resposta orgânica ao trauma

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RESPOSTA ORGÂNICA AO TRAUMA AILLYN F. BIANCHI SUELLEN S. BERALDO FACULDADE DE MEDICINA – UNIC INTERNATO – CLÍNICA CIRÚRGICA

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Page 1: Resposta Orgânica ao Trauma

RESPOSTA ORGÂNICA AO

TRAUMA

AILLYN F. BIANCHISUELLEN S. BERALDO

FACULDADE DE MEDICINA – UNIC

INTERNATO – CLÍNICA CIRÚRGICA

Page 2: Resposta Orgânica ao Trauma

O que ocorre em resposta ao trauma

ESTRESSE METABÓLI

CO

AGRESSÃO

ORGÂNICA

Page 3: Resposta Orgânica ao Trauma

INTRODUÇÃOSir David Paton

Cuthbertson, 1932

RITFASE EbbFASE FLOW

Page 4: Resposta Orgânica ao Trauma

INTRODUÇÃOSistema

CirculatórioSistema

Imunológico

Sistema Endócrino

Sistema Nervoso

RIT

Page 5: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITORIT

Alteração do metabolismo que direciona as funções energéticas para

manutenção dos processos celulares especializados necessários para a

resposta inflamatória.

A intensidade é proporcional à gravidade do estresse.

Recuperação de lesões graves Fases: Ressuscitação, catabólica aguda

e anabólica adaptativa.

O QUE CAUSA O ESTRESSE METABÓLICO? Traumatismo, intervenção cirúrgica, infecção, desnutrição, estresse psíquico, etc.

Page 6: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITO

AGRESSÃO ORGÂNICA Alteração/prejuízo da homeostase.

RIT Manutenção da homeostase + Cicatrização das feridas.

A resposta orgânica tem grande importância na recuperação do paciente e orienta seu tratamento.

A resposta cardiovascular aparece imediatamente após a agressão traumática.

As respostas metabólicas, inflamatórias, imunológicas e nutricionais tornam-se aparentes várias horas e dias após a agressão e estão implicadas no desenvolvimento de síndromes de inflamação sistêmica e da disfunção de múltiplos órgaos.

Page 7: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITORIT DESCOMPENSADA/EXCESSIVA/PROLONGADA

Quando exacerbada pode não conseguir restaurar a homeostase, provocando disfunção dos sistemas orgânicos e contribuindo para a síndrome da falência orgânica múltipla.

Resposta catabolica prolongada Perda de peso corporal (maior perda de massa magra) + prejuízo no processo cicatricial + maior suscetibilidade à infecção + com aumento da morbidade e mortalidade.

Desequilíbrio na RIT SIRS + SEPSE + imunossupressão.

Page 8: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITOFASE Ebb

Diminuição;

Há diminuição das funções metabólicas.

Aonde encontramos essa resposta? Pacientes com baixa

perfusão tecidual (Ex: período pré-estabilização do choque

hemorrágico.)

Essa fase acontece precocemente após o estresse cirúrgico ou

trauma.

Objetivo da fase Ebb: Perfusão de órgãos nobres. (manter a

circulação cerebral e cardiopulmonar).

Page 9: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITOFASE Flow Hipermetabolismo;

Inicia-se após a estabilização cardiopulmonar e possui duração

variável.

Gasto aumentado de energia (hipermetabolismo).

Mudança na utilização de substrato energético caracterizada

pela resistencia à ação da insulina.

Catabolismo muscular proteico.

Objetivo: reparar os danos causados pelo estresse ao

organismo.

Page 10: Resposta Orgânica ao Trauma

CONCEITOFASE Flow

SUBFASES 1. CORTICOADRENÉRGICA 2-5d: catabolismo + hipermetabolismo.

2. DE TRANSIÇÃO 1-2d: redução do catabolismo antes de iniciar o

anabolismo; diurese aumentada.

3. ANABOLISMO PRECOSE 3-12s: balanço nitrogenado +, deposição de

gordura no tecido adiposo.

4. ANABOLISMO TARDIO 2-3m: balanço nitrogrenado neutro, balanço

calórico positivo.

Page 11: Resposta Orgânica ao Trauma

FASE Ebb DC Gasto energético Temperatura corporal Insulina Consumo de O2

Catecolaminas (+nora) AGL'S Lactato Glucagon RVP Glicogenólise

FASE Flow DC Temperatura corporal Gliconeogênese Glucagon

N Níveis normais de lactato

Consumo de O2

Insulina + intolerância à glicose + resistência insulínica

CONCEITO

Page 12: Resposta Orgânica ao Trauma

INDUÇÃO À RIT

HEMORRAGIA

DOR

INFECÇÃO

MEDIDAS TERAPEUTICAS/DIAGNÓSTICAS

Page 13: Resposta Orgânica ao Trauma

HEMORRAGIA Choque hemorrágico, queimaduras, e síndromes pépticas;

Se grave e persistente = SIRS, FOM

DOR Ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário, adrenal e o SNS;

Ferida – estímulos como dor, edema e perda volêmica.

Feridas contaminadas – estímulos mais intensos.

RIT – proporcional ao tamanho da ferida.

SITUAÇÕES COMUNS NA PRÁTICA

CIRÚRGICA CAPAZES DE INDUZIR A RIT

Page 14: Resposta Orgânica ao Trauma

INFECÇÃOSíndromes pépticas – SIRS, sepse, sepse grave e

choque séptico;

Frequentes em UTI

Choque séptico – mortalidade > 50%.

SITUAÇÕES COMUNS NA PRÁTICA

CIRÚRGICA CAPAZES DE INDUZIR A RIT

Page 15: Resposta Orgânica ao Trauma

MEDIDAS TERAPÊUTICAS/DIAGNÓSTICASSondas e cateteres;

Barulho, iluminação, falta de repouso;

Medidas invasivas;

Inatividade – perda muscular e atrofia;

Jejum prolongado (>3 dias).

SITUAÇÕES COMUNS NA PRÁTICA

CIRÚRGICA CAPAZES DE INDUZIR A RIT

Page 16: Resposta Orgânica ao Trauma

CITOCINASSão pequenos polipeptídeos produzidos por

qualquer célula nucleada.A ferida operatória é local de grande produção

dessas proteínas:Limpeza de tecidos necróticos e bactérias;Angiogênese, epitelização, remodelação do

colágeno;Requer metabolismo intenso.

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 17: Resposta Orgânica ao Trauma

CITOCINASPara ocorrer RIT adequada, é necessário que haja

equilíbrio entre a ação das citocinas pró e anti-inflamatórias.

PRÓ ANTI

PRÓANTI

PRÓANTI

Inibição do sistema

imunológico

Resposta inflamatória exacerbada

FMO

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 18: Resposta Orgânica ao Trauma

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMOCITOCINAS PRÓ-INFLAMATÓRIASPrincipais: TNF (principal iniciadora), IL-1, IL-8, IFN-ϫ, IL-6 (anti e pró).

Principais efeitos: Aumento da síntese de moléculas de adesão endotelial; Aumento da migração e ativação dos neutrófilos; Inflamação, febre, leucocitose; Destruição tecidual/muscular (proteólise), provocando redução

funcional; IL-6 estimula a produção de cortisol e aldosterona;

Valor de gravidade e prognóstico em pacientes graves (trauma, sepse, pancreatite, IAM).

Page 19: Resposta Orgânica ao Trauma

CITOCINAS ANTI-INFLAMATÓRIASPrincipais: antagonista do receptor da IL-1 (IL-1ra), IL-4, IL-10 (a mais importante), IL-11, IL-13 e TGF-β.

Principais efeitos: Redução das lesões pulmonares agudas em pacientes graves (IL-1ra,

IL-13); Inibição de citocinas pró-inflamatórias (PP/ IL-1 E TNF); Redução da atividade citotóxica do macrófago (IL-4, IL-10); Aumento da proliferação de fibroblastos e endotélio vascular (IL-4); IL-10: protege da SRIS exacerbada, mas torna suscetível para

infecção fulminante e morte; TGF-β: transforma o local da inflamação em processo de resolução e

reparo, e reduz a degradação da matriz extracelular.

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 20: Resposta Orgânica ao Trauma

CATECOLAMINAS Adrenalina e noradrenalina (mediadores entre

sistema nervoso e endócrino); Níveis de catecolaminas são proporcionais à

gravidade do paciente; Efeitos: taquicardia, taquipneia, vasoconstrição

periférica e diminuição do débito cardíaco (observadas na fase ebb);

Hipermetabolismo e catabolismo proteico (observados na fase flow);

Pâncreas endócrino: A somatória dos estímulos α e β-adrenérgicos

aumenta a resistência à insulina.

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 21: Resposta Orgânica ao Trauma

HIPÓFISE ANTERIORACTH

Principal hormônio secretado pela hipófise anterior envolvido na RIT; Estimula a produção de cortisol pela suprarrenal;

SOMATOTROFINA IGF fígado e músculos efeito do hormônio de crescimento; Estimula a síntese proteica e inibe a degradação (fase anabólica); Estimula a lipólise (Ácidos graxos livres e glicerol); Antagonista da insulina resistência à insulina; Estimula glicogenólise no fígado; Estimula o sistema imunológico.

PROLACTINA E β-ENDORFINA Aumentam em resposta ao estresse cirúrgico e no exercício físico; pouca

importância na RIT.

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 22: Resposta Orgânica ao Trauma

ADHEdema ou hemorragia durante cirurgia estimula os

receptores de: Pressão: nos átrios; Volume: na a. pulmonar; Osmorreceptores: nos neurônios próximos aos núcleos

supra-ópticos;Liberação de ADH;Reabsorção de água (PP/ nos túbulos renais

proximais).

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 23: Resposta Orgânica ao Trauma

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMORENINA, ANGIOTENSINA, ALDOSTERONA

Efeitos: Aumento da água corporal total; Aumento do sódio sérico e redução da perda de sódio pela urina; Aumento da perda urinária de potássio; Aumento da perda renal de fósforo e magnésio.

Impulsos simpáticos SNC e Ferida Operatória

Page 24: Resposta Orgânica ao Trauma

CORTISOL ACTH estimula liberação de cortisol, que é diretamente proporcional ao grau

da lesão (estresse); Estimula proteólise com objetivos de:

Síntese de novas proteínas nas áreas lesadas (feridas, incisão cirúrgica - Glutamina), de novas células de defesa (controle de infecção, desbridamento e cicatrização de feridas) e de mediadores inflamatórios;

Fornecimento de energia: Alanina: precursora de glicose no fígado Energia; Glutamina: órgãos de metabolismo rápido (células intestinais,

inflamatórias e fibroblastos) e precursora de produção de amônia nos rins (neutraliza ácidos eliminados na urina);

Lipólise e efeito anti-inflamatório (inibe acúmulo de macrófagos e neutrófilos nos locais de inflamação).

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 25: Resposta Orgânica ao Trauma

GLUCAGONLipólise e gliconeogênese.

INSULINA Inibe catabolismo proteico e lipólise;

Ação da insulina após infusão de glicose na fase:

Ebb: ineficaz, causa hiperglicemia;

Flow: normal ou exacerbada, ocorre hiperglicemia devido à

resistência insulínica (PP/ nos mm. esqueléticos).

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 26: Resposta Orgânica ao Trauma

HORMÔNIOS TIREOIDEANOSEm condições normais:

Estimulam consumo de oxigênio – exceto encéfalo e baço – aumentam a absorção de carboidratos, estimulam o sistema nervoso, aumentam o metabolismo.

Na RIT: Prejudicados, pois a concentração de T3, T4 e TSH está reduzida

após procedimentos cirúrgicos; Retornam ao normal após vários dias.

GONADOTROFINASHormônios sexuais estão tipicamente reduzidos, diretamente

proporcional à gravidade da lesão.

MEDIADORES DA RIT E EFEITOS NO

ORGANISMO

Page 27: Resposta Orgânica ao Trauma

MODULAÇÃO DA RIT

Intervenções capazes de modular a RIT? Procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos.

Administração do hormônio de crescimento (reduz as perdas de

peso, nitrogênio e força muscular no pós-op).

Utilização de baixas doses de hidrocortisona e fludrocotisona (reduz

a mortalidade de pacientes com sepse).

Controle rigoroso da glicemia (80-110mg/dl) por meio da infusão de

insulina - insulinoterapia intensiva.

Page 28: Resposta Orgânica ao Trauma

MODULAÇÃO DA RIT

Manutenção do estado hemodinâmico e o fornecimento

adequado de O2 aos tecidos.

Controle da temperatura corporal, com efeito benéfico sobre o

hipermetabolismo e o consumo de O2.

Controle da resposta inflamatória sistêmica por meio da

utilização de proteína C ativada humana, reduzindo a

mortalidade em pacientes sépticos.

Ventilação mecânica em pacientes com lesão pulmonar aguda.

Page 29: Resposta Orgânica ao Trauma

MODULAÇÃO DA RIT

Drenagem precoce de abscessos, desbridamento de tecidos

necrosados e cuidados com as feridas abertas.

Manutenção do estado nutricional (mais por via enteral, importante

para a síntese protéica durante a RIT e para reduzir o consumo de

proteína muscular endógena).

Associação do bloqueio epidural + anestesia geral + bloqueio

adrenérgico reduz a intensidade da RIT + benefício sobre as funções

cardiorrespiratórias.

Page 30: Resposta Orgânica ao Trauma

BIBLIOGRAFIA

ROBERTO, Saad JR.; ACCYOLI, Moreira Maia.; SALLES, Ronaldo Antonio Reis Vianna. Tratado de Cirurgia do CBC. ATHENEU EDITORA, 2009.

Page 31: Resposta Orgânica ao Trauma

OBRIGADA!!!