revista fé para hoje número 20, ano 2003

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Page 1: Revista Fé para Hoje Número 20, Ano 2003
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SANSÃO E A SEDUÇÃO DA CULTURA 1

Fépara

Hojeé para Hoje é um ministério da Editora FIEL. Como

outros projetos da FIEL — as conferências e os livros— este novo passo de fé tem como propósito semearo glorioso Evangelho de Cristo, que é o poder de Deuspara a salvação de almas perdidas.O conteúdo desta revista representa uma cuidadosaseleção de artigos, escritos por homens que têmmantido a fé que foi entregue aos santos.Nestas páginas, o leitor receberá encorajamento a fimde pregar fielmente a Palavra da cruz. Ainda que estamensagem continue sendo loucura para este mundo,as páginas da história comprovam que ela é o poderde Deus para a salvação das ovelhas perdidas —“Minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem”.Aquele que tem entrado na onda pragmática queprocura fazer do evangelho algo desejável aos olhosdo mundo, precisa ser lembrado que nem Paulo, nemo próprio Cristo, tentou popularizar a mensagemsalvadora.Fé para Hoje é oferecida gratuitamente aos pastores eseminaristas.

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Editora FielCaixa Postal 160112233-300 - São José dos Campos, SP

www.editorafiel.com.br

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CONTEÚDO

CULTOS AGRADÁVEIS AOS INCRÉDULOS .................................. 1Geoffrey Thomas

MOTIVO PARA SANTIDADE ....................................................... 4John White

A MENSAGEM DO CRISTIANISMO ............................................... 8Jim Adams

PERGUNTAS PARA UM CANDIDATO AO PASTORADO ................ 12Jim Elliff e Don Whitney

RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS ................................... 17

CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO ........................................ 19David N. Steelle e Curtis Thomas

ELEIÇÃO ................................................................................... 23Walter Thomas Conner

A INCAPACIDADE DA VONTADE HUMANA ............................... 24Arthur W. Pink

A SOBERANA VONTADE DE DEUS ........................................... 26Don Haddleton

O FIM DO MUNDO ................................................................... 29O. Palmer Robertson

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO .......................................... 31Peter Jeffery

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CULTOS AGRADÁVEIS AOS INCRÉDULOS 1

CULTOS AGRADÁVEIS AOS INCRÉDULOSGeoffrey Thomas

Um amigo me contou o queaconteceu à sua esposa, quando sevestia em determinada manhã. Eleobservou que ela abotoou o casacocolocando o primeiro dos botões nasegunda casa e assim sucessiva-mente, por treze vezes. Por fim, des-cobrindo que um dos botões haviasobrado, ela percebeu o que estiverafazendo. “Quantos erros ela tinha co-metido?”, ele se perguntou. “Um outreze? Treze, porque ela tinha co-metido um erro fundamental nocomeço.”

Este mesmo princípio é verda-deiro no que se refere à adoração: oscrentes cometem o erro fundamentalde crer que o propósito de reunirem-se aos domingos é a evangelização.Em seguida, os crentes avaliam tudoque compõe nosso culto à luz dosincrédulos que podem estar por aca-so em nosso templo ou por terem sidoconvidados. Nada deve intimidá-los,ameaçá-los ou iludi-los. E, visto queeles não conhecem o sentido das pa-lavras ou as melodias de nossoshinos, é recomendável a adoração na

forma de cânticos de grupos musi-cais. O conceito de leitura públicade um livro que desconhecem é to-talmente estranho para eles. Portanto,se houver leitura, tem de ser bem cur-ta. Igrejas mudam a Ceia do Senhorpara uma reunião particular no do-mingo pela manhã ou na quarta-feiraà noite. As orações devem ser curtase simplistas, bem como o sermão,que deve abordar assuntos que inte-ressam aos incrédulos, tais como:solidão, maridos ausentes, falta deesperança, falta de contentamento,mágoas, dificuldade de criar adoles-centes, e como lidar com tais pro-blemas. A partir desta reunião dedomingo, os incrédulos devem sen-tir-se encorajados a participar depequenos grupos de estudo e de umcurso sobre as doutrinas em que nóscremos. E somos fortemente enco-rajados a acabar com a forma deadoração a Deus que temos pratica-do por muitos anos.

No entanto, todas estas idéiasmudarão, se cremos que nossa ado-ração está centralizada em Deus, que

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se revelou através da Bíblia. Nossapreocupação será agradar este gran-de Deus. Como devemos nos apro-ximar dEle? Somente por intermé-dio do nome do Senhor Jesus Cristo(temos de deixar isso bem claro);somente por meio de seu sangue esua justiça; depois, com confiançaexultante, mastambém com re-verência e piedosotemor. Quando oFilho de Deusorou, Ele mesmose ajoelhou napresença do Deusque é fogo consu-midor. Se alguémtinha direito deser informal e ca-sual com seu Pai, este alguém eraJesus de Nazaré. O Senhor Jesus nun-ca magoou seu Pai, mas se prostravaquando falava com Ele. Tudo o quefazemos e dizemos tem de ser agra-dável a Deus, ou seja, o Senhor Deusestá ciente até do que se passa no ín-timo daqueles que ofertam pequenasmoedas; Ele se deleita com a alegriaque demonstramos na administraçãode nossos talentos e em tudo o quefazemos. Nosso louvor e orações pre-cisam estar de acordo com as Es-crituras, e, acima de tudo, a Palavrapregada tem de servir ao propósitode agradar a Deus, porque o sermãoé o aspecto mais importante da ado-ração, visto que através dele oCriador do universo fala a seres in-significantes. A mensagem, tanto emseu conteúdo quanto em seu signi-ficado, deve proporcionar aos in-crédulos que foram atraídos ao cultoo conceito exato a respeito de quão

glorioso Ser é o Deus vivo — Pai,Filho e Espírito Santo — terrível emseu poder, incomparável em sua gló-ria e extraordinariamente gracioso.

Não existe qualquer indício deque a Igreja tem uma chamada paraafagar as emoções dos incrédulos. Oslíderes da adoração não podem di-

zer: “Bem, sabe-mos que vocêsnão estão interes-sados na vida e namorte do SenhorJesus Cristo. Porisso, temos algomais para vocês”.Na verdade, nãotemos algo mais,além de Cristo.Temos de ser ab-

solutamente claros e unânimes sobreisso, na congregação e no púlpito.Se eles não querem nosso Salvador,não podemos substituir a mensagemcom maneiras de temperarem seu ca-samento, assim como não podemosutilizar um culto musical, coreogra-fia ou regras de procedimento, paratornar mais agradável o seu trabalhono escritório, ou oferecer um cursosobre a vida de solteiros. Tudo o quetemos a oferecer-lhes é um Profetaque os ensinará, um Cordeiro que re-moverá a culpa deles e um Pastor queos guiará e os protegerá.

Nossa própria vida tem de sertão semelhante à de Cristo quantopossível, especialmente quando nosreunimos. Nós nos reunimos paraencorajar uns aos outros a viver comoimitadores de Deus. Precisamos serirrepreensíveis em nosso vestir, nos-sa linguagem, nosso uso do tempo,nossos relacionamentos ou mesmo

Quando o Filho de Deusorou, Ele mesmo se

ajoelhou na presençado Deus que é

fogo consumidor.

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em nosso humor, a fim de sermosconhecidos como aqueles que dese-jam agradar o Jeová Jesus em todasas coisas; e nosso evangelismo estáfazendo com que o mundo percebaisto e saiba porque cremos nisto.Os incrédulos des-cobrem que estãona companhia da-queles que têmcomo objetivoprincipal o glori-ficar a Cristo.Odiamos qualquer coisa que não dei-xe isto bastante claro para eles;como, por exemplo, uma forma deadoração vazia que não tem qualquersignificado. Queremos que nossaspalavras sejam cheias de sentimen-tos e de afeições de temor a Deus.Linguagem popular e simplista é me-nos importante do que uma lin-guagem com elementos mais profun-dos e eficazes. Sempre ficamoscomovidos quando as pessoas nos fa-lam, de modo tão amável e trans-parente, a respeito do Salvador e deseu amor por elas, o que demonstraque abandonaram sua maneira frí-vola e irreverente de falar. Apre-ciamos muito isso; e trememos noque diz respeito a quaisquer tentati-vas que insistem em que nossamaneira de expressão no culto deveser a linguagem comum de nosso dia-a-dia. Essa linguagem pode ser

correta para a comunicação corri-queira com os outros, mas não paraexpressar as maravilhas de tão gran-de salvação. Se o estilo e a maneirade nos expressarmos, quando nos

reunimos na pre-sença de Deus,são aqueles mes-mos que os in-crédulos ouvementre eles, no es-critório ou em seuambiente educa-cional, então, fa-

lhamos em alcançá-los. Nós, aque-les a quem o Senhor buscou e salvou,somos sensíveis às verdadeiras neces-sidades dos incrédulos. Portanto, seempregarmos qualquer coisa vulgare superficial, estaremos cometendoo pecado de sugerir-lhes uma deida-de indigna da atenção deles. Con-seqüentemente, nossa adoração temde ser simples, espiritual, calorosa,reverente, substancial, caracterizadapor orações espontâneas, com hinosde mensagem profunda; uma adora-ção que terá como clímax a pregaçãoexpositiva; uma adoração apoiada emformas que rapidamente obtêm fa-miliaridade com o que é divino;então, estes se tornam os melhoresmeios de conduzir as pessoas a Deus,a quem servimos, e de impedir que aatenção delas se prenda na observa-ção de um pregador engenhoso quelhes esteja falando.

O sermão é oaspecto mais

importante da adoração.

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Existe mais mal em uma gota de pecadodo que em um mar de aflição.

Thomas Watson

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MOTIVO PARA SANTIDADE

John White

“A santidade é algo útil. Sevocê for santificado, o povo será atraí-do às suas reuniões, e conseguirámelhores resultados. Deus não podeusar um ‘vaso impuro’. Portanto,deixe que Ele examine e purifiquesua vida. Você colherá como bene-fícios a paz de coração e maiorsucesso no trabalho de Cristo. Tal-vez você possa até começar umavivamento...”

Provavelmente ninguém lhe fezdeclarações como estas, assim tãoabruptamente, porém muitos costu-mam fazê-las de maneira indireta.Em alguns aspectos, este argumentonos lembra a afirmação de DaleCarnegie: “Aprenda a ser bondoso.Isto é algo útil. Você ganhará ami-gos, influenciará as pessoas e obterásucesso na vida!”

No entanto, o erro deste argu-mento está em seu apelo a motivosegoístas, sendo exatamente neste as-pecto que ele e as palavras de DaleCarnegie são muito semelhantes àatitude moderna para com a santida-de de vida.

Alguns nos dizem: “Seja santo evocê será mais útil”. Mas Deus nosaconselha apenas: “Seja santo, por-que Eu sou santo”. Pureza de coração

não é a moeda com a qual negocia-mos com Ele, em troca de bênçãos.

Infelizmente, muitos de nós pen-samos ou agimos como se isto fosseverdade. Alguns de nós, conservan-do-nos corajosamente ao lado dabrilhante multidão cristã, perdemossecretamente toda esperança de serusados por Deus. Lutamos arduamen-te contra o pecado, a fim de viveruma vida cristã mais eficiente. Vi-vendo em uma era de pragmáticos erodeados por livros que versam prin-cipalmente sobre o assunto de comoviver a vida cristã, fomos ensinadosa adorar os resultados mais do que oDoador dos resultados. Procuramosa pureza como um meio para alcan-çar um fim, e não como um fim emsi mesmo.

Isto, por sua vez, nos fez cres-cer no legalismo, como se estivés-semos sendo caçados por motivoscondenadores. Temos barateado asantidade (vendo-a como algo quepodemos usar e não como um atri-buto de Deus) e, assim, perdemos aalegria e a maravilha de recebê-lagratuita e livremente, em Cristo.

Se a santidade se torna uma moe-da para negociarmos com Deus, orespeito próprio exige que, em certo

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sentido, obtenhamos essa moeda.Você não pode negociar com Deuspara obter aquilo que lhe foi dadogratuitamente. Mas, inconsciente-mente (quer seja por esforço pessoal,quer seja por um “se Deus quiser”),você procura estabelecer crédito comDeus. E, quanto mais você se esfor-ça, mais a verdadeira santidade fogede você. Em sua luta inútil, tanto pelasantidade como pelo “sucesso” cris-tão, tragicamente você não conseguenada, vendo-se sobrecarregado comsentimentos de culpa e derrota.

A situação se torna mais comple-xa quando você pergunta a si mesmoo que significa ser “usado”. Signifi-ca que seus livros serão bem ven-didos? Que seu movimento cristão ouque o rol de membros de sua igrejaaumentará? Que as pessoas dirão oquanto foram edificadas e abençoa-das por suas mensagens? Que suaagenda estará cheia de compromis-sos? Até pessoas incrédulas poderiamreivindicar tudo isso e muito mais.Aquilo ao que por vezes nos referi-mos como “o selo da benção divina”pode não ser nada mais do que umtributo às técnicas de marketing ouàs nossas próprias capacidades.

Não é totalmente correto dizerque você será “abençoado” ou “usa-do” de conformidade com o grau desua santidade. Considere Jacó, porexemplo. Deus havia decretado queJacó seria abençoado. Ele ganhariaascendência sobre Esaú e lavaria adi-ante a linhagem escolhida. O fato deJacó haver mentido e enganado, para“ganhar” as promessas, não o fezperdê-las, visto que Deus, já haviadeterminado que ele as possuiria.Jacó não herdou as promessas por ser

mais merecedor. Seu pecado não in-terrompeu o plano divino, assimcomo a sua obediência não serviu deum auxílio para este plano. O queJacó perdeu foi a comunhão pessoalcom Deus, além de sofrer, desneces-sariamente, ansiedade e tensão pormuitos anos de sua vida.

Outro dia, alguém me disse:“Você não pode estar certo a respei-to de Fulano! Se Deus o está usandopara ganhar almas, ele não pode es-tar vivendo em pecado”. Entretanto,aquela pessoa estava enganada. Nãoquero apresentar ilustrações extraí-das da vida moderna, pois corremoso risco de fazer com que sujeiras seespalhem. Todavia, a verdade é quepecadores podem ser ganhos paraCristo — às vezes, em grande núme-ro — por um homem que mais tardeé descoberto como alguém que esta-va “vivendo em pecado” ou sone-gando impostos. (A maior parte dosobreiros cristãos pode testemunharisso.)

Estas afirmações nos perturbam.Nossa tendência é pensar que tal ho-mem nunca foi usado de maneiraalguma e que todo o seu trabalho foiuma ilusão. No entanto, não pode-mos resolver este assunto assim tãofacilmente. Parece que um trabalhoespiritual genuíno foi realizado. Po-demos apenas dizer (sentindo-nosinsatisfeitos com isso): “Bem, Deusé soberano!”

Parte de nossa dificuldade surgede uma atitude errônea quanto aoassunto de ser “usado” por Deus.Raramente não sentimos em nossoíntimo certa lisonja, quando Deus nosusa. Ser “abençoado” e “usado” éuma espécie de recompensa. Traz

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consigo apreciação e distinção, em-bora, naturalmente, tenhamos depermanecer “humildes”. Visto quenosso mundo está repleto de pesso-as famosas e ce-lebridades, cria-mos também ummundo cristão re-pleto de celebri-dades evangéli-cas, que ganha-ram esse lugar en-tre nós por causade uma dedicaçãomais profunda ouporque “andarammais perto deDeus”. Portanto,em nossa lógicaachamos que, seum homem não“merece” ser usado, é injusto que eleseja distinguido por Deus. Vemostudo do ponto de vista de nossa cul-tura cristã de celebridades, e não doponto de vista da glória e do planode Deus.

No entanto, existe uma objeçãoainda mais profunda. Será que Deusnão está comprometendo sua própriasantidade, quando “usa” e “abençoa”uma pessoa pecaminosa? De modonenhum! A atitude divina para como pecado permanece implacavelmentehostil. Deus odiava o pecado de Jacó,mas continuou a lidar com ele, atéfazendo-o prosperar. Ele odeia opecado, embora, em sua graça, pos-sa abençoar o pecador e, para suaglória, continuar usando-o.

É neste ponto que se encontra overdadeiro perigo desta crençaerrônea. Você pode imaginar queDeus o está usando e permanecer

tranqüilo, pensando que em sua vidanão existe nada “elevado” que Deusrejeita. Esta é uma hipótese ilógica.Em certa ocasião, um jovem mis-

sionário testemu-nhou da grandebênção espiritualque outro missio-nário havia sidopara ele. Dois me-ses mais tarde, omissionário queera uma “grandebênção” foi des-coberto como al-guém que tinharoubado sistema-ticamente os re-cursos financei-ros da missão,durante vários

meses. Talvez você não esteja rou-bando ou cometendo adultério. Mas,quão éticas são as suas relações comos outros? Você pode imaginar quea comparação é irrealista. Se vocêroubou, sua própria consciência lhefará passar por um tempo difícil. Pro-vavelmente isso já está acontecendo.O fato admirável sobre o missioná-rio que era uma “grande bênção” éque ele se mostrou incapaz de ver seupróprio erro. Não sei o que se passa-va no íntimo dele. No entanto, eleconseguiu justificar-se a seus pró-prios olhos. Talvez você não seriatão bem-sucedido como ele em jus-tificar-se, se tivesse de roubar. Masé provável que você esteja fazendoum “bom serviço”, mesmo encobrin-do outro erro moral. Deus o estáusando, portanto...

Por outro lado, você pode estarse sentindo infeliz, porque Deus não

A tragédia é que desen-volvemos um senso

distorcido de valores, demodo que, em nosso

coração, estamos maispreocupados em ser

“usado” ou “ter um teste-munho eficiente” do queem ser santificado e ter

comunhão com Deus.

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o está usando mais, e se atormentan-do, até descobrir uma manchaescondida. E, depois da descoberta,ficará desconcertado, quando não forgrandemente “usado”. Sua utilidadeé um termômetro falível de sua con-dição espiritual.

Não me compreenda mal. Aoinvés de afirmar que o pecado nãotem importância, estou dizendo queele é mais importante do que procu-ramos admitir. O pecado não ésimplesmente algo que impede o ho-mem de progredir em sua “carreiracristã”; é uma ofensa contra Deus,um insulto ao seu nome. O pecadofaz com que os anjos chorem e osdemônios exultem. Tampouco é ver-dade dizer que o pecado não temqualquer efeito em sua vida cristã.Você ainda pode ser usado, emboratambém exista a tendência de que nãoo seja. Você não terá comunhão comDeus, nem será “vitorioso”. Vocênão pode brincar com o pecado e, aomesmo tempo, vencê-lo, ainda queàs vezes seja esperto e camufle a der-rota.

“Quem subirá ao monte do SE-NHOR? Quem há de permanecer no seusanto lugar?”

A tragédia é que desenvolvemosum senso distorcido de valores, demodo que, em nosso coração, es-tamos mais preocupados em ser“usado” ou “ter um testemunho efi-ciente” do que em ser santificado eter comunhão com Deus.

Muitos de nós se importam maisem ter uma vida cristã bem-sucedidado que em subir ao monte do Senhor.Embora odiemos admitir tal coisa,pensamos realmente que a comunhão

com Deus é valiosa para nos tornar“mais eficazes” em nosso trabalhocristão. Não procuramos a comunhãocom Ele porque O amamos, e simporque desejamos ser vasos mais efi-cazes.

No entanto, em nosso íntimocontinuamos insatisfeitos. Nosso co-ração se recusa a ser enganado. Algonão está de acordo com o serviço cris-tão, para o qual fizemos tão grandedepósito. Constatamos que somosusados para mostrar o Salvador a al-guma pessoa, mas esta experiênciaparece superficial. Já não desfruta-mos daquela felicidade intensa quenos fazia dizer: “Não há alegriamaior do que levar alguém ao Se-nhor”. Embora naquela época não ocompreendêssemos, tal felicidadesurgiu, em parte, como resultado daintimidade com o Senhor, que eratudo para nós, e, em parte, comoresultado de nossa empenho em le-var alguém diante do Senhor. O quenos falta é esta intimidade com Ele,ou seja, a verdadeira santidade. Per-demos a Deus no meio do serviçocristão.

Ele ainda está perto de nós, se Oquisermos. Não desfrutamos dEle,porque não O procuramos e porqueO procuramos apenas como um su-plemento para nosso serviço cristão.Nós encontraremos a Ele e a verda-deira santidade, quando O buscarmosde todo o nosso coração.

Enquanto isso, tenhamos cuida-do para que, em nossa preocupaçãocom “eficiência”, não vendamosnosso direito de primogenitura porum “prato de lentilhas” (Gn 25.31-34).

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A MENSAGEM DO CRISTIANISMO

Jim Adams

A palavra “evangelho” des-creve a mensagem do cristianismo.Na epístola de Paulo aos crentes deRoma, encontramos uma proclama-ção detalhada das doutrinas do cristi-anismo. As grandes verdades da Bí-blia estão ali condensadas pelo Espí-rito Santo em uma das mais profun-das obras literárias existentes. Na pri-meira sentença dessa obra-prima, en-contramos a expressão “o evangelhode Deus”. A mensagem do cristia-nismo é uma mensagem de Deus, vis-to que Ele é o seu Autor, seu maisimportante Assunto e seu Intérpre-te.

1. O AUTOR DO EVANGELHO —DEUS, O PAI

Sua Pessoa: O autor do evan-gelho é incompreensível (Is 40). Eleé o Senhor Deus Todo-Poderoso, queos céus e a terra não podem conter,para quem a terra é menor do queuma pequena poeira na balança. “Elenão precisa de nada, e sua imaculadafelicidade não pode, de maneira al-

guma, ser afetada. Aquilo que cha-mamos de espaço infinito é apenasuma mancha pequena no horizonte doolhar divino. Aquilo que chamamostempo infinito é, aos olhos de Deus,como o dia de ontem que passou. Eleé sublime em sua glória inatingível,a sua vontade é a lei irresistível detoda a existência, e com essa lei to-dos os acontecimentos se conformam.Deus é incomparável em majestade eestá revestido de poder; a justiça e aretidão são os fundamentos do seu tro-no. Ele se assenta nos céus e faz oque Lhe agrada (Sl 115.3). Este é oDeus a respeito de Quem dizer que éo Senhor de toda a terra significa fa-lar tão pouco sobre Ele, que equivalea dizer nada.”1 Este é o Autor doevangelho.

Seu plano: O evangelho é boas-novas para o homem caído. Deuspoderia ter destruído todo este mun-do pecaminoso. Mas o santo Criadordecidiu enviar seu Filho unigênitopara salvar pecadores. Ele ordenou oevangelho antes da fundação do mun-

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do (1 Pe 1.20). Deus não resolveusalvar o homem por causa de qual-quer coisa que havia nele, visto queelaborou o plano de salvação antesmesmo que o homem existisse (Ef 1).A mensagem do cristianismo não énova, mas se originou na mente eter-na de Deus. O apóstolo Paulo,escrevendo a Timóteo, seu compa-nheiro de trabalho, afirmou que agrande origem do evangelho é o pro-pósito e a graça de Deus, “que nossalvou e nos chamou com santa vo-cação; não segundo as nossas obras,mas conforme a sua própria determi-nação e graça que nos foi dada emCristo Jesus, antes dos tempos eter-nos, e manifestada, agora, peloaparecimento de nosso Salvador Cris-to Jesus, o qual não só destruiu amorte, como trouxe à luz a vida e aimortalidade, mediante o evangelho”(2 Tm 1.9-10). O Autor do evange-lho não é o homem, e sim o Reisantíssimo de todo o universo. O ho-mem não pode entender corretamenteo evangelho de Deus, a menos queaceite essa verdade.

2. O ASSUNTO DO EVANGELHO –DEUS, O FILHO

Jesus Cristo é a síntese e o con-teúdo do evangelho de Deus. Surge,porém, aquela profunda pergunta:quem é Jesus Cristo? Historicamen-te, Ele era um homem que viveu hácerca de dois mil anos. Ele possuíaum corpo físico como qualquer ou-tro ser humano. Nós podemoscontemplá-Lo quando seu corpo foiesmurrado, lacerado com o chicote,coroado com espinhos e pregado nacruz do Gólgota. Em seguida, des-

cobrimos que centenas de pessoas Oviram, depois que ressurgiu dos mor-tos (1 Co 15.6). Sim, Jesus Cristo émais do que um homem da História.Ele é o Filho de Deus — Deus mani-festado em carne (Jo 1).

Por que o Deus todo-poderosose humilhou e tomou sobre Si mes-mo a semelhança de carne peca-minosa?

Primeiro: Somos espiritual-mente ignorantes e necessitamos deum mestre divino. “Disse, na verda-de, Moisés: O Senhor Deus vossuscitará dentre vossos irmãos umprofeta semelhante a mim; a eleouvireis em tudo quanto vos disser”(At 3.22). Cristo é o mestre que pre-cisamos para conhecer a Deus.

Segundo: Sem Cristo, você éculpado e está condenado, necessitan-do de um Salvador, um Substitutopara remover os seus pecados, umgrande Sumo Sacerdote para ofere-cer um sacrifício de expiação su-ficiente para satisfazer a justiça deDeus. “Este, no entanto, porque con-tinua para sempre, tem o seu sacer-dócio imutável. Por isso, tambémpode salvar totalmente os que por elese chegam a Deus, vivendo semprepara interceder por eles. Com efei-to, nos convinha um sumo sacerdotecomo este, santo, inculpável, semmácula, separado dos pecadores efeito mais alto do que os céus, quenão tem necessidade, como os sumossacerdotes, de oferecer todos os diassacrifícios, primeiro, por seus pró-prios pecados, depois, pelos do povo;porque fez isto de uma vez por to-das, quando a si mesmo se ofereceu”

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(Hb 7.24-27). Jesus é o único quepode remover a sua culpa e torná-lolimpo.

Terceiro: Estamos em escravi-dão e necessitamos de um Rei paranos libertar. Somos governados pe-las concupiscências da carne, pelasconcupiscências dos olhos e pela so-berba da vida; precisamos de um Reijusto que nos liberte e nos governe.Jesus Cristo é esse Rei, que reinaráaté colocar todos os seus inimigosdebaixo dos seus pés (1 Co 15.25).O evangelho diz: “Crê no Senhor Je-sus e serás salvo” (At 16.31). Creiaem Jesus como seu Mestre, Sacer-dote e Rei. Se você confia emqualquer outra pessoa, e não em Cris-to, você tem um falso Cristo, que nãoé o Cristo da Bíblia.

3. O INTÉRPRETE DO EVANGELHO— DEUS, O ESPÍRITO SANTO

Por que alguns homens inteli-gentes não crêem em Jesus, conformeEle é revelado nas Escrituras? Pelamesma razão por que, embora o solproporcione luz a todos os homens,para que vejam com clareza, algunsnão podem ver. O homem é espiritu-almente cego e necessita de umintérprete. Você precisa do auxíliodivino para ver Cristo. Não é culpado sol que alguns homens não vêem.O problema está na própria cegueirade tais homens. Espiritualmente, ohomem é cego e precisa que os olhosde seu entendimento sejam ilumina-dos (Ef 1.18). Deus tem de res-plandecer no coração do homem.“Porque Deus, que disse: Das trevasresplandecerá a luz, ele mesmo res-plandeceu em nosso coração, para

iluminação do conhecimento da gló-ria de Deus, na face de Cristo” (2Co 4.6).

Temos de renunciar nossa auto-suficiência como a medida de todasas coisas. Um conhecimento sal-vífico de Deus não é uma realizaçãohumana, e sim um dom de Deus. Nin-guém pode vir a Cristo, se o Pai nãoo trouxer (Jo 6.44). Um erudito con-temporâneo disse que o homem “nãotem qualquer poder para agradar aDeus. O homem não é capaz de fazeroutra coisa, além de permanecer nopecado. Por conseguinte, a salvaçãodo homem tem de ser uma obra queresulta totalmente da graça de Deus,visto que o homem nada pode con-tribuir para a sua salvação. E qualquerapresentação do evangelho que afir-me que Deus manifesta a sua graçapara com o homem, não salvando ohomem e sim tornando-o potencial-mente capaz de salvar a si mesmo,tal apresentação do evangelho preci-sa ser rejeitada como uma mentira.Toda a obra de salvação do homem,desde o começo até ao final, é umarealização de Deus. E toda a glóriada salvação tem de ser tributada aEle”.2 Você precisa olhar para o Se-nhor Jesus, e não para si mesmo, afim de obter a salvação.

O Senhor Jesus disse: “Tudo mefoi entregue por meu Pai. Ninguémconhece o Filho, senão o Pai; e nin-guém conhece o Pai, senão o Filho eaquele a quem o Filho o quiser reve-lar. Vinde a mim, todos os que estaiscansados e sobrecarregados, e eu vosaliviarei” (Mt 11.27-28). Você nun-ca poderá ter alívio, enquanto nãodescansar no Senhor Jesus Cristo.

Se você ainda não está descan-

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sando em Cristo, recomendo que re-corra à misericórdia de Deus, pedin-do que o seu Filho revele-se a Si mes-mo para você, reconhecendo isto:todo o que o Pai dá a Cristo virá aEle, e aquele que vem a Cristo ja-mais será lançado fora (Jo 6.37).Lembre-se de que Jesus disse: “Vindea mim, todos os que estais cansados

e sobrecarregados, e eu vos alivia-rei” (Mt 11.28).

_________

1. B. B. Warfield, Biblical andTheological Studies, p. 513.

2. J. I. Packer, Introduction toMartin Luther, The Bondage of theWill, p. 48.

Se a trombeta der som incerto,quem se preparará para a batalha?

1 Coríntios 14.8

Hoje em dia, temos perto de nós uma classe de homens quefalam de Cristo e até pregam o evangelho, mas depois pregamigualmente muitas coisas que não são verdadeiras, destruindo obem que fizeram e induzindo os homens ao erro. Eles querem serconsiderados "evangélicos", mas, na verdade, pertencem a umaescola antievangélica. Observem esse tipo de pessoa. Tenho ou-vido dizer que uma raposa, quando perseguida muito de perto peloscães, finge ser um deles e corre com eles. É isso o que algunsestão desejando agora: que as raposas pareçam cães. Mas, nocaso da raposa, o cheiro acentuado que ela libera em breve há detraí-la, e os cães depressa a descobrirão. Do mesmo modo, o cheirode falsa doutrina não é ocultado facilmente, e o jogo não continuá-rá por muito tempo. Existem pregadores dos quais é difícil dizer sesão raposas ou não; no entanto, todos os homens devem saberaquilo que somos enquanto vivermos. Eles não devem ter dúvidasquanto àquilo em que acreditamos e ensinamos. Não hesitaremosem proferir as palavras mais severas que pudermos encontrar emnossa língua, nem vacilaremos em utilizar as frases mais simplesque pudermos construir, para anunciar aquilo que consideramos averdade fundamental.

C. H. Spurgeon(Trecho do sermão "A Maior Luta do Mundo")

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Fé para Hoje12

PERGUNTAS PARA UM CANDIDATOAO PASTORADO

Jim Elliff e Don Whitney

Às vezes, acontece que um pastor enfrenta oposição da parte daque-las pessoas que antes o promoviam de maneira entusiástica. Por que issoacontece? Com freqüência, isso ocorre por causa da comunicação superfici-al que houve entre o pastor em potencial e os membros da igreja, antes de eleassumir seu pastorado. Em nossos dias, é possível que um pastor seja esco-lhido para uma igreja sem que perguntas sérias lhe sejam dirigidas, e, menosainda, perguntas a respeito de doutrina. Sugerimos que as igrejas tenham omais completo diálogo possível sobre os assuntos de doutrina, prática e esti-lo de vida cristã. Se a igreja falhar em fazer isso, o próprio candidato aopastorado deve procurar esse tipo de diálogo. Tal procedimento protegetanto o pastor quanto a igreja.

Dois outros assuntos são extremamente importantes. Primeiro, o can-didato ao pastorado deve apresentar uma lista de referências. A igreja tem deseguir com muita atenção essas referências e solicitar que as pessoas citadasapresentem outros nomes como referência sobre o pastor. Deve-se tributaratenção ao fato de que, às vezes, pessoas deixam de gostar de outras não porcausa dos erros destas. ( O próprio Senhor Jesus foi odiado.) A inquiriçãopor meio de referências lhes assegura que o pastor tem um bom testemunhotanto da igreja como “dos de fora” (1 Tm 3.7). O questionamento das pes-soas apresentadas deve centralizar-se na lista de 1 Timóteo 3.1-7 e Tito1.5-9. Essas listas de qualificações foram escritas para servirem como ins-trumento de observação das vidas de candidatos à liderança das igrejas, enão como uma lista de perguntas a serem dirigidas aos candidatos. Essaobservação é extremamente importante. O ideal seria que a igreja convives-se com o candidato ao pastorado, observando sua vida durante meses ou

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mesmo anos. Visto que, infelizmente, esse não é o padrão seguido pelamaioria das igrejas, vocês têm de depender muito de atentarem às referênci-as fornecidas. Respostas superficiais e subjetivas da parte do próprio candidatopodem causar uma distorção da verdadeira situação. A avaliação que sugeri-mos em seguida se refere às passagens bíblicas mencionadas, mas a suautilização pode ser mais abrangente. Vocês devem utilizá-las amplamente naconversa com as pessoas apresentadas como referências. Isso não significaque as passagens bíblicas citadas não são extremamente importantes noquestionamento que o candidato pode fazer para si mesmo.

Relacionada à primeira, existe uma segunda consideração: devem serfeitos muitos esforços para apresentar à igreja os diversos aspectos da vidado pastor em perspectiva, durante tanto tempo quanto possível, antes dechegarem a alguma decisão. Esse tipo de apresentação não é um problema,quando a igreja tem de escolher pastores dentre os seus próprios membros;todavia, tal apresentação cria realmente um problema considerável para aque-les que trazem um novo pastor de fora da igreja. Um fim de semana decultos não é suficiente para que as pessoas fiquem corretamente informadas.Devemos lembrar: o pastor, se for chamado a pastorear, estará na igrejadurante um extenso período de tempo, influenciando nossas famílias e co-munidade para Cristo. Sabemos que vocês estão prontos para receber umnovo pastor. Mas existe algo pior do que não ter um pastor — ter o pastorerrado.

Apresentamos nossa sugestão final: depois das conversas iniciais, pen-sem em ter gravadas ou escritas as respostas destas perguntas, por partedaquele que é o mais sério candidato ao pastorado da igreja. Perguntem-lhese o seu interesse é tão grande, que ele aceitaria avançar para esse estágio deinquirição, dizendo-lhe que isso tomará boa parte de seu valioso tempo.Esse questionamento mais profundo é para aqueles que demonstram um ní-vel de interesse elevado. Perguntas esclarecedoras podem ser feitas, posteri-ormente, por telefone ou conversas pessoais. Um grupo selecionado destasperguntas pode ser dirigido ao candidato nas grandes reuniões da igreja, afim de permitir que o pastor em perspectiva fale sobre algumas de suascrenças e outras perguntas lhe sejam apresentadas.

As perguntas alistadas em seguida não estão colocadas em ordem designificância. Algumas delas podem não ser importantes para vocês. Talvezvocês queiram acrescentar outras perguntas. Não existe o pastor perfeito.No entanto, atenção a estas questões, juntamente com extensos períodos deoração, ou mesmo jejum, pode lhes dar garantia de encontrar o pastor certopara a sua igreja.

1. Existem muitas pessoas que professam seguir a Cristo, mas estãoenganadas. Que evidências você tem de que Deus lhe deu vida?

2. O que significa para alguém amar a Deus? De que maneiras vocêpercebe o verdadeiro amor bíblico para com Deus manifestado em sua pró-

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pria vida? Você percebe o verdadeiro amor bíblico para com Deus na vidade sua esposa e de seus filhos?

3. O que a sua esposa sente a respeito de seu compromisso com opastorado? E como os seus filhos reagem?

4. Por que você acredita que Deus o quer no pastorado?5. Examine cuidadosamente cada uma das qualificações bíblicas para

pastores e diáconos (1 Tm 3; Tt 1.5-9; At 6.1-6; 1 Pe 5.1-4). Quais são assuas qualificações mais fortes? Com quais dessas qualificações você temmais dificuldade? Por que você acredita que essas áreas de dificuldade não odesqualificam para o ministério? (Observe a expressão “é necessário” — 1Tm 3.2.)

6. Um pastor é encarregado por Deus a pregar para a igreja e a pastorearas pessoas de maneira individual. Que aspecto do ministério apela mais avocê? De que maneiras específicas você poderia ser auxiliado a desenvolversuas habilidades nessas duas áreas?

7. Quais são os seus métodos de envolver-se nas vidas das pessoas,enquanto as pastoreia e vela por suas almas?

8. Que atividades caracterizam seu interesse evangelístico? Como vocêlida com o assunto do evangelismo pessoal e do coletivo?

9. O que você pensa a respeito do aconselhamento? Como você admi-nistra a abundante necessidade de aconselhamento?

10. Quais são as suas práticas costumeiras e específicas a respeito dedisciplina espiritual (ou seja, oração, estudo bíblico, meditação, mordomia,etc.)?

11. Como você descreve um pastor bem-sucedido e uma igreja bem-sucedida?

12. Em que bases o pastor pode ser considerado uma pessoa responsá-vel? Que relacionamentos de sua vida fornecem senso de responsabilidadepor suas atitudes e comportamento, tanto em sua vida pessoal como em seuministério pastoral?

13. Quais são os seus autores, teólogos e comentaristas evangélicosfavoritos? Por quê? Que livros você leu recentemente?

14. Descreva uma ocasião em que você fez tentativas de reformar aigreja em alguma área importante. Quais foram os resultados? O que istocustou para você mesmo?

15. Descreva seu estilo de liderança. Quais têm sido alguns de seuspontos fracos e de seus pontos fortes?

16. Quando você enfrentou oposição, isso ocorreu na maior parte dasvezes por causa de seu estilo de liderança, de sua personalidade, de suascrenças ou de alguma outra coisa?

17. De acordo com sua observação, que doutrinas precisam de ênfaseespecial em nossos dias?

18. O que é o verdadeiro arrependimento bíblico?19. O que é a verdadeira fé bíblica?

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PERGUNTAS PARA UM CANDIDATO AO PASTORADO 15

20. Explique a justificação pela fé. Qual a diferença entre o ponto devista do Catolicismo Romano e o ponto de vista bíblico a respeito da justifi-cação pela fé?

21. Explique seu ponto de vista a respeito da santificação. Quais são osvários meios que Deus usa para santificar o crente?

22. Uma pessoa pode ter Cristo como seu Salvador e não estar emsujeição a Ele como Senhor? Explique.

23. Qual a sua posição a respeito da inerrância das Escrituras?24. Explique a expressão bíblica “Batismo do Espírito”. Quando ocor-

re esse batismo?25. Quais são as suas opiniões sobre o batismo em água?26. De que maneira a Bíblia relaciona a soberania de Deus à salvação?27. O que a Bíblia ensina a respeito da extensão da depravação do

homem?28. O que a obra de expiação consumada por Cristo realizou em favor

dos crentes?29. O que a Bíblia ensina a respeito da perseverança e da preservação

dos crentes?30. Qual é a utilização correta da lei do Antigo Testamento?31. Como você articula sua opinião a respeito dos assuntos escatológicos

e dos finais dos tempos?32. Você crê que Jesus nasceu de uma virgem? Qual a importância

desta sua crença?33. Qual a sua interpretação dos ensinos bíblicos sobre o inferno?34. Você acredita que os acontecimentos descritos em Gênesis 1 a 11

são verdadeiros ou simbólicos?35. O que a Bíblia ensina em referência aos dons espirituais? Descreva

sua opinião a respeito de profecias e falar em línguas.36. O que você pensa sobre o divórcio e o novo casamento? Você

segue estritamente esses pensamentos em sua prática?37. Qual a sua opinião sobre a frase “é necessário, portanto, que o

bispo [pastor] seja... esposo de uma só mulher” (1 Tm 3.2)?38. Quais são as suas exigências para realizar uma cerimônia de casa-

mento?39. Explique suas opiniões sobre a disciplina da igreja. Relate alguma

experiência pessoal.40. Como você lidaria com um caso de escândalo ou imoralidade pra-

ticado por um membro da igreja?41. O que você pensa a respeito do aborto?42. Muitas crianças que pareciam ter sido convertidas na infância não

demonstram mais tarde qualquer evidência de conhecerem a Cristo. Comovocê lida com crianças quando elas o procuram, para aconselharem-se arespeito da conversão?

43. Qual é um método útil para receber novos membros na igreja?

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Fé para Hoje16

Quais são os requisitos para isso?44. Qual a sua opinião sobre os estilos de música da igreja?45. Quem deve conduzir a adoração na igreja? Por quê? Que métodos

de liderar a adoração corporativa são apropriados? Quais são impróprios?46. O que a Bíblia diz sobre o propósito das reuniões semanais da

igreja?47. Qual o seu ponto de vista a respeito do levantamento de recursos

monetários para os vários projetos da igreja? A igreja deveria pedir dinheiroa pessoas que não pertencem à sua membresia?

48. Quais as suas convicções sobre dívidas na igreja local?49. O que a Bíblia ensina sobre mulheres no ministério pastoral?50. O que a Bíblia ensina a respeito de como a igreja deve tomar suas

decisões?51. Como um pastor e sua igreja devem se relacionar com outras igre-

jas locais e (se filiada a uma denominação) no âmbito mais amplo? Você sesente tranqüilo em cooperar com outras denominações? Você estabelece al-gumas diretrizes?

52. Quais são as responsabilidades bíblicas dos presbíteros? Existemdistinções entre presbíteros, pastores e bispos?

53. Quais são as responsabilidades bíblicas dos diáconos? Como de-vem se relacionar os diáconos e os pastores?

54. Que ênfase você atribui à liderança dos pais em suas famílias,especialmente no que diz respeito à adoração familiar. Você se envolve pes-soalmente na adoração familiar, juntamente com sua esposa e filhos?

55. Qual a sua visão missionária para a igreja? De que maneira vocêestá demonstrando interesse e envolvimento em missões?

Para ser um ministro bom e fiel, um pastor não tem de fornecer umaresposta completa e imediata para todas essas perguntas. Em algumas dessasperguntas, será aceitável se ele apenas disser: “Eu não sei”; ou: “Ainda nãotenho a minha opinião completamente desenvolvida sobre este assunto”.

Entretanto, acautelem-se de um pastor que parece estar evitando apre-sentar respostas claras. Certamente, em algumas dessas perguntas, ele acharánecessário definir termos e esclarecer sua resposta. Sigam em frente cautelo-samente, até que ele torne sua opinião tão clara quanto possível.

Se necessário, podem ser feitas outras perguntas sobre assuntos como oMovimento de Crescimento de Igreja, educação familiar, maçonaria, oMovimento Nova Era, atividade política na igreja, relacionamento com outrosministérios ou movimentos evangélicos, etc. Perguntas sobre outros assun-tos doutrinários de grande importância devem ser feitas, se necessário (porexemplo, a divindade de Cristo, a aceitação da Trindade, etc.). Tanto ocomitê de avaliação como a igreja devem ficar satisfeitos a respeito de qual-quer assunto sobre o qual desejem discutir.

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RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS 17

RESOLUÇÕES DE JONATHAN EDWARDS

Como era comum aos jovens da sua época, Jonathan Edwardsescreveu uma lista de resoluções, comprometendo-se a viver umavida TEOCÊNTRICA em harmonia com os outros. Esta lista, resu-mida neste artigo, foi escrita provavelmente no ano de 1722 e foicrescendo ao longo dos anos, quando novas resoluções eram acres-centadas. A lista tem um total de 70 resoluções. Os trechos resumi-dos abaixo dão o exemplo da seriedade e firmeza com as quaisJonathan Edwards encarava a vida.

Estando ciente de que sou in-capaz de fazer qualquer coisa sem aajuda de Deus; humildemente Lherogo que, através de sua graça, mecapacite a cumprir fielmente estasresoluções, enquanto elas estiveremdentro da sua vontade, em nome deJesus Cristo.

RESOLVI que farei tudo aquiloque seja para a maior glória de Deuse para o meu próprio bem, proveitoe agrado, durante toda a minha vida.

RESOLVI que farei tudo o quesentir ser o meu dever e que tragabenefícios para a humanidade emgeral, não importando quantas ouquão grandes sejam as dificuldadesque venha a enfrentar.

RESOLVI jamais desperdiçarum só momento do meu tempo; pelocontrário, sempre buscarei formas detorná-lo o mais proveitoso possível.

RESOLVI jamais fazer algumacoisa que eu não faria, se soubesse

que estava vivendo a última hora daminha vida.

RESOLVI jamais cansar de pro-curar pessoas que precisem do meuapoio e da minha caridade.

RESOLVI jamais fazer algumacoisa por vingança.

RESOLVI manter vigilânciaconstante sobre a minha alimentaçãoe aquilo que bebo, para ser semprecomedido.

RESOLVI jamais fazer algumacoisa que, se visse outra pessoa fa-zendo, achasse motivo justo pararepreendê-la ou menosprezá-la.

RESOLVI estudar as Escriturastão firme, constante e freqüente-mente, que possa perceber com cla-reza que estou crescendo continua-mente no conhecimento da Palavra.

RESOLVI esforçar-me ao máxi-mo para que a cada semana eu cresçana vida espiritual e no exercício dagraça, além do nível em que estavana semana anterior.

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Fé para Hoje18

RESOLVI que me perguntarei aofinal de cada dia, semana, mês, ano,como e onde eu poderia ter agidomelhor.

RESOLVI renovar freqüente-mente a dedicação da minha vida aDeus que foi feita no meu batismo eque eu refaço solenemente neste dia,12 de janeiro de 1722.

RESOLVI, a partir deste mo-mento e até à minha morte, jamaisagir como se a minha vida me per-tencesse, mas como sendo total einteiramente de Deus.

RESOLVI que agirei da maneiraque, suponho, eu mesmo julgarei tersido a melhor e a mais prudente,quando estiver na vida futura.

RESOLVI jamais relaxar ou de-sistir, de qualquer maneira, na minhaluta contra as minhas próprias fra-quezas e corrupções, mesmo quandoeu não veja sucesso nas minhas ten-tativas.

RESOLVI sempre refletir e meperguntar, depois da adversidade edas aflições, no que fui aperfeiçoa-do ou melhorado através das difi-culdades; que benefícios me vieramatravés delas e o que poderia ter acon-tecido comigo, caso tivesse agido deoutra maneira.

Apesar da sua biografia apresen-tar contrastes dramáticos, estas são,

na realidade, apenas algumas facetasdiferentes de uma afinidade com umDeus SOBERANO. Assim, JonathanEdwards tanto pregava sermões ví-vidos sobre o fogo do inferno, quantose expressava em poesia e de formalírica em suas apreciações sobre a na-tureza, pois o Deus que criou omundo em toda a sua beleza, tam-bém é perfeito em sua santidade.

Edwards combinava o exercíciomental e intelectual de um gigantecom piedade quase infantil, pois elepercebia Deus tanto como infinita-mente complexo quanto como mara-vilhosamente simples. Na sua igrejaem Northampton, sua consistenteexaltação da majestade divina geroumuitas reações diferentes — primei-ro ele foi exaltado como grande lídere, em seguida, foi demitido do seupúlpito.

Edwards sustentava a doutrinade que o Deus onipotente exigia ar-rependimento e fé das suas criaturashumanas; por isso, ele proclamavatanto a absoluta soberania de Deusquanto as urgentes responsabilidadesdos homens.___________

(Mark Noll - Christian History,vol. 6, no. 4. Originalmentepublicado em português peloJornal Os Puritanos, Ano I,Número 3, Agosto/1992).

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“Jesus... tendo amado os seusque estavam no mundo, amou-os até ao fim.”

João 13.1

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CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO 19

CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMODavid N. Steele e Curtis Thomas

Este breve artigo contrasta, de maneira clara e concisa, osCinco Pontos do Calvinismo com os Cinco Pontos do Arminia-nismo. Foi extraído de Romans: An Interpretative Outline (Roma-nos — Um Esboço Interpretativo).

CINCO PONTOS DO CALVINISMO

DEPRAVAÇÃO TOTALOU INCAPACIDADE TOTAL

Por causa da Queda, o homemé, por si mesmo, incapaz de crerde maneira salvífica no evangelho.O pecador está morto, cego e sur-do para as coisas de Deus; seucoração é enganoso e desesperada-mente corrupto. Sua vontade não élivre, está em escravidão à sua na-tureza pecaminosa; por isso, ele nãoescolhe — e realmente não podeescolher — o bem, ao invés do mal.Conseqüentemente, é necessáriomuito mais do que apenas a assis-tência do Espírito Santo, para trazerum pecador a Cristo; é necessárioacontecer a regeneração por meioda qual o Espírito Santo vivifica opecador e lhe dá uma nova nature-za. A fé não é algo que o homemcontribui para a sua salvação; pelo

CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO

LIVRE-ARBÍTRIOOU HABILIDADE HUMANA

Embora a natureza humana te-nha sido gravemente afetada pelaQueda, o homem não foi deixadoem um estado de total incapacida-de espiritual. Deus graciosamentecapacita cada pecador a se arrepen-der e crer, mas Ele não interfere naliberdade do homem. Cada peca-dor possui uma vontade livre e seueterno destino depende de como elea utiliza. A liberdade do homemconsiste em sua habilidade de esco-lher o bem, em lugar do mal, nosassuntos espirituais. A vontade dohomem não está escravizada à suanatureza pecaminosa. O pecadortem o poder de cooperar com oEspírito de Deus e ser regeneradoou de resistir a graça de Deus e pe-recer eternamente. O pecador per-

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Fé para Hoje20

ELEIÇÃO CONDICIONAL

Deus escolheu certos indivídu-os para a salvação, antes da fun-dação do mundo, fundamentado emsua previsão de que eles atenderi-am a chamada divina. Deus se-lecionou aqueles que Ele sabia cre-riam, por si mesmos, esponta-neamente, no evangelho. A eleição,portanto, foi determinada ou con-dicionada ao que o homem faria.A fé que Deus viu antecipadamen-te e sobre a qual Ele fundamentousua eleição não foi dada por Deusao pecador (nem criada pelo poderregenerador do Espírito Santo); foio resultado exclusivo da vontadehumana. Foi deixado inteiramenteao homem aquilo que diz respeitoa quem haveria de crer e, destemodo, quem seria eleito para a sal-vação. Deus escolheu aqueles queEle sabia escolheriam a Cristo, porsua livre vontade. Assim a escolhado pecador por Cristo, e não esco-lha de Deus pelo pecador, é a causaessencial da salvação.

ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Deus escolheu certos indivídu-os para a salvação, antes da fun-dação do mundo, fundamentadotão-somente em sua vontade sobe-rana. A escolha divina de algunspecadores em particular não se ba-seou em qualquer resposta deobediência por parte do pecador,vista por antecipação, tal como afé, o arrependimento, etc. Deusoutorga a fé e o arrependimento acada pessoa que Ele mesmo esco-lheu. Esses atos são o resultado enão a causa da eleição divina. Aeleição, portanto, não foi determi-nada pela escolha ou condicionadaa qualquer qualidade virtuosa vistade antemão no homem. Aqueles queDeus escolheu soberanamente, Eleos traz a aceitarem voluntariamen-te a Cristo, por intermédio do po-der do Espírito Santo. Deste modo,a escolha do pecador por parte deDeus, e não a escolha de Cristo porparte do pecador, é a causa essen-cial da salvação.

contrário, é uma parte do divinodom da salvação. A fé é um domde Deus outorgado ao pecador, nãoé um dom do pecador para Deus.

dido necessita da assistência do Es-pírito de Deus; todavia, ele nãotem de ser regenerado pelo Espíri-to Santo, antes que seja capaz decrer, pois a fé é um ato humano eprecede o novo nascimento. A fé éo dom do pecador para Deus; é acontribuição do homem para a suasalvação.

REDENÇÃO UNIVERSALOU EXPIAÇÃO GERAL

A obra redentora de Cristo tor-nou possível que cada homem seja

REDENÇÃO PARTICULAROU EXPIAÇÃO LIMITADA

A obra redentora de Cristo ti-nha o propósito de salvar apenas os

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CALVINISMO VERSUS ARMINIANISMO 21

O ESPÍRITO SANTO PODE SEREFICAZMENTE RESISTIDO

O Espírito Santo chama de ma-neira íntima todos aqueles que sãochamados exteriormente através doconvite do evangelho. Ele faz tudoo que pode para trazer o pecador àsalvação. Mas, visto que o homemé livre, ele pode resistir com suces-so a chamada do Espírito Santo. OEspírito Santo não pode regeneraro pecador, enquanto este não crer;a fé (que é a contribuição do ho-mem) precede e torna possível onovo nascimento. Assim, a vonta-de do homem limita o EspíritoSanto na aplicação da obra salvíficade Cristo. O Espírito Santo só podeatrair a Cristo aqueles que permiti-rem que Ele realize sua obra. Atéque o pecador responda favoravel-mente, o Espírito Santo não podelhe dar vida. Por conseguinte, a gra-ça de Deus não é invencível; elapode ser, e com freqüência o é, re-sistida e frustrada pelo homem.

salvo, mas não assegura realmentea salvação de ninguém. EmboraCristo tenha morrido por todos oshomens e em favor de cada indiví-duo, somente aqueles que cre-rem nEle serão salvos. A morte deCristo capacitou Deus a perdoar pe-cadores sob a condição de quecreiam, mas realmente não removeos pecados deles. A redenção reali-zada por Cristo torna-se eficazapenas se o homem decidir aceitá-la.

eleitos e realmente assegurou a sal-vação para eles. A morte de Cristofoi um suportar vicariamente a pe-nalidade do pecado, em lugar decertos pecadores específicos. Alémde remover os pecados de seu povo,a redenção de Cristo assegura tudoque é necessário à salvação deles,incluindo a fé que os une a Cristo.O dom da fé é aplicado de maneirainfalível pelo Espírito Santo a to-dos aqueles em favor dos quaisCristo morreu, garantindo, destemodo, a salvação deles.

A GRAÇA EFICAZ(OU IRRESISTÍVEL)

Em complemento da chamadaexterna e geral para a salvação, cha-mada dirigida a todos que ouvem oevangelho, o Espírito Santo esten-de aos eleitos uma chamada interiore especial que inevitavelmente ostraz à salvação. A chamada inte-rior (dirigida tão-somente aos elei-tos) não pode ser resistida; sempreresulta em conversão. Por intermé-dio dessa chamada especial, oEspírito Santo atrai de maneirairresistível o pecador a Cristo. Elenão é limitado pela vontade huma-na em sua obra de aplicar a sal-vação; tampouco depende da coo-peração do homem para ser bem-sucedido. O Espírito Santo leva gra-ciosamente o pecador eleito acooperar, a crer, a arrepender-se,a vir espontânea e livremente a Cris-to. A graça de Deus, portanto, éinvencível; ela nunca falha em re-sultar na salvação daqueles a quemela é estendida.

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Fé para Hoje22

CAIR DA GRAÇA

Aqueles que crêem e são ver-dadeiramente salvos podem perdera sua salvação, por deixarem de pre-servar a sua fé, etc. Todos osarminianos não concordam nesseponto; alguns afirmam que os cren-tes estão eternamente seguros emCristo e que, tendo sido regenera-dos, eles não podem ser maisperdidos.

PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Todos os que são eleitos porDeus, redimidos por Cristo e rece-bem a fé por intermédio do EspíritoSanto são eternamente salvos. Elessão guardados na fé pelo poder doDeus todo-poderoso e, deste modo,preservados até ao final.

DE ACORDO COM O ARMINIANISMO:A salvação é um resultado da combinação dos esforços de Deus (que

toma a iniciativa) e do homem (que tem de responder à iniciativa divina),mas a resposta do homem é o fato determinante. Deus providenciou a salva-ção para todos; essa provisão, porém, se torna efetiva somente para aquelesque, por sua própria vontade, escolherem cooperar com Deus e aceitaremsua oferta de graça. Nesse ponto crucial, a vontade do homem desempenhaum papel decisivo. Assim, o homem, e não Deus, resolve quem serão osrecipientes da salvação.

DE ACORDO COM O CALVINISMO:A salvação é realizada pelo poder do Deus triúno. O Pai escolheu um

povo, o Filho morreu por esse povo, e o Espírito Santo torna a morte deCristo eficaz, ao trazer os eleitos à fé e ao arrependimento, levando-os aobedecerem voluntariamente ao evangelho. Todo o processo (eleição, re-denção e regeneração) é uma obra de Deus, realizada tão-somente pela graça.Assim, Deus, e não o homem, determina quem serão os recipientes do domda salvação.

A erudição e a posição eclesiástica não são provasde que o ministro de Cristo é instruído pelo Espírito.

J. C. Ryle

✩ ✩ ✩ ✩ ✩ ✩ ✩

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O DIAGNÓSTICO E A IGREJA MODERNA 23

EleiçãoWalter Thomas Conner

A Bíblia ensina não somente que Deus tem um plano geralque está se realizando na história da humanidade, mas tambémque o propósito de Deus se aplica ao indivíduo. Quando alguémé salvo, isto não acontece como resultado do acaso, destino,sorte ou acidente: é salvo como resultado da realização do eternopropósito divino. Deus salva uma pessoa, porque resolveu fazê-lo. Ele salva um homem em particular, em um tempo específico,sob a influência de um determinado conjunto de circunstâncias,porque Ele planejou assim fazer.

A eleição não significa que Deus estabeleceu um plano ge-ral de salvação e decretou que toda pessoa que desejar serásalva, bem como não significa que aquele que quiser ser salvoé um eleito no sentido de que se colocou no objetivo do planode Deus para a salvação do homem. É verdade que Deus decre-tou que quem quiser aceitar o evangelho será salvo; mas a eleiçãoé algo mais específico e pessoal. Ela significa que Deus decretoutrazer certas pessoas à fé em Cristo, pessoas sobre as quais Deuscolocou seu coração desde a eternidade, pessoas que são objeto doseu amor eterno.

Na Bíblia, a salvação é sempre atribuída a Deus. Salvar éobra divina. No entanto, salvar inclui realizar a mudança decoração e mente que chamamos conversão. Não é verdade queo pecador em seu íntimo, por si mesmo, se arrepende e crê e,em seguida, Deus entra no processo de salvação, trazendo-lheperdão. Não, Deus estava no processo de salvação desde o início.Ele agiu para produzir arrependimento e fé. Trabalhou para criaras circunstâncias sobre as quais Ele poderia conceder perdão. Elebusca o pecador. Submetemo-nos a um Deus que nos atraiu a Simesmo. Nós O buscamos porque Ele nos buscou primeiro. O evan-gelho de Cristo é o evangelho de um Deus que busca o homem.Atrair-me a Cristo é a obra de Deus. Sem esse poder que atrai, oshomens não podem vir a Cristo (Jo 6.44).

É fácil confundir curiosidade intelectual com fome espiritual.François Fenelon

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Fé para Hoje24

A INCAPACIDADEDA VONTADE HUMANA

Arthur W. Pink

Está na esfera da vontade hu-mana a capacidade de aceitar ou re-jeitar o Senhor Jesus como Salvador?Visto que o evangelho é anunciadoao pecador e que o Espírito Santo oconvence de sua condição de perdi-do, está no poder de sua própria von-tade resistir ou render-se a Deus? Asrespostas destas perguntas definemnossa opinião a respeito da deprava-ção do homem.

Todos os crentes concordam como fato de que o homem é uma criaturacaída. Mas, freqüentemente, é muitodifícil determinar o que eles queremdizer ao utilizarem o vocábulo “caí-do”. A impressão geral parece seresta: o homem não está mais na mes-ma condição em que saiu das mãosdo Criador; ele está sujeito a enfer-midades e herdou tendências perver-sas; mas, se empregar ao máximo assuas habilidades, o homem será, dealguma maneira, capaz de desfrutaro máximo da felicidade.

Oh! quão distante isso está daterrível verdade! Enfermidades, do-enças e a morte física são apenas ni-

nharias em comparação com os re-sultados morais e espirituais da Que-da! Somente quando examinamos asEscrituras Sagradas, podemos obteralguma idéia correta a respeito daextensão dessa terrível calamidade.Quando dizemos que o homem é to-talmente depravado, estamos afir-mando que a entrada do pecado naconstituição humana afetou todas aspartes e todas as faculdades do ho-mem. A depravação total significaque o homem, em seu corpo, alma eespírito, é escravo do pecado e servode Satanás — está andando de acor-do com “o príncipe da potestade doar, do espírito que agora atua nos fi-lhos da desobediência” (Ef 2.2).

Não precisamos argumentar emfavor desta verdade; é um fato co-mum da experiência dos homens. Ohomem é incapaz de atingir suas pró-prias aspirações e concretizar seuspróprios ideais. Ele não pode fazeras coisas que gostaria de fazer. Existeuma incapacidade moral que o pa-ralisa. Esta é uma prova de que elenão é um ser livre e que, ao contrá-

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A INCAPACIDADE DA VONTADE HUMANA 25

rio disso, é um escravo do pecado ede Satanás. “Vós sois do diabo, queé vosso pai, e quereis satisfazer-lheos desejos” (Jo 8.44).

O pecado é muito mais do queuma atitude ou uma série de atitudes;é a constituição do próprio homem.O pecado cega o entendimento,corrompe o coração e separa ohomem de Deus. E a vontade dohomem não escapou dos efeitos do

pecado. A vontade está sob o domí-nio do pecado e de Satanás. Portan-to, a vontade não é livre. Em resu-mo, as afeições amam e a vontadeescolhe de acordo com o estado docoração; e, visto que este é engano-so e desesperadamente corrupto,mais do que todas as coisas, “não háquem entenda, não há quem busquea Deus” (Rm 3.11).

“AQUELE QUE INVOCAR O NOME DO SENHOR”João Calvino

E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHORserá salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os

que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre ossobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.

Joel 2.32

Deus afirma que a invocação de seu nome, em uma situaçãode desespero, é um refúgio seguro. O que Joel havia profetizadoera terrível — toda a ordem da natureza seria mudada de tal modo,que não aparecia qualquer sinal de vida, e todos os lugares ficariamrepletos de trevas. Portanto, neste versículo, era como se Joel es-tivesse dizendo que, se os homens invocassem o nome de Deus, avida seria encontrada mesmo no sepulcro.

Visto que é Deus quem convida o perdido e morto, não há mo-tivo para que as mais intensas aflições obstruam o nosso acesso ouo de nossas orações até Deus. Se existe uma promessa de salvaçãoe livramento para todos os que invocarem o nome do Senhor, con-cluímos que, conforme o apóstolo Paulo argumentou, a doutrina doevangelho também é para os gentios. Haveria grande presunçãoem nós mesmos, se nos apresentássemos diante de Deus, sem queEle nos houvesse outorgado a confiança e a promessa de ouvir-nos.Aprendemos disso que, embora Deus possa afligir muito a sua igreja,ela será perpetuada no mundo, visto que não pode ser destruída,assim como não pode ser destruída a verdade de Deus, imutável eeterna.

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Fé para Hoje26

A SOBERANA VONTADE DE DEUSDon Haddleton

Em qualquer época, desastrese tempos difíceis podem vir sobre ocrente: a morte de uma pessoa que-rida, enfermidade, perdas irrever-síveis nos negócios, divisões na fa-mília, etc. Poderíamos continuar alista, acrescentando-lhe nossas expe-riências pessoais. De maneira con-trária ao ensino bastante divulgadonas igrejas, os crentes não estão isen-tos de problemas e aflições dos quaisa carne humana é herdeira. Na ver-dade, os crentes têm de esperar quecompartilharão plenamente de sofri-mentos neste mundo, por seremfilhos de um Deus vivo. O SenhorJesus mesmo lhes prometeu persegui-ções nesta vida. Se não estamospassando ou sendo atribulados por al-gum teste ou prova de nossa fé,devemos parar e questionar a nósmesmos sobre a realidade de nossaexperiência cristã. As Escrituras afir-mam claramente que o Senhor dis-ciplina todos aqueles que são seus fi-lhos. Se não estamos sendo dis-ciplinados, o autor inspirado afirmoucom ousadia que somos bastardos (Hb12.8).

Mesmo aqueles que, no meioevangélico, abraçaram o evangelho“da riqueza e da saúde” e suasmultiformes variações, reconhecemque suas próprias vidas negam o en-sino deste evangelho. Eles têmexperimentado provações em suasvidas. Conhecendo o ensino clarodas Escrituras a respeito das afliçõesque sobrevirão às nossas vidas, pre-cisamos, como eleitos de Deus,entender os motivos que estão por trásdas provações. Temos de vigiar nos-sas reações e o modo como nos com-portamos quando estamos passandopor essas provações.

As aflições sobrevêm às nossasvidas, pelo menos, por meio destestrês instrumentos:

1. Por meio de nossas atitudesimprudentes, julgamentos incor-retos, idéias extravagantes, or-gulho e falta de discernimento es-piritual.

2. Por meio das atitudes irre-fletidas ou deliberadas de outraspessoas. Estas são áreas sobre as

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A SOBERANA VONTADE DE DEUS 27

quais temos pouquíssima influên-cia.

3. Por meio do curso naturaldos acontecimentos. Estas são áre-as sobre as quais não temosnenhum controle ou influência.

Temos de aceitar, pelo menosem alguma medida, a responsabili-dade pelas aflições que nos sobrevêmcomo resultado de nossos próprioserros; mas, se a aflição permanecesobre nós, de-monstramos atendência de re-clamar para Deusque as coisas es-tão indo muitolonge e começa-mos a duvidar deseu amor e de seusmotivos em per-mitir que nossasaflições continu-em. As áreasmencionadas nosdois últimos pon-tos são as que nostrazem as maiores dificuldades.“Como pode um Pai tão amorosopermitir que tais coisas aconteçamaos seus próprios filhos?” Não po-demos emitir em público esse sen-timento. No entanto, em nossos sen-timentos mais íntimos e, às vezes,em nossas orações particulares, ex-pressamos tais sentimentos petulan-tes.

Nossa incapacidade para enten-der os motivos e aceitar as diversasaflições que sobrevêm à nossa vidaresulta do fato de que olhamos paraos instrumentos humanos pelos quaisestas aflições aparecem em nossa

vida, e não para a verdadeira fontedestas aflições e provações. Nós asvemos como se viessem do homem eaté do diabo, e não as vemos comose viessem das mãos de um Deus so-berano e amável. Atribuímos tudo à“má sorte”, a um “acidente” ou mes-mo a uma “ação do inimigo”. As-saltamos o trono da graça com asúplica constante de que nossa afli-ção seja removida de nós. Masperdemos de vista o fato de que as

Escrituras reve-lam o Senhorcomo a causa fun-damental de todasas coisas que so-brevêm às nossasvidas, quer sejamboas, quer sejammás. Embora De-us mesmo não se-ja o autor do pe-cado, e não nostente a pecar, enão nos leve aopecado, está cru-cialmente envol-

vido em tudo que nos acontece. Naverdade, querido leitor, as própriasprovações que você está experimen-tando agora fazem parte do plano deDeus para a sua vida. Esta é a sobe-rana vontade de Deus para você.

A menos que você e eu chegue-mos ao ponto de crer e aceitar asoberania de Deus sobre as nossasvidas e sobre tudo o que nos acon-tece, não seremos capazes de reagirde uma maneira cristã em relação atudo que nos ocorre nesta peregrina-ção. Na verdade, não seremos ca-pazes de lutar contra o mundo con-forme ele é hoje. Poderemos ser

Mesmo aqueles que, nomeio evangélico, abraça-

ram o evangelho “dariqueza e da saúde” e

suas multiformes variações,reconhecem que suaspróprias vidas negam

o ensino deste evangelho.

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vencidos, desencorajados e alarma-dos, se não reconhecermos que Deus,por meio de sua vontade soberana eimutável, está no pleno controle detodas as coisas. É absolutamente ne-cessário que nos apeguemos a estadoutrina da soberana vontade de Deusem, por meio de e sobre todas ascoisas. Nada em nossa vida é aciden-te, incidente ou coincidência.

Jó reconheceu isto, quando dis-se, em meio às suas terríveis aflições:“Temos recebido o bem de Deus enão receberíamos também o mal?”(Jó 2.10) A sua esposa lhe havia su-

gerido que amaldiçoasse a Deus emorresse; Jó, porém, ainda que nãopudesse entender o motivo, discerniucorretamente que todas as suas afli-ções haviam sido, de alguma ma-neira, enviadas por Deus. Jó estavaexpressando o fato de que, embora ohomem seja uma criatura racional eresponsável por suas decisões e ati-tudes, Deus ainda é soberano e realizaa sua própria vontade, sem pisoteara nossa. Esta soberania de Deus é arocha sobre a qual repousa a conso-lação do crente.

DEUS É SOBERANOE O HOMEM É RESPONSÁVEL

R. B. Kuiper

Não se pode imaginar a soberania de Deus como se elaeliminasse a responsabilidade do homem. Como os mais cultose competentes teólogos e filósofos se mostraram incapazes deconciliar soberania divina com responsabilidade humana peran-te o tribunal da razão, sempre se corre o risco de dar ênfase auma delas em detrimento — ou mesmo com a exclusão — daoutra. Mas a Bíblia ensina as duas verdades com grande ênfa-se. Aquele que aceita com humilde fé a Bíblia como a infalívelPalavra de Deus, dará vigoroso destaque tanto a uma como àoutra. Portanto, o pregador do evangelho tem de dizer ao peca-dor não apenas que a salvação é somente pela graça soberana,mas também que, para ser salvo, ele precisa crer em JesusCristo como Salvador e Senhor. Por um lado, deve pregar queos eleitos de Deus serão salvos com toda a segurança; por outrolado, deve proclamar a advertência de que aquele que não crêno Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobreele (João 3.36).

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O FIM DO MUNDO 29

O FIM DO MUNDOO. Palmer Robertson

Muitas pessoas não o sabem,mas este mundo chegará ao fim. Elaspensam que o mundo existirá portempo indeterminado, devido ao fatoque ele permanece da mesma manei-ra desde que o conhecem. Algunsimaginam: quando o nosso sol ex-tinguir-se, então, o mundo chegaráao fim; ou: se acontecer uma guerranuclear, a humanidade deixará deexistir. Entretanto, independente-mente dessas perspectivas, as pesso-as sentem que o mundo simplesmen-te perpetuará sua existência.

Aqueles que mantêm esse pontode vista ignoram duas coisas. Primei-ra: o mundo já sofreu uma destruiçãocatastrófica, ou seja, o Dilúvio, naépoca de Nóe. Deus julgou o mundoantigo por causa de sua depravação eexecutará juízo sobre o mundo no-vamente. Segunda: as palavras deJesus e da Bíblia a respeito do fimdo mundo.

O que podemos conhecer sobreo fim deste mundo? O que nos espe-ra adiante? Considere estas seisverdades sobre as quais você pode tercerteza.

1. JESUS VOLTARÁ

Jesus, o eterno Filho de Deus, já

veio a este mundo, como alguém es-pecialmente comissionado por Deus,o Pai. Ele nasceu de uma virgem,curou enfermos e ressuscitou mor-tos; ao ser crucificado e morto,sofreu o castigo que os pecadoresmereciam; ressuscitou dentre os mor-tos ao terceiro dia e agora estáentronizado, com poder, à direita deDeus.

Ele virá a este mundo novamen-te. Mas, naquela ocasião, será emglória, com todos os anjos de Deus.Sua volta não será apenas uma mani-festação espiritual; Ele retornará emforma física, de modo que todos oshomens O vejam. Eles saberão que éo próprio Senhor Jesus e não outrapessoa qualquer (Mt 24.27-44).

2. OS MORTOS SERÃO RESSUSCI-TADOS

Deus, que no princípio criou ohomem do pó da terra e soprou emsuas narinas o fôlego da vida, traráde volta à vida todas as pessoas quejá viveram na face da terra. O marentregará os seus mortos. Os sepul-cros serão esvaziados. Deus, porintermédio de seu poder criativo,fará os mortos reviverem (Ap 20.11-15).

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Fé para Hoje30

3. OS CÉUS E A TERRA QUE AGORACONHECEMOS SERÃO DESTRUÍDOS

Deus prometeu que águas de di-lúvio jamais cobrirão a terra outravez. Enquanto a terra existir, haverádia e noite, e as estações do ano con-tinuarão. Mas virá o dia em que todaa terra, outros planetas e estrelas dis-tantes serão destruídos (2 Pe 3.1-12).

4. NOVOS CÉUS E UMA NOVA TER-RA SERÃO CRIADOS

Deus não será frustrado em seuplano de estabelecer um mundo ondenão existe pecado, tristeza e dor.Após destruir este mundo corrompi-do, juntamente com toda a suadepravação e pecaminosidade, Elecriará novos céus e nova terra. Nes-tes haverá beleza e harmonia emtodos os lugares. Santidade e amorestarão presentes em todos os rela-cionamentos. O pecado e o mal jánão mais existirão nos corações doshomens (2 Pe 3.13).

5. SERÁ REALIZADO UM GRANDEJULGAMENTO

Todas as criaturas, tanto anjoscomo homens, se apresentarão dian-te de Deus a fim de prestarem contasde tudo que houverem feito. Quan-do as cortinas forem abertas para esteúltimo julgamento, as pessoas serãoposicionadas à direita ou à esquerdado trono de Deus. Os que estiveremà direita desfrutarão de bênçãos eter-nas; serão recompensados de acordocom as boas obras que realizaram.

Mas os que estiverem à esquer-da serão condenados à eterna perdição

e banidos da presença de Deus. Se-rão punidos com justiça de acordocom as obras ímpias que praticaram(Mt 25.32-46).

6. SERÁ INICIADA A ÚLTIMA ERA,QUE CONTINUARÁ POR TODA AETERNIDADE

Na eternidade passada, a terranão existia. Então, Deus falou e ummundo perfeito veio à existência (Gn1.31). Todavia, a rebeldia dos pri-meiros seres humanos contra a auto-ridade de Deus trouxe o mundo a umacondição de depravação pecamino-sa. Em sua misericórdia, Deus pro-meteu enviar um Salvador, quevenceria o diabo e as forças malig-nas (Gn 3.15). No tempo certo, Je-sus Cristo veio ao mundo. Apósconsumar sua obra redentora, Elecomissionou seus seguidores a pro-pagar as boas-novas sobre a salvaçãoa todos os confins da terra (Mt 28.18-20).

Estas são as grandes épocas queo mundo, nossa habitação, tem ex-perimentado até agora. Mas aindafalta uma grande Era. Esta conti-nuará para sempre. Nesta última Era,pureza e paz existirão em perfeição.Jesus Cristo será honrado pelos ho-mens e os anjos por causa da grandeobra de redenção que Ele realizou(Fp 2.9-11; Ap 5.8-14).

Esta última Era surgirá em bre-ve. Através de arrepender-se de seuspecados e crer no Senhor Jesus Cris-to, como o Salvador dos pecadores,você pode desfrutar dessas bênçãosde Deus, por toda a eternidade. Aporta da oportunidade está aberta atodos os que vierem a Cristo.

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QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? 31

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?Peter Jeffery

Um dos mais populares pro-gramas de TV da atualidade, tantona Inglaterra como nos Estados Uni-dos, é o programa de perguntas e res-postas “Quem quer ser um milioná-rio?”

Recentemente, no programabritânico, um homem chegou até àúltima pergunta, tornando-se o pos-sível ganhador de um milhão delibras. Ele disse que passou com fa-cilidade e confiança por todas asperguntas anteriores. Este homemnão estava brincando. Ele sabia real-mente as respostas. Então, ele en-frentou a pergunta final, depois dehaver ganhado meio milhão de libras.Se respondesse de maneira errada, eleperderia 468.000 libras do que jáhavia ganhado. Mas ele não tinha deresponder a pergunta e poderia vol-tar para casa com as 500.000 libras.

Logo que a pergunta final lhefoi dirigida, e as quatro possíveis res-postas, apresentadas, eu sabia aresposta. Disse à minha esposa: “Aresposta é a letra ‘c’”. Mas eu estava

errado. O homem sabia a respostacorreta e até propôs qual era tal res-posta; todavia, o medo de perder468.000 libras o deixou hesitante.

Ele sabia a resposta correta, masestava com medo de se comprometercom ela. No final, ele não correu orisco, para ganhar um milhão de li-bras. Se ele o tivesse feito, teria ga-nhado. Naquela circunstância, vocênão pode culpá-lo — a certeza de termeio milhão pareceu-lhe melhor doque a possibilidade de ganhar ummilhão de libras.

O que você teria feito no lugardele?

A coisa interessante é que mui-tas pessoas enfrentam um dilema se-melhante no que se refere a Deus.Estou falando de pessoas que co-nhecem a verdade a respeito deDeus. Elas crêem no evangelho,mas não se comprometem com aqui-lo que reconhecem ser a verdade.

Você é esse tipo de pessoa?

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Fé para Hoje32

Você sabe que é um pecador e queJesus veio ao mundo para salvar ospecadores. Sabe que precisa ser sal-vo e que Jesus pode salvá-lo, e real-mente o fará, se você vier a Ele comarrependimento e fé. A questão nãoé: “Quem quer ser um milionário?”,e sim: “Quem quer ser um verdadei-ro cristão? Ter os seus pecados per-doados? Tornar-se aceitável diante deDeus? Ir para o céu?”

Você sabe que Jesus é a únicaresposta para o problema do seu pe-cado, mas não quer se comprometercom o que reconhece ser a verdade.Você não quer fazer isso, porque temmedo do que pode perder. No entan-to, você perdeu de vista o que ga-nhará com certeza, se vier a Cristo etornar-se um verdadeiro cristão.

Sua posição não é semelhante àdo homem do programa de pergun-tas e respostas — afinal de contas, eleganhou meio milhão de libras. Secontinuar rejeitando a Jesus, vocêperderá tudo. Não existe qualquerganho para aqueles que recusam aoferta de Deus para a salvação. Ohomem do programa de TV retornoupara casa feliz com o que ganhou.Mas eu me pergunto se, depois, elenão se arrependeu, por não ter de-monstrado coragem semelhante às

suas convicções e não haver prosse-guido, para ganhar o prêmio maior.

O maior de todos os prêmios éCristo. Tê-lo como seu Salvador ul-trapassa qualquer coisa deste mundo.Significa possuir a paz com Deus e asegurança de um lugar no céu. Sig-nifica conhecer a vitória sobre a mortee começar a desfrutar o dom da vidaeterna, outorgado por Deus.

Você sabe que isso é verdade;então, por que não confia na verda-de? Não estou lhe pedindo que creiaem uma história imaginária ou emalgo que você sabe estar errado. Es-tou pedindo que você se comprome-ta com aquilo que reconhece ser averdade.

Se você se tornar um milioná-rio, chegará o dia em que terá de dei-xar a sua riqueza. Você sabe que nãopode levá-la consigo. Mas, se vocêtiver Cristo como seu Salvador, podetê-Lo por toda a eternidade. Você nãosomente pode levá-Lo consigo, Elevai adiante de você, na morte, e oconduz seguro ao céu de Deus. Con-verta-se a Jesus agora. Você sabe queo evangelho contém a promessa deque Ele não o lançará fora. Busque aJesus em oração, peça-Lhe perdão,comece a desfrutar das riquezas quevocê jamais pode perder.

O que impede o homem de entrar no reino doscéus não é o fato de possuir riquezas, e sim o fato deas riquezas o possuírem.

J. Caird

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