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REVISTA APRENDIZ

EDITORAÇÃO

Adriana Monferrari Amorim Juliana Guedes Cordeiro

Virna Lígia Fernandes Braga Pedro Barbosa Lima Júnior

REVISÃO

Virna Lígia Fernandes Braga

CAPA:

Felipe Arlindo Silva (1º ANO A) Ana Emília da Costa Silva Adriana Monferrari Amorim

TEXTOS

Alunos dos 2º e 3º anos do Ensino Médio

COLÉGIO DE APLICAÇÃO JOÃO XXIII JUIZ DE FORA

2008

AUTORES

Adilson Gonçalvez Júnior Alessandra Ferreira Figueredo Amanda Castro Nehme Ana Beatriz Oliveira Reis

Ana Carolina Santos de Freitas Ana Carolina Vianna Eberle Ana Lídia dos Santos Fávero Anderson Wertz Kirchmair André Almeida Ribeiro Andressa Esteves Braga

Andrezza Frossard Ariele do Nascimento Souza

Bábara Any Bianchi Bottaro de Andrade Bárbara Guelber Ferreira

Bernardo Gomes Esteves dos Reis Alvarenga Camila Nunes de Castro Camila Soares de Souza

Carlos Henrique de Oliveira Monteiro Carolina Guelber Ferreira Cristiano Franca Brito Daniel Santos Curi

Dartagnan Abdias Silva Dhyógenes Fontes dos Santos

Douglas de Oliveira Matos Braga Elane Laura Dourado

Fábio José Pinto Junior Fábio Toledo de Amorim Fernanda Valério Lopes Fernando Almeida Noé Filipe David Nader Filipe Melo Castro

Frâncila Weidt Neiva Frederico Souza Picorelli Assis

Gabriela Britto Gabriela Gomes de Campos Grazielle Elis Magalhães Guilherme Marinho Faraht Gustavo de Resende Silva Hebert Cunha Tavares

Isabela Bianchi Bottaro de Medeiros Jéssica Oliveira Vitorino Jéssika Thiago Alves

Jéssica Vianna Hinkelmann João Luiz A. Freitas Lopes José Eduardo Sales Filho Juan de Campos Souza Júlia Bianchi Brito

Julia Braga Silva

Julia Mitehof Meireles Kaio Vinicius dos Santos

Karolyne Rodrigues dos Reis Laís Machado Bernardinelli

Laís Mendes Caixeiro Lara de Oliveira Kemper Ferreira

Larissa Penaqui Martins Laura Dias Quintão

Leandro Mockdece Lacerda Letícia Ferreira de Azevedo Letícia Maria Fazza Campos Letícia Moutinho Abdalla Letícia Rodrigues Bitarello Lucas Soares de Oliveira Ludmila Fagundes Neves Luiz Claudio Dazzini

Luiz Fernando F. Barbosa Luyra Aparecida Gomes Gamarano

Marcela Martins Marcella Aarestrup Veloso

Marcella Leonel Mirandela dos Santos Marcelle Narciso Silva

Márcia Regina Rocha Lamêgo Mariana Bolotari

Mariana Campos Ladeira Mariana Marine M. de Toledo

Mariana Marini Magalhães de Toledo Matheus de Mello Albuquerque Matheus Jacometti Masson Maurício Soligo M.Teixeira Mayara Ferreira e Silva

Mirele dos Santos Monalisa de Souza Silva

Natan Romanazzi B. e Araújo Natasha Riniere Barbosa

Nathália Cristina Dótta Cruz Paola Lamas Januário

Patrícia Yanne de Oliveira Pedro David Nader

Pedro Ribeiro Viscardi Rafael Barbosa Rocha Moreira Rafael Mamede Corrêa de Paula

Raphael Francisco Almeida Raquel Santiago de Souza

Raquel Silveira Silva Rayan Camargo da Silva

Renan Douglas Quirino Machado Renata Cristina Andrade Renata Duarte Silva

Renato Arduino Passos

Robson Spinelli Júnior Roger Thomacelli Fortes Vicente Samuel Wagner Alves Tostes

Tales Medeiros Pravato Tâmara Lamas Müler

Thaís Garcia Nascimento Thaís Rothier Duarte

Thayani Gomes Colombo Vanessa Augusta Braga Vinícius Correia Teixeira Vitor Fabre Duarte Bastos Wagner Lawall de Freitas

CARTA AO LEITOR

Diante dos questionamentos que permeiam a vida do jovem no século XXI encontramos, muitas vezes, a ausência de respostas. Vivemos uma era na qual os paradigmas são quebrados a cada minuto. Portanto, há um desafio para educadores e educandos: precisamos estabelecer novas formas de convívio social e de pensar o nosso mundo. Como orientar esses jovens para que possam ter uma vida plena e saudável? Como encarar essas fases de incertezas? Sabemos que a busca por respostas é um caminho árduo e de muita reflexão.

É essa reflexão que a inserção das disciplinas de Filosofia e Sociologia na grade curricular tem proporcionado aos alunos do Colégio de Aplicação João XXIII. A Revista Aprendiz é um dos resultados do trabalho desenvolvido com estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio em 2008. A Revista traz as considerações desses jovens a respeito de temas fundamentais da sociedade moderna: autonomia, ética, ciência, religião, valores, ideologia, preconceito, alienação, corpo, felicidade, amor e amizade. Tratados de forma simples e com linguagem própria, cada tema transformou-se em um pequeno texto com observações ricas e reveladoras.

A Revista reafirma a importância de se promover e valorizar a produção intelectual no âmbito do ensino em nível de segundo grau, com a finalidade de estabelecer uma ligação entre o comum e o particular. Cada aluno se coloca, então, como um pensador que participa e, principalmente, que sabe se posicionar frente às dúvidas e diversidades que fazem parte de nossas vidas.

Virna Lígia Fernandes Braga

AUTONOMIA

“Não devemos ter medo dos confrontos... até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.”

Charles Chaplin

AUTONOMIA

Amanda Castro Nehme, Carlos Henrique de Oliveira Monteiro, Gabriela Britto, Juan de Campos Souza, Júlia Bianchi Brito, Lucas Soares de Oliveira,

Raphael Francisco Almeida, Tales Medeiros Pravato∗

Autonomia, diferente do que muitos pensam, não significa apenas liberdade. Vai além, quando se trata de autonomia em filosofia. Aquele que tem liberdade pode fazer suas escolhas, mas respeitando os limites e as leis existentes na sociedade em que vive. Porém, quando se trata do indivíduo autônomo (auto+nomos = aquele que cria a sua própria lei) apenas ele mesmo pode construir seus limites. Ele avalia e, conhecendo ou não as leis, cabe a ele decidir sobre suas atitudes e comportamentos, sabendo que arcará com as conseqüências da escolha de seus atos. Em outras palavras, de acordo com o filósofo Kant, autonomia refere-se à “independência da vontade em relação a qualquer desejo ou objeto de desejo e a sua capacidade de determinar-se em conformidade com uma lei própria que é da razão”. Assim, buscando aprofundar na real complexidade do conceito de autonomia, será que todo indivíduo a possui? Se possui, será que a exerce?

Neste mundo em que vivemos, com tanta propagação de idéias, em que a mídia se torna cada vez mais forte, parece que a autonomia é algo cada vez mais reprimido dentro do ser humano. E por que isso acontece?

Veja o seguinte: surge uma nova moda, ou até mesmo um novo padrão na sociedade. Esse padrão é divulgado com tamanha força e intensidade que passa a ser considerado por todos, ou quase todos, como uma verdade absoluta, inquestionável, algo que é imposto, ainda que inconsciente. E se alguém é incapaz ou recusa a se adequar a este padrão, questiona o porquê das coisas serem assim, não só não encontra resposta, como acaba por pagar um preço alto, passando a ser visto pela maioria como um “louco”, um “bobo”, um estranho, alguém desajustado e inferior a todos os outros, ou ainda alguém que põe em risco a ordem estabelecida.

Instituições como a Igreja e a Escola, bem como o mercado de trabalho, criam valores e necessidades de acordo com os interesses dominantes e, através da comunicação de massas, faz com que as pessoas acreditem serem estas suas verdadeiras necessidades. Através da alienação consegue-se ferir o direito à autonomia, levando ao sofrimento moral e físico toda a sociedade, assim como aconteceu no mundo todo em relação ao cigarro. Quando muitos conheciam os danos trazidos por ele, mas não paravam de fumar acreditando que desta forma seriam pessoas superiores às demais e, como conseqüência disto, discriminavam as que não fumavam. Autonomia, então, todos temos, agora só nos resta decidir: Vamos perder nossa autonomia e nos deixar ser levados por esta imensa carga de informações que absorvemos diariamente, deixando que o mundo se torne algo padronizado onde seremos máquinas que não questionam, apenas obedecem, fazem e dizem tudo que nos é determinado, com medo de sermos desprezados? Ou vamos lutar por nossa autonomia, começar a pensar e refletir sobre cada informação para saber

Alunos do 2º ANO “B” do Colégio de Aplicação João XXIII.

o que realmente vale a pena para cada um, sem perder de vista a coletividade, embora lembrando sempre que cada um é único? Opiniões divergentes existem e devem ser respeitadas!

CÂNTICO NEGRO

(José Régio)

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém! Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções, Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou, É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou, Não sei para onde vou Sei que não vou por aí!

Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. 5. ed. revista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia para jovens. 14. ed. Petrópolis: Editora Vozes. 2007. Fonte Eletrônica Disponível em: http://www.cuidardoser.com.br/normose-ou-anomalias-da-normalidade.htm. Acesso em: 24 de Agosto de 2008

ÉTICA NA ESCOLA

ÉTICA NA ESCOLA

Mariana Marini Magalhães de Toledo∗

“O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-

lhe pensar e responder a seguinte pergunta: Como devo agir perante os outros? Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida” (MEC,1997).

Segundo o MEC (Ministério da Educação) esta é a questão central da Moral e da Ética. Para a instituição, ética é um pensamento reflexivo sobre os valores e as normas que regem a conduta humana, ou seja, isso é Filosofia da Moral.

Segundo o dicionário de Língua Portuguesa (FERREIRA, 2001), Ética é: 1. Estudo dos juízos de apreciação referentes á condição humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. Já na opinião de Sérgio Biagi (2003) os conceitos de ética e moral podem se confundir um pouco, mas existe diferença entre eles. Veja a seguir:

Ética, do grego ethos significa comportamento. Moral, do latim mores, costumes. Embora utilizamos os dois termos para expressarmos as noções do bem e do mal, convém fazermos uma distinção: a Moral é normativa, enquanto a Ética é especulativa. A Moral, referindo-se aos costumes dos povos nas diversas épocas, émais abrangente; a Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica. Pode-se dizer que a Ética é a ciência da Moral. Ética e Moral distinguem-se, essencialmente, pela especulação da Lei. A Ética refere-se à norma invariante; a Moral, à variante. Contudo, há uma relação entre ambas, pois a sistematização da segunda tem íntima relação com a primeira. (BIAGI, 2003)

De acordo com o site “suapesquisa”, ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Ela serve para que haja um equilíbrio e uma harmonia social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Ela é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. As definições citadas acima são muito generalizadas, uma vez que o assunto é amplo e questionável. A Ética, assim como os pontos de vista e opiniões, é muito relativa e, portanto divergente. Dentre os fatores que implicam na diversidade de sua aceitação e concepção da sociedade, estão a heterogeneidade de culturas difundidas no mundo. O mesmo acontece com as leis que definem o que é certo ou errado. Ultimamente esses valores têm sido perdidos, ou melhor, dizendo, esquecidos nas escolas. Existem alunos que são capazes de fazer de tudo para levar vantagem mesmo que para isso seja necessário prejudicar os outros. O egoísmo está diretamente ligado ao individualismo que é mais abrangente; a Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais

Aluna do 2º ANO “A” do Colégio de Aplicação João XXIII.

específica. Pode-se dizer que a Ética é a ciência da Moral. Ética e Moral distinguem-se, essencialmente, pela especulação da Lei. A Ética refere-se à norma invariante; a Moral, à variante. Contudo, há uma relação entre ambas, pois a sistematização da segunda tem íntima relação com a primeira. (BIAGI, 2003)

De acordo com o site “suapesquisa”, ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. Ela serve para que haja um equilíbrio e uma harmonia social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Ela é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.

As definições citadas acima são muito generalizadas, uma vez que o assunto é amplo e questionável. A Ética assim como os pontos de vista e opiniões é muito relativa e, portanto divergente. Dentre os fatores que implicam na diversidade de sua aceitação e concepção da sociedade, estão a heterogeneidade de culturas difundidas no mundo, o mesmo acontece com as leis que definem o que é certo ou errado.

Ultimamente esses valores têm sido perdidos, ou melhor, dizendo, esquecidos nas escolas. Existem alunos que são capazes de fazer de tudo para levar vantagem mesmo que para isso seja necessário prejudicar os outros. O egoísmo está diretamente ligado ao individualismo que ganha espaço cada vez mais e, infelizmente, extermina valores como a fraternidade e a solidariedade.

Além das ocorrências já ditas, é relevante destacar que a Ética está presente

nas mais diversas situações do dia a dia. Escolhendo como exemplo da manifestação da Ética a sala de aula, e tomando-a como base para nosso estudo, proponho a seguinte situação: um aluno que apresenta sérias dificuldades em Matemática recebe cola do amigo. Será que esse amigo realmente está fazendo o correto?

Eis aqui um caso que comprova a idéia de relatividade e divergência de opinião no que está relacionado a acreditar ser ético ou não.

Para compreendermos melhor a Ética na escola, vamos estudar os conteúdos que priorizam o convívio escolar, uma vez que eles impregnam toda a prática cotidiana colegial. Eles são o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade. Para o MEC (1997), respeito mútuo é um tema central na moralidade e pode estar associado à idéia de submissão ou admiração. Apesar do assunto justiça estar ligado muitas vezes à obediência a leis, ela pode ser entendida, no contexto da convivência escolar, como igualdade entre todos.

O diálogo é uma forma de comunicação entre os homens que promove a interação positiva e negativa. Ele serve como objeto de discussão da ética e também de execução. E por fim solidariedade. O exercício da cidadania não se traduz apenas pela defesa dos próprios interesses e direitos, mas passa necessariamente pela solidariedade. Sem ela, a ética não ocorre. Uma vez que essa Filosofia da Moral não é individual ou isolada (MEC, 1997).

A Igreja, e, sobretudo, a escola são locais de transmissão da ética.

A escola continua sendo, pelo menos nos discursos, o lugar por excelência da transmissão dos valores morais em nossas sociedades. Entretanto, o que impressiona na situação contemporânea é o desaparecimento progressivo do ensino da moral, a não ser na forma de fragmentos sem

nexo, mais ou menos decompostos e desarticulados e, ademais, a serviço de considerações, via de regra, estritamente funcionais. (BARRERE, MARTUCCELL, 2001)

Como finalização gostaria de citar uma conclusão feita por Sérgio Biagi:

Ética, moral e a responsabilidade determinam a perfeição do ser. Acostumados a confundir os meios com os fms, não conseguimos visualizar claramente o fim último da existência humana. Por isso, o erro crasso de conceber a Moral como um mero e fastidioso catálogo de proibições. O fim do homem é, pois, o de realizar, pelo exercício de sua liberdade, a perfeição de sua natureza. Implica, muitas vezes, a obediência à vontade de Deus, contrariando a própria, se assim delimitar, o dever, imposto pela sua consciência. (BIAGI,2003)

Referências bibliográficas FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros curriculares nacionais. Apresentação dos temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1997 Fonte Eletrônica Disponível em: http://www.suapesquisa.cornlo_gue_e/ética _conceito.htm. Acesso em: 29 de agosto de 2008.

BARRERE, Anne e MARTUCCELLI, Danilo. A escola entre a agonia moral e a renovação ética. Julho 2001. Disponível em: http:// .scieio.br/scielo.php’?script=sci arttext&pidS0 101-73302001000300014&lngen&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 29 de agosto de 2008. BIAGI, Sérgio. Ética e responsabilidade. Disponível em: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/sergio-biagi /ensaio-ética-e- responsabilidade.html. Acesso em: 29 de agosto de 2008.

CIÊNCIA ÉTICA?

“Fazer o que está certo não é o problema. O problema é saber o que está certo.” Lyndon Johnson

CIÊNCIA ÉTICA

Dhyógenes Fontes dos Santos, Isabela Bianchi Bottaro de Medeiros, Letícia Ferreira de Azevedo, Mariana Marine M. de Toledo, Natan Romanazzi B. e Araújo,

Raquel Santiago de Souza, Samuel Wagner Alves Tostes∗

“Pense duas vezes antes de agir”. Todos estão acostumados a ouvir essa expressão, mas nem sempre se pensa nela como um princípio de ética. Atuando em todos os campos da vida – relações sociais, profissionais, políticas, científicas e econômicas – a ética é um valor extremamente relativo e, por isso, bastante difícil de se definir na vida real.

Segundo o dicionário Aurélio, ética é o conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.

No campo da Ciência, surge uma nova questão ética: até onde a ciência pode interferir na vida humana? Para julgar essa questão, surge a bioética – conjunto de normas e princípios que norteiam a conduta científica.

Você já deve ter ouvido falar dela em questões como eutanásia, aborto, células-tronco, alimentos transgênicos e anencefalia. No entanto, como a bioética surgiu? Por que ela se fez necessária no mundo atual?

Com o avanço científico e o surgimento da ciência moderna, em que a busca por conhecimentos inovadores é extremamente influenciada pelo dinheiro, houve uma perda de sentido da vida, o que evidenciou a vulnerabilidade da

natureza e do corpo humano. O primeiro exemplo de falta de ética científica aconteceu com Hitler, que chegou ao ponto de usar seres humanos como cobaias, sem que suas experiências promovessem um avanço científico válido.

A partir de então, constatou-se a necessidade de haver uma regra que julgasse a conduta científica. Foi aí que, em 1971, o oncologista americano Van Reinsselaer Potter criou o termo bioética: “bíos” (vida) “éthos” (ética).

A bioética não deseja calar a ciência nem proibir pesquisas. Ela quer caminhar com elas, verificando os problemas antes que eles ocorram, avaliando, assim, o que realmente valeria a pena. Desta forma, seu estudo vai além da área médica, atingindo direito, biologia, psicologia, sociologia, teologia, antropologia, filosofia, etc., avaliando as questões culturais e de valores.

Mas, não pense que a bioética está distante de você. Ela discute os problemas que interferem na vida de todo mundo. É muito importante estar por dentro das discussões, pois a evolução da ciência tem reflexos diretos na nossa vida.

As leis aprovadas na Câmara dos Deputados estão ligadas às questões da bioética. O impasse de se trabalhar com células-tronco, por exemplo, está intimamente ligado às decisões do Supremo. Por isso, cabe à sociedade saber expressar o que julga ser conveniente, avaliando a realidade do país, para que as decisões estejam de acordo com o pensamento da maioria dos brasileiros. Portanto, a questão da bioética pode ser resumida como cidadania, consciência social e cautela.

Nenhuma verdade é absoluta, pois quem a define são os homens, passíveis de erro. Daí a necessidade de serem tomadas decisões consistentes e conscientes

∗ Alunos do 2º ANO “A” do Colégio de Aplicação João XXIII.

sobre o que é válido na ciência, vinculada às relações humanas, com a opinião de todos. Então, ter uma conduta responsável e consciente sobre os efeitos causados pelos próprios atos sobre os seres vivos é um modo de praticar a bioética – o respeito pela vida, uma vez que ela se refere tanto à biologia quanto ao aspecto de interação com outros seres e a natureza.

Dinâmica: PRATICANDO O TEMA: Em grupos, monte uma apresentação que envolva a resolução de uma

situação-problema abordada pela bioética. Apresente para os colegas e depois discutam sobre o que pensam da decisão tomada. Abaixo estão algumas temáticas.

VIDA: Ela está grávida, e a criança é indesejada. Ela está grávida de um bebê anencéfalo. Há meses não apresenta nenhum sinal de vida, e a doença não regride. Ele pode voltar a andar com um transplante de células-tronco. NATUREZA: Deseja-se construir uma hidrelétrica em local de mata nativa. Para a expansão da plantação de eucaliptos, espaço de mata tem de ser

desmatado. INTERAÇÃO PESSOAL: O mundo será devastado por uma bomba atômica. Você pode escolher cinco

tipos de pessoas para serem salvas em um abrigo subterrâneo. Quem você escolhe? Por quê?

Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. Filosofia, Ciência & Vida. Ano I. Nº 03. ISSN 1808-9238. São Paulo: Escala, 2007. MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. 5. ed. revista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia para jovens. 14. ed. Petrópolis: Editora Vozes. 2007.

JUÍZO DE VALOR

JUÍZO DE VALOR

Luiz Claudio Dazzini, Adilson Gonçalvez Júnior, João Luiz A. Freitas Lopes, Márcia Regina Rocha Lamêgo, Rafael Mamede Corrêa de Paula, Fábio José Pinto Junior, Fábio Toledo de Amorim, Gabriela Gomes de Campos, Roger Thomacelli

Fortes Vicente, Luiz Fernando F. Barbosa, Wagner Lawall de Freitas∗

A sociedade tem como papel arbitrar o jogo da vida definindo o que as pessoas devem vestir, como devem agir, como devem ser seus costumes, sua maneira de pensar e de se divertir. A sociedade é um sistema que limita nossa liberdade, e como todo sistema ela possui formas de punição para aqueles que são considerados “fora do padrão”. Pessoas que escutam um tipo de música ou se vestem de uma maneira são vistas com um olhar de desprezo, espanto, e sua punição é a exclusão do grupo. O que move a maneira determinada de pensar de uma sociedade é a cultura do povo.

Os valores sociais são opiniões, maneiras de pensar diferentes, ou seja, valores diferentes que variam de grupo para grupo de pessoas. Um exemplo disso é o conflito entre os valores sociais de uma geração para outra, pois os jovens acham que tudo o que é mais antigo é “arcaico e obsoleto” e em contrapartida os mais velhos não conseguem ou têm mais dificuldade de se habituarem aos valores mais “modernos”. O sexo, por exemplo, em tempos atrás era aceito só dentro do casamento. Hoje em dia é diferente, pois nos tempos atuais basta estar namorando para ter vida sexual. A sociedade de hoje não vê isso com

“maus olhos”, mas algumas pessoas não conseguem entender esta mudança. Ainda vivem no passado, em um “sistema de sociedade” conservador. Entretanto, este sistema apresenta uma grande mobilidade e vai mudando de acordo com o tempo.

Quando falamos de valores sociais podemos falar também de juízo de valor. O respeito ao juízo de valor é uma garantia à liberdade individual, muitas vezes retirada pela sociedade como forma de punição por algo e/ou alguma ação individual que contraria as normais sociais. Para compreendermos isso, precisamos saber melhor o que é juízo de valor.

Primeiramente, precisamos saber que o conjunto de valores, crenças, princípios e percepções constituem características individuais e por isso podemos ter inúmeras visões das mesmas coisas. É a partir daí que pode surgir, ainda, o pré-conceito. Valores religiosos, político-partidário e de torcidas (tribos ou clubes) são essencialmente juízo de valor que não pode ser confundido com juízo objetivo, que são emitidos baseados em ciência, fatos ou experiências. Geralmente as pessoas não conseguem acompanhar as transformações sociais, o que gera os conflitos de valores.

Colocar em prática seu juízo de valor para julgar o juízo de valor do próximo é um flagrante de desrespeito à livre expressão da individualidade e dos valores de cada pessoa. Isso ocorre com freqüência em nossa cultura, pois estamos sempre analisando o outro a partir de nosso conjunto de valores, deixando de lado o conjunto de valores do próximo e nos tornando árbitros de tudo e de todos. Por causa de atitudes individualistas como esta, nós desrespeitamos a livre expressão do indivíduo, menosprezando o conjunto de valores do outro.

Alunos do 3º ANO “B” do Colégio de Aplicação João XXIII.

Estes conflitos acontecem de várias maneiras dependendo do tema. O tema da religião, por exemplo, é rico em conflitos, pois cada instituição religiosa possui uma doutrina que acentua mais as diferenças ao invés de promover a conciliação. Assim, os conflitos religiosos acabam influenciando a política, a geografia e a economia mundial. Os conflitos religiosos no Oriente Médio são o maior exemplo da falta de consenso, em que um não entende os valores do outro, ficando limitado aos vícios e virtudes do grupo a que pertence.

Quando colocamos nosso conjunto de princípios como os únicos reais, passamos a ser preconceituosos e egoístas, pois só tomamos como verdade aquilo que nos convêm, ignorando o que pode derrubar nossas idéias. Com isso, podemos invadir o espaço do próximo com críticas infundadas e olhares de desprezo. Para que isso não aconteça devemos sempre olhar e aceitar o próximo como ele realmente é, e não julgá-lo por não ser quem esperamos que seja. A melhor maneira de se viver com os diferentes tipos de valores é a educação da comunicação, pois a partir dela um aprende a entender o outro e assim tudo fica em harmonia.

Ao falarmos de sociedade e seus valores temos que direcionar o assunto para a discussão da nossa liberdade em relação à sociedade, pois no dicionário o conceito de liberdade significa autonomia, o que acaba se contrapondo com o conceito de sociedade. Como podemos ter autonomia se não escolhemos a forma de viver, de se vestir, de se divertir, ou seja, como pode haver autonomia se não há liberdade?

Sempre falam que na época da ditadura não tínhamos liberdade para pensar e que agora temos. É certo que não somos tão exigidos hoje em dia, como na época da ditadura, mas a essência não muda, pois não temos a liberdade de pensar. Pensamos de acordo com o que a sociedade exige que a gente pense e com isso todos perdem sua autonomia.

Se analisarmos o nosso tipo de economia, veremos que o sistema capitalista usa a estratégia de se confundir com a sociedade, fazendo com que a gente consuma o que o sistema determina, fazendo-nos pensar que essa é a melhor maneira de viver. Temos que tomar cuidado, com isso, pois a sociedade pode ser controlada e usada para manipular uns em favor do lucro de outros.

Todas essas afirmações podem ser diferenciadas em duas categorias: os juízos de conhecimento e os juízos de valor. Um exemplo de juízo de conhecimento é: “esta madeira é pesada”. Um exemplo de valoração é: “esta decisão foi ruim”.

O primeiro juízo, o de conhecimento, mostra uma semelhança entre duas informações, o objeto madeira e a qualidade peso. Já o juízo de valor mostra uma relação entre um objeto, ou acontecimento, e uma conseqüência. A decisão tomada e a sensação de que houve uma conseqüência indesejada. No juízo de conhecimento há uma impessoalidade nas relações estabelecidas. Já no juízo de valor ocorre um sentimento de aprovação ou de reprovação, de gosto ou desgosto, sobre o objeto representado ou ação tomada.

Nos juízos de conhecimento são apresentados estados ou relações sobre o objeto. Mas quando se trata do juízo de valor, o que fazemos é acrescentar a esse objeto uma qualidade pela qual manifestamos concordância ou discordância, agrado ou desagrado. Por causa dessa característica de aprovação ou desaprovação, os juízos de valor supõem ou mostram uma relação de finalidade entre o sujeito e o objeto.

Os juízos de valor acabam criando preconceitos quando os valores que uma pessoa julga certos ou normais não são os mesmos da outra. Há vários tipos de

conflitos de valores, ou preconceitos. O maior deles é o preconceito contra negros, que começou com a escravidão e, mesmo depois da abolição, continua até hoje.

O conflito entre religiões também é muito freqüente. Isso é facilmente percebido pelos conflitos religiosos que matam pessoas todos os dias no Oriente Médio. Há também o machismo que, embora venha diminuindo, ainda acontece. Mulheres ainda são desrespeitadas por homens perversos que não aceitam o novo papel da mulher na sociedade. As camadas mais ricas da população, geralmente, se afastam das camadas mais pobres, só por serem pobres, ou por medo da violência. Há o preconceito – atitudes físicas e morais – contra homossexuais ou bissexuais. Esses são apenas alguns exemplos dos preconceitos presentes em nossa sociedade. Essa é a triste realidade do nosso país e do mundo. Precisamos conscientizar os novos cidadãos de que somos todos seres humanos, independente da nossa raça, religião e idéias. Precisamos descobrir os nossos preconceitos para então lutarmos contra eles. Precisamos aprender que os nossos valores não são os únicos certos.

Dinâmica: TESTE OS SEUS VALORES: Marque apenas uma opção, some os pontos e veja as orientações para o seu perfil, de acordo com o nosso conceito sobre os valores. 1 – Quando conhece alguém, você se preocupa com: A) sua beleza exterior B) seu caráter C) sua força física 2 – Quando você recebe uma proposta de trabalho o que você pensa em perguntar primeiro: A) se o trabalho é muito B) se o salário é alto C) se vai lhe trazer realização pessoal 3 – Quando alguém da sua família lhe pede um favor, o que responde: A) - Pode contar comigo! B) - Vai tomar muito o meu tempo? C) - O que eu ganho com isso? 4 – Você tem preconceitos (racial/sexual/religioso)? A) nenhum B) muitos C) alguns 5 – Com que freqüência você consome ou deseja consumir produtos que viu nos comerciais de televisão? A) sempre B) às vezes C) só quando há necessidade 6 – Quando você presencia uma atitude violenta de preconceito racial ou sexual, o que faz: A) ajuda o agressor B) defende o agredido e/ou chama a polícia C) finge que não viu nada

RESULTADO: QUESTÕES pontos

A pontos

B pontos

C 1 0 3 1 2 1 2 3 3 3 1 0 4 3 0 1 5 0 2 3 6 0 3 1

Some os pontos de acordo com suas respostas e veja nosso juízo de valor sobre os seus valores: 18 PONTOS: Você está no caminho certo. Continue assim! 13 A 17 PONTOS: Você ainda pode melhorar em alguns pontos de vista, ok? 07 A 12 PONTOS: Muito cuidado! Você deve rever seus conceitos o quanto antes. 01 A 06 PONTOS: Você deve urgentemente procurar ajuda e rever os seus valores, procurando se informar também sobre as leis que protegem as pessoas contra o preconceito. 00 PONTOS: Nossa! Sem comentários. Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. São Paulo: Editora Ática, 2003. Fonte Eletrônica Disponível em: http://www.mercatus.com.br/10_boletim/204. htm. Acesso em: 20/10/08

CIÊNCIA OU RELIGIÃO

CIÊNCIA OU RELIGIÃO

Bábara Any Bianchi Bottaro de Andrade, Bárbara Guelber Ferreira, Camila Nunes de Castro, Douglas de Oliveira Matos Braga, Elane Laura Dourado,

Fernanda Valério Lopes, Paola Lamas Januário, Patrícia Yanne de Oliveira, Pedro David Nader, Tâmara Lamas Müler∗

No início, tudo era divino. O mundo, as criaturas, os fenômenos naturais... Tudo era explicado através de mitos.

Com a curiosidade humana e o passar do tempo a ciência começou a ser desenvolvida. A verdade sobre vários fenômenos foi descoberta e a natureza passou a ser explicada através de leis, muitas das quais, usadas até hoje.

Com o advento da ciência e suas comprovações por experimentos, a religião deixou de ser a explicação fundamental das coisas e passou a ter funções ligadas ao emocional humano.

Apesar das técnicas, cada dia mais modernas, ainda hoje a crença religiosa é fonte de consolo, amparo, proteção, ajuda e esperança para boa parte da população mundial.

Entretanto, apesar de terem assumido linhas diferentes, ciência e religião ainda entram em muitos conflitos. Qual delas terá a verdade? Uma é independe da outra ou ambas se complementam?

Entre religiosos e cientistas, a resposta é unânime: uma não completa a outra. Mas vamos partir de uma análise mais crítica.

A partir do Renascimento, a Ciência apareceu com o desafio de livrar o mundo das amarras medievais. Para tanto, grande parte do conhecimento construído na época se deu pela contestação dos dogmas religiosos. A partir de então, Ciência e Religião assumiram papéis distintos: a primeira visava sanar a sede de explicações racionais e, à outra, ficou delegada a função de segurança no plano espiritual.

Passadas as décadas, séculos e milênios, a Ciência evoluiu a ponto de tornar-se objeto de ambição humana, fazendo com que muitas de suas descobertas sejam regidas pelo poder do capital. Aliada a tal fato, vivemos hoje a crise do existencialismo, na qual a individualidade provoca a perda do “eu” de cada um. Entra em campo, então, a religião, que vem par frear a ambição humana, ao mesmo tempo em que, com a crença num ser superior, abranda a solidão disseminada pela crise existencial.

Mesmo com todos os avanços científicos, cada vez mais rápidos no mundo atual, o aniquilamento da religiosidade não acontecerá. Os métodos científicos são precários quando comparados ao absoluto da crença religiosa, e não são capazes de responder perguntas fundamentais, como de onde viemos e para onde vamos, tampouco podem explicar Deus.

Isto posto, conclui-se que Ciência e Religião estão intimamente ligadas e ambas possuem o mesmo objetivo: o bem da humanidade. Entretanto, cada uma o alcança a seu modo.

A ciência provém da contestação das explicações dogmáticas, enquanto a fé é inerente ao homem. O fato é que uma não pode viver sem a outra.

Alunos do 3º ANO “C” do Colégio de Aplicação João XXIII.

Dinâmica: Formar dois grupos e pesquisar sobre temas polêmicos que envolvem Ciência e Religião, como o aborto, as pesquisas com células tronco e a eutanásia. Um grupo deve defender o ponto de vista científico e o outro o religioso em um debate.

Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia para jovens. 14. ed. Petrópolis: Editora Vozes. 2007. Galileu, Religião X Ciência. Ano 14. Nº 171. ISSN 1415-9856. São Paulo: Editora Globo, 2005.

PRECONCEITO

(...) que a dinâmica de uma sociedade viva não representa uma totalidade simples e uniforme, e que a sociedade mesma é seccionada em diferentes classes sociais,;assim durante um período histórico

determinado,não se pode dizer que na composição das personalidades humanas represente algo homogêneo, unívoco. A psicologia, ao levar em conta o fator elementar da tese geral aqui recém-

enunciada só pode ter uma conclusão direta: confirmar o caráter de classe, a natureza de classe e as distinções de classe como

responsáveis pela formação dos tipos humanos. As várias contradições internas, as quais se encontram sua expressão acaba tanto no tipo de personalidade, quanto estrutura do psiquismo humano de um período histérico determinado.”

VIGOTSKY, 1930. p. 3b

PRECONCEITO: uma construção atemporal da elite

Frâncila Weidt Neiva, Laís Mendes Caixeiro, Lara de Oliveira Kemper Ferreira, Mariana Campos Ladeira, Carolina Guelber Ferreira, Vanessa Augusta Braga, Camila Soares de Souza, Ludmila Fagundes Neves, Ana Beatriz Oliveira Reis,

Renata Cristina Andrade, Karolyne Rodrigues dos Reis∗

Desde os primórdios da humanidade, não há nenhum relato de uma sociedade em que não tenha acontecido algum tipo de processo segregatório. Isso ocorre porque o cérebro humano está programado para dividir coisas e indivíduos com características diferentes.

Em certa tribo primitiva, por exemplo, seus integrantes acreditavam que todos os indivíduos descendiam da madeira, porém eles eram originados de uma madeira de boa qualidade, enquanto seus inimigos eram feitos de madeira podre.

Na Antiguidade Clássica, o homossexualismo não era visto como algo anormal, pelo contrário, os rapazes eram incentivados sexualmente a terem: relações com seus mestres. Porém, principalmente em Atenas e Esparta, as crianças que nasciam com alguma deficiência ou deformação eram eliminadas ou executadas. Isso porque eram consideradas como futuros adultos improdutivos para o trabalho e inválidos para as guerras.

Na Idade Média, havia separação entre nobres e trabalhadores. Tal separação era refletida na aparência desses indivíduos. Na Europa, havia preconceito contra as pessoas bronzeadas, pois isso indicava exposição ao sol devido ao trabalho ao ar livre, característico dos camponeses. Era comum entre os homens da nobreza por sua vez, utilizarem pó de arroz e manterem as unhas compridas para representarem seu status social. O padrão estético também era diferente do que é atualmente, pois as pessoas acima do peso eram consideradas bonitas por simbolizarem fartura, típico da elite.

Com o pensamento moderno surgiu um novo tipo de exclusão, personificada na forma de hospitais, os quais não tinham como objetivos tratar dos doentes, mas, sim, eliminar das cidades a pobreza e a doença. Na mesma época, o controle social era garantido pelo Estado que usava de artifícios como instituições de internamento, com a função de agregar mendigos, desempregados, velhos, pessoas loucas e com deficiência. Isso ajudava a regular o mercado de trabalho, pois aumentando a quantidade de empregos estes estabelecimentos esvaziavam e, quando o mercado se saturava, eles enchiam novamente.

Nos dias atuais o preconceito é focado, principalmente, nos homossexuais, na xenofobia, no racismo, no status social e em tudo que foge aos padrões impostos pela sociedade.

Todos os processos citados estão embasados na dominação das classes econômicas privilegiadas em cada contexto histórico O homossexualismo vai contra os ideais burgueses que surgiram com o advento da revolução Industrial. A xenofobia representa uma reação nacionalista que eclodiu com a acirrada competição por mercado de trabalho e se intensificou, na Europa, com a redução do Welfare State (Estado do bem-estar social). O processo racista se originou,

Alunos do 3º ANO “A” do Colégio de Aplicação João XXIII.

principalmente, com o fim da escravidão, pois gerou uma massa populacional que não foi incorporada pela sociedade. Não houve nenhum projeto de inclusão social, política ou econômica dos negros, tornando-os até os dias atuais a camada mais pobre da sociedade.

Podemos observar, então, que independente da época e da forma como o preconceito se manifestava, todos os tipos de discriminação envolviam diferenças econômicas. Até os dias de hoje vemos que a visão que muitas vezes predomina é a da classe dominante, ou seja, a classe nobre ou burguesa. A prática dessa exclusão se baseia no temor do enfraquecimento de seu poder e contestação de sua moral. Sendo assim, julga a massa popular alienando-a através de princípios ditos incontestáveis. Entrevista do grupo com Anderson Ferrari (Coordenador do Ensino Fundamental e Orientador da pesquisa feita no Colégio de Aplicação JoãoXXIII sobre preconceito): Grupo: Qual o motivo mais freqüente de preconceito? Anderson Ferrari: De acordo com a pesquisa o mais freqüente é a diferença de forma geral. Por exemplo, tem aluno que fala que sofre agressão porque é magro, porque é gordo, baixo, alto. Então as diferenças estão nas extremidades. A sociedade definiu um padrão de normalidade. O que foge da normalidade sofre preconceito. Além disso, também tem questões relacionadas à raça, gênero e classe social. Também é freqüente muita gente, em muita pesquisa, falar coisas do tipo: - “me chamam de macaca”, “me chamam de bombril”... Coisas ligadas diretamente com a raça, ou então a questão econômica, como: - “o colégio [João XXIII] é uma escola pública, que hoje em dia não cresce muito bem”. Tem gente que reclama de sofrer preconceito por não ter uma roupa legal, dinheiro pra comprar alguma coisa. Grupo: Quais os tipos de preconceito que você vê mais freqüentemente? O de raça? A. F.: É. Convivemos tanto com questões relacionadas às diferenças que fogem do padrão de normalidade, quanto com questões ligadas à raça. Grupo: Após a sua pesquisa você descobriu algum tipo de preconceito que você não conhecia? A. F.: Não. Todos os que apareceram de alguma forma eu já esperava que fossem acontecer. Grupo: Quais são as medidas para minimizar esse preconceito? A. F.: Acho que a primeira medida é fazer uma pesquisa como esta, que é fundamental para a escola pensar, o que está colocado, o que está posto. Uma coisa que eu mais vejo na pesquisa é que isso acontece na ausência de um professor. Então isso [quer dizer que] acontece entre as aulas, no recreio, na saída, na entrada, normalmente onde não há a presença de um professor. Ou seja, essa pesquisa foi montada por um professor, mostrando que a escola tem uma organização que não é só sala de aula. Isso é importante para o professor ficar consciente para o que acontece além da aula dele; fazendo-o ficar atento à sua aula

e aos papos da escola fora da sala de aula. Isso é importante para trazermos a pesquisa para dentro da sala de aula também. Discutir estas questões é fundamental. Grupo: Qual a mensagem que você gostaria de dar para as pessoas que sofrem preconceito? A. F.: Acho que são duas mensagens. Até porque eu acho que o preconceito está ligado intimamente à falta de conhecimento. O preconceito é burrice, quem é preconceituoso é um “burro”. Mas isso é falta de conhecimento. E quem sofre preconceito quer buscar mecanismos de combate, seja denunciando ou se armando com o conhecimento. Grupo: Você vê alguma diferença entre preconceito e discriminação? A. F.: Essas duas coisas estão extremamente ligadas; o quê que é o preconceito? É o conceito com o qual lidamos com a imagem e não com a pessoa [o indivíduo]. Um exemplo é, se você tem uma imagem negativa de negro, quando você chega perto de um negro você não vai lidar com aquela pessoa, vai lidar com a imagem que você tem; e normalmente esta imagem está ligada à discriminação. Se você não gosta, você já tem um pré-conceito, uma imagem negativa. Você trata diferente. A discriminação é quase uma conseqüência do preconceito. Grupo: E como fica, na pesquisa, o psicológico das pessoas? A. F.: Isso é uma coisa que preocupa na pesquisa... tem falas muito tristes como: “eu sofro e já não agüento mais”. Eles tentam suicídio; tem coisas que essas pessoas [que sofrem preconceito] falam, que preocupa a gente. Legenda: [ ] usado para indicar um complemento feito pelo grupo.

Fonte Eletrônica: Revista de Antropologia. Disponível em: www.scielo .br/scielo. Php?pid=S0034-77012004000100001&script=sci _arttext – 115k. Acesso em: 21/07/08 1ª Plenária Nacional da GLBT da Conlutas. Disponível em: www.geocities.com/lbi_br/trs016.html - 49k. Acesso em: 21/07/08

O SER. E AÍ?

“O ser pode aparecer e pode ocultar-se, porém em caso algum é mera aparência: é presença permanente, o horizonte luminoso, no qual todos os entes encontrariam sua verdade. Não é o conjunto dos entes, nem um ente especial, é o ‘habitar’ de todos os

entes“ Heidegger

“Á vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infringir

desvairadamente “ Dom Casmurro, Machado de Assis

O SER. E AÍ?

André Almeida Ribeiro, Filipe Melo Castro, Hebert Cunha Tavares, Matheus de Mello Albuquerque, Rafael Barbosa Rocha Moreira, Robson Spinelli Júnior, Vitor

Fabre Duarte Bastos, Maurício Soligo M.Teixeira, Cristiano Franca Brito, Bernardo Gomes Esteves dos Reis Alvarenga∗

“(...) a vida cotidiana faz do homem um ser preguiçoso e cansado de si próprio, que, acovardado diante das pressões sociais, acaba preferindo vegetar na banalidade e no anonimato, pensando e vivendo por meio de idéias e sentimentos acabados e inalteráveis, como ente exilado de si mesmo e do ser.” (Martin Heidegger, 2005)

Ainda assim, o homem se constrói é na relação social, pois, como disse Aristóteles: “o homem é um ser social”. Por isso, não vamos falar do ser-aí, mas do aí do ser. No mundo atual, vivemos uma teia de interações sociais que vai da nossa família até os nossos amigos “virtuais”. A escola, o trabalho, a cidade, o bairro, a rua, as instituições das quais fazemos parte, e até os contatos rápidos e superficiais do dia-a-dia, em todos esses momentos estamos interagindo com o outro.

Contudo, as pessoas são diferentes, o que não é surpresa para ninguém. O homem tem consciência da sua característica individual. Às vezes, nem mesmo as nossas próprias atitudes são fáceis de se aceitar, o que dizer das atitudes dos outros?

“Não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é efeito de relações sociais”. (Machado de Assis, 1993)

“Olha que os homens valem por diferentes modos, e que o mais seguro de

todos é valer pela opinião dos outros homens.” (Machado de Assis, 1993)

Isso faz com que dependendo do lugar em que estamos em dado momento, nos tornemos um outro tipo de pessoa, ou seja, o tipo de pessoa que o ambiente nos exige. Por exemplo, nosso modo de agir numa igreja difere totalmente do modo quando estamos numa festa, ou com nossos amigos. Isso é natural do ser humano. Assim é possível dizer que “Um ser humano não é uma moeda apenas, com verso e reverso. É um poliedro, com milhares de faces. E há milhares de maneiras de ver uma pessoa, um ato, um fato.” (Incidente em Antares, Erico Veríssimo).

Entretanto, a relação social pode se transformar em uma referência perigosa ou numa falta de referencial, onde nos esquecemos de quem realmente somos, nos esquecemos da verdade, e passamos a desconhecer as reais intenções dos outros indivíduos; além da possibilidade de nos tornarmos parte do seleto grupo dos “em cima do muro”.

Chamado de Baile de Máscaras, as relações sociais não devem tomar conta do nosso modo de viver. É importante, primeiro, relacionar bem consigo mesmo, vencendo os obstáculos internos.

Alunos do 3º ANO “C” do Colégio de Aplicação João XXIII.

A consciência humana do crescimento necessita ser despertada, e todos nós temos a capacidade de contribuir para este despertar; mas, muitas vezes, por comodidade, preferimos deixar a consciência adormecida... E então percebemos que dez anos passam muito rápido, e que mais dez vêm chegando, e enfim continuamos a atribuir as nossas responsabilidades a outras pessoas e não percebemos que esta continua sendo a atitude mais fácil e o pior caminho a ser seguido. Dinâmica: Use o seu dedo indicador da mão direita como uma seta e aponte para qualquer objeto que esteja vendo. Aponte o objeto e diga em voz alta o que está vendo (pode ser a maçaneta da porta do seu quarto, a escova de cabelo em cima de um móvel, o relógio de parede da sala), apenas diga o nome do objeto que você apontou. Aponte três vezes repetidas para objetos diferentes que você esteja vendo no ambiente em que você se encontra. Agora, aponte para a palma da sua mão esquerda e diga o que vê. “A palma da minha mão esquerda”, você diria, não é mesmo? Agora aponte para o seu olho, isso mesmo, para o olho que está olhando o dedo apontado para ele. Agora responda: O que você vê? Você consegue ver aquilo que seu dedo aponta, ou seja, seu próprio olho? Isso mesmo! Não conseguimos ver aquilo que usamos para ver o que está fora de nós ou em nós. O órgão que vê não pode ser visto por ele mesmo (a não ser pelos olhos do outro ou no espelho). Este que vê através dos olhos e não é visto por nós mesmos, este é... o SER!

Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ASSIS, Joaquim M. Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Cículo do Livro, 1992. ______. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Belo Horizonte: Livraria Garnier, 1993. Filosofia, Ciência & Vida. Ano I. Nº 03. ISSN 1808-9238. São Paulo: Escala, 2007. HEIDEGGER, Martin. (Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural, 2005. VERÍSSIMO, Érico. Incidente em Antares. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

ESSA TAL FELICIDADE

“Tristeza não tem fim, felicidade sim” Jair Rodrigues

ESSA TAL FELICIDADE

Ana Lídia dos Santos Fávero, Ariele do Nascimento, Anderson Kirchmair, Jéssika Alves, Marcelle Silva, Matheus Masson, Mirele dos Santos, Monalisa

Souza, Rayan Camargo e Thaís Rothier∗

Quando escutamos a palavra felicidade, tentamos entender melhor o que ela é, de onde ela vem e como podemos tê-la. De acordo com o dicionário Aurélio: felicidade é 1.Qualidade ou estado de feliz . 2. Bom êxito; sucesso.

Felicidade é uma palavra que às vezes usamos todos os dias, ou nem usamos. Muitas pessoas, como vocês leitores nunca tiveram a curiosidade ou até mesmo a oportunidade de saber o significado concreto dessa palavra.

Não saber o que é felicidade não é uma vergonha, pois esse conhecimento não depende do grau de escolaridade, nem da classe social da pessoa. Para comprovar esse fato, podemos dizer que pessoas inteligentes e sábias não sabem dizer “na ponta da língua” o que é felicidade; nem pessoas muitos importantes, com alto poder aquisitivo não conseguem chegar a um conceito comum.

Mesmo não sabendo o que ela realmente é, todos estão a sua procura. Felicidade não é um tema que usamos apenas no nosso cotidiano, é um tema muito subjetivo que pode ser visto de vários ângulos. Nada melhor do que tratar esse tema através de um meio de comunicação poderoso como o cinema, pois em “A procura da Felicidade”, filme

norte-americano lançado em 2006 pelo Columbia Pictures Corporation: Um homem torna-se estagiário, sem remuneração, na esperança de ser futuramente contratado. Porém, ele enfrenta vários problemas financeiros, que fazem com que ele e seu filho de 5 anos sejam despejados. Este filme aponta para o paradoxo: sofrimento e felicidade.

Um outro meio de tratarmos esse tema com dinâmica é através da MPB, através das letras e canções de Lamartine Babo, Noel Rosa, Vinícius de Moraes entre tantos outros, aqui não citados, mas que confirmam a presença da felicidade em forma de música nas nossas vidas. Porém, ela também pode ser refletida através de outros meios culturais como o poema. Wanderlino Arruda a descreve da seguinte forma:

“Felicidade não tem peso, nem tem medida, não pode ser comprada, não se empresta, não se toma emprestada, não resiste a cálculos, porque não material, nos padrões materiais do nosso mundo. Só pode ser legítima”.

A felicidade ainda pode estar relacionada a status social, a opiniões de gênero

(homem e mulher), a religiosidade, a faixa etária, e em todos os casos podem haver opiniões divergentes a respeito “dessa tal felicidade”.

Entrevista: Fizemos quatro entrevistas com pessoas de faixas etárias diferentes: uma criança, um adolescente, um adulto e um idoso. ∗ Alunos do 2º ANO “B” do Colégio de Aplicação João XXIII.

Ana Luisa Ferreira Furtado, 09 anos, estudante de Juiz de Fora – MG Grupo: Para você o que é felicidade ? Ana Luisa: A felicidade é quando acontece alguma coisa na sua vida, que você acha bom e fica feliz, ganhar na loteria, por exemplo. Ontem veio uma prima minha me ver que eu não via há muito tempo. A gente se viu, aí fiquei feliz! Fernanda Coutinho, 17 anos, estudante de Juiz de Fora – MG (Grupo) Para você o que é felicidade ? Fernanda: Viver a vida sem medo de ser feliz, sem reclamar das mínimas coisas. Tem muita gente que não tem nem o que comer, até mesmo o que vestir neste inverno e ainda assim agradece a Deus pela vida que tem. Felicidade é viver sem medo de ser feliz. Ladmar Zata Coutinho, 41 anos , dona de casa – Juiz de Fora – MG Grupo: Para você o que é felicidade ? Ladmar: Estar com saúde, de bem com a vida. Maura da Cruz Jacometti, 87 anos, aposentada – Juiz de Fora – MG Grupo: Para você o que é felicidade ? Maura: Felicidade para mim foi ter tido um casamento, tive 60 anos de casada com paz, amor... Nunca me faltou nada, graças a Deus. Tive uma felicidade completa. Referências Bibliográfica:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005.

O AMOR É O AMANTE E NÃO O AMADO

O AMOR É O AMANTE E NÃO O AMADO

Dartagnan Abdias Silva, Raquel Silveira Silva, Natasha Riniere Barbosa, Vinícius Correia Teixeira, Kaio Vinicius dos Santos, Laís Machado Bernardinelli,

Alessandra Ferreira Figueredo, Laura Dias Quintão, Mayara Ferreira e Silva, Julia Braga Silva, Letícia Rodrigues Bitarello∗

O amor é um tema amplo e complicado de se falar desde o início dos tempos. Sua formação e sua concepção variam de sociedade para sociedade, de tempo para tempo, de pessoa para pessoa, de cultura para cultura. Sendo assim, como poderíamos tratar de tema tão polêmico?

“Amar é gostar incondicionalmente de uma pessoa independente do que ela seja, do que ela faça ou goste, independente de tudo” (A.S.S. – 35 anos).

“O amor é um sentimento que te deixa com uma sensação boa de que tudo pode dar certo, te deixa mais feliz, mais animado” (Douglas de Oliveira Matos Braga – 17 anos).

“Amar é confiar no outro, é aprender a viver com suas diferenças, é abrir mão de certas coisas sem deixar de ser quem você é. É saber respeitar, tentar melhorar para diminuir seus erros, ter humildade de deixar o outro te ensinar a serem fiéis e leais as suas promessas e atitudes. Amar é um sentimento que não se resume apenas em palavras, pois elas são restritas, mas também por gestos. Por mais simples que eles sejam como o abraço”. (Natasha Riniere Barbosa – 17 anos)

“Amar é cuidar de outra pessoa sem se esquecer de si mesmo, isso é amor. Amor não é doação por completo, amar é uma troca, não se ama sozinho. Amor é uma vida de duas mãos”. (Cristiano França Brito – 17 anos)

“Emocionalmente, amar é buscar no outro um alguém que supra nossas carências afetivas e espirituais” (Talita Cícero).

Assim como as personalidades, as concepções de amor são várias. Em nosso dicionário amar é significado de “querer muito bem a; gostar muito de; ter afeto a” (Silveira Bueno).

Devido à amplitude do tema “amor” sua caracterização será buscada em suas raízes, o deus grego Eros.

“Amor não se difere pelo sexo da pessoa e sim pelo sentimento. Não importa se ela é igual ou diferente de você quanto ao sexo, o que importa é se existe amor ou não”. (A.S.S. – 35 anos).

“O amor é o amante e não o amado”.

Eros (Amor) é filho de Poros, o deus da Riqueza, com a Penúria, deusa da Miséria; e herdou do pai e da mãe características suficientes para fazer-lhe renascer e seguir rumo à sabedoria, a qual nem os sábios nem os ignorantes realmente buscam e possuem.

Alunos do 3º ANO “C” do Colégio de Aplicação João XXIII.

“O Amor é o amante e não o amado” (Platão1), uma vez em que Eros ama a beleza, mas não a é. Sendo assim, o amor é o que sai de nós e não para onde se destina, pois amamos o belo, porém nem sempre o somos.

O filho de Poros e Penúria se situa entre o sábio e o ignorante e por tanto é realmente sábio, sendo fiel a natureza da mãe e do pai.

O amor é um caminho e não o destino. É o meio e não o fim; é a atitude e não a recompensa. Mas qual seria o destino do amor? A beleza, segundo Platão. Mas não a referida pela estética ou pelo que se vê. É uma beleza maior, única, a Beleza das belezas.

Mas para alcançá-la é necessário trilhar o caminho de Eros. Deve-se amar a beleza física como estágio inicial, então se ama a alma, depois o amor ao costume, à beleza do conhecimento e do aprendizado puro e íntegro e, enfim, o amor à verdadeira beleza. Mas deve-se trilhar o caminho de Eros como uma escada, degrau por degrau. Dessa forma, amar é buscar a sabedoria plena, a totalidade, a Divindade única que mantém o universo, pois se ama a beleza total e o todo é belo; e o belo é eterno, pois se renova constantemente.

“O amor platônico é aquele que não se fixa no transitório, no corpo, na matéria. Mas sim o que supera tudo isso”. (professor Fábio Maimone).

“O amor dá de si apenas, e nada recebe se não de si próprio./ O amor não possuí nem quer ser possuído;/ Pois o amor ao amor se basta” (anônimo).

“O amor é um sentimento idealístico, como uma visão espiritual da

vida” (Talita Cícero) O amor em sua amplitude possui conceitos variados, por

aspectos relevantes dos mais diferentes tipos. No passado o amor era algo mais natural e espiritual. Com a chegada da Igreja Católica na sociedade ocidental, o sentido do amor sofreu uma drástica mudança, tornando-se conservador, antiliberal, o qual era medido por ações e não sentimentos espirituais (caridade, compaixão, unção dos enfermos, ...).

Mais alguns séculos se passaram e hoje o amor é visto como algo carnal e físico pelos jovens, o que muitas vezes é ligado a uma visão deturpada do amor platônico.

O sexo se difunde na sociedade e a liberdade de expressão sexual se mostra mais ativa do que nas “eras mais católicas”. Com a presença das “novas religiões”, a chegada da Nova Era e o aparecimento do “neopaganismo” trazendo os valores liberais pagãos de volta de uma nova forma, o significado de amor começa novamente a mudar. Hoje é difícil defini-lo sob algum parâmetro, afinal enfrentamos a mudança de hábitos e valores.

A liberalização da expressão e do sexo são passos significativos para a evolução e melhor compreensão dessa “nova sociedade” que se iniciou. A revolução de Aquarius2, é fundamental para chegar onde estamos; todavia, podemos afirmar que essa mudança social ainda não acabou e a “nova sociedade” busca firmar suas bases em seus novos conceitos, os quais ainda são fabricados pela juventude que se renova.

Na sociedade atual vivemos em contraste com a mesma forma de amar que se expressa por diferentes formas de se

1 Filósofo grego, discípulo de Sócrates 2 Penúltima Era Astrológica iniciada nos anos 1970.

relacionar: a heterossexualidade, a homossexualidade e a bissexualidade. O contraste à antiga visão de família e a “derrubada” do velho conceito familiar

de um pai, uma mãe e filhos – presentes na Igreja –, dão vazão aos vários relacionamentos afetivos. O casamento fora da instituição religiosa e o fim do casamento por interesse deu a sociedade uma nova forma de expressão, a livre-expressão. Apesar de que ainda é difícil burlar o preconceito e conceder às diferentes formas de se relacionar os mesmos direitos ou privilégios concedidos às formas tradicionais de relação.

O amor homo ou hetero não se diferencia, pois “Amor não se difere pelo sexo da pessoa e sim pelo sentimento...” (A.S.S. – 35 anos). A real diferença está na forma de se relacionar e na construção da família.

“O amor é um sentimento em relação à vida, de enxergar valores nas coisas além das aparências” (Talita Cícero).

E qual a importância disso tudo?

Eis que o amor é um caminho. Caminhos não existem sem objetivos, e o objetivo do amor é a unidade final, é o ser inserido em um todo que só se resulta em “um”; um ciclo eterno de renovação e equilíbrio.

O caminho chamado amor perpassa por quase toda a esfera social, onde faz partes tornarem-se unidade. Sendo assim, o amor é o caminho que une em elos. Estes recebem nomes tais como: amizade, casamento, família.

O amor é um só, um caminho único que se expressa em formas diferentes, mas que, no fim do caminho, se unem formando um todo que já não mais se separa.

A amizade é sem dúvida o elo de amor mais insolúvel que existe, a qual deve, ao menos na teoria, ser a base de todos os outros elos, trazendo a unidade adimensional da totalidade do amor.

Se corretamente trilhado, o amor o levará ao divino, à totalidade, e então os mistérios que cercam nosso mundo se tornarão claros. Por essa questão podemos colocar o amor como uma religião, o verdadeiro caminho, onde a recompensa é a renovação, a sabedoria e o “fazer parte” do todo estando ciente disso.

“O verdadeiro amor é um sentimento possível para os fortes. Só os indivíduos equilibrados e com caráter formado são os que realmente amam no sentido filosófico3” (Talita Cícero).

3 Amar no sentido filosófico é amar platonicamente, conseguir enxergar em algo o todo a que ela pertence a partir dos caminhos do amor.

O Ato4 De virtudes de campos /cheio de flores

Pratico a estrada de mil /amores. De força a terra a semear,

Semeio vida que não pode /germinar. Séculos de exclusão,

Hoje a doce sensação. Com alguém em uma /cama, Crio e teço essa nova /trama.

Vida e força de amores /trocam, Do poder ao ardor /proclamam,

Como dois amantes, Com duas vidas

A união equilibra errante. Ao ato proclamo, A vida derramo,

Em teu leve corpo busco a vida como um /corvo. Por entre tuas flores /caminho

Entrando por elas E espalhando amor em /meu caminho...

Vou dedilhando prazer Te enchendo de meu /ser,

Viro a glória do ter De outras eras, vamos /ver...

Então agora, Imagino minhas mãos Acariciando teu corpo

Fazendo do prazer Imensuráveis horas de /amor;

De uma península de pequena dor, Onde o prazer se torna A descoberta do ardor...

Então juntos, Aos gritos que anunciam o /fim,

Abraçados as horas Que passam em mim

Dizemos alto O único som do ato,

O final é amor exalto.

Paixão5 Uma arte de flores,

Uma plantação revestida /por cores... Canções que invadem,

Sem jamais sair... Está no ar a respirar,

Em palavras que se /trocam, Em um singelo olhar,

No carinho que se /demonstra, Em lábios a se /movimentar...

4 Autoria de Dartagnan Abdias Silva. 5 Autoria de Dartagnan Abdias Silva.

São gestos, mas jamais /definições... São palavras, mas jamais /quantias, São horas, mas jamais /passado...

É sempre relembrado. Seja bom, seja mau,

É aço que não se /esvai, É vida que não cai...

Coisa de jovens, Ou força do homem,

Não se pode decidir... São palavras,

São falas, São flores,

São sempre amores... É a paixão, É ser feliz,

É arte, beleza e glamour, Resumido em um, É amor com ardor.

Uma arte sem igual, Em uma tela tridimensional...

É arte de poetas, é glória de românticos. Mas é união de homens

Sob guarda celeste. É coisa sem sentido,

Mas que vale ser vivido...

Amigos6 Para que haja vida,

tem que haver emoção. Para que haja amor,

tem que ganhar um /coração. Da vida fiz emoção,

e do amor ganhei um /coração que destino a ti

para meu amor florir, um amor sem igual, feito e água e o sal que purifica o mal, que cura as feridas

e que dá forças nas /partidas. Com a saudade /encantou,

com a luz retornou aos campos abertos de mares incertos. Sete são as letras, sete somos nós,

os sentimentos de beleza a virtude da floresta...

Amor, felicidade e lealdade são três de nós...

Cumplicidade, /companheirismo e /saudade,

6 Autoria de Dartagnan Abdias Silva.

o restante... Sou a que falta,

a que reúne todas de uma /vez. Possuo sete letras,

sou a amizade senhora que lhes fez...

Dinâmica: QUE TAL UMA DESCONTRAÇÃO? Que tal um pequeno jogo e uma frase para se refletir? “Você não deve pedir por um beijo, simplesmente dê um”.(anônimo – via Internet) �Caça palavras: O Amor “O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba, não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, preserva todas as coisas”. (Bíblia Sagrada)

Referências Bibliográficas: Fonte Principal: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. Filosofia Ciência & Vida. Ano I. Nº 03. ISSN 1808-9238. São Paulo: Escala, 2007. MARCONDES, Danilo. Textos básicos de filosofia. 5. ed. revista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. TELES, Maria Luiza Silveira. Filosofia para jovens. 14. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2007. GIBRAN, Kahlil. O Profeta. Tradução de Ricardo R. Silveira. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. BUENO, Silveira. Silveira Bueno minidicionário da língua portuguesa. Ed. para o Ensino Fundamental. São Paulo: FTD. HUNTER, James C. O Monge e o Executivo – uma história sobre a essência da liderança. Tradução de Maria da Conceição Fornos de Magalhães. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2004. .Fonte Eletrônica: Amor. http://novainter.net/amor/arquivos/cac_02i.htm/ 15/08/2008 – 20:15h IMAGENS: Amor. Disponível em: http://fc03.deviantart.com/fs5/i/2005/ 118/f/f/Mi_Amor_by_SunDropsTonight.jpg/ - Acesso em: 01/ 09/ 2008 - 20:23h. Amor. Disponível em: http://www.culturalivre.net/wp-ontent/ uploads/2007/11 /amor.jpg/ - Acesso em: 01/09/2008 – 20:25h. Amor. Disponível em: http://www.partesdesign.com.br/ ms/ 2004/agosto_2004/amor_rigon.jpg/ - Acesso em: 01/09/2008 – 20:25h. Amor. Disponível em: http://images.paraorkut.com /img/ pics /glitters/r/romance-762.jpg/ - Acesso em: 01/09/2008 – 20:28h. Amor. Disponível em: http://images.google.com.br/imgres ?imgurl=http://trovador.files.wordpress.com/2007/12/amor.jpg&imgrefurl=http://trovador.wordpress.com/2007/12/17/&h=344&w=434&sz=17&hl=ptBR&start=72&usg=__OJTQu8xRvKWWgKY2m87OzKmjc4Y=&tbnid=CILIzyVR3_M77M:&tbnh=100&tbnw=126&prev=/images%3Fq%3Damor%26start%3D60%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN – Acesso em: 04/09/2008 – 19:11h.

Sexo. Disponível em: http://images.google.com.br/imgres ?imgurl=http://oglobo.globo.com/fotos/2008/06/20/20_MVG_mul_sexo2.jpg&imgrefurl=http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2008/06/20/manuais_de_sexo_esquentam_relacao_mas_atrapalham_os_inseguros_dizem_especialistas-546898780.asp&h=460&w=360&sz=24&hl=pt-BR&start= 69&usg=__0GFvfXbkGCCizmqw5Z7vdA4P-CM=&tbnid =7zZQ0BtUINSFZM:&tbnh=128&tbnw=100&prev=/images%3Fq%3DSexo%26start%3D60%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN - Acesso em: 02/09/08 - 19:24h. Amizade. Disponível em: http://images.google.com.br/ imgres?imgurl=http://i183.photobucket.com/albums/x5/templateseacessorios/anjos/amizade1.jpg&imgrefurl=http://omensageiroeternamente.blogspot.com/2008/06/amizade-quantas-pessoas-j-passaram-pela.html&h=304&w=448&sz=14&hl =pt-BR&start=75&usg=__unUclFhkjXCYEhB5ICbKJRLfrnE =&tbnid=yJUcMuNPWJpucM:&tbnh=86&tbnw=127&prev=/images%3Fq%3Damizade%26start%3D60%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN – Acesso em: 02/09/08 - 19:20h. Te amo. Disponível em: http://images.google.com.br/images? gbv=2&ndsp=20&hl=pt-BR&q=te+amo&start=180&sa=N. Acesso em: 02/09/08 - 19:36h.

IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO

IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO

Ana Carolina Santos de Freitas, Jéssica Oliveira Vitorino, Julia Mitehof Meireles, Letícia Moutinho Abdalla, Luyra Aparecida Gomes Gamarano, Marcella Leonel

Mirandela dos Santos, Mariana Bolotari, Nathália Cristina Dótta Cruz, Thaís Garcia Nascimento∗

No mundo capitalista, a todo o momento, somos bombardeados com propagandas tentadoras que nos fazem comprar cada vez mais. São outdoor’s de roupas, vitrines de bolsas, panfletos de ofertas e sempre acabamos cedendo. Na verdade, este é o papel do marketing: nos convencer a consumir. Somos influenciados a comprar coisas que aparentemente vão nos fazer mais belos, mais felizes e diferente dos outros, quando o que de fato acontece é que ficamos iguais a todo mundo. Somos definidos e também definimos as pessoas pelo que vestem, tem ou comem e não pelo que são. É aí que entra a palavra ideologia que foi criada no início do século XIX como sentido de: Teoria geral das idéias usada por Karl Marx em seu livro “A Ideologia Alemã”. A ideologia constitui o corpo de idéias de um grupo “superior” que é disseminado entre a população convencendo os indivíduos a pensar e/ou agir de acordo com os interesses deste grupo. Façamos um paralelo com o livro de Marx: A classe dominante fazia tudo para não perder o domínio que tinha sobre a sociedade; podiam até usar a violência para difundir suas idéias, mas isso poderia gerar uma revolta do povo. Então, o modo mais fácil era dominá-los através do convencimento. Se analisarmos hoje o que acontece em nossa sociedade veremos que os meios de comunicação têm a função do convencimento. Nas escolas, nas igrejas, nos parques e nos bares, onde houver pessoas e opiniões formadas ou políticas, haverá uma forma de ideologia em ação. A ideologia, então, passa a fazer parte da vida. Quando nos convencemos da veracidade dessas idéias passamos a agir inconscientemente guiados por elas; ou seja, essas idéias são internalizadas e sem que percebamos passamos a desejar o que o outro determina. No dia-a-dia fazemos escolhas que são determinadas por propagandas. Quando uma ideologia funciona de verdade, ela se difunde por toda a sociedade e faz com que cada indivíduo, em cada ato, reproduza aquelas idéias. Uma ideologia triunfa quando todo um grupo social está definitivamente convencido de sua verdade, pois assim não há questionamento e a sociedade mantém-se sempre igual. Deste modo o sucesso da ideologia está vinculado ao processo de alienação. O conceito de alienação significa basicamente perda de poderes mentais, de posse ou de afeto, basicamente é transferir para o outro o que é seu.

Discute-se na Sociologia a alienação que a publicidade e os meios de comunicação suscitam na população, na medida em que dirigi a vontade das massas, criando necessidades de consumo artificiais e desviando o interesse das pessoas para atividades passivas e não participativas.

∗ Alunos do 2º ANO “C” do Colégio de Aplicação João XXIII.

Há três grandes formas de alienação existentes na sociedade hoje em dia: • Alienação social: os humanos não se reconhecem como produtores das

instituições sócio-políticas e oscilam entre duas atitudes. Numa delas, aceitam tranqüilamente tudo que existe, por ser tido como origem divina, ou da natureza; nesta caso, a sociedade é encarada como algo separado do indivíduo, algo externo, diferente e com poder total, ou sem poder nenhum sobre o indivíduo. Na outra, o Homem (individualmente) se rebela contra esse outro social, julgando que, por sua própria vontade e inteligência, pode mais do que a realidade que o condiciona e que ela não tem poder nenhum sobre ele.

• Alienação econômica: os produtores não se reconhecem como produtores, e nem nos objetos produzidos por seu trabalho. Nas sociedades capitalistas, a alienação econômica acontece a partir da transformação dos seres humanos em coisas, ou seja, da transformação de uma classe social (os trabalhadores produtivos) em mercadoria.

• Alienação intelectual: é resultante da separação social entre trabalho material (produção de mercadorias) e o trabalho intelectual (produção de idéias). Essa divisão social entre as duas modalidades do trabalho faz acreditar que o trabalho material não exige conhecimentos, mas apenas habilidades manuais, enquanto o intelectual é responsável apenas pela produção e aquisição de conhecimento. Vivendo numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam.

Essas três grandes formas de alienação têm como causa a propriedade privada dos meios de produção, a divisão social das classes, a exploração econômica e a dominação política de uma classe social por outra (que é a classe dominante da sociedade). Pela alienação é que entendemos ideologia. Ideologia (Cazuza) Meu partido É um coração partido E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Freqüenta agora as festas do "Grand Monde" Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia Eu quero uma pra viver Ideologia Eu quero uma pra viver O meu prazer Agora é risco de vida Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll Eu vou pagar a conta do analista Pra nunca mais ter que saber quem sou eu

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo) Agora assiste a tudo em cima do muro Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia Eu quero uma pra viver Ideologia Eu quero uma pra viver

Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Fonte Eletrônica: Disponível em: www.consciencia.org/forum/index.php/topic, 125.0.html - 110k. Acesso em: 10/09/08

O CORPO

PADRÕES DE BELEZA

Ana Carolina Vianna Eberle, Andrezza Frossard, Daniel Santos Curi, Filipe David Nader, Frederico Souza Picorelli Assis, Gustavo de Resende Silva, Jéssica

Vianna Hinkelmann, José Eduardo Sales Filho, Pedro Ribeiro Viscardi, Renan Douglas Quirino Machado, Fernando Almeida Noé, Leandro Mockdece Lacerda∗

Antigamente, o padrão de beleza era diferente. O ideal feminino era ter um

corpo mais “cheinho”, considerado um símbolo de fertilidade. Atualmente, o padrão é outro. O ideal masculino é de um homem forte e o

feminino de uma mulher magra. Para atingir tal padrão, as pessoas se submetem a dietas para emagrecer, ao uso de anabolizantes, ao exagero das atividades físicas, dentre outras. Todavia, esses métodos podem ter efeitos colaterais graves, como a anorexia, a bulimia, a impotência sexual e a anemia. Então, por que as pessoas se submetem a tais métodos?

Nossa equipe foi até uma das academias mais movimentadas de Juiz de Fora e conversou com alguns freqüentadores para saber o motivo de tanto culto ao corpo.

Um usuário de anabolizantes, que prefere não se identificar, garante que o uso é uma forma mais rápida de se chegar ao corpo desejado, já que apenas com exercícios físicos levaria muito mais tempo. Garante ainda que o corpo forte é o mais desejado entre as mulheres. Como mostra o gráfico a seguir:

0

10

20

30

40

50

60

preferemhomens fortes

não preferem

Então qual seria o melhor método para se adquirir o corpo perfeito? Érica Silva participa de um grupo de Vigilantes do Peso, onde é feita uma reeducação alimentar. Esse grupo realiza palestras todas as semanas, incentivando um menor consumo de alimentos calóricos. Ela afirma que este procedimento, associado à atividades físicas, dão resultados satisfatórios.

Vale lembrar que o corpo ideal varia de acordo com o biótipo físico de cada pessoa e que a beleza do corpo deve sempre vir acompanhada de saúde.

A mídia é a grande responsável por impor os padrões de beleza ao mostrar corpos (de artistas) “perfeitos”, peles aparentemente macias e sem espinhas ou manchas, cabelos disciplinados e sedosos, pernas e abdomens sem estrias, celulites ou varizes, dentes brancos e uniformes, silhuetas sedutoras em vestidos deslumbrantes; até o padrão de beleza para crianças não é perdoado: pele branca, olhos claros e cabelos loiros. Então, estes “modelos” passam a ser desejados por

Alunos do 3º ANO “A” do Colégio de Aplicação João XXIII.

todos. Propagandas, principalmente de cerveja, exploram a imagem feminina que é considerada um objeto de desejo tal qual a bebida.

Desse modo, percebemos que aqueles que fogem ao padrão de beleza ideal são discriminados ou, simplesmente, esquecidos. Mulheres e homens “gordinhos” são considerados “fora de forma”. Mas a que tipo de forma esta padronização da beleza física se refere, afinal? Os homens muitos magros são considerados fracos. Mas que fraqueza seria pior do que a de caráter?

É necessário rever nossos conceitos de beleza e nos conscientizar do peso que a mídia exerce no juízo que fazemos das pessoas. Cuidar da saúde do nosso corpo é importante, o que é sem importância e até perigoso é nos tornarmos escravos de “modelos” impostos pelo marketing dos alimentos ligth, dos cosméticos caríssimos, das pseudo-dicas de saúde. Dinâmica: Vamos fazer um exercício? 1º - Pense em uma marca de bebida não alcoólica que tenha as cores em seu rótulo: o fundo vermelho, uma faixa ondulada branca e os dizeres: “Venha para o lado bom da vida”. Qual marca você pensou? (escreva em um papel) 2º - Pense em um Banco que a primeira letra do seu nome é feita com um gesto do dedo indicador. Qual banco você pensou? (escreva) 3º - Pense em um produto lácteo que “vale por um bifinho”. Pensou? (escreva o nome) 4º - Pense em um programa de TV que dá um caminhão de prêmios para você! Qual programa você pensou? (escreva)

Agora, compare suas respostas com as nossas e veja se somos, ou não, constantemente bombardeados pelos padrões veiculados pelos meios de comunicação. Respostas: 1º - COCA-COLA 2º - ITAÚ 3º - DANONINHO 4º - “CAMINHÃO DO FAUSTÃO” Crie perguntas para outras pessoas responderem e constate o grau de influência que sofremos pelos padrões impostos pela sociedade (global) através dos meios de comunicação.

Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Filosofia, Ciência & Vida. Ano I. Nº 03. ISSN 1808-9238. São Paulo: Escala, 2007.

AMIZADE

AMIZADE

Grazielle Elis Magalhães, Larissa Penaqui Martins, Marcella Aarestrup Veloso, Thayani Gomes Colombo, Letícia Maria Fazza Campos, Renato Arduino Passos,

Guilherme Marinho Faraht, Andressa Esteves Braga, Renata Duarte Silva, Marcela Martins∗

Para abordar o tema AMIZADE optamos por tecer um comentário sobre o livro

que virou filme: O Caçador de Pipas do escritor afegão Khaled Hosseini. Assim como na história de Khaled também fazemos uma pergunta sobre a amizade: até onde uma verdadeira amizade pode chegar?

De acordo com esta história, Amir e Hassan cresceram juntos tal qual fizeram os seus pais. E nada os separavam, nem mesmo o fato de serem de etnias, religiões e sociedades diferentes. Amir e Hassan tiveram uma infância comum, com várias brincadeiras, filmes e diferentes personagens. O laço que os conectava era muito grande, porém Amir só o foi perceber bem mais tarde. A infância e a relação de AMIZADE dos dois não se baseava na sociedade afegã e nas diferenças entre um sunita e um xiita. Porém, no inverno do ano de 1975, Hassan dá a chance para Amir decidir o que queria de sua vida. Amir poderia ter se tornado um grande homem e se livrar da náusea da covardia, porém ao ver Hassan ser atacado, nada faz. E depois do ocorrido, faz de tudo para tentar tirar aquela imagem de sua cabeça. Por que? Será que no fundo, Amir não correspondia à verdadeira AMIZADE de Hassan? Uma amizade que não era baseada em nenhum interesse? Qual era o medo de Amir? E se ele não se considerava realmente AMIGO de Hassan?

Anos se passam e Amir, agora morando nos Estados Unidos, finalmente tem a possibilidade de se redimir, quando um velho amigo da família o telefona pedindo para voltar para o Afeganistão. “Venha até aqui” dizia ele “Há um jeito de ser bom de novo”. E isso fez retornar toda a memória da infância de Amir. A lealdade de Hassan, suas brincadeiras, a sua inteligência e sabedoria, mesmo não sabendo ler... Tudo isso voltou abruptamente para a memória de Amir. Agora estava tudo claro. Havia uma chance de ser bom de novo.

E foi um simples motivo que fez Amir voltar para o Afeganistão oprimido e destruído pelo regime do Talibã: A AMIZADE. Pois foi depois de se relembrar de todos os bons momentos que passara com seu fiel amigo Hassan, ele teve certeza que queria se redimir com o seu “fiel escudeiro”, com o seu fiel amigo.

Ao chegar no Afeganistão, Amir descobre que Hassan foi brutalmente assassinado pelo Talibã, porém chega às suas mão uma carta deixada por Hassan seis meses antes: “Em nome de Allah, o mais clemente, (...) rezo para que essa carta mais recente vá encontrá-lo com saúde e nas boas graças de Allah (...) Tenho esperanças de um dia, ter nas mãos uma carta sua e ler as notícias da sua vida nos Estados Unidos. Talvez até uma fotografia sua possa honrar nossos olhos. (...) Gostaria que você conhecesse Sohrab (filho de Hassan) (...) Sonho que um dia você vai voltar a Cabul para rever a terra de sua infância. Se voltar, encontrará um velho amigo fiel à sua espera. Que Allah esteja sempre com você, Hassan.”

Alunos do 2º ANO “A” do Colégio de Aplicação João XXIII.

Amir decide procurar Sohrab ao descobrir que ainda está vivo. E quando o encontra, Amir decide levá-lo para os Estados Unidos, para que o menino pudesse viver com ele e sua esposa.

Amir ensinou a Sohrab todas as brincadeiras que ele e Hassan costumavam brincar. E a principal delas: soltar pipas. E foi quando Sohrab conseguiu que uma pipa, muito bonita, na sua opinião, arrebentasse, Amir saiu correndo para pegar a pipa para Sohrab. Foi então que ele sentiu a força da frase dita por Hassan no inverno de 1975. E ao sentir a força, percebeu o porque. Percebeu o quão longe a amizade dos dois chegara. Pois para Amir, Hassan faria isso mil vezes.

Em uma comovente história de amizade e traição, “O Caçador de Pipas” nos traz uma grande questão da atualidade: a amizade. Segundo Aristóteles, a amizade é a virtude, ou está diretamente ligada à mesma. De qualquer forma, é o que há de mais necessário à vida, já que os bens que a vida oferece como riqueza e poder, não podem ser conservados nem usados sem os amigos. Os amigos são assim não por posse, mas pelo que são, e é o que pode ser claramente visto na relação entre Hassan e Amir. Amizade para Aristóteles é mais ampla que o amor, que é limitado e condicionado pelo prazer e pela beleza. Amizade é um hábito, ou seja, uma disposição ativa e compromissiva da pessoa. Faz parte da amizade não ressaltar os defeitos do outro, mas sim compartilhar bons e maus momentos.

“A amizade é uma bênção. Seja amigo das outras pessoas, mas, antes tenha amizade por si mesmo. Só assim você continuará irradiando luz, Mesmo diante das dificuldades e da incompreensão” (Socorro Leite). Amizade (dicionário Ruth Rocha): 1. Sentimento de afeição que aproxima as

pessoas; 2. Estima; 3. Amor. Os gregos e romanos simbolizavam a amizade e lhe erigiam estátuas, como: na Grécia, uma donzela de túnica, cabeça coberta e mão no coração; em Roma, uma donzela vestida de branco, com uma coroa de mirto e flores de romã.

Repare que, segundo a definição do dicionário de Ruth Rocha, a amizade na era clássica era representada por uma donzela com a mão no coração, o que mostra que a amizade é muito mais do que uma simples afeição. A amizade é um sentimento muito forte. Muitos amigos verdadeiros declaram que “amigos também amam”, amigos são capazes de sentir um pelo outro sentimentos fortes. A amizade é uma ligação, é uma ponte, que une duas ou mais pessoas.

Atualmente musicas abordam esse tema tão banalizado pela sociedade. Como exemplo, podemos observar trechos da música “Bye, bye”, de Mariah Carey, onde temos amigos que foram separados. Um continua vivo o outro morreu. Podemos, inclusive, fazer comparações com o enredo, já antes citado, do livro “O Caçador de Pipas”. Podemos citar o seguinte trecho da música: “Quando crianças tivemos as nossas aventuras (...)às vezes você não aparecia, e eu sentia a sua falta, mas fico feliz que a nossa amizade tenha durado (...), todos aqueles problemas de família, todos aqueles problemas de separação, você sempre me protegeu contra eles, porque você me amava e obviamente, existem tantas coisas deixadas para serem faladas se você estivesse comigo hoje, cara a cara. (...) é verdade que agora, você está em um lugar melhor. Mas eu daria o mundo para poder te rever.(...) Eu pensava que você era tão forte, você topava qualquer coisa, é tão difícil aceitar o fato que você se foi para sempre. Nunca pensei que pudesse me machucar dessa forma, e a cada dia que passa a vida passa mais devagar, gostaria de falar novamente com você”.

Nesse trecho, nota-se, que a amizade é o bem mais forte, e que mesmo que eles estejam separados, em mundos diferentes, ainda há uma ponte que os liga. Essa ponte é o amor. Essa ponte é a amizade.

Referência Bibliográfica: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. HOSSEINI, Khaled. O Caçador de Pipas. Trad. Maria Helena Rouanet. São Paulo: Nova Fronateira, 2005. Fonte Eletrônica: Amizade. Disponível em: http://viagenseencontro.zip.net/ images/GATOS23. Acesso em: 21/09/08