revista espaço do farmacêutico ed. 17

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Revista do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Santa Catarina Edição 17 - Ano 05 - janeiro de 2015 NOVAS DIMENSÕES O tempo não é uma linha contínua, provou Einstein na Teoria da Relatividade. Ele se curva, dobra-se sobre si mesmo, retrocede e avança. Em 2014, os farmacêuticos consolidaram a Lei que define a farmácia como Estabelecimento de Saúde e o farmacêutico como autoridade inconteste na área do medicamento. As vitórias políticas abrem novas dimensões ainda inexploradas para a categoria farmacêutica e para o acesso qualificado à saúde pública no Brasil. Mas há uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho. Fazer a diferença na vida das pessoas é uma jornada que se impõe a cada farmacêutico brasileiro.

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Revista do Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina

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Page 1: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

Revista do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Santa CatarinaEdição 17 - Ano 05 - janeiro de 2015

NOVAS DIMENSÕESO tempo não é uma linha contínua, provou Einstein na Teoria da Relatividade.

Ele se curva, dobra-se sobre si mesmo, retrocede e avança. Em 2014, os farmacêuticos consolidaram a Lei que define a farmácia como Estabelecimento

de Saúde e o farmacêutico como autoridade inconteste na área do medicamento. As vitórias políticas abrem novas dimensões ainda inexploradas para a categoria farmacêutica e para o acesso qualificado à saúde pública no Brasil. Mas há uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho. Fazer a diferença na vida das pessoas é uma jornada que se impõe a cada farmacêutico brasileiro.

Page 2: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

CATARINENSE NA DIRETORIA

DA SBAC

ÍNDICE

Os farmacêuticos estão habilitados a participar de um dos maiores desafios deste século: manter saudáveis os mananciais hídricos e prover água potável para a população brasileira. Trata-se de uma contribuição profissional dos farmacêuticos ao meio-ambiente e à humanidade. E também a conquista de um mercado imenso e próspero - cuja hegemonia vem sendo disputada por outras categorias profissionais.

PLANETA ÁGUA8

LIXO QUE NÃO É LIXO

DOCUMENTOHISTÓRICO

A CIÊNCIA ÉNOSSA ARTE

28

16

22

EU SOU VOCÊ AMANHÃ4

O desafio de gerenciar resídios sólidos de saúde nas farmácias é um imperativo de avanço sanitário e social

No mais belicoso ataque à categoria farmacêutica e ao conceito de Farmácia Estabelecimento de Saúde que se registra na história brasileira, uma mobilização inédita e harmoniosa de acadêmicos, universidades, Conselhos Regionais, Fenafar, entidades farmacêuticas dos diversos âmbitos consegue barrar uma apocalíptica redação desfigurada de Medida Provisória que queria substituir a presença farmacêutica por autômatos remotos “telemáticos”. O Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina foi um protagonista político fundamental para a vitória que mantém abertas as portas do futuro.

A formação acadêmica sólida, unida à capacitação continuada e à prestação de Serviços Farmacêuticos é o rumo possível e desejado para a qualificação da atividade econômica e ampliação da autoridade e responsabilidade do farmacêutico

O número de pessoas idosas cresce em ritmo maior que o de pessoas que nascem, acarretando situações que modificam a estrutura de gastos dos países em diversos segmentos importantes. A relação dos farmacêuticos com os idosos tem um papel fundamental na garantia da longevidade com saúde e bem estar.

3534 FARMACÊUTICOS UNIDOS, SINDICATO

FORTE. FILIE-SE!

2 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 3: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

EDITORIAL

AS PORTAS DA PERCEPÇÃO

Essa Edição de Espaço Farmacêutico é um documento histórico. Não é preciso ser vidente para prever que, no futuro, estudantes e entidades farmacêuticas recorrerão a estas páginas para vislum-brar e entender um momento crucial da profissão - e das lutas renhidas que constituem o processo democrático de construção de acessos à saúde qualifi-cada no Brasil.

Para todos os farmacêuticos cata-rinenses que pagam anuidade para sustentar esta Autarquia Federal de fiscalização da Ética e do exercício pro-fissional, este Espaço Farmacêutico tam-bém é uma prestação de contas à cate-goria e uma oportunidade de conhecer como o CRF-SC em Ação faz a defesa política, técnica, social e institucional da profissão farmacêutica.

O Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina, por meio de sua Direto-ria, Assessores e Comissões, amparado pelo Conselheiro Federal Paulo Boff, es-teve na linha de frente de uma guerra política decisiva para o futuro dos 200 mil farmacêuticos brasileiros. O apoio das universidades de SC - acadêmicos e docentes -, dos profissionais farma-cêuticos e entidades, foi fundamental na mobilização que culminou, inclusive, com uma moção de repúdio à MP 653 pela Assembleia Legislativa, aprovada por unanimidade pelos deputados es-taduais catarinenses.

Decisiva, porém não definitiva.A investida apocalíptica de interesses

comerciais que pretendiam se sobre-por à lógica do cuidado da Assistência

Farmacêutica foi a mais intensa desde a década de 1990, quando a senadora Marluce Pinto fez tramitar no Congresso Nacional um projeto de lei que desobri-gava a presença de farmacêuticos em farmácias e drogarias.

A MP 653/14, editada pela Casa Civil da Presidência da República, teve a in-tenção seminal desfigurada pelo relató-rio do deputado federal Manoel Júnior da Paraíba. Na linguagem de corredores dos meios legistlativos há um provérbio corrente que descreve a manobra polí-tica que se arquitetou: “Jabuti não sobe em poste. Ou foi enchente ou mão de gente”.

O significado político disso é que elementos estranhos ao espírito da lei foram incorporados sem justificativa apropriada, para atender a alguns seg-mentos setoriais em detrimento de ou-tros.

O deputado Manoel Júnior, ao rela-tar uma Medida Provisória que buscava ampliar o fornecimento e dispensação de medicamentos nos rincões isolados do país, acabou por gerar um monstro alienígena aos conceitos consolidados de acesso qualificado à saúde, atrope-lando normatizações da Organização Mundial da Saúde, da Constituição Bra-sileira e das leis infra-constitucionais que, ao longo de décadas, vêm sendo elaboradas para consolidar a Assistência Farmacêutica como um direito do cida-dão e um avanço na gestão da saúde pública.

O Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina não assistiu passivamen-

te a este desmantelamento do valor da Ciência e do Fazer Farmacêutico.

Ao contrário, formou um grupo de resistência que conseguiu alcançar o próprio núcleo do poder político bra-sileiro, a Casa Civil do Governo Federal, para transmutar a postura do Palácio do Planalto em relação ao tema e impedir que a MP 653 prosperasse no Congres-so Nacional.

A audiência na Casa Civil entre a pre-sidente do CRF-SC, Hortência Tierling, o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, assessor técnico do CRF-SC, e os detentores do poder de decisão politica sobre o tema só foi possível por causa da força de articulação política do CRF-SC.

Com a Lei 13.021/14, que estabelece os conceitos da Farmácia Estabeleci-mento de Saúde e do farmacêutico como profissional prestador de servi-ços à saúde, abrem-se inúmeras portas para a atuação da categoria em favor do cuidado às pessoas. São mercados pro-fissionais ainda inexplorados, como o dos serviços farmacêuticos, que podem elevar os padrões de qualidade de vida dos brasileiros.

Há, porém, uma diferença entre co-nhecer o caminho e trilhar o caminho. É preciso que os farmacêuticos abram a percepção sobre a nova era que se ini-cia, e auxiliem a consolidá-la, fazendo a diferença na vida das pessoas com sua Ciência e sua Arte. É isso que constitui, de fato e de direito, o escudo e a espada nesta guerra pela valorização da profis-são farmacêutica.

HORTÊNCIA SALETT MÜLLER TIERLINGPRESIDENTE DO CRF-SC

SILVANA NAIR LEITEVICE-PRESIDENTE DO CRF-SC

PAULO SÉRGIO TEIXEIRA DE ARAÚJOTESOUREIRO E SECRETÁRIO GERAL DO CRF-SC

3JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 4: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

EU SOUVOCÊ AMANHÃO número de pessoas idosas cresce em ritmo maior que o de pessoas que nascem, acarretando situações que modificam a estrutura de gastos dos países em diversos segmentos importantes. A relação dos farmacêuticos com os idosos tem um papel fundamental na garantia da longevidade com saúde e bem estar.

4 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 5: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

síntese de Indicadores Sociais (IBGE, 2012), revelou que, no pe-ríodo de 2001 a 2011, no Brasil o número de idosos a partir de 60

anos passou de 15,5 milhões para 22,4 milhões. Os idosos com mais de 80 anos representam 1,7% da população total em 2011, correspondendo a pouco mais que três milhões de pessoas. E a maioria da população idosa de 60 anos ou mais é composta por mulheres: 55,7% do to-tal. Em SC a população com mais de 60 anos subiu de 8% para 10,5% do total no estado.

Débora Crocetta Consoni é farma-cêutica do município de Criciúma, cida-de com 17.996 idosos, totalizando 9,3% da população (IBGE, 2010). A maioria desses idosos apresenta problemas associados ao envelhecimento, tendo implicações importantes na sua própria vida, de sua família e da comunidade em que vive.

“A atenção à saúde dos idosos é pri-mordial para preservar a sua autonomia pelo maior tempo possível. O enve-lhecimento do organismo por si só já diminui a capacidade funcional do ser humano”, afirma Débora.

O envelhecimento pode ser con-ceituado como um processo dinâmico e progressivo ocorrendo modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, com ritmo e intensida-de diferentes para cada indivíduo, que determinam progressiva perda da ca-pacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte (Carvalho Filho e Pa-paléu Netto, 2000; Jordão Netto, 1997,

Vieira Brandão, 1995).Inicialmente, o cuidado à pessoa

idosa era realizado pela família, repre-sentada em sua maioria pela figura feminina. Algumas mudanças na es-trutura familiar tais como: a saída da mulher para o mercado de trabalho, as situações de baixa renda da família, as separações, a viuvez e a diminuição do número de filhos muitas vezes impos-sibilitam a família de exercer o cuidado ao idoso. Deste modo, essas situações, associadas ao nível de dependência da pessoa idosa, contribuem para um au-mento no número desses indivíduos em instituições de longa permanência (Diogo, Ceolim e Cintra, 2005).

“Grande parte dos idosos apresen-ta vários problemas coexistentes, e frequentemente procura especialistas, sobrecarregando o sistema de saúde e aumentando os custos da assistência”, avalia a farmacêutica Débora Consoni.

Estudos recentes (Veras, 2007), têm demonstrado que doenças crônicas e suas limitações, são consequências evitáveis do envelhecimento quando a prevenção for efetiva.

A farmacêutica de Criciúma tem avaliado que uma das atividades ine-rentes ao exercício profissional, em conjunto a equipe de saúde, é orientar o uso racional dos medicamentos. “A assistência farmacêutica tem o papel de atuar junto à sociedade apoiando as ações de saúde demandadas pela comunidade, particularmente aos usu-ários que residem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)”, analisa Débora.

A Atenção Farmacêutica envolve o processo pelo qual o farmacêutico co-

opera com outros profissionais no de-senho, implementação e monitorização do plano terapêutico do paciente, e é definida como:

A provisão responsável da farmacote-rapia com o propósito de alcançar resulta-dos concretos que melhorem a qualidade de vida de cada paciente. Esses resultados são: 1) a cura de uma doença; 2) a elimi-nação ou redução dos sintomas; 3) inter-rupção ou redução da progressão de uma doença; 4) prevenção de uma doença ou de um sintoma (Hepler & Strand, 1990).

As atividades que constituem a AF têm como propósitos a garantia da

segurança, eficácia e qualidade dos medi-camentos, bem como da promoção do uso racional e do acesso àqueles considerados essenciais.(TEIXEIRA JJV, LEFÈVRE FA. F., 2001). “Em face da importân-cia deste conjunto de ações inter-relacionadas

Débora Crocetta Consoni: farmacêutica do

município de Criciúma, cidade com 17.996 idosos, totalizando 9,3% da população

(IBGE, 2010).

5JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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que envolvem o uso de medicamentos, supõe-se que a AF possa ser conside-rada um dos indicadores da qualidade da atenção prestada ao idoso, além de prevenir enfermidades e promover a saúde”, afirma a farmacêutica do muni-cípio de Criciúma.

“Sou Farmacêutica do Asilo São Vi-cente de Paulo em Criciúma (SC) há cerca de um ano. Nossa Instituição abriga hoje 70 idosos e é considerada entidade filantrópica, recebendo boa parte dos recursos para manutenção das atividades provindo de doações da comuni-dade e convênios”, relata Débora Consoni.

“O meu trabalho consiste na assistência e atenção farmacêutica diária, visando diminuir os riscos inerentes aos medicamentos, já que a maioria dos internos caracteriza-se pelo uso da Polifarmácia (uso de 5 medicamentos ou mais), diminuir os custos, au-mentar a aderência ao tratamento e investigar e identificar as possíveis reações ao uso/pres-crição e escolha dos

medicamentos a serem utilizados. O envolvimento do farmacêutico clínico na equipe multiprofissional de geriatria pode qualifica o atendimento persona-lizado, através da implantação de pro-tocolos e procedimentos que visem

minimizar e evitar as inadequações po-tenciais em prescrições. Hoje trabalha-mos com uma equipe multidisciplinar composta por farmacêutico, médicos, enfermeira, assistente social, psicóloga, musicoterapeuta, nutricionista, fisiote-rapeutas, técnicos de enfermagem e cuidadores visando proporcionar uma melhor qualidade de vida, minimizando o desconforto e expressando um indi-cador de qualidade na assistência ao idoso”, explica Débora.

Os desafios com que os farmacêuti-cos se deparam no trabalho com o ido-so em Instituições de Longa Permanên-cia começam com a generalizada baixa auto-estima do usuário, a reduzida tole-rância ao estresse e até problemas psi-quiátricos e degenerativos. “Em nossa instituição as doenças degenerativas mais comuns são: Alzheimer, Parkinson, Diabetes, Hipertensão e Artrose”, repor-ta Débora Consoni.

“O tratamento farmacológico ainda é o mais utilizado para o tratamento de doenças, pois este oferece uma chance de sobrevida maior comparado a outros tratamentos “.

Apesar de a farmacoterapia apre-sentar benefícios à saúde do idoso, a literatura aponta que indivíduos idosos são mais vulneráveis aos chamados Pro-blemas Relacionados aos Medicamen-tos (PRM). No processo de envelheci-mento, são características alterações fisiológicas que predispõem o idoso a problemas relacionados ao uso de medicamentos como interações me-dicamentosas, polifarmácia e reações adversas, tendo como consequência maior número de internações, morbi-dade, mortalidade e custos com saúde (FLORES LM, MENGUE SS., 2005)

“Neste contexto, o farmacêutico tem um papel a cumprir, co-responsabi-lizando-se pelo bem-estar do paciente,

6 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 7: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

Constituem diretrizes da Política Nacional

de Saúde da Pessoa Idosa:

a) promoção do envelhecimen-to ativo e saudável; b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; c) estímulo às ações interseto-riais, visando à integralidade da atenção; d) provimento de recursos ca-pazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; e) estímulo à participação e for-talecimento do controle social; f) formação e educação perma-nente dos profissionais de saú-de do SUS na área de saúde da pessoa idosa; g) divulgação e informação so-bre a Política Nacional de Saú-de da Pessoa Idosa para pro-fissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;h) promoção de cooperação na-cional e internacional das ex-periências na atenção à saúde da pessoa idosa; e i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.

interagindo e colaborando com a equi-pe multiprofissional de saúde, para não comprometer a qualidade de vida do idoso”, reflete Débora.

Diversos estudos randomizados controlados têm apontado o trabalho do profissional farmacêutico, principal-mente através de revisão de prescri-ções, identificando o uso de fármacos inadequados e possíveis PRM, como uma estratégia efetiva para o uso racio-nal de medicamentos. (VEGGELAND T., 2008). Diante disso, é importante salientar que para a implementação efetiva e de qualidade dessa prática é recomendado que seja precedida de inquérito para identificação do perfil farmacoterapêutico (Obreli-Neto et al., 2011)

As diretrizes básicas da Política Na-cional de Saúde da Pessoa Idosa são bons exemplos das preocupações com a promoção do envelhecimento saudável, com a manutenção e a me-lhoria, ao máximo, da capacidade fun-cional dos idosos, com a prevenção de doenças, com a recuperação da saúde dos que adoecem e com a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capa-cidade funcional restringida.

Do ponto de vista de saúde pú-blica, este conceito é o mais adequa-do para se estruturar e viabilizar uma política de atenção à saúde do idoso. Portanto, todas as iniciativas de pro-moção de saúde, de assistência e de

reabilitação em saúde devem ter como meta aprimorar, manter ou recuperar a capacidade funcional do indivíduo pelo maior tempo possível, valorizar a auto-nomia e a independência física e men-tal, excedendo um simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas. (Lourenço RA, Martins CSF, Sanchez MAS, Veras RP. 2005)

As pessoas idosas, individualmente consideradas ou em grupos, vão se de-frontar com algumas barreiras. A primei-ra delas é a dos preconceitos de cunho mais sócio cultural, mas que de uma for-ma ou de outra também se disseminam no círculo familiar (Anita Líberalesso Néri: Atitudes e preconceitos em relação em relação à velhice, Idosos no Brasil). Além do declínio da saúde, das dificuldades financeiras, existem outras perdas sig-nificativas, como morte de amigos e parentes próximos, ausência de papéis sociais valorizados, desvio da imagem corporal do ideal, afetando diretamente a auto-estima, causando por vezes cri-ses emocionais (VITORELI, PESSINI, SILVA, 2005).

“As Instituições de Longa Permanên-cia acolhem idosos que necessitam de cuidados para sua reabilitação física, psi-cológica e social. A equipe deve traba-lhar para que o idoso possa ser inserido na instituição respeitando a sua indivi-dualidade, retardando e/ou prevenindo a dependência”, conclui a farmacêutica Débora Consoni.

7JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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PLANETA ÁGUA

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PLANETA ÁGUA

resolução nº 463, de 27 de junho de 2007, do conselho federal de farmácia regulamentou o aces-

so dos farmacêuticos a uma atribuição não-privativa da profissão, ainda pouco explorada pela categoria. A ementa dis-põe sobre as atribuições do farmacêu-tico no controle de qualidade e trata-mento de água para consumo humano, seu padrão de potabilidade, e controle ambiental, bem como o controle de operação das estações de tratamento de água e esgotos domésticos e in-dustriais, de piscinas, praias, balneários, hotéis, condomínios e congêneres. Os farmacêuticos ainda atuam na vigilância da qualidade da água. “Uma das ações integrantes do programa VIGIÁGUA (veja box na página 12) é a análise labo-ratorial de amostras de água provenien-tes todos os tipos de abastecimento de

água para consumo humano para comprovar o atendimento aos

parâmetros de qualidade da legislação vigente. Para cumprimento deste programa são coletadas amostras mensalmente em todos os municípios

do estado e encaminhados aos laboratórios”, informa

Neusa Ribeiro, farmacêutica--bioquímica da Divisão de Meio

Ambiente do Laboratório Central de Santa Catarina, LACEN. “Em Santa Cata-rina esta atividade é exercida por uma rede de laboratórios públicos: munici-pais, e estaduais (Laboratórios regionais e LACEN). Em todos eles o farmacêuti-co-bioquímico está presente como res-ponsável técnico. Atualmente esta rede é composta por 8 laboratórios (estão sendo implantados mais 2), tendo ca-pacidade para atendimento a todos os

Os farmacêuticos estão habilitados a participar de um dos maiores desafios deste século: manter saudáveis os mananciais hídricos e prover água potável para a população

brasileira. Trata-se de uma contribuição profissional dos farmacêuticos ao meio-ambiente e à humanidade. E também a conquista de um mercado imenso e próspero

- cuja hegemonia vem sendo disputada por outras categorias profissionais.

municípios do estado nos parâmetros básicos”, reporta Neusa Ribeiro.

À primeira vista já se pode perceber a amplitude da responsabilidade far-macêutica nesta ciência específica de prover água potável, manter saudável os estoques hídricos, tratar efluentes e auferir a qualidade de águas de banho.

O que a maioria da classe farmacêu-tica ainda não percebeu é a dimensão deste mercado profissional, em expan-são acelerada e vertiginosa, e a mag-nitude da contribuição à sociedade brasileira, à saúde pública e ao próprio Planeta que se abrem como tarefas e desafios profissionais aos farmacêuticos brasileiros.

“Estamos perfeitamente aptos a atuar nesse campo profissional, temos a ciência e o provimento legal, mas o mercado vem sendo inequivocamente dominado por químicos que, compre-ensivelmente, pretendem conquistar a hegemonia em um espaço de trabalho que, no decorrer do século XXI, se tor-nará tão próspero quanto a exploração de petróleo foi no século XX”, discorre o farmacêutico-bioquímico Luís Car-los Gomes, formado em 1979, e com experiência de 30 anos de atuação na Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina, a Casan.

De fato, com alguma insistência o Conselho de Química vem interpelando o poder judiciário no sentido de asse-gurar aos químicos a competência ex-clusiva de âmbito de responsabilidade técnica pelas estações de tratamento de água ou tratamento de efluentes – embora a legislação defina com clareza cristalina que a RT pode ser exercida por profissionais de mais de uma área do conhecimento desde que preencham as condições legais.

9JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 10: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

O Decreto nº 85.878 de 07 de abril de 1981, estabelece nor-mas para a execução da Lei nº 3.820/60, sobre o exercício da profissão farmacêutica, e defi-ne as atribuições dos profissio-nais farmacêuticos.

Já no seu art. 2º, inc. II, dispõe o seguinte:

Art. 2º. São atribuições dos profissionais farmacêuticos, as seguintes atividades afins, res-peitadas as modalidades profis-sionais, ainda que não privati-vas ou exclusivas:(…)

II- tratamento e controle da qualidade das águas de consu-mo humano, de indústria far-

Análises físico-químicas e microbiológicas da água: qualificação farmacêutica para um trabalho vasto, inadiável, e próspero.

“Nesta esteira, embora as atividades de controle de água compreendam análises físicas, químicas e bacteriológi-cas, é o profissional farmacêutico habi-litado curricularmente para o exercício destas atividades”, relata em parecer a assessora jurídica do CRF-SC, Fernanda Rocha. “Tal assertiva é ratificada pela Resolução nº 463/2007 do Conselho Fe-deral de Farmácia, que dispõe sobre as atribuições do Farmacêutico no contro-le de qualidade e tratamento de água”:

Uma das tarefas de maior relevância para a sociedade brasileira é a ciência que torna potável as reservas hídricas naturais. O Brasil, como se sabe, tem al-

guns dos maiores mananciais de água doce do planeta, como o Rio Amazonas e o Aquífero Guarani. Água doce é po-tencialmente potável, mas os padrões de potabilidade são descritos na POR-TARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011. Com 38 páginas técnicas, a Porta-ria abrange os detalhes básicos relativos ao tratamento e potabilidade da água. Determina, por exemplo, o padrão mi-crobiológico adequado ao consumo humano.

E faz recomendações expressas em relação à alcalinidade ou teor de subs-tâncias na água. Por exemplo, Reco-menda-se que, no sistema de distribui-

ção, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5, e que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg/L.

“Em minha experiência de farma-cêutico-bioquímico na Casan foi possí-vel avaliar uma infinidade de tipos de água potável, cada uma com caracterís-tica distinta, que a torna mais ou menos agradável para o paladar humano”, pon-tua Luís Carlos Gomes. “A água, para ser boa, deve ser límpida. Uma água é dita potável quando é inofensiva a saúde do homem, agradável aos sentidos e ade-quada aos usos domésticos”.

macêutica, de piscinas, praias e balneários, salvo se necessário o emprego de reações químicas controladas ou operações unitá-rias.

Assim, é correto afirmar que a responsabilidade técnica pe-las estações de tratamento de água pode ser exercida por pro-fissionais de mais de uma área do conhecimento - logo não é exclusiva de uma única área - desde que preencham as condi-ções legais.

“Nesta esteira, embora as atividades de controle de água compreendam análises físicas, químicas e bacteriológicas, é o profissional farmacêutico ha-bilitado curricularmente para o exercício destas atividades”, avalia a assessora jurídica do CRF-SC, Fernanda Rocha dos Santos. Tal assertiva é ratificada pela Resolução nº 463/2007 do Conselho Federal de Farmácia, que dispõe sobre as atribuições do Farmacêutico no controle de qualidade e tratamento de água, cuja transcrição segue abaixo na íntegra:

Art. 1º - São atribuições do farmacêutico a análise e o con-trole de qualidade de águas mi-nerais e residuárias, para uso e consumo humano, em todas as suas formas e padrão de potabi-lidade, bem como o controle de

operação das estações de tra-tamento de água e esgotos do-mésticos e industriais, de pisci-nas, praias, balneários, hotéis, condomínios e congêneres:

a) coleta de amostras;b) análises físico-químicas e

microbiológicas através de me-todologia específica;

c) emissão e assinatura de laudos e pareceres técnicos.

Art. 2º - Compete ao farma-cêutico, ainda, o controle de qualidade de água como rea-gente e para fins terapêuticos, além de planejar e elaborar programação de ações de con-trole ambiental na sua área de atuação.

Parágrafo único. Fica tam-bém sob sua responsabilidade técnica o laboratório que reali-ze exames previstos no caput deste artigo.

Art. 3º - Esta Resolução en-trará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário, em especial a Resolução/CFF nº 320/97.

“Ante o exposto, opina esta Assessoria pela legalidade da atribuição do profissional far-macêutico para atuar no con-trole de qualidade de água de consumo humano, de acordo com toda a legislação supraci-tada” conclui Fernanda Rocha dos Santos.

10 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 11: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

Estação de tratamento de esgoto: controle da emissão de efluentes pode ter Responsabilidade Técnica de Farmacêuticos, uma contribuição sanitária, social e ambiental.

Para garantir esse padrão elemen-tar, básico, os farmacêuticos podem se inserir em um vasto campo de traba-lho que envolve tratamento de água, tratamento de efluentes emitidos por estações de esgoto, monitoramento de mananciais hídricos, reservas e rios, la-boratórios microbiológicos ou hidrobio-lógicos. “É um mercado muito grande, porque existem as companhias estadu-ais, as companhias municipais de água e saneamento, e as estações de trata-mento privadas. Ainda há demanda por mão-de-obra na Indústria de Alimentos, que reutiliza muita água tratada, e nas indústrias de papel e de reciclagem, por exemplo”, conta o farmacêutico-bioquí-mico da Casan.

Gomes reporta que, de 1980 até ago-ra, caiu para menos da metade o núme-ro de farmacêuticos atuantes neste âm-bito na Casan. “O Conselho de Química faz uma pressão muito forte para que a preferência de contratação recaia sobre os químicos, muito embora no nosso currículo de formação já tenhamos soli-dez no conhecimento de microbiologia e um currículo que também abrange a área de saneamento”, diz Gomes.

O Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina tem, hoje, registrado no Siscon, 4 empresas desta área. “Deve-

mos ter em mente que há uma vastidão a ser explorada nas questões relativas à água. A ciência, o fazer e a arte farma-cêutica têm muito a contribuir para o avanço sanitário, social, ambiental e de saúde pública nessas diversas esferas de ação”, afirma Ronald Ferreira dos Santos, presidente da Fenafar. “Não pretende-mos ser a única categoria profissional a reinar sobre esta área, mas também não podemos aceitar que nosso conheci-mento, capacidade e qualificação técni-ca sejam minimizados ou considerados inadequados para a amplitude da ação necessária. Temos a formação que é ne-cessária, e a formação continuada existe para capacitar ainda mais”.

11JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 12: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

Programa Nacional de Vigilância da Qualidade a Água para Consumo Humano (Vigiágua)

TIPO DE ÁGUA PARÂMETRO VMP(1)

Água para consumo humano Escherichia coli(2) Ausência em 100 mL

Água tratada

Na saída do tratamento Coliformes totais (3) Ausência em 100 mL

No sistema de distribuição(reservatórios

e rede)

Escherichia coli Ausência em 100 mL

Coliformes totais(4)

Sistemas ou soluções coletivas que abastecem

menos de 20.000 habitantes.

Apenas uma amostra, entre as amostras examinadas no mês, poderá apresentar resultado positivo

Sistemas ou soluçõesalternativas coletivas que

abastecem a partir de 20.000 habitantes

Ausência em 100 mL em 95% dasamostras examinadas no mês

Estruturado a partir dos princí-pios do Sistema Único de Saúde (SUS), desempenha um papel im-portante para garantir a qualida-de e segurança da água para con-sumo humano no Brasil.

Vigilância da qualidade da água para consumo humano é um con-junto de ações adotadas regular-mente pela autoridade pública para avaliar se a água consumida

PORTARIA No 2.914, DE 12 DE DEZEM-BRO DE 2011. Com 38 páginas técnicas, a Portaria dispõe sobre os procedimen-tos de controle e de vigilância da quali-dade da água para consumo humano e define seu padrão de potabilidade, abrangendo os detalhes básicos rela-tivos ao tratamento e potabilidade da água. Determina, por exemplo, o pa-drão microbiológico adequado ao con-sumo humano.

Anexo 1 da portaria 2.914:

NOTAS:(1) Valor máximo permitido.(2) Indicador de contaminação fecal.(3) Indicador de eficiência de tratamento.(4) Indicador de integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede)

pela população apresenta risco à saúde humana. Uma dessas ações são as análises laborato-riais de água para consumo hu-mano provenientes das diversas formas de abastecimento: Siste-mas de abastecimento de água, Solução alternativa coletiva e so-lução alternativa individual.

O Programa Nacional Vigiagua fornece subsídios para estru-

Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano

turação da vigilância da qualidade da água para consumo humano nas três esferas de ges-tão do SUS, a saber: Secretarias de Saúde dos Muni-cípios, Estados/Distrito Federal e Ministério da Saúde.

12 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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LÍQUIDO E CERTO

60% do corpo humano é Água. Por isso, características minerais, de acidez e de tensão da água consumida auxiliam na manutenção da saúde e na prevenção de doenças. Veja como

a ciência farmacêutica pode influenciar na

distribuição de água potável de qualidade superior.

Auxiliar na produção e distribuição de uma água pura, potável, constitui-se uma atribuição de âmbito dos farma-cêuticos, uma missão social repleta de significado e um formidável mercado de trabalho.

E ainda assim, é o mínimo. O estu-do do potencial da água em processos de manutenção da saúde, prevenção de doenças e terapêuticas de cura de doenças graves vem sendo conduzido nas universidades mais conceituadas do mundo.

Um copo de água corta a sensação de fome durante a noite para quase 100% das pessoas em regime. É o que

mostra um estudo na Uni-versidade de Washington,

maior instituição pública de pesqui-sa do noroeste americano, sediada em Seattle que, em 2012, tinha U$ 7 bilhões de orçamento exclusivo para pesquisas acadêmicas.

Falta de água é o primeiro fator da causa de fadiga durante o dia. Estudos preliminares da mesma univer-sidade americana indicam que 8 a 10 copos de água por dia poderiam aliviar significativamente as dores nas costas e nas juntas em 80% das pessoas que sofrem desses males. Uma redução de apenas 2% da água no corpo humano pode provocar incoerência em focalizar uma tela de computador ou uma pá-gina impressa. Beber 5 copos de água por dia diminui o risco de câncer no

cólon em 45%, pode diminuir o risco de câncer de mama em 79% e em 50% a probabilidade de se desenvolver câncer na bexiga. Informações mais completas e complexas sobre estes dados podem ser acessadas diretamente na página da universidade sobre ciência da água: http://faculty.washington.edu/ghp/research-themes/water-science/

A água transporta a escória do or-ganismo, como as moléculas de uréia. Ainda ajuda a regular a temperatura do corpo. Todos os dias, uma pessoa per-de cerca de 800 mililitros de água pela transpiração, além da perda pelo suor. Mais: 1,5 a 3 litros escapam pela urina; 0,5 litro se evapora na respiração e, ain-da, 200 mililitros dão a consistência pas-tosa das fezes. Daí o conselho de se be-ber diariamente 2 a 3 litros de água - ou

13JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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O resultado é semelhante ao de uma água destilada: ela perde a condutibilidade, não conduz mais estímulo. A água tem que conduzir eletricidade ou será incapaz de levar os nutrientes até o interior das células. Água sem condutibilidade torna os reflexos lentos, e reduz a eletricidade motora para atividades físicas. A água ainda pode ser oxidante ou anti-oxidante. Essa propriedade depende do ORP da água. ORP, ou Redox, é, basicamente, uma medida da carga molecular que confere ao nível da capacidade de uma substância de oxidar ou reduzir a oxidação.Os farmacêuticos conhecem bem, porque usam esta mesma água para fazer diluição nas farmácias magistrais. A osmose reversa tem a eficácia de tirar todos os minerais da água. Na Arábia Saudita, a osmose reversa é usada para dessalinizar a água do mar. No entanto, após este processo, os reservatórios repõem os sais minerais naturais à água e distribuem para a população. Os filtros de osmose reversa disponíveis nas casas das pessoas e ambientes comerciais não repõem os sais.

Dubai, nos Emirados Árabes Unidos: deserto rodeado pelo mar. Água dessalinizada recebe sais depois da osmose reversa.

de qualquer outro líquido. Se o volume perdido não é reposto, a pessoa entra em processo de desidratação.

Em 1912, o cientista Alexis Carrel ga-nhou o prêmio Nobel de Medicina após uma experiência de quase três décadas: colocou o coração de uma galinha em um recipiente com água, e trocou a água do recipiente diariamente. O cora-ção da galinha bateu ininterruptamente por 27 anos. A comunidade científica internacional considerou a experiência uma prova inequívoca de que a idade celular é determinada pelo ambiente onde a célula se encontra.

O cardiologista e nutrólogo Lair Ri-beiro, que tem 149 artigos científicos publicados em revistas médicas ameri-canas, ex-professor de medicina de Har-vard, tem pesquisado temas relaciona-dos ao anti-envelhecimento, e explica como tem água que, ao ser consumida, desidrata o organismo.

“Câncer ocorre em ambiente áci-do, a doença não consegue se desen-volver em ambiente alcalino. O PH do sangue humano é 7,3. Quando alguém toma uma água abaixo do PH sanguíneo, o corpo tem que trabalhar só para equilibrar a alcalinidade. Um copo de re-frigerante tem PH 2,5. Uma conta elementar de matemá-tica demonstra que é preciso tomar 32 copos de água boa para anular o prejuízo”, afirma Ribeiro.

Esta matemática não é tão elementar assim. O PH da água, como os farmacêuticos estu-dam nos anos básicos de for-mação, é uma escala logarítmi-ca: então a diferença de um PH de 2,5 para um PH de 3,5 é de dez vezes. Para ascender a PH 4,5 são 100 vezes. Ao chegar a PH 5,5 são mil vezes. Quer dizer que um copo de refrigerante, com PH 2,5, baixa a imunidade do corpo – que tem PH 7,35 – em 100 mil vezes.

A alcalinidade em água potável é vista por muitos pesquisadores como um componente chave na neutraliza-

ção da acidez causada pela dieta, es-tresse, atividade física, toxinas. A água alcalina ionizada é produzida eletronica-mente pelo processo chamado eletróli-se, que separa a água em água alcalina e água ácida.

O processo de obtenção de água potável também é um tema de no-vas pesquisas – e polêmicas. Vendidos em larga escala comercial, os filtros de osmose reversa produzem uma água pura, porém morta.

14 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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A Água de Ibirá, encontrada naturalmen-te em redes subterrâneas no interior de São Paulo, tem sido prescrita por médi-cos de todo o Brasil para pacientes de males diversos. A razão é que é uma água natural rara, com PH de 10,15. O Departamento Nacional de Mineração atesta que esta água tem uma combina-ção balanceada em percentuais ideais de sais minerais e demais elementos. É considerada alcalina, indicada para aci-dez estomacal e na prevenção de gastri-

tes e úlceras. Os bicarbonatos (96 mg/litro) evitam o acúmulo de ácido úrico e a formação de cálculo renal, aumentan-do o fluxo urinário. Os sulfatos (43 mg/litro) combatem disfunções do fígado e bile, têm ação antitóxica, laxativa e an-tiinflamatório. O vanádio (0,05 mg/litro) é moderador das oxidações orgânicas, indicado para infecções agudas, diabe-tes e combate aos radicais livres. O sódio (96, 43 mg/litro) é regulador da pressão arterial.

Pesquisas farmacêuticas: composição molecular da água, tensão elétrica, nível de oxidação, são temas de intenso estudo nas melhores universidades do mundo. É um universo a ser explorado cientificamente e no mercado de trabalho.

Rede subterrânea de água natural alcalinizada: padrão ouro em qualidade de água,

encontrada naturalmente no interior paulista.

15JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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Com Deputado Federal Jorginho Melo

Com Vanessa Grazziottin, Senadora da República, nos corredores do Congresso

Curso de Farmácia da Univali

Curso de Farmácia da UFSC

ÓHISTÓRICODOCUMENTODOCUMENTO

Page 17: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

No mais belicoso ataque à categoria farmacêutica e ao conceito de Farmácia Estabelecimento de Saúde que se registra na história brasileira, uma mobilização inédita e harmoniosa de acadêmicos, universidades, Conselhos Regionais, Fenafar, entidades farmacêuticas dos diversos âmbitos consegue barrar uma apocalíptica redação desfigurada de Medida Provisória que queria substituir a presença farmacêutica por autômatos remotos “telemáticos”. O Conselho Regional de Farmácia de Santa Catarina foi um protagonista político fundamental para a vitória que mantém abertas as portas do futuro.

Farma&Farma,

Brasília, com Valter Jorge João, Presidente do CFF.

ÓHISTÓRICODOCUMENTODOCUMENTO

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mparo na tempestade é o que se espera de uma Autarquia criada para defender a Ética e fiscalizar o exercício profissio-

nal. A força da capacidade de articu-lação política do CRF-SC se fez sentir neste episódio histórico em lances dra-máticos acompanhados passo a passo nos sites e redes sociais.

Avanços civilizatórios no âmbito do acesso qualificado à saúde, conquis-tados gradualmente ao longo de três décadas, estiveram prestes a ser enter-rados por meio de uma Medida Provi-sória que ignorava, atropelava e reduzia a pó conceitos consolidados em países desenvolvidos, como a segurança do paciente por meio de Responsabilidade Técnica de Farmacêutico ao longo da cadeia de produção, distribuição e dis-pensação de medicamentos. Esta me-dida, caso fosse aprovada, promoveria um retrocesso de 30 anos na saúde bra-sileira, expondo a população aos horro-res da insegurança do passado, quan-do medicamentos falsos, ineficazes ou mesmo tóxicos eram produzidos e ven-didos no Brasil. A MP 653/14, de apoca-líptica redação na Câmara dos Deputa-dos, afrontava o direito da população à assistência farmacêutica integral e de qualidade e ameaçava a empregabilida-de dos farmacêuticos brasileiros.

Para que os farmacêuticos mais jo-vens possam ter a exata dimensão his-tórica do que ocorreu, esta edição de ESPAÇO FARMACÊUTICO destrincha o mais devastador ataque ao conceito de Farmácia Estabelecimento de Saúde - lei já sancionada pela Presidência da República - e à profissão farmacêutica desde a década de 1990, quando ar-caicos conceitos varejistas procuravam

impor as Farmácias como um simples negócio, e o medicamento como um produto qualquer.

Os 200 mil farmacêuticos brasileiros, conhecedores da técnica e da Ciência do medicamento, têm clamado peran-te à sociedade brasileira que o medica-mento é um insumo tecnológico alta-mente instável, que deve ser produzido, armazenado, transportado, e dispensa-do mediante controle rigoroso e acom-panhamento farmacêutico.

“Milhares de estudos científicos mundo afora comprovam que medi-camentos fabricados ou dispensados inadequadamente não apenas causam toxidade e são ineficazes na recupera-ção da saúde: eles matam”, pondera a vice-presidente do CRF-SC, Silvana Nair Leite, presidente da Escola Nacional de Farmacêuticos (Enafar).

“O Uso Racional de Medicamentos é uma premissa fundamental do Sistema Único de Saúde, e o relator da Medida Provisória nº 653 demonstrou ignorar os rudimentos deste conceito preconiza-do pela Organização Mundial de Saúde e desenvolvido há décadas por gover-nos sucessivos de países que realmente se comprometem com a saúde de suas populações”, afirma Silvana.

“Esse ataque, resumidamente, con-sistiu numa alteração do texto original da Medida Provisória por parte do de-putado relator Manoel Júnior, da Para-íba, que tentava delegar Responsabili-dade Técnica de Farmácias a técnicos sem formação acadêmica e postulava o atendimento remoto do usuário de medicamentos por farmacêuticos en-clausurados em call-centers, sem aces-so direto ao paciente”, explica Ronald Ferreira dos Santos.

18 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Curso de Farmácia da Univille

Curso de Farmácia da UFSC

Curso de Farmácia da Univille

Presidente da Fenafar: protagonismo político

Acadêmicos dizem não à MP Com Senador Casildo Maldaner

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O relatório do deputado federal per-mitia que a Assistência Farmacêutica Presencial, durante todo o horário de funcionamento dos estabelecimentos farmacêuticos, fosse flexibilizada pelo atendimento de forma remota, por meios telemáticos, relegando a funcio-nários anônimos, instalados em longín-quos call-centers, a solução de dúvidas dramáticas e urgentes de saúde do usu-ário, sem que o profissional de saúde pudesse ver o paciente, e prestar servi-ços indispensáveis como a aferição de temperatura e pressão, ou aferição de glicemia capilar para diabéticos, exames essenciais ao acompanhamento farma-coterapêutico.

É uma verdade auto-evidente – sal-vo para quem se recusa a perceber a realidade – que a aplicação de medi-camentos injetáveis, sujeitos a reações adversas, não pode ser executada por “meios telemáticos” de forma remota. Necessitam do pronto atendimento do farmacêutico de forma presencial.

Ao longo dos meses de novembro e dezembro, em uma escalada nos her-méticos níveis de decisão do Governo Federal, a Diretoria do CRF-SC e a Fena-far culminaram atingindo o núcleo do poder político brasileiro – a Casa Civil e o Gabinete Pessoal da Presidência – para defender o acesso qualificado do cida-dão brasileiro à Assistência Farmacêuti-ca.

A presidente do CRF-SC, Hortência Tierling - junto com a Fenafar, cujo pre-sidente é Ronald Ferreira dos Santos, as-sessor técnico do CRF-SC –, discutiu di-retamente os termos da MP 653 com os auxiliares imediatos da Presidente da Re-pública Dilma Roussef junto à Casa Civil, subsidiando o Governo Federal com in-

formações que alteraram a postura po-lítica do Palácio do Planalto em relação a esta Medida Provisória tão danosa aos conceitos de Farmácia Estabelecimento de Saúde e de Assistência Farmacêutica integral ao usuário de medicamentos.

“Foi uma mobilização nacional como ainda não tinha se visto neste século”, avalia o Conselheiro Fede-ral por Santa Catarina, Paulo Boff.

“A força das Universidades e dos acadêmicos, a união das entidades que compõem o Fórum Nacional de Valo-rização da Profissão Farmacêutica e o apoio corajoso de parlamentares como a Deputada Federal Alice Portugal e a Senadora da República Vanessa Gra-zziottin foram o escudo e a espada para lutar contra uma legislação apocalíptica, que pretendia destruir com um sopro de fogo os resultados de 20 anos de cons-trução científica do Fazer Farmacêutico”, resume Paulo Boff.

“Uma convicção que ganhou força com a prática da defesa da saúde públi-ca em uma cidade do interior de Santa Catarina: no município de Chapecó, há cerca de 20 anos, a autoridade do far-macêutico e o papel da farmácia foram colocados em seu devido lugar. Ainda na década de 1990, a Vigilância Sanitária de Chapecó, coordenada por Hortência Tierling, foi a primeira cidade catarinen-se a ter 100% de Assistência Farmacêu-tica nas farmácias locais, fundamentan-do-se na premissa de que a Farmácia é um Estabelecimento de Saúde e o farmacêutico um profissional de saúde; e que a tecnologia que é conhecida como medicamento não é um pro-duto qualquer, e necessita ser pro-duzido, armazenado, distribuído, transportado e dispensado sob a

19JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Articulação coesa faz MP caducarCurso de Farmácia UnescTropa de elite: vitória na Câmara dos Deputados

Florianópolis: a capital catarinense se insurge contra MP

Conselheiro Federal por SC, Paulo Boff, e a Senadora Vanessa Grazziottin

Presidente do CRF/SC e Vice nos núcleos de resistência

Page 20: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

égide ética e científica de profissio-nais devidamente qualificados”, diz Ronald Ferreira dos Santos.

“Não há mais prazo regimen-tal para a votação da MP 653/14, e portanto a Medida caducou no Con-gresso Nacional”, lembra Hortência Tierling.

Uma vitória inconteste que, no en-tanto, só foi conquistada com ampla luta e mobilização que entram para a história da categoria farmacêutica no Brasil. “Esta vitória em defesa dos di-reitos dos cidadãos brasileiros a uma Assistência Farmacêutica Integral, inde-pendentemente do porte financeiro do estabelecimento farmacêutico, deixa, no entanto, a marca de uma batalha in-clemente contra interesses meramente comerciais que há anos tentam impor aos brasileiros estabelecimentos farma-cêuticos que simplesmente vendam mais, sem critério ou ciência; em suma, sem farmacêuticos como Responsáveis Técnicos”, resume a presidente do CRF--SC.

“Em 1997, conseguimos aprovar o substitutivo do deputado Ivan Valente, que ficou conhecido como Farmácia Estabelecimento de Saúde, como res-

posta a outro ataque, da então senado-ra Marluce Pinto, que pretendia aprovar uma lei dispensando a necessidade de farmacêuticos nas drogarias brasileiras”, afirma Hortência Tierling.

Duas décadas depois, agora em 2014, foi aprovada a Lei 13.021/14, que afirma categoricamente a Farmácia como Estabelecimento de Saúde sob Responsabilidade Técnica privativa de farmacêuticos.

“Ato contínuo, as forças antagônicas a este avanço sanitário e civilizatório, em uma manobra política, conseguiram publicar a Medida Provisória MP 653/14 que, em essência, desvirtuava o espírito da Lei 13.021. O deputado federal Ma-noel Júnior, relator da MP na Câmara Federal, conseguiu, com o seu relatório, piorar a proposta da MP 653. Pretendia impor retrocessos na saúde pública como o atendimento farmacêutico de forma “telemática e remota”, em vez da presencial, e entregava a Responsa-bilidade Técnica de farmácias a profis-sionais sem a qualificação de um curso superior”, sintetiza a presidente do CRF--SC, que negociou a derrubada da MP na Casa Civil do governo brasileiro.

O relatório também previa a aplica-ção de multa por parte dos Conselhos Regionais somente aos profissionais far-macêuticos e não aos estabelecimentos irregulares.

Em audiência na Casa Civil, a Fenafar e o CRF-SC alertaram o núcleo do poder político brasileiro sobre as consequên-cias terríveis do relatório da MP 653/14 para a saúde pública do país, e para a profissão farmacêutica, com a possível eliminação imediata de 60 mil postos de trabalho.

“A Fenafar, cujo presidente é de San-ta Catarina, o SindFar/SC e as lideranças

que atuam aliadas ao CRF-SC foram bri-lhantes em suas manifestações públicas e políticas, mostrando aos dirigentes de Brasília a importância do nosso trabalho e a dimensão de nosso comprometi-mento com a Saúde Pública Brasileira”, relata Hortência Tierling.

Em Santa Catarina, o CRF-SC e o Sin-dFar/SC, com união de demais entida-des, aprovou uma Moção de Repúdio à MP 653 na Assembleia Legislativa de SC, por proposição da deputada estadual Ângela Albino.

“A relação dos dirigentes do CRF-SC com os parlamentares é apartidária. Por ser uma luta com causa justa, precisa-mos do apoio de todos e o tivemos.

Neste ano, a Alesc também apro-vou por unanimidade a Lei 16.743/14, instituindo a autorização para aplicação de vacinas e manipulação de produtos isentos de prescrição médica com a de-vida prescrição farmacêutica”, enfatiza a presidente do CRF-SC.

“As entidades farmacêuticas cata-rinenses, as faculdades, universidades, e profissionais que sempre estiveram ao nosso lado deram um imensurável apoio à profissão farmacêutica, ao aces-so qualificado à saúde, e ao país - e o CRF-SC presta a todos um tributo de gratidão e honra”, agradece a presiden-te do CRF-SC.

O preço da liberdade é a eterna vi-gilância. A atuação livre e desimpedida dos farmacêuticos em todos os 75 âm-bitos de trabalho, depende agora da consolidação da prática diária da As-sistência Farmacêutica voltada ao cui-dado das pessoas, contribuindo para o Uso Racional dos Medicamentos, a progressão dos níveis de saúde públi-ca. Provamos o nosso valor trabalhando conforme nossa ciência. “É assim que valorizamos nossa profissão, seja em Brasília, seja nas farmácias, seja em qual-quer lugar do estado onde trabalha um farmacêutico para amparar e orientar cada usuário de seus serviços”, conclui Hortência Tierling.

20 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

A idade da razão: acadêmicos argumentam contra a MP

Arte engajada: em palestra do Sindfar/SC e CRF-SC, a faixa de protesto

Corredores da universidade: profissão correu risco histórico

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O ano de 2014 foi marcado por duas notícias antagônicas e definidoras para a profissão farmacêutica. A primeira foi a aprovação pelo Senado da Lei nº 13.021, sancionada, em agosto. A se-gunda, a edição da Medida Provisória (MP) nº 653. Considerada avançada pelo seu grande alcance sanitário e so-cial, a Lei muda o conceito de farmácia no Brasil, transformando-a em unidade de prestação de assistência farmacêu-tica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, e assegu-ra a atuação do farmacêutico nos es-tabelecimentos. Já a MP praticamente inviabilizaria a aplicabilidade da Lei, não fosse, entre outros fatores, a ação coor-denada e decisiva empreendida pelo Fórum Nacional de Luta Pela Valoriza-ção da Profissão Farmacêutica, o que resultou no desfecho da MP: a sua não votação por decurso de prazo. Ou seja, a Medida Provisória caducou.

Constituído pelo Conselho Fe-deral de Farmácia/Comissão Parla-mentar (CFF), Federação Nacional de Farmacêuticos (Fenafar), Federação Interestadual de Farmacêuticos (Feifar), Associação Brasileira de Educação Far-macêutica (Abef) e Executiva Nacional de Estudantes de Farmácia (Enefar), o Fórum, criado em 2014, é a instância mais representativa de nossa profissão e foi criada, com vistas a fortalecê-la e a reiterar a autoridade técnica do farma-cêutico. O Fórum é, por assim dizer, a tradução da alma farmacêutica e o bas-tião da profissão em suas lutas.

A sua criação, pautada na união das representações farmacêuticas, foi fun-damental para o destino que teve a MP nº 653/14: a perda de sua validade por decurso de prazo. É que a Comissão Mista que apreciaria e votaria o Pare-cer da PM teve, até hoje (03.12.14), o prazo para votar o texto do Relator, o que não acon-

CRÔNICAS DE UMA BATALHAO POSICIONAMENTO DO FÓRUM NACIONAL DE LUTA PELA

VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICAteceu. Sendo assim, a matéria deixa de tramitar, ou seja, deixa de ir aos Plenários das duas Casas Legislativas por decurso de prazo.

O mérito do Fórum foi trazer para o centro dos debates a grandeza da Lei nº 13.021 e a possível derrocada da saú-de pública, caso a MP fosse aprovada na forma como se encontrava. Ou seja, mantendo o famigerado artigo 3º da Medida Provisória, que desobrigava as pequenas farmácias e drogarias a man-terem o farmacêutico como seu respon-sável técnico.

E mais: o Fórum não baixou as suas bandeiras, durante todo esse período. Usou de estratégias bem-sucedidas para sensibilizar (e pressionar) os Deputados e Senadores e para atingir a sociedade. Foi uma luta árdua, ininterrupta. Dias de reuniões que vararam o dia e entra-ram pela noite, mobilizações junto aos profissionais e acadêmicos de Farmácia, passeatas pelas ruas das cidades, discus-sões acaloradas, discursos nas mais dife-rentes tribunas, lutas renhidas.

Tudo foi feito, de forma coordenada e sob a égide da união, com vistas à der-rota do Parecer da MP ou ao adiamento de sua votação. CONSEGUIMOS! Ainda que outras vozes divergentes do Fórum tentassem construir uma luta divergen-te, paralela à nossa e pautada na radica-lização, a MP caducou.

Ressaltamos que esta vitória não deve significar a interrupção da luta. Todos os nossos esforços, agora, serão no sentido de viabilizar um amplo debate político à luz da proposta histórica de farmácia como unida-

de de saúde e de levar à aplicabilidade da Lei nº 13.021/14.

O Brasil conta, já neste mês dezem-bro de 2014, com 200 mil farmacêuticos. Este exército do bem quer transformar para melhor a saúde deste País, por meio dos seus cuidados profissionais. Todo este processo de mudança pas-sa pela verdade inquestionável de que a farmácia é uma unidade de saúde e deve estar sob a responsabilidade ex-clusiva do farmacêutico. E esta verdade está sacramentada na Lei nº 13.021, que queremos ver implementada.

De tudo o que arrebanhamos para nos nutrirmos nesta luta tão dura, salien-tamos a fé e o sonho. A fé nos manteve de pé, e o sonho fez-nos concentrar no que é verdadeiramente nosso – de nos-sa profissão farmacêutica.

E, aqui, lembramos o poeta Fer-nando Pessoa, que disse: “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impene-travelmente e inexpugnavelmente nosso”.

Então, colegas farmacêuticos, siga-mos unidos e sonhando este mesmo sonho: o da profissão farmacêutica for-te cujos serviços possam ser acessados universal e irrestritamente pela população brasileira.

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A CIÊNCIA É NOSSA ARTEA FORMAÇÃO ACADÊMICA SÓLIDA, UNIDA À CAPACITAÇÃO CONTINUADA E À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS FARMACÊUTICOS É O RUMO POSSÍVEL E DE-SEJADO PARA A QUALIFICAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA E AMPLIAÇÃO DA AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE DO FARMACÊUTICO

22 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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dimensão da afronta que cons-tituiu o relatório final da MP 653/14 não pode ser reduzida apenas aos seus efeitos ao

acesso à saúde, ou ao ultraje contra a profissão farmacêutica. Foi, além de tudo isso, uma investida contra o co-nhecimento científico expresso nos âm-bitos do Fazer Farmacêutico.

Como - reza o provérbio - não há mal que não traga o bem, a crise políti-ca e técnica provocada pela MP 653/14 permite à categoria farmacêutica uma revisão de seus parâmetros de atuação social e de formação acadêmica que podem, no futuro, consolidar a pleni-tude do trabalho farmacêutico como agente de transformação social na área da saúde.

A reestruturação da profissão tem vários pilares, mas dois deles são basila-

res: a excelência da formação acadêmi-ca e a capacitação para oferecer servi-ços farmacêuticos qualificados.

O Conselheiro Federal por Santa Catarina, Paulo Roberto Boff, do Depar-tamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Santa Catarina, Coordenador do Curso de Farmácia e Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade do Sul de Santa Cata-rina (Unisul), Mestre em Farmácia pela UFSC, Especialista em Saúde Coletiva, em Gestão e Liderança Universitária e em Administração, é uma das fontes à qual o CRF-SC recorre para moldar a po-lítica de atuação do CRF-SC em relação à formação universitária de farmacêu-ticos. Junto com a vice-presidente do CRF-SC, Silvana Nair Leite, presidente da Escola Nacional de Farmacêuticos (ENA-FAR), Boff tem debatido e estruturado

propostas de mudanças no processo de ensino de Farmácia, seja no Conselho Federal de Farmácia, nas universidades ou nas entidades farmacêuticas ligadas aos 75 âmbitos de atuação. A seguir, Espaço Farmacêutico apresenta uma síntese do pensamento de Paulo Boff e Silvana Nair Leite sobre novos modelos de educação farmacêutica e a necessi-dade de qualificar os serviços farmacêu-ticos prestados para ampliar a autorida-de e responsabilidade do farmacêutico como profissional de saúde, “o que vai depender das nossas competências e capacidades para transformar a realida-de sanitária do País”, como afirma Con-selheiro Federal Paulo Boff.

23JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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Em vigor há mais de dez anos, as Diretrizes Curriculares para o curso de formação acadêmica em Farmácia ainda são um mistério a ser desvendado.

“As Diretrizes causaram um impacto difícil de ser assimilado, com polêmicas e questionamentos uma década após sua criação. O desafio foi enorme, tanto que, professores, estudantes e entidades farmacêuticas ainda não dominaram a melhor forma de implantar esse novo modelo de educação farmacêutica”, diz Silvana Nair Leite, presidente da Enafar.

Em síntese, todos os cursos de Far-mácia do Brasil precisaram reformular seus projetos pedagógicos e currícu-

DIRETRIZESSEM MATRIZ

los, para formar farmacêuticos aptos a trabalhar, tanto na área privativa do medicamento, quanto nas análises clí-nicas e toxicológicas ou na tecnologia de alimentos, mas de forma integrada, articulada, e com base conceitual de caráter generalista.

“Creio que há um esforço por parte da maioria dos cursos em estabelecer essas conexões entre teoria e prática da atuação farmacêutica. Mas, em boa verdade, isso não ocorre pois há pro-blemas relacionados com a decisão institucional das universidades, dificul-dades com financiamento, com corpo docente ainda não preparado para esse

tipo de estratégia de ensino e aprendizagem”, argu-

menta o Conselheiro Federal Paulo Boff.

Talvez um problema co-

mum a todos e n v o l v i d o s neste proces-so seja a falta de um mode-lo, pois as Di-retrizes, como

a palavra já diz, apontam ca-minhos, mas não definem

um formato, ou uma matriz. As

Diretrizes operam dentro do princípio da

liberdade e da autonomia. “Isso sempre gera con-

flitos de interesses. Devemos insistir que exista um núcleo co-

mum para todos os cursos de Farmácia, quaisquer que sejam os focos de suas atenções e prioridades”, defende Paulo Boff.

Nos cursos, esse núcleo comum não poderia prescindir das áreas básicas e estratégicas da Farmácia, da inclusão de equipamentos, como laboratórios para as práticas farmacêuticas, farmácia-es-cola, laboratório-escola e de uma biblio-teca que reúna um acervo de obras ou acesso à base de dados imprescindíveis aos acadêmicos.

Desde o começo do Século XXI, o número de cursos de Farmácia no Brasil saltou de 40 para mais de 400, e absolu-tamente ninguém, nem mesmo o MEC, sabe dizer exatamente que tipo de for-mação estes estudantes estão receben-do.

“O conjunto da categoria tem que promover uma reforma geral na educa-ção farmacêutica. Precisamos qualificar este profissional para ele efetivamente poder cumprir o que esta nova legisla-ção estabelece”, afirma a presidente da Enafar, Silvana Nair Leite.

“Os farmacêuticos não precisam de uma opinião, e sim de um diagnóstico muito claro destes 200 mil farmacêuti-cos que entraram no mercado de traba-lho. Tem que fazer pesquisa”, sustenta o professor Boff.

O desafio seria criar um Observató-rio da Educação Farmacêutica. Hoje não existe uma matriz estabelecendo que o farmacêutico formado na USP, ou na Unesc, ou na UFSC, ou no interior do Acre, tenha a mesma formação. “Não sabemos o que este profissional domi-na, por causa das diferenças curriculares

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permitidas nas diretrizes generalistas”, afirma Boff. “Pelas diretrizes, você pode fazer o que bem quiser, pode formar um farmacêutico para fazer nada! Exis-tem faculdades sem laboratório, sem aula de tecnologia farmacêutica ou de controle de qualidade. As diretrizes per-mitem que você seja formado apenas para dispensar, sem o conhecimento tecnológico do que é o medicamento”, alerta o Conselheiro Federal.

“Precisamos entregar à sociedade brasileira, de Norte a Sul do País, um profissional capaz de atender às neces-sidades de saúde demandadas por esta mesma sociedade, independentemen-te da área em que irá atuar no futuro”, pondera Conselheiro Federal Paulo Boff.

Setores como os das Análises Clíni-cas, Farmácia Magistral, Indústria Farma-cêutica têm feito críticas sistemáticas à qualidade de formação do egresso para atuar nesses âmbitos. Por outro lado, no eixo do SUS e da farmácia comuni-tária, há relatos consistentes de avan-ços. “As fragilidades da aprendizagem certamente estão relacionadas com a formação generalista que, no entanto, preenche uma lacuna social importan-te”, avalia Silvana Nair Leite.

“Nos confrontamos com a neces-sidade de criar uma identidade profis-sional, em todo o Brasil, centrada nas questões que entendermos essenciais para a profissão, como aquelas relacio-nadas aos medicamentos e à assistência farmacêutica”, diz Ronald Ferreira dos Santos, presidente da Fenafar.

A expansão do acesso ao ensino su-

perior, e a multiplicação dos cursos de Farmácia moldaram novos paradigmas da formação que inexistiam antes do ano 2000. Os cursos de Farmácia tradi-cionalmente eram caros, com muitos laboratórios, equipamentos e linhas de pesquisa - infraestrutura essencial para que se tenha um bom curso em funcio-namento. Mas esse nível de qualidade não é exigência nas Diretrizes em vigor.

“Há uma forte subjetividade neste quesito. A exigência está pautada apenas em estágio no SUS, ou em clínica”, explica Boff. Silvana Nair Leite afirma que, por conta disso, as partes técnica, tecnológi-ca e de P&D (Pesquisa e Desenvolvi-mento) perderam força nos cursos de Farmácia do Brasil: “Com isso, na prática, quase qualquer coisa pode ser enquadrada dentro das Diretrizes Curriculares e aprovada. Senti muito isso, fazendo avalia-ções para o INEP. É praticamente impossível dizer que o curso não tem condições físicas e materiais para oferecer um bom ensino de Farmácia”.

Esse modelo subjetivo pode ter sido estratégico para a ampliação do nú-mero de cursos de Farmácia, mas tem consequência a longo prazo na carreira e remuneração dos profissionais egres-sos.

Um estudo divulgado pela Brasil In-vestimentos & Negócios (BRAiN) apon-tou que, entre os anos de 2000 e 2011, o salário médio para pessoas com o curso superior completo caiu em média

6%, passando de R$ 4.317 para R$ 4.060. Entre as áreas atingidas estão Enferma-gem, Administração de Empresas, Turis-mo e Farmácia.

“Aparentemente nossa profissão está em expansão, com ampliação de oportunidades de empregos, mas onde estão esses empregos? Dados dos CRFs da Bahia e Santa Catarina revelam que 80% estão em farmácias e drogarias. Mas para fazer o quê? Há espaço para o farmacêutico atuar tecnicamente?”, questiona Paulo Boff. “As farmácias e drogarias reconhecem esse “saber fa-zer”, como incremento na agregação de valor dos seus serviços? Estão dispostas a remunerar melhor o farmacêutico por essas atividades?”, reforça Silvana Nair Leite.

A pergunta-chave é: seria o estabe-lecimento farmacêutico que deve reco-nhecer essa Ciência – o Saber Fazer, a Arte Farmacêutica? Ou seria a socieda-de?

“O que leva à pergunta mais instin-gante: o que nós, farmacêuticos, esta-mos fazendo para que a sociedade de fato nos reconheça?”, provoca o profes-sor Paulo Boff. “Uma coisa está relacio-nada à outra: a ampliação da autorida-de e responsabilidade naturalmente irá qualificar a atividade econômica, pois o mercado valoriza a competência reco-nhecida pelas pessoas.

Se os serviços forem reconhecidos e desejados pelas pessoas, eles passam a ter valor econômico mais qualificado”, sintetiza o professor.

25JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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Lei nº 13.021/2014, que passou a re-conhecer a farmácia como unidade de prestação de assistência à saúde, e elen-cou diversas obrigações do farmacêuti-co no processo de cuidado.

Art. 2º Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a assegurar a assistência terapêutica integral e a pro-moção, a proteção e a recuperação da saúde nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional.

Art. 3º Farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a pres-tar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva, na qual se processe a manipu-lação e/ou dispensação de medicamen-tos magistrais, oficinais, farmacopeicos ou industrializados, cosméticos, insu-mos farmacêuticos, produtos farmacêu-ticos e correlatos.

RECONHECIMENTO SOCIAL DA ATIVIDADE

Direitos e deveres do farmacêutico, a fim de dar suporte à sua atuação nos dife-rentes serviços.Lista as atribuições que, em conjunto, formam as atividades como:

– Rastreamento em saúde– Revisão da farmacoterapia– Acompanhamento farmacoterapêutico– Conciliação terapêutica– Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos– Educação em saúde– Análise da prescrição de medicamentos– Monitoramento dos níveis terapêuticos de medicamentos, por meio de dados de farmacocinética clínica

RESOLUÇÃO CFF Nº585/2013: ATRIBUIÇÕES CLÍNICAS.

“O cuidado prestado se ma-terializa para o paciente e para a sociedade na prestação de servi-ços farmacêuticos clínicos”, prega Paulo Boff. “ Caracterizam-se pela expertise do farmacêutico em iden-tificar, prevenir e resolver problemas que possuem relação com a farma-coterapia”, encerra o Conselheiro Federal por SC.

26 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

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No Brasil, em 2013, ocorreram 48 mi-

lhões de atendimentos de urgência e 11

milhões de internações remuneradas pelo

Sistema Único de Saúde (DATASUS, 2014).

Alguns estudos estimam que o uso inade-

quado dos medicamentos é responsável

por cerca de 9% a 24% das internações

hospitalares provenientes dos atendimen-

tos de urgência, 70% das quais seriam pre-

veníveis com o cuidado farmacêutico (PA-

TEL e ZED, 2002).

Aplicando-se este percentual às inter-

nações ocorridas no SUS em 2013, esti-

mam-se entre 1,2 a 3,2 milhões aquelas

associadas ao uso incorreto de medica-

mentos. O impacto financeiro destas in-

ternações pode ser estimado entre R$ 1,3

a R$ 3,6 bilhões, considerando-se o cus-

to médio de R$ 1.135,26 por internação no

SUS (DATASUS, 2014).

27JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 28: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

LIXO QUE NÃO É LIXO

ARTIGO TÉCNICO ANFARMAG

O DESAFIO DE GERENCIAR RESÍDIOS SÓLIDOS DE SAÚDE NAS FARMÁCIAS É UM IMPERATIVO DE AVANÇO SANITÁRIO E SOCIAL.

28 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 29: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

O PGRSS - Programa de Gerencia-mento de Resíduos Sólidos em Saúde nas farmácias requer atualização cons-tante por parte do farmacêutico respon-sável, de modo a mantê-lo estritamente dentro dos padrões legais requeridos e de um sistema funcional que assegure a destinação ambientalmente correta dos resíduos. Além disso, em função das mudanças iminentes do atual mo-delo de gestão de resíduos por parte da esfera governamental, é importante conhecer, atualizar e aplicar as políticas vigentes e futuras sobre PGRSS, as quais estarão inseridas na PNRS _ Política Na-

cional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada pela lei 12.305, de 2010.

Compete ao farmacêutico que acompanhar a inspeção de autoridade competente colocar à disposição a documentação que compõe o Manual das Boas Práticas de Manipulação (BPMF), conforme determina a

RDC nº 67, de 2007, itens 5.19.1 e 5.19.2.

Dentre tais documentos temos o PGRSS - Programa de Gerencia-

mento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) e que deve ser atuali-zado sempre que houver alteração no programa original.

O PGRSS é um plano para gerenciar os resíduos, seguindo, rigorosamente as legislações e em especial a RDC 306, de 2004. (artigos 5.2 do Anexo, 6.3 e subi-tem 6.3.1, 6.4 e 6.5 do ANEXO VII da RDC 67/2007).

O PGRSS é um conjunto de procedi-mentos de gestão que visam o correto gerenciamento dos resíduos produzi-dos no estabelecimento. Consiste em detectar riscos e tomar medidas que eliminem, previnam ou minimizem es-ses riscos. É o documento que aponta e descreve as ações relativas ao ma-nejo dos resíduos sólidos, observadas as suas características, no âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração, segrega-ção, acondicionamento, coleta interna, armazenamento, transporte, tratamen-to e destinação final, bem como os aspectos relativos à proteção à saú-de pública e segurança ocupacional do pessoal envolvido nas etapas do gerenciamento de resíduos baseado nas características e na classificação dos mesmos. (item 6.2, Anexo I da RDC 67/07)

A elaboração do PGRSS consiste em fazer uma análise quantitativa de cada resíduo gerado e organizar sua forma correta de manuseio, da gera-ção até a destinação final, seguindo a legislação de acordo com o tipo de resíduo gerado.

Sempre que houver alguma altera-ção em um dos fluxos ou organização a farmácia deverá rever o programa efe-tuar a alteração e implantá-la através de treinamentos do pessoal envolvidos.

Ressalte-se que nenhuma situação é estática. Faz-se o diagnóstico de uma situação específica, num momento de-terminado, como um retrato. Por isso, o plano é avaliado e deve ser ajustado continuamente (por exemplo, a cada ano), de acordo com as necessidades de mudanças.

O PGRSS é específico, direcionado, integrado

e continuado, não sendo apenas um

documento passivo.

As etapas de manejo externo devem estar de

acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urba-na e, especificamente, para a etapa de destinação final, que dependerá sempre do

licenciamento ambiental da instalação de destino e que

a farmácia tenha um contrato firmado. As decisões estão

baseadas na premissa da existência de destinos

ambientalmente seguros

Esses procedimentos devem ter o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar

aos resíduos gerados um encaminhamento seguro,

de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhado-res, à preservação da saú-

de pública, dos recursos na-turais e do meio ambiente. Os procedimentos definidos concentram seu foco no ris-co do resíduo propriamente dito, na sua capacidade de transmitir infecção ou de

contaminar, decorrente de acidentes ocupacionais ou de seu manejo indevido.

29JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 30: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

1 - Manejo, Tratamento e Destino Final dos Resíduos de Serviços de Saúde;2 - Geração - Redução na Fonte;3 - Segregação;4 - Acondicionamento;5 – Identificação (usar as cores e símbo-los de tipo de material reciclável);6 - Coleta e Transporte Interno;7 - Armazenamento temporário;8 - Armazenamento externo;9 - Coleta e Transporte Externo;10 - Disposição Final;11 - Recursos Humanos: Capacitação, Treinamento e Educação Ambiental Continuada;12 - Descrição de controle de vetores;13 - Cronograma para implantação e implementação do PGRSS;14 - Administração (documentação); 15 - Responsabilidades

O programa deverá contemplar ações de capacitação e treinamentos aos trabalhadores que estão envolvi-dos no PGRSS. Nestas ações deverão estar contempladas medidas preven-tivas e de intervenção que assegurem condições adequadas de saúde. Deve ainda abordar itens como:

• origem dos resíduos e os respecti-vos riscos operacionais;

• importância da segregação dos resíduos na origem;

• padronização de acondicionado-res por tipo de lixo gerado e forma de apresentação para a coleta;

• identificação dos acondicionado-res, veículo de coleta e armazenamento de resíduos;

• importância e uso de EPI.

O PGRSS NÃO É APENAS UM DOCUMENTORESUMO - PLANO DE GERENCIAMENTO DE RSS

CAPACITAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS (PROGRAMA DE TREINAMENTO)

EMPRESA INCUMBIDA DA DISPOSIÇÃO FINAL

Elaborar treinamento(s) aos funcio-nários envolvidos visando a conscienti-zação e valorização dos trabalhadores envolvidos no gerenciamento da impor-tância da segurança e da proteção cole-tiva e individual no trato com os resídu-os, inclusive lixo. Este(s) treinamento(s)

deve(m) estar incluído(s) em um Pro-grama de Treinamento, elaborado com base em levantamento de necessida-des, bem como devem ter registros adequados, quando administrados aos colaboradores. (item 3.2 do Anexo da RDC nº 67/2007)

A farmácia deve ter um contrato com a empresa que procederà a des-tinação final dos resíduos. Verificar se a mesma está devidamente licen-ciada ou autorizada junto ao órgão do meio ambiente local/estadual, bem como saber tudo sobre a empresa que estará proceden-do a destinação final dos resí-duos gerados pela farmácia. Ver a indicação do sistema de tratamento externo adotado para os resídu-os do Grupo A, B, C e D indicando o nome da empresa, endereço completo, telefone, CNPJ, E-mail, fax, nome do respon-sável.

30 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 31: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

Um bom indicador deve ser:• sensível: capaz de registrar diversos

tipos de modificações num dado período de tempo;

• específico: atribuído a um objetivo/ resultado. O mesmo indicador ge-ralmente só pode ser utilizado uma vez;

• mensurável: seja em termos quanti-tativos ou qualitativos;

• exeqüível: os dados necessários para sua leitura estão à disposição podendo ser obtidos no tempo necessário e mediante recursos proporcionais ao objetivo a ser me-dido;

• plausível: as mudanças medidas estão diretamente ligadas às inter-venções do PGRSS;

• confiável: quando utilizado por vá-rias pessoas, num contexto idênti-co, chega ao mesmo resultado.

Abrange o estudo da situação do estabelecimento em relação aos PGRSS. Fornece os dados necessários para a implantação do plano de gestão con-forme a situação critica ou não. Para isto deverá:– Levantar atividades– Identificar os tipos de resíduos gerados– Avaliar as etapas atuais do processo de GRSS: Rotas de coleta e fluxos definidos, compatibilidade com as demais ativida-des do estabelecimento– Disponibilização e Utilização de EPI’s contratadas– Frequência e modo operacional de coleta– Veículos utilizados ou carros de trans-porte compatíveis com RSS– Licenças operacionais da farmácia, quando necessário e da empresa que procede a destinação conveniente do resíduo

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DOS RSS ELABORAR UM FLUXOGRAMA ESPECÍFICO DOCUMENTANDO OS SEGUINTES ASPECTOS:

ESTABELECER OS PERÍODOS E FORMAS DE AVALIAÇÃO DO PGRSS,

DE ACORDO COM INDICADORES

• Definir estratégias de acompa-nhamento

• Construir indicadores• Avaliar resultados• Discussão com equipe e suges-

tão de modificações• Disponibilizar o documento na

área de trabalho o da quanti-dade gerada de resíduos/habi-tante/unidade de tempo recu-peração de resíduos

• impactos sócio-ambientais

“estudo da situação do estabelecimento em relação aos RSS, identifica as condições do estabelecimento, as áreas críticas, fornece dados necessários

para a implantação do plano.”

– atividades envolvidas;– produtos e equipamentos envolvidos;– recursos humanos envolvidos;– riscos existentes;– danos possíveis (acidentes, doenças, agravos, incidentes);– medidas de controle necessárias;– medidas de controle existentesO fluxo das atividades da farmácia por laboratório (de preparações sólidas, lí-quidas e semissólidas e de controle de qualidade) deve ser inserido também no PGRSS com a indicação onde ocorre a retirada dos resíduos gerados.

Fluxo da coleta interna• Verificar o traçado e desenhar os

roteiros (itinerários) das coletas até o abrigo (o caminho dos resíduos).

• Levantar as freqüências, fluxo, nível de ruído e horário das coletas.

• Levantar e sistematizar as caracte-rísticas de cada roteiro para os di-versos resíduos.

• Verificar a compatibilidade de ro-teiros previamente definidos para cada tipo de resíduo e horários das coletas em função da distribuição de roupas, alimentos e medicamen-tos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades.

Buuuuu!: os resíduos sólidos não gerenciados

se voltam contra seus criadores.

31JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 32: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

INDICADORES INDISPENSÁVEIS PARA A AVALIAÇÃO DO PGRSS

De acordo com o item 4.2 da RDC 306/2004, as empresas devem desen-volver indicadores para avaliação e controle, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado.

4.2.1 – O desenvolvimento de instru-mentos de avaliação e controle, incluin-do a construção de indicadores claros, objetivos, auto-explicativos e confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS implantado.

Alguns indicadores sugeridos são:1. Taxa de acidente com material per-

furocortante e/ou biológico, quando for o caso;

2. Variação de geração de resíduos dos diversos grupos produzidos na or-ganização;

3. Variação de percentual de recicla-gem;

4. Volume de resíduos do Grupo B co-letados na Campanha de Descarte de Medicamentos;

Os indicadores devem ser acompa-nhados e avaliados, com o objetivo de traçar metas e melhorias que favoreçam alcançar os objetivos deste Manual.

Ainda considerar:1 - Se os resultados esperados foram

ou serão atingidos e, se existirem dife-renças, quais as razões;

2 - Se outros indicadores, com melhor desempenho e mais pertinentes que os estabelecidos, podem ser utilizados na continuidade do plano;

3 - A elaboração de um quadro de acompanhamento apontando o resul-tado da avaliação;

4 - Propostas de adaptações ao PGRSS, onde for necessário, consideran-do a avaliação feita e outras auditorias internas e externas;

5 - Parecer obtido de reunião com a equipe e o setor responsável pelas adaptações propostas e considerá-las no orçamento.

ART: ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

O documento intitulado Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, Cer-tificado de Responsabilidade Técnica – CRT ou documento similar dos pro-fissionais que assumiram a Responsa-bilidade pela elaboração e implantação de PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, in-dica que podem ser responsáveis pelo PGRSS desde que atendam os requisitos da norma.

2.2. A designação de profissional, com registro ativo junto ao seu Con-selho de Classe, com apresentação de Anotação de Responsabilidade Técni-ca–ART, ou Certificado de Responsabi-lidade Técnica ou documento similar, quando couber, para exercer a função

de Responsável pela elaboração e implantação do PGRSS.

2.2.1– Quan-do a formação profissional não abranger os co-nh e c im ento s necessários, este poderá ser asses-sorado por equi-pe de trabalho que detenha as

qualificações correspondentes.Os farmacêuticos responsáveis téc-

nicos pelos estabelecimentos farma-cêuticos registrados no CRF, e que cons-tam na Certidão de Responsabilidade Técnica – CRT na condição de “Diretor Técnico” já estão previamente desig-nados e autorizados a responder pelo PGRSS. Porém, é importante consultar o conselho de classe quanto à dispensa ou a não da necessidade da emissão de outro CRT específico para este fim.

Outros profissionais também po-dem ser responsáveis desde que soli-citem ao conselho regional correspon-dente.

A farmácia deve descrever como cada grupo de resíduo é acondicionado (cor do saco plástico, tipo de lixeira e iden-tificação de cada recipiente):

Grupo Símbolo de Identificação

Cor da Embalagem

Grupo A

Resíduo Biológico

Saco Branco Leitoso

Grupo B Embalagem original ou embalagem

específica

Grupo D Saco Plástico de cor clara

Grupo E

Resíduo Perfurocortante

Embalagem rígida, resistente à punctura, ruptura e vazamento,

com tampa e identificada.

32 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 33: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

GRUPO B: RESÍDUOS QUÍMICOS

CONCLUSÃO

GRUPO E: PERFUROCORTANTES

GRUPO D: EMBALAGENS DESTINADAS À RECICLAGEM OU REUTILIZAÇÃO

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reativi-dade e toxicidade.

– produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineo-plásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribui-dores de medicamentos ou apreendi-dos e os resíduos e insumos farmacêu-ticos dos medicamentos controlados

pela Portaria MS 344/98 e suas atualiza-ções;

– resíduos de saneantes, desinfetan-tes ; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;

– efluentes de processadores de ima-gem (reveladores e fixadores);

– efluentes dos equipamentos auto-matizados utilizados em análises clíni-cas; e

– demais produtos considerados pe-rigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, in-flamáveis e reativos).

O PGRSS deve conter instrumentos de avaliação e controle, incluindo a construção de indicadores objetivos e auto-explicativos, que permitam acompanhar a eficácia e a eficiência da implantação do plano, contendo no mí-nimo as diretrizes estipuladas pela AN-VISA. Poderá ser anual ou quando tiver alterações necessárias.

Os estabelecimentos geradores de resíduos de serviços de saúde devem verificar junto aos órgãos ambientais, de vigilância sanitária ou de limpeza urbana, tanto na esfera estadual como na municipal, as diretrizes para apresen-tação do relatório anual de avaliação da implantação do PGRSS.

Referências:1. Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de

2005;2. Resolução RDC ANVISA nº 306, de 07 de

Dezembro de 2004(http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ebe26a00474597429fb-5df3fbc4c6735/RDC_306.pdf?MOD=AJPERES)

3. Portaria ANVISA nº 344, de 12 de maio de 1998 e suas atualizações: aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.

4. RDC ANVISA nº 67 de 28 de outubro de 2.007 - dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais em Farmácias – BPMF.

5. NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Am-bientais – PPRA – Ministério do Trabalho. Estabelece a obrigatoriedade de elaboração Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.

6. NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde – Ministério do Trabalho. Estabelece diretriz básica para a implementação de medidas de proteção à segurança e

à saúde dos trabalhadores em serviço de saúde7. Manual de GRSS- http://www.anvisa.gov.br/

serviicosaude/manuais/serie.httm 8. FORMULÁRIO PARA RESIDUO http://www.

pjf.mg.gov.br/agenda_jf/cgrss/dn_comde-ma_27_2006.doc

9. NBR 12.807/93 - recipientes10. NBR 9190/93- Sacos plásticos em lixeiras resis-

tentes, laváveis e providas de tampa e pedal.11. DELIBERAÇÃO COMDEMA Nº 27/2006 (Juiz de

Fora/MG) - Dispõe sobre normas específicas para o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Simplificado – PGRSS Simplificado e dá outras providências. http://www.pjf.mg.gov.br/agenda_jf/cgrss/dn_comdema_27_2006.doc

12. PASSO A PASSO: COMO ELABORAR E IMPLE-MENTAR O PGRSS - (Uberlândia/MG)

13. Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. FEAM, 2008 http://www.feam.br/images/stories/fean/termo_de_referencia_pgrss_v.doc

14. Definições: http://www.crea-pi.org.br/inicio/art/definicao

Materiais perfurocortantes ou escari-ficantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas dia-mantadas, lâminas de bisturi, lancetas;

tubos capilares; micro-pipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os uten-sílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

A identificação deve ser feita nos reci-pientes e nos abrigos de guarda de reci-pientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na Resolução CONAMA nº. 275/2001, e símbolos de tipo de material reciclável:

I - azul - PAPÉIS

II - amarelo - METAISIII - verde - VIDROSIV - vermelho - PLÁSTICOSV - marrom - RESÍDUOS ORGÂNICOSPara os demais resíduos do Grupo D

deve ser utilizada a cor cinza nos reci-pientes

RELATÓRIO ANUAL DE AVALIAÇÃO E CON-TROLE DA IMPLANTAÇÃO DO PGRSS

33JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 34: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

FARMACÊUTICOS UNIDOS, SINDICATO

FORTE. FILIE-SE!

Uma nova campanha convoca a ca-tegoria farmacêutica a lutar por salário justo e por mais direitos assegurados em convenção coletiva. Em assem-bleias durante o mês de novembro, re-alizadas nas cidades escolhidas através de enquete online, os farmacêuticos definiram as reivindicações para a pau-ta da campanha salarial. A partir de fe-vereiro, mês que antecede a data-base da categoria, o SindFar/sc defenderá a pauta nas mesas de negociações com os representantes das indústrias, labo-ratórios, hospitais, distribuidoras, trans-portadoras, farmácias e drogarias.

A categoria vai propor aos patro-

nais o piso salarial de R$ 3.100,00 para os profissionais que atuam nas distri-buidoras, laboratórios, hospitais (sem especialização na área), farmácias e drogarias. O piso diferenciado solici-tado para os colegas que atuam nos hospitais e que tenham especialização na área é de R$ 3.289,00. A categoria também lutará pelo piso de R$ 2.630,00 para os trabalhadores das distribuidoras e R$ 2.500,00 para os farmacêuticos das indústrias.

Conheça a pauta completa e acom-panhe as notícias da negociação e no Blog da Campanha Salarial no site do SindFar (www.sindfar.org.br)

Outras reivindicações da pauta:- Garantia de que as farmácias si-gam as determinações da RDC n º 50/2002 Anvisa no que diz respeito ao local reservado para atendimento farmacêutico (Cláusula 9);- Gratificação por serviços diferen-ciados extensiva aos farmacêuticos hospitalares (Cláusula 11);- Adicional noturno também para farmacêuticos hospitalares (Cláusula 13);- Alteração da cláusula relativa à insa-lubridade com vistas a deixar o texto mais claro (Cláusula 14);- Ampliação do período de licença maternidade para as farmacêuticas que amamentarem os filhos por até dois meses após os quatro previstos pela CLT (Cláusula 23)

SINDFAR/SC

34 JANEIRO 2015ESPAÇO FARMACÊUTICO

Page 35: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

PRIMEIRA MULHER A COMPOR A DIRETORIA DA

SBAC É CATARINENSE

A conselheira do CRF-SC Maria Elizabeth Menezes tomou posse como vice-presidente da  Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) para o biênio 2015-2016 ), no Rio de Janeiro. É a primeira vez, nos 47 anos de história da SBAC, que uma mulher é empossada na diretoria da entidade. As eleições para a nova diretoria ocorreram em junho deste ano. 

Dentre as atribuições da vice-presidência da SBAC, a conceituada farmacêutica catarinense conhecida por seus colegas simplesmente como ‘Beth’ ressalta algumas: promover aos associados cursos de atualização, de pós-graduação e de educação continuada; acompa-nhar as demandas dos associados; divulgar informações científicas e novidades na área laboratorial.

“ A SBAC tem como meta um processo de aprimoramento cons-tante para garantir precisão dos laudos, dando suporte para peque-nos e médios laboratórios capilarizados pelo interior do país. Essa diretoria está convencida de que é preciso valorizar a todos e ajudar cada laboratório a definir seu nicho de atuação, encontrando dife-renciais competitivos”, anuncia Maria Elisabeth Menezes. “O desafio é aglutinar os laboratórios ao redor da SBAC, para que a força técnica e política da SBAC se reverta em favor de todos, e principalmente em benefício da sociedade brasileira”

Prestigiaram a cerimônia de posse a presidente do CRF-SC, Hor-tência Müller Tierling, o diretor Paulo Sérgio Teixeira Araújo, a asses-sora técnica farmacêutica Elaine Cristina Huber e os membros da Comissão de Análises Clínicas do CRF-SC Ivan Valter Tierling e Marco Koerich.

Quem é Maria Elizabeth Menezes

Doutora em Microbiologia pela UFRJ, presidente do Instituto de Biotecnologia Aplicada e da Sociedade Latino-americana de Gené-tica Forense. Integrante da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), trabalhou por 20 anos no LACEN de Santa Catarina. É diretora científica e proprietária de laboratório de Análises Clínicas em Floria-nópolis. É conselheira do CRF-SC e integra a Comissão de Análises Clínicas.

Nova Diretoria Executiva da SBAC - 2015/2016:

Presidente: Jerolino Lopes Aquino (MT)

Vice- Presidente: Maria Elizabeth Menezes (SC)

Secretário Geral: Jairo Epaminondas Breder Rocha (BA)

Secretário: Luiz Roberto dos Santos Carvalho (BA)

Tesoureiro: Estevão José Colnago (RJ)

Tesoureiro Adjunto: Marcos Kneip Fleury (RJ)

CONSELHEIRA DO CRF-SC É VICE-PRESIDENTE DA SBAC

Page 36: Revista Espaço do Farmacêutico Ed. 17

EXPEDIENTE

Espaço FarmacêuticoPublicação do Conselho Regional

de Farmácia de Santa CatarinaISSN 2175 - 134X

Travessa Olindina Alves Pereira, 35 - CentroFlorianópolis - SC

Cx Postal 472CEP 88020-100

Fone: (48) 3222.4702Website: www.crfsc.org.brE-mail: [email protected]

Facebook: www.facebook.com/conselhofarmaciasc

DIRETORIAPresidente: Hortência S. Müller Tierling

Vice-presidente: Silvana Nair LeiteSecretário-Geral e Tesoureiro:

Paulo Sérgio Teixeira de Araújo

CONSELHEIROS REGIONAISAna Claudia Scherer Monteiro, Arani Schroeder,

Fernanda Manzini, Indianara Reynaud Toreti Becker, José Miguel do Nascimento Junior, Luiz Henrique Costa, Marco Aurélio Thiesen Koerich, Robison Menin, Sara Rosangela Martins Rauen

SUPLENTESLaércio Batista Júnior, Patricia Virgílio

Perazzoli, Rafael Marin

CONSELHEIRO FEDERALPaulo Roberto Boff

CONSELHEIRA FEDERAL SUPLENTEAnna Paula de Borba Batschauer

ASSESSORIA TÉCNICARonald Ferreira dos Santos

Elaine Cristina Huber

ASSESSORA DE COMUNICAÇÃODaniela Nakamura

MtB 5122-SC

JORNALISTA RESPONSÁVELIuri Luconi Grechi

Mtb 7491- RS

TIRAGEM9.000 exemplares

PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃOCriacom Publicidade e Propaganda

Nesse 20 de janeiro de 2015, o Dia do Farmacêutico será celebrado sob uma nova perspectiva histórica. Sancionada a lei que redefine o conceito de Farmácia - após uma batalha política de 20 anos - e alçado o farmacêutico à condição de profissional de saúde com responsabili-dade suprema na área do medicamento, a categoria pode agora, sem temor, explorar sua Ciência e Arte na plenitude.

O Conselho Regional de Farmácia orgulha-se de que os farmacêu-ticos catarinenses tenham sido líderes nos avanços políticos e legais que abriram uma nova era para a profissão.

Vamos celebrar, em comunhão fraterna entre colegas, no dia 22, em Florianópolis, em um jantar por adesão. Nas demais regionais de Santa Catarina, o CRF-SC promoverá encontros próximos ao Dia Inter-nacional do Farmacêutico, que ocorre no mês de setembro.

Feliz 2015 a todos os colegas farmacêuticos catarinenses é o dese-jo sincero da Diretoria do CRF-SC, Conselheiros Regionais e Federais, Comissões Assessoras e equipe técnica. O futuro não é mais como era antigamente. É melhor. E fomos nós, unidos, que semeamos e vamos colher.

UM DIA DOS FARMACÊUTICOS COM GOSTO DE VITÓRIA

Celebrações: 22 de Janeiro na Capital.Contato para adesão: (048) 9923.9171