampliar a produtividade mantendo as áreas que já está

aberta. Aqui se sela um compromisso Federação e Go-

verno de criar ações estratégicas”, afirma.

O presidente do Sistema Faea/Senar-AM, Muni Lou-

renço destacou que o acordo firmado “é uma demons-

tração que o segmento o agropecuário do Estado está

disposto a produzir de forma sustentável, praticar mo-

delos para utilizar menos áreas e não desmatar mais.

Vamos desenvolver ações conjuntas”, disse.

» dAdoS

A pastagem para a pecuária atualmente soma 0,67%

(10.482,96 km2) do território estadual, evitando a aber-

tura de novas áreas para pecuária e recuperando pasto

com solo exposto (0,87 km2), pasto sujo (1.683,37 km2),

e do pasto com regeneração natural (2.200,51km2) que

somam 37% do total de pasto (3.884,75km2).

24 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Embalagem

A s embalagens vazias de agrotóxico representam

perigo de contaminação para o agricultor quando

manuseadas de forma errada e para o meio am-

biente onde será depositada. Por esse motivo é obrigatória

sua devolução para os postos de recolhimento. Proteja a

vida entregando as embalagens.

Em Manaus existe a Associação dos Revendedores de Agro-

tóxicos do Amazonas - Aram, formada por lojistas preocu-

pados com a saúde do homem do campo e com a nature-

za. No Estado do Amazonas existem mais de 40 lojas que

revendem esses produtos, mas apenas 12 fazem parte da

associação que foi criada em 2007. A central está localizada

no Distrito Industrial II, próximo ao Puraquequara.

De acordo com a gerente da Aram, Joice Oliveira Lima, 38,

alguns produtores preferem não entregar as embalagens,

ou por falta de conhecimento ou pela logística, outros le-

vam direto para a central. “Alguns produtores entregam as

embalagens diretamente aqui no posto de recebimento,

mas temos as lojas na cidade que fazem o recolhimento,

basta a pessoa entregar onde comprou”, avalia.

O material recebido é selecionado de acordo com as ca-

racterísticas, separado e prensado. Eles serão enviados

para o Instituto Nacional de Processamento de Embala-

gens Vazias (Inpev). Que possui matriz no Estado de São

Paulo, conta 421 unidades de recebimento no Brasil, sen-

do 308 postos e 113 centrais.

DEVOLVA A EmBAlAgEm DE AgroTóxICo E proTEJA A VIdA

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: JJ Soares

COM UMA INICIATIVA SIMPLES O AGRICULTOR PODE SE PROTEGER DE UMA CONTAMINAçãO E AO MESMO TEMPO PRESERVAR O MEIO AMBIENTE. é Só ENTREGAR AS EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTóXICO NOS LOCAIS DE RECOLHIMENTO DA SUA CIDADE[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 25

O Instituto recebeu de todo o país em 2007, 21.129 to-

neladas de embalagens e em 2010, 31.266 toneladas. O

que representa que os produtores estão cada vez mais

conscientes, avalia Joice Lima.

Segundo a gerente, o Brasil é considerado campeão de

recolhimento de embalagens de agrotóxicos. No Amazo-

nas a Aram está promovendo palestras em escolas para

conscientizar as crianças sobre a importância da devolu-

ção. “A ideia é que elas sejam multiplicadoras, e passem

essa informação para os pais”, avalia a ação promovida na

data do Dia Nacional do Campo Limpo.

Para o presidente da Aram, Augusto Salla, o posto de

recolhimento tem capacidade de receber mais material,

o que está faltando é a conscientização de quanto é im-

portante dar um destino certo para as embalagens.

» o quE dIz A lEI

O site do Inpev cita a Lei Federal nº 9.974/2000 e o De-

creto Federal nº 4.074/2002, que tratam de cada elo

da cadeia produtiva agrícola (agricultores, fabricantes,

canais de distribuição e poder público), responsabili-

dades que possibilitam o funcionamento do Sistema

Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias

de agrotóxicos).

» dESTIno FInAl

As embalagens que não podem ser aproveitas são inci-

neradas, o resto é transformado em acessórios como: su-

porte para sinalização rodoviária, cruzeta de poste, caixa

para descarga, caixa para massa de cimento, caixa para

bateria automotiva, roda plástica para carriola, embala-

gem para óleo lubrificante, caixa de passagem para fios

e cabos elétricos, conduíte carrugado e duto carrugado.

» InTErIor InAugurA poSTo dE rEColhImEnTo

Foi inaugurado no município de Rio Preto da Eva um pos-

to de recolhimento de embalagem vazia de agrotóxico,

que está funcionando na propriedade do Idam com a

Comissão Executiva de Defesa Sanitária Animal e Vegetal

(Codesav). O posto tem capacidade para receber até cin-

co toneladas que serão trazidas para Manaus.

A ideia é que esta iniciativa se repita em outros municí-

pios, principalmente na região metropolitana de Manaus,

disse o secretário de Estado da Produção Rural, Eron Be-

zerra. “A ideia é fortalecer em torno de Manaus como

Itacoatiara, Manacapuru, entre outros municípios, onde

temos produção de alimento significativa. Dessa forma,

nós asseguramos a vida das pessoas e também garanti-

mos a preservação ambiental”, afirmou. ■

» Augusto Salla ressalta a importância da devolução das embalagens.

» A gerente Joice Lima e funcionário na Central de recebimento, que funciona durante a semana em horário comercial

26 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Brasjuta

A CADEIA PRODUTIVA DA JUTA E DA MALVA ESTÁ FORTALECIDA COM O SUBSíDIO PARA GARANTIR PREçO DE VENDA AOS PRODUTORES, DISTRIBUIçãO DE SEMENTES PARA O PLANTIO, ASSOCIAçãO E COOPERATIVAS ATé O PRODUTO FINAL[ ]

rEporTAgEm: Laila Pereira FoToS: Sérgio Oliveira

BrASJuTA MARCA RETOMADA DA IndÚSTrIA dE FIBrAS nATurAIS NO AmAzonAS

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 27

N o inicio de novembro foi inaugurada, no Polo

Industrial de Manaus (PIM), a maior indústria de

beneficiamento de juta e malva, do Estado do

Amazonas: a BrasJuta, que consome, por mês, 500 tonela-

das de fibras, a qual devem ser ampliadas com o aumento

gradativo da produção nos próximos meses.

É uma parceria público-privada, que envolve o Governo do

Estado, por meio da Agência de Fomento do Amazonas

(Afeam) e o grupo do empresário Mário Guerreiro. O inves-

timento na fábrica foi de R$ 30 milhões, sendo R$ 13,5 mi-

lhões da Afeam e os outros R$ 16,5 milhões do empresário.

Para Mário Guerreiro a BrasJuta é saída da mesmice, é a

chance de impulsionar a malva e a juta como produtos

importantes na economia do Amazonas. A Brasjuta ini-

ciou, há três meses, a fase piloto de produção de bene-

ficiamento de juta e malva. Trabalham diretamente na

fábrica 208 funcionários, mas a expectativa é que esse

número aumente gradativamente. Além desses, os pro-

dutores de todo o Estado que fornecem a fibra para a

indústria também são beneficiados.

» CulTIVo

A juta é uma fibra têxtil vegetal que pode alcançar uma

altura de até 4 metros. O plantio deve ser feito em locais

em climas úmidos e tropicais. De acordo com o diretor da

Afeam, Pedro Falabella, o Estado distribui as sementes para

os produtores do interior, que semeiam quando as águas

dos rios começam a descer, três meses depois o produtor

vai cortar e deixar de molho durante sete dias”.

O processo para a retirada da fibra é feito de maneira

manual. Cerca de quatro meses depois do plantio, as ár-

vores precisam ser cortadas rente ao solo por meio de

foices, o que exige força dos trabalhadores. A fibra útil

está entre a casca e o talo interno, antes de ser encami-

nhada para a indústria precisa passar por um processo de

enxague e secagem.

» A separação é fundamental no processo de fabricação das sacarias

» A inauguração da fábrica contou com a presença do governador Omar Aziz, Pedro Falabella e Eron Bezerra

» Trabalham na empresa 208 funcionários

» Visita do empresário as instalações da fábrica

28 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Brasjuta

» CopErJuTA

A produção é abastecida com o cultivo de juta

e malva do interior do Estado. De acordo com a

Afeam, a produção de maior expressão dessas fi -

bras é nos municípios de Iranduba, Manacapuru,

Codajás e outros. Só o município de Manacapuru,

distante cerca de 80 Km de Manaus, é responsá-

vel por mais da metade da produção do Estado.

A Cooperjuta é uma das cooperativas que fi cam no

município e reúne os produtores da área. Ela está

legalizada há apenas três meses, mas já possui

45 associados. De acordo com a representante

da Cooperjuta, Verônica Mesquita, mais de 100

famílias já foram benefi ciadas e a cooperativa já

fi rmou parceria com a Brasjuta para fornecer a

matéria-prima. Quando chega na Brasjuta, a malva

e a juta são processadas industrialmente para

produção de telas e sacarias.

» produção dE SEmEnTES

De acordo com o governador do Amazonas, Omar Aziz,

hoje a produção é pouco mais de 10 mil toneladas por

ano, e só a Brasjuta vai necessitar de quase 6 mil tonela-

das por ano para que seja possível produzir em grande

escala. Atualmente a matéria-prima é importada, princi-

palmente do Estado do Pará, em razão do Amazonas não

suprir as necessidades.

“Estamos distribuindo as sementes, fi nanciando o

produtor e mesmo assim é preciso fazer mais. Há seis

meses determinei que a Secretária de Produção Rural

(Sepror) encontrasse um lugar no interior do Estado

para produzir semente de juta e de malva. Nós temos

condições e capacidade para produzir essas sementes”,

afi rmou Omar Aziz.

Uma área no município de Itacoatiara, distante mais de

200 Km de Manaus, está sendo estudada para que seja

possível produzir as sementes. O investimento no inte-

rior permitirá que o Amazonas se torne auto-sufi ciente

na produção de juta e malva. ■

» Com maquinários importados e em plena produção , a matéria prima também vai ser importada do Pará

» Governador Omar Aziz confere o estoque de fibras

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 29

30 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Maués

O quE mAuéS TEM dE mElhor

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro e Marcello de Paulo FoToS: JJ Soares

CONHECIDA COMO A TERRA DA LONGEVIDADE E DO GUARANÁ, O MUNICíPIO DE MAUéS TRABALHA NA REVITALIZAçãO DO SETOR PRIMÁRIO[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 31

O ribeirinho João Rocha se destaca pela vitalida-

de e longevidade. Com 102 anos trabalha no

roçado e toma o guaraná mais de uma vez ao

dia. Onde estaria a tão sonhada fonte da juventude?

João Rocha não pensa muito ao responder: “acho que

está na alimentação”. Trabalhando com o cultivo dos

400 pés de guaraná e algumas verduras e a tradicional

mandioca, mora no interior do município de Maués, loca-

lizado a 267 Km da capital Manaus. Casado com Zenaide

da Gama Gomes, 72 anos, tiveram 13 filhos, a família é

composta por 38 netos e 3 bisnetos.

Um estudo está sendo desenvolvido pelo médico e di-

retor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI)

da Universidade do Estado do Amazonas, Euler Ribeiro,

sobre as possíveis causas da longevidade na região, entre

as análises está a dieta natural dos ribeirinhos. Segundo

o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a

cidade possui 52.236 habitantes, e o índice de pessoas

acima de 80 anos na cidade é de 1% enquanto que a mé-

dia no Brasil é de 0,5%. Há muitos moradores com idades

entre 80 e 100 anos.

Personagens como o senhor Joao Rocha e sua família,

moram cercados por rios e lagos, muitas vezes de difícil

acesso. A prefeitura de Maués dividiu os moradores ribei-

rinhos em 12 polos, o que corresponde a 220 comunida-

des rurais, com o objetivo de mapear a área oferecendo

um melhor atendimento à população. No mês de novem-

bro a cadeia produtiva do município ganhou vários incen-

tivos como novas casas de farinha, ovinos Puro Sangue,

horta e casas novas. No total, o projeto de revitalização

da cadeia produtiva e desenvolvimento agropecuário ru-

ral beneficiou cerca de 3.000 famílias.

» Seu João Rocha com 102 anos e a esposa Zenaide Gomes

32 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Maués

O prefeito da cidade, Miguel Paiva (Belexo), destacou a

importância de projetos como esse que beneficia o ho-

mem do campo. “Estamos fazendo fomento, para que as

outras gerações também tenham oportunidade. Conse-

guir tudo isso não foi fácil, os projetos também ajudam

o homem do campo a desenvolver a economia local sem

ter que voltar para a cidade”, disse.

O presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural Sus-

tentável (Idam), Edimar Vizolli, disse que “em projetos

como esse que está sendo desenvolvido percebemos o

fortalecimento da agricultura familiar e dos outros seto-

res, com tecnologias novas que permitem o avanço com

qualidade de vida”, avaliou.

Uma agroindústria de beneficiamento do guaraná está

sendo construída no município, o valor inicial do inves-

timento é de R$ 700 mil. O objetivo é beneficiar a safra

de 2012-2013. De acordo com o secretário da Secreta-

ria de Produção e Abastecimento (Sepror), Luiz Antonio

Nascimento, a capacidade da agroindústria será de 500

toneladas ano, a safra esperada no próximo período é de

360 toneladas. Uma pesquisa desenvolvida vai melhorar

geneticamente o fruto, que já é considerado o melhor do

mundo no gênero orgânico.

» puro SAnguE

O rebanho de ovinos do município de Maués ganhou

mais um incentivo, foram entregues inicialmente, a 165

famílias, dez matrizes e um reprodutor de animais da

raça Santa Inês por família, em um total de 1.500 animais.

As famílias que obtiveram resultados positivos recebe-

ram nessa etapa animais Puro Sangue, com o objetivo

de melhorar o rebanho. Foram entregues mais 75 ovi-

nos das raças Dorper e Santa Inês, os quais podem estar

prontos para o abate com 18 meses, pesando aproxima-

damente 40 quilos.

Para o criador José Adalto Sá Pessoa, 36, que recebeu

mais 12 animais da raça Santa Inês, esta é uma boa opor-

tunidade de investir. “Estou recebendo essa ajuda e pre-

tendo aumentar o rebanho”, avaliou.

» proJETo CulTIVAr

O produtor de hortaliças poderá utilizar novas tecno-

logias melhorando assim a capacidade de produção.

O Projeto Cultivar beneficiou 88 famílias. Um incenti-

vo a mais foi a inauguração de 10 casas de vegetação,

cada uma custou em média R$ 8 mil .

Pimentão, tomate, pepino, repolho, alface, couve,

coentro, cebolinha e feijão de corda, ganham desta-

que. “As casas de vegetação ajudam nas condições do

clima. O produtor recebeu mudas, acessórios como

irrigador, e assistência técnica para desenvolver o

próprio negócio”, ressaltou o secretário Nascimento.

» Produtores receberam ovinos Puro Sangue para melhorar o rebanho

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 33

Atualmente, a cidade conta com um plantel de 3.600 cabe-

ças. O presidente da Associação de Criadores de Ovinos e

Caprinos do Estado do Amazonas (Acocam), Camilo Morato

Neto, ressaltou que os animais doados possuem qualidade

genética. “A meta é melhorar a qualidade aumentando o

rebanho e o ganho final do criador. Os animais foram esco-

lhidos por técnicos e doados às famílias”, afirmou.

Na entrega dos ovinos, o criador Demilço Valdemar Vivian,

mais conhecido por Alemão, criador respeitado da área,

enfatizou que esses animais são de fácil criação e rentá-

veis. As famílias que fazem parte do projeto receberam

orientação de como proceder.

» ABATEdouro dE AVES

Foi inaugurado o primeiro abatedouro de aves do mu-

nicípio, equipado com câmara frigorífica, sangria, depe-

nador, mesa de embalagem e outros, onde o produtor

vai poder ter o frango beneficiado, agregando valor ao

produto. A capacidade de abate é de 500 frangos por dia.

De acordo com o secretário Luiz Antonio Nascimento, o

abatedouro vai gerar 12 empregos diretos. Cerca de 120

famílias serão beneficiadas. “Foi investido aproximada-

mente R$ 170 mil no abatedouro. O objetivo é melhorar

a produção para aproveitar os frangos na merenda esco-

lar do município”, afirmou.

» CASAS dE FArInhA E BArrACão do guArAná

Localizada no polo VIII, a comunidade Nossa Senhora de

Lourdes, no rio Curuçá, recebeu o prefeito Belexo e sua co-

mitiva para a inauguração da casa de farinha e do barracão

do guaraná. Quem passou a madrugada construindo um for-

no foi a merendeira da escola local, Zilene Pinto de Macedo,

50 anos, junto com outra amiga, ela afirmou que fez ques-

tão de ajudar, pois o benefício vai ser de toda a comunidade.

O prefeito Miguel Paiva destacou o investimento que

vem sendo feito nos polos. “As casas de farinha que eram

de chapéu de palha e chão de terra, hoje são protegidas,

cobertas e bem equipadas. No total foram entregues

45 casas. As comunidades também receberam 10 barra-

cões de guaraná com nova tecnologia de preparo, mas

mantendo a tradição do forno de barro, o descascador, a

fermentação que se fazia no rio, agora tem um tanque o

qual permite mais qualidade e higiene”, afirmou.

Segundo Belexo, o tradicional forno de barro, onde é fei-

ta a farinha e a torra do guaraná está sendo recuperado.

“O outro forno contamina com ferro, interfere na colo-

ração e se gasta mais tempo. Com o modelo do forno de

barro o produtor ganha qualidade e uma hora a mais de

produção. Os fornos de barro obedecem à tradição dos

ribeirinhos”, disse.

Líder da comunidade desde 2008, Euclides Manoel Paes

de Negreiro, 49, que sempre morou no local e trabalha

com o cultivo de mandioca e guaraná, fez questão de

contar que a comunidade esperava por essa melhoria.

“Os moradores trabalharam juntos, a casa de farinha e o

barracão do guaraná vão ajudar a todos nós”.

» morAdIAS

No total foram entregues 240 novas casas, distribuídas

nos doze polos. Localizada no polo I, a comunidade Ebene-

zer está distante uma hora e quarenta minutos de Maués.

No local residem 9 famílias e todas foram contempladas.

A líder comunitária Maria Letícia Gomes Viana, 57, disse

que os moradores só têm a agradecer. Depois das casas

chegou também a luz elétrica do Programa Luz Para To-

dos, do governo Federal. “Estamos felizes com as casas, é

mais segurança para todos nós”, disse.

» As famílias das comunidades receberam casas e beneficios em várias comunidades rurais

» Inauguração do abatedouro de aves, com capacidade de abate de 500 frangos dia

34 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Maués

» gErAção dE EnErgIA A pArTIr do lIxo

O lixo pode ser aproveitado de várias maneiras, como para

a reciclagem e para a geração de energia. Os aterros sani-

tários que vira problema nas cidades têm suas vantagens

quando bem empregados, oferecendo, por exemplo, me-

nos riscos ao meio ambiente e à saúde humana.

Dois empresários americanos, que trabalham com a pro-

dução de biogás, visitaram o aterro de lixo da cidade, que

recebe diariamente cerca de 40 toneladas de lixo. O obje-

tivo, segundo o prefeito Miguel Paiva, é aproveitar o lixo,

como reciclagem do papelão, plástico e outros. Além do

aproveitamento de biofertilizantes e do biogás.

O químico e engenheiro florestal Jucilanir Vidal dos San-

tos, ressaltou a importância de tratar e aproveitar o lixo

que é produzido. “O lixo orgânico, através do seu proces-

so de fermentação e decomposição, produz o chorume

(gás metano próprio), que poderá ser usado para a pro-

dução de energia”, ressaltando que toda a população vai

ganhar com esse projeto.

» mEIo AmBIEnTE

A secretária executiva de desenvolvimento e meio am-

biente (Sedema), Shirlley Fernandes Antunes, falou da

conscientização. “Estamos desenvolvendo várias ativida-

des com as crianças, que acabam sendo multiplicadoras

para a comunidade, os resultados são positivos”, avaliou.

O trabalho conjunto entre a secretaria e a escola está

transformando o município. Um dos projetos consiste na

plantação de mudas em toda a orla de Maués, e em cam-

panhas no combate à poluição e à queimadas. Ao todo,

120 alunos estão participando ativamente. Cada ativida-

de vale pontos para a escola, que no final vai receber uma

premiação em dinheiro.

» Comitiva visita aterro sanitário visando implantar um projeto para transformar lixo em energia

» As crianças aprendem desde cedo como preservar o meio ambiente

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 35

» xxxII FESTA do guArAná

De pés descalços e com uma enorme euforia estampa-

da nos rostos bronzeados pelo sol mauesense, cerca de

80 mil pessoas desceram à praia Ponta da Maresia para

serem coadjuvantes de uma das festas mais importantes

e tradicionais do Estado: A XXXII Festa do Guaraná, du-

rante os dias 2, 3 e 4 de dezembro. Visitantes de todo o

mundo, que se encantaram com a beleza natural do lu-

gar e das musas concorrentes à Rainha do guaraná 2011,

acompanharam as lendas do guaraná e extravasaram a

energia com os grandes shows musicais, que fizeram a

areia da praia ferver.

Os destaques da festa, além do espetáculo proporciona-

do pelos três grupos artísticos que concorreram contan-

do, em forma de musical, a lenda do guaraná, ficou por

conta das atrações nacionais: A banda de forró Rabo de

Vaca, de rock Detonautas e a dupla sertaneja, César Me-

notti e Fabiano.

A Festa, que juntamente com o Festival folclórico de Pa-

rintins, encabeça o calendário anual de grandes eventos

do interior do Amazonas, evolui a cada ano, crescendo

em importância cultural, assim como em estrutura e for-

ça econômica, é o que afirma o prefeito de Maués, Bele-

xo. “Este teatro ao ar livre, que conta a história do povo

Saterê-Maué e de seu maior bem natural, o guaraná, pro-

move um avanço importantíssimo no contexto econômi-

co do nosso município. Ao todo, nós, juntamente com o

governo do Estado e Ambev, investimos na Festa mais de

R$ 1,7 milhão, que acaba gerando uma renda direta e in-

direta de cerca de R$ 5 milhões”, afirmou.

Para Belexo, o evento vem comemorar o grande patri-

mônio mauesense, o produto valorizado, o que reflete

diretamente na renda de milhares de produtores e suas

famílias, que compõem o município que mais produz

guaraná em todo o mundo. “Nós mauesenses, com muito

esforço e determinação, conseguimos, através do traba-

lho desenvolvido, aumentar o valor do quilo do guaraná

de R$ 7,80 para R$ 28,00. Estes avanços são grandes con-

quistas dos nossos produtores e do povo”, comemorou.

36 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Segundo a secretária municipal de governo, Andréa San-

tos, a Festa celebra anualmente estas conquistas. “É nes-

ta oportunidade que nós comemoramos os avanços do

produto e o sucesso dos produtores do guaraná, que é

o que dá sustentação à base econômica do nosso muni-

cípio”, enfatizou.

» produção ArTíSTICA-CulTurAl

A lendária estória do surgimento do fruto do guaraná,

através de intervenções do deus Tupã no cotidiano

Mawé; os rituais da tucandeira; relações entre o índio e a

floresta, vida e morte do curumim mais querido da tribo;

baseiam os roteiros das três manifestações artísticas que

foram apresentadas à população. Djalma Cardoso, diretor,

coreógrafo e pajé da “Porandi” Companhia de Dança,

explica a importância do trabalho feito pelos artistas.

“Nós, hoje alcançamos o objetivo, que era de desenvolver

um grande espetáculo para o público aqui na praia.

Foram dois meses de intensos ensaios, envolvendo cerca

de setenta pessoas entre dançarinos, artistas plásticos,

costureiras, cenógrafos. E o resultado é este espetáculo

maravilhoso”, comemorou Cardoso.

BElEzA AmAzonEnSE

A beleza mauesense foi exaltada pelas dez candidatas ao

concurso de Rainha do Guaraná, que representavam dez

localidades, entre bairros e comunidades. O anúncio da

escolha da Rainha 2011 foi feito no dia 2, após a apre-

sentação das candidatas em surpreendentes e criativos

trajes típicos amazônicos, e do esperado desfile em traje

de banho, arrancando suspiros do "mar de gente" que

preenchia a Ponta da Maresia. Suelem Lopes, de 20 anos,

representante do bairro Senador José Esteves, foi eleita,

iniciando imediatamente o seu reinado.

“A minha expectativa, na verdade, se baseou no incenti-

vo popular que ganhava a cada dia, nas ruas onde passei

e nas conversas que tive. É muito importante receber

esse carinho de pessoas que simpatizaram comigo, tor-

ceram por mim e hoje me vêem, pela primeira vez, como

a Rainha do Guaraná”, contou a rainha Suelem, emocio-

nada, lembrando que foi a última concorrente a se ins-

crever no concurso. ■

» A rainha Suelem Lopes da Fonseca (quinta da direita para a esquerda)

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 37

A pECuárIA SuSTEnTáVEl no AmAzonASEm 2011, o segmento pecuário amazonense iniciou um diálogo maduro e cons-

trutivo com os setores ambientais, em especial com a esfera estadual, através da

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável – SDS, tendo como pre-

missa fundamental a convicção de que é possível conciliar produção e respeito

ao meio ambiente, sempre tendo como norte a manutenção de dois valores de

mesma grandeza para a nossa sociedade, quais sejam, a preservação do meio

ambiente e a produção de alimentos. Com isso, estamos superando momentos

pouco inteligentes de antagonismo e falta de entendimento, para alcançarmos

um patamar de identificação de convergências positivas, para o bem de todos.

Nessa linha, é que a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-

nas – Faea, em nome da classe patronal agropecuária amazonense, assinou com

diversos órgãos federais e estaduais, em praça pública nos municípios do sul do

Estado, o Pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero, numa demonstração inconteste

de que o desmatamento já não é mais prioridade dos produtores rurais, que es-

tão convencidos da real possibilidade de se duplicar ou até triplicar nossa produ-

ção agrícola e nosso rebanho pecuário, sem promover novos desflorestamentos,

somente utilizando a recuperação das áreas degradadas ou em processo de de-

gradação e, principalmente, se valendo das tecnologias já existentes, desenvolvi-

das por instituições de pesquisa, como a competente Embrapa.

Além disso, nosso setor pecuário apoiou integralmente a implantação pelo

Governo do Estado do Cadastro Ambiental Rural – CAR, desde a fase de ela-

boração da Lei estadual até a fase ora em curso de adesão dos produtores,

momento em que estamos mobilizando a classe a formalizar o referido docu-

mento e alcançar a tão almejada regularização ambiental das 18.500 proprie-

dades pecuárias amazonenses, que representam o contingente significativo

de 60.000 pessoas que vivem dessa atividade.

Como parte desse esforço, a Faea, mais uma vez em nome da classe dos

criadores, firmou com a SDS no dia do fazendeiro (21/09), um Termo de

Cooperação Técnica para desenvolvimento nos próximos três anos de ações de

sustentabilidade na pecuária, objetivo já iniciado, com a realização em outubro,

do 1º Seminário de Pecuária Sustentável do Amazonas, evento promovido pelo

Sistema Faea/Senar, com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária

do Brasil – CNA, que reuniu no auditório da Assembleia Legislativa cerca de

quatrocentos pecuaristas e técnicos de vários municípios do Amazonas, para

conhecerem informações sobre a tecnologia integração lavoura-pecuária-

floresta, o programa de agricultura de baixo carbono – ABC, técnicas de

recuperação de pastagens etc, ocasião, inclusive, em que foi possível um

valioso intercâmbio de experiências com pecuaristas de outras regiões do país,

que já implantaram com sucesso modelos de produção sustentável.

Muni LourençoPresidente da Federação da

Agricultura e Pecuária do

Estado do Amazonas – Faea

Com isso, estamos a demonstrar com

ações concretas, que os pecuaristas

amazonenses estão conscientes de sua

nobre responsabilidade, de produzir

alimentos no “coração” da Amazônia,

sem promover degradação ambiental,

assimilando cada vez mais o sentido

de que desenvolver uma pecuária com

sustentabilidade representa também

uma oportunidade de ter mais rentabi-

lidade na atividade criatória.

38 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Cultivo

J osé Firmino prepara sua porção matinal de guara-

ná e passeia em sua bicicleta pela área de plantio

dos guaranazeiros na sede da Empresa Brasileira

de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na estrada AM-

010, em Manaus. Os olhos do veterano pesquisador con-

templam o que deve ser o início de uma nova realidade

na produção de guaraná em terras brasileiras. O surgi-

mento de quatro novas cultivares clonais de guaranazei-

ro, geneticamente melhoradas, deve aquecer a cadeia

produtiva local, por se tratar de espécies que possuem

o potencial produtivo cinco vezes maior, além suas pro-

priedades garantirem uma resistência estável às pragas e

sete vezes mais cafeína por hectare.

A notícia do ano para os produtores amazonenses surge

em meio a um mercado amplamente promissor, causan-

do uma expectativa de que, com todas estas vantagens,

incluindo a compatibilidade de plantio em qualquer

região do Estado, o Amazonas se iguale, nos

próximos cinco anos, à produção da Bahia, ou a supere,

tornando-se o maior produtor de guaraná do Brasil.

De acordo com André Luiz Atroch, pesquisador da Em-

brapa e coordenador do Programa de Melhoramento

Genético do Guaraná, “esta alta produtividade depende

do uso destas cultivares e da observação e cumprimen-

to do sistema de produção recomendado pela cartilha

desenvolvida pela Empresa”. Ditadas as regras, resta ao

sistema produtivo apostar nesta linha de produção, pra

ver os resultados prometidos.

Neste sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisas

Agrícolas (Embrapa – Amazônia Ocidental) promoveu o

Curso Manejo do Guaranazeiro, durante o lançamento

destas novas cultivares nos dias 26 e 27 de outubro, em

Maués, promovendo uma grande reunião de produtores

e a apresentação destas novidades tão esperadas nos

últimos meses. ■

NOVOS guArAnAzEIroS produzEm ATé CInCo VEzES mAIS

rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Michell Mello

MAIOR PRODUTIVIDADE, RESISTêNCIA àS DOENçAS E ALTO TEOR DE CAFEíNA NESTAS NOVAS ESPéCIES, PROMETEM LEVAR O AMAZONAS à PONTA DO RANKING NACIONAL[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 39

» mAIor rESITênCIA àS doEnçAS

Segundo José Clério, pesquisador da área de Fito-

patologia da Embrapa, “estas novas cultivares não

são imunes à Antraquinose, principal doença que

afeta os guaranazeiros no Amazonas. Entretan-

to, a sua resistência garante que apenas de 8% a

10% (o que não afeta uma produção satisfatória)

das copas sejam atacadas pelo fungo Colletotri-

chum Guaranicola, agente patogênico da doença,

enquanto que os guaranazeiros atuais sofrem um

ataque de até 89% de suas copas”, explica.

“O fungo ataca as folhas novas causando nelas

manchas necróticas reduzindo em até 70% a área

folhear ativa e se reproduz em regiões que pos-

suem temperaturas acima de 28 graus, agindo

durante o período chuvoso e quente, no Amazo-

nas, de janeiro a maio”, afirma o pesquisador, que

trabalha na pesquisa que tem completado trinta

anos de estudos.

» O guaraná modificado geneticamente garante o aumento da produção

40 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Prevenção

mulhErES do CAmpo SãO BENEFICIADAS COM ExAmES prEVEnTIVoS

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Divulgação

MULHERES QUE MORAM NO CAMPO FORAM BENEFICIADAS COM EXAMES PREVENTIVOS E SERVIçOS DE SALãO DE BELEZA, ALéM DE RECEBEREM PALESTRAS DE COMO SE PREVENIR DE DOENçAS COMO O CâNCER DO COLO DO úTERO[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 41

M ais de 500 mulheres de várias comunidades ru-

rais participaram do Programa Nacional Útero

é Vida. O evento aconteceu na Escola Munici-

pal Fernando Carvalho, localizada na comunidade Nossa Se-

nhora do Perpetuo Socorro do Laguinho, distante 30 km do

município de Parintins. Elas tiveram acesso ao teste rápido

de HIV, atendimento oftalmológico, cadastro social, pales-

tras, tratamento de estética, e no fim receberam um Kit de

Beleza. O exame preventivo foi realizado em 136 mulheres.

Realizado pelo Sistema Federação da Agricultura e Pe-

cuária do Estado do Amazonas (Faea) e Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (Senar), o Programa no Estado

do Amazonas está na segunda edição. De acordo com o

presidente da Faea, Muni Lourenço, “a mulher é o pilar

da família, e quando ela não está bem a família também

não fica. Com as atividades oferecidas elas se sentiram

melhor e poderão realizar exames preventivos, avaliar a

saúde com profissionais e aproveitar para participar de

algumas palestras”, afirmou.

Na primeira vez que foi realizado o programa nacional de

saúde para a mulher rural, foram atendidas cerca de 234

pessoas no município de Codajás. Segundo o superinten-

dente do Senar, Aécio Filho, esse é um dos programas vol-

tados para a mulher que vive no campo e que muitas vezes

fica esquecida. Assim como cursos que ajudam a qualificar

essas trabalhadoras, o programa “Útero é Vida”, cuida da

saúde de pessoas tão importantes para o setor.

» A prEVEnção é o mElhor rEmédIo

O câncer do colo do útero e o câncer de mama são os

tipos com maior incidência entre mulheres na cidade de

Manaus. Na Fundação Centro de Controle de Oncologia

do Estado do Amazonas (FCecon), a estatística aponta

1.426 neoplasias malignas diagnosticadas em 2009 e

1.172 em 2010, apresentando uma redução de 17,8%

entre um ano e outro. O Setor de Estatística mostra que,

no caso do câncer de mama, foram registrados 324 no-

vos diagnósticos em 2009 contra 248 no ano passado. A

redução foi de 23,5%. Já o câncer de colo uterino passou

de 218 casos em 2009 para 205, redução de 6%.

Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 149 no-

vos casos de câncer de mama e 204 de útero. De acordo

com a presidente da coordenação médica do Instituto da

Mulher e chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa da

Fundação Cecon, Grasiela Leite, na maioria das vezes as

mulheres procuram ajuda quando a doença está avança-

da, muitas vezes devido a logística que o Estado oferece

ou mesmo pela falta de visita aos médicos. “Isso acontece

porque na maioria das vezes elas não se previnem sexu-

almente e não realizam exames no médico para saber se

existe algo errado, ou quando fazem, não buscam o exa-

me e deixam de mostrar”, avalia a ginecologista.

» Coordenadores da ação de campo orientam as agricultoras

» Antes de realizar os exames as mulheres passaram por uma triagem

42 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Prevenção

Ainda de acordo com a médica, a melhor forma de evitar

a doença é prevenção. “A infecção pelo papilomavírus hu-

mano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento

do câncer do colo do útero. O vírus está presente em cerca

de 99% dos casos. A prevenção pode ser feita usando-se

preservativos (camisinha) durante a relação sexual e rea-

lizando exames preventivos como o Papanicolau”, avalia

que um dos principais fatores de risco estão relacionados

ao início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros.

De acordo com estimativa do Inca, feita a cada dois anos,

em 2011, 4.780 novos casos de câncer de tipos variados

serão diagnosticados no Amazonas, exceto de pele. Des-

ses, 54,2% atingirão as mulheres. No caso específico do

câncer de mama, o órgão aponta 310 novos casos (12%

do total entre o sexo feminino). Em todo o país o dado é

ainda mais alarmante: 49.240 novos casos da doença. Já

o câncer de útero deve acometer 560 mulheres no Esta-

do e 18.430 no Brasil. ■

» ouTuBro roSA

O evento, Outubro Rosa, buscou por meio da ilu-

minação de prédio públicos com a cor rosa, sím-

bolo da luta contra o câncer de mama, conscienti-

zar a população feminina sobre a importância da

prevenção.

A iniciativa ocorreu simultaneamente em várias

cidades brasileiras e em outros países, mobilizou

gestores em 14 municípios do Estado (Manaus,

Parintins, Coari, Borba, São Gabriel da Cachoeira,

Maués, Manacapuru, Apuí, Nova Olinda do Norte,

Autazes, Itacoatiara, Japurá, Tefé e Tabatinga).

» A equipe do programa Útero é Vida comemora o sucesso

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 43

ForTAlECEr o SuS pArA ATEndEr A SAÚdE InTEgrAl dA mulhErO Governo Federal precisa acentuar as ações positivas e de grande enverga-

dura que estão em curso no país, principalmente na área social. As metas são

audaciosas, como a retirada de 16 milhões de pessoas da extrema pobreza

até 2014. Entre outros programas em andamento, destaco a política de assis-

tência integral à saúde da mulher.

Atualmente R$ 4,5 bilhões estão sendo investidos em prevenção, diagnóstico

e tratamento do câncer de mama e de colo do útero. Ampliou-se a faixa etária

das beneficiadas para 64 anos, antes era dos 25 aos 59 anos. Para padronizar

o diagnóstico, centenas de ginecologistas estão sendo capacitados. Ao todo,

14 Estados começaram a construir os centros regionais de qualificação dos

profissionais.

Os dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) justificam os investimentos.

No Brasil morrem todos os anos, por causa do câncer de colo de útero, quase

cinco mil pessoas e o risco estimado é de 18 casos a cada 100 mil. O câncer de

mama é o que mais causa mortes entre as mulheres brasileiras.

O governo também investe R$ 9,4 bilhões no Programa Rede Cegonha, que

pretende garantir pelo SUS (Sistema Único de Saúde) atendimento adequado

às mulheres desde a confirmação da gravidez, envolvendo o pré-natal e par-

to, até os dois primeiros anos de vida dos bebês.

A orientação é que os programas tenham maior foco na Amazônia, Nordeste

e nas regiões metropolitanas onde os problemas são mais crônicos, com alto

índice de mortalidade materna e infantil.

Com o Rede Cegonha, espera-se mudanças quantitativas e qualitativas na

rede pública, especialmente na garantia do atendimento especializado, aces-

so às consultas e diagnósticos. Trata-se de um programa amplo que engloba

inclusive o transporte às gestantes.

É importante que o ministro Alexandre Padilha (Saúde) inclua nele a assis-

tência farmacêutica plena, garantido às gestantes acesso gratuito aos nutra-

cêuticos e complementos vitamínicos, produtos que estão fora da cesta de

medicamentos.

Há anos lutamos por uma política integral de assistência à saúde da mulher

mais efetiva. No legislativo, são muitos os projetos de lei que tratam sobre

o assunto, especialmente na fase reprodutiva, pois além da dificuldade do

acesso aos exames de diagnóstico, maior ainda são os obstáculos para quem

procura tratamento na rede pública.

Vanessa GrazziotinSenadora (PCdoB -AM)

O objetivo é fornecer um atendimen-

to de qualidade às brasileiras no SUS,

sistema que precisa ser fortalecido,

sobretudo com aplicação de recursos.

Afinal de contas só 3,5% do PIB são

destinados à rede pública de saúde.

Nesse sentido, é preciso votar o Projeto

de Lei Complementar 306/2008, que

regulamenta a Emenda 29, pela qual

são fixados os percentuais mínimos de

investimentos na área de saúde.

Por isso é fundamental o entendimen-

to entre Governo e Congresso visando

à construção de uma pauta única que

nos permita avançar em questões fun-

damentais nas áreas de saúde, educa-

ção e infraestrutura.

44 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

))) Abacaxi

noVo rEmAnSo COMEMORA A MAIOR produção dE ABACAxI DO ESTAdo do AmAzonAS

rEporTAgEm: Jaíze Alencar FoToS: Jaíze Alencar e Michele Duarte

COM PRODUçãO DE 43 MILHõES DE FRUTOS EM 2011 E AUMENTO DA PRODUTIVIDADE EM 30% AO ANO, A COMUNIDADE REALIZOU O SEXTO FESTIVAL DO ABACAXI DURANTE OS DIAS 14 E 15 DE OUTUBRO[ ]

V inte mil pessoas participaram do sexto Festival do

Abacaxi. Nesta edição foi comemorado o aumen-

to de 30% da produção. A comunidade de Novo

Remanso, no município de Itacoatiara, esteve mobilizada

durante dois dias. A organização geral do evento foi da As-

sociação de Desenvolvimento Econômico de Novo Reman-

so, a programação contou com cursos, palestras e a escolha

da rainha, os produtores que se destacaram no ano foram

premiados, a banda Calypso foi a grande atração artística.

A cultura do abacaxi tem colocado a vila de Novo Re-

manso como a maior produtora do estado do Amazonas,

atraindo novos adeptos. “Nós temos um convênio com

o MDA – Ministério da Agricultura, com duração de um

ano, nele nós realizamos 4 intercâmbios, 30 reuniões,

600 visitas, e resolvemos realizar um curso intensivo nes-

sa comunidade, que é referência na produção de abacaxi,

pois queremos implantar essa cultura em nosso municí-

pio”, afi rmou o Gerente do Idam Maués, Ademir Viana,

que levou 15 produtores para participar das atividades.

Maria Cezina, 55, produtora rural de Maués, participou

da excursão nas plantações de abacaxi, pretendendo ini-

ciar o cultivo em seu terreno. “É uma cultura muito inte-

ressante e rápida, e eu acredito que dê certo em Maués”,

disse ela após chegar da visita às plantações.

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 45

Giovane Soares, presidente da Associação do Desen-

volvimento Econômico de Novo Remanso - Idem, fez

uma análise do evento. “A abertura da primeira noite

foi um espetáculo muito bonito, com queima de fogos,

nós conseguimos trazer uma banda nacional de suces-

so, para comemorar essa terra e esse solo que é tão

fértil”, declarou.

A Prefeitura de Itacoatiara, a Secretaria de Infra Estru-

tura, a Secretaria de Cultura do município disponibiiza-

ram ao todo R$ 270 mil , para investir na contratação

de bandas, sonorização, iluminação e ornamentação da

área da festa.

Na primeira noite de evento, segundo o prefeito de

Itacoatiara Antônio Peixoto, todos estavam celebran-

do aproximadamente 43 milhões de unidades do fruto.

Além da reativação da Secretaria de Produção que havia

sido extinta há oito anos, “Elegemos uma equipe de téc-

nicos competentes da área agropecuária, da área da pis-

cicultura, da área veterinária e fizemos um dos maiores

investimentos do setor primário”, afirmou.

» CulTurA do ABACAxI

Os abacaxizeiros se desenvolvem melhor em solos areno-

argilosos, bem drenados e profundos. Durante o plantio

é necessário fazer uma boa escolha das mudas, selecio-

nando aquelas que não apresentem nenhum tipo de do-

ença. Elas são plantadas em fileiras duplas, com espaça-

mento de 40 cm entre as plantas.

De acordo com a gerente do Instituto de Desenvolvimen-

to Rural Sustentável (Idam), Michele Duarte, é possível

ter abacaxi o ano inteiro, isso ocorre devido ao desenvol-

vimento de uma técnica chamada Indução Floral, que usa

uma substância indutora, o carboreto de cálcio, no "olho

da planta" quando esta possui de dez a doze meses de

idade, fazendo aparecer a roseta foliar ou "cabeça do fru-

to" de 30 a 40 dias após a aplicação. “Nós não temos en-

tressafra, porque utilizamos a técnica de Indução Floral,

que diminuiram os custos, a mão de obra, e uniformiza a

produção, então o produtor está plantando com a certe-

za de que vai colher tudo o que plantou, é investimento e

retorno certo”, afirmou Michele Duarte.

Cinco meses após a Indução o fruto pode ser colhido,

dependendo da coloração e maturação, normalmen-

te varia entre o verde, meio amarelado e o amarelo,

o que vai definir essa extração é a distância do campo

até o mercado. Os meses de setembro, outubro e no-

vembro são considerados para os produtores como o

"pique da safra".

» sgsdgsdg sdfg sdfg sfg sddddASDD sdfgsd dg

» sgsdgsdg sdfg sdfg sfg sddddASDD sdfgsd dg

» Produtores comemoram a safra deste ano

46 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» dESFIlE dAS CAndIdATAS rAInhAS

Durante o Festival é realizado o desfile das candidatas

a Rainha. É realizada uma seleção prévia dentro das co-

munidades vizinhas que escolhem suas representantes.

A ganhadora do concurso foi a representante da Co-

munidade do São José do Amatari, Maria Isabel, 17

anos, que participou pela primeira vez. A Rainha possui

altura 1,61 e pesa 55 Kg. “Senhor dai longa vida aos

meus inimigos, para que de pé possam aplaudir a mi-

nha vitória”, disse.

))) Abacaxi

» dElíCIAS

Durante todo o Festival os visitantes puderam apreciar as

delícias produzidas no curso de culinária do abacaxi, desen-

volvido pela equipe técnica do Idam/ Sepror para 16 mulhe-

res da comunidade que estiveram durante três dias apren-

dendo a fazer variedades de guloseimas a partir do rei das

frutas: geleia, pudim, bolo, torta, trufa, din-din, sorvete,

suco, sanduiche, biscoito, creme, bala cristalizada, brigadei-

ro e licor. Ainda tem os complementos que é a pimenta, o

peixe, o arroz, a farofa e carne com o abacaxi. Além de aba-

caxi assado com canela e o típico abacaxi gelado.

A cabeleireira Maria Antônia, 52, mora ha três anos em

Novo Remanso, e decidiu fazer o curso, ela afirma que

agora sabe preparar a comida com abacaxi e com sabor,

ela revela um segredo “muitas pessoas fazem sucos e

comidas com abacaxi e não fica com sabor agradável, o

segredo é dar um 'susto' no abacaxi, cozinhando ele até

começar a sair uma água que é a acidez”, revelou.

No próximo Festival, dona Maria vai montar uma barra-

quinha só com as comidas que aprendeu a fazer. Esse ano

os quitutes ainda competiram com as bijuterias artesa-

nais que ela confecciona.

» InVESTImEnTo EConômICo

De acordo com o gerente geral do Banco da Amazônia,

Rezende Júnior, os investimentos realizados no ano de

2011 foram cerca 700 mil contratos formalizados pela

prefeitura e pelo governo. E em 2010 mais de 15 milhões

foram liberados para o projeto da Agricultura Familiar.

Foi realizado um empréstimo de R$ 9 milhões de reais

pelo Basa de Manaus e o município de Itacoatiara, R$ 15

milhões para a agricultura familiar. Para o próximo ano a

safra já está garantida, porque o Banco já disponibilizou

R$ 2 milhões durante a Festa.

Para o Secretário de Cultura do município Kêdinho Pan-

toja, a comunidade do Novo Remanso é uma das maiores

produtoras do fruto, o que representa para o município

de Itacoatiara um aquecimento econômico. “O Basa é o

principal financiador, juntamente com a prefeitura de

Itacoatiara que fizeram uma parceria para que essa pro-

dução seja mais elevada desenvolvendo a região, temos

que pensar na zona rural, na sustentabilidade, na econo-

mia não só do município, mas de todo o Estado”, afirmou.

» As vencedoras do desfile que movimentou a comunidade

» Vários tipos de guloseimas foram comercializadas

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 47

O presidente do Idam, Edimar Vizolli, ao falar da impor-

tância da Festa afirmou: “esse Festival é a representação

do trabalho do cultivo do abacaxi, do setor primário. Ele

tem crescido e inovado modalidades, vale a pena res-

saltar que 100% da produção é absorvida no mercado

local em Manaus”. Outro fator importante, destacado

por Vizzolli foi o controle de defensivos orgânicos, de-

senvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-

cuária (Embrapa), que melhoram a qualidade do fruto,

a conscientização do cultivador para não perder o fruto

e a qualidade.

» ASCopE umA IdEIA quE dEu CErTo

A Associação Ascope, criada em 1993 com slogan “Uma

ideia que deu certo”, e teve como primeiro presidente

Alcíades Holanda. Em 1997 ela passou a ser Cooperativa,

contando com 20 cooperados. Atualmente o presidente

da cooperativa é o produtor Edsomar Mendonça que atua

com Gilberto Oliveira, tesoureiro, Raimundo Nonato, se-

cretário, Fabrício Pessoa 1º Suplente, e Raimundo Nonato

Ferreira, 2º Suplente e cerca de 42 cooperados.

Edsomar Soares de Mendonça, 43, casado com Nazira

da Silva é o quarto filho de José Pereira, um dos homens

que incentivou a formação do perfil de liderança em Ed-

somar. Aos 10 anos de idade começou a trabalhar no ro-

çado e de lá não parou mais. Quando o pai viajava para

realizar os cursos de formação da Igreja Católica sempre

assumia a responsabilidade de chefe da casa. Iniciou a

primeira plantação de abacaxi com 16 mil frutos e o es-

coamento do produto era realizado por canoas, que le-

vavam pelos igarapés até os rios onde os barcos ficavam

esperando. ■

» mAIor produTor dE ABACAxI dA VIlA dE noVo rEmAnSo

Adalberto Pessoa, 51, é um dos cultivadores que

mais produz abacaxi por ano em Novo Remanso.

Em 2011 plantou cerca de 600 mil frutos, ele traba-

lha com seis tratores que são utilizados para fazer

a borrifação de inseticidas e a colheita. Ele conta

que essa paixão pela plantação passou de pai para

filho, o pai Antônio Pessoa trabalhava no cultivo

desde 1972. “Na época não tinha motosserra, nem

muitas tecnologias, a gente tinha que fazer tudo

manualmente, a gente plantava 12 mil frutos por

hectare, hoje em dia são 30 mil, antes não tinha

adubação e nem tinha praga e a gente vendia para

o barco regatão ou barco recreio”, lembra.

Atualmente a produção do senhor Adalberto, conta

com o apoio dos filhos Renato e André Pessoa.

» O show da banda Calypso mais esperado pela comunidade emocionou o público presente

48 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

FIAM

RODADA DE NEGóCIOS, SEMINÁRIOS E EXPOSIçõES ATRAíRAM O PúBLICO E EMPRESAS REGIONAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS[ ]

rEporTAgEm E FoToS: Diárcara Ribeiro, Jaize Alencar, Laila Pereira, Lemmos Ribeiro, Marcello de Paulo e Kenia Leal

VI FEIrA InTErnACIonAl DA AmAzônIA ATRAI InVESTIdorES gloBAIS

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 49

G eração de conhecimento sobre a região amazô-

nica e dos países vizinhos, investimentos, rodada

de negócios e seminários, fizeram da VI Feira In-

ternacional da Amazônia – FIAM 2011, com o tema "Ama-

zônia e Você – o encontro é aqui", o maior evento multis-

setorial da região Norte.

A feira ocorreu entre os dias 26 a 29 de outubro no Studio

5 Centro de Convenções. Contou com 400 expositores e

208 estandes, em 2 pavilhões e um espaço de 10 mil metros

quadrados. A primeira edição ocorreu em 2002, nessas cinco

últimas edições foram mais de US$ 33,8 milhões de negócios

realizados. A média de visitantes foi de 100 mil por evento.

Quem participou da rodada de negócios que ocorreu

em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresas (Sebrae), obteve beneficios, o re-

sultado atingido foi de US$ 13.119 milhões em negócios

acertados para curto e médio prazos. O superintenden-

te em exercício da Superintendência da Zona Franca de

Manaus (Suframa), Oldemar Ianck, disse que resultado

comprova o sucesso. “A cada edição, superamos as ex-

pectativas com recordes em resultados, não apenas em

negócios, mas também em número de expositores e de

público”, destacou.

» polo InduSTrIAl dE mAnAuS

As empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) levaram,

para a sexta edição da Fiam, produtos que estão sendo

fabricados com a mais alta tecnologia. Comitivas de mais

de 10 países participaram das rodadas de negócios.

50 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

FIAM

O faturamento do PIM, de janeiro a agosto deste ano,

atingiu a marca de US$ 26.8 bilhões, um crescimento de

23% em relação ao mesmo período de 2010. Esse índice

é o novo recorde na história dos indicadores de desem-

penho da Zona Franca de Manaus.

O Polo Eletroeletrônico continua sendo o setor com melhor

desempenho, responsável pelo faturamento de US$ 8,75

bilhões, o representa 32,67% do total. Os televisores LCD

estão entre os destaques de produção e vendas.

No estande da LG Electronics Brasil o destaque foi para a

linha de áudio e vídeo, mas o que chamou a atenção do

público que visitou a feira foi a TV 3D. Para visualizar o

efeito em três dimensões é necessário utilizar os óculos

especiais que acompanham o equipamento, sem os

óculos a imagem será a tradicional. O modelo permite,

também, converter conteúdos de vídeo em qualidade

comum também para 3D.

Já a Samsung apresentou as TVs Smart, também conheci-

das, como TVs Inteligentes. A fabricante sul coreana inves-

tiu nesse novo conceito de televisão que permite ter, além

dos habituais canais, também internet. A pessoa poderá,

enquanto assiste televisão, também, navegar pela internet.

Quanto à produção de tablets no PIM, foram aprovados

os projetos no Conselho de Administração da Suframa

» Filmes em 3D foram oferecidos aos participantes

» Alarico Cidade e Osmar Andrande participaram da Fiam expondo a borracha

» O faturamento do PIM atingiu a marca de uS$ 26.8 bilhões em 2011

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 51

(CAS), e estão autorizadas Digibras, Greenworld, Compa-

nhia Brasileira de Tecnologia Digital, a Positivo Informá-

tica e a Samsung.

Com integração de outros municípios à Manaus e mudan-

ça na região metropolitana, o superintendente em exer-

cício da Suframa, Oldemar Ianck, declarou que o modelo

Zona Franca de Manaus já não existe mais e que agora

precisa ser construído um novo conceito. Para ele esse

termo já não retrata a extensão e a expectativa de cresci-

mento para o Polo Industrial.

» árEA InTErnACIonAl dESTACA poTEnCIAl dE noVE pAíSES

Nove países coloriram com suas bandeiras a Área Interna-

cional. Nesta “vitrine mundial”, oito países sul-americanos,

juntamente com a Áustria, expuseram o melhor de suas

potencialidades turísticas, econômicas e sócio-culturais.

promovendo esta divulgação através de vídeos institucio-

nais, folders, baners, destacando a culinária, artesanato e

vestuário, como foi o caso do estande do Peru.

“Eu sempre me interessei muito pelo artesanato e rou-

pas peruanas, são criativos, bem trabalhados e de um

colorido de encher os olhos, hoje estou levando uma bol-

sa pra mim e um colar lindo para minha filha”, contou a

empresária Rita Souza, deslumbrada com a diversidade

de joias e roupas expostas no estande mais visitado do

setor. “Se eu pudesse levava tudo pra casa, mas não vão

faltar oportunidades”, ressalta Rita, que pretende visitar

o país em suas próximas férias.

» A Samsung apresentou as TVs que possibilita o acesso a internet

» Área internacional foi composta por nove stands, que ofereceram ao público o que o país tem de melhor

52 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

FIAM

Assim como Rita, os outros visitantes do estande tiveram

o desejo de visitar o país banhado pelo oceano Pacífico,

fortalecido, devido a gama de informações, mapas e des-

tinos turísticos expostos, como manifestações culturais,

de saúde e misticismo, programas de esporte e aventura,

além dos sítios arqueológicos, como a cidade de Machu

Picchu, símbolo máximo do império Inca, estabelecido em

meados do século XV.

» produTorES AmAzonEnSES ExpõEm orgânICoS

Formada por um material misto, composto de algodão

cru, juta e garrafas pet, a sacola ecológica da Arte Nativa

da Amazônia foi um dos destaques do setor de produtos

orgânicos. Produtores amazonenses de guaraná, mel, cos-

méticos, licores, biscoitos, entre outros, que com iniciativa

e um forte apoio da Agência de Desenvolvimento Susten-

tável do Amazonas (ADS), desenvolvem produtos inovado-

res, de forte apelo ambiental e com propriedades livres de

quaisquer substâncias que prejudiquem à saúde humana.

» A Covema levou para feira produtos como a castanha embalada a vácuo

» Os doces com frutas da região ganham um toque especial com embalagens feitas por artesãos locais

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 53

É o caso das castanhas embaladas a vácuo, expostas pela

Cooperativa Verde de Manicoré (Covema), que desde

2006 comercializa o produto para a capital amazonense e

outros Estados, como o vizinho Pará. “Nossos castanhei-

ros, que somam em torno de 800, trabalham numa área

que abrange os municípios de Manicoré e Novo Aripuanã,

somando uma média de 300 toneladas de castanha ao

ano”, afirma Clodoaldo Lima, representante da Covema

na Fiam 2011.

Outra prova de que o cooperativismo tem fortalecido os

produtores do setor primário no Amazonas é o estande

de produtos à base de Noni, árvore que produz um fruto

com fortes propriedades medicinais e terapêuticas. É o

que avalia Christopher Hans, diretor presidente da Coo-

perativa Mista do Médio Amazonas, com sede no municí-

pio de Caapiranga.

“Os licores, polpas e outros produtos provenientes do

Noni têm sido exportados por nossa cooperativa para

São Paulo e Rio de Janeiro, embora em pequena escala e

sob encomenda de pessoas que nos visitaram, provaram

e sentiram no seu dia a dia os benefícios medicinais que

estes produtos lhe trouxeram”, afirma Hans, exibindo o

licor concentrado de Noni.

» ArTESAnATo gAnhA dESTAquE

Um dos destaques foi o espaço destinado ao artesanato

regional. Quem visitou a tenda localizada na área exter-

na, teve oportunidade de conhecer de perto lançamen-

tos em produtos artesanais produzidos por artesãos da

área de abrangência da Zona Franca de Manaus – ZFM,

que inclui os Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondô-

nia e Roraima.

Empreendedores de várias regiões representados por

sindicados de artesanato, associações e grupos individu-

ais, colocaram em evidência suas peças confeccionadas

» um grande espaço foi destinado para o artesanato

54 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

FIAM

Cada vez mais o mundo se preocupa com o meio am-

biente, todas as empresas estão investindo alto em

projetos de preservação e reciclagem. Durante a Feira,

foi possível encontrar um desses exemplos de inves-

timento em reciclagem. A Coca-cola trouxe um stand

com muitos modelos de reutilização de latinhas e um

artista cheio de humor, o que atraiu a atenção dos vi-

sitantes.

A cada dez latinhas que são descartadas no meio ambien-

te, pelo menos nove são recicladas, por se tratar de um

material que pode ser transformado várias vezes sem

perder sua característica

O artista plástico conhecido como Sérgio Luiz, trabalha

há 18 anos com reciclagem de latinhas, aprendeu sozi-

nho a fazer os objetos são carrinhos, motos, cavalos, ba-

terias, boi garantido e caprichoso, bonecas, e uma varie-

dade de modelos.

Há pelo menos 8 anos trabalha viajando pelo Brasil, reali-

zando palestras em comunidades e associações ensinando

o que melhor sabe fazer. “Eu ensino as pessoas a ganhar

dinheiro com o que o pessoal considera lixo”, afirmou.

Atualmente um catador vende 1 kg de latinha, o equiva-

lente a 70 latas, por 2 reais, e com a mesma quantidade,

é possível ganhar até 200 reais, é o valor agregado acima

de tudo, as pessoas vivem de dinheiro, afirma Serginho.

Para confecção dos objetos não é necessário fazer ne-

nhum tipo de tratamento especial nas latas, é preciso

apenas alguns materiais como tesoura, cola e material

para fazer o acabamento como: emborrachado, fitas, bri-

lho, lantejoula e muita criatividade.

» rECIClAgEm dE lATInhAS ATrAI A ATEnção do pÚBlICo

com os mais diversos materiais de natureza orgânica, de-

sign amazônico com qualidade e elegância.

O estande do Projeto Artesanato Sustentável do Amazo-

nas que trabalha com artesãos de: Presidente Figueiredo,

Barreirinha, Tefé, Acajatuba, Novo Airão, Parintins, atra-

vés de iniciativas da Amazonastur e Governo do Estado,

já divulgaram os seus produtos em outras feiras no Brasil

e no exterior. Rosineide Santos da Silva, 48 que trabalha

no projeto há cinco anos disse ''por meio do artesanato

conheceu vários estados e países, nossos produtos são

bem aceitos lá fora”, afirma.

O Estado de Roraima participa todos os anos da Fiam, seus

produtos são feitos a partir de sementes de jarina, tu cumã,

buriti, paxiúba, jupati, fio de tucum, juta e tururi que des-

pertaram interesse dos visitantes. Ana Lúcia Silva, 50, que

é do estado do Rio Grande Sul, ficou impressionada com

a qualidade dos produtos em exposição. ‘‘Aqui na feira, já

comprei as lembranças de todos os meus familiares’’, diz.

Todos os produtos expostos são sustentáveis, onde se tra-

balha o manejo florestal da matéria prima que garante a

» Desing Jab Pasollini durante oficina

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 55

perenidade dos recursos naturais. O artesanato regional

divulga a beleza da cultura e proporciona oportunidades de

emprego e renda a artesão de várias regiões.

» oFICInAS no ESTAndE do SEBrAE

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas

Empresas (Sebrae), trouxe pela primeira vez à Fiam,

amostras e oficinas de arranjos regionais, reciclagem

e confecção de fantoches, cachepot de fibras de

bananeira e buriti, para os visitantes. O objetivo é

ensinar as pessoas a produzirem e aproveitarem a

época do natal para aumentar a renda da família e

conquistar sua independência financeira, utilizando

matéria-prima da região.

O desing Jab Pasollini esteve realizando a ofi cina de ar-

ranjo fl oral para mesas. Estiveram presentes participantes

do município de Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo,

que trabalham com esse tipo de cultura. Para ele é impor-

tante mostrar as variedades de fl ores que o Amazonas

tem, a fi bra da bananeira é uma novidade nós transforma-

mos o tronco dela em arte, afi rmou Jab.

A tesoureira da Cooperativa Florat Carpam, Maria Rodri-

gues, 48, que vive no município de Presidente Figueiredo

e esteve assistindo as ofi cinas, disse que tem uma plan-

tação de fl ores ornamentais e resolveu participar para

aprender um pouco mais. “Tenho uma plantação de dois

hectares, lá eu tenho cerca de 12 espécies, acho interes-

sante saber como aproveitá-las”, afi rmou.

» prEVISão do TEmpo

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) trouxe para

a feira explicações sobre novas estações e as previsões para

Manaus até janeiro de 2012. Segundo a chefe e Meteorolo-

gista do INMET, Lúcia E. M. Gularte da Silva, “O Instituto tem

um papel importantíssimo na Amazônia e com isto estamos

ampliando as estações de monitoramento na região”.

O Instituto trabalha em companhia do CPTEC/INPE e ou-

tros centros regionais de meteorologia de todos os es-

tados do Brasil . Ela informa que Manaus até janeiro de

2012 terá chuvas acima da média. ■

56 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 57

58 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Promove

O CURSO FOI REALIZADO NOS MUNICíPIOS CONTEMPLADOSCOM O PROGRAMA DE REGIONALIZAçãO DO MOBILIÁRIO ESCOLAR,O OBJETIVO é PADRONIZAR E MELHORAR A QUALIDADE [ ]

T rabalhar com mobiliário não é tarefa fácil, se-

gundo o moveleiro Herbelly Mateus Martins, 27,

que desde 2005 está no setor. Começou como

ajudante e atualmente constroi de tudo um pouco. Pen-

sando nas exigências do mercado tem a certeza que a

qualificação profissional é essencial. Assim como ele, ou-

tros moveleiros que fornecem carteiras, mesas e kits es-

colares para o Programa de Regionalização do Mobiliário

Escolar (Promove), vão receber um curso como objetivo

de padronizar e melhorar a qualidade dos bens aumen-

tando sua vida útil.

“É uma grande oportunidade fazer este curso. O que

sabemos, foi repassado por outros profissionais e no dia-

a-dia. Este curso vai me oferecer conhecimento técnico

e o certificado vai fazer toda a diferença na hora de

arrumar um emprego”, avalia Herbelly Martins.

Através da Agência de Desenvolvimento Sustentável

do Amazonas (ADS), em parceria com o Centro de Edu-

cação Tecnológica do Amazonas (Cetam), Secretaria

de Estado de Educação (Seduc) e do Trabalho (Setrab),

deram início ao Programa de Qualificação dos Produ-

tores de Mobiliário Escolar, o qual vai ser oferecido a

rEporTAgEm E FoToS: Diárcara Ribeiro

móVEIS COM QUALIDADE PARA AS ESColAS pÚBlICAS DO ESTADO

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 59

15 municípios, contemplando 18 organizações de mo-

veleiros.

De acordo com dados da ADS, o Promove atende 2.500

produtores, entre produtores rurais, associações, coo-

perativas e agroindústrias. Em quase sete anos de pro-

grama, o governo do Estado já repassou cerca de de R$

22 milhões na compra de mobília escolar diretamente ao

setor moveleiro.

Para o Diretor de Negócios Florestais da ADS, Fernando

Guimarães, o Promove atende apenas 11% da demanda

da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), num uni-

verso de milhares de alunos, e que o curso vai aumentar

no qualitativo e no quantitativo. “A maior finalidade é

que possamos ampliar a solicitação de carteiras pela Se-

duc e qualificar os moveleiros e associações para que eles

possam também além de produzir esses mobiliários que

» Diretor de Negócios Florestais da ADS Fernando Guimarães

» Moveleiros receberam instrução para melhorar os acabamento dos movéis escolares

60 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Promove

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) comprou

este ano 60.000 mil carteiras, 1.000 Kit professor (car-

teira e mesa) e 6.000 kit aluno. O Gerente de Opera-

ções da Seduc, Luís Fonseca, disse que a proposta do

governo é regionalizar ao máximo os móveis escolares,

como por exemplo, a aquisição de quadro branco e ar-

mários, o que já está sendo pensado. “A partir da im-

plementação do Promove ouve um avanço de fomen-

to na economia dos polos moveleiros. A Seduc avança

também na logística por conta dos polos no interior,

gerando menos gastos e mais efi ciência. O curso de

qualifi cação vem somar ”, avalia.

O curso vai ser ministrado pelo Cetam com aulas teó-

ricas e práticas, com duração de uma semana. Os mu-

nicípios que estão sendo contemplados são: Parintins,

Manacapuru, Itacoatiara, Carauari, Ei-

runepé, Manicoré, Apuí, Humaitá, Lá-

brea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba,

Rio Preto da Eva, Envira e Manaus.

Manacapuru, Itacoatiara, Carauari, Ei-

brea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba,

o Estado precisa, produzir também móveis para tercei-

ros, e outros municípios”, observa.

» IlhA TupInAmBArAnA

No município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus),

uma solenidade abriu ofi cialmente o Programa no auditório

do Centro de Educação de Tempo Integral Gláucio Gonçal-

ves. As autoridades presente ressaltaram a importância da

capacitação e do Polo Moveleiro para a cidade. No municí-

pio, 36 profi ssionais estão sendo qualifi cados.

A Presidente da União dos Micro e Pequenos Empresários

Industriais e Artesãos de Parintins (Unipar), Cacilda Aporcino

Colares, 64, ressaltou que o curso vai ajudar no acabamento

do material entregue. “A qualifi cação é importante, porque

mesmo que os trabalhadores saibam, é necessário atentar

para os detalhes”, diz. Atualmente a Unipar conta com 59

associados, destes, 18 são moveleiros, benefi ciando cerca

de 600 famílias.

De acordo com Cacilda Aporcino Colares, a Unipar entregou

para o Promove 32.265 carteiras escolares e 1.500 kits para

os alunos, o que corresponde a um total de R$ 2.193.670,00.

“Antes do Promove não tínhamos uma produção com a cer-

teza de venda. Trabalhamos com madeira de manejo e com

a garantia que o produto vai ser comercializado”, ressalta.

O presidente da Associação dos Moveleiros de Parintins

(Amopin), Edgar Lima da Silva, 41, fala que este ano é o pri-

meiro convênio, e que a Amopin fornecerá 4.000 carteiras.

“Estávamos desativados há 16 anos. Por conta do Promove

estamos retomando a atividade. O curso vem para qualifi car

mais, afi nal o programa só vai se manter se o produto tiver

qualidade” disse. Com 50 moveleiros associados, estão ge-

rando direta e indiretamente cerca de 1200 empregos.

O Governo do Amazonas, através da - ADS, está cre-

denciando fornecedores para o Programa de Regiona-

lização da Merenda Escolar - Preme e para o Programa

de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove. O

prazo de credenciamento estende-se até o dia 16 de ja-

neiro e os interessados devem retirar o edital na ADS,

localizada na Avenida Getúlio Vargas 1.127, Centro, no

horário das 8h às 17h. ■

» ComprAS dE móVEIS

» Para os moveleiros o Promove é a garantia de um retorno financeiro certo

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 61

mElhorAmEnTo gEnéTICo dE horTAlIçAS pArA TrópICo ÚmIdo BrASIlEIro: o dESAFIo do dESEnVolVImEnTo dE CulTIVArES AdApTAdAS à AmAzônIA

A exuberância das florestas na Amazônia evidencia a enorme biodiversidade

contida em seus ambientes naturais. Entretanto, os solos dos ecossistemas

de terra firme apresentam, predominantemente, baixa capacidade de troca

catiônica, indicando baixa fertilidade, segundo os padrões usuais da Agrono-

mia. A ciência explica a colossal fitomassa contida nas florestas amazônicas

de terra firme a partir da dinâmica de reciclagem de nutrientes das árvores

e a parte aérea das mesmas funcionando como um imenso reservatório. Por-

tanto, a fertilidade dos solos de terra firme ocorre a partir da manutenção

do equilíbrio desse sistema complexo e frágil e o manejo inadequado desse

recurso natural pode comprometer a sustentabilidade da atividade agrícola,

principalmente em se tratando de cultivo de espécies de ciclo anual, como no

caso da maioria das hortaliças.

Por outro lado, os solos do ecossistema de várzea dos rios de água branca

apresentam alta fertilidade natural, mas constituem uma pequena porção do

território amazônico e são possíveis de serem utilizados apenas durante o

curto período das vazantes. Assim, uma produção sustentável de hortaliças

na Amazônia depende da adoção de estratégias e tecnologias que, além de

possibilitar a superação das mencionadas limitações sejam capazes de ade-

quar geneticamente às espécies agrícolas aos estresses ambientais prevale-

centes nos trópicos úmidos.

O Programa de Melhoramento Genético de Hortaliças do INPA tem como ob-

jetivo gerar conhecimentos e produtos destinados aos agricultores familiares

da região do trópico úmido e, com isso, contribuir para uma produção diver-

sificada de alimentos. A estratégia escolhida foi trabalhar em duas vertentes,

levando-se em conta os níveis de adaptabilidade genética das espécies ole-

rícolas aos ambientes quentes e úmidos: Espécies Convencionais – aquelas

mais conhecidas e consumidas, mas com baixos rendimentos quando culti-

vadas em ambientes tropicais úmidos e; Espécies Não Convencionais – apre-

sentam elevados valores nutricionais, são adaptadas geneticamente para o

cultivo no ambiente amazônico, mas são pouco conhecidas e consumidas.

Em 2007 o Inpa celebrou um convênio de colaboração técnica científica com

a Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas com o intuito de pro-

duzir e disponibilizar aos agricultores, com ênfase na unidade familiar de pro-

dução, as sementes e mudas necessárias para o desenvolvimento sustentado

da agricultura regional. O diferencial desta proposta de desenvolvimento da

horticultura nesta região em relação a outras tentativas é que, na maioria dos

casos, a multiplicação de sementes e mudas será realizada por produtores lo-

Dr.Hiroshi NodaPesquisador Titular

INPA/Coordenação de Sociedade,

Ambiente e Saúde

cais usando como sementes e mudas

matrizes as variedades geneticamen-

te melhoradas para cultivo no trópi-

co úmido. Por que não utilizarmos o

trabalho do Professor Marcílio Dias da

Escola Superior de Agricultura "Luiz

de Queiroz", como um exemplo para

superar os desafios para a constru-

ção de uma horticultura sustentável

no trópico úmido brasileiro? Para isso

contamos com políticas públicas volta-

das ao agricultor familiar, a nível mu-

nicipal, estadual e federal e, principal-

mente, com um sistema, já montado e

em funcionamento, constituído pelas

universidades, órgãos de pesquisa e

extensão rural em toda a região norte.

62 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Mineração

AS RESERVAS DO AMAZONAS DE POTÁSSIO SãO TãO IMPORTANTES QUANTO AS DUAS MAIORES ÁREAS PRODUTORAS DO MUNDO, QUE FICAM NO CANADÁ E NA RúSSIA. NO MêS DE OUTUBRO A PETROBRAS COMEMOROU 25 ANOS DE ATUAçãO EM URUCU, COARI[ ]

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro e Laila Pereira FoToS: Diárcara Ribeiro e Divulgação

ExplorAção DOS rECurSoS mInErAIS ESTÁ NA pAuTA DO dESEnVolVImEnTo

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 63

» CAlCárIo

Na região Sul do Amazonas há presença de calcário, es-

pecifi camente o calcário dolomítico, utilizado na agricul-

tura. O objetivo é a partir da produção dele dar suporte

para o Pólo de Desenvolvimento Agrícola e Pecuarista da

região do município de Apuí. Porém ainda não está em

produção porque o calcário está dentro de uma Unidade

de Conservação de uso Sustentável.

Para produzir é necessário fazer com que o calcário che-

gue ao centro consumidor em Apuí, mas a área de ex-

ploração prevista está localizada na Floresta Estadual de

Apuí e também pode afetar o Parque Estadual Sucunduri

e o Parque Nacional Juruena. Será preciso desmatar vá-

rios quilômetros para construir uma estrada que permita

a passagem de veículos com o produto.

O Estado do Amazonas foi agraciado pela natu-

reza com uma confi guração geológica alta-

mente favorável para um grande número de

bens minerais e energéticos. O desenvolvimento dessa

atividade na região está começando frente à potenciali-

dade de sua geodiversidade. Um dos maiores desafi os

mundiais hoje é integrar a atividade econômica com a

preservação ambiental e com preocupações sociais.

Entre os principais minérios do Amazonas estão o calcá-

rio, ouro, estanho, potássio, gás e óleo.

64 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

“Estamos discutindo uma maneira de como fazer o es-

coamento desse calcário sem prejudicar uma região que

pretende alcançar um programa de Desmatamento Zero.

Queremos que seja possível abastecer a atividade agrícola

daquela região e também o plano de reflorestamento que

exige a correção do solo com o calcário”, declarou o secre-

tário de Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Nava.

» gArImpo do JumA

A extração de ouro do garimpo do Juma, no município de

Novo Aripuanã, é responsável por uma das mais graves

degradações ambientais do Estado do Amazonas. A ati-

vidade no local permaneceu ilegal durante quase 4 anos.

Durante esse período não houve controle de escoamen-

to da produção, e o produto chegou a beneficiar outros

Estados. A área do garimpo do Juma tem uma área de 10

mil hectares, mas a extração acontece em pontos especí-

ficos que ficam em cerca de 10 a 30 hectares.

Mineração

“Da província mineral são retirados diariamente cerca de 11 milhões de metros cúbicos de gás natural e 54 mil barris de óleo. O Estado do Amazonas é o terceiro do país em produção, basicamente de Urucu”.

Luís Ferrandans, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Amazônia

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 65

O garimpo deixou de ser clandestino e foi legalizado no

dia 1 de maio de 2011. Com a legalidade teve início um

programa de recuperação das áreas degradadas, que im-

plica o replantio de mudas nos locais onde o produto era

lavrado e recuperação do rejeito.

“Esse processo é lento porque ficou ilegal durante muito

tempo, mas esperamos que nos próximos dois anos seja

possível ter respostas positivas. Temos que levar tam-

bém para o local um programa de recuperação de cidada-

nia. Precisamos reverter o quadro que encontramos em

qualidade de vida desses trabalhadores, na proteção e

segurança do trabalho e produzir”, afirmou Daniel Nava.

A atividade que chegou a atrair mais de 5 mil pessoas de

todo o país, hoje conta com cerca de 250 famílias. Todos

os atuais garimpeiros são vinculados a cooperativas e só

possuem permissão de trabalhar mediante a esse cadastro.

Eles fazem o controle da qualidade de água, para que se ca-

racterize que eles estão buscando a recuperação das áreas.

De acordo com o secretário Daniel Nava, a produção atu-

al começou a ser licenciada, ou seja, há um comprador

que irá pagar os royalties. Porém só será possível avaliar

a produção a partir do primeiro ano fiscal, em 2012, por

meio de um relatório anual de lavra. Com isso serão ob-

tidas informações de quanto foi gerado de riqueza tanto

para o município quanto para o Estado.

» mInA do pITIngA

A Mina do Pitinga, em Presidente Figueiredo, foi desco-

berta na década de 80. É a principal mina de estanho no

Brasil. Já chegou a representar quase que 80% da produ-

ção brasileira. Há dois anos eles diminuíram a produção

para estudar as rochas fontes e definir locais onde exis-

tem os depósitos de estanho (cassiterita).

“Nós temos uma mina e um pólo eletroeletrônico que

é consumidor desse estanho. Temos um projeto foca-

do no melhor aproveitamento desta matéria prima na

região”, disse Daniel Nava.

A Mina do Pitinga é poliminerálica, ou seja, não produz

apenas estanho ela também tem uma série de outros ele-

mentos que direcionados podem gerar muita riqueza. Já

é produzido também ferro e nióbio, e há possibilidade de

» Secretário Daniel Nava planta as bases do desenvolvimento com sustentabilidade

66 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

utilização de minerais de terras raras (grupo específico

da tabela periódica), que é utilizada inclusive, na indústria

automobilistíca.

A exploração é feita pela empresa licenciada Mineração

Taboca que pertence ao grupo peruano Minsur, que pos-

sui concessão pública. Os direitos pertencem a essa em-

presa e qualquer outra que tivesse interesse de explora-

ção tem que se associar a ela.

» rESErVAS dE poTáSSIo

Atualmente são reconhecidas reservas na região de Nova

Olinda do Norte e Itacoatiara, onde existem depósitos de

sais de potássio. Os direitos de exploração são da Petro-

bras, elas ainda não estão em produção, por isso ainda

são jazidas, mas podem chegar a fabricar 300 milhões de

toneladas ao ano.

Em Autazes os direitos são da empresa Potássio do Bra-

sil. Os investidores estão desenvolvendo pesquisas e já

possuem dois locais onde encontraram reservas de Po-

tássio mais próximas da superfície.

Para explorar é preciso construir uma mina, submersa,

com pelo menos dois poços, um para exploração e o ou-

tro para a descida dos equipamentos.

As reservas do Amazonas são consideradas tão importan-

te quanto as duas maiores áreas produtoras do mundo,

que ficam no Canadá e na Rússia. Elas possuem um am-

biente geológico muito similar.

» TAnTAlITA

A tantalita é um mineral composto de ferro, manganês, nió-

bio e tântalo. É um minério utilizado na insdústria do aço, do

vidro e de eletrônicos. O empresário Martinelli Gonçalves da

Costa possui duas áreas no municipio de Barcelos, diatante

mais de 400 km de Manaus, onde há incidência de tantalita.

Um área com cerca de 6 mil hectares e a outra com cer-

ca de 7 mil hectares, onde só é possível chegar por meio

fluvial. Martinelli possui as áreas desde 2000, mas encon-

trou dificuldades de retirar as licenças em razão de serem

locais próximos ao Parque Estadual Serra do Aracá.

Mineração

» Secretário Daniel Nava (em pé) e o presidente da CPRM Marco Antônio Oliveira (segurando o microfone)

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 67

“Nós já conseguimos a autorização do Departamento

Nacional de Produção Mineral (DNPM) para pesquisas

e estamos pleiteando a licença do Instituto de Prote-

ção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam). Ainda

não há extração do minério, mas espero que possamos

iniciar os trabalhos em 2012”, declarou o empresário.

Martinelli já trabalhou com minérios e realizou pes-

quisas em Macapá e no Pará. De acordo com ele a in-

tenção é trabalhar com o beneficiamento do minério,

que poderá ser extraído tanto de maneira artesanal

quanto industrial. ■

Em 1986, no município de Coari (a 650 km quilômetros de

Manaus), aconteceu o primeiro jorro comercial de petróleo.

Em outubro a Petrobras comemorou 25 anos da descober-

ta de petróleo na reagião, onde a empresa desenvolve ativi-

dades de exploração e produção de petróleo e gás natural.

O petróleo de Urucu é de alta qualidade e considerado

o mais leve entre os óleos processados nas refinarias

do país. A característica resulta em seu aproveitamento

especialmente para a produção de gasolina, nafta petro-

química, óleo diesel e GLP (gás de cozinha). O processa-

mento de GLP, supera 1,3 mil tonelada diária, equivalen-

te a 155 mil botijas de 13 kg, abastecendo os Estados do

Pará, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Acre,

Amapá e parte do Nordeste.

O resultado de produção de acordo com o gerente geral

da Unidade de Operações de Exploração e Produção da

Amazônia, Luís Ferrandans, são: “Da província é retirado

cerca de 11 milhões de metros cúbicos de gás natural por

dia e 54 mil barris de óleo. O Estado do Amazonas é o ter-

ceiro do país em produção, basicamente da província de

Urucu”, afirma destacando ainda a preservação do meio

ambiente realizado pela empresa.

São gerados diretamente seis mil e cem empregos. Em co-

memoração aos 25 anos uma festa foi preparada para os

funcionários, com o lançamento do livro. "A Petrobras na

Amazônia - a riqueza que vem do Solimões", da historiadora

amazonense Etelvina Garcia. No livro, a história é contada

cronologicamente como ressaltou a escritora: “As sucessivas

experiências em se encontrar óleo na região, as tentativas e o

sucesso. Escrever essa história foi uma honra”, declarou.

Foi lançado também um selo comemorativo em parceria

com os Correios. Quem participou da festa pode conferir

a exposição fotográfica de Antonio Iaccovazo. “Retratei

os 25 anos, em várias viagens que fiz até lá, procurei in-

teragir com as pessoas para sentir o trabalho realizado

por elas. São 12 paineis alusivos ao número 12, data da

descoberta de Urucu, mas a exposição pretende ser iti-

nerante com 25 paineis”, comenta.

Em Urucu existem 740 quilômetros de dutos, sendo 600 ter-

restres e 140 submersos. Os dutos ligam os poços até o Polo

Arara, onde se realiza os processos. Em cada clareira aberta

para a perfuração de poços petrolíferos é realizado um traba-

lho de recomposição da cobertura florestal, mantendo ape-

nas uma área para os equipamentos de produção.

Os municípios que mais recebem investimentos, seja de

produção ou para encontrar novas reservas são Coari, Ca-

rauari, Tefé, Tapauá, Silves e Itapiranga.

» pETroBrAS ComEmorA 25 AnoS dE dESCoBErTA dE uruCu

» Luís Ferrandans, gerente geral da unidade de Operações de Exploração e Produção da Amazônia

68 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

A rETomAdA ExTrATIVISTA no AmAzonASO recente processo de recadastramento das cooperativas de extrativismo de

Humaitá e Manicoré, municípios do Sul do Amazonas, onde estão localizadas

as maiores tensões fundiárias e ambientais do Estado, marcam um novo ciclo

na história do extrativismo aqui na região. O recadastramento é a exigência

para participar do “Programa Extrativismo Mineral e Familiar”, do Governo do

Amazonas. O passo é importante para orientar e mapear áreas e trabalhado-

res que retiram o sustento dessas cooperativas.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(SDS), à qual está ligada a Secretaria Executiva de Geodiversidade e Recur-

sos Hídricos (SEGEORH), encarregada do programa, já recadastrou mais de

500 cooperados, de um total de 1.034 existentes. Os trabalhadores, após o

recadastramento, deverão ainda participar de um curso de capacitação deno-

minado “Boas Práticas Ambientais”, e somente após todo o processo, estarão

aptos a seguirem com suas atividades na área. O “Programa Extrativismo Mi-

neral e Familiar” foi iniciado em 2005 e vem apoiando o processo de extração

de ouro no rio Madeira, benefi ciando famílias que desenvolvem essa ativida-

de no período da vazante. Os extrativistas estão organizados em duas coope-

rativas, Humaitá e Manicoré. As atividades seguem a Instrução Normativa SDS

003/2007, que dispõe sobre as práticas ambientais do extrativismo mineral.

O avanço na organização do extrativismo em nossa região, chega após déca-

das de abandono. O extrativista tradicional da Amazônia mora no coração da

fl oresta, vive da coleta das riquezas naturais, borracha, castanha e comple-

menta sua renda com a caça, a pesca, a coleta de frutos, como o açaí.

Mesmo incentivando e protegendo esses trabalhadores, ainda há muito o

que fazer para proteger a atividade e, consequentemente, a susbistência do

homem na fl oresta. Apesar das ações dos Governos Federal e Estadual, gran-

des empresas ainda burlam as leis e invadem a fl oresta explorando o extra-

tivista e comprando madeira e outras riquezas naturais por valores irrisórios,

sem recolher os devidos impostos.

O novo Código Florestal, aprovado recentemente pelo Senado, determina

como será a exploração das terras e a preservação das áreas verdes do país, e

apesar de envolto em polêmicas, poderá nortear melhor a questão do extrati-

vismo. O Código estabelece parâmetros e limites para preservar a vegetação

nativa e determina o tipo de compensação que deve ser oferecido por seto-

res que usem matérias-primas, como refl orestamento, assim como as penas

para responsáveis por desmate e outros crimes ambientais relacionados.

Francisco CruzProcurador Geral de Justiça do

Ministério Público do Estado do

Amazonas

Quem é contra e a favor, concorda em

um ponto importante: a necessidade

de incluir incentivos, benefícios e sub-

sídios para quem preserva e recupera

a mata, como acontece na maioria dos

países que vem conseguindo avançar

nessa questão ambiental. Resta-nos

torcer para que o modelo dê certo e

consiga resgatar a dignidade do ho-

mem da fl oresta.

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 69

Centenário

CEnTEnárIo DE CArAuArI REúNE mIlhArES dE pESSoAS

A FESTA EM COMEMORAçãO AOS 100 ANOS DO MUNICíPIO DE CARAUARI REUNIU MILHARES DE FAMíLIAS NA PRAçA PRINCIPAL DA CIDADE, NO DIA 27 DE SETEMBRO[ ]

FoTorEporTAgEm: Antonio Ximenes

70 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Seminário

EM BUSCA DA pECuárIA SuSTEnTáVEl NO AmAzonAS

rEporTAgEm e FoToS: Kenia Leal

NOVAS TECNOLOGIAS, LICENCIAMENTO AMBIENTAL E O NOVO CóDIGO FLORESTAL FORAM OS PRINCIPAIS ASSUNTOS ABORDADOS NO I SEMINÁRIO DE PECUÁRIA SUSTENTÁVEL, REALIZADO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 71

C erca de 300 pessoas participaram do I seminário

sobre pecuária sustentável do Amazonas. Estive-

ram presentes deputados, Ongs, Universidade e

produtores rurais que debateram questões agrárias no Es-

tado. A cerimônia ocorreu no auditório Berlamino Lins na

Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam),

no dia 20 de outubro.

A realização do seminário é uma forma dos pecuaristas

trabalharem com a consciência no meio ambiente, pois

a pecuária de corte vem sendo colocada na berlinda

nas questões de sustentabilidade, aquecimento global,

balanço de carbono. Por este motivo entre os assuntos

abordados estavam: código florestal, licenciamento am-

biental, novas tecnologias de processo e insumo, irriga-

ção de pastagem e os impactos da extensão rural.

Palestrantes de outros estados também estiveram pre-

sentes no seminário, Luiz Cesar Drumond de Minas Ge-

rais falou sobre Irrigação de pastagem. Já o palestrante

Emerson Simões, veio da Bahia e falou sobre os impactos

da Extensão Rural na produtividade da fazenda.

De acordo com o Presidente da Federação da Agricultura

e Pecuária do Amazonas e Serviço Nacional de Aprendi-

zagem Rural (Faea/Senar), Muni Lourenço, "A expectativa

foi a melhor possível, um evento como este é grandioso

e histórico para o setor primário da pecuária do Estado

do Amazonas".

Para o Deputado Estadual Luiz Castro (PPS), o seminário

é uma junção de esforços pela liderança da Faea, para

transformar os projetos isolados, as unidades demons-

trativas de pecuária sustentável numa verdadeira política

pública. O deputado estadual Sidney Leite (DEM), cobrou

mais flexibilidade no crédito para produtores rurais e mu-

danças nas regras para concessão de financiamento.

O Seminário se mostrou fruto de amadurecimento das

políticas públicas, ambientais e também uma nova cons-

ciência da sociedade no sentido da mudança de postura

de uma produção sustentável, disse a secretaria de Es-

tado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(SDS), Nádia Ferreira.

O evento contou com mais de 50 pecuaristas, entre eles

o presidente da Associação dos Produtores Rurais de

Santo Antônio do Matupi, Nardélio Gomes, que, poste-

riormente foi assassinado com dois tiros em Humaitá.

Nardélio participou do seminário e falou da importância

da legalização fundiária no sul do Amazonas. "A terra tem

que ter dono". disse.

Universitários do curso de veterinária da Escola Superior Ba-

tista do Amazonas (Esbam) participaram do evento como

forma de aprimoramento em suas atividades como futuros

veterinários. Para a estudante Priscilla Rodrigues “ A inicia-

tiva foi ótima, principalmente por destacar o conceito de

sustentabilidade aos pecuaristas do Amazonas”, avaliou.

O Estado do Amazonas, atualmente, conta com 16 muni-

cípios onde a principal atividade econômica é a pecuária

de corte e de leite, entre eles, Rio Preto da Eva, Apuí, Pa-

rintins, Boca do Acre entre outros. ■

» O evento contou com as principais lideranças da área rural

» Muni Lourenço avaliou o seminário como um momento histórico do setor primário

72 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

» Os pesquisadores Roberval Lima e Fernando Almeida

Embrapa

CompoSTo INOVADOR E ECologICAmEnTE VIáVEl

rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Michell Melo

AMAZONAS SAI NA FRENTE E LANçA UM COMPOSTO DE MADEIRA E CIMENTO RESISTENTE QUE DEVE SE TORNAR FONTE DE RENDA PARA PEQUENOS PRODUTORES][

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 73

T rata-se de um composto de madeira e cimento

que substituirá 60% da matéria-prima da cons-

trução civil, tornando tais construções mais

econômicas, resistentes aos fatores climáticos e am-

bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-

vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-

te dez anos, combina a silvicultura da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-

pecuária (Embrapa) com a tecnologia

do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa), resultando em uma

matéria-prima inovadora e economi-

camente viável.

O composto pode tornar-se uma fonte de renda para

pequenos produtores, em pequenas áreas e em curto

prazo em uma alternativa importante para a redução do

desmatamento de fl oresta nativa na Amazônia. “A ma-

deira sólida é triturada e unida ao cimento aglutinante,

juntamente com um aditivo e prensada durante 24 ho-

ras. O resultado é um produto resistente à biodegrada-

ção e biodeteriorização amazônicas, totalmente à prova

d’água, que substituirá o mármore, o tijolo, a areia e o

barro usados nas construções convencionais, além de

servir como matéria-prima de móveis diversos”, explica o

pesquisador do Inpa, Fernando de Almeida, responsável

pelo desenvolvimento da tecnologia e pelos testes que

comprovam a durabilidade e confi abilidade do produto.

Inicialmente as espécies selecionadas para a pesquisa são

de madeira branca e que se desenvolvem rapidamente,

num período médio de dois anos. É o que explica Ro-

berval Lima, pesquisador da Embrapa, responsável pela

silvicultura que abrange uma área de um

hectare, nas dependências da instituição.

“Nós desenvolvemos um plantio consor-

ciado de espécies como Tachi Branco,

Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical

amazônica, que têm se mostrado essenciais

para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-

mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-

sam tornar-se fornecedores potenciais para este mer-

cado que se desenvolverá nos próximos anos”, avaliou,

ressaltando ainda que o valor social vai além de geração

de renda para as famílias amazonenses, como também

servirá de alternativa para a construção de casas popula-

res para a população de baixa renda.

Ainda não se calcula o valor de mercado deste novo pro-

duto. Entretanto, pode-se considerar que o maquinário

necessário para esta produção não demanda a encomen-

da de grandes fornecedores de tecnologia, não necessita

de grandes áreas de plantio e os recursos naturais abun-

dantes em nossa região selam o futuro promissor desta

tecnologia que promete revolucionar o conceito estrutu-

ral das edifi cações futuras. ■

» O plantio de Tachi Branco, Amapá Doce e Eucalipto é essencial para a produção

bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-

vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-

te dez anos, combina a silvicultura da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-

O composto pode tornar-se uma fonte de renda para

silvicultura que abrange uma área de um

hectare, nas dependências da instituição.

“Nós desenvolvemos um plantio consor-

ciado de espécies como Tachi Branco,

Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical

amazônica, que têm se mostrado essenciais

para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-

mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-

sam tornar-se fornecedores potenciais para este mer-

cado que se desenvolverá nos próximos anos”, avaliou,

bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-

vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-

te dez anos, combina a silvicultura da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-

Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical

amazônica, que têm se mostrado essenciais

para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-

mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-

74 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Vida nos rios

N a maior bacia hidrográfica do mundo, que ba-

nha a região Amazônica, navegam cinco mi-

lhões de passageiros por mês, confiantes na

experiência dos comandantes. Entre partidas e chegadas

são paisagens paradisíacas que se repetem em horas de

viagem e a sinfônia de redes rangendo dia e noite nas

embarcações tradicionais.

No Porto de Manaus e Porto da Manaus Moderna, de do-

mingo a domingo, é dia de embarque e desembarque. Lá

chegam e partem barcos para quase 100 destinos, com

turistas, gente que vem procurar oportunidades na capital,

gente que volta para rever familiares, comerciantes, pesqui-

sadores ou simplesmente viajantes. Diferente dos portos à

beira do mar, que aguçam o olfato com a maresia, o Rio

Negro captura seus observadores sobretudo pelo sentido

da visão. Quem olha aquela imensidão de água da cor de

coca-cola se impressiona. Em seguida, são os ouvidos que si-

tuam o ambiente, no embalo dos grandes sucessos do bre-

ga, do tecnobrega, e do chamado “sertanejo universitário”.

Para o comandante Antônio de Oliveira, 56, a viagem

começa na véspera, durante a preparação. Ele enumera

os cuidados com a manutenção da embarcação, recebi-

mento de encomenda e estoque de alimentos para as

refeições. “Sou comandante há 26 anos e nunca fiz uma

viagem sem antes checar todos os itens de segurança e

fazer uma oração. Um imprevisto pode ser fatal no rio”,

diz. Quando se vê o barco tingido de ponta a ponta pelo

colorido das redes, é que chegou a hora de partir.

Aos 67 anos com 30 de profissão e aposentado, mas sem

deixar o batente, o comandante Manoel Araújo, destaca

os riscos de naufrágio e acidentes durante a viagem. Um

incêndio que fez o barco que ele pilotava afundar no Rio

Solimões, há 11 anos, ainda assombra a memória do pi-

loto. “Um vazamento de gás na cozinha provocou o fogo,

no início da manhã. Perdemos o barco todo, e as mer-

cadorias, mas a tripulação e os 90 passageiros a bordo

conseguiram se salvar”.

O comandante viaja regularmente de Manaus para Taba-

tinga. A cada 14 dias navegando, passa sete na BR-174,

onde mora com a família. De calça branca de linho, ca-

misa de botão e os cabelos grisalhos penteados sobre

os olhos verdes, ele se diz adepto da velha máxima dos

navegadores: em cada chegada um apito, em cada porto

um novo amor.

O piloto Manoel Rozoaldo Marquês, 73, se preocupa

mais com os piratas de rio. “Fui assaltado em uma via-

gem, há 14 anos, por ladrões que se fingiram de pas-

sageiros. Hoje só viajo prevenido, e controlo pessoal-

mente quem entra e quem desce do barco”. Desde que

arrendou o barco Amazônia Hum, Rozoaldo não tem

tempo de se aproximar do leme no percurso entre Ma-

naus e Manicoré, no rio Madeira. Com a colaboração da

esposa e filhos, ele coordena o embarque e desembar-

que de 142 passageiros, recebimento e entrega de até

180 toneladas de carga e manutenção do barco, além

de fazer a segurança do barco.

Assim, o comandante deixa a direção do barco nas mãos do

prático Bianor Brasil de Souza, 63, especialista na calha do

Madeira, ele acumula 35 anos de experiência navegando

neste rio. Bianor viu chegar ao Amazonas a tecnologia que

OS nAVEgAnTES DOS grAndES rIoS

rEporTAgEm: Clarice Manhã FoToS: Diárcara Ribeiro e Euzivaldo Queiroz

AS ESTRADAS DE ÁGUA NO ESTADO DO AMAZONAS REVELAM MUITO MAIS DO QUE UM SIMPLES TRAJETO. ELAS ESTãO CHEIAS DE HISTóRIAS DE VIDA DE PESSOAS QUE TRABALHAM NAS EMBARCAçõES OU QUE UTILIZAM O TRANSPORTE FLUVIAL[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 75

76 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Vida nos rios

trouxe mais segurança aos navegantes do mundo todo, o

GPS. Também aprovou os avanços da engenharia naval, que

permitiram a substituição dos barcos de madeira, ainda nem

todos abandonados, para as construções em ferro. “Hoje a

navegação está mais segura, temos os radares, não é mais

preciso guardar na cabeça cada curva do rio”, compara.

Atenção é o requisito essencial ao bom comandante, defi-

ne o proprietário do barco Calipso I, Manoel Amaral 55. No

ramo há 30 anos, ele conta que já trabalhou com mais de

10 comandantes, em barcos diferentes, e por experiência

aprendeu que o bom piloto é sobretudo o mais responsá-

vel. “Pilotar um barco é como dirigir um carro numa pista

coberta de lona, sem saber o que está embaixo da pista”.

» Em FAmílIA

No barco Nova Conquista I, o clima familiar na tripulação

envolve os passageiros. O marido é o comandante, a mu-

lher é enfermeira de bordo e os três filhos são tripulan-

tes. O casal começou a trabalhar na navegação logo após

o casamento, em 1978. Recém casada, levou o compa-

nheiro Francisco Pereira, 52, cearense, para trabalhar no

barco do avô. Há dez anos a família adquiriu o barco pró-

prio, e desde então fazem a travessia do Rio Solimões, de

Manaus a Fonte Boa, a rotina da casa.

Francisco comanda a viagem durante as 72 horas que

sobe o rio, na saída de Manaus à Fonte Boa, e nas 40 ho-

ras no caminho de volta. Durante o dia ele reveza o leme

com três marinheiros, e faz breves pausas para o descan-

so. À noite é ele que enfrenta o rio escuro e silencioso.

“Não há condições de se contratar mais comandantes.

Eles cobram de R$ 2 mil a R$ 3 mil para uma viagem de 9

dias, nosso lucro seria muito reduzido”. ■

» Os barcos seguem o curso lotados com mercadorias e passageiros

» O porto recebe cerca de 25 transatlânticos por ano

» Passageiros aguardam a hora do embarque na praça de alimentação

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 77

» CApITAnIA FluVIAl dA AmAzônIA oCIdEnTAl

A Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental realiza

provas para emissão da Carteira de Habilitação de

Arrais (CHA), que atesta o piloto como hábil à fun-

ção, toda quinta-feira. Em 2009 foram emitidas

459 carteiras, em 2010, 488. De janeiro a novem-

bro de 2011 a Capitania emitiu 752 habilitações,

informou o comandante Odilon Leite de Andrade

Neto. “Atribuímos esse crescimento ao aumento

da fiscalização e maior conscientização sobre a

importância da habilitação”, disse.

O candidato a Arrais-Amador deve ser maior de

18 anos, apresentar atestado médico- mental e de

acuidade visual-auditiva para fazer a prova. A taxa

de inscrição custa R$ 40. A Capitania calcula que

diariamente, 70% da população da região Norte

usa o transporte fluvial. O Ministério dos Trans-

portes anunciou no fim de novembro que está

elaborando um projeto de lei com orçamento de

aproximadamente R$ 70 milhões para melhorar o

transporte de passageiros pelos rios da Amazônia.

Batizado como PL pró-passageiro, o projeto vai

viabilizar o financiamento de construção e mo-

dernização de barcos para ribeirinhos. A proposta

está no Ministério dos Transportes e seguirá, pela

segunda vez, para a Casa Civil para ser avaliada. O

próximo passo será na Câmara dos Deputados,

com pedido de tramitação em regime de urgência.

» Barcos de linha compõem o cenário da orla de Manaus

78 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Bolsa Floresta

Um encontro como este nos dá a oportunidade de

expor e receber ideias que nortearão as nossas

ações futuras, pois uma grande organização se

baseia na multiplicidade da colaboração das pessoas e tam-

bém no comprometimento mútuo", afirmou o Presidente

da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Luís Fernando

Furlan, durante o VI Encontro das Lideranças das Associa-

ções das Unidades de Conservação do Programa Bolsa

Floresta, realizado em parceria com o Centro Estadual de

Unidades de Conservação (CEUC).

O encontro, que apresentou resultados e discutiu me-

canismos para melhor beneficiar as famílias alcançadas

pelo Programa, aconteceu do dia 14 a 17 de novembro,

na Maromba, reunindo a iniciativa pública e privada, con-

selheiros e comunitários num grande palco de debates

em defesa da floresta e de seu maior patrimônio, as 7

mil famílias ribeirinhas que se encontram dentro dos 10

milhões de hectares que somam juntas as 15 Unidades

de Conservação do Amazonas.

Cerca de 30 mil comunitários são hoje beneficiados pelo

Programa Bolsa Floresta, que contempla mensalmente

as Unidades de Conservação (UC) com recursos individu-

ais e coletivos, como projetos ligados à saúde, educação,

comunicação e transporte, produção sustentável. Segun-

do o líder da Reserva de Desenvolvimento Sustentável

do Rio Madeira, Marcos Torres, o maior benefício con-

quistado por eles é o poder de decisão em direcionar tais

benefícios nas áreas que eles mais necessitam.

“Hoje, nós sabemos que o auxílio disponibilizado junto à

Fundação Amazonas Sustentável vai ser usado no que a

comunidade estiver mais necessitada. Com o Bolsa Flo-

resta nós colocamos a roçadeira na mão, agilizando o

nosso trabalho, que no tempo dos nossos pais era feito

com terçado na mão e muitas horas a mais no campo”,

avaliou Torres, que foi eleito pela maioria dos líderes para

representá-los como porta voz na avaliação do Encontro.

Entretanto, uma das deficiências diagnosticadas foi a

pouca divulgação, por parte das associações, dos resulta-

dos destas conquistas, além da dificuldade do escoamen-

to da produção interna das UCs. “Nós precisamos de uma

feira para que possamos vender nossos produtos por um

preço digno”, afirmou Torres, tendo como resposta que

uma providencia neste sentido já estava sendo estudada

para auxiliar as famílias na venda de seus produtos.

A Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS) foi acio-

nada e chegou a noticia de um espaço destinado a estes

rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Divulgação/FAS

AçõES DO BolSA FlorESTA SãO dISCuTIdAS EM mAnAuS

O ENCONTRO SERVIU DE PARâMETRO DO PROGRAMA EXISTENTE EM 15 UNIDADES DE CONSERVAçãO DO ESTADO DO AMAZONAS[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 79

» o quE é o BolSA FlorESTA?

O Programa Bolsa Floresta é um projeto de com-

pensação ambiental que beneficia as populações

tradicionais comprometidas com a preservação

da floresta em pé e empenhadas na redução dos

danos predatórios aos recursos naturais que nela

existem.

O Programa possui quatro vertentes:

O Bolsa Floresta Renda, que apoia a produção

sustentável e certifica tais produtos, somando um

investimento anual de R$ 140 mil por Unidade de

Conservação.

O Bolsa Floresta Social, que aplica R$ 140 mil anu-

ais em cada UC para a melhoria de serviços como

saúde, educação, transporte e comunicação nas co-

munidades contempladas.

O Bolsa Floresta Associação, que fortalece as as-

sociações de moradores das UC´s, promovendo a

aquisição de bens como voadeiras, computadores

e outros componentes que propiciam uma melhor

ação por parte destas associações.

O Bolsa Floresta Familiar, que promove o envolvi-

mento das famílias associadas através do pagamen-

to de uma recompensa mensal de R$ 50, efetuado

às mães de família das comunidades.

produtores na futura Feira da Aeronáutica, arrancando um

forte aplauso de todos os presentes no encontro.

» ComunICAção E FISCAlIzAção

De acordo com a Coordenadora do Bolsa Floresta, Val-

cléia Solidade, o processo de divulgação e aproximação

é uma das prioridades do Programa. “O nosso desejo é

que estas associações sejam uma ponte que liga as comu-

nidades à FAS, demonstrando aos comunitários as ações

aplicadas em seu beneficio. Com isso, certamente o de-

safio de atrair mais sócios seria executado com sucesso”,

avaliou, anunciando que até fevereiro de 2012, 121 esta-

ções de rádio serão implementadas nas UC's, diminuindo

a distância e logística neste processo de assistência às

associações.

O poder de fiscalização ambiental, delegado aos comuni-

tários, também será intensificado com estas novas ferra-

mentas. É o que e avalia o superintendente geral da FAS,

Virgílio Viana. “Nós teremos, com este sistema integrado

de rádio, mais mecanismos para combater a pesca pre-

datória, grilagem de terras, extração ilegal de madeira,

e outras ações criminosas praticadas fora das UC's, acio-

nando imediatamente o Centro Estadual de Unidades de

Conservação e a Polícia Ambiental”, concluiu. ■

» Lideranças participam de reunião para debater o programa Bolsa Floresta

80 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Anamã

O PERíODO DE DEFESO NO MUNICíPIO DE ANAMã CONTA COM A CONSCIENTIZAçãO E FISCALIZAçãO PROMOVIDA POR ASSOCIAçõES, SINDICATOS, COLôNIAS DE PESCADORES E SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE[ ]

rEporTAgEm E FoToS: Marcello de Paulo

SETor pESquEIro DEFENDE A prESErVAção DE CArdumES

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 81

O peixe é a principal receita de proteína da popu-

lação do interior, como também principal fonte

de renda dos pescadores. Em tempos de vazan-

te, período que dura de novembro até março, algumas

espécies correm sérios riscos devido à caça predatória.

No município de Anamã (a 129 quilômetros de Manaus), a

tendência é que os pescadores, organizando sua classe as-

sumam a responsabilidade de preservar e fiscalizar ações

que prejudiquem os cardumes.

De acordo com o presidente da Associação dos Pesca-

dores Artesanais de Anamã (Aspean), Ocindo Martins, a

conscientização e união da classe têm sido intensificadas

junto às famílias anamaenses, através do processo de

associativismo. “Nós temos nos preocupado muito em

cumprir os acordos firmados junto à secretaria municipal

de meio ambiente para que a geração dos nossos filhos

possa usufruir da mesma fartura de peixes que temos

hoje, praticando, nestas épocas, apenas uma pesca para

o sustento da família e denunciando, sempre que neces-

sário, os arrastões e qualquer tipo de pesca comercial e

predatória”, explicou Martins, ressaltando que os acor-

dos locais impedem que a pesca comercial seja praticada

no período de setembro a fevereiro.

A partir de novembro, até o mês de março, os pescadores

são auxiliados pelo Governo do Estado através do auxí-

lio defeso, o que reforça a motivação para esta postura

fiscalizadora das famílias locais. “Hoje, graças a Deus,

nossos mais de 700 pescadores filiados à Aspean são au-

xiliados e recebem o seguro defeso para que possam se

sustentar, assumindo uma responsabilidade ambiental

que não se via há alguns anos”, afirmou Martins.

Somente no setor pesqueiro, três associações promovem

a reunião da classe organizada em Anamã: A colônia de

pescadores Z-44, a Associação de Pescadores Artesanais

de Anamã (Aspean) e o recém fundado Sindicato dos Pes-

cadores Anamaenses (Sindpesca), que surge como mais

uma alternativa de potencializar a pesca no município.

De acordo com o secretário de meio ambiente e desen-

volvimento sustentável de Anamã, Hidemberg Barroso,

“A ‘Semads’ tem lutado em conjunto com as associações

pela defesa dos cardumes e impedimento da prática da

pesca predatória no município”, afirma.

É o que também considera o prefeito de Anamã, Jecimar Pi-

nheiro, que o fortalecimento da cadeia produtiva local passa

pelo processo do cooperativismo e associativismo. “Só assim

nós vamos ser mais fortes. Hoje em Anamã, graças a Deus, to-

dos os presidentes de cooperativa, seja de pescadores, cria-

dores ou produtores, têm nos procurado e a prefeitura está

totalmente empenhada para que possamos fortalecer o nos-

so setor primário, valorizando o homem do campo e promo-

vendo um desenvolvimento sustentável de nossos recursos.

» CETAm E ASpEAn promoVEm CurSo dE BEnEFICIAmEnTo dE pESCAdo

Empanados de filé de peixe, patês, empadões e assados

de peixes inteiros sem espinha, foram alguns dos pro-

dutos finais do Curso de Beneficiamento de Pescado,

promovido pelo Centro de Educação Tecnológica do

Amazonas (Cetam) em parceria com a Aspean, no mês de

setembro, onde cerca de quinze famílias tiveram a opor-

tunidade de aprender a desenvolver pratos inovadores

usando o pescado local. ■

» Presidente da Aspean Ocindo Martins

82 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Reserva

rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Lemmos Ribeiro

O PARQUE ESTADUAL RIO NEGRO SETOR SUL OFERECE PAISAGEM EXUBERANTE. O TURISTA ALéM DE CONHECER O CENÁRIO PODE COMPRAR ARTESANATO LOCAL[ ]

roTEIro TuríSTICo PARA CopA dE 2014 INCLUI unIdAdES dE ConSErVAção

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 83

L ocalizada em frente à ilha Comprida do Parque

Nacional de Anavilhanas, a comunidade Boa Vis-

ta faz parte do Parque Estadual Rio Negro Setor

Sul, uma Unidade de Conservação de proteção integral,

criada através do Decreto Estadual n.0 16.497, de 2 de

abril de 1995. Na comunidade residem 106 famílias, que

mantém sua fonte de renda com o turismo comunitário.

A comunidade está distante 34 quilômetros de Manaus.

A área atual do Parque é de 157.807 hectares. A comuni-

dade conta com atrativos naturais como praia, cachoeira,

trilha, campina, igapó, animais como o Sauim-de-Coleira.

É com o olhar cansado e muita experiência a cerca da

fauna e flora amazônica, que o morador Manoel Gomes,

62 anos, reside há 44 anos na comunidade, sustenta a fa-

mília com a aposentadoria e fazendo serviço como guia

para turistas. Gomes quer que a área vire reserva de

Desenvolvimento Sustentável. “Queria que virasse uma

reserva sustentável, pelo menos, para melhorar as condi-

ções das famílias que moram aqui”, afirma.

Seu Gomes leva os turistas para fazerem trilha no ter-

reno do filho. “Durante a trilha eu mostro as plantas

da região, algumas são medicinais. Falo também dos

animais”, disse ainda o que ganha é muito pouco e nem

sempre tem turistas.

De acordo com a Chefe de Unidade de Conservação,

Alcilene de Araújo Paula, já existe uma proposta de

mudança de categoria em uma parcela do PAREST Rio

Negro Setor Sul, sem que haja prejuízos à conservação.

Ano passado, um projeto de lei foi submetido e apro-

vado na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam),

onde o governador assinou a lei que autoriza a rede-

limitação. “O parque é uma unidade de categoria de

proteção integral e está passando por um processo de

redelimitação de seus limites. Uma parte da área vai ser

transformado em reserva de desenvolvimento susten-

tável e irá abranger a área de uso das comunidades que

hoje vivem nele. Já realizamos oficinas, agora vamos

partir para consulta pública”, afirmou. ■

» Durante o passeio nas trilhas o instrutor compartilha o conhecimento sobre a fauna e flora local

84 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Reserva

» TurISmo pArA A CopA

Os visitantes que conhecem a comunidade têm a oportu-

nidade de comprar o artesanato local, como as bijuterias,

além de conferir um pouco do sabor das frutas amazônicas

com o chocolate. Alguns cursos também estão sendo ofere-

cidos para os moradores.

A vendedora Missilene Pereira de Souza, 27 anos, tra-

balha com as bijuterias feitas com sementes, disse que

aprendeu novas técnicas o que a ajudou a contribuir com

a renda da família. “Trabalhamos e preservamos a natu-

reza. Os cursos de qualificação são essenciais”, diz.

Pensando na Copa do Mundo de Futebol de 2014, o turis-

mo nas Unidades de Conservação da Amazônia, deve ser

ampliado. O trabalho já teve inicio e cerca de sete unida-

des foram identificadas para receber os visitantes, as quais

vão passar por adequação.

De acordo com o Coordenador do Centro Estadual de Uni-

dades de Conservação (Ceuc, SDS) Sérgio Gonçalves, “os

projetos que vai vão ser concedido à iniciativa privada já

estão em fase final de elaboração, para início do processo

de licitação previsto para o decorrer no fim do ano”, avalia.

O Amazonas possui 41 Unidades de Conservação que

equivale há 18,8 milhões de hectares. Destas, 31 são de

uso sustentável e oito de proteção integral. Segundo o

coordenador as Unidades que devem ser escolhidas esta-

rão localizadas próximas a Manaus.

Para chegar ao local, os visitantes podem comprar pas-

seios turísticos. O Parque Estadual Rio Negro setor Sul

abrange as comunidades: Araras, Baixote, Bela Vista,

Barreirinha, Boa Esperança, Caioé, Deus Proverá, Nova

Esperança e parte da comunidade Tatulândia.

» O morador Manoel Gomes leva os turistas para fazerem trilha no terreno do filho

» Turistas aproveitam para comprar o artesanato nativo

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 85

AS mArgEnS ÚmIdAS do CódIgo FlorESTAlNa próxima Conferência Internacional sobre o meio ambiente a Rio +20, o

Brasil deverá explicar o que tem feito para proteger as ‘wetlandas’, as áreas

úmidas, uma vez que é signatário desde 1994 da Convenção de Ramsar. Nes-

tas áreas estão incluidas as várzeas e florestas inundadas amazônicas, que co-

brem cerca de 50 milhões de hectares. No Brasil as áreas úmidas se estendem

por mais de cem milhões de ha, somando as áreas com e sem florestas.

Até agora estas áreas eram protegidas uma vez que a lei extende o patrimo-

nio da União até as margens altas dos rios. Isto é, as margens demarcadas

pela água em épocas de cheia ( a Secretaria do Patrimonio da União, a SPU,

as define através de uma media das margens das dez maiores cheias registra-

das, excetuando as extremas. O novo Código Florestal deslocou a margem

de referência da margem alta para uma linha denominada de ‘regular’. Dizem

os senadores que examinaram o projeto de lei enviado pela Câmara do Depu-

tados que a lei busca disciplinar e regularizar as áreas de propriedade privada.

As áreas públicas, portanto, não deveriam ser incluidas nas novas definições

de ‘curso regular das águas’ e na consequente abrangência do Patrimônio

da União. Se isso for verdade, como ficarão então as áreas de propriedade

privada localizadas entre as margens ‘regulares’ e altas quando estas se su-

perpõem às públicas?

Cria-se assim um imbroglio jurídico que alimentará os foros da magistratura

superior, uma vez que a questão tangencia determinações constitucionais (no

Atrigo 20 define-se como Patrimônio da União os leitos dos rios). O importan-

te não é apenas preservar o Patrimônio Nacional, mas consolidar as responsabili-

dades da União com a proteção das áreas úmidas, assim como determina o bom

senso e os compromissos subscritos pelo Brasil na Convenção de Ramsar.

Se as áreas alagadas forem devastadas o maior prejudicado será a própria

agricultura e a segurança alimentar, que para suprir as carências das épocas

de seca, necessita das chuvas decorrentes da evaporação da água que cobre

o solo alagado e das àguas que se armazenam no subsolo.

As áreas inundadas muitas vezes correspondem a terras de grande fertilidade

que sazonalmente podem ser exploradas. Caso a caso deveria sim ser estu-

dado o aproveitamento agrícola de cada área. No entanto deve ser evitada é

a devastação destas áreas para fins de exploração agropecuária extensiva de

alto impacto ambiental. O prejuízo no futuro pode ser irreparável.

Na questão da proteção das áreas úmidas e, em particular, das florestas ala-

gáveis no Código Florestal, observamos que prevaleceu novamente a mal

informada opinião dos Congressistas que revelaram desconhecer as caracte-

Ennio Candotti Diretor Geral do Museu da Amazônia

rísticas dos biomas amazônicos, rorai-

menses e pantaneros que correspon-

dem a metade do país).

Caso contrário, o Projeto para o novo

Código teria diferenciado os diferen-

tes ambientes separando ao menos

os amazônicos dos planaltinos, se de

fato o seu proposito é o do aperfei-

çoamento de normas jurídicas que

disciplinem o uso da terra, florestas

e águas em nosso país. Creio que na

defesa da proteção das áreas úmidas

não deveriamos contrapor interes-

ses ambientais contra produtivos mas

procurar promover o uso criterioso

das águas abundantes para evitar que

as secas devastem a lavoura.

86 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Guerra na Selva

rEporTAgEm: Ana Paula Sena e Diárcara Ribeiro FoToS: Michel Mello e Divulgação

AO LONGO DE 47 ANOS , O CIGS JÁ FORMOU 5.213 COMBATENTES DE SELVA, SENDO 419 DE OUTRAS NAçõES. A INSTITUIçãO é REFERêNCIA MUNDIAL NA ÁREA[ ]

CEnTro DE TrEInAmEnTo InTEnSIVo NA SElVA

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 87

É no meio da selva amazônica que o Exército Brasileiro prepara centenas de

combatentes para as mais diversas situações, a fim de proteger a popula-

ção que no país habita. As bases de treinamento são utilizadas por militares

brasileiros, e combatentes de países que fazem fronteira com o Brasil. Nela as mais

diversas atividades como, por exemplo, sobreviver aproveitando o que a floresta

amazônica oferece, como reconhecer se alguma planta é venenosa, conhecer o

solo e como atacar o inimigo.

Os alunos formados levam os ensinamentos para as outras localidades. Atualmente

estão sendo formados 93 guerreiros de selva, destes 42 são sargentos e 51oficiais.

O curso tem duração de três meses, como explica o Tenente Coronel responsável

pelo treinamento Capitão Dorea. “O curso se desenvolve em três fases, a parte de

vida na selva, a parte técnica e a parte de operações . Cada base do Cigs é vocaciona-

da para uma dessas fases. A parte técnica é dividida em técnica terrestre e técnica

fluvial”, afirma.

A duração do curso é de 11 semanas. Uma semana administrativa, nove de curso e

a última semana de mobilização. Os exercícios físicos que os alunos praticam são

supervisionados para que nenhum incidente ocorra. “Em todos os exercícios existe

um acompanhamento técnico, da sessão psicotécnica, da sessão psicopedagogia,

além de serem acompanhadas por oficiais, sargentos, e um oficial de prevenção

de acidentes. Tudo é documentado e existe um caderno que fala da simulação de

estresse de combate , o qual regula tudo que pode ser feito e tudo o que não pode

ser feito”, diz.

O aluno Flávio Henrique Magalhaes do Valle, é um dos mais antigos na turma que

está em formação, serve ao Exercito há 15 anos, com muita satisfação, segundo

ele. O pai também era militar, o incentivando ainda mais. De acordo com ele, o cur-

so é um grande ensinamento inclusive de superação dos próprios limites. “O trei-

namento é intenso, porém produtivo, os resultados vão somar nas organizações mi-

litares do país, porque passamos um período aqui fazendo o curso e depois vamos

difundir o conhecimento para a nossa base”, avalia.

Segundo o aluno as maiores dificuldades são as atividades intensas e o desgaste

que a própria mata oferece ao combatente, além da aproximação da realidade do

combate. “Tudo isso é superado e o que aprendemos vamos levar para os outros, é

trabalhar com uma equipe preparada e bem profissional”, ressalta.

88 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Guerra na Selva

» AlImEnTAção quE A FlorESTA oFErECE

Com o objetivo de ensinar como encontrar alimentos

que a própria floresta oferece, os alunos aprendem re-

conhecer frutos, insetos, animais etc. Os cuidados com a

alimentação devem ser enormes, pois problemas intesti-

nais, infecções e outras crises de saúde podem ocorrer se

for ingerido algo não recomendado.

Uma regra básica é que todo fruto de palmeira é comestível

e frutos comidos por animais são confiáveis. Ensinamentos

como esses salvam vidas, como explica o tenente Monzon.

Plantas medicinais também são encontradas para comba-

ter a malária, é o caso da andiroba, que funciona como re-

pelente natural contra insetos, além de ter outras dezenas

de funções benéficas à saúde.

O conselho dado pelos instrutores aos alunos, é que eles

aprendam rapidamente a conhecer o que a floresta tem

de alimento perecivel. Procurar as coisas certas, como

as frutas de cada região, no caso da Amazônia, o açaí, o

cupuaçu, o buriti, ingá, carambola e outros.

» hISTórIA

O Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) foi cria-

do em 2 de março de 1964, pelo decreto número 53649,

tendo como seu primeiro Comandante o então Major de

Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão.

Segundo o atual Comandante do Centro, Coronel Ed-

mundo Palaia Neto, o primeiro curso de Guerra na Selva

funcionou no ano de 1966, os cursos eram de duas ca-

tegorias, uma para oficiais e outra para subtenentes e

sargentos, desde então, o Cigs é referencia no mundo.

“A partir de outubro de 1969, o curso passou a ser de três

categorias: “A” para oficiais superiores, “B” para Capitães

e Tenentes e “C” para subtenentes e sargentos. Até ju-

nho de 1969, o Cigs foi subordinado ao Grupamento de

Elementos de Fronteira. Em fevereiro de 1970, passou a

ser subordinado à Diretoria de Especialização e Extensão

(DEE)”, explicou Palaia.

Em outubro de 1970, passou a designar-se Centro de

Operações na Selva e Ações de Comandos (Cosac), com

a missão de ministrar além dos cursos de Operações na

» O treinamento oferecido na base de instrução é levado para outros estados pelos alunos

» História: as primeiras turmas

» Os instrutores compartilham com a tropa os conhecimentos sobre os frutos e as plantas que a floresta oferece

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 89

» Edmundo pAlAIA nETo - CoronEl dE InFAnTArIA

Edmundo Palaia Neto, incorporou ao Exército em

16 de fevereiro de 1976, na Escola Preparatória

de Cadetes do Exército, sediada em Campinas,

São Paulo. Cursou a ESAO em 1992 e a ECEME em

1999 e realizou diversos cursos e estágios no curso

de infantaria na AMAN – em 1982; Transporte

aéreo – em 1985; Curso de operações na selva

categoria b – em 1986; Informações básicas em

animais peçonhentos em 1987; Motociclista

militar – em 1989; Escalador militar – em 1997;

Básico de assistência pré-hospitalar e salvamento

– em 1997; Operação na caatinga – 1997; Estado-

maior de defesa – em 2002 e política, estratégia e

alta administração do exército – em 2008.

Realizou os seguintes cursos na área civil: MBA

Executivo – FGV/ RJ – em 2008; e credenciado em

língua espanhola – nível b.

Foi promovido ao Posto atual em 25 de dezem-

bro de 2006 e condecorado com a Medalha Mi-

litar de Ouro, a Medalha do Pacificador, a Meda-

lha de Bronze do Corpo de Tropa, Medalha de

Serviço Amazônico Passador de Prata, Medalha

do Mérito do Ex-Combatente do Brasil, Medalha

Sangue de Heróis, Medalha Jubileu de Ouro da

Vitória na II Guerra Mundial e Medalha Marechal

Zenóbio da Costa.

Selva, o de Ações de Comandos. De acordo com Palaia, os

treinamentos são de total importância para a preparação

dos futuros guerreiros de selva.

“Pessoas de todas as partes do mundo vêm apreciar o

nosso treinamento, e todos ficam impressionados com

nosso conhecimento, que adquirimos com o informa-

ções do ‘Povo da Terra’, como os ribeirinhos e indígenas.

E digo ainda que, ninguém tem mais ciência sobre a Ama-

zônia do que nós, que vivemos aqui”, afirmou Palaia.

Em 1978, o Cigs retomou à antiga designação, deixando

de ministrar o curso de Ações de Comandos. Em setem-

bro de 1982, o Cigs passou a subordinação do Comando

Militar da Amazônia, permanecendo vinculado tecnica-

mente à DEE, Atual DETMil.

Ao longo de seus 47 anos de existência, o Cigs especia-

lizou 5.213 combatentes de selva, sendo 419 de nações

amigas. Para o comandante Palaia, devido o trabalho da-

queles que antecederam a atual geração, o Centro tem

o status e a responsabilidade de especializar o melhor

combatente de selva do mundo.

“Somos preparados para atuar em qualquer situação que

possa acontecer dentro da floresta, temos equipamen-

tos especializados e conhecemos as mais diversas técni-

cas de sobrevivência, inclusive para tratar as doenças da

região, que são inúmeras”, concluiu Palaia.

» mISSão do CIgS

Especializar militares para o combate na selva, realizando

pesquisas e experimentações doutrinárias, para a defesa

e proteção da Amazônia.

» zoo

Considerado maior centro de animais da região, o Zoo

do Cigs, foi construído e é administrado pelo Exército

Brasileiro. Os animais encontrados no local são: onças,

suçuaranas, jaguatiricas, gatos mouriscos, macacos de

diversas espécies, jibóias, sucuris, jacarés-açu, araras, ga-

viões reais, etc.

O Cigs promove a recuperação de animais selvagens ma-

chucados pela ação ilegal do homem e a sua devolução

aos habitats naturais. Para isso conta com um hospital e

veterinários capacitados. ■

90 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

O Exército brasileiro tem interesse em comprar os

alimentos para a sua tropa na região. Para isso é

fundamental que os fornecedores estejam habili-

tados legalmente e que as condições sanitárias dos produtos

comprados sejam as melhores".

Desta forma, sem rodeios, o general de Exército Eduardo

Dias da Costa Villas Bôas, 60, comandante do Comando Mi-

litar da Amazônia (CMA), expressou o seu pensamento em

cerimônia de confraternização com os produtores rurais da

feira do Cigs, no dia 17 de dezembro.

Villas Bôas, que nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de

Cruz Alta, assumiu o CMA em setembro passado, e tem em

sua carreira duas passagens anteriores pelo Amazonas, esta

é a terceira, o que o eleva, de forma singular, à condição de

um profundo conhecedor da região amazônica.

Ele sabe, como poucos, que aqui, o Brasil, mais do que nun-

ca, precisa das Forças Armadas. "A Amazônia é nossa respon-

sabilidade social, geo-política, econômica, cultural e militar.

Nela, atuamos com a aplicação do conceito clássico de: Vida,

Trabalho e Combate", destacou.

O comandante frisou, ainda, que os produtores rurais que hoje

vendem seus produtos no Cigs (desde 2008), continuarão rece-

bendo o apoio do Exército e, que, em janeiro de 2012, tudo in-

dica, as instalações atuais devem ser deslocadas para o estacio-

Cigs

GENERAL VIllAS BôAS APOIA produTorES rurAIS DO AMAZONAS

rEporTAgEm e FoToS: Antonio Ximenes

NO ANO DE 2011, A FEIRA DO CIGS MOVIMENTOU CERCA DE R$ 3,1 MILHõES COM A REALIZAçãO DE 24 EDIçõES [ ]

» Autoridades participam de conferência no Cigs

» Generais Villas Bôas, Bringel e coronel Palaia, comandante do Cigs

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 91

namento do Cigs, uma área mais ampla, que melhor acolherá os

agricultores e a população em geral, que compra os produtos

que vão à mesa das famílias diretamente do produtor.

» prESTAção dE ConTAS

Anfitrião das autoridades do Estado que estiveram no Cigs,

o comandante Villas Bôas viu e ouviu a prestação de contas

feita pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Sus-

tentável (ADS), Valdelino Cavalcante, sobre a feira.

"Desde 2008 já foram movimentados R$ 9,374 milhões

beneficiando mais de 3,5 mil produtores rurais; somen-

te em 2011 foram R$ 3,1 milhões. O Exército, com sua

credibilidade e seriedade inspira confiança, organização,

planejamento e qualidade de relacionamento, o que fez

com que a população elegesse a feira do Cigs, como uma

das mais importantes em Manaus", comentou Valdelino

Cavalcante.

» General Villas Bôas, presidente da ADS, Valdelino Cavalcante e o coronel Palaia

» Produtos orgânicos são comercializados na feira com preços competitivos

92 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Cigs

» VISão

A secretária da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável

(SDS), Nádia Ferreira, que representou o governador Omar

Aziz na ocasião, disse que o general Villas Bôas é um coman-

dante fundamental nas relações com o governo."Ele tem

todas as condições de auxiliar a região com sua visão empre-

endedora e perfil de conhecedor da Amazônia".

Com mais de trezentas pessoas participando do almoço de con-

fraternização, entre elas o superintendente geral da Polícia Fe-

deral do Amazonas, Sérgio Fontes, o presidente da Federação da

Agricultura e Pecuaria do Amazonas, Muni Lourenço, o coronel

Luna da Aeronáutica, dentre outras, o evento se transformou

em uma prova natural do acolhimento das forças armadas aos

agricultores, que, na ocasião, foram representados pelo agri-

cultor Adalberto Alves de Araújo, produtor de cebolinha, cheiro

verde, alface, pimenta do reino, couve, pimentão no município

de Iranduba. "Quando comecei aqui na feira do Cigs tinha quatro

ajudantes, hoje, tenho dezessete, o que mostra o sucesso da ini-

ciativa do Exército e da ADS", afirmou Adalberto Alves de Araújo.

» O Coronel de Infantaria, Palaia, palestra sobre os projetos para a Copa do Mundo de Futebol

» General Bringel recebe homenagem pelo seu trabalho junto aos agricultores na região

» Confraternização com os produtores e autoridades

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 93

Recursos Movimentados (R$)

Produtos Comercializados (kg)

Público Visitante (№)

Coop. e Assoc. Participantes (média)

Famílias Beneficiadas

* VALORES AINDA ALTERÁVEIS ATÉ DEZEMBRO DE 2011.

1.597.778

334.583

52.888

58

3.200

2.140.479

495.096

64.004

61

3.400

2.766.334

660.499

82.829

81

3.500

3.100.000

700.000

74.000

83

3.575

9.604.591

2.190.178

273.721

71

3.420

» 77 FEIrAS dE produToS rEgIonAIS CIgS (2008-2011)

RESULTADOS DAS FEIRAS TOTAL2008-2011

2010 (25 Edições)

2008 (21 Edições)

*2011 (24 Edições)

2009 (25 Edições)

» homEnAgEnS

O general de Divisão, Bringel, foi homenageado no evento,

ganhando um quadro das mãos do agricultor Adalberto Al-

ves Araújo, pelos seus elevados serviços prestados junto aos

agricultores. O coronel Lauro Pastor também foi homenage-

ado pela sua participação na fundação da feira do Cigs.

Pela organização do evento, apresentação objetiva e, alta-

mente elucidativa, sobre a preparação do Cigs para Copa do

Mundo de Futebol em 2014; e a preparação da nova área da

feira local, o coronel Palaia, comandante do Cigs, foi elogia-

do pelos generais presentes. "Este é um trabalho que faze-

mos com muita determinação e boa vontade, pela integra-

ção com a sociedade em benefício da região", disse Palaia.

» rESulTAdo dAS FEIrAS

Projeto integrante da parceria Governo do Estado e Exérci-

to Brasileiro, a ADS realiza, com grande sucesso, a Feira de

Produtos Regionais, na Quadra Poliesportiva do Centro de

Instrução de Guerra na Selva (Cigs).

O evento abriu novos nichos para o agronegócio sustentável

e teve sua primeira edição no dia 16 fevereiro de 2008, co-

locando frente a frente produtores rurais e os consumidores

manauaras, proporcionando a oferta de produtos de alta

qualidade a preços competitivos. Em 2009, foram realizadas

25 Feiras, com o mesmo sucesso do ano anterior, com média

de R$ 80 mil em recursos movimentados e 2.500 visitantes

em cada Feira.

Em 2010, com a realização de mais 25 edições, gerou-se um

valor superior a R$ 2,7 milhões de recursos, alcançando des-

sa forma, um montante de mais de R$ 6,5 milhões no de-

correr dos três anos de execução. No ano de 2011, a feira

movimentou cerca de R$ 3,1 milhões com a realização de 24

edições previstas no calendário anual. ■

» A Feira movimentou R$ 3,1 milhões ajudando centenas de produtores rurais, que tiveram a oportunidade de vender os produtos diretamente aos consumidores

94 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Distrito

OPERAçãO guArICAYA EM SANTO AnTônIo do mATupI

rEporTAgEm e FoToS: Lemmos Ribeiro

MADEIREIROS E COMERCIANTES, OS PRINCIPAIS AFETADOS COM A OPERAçãO, PEDEM MAIS ATENçãO PARA O DISTRITO, QUE SOFRE COM A FALTA DE SERVIçOS ESSENCIAIS DE INFRAESTRUTURA URBANA[ ]

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 95

S anto Antônio do Matupi localizado no KM-180 da

BR-230 (Transamazônica) trava uma luta para que

a sua economia não quebre. O Distrito tem sido

acossado pelas autoridades policiais e ambientais o que

tem provocado abalo no comércio local.

A cidade parou com a ação da polícia. O movimento de

caminhões e trabalhadores nas ruas de barro de Matupi

deu lugar ao deserto, desde que a operação batizada de

Guaricaya foi iniciada. Atualmente no Distrito do Matupi

existem cerca de 700 trabalhadores que atuam direta-

mente com madeira e indiretamente esse número chega

a 2.000 pessoas.

O grande problema da região é a falta da regularização

fundiária. Santo Antônio do Matupi é uma localidade que

cresceu sem a atenção devida, com isso houve um inten-

so povoamento de pessoas, migrantes do Paraná, Mato

Grosso, Rondônia que ocuparam o Distrito de forma de-

sordenada, cometendo crimes ambientais. Para Samuel

Martins, empresário do ramo madeireiro,‘‘enquanto o

governo não se dispor com suas equipes do Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (Incra) para documentar

as áreas, não haverá ordem em Matupi’’, afirmou.

Atualmente 24 madeireiras funcionam em Matupi, das

quais apenas 12 são legalizadas, segundo Martins ‘‘A bri-

ga do setor madeireiro é para que se aumente o número

de manejos florestais. Nós madeireiros somos contra o

desmatamento, pois cada vez que é desmatada uma área

é eliminado o fomento da indústria madeireira, gostarí-

amos que região se transformasse em áreas manejadas,

com desmatamento apenas dos 20% legais’’, ressalta.

A maioria das madeireiras não possui legalização junto ao

Ministério do Trabalho devido à falta de documentos das

empresas e dos próprios funcionários, a maioria deles

são semi-analfabetos. Para Carlos Santos, 35, que traba-

lha com madeira há 15 anos e depende disso para viver.

‘‘A serraria é o meu pão de cada dia, é o que sei fazer,

preciso disso para sustentar minha família’’, afirmou.

Os madeireiros locados em Matupi exigem agilidade a

respeito da legalização fundiária e dos manejos florestais

(que estabelece regras para a extração de madeira e a re-

composição da vegetação), como também a liberação do

licenciamento de operação das serrarias. “Inibi-se e não

se dá nada em troca, intercepta-se qualquer tipo de ação

do povo, mas não promove uma maneira do povo viver

na legalidade”, é o que afirma Martins.

» o rEFlExo dA opErAção no ComérCIo loCAl

O comércio também sofreu com a operação no distrito,

bares, restaurantes e lanchonetes perderam clientes

com a paralisação das atividades nas serrarias, de acor-

do com o empresário Sidney Silva, 34. ‘‘A operação tem

que ser feita, mas o governo deve ter a responsabilidade

de oferecer um meio de legalização, e não chegar assim

de surpresa apreendendo e proibindo’’, afirmou. Sidney

possui um restaurante em Matupi e conta como seu co-

mércio foi afetado. “Minha clientela são os trabalhado-

res das serrarias, com a paralisação, a maioria deles não

almoçam mais aqui, estou perdendo minha freguesia”,

ressalta. Segundo ele é de extrema importância a indús-

tria madeireira, pois a renda que a indústria injeta aqui é

muito grande na região.

» InFrA-ESTruTurA

No Km 180 Não existem serviços básicos como água

encanada, iluminação pública, hospitais, ruas asfalta-

das, sistema de esgoto e lixo, sistema de telefonia e

segurança pública local. Para irmã Cândida Amaro que

atua na Igreja Católica e é membro do conselho de ci-

dadãos Matupi. ‘‘A operação é importante, Matupi pre-

cisa de ordem, mas antes de vir com penalidades, os

órgãos competentes precisam atender nossas necessi-

dades básicas”, observa.

No Distrito as autoridades policiais exigem a regulari-

zação de veículos, em Matupi não tem Detran, não há

serviços de emplacamentos e em emissão da carteira

de motorista. O governo presisa fornecer as condições

necessárias a população para cobrar uma legalidade. ■

» Madeireira Matupi é uma das 12 certificadas no Distrito

96 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia96 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Negócios SustentáveisEm 2011, o Governo do Estado, através da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) que compõe o Sistema Produtivo do Estado (SDS, Sepror, Idam e Afeam) mostrou a força da cadeia produtiva com a sustentabilidade na prática:

Boas Festas!

● Benefi ciou 5.125 produtores com as Feiras de Produtos Regionais realizadas no Comando da PM, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e no Vitello;

● Deu incentivos à produção da borracha natural;● Alavancou ainda mais a produção de fi bras vegetais por meio da liberação de R$ 1,6 milhão em subsídio;

● Favoreceu cerca de 12 mil produtores com o Programa de Regionalização da Merenda Es-colar (PREME), onde foram investidos R$ 16,4 milhões;

● Trabalhou na organização e dinamização da Cadeia Produtiva do Pescado;● Abriu mais oportunidades aos artesãos e marceneiros com o Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove, com investimentos na ordem de R$ 3,9 milhões.

Para 2012, a meta do Governo do Amazonas é ampliar ainda mais as ações com o lançamento de mais uma Feira de Produtos Regionais em parceria com a Aeronáutica e a viabilização da concessão fl orestal. Iniciativas voltadas a gerar mais oportunidades de trabalho e renda ao homem da fl oresta. E é com este espírito empreendedor que desejamos um feliz Ano Novo.

AVAnçoS nAS nEgoCIAçõES do ClImA Em durBAnA Conferência das Partes (COP-17) da Convenção Quadro de Mudanças

do Clima da ONU, em Durban, África do Sul, mais uma rodada de nego-

ciações. Estavam representados cerca de 190 países, num total de mais

de 20 mil pessoas.

Um dos destaques foi a mudança signifi cativa no posicionamento brasileiro

sobre metas de redução de emissões de gases efeito estufa. Antes contrário

a metas obrigatórias de redução de emissões para países em desenvolvimen-

to, a delegação brasileira trouxe uma nova posição a Durban: o Brasil aceita

assumir metas obrigatórias, desde que isso seja parte de um acordo global, in-

cluindo todos os países. Essa posição, defendida por muitos de nós há alguns

anos, pode representar uma mudança signifi cativa no tabuleiro de xadrez das

complexas negociações.

O novo posicionamento brasileiro pode catalisar mudanças na posição da Chi-

na, também historicamente contrária a metas obrigatórias para países em de-

senvolvimento. Caso a China mude, os EUA não terão mais uma justifi cativa que

vêm usando para não participar do Protocolo de Quioto ou um novo instru-

mento relacionado com metas obrigatórias para redução de emissões. Hoje os

EUA dizem que não participarão enquanto a China e outros grandes poluidores

não assumirem compromissos obrigatórios de redução de emissões.

O grande problema é que a economia dos países industrializados enfrenta

uma crise generalizada e que já se arrasta há vários anos e a perspectiva não

é positiva para o futuro próximo. Isso faz com que instrumentos de mercado

passem a ter um papel mais importante diante da pequena capacidade de

investimento público em ações de mitigação das mudanças climáticas.

O contexto atual pode favorecer REDD+ (redução de emissões por desmata-

mento e degradação, mais enriquecimento, manejo e conservação fl orestal). O

carbono fl orestal, por meio do REDD+, representa a melhor relação custo-be-

nefício. Além de ser mais barato do que outras alternativas, as fl orestas geram

outros benefícios para o clima (chuvas), conservação da biodiversidade e redu-

ção da pobreza. Isso pode ser muito importante para o futuro da Amazônia.

Virgílio VianaSuperintendente Geral da Fundação

Amazonas Sustentável - FAS

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 97

Negócios SustentáveisEm 2011, o Governo do Estado, através da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) que compõe o Sistema Produtivo do Estado (SDS, Sepror, Idam e Afeam) mostrou a força da cadeia produtiva com a sustentabilidade na prática:

Boas Festas!

● Benefi ciou 5.125 produtores com as Feiras de Produtos Regionais realizadas no Comando da PM, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e no Vitello;

● Deu incentivos à produção da borracha natural;● Alavancou ainda mais a produção de fi bras vegetais por meio da liberação de R$ 1,6 milhão em subsídio;

● Favoreceu cerca de 12 mil produtores com o Programa de Regionalização da Merenda Es-colar (PREME), onde foram investidos R$ 16,4 milhões;

● Trabalhou na organização e dinamização da Cadeia Produtiva do Pescado;● Abriu mais oportunidades aos artesãos e marceneiros com o Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove, com investimentos na ordem de R$ 3,9 milhões.

Para 2012, a meta do Governo do Amazonas é ampliar ainda mais as ações com o lançamento de mais uma Feira de Produtos Regionais em parceria com a Aeronáutica e a viabilização da concessão fl orestal. Iniciativas voltadas a gerar mais oportunidades de trabalho e renda ao homem da fl oresta. E é com este espírito empreendedor que desejamos um feliz Ano Novo.

98 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

o quE gAnhAmoS Com A AproVAção do noVo CódIgo FlorESTAlO Senado Federal aprovou em plenário o projeto de lei que altera o Código

Florestal Brasileiro (PLC 30/2011). Durante o processo de tramitação na casa,

trabalhamos para elaborar uma lei boa e justa para os brasileiros de Norte

a Sul do país. Uma lei que represente um equilíbrio entre a necessidade de

continuarmos batendo recordes na produção agrícola e, ao mesmo tempo,

dando exemplo de proteção de nossas florestas.

Um dos grandes avanços que tivemos no texto foi a inclusão de incentivos

econômicos e financeiros para quem mantém a floresta em pé e protege os

cursos d´água. Em se tratando do bioma Amazônia, estes incentivos são im-

portantes porque 80% das propriedades são de Reserva Legal.

Agora, com a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro no Senado, den-

tro de 180 dias o governo federal terá que emitir uma Lei para regulamentar

esses incentivos econômicos e financeiros para as reservas legais e para os

serviços ambientais que a floresta em pé presta à agricultura, ao agronegó-

cio, às hidrelétricas, ao clima e ao sistema hidrológico brasileiro.

Isto é um ganho para toda a Amazônia, tal qual o Bolsa Floresta, que representa

um ganho para mais de 6 mil famílias, que já complementam sua renda anual por

meio desse programa criado quando estivemos a frente do governo do Amazonas.

E a partir do Programa Bolsa Verde, do governo federal e inspirado em nosso Bolsa

Floresta, entre 2011 e 2014, 80 mil famílias na Amazônia brasileira serão beneficia-

das com complemento de renda. Isso equivale a meio milhão de pessoas.

Com o novo Código Florestal, será possível estabelecer incentivos econômicos

e financeiros que representem renda para pequenos, médios e até para gran-

des produtores. Portanto, a Reserva Legal deixa de ser um ônus para se trans-

formar em um ativo florestal. Esta é uma velha luta que travamos incansavel-

mente em todas as discussões sobre o assunto dentro e fora do Senado. Graças

ao entendimento dos relatores sobre a importância desse tema, os instrumen-

tos econômicos receberam um capítulo especial no texto aprovado no Senado.

Outra questão importante incluída no PLC 30 foi a normatização definitiva

e que traz para a legalidade o uso dos leitos dos nossos rios durante a seca,

principalmente as praias e as várzeas dos altos rios para o plantio de subsis-

tência, aquele feito em terrenos de dois ou quatro hectares. Isso significa

que plantar feijão, jerimum, melancia, e até mesmo arroz em muitas áreas

de várzeas e praias de leitos de rios secos, que é uma cultura de subsistência,

passa a ser absolutamente legal com o novo Código Florestal. Portanto, os

pequenos produtores não terão mais o risco de ficar na ilegalidade e de ter

seus equipamentos e insumos apreendidos pelo Ibama, pelo Ipaam ou pela

polícia federal ou polícia militar.

Eduardo BragaSenador (PMDB-AM)

Além disso, as culturas tradicionais de

subsistência, dos pequenos produto-

res rurais, que trabalham com roça e

ainda fazem queimadas para plantio

de mandioca, também passam a ser

legalizados. São esses e outros ganhos

para os amazônidas, todos os brasi-

leiros e para as gerações futuras que

queremos comemorar com a aprova-

ção do novo Código Florestal.

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 99

100 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 101

102 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia

A VEz do AçAíO açaí é uma cultura importante para nós, aqui na calha do rio Juruá, porque

em todo lugar ele é encontrado. Mas os preços praticados hoje são baixos.

O homem da floresta pensa duas vezes antes de colocar todo seu tempo

para coletar o açaí no pé. Ele sabe que pode ganhar mais com a despesca do

pirarucu, com a pescaria convencional de outras espécies e a borracha, por

exemplo.

Os preços desses produtos são melhores. O kilo da borracha pode ser ven-

dido a R$ 5,20, o pescado é vendido por R$ 6,00 o K, em média, e o pirarucu

apresenta preços ainda melhores; por isso que o que queremos é que o kilo

do açaí seja de, no mínimo, R$ 1,00.

Nós queremos que as indústrias de beneficiamento do açaí como a Tupã, aqui

em Carauri, e outras em todo o Estado, tenham lucros e que gerem renda e

empregos, mas também lutamos para que os produtores da floresta tenham

melhores condições de preço na hora de entregar o seu produto.

A coleta do açaí no cacho é dura, sobe-se nas árvores de maneira artesanal e

carrega-se por longas distâncias o fruto do trabalho na floresta, porque aqui

tudo é feito na mão e de maneira tradicional. Os sacos têm que ser transpor-

tados pelos rios e, agora, com gelo, como querem as indústrias para manter a

qualidade do produto in natura. Há o custo do combustível, do rancho, entre

outros.

Sabemos que assim como a cadeia da borracha, do pirarucu, da castanha,

da malva e juta, entre outras culturas que têm melhorado de preço fruto do

trabalho desenvolvido pelas autoridades federais, estaduais, municipais e os

trabalhadores , também a do açaí, que tem forte apelo de venda nos grandes

centros do Brasil e no mundo, para exportação, pode melhorar.

O trabalhador da floresta é pragmático, ele vai onde é pago melhor. Temos

que buscar novos valores para o açaí, mas também precisamos apoiar o for-

talecimento das agroindustrias, para que elas continuem comprando direta-

mente do produtor rural, especialmente, daqueles que trabalham com extra-

tivismo. Todos queremos desenvolvimento social, econômico e da indústria,

mas com dignidade para todas as partes e com sustentabilidade.

Manoel CunhaPresidente do Conselho Nacional

das Populações Extrativistas (CNS)