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CADERNO DE RESUMOS Programa de Pós-graduação em Letras UNIFESP Estudos Linguísticos e Literários Guarulhos, 22 de Maio de2018

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CADERNO DE RESUMOS

Programa de Pós-graduação em Letras – UNIFESP

Estudos Linguísticos e Literários Guarulhos, 22 de Maio de2018

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4º SELL

Seminário de Estudos

Literários e Linguísticos

CADERNO DE RESUMOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Reitora: Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili

Vice-reitor: Nelson Sass

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

Diretora Acadêmica: Profa. Dra. Magali Aparecida Silvestre

Vice-reitor: Prof. Dr. Janes Jorge

REALIZAÇÃO

PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM LETRAS

Coordenador: Profª. Drª. Francine Fernandes Weiss Ricieri

Vice-coordenador: Profª. Drª. Ana Luiza Ramazzina Ghirari

SECRETÁRIA

Fernanda Maria Alves Lourenço

ORGANIZAÇÃO

Representantes discentes

Heloísa Dandara Ribeiro de Lima – Representante Suplente dos Estudos Linguísticos

Jeremias Abel Graciano Boio – Representante Titular dos Estudos Linguísticos

Mayra Martins Guanaes – Representante Suplente dos Estudos Literários

Thais Portansky de Lima – Representante Titular dos Estudos Literários

Professores:

Ana Luiza Ramazzina Ghirardi – Estudos Linguísticos

Paloma Vidal – Estudos Literários

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Endereço Eletrônico:

www.sellunifesp.com.br

Programa de Pós-Graduação em Letras Campus Guarulhos

Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas • EFLCH

Estrada do Caminho Velho, 333 - Jardim Nova Cidade, - CEP 04021-001 – Guarulhos - SP

E-mail: [email protected]

Telefone: (11) 5576-4848

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Apresentação

Língua ou literatura? Literatura ou língua? Dois universos distintos cujas relações,

como a dos Dois Irmãos de Hatoum, são multifacetadas e apaixonantes. A evolução dos

estudos no campo das humanidades nos mostra um percurso em que língua e literatura

são temas que não se separam, mas caminham juntos a cada momento. A língua, sistema

complexo de modos de significar e representar, espaço para construção e negociação de

sentidos, se manifesta em plenitude na literatura, rede complexa e fascinante que permite

entender, com maior clareza, outros modos de produzir, receber e funcionar da língua.

O programa de pós-graduação em Letras da UNIFESP busca, através do exame

dessa conjugação entre língua e literatura, semear novas perspectivas que ampliem as

possibilidades de reflexão e fortaleçam o percurso investigativo de nossos jovens

pesquisadores. É nessa perspectiva que o programa, através do esforço de seus discentes

e com o apoio dos docentes, organiza o SELL – Seminário de Estudos Linguísticos e

Literários, atividade acadêmica do programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade

Federal de São Paulo - UNIFESP.

O seminário é, sobretudo, espaço de debate das pesquisas em desenvolvimento de

discentes cujos trabalhos estão prestes a ser apresentados à banca de qualificação. Nesta

edição, os discentes que apresentarão seus trabalhos são ingressantes do programa em

2017. As quatro linhas de pesquisa que compõem o programa refletem seu modo de ver a

teia que se forma entre língua e literatura: “Questões de representação: poéticas e suas

reapropriações”, “Literatura e autonomia: entre estética e ética”; Linguística “linguagem em

novos contextos” e “Linguagem e cognição”.

Nesta quarta edição, destaca-se, entre as atividades, a palestra de abertura “Leituras

e ficções” do escritor Milton Hatoum, cuja obra evidencia como a beleza da grande literatura

manifesta continuamente a inesgotável capacidade expressiva da língua.

Profª Drª Ana Luiza Ramazzina Ghirardi

Vice-coordenadora do programa de Pós-graduação em Letras

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Sessões de comunicação (10h30 - 13h)

Discentes Título do trabalho

Amanda Monteiro Belon

Fernandes

ERMO E A COLETIVIDADE

ANARQUISTA

André renato Oliveira Silva

O CINEMA REFRATÁRIO DE ZÉ DO

CAIXÃO: SUCESSO POPULAR; SUBVERSÃO E CENSURA NOS

ANOS DE CHUMBO

Edson Lopes da Silva

ESTÉTICAS PERIFÉRICAS EM MOVIMENTO: LITERATURA DE

PERIFERIA NA ARGENTINA, BRASIL E URUGUAI

Erorci Ferreira Santana

A POÉTICA DO RISO NA

REPRESENTAÇÃO DO ESTADO DE EXCEÇÃO EM ZERO, DE IGNÁCIO

DE LOYOLA BRANDÃO, E DE DIOSES, HOMBRECITOS Y POLICÍAS, DE HUMBERTO

COSTANTINI

Silvia Amancio de Oliveira

A ESCRITA DE SI NA LITERATURA NICARAGUENSE: EL PAÍS BAJO MI

PIEL: MEMORIAS DE AMOR Y GUERRA, DE GIOCONDA BELLI

Sessão 1 – (10h30-13h)

Debatedora

Profa. Dra. Paloma Vidal

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Discentes Título do trabalho

Alexandre Rezende de Almeida

O CANCIONEIRO CAIPIRA DE

ELPÍDIO DOS SANTOS: APRESENTAÇÃO, COMENTÁRIO E

ANTOLOGIA

André Matos de Oliveira

ÁGUA VIVA E O RITMO EM PROSA:

IMPLICAÇÕES ANALÍTICAS

Emannuel Gonçalvez Gomes

MECANISMOS DO DESEJO:

ESTRUTURAS NARRATIVAS ENTRE REALIDADE E FANTASIA EM THE INFERNAL DESIRE MACHINES OF

DOCTOR HOFFMAN

Fabiana Fanganiello

TRAVESSIA E TRANSGRESSÃO NA

OBRA O AMANTE, DE MARGUERITE DURAS

Fabio Takeji Iwasa

A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO EM

BAÚ DE OSSOS DE PEDRO NAVA

Sessão 2 – (10h30-13h)

Debatedora

Profa. Dra. Maria Lucia Mendes

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Discentes Título do Trabalho

Beatriz Daldosso Felippe

A SUBJETIVIZAÇÃO NA

POLISSEMIA DE “COXINHA”: UMA ABORDAGEM SOB A VISÃO DA

LINGUÍSTICA COGNITIVA

Lisandra Lopes Silva dos Santos

TEMPOS COMPOSTOS DO MODO SUBJUNTIVO NA AQUISIÇÃO DE

ESPANHOL COMO SEGUNDA LÍNGUA POR PARTE DE

APRENDIZES BRASILEIROS SOB A PERSPECTIVA GERATIVA

Patricia Helena Veloso de

Carvalho

O FUTURO DO SUBJUNTIVO NO

PORTUGUÊS PAULISTANO: RESULTADOS PARCIAIS

Sessão 3 – (10h30-13h)

Debatedora

Profa. Dra. Indaiá de Santana Bassan

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Discentes Título do Trabalho

Amanda Cristina Siqueira Mazo

A APROPRIAÇÃO DA LINGUAGEM

DOS QUADRINHOS EM NOVOS CONTEXTOS: UMA ANÁLISE EM

MEMES

Beatriz Silva Rocha

EXERCÍCIO DE LINGUAGEM: O

ETHOS DISCURSIVO E A COMPETÊNCIA DISCURSIVA EM

QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENEM 1998 E

2016

Ingrid Caroline Albuquerque

Candido

ETHOS DISCURSIVO E A

(RE)CONSTRUÇÃO DE OBJETOS DE DISCURSO: DO JORNALISMO ONLINE PARA AS PÁGINAS DO

FACEBOOK

Karla Angélica Fernandes

Gomez

O CAMINHO PARA PERSÉPOLIS:

INTERMIDIALIDADE QUADRINHOS E CINEMA

Marta Silva Souza

A RELAÇÃO MÚTUA ENTRE O

DISCURSO RELIGIOSO E O DISCURSO MIDIÁTICO:

PROPAGAÇÃO DE IDEOLOGIAS

Sessão 4 – (10h30-13h)

Debatedora

Profa. Dra. Vanda Maria da Silva Elias

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Discentes Título do trabalho

Anna Carolina Santos Martin Almeida

A INTERPESSOALIDADE NA

COMUNICAÇÃO VIA EMAIL ENTRE UM COORDENADOR DE

NEGÓCIOS EDUCACIONAIS E DOCENTES: UM ESTUDO SISTÊMICO-FUNCIONAL

Dayane Carolina Oliveira Lee

AS MARCAS INTERPESSOAIS NA

INTERAÇÃO EDITORIAL/LEITORAS NA REVISTA FEMININA ATREVIDA

Fabiane Dalben de Faria

LETRAMENTO, PRODUÇÃO DE

TEXTO E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ – A PREPARAÇÃO PARA O ENEM E A SENSIBILIDADE PARA QUESTÕES SOCIAIS ATRELADAS À ESCRITA

Patrícia Castello Bucioli

Knetsch

O PICHO E O FEMININO: UMA PERSPECTIVA DISCURSIVA

Sessão 5 – (10h30-13h)

Debatedores

Prof. Dr. João Marcos Mateus Kogawa

Prof. Dr. Orlando Vian Junior

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SUMÁRIO

ESTUDOS LITERÁRIOS

LINHA 1

QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO - POÉTICAS E SUAS

REAPROPRIAÇÕES

Discente Página Alexandre Rezende de Almeida .................................................................................... 14 Erorci Ferreira Santana ................................................................................................. 15

LINHA 2

LITERATURA E AUTONOMIA - ENTRE ESTÉTICA E ÉTICA

Discente Página Amanda Monteiro Belon Fernandes ............................................................................. 17 André Matos de Oliveira ............................................................................................... 18 André Renato Oliveira Silva… ...................................................................................... 19

Edson Lopes da Silva ........................................................................................................... 20

Emannuel Gonçalves Gomes ............................................................................................... 21

Fabiana Fanganiello ..............................................................................................................22

Fabio Takeji Iwasa.................................................................................................................. 23

Silvia Amancio de Oliveira ..................................................................................................... 24

ESTUDOS LINGUÍSTICOS

LINHA 1

LÍNGUA LINGUAGEM EM NOVOS CONTEXTOS

Discente Página Amanda Cristina Siqueira Mazo............................................................................................ 27 Anna Carolina Santos Martin Almeida................................................................................... 28 Beatriz Silva Rocha ............................................................................................................... 29 Dayane Carolina Oliveira Lee ............................................................................................... 30 Fabiane Dalben de Faria ....................................................................................................... 31 Ingrid Caroline Albuquerque Candido ................................................................................... 32 Karla Angélica Fernandes Gomez ........................................................................................ 33 Marta Silva Souza ................................................................................................................... 34

Patrícia Castello Bucioli Knetsch ............................................................................................ 35

LINHA 2

LÍNGUA E COGNIÇÃO

Discentes Página Beatriz Daldosso Felippe ....................................................................................................... 37 Lisandra Lopes Silva dos Santos ........................................................................................... 38 Patrícia Helena Veloso de Carvalho ...................................................................................... 39

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ESTUDOS LITERÁRIOS

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QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO – POÉTICAS E

SUAS REAPROPRIAÇÕES

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O CANCIONEIRO CAIPIRA DE ELPÍDIO DOS SANTOS: APRESENTAÇÃO, COMENTÁRIO E ANTOLOGIA

Alexandre Rezende de Almeida

Orientador: Prof. Dr. Pedro Marques Neto

Esta pesquisa trata do universo composicional de Elpídio dos Santos (1909-1970),

com direcionamento para os gêneros cancionais caipiras, área na qual o compositor

obteve maior reconhecimento durante sua trajetória musical. Concebeu, ao longo de

quatro décadas de atividade, cerca de mil obras nos mais variados gêneros, figurando

entre os principais: caipira, samba, choro, valsa, baião, marchinha e samba-canção,

embora, apenas cerca de setenta canções tenham sido gravadas. Notabilizou-se

principalmente entre as décadas de 1950 e 1960 ao compor diversas trilhas sonoras

para filmes de Mazzaropi, tendo sido seu compositor preferido para essa missão.

Estando evidente que a maior parte de sua obra continua inexplorada, o cancioneiro

caipira inédito do compositor pareceu ser objeto significativo a ser pesquisado.

Efetuou-se, então, uma busca em seus registros originais, cujo acesso foi gentilmente

autorizado por Maria Aparecida dos Santos, uma de suas filhas, responsável pela

manutenção do acervo. Foram então detectados, sob forma manuscrita e

datilografada, letras de canções, poemas e partituras para diversos instrumentos.

Inicialmente a dissertação apresenta o universo composicional de Elpídio, bem como

uma incursão na idiossincrasia do caipira e no lirismo singelo que emana dessa

imagética. Amparou-se em várias representações desse modelo ao longo dos tempos,

presentes em alguns poetas românticos oitocentistas, bem como em outros autores e

compositores dos primeiros decênios do século XX, até a fixação de seu arquétipo no

imaginário popular. Nessa tarefa, recorreu-se, entre outros, a autores como Candido

(1995; 2006), Bosi (2006), Amaral (1976; 1982),

Lima (1954; 1962; 1997), e Cascudo (1979; 1984) na parte literária e folclórica, bem

como a Sant´Anna (2000), Nepomuceno (2001), Severiano e Mello (2015), e Tinhorão

(1991) na esfera musical. Além destes, Bakhtin (2001) e Zumthor (2010) contribuíram

com apontamentos no que tange a discurso e oralidade. Adiante serão analisadas

algumas letras de canções inéditas, selecionadas como as mais representativas em

cada gênero, tais como toada, cururu, cana verde, moda de viola, cateretê, entre

outros, tendo como enfoque sua parcela poética, ou seja, elementos referentes a

métrica, estilo, forma, temática e voz do sujeito. Por meio de seleção, levantamento,

transcrição e análise dos registros pesquisados, será concebida uma antologia

comentada ao final da dissertação. A incursão neste universo cancional de Elpídio dos

Santos tem como proposta valorizar e preservar a memória do compositor, trazendo

à luz uma visão geral de seu discurso poético, bem como dirigir o olhar para a

relevância cultural da música caipira para nosso povo.

Palavras-chave: Elpídio dos Santos; Música caipira; Cultura popular; Antologia.

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A POÉTICA DO RISO NA REPRESENTAÇÃO DO ESTADO DE EXCEÇÃO EM ZERO, DE IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO, E DE DIOSES, HOMBRECITOS

Y POLICÍAS, DE HUMBERTO COSTANTINI

Erorci Ferreira Santana

Orientadora: Profa. Dr. Graciela Foglia

A pesquisa tem por objeto o estudo da reapropriação e atualização de elementos

da poética do riso, destacadamente a sátira paródica e a composição grotesca, no

quadro geral da carnavalização narrativa estruturante de duas representações da

violência no contexto histórico do chamado Estado de Exceção, quais sejam, os

romances De dioses, hombrecitos e policías, do argentino Humberto Costantini, e

Zero, do brasileiro Ignácio de Loyola Brandão. O principal objetivo da pesquisa é a

demonstração da mobilização da poética do riso pelos autores para a composição

de um contradiscurso literário de resistência aos discursos legitimadores do poder

político com sua carga de violência agregada. O estudo tem sido desenvolvido à

luz das obras teóricas Problemas da poética de Dostoiévski e A cultura popular na

Idade Média e no Renascimento − O contexto de François Rabelais, ambas de

Mikhail Mikhailovich Bakhtin, La parodia em La nueva novela hispanoamericana

(1960– 1985), de Elzbieta Sklodowska, Literatura e cultura na América Latina, de

Angel Rama, e O espaço da dor – O regime de 64 no romance brasileiro, de Regina

Dalcastagnè. Para o desenvolvimento do estudo, emprego a metodologia

comparatista, consistente na leitura e interpretação dos princípios de construção

das fontes primarias e do estabelecimento da correlação entre eles, e no

levantamento e análise da fortuna exegética criada às margens das obras ou das

teorias em torno dos fenômenos estéticos abstratos que lhe são conexos. Essa

reunião de opiniões teórico-críticas em boa medida já foi feita por este aluno,

ganhando contornos substanciais desde o início do curso até agora. O refinamento

das definições teórico- conceituais aproveitáveis tem sido feito pelo confronto

direto, com vistas à detecção de pontos de confluência ou divergência acerca de

determinados aspectos das poéticas mobilizadas na construção das fontes

primárias. A filtragem da fortuna crítica tem sido feita pela avaliação do grau de

profundidade empregado em sua análise. A redação necessária à qualificação já

avançou em aproximadamente dois terços do volume final estimado.

Palavras-chave: poética do riso; sátira menipeia; paródia; grotesco; carnavalização narrativa.

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LITERATURA E AUTONOMIA: ENTRE ESTÉTICA E ÉTICA

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ERMO E A COLETIVIDADE ANARQUISTA

Amanda Monteiro Belon Fernandes

Orientador: Prof. Dr. Ivan Rodrigues Martin

As consequências da Guerra Civil Espanhola acarretaram um grande trauma para os

opositores à ditadura franquista devido ao silenciamento imposto e a falta de justiça. As

histórias vividas nesses anos ensejaram uma vasta literatura sobre a Guerra Civil

Espanhola. Mais recentemente, desde 2007, vêm sendo lançados na Espanha romances

gráficos sobre o tema, cujos autores são, em sua maioria, descentes dos combatentes

(filha, filho, genro). É assim que surge a trilogia de romances gráficos Los Fantasmas de

Ermo (2013), de Bruno Loth, publicados primeiramente em seis volumes em francês com

o intuito de popularizar e disseminar na França o episódio histórico da guerra na Espanha,

posteriormente os seis volumes foram compilados em três, traduzidos para o espanhol

por Javier Barrachina Rodríguez e publicados pela Editora Kraken. O autor já

simpatizante da participação anarquista na guerra que ocorreu na Espanha, se aventura

a escrever o romance gráfico ao saber que seu sogro lutou durante a Guerra Civil

Espanhola ao lado dos Republicanos. A obra retrata em três volumes o ano de 1936 até

a morte do líder anarquista Buenaventura Durruti, mesclando personagens históricos e

personagens ficcionais acompanhamos Ermo, um menino órfã que se aventura junto aos

artistas da companhia do mago Sidi Oadin em Barcelona durante o primeiro ano de

combates acirrados da Guerra Civil Espanhola, aliados aos anarquistas da coluna Durruti.

O trabalho tem por objetivo analisar a construção imagética e literária da obra, bem como

uma leitura autoral da personagem central. Para sustentar o corpus do trabalho serão

utilizadas teorias que abarquem historicamente a Guerra Civil Espanhola, Pierre Broué e

Eric Hobsbawm, teorias sobre a construção espacial e imagética dos romances gráficos

e das histórias em quadrinhos, Scott McCloud, Will Eisner, Santiago García, teorias que

respaldam a análise dos elementos narrativos como Ligia Chiappini Moraes Leite,

Benedito Nunes, Antonio Candido, Anatol Rosenfeld e Beth Brait, teorias anarquistas,

Mikhail Bakunin, Hans Magnus Enzensberger, Piotr Kropotkin, Diego Abad de Santillán,

Errico Malatesta, entre outras que forem necessárias ao decorrer do trabalho.

Palavras-chave: Guerra Civil Espanhola; Romance GráDico; Anarquia

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ÁGUA VIVA E O RITMO EM PROSA: IMPLICAÇÕES ANALÍTICAS

André Matos de Oliveira

Orientadora: Profa. Dra. Francine Fernandes Weiss Ricieri

Com a leitura de Água Viva e de sua fortuna crítica foi possível observar que a obra

apresenta rupturas em relação a formas mais tradicionais de narrativa, inserindo- se,

nesse sentido, em uma tradição paralela de construção do romanesco, em que se

entrecruzam elementos usualmente atribuídos à prosa e elementos usualmente

associados ao universo do poético. Em Água Viva, Lispector radicaliza seu estilo,

adensando a exploração dos efeitos de uma escrita ritmada que parece oscilar entre

a prosa e a poesia. Nessa obra, é possível constatar a grande incidência de

vocábulos, símbolos, derivações, imagens ou estruturas dispersas ao longo do texto

que problematizam a questão do ritmo. Portanto, considerando o ritmo elemento

imprescindível para a compreensão do projeto literário da escritora, em especial em

Água Viva, o objetivo central deste trabalho é analisar recorrências das alusões e

operacionalizações de elementos rítmicos como fator de organização da narrativa.

Para tanto, propomos um estudo da obra, atentando para os procedimentos

utilizados pela escritora na estruturação do texto, a partir de elementos rítmicos e

suas derivações. Nesse processo, parece ser possível observar e recuperar, tanto

na obra em questão quanto em outros escritos da autora, estruturas rítmicas e

imagéticas que comporiam seu projeto de criação. A partir dessas reflexões,

pretendemos trazer à luz a discussão de outros aspectos presentes no livro, tais

como: problematização dos gêneros literários, a questão do endereçamento (tal

como tem sido pensada a propósito da lírica, em sua ocorrência específica em Água

Viva), bem como o recurso à escrita autoficcional como elemento compositivo do

texto. O trabalho será estruturado em cinco capítulos: o primeiro será de

contextualização da obra e proposição dos problemas que pretendemos analisar. No

segundo, trataremos das oscilações e hibridizações entre a prosa e a poesia. No

terceiro capítulo analisaremos os procedimentos referentes à escrita autoficcional

presente no texto. No quarto, buscaremos analisar as recorrências dos elementos

rítmicos e a sua importância para a estruturação da narrativa. No capítulo final, nos

debruçaremos sobre questões referentes ao endereçamento lírico e o papel do leitor

e do destinatário na obra de Lispector.

Palavras-chave: Narrativa; Clarice Lispector; Água Viva; ritmo na prosa.

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O CINEMA REFRATÁRIO DE ZÉ DO CAIXÃO: SUCESSO POPULAR, SUBVERSÃO E CENSURA NOS ANOS DE CHUMBO

André Renato Oliveira Silva

Orientadora: Profa. Dra. Graciela Alicia Foglia

Este trabalho tem como objetivo pesquisar a obra cinematográfica do diretor / ator /

roteirista paulistano José Mojica Marins, particularmente no que se refere ao

personagem mais emblemático que ele criou e interpretou: o coveiro sádico chamado

Zé do Caixão. Analisar-se-á a figura deste, especificamente, tomando por base o filme

de longa-metragem intitulado “Ritual dos Sádicos” (ou “O Despertar da Besta”),

realizado em 1970 e proibido de circulação pelos órgãos de censura da ditadura militar

vigente no Brasil durante o período. Haverá destaque para a grande recepção popular

que o personagem – e os filmes nos quais aparece – obteve durante os anos 1960-

70, fazendo com que se “derramasse” para outras mídias: histórias em quadrinhos,

literatura de ficção folhetinesca e até mesmo literatura popular de cordel, para além

da fortuna crítica que, majoritariamente, rejeitou a obra do cineasta. O filme em

questão também será analisado a partir de elementos característicos do gênero

denominado filme-ensaio, e utilizando como referência estudos realizados por, dentre

outros autores, Theodor W. Adorno e Timothy Corrigan. Os objetivos principais são:

situar o filme em questão, a partir de seus elementos formais e de conteúdo, dentro

do conjunto das produções categorizadas como filmes-ensaio; situar o filme em

questão dentro do conjunto das produções cinematográficas realizadas durante o

período mais repressivo da ditadura militar brasileira, a partir de 1968, produções

essas que sofreram censura estatal e(ou) promoveram, em seu discurso fílmico, uma

crítica ao regime vigente; tentar traçar os procedimentos genéticos do filme,

particularmente no que se refere ao seu aspecto ensaístico (com posicionamentos

políticos evidentes), uma vez que seu autor, até então, recusava fazer filmes

“politizados”. Este trabalho de pesquisa procurará demonstrar que a obra de José

Mojica Marins representa com expressividade alegórica (a partir do conceito de

alegoria em Walter Benjamin e outros autores) – ainda que não de modo programático

– a violência institucional praticada pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar,

particularmente nas formas da: 1. tortura;

2. censura aplicada a manifestações artístico-culturais. Em alguns momentos –

principalmente no filme que será discutido – o cineasta (sempre através de seu

personagem / máscara) chega a questionar motivos e pressupostos ideológicos de

tais formas de violência.

Palavras-chave: cinema brasileiro; ditadura militar; José Mojica Marins; filme- ensaio; alegoria.

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ESTÉTICAS PERIFÉRICAS EM MOVIMENTO: LITERATURA DE PERIFERIA NA ARGENTINA, BRASIL E URUGUAI

Edson Lopes da Silva

Orientador: Prof. Dr. Ivan Rodrigues Martin

A partir de um recorte especifico, buscamos encontrar similaridades temáticas,

estruturais, estilísticas e sociais que aproximem textos produzidos por autores

argentinos, brasileiros e uruguaios oriundos das periferias ou vivendo em situação de

marginalização. Para isso, tomamos como base o pressuposto de Cândido (1980) de

que é necessário fundir o texto e o contexto de forma dialeticamente íntegra. Ou seja,

embora as realidades sociais que aproximam cidadãos periféricos sejam de grande

valia para compreensão de algumas características das obras, é antes, a estética

literária que deve ser privilegiada e analisada em primeiro plano. Temos como

norteadora a ideia de que a exclusão social e as violências sofridas por estes

indivíduos (simbólica, material, classista, racial) são fatores determinantes para a

criação de uma literatura periférica. Desta forma, serão necessárias teorias que

interseccionam a crítica literária e a análise sociológica da arte, ao mesmo tempo em

que buscamos escopo teórico nas linhas de análise estrutural. Após leitura

aprofundada do corpus selecionado, traçamos aproximações estéticas e temáticas

dos textos e, paralelamente, tentamos compreender a construção social das autoras

e autores e como essa realidade aparece representada (às vezes transfigurada) nas

narrativas e poesias. O estudo da economia interna das obras engendra também uma

reflexão sobre o mercado editorial e sobre como este novo perfil de artista

desestabiliza as relações de poder historicamente cristalizadas. A estrutura de

dominação, que passa necessariamente pela retenção dos bens culturais, se vê

ameaçada pela disseminação da arte pelas vielas e assentamentos, e é obrigada a

assimilar essa nova corrente estética. Por fim, o estudo de autores como César

Gonzales, Miró da Muribeca, Ferréz e Washington Cucurto, entre outros, tenta

compreender a literatura de periferia como um movimento racionalmente estruturado

e sólido, que já passa por um processo de internacionalização e unidade.

Transversalizar essas obras é também uma tentativa de descolonizar a arte e

demonstrar que há um novo processo literário em que os sujeitos marginalizados

tomam para si a narrativa de suas histórias.

Palavras-chave: Literatura marginal; literatura periférica; literatura de resistência; crítica literária.

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MECANISMOS DO DESEJO: ESTRUTURAS NARRATIVAS ENTRE REALIDADE E FANTASIA EM THE INFERNAL DESIRE MACHINES OF DOCTOR

HOFFMAN

Emannuel Gonçalves Gomes

Orientadora: Profa. Dra. Renata Philippov

Ao longo de sua obra, a escritora britânica Angela Carter (1940-1992) travou relações de

intertextualidade com variadas tradições literárias. Seu sexto romance, The Infernal

Desire Machines of Doctor Hoffman (1972), escrito durante o período no qual a autora

residiu no Japão, representa um momento-chave no percurso de Carter, no qual as

formas e temas que prevaleciam em seu início de carreira se confundem com as ideias

e motivos estilísticos que marcariam sua produção tardia. Tomando esse ponto de

partida, apresento o andamento de minha pesquisa de mestrado acerca das

manipulações e subversões de Carter com relação ao gótico e à ficção-científica e como

elas se apresentam particularmente nesse romance. Busco, nesse sentido, compreender

como os relê e incorpora na construção do seu texto assim como sua relação intrínseca

com a disputa entre o pragmatismo autoritário e os impulsos caóticos do inconsciente

que é encenada no romance, de forma a problematizar a trama, os personagens e as

alegorias utilizadas pela autora no âmbito de suas relações intertextuais e do conjunto de

seu projeto literário. Para tanto, busco aliar a bibliografia dedicada à obra de Carter

(Dimovitz, 2016; Mikkonen, 1998; Tonkin, 2015) àquela que pode indicar fundamentos

para compreender sua relação com a tradição do romance gótico e seus desdobramentos

no século XX (Williams, 1995; Punter, 2012) assim como elucidar os fatores modais que

podem aproximar a proposta do romance estudado a diferentes manifestações da ficção-

científica (Jameson, 2005; Edward & Mendlesohn, 2003). No atual momento da pesquisa,

já conseguimos entrever como podem se dar algumas das relações do romance com

esses dois gêneros literários. Através do gótico parece se manifestar a preocupação de

Carter acerca das manifestações do inconsciente, suas representações narrativas e as

estruturas sociais a elas relacionadas, cujas formas caracterizariam as diferentes

correntes do gótico. Já a ficção-científica, por seu potencial de tornar literais, no contexto

da narrativa, as ideias com as quais dialoga, pode ser uma forma de abordagem para as

inquietações políticas e sociais presentes na prosa carteriana, como o pressuposto

racional sobre o qual se fundamenta a quebra da realidade que é o ponto de partida da

narrativa e do conflito em seu centro. Tal direcionamento da pesquisa tenta, a partir

dessas indicações, expandir o campo de possibilidades de leitura dentre a fortuna crítica

sobre Angela Carter e o romance em questão.

Palavras-chave: Ficção-científica; gótico; Angela Carter; intertextualidade

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TRAVESSIA E TRANSGRESSÃO NA OBRA O AMANTE, DE MARGUERITE DURAS

Fabiana Fanganiello

Orientador: Prof. Dr. Markus Volker Lasch

A obsessão por certos temas, como a infância pobre, os triângulos amorosos, a

melancolia e o amor, marcam a longa e variada obra de Marguerite Duras. Em O Amante

(L’ Amant, 1984), a autora francesa retorna a esses temas para narrar a história de amor

entre uma adolescente branca e um rico jovem chinês, na Indochina do início do século

XX. Ponto fulcral do livro, ao qual a narradora volta insistentemente, é a cena em que

conhece seu amante, durante uma travessia de balsa pelo rio Mekong. A pesquisa teve

como objetivo analisar os sentidos implicados na repetição dessa cena a partir da

observação dos movimentos de travessia, transgressão e vagar a esmo, que se

organizam, no tecido narrativo, pela construção do tempo, do espaço, da memória e do

próprio texto literário de Duras. Propomos uma análise das representações da memória

à luz dos postulados freudianos acerca das relações entre repetição e memória,

considerando, para tal fim, o que Aleida Assmann chamou de “metáforas do lembrar”,

que englobam, entre tantas, a “Escrita”, a “Imagem”, o “Corpo” e os “Locais”. Nesse

sentido, a insistência da narradora em retornar a essa cena originária molda a

representação desses três movimentos em vários planos da narrativa. Nossa análise

apontou que a repetição da cena da travessia estabelece analogia entre memória e fluxo

do rio, assim como o cruzamento dos espaços na narrativa se instaura como metáfora

das experiências limiares, segundo o que propôs Gagnebin ao estudar a obra Passagens,

de Walter Benjamin. A escrita fragmentária e os planos narrativos sobrepostos replicam

a travessia também na materialidade do texto. A transgressão encontra sua

representação em diversos aspectos: na narradora, que se relaciona com um nativo, na

figura da mãe, que enfrenta reveses financeiros e familiares, devido, principalmente, à

invasão das terras inférteis da família pelo Oceano Pacífico, e nas relações entre as

personagens, vividas sob o impacto do transbordamento das emoções. O vagar a esmo

associa-se, por fim, à natureza imprevisível da memória, que se realiza pelo

estabelecimento de ambiguidades que forçam o leitor a compartilhar com a narradora a

vaguidade construída ao longo da narrativa. Com base na perspectiva de leitura,

esperamos contribuir para fortuna crítica da sua obra durasiana e, em especial, de O

Amante, indo além da leitura de viés autobiográfico, sempre relacionada ao romance.

Palavras-chave: Marguerite Duras; O Amante; repetição; memória; trauma.

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A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO EM BAÚ DE OSSOS DE PEDRO NAVA

Fabio Takeji Iwasa

Orientador: Prof. Dr. Luís Fernando Prado Telles

Pedro Nava iniciou sua colossal obra memorialística a partir do lançamento do primeiro

volume “Baú de Ossos”, em 1972. O impacto desta obra, inaugurando um novo capítulo

no memorialismo brasileiro devido à sua linguagem inovadora ao entrelaçar memórias

pessoais, documentos, oralidade e fatos históricos. Tal sucesso editorial rendeu prêmios

e posteriormente várias reedições por diversas editoras. A presente pesquisa objetiva a

análise da recepção, tanto na crítica especializada publicada em periódicos e na

imprensa, quanto na academia, através dos estudos de dissertações, teses e artigos

relacionadas à obra publicados na época do lançamento de cada edição. A questão que

pretendemos investigar é: “Qual a influência da obra Baú de Ossos de Pedro Nava na

recepção e o impacto de suas reedições?”. O arcabouço teórico dar-se-á à luz da Teoria

da Estética da Recepção. Iser (1996) constata que o sentido do livro está na comunicação

entre o livro e o leitor, que na leitura constrói a realidade. Segundo Jauss et al (2002) o

conceito absoluto de literatura muda de paradigma ao incluirmos o leitor como parte do

processo literário. Contribuirá para a análise da recepção a verificação de diversas

edições e o conceito de paratextos (GENETTE,2009), que nos permitirá avaliar como a

obra foi recebida e gerou textos críticos e jornalísticos com o passar dos anos. Como

processo metodológico, além da já citada análise dos paratextos das diversas edições

lançadas da obra (NAVA, 1972), será realizada uma pesquisa bibliométrica sobre

pesquisas relacionadas às obras memorialísticas de Pedro Nava, realizando-se uma

classificação por data, assunto, obra e abordagem. Para a avaliação da recepção na

imprensa jornalística e crítica literária especializada, realizara-se a pesquisa através da

Hemeroteca Digital Brasileira, disponível eletronicamente no sítio da Biblioteca Nacional.

Sistematizaremos os dados coletados e classificaremos de acordo com a época da

publicação de cada nova edição. Desta forma, se espera que seja respondida nossa

questão de pesquisa.

Palavras-chave: memória; estética da recepção; paratexto; crítica textual

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A ESCRITA DE SI NA LITERATURA NICARAGUENSE: EL PAÍS BAJO MI PIEL: MEMORIAS DE AMOR Y GUERRA, DE GIOCONDA BELLI

Silvia Amancio de Oliveira

Orientadora: Profa. Dra. Graciela Foglia

Em comparação aos estudos sobre a literatura dos países do Cone Sul, o acesso e a

produção de fortuna crítica centro-americana no Brasil são sensivelmente limitados,

salvas algumas exceções. A fim de colaborar com os estudos literários brasileiros que

abordam as obras produzidas na América Central, num primeiro momento, esta pesquisa

buscava analisar obras de duas autoras nicaraguenses: No me agarran viva: la mujer

salvadoreña en lucha (1983), de Claribel Alegría (1925-1948) em coautoria com seu

marido, o escritor estadunidense Darwin J. Flakoll, e El país bajo mi piel: memorias de

amor y guerra, publicado em 2001, por Gioconda Belli (1948-). As marcas de militância,

substancialmente presentes nas protagonistas, fizeram com que o título do projeto inicial

fosse “A militância, a mulher e outrem: Claribel Alegría e Gioconda Belli”. No entanto, a

fim de realizar uma análise literária mais profunda e circular pelas dimensões referenciais

que a narrativa carrega, a presente pesquisa de mestrado em andamento se atém à

produção de Gioconda Belli em El país bajo mi piel: memorias de amor y guerra (2001),

um relato em primeira pessoa. O objetivo deste estudo é analisar como se representam

as experiências de militância na construção das memórias da protagonista Gioconda

Belli, que passam por fatos de sua infância e vida adulta, mas principalmente sobre o

tempo em que participou da FSLN (Frente Sandinista de Libertación Nacional), quando

atuou como correio clandestino, transportou armas, viajou pela Europa e América para

recolher recursos e divulgar a luta sandinista para derrubar a ditadura somozista (1934-

1979), na Nicarágua. Pretende-se refletir a construção e a representação da memória

usando as contribuições de Paul Ricoeur (2010, 1991) a partir das nuances suscitadas

pela análise da escrita de si e da história recente da Nicarágua na obra, formando uma

possível reescrita de uma história não oficial.

Palavras-chave: Nicarágua; Gioconda Belli; militância feminina; América Central; memória.

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ESTUDOS LINGUÍSTICOS

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LINGUAGEM EM NOVOS CONTEXTOS

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A APROPRIAÇÃO DA LINGUAGEM DOS QUADRINHOS EM NOVOS CONTEXTOS: UMA ANÁLISE EM MEMES

Amanda Cristina Siqueira Mazo

Orientador: Prof. Dr. Paulo Ramos

No presente trabalho, propomos um estudo sobre produções multimodais presentes na

rede social Facebook, as quais apresentam elementos típicos da linguagem das histórias

em quadrinhos, com o objetivo de estabelecer aproximações e disparidades entre memes

e tiras cômicas, tendo como aporte teórico conceitos de estudiosos da linguagem, mais

especificamente dos quadrinhos e da Linguística Textual. Partimos da hipótese de que há

novas relações híbridas de imagem e linguagem verbal em redes sociais, que têm como

resultado um fenômeno que chamamos de meme da internet, definido por Castaño (2013)

como uma unidade de informação (ideia, conceito ou crença) que se replica por meio da

internet (e-mail, chat, fórum, redes sociais, etc.) em formato de hiperlink, vídeo, imagem

ou frase, e que pode ser passado como uma cópia exata destes ou pode mudar e evoluir.

A forma do meme é variável e tem seu próprio processo de mutabilidade, o que implica

no uso de elementos de outras linguagens de gêneros prévios em sua composição, como

é o caso dos quadrinhos. Temos por objetivos específicos analisar quais recursos dos

quadrinhos são mais recorrentes nos memes em questão e expor os pontos de

convergência e divergência entre tiras cômicas e memes. Podemos citar convergências

sob uma perspectiva de estudo da linguagem, como o uso tanto de recursos gráficos

(como balão e enquadramento, por exemplo) e de recursos linguísticos (tendência a

desfecho cômico, humor, representação da oralidade, etc.). Tais similaridades causam

dificuldade de distinção pelos usuários das redes sociais, portanto temos como propósito

discutir aspectos divergentes entre eles. Entre as diferenças, apontamos que os memes

são um tipo de produção de humor, mas com características que lhe se são próprias e

não encontrados em tiras cômica, como o uso de imagem congelada, por exemplo. Para

nossa análise, nos valemos de um corpus composto por produções de páginas do

Facebook que levantam discussão sobre a presença de elementos dos quadrinhos na

composição destas, em sincronia com nosso objetivo. Focamos nas páginas “Conselhos

do He- man”, “Este é alguém” e “Bode gaiato”, evidenciando os primeiros resultados de

nossa escrita em andamento. Por fim, apresentamos o andamento do estudo até o

momento e os possíveis desafios dos próximos passos da pesquisa.

Palavras-chave: Tira cômica; Memes; Multimodalidade.

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A INTERPESSOALIDADE NA COMUNICAÇÃO VIA EMAIL ENTRE UM COORDENADOR DE NEGÓCIOS EDUCACIONAIS E DOCENTES: UM ESTUDO

SISTÊMICO-FUNCIONAL

Anna Carolina Santos Martin Almeida

Orientador: Orlando Vian Jr.

Em virtude dos intensos avanços tecnológicos e científicos e das novas relações

estabelecidas no mercado de trabalho, exige-se do Coordenador de Negócios

Educacionais (CNE) que oriente os docentes sob sua tutela para atender às demandas

educacionais e mercadológicas de instituições de ensino privadas, conforme preconizam

estudos realizados da área, tais como Polifemi (2007) e Ninin (2009). Tomando esse

cenário como ponto de partida, esta pesquisa propõe-se a analisar a linguagem utilizada

em e-mails pelo CNE em suas trocas com docentes da Educação Profissional, pautado

na ideia de que a língua é espaço de construção de sentido (JORDÃO, 2007) e a

linguagem um recurso de fundamental importância na construção da experiência humana

(HALLIDAY, 1994). Utilizamos como arcabouço teórico a gramática sistêmico-funcional

proposta por Halliday e Matthiessen (2014), objetivando verificar quais marcas

linguísticas são utilizadas pelo CNE nesta interação escrita que caracterizam os papéis

sociais assumidos e atribuídos pelos interactantes e verificar os elementos que permitem

classificar o e-mail como um gênero, bem como sua organização em estágios e sua

estrutura potencial, conforme propõe Martin e Rose (2008) e como desenvolvido no

estudo de Vian Jr. e Lima-Lopes (2005). Para isso, serão analisadas as escolhas

lexicogramaticais dos textos produzidos pelo CNE, a interação CNE/professores e as

marcas linguísticas que evidenciam o e-mail como gênero. Do ponto de vista

metodológico, adotamos os princípios da pesquisa de base qualitativa (FLICK, 2004),

associados aos princípios da gramática sistêmico-funcional (HALLIDAY &

MATTHIESSEN, 2014) com foco na metafunção interpessoal e nas variáveis do contexto

de situação e de gênero (HALLIDAY; HASAN, 1989; EGGINS, 2004), para verificarmos

as escolhas interpessoais, como se estabelece a relação CNE/docentes e os elementos

característicos que validam o e-mail como gênero.

Palavras-chave: Linguística Sistêmico-Funcional; Metafunção Interpessoal; Email; Gênero.

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EXERCÍCIO DE LINGUAGEM: O ETHOS DISCURSIVO E A COMPETÊNCIA

DISCURSIVA EM QUESTÕES DE LINGUA PORTUGUESA DO ENEM 1998 E

2016

Beatriz Silva Rocha

Prof. Dr. Sandro Luis da Silva

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998 e, atualmente, é um

dos principais instrumentos de avaliação do ensino médio brasileiro e seleção de

candidatos para o ensino superior, sobretudo, nas universidades federais, através do

Sistema de Seleção Unificado (SISU). Seus resultados são considerados como uma

medida estratégica para a promoção e melhoria da qualidade da educação no país. A

prova, por meio de questões de múltipla escolha, avalia a capacidade do estudante

de lidar com situações-problema utilizando diferentes competências e habilidades na

tomada de decisões. Na tentativa de se adequar a realidade social brasileira, diversas

reformulações na configuração do exame foram realizadas, exigindo novas

competências por parte do candidato. Desta forma, considerando o alcance expandido

que a prova conquistou ao longo dos anos e a fim de investigar as competências

exigidas, esta pesquisa analisa 5 (cinco) questões da área de Língua Portuguesa da

edição de 1998 e 5 (cinco) questões da edição de 2016 da prova de Linguagens,

Códigos e Suas Tecnologias do ENEM, através da perspectiva teórico-metodológica

da Análise do Discurso de linha francesa, mais especificamente, os estudos de

Dominique Maingueneau (1997; 2004; 2008a, 2008b; 2012; 2015), com o objetivo de

se analisar o ethos discursivo do enunciador das questões de Língua Portuguesa das

respectivas edições, através dos enunciados e alternativas e, no elenco das 10 (dez)

questões, analisar quais competências discursivas são requeridas, que, a partir da

teoria de Maingueneau (2004), dividem-se em competências genérica, enciclopédica

e linguística. Além do ethos discursivo e a competência discursiva, observando a

preocupação em documentos oficiais do exame com a interdisciplinaridade, objetiva-

se investigar se, nas mesmas questões, existe um trabalho interdisciplinar. Para tal

investigação, a pesquisa ancora-se nas considerações de Ivani Fazenda (1979/2011).

O caminho metodológico percorre, ainda, a análise de dois documentos oficiais, a

Portaria MEC n° 438, de 28 de Maio de 1998, que institui a prova em 1998, e o Edital

n° 10, de 14 de Abril de 2016, que versa sobre a edição de 2016, a fim de investigar

como o ENEM é configurado especificamente nas edições de 1998 e 2016 e se as

questões, de fato, atendem às competências e habilidades especificadas. Espera-se

evidenciar como o enunciador das questões é discursivamente constituído, através

das marcas linguístico-discursivas e como a imagem depreendida se relaciona (ou

não) com as competências discursivas requeridas do candidato.

Palavras-chave: ENEM; Competência discursiva; Ethos discursivo; questões

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AS MARCAS INTERPESSOAIS NA INTERAÇÃO EDITORA/LEITORAS NA REVISTA FEMININA ATREVIDA

Dayane Carolina Oliveira Lee

Orientador: Prof. Dr. Orlando Vian Jr.

A revista Atrevida é destinada ao público feminino adolescente entre 15 e 19 anos. O

presente estudo tem por objetivo caracterizar as escolhas relacionadas à metafunção

interpessoal (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014; EGGINS, 2002) no editorial, seção

Blog da Redação, da revista Atrevida. Para tanto, serão analisadas seis edições

publicadas durante o primeiro semestre de 2017. Seguindo os pressupostos da

Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994), buscamos estabelecer uma

relação entre os conceitos de Registro e a Metafunção Interpessoal, analisando as

escolhas lexicogramaticais da editorialista Ana Paula Burger. Os resultados

apresentam um breve olhar sobre como o editorial busca construir interação com suas

leitoras apropriando-se de diversos recursos da linguagem relacionados às variáveis

de Registro (Campo, Relações e Modo). Sendo um texto escrito dentro de um suporte

impresso, notamos diversos recursos emprestados do universo on-line que auxiliam

na atenuação do distanciamento, neutralidade e impessoalidade previstos no gênero

editorial tradicional. Tais aspectos da interação interpessoal/espacial são fortemente

marcados pelas escolhas lexicogramaticais evidenciadas no uso dos pronomes

pessoais, linguagem informal, gírias, interjeições, internetês, vocabulário próprio do

universo teen feminino, despedidas e assinatura, destacando as marcas de autoria

(SOUZA, 2007). Desse modo, uma análise preliminar indica que o gênero editorial

produzido pela revista Atrevida é dinâmico, tem o propósito de apresentar os

conteúdos da edição ao mesmo passo que expõe a sua opinião, buscando sempre

conquistar a adesão de seu público feminino adolescente sem seguir os padrões do

editorial tradicional. Além dos aspectos linguísticos, a pesquisa se propõe a verificar

os recursos de tipografia (LIMA-LOPES, 2015; LUPTON, 2018; VAN LEEUWEN,

2005), a fim

de estabelecer uma discussão sobre as potencialidades significativas, partindo do

pressuposto que o editorial é um gênero multimodal, uma vez que identificamos o uso

de fotografia, figuras, diferentes fontes e cores. Assim, consideramos os elementos

tipográficos importantes para o processo de leitura e escrita, além de criar a identidade

visual do editorial da revista.

Palavras-chave: Gramática sistêmico-funcional; metafunção interpessoal;

editorial; revista Atrevida

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Letramento, produção de texto e participação cidadã - A preparação para o ENEM e a sensibilidade para questões sociais atreladas à escrita

Fabiane Dalben de Faria

Orientador: Prof. Dr. Orlando Vian Jr.

Este trabalho tem como objetivo identificar e analisar as escolhas linguísticas

realizadas por alunos do ensino médio em seus textos, além de (i) analisar a

Estrutura Potencial do Gênero “dissertação propositiva” exigida pelo Exame Nacional

de Ensino Médio; (ii) identificar as marcas linguísticas que demonstram o

cumprimento da competência V exigida pelo exame nas propostas de dissertação; e

(iii) caracterizar o nível de enjamento do aluno em relação às proposições presentes

em seus textos. A análise dos dados é norteada pela Metafunção Interpessoal e seu

sistema de modo/modalidade (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014; EGGINS, 2002).

O corpus desta pesquisa é constituído por 301 textos dissertativo-argumentativos,

produzidos por 60 alunos do 2º e do 3º ano do EM e do curso Pré-vestibular de duas

escolas do interior de São Paulo onde a Oficina foi oferecida. Os textos estão

organizados em primeira e segunda versão, produzidos a partir de três temas, ao

longo de uma Oficina de Redação com sete aulas de 90 minutos cada uma. A fim de

constituir letramentos mais compatíveis com a cidadania protagonista, foram

desenvolvidas estratégias para levar os alunos a pensar acerca da construção

linguística das propostas de intervenção social solicitadas para o cumprimento da

competência V do ENEM, dos possíveis agentes sociais a serem mobilizados, das

ações a serem desenvolvidas por cada um desses agentes, dos modos como cada

ação pode ser praticada e de seus efeitos na sociedade. Tais estratégias levam o

aluno a assumir uma postura protagonista em relação àquilo que a escola pode

promover e, principalmente, à cidadania. Resultados preliminares da análise do

corpus revelam que ao longo das aulas os alunos demonstraram maior protagonismo

ao se posicionarem de maneira crítica e propor uma intervenção com o objetivo de

solucionar o problema abordado pelos temas propostos. Operadores como “dever”,

“ser necessário” e “ter de”, dentre outros, foram comumente empregados para

expressar modalidade nos textos, indicando alta modalidade e maior

comprometimento com os discursos proferidos nos textos.

Palavras-chave: letramentos; produção de texto; ENEM; linguística

sistêmico- funcional; modalidade.

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ETHOS DISCURSIVO E A (RE)CONSTRUÇÃO DE OBJETOS DE DISCURSO: DO JORNALISMO ONLINE PARA AS PÁGINAS DO FACEBOOK

Ingrid Caroline Albuquerque Candido

Orientador: Sandro Luis da Silva

Alicerçado pelos estudos do discurso e pela frequente (re)significação do mundo,

adentramos no universo das mídias, sendo indiscutível a importância dos meios de

comunicação na contemporaneidade. Por esse viés, esta investivação se detém em

dois meios que possuem grande importância social: as redes sociais e os jornais

online. O corpus selecionado para esta apresentação tem como base as publicações

do perfil Caneta Desmanipuladora da rede social Facebook, que trata de revisitações

e intervenções em manchetes jornalísticas. O perfil foi criado no período de 2016, mais

especificamente no dia 24 de maio, contexto em que, no ambiente político, ocorria a

aprovação pelo Senado do pedido de impeachment da ex- presidente Dilma. A página

do Facebook, apesar de caracterizar-se como desmanipuladora, adota

posicionamentos discursivos que, da mesma forma, manipulam, pois estão inseridos

em formações discursivas. Objetivando a análise, o corpus será estudado em dois

momentos: três manchetes dos jornais online O Globo, G1 e Folha de São Paulo antes

das intervenções da página e as mesmas manchetes após as intervenções que o perfil

realiza, num total de seis enunciados. Todas as manchetes dos jornais selecionados

tratam de notícias publicadas no contexto de 24/05/2016 até 17/08/2016, época de

vigência do governo do presidente interino Michel Temer. As matérias veiculadas

online apresentam, por meio da interdiscursividade e da (re)construção de objetos de

discurso, determinados posicionamentos e formações discursivas, constituindo o

ethos dos enunciadores. A perspectiva de análise tem como base teórica a Análise do

Discurso, em especial a de linha francesa, sobretudo os conceitos trazidos por

Maingueneau (1997; 2004; 2006; 2008[a]; 2008[b]; 2010; 2011; 2014[a]; 2014[b];

2015), fundamentando-se em

uma pesquisa qualitativa. Acredita-se que este estudo possa conduzir o leitor a refletir

sobre os discursos midiáticos e identificar os mecanismos de linguagem que são

utilizados pelos diferentes enunciadores, além de compreender o panorama histórico

e político do período.

Palavras-chave: comunicação de massa; discurso; ethos discursivo; objetos de discurso

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O CAMINHO PARA PERSÉPOLIS: INTERMIDIALIDADE

QUADRINHOS E CINEMA

Karla Angélica Fernandes Gomez

Orientadora:Profa. Dra. Ana Luiza Ramazzina Ghirardi

A leitura de Histórias em Quadrinhos (HQs) é uma prática que vem se

popularizando em todo o mundo no último século e atinge, atualmente, tanto o

público infantil quanto o adulto. Um dos possíveis fatores responsáveis pela sua

popularização é o advento das adaptações literárias, que ocorrem tanto para os

quadrinhos quanto dos quadrinhos para outros gêneros. A partir desse contexto, o

objetivo desta comunicação é apresentar as ideias que permeiam o projeto de

pesquisa de mestrado que estuda a linguagem de uma adaptação feita de uma

graphic novel para um filme. O objeto dessa análise é a animação Persépolis,

dirigida por Paronnaud e Satrapi (2007), feita a partir da história em quadrinhos

homônima, de Marjane Satrapi (2007). A pesquisa consiste em investigar trechos

da HQ e sua representação no filme, considerando a transposição de conteúdo de

uma mídia (HQ) a outra (cinema). Será observada a maneira como é feita a

transposição do conteúdo e quais foram as escolhas dos diretores do filme em

busca de uma adaptação que recria o texto fonte. O referencial teórico utilizado

será baseado sobretudo nas contribuições de Rajewsky (2012), Gaudreault &

Marion (2012), Boutin (2012), Genette (2010), Gervais (2009), Field (2014) e Stam

(2006). A partir dessa matriz teórica, o trabalho investigará o processo de

transposição midiática entre as obras, utilizando como categorias de análise a

narratividade e a midialidade do corpus, ambas as obras multimodais, de acordo

com a definição de Boutin (2012). Nos limites desta pesquisa, a adaptação será

apresentada como um produto original, um hipertexto que deriva de um hipotexto

(a HQ), seguindo a nomenclatura utilizada por Genette (2010). A pesquisa

pretende, portanto, contribuir com os estudos sobre adaptações literárias e

intermidialidade, especialmente em relação à linguagem empregada nas

adaptações, considerando a mudança de mídia no caso analisado.

Palavras-chave: Adaptação; Intermidialidade; História em quadrinhos; Persépolis.

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A RELAÇÃO MÚTUA ENTRE O DISCURSO RELIGIOSO E O DISCURSO

MIDIÁTICO: PROPAGAÇÃO DE IDEOLOGIAS

Marta Silva Souza

Orientador: Prof. Dr. Sandro Luis da Silva

Para compreender a noção de discurso é preciso ter em mente que ele consiste

em uma prática social, é realizado por sujeitos que assumem determinadas

posições sociais e está situado em certo tempo e espaço. Isso significa que seus

sentidos são constituídos historicamente, os quais refletem na percepção do

homem no mundo e em sua forma de pensar e agir de acordo com determinada

época. Assim, para a construção de sentidos do discurso, devemos considerar o

momento de produção, circulação e recepção, os quais envolvem a interação,

enunciação e prática social, respectivamente. Ao pensar no processo de ruptura,

descontinuidade e/ou regularidade situada na história e considerando a

emergência da comunicação midiática, propomos explorar a relação mútua entre

o discurso religioso e o discurso midiático. Objetivamos, então, investigar como

a esfera discursiva religiosa faz uso da midiática, mais especificamente, os

programas televisivos que, a priori, se classificam como religiosos ao lançarem

mão da produção de enunciados pautada em crenças religiosas para promoção

de seus discursos e disseminação de suas ideologias. Verificaremos os

mecanismos de linguagem utilizados na construção dos discursos, assim como

as cenas enunciativas que, para a sistematização do quadro cênico discursivo,

nos permitirá constituir o ethos discursivo do enunciador e apresentar os

possíveis efeitos de sentidos desses discursos; tendo em vista que o discurso

não se trata de uma realidade efetiva, mas de sua representação em um universo

discursivo. Para formar o corpus, selecionamos, a princípio, o programa Fala que

eu te escuto exibido na RecordTV. O programa propõe debater as mais diversas

temáticas da atualidade, incluso temas considerados tabu na sociedade e que,

muitas da vezes, eram proibidos de serem tratados pela igreja, o que implica

(re)pensar a construção discursiva e o processo de ruptura entre o sagrado e o

profano. Para consolidar essa pesquisa, servirão como respaldo teórico os

estudos desenvolvidos pela Análise do Discurso de linha francesa (ADF), tendo

como base as concepções de discurso, ethos discursivo, cenografia, cenas da

enunciação, interdiscursividade e as categorias da semântica global

apresentadas por MAINGUENEAU (1996 [a], 1996 [b], 1997, 2004, 2008[a],

2008[b], 2008[c], 2010, 2011, 2012[a], 2012[b], 2013, 2014[a], 2014[b], 2015) e

os estudos sobre atos de fala propostos por AUSTIN (1990), SEARLE (1995) e

GRICE (1982).

Palavras-chave: Discurso Religioso; Esfera Midiática; Ethos discursivo; Ideologia.

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O PICHO E O FEMININO: UMA PERSPECTIVA DISCURSIVA

Patrícia Castello Bucioli Knetsch

Orientador: Prof. Dr. João Marcos Mateus Kogawa

Esse trabalho propõe a análise do discurso de pichações feitas em espaços

predominantemente urbanos cujo tema seja mulher. O principal objetivo dessa

pesquisa é identificar elementos discursivos pelos quais possamos descrever o

feminino no momento contemporâneo ao desenvolvimento da presente investigação,

assim como, compreender o picho discursivamente e sua relação com o feminino.

Esse estudo tem uma abordagem qualitativa de caráter exploratório. A base teórica

se funda na análise de discurso sob as óticas de Michel Foucault, Jean-Jacques

Courtine, Michel Pêcheux e Roland Barthes. Alguns elementos chave para o

desenvolvimento das análises são os conceitos de arqueológico de Foucault, mitologia

discorrida por Barthes, condições de produção de Courtine e o ideológico de Pêcheux.

O picho como corpus para esse estudo foi determinado tendo em vista que o indivíduo

que o faz deseja contrapor determinada ideia e opta por um meio ilegal e anônimo. É

esperado que ao enunciar através do picho o sujeito discursivo use a sua anonimidade

para contrapor conceitos comumente aceitos pela sociedade causando determinado

desconforto, não apenas pela opinião expressa, mas também pelo suporte, já que

pichar patrimônio público e privado sem autorização prévia é crime federal. Assim, ao

analisar o picho buscamos identificar os elementos de contraponto entre seu conteúdo

e o senso comum. Entretanto, resultados parciais indicam que apesar do picho ser

descrito pelos seus aderentes como um movimento precursor e introdutor de novos

conceitos, alguns discursos analisados indicam a reprodução e afirmação de uma

perspectiva conservadora e a afirmação de alguns estereótipos. Analisar a expressão

do feminino em ambientes urbanos é parte de um diagnóstico do momento histórico

cultural no qual estamos inseridos.

Palavras-chave: análise do discurso; picho; feminino.

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LINGUAGEM E COGNIÇÃO

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A subjetivização na polissemia de “coxinha”: uma abordagem sob a visão da Linguística Cognitiva

Beatriz Daldosso Felippe

Orientador: Prof. Dr. Janderson Lemos de Souza

Esta dissertação tem por objetivo apresentar um estudo sobre a polissemia de

“coxinha” dentro do ambiente político atual. Sob o viés da linguagem e da cognição,

propõe-se analisar o desenvolvimento e compreender o significado da palavra

“coxinha” pela via da subjetivização, conceito funcionalista proposto por Traugott e

absorvido pela Linguística Cognitiva. Nessa teoria, metáfora, metonímia e

subjetivização são processos que constituem a polissemia, fenômeno de caráter

semasiológico que recebe da Linguística Cognitiva tratamento condizente com o

modelo radial de categorização. Dado que o nosso objeto é uma palavra no diminutivo,

o foco está no âmbito da morfologia. Este trabalho se dispõe a uma análise da

polissemia da palavra “coxinha”, a partir da hipótese de que a subjetivização tem papel

preponderante.

Palavras-chave: polissemia, metáfora, metonímia, subjetivização.

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TEMPOS COMPOSTOS DO MODO SUBJUNTIVO NA AQUISIÇÃO DE

ESPANHOL COMO SEGUNDA LÍNGUA POR PARTE DE APRENDIZES

BRASILEIROS SOB A PERSPECTIVA GERATIVA

Lisandra Lopes Silva dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Marcello Marcelino

Esta pesquisa de mestrado em desenvolvimento tem como objetivo investigar as

razões das dificuldades na aquisição de espanhol como segunda língua por parte

de aprendizes brasileiros. O objeto dessa investigação são o pretérito perfecto

de subjuntivo e o pretérito pluscuamperfecto de subjuntivo nas orações

subordinadas substantivas. Tendo ciência de que as duas línguas, o português

brasileiro (PB) e o espanhol, são bastante próximas estruturalmente, porém

estando ciente, também, de que as representações das propriedades sintáticas,

semânticas e morfológicas podem dar-se de distintas formas na primeira língua

(L1) e na segunda língua (L2), são levantadas as seguintes hipóteses: essas

propriedades dos referidos tempos verbais são adquiridas apenas por meio de

instrução formal? As incompatibilidades entre o PB e o espanhol encontram-se

nos traços morfossintáticos e semânticos que se manifestam distintamente nas

duas línguas? As sentenças agramaticais produzidas devem-se à reorganização

dos traços no processo de aquisição de L2? Desse modo, partiremos da hipótese

de que nascemos dotados da faculdade da linguagem, vinculada ao conceito de

Gramática Universal (GU) (CHOMSKY, 1981; 1986), relacionado a outros

estudos: de aquisição nas interfaces sintática, semântica e morfológica, de

Slabakova (2016); sobre o modo subjuntivo do espanhol como L2, de Montrul

(2004), o processo desde o estágio inicial ao final/estável da interlíngua e o papel

da GU, de White (2003a; 2003b) e valendo-nos, também, da hipótese da

remontagem dos traços (LARDIERE, 2008). Como metodologia, foram aplicados

pré-testes de produção provocada com exercícios que requeiram, não

explicitamente, o uso dos tempos, retirados de livros de espanhol língua

estrangeira (ELE), respondidos por estudantes universitários de Letras/Espanhol

e análise dos traços morfossintáticos e semânticos, baseando-nos na teoria da

Morfologia Distribuída (HALLE e MARANTZ, 1994; EMBICK e

NOYER, 2006)

manifestados por meio dos referidos tempos verbais. Espera-se, neste estudo,

que sejam descobertas evidências de diferenças nas representações

morfossintáticas dos traços semânticos expressos por estes tempos verbais na

L1 e na L2 para que, desta forma, também sejam encontradas as possíveis

razões para a produção de sentenças agramaticais de aprendizes brasileiros de

espanhol como L2.

Palavras-chave: aquisição de segunda língua; teoria gerativa; morfossintaxe; semântica; espanhol como segunda língua

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O FUTURO DO SUBJUNTIVO NO PORTUGUÊS PAULISTANO: RESULTADOS PARCIAIS

Patrícia Helena Veloso de Carvalho

Orientador: Prof. Dr. Rafael Minussi

Este trabalho apresenta resultados parciais da pesquisa morfossintática, sobre o

futuro do subjuntivo (doravante FS) no Português Paulistano (doravante PP). O

objetivo geral desta pesquisa é a realização de um estudo descritivo e analítico do

futuro do subjuntivo no PP atual à luz da Teoria Gerativa (Cf. Chomsky, 1995, 2001) e

dos pressupostos da Morfologia Distribuída (Cf. Marantz, 1997; Embick, 2010). O FS

é um tempo verbal que aparece em orações subordinadas, “expressando basicamente

uma situação necessária para outra situação futura” (BITTENCOURT, 2012, p. 120).

O FS pode ser simples (amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem) ou

composto (tiver amado). Nos verbos regulares, o FS tem um paradigma verbal muito

semelhante ao do infinitivo flexionado e este fato levantou várias hipóteses de

variação entre os dois tempos e de que estaria havendo um processo de regularização

do FS nos verbos irregulares (Cf. Macedo, 1980). Neste trabalho, será apresentado

um dos objetivos específicos da pesquisa, isto é, o de analisar o corpus de sentenças

com FS da fala paulistana (Projeto SP2010) à luz da Teoria Gerativa observando: a)

os conectivos que encabeçam essas sentenças; b) os contextos sintáticos em que

aparecem o FS; c) as sentenças em que aparece o infinitivo flexionado no lugar do FS

para analisar se, nos casos de variação, há uma quantidade de dados significativa e

em quais tipos de verbos a variação acontece. O corpus aqui analisado faz parte do

banco de dados do Projeto SP2010, que reúne corpus de língua oral de paulistanos

organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Sociolinguística da USP. Os dados

são recentes e foram coletados de 2011 a 2013, composto por 60 gravações

transcritas. Portanto, trata-se de um corpus oral com espectro etário de 19 a 89 anos

e de diferentes níveis de escolaridade (ensino médio ou ensino superior). A

metodologia utilizada foi a leitura das sentenças em arquivo .txt através do software

AntConc. As variáveis sociais levadas em conta na análise dos dados foram, apenas,

escolaridade e idade. Como resultado preliminar, foi encontrada uma baixa variação

entre as formas de futuro do subjuntivo e infinitivo flexionado.

Palavras-chave: futuro do subjuntivo; português paulistano; gramática gerativa, morfologia distribuída.

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