resoluçao do segundo simulado

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www.cers.com.br OAB XIII EXAME 2º FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini, Rafael Tonassi e Renato Saraiva 1 RESOLUÇÃO RESOLUÇÃO DA PEÇA DO SEGUNDO SIMULADO Murilo Matsunaga, assistido por advogado não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou reclamação trabalhista, pelo rito ordinário, em face da empresa Comércio Atacadista de Panos Toalhas Ltda. (RT nº 0022.2012.5.02.0022), em 10/01/2011, afirmando que foi admitido em 03/03/2002, na função de divulgador de produtos, para exercício de trabalho externo, com registro na CTPS dessa condição, e salário mensal fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais). Alegou que prestava serviços de segunda-feira a sábado, das 9h às 20h, com intervalo para alimentação de 01 (uma) hora diária, não sendo submetido a controle de jornada de trabalho, e que foi dispensado sem justa causa em 18/10/2010, na vigência da garantia provisória de emprego prevista no artigo 55 da Lei 5.764/71, já que ocupava o cargo de diretor suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré. Relata que no dia 28 de setembro de 2008 seu filho amanheceu com febre de 40º, vomitando e então desmaiou. Ligou imediatamente para seu supervisor, explicou a situação e disse que precisaria levá-lo ao médico. Irritado, este disse que ele não teria o direito de faltar por esse motivo e afirmou que se não viesse trabalhar lhe descontaria o dia de trabalho e, como punição, também o dia de descanso semanal remunerado. Como ele não podia deixar de levar o filho ao médico, o fez, mas não faltou ao serviço, chegando apenas 10 minutos atrasado. Mesmo assim, o empregador realizou o desconto dos minutos de atraso, apesar da tolerância prevista em lei, e, ainda, descontou a remuneração do descanso semanal daquela semana. Relata que não gozou as férias referentes ao período aquisitivo 2007/2008, admitindo, porém, que se afastou, nesse mesmo período, por 07 (sete) meses, com percepção de auxílio-doença. Aduziu, ainda, que foi contratado pela ré, em razão da morte do Sr. Rafael Tonassi, para exercício de função idêntica, na mesma localidade, mas com salário inferior em R$ 1.000,00 (um mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, em ofensa ao artigo 461, caput, da CLT. Por fim, ressaltou que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho e vice-versa era realizado em transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período do contrato de trabalho. a) Diante do acima exposto, POSTULOU: a) a sua reintegração no emprego, ou pagamento de indenização substitutiva, em face da estabilidade provisória prevista no artigo 55 da Lei 5.674/71; b) o pagamento de 02 (duas) horas extraordinárias diárias, com adicional de 50% (cinquenta por cento), e dos reflexos no aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); c) o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2007/2008, acrescidas do terço constitucional, nos termos do artigo 137 da CLT; d) o pagamento das diferenças salariais decorrentes da equiparação salarial com o paradigma apontado e dos reflexos no aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); e) o pagamento dos valores correspondentes aos vales-transportes não fornecidos durante todo o período contratual;

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OAB XIII EXAME – 2º FASE Direito do Trabalho

Aryanna Manfredini, Rafael Tonassi e Renato Saraiva

1

RESOLUÇÃO

RESOLUÇÃO DA PEÇA DO SEGUNDO SIMULADO

Murilo Matsunaga, assistido por advogado não vinculado ao seu sindicato de classe, ajuizou

reclamação trabalhista, pelo rito ordinário, em face da empresa Comércio Atacadista de Panos

Toalhas Ltda. (RT nº 0022.2012.5.02.0022), em 10/01/2011, afirmando que foi admitido em

03/03/2002, na função de divulgador de produtos, para exercício de trabalho externo, com

registro na CTPS dessa condição, e salário mensal fixo de R$ 3.000,00 (três mil reais). Alegou

que prestava serviços de segunda-feira a sábado, das 9h às 20h, com intervalo para

alimentação de 01 (uma) hora diária, não sendo submetido a controle de jornada de trabalho, e

que foi dispensado sem justa causa em 18/10/2010, na vigência da garantia provisória de

emprego prevista no artigo 55 da Lei 5.764/71, já que ocupava o cargo de diretor suplente de

cooperativa criada pelos empregados da ré. Relata que no dia 28 de setembro de 2008 seu filho

amanheceu com febre de 40º, vomitando e então desmaiou. Ligou imediatamente para seu

supervisor, explicou a situação e disse que precisaria levá-lo ao médico. Irritado, este disse que

ele não teria o direito de faltar por esse motivo e afirmou que se não viesse trabalhar lhe

descontaria o dia de trabalho e, como punição, também o dia de descanso semanal remunerado.

Como ele não podia deixar de levar o filho ao médico, o fez, mas não faltou ao serviço, chegando

apenas 10 minutos atrasado. Mesmo assim, o empregador realizou o desconto dos minutos de

atraso, apesar da tolerância prevista em lei, e, ainda, descontou a remuneração do descanso

semanal daquela semana. Relata que não gozou as férias referentes ao período aquisitivo

2007/2008, admitindo, porém, que se afastou, nesse mesmo período, por 07 (sete) meses, com

percepção de auxílio-doença. Aduziu, ainda, que foi contratado pela ré, em razão da morte do Sr.

Rafael Tonassi, para exercício de função idêntica, na mesma localidade, mas com salário

inferior em R$ 1.000,00 (um mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, em ofensa ao artigo

461, caput, da CLT. Por fim, ressaltou que o deslocamento de sua residência para o local de

trabalho e vice-versa era realizado em transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido

vale-transporte durante todo o período do contrato de trabalho.

a) Diante do acima exposto, POSTULOU: a) a sua reintegração no emprego, ou pagamento de indenização substitutiva, em face da estabilidade provisória prevista no artigo 55 da Lei 5.674/71; b) o pagamento de 02 (duas) horas extraordinárias diárias, com adicional de 50% (cinquenta por cento), e dos reflexos no aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); c) o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2007/2008, acrescidas do terço constitucional, nos termos do artigo 137 da CLT; d) o pagamento das diferenças salariais decorrentes da equiparação salarial com o paradigma apontado e dos reflexos no aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimos terceiros salários integrais e proporcionais, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento); e) o pagamento dos valores correspondentes aos vales-transportes não fornecidos durante todo o período contratual;

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f) a devolução do desconto de 10 minutos do salário da reclamante pelo atraso no dia 28/09/2008 e da remuneração do descanso semanal remunerado da semana e g) adicional de periculosidade. Considerando que a reclamação trabalhista foi distribuída à 15ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro – RJ, redija, na condição de advogado contratado pela empresa, a peça processual adequada, a fim de atender aos interesses de seu cliente. (Valor: 5,0)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 15ª. VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO-RJ. Processo nº 0022.2012.5.02.0022 COMÉRCIO ATACADISTA DE PANOS E TOALHAS LTDA., qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 847 da CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO

à Reclamatória Trabalhista que lhe move MURILO MATSUNAGA, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – PRELIMINAR DE MÉRITO 1. INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL - AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR O reclamante postula adicional de periculosidade, sem contudo apresentar a causa de pedir. (Fato) Segundo estabelece o art. 295, parágrafo único, I, do CPC, a petição inicial é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir. No presente caso a petição inicial é inepta quanto ao pedido de pagamento de adicional de periculosidade, pois o autor não apontou causa de pedir.

Esclarece-se que a inépcia da inicial deve ser analisada em preliminar de contestação, nos

termos do art. 301, III do CPC. (Fundamento) Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I e 295, I, CPC (indeferimento da petição inicial) e, sucessivamente, art. 267, inciso IV do CPC (ausência de pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo), em relação ao pedido de adicional de periculosidade. Sucessivamente, caso não seja acolhida a preliminar, requer a análise dos demais itens a seguir expostos. (Pedido)

SUGESTÕES DE REMISSÃO: conforme aula de contestação e de correção desse exercício. II – PREJUDICIAL DE MÉRITO

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01. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL O Reclamante postulou em sua reclamatória trabalhista ajuizada em 10.01.2011, parcelas que retroagem à data de sua admissão, que ocorreu em 03.03.2002. (Fato)

Nos termos do art. 7º, XXIX da Constituição Federal e art. 11, I, da CLT, o direito de ação

quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos contados da data do ajuizamento da ação (súmula 308, I, do TST). (Fundamento)

Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV do CPC, quanto às parcelas postuladas anteriores aos últimos cinco anos contados do ajuizamento da ação, ou seja, anteriores a 10.01.2006. (Pedido) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA II – PREJUDICIAL DE MÉRITO 01.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Art. 7º, XXIX, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho Art. 11, I, CLT. O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato. Súmula 308, TST. Prescrição Qüinqüenal da Ação Trabalhista I - Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. II - A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. Art. 269, IV, CPC. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

SUGESTÕES DE REMISSÃO: conforme aula de contestação e de correção desse exercício. III – MÉRITO 01. REINTEGRAÇÃO

O Reclamante postulou a reintegração ao emprego, ou a equivalente indenização

substitutiva, tendo em vista a suposta estabilidade que possuía na ocasião da dispensa, por ter sido nomeado para exercer o cargo de diretor suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré. (Fato) Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece a OJ 253 da SDI-I do TST, o diretor suplente de cooperativa não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 55 da Lei 5.764/71, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção das cooperativas, não se estendendo tal garantia aos suplentes. Assim, o reclamante não possui direito à estabilidade provisória, nem à sua indenização substitutiva, por exercer cargo de suplente de cooperativa criada pelos empregados. (Fundamento)

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Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de reintegração, bem como de indenização substitutiva. (Pedido) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA III – MÉRITO 1.REINTEGRAÇÃO OJ 253, SDI-1, TST. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. COOPERATIVA. LEI Nº 5.764/71. CONSELHO FISCAL. SUPLENTE. NÃO ASSEGURADA. O art. 55 da Lei nº 5.764/71 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados eleitos diretores de Cooperativas, não abrangendo os membros suplentes. Art. 55, Lei 5674/71. Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das

garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo artigo 543 da Consolidação das Leis do Trabalho

SUGESTÃO DE REMISSÃO: a) na lei 5.764/71: mencionar a nova lei de cooperativa, 12.690/2012; b) no art. 55 da Lei 5.764/71: incluir a OJ 253 da SDI-1, TST; c) na Lei 12.690/2012: incluir a Lei 5.764/71; d) na OJ 253 da SDI-1, destacar o art. 55 da Lei 5.764/71. Destacar na Lei 12.690/2012: art. 1º que possui a seguinte redação: Art. 1º A Cooperativa de Trabalho é regulamentada por esta Lei e, no que com ela não colidir, pelas Leis 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Custas. No art. 442, parágrafo único, da CLT, acrescentar a Lei 5.764/71; a Lei. 12.690/2012 e a OJ 253 da SDI-1 do TST. 02. HORAS EXTRAS

O Reclamante postulou a condenação do reclamado ao pagamento de 02 (duas) horas

extraordinárias diárias, acrescidas do adicional de 50% por laborar de segunda a sábado das 09h00min às 20h00min e reflexos. (Fato) Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece o artigo 62, I, da CLT, não faz jus à percepção de horas extraordinárias os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados, requisitos que se verificam no presente caso em que o trabalho externo foi registrado na CTPS do reclamante e ele mesmo afirma que não estava submetido a controle de jornada de trabalho. (Fundamento) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de 2 horas extras diárias, bem como, dos reflexos postulados. (Pedido) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 2. HORAS EXTRAS Art. 62, I, CLT. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira

de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 62 da CLT, destacar no inciso I, a palavra “atividade externa”; no inciso II, “gerente”; no parágrafo único, “40%”; no art. 7º, XIII, da CF e no art. 58 da CLT, incluir o art. 62 da CLT.

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03. FÉRIAS EM DOBRO O reclamante postulou o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2007/2008, acrescidas de 1/3, pela não concessão a tempo e modo, nos termos do artigo 137 da CLT. (Fato) Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece o art. 133, IV da CLT, não terá direito a férias o empregado que no curso do período aquisitivo permanecer em gozo de licença, com percepção prestações de acidente de trabalho ou auxílio-doença da Previdência Social, por mais de 6 (seis) meses. Assim, o reclamante não tem direito às férias pleiteadas, pois afirma ter recebido auxílio-doença por 07 (sete) meses durante o período aquisitivo. (Fundamento) Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de férias. (Pedido) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 3.FÉRIAS EM DOBRO Art. 133, IV, CLT. Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo: IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses,

embora descontínuos.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: destacar no art. 133 da CLT a expressão “Não terá direito a férias”. 04. DIFERENÇAS SALARIAIS

O Reclamante postulou equiparação salarial, alegando que foi contratado em razão da

morte do Sr. Lucas da Silva, com salário inferior em R$ 1.000,00 (um mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, para exercer função idêntica e reflexos. (Fato) Não assiste razão ao Reclamante, pois conforme estabelece a súmula 159, II do TST não são devidas diferenças salariais, pois o reclamante ocupou o cargo que se tornou anteriormente vago em definitivo com o falecimento do paradigma apontado. Ainda, não há que se falar em equiparação salarial, pois não houve simultaneidade/concomitância na prestação dos serviços, o que é requisito indispensável à equiparação nos termos do art. 461 da CLT e súmula 6, IV, TST. Dessa forma, não poderia o Reclamante pleitear equiparação ao Sr. Lucas da Silva. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, bem como de seus reflexos. (Pedido) LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 04. DIFERENÇAS SALARIAIS

Súmula 6, IV, TST. É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a

serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita.

Súmula 159, II, TST. Empregado Substituto - Caráter Não Eventual - Vacância do Cargo. II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do antecessor.

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Art. 461, CLT. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade,

corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. § 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição

técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos. § 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira,

hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento. § 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento e por antingüidade, dentro

de cada categoria profissional. § 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da

Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 461 da CLT, incluir a súmula 159 do TST, súmula 6, TST. 05. VALE-TRANSPORTE

O Reclamante postulou o pagamento dos valores correspondentes aos vales-transportes

não fornecidos durante todo o período contratual. Ressaltou, entretanto, que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho e vice-versa era realizado em transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período do contrato de trabalho. (Fato)

Não assiste razão ao Reclamante, tendo em vista que o vale-transporte é concedido para

uso no deslocamento residência-trabalho e vice-versa, em transporte coletivo público (art. 1º, Lei 7418/85), o que não ocorreu no caso em tela, considerando que o empregador fornecia transporte coletivo fretado por ele, estando, portanto, nos termos do art. 4º, do Decreto 95247/87, desonerado da obrigação de fornecer vale-transporte. (Fundamento)

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de vale-transporte. (Pedido)

LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 05. VALE-TRANSPORTE

Art. 4º, Decreto 95247/87. Está exonerado da obrigatoriedade do Vale-Transporte o empregador que proporcionar, por meios

próprios ou contratados, em veículos adequados ao transporte coletivo, o deslocamento, residência-trabalho e vice-versa, de seus trabalhadores. Parágrafo único. Caso o empregador forneça ao beneficiário transporte próprio ou fretado que não cubra integralmente os

deslocamentos deste, o Vale-Transporte deverá ser aplicado para os segmentos da viagem não abrangidos pelo referido transporte. Art. 1º, Lei 7418/85. Fica instituído o vale-transporte, (Vetado) que o empregador, pessoa física ou jurídica, antecipará ao

empregado para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa, através do sistema de transporte coletivo público, urbano ou intermunicipal e/ou interestadual com características semelhantes aos urbanos, geridos diretamente ou mediante concessão ou permissão de linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente, excluídos os serviços seletivos e os especiais.

SUGESTÃO DE REMISSÃO: na lei 7418/85, incluir o decreto 95247/87. 05. DESCONTO DOS MINUTOS DE ATRASO E DO DESCANSO SEMANAL REMUNERADO Postula a reclamante a devolução do valor descontado de seu salário de 10 minutos de atraso em que incorreu no dia 28 de setembro de 2008, bem como, da remuneração do descanso semanal daquela semana.

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Não assiste razão à reclamante, pois nos termos do art. 58, § 1º, da CLT e súmula 366 do TST, apenas as variações no registro de ponto do empregado não excedentes de 5 minutos antes do início da jornada e 5 minutos depois do fim da jornada, observando o limite máximo de 10 minutos diários, não serão descontadas nem computadas como horas extras. Neste caso, a reclamante chegou 10 minutos atrasado antes do início da jornada, justificando o desconto. Outrossim, nos termos do art. 6º, caput, da Lei 605/49, não será devida a remuneração do descanso semanal quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver, durante toda a semana anterior, cumprido integralmente o seu horário de trabalho, sendo o que ocorreu no dia 28 de setembro, em que chegou atrasado, razão pela qual é indevida remuneração do descanso da correspondente semana.

Diante do exposto, requer a improcedência do pedido.

Legislação Específica: Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. § 1

o Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de

ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.243, de 19.6.2001) Súmula 366, TST. CARTÃO DE PONTO. REGISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTECEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 23 e 326 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 23 - inserida em 03.06.1996 - e 326 - DJ 09.12.2003) Art. 6º, Lei 605/49. Não será devida a remuneração quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho. § 1º São motivos justificados: a) os previstos no artigo 473 e seu parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho; b) a ausência do empregado devidamente justificada, a critério da administração do estabelecimento; c) a paralisação do serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não tenha havido trabalho; d) a ausência do empregado, até três dias consecutivos, em virtude do seu casamento; e) a falta ao serviço com fundamento na lei sobre acidente do trabalho; f) a doença do empregado, devidamente comprovada. § 2º A doença será comprovada mediante atestado de médico da instituição da previdência social a que estiver filiado o empregado, e, na falta deste e sucessivamente, de médico do Serviço Social do Comércio ou da Indústria; de médico da empresa ou por ela designado; de médico a serviço de representação federal, estadual ou municipal incumbido de assuntos de higiene ou de saúde pública; ou não existindo estes, na localidade em que trabalhar, de médico de sua escolha. § 3º Nas empresas em que vigorar regime de trabalho reduzido, a frequência exigida corresponderá ao número de dias em que o empregado tiver de trabalhar.

Sugestão de remissão: no art. 58, § 1º, CLT, acrescentar a súmula 366 do TST e art. 6º da Lei 605/49.

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III - REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, sob a consequência de confissão.

Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para que seja determinada a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, I e IV, do CPC, em relação ao pedido de adicional de periculosidade. Sucessivamente, o acolhimento da prejudicial de mérito para que seja determinada a extinção do processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC, quanto às parcelas anteriores aos últimos cinco anos contados do ajuizamento da ação, e, sucessivamente, no mérito, requer a improcedência de todos os pedidos do Reclamante, condenando-o ao pagamento de custas processuais. Nesses termos, Pede deferimento. Local e data. Advogado. OAB n°

ESPELHO DE CORREÇÃO INDIVIDUAL - PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL

DIREITO DO TRABALHO – PEÇA

QUESITO AVALIADO VALORES POSSÍVEIS

1. Estrutura inicial - Encaminhamento adequado (0,25) e correta identificação das partes e do processo (0,25).

0 / 0,25 / 0,5

2. Arguição de inépcia em relação ao pedido de adicional de periculosidade. Indicação do art. 267, I, CPC. Indicação do art. 295, I, CPC. Indicação do art. 295, parágrafo único, I, CPC.

0 / 0,25

3. Prescrição quinquenal - Prescrição das parcelas anteriores a 10/01/2006 OU cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação (0,25). Indicação do art. 7º, XXIX, da CRFB/88 OU art. 11, I, da CLT (0,25).

0 / 0,25 / 0,5

4. Estabilidade e reintegração - Não abrange os membros suplentes (0,5). Indicação da OJ 253 da SDI-1 do TST (0,25).

0 / 0,25 / 0,5 / 0,75

5. Horas extras e reflexos - Atividade externa incompatível com controle (0,35). Indicação do art. 62, I, CLT (0,35).

0 / 0,35 / 0,7

6. Férias do período 2007/2008 - Perda do direito em face do afastamento previdenciário (0,35). Indicação do art. 133, IV, CLT (0,35).

0 / 0,35 / 0,7

7. Equiparação salarial - Ausência de contemporaneidade com o paradigma OU substituição de cargo vago (0,4). Indicação da Súmula 6, IV, do TST OU Súmula 159, II, do TST (0,2).

0 / 0,2 / 0,4 / 0,6

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8. Vales-transportes - Exoneração da obrigação pela concessão de transporte Indicação do art. 4º do Decreto 95.247/87 (0,25).

0 / 0,25

9. Devido o Desconto dos 10 minutos por ultrapassar os limites legais (0,1), e devido o desconto da remuneração do descanso semanal em razão da impontualidade na empresa (0,1). Indicação do art. 58, § 1º, da CLT (0,2) e art.

6º, caput, da Lei 605/49 (0,2).

0 / 0,25

10. Requerimentos - Acolhimento da prescrição (0,25). Improcedência dos pedidos (0,15). Protesto pelos meios de prova (0,1).

0 / 0,1 / 0,15 / 0,25 / 0,35 / 0,4 / 0,5

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RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES DO SEGUNDO SIMULADO

(VALOR 1,25 CADA QUESTÃO)

1 – Felipão ingressa com uma reclamação trabalhista em face da CBF, pleiteando vinculo

de emprego e o pagamento de todos os créditos resultantes do contrato de trabalho. Seu

pedido foi julgado improcedente haja vista o reclamante não ter comprovado os requisitos

indispensáveis para a configuração da relação de emprego. Desta forma o autor interpôs

Recurso Ordinário ao TRT, tendo este Tribunal negado provimento ao recurso e mantido a

decisão de primeiro grau.

Pergunta-se?

a) O Recurso de Revista ao TST para discutir a existência fática dos requisitos da relação

de emprego deveria ser aceito pela corte?

b) Qual seria a consequência, caso o advogado da reclamante tenha esquecido de assinar

o recurso ao TST?

QUESITO AVALIADO VALORES

POSSÍVEIS

ATENDIMENTO

AO QUESITO

a) Não, pois trata-se de matéria fática e não cabe ao TST o

reexame de fatos e provas (0,3), sum. 126 do TST ( 0,4 ).

0 a 0,70

b) O recurso em questão seria considerado inexistente (0,25) , OJ

120 SDI – 1 do TST ( 0,3)

0 a 0,55

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2 – Renato Saraiva professor de educação física , empregado da empresa Flor de Maio, prestou

serviços para o estado de Pernambuco no colégio Estadual Dom Pedro I na condição de

terceirizado durante cinco anos, ao final deste período Renato é dispensado sem receber nada a

título de verbas rescisórias, pergunta-se?

a) No caso acima narrado poderia o empregado pedir vínculo de emprego direto com o tomador

dos serviços?

b) Teria a Administração pública alguma responsabilidade quanto ao pagamento das verbas

oriundas do contrato de trabalho do professor?

QUESITO AVALIADO VALORES

POSSÍVEIS

ATENDIMENTO AO

QUESITO

a) Não, para que haja vinculo de emprego com o ente

federativo é indispensável a realização de concurso público

com determina o art. 37 inciso II da CF/88.

0 a 0,50

b) Caso comprovada a culpa in vigilando do estado de

Pernambuco, este teria responsabilidade subsidiaria com

determina a sum. 331 V do TST.

0 a 0,75

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3 – Rafael Tonassi atleta profissional de ping pong contratado pelo clube Ibis encontra-se a dois

meses e quinze dias sem receber salários, o tradicional clube alega que passa por uma dificuldade

financeira temporária, estando com problema de fluxo de caixa e que em breve irá pagar seus

salários atrasados.

Inconformado com a demora Rafael interpõe reclamação trabalhista requerendo a rescisão indireta

do contrato de trabalho sob o fundamento dos salários atrasados, pergunta-se?

a) No caso em tela pleiteada a rescisão indireta do contrato pelo atleta, deve o juiz conceder?

b) Sendo deferida uma antecipação de tutela pelo magistrado para que o empregado possa atuar

por outra equipe, teria o Ibis pela via recursal algum RECURSO cabível de imediato?

QUESITO AVALIADO VALORES

POSSÍVEIS

ATENDIMENTO AO

QUESITO

a) Não, pois de acordo com o art. 31 da Lei 9615/98, a rescisão

indireta só se configura para o atleta com atraso igual ou superior

a 03 meses.

O a 0,60

b) Não, pois no processo do trabalho não cabe recurso imediato

de decisão interlocutória ( 0,35 ), art. 893 p. 1º da CLT ( 0,35 )

0 a 0,65

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4 – Aryanna Manfredini cantora profissional, após reiteradas faltas e atrasos ao serviços e com

uma conduta rebelde fora dos palcos, recebe após inúmeras advertências e suspensões a

aplicação da pena máxima que é a justa causa, diante da hipótese responda?

a) Tendo em vista o que prevê o ordenamento jurídico pátrio, neste caso a dispensa por justa causa

deve ser fundamentada em qual dispositivo, aponte de forma especifica o motivo que deve ser

alegado pela empresa?

b) Aplicada a justa causa deve o empregado receber em suas rescisão contratual gratificação

natalina proporcional e férias integrais?

QUESITO AVALIADO VALORES

POSSÍVEIS

ATENDIMENTO AO

QUESITO

a) Art. 482 “e” da CLT, configurando desídia 0 a 0,60

b) A gratificação natalina não será devida art. 3º da Lei 4090/62,

já as férias integrais sim, pois o pagamento desta independe da

forma de ruptura do contrato.

0 a 0,65