revista assedisa - edição 2

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1 COSEMS/RS OS NÓS DO SUS POR QUE AS REDES DE SAÚDE NÃO FUNCIONAM? Uma estrutura relativamente simples, discutida pelos municípios com o Estado há alguns anos, emperra na falta de ação. O novo governo assume o compromisso de fazer as Redes de Referência funcionarem. Para tanto, aposta na Atenção Básica. Isso realmente acontecerá? Quando? Até lá, secretarias municipais da Saúde são penalizadas com gastos volumosos, transporte desnecessário e redução na qualidade do atendimento ao usuário. ENTREVISTA CIRO SIMONI ESPECIAL AS DROGAS LÍCITAS E O CRACK DEBATE AS COORDENADORIAS REGIONAIS REVISTA Ano 2 – Edição 2 – Junho de 2011 – www.assedisars.org.br

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Revista Assedisa - Edição 2

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Page 1: Revista Assedisa - Edição 2

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COSEMS/RS

OS NÓS DO SUS

POR QUE AS REDES DE SAÚDE NÃO FUNCIONAM?

Uma estrutura relativamente simples, discutida pelos municípios com o Estado há alguns anos, emperra na falta de ação. O novo

governo assume o compromisso de fazer as Redes de Referência funcionarem. Para tanto, aposta na Atenção Básica. Isso realmente acontecerá? Quando? Até lá, secretarias municipais da Saúde são

penalizadas com gastos volumosos, transporte desnecessário e redução na qualidade do atendimento ao usuário.

ENTREVISTACIRO SIMONI

ESPECIALAS DROGAS LÍCITAS E O CRACK

DEBATE AS COORDENADORIAS REGIONAIS

REVISTA

Ano 2 – Edição 2 – Junho de 2011 – www.assedisars.org.br

Page 2: Revista Assedisa - Edição 2

2 | www.assedisars.org.br

COSEMS/RS

Nossa luta em defesa do SUS ganhou mais força.

Nossa marca também.

A Assedisa passou a chamar-se Cosems/RS devido a uma alteração estatutária para adequar-se aos demais Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde do Brasil, mas a nossa história

de 25 anos na construção da política de saúde permanece.

COSEMS

ASSEDISA

www.assedisars.org.br

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Nossa luta em defesa do SUS ganhou mais força.

Nossa marca também.

COSEMS/RS A Assedisa passou a chamar-se Cosems/RS devido a uma alteração estatutária para adequar-se aos demais Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde do Brasil, mas a nossa história

de 25 anos na construção da política de saúde permanece.

COSEMS

ASSEDISA

www.assedisars.org.br

COSEMS/RS

Nossa luta em defesa do SUS ganhou mais força.

Nossa marca também.

A Assedisa passou a chamar-se Cosems/RS devido a uma alteração estatutária para adequar-se aos demais Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde do Brasil, mas a nossa história

de 25 anos na construção da política de saúde permanece.

COSEMS

ASSEDISA

www.assedisars.org.br

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COSEMS/RS

OS NÓS DO SUS

POR QUE AS REDES DE SAÚDE NÃO FUNCIONAM?

Uma estrutura relativamente simples, discutida pelos municípios com o Estado há alguns anos, emperra na falta de ação. O novo

governo do Estado assume o compromisso de fazer as Redes de Referência funcionarem. Para tanto, aposta na Atenção Básica.

Isso realmente acontecerá? Quando? Até lá, secretarias municipais da Saúde são penalizadas com gastos volumosos, transporte

desnecessário e redução na qualidade do atendimento.

ENTREVISTACIRO SIMONI

ESPECIALAS DROGAS LÍCITAS E O CRACK

DEBATE AS COORDENADORIAS REGIONAIS

AO LEITOR

Revista Assedisa chega à sua 2ª edi-ção discutindo um assunto de funda-

mental importância para os gestores municipais da Saúde. O tema da organização das redes de saúde e suas referências re-gionais interessa a todos e tem reflexos diretos no atendimento que é prestado à população.

Nesta edição, trazemos a nossos leitores seções novas como “O SUS é nosso” e “Ges-tão”. A primeira destaca ações exitosas na saúde pública com protagonismo das Secretarias Municipais da Saúde. Apre-sentamos duas reportagens: sobre a redução da mortalida-de infantil em Cruz Alta e so-bre a diminuição do índice de suicídios em Candelária.

Na seção “Gestão”, des-tacamos o avanço que Rio Grande, localizado na Zona Sul do Estado, obteve com a construção de uma rede de instituições para atacar a “ju-

dicialização” de medicamen-tos. Com informação correta e discussão solidária, a proposta mostrou sua eficácia.

Ainda em “Gestão”, mos-tramos o investimento em informatização que tem qua-lificado processos e reduzido custos em Canoas e Lajeado. Já em Porto Alegre, a tecnolo-gia está sendo utilizada na re-gulação de leitos. Os primeiros resultados, que já podem ser medidos, são extremamente positivos.

Há ainda, nesta segunda edição, matérias que abordam as principais discussões da Saúde dos municípios pelo Rio Grande do Sul. Também brin-damos nossos leitores com um novo projeto gráfico e com a no-tícia de que esta publicação pas-sará a ter edições trimestrais.

Boa leitura a todos!

Charles Furtado VilelaEditor

A

EXPEDIENTEConselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul – Cosems – é uma entidade civil de direito privado sem fins lucrativos com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. O Cosems, em parceria com a Federação das Associações de

COSEMS/RS

Ideias para transformar.

REVISTA ASSEDISAAno 2 – Número 2 – Junho 2011

Produzida por Comunicar BrasilEntre em contato: [email protected]

Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), tem por finalidade lutar pela hegemonia dos municípios. Congrega os secretários e dirigentes municipais de saúde, funcionando como órgão permanente de intercâmbio de experiência. Busca participar das políticas da Saúde em nível estadual e nacional e atua para que a Saúde nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul seja a melhor possível.

DIRETORIA EXECUTIVA (2009-2011)Arilson da Silva Cardoso Presidente Fábia Richter Antunes 1ª Vice-presidente Sebastião Raife Cardoso 2º Vice-presidente

Marcio Rafael Slaviero 1º Secretário Maria do Horto Salbego 2ª Secretária Renato Specht 1º Tesoureiro Jorge Luiz Cremonese 2º Tesoureiro Sérgio Pilo 1º Conselheiro Fiscal Hilton Ander Silva Lopes 2º Conselheiro Fiscal Fábio Kunger 3º Conselheiro Fiscal Edmar Domingos Bueno 1º Conselheiro Fiscal Suplente Luís Genaro Ladereche Figoli 2º Conselheiro Fiscal SuplenteRafael Antonio Riffel 3º Conselheiro Fiscal Suplente

www.comunicarbrasil.com.br Contato: [email protected]: (51) 3023-6370Rua Washington Luiz, 500, cj. 703 - Centro Porto Alegre/RS - CEP 90010-460

Editor e jornalista responsável: Charles Furtado Vilela (MTB 9780).

Colaboraram nesta edição: Adriana Machado (MTB 7616), Ana Claudia Dias (MTB 8087), Luiz Otavio Fonseca Soares (MTB 13752), Nathália Rosa Braga (projeto gráfico e diagramação).

Revisão: Andréa Silveira, Gregory Weiss Costa e Rosi Weege.

Boas notícias para a Saúde

www.assedisars.org.br

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Os atuais desafios dos gestores da Saúde e o papel da Assedisa/Cosems-RS

MENSAGEM DO PRESIDENTE

ssumir a gestão de uma secre-taria municipal da Saúde, por si só, é um enorme desafio. Diante dos inúmeros proble-

mas a serem enfrentados – os quais se refe-rem desde as necessidades de saúde da po-pulação, a estrutura dos serviços de saúde, a relação com a força de trabalho, as deman-das judiciais, os órgãos de controle externos e internos, o financiamento, e ainda outros que surgem no dia a dia – o cargo torna-se cada vez mais desafiador.

Porém, nesse momento, necessitamos encarar alguns desafios de ordem organizati-va e estruturante do Sistema Único de Saúde (SUS) para que possamos dar consequência aos princípios da Integralidade, Acessibili-dade e Equidade que norteiam o SUS.

Ao definirmos a Atenção Básica como elemento ordenador e coordenador das re-des de cuidado, tema do 23º Seminário de Municipalização da Saúde, estamos dizendo que esta Atenção Básica deverá ser resoluti-va e responsável pela condução do processo de cuidado e acompanhamento do usuário desde as situações mais simples até aquelas mais complexas. Portanto, é desejável que as equipes de Saúde sejam elas do Programa Es-tratégia de Saúde da Família (ESF) ou da cha-mada “Atenção Básica tradicional” tenham suporte técnico e infraestrutura para isso.

Espera-se, portanto, que os serviços de média e alta complexidades estejam regio-nalizados e regulados de maneira a garan-tir o acesso aos usuários. Que o processo da Programação Pactuada Integrada (PPI) obedeça à lógica das necessidades apresen-tadas pela Atenção Básica. E, principalmen-te, que tenhamos financiamento adequado para podermos executar estas políticas.

Para que possamos enfrentar todas es-tas questões, necessitamos estar organiza-dos e coesos. Assim, almeja-se que nossa entidade possa contar com a participação de todos os secretários nas reuniões regionais para termos intervenções de grupo nos Co-legiados de Gestão Regional (Cogeres).

Da mesma forma, é esperado que os co-

ordenadores regionais participem das reu-niões do Conselho Deliberativo da Assedi-sa/Cosems-RS para que possamos pactuar na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) as políticas que estejam adequadas às reali-dades de todas as regiões do Estado.

Nesses últimos dois anos, trabalhamos incansavelmente na estruturação da enti-dade, buscando encurtar a distância entre aqueles que não podem participar das dis-cussões estaduais com os representantes nos fóruns de discussão e pactuação, cria-mos o site da Assedisa e o Boletim Eletrô-nico para disseminação da informação atra-vés da internet.

Com o objetivo de apresentar as posi-ções da entidade, as experiências munici-pais e as políticas inovadoras, estamos edi-tando o segundo número da nossa revista e pretendemos torná-la trimestral. Para dar-mos sustentação a esse processo, implanta-mos uma política financeira com fortaleci-mento da tesouraria da entidade, através da busca permanente de financiamento com controle rígido de gastos e prestações de contas de forma periódica e transparente.

Como na efetivação do SUS, queremos e precisamos muito trilhar no fortalecimento de nossa entidade. Necessitamos ainda pres-tar suporte para dar mais funcionalidade às instâncias regionais, disponibilizar uma es-trutura com área física e assessoria perma-nente para a Diretoria Executiva, o Conselho Deliberativo, os representantes nas comis-sões e conselhos, além de oferecer auxílio aos coordenadores regionais para que possam participar das discussões estaduais.

Acredito que crescemos muito no últi-mo período, porém, para darmos conta da grandeza da nossa missão, ainda teremos muito a fazer, tendo em mente que somen-te poderemos vencer as dificuldades com união, persistência e solidariedade.

Um fraterno abraço a todos!

Arilson da Silva CardosoPresidente da Assedisa/Cosems-RS

A

RAFAEL G

RIGOLETTI

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O DESAFIO DA ESTRUTURAÇÃO DAS REDES DE SAÚDE, ORDENADAS A PARTIR DA ATENÇÃO BÁSICA

CRUZ ALTA REDUZ A MORTALIDADE INFANTILRede multidisciplinar amplia proteção à gestante e ao bebê

Em 2011, o 23º Seminário de Municipalização da Saúde, que será realizado entre os dias 14 e 16 de junho, em Bento Gonçalves, discutirá a estruturação das redes de saúde ordenadas a partir da Atenção Básica. Ao longo do tempo, os seminários realizados pela Assedisa e Famurs têm se constituído em importante instrumento para a discussão das políticas públicas da área. Em 2010, a 22ª edição do evento (foto), realizada em Canela, teve como tema central a gestão em saúde, oferecendo muitas respostas à realidade atual enfrentada pelos secretários.

Projeto de Gestão Sistêmica de Rio Grande serve de modelo para o Estado

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Secretarias investem em informatização e ganham na eficiência

15

ÍNDICE

9 Regulação inversa ameniza problemas com SAMU; nova regra é temporária

13Alegrete celebra a luta do movimento antimanicomial na Fronteira-Oeste

8Ijuí envolve a comunidade e afasta-se da dengue

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Daer revê norma que causava transtorno no transporte de saúde

Presidente da Famurs (2º da esq. para a dir.), e dirigentes da Assedisa defenderam mudanças na normatização do transporte

Arilson Cardoso

decisão extinguiu a exigência de 12 horas de antecedência para a conclusão e a aprova-ção da lista de passageiros e

estipulou ainda a inclusão de um item que qualifica um representante legal do pre-feito do município de origem do paciente para a liberação da nominata. Até então, somente o chefe do Executivo e o secretário da Saúde poderiam assinar o documento.

A decisão levou em conta os argumen-tos apresentados pela Assedisa e a Famurs de que o transporte de saúde é de extre-ma relevância social além da preocupação com os pacientes, que por necessidade de tratamento em centros de referência mé-dica, utilizam o transporte oferecido pelas prefeituras.

Desde fevereiro, a Assedisa vinha bus-cando junto ao Departamento uma mudan-ça no procedimento. No dia 16 daquele mês, representantes da entidade e das secreta-rias da Saúde de Cristal, Sobradinho, Santa Rosa, Feliz e Joia estiveram reunidos com o superintendente adjunto de Fretamento e Saúde do Daer, Marco Antônio Villanova.

A

É um momento de angústia para as pessoas.

Muitas delas nunca utilizaram o serviço de transporte

de saúde e tudo acontece com muita rapidez e, em

certas ocasiões, os hospitais dão alta sem a devida

documentação.

”primeira dificuldade apon-tada pela Assedisa na Reso-lução 5295 foi a exigência de que os passageiros tivessem

em mãos o encaminhamento médico com assinatura, nome e Cremers do profissio-nal responsável, atestando a necessidade do deslocamento do paciente e do acompa-nhante quando fosse o caso.

Para os secretários da Saúde, a medida inviabilizaria, por exemplo, a locomoção de acompanhantes e familiares de hospi-

AAssedisa defendeu autonomia das secretarias

EM PAUTA

Em reunião extraordinária, realizada no dia 26 de abril, o Conselho de Tráfego do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) alterou a redação dos artigos 18 e 19 da Resolução 5295/2010, os quais tratam do transporte intermunicipal de saúde.

talizados. Além disso, a obrigatoriedade de tal procedimento geraria mais um cus-to ao sistema de saúde, tendo em vista que esse tipo de serviço é cobrado pelos pro-fissionais.

O presidente da entidade, Arilson Car-doso, questionou a norma, afirmando que muitos pacientes não carregam o enca-minhamento por simples esquecimento, perda ou porque este fica arquivado no local onde foi feita a primeira consulta. “É um momento de angústia para as pessoas.

Muitas delas nunca utilizaram o serviço de transporte de saúde e tudo acontece com muita rapidez e, em certas ocasiões, os hos-pitais dão alta sem a devida documenta-ção”, atesta ele, que também é médico.

Para Arilson, a norma interferiria in-clusive no formato de estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quem de-termina ou define a qualidade ou a superio-ridade dos serviços de saúde oferecidos em determinado local ou cidade não é o Daer, mas sim o fluxo do SUS”, criticou.

MAURICIO TO

MED

IED

U RICKES

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8 | www.assedisars.org.br

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

Secretaria da Saúde de Ijuí conseguiu virar a página em relação à epidemia de den-gue ocorrida no ano de 2010,

quando foram confirmados 3,4 mil casos da doença, sendo que 18 desses apresenta-ram febre hemorrágica e um paciente em situação grave precisou de internação em UTI. Neste ano, nenhum caso foi registra-do junto à população do Município e foram informados apenas dois casos de visitantes de outros estados.

O secretário da Saúde, Claudiomiro Pezzetta, atribui o bom resultado ao envol-vimento da comunidade e dos profissionais de saúde. “Em 2010, a epidemia aconteceu porque não tivemos os primeiros casos notificados pelos profissionais de Saúde”, lembra. “Quando descobrimos o problema, a epidemia já estava instalada. Dessa vez,

Colegiado de Gestão Regio-nal de Saúde (Cogere) da 17ª Coordenadoria Regional, que reúne 20 municípios da região

Noroeste do Estado, emitiu a Resolução 1.289 endereçada à Secretaria Estadual da Saúde (SES), solicitando que os recursos destinados ao pagamento do Consórcio In-termunicipal de Saúde do Noroeste do RS (Cisa) sejam repassados fundo a fundo e não mais diretamente ao consórcio.

O documento ainda pede à SES que haja mais transparência no uso do recurso que é destinado ao consórcio. Em média, os municípios da região têm investido mensal-mente R$ 146 mil para custear as despesas do serviço, sendo que 25% deste valor ficam retidos exclusivamente ao pagamento de despesas administrativas do prestador.

Segundo o coordenador do Cogere da 17ª Coordenadoria de Saúde e secretário da Saú-de de Joia, Sebastião Raife Cardoso, os mu-nicípios também desembolsam mensalmente um valor pré-fixado, de acordo com o número de habitantes, o qual também é direcionado

A

O

Ijuí afasta-se da dengue com envolvimento da comunidade e de profissionais da saúde

Cogere da 17ª solicita que repasse para pagamento de consórcio seja feito fundo a fundo

Cardoso (C) é um dos secretários que questionam a resolubilidade e as taxas cobradas pelo consórcio

Com epidemia ocorrida em 2010, secretário Pezzetta elaborou planejamento para enfrentar a doença

solicitamos que todo o caso suspeito fosse identificado e essa estratégia foi exitosa.”

Pezzetta destaca que o envolvimento do governo – através das diversas secretarias – da comunidade, de entidades como ACI e Sindilojas, além dos meios de comunicação, foi fundamental para o sucesso na ação. Em novembro foram recolhidas mais de 500 toneladas de lixo com o auxílio de mutirões que chegaram a envolver 200 voluntários.

Outro fator a considerar foram as pe-sadas multas estabelecidas para quem des-cuidasse na prevenção ao Aedes aegypti, o mosquito causador da dengue. A Prefeitura estipulou, através de projeto aprovado na Câmara de Vereadores, penalidade mínima de R$ 2 mil, que poderia chegar a R$ 20 mil dependendo da gravidade do caso, ou se o descumprimento em relação aos cuidados fosse reincidente.

do repasse de recursos fundo a fundo. Outro problema apontado pelos muni-

cípios no documento é que o consórcio usa critérios próprios na escolha de seus presta-dores de serviço, desvinculados do Sistema Único de Saúde (SUS). “O profissional que não está credenciado não poderia prestar serviços ao consórcio que é remunerado com recursos do SUS”, disse.

para o pagamento de despesas de gestão do consórcio. “O serviço que vem sendo ofere-cido, além de não assegurar resolubilidade, tem uma prestação de contas frágil que vem preocupando os municípios”, critica.

O Cogere também decidiu que irá enca-minhar a Resolução aos demais colegiados regionais, de modo que esses também se manifestem junto à SES, apoiando o pleito

DIVULG

AÇÃO/ASSED

ISAD

IVULGAÇÃO

/ASSEDISA

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Além da demora no atendimento de urgência, usuários ainda têm dificuldade de completar ligações de socorro

PEDRO M

ARQUES/SES

secretário de Saúde de Lajea-do, Renato Specht, concorda que a demora no atendimento à sua região, em torno de 20

a 30 minutos, tem sido a maior causa das reclamações dos usuários. “O pessoal es-tava muito revoltado. Os municípios não queriam mais pagar pelo serviço em razão

roblemas no atendimento do Ser-viço Móvel de Urgência (SAMU) levaram a Comissão Intergesto-res Bipartite (CIB) a definir mu-

danças nas regras de regulação do serviço 192. Desde maio, o sistema de ambulância passou a ter regulação inversa, ou seja, ago-ra, os municípios também têm a possibilida-de de liberar ou não o atendimento. O obje-tivo da mudança é tornar a ação das equipes de socorristas mais ágil e eficiente.

A chamada regulação inversa permite que os municípios tenham autonomia de indicar uma equipe reguladora que acionará o SAMU 192 caso haja necessidade. As prefeituras passam também a ter responsabilidade pela saída das equipes. Esse novo grupo regulador pode ser do Corpo de Bombeiros, das secreta-rias da Saúde ou até da Brigada Militar.

De acordo com a assessora técnica da Assedisa/Cosems-RS, Fábia Richter An-tunes, a medida era necessária por vários motivos, entre eles o da dificuldade de lo-calização de endereços em municípios do interior, principalmente os de menor porte. “No interior, muitos moradores não sabem dar números de residências ou indicações corretas de onde estão”, exemplifica. “Eles têm outra maneira de se localizarem”. Também havia demora nos deslocamentos.

Para Fábia, a espera entre a ligação com o pedido de ajuda até a ambulância che-gar ao local do atendimento, estava sendo muito grande. Além da mudança na regu-lação, segundo ela, o Governo do Estado está focado no treinamento dos técnicos responsáveis pela central. “Falta um maior preparo para o atendimento de municípios menores. Mas esse é o caminho: tempo e

O

PMudanças na regulação do atendimento do SAMU 192 buscam agilizar a saída das ambulâncias

Central necessita de melhor estrutura

equipes a dificuldades.”Fábia ainda argumenta que é mui-

to importante sanar os problemas com o SAMU, porque a culpa da dificuldade do acesso sempre recai sobre os secretários municipais, o que, nesse caso, ela conside-ra injusto. A regulação inversa funcionará por apenas 120 dias. No final desse perío-do será feita uma nova avaliação e outros processos podem ser admitidos para que o sistema seja cada vez mais eficaz.

Outro problema enfrentado pelos usuá-rios refere-se ao tipo de serviço de telefonia ao qual eles têm acesso no momento em que o sistema é acionado. Dependendo da ope-radora, a ligação para o 192 pode ser muito difícil. Essa situação é mais complicada de ser resolvida, pois a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não oferece um padrão de operação para esses casos.

capacitação. Acredito que dessa forma o sistema vai melhorar”, prevê.

Desde a mudança na regulação, as re-clamações têm diminuído. “O processo do SAMU é bem recente e há cerca de dois anos a demanda aumentou consideravel-mente”, diz. A intenção é de que a ambu-lância saia somente quando for necessário. “Não queremos expor os pacientes e nem as

EM PAUTA

da demora nos socorros”, lembra.Desde a implantação da regulação in-

versa, no mês de maios, os ânimos se acal-maram. Outro fator positivo levantado pelo secretário é quanto à transferência de hospital para hospital. Antes, se a ambu-lância do município fizesse a remoção do paciente para um hospital e o atendimento

tivesse de ser encaminhado para outro, o SAMU não poderia ser acionado para fazer o trabalho. “Agora é permitido que a am-bulância do SAMU faça essa transferên-cia”, destaca.

O ponto negativo, conforme Specht, é que está sendo adicionada mais uma ta-refa aos municípios, os quais assumem

Falta um maior preparo para o atendimento de municípios menores. Mas esse é o caminho: tempo e capacitação. Acredito que dessa forma o sistema vai

melhorar.

“”Fábia Richter Antunes

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10 | www.assedisars.org.br

Gestão e Tecnologia em SaúdeA GSH é uma empresa de consultoria e desenvolvimento de sistemas que atua na área de saúde há 16 anos.

Serviços

Diagnóstico:1. Redesenho de �uxos e processos2. De�nição da planta organizacional 3. Capacitação em �uxos4. Processos e sistemas.

Sistemas1. Sistema de Gestão e Atendimento da Atenção Básica2. Sistema de Gestão e Atendimento de Pronto Atendimento e Emergência3. Sistema de Gestão e Atendimento da Atenção Especializada4. Sistema de Gestão e Atendimento Hospitalar5. Sistema de Regulação de Saúde6. Sistema de Controle e Avaliação7. Sistema de Gestão da PPI e Contratualização8. Sistema de Pesquisa de Satisfação e Informação

AGHOS – Uma ferramenta que encurta distância e quali�ca o atendimento aos usuários do SUS.

e acordo com o coordenador estadual do Programa Salvar/SAMU, Breno José de Souza Machado, a CIB 106 originou-

se pelo descontentamento dos gestores em relação ao tempo resposta, que realmente não estava adequado. Contudo, ele esclare-ce que esta é uma tentativa de, junto com os gestores, encontrar alternativas mais pró-ximas da regra técnica em que a regulação inversa é usada somente na excepcionalida-de. “Não é a solução definitiva”, aponta.

Ele informa que o Estado adotou algu-mas ações para reduzir o tempo de espera,

D aumentando o número de profissionais médicos na mesa reguladora. “Além dis-so, estamos organizando o processo de educação permanente e verificando a pos-sibilidade de criar centrais de regulação macrorregionais. Mas também temos pro-blemas fora de nossa governabilidade como a questão dos serviços de telefonia, que são muito precários”, disse.

Segundo Machado, para resolver o problema, o programa está buscando uma parceria com a Secretaria de Segurança para a instalação de sistema de rádio di-gital, com apoio do Ministério da Justiça.

Também temos problemas fora de nossa

governabilidade que são os serviços de telefonia muito

precários.

“”

a total responsabilidade sobre a saída da ambulância. Quando a equipe técnica do SAMU é acionada por meio do 192, são fei-tas perguntas as quais permitem concluir sobre a real urgência do serviço. Agora, o regulador indicado pelas prefeituras é quem define a necessidade ou não da saída

Estado considera a medida provisória

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

do socorro. “O regulador, que pode ser o Corpo de Bombeiros, não tem essa clareza e a equipe pode chegar ao local e verificar que não seria tão necessária a sua presen-ça”, adverte o secretário.

Para Specht, o serviço móvel de ur-gência só irá melhorar quando a Central

de Regulação de Porto Alegre, tiver mais atendentes e mais médicos experientes. Dessa maneira, não seria mais necessária a intervenção dos municípios. “Como é um processo em construção, aceitamos aju-dar temporariamente, mas não queremos assumir essa regulação”, afirma.

Breno José de Souza Machado

Page 11: Revista Assedisa - Edição 2

11

O SUS É NOSSO

Um esforço multidisciplinar está revolucionando Cruz Alta no que diz respeito à diminuição da mortalidade infantil. O Município, considerado no final dos anos 90 como o “patinho feio” nos índices no Estado – por ter atingido em 1999 a triste marca de 32,9 óbitos a cada mil bebês nascidos vivos – em 2010, reduziu esse dado para apenas um dígito, com 8,8 óbitos para cada mil nascidos vivos.

ntre 1980 e 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mortali-dade infantil no país recuou de

69,12 para 22,47 óbitos em cada mil nas-cidos vivos. Entre os estados brasileiros, o Rio Grande do Sul, com 12,7 óbitos, é o que tem o menor índice de mortalidade infantil.

O resultado obtido por Cruz Alta é ani-mador porque mostra a importância de um trabalho bem planejado e que encarou o pro-blema de forma global. “O Município come-çou a se reestruturar e a elencar metas para combater este problema”, comenta a secretá-ria da Saúde, Natália Steinbrenner. “O acom-panhamento à criança passou a ser durante a gestação e não apenas após o nascimento”.

Ela atribui essa mudança ao fortaleci-mento, acolhimento e ampliação das equipes do Programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) e, também, às metas de combate à mor-talidade infantil em sua raiz, as quais foram traçadas pelo Município a partir de 2005. “Percebemos que questões sociais como o analfabetismo, a falta de informação e o de-semprego eram componentes do índice”, diz.

As gestantes passaram a ser acompa-nhadas integralmente por nutricionistas que cuidam da alimentação e enfermeiras que ensinam a forma correta de amamen-tar. Nesse contexto, os agentes comunitá-rios foram peças-chave para chegar àquelas futuras mães que por algum motivo não se deslocavam até as unidades de saúde e, as-sim, a captação de gestantes iniciou-se já no terceiro mês de gravidez.

São realizados também exames de rotina como o teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho para detectar de maneira precoce os possíveis problemas na criança, dando início ao tratamento adequado se for necessário.

Para a secretária, apesar dos avanços, é preciso prosseguir na busca pela redução do índice. “Sabemos que chegar a zero, que seria o ideal, é praticamente impossível e alguns óbitos, infelizmente, são inevitá-veis”, afirma. “Contudo, é importante que percebamos que nem todas as mortes in-fantis são em decorrência de má formação cardíaca ou congênita.

De acordo com ela, há aquelas de cunho social em que a criança morre por motivos banais como, por exemplo, por asfixia me-cânica em decorrência de ter dormido com os pais. Para isso, a secretaria está traba-lhando em conjunto com o Conselho Tute-lar para a inclusão de famílias de risco nos programas de saúde.

De acordo com Natália, a mortalidade infantil transcende a questão da saúde e é um tema que deve ser trabalhado observan-do a necessidade de geração de trabalho e renda, alfabetização e outros elementos de acessibilidade social. Sendo necessário, também, um trabalho intersetorial dentro do próprio governo. “O desenvolvimento de ações conjuntas são imprescindíveis,

pois são muitos os fatores importantes para combatê-la”, comenta, referindo-se ao Pro-grama de Saúde e Prevenção que é desen-volvido nas escolas por intermédio da Se-cretaria da Educação do Município, visando reduzir a gravidez na adolescência.

A Prefeitura tem compromisso firmado com o Programa Metas do Milênio, da Or-ganização das Nações Unidas (ONU), que entre outras ações visa ao combate e a erra-dicação da mortalidade infantil. O Municí-pio planeja a ampliação do Programa Estra-tégia de Saúde da Família para 12 unidades em 2011 e 15, até 2012.

No segundo semestre deste ano, será re-alizada a descentralização do pré-natal das gestantes para as nove unidades de Saúde da Família. Em três delas esse atendimen-to já acontece. Com isso, o Centro de Saúde da Mulher e da Criança poderá oferecer um atendimento mais especializado às gestantes de alto risco a partir do quinto mês de gravi-dez. A Secretaria da Saúde ainda firmou um convênio com uma prestadora de serviço que oferece ambulância com UTI equipada para transporte de gestantes e bebês em alto risco.

Cruz Alta dá exemplo na redução da mortalidade infantil

E

Com novo foco, programa constrói rede colaborativa e observa diversas variáveis para enfrentar o problema

ANA CLAUD

IA LAMAISO

N HORST/PM

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Page 12: Revista Assedisa - Edição 2

12 | www.assedisars.org.br

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REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

s números, por si só, revelam uma realidade estarrecedora pouco divulgada pela mídia, mas que desperta o alerta de

autoridades e de profissionais da Saúde pública. Estima-se que anualmente um mi-lhão de pessoas cometam suicídio no mun-do. Somente em 2009, segundo a Secreta-ria Estadual de Saúde, 1.151 suicídios foram registrados no Rio Grande do Sul – estado com maior percentual do país.

Para cada morte ocorrida, outras dez tentativas acontecem. O assunto, pouco dis-cutido e analisado, está cercado de mitos. Enganam-se aqueles que pensam que não há o que se possa fazer para evitar essa tragédia.

Preocupada com a questão, a Secreta-ria da Saúde de Candelária iniciou o “Vida Sim”, Programa de Valorização à Vida e Prevenção ao Suicídio, responsável pela captação dos casos de tentativas e pelo acompanhamento pós-alta do tratamento. O comportamento suicida é identificado por toda a rede pública: agentes comuni-tários de Saúde, hospital geral, serviços de emergência e segurança pública.

No interior do Município, os pacientes em risco são identificados pela Emater. A parceria é de suma importância já que os índices de suicídio no meio rural são três vezes maiores do que no meio urbano. Após a identificação, a notificação é feita e o pa-ciente é encaminhado imediatamente ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), onde é elaborado um plano terapêutico específico para o caso. Assim, inicia-se o tratamento

O

Candelária diminui o índice de suicídio por meio de programa de prevenção

Procuramos estimular a vida. O Município

entende que a prevenção ao suicídio deve ser

considerada uma política pública de saúde.

Dados sobre suicídio encontrados em declarações de óbitos em Candelária:2005 – 6 casos 2006 – 7 casos2007 – 4 casos 2008 – 6 casos2009 – 4 casos 2010 – 2 casos

- 23 homens e seis mulheres tentaram o suicídio de março a dezembro de 2010. No total foram 48 tentativas, numa média de 5,33 por mês.- No Brasil, a média é de quatro suicí-dios para cada cem mil habitantes. No Rio Grande do Sul, os dados são de dez suicídios para cada cem mil habitantes.

“”

“Vida Sim” tem sido divulgado a diversos municípios do Estado com bom exemplo de política pública de prevenção

DIVULG

AÇÃO

DIVULG

AÇÃO/PM

C

com psicólogos, psiquiatras, medicação, apoio social, acompanhamento permanen-te através de visitas domiciliares, contatos telefônicos e mobilização da rede de apoio.

Também é realizada uma coleta de da-dos específica, que visa traçar um perfil desses sujeitos. Geralmente, são pessoas com doenças psiquiátricas e físicas, histó-rico familiar, perdas recentes, sentimentos de solidão, impotência e desesperança. No primeiro ano de trabalho do “Vida Sim”, os índices de suicídio reduziram-se em 70%, comprovando que a prevenção ainda é a melhor estratégia para reduzir este tipo de morte anunciada.

Atualmente, estão sendo monitoradas 50 pessoas. “Os suicidas costumam dar sinais de alerta”, ensina o secretário mu-nicipal de saúde de Candelária, Aristides

Feistler. Segundo ele, parentes, amigos e vizinhos precisam avisar os agentes comu-nitários e encaminhar essas pessoas para o serviço de Saúde Mental. “Conseguimos reduzir drasticamente o número de suicí-dios, mas ano passado, infelizmente, ainda aconteceram dois casos”.

Feistler reforça que através de depoi-mentos, muitos indivíduos confessam a mudança de suas perspectivas. “Procura-mos estimular a vida. Mas esse é um traba-lho que deve ser duradouro e permanente, sempre com acompanhamento. O Muni-cípio entende que a prevenção ao suicídio deve ser considerada uma política pública de saúde”, considera.

O secretário revela ainda a existência de casos antigos com 24 mortes em apenas uma única família.

Números alarmantes

Aristides Feistler

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13

O SUS É NOSSO

Atender o portador de necessidade especial

como cidadão, de forma que ele volte a conviver junto com seus

familiares é o desejo de quem trabalha com

essas pessoas.

“”

“Parada do Orgulho Louco” busca cidadania e respeitouando as mais de três mil pessoas lotaram o centro de Alegrete no dia 20 de maio, durante a “1ª Parada Gaúcha

do Orgulho Louco”, uma trajetória de mais de duas décadas estava sendo consolidada.

Em busca de garantia à cidadania dos portadores de transtornos psíquicos, esse município da Fronteira-Oeste do Rio Gran-de do Sul mostrou que com o envolvimento da sociedade é possível construir uma nova visão sobre o tema, reduzindo o preconceito e acolhendo quem precisa.

“Atender o portador de necessidade es-pecial como cidadão de forma que ele volte a conviver junto com seus familiares, supe-rando os rótulos criados pela sociedade, é o desejo de quem trabalha com essas pes-soas”, comenta a psicóloga Judete Ferrari, coordenadora de oficinas de saúde coletiva de um dos três Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS) que é mantido pela Prefeitura de Alegrete.

Segundo ela, que é integrante do Fórum Gaúcho de Saúde Mental, a ideia de promo-ver a parada surgiu dos próprios usuários e familiares que trabalham nas oficinas de saúde mental. “A iniciativa foi importante para mostrar a evolução que o movimento antimanicomial teve nas últimas décadas, além de reposicionar o pensamento entre o louco e a loucura, o que está sempre asso-ciado a coisas negativas, como o encarcera-mento desse paciente”, disse.

O evento mostrou que muitas pessoas aderiram à ideia da Reforma Psiquiátrica em Alegrete na busca por cidadania e res-peito a quem convive com essa enfermida-de. “O primeiro passo é as pessoas enxer-garem o portador como cidadão, um olhar humano que vá além da biografia e do diag-nóstico”, disse a coordenadora do CAPS. “No final da década de 1980, as pessoas ti-nham vergonha até de cumprimentar ou de dizer que tinham um parente portador de sofrimento psíquico. A cada ano, estamos nos superando no modelo do acolhimento desse paciente e, hoje, eles mesmos se apre-

sentam como tal e não têm vergonha dessa condição”. Para ela, os usuários podem ter trabalho, renda e buscar a sua sustentabi-lidade.

Há 22 anos, Alegrete vem trabalhando de forma diferenciada o tratamento da saú-de mental. Atualmente, a rede de acolhi-mento é composta também por um serviço de residência terapêutica e um serviço de internação hospitalar que está instalado na Santa Casa. Recentemente, foi aprovada a Lei Municipal 4474, que institui a Política Municipal de Assistência Social. “Em 1996, fomos o primeiro município do Estado a criar a lei de saúde mental”, orgulha-se a Secretária da Saúde, Maria do Horto Lou-reiro Salbego. “Na época, já estávamos com alguns serviços organizados, trabalhando no foco da reforma psiquiátrica, e inseridos no Fórum Gaúcho de Saúde Mental”.

No país, a Parada do Orgulho Louco já acontece em cidades como Belo Horizon-te, São Paulo e Salvador. Para divulgar o evento e as ações de saúde mental em Ale-grete, foi criado o blog paradagauchado-orgulholouco.blogspot.com, no qual estão disponibilizadas fotos, vídeos e informa-ções sobre os projetos desenvolvidos. Vale a pena conferir!

Q

Além de reunir milhares de pessoas, evento marcou a trajetória de Alegrete em defesa da Reforma Psiquiátrica

VANESSA BARCELO

S/PMA

FÁTIMA M

ARCANTH

/PMA

Judete Ferrari

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Ação em rede ataca a “judicialização” de medicamentos

GESTÃO

expectativa nesse ano é de que o número de processos seja reduzido em até 15%, com relação a 2010.

Em 2009 foi criado um Comitê Gestor com a participação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, contando também com organizações civis, como o Conselho de Saúde, os quais conversam entre si e re-solvem os casos em que o cidadão precisa de um tipo de medicamento que está fora da lista oferecida pela Prefeitura. A ação é concentrada em três temas: drogadição, medicamentos e internações.

Na época, a situação era preocupante: de 2007 para 2008 os gastos no atendi-mento a demandas judiciais saltaram de 3% para 10% do orçamento da Secretaria da Saúde para a compra de medicamentos, respectivamente. Em 2009, ano da implan-tação do projeto, a despesa chegou a quase ¼ do investido, ficando em 23%.

Este ano, a maior dificuldade na exe-cução da proposta de gestão ficou centra-da na sensibilização dos novos integrantes do Comitê Gestor, explica a secretária de Saúde, Zelionara Branco. “A cada mudan-ça de atores entre os parceiros, reinicia-se o processo”, aponta. “Por isso, temos uma incansável busca pela transparência do projeto. Dessa forma quem chega ao grupo tem condições de entender a lógica do pro-cesso e contribuir”.

Zelionara explica que cada vez que há mudança de um juiz ou promotor, por exemplo, é necessário que o novo partici-pante receba toda a informação necessá-ria para aderir ao projeto. “Essa mudança contínua dos representantes interfere na relação de rede, que não se dá somente

pelo fluxo definido, mas também precisa do comprometimento individual de cada um. Porém, isso não tem sido impedimen-to para que o projeto avance”, argumenta.

Até 2008, a secretaria da Saúde recebia grande quantidade de demandas judiciais de pessoas que estavam em busca de me-dicamentos. Bastava o paciente comprovar ao juiz a sua necessidade, que imediata-mente o Município era acionado. Para a secretária, essa era uma forma injusta de favorecimento indiscriminado. “Essa pes-soa acabava ‘furando a fila’”, acusa. “Temos todo um esforço em estabelecer critérios de regulação para distribuir os medica-mentos, e quando esses pedidos eram jul-gados não havia esse discernimento”.

No primeiro ano de implementação do projeto houve uma redução de 80% dos ca-sos de judicialização. A partir do momento em que o processo estava em andamento, já em 2010, o número de solicitações a serem atendidas através da Justiça caiu para uma

média de 80 casos. “Sabemos que é impos-sível zerar a demanda judicial”, comenta Zelionara ao lembrar que alguns medica-mentos não constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename).

A mudança trouxe um impacto extre-mamente positivo: o diálogo, que melho-rou as relações entre os poderes Executivo e Judiciário. Uma das primeiras ações foi uniformizar os procedimentos com for-mulário único. Atualmente, o Município fornece o medicamento solicitado por um prazo máximo de 60 dias, quando a obri-

Temos todo um esforço em estabelecer critérios de regulação para distribuir

os medicamentos.“

A

No mês de julho, a Secretaria da Saúde de Rio Grande fará a primeira avaliação de 2011 referente à “Gestão Sistêmica com Foco no Fornecimento de Medicamentos”. O projeto, que há dois anos virou referência no Estado, busca manter a meta de reduzir progressivamente o número de demandas no fornecimento de medicamentos por meio do Poder Judiciário.

Zelionara Branco

Zelionara (C) diz que a manutenção da rede depende de diálogo e troca de informações permanentes entre os envolvidos

DIVULG

AÇÃO/PM

RG

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gação passa a ser da Secretaria Estadual da Saúde. “Esse caso é uma das vantagens da rede, o que obriga o Estado a realmente cumprir a determinação”, conta.

Outro motivo para comemorar é a agi-lidade com que os medicamentos são for-necidos, em aproximadamente cinco dias. A satisfação de Zelionara também está relacionada à transparência de todo o pro-cesso, que respeita os fluxos de documen-tação para que se possa tomar a decisões alicerçadas em embasamentos técnicos.

“Todo o gasto fora da lista da Rename é muito bem justificado. O Município cum-pre o seu papel e justifica suas ações”, ga-rante.

Nota-se que as ações positivas do Co-mitê têm influenciado esferas maiores, como a estadual. Segundo ela, outro pro-cesso desencadeado refere-se à revisão da padronização para medicamentos, através da sugestão da inclusão de novos produ-tos. Uma das lutas do momento é colocar fórmulas mais avançadas para o trata-

mento de doenças respiratórias crônicas, por exemplo. Atualmente, o Estado traba-lha com uma linha de medicamentos e os especialistas estão solicitando outros.

Para a secretária, o caso de Rio Grande deixa claro que a maneira mais eficaz de tratar o problema do fornecimento gratui-to de medicamentos passa pela implemen-tação de um planejamento e uma gestão sistêmicos. Dessa forma, o gestor público pode mapear as necessidades e em con-junto encontrar as soluções.

Q ualificar os serviços e tam-bém conhecer o usuário das unidades de saúde munici-pais e suas necessidades. Es-

ses são os principais objetivos que movem os gestores das secretarias da Saúde de cidades como Canoas, Lajeado e Porto Ale-gre, que a partir do processo de informa-tização - desde o atendimento inicial até a regulação dos leitos nos hospitais - passam por grandes transformações em busca de um melhor suporte ao cidadão e a raciona-lização dos recursos públicos.

A partir do projeto Infovia, que preten-de conectar todos os serviços de saúde de Porto Alegre à rede informatizada da Pre-feitura, a Secretaria de Saúde da Capital ganha também uma nova forma de ver e ouvir o usuário. Mesmo ainda na primeira fase de implementação, a informatização, através de convênio assinado com a Com-panhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa), co-meça a dar ao gestor público o perfil real de quem procura o sistema público de saúde.

Com a informatização e utilização de software especializado, a secretaria tem conseguido total regulação de leitos em 50% dos hospitais da capital. Esse traba-lho ordena e reduz o envio de pacientes para hospitais diminuindo a superlotação. “O número de leitos regulados era de fato muito pequeno, porque todo o processo era manual”, diz o secretário de Saúde, Carlos Henrique Casartelli. Neste ano, até maio, 20 mil internações foram controla-das, mas até o final do ano todas as inter-nações o serão.

O sistema informatizado que chega as unidades de atendimento, também garan-

te uma sensível redução na lista de espera para consultas. De um total de 100 pacien-tes aguardando a sua vez, hoje a lista redu-ziu para 15. “A ideia é que o paciente saia da unidade de saúde com dia, hora e local da consulta marcados, acabando de vez com a fila de espera”, fala.

Para o gestor, a maior dificuldade é saber quais as especialidades que formam fila. Agora, a busca é por dados em tempo real que apontem quem são os usuários e quais são suas efetivas demandas. “Pas-saremos a ter o controle absoluto do que ocorre no sistema de saúde em Porto Ale-gre”, prevê.

Apesar das dificuldades de se conseguir uma consulta, Porto Alegre é referência na Região Metropolitana e também para os usuários do SUS no interior do Estado.

Informatização no controle dos sistemas de saúde

Hoje 55% dos atendimentos são destinados aos moradores da capital, 30% para os da Região Metropolitana e 15%, para o inte-rior. Com a demanda sob controle, esses percentuais devem ser melhorados.

“Caso Porto Alegre não necessite des-ses 55%, o que sobrar poderá ser fornecido a quem realmente precise”, prevê Casar-telli. Esse trabalho será feito em parceria com o Governo do Estado e Samu. Assim, os dados armazenados pela Procempa ser-virão a diferentes propósitos. “Todos vão interagir, um profissional da Região Sul vai acionar o sistema e fazer o agendamento de modo direto. Quando o paciente consultar, ficará registrado todo o histórico que es-tará à disposição das farmácias distritais que apontarão quando ele retirar o medi-camento”, explica o secretário.

Implantação da Gestão da Saúde em Porto Alegre (foto) e de informatização em Canoas e Lajeado, melhoram os serviços

CRISTINE RO

CHOL/PM

PA

GESTÃO

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Em nosso município, 73% da população é

usuária do SUS. “ ”

Lajeado diminui a demanda por medicamentos

Canoas reduz filas e agiliza o atendimento

vitar que o usuário peregrine de posto em posto e coibir os des-perdícios na distribuição dos medicamentos, também levou a

Secretaria da Saúde de Lajeado a buscar na informática um processo de gestão mais efi-ciente. Desde 2007, por exemplo, a farmá-cia e o almoxarifado de medicamentos têm sistemas informatizados de administração. “Hoje temos uso racional de medicamentos, fizemos um pregão eletrônico no início do ano que contempla até dezembro. Quan-do temos uma demanda maior de um tipo de medicação, pedimos para o fornecedor adiantar a remessa”, explica o secretário de Saúde, Renato Specht.

Segundo o farmacêutico da Prefeitura, José Luís Batista, a assistência à saúde em Lajeado é realizada por uma estrutura com-posta de 18 unidades de saúde entre unida-des básicas de saúde (6), Estratégia de Saúde da Família (6), centros de saúde (3), CAPS

indicação médica no posto de atendimento básico. “Hoje os usuários consultam na sua unidade”, destaca o secretário Specht.

Uma das grandes recompensas do sis-tema informatizado é o total controle da utilização dos medicamentos, evitando que faltem para o usuário. Em consequência, di-minuíram drasticamente as demandas judi-ciais. Atualmente, quando elas ocorrem re-ferem-se a medicamentos que não constam nas listas oficiais disponibilizados pelo SUS.

Renato Specht conta que se mantém um relacionamento cordial com o Judicário. “Nós trocamos informações e verificamos as demandas”, conta. Ele acrescenta que atualmente se consegue ter em tempo real todas as informações de uma determinada unidade de saúde, assim, se há reclamações as alterações podem ser feitas em prazo re-corde. “Os fluxos de informação são muito importantes, pois tornam a gestão mais fá-cil”, diz o secretário.

C

E

om um investimento médio de R$ 350 mil por mês no novo pro-grama de atendimento ao usuá-rio do sistema público de saúde,

a secretária da pasta e vice-prefeita de Cano-as, Beth Colombo, tem a certeza de que o cida-dão terá a celeridade que precisa na resposta às suas necessidades. “Desde 2009, quando assumimos o governo, se busca eficiência na Saúde. No primeiro momento tinha-se que a questão era financeira. Em 2010 investimos quase 22% do orçamento do Município em Saúde e mesmo assim não conseguimos atin-gir a eficácia necessária. Então vimos que o problema era a gestão, por isso buscamos a tecnologia para nos auxiliar”, destaca Beth ao lembrar que atualmente ela é quem adminis-tra o maior orçamento de todas as secreta-rias, com R$ 154 milhões ao ano.

Em Canoas, a informatização do sistema de agendamento das consultas deve acabar de vez com as filas e agilizar o atendimento do usuário. A previsão do secretário adjunto da Saúde, Leandro Santos, é que em agosto passe a funcionar o call center que receberá o pedido, por meio de um telefone 0800, e fará o agendamento das consultas, sem que o usuário precise sair de casa.

mente e o usuário tem que ir até a unidade de saúde. “Esse foi um dos problemas le-vantados durante a campanha do prefeito Jairo Jorge, que criou a meta de acabar com as filas que começam na madrugada para o agendamento”, diz Santos.

Depois de feita a consulta, ainda dentro da unidade de saúde, caso precise de exames ou encaminhamento a especialistas, o usuário acionará o sistema novamente para o Com-plexo Regulador e sairá com a nova demanda marcada. “Saindo com seu exame e consulta marcados, o paciente vai ganhar muito tempo e agilizar o processo”, reafirma.

Para garantir o funcionamento, a Aten-ção Básica terá 20 posições de atendimento e o Complexo Regulador 15, totalizando 35 atendentes. O call center funcionará de se-gunda a sexta, das 7h às 19h. Atualmente 40 mil usuários ao mês buscam o atendimento básico nas Unidades de Canoas e aproxima-damente 25 mil utilizam mensalmente os serviços especializados.

Leandro Santos argumenta que com a informatização dos processos será possível apurar esses números e verificar as reais necessidades dos usuários. “Aí será possível fazer uma gestão qualificada”, considera.

Leandro Santos considera inovador o mo-delo adotado. A partir do sistema Aghos, que o governo do Estado disponibiliza, a Secretaria da Saúde recebe um software com caracte-rísticas próprias que irá atuar no teleagenda-mento e na regulação das atividades dos pos-tos. “Fizemos visitas técnicas em municípios de estados como Goiás e Paraná, que têm pro-cessos semelhantes, e tiramos um pouco de cada um para o que a gente quer e precisa”, diz.

Atualmente, o agendamento de consul-tas para a Atenção Básica é feito manual-

(2) e serviço específico (1). Dessas unidades, 13 possuem uma farmácia para distribuição dos medicamentos básicos. Além da Farmá-cia, o sistema de agendamento de consultas também foi informatizado.

O mais difícil, avalia Batista, não foi a im-plantação do sistema, mas sim a gestão tanto dos funcionários da área quanto dos usuários que custaram a se acostumar com a novidade. “Do ponto de vista de quem trabalha, sempre existe a resistência inicial porque além de or-ganização há o aspecto de controle. O pessoal ficou com um pé atrás, mas hoje não se conse-gue trabalhar de outro jeito”, lembra.

O paciente também teve de se adaptar. “Antes, o mais esperto consultava em três postos e retirava medicamento dos três, isso não acontece mais”, fala Batista. A gestão informatizada também diminuiu o número de consultas nos postos, uma vez que o cida-dão tem todo o seu histórico rastreado, ele é encaminhado a especialistas somente pela

Beth Colombo

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AÇÃO/PM

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REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

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O DESAFIO DO FUNCIONAMENTO DAS REDES

te da rede de média e alta complexidade. Se o usuário for encaminhado para um grande centro, o risco de perder o conta-to com o paciente é ainda maior.

Um sistema que deveria funcionar de forma organizada e hierarquizada transforma-se muitas vezes numa es-tressante disputa por leitos e consultas especializadas. A falta de regulação dos processos vai do gestor estadual – a quem cabe por lei o regramento do sis-tema – às referências regionais, que de-veriam prestar determinados serviços e não o fazem, e à gestão municipal, que engatinha na organização da Atenção Básica. Se a falta de financiamento é evidente, a boa gestão será fundamental para a organização das redes.

Não obstante, os entes federados de-

vem assumir de vez os seus papéis nesse processo. Muito mais do que cobrar re-sultados, Estado e União precisam me-lhorar seus investimentos na Saúde. O Rio Grande do Sul destinou apenas 4% do seu orçamento para a Saúde em 2010, enquanto o correto seria 12%. Uma bai-xa aplicação que se repete há décadas.

A União, por sua vez, também des-cumpre a Emenda Constitucional 29, não dando o devido financiamento ao setor. Em contrapartida, resta aos mu-nicípios arcar com o ônus.

As necessidades são várias: planeja-mento, organização, profissionais com perfil adequado, capacitação, gestão e financiamento. A discussão está posta e exige atitude. Como fazer com que as redes de saúde realmente funcionem?

Os gestores da Saúde do Rio Grande do Sul estão à frente de um grande desafio: fazer funcionar, de fato, as redes de referência. São essas estruturas hierarquizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que deveriam oferecer acesso aos municípios do interior do Estado, principalmente aos menores, onde há poucas especialidades de média complexidade. Já as de alta, praticamente inexistem.

desorganização da rede de referências causa transtor-nos diários e intermináveis, principalmente, aos gesto-

res municipais de saúde, que ficam afli-tos por não atenderem de maneira satis-fatória às demandas que se acumulam em suas secretarias.

O encaminhamento de um paciente para uma referência próxima de onde ocor-reu o primeiro atendimento muitas vezes se transforma em uma peregrinação inter-minável que pode demorar dias e percorrer centenas de quilômetros na busca de um di-reito básico: ser atendido.

É como se o usuário fosse paciente da Atenção Básica apenas até conseguir uma consulta para determinada especia-lidade; a partir daí ele passa a ser pacien-

A

?

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REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

secretária da Saúde de Cai-xas do Sul, Maria do Rosário Antoniazzi, considera que a organização das redes tem

evoluído, principalmente, em relação aos novos conceitos, grandes tentativas de gestores e com a ampliação de investimen-tos em nível municipal.

Contudo, há que se definir melhor o funcionamento e o financiamento dessas estruturas, que devem levar em conta a região de cobertura, a capacidade instala-da, a oferta e o perfil do usuário que bus-ca o serviço. “A Atenção Básica requer do gestor um alinhamento desde o primeiro atendimento até o máximo de tecnologia da alta complexidade”, considera. “Só fa-remos desta rede algo consistente no mo-mento em que tivermos uma forte regu-lação com bons protocolos estabelecidos, entendimento do usuário e a conscienti-zação dos profissionais a respeito destes recursos”.

Os protocolos devem ser necessaria-mente constituídos em nível local, mas com uma “fala universalizada” como sis-tema. Ainda que existam peculiaridades regionais, há que se ter também um ali-nhamento em nível nacional.

Em sua experiência, Caxias está tra-çando protocolos a partir da instalação dos comitês de contratualização com os prestadores de serviço dos hospitais de ensino, buscando a parceria destes cen-tros e constituindo as redes.

O resultado vem se mostrando efetivo, mas o avanço é gradual. Um dos limitado-res tem sido as portarias de alta comple-xidade, que oferecem baixa capacidade de teto físico-financeiro, limitando o acesso.

As necessidades são crescentes porque novas demandas surgem quando há ofer-ta do serviço de alta complexidade, pois a rede passa a funcionar e há onde referen-ciar. “Não se pode dizer que uma cirurgia cardíaca é eletiva ou que uma cirurgia de órtese e prótese na traumato-ortopedia é eletiva, porque a falta dessa assistência está gerando sofrimento e risco de morte para o usuário. É por isso que as redes não funcionam”, aponta Maria do Rosário.

Para ela, além da falta de referência tecnológica, o baixo financiamento é ou-

APolíticas indutórias engessam gestões municipais

A região da Serra teria condições de ter esses centros de alta tecnologia. Contudo,

há uma concentração dos investimentos em Porto

Alegre.

MARIA DO ROSÁRIO ANTONIAZZI

“”

RSCAXIASDO SUL

tro agravante. “Falta investimento porque não há o cumprimento da Emenda Cons-titucional 29 por parte dos governos do Estado e Federal, além do que os centros de referência estão instalados somente dentro das grandes capitais”, critica. “A região da Serra teria condições de ter es-ses centros de alta tecnologia. Contudo, há uma concentração dos investimentos em Porto Alegre”.

Com maior descentralização tecnoló-gica nas regiões, o atendimento em Porto Alegre seria desafogado e os municípios menores teriam melhores condições de acesso, bem mais próximo de suas sedes. “Pelo acúmulo de demanda, Porto Alegre acaba não ofertando o serviço, contudo, mantém o teto financeiro preso”, apon-ta. “É preciso que haja um investimento na ampliação e na qualificação das redes hospitalares existentes, não na criação de novos serviços. Temos que qualificar os que já existem”.

Na região da Serra verifica-se uma superocupação dos hospitais de Caixas, enquanto na rede hospitalar do entorno, formada por 22 municípios, há institui-ções de saúde ociosas por não disporem de qualificação tecnológica para realizarem, inclusive, procedimentos de média com-plexidade. “Sem qualificação, fica difícil manter o seu usuário nesta rede hospita-lar regionalizada. Há que se interiorizar ainda a média complexidade para estes hospitais onde há uma baixa ocupação”, considera.

Para ela, a debilidade na prestação de serviços verificada nos pequenos hospitais

somada à cultura de que a Atenção Bási-ca não é resolutiva, e à busca de solução de quadros clínicos a partir da média e alta complexidade, geram um nó na rede. “Enquanto fala-se de superlotação em al-gumas cidades, há acesso hospitalar por demanda espontânea, porque os comple-xos reguladores não funcionam adequa-damente e a cultura hospitalar é de que se mantenha a referência espontânea até para burlar o próprio sistema”, disse. “A entrada no pronto-socorro por uma quei-xa de atendimento do usuário sem ser referenciado pela Atenção Básica ou por ambulatórios especializados, quebra a hie-rarquização e bagunça o sistema”.

A descentralização dos serviços se-ria fundamental. “Da forma como está funcionando é mais barato para alguns secretários, contratar serviços de pou-cos profissionais a valores altos, mas não resolutivos”, critica. “Na área de trauma-tologia, por exemplo, é mais acessível ter uma equipe de três médicos atendendo, avaliando e drenando para o grande cen-tro”. Nesse caso, o usuário teria a ilusão de que teve acesso, mas na verdade está sen-do apenas encaminhado, gerando uma de-manda que poderia ser resolvida no muni-cípio do primeiro atendimento se houvesse um ambulatório, o acesso a raio-x ou uma sala de gesso, por exemplo.

Para ela, o caso exemplifica, em parte, a questão das UPAS, que são um serviço de autoatendimento mais qualificado. “Se ler-mos a portaria, veremos que a de número três presta-se para um serviço de referên-cia de urgência e emergência pré-hospita-

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19

CAPA

parentemente, o Município de Santa Rosa, no Noroeste do Estado, pode parecer uma ilha quando se trata da regu-

lação das redes de saúde. Com uma popu-lação de 65 mil habitantes, responde pela regulação de grande parte dos serviços em média complexidade para uma região bem maior que envolve as seis microrregiões e os 22 municípios da 14ª Coordenadoria Regional de Saúde, que somam 235 mil habitantes. Embora sendo Santa Rosa a referência principal da região, outros mu-nicípios como Passo Fundo e Três de Maio oferecem retaguarda em algumas especia-lidades.

Santa Rosa conseguiu evoluir com uma receita simples: organização e bom gerenciamento, aliados a uma valorização e profissionalização do quadro de fun-cionários. Sem dúvida, uma facilitadora nesse processo é a Fundação Municipal de Saúde (Fumssar), há 15 anos constituída.

A estrutura ajuda porque oferece agi-lidade administrativa, nos moldes de uma autarquia com setor de compras e de pes-soal autônomos, independentes da estru-tura burocrática do Município. Os funcio-nários são incentivados a partir de uma política de Plano de Cargos e salários pró-

ASanta Rosa apresenta um bom exemplo de funcionamento de rede

A maioria dos municípios da região tem a Atenção Básica bastante

estruturada. A porta de entrada da rede aqui é essa. Só aceitamos e autorizamos

o que é SUS.

KARINA KUCHARSKI

“”

RS

SANTA ROSA

e administrativas, sob a fiscalização do Es-tado que subsidiaria a implantação desses complexos reguladores”.

Para ela, as políticas indutórias, as quais estipulam que um município só pode acessar determinado recurso da es-fera estadual ou federal se executar parte daquilo que o Estado ou a União entendem como fundamental, mesmo sem conhece-rem a realidade regional, são outro entra-ve no funcionamento das redes de saúde. “Venho fazendo uma crítica veemente ao Estratégia de Saúde da Família (ESF), não como política ou princípio, mas pela forma com que esse programa vem sendo condu-zido na sua implantação”, aponta.

Em Caxias do Sul há uma cobertura média de 25% do Programa, com 36 equi-pes atuando. Para oferecer cobertura a

uma população do porte de Caxias seriam necessárias 112 equipes. Na cidade há uma Unidade Escola que forma profissionais em residência médica e em ESF em par-ceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Dados mostram que a cada ano en-tram dois estudantes na residência de Estratégia da Saúde da Família, enquan-to existem quatro vagas disponíveis, sem considerar que alguns abandonam a área durante o curso. “Para chegarmos à cober-tura de 100% da nossa população naquela instituição formadora, precisaríamos de 60 anos de residência médica bem-suce-dida em Estratégia”, conclui afirmando ainda que existem médicos do programa que migram para outras especialidades que oferecem remuneração mais atrativa.

lar na área do trauma. Então, essa unidade tem que ter sala de gesso”, diz. “Mas isso não está acontecendo. Se for mantida dessa forma, estará gerando uma demanda com desqualificação de atendimento, tentando baratear um acolhimento de uma forma populista e mascarando o acesso, porque, de novo, não será resolutivo”.

Maria do Rosário acredita que o mu-nicípio deva ser o responsável pela regula-ção. O papel do Estado, para ela, seria ape-nas no regramento das referências. Uma espécie de órgão normativo que subsidia-ria e fortaleceria os complexos regionais, mas sem intervenção. “Não haveria a polí-tica indutória com a tradicional interven-ção estatal a que estamos acostumados”, considera. “Os municípios teriam que ter preservadas suas autonomias financeiras

prias. E se engana quem pensa que Santa Rosa gasta mais com isso. Ao contrário: em 2009 foram investidos 19% do orça-mento em Saúde e em 2010 o percentual foi ainda um pouco menor.

Mas a secretária da Saúde, Karina Ku-charski, revela outra questão determinan-te para a prestação de um melhor serviço. “A maioria dos municípios da região tem a Atenção Básica bastante estruturada; a porta de entrada da rede aqui é essa”, disse. “Só aceitamos e autorizamos o que é SUS”.

Santa Rosa conta com 19 unidades de Estratégia de Saúde da Família, sendo que quatro são consideradas avançadas e

encontram-se no interior do município. “Democratizamos a eleição dos coordena-dores de saúde nos postos. Eles são esco-lhidos pela equipe de saúde”, destaca.

Em termos regionais, há ainda uma pactuação e discussão permanente com o Cogere, propiciando uma “relação de res-peito e de boa informação”. Karina diz que pelo fato de a população não ser tão volu-mosa há, de certa forma, melhores condi-ções de realizar o gerenciamento.

Os dados de Santa Rosa merecem aná-lise: a rede encaminha menos para Porto Alegre devido à boa qualidade de serviço prestado na rede. “No momento em que

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20 | www.assedisars.org.br

Sabemos que não se pode ter todas as especialidades dentro do Município, mas

consideramos que precisamos ter esse serviço num raio de,

no máximo, 200 km.

MARIA DO HORTO SALBEGO

“”

RS

ALEGRETE

desafio de fazer com que as redes de referência funcionem de maneira adequada não se resume à organização dos

serviços disponibilizados. A Assedisa Re-gional da Fronteira-Oeste entende que as redes devem estar mais próximas dos mu-nicípios. “Sabemos que não se pode ter to-das as especialidades dentro do Município, mas consideramos que precisamos ter esse serviço num raio de, no máximo, 200 km”, aponta a Secretária da Saúde de Alegrete, Maria do Horto Salbego.

Com conhecimento de causa, ela cita o exemplo da traumato-ortopedia de alta complexidade, serviço que mais de 500 mil habitantes em onze municípios têm que procurar em cidades como Rio Gran-de, mesmo que o município esteja a 500 quilômetros e não seja uma referência. “As redes funcionam com extrema dificuldade, com acessibilidade muito restrita que limi-ta principalmente às cidades do interior”, critica. “Não temos determinados serviços que deveriam estar mais perto da nossa região, nem suporte para atender a casos mais específicos”.

A dispersão dos serviços em diversas cidades e prestadores também é um im-portante elemento a se considerar. Sem ter um lugar em que sejam centralizados, a ne-cessidade do transporte de saúde pode ser aumentada, gerando gastos desnecessários às secretarias, manutenção de estrutura para o gerenciamento dos agendamentos periódicos e um vai e vem de carros, vans e ambulâncias, que embora se desloquem em distâncias mais curtas dentro da própria região, acabam contribuindo para a desor-ganização do sistema.

Uma das soluções para esse problema seria a criação de hospitais regionais públi-

cos. Essas estruturas, a serem gerenciadas pelo Estado, ou até mesmo pelos municí-pios, concentrariam todos os atendimen-tos para a população de determinada área. Assim, a necessidade de transporte seria bastante reduzida, tendo em vista que os deslocamentos teriam, via de regra, desti-no certo. Além disso, com uma rede regio-nal que realmente funcione, a necessidade de submeter os pacientes ao atendimento em Porto Alegre também seria reduzida em grande parte.

Maria do Horto é uma das defensoras da criação de “hospitais fortes regulados com a mão do Estado”, sendo gerenciados através de uma parceria entre a Secretaria da Saúde e os municípios. “O que existe hoje são hospitais filantrópicos ou privados vendendo serviços para o Sistema Único de Saúde. É necessário ter alguns hospitais pú-blicos nas regiões para que se possa realizar investimentos de maior porte e para que seja possível dar conta dessa complexidade de modo que possamos resolver o problema de forma conjunta”, disse.

Alegrete fica a quase 500 km da capital, localizado na Fronteira-Oeste e próximo da

divisa com a Argentina. A regulação, como em todos os municípios do Estado, é feita a partir da central que fica em Porto Alegre. A 10ª Coordenadoria regula algumas espe-cialidades. Já na área de neurologia, quem atende a referência de alta complexidade é Uruguaiana, e na área da oftalmologia de média complexidade, é Rosário do Sul. “Por essa diversidade na localização dos servi-ços é que temos defendido a proposta de que o Plano Plurianual do Estado considere os hospitais regionais, ao menos para regi-ões distantes dos grandes centros, como a nossa”, diz Maria do Horto.

Contudo, ela avalia que a regulação nos últimos períodos vem se qualificando, mas ainda é deficitária por não assegurar o acesso dos municípios do interior a di-versas especialidades, como neurologia e traumatologia. “O que dificulta o funcio-namento da rede é que ela não é estabele-cida a partir da necessidade real de cada município”, contextualiza. “Falta organi-zação, para que a rede possa ser melho-rada e qualificada a partir da estrutura existente, para que assim a logística possa existir, já que a atual não é adequada”.

Grandes hospitais regionais são alternativas para concentrar os serviços

O

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

começamos a qualificar a Atenção Básica no Município se reduziu drasticamente as internações hospitalares por problemas como infecção respiratória aguda, diar-réia, entre outros”, afirma. “Não signifi-ca que paramos de encaminhar usuários

para atendimento em Porto Alegre, mas só procedemos desta forma se tivermos a certeza da necessidade com a avaliação de médicos especialistas”.

De acordo com a secretária Karina, mesmo assim, há fila de espera para ci-

rurgias eletivas. “Isso ocorre porque não temos capacidade física para absorver toda a procura, tendo em vista que conta-mos com apenas dois hospitais regionais. Mas atenderemos a demanda em nossa rede, sem ocupar Porto Alegre”.

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21

CAPA

o dia 6 de junho, a Secretaria da Saúde do Estado (SES) lan-çou em Porto Alegre o Projeto Estratégico Redes de Atenção

Integral à Saúde a partir do fortalecimen-to da Atenção Primária. O ato foi realizado no auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa.

Segundo a SES, o objetivo é estrutu-rar a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da articulação de linhas de cuidado que garantam a con-

secretário adjunto da Saú-de de Porto Alegre, Marcelo Bosio, considera que há um processo de desarticulação

das redes. Segundo ele, falta comunicação entre os diferentes processos e as distin-tas estruturas. Atualmente, em cada etapa que o paciente passa, em diferentes níveis de atendimento, é gerado um processo novo que não é continuado. “Não conse-guiremos falar sobre integralidade, nem sobre continuidade de atendimento, se o paciente pula de nível e há praticamente um reinício de investigação a cada atendi-mento”.

Para Bosio, não é simplesmente uma questão de existir a informação sobre o encaminhamento do paciente, mas sim estabelecer um processo que envolva esse acolhimento como os exames clínicos, uti-lização de protocolos e a gestão do cuida-do. “Via de regra, a Atenção Primária não tem retorno do que aconteceu com esse usuário. A informação fica, basicamen-te, com o paciente, que concentra todo o histórico”, disse. “Mas há usuários com o mais variado grau de entendimento. Há o que consegue reproduzir em todas as etapas o que aconteceu, guardando todo o tipo de informação e exames, e há o que não têm essa memória”.

Estado lança projeto para fortalecimento da Atenção Primária

Até o final do ano 100% dos leitos estarão integrados ao novo sistema de gestão de Porto Alegre

tinuidade do atendimento integral, desde a primeira consulta na Unidade Básica ou Estratégia de Saúde da Família, até a re-alização de exames e procedimentos nos outros níveis de atenção. Este ciclo inclui o retorno à unidade de origem para acom-panhamento permanente de cada usuário. Esta articulação se dará a partir da pac-tuação com os municípios, em processo contínuo de organização do sistema em serviços regionalizados de referência e contrarreferência.

Além dessa dificuldade, agrega-se uma baixa qualidade no que se refere à re-solubilidade do atendimento. Assim, a ca-pacidade instalada, de certa forma, é mal utilizada. “O investimento financeiro é importante, mas se não existir gestão, será sempre insuficiente”, declara. “Temos que otimizar a utilização dos serviços com um paciente cada vez mais regulado”.

Bosio defende o investimento em in-formatização, agregando tecnologia aos procedimentos realizados. Atualmente, Porto Alegre está com 35% dos leitos re-gulados já integrados no novo sistema de gestão. Até o final do ano, a Secretaria da Saúde pretende atingir 100%. Em breve, a

As redes no Estado irão começar pe-las Rede Mãe-Bebê, alinhada à Rede Ce-gonha, lançada pelo Ministério da Saúde, passando pela Rede de Saúde Mental, especialmente voltada ao combate da epi-demia do crack e também pela Rede de Urgência Emergência, que conta com os serviços do Samu e, em breve, com as Uni-dades de Pronto Atendimento (UPAS).

Segundo o secretário estadual da Saú-de, Ciro Simoni, a ideia é construir esse processo com gestores municipais e, por

N

O

Vislumbro outro horizonte de organização

do sistema com continuidade do atendimento.

MARCELO BOSIO

“”

RS

PORTO ALEGRE

Central de Marcação de Consultas utiliza-rá um sistema que permitirá a interligação aos dados do Estado e de municípios.

Com as mudanças, Bosio espera uma redução de 20% da demanda, percentual que será reaplicado em novas consultas. Atualmente, Porto Alegre realiza, para a capital e interior, um total de 35 mil con-sultas de primeiro atendimento. Estima--se que as mudanças que estão sendo feitas representem, em curto prazo, um aumento de 3,5 mil consultas ao mês, as quais, serão destinadas aos municípios do interior. “Vislumbro outro horizonte de organização do sistema com continuidade do atendimento”.

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22 | www.assedisars.org.br

23º Seminário discute a construção das redes a partir da Atenção Básica

uma parceria de mais de duas décadas, o Conselho das Secre-tarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems-

-RS) e a Federação das Associações de Mu-nicípios do Rio Grande do Sul (Famurs) re-alizam o 23º Seminário de Municipalização da Saúde, entre 14 e 16 de junho em Bento Gonçalves. O objetivo principal do evento é o debate municipalista quanto ao desafio da Estruturação das Redes de Saúde, ordenadas a partir do fortalecimento da Atenção Básica.

Para tanto, foram elaboradas sete ofici-nas temáticas, cujo objetivo é oferecer um raio-x dos principais desafios da Atenção Básica no Estado. Ao mesmo tempo, de forma conjunta entre Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde, coordenadorias regio-nais e municípios, haverá a busca de alter-nativas para os problemas que dificultam o acesso da comunidade riograndense aos serviços de saúde.

Serão abordados os temas acerca de neurologia, cardiologia e oncologia, trau-mato-ortopedia, urgência e emergência, Atenção Básica, contratualização e Rede Cegonha. Em cada um dos debates haverá representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria Estadual da Saúde e da Assedi-sa-Cosems/RS. Um relator ficará encar-regado de produzir um documento final apresentado e discutido em plenária final, marcada para o dia 16 de junho, quando são

esperados em torno de 500 participantes. Segundo o coordenador da área de

Saúde da Famurs, Leonildo Mariani, serão ouvidas as diferentes realidades de todas as 19 coordenadorias regionais gaúchas. “Teremos muito tempo para a participação. Vamos traçar um raio-x da situação e cons-truir soluções viáveis por meio destas ofici-nas para uma melhor saúde pública e pri-mária no Rio Grande do Sul”, diz. Mariani reforça ainda que outra luta permanente é a regulamentação da Emenda 29, propondo alternativas para o Estado no cumprimento do alcance do percentual de 12% a ser atin-gido gradativamente até o ano de 2014.

“Cosems e Famurs vão estar em sinto-nia para juntos buscarem um entendimen-to, através do diálogo e envolvendo deci-

sões políticas com necessidades técnicas”, reforça o coordenador. “Vamos mostrar as dificuldades, mas também as soluções para os problemas apontados e as boas práticas aplicadas”. Ao final do encontro será pro-duzida a “Carta de Bento Gonçalves”, que apontará o resultado das oficinas temáti-cas e será entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha; ao secretário estadual de Saúde, Ciro Simoni, e aos deputados es-taduais líderes de bancada.

De acordo com Mariani, outras edições do seminário foram responsáveis pela con-quista de antigas reivindicações dos muni-cípios, como a criação do Piso Estadual de Atenção Básica e a aprovação da Emenda 29, cuja regulamentação ainda está em pauta no Congresso.

N

Cosems e Famurs vão estar em sintonia para juntos

buscarem um entendimento, através do diálogo e envolvendo decisões

políticas com necessidades técnicas.

LEONILDO MARIANI

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REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

isso, o Estado dá esse passo inicial para for-mar as redes com um fluxo ágil e adequado, em que a Atenção Primária seja a porta de entrada. “Vamos construir um novo mo-mento para a Saúde no Rio Grande do Sul, com redes organizadas a partir da Atenção Primária em linhas de cuidado e em redes regionais de atendimento. Para isso, vamos discutir com os gestores municipais, com as regionais e até com os prestadores de serviços, se for necessário”, afirmou.

Na oportunidade, foi proferida a pa-lestra do especialista em Planejamento de Sistema de Saúde, Eugênio Vilaça Mendes. Para ele, vale a pena os gestores apostarem

na Atenção Primária à Saúde, principal-mente na modalidade de Estratégia de Saú-de da Família.

Segundo Mendes, há evidências cien-tíficas de que em territórios com atenção primária fortalecida ocorre a diminuição da mortalidade, a redução de fluxo para serviços secundários e para urgências e emergências, havendo um maior acesso a serviços preventivos. Citou como exemplo a Rede Mãe Curitibana, que em 12 anos já atendeu 250 mil gestantes, tem 53 PSFs e 52 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Mendes explicou que a população brasileira está mais idosa e também mais

sedentária, o que acarreta uma maior car-ga de doenças crônicas e a diminuição de doenças infecciosas. Para ele, é preciso superar o atual tipo de sistema, focado no atendimento das condições agudas de saúde (tratamento intensivo e de urgên-cia e emergência). “É preciso aumentar os recursos, mas também modificar o mo-delo de atenção”, diz. O sistema tem que priorizar as doenças crônicas, com aten-ção integral, cuidado multiprofissional, fi-nanciamento por captação ou por um ciclo completo de atendimento de cada usuário, tudo através de redes, nas quais a atenção primária seja a entrada para o SUS.

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23

Ciro aposta na Atenção Básica e no diálogo como marcas de sua gestãoO secretário da Saúde do Estado, Ciro Simoni, está empenhado em convencer os municípios a adotarem a política do Programa Estratégia de Saúde da Família. Ele acredita que aí está o segredo para qualificar o atendimento e melhorar a eficiência dos serviços.

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS – Qual a sua avaliação sobre esses primeiros cinco meses à frente da Secretaria da Saúde do Estado? CIRO SIMONI - A situação da Saúde no Estado não pode se modificar em cinco meses. Os problemas são tão sérios e vi-venciados há tanto tempo, que entrar com uma perspectiva de fazer uma alteração profunda em cinco meses é sonhar o im-possível. Mas, obviamente, estamos traba-lhando no sentido de encaminhar todas as questões que entendemos importantes e que irão ajudar no cumprimento das me-tas a atingir. Por decisão do Governo, te-mos como objetivo ampliar e fortalecer a Atenção Básica no Estado. Isto é o objetivo primeiro deste governo, no sentido de fazer com que o Estratégia da Saúde da Família (ESF) possa ter uma cobertura maior do que tem hoje em dia. Temos alguns luga-res em que esta cobertura é ainda muito pequena, especialmente nas grandes ci-dades. Digo aos nossos companheiros de luta, que são os gestores municipais, que esta é a nossa intenção e que eles partici-parão conosco desse processo. Nestes cin-co meses tivemos a oportunidade de dialo-gar muito fortemente com todos os nossos gestores municipais. Ampliamos uma via de debates, procurando encontrá-los nas regiões. Também abrimos espaço aqui na Secretaria quando foi necessário, procu-rando a maior facilidade possível para que possamos ouvi-los. E com isso, queremos construir esta solidez necessária que é a aproximação dos gestores Federal, Estadu-al e municipais. No mesmo passo que nos aproximávamos dos gestores municipais, também procuramos fazer o mesmo em re-

lação ao Ministério da Saúde, no sentido de podermos, juntos, dialogar e construir um caminho novo. E essa caminhada passa, obviamente, pela ampliação e pelo fortale-cimento da Atenção Básica de Saúde, mas não esquecendo das outras questões, como por exemplo, do tratamento da doença.

RA – O senhor teria alguma meta estabelecida para o ESF e também a respeito da ampliação do PAB?CS – No caso da Saúde da Família temos uma cobertura um pouco maior do que 30% no Estado em alguns municípios. Especialmente nos grandes municípios, as coberturas ficam próximas de 20% ou 30% e em outros fica um pouco mais. Nos-so objetivo, contudo, é de chegar a 50% de cobertura. Estamos estimulando isto, pois

Por decisão do Governo, temos como objetivo ampliar e fortalecer a Atenção

Básica no Estado.

“”

existem alguns municípios que não têm nada, não se habilitaram e estão com medo do processo, achando que irão gastar mais. Mas isso não é gasto, é investimento. Se ti-vermos a oportunidade de ouvir os prefei-tos que fizeram e implementaram o serviço de Atenção Básica e a Estratégia de Saúde da Família, iremos ver que eles estão arre-pendidos de não ter investido nisso mais cedo. Às vezes falta convencimento. Existe

ENTREVISTA

Secretário (em pé) tem priorizado as visitas aos municípios, participando de eventos como o realizado em Piratini, no final de janeiro, com secretários municipais da 3ª e da 7ª coordenadorias da Saúde

DIVULG

AÇÃO ASSEDISA

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24 | www.assedisars.org.br

Existe uma definição que, no ano de 2014,

teremos os 12% aplicados em Saúde.

Nossas coordenadorias já estão mais fortalecidas.

Estamos conseguindo construir um trabalho que seja

mais efetivo.

uma indisposição em investir. Os gestores acham que não têm dinheiro, mas estão gastando o dinheiro da Saúde. Nós temos aí 60, 70, 80 pequenos e médios municí-pios que até hoje não aderiram ao Saúde da Família.

RA – Como o Estado pretende convencer os municípios a investir no ESF?CS – Estamos conversando e abrindo esta oportunidade de diálogo, reafirmando a todo o momento a nossa convicção. Porém, quem define se participa é o município e não o Estado. Este está concordando que o caminho é esse. O governo Federal está propondo também o aumento do seu PAB, inclusive a possibilidade de duplicação do PAB variável, aumentando em 26% o valor para os municípios até 20 mil habitantes e 16% para os municípios até 50 mil habitan-tes. O Estado, no ano passado, utilizou R$ 15 milhões no seu PAB e neste ano quere-mos chegar a R$ 45 milhões. O valor a ser investido em 2012 dependerá do orçamen-to. Estamos discutindo o Plano Plurianual e o objetivo do governo, e tenho dito isto para o governador Tarso Genro, é chegar até o fim do mandato com 12%. Já existe o indicativo de que nós poderemos aumentar no ano que vem o nosso percentual.

RA – Quais são as suas grandes prioridades até o final do ano? CS – Trabalhamos muito desde o início em todas as questões da nossa forma de gestão. Fizemos um mapa estratégico vol-tado justamente para qualificar o acesso e o atendimento e, dentro deste desenho, é que estamos estruturando regionalmente o trabalho da Secretaria da Saúde. Nossas coordenadorias já estão mais fortalecidas. Estamos conseguindo construir um traba-lho que seja mais efetivo e procurando, a partir da relação com os municípios, fazer uma mudança regional. Não construire-mos nada sem ter o efetivo controle da situação regional através das pessoas que moram lá. Só tem uma forma de reduzir as nossas dificuldades: qualificar as estrutu-ras regionais para que possam dar supor-te ao atendimento. Além dessa questão do funcionamento da Atenção Básica do mu-nicípio, nós temos de ter nossas redes re-gionais de atendimento. Estas redes estão sendo montadas a partir de um trabalho feito com cada uma das nossas regionais.

RA – O Estado do Rio Grande do Sul investiu 4% do orçamento em Saúde em 2010 e histori-camente descumpriu a Emenda Constitucional 29. O atual governo tem como meta elevar esse índice gradativamente até chegar aos 12% exi-gidos pela Constituição. Há um cronograma para a elevação desse percentual?CS – O cronograma é o seguinte: vamos che-gar até 2014 com 12%. Estamos no início de um governo, analisando todos os aspectos. Para tanto, existe uma decisão do governa-dor, especialmente, do vice-governador, da Secretaria do Planejamento, da Secretaria da Fazenda e da Secretaria da Saúde no sen-tido de lutar para que de fato, isso se efetive. Se disser que vamos aumentar em 2% ou 3% estarei mentindo, pois ainda não existe uma definição em relação a isto. Está definido por enquanto que, no ano de 2014, teremos os 12% aplicados em saúde.

RA – Como o senhor percebe a atual regionali-zação das redes de referência do Estado e qual a proposta do governo para a sua organização? Quando conversamos no final do ano passado – entrevista publicada no Informe Assedisa nº 8, de dezembro de 2010, disponível no site www.assedisars.org.br – o senhor tinha uma visão bastante clara sobre a questão das re-des, principalmente quanto ao fortalecimento dessas estruturas regionais. O que mudou de lá para cá? CS – Iniciamos a construção disso. Esta-mos fazendo todo um trabalho de projeção e organizando em cada região, por exem-plo, uma PPI (Programação Pactuada In-tegrada) que irá ser discutida com todos os nossos secretários municipais, vendo justamente essa questão de referência e que vai ser definida lá e não daqui. Quere-mos referências confiáveis, que tenham de fato as portas abertas. Não adianta dizer que vai atender a tais pacientes se quan-do chegar a hora o usuário encontra as portas fechadas. É justamente isso o que queremos corrigir. Estamos conversando seriamente com os nossos prestadores de serviço, dizendo a eles que, efetivando-se aquilo que é acordado, eles terão a parceria do Estado. Queremos acertar com o con-junto de nossos gestores municipais para que eles, de fato, definam quem atende e quem não atende. Os que atendem serão considerados por parte do Estado. Por ou-tro lado, os que não atendem, devem fazer o serviço particular ou por convênio. Nós vamos procurar fazer com que a referên-cia funcione e que seja de fato efetiva e de porta aberta ao atendimento do usuário do Sistema Único de Saúde.

RA – Em quanto deve fechar o investimento real em Saúde para 2011?CS – Se nós tivermos um aumento de 2% no investimento da receita líquida, diga-mos assim, representará um acréscimo de 50% em relação ao ano passado. Estamos trabalhando com isso, mas não vou falar em números porque isso vai ser fixado no Governo como um todo. O que posso dizer é que existe a disposição do governador, da Secretaria do Planejamento e da Secretaria da Fazenda e, especialmente da Secretaria da Saúde para poder elevar esse número.

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RSFO

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ENTREVISTA

Os secretários municipais têm visto a nossa

forma de atuar muito próxima deles. Esta vai ser a marca da

nossa gestão.

“”

Se nós tivermos um aumento de 2% no

investimento da receita líquida em Saúde,

representará um acréscimo de 50% em relação ao

ano passado.

“”

RA – Como está o processo de negociação com o Ministério da Saúde para o aumento do teto da Saúde para o Estado? CS – Até agora ainda não tivemos sucesso. Realizamos uma reunião com o secretário de Atenção à Saúde do Ministério, Hel-vécio Miranda Magalhães Júnior, que se comprometeu em dar um retorno. Estou indo novamente para Brasília em junho para conversar com ele. Desde o primeiro momento, fizemos um grande movimento nesse sentido porque o nosso teto é prati-camente o mesmo de 2010. E as necessida-des aumentaram este ano.

RA – Qual é o teto atualmente?CS – Cerca de R$ 103 milhões, este é o teto do Estado. Ainda temos os gastos das ou-tras plenas. Assim como o teto do Estado está deficitário, existem outras plenas na mesma situação, as quais estão gastando mais do que o teto. Realizamos um le-vantamento global no Rio Grande do Sul com a contribuição dos municípios com suas avaliações, e levamos isso em mãos à Secretaria de Atenção à Saúde e para o próprio ministro. Conversamos com ele dizendo que o Estado do Rio Grande do Sul precisava dessa recuperação do teto. O Ministério da Saúde está definindo po-líticas novas - que não são tão novas as-sim - mas que passam a ser estruturadas

CS – Este é um programa não só nosso como federal, com recursos estaduais e federais. A questão da Saúde está inserida neste processo, podendo incluir a Segu-rança, a Habitação, o Trabalho e a Justi-ça. Diversas secretarias estão envolvidas. Este é um programa global, a que tem incentivado o próprio Governo Federal e nós também. Estamos no mesmo caminho da presidente da República, no sentido de combater esta miséria extrema. E como se faz isso? Pela educação, que é fundamental dentro deste processo. Irão trabalhar as secretarias do Trabalho, da Segurança, da Justiça e a Secretaria de Esportes. Tudo é um conjunto de ações no qual a Secretaria de Saúde está inserida e não abrirá mão de participar.

RA – Qual a mensagem do senhor aos secretá-rios municipais da Saúde? CS – A mensagem que tenho aos secretá-rios municipais é que eles têm visto o nos-so comportamento durante o período que estamos aqui, nesses cinco meses. Acredi-to que estejam satisfeitos com a abertura que temos dado. Essa nossa proposta de discussão permanente, não só dos temas regionais, mas do global do Estado, nos-sa inserção como Secretaria de Saúde nos problemas, mas também nesta questão de podermos tomar novos caminhos para que se tenha uma melhor qualidade de atendi-mento e mais acesso ao usuário. Isso será importante para que os nossos secretários da saúde estejam junto conosco. Faço um apelo, mesmo sabendo que às vezes não de-pende do secretário da saúde. Eles, muitas vezes, estão dispostos a se integrarem ao Estratégia de Saúde da Família, porém, as

dificuldades são dos governos municipais. Os bons exemplos estão aí para serem se-guidos, de lugares onde foi implementada em 100% a cobertura da estratégia de saú-de da família e onde os resultados são mui-to positivos. É um recurso que existe e que mostra resultados. Na verdade, existem incentivos inclusive para alguns municí-pios que podem ficar, por vezes, privados de receber em nível federal em função de não estarem dentro do projeto ESF. Re-cursos, por exemplo, do PAB variável. O governo federal e o Ministério propõem o seu aumento em 100% e isso para os mu-nicípios que tenham este tipo de atendi-mento. Não é só porque vai estabelecer no seu município uma cobertura da ESF que vai levar recursos, mas é, na verdade, o ca-minho melhor para a Saúde. É onde se ali-cerça todo o SUS, justamente na Atenção Básica, por isso, e quanto melhor ela for feita mais qualidade você vai ter na Saú-de da população. Então é um chamamento que quero fazer aos secretários da Saúde. Eles estão vendo o nosso comportamento, a nossa forma de atuar muito próxima de-les, discutindo, analisando e ouvindo-os, isso vai permanecer, isso vai ser a marca da nossa gestão.

Natural de Porto Alegre, Ciro Simoni tem 59 anos. É médico formado pela UFRGS com especialização em radiologia. Começou a vida política como vice-prefeito de Osório em 1985, tendo sido eleito prefeito do Município em 1988. Em 1994 e 1998, elegeu-se deputado estadual e em 2002 e 2006, obteve a suplência para o cargo, vindo a assumir em ambas ocasiões a titularidade. Em 2011, tornou-se secretário da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul.

como a Rede Cegonha, a intensificação do trabalho na questão do câncer do colo do útero, o câncer de mama, urgência e emer-gência. Também na linha da saúde mental e do crack. Há recursos novos para estas áreas. Mas é imprescindível que tenhamos também, no mínimo, uma recomposição do nosso teto.

RA – Será mantido o Programa de Prevenção à Violência (PPV)?

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26 | www.assedisars.org.br

lio financeiro do Estado e formação através da Escola de Saúde Pública enquanto aguar-dam a habilitação do Ministério”, afirmou.

Ciro disse que o Estado pretende com-plementar o valor da Autorização de Inter-nação Hospitalar (AIH), além de prestar auxílio mensal fixo aos hospitais que aco-lherem esse paciente. Ele defendeu que o trabalho de prevenção aconteça a partir da articulação de uma grande rede social e de saúde. “O hospital não pode ser a única por-

A estratégia para enfrentar o álcool e as drogas tem de ser diferente para as

cidades e regiões.

“”

Padilha defendeu que as entradas de ur-gência e emergência devem estar aptas a re-ceber o usuário de drogas, sendo necessária uma preparação dos 300 hospitais do país para essa situação. “A estratégia de aborda-gem na rua é fundamental também”, disse. “Esse tema não pode ser enfrentado somen-te por especialistas. A sociedade como um todo precisa dar atenção. Isso fará a diferen-ça nos resultados que esperamos.”

O secretário da Saúde do Estado, Ciro Simoni, defendeu o alinhamento do Estado com a Federação nas políticas de combate às drogas e reforçou que seja penalizado o tra-ficante e não o usuário. “Temos que pactuar recursos e tecnologia que articulem investi-mentos de diversas áreas, entre elas Saúde, Segurança e Educação”, disse. Segundo ele, 99 hospitais estão aguardando habilitação por parte do Ministério da Saúde para o atendimento a usuários de crack. “Algumas dessas instituições já estão recebendo auxí-

ESPECIAL

Enfrentamento ao crack é tema de evento na Assembleia Legislativa O ministro da Saúde e presidente do Conselho Nacional de Saúde, Alexandre Padilha, esteve em Porto Alegre no dia 20 de maio no evento “Grandes Debates” promovido pela Assembleia Legislativa.

om o tema “A Política de Saúde e o enfrentamento ao crack”, a atividade reuniu autoridades, representantes de órgãos públi-

cos e da sociedade civil organizada. Padilha disse que as drogas são um pro-

blema de saúde pública, representando um dos principais fatores causadores de vul-nerabilidade social, ladeada por questões como a violência e a exclusão social. Para ele, um único serviço não dará conta da complexidade do tema, sendo necessária a combinação do atendimento na urgência e na emergência, casas de acolhimento, casas de atendimento terapêutico, consultórios de rua, centros de atendimento psicosso-cial, entre outros.

Segundo o ministro, dos R$ 90 milhões destinados pelo Governo Federal ao Pro-grama de Combate ao Crack, R$ 70 milhões já foram executados. A meta, informou, é abrir 1,7 mil novos leitos para álcool e dro-gas em hospitais e mais 5 mil leitos para acolhimento de usuários. “A estratégia para enfrentar o álcool e as drogas tem de ser di-ferente para as cidades e regiões”, defendeu.

Dados recentes do Ministério informam que em Porto Alegre, por exemplo, 16% da população usa o álcool de forma abusiva. Já no Rio de Janeiro, a partir da Lei Seca, houve uma redução de 35 mil para 8 mil no número de acidentes de trânsito.

C

O hospital não pode ser a única porta de entrada

do usuário. Se assim for, será uma porta giratória:

entra, desintoxica e volta a intoxicar.

“”Ciro Simoni

Debate possibilitou a discussão das políticas para o enfrentamento à droga; à esq. o ministro Padilha

FABRÍCIO BARRETO

Alexandre Padilha

Page 27: Revista Assedisa - Edição 2

27

A gente deve olhá-los (os usuários) como seres

humanos que necessitam de ajuda e de oportunidade para

melhorar de vida.

“”

ara a psicóloga Martha Haertel, que atua no CAPS Careta, em São Lourenço do Sul, o álcool é o grande vilão das drogas. “É a

pior que existe porque está dentro da nos-sa casa e é aceita pela sociedade”, afirma. “Além disso, o seu consumo é promovido nos meios de comunicação – tanto nas no-velas quanto nos programas esportivos – sendo associado a pessoas bem sucedidas.”

Na opinião de Martha, o álcool “abre a porta” para o consumo de outras drogas como maconha, cocaína, crack e óxi, que está chegando agora no Rio Grande do Sul.

O grande desafio para a sociedade em relação ao crack é de sensibilização em torno de que o usuário sendo acometido pelo transtorno mental merece respeito e a oportunidade de ter um projeto de vida e um trabalho, resgatando a sua cidadania. “A gente deve olhá-los (os usuários) como seres humanos que necessitam de ajuda e de oportunidade para melhorar de vida”,

Para psicóloga, álcool “abre a porta” para as drogas

P

ta de entrada do usuário. Se assim for, será uma porta giratória: entra, desintoxica e volta a intoxicar”, disse.

O presidente da Assedisa/Cosems-RS, Arilson Cardoso, defendeu a importância do trabalho dos municípios no combate ao uso de drogas e solicitou um maior apoio do Estado e da União aos municípios para que estes possam ter estrutura para um comba-te efetivo e eficaz ao uso de drogas e, princi-palmente, à avassaladora disseminação do crack entre a população jovem.

“É nos municípios que vemos a situação de desespero das mães e das famílias com os usuários de crack”, disse. “Precisamos de ações de prevenção que nos permitam dis-putar esse jovem com os traficantes que es-tão nas portas das escolas. Relacionar a po-lítica de saúde com o esporte, o lazer e uma estruturação em nível local que nos permita trazer esse jovem para dentro do ambiente de saúde e sob a proteção do Estado.”

Para Arilson, é preciso garantir o acesso dos usuários às unidades básicas de Saúde e estas devem estar qualificadas suficiente-mente dando suporte e acompanhamento a esse público, afim de contribuir para que o usuário não se torne um dependente.

considera. “Percebo que o usuário de crack é um ser marginalizado, que fica rotulado e muitas vezes não tem a oportunidade de tratamento.”

De acordo com a psicóloga, a socieda-de, de uma forma geral, não está atenta ao problema restando às famílias dos usuários este papel. O governo vem investindo mais na qualificação de profissionais para tra-balhar com a questão do uso de drogas, o que tem sido acompanhado com um inves-timento progressivo. “A discussão tem que

ESPECIAL

De acordo com o presidente, o álcool ain-da é a droga mais problemática por apresen-tar-se como algo que é socialmente aceito. “As novelas e o futebol, no horário nobre da TV, incentivam o consumo do álcool”, lem-brou. “Se não tivermos atitudes enérgicas, é uma questão de tempo para que o crack se torne uma droga da magnitude do álcool.”

avançar na sociedade, envolvendo a Educa-ção, a Saúde, a Segurança, entre outras áre-as para que, assim, possam se comunicar e trabalhar juntas”.

Para que se consiga um resultado mais efetivo, ela acredita que faltem políticas es-pecíficas para cada tipo de droga, de modo a atingir o tripé na correção à dependência química, ou seja, a prevenção, o tratamen-to e a repressão. “Prevenção a gente faz na escola e dentro de casa, tratamento é por conta da Saúde e a repressão é responsa-bilidade da Segurança”, diz. “Esses setores precisam discutir juntos para terem uma mesma estratégia.”

Ela considera que o governo passou a enfrentar o cigarro com campanhas para re-duzir o consumo porque o seu uso estava se tornando oneroso para a saúde. Da mesma forma deverá acontecer com o crack. “Con-tudo, o consumo do álcool, por envolver muito dinheiro, não deve ter o mesmo en-frentamento”, opina.

Martha Haertel

Arilson defendeu que a política de saúde para o combate às drogas deve se relacionar com o esporte e o lazer

FABRÍCIO BARRETO

Page 28: Revista Assedisa - Edição 2

28 | www.assedisars.org.br

REVISTA ASSEDISA/COSEMS-RS

Caxias terá o primeiro “Consultório de Rua” do interior do Rio Grande do Sul

Serviço realiza 14 mil atendimentos ao mês

om pioneirismo no Estado, a Se-cretaria da Saúde de Caxias do Sul instalará o primeiro “Con-sultório de Rua” do interior e

um dos primeiros do Brasil. O serviço será destinado a pessoas que

sofrem de transtornos psíquicos em conse-quência da dependência de drogas. A moda-lidade é considerada diferenciada, avançada e moderna, dirigida a usuários em condi-ções de vulnerabilidade social.

Com isso, Caxias do Sul segue a linha da política nacional de prevenção e de combate ao uso de drogas do Ministério da Saúde, ao utilizar múltiplas políticas para buscar a re-dução do problema.

O consultório de rua, como o nome já sugere, não mantém-se em um ponto es-pecífico da cidade, mas sim em áreas de vulnerabilidade maior, uma vez que está

m Caxias do Sul, somente no mês de abril, foram realizados 14 mil atendimentos em todos os serviços de Saúde Mental da

rede. Devido ao aumento da demanda, atu-almente são realizadas 70 consultas ao dia. Ainda no mês de junho, deverá entrar em funcionamento o novo CAPS Álcool e Dro-gas (AD) 24 horas, que atenderá à popula-ção das zonas Norte e Leste.

O serviço especializado em saúde men-tal beneficiará especificamente pessoas com problemas decorrentes do uso prejudi-cial de substâncias químicas, principalmen-te o crack e o óxi. O atendimento será feito por uma equipe multiprofissional composta por assistente social, médico clínico, enfer-meiros, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e auxiliares de enfermagem.

O novo modelo contará com dez leitos para a desintoxicação ambulatorial, além de oferecer atendimentos individuais, clínico, oficinas, acompanhamento com grupos e familiares, entre outros. “Temos também a urgência e a emergência para aqueles casos de intoxicação grave e com morbidades as-

sociadas, que são atendidos junto ao Pronto Atendimento 24 horas”, finaliza Vanice.

A rede total de saúde em Caxias do Sul é composta pelo CAPS Mental, ambulatório de atendimento psiquiátrico e psicológico, para crianças, adultos e adolescentes e o

E

C disponibilizado em um veículo devidamente identificado.

O objetivo é a aproximação do usuário que se encontra distanciado das redes de saúde pública. “À medida que se criam servi-ços de referência, a demanda começa a apa-recer”, ressalta a secretária da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi.

A abordagem, informa a psicóloga Va-nice Fontanella, coordenadora do Núcleo de Saúde Mental de Caxias do Sul, será preven-

Não iremos indicar internações. Vamos respeitar o indivíduo na sua totalidade

sem discriminá-lo.

“”

APOIAR - voltado a meninos e meninas ví-timas de maus tratos. Possui ainda o CAPS AD Reviver, o CAPS Cidadania, o CAPS Aquarela, três casas de moradias temporá-rias, os Serviços de Residências Terapêuti-cas, urgência e emergência no PA 24 horas.

Vanice Fontanella

Novo CAPS Álcool e Drogas (foto) funcionará 24 horas, atendendo a população das regiões Norte e Leste

AND

RESSA BOFFE

AND

RESSA BOFFE

tiva, no sentido de instruir, visando substi-tuir o modelo assistencial. “A abstinência total não será o nosso objetivo específico, também não iremos indicar internações. Va-mos respeitar o indivíduo na sua totalidade, sem discriminá-lo”, acrescenta.

Page 29: Revista Assedisa - Edição 2

29

Estas instâncias apresentam problemas sérios de estrutura e gestão, os quais acabam refletindo na rede pública de atendimento e assistência.

A assessora técnica da Assedi-sa, Fábia Richter Antunes, defende que o conhecimento da região e das referências do

território em que atuam os coordenadores ajudaria a definir melhor os fluxos na regio-nalização da saúde.

A falta de estrutura atrapalha até mes-mo o mapeamento da Saúde no Estado, pois dados relevantes para o SUS acabam sendo perdidos por conta de uma deficiên-cia na gestão. “Temos muitos municípios pequenos no Rio Grande do Sul, sendo co-mum um mesmo técnico ter de cuidar da vigilância epidemiológica, do cartão SUS e do agendamento, agregando múltiplas fun-ções”, explica.

Por isso, a área técnica das coordena-dorias deveria oferecer apoio e suporte aos municípios. “Com a Assedisa, fortalecemos o sistema fazendo com que as regiões pos-sam estar articuladas. Esperamos que as coordenadorias regionais assumam efeti-vamente seu papel também nesse sentido, de modo que o trabalho seja construído de forma solidária e responsável entre o Esta-do e os municípios”, disse.

Outro fator que preocupa é o desgaste e o sucateamento que historicamente não estão sendo enfrentados. “Há uma falta de identidade interna, de definição de papéis dentro dos setores,” diz Fábia. Contudo, a assessora destaca que um aspecto positivo que passou a ser atendido. “Já temos uma melhora na remuneração. Antes os técnicos acabavam trabalhando por amor à camise-ta, e o serviço precisa ser profissionalizado”.

O secretario da Saúde de Três de Maio, Valdemar Fonseca, coloca as coordenado-rias como fundamentais para reestrutura-ção e organização do Sistema Único de Saú-de (SUS), contudo ele não vê este papel se desenvolvendo de forma ideal por conta da falta de estrutura e carência de pessoal qua-

lificado. “Está faltando um olhar de gestão na estruturação das coordenadorias para que haja uma melhor organização e quali-dade na descentralização do serviço”, diz.

Para o secretário, a preocupação com o quadro técnico é a principal dificuldade en-frentada atualmente pelo SUS. “O grande problema das coordenadorias no exercício de seu papel está na contratação de profis-sionais que possam assessorar tecnicamen-te os municípios,” afirma. Fonseca defende que somente um quadro de carreira garan-tiria a manutenção dos serviços mesmo em trocas de gestão. “Esta falta de equipe e de organização das coordenadorias reflete-se nos municípios, que acabam buscando a sua forma de gerir o sistema, o seu jeito de fazer saúde pública,” encerra.

O diretor do Departamento de Coorde-nação das Regionais (DCR) da Secretaria da Saúde do Estado, Marcio Rafael Slavie-ro, explica que na atual gestão as instâncias estão sendo valorizadas em razão de que, através delas será possível fazer uma re-construção da rede atendendo aquilo que é o princípio do SUS: a reorganização e a descentralização.

Com o novo cenário que está para acon-tecer no Estado, com municípios 100% de acordo com o Pacto de Gestão, ou em Gestão Plena, cresce a importância das regionais no sentido de oferecerem maior suporte aos municípios nas áreas de plane-jamento, monitoramento, regulação, audi-toria e no setor de contratos.

Segundo Slaviero, algumas medidas para o fortalecimento já estão sendo toma-das, tanto no ponto de vista de pessoal, como no de equipamentos. “Estamos realizando uma série de capacitações com os servidores e coordenadores regionais”, diz. Também estão sendo recriadas as secretarias técnicas que atuarão junto aos Cogeres, de modo a apoiá-los na organização das redes.

A função das coordenadorias regionais

DEBATEPED

RO MARQ

UES/SES

Novos coordenadores foram empossados em março; Estado promete valorizar as gestões regionais

Está faltando um olhar de gestão na estruturação

das coordenadorias para que haja uma melhor organização e qualidade na descentralização

do serviço.

“”Valdemar Fonseca

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Evento, que em 2010 foi realizado no Rio Grande do Sul, é o principal fórum de discussão dos secretários e gestores municipais de Saúde do Brasil. Neste ano, o tema discute também o desenvolvimento.

27º Congresso Nacional do Conasems com inscrições abertas

E stão abertas as inscrições para o 27º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saú-de e para o 7º Congresso Brasi-

leiro de Saúde, Cultura de Paz e Não Vio-lência, promovido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona-sems). O evento será realizado de 09 a 12 de julho, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília, e reunirá cerca de seis mil secretários municipais de saúde, gestores, trabalhadores e usuários do Sis-tema Único de Saúde de todo o Brasil.

Com o tema “Saúde no Centro da Agen-

AGENDE-SE

Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) elegeu em 31 de maio sua nova diretoria para a

Gestão 2011/2012, composta por sete pre-feitos e uma prefeita. O novo presidente é o prefeito de São Borja, Mariovane Gottfried Weis (PDT), que comandará a entidade até junho de 2012, quando será a vez de um prefeito do PT assumir o cargo, finalizando o acordo de rodízio entre partidos.

Weis substituirá o atual presidente da Federação, Vilmar Perin Zanchin, que é prefeito de Marau. A posse da nova dire-toria acontecerá em 21 de junho, às 17h, durante o 31º Congresso de Municípios, no salão São José do Centro de Eventos do Pla-za São Rafael, em Porto Alegre.

O novo presidente tem 45 anos, é casa-do e pai de três filhas, e está em seu segun-do mandato consecutivo como prefeito de São Borja, onde foi vereador por oito anos. Ele presidiu ainda a Associação dos Muni-cípios da Fronteira Oeste (AMFRO). Weis

AFamurs empossa nova diretoria em junho

destinados aos municípios para o atendi-mento na área da Saúde, principalmente junto ao governo do Estado. Conforme Zanchin, o processo eleitoral ocorreu com tranquilidade, o que demonstra o fortaleci-mento do municipalismo.

é economista formado pela PUC, com pós--graduações em Gestão Empresarial, em Gestão Hospitalar e Saúde e em Metodolo-gia do Ensino Superior.

À frente da presidência da Famurs, ele pretende buscar o aumento dos repasses

FERNAN

DO REZEN

DE

Zanchin (E) cumprimenta Weis no dia da eleição; posse será no dia 21 de junho de 2011, em Porto Alegre

da de Desenvolvimento do Brasil: Amplia-ção e Qualificação do Acesso do Cidadão ao SUS”, o objetivo do Congresso é promover a discussão e a troca de experiências entre os participantes, discutir as políticas de saúde adotadas pelas esferas federal, estaduais e municipais e o impacto nos municípios. Também irá promover o aperfeiçoamento da gestão do SUS e os serviços prestados à população brasileira. Serão desenvolvidos oficinas, seminários, cursos, lançamentos de publicações, painéis, e outros. Além dessas atividades, o evento contará ainda com a Feira Aqui tem SUS, onde institui-

ções vão expor suas experiências. O destaque serão as mesas “Saúde

no Centro da Agenda de Desenvolvimen-to do Brasil”, com o ministro da Saúde Alexandre Padilha; e “O Parlamento e a Construção do SUS”, com parlamentares de todo o país. Acontecerão também 13 cursos, 16 oficinas e 15 painéis com temas diversos. As inscrições poderão ser feitas pela página http://congresso.conasems.org.br, pelos telefones (61) 3321-1161, (61) 3321-9194, (61) 3322-9413, (61) 3321-2323 (FAX) ou o e-mail [email protected].

Page 31: Revista Assedisa - Edição 2

31

DATA

01/07

05 e 06/07

12 e 13/07

14 e 15/07

04 a 09/07

07 e 08/07

12 e 13/07

14 e 15/07

19 e 20/07

19 e 20/07

21/07

21 e 22/07

26 e 27/07

28/07

26/07

26 e 27/07

28 e 29/07

CURSOS

SICONV – da Execução à Prestação de Contas - 8h/a

Sinalização Viária: Interseção - 16h/a

Registro de Preços - 12h/a

Benefícios Previdenciários do Regime Próprio dos Servidores - 16h/a

Formação de Agentes de Trânsito - 60h/a

Como Melhorar o Índice do ICMS através de Recursos - 16h/a

SICONV Completo com Orçamento da União 2011 - 12h/a

Qualificação de Motoristas - 16h/a

Controle Interno - 16h/a

Gestão de Documentos - 16h/a

Regulamentação do Serviço de Moto-Frete - 8h/a

Merenda Escolar - 16h/a

O Cras na Construção da Política de Assistência Social - 16h/a

Encontro de Orientação à Municipalização de Trânsito (Gratuito) - 8h/a

Seminário sobre Temas Atuais de Trânsito e Transporte (Gratuito) - 4h/a

Licitações - 16h/a

Concessões de Alvarás Municipais - 16h/a

Mais informações, inscrições e conteúdo programático:www.egp.famurs.com.br

Rua Marcílio Dias, 574Menino Deus - Porto Alegre/RS

Tel.: (51) 3230-3100

DATA

05/07

08/07

14/07

28/07

07/07

13/07

09 a 12/07

21/07

28/07

EVENTO

GT Vigilância em Saúde - CAFF (Porto Alegre)

Reunião do Conselho Deliberativo e Diretoria Executiva da Assedisa - FAMURS (Porto Alegre)

Reunião do Conselho Estadual de Saúde - CAFF (Porto Alegre)

Plenária da CIT (Brasília)

Reunião SETEC - CAFF (Porto Alegre)

CIB - CAFF (Porto Alegre)

27º Congresso do CONASEMS (Brasília)

Câmara Técnica da CIT (Brasília)

Reunião do Conselho Estadual de Saúde - CAFF (Porto Alegre)

Mais informações:www.assedisars.org.br

COSEMS/RS

AGENDE-SE

Page 32: Revista Assedisa - Edição 2

32 | www.assedisars.org.br

O controle social é a garantia de um SUS

para todos!

Srs. Secretários de Saúde, incentivem e qualifiquem a realização das conferências

municipais de saúde em seus municípios. Fiquem atentos aos prazos,

informem-se e participem ativamente da construção de um SUS cada vez melhor.

Realização das conferências municipais

PRAZO MÁXIMO ATÉ 15 DE JULHO DE 2011

Mais informações:

www.saude.rs.gov.br / www.conselho.saude.rs.gov.br

(51) 3288-5950 ou 3286-3203 (Conselho Estadual de Saúde)

COSEMS/RS

www.assedisars.org.br

De 1º a 4 de setembro de 2011 – Tramandaí

Eixo: “Acesso e acolhimento com qualidade:

um desafio para o SUS”

Mais informações: www.saude.rs.gov.br

www.conselho.saude.rs.gov.br

De 30 de novembro a 4 de dezembro - Brasília/DF

Tema: "Todos usam o SUS! SUS na

seguridade social, política pública,

patrimônio do povo brasileiro"

Mais informações: www.conselho.saude.gov.br

14ª Conferência Nacional de Saúde

6ª ConferênciaEstadual de Saúde

O controle social é a garantia de um SUS

para todos!

Srs. Secretários de Saúde, incentivem e qualifiquem a realização das conferências

municipais de saúde em seus municípios. Fiquem atentos aos prazos,

informem-se e participem ativamente da construção de um SUS cada vez melhor.

Realização das conferências municipais

PRAZO MÁXIMO ATÉ 15 DE JULHO DE 2011

Mais informações:

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