revista caminho do meio

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Caminho do meio Revista Caminho do meio ∙ Ano 1 ∙ Edição 1 ∙ N° 001 revista Sou a coletividade A evolução do ser humano como um todo. Pg: 04 Transporte do saber Conheça os benefícios para o corpo e para a mente que a bicicleta pode trazer. Pg: 22 Entrevista inédita com Chandra Lacombe Chandra nos conta tudo sobre seu novo CD, o Essenciais. Pg: 26

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Page 1: Revista Caminho do Meio

Caminho do meioRevista Caminho do meio ∙ Ano 1 ∙ Edição 1 ∙ N° 001

revista

Sou a coletividade

A evolução do ser humano como um todo.

Pg: 04

Transporte do saber

Conheça os benefícios para o corpo e para a mente que a

bicicleta pode trazer.Pg: 22

Entrevista inédita com

Chandra Lacombe

Chandra nos conta tudo sobre seu novo CD, o Essenciais.

Pg: 26

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Ilustração: Chrissy A

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CAMINHO DO MEIO ∙ 3

Caminho do meio

SETEMBRO 2015

índice

4 Sou a coletiidade

14 O que seu mês de nascimento revela sobre sua vida?

17 Não insista na dor

22 Transporte do saber

26 Chandra Lacombe e seu novo CD

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Sou a coletividade

Aline Valek

Desci da árvore. Foi meu pri-meiro grande-pequeno passo no mundo que logo passaria a chamar de “meu”. Essa percepção só foi possível quando um negócio cha-mado consciência começou a for-migar dentro da caixa craniana. Que incômoda e curiosa foi a sensação de pela primeira vez me perceber como algo à parte do mundo.

Logo vi que eu tinha muito a fazer. Arrumar abrigo, conseguir comida. O mundo, aquela coisa fora de mim, era o predador mais peri-goso – especialmente porque estava cheio deles. Precisei aprender a me defender. Criei as primeiras armas. Comecei a transformar as coisas ao meu redor em extensões do meu próprio corpo. Lanças, machados, coberturas para aquecer a pele. Não estava mais nua, nem desarmada.

Observando a natureza, descobri o fogo. Que era útil para aquecer, transformar comida em algo melhor de mastigar e digerir, afastar amea-

ças, iluminar a noite. Virei uma es-pecialista naquela tecnologia. Esse domínio me deixou confiante, com a sensação de que eu finalmente estava acima das outras formas de vida.

Comecei a contar histórias. Dei-xar as marcas de minhas mãos nas paredes de casa. Pintei as cenas de caçadas, registrei meu dia a dia. A lembrança passou a ser um alimento tão importante quanto a carne e as frutas.

A segurança que adquiri me deixou mais à vontade para explo-rar lugares novos. Conheci novas paisagens. Atravessei continentes e milhares de anos. Descobri formas de me estabelecer nos lugares mais seguros, férteis, que me dessem me-lhores chances de desenvolvimento.

Procurei formas de facilitar o trabalho e a sobrevivência. Criei animais, cuidei de rebanhos, cons-truí comunidades. Plantei e colhi. Aprendi a ler as estações e as es-

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trelas. Criei os primeiros mapas de tempo e de espaço.

Inventei ferramentas, lingua-gens, deuses e rituais. Me reuni ao redor da fogueira, me preparei para a batalha. Competi por espa-ço na terra e na história. Lutei para que minha cultura, meus costumes e pensamentos sobrevivessem aos tempos. Me multipliquei e me di-vidi.

Fundei as primeiras civilizações. Ergui pedras, monumentos e cida-des. Fiz da escrita outra fundação sólida para abrigar minha memória e meu legado. Contei histórias reais e inventadas, gravadas na fala ou na pedra.

Me revesti de grandeza. Virei o primeiro rei e os primeiros súditos. Comecei a planejar a expansão de meus territórios, o esmagamento de meus inimigos e a perpetuação da minha civilização. Dominei e fui dominada. Extingui e fui extinta.

Criei palácios, pirâmides, mo-numentos em honra aos deuses. Sacrifiquei animais, virgens e here-ges para aplacar a fome divina. Vi deuses nascerem e morrerem, engo-lirem-se uns aos outros ou mudarem de forma. No meio do deserto, matei deuses menores e antigos para ali-mentar o Deus com letra maiúscula, o único e soberano, o que sempre existiu, mesmo que aquele houvesse sido nosso primeiro contato.

Estabeleci mandamentos para

erguer uma nova civilização: não matar, não roubar, não cobiçar. Es-crevi histórias e regras sagradas em diversos pergaminhos, que foram se acumulando durante os séculos até se tornarem a Bíblia. Escrevi o Al-corão. Escrevi a Torá. Escrevi len-das mitológicas com heróis, impé-rios e deuses que transavam com os humanos. Escrevi as primeiras poe-sias e as primeiras obras de ficção.

Comandei as grandes primeiras guerras e morri nos campos de bata-lha. Expandi meus domínios, cons-truí a maior muralha, desenvolvi um comércio global. Troquei produtos, matérias-primas e conhecimento, num amadurecimento cosmopolita que não substituiu totalmente um desejo quase animalesco de querer tornar tudo meu.

Entendi o movimento dos plane-tas, mas não aceitei que a Terra não estivesse no centro do Universo. Fui aprimorando ferramentas, teorias e cálculos apenas para confirmar cer-tezas que eu não estava pronta para receber – ou derrubando as certezas das quais eu não queria me desape-gar. Queimei meus próprios livros, fui torturada e jogada na fogueira acusada de bruxaria. Tive que fugir ou mentir para escapar da acusação de heresia. Morri condenada pela praga que se alastrou sem controle e pelo obscurantismo que me impediu por séculos de entender os mistérios do mundo.

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mais avançados para ajudar em ci-rurgias e tratamentos que estendes-sem meu tempo de vida. Aprimorei as armas que me matariam com muito mais eficiência.

Levei as artes e as ciências a um nível muito mais sofisticado. Estudei minha história com afinco para aprender com o passado que há muito havia deixado para trás. Olhar para trás era ver o quanto eu era talentosa e inteligente, enge-nhosa e inspirada, o quanto eu já havia construído e tudo o mais que eu ainda poderia fazer. Me dediquei a inventar e construir coisas muito maiores e audaciosas. Voei no pri-meiro avião. Ergui o primeiro arra-nha-céu. Desenvolvi o carro e, com ele, o trânsito moderno.

Construí e destruí. Transformei minhas maiores construções em ru-ínas quando veio a Primeira Guer-ra. E depois a Segunda. Depois da escravidão, precisei reinventar no-vas formas de crueldade genocida e criei o nazismo. Enchi campos de extermínios e morri sufocada em câmaras de gás. Fiquei tentada pelo fascismo e assustada com seu avan-ço. Precisava dar um basta e pensei que seria uma boa forma de inti-midação jogar uma bomba nuclear para mostrar o meu poder. Bombar-deei Hiroshima, morri carbonizada em Nagasaki.

Assinei tratados de paz, com o compromisso de fazer diferente dali

Naveguei pelos oceanos no impulso desbravador que desde sempre me moveu. A curiosidade e o fascínio pelo novo me move-ram pela água, mas a ganância foi o que me moveu quando pisei em terra. Olhei com fascínio para aque-le mundo completamente novo e comecei a pensar nas possibilida-des que eu poderia tirar dali. Olhei com o mesmo fascínio para aquela cultura alienígena que chegava de além-mar para as terras que sempre chamei de casa, apenas um segundo antes de saber que aquele desembar-que muito provavelmente represen-taria o meu completo extermínio.

Colonizei novos continentes, extraí suas riquezas e matei tudo o que se colocasse no meu caminho. Escravizei e fui escravizada. Fui se-questrada, tirada de minhas origens, apenas para descobrir uma nova ter-ra hostil onde eu nunca teria lugar, a não ser como alguém subalterno. Paguei impostos à Coroa, planejei rebeliões e fui explodindo uma se-quência de atos de independência. Me recusei a ser colônia, mas tam-bém me recusei a conceder qualquer tipo de liberdade sem guerras fero-zes. Derrotei e fui derrotada. Expul-sei e fui expulsa.

Fiz o vapor e a eletricidade tra-balharem para mim, em trens, na-vios, fábricas e laboratórios. Acele-rei o tempo, o ritmo de produção e de consumo. Desenvolvi remédios

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“Assinei tratados de paz, com o compromisso de fazer diferente dali em

diante. Quis paz e amor.”

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em diante. Quis paz e amor. Sexo e drogas. Inventei o rock n’ roll e quei-mei minha guitarra – não como um gesto de autoritarismo velho como em ocasiões anteriores, mas de pura rebeldia jovem. Chegava em casa para ficar em volta da TV como um dia fiquei em volta da fogueira, mas agora quem contava as histórias era ela.

Viajei para o espaço e olhei para o planeta de fora, pela primeira vez, com os olhos cheios d’água – a mesma água salgada que brilhava em azul lá embaixo. Pisei na lua e dei outro grande-pequeno passo na minha existência, para depois pisar de volta na Terra, pegar uma metralhadora e voltar para a guerra.

Fui comer pipoca no cinema e depois ganhei um Oscar. Vesti um all--star, comprei um carro novo, tomei coca-cola, comi tudo o que eu podia e depois fui revirar o lixo procurando algum resto para matar minha fome. Ganhei meus quinze minutos de fama na TV, mas não fui convidada para a festa e fiquei na porta estacionando os carros.

Fiquei milionária inventando o computador pessoal e o Google. Fiz mi-nha primeira conta de e-mail, criei um novo vocabulário para definir coisas que até então não existiam, passei a morar na internet e tirei várias selfies para mostrar ao mundo meu melhor ângulo. Meus domínios eram tão vastos e globais que precisei de uma realidade paralela e digital para abrigar toda uma nova cultura e uma quantidade de informação milhões de vezes maior do que tudo que eu havia produzido e criado até então. Perfil 1 lotado, add no perfil 2.

Usei os bancos de dados para expandir minha memória e braços robóti-cos para expandir minha força de produção. Deixei as máquinas fazerem o trabalho pesado, enquanto me concentrava em uma vida mais criativa e leve, indo de bicicleta para o trabalho, tomando iogurte natural e comendo salada orgânica ao mesmo tempo em que derramava litros de petróleo no oceano.

Fiz novas descobertas, compus os novos clássicos, criei formas novas de arte, escrevi de forma febril as mais variadas histórias que se eternizaram em forma de canções, filmes, livros e quadrinhos. Ensinei e aprendi. Inventei e destruí.

Matei animais para exibir no altar sagrado das prateleiras de supermer-cado e tantos outros para exibir no mural de bichos ameaçados de extinção. Cacei por esporte e devastei por profissão. Aumentei o termostato jogando mais carvão nas fornalhas e mais gasolina nos tanques de combustível, até as geleiras derreterem e a água vir bater na minha bunda.

Criei as primeiras máquinas inteligentes para continuarem os cálculos

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onde foi que as coisas começaram a dar errado, mas confiei demais na minha memória fora de mim e ago-ra ela jazia na Terra, debaixo dos escombros do que havia sido uma grande e poderosa nação. Eu me vi ameaçada pela proximidade da ex-tinção e do esquecimento.

Foi um longo caminho que per-corri, das florestas hoje inexistentes até as galáxias antes inimagináveis. E, durante todo esse tempo, todas as evidências e sinais que recebi apon-tam que estou sozinha, sem mais ninguém para compartilhar minhas tragédias e grandes feitos, meus ar-rependimentos e alegrias. Pelo me-nos, não há ninguém para me culpar ou balançar a cabeça reprovando minhas atitudes lamentáveis.

O distanciamento permitiu que eu me lembrasse do dia em que des-ci da árvore e parti em uma jornada que agora parecia dar em um beco sem saída. Tudo isso pra nada? Por muito tempo, tentei entender qual era meu papel nisso tudo e o objeti-vo da minha existência, até criando deuses para me dar respostas que eu achasse mais confortáveis. Mas agora, tão longe de casa e tão perto do fim, eu finalmente pude enten-der.

Eu era a mensagem dentro da garrafa, destinada a alguém, em al-gum canto do Universo, que iria pre-cisar saber o que deu errado e como conduzir as coisas de uma forma

que não consegui resolver sozinha. Emprestei humanidade a elas e pe-guei emprestado delas seus melho-res atributos para eu mesma virar um pouco ciborgue. Inventei novas línguas, enterrei deuses antigos e abracei a tecnologia como religião. Construí naves para fazer viagens mais longas, resgatando o espírito desbravador que me levou a pilotar as primeiras caravelas. Entrei em hibernação para acordar anos-luz depois, fora do sistema solar que as-sistiu meu nascimento.

Vaguei pelo espaço flertando com outros planetas que nem de longe me lembravam o ambiente acolhedor de casa; mas nem a Terra, a esta altura, podia ser considera-da o ambiente acolhedor para mim como um dia foi. Explodi a Tercei-ra e a Quarta Guerra, sendo que em uma usei as máquinas para lutarem por mim, e na outra vi elas se rebe-larem e lutarem contra mim. Morri por sufocamento, doença, fome e teimosia. Assisti à minha civiliza-ção desmoronar nas bases já não tão seguras de um planeta tão esburaca-do quanto um queijo suíço. Quase sumi.

Sentei de frente para as estrelas me lembrando da infância, quando elas eram as únicas coisas lumino-sas que eu podia ver no meu mundo, bem antes dos letreiros das lojas e das explosões das bombas ilumi-narem os céus. Tentei me lembrar

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melhor do que eu consegui. Eu era a mensagem que servia como um lembrete do próprio Universo para si mesmo do que acontece quando uma espécie se desliga das outras e do mundo ao seu redor. Eu era uma mensagem de alerta, mas também de esperança: de que, em outro lugar e em outro tempo, alguém poderia construir um mundo completamen-te diferente e se desenvolver como uma espécie muito mais avançada e generosa do que eu fui.

Então sentei e esperei, por cen-tenas de séculos e de anos-luz, até que alguém recebesse a mensagem e continuasse a história. Desci da ár-vore apenas para esperar, com algu-ma sorte, cair no buraco de minhoca mais próximo. ◊

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Não precisa viajar pra tão longe, pra ir longe.

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O que o seu mês de nascimento revela sobre a sua vida?

Higher Perspective

JaneiroAs pessoas nascidas em janeiro

são trabalhadoras com opiniões for-tes e não tem medo de demonstrar suas opiniões. Elas tendem a ser tei-mosas e não gostam de ser manda-das. Tendem a ser bons líderes, dada a sua persistência para o sucesso. Têm dificuldade para ouvir ordens.

FevereiroAs pessoas nascidas em feverei-

ro são os tipos imaginativos, cria-tivos. Elas gostam de dedicar-se a projetos grandes e amor profundo, conversas filosóficas. Pessoas rasas as irritam. Elas são chamadas de es-pírito livre por pessoas próximas e o mundo todo é uma aventura para elas.

MarçoAs pessoas nascidas em março

são imaginativas, mas, ao contrário das nascidas em Fevereiro, tendem a ser mais introvertidas e tranquilas.

Elas vivem em suas próprias cabe-ças e criam obras-primas mentais, por assim dizer. Elas são as pessoas mais gentis e atenciosas e anseiam por paz.

AbrilAs pessoas nascidas em Abril

são as candidatos a atenção, ado-ram estar no centro das atenções. Não gostam de receber ordens de outros, o que vai contra seu outro desejo: ser famoso. Elas querem novas aventuras e estão constante-mente à procura de uma descarga de adrenalina. Podem parecer fortes e desagradáveis.

MaioAs pessoas nascidas Maio ten-

dem a ser um pouco mais insossas e inconstantes, muitas vezes mudando de idéia de repente e freqüentemen-te. Elas são expressivos e desfrutam de conhecer novas pessoas. Gostam de ter uma vida social vibrante e não

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te altas expectativas das pessoas ao seu redor. Elas podem parecer teimosas. Seus altos ideais, muitas vezes levam à decepção.

OutubroAs pessoas nascidas em Outu-

bro são o oposto da época em que nasceram. Quando o clima está mu-dando e as coisas são ou morrendo ou voltando à vida (dependendo do hemisfério), as pessoas de Outubro gostam que as coisas sejam sólidas e estáveis. Elas não gostam de con-frontos.

NovembroAs pessoas nascidas em No-

vembro são as mais enigmáticas do grupo. Escondem seus sentimentos, mas não têm muitos medos. Isso leva a uma combinação interessan-te. A vida não as detém. Elas têm uma forte paixão pela vida.

DezembroAs pessoas nascidas em Dezem-

bro são as mais generosas, mas ten-dem a ser orgulhosas e fortes com suas crenças. Elas trabalham duro e não podem ficar paradas por muito tempo. Seus amigos chamam-lhes de mal-humorada por sua atitude de espírito livre. ◊

gostam de estar sozinhas.

Junho As pessoas nascidas em Junho

são as heroínas. Eles são sensíveis e carinhosas e só querem o que é melhor para o mundo. Eles tendem a ser criativas e pensar muito no fu-turo. Estão constantemente à procu-ra de como trazer suas idéias para a vida. Tão sensíveis, tendem a ter dificuldades para expressar como se sentem.

JulhoAs pessoas nascidas em Julho

são quase exatamente como as pes-soas nascidas em Junho, mas ten-dem a ser ainda mais extrovertidas. Elas são confiantes e felizes, mas têm uma natureza muito mais grave abaixo da superfície. Assim como as de Junho, elas escondem seus medos e sentimentos.

AgostoAs pessoas nascidas em Agosto

conduzem o mundo. São, por vezes, opinativas a uma falha e as dele-gante finais. Elas costumam pensar demais e se dão bem em áreas que envolvem o pensamento crítico. Não costumam mostrar o seu lado humano.

SetembroAs pessoas nascidas em Setem-

bro, por vezes, têm irrealisticamen-

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Meditação da

Dia: 28 de outubroHorário: 20h

Local: Centro Cultural Banco do Brasil

Lua Cheia

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Não insista na dor

Louise Vernier e Marina Oliveira

Uma separação sempre vem acompanhada de sofrimento, mes-mo quando o amor acabou e já não há mais motivos para manter o re-lacionamento. E é por isso mesmo que muitos casais insistem em ten-tar preservar uma relação que já chegou ao fim.

“Muitas pessoas não se sepa-ram quando deixam de amar porque criaram raízes poderosas naquele relacionamento”, diz o psicólogo especializado no estudo do relacio-namento amoroso Ailton Amélio, professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Pau-lo).

“A identidade da pessoa se mis-tura com a do par. O ‘eu’ e ‘você’ vira ‘nós’. As pessoas começam a tratar o casal como uma unidade, que também se vê, psicologicamen-te, assim. Recuperar a identidade de solteiro após a separação pode levar até três anos”, explica.

A psicóloga Carmen Cerqueira

Cesar concorda. “Muitas pessoas permanecem juntas pois, emocio-nalmente, não se sustentam sozi-nhas. Precisariam amadurecer. Mas crescer dói, dá trabalho. O ganho em manter essa situação é permane-cer protegido do esforço que impli-ca o processo de individualização”, afirma.

Abrir mão de um relacionamen-to é, também, desistir de sonhos e planos feitos com a outra pessoa. A viagem que aconteceria no ano que vem, a casa que comprariam, o ne-gócio que abririam na aposentado-ria. Tudo isso rui quando o fim da união é decretado. “A pessoa que se separa tem de desfazer todo o seu planejamento para o futuro e reco-meçar”, diz Amélio.

Se há filhos, a dificuldade au-menta. Além de ter de começar uma vida nova sozinho, será preciso lidar com o convívio com o ex-parceiro. Caso uma das partes dependa da outra financeiramente, surge, ainda,

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o medo de diminuir o padrão de vida econômico atual.

As razões para insistir em uma relação que já acabou são inúmeras. E todas legítimas. No entanto, há consequências negativas em manter uma união sem amor, a começar por conviver com o constante sentimento de insatisfação. Segundo os especia-listas, dividir a vida alguém, o que inclui abrir mão de alguns desejos, só é possível se existe amor. Quando o sentimento acaba, a vida a dois pode se tornar um martírio.

“A insatisfação desgasta a relação do casal e o convívio familiar. Mal resolvidos, os dois se machucam e afetam as pessoas que estão ao redor, inclusive os filhos”, diz Carmen.

A terapeuta familiar e de casal Margarete Volpi, mestre em psicote-rapia pela PUC-SP (Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo), bate na mesma tecla: “Não dá para ter uma família saudável sem antes ser um casal saudável”. E quanto antes o casal se der conta disso, menos sofri-mento os filhos terão.

“Se a parceria for madura, os fi-lhos entenderão e poderá haver um bom relacionamento entre os pais. Dessa forma, as crianças receberão um bom exemplo de como se busca a felicidade”, afirma a médica Sylvia Marzano, especializada em psicotera-pia sociodramática de família, casais e grupos pela PUC-Goiás (Pontifícia Universidade Católica de Goiás).

Colocando na balançaAo sentir dificuldade de tomar

uma decisão, é preciso avaliar os pre-juízos no presente e no futuro. “Às vezes, adiando a separação, a pessoa evita um desconforto no momento, mas, a médio prazo, pagará custos al-tíssimos, como o fato de ter de viver uma vida que não lhe satisfaz, sem energia, sem motivação para seguir adiante”, afirma Ailton Amélio.

Por outro lado, é preciso avaliar se o amor realmente acabou. Se ainda houver sentimento, vale tentar desco-brir o que foi que deteriorou a convi-vência. A distância que se instaurou entre o casal pode ser resultado de uma comunicação deficiente, de ex-pectativas irreais em relação ao outro e de conflitos mal resolvidos.

Dando uma atenção especial a es-sas questões, em alguns casos, é pos-sível reerguer o relacionamento. Ou, ao menos, evitar a culpa, no futuro, por achar que não lutou o suficiente pela relação. “O companheirismo e a amizade até podem sustentar uma relação. Mas depende de quais são as expectativas de vida de cada um”, diz Carmen.

Porém, se todas as tentativas de estabelecer uma convivência feliz e prazerosa forem frustradas, o melhor a fazer é encarar a mudança, com a certeza de que o fim de um relacio-namento é sempre muito triste, mas, depois dele, vem o recomeço e um mundo de possibilidades se abrirá.

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“Não é impossível começar do zero. Mas é preciso colocar a felici-dade em primeiro lugar e responder a uma pergunta importante: o que você valoriza na vida? E, a partir daí, co-meçar a se dedicar aos seus sonhos”, diz Margarete.

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Transporte do saber

Jornal de Santa Catarina

Tirar a bicicleta de casa pode prevenir e até curar doenças como depressão e ansiedade.

Muito além de conquistar um corpo sarado e economizar com ga-solina, quem anda de bicicleta ga-rante uma série de benefícios para o bem-estar físico e mental do orga-nismo. Segundo Fábio Cardoso, es-pecialista em Medicina do Esporte,

A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que para sermos considerados não-sedentários

precisamos de 150 minutos de atividade física moderada por semana. São 30 minutos por

dia. A bicicleta é uma forma interessante de colocar isso em prática porque é um exercício

democrático, que pode ser praticado por pessoas com condicionamentos físicos diferentes.

pedalar regularmente é investir em uma vida mais saudável no médio e longo prazo.

— A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que para sermos considerados não-sedentários preci-samos de 150 minutos de atividade física moderada por semana. São 30 minutos por dia. A bicicleta é uma forma interessante de colocar isso

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destaca.Vendedor e professor de Educa-

ção Física, o blumenauense Bruno Schwede, 27 anos, usa a bike para se deslocar do bairro Velha, onde mora, até o trabalho. Ele conta que percurso diário, de aproximadamen-te cinco quilômetros, ajuda a manter o corpo bem condicionado. De que-bra, diz que a atividade física refor-çou a imunidade do organismo:

— Nem lembro quando foi que fiquei doente pela última vez.

em prática porque é um exercício democrático, que pode ser praticado por pessoas com condicionamentos físicos diferentes — afirma.

O ciclismo ao ar livre também pode ser a solução para desestressar. De acordo com Catarina Gewehr, doutora em Psicologia Social e pro-fessora da Furb, a atividade estimu-la os três processos responsáveis pelo bom funcionamento cerebral: atenção, memória e percepção.

— A bicicleta trabalha a dinâ-mica aeróbica e mental ao mesmo tempo: você aumenta a capacidade respiratória e cardiovascular e con-sequentemente intensifica o bom funcionamento do cérebro — apon-ta.

Os que precisam abandonar o sedentarismo e eventualmente fazer as pazes com a balança — evitan-do problemas nas articulações e na coluna — podem contar com a bici-cleta. A fisioterapeuta Claudia Wa-nderck explica que a atividade não exerce impacto sobre articulações, músculos e tendões, facilitando a execução para pessoas com pro-blemas articulares. Ela recomenda começar com passeios curtos em terrenos planos:

— Assim a pessoa aumenta a capacidade cardiovascular sem afe-tar tornozelos, quadris e joelhos. Há ainda o diferencial das variações de marcha, que tornam possível inten-sificar o fortalecimento muscular —

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Chandra Lacombe e seu novo Cd

Cdesseniais.blogspot.com.br

Muito provavelmente seus com-promissos com uma música inspira-da essencialmente pela espirituali-dade pode ser uma das explicações pela discrição na mídia de massa. Porém, essa entrevista parece indi-car um grande divisor de águas na sua carreira musical.

Chandra revela que esse ano foi o período que ele mais compôs na sua carreira e que sua música che-gou num ápice de fruição para poder ser espalhada de forma mais organi-zada e numa abordagem mais aces-sível para os 4 cantos do planeta.

Seu estilo é captado rapidamen-te pela internet em 3 abordagens, mas todos parecem ter um compro-misso inquebrantável com o auto conhecimento. Uma das aborda-gens, mais conectada com o centro de desenvolvimento espiritual que dirige, outra numa sofisticação es-pecial e popular de arranjos para os mantras indianos e outra mais pop, mas ainda assim, conectada com o

auto conhecimento e a alegria e de-voção que lhe são características. E agora, tudo requintado por um período de maturidade de sua nova banda, iniciado em 2010 que tem Xico Leite ( Produtor musical do CD Esssenciais) no violão, Giuliano Laurenza na percussão, Rafa Cal-deira na Flauta, Alfredo Farné no baixo, Mel Alleman e Nara Prem no backing vocal.

Quantas composições novas nasceram desde seu último aniversário e qual estilo delas?

Esses últimos 12 meses, foram o primeiro período que passei com estruturas mais básicas estabele-cidas no sítio para onde mudei em 2011/12 com a missão de construir um Ashram com minha parceira Matry Surya. Poder ficar mais tem-po por aqui, sustentando uma vida mais conectada com a essência e a natureza foi muito inspirador para o

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estado de composição, sendo esse um dos períodos mais férteis no sentido de quantidade de novas composições que já vivenciei.

Entre novas versões para os mantras, canalizações espirituais e músicas para o projeto do Orá-culo, foram mais de 10 com certe-za, o que já nos impulsionou para gravar dois novos CDs que podem sair ainda esse ano: um gravado ao vivo no Mahashivaratri que vai surpreender definitivemente à todos e está praticamente pron-to para ir para prensagem e outro na linha mais pop com canções associados ao projeto do Oráculo que tem duas canções em especial que já está no nosso repertório de shows : Carruagem e Ação de Graças.

O CD Essenciais, tem como um dos principais objetivos expandir o diá-logo entre culturas e tradições e essa inspiração nasceu da dor do precon-ceito. Você já sofreu algum tipo de preconceito com sua forma de se co-nectar a Deus? Como lidou com isso? Tem alguma música que nasce também dessa dor?

No início da minha busca es-piritual tive duas iniciações que se caracterizavam fortemente pelo uso de indumentárias, pela Kun-

dalini e depois Osho. E um dia num almoço de família sofri um certo rechaçamento... e família sabe como é, sempre desafiante lidar com isso.

O arcano-canção 22 Saga, ex-pressa meus sentimentos com a liberação desse incômodo quando canto “ que deus anda solto” ci-tando uma contemplação do fogo quando eu era menino.

Sua música expressa um constante convite e exemplo para reconexão com a essência e menciona muitas tra-dições. Quando o choque de egrégoras pode ser real ou ilusão?

Sim, pode existir choque de egrégora quando se tentam fusões manipuladas por uma mente iso-lada no racional, fora das bençãos do fluxo divino ou mesmo quando uma mente precisa da forma para se conectar com o sagrado e acaba se apegando excessivamente a ela, sem poder acreditar que existam outras formas de se conectar com o amor.

Nesse caso, é preciso respeitar o processo e forma de cada um, porém, ressaltar princípios co-muns à várias culturas e tradições ajuda-nos na liberdade de convi-vência amorosa e devoção à todos os nomes de Deus.

Porém, a ilusão só se dissolve

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de forma ainda mais pura, quando o amor essencial que brota de dentro vem a tôna e traz o senso de união e de aprendizagem que se pode ter no contato com diferentes culturas e tradições.E nesse lugar não há mais choque de egrégoras e sim expansão do diálogo e da união.

Qual a importância do princípio do Sanatana Dharma para vc?

Reverencio o Sanatana Dhar-ma solenemente sempre que o sol nasce e se põe no sadhana aqui no Ashram, junto com uma série de ou-tras expressões de devoção. Apesar de ser um princípio de legado hin-du, ele expressa a experiência da essência que permeia as diferentes linguagens. O pulsar da fé que não precisa de roupas e fronteiras. A verdade universal e atemporal que permeia toda humanidade.

Hoje, muitos jovens trocam o primeiro carro e a saída de casa, por viajar pelo mundo. Quanto que esse contato com os 4 cantos do planeta influenciou na sua percepção? Viajar pelo mundo é a melhor forma de sentir essa onda de multicul-turalidade e religiosidade?

Sem sombra de dúvida o inter-câmbio cultural me ajudou nesse sentido, mas sinto que isso vem como um programa da minha alma,

talvez não seja para todos. Já antes do Intercambio com

Escandinavia América Central, Es-tados Unidos, Índia entre outros, eu sentia que isso aconteceria. Estava programado pelo arquiteto maior.

No livreto de artes e artigos do CD, tem uma frase sua dizendo que a música em diferentes estilos pode ser uma ponte de diálogo para a paz. Você poderia nos dizer um momento na sua trajetória onde você testemunhou isso de forma mais tocante?

Foram vários, mas uma das úl-timas versões de mantras onde cito Adonai, Alelulia.... foi um desses momentos. No CD Meeting the Fo-rest tem também uma saudação à vários santos que me inspiraram em algum momento esse diálogo para a paz, na canção Ritual. Me inspirei para essa em Matutu. As montanhas de lá e de Minas, são um lugar mui-to marcante na minha trajetória.

Também no livreto do Essenciais, tem um trecho de um hino seu “Flor do Oriente” associado com o princípio da Receptividade. Você poderia falar um pouco mais desse hino, princípio e da sua percepção sobre o papél do feminino no atual momento.

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Nosso trabalho de auto desen-volvimento no Ashram, tem uma ênfase muito especial para o femini-no e sinto minha companheira como uma forte expressão desse resgate.

Esse é um tema muito profundo, tivemos uma época onde a voz e ação masculina muitas vezes sobre-pôs os limites do feminino.

A Índia, por exemplo, é um país que me transmite uma energia es-sencialmente feminina, Yin, que ex-pressa esse desequilíbrio, as vezes, com um comportamento afetivo, as vezes com fatos mais violentos. Gandhi foi um símbolo, nesse sen-tido, através da não violência diante a hostilidade masculina e tentativa de domínio e invasão da cultura in-glesa.

Nossa mente ocidental está mui-to masculinizada, precisando um pouco da receptividade e acolhi-mento do feminino. O trecho citado do hino que diz: “ Minha mente é um cálice vazio, onde o Manah da verdade se produz” poderia dizer que minha mente está, em recepti-vidade, entregue ao feminino como um cálice vazio.

Como foi o nascimento da canção “Re-cado da Mãe Divina”?

Estava na minha casa no bairro da Pompéia, meu último filho tinha menos de um ano 1 ano e estava muito embebido pela energia da

maternidade e dentro de um proces-so pessoal profundo e iniciático em conexão com expressões da santida-de feminina na Terra como mother Meera, Amma e no campo espiritu-al, fui tomado por essa canção que marca um momento especial na tra-jetória mesmo.

Como vc conta em outras entrevistas, sua relação com a kalimba foi total intuitiva e de auto descoberta. Além da forma diferenciada de tocar com os de-dos que você criou, que outros elementos peculiares desse instrumento se revela-ram para você nessa auto descoberta?

Realmente no início tudo acon-teceu numa espécie de transe, eu sinto que fui instrumento de uma força maior no contato com a kalim-ba. Eu saia tocando de uma forma muito espontânea e fui evoluindo de forma rápida na expressão melódi-ca e rítmica com o instrumento.

Tinha uma certa tendência a dis-persão que parecia ser remediada de forma precisa com o instrumento e aos poucos foi nascendo o estilo Chandra de tocar. Hoje tem algumas pessoas que já evoluíram esse estilo de forma especial como o.Vinicius que já tocou kalimba com Gilberto Gil e Edisberto Gismonte e o Ariel ( Prashanto) que está fazendo traba-lho de conclusão de curso de ´Músi-

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ca na Unicamp sobre o instrumento.Não sei se descobri algo mais

além do que o jeito de tocar, mas descobri o que já se sabe também da conexão desse instrumento com os atributos da infância. Minha mú-sica é muito conectada com o auto conhecimento e reviver a infância é um tesouro nesse processo. O tim-bre da kalimba no remete ao resgas-te de experiências na infância.

Tem alguma canção que você destacaria ter florescido nessa conexão com a in-fância?

Tem algumas, destacaria o Ar-cano Incompreensível presente.

Sua participação no Essenciais além da voz, tem bastante da sua habilidade impressionante para percussão. Na can-ção “É só quem eu devo amar” e “ Exem-plo de brasileiro” um derbak que chama que inspira demais, “Se conheça com reverência” e “Guerreiros Beira mar”, um pandeiro e “Pincel Co-criador” e “Exemplo de brasileiro” um marcante bongô, isso sem falar no repinique do “Samba da Felicidade” . Existe alguma relação entre percussão e kalimba? Qual habilidade veio primeiro?

Ótima pergunta. Isso me remete a uma curiosidade muito peculiar da

minha relação com a música. Minha obsessão inicial com 13 anos, era buscar melodias diferenciadas nas percussões. Era obcecado pelas per-cussões asiáticas como a Tabla e o Derbak.

Buscava técnicas para tirar tim-bres diferentes utilizando formas di-ferenciadas de tocar com os dedos. Queria transformar o jeito de tocar o bongo afro brasileiro

Minha primeira experiência como percussionista foi numa peça de teatro ( 13 anos). Cheguei a to-car até repinique em uma escola de samba e no Essenciais fiz no Sam-ba da Felicidade. A kalimba veio depois, aos 19 anos e talvez meus dedos tenham sido preparados pela minha obsessão anterior. E de cer-ta forma encontrei na kalimba uma boa combinação entre percussão e melodia que meu coração tanto pe-dia.

Talvez isso também tenha gera-do a capacidade peculiar de cantar e tocar percussão como fiz na época do Udyana Bandha com a tabla.

E sua voz quando descobriu que tinha algo que podia acessar tantos corações?

Começou no teatro, depois no grupo de colégio no Rio e assim foi indo... não dá para explicar muito isso. Mas minha música é compro-metida com o auto conhecimento desde o início e aí tem uma pista

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“Nossa mente ocidental está muito masculinizada,

precisando um pouco da receptividade e acolhimento

do feminino.”

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bem importante.

Essa conexão da sua música com a espi-ritualidade e o auto conhecimento foi um obstáculo para propagá-la?

Sim, isso é uma tendência nova, mas que sempre acreditei. Música Devocional Brasileira. Você me disse que uma cantora evangélica de destaque já está cantando em vários programas de TV de massa. Isso é novo. E tudo que é novo, demora para expandir. Mas agora chegou a hora.

No pré-lançamento do CD voce esteve junto com o produtor musical, com-positor e outros participantes no palco do Ibirapuera e viu balões com princí-pios essenciais serem lançados aos céus ao som do mantra Loka Samasta. Se tivesse que escolher 3 princípios mais Essenciais para seus alunos e fãs sempre lembrarem, qual indicaria hj?

O primeiro que me vem hoje nes-se processo de expansão dos valores de um Ashram é a Disciplina que é até citada no Essenciais. O Ashram respira isso, fazemos sádhana todos os dias de manha e a noite susten-tando a vibração do local

O segundo a Verdade, quanto essência que permeia toda busca.

E o terceiro, Empatia, o elo ne-cessário para amarmos o próximo e construirmos o senso de união ver-dadeiro aspirado.

Quais canções do Essencias mais te atraíram em especial ?

Gayam foi uma das primeiras que ouvi na época de pré-produção e até disse que seria uma canção que iria inspirar muitas pessoas. Foi uma das que participei ao lado da Nicole Salmi no pré-lançamento do Essenciais no Festival Mundial da Paz. Gosto muito também de Viver em Gratidão, e da melodia, empol-gação, energia de uma que cantei também da Lua...“ Lua Cheia de Paz”.

Aproveitando que você tocou no assunto.... Você alguma vez se inspirou para cantar com os signifi-cados contidos em seu nome espiri-tual Chandra?

Rs....Sim tem uma que expressa essa conexão. Só que não fala nada sobre lua é totalmente instrumental, chama-se Miramor.

O Essenciais é o primeiro tra-balho de produção musical do Xico Leite(Ritam). Foi feito na conclusão do curso de formação dele. Teve algo em especial que te surpreendeu positivamente na produção musical do Essenciais?

Sim claro, já é surpreendente o trabalho de mixagem com tantas

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pistas de áudio, diferentes estilos musicais e timbres de instrumento. Exige muita dedicação, paciência e sagacidade, de qualquer profis-sional. Soma-se isso os desafios de captação e o processo de masteriza-ção. Mas pela idade dele, fica ainda mais surpreendente.

Os jovens podem aprender mais rápido hoje, Um jovem de 20 pode fazer algo melhor do que um adulto de 30 fazia há 20 anos atrás.

Segundo a astrologia, quando você veio ao mundo no dia 24 de Maio de 1965, através de sua mãe, as vibrações de Mer-cúrio e do signo de Gêmeos, te influen-ciaram fortemente. A astrologia já te inspirou a reconhecer seu potencial e pontos de precaução? Qual canção sua você diria que é mais Geminiana?

Rs... Acho que alguma canção que passe por várias melodias e tons .... rssss.... e seja bem diplomática, Meu pai também era geminiano e era muito forte isso nele.

Como a cidade de Brasília influenciou sua música?

Tem uma curiosidade especial com Brasília de uma canção que sem saber porque eu pensei mui-to no Renato Russo e até senti ele antes de compor. E depois fui saber que ele tinha feito a passagem na-

quele momento. Chama-se “Mares da eternidade”. Na verdade além do Renato ela também é um dos sinais fortes na minha trajetória da minha conexão com Babagi que conside-ro um ser bastante conectado com Cristo também.

Você tem algum sonho especial a se rea-lizar com a música ainda?

Tenho evidente. Eu sinto que agora ... agora a nave vai decolar de verdade. E não é um sonho. É uma sensação de que me sinto mais pre-parado. Com as questões intrapesso-ais mais alinhadas. O que permitirá que essa música atinja sua fruição máxima que poderá disponibilizar esse trabalho para mais gente.

Tenho mais consciência dessa responsabilidade e dom. Da ferra-menta que essa música é para evolu-ção mesmo da consciência humana.

Então aproveitando que estamos projetando um Studio especial aqui no Ashram além de outras obras, esse ano é Chandra na cabeça. En-tão pode ir para trilha de novela, fil-me, onde puder contribuir e expan-dir que assim seja.

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Arte gotejantePor Chrissy Angliker

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