revista cnc notícias - setembro 2011

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Setembro de 2011 n° 138, ano XI www.cnc.org.br Mais empregos no comércio Só o varejo deve abrir mais de 120 mil vagas nos meses que antecedem o Natal, a data mais importante para o setor REGULAMENTAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO página 28 E ainda: PREPARATIVOS PARA CONFERÊNCIA SOBRE TRABALHO DECENTE página 08

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Estudo da Divisão Econômica da CNC aponta que podem ser criados 223,3 mil postos de trabalho entre setembro e novembro deste ano, em todo o País. Para atender às demandas de fim de ano no comércio, 131,9 mil empregados deverão ser contratados sob o regime de trabalho temporário, o que corresponde a um acréscimo de quase 2% sobre o emprego, também temporário, de 2010.

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Page 1: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Setembro de 2011n° 138, ano XI

www.cnc.org .br

Mais empregos no comércioSó o varejo deve abrir mais de 120 mil vagas nos meses que antecedem o Natal, a data mais importante para o setor

REGULAMENTAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO página 28

E ainda:

PREPARATIVOS PARA CONFERÊNCIA SOBRE TRABALHO DECENTE

página 08

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Expectativas ainda positivas

Para o consumidor, é cedo para pensar no Natal. Mas o comércio já está se preparando para a mais importante data do ano em termos de vendas. E, apesar dos problemas na economia mundo afora, as expectativas são positivas, com o setor terciário devendo ser menos atingido do que a indústria pelos efeitos das turbulências.

O varejo continua apresentando dinamismo, beneficiado pelo con-sumo interno, que dá mostras de desacelerar com as medidas de con-tenção do crédito, mas ainda em níveis altos, sustentados principal-mente pelo emprego e pela renda da população.

Conforme mostra a reportagem de capa desta edição da CNC No-tícias, estudo da Divisão Econômica da CNC aponta que podem ser criados 223,3 mil postos de trabalho entre setembro e novembro deste ano, em todo o País. Para atender às demandas de fim de ano no co-mércio, 131,9 mil empregados deverão ser contratados sob o regime de trabalho temporário, o que corresponde a um acréscimo de quase 2% sobre o emprego, também temporário, de 2010.

Esse avanço da economia, apesar do cenário mais complicado, continua impondo desafios ao Brasil em setores fundamentais para dar sustentabilidade ao nosso desenvolvimento. A qualificação da mão de obra é uma delas. E uma das boas notícias no setor é a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do Substitutivo do Projeto de Lei que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Na área de infraestrutura, a modernização portuária é um ponto fundamental. A CNC participou da elaboração de proposta empresa-rial para o setor. Entre os pontos incluídos no documento, elabora-do pela Comissão Portos, estão a extinção das licitações financeiras para arrendamento de áreas portuárias e a retirada da tarifa draga-gem, que é tarefa governamental.

A preparação das confederações para o debate sobre trabalho decente, assim como a posição da CNC a favor da responsabilidade subsidiária nas terceirizações e uma entrevista com o presidente da Embratur, Flávio Dino, são outros assuntos de interesse reunidos nesta edição.

Boa leitura.

1CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 1

EDITORIAL

Page 4: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Presidente: Antonio Oliveira Santos

Vice-Presidentes: 1º ‑ José Roberto Tadros; 2º ‑ Darci Piana; 3º ‑ José Arteiro da Silva; Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira, Leandro Domingos Teixeira Pinto, Orlando Santos Diniz

Vice-Presidente Administrativo: Josias Silva de Albuquerque

Vice-Presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira

Diretores: Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Antônio Osório, Carlos Fernando Amaral, Carlos Marx Tonini, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro Jamil Nadaf, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida, Zildo De Marchi Conselho Fiscal: Anelton Alves da Cunha, Antonio Vicente da Silva, Arnaldo Soter Braga Cardoso

CNC NOTÍCIASRevista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Ano XI, nª 138, 2011

Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt

Assessoria de Comunicação (Ascom):[email protected]

Edição:Cristina Calmon (editora) e

Luciana Rivoli Dantas (subeditora – Mtb 21622)Redação:

Celso Chagas, Edson Chaves Filho, Geraldo Roque, Joanna Marini e Marcos Vinícius do Nascimento

Design:Carolina Braga e Leonardo Rinaldi

Revisão:DA/Secad/RJ ‑ Érica Carvalho

Impressão:Gráfica MCE

Colaboradores da CNC Notícias de setembro 2011: Cláudia Alonso Gonçalves (Diretoria de Educação Profissional ‑ Senac), Lucila Nastassia (Fecomércio‑PE), Graziella Itamaro (Feco‑mércio‑SC), Clarisse Ferreira (Fecomercio), Simone Barañano (Fecomércio‑RS), Crys Moura (Fecomércio‑SE), Luciano Kleiber (Fecomércio‑RN), Loriana Simplício (Fecomércio‑ES) e Neusa Pavão (Fecomércio‑MS).

Créditos fotográficos: Divulgação/Magazina Luiza (página 4), Divulgação/Google (página 4), Stock.XCHNG (capa, páginas 10, 11, 12, 13, 14 e 15), Christina Boucayuva (páginas 7, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 36, 37, 39, 42, 50, 52 e 53), Carlos Terra (páginas 8, 9, 33, 40 e 46), Agência Senado (página 30), Divulgação/CNI (página 31), Divulgação/Fecomércio‑MT (página 34), Divulgação/Fecomércio‑AM (página 34), Acervo Pessoal/William Caldas (página 35), Carolina Braga (página 36),Gustavo Gracindo (página 40), Roberto Stuckert Filho (página 41), Divulgação/Fecomércio‑RS (página 47), Gustavo Freitas (páginas 48 e 49), Divulgação/Fecomércio‑SE (página 51), Alexandre Nunis (página 54), Divulgação/Senac (página 55), Divulgação/Fecomércio‑SC (página56), Mahmud Turkia/AFP (História em Imagem).

I l u s t ra çõe s : L eona rdo R i na l d i ( c apa , pág i na s 8,9,16,17,19,20,21,48 e 49)

Projeto Gráfico:Carolina Braga, Marcelo Almeida e Marcelo Vital

A CNC Notícias adota a nova ortografia.

CNC - BrasíliaSBN Quadra 1 Bl. B ‑ n° 14 CEP.: 70041‑902PABX: (61) 3329‑9500/3329‑9501

CNC - Rio de JaneiroAv. General Justo, 307 CEP.: 20021‑130PABX: (21) 3804‑9200

08 Confederações se reúnem para discutir trabalho decenteEncontro na CNC em Brasília reuniu cerca de duzentos representantes de sete confederações empresariais. O objetivo foi alinhar os pontos principais que serão discutidos na Conferência Nacional sobre Emprego e Trabalho Decente, em maio de 2012.

Divisão Econonômica da CNC estima que mais de 223 mil postos de emprego temporário devem ser criados no comércio até dezembro. Com o aquecimento do mercado de trabalho, a projeção é de um bom Natal para milhares de brasileiros.

Procuram-se trabalhadores

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13822

4 FIQUEPORDENTRO

5 BOADICA

6 OPINIÃO

8 ESPECIAL - Confederações empresariais capacitam para Conferência sobre Trabalho Decente

10 CAPA - Comércio pode proporcionar Natal de contratações para trabalhadores

16 PESQUISASNACIONAISCNC - ICF: Mercado de trabalho favorece o consumo - Peic: Dívidas sob controle - Icec: Otimismo dos empresários segue em alta

22 ARTIGO - Ernane Galvêas: Conjuntura econômica

24 REUNIÃODEDIRETORIA - Comércio sentirá impacto menor que indústria se economia desacelerar - A mobilização pelo aperfeiçoamento do Pronatec - Terceirização deve prever responsabilidade subsidiária

Capa 10

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S U M Á R I O

31

37

28

Documento pede que STF se abstenha sobre a questão do aviso prévio

Presidente da Embratur participa do Conselho de Turismo da CNC

Terceirização deve prever responsabilidade subsidiária

Representantes da CNC e de outras quatro confederações entregaram ao ministro Gilmar Mendes um documento em que solicitam ao Supremo Tribunal Federal a sua abstenção na regularização da proporcionalidade do aviso prévio.

Convidado para a reunião do Conselho, Flávio Dino apresentou dados da economia referentes ao turismo brasileiro e falou, entre outras coisas, sobre o impacto que a Copa do Mundo terá no Brasil e sobre os fatores que podem ser decisivos para o turismo no País.

A regulamentação das atividades de terceirização foi tema da reunião da Diretoria da CNC. A entidade reafirmou sua posição com relação à responsabilidade subsidiária e à possibilidade de terceirização irrestrita. A mobilização pelo aperfeiçoamento do Pronatec e o momento econômico do Brasil também foram discutidos na reunião.

3CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 3

30 INSTITUCIONAL - STF extingue depósito prévio para recorrer de multas trabalhistas - Confederações pedem que Supremo se abstenha sobre aviso prévio - CNC mostra sistema de excelência a micros e pequenas empresas - Conselheiros da CNC no Carf debatem pauta nacional

34 PRODUTOSCNC - Empreendedorismo Digital incentiva empresários a investir

em tecnologia - Entrevista: William Caldas

36 TURISMO - Eraldo Alves da Cruz assume a Secretaria-Geral da CNC - CET: meta para quartos no Rio de Janeiro será atingida em 2013 - Conselho de Turismo recebe presidente da Embratur - Ecoturismo dá salto de qualidade com Programa Aventura Segura

38 ENTREVISTA - Flávio Dino, presidente da Embratur

41 EMFOCO - Governo anuncia mudanças na Lei Geral da Micro e Pequena

Empresa - CNC participa da elaboração de proposta empresarial para os portos - Política portuária para o crescimento econômico

46 MEIOAMBIENTE - Grupo Técnico sobre Meio Ambiente debate destino de

embalagens em geral - Fecomércio-RS espera retirar cem toneladas de resíduos

sólidos do ambiente - CNC promove seminário sobre sustentabilidade e legado

da Copa 2014 - Câmara de Comércio Internacional debate ações para

a Rio+20

51 SISTEMACOMÉRCIO - Fecomércio-SE busca atuação em sintonia com sindica-

tos e comércio sergipano - Programa Senac de Acessibilidade: garantia de inclusão

social e educação - Nova unidade do SESC é inaugurada em São Paulo - Senac participa da Bienal do Livro no Rio de Janeiro - Missão da Fecomércio-SC vai à China atrair investido-

res ao estado

Page 6: Revista CNC Notícias - setembro 2011

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13844

FIQUE POR DENTRO

Social commerce: a novidade do comércio eletrônico

Adesão à TV por assinatura no Brasil cresce 15,6% em 2011

Aquisição da Motorola pode gerar problemas à Google

Há muito tempo que as redes sociais deixaram de ser simples ferramentas que conectam pessoas. O uso de cada uma se expandiu e as empresas já começam a dar mais im-portância às redes sociais no mundo corporativo ou para o comércio eletrônico. Com isso, surge uma nova modalidade de vendas digitais: o social commerce, que nada mais é do que as vendas por meio das redes sociais, como Facebook, Orkut e o novo Google+. A prática deve começar a difundir-se no Brasil, já que ganhou um nome de peso. A rede de lojas Magazine Luiza lançou um aplicativo, o Magazine Você, que permite ao usuário do Facebook e do Orkut montar a sua própria vitrine virtual, fazer suas compras e até ganhar com

as vendas. Assim, o usuário compartilha suas preferências na rede e atrai novos consu-midores. Com um site de vendas pela internet desde os anos 2000, o Magazine Luiza espera atingir 1 milhão de novos clientes em até nove meses com o aplicativo.

Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgados em agosto mostram que, no primeiro semestre de 2011, o número de casas com acesso à TV por assinatura no Brasil cresceu 15,6% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 11,3 milhões de assinantes. Somente no mês de julho, as operadoras de TV paga registraram 187,5 mil novos clientes. O levantamento da Anatel revela tam-bém que a preferência por TV via satélite ainda é maior do que por serviços via cabo, respondendo por 51% do total das linhas. A TV a cabo ficou com 46,6%, e outras tecnologias, com 2,4%. Segundo os critérios do IBGE, e considerando o número de assinaturas existentes no País, os canais pagos são assistidos por uma massa de 37,3 milhões de brasileiros (não contabilizando os acessos ilegais aos sistemas de TV paga). O Sudeste ainda é a região com maior número de assinantes, sendo que, de cada 100 domicílios da região, 27,8% possuíam, no mês de julho, serviço de TV por assinatura. A média de assinantes na região é maior do que a nacional, que é de 18 lares com o serviço para cada grupo de 100 domicílios.

A compra da divisão de smartphones da Motorola pela Google pode ter um efeito contrário ao imaginado pela empresa de Larry Page. Os smartphones de outras fabri-cantes, como a Samsung e a HTC, também utilizam o sistema operacional Android, criado pela Google, em seus dispositivos. Agora, a Google passa de parceira a pos-sível concorrente, o que pode fazer essas e outras marcas migrarem para diferentes sistemas operacio-nais e abandonarem o Android. Uma das alternati-vas seria o Windows Mobile, já utilizado em alguns smartphones da Nokia. O Android é responsável por 43,4% do mercado de smartphones, deixando a Nokia em segundo, com 22%, e a Apple em terceiro, com 18%. A transação custou à Google US$ 12,5 bilhões de dólares, e a empresa deve gerir os smart-phones da Motorola como um negócio separado.

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5CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 5

BOA DICA

Livro desbrava a riqueza histórica da região amazônica

Geopolítica do Turismo traz análise das transformações turísticas

O Preço de Todas as Coisas: reflexão sobre as atribuições de valores

Símbolo máximo das riquezas naturais do Brasil, a Amazônia é uma região explorada e desbravada des-de o século XVI, na época de seu descobrimento. O convívio entre povos indígenas amistosos e não amis-tosos, padres jesuítas, cientistas, pesquisadores, reis, governadores, operários, escravos, bandeirantes e aventureiros de todos os tipos inspiraram o canadense John Hemming a escrever uma história de ficção que funciona muito bem como um retrato da realidade da região amazônica. Em Árvore de Rios - A História da Amazônia, da Editora Senac São Paulo, o autor coloca o conflito entre nativos e europeus em um magnífico pano de fundo, que traz as florestas, os rios e todas as maravilhas da região como cenário. O lançamento do livro, que foi aclamado internacionalmente como uma referência nos estudos da Amazônia, aconteceu durante a 15ª edição da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro.

Quem esperava a intensificação do turismo somente a par-tir de 2014 ficou mais do que surpreso ao ver o crescimento do potencial turístico do nosso país já desde alguns anos antes da Copa do Mundo. Por isso é importante pensar desde já quem são e como são os turistas que desembarcam por aqui às centenas, todos os dias, e que transformações eles estão fazendo no cenário brasileiro. Em Geopolítica do Turismo, livro lançado pela editora Senac São Paulo, o professor Jean-Michel Hoerner propõe um debate sobre questões como o tu-rismo internacional, as implicações da expansão da indústria turística e as várias representações sociais da população local.

Por trás de cada escolha existe um preço. Essa é a premissa de O Preço de Todas as Coisas, um estudo sobre a forma como os seres humanos se relacionam com o preço das coisas. “Se pensarmos em quanto vale a vida, pensaremos na nossa vida ou dos nossos filhos, e essas não têm preço. Daríamos tudo o que temos para salvar a vida de um filho. A questão é que calcular o preço da vida leva a enormes disparidades e isso nos causa um conflito moral muito forte”, observa o autor, Eduardo Porter.

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Discute-se nos meios acadêmicos e, de um modo geral, em todos os setores da sociedade, as numero-

sas distorções que vêm sendo praticadas no mercado financeiro, baseadas, princi-palmente, em uma expansão incontrolada do crédito bancário. Como é do conheci-mento público, foi por esse caminho que começou a crise nos Estados Unidos e se estendeu à Europa, provocando uma bru-tal e incontrolável inadimplência. Vale a pena recordar o caso dos ninjas (no Inco-me, no Job, no Assets), que deu origem aos ativos podres e às bolhas dos finan-ciamentos imobiliários subprime no sis-tema bancário americano.

Felizmente, a economia brasileira foi pouco afetada pela crise, basicamente pelo fato de que os bancos nacionais não entra-ram nessa jogatina desenfreada, observan-do rigorosamente os limites prudenciais dos Acordos da Basileia. A grande preo-cupação, no momento, é saber até quando podemos sustentar essa situação, se repe-tirmos, no Brasil, os mesmos erros pratica-dos nos Estados Unidos e na Europa.

A crise mundial de 2008 não acabou e, pelo contrário, vem se agravando perigo-samente ao longo de 2011. Ninguém pode

prever, neste momento, que consequências negativas essa situação pode acarretar para a economia brasileira e em que proporções.

É diante de tais incertezas que nos ocorre, em nome de uma numerosa classe dos empresários do comércio, fazer uma advertência e um alerta: a expansão de cré-dito no Brasil vem se fazendo a uma velo-cidade incompatível com o sadio objetivo de manter a inflação sob controle, dentro do limite anual de 4,5% fixado pelo Con-selho Monetário Nacional.

Os empréstimos do setor financeiro vêm se expandindo, nos últimos três anos, a uma taxa média anual de 20%, cujos resultados tanto podem ser positivos como negativos. Usado para financiar legítimas operações de investimentos e de capital de giro, assim como em financiamento ao consumo das famílias, com adequadas garantias pruden-ciais, o crédito torna-se um fator importante e fundamental para a expansão das ativi-dades econômicas e da geração de empre-gos. O essencial, porém, é a observância de limites e de normas que assegurem a boa qualidade e a liquidez desses créditos, a fim de dar sustentabilidade ao sistema e não pôr em risco a estabilidade econômico- -financeira da economia nacional.

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13866

OPINIÃO

Um alerta contra o crédito abusivo

Page 9: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Antonio Oliveira SantosPresidente da Confederação Nacional do

Comércio de Bens, Serviços e Turismo

O sistema bancário tem a finalidade fun-damental de funcionar como “transporte financeiro da produção”, como dizia o sau-doso mestre Eugenio Gudin. Há um grande risco, porém, de que esse crédito seja desvir-tuado e desviado para operações meramente especulativas ou de alto sentido de risco. A função “sagrada” dos bancos é receber os recursos e economias dos depositantes e aplicá-los em financiamentos produtivos e sadios, que contribuam para a prosperidade do País e do povo. Cabe às autoridades impedir o desvirtuamento das atividades bancárias e a solidez do sistema financei-ro, preservando-o da influência nociva dos administradores inescrupulosos e de má-fé.

Em recente levantamento, o Banco Cen-tral advertia para o fato de que a inadimplên-cia do crédito bancário teve preocupante alta nos meses de julho e agosto, reafirmando pesquisa da Confederação Nacional do Co-mércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sobre o aumento do endividamento das fa-mílias, de 59,1% em agosto do ano passado para os atuais 62,5%, com a agravante de que cerca de 24,4% desses créditos já estão vencidos há mais de 90 dias, dos quais 8,2% não terão condição de ser honrados.

Diante de todos esses fatos, não se jus-tifica o tipo de propaganda desenvolvido pela mídia televisiva, induzindo os con-sumidores, especialmente os trabalhado-res de baixa renda, a tomar empréstimos sem maiores preocupações, especialmente considerando-se seu elevado custo, de cer-ca de 10% ao mês, ou seja, nada menos do que incríveis 200% ao ano. Mesmo quan-do o financiamento é proporcionado pelos bancos, a inadimplência do consumidor, de um modo ou de outro, acaba afetando também a empresa comercial.

O mais impressionante é a propagan-da insinuante e enganosa, que induz a um endividamento temerário, sem que, contra essa prática abusiva, saiba-se de qualquer providência por parte das auto-ridades fiscalizadoras, responsáveis pela liquidez do mercado e pela segurança e solidez do sistema financeiro.

Essa é a razão de nossa advertência e de um prudente alerta aos companheiros do comércio, para que estejam atentos às promessas divulgadas por uma enganosa publicidade sobre as facilidades do cré-dito irresponsável.

7CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 7

OPINIÃO

Page 10: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Confederações empresariais capacitam para Conferência

sobre Trabalho Decente

Cerca de 200 profissionais de sete confederações empresariais participaram, em Brasília, do Encontro

de Representantes dos Empregadores para as conferências estaduais e nacional

As confederações de empregadores deflagraram a agenda em busca de uma posição alinhada, a ser leva-

da tanto às conferências estaduais quanto à Conferência Nacional sobre Emprego e Trabalho Decente, em maio de 2012. O primeiro passo foi capacitar cerca de 200 profissionais de sete confederações das áreas de comércio (CNC), indústria (CNI), agricultura (CNA), transportes (CNT), fi-nanceira (Consif), saúde (CNSaúde) e de cooperativas (CNCoop), em 1º e 2 de se-tembro, na sede da CNC, em Brasília.

“Plantamos uma semente no sentido de conscientizar quanto à necessidade de haver mais capacitação para negociar no mesmo nível das centrais sindicais, que estão bem organizadas”, explicou a con-sultora adjunta da Presidência da Confe-deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Patrícia Duque. A dinâmica do encontro focou a motivação dos participantes sobre a importância do seu envolvimento para que sejam bem- -sucedidas as teses dos empregadores nas

conferências tripartites (incluem traba-lhadores e governo).

Nesse sentido, destaca-se o trabalho de mobilização e a própria capacitação realizada pela equipe da CNC, da qual fi-zeram parte os técnicos Lidiane Noguei-ra, Alain Mac Gregor e Daniel Mansur. Tanto em palestras como em conversas informais eles buscaram transmitir a ne-cessidade de treinamento dos represen-tantes das federações e confederações para participar com sucesso das confe-rências estaduais e nacional.

Patrícia Duque entende que não é mais possível haver divergências do lado em-pregador quando o assunto é defesa de interesses. “Para termos nosso espaço res-peitado, vamos ter que buscar um posicio-namento único”, defendeu. Obviamente, acrescentou a consultora adjunta da Presi-dência da CNC, cada confederação tem a sua especificidade, mas isso não deve ser fator de afastamento. “Respeitando as par-ticularidades de cada segmento, temos que ser coesos e permanecermos unidos.”

Patrícia Duque, na abertura do encontro:

é preciso haver conscientização

sobre a necessidade de mais capacitação

para negociar no mesmo nível das

centrais sindicais

8 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

ESPECIAL

Page 11: Revista CNC Notícias - setembro 2011

9CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 9

ESPECIAL

Equipe técnica da CNC trabalhou intensamente para mobilizar, tanto em palestras como em conversas informais, representantes dos empregadores que participarão das conferências estaduais e nacional

Pastore (E) destacou a importância do diálogo entre empregadores, trabalhadores e governo; Godoy enfatizou o papel social que têm as empresas no processo de geração de riqueza; e Abdala pediu respeito aos acordos coletivos

Em relação aos estados que ainda não estão focados nas conferências estadu-ais, será preciso um esforço adicional de capacitação dos futuros representantes. Eles próprios terão que buscar o conhe-cimento para se preparar à altura de um evento dessa importância, sempre levan-do em conta os parâmetros estabelecidos pelo Grupo Interconfederativo dos Em-pregadores (Giemp), que está atuante e pode ajudar no processo.

Diálogo comtrabalhadores e governo

O professor de Relações do Trabalho (RT), José Pastore, um dos palestrantes, afirmou que, já a partir das conferências estaduais, será importante que os empre-gadores estabeleçam um diálogo com tra-balhadores e governo para definir quais são as responsabilidades de cada um. “Há uma tendência de querer jogar em cima da empresa uma série de obrigações que são do Estado e vice-versa.” O diálogo, ava-liou, reduz fortemente o nível de conflito. “Mesmo que não se chegue a um consen-so, as posições têm que ficar registradas de

tal maneira que, para os futuros trabalhos, isso seja levado em conta.”

Já o consultor de RT da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dagoberto Lima Godoy, declarou que “as pessoas envolvidas numa Conferência como essa vivem em um mundo idealístico. Só que as empresas que ficarem nesse mundo desaparecem e apenas os seus ideais per-manecem”. Para ele, é preciso levar to-dos – trabalhadores, governo e sociedade – à consciência do valor social que tem a empresa num processo de geração de riqueza, “sem o qual o país não pode se desenvolver socialmente”.

O ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Vantuil Abdala, pediu respei-to aos acordos coletivos. “Os sindicatos de trabalhadores têm que ter boa-fé e de-fender os acordos que seus dirigentes as-sinam”, afirmou. A Justiça, concluiu, tem enfrentado seguidas mudanças de compor-tamento de lideranças sindicais que procu-ram alterar acordos em vigor firmados com empregadores. “Quem negocia precisa ter responsabilidade. É também decente de-fender o que foi acordado”, enfatizou.

Page 12: Revista CNC Notícias - setembro 2011

10

CAPA

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13810

Page 13: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Estudo da Divisão Econômica da CNC aponta que podem ser criados 223,3 mil postos de trabalho entre setembro e novembro deste ano, em todo o país. Para atender às demandas de fim de ano no comércio, 131,9 mil empregados deverão ser contratados sob o regime de trabalho temporário, o que corresponde a um acréscimo de quase 2% sobre o emprego, também temporário, de 2010. Considerando que o ano passado foi muito favorável, tanto para as vendas do varejo quanto para o emprego no setor, o crescimento representa um resultado bastante significativo - e um bom Natal para os trabalhadores em busca de vagas no mercado.

11

CAPA

11CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

Comércio pode proporcionar Natal de contratações para trabalhadores

Page 14: Revista CNC Notícias - setembro 2011

CAPA

Contratações para o Natal: expectativas ainda

são favoráveis

Comércio pode contratar mais de 251,5 mil trabalhadores entre setembro e novembro deste ano. Do total de vagas, 94,7% serão abertas no varejo, e federações projetam números de vagas nos estados

Mesmo com as turbulências eco-nômicas mundo afora, no Brasil são boas as expectativas para as

vendas do comércio no fim de ano e para as contratações nos meses que antecedem a data mais importante para o setor.

De acordo com levantamento produ-zido pela Divisão Econômica da Confe-deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), confirmada a previsão de crescimento das vendas no co-mércio para 2011 em 6,5%, na comparação ao ano passado, o Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), deverá registrar a contratação líquida - ou seja, admissões menos demissões - de aproximadamente 251,5 mil empregados no comércio, entre os meses de setembro e novembro deste ano.

Deste total, 131,9 mil deverão ser contratados sob regime temporário e trei-nados para atender às vendas de final de ano. Confirmado este quadro, a geração sazonal de mão de obra pelo comércio apresentará um acréscimo de 1,9% ante os 129 mil postos verificados no mesmo período do ano passado.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o trabalho temporário, criado pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, é aquele prestado por pessoa física a uma empresa para atender à necessidade transi-tória de substituição de seu pessoal regu-lar e permanente ou ao acréscimo extra-

ordinário de serviços. O contrato firmado entre a empresa de trabalho temporário e a empresa tomadora ou cliente não pode exceder três meses, salvo autorização de prorrogação conferida pelo órgão local do MTE, podendo, neste caso, ser prorrogada uma única vez por igual período.

Do total das vagas a serem criadas no comércio, 94,7% (124,4 mil) serão abertas no varejo. Especificamente nesse subsetor do comércio, a forte oscilação sazonal nas vendas estimula a contratação e o treina-mento de mão de obra temporária nos três meses que antecedem o pico do seu fatura-mento anual.

Ao contrário do ano passado, o desem-penho destacado do volume de vendas nos ramos de hiper e supermercados, bebidas e fumo associado também deverão se des-tacar na contratação temporária, com a criação líquida de 24,5 mil vagas (19,7% do total). E, finalmente, estabelecimentos especializados na comercialização de bens duráveis como móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos deverão absorver 21,8% das vagas extraordinárias, o que cor- responde a 27,2 mil postos de trabalho.

Cenário do emprego deve seguir favorável

Apesar da desaceleração observada na economia brasileira, para os próximos me-ses espera-se que os indicadores de empre-go continuem favoráveis. A avaliação é da

12 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

Page 15: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Tecidos, vestuário e calçados

44,1%

Hipermercados e supermercados

19,7%

Outros14,3%

Móveis eeletrodomésticos

8,8%Artigos de uso

pessoal e doméstico13,0%

Distribuição do emprego temporário por ramos do varejo (Perspectiva de criação de vagas)

CAPA

Divisão Econômica da CNC, realizada com base nos dados da Pesquisa Mensal do Em-prego (PME), do IBGE, relativos a julho.

No sétimo mês do ano, a taxa de de-semprego das regiões metropolitanas do país alcançou 6%. Em junho, chegou a 6,2% da População Economicamente Ati-va (PEA) e, em julho de 2010, a 6,9%. A taxa de desemprego não só recuou, como também alcançou o patamar mais baixo para um mês de julho da série histórica ini-ciada em 2002.

“O fator sazonal relacionado às festas de fim de ano e uma defasagem da resposta do mercado de trabalho aos indicadores de atividade devem manter a taxa de desem-prego em patamares baixos, e a taxa mé-dia de desemprego para 2011 deve ser de 5,9%. Em 2010 havia sido 6,7%”, afirma Marianne Hanson, economista da CNC.

Contribuiu para os resultados de ju-lho o crescimento da população ocupada (+0,4% em relação a junho 2011 e +2,1%

em relação a julho de 2010), em ritmo superior ao crescimento da PEA (+0,2 e +1,1%, no mesmo período de compara-ção). Entre os setores que influenciaram positivamente o aumento do emprego destacam-se Intermediação financeira e imobiliárias, aluguéis e serviços pres-tados à empresa (+7,2% ante julho de 2010), Construção (+5,5% ante julho de 2010) e Outros serviços (+3%). Os in-dicadores de renda também apresentaram resultados favoráveis. O rendimento médio, no conceito habitual, alcançou R$ 1.612,90, com crescimento em termos reais de 2,2% em relação a junho de 2011 e 4% em rela-ção ao mesmo período do ano passado. Com crescimento da renda e do em-prego, a massa de rendimentos também apresentou, descontada a inflação, um crescimento real de 6%, embora desa-celerando-se em relação ao avanço ob-servado em junho e maio, de +6,2% e +6,6%, respectivamente.

Fonte: Divisão Econômica-CNC

CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 13

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CAPA

14 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

A s vagas de final de ano prometem aquecer a economia e beneficiar quem está desempregado. É o

que mostram os presidentes das federa-ções de comércio de todo o país, ouvidos pela CNC Notícias.

“Mais que uma oportunidade de empre-go temporário, o final do ano representa para muitos uma oportunidade de emprego efetivo. A taxa brasileira de efetivação de trabalhadores temporários gira em torno de 20%”, afirma o presidente da Fecomércio do Espírito Santo, José Lino Sepulcri.

Segundo expectativas da Federação do Espírito Santo, devem ser abertas aproxi-madamente 5 mil vagas no setor para o Na-tal capixaba. Os segmentos que mais con-tratarão são as lojas de rua, de shoppings (principalmente de calçados e vestuário) e também os supermercados. O candida-to não pode perder tempo, pois de acordo com a entidade as contratações acontece-rão por volta dos meses de outubro e no-vembro, mas em setembro as empresas já começam a receber os currículos.

No Rio Grande do Norte a expectativa também é alta. “Este ano esperamos contra-tar cerca de 5,5 mil profissionais temporá-rios para o comércio, o que representa uma alta de 10% na comparação com o ano pas-sado. Aqui estas contratações também já começam em setembro e, em média, 40% dos contratados se transformam em cola-boradores efetivos das empresas de comér-cio”, afirma Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio do Rio Grande do Norte.

Segundo o empresário, durante todo o ano, no Senac-RN, são realizados cursos de preparação, reciclagem e formação desse tipo de mão de obra para as mais diversas atividades do comércio. “Ou seja, quem

se preparou não deverá ter obstáculos para encontrar uma oportunidade”, diz Queiroz.

Mato Grosso do Sul, em especial Cam-po Grande, terá um novo aumento nas contratações temporárias no próximo final de ano. “Esperamos uma alta nas contra-tações devido, principalmente, à abertura de shop pings, novas lojas, além do cres-cimento, como um todo, do mercado de bens e serviços”, explica o presidente da Fecomércio de Mato Grosso do Sul, Edison Araújo. “Estima-se que cerca de 5 mil novas vagas serão abertas no mercado de trabalho no Mato Grosso do Sul”, complementa.

O presidente da Fecomércio de Alago-as, Wilton Malta, afirma que a expectativa para as vendas no estado para o fim do ano são muito positivas. O empresário estima que sejam injetados na economia alagoa-na, somando as duas parcelas do 13º sa-lário, aproximadamente R$ 550 milhões. “Essa quantia corresponde a praticamente um ano de pagamento do Bolsa Família em Alagoas”, compara Malta. O incremen-to gerado pelo 13º deve aumentar a arreca-dação de ICMS do Estado em 10%, em dezembro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com Malta, a partir de se-tembro o varejo reforça os estoques de suas lojas para atender à demanda do final de ano. “O empresário deve agora investir nas novidades e promoções, garantir con-dições atrativas de pagamento e apostar no atendimento de qualidade para os clientes. Já os consumidores devem procurar utili-zar o 13º nas compras, a fim de evitar endi-vidamentos”, sugere.

No Acre, também é em setembro que as empresas do setor começam a selecionar e treinar pessoal para as vagas temporárias. O

Expectativa de contratação nos estados é positiva, apontam

federações do comércio

Oportunidades temporárias podem se transformar em vagas formais de trabalho. Empresas reforçam

estoques e já selecionam candidatos

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CAPA

CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 15

porcentual de contratados para o final do ano que são aproveitados pode chegar a 30%. Leandro Domingos, presidente da Fecomér-cio do Acre, corrobora as expectativas posi-tivas: “Os negócios deverão ter crescimento real, apesar da política de restrição de crédito imposta pelo governo”, afirma.

Para Abram Szajman, presidente da Fecomercio de São Paulo, as comemora-ções de fim de ano movimentam o setor varejista e também o de serviços, em espe-cial os segmentos de festas, convenções, hotéis e restaurantes. Do fim de novembro até a semana de Natal são empresas, con-sumidores, parentes e amigos comprando, festejando e gerando, como efeito desse espírito, um aumento significativo da de-manda. “Mais gente entrando nos estabe-lecimentos exige mais gente atendendo, o que é óbvio. É dessa necessidade que sur-gem as vagas temporárias de final de ano”, afirma Szajman. Ele enfatiza que contra-tações temporárias são importantes para que os empresários deem adequado aten-dimento aos seus clientes. Por outro lado, servem também como importante cartão de visitas que os contratados deixam com seus gerentes e chefes nesta época do ano. “As vagas temporárias são o primeiro em-prego para muitos jovens, seu batismo no mundo do trabalho. Também podem ser a retomada de uma carreira, quando se está desempregado. Para quem contrata, os empregados temporários são uma fon-te muito boa para futuro recrutamento de mão de obra, já ‘testada’ nesse batismo de fogo, que é o final de ano”, explica o presidente da Fecomercio. Para o empre-sário, o setor comercial é - e sempre foi - o grande formador de profissionais para o mercado. Com os avanços e profundas

mudanças no perfil, tanto dos consumido-res quanto das empresas, o varejo a cada dia exige e aprimora mais o conhecimento dos contratados, que não se restringe ape-nas a atender clientes, mas também a co-nhecer as técnicas e as particularidades do segmento no qual trabalha.

Os empregos criados em momentos dinâmicos das festividades ou datas co-memorativas do varejo e dos serviços é algo inerente à performance do nível de atividade, destaca Josias Albuquerque, presidente da Fecomércio de Pernambu-co. No entender do empresário, a mag-nitude das contratações vai depender do momento econômico. “É claro que o Na-tal do ano em curso não vai ter o mesmo brilho de 2010, logo a contratação vai ser menos intensa. Mas, a despeito das incer-tezas da conjuntura, as expectativas estão muito positivas para o fim de ano, com mais de 77% dos empresários da região metropolitana de Recife esperando ven-das maiores que em 2010”.

Zildo de Marchi, presidente da Feco-mércio do Rio Grande do Sul, acredita que, se o cenário econômico se mantiver o mesmo - isto é, sem piora na conjuntura internacional e com efeitos moderados so-bre a economia brasileira - pode-se esperar um Natal muito bom. O mercado de tra-balho aquecido, os salários altos e a pers-pectiva de taxas de juros menores podem influenciar positivamente as intenções de consumo, o que se reflete na necessidade de aumentar o efetivo de trabalhadores no comércio. “Em 2011, nossa expectativa é que o varejo gaúcho aumente suas contra-tações de temporários entre 8% e 10%, na comparação com o mesmo período do ano passado”, afirma o empresário.

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

Mercado de trabalho favorece o consumo

Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) revela que, mesmo com o

cenário de desaceleração da economia, as famílias ainda estão motivadas a comprar

O apetite para as compras dos bra-sileiros continua aquecido. Em agosto, a intenção de consumo

das famílias brasileiras apresentou alta de 2,5% em relação ao mês de julho, e de 1,9% na comparação com o mesmo perío-do do ano anterior. Os números são da pes-quisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), e levam a Confedera-ção Nacional do Comércio de Bens, Servi-ços e Turismo (CNC) a estimar, mesmo em um cenário de desaceleração do consumo, um crescimento em torno de 6% no volu-me de vendas para o varejo, em 2011.

De acordo com a Divisão Econômica da entidade, as condições favoráveis do merca-do de trabalho mais uma vez contribuíram significativamente para a elevação do índice. Mas, mesmo com a alta, os gastos das famí-lias estão mais moderados em comparação com 2010, como comprovam os resultados dos subitens do ICF ligados ao consumo.

Após registrar o nível mais baixo da sé-rie histórica (129,9 pontos), o ICF atingiu em agosto a terceira alta seguida, com 136,9 pontos – cada vez mais distante da zona de indiferença, caracterizada pelos 100 pontos. Todos os componentes da pesquisa apre-sentaram elevação na comparação mensal, o que não acontecia desde o ano passado, comprovando que o comportamento po-sitivo do mercado de trabalho estimula as famílias a aumentar seus gastos. A isso so-mam-se o arrefecimento do nível de preços e as condições de oferta de crédito – que já não são tão favoráveis, por conta das medi-das restritivas que o governo adotou.

A intenção de consumo também sobe na comparação anual – pela primeira vez, após quatro meses de quedas: 1,9%. E, novamente, o mercado de trabalho tem uma influência muito grande no resulta-do, já que os componentes da pesquisa li-

gados ao consumo atual e às perspectivas de gastos para os próximos meses tiveram desempenho inferior ao registrado no mes-mo período do ano passado. Os cortes por faixa de renda confirmam o crescimento do índice na comparação anual, sustenta-do pela alta da confiança das famílias de renda mais baixa e de renda mais alta, que ampliaram o consumo em 1,8% e 2,0%, respectivamente. As capitais das regiões Centro-Oeste e Sudeste, com altas no con-sumo de 2,3% e 1,5%, foram as mais con-fiantes, reforçando o crescimento das ven-das do comércio em 2011.

“Esse resultado mostra que, mesmo em um ritmo mais lento que no ano passado, a geração de empregos e o crescimento da renda ainda vêm sustentando a expansão da atividade em 2011. Estes resultados corroboram uma moderação do consumo nos últimos meses, comparada com o rit-mo de 2010”, afirma o economista Bruno Fernandes, da CNC.

Famílias estão seguras em seus empregos

Embora o ritmo de criação de postos de trabalho no Brasil siga em um ritmo me-nor do que o verificado em 2010, apenas 12,4% dos consumidores entrevistados se mostraram menos seguros em relação às condições atuais de emprego. Em agosto, ao atingir 141,3 pontos, a satisfação dos brasileiros atingiu o maior patamar da sé-rie iniciada em janeiro de 2010.

“A tendência é que este indicador con-tinue em um nível elevado, fazendo com que as condições de emprego não sejam um obstáculo à expansão dos gastos das famílias”, diz o economista.

Com exceção das regiões Norte e Sul, o indicador “satisfação com o emprego

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Síntese dos resultados – ICF

Indicador agosto/2011Variação mensal

Variação anual

Emprego atual 141,3 +1,4% +4,7%

Perspectiva profissional 139,4 +0,8% +6,8%

Renda atual 149,2 +2,8% +3,2%

Compra a prazo 146,4 +2,5% +1,6%

Nível de consumo atual 106,5 +0,6% -2,5%

Perspectiva de consumo 139,9 +4,2% -3,5%

Momento para duráveis 135,9 +4,6% +2,4%

ICF 136,9 +2,5% +1,9%Fonte: Pesquisa CNC

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

atual” cresceu em todas as regiões pesqui-sadas. Centro-Oeste e Sudeste, com 149,4 e 145,7 pontos, foram as mais confiantes do país. As duas regiões também foram as mais otimistas em relação à renda atual: 154,1 e 145,3 pontos.

Consumo cresce, mas não atinge patamar de 2010

Além do mercado de trabalho, outros fatores influenciaram a disposição para o consumo das famílias, em agosto: a baixa cotação do dólar, a desaceleração pontual do nível de preços e as condições do cré-dito. Em agosto, os componentes do ICF relacionados ao consumo apresentaram ní-veis maiores do que no mês anterior: com-pras a prazo, nível de consumo atual e mo-mento para a aquisição de bens duráveis alcançaram 146,4, 106,5 e 135,9 pontos.

A pesquisa mostra ainda que, mesmo com o crescimento porcentual de agosto, as famílias continuam menos dispostas a consumir, se comparado ao comportamen-to de igual período de 2010. Por mais que a percepção em relação a compras a prazo e momento para a aquisição de bens durá-veis esteja acima do resultado de julho, o nível de consumo atual registrou um de-créscimo de 2,5% no mesmo período cita-do. “Mais uma vez, esse resultado reflete o nível de endividamento das famílias, além do impacto das medidas restritivas adota-das pelo Banco central, com a consequen-te desaceleração da atividade ao longo de 2011”, diz Bruno Fernandes.

A queda na satisfação com o consumo atual se deveu ao recuo do índice apurado principalmente entre as famílias com renda

superior a dez salários mínimos (4,1%). Os grupos familiares com renda abaixo de dez salários mínimos registraram baixa de 2,2%.

Perspectiva profissional em alta

Com 139,4 pontos, a perspectiva pro-fissional superou o nível mais alto da série da pesquisa. Novamente, Sudeste (146,6 pontos) e Centro-Oeste (146 pontos) lide-raram as regiões mais otimistas com rela-ção ao mercado de trabalho. No corte por renda, as famílias com ganhos maiores do que dez salários mínimos tiveram alta de 6,3% nas expectativas profissionais; nos grupos com ganhos inferiores a este pata-mar, a alta foi de 6,9%.

A massa de rendimentos tem crescido em ritmo menor que o verificado no ano passado. A contribuição cada vez menor dos ganhos salariais para a expansão do estoque de recursos obtidos no mercado de trabalho não deverá impedir uma nova alta desta variável em 2011. Para a CNC, dado o natural aquecimento do mercado de tra-balho nos próximos meses, o indicador de perspectiva profissional poderá acusar, no final do ano, um nível mais elevado do que o verificado em 2010.

Apesar da percepção favorável em re-lação ao mercado de trabalho, nos próxi-mos três meses, as famílias mantém menor disposição para os gastos. O indicador da percepção do consumo recuou 3,5% - com destaque para a queda de 4,3% nas expec-tativas das famílias mais ricas. O menor otimismo com o consumo nas regiões Nor-te (-5,6%), Centro-Oeste (-10%) e Sudeste (-6,2%) comprovam que o ritmo das ven-das pode ser menor neste ano.

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Fonte: Pesquisa CNC

Peic - Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias)

Total de endividados

Dívidas ou contas em atraso

Não terão condições de pagar

Agosto/2010 59,1% 24,7% 8,8%Julho/2011 63,5% 23,7% 8,1%Agosto/2011 62,5% 24,4% 8,2%

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1381818

PESQUISAS NACIONAIS CNC

Dívidas sob controleNúmero de famílias com dívidas cai pelo terceiro mês consecutivo, segundo a Peic, mas o patamar ainda é

superior ao observado no ano passado

Pelo terceiro mês consecutivo, o por-centual de endividamento das famí-lias brasileiras caiu, atingindo 62,5%

em agosto. Embora a notícia seja boa, o patamar continua superior ao verificado no mesmo período de 2010, quando 59,1% dos grupos familiares possuíam dívidas.

Segundo a Pesquisa Nacional de Endi-vidamento e Inadimplência do Consumi-dor (Peic), o porcentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou na comparação mensal, passando de 23,7%, em julho, para 24,4%, em agosto – pata-mar que não supera os 24,7% registrados em agosto de 2010. Apesar do aumento no número de famílias inadimplentes, a percepção em relação à capacidade de pagamento ficou praticamente estável em agosto: 8,2% das famílias declararam não ter condições de pagar suas contas em atra-so, frente a 8,1% em junho. Em agosto de 2010, esse indicador estava em 8,8%.

No corte por faixa de renda, a queda mais expressiva aconteceu nas famílias com renda maior que dez salários míni-mos: de 57,2%, em julho, para 52,6%, em agosto. No grupo com rendimentos meno-res que dez salários mínimos, o porcentual das famílias endividadas sofreu uma que-da suave, passando de 64,4% para 64,2%. Na comparação com agosto de 2010, hou-ve alta no indicador tanto para as famílias com ganhos menores quanto para as mais ricas: de 3,1 pontos porcentuais para o grupo de menor renda e de 5,9 pontos por-centuais para o de maior renda.

O porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso registrou avanço para os dois grupos de renda, em agosto. Para a faixa mais pobre, o indicador pas-sou de 25,2% para 26,1%. Na faixa mais rica, o porcentual subiu de 13,7% para 14,5% das famílias. Na comparação anu-al, o porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso foi 0,6 ponto porcen-tual menor na faixa de renda abaixo de dez salários mínimos. Na mão contrária, os grupos com renda maior que dez salá-rios mínimos registraram alta de 1 ponto porcentual no indicador. Ainda na análise por faixa de renda, o porcentual de famí-lias que não terão condições de pagar seus débitos registrou trajetórias distintas nos diferentes grupos, na comparação entre julho e agosto. No grupo de menor renda, o indicador ficou praticamente estável, passando de 8,8% para 8,9%. Já no gru-po de maior renda, houve ligeira queda de 4,0%, em julho, para 3,8%, em agosto.

Depois de uma alta expressiva em ju-lho, em agosto o porcentual das famílias com uma percepção de endividamento muito alto atingiu 16,3%. O porcentual de famílias que declarou estar muito endivi-dada segue acima do patamar observado no mesmo período de 2010 (14,2%). Ainda na comparação com o mesmo período do ano passado, a parcela que declarou estar “mais ou menos endividada” passou de 22% para 20,5%; já a parcela pouco endi-vidada alcançou 25,6% do total dos endi-vidados, contra 22,9% em agosto de 2010.

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Fonte: Pesquisa CNC

Porcentual de Famílias Endividadas (% do total) entre cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimos

pessoal, prestações de carro e seguros

59,1%

Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 Jan/11 Fev/11 Mar/11 Abr/11 Mai/11 Jun/11 Jul/11 Ago/11

59,2% 58,6% 59,8% 58,3% 59,4%

65,3% 64,8%62,6% 64,2% 64,1% 63,5% 62,5%

19CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 19

PESQUISAS NACIONAIS CNC

Em agosto, o tempo médio de atra-so no pagamento das dívidas foi de 57,5 dias – inferior aos 59,9 dias verificados em agosto de 2010. O comprometimento médio com dívidas ficou em 6,9 meses em agosto, sendo que 24,7% das famílias endividadas estavam comprometidas com dívidas de até três meses e 29,8% por mais de um ano. Entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas ficou estável na comparação anual, respondendo por 30% da renda das famílias. O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 72,8% das famílias endividadas, seguido por carnês (25,6%) e financiamento de car-ro (10,1%). Para as famílias com renda até dez salários mínimos, o cartão de crédito responde por 72,6% das principais dívi-

das, seguido por carnê (26,6%) e crédito pessoal (8,9%). Já para famílias com renda acima de dez salários mínimos, os princi-pais tipos de dívidas apontados em agosto foram: cartão de crédito (74,2%), financia-mento de carro (21,4%) e carnês (17,5%).

O número de famílias que declararam estar endividadas apresentou queda pelo terceiro mês consecutivo, embora perma-neça em patamar superior ao do ano pas-sado. Após uma alta significativa no mês passado, a proporção de famílias que re-portou endividamento muito elevado re-cuou em agosto, mas ainda está maior do que o observado no mesmo período de 2010. “Ainda que medidas de restrição ao crédito estejam reduzindo o ritmo de con-tratação de novos empréstimos, as famílias ainda estão com endividamento elevado”, afirma a economista Marianne Hanson, responsável pela pesquisa.

Mais famílias declararam possuir dívi-das ou contas em atraso, na comparação mensal. Em relação ao ano passado, o nú-mero de famílias inadimplentes foi ligei-ramente inferior. A percepção em relação à capacidade de pagamento continua apre-sentando resultados favoráveis, e o núme-ro de famílias que declarou não ter condi-ções de pagar seus débitos em atraso ficou estável em relação a julho e recuou frente a agosto. “Este maior otimismo pode estar relacionado às surpresas positivas no mer-cado de trabalho, com emprego e renda crescendo acima do esperado, como tam-bém a uma evolução mais favorável da in-flação ao consumidor”, diz a economista.

Page 22: Revista CNC Notícias - setembro 2011

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1382020

PESQUISAS NACIONAIS CNC

Otimismo dos empresários segue

em altaEmpresários têm mais confiança em seus

próprios negócios que na economia do país. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio

aponta um desempenho superior da atividade em relação à média da economia brasileira no

acumulado do ano de 2011

A confiança dos em-presários do comércio subiu 1,6%, em agos-

to, para 129,3 pontos, após uma elevação de 2,8% em julho. É o que mostra o Índice de Confian-ça do Empresário do Comércio (Icec): mais uma vez, o índice foi impulsionado pelas condi-ções atuais da economia (alta de 3,1%) e do setor varejista (alta de 2,5%). O resultado ainda re-flete a robustez do mercado de trabalho, configurado por uma taxa de desemprego baixa e pela alta dos rendimentos reais, já numa economia de transição para uma fase de menor cresci-mento. Diante desse cenário, a expectativa da CNC é de que o comércio varejista cresça em torno de 6% em 2011.

Dos três subíndices que compõem o Icec (condições atuais, expec tativas e investi-mentos), o que avalia as condi-ções atuais foi o que apresen-tou a maior alta em relação ao mês anterior (2,1%). Em se-guida, o subíndice investimen-tos teve alta de 1,5%. Por fim, a avaliação das expectativas

dos empresários do comércio subiu 1,3%.“Apesar da moderação no ritmo de

crescimento da economia brasileira, o mercado de trabalho permanece aqueci-do e a taxa de desemprego historicamente baixa. Além disso, ainda há crescimento nos rendimentos reais dos trabalhadores. Enquanto esse cenário perdurar, o vo-lume de vendas ainda se sustentará e os comerciantes permanecerão confiantes”, afirma o economista da CNC João Feli-pe Araújo. O nível de confiança dos em-presários continuou maior em relação ao setor (111,5 pontos) do que em relação à economia (107,7 pontos). Os dados con-tinuam apontando um desempenho supe-rior do comércio em relação à média da economia brasileira no acumulado do ano de 2011.

Um dado que merece destaque na pes-quisa é o subíndice que mede a expectati-va dos empresários do comércio (IEEC), que teve alta de 1,3% no mês, puxado principalmente pelas expectativas extrema-mente positivas (2,1%) para o setor varejis-ta. O IEEC mostrou, entretanto, que a con-fiança no próprio negócio (168,8 pontos) e no setor comerciário (160 pontos) é maior que na economia (150,2 pontos).

Com base nesse dado, a CNC estimou o crescimento das vendas do varejo, em 2011, em 6%. “A expectativa de vendas

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Índice Agosto/2011 Julho/2011 Variação Mensal

Icaec 114,7 112,4 +2,1%

Economia 107,7 104,4 +3,1%Setor 111,5 108,7 +2,5%Empresa 125,0 124,1 +0,7%

IEEC 159,7 157,6 +1,3%

Economia 150,2 148,0 +1,5%Setor 160,0 156,7 +2,1%Empresa 168,8 168,0 +0,5%

IIEC 113,6 111,9 +1,5%

Funcionários 128,4 125,9 +2,0%Investimentos 120,7 118,2 +2,1%Estoques 91,7 91,6 +0,1%

ICEC 129,3 127,3 +1,6%Fonte: Pesquisa CNC

21CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 21

PESQUISAS NACIONAIS CNC

para o comércio, embora menor que a de 2010, é ainda favorável, principalmen-te se levarmos em consideração que o crescimento da economia brasileira tem sido sistematicamente revisado para bai-xo, devendo crescer menos que 4%”, diz João Felipe Araújo.

Com alta de 1,5%, o subíndice que mede o investimento do empresário (IIEC) revela uma alta na intenção de contrata-ção de pessoal (2,0%) e de investimentos (2,1%) e uma estagnação na situação atual dos estoques (0,1% ou 91,7 pontos). O ní-vel dos estoques mostra que os comercian-tes estão insatisfeitos com a quantidade de mercadorias não vendidas. “O crescimento do custo do crédito, decorrente das medi-das de aperto monetário tomadas pelo go-verno, aumenta o custo de oportunidade da acumulação de estoques e reduz a rentabi-lidade do negócio”, explica o economista.

As regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram os maiores índices de satisfação por parte dos empresários, atingindo 136,8 e 132,9 pontos, respecti-vamente. A região Norte merece destaque pelo otimismo em relação às condições atuais, principalmente nos tópicos relacio-

nados ao setor (5,9%), à economia (5,2%) e à empresa (3,7%), superiores aos das demais regiões do país. A pesquisa mostra ainda que o nível de confiança dos empre-sários é maior nas empresas com mais de 50 funcionários (141,8 pontos). Nas em-presas de menor porte, esse índice fechou o mês de agosto em 129 pontos.

Para a CNC, a evolução da confiança do empresário do comércio reflete a evo-lução positiva das vendas. “A elevação da confiança do empresário do comércio reflete a evolução positiva das vendas, que apesar de estarem desacelerando, como sugere o índice de estoques, ain-da crescem escoradas nos ganhos re-ais dos rendimentos, possibilitados por um mercado de trabalho ainda aquecido. No entanto, a desace-leração no ritmo de crescimen-to das vendas permanecerá em curso, acompanhando a transição da economia brasileira para uma fase de crescimento mais baixo”, con-clui João Felipe Araújo.

Page 24: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Conjuntura econômica

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1382222

ARTIGO

Este mês, o consultor econômico da CNC, Ernane Galvêas, avalia as relações bilaterais entre Brasil e China, afirmando

que a entrada dos produtos chineses, “até o momento”, é positiva. Galvêas aborda ainda o contexto da economia

brasileira diante da crise internacional

Como nos ensina a Teoria Eco-nômica, o aumento da produção nacional depende de uma cres-

cente combinação dos fatores básicos da produção, capital e trabalho, associados à tecnologia. A produção média na China é baixa porque resulta da combinação de uma farta quantidade de mão de obra, de baixa produtividade, com uma quantidade de capital fixo relativamente menor.

A China tem uma população de 1.300 milhões de indivíduos, dos quais cerca de 400 milhões já foram inseridos na economia urbana e 900 milhões estão em processo de transferência. À medida que essa transferência se acelera, face às ele-vadas taxas de investimento, o resultado final reflete uma alta taxa de crescimento da produção (PIB). Esse deslocamen-to da mão de obra rural representa uma expansão constante do mercado interno, que é impulsionado, ainda mais, à me-dida que se expande o comércio exte-rior, isto é, maior parcela da produção é exportada e maior quantidade de bens e serviços importados é absorvida pelo mercado interno em expansão.

Enquanto durar esse processo, a Chi-na vai exibir altas taxas de crescimento, de exportações e de importações. Em

consequência, haverá benefícios para todos os países que estão associados à China, pela via do comércio exterior. Particularmente, o Brasil é e será um dos países mais beneficiados.

Atualmente, o Brasil exporta para a China US$ 35,0 bilhões anuais, em com-paração com US$ 1,1 bilhão, em 2000. Em 2011, até julho, nossas exportações cres-ceram 45,9% e as importações 34,8%. A rigor, pode-se afirmar que foi a China, a partir de 2000, o fator mais importante e decisivo no crescimento do PIB brasileiro, especialmente em 2010.

Alguns analistas consideram que essa dependência da economia brasileira da Chi-na é desvantajosa e deveria ser diminuída. Ao nosso ver, isso não faz sentido, na me-dida em que boa parte do enriquecimento do Brasil, nos últimos anos, resultou e re-sulta dos elevados volumes de nossas ex-portações para a China e, principalmente, pela valorização desses produtos, associada a uma extraordinária melhoria em nossas relações de trocas, com saldos crescentes na balança comercial. Nos últimos três a quatro anos, a China conquistou para suas manufaturas mercados que antes eram ocu-pados pelo Brasil. É um problema que pode agravar-se com o tempo. Por outro lado, a

Síndrome de dependência da China

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Ernane GalvêasConsultor econômico da CNC

23CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 23

ARTIGO

invasão do mercado brasileiro pelos produ-tos chineses gera grandes inquietações em alguns setores da indústria nacional, mas, ao que tudo indica, o governo está atento. Até o momento, os ganhos são enorme-mente maiores que as perdas.

Onde estamos, aonde vamos

Faz sentido afirmar que a crise econô-mica atual é um agravamento da crise de 2008, quando bancos e empresas quebra-dos foram salvos com a ajuda do governo. Os bancos emprestaram mal e acumula-ram ativos podres. Os bancos centrais e os governos compraram esses ativos, que foram transformados em dívidas fis-cais. Mas a crise não acabou, apenas se transformou em desemprego. Para sair da crise, os governos deveriam financiar investimentos ou aumentar a carga tribu-tária. Não podem fazê-lo porque não têm recursos e porque aumentar os impostos apenas aumentaria o desemprego.

Nos Estados Unidos, que se situam no epicentro da crise, os republicanos e o Pentágono não aceitam a retirada das tro-pas do Iraque e do Afeganistão, o que sig-nificaria a redução dos gastos de guerra. Há uma indústria bélica por trás de tudo isso. São eles que elegem os governantes.

Quanto tempo vai durar a crise atual? Ao nosso ver, é muito difícil fazer um

prognóstico, mas ousamos dizer que vai du-rar cerca de dez anos, tempo necessário para que os Estados Unidos e a Europa possam restaurar o equilíbrio fiscal. Enquanto isso, a evolução da economia mundial vai depen-der da China, especialmente nos países em desenvolvimento da Ásia Central, da África e da América Latina, inclusive o Brasil.

Nesse contexto, a economia brasileira estará razoavelmente protegida, com o alto nível das exportações associado à demanda liderada pela China. Ao que tudo indica, o ritmo do crescimento brasileiro vai perma-necer dentro da média dos últimos 30 anos, ou seja, em torno de 2,5% a 3,0% ao ano. Essa taxa poderá parecer baixa, em compara-ção com outros períodos em que a economia brasileira cresceu acima de 5% e até 7%. É importante notar, entretanto, que em décadas anteriores, como nos anos 60 e 70, a econo-mia crescia a taxas altas, mas também a po-pulação. Atualmente, quando o crescimento populacional se situa em cerca de 1,2% ao ano, 3,0% de crescimento do PIB já signi-fica uma taxa razoável, com crescimento per capita da ordem de 2%. Observa-se, por exemplo, que a porcentagem da população brasileira abaixo do nível de extrema pobre-za (renda de R$ 39 mensais) subiu na primei-ra metade dos anos 90 (22,9%), permaneceu estagnada durante os oito anos do governo FHC (17,5%) e caiu sucessivamente nos oito anos do governo Lula (8,4% em 2009).

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CNC NotíciasSetembro 2011 n°1382424 CNC NotíciasSetembro 2011 n°1382424

Comércio sentirá impacto menor que indústria se economia desacelerar

Na reunião de Diretoria da CNC, em agosto, no Rio de Janeiro, o chefe da Divisão Econômica da

CNC, Carlos Thadeu de Freitas, afirmou que, no Brasil, as taxas de juros iriam cair em breve, para destacar a existência de uma expectativa de crescimento mais fraco em todo o mundo e, naturalmente, no Brasil também.

A expectativa se comprovou: na pri-meira semana de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa de juros básica Selic em 0,5 ponto porcentual, para 12% ao ano. “O Brasil está bem em termos relativos: enquanto outras econo-mias pelo mundo enfrentam sobressaltos, estamos bem porque temos uma relação dívida líquida/PIB ainda baixa se compa-rada ao resto do mundo. Temos reservas internacionais, a situação dos bancos ain-da está boa. O Brasil ainda aguenta mais algum tempo”, afirmou o economista.

Carlos Thadeu de Freitas destacou que o Brasil tem uma grande vantagem na comparação com outros países – os em-presários brasileiros ainda não pararam de investir, e ainda acreditam que a econo-mia vai continuar crescendo. Contudo, faz um alerta: “O que temos no Brasil, hoje, é uma bolha no mercado de trabalho. Os empresários estão dando ganhos reais aos trabalhadores. A economia não vai crescer a ponto de garantir ganho real a ninguém, mas a iniciativa privada ainda está dando ganhos reais e o mercado de trabalho con-tinua forte, o que está sustentando ainda as vendas reais do comércio, embora com rit-mo mais desacelerado”, explicou.

O ritmo de venda do comércio vai desa-celerar um pouco, mas nem tanto, porque a variável emprego demora a refletir os

efeitos sobre a atividade econômica. “Se a situação internacional continuar como está, com a economia mundial mais fraca e muita volatilidade, vamos ter um cresci-mento menor no Brasil. A expectativa de crescer no ano que vem na ordem de 4% ou 5% está afastada; entre 3% e 3,5% já está razoável”, disse Carlos Thadeu.

Para ele, o comércio vai sentir menos que a indústria os efeitos de um cresci-mento econômico mais contido. “Minha impressão é de que o dólar vai continuar barato. A quantidade de moeda americana que está entrando no Brasil é muito gran-de”, explicou. O economista disse que, no Brasil, atualmente, a economia apresenta taxas de retorno elevadíssimas. “Quem não quer investir num país como o Brasil, que paga uma taxa real de juros de três, quatro, cinco, 6% ao ano, ou até mais, de acordo com o investimento que for feito?”, perguntou Thadeu de Freitas.

Ainda considerando o lado brasileiro, a redução do caráter exportador da economia chinesa pode diminuir a demanda do país por commodities, afetando seus fornece-dores de produtos básicos, como o Brasil. Dado que a taxa de câmbio brasileira apre-ciou-se muito devido à alta dos preços das commodities (que favoreceram os termos de troca), o real depreciaria nesse cenário. “No entanto, é importante ressaltar que a moeda brasileira está menos vulnerável do que em 2008, pois de lá para cá o Brasil acumulou muitas reservas internacionais, reduzindo o prêmio de risco e a resposta do real em relação ao aumento da volatili-dade internacional. E existe muito espaço para baixar taxa de juros em caso de crise”, disse Thadeu. Dessa forma, frisa o econo-mista, o que assusta não é um cenário de aversão ao risco, e sim uma queda abrupta

REUNIÃO DE DIRETORIA

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25CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 25

REUNIÃO DE DIRETORIA

nas cotações das commodities que poderia piorar muito o deficit em transações cor-rentes. O desempenho das commodities dependerá da desaceleração da China, que deverá crescer menos tanto devido à menor demanda por suas exportações, quanto pela elevação do consumo das fa-mílias em detrimento das exportações.

Assim sendo, o mais provável é que o rebalanceamento global de longo prazo seja guiado pela queda do nível de preços nos países desenvolvidos. O Brasil, apesar de não estar blindado contra os impactos nega-tivos desse desdobramento, ainda possui re-cursos monetários e até mesmo fiscais para reagir. Ao menos no curto prazo.

Governo Dilma

O governo da presidente Dilma Rous-seff está tomando medidas acertadas, na opinião de Carlos Thadeu de Freitas. “É provável que haja um aperto fiscal, não como gostaríamos, mas o governo está dando sinais de que vai conter um pouco os gastos públicos. Está dando sinais tam-bém de que a taxa de juros pode cair. O Brasil não pode hoje se dar ao luxo de ter um setor público que gasta demais, porque o Brasil pode cair como a Grécia caiu, e com uma dívida muito maior”, alertou.

Em 29 de agosto, o governo anunciou a economia de R$ 10 bilhões a mais este ano, para evitar pressões inflacionárias adicionais e, com isso, abrir caminho para que o Banco Central (BC) pudesse reduzir os juros mais rapidamente. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o esforço para o chamado superávit primá-rio - a sobra entre as receitas e as despesas antes do pagamento de juros - passará dos atuais R$ 117,9 bilhões para R$ 127,9 bi-

lhões, ficando em torno de 3,2% do PIB. A meta fixada pelo governo é de 2,9% do PIB. “É um momento único que o Brasil tem de ter taxas de juros reais daqui a pou-co mais baixas, o que não houve depois da crise de 2008, porque o Banco Central derrubou a taxa de juros mas não reduziu tanto, pois optou-se por estímulos fiscais”, disse Carlos Thadeu de Freitas. “Acredito que, se o governo realizar um bom traba-lho fiscal agora, nós possamos conviver com juros mais baixos nos próximos anos, o que será bom para o Brasil”, complemen-tou. “O que pode levar a uma situação pior para o Brasil hoje em dia é acontecer um aprofundamento da recessão mundial, ou um crescimento muito fraco do mundo”.

Deflação

Na avaliação do chefe da Divisão Eco-nômica da CNC, um forte período defla-cionário pode estar a caminho para as economias desenvolvidas, principalmente a americana. Segundo ele, os agentes eco-nômicos estão cada vez mais relutantes em tomar dinheiro emprestado e emprestar – dados de atividade mostram claramente um declínio na produção. Isso significa uma redução de renda e maior perda de empregos que dificultarão ainda mais o pa-gamento do serviço da dívida pelas endivi-dadas famílias americanas.

“Uma vez que o crédito, juntamente com a produção, é que sustenta o preço dos ativos financeiros, estes também so-frerão deflação. Na medida em que isso acontecer, haverá uma perda adicional de riqueza, que reduzirá mais o consumo, a produção e o emprego, numa espécie de espiral deflacionária depressiva”, afirmou Carlos Thadeu de Freitas.

Para Carlos Thadeu de Freitas, da CNC, forte período deflacionário pode atingir economias desenvolvidas

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Dólar vai continuar sendo moeda importante no mundo

Impostos e taxas dificultam atividade comercial no Brasil

Abram Szajman, presidente da Fecomercio, questionou o cenário fu-turo para a economia mundial, durante a reunião de Diretoria da CNC. “O panorama do primeiro mundo é muito complicado. Os próximos dez anos serão complicados”, afirmou, para, em seguida, perguntar ao chefe da Di-visão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, sobre as consequên-cias que uma mudança no panorama econômico internacional poderia ge-rar. “As sociedades de primeiro mundo têm a vantagem de facilidade de ganho que as outras não têm. Hoje, a liquidez é tamanha no mundo que os ganhos estão se multiplicando para quem tem muito e acontece mais concentração de renda”, disse Carlos Thadeu. “O dólar é a moeda que ainda carrega outras moedas. Há muitas moedas indexadas ao dólar, inclusive a da China. O euro carrega poucas moedas, só as de seus próprios países e de alguns ou-tros da África. O dólar, apesar de um pro-cesso de queda, de depreciação, ainda vai continuar sendo uma moeda importante no mundo”, complementou o economista.

O presidente da CNC, Antonio Oliveira San-tos, abordou a análise macroneconômica feita pelo economista-chefe da CNC, Carlos Thadeu de Feitas, na reunião de diretoria da entidade, em agosto. “O que se percebe em tudo, deixan-do um pouco de lado a economia americana, da Europa, dos países mais ricos, é que no Brasil talvez seja melhor ganhar dinheiro na área espe-culativa do que comprando e vendendo merca-

doria”. O líder empresarial enfatizou que impostos e taxas como ICMS e ISS fazem com que a atividade comercial encontre muitas dificulda-des. “A concentração de riqueza, hoje, está crescendo mais do que no ritmo que observamos comumente. São considerações que se tornam necessárias e úteis, porque essa preocupação existe em todo o mundo, independente de o comércio ser maior ou menor, do estado em que está operando, da sua atividade, do seu ramo. Todos nós estamos preocupa-dos com o que vem pela frente”, disse Oliveira Santos.

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ECOS DA DIRETORIA

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REUNIÃO DE DIRETORIA

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A mobilização pelo aperfeiçoamento do Pronatec

A Câmara dos Deputados aprovou, em 31 de agosto, o substitutivo das três Comissões Técnicas – Educa-

ção e Cultura, Finanças e Tributação e Cons-tituição e Justiça - que analisaram o projeto de lei do Poder Executivo que cria o Progra-ma Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A proposta, aprovada em votação simbólica, tem como objetivo aumentar a oferta de cursos técnicos e de capacitação. Resultado de uma ampla dis-cussão com os diversos setores envolvidos, inclusive o Sistema Comércio, o Pronatec também foi tema da reunião da diretoria da CNC em agosto, quando ainda estavam em fase de ajustes diversos pontos do projeto de lei finalmente aprovado.

Na redação final foi inserido artigo – após negociações de última hora – que dá autonomia aos serviços nacionais de aprendizagem para a elaboração de cursos, em substituição ao artigo que simplesmen-te inseria esses serviços no sistema federal de ensino. O objetivo é agilizar o proces-so atual de autorização, bastante lento. O assunto também foi discutido na reunião do Conselho Nacional do Senac, em que o diretor-geral da entidade, Sidney Cunha, destacou o esforço para o entendimento do programa e o engajamento de todos.

Com o Pronatec, a expectativa é de que a formação de mão de obra para o comér-cio, serviços e turismo avance ainda mais. O projeto cria uma linha de crédito para as empresas capacitarem seus empregados e oferece bolsas de estudos técnicos para tra-balhadores beneficiários do seguro-desem-prego e de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. De 2012 a 2014, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), utilizando a capacidade física atual instalada, poderá chegar à mar-ca de 1 milhão de matrículas a mais apenas via Pronatec. Caso se concretize a previ-são de uma linha de crédito especial para a expansão da rede física, que está sendo estudada pelo BNDES, serão necessários investimentos de R$ 1,5 bilhão, o que per-

mitirá ao Senac praticamente duplicar a sua oferta anual total de matrículas, de cerca de 1,1 milhão, para 2 milhões.

“Tudo vai depender do aumento da de-manda que será estimulada pelas ações do governo”, disse o consultor da presidência da CNC, Roberto Nogueira Ferreira, em en-trevista ao jornal DCI. Sobre eventual aces-so do Senac à linha de crédito do BNDES, decisão voluntária da entidade, o consultor completou: “Não iremos comprometer o patrimônio já montado e vamos fazer o pa-gamento do financiamento com recursos a serem obtidos por meio do Pronatec”.

Como a CNC defendeu, o texto também estabelece que o Sistema S, do qual o SESC e o Senac fazem parte, terá autonomia para criar e oferecer cursos e programas de edu-cação profissional e tecnológica, resguar-dada a competência da União para super-visionar e avaliar esses cursos. Na votação na Câmara, três destaques foram aprovados. Uma emenda do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que determina o estímulo à ex-pansão de oferta de vagas para pessoas com deficiência; outro da deputada Professora Dorinha (DEM-TO), que destina 30% das bolsas do Pronatec às regiões Norte e Nor-deste; além de emenda da deputada Carmen Zanoto (PPS-SC), que estabelece critérios mínimos de qualidade para que as institui-ções privadas sem fins lucrativos possam receber recursos do programa.

Programa foi tema da reunião de agosto da diretoria da CNC

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REUNIÃO DE DIRETORIA

Vice-presidente Administrativo Josias

Albuquerque: “Essa é uma questão de

grande interesse para todos nós”

Terceirização deve prever responsabilidade subsidiária

Um dos temas pendentes no uni-verso empresarial brasileiro, a regulamentação das atividades

de terceirização foi abordada na reunião de agosto da Diretoria da CNC. E a en-tidade reafirmou seu posicionamento em relação a dois dos principais aspectos nesse assunto: a responsabilidade subsi-diária e a possibilidade de terceirização de forma irrestrita, inclusive da ativida-de fim das empresas.

“Essa é uma questão de grande interes-se para todos nós”, disse o vice-presidente Administrativo, Josias Albuquerque, lem-brando que os empresários do comércio precisam estar prontos para os debates en-volvendo a terceirização. Josias enfatizou o parecer no qual a CNC defende que, no caso de descumprimento de responsabili-dades trabalhistas, o tomador de serviços somente poderá ser acionado depois de comprovada a impossibilidade de a presta-dora de serviços cumprir as determinações judiciais. De acordo com o parecer da CNC, é necessário, ainda, que haja compro vada negligência por parte do to ma dor de servi-ços em monitorar o devido cumprimen to do contrato celebrado. Já a chamada “respon-sabilidade solidária” iguala em obrigações o prestador e o tomador de serviços.

“Fomos, talvez, dos primeiros a defender a impossibilidade de sermos responsáveis solidários como empregadores perante as empresas terceirizadas”, disse o presi-dente da CNC, Antonio Oliveira Santos. “O assunto deve ser discutido, porque, se surge uma legislação dessa ordem, transfe-rindo para o contratante toda a responsabi-lidade do contratado, ninguém vai contra- tar ninguém”, afirmou Oliveira Santos.

O vice-presidente Laércio de Oliveira, que foi presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpe-za e Conservação (Febrac), enfatizou que a posição da CNC é conhecida e que a atuação de todos deve ser no sentido de alinhar todas as confederações, para que o objetivo seja alcançado. “São vários os projetos que tra-mitam na Câmara”, observou Laércio, que é também deputado federal (PR-SE). “Vamos extrair um relatório único, que será o projeto que apresentaremos ao presidente da Câmara dos Deputados. Já conversamos com ele para que esse projeto seja levado a Plenário. Eu defenderei a subsidiariedade”, completou.

O cuidado na contratação de empresas idôneas foi um dos aspectos enfatizados pelo diretor Francisco Valdeci Cavalcan-te. Segundo ele, a eventual contratação de uma empresa que não cumpra as obriga-ções com seus empregados poderá acar-retar problema para a tomadora de servi-ços. “Esse é o cuidado que devemos ter na hora de discutir esse assunto, porque, senão, vamos terminar sendo condenados em qualquer reclamação trabalhista que houver”, argumentou.

Marco Aurélio Sprovieri disse discordar de que haja responsabilidade subsidiária ou solidária em relação à prestadora de servi-ços no atendimento da atividade meio (ser-viços de limpeza, segurança, entre outros). “Eu não posso atestar se o vigia é qualificado ou não. Se ele foi contratado, subentende- -se que seja qualificado, esteja treinado e com seus encargos trabalhistas recolhidos”, disse Sprovieri. “A terceirização é uma atividade extremamente importante para todo o setor empresarial do Brasil. Mas acredito que haja certa confusão na questão da atividade fim e da atividade meio”, completou.

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Fenavist quer instrumentos justos e que tragam segurança jurídica

Para a Febrac, ampliação da solidariedade pode fechar mercado

O presidente da Federação Nacional dos Sindicatos das Empre-sas de Segurança, Vigilância e de Transporte de Valores (Fena-vist), Odair de Jesus Conceição, considera de extrema importância que se construa um instrumento legal que dê segurança a quem vai contratar um serviço terceirizado e se crie um mecanismo justo de contratação. Em relação à responsabilidade subsidiária, Odair acre-dita que ela dá meios para que se busque a terceirização de forma responsável, com acompanhamento. “Pre-cisamos ter na legislação mecanismos que possam dar segurança jurídica para a ter-ceirização bem feita”, afirmou.

A terceirização é fundamental ao desen-volvimento do País, lembrou o presidente da Fenavist. “É preciso que as empresas mantenham o foco em seu negócio principal para atingir os melhores resultados”, disse Odair. “Quando a empresa tem que se di-vidir, pensando em uma série de atividades secundárias, que podem ser delegadas, o obje tivo final é desprezado”, completou.

A responsabilidade solidária amplia demais a participação do tomador de serviços e pode resultar em um fechamento do mercado de ter-ceirização. Essa é a opinião de Ricardo Costa Garcia, presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac). “Entendo que a subsi-diariedade é mais apropriada para este momen-to e compartilho integralmente da posição da CNC”, manifestou-se.

O dirigente elogiou também o posiciona-mento da CNC pela terceirização ampla, não se limitando às ativi-dades meio. “Entendemos que os tomadores de serviço têm que ter liberdade para terceirizar o que quiserem, porque vivemos em uma economia com concorrência acirrada, que busca formas de reduzir custos. E se reduzir custos com a terceirização é um dos caminhos legais, por que não utilizá-lo?”, questionou.

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ECOS DA DIRETORIA

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30

INSTITUCIONAL

3030 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

STF extingue depósito prévio para recorrer de

multas trabalhistas

Plenário considerou inconstitucional a exigência de depósito para recorrer de multas

impostas por fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu, em vota-ção unânime, a Arguição de Des-

cumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.º 156, ajuizada pela Confedera-ção Nacional do Comércio de Bens, Servi-ços e Turismo (CNC), contra a obrigação de o empregador realizar depósito para re-correr, no âmbito administrativo, de even-tual penalidade imposta pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego.

“O resultado prático dessa decisão é que o empresariado em geral está, a partir de agora, desobrigado dessa exigência”, explicou o chefe da Divisão Sindical da Confederação, Dolimar Pimentel.

O STF decidiu favoravelmente à ação da CNC, que deu entrada em 5 de dezem-

bro de 2008, contrária ao parágrafo 1º do artigo 636 da Consolidação das Leis do Tra-balho (Decreto-Lei nº 5452, de 1º de maio de 1943), com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28 de fevereiro de 1967, que exigia o depósito prévio como condição para interpor recurso administrativo.

No julgamento, o Plenário confirmou jurisprudência vigente na Suprema Corte desde 2007. Os ministros endossaram o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia Rocha, que aplicou a Súmula Vinculante 21, aprovada pelo Plenário do STF em 29 de outubro de 2009. Segundo essa Súmula, “é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévio de di-nheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”.

STF desobriga empresário de

fazer depósito para recorrer de multas

trabalhistas

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31CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 31

INSTITUCIONAL

Representantes das cinco principais confederações empresariais do país (CNC, CNI, CNT, CNA e Consif)

entregaram ao ministro Gilmar Mendes um documento no qual solicitam que o Supre-mo Tribunal Federal (STF) se abstenha de regulamentar a questão da proporcionalida-de do aviso prévio nas chamadas despedidas arbitrárias, ou demissões sem justa causa, e fixe um prazo para que o Congresso Na-cional o faça. Gilmar Mendes é o relator de mandados de injunção (decisão em caso es-pecífico na falta de norma regulamentadora) sobre a proporcionalidade do aviso prévio. Os memoriais, como o documento é chama-do, também foram entregues em audiências com outros quatro ministros do STF: José Antonio Dias Toffoli, Celso de Mello, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello, que demons-traram preocupação com o impacto do Aviso Prévio Proporcional nos custos das empre-sas - especialmente nas micro e pequenas empresas - , na forma apresentada pela CNC na audiência pública no Senado Federal, com o senador Paulo Paim (PT-RS).

O vice-presidente da CNC José Rober-to Tadros representou a Confederação na audiência com o ministro Gilmar Mendes. Na reunião da Diretoria de agosto, ao fa-lar sobre o encontro, Tadros destacou a oportunidade de o setor empresarial poder apresentar os argumentos favoráveis a que o assunto seja apreciado e decidido pelo Congresso. “Levamos nossa preocupação ao ministro, dizendo que, se isso fosse re-solvido no âmbito do Supremo Tribunal Federal, nós não saberíamos avaliar o pas-sivo regressivo que geraria, e que isso que-braria empresas”, disse o vice-presidente.

Além de José Roberto Tadros, partici-param da audiência em Brasília, em 17 de

Confederações pedem que Supremo se abstenha sobre aviso prévio

agosto, os presidentes das Confederações Nacionais da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade; dos Transportes (CNT), Clésio Andrade; e da Federação Brasileira de Ban-cos (Febraban), Murilo Portugal.

As confederações patronais afirmam que não pretendem interferir no julgamento dos mandados de injunção impetrados por ex-funcionários da Vale do Rio Doce, mas ar-gumentam que a criação de regras alterando o prazo de concessão do aviso prévio pode levar ao “comprometimento do princípio da separação dos poderes, prejudicando a inde-pendência e a harmonia entre os poderes”. “O assunto é exclusividade do Congresso Nacional”, reafirmou o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos.

Outra argumentação expressa no do-cumento entregue nas audiências com os ministros do STF é a de que prazos muito superiores aos 30 dias praticados atualmente aumentariam os custos trabalhistas, já eleva-dos, agravando a competitividade das em-presas nacionais. Segundo o consultor José Pastore, no Brasil, os encargos trabalhistas representam 102,6% da folha de pessoal, contra 9% nos Estados Unidos. “A medida estimularia a informalidade e restringiria a oferta de emprego”, diz o documento.

No dia 22 de junho, ao julgar processos movidos por ex-funcionários da Companhia Vale do Rio Doce, o STF decidiu, por una-nimidade, regulamentar a proporcionalidade do aviso prévio. Instituído no inciso XXI do artigo 7º da Constituição Federal, o dispo-sitivo fixa em 30 dias o prazo mínimo do pagamento do aviso prévio e estipula uma proporcionalidade de acordo com o tempo de serviço, mas a matéria até hoje não foi discutida no Congresso Nacional.

Representantes das confederações patronais durante audiência com ministro Gilmar Mendes

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200820092010

Parcial 2011

397

582 603516

EntidadesTreinadas

PessoasTreinadas

715

980

805

1252

967 977 988 990

650699

752 762

406 436 419

EntidadesSicomércio

Adesão aoSEGS

Reconhecimentos

Resultados Gerais 2008-2011200820092010

Parcial 2011

32

INSTITUCIONAL

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13832

O Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), da CNC, que adota o modelo do Prêmio Nacio-

nal da Qualidade para incentivar a excelên-cia na gestão das federações e sindicatos filiados ao Sistema Comércio, foi apresen-tado à Rede de Disseminação, Informação e Capacitação, um dos seis comitês temáticos do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPEs) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A apresentação aos integrantes da Rede foi realizada em 10 de agosto, em reunião do

Fórum na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em Brasília. “Desenvolver a gestão das entida-des de representação empresarial é um im-portante passo para que possam liderar pelo exemplo”, disse em sua palestra o assessor técnico do Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC, Rodrigo Wepster.

Segundo ele, a ação parte de um diagnós-tico gerencial da entidade, que inclui a identi-ficação de pontos que precisam ser desenvol-vidos, e passa pela implantação de um plano de melhorias, com a utilização de ferramen-tas, capacitação e consultoria disponibiliza-das pela CNC às federações e aos sindicatos.

Entre os principais benefícios do SEGS estão a diversificação dos produtos e ser-viços oferecidos, incluindo a replicação do próprio programa pelos sindicatos nas empresas; a formação de rede de relacio-namentos com empresários, políticos e a sociedade; e o aumento da capacidade de atendimento aos empresários. Wepster in-formou ainda que, de janeiro a julho deste ano, o SEGS foi estendido a 815 pessoas de 516 entidades do Sistema.

O Fórum das MPEs é presidido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel. Trata-se de um espaço de de-bates entre o governo e o setor privado para elaborar propostas e ações de polí-ticas públicas orientadas às MPEs. Além da Rede de Disseminação, Informação e Capacitação, fazem parte do Fórum os comitês de Comércio Exterior, Compras Governamentais, Desoneração e Desbu-rocratização, Investimento e Financia-mento e Tecnologia e Inovação.

CNC mostra sistema de excelência a micros e

pequenas empresas

Programa SEGS ajuda na formação de rede de relacionamentos com empresários, políticos e sociedade

Page 35: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Do que trata a Segunda Seção do Carf

À 2ª Seção cabe processar e jul-gar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que ver-sem sobre a aplicação da legislação de:

- Imposto sobre a Renda de Pessoa Física;

- Imposto de Renda Retido na Fonte;- Imposto Territorial Rural;- Contribuições Previdenciárias, in-

clusive as instituídas a título de substi-tuição e as devidas a terceiros, definidas no artigo 3º da Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007; e

- Penalidades pelo descumprimento de obrigações acessórias pelas pessoas físicas e jurídicas, relativamente aos tri-butos de que trata esse artigo.

33CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 33

INSTITUCIONAL

Os conselheiros representantes da CNC na 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fis-

cais (Carf), do Ministério da Fazenda, fizeram, em 25 de agosto, seu segundo pré-encontro para discutir pontos con-trovertidos dos temas que constam da pauta do Encontro Nacional, agendado para outubro. O evento, promovido pela Assessoria de Gestão das Representações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, foi realiza-do na sede da entidade, em Brasília.

Entre os temas mais debatidos pelos cerca de 30 conselheiros estavam sigi-lo bancário, compensação e decadência (perda do direito pelo decurso de prazo). No Encontro de 25 de outubro, o foco das discussões serão temas relacionados à in-fluência das decisões do Supremo Tribu-nal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos julgamentos do Carf, revelou o coordenador do pré-encontro e advogado da Divisão Sindical da CNC, Antônio Lisboa Cardoso.

A repercussão geral é um instrumento por meio do qual o Supremo Tribunal Federal se-leciona os Recursos Extraordinários que ana-lisará, de acordo com critérios de relevância jurídica, política, social ou econômica. Esse filtro recursal diminui o número de proces-sos encaminhados à Suprema Corte.

Já o recurso especial repetitivo é uma norma que dispõe que, quando houver multiplicidade de recursos com funda-mento em idêntica questão de direito, cabe ao presidente do Tribunal de origem admitir um ou mais recursos represen-tativos da controvérsia e encaminhá-los ao STJ. Os demais ficam suspensos até o pronunciamento definitivo do Tribunal.

Conselheiros da CNC no Carf debatem pauta nacionalPreocupam em particular os conselheiros os recursos recebidos de acordo com a sistemática da repercussão geral (STF) e recursos especiais repetitivos (STJ)

Os participantes da reunião debateram, entre outros temas, sigilo bancário, compensação e perda do direito pelo decurso de prazo

Page 36: Revista CNC Notícias - setembro 2011

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Empreendedorismo Digital incentiva empresários a

investir em tecnologia

Amazonas e Mato Grosso recebem as palestras do projeto, que mostra os benefícios do mundo digital

nas ações do mundo corporativo

O projeto Empreendedorismo Di-gital 2011 realizou eventos no Amazonas e em Mato Grosso,

nos dias 26 e 30 de agosto, respectivamen-te. O objetivo é levar os empreendedores e os dirigentes sindicais a compreender como podem se beneficiar dos recursos di-gitais, por meio de palestras e workshops com especialistas, no contexto do mundo globalizado e das exigências de clientes quanto à qualidade dos serviços prestados.

No Mato Grosso, o presidente da Fe-deração do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado, Pedro Nadaf, fez o discurso de abertura e reafirmou que as

possibilidades do mundo digital são imensas. “O grande objetivo do pro-jeto é melhorar o processo de gestão e de empreendedorismo de forma legal e correta, utilizando o instrumento

digital. Cabe aos empreendedores desper-tar para essas mudanças”, afirmou.

Um dos palestrantes do projeto Em-preendedorismo Digital foi Natan Schi-per, representante da CNC no Conselho Nacional de Combate à Pirataria, que falou sobre o panorama da pirataria no Brasil e como frear seu crescimento. “Se fôssemos juntar todos os CDs e DVDs piratas comercializados no país de 2006 até hoje eles dariam uma volta e meia no planeta Terra. Só no ano passado, 70,2 milhões de brasileiros consumiram pro-dutos piratas, o que equivale a 48% da população”, discursou Schiper.

As redes sociais e os blogs também entraram na discussão por meio da pales-tra do professor da Escola de Negócios Contábeis, Roberto Dias Duarte, que mostrou que é possível ganhar dinheiro com as redes sociais digitais, bastando um pouco de esforço e tempo para apren-der a usar as ferramentas. Duarte também ministrou outra palestra, apresentando formas de utilizar o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), sistema in-formatizado da Receita Federal que ofi-cializa virtualmente os arquivos digitais das escriturações contábil e fiscal.

Para falar de motivação, o palestrante William Caldas, comunicólogo com espe-cialização em Gestão do Conhecimento pela Fundação Getúlio Vargas, apresen-tou formas bem-humoradas para tornar a equipe mais dinâmica e mais alinhada com os objetivos da empresa.

Pedro Nadaf (foto menor) faz o discurso

de abertura em Mato Grosso e

Roberto Duarte ministra palestra na

Fecomércio-AM

PRODUTOS CNC

3434 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

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Divulgação

William Caldas

35CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 35

ENTREVISTA

Empreender é ter visão de longo alcanceEm entrevista à Revista CNC Notícias, William Caldas, especialista em estratégias de atendimento a clientes, fala sobre as palestras motivacionais que integram o escopo do projeto Empreendedorismo Digital, oferecido pela CNC a sindicatos de todo o Brasil

O que é o pensamento empreendedor?O modelo mental de um empreende-

dor, seja ele gestor ou colaborador, possui características importantes, que impac-tam fortemente o negócio. Colaboradores empreendedores pensam e agem como se fossem donos do negócio, pensam nos impactos de uma decisão mal tomada e comprometem-se com o resultado coleti-vo. Gestores empreendedores são profis-sionais que se relacionam com a equipe e que possuem visão de longo alcance. O gestor empreendedor tem na equipe não simplesmente colaboradores, mas aliados, e reconhece que é a partir do seu com-prometimento com o grupo que melhores resultados virão por parte da equipe. Em-preendedores amam correr riscos, adoram planejamento, pensam coletivamente, sonham com resultados magníficos e co-locam os dois pés no chão para construir suas metas. E, sobretudo, entendem que os clientes de hoje, além de compararem preço, comparam as “experiências de com-pra”. Quem, nesse momento, provocar ex-periências fantásticas a seus clientes, mais se destacará no mercado a longo prazo.

Você afirma em palestra que as empre-sas precisam investir mais no clima orga-nizacional. Por que isso é tão importante?

A base de todo processo de mudança está em dois importantes ingredientes: conheci-mento e clima. O conhecimento é constru-ído por cada pessoa na equipe a partir de informações estratégicas, e o clima é o que constrói o ambiente favorável a mudanças, à criatividade e à inovação – em outras pala-vras, é o “sal” da receita. Para inovar, é pre-

ciso cultivar um clima positivo, pois só as-sim aguçaremos os talentos que temos nas empresas e eles produzirão ideias fantásti-cas para o bom resultado da organização.

Quais as principais dificuldades que os empresários enfrentam hoje com a falta de mão de obra disponível?

Os profissionais melhor preparados estão empregados nesse exato momento. Quem está desempregado, muito possi-velmente, tem carência ou falta de for-mação. A alta exigência das organizações nos currículos faz com que os mal prepa-rados esperem um pouco mais na fila de oportunidades. Por isso, costumo dizer aos colaboradores, nas palestras: “se o seu currículo está até hoje igualzinho ao final do ano passado, você pode estar desatuali-zado sobre muitos conceitos que evoluem de forma rápida no mercado”.

Quais os impactos, nos negócios, da di-ficuldade de encontrar mão de obra e o que pode minimizar o problema?

A meu ver, as empresas deveriam “virar esco las”, o que significa formar pessoal por meio de cursos, seminários, palestras e trei-namentos. Isso solucionaria o problema que muitas enfrentam para encontrar pessoas preparadas. Um conselho que sempre dou aos líderes, durante palestras e consultorias, é: preparem suas equipes para assumirem novos desafios dentro da empresa. O Em-preendedorismo Digital, promovido pela CNC em todos os estados, é hoje um dos melhores eventos itinerantes do Brasil, pois promove a capacitação de empresários, gestores e colaboradores.

Page 38: Revista CNC Notícias - setembro 2011

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1383636

TURISMO

Eraldo Alves da Cruz; Flávio

Dino, presidente da Embratur; e

Alexandre Sampaio, coordenador da CET

Eraldo Alves da Cruz: excelência no trabalho com

o turismo agora a serviço da Secretaria-

Geral da CNC

Integrantes da Câmara Empresarial de Turismo (CET) da CNC se reuniram, em 24 de agosto, para discutir as princi-pais ações voltadas para o trade turísti-co. O coordenador da CET e presidente da Federação Nacional de Hotéis, Ba-res, Restaurantes e Similares, Alexandre Sampaio, conduziu a reunião, que teve a presença do presidente da Embratur, Flá-vio Dino. Durante a reunião, Sampaio comentou sobre os resultados da porta-ria da prefeitura do Rio de Janeiro, que incentivou o crescimento da indústria

hoteleira na cidade. “A previsão era atin-gir, em 2015, o número de quartos neces- sários para 2016. Agora iremos atingir em 2013. O Rio está incorporando mais 11 mil quartos até 2013, atingindo com sobra a meta do compromisso assinado com o COI para 2016”, afirmou Sampaio.

Convidado a participar da reunião, o presidente da Embratur, Flávio Dino, de-fendeu o modelo de parcerias entre o Mi-nistério do Turismo e as entidades do se-tor, integrantes do Conselho Nacional de Turismo, destacando o seu bom funciona-mento desde a criação da pasta. “As parce-rias público-privadas são uma singularida-de do setor e consideramos estas parcerias parte estruturante das políticas públicas para o turismo”, afirmou Dino, que disse que quaisquer irregularidades encontradas nas parcerias devem ser punidas. “O ca-minho é eliminar as fragilidades por meio de chamamentos públicos e do aperfeiçoa-mento dos convênios”, declarou.

CET: meta para quartos no Rio de Janeiro será atingida em 2013

Eraldo Alves da Cruz assume a Secretaria-Geral da CNC

O chefe da Assessoria de Turismo e Hos-pitalidade da CNC, Eraldo Alves da Cruz, passou a exercer a função de secretário-ge-ral da entidade em 1° de setembro de 2011. A mudança foi realizada pelo presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos. “Recebi o convite do presidente Oliveira Santos com orgulho e satisfação. Com força, coragem,

serenidade, entusiasmo, otimismo, deter-minação, muita fé em Deus e sabedoria, poderei fazer um bom trabalho em prol da CNC”, afirmou Eraldo.

Com vasta experiência no Sistema, ad-quirida por meio dos diversos cargos que exerceu em Sindicatos e na Fecomércio- -DF, sempre trabalhou pelo turismo brasi-leiro. Eraldo participou da criação da Asses-soria de Turismo e Hospitalidade e também da reformulação das ações do Conselho de Turismo da CNC, passando a trabalhar ma-crotemas de interesse do setor. Antes disso, Eraldo exerceu na CNC a função de asses-sor para Assuntos Institucionais e Turismo da Presidência na Assessoria junto ao Po-der Legislativo (Apel), em Brasília. Eraldo também é membro suplente do Conselho Nacional de Turismo, do Ministério do Tu-rismo, onde representa a CNC.

Page 39: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Conselho de Turismo recebe presidente da Embratur

37CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 37

TURISMO

O Conselho de Turismo da Confedera-ção Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) deu iní-

cio, em 24 de agosto, no Rio de Janeiro, aos debates relativos ao macrotema Turismo Re-ceptivo e Qualificação Profissional. Para ini-ciar os trabalhos, foi convidado o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embra-tur), Flávio Dino de Castro e Costa.

Flávio Dino apresentou dados da econo-mia no que se refere ao turismo. Segundo ele, a receita turística internacional, no acu-mulado de janeiro a julho deste ano, chegou a US$ 3,859 bilhões, um crescimento de 14,48% em relação ao mesmo período de 2010. Ainda de acordo com o presidente da Embratur, o gasto de turistas no Brasil foi de US$ 489 milhões em julho, uma alta de 11,68% em relação a julho do ano passado.

Já o gasto dos brasileiros no exterior, no acumulado de janeiro a julho, foi de US$ 12,380 bilhões e, somente em julho deste ano, de US$ 2,196 milhões. Ao contrapor despe-sas e receitas com a atividade turística, existe um deficit de janeiro a julho deste ano, da ordem de US$ 8.521 bilhões. “Se o câmbio é, de fato, uma adversidade, devemos tratar da ampliação da competitividade, proporcio-nando ao turista uma experiência positiva”, afirmou Flávio Dino ao analisar os números.

O presidente da Embratur elencou ainda alguns fatores que podem proporcionar um cenário de mudança para o turismo brasi-leiro, como o aumento do poder aquisitivo da população brasileira, com a chegada de aproximadamente 40 milhões de pessoas à classe média, considerando o período de ja-neiro de 2003 a maio deste ano; o aumento no volume de viagens domésticas e inter-

nacionais; e a mudança no modal de trans-porte turístico, de rodoviário para aéreo.

“Nossa intenção, ao promover interna-cionalmente o turismo brasileiro, é ampliar o conhecimento do país como destino tu-rístico em toda a sua diversidade, utilizan-do o perío do pré-Copa”, disse Flávio Dino. Segundo ele, outro objetivo da Embratur é despertar o interesse de visitar o Brasil não apenas durante a Copa do Mundo, mostran-do os atrativos para negócios, lazer, família, esportes, aventura e natureza. “Um evento esportivo do porte de uma Copa do Mundo é como uma grande vitrine do país no exterior e corresponde a um salto de décadas no de-senvolvimento do turismo e da infraestrutu-ra”, complementou. Mais próximo ao even-to, a Embratur pretende estimular o desejo de visitar destinos além das cidades-sede, vir antes e permanecer depois da Copa. Para o evento são esperados 3 milhões de turistas nacionais; 600 mil turistas internacionais; 26,3 bilhões de espectadores acumulados; e 18,9 mil profissionais de imprensa.

O presidente da Embratur também deta-lhou o impacto que a Copa do Mundo tra-rá à economia do país, depois de realizada. Um dos destaques é a contribuição de apro-ximadamente R$ 183 bilhões para o PIB do Brasil até 2019, além de R$ 33 bilhões de investimentos diretos em infraestrutura (mo-bilidade urbana, aeroportos, portos, etc.). A geração estimada de empregos é de 700 mil novas vagas, entre temporários e permanen-tes, de 2010 a 2014. E, entre os setores mais beneficiados, segundo Flávio Dino, estarão construção civil, hotelaria e turismo, alimen-tos e bebidas, serviços prestados a empresas, serviços de informação e outros.

Flávio Dino, da Embratur, quer estimular a visitação ao Brasil antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2014

Page 40: Revista CNC Notícias - setembro 2011

“Brasil atingiu um novo patamar como destino turístico”

Flávio Dino

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1383838

ENTREVISTA

Em entrevista à CNC Notícias, o presidente da Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, destaca

as ações da entidade para promover o Brasil como destino turístico no exterior, entre outros assuntos

CNC Notícias - Como a Embratur vai trabalhar para ampliar o conhecimento do Brasil como destino turístico, utilizando o período pré-Copa do Mundo?

Flávio Dino - Nossas principais ações de divulgação dos destinos turísticos estão focadas nas 12 cidades-sede da Copa. A partir dessas capitais, estamos elaborando roteiros de viagem – que serão validados com os estados e apresentados no próxi-mo Congresso da Abav. Nossa meta é que no mínimo 25% dos 600 mil turistas que virão para a Copa conheçam mais de um destino turístico. Também estamos focan-do nossas press trips nas 12 cidades e nos roteiros. Faremos ainda este ano mais 11 press trips, com jornalistas de sete países. Outra ação é o lançamento, ainda este ano, da série de vídeos 360 graus, com imagens panorâmicas de roteiros turísticos associa-dos às cidades-sede – o internauta poderá interagir com essas imagens como se es-tivesse pilotando um helicóptero com o seu mouse. Por fim, vamos também alterar nosso estande para feiras internacionais, focando a imagem da Copa do Mundo.

Qual é a meta para visitação de turistas internacionais ao Brasil em 2014?

Nossa meta é alcançar a marca de 7,2 milhões de turistas internacionais em 2014, sendo que destes, 600 mil somente durante o período dos jogos da Copa. Essa estimativa é avaliada anualmente e foi re-vista em 2011; mesmo revista, a previsão de crescimento é recorde para o Brasil.

Na reunião da Câmara Empresarial de Turismo da CNC, o senhor citou dados estatísticos referentes aos estrangeiros que mais visitam o Brasil, com os ameri-canos em segundo lugar, após os argenti-nos. Com a flexibilização da política para concessão de vistos poderíamos dobrar o número de americanos no Brasil? Se

sim, porque não se encontra uma solu-ção ágil para a questão?

Acho importante fazer esse debate, ob-jetivando ampliar o ingresso de turistas dos EUA no Brasil. Considero que este pode ser um caminho, voltar a discutir o tema no Congresso Nacional para achar a melhor forma, sempre lembrando que precisamos respeitar atos normativos, inclusive tratados internacionais. Quem conduz a política ex-terna brasileira é o Itamaraty, que leva em conta o princípio da reciprocidade.

A digitalização da Ficha Nacional de Registro de Hóspedes – que está sendo pro-posta pelo Ministério do Turismo (MTur) como um projeto que não promoverá o le-vantamento de todos os dados necessários – não seria precipitada? As entidades hote-leiras não deveriam ser ouvidas?

Considero uma bela iniciativa a pro-posta de digitalização da ficha de registro de entrada em hotéis. A medida permitiria formar uma base de dados mais detalhada do turista tanto brasileiro quanto estran-geiro, possibilitando ao governo uma fonte rica de informações na hora de elaborar as políticas públicas para o setor. E, com cer-teza, isso beneficia a todos que trabalham com turismo. Essa proposta está em fase de análise pelo Ministério do Turismo, que já se manifestou totalmente aberto a suges-tões do setor hoteleiro.

O empresariado participou, no âm-bito do Conselho Nacional de Turismo (CNT), da construção do documento que gerou o Plano Nacional de Turismo, no qual estão inseridas as necessidades de promoção do Brasil no exterior. Que mercados serão priorizados?

O Brasil atingiu um novo patamar como destino turístico. Nós mais do que dobramos a entrada de divisas geradas por turistas in-ternacionais, atingindo um crescimento de

Page 41: Revista CNC Notícias - setembro 2011

Flávio Dino

39CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 39

ENTREVISTA

139%, de 2003 a 2010. Um crescimento bem acima da média mundial, que foi de 75% no mesmo período. Portanto, partimos de uma base vitoriosa, sobre a qual queremos in-tensificar algumas ações. Em minha gestão pretendo dar uma nova ênfase à América do Sul, sem prejuízo dos outros mercados. Hoje, 75% da malha aérea brasileira está de-dicada à América do Sul e aos Estados Uni-dos. Os países sul-americanos figuram entre os 15 maiores mercados emissores de turis-tas para o Brasil. O nosso continente está em um momento bastante promissor.

O senhor entende que o modelo de par-ceria entre o Mtur e as entidades patronais com assentos no CNT é válido?

O governo Lula inaugurou e o governo Dilma dá sequência a um novo patamar de relação Estado-sociedade-mercado, com um diálogo permanente para a formulação de políticas públicas e também pela parceria na hora da realização das ações. No caso do tu-rismo, vale a mesma regra. Por isso, acredito que não só o Conselho Nacional de Turismo continuará dando sua contribuição na elabo-ração de políticas públicas para o setor, mas as entidades que trabalham a questão turísti-ca continuarão tendo um grande papel.

A Embratur utiliza o sistema das par-cerias público-privadas para atingir seus objetivos. Diante de tantas mudanças ocor-ri das, qual o melhor caminho para elabo-rar convênios onde a ética e a transpa-rência predominem no processo?

A necessária apuração, pelos órgãos pú blicos de fiscalização, de suspeitas de irregularidades não pode servir de jus-tificativa para vetar qualquer forma de parceria entre Estado e sociedade. Como afirmei, vejo a parceria entre Estado e sociedade como um princípio da demo-cracia, e acredito que atingimos um novo patamar nessa relação nos governos do

presidente Lula e da presidenta Dilma. No caso específico do turismo, é inimaginá-vel desenvolver o setor sem uma parceria muito estreita entre os poderes públicos, a iniciativa privada e a sociedade civil.

Na sua visão, quais são os pontos fortes do Plano Nacional de Turismo? E os pon-tos de difícil alcance no que se refere à sua esfera de atuação?

O Plano é um documento bem estrutura-do, com estratégias e prioridades muito bem definidas. Apresenta pontos positivos, como a gestão descentralizada, com um modelo flexível, coordenado com o envolvimento e a mobilização do poder público, iniciati-va privada e o terceiro setor. Já em relação aos desafios, eles são muitos. O mercado turístico internacional é altamente compe-titivo e temos questões a ser enfrentadas para adequarmos nossos produtos de forma a garantir a ampliação e a diversificação da oferta turística brasileira. Para atingir esse objetivo, não podemos contar apenas com o Ministério. É necessário o envolvimento de vários atores, dentro e fora do governo.

A CNC, por meio da Câmara Empre-sarial de Turismo e do Conselho de Turis-mo, tem promovido a interlocução do setor com o Congresso Nacional, produzindo massa crítica para auxiliar na confecção de políticas públicas voltadas para o trade. Como o senhor vê estas iniciativas?

A colaboração entre governo e setor em-presarial pode garantir o dinamismo neces-sário para o setor turístico no país e o forta-lecimento da imagem do Brasil no exterior. Por isso, vejo com muito bons olhos o ma-terial encaminhado à Embratur pela CNC, com contribuições do setor. Considero im-portante fomentar esse debate também entre os parlamentares, a fim de encontrarmos a melhor fórmula possível para garantir que o turismo tenha o destaque no Brasil.

Page 42: Revista CNC Notícias - setembro 2011

- Existem, no Brasil, 2.067 empresas do segmento.

- O setor emprega 11.637 funcionários.- 5,4 milhões de turistas buscam aven-

tura e atividades ao ar livre.- O faturamento das empresas su-

biu de R$ 491,5 milhões, em 2008, para R$ 515,9 milhões, em 2009.

Números do turismo de aventura

40

TURISMO

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13840

Ecoturismo dá salto de qualidade com Programa

Aventura SeguraCem empresas do segmento de Ecoturismo e Turismo de Aventura

tiveram seus sistemas de gestão da segurança certificados

O Ministério do Turismo, a Asso-ciação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventu-

ra (Abeta) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) divulgaram os resultados do Programa Aventura Segura (PAS), cujos destaques foram o crescimento do número de turistas e o consequente aumento da receita. O pro-grama, executado pela Abeta, tem o apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da CNC, Alexandre Sampaio, afirmou, na solenidade, realizada em 9 de agosto, na sede da entidade, em Brasília,

que o engajamento das empresas desse segmento num processo de qualificação e posterior certificação “deu enorme con-tribuição para o crescimento do turismo em geral, tornando o setor uma referên-cia mundial. É importante que o Brasil continue investindo para estar à altura de receber grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016”.

Já o gerente adjunto de Atendimento Coletivo, Comércio e Serviços do Sebrae Nacional, José Augusto Falcão, enfatizou “o forte impacto de ações bem planejadas na perspectiva de dar mais competitividade ao turismo de aventura”. O presidente da Abeta, Jean-Claude Razel, lembrou que o programa mudou a realidade das micros e pequenas empresas. A Abeta concluiu uma longa fase de estruturação dos 17 destinos contemplados pelo Programa, com qualifica-ção de empresas e condutores do segmento de Ecoturismo e Turismo de Aventura do Brasil, culminando com cem empresas com sistemas de gestão da segurança certificados.

O Aventura Segura tem o objetivo de qualificar empresas e profissionais do ecotu-rismo e turismo de aventura, auxiliando-os na adoção do Sistema de Gestão da Segu-rança, tendo como referência as normas da Associação Brasileira de Normas Técni-cas. Desde a sua criação, o programa mo-bilizou mais de 50 mil pessoas e qualificou mais de 5 mil profissionais.

Durante o evento, foi lançado o livro Programa Aventura Segura – Concepção, Metodologia e Resultados e divulgado o Relatório de Impactos do Aventura Se-gura, com informações dos 17 destinos em 13 estados, bem como a eficácia das ações. A certificação é uma espécie de Selo de Qualidade, garantindo a confor-midade do produto, serviço ou sistema de gestão de uma empresa.

Presidente da Abeta, Jean-Claude Razel,

apresentou resultados do Aventura Segura

e lembrou que o programa mudou a

realidade das micros e pequenas empresas

Page 43: Revista CNC Notícias - setembro 2011

41CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 41

EM FOCO

Governo anuncia mudanças na Lei Geral da Micro e Pequena EmpresaApresentado pela presidente Dilma Rousseff, projeto de lei complementar foi aprovado na Câmara dos Deputados e irá aumentar o teto para a receita anual das empresas enquadradas no Simples Nacional

O governo federal anunciou aumen-to de 50% em todas as faixas da ta-bela do Simples Nacional. A medi-

da faz parte do projeto de lei complementar que altera a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, lançado no dia 9 de agosto pela presidente Dilma Rousseff, em reunião no Palácio do Planalto, e aprovado pela Câma-ra dos Deputados em 31 de agosto.

Segundo a presidente, o projeto é impor-tante para estimular a competitividade entre as empresas brasileiras diante das adversi-dades na economia internacional. “Não são nossas empresas que são pouco competiti-vas. Nossas empresas, as pequenas, as mé-dias, as grandes, são competitivas. O que é muito pouco competitivo é o cenário in-ternacional, que tem assimetrias criadas de forma artificial”, afirmou Dilma.

O ministro da Fazenda, Guido Mante-ga, anunciou que o teto da receita bruta anual do empreendedor individual passará de R$ 36 mil para R$ 60 mil. Outra medida importante prevista no projeto é o parcela-

mento da dívida tributária para os empreen-dedores que estão enquadrados no Simples Nacional, o que até agora não era permitido. O prazo de pagamento será de até 60 meses.

“Desde 2008 que o mundo vive for-tes problemas econômicos que em alguns momentos se agravam. Em função disso, o nosso governo tem promovido o fortaleci-mento de vários setores da economia”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar as mudanças.

Ainda foram anunciadas as medidas que suspendem a obrigação da Declaração Anual do Simples, bastando apenas as declarações mensais, e a permissão para que micros e pequenas empresas possam exportar o mes-mo valor comercializado no mercado brasi-leiro, sem sair do Simples Nacional.

Passam a ser consideradas microempre-sas os empreendimentos com renda bruta anual de até R$ 360 mil (antes o limite era de R$ 240 mil). Já as pequenas empresas, cujo limite anterior era de R$ 2,4 milhões, passam a contar com teto de R$ 3,6 milhões.

Presidente Dilma Rousseff e ministros reunidos no dia do anúncio da PLC, que altera a Lei Geral da Microempresa

Page 44: Revista CNC Notícias - setembro 2011

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1384242

EM FOCO

CNC participa da elaboração de proposta empresarial

para os portosEntre os pontos incluídos no documento, elaborado pela

Comissão Portos, a extinção das licitações financeiras para arrendamento de áreas portuárias e a retirada da

tarifa-dragagem, que é tarefa governamental

Devidamente reestruturada, a Comis-são Portos – antigo braço de Ação Empresarial – agora passou a ser in-

tegrada apenas por entidades do setor. Nessa nova ordem, para tratar da necessária conti-nuidade da modernização dos portos – ini-ciada com a expedição de Lei nº 8.630/1993, que ajudou a promulgar –, da Co- missão fazem parte 16 entidades, abrangendo prati-camente toda a comunidade empresarial da área (usuários e prestadores de serviços).

À frente do grupo dos usuários (expor-tadores e importadores) estão as Confede-rações Nacionais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e da Indústria. Parti-cularmente a CNC – entre as empresas do comércio exportador/importador, vincu-ladas aos respectivos sindicatos e federa-ções estaduais – talvez seja a que reúna o maior número de usuários, entre a média de 50 mil existentes nos portos.

Na Proposta de Política Portuária para execução pelo governo, aprovada pela Comissão, foram incluídas três reivindi-cações básicas da CNC: participação das Federações de Comércio, da Indústria e da Agricultura no Bloco dos Usuários dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs); extinção das onerosas licitações financeiras para arrendamento de áreas portuárias e a retirada da tarifa-dragagem, que é tarefa governamental.

A análise detalhada da Proposta está na 5ª edição do livro Modernização dos Por-tos, atualizada até 2011, do assessor de Co-mércio Exterior da CNC, Carlos Tavares de Oliveira. A seguir, a íntegra do documento.

A 5ª edição do livro Modernização dos Portos, atualizada até 2011, do assessor de Comércio Exterior da CNC, Carlos Tavares de Oliveira, com prefácio do diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviá-rios (Antaq), Pedro Brito, foi lançada em 17 de agosto, na CNC. No evento, com coquetel oferecido pela enti-dade, estiveram presentes, entre outras personalidades, o vice-cônsul da China, Wang Xian, Mery Galanterni-ck, presidente da Associação dos Correspondentes Es-trangeiros, Edmundo Mercer, presidente da Comissão Portos, Wilen Manteli, presidente da Associação Brasi-leira de Terminais Portuários, Carlos Serra, presidente das Edições Aduaneiras, e Roberto Galli, vice-presi-dente do Sindicato Nacional dos Armadores.

Na foto, no lançamento, o autor, entre Paulo Fer-nando Marcondes Ferraz, presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE), e Ivan Rama-lho, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece).

Livro analisa proposta de modernização portuária

Page 45: Revista CNC Notícias - setembro 2011

43CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 43

EM FOCO

Política portuária para o crescimento econômico

Proposta da Comissão PortosMarço de 2011

1. PreâmbuloOs portos constituem importantes ins-

trumentos de desenvolvimento econômico- -social, requerendo medidas permanentes de aperfeiçoamento para a eliminação das dis-torções alimentadoras da ineficiência e dos elevados custos gerados por práticas inade-quadas e excesso de burocracia, além de po-lítica intervencionista. Para o Setor Empresa-rial, o Brasil, com cerca de 9 mil quilômetros de costa navegável e vasto território, neces-sita alcançar integração produtiva, promover investimentos, gerar empregos e ampliar as exportações de mercadorias e serviços. As-sim, precisa reconhecer a importância estra-tégica do setor portuário e atuar no sentido de solucionar seus principais problemas.

2. FundamentaçãoA nova realidade mundial tornou a ca-

pacitação competitiva fator absolutamente estratégico. O desenvolvimento tecnológi-co que propicia avanços na produtividade e saltos na qualidade induziu, de um lado, acordos que criam regras que disciplinam o comércio mundial, e, de outro, a proli-feração de acordos comerciais ou interna-cionais de caráter multilateral, regional, sub-regional ou bilateral, na busca de no-vos e maiores espaços econômicos, capa-zes de induzir a ampliação da produção,

da produtividade, da competitividade e da geração de emprego. Nesse contexto, os procedimentos de defesa comercial e pro-tecionismo saem do campo tarifário para medidas não tarifárias, sustentadas pela incorporação de tecnologias para elevar a produtividade ao máximo e pela crescente melhoria da capacitação competitiva.

Reflexo da adequação da economia bra-sileira a essa nova realidade, o comércio ex-terno do País cresceu perto de 3,5 vezes, ten-do saltado de pouco mais de US$ 110 bi, no final de 1995, para perto de US$ 350 bi, no final de 2008, subindo para US$ 383 bi em 2010, depois de enfrentar um declive acen-tuado em 2009, pico da crise internacional.

Colaborou para a obtenção desse cres-cimento exponencial a promulgação, em 1993, da Lei nº 8.630, conhecida como de Modernização dos Portos, que provocou ex-pressivas mudanças nas antigas, e reconhe-cidamente precárias, condições de logística portuária, abrindo as operações à iniciativa privada e disciplinando as atividades com a criação dos seguintes tipos de terminais:

1- Uso público;2- Uso privativo;a. Exclusivo, para movimentação de

carga própria;b. Misto, para movimentação de carga

própria e de terceiros;c. De turismo, para movimentação

de passageiros;d. Estação de Transbordo de Cargas.

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CNC NotíciasSetembro 2011 n°1384444

EM FOCO

Os terminais portuários batem seguida-mente recordes de movimentação de mer-cadorias, e o porto, de uma forma geral, apresenta movimentação de tonelagem de cargas cada vez maior.

Em paralelo, alguns outros avanços fo-ram obtidos e importantes medidas adota-das, como o reporto, que possibilitou um expressivo aumento nos investimentos em novos equipamentos, e a instalação de uma robusta rede de armazéns alfandegados em zona secundária, denominados inicialmen-te como Estação Aduaneira Interior (Eadi), hoje rebatizados de portos secos, que obe-decem à ideia de aproximar das empresas usuárias os serviços de desembaraço de mercadorias a serem nacionalizadas ou pre-paradas para exportação. Existem hoje em atividade, operados e administrados pela ini-ciativa privada, cerca de 63 portos secos, instalados em 14 estados, com uma área de armazenagem disponível em torno de 6 mi-lhões de metros quadrados.

A despeito dos grandes avanços obtidos após a promulgação da Lei nº 8.630/1993, per-manecem, ainda, algumas deficiências estrutu-rais e operacionais que merecem ser sanadas.

3. Princípios orientadores de uma Políti-ca Portuária Nacional

É imprescindível que o País tenha uma Política Portuária Nacional com funda-mento nos seguintes princípios: �Preservação e respeito aos marcos regu-latórios do setor, de forma a garantir es-tabilidade jurídica. �Primazia e importância dos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs) no planeja-mento, na administração e na coordena-ção dos assuntos que envolvam a admi-nistração do porto.

�Redução de Custos e melhoria da com-petitividade. �Desburocratização/minimização da in-terferência estatal. �Desoneração dos Investimentos. �Estímulo permanente à participação da iniciativa privada nos investimentos e na atividade portuária. �Alteração do atual sistema de arren-damento de áreas e instalações, dan do maior ênfase aos critérios de meno res ta-rifas e maior produtividade e menos des-taque ao valor financeiro ofertado pelos interessados na outorga. � Investimento em tecnologia e na forma-ção de mão de obra. �Melhoria da produtividade. �Melhoria da logística de acesso. �Administração do porto autônoma, ágil e com foco no mercado.

4. Principais medidas para ampliar a competitividade dos Portos

I. Melhoria das vias de acesso rodo-ferroviárias ao porto e da integração porto-ferrovia.

II. Implantação do projeto Porto sem Papel e redução do número de órgãos interve-nientes na atividade portuária.

III. Adoção de licitações na modalidade de projetos e menores tarifas básicas, com a eliminação das onerosas licita -ções financeiras.

IV. Fortalecimento dos Conselhos de Au-toridade Portuária (CAPs), envidando esforços para a participação das Federa-ções da Agricultura, do Comércio e da Indústria no bloco dos usuários.

V. Política permanente de estímulo aos in-vestimentos para construção, moderniza-ção e ampliação das instalações portuárias,

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45CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 45

EM FOCO

inclusive da rede de portos secos, com vis-tas a atender ao crescimento do comércio.

VI. Redefinição do sistema tributário e de taxações nos setores portuário e marítimo (entre outras, que sejam eliminadas as ta-xas a título de presença de carga, de emis-são de papéis, de certificações, de registro, de visita a navios).

VII. Continuação da atual política de dragagem.

VIII. Extinção da cobrança da tarifa de dra-gagem de manutenção.

IX. Estímulo à criação de Portos Concen-tradores de Cargas (Hub Ports), em condi-ções de operar os maxinavios de granéis e de carga geral.

X. Adequação e modernização das relações trabalhistas portuárias, atendendo às reco-mendações da OIT.

XI. Fortalecimento das navegações de ca-botagem e fluvial.

XII. Criação e implantação de medidas para a diminuição do tempo de trânsito de car-gas nos portos.

XIII. Revisão do atual modelo de prestação de serviços de praticagem nos portos brasi-leiros, visando à redução de preços e ao au-mento da eficiência e da competitividade.

XIV. Implementação de sistema de gestão operacional para racionalização e controle do tráfego marítimo (VTMS).

XV. Tornar efetivo o conceito “porto 24 ho-ras”, com a disponibilização ininterrupta e eficiente dos serviços essenciais.

XVI. Modernização e uniformização dos procedimentos e da interpretação da legislação por parte das autoridades in-tervenientes (Receita Federal do Brasil, Alfândegas, Anvisa, etc.).

5. Entidades Signatárias

�Associação Brasileira das Empresas Opera- doras de Regimes Aduaneiros (Abepra) �Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec) �Associação Brasileira dos Terminais Por-tuários (ABTP) �Associação Brasileira de Terminais e Re-cintos Alfandegados (ABTRA) �Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) �Associação Nacional das Empresas Per-missionárias de Portos Secos (ANPS) �Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Cargas (Anut) �Centro Nacional de Navegação Transa-tlântica (Centronave) �Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) �Confederação Nacional da Indústria (CNI) �Federação Nacional dos Operadores Por-tuários (Fenop) �Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) � Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) � Instituto Aço Brasil (IABr) �Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) �Sindicato Nacional das Empresas de Na-vegação Marítima (Syndarma)

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46

MEIO AMBIENTE

Grupo Técnico sobre MeioAmbiente debate destinode embalagens em geral

Encontro visou a alinhar a posição do comércio a ser levada ao Comitê Gestor. Próxima reunião será realizada com a presença

de representantes de Secretarias de Turismo

plexos relacionados ao meio ambiente, como a Política Nacional de Resíduos Só-lidos e os impactos para as empresas com a adoção da logística reversa (conjunto de procedimentos destinados a tornar viável a coleta e a restituição dos resíduos sólidos às empresas para reaproveitamento).

Palestras e exposições seguidas de deba-te deram o formato da reunião. Wanderley Baptista, da gerência-executiva de Meio Ambiente da Confederação Nacional da In-dústria (CNI), falou sobre os procedimentos adotados para a logística reversa. Já o dire-tor-executivo do Compromisso Empresarial pela Reciclagem (Cempre), André Vilhena, detalhou as iniciativas da entidade. Também fizeram exposições representantes dos cinco grupos temáticos dos quais a CNC faz parte: descarte de medicamentos, resíduos eletroe-letrônicos, lâmpadas, embalagens em geral e embalagens de óleos lubrificantes.

“A segunda reunião foi importante para alinhar a posição do comércio a ser levada ao Comitê Gestor”, afirmou o economis-ta Evandro Costa, coordenador técnico do GTT-MA. “O objetivo da CNC ao integrar cinco grupos temáticos é elaborar a propos-ta de logística reversa, bem como contribuir para a elaboração de edital para um acordo setorial”, enfatizou.

No final do encontro, foram definidos os encaminhamentos para a próxima reunião, a ser realizada nos dias 6 e 7 de outubro, no SESC Pantanal (MT). Evandro Costa informou que serão convidados represen-tantes de oito Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. O objetivo, segundo ele, é apro-ximar os governos estaduais das iniciativas do setor privado na área ambiental.

O comércio está mobilizado no pro-pósito de alinhar a posição das entidades do Sistema CNC/SESC/

SENAC, visando a definir ações para a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Com esse objetivo, 44 representantes de 33 entidades que integram o Grupo Téc-nico de Trabalho sobre o Meio Ambiente (GTT-MA) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) participaram de reunião, em 24 de agosto, na sede da entidade, em Brasília, para discutir o tema “Destinação das em-balagens em geral: o papel do setor de co-mércio de bens, serviços e turismo”.

Na abertura do evento, o vice-presi-dente Financeiro da CNC, Luiz Gil Siuffo, disse que, com a criação do GTT-MA, a entidade mostra o seu envolvimento e preocupação com um tema tão complexo como o meio ambiente. Alertou, porém, que para se propor subsídios consistentes ao governo para uma boa regulamentação, é preciso discutir à exaustão os temas com-

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Evandro Costa (à esq.) diz que o objetivo

da CNC é contribuir para a elaboração de

edital para um acordo setorial

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Joarez Venço, do Conselho de Sustentabilidade da Fecomércio-RS, apresenta a campanha

Fecomércio-RS espera retirar cem toneladas de resíduos sólidos do ambienteAções do Conselho de Sustentabilidade do Sistema Fecomércio- -SESC-SENAC-RS pretendem contribuir com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e fazer a coleta e a reciclagem desses materiais no Rio Grande do Sul

Os sindicatos filiados à Fecomércio-RS atuarão como agentes divulgadores das metas do programa, além de vistoriar os postos de recolhimento instalados em suas cidades.

“O objetivo do Sistema Fecomércio- -SESC-SENAC-RS com o lançamento da campanha é mobilizar o setor terciário e conscientizar cidadãos sobre a importân-cia da destinação correta de equipamentos eletrônicos e telefonia”, explica Joarez Venço, coordenador do Conselho de Sus-tentabilidade da Fecomércio-RS e vice-presidente da entidade.

A estimativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é de que, até 2030, o Brasil vai produzir 680 mil toneladas/ano de resíduos eletrô-nicos, e cada brasileiro será responsável pela geração de 3,4 quilos desse lixo di-gital. Outro dado preocupante revela que até 2020 o volume de resíduos proceden-tes de computadores crescerá 400% em países como a Índia e a África do Sul.

A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) lançou, no

dia 3 de agosto, uma campanha de susten-tabilidade que vai retirar do ambiente cem toneladas de resíduos sólidos como celu-lares, baterias, telefones de mesa, cabos, PCs e monitores, entre outros. Trata-se da Campanha de Recolhimento de Resíduos Eletrônicos e Telefonia Pós-Consumo.

A campanha vai contribuir com o cum-primento das exigências da Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010 pelo governo federal. A Fecomércio-RS, em pareceria com SESC, Senac, sindica-tos, prefeituras, entidades e empresas gaú-chas, disponibilizou postos de recolhimen-to no Estado. A empresa Trade Recycle é a responsável pela coleta dos resíduos e também vai destinar corretamente todo o material, fazendo 100% da reciclagem de tudo o que for coletado. A campanha está ativa desde 4 de agosto e vai recolher os resíduos até o dia 30 de setembro.

MEIO AMBIENTE

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48

MEIO AMBIENTE

48 CNC NotíciasSetembro 2011 n°138

CNC promove seminário sobre sustentabilidade e

legado da Copa 2014

Evento, realizado no SESC Pantanal (MT), teve a parceria das Comissões de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e

de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal

Para avançar em relação ao que foi feito até agora “é preciso preparar o caminho, e o Sistema S está apontando soluções”, afirmou Nadaf.

Ele mencionou o Programa Nacional de Educação Profissional Senac na Copa 2014, que, nos 12 departamentos regionais cujos estados sediarão jogos, oferecerá mais de um milhão de oportunidades. Nadaf citou ainda a construção de três hotéis-escola no Paraná, na Paraíba e em Pernambuco, os dois últimos em parceria com o SESC.

O Assessor Especial do Ministério do Esporte, Ricardo Gomyde, declarou que a Copa “constitui-se numa grande oportu-nidade de modernização da infraestrutura – investimentos de R$ 23 bilhões – e de promoção mundial do Brasil”, gerando um salto de qualidade nos serviços. Segundo ele, serão 3 milhões de turistas nacionais e 600 mil internacionais; cerca de 18,9 mil profissionais de imprensa e 375 emissoras mostrando o país para o mundo.

Gomyde revelou ainda que foram defi-nidas 11 câmaras temáticas (infraestrutu-ra, estádios, segurança e meio ambiente, etc.), “que permitirão à sociedade propôr políticas públicas e soluções técnicas, efi-cientes e transparentes, que garantam a formação de um legado alinhado aos in-teresses estratégicos do País”.

O diretor do Departamento de Gestão Estratégica e secretário substituto do Minis-tério do Meio Ambiente, Volney Zanardi, ressaltou a importância de o Brasil pensar o tema sustentabilidade “pelos seus dois prin-cipais vértices: a questão social, na qual o Brasil avançou muito, e a ambiental, em que o país ainda precisa de políticas públicas”.

O Brasil tem mostrado progresso em várias áreas na sua preparação para receber a Copa do Mundo,

em 2014. Mas é preciso avançar no debate de dois temas importantes para o País: os impactos de um evento dessa magnitude no meio ambiente e o legado que será her-dado pelos brasileiros. Com esse objetivo, o Sistema CNC-SESC-SENAC promoveu o seminário Políticas Ambientais para a Sustentabilidade na Copa do Mundo.

No encontro, realizado em 12 de agos-to, os participantes discutiram iniciativas dos poderes executivo e legislativo para a chamada Copa Sustentável. O presidente do Sistema Fecomércio-SESC-SENAC de Mato Grosso e diretor da CNC, Pedro Na-daf, abriu o Seminário dizendo que entre os principais legados que o Mundial dei-xará estão a afirmação do conceito de sus-tentabilidade e “a valorização da autoesti-ma de um povo apaixonado pelo futebol”.

Pedro Nadaf, que abriu o Seminário,

falou sobre a importância dos legados da Copa

do Mundo para os brasileiros

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Duas palestras seguidas de debate com parlamentares fecharam o Seminá-rio. O coordenador da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Susten-tabilidade da Copa 2014 no Ministério do Esporte, Cláudio Langone, disse que, embora a Fifa não tenha exigências na questão da sustentabilidade, o Brasil quer se destacar nessa área e servir de modelo para as próximas Copas. Lan-gone citou o que o Brasil deseja para a Copa do Mundo. “É uma agenda positi-va, de transição para a economia verde”: promover ações estruturantes em meio ambiente e sustentabilidade; articular iniciativas de sustentabilidade com po-líticas de inclusão social; reforçar sua liderança global na área e valorizar a condição de país megadiverso; e garan-tir um legado sustentável.

O diretor de Criação e Manejo de Uni-dades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-dade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Soavinski, falou sobre o Projeto Parques da Copa, que visa a consolidar destinos turísticos, tendo como âncora os 23 parques nacio-nais. Ele explicou que foi adotado como conceito para a escolha do destino que atingisse todos os biomas e ficasse a até três horas da cidade-sede da competição.

“O que se espera é o aumento da vi-sitação das unidades de conservação, qualificação da infraestrutura e servi-ços nos parques e entorno, valorização das unidades, interiorização do turismo, geração de empregos e distribuição de renda, aumento de arrecadação e desen-volvimento regional.”

49CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 49

MEIO AMBIENTE

Zanardi informou que o ministério orga-nizou um grupo de trabalho para atuar com uma visão nacional nas questões da Copa de 2014. Foram estabelecidas comissões para atuar com projetos em eixos temáticos, que geram a oportunidade de avançar em termos de sustentabilidade:

O Brasil não pode pensar em susten-tabilidade apenas por causa da Copa do Mundo, avaliou o presidente da Comis-são de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, Jonas Donizette. Para ele, há duas questões importantes em relação ao Executivo. A primeira são as obras urbanas de mobilidade, porque muitos dos turistas que virão ao Brasil têm o hábito, em seus países, de usar o transporte coletivo. “Ao atender essa demanda, estaremos deixando um legado para a nossa população.”

A segunda, acrescentou, é o governo agir com mais eficiência na questão profissiona-lizante. “É lamentável haver tantas pessoas desempregadas e centenas de vagas de em-pregos.” Donizette defendeu que escolas técnicas mapeiem os tipos de trabalho que serão mais demandados e treinem ou requa-lifiquem profissionais que aprenderam uma profissão que hoje não tem mais tanta pro-cura no mercado de trabalho.

O presidente da Comissão de Desenvol-vimento Regional e Turismo do Senado, se-nador Benedito de Lira, também disse estar preocupado com a qualificação de profis- sionais. “O turista, o internacional em parti-cular, cobra muito atendimento de alto nível.”

Outra preocupação é em relação à ce-leridade que órgãos oficiais e instituições privadas possam dar às ações de organi-zação da Copa, para atender às exigências de organismos internacionais, no que diz respeito ao meio ambiente, à estrutura de saneamento básico e à mobilidade urbana. Em sua opinião, o Brasil avançará meio século se houver engajamento de todos para dotar o país de infraestrutura para reali zar grandes eventos.

Representantes do Executivo e do Legislativo ouviram palestras e debateram as ações sob responsabilidade do Poder Público

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CNC NotíciasSetembro 2011 n°1385050

MEIO AMBIENTE

Ernane Galvêas, consultor da CNC,

Marcelo Drügg, vice--presidente da CCI, e o embaixador André

Corrêa do Lago. Mais abaixo, a ministra

Izabella Teixeira

Câmara de Comércio Internacional debate ações para a Rio+20Encontro na CNC teve a presença da ministra do Meio

Ambiente, Izabella Teixeira, e tratou dos preparativos para a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável,

que vai acontecer no Rio de Janeiro, em 2012

Representantes de governo, em-presas, entidades e sociedade ci-vil estiveram reunidos na Confe-

deração Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no dia 15 de agosto, para discutir os desdobramentos e os preparativos para a Rio+20, confe-rência da Organização das Nações Uni-das (ONU) sobre desenvolvimento sus-tentável que acontece em junho de 2012.

O encontro foi realizado pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) e teve a pre-sença da ministra do Meio Ambiente, Iza-bella Teixeira, do embaixador da Secretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia, André Corrêa do Lago, e de representantes do Basd Brasil, braço da ONU que coordena os interesses de comér-cio e indústria em questões de desenvolvi-mento sustentável. A reunião teve, ainda, representantes da CNC, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Confede-ração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do Insti-tuto Ethos e de entidades privadas.

Segundo a ministra Izabella Teixeira, o Brasil está muito melhor preparado ago-ra para discutir questões sobre desenvol-vimento sustentável do que em 1992, ano da última conferência da ONU sobre o as-sunto. “O Brasil assumiu uma posição de liderança econômica, ambiental e social. É a chance que temos de falar de sustenta-bilidade de outro patamar. O engajamento do setor privado no processo de prepara-ção da Rio+20 é fundamental para o su-cesso das discussões”, disse Izabella.

Para o embaixador André Corrêa, a conferência vai colocar o País em outra posição e servirá para mostrar, de forma positiva, a visão do setor privado com re-lação ao desenvolvimento socioeconômico sustentável. “A Rio+20 será um divisor de águas para o Brasil e também para o mun-do. O nosso país já é rico em ideias de sus-tentabilidade, e a sociedade como um todo já abraça essa causa. É a hora de mostrar para o mundo a nossa posição”, concluiu.

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SISTEMA COMÉRCIO

Abel da Silva Gomes Filho, presidente da Fecomércio-SE: entidade pertenceao empresário sergipano

Fecomércio-SE busca atuação em sintonia com sindicatos e comércio sergipano

Eficiência e gestão participativa são algumas das diretrizes da nova diretoria da Federação, sob a presidência do empresário Abel Gomes da Rocha Filho. “Vamos priorizar as parcerias, pois com elas os benefícios são extraordinários”, diz Abel

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe realizará, no dia 21

de setembro, uma eleição suplementar para o preenchimento de apenas alguns cargos de diretores, titulares e suplentes, que estão vagos, sob a orientação técnica da CNC. Os cargos de presidente, 1º e 2º vices, 1º e 2º secretários e 1º e 2º te-soureiros da entidade estão devidamente preenchidos desde a eleição geral, acon-tecida em 2010, e continuarão com man-dato em curso até julho de 2014.

O Conselho de Representantes da Fede-ração homologou todos os atos da diretoria, que foram praticados na forma do Estatuto, em 25 de julho. “Ou seja, a Fecomércio-SE se encontra com todos os cargos im-prescindíveis à administração devidamente preenchidos, dando continuidade aos traba-lhos, realizando reuniões com a diretoria empossada, tomando decisões, firmando convenções coletivas, desempenhando o seu papel de representar o Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe”, afirma Abel Gomes da Rocha Filho, presidente da entidade e presiden-te do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Aracaju, entre outros cargos já ocupados.

O presidente da Fecomércio-SE afirma que, entre as prioridades de sua gestão, está a atuação em conjunto com diretores e sindi-catos. “A entidade sempre esteve, está e es-tará disposta a ouvir os anseios dos empresá-rios, bem próxima às bases”, enfatiza Abel.

E não é só. O presidente da Federação planeja iniciar a construção de uma nova sede para a entidade já em 2012; dar des-taque às parcerias; ampliar o uso da certi-ficação digital; participar do Plano Diretor, em discussão na capital do estado, para de-fender o comércio local; intensificar a dis-cussão das matérias legislativas de interes-se dos empresários; negociar convenções coletivas; incentivar o empreendedorismo; e ampliar as atuações do SESC e do Senac em todo o estado. “A Federação pertence indiscutivelmente ao empresariado sergi-pano. O sonho de atender aos anseios do comércio em Sergipe está se concretizando gradativamente”, comemora Abel.

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SISTEMA COMÉRCIO

CNC NotíciasSetembro 2011 n°13852

Anna Waehneldt, do Senac: “Não

se trata somente de garantir a

universalização da educação, mas

garantir e valorizar o acesso ao diferente,

à diversidade, à educação”

Programa Senac de Acessibilidade: garantia de inclusão social e educação

Projeto nacional, que integra o Plano Estratégico do Sistema Senac 2011-2015, pretende realizar pesquisa

sobre tecnologias assistivas e formar educadores já no primeiro trimestre do ano que vem

O objetivo do Programa Senac de Acessibilidade, do Departamento Nacional da entidade, sintetiza o

que motivou a criação do projeto: assegurar o atendimento aos preceitos constitucionais e à legislação que tratam da inclusão das pes-soas com deficiência, garantindo o direito à formação profissional e ao trabalho.

Mas a iniciativa vai além, conforme ex-plicou Antonio Oliveira Santos, presiden-te da CNC e dos conselhos nacionais do SESC e do Senac, em 19 de agosto, para conselheiros de todo o país, reunidos na Barra da Tijuca (RJ), endereço do condo-mínio administrativo das duas entidades e também da Escola SESC de Ensino Mé-dio: “A acessibilidade tem encontrado no Brasil uma legislação que procura resol-ver o problema. Mas uma coisa é legis-lar, fazer uma lei, um decreto, promover a fiscalização. Outra é tornar realidade a acessibilidade a todos os que precisam de condições especiais para estudar, traba-lhar, viver. Entidades como as nossas têm mais facilidade de fazê-lo, assim como o Senac”, afirmou Oliveira Santos.

A diretora de Educação Profissional do Departamento Nacional do Senac, Anna Beatriz Waehneldt, participou da reunião dos conselhos e apresentou informações sobre a iniciativa. “Não se trata somen-te de garantir a universalização da edu-cação, mas garantir e valorizar o acesso ao diferente, à diversidade, à educação”, disse Anna, ao explicar que os principais marcos legais que orientam o programa foram criados na década de 90 e nos pri-meiros anos do século XXI.

Segundo Anna, o Senac tem dois com-promissos éticos com relação ao assunto: promover a educação profissional no setor de comércio de bens, serviços e turismo, desenvolvendo ações pautadas nos princí-pios da inclusão e no paradigma universal do respeito à diversidade humana, e garantir o acesso ao mundo do trabalho a todas as pessoas, independentemente de sua situa-ção física e mental, mas formar cidadãos conscientes e conhecedores de seus direitos.

O Programa parte de três diretrizes bá-sicas: promover parcerias com instituições e especialistas que atuam no âmbito da

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53CNC NotíciasSetembro 2011 n°138 53

SISTEMA COMÉRCIO

educação especial, estimular a articulação com o mercado de trabalho e realizar in-vestimentos em tecnologias educacionais que propiciem acessibilidade. “Articulação com o mercado de trabalho é fundamen-tal. Nós já fazemos esse trabalho devido à própria natureza da educação profissional. Mas, no caso do deficiente, precisamos não só garantir o acesso e a permanência den-tro da sala de aula, mas também orientar o próprio mercado de trabalho para receber esse aluno egresso dos cursos do Senac”, explicou a diretora.

Em 2010, o Senac registrou 4.529 par-ticipantes com deficiências em seus cursos e ações. Atualmente, a unidade conta com uma estrutura que engloba 268 escolas equipadas com rampas e/ou elevadores, 164 vagas demarcadas em estacionamen-tos, 237 banheiros adaptados, 177 lavabos e bebedouros em altura acessível. “É prevista ainda a reforma de todas as nossas unida-des, atendendo aos indicadores de acessibi-lidade”, explicou Anna Beatriz.

Planejamento e ação

O Planejamento Estratégico 2001-2015 incorpora o Programa Senac de Acessibi-lidade. “Consideramos de maior relevân-cia social e de relevância para o Senac a expansão desse Programa. Expansão das metas de atendimento, das parcerias, além da criação e expansão das linhas de finan-ciamento e de investimento para a incor-poração de tecnologias assistivas em todo o Senac”, disse a educadora.

Incluído no Planejamento Estratégico da entidade, por meio do Plano Nacional de Ação do Programa Senac de Aces-sibilidade, serão estabelecidas políticas e diretrizes estratégicas nacionais para a execução do projeto. “Precisamos definir, ao longo de 2011 a 2015, quais serão as

metas, os investimentos e os indicadores para validar essas metas, tanto do ponto de vista nacional quanto do ponto de vista dos departamentos regionais do Senac”, detalhou Anna Beatriz.

Para garantir a realização das metas do Plano Nacional do Programa Senac de Acessibilidade, cujo início está previsto para o primeiro trimestre de 2012, serão criados o Programa de Formação Perma-nente em Educação Inclusiva e a Política Nacional de Inserção de Tecnologias.

A primeira iniciativa deverá quali-ficar docentes, supervisores pedagógi-cos, técnicos da entidade, além do corpo administrativo e a área de recursos huma-nos. Em linhas gerais, a meta de formação do Programa é de 27 coordenadores re-gionais, 40 técnicos das equipes de recur-sos humanos (multiplicadores) e 80% dos docentes, supervisores e técnicos.

Já a Política Nacional de Inserção de Tecnologias Assistivas no Sistema Senac será iniciada com uma ampla pesquisa. “Precisamos levantar quais são as tec-nologias assistivas mais atuais e quais os custos dessas tecnologias”, explicou Anna Beatriz. “Consideramos que a par-tir desses pilares daremos um passo im-portante em direção a tornar o Senac uma referência nessa área de educação inclu-siva e na inclusão de pessoas com defi-ciência”, complementou.

“O Senac trabalha no tema há algum tempo”, enfatizou Sidney Cunha, dire-tor-geral do Departamento Nacional da entidade. “É um grande desafio. Vamos preparar professores para essa nova de-manda, inclusive produzindo material didático diferenciado. E preparar, tam-bém, as nossas unidades para receber as pessoas. É trabalho de grande comprome-timento institucional”, sintetizou.

O Programa Senac de Acessbilidade foi apresentado ao Conselho Nacional da entidade, reunido no Rio de Janeiro

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Na foto ao lado, Gilberto Kassab,

Guilherme Afif Domingos,

Abram Szajman e Danilo Miranda em cerimônia de

inauguração do SESC Bom Retiro

CNC NotíciasSetembro 2011 n°1385454

SISTEMA COMÉRCIO

Nova unidade do SESC é inaugurada em

São PauloSESC Bom Retiro espera atender 8 mil pessoas por semana,

levando ações de saúde, cultura e lazer à comunidade e ajudando na revitalização do bairro

O SESC inaugurou sua dé cima quinta unidade na cidade de São Paulo em 27 de agosto, no bairro do Bom Retiro, região central da capital paulista. A cerimônia de inauguração teve a presença do prefeito, Gilberto Kassab, do presidente do Sistema Fecomércio-SESC-Senac-SP, Abram Szaj-man, do vi ce-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e do dire-tor regional do SESC-SP, Danilo Miranda.

A unidade tem mais de 12 mil m² de área construída e conta com piscina se-miolímpica, quadra polies-portiva, teatro, cafeteria, salas de ginástica, espaço infan-til, oficinas,internet, biblioteca, área de exposições, consultórios odontológicos, es ta cio namento e bicicletário. São espe-radas 8 mil pessoas por semana.

“A inauguração dessa unidade hoje re-presenta o anseio e essa vontade dos empre-sários, que cada vez mais estão empenhados na justiça social como complemento e ma-neira de melhorar a qualidade de vida”, dis-se o presidente da Fecomércio, que tem suas origens no bairro do Bom Retiro. O prefeito Gilberto Kassab reconheceu a atuação do SESC na cidade e disse que a região passará a receber mais visitantes. “A Fecomércio e o SESC têm uma participação muito impor-tante no desenvolvimento da cidade de São Paulo, com as suas atividades e suas unida-des, e não será diferente aqui nesta região, que é tão carente de investimentos”, afirmou.

O SESC Bom Retiro se junta a outros es-paços culturais que mar- cam a região, como Sala São Paulo, Estação Pinacoteca, Estação da Luz e Museu da Língua Portuguesa.

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Ateliê Senac: estande destacou a moda e atraiu o público da Bienal com mais de mil títulos à disposição

SISTEMA COMÉRCIO

Senac participa da Bienal do Livro no Rio de Janeiro

A décima quinta edição da Bienal In-ternacional do Livro do Rio de Janeiro, um dos maiores eventos literários do Brasil, recebeu, mais uma vez, a participação do selo Senac Editoras, com o tema Ateliê Senac – Conhecimento sob Medida. Man-tendo a tradição de prestigiar um setor do comércio de bens, serviços e turismo a cada edição, o estande do Senac destacou a moda e a costura, segmentos que estão entre os que mais crescem no País e tam-bém entre as principais áreas de atuação da entidade.

Envolvido por um ambiente que remon-tou um grande ateliê de criação de moda, o público pôde participar de atividades como a customização de camisetas, com o auxí-lio de profissionais da instituição.

No entanto, a moda não foi a única a garantir seu espaço no Ateliê. Mais de mil títulos do selo Senac Editoras estavam à disposição do público, com variações entre

os gêneros gastronomia, comércio, cultu-ra, administração, turismo e hospitalidade, entre outros. Esse número representa um aumento de 20% nos títulos em relação à última edição da Bienal.

Entre os títulos lançados estão Árvore de Rios – A História da Amazônia, do pes-quisador canadense John Hemming, que traz curiosidades e desdobramentos histó-ricos da região amazônica (ver seção Boa Dica, na página 5).

Estima-se que a edição 2011 da Bienal do Livro do Rio de Janeiro tenha levado uma média de 100 mil pessoas por dia ao Riocentro, o maior centro de convenções da América Latina, um recorde absolu-to de todas as edições do evento. A feira aconteceu entre os dias 1° e 11 de setem-bro, promovendo encontros com autores, sessões de autógrafo, encenações de tex-tos literários e dezenas de atividades para o público em geral.

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Comitiva da Fecomércio-SC em visita à embaixada

brasileira em Pequim

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SISTEMA COMÉRCIO

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Missão da Fecomércio--SC vai à China atrair

investidores ao EstadoSanta Catarina pode receber investimentos de empresários chineses na área hoteleira. Federação pediu o apoio das embaixadas

brasileiras em Xangai e Pequim

Empresários chineses estão interessa-dos em investir na construção de resorts e hotéis de alto padrão no litoral brasi-leiro. A informação foi divulgada pelo cônsul-geral do Brasil em Xangai, Mar-cos Caramuru, e pelo diretor de Promoção Comercial do consulado, Glauco Veloso, à comitiva da Federação do Comércio de Santa Catarina (Fecomércio-SC), que es-teve em missão na China.

Durante o encontro, João Eduardo Moritz, presidente da Câmara de Turismo da Fecomércio-SC, disse que fará contato com Michael Browne, líder do grupo de investidores chineses, para oferecer opor-tunidades no estado.

Os planos da federação são de atrair turis-tas chineses para o Estado. Segundo o cônsul do Brasil em Xangai, a oportunidade está no segmento de negócios, já que os empresários asiáticos tendem a aproveitar as viagens para descansar devido à longa distância. Mas os investimentos externos podem demorar mais

porque os empresários do país asiático não têm experiência no setor.

A comitiva catarinense também co-nheceu a mesa de negócios criada em Xangai para atender a empresas brasilei-ras no país e chineses que investem no Brasil. Segundo o executivo responsável, Henrique Vianna, entre os clientes aten-didos aqui estão a Ciser, de Joinville, e a Weg, de Jaraguá do Sul. A Fecomércio- -SC também visitou a embaixada brasilei-ra em Pequim, pedindo apoio para atrair investidores e turistas ao estado.

Entre as lideranças que também partici-param da missão, estão os vice-presidentes da Fecomércio-SC, Célio Spagnoli, Ata-názio dos Santos Netto e Amarildo José da Silva; o diretor executivo da entidade, Marcos Arzua; o presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Adriano dos Santos; e o presidente do Sin-dicato dos Despachantes Aduaneiros de SC, Marcelo Alessandro Petrelli.

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HISTÓRIA EM IMAGEM

Onda de esperança O regime que dominou a Líbia por 42 anos chegou ao fim. Embora uma boa parte dos observadores internacionais considere que não foi a chamada “Primavera Árabe”, e sim os bombardeios da Otan que derrotaram Muammar Khaddafi, a participação popular foi, mais uma vez, marcante, com grande presença de mulheres e cri-anças. A esta altura, as dúvidas são muitas, principalmente sobre a unidade dos rebeldes à frente do novo governo. Para o Brasil, assim como para a China e a Rússia, que não apoiaram as ações militares do Ocidente, a incerteza é se haverá algum tipo de retaliação políti-ca e econômica por parte dos rebeldes, o que poderia prejudicar as relações comerciais com a nação africana.

(Mahmud Turkia/AFP )

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