resumos filosofia

9
A dimensão ético-política - Em que consiste uma opção moral? As interrogações anteriores apontam para a dimensão ética da ação Dimensão ética: Domínio da ação humana orientado por valores morais (bem/mal, justo/injusto) propostos pela consciência. Consciência: Capacidade interior de orientação, de avaliação e de crítica da nossa conduta em função de valores. Moralidade - É o esforço para orientar a nossa conduta por princípios racionalmente justificados, tendo em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os que serão afetados pelas nossas ações. Ação moral - É a vivência guiada por valores auto impostos pela consciência (ainda que possamos agir exclusivamente segundo códigos de conduta exteriores – códigos jurídicos ou padrões sociais). Define o indivíduo como um ser ético/moral -Um ser ético-moral • Avalia imparcialmente os seus interesses e os alheios. • Reconhece princípios éticos de conduta. • Não se deixa guiar por impulsos, mas escuta a razão. • Delibera com autonomia, independentemente das pressões. • Guia-se por valores para se tornar melhor ser humano. -Como identificar as ações boas? Savater responde: Boas ações - São as que convêm à nossa condição de seres racionais, promovendo tanto a nossa humanidade como a dos outros. Más ações - São as que não nos convêm e que nos diminuem por serem contrárias àquilo que devemos ser.

Upload: alexandra-silva

Post on 09-Nov-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

10º

TRANSCRIPT

  • A dimenso tico-poltica

    - Em que consiste uma opo moral?

    As interrogaes anteriores apontam para a dimenso tica da ao

    Dimenso tica: Domnio da ao humana orientado por valores morais (bem/mal,

    justo/injusto) propostos pela conscincia.

    Conscincia: Capacidade interior de orientao, de avaliao e de crtica da nossa

    conduta em funo de valores.

    Moralidade - o esforo para orientar a nossa conduta por princpios racionalmente

    justificados, tendo em conta tanto os nossos interesses como os interesses de todos os

    que sero afetados pelas nossas aes.

    Ao moral - a vivncia guiada por valores auto impostos pela conscincia (ainda que

    possamos agir exclusivamente segundo cdigos de conduta exteriores cdigos

    jurdicos ou padres sociais). Define o indivduo como um ser tico/moral

    -Um ser tico-moral

    Avalia imparcialmente os seus interesses e os alheios.

    Reconhece princpios ticos de conduta.

    No se deixa guiar por impulsos, mas escuta a razo.

    Delibera com autonomia, independentemente das presses.

    Guia-se por valores para se tornar melhor ser humano.

    -Como identificar as aes boas? Savater responde:

    Boas aes - So as que convm nossa condio de seres racionais, promovendo

    tanto a nossa humanidade como a dos outros.

    Ms aes - So as que no nos convm e que nos diminuem por serem contrrias

    quilo que devemos ser.

  • -tica e telos da ao

    Os seres humanos definem fins ou finalidades (telos) para as suas vidas.

    Exemplo: A dignidade um fim: devemos ser honestos para estar altura dessa

    dignidade

    Fim ou finalidade o que d sentido ao, aquilo para que as aes tendem.

    -Inteno e Norma

    Para a moralidade de uma ao no basta o acordo externo com a norma

    necessrio o acordo interno, a inteno.

    Normas so regras socialmente estabelecidas que servem de padro para a ao.

    Inteno o julgamento ntimo que cada um faz do que permitido e do que

    proibido.

    -Opo moral

    S h opo moral/deciso tica quando o indivduo se obriga a si mesmo a

    respeitar o fim que definiu como bom (ex: ser honesto) tendo em vista o seu

    aperfeioamento (ainda que s ele saiba a verdadeira inteno)

    No domnio da moralidade - O indivduo s tem que prestar contas sua prpria

    conscincia (autoridade que o guia e perante a qual tem de responder). O indivduo

    responsvel pelos seus atos, uma vez que pode escolher.

    -Liberdade e responsabilidade

    Liberdade moral: Traduz a obrigao da pessoa (sujeito moral) se orientar pelos

    valores que a prpria razo reconhece como bons.

    Responsabilidade moral: Expressa o reconhecimento da autoria da ao e a obrigao

    de responder perante a prpria conscincia.

  • -Moral e tica

    Embora eu use as palavras, moral e tica como equivalentes, elas no significam o

    mesmo:

    Moral o conjunto de condutas e normas que tu, eu e alguns dos que nos rodeiam

    costumamos aceitar como vlidas

    tica a reflexo sobre o porqu de as considerarmos vlidas, bem como a sua

    comparao com outras morais.

    -Caractersticas da ao moral

    Est orientada para um fim, que um bem.

    voluntria e intencional

    suscetvel de juzo (pode ser avaliada em termos de bem ou de mal)

    Adota um posicionamento no s individual mas tambm comunitrio, pretendendo

    chegar perspetiva da universalidade do agir.

    -Juzos tico/morais

    Proposies que expressam uma avaliao das aes a partir da adoo de um

    determinado padro ou critrio valorativo.

    -Emitir juzos morais

    Exige:

    Compreenso descomprometida dos factos.

    Um critrio valorativo (princpios ticos) (ex.: a vida humana sagrada; no

    devemos usar a pessoa como um meio; reconhecer igual dignidade a todos os

    seres humanos).

    Imparcialidade ou que se considere em p de igualdade os interesses de todos

    os indivduos (tratar todas as pessoas como iguais a no ser que exista uma boa

    razo para no o fazer).

    -A tica deve:

  • Definir princpios universais reguladores da convivncia social (ex.: altrusmo em vez

    do egosmo; solidariedade em vez da competio; cooperao em vez de hostilidade;

    bem-estar coletivo em vez do benefcio pessoal).

    Estabelecer os direitos e os deveres de cada um.

    Propor fins para a realizao pessoal e social dos indivduos.

    -Funes e importncia da conscincia moral

    Conscincia moral a capacidade interior de orientao, de avaliao e de crtica,

    formada em cada humano com base na interao social.

    A conscincia moral desenvolve-se na interao entre:

    Heteronomia (hetero + nomos) interiorizao de regras e padres do grupo.

    Autonomia (auto + nomos) autodeterminao a agir segundo princpios

    racionalmente justificados.

    -A conscincia tem um sentido

    Apelativo - para valores e normas ideais, como uma bssola orientadora da ao.

    Imperativo - ordena uma ao segundo os valores do agente.

    Judicativo - julga os atos e as intenes.

    Censrio - censura ou elogia o agente.

    Devemos agir moralmente porque s nos tornamos humanos na companhia de

    outros humanos, temos de compatibilizar os nossos direitos com os direitos dos outros

    (garantir a coexistncia digna de todos) e se quisermos viver como pessoas temos de

    tratar os outros como pessoas.

    -A necessidade de fundamentao da moral duas perspetivas filosficas

  • Deontolgicas Teorias que fazem depender a moralidade de uma ao do respeito

    por princpios. Devemos agir por obedincia a regras - Exemplo: para Kant mentir

    errado ainda que do ato de mentir resultem benefcios. Kant pergunta: qual foi a

    inteno da ao?

    Consequencialistas Teorias que fazem depender a Moralidade de uma ao das suas

    consequncias. Devemos escolher a ao que tem as melhores consequncias globais -

    Exemplo: para Stuart Mill mentir no errado por princpio, mas em funo das

    consequncias. S.Mill pergunta: quais as consequncias das aes?

    Uma teoria deontolgica: a tica racional de Kant

    Legalidade - carter das aes simplesmente boas, em conformidade com a norma.

    Moralidade - carter das aes realizadas no s em conformidade com a norma, mas

    tambm por respeito ao dever.

    -As trs disposies do ser humano

    Disposio sensvel Disposio sensvel Disposio racional Para a animalidade

    ser vivo a natureza em ns:

    inclinaes e necessidades sensveis

    Para a humanidade ser vivo e ser racional

    influncias da sociedade e da comunidade de

    interesses

    Para a personalidade ser racional capaz de

    responsabilidade: tornar-se pessoa exigncias auto

    impostas pela razo -desprendimento e

    autonomia

    -Como alcanar a vontade boa?

    O corpo e a razo no tm as mesmas inclinaes.

    A vontade fica sujeita a conflitos entre disposies.

    A vontade fica dividida entre o dever (motivaes racionais) e o prazer (inclinaes

    sensveis).

    A vontade pode escolher ( o livre-arbtrio).

    Nem sempre escolhe o dever (a moralidade).

    -Vontade boa

  • Devido aos conflitos entre as disposies a vida tica uma luta. Kant prope

    como ideal moral o esforo para transformar a vontade dividida e imperfeita numa

    vontade boa, isto , numa vontade que se determine a agir por dever

    S a escolha do dever por dever permite transformar a vontade numa vontade

    boa

    -Dever e lei moral imperativo categrico da moralidade

    O que agir por dever? orientar-se pela disposio para a personalidade, e consiste

    na elaborao de leis racionais a que a prpria razo se submete (autonomia). O dever

    o respeito pela lei moral.

    - As leis da razo e as leis da natureza valem universalmente

    As leis naturais so descritivas Dizem como a natureza funciona

    As leis morais so prescritivas (normativas) prescrevem um comportamento so

    incondicionais e absolutas so um imperativo categrico (uma ordem incondicional).

    -Enunciado do Imperativo Categrico

    Age apenas segundo uma mxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que

    ela se torne lei universal.

    uma ordem incondicional.

    Impe a ao como necessria, fim em si mesma.

    Imperativo categrico Significa que:

    A regra particular (mxima) que seguimos, deve poder ser aceite por todos os

    seres racionais universalizao.

    A universalizao da mxima garante a imparcialidade e a independncia do

    agente em relao aos seus interesses particulares.

    A universalizao da mxima torna-a ao boa (moral).

    -Moralidade, autonomia e dignidade humana

  • A opo pela moralidade permite ao indivduo tornar-se ser moral ou pessoa,

    conferindo-lhe dignidade e valor absoluto.

    Diz Kant que a moralidade a nica condio que pode fazer de um ser racional

    um fim em si mesmo; a moralidade, e a humanidade, enquanto capaz de moralidade,

    so as nicas coisas que tm dignidade. Podemos agora explicar-nos facilmente (pois)

    sucede que possamos achar simultaneamente uma certa sublimidade e dignidade na

    pessoa que cumpre todos os seus deveres.

    Pois enquanto ela est submetida lei moral no h nela sublimidade alguma; mas h-

    a sim na medida em que ela ao mesmo tempo legisladora em relao a essa lei moral

    e s por isso lhe est subordinada. No nem o medo nem a inclinao mas to

    somente o respeito lei, que constitui o mbil [motivo] que pode dar ao um valor

    moral. S esta vontade que nos possvel [representar] na ideia o objeto prprio do

    respeito, e a dignidade da humanidade consiste precisamente nesta capacidade de ser

    legislador universal, se bem que com a condio de estar ao mesmo tempo submetido

    a essa mesma legislao.

    Autonomia

    Kant chama autonomia propriedade da vontade de se constituir como a sua prpria

    lei. A autonomia da vontade o princpio supremo da moralidade e o fundamento da

    dignidade e do respeito devido ao ser moral ou pessoa.

    Fundamento e critrio de moralidade

    Segundo Kant, o fundamento da moralidade a racionalidade e a autonomia da

    vontade

    Isso implica:

    cumprimento do dever por dever.

    independncia face s disposies sensveis.

    opo pela personalidade.

    Segundo Kant, o critrio para identificar uma ao como boa o carter

    incondicional e universalizvel da mxima que determina a escolha, ou seja, o carter

    racional da lei moral.

  • Uma teoria consequencialista: a tica utilitarista de Stuart

    Mill

    O credo que aceita a Utilidade ou o Princpio da Maior Felicidade como

    fundamento da moral sustenta que:

    As aes so justas na proporo em que tendem a promover a felicidade e injustas

    enquanto tendem a produzir o contrrio da felicidade.

    Entende-se por felicidade o prazer e a ausncia de dor; por infelicidade a dor e a

    ausncia do prazer.

    O prazer e a ausncia de dor so as nicas coisas desejveis como fins e todas as

    coisas desejveis so-no pelo prazer inerente a elas mesmas, ou como meios para a

    promoo do prazer e a preveno da dor.

    O princpio princpio moral em que se baseia o utilitarismo o princpio da Utilidade

    ou da Maior Felicidade. Chama-se hedonismo (grego hdon, prazer) a este tipo de

    conceo

    -Princpio da Utilidade ou da Maior Felicidade

    Uma ao boa quando promove a felicidade

    A felicidade nica coisa desejvel como fim e, por isso, boa em si mesma.

    A felicidade um estado de bem-estar, de prazer e ausncia de dor ou sofrimento.

    -Distino qualitativa do prazer e do sofrimento (dor)

    Mas o que que causa maior felicidade ou prazer?

    Stuart Mill distingue:

    . Prazeres fsicos: Os prazeres sensoriais ligados s necessidades somticas(bsicas),

    como beber, comer, sexo.

    . Prazeres espirituais: Ligados a necessidades intelectuais, sociais, morais,

    estticas(ex.: apreciar um pr do sol, uma obra de arte, descobrir e criar, partilhar

    afetos ou conhecimentos, ajudar os outros)

  • -Refutao das crticas: o Utilitarismo

    a) Prope um ideal moral: a felicidade de todos os Homens, e no apenas a prpria

    b) Identifica o imperativo moral utilitarista com o mandamento cristo no faas aos

    outros o que no gostarias que te fizessem a ti e ama o teu prximo como a ti mesmo

    c) Indica um ideal jurdico-poltico: o bem comum ou a felicidade global

    d) Sugere um ideal pedaggico: a formao de indivduos solidrios, empenhados

    em promover o bem comum e a felicidade de todos

    Imperativo moral age sempre de modo a produzir a maior felicidade para o maior

    nmero de pessoas.

    Critrio de moralidade as consequncias previsveis da ao.

    Ao moral ou boa a ao que traz mais felicidade ao maior nmero de pessoas.

    -Concluso do utilitarismo de Stuart Mill

    A finalidade da moralidade a felicidade

    O critrio de moralidade das aes (o que torna uma ao boa) a sua utilidade, o

    seu contributo para criar a maior felicidade

    Fazer uma opo moral exige inventariao e avaliao das consequncias possveis

    para se poder escolher a que previsivelmente produzir mais felicidade ou bem-estar.

    -O utilitarismo e as democracias liberais

    O utilitarismo foi a tentativa mais coerente de traduzir racionalmente o mandamento

    ama o prximo como a ti mesmo, a tentativa mais forte de dar uma definio racional

    de altrusmo e continua a ser um dos modelos fundamentais na construo do

    moderno estado do bem-estar.