revista meio jogo3nd edição

44
1 Rodrigo Disconzi ABRE O JOGO

Upload: rogerio-santos

Post on 08-Mar-2016

222 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

A revista de Xadrez do Brasil

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Meio Jogo3nd edição

1

Rodrigo Disconzi

ABRE O JOGO

Page 2: Revista Meio Jogo3nd edição

2

Page 3: Revista Meio Jogo3nd edição

3

EXPEDIENTE REVISTA MEIO-JOGO

EDITOR - CHEFERogério Santos

DIAGRAMAÇÃO E ARTERogério Santos

COLABORADORES

Ellen Giese (Coluna),Frederico Gazel (coluna),

Leando Salles (coluna), Leon Mendes (coluna), Paulo Faria (coluna),

Rodrigo Disconzi (coluna). PUBLICIDADE

[email protected]

ASSINATURAS www.revistameiojogo.com

REVISTA MEIO-JOGOAvenida Heitor de Alencar

Furtado, 4625 – sala 03Jd. Farroupilha – Paranavaí

– Paraná – 87707-00044 – 9887.5389

Meio-Jogo é uma publicação bimestral.

A revista Meio-Jogo não se responsabiliza pelos concei-tos e opiniões emitidas nos artigos e colunas assina-das. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização

expressa.

[Editorial]

Rogério SantosEdtor-chefe

@g3rim

Tenho um carinho especial por esta edi-ção. Acredito que tenha sido, até ago-ra, a mais técnica dentre todas as que

lançamos. Possivelmente, os que preferem algo mais leve vão torcer o nariz. Já os que prezam por um conhecimento mais avança-do do xadrez talvez compartilhem do mes-mo sentimento que eu: o de que esta é uma edição para se estudar. Temos as estréias de três novos co-lunistas: do jornalista Leandro Salles, do Mestre Internacional Rodrigo Disconzi e da enxadrista Ellen Giese. Como destaques temos uma bela ma-téria com o MI Disconzi, sempre muito in-teressante e produtivo. Também temos o que rolou de melhor no Zonal 2.4 FIDE que aconteceu em Manaus, Amazonas. Fechando os trabalhos, temos um artigo sobre Sun Tzu, que com certeza irá agradar a muitos leitores.

Page 4: Revista Meio Jogo3nd edição

4

SUMÁRIO

14. Sua Maior Arma no Xadrez

Usando os conhecimen-tosdo GENERAL Sun Tzu, Rogério dá dicas para se dar bem nos ta-buleiros de xadrez

18. Fenac 2013

Uma vista sobre o fu-turo do xadrez Nacio-nal

20.Rodrigo Disconzi

Jogador abre o jogo e mostra detalhes de sua nova vida.

26. Zonal 2.4 FIDE

Veja como foi este fan-tástico evento realiza-do em Manaus-AM

COLUNAS08.ELLEN GIESE

Xadrez Carioca

12.LEANDRO SALLESMarshal Chess Club

32. FREDERICO GAZELEnfim Mestre FIDE

36.RODRIGO DISCONZIMano a mano

38.LEON MENDESChess Position

40.PAULO FARIABate Papo

E MAIS:Entrevista com o

GM Leitão

Page 5: Revista Meio Jogo3nd edição

5

Page 6: Revista Meio Jogo3nd edição

6

Ranking Brasil

Jogador Rank RBP GanhosAlexander Fier 1 2335 R$ 10,899

Krikor Mekhitarian 2 1082 R$ 6,285

Rafael leitão 3 924 R$ 3.000

Everaldo Matsuura 4 770 R$ 2,885

Yago Santiago 5 745 R$ 2,970

Vitor Carneiro 6 736 R$ 1,300

Gilberto Milos 7 660 R$ 2,400

Paulo Palozi 8 638 R$ 1,360

Paulo Jatobá 9 618 R$ 1,300

Roberto Miranda 10 576 R$ 800

Fier Continua na Lide-rança

Desde que assumiu o pri-meiro posto do Ranking Brasil 2013, o Grande Mes-tre Alexandr Fier não deu chances a seus rivais. Seu domínio é evidente e ele tem tudo para levar o título de melhor jogador nacio-nal no final do ano. Krikor Mekhitarian têm tentado impedir esta conquista a todo custo. O atual Cam-peão Brasileiro estreou de forma tímida no rankig, mais com o andar da car-ruagem conseguiu ir se re-abilitando aos pouco e já parace na vice-liderança. Quem teve uma bela es-tréia foi o Grande Mestre Rafael Leitão, que após sua vitória no Zonal, assu-miu a terceira colocação no ranking.

Ainda teremos muitos tor-neios até o final, mas uma coisa é certa, não vai faltar emoção até lá

Page 7: Revista Meio Jogo3nd edição

7

Jogador Rank RBP GanhosAlexander Fier 1 2335 R$ 10,899

Krikor Mekhitarian 2 1082 R$ 6,285

Rafael leitão 3 924 R$ 3.000

Everaldo Matsuura 4 770 R$ 2,885

Yago Santiago 5 745 R$ 2,970

Vitor Carneiro 6 736 R$ 1,300

Gilberto Milos 7 660 R$ 2,400

Paulo Palozi 8 638 R$ 1,360

Paulo Jatobá 9 618 R$ 1,300

Roberto Miranda 10 576 R$ 800

En Passant

FIDE outorga novos títulos para o Brasil

Em recente congresso realizado em Baku, Azerbaijão, a Fede-ração Internacional de Xadrez – FIDE, outorgou os títulos de Mestre FIDE para o gaúcho Felipe Kubiaki Menna Barreto e o mineiro Frederico Gazel. Vanessa Feliciano recebeu o título de mestre internacional feminino (WMI) e Marcelo Konrath (foto) o de Árbitro FIDE.

Rafael Leitão reativa sua Academia

O Grande Mestre Rafael leitão reativou recentemente sua academia de treinamento on-line. O site tem partidas co-mentadas pelo jogador, relatos, além de vídeos com comen-tários sobre os torneios ao redor do mundo. Acompanhe pelo link http://academiarafaelleitao.com

Brasil será sede do Pan-americano da Juventude

Poços de Caldas, Minas Gerais será a sede do Campeonato Pan-americano das categorias sub 08 até a sub 18 anos. O evento será realizado entre os dias 25 de julho e 1 de agosto de 2013 no Hotel Golden Park.

Brasileiro cria Software de xadrez

O Mestre FIDE e professor Wagner Madeira é o autor de um software que ensina os movimentos das peças e as regras essenciais para a iniciação. De forma bem didática, o pro-duto é voltado para a aprendizagem do jogo de xadrez em escolas públicas e privadas e pode ser adquirido pelo site www.tabuleirodomadeira.com.br.

Page 8: Revista Meio Jogo3nd edição

8

COLUNA ELLEN GIESE

XADREZ CARIOCA:Um olhar sobre como os clubes de xadrez da capital se revelaram uma grata surpresa

Page 9: Revista Meio Jogo3nd edição

9

COLUNA ELLEN GIESE

Nem somente de sol, mar e par-tidas vivem os enxadristas ca-riocas. Eles também vivenciam

e respiram os seus clubes de xadrez. Depois de alguns anos vivendo no eixo enxadrístico do interior dos estados do Paraná e São Paulo, este fato inespera-do me apareceu como uma agradável surpresa na capital fluminense. Desde que aportei no Rio, desconfiada, e fui surpreendida pelo movimento de xa-drez na capital e me peguei participan-do de diferentes eventos promovidos pelos clubes e pela federação do esta-do (www.fexerj.org.br).

A minha experiência participando de campeonatos individuais não me fez criar muitas expectati-

vas além de jogar boas partidas e um bate-papo sobre o evento e análises post-mortem. Apesar da notória es-pontaneidade dos cariocas, o inusita-do foi que em todos os torneios a pri-meira pergunta que me fizeram como recém-chegada era sempre a mesma: em qual clube você está? Tudo muito natural para eles, como se cada asso-ciação destas fosse uma grande famí-lia. Nunca presenciei este tipo de re-lacionamento no xadrez em qualquer dos lugares por onde passei e foi algo que me chamou a atenção desde os primeiros eventos que disputei no Rio de Janeiro.

Os clubes movimentam a prá-tica do xadrez promovendo a integração e o aprimoramento

de seus atletas através de palestras, torneios internos, encontros semanais para os famosos “pingões” e troca de experiências entre os associados, de forma a que muitos enxadristas os tenham como um segundo lar. Nos últimos meses os clubes de xadrez cariocas foram sede de eventos im-portantes para o xadrez nacional e fluminense. No feriado de páscoa, o Tijuca Tênis Clube (TTC) cedeu seu espaço para a promoção do Regional Sudeste 2013, realizado pela CBX e FEXERJ. O evento reuniu 31 enxadris-tas do Rio de Janeiro e 11 atletas de outros estados (BA, GO, MG, SC, SP). Vinicius Vilela (RJ) e Frederico Gazel (SC) – que tornou-se MF neste even-to, compartilharam a primeira colo-cação e garantiram as vagas para a Semifinal do Brasileiro. O tradicional Campeonato Carioca 2013 foi reali-zado em abril no Club Municipal com a presença de 61 enxadristas de di-ferentes clubes da capital: AABB Rio, Associação Leopondinense de Xadrez (ALEX), Associação de Xadrez Xeque Mate (AXXM), Club Municipal, Clube de Xadrez Guanabara (CXG), Hebrai-ca (HSCER), Jacarepaguá Tênis Clube (JTC) e TTC. José Jorge de Carvalho (TTC) foi o campeão; e, todos os en-xadristas que alcançaram 4 pontos no torneio foram classificados para o FIDE Estadual Absoluto 2013 que será realizado em meados de maio.

Page 10: Revista Meio Jogo3nd edição

10

Em vinte anos de xadrez disputei diver-sos torneios, individuais e por equi-pes, em diferentes cidades do nosso

país. Aqui no Rio de Janeiro pude observar que mesmo os eventos sendo individuais, os atletas defendem suas associações e se ajudam uns aos outros: conselhos, torci-das veladas ou explicitas (só faltam ban-deiras e o grito da torcida) ou um chocola-tinho para acalmar os ânimos. Os clubes da capital também reali-zam regularmente IRTs para a prática e movimento do rating FIDE, os quais, em paralelo, acabam promovendo a integra-ção entre os atletas das diferentes agre-miações. No momento que escrevo está ocorrendo o II IRT do Clube de Xadrez Gua-nabara (CXG), um dos clubes mais antigos da capital (1956). Participam 23 jogadores de 8 clubes num suíço com rodadas aos sábados. Em março, a Associação Leopol-dinense de Xadrez (ALEX) promoveu o IRT FIDE Clássico de Verão em dois finais de semana, reunindo 13 jogadores de 4 clu-bes, com a vitória do alexano Kleber Victor Ferreira.

A ALEX também é conhecida na capital por promover torneios FIDE de xa-drez rápido e relâmpago. No mês de

abril, realizou dois torneios: o FIDE Tro-vão (Blitz) de Outono, que contou com 14 participantes com a vitória de José Manuel Blanco Pereira; o MF Alberto Mascarenhas sagrou-se campeão do FIDE Rápido de Outono dentre 16 animados enxadristas. A realização destes torneios permite a in-tegração de atletas das diferentes asso-ciações, uma vez que são realizados num único dia e são mais dinâmicos.

En passant, apesar de não ter saído da capital, tenho acompanhado o cresci-mento do movimento de xadrez no interior do estado, onde a tradição dos clubes tam-bém é vivaz. O primeiro Interzonal FIDE no Brasil, vencido por GM Henrique Mecking, foi realizado em Petrópolis no início da dé-cada de 70. Em março último, mais de 70 crianças participaram do classificatório do interior para o Estadual de Menores 2013 na cidade de Três Rios. Como recém-chegada na cidade, posso afirmar que o xadrez carioca se re-velou uma inusitada surpresa com muitos e fortes jogadores, bons torneios e uma receptividade agradável pelos diferentes clubes em torno das sessenta e quatro ca-sas; em especial pelo clube ao qual me identifiquei e me acolheu.

Por Ellen Giese editora do blog As Enxadristas

COLUNA ELLEN GIESE

Page 11: Revista Meio Jogo3nd edição

11

xadrezfeminino.wordpress.com

Page 12: Revista Meio Jogo3nd edição

12

COLUNA LEANDRO SALLES

AlívIO E DECEpçãO nO MARshAll

No mês passado, tive a oportunida-de de visitar Nova Iorque. Antes da viagem, durante o planejamento do

itinerário, tive a certeza de que um lugar não podia ficar de fora do roteiro: o Mar-shall Chess Club, famoso clube de xadrez nova-iorquino.O Marshall foi fundado no ano de 1915, pelo Grande Mestre Frank Marshall, que emprestou seu nome ao clube. Foi a partir de 1931, no entanto, que o clube passou a ter sua sede onde até hoje se encontra: no Greenwich Village, pertinho da Union Square.Como eu não sabia muito sobre o clube além da sua fama - por ele passaram gran-des lendas do xadrez, como Capablanca, Alekhine e Fischer – tinha grandes expec-tativas. O meu desejo era ver um espaço

alentador, que dirimisse minha descrença com relação à realidade do nosso esporte.Cheguei numa terça-feira fria (para os pa-drões brasileiros) e com garoa ao endereço da sede do clube. A princípio, pensei que tivesse me enganado, escrito o endereço errado talvez. Não fosse por uma peque-na placa de metal gravada com os dizeres “Marshall Chess Club”, talvez tivesse vira-do as costas e ido embora. 1 - Fachada do Marshall Chess ClubTentei abrir a porta. Trancado. Estaria fe-chado? No site, a informação era de que o recinto abria da uma da tarde até a meia-noite. Apertei o botão do interfone na por-ta e ela imediatamente se destrancou.Ao entrar, vi em uma mesa alguns panfle-tos e folders de torneios, anunciando um

Page 13: Revista Meio Jogo3nd edição

13

COLUNA LEANDRO SALLES

movimentado ambiente enxadrístico em Nova Iorque. Segui reto e entrei em uma sala com seis tabuleiros, à esquerda, onde alguns garotos batiam peças observados por um adulto, provavelmente o pai dos garotos.“O clube não deve ser só isso”, pensei. Como ninguém me recebeu, subi ao pri-meiro andar. Ali sim não tive dúvidas de que estava em um autêntico clube de xa-drez: ambiente com aspecto antigo, fotos velhas com molduras quebradas, sofás carcomidos e um aspecto lúgubre.

Duas pessoas na mesa mais próxima analisavam uma partida, no note-book. Outras duas, mais distantes,

tinham aula com um professor. Uma parti-da, sem relógio, se desenrolava em outra mesa, com um homem peruando em pé. Permaneci ali, peruando também, vendo que capivaradas eram universais. Passa-ram-se 10 minutos e ninguém falou comi-go.Saí dali e fui olhar o mural. No quadro de sócios constavam nomes como Nakamu-ra e Caruana. Na galeria de campeões do clube, chamou-me a atenção o nome de Joshua Waitzkin, que teve sua história contada no fi lme Lances Inocentes.Voltei ao salão com o intuito de pelo menos tentar jogar uma partida antes de ir em-bora. A falta de hospitalidade já me dava ganas de sair correndo. Cheguei ao cúmu-lo (outros curitibanos como eu entende-rão que, para nós da capital paranaense, isso se trata de um cúmulo), de abordar o companheiro peru da partida que estava

sendo jogada, dizendo que era do Brasil e estava visitando o clube.

Ele foi gentil, mostrou a mesa centená-ria onde Capablanca jogou uma par-tida, e me apresentou ao gerente do

clube, com o qual conversei um pouco. Ele me contou das difi culdades do Marshall e de como o trabalho abnegado dele e mais duas pessoas é que faz o clube andar. Aquela história eu já conhecia, de cor e salteado.Saí de lá com pressa, com as expectativas frustradas. Esperava um clube vibrante, cheio de vida, que me motivasse a tra-balhar ainda mais pelo xadrez. Vi que os clubes daqui não estão muito distantes em termos de estrutura. Por isso, deixei o Marshall Chess Club decepcionado. E ali-viado.

Por Leandro Salles Diretor de Projetos da Federação de Xa-

drez do Paraná, colunista do Portal Paraná Online e comentarista da Rádio Xadrez.

@llsalles

“Não fosse por uma pequena placa de metal gravada com os dizeres “Marshall Chess Club”, talvez tivesse virado as costas

e ido embora.”

Page 14: Revista Meio Jogo3nd edição

14

Page 15: Revista Meio Jogo3nd edição

15

SUA MAIOR ARMA NO

XADREZPor Rogério Santos

Uma das premissas básicas para discernirmos a melhor forma de combate na guerra psicológica que nós jogadores de xadrez enfrentamos no dia a dia é o autoconhecimen-to. Só teremos as armas necessárias para atacar, contra-atacar e sermos vitoriosos se soubermos o que representamos para o nosso adversário. Em outras palavras, por um momento, devemos deixar de olhar pelos nossos olhos e observar pelos olhos dele. Saber como ele nos vê, para então agirmos usando as armas mais adequadas do nosso arsenal.

O General chinês, Sun Tzu, já dizia há mais de dois mil anos: “Se você co-nhece o inimigo e conhece a si mes-

mo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não co-nhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem seu inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. Conhecer a si próprio é o primei-ro passo fundamental para compreender como o outro se comportará. Quanto mais experiências você vivenciar, maior será o número de associações que poderá fazer e mais apto estará para identificar em qual nível o adversário se encontra. Quando nos conhecemos bem, po-demos usar até mesmo nossas fraquezas para reconhecer as do oponente. Por todos os percalços que já superamos, estaremos aptos a reconhecer se eles também re-presentarão obstáculos para o vilão. Isso significa que temos uma vantagem, pois

achamos um ponto fraco a ser explorado.“Diante de um a larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, ali, ataque com sua maior força” (Sun Tzu). Ter consciência das suas limitações e das do adversário evitará um dos fato-res psicológicos mais determinantes do xadrez: o medo de capivarar. Esse tipo de conflito mental é um dos estados de confu-são em que o jogador não sabe mais como reagir – isso porque ele acabou de perder completamente a linha de raciocínio, po-pularmente falando, o fio da meada. Quem tem tudo sobre controle, se sente seguro para fazer quaisquer jogadas e sabe que, no longo prazo, sairá vence-dor. “Um general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será ludibriado pelo inimigo através de provo-cações e cairá em emboscadas sem perce-ber” (Sun Tzu).Quando entramos na mesma frequência

Page 16: Revista Meio Jogo3nd edição

16

do oponente, percebemos exatamente o que aquele lance - especulativo, objetivo, defensivo – significa no tabuleiro. Não há escapatória para ele. Porque entramos em sua cabeça. Sabemos como ele pensa. As-sim, quando ele se adapta, fica fácil se re-adaptar, pois sua cabeça é um livro aberto. “A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com seu inimigo é chamada de genialidade” (Sun Tzu). Para sermos bem-sucedidos no xa-drez, em especial ao jogarmos contra for-tes jogadores, é preciso alcançar um es-tágio elevado de consciência do jogo. Algo que nos permita pensar em vários níveis, nos colocando na pele do adversário e compreendendo que tipo de indivíduo nós somos no tabuleiro. E para entrar nessa frequência a dis-ciplina é essencial, por exemplo, manten-do o foco nos estudos, sempre nos atuali-zando e nunca parar ou olhar para trás.Por fim, é preciso ter sensibilidade e estar sempre atento aos padrões minuciosos do jogo – e isto tudo só é possível se estiver-

mos em paz com nossos pensamentos. O sucesso só vem com trabalho duro, então, como disse o próprio Tzu: “Se quisermos que a glória e o sucesso acom-panhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina”.

[...] Quando nos conhecemos bem, podemos usar até

mesmo nossas fraquezas para

reconhecer as do oponoente.

Page 17: Revista Meio Jogo3nd edição

17

Page 18: Revista Meio Jogo3nd edição

18

Festival Nacional da Criança: O futuro do xadrez brasileiro

passou por Catanduva.Por Rogério Santos

Page 19: Revista Meio Jogo3nd edição

19

Todo ano o Festival Nacional da Crian-ça atrai multidões para os seus tor-neios. Esse ano não foi diferente e

mais de 200 jogadores tomaram partido nas disputas que foram realizadas na cida-de de Catanduva-SP. Com um atrativo extra (os campe-ões irão receber treinamento especial por um ano do GM Gilberto Milos), a maioria dos estados teve alguém os representando nesse evento, com destaque para os pau-listas, donos da casa e que estavam em maioria nos torneios.

Categoria Sub 08 Absoluto O mineiro Rodrigo Borges Filho foi o grande campeão do torneio. Com um es-core de 5 pontos em 6 rodadas ele acabou com melhor critério de desempate que o brasiliense Saymon Santos. O bronze ficou para o baiano Davi Rebouças, um ponto atrás dos líderes e um melhor critério de desempate que outros 6 jogadores.

Categoria Sub 08 Feminino Meilin Hoshino mostrou que não era favorita à toa. Jogando de forma segura, não deu chance as rivais e levou o caneco com 100% dos pontos, 6/6. A prata ficou com Mariana Cadilhac, que terminou com 5/6. Já o bronze ficou com a paranaense Beatriz Kihara.

Categoria Sub 10 Absoluto Novamente um mineiro chegou ao topo do pódio em mais um torneio do FE-NAC 2013. Enzo Fontes terminou com 5 pontos em 6 rodadas, juntamente com outros 3 jogadores. Entretanto seu critério de desempate foi muito melhor que os de-mais. A prata ficou com o paulista Arthur Marques e o bronze para o catarinense Ga-briel de Borba.

Categoria Sub 10 Feminino A paranaense Jhulia Felix conseguiu o único título de seu estado nesse evento. Com 5 pontos em 6 rodadas, Jhulia chegou empatada cem pontos com Eymi Montufar, entretando a superou no confronto direto e pode voltar para casa com o título. O pó-dio foi completado com Fernanda Mazzeto

do Paraná, única jogadora que chegou aos 4,5 pontos.

Categoria Sub 12 Absoluto Com um grande número de jogado-res, o maior do evento com 51 pessoas, Gianluca Almeida foi o grande vencedor da categoria, com 100% dos pontos. O cata-rinense Guilherme de Borba também fez 6 pontos em 6 rodadas, porém, teve meio ponto a menos de critério de desempate e viu o título ir para o jogador do Rio de Ja-neiro. Tales de Carvalho ficou com o bron-ze.

Categoria Sub 12 Feminino Outra categoria que teve que ser de-cidida no critério de desempate, dessa vez o confronto direto. Quem levou a melhor foi a paulista Cassia Oliveira que chegou aos 5 pontos em 6 rodadas. Fernanda Mar-tins levou a prata ao também conseguir o mesmo escore. O pódio foi completa-do pela potiguar Kyvia Nogueira, com um ponto a menos que a campeã.

Categoria Sub 14 Absoluto Tiago Oliveira não deu chance a nin-guém e faturou o torneio com 100% dos pontos. O pódio inteiramente paulista teve ainda Igor Cadilhac recebendo a medalha de prata e Matheus Goya levando o bron-ze, ambos com 5,5 em 6 rodadas.

Categoria sub 14 Feminino Agatha Nunes levou o título ao che-gar sozinha com 5,5 pontos em 6 rodadas. A paulista teve a companhia de outra con-terrânea, Isabelle Tamarozi que recebeu a prata após fazer 5 pontos. O bronze ficou com a paranaense Lesly Berrios isolada nos 4,5 pontos.

Minas Gerais e São Paulo mostraram que o seu trabalho de base está sendo bem feito e tiveram a maioria dos títulos. Res-ta aos demais estados correr atrás para quem sabe, ano que vem poder competir de igual com estas duas potências do xa-drez nacional.

Page 20: Revista Meio Jogo3nd edição

20

Disconzi

Alegria pura. Este é o perfil que mais se encaixa com o Mestre Internacional Rodrigo Disconzi da Silva. Oriundo do Rio Grande do Sul mais há muito tempo radicado em Curitiba, o irreverente mestre nos conta como tem sido sua volta aos tabuleiros, seus planos e suas novas obrigações caseiras.

Por Rogério Santos

Page 21: Revista Meio Jogo3nd edição

21

Page 22: Revista Meio Jogo3nd edição

22

Rogério Santos: Como é o Rodrigo du-rante o dia-a-dia? Disconzi: Recentemente inverti os papéis com minha esposa. Agora eu cuido da casa e ela trabalha mais fora. A maioria das minhas ações diárias são dedicadas aos meus fi lhos, um menino de 6 anos e uma menina de 1 ano. Desde o preparo das refeições, higiene, atividades, brinca-deiras, embalar para as sonecas, aplicação de medicamentos (no frio curitibano, mui-tos aqui sofrem com alergia respiratória e afi ns), manter a casa em ordem entre ou-tras atividades divertidas. Quando eles dormem à noite ou estão na escola (à tarde) uso o curto tempo dispo-nível para trabalhar: dar aulas de xadrez, preparar as aulas e/ou jogar poker na In-ternet. Quando acontecem eventos alea-tórios em que posso fi car em casa em si-lêncio, aí sim estudo xadrez.

RS: Pratica outros Esportes? D: Hoje em dia, quando posso, ando de bike (uma Soul Miracle aro 26, híbrida mountain/street, para aguentar o tranco das ruas cheias de buraco) por ruas tran-quilas na região do meu Bairro (andar pe-las avenidas em grandes cidades hoje em dia é pedir para morrer). Também tento não piorar minha condição física fazendo exercícios em casa mesmo com pequenos pesos, corda e sessões de alongamento.

RS:Como o xadrez surgiu na sua vida? D: Aos 6 anos ganhei um jogo de xadrez. Era uma caixa pequena de madeira e de dobrar (que tenho até hoje) de um cole-ga do meu pai no Quartel de Uruguaiana (RS), onde nasci. Como eu perdia para meus irmãos mais velhos, primos, tios, cachorro do vizinho, decidi juntar as pecinhas de xadrez com meus soldados de brinquedo por um tem-po. Já em Curitiba, aos 8 anos fui ter aulas de xadrez no Instituto de Educação de Curiti-ba. Mas desanimei porque ganhava todas do professor. Em todos os casos fi co ima-ginando o quão raro deveria ser ter aulas de xadrez em 1979.

Aos 10 anos um amigo de escola (colé-gio preparatório para o Colégio Militar) se interessou em jogar partidas com mais frequência e tentávamos ampliar nossa rede de jogadores amadores. Tipo, num dia chegava alguém com uma novidade revolucionária e ensinava aos outros: o FIANQUETO! Chega de rei desprotegido! E coitada das torres, presas fáceis e descui-dadas para estes monstros das diagonais. Aos 11 anos descobrimos que existiam torneios de xadrez na Biblioteca Pública do Paraná e logo depois o Clube de Xadrez de Curitiba. No meu primeiro torneio fi z algo como 4 em 7 no sub-13 , e no torneio se-guinte 6 meses e alguns livros depois, no mesmo ano, fi z 6 em 7. RS: O que mais lhe chama a atenção no xadrez? D: A possibilidade de continuamente ser-mos testados e obter prazer com isso. É uma tentativa eterna de melhorarmos a nós mesmos. Além disso, acabamos sen-do abraçados pela comunidade de pessoas que acham o mesmo e não conseguimos escapar...rsrsrs. O universo do xadrez é muito amplo e pro-vavelmente dedicamos muito tempo a ele. Mas quando nos damos conta disso, é tar-de demais :)

Page 23: Revista Meio Jogo3nd edição

23

RS: Você já esteve em vários países, qual lhe chamou mais a atenção? D: Não estive em tantos países assim nem convivi com as pessoas destes lugares. Quem joga xadrez vai a muitos lugares, mas acaba sempre no mesmo local: o ta-buleiro. Pretendo voltar a jogar na Europa algum dia. Jogar e passear com mais calma. RS: Teve treinadores durante sua car-reira ou sempre teve que se virar so-zinho? D: Treinei na biblioteca pública inicialmen-te intercalando leituras do Tintin com as aulas do Gerson Salibian, até começar a ganhar dele. Depois tive sorte que meu colégio (o ex-tinto Barddal) tinha o xadrez em seu currí-culo obrigatório. Com isso consegui bolsas de estudo e eventual apoio. Lá treinei ini-cialmente com o Marcos Ribeiro, até su-perá-lo, e depois com o Luiz Ruppel, de quem demorei um pouco mais para medir forças à altura (3 anos). Na verdade aprendi muito jogando blitz, conversando e viajando com os jogadores mais fortes que eu daqui de Curitiba. RS: Vários jogadores consideram você como um dos melhores treinadores do país, o que você acha disso? D: Este tipo de trabalho é difícil de avaliar. Acho que somente quem teve aula com al-

guém pode realmente opinar. Se me perguntarem se o MI Pelikian é bom professor direi que ele deve ser, pois inúmeros de seus alunos obtiveram in-contáveis títulos e ele demonstra ser uma pessoa equilibrada, educada, organizada, responsável e com o conhecimento neces-sário para exercer a função. Poderia dizer o mesmo de muitos outros treinadores, mas na prática, só mesmo os alunos para opinarem. Além disso, um aluno pode se adaptar mais ou menos com a personalidade/cará-ter, método de trabalho, filosofia de xadrez de um professor do que com outro. RS: Chegar a Mestre internacional é para poucos, o que acha que mais contribuiu para a sua evolução no xa-drez? D: Hoje em dia , com a experiência ad-quirida, consigo ver até mais claramente o que eu fiz de errado e quanto tempo de-morei para atingir certos objetivos...rsrsr Quando somos jovens não damos o real valor ao tempo disponível que temos. De-pois o tempo nos engole. No meu caso eu acho que fui bastante de-terminado e não desisti de tentar enquan-to achava que havia a chance de ser MI. RS: Apesar disso, Em que momento decidiu encarar o xadrez mais a sério? D: Isso aconteceu em alguma etapas dife-rentes da minha vida:

Page 24: Revista Meio Jogo3nd edição

24

1- Aos 13 decidi ler TODOS os livros que estivessem ao meu alcance. E acho que li uns 150 livros em 2 anos (Biblioteca Públi-ca, do CXC, meus e de amigos) . Posso não ter entendido nada, mas no subconsciente algo fica guardado e o cérebro se acostu-ma com a disposição das peças, harmonia, temas, padrões. 2- Após concluir a gradução universitária (1991), decidi que deveria tentar jogar melhor e me esforcei muito para conseguir chegar à equipe olímpica de 1994. Naque-la época eu tinha mais rating que hoje : 2395 contra os atuais 2377. Em 1992 eu tinha um notebook e usava o Nicbase e depois o Chessbase. 3- Lá por 2002/2003 decidi parar de jogar no ICC , que é um vício sem fim, trocan-do o tempo desperdiçado nele para estu-dar xadrez mais a sério e meu rating subiu para 2415 (com 2426 de Live). Espero poder tentar jogar bem e continuar motivado novamente ainda neste ano. RS: Você considera sua vitória sobre o Mequinho no Zonal de São Paulo 1995 como a melhor partida que jogou até hoje? D: Essa e contra o Granda no Zonal de 2003 foram partidas que gosto muito e até nem parece que fui eu que joguei. Na ver-dade, quando jogamos bem, jogamos num

nível acima do nosso e fica essa sensação estranha que, infelizmente, desaparece logo. RS: O que mudou em você após ba-ter o Grande Mestre mais lendário do País? D: Na verdade nada. Pois até torcia para ele voltar a jogar cada vez melhor. O pro-blema é que no xadrez mesmo alguém mais fraco pode, numa partida, acertar al-guém mais forte. Assim é o jogo, 11 para cada lado e uma bola no meio. RS: No torneio Continental de 2005, você conseguiu bons resultados con-tra vários GM’s. Ali você via o título de Grande Mestre como algo perto de acontecer? D: No zonal de 2009 acho que estive mais perto, mas perdi de brancas para o talen-toso chileno Mauricio Flores. No Zonal de 2005 enfrentei 7 GMS e per-di só uma. Joguei para conseguir a norma definitiva de MI e consegui uma rodada antes do fim do torneio. Aqui nunca sequer pensei em norma de GM, principalmente porque não tive chance matemática. RS: O que o levou a dar uma pausa no xadrez? D: Isso é normal para um esporte como

o xadrez em nosso país. Comer peças não mata a fome. Sou formado em Jornalismo e even-tualmente volto a atuar na área quando as opor-tunidades são por boas causas. Cau-sa financeira por exemplo! Também acho que a relação nos-sa com o xadrez acaba esquentan-do mais depois da ruptura e do retor-no.

Page 25: Revista Meio Jogo3nd edição

25

RS: Como está sendo voltar a compe-tir profissionalmente e viajar Brasil afora? D: Muito recente para tirar conclusões. Em um mês sem emprego fixo e com horá-rio, eu achei que poderia voltar a estudar xadrez. Ainda não consegui, porém estou tratando disso pois agora foi confirmado o torneio de norma de GM em San Luiz, Argentina, onde foi realizado o Mundoal de 2005, vencido pelo Topalov. Já requisitei à organização o mesmo quar-to e aparelhagem que ele usou naquela ocasião. Nessa cidade os GMs Gilberto Hernandez e Claudia Amura tem um excelente trabalho de xadrez. RS: Lembro que você costuma ler mui-tos livros de xadrez. Qual você consi-dera o melhor? D: Gosto dos livros do John Watson e Jo-nhatan Rowson. RS: Você esteve à frente de várias re-vista de xadrez no Brasil. O que mais lhe agradava nesse tipo de trabalho? D: Me agradava a tentativa de dar conti-nuidade ao registro histórico do xadrez no país, mas a atividade é deficitária e quase impossível de ser mantida. Hoje, com a intenet, acho que essa carên-

cia foi suprida. Só haveria espaço para algum material impresso de alta qua-lidade gráfica e de conteúdo diferenciado. RS: Como é ser enxadrista profissional no Brasil? D: O mercado só se mantém devido a aulas em escolas ou particulares. Quem é profis-sional, é profissional no mun-do, não só no Brasil. RS: Como sua família vê sua carreira? D:Com normalidade. Cada um deve fazer o que sabe fazer melhor. RS: Incentiva seus filhos

a praticar o jogo de forma mais séria ou prefere que eles tenham apenas o contato lúdico? D: Quem é filho de enxadrista fica em con-tato e quer aprender, geralmente. Ensinei meu filho a jogar e ele até vai bem. O primeiro torneio dele deveria ser nesse sábado (20 abril), mas ele preferiu partici-par aos sábados das atividades da Socie-dade Ucraniana Paranaense e os torneios ficaram para quando for domingo. RS: Qual é o segredo para se tornar MI? D: Consegui chegar a MI por ter colocado isso como meta e segui adiante, estando certo de que não poderia ser diferente. Acho que todo jogador deve ter alguma diante de si e se esforçar para cumprí-la. Daí ele vai tentando completar suas metas passo a passo, no seu ritmo. Aonde cada um vai parar depende de muitas coisas, mas se alguém chega inicialmente a 2200, certamente pode vir a ser MI.

RS: Obrigado mestre, que o título de GM não tarde a chegar.

Page 26: Revista Meio Jogo3nd edição

26

Zonal 2.4 FIDE

Sucesso Total

Page 27: Revista Meio Jogo3nd edição

27

Com sua paisagem cercada de atrati-vos naturais, Manaus foi à escolhida para sediar o Zonal 2.4 FIDE. Não

por acaso o torneio conseguiu atrair quase 100 jogadores em busca das duas vagas para a Copa do Mundo, de 16 mil reais em prêmios e do título direto de Mestre In-ternacional e dois títulos diretos de Mestre FIDE.

O Torneio O local escolhido para a realização do evento foi o maravilhoso Hotel Tropical, com amplos salões e muito boa aceitação dos jogadores. O tempo de jogo foi o de 90 minutos para 40 lances mais 30 minu-tos finish, com incrementos de 30 segun-dos por lance desde o movimento inicial. O sistema de jogo foi o Suíço em nove ro-dadas. A arbitragem ficou por conta do AI Élcio Mourão e equipe.

Favoritos garantem sua inscrição

Logo que foram abertas as inscri-ções para o evento, os favoritos as vagas logo se inscreveram. Os Grandes Mestres Rafael leitão e Alexandr Fier não perderam tempo e elevaram ainda mais o nível téc-nico do torneio. Os peruanos também vie-ram em peso, embora sem a presença de seus principais jogadores, Júlio Granda e Emílio Córdova, o último por fixar residên-cia em Cuba.

Primeiros movimentos O torneio começou de forma trágica para o MI Diego Di Berardino, que foi der-rotado pelo goiano Guilherme Vilela. O MF Wagner Madeira também sentiu o sabor da derrota em seu primeiro confronto. O au-tor da façanha foi o Mestre Nacional cario-ca David Borensztajn. Os demais favoritos fizeram seu dever de casa e prosseguiram

Page 28: Revista Meio Jogo3nd edição

28

no torneio sem problemas maiores.

Escapando por pouco Na terceira rodada o torneio ia se afunilando, e os favoritos ia tentando pre-ver quando seus confrontos iriam acon-tecer. Na mesa um, o MF Benares deixou passar uma boa oportunidade de vitória sobre o GM Leitão, ao não perceber mate em dois lances quando já estava no apu-ro. Leitão conseguiu sobreviver, reverteu a posição e faturou o ponto.

Leitao,Rafael (2618) - Cruz,Ricardo Benares (2309) [D94](3.1), 28.04.2013 1.d4 d5 2.c4 c6 3.¤f3 ¤f6 4.e3 g6 5.¤c3 ¥g7 6.h3 0–0 7.¥e2 c5 8.0–0 cxd4 9.exd4 dxc4 10.¥xc4 a6 11.a3 b5 12.¥a2 ¥b7 13.¤e5 ¤c6 14.¤xc6 ¥xc6 15.d5 ¥b7 16.¥f4 ¦c8 17.¥e5 £d7 18.£d4 ¦fd8 19.¦ad1 ¤e8 20.¦fe1 ¥xe5 21.¦xe5 ¤d6 22.¦de1 ¦e8 23.£h4 ¦c7 24.£h6 ¤f5 25.£f4 ¤d6 26.¦1e3 ¦c4 27.£f3 a5 28.£e2 ¦c7 29.b4 axb4 30.axb4 ¤f5 31.¦d3 ¦ec8 32.¤e4 ¦c2 33.¦d2 ¦xd2 34.£xd2 £c7 35.d6 exd6 36.¤f6+ ¢h8 37.¦e1 £c3 38.¦e8+ ¢g7 39.¤h5+ 1–0

Fier assume a ponta Empreendendo um bom jogo, Ale-xandr Fier assumiu a ponto do torneio na quarta rodada e a manteve isoladamente até a sétima, quando acabou empatando com MI Di Berardino e viu o GM Leitão lhe ultrapassar nos critérios.

Mais um ao grupo Na oitava rodada, Di Berardino se juntou ao grupo de líderes, todos com 6,5 pontos em 8 rodadas e a última rodada se-ria crucial para concretizar as ambições de cada um, pois apenas dois jogadores iriam a Noruega. Fier se viu diante do MF Renato Quin-tiliano, e após uma boa luta, saiu com o ponto debaixo do braço e a primeira vaga para a Copa do Mundo. Leitão enfrentou a Di Berardino, este último precisando ape-nas da vitória para levar a vaga. Após um erro de cálculos de Diego, Rafael conse-guiu se impor na partida, venceu o jogo e embolsou a segunda vaga para a Noruega.

Além disso, conseguiu terminar com me-lhor critério que Fier e faturou o título de campeão do evento, voltando para casa com R$ 3.000,00 reais a mais em sua con-ta. Pela segunda colocação Fier recebeu R$ 2.400,00 reais. O bronze ficou com o GM Peruano Jorge Cori, que recebeu R$ 2.000,00 reais de prêmio.

Leitao,Rafael (2618) - Di Berardino,Diego (2499) [E18] (9.1), 03.05.2013

1.d4 ¤f6 2.c4 e6 3.¤f3 b6 4.g3 ¥b7 5.¥g2 ¥e7 6.¤c3 ¤e4 7.¥d2 ¥f6 8.0–0 0–0 9.¤e5 ¤xc3 10.¥xc3 ¥xg2 11.¢xg2 d6 12.¤g4 d5 13.e4 dxe4 14.£e2 ¤d7 15.£xe4 ¦c8 16.¦ad1 c6 17.¦fe1 b5 18.b3 bxc4 19.bxc4 ¥e7 20.£f3 £c7 21.¦d3 ¤f6 22.d5 cxd5 23.¤xf6+ ¥xf6 24.¥xf6 gxf6 25.cxd5 £e7 26.£g4+ ¢h8 27.dxe6 fxe6 28.¦xe6 £b7+ 29.£f3 £xf3+ 30.¦xf3 ¢g7 31.¦e7+ ¦f7 32.¦xf7+ ¢xf7 33.¦a3 ¦c7 34.¦a5 ¢g6 35.g4 ¦c4 36.¢g3 ¦c7 37.f3 ¦b7 38.h3 ¦c7 39.¢h4 ¦d7 40.f4 ¦c7 41.f5+ ¢g7 42.¢h5 ¦d7 43.h4 ¦c7 44.¦a6 ¦d7 45.a4 ¦c7 46.a5 ¦d7 47.¦c6 ¦b7 48.a6 ¦d7 49.¦c8 h6 50.¦b8 1–0

Novos Titulados Na corrida pelos títulos diretos ofe-recidos no evento, quem teve motivos para sorrir foi Luis Paulo Supi. O Paulista foi o segundo melhor jogador Mestre Fide no torneio, entretanto como o primeiro já iria receber o título por outros motivos, Supi ficou com Título de Mestre Internacional.Na briga pelo título de Mestre Fide, o peru-ano Gallo Ponce ficou com o primeiro título e o CM Armen Proudian levou a segunda para casa.

Chumpitaz,Ann (2155) - Supi,Luis (2321) [E73](9.6), 03.05.20131.d4 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 ¥g7 4.e4 d6 5.¥e2 0–0 6.¥g5 ¤a6 7.£d2 e5 8.d5 ¤c5 9.f3 h6 10.¥e3 ¤h5 11.g3 ¢h7 12.b4 ¤d7 13.c5 a6 14.cxd6 cxd6 15.¤h3 ¤b8 16.¥f1 f5 17.¤g1 ¤d7 18.¥g2 ¤df6 19.¥f2 fxe4 20.¤xe4 ¤xe4 21.fxe4 £f6 22.£e3 ¤f4 23.¥f1 ¥g4 24.¦b1 ¦ac8 25.gxf4 exf4 26.£d2 £e7 27.¤e2 £xe4 28.¦b3 ¥xe2 29.£xe2 ¦c1+ 0–1

Page 29: Revista Meio Jogo3nd edição

29

Entrevista com o Campeão:

Como foi sua preparação para o Zonal 2.4?R: Curiosamente não fiz uma preparação específica. Estive alguns meses estudando cerca de 6 horas por dia, mas no mês an-terior à competição estive mais dedicado ao meu casamento, lua de mel, mudança etc. Mas acho que a preparação anterior, bem como o meu excelente estado de es-pírito, acabaram ajudando.

Você comentou em seu blog que a par-tida com o MF Benares teve um final quase dramático, mas que foi desper-diçado pelo seu oponente. Seria esta a partida chave para você ter motivação e ambição para vencer o evento?R: Durante os torneios existe às vezes aquele momento chave que indica para que lado o vento irá soprar. Contra o Be-nares eu tinha uma posição bem superior e no meu estilo, com nenhum contra-jo-go para o meu adversário. Mas não joguei com energia suficiente e acabei apurado por tempo. Felizmente meu adversário deixou de trocar as damas no momento conveniente, o que lhe daria uma clara vantagem e nenhum risco. Em uma posi-ção já equilibrada, Benares deixou passar um “golpe tático” de mate em dois. Essa foi à única partida em que tive problemas durante o torneio.

Sua partida com Jorge Cori foi ao me-lhor estilo posicional de Rafael Leitão, foi sua melhor partida no evento?R: Na verdade essa partida foi mais táti-ca do que posicional. Cori me surpreendeu com a Grunfeld e eu o surpreendi esco-lhendo a variante russa. Ele gastou muito tempo e escolheu uma continuação pou-co usual, mas a partida ficou taticamente tensa até ele cometer um erro de cálculo e ficar imediatamente perdido. Certamente foi minha melhor partida no torneio.

A última rodada se mostrou bem tensa para você, em algum momento pen-sou que a vaga poderia estar perdida?R: Não tive qualquer problema na última partida. Sempre estive um pouco melhor,

até o Diego cometer um erro de cálculo e ficar perdido. Mas mantive a posição bem controlada, o que era o mais importante. Não fiquei pensando na vaga, estava fo-cando em jogar sólido, mas para vencer, sem me preocupar com o resto.

Qual a melhor parte de sua viagem a Manaus-AM, ser campeão do torneio ou poder passear pelas belezas locais?R: Durante o torneio penso apenas em jogar bem. Enxadristas ficam muito con-centrados e muitas vezes sequer notam as belezas naturais de onde estão. Mesmo as-sim tive tempo de conhecer algumas (pou-cas) coisas. Mas, sendo um profissional, a vitória no torneio está acima de tudo.

Agora que conquistou a vaga para a Copa do Mundo, fará uma preparação especial para o evento ou apenas algo de leve?R: Tentarei me preparar da melhor forma possível, trabalhando com toda a ener-gia. Tenho uma atividade bastante inten-sa também como treinador, portanto não sobra tanto tempo, mas com a ajuda de alguns amigos GMs o tempo pode ser oti-mizado.

Boa sorte na NoruegaObrigado!

Page 30: Revista Meio Jogo3nd edição

30

Partida Comentada por Rafael Leitão

Leitão,R - Cori,J [D97]02.05.20131.d4 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 d5 4.¤f3 ¥g7 5.£b3 dxc4 6.£xc4 0–0 7.e4 a6 8.¥e2 b5 9.£b3 c5 [9...¥b7 10.e5 ¤d5 11.0–0 (11.a4 c5) 11...c5 (11...¤xc3) 12.dxc5 ¤d7 13.¤xd5 ¤xc5; 9...¤c6 10.e5 ¥e6 11.£d1 (11.exf6 ¥xb3 12.fxg7 ¢xg7 13.axb3 ¤xd4 14.¤xd4 £xd4 15.0–0 £b4 16.¥f3 £xb3) 11...¤d5 12.0–0 ¤xc3 13.bxc3 ¥d5] 10.dxc5 ¤c6 [10...¥b7 11.e5 (11.0–0) 11...¤fd7 12.¥e3 ¤xe5 (12...e6) 13.¤xe5 (13.¦d1) 13...¥xe5 14.¦d1 (14.0–0) 14...£c7 15.¤d5 ¥xd5 16.£xd5 ¤c6 17.¥f3 ¦ac8 18.£xc6 £xc6 19.¥xc6 ¦xc6 20.¦d2; 10...¥e6] 11.0–0 ¥e6 [11...b4 12.¦d1 £a5 13.¤d5 ¤xe4 14.£c4 ¤f6 15.¤d4! ¤xd4 16.¤xe7+ ¢h8 17.£xd4] 12.£c2 £c7 13.h3 b4?

[13...¤b4 14.£b1 £xc5 15.a3 ¤c6 16.¥e3 £d6 17.¦d1 £b8 (17...£c7) 18.¤d5 (18.£c2) ] 14.¤a4 b3 15.axb3 ¤b4 16.£d2 a5 17.¤d4 [17.£f4 £xf4 18.¥xf4 ¤xe4] 17...¦ad8? [17...¥d7; 17...¤xe4 18.¤xe6 fxe6 19.£e3 ¤xf2!! 20.¦xf2 ¤c2 21.£xe6+ ¢h8] 18.¤xe6 ¦xd2? [18...fxe6 19.£f4] 19.¤xc7 ¦xe2 20.¤c3 ¦c2 21.¦d1 [21.¦xa5+-] 21...¦c8 22.¤7b5 [22.¦xa5; 22.e5] 22...¤c6 23.¦a4 [23.e5; 23.¤a3 ¦xc3] 23...¤d7 24.¤a3 ¦xc1 25.¦xc1 ¤xc5 26.¦c4 [26.¤d5! ¤xa4 27.bxa4+-] 26...¤d3 27.¦c2 ¤de5 28.¦c5 ¤d3 29.¦c4 ¤de5 30.¦a4 [30.¤d5 ¤xc4 31.¦xc4 ¥xb2 32.¦xc6 ¦xc6 33.¤xe7+ ¢f8 34.¤xc6 ¥xa3 35.¤xa5+-] 30...¦d8 31.¤c4 ¤d4 32.¦c1 ¤xb3 33.¦d1 ¦xd1+ 34.¤xd1 ¤xc4 [34...¤d3] 35.¦xc4 ¥e5 36.g3 ¢g7 37.¢g2 ¥d4 38.¦a4 ¥c5 39.¦c4 ¥d4 40.¤c3 ¢f6 41.¦c6+ e6 42.f4 1–0

Page 31: Revista Meio Jogo3nd edição

31

EM pARCERIA COM O fÓRuM tAbulEIRO sOCIAl, sE REAlIZA O

gRAnDE tORnEIO DIÁRIO CCApIvARA, ADMInIstRADO pElO

MEstRE CARlOs CApIvARA!

Horário: 21 h (horário de Brasília)

Necessário ter uma conta no

Page 32: Revista Meio Jogo3nd edição

32

COLUNA FREDERICO GAZEL

Page 33: Revista Meio Jogo3nd edição

33

COLUNA FREDERICO GAZEL

Enfim Mestre FIDE!por Frederico Gazel

Olá galera do Meio Jogo! Que grande prazer es-crever esta coluna para

vocês!Escrevo este artigo com um incrível sentimento de alegria, satisfação de dever cumprido e, principalmente, sabendo que consegui chegar a um re-sultado impar na minha car-reira.Quando sai de Belo Horizon-te rumo ao Rio de Janeiro no dia 29 de Março, o sentimento de que algo bom me aconte-ceria era muito grande, haja visto que estava a beira dos “tão esperados” 2300 pontos. Sentia que a cada torneio meu jogo evoluía, trabalhei muito a questão psicológica para não me afetar durante o torneio e tentei jogar o meu melhor.Aquela tarde em que meu tio Sebastiãocilas me ensinou

os movimentos do jogo, com apenas nove anos, sempre me vinha à cabeça. Os dias que eu passei suando a cami-sa nos treinos, as noites sem dormir preparando partidas, as viagens longas e sofridas, o desgaste natural das partidas, também ficaram marcadas na mente. O apoio incondicional de minha família também era lembrado. Procurava sempre na memória momentos decisi-vos que tive durante a minha carreira, como o da conquista do título Mineiro Absoluto de 2010 ou da linda experiência ao exterior na República Tche-ca, corando com o 1º lugar no Blitz, tudo isso me traziam mais força de jogo. Sabia que o momento esta-va perto e não poderia adiar novamente o objetivo de vol-tar como Mestre FIDE. Sim, a

Como usei toda minha experiência enxadrística para chegar a um dos títulos mais cobiçados do xadrez.

Page 34: Revista Meio Jogo3nd edição

34

faculdade adiou em alguns anos este sonho, mas as experiências adquiridas ali me fortaleceram ainda mais para saber o valor des-sa conquista. A falta de tempo para conciliar os dois sempre foi um calvário em minha vida, mas hoje eu sei como encontrar tempo para o xadrez. Na metade do torneio, já havia al-cançado o pré-requisito mínimo: 2300 pontos. No entanto, não sa-bia ao certo se, alcançasse dentro do torneio já valeria o título. Con-sultei alguns árbitros renomados do Brasil, e a resposta não estava na ponta da língua. Uns disseram que já valeria o título, outros não acreditavam nessa regra. A ansie-dade tomava conta, e a certeza era somente uma: peão pra fren-te!Minha última partida no torneio foi uma mescla de vários sentimen-tos. Além de todas as alegrias, frustrações e grandes momentos que a comprovação deste título

me proporcionou, foi o a sensação de recompensa por um esforço téc-nico de estudo de livros estratégi-cos e táticos para formar um esti-lo de jogo sólido e positivo. E esse talvez tenha sido o mais duradouro de todos os sentimentos maravi-lhosos dessa longa jornada.A espera foi longa. Desde alguns anos, já figurava entre os 100 do Brasil, com a margem de 2200. Há algum tempo, a força de Mestre já havia chegado, porém, por não ter um tempo fixo aos estudos devido ao trabalho e a faculdade, o nível de jogo oscilava. Sabia que a qual-quer momento viria, então decidi encarar com firmeza, clareza e sa-bedoria.Agora, a missão é tocar para fren-te, evoluir ainda mais, buscando novos objetivos e, principalmente conseguir jogar a próxima partida melhor que a anterior, pensando sempre em como um grande en-xadrista jogaria aquela posição e como você deve jogá-la do cenário que se desdenha.Passei praticamente dois meses completamente desligado do jogo, curtindo o título e tudo de bom que ele me proporcionou, mas ago-ra acabou. Novos objetivos já es-tão estipulados, e é hora de correr atrás. O título de Mestre Interna-

COLUNA FREDERICO GAZEL

“Sabia que o momento estava perto e não po-deria adiar novamen-te o objetivo de voltar

como Mestre FIDE”

Page 35: Revista Meio Jogo3nd edição

35

cional está na mira, e tenho certeza que este também vai chegar, assim como o anterior veio e foi recebido com carinho.Desculpem a falta de teor técnico nesta coluna, mas precisava com-partilhar meus pensamentos e sen-timentos com o título de Mestre FIDE e os planos para o futuro. No próximo artigo voltaremos a falar mais precisamente sobre o jogo e espero que este depoimento sirva de alguma forma para evoluir em seus conceitos e correr atrás de tí-tulos e conquistas pessoais de cada um de vocês.Um grande abraço a todos,e um muito obrigado aqueles amigos que sabiam que este dia chegaria e ficaram na torcida comigo. Frede-rico Gazel.

COLUNA FREDERICO GAZEL

Frederico GazelJornalista e Mestre FIDE

Page 36: Revista Meio Jogo3nd edição

36

COLUNA RODRIGO DISCONZI

Disconzi Da Silva,Rodrigo - Fier,A [E63]Curitiba IRT (5), 07.04.2013Defesa Índia do Rei

Para esta partida eu havia decidido: 1– tentar levar a partida para algum tipo de posição que me agradasse2- tentar levar a partida para al-gum tipo de posição que não agradasse o ad-versário3- jogar rápido4- tentar escapar das excelentes preparações de aberturas do Fier. As chances disso acontecer me pareciam de no máximo 20%.Na noite anterior decidi não jogar o Mega Pingão do CXC para ir descan-sar e tentar preparar alguma abertura. Dei uma olhada nas partidas recentemente jogadas pelo mundo web para buscar algo fresco. Não achei nada, mas se achasse não iria adiantar muito, pois Fier havia feito a mesma coisa :) 1.¤f3 ¤f6 2.g3 g6 3.¥g2 ¥g7 4.0–0 0–0 5.d4 Conside-rei na preparação que chegaríamos nesta posi-ção 5...d6 [Estavam no cardápio 5...d5 6.c4 c6 Logo após esta partida fomos ver pelo celular o andamento do Campeonato Russo por equi-pes e olhamos juntos a partida Karpov-Svidler. Foi engraçado ver que quase todos os lances dessa partida eu havia visto em casa na noite anterior ?! É que a linha secava a posição mui-to cedo e dead draw. (6...dxc4) ; 5...c5] 6.c4 ¤c6 Variante Panno da Índia do Rei Fianqueto 7.¤c3 ¦b8 Diagrama

8.b3 E aqui era a linha que escolhi para enfren-tar o GM 8...a6 9.¤d5 Lance chave da varian-te b3. 9...¤h5 [A ideia do b3 nem sempre é fianquetar, e sim defender b2 para jogar Tc1 e

tomar de torre em c4, neutralizando Tb8 e b5. 9...b5 10.¤xf6+ ¥xf6 (10...exf6 11.cxb5 axb5 12.d5 ¤e5 13.¤d4) 11.¥h6 ¦e8 12.¦c1] 10.¥b2 e6 11.¤c3 [Tem Gm que joga 11.¤f4 ; E 11.¤e3 f5 12.£d2 f4 13.¤d1 (13.¤c2) ] 11...¤e7 Controla ruptura branca d5, temáti-ca nesta estrutura [Linha principal era 11...b5 12.d5 (12.¦b1) ] 12.a4 f5 Diagrama

De India do Rei, migramos para uma defe-sa Holandesa Leningrado.[12...b6 13.e4 c5; 12...¥d7 13.a5 Mais ou menos por aqui acabava minha preparação antes da parti-da.] 13.e3 [13.e4! h6 (13...f4 parei as análi-ses aqui e não notei que poderia isolar o Pf4 com 14.e5!) 14.¦e1 f4 15.e5± 1–0 (30) Wo-jtkiewicz,A (2530)-Jaracz,P (2410) Warsaw 1995 EXT 1999 [Bulletin]] 13...h6?! Natural seguir com o plano de expansão na ala do rei, mas como na partida não funcionou esta ideia, talvez seja melhor jogar pelo centro. [13...¤f6 14.b4 ¥d7 15.£b3 c6 16.c5] 14.¤e1 Lance tí-pico da Holandesa, para deixar flanco rei móvel e apoiar ala da dama. Como Bônus, olha casa h5, que a dama preta gostaria de chegar algum dia. 14...¤f6 [14...¥d7 15.£c2 £e8 16.¤d3 £f7 17.b4 ¥c6 18.f3] 15.¤d3² b6 [Esperava algo como 15...¥d7 16.£d2 ¥c6 17.f3] 16.b4 [Pensei em tentar criar um peão passado ou pressionar a6. 16.a5!? bxa5 (16...b5 17.cxb5 axb5 18.a6 c6 19.¤b4) 17.¦xa5 mas me pre-ocupava 17...c5 mas poderia defender b3 com jogo razoável. 18.¦a3 cxd4 19.exd4] 16...g5 [Tentar bloquear não consegue o desejado. 16...a5 17.b5 ¥d7 18.¦c1 £e8 19.¥a3 g5 20.c5; 16...¥b7 deixa e6 e a6 fracos 17.¥xb7

Page 37: Revista Meio Jogo3nd edição

37

COLUNA RODRIGO DISCONZI

¦xb7 18.£f3 ¦b8 19.a5 (19.¤f4) ] 17.£e2 c6 [17...¤g6 18.e4 fxe4 (18...e5 19.dxe5 dxe5 20.¦fd1) 19.¤xe4± Pretas não tem ataque e possuem muitas fraquezas.; 17...a5 18.b5] 18.¦fd1 [18.¦fe1] 18...£e8 [18...£c7 19.c5 bxc5 20.bxc5 d5 21.¦db1] 19.¦ac1 Até aqui eu havia gasto 15 minutos no relógio contra 45 do Fier. Pretendia defender c3 para seguir com Ba3. 19...b5 Normalmente pretas esperariam mais um lance ou 2 para definir algo, visto que o último lance branco foi um lance fácil, mas o próximo deveria conter algum significado ou ação mais concreta. Sempre é bom deixar o adversário pensar e quem sabe tomar decisões erradas. [19...¥d7!? 20.¥a3 ainda era meu lance automático. 20...b5 21.c5 d5 22.¦a1; 19...¥b7 20.c5] 20.axb5 axb5 21.c5 d5 Dia-grama

[Pretas não conseguem manter d5 e a posição em equilíbrio. 21...dxc5 22.dxc5 ¤ed5 23.e4 fxe4 24.¤xe4] 22.¦a1 ¤d7 [22...¤e4 23.f3 ¤xc3 24.¥xc3] 23.f4± Agora com o equilíbrio na ala do rei, brancas tem mais espaço e co-luna A. 23...¤g6 24.¤e5 ¤f6 25.¦a7 ¤e4 26.¤xe4 fxe4 [26...dxe4? não poderia deixar o Bb2 vivo. 27.¤xc6 £xc6 28.¦xg7+ ¢xg7 29.d5+] 27.¦da1 ¤xe5 Pretas propõe empate 28.dxe5 Recusei por não saber ao certo como se defende a posição preta. 28...¥b7 Feio mas bom. Trava a sétima e a oitava. 29.¥h3 [29.£g4 £g6 30.h4 ¦f5] 29...£g6 30.¥g4 Diagrama

Empate por proposta branca. Sabia que bran-ca tinha uma vantagem sólida, mas que para ganhar precisaria abrir a ala do rei e investir tempo no relógio. Até aqui eu não havia dado chance às pretas e decidi seguir sem dar chance alguma e empatar ?! [30.¥g4 Se eu me esforçasse mais teria notado o retorno da Ta1 para a ala do rei, que parece muito forte. Considerei que só a dama e o Bg4 não eram suficientes para progredir. 30...gxf4 (30...¢h8 31.¥h5 £f5 32.¦f1 Promover g4 e f5 parece natural 32...¢g8 33.¥d4 ¢h8 34.£g4 gxf4 (34...¢g8 35.£xf5 exf5 36.e6+-) 35.¦xf4 £g5 36.h4 ¦xf4 37.exf4 £e7 38.£g6+-) 31.exf4 ¦fd8 parece ser a melhor defesa 32.¥d4 ¦d7 33.¥h5 £f5 34.¦f1! ¦e7 35.g4 £f8 36.¥g6 ¦a8 37.¦xa8 £xa8 38.¦a1 £f8 39.£e3 £b8 40.£g3 ¥c8 41.£h4 £c7 (41...¥f8 42.f5) 42.g5+-] ½–½

Rodrigo DisconziMestre Internacional e Treinador de Xadrez

Page 38: Revista Meio Jogo3nd edição

38

COLUNA LEON MENDES

CHESS POSITION TRAINER

Vamos falar de um programa para treinamento de abertura,vamos falar do “Chess Position Trainer”.

Bem,realizar estratégias de abertura no xadrez infl ui muito no desenvolvimento do jogo e pode ser decisivo para a vi-tória. Porém para obter um bom desempenho nas partidas, é essen-cial que o jogador estude várias estratégias para reagir a qualquer lance do adversá-rio.

E é exatamente neste ponto que o programa Chess Posi-tion Trainer irá focar. Com visualização das táticas de aberturas mais comuns e expli-ções detalhadassobre cada movimento realizado. Também é possível editá-las ou criar a partir do zero. A compreensão de cada movimento é facilitado com o

auxílio de setas, indicando a direção da próxima jogada.

Organize seu repertório de aberturas,u-sando pastas, organizado por aberturas,-

variações e sub variações.

Treinamento as cegas:agora na nova versão tem a pos-sibilidade de treinamento às cegas,melhorando suas ha-bilidades visuais.

Também com possibili-dade customizar a in-terface de acordo com

seu gosto pessoal,histórico de estatisticas,suporte a en-

gine ,etc...enfi m,um bom programa para treinar suas aberturas favoritas.

Site do desenvolvedor:http://www.chesspositiontrainer.com/

Abraço a todos!

jogo e pode ser

cial que o jogador

reagir a qualquer

Page 39: Revista Meio Jogo3nd edição

39

COLUNA LEON MENDES

Por Leon MendesModerador do site Tabuleiro Social.org

Page 40: Revista Meio Jogo3nd edição

40

COLUNA PAULO FARIA

Bate papo com Gerson Peres Batista do Clube de Xadrez On

Line - Parte II

6-Houve algum momento que pensou em parar com o xadrez? Ter descoberto o xadrez para mim foi uma dádiva. Eu era muito tímido e essa ativi-dade encaixou perfeitamente com minha personalidade, mais voltada ao estudo e à reflexão. Foi um casamento perfeito. Mesmo gostando de esportes físicos, des-de criança demonstrava pouca aptidão para eles. Era péssimo no futebol, vôlei, basquete, natação, etc. Ansiava por descobrir algo que combinas-se com minha personalidade, de natureza mais introspectiva, voltada para a parte

intelectual. Quando descobri o xadrez tudo se encai-xou e fluiu de maneira natural, pois era o que eu estava buscando. Profissionalmente o início foi muito duro, já que em 1992 quando comecei a lecionar a carreira de professor de xadrez ainda es-tava engatinhando. Não tenho o que reclamar da profissão de instrutor/treinador de xadrez. Acho até que ganhei mais projeção do que realmen-te merecia! 7-Qual os melhores torneios que par-

Page 41: Revista Meio Jogo3nd edição

41

COLUNA PAULO FARIA

ticipou, e quais grandes amigos que fez por causa do xadrez? Joguei cerca de 600 torneios e é difícil apontar os melhores. Citarei dois deles: 1995 – Semifinal do Brasileiro Absoluto em Florianópolis/SC. 2012 – Continental das Américas em Mar del Plata (Argentina). Já no campo da amizade foram centenas de bons amigos virtuais e presenciais an-gariados nestes anos todos. Citarei dois também (que me desculpem os demais amigos por não citá-los tam-bém neste espaço): Presencialmente - Joel Cintra Borges. Virtualmente – Newton Arruda. 8-O que espera do xadrez nacional? Podemos dividir o xadrez em dois campos: educacional e competitivo. A questão hoje no setor educacional é de como levar concomitantemente a educa-ção objetiva e subjetiva ao aluno. Como o professor pode ajudar o estudante a ter independência de pensamento para buscar ele mesmo as respostas para suas dúvidas e ainda conseguir que adquira conteúdos úteis para estar apto a passar no vestibu-lar ou num concurso, que exigem conhe-cimentos mais específicos? O segredo é conseguir que o aluno saia da escola pre-parado para ser um profissional de sucesso e ao mesmo tempo viva harmoniosamente em sociedade. Conhecimento que leve in-formação e formação aos alunos. O xadrez promove uma ponte para unir estes dois pontos da educação. O xadrez educacional no Brasil vem cres-cendo muito e hoje a maioria dos que mili-

tam exclusivamente na área trabalha como professores nas escolas, lidando com o xa-drez pedagógico – para melhorar o rendi-mento dos alunos nas demais disciplinas curriculares. As portas das escolas foram abertas para o xadrez e ele tem tido um respeito grande por parte de toda a comunidade escolar: diretores, coordenadores, professores, pais e alunos. Falar em xadrez no meio escolar não é mais novidade nem é visto com desconfiança. A modalidade conquistou seu status de fer-ramenta importante no rendimento dos alunos. A implantação do xadrez nas escolas tem se mostrado muito viável por trazer inú-meros benefícios aos alunos como cálculo mais rápido e preciso, melhoria na memó-ria e questões como planejamento e pa-ciência, aliado a isso seu custo é relativa-mente baixo. O xadrez é um instrumento aguçador e potencializador da mente. E, por isso mes-mo, surge como um dos mais poderosos mecanismos à disposição da educação. Os gestores já perceberam isso e vêm conseguindo com sucesso incorporar o xa-drez na rotina dos alunos, seja na grade curricular ou como matéria extracurricu-lar, como enriquecimento de conteúdo dos alunos. Como sabemos, para evoluir em xadrez é necessário não somente a prática, mas, sobretudo o estudo em livros e softwares. Através do lúdico, do “brincar” de jogar xadrez, os estudantes tomam gosto pela leitura e ampliam sua capacidade de pes-quisa, já que o bom enxadrista a rigor é um curioso, a procurar em suas partidas a verdade por trás de cada posição. O desenvolvimento das inteligências múl-tiplas dos alunos – como raciocínio lógico e espacial – também são observados como

Page 42: Revista Meio Jogo3nd edição

42

fatores positivos nos projetos escolares de xadrez. A modalidade oferece ainda um ambien-te formidável para trabalhar a inteligência emocional. No jogo os alunos têm que sa-ber negociar trocas de peças; avançar e recuar nos momentos certos; lidar com a dor de uma derrota, recompondo o equi-líbrio emocional para instantes depois buscar uma vitória na partida seguinte. O triunfo sorri àquele que tem mais vivên-cia prática, bagagem teórica e, sobretudo, controle das suas emoções! Enfim, o xadrez educacional está vivendo um momento excelente e tem campo fértil para crescer ainda mais. Já o competitivo é uma questão mais sen-sível. As condições para os jogadores pro-fissionais de xadrez se manterem somente como jogadores no Brasil estão muito lon-ge do ideal. A Confederação Brasileira de Xadrez (CBX) possui um bom calendário de eventos. Atrair patrocinadores e aumentar os prê-mios creio que são os desafios maiores para o xadrez competitivo brasileiro. 9-Tem algo que te desagrada hoje no xadrez brasileiro? Sou muito positivista. Onde há um proble-ma tento enxergar a melhor forma de lidar com aquilo de maneira produtiva. Assim, observo mais os assuntos no ân-gulo das oportunidades. Onde há um pro-blema, há também uma oportunidade de lidarmos com ele, solucioná-lo e promover crescimento. Olhar assim o mundo gera um sentimen-to bom de poder participar do progresso e evolução das coisas. Ao olhar o xadrez brasileiro naturalmente vejo problemas, porque é uma atividade em expansão e há muito a fazer para ela chegar ao nível de excelência desejado.

No entanto, nestes 24 anos que milito no xadrez não vejo um momento tão bom quanto agora para a nossa modalidade. Por um processo de seleção natural mes-mo estão ficando na área os bons profis-sionais. A seriedade no trato com o xadrez, em to-das as suas facetas, penso ser o elemento principal na busca pelo fortalecimento da modalidade em nosso país. 10-Tem alguma coisa que almeja ain-da no xadrez, ou se considera uma pessoa totalmente realizada nessa área? A minha grande meta no xadrez é lecionar melhor a cada dia. Buscar meios didáticos para ajudar meus alunos a obterem melho-res performances como jogador, instrutor e treinador (que são os três tipos de cur-so que ministro) é a prioridade. Trabalho cotidianamente com o objetivo de ser um professor mais preparado e assim prestar um serviço melhor aos meus alunos. Cheguei a perseguir duas metas no xadrez como jogador: ser MF e ganhar o quinto título mineiro absoluto (hoje só há tetra-campeões em Minas: MI’s Wellington Ro-cha e Roberto Molina, MF João Bosco La-deira e eu). Mas, como encerrei a carreira de jogador, são metas que ficaram para trás.

Por Paulo FariaInstrutor FIDE

Page 43: Revista Meio Jogo3nd edição

43

Page 44: Revista Meio Jogo3nd edição

44