resumo_sistema financeiro nacional[1]

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Faculdade de Ciências Econômicas - FCE Departamento de Ciências Econômicas Disciplina de Economia Monetária I – ECO 02002 2008 - Textos Selecionados, Resumidos e Adaptados 5 O Sistema Financeiro Nacional 5.1 A Evoluçäo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até 1964/65 5.2 As Reformas de 1964-65 e a Evolução Posterior do SFN 5.3 Os Órgãos Normativos do SFN 5.4 As Entidades Supervisoras do SFN 5.5 Alguns Operadores do SFN 5.6 O Plano Real e o Ajuste do Sistema Financeiro Nacional 5.7 Os Bancos Comerciais no Rio Grande do Sul 5 O Sistema Financeiro Nacional Sistemas financeiros são definidos pelo conjunto de mercados financeiros existentes numa dada economia, pelas instituições financeiras participantes e suas inter-relações e pelas regras de participação e intervenção do poder público nesta atividade. Uma conceituação mais abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições dedicado ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro, onde se processam essas transações, permite que um agente econômico (um indivíduo ou uma empresa, por exempo), sem perspectivas de aplicação em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar (denominado agente econômico superavitário), seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superem as respectivas disponibilidades de poupança (denominado agente econômico deficitário). Para que possamos entender por que sistemas financeiros são organizados de forma tão diferenciada nos diversos países, as qualidades e limitações de cada tipo de sistema financeiro, e sua evolução, é preciso conhecer as razões materiais que levaram à criação de cada tipo de sistema, mas também, e principalmente, sua história e a da sociedade em que se insere. 84

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Sistema Financeiro Brasil.

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Page 1: RESUMO_Sistema Financeiro Nacional[1]

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGSFaculdade de Ciências Econômicas - FCEDepartamento de Ciências EconômicasDisciplina de Economia Monetária I – ECO 02002 2008 - Textos Selecionados, Resumidos e Adaptados

5 O Sistema Financeiro Nacional5.1 A Evoluçäo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até 1964/655.2 As Reformas de 1964-65 e a Evolução Posterior do SFN 5.3 Os Órgãos Normativos do SFN5.4 As Entidades Supervisoras do SFN5.5 Alguns Operadores do SFN5.6 O Plano Real e o Ajuste do Sistema Financeiro Nacional 5.7 Os Bancos Comerciais no Rio Grande do Sul

5 O Sistema Financeiro NacionalSistemas financeiros são definidos pelo conjunto de mercados financeiros existentes numa

dada economia, pelas instituições financeiras participantes e suas inter-relações e pelas regras de participação e intervenção do poder público nesta atividade. Uma conceituação mais abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições dedicado ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro, onde se processam essas transações, permite que um agente econômico (um indivíduo ou uma empresa, por exempo), sem perspectivas de aplicação em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar (denominado agente econômico superavitário), seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superem as respectivas disponibilidades de poupança (denominado agente econômico deficitário).

Para que possamos entender por que sistemas financeiros são organizados de forma tão diferenciada nos diversos países, as qualidades e limitações de cada tipo de sistema financeiro, e sua evolução, é preciso conhecer as razões materiais que levaram à criação de cada tipo de sistema, mas também, e principalmente, sua história e a da sociedade em que se insere.

Com este propósito, seguem-se alguns tópicos sobre a formação do Sistema Financeiro Nacional, a sua evolução recente e a sua estrutura atual.

5.1 A Evoluçäo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até 1964/655.1.1 Do Império aos Primeiros Anos da República

O surgimento da intermediaçäo financeira no Brasil coincide com o término do período colonial, no decurso do qual prevaleceram idéias e procedimentos de política econômica mercantilista, que bloqueavam quaisquer iniciativas que promovessem o desenvolvimento da colônia, conforme os interesses da Coroa portuguesa. As grandes companhias de comércio dominavam o cenário econômico do Brasil colonial, exercendo grande influência, não só na distribuição como no próprio financiamento da produção interna.

Com a transferência da família real para o Brasil, em 1808, criaram-se as pré-condiçöes necessárias para o surgimento da intermediaçäo financeira no país, mediante a constituição de bancos comerciais. Com a abertura dos portos, com a celebração de novos acordos comerciais e com a articulação de relações econômicas e financeiras com a Europa, as colônias africanas e asiáticas e diversos países sul-americanos, tornou-se necessária a implantação de um mercado financeiro capaz de dar assistência às atividades de importação e exportação.

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Estabelecidas estas pré-condições, foi então criada, em outubro de 1808, a primeira instituiçäo financeira do país, o Banco do Brasil, cujas operaçöes seriam iniciadas só um ano depois, em 1809, devido, principalmente, às dificuldades de subscrição do capital mínimo requerido para o início de suas atividades. As operaçöes permitidas abrangiam, privilegiadamente, o desconto de letras de câmbio, o depósito de metais preciosos, papel-moeda e diamantes, a emissäo de notas bancárias, a captaçäo de depósitos a prazo, o monopólio da venda de diamantes, pau-brasil e marfim e o direito exclusivo das operaçöes financeiras do governo.

Devido ao fraco desempenho da economia de exportação no início do Império e ainda ao fato do Banco do Brasil converter-se em fornecedor de recursos não lastreados para o governo, a continuidade de suas operaçöes tornou-se insustentável com a volta de Dom Joäo VI a Portugal em 1821. Esse monarca teria recambiado para Portugal boa parte do lastro metálico depositado no banco, com o que se enfraqueceu a já abalada confiança nessa primeira instituição financeira no país. Oito anos depois, em 1829, após insustentável período crítico, seria autorizada a liquidaçäo do primeiro Banco do Brasil, cujas operaçöes se encerraram definitivamente em 1835, a despeito das muitas tentativas empreendidas para evitar sua extinçäo.

Em vez de cumprir funções básicas de intermediação para o crescimento das atividades produtivas internas, este banco converteu-se em fornecedor de recursos para pagar as despesas governamentais, basicamente decorrentes das compensaçöes devidas a Portugal em funçäo do reconhecimento da independência do Brasil, das despesas militares com a guerra no sul do país (anexação da Província Cisplatina) e dos gastos com a criaçäo de um exército e de uma marinha de guerra (Lopes & Rossetti, p.308).

Em 1833, foi aprovada a criaçäo de um segundo Banco do Brasil. Mas, em virtude dos traumas decorrentes do insucesso da experiência pioneira, näo se conseguiu a subscriçäo do capital mínimo exigido para sua instalaçäo.

Em 1836 foi estabelecido o primeiro banco comercial privado do país, o Banco do Ceará, que, entretanto, encerrou suas atividades em 1839, basicamente em função da concessäo de créditos a longo prazo, sem que houvesse captaçöes de recursos também resgatáveis a longo prazo.

Havia, entretanto, condiçöes para que se implantassem no país atividades de intermediaçäo financeira, sobretudo se ligadas ao setor cafeeiro e aos projetos financeiramente viáveis no setor de infra-estrutura econômica. Assim, em 1838, um grupo privado criou e estabeleceu o Banco Comercial do Rio de Janeiro. A solidez e o crescimento dessa instituição ensejaram o surgimento, em outras praças, de outras instituições congêneres, como o Banco da Bahia (1845), o Banco do Maranhão (1847) e o Banco de Pernanbuco (1851).

Também em 1851 foi constituído o terceiro Banco do Brasil (o segundo a funcionar com este nome), por iniciativa do Baräo de Mauá. Dois anos depois, em 1853, verificar-se-ia no país a primeira experiência de fusäo bancária: os Bancos Comercial do Rio de Janeiro e do Brasil fundiam-se com o objetivo de criar um novo estabelecimento, sob a denominação de Banco do Brasil (o quarto estabelecimento sob esta denominação e o terceiro a funcionar efetivamente). Surgiram, na mesma época, novas casas bancárias, também com autorização para emissão de notas bancárias, como o Banco Comercial e Agrícola e o Banco Rural e Hipotecário (ambos no Rio de Janeiro), o Banco da Província do Rio Grande do Sul e o Banco Comercial do Pará.

A partir do início da década de 1860, as atividades de intermediaçäo financeira no país seriam ampliadas, com a chegada dos primeiros bancos estrangeiros. Os dois primeiros (ambos em 1863) foram o London & Brazilian Bank e o The Brazilian and Portuguese Bank. À mesma época (1866), capitalistas alemães fundaram o Deutsche Brasilianische Bank, cujas atividades foram encerradas em 1875, após acirrada concorrência com os bancos ingleses que operavam no país.

No final do Império, a libertação dos escravos (1888) alterou substancialmente a ordem econômica e financeira do país. A liberdade concedida a 800.000 escravos aniquilou fortunas rurais, motivou perdas de 40% a 50% das colheitas, provocou a escassez e a inflação e motivou um primeiro surto de industrialização. Ainda no Império, para atender às pressões por maior volume de

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crédito, em virtude da expansão da massa salarial e das necessidades de financiamento dos novos empreendimentos, o poder emissor, que se encontrava a cargo do Tesouro, foi estendido aos bancos.

Este clima econômico e financeiro prosseguiu nos primeiros anos do governo republicano. Embora a criação de meios de pagamento tenha sido redisciplinada, a expansão imoderada de crédito não foi interrompida. No entanto, em seguida a um curto período de crescimento acelerado, não tardaram a aparecer focos de especulaçäo. Houve o encilhamento (1889/91)1, período caracterizado pela galopante expansão dos meios de pagamento, pela excitação das atividades de intermediação financeira e por decorrente surto inflacionário.

Após o Encilhamento, o país foi conduzido a uma fase de contra-reforma (1892-1906), caracterizada, nos três primeiros anos, por um esforço de estabilização e, nos dois anos subseqüentes, por breve relaxamento da austeridade implantada e, finalmente, já então na virada do século, por generalizada recessão.

Os esforços de estabilizaçäo pós-encilhamento levaram o sistema bancário do país, inclusive o Banco do Brasil, a enfrentar dificuldades operacionais. Resultaram daí novas fusöes bancárias, envolvendo o próprio Banco do Brasil, que em 1892 se incorporou ao Banco da República dos Estados Unidos do Brasil, resultando no Banco da República do Brasil. Verificaram-se outras fusöes e incorporaçöes, notadamente nos cinco primeiros anos do século, quando, entäo, näo resistindo à recessäo econômica do período, muitas casas bancárias foram liquidadas. O próprio Banco da República do Brasil (o quarto a funcionar) foi também liquidado em 1905.

A partir de 1906, ao final da crise financeira do início do século, a intermediaçäo financeira no país voltou gradativamente à normalidade. Nesse ano foram reativadas as operaçöes do Banco do Brasil, o quinto a funcionar sob esta denominaçäo (Lopes & Rossetti, p.310).

5.1.2 O Período das Guerras e da DepressäoO período que se estende de 1914 a 1945 apresentou considerável importância no quadro da

intermediaçäo financeira no Brasil. Entre os principais, são destacados os seguintes: expansäo do sistema de intermediaçäo financeira de curto e médio prazos no país; disciplinamento, integração e ampliaçäo do nível de segurança da intermediaçäo financeira no

país, mediante a criaçäo da Inspetoria Geral dos Bancos (1920), posteriormente substituída pela Caixa de Mobilizaçäo e Fiscalizaçäo Bancária (1942), a instalaçäo da Câmara de Compensaçäo (1921) e a implantaçäo da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil (1921);

elaboraçäo de projetos com vista à criaçäo de instituiçöes especializadas no financiamento de longo prazo. Mas a vigência da Lei da Usura, de 1933, que estabelecia um teto máximo de 12% ao ano para a taxa nominal de juros, teria retardado o surgimento espontâneo de intermediários financeiros bancários ou näo bancários dispostos a operar a longos prazos em um contexto de inflaçäo crescente (a criação do Banespa, em São Paulo, e do Banrisul (então BERGS), no Rio Grande do Sul, ocorreu nessa época);

início de estudos e esforços convergentes para a criaçäo de um Banco Central no país.

A captação de recursos e os empréstimos concedidos pelos bancos comerciais elevaram-se de forma consistente durante todo o período, não obstante a interrupção (não muito acentuada) nos anos da Grande Depressão.

5.1.3 Do Pós-Guerra às Reformas de 1964-65 O período que se estende de 1945 a 1964 é geralmente considerado como de transição entre

a estrutura ainda simples de intermediação financeira que se firmou ao longo da primeira metade do 1 Encilhamento. Política financeira de estímulo à indústria, adotada por Rui Barbosa quando ministro da Fazenda (novembro de 1889 a janeiro de 1991), após a proclamação da República. Baseava-se no incremento do meio circulante com a criação de bancos emissores (tendo como lastro não libras-ouro, mas títulos da dívida pública), cujos empréstimos teriam de ser aplicados apenas no financiamento de novas empresas industriais (e não na agricultura). Com créditos, garantias oficiais e um ambiente psicológico favorável, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro entrou em intensa atividade e a política do ministro foi popularmente identificada com o encilhamento dos cavalos logo antes da largada na pista dos hipódromos, quando a atividade dos apostadores se torna frenética (Sandroni, 2005).

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século e a complexa estrutura montada a partir das reformas institucionais de 1964-65. Nesses vinte anos de transiçäo, em paralelo às mudanças que se observaram em toda a estrutura da economia do país, o sistema financeiro nacional foi objeto de marcantes transformaçöes. As principais foram: a consolidaçäo e penetraçäo no espaço geográfico da rede de intermediaçäo financeira de curto e

médio prazos, com a expansäo do número de agências bancárias nas diferentes regiöes do país; a implantaçäo de órgäo normativo, de assessoria e de fiscalizaçäo do sistema financeiro, como

primeiro passo para a criaçäo de um banco central no país, a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC;

a criaçäo de uma instituiçäo de fomento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDE, para a centralizaçäo e a canalizaçäo de recursos de longo prazo, inicialmente destinados à implantaçäo de infra-estrutura no país;

a criaçäo de instituiçöes financeiras de apoio a regiöes carentes, como o Banco do Nordeste do Brasil - BNB, o Banco de Crédito da Amazônia e, já no final do período, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE;

desenvolvimento espontâneo de companhias de crédito, financiamento e investimento, para a captaçäo e aplicaçäo de recursos em prazos compatíveis com a crescente demanda de crédito para o consumo de bens duráveis e bens de capital, em decorrência da implantaçäo de novos setores industriais no país, produtores desses bens (Lopes; Rossetti, p.315).

Arrecadação de Tributos e Pagamento de BenefíciosAté a década de 60, quase todo o relacionamento entre população e órgãos públicos era feito

diretamente entre as partes. Cada entidade mantinha a própria estrutura para arrecadação de impostos e taxas de serviços, ou para o pagamento de benefícios. Assim, na maioria dos municípios, eram mantidas as Coletorias Federais e Estaduais. As empresas de serviços públicos (luz, água, gás e telefone), por sua vez, mantinham órgãos específicos para a arrecadação das taxas que lhes eram devidas. Por outro lado, os bancos constituíam-se em pequenas redes de agências, voltadas basicamente para os serviços de depósitos e descontos. As funções de caixa e empréstimo a clientes eram os objetivos únicos da empresa bancária. Com o desenvolvimento da sociedade brasileira, a crescente complexidade das relações econômicas e o aumento na execução de serviços públicos e na concessão de benefícios, os sistemas de arrecadação próprios passaram a consumir recursos crescentes. Por outro lado, para os bancos, o desenvolvimento da economia possibilitou a disseminação de sua rede de agências por todo o território nacional, para atender à crescente necessidade de transferência de ativos financeiros entre as entidades econômicas. Estruturados para processar com rapidez as transferências de numerário, os bancos passaram a substituir as coletorias e postos de recebimento de taxas de serviços públicos e pagamentos de benefícios, servindo de intermediários entre os órgãos públicos e o contribuinte.

5.2. As Reformas de 1964-65 e a Evolução Posterior do SFNA próxima fase da evolução da intermediação financeira no país inicia-se no biênio 1964-65,

com quatro leis, que introduziram profundas alteraçöes na estrutura do sistema financeiro nacional: Lei n. 4.357, de 1964 (Lei da Correção Monetária), que instituiu normas para a indexação de

débitos fiscais, criou títulos públicos federais com cláusula de correção monetária (ORTN), destinados a antecipar receitas, cobrir déficit público e promover investimentos. Esta foi a solução buscada para o problema da limitação da taxa de juros em 12% ao ano, imposta pela Lei da Usura, ao lado da persistência de inflação anual acima desse patamar, o que limitava a capacidade do poder público financiar-se mediante a emissão de títulos próprios, restando-lhe apenas a emissão primária de moeda.

Lei n. 4.380, de 21.08.64 (Lei do Plano Nacional da Habitação), que instituiu a correçäo monetária nos contratos imobiliários, criou o Banco Nacional da Habitaçäo-BNH e institucionalizou o Sistema Financeiro da Habitaçäo, criou as Sociedades de Crédito Imobiliário e as Letras Imobiliárias. O BNH tornou-se o órgão gestor do Sistema Brasileiro de Habitação

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(também denominado Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo-SBPE), destinado a fomentar a construção de casas populares e obras de saneamento e infra-estrutura urbana, com moeda própria (UPC-Unidade Padrão de Capital) e seus próprios instrumentos de captação de recursos: Letras Hipotecárias, Letras Imobiliárias e Cadernetas de Poupança. Posteriormente, a esses recursos foram adicionados os do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-FGTS. Esta lei buscou incentivar a criação de empregos na construção civil, como solução para o emprego de mão-de-obra não qualificada, no cenário econômico de recessão que caracterizou os anos 1960.

Lei n. 4.595, de 31.12.64 (Lei da Reforma do Sistema Financeiro Nacional), que dispôs sobre a política e as instituiçöes monetárias, bancárias e creditícias, criou o Conselho Monetário Nacional-CMN e o Banco Central do Brasil e foi a base da reforma bancária, reestruturando o sistema financeiro nacional, mediante o estabelecimento de normas operacionais, rotinas de funcionamento e procedimentos de qualificação aos quais as entidades do sistema deveriam se subordinar, bem como definiu as características e as áreas específicas de atuaçäo das instituiçöes financeiras. Esta lei reordenou os órgãos de aconselhamento e de gestão da política monetária, do crédito e das finanças públicas, até então concentrados no Ministério da Fazenda, na Superintendëncia da Moeda e do Crédito-SUMOC e no Banco do Brasil, estrutura esta que não mais suporava os crescentes encargos e responsabilidades da condução da política econômica.

Lei n. 4.728, de 14.07.65 (Lei do Mercado de Capitais), que disciplinou e reformou o mercado de capitais, bem como estabeleceu medidas para seu desenvolvimento. Estabeleceu normas e regulamentos básicos para a estruturação de um sistema de investimentos destinado a apoiar o desenvolvimento nacional e atender à crescente demanda por crédito. O problema de popularização do investimento estava contido na nítida preferência dos investidores por imóveis de renda e de reserva de valor. Ao governo interessava a evolução dos níveis de poupança internos e o seu direcionamento para investimentos produtivos.

A partir desses institutos legais, o sistema financeiro brasileiro passou a contar com maior e mais diversificado número de intermediários financeiros näo bancários, com áreas específicas e bem determinadas de atuaçäo. Ao mesmo tempo, foi significativamente ampliada a pauta de ativos financeiros, abrindo-se novo leque de opçöes para captaçäo e aplicaçäo de poupanças e criando-se, assim, condiçöes mais efetivas para a ativaçäo do processo de intermediaçäo.

As reformas bancária e do mercado de capitais foram inspiradas no sistema norte-americano de organização do sistema financeiro, voltando-se para a especialização das instituições2. Apesar desta opção, em virtude de condicionamentos econômicos e, em especial, da necessidade de buscar economia de escala e melhor racionalização do sistema, os bancos comerciais passaram a assumir o papel de líderes de grandes conglomerados, no âmbito do qual atuavam coordenadamente diversas instituições especializadas nas diferentes modalidades financeiras que, embora com grande número de pequenos bancos regionais, passaram a deter o maior volume de negócios de intermediação financeira e prestação de serviços.

Nos anos subseqüentes foram instituídas outras leis importantes para o reordenamento institucional do Sistema Financeiro Nacional, quais sejam: Lei n. 6385, de 1976 (Lei da CVM), que criou a Comissão de Valores Mobiliários-CVM,

transferindo do Banco Central a responsabilidade pela regulamentação e fiscalização das atividades relacionadas ao mercado de valores mobiliários (ações, debêntures etc.). Esta lei deu solução à falta de uma entidade que absorvesse a regulação e fiscalização do mercado de capitais, especialmente no que se referia às sociedades de capital aberto.

2 Ato Bancário de 1933 (Banking Act of 1933). Reforma da legislação bancária efetuada pelo Congresso dos Estados Unidos, para reduzir a instabilidade financeira do sistema bancário norte-americano durante a grande depressão dos anos 1930. O ato deu controle efetido da política monetária à Junta de Governadores da Reserva Federal, criando o Comitê Federal de Open Market e o Federal Deposit Insurance Corporation. Os itens 16,20,21 e 32 do Ato, separando os bancos comerciais dos bancos de investimento, são mais conhecidos como Glass-Steagall Act.

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Lei n. 6.404, de 1976 (Lei das Sociedades Anônimas), que estabeleceu regras quanto às características, forma de constituição, composição acionária, estrutura de demonstrações financeiras, obrigações societárias, direitos e obrigações de acionistas e órgãos estatutários e legais. Esta lei veio ao encontro da necessidade de atualização da legislação sobre as sociedades anônimas brasileiras, especialmente quanto aos aspectos de composição acionária, negociação de valores mobiliários (ações, debêntures etc.) e modernização do fluxo de informação.

Lei n. 10.303, de 2001 (Nova Lei das S.A.), Decreto 3.995 e MP 8 (estes de 2002), que consolidam os dispositivos da Lei da CVM e da Lei das S.A., melhorando a proteção aos minoritários e dando força à ação da CVM como órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais, incluindo os fundos de investimento e os mercados de derivativos. A quesão associada a esta legislação é que o mercado de capitais cada vez mais perdia espaço para o exterior pela ausência de proteção ao acionista minoritário e insegurança quanto às aplicações financeiras.

O elenco de normas e a disciplina operacional säo impostos ao sistema por meio de resoluçöes, circulares, instruçöes e atos declaratórios, direta ou indiretamente decorrentes de decisöes do CMN. O conjunto destes atos normativos compõe o MNI - Manual de Normas e Instruções do Banco Central do Brasil.

A estrutura do SFN emergente da reforma de 1964/65 foi a seguinte:

Sistema Financeiro Nacional: Autoridades Monetárias Autoridades de Apoio

Instituições Financeiras

Autoridades Monetárias: Conselho Monetário Nacional: Comissöes Consultivas Banco Central do Brasil

Autoridades de Apoio: Comissäo de Valores Mobiliários Banco do Brasil S/A Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Instituições Financeiras: Bancos Comerciais Públicos e Privados Bancos Estaduais de Desenvolvimento Bancos Regionais de Desenvolvimento Banco Nacional da Habitaçäo (BNH) Caixa Econômica Federal (CEF) Caixas Econômicas Estaduais Sociedades de Crédito Imobiliário Associaçöes de Poupança e Empréstimo Cooperativas Habitacionais Soc. de Créd. Financ. e Investimento Bancos de Investimento Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) Cooperativas de Crédito Bolsas de Valores Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários Seguradoras Outras Instituiçöes

Na cúpula do subsistema normativo encontra-se, desde então, o Conselho Monetário Nacional. Abaixo, encontram-se o Banco Central do Brasil e a Comissäo de Valores Mobiliários (criada pela Lei n. 6.385, de 07.12.76). Esses órgäos normativos regulam, controlam e fiscalizam as

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instituiçöes de intermediaçäo, disciplinando todas as modalidades de operaçöes de crédito, ativas e passivas, assim como a emissäo e distribuiçäo de valores mobiliários.

Cabe ainda assinalar que se estabeleceram relaçöes estreitas entre o subsistema normativo e os agentes especiais do subsistema de intermediaçäo, porque a regulaçäo e o controle do subsistema de intermediaçäo näo se realizam apenas por meio das normas legais expedidas pelas autoridades monetárias, mas também "pela oferta seletiva de crédito, levada a efeito pelo Banco do Brasil e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social" (Barbosa, op.cit. Lopes e Rossetti).

As demais instituiçöes de intermediaçäo, bancárias, näo bancárias e auxiliares, passaram a operar em segmentos específicos dos mercados monetário, de crédito, de capitais e cambial, subordinando-se às normas emanadas dos órgäos superiores.

Atualmente, a estrutura institucional do Sistema Financeiro Nacional está composta na forma apresentada a seguir, conforme o site do Banco Central do Brasil na internet.

Órgãos NormativosConselho Monetário Nacional - CMNConselho Nacional de Seguros Privados - CNSPConselho de Gestão de Previdência Complementar – CGPC

Entidades SupervisorasBanco Central do Brasil – Bacen e Comissão de Valores Mobiliários – CVM (vinculados ao CMN)Superintendência de Seguros Privados – Susep e IRB – Brasil Resseguros (vinculados ao CNSP)Secretaria de Previdência Complementar – SPC (vinculada ao CGPC)

Operadores (Supervisionados pelo Bacen)Instituições Financeiras Captadoras de Depósitos à VistaBancos Múltiplos (inclusive o Banco do Brasil)Bancos ComerciaisCaixa Econômica FederalCooperativas de Crédito (e Bancos Cooperativos)

Demais Instituições FinanceirasAgências de FomentoAssociações de Poupança e EmpréstimoBancos de DesenvolvimentoBancos de InvestimentoBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)Companhias HipotecáriasCooperativas Centrais de CréditoSociedades de Crédito, Financiamento e InvestimentoSociedades de Crédito ImobiliárioSociedades de Crédito ao Microempreendedor

Outros Intermediários Financeiros e Administradores de Recursos de TerceirosAdministradores de ConsórcioSociedades de Arrendamento MercantilSociedades Corretoras de CâmbioSociedades Corretoras de Títulos e Valores MobiliáriosSociedades de Crédito ImobiliárioSociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários

Operadores (Supervisionados pela CVM)Bolsas de Mercadorias e de FuturosBolsas de Valores

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Operadores (Supervisionados pela Susep e IRB)Sociedades SeguradorasSociedades de CapítalizaçãoEntidades Abertas de Previdência Complementar

Operadores (Supervisionados pela SPC)Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Fundos de Pensão)

Sistemas de Liqüidação e CustódiaSistema Especial de Liqüidação e Custódia – SELICCentral de Custódia e de Liqüidação Financeira de Títulos – CETIPCaixas de Liqüidação e Custódia

No que tange às instituições financeiras, a Lei da Reforma Bancária (4.595/64), art. 17, caracteriza-as da seguinte forma: “Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros”.

Em complemento, no seu parágrafo único, estabelece: “Para os efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual”.

5.3 Os Órgãos Normativos do SFNO Conselho Monetário Nacional

Como órgão normativo, por excelência, não lhe cabem funções executivas, sendo o responsável pela fixação das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial do País. Pelo envolvimento destas políticas no cenário econômico nacional, o CMN acaba transformando-se num conselho de política econômica.

Ao longo da sua existência, o CMN teve diferentes constituições de membros, de acordo com as exigências políticas e econômicas de cada momento, desde quatro membros, no governo Costa e Silva, até 15 membros, no governo Sarney. A Medida Provisória no. 542, de 30.06.94, que editou o Plano Real, simplificou a composição do CMN, caracterizando seu perfil monetário, que passou a ser integrado pelos seguintes membros: Ministro da Fazenda (Presidente), Ministro de Planejamento, Orçamento e Gestão, Presidente do Banco Central.

O CMN é a entidade superior do sistema financeiro, sendo sua competência: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e ao seu

processo de desenvolvimento; regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou

deflacionários de origem interna ou externa; regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos do país; orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou privadas, de forma a

garantir condições favoráveis ao desenvolvimento equilibrado da economia nacional; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, de forma a tornar

mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos; zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e

externa; e estabelecer a meta de inflação.

O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

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É o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados. É composto pelo Ministro da Fazenda (Presidente), representante do Ministério da Justiça, representante do Ministério da Previdência Social, Superintendente da Superintendência de Seguros Privados, representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários. Dentre as funções do CNSP estão: regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos agentes que exercem

atividades subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Privados, inclusive aplicar penalidades; fixar itens gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro; prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades

de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações e disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor.

O Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC)É um órgão colegiado que integra a estrutura do Ministério da Previdência Social e cuja

competência é regular, normatizar e coordenar as atividades das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (fundos de pensão). Também cabe ao CGPC julgar, em última instância, os recursos interpostos contra as decisões da Secretaria de Previdência Complementar.

5.4 As Entidades Supervisoras do SFNO Banco Central do Brasil

A Superintendência da Moeda e do Crédito, através da Lei n. 4.595, de 31.12.64, foi transformada em autarquia federal, tendo sede e fôro na Capital da República, sob a denominaçäo de Banco Central do Brasil. Além da sua sede em Brasília, o BC (ou Bacen) possui representações regionais em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. O Bacen pode ser considerado como: banco dos bancos;

- depósitos compulsórios;- redescontos de liquidez;

gestor do Sistema Financeiro Nacional;- normas, autorizações, fiscalização, intervenção;

executor da política monetária;- determinação da taxa Selic;- controle dos meios de pagamento (liquidez do mercado);- orçamento monetário, instrumentos de política monetária;

banco emissor de moeda;- emissão do meio circulante;- saneamento do meio circulante;

banqueiro do governo;- financiamento ao Tesouro Nacional (via compra e venda de títulos públicos);- administração da dívida pública interna e externa;- gestor e fiel depositário das reservas internacionais do país;- representante, junto às intituições financeiras internacionais, do Sistema Financeiro

Nacional; centralizador do fluxo cambial;

- normas, autorizações, registros, fiscalização, intervenção.

Em resumo, é por meio do BC que o estado intervém diretamente no sistema financeiro e, indiretamente, na economia.

Para poder atuar como autoridade monetária plena, o Banco Central exigiu cerca de 25 anos de aprimoramento. As dificuldades residiam no fato de, até a sua criação, as funções de banco central estarem sendo exercidas pela Superintendência da Moeda e do Crédito, pelo Banco do Brasil

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e pelo Tesouro Nacional. A Sumoc tinha a finalidade de exercer o controle monetário, a fiscalização dos bancos comerciais e a orientação da política cambial. O Banco do Brasil era o executor das normas estabelecidas pela Sumoc e exercia as funções de Banco do Governo Federal, controlador das operações de comércio exterior, recebedor dos depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais e, ainda, Banco de crédito agrícola, comercial e industrial. O Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.

Assim, o Banco Central do Brasil era o banco emissor, mas realizava as emissões em função das necessidades do Banco do Brasil. Era também o banco dos bancos, mas não detinha com exclusividade os depósitos das instituições financeiras. Era agente financeiro do Governo, pois fora encarregado de administrar a dívida pública federal, mas não era o caixa do Tesouro Nacional, tendo em vista que esta função era atribuída ao Banco do Brasil. Também era o órgão formulador e executor da política de crédito, mas não tinha o pleno controle do crédito, porque outros organismos governamentais tinham idêntico poder.

Operacionalmente, os recursos do Banco Central eram acessados automaticamente pelo Banco do Brasil, através da “Conta Movimento”, para expansão do crédito e para o custeio do Governo. Até 1988, as funções de autoridade monetária exercidas pelo Banco do Brasil foram progressivamente transferidas ao Banco Central, e as atividades de administração da dívida pública federal, que vinham sendo exercidas pelo Banco Central, foram transferidas ao Tesouro Nacional.

A Comissäo de Valores MobiliáriosA Comissäo de Valores Mobiliários-CVM foi criada pela Lei 6.385, em 07/12/1976, e ficou

conhecida como a Lei da CVM, pois, até aquela data, faltava uma entidade que absorvesse a regulação e a fiscalização do mercado de capitais, especialmente no que se referia às sociedades de capital aberto. A CVM fixou-se, portanto, como um órgäo normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalizaçäo do mercado de valores mobiliários näo emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional - basicamente, o mercado de açöes e debêntures, cupöes desses títulos e bônus de subscriçäo. É uma entidade auxiliar, autônoma e descentralizada, mas vinculada, como autarquia, ao Governo Federal.

A Lei 10.303, mais popularmente conhecida como a Nova Lei das S.A., editada em 30/01/2001 consolidou e alterou os dispositivos da Lei 6.404, de 15/12/1976, Lei das Sociedades Anônimas, da Lei da CVM e das pequenas modificações em ambas introduzidas, anteriormente, pela Lei 9.457, de 15/05/1997.

Os poderes fiscalizatório e disciplinador da CVM foram ampliados para incluir as Bolsas de Mercadorias e Futuros, as entidades do mercado de balcão organizado e as entidades de compensação e liquidação de operações com valores mobiliários que, da mesma forma que a Bolsa de Valores, funcionam como órgãos auxiliares da Comissão de Valores Mobiliários.

Elas operam com autonomia administrativa, financeira e patrimonial e responsabilidade de fiscalização direta de seus respectivos membros e das operações com valores mobiliários que nelas realizadas, mas, sempre, sob a supervisão da CVM.

Sob a disciplina e a fiscalização da CVM foram consolidadas as seguintes atividades: emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários; negociação e intermediação no mercado de derivativos; organização, funcionamento e operações das Bolsas de Valores; organização, funcionamento e operações das Bolsas de Mercadorias e Futuros; auditoria das companhias abertas; serviços de consultor e analista de valores mobiliários.

Redefiniram-se os valores mobiliários sujeitos ao regime da nova Lei, como sendo: ações, debêntures e bônus de subscrição; cupons, direitos, recibos de subscrição e certificados de desdobramento de valores mobiliários;

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certificados de depósito de valores mobiliários; cédulas de debêntures; cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou de clubes de investimento em

quaisquer ativos; notas comerciais; contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam valores

mobiliários; outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; e, quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contratos de investimento coletivo,

que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros.

Foram textualmente excluídos do regime da nova Lei: os títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal; os títulos cambiais de responsabilidade de instituição financeira, exceto as debêntures.

Em resumo, sob a ótica da Bovespa e da SOMA (Sociedade Operadora do Mercado de Ativos), a CVM tem por objetivos fundamentais: a) estimular a aplicação de poupança no mercado acionário; b) assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e de outras instituições auxiliares que operam nesse mercado; c) proteger os titulares de valores mobiliários (notadamente os pequenos e minoritários) contra emissões irregulares e outros tipos de atos ilegais, que manipulem preços de valores mobiliários nos mercados primário e secundário de ações; d) fiscalização da emissão, do registro, da distribuição e da negociação de títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep)É autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável pelo controle e fiscalização do

mercado de seguro, previdência aberta e capitalização. Dentre suas atribuições estão: fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das sociedades seguradoras, de

capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP;

atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro;

zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado; disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em

bens garantidores de provisões técnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as atividades por este lhe delegadas; prover os serviços de secretaria executiva do CNSP.

O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB)É sociedade de economia mista, com controle acionário da União, jurisdicionada ao

Ministério da Fazenda, que conta com o objetivo de regular o cosseguro, o resseguro e a retrocessão, além de promover o desenvolvimento das operações de seguros no país.

A Secretaria de Previdência Complementar (SPC)É um órgão do Ministério da Previdência Social, responsável por fiscalizar as atividades das

entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). A SPC se relaciona com os órgãos normativos do sistema financeiro na observação das exigências legais de aplicação das reservas técnicas, fundos especiais e provisões que as entidades sob sua jurisdição são obrigadas a constituir e que tem diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. À SPC compete: propor as diretrizes básicas para o Sistema de Previdência Complementar; harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência privada com as políticas de

desenvolvimento social e econômico-financeira do Governo;

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fiscalizar, supervisionar, coordenar, orientar e controlar as atividades relacionadas com a previdência complementar fechada;

analisar e aprovar os pedidos de autorização para constituição, funcionamento, fusão, incorporação, grupamento, transferência de controle das entidades fechadas de previdência complementar, bem como examinar e aprovar os estatutos das referidas entidades, os regulamentos dos planos de benefícios e suas alterações;

examinar e aprovar os convênios de adesão celebrados por patrocinadores e por instituidores, em como autorizar a retirada de patrocínio e decretar a administração especial em planos de benefícios operados pelas entidades fechadas de previdência complementar, bem como propor ao Ministro a decretação de intervenção ou liquidação das referidas entidades.

5.5 Alguns Operadores do SFN Os Bancos Múltiplos

Após as reformas do início dos anos 1960, a mais significativa mudança introduzida no Sistema Financeiro Nacional foi a instituiçäo dos Bancos Múltiplos, pela Resoluçäo n. 1.524, de 21.09.1988, do Banco Central do Brasil. Por esta resoluçäo, foi facultado aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, sociedades de crédito imobiliário e sociedades de crédito, financiamento e investimento a organizaçäo opcional em uma única instituiçäo financeira, através de processos de fusäo, incorporaçäo, cisäo e transformaçäo - ou ainda por constituiçäo direta. Os bancos múltiplos passaram a operar em todos os segmentos do sistema de intermediaçäo financeira, mediante as seguintes carteiras especiais, sem vinculação entre as fontes de recursos captados e as suas aplicaçöes: carteira comercial; carteira de desenvolvimento (no caso de bancos múltiplos públicos); carteira de investimentos (no caso de bancos múltiplos privados); carteira de crédito imobiliário; carteira de crédito, financiamento e investimento; carteira de arrendamento mercantil.

O Banco do BrasilO Banco do Brasil (BB) teve uma função típica de autoridade monetária até janeiro de 1986,

quando, por decisão do CMN, foi suprimida a conta movimento, que colocava o BB na posição privilegiada de banco co-responsável pela emissão de moeda, via ajustamento das contas das autoridades monetárias e do Tesouro Nacional.

No período do pós-guerra até as reformas de 1964-65, a despeito da criaçäo da SUMOC, o Banco do Brasil continuou exercendo funçöes executivas de autoridade monetária, atuando como banco dos bancos, agente financeiro do governo, depositário e administrador das reservas internacionais do país e emprestador de última instância do sistema financeiro.

Após as reformas de 1964-65, o Banco do Brasil perdeu a maior parte das atribuiçöes típicas de um banco central, como a Carteira de Redescontos, a Caixa de Mobilizaçäo Bancária, a concessäo de créditos ao Tesouro Nacional. Com a reforma de 1986, e as conseqüentes redefiniçöes de papéis do Bacen e do Banco do Brasil, este passou a operar sob padröes bem próximos de um banco comercial qualquer. Hoje, o BB é um conglomerado financeiro de ponta, que, aos poucos, se ajustou à estrutura de um banco múltiplo tradicional, embora ainda opere, em muitos casos, como agente financeiro do Governo Federal. É o principal executor da política oficial de crédito rural. Conserva, ainda, funções que não são próprias de um banco comercial comum, mas típicas do parceiro principal do governo federal na prestação de serviços bancários, como: administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis; efetuar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União; a aquisição e o financiamento dos estoques de produção exportável; agenciamento dos pagamentos e recebimentos fora do país;

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a execução da política de preços mínimos dos produtos agropastoris; a execução do serviço da dívida pública consolidada; a realização, por conta própria, de operações de compra e venda de moeda estrangeira e, por

conta do BC, nas condições estabelecidas pelo CMN; o recebimento, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias provenientes da arrecadação de

tributos ou rendas federais; e, como principal executor dos serviços bancários de interesse do Governo Federal, inclusive suas

autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de todos os ministérios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, comissões, departamentos, entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por adiantamentos.

Os Bancos ComerciaisOs bancos comerciais se dedicam à captação e aplicação de recursos financeiros em

operações de curto e médio prazos, normalmente de até um ano, bem como prestam serviços de pagamentos e recebimentos ao público em geral, a partir de uma estrutura descentralizada que é proporcionada por sua capacidade de abrir agências bancárias. No Brasil, atualmente, os bancos comerciais geralmente estão integrados em uma estrutura de banco múltiplo, a partir da qual exercem, total ou parcialmente, uma diversificada gama de operações monetárias e financeiras.

Para atender aos seus objetivos, os bancos comerciais podem: a) descontar títulos; b) realizar operações de abertura de crédito simples ou em conta corrente (contas garantidas); c) realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional; d) captar depósitos à vista e a prazo e recursos nas instituições oficiais, para repasse aos clientes; e) obter recursos externos para repasse; e f) efetuar a prestação de serviços, inclusive mediante convênio com outras instituições.

É importante frisar que a captação de depósitos à vista, que nada mais são do que as contas correntes livremente movimentáveis, é a atividade básica dos bancos comerciais, configurando-os como instituições financeiras monetárias. Tal captação de recursos, junto com a captação via CDB e RDB, cobrança de títulos e arrecadação de tributos e tarifas públicas, permite aos bancos repassar tais recursos aos seus clientes, em especial às empresas, sob a forma de empréstimos que vão girar a atividade produtiva (estoques, salários etc.).

A Caixa Econômica Federal 3 As caixas econômicas são instituições de cunho eminentemente social, concedendo

empréstimos e financiamentos a programas e projetos de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes urbanos e esporte, sendo seu único representante, hoje, a Caixa Econômica Federal, resultado da unificação, pelo Decreto-Lei 759, de 12/08/1969, das 23 Caixas Econômicas Federais até então existentes.

Suas origens confundem-se com as dos primeiros bancos comerciais. Estes, pela falta de interesse em captar pequenos valores e pelos altos riscos dos empreendimentos em que se envolviam, afastavam os pequenos depositantes. Assim, surgida da iniciativa particular, a primeira caixa econômica que se constituiu no país (Rio de Janeiro) remonta a 1831, que näo obteve êxito. Em 1860, o Governo Imperial criou outra instituiçäo do gênero, que começou a operar em 1861 (que corresponde hoje à Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro). Em 1955, o Parlamento rejeitou projeto de lei para autorizar a caixa a conceder financiamentos para a casa própria, permanecendo suas operaçöes limitadas ao atendimento de necessidades populares de curto prazo. Atendendo a essa faixa de crédito, a caixa federal abriu agências em todos os Estados da Uniäo. Ao

3 Caixa Econômica Federal. Instituição financeira, sob forma de empresa pública, vinculada ao Ministério da Fazenda. Foi fundada em 1860 e sua atual constituição foi estabelecida em 1969 e alterada em 1973. A empresa é produto da unificação das 22 antigas Caixas Econômicas Federais, autônomas, distribuídas pelos Estados e Distrito Federal, substituídas por agências (Sandroni, 2005).

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mesmo tempo, devido a sua reduzida flexibilidade operacional, ensejou o aparecimento de caixas estaduais, inicialmente em Säo Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás. Mas só a partir de 1964, com a instituiçäo do mecanismo da correçäo monetária, com a criaçäo das cadernetas de poupança e com a integraçäo das caixas econômicas no SFH e no SBPE, é que as atividades dessas instituiçöes foram dinamizadas. Hoje encontram-se todas extintas, exceto a CEF.

A CEF é uma instituição financeira responsável pela operacionalização das políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento básico, caracterizando-se cada vez mais como o banco de apoio ao trabalhador de baixa renda.

À CEF é permitido atuar nas áreas de atividades relativas a bancos comerciais, sociedades de crédito imobiliário e de saneamento e infra-estrutura urbana, além de prestação de serviços de natureza social, delegada pelo Governo Federal.

Suas principais atividades estão relacionadas com a captação de recursos em cadernetas de poupança, em depósitos judiciais e a prazo, e sua aplicação em empréstimos vinculados, preferencialmente à habitação. Os recursos obtidos junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-FGTS são direcionados, quase na sua totalidade, para as áreas de saneamento e infra-estrutura urbana.

A CEF exerce a administração de loterias, de fundos e de programas, entre os quais destacavam-se o FGTS, o Fundo de Compensação de Variações Salariais-FCVS, o Programa de Integração Social-PIS, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social-FAS e o Fundo de Desenvolvimento Social-FDS.

Os Bancos CooperativosO Banco Central, através da Resolução 2.193, de 31/08/1995, autorizou a constituição de

bancos comerciais na forma de sociedades anônimas de capital fechado, com participação exclusiva de cooperativas de crédito singulares, exceto as do tipo Luzzati (as que admitem a participação de não-cooperados) e centrais de cooperativas, bem como de federações e confederações de cooperativas de crédito, com atuação restrita à Unidade da Federação de sua sede, cujo Patrimônio de Referência-PR deverá estar enquadrado nas regras do Acordo de Basiléia. Não podem participar no capital social de instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo BC, nem realizar operações de swap por conta de terceiros.

O Banco Central deu autorização para que as cooperativas de crédito abrissem seus próprios bancos comerciais, podendo fazer tudo o que qualquer outro banco comercial faz: ter talão de cheques, emitir cartão de crédito, fazer a compensação de documentos e, principalmente, passar a administrar a carteira de crédito antes sob responsabilidade das cooperativas.

Através da Resolução 2.788, de 30/11/2000, o BC renovou as regras para a constituição de bancos cooperativos, cuja atuação deve observar no cálculo do patrimônio líquido exigido os mesmos fatores e parâmetros estabelecidos pela regulamentação em vigor para os bancos comerciais e múltiplos.

As Cooperativas de CréditoA Lei 5.764, de 16/12/1971, definiu a Política Nacional de Cooperativismo como sendo a

atividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadas entre si, desde que reconhecido o seu interesse público, e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas. Na lei ficou estabelecido que celebram o contrato de sociedade cooperativa as pessoas que, reciprocamente, se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro, e classificou as sociedades cooperativas como: singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo

excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos;

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centrais de cooperativas ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais.

Quanto aos tipos de operações a que estão autorizadas, as cooperativas de crédito podem: na ponta da captação: a) captar depósitos, somente de associados, sem emissão de certificado; b)

obter empréstimos ou repasses de instituições financeiras nacionais ou estrangeiras; c) receber recursos oriundos de fundos oficiais e recursos, em caráter eventual, isentos de remuneração, ou a taxas favorecidas, de qualquer entidade, na forma de doações, empréstimos ou repasses;

na ponta de empréstimos: a) conceder créditos e prestar garantias, inclusive em operações realizadas ao amparo da regulamentação do crédito rural, em favor de produtores rurais, somente a associados; b) aplicar recursos no mercado financeiro, inclusive em depósitos à vista e a prazo, com ou sem a emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais e regulamentares específicas de cada aplicação;

na ponta de serviços: a) prestar serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros, sob convênio com instituições públicas e privadas; b) prestar serviços de correspondente no país, nos termos da regulamentação em vigor.

Bancos de InvestimentoAs bases para a criaçäo de bancos de investimento no Brasil foram estabelecidas pela Lei n.

4.728/65, que disciplinou o mercado de capitais, fixou diretrizes para seu desenvolvimento, instituiu as condiçöes de acesso a esse mercado e estruturou o sistema de distribuiçäo de títulos ou valores mobiliários. Criados para canalizar recursos de médio e longo prazo para o suprimento de capital fixo ou de giro das empresas privadas, os bancos de investimento operam em um segmento bem específico do sistema de intermediaçäo financeira, viabilizando operaçöes diferenciadas, quanto aos prazos e montantes, das praticadas pelos bancos comerciais.

Em síntese, säo as seguintes as operaçöes ativas que podem ser praticadas pelos BIs: a) empréstimos, a prazo mínimo de um ano, para financiamento de capital fixo; b) empréstimos, a prazo mínimo de um ano, para financiamento de capital de giro; c) aquisiçäo de açöes, obrigaçöes e quaisquer outros títulos e valores mobiliários, para investimento ou revenda no mercado de capitais (operaçöes de underwriting); d) repasses de empréstimos obtidos no exterior; e) prestaçäo de garantia em empréstimos no país ou provenientes do exterior; f) gestão de fundos de investimentos.

Para atender a esse conjunto de operaçöes, os bancos de investimentos podem captar recursos no país e no exterior. A captaçäo interna é feita mediante depósitos a prazo fixo. Além disso, esses bancos repassam recursos de instituiçöes oficiais do país, notadamente do BNDES. Contam ainda com recursos decorrentes da colocaçäo, no mercado de capitais, de títulos e debêntures, assim como de venda de quotas de fundos de investimento por eles administrados.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e SocialO BNDES é a instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do

Governo Federal. É a principal instituição financeira de fomento do país e tem como objetivos: a) impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país; b) fortalecer o setor empresarial nacional; c) atenuar os desequilíbrios regionais, criando novos pólos de produção; d) promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços; e) promover o crescimento e a diversificação das exportações.

Para a consecução desses objetivos, conta com um conjunto de fundos e programas especiais de fomento. Foi também da responsabilidade do BNDES, durante os governos Collor, Itamar e FHC, o encargo de gerir todo o processo de privatização das empresas estatais.

Sociedades de Crédito, Financiamento e InvestimentoAs sociedades de crédito, financiamento e investimento surgiram espontaneamente no país,

nos primeiros anos do pós-guerra, para atender à demanda de crédito a prazos médio e longo, gerada pela implantaçäo de novos setores industriais, produtores de bens de capital e de bens

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duráveis de consumo. Atualmente, as sociedades de crédito, financiamento e investimento estäo, em sua maioria, integradas em bancos múltiplos.

Bancos de DesenvolvimentoOs bancos estaduais de desenvolvimento, ainda existentes, são instituições financeiras

controladas pelos governos estaduais e destinadas ao fornecimento de crédito de médio e longo prazo às empresas localizadas nos respectivos estados. Normalmente operam como órgãos financeiros repassadores de recursos do BNDES.

Agências de FomentoA Resolução nº 2.828, de 30/03/2001, do Banco Central, estabeleceu as regras atuais que

dispõem sobre a constituição e o funcionamento das agências de fomento. A expressão “Agência de Fomento”, acrescida da indicação da unidade da federação que a controla, deve constar, obrigatoriamente, da denominação social dessas sociedades.

As agências de fomento somente podem praticar operações de repasse de recursos captados no país e no exterior, orginários de: a) fundos constitucionais; b) orçamentos federal, estaduais e municipais; c) organismos e instituições financeiras nacionais e internacionais de desenvolvimento.

Às agências de fomento são facultadas: a) a realização de operações de financiamento de capitais fixo e de giro associados a projetos na unidade da federação onde tenham sede; b) a prestação de garantias, na forma da regulamentação em vigor; c) a prestação de serviços de consultoria e de agente financeiro; d) a prestação de administrador de fundos de desenvolvimento, observado o disposto no artigo 35 da Lei Complementar 101, de 04/05/2000.

Às agências de fomento são vedados: a) o acesso a linhas de assistência financeira e de redesconto do Banco Central; b) o acesso à conta Reservas Bancárias no Banco Central; c) a captação de recursos junto ao público, inclusive o de recursos externos; d) a contratação de depósitos interfinanceiros – DI – na qualidade de depositante ou depositária; e) a participação societária, direta ou indireta, no país ou no exterior, em outras instituições financeiras e em outras empresas coligadas ou controladas, direta ou indiretamente, pela unidade da federação que detenha seu controle.

As agência de fomento devem observar limites mínimos de capital realizado e patrimônio de referência – PR – de R$4 milhões e o seu patrimônio líquido exigido – PLE – deve seguir as regras do Acordo de Basiléia com um fator de alavancagem de recursos equivalente a 3,3 vezes o PLE.

5.6 O Plano Real e o Ajuste do Sistema Financeiro NacionalDesde o início do Plano Real, em julho de 1994, sabia-se que o novo ambiente de

estabilização macroeconômica não seria condizente com a dimensão que o sistema bancário havia alcançado, fruto de vários anos de inflação alta e desequilíbrios macroeconômicos. Esses anos levaram à constituição de instituições financeiras que, para se beneficiar das receitas inflacionárias (float), faziam uso de um grande número de agências para captação de depósitos e aplicações, com custos elevados. A grosso modo, pode-se dividir em três fases, que se sobrepõem, em parte, as mudanças que ocorreriam no sistema financeiro desde o início do Plano Real.

A primeira destas fases caracteriza-se pela diminuição do número de bancos na economia brasileira em decorrência de liquidação, incorporação, fusão e transferência de controle acionário de várias instituições bancárias, em conjunto com as modificações adotadas pelo Banco Central referentes à legislação e à supervisão bancárias.

A segunda fase do processo de ajuste do Sistema Financeiro Nacional foi caracterizada pela entrada de bancos estrangeiros e pelos ajustes dos sistemas financeiros público e privado, mediante, respectivamente, o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) e o Proes (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária).

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Por fim, a terceira e última fase refletiu uma profunda modificação no modelo operacional seguido pelos bancos antes do Plano Real. A receita inflacionária foi substituída pelo crescimento da receita proveniente da intermediação e pela receita de serviços, via cobrança de tarifas.

Assim, desde o início do Plano Real, os bancos perderam uma importante fonte de receita, representada pelas transferências inflacionárias: o float, que era propiciado: (i) pela perda de valor dos depósitos a vista e/ou (ii) pela correção dos depósitos bancários em valores abaixo da inflação.

Tabela sobre Receita Inflacionária

Ano Receita Inflacionária / PIB Receita Inflacionária / Valor da Produção das Instituições Bancárias

1990 4,0 35,71991 3,9 41,31992 4,0 41,91993 4,2 35,31994 2,0 20,4

Fonte: Barros e Almeida Jr., p.5.

Uma das formas encontradas pelo sistema bancário para compensar a perda da receita inflacionária, antes de fechar agências e efetuar os ajustes que se faziam necessários no modelo operacional, foi expandir as operações de crédito, lastreadas pelo crescimento abrupto dos depósitos bancários trazidos com o Plano Real. Os depósitos à vista, por exemplo, cresceram 165,4% nos seis primeiros meses do Plano Real, e os depósitos a prazo cresceram quase 40% no mesmo período.

Antecipando-se ao possível crescimento das operações de créditos que decorreria do quadro de estabilidade macroeconômica, o Banco Central elevou, no início do Plano Real, as alíquotas de recolhimento compulsório dos depósitos bancários. O recolhimento compulsório sobre depósitos à vista passou de 48% para 100%, sobre os depósitos de poupança passou de 10% para 30%, e foi instituído um recolhimento de 30% sobre o saldo de depósitos a prazo. Apesar disso, os empréstimos totais do sistema financeiro para o setor privado, segundo dados do Banco Central, mostraram crescimento de 58,7% durante o primeiro ano de vigência do Plano.

Apesar do crescimento das operações de crédito compensarem, em parte, a perda do float, esse crescimento ocorreu sem os devidos cuidados quanto à capacidade de pagamento dos novos e antigos devedores. Assim, a “solução” de expandir rapidamente o crédito como forma de compensar a perda do float ocasionou novos problemas. O resultado desse processo foi um crescimento dos empréstimos de liquidação duvidosa. A diminuição no ritmo de crescimento da economia brasileira, no segundo trimestre de 1995, e o aumento da taxa de juros doméstica confirmaram o aumento substancial nos créditos em atraso e em liquidação no sistema financeiro. O passo seguinte foi a necessidade do Proer e do Proes, antes já referidos.

5.7 Os Bancos Comerciais no Rio Grande do SulAté inícios dos anos 1930, período de reorientação política e econômica nacional, operaram,

no Rio Grande do Sul, nove bancos com sede no Estado, sendo oito privados e um estatal: a) Banco da Província do Rio Grande do Sul;b) Banco do Comércio de Porto Alegre (Banco Nacional do Comércio);c) Banco Porto-Alegrensed) Banco Pelotense;e) Banco de Crédito Territorial Sul-Brasileiro;f) Banco Comercial Franco-Brasileiro;g) Banco Popular do Rio Grande do Sul;h) Banco Pfeiffer;i) Banco do Rio Grande do Sul.

a) Banco da Província do Rio Grande do Sul

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Primeiro banco gaúcho, instalado a 01 de julho de 1858, em Porto Alegre. O decreto imperial que autorizou o seu funcionamento igualmente autorizava a nova instituição de crédito a emitir notas de moeda-papel. Essa licença só foi utilizada em 1860. Todavia, esta emissão foi recolhida pouco após. De um lado se apresentava o imposto, considerado alto demais, de outro, o decreto de autorização de emissão exigia a nomeação de um fiscal, representante do poder público, que atuava junto ao banco e que assistia às deliberações da diretoria, tendo direito à palavra para todas as decisões. O salário desse funcionário corria por conta do banco emissor.

Resolveu o Província encerrar essa experiência já em 1861. Em 1895, o banco gaúcho compra o acervo das filiais do Banco da República do Brasil no Estado, cuja liquidação seria decretada em 1900. Em 31.12.1909 foi autorizado pelo governo federal a implantar a Caixa de depósitos populares, uma seção especial para o recebimento de pequenos depósitos (capitalização semestral ao juro de 5,5% ao ano). Foi aberta, em 1910, a Carteira Hipotecária de Crédito Real para empréstimos hipotecários e de prazos longos, destinados ao setor rural, pagáveis por meio de anuidades fixas, em prestações. O Banco da Província do Rio Grande do Sul passou a integrar, a partir de 1973, o Banco Sul Brasileiro, resultante de sua fusão com o Banco Nacional do Comércio e o Banco Industrial e Comercial do Sul.

b) Banco Nacional do ComércioSegundo banco gaúcho, foi instalado a 02.01.1895, iniciando as operações em 01 de abril do

mesmo ano, sob a denominação de “Banco do Comércio”. Uma iniciativa do setor comercial porto-alegrense que passa, a partir dessa década, a se favorecer do crescimento econômico das unidades agrícolas de imigrantes europeus implantadas nos decênios anteriores. A partir de 1973 integra também o Banco Sul Brasileiro.

c) Banco PelotenseNo dia 05 de fevereiro de 1906 são aprovados os estatutos do terceiro banco comercial

gaúcho, criado em Pelotas, centro comercial e de transformação da economia pecuária. Os seus trabalhos iniciaram a 15 de fevereiro do mesmo ano. Em 1910, o Pelotense, acompanhando o Província e o Nacional do Comércio, amplia seu campo de atuação, ao incluir explicitamente as operações hipotecárias garantidas por imóveis e os depósitos populares, mediante a alteração dos seus estatutos. Em 05 de janeiro de 1931, a própria diretoria do Banco requereu ao Inspetor Geral de Bancos a liquidação do Pelotense, diante da impossibilidade de atender pontualmente os seus pagamentos. O Banco foi encampado pelo Governo do Estado, que firmou um contrato com o Banco do Rio Grande do Sul para liquidar o acervo do Pelotense. Para tanto, o ativo do Banco Pelotense foi entregue ao Banco do Rio Grande do Sul, recebendo-o do Diretor-Geral do Tesouro, que fora incumbido de sua administração, pela Portaria no. 191, de 20.05.31, do interventor Flores da Cunha. Ao Tesouro do Estado coube o pagamento dos credores “reivindicantes e privilegiados” do acervo do Pelotense, assim como o pagamento, por meio de cautelas provisórias da dívida pública, dos depositantes e demais credores quirografários.

d) Banco Porto-AlegrenseFundado em março de 1916, surgiu através de uma reforma dos estatutos da “Caixa dos

Funcionários Públicos”, surgida em 1905. Em 1918, obteve do governo federal autorização para estabelecer uma seção de depósitos populares, no feitio da Caixa Econômica. Em 1921, o banco incorporou a “Companhia Rio Grandense de Armazéns Geraes”, com a faculdade, conforme decreto de 1903, de emitir Conhecimentos de Depósitos e Warrants, títulos de crédito que ampliaram a atuação da instituição em prol da dinamização do comércio. Na década de 60 passou a integrar o Banco Brasileiro de Descontos S.A. - Bradesco, após tornar-se praticamente em um banco familiar.

e) Banco Comercial Franco-BrasileiroA priori, não deveria o Banco Comercial Franco-Brasileiro integrar os bancos com sede no

Rio Grande do Sul, pois foi organizado em Paris, em 1913, resultado da união de empresários

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franceses e brasileiros. Contudo, a prática o tornou um banco gaúcho, considerando-se que o comitê instalado em Paris permaneceu inoperante em quase toda a sua história, que a direção do banco ficou em mãos de rio-grandenses e que a sede ficou sendo Porto Alegre. Em fins de fevereiro de 1922, a assembléia geral, constatada uma cisão entre os acionistas e diante dos entraves nas operações, atende a sugestão da diretoria, votando pela liquidação e aprovando uma proposta de restituição dos capitais. O processo de liquidação encerrou-se em 1924 com a realização do último rateio, devolvendo-se 91,5% do capital efetivamente integralizado, representando para cada acionista uma perda nominal de 8,5% do investimento.

f) Banco Popular do Rio Grande do SulEm 6 de agosto de 1919 é fundado, no salão da Associação Comercial de Porto Alegre, com

a finalidade de tornar-se um banco popular não apenas pela aceitação dos seus serviços pelo público, mas pela pulverização de suas ações entre um grande número de adquirentes. Uma iniciativa basicamente de elementos católicos (o vigário geral do arcebispado de Porto Alegre era um de seus iniciadores). Não conseguiu. O pedido de sua falência foi apresentado ao juiz de comércio a 16 de abril de 1930, após experimentar uma “corrida” desenfreada por parte de seus depositantes, os quais buscavam resguardar-se ante rumores de anormalidade quanto à atuação do banco. O volume de recursos solicitados nas caixas do Popular chegou a atingir quase a metade do capital realizado do banco. A quebra do Popular, uma instituição que realizara há poucos anos um enorme esforço de expansão, penetrando no interior do Estado, teve repercussão profunda no meio bancário local. Era a primeira experiência de falência de uma instituição bancária gaúcha, decorridos mais de 30 anos da quebra da Casa Bancária Claussen, ainda no século passado. O aumento das retiradas da agência do Banco Pelotense em Porto Alegre, cujo caixa exigiu o envio de dinheiro em espécie desde a matriz e a garantia de desconto de títulos por parte do Banco do Brasil nos dias seguintes à falência do Popular, caracteriza a atmosfera de apreensão que envolvia os negócios bancários naquele momento.

g) Banco PfeifferCriado no final da primeira guerra, no momento de euforia reinante em todos os setores da

economia do Estado, com a razão social de “Jorge Pfeiffer & Cia. - Casa Bancária”. Iniciou as suas atividades em 02 de janeiro de 1919. Como os demais institutos de crédito, localizou-se a casa bancária no centro comercial da cidade, instalando sua sede na Rua Sete de Setembro (a rua dos bancos em Porto Alegre). Em 1929, após 10 anos de atividade, amplia o seu capital nominal, altera a sua forma jurídica e passa a denominar-se “Banco Pfeiffer S.A.”. Era principalmente procurado pela comunidade de origem germânica, tanto que ficou conhecido como o banco dos imigrantes alemães, o que lhe valeu as pressões para alteração de denominação, quando da segunda guerra mundial. Em 1942, passou a se denominar ‘Banco Industrial e Comercial do Sul S/A”, apontando já, também, para a nova realidade que se vislumbrava na economia do Estado, onde evoluía o processo de industrialização. Em 1973, fundiu-se com o Banco da Província e o Banco Nacional do Comércio, num movimento de defesa dos bancos gaúchos, originando o Banco Sul Brasileiro, depois Banco Meridional do Brasil (atualmente Banco Santander, depois deste o ter adquirido do grupo Bozzano, Simonsen S.A.).

h) Banco do Rio Grande do SulO Decreto Federal no. 18.374, de 28 de agosto de 1928, autorizou o funcionamento do

“Banco do Rio Grande do Sul”, sociedade anônima de crédito real, rural e hipotecário, com sede em Porto Alegre. No dia 06 de setembro do mesmo ano, o governo estadual aprovou os estatutos da nova sociedade bancária, publicando o Decreto no. 4.139, podendo, finalmente, ser inaugurada, a 12 de setembro, a instituição de crédito ansiada pelos pecuaristas gaúchos. Desde o século XIX era reconhecida a necessidade da organização do crédito hipotecário. Os governos apoiavam a sua criação pela iniciativa privada, ora oferecendo-lhes garantias de remuneração e de amortização de letras hipotecárias, ora isentando de impostos as carteiras hipotecárias dos bancos comerciais.

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Se a iniciativa privada já não obtivera êxito nessa proposta durante as duas primeiras décadas do século XX, na década de vinte, quando da acentuação da crise econômico-financeira em âmbito nacional e regional, a hipótese de atuação na área do crédito de longo prazo foi inteiramente afastada. Assim, nada mais restava ao Estado senão instituir, por ação própria, o tão exigido banco de crédito real.

O governo paulista lhe servia de modelo ao se tornar, em 1927, o principal acionista do Banco de Crédito Agrícola e Hipotecário, depois denominado de Banco do Estado de São Paulo, buscando, dessa forma, apoiar a sua principal riqueza, a cultura do café. A orientação à agricultura caracterizou também a fundação dos bancos estatais do Piauí, em 1926, e do Paraná, em 1928.

Bancos NacionaisNas primeiras décadas deste século (período da Primeira República), constata-se a quase

inexistência de atividade de bancos nacionais no mercado do Rio Grande do Sul, na medida que neste operaram apenas o Banco do Brasil, banco oficial, com sede no Distrito Federal, e o banco privado paulista, Banco Popular italiano, este por pouco tempo.

Bancos EstrangeirosNo período da Primeira República (1889-1930), os bancos estrangeiros nunca representaram

um peso significativo dentro do setor financeiro estadual. A economia gaúcha estava mais ligada e voltada ao mercado nacional, não atraindo, dessa forma, a presença do capital internacional de maneira tão intensa como o fazia, por exemplo, a economia cafeeira paulista. A presença inicial do “London & Brazilian Bank” e do “Brasilianische Bank für Deutschland” entende-se, o primeiro, pelo predomínio mundial do capitalismo inglês no fim do século dezenove, enquanto o segundo evidencia a expansão da economia alemã, unificada a partir de 1871, buscando a aproximação comercial com regiões de colonização teuta. No final da primeira guerra, ocorre o afluxo de novos bancos estrangeiros, sendo dois de origem inglesa - “British Bank of South America” e o “Bank of London & South America” - e um de capital americano - “National City Bank of New York”. Sua instalação relaciona-se à penetração do capital internacional na frigorificação da carne e aponta, regionalmente, para a reversão do predomínio inglês para o americano, na economia mundial.

Outras Organizações de CréditoAlém das instituições organizadas basicamente como bancos comerciais, estiveram

presentes no meio financeiro estadual pré-1930 outras organizações de crédito, destacando-se a “Caixa Econômica” (Federal), atuante no Estado desde 1875, dedicando-se à captação de depósitos populares e aos empréstimos de mesma natureza, a atividade do grande número de “casas bancárias”, instaladas, principalmente, no interior, bem como as “caixas rurais”, inspiradas na idéia cooperativista, principalmente nas regiões de imigração européia.

Também o Tesouro do Estado, por algum tempo, mantinha a captação de depósitos populares. O Presidente do Estado, Borges de Medeiros, institui, pelo Decreto no. 2.096, de 16 de julho de 1914, as caixas oficiais de depósitos populares, cujos depósitos e retiradas obedeciam ao mesmo processo seguido nas caixas econômicas federais e nas caixas de depósitos populares dos bancos. As atividades iniciaram no arquivo do Tesouro. Porém, através do preparo e instrução dos coletores estaduais (depois exatores, depois auditores de finanças públicas e hoje agentes fiscais do tesouro do estado), foi possibilitada a rápida multiplicação de seções no interior. Parte desses recursos era transferida para a rede bancária privada gaúcha, mormente ao “banco financeiro” do governo. Esse papel foi protagonizado, até 1921, pelo Banco da Província. A partir de então, pelo Banco Pelotense, que é substituído, em 1928, pelo Banco do Estado.

Bancos gaúchos privados mais recentesGrupo Financeiro Maisonnave: Banco Maisonnave de Investimentos, Banco Maisonnave, Maisonnave Corretora de Valores Mobiliários e Maisonnave Crédito, Financiamento e Investimentos.

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Grupo Financeiro Iochpe: Banco Iochpe, Banco Iochpe de Investimentos, Iochpe Corretora de Títulos e Valores Mobiliários, Iochpe Crédito, Financiamento e Investimentos, mais empresa de arrendamento mercantil, distribuidora e empresa de leasing.

Grupo Financeiro Habitasul: banco, corretora, distribuidora, leasing, previdência privada, corretora de seguros.

Sistema Financeiro Sul-Brasileiro: banco, corretora, distribuidora.

Bancos atualmente com sede no Rio Grande do SulBanco do Estado do Rio Grande do Sul S/ABanco Matone S/ABanco Gerdau S/ABanco Malcon S/ABanco Renner S/A

Sistema Financeiro Oficial EstadualBanco do Estado do Rio Grande do Sul S/A – Banrisul e suas subsidiárias:

Banrisul Corretora de Títulos e Valores Mobiliários;Banrisul Arrendamento Mercantil;Banrisul Armazens Gerais.

Caixa Estadual S/A - Agência de Fomento/RS (CaixaRS).Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (Agência de Porto Alegre).

BibliografiaLagemann, Eugênio. O Banco Pelotense & O Sistema Financeiro Regional. Porto Alegre, Mercado Aberto,1985.Mayer, Thomas; Duesenberry, James e Aliber, Robert. Moeda, Bancos e a Economia. Editora Campus, 1993.Fortuna, Eduardo. Mercado Financeiro. Produtos e Serviços. Ed. Qualitymark. Rio de Janeiro, 1997, 16ª edição.Lopes, Joäo do Carmo e Rossetti, José P. Economia Monetária. Editora Atlas, 6.ed., 1992.Mendonça de Barros, José Roberto; e Almeida Júnior, Mansueto Facundo de. Análise do Ajuste do Sistema Financeiro no Brasil. Secretaria de Política Econômica, Ministério da Fazenda, Brasília-DF.

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