resenha de filosofia

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Caroline Ayumi Andrade Ciências Sociais Noturno – 2º semestre RA: 151121788 Resenha referente à primeira prova Textos abordados: BARNES, Jonathan. Filósofos pré-socráticos. Tradução: Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.9-27 WOLFF, Francis. Nascimento da razão, origem da crise. In: Novais, A.(Org.) A crise da razão. São Paulo: Cia das Letras, 1996. p.67-82 Para introduzir os textos estudados é imprescindível entender o contexto histórico do despertar da filosofia grega, que teve início em 585 a.C. e chegou ao fim em 52 d.C. Foi quando Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo grego, previu um eclipse do Sol que passamos a considerá-lo, assim como os demais de seu tempo, pertencentes a uma fase denominada como pré-socrática do pensamento helênico. Esses filósofos pré-socráticos formam um grupo homogêneo, que ainda assim se diferem em aspectos fundamentais tanto de seus predecessores não-filosóficos como de seus grandes sucessores. Em “Filósofos pré-socráticos” (Martins Fontes, 2003), de Jonathan Barnes, o autor discorre sobre os principais pontos das atividades filosóficas do período. Barnes passa a analisar esses primeiros filósofos como “estudantes da natureza”, pois acredita que seu empenho era no sentido de revelar toda a verdade “sobre a natureza” através de observações detalhadas de numerosos fenômenos naturais. Não podemos deixar de citar que os pré-socráticos marcam um grande divisor de água na filosofia, pois representam também o despertar do homem para a busca do conhecimento além do que acreditavam considerando apenas o pensamento mítico. Entretanto, não eram em sua maioria ateus, haviam os que facultavam a participação de deuses em suas teorizações assim como os que buscaram produzir uma teologia aprimorada e racionalizada. Resumindo, os pré-

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Textos de Jonathan Barnes e Francis Wolff

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Page 1: Resenha de Filosofia

Caroline Ayumi Andrade Ciências Sociais Noturno – 2º semestreRA: 151121788Resenha referente à primeira prova

Textos abordados:BARNES, Jonathan. Filósofos pré-socráticos. Tradução: Julio Fischer. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.9-27WOLFF, Francis. Nascimento da razão, origem da crise. In: Novais, A.(Org.) A crise da razão. São Paulo: Cia das Letras, 1996. p.67-82

Para introduzir os textos estudados é imprescindível entender o contexto histórico do despertar da filosofia grega, que teve início em 585 a.C. e chegou ao fim em 52 d.C. Foi quando Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo grego, previu um eclipse do Sol que passamos a considerá-lo, assim como os demais de seu tempo, pertencentes a uma fase denominada como pré-socrática do pensamento helênico. Esses filósofos pré-socráticos formam um grupo homogêneo, que ainda assim se diferem em aspectos fundamentais tanto de seus predecessores não-filosóficos como de seus grandes sucessores.

Em “Filósofos pré-socráticos” (Martins Fontes, 2003), de Jonathan Barnes, o autor discorre sobre os principais pontos das atividades filosóficas do período. Barnes passa a analisar esses primeiros filósofos como “estudantes da natureza”, pois acredita que seu empenho era no sentido de revelar toda a verdade “sobre a natureza” através de observações detalhadas de numerosos fenômenos naturais.

Não podemos deixar de citar que os pré-socráticos marcam um grande divisor de água na filosofia, pois representam também o despertar do homem para a busca do conhecimento além do que acreditavam considerando apenas o pensamento mítico. Entretanto, não eram em sua maioria ateus, haviam os que facultavam a participação de deuses em suas teorizações assim como os que buscaram produzir uma teologia aprimorada e racionalizada. Resumindo, os pré-socráticos acreditavam que os princípios internos da natureza eram suficientes para explicar os padrões de interligações de eventos que forneceriam o relato verdadeiramente explicativo do mundo, o que os conduzia a teorizar sobre uma de suas maiores indagações que é a origem do universo.

Em contraponto, em “Nascimento da razão, origem da crise” (Cia das Letras, 1996), de Francis Wolff, o autor por sua vez começa o texto questionando sobre como poderia ter surgido a razão. Ao explanar o assunto ele relata sobre a ruptura na organização do saber, que se dividiria em duas partes; uma positiva: a apresentação de argumentos universais, os quais estariam sujeitos a observações e aceitações, e uma negativa: que seriam as tradições que envolvem a religião e as crenças (mitos).

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Em seu texto, é demonstrado que o nascimento da razão surgiu com as práticas discursivas que eram feitas pelos “mestres” e poetas do século V, na Grécia, onde somente eles eram autorizados a falar em discursos, pois seriam os detentores da verdade. No entanto, surge a crise que, de acordo com Wolff, veio com o surgimento da democracia, momento em que se dá o direito da oratória para outros, que não precisariam necessariamente serem designados para a retórica somente. Sendo assim quem obtivesse o dom da oratória e da persuasão e quisesse expor sua opinião poderia ser ouvido pelo público. Foi assim que surgiu a “atividade” sofista, aquele que é um erudito que apresenta seus temas de maneira atraente. Ele ensina aos homens as “artes úteis” e o faz usando a arte da retórica, que permite obter a atenção e benevolência do interlocutor ou ouvinte, persuadindo-o a acreditar no que lhe é dito, por isso, eram contratados por exemplo para defender algum interesse em tribunal.

Dadas as concisas explicações sobre os temas protagonistas dos textos em análise, chegamos ao ponto de destacar a convergência entre ideias dos dois autores. Barnes afirma em seu texto que dramaturgos do século V demonstravam interesse disseminado por questões filosóficas, assim como historiadores e cita até os sofistas. Contudo, é no texto de Wolff que a crítica se concretiza.

Após abordados estes determinados pontos, ele descreve o sistema democrático por meio de princípios como a Isegoria, que é o princípio em que a palavra se iguala para todos aqueles que tem o desejo de expressão; e também a Isocrítica, que é a liberdade de opinião e críticas a respeito de assuntos que lhes são apresentados. Sendo assim, por último, nos é apresentado uma posição em que se admite compreende que a autoridade que detinham os “mestres” fora substituída pelas técnicas argumentativas, que agora poderia ser definida por aqueles que utilizavam a retórica.