revista fé para hoje número 25, ano 2005

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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

F

Editora FielCaixa Postal 160112233-300 - São José dos Campos, SP

www.editorafiel.com.br

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CCCCCINCOINCOINCOINCOINCO R R R R RESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕES PARAPARAPARAPARAPARA OOOOO A A A A AVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTO P P P P PESSOALESSOALESSOALESSOALESSOAL 1

CCCCCINCOINCOINCOINCOINCO R R R R RESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕES

PARAPARAPARAPARAPARA OOOOO A A A A AVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTO P P P P PESSOALESSOALESSOALESSOALESSOAL

Jim ElliffJim ElliffJim ElliffJim ElliffJim Elliff

Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possasalvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossasiniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossospecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.

Isaías 59.1-2

Você quer ser um instrumentonas mãos de Deus? Deseja ver o po-der de Deus utilizando-o como seuinstrumento? Você almeja que suasorações sejam respondidas? Se dese-ja estas coisas, então, a barreira dopecado que se encontra entre você eDeus tem de ser demolida, e o estilode vida de santidade e amor a Deus,renovado. Embora todo crente este-ja perdoado e colocado eternamenteem Cristo, Deus resolve trazer dis-ciplina e permitir ineficácia na vidade seus filhos desobedientes. Parasermos restaurados, uma cirurgia es-piritual tem de acontecer.

O avivamento pessoal começaquando o crente encara com honesti-dade o seu pecado. Embora seja umaatitude dolorosa, somente a sinceri-dade com Deus e com os outroscapacitarão o crente a andar em pu-reza e poder. As seguintes resoluçõesnão constituem uma fórmula, mas sãoexigidas de todo crente. Orando com

humildade, examine seu próprio co-ração. Comece agora mesmo aarrepender-se e a voltar-se para Ele.Coloque toda a sua confiança emDeus, pois somente Ele pode torná-lo santo. Pague o preço necessáriopara estar correto em seu relaciona-mento com Deus e ser um meio devivificação espiritual para outras pes-soas.

1. A1. A1. A1. A1. ARREPENDARREPENDARREPENDARREPENDARREPENDA-----SESESESESE DEDEDEDEDE TODOTODOTODOTODOTODO PECAPECAPECAPECAPECA-----DODODODODO CONHECIDOCONHECIDOCONHECIDOCONHECIDOCONHECIDO.....

Eu repreendo e disciplino aquantos amo. Sê, pois, zelosoe arrepende-te (Ap 3.19).

ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução – Não dormirei hojeà noite, nem viverei este dia, semme arrepender completamente detodo pecado conhecido que tenhopraticado contra Deus (Tg 4.4-10; 2Co 7.10).

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Fé para Hoje2

2. A2. A2. A2. A2. ABANDONEBANDONEBANDONEBANDONEBANDONE TODOSTODOSTODOSTODOSTODOS OSOSOSOSOS HÁBITOSHÁBITOSHÁBITOSHÁBITOSHÁBITOSEEEEE ATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADES QUESTIONÁVEISQUESTIONÁVEISQUESTIONÁVEISQUESTIONÁVEISQUESTIONÁVEIS.....

Tudo o que não provém de fé épecado (Rm 14.23b).

ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução – Não dormirei hojeà noite, nem viverei este dia, semremover de minha vida todo hábitoe toda atividade dos quais eu nãoposso ter absoluta certeza de que sãoaprovados por Deus (1 Co 10.31; Rm13.14; 14.14).

3. C3. C3. C3. C3. CORRIJAORRIJAORRIJAORRIJAORRIJA OSOSOSOSOS ERROSERROSERROSERROSERROS QUEQUEQUEQUEQUE EXISEXISEXISEXISEXIS-----TEMTEMTEMTEMTEM ENTREENTREENTREENTREENTRE VOCÊVOCÊVOCÊVOCÊVOCÊ EEEEE OUTROSOUTROSOUTROSOUTROSOUTROSIRMÃOSIRMÃOSIRMÃOSIRMÃOSIRMÃOS.....

Se, pois, ao trazeres ao altar atua oferta, ali te lembrares deque teu irmão tem alguma coi-sa contra ti, deixa perante oaltar a tua oferta, vai primeiroreconciliar-te com teu irmão;e, então, voltando, faze a tuaoferta (Mt 5.23-24).

ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução – Não dormirei hojeà noite, nem viverei este dia, semfazer tudo que for possível para cor-rigir quaisquer erros entre eu mesmoe meu irmão (Mt 6.14-15; 18.15-35; Rm 12.17-21; Cl 3.12-15).Confissão aos outros deve ser tãopública quanto o nosso pecado e podeincluir restituição.

4. M4. M4. M4. M4. MANTENHAANTENHAANTENHAANTENHAANTENHA COMUNHÃOCOMUNHÃOCOMUNHÃOCOMUNHÃOCOMUNHÃO COMCOMCOMCOMCOMDDDDDEUSEUSEUSEUSEUS,,,,, PORPORPORPORPOR MEIOMEIOMEIOMEIOMEIO DADADADADA ORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃO EEEEEDADADADADA MEDITAÇÃOMEDITAÇÃOMEDITAÇÃOMEDITAÇÃOMEDITAÇÃO NANANANANA P P P P PALAVRAALAVRAALAVRAALAVRAALAVRA DEDEDEDEDEDDDDDEUSEUSEUSEUSEUS.....

Vivifica-me, SENHOR, segundo

a tua palavra (Sl 119.107b).Orai sem cessar (1 Ts 5.17).

ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução – Não dormirei hojeà noite, nem viverei este dia, sempassar momentos tranqüilos comDeus, em oração, e meditar sincera-mente em sua Palavra (1 Pe 2.2-3;Jo 17.17; 16.23-24; Cl 3.15-16; Mc11.22-26).

5. C5. C5. C5. C5. CONFIEONFIEONFIEONFIEONFIE EMEMEMEMEM D D D D DEUSEUSEUSEUSEUS PARAPARAPARAPARAPARA USARUSARUSARUSARUSARVOCÊVOCÊVOCÊVOCÊVOCÊ COMOCOMOCOMOCOMOCOMO UMUMUMUMUM INSTRUMENTOINSTRUMENTOINSTRUMENTOINSTRUMENTOINSTRUMENTO NANANANANAVIDAVIDAVIDAVIDAVIDA DEDEDEDEDE OUTRASOUTRASOUTRASOUTRASOUTRAS PESSOASPESSOASPESSOASPESSOASPESSOAS.....

Meus irmãos, se algum entrevós se desviar da verdade, e al-guém o converter, sabei queaquele que converte o pecadordo seu caminho errado salvaráda morte a alma dele e cobrirámultidão de pecados (Tg 5.19-20).

ResoluçãoResoluçãoResoluçãoResoluçãoResolução – Não dormirei hojeà noite, nem viverei este dia, semsuplicar e esperar que Deus me usecomo um instrumento eficiente navida de outras pessoas (2 Tm 2.20-21; Jo 15.16; Cl 4.3-6; Jd 22-23; 1Pe 4.11; Sl 51.10-13).

Lembre-seLembre-seLembre-seLembre-seLembre-se destas resoluções to-dos os dias, até que sua maneira depensar se conforme à santidade e suavida seja vivificada e útil. Nuncadeixe de aplicar estas resoluções. Émuito útil escrever aquilo que Deuslhe mostra que deve ser feito.

Se você enfraquecerSe você enfraquecerSe você enfraquecerSe você enfraquecerSe você enfraquecer em sua in-tensidade e em seu desejo por santi-dade, não desista, nem retorne a umcoração dividido e a uma vida egoís-

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CCCCCINCOINCOINCOINCOINCO R R R R RESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕESESOLUÇÕES PARAPARAPARAPARAPARA OOOOO A A A A AVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTOVIVAMENTO P P P P PESSOALESSOALESSOALESSOALESSOAL 3

ta. Arrependa-se imediatamente deseu coração apático e de sua falta deamor para com Deus e avance. Nãopermita que o pecado exerça seu do-mínio (ver Rm 6.12,13).

SupliqueSupliqueSupliqueSupliqueSuplique a Deus que aproximede você alguns crentes com os quaispoderá compartilhar, regularmente,suas lutas, descobertas e vitórias nocaminho da santidade. Orem juntos,com seriedade, para que haja aviva-mento em vocês mesmos e em ou-tros crentes. Em cada reunião,considerem novamente estas resolu-ções, uma por uma, relatando osavanços e as lutas; discutam tambémas novas percepções obtidas das Es-crituras. Façam da sinceridade e do

arrependimento a sua confissão de fé.Admoestem uns aos outros, com hu-mildade. Falem a verdade uns aosoutros, com amor. Não duvidem dovalor de tais reuniões e da habilida-de de Deus em usá-los. Deus os apoi-ará completamente (2 Cr 16.9).

EEEEEMMMMM TODASTODASTODASTODASTODAS ASASASASAS OCASIÕESOCASIÕESOCASIÕESOCASIÕESOCASIÕES,,,,, EVIEVIEVIEVIEVI-----TETETETETE OOOOO ORGULHOORGULHOORGULHOORGULHOORGULHO ESPIRITUALESPIRITUALESPIRITUALESPIRITUALESPIRITUAL.....

Socorre, SENHOR, Deus meu!Salva-me segundo a tua mise-ricórdia. Para que saibam virisso das tuas mãos; que tu, SE-NHOR, o fizeste (Sl 109.26-27).

OOOOOUSEUSEUSEUSEUSE S S S S SERERERERER F F F F FIRMEIRMEIRMEIRMEIRMEStuart OlyottStuart OlyottStuart OlyottStuart OlyottStuart Olyott

Há muitos crentes fortes que não podem ser derrubados portentações drásticas e súbitas, mas cuja resistência pode serarruinada. Prejudicar os santos do Altíssimo (Dn 7.25) é uma dastáticas do maligno. Ele bem sabe que a água, pingandoconstantemente, desgasta a pedra dura. Assim, muitas de suastentações não são violentas, mas sutis e suaves. Apresenta asmesmas sugestões uma, duas, três ou mais vezes, até que estasnos impressionem. Semeia a idéia de que um determinado pecadotalvez não seja prejudicial, podendo até mesmo ser útil. E, maucomo é, pode preferir manifestar-se como um anjo de luz. Comfreqüência, a resistência de um crente desmorona diante destasabordagens, arruinando o seu testemunho.

“Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”, dizem as Escrituras (Tg4.7).

O único modo de escapar ao diabo é enfrentá-lo comdeterminação. Não há outro jeito de evitarmos suas garras epermanecermos livres de seu poder.

(Extraído do livro “Ouse Ser Firme”, Editora Fiel, pp.86,88)

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Fé para Hoje4

OOOOOBEDIÊNCIABEDIÊNCIABEDIÊNCIABEDIÊNCIABEDIÊNCIA DEDEDEDEDE C C C C CORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃOORAÇÃO

Charles BridgesCharles BridgesCharles BridgesCharles BridgesCharles Bridges

Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu coração guardeos meus mandamentos; porque eles aumentarão os teus dias e te acres-centarão anos de vida e paz.

Provérbios 3.1-2

Esta não é a linguagem austerado mandamento. É a voz de nossoPai em toda a afetuosa persuasão dapromessa — filho meu. Ele já noshavia instruído a buscar e a procurara sabedoria, bem como a enxergaras suas bênçãos inigualáveis. AgoraEle nos chama a um exercício práti-co — não te esqueças dos meusensinos. O voluntarioso esquecimen-to do nosso coração (Pv 2.17; Sl9.17, 10.4; cf. Pv 4.23; Dt 4.23; Sl119.93,76), e não a debilidade damemória (para a qual uma ajuda es-pecial é suprida, embora temamosque seja também muito negligencia-da — Jo 14.26), é o que está implícitonessas palavras. Permita que o seucoração, como a arca da aliança, sejao lugar de guardar os meus manda-mentos (Pv 4.4; Dt 11.18; Is 52.7).E não é este o nosso desejo como fi-lhos —“tomara sejam firmes os meuspassos, para que eu observe os teuspreceitos” (Sl 119.5; cf. Sl 119.

69,129), enquanto nossa incapacida-de consciente se apodera da promessada aliança — “na mente, lhes impri-mirei as minhas leis, também nocoração lhas inscreverei” (Jr 31.33)?

Na verdade, nenhuma lei, excetoa de Deus, pode refrear o coração.Toda a obediência aceitável começaali. O coração é a primeira coisa quevagueia longe de Deus; também é aprimeira coisa a voltar para Ele.Observe o princípio vital (Pv 4.13;Rm 6.17). Toda religião, sem isso,é apenas um nome; e, por mais queo crente professo lance mão de mui-tos artifícios para dar vida ao seu cris-tianismo, todos os artifícios falharão— “Assim será a sua raiz como po-dridão, e a sua flor se esvaecerá comopó” (Is 5.24). Se cada momento fos-se repleto de ações de benevolênciaou de piedade externa, e, mesmo as-sim, o coração não fosse despertadoa guardar os mandamentos, a voz derepreensão seria ouvida: “Quem vos

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requereu o só pisardes os meus átri-os?” (Is 1.12). O deleite do homeminterior (Rm 7.22) imprime excelên-cia no serviço. Este prazer e a perse-verança no dever fluem de umagraciosa transformação do coração(veja Ez 11.19; 36.26-27).

Nesta obediência também repou-sa o nosso interesse, não apenas anossa obrigação. A recompensa des-ta obediência (e precisamos acrescen-tar — uma recompensa da graça) éuma vida longa e feliz — o maiorbem deste mundo (Sl 34.12; Pv 4.10,9.11, 10.27). Os ímpios, sem dúvi-da, vivem vida longa, enquanto ospiedosos às vezes não chegarão àmetade de seus dias. Os ímpios mor-rem com aparente conforto externo;os justos, em dificuldades externas.No entanto, dias longos são uma pro-messa para os justos, quer na terra,quer no céu, como seu Pai acharmelhor. Em si mesma, a promessano tocante à vida não possui qual-quer encanto. Para o ímpio, é umamaldição (Gn 4.11-15; Is 65.20);para o povo de Deus é uma provação

de fé e paciência (Gn 27.46; 1 Rs19.4; Jó 7.16; Fp 1.23-24; Ap22.20); e para todos é fadiga (Sl90.10; Ec 12.1). Todavia, a paz re-sultante desta obediência constituea alegria no caminho árduo (Sl119.165; Is 32.17; 48.17-18) — pazcom Deus mediante "a aspersão dosangue de Jesus Cristo” (1 Pe 1.2;cf. Rm 5.1; Ef 2.13-14; Cl 1.20);paz eterna na casa e na presença deDeus (Sl 37.37; Is 57.2), onde todasas contendas de uma carne rebelde etodas as investidas de uma vontadeperversa e obstinada terão cessadopara sempre. “Bem-aventuradosaqueles que lavam as suas vestiduras[no sangue do Cordeiro], para quelhes assista o direito à árvore da vida,e entrem na cidade pelas portas” (Ap22.14).

(Este artigo foi adaptado de “Umcomentário em Provérbios”, pu-blicado pela Banner of TruthTrust.)

O atual declínio na pregação se deve, não a causasexternas, mas a um declínio prévio na crença na Bíbliacomo Palavra de Deus, autoritativa e inerrante, da partedos teólogos da igreja, dos professores dos seminários,e daqueles ministros que por eles são treinados. Ditocom toda a simplicidade: trata-se da perda de confiançana existência de uma Palavra proveniente de Deus.

James Montgomery BoiceJames Montgomery BoiceJames Montgomery BoiceJames Montgomery BoiceJames Montgomery Boice

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PPPPPOROROROROR Q Q Q Q QUEUEUEUEUE P P P P PRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOS

DEDEDEDEDE U U U U UMMMMM S S S S SALVADORALVADORALVADORALVADORALVADOR?????Edward DonnellyEdward DonnellyEdward DonnellyEdward DonnellyEdward Donnelly

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundoa multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meupecado.

Salmos 51.1-2

Diz-se que o ser humano pos-sui três necessidades básicas: alimen-to, vestes e habitação. Estas são, comcerteza, necessidades humanas bási-cas. Todavia, existe uma necessida-de vital que evidentemente está forada lista. “Qual é essa necessidade?”— talvez você pergunte. Ora, é anecessidade de um Salvador; é a ne-cessidade de crer em Jesus Cristo ede se render a Ele.

Espero que você pergunte a simesmo: "Por que eu preciso crer emJesus Cristo?” Render-se a Cristo é,antes de tudo, um passo muito ele-vado. Por que você deve fazê-lo? Porcausa do pecado. Todos nós somospecadores, e Cristo veio para salvaros pecadores. Você é pecador, e Je-sus pode salvá-lo.

Para que entendamos melhor,voltemos ao passado, a Davi, o reide Israel, que nos ensinará a respeitodo pecado. Davi é uma pessoa bemqualificada a fazer isto, porque ele

mesmo foi um grande pecador. Elecometeu adultério com Bate-Seba, aesposa de outro homem. Davi a con-templou, cobiçou-a e a tomou parasi — atitudes más aos olhos de Deus.E o pior de tudo foi que ele abusoude sua posição como autoridade so-bre o esposo de Bate-Seba, ao tentarenganá-lo; e, depois de haver falha-do nisso, assassinou aquele homem.

Concluímos, assim, que Davi foium grande pecador — e, neste as-pecto, o mais vil dos mais vispecadores. Mas, apesar disso, elepossui uma grande percepção no quese refere às obras do pecado no cora-ção do homem. Deus outorgou a esterei do antigo Israel um entendimen-to tão exato e profundo, que ele écapaz de explicar o nosso íntimo paranós mesmos. Ele nos oferece umapercepção mais valiosa do que todosos livros sobre terapia de comporta-mento que existem no mercado,hoje.

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PPPPPOROROROROR Q Q Q Q QUEUEUEUEUE P P P P PRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOS DEDEDEDEDE UMUMUMUMUM S S S S SALVADORALVADORALVADORALVADORALVADOR????? 7

Imagine Davi assentado em seupalácio real, em Jerusalém: um reide caráter forte e enérgico. Muitasvezes, como guerreiro, ele lutou evenceu com uma simples batalha.Apesar disso, este homem valente edinâmico poderia estar chorando,quando escreveu as palavras destesalmo. Seus olhos estavam verme-lhos, e suas bochechas, listradas pelaslágrimas escorridas. O que ele esta-va escrevendo em um tablete de cera,utilizando um pedaço de osso ou umalasca de madeira? Era uma carta pe-dindo perdão à família do homemque ele assassinara? Não era. Talvezera um aviso para Bate-Seba, suacompanheira no adultério, dizendo-lhe que o filhinho deles morreria?Não. O rei Davi estava escrevendopara Deus, e suas palavras iniciaisforam as seguintes:

Compadece-te de mim, óDeus, segundo a tua benignida-de; e, segundo a multidão dastuas misericórdias, apaga as mi-nhas transgressões. Lava-mecompletamente da minha iniqüi-dade e purifica-me do meupecado.

Este é um dos mais admiráveisdiagnósticos do pecado! Nestas pa-lavras, vemos com muita clareza, porque necessitamos de um Salvador.Consideremos estas palavras sob trêstítulos: Um Reconhecimento do Pe-cado, Uma Descrição do Pecado e oPerdão do Pecado.

RRRRRECONHECIMENTOECONHECIMENTOECONHECIMENTOECONHECIMENTOECONHECIMENTO DODODODODO P P P P PECADOECADOECADOECADOECADO

As palavras que Davi utilizou

nesta passagem são as três mais co-muns para descrevê-lo: “transgres-sões”, “iniqüidade” e “pecado”. Elenão estava apenas multiplicando pa-lavras, tendo o propósito de encherespaço. Cada uma destas palavrastem um significado distinto, e dese-jamos considerá-las uma a uma.

Isto o deixa impaciente? Vocêacha que estou dizendo que você nãose interessa por minúcias teológicasou pelas variações exatas do signifi-cado? Suponha que você estivesseseriamente enfermo e que, ao pro-curar seu médico, ele lhe dissesse:“Quero explicar-lhe a sua doença: elaé constituída de três ou quatro com-ponentes; e você precisa conhecerclaramente cada um deles”. Vocêresponderia: “Doutor, não tenhotempo para isso. Não tenho interesseem detalhes médicos. Conte-me ape-nas o fator mais importante”? É cla-ro que não. Você desejaria ouvirtudo que ele tinha para dizer-lhe. Nãogostaria de perder nada, para quesoubesse com exatidão o que estavaerrado com você. Ora, Davi é o dou-tor de sua alma. Não seja impacientepara com o diagnóstico dele. Estejaatento ao que significa cada uma des-tas palavras, bem como à ordem emque elas foram utilizadas; tanto o sig-nificado quanto a ordem são impor-tantes.

Primeiramente, Davi falou:“Minhas transgressões”. Esta é apalavra mais forte. Ela significa “li-bertar-se” ou “apartar-se” de Deus.Foi utilizada, por exemplo, para re-ferir-se a uma rebelião contra umsuperior. Em 1 Reis 12.19, lemos:“Assim, Israel se mantém rebeladocontra a casa de Davi, até ao dia de

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hoje”. Aqui aparece a mesma pala-vra — “Israel transgrediu contra acasa de Davi”. Davi era o senhor e ogovernador deles; mas os israelitaslibertaram-se da autoridade de Davi.Esta palavra é utilizada algumas ve-zes no ambiente doméstico. Deusfalou sobre o Isra-el desobediente:“Criei filhos e osengrandeci, maseles estão revolta-dos [transgredi-ram] contra mim”(Is 1.2). Podemosimaginar a figurade um adolescenteempurrando parao lado os braçosamáveis com osquais o pai tenta-va envolvê-lo. Esta palavra expressa-va um pecado particularmente ímpioe ordinário. Em Jó 34.37, lemos arespeito de alguém que “ao seu peca-do acrescenta rebelião” (transgressão).

Esta foi a primeira palavra queDavi utilizou. Ele estava mostran-do como se envergonhava da ma-neira como havia se rebelado contraos mandamentos de Deus. Deus ha-via dito: “Não adulterarás”; Davi,porém, tinha ignorado este manda-mento. Deus havia dito: “Não di-rás falso testemunho”, Davi tinhase afastado deste mandamento.Deus havia dito: “Não matarás”;Davi tinha quebrado este manda-mento. Com a palavra “transgres-sões”, ele estava reconhecendoisso. Estava dizendo: “Senhor, eudesprezei a tua mão; libertei-me deteus braços amáveis; rejeitei a tuaautoridade; fiz a minha própria

vontade. Estas são as minhas trans-gressões”.

No entanto, Davi não parou aí;ele prosseguiu, dizendo: “Minha ini-qüidade”. Enquanto refletia e orava,Davi compreendeu que havia maiscoisas erradas em sua vida, além de

seus pecados deadultério e de as-sassinato. Ele co-meçou a olhar parao seu íntimo, o seucoração, a suamente e a suaalma. A palavra“iniqüidade” sig-nifica “curvatu-ra”; refere-se aalguma coisa quefoi curvada oudistorcida. Davi

estava dizendo: “Eu não fiz somenteestas coisas, mas, em meu coração,sou hipócrita, errante. Meus pensa-mentos têm sido impuros, e meus pro-pósitos, vergonhosos. Onde eudeveria ter sido sincero e puro, fuidesonesto e perverso. No mais ínti-mo de meu ser, fervilham coisas visque amam viver e se desenvolver nastrevas profundas. Esta é a minha ini-qüidade. Sou um homem perverso etrapaceiro”. Este é um quadro deso-lador. Davi não era apenas um re-belde; era também um hipócritaenganador.

Mas Davi não parou aí. Ele pros-seguiu, dizendo: “Meu pecado”. Apalavra “pecado” significa apenas“errar o alvo”, quando alguém estáatirando em um objeto. Significa fi-car aquém do objetivo que alguémestava almejando. Juízes 20.16 refe-re-se a “setecentos homens escolhi-

Deus outorgou a esterei do antigo Israel umentendimento tão exatoe profundo, que ele é

capaz de explicaro nosso íntimo para

nós mesmos.

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PPPPPOROROROROR Q Q Q Q QUEUEUEUEUE P P P P PRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOSRECISAMOS DEDEDEDEDE UMUMUMUMUM S S S S SALVADORALVADORALVADORALVADORALVADOR????? 9

dos, canhotos, os quais atiravamcom a funda uma pedra num cabeloe não erravam”. “Erravam”, aqui,é a mesma palavra “pecado” no tex-to que estamos considerando.

Você percebeu como o entendi-mento de Davi a respeito de si mesmose aprofundou? Ele começou com seupecado visível, que todos contempla-ram. Em seguida, ele passou para asobras distorcidas e secretas de seuhomem interior. Mas agora esqua-drinha muito mais profundamente enos diz que, mesmo quando não ha-via qualquer transgressão, quando elepensava que estava livre da iniqüi-dade, ele ainda ficava aquém do alvo.Talvez Davi estivesse lendo a Pala-vra de Deus, ajoelhado em oração ouoferecendo sacrifício no templo.Mas, nessas atividades piedosas, eleerrou o alvo. Ele falhou. Ele nãoalcançou o padrão de Deus para a suavida. Davi foi um homem que co-meçou pedindo perdão por aquilo queele era em seu pior estado, mas, antesde terminar, pediu perdão por aquiloque ele era no seu melhor estado.

Com certeza, existe uma diferen-ça entre esta análise ampla e pene-trante do pecado e as idéias su-perficiais que muitos têm em nossosdias. Para a maioria, a confissão depecado significa pouco mais do quedizer: “Muito bem, eu fiz algumascoisas erradas no passado. Eu não souperfeito; ninguém é”. Porém, nestesalmo, encontramos um homem gui-ado pelo Espírito Santo a compreen-der algo a respeito da força que opecado tinha sobre ele — não apenasem suas ações, mas também nasprofundezas de sua personalidade. Opecado estava contaminando e des-

truindo cada átomo de seu ser. “Mi-nhas transgressões... minha ini-qüidade... meu pecado.” Esteesquadrinhamento da alma se aplicaa todos nós. Pois, quando as Escri-turas dizem: “Todos pecaram” (Rm3.23), isto implica que estou sendodescrito nestas palavras de Davi. E,assim você é também.

“Minhas transgressões.” Quantasvezes você já fez deliberadamenteaquilo que sabe estar errado? Talvez,desde a sua infância você pensava nosmandamentos de Deus, e eles deixa-ram impressões em sua consciência,ensinando-lhe a não praticar algo,mas você seguiu adiante e praticoutal coisa. Ou, talvez, a sua consciên-cia estava lhe dizendo: “Não faça isso;é errado”. Contudo, você ignorouessa influência constrangedora. Vocêrompeu completamente aqueles vín-culos morais, rejeitando os clamoresdaquilo que você já sabia estar cor-reto.

Talvez você seja um mentirosoou um trapaceiro. Quando você estápreenchendo seu formulário anual derestituição de imposto, exagera emsuas despesas e diminui os seus rece-bimentos. Em seu íntimo, uma vozlhe diz: “Não faça isto. Não rouba-rás”. Mas você transgride. Em seutrabalho, faz promessas que não tema intenção de cumprir ou oferece aosclientes desculpas que são totalmen-te mentirosas. É uma atitude erradamas conveniente para você; por isso,você a pratica. Talvez você manteverelações sexuais com alguém que nãoé sua esposa ou seu esposo. Aquelapessoa era proibida para você, e vocêsabia disso. Todavia, a sua concu-piscência o estava guiando e você

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transgrediu. Talvez você tenha cau-sado danos físicos ou psicológicos aalguém; tenha se mostrado descui-dado para com as pessoas, ferindo-asem seu coração. Estas atitudes são“transgressões”. Elas se encontramem seu passado e caracterizam o seupresente. Você podenão gostar de pen-sar nelas, mas sãoinegáveis. Vocêtransgrediu; você serebelou.

“Minha ini-qüidade.” Você sesente inclinado adizer: “Eu tenholevado uma vidacaracterizada por moralidade. Souum pessoa honesta. Nunca tive pro-blemas com a lei, nem jamais medispus a quebrar as restrições da cons-ciência. Meu comportamento temsido completamente respeitável”.Mas o que você diz a respeito da-quelas partes de sua vida que ninguémvê? Você não tem praticado a sóscoisas das quais ficaria envergonha-do se alguém mais soubesse? Isto éiniqüidade. O que você diz a respei-to de seus pensamentos? Se os seuspensamentos da semana que se pas-sou pudessem ser revelados em umatela de cinema, para todos os seusamigos e vizinhos, você se sentiria àvontade em permanecer e assistircom eles aos seus pensamentos oudesejaria fugir e se esconder? Isto éiniqüidade.

Não é verdade que existe em seuíntimo muitas coisas más e engano-sas? Às vezes, você não é invejoso?Ou sente ira e raiva pecaminosa? Emalgumas ocasiões, você não é egoís-

ta e enganador? Não existe uma di-ferença entre aquilo que o mundo vêe a pessoa que você realmente é? Istoé iniqüidade.

“Meu pecado.” Suponhamos,por um momento, aquilo que é im-possível: alguém que, tendo uma boa

consciência, la-vasse as suas mãose dissesse: “Eunão tenho nenhumpecado em minhavida passada oupresente. Nuncaquebrei conscien-temente um dosmandamentos deDeus. Além disso,

meu coração é puro, e minha mente,limpa. Não existe um pensamento ouuma emoção dos quais eu me enver-gonhe no menor grau”. Suponha afantástica possibilidade de que tal serhumano já existiu. Mesmo que tudoisso fosse verdadeiro, ainda haveriao pecado — o ficar aquém do alvo.“Amarás o Senhor, teu Deus, detodo o teu coração, de toda a tua almae de todo o teu entendimento” (Mt22.37). Você fez isso hoje? É claroque não. Então, você é um pecador;não atingiu o padrão de Deus. Nomelhor de nós mesmos, em nossoestado mais elevado, ficamos aquém;todos nós ainda pecamos.

Todos nós estamos descritos nes-tes versículos — você e eu. Temosde encarar o terrível fato que Daviteve de admitir — “Pequei contra oSenhor”. Temos de chegar a um re-conhecimento de nosso pecado.

UUUUUMAMAMAMAMA D D D D DESCRIÇÃOESCRIÇÃOESCRIÇÃOESCRIÇÃOESCRIÇÃO DODODODODO P P P P PECADOECADOECADOECADOECADO

O que é o pecado? Deus, em sua

A palavra “pecado”significa apenas “erraro alvo”, quando alguém

está atirando emum objeto.

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sabedoria e amor, não se contenta emque tenhamos uma simples compre-ensão intelectual do pecado. Eledeseja que o sintamos, que provemosseu amargor, cheiremos o seu fedor.Deus quer que ouçamos o tom agu-do e discordante do nosso pecado,que irrita nossos dentes e nossos ner-vos com sua horrível dissonância.Deus não quer apenas que estejamoscientes de nosso pecado, mas tam-bém que conheçamos a sua tolice e asua vileza. Por isso, Davi prosseguiuna descrição de seu pecado, utilizan-do três ilustrações vívidas.

Davi nos conta que o pecado éuma dívida que precisa ser cancela-da. Ele escreveu: “Apaga as minhastransgressões”. A palavra hebraicatraduzida por “apaga” era emprega-da para referir-se ao ato de apagarescritos. Moisés clamou a Deus:“Risca-me, peço-te, do livro que es-creveste” (Êx 32.32). Deus, em suamisericórdia, não respondeu essa sú-plica. Mas ela se refere a algo queestava escrito, e Moisés estava pe-dindo que, se necessário, seu nomefosse removido daquele livro.

Davi utilizou a palavra no mes-mo sentido. Ele viu, aberto diantede Deus, os registros do pecado doshomens. Davi contemplou a lista deatos errados debaixo de seu nome.Poderíamos dizer que ele viu o anjoregistrador assentado, com sua tintaindelével, escrevendo cada ofensa.Momento após momento, dia apósdia, mês após mês, ano após ano,pecado após pecado está sendo regis-trado. Nenhum é esquecido; cadapecado é colocado no registro. Daviviu esses pecados, como débitos alis-tados contra ele, aumentando com

regularidade freqüente e clamandopor pagamento. Davi sentiu o gran-de peso de sua dívida.

Infelizmente, estar em dívida éalgo normal em nossa sociedade.Para pessoas de consciência sensível,esta é uma experiência inquietante epode se tornar um fardo esmagador.No início do século XX, alguns ope-rários das minas de carvão dosEstados Unidos recebiam um saláriomiserável. Todas as suas roupas e suaalimentação tinham de ser compra-das em lojas mantidas pelos donosdas companhias que os empregavam.Estas coisas eram compradas a umpreço exorbitante, de modo que osoperários infelizmente caíam em dí-vidas, que estavam constantementeaumentando. Juros proibitivos eramlançados sobre o dinheiro devido, demodo que os operários se atolavamem uma areia movediça de dívidasque estavam sempre crescendo, dasquais eles nunca poderiam se livrar.Eles diziam: “Eu vendi minha almapara a companhia”. Nunca se livra-riam daquela situação. Os credoresos possuíam para sempre.

Seu pecado é semelhante a essasituação. Todo pecado que você temcometido está sendo escrito no livrode Deus. Ali está o seu pecado, con-tra o seu nome. Nenhum deles éesquecido, ignorado, e todos exigempagamento. Você não tem qualqueresperança de pagá-los, nem mesmode começar a pagá-los. Você é em-purrado para baixo pela montanha desua dívida. O pecado é uma dívidaque necessita ser cancelada.

O pecado também é uma sujeiraque precisa ser lavada completamen-te. Davi escreveu: “Lava-me com-

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pletamente da minha iniqüidade”.Existem duas palavras hebraicas quetransmitem a idéia de lavar. Uma sig-nifica lavar superficialmente. Se umapessoa tinha poeira ou uma sujeirasimples em sua mão, ela a colocavana água corrente, por um momento,e a sujeira era removida por aquelalavagem. A outra palavra era utili-zada para se referir a uma sujeira pro-funda e arraigada, que poderia serremovida somente por meio de gran-de esforço. Quando minha esposa eeu vivíamos na Grécia, costumáva-mos ver mulheres à beira do rio la-vando roupas. As mulheres pegavamas roupas, colocavam-nas sobre umarocha no rio e, depois, batiam nelascom outra pedra, para remover a su-jeira. Esta foi a palavra que Daviutilizou neste salmo.

Quando Davi suplicou que seupecado fosse lavado, ele não estavafalando sobre a remoção de algo su-perficial. Todo o seu ser estava sujo,cheio do encardido que se havia gru-dado aos poros de seu ser. Davi erauma coisa impura. Uma mancha deimundície o cobria, arraigada aosporos de sua personalidade. Seriadifícil removê-la. “Lava-me comple-tamente” — ele suplicou. O pecadoé uma sujeira que necessita ser lava-da completamente.

Por fim, o pecado é uma doençaque precisa ser curada. Davi orou:“Purifica-me”. Esta palavra era uti-lizada no Antigo Testamento parareferir-se à purificação de alguémsuspeito de lepra. A lepra era a do-ença mais ameaçadora no mundoantigo, uma aflição terrível temidapor todos. A lepra significava misé-ria, impureza, deterioração, isola-

mento e morte. Davi afirmou: “Istoé o que eu sou: um leproso horrível,enfermo e podre”. Que autodescri-ção impressionante!

O que são os seus pecados, assuas transgressões — um monte dedébitos registrados contra seu nomee dos quais o pagamento será exigi-do. Eles são a sujeira arraigada quecontamina tudo que você é, bemcomo tudo que possui. Eles são umadoença horrível, repugnante.

Sei o que alguns de vocês podemestar pensando: “Esta é uma conver-sa tipicamente religiosa, ou seja, alinguagem exagerada que se esperaouvir de um púlpito ou de uma pro-paganda política. É semelhante aassistir a uma ópera. No palco, vocêvê e ouve a tragédia. Ela o comove,podendo fazê-lo chorar. Mas não éreal. Depois, você sai do teatro paraa vida real, com seus amigos e seusinteresses, esquecendo-se da tristezada ópera”. Talvez, seja assim quevocê se sente a respeito do que estálendo agora. “Ora”, você pode di-zer, “isto é exagero religioso, quenão deve ser levado à sério”.

Deixe-me mostrar-lhe duas pa-lavras que se encontram no início dosalmo que estamos considerando. Sãoelas: “Ó Deus...” Se você realmen-te meditar nelas, mudará o que estavapensando. Davi estava falando comDeus, face a face. Ele estava lidan-do diretamente com o Santo Senhordo céu. Apenas duas palavras. Daviestava ciente de seu pecado haviameses. Estava ciente do que haviafeito. Ele nos diz no Salmo 32, porexemplo, que tinha sentido dores emsua consciência. Davi sentia-se comouma pessoa miserável e infeliz. So-

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mente quando Deus lhe enviou umpregador, com uma mensagem dejulgamento, Davi foi levado a com-preender a completa seriedade dasituação em que se encontrava.

Meu amigo, isso é o que eu de-sejo que você faça. Diga: “Ó Deus”.Esqueça o seu vizinho e a sua cir-cunstância. Pense apenas em vocêmesmo e em Deus. Veja-se a si mes-mo na presença dEle. Olhe para vocêmesmo com os olhos de Deus — oDeus que o criou e que, no mais ín-timo de seu coração, você sabe queexiste. Um dia você se encontraráface a face com este Deus, e Ele ojulgará. Ele é puro, santo e justo.Deus se recorda de cada coisa quevocê já disse, pensou e fez. Ele asavalia de acordo com a sua santida-de, pura e perfeita. Deus odeia opecado com todo o seu Ser podero-so. Ele é fogo consumidor, que nãoinocentará o culpado.

Olhe para Ele novamente e diga:“Ó Deus”. Você tem fugido de Deus,e o mundo está fa-zendo o melhorque pode paramantê-lo distantedEle. Entretanto,você tem de colo-car-se face a facecom Ele agora,pois, do contrário,terá de fazê-Lo,quando morrer,mas será tarde de-mais.

Portanto, meu amigo, seja ho-nesto! Encare estas verdades comseriedade! Você está face a face como todo-poderoso Perscrutador doscorações. Sua rebelião, sua corrup-

ção, seu erro, sua dívida, sua imun-dície, sua lepra — você não sente asdores em sua alma, o impacto de tudoisso, a vergonha de saber que você éassim?

Mas, agradeça a Deus, essa nãoé a mensagem final de nosso salmo!

O PO PO PO PO PERDÃOERDÃOERDÃOERDÃOERDÃO DODODODODO P P P P PECADOECADOECADOECADOECADO

Este devedor impuro e enfermorasteja na presença do Santo Senhor– este rebelde, este hipócrita, este pa-tético fracasso que nunca, em suavida, atingiu os padrões de Deus. Estedevedor se ajoelha diante daqueleradiante e todo-poderoso Espírito,que é perfeito e pureza infinita, e falacom Deus. Que palavras você achaque se encontram em seus lábios?

O devedor não suplica por justi-ça. Não é isto mesmo que muitaspessoas parecem desejar? Elas estãoconstantemente se queixando da apa-rente injustiça de Deus. Perguntama si mesmas e argumentam: “Por que

Deus permite guer-ras, doenças etristezas no mun-do? Não possoentender como Elepode ser tão injus-to”. Mas Davi, emseu pecado, nãoestava procurandopor justiça.

“Compade-ce-te de mim, óDeus” — ele orou.

“Compadece-te; compadece-te”.Isso é tudo que alguém pode supli-car a Deus. Não importa o quantovivemos, o quanto progredimos mes-mo como crentes, não podemos ir

Davi foi um homem quecomeçou pedindo perdãopor aquilo que ele era em

seu pior estado, mas,antes de terminar, pediuperdão por aquilo que eleera no seu melhor estado.

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além desta palavra: “Compadece-te!”

Podemos imaginar Deus se ache-gando a Davi e respondendo: “Davi,por que eu devo manifestar-lhe com-paixão? Você é um transgressor.Está cheio de iniqüidade; é um pe-cador. Você condenou a si mesmo,com seus próprios lábios. Dê-meapenas uma razão para que Eu, oDeus santo, deva mostrar compaixãopara uma pessoa como a que vocêmesmo reconhece ser. Você tem al-guma razão, Davi?” E Davi abre seuslábios, com seu rosto manchado delágrimas e uma voz trêmula, respon-dendo: “Sim, Senhor, eu tenho umarazão. Tenho uma razão poderosa epersuasiva. Esta razão, ó Deus, nãose fundamenta naquilo que eu sou, esim naquilo que Tu és. É uma razãoque o Senhor tem de ouvir e não poderecusar, nem recusará”.

Deste modo, Davi se apropria,pela fé, de uma das mais gloriosasexpressões do Antigo Testamento:“Compadece-te de mim, ó Deus”; eseu argumento é este: “Segundo a tuabenignidade”. Davi arrisca o seu tudonesta expressão, a grande expressãoda aliança do Antigo Testamento.Ela significa o imutável amor deDeus, sua fidelidade às suas promes-sas. Esta expressão nos diz que Deusé leal ao seu povo. Deus prometeuque perdoaria, então, Ele perdoará.Deus prometeu que purificaria, en-tão, Ele purificará. Deus prometeuque salvará, então, Ele salvará.

Mas Davi não parou nisso, por-que o imutável amor de Deus estávinculado à “multidão das suas mi-sericórdias”. Na realidade, Daviestava dizendo: “Senhor, sinto-me

encorajado a rogar por compaixão,porque Tu mesmo me tens dito queés rico em misericórdia. A tua com-paixão não se escoa em pequenasgotas; ela é um oceano. Rios, tor-rentes e fontes inesgotáveis decompaixão fluem de Ti. Quando con-templo minha vileza e corrupção,compreendo que mereço o inferno ea condenação. Apesar disso, eu Tesuplico compaixão, por causa do queTu és e do que tens prometido. Em-bora eu seja pecador, ouso suplicarpor compaixão”.

Você está convencido de seu pe-cado diante de Deus? Certamente,você tem de estar. Você tem de fa-zer como Davi. Assim como Davi ofez, levante os seus olhos para Deus,confesse seus pecados, apresente-Lheuma razão para que Ele o perdoe.Deve ser a mesma razão, mas comuma diferença: essa razão agora temum nome e uma personalidade, poisa benignidade de Deus veio à terra ea amável compaixão de Deus nasceuneste mundo. A fidelidade de Deuspara com a aliança tornou-se carne,incorporou-se em Jesus de Nazaré.Ele é a benignidade e a amável com-paixão de Deus. Ele viveu uma vidade obediência humana perfeita, querecebeu a aprovação de Deus. Jesussofreu e morreu na cruz do Calvário,a fim de pagar o preço dos pecadosde todo o seu povo. Jesus ressusci-tou dos mortos, no terceiro dia, paramostrar que o Pai aceitou o que Elehavia feito. Assim, em nosso dias,quando alguém suplica: “Compade-ce-Te de mim, ó Deus”, podeamparar a sua súplica, dizendo:“Compadece-Te de mim, por amora Jesus”.

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Você entende a maravilha do queestamos dizendo? Um dos mais des-prezíveis criticismos lançados contrao evangelho é proferido por aquelesque criam um conflito entre um Deusde amor e um Deus de ira e julga-mento. Você já ouviu tais indivíduos:“Pecado, inferno, condenação! Eunão acredito em um Deus como esse.Eu creio em um Deus de amor”. Maseles estão completamente errados. Odeus deles é um ser moralmente de-ficiente e apático. É um deus que vêo mal e não se importa. É um deusque contempla aqueles que abusamde criancinhas e se recusa a conside-rar este ato com seriedade. É um deusque ouve o soluço de um mundo aba-tido, atormentado e sorri com tolaindiferença. É um deus que vê a im-piedade envenenando a terra e nãose importa em levantar um dedo parasocorrer. Esse é o deus de amor de-les. Mas isto não é amor; é umaimbecilidade ética.

O que é amor? Amor é o Deusperfeita e infinitamente santo, que,com todo o seu ser, odeia o pecado.Aos seus olhos, não existe nada maisrepugnante do que o pecado. Deustem olhos tão puros, que não podemver o pecado. Deus o detesta; é umaabominação para Ele. Deus está com-prometido em castigar o pecado. Eleolha para os pecadores em toda a suarepugnância, rebelião, inimizade eódio. E o que faz este Deus santo,justo? Ele ama estes pecadores e es-colhe, dentre eles, uma grandemultidão para serem dEle mesmo.Deus toma o seu único Filho, o de-leite de seu coração, que tem estadocom Ele por toda a eternidade, e Oenvia à humilhação de uma vida na

terra e ao horror de uma morte cru-el.

Da cruz, nas trevas, o Filho deDeus clama ao seu Pai: “Por que medesamparaste?” Muitos de nós temosfilhos. Suponha que um deles acor-de, em uma noite escura, temeroso eclamando: “Papai, onde você está?”;e você caminhe na ponta dos pés atéao quarto dele. Enquanto seu filhoestá deitado na cama, clamando,você toma uma vara e, silenciosamen-te, o surra, por diversas vezes, noescuro; depois, sai e o deixa ali. Issofoi o que Deus fez. Ele não poupouseu próprio Filho.

Não fale sobre um Deus de amorque não trata o pecado com serieda-de. Pois “ Deus prova o seu próprioamor para conosco pelo fato de terCristo morrido por nós, sendo nósainda pecadores” (Rm 5.8). O amornão consiste em ignorar o pecado oudeixá-lo de lado. O amor se mani-festa em Deus enviar seu Filho paraser o pagamento de nosso pecado.“Deus amou ao mundo de tal manei-ra que deu o seu Filho unigênito” (Jo3.16). Você pode entender o amorde Deus somente quando entende opecado. Aquele que foi pouco per-doado ama pouco; aquele que foimuito perdoado ama muito.

Por que estou enfatizando o pe-cado? Para que você ame a Jesus comtodo o seu coração e toda a sua alma.Para que você adore, louve, seja gra-to a Jesus, por toda a eternidade, parasempre e sempre! Você, pecador,rebelde, não-convertido, hipócrita,compreende que necessita de com-paixão? Com certeza, necessita.Você quer compaixão? Eu lhe ofe-reço compaixão — em Jesus. Você

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tem de encarar seus pecados; tem declamar. Ninguém pode fazer isso porvocê. Um pastor não pode fazê-lo porvocê, nem um sacerdote, nem umrabino. A compaixão não vem porsacramentos e rituais. Tampoucovem por meio de comparecer às reu-niões de uma igreja.

Você tem de dizer para si mes-mo: “Minhas transgressões, minhainiqüidade, meu pecado”. Você temde declarar: “Souum homem imun-do, enfermo, cul-pado, devedor edesamparado.Não tenho descul-pas a apresentar.Não existe nadaque eu possa fa-zer”. Então, en-tregue-se comple-tamente ao Senhor Jesus Cristo. In-voque-O. Receba-O, descanse nElepara a sua salvação. Contemple-Opendurado na cruz em seu lugar, demodo que, pela fé, você possa di-zer: “Ele foi traspassado por minhastransgressões. Eu tenho iniqüidade,mas Ele foi moído em favor das mi-nhas inqüidades” (cf. Is 53.5). Meuquerido amigo, coloque toda a suafé e toda a sua esperança em JesusCristo. Descanse e confie nEle.

Deus é maravilhoso! Ele dará avocê, se crer em Jesus, a justiça dEle.Não é uma justiça humana, nem deum santo eminente, nem da melhorpessoa que já viveu neste mundo; é ajustiça criada no céu — infinita, eter-na e imutável. É a própria justiça deDeus! Isso é o que o apóstolo disse:“Não me envergonho do evange-lho... visto que a justiça de Deus se

revela no evangelho” (Rm 1.16,17).A justiça de Deus — Ele a lançaráem seu crédito, para que, ao olhosdEle, você seja justo como Ele é!Deus haverá de considerá-lo tão jus-to quanto o próprio Senhor Jesus.Nenhuma imperfeição, nenhumamácula, nem mesmo qualquer traçode pecado, mas perfeito. QuandoDeus olha para alguém que está emCristo, o que Ele diz? “Meu queri-

do, meu amado,meu deleite de co-ração, meu filho,minha filha, emquem Eu me com-prazo.”

Jesus se ofere-ce a você agoracomo Salvador.Jesus lhe ordenaque venha a Ele.

Mas será que você está se posicio-nando contra Deus? Está dizendo parasi mesmo: “Eu não vou. Eu nãovou”? Deus tenha misericórdia devocê. Esta noite, sem dúvida, vocêse deitará em sua cama, apagará aluz e ficará no escuro. Porém, eu lhedigo, quando a sua cabeça estiversobre o travesseiro, lembre-se de quea escuridão em que você está descan-sando é tranqüila e feliz, se compa-rada com as trevas do inferno nasquais você estará para sempre, ondeo tormento reina e onde existem ochoro, a lamentação e o ranger dedentes.

Não rejeite Jesus Cristo! Quãobom é Deus para nós! Por que Eleviria a você e lhe ofereceria seu pró-prio Filho? Quão amável Ele temsido para você! Quão gracioso! Exis-tem milhões de pessoas no mundo

Deus não quer apenasque estejamos cientes denosso pecado, mas tam-bém que conheçamos a

sua tolice e a sua vileza.

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que nunca ouviram ou leram a res-peito de Jesus; no entanto, Deus estáoferecendo seu Filho a você! Vocêcontinua dizendo: “Eu não vou!” Secontinua, diga para si mesmo nestemomento: “O que está errado comi-go? Com que laço o diabo envolveuminha mente e meu coração, demodo que, ouvindo e lendo sobre apessoa de Jesus, não quero ir a Ele?Senhor, quebra este laço! Muda-me!Salva-me!”

Talvez, pela misericórdia deDeus, você queira vir a Cristo. Deustem falado com você. A Palavra dEletem falado ao seu coração. Em seuíntimo, você sabe que o evangelho éverdadeiro e que existe apenas umSalvador. Você sabe que precisa desseSalvador. Sente-se convicto e arre-pendido, contemplando em Jesus amisericórdia de Deus. Então, eu lhedigo: “Venha a Jesus; venha agoramesmo. Venha a Ele com seu pró-prio coração. Invoque-O, suplicandoque o salve. Clame por Jesus, meuamigo, e Ele o receberá”. Não exis-te qualquer possibilidade de que o

Senhor Jesus o lançará fora. Ele mes-mo afirmou: “O que vem a mim, demodo nenhum o lançarei fora” (Jo6.37).

Não importa o que você fez nopassado. Não importa quão ímpioou quão culpado você é, nemquantas promessas você deixou decumprir, nem quão freqüentementevocê tentou fazer o melhor de simesmo, mas falhou. Você pode es-tar pensando: “Não posso ir a Cristo;Ele me verá como um mentiroso”.Não, não! Se você está sendo since-ro, verdadeiramente sincero, venhaa Cristo e torne sua a oração deDavi, reconhecendo que a salvaçãode Deus é para você. Faça aquelaoração tendo apenas um nome emseu coração — a única esperança deum pecador, o único nome queDeus, o Pai, sempre ouvirá e nuncarecusará: “Compadece-te de mim,ó Deus. Apaga as minhas transgres-sões. Lava-me completamente daminha iniqüidade e purifica-me domeu pecado, por amor a Jesus.Amém”.

Avivamento é a intervenção divina no curso normal davida espiritual. É Deus revelando-se ao homem em grandesantidade e irresistível poder.

Arthur Wallis

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A EA EA EA EA ETERNATERNATERNATERNATERNA R R R R REDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃO

Daniel E. ParksDaniel E. ParksDaniel E. ParksDaniel E. ParksDaniel E. Parks

Cristo como sumo sacerdote... entrou no Santo nos Santos...,tendo obtido eterna redenção.

Hebreus 9.11,12

Em Hebreus 9.12, lemos queCristo Jesus obteve “eterna reden-ção”.

I. O I. O I. O I. O I. O QUEQUEQUEQUEQUE SIGNIFICASIGNIFICASIGNIFICASIGNIFICASIGNIFICA ESTAESTAESTAESTAESTA “ “ “ “ “ETERNAETERNAETERNAETERNAETERNA

REDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃO”?”?”?”?”?A palavra grega se deriva do ver-

bo que significa “libertar ante orecebimento de um resgate”. O re-dentor é Jesus Cristo, o parenteremidor dos eleitos de Deus — “Ben-dito seja o Senhor, Deus de Israel,porque visitou e redimiu o seu povo”(Lc 1.68). O preço que Jesus pagouem favor da redenção de seu povofoi o seu próprio sangue, derramadoem sua morte, no lugar dos eleitos— “o Filho do Homem... veiopara... dar a sua vida em resgate pormuitos” (Mt 20.28). E o Redentor étambém, Ele mesmo, a redenção —“Cristo Jesus, o qual se nos tornou...redenção” (1 Co 1.30). Cristo redi-

miu seu povo do pecado e de tudo oque a ele se associa.

1. Cristo redimiu de todo peca-do — original ou atual, público ousecreto, de comissão ou omissão, depensamentos, palavras ou ações.“Virá de Sião o Libertador e ele apar-tará de Jacó as impiedades. Esta é aminha aliança com eles, quando eutirar os seus pecados” (Rm 11.26,27;Is 59.20,21). “É ele quem redime aIsrael de todas as suas iniqüidades”(Sl 130.8). Cristo “a si mesmo sedeu por nós, a fim de remir-nos detoda iniqüidade e purificar, para simesmo, um povo exclusivamenteseu, zeloso de boas obras” (Tt 2.14).

2. Cristo nos redimiu da culpado pecado — o pecado visto combase na justiça de Deus. “O SENHOR

resgata a alma dos seus servos, e dos

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que nele confiam nenhum será con-denado” (Sl 34.22). “No qual temosa redenção, pelo seu sangue, a re-missão dos pecados, segundo ariqueza da sua graça” (Ef 1.7; Cl1.14); “Sendo justificados gratuita-mente, por sua graça, mediante aredenção que há em Cristo Jesus”(Rm 3.24). (Redenção é um termolegal e, por isso, está mais relacio-nado à nossa culpa do que à nossacorrupção.)

3. Cristo nos redimiu do poderdo pecado — o domínio do pecadosobre os pecadores. “Visto, pois, queos filhos têm participação comum decarne e sangue, destes também ele,igualmente, participou, para que, porsua morte, destruísse aquele que temo poder da morte, a saber, o diabo,e livrasse todos que, pelo pavor damorte, estavam sujeitos à escravidãopor toda a vida” (Hb 2.14-15).

4. Cristo nos redimiu da puni-ção do pecado — a penalidade demorte merecida pelo pecado, devidoà transgressão da lei de Deus. Cristoprofetizou a respeito dos eleitos deDeus: “Eu os remirei do poder doinferno e os resgatarei da morte; ondeestão, ó morte, as tuas pragas? Ondeestá, ó inferno, a tua destruição?”(Os 13.14; cf. 1 Co 15.54, ss.) Por-tanto, “vindo... a plenitude dotempo, Deus enviou seu Filho, nas-cido de mulher, nascido sob a lei,para resgatar os que estavam sob alei, a fim de que recebêssemos a ado-ção de filhos” (Gl 4.4,5). “Cristonos resgatou da maldição da lei, fa-zendo-se ele próprio maldição emnosso lugar” (Gl 3.13). Por conse-

guinte, Cristo é o único que “da cova[destruição] redime a tua vida” (Sl103.4).

5. Cristo nos redimiu da presen-ça do pecado — um benefício a seroutorgado por Ele em sua vinda. OEspírito Santo é “o penhor da nossaherança, até ao resgate da sua pro-priedade” (Ef 1.14). “Também nós,que temos as primícias do Espírito,igualmente gememos em nosso ínti-mo, aguardando a adoção de filhos,a redenção do nosso corpo” (Rm8.23). “E não entristeçais o Espíritode Deus, no qual fostes selados parao dia da redenção” (Ef 4.30). “ En-tão, se verá o Filho do Homem vindonuma nuvem, com poder e grandeglória. Ora, ao começarem estas coi-sas a suceder, exultai e erguei a vossacabeça; porque a vossa redenção seaproxima” (Lc 21.27-28).

II. CII. CII. CII. CII. COMOOMOOMOOMOOMO FOIFOIFOIFOIFOI OBTIDAOBTIDAOBTIDAOBTIDAOBTIDA ESTAESTAESTAESTAESTA REDENREDENREDENREDENREDEN-----ÇÃOÇÃOÇÃOÇÃOÇÃO? E? E? E? E? ESTASTASTASTASTA PERGUNTAPERGUNTAPERGUNTAPERGUNTAPERGUNTA ÉÉÉÉÉ RESPONDIDARESPONDIDARESPONDIDARESPONDIDARESPONDIDA

EMEMEMEMEM GRANDESGRANDESGRANDESGRANDESGRANDES DETALHESDETALHESDETALHESDETALHESDETALHES NONONONONO CAPÍTULOCAPÍTULOCAPÍTULOCAPÍTULOCAPÍTULO

NOVENOVENOVENOVENOVE DEDEDEDEDE H H H H HEBREUSEBREUSEBREUSEBREUSEBREUS.....

1. Cristo obteve redenção à ma-neira tipificada no Antigo Testamen-to. Arão, o sumo sacerdote de Israel,era um tipo de “Cristo como sumosacerdote dos bens já realizados”, emfavor dos eleitos de Deus (v. 11). Oministério de Arão em santuário ter-reno e temporário, feito pelos ho-mens, tipificava o ministério deCristo em um “maior e mais perfei-to tabernáculo, não feito por mãos,quer dizer, não desta criação” (v.11). A entrada de Arão no Santos dosSantos tipificava a entrada de Cristono “céu, para comparecer, agora, por

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nós, diante de Deus” (v. 24). Arão,buscando a redenção com o sanguede touros e de bodes em uma bacia,tipificava Cristo, obtendo a reden-ção com o seu “próprio sangue” (v.12) — o sangue do Cordeiro de Deusque corria em suas veias. Arão tinhade entrar duas vezes no Santo dos San-tos — uma vez para oferecer sanguepelos seus próprios pecados; depois,em favor dos pecados do povo. Eletinha de fazer isso a cada ano. Cris-to, porém, entrou no mais santíssimode todos os lugares “uma vez portodas” (v. 12) — “uma vez”, por-que Ele mesmo não tinha pecado;“por todas”, porque não precisariaentrar ali novamente. Arão ministra-va em favor da purificação da carne;“muito mais o sangue de Cristo, que,pelo Espírito eterno, a si mesmo seofereceu sem mácula a Deus, purifi-cará a nossa consciência de obrasmortas, para servirmos ao Deusvivo!” (v. 14.). Por intermédio damisericórdia, Arão recebia o perdãoanual. Cristo, o Sumo Sacerdote,“eterna redenção”.

2. Cristo obteve eterna redençãopara aqueles aos quais ela estavaprometida, mas ainda não outorga-da nos dias do Antigo Testamento (v.15). “Por isso mesmo, ele é o Medi-ador da nova aliança, a fim de que,intervindo a morte para remissão dastransgressões que havia sob a primei-ra aliança, recebam a promessa daeterna herança aqueles que têm sidochamados” (v. 15). Por essa razão,Jacó profetizou a respeito de Cristocomo o “Anjo que me tem livradode todo mal” (Gn 48.16). E Jó pôdeexclamar: “Porque eu sei que o meu

Redentor vive e por fim se levantarásobre a terra” (Jó 19.25).

III. PIII. PIII. PIII. PIII. POROROROROR QUEQUEQUEQUEQUE ESTAESTAESTAESTAESTA REDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃOREDENÇÃO ÉÉÉÉÉ

“““““ETERNAETERNAETERNAETERNAETERNA”?”?”?”?”?

1. Ela foi planejada na eterni-dade.

a. O Redentor foi predestinado(1 Pe 1.18-21): “Sabendo que nãofoi mediante coisas corruptíveis,como prata ou ouro, que fostes res-gatados do vosso fútil procedimentoque vossos pais vos legaram, maspelo precioso sangue, como de cor-deiro sem defeito e sem mácula, osangue de Cristo, conhecido, comefeito, antes da fundação do mundo,porém manifestado no fim dos tem-pos, por amor de vós que, por meiodele, tendes fé em Deus, o qual oressuscitou dentre os mortos e lhe deuglória, de sorte que a vossa fé e es-perança estejam em Deus”.

b. Os redimidos foram predesti-nados. Todos os que foram redi-midos por Cristo e que, por conse-guinte, crerão em Deus, por meio deCristo, são identificados como pes-soas “cujos nomes... foram escritosno Livro da Vida do Cordeiro quefoi morto desde a fundação do mun-do” (Ap 13.8; 17.8).

2. Ela é eficaz por toda a eterni-dade.

a. Nenhum daqueles em favor dosquais Cristo derramou seu sangue,para redimi-lo, será considerado porDeus como não-redimido. Cristo ofe-receu-se a Si mesmo “pelo Espíritoeterno” — quer seja o seu próprioespírito divino, quer seja a terceiraPessoa da bendita Trindade — para

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A EA EA EA EA ETERNATERNATERNATERNATERNA R R R R REDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃOEDENÇÃO 21

que eles “recebam a promessa da eter-na herança” (v. 15). Ele prometeu acada um dos redimidos: “De modonenhum apagarei o seu nome do Li-vro da Vida” (Ap 3.5). Portanto, océu será a habitação de todos “os ins-critos no Livro da Vida do Cordei-ro”, desde a eternidade (Ap 21.27).E todos eles, predestinados a seremredimidos, cantarão a Cristo, na gló-ria: “Digno és... porque foste mor-to e com o teu sangue compraste paraDeus os que procedem de toda tribo,língua, povo e nação” (Ap 5.9; cf.14.3,4).

Esta verdade expõe a falsa dou-trina chamada de “expiação geral ouilimitada”. De acordo com este en-gano, Cristo pagou a preço deredenção por todos os membros daraça humana, sem exceção, e nãoapenas “por muitos”, conforme Elemesmo declarou (Mt 20.28). Noentanto, eles dizem que a obra de ex-piação realizada por Cristo não éeficaz até que o pecador a torne efi-caz, por crer em Jesus. Dizemtambém o seguinte: visto que alguns,ou talvez muitos, em favor dos quaiso Senhor Jesus morreu nunca crerãonEle, eles morrerão em seus peca-dos e perecerão, não-redimidos.Além disso, muitos que expõem esteerro também negam a eficácia eter-na de sua própria redenção. Elesafirmam que alguém, havendo tor-nado, por meio da fé, a sua redenção

eficaz, pode cair em pecado, perdera sua salvação e morrer, conseqüen-temente, não-redimido.

b. Nunca será necessário repetireste sacrifício redentor (vv. 12, 26-28) — “Pelo seu próprio sangue,entrou no Santo dos Santos, uma vezpor todas, tendo obtido eterna reden-ção... agora, porém, ao se cumpri-rem os tempos, se manifestou umavez por todas, para aniquilar, pelosacrifício de si mesmo, o pecado...Cristo, tendo-se oferecido um vezpara sempre para tirar os pecados demuitos, aparecerá segunda vez, sempecado, aos que o aguardam para asalvação”.

Afirmar que este sacrifício re-dentor, realizado “uma vez portodas”, tem de ser repetido signifi-ca estar crucificando de novo “parasi mesmos o Filho de Deus e expon-do-o à ignomínia” (Hb 6.6).Todavia, isto é feito por aqueles queobservam o que chamam de Sacri-fício da Missa, que definem como“o verdadeiro sacrifício do corpo edo sangue de Cristo presentes noaltar, por meio das palavras de con-sagração; uma representação erenovação da oferta realizada noCalvário” (Dicionário Católico, es-tampado com o imprimátur de umvigário-geral).

Por meio da fé em Cristo, vocêjá recebeu a segurança de que Cristoobteve “eterna redenção” para você?

Avivamento é uma mudança na aparência de piedadepara uma vida de poder.

John BonarJohn BonarJohn BonarJohn BonarJohn Bonar

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JJJJJESUSESUSESUSESUSESUS,,,,, OSOSOSOSOS F F F F FARISEUSARISEUSARISEUSARISEUSARISEUS

EEEEE OOOOO L L L L LIVREIVREIVREIVREIVRE-A-A-A-A-ARBÍTRIORBÍTRIORBÍTRIORBÍTRIORBÍTRIO

John PiperJohn PiperJohn PiperJohn PiperJohn Piper

Para muitos, hoje em dia, é intrigante que Jesus coloque talvalor nos direitos soberanos da liberdade eletiva de Deus, a pontode falar da maneira como o faz àqueles que O rejeitam. Ele fala demaneira a impedi-los de vangloriarem-se, como se pudessem anu-lar os propósitos últimos de Deus. Em João 10.25-26, por exemplo,Jesus respondeu aos céticos que exigiam mais e mais provas: “Jávo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meuPai testificam a meu respeito. Mas vós não credes, porque não soisdas minhas ovelhas”. Pense nisto por um momento. Pense acercado que significa e no fato que Jesus proferiu tais palavras a pessoasincrédulas.

Imagine-se como um fariseu ouvindo a mensagem de Jesus edizendo a si mesmo: se Ele pensa que eu vou ser sugado para dentrodesse movimento junto com coletores de impostos e pecadores, estálouco. Eu tenho vontade própria e poder para determinar o meupróprio destino. Em seguida, imagine Jesus, sabendo o que se passano seu coração e dizendo: “Você se vangloria em seu íntimo porqueacha que tem o controle de sua própria vida. Você pensa que podefrustrar os planos máximos de meu ministério. Você imagina queos grandes propósitos de Deus na salvação são dependentes de suavontade vacilante. Em verdade, em verdade eu lhe digo que a razãofinal pela qual você não crê é porque o Pai não o escolheu para estarentre as minhas ovelhas”. Em outras palavras, Jesus está dizendo:“O orgulho final da incredulidade é destruído pela doutrina da elei-ção”. Aqueles a quem Deus escolheu, Ele também os deu ao Filho;e aqueles a quem Ele deu ao Filho, o Filho também os chamou; epara aqueles que foram chamados, Ele deu sua vida; e para essesEle deu alegria eterna na presença de sua glória. Este é o prazer doPai.

The Pleasures of God (Os Prazeres de Deus)(Portland, Multnomah, 1991), p. 137-139

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O BO BO BO BO BOMOMOMOMOM C C C C COMBATEOMBATEOMBATEOMBATEOMBATE 23

O BO BO BO BO BOMOMOMOMOM C C C C COMBATEOMBATEOMBATEOMBATEOMBATE

J. Greham MachenJ. Greham MachenJ. Greham MachenJ. Greham MachenJ. Greham Machen

O apóstolo Paulo foi um gran-de soldado. Sua luta foi, em parte,contra inimigos externos — contradificuldades de todas as espécies. Porcinco vezes, foi açoitado pelos ju-deus; e três vezes, pelos romanos,Naufragou quatro vezes; esteve emperigos de água, em perigos de sal-teadores, em perigos por parte de seuscompatriotas, em perigo na cidade,em perigos no deserto, em perigosno mar, em perigos entre os falsosirmãos. E, finalmente, chegou aotérmino lógico de uma vida de com-batentes, morrendo ao fio da espada.Dificilmente, diríamos que essa foiuma vida pacífica; pelo contrário, foiuma vida de aventuras ferozes.

Suponho que Lindbergh se emo-cionou muito quando atravessousensacionalmente o oceano, deavião, e aterrissou em Paris. Emnossos dias, as pessoas vivem à pro-cura de emoções fortes; mas, se al-guém deseja encontrar uma sucessãorealmente ininterrupta de emoções,penso que não poderia fazer nadamelhor do que vaguear pelo impé-

rio romano do século I, em compa-nhia do apóstolo Paulo, que se ocu-pava do negócio impopular detranstornar o mundo.

No entanto, os transtornos físi-cos não eram a principal batalha doapóstolo Paulo. Muito mais árdua eraa sua luta contra os inimigos de seupróprio campo. Sua retaguarda vi-via ameaçada pelo paganismo que atudo envolvia ou pelo judaísmo per-vertido que nunca compreendeu overdadeiro propósito da lei do Anti-go Testamento. Leia-se as suasepístolas com cuidado e ver-se-á Pau-lo em conflito constante. Em certaocasião, ei-lo a lutar contra o paga-nismo na vida do indivíduo que nutrea idéia errônea de que todas as con-dutas são legítimas para o crente,atitude essa que faz da liberdade cristãum motivo para a licenciosidadepagã. Noutra ocasião, ei-lo a lutarcontra os conceitos pagãos — ou seja,contra o aprimoramento da sublima-ção da doutrina cristã da ressurreiçãodo corpo na doutrina pagã da imor-talidade da alma.

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Os instrumentos humanos queDeus emprega nos grandes triunfosda fé não são pacifistas, e sim, gran-des soldados semelhantes a Paulo. Ogrande batalhão dos consideradoresde conseqüências tem pouquíssimaafinidade com o nobre apóstolo —ou seja, todos os transigentes, anti-gos ou modernos. Os companheirosautênticos de Paulo são os grandesheróis da fé. Mas, quem são essesheróis? Não são todos eles verdadei-ros lutadores? Tertuliano se lançouem batalha titânica contra Márciom;Atanásio combateu Pelágio; e Luteropelejou corajosamente contra reis,príncipes e papas, na defesa da li-berdade do povo de Deus. Lutero foium bravo combatente; e o amamospor esse motivo. Assim também foiCalvino, bem como João Knox emuitos outros da mesma estirpe. Éimpossível a alguém ser um verda-deiro soldado de Jesus Cristo e nãoser um combatente.

Todavia, nesse conflito, não pen-so que podemos ser bons soldadosapenas por estarmos resolvidos a lu-tar. Pois esta é uma batalha de amor;e nada prejudica tanto o serviço pres-tado pelo crente como o espírito deódio.

Não! Se quisermos aprender osegredo desta guerra, teremos deolhar com maior penetração; e nãopodemos fazer nada melhor do quecontemplar aquele grande lutador, oapóstolo Paulo. Qual era o segredode seu poder neste conflito gigantes-co? Como ele aprendeu a lutar?

A resposta é um paradoxo, masé muito simples. Paulo era um luta-dor notável porque se sentia em paz.Aquele que recomendou: “Combate

o bom combate” também falou so-bre a “paz de Deus que excede todoo entendimento”. É justamente nes-ta paz que encontramos o vigor desua guerra. Paulo lutava contra osinimigos externos, porque usufruíade paz no íntimo; havia um santuá-rio interno em sua vida, inatingívelpor qualquer adversário. Essa, meusamigos, é a verdade central. Nin-guém pode lutar com sucesso contraas feras, a exemplo de Paulo emÉfeso; ninguém pode combater comsucesso contra indivíduos perversosou contra o diabo e seus poderes es-pirituais da maldade nos lugarescelestiais, a menos que, enquantocombate tais inimigos, esteja em pazcom Cristo.

Mas, se alguém está em paz comCristo, pouco lhe importa o que oshomens possam fazer. E pode afir-mar juntamente com os apóstolos:“Antes importa obedecer a Deus queaos homens”. E dizer, em compa-nhia de Lutero: “Aqui estou. Nãoposso agir doutro modo. Deus meajude. Amém”; ou declarar comoEliseu: “Mais são os que estãoconosco do que os que estão comeles”. Ou, ainda, dizer juntamentecom Paulo: “Quem intentará acusa-ção contra os eleitos de Deus? É Deusquem os justifica. Quem os conde-nará?” Sem a presença da paz de Deusem seus corações, vocês infundirãopouco terror entre as hostes dos ini-migos do evangelho de Cristo. Nãohá outra maneira para o crente serrealmente um bom combatente. Nin-guém pode lutar na batalha de Deuscontra os seus inimigos, a menos queesteja em paz com Ele.

Muito mais fácil é obter o favor

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do mundo, por abusar daqueles dequem o mundo abusa, e falar contraa controvérsia em uma atitude de es-pectador, contemplando de longe aluta em que estão engajados os ser-vos do Senhor.

Que Deus nos livre de uma neu-tralidade como essa! Tem certaaparência mundana de urbanidade ecaridade. Mas quanta crueldade issodemonstra para com as almas sobre-carregadas; quanta ruindade para ospequeninos que esperam da Igrejauma mensagem viva de Deus! Deusos livre, portanto, de serem tão cru-éis, tão destituídos de amor e tãofrios! Antes, que Deus lhes concedaque, com toda a ousadia, e depen-dendo sempre dEle, possamcombater o bom combate da fé. Naverdade, vocês já possuem aquela pazde Deus que ultrapassa todo o enten-

dimento. Mas essa paz não lhes foioutorgada para que vocês sejam pa-cíficos espectadores neutros, nestagrande batalha, e sim para que se-jam combativos soldados de JesusCristo.

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J. Greham Machen (1881-1937) por muitos anos foi pro-fessor no Seminário de Princetone forte eclesiástico da IgrejaPresbiteriana Unida. Após lon-ga e árdua luta contra a transi-gência teológica que ameaçavaa ortodoxia do seminário, resig-nou sua posição e fundou o Se-minário de Westminster. Após serexcluído da igreja, serviu de ins-trumento para o estabelecimen-to da Igreja Presbiteriana Orto-doxa.

Quem foram esses missionários que tanta coisa sa-crificaram, a fim de levar o evangelho até aos confins daterra? Seriam gigantes espirituais que superaram glorio-samente os obstáculos confrontados? Não. Eram pessoascomuns, perseguidas pelas debilidades e falhas humanas.Nada de “supersantos”. À semelhança do elenco de per-sonagens bíblicos pitorescos que surgem a partir deGênesis e continuam através do Novo Testamento, eleseram quase sempre marcados por falhas de personalida-de e extravagâncias. Estavam, porém, dispostos a serusados por Deus, apesar de suas fraquezas humanas, efoi nesse sentido que puderam deixar uma impressão in-delével sobre o mundo.

(Ruth A. Tucker, extraído deHistória Biográfica das Missões Cristãs)

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MMMMMEUEUEUEUEU E E E E ENCONTRONCONTRONCONTRONCONTRONCONTRO COMCOMCOMCOMCOM D D D D DEUSEUSEUSEUSEUS

C. Everret KoopC. Everret KoopC. Everret KoopC. Everret KoopC. Everret Koop

Famoso cirurgião, pioneiro no tratamento infantil, que tornou-seCirurgião Geral do Governo dos Estados Unidos.

As mudanças em minha vidaprofissional, embora grandes, nãotiveram conseqüências tão amplasquanto a mudança ocorrida em mi-nhas crenças, as quais aconteceramao mesmo tempo. Eu fora criado emuma família que ia à igreja e semprepensei que era um cristão. Meus paisse conheceram na igreja, e a vida so-cial da família se centralizava nasatividades da igreja. Eu havia sidomembro da Escola Dominical desdea infância; havia participado do Gru-po Missionário e, em cada mês demaio, havia marchado na parada anu-al de aniversário da União de EscolaDominical, no Brooklin. Mas não ti-nha qualquer indício a respeito dequem eu realmente era em minhavida espiritual, qual era a verdadeiracondição de minha alma e para ondeestava indo.

Quando nossa família se mudoupara Flatbush e se reuniu na IgrejaBatista do Redentor, eu não sabia aque Redentor se referia, e nem mes-mo tive a idéia de procurar desco-brir. Eu devo ter sentido algum ane-

lo espiritual, porque no verão de1948, durante uma visita aos meuspais, na ilha de Vinalhaven, no Es-tado de Maine, sentei-me sobre asrochas da praia, e li o Novo Testa-mento duas vezes. Entretanto, ne-nhuma luz nova resplandeceu. Mas,naquele ano, compreendi gradual-mente o que significa ser um cris-tão. Sendo uma pessoa cujo treina-mento e experiência colocavam suafé totalmente na ciência, cheguei aperceber uma verdade mais elevada.A partir daqueles dias, vi uma co-existência entre a ciência e Deus.

Foi Erna Goulding, uma amigapreciosa e enfermeira no HospitalInfantil, quem sentiu que eu estava àprocura de um significado espiritu-al. Uma noite, quando Betty e eusaíamos do nosso apartamento paraassistir a um programa musical queatraía muitos à Primeira Igreja Ba-tista, no centro da cidade de Filadél-fia, Erna sugeriu que caminhássemosuma quadra mais, além da IgrejaBatista, e fôssemos ao culto da Dé-cima Igreja Presbiteriana. Ela ima-

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ginou que apreciaríamos a pregaçãointelectual do cristianismo ministra-da por Donald Grey Barnhouse. Masnão aceitamos sua sugestão.

Entretanto, no domingo seguin-te, conclui cedo algumas rotinasimportantes e logo me vi caminhan-do em direção à Décima IgrejaPresbiteriana, que ficava alguns quar-teirões ao norte do hospital. Entreipela porta de trás e subi, com calmae rapidez, à galeria. Iria apenas ob-servar. Gostei do que vi e fiqueifascinado pelo que ouvi. Vi a con-gregação dar resposta espontânea egenerosa às necessidades sociais; nãoera um cristianismo vazio.

Ouvi os ensinos de um dos ho-mens mais instruídos que já havia co-nhecido, um verdadeiro erudito quetambém possuía o dom de ilustrar acomplexidade — e a simplicidade —das doutrinas cristãs por meio de his-tórias e símiles notáveis e incisivas.Estava bastante interessado; por isso,retornei no domingo seguinte, pelamanhã. E, algumas horas mais tar-de, voltei para o culto da noite. Fizisso todos os domingos, por dois anosseguidos; exceto quando eu não es-tava na cidade, não perdia um cultoda manhã ou da noite. Por ser muitoocupado, o único cirurgião-pediatrana costa leste, ao sul de Boston, pas-sar dois anos sem um caso de emer-gência que me prenderia no domin-go, pela manhã ou à noite, pareceu-me quase um milagre.

Depois de aproximadamente setemeses, compreendi que me tornaraum participante e não apenas um ob-servador. O que era bom para aquelaigreja também era bom para mim.Tudo era novo para mim. Eu não es-

tava apenas mudando da fé exercidapor meus pais para a minha própriafé.

Foi somente depois de me assen-tar na galeria daquela igreja da Fila-délfia que compreendi a verdadeelementar do evangelho de Cristo:todos somos pecadores, incapazes desatisfazer o padrão de justiça e santi-dade de Deus, ainda que nos esfor-cemos arduamente. Aprendi que o“pecado” não significa apenas asgrandes coisas más que fazemos, nemmesmo aquelas pequenas coisas quefazemos, e sim todas as nossas reali-zações que ficam aquém do padrãode Deus. Aprendi que o vocábulotraduzido por “pecado”, nas Escri-turas, também era utilizado na artede atirar flechas e significava “erraro alvo”. Todos nós, não importa oquanto nos esforcemos, erramos oalvo de Deus quanto à sua justiça esantidade. Assim como muitos ou-tros que confessam ser cristãos, euimaginava que estava tentando vivertão corretamente quanto podia, mas,assim como eles, eu sabia, no fundode meu coração, que minha nature-za, tal como a deles, era pecaminosae que os esforços para reformar amim mesmo seriam completamenteinúteis. Eu sabia que, querendo ounão, todos somos imortais e temosde passar a eternidade em algum lu-gar, quando esta vida acabar.

Durante aqueles vários meses,assentando-me na galeria da IgrejaPresbiteriana, a pregação vinda dopúlpito esclareceu para mim: a es-sência do cristianismo não é o quenós fazemos, e sim o que Cristo fezpor nós. Entendi o significado dacrucificação, do sacrifício de Cristo

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e do perdão divino. Compreendi queou meus pecados estavam sobre mim,ou estavam sobre o Senhor Jesus.Entendi como a expiação realizadapor Cristo era necessária para nosreconciliar com Deus.

Acima de tudo, eu compreendio amor de Deus. Assim como muitoscrentes novos — e crentes velhos —considerei João 3.16 o versículo maissignificativo da Bíblia: “Porque Deusamou ao mundo de tal maneira quedeu o seu Filho unigênito, para quetodo o que nele crê não pereça, mastenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Eu me tornara um crente.Betty, minha esposa, também se

tornou crente. Com o nascimento denosso filho, David, ela estava bas-tante ocupada com três filhos,mesmo assim conversávamos a res-peito de nossa fé recém-encontrada,quando eu voltava da igreja paracasa; entusiasticamente eu compar-tilhava o que havia aprendido.Crescemos juntos como crentes. Foium dos tempos mais estimulantes denossa vida, com muitas perguntas aserem respondidas. Muitas dessasperguntas já foram respondidas, masainda nos sentimos estimulados.

Por meio deste começo, reconhe-ci a Jesus Cristo em minha vida edescansei minha fé na soberania deDeus. Compreendi que minha vidanão era uma série de dilemas segui-dos por coincidências felizes. Sabiaque havia um plano para a minhavida; isto me trouxe uma segurançaque eu nunca havia experimentado.

Não importa o que mais eu rea-lizaria em minha vida, eu seria umcristão. Logo descobri que pessoasnão ficaram contentes quando lhes

disse que eu era um cristão. Elasqueriam saber que tipo de cristão,que qualificação, que igreja. Depoisque me tornei Cirurgião Geral dosEstados Unidos, a imprensa se refe-ria a mim como um cristão “funda-mentalista”. Em um sentido, issoestava correto, porque afirmo as dou-trinas fundamentais do cristianismo.Todavia, a palavra “fundamentalis-ta” possui uma conotação negativa;os fundamentalistas são mais conhe-cidos por aquilo ao que eles se opõemdo que por aquilo que eles defendem.Esse rótulo nunca se encaixou emmim.

Sempre me chamei de “cristãoevangélico”. A palavra “evangelis-ta” significa “mensageiro”, portadorde notícias. O cristão evangélico levaaos outros as boas-novas da miseri-córdia de Cristo. Durante a minhavida, tenho sido um mensageiro, umportador de notícias. Como um ci-rurgião comum, trouxe boas e másnotícias aos meus pacientes. No car-go de Cirurgião Geral, trazia boasnotícias, em alguns dias, e, com cer-teza, minhas advertências, em outrosdias. Entretanto, as melhores notíci-as que já transmiti a qualquer pessoaforam as boas-novas a respeito doamor de Deus por nós, em CristoJesus.

O despertamento espiritual teveum profundo efeito em minha vida einfluenciou tudo o que aconteceu pos-teriormente. Como um evangélico,procurei avaliar tudo à luz das Es-crituras e encontrei na Bíblia meuguia de fé e de conduta, sempre tem-peradas com a graça e o perdão deDeus.

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R. M. McCheyneR. M. McCheyneR. M. McCheyneR. M. McCheyneR. M. McCheyne

A vós outros, ó homens, clamo; e a minha voz sedirige aos filhos dos homens...

Provérbios 8.4

Pensa-se freqüentemente que apregação da santa Lei é a verdade dasEscrituras que mais desperta os ho-mens. E creio realmente que estaverdade é o meio que Deus mais uti-liza para despertá-los. Todavia,parece-me que existe outra verdademais despertadora: o divino Salva-dor oferecendo-se a Si mesmo a cadamembro da raça humana. Neste cla-mor, existe algo que pode atingir ocoração de pedra do homem — “Avós outros, ó homens, clamo; e aminha voz se dirige aos filhos doshomens” (Pv 8.4).

Com freqüência, pessoas desper-tadas se assentam e ouvem uma des-crição viva de Cristo, de sua obrasubstitutiva pelos pecadores; mas apergunta deles é: “Seria Cristo o Sal-vador para mim?” Ora, a esta per-gunta, respondo: “Cristo está sendooferecido gratuitamente a toda raçahumana. “A vós outros, homens,clamo.” Não existe assunto mais in-compreendido pelos não-convertidosdo que a gratuidade incondicional deCristo. Naturalmente compreende-

mos tão pouco a graça, que somosincapazes de crer que Deus pode nosoferecer um Salvador, enquanto es-tamos em nossa condição deprava-da, merecedora do inferno. Oh! Étriste pensar como os homens argu-mentam contra a sua própria felici-dade e não crêem na própria Palavrade Deus!

“Se soubesse que sou um doseleitos, eu viria; mas temo não ser.”Há alguém assim? Eu respondo: nin-guém jamais veio a Cristo por saberque era eleito. É verdade que Deus,no seu beneplácito, elegeu algunspara a vida eterna, mas estes não osabiam até virem a Cristo. Em ne-nhum lugar das Escrituras, Cristoconvida somente os eleitos a virem aEle. A pergunta para você não é:“Sou eu um dos eleitos?”, e sim“Faço parte da raça humana?’

“Se eu pudesse me arrepender ecrer, Cristo seria livremente ofere-cido a mim, mas não consigo mearrepender e crer”. Eu digo: “Antesmesmo de você se arrepender e crer,você não é um homem a quem a voz

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de Deus se dirige?” Então, Cristo lhefoi oferecido antes de você se arre-pender.

E, ao crente, posso afirmar:“Cristo não lhe foi oferecido porquevocê se arrependeu, mas porque eraum pecador vil e perdido”. “A vósoutros, ó homens, clamo.”

Se Cristo está se oferecendo gra-tuitamente a todos os homens, estáclaro que todos os que vivem e mor-rem sem aceitarem a Cristo recebe-rão o juízo daqueles que rejeitaramo Filho de Deus. Oh, é algo muitotriste o fato de que a verdade que évida para cada alma que crê, é morte

para as que não crêem... Meu ami-go, você não tem desculpa aos olhosde Deus, se for para casa sem salva-ção hoje! Se você morresse e pudes-se dizer que Cristo jamais lhe foioferecido, talvez teria um infernomais brando do que provavelmenteterá! Vocês precisa sair daqui se re-gozijando em Cristo ou rejeitando aCristo hoje; ou salvos, ou mais per-didos do que antes. “Como escapa-remos nós se negligenciarmos tãogrande salvação?” (Hb 2.3).

(Memórias de McCheyne,Moody Press, p. 196.)

VINDE A MIM

E o que vem a mim,de modo nenhum o lançarei fora.

João 6.37

Nenhum limite é colocado na duração desta promessa.Ela não diz: “Eu não lançarei fora o pecador que vem a mimpela primeira vez”, e sim: “De modo nenhum o lançareifora”. O original grego afirma: “Eu não, não lançarei fora”;ou: “Eu nunca, nunca lançarei fora”. O texto declara queCristo não rejeitará o crente na primeira vez que este se ache-ga a Ele e que tampouco o rejeitará até ao fim. Mas suponhaque o crente peque, depois de ter vindo a Cristo? “Se, toda-via, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo,o Justo” (1 Jo 2.1). E se o crente se afastar do Senhor? “Cu-rarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porquea minha ira se apartou deles” (Os 14.4).

O Senhor Jesus prometeu: “Eu lhes dou a vida eterna;jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão”(Jo 10.28). Quando você vier a Cristo, Ele o receberá e o tor-nará sua noiva. Você será dEle para sempre.

(Extraído de “Leituras Diárias”, Volume 1, C. H. Spurgeon, Editora Fiel.)

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O MO MO MO MO MARTÍRIOARTÍRIOARTÍRIOARTÍRIOARTÍRIO DEDEDEDEDE P P P P POLICARPOOLICARPOOLICARPOOLICARPOOLICARPO

Nem as feras, nem a fogueira puderamabalar a fé exercida por este crente do século II.

EEEEEPÍSTOLAPÍSTOLAPÍSTOLAPÍSTOLAPÍSTOLA DADADADADA IGREJAIGREJAIGREJAIGREJAIGREJA DEDEDEDEDE E E E E ESMIRNASMIRNASMIRNASMIRNASMIRNAÀÀÀÀÀ IGREJAIGREJAIGREJAIGREJAIGREJA DEDEDEDEDE F F F F FILOMÊNIOILOMÊNIOILOMÊNIOILOMÊNIOILOMÊNIO (156 D.C.)

Policarpo (69-155 d.C.) fora en-sinado pelo apóstolo João. Posteri-ormente se tornou presbítero daigreja de Esmirna. O documento querelata o martírio de Policarpo é umde nossos mais preciosos remanes-centes do século II.

O admirabilíssimo Policarpo, aoouvir falar que estavam à sua procu-ra, não ficou desencorajado e decidiupermanecer na cidade. Entretanto, amaioria conseguiu convencê-lo a re-tirar-se. Então, ele se ocultou em umapequena propriedade, não muito dis-tante da cidade. Ali, passava o tempocom poucos acompanhantes, ocupa-do noite e dia em orações por todasas congregações espalhadas pelomundo — o que, devemos dizer, eraseu costume. Ora, estando em ora-ção, teve um êxtase, três dias antesde seu aprisionamento, no qual viuque seu travesseiro se incendiava.Voltou-se para seus acompanhantese lhes segredou: “É necessário queeu seja queimado vivo”.

Intensificando-se a perseguiçãocontra ele, Policarpo fugiu para ou-tra propriedade. Logo que se afastoudaquele local, seus perseguidoreschegaram; e, como não o encontra-ram, prenderam dois jovens servos.Um deles confessou sob tortura. Erarealmente impossível o escape dePolicarpo, pois os que o traíram per-tenciam à sua própria casa. Ocomandante da guarda apressou-se aconduzir Policarpo ao estádio, paraque recebesse a sorte que o aguarda-va por ser seguidor de Cristo.

Ora, quando adentrava o estádio,veio uma voz do céu que lhe dizia:“Sê forte, Policarpo e porta-te varo-nilmente”. Ninguém viu quem assimfalava, mas a voz foi distintamenteouvida pelos crentes que estavam ali.Conduziram-no à arena, e grande foio tumulto entre o povo, quando sou-beram que Policarpo fora aprisiona-do.

Então, disse-lhe o procônsul:“Tenho feras à minha disposição; senão te retratares, lançar-te-ei a elas”.

Policarpo respondeu: “Manda-as. Pois retratar-nos do melhor para

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o pior não é uma mudança a nós per-mitida; porém, passar da crueldadepara a retidão é uma ação nobre”.

Retrucou o procônsul: “Se des-prezas as feras, ordenarei que sejasconsumido na fogueira, se não te re-tratares”.

Policarpo replicou: “Tu me ame-aças com o fogo que consome porum momento e logo se apaga, poisdesconheces o fogo do juízo vindou-ro, o fogo da punição eterna, reser-vado para os ímpios. Mas, por quete demoras? Ordena o que desejares”.

Ao proferir essas palavras e mui-tas outras, Policarpo foi tomado decoragem e regozijo. Sua fisionomiase encheu de graça, de tal modo queele não se deixou abater pelas amea-ças; e o procônsul ficou bastante per-plexo. Este mandou o seu arautodirigir-se ao meio do estádio e pro-clamar três vezes: “Policarpo se de-clarou cristão”. Quando isso foiproclamado pelo arauto, a multidãode gentios e judeus, habitantes deEsmirna, clamou com ira incontro-lável, em voz alta: “Esse é o mestreda Ásia, o pai dos cristãos, o des-

truidor de nossos deuses, que temensinado a muitos que não sacrifi-quem nem adorem”. Continuarambradando, rogando a Filipe, o asiar-ca, que lançasse um leão contra Po-licarpo. Mas o asiarca esquivou-se,dizendo que isso não era legal, poisele mesmo acabara com aquele es-porte. Então, resolveram gritar emuníssono, pedindo que Policarpo fos-se lançado à fogueira.

Em seguida as coisas se precipi-taram com incrível rapidez, emmenos tempo do que o necessáriopara relatá-las; pois a multidão trou-xe, imediatamente, madeira e feixesde gravetos, tirados das lojas e dosbanhos públicos. Estavam quase aponto de encravar Policarpo compregos, na estaca central, quando eledisse: “Deixem-me como estou.Aquele que me deu forças para su-portar o fogo, também me permitiráque permaneça inabalável na pira,sem que esteja seguro por pregos”.

Ao terminar sua oração, o en-carregado acendeu a fogueira. Egrandes chamas se elevaram para oalto.

Existem duas maneiras de apresentar e recomen-dar a verdadeira religião e a virtude ao homem: umaé mediante a doutrina e o preceito; a outra é porinstância e exemplo.

Jonathan EdwardsJonathan EdwardsJonathan EdwardsJonathan EdwardsJonathan Edwards