revisa - crea-es: conselho regional de engenharia e ... · sociedade espírito-santense de...

80
Revista da Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Espírito Santo Ano 3, Nº 3, Dezembro|2015 - Vitória - ES Edição comemorativa dos 65 anos da Sociedade Espirito-Santense de Engenheiros e 55 anos do Crea-ES. 65 anos presente no desenvolvimento do ES Revista da Engenharia Capixaba

Upload: others

Post on 01-Jun-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTARevista da Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Espírito Santo

Ano 3, Nº 3, Dezembro|2015 - Vitória - ES

Edição comemorativa dos 65 anos da Sociedade Espirito-Santense de Engenheiros e 55 anos do Crea-ES.

65 anos presente no desenvolvimento do ES

Revista da Engenharia Capixaba

Page 2: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

2 REVISTA DA SEE

Apoio e Colaboração às Realizações da Soc iedade Espírito-Santense de Engenheiros (Seminários, Simpósios, Workshops, Revistas, Cursos e outros Eventos)

Page 3: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 3

Apoio e Colaboração às Realizações da Soc iedade Espírito-Santense de Engenheiros (Seminários, Simpósios, Workshops, Revistas, Cursos e outros Eventos)

FEBRAE

CopylinepiAnnA

Page 4: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

4 REVISTA DA SEE

Expediente

PresidenteEng. Civil João Carlos Meneses

Diretoria ExecutivaEng. Civil José Maria Cola dos Santos

Eng. Civil Luis Fernando Fiorotti Mathias

Diretoria de Apoio a Valorização ProfissionalEngº Civil Jaime Oliveira Veiga

Engº Agrônomo Jorge Luiz e Silva

Diretoria de Valorização a Engenharia CivilEngº Civil José Antonio do Amaral Filho

Engº Civil Rodrigo Américo Pereira

Diretoria de Valorização a Engenharia ElétricaEngº Eletricista Antonio Carlos Barbosa Coutinho

Engº Eletricista Paulo Cesar Tinelli

Diretoria de Valorização a Engenharia IndustrialEngº Mecânico Aristóteles Alves Lírio

Engº Mecânico Oswaldo Paiva Almeida Filho

Diretoria de Valorização a Engenharia de Segurança do Trabalho

Engº Civil Marco Antonio de OliveiraEngº Civil Afonso Celso de Souza Oliveira

Conselho Fiscal

EfetivosEngº Lussemberg Machado

Engº Civil Marcos MottaEngº Eletricista Olavo Botelho Almeida

SuplentesEngº Civil Olomir Rimolo

Engº Civil Rogério Dias Queiroz MangaEngº Civil Hudson Barcelos Reggiani

DIRETORIA - GESTÃO 2014-2017

Revista da Engenharia do Espírito Santo - Edição Especial Come-morativa aos 65 Anos da SEE – Sociedade Espírito-Santense de

Engenheiros e aos 55 Anos do Crea-ES.A SEE funciona contribuindo para o desenvolvimento do Estado, agindo e interagindo com o poder público e a iniciativa privada

empenhando-se para o bem-estar, pela sustentabilidade dos nossos profissionais e da Engenharia capixaba.

Proporciona o aprimoramento técnico, cultural e científico da classe e da comunidade em geral. Esta publicação conta com um Conselho Editorial formado por membros da SEE e profissionais de Comuni-

cação, além de colaboradores e membros da SEE e Crea-ES, a saber: Presidente da SEE, engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho,

João Carlos Meneses.

Presidente da SEEEng. Civil João Carlos Meneses

Conselho Editorial Eng. Civil José Maria Cola dos Santos

Eng. Civil João Carlos MenesesEng. Civil José Antônio do Amaral Filho

Eng. Agr. Jorge Luiz e SilvaJornalista Agnelo Neto

Eng. Eletricista Olavo Botelho de Almeida

Jornalistas ResponsáveisAgnelo Neto - Registro Prof. MTb-ES/DRT 051/1979

André Tristão Aquino - Registro Prof. MTb-ES/DRT 01243/2002

Projeto Gráfico e Editoração EletrônicaAdriano Uliana

Design Gráfico ColaboradorMarcos Simonetti

Foto de capaFred Loureiro / Secom-ES.

Fotos:Gustavo Louzada, Danilo Zepellin, Márcio Scheppa,

Equipe de Comunicação do Crea-ES,Governo do Estado

ApoioAgradecimentos especiais à Comunicação do Crea-ES pela cessão de fotografias que ilustram esta edição.

E a Comunicação do Governo do ES, pelas fotografias da reportagem do Rio Doce

Conteúdo da RevistaReportagens sob responsabilidade do Conselho e Artigos

técnicos sob responsabilidade de seus articulistas.

Tiragem20.000 exemplares

RealizaçãoSociedade Espírito-Santense de Engenheiros,

entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

pela Lei 668 de 10/12/1952, fundada em 25 de setembro de 1950,

sendo a origem do sistema CONFEA/CREA no Estado. Também reconhecida como entidade precursora do sistema em 2015.

ApoioSistema CONFEA/CREA-ES/MÚTUA

www.see.org.br | www.creaes.org.br

Page 5: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 5

8É preciso ter otimismo! - entrevista com Helder Carnielli

12Reis Magos: uma resposta à crise hídrica - por Pablo Ferraço Andreão

11Novos caminhos para o desenvolvimento - por Luiz Paulo Veloso Lucas

14SEE – 65 anos, uma epopeia! - por José Maria Cola dos Santos

16Informática x Inovação - por Afonso Celso de S. Oliveira

18Planejamento estratégico 2015 – 2019 - Novos rumos para a SEE

20Engenharia para salvar o Rio Doce

23Poesia - Tragédia de Mariana

48Prêmio IEL de Estágio

38Especial - O uso de polímeros no asfalto

62SEE 65 anos - SEE presta homenagens a engenheiros e empresas

Índice

Page 6: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

6 REVISTA DA SEE

Engenharia – presente!

Eng. Civil e de Seg. do Trabalho João Carlos MenesesPresidente da SEE

Assumimos a presidência desta Casa em 15 de dezembro de 2014, tendo pela frente uma bem construída agenda de trabalho para que chegássemos a este momento, um ano depois, com um saldo positivo no primeiro ano da nossa gestão. Pudemos contar com a constante boa vontade dos colegas da Diretoria, que inclui novos e antigos membros engenheiros que se doam sem condições à causa da profissão e dos profissionais.

Com este pensamento e ações coordenadas, avançamos. Na condição de conselheiro fe-deral, em Brasília, conquistamos o reconhecimento da SEE – Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros como entidade precursora do sistema Confea/Crea. Para se ter uma ideia da importância disso, é como se a nossa entidade, aos 65 anos mudasse de “status” dentre as demais, do Estado e do país – para melhor!

Fizemos mais: contando com uma valorosa equipe, realizamos o nosso Planejamento Es-tratégico, que agora norteia nossas ações no período de 2015 a 2019. Anualmente, o Plano será rediscutido e adaptado ao momento e conjunturas estadual e nacional – e ao interesse das nossas categorias. A questão imperativa é ter um instrumento eficaz, que nos permita criar diretrizes enquanto instituição para navegar em meio às turbulências econômicas e sociais do país.

Em outro momento de 2015, adotamos como dever de casa uma nova conceituação para nossa SEE: agora assumimos a identidade de Clube da Engenharia do Espírito Santo, englo-bando todas as categorias profissionais das engenharias. A partir disso, vamos nos organizar para esta nova etapa da vida da SEE, aos 65 anos – mais jovem do que nunca!

E, para 2016, temos como meta e dever de casa a aplicação do Plano Estratégico elabo-rado em 2015. Estamos animados para o novo desafio, e para concretizá-los esperamos e precisamos contar com a boa vontade de todos. Aproveito para manifestar nossos votos de boas festas e feliz ano novo.

Que venham novos desafios!

Editorial

Page 7: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Av. Nossa Senhora da Penha, 356 - 3°piso - lj. 16 - Shop. Boulevard da Praia Praia do Canto - Vitória-ES - Tels.: (27) 3325-3166 | (27) 3324 - 3545

www.mutua-es.com.br | [email protected]

FÉRIAS MAISBENEFÍCIO REEMBOLSÁVEL

O benefício da Mútua, com juros reduzidos,

para a família inteira curtir as férias sem pensar nos gastos extras! 0,30% a 0,35% ao mês

+INPC médio dos últimos 12 meses

Page 8: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

8 REVISTA DA SEE

Entrevista

É preciso ter otimismo!Eng. Agrônomo Helder CarnielliPresidente do Crea-ES

O presidente do Crea-ES, enge-nheiro agrônomo Helder Carnielli, assumiu a segunda gestão à frente da entidade este ano sendo reeleito por mais de 80% dos votos da cate-goria. Nesta entrevista, ele ressalta alguns fatos recentes que exigiram a atuação dos engenheiros. Carnielli destaca assuntos como as tragédias com o rompimento da barragem em Mariana e do acidente com o navio--plataforma FPSO Cidade São Ma-teus. O presidente também fala sobre ações importantes da sua gestão e as expectativas para 2016.

A crise econômica que o Brasil en-frenta tem afetado a cadeia produti-va da engenharia?

Sim, a crise que o país está passan-do tem afetado todos os segmentos da sociedade, a Engenharia, os pres-tadores de serviços e até mesmo a ro-tina dentro das casas dos brasileiros. O atual arranjo político com as crises econômicas cada vez mais tomando um volume maior tem acarretado muitos problemas no cotidiano do ca-pixaba e do brasileiro.

Apesar da crise, o número de re-gistros de profissionais e empresas continua apresentando crescimento no Crea-ES. A que se deve esse fator?

Existe um ciclo programático den-tro das instituições de ensino para os

estudantes se tornarem profissionais. Quando esse profissional se forma, é natural que ele se registre em nosso Conselho, pois só assim ele recebe suas atribuições e pode atuar em sua área específica. Então esse aumen-to é normal. Já as empresas passam pela mesma situação, pois quando são criadas precisam se regulamentar para prestarem serviços, mas isso não quer dizer que os serviços estão che-gando.

O atual arranjo político que está construído no Brasil não está colabo-rando. Existe um entrave muito gran-de nos poderes legislativos, tanto mu-nicipais, estaduais, quanto Federal, e nós temos que mudar o que está construído para oferecer de verdade o serviço que a sociedade merece ter. Com a crise, as empresas estão cada dia sofrendo mais desgaste e perden-do credibilidade. Essa crise espantou os investidores, deixou o setor pro-dutivo com o pé atrás e ainda não se sabe o que vai ser do dia de amanhã.

O Crea-ES realizou de forma inédita no Espírito Santo o 1º Fórum de Edu-cação e Formação na Área Técnica e Tecnológica. Quais os frutos deste evento?

O que fizemos foi pioneiro. Os Cre-as, de uma maneira geral, estão mui-to longe das instituições de ensino, que são responsáveis por formar os

profissionais, e a gente não consegue entender o motivo. Por isso estamos tentando mudar esse paradigma. Já que hoje o aluno está na universida-de, mas amanhã estará no Conselho. Esse evento foi realizado justamente para sabermos o que é necessário fa-zer para nos aproximarmos.

O mercado de trabalho da área tecnológica é regulamentado e nor-matizado pelo Sistema Confea/Crea. Todos os engenheiros, tecnólogos e técnicos estão aqui, por isso preci-samos dessa aproximação. É muito comum ver as instituições de ensino tomarem decisões sozinhas. Criam novos cursos e novas modalidades que lá na frente quem cursou corre grande risco de ficar desempregado. A educação não pode ser um balcão de negócio. É muito importante que as escolas criem cursos junto com o Conselho. Outra coisa extremamente necessária é a adequação do ensino às normativas de controle, ou seja, equilibrar e uniformizar os currículos para que os profissionais saiam das universidades com os mesmos co-nhecimentos.

Que experiência fica do acidente com o navio-plataforma FPSO Cida-de São Mateus, de responsabilidade da PPB do Brasil Serviços Marítimos (Grupo BW), terceirizada da Petro-bras?

Page 9: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 9

A principal função do Conselho é a fiscalização do exercício profissional e das empresas da área tecnológica, que têm o dever de estarem registra-dos aqui no Crea-ES. A empresa que não cumprir essa normatização está fraudando a lei e deve ser punida, e é nesse aspecto que temos que tocar.

O acidente do navio-plataforma, controlado por uma empresa terceiri-zada da Petrobras, deixou isso muito claro. Foi necessário acontecer um acidente em que vidas foram perdi-das para chegarmos ao de-bate de que é essencial es-tar regularizado no Crea-ES.

Após divulgarmos que a empresa não tinha regis-tro no Conselho, surpreen-dentemente o número de registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) cresceu. Nós não que-ríamos que esse aumento acontecesse por esse moti-vo, gostaríamos que todos já estivessem registrados e regulares, pois assim tería-mos tido condições de fis-calizar e, quem sabe, evitar que isso tivesse acontecido. Hoje, a Petrobras é uma grande parceira e exigiu que todas as suas terceirizadas cumprissem com a legalida-de se registrando no Conse-lho.

Qual a opinião do Crea-ES em relação ao rompimento da barragem de rejeitos da minera-dora Samarco? O que está sendo fei-to até o momento?

O acidente ocorrido na barragem de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana (MG) foi o desastre que causou o maior impacto ambiental no país. A dimensão deste acidente é gigantesca. O que precisamos apren-der neste momento é que é neces-sário reaprender o processo de ex-

ploração de minério no país, ou seja, temos que criar normativos e institui-ções/órgãos que possam realmente ter acesso a esse tipo de atividade. A lei não permite que o Conselho entre nessas empresas, se fosse permitido teria sido exigido as ARTs de manu-tenção e as de qualquer alteração no empreendimento.

Acredito em três hipóteses para o rompimento dessas barragens: um, que foi sabotagem, porém descarto; dois, falta de manutenção; três, falha

de construção do empreendimento. Eu prefiro acreditar na falta de manu-tenção. Em Minas Gerais isso já vem acontecendo desde a década de 90.

É necessário rediscutir com urgên-cia esse tipo de exploração e investi-gar porque os órgãos ambientais e de controle ainda não fizeram as devidas fiscalizações, os devidos relatórios para tomarem providências. Mais duas barragens estão correndo o ris-

co de romper. O que está acontecen-do? É sobrecarga demais? Isso tem que ser observado, e pelo que vemos a empresa extrapolou a capacidade volumétrica da barragem.

O Crea-ES, junto com a OAB-ES e o CRBio formaram parceria para ofere-cer apoio técnico às ações que serão decorridas em função das perdas da população ribeirinha, perdas econô-micas, ambientais e morais.

O Crea-ES lançou um novo siste-ma de ART com a opção inédito de “Filtro de ART por Títulos Profissionais”. Como funciona?

Quando entramos no Conselho no primeiro mandato, nós entendía-mos que um dos grandes desafios era consertar a ART, na minha consciência quem deveria normatizar o exercício profissional é o Confea, mas o Conselho Federal abre mão desta função e prefere deixar com os Conselhos Regio-nais.

O filtro por títulos pro-fissionais está preparado para codificar atribuições de cada modalidade, pa-recido com um Cadastro Nacional de Atividade Pro-fissional. Hoje, o Conselho registra uma redução de 90% de exorbitância profis-sional. Se analisarmos, po-

demos ver que ganhou o profissional, que não recebe multa; e ganhou o Conselho, que não precisou locomo-ver uma estrutura para ir ao local que a exorbitância foi gerada.

Essa é uma forma de oferecer um serviço de inteligência sem precisar ter ganho. O retorno que teremos será ao longo do tempo, principal-mente se houver um entendimento nacional de que é necessário cons-

Page 10: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

10 REVISTA DA SEE

truir um Cadastro Nacional de Ativi-dade Profissional e distribuir para to-das as modalidades.

Outro braço do Crea-ES, além das instituições de ensino, são as en-tidades de classe. As Resoluções apontam que o Crea pode repassar recursos para essas entidades pro-moverem eventos, principalmente para a capacitação profissional. Este ano o Crea-ES repassou recursos para diversas entidades. Como você vê essa participação do Conselho es-tando cada vez mais perto do profis-sional?

O Conselho só funciona se houver as entidades, institucionalmente, só existe o Crea-ES se existirem as enti-dades. E as entidades não são reco-nhecidas de forma econômica, nem possuem receita própria. Deveria ter uma forma para isso e nós lutamos no país para que isso acontecesse, cria-

mos uma forma de repasse para as entidades na legalidade, por meio de duas resoluções, a 1052 e a 1053, uma para instituições de ensino e a outra para as entidades de classe. Isso ser-viu para resgatar a autoestima dessas entidades que possuem dificuldades financeiras e é função do Conselho ajudá-las.

Este ano houve um grande investi-mento para uma campanha de divul-gação dos 55 anos do Crea-ES, que coincidiu com a realização da milési-ma Plenária do Conselho. Qual foi a repercussão da campanha?

O sentimento que ficou foi fantás-tico! Nós tivemos divulgação em vá-rios veículos de comunicação e isso nunca tinha sido feito na história do Conselho. Valeu muito a pena, foi um momento em que nós resgatamos a dignidade e a valorização do profis-sional, mostrando também para a so-

ciedade o que é o Conselho.

O que está sendo traçado para 2016?

Vamos continuar fazendo o que está sendo feito com o foco no mer-cado e nas questões políticas que o país está vivendo. Acredito que será um ano muito difícil, mas não pode-mos trabalhar com o pessimismo. O mundo se remodela por meio das di-ficuldades. O engenheiro que estiver preparado vai ter sucesso, o pessi-mista vai perder. Eu desejo um gran-de ano para todos, que continuem cobrando o Conselho aquilo que é necessário para que nós possamos ajudar sempre. Vamos criar formas de aprendizado, pois situações de dificuldades não são o fim podemos superar e melhorar.

Eu desejo um ótimo 2016 para to-dos, e que o Conselho continue cum-prindo o seu verdadeiro papel!

Page 11: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 11

Novos caminhos para o desenvolvimento

Eng. de Produção Luiz Paulo Veloso LucasDiretor-Presidente Bandes - Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A

A realidade da economia brasileira nos próximos anos é desfavorável ao desenvolvimento capixaba em função das crises, econômica, mo-ral e política, corolários do esgota-mento do modelo macroeconômico adotado pelo Governo Federal pós-2008, da corrupção e do populismo. As disfunções estruturais do Estado brasileiro, refletidas no chamado “custo Brasil”, agravaram-se a pon-to de comprometer, não apenas a competitividade e o crescimento da economia em padrões internacionais, como também a própria estabilidade, senão veremos a inflação em dois dí-gitos novamente.

Hoje não há mais espaço para me-didas anteriormente adotadas como subsídios ou renúncia fiscal. As velhas estradas serão incapazes de nos aju-dar a atravessar a crise e conquistar vitórias e avanços em nosso desen-volvimento. Daí, a urgência da colo-carmos em pauta a agenda regional, focada na descentralização de poder, para que seja possível retomarmos o caminho do crescimento.

O Bandes reformulou sua atuação diante dos desafios inerentes para contribuir com soluções de financia-mento que viabilizem iniciativas e em-

preendimentos públicos e privados estratégicos para o desenvolvimento estadual. Cabe ao Bandes, por exem-plo, potencializar sua ação financia-dora em projetos de inovação, utili-zando sua capacidade de mobilizar recursos provenientes de instituições como a Finep e BNDES.

Além disso, o banco busca alterna-tivas para elevar a utilização de fon-tes externas de recursos, visando à superação das limitações impostas pelas atuais fontes governamentais. Haja vista o Criatec III, fundo de inves-timentos em participações (FIP), por meio do qual é possível identificar o potencial de crescimento das em-

presas e adquirir um percentual de participação no negócio. Os FIPs têm um terreno fértil para se desenvolver em solo capixaba pelo potencial de startups e incubadoras existentes e a cadeia de fornecedores das empresas âncoras capixabas.

Com esse tipo de inciativa é possí-vel fazer com que o Espírito Santo, estruturalmente, atravesse este mo-mento de crise e saia fortalecido. Só a capacidade de agir diferente, de mudar de estratégia, de aproveitar a agenda colocada pela crise para fa-zer o novo e fazer girar a economia do Estado geram desenvolvimento e resultados duradouros.

Artigo

Page 12: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

12 REVISTA DA SEE

Reis Magos: uma resposta à crise hídricaPablo Ferraço AndreãoPresidente da Cesan

O Sistema de Abastecimento de Água de Reis Magos, cujo início da obra foi em outubro, é um marco im-portante que o Espírito Santo dá ao enfrentamento da crise hídrica – a maior de que se tem notícia nos regis-tros históricos estaduais.

Esse empreendimento, onde serão investidos R$60 milhões, irá benefi-ciar diretamente 150 mil moradores de Serra Sede e da área do Civit, no muni-cípio de Serra, a partir de 2016. Além de diminuir a necessidade de água do Rio Santa Maria para aquelas áreas.

Prevista para iniciar apenas em 2020, a obra foi antecipada face ao quadro de seca que se instalou no estado. O novo sistema produzirá 500 litros de água por segundo e esse volume virá até o Reservatório de Serra Sede, por meio de uma tubulação (adutora) de 15 quilômetros de extensão com 700 milímetros de diâmetro.

Reis Magos mostra que o Estado pode e deve ser ágil. O projeto foi ela-borado em 28 dias e imediatamente encaminhado para licitação. Cumpri-dos todos os prazos, contrato assina-do, o empreendimento começa a sair do papel.

Desde que tomou posse, o atual Governo vem tomando diversas medi-das, tudo sob a coordenação do Comi-tê Hídrico Estadual. Entre outras coi-sas, o próprio governador do Estado,

Paulo Hartung, em cadeia de rádio e televisão, tornou público o problema e pediu a colaboração de todos.

Duas campanhas mostraram que o desperdício deveria ser riscado da vida das pessoas e a resposta ao cha-mamento do governo foi positiva. De janeiro a outubro deste ano, compa-rado ao mesmo período do ano passa-do, os capixabas de 52 municípios em que a Cesan opera, pouparam 11,6 bi-lhões de litros de água, volume capaz de abastecer a Serra, por mais de três meses.

Hoje é raro se ver empregados de condomínios varrendo calçadas com mangueira de borracha. Pisos passa-ram a ser limpos com a água usada nas máquinas de lavar.

A verdade é que os hábitos muda-ram, atitude parabenizada por au-toridades e pela própria população. Com uma certeza: nunca mais se deve abandonar o uso racional, indispensá-vel ao equilíbrio hídrico.

De sua parte o governo lançou mão de uma série de projetos e atividades. Um exemplo é a utilização da barra-gem de Rio Bonito para armazena-mento de água destinada ao consumo das pessoas atendidas pelo Sistema Santa Maria. Essa parceria foi firmada entre a Cesan e a EDP Escelsa sob a coordenação da Agência Estadual de Recursos Hídricos – Agerh.

Outra medida foi o estabelecimento de um diálogo franco com as grandes indústrias para que fossem buscadas outras saídas que diminuam efetiva-mente a dependência delas da água do Rio Santa Maria. Por exemplo, via perfuração de poços em suas próprias áreas, junto às suas plantas industriais. Isso além dos estudos para que elas passem a usar água de reúso, prove-niente do efluente tratado das Esta-ções de Tratamento de Esgoto.

Numa visão de mais longo prazo, o Programa Integrado das Águas e da Paisagem, assinado pelo Governo e Bando Mundial, investirá cerca de 1,3 bilhão de reais em seis anos. Ele vai plantar água.

É isso mesmo, já que com a recupe-ração de matas e a despoluição de cur-sos de água, protegeremos e aumen-taremos a quantidade desse bem tão precioso, tão vital e que, infelizmente, até a pouco, vinha sendo tão maltra-tado.

Desde que cheguei ao setor de Sa-neamento Básico, há quinze anos, aprendi que quem nele trabalha não o faz somente porque gosta de água ou de esgotamento sanitário.

Quem leva água tratada, coleta e trata adequadamente o esgoto sanitá-rio gosta mesmo é de gente. E nós, da Cesan, temos o orgulho de fazer esse trabalho.

Artigo

Page 13: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 14: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

14 REVISTA DA SEE

SEE – 65 anos, uma epopeia!

Eng. Civil José Maria Cola dos SantosEx-presidente da SEE e gerente de Atendimento do Crea-ES

No dia 25 de setembro de 1950, nas dependências sociais do Clube Álvares Cabral, vizinho do Teatro Carlos Gomes, na Praça Costa Pe-reira em Vitória, os profissionais de todas as modalidades da área tecnológica do Espírito Santo se reúnem para fundar a Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros – SEE.

Por sua estreita colaboração com os governantes da capital e do Estado na solução de proble-mas técnicos de engenharia e o reconhecimento da atuação da en-tidade em prol da comunidade, em 1952, a SEE foi declarada Entidade de Utilidade Pública através da Lei Estadual nº. 668, sancionada pelo Governador Jones dos Santos Ne-ves.

A SEE atuou junto ao Governo do Estado participando ativamen-te nos projetos da Estação de Tra-tamento de Água de COBI para atender, na época, toda a Grande Vitória. E ainda, apoiou a criação da Escola Politécnica do Espírito Santo – EPES em 1954. A “Escola de Engenharia” foi incorporada pelo Governo Federal e passou a ser a “Ecola Politécnica da Univer-sidade Federal do Espírito Santo - EPUFES”, com sede na Avenida Maruípe, no prédio projetado pelo

Engenheiro Arquiteto Elio Viana. Hoje é o Centro Tecnológico da UFES – CETUFES.

Com a necessidade do registro profissional dos formandos da 1ª turma de engenheiros da EPES e a atuação da SEE, o Conselho Fe-deral de Engenharia e Agronomia – CONFEA criou em 01 de julho de 1960 o Crea-ES, com a presidência do Engenheiro Civil Harry de Frei-tas Barcelos.

Por ser a maior instância, todas as decisões do Crea-ES são emana-das pelo Plenário do Conselho, que é constituído por profissionais das diversas modalidades da Engenha-ria, que prestam sua colaboração, de forma voluntária (desta forma prestam relevantes serviços à na-ção brasileira) por indicação das entidades de classe e das insti-tuições de ensino. Sem indicação de conselheiros, o Plenário não é composto e, por consequência, o Crea perde a essência de sua exis-tência.

A SEE desponta neste cenário como “Entidade Precursora”, re-conhecida pelo Confea por ser a origem do Sistema Confea/Crea no Espírito Santo, indicando conse-lheiros para atuar no Crea-ES des-de 1960.

Em 1980, outro feito relevante

- oriundo da SEE, foi a criação do Sindicato de Engenheiros do Espí-rito Santo – Senge-ES, que por já se constituir numa “associação de engenheiros” facilitou o processo de registro do sindicato no Minis-tério do Trabalho.

Aos 65 ANOS de existência, a SEE elabora o seu Planejamento Estra-tégico 2015-2019, e segue os eixos estratégicos que fortalecem sua atuação como entidade, a saber:

1) Aumento da representativida-de e fortalecimento da Imagem;

2) Valorização e defesa da Enge-nharia, e

3) Integração profissional, social e cultural, sempre com foco na sua missão de “como entidade de uti-lidade pública e precursora do sis-tema Confea/Crea, promover o de-senvolvimento profissional, social e cultural dos engenheiros, imple-mentando ações de valorização, integração e defesa da Engenha-ria, contribuindo para a sociedade do Espírito Santo”.

Nesse trabalho, de continuar sempre atualizada e atender a le-gislação, a SEE atualizou o seu Es-tatuto Social incorporando uma constatação que sempre desempe-nhou o papel de ser o “CLUBE DE ENGENHARIA DO ESPÍRITO SAN-TO”.

Artigo

Page 15: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 16: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

16 REVISTA DA SEE

Informática x Inovação

Eng. Eletricista e de Segurança do TrabalhoAfonso Celso de S. OliveiraConselheiro do Crea-ES e diretor da SEE

Este artigo tem a finalidade de ten-tar atingir o bom senso dos gestores de uma forma geral, mais especifica-mente os que atuam no campo da Informática e no desenvolvimento de produtos e continuidade de pro-cessos, das mais variadas indústrias, organizações e empresas, públicas ou privadas, de todos os portes e seg-mentos.

Segundo Steve Jobs: “Criatividade é só conectar coisas. Quando você pergunta às pessoas criativas como elas fizeram algo, elas geralmente se sentem um pouco culpadas porque elas não fizeram aquilo realmente, elas apenas viram alguma coisa”1. A partir daí é que entramos no contex-to desta matéria.

Com base na afirmativa acima, que parte nada mais, nada menos de um dos maiores inovadores de nossa his-tória recente, podemos afirmar, sem medo de errar, que a internet (maior biblioteca de referência no mundo) é uma das ferramentas que mais ala-vancam a INOVAÇÃO.

Empregados e funcionários de nos-sas empresas, possuem o mundo em suas mãos.

De acordo com um estudo divulga-do em 16/04/2015 em São Paulo pela universidade Fundação Getúlio Var-gas (FGV)2, o Brasil conta com 306

milhões de dispositivos conectados, a maioria (154 milhões), são telefo-nes inteligentes. Portanto, afirmar que nossos funcionários estão com o mundo nas mãos não é nada despro-positado.

Ocorre que, quando adentram nas empresas em que trabalham, ao aces-sarem a internet, se deparam com as mais variadas formas de “combate” à invasão de vírus, spyware, malwa-res e por aí afora. Ou seja, sobra para ele somente alguns poucos sites para pesquisa. E aí, em nome da segurança da informação, é bloqueada também a inovação.

Portanto senhores gestores, sei que esse assunto é polêmico, mas sei

também que existem várias formas de controle do acesso dos usuários da internet durante o expediente, inclusive com muitas empresas es-pecializadas nesse segmento. Dá um trabalho danado! Mas em nome da INOVAÇÃO, nossa mensagem é que sempre vai valer a pena disponibi-lizar ferramentas que aumentem a motivação em busca da inovação e a internet é um dos caminhos mais acessíveis para isso.

2) http://info.abril.com.br/noticias/mercado/2015/04/numero-de-smar-tphones-supera-o-de-computadores--no-brasil.shtml

Artigo

Page 17: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 18: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

18 REVISTA DA SEE

Novos rumos para a SEE

No ano em que completa os seus 65 anos, a Sociedade Espírito-santen-se de Engenheiros - SEE decidiu olhar para o futuro e elaborar o seu “Pla-nejamento Estratégico 2015-2019”. Os dirigentes da entidade tomaram a decisão de reunir suas inteligências e competências com o objetivo de res-ponder a três perguntas básicas:

- Onde estamos?- Aonde queremos chegar?- Como chegaremos lá?

Tal iniciativa se justifica, pois, ape-sar de toda a sua relevância para a engenharia do Espírito Santo, sen-do considerada como entidade pre-cursora do sistema CONFEA/CREA e tendo participação na criação das principais entidades do ramo no Esta-do, tais como a Escola Politécnica da UFES, o CREA-ES e o SENGE-ES, a SEE vem sofrendo, nos últimos anos, com dois fatores básicos: baixa represen-tatividade e baixa atratividade. Tais fatores dificultaram a associação de novos membros e a renovação dos dirigentes, gerando, dentre outros efeitos, restrições financeiras que impedem o desenvolvimento da en-tidade.

Diante disso, para garantir a sobre-vivência e o desenvolvimento da enti-dade, as principais lideranças da SEE decidiram contratar uma consultoria para construção do seu planejamen-to estratégico. Ao longo do processo, foram realizadas diversas reuniões buscando-se sempre o consenso e a definição de prioridades. A metodolo-

gia contou com 02 fases, Formulação Estratégica e Alinhamento Estratégi-co, sendo essa última desenvolvida com base nos conceitos do Balanced Scorecard - BSC.

O primeiro passo foi a definição da identidade organizacional, onde foram definidos a Missão, a Visão de Futuro e os Valores da entidade.

Mirando a Visão de Futuro, as li-deranças da SEE conduziram uma análise de cenários utilizando a ferra-menta SWOT e, buscando aproveitar as oportunidades e se proteger das ameaças, definiram os 03 Eixos Estra-tégicos para a entidade:

- Fortalecimento da Representativi-dade e Imagem;

- Valorização e Defesa da Engenha-ria;

- Integração Profissional, Social e Cultural.

A fase de alinhamento estratégico iniciou com a tradução dos eixos es-tratégicos em objetivos, que foram distribuídos em um Mapa Estratégico

da SEE, um dos principais produtos do BSC. Para cada um dos 09 objeti-vos inseridos no Mapa Estratégico, foram definidos os Projetos e Indica-dores Estratégicos.

A primeira grande iniciativa estraté-gica implantada foi a de tornar a SEE o Clube de Engenharia do Espírito Santo, o que altera positivamente a sua imagem e aumenta a sua atrativi-dade. Essa e outras ações foram defi-nidas no Portfólio de Projetos Estra-tégicos da SEE.

Agora a entidade está prestes a iniciar a fase mais importante do pro-jeto, a Execução Estratégica, quando os projetos estratégicos deverão ser implantados com eficiência e a eficá-cia deverá ser comprovada através do alcance das metas dos indicado-res estratégicos. A sistemática de monitoramento e controle do plane-jamento estratégico inclui reuniões trimestrais para análise da execução dos projetos e dos resultados dos in-dicadores.

P lanejamento estratégico 2015 – 2019

Page 19: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 19

Page 20: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

20 REVISTA DA SEE

Engenharia para salvar o Rio Doce

O rompimento da barragem da Sa-marco em Mariana-MG, dia 5 de no-vembro último, que vazou pelo Rio Doce, está sendo considerado como o maior desastre ambiental do Brasil. Em meio a tantos debates, críticas, análises, acusações e ponderações de todo tipo, permitimo-nos uma constatação aparente e simples, mas relevante. A questão fundamental é que faltou engenharia para evitar o rompimento da barragem. Ou, no mínimo, os engenheiros não foram ouvidos e considerados. Falharam os governos com sua autoridade e me-canismos de fiscalização, as empre-sas responsáveis – dentre outros.

Agora todos sabem que era uma tragédia anunciada. E assim, diante do desastre, que deixa um rastro de destruição ao longo de mais de 600 quilômetros indo para o mar, depa-ramo-nos com outra constatação: virá das engenharias envolvidas na questão as soluções, principalmente para a recuperação do Rio Doce. As autoridades apenas começaram a juntar os cacos. Especialistas de toda ordem comentam, fazem previsões e definem rumos os mais diversos. Há quem fale na morte do Rio Doce, ou sua recuperação em décadas – e até cinco anos!

EngenhariaPerito nas áreas agrária e ambien-

tal, o engenheiro agrônomo Jorge Luiz e Silva, com 40 anos de profis-são, diz que nunca viu algo tão desas-troso. “As futuras gerações vão nos

condenar por não estarmos dando o devido valor à causa. O que acon-teceu no percurso de 600 km entre Mariana-MG e a foz do Rio Doce em Regência, Linhares-ES – é algo assus-tador em qualquer lugar do mundo. É papel das engenharias salvar o rio, recuperá-lo, custe o que custar, o tempo que demorar” – afirma Jorge Luiz, que prepara um laudo técnico para as autoridades no prazo máximo de 60 dias.

O engenheiro relata que morou na região, em Linhares, sendo também testemunha do histórico descaso das autoridades para com o Rio Doce. Em meio à tragédia, mostra-se otimista como profissional, dizendo que “se a Engenharia não foi considerada para evitar o rompimento, agora deve ser chamada à tarefa de conduzir a salva-ção do nosso Rio Doce” – ressalta.

Relatório Dentre tantas missões que foram

investigar o problema in loco, o Con-selho Regional de Engenharia – Crea--ES também enviou uma equipe à região, tendo como observador res-ponsável o engenheiro agrônomo José Adilson de Oliveira, gerente de Fiscalização do Conselho. De volta, a equipe produziu relatório sobre o que viu e sentiu da tragédia. O coor-denador da equipe traduz o seu senti-mento diante do desastre:

José Adilson, podemos afirmar que faltou engenharia para evitar o rom-pimento da barragem?

- No meu entendimento, sem som-bras de dúvidas faltou engenharia para evitar o rompimento da barra-gem, sim! O que ainda não se sabe é se faltou engenharia no diagnóstico preventivo do problema, por parte da empresa e/ou dos órgãos de controle e fiscalização ou se as recomenda-ções da engenharia de algum desses setores não foram adequadamente aplicadas.

E quanto ao futuro imediato, pode-mos dizer que a engenharia vai dar soluções para a barragem e recupe-ração do Rio Doce?

- Tenho plena convicção de que a recuperação do Rio Doce passa pela engenharia, que saberá buscar ou de-senvolverá tecnologia para sanar os problemas e viabilizar sua aplicação com segurança. O que preocupa é a dimensão dos danos e o tempo dis-ponível para as ações, tendo em vista a chegada da temporada de chuvas tradicional, que ocorre nesta região e que poderá agravar ou dificultar os trabalhos de recuperação.

Já é possível estabelecer a dimen-são do estrago? Quais os dados co-nhecidos até agora em perda de vi-das humanas?

- Na minha opinião, as dimensões são catastróficas. A começar pelo vo-lume de lama que desceu rio abaixo como um tsunami de rejeitos, cujo volume divulgado mais frequente é de 62 milhões de m³ ou 62 bilhões de litros, volume suficiente para en-

Entrevista

Page 21: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 21

cher quase 25 mil piscinas olímpicas. Passando pelo número de mortos, cujos números disponíveis indicam 15 pessoas já identificadas e 4 ainda desaparecidas. Alguns eram morado-res dos pequenos vilarejos vizinhos à barragem, outros eram funcionários da empresa ou terceirizados a serviço da mesma. Para uma empresa com al-tíssimo grau de qualificação nas áreas de segurança, meio ambiente e ges-tão, o acontecimento se torna inacei-tável pacificamente.

Diante disso, podemos dizer que estamos vivendo uma verdadeira tra-gédia humana?

- Certamente! Segundo dados di-vulgados pela própria empresa, são 961 pessoas acomodadas em hotéis e pousadas, mais 110 famílias morando em casas alugadas e ainda 135 famí-lias em casas de familiares e amigos, ou seja, estamos falando de cerca de 2 mil pessoas que estão vivendo desa-lojadas de suas casas e de sua rotina habitual de vida, o que significa, que foram atingidas naquilo que o ser hu-mano tem de mais sagrado – sua dig-nidade.

Os prejuízos nas cadeias produtivas das áreas afetadas são incalculáveis e envolvem os ribeirinhos, os pesca-dores, a agropecuária, o comércio, a indústria, o turismo, enfim todas as atividades econômicas da região envolvida sofrerão impactos signifi-cativos. E também existem as perdas de cunho pessoal, que fogem à capa-cidade racional de interpretação de quem analisa os fatos fora do contex-

to exato do desastre.

E em relação a outras espécies?Não existe ainda uma estatística

confiável sobre a quantidade de es-pécies animais dizimadas ao longo dos mais de 600 Km dos Rios Gualaxo do Norte e Doce e também no mar, porém, a quantidade de peixes mor-tos somam toneladas que foram re-colhidas por empresas especializadas contratadas e depositadas em local adequado. Os especialistas em meio ambiente informam que o maior pro-blema no Rio Doce será a destruição da cadeia alimentar, ou seja, a lama de rejeitos de minério dizimará a flora e a fauna menor que formam a base da cadeia alimentar e isto afetará os animais um pouco maiores, tipo ca-marões e sem estes morrem os pei-xes menores, que alimentam os maio-res e assim sucessivamente.

No mar, estima-se que a lama de rejeitos oriundos da mina da Samarco atingiu uma área de 80 km² e agora surgem informações dos órgãos de acompanhamento que a mancha ora avança, ora recua, regido pela incer-teza dos ventos. Até quando este concerto maquiavélico durará não se sabe ao certo. De certo o que temos é que será preciso reconstruir, com competência, tudo isso!

A recuperação é uma utopia ou re-alidade? Há quem fale em cinco anos. Há quem fale em décadas ou muitos e muitos anos...

- Quanto à recuperação do Rio Doce, será uma tarefa de grande

monta, demorada e multidisciplinar, mas seguramente a Engenharia, a Agronomia, a Biologia, a Advocacia, entre outras profissões, terão desta-que nesta empreitada que, dificilmen-te será concluída em 6 meses como dizem alguns, mas que também não levará tantas décadas como alar-deiam outros.

Com tempo e sossego a natureza se recupera dos desatinos do ser hu-mano e existem vários exemplos dis-so, apesar de que nenhum nesta di-mensão. Se forem disponibilizados os recursos necessários, no tempo cer-to, aliados às modernas tecnologias, certamente a recuperação será alcan-çada. É preciso resgatar as ações po-sitivas de outros eventos divulgados pela mídia como: Buffalo Creek, nos Estados Unidos em 1972; Itabirito, em MG em 1986; Cataguases também em MG em 2003; Shanxi na China em 2008; Ajka na Hungria em 2010 e no-vamente Itabirito em MG em 2014.

Após um mês do acidente, não se pode mais permanecer na letargia do impasse das ações judiciais que envolvem, de um lado, as acusações capitaneadas pelos Ministérios Públi-cos Estaduais e Federal e, do outro, o direito da empresa ao contraditório e a ampla defesa.

A população afetada exige mais rapidez pelo menos nas decisões de cunho imediato.

Além disso, algumas ações podem e devem ser desenvolvidas em pa-ralelo, de forma independente, mas sem perder a noção do todo, que é a correta recuperação do Vale do Rio

Page 22: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

22 REVISTA DA SEE

Doce e de sua população.

O senhor percorreu a região em duas etapas distintas, pelo Crea. Como foi organizado isso? Quem foi e que aproveitamento o Conselho fez de suas conclusões em benefício da sociedade?

- A ação institucional do Crea-ES foi idealizada pelo presidente Helder Car-nielli que já no domingo à noite, dia 8 de novembro, me ligou e solicitou que organizasse um grupo de profis-sionais para ir até Colatina, a fim de hipotecar solidariedade às autorida-des envolvidas e obter informações reais considerando a Sessão Plenária do dia 10 e as confusas e divergentes informações que circulavam.

Assim, nos reunimos previamente no Conselho e organizamos um gru-po de 4 pessoas, composto pelo Ge-rente da Unidade de Relacionamento Institucional, Eng Agrônomo Leonar-do Coser Boynard, o subgerente da Unidade de Atendimento, o adminis-trador Aluyr Carlos Zon Júnior, a jor-nalista Lohanna e eu, como gerente da Unidade de Fiscalização. Planeja-mos a missão na manhã de 2ª feira, dia 9, e partimos para Colatina onde participamos de um evento no audi-tório do Sanear, órgão ambiental da Prefeitura de Colatina, transformado numa Central de Gerenciamento da Catástrofe. Ali, tivemos oportuni-dade de apresentar a solidariedade de todo o Conselho, ao Governador Paulo Hartung, ao Prefeito Leonardo Deptulsk, aos secretários de Estado João Coser e Rodrigo Júdice, e à toda equipe do Sanear.

No dia seguinte, 10/11, seguimos Rio

Doce acima, até a represa de Mas-carenhas, onde fomos muito bem recebidos pelo gerente da Usina, o engenheiro eletricista Daniel Bozzi, que nos colocou a par de todos os procedimentos planejados, inclusive o desligamento das turbinas na noite anterior e o aumento da vazão das comportas, a fim deixar a represa com o volume técnico mínimo para que pudesse receber a água com os resíduos da barragem, procedimen-to também adotado nas represas a montante – Aimorés e Baguari em Minas Gerais. Na primeira represa em Minas, Candongas, não houve tempo para este procedimento preparató-rio.

Dali, seguimos até a represa de Aimorés, onde, visualmente não ob-servamos nada de anormal. Comuni-camos os fatos ao presidente Helder que nos autorizou a retornar e fazer um relato na Sessão Plenária à noite do mesmo dia 10 e assim fizemos. No relato para os Conselheiros, apresen-tamos fotos de vários pontos desde Colatina-ES até Aimorés-MG e sugeri-mos 3 providências:

1ª) Que o Crea-ES publicasse uma nota de solidariedade ao governador, aos três prefeitos capixabas e à popu-lação dos municípios envolvidos;

2ª) Que o Crea-ES montasse uma Comissão de Acompanhamento e Co-laboração para a busca de soluções, comissão esta que, posteriormente, se uniu às comissões também criadas pela OAB-ES e o Conselho Regional de Biologia – CRBio, afim de unificar e otimizar as ações;

3ª) Que o Conselho fizesse gestão para que as autoridades providencias-

sem análises físico-químicas da água do Rio Doce, coletadas antes da che-gada da lama, durante a passagem da mesma e após a sua passagem, e divulgassem os resultados para que a população tivesse parâmetros segu-ros para a tomada de decisões sobre o consumo da água.

Registre-se que estávamos com a razão pois, esta questão ainda não foi bem resolvida até hoje, um mês após o acidente.

Com tantos profissionais envolvi-dos, pode-se falar em perspectivas positivas daqui em diante?

A perspectiva é de que essas comis-sões acompanhem atentamente a evolução dos fatos, cujas prioridades estabelecidas pelas autoridades é, primeiramente, cuidar da população atingida desde o distrito de Bento Rodrigues em Minas Gerais até a foz do Rio Doce em Regência, no Espírito Santo. Num segundo momento é pre-ciso que as Comissões fiquem atentas para a questão da disponibilização adequada e correta dos recursos ma-teriais e financeiros, as ações judiciais cabíveis, preferencialmente, de ma-neira que não asfixie e inviabilize a Samarco, fatos que somente trarão mais problemas.

Posteriormente, é preciso observar e opinar efetivamente sobre a regula-ridade e a qualificação dos profissio-nais e empresas a serem contratadas para a remediação e recuperação da Bacia do Rio Doce de forma exem-plar, honesta, ética e no menor tem-po possível. Afinal de contas, justiça tardia, é injustiça!

(reportagem Agnelo Neto)

Page 23: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Tragédia de Mariana

Eng. Agrônomo Helder Paulo CarnielliPresidente do Crea-ES

Eng. Agrônomo Wolmar Roque LossSuperintendente do Crea-ES

Rompe-se a barragem,Derrama a lama,

Descendo a montanhaComo minério incandescente

Que sai dos alto-fornos e fornalhas.Uma avalanche de escorias e argilas,

Destrói tudo, quebra e arrasta Toras, vegetais, animais, bens e gente.Não escolhe vítimas, nem resistências,

Prédios, pontes, casas, igrejas e escolas,Arrasta crianças, gestantes e idososE com eles destrói, junto, a história.

Povoados, vilas, estradas e caminhos.

Onde havia nascentes, rios e córregos,Um mar de lama, galhos, destroços.

Desce veloz, montanha abaixo,Matando tudo, esterilizando tudo,

Extinguindo a vida, por onde passa.Levando junto a esperança, a sobrevivência

De pessoas e comunidades do entorno.

A empresa e os governos ficam imóveis.E os planos de contingência?

Se existem, porque não os acionaram?Se não existe, quem se omitiu?

Será que nunca pensaram,

PoesiaEm tudo que estava a jusante?

Cidades, pessoas, rios, monumentos, Pastos, cultivos, criações, lagos

Peixes... ah, e o mar. A vida do mar.

Mar das povoações e do povo capixaba,Antes que dos brasileiros.

Tingidas suas águas de vermelho.Não bastaram nos tirar do Rio DoceA vida, a aura, o cheiro e o romance.

Querem nos tomar o mar. Matar o mar.Turvar a Água, destruir a flora e a fauna.

Tudo o que é da essência capixaba.

Mas da tragédia, como fênix na mitologia,Os capixabas farão ressurgir das cinzas,

Um novo Rio Doce, e um novo Mar.Nunca como o originário, é verdade,Até porque já vinham claudicantes,

Por histórico uso irregular.

Seguramente com muito esforço,E com o duro aprendizado da tragédia,Vamos fazer um mutirão permanente,

Governos, organizações civis e população,Para deixar aos nossos filhos e netos.

O legado de uma história de superação.

Page 24: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

24 REVISTA DA SEE

Sistemas de Irrigação e suas características

Eng. Agrônomo Geraldo Antonio FerreguettiPresidente da SEEA

Segundo dados da ANA (Agencia Na-cional das Águas) de 2010, no relatório de conjuntura de recursos hídricos, 61% da água disponível para a popula-ção são hoje utilizados na Agricultura. Sendo os outros 12% na indústria e 27% pelo consumo humano.

Devido à publicação desta informa-ção de forma isolada, o uso da irriga-ção na produção agrícola tem sofrido sérias críticas ultimamente, sendo considerada uma das responsáveis pelo problema de escassez de água e de energia no país, imputando a esta como vilã do desperdício de água.

As críticas sobre o uso desta técnica baseadas simplesmente nos aspectos mencionados, não tomando em con-sideração a importância da irrigação para a produção de alimentos e, por-tanto, para a economia agrícola brasi-leira devem ser consideradas improce-dentes ou irracionais.

Um dos aspectos não observados nesses números é sobre o uso con-suntivo da água pelos sistemas de ir-rigação. Todos se lembram da celebre frase de Lavoisier que diz “ na nature-za nada se perde e nada se cria, tudo se transforma”, isto quer dizer que a água que usamos hoje é a mesma que os dinossauros usaram para se refres-

car no passado. Pois assim funciona o “ciclo da água”, matéria do ensino fundamental, em que os alunos apren-dem que a água apenas muda de esta-do - sólido, líquido e gasoso, manten-do a mesma quantidade existente no planeta Terra.

Neste aspecto deve ser observado que a Agricultura usa a água que passa pelo sistema de produção, uma dimi-nuta parte é usada pelas plantas em seus processos bioquímicos e o res-tante retorna ao sistema em forma de água, novamente disponível para ser usada pela população. Mesmo onde se adota técnicas de fertirrigação usada de maneira racional, a água ao passar pelo solo sofre um processo de filtragem e retorna ao lençol sem qual-quer contaminação.

Mas os 39% usados pela indústria e pela população retornam em sua gran-de maioria sobre a forma de esgotos ou contaminadas com resíduos tóxi-cos impossíveis de serem removidos a ponto de permitir a reutilização desta água pela população.

Esses aspectos a população precisa entender evitando, assim, consequên-cias que podem advir se o radicalismo de uma única visão prevalecer, princi-palmente na visão dos planejadores e

legisladores capixabas.Tecnicamente podemos afirmar que

dentre os recursos tecnológicos dis-poníveis, a técnica de irrigação, sem-pre que utilizada de forma racional, tanto nos aspectos técnicos quanto econômicos, pode contribuir de forma importante para o eficiente desempe-nho da agricultura capixaba, garantin-do a produção e a redução dos riscos na produção de alimentos para a po-pulação.

Por entendermos a importância da irrigação no cenário socioeconômico do agronegócio estadual, e que o seu fortalecimento pode contribuir indu-bitavelmente para que a Agricultura participe mais efetivamente para o de-senvolvimento do país, considera-se imprescindível discutir alguns elemen-tos essenciais em defesa da irrigação e os principais benefícios originados pela sua adoção.

Neste contexto, o presente docu-mento tem o objetivo de, a partir de informações técnicas, econômicas e sociais, apresentar um panorama real acerca do uso e da importância da ir-rigação para o agronegócio capixaba.

Os tópicos que discutiremos são os seguintes:

• Eficiência do uso da água pe-

Artigo

Page 25: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 25

los diferentes sistemas de irrigação;• Adaptabilidade agronômica

dos diferentes sistemas;• Sugestões de ações para mi-

nimizar os efeitos do déficit hídrico;

Eficiência do uso da água pelos diferentes sistemas de irrigação

Os diferentes sistemas de irrigação largamente utilizados atualmente pe-los produtores capixabas são: asper-são convencional, aspersão via pivô central, microaspersão e gotejamen-to.

A avaliação técnica dos diferentes sistemas aponta os seguintes resulta-dos:

Adaptabilidade agronômica dos diferentes sistemas

Alem da eficiência do uso da água devemos analisar a adaptação do sis-tema de irrigação às necessidades de cultura, aos investimentos necessários para sua implantação.

Apresentamos abaixo em forma de tópicos todas as considerações agronômicas a serem observadas na seleção do sistema de irrigação a ser adotado:

- Culturas como feijão, milho, hor-taliças, pastagens, entre outras de uma maneira geral cuja quantidade de plantas/há é bastante elevada (acima de 35.000 plantas) não apresentam viabilidade econômica de serem irri-gadas via gotejamento e tem o uso da microaspersão inviabilizado pelo efei-to guarda chuva que a presença das plantas exerce no campo;

- O uso de cultura intercalar (milho, feijão, cucurbitáceas, mandioca etc) em consórcio com lavouras perenes no período de formação da lavoura, prática muito comum entre agricul-tores de nosso Estado, é inviabilizado pelo uso de irrigação localizada;

- O plantio de banana, que tem em seu perfilhamento a continuidade da lavoura, requer o uso de irrigação com PAM – Porcentagem de Área Molhada igual a 100%;

- O sistema de irrigação do tipo Pivô Central pode ser intercambiado em ate 03 áreas de mesmas característi-cas com investimentos em apenas 01 (um) equipamento de irrigação e bom-beamento.

- Custos médios de investimentos necessários para implantação dos di-ferentes sistemas de irrigação:

- Aspersão convencional - de R$ 2.570,00 a R$ 4.500,00/ha

- Pivô Central – de R$ 4.500,00 a R$ 6.000,00/ha

- Microaspersão – de R$ 6.500,00 a R$ 8.000,00/ha

- Gotejamento – de R$ 7.000,00 a 8.000,00/há

Sugestões de ações para minimizar os efeitos do déficit hídrico

Considerando a importância funda-mental da água para a sobrevivência da espécie humana, algumas medidas precisam ser adotadas pelos poderes públicos estadual e municipal, sindi-catos de produtores e empresas vol-tadas para o setor de irrigação, tais como:

- Implementar maior oferta de in-fraestrutura hídrica, como armazena-mento e redistribuição dos recursos hídricos.

- Elaboração de um cadastro de to-dos os sistemas de irrigação no Esta-do. Este cadastramento seria efetuado por microbacias hidrográficas e seriam levantadas as seguintes informações:

Sistema de irrigação utilizado;Cultura: (se perene, idade);Área irrigada;Conjunto motobomba - modelo,

marca, vazão e potência do motor elé-trico;

Coordenadas UTM do ponto de cap-tação;

Outorgado ou não;- Elaboração de um cadastro de bar-

ragens existentes nos córregos/rios levantados. As informações a serem levantadas já constam no trabalho de cadastramento que o IDAF/AGERH está realizando em todos os barra-mentos existentes no Estado.

- Treinamentos de usuários, técnicos elaboradores de projetos e responsá-veis pela fiscalização, onde sugerimos alguns temas:

- Técnicas de manejo de irrigação;- Calculo dos coeficientes de unifor-

midade dos projetos;- Técnicas de elaboração de proje-

tos;- Manejo do sistema de irrigação vi-

sando evitar o entupimento de gote-jadores

- Elaboração de balanço hídrico, e muitos outros que, com certeza, sur-girão.

(*) PAM medida em lavoura de café de 05 anos;(**) Porcentagem de área molhada;

Sistemas de Irrigação PAM (**) Eficiência (***) Consumo de água -l/s/há Relação (%)

Aspersão Convencional 100% 77.00% 1.92 100.00%

Pivô Central com Pendural 100% 91.46% 1.75 91.15%

Micoraspersão 100% 89.00% 1.45 75.52%

Gotejamento (*) 100% 95.00% 0.99 51.56%

(***) Referencias de Eficiência: Autores

Aspersão Convencional SALASSIER, MANTOVANI., 2006

Pivô Central com Pendural ZOCOLER et all.,2012

Micoraspersão NETAFIM

Gotejamento NETAFIM

Page 26: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

26 REVISTA DA SEE

Silvicultura capixaba e meio ambiente

O Estado do Espírito Santo é co-berto em 100% do seu território pelo Bioma da Mata Atlântica. Até o inicio do século XX, a colonização das ter-ras deu-se no litoral, enquanto que as Regiões Norte e Centro Serrana eram um imenso maciço florestal des-conhecido. A ocupação deste espaço territorial rural no Estado foi, histo-ricamente, predatória dos recursos florestais, caracterizando-se pelo des-matamento das áreas para implanta-ção da cafeicultura e da pastagem.

A Região Norte, poupada da de-vastação no início da colonização, foi ocupada a partir da construção da ponte sobre o Rio Doce, em 1928 no município de Colatina, permitindo o acesso às áreas com densa floresta de tabuleiro existente naquela região. Essa região por um longo tempo foi responsável pela exportação de ma-deiras nativas, cuja contribuição para a geração de empregos e renda do Es-tado, era uma das mais importantes.

Com a redução da oferta de madei-ra em tora devido à exaustão dos re-cursos oriundos das florestas nativas, a indústria madeireira deslocou-se gradativamente do Estado do Espíri-to Santo para o Sul da Bahia e Região Norte do Brasil. Como resultado des-te processo, extensas áreas foram de-gradadas, abandonadas e posterior-mente manejadas pelo uso do fogo, para pastagens.

No entanto, o potencial florestal do uso dessas áreas sempre se man-

teve. Assim, a partir do final dos anos sessenta do século XX, aproveitando--se da Lei de Incentivo Fiscal, iniciou--se o plantio de extensas áreas com florestas de rápido crescimento, cujo objetivo inicial era de produzir carvão vegetal para produção de ferro gusa e cavaco de madeira para exportação. O estabelecimento de áreas de flores-tas plantadas fez com que o Estado atendesse a sua demanda interna de madeira, e também desse suporte às indústrias exportadoras de produtos de base florestal.

Hoje, o setor florestal capixaba, re-presenta um importante instrumento na alavancagem do desenvolvimento social, econômico e ambiental, com geração de empregos de qualidade, distribuição de renda, proteção e re-composição do meio ambiente.

A produção de madeira de florestas de rápido crescimento de pinus e eu-calipto, se transformou no principal agente de suprimento de matéria--prima para as propriedades rurais e a sociedade urbana. Esta é largamen-te empregada para fornecimento de energia, construções rural e urbana, movelaria, cercas, postes e tutora-mento de plantas contribuindo, desta forma, para acabar com a pressão so-bre as florestas nativas.

Com tudo isso o setor florestal ca-pixaba é hoje constituído por um pa-trimônio florestal, remanescente do Bioma Mata Atlântica, com cerca de 760 mil hectares ou 16,5 % da área es-

tadual) e por plantios de eucalipto e pinus, que juntos somam outros 250 mil hectares de florestas de rápido crescimento, sendo 30% livres para qualquer uso, e pela base industrial, representada pelos setores de serra-rias (caixotaria, artefatos de uso na construção civil, palets, cercamento e moveleiro); indústria de celulose e, ainda empresas produtoras de carvão e lenha para consumo na indústria de cerâmica, siderurgia, alimentação e bebida. Na órbita do setor, encon-tra-se o segmento de prestação de serviços e fornecimento de matérias--primas utilizadas nos processos flo-restais.

Este cenário positivo é focado pelo “Programa de Extensão Florestal”, que é praticado há mais de 30 anos pela SEAG-ES/INCAPER, em parceria com a FIBRIA e já fez distribuir mais de 70 milhões de mudas de eucalipto e 2 milhões de mudas de espécies na-tivas, sendo este o principal programa ambiental/econômico, de proteção ao meio ambiente desenvolvido no estado do Espírito Santo. Acredita--se assim, que somente a partir do momento em que as propriedades agrícolas obtiveram uma alternativa de produção de matéria prima flores-tal, foi possível diminuir e reverter o quadro de desmatamento indiscrimi-nado, para um cenário hoje positivo, e ofertar produtos florestais e prote-ger os remanescentes da Floresta da Mata Atlântica Capixaba.

Artigo

Eng. Agrônomo, MSc. Genética e Melhoramento de Plantas Pedro Arlindo Oliveira GalvêasPesquisador EMBRAPA / INCAPER - ES e Coordenador Projetos Silvicultura

Page 27: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 27

Page 28: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

28 REVISTA DA SEE

Ser Pequeno Forte, o desafio

Eng. Civil José Antonio do Amaral FilhoDiretor de Apoio a Engenharia Civil - SEEConselheiro Efetivo, Diretor Administrativo - Crea-ES

Até então o nosso querido Estado do Espírito Santo desfruta por abrigar as grandes corporações produtivas. Desnecessário afirmar que esse sta-tus é extremamente importante ao nosso desenvolvimento. Entretanto, é necessário avanço, rumo a um futu-ro sustentado com base na vocação e potencialidade da nossa economia, na produção que gere emprego e dis-tribuição de renda com independên-cia.

É preciso acreditar e caminhar para se firmar como pequeno grande Es-tado. Nessa visão, por indução de lógica, como sistema matriz do co-nhecimento científico e tecnológico, propulsor do crescimento, consubs-tanciado na definição consagrada de que as profissões sob registro no nosso Crea guardam responsabilida-des, de forma constante, permanen-te e consequente tendo a missão de transformar os recursos da natureza em beneficios para a humanidade. Logo, pressuposto intrínseco de ati-vação de um projeto exitoso.

Uma decisão a ser tomada, através das entidades de classe, que são os braços políticos do nosso Sistema. Urge iniciar um movimento de subs-tância, não por filantropia para com

a sociedade, mas por ser da nossa essência profissional. Nesse sentido estar associado ao nosso Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA, no apoio à criação de ambien-te organizado de trabalho, através dos quais está a parceira com a socie-dade organizada, representante das diversas cadeias produtivas e a da formação, para juntos, associados de forma solidária e interativa, influam, contribuam na formatação de instru-mentos e condições transformado-

ras voltadas ao desenvolvimento de criação e a inovação em que atuam nossos profissionais. Sob a forma institucionalizada de um INSTITUTO, questões poderiam ser equacionadas com soluções e encaminhamentos para diversas áreas de nossa econo-mia.

Ser Pequeno Forte. Ai está o desafio e pauta - a nós

profissionais, ao Colégio de Entidades com ênfase à nossa SEE.

Artigo

Page 29: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 29

Page 30: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

30 REVISTA DA SEE

Pela valorização profissional no setor público

Eng. Eletricista Ary Medina SobrinhoPresidente do Senge-ES

A adesão dos órgãos públicos ca-pixabas às normativas que pautam direitos da categoria é uma conquista para engenheiros, engenheiras e toda a sociedade

O Sindicato dos Engenheiros no Es-tado do Espírito Santo (Senge-ES) se mobiliza junto ao Movimento de Valo-rização Profissional dos Profissionais Tecnológicos Públicos e entidades de classe no intuito de garantir direitos constituídos da categoria no exercício da profissão no setor público. O ob-jetivo vai além de uma justa remune-ração. Sobretudo trata-se de pleitear condições de trabalho que permitam oferecer um serviço de qualidade para toda a população do Espírito Santo. Ou seja, melhorar o funciona-mento das cidades.

Nossa defesa inclui a efetivação do Concurso Público para cargo de enge-nheiros e afins em todos os órgãos da administração pública (direta e indire-ta), empresas públicas e de economia mista, bem como a correta remune-ração dos profissionais (Lei 4.950-A/ 1966) e a fiscalização do exercício ilegal de tais profissões. Tais medidas são amparadas nas legislações fede-rais regulamentadoras, resoluções do Confea e no Termo de Cooperação

Técnica (nº. 4.471/2012) firmado entre o Crea-ES e o Tribunal de Contas do Estado Espírito Santo (TC-ES).

Trabalhamos pela criação de uma “Força Tarefa Fiscal” dos Conselhos Profissionais e dos Órgãos de Contro-le Externo (Ministérios Públicos e Tri-bunais de Contas). O objetivo é que, caso necessário, sejam notificados órgãos públicos capixabas prestado-res, direta e indiretamente, de obras e serviços de agronomia, engenharia e congêneres exigindo seus registros imediatos, por exemplo, no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES).

Tais órgãos não são registrados no Conselho. A efetivação desse vínculo permitirá que a realidade desses agrô-nomos, engenheiros (todas as moda-lidades), geógrafos, geólogos, mete-orologistas, tecnólogos e técnicos de nível médio seja pautada pelas norma-tivas de qualidade e segurança que o sistema Crea/Confea possui para as atividades e obras que fazem parte do dia a dia das pessoas. A luta passa por fazer com que, por exemplo, uma obra pública tenha a garantia de que um profissional regularmente apto a projetá-la e construí-la esteve envol-vido no planejamento, fiscalização e

execução do serviço. Um passo im-portante tanto para a categoria pro-fissional, quanto para toda sociedade.

A realidade é que diversos órgãos públicos que exercem atividades na área da Engenharia e Agronomia têm que registrar-se no Crea-ES, conforme os artigos 59 e 60 da Lei 5194/66 e da Resolução 336/89 do Confea. Porém, isto não vem ocorrendo. Além disso, existem os leigos que exercem estas atividades profissionais, descumprin-do o artigo 76 da Lei 5194/66. Tal coisa se caracteriza como exercício ilegal dessas profissões, causando um enor-me prejuízo aos profissionais legal-mente habilitados, bem como para a população.

Melhorar a qualidade dos serviços tecnológicos públicos ofertados à sociedade também implica em forta-lecer as condições de trabalho de tais servidores, incluindo a elevação dos salários dos profissionais até valores previstos legalmente (Lei Federal n° 4.950-A/1966). O intuito não é apenas elevar a remuneração dos servidores aos patamares hoje praticados no mercado privado. Sobretudo, trata-se de pleitear condições de trabalho que permitam oferecer um serviço de qua-lidade para a população.

Artigo

Page 31: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 32: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

32 REVISTA DA SEE

A engenharia de olho no Sol

Eng. Eletricista Rogério do Nascimento RamosSecretário-Geral do Senge-ES

O aumento da conta de luz em 28,7% no Espírito Santo desde o co-meço do ano tem feito muita gente olhar diferente para a possibilidade de produzir energia no telhado de casa. Trata-se de uma oportunidade para toda a sociedade, o meio-am-biente e também para a engenharia

Os atores do mundo do trabalho devem estar inseridos em seu tem-po. O Sindicato dos Engenheiros do Espírito Santo (Senge-ES) trabalha para acompanhar e antecipar para onde a engenharia vai. Tal decisão aproxima as ações sindicais das tec-nologias renováveis e de ações que promovam a renovação de ideias e quadros. O aumento da conta de luz em 28,7% no Espírito Santo desde o começo do ano tem feito muita gen-te olhar diferente para possibilidade de produzir energia no telhado de casa. Trata-se de uma oportunidade para toda a sociedade, e também para a engenharia. Se os capixabas andam olhando diferente para a conta de luz, os engenheiros deve-riam fazer o mesmo com as possibi-lidades que o sol trouxe para a pro-fissão.

Não por acaso, o curso de Projetis-ta de Sistemas Fotovoltaicos Conec-tados à Rede realizado pelo Senge-

-ES em parceria com o Conselho Regional de Agronomia e Engenha-ria do Espírito Santo (Crea-ES) teve adesão maciça de profissionais e estudantes entre 18 e 20 de agosto. A programação incluiu visita técnica ao primeiro sistema de microgera-ção distribuída no Estado. O conte-údo foi ministrado por especialista internacional na área e certificado pela empresa que projetou e insta-lou o primeiro sistema fotovoltaico conectado na rede do Brasil, o con-sultor em eficiência energética Hans Rauschmayer.

A Agência Nacional de Energia Elé-trica (Aneel) estima que ate 2024 os telhados brasileiros podem produzir mais energia que as usinas de Angra 1 e 2 juntas. A energia atualmente gerada pelas termelétricas brasilei-ras pode ser substituída pela ener-gia solar em apenas três anos. Foi justamente isso que fez a Alemanha na década passada. O ponto é que, frente ao atual dilema de escassez de água, a energia solar distribuída ganhou status de solução. Pesquisa do Datafolha divulgada em maio de 2015 corrobora a ascensão da ener-gia fotovoltaica. Segundo o levanta-mento, 62% dos entrevistados estão dispostos a instalar um sistema de

microgeração de energia solar em casa – equipamentos conhecidos por 74% da amostra.

Os recentes aumentos de tarifas de energia, de 29% médios no Su-deste / Centro-Oeste, chegando a 40% para algumas concessionárias, devem impulsionar ainda mais a procura dos brasileiros por alterna-tivas como a instalação de painéis fotovoltaicos em suas residências. Não por acaso a redução nas despe-sas com eletricidade foi o principal benefício enumerado por 82% entre-vistados pelo Datafolha, que ouviu 2.100 pessoas em todas as regiões do país. A pesquisa foi encomen-dada pelo Observatório do Clima e pelo Greenpeace Brasil.

No Estado já existem linhas de crédito disponíveis para quem qui-ser produzir energia em casa. O Ban-co de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) acaba de abrir essa possibilidade em sua carteira de fi-nanciamento. Porém, o marco legal de desoneração de ICMS para quem produz a própria energia ainda não é realidade por aqui. As entidades da área tecnológica começam a se or-ganizar para que essa mudança seja feita. Na Região Sudeste, apenas o Espírito Santo não deu esse passo.

Artigo

Page 33: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 33

Page 34: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

34 REVISTA DA SEE

Construções alternativas

Eng. Civil Rogério Dias Queiroz Manga

O PVC deriva do petróleo (etileno a 43%) e do sal comum (cloreto de sódio a 57%) e é obtido pela técnica de polimerização. É um material de fácil aplicação, resistente, inerte, não tóxico, auto-extinguível, imper-meável, isolante térmico, elétrico e acústico. É resistente à intempéries, à salinidade e totalmente reciclável. Suas propriedades físicas e mecâni-cas ultrapassam a dos materiais de construção tradicionais proporcio-nando uma relação custo benefício superior.

O composto de PVC utilizado para os perfis da Royal resulta em um polímero com características únicas, uma vez que possui modificadores, tais como: acrílico; ceras; lubrifican-tes; protetor de raios ultravioleta e supressores de fumaça e chama.

Integralmente desenvolvido para a construção de obras de arquitetura e engenharia, o sistema trabalha com painéis modulares de duplo encaixe, que são montados verticalmente na obra e agrega todos os perfis para a montagem de paredes, tetos, marcos e pré-marcos de janelas, condutores elétricos, rodapés, molduras e aces-sórios de acabamento.

Estes perfis podem ser preenchi-dos com os mais diversos materiais, outorgando assim uma grande resis-tência térmica, acústica e mecânica

adaptável a todos os tipos de proje-tos. As paredes, tanto na face interna como na externa, a priori não neces-sitam de revestimentos, pinturas ou tratamentos. Ainda assim, aceitam pinturas e revestimentos tais como: azulejos, cerâmicas, papéis de parede etc. O sistema proporciona também maior facilidade na execução das ins-talações elétricas e hidrossanitárias.

Em projetos com painéis de 64mm de espessura, pode suportar até 2

pavimentos, com o uso de concreto estrutural e sem a necessidade de estrutura resistente independente (para número maior de pavimentos pode-se aplicar os perfis de 100mm ou 150mm). As lajes podem ser exe-cutadas em qualquer um dos siste-mas convencionais.

Para mais informações acessar o site www.ms-es.com.br ou entrar em contato com o Eng. Civil Sr. Rogério Manga – 27 99741-2928

Artigo

Page 35: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 35

Inovação e sustentabilidade com critérios agronômicosEng. Agrônomo e DSc. Solos e Nutrição de Plantas Aureliano Nogueira Da CostaPesquisador do Incaper

A inovação e a sustentabilidade são os novos paradigmas para a promo-ção do desenvolvimento harmônico e equilibrado no meio rural com a inser-ção do conhecimento para a explora-ção adequada dos recursos naturais, do capital social e econômico.

As boas práticas para produção agrícola sustentável passam, invaria-velmente, pelos avanços na geração de tecnologias e sua disponibiliza-ção, permitindo ao usuário o acesso e apropriação dos resultados das pes-quisas.

Os critérios estabelecidos para o uso e disposição de lodo de esgoto na agricultura e a definição de indicado-res de qualidade de solos no Espírito Santo são exemplos de pesquisas di-recionadas para alavancar o desen-volvimento com foco na integração do crescimento econômico, equidade social e preservação dos recursos na-turais.

O conhecimento agronômico é fun-damental para atender à crescente demanda por alimentos saudáveis

advinda do crescimento populacional. A exploração dos recursos naturais é outro fator de grande importância pelos riscos que a geração de resídu-os e sua disposição incorreta podem exercer na contaminação do solo e da água. Essa complexidade de fatores destaca o papel do engenheiro agrô-nomo e sua participação como prota-gonista nas tomadas de decisões para redução dos passivos ambientais.

As pesquisas realizadas no Estado do Espírito Santo com o reuso de re-síduo sólido oriundo do processo de tratamento de esgoto e sua aplicação como fonte de matéria orgânica e nu-trientes no cultivo de abacaxi, banana, café, cana-de-açúcar, goiaba, mamão, milho, açaí, eucalipto, palmeira real e seringueira foram inéditas pela sua realização em campo e pela identifica-ção da quantidade a ser recomendada em função do tipo de solo e sua capa-cidade de suporte e das exigências da culturas de forma sustentável.

Seguindo o mesmo conceito foi re-alizada uma pesquisa de campo para

identificar os valores de referência de qualidade de solos para fins de iden-tificação de contaminação no Espírito Santo, pesquisa essa que atende, de forma inédita, a uma demanda prio-ritária da área ambiental. Para tanto, o Instituto Capixaba de Pesquisa, As-sistência Técnica e Extensão Rural (In-caper) reuniu uma equipe de profis-sionais qualificados para estabelecer os valores orientadores de qualidade de solos para a Bacia Hidrográfica de Santa Maria da Vitória, os quais po-dem servir de referência enquanto o trabalho não se estender a outras ba-cias hidrográficas do Estado. Os resul-tados estão disponibilizados no livro Valores Orientadores de Qualidade de Solos no Espírito Santo.

Esses trabalhos foram coordenados pelos autores do presente artigo, que sempre desenvolveram pesquisas voltadas para a ampliação dos conhe-cimentos agronômicos, com grande preocupação na interdisciplinaridade exigida quando o foco é sustentabili-dade.

Artigo

Eng. Agrônoma e DSc. Fitotecnia Adelaide de F. S. Da costaPesquisadora do Incaper

Page 36: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

36 REVISTA DA SEE

Impactos do Código Florestal no Rural CapixabaEng. Agrônomo Gilmar Gusmão DadaltoPesquisador do Incaper e Coordenador Técnico do Cedagro

Eng. Agrônomo Murilo PedroniAssessor da Faes e Diretor Executivo do Cedagro

Eng. Agrônomo Enio Bergoli da CostaExtensionista do Incaper e Coordenador de Política Agrícola da SEEA

No Estado do Espírito Santo, todas as 133 mil propriedades rurais deverão se adequar ao Código Florestal Brasi-leiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012), inicialmente com a elaboração do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com prazo até 05 de maio de 2016 e em sequência, para as propriedades rurais que apresentarem passivos am-bientais identificados no CAR, os pro-prietários deverão aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) em até 01 ano, a partir de sua implan-tação. Quem não fizer esses procedi-mentos ficarão impedidos de vender ou transferir os imóveis, de obter Li-cenciamento Ambiental e, até mesmo, de ter acesso ao crédito rural.

A legislação tem inúmeros objetivos, mas o principal é aumentar a cobertu-ra florestal natural. Estudos recentes demonstram que, no Espírito Santo, a soma das florestas primárias com aquelas em estágio médio e avançado de regeneração natural, proibidas de corte, aproxima-se a 16% da área es-tadual, ou seja 736,7 mil ha. Também demonstram que o impacto da legisla-ção florestal na ocupação de áreas ru-rais (área com obrigatoriedade de res-tauração em APP e RL) será de 6,4%, o que equivale a um acréscimo de 294,7 mil ha na área atual. Desse percentu-al de acréscimo, 4,63% terão que ser restaurados em área de preservação

permanente (APP) e 1,77%, em área de reserva legal (RL). Isso significa que no prazo máximo de 20 anos chegaremos a 22% de cobertura florestal nativa no Espírito Santo, equivalente a 1 milhão de ha, a partir do cumprimento da le-gislação.

Esse impacto ou acréscimo na co-bertura florestal será bem diferencia-da nas regiões capixabas. Por exem-plo, a Central Serrana terá o menor impacto, com cerca de 3%, e a região Extremo Norte, o maior, com aproxi-madamente 12% de acréscimo de área florestal natural. Somando-se a área atual com a área que será acrescida, a região Serrana terá cobertura florestal nativa acima de 30%, com alguns mu-nicípios chegando a 40%, e a região Norte deve alcançar o patamar de 15%.

A legislação vai além da cobertura florestal pois trata também sobre es-tado de conservação das áreas agri-cultáveis. Essas áreas quando situadas em APP’s só serão consolidadas se não tiverem degradadas e nem sujei-tas à erosão do solo que possam com-prometer interesses coletivos, como destruição de terras, assoreamento de cursos de água, destruição de es-tradas e bens públicos, dentre outros.

Assim, abre-se um campo de oportu-nidades de trabalho para os profissio-nais do sistema Confea/Crea, uma vez que a consolidação das áreas rurais

com fins agrícolas deverá ser feita por meio de um Plano de Regularização Ambiental (PRA), com necessidade de elaboração e implantação de projetos por profissionais habilitados

É importante destacar que na le-gislação consta a Cota de Reserva Ambiental, que dá oportunidade para aqueles produtores - que tenham áreas florestais protegidas acima das exigências legais de comercializar o “excesso” com aqueles que necessi-tam recompor a Reserva Legal. Esse novo ativo financeiro que pode ser ne-gociado em todo o Estado, premia os agricultores que conservaram rema-nescentes nativos e se constitui numa opção para aqueles que precisam se adequar à Lei e não querem “perder” espaço de área produtiva. Cria-se um novo mercado de florestas nativas.

No entanto, se por um lado a obri-gatoriedade do cumprimento do Có-digo Florestal nas propriedades rurais traz uma série de benefícios para toda a sociedade, como preservação da biodiversidade, recuperação e preser-vação de recursos essenciais à vida, como água e solo, por outro implica em desembolso de novos custos para os agricultores. Portanto, se o benefí-cio é para todos, e não somente para os agricultores, é justo que todos pa-guem essa conta e não só o produtor rural.

Artigo

Page 37: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 37

Page 38: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

38 REVISTA DA SEE

O uso de polímeros no asfalto

Militando em uma profissão onde um dos grandes desafios é buscar so-luções nas diversas áreas, construir, e reinventar, um mundo em que se pos-sa viver com qualidade e segurança, o engenheiro civil Eudier Antonio da Sil-va Junior, consultor técnico da Con-sulpavi (empresa especializada em Geotecnia e Consultoria de Pavimen-tos) e membro do The Pan American Institute of Highways é um incansável batalhador em busca das melhores soluções para a sociedade.

Eudier, que é capixaba de Vila Velha, esteve recentemente nos Estados Unidos onde participou do Asphalt School Miami, realizado pela Akzol Nobel. Trata-se de uma organização mundialmente respeitada na área da engenharia, e que atua na fabricação de ligantes asfálticos modificados com polímeros.

O tema principal tratou de misturas mornas e ligantes asfálticos com po-límero em função das limitações dos asfaltos convencionais. Outros temas estiveram relacionados ao uso de li-gantes asfálticos mais apropriados à crescente demanda das solicitações impostas pelo tráfego. Na ocasião, também se debateu a busca pela con-ciliação de Técnica x Economia x Meio Ambiente.

Segundo Eudier “Não se trata de uma proposta particular, pois este trabalho foi baseado em vários es-tudos de vários autores, onde estou incluso, por ser um dos primeiros a

usar ligante asfáltico com polímero em obras aqui no Espírito Santo. No Brasil, se usa em vários Estados, com muita frequência. Mas, aqui no nosso Estado, ainda está muito tímido. Nem a obra do novo aeroporto utilizou-se da técnica” - afirma o engenheiro.

A receptividade a essa proposta, que tem importante contribuição de Eudier foi muito positiva em níveis na-cional e internacional. A técnica apre-senta maiores flexibilidade e resistên-cia à ação do tempo e das condições do tráfego. Conheça mais sobre o tra-balho de Eudier neste artigo técnico elaborado por ele.

O incremento constante das solici-tações impostas pelo tráfego, aliado à necessidade de adoção de processos de refino do petróleo que priorizem a extração de derivados de maior va-lor agregado em função da evolução dos volumes transportados em todo o mundo, levando em consequência, a uma limitação do desempenho ofe-recido pelos ligantes primários obti-dos nas refinarias, levou nas últimas décadas ao desenvolvimento dos ligantes modificados, com ênfase es-pecialmente aqueles com polímeros do tipo SBS.

Esta necessidade de produção de derivados mais leves e da utilização de petróleos ou mistura de petróle-os mais apropriados para a produção desses derivados, em conjunto com processos de refino mais severos; implica que compostos polares pre-

sentes nos cimentos asfálticos de petróleo (CAP), e que respondem pe-las propriedades de adesão e coesão dos asfaltos, sejam diminuídos na sua composição.

A consequência é a disponibilização de ligantes que apresentam fragilida-de à ação da temperatura nos proces-sos de produção da massa asfáltica e também na resistência ao envelheci-mento de longo prazo, quando esti-ver exposto às ações das intempéries como sol, chuva, ar e radiações ultra-violeta ao longo de sua vida de servi-ço. A evolução constante, porém, dos volumes de cargas transportadas, da tecnologia dos veículos de trans-porte, e das limitações dos materiais disponíveis para a produção das mis-turas asfálticas, pede agora um maior grau de detalhamento no momento da seleção do ligante necessário para cada situação.

Misturas produzidas com ligantes convencionais não apresentam ade-quada resistência aos esforços oriun-dos do tráfego pesado, pois para evitarmos a formação de trilhas de roda necessitamos de um volume de asfalto menor, o que nos leva as mis-turas de maior rigidez e consequente-mente de menor resistência a fadiga. Se buscarmos corrigir a condição de flexibilidade da mistura, por sua vez, com um maior conteúdo de asfalto, sujeitamo-nos novamente aos pro-blemas de deformação permanente.

Na análise dos problemas recen-

Especial

Page 39: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Homenagens marcam 1000ª Sessão Plenária e 55 anos do Crea-ES

Gratidão e reconhecimento marca-ram a solenidade da 1000ª Plenária e celebração dos 55 anos de instalação do Crea no Espírito Santo, realizada no dia 3 de junho, na sede do Clube Ítalo, em Vitória. Em agradecimento aos serviços prestados durante sua história, o Conselho homenageou ex--presidentes e funcionários. Além dos conselheiros e diretores, também prestigiaram o evento representan-tes do Sistema Confea/Crea, do Go-verno do Estado e diversas autorida-des políticas e empresariais.

Para o coordenador da Comissão de 55 anos, Eng. Civil José Antônio Ama-ral, os profissionais que ajudaram a construir a história da Instituição não poderiam deixar de ser homenagea-dos. “Este foi um momento especial para o Estado do Espírito Santo e por isso não poderíamos deixar de reco-nhecer o trabalho dos profissionais que ajudaram a construir este Conse-

lho. Todos fazem parte desta histó-ria”, disse.

Representando o Confea, a vice--presidente, Eng. Eletricista Ana Constantina Sarmento, destacou e parabenizou o Crea-ES pela atuação e defesa dos interesses dos profissio-nais capixabas. “Temos um Conselho atuante que atende aos anseios dos profissionais e cumpre o seu papel de fiscalizar o exercício profissional e proteger a sociedade. Este é um mo-mento ímpar para comemorar os re-sultados alcançados ao longo desses 55 anos de história construídos pelo Conselho capixaba”, destaca.

As comemorações em alusão ao aniversário de 55 anos do Conselho continuarão até o final do ano nas inspetorias. “Neste momento que o Crea desenvolve ações de interioriza-ção, vamos promover algumas ativi-dades nas regionais para que os pro-fissionais que vivem fora da Grande

Vitória também compartilhem desse momento conosco”, adianta Amaral.

ExposiçãoNa noite do evento foi lançada a

exposição fotográfica “Crea em Ima-gens – 55 anos de história”, que retra-ta a história de 55 anos do Conselho por meio dos registros de reuniões, atividades de fiscalização, participa-ção em eventos, entre outras. Além disso, capas das 68 edições da Revis-ta Tópicos, que completa 16 anos de veiculação em dezembro deste ano, foram projetadas em telas nos cor-redores do salão mostrando os prin-cipais assuntos debatidos pelo Crea capixaba ao longo desses 15 anos.

Na solenidade aconteceu ainda o descerramento da placa comemora-tiva em homenagem aos 55 anos da Instituição e o lançamento oficial do novo sistema de cadastramento de ART.

Comemorações

REVISTA DA SEE 39A

Page 40: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

3ª Ponte de Vitória – Monitoramento e Manutenção Permanente

A RODOSOL, empresa concessio-nária responsável pela 3ª Ponte de Vitória, possui obrigação contratual de monitorá-la durante todo o con-trato, que tem duração de 25 anos (dezembro de 1998 a dezembro de 2023). Para isto, foi desenvolvido um plano permanente de inspeção, monitoramento e manutenção pre-ventiva e corretiva das suas estrutu-ras que são de concreto e aço.

A RODOSOL desenvolveu seu pla-no de trabalho baseado nos estu-dos de previsão de vida útil das es-truturas de concreto, metodologia pioneira no Brasil, tornando-se uma referência nacional neste tema.

O objetivo do trabalho é conhecer a vida útil de cada elemento estrutu-ral da Ponte, obtendo informações necessárias para elaborar um plane-jamento de ações de curto, médio e longo prazo, de forma a manter as estruturas íntegras e duráveis por um período mínimo de 100 anos, que é a meta traçada pela RODO-SOL.

São realizados inspeções e en-saios de forma sistemática em to-dos os elementos estruturais. Os resultados obtidos são lançados em um programa de previsão de vida útil desenvolvido pela RODOSOL e pela RECUPERAÇÃO ENGENHARIA,

consultoria contratada para este fim.

O programa traça as curvas de en-velhecimento do concreto, possibi-litando antever o início do processo corrosivo das barras de aço e pro-gramar manutenção preventiva e corretiva, garantindo a durabilidade das estruturas.

As inspeções e ensaios nas partes mais altas da ponte são feitos utili-zando “rappel”, onde técnicos con-seguem acessar o topo dos pilares e o tabuleiro da ponte. “Drones” tam-bém são utilizados para fotografar e filmar as partes de mais difícil aces-so, como os aparelhos de apoio.

Artigo

Eng. Civil, Doutor, Recuperação Engenharia José Eduardo de Aguiar

Foto: Cacá Lima

Page 41: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

As superfícies internas, conhecidas como vigas-caixão ou caixão perdi-do, são também inspecionadas de forma sistemática.

Vistorias nas fundações submer-sas também são feitas constante-mente, por mergulhadores profis-sionais, que registram em filmes e fotografias a situação dos tubulões dentro do mar.

Para realizar os estudos de pre-visão de vida útil são necessários, basicamente, dois tipos de ensaios: caracterização e deterioração do concreto.

Os ensaios de caracterização são realizados com objetivo de conhe-cer e/ou confirmar as características dos materiais da obra. Estes testes são realizados uma única vez em cada elemento estrutural, pois, em geral, não se modificam com o tem-po. Entre estes ensaios enquadram--se a espessura de cobrimento das armaduras feita por pacômetro e a compacidade do concreto feita por ultrassom, que detecta também a

Foto: Cacá Lima

presença de fissuras e vazios. Os ensaios de degradação são

realizados para avaliar o nível de deterioração do concreto, gerando informações que possibilitam traçar as curvas de envelhecimento. Estes ensaios são repetidos várias vezes ao longo do período da concessão, fazendo-se o acompanhamento da evolução da deterioração de cada elemento da Ponte.

Entre os ensaios de degradação destacam-se a medição da profun-didade de carbonatação e o teor de cloretos incorporados ao concreto, feitos em corpos-de-prova retirados da estrutura.

É feito sistematicamente um mo-nitoramento de todas as superfícies externas e internas através de ins-peção visual detalhada, que identifi-ca as manifestações patológicas que possam surgir. Todos os elementos estruturais são fotografados e ob-servados quanto à existência de fissuras, destacamentos, sinais que possam indicar corrosão das arma-

duras ou outras anomalias. Consta-tando algum problema, a equipe de manutenção da RODOSOL realiza as intervenções corretivas necessárias.

As informações obtidas formam um banco de dados, permitindo buscas rápidas e cruzamentos das informações. Posteriormente, elas são processadas e lançadas no pro-grama de previsão de vida útil, de-senvolvido com base em ensaios acelerados de deterioração e em experiências adquiridas ao longo do próprio trabalho. Trata-se de um estudo complexo, naturalmen-te probabilístico, necessitando de um grande número de informações e amostragem que seja bem repre-sentativa dos elementos analisados.

O programa gera curvas de enve-lhecimento com a previsão de vida útil dos elementos investigados, considerando-se que a vida útil ter-mina no momento em que os agen-tes agressivos da atmosfera chegam nas armaduras, iniciando, assim, o processo corrosivo.

REVISTA DA SEE 39C

Page 42: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

A Agricultura virou a salvação da lavoura

“Creio em mim mesmo e humilde-mente, mas com toda sinceridade, ofereço-me para auxiliar os homens, e as mulheres e as crianças do campo a tornarem prósperas as suas terras, confortáveis e belos os seus lares, harmoniosos o ambiente da comuni-dade rural e assim, tornar útil a minha própria vida. É por amor a todas estas coisas e por crer em tudo isso que sou agrônomo de campo”

(Trecho do decálogo Extensão agrí-cola, de Miguel Bechara, publicada em 1945. Extraído de um relatório de viagens de agrônomos portugueses).

Quando criança, escutei falar do sacerdócio como dedicação a uma Causa; como a mais sublime vocação! Hoje entendo isto na prática!! Exercer a missão de ser engenheiro Agrôno-mo requer vontade para vencer de-safios. Creio que sempre foi assim! Das origens da profissão aos tempos atuais!

Tudo começou pela mais nobre das atividades: plantar, criar!

Desde que o homem abandonou sua vida nômade, procurou domesti-car os animais e desenvolver os cul-tivos, passou a enfrentar e compre-ender a natureza! Chuva, sol, noite, terra, frio, calor! Dizem que o agricul-tor é o homem que fala com Deus; porque cotidianamente dialoga com

o tempo e o ambiente! Eis a origem da agronomia!

Nesses últimos 40 anos, a expansão da produção agropecuária ocorreu a taxas mais elevadas do que o aumen-to nas taxas de consumo (doméstico e internacional). Isso determinou a queda acentuada nos preços de ali-mentos ao consumidor brasileiro nas últimas quatro décadas.

Em 2013, o consumidor pagou pela cesta básica cerca de metade do va-lor, em preços reais, que pagava na década de 1970.

A elevação da renda agropecuária contribui para o aumento de renda de outros setores da economia.

Foi demonstrado que, em âmbi-to estadual, cada 1% do aumento da renda agropecuária correspondeu a 0,93% do crescimento da renda não agropecuária.

Em âmbito municipal, o efeito foi maior, com a elevação de 1,07% na renda não agropecuária para cada

unidade percentual de aumento da renda agropecuária.

Como a forte associação entre o ní-vel de renda agropecuária e o índice de condição de vida, o crescimento da agropecuária contribui positiva-mente para a inclusão social.

A agricultura virou salvação da la-voura e o responsável pelo atual es-tágio são esses abnegados brasileiros e brasileiras Engenheiros (as) Agrô-nomas que com todas adversidades (estruturais, salariais, falta de reco-nhecimento) levam em frente tão no-bre Causa.

A frase do escritor português José Saramago, traduz o caráter dessa bela profissão quando afirma: “So-mos a memória que temos e a res-ponsabilidade que assumimos, sem memória não existimos, sem respon-sabilidade talvez não mereçamos existir”.

Que Deus abençoe os Engenheiros e Engenheiras Agrônomos!

12 de outubro - Dia do Engenheiro Agrônomo

39D REVISTA DA SEE

Eng. Agrônomo Douglas Muniz LyraDiretor Geral da Mútua-ES

Page 43: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 43

tes apresentados precocemente por misturas asfálticas submetidas a condições de solicitação severas, constataram-se problemas devido à alta sensibilidade à variação de tem-peratura, ao envelhecimento precoce da massa asfáltica durante a usina-gem, envelhecimento acelerado após a execução em função da exposição às radiações ultravioleta, questões relacionadas ao tráfego e à utiliza-ção de revestimentos mais delgados e combinados com granulometrias contínuas; e todas essas ocorrências agravadas pela piora na qualidade dos agregados e pelas limitações de performance dos ligantes primários.

O asfalto é um bom aglutinante, não exige equipamentos de alta tec-nologia para sua aplicação, tem custo competitivo frente a outras técnicas de pavimentação, mas como todo material de construção apresenta limitações de desempenho quando utilizado na produção de concretos asfálticos, tais como:

•Possibilidade de desagregação por problemas de adesividade;

•Diminuição da resistência mecâ-nica quando submetido a altas defle-xões;

•Apresenta elevada rigidez em bai-xas temperaturas;

•Amolece e pode fluir em tempera-turas ao redor de 50°C;

•É susceptível ao envelhecimento precoce por oxidação.

Ligantes Modificados

A utilização de asfaltos modifica-dos em pavimentação, possui um histórico consolidado em termos de pesquisa e utilização em obras onde as condições de solicitação são seve-ras. Na Europa e nos Estados Unidos as aplicações ganharam vulto princi-palmente a partir da década de 90.

As razões que justificam a modifi-cação dos asfaltos podem ser resumi-das no seguinte:

•Seleção do asfalto convencional ou modificado por polímeros em fun-ção do clima, volume e velocidade do tráfego;

•Adequação às temperaturas do pavimento;

•Avaliação das propriedades do asfalto em relação à resistência a de-formações em altas temperaturas, trincamentos por fadiga e por baixas temperaturas;

•Avaliação das propriedades liga-das a durabilidade (resistência ao envelhecimento de curto e longo pra-zo).

As especificações do Superpave para ligantes asfálticos usaram vários testes de performance em múltiplas temperaturas para sua caracteriza-ção. Seu comportamento por esses testes, tem sido validado em numero-sos estudos. A questão é que não de-terminam adequadamente o quanto o tipo e grau de modificação afetam sua performance. Em função disso, vários (DOT´s ) - Órgãos Rodoviários Estaduais dos Estados Unidos, estão incluindo testes adicionais sobre os ligantes. Estes testes ainda não es-tão perfeitamente relacionados com sua performance, mas tem suficiente sensibilidade para identificar tipos particulares de modificadores. Como exemplo, vários DOT´s tem adicio-nado testes de recuperação elástica para assegurar-se de estar adquirin-do um ligante modificado por SBS por exemplo (Roque, 2005).

No Brasil os primeiros trechos ex-perimentais com a utilização de ligan-tes modificados remontam ao final da década de 80 e início da década de 90. Sua utilização sistemática deu--se alguns anos mais tarde sobretudo nas concessões rodoviárias que per-mitiram um incremento significativo na sua produção e utilização e a aqui-sição com isso, de um “know-how” compatível com as características e necessidades das Rodovias do Brasil.

Em 1998 o IPR (Instituto de Pes-

quisas Rodoviárias) do DNER (Depar-tamento de Estradas de Rodagem) apresentou a “Pesquisa de Asfalto Modificado por Polímeros” fruto de um amplo estudo das características desses ligantes. Com o aumento do consumo desses materiais em obras viárias, a Comissão de Asfalto do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) constituiu um grupo de traba-lho para criar uma especificação mais abrangente, possibilitando a dissemi-nação de seu uso dentro de critérios e características que atendessem di-versos níveis de performance, e aten-dendo aos requisitos propostos por esta especificação do IBP constando da tabela 1.

Percebe-se, assim, que em que pese todo o desenvolvimento na área de ligantes asfálticos acumulado até aqui, os fatores críticos para o desem-penho dos revestimentos asfálticos continuam se transformando, pois o tráfego é um fator que não se pode limitar; o mesmo se aplica às condi-ções de meio ambiente com relação às temperaturas que atuam sobre o revestimento asfáltico e as precipita-ções pluviométricas. A química do as-falto é extremamente complexa e a produção de ligantes com caracterís-ticas mais adequadas a cada tipo de solicitação, impõe necessariamente a um aprofundamento das análises re-ferente ao equilíbrio dos grupos quí-micos constituintes desses ligantes, para que haja uma perfeita determi-nação da formulação que proporcio-nará os requisitos necessários para a obtenção da performance desejada para a mistura asfáltica.

No desenvolvimento de um as-falto modificado busca-se uma boa distribuição do peso molecular para que tenhamos um comportamento homogêneo e coesivo sob amplas faixas de temperaturas e condições de carga. É este equilíbrio nas frações químicas que irá assegurar uma boa distribuição entre os grupos maltê-

Page 44: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

44 REVISTA DA SEE

nicos e asfaltenos para a obtenção de propriedades físicas e reológicas adequadas às altas e baixas tempe-raturas que solicitam o pavimento ao longo da sua vida útil.

A modificação dos asfaltos possi-bilita então, a utilização de pavimen-tos flexíveis para qualquer condição de tráfego e clima. Existem diversos tipos de modificadores de asfalto e cada tipo possui características espe-cíficas que podem ser calibradas para as solicitações previstas em cada si-tuação específica. De qualquer forma as características que estarão sendo buscadas serão:

•Obter ligantes mais viscosos em altas temperaturas para reduzir a for-mação de trilhas de roda;

•Obter ligantes mais flexíveis em baixas temperaturas para reduzir a formação de trincas por fadiga;

•Obter ligantes com melhores ca-racterísticas adesivas e coesivas.

O termo polímero refere-se a uma extensa família de compostos quími-cos que não podem ser tomados ge-nericamente para emprego em pavi-mentação. As propriedades que cada família de polímeros pode conferir ao

ligante asfáltico base variam entre si e dependem não apenas do seu tipo, mas também da quantidade utilizada e da energia de dispersão utilizada durante a sua produção.

Propriedades dos Ligantes Asfálti-cos Modificados

Já debatemos que a baixa suscep-tibilidade térmica dos ligantes mo-dificados, constitui-se em uma das propriedades mais importantes dos asfaltos modificados pois teremos um ligante com alta consistência sob as mais diversas condições de tempe-ratura ao longo de sua vida de servi-ço.

Em climas mais frios, sua flexibili-dade aumenta a resistência ao apa-recimento de trincas e fissuras na superfície do revestimento. Já nos climas mais quentes, o aumento do ponto de amolecimento e da visco-sidade do ligante diminui a possibili-dade de ocorrência de deformações permanentes, adensamento da mis-tura com consequente diminuição da sua rugosidade e permitem também o projeto de misturas asfálticas com

módulo de riqueza maior sem risco de exsudação.

As propriedades adesivas e coesi-vas, que são responsáveis pela ma-nutenção do esqueleto mineral unido e resistente aos esforços do tráfego apresentam comportamento visivel-mente melhorado, sobretudo nos ensaios que testam a ação da água sobre o conjunto ligante-agregado e sob condição de impacto.

No que se refere ao comportamen-to reológico dos asfaltos modificados podemos observar que mesmo sob condições de solicitação por esfor-ços de tração de maior amplitude, os revestimentos preservam sua integridade, pois apresentam resis-tência coesiva representada por sua capacidade de recuperação elástica, fato que não se observa nos ligantes convencionais, que apresentam com-portamento dúctil.

Estabilidade E Manuseio Dos Ligantes Modificados

A introdução de agentes químicos no asfalto causa alterações no equi-líbrio químico dos mesmos, gerando

Grau (Pto de amolecimento mínimo e Recuperação Elástica mínima)

Ensaios na amostra virgem:Penetração 25ºC, 5s, 100g, dmmPonto de amolecimento mín. ºCPonto de Fulgor, mín. ºCVisc. Brook. a 135ºC, spindle 21, 20 RPM, máx, cPVisc. Brook. a 150ºC, spindle 21, 50 RPM, máx, cPVisc. Brook. a 177ºC, spindle 21, 100 RPM, máx, cPEstabilidade à Estocagem, máx., ºCRecuperação Elástica a 25ºC, 20 cm, mín, %Ensaios no resíduo do RTFOTVariação de massa, máx. %Aumento do PA, ºC, máx.Redução do PA, ºC, máx.Percentagem de Penetração Original, mín.Percentagem de Rec. El. Original a 25ºC, mín.

Tabela 1. Especificação de Cimento Asfáltico Modificado por Polímero DNIT 1998 MétodoABNT - NBR

65766560113411518415184151841516615086

1523565606560657615086

50/65

45-705023515001000500565

1636080

55/75

45-7055235300020001000575

1756080

60/85

40-7060235300020001000585

1756080

65/90

40-7065235300020001000590

1756080

Limite da especificação

Page 45: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 45

consequências sobre o seu compor-tamento químico e mecânico, e al-terando também a estabilidade do sistema. Resultados em termos de performance do produto depende-rão da natureza do asfalto a ser modi-ficado, de suas características físicas e químicas e também do processo de dispersão adotado.

A compatibilidade entre os com-postos envolvidos é fundamental para a obtenção dos resultados es-perados para a mistura asfáltica con-feccionada com o ligante modificado. Durante os processos de transporte e armazenamento, sobretudo, ne-cessitamos ter a garantia das carac-terísticas originais apresentadas pelo asfalto modificado, quando da sua fabricação.

Ensaios de estabilidade ao trans-porte e ao armazenamento, já pre-vistos nas especificações brasileiras para esses materiais, devem ser rea-lizados de forma a garantir um ciclo operacional satisfatório e que envol-verá desde a produção do material, seu transporte até a usina, armazena-mento, usinagem e finalmente a sua compactação em campo já misturado aos agregados.

Avaliação das propriedades das

misturas asfálticas e o efeito dos ligantes modificados por polímero

nessas propriedades

Características e desempenho da mistura asfáltica

Testes laboratoriais proporcionam

informações importantes sobre a performance das misturas asfálticas e são usados como indicadores para determinar a expectativa de perfor-mance que poderá ser obtida em campo. Procuramos então analisar o desempenho comparativo de dife-rentes tipos de ligantes modificados por polímero do tipo SBS, sendo que esses ligantes modificados atendem

as especificações brasileiras para esse tipo de material, já apresentadas na tabela 1, com relação a um ligante convencional de forma a quantificar o bônus de performance que efetiva-mente poderá ser obtido com a utili-zação do asfalto modificado em obra. Há inúmeros tipos de polímeros que também atendem às necessidades e exigências das especificações vigen-tes no Brasil e utilizamos este estudo para exemplificar a potencialidade que esses materiais proporcionam aos serviços de pavimentação.

Como já verificamos pelos índices físicos de ductilidade e relações de penetração, viscosidade e recupera-ção elástica antes e após os ensaios de envelhecimento acelerado, pude-mos constatar e considerar uma boa performance de campo sob os aspec-tos de resistência ao trincamento e resistência ao envelhecimento.

Vamos concentrar agora nossa análise nas respostas que a mistu-ra asfáltica apresentou com relação a resistência à deformação em alta temperatura e também a sua resis-tência à fadiga. Adotamos como gra-nulometria referencial um material de origem granítica de desempenho conhecido e adotamos a faixa IV-b do Instituto do Asfalto para a condução dos ensaios comparativos entre os ligantes modificados e convencional.

Resistência à Ação da Água e Pro-

priedades Mecânicas

Danos por Umidade Induzida Esse ensaio foi feito atendendo

o que preconiza a norma AASHTO--T283/89 para os cinco tipos de ligan-tes estudados. Ele mede a eficiência da aderência do ligante asfáltico à superfície do agregado em misturas asfálticas. Basicamente o ensaio con-siste em medir a resistência à tração por compressão diametral de dois grupos de três corpos-de-prova cada

moldados com 7% +/- 1% de volume de vazios, um dos grupos passa por um processo de condicionamento, consi-derado de alta severidade e em segui-da é submetido ao ensaio de ruptura.

Já o segundo grupo de corpos-de--prova é submetido à ruptura sem ne-nhum condicionamento. O resultado é expresso como a relação do valor de Resistência à Tração (RT) do con-junto de corpos-de-prova que sofre-ram o condicionamento pelo valor de RT do conjunto de corpos-de-prova sem condicionamento.

Estudos realizados por Lottman (NCHRP-246) mostram que valores de perda de resistência na ordem de 30% são considerados satisfató-rios. Kandhal (1992) aponta que em vários trechos estudados quanto ao comportamento da mistura asfáltica, quanto a aderência ligante asfáltico/agregado o limite de 30% de perda está associado a um índice superior a 70% de sucesso para um período de 4 a 12 anos de vida de serviço dos trechos analisados. Os resultados das cinco misturas asfálticas estudadas estão apresentados na Tabela 2.

Outro ensaio que tem sido reco-mendado é o desgaste Cantabro, ensaio espanhol que procura simular a desagregação por perda de massa onde corpos-de-prova são colocados dentro do tambor do Desgaste Los Angeles e são dadas 300 rotações. A porcentagem de massa perdida ou desprendida do total do corpo-de--prova original é a perda Cantabro. Portanto, quanto menor a perda em porcentagem, menor a desagregação potencial.

A Figura 1 mostra resultados de Moura, onde pode-se verificar que os asfaltos modificados por polímeros conferem maior adesividade e menor perda por desagregação.

Deformação Permanente em Trilha de Roda

Page 46: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

46 REVISTA DA SEE

Os ensaios de Deformação Perma-nente nas trilhas de roda foram rea-lizados em simulador de tráfego tipo LCPC francês (Laboratoire Central des Ponts et Chaussées), com duas placas com 50 cm de comprimento, 18 cm de largura e 5cm de espessura, para cada tipo de mistura asfáltica estudada, conforme especificação francesa NF P 98-253-1 “Déformation Permanente des Mélanges Hydrocar-bonés”.

As placas de mistura asfáltica fo-ram compactadas por amassamento, simulando a compactação de campo, por meio de um equipamento “mesa compactadora tipo LCPC, conforme especificação francesa NF P 98-250-2 “Preparation des Mélanges Hydro-carbonés” .

Com esse processo de compacta-ção, obtiveram-se placas com den-sidade próxima à especificada, uma vez que foram usinadas quantidades exatas de misturas asfálticas que compactadas ocuparam todo o volu-me do molde, obtendo a densidade desejada e por consequência o volu-me de vazios esperado. Os ensaios de deformação permanente em trilhas de roda foram conduzidos a 60oC, até 30.000 ciclos.

O processo de usinagem da mis-tura asfáltica teve o seguinte proce-dimento: pesagem das frações que compõem as misturas, na quantidade exata do traço. Primeiramente, os agregados, brita 1”, pedrisco, pó de pedra e também a cal, já pré-aqueci-dos com temperaturas na ordem de 10oC acima da temperatura de usi-

nagem dos ligantes asfálticos, foram colocados dentro do tacho da mistu-radora, (tacho também já pré-aqueci-do). Em seguida a esses procedimen-tos foi adicionado o ligante asfáltico e, novamente a mistura foi revolvida até que a mesma apresentasse um as-pecto de homogeneização. Todo esse processo decorre num período de 5 a 8 minutos. Transfere-se a mistura as-fáltica do tacho da misturadora para uma bandeja, essa é colocada dentro de uma estufa regulada com tempe-ratura de moldagem, (temperatura correspondente a compactação), conforme mencionado acima.

A quantidade de massa usinada foi suficiente para a moldagem de uma placa de cada vez. Ou seja, pelo volu-me da placa (4500 cm3) e com a den-sidade fornecida, pode-se preparar a quantidade de massa exata para mol-dagem das placas. A seguir na Tabela 3 são apresentados os valores, em

porcentagem, do afundamento na trilha de roda de cada ligante.

Módulo de Resiliência e Resistên-cia à Tração

Resistência à Tração

A resistência à tração pode ser me-

dida facilmente utilizando uma pren-sa Marshall, com corpos-de-prova ci-líndricos. Os corpos-de-prova sofrem compressão diametral e rompem por tração. A Figura 2 mostra um gráfico com os resultados de resistência à tração com asfalto comum conven-cional CAP 50/70 brasileiro e um grá-fico com asfalto modificado por polí-mero SBS.

Observe-se que a carga para a rup-tura da mistura com CAP 50/70 é cer-ca de 20% maior, denotando que a mesma é um pouco mais resistente à tração que a mistura com asfalto po-

Figura 1: Resultados de ensaios de Desgaste Cantabro para avaliação de perda por desagregação ou stripping (Moura, 2000)

Tipo de Ligante

CAP 50-7050 - 6555 - 7560 - 8565 - 90

Tabela 2. Danos por Umidade Induzida S/Condicionamento

RT (Mpa)1,181,231,021,241,34

C/CondicionamentoRT (Mpa)

1,12 1,17 1,00 1,14 1,23

RRT (RTc/RTs)

0,950,950,980,920,92

Page 47: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 47

límero. No entanto, a mistura com as-falto convencional rompe com menor deslocamento imposto (mais frágil) e a queda de resistência é acentua-da após ruptura; já a executada com asfalto modificado por polímero SBS demanda um maior deslocamento para romper (suporta maiores exten-sões antes da ruptura) e continuam exibindo resistência após a ruptura, o que é benéfico pois é sustentada par-te da resistência, evitando grandes aberturas de trincas.

Para a determinação do ensaio de módulo de resiliência e resistência à tração por compressão diametral foram moldados 8 corpos-de-prova para cada tipo de ligante asfáltico, totalizando 40 corpos-de-prova. Os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de módulo de resiliência em número suficiente até se obter quatro resultados que apresentas-sem a menor dispersão. Os ensaios de módulo de resiliência das misturas asfálticas para os cinco tipos de ligan-tes asfálticos foram determinados na temperatura de 25ºC.

Nas determinações, primeiramen-te, os corpos-de-prova foram coloca-dos em uma câmara de climatização por no mínimo 4 horas, para atingir a temperatura de ensaio, em seguida foram feitos os ensaios com tempo de aplicação de carga de 0,1 seg. e

tempo de repouso de 0,9 seg. a carga aplicada foi da ordem de 15% da car-ga de resistência à tração por com-pressão diametral, esse procedimen-to atende o que preconiza a norma ASTM D-4123-82 (95).

Após o término dos ensaios de mó-dulo de resiliência para a temperatu-ra de 25ºC, os corpos-de-prova foram submetidos a ruptura por resistência à tração por compressão diametral, o ensaio atendeu o que preconiza a norma DNER-ME-138/94 – Misturas Betuminosas – Determinação da Re-sistência à Tração por Compressão Diametral. Os resultados dos ensaios de módulo de resiliência estão apre-sentados na Tabela 4 e os resultados de resistência à tração por compres-

são diametral estão apresentados na Tabela 5.

Fadiga

O ensaio de fadiga foi realizado em corpos-de-prova tipo Marshall por compressão diametral. Em linhas gerais, o ensaio consiste em subme-ter os corpos-de-prova à compres-são simples diametral cíclica, com as mesmas características do ensaio de módulo de resiliência. A tensão apli-cada no corpo-de-prova é em função da tensão de ruptura observada no ensaio de resistência à tração e essa tensão é aplicada até a ruptura do corpo-de-prova, onde o número de ciclos é registrado.

Para a realização do ensaio foram moldados 9 corpos-de-prova para cada tipo de ligante estudado, tota-lizando 45 corpos-de-prova. Três cor-pos-de-prova de cada conjunto foram submetidos ao ensaio de resistência à tração por compressão diametral, que após calculada a média aritméti-ca determinou-se a tensão referência utilizada no ensaio de fadiga.

Os níveis de tensão foram 15%, 20%, 30%, 40% e 50% da tensão de resistên-cia à tração por compressão diame-tral. O critério de parada do ensaio adotado foi quando o corpo-de-prova apresentasse uma deformação de 3,0

Figura 2: Evolução da resistência à tração e ruptura de corpos-de-prova Marshall sujeitos à compressão diametral.

Page 48: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

48 REVISTA DA SEE

mm no diâmetro da direção da apli-cação da carga. Esses resultados po-dem ser visualizados na figura 3.

Avaliação dos Resultados e Conclusões

Danos por Umidade Induzida

Os ligantes CAP 50/70 e 50/65 apre-sentaram uma perda de resistência à tração de 5%, os ligantes 60/85 e 65/90 apresentaram uma perda de 8%, já para o ligante 55/75 a perda foi de apenas 2%. Essa perda de 8% para li-gantes 60/85 e 65/90 comparada com o ligante 55/75 que é um ligante de menor consistência pode estar asso-ciada a variações do próprio ensaio, uma vez que os valores de perda da resistência à tração foram pequenos.

Observe-se que todos ligantes as-fálticos apresentaram valores dentro do limite aceitável. Conforme descrito por Kennedy et al (1990) a absorção do asfalto pela superfície do agrega-do é regida por um modelo seletivo, onde a composição química superfi-cial desse agregado, sua porosidade e a interligação desses poros, levam a que o ligante presente na interface com o agregado possa apresentar características distintas daquelas pre-sentes no filme de ligante depositado nos interstícios dos agregados.

É possível que o tipo de asfalto base utilizado em todos os ligantes

desse estudo ao interagir com a su-perfície do mesmo agregado em to-das as situações, limite a visualização da diferença de comportamento para os ligantes estudados por consequ-ência de uma boa afinidade entre esses materiais neste caso. Variações de tipos de agregado com ligantes modificados em diversos graus po-dem apresentar maior sensibilidade para os valores de resistência à tra-ção conservada como verificado por Furlan (2004).

Deformação Permanente em

Trilha de Roda Conforme apresentado na Tabela

03 observa-se que os ligantes 65/90, 60/85 e 55/75 apresentaram valores de deformação permanente para 30.000 ciclos de 3,74%, 3,96% 4,39% respectivamente. Já as misturas usi-nadas com os ligantes CAP-20 e CAP-50/65 apresentaram valores de de-formação permanente para 30.000 ciclos de 10,46% e 7,60% respectiva-mente.

As diretrizes francesas para o pro-blema de deformação permanente, têm limitado o valor obtido no simu-lador de tráfego em 10% como sendo o limite aceitável para camadas de concreto asfáltico utilizadas como revestimentos, com espessuras entre 6 a 8 cm (NF P 98 253-2). De acordo com os resultados encontrados ne-

nhuma mistura asfáltica apresentou valor superior ao recomendado pela diretriz francesa.

Há ainda diretrizes de dimensiona-mento europeias do Grupo COST 333 que limitam as deformações perma-nentes em 5% no caso de misturas asfálticas densas, utilizadas como revestimento, para tráfego pesado (fort) - acima de 2000 veículos comer-ciais diários, com semieixo traseiro carregado de no mínimo 5 toneladas. Por esta diretriz, bem mais severa que a diretriz francesa, as misturas asfálticas usinadas com os ligantes CAP 50/70 e o ligante modificado tipo 50/65 apresentaram valores de defor-mação permanente acima do limite.

Pode-se observar também uma va-riação importante nos resultados de deformação permanente para mis-turas com ligantes convencionais e ligantes modificados. Mesmo para o ligante com menor grau de modifica-ção houve uma queda de praticamen-te 30% nas medidas de deformação permanente após 30.000 ciclos.

Já para o ligante de maior grau de modificação os resultados mostram uma redução de praticamente dois terços da deformação apresentada pelo ligante convencional, e caracte-rizam bem o ganho de performance das misturas à medida em que au-menta a resistência do ligante à ação da temperatura.

Módulo de Resiliência

Os resultados apresentados na

tabela 4 mostraram-se sensíveis à variação do grau de modificação do ligante e, portanto, à variação de sua consistência. O efeito da recupera-ção elástica ao submeter-se o corpo de prova a carregamentos repetidos é que a parcela de recuperação ime-diata do deslocamento provocado por um dado carregamento seja pro-porcionalmente maior, restando uma menor parcela de recuperação vis-

Figura 3. Vida de Fadiga x Deformação Específica Resiliente

Page 49: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 49

cosa que é aquela mais contributiva para a deformação permanente. As misturas tornaram-se sucessivamen-te mais flexíveis com o incremento de polímero ao ligante, porém os resul-tados dos ligantes de maior grau de modificação situam-se num mesmo patamar mostrando que há possivel-mente um limite de modificação, para o qual o acréscimo de benefícios para a performance da mistura asfáltica não se justifica em termos de custo--benefício (Emery, 1999 ).

Resistência à Tração por Compres-

são Diametral A tabela 5 mostra os valores de

resistência à tração por compressão diametral encontrado para os cinco ligantes asfálticos. A norma DNIT 031/2004–ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto Asfáltico – Especificação de Serviço, recomenda que misturas asfálticas a serem empregadas em camadas de rolamento devem apre-sentar valores de resistência à tração por compressão diametral superiores à 0,65 MPa, o que foi obtido em to-das as misturas estudadas. Não se ob-servaram diferenças significativas na determinação da resistência à tração em relação aos asfaltos modificados por polímero.

Neste ensaio, a aplicação da carga é contínua e constante até a ruptura do corpo-de-prova, não permitindo que as características inerentes à mo-dificação do ligante se manifestem. No entanto, a figura 2 mostra que, mesmo após a ruptura, os ligantes modificados mantêm uma resistên-cia residual o que pode proporcionar

uma maior vida útil para um mesmo nível de deficiência apresentado por um pavimento (Nascimento, 2004).

Fadiga

Os resultados de vida de fadiga ob-

tidos mostram que o tipo de ligante afeta a vida de fadiga do concreto as-fáltico. Deve-se considerar também a expectativa de que as misturas com Asfalto Modificado por Polímero por serem mais flexíveis devam trabalhar num patamar de tensões e, conse-quentemente, de deformações me-nores na medida em que aumenta o grau de modificação; o que ficou evidenciado na relação entre módu-los resilientes e a resistência à tração para cada tipo de ligante, mostrada na tabela 6.

Então se para um mesmo nível de deformação já se caracteriza um dife-rencial de comportamento é provável que este comportamento, em condi-ções de solicitação reais, possa ser amplificado.

Comentários Gerais Pode-se observar pelos resultados

mostrados neste item que a modifica-ção dos asfaltos por polímeros intro-duz as seguintes características:

• A resistência à tração pode ser reduzida um pouco em comparação ao convencional, porém a forma de ruptura é totalmente alterada, de-mandando mais alongamento para romper e, após ruptura, mantendo-se ainda com uma resistência residual mais elevada que as misturas com as-faltos convencionais;

• O valor de módulo de resiliência das misturas asfálticas modificadas é menor, demonstrando maior fle-xibilidade (menor rigidez) a 25°C ou mesmo a temperaturas mais baixas. As temperaturas mais elevadas, aci-ma de 35°C, há uma tendência de as misturas asfálticas modificadas por polímeros manterem-se com certa rigidez e elasticidade, enquanto as convencionais tendem a perder no valor do módulo de resiliência, não por flexibilidade, mas por ser mais ex-posto à deformação permanente por fluência;

• A vida de fadiga das misturas as-fálticas modificadas por polímeros ensaiadas, é cerca de 5 a

10 vezes maior que as convencio-nais;

• A resistência à deformação per-manente com asfaltos modificados é maior; os afundamentos em trilha de roda são praticamente a metade daqueles que podem surgir em reves-timentos com asfaltos convencionais, graças à componente elástica dos asfaltos com polímeros, que reduz a componente viscosa e, portanto, os afundamentos permanentes;

• A desagregação, perda de agre-gados e problemas de stripping são menores em misturas com asfaltos modificados frente aos convencio-nais;

Assim, pode-se dizer, com esses resultados, que a modificação por SBS dos asfaltos introduz vantagens de comportamento químico, físico e mecânico. Acrescenta-se a isso, todo um histórico de execução de obras em todas as regiões do Brasil que permitem garantir também a exequi-bilidade das obras com o parque de equipamentos disponível, havendo, porém, a necessidade de capacitação da equipe envolvida na execução, controle e fiscalização de cada obra.

Page 50: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

50 REVISTA DA SEE

Aspectos Estruturais Relacionados

ao uso de Asfaltos Modificados por Polímeros

O Instituto de Pesquisas Rodovi-

árias - IPR, órgão de pesquisa ligado ao Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre DNIT, conduziu uma pesquisa pioneira com diversos asfaltos modificados por polímeros, publicada em 1998.

Concluíram que as misturas densas com asfaltos modificados apresen-tam uma vida de fadiga muito mais elevada que aquela apresentada por misturas convencionais. Os estudos demonstraram que o tipo de mate-rial do sub-leito apresenta correlação com as espessuras de capa de mistu-ras convencionais ou modificadas por polímeros diferentes para um mes-mo número de solicitações do eixo--padrão de 8,2 ton. Significa que as misturas com polímero possuem um maior coeficiente estrutural.

Partindo de ensaios de fadiga com misturas executadas com asfaltos modificados por polímero do tipo SBS, pôde-se determinar uma rela-ção entre vida de fadiga de misturas convencionais e misturas executadas com asfaltos modificados com esses polímeros. Foram modeladas diver-sas estruturas de pavimento com variação na espessura do revestimen-to e suas variáveis mecânicas, bem como diversos tipos de subleito com suas respectivas características de su-porte e granulometria.

Assim, a espessura de mistura asfál-tica com polímero pode ser definida como:

HCApol = H CA β HCApol - Espessura de Concreto

Asfáltico com Polímero em cm; H CA - Espessura de Concreto Asfál-tico Convencional em cm; β -

Coeficiente de redução de espessura em função do tipo de sub-leito β - 1,29 para sub-leito com solo tipo I; β - 1,26 para sub-leito com solo tipo II; β - 1,21 para sub-leito com solo tipo III;

De acordo com o método de di-mensionamento DNER -PRO-269-94 a classificação do tipo de subleito obe-dece às características constantes na tabela 7.

Onde S é a quantidade de material fino definido pela determinação da granulometria por sedimentação e determinado pela expressão:

S = 100 – P1 x 100 P2 S = Silte em % P1 = porcentagem em peso, de ma-

terial com partículas de diâmetro me-nores que 0,005 mm determinada na distribuição granulométrica.

P2 = porcentagem em peso, de ma-terial com partículas de diâmetro me-nores que 0,075 mm determinada na distribuição granulométrica.

Contribuição Estrutural das Cama-das de Subleito, Base e Revestimen-

to Asfáltico

A importância da resistência ou ri-gidez da fundação nas tensões de tração que ocorrem nos revestimen-tos asfálticos se reflete da seguinte forma:

• Quanto mais rígida (mais resis-

tente neste caso) a fundação – quan-to maior o módulo de resiliência da fundação, menores são as tensões de tração na fibra inferior dos reves-timentos asfálticos;

• As tensões de tração são mais elevadas à medida que diminuem as temperaturas pois a rigidez das mis-turas asfálticas varia em função da maior ou menor susceptibilidade tér-mica do ligante asfáltico utilizado;

• Em consequência, nos revesti-mentos com asfalto modificado por polímero as tensões de tração são inferiores àquelas apresentadas pe-las misturas executadas com ligante convencional.

Com isso podemos entender que, para uma dada condição de tempe-ratura e de módulo de resiliência do subleito, que as tensões de tração no revestimento asfáltico são meno-res nas camadas asfálticas com asfal-to modificado por polímero e que no mecanismo de formação de trincas por fadiga, a utilização desses reves-timentos modificado por polímero é vantajosa.

Sob o aspecto do comportamento das bases granulares, e consideran-do que todos os aspectos ligados à sua compactação, distribuição gra-nulométrica e todos os cuidados de acabamento foram obtidos no cam-po, as tensões de tração que vão ocorrer no revestimento asfáltico no momento de sua solicitação pelo tráfego devem seguir a dinâmica abaixo:

Page 51: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 51

• Quanto mais resistente a base, executada com a máxima compaci-dade possível e apresentando em consequência as menores deforma-ções possíveis e, podendo conside-rar nestas condições que teremos o maior módulo de resiliência para esta base, menores serão as ten-sões de tração na fibra inferior dos revestimentos asfálticos;

• Nos revestimentos com asfalto modificado por polímero as tensões de tração são inferiores ao conven-cional em função das características reológicas de recuperação elástica apresentadas pelos asfaltos modifi-cados por polímeros.

Assim novamente, para uma dada condição de módulo de resiliência da base fixado, verificamos que as tensões de tração no revestimento asfáltico são menores nas camadas asfálticas com asfalto modificado por polímero dada a sua menor ri-gidez tornando-o nestas condições menos susceptível ao mecanismo de fadiga do revestimento.

A flexibilidade da camada asfálti-ca no comportamento mecânico es-trutural, será influenciada pelo mó-dulo de resiliência que apresentar e sua distribuição granulométrica, teor de asfalto, bem como grau de modificação por polímero influen-ciarão sobremaneira seu comporta-mento. Assim:

• Quanto maior o módulo de re-siliência, maiores são as tensões de tração na fibra inferior dos revesti-mentos asfálticos;

• As tensões de tração na flexão variam com a espessura, passando por um máximo e voltando a ser re-duzida com a espessura.

A utilização de revestimento mais flexível, mas nem por isso suscep-tíveis à fluência, às deformações permanentes, mostra-se vantajosa, pois desenvolvem-se tensões de tração menores na camada asfálti-ca.

A possível redução de espessu-ras, porém, deve levar em conta as características do tráfego, a ca-pacidade estrutural do conjunto do pavimento e devem ser compa-tíveis com o grau de modificação desejado, havendo uma importante correlação desse comportamento flexível com a recuperação elástica recomendada para cada situação.

Como parâmetro para a redução da espessura do revestimento asfál-tico utilizando asfaltos modificados por polímeros o DNIT indica a Ins-trução de Serviço DG/DNER no. 007 de 15/04/1998 brasileira, utilizada há 7 anos no Brasil com sucesso e que postula a redução de espessura de camadas pelo uso de asfalto modifi-cado por polímero:

Ou seja, pode-se dividir a espessu-

ra calculada pelo método de dimen-sionamento considerado por 1.3 no caso de uso de asfalto modificado por polímero nos revestimentos asfálticos e atentando para as con-dições de contorno de cada obra como clima, tráfego, características do subleito entre outras.

Referências

- DONY, A. Liants bitumes-polymè-res. De la frabrication à la mise en oeuvre en enrobés. Études et re-cherches des laboratoires des ponts et chaussés, 1991a.

- EMERY, S.J., O’CONNELL, J. De-velopment of a high performance SBS modified binder for production, 1999a.

- FURLAN, A.P., GOUVÊA, L.T., FA-BBRI, G.T.P., FERNANDES Jr., J.L. In-fluência de características dos agre-gados na susceptibilidade a dano por umidade de misturas asfálticas in: 17° Encontro de Asfalto, Rio de Janeiro, 2004a.

- KANDHAL, P.S., PARKER, Jr. F. Aggregate tests related to asphalt concrete performance in pave-ments. NCHRP Report 405, 1992a.

- KENNEDY, T.W., COMINSKY, R.J. Hipotheses and models employed in the SHRP asphalt research pro-gram, Universty of Texas at Austin, 1990a.

- KUENNEN, T. Polymer modified asphalt comes of age in Road Scien-ce Article, 2005a.

- SILVA, A.EUDIER., JR, S.A.EUDIER., Micro-concreto Asfál-tico com Emulsão Modificada com Polímero SBS na Restauração da capa asfáltica em TSD: XV Congres-so Ibero-Latino de Asfalto, Portu-gal, 2009.

- SILVA, A.EUDIER., JR, S.A.EUDIER., Execução de Concre-to Asfáltico Usinado a Quente com Ligante Asfáltico modificado com Polímero SBS no Recapeamento do Vão Central Metálico da Terceira Ponte, Vitória/ES, 2004.

- NASCIMENTO, H.R.C., Estudo comparativo de revestimentos as-fálticos usinados à quente utilizan-do avaliação funcional e estrutural de pistas-testes. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica USP, 2004a.

- ROGGE, D.F. TERREL, R.L., GE-ORGE A.J. Polymer modified hot mix asphalt – oregon experience in polymer modified asphalt binders, ASTM STP 1108, Philadelphia 1992a.

- ROQUE, R., BIRGISSON, B. DRAKOS, C. Guidelines for use of modified binders. Departament of Civil and Coastal Engineering Uni-versity of Glorida, 2005a.

Hcarpeta comum

Hcarpeta pol SBS

1.3=

Page 52: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

52 REVISTA DA SEE

Prêmio IEL de Estágio

O Prêmio IEL de Estágio foi institu-ído em 2007 pelo Instituto Euvaldo Lodi, IEL – Núcleo Central. A iniciativa busca premiar boas práticas e experi-ências de estágio, realizadas por es-tagiários nas empresas concedentes e em parceria com as instituições de ensino.

Preparar estudantes de maneira complementar ao ensino por meio do estágio é, para o IEL, uma forma altamente eficaz de atrair, desenvol-ver e reter talentos. Além disso, um programa de estágio de qualidade contribui para que as experiências sejam realmente um instrumento de aprendizagem, de confirmação da escolha profissional, do estímulo às práticas inovadoras nas empresas e da formação de pessoas para o exer-cício de sua cidadania.

Em 2015, participaram do Prêmio

IEL de Estágio 18 Núcleos Regionais, sendo:

• 125 empresas (privadas, públicas e o Sistema Indústria) e profissionais liberais de nível superior, com pro-gramas de estágio intermediados pelo IEL Núcleo Regional;

• 223 estagiários de cursos da edu-

cação profissional de nível técnico ou educação superior com Termo de Compromisso de Estágio (TCE) firma-do com o Sistema IEL;

• 79 instituições de ensino público ou privado que ministram cursos da educação profissional e/ou educação superior que possuam convênio de concessão de estágio firmado com o Sistema IEL.

A vencedora dessa edição, a estu-dante de engenharia Fernanda Luiza foi convidada a estagiar na empresa CEDISA, tendo como principal objeti-

vo impulsionar as áreas de produção e logística com práticas inovadoras, participando efetivamente na ela-boração e implementação de proje-tos que visam alavancar a missão da empresa, tais como Pedido Perfeito, Gestão à Vista, Banco de Ideias, entre outros.

Seu primeiro grande desafio foi im-plantar o Projeto Pedido Perfeito a fim de melhorar o atendimento aos Clientes, satisfazendo as demandas do mercado. Inicialmente, foi neces-sário estruturar os principais concei-tos e procedimentos para aferição dos indicadores relacionados ao Pe-dido Perfeito, discutir metas a curto, médio e longo prazo, desenvolver apresentações de treinamento, e, fi-nalmente, definir um plano de ação para implantação de um novo fluxo na empresa. Depois de identifica-

Premiação

Page 53: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 53

das as principais oportunidades de melhoria, durante as etapas de pro-cessamento do pedido, foram reali-zadas monitorias de processos com representantes de todas as áreas, com o objetivo de redesenhar o ciclo do pedido de venda, visando à oti-mização do fluxo, seguindo assim a abordagem proposta por Deming de atuar com melhorias contínuas nos processos.

O projeto foi inicialmente dividido em duas fases.

A primeira etapa do projeto teve como desafio definir o procedimento adequado para aferição do Pedido Perfeito, indicador medido em por-centagem. Nesta fase, a estagiária fi-cava responsável por contabilizar os registros de reclamação, devolução, produtos não conformes e pedidos entregues em atraso junto às áreas de Gestão da Qualidade Total e Lo-gística, com o intuito de apurar cada um desses indicadores e fazer uma análise crítica geral.

A segunda etapa consistia em transmitir os conceitos do Pedido Perfeito para todos os colaboradores

da empresa. Essa etapa ocorreu, prin-cipalmente, através de treinamentos na sede da Cedisa, ministrados pelos responsáveis do projeto, o Gerente de Operações e a estagiária da mes-ma área. No decorrer da implantação do Pedido Perfeito, foi verificado que, dos três pilares do Pedido Per-feito, o índice com menor resultado era o Índice de Pedidos entregues no Prazo Acordado. Após uma análise criteriosa desse indicador, chegou--se à conclusão de que seria neces-sário provocar uma mudança no comportamento dos colaboradores e, consequentemente, na cultura da empresa. Várias rupturas e atrasos eram causados por falta de confiança entre as áreas e retrabalho.

Na terceira etapa, visando melho-rar o relacionamento entre as áreas e otimizar o fluxo do processamento do pedido, a estagiária se deparou com um novo desafio, passando a en-viar relatórios diários para toda a em-presa indicando as principais causas responsáveis por atrasar os pedidos, assim como quais foram as equipes de vendas responsáveis pela emissão

dos pedidos em atraso. Com essa me-dida, em aproximadamente 45 dias os resultados foram surpreendentes. O índice de pedidos vencidos em car-teira caiu de um valor absurdo de 53% para 23%, tudo isso devido ao fato de que os colaboradores passaram a se preocupar mais com o fluxo dos pedi-dos, focando sempre em atender ao cliente conforme o prometido, e es-tabelecendo prazos mais justos para entrega.

Nesta fase, passaram a ser realiza-das monitorias mensais envolvendo representantes de todas as áreas com a finalidade de redesenhar o fluxo do processo e simplificar os for-mulários de pedidos. Com a contri-buição de todas as áreas, foi possível redesenhar um fluxo que fosse mais produtivo e atendesse aos Clientes de forma mais rápida, evitando re-trabalho e reduzindo as divergências durante as etapas de processamen-to.

O projeto Pedido Perfeito funciona como um ciclo PDCA (Plan, Do, Che-ck, Act), ou seja, está em processo de melhoria contínua.

• O indicador do Pedido Perfeito apresentou tendên-cia de crescimento de 0,7% ao mês, saindo de 66% para 78%.

• O tempo médio para emissão de um orçamento caiu de 15 para 4 minutos.

• A porcentagem de pedidos de beneficiamento que precisaram ter datas renegociadas com o cliente caiu de 10% para 2%.

• A liberação dos pedidos de beneficiamento passou a ser executada somente com o aval da equipe de Pro-gramação e Controle da Produção, evitando assim a li-beração de pedidos com prazos utópicos de entrega.

• Drástica mudança de comportamento dos colabo-radores, que passaram a focar no Cliente e no aumento de produtividade.

• As pesquisas de satisfação ao cliente obtiveram um melhor resultado.

• Habilidades de trabalho em equipe.• A forma de apresentação de gráficos e resultados

foi significativamente sendo melhorada.• Aprender a escutar e lidar com os feedbacks das

equipes.• Desenvolveu habilidades de argumentação dos seus

pontos de vista.

Principais BenefíciosPara Empresa Para o Estagiário

Page 54: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

54 REVISTA DA SEE

Os insumos para controle de pragas urbanas

Eng. Agrônomo José Ricardo BorgesEng. Agrônomo Sócio-diretor da empresa Vetorial

Os raticidas, inseticidas, cupinici-das, larvicidas utilizados para o con-trole de pragas urbanas, compõem um segmento de mercado que é pequeno se comparado ao mercado de produtos de uso veterinário e de uso agrícola, nem por isso deixar de ser importante, pois se trata de uma aplicação direta no domicílio, nos hospitais, nas escolas, indústrias, co-mércios e outros.

Em termos de valores, este merca-do, apesar da crise econômica atual, vem crescendo principalmente em função da mudança de comporta-mento da população que passa cada vez mais a contratar empresas de desinsetização ou a fazer uso do au-tosserviço. Também tem contribuído para esse crescimento a municipali-zação da saúde, com consequente conscientização da necessidade do controle das pragas urbanas pelos municípios, seja para diminuir o in-cômodo causado pelas pragas, ou seja, pela necessidade de controle dos vetores de doenças importantes causadas pelo Aedes aegypti como a dengue, febre zica, chicungunha e leptospirose causada pelos roedo-res.

No Espírito Santo, o período de

crescimento econômico nos últimos tempos, juntamente com a conscien-tização da população e dos órgãos públicos, vêm contribuindo para o aumento do consumo desse tipo de insumo, principalmente através da terceirização dos serviços de contro-le de pragas urbanas.

O mercado de produtos domis-sanitários para controle de pragas urbanas se divide em dois principais segmentos: o de uso profissional e o doméstico, ambos são regulamenta-dos pela Anvisa.

As prefeituras que dispõem de Centros de Controle de Zoonoses e possuem em seus quadros de funcio-nários profissionais habilitados, vem ampliando os serviços de controle desses animais sinantrópicos tais como roedores, mosquitos, escorpi-ões, baratas, pombos etc, de forma terceirizada ou não.

No nosso estado, as empresas prestadoras de serviços de desin-setização, são representadas pela Associação Capixaba das Empresas Controladoras de Vetores e Pragas (ACECOVEP), que vêm realizando um excelente trabalho no sentido de ampliação do número de empresas associadas, e na qualificação dos pro-

fissionais controladores de pragas.Toda empresa que atua neste se-

tor, seja comerciante ou prestador de serviço, deverá ter responsável técnico, legalmente habilitado para o exercício das funções relativas aos aspectos técnicos do serviço de con-trole de vetores e pragas urbanas, podendo ser os seguintes profissio-nais: biólogo, farmacêutico, quími-co, engenheiro químico, engenheiro agrônomo, engenheiro florestal e médico veterinário, além de seguir ri-gorosas exigências e procedimentos relativos à legislação vigente para instalação e funcionamento objeti-vando, sempre, a qualidade do servi-ço prestado, bem como a segurança de todos os profissionais e clientes envolvidos.

Distribuidores de produtos junta-mente com a ACECOVEP e o CREA--ES, firmaram parceria que vem resultando em palestras e cursos sobre diversos temas relacionados ao controle de pragas urbanas. Esses treinamentos são realizados aqui no Estado e visam a elevação do nível de qualidade dos serviços prestados pelas empresas, de modo que seja oferecido ao contratante a garantia de um serviço seguro e eficaz.

Artigo

Page 55: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 55

Cooperar é unir forças e chegar mais longe. É vencer obstáculos sem nunca estar sozinho.É trabalhar na busca de um resultado para todos e construir para o futuro, o que se deseja hoje.

Cooperação envolve diálogo, doação, esforço e humildade.O resultado disso tudo só pode ser o bem.

Eu cooperoTu cooperas

Eles e Elas cooperamNós mudamos o mundo

Hoje, no ES, existem 137 cooperativas nos ramos agropecuário, saúde, crédito (serviços financeiros), trabalho, educacional, produção,

transporte, habitacional e consumo. Para cooperar você pode associar-se a uma cooperativa ou consumir os diversos produtos e

serviços que elas disponibilizam no mercado. No site do Sistema Cooperativo Capixaba (OCB-SESCOOP/ES) você encontra diversas

informações. Acesse e faça parte hoje.

`

j

v

`j

jv

`v

`jv

h

Page 56: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

56 REVISTA DA SEE

O Engenheiro e a Justiça do Trabalho

Eng. Mecânico e de Seg. do Trabalho Adelar Castiglioni CazarotoPerito da Justiça de Trabalho desde 1992.Conselheiro do CREA-ES / Câmara de Especializada de Engenharia Industrial.

A Justiça do Trabalho integra o Po-der Judiciário, processando e julgan-do as ações oriundas das relações de trabalho, decidindo as “reclamatórias trabalhistas” e os respectivos recur-sos.

Justiça do Trabalho no Brasil

A Justiça do Trabalho no Brasil foi instalada em 1.º de maio de 1941. A data é considerado um Dia histórico para a Nação. É o Dia do Trabalhador.

Com as seguintes palavras, o então Presidente Getúlio Vargas, o “Pai do Povo”, dava início a uma nova fase da vida brasileira:

A Justiça do Trabalho, que decla-ro instalada neste histórico 1.º de maio, tem esta missão: cumpre-lhe defender de todos os perigos nossa modelar legislação social-trabalhista, aprimorá-la pela jurisprudência co-erente e pela retidão e firmeza das sentenças.

Justiça do Trabalho no Espírito Santo

Grande conquista do povo capixa-ba foi a criação do Tribunal do Tra-

balho no Espírito Santo (17.ª Região), desmembrado do Rio de Janeiro, em 8 de novembro de 1989, pela Lei n.º 7.872. O primeiro juiz a ser nomeado foi José Carlos Rizk, em 23 de agosto de 1990, representando a advocacia, conforme determina a Constituição da República. A instalação do Tribu-nal deu-se em 08 de janeiro de 1991. A Juíza Maria de Lourdes Vanderlei e Souza foi sua primeira Presidente.

A reclamatória trabalhista e inicia-da com uma petição inicial protocoli-zada em uma das Varas do Trabalho.

Atualmente no primeiro grau no Espírito Santo temos 24 (vinte e qua-tro) Varas do Trabalho distribuídos em vários municípios, com jurisdição estendendo nos municípios vizinhos, sendo elas em:

Aracruz, Colatina, Linhares, Nova Venecia, São Mateus e Venda Nova do Imigrante (01 Vara em cada); Ca-choeiro do Itapemirim e Guarapari (02 Varas em cada); Vitória (14 Varas de Trabalho).

Caso após a sentença em 1.º grau, ocorra algum recurso o processo é enviado a estância de Segundo Grau.

A prestação jurisdicional de segun-do graus é realizada pelos vinte e

quatro Tribunais Regionais do Traba-lho distribuídos pelo território nacio-nal brasileiro.

O Tribunal Regional de Trabalho da 17.ª Região é o do Espírito Santo e é composto por três Turmas. As Tur-mas do TRT-ES são compostas por 04 Desembargadores cada. As Turmas proferem os Acórdãos. Caso haja re-cursos o processo é enviado a instân-cia superior da Justiça do Trabalho.

Sobre o Tribunal Superior do Trabalho

O Tribunal Superior do Trabalho - TST, com sede em Brasília-DF e juris-dição em todo o território nacional, é órgão de cúpula da Justiça do Tra-balho, nos termos do artigo 111, inciso I, da Constituição da República, cuja função precípua consiste em unifor-mizar a jurisprudência trabalhista bra-sileira.

O TST é composto de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasi-leiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, no-meados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absolu-ta do Senado Federal. Para desenvol-

Artigo

Page 57: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 57

ver as atribuições jurisdicionais o TST atua por meio de seus órgãos:

Tribunal Pleno; Órgão Especial; Se-ção Especializada em Dissídios Coleti-vos; Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas subse-ções (Subseção I e Subseção II); e 8 (oito) Turmas.

O envolvimento do Engenheiro, com a Justiça do Trabalho.

O Engenheiro pode estar envolvido com a Justiça do Trabalho de varias maneiras entre as quais citamos:

- RECLAMANTE: é o caso do pro-fissional empregado e/ou desempre-gado propor uma causa trabalhista contra a empresa para reivindicar ale-gados direitos trabalhistas;

- RECLAMADO: é caso do profissio-nal ser empregador e ser acionado por um dos seus empregados. No caso em questão não é necessário ser

Empresário para ser acionado. Você pode ser também por um empregado domestico (secretária do lar, faxinei-ra, governanta, motorista particular, caseiro, vigia etc.).

- SUBSTITUÍDO: é o caso do profis-sional ser empregado e seu Sindicato de Classe propor uma ação coletiva ou individual incluindo você como re-clamante.

- PREPOSTO: como empregado, ser indicado pela Empresa para represen-tá-la em Audiências, na Vara do Traba-lho.

- PERITO JUDICIAL: ser nomeado pelo Juiz do Trabalho para realizar uma diligencia pericial e elaborar o competente Laudo Técnico Pericial.

- ASSISTENTE TÉCNICO DA RDA: prestar assistência técnica pericial a Empresa Reclamada, como seu em-pregado ou como contratado, acom-panhando o Perito Judicial na diligên-cia e emitindo seu Parecer Técnico ou

Laudo Técnico.- ASSISTENTE TÉCNICO DO RTE:

prestar assistência técnica pericial a um Reclamante como contratado do mesmo ou de seu Advogado, acom-panhando o Perito Judicial na diligên-cia e emitindo seu Parecer Técnico ou Laudo Técnico.

- TESTEMUNHA: é o caso de você ser indicado por uma das partes para ser testemunha em Audiência.

- INFORMANTE: é caso em que você presta informações ao Perito Judicial durante a diligencia pericial.

Perito do Juízo

É como faço para ser Perito Judi-cial? Como são os honorários peri-ciais? Isto é papo para outra maté-ria. Porem tenho a dizer aos meus Colegas Engenheiros que o encargo é gratificante. O labor é Justo e Per-feito.

Page 58: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE

Usina de compostagem organobom

Fábio JungerAdministrador de Empresa Emec Obras e Serviços Ltda

Os restos de alimentos deixados nos pratos à primeira vista parecem ser inofensivos ao meio ambiente, porém quando contabilizados so-mam grandes quantidades, ficando em evidência o grande volume de alimentos desperdiçados. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, cerca de um terço dos alimentos produzi-dos no planeta vai para o lixo. Além dos restos alimentares outro tipo de resíduo orgânico gerado em grande quantidade nos centros urbanos são os restos de jardinagem como podas e varrição e os resíduos gerados nas feiras livres.

Estes resíduos quando deposita-dos nos lixões e aterros sanitários so-frem o processo de decomposição, liberam um líquido chamado cho-rume, quando não tratados devida-mente e liberados no meio ambiente contaminam o solo.

Com a nova Lei 12.305/2010, tam-bém conhecida como a Lei do Re-síduo Sólido, não é mais possível descarta-los em lixões e aterros con-trolados, sendo assim as usinas de

compostagem são uma alternativa para a destinação deste tipo de re-síduo. O processo de compostagem visa a decomposição da matéria or-gânica com o objetivo de se obter um material estável, rico em nutrientes, sendo uma das alternativas utilizá-la como adubo.

Vislumbrando esse mercado em ascensão a empresa Organobom instalou uma usina de compostagem no município de Serra/ES que fará o processamento dos resíduos de po-das de árvores das ruas e parques e jardins das cidades geradoras, com capacidade inicial para processar 600 toneladas de resíduos por mês.

Além dos resíduos de podas, o adubo, também será composto de resíduos alimentares provenientes de refeitórios industriais, resíduos da agroindústria e feiras livres.

Para o tratamento de uma parce-la desses resíduos, a empresa Orga-nobom, firmou parceria com a KMA para utilizar o sistema de Alta De-gradação Biológica (ADB) na degra-dação dos resíduos. O sistema ADB implantado no local, tem capacidade

para receber inicialmente cerca de 10 toneladas por dia de resíduos orgâni-cos.

O Sistema ADB é uma alternativa para o tratamento de resíduos or-gânicos, principalmente, em lugares que possuem poucos espaços e ge-ram grandes quantidades de resídu-os, como é o caso dos centros urba-nos. Este processo tem capacidade de decompor a matéria orgânica num período de tempo de 24 a 72 horas, enquanto que uma composta-gem tradicional leva em torno de 90 a 120 dias para finalizar seu processo.

Apesar do surgimento de novas tecnologias para o tratamento dos resíduos orgânicos é importante que todos os cidadãos tenham consci-ência da quantidade de resíduo que é gerado sem necessidade, como os alimentos que são descartados e que, no entanto, poderiam ser con-sumidos. Evitar o desperdício é uma forma de cuidar do meio ambiente.

Para maiores informações e conhe-cimento do processo gostaríamos de convidá-los a conhecer a Usina De Compostagem ORGANOBOM.

Artigo

Page 59: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 60: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

60 REVISTA DA SEE

Aposentadoria Especial dos Engenheiros

Dr. Christovam Ramos Pinto NetoAdvogado Trabalhista e Previdenciário

Inicialmente, gostaria de agradecer ao engenheiro Fred Rosalém, Vice--presidente do CREA/ES, pelo apoio e incentivo dispensado para que pu-desse escrever este trabalho sobre a aposentadoria dos profissionais da Engenharia.

Ao regulamentar a aposentadoria especial instituída pela Lei 3.807/60, o Decreto 53.831/64 criou uma presun-ção de exercício profissional insalubre para determinadas especialidades da Engenharia. Assim, as atividades de engenheiro de construção civil, mi-nas, metalurgia e elétrico foram clas-sificadas como insalubres, enquadra-dos no Código 2.0.0, item 2.1.1.

Entretanto, em 28/04/95, a Lei 9.032/95 deu nova redação ao artigo 57 da Lei 8.213/91, que passou a deter-minar: “A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quin-ze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei”.

Desta forma, ainda que tenha aca-bado a presunção legal de exposição a agentes nocivos em relação às ocu-pações previstas no Anexo do De-

creto 53.831/64 após a edição da Lei 9.032/95, o tempo anterior de serviço em que o segurado desempenhou tais atividades deve ser computado como especial, para uma aposenta-doria especial ou mesmo para se per-mitir sua conversão e soma ao tempo comum para a obtenção do benefício da aposentadoria por tempo de servi-ço/contribuição.

Em suma, o exercício da função de engenheiro, até a edição da Lei 9.032/95, podia ser enquadrado como especial pelo simples fato da cate-goria estar relacionada nos Decre-tos 53.831/64 e 83.080/79, pois havia presunção legal do exercício de labor em condições ambientais agressivas ou perigosas, sendo, inclusive, até 28/04/1995, desnecessária a apresen-tação de laudo pericial e formulários específicos para o reconhecimento da atividade especial.

Assim, o período trabalhado em

condições prejudiciais à saúde ou à in-tegridade física, em qualquer período, pode ser convertido de especial para comum, o que elevará o tempo de ser-viço, se homem, em 40% e, se mulher, 20%.

Porém, após 28/04/95, o direito à aposentadoria especial ou a conver-são de tempo de serviço especial em comum exige a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo a sua saúde ou a integridade física.

Quem já estiver aposentado, tam-bém tem o direito a pedir a conver-são do tempo de serviço especial em comum, inclusive com a revisão do valor do benefício da aposentadoria, respeitado o prazo decadencial de 10 (dez) do primeiro benefício.

O Dr. Christovam Ramos Pinto Neto é advogado trabalhista e previdenciá-rio ([email protected]. Tel 3211 1870, 3211 1871 e 99228 1849).

Artigo

Page 61: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 61

Tecnologias aplicadas na agricultura. Variedades tolerantes a pragas e doenças

Técnico Agrícola Wilson GravelDiretor da Defagro Defensivos Agrícolas

Um dos grandes desafios da hu-manidade é acabar com a fome no mundo. A partir deste ideal há uma constante renovação de tecnologias se modernizando a todo momento, onde profissionais da agricultura dedicam anos de estudo primando pela qualidade e superando expec-tativas.

Podemos destacar entre as novas tecnologias, o melhoramento gené-tico visando dar às espécies agronô-micas resistência contra as principais pragas e doenças, disponibilizando assim, um produto de qualidade para a mesa da população.

Juntamente com os profissionais, temos também, agricultores com espírito inovador e dispostos a culti-var espécies de plantas melhoradas como soja, milho, algodão, tomate, que já se consolidaram no mercado, tornando a atividade mais produtiva e sustentável. Tais tecnologias pro-movem melhor aproveitamento da área de plantio, menor uso de defen-sivos agrícolas, redução do consumo de água nas aplicações, entre outras ações e, consequentemente, redução

do custo de produção.Esse trabalho de melhoramento

genético é desenvolvido por empre-sas públicas e privadas que dedicam esforços e investimentos em busca de variedades mais produtivas, tole-rantes a determinadas pragas e do-enças, e resistentes às adversidades

climáticas.A ciência, aplicada com transparên-

cia para a sociedade e com respeito ao Meio Ambiente promove um mun-do mais equilibrado. Devemos usar os recursos que temos com maior efici-ência para alcançarmos a sustentabi-lidade.

Artigo

Page 62: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

62 REVISTA DA SEE

A importância do Responsável Técnico nas propriedades rurais

Eng. Agrônomo José Roberto Silva Hernandes Coordenador da CEAGRO

A Agricultura continua sendo a se-gurança para o Produto Interno Bru-to (PIB) brasileiro, mesmo durante a crise que se alastra pelo país. No PIB capixaba, o setor contribui com cerca de 30%, estando presente em grande parte dos municípios do Es-tado. Temos como principal produ-to o café, com elevados índices de produtividade e qualidade. Nos des-tacamos ainda na olericultura, na fru-ticultura, na pecuária e nos plantios florestais.

São grandes as demandas em uma propriedade rural, sejam elas de ade-quação e conformidade ambiental, identificação das potencialidades regionais, exploração da diversidade cultural, regularidade fitossanitária, manejo e manutenção de plantios etc.

Somadas às demandas, as dificul-dades pelas quais o setor passa, prin-cipalmente relacionadas à escassez e ao racionamento dos recursos hí-dricos, desanimam ou desnorteiam o pequeno, o médio e o grande produ-tor, que se veem, muita vezes, pena-lizados por órgãos de fiscalização e com queda na produtividade.

Estes e outros cenários podem ser melhorados com a participação efe-tiva de profissionais habilitados na assistência técnica. A presença des-ses profissionais nas propriedades rurais é assunto de discussões da Câmara Especializada de Agronomia (CEAGRO) do Crea-ES, que trabalha na elaboração de Norma de Fiscali-zação de Propriedades Rurais, que exigirá a responsabilidade técnica de profissional habilitado em toda a ca-deia produtiva das atividades agro-pecuárias e florestais.

A fiscalização de propriedades ru-

rais já é prevista nas Leis 5.194/66 e 6.466/77, que permitem ao Conselho fiscalizar a presença de responsáveis técnicos habilitados frente às ativi-dades agropecuárias.

O benefício maior da presença des-ses profissionais nas propriedades será sentido pelos próprios produ-tores rurais, que, em médio prazo, terão melhorias em suas receitas, estarão em conformidade com a Le-gislação Ambiental e Fitossanitária e poderão ver suas propriedades com diversidade de culturas a fim de en-frentar os altos e baixos do mercado.

Artigo

Page 63: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 63

Energia Solar Fotovoltaica: investimento viável!

Eng. Eletricista Eduardo Armando AltoéSubgerente de Relações Institucionais do Crea-ES

A Energia Elétrica Solar Fotovoltaica vem, ano após ano, se consolidando como uma das melhores opções na matriz energética mundial. Em 2014 experimentou um crescimento muito acentuado, fazendo com que, em pa-íses como a Alemanha, onde essa tec-nologia é amplamente utilizada, a ener-gia solar fotovoltaica responda por 7% da matriz energética; chegando a 35% em dias ensolarados.

O Brasil dispõe de condições extre-mamente favoráveis à utilização da Energia Elétrica Solar Fotovoltaica. Face à sua posição geográfica, apresen-ta IRRADIAÇÃO MÉDIA ANUAL (KWh/m²/dia), na região com menor poten-cial, 40% superior à melhor região na Alemanha.

Isso equivale a dizer que, utilizando tão somente os telhados residenciais existentes no Brasil, como ponto de capitação dessa energia, poderíamos produzir o dobro de toda a energia pro-

duzida atualmente.A recente Resolução da Agência Na-

cional de Energia Elétrica (ANAEEL) DE nº 484 de abril de 2012, criou o sis-tema de compensação. Isto é, a ener-gia excedente gerada pela residência, indústria, comércio etc, é injetada na rede e, à noite, busca na rede da con-cessionária a energia “emprestada”; é o chamado SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE (SFCR).

Esse modelo apresenta muitas van-tagens como: O cliente produz a ener-gia onde ela será consumida; os preços são bem mais baixos do que os valores cobrados pelas concessionárias, preço esse, que fica “congelado” pelos anos de vida útil dos equipamentos (os me-lhores do mercado, contam com 10 anos de garantia e 25 anos de vida útil) e o SFCR começa a produzir RENDA para o proprietário no momento que é dado o “start-up”.

Para as empresas/indústrias, além

das vantagens listadas acima, apre-senta um ganho de competitividade e as posiciona dentro da política de sus-tentabilidade, que conta com uma boa reputação junto à sociedade.

Mas, se a energia solar fotovoltaica traz todas essas vantagens, por que ainda não assistimos um “boom” no mercado brasileiro, apesar de tantas e tantas matérias jornalísticas tratan-do dessas vantagens e que exaltam as propriedades da sustentabilidade des-se Sistema?

Por se tratar de um investimento de alto custo, a grande maioria dos po-tenciais clientes necessita de financia-mento, e as condições para se obter um financiamento com prazos e juros atrativos no mercado ainda estão mui-to limitadas, com juros altos e de curto prazo e longos trâmites para liberação desse crédito.

Entretanto, mesmo considerando os altos custos dos investimentos e finan-ciamentos, as simulações de Custo X Beneficio, via de regra, apresentam re-sultado positivo, com o Pay-back ocor-rendo entre o sétimo e o décimo ano de operação (dependendo das condições do financiamento), ainda dentro do pe-ríodo de garantia dos componentes, e com um período de operação, livre de custos de investimento, de até 15 anos.

Artigo

Page 64: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

64 REVISTA DA SEE

Grupo Pianna: Mais de meio século de história

Gilmar Largura Gerente Geral da Pianna Rural

Com mais de meio século de histó-ria, o Grupo Pianna se destaca pela capacidade de empreender, caracte-rística nata do saudoso Antenor Pian-na, idealizador de um dos maiores conglomerados empresariais do Es-pírito Santo. Presente em quatro es-tados, o Grupo Pianna atua em mais de 10 segmentos de mercado, entre eles veículos, máquinas para cons-trução civil e terraplanagem, pneus, distribuidora de cerveja, material de construção e máquinas agrícolas.

Visionários e atentos às demandas e necessidades dos produtores ru-rais, a Pianna Rural iniciou há 5 anos, juntamente com um fabricante de máquinas e implementos agrícolas, o desenvolvimento de uma colhei-tadeira mecanizada de café conilon, um dos carros-chefes do agronegó-cio capixaba.

Hoje, graças ao aparato tecnológi-co disponível, aliado ao crescimento e avanço da engenharia na área de desenvolvimento e melhoramento de máquinas e implementos agrí-colas, a colheitadeira já é uma reali-

dade. Trabalho árduo, resultado de muitas pesquisas e dedicação dos engenheiros responsáveis pelo pro-jeto.

Para o produtor rural, maior inte-

ressado, os benefícios são muitos, entre eles diminuição dos custos de produção em até 70%, o aumento da rentabilidade e um produto de quali-dade superior.

Artigo

Estamos preparados para as próximas décadas com foco em novos parcei-ros e novas tecnologias para o homem do campo. Isso só é possível graças aos esforços dos engenheiros que trabalham para facilitar a vida do homem no campo.

Page 65: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 65Av. João Palácio, 501, Eurico Salles - Serra - ES CEP: 29.160-161Fone/Phone: +55 (27) 3434-5051 / 3434-5054Fax: +55 (27) 3434-5060

E-mail: [email protected]: www.amadeira.com.br 47 ANOS

Desde o ano 2000 oferecendo soluções para o controle de pragas urbanas!

Tel.: (27) 32191133 * 32998737visite nosso site: www.vetorialbrasil.com

15 anos! Somos gratos por fazer parte de nossa história!

Page 66: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

SEE 65 anos

Os homenageados de 2015

Prêmio destaque Profissional da Engenharia 2015

Premio destaque Ensino Superior de Engenharias

Prêmio destaque Empresarial Áreas de Engenharia e Agronegócio

Pelo sexto ano consecutivo, a SEE realiza esta importante homenagem de reconheci-mento profissional e empresarial nas áreas das engenharias e agronegócio. São pre-miados aqueles que mais se destacaram. O critério é o de reconhecimento de quem mais contribuiu para o desenvolvimento sustentável capixaba. O organizador deste certame pela SEE é o Eng Agr Jorge Luiz e Silva, diretor de Valorização Profissional da Entidade que é precursora do sistema Confea-Crea.

Jorge Silva explica que cada homenageado – profissional e empresa, foi devidamente analisado pelos últimos dez anos por uma Comissão formada por pessoas altamente responsáveis. Portanto, para ele, o critério é mais que justo. Ele diz ainda, orgulhoso, que este é o mais importante esforço de reconhecimento profissional das engenharias no Espírito Santo.

- Paulo Roberto Ferreira – Eng Mecânico / Secretário de Estado da Casa Civil /Governo ES // - Luiz Paulo Vellozo Lucas – Eng de Produção / Presidente do Bandes// - Domingos Augusto Taufner - Eng Mecânico/Presidente do Tribunal de Contas// - Sérgio Manoel Nader Borges-Eng Mecânico /Conselheiro do Tribunal de Contas do ES // - Fernando de Souza Ribeiro - Eng Civil/ Diretor Presidente da Pelicano Construções// - Francisco Alfredo Lobo Junger - Eng Agrônomo / Diretor Presidente da EMEC// -Helder Paulo Carnielli - Eng Agrônomo/Presidente do Crea-ES/Diretor Presidente da Ruralter// - José Antonio do Amaral Filho - Eng Civil/Diretor Adminis-trativo Crea /Diretor da SEE// - Sergio Augusto de Magalhães e Souza - Eng Civil /Vereador de Vitória / Diretor da Benevix// - Antonio Carlos Xausa Gonçalves - Eng Civil/Diretor Presidente da Duto Engenharia// - Olavo Botelho Almeida - Eng Eletricista/ Diretor SEE /Conselheiro Crea// - Estherio Sebastião Colnago – Eng Agrônomo / Presidente da OCB-Ocees// - José Luiz Galvêas Loureiro – Eng Civil/Diretor da Galwan Engenharia // - Valter José Matielo – Eng Agrônomo/Ex- presidente e ex-Conselheiro do Crea-ES// - Ary Medina Sobrinho - Eng Eletricista/Presidente do Senge// - Eduardo Luiz Henriques - Eng Eletricista/ Diretor do Senge/Conselheiro do Crea // - Geraldo Antonio Ferreguetti - Eng Agrônomo/Presidente da SEEA // - Rodrigo Américo Pereira - Eng Civil / Conselheiro do Crea/ ex-Presidente da SEE// - Bernardino José Gomes - Téc Eletrotécnica/ Presidente do Sintec // - Kepler Daniel Sergio Eduardo - Tec em Metalurgia // - Telmo Lopes Sodré Filho - Téc de Estradas/ Diretor do Sintec// - José Luiz Miotto – Tecnólogo/ Presidente da Atecnólogos // - Dario Antonio de Almeida - Tecnólogo e Tec Agrônomo/ Diretor da Atecnólogos// - Rubio Antonio Freitas Vale Marx - Eng Civil/ Presidente do IBAPE// - José Lemos Sobrinho - Eng Civil /IBAPE/ Conselheiro do Crea// - Flavio De La Rocca - Eng Mecânico /IBAPE// - Antonio Carlos Balbino - Tec Agrônomo/ Presidente do Sintaes// - Vitalino Fermo - Tec Agrônomo /Presidente da Ataes// - Aluyr Carlos Zon Junior – Téc em Mecânica/ Diretor do Sintec// - Pedro Arlindo de Oliveira Galvêas - Eng Agrônomo /Pes-quisador do Incaper /Embrapa// - José Ricardo Borges - Eng Agrônomo/Diretor da Vetorial// - Wolmar Roque Loss – Eng Agrônomo/Superintendente do Crea-ES// - Eudier Antonio da Silva - Eng Mecânico/Diretor da Consulpavi // - Sebastião da Silveira Carlos Neto - Eng Mecânicoânico - Sub secretário de Obras da PMV// - Douglas Muniz Lyra Eng Agrônomo Diretor geral da Mutua // - Portugal Sampaio Salles - Téc Eletrotécnica - Diretor da Mutua// - Juliano Curto de Barros Eng Civil/Coordenador Câmara Especializada de Eng Civil Crea// - Fred Rosalém Heliodoro - Eng Mecânico/ Vice presidente do Crea // - Henrique Germano Zimmer - Eng Eletricista /conselheiro Crea// - Delfin Francisco da Costa Filho - Eng Civil e de Seg Trab// - José Maria Colados Santos - Eng Civil/ Diretoria SEE/Gerente de Atendimento do Crea-ES// - Lauro Faria Madeira - Eng Civil/Diretor da A Madeira // - Simone Coutinho Lacerda - Eng Flo-restal/Empresária/Conselheira e Diretora do Crea-ES// - Rosemberg Bragança - Eng Agrônomo/Professor CAUFES // - Elson Gatto Filho Eng Civil/Inspetor do Crea em VV/Conselheiro do Crea-ES// - Davi dos Santos Martins - Eng Agrônomo/Pesquisador do Incaper // - Álvaro João Bridi - Eng Agrônomo/IEMA/Diretor do Crea-ES e Conselheiro do Consema// - Ana Cristina Achá Estrada do Valle - Eng Civil /Conselheira do Crea-ES// - Patrícia Brunow Diniz Ribeiro Barbosa – Eng Civil/Empresária/Conselheira do Crea-ES// - Arnaldo An-tonino de Freitas Mauro - Eng Civil /Empresário/Inspetor chefe do Crea-ES em VV// - José Ricardo Borges - Eng Agrônomo/Diretor da Vetorial// -Jaime Oliveira Veiga - Eng Civil/Empresário/Conselheiro do Crea-ES// - José Roberto Silva Hernandez - Eng Agrônomo/Conselheiro Crea-ES/Diretor da SEEA// - Geraldo Rossoni Sisquini - Eng Mecânico/Diretor do Centro Tecnológico da Ufes // - Rogério do Nascimento Ramos - Eng Eletricista/Diretor do Senge/Coord Câm Eng de Seg. Trab// - Wilson Gravel – Téc. Agrícola Diretor da Defagro// -Julio da Silva Rocha Junior – Eng Agrônomo/ Presidente da FAES// - Rogério Dias Queiróz Manga - Eng Civil/Empresário/Diretor da SEE// - Antonio Carlos Barbosa Coutinho – Eng Eletricista/Conselheiro do Crea-ES// - Moisés Covre - Eng Agrônomo/Em-presário/Agropecuarista// - Marcos Antonio de Jesus – Eng Agrônomo /Consultor técnico

UFES | Faesa | CCA - UFES | UCL | IFES | CET FAESA | MULTIVIX

Pianna Rural | Petrobrás | Vetorial | Fibria | Vale | IBAMA | A Madeira | Pelicano | EMEC | Cesan | DNIT | DER | Pretti Engenharia | Marca Ambiental | Flexibrás | Bandes | Montenegro Engenharia | Duto Engenharia | Casa do Adubo | EDP Escelsa | IOPES | IEMA | Consulpavi | Caixa Econômica Federal | Incaper | Arte Nova Engenharia | Netimóveis | Defagro | Incaper | IDAF | Acta

Engenharia | Rodosol | Banestes | Lorenge S/A | Construtora Arariboia | Arcelor Mittal | Galwan Engenharia | Ruralter

Page 67: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública
Page 68: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

68 REVISTA DA SEE

Page 69: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

13 anos

Atuamos desde 2002 com orientação jurídica competente, ética e responsável.

Assim, PRETTI & ALTOÉ ADVOGADOS ASSOCIADOS cumpre sua missão de contribuir efetivamente na evolução dos negócios de seus clientes, orientando

decisões nas mais diversas áreas do Direito.

Áreas de Atuação:Licitação

AdministrativoTributárioTrabalhistaImobiliárioEmpresarial

Luiz Alfredo Pretti – OAB-ES 8.788

Marcelo Martins Altoé – OAB-ES 8.787

Rua Eurico de Aguiar, 130, conj 912, Ed. Blue Chip, P. Canto Vitória-ES – Cep: 29.055-280Tel (27) 3345.2722 www.paadovgados.adv.br email: [email protected]

Page 70: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

70 REVISTA DA SEE

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Agrotóxicos são do mal?

Eng. Agrônomo Alfredo José Barreto LuizPesquisador na Embrapa Meio Ambiente

É cada vez mais frequente encon-trarmos textos satanizando os agro-tóxicos, principalmente nas redes so-ciais. Todos procuram dar uma certa aparência de “verdade científica” aos argumentos, mas, na realidade, estão quase sempre cheios de erros, pre-conceitos ou conceitos equivocados.

Se bem recomendados e aplicados, os agrotóxicos são para as plantas muito semelhantes ao que os medi-camentos são para os humanos. Em-bora possam ter efeitos colaterais, são pensados para curar os vegetais cultivados e não para causar efeitos colaterais. O Brasil é grande usuário de agrotóxicos (que em outros paí-ses são chamados de pesticidas, pois se destinam a matar as pestes e não a serem tóxicos para o ‘agro’) por causa do clima tropical e da grande área plantada. Nos países de clima frio, durante o inverno há um controle natural das pragas, doenças e plantas invasoras que prejudicam a produção agrícola. Isso não ocorre no nosso cli-ma tropical.

A afirmação de que nós brasileiros, consumidores de produtos agrícolas, ingerimos cinco litros de agrotóxicos por ano, é totalmente falsa. Esse é o volume total de agrotóxicos aplicado sobre toda a área cultivada brasileira ao longo do ano, simplesmente dividi-do pela população. Nesse cálculo en-tram todos os produtos aplicados na

cana-de-açúcar destinada à produção de álcool, por exemplo, produto que não é ingerido por nós, humanos. E a cana é a segunda cultura em área no Brasil. Também entram todos os agro-tóxicos aplicados na soja exportada, que não é ingerida por nós, portanto. E tudo que é aplicado nas seringuei-ras, cultivadas para produção de látex, e nos eucaliptos e pinus destinados à produção de celulose e papel, nas de-mais essências florestais etc.

Mais importante que isso é que os agrotóxicos trazem no rótulo uma in-formação sobre o prazo de carência; o que é isso? É o prazo que deve ser respeitado entre a última aplicação do produto e a data da colheita (especial-mente importante no caso de produ-tos alimentícios). Esse prazo é calcu-lado para que as substâncias químicas ativas dos agrotóxicos já tenham se transformado em outras (pela ação da temperatura, luz, umidade etc.), restando em quantidade tão redu-zida e diluída que não oferece mais perigo. Se essa instrução for seguida, nenhuma quantidade significativa de agrotóxico chegará às mesas dos con-sumidores.

Além disso, da quantidade aplicada sobre uma área, apenas uma pequena fração atinge a parte da planta que vai ser ingerida. Por exemplo, um dos agrotóxicos mais consumidos é um herbicida aplicado na área de soja,

a cultura de maior área plantada no Brasil. Os herbicidas são utilizados para controlar as outras plantas que surgem no meio do plantio da soja e competem com ela por luz, espaço, água e nutrientes, prejudicando o desenvolvimento da cultura e atra-palhando enormemente o manejo da mesma, principalmente a colheita. Pois bem, boa parte dessa quantidade enorme de agrotóxicos é aplicada no período inicial do crescimento da soja, bem distante no tempo da colheita dos grãos.

Os herbicidas são usados nos plan-tios florestais, em cana e, mesmo os aplicados em culturas de produtos comestíveis, seguem o padrão de apli-cação na soja, ou seja, a maior parte é aplicada nos estágios iniciais das cul-turas, longe da época da colheita. E, segundo os últimos oficiais dados dis-poníveis, de 2013, do total de agrotóxi-cos consumidos no Brasil, os três mais vendidos eram herbicidas, que sozi-nhos representaram 50,7% do total co-mercializado no país naquele ano.

Muito do que se diz sobre agrotó-xicos é mentira e prejudica o debate saudável e necessário sobre o tema. Realmente, existem problemas nessa área, e graves.

O primeiro é o contrabando de pro-dutos. Isso prejudica economicamen-te o país, além de moralmente todos os envolvidos. Esse comércio ilegal

Artigo

Page 71: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 71

O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. São novos produtos, estratégias e instrumentos financeiros disponibilizados à população capixaba para apoiar empresários de pequeno, médio e grande portes.

O Bandes aposta na sua ideia e oferece as melhores soluções para o seu empreendimento, seja ele rural, urbano ou corporativo.

Economia Verde, Economia Criativa, aproveitamento sustentável de recursos naturais e exportações de produtos capixabas são algumas das oportunidades que serão apoiadas. É nisso que o Bandes acredita.

Bandes: soluções de financiamento para o desenvolvimento em rede.

Para saber mais sobre nossas soluções:Bandes Atende - 0800-283-4202 • (27) 3331-4444bandes.com.br • [email protected] • facebook.com/bandesonline

Acesse um de nossos canais e solicite uma visita.

Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018. Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Bandes, lançou o seu Plano Operacional 2015-2018.

O BANDES POSSUI AS MELHORES ALTERNATIVASPARA VOCÊ.

permite a ação de máfias, sempre li-gadas a outras formas de crime e cor-rupção, além de ocorrer à margem de todos os controles, facilitando a exis-tência de produtos falsos, vencidos, não eficientes etc.

Outro problema é a não observân-cia das recomendações para aplicação dos produtos. Dentre as inobservân-cias, a mais perigosa é para as pessoas que aplicam os produtos (muito mais expostas que os consumidores). Os trabalhadores envolvidos na aplicação desses produtos devem usar rigorosa-mente os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), conforme indicado nos rótulos dos produtos. Infelizmen-te isso não é cumprido em muitos ca-sos, prejudicando a saúde dos aplica-dores, chegando a causar a morte.

Outras ‘desobediências’ das normas se dão quanto a quantidade aplicada, o intervalo entre as aplicações, no pra-zo de carência antes da colheita (prin-cipalmente em algumas frutas e hor-

taliças, cuja colheita se estende pelo tempo, como morango e tomate), na regulagem do equipamento de aplica-ção, na mistura não recomendada de produtos, na aplicação de produtos não recomendados para a cultura em questão etc.

Isso sim deveria ser muito mais discutido pela sociedade. É como o caso de medicamentos falsos, con-trabandeados, vendidos sem receita, utilizados na quantidade e frequência erradas etc. O problema não está no medicamento, mas no uso que é feito dele. E não se vê uma campanha con-tra os medicamentos humanos por causa dos problemas no seu uso. Tam-bém não são os agrotóxicos os vilões. O problema é o seu mau uso.

Por fim, da mesma forma que exis-tem problemas com a concentração da produção de medicamentos hu-manos nas mãos de grandes multina-cionais, que devem ser discutidos e enfrentados com leis que facilitem o

acesso da população aos medicamen-tos essenciais, como o Brasil tem feito de maneira exemplar para o mundo (o caso dos remédios para a AIDS é o melhor exemplo), os agrotóxicos têm sua produção concentrada nas mãos de algumas multinacionais e, nesse caso, também deve haver um enfren-tamento no interesse da população para baratear os custos da utilização (o preço alto está na raiz do contra-bando, inclusive).

Mas, condenar o remédio não cura a doença! Devemos esclarecer o assun-to, e não confundi-lo, para realmente enxergar os verdadeiros obstáculos e ultrapassá-los. Enquanto ficarmos produzindo mais calor e ruído, apenas criando atrito e não resultando em trabalho, estaremos fazendo o que querem aqueles que são contra os interesses da maioria da população e nacionais (afinal somos um grande e eficiente competidor internacional na produção de matéria prima agrícola).

Page 72: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

72 REVISTA DA SEE

Tendências corporativas - Insersão da Mobilidade Digital

Eng. Eletricista Olavo Botelho AlmeidaConselheiro do Crea-ES e diretor da SEE

MsC em Eng. Elétrica, Eng. Eletricista Jorge Luiz Bitencourt da RochaConselheiro do Crea-ES e diretor da SEE

Eng. Eletricista Ricardo NascimentoConselheiro do Crea-ES e diretor da SEE

Devido à alta utilização de dispo-sitivos móveis, em particular smar-tphones, o Brasil é um dos países onde os internautas, passam mais tempo conectados à Nuvem. Mais de 50% afirmam que permanecem o dia inteiro na internet e outros 20% se conectem de hora em hora, se-gundo pesquisa de consultoria AT Kearney. Esses números indicam um caminho sem volta rumo à mobilida-de e à possibilidade de novos mo-delos de negócios e oportunidades para as indústrias e concessionárias de serviços.

Com aplicativos móveis, próprios na maioria ou adquiridos, as em-presas conseguem um maior re-lacionamento com seus clientes, entendendo melhor seus anseios e necessidades, otimizam processos e monitoram de forma eficiente e

em tempo real dados gerando in-formações sobre negócios e opor-tunidades. Entretanto, para muitos ainda não é tangível enxergar os benefícios da mobilidade dentro do ambiente corporativo, seja pela ma-neira como a colaboração ocorre nas empresas e instituições ou pela for-ma como a comunicação chega aos funcionários e aos end user, a razão de ser qualquer empreendimento ou negócio.

Por que ainda não usufruímos da mobilidade no ambiente de tra-balho? Acesso a e-mails, contatos, calendários, portfolios e profiles é suficiente frente à potencialidade e benefícios dos atuais aparelhos mó-veis e aplicativos aos quais temos acesso diariamente?

A mobilidade fez com que os pro-fissionais, especialmente os jovens

egressos dos cursos de formação, criassem grandes expectativas com relação às empresas e desejassem ter, no ambiente de trabalho, siste-mas, processo e ferramentas ágeis e flexibilidade quanto ao exercício de atividades, que um local fixo de trabalho, muitas vezes, não oferece. Esses são desafios para as empresas que ainda não utilizam modelos de negócios focados no mundo da mo-bilidade.

A indústria, através do desenvol-vimento tecnológico, criou solu-ções para cada um dos aspectos da mobilidade que mais preocupam os profissionais de TI, como seguran-ça, conectividade, gerenciamento e compartilhamento. Desta forma, a infraestrutura necessária para a mobilidade está pronta e disponível para as empresas.

Artigo

Page 73: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Uma questão se coloca. O mundo corporativo está pronto para inten-sificar a adoção da mobilidade, pos-sibilitando ao exercício profissional de seus funcionários, a liberdade de trabalhar em qualquer lugar e utili-zando dispositivos móveis?

Atualmente os dispositivos e apli-cativos móveis são encarados como parte da estratégia de negócio e isso pode ser percebido não só no discurso e postura das empresas, destacando os setores de serviços. De acordo com o IDC, 33,5 % dos fun-cionários das médias e grandes em-presas já são móveis e utilizam dis-positivos corporativos. Esta é uma tendência que cresce a cada ano. As empresas devem estar capacitadas para recebê-la, ou melhor implemen-tar a mobilidade.

Mais do que em termos de infraes-trutura e aquisição de tecnologias, a mudança precisa ocorrer na mentali-dade dos gestores, que ainda vivem a transformação digital de forma re-ativa.

Funcionários que possuem ferra-mentas de trabalho disponíveis tam-bém em dispositivos móveis têm a possibilidade de interagir em tempo real com seus colegas e com os seus superiores, agilizando a tomada de decisões. São mais produtivos, en-gajados, satisfeitos e criam formas mais eficientes e adequadas à nova realidade, para entregar os resulta-dos esperados cumprindo as metas das empresas.

Como viabilizar a mudança da mo-bilidade? Não ter medo de dar poder

e voz a colaboradores, valorizar o compartilhamento das informações e, mais do que tudo, estabelecer o limite entre confiança e riscos, por intermédio de políticas de segurança e capacitação.

Com o exposto acima, parece que o desenvolvimento de modelo de ne-gócio focado numa estratégia móvel é lento e difícil. A transformação di-gital começou fora das paredes dos grandes escritórios e sua assimilação no labor não é simples. No entanto, acreditamos que mais do que possí-vel é inevitável. O modelo de traba-lho tradicional no setor de serviços está com os dias contados. A veloci-dade de resposta das empresas e a capacitação de seus colaboradores é o que definirá o sucesso de sua inser-ção no mundo da mobilidade.

Empresa atuando no mercado há 18 anos, especializada em geotecnia e consultoria de pavimentos, com modernos laboratórios de solos, asfalto e concreto. Avaliação estrutural de pavimentos com uso de Viga Benkelman e Falling Weight Deflectometer – FWD.

Av. Champagnat, 583, sala 311, Ed. Nilton de Barros, Centro, Vila Velha -ES, Fones: 3339-2442 | 9776-7600

[email protected]

Page 74: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

74 REVISTA DA SEE

Reflexões sobre os projetos de leis e o Sistema Confea, Crea e Mútua

Eng. Agrônomo José Adilson de OliveiraGerente de Fiscalização do Crea-ES

A Assessoria Parlamentar do Confea identificou tempos atrás, cerca de 274 Projetos de Leis – PL’s, de várias moda-lidades (Projetos de Leis da Câmara – PLC, Projetos de Leis do Senado –PLS’s, Projetos de Leis Complementares – PLC’s e Propostas de Emendas Cons-titucionais – PEC’s), com potencial de impactar negativa ou positivamente os profissionais do Sistema Confea, Crea e Mútua. Com o passar do tempo, muitos deles foram arquivados, por força políti-ca ou por determinação regimental em face de mudança de legislatura, mas alguns podem ser oportunamente rea-presentados, como aconteceu recente-mente com o PL dos Zootecnistas que propõe a retirada de atribuições dos En-genheiros Agrônomos e dos Médicos Veterinários.

Pelo último relatório daquela Asses-soria Parlamentar, datado de junho des-te ano de 2015, ainda temos 27 Projetos de Leis impactantes tramitando. É uma situação que merece atenção de todos nós profissionais e, em especial, de nos-sas lideranças.

É preciso criar Grupos de Trabalho nas Entidades de Classe e nos Creas do Brasil para analisar, discutir e propor linhas de ação sobre cada um desses Projetos de Leis em tramitação, pois existem propostas que terão impactos tão avassaladores no Sistema que po-derá expô-lo ao risco de desagregação e desestabilização institucional.

A situação pode se agravar porque ainda não se conseguiu harmonizar as relações técnicas e político-institucio-nais entre os Sistemas Confea/Crea e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo.

As modalidades de Engenharia Civil e Engenharia Elétrica andam às turras e não conseguem compatibilizar suas res-pectivas áreas de competência.

A Agronomia perdeu mercado de tra-balho significativo em face de decisões judiciais equivocadas, que concederam atribuições para profissionais sem a devida formação acadêmica e continua sofrendo constantes ameaças de perda de atribuições para outras profissões do próprio Sistema e, principalmente, de outros conselhos. As demais profis-sões sofrem pela falta de espaço polí-tico real e reconhecimento de que não são apenas afins.

Com todas essas mazelas internas não será tarefa fácil suportar as deman-das, conciliar e harmonizar os interesses de mais de 300 profissões, que envolve um exército crescente, que soma hoje, mais de 1,2 milhões de profissionais no Sistema Confea, Crea e Mútua.

Com a aprovação de determinados PL’s com propostas de regulamenta-ção de algumas novas profissões como Tecnólogos, Paisagistas, Ecólogos, Ges-tores Ambientais, Cientistas de Alimen-tos, entre outros, que buscarão seus espaços não claramente definidos nos respectivos Projetos de Leis, a situação

tende a se agravar e muito.Somente com a pressão política or-

ganizada das Entidades de Classe, parte nobre do Sistema, e dos Conselhos Re-gionais, se conseguirá uma Assessoria Parlamentar de envergadura, devida-mente estruturada, bem equipada e tempestivamente atuante, à semelhan-ça do que ocorre na Confederação Na-cional de Agricultura e Pecuária do Bra-sil – CNA, ou seja, em condições de lutar com efetividade em prol dos interesses das diversas categorias profissionais.

Chega de desgaste e perda de tempo com a judicialização generalizada das divergências entre irmãos que impera atualmente no Sistema, pois os inimi-gos de fato, estão lá fora e não estão brincando não!

A estratégia adotada por alguns líde-res nacionais e regionais, nos últimos tempos, está transformando este Siste-ma gigante, num anão.

É preciso retomar o caminho idealis-ta original, onde impere o bom senso e o espírito coletivo acima do individual, para reconstruirmos, com alma classis-ta e amor às profissões, a política insti-tucional do maior Sistema profissional do mundo, responsável pela produção de cerca de 70% do PIB nacional e, ten-do como objetivo maior, o compromis-so com a sociedade.

A hora é de um por todos e todos pela Engenharia e a Agronomia do Bra-sil, pois, juntos, somos muito mais!

Opinião

Page 75: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Prestando serviços de qualidade há 36 anos na busca da satisfação deseus clientes, a DUTO ENGENHARIA LTDA tem por objetivo atuar na área de construção civil executando obras públicas de edificação, saneamento, drenagem, pavimentação, urbanização, praças e jardins para órgãos federais, municipais, autarquias e sociedades de economia mista.

R. Joaquim Leopoldino Lopes, 261, Consolação - CEP 29.045-580 - Vitória/ESCNPJ: 27.557.792/0001-56 - Tel/Fax: +55 27 2124-2250

E-mail: [email protected] / www.dutoengenharia.com.br

DUTO ENGENHARIA LTDA

Page 76: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

76 REVISTA DA SEE

As crises hídricas no estado do Espírito Santo

Eng. Agrônomo Murilo Antonio PedroniCoordenador da Área de Meio Ambiente da FAES – Federação da Agricultura do Espírito Santo

O tema recursos hídricos, nos últi-mos anos, ganha cada vez mais desta-que nos noticiários capixabas. O que mais chama atenção é a diferença das razões que levaram a esse destaque em tão pouco tempo. Em dezembro de 2013 o Estado era acometido pelas piores enchentes dos últimos 40 anos, e durante todo o ano de 2015 pela pior seca de sua história, quando nos refe-rimos a impactos diretos na socieda-de.

Esta observação faz-se necessária para analisarmos a atual, e gravíssima, crise hídrica pela qual passamos, os caminhos que nos levaram a tal e as soluções para minimizar seus impac-tos. Nas cheias ocorridas no final de 2013, foram 24 mortos além de 44.577 desabrigados em mais de 50 municí-pios afetados, segundo dados da De-fesa Civil em boletim datado de 31 de dezembro de 2013.

Na agropecuária, por exemplo, os prejuízos alcançaram R$ 150 milhões com pastagens, lavouras, animais e outros, sem contar R$ 50 milhões em prejuízos com a infraestrutura, totali-zando R$ 200 milhões em perdas, se-gundo dados do Governo do Estado. Para a sua reconstrução foram estima-dos à época R$ 540 milhões.

Pois bem, somados esses valores, do prejuízo causado pelas enchentes ao total de prejuízos que são estima-dos para 2015 devido à seca, apro-ximadamente R$ 1,2 bilhão - cálculo baseado na produção e no rendimen-to médio esperado para este ano na agropecuária, de acordo também com o Governo do Estado, temos aí R$ 1,4 bilhão em perdas em pouco mais de 2 anos causados unicamente por even-tos climáticos extremos e distintos.

Enquanto isso, o Governo Federal, sensibilizado com a nossa situação, reservou para o nosso Espírito Santo 0,41% dos recursos previstos no ano de 2013 para a prevenção e recupera-ção de áreas atingidas por desastres naturais, de um total de R$ 3,3 bilhões.

A convivência com esses eventos tem trazido à tona diversas discussões sobre o que se pode fazer para a mini-mização desses impactos. O Governo do Estado criou no final do mês de ja-neiro o Comitê Hídrico Governamen-tal com diversas atribuições que vão desde monitoramento até a proposi-tura de ações para priorizar o uso dos recursos hídricos. O setor produtivo também tem se mobilizado na busca por alternativas, como na reunião que agricultores capixabas tiveram com

representante do MAPA no dia 9 de novembro para entregar uma série de reinvindicações.

O nosso CREA-ES também deu a sua contribuição quando, por exemplo, realizou no dia 15 de maio o Fórum de Recursos Hídricos e Adversidades Climáticas que apresentou soluções e inovações tecnológicas nas áreas de previsão do tempo, reservação, uso e reuso da água. A Engenharia tem papel preponderante nesta questão para apresentar à sociedade essas possibilidades.

Não é necessário reinventar a roda. As soluções que cabem à Engenharia já são bem definidas e de conhecimen-to de seus executores. Mas, parece que essas alternativas que se apre-sentam, ainda estão longe do alcance da população capixaba. Tornar essas práticas e ações mais acessíveis, seja por meio de disponibilidade de recur-sos financeiros especialmente direcio-nados, assistência técnica específica centrada na educação para um me-lhor uso do solo e uma desburocrati-zação radical para a sua realização é o grande desafio para uma melhor con-vivência com essas situações. A hora é de sair dos escritórios e partir para a ação efetiva.

Artigo

Page 77: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

REVISTA DA SEE 77

Obras com planejamento

Com 29 anos de experiência no mercado da construção civil, a Arte Nova Engenharia desenvolve e executa projetos de imóveis residenciais, com qualidade e pontualidade. Para empresas ou pessoas físicas, temos as melhores soluções.

Rua Francisco Alves, 25, loja 2, Campo Grande, Cariacica/ES - Tel.: 27 3343.0815

Page 78: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

78 REVISTA DA SEE

Setor de Petróleo no Espírito Santo é promissor para profissionais da área

Eng. Agrônomo Luiz Otávio da Cruz de Oliveira Castro Geólogo, Mestre em Engenharia Civil e Especialista em Geologia Econômica, Gestão Empresarial e Marketing

De acordo com o Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia, publicado pelo MEC em 2010, o Curso Superior de Tecnologia é uma gradua-ção em 2 anos, que abrange métodos e teorias orientadas a investigações, avaliações e aperfeiçoamentos tecno-lógicos com foco nas aplicações dos conhecimentos a processos, produ-tos e serviços.

Desta forma, os tecnólogos se po-sicionam como uma opção inovadora para um mercado de trabalho que ne-cessita absorver rapidamente esses profissionais para conseguir suprir a demanda por mão de obra qualifica-da, com a qualidade e excelência ne-cessárias para desempenhar funções correspondentes às vagas.

O cenário para atuação do Tecnó-logo em Petróleo e Gás é bastante otimista, considerando que sua for-mação acadêmica permite atuar em várias áreas: gerenciar, monitorar e executar a prospecção, extração, be-neficiamento ou produção, armaze-

nagem e comercialização do petróleo e seus derivados. Em sua atuação, este profissional aplica a legislação do setor, afere a qualidade do produ-to, bem como gerencia situações de emergência, com vistas ao controle de acidentes de trabalho e ambien-tais.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), órgão regulador, visando à descen-tralização do investimento explora-tório, atua em 23 estados brasileiros, com pesquisa exploratória de base, no âmbito do seu plano plurianual de geologia e geofísica. Além do pré-sal, que demandará ao menos US$ 400 bi-lhões em bens e serviços até 2020, o Brasil dispõe de uma enorme área se-dimentar, até então pouco explorada, a ser desenvolvida em prol da sua po-pulação. O potencial do Brasil vai bem além do pré-sal!

Segundo a ANP, atualmente, o Bra-sil produz cerca de 2,3 milhões de bar-ris por dia de óleo e Líquido de Gás

Natural (LGN) além de 65,9 milhões de m³/dia de gás natural. Em relação aos recursos fósseis não renováveis, o país vive um momento especial para o setor de óleo e gás e pretende, a par-tir daí, estimular o desenvolvimento nacional.

Atualmente o Espírito Santo é o segundo produtor nacional de petró-leo, com 400 mil barris/dia e, decerto, contribuirá com significativa parcela na produção futura. A agência estima que, em um futuro próximo, no Brasil, as reservas provadas de Petróleo atin-jam 30 bilhões de barris.

De acordo com a Resolução do Con-selho Nacional do Petróleo 08/2003 (CNPE 08/2003), haverá priorização de áreas de elevado potencial, com foco no gás natural e no petróleo leve; da licitação de áreas em bacias madu-ras, como oportunidade para peque-nas e médias empresas; e da licitação de áreas de novas fronteiras, com o objetivo de propiciar o surgimento de novas bacias produtoras.

Artigo

Page 79: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública

Av. N. Sª Penha, 356 - 3º piso Praia do Canto - Vitória-ESTels.: (27) 3324-3545 / (27) 3325-3166

EquipaBem Apoio�Flex Agropecuário Construa�Já Família�Maior Educação

Veículos EmpreendedorismoFérias�Mais Ajuda�Mútua Sociais

AC

ME

/20

15

Associe-se! Seja Sócio Contribuinte.

Page 80: REVISA - CREA-ES: Conselho Regional de Engenharia e ... · Sociedade Espírito-Santense de Engenheiros, entidade de classe, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública