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INFORME ECONÔMICO 31 de março de 2017
O documento divulgado pelo Banco Central mostra que as projeções de inflação continuam recuando,
o que confirma nosso cenário de corte de 100 pontos base já na próxima reunião de abril. O cenário de
referência com taxas de juros (12,25% ao ano) e câmbio (R$ 3,28/US$) constantes indica inflação em
3,9% no final do ano, 4,0% em 2018 e 4,1% no primeiro trimestre de 2019, todos abaixo da meta. No
mesmo sentido, também reduziram as expectativas inflacionárias para o cenário com as projeções da
Pesquisa Focus para a taxa Selic (9,0% ao ano em 2017 e 8,5% para 2018) e para a taxa de câmbio (R$
3,28/US$ neste ano e R$ 3,4/US$ em 2018). Nesse caso, a inflação ficou em 4,0% para 2017 e 4,5% para
2018. Somado a isso, o Banco Central afirmou no Relatório Trimestral de Inflação que aumentou a
possibilidade de intensificar, de maneira moderada, o ritmo de flexibilização da política monetária.
Entendemos a afirmativa acima como uma aceleração do atual ritmo de corte de 75 pontos base (pb)
para 100 pb. Além disso, é interessante destacar que na Pesquisa Focus desta semana, a mediana das
projeções do IPCA para 2019 ficou em 4,35%, abaixo da meta. Isso sinaliza a confiança no processo de
desinflação da economia. Da mesma maneira, as medianas de 2020 e 2021 encontram-se em 4,30% e
4,25%, respectivamente.
RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS
O Relatório Trimestral de Inflação do primeiro trimestre corrobora nosso cenário
de aceleração do processo de afrouxamento monetário.
Fonte: Banco Central do Brasil
Expectativa Focus - IPCA (mediana) - Inflação anual 2017 a 2021
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INFORME ECONÔMICO 31 de março de 2017
Com relação as contas públicas, o Governo Central registrou déficit em fevereiro. O governo apurou
déficit de R$ 26,3 bilhões no mês após superávit de R$ 19 bilhões em janeiro e déficit de R$ 25 bilhões em
fevereiro do ano passado. A sazonalidade desfavorável dos impostos e a normalização dos pagamentos das
despesas discricionárias explicam a deterioração dos contas públicas no mês. No ano, o Governo Central
acumula déficit de R$ 7,2 bilhões ante déficit de R$ 10,5 bilhões (a preços de 2017) no mesmo período de
2016. Enquanto o Governo Federal registra superávit de R$ 19,8 bilhões ante superávit de R$ 9,2 bilhões
em 2016, a Previdência acumula déficit de R$ 27 bilhões no ano frente déficit de R$ 19,7 bilhões no ano
passado. Ainda no ano, as receitas líquidas e despesas acumulam quedas reais de 6,6% e 7,9%,
respectivamente. A significante queda das despesas é explicada pelo adiamento de algumas despesas em
janeiro. Por sua vez, a lenta recuperação da economia tem prejudicado o desempenho das receitas. Assim,
diante do fraco resultado das receitas, o governo anunciou um contingenciamento de R$ 42,1 bilhões para
cumprir a meta de déficit de R$ 139 bilhões para ano. Acreditamos que, apesar do contingenciamento, o
cumprimento da meta ainda é muito dependente de receitas extraordinárias.
Por sua vez, os dados de atividade continuam decepcionando. As vendas no varejo restrito de janeiro
recuaram 7,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, pior do que a mediana das
projeções, que esperava queda de 4,3%. O resultado negativo foi disseminado, mas entre os destaques
negativos encontram-se as vendas no setor de supermercados e de livros, jornais e revistas com recuo de
7,0% e 17%, respectivamente. Na margem, a queda do varejo foi de 0,7% contra dezembro, com menor
recuo do ampliado que apresentou contração de 0,2%. Dessa maneira, o IBC-Br de janeiro mostrou recuou
de 0,79% comparando-se com o mesmo mês do ano passado, e queda de 0,26% contra dezembro. Ambas
medidas vieram abaixo da mediana das projeções do mercado. Em outras palavras, os dados apontam para
uma recuperação lenta da economia doméstica.
Fonte: STN, BRAM
Governo Central - Resultado Primário (R$) Governo Central - Acum. Ano (%A/A)
Preços constantes
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INFORME ECONÔMICO 31 de março de 2017
No cenário internacional, o destaque foi a ativação do Tratado 50 pelo Reino Unido para dar início à saída
do bloco da União Europeia. Conforme era esperado, não houve grandes abalos no mercado, que já se
preparava para o ocorrido. No entanto, entendemos que as negociações levarão tempo para se
concretizarem, mas a volatilidade deve crescer ao longo do tempo. Exemplo disso, o Parlamento escocês já
aprovou um novo referendo sobre independência do Reino Unido, o que deve trazer ainda mais incertezas
ao cenário da região.
Nos EUA, a retirada da Reforma de Saúde da pauta de votação no Congresso mostra que o governo
americano ainda não encontrou consenso a respeito do tema dentro do próprio partido republicano. No
entanto, a próxima pauta deve ser a Reforma Fiscal, da qual espera-se um forte estímulo para o setor
empresarial, como vinha sendo defendido pelo presidente Donald Trump desde sua campanha. Nesse
sentido, os indicadores de confiança vem refletindo essa melhora na percepção ao longo dos últimos
meses. Especialmente o setor de investimentos, que vinha ficando para trás nos últimos anos. Assim,
esperamos que o crescimento do PIB americano seja puxado tanto pelos investimentos, quanto pelo
consumo das famílias, baseado no quadro favorável do mercado de trabalho.
Fonte: IBGE/BRAM
Vendas no Varejo Restritas A/A(%)
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INFORME ECONÔMICO 31 de março de 2017
Na próxima semana, no Brasil, destaque para a divulgação do resultado da Balança Comercial, referente
ao mês de março, e do IPCA. A nossa projeção é de que o IPCA registre alta de 0,26% na margem. No
âmbito internacional, destaque na Zona do Euro à divulgação do PMI industrial e da taxa de desemprego,
que deve manter a tendência de queda e atingir 9,5%. Nos Estados Unidos, o Relatório de emprego (Payroll)
será o principal evento da semana, junto com a taxa de desemprego.
Fonte: Bloomberg
PIB Estados Unidos - Trimestral anualizado
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INFORME ECONÔMICO 31 de março de 2017
Tel.: 3847-9171 [email protected]
As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-
danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições
atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exatidão
e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a empresa
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Material produzido em 31/03/2017 às 11h30
Outras edições estão disponíveis no Site: www.bradescoasset.com.br,
MARCELO CIRNE DE TOLEDO
Economista Chefe [email protected]
ANA PAULA DE ALMEIDA ALVES
DANIEL XAVIER FRANCISCO [email protected]
DANILO OLIVEIRA IMBIMBO
HUGO RIBAS DA COSTA [email protected]
JOSE LUCIANO DA SILVA COSTA [email protected]
MARIANNE KOMORI GEHRINGER
THIAGO NEVES PEREIRA [email protected]