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República Federativa do Brasil BRASIUA-DP NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO SEXI'A-FEIRA, 10 DE JOIVIO DE 1988 AftO XUD - ri' 260 ASSEMBLÉIA ASSEMBLÉIA NACIONAL CON8T1TWNTE SUMÁRIO l-ATA DA 284' SESSÃO DA AS- SEMBLÉlANACIONALCONSTlTmN'IE, EM 9 DE JUNHO DE 1988 1- Abertura da sessão D- Leitura da ata da sessão an.terlor que é, sem observações, assinada. m- Leitura do Expediente COMUNICAÇÃO Do Senhor Jorge Odilondos Anjos, Diretor do Departamento de Pessoal da Câmara dos Deputados,encaminhando a reÍação dos Srs. Constituintes- que receberam faltas nas vota- ções da Assembléia Nacional Constjtuinte. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Conces- são da palavraaos Constituintes, nos termos do § 2°do art 39 do RegimentoInterno, tendo em vistaa inexistência de quorum para vota- ção. ADYLSON MOTIA-Apresentação de re- querimentode informaçõesao Ministro-Chefe do Gabinete Civil sobre montante das despe- sas com a viagemdo Presidenteda República a Nova Iorque, Estados Unidos. NILSON GIBSON - Falta de objetividade nas análíses sobre concessão de ánistiaa ca- bos marinheirosexpulsosda Marinha. DIRCE TUfU QUADROS - Montanfe das despesas com a viagem do Presidente José Sarney a Nova Iorque, Estados Unidos. Mani- festaçãodo Presidenteda República contrária à realização de eleições no Distrito Federal. Desmentidoà notíciapublicadano Jornal do ·BrasU sobre razõesdo votoda oradora C.orá- vel à criaç,ão do Estado do Triângulo. JOSÉ GENOINO - Natureza política da concessão de anistia a cabos e marinheiros punidos pela Marinha. Apoio à greve dos pro- fessores da Universidade Estadual de Feira de Santana e da Universidade Estadual de Londrina e Maringá. ERALDO TRINDADE - Reciprocidade do tempo de serviço prestado na condição de trabalhador rural e urbano. BENEDITA DA SILVA - Protesto contra ato da Câmara Municipal de Guarabira, Estado da Paraíba,impeditivo da presença da oradora em encontro com trabalhadores locais no re- cinto daquela Case. Solidariedade aos traba- lhadores paraibanos por sua luta em prol da melhoriasalaríal. OSVALDO BENDER - Anistia às micro e pequenas empresas. com débitos contraídos durante a vigênciado PlanoCruzado. MÁRIo MAIA - Transcurso do.aniversário de fundação do Correio Aéreo Nacional - CAN. FARABUUNI JÚNIOR -Yalorização,çia car- reira de delegado de políciaatravés da futura Constituição. RUY NEDEL - Revisão da política habita- cionalno Estado do RioGrande do Sul. inver- no no Sul do País. EDME TAVARES - Presença na Casa de caravana de Vereadores do Estado dá Paraíba errrapoío à realização de eleições municipais em 1988. Solidariedade à Constituinte Bene- dita da 'Silva em face do impedimento de sua presença na Câmara Municipal de Guarabira, Estado da Paraiba.Transcurso do 80° aniver- sário da irni.9J"açãojaponesa no Brasil. PRESIDENTE (Jorge Arbage)- Saudação da Mesa à comitiva de vereadores paraibanos presentes na Casa. HERMES ZANETI - Solidariedade ao Rei- tor da Universidade de EI Salvador, pela Cam- panha "La Universidad se Niegaa Morir". ASDRUBAL BENTES - Protesto contra a faltade quorum para votação na Assembléia Nacional Constituinte. VISita do Diretor e do Secretário-Executivo do Programa Grande Carajás, bem como do Secretário-Geral da Se- cretaria do Planejamento e Coordenação da' Presidênciada República à região de Carajás, Estado do Pará. . EVALDO GONÇALVES - Solidariedade à Constituinte Beneditada Silvaem face do imo pedimento de sua presença na Câmara Muni· cipalde Guarabíra, Estado da Paraíba;aos tra- balhadores paraibanos por sua luta em prol de melhoria salarial; ao Deputado Estadual paraibano Francisco Evangelista e à Assem- bléiàLegislativa do Estado da Paraíba, em fàcê do pedido do Judiciário local de licença para processar o parlamentar. ABIGAIL FEITOSA - Protestocontra a falta de quorum nas sessões do Congresso Nacio- nal destinadas a apreciar o Decreto-Lei n9 2.425, que congelou a URP para efeitode rea- juste salarial dos servid'ores da Uniã_o. BRANDÃO MONTEIRO',(Pela ordem) _ Solicitação à Mesa da lista de presença de Constituintes às sessões da Assembléia Nacio- nal Constituinte no mês próximofindo. PRESIDENTE «(J)ysses Guimarães)- Res- posta ao Constituinte Brandão M<mteiro.

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Page 1: República Federativa do Brasilimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/260anc10jun1988.pdf · Geovani Borges, Raimundo Lira, Jairo Car neiro, HélioRosas, RobertoAugusto, JoãoNa tal, Fernando

República Federativa do Brasil

BRASIUA-DP

NACIONAL CONSTITUINTEDIÁRIO

SEXI'A-FEIRA, 10 DE JOIVIO DE 1988AftO XUD - ri' 260

ASSEMBLÉIA

ASSEMBLÉIA NACIONAL CON8T1TWNTE

SUMÁRIOl-ATA DA 284' SESSÃO DA AS­

SEMBLÉlANACIONALCONSTlTmN'IE,EM 9 DE JUNHO DE 1988

1-Abertura da sessãoD- Leitura da ata da sessão an.terlor

que é, sem observações, assinada.m- Leitura do Expediente

COMUNICAÇÃO

Do Senhor Jorge Odilondos Anjos, Diretordo Departamento de Pessoal da Câmara dosDeputados,encaminhando a reÍaçãodos Srs.Constituintes- que receberam faltas nas vota­ções da Assembléia Nacional Constjtuinte.

PRESIDENTE (Jorge Arbage) - Conces­são da palavraaos Constituintes, nos termosdo § 2°do art 39 do RegimentoInterno, tendoem vistaa inexistência de quorum para vota­ção.

ADYLSON MOTIA-Apresentação de re­querimentode informaçõesao Ministro-Chefedo Gabinete Civil sobre montante das despe­sas com a viagemdo Presidenteda Repúblicaa NovaIorque, Estados Unidos.

NILSON GIBSON - Falta de objetividadenas análíses sobre concessão de ánistiaa ca­bos "ê marinheirosexpulsosda Marinha.

DIRCE TUfU QUADROS - Montanfe dasdespesas com a viagem do Presidente JoséSarney a NovaIorque, Estados Unidos. Mani­festação do Presidenteda República contráriaà realização de eleições no Distrito Federal.Desmentidoà notíciapublicadano Jornal do·BrasU sobre razõesdo votoda oradoraC.orá­velà criaç,ão do Estado do Triângulo.

JOSÉ GENOINO - Natureza política daconcessão de anistia a cabos e marinheirospunidos pela Marinha. Apoio à grevedos pro­fessores da Universidade Estadual de Feirade Santana e da Universidade Estadual deLondrina e Maringá.

ERALDO TRINDADE - Reciprocidade dotempo de serviço prestado na condição detrabalhador rural e urbano.

BENEDITA DA SILVA - Protesto contraato da CâmaraMunicipal de Guarabira, Estadoda Paraíba,impeditivo da presença da oradoraem encontro com trabalhadores locais no re­cinto daquela Case. Solidariedadeaos traba­lhadores paraibanos por sua luta em prol damelhoriasalaríal.

OSVALDO BENDER - Anistia às micro epequenas empresas. com débitos contraídosdurante a vigênciado Plano Cruzado.

MÁRIo MAIA - Transcurso do.aniversáriode fundação do Correio Aéreo Nacional ­CAN.

FARABUUNI JÚNIOR-Yalorização,çia car­reira de delegado de políciaatravés da futuraConstituição.

RUY NEDEL - Revisão da política habita­cionalno Estado do RioGrande do Sul. inver­no no Sul do País.

EDME TAVARES - Presença na Casa decaravanade Vereadores do Estado dá Paraíbaerrrapoío à realização de eleições municipaisem 1988. Solidariedade à Constituinte Bene­dita da'Silva em face do impedimentode suapresença na Câmara Municipal de Guarabira,Estado da Paraiba.Transcurso do 80°aniver­sário da irni.9J"açãojaponesa no Brasil.

PRESIDENTE (Jorge Arbage)- Saudaçãoda Mesaà comitiva de vereadoresparaibanospresentes na Casa.

HERMES ZANETI - Solidariedade ao Rei­tor da Universidade de EISalvador, pela Cam­panha "La Universidad se Niegaa Morir".

ASDRUBAL BENTES - Protesto contra afaltade quorum para votação na AssembléiaNacional Constituinte. VISita do Diretor e doSecretário-Executivo do Programa GrandeCarajás, bem como do Secretário-Geral daSe­cretaria do Planejamento e Coordenação da'Presidênciada República à região de Carajás,Estado do Pará. .

EVALDO GONÇALVES - Solidariedade àConstituinte Beneditada Silvaem face do imopedimento de sua presença na Câmara Muni·cipalde Guarabíra, Estado da Paraíba;aos tra­balhadores paraibanos por sua luta em prolde melhoria salarial; ao Deputado Estadualparaibano Francisco Evangelista e à Assem­bléiàLegislativa do Estado da Paraíba, emfàcêdo pedido do Judiciáriolocal de licençaparaprocessar o parlamentar.

ABIGAIL FEITOSA- Protestocontraa faltade quorum nas sessões do Congresso Nacio­nal destinadas a apreciar o Decreto-Lei n92.425, que congelou a URP para efeitode rea­juste salarial dos servid'ores da Uniã_o.

BRANDÃO MONTEIRO',(Pela ordem) _Solicitação à Mesa da lista de presença deConstituintes às sessões daAssembléia Nacio­nal Constituinte no mês próximofindo.

PRESIDENTE «(J)ysses Guimarães)- Res­posta ao Constituinte Brandão M<mteiro.

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11156 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

LÚCIO ALCÂNTARA - "Refinaria. Novasrazões de sua localização no Ceará", docu­mento produzido pela Universidade Federaldo Ceará.

CÉSARMAIA - Carga tributária, via Impos­to de Renda, incidente sobre o assalariado mé­dio.

JORGE ARBAGE- Falecimento do maes­tro Alberto Mota.

PAULO SILVA - Liberação, pela Sudene,de recursos para a cobertura dos projetos doPrograma São Vicente.

DAVI ALVESSILVA-Importância das elei­ções municipais de 1988. Escolha do Sr. Divi­no Garcia Rosa para compor, na condiçãode candidato a Vice-Prefeito, chapa do oradorà Prefeitura Municipal de Imperatriz, Estadodo Maranhão.

FRANCISCO AMARAL - Fornecimento,pela Fundação de Assistência ao Estudante,de maiores recursos à Secretaria de Educa­ção de São Paulo, para melhor funcionamentodo Programa de Merenda Escolar no Estado.

SIOOE!RA CAMPOS- Homenagem à me­mória do Senador Virgílio Távora.

IVOLECH- Novo conceito de federalismointroduzido na futura Constituição.

JurAHYMAGALHÃES-Avanços, no cam­po dos direitos sociais, incorporados ao futurotexto constitucional.

ANTÔNIO DE JESUS - Implantação decreches nos locais de trabalho de mulherescom filhos de até cinco anos de idade.

ROBERTO FREIRE - Apoio do PCB aomovimento grevista de trabalhadores da em­presa de química fina AQB, Igarassu, Estadode Pernambuco. Proibição, pelo Superinten­dente da Polícia Federal em João Pessoa, Es­tado da Paraíba, da divulgação do livro "Peres­troika", do líder soviético Mikhail Gorbachev,em escola do 2° grau da cidade.

PAES DE ANDRADE- Elevação de DomJosé Freire Falcão ao cardinalato.

GONZAGA PATRIOTA-Excelência da co­bertura dos trabalhos da Assembléia NacionalConstituinte desenvolvida pelo Diário de Per­nambuco.

JOSÉ LUIZ MAIA - Realizações da Admi­nistração José Maia, ltainópolís, Estado doPiauí.

DENISAR ARNEIRO- Depoimento pres­tado à revista "Navegação" pelo CeI. OziresSilva, Presidente da Petrobrás.

COSTA FERREIRA - Manutenção, pelaSudene, de convênio com a Campanhia deColonização do Nordeste para ministração deensino na região do alto Turi, Estado do Mara­nhão, e recontratação dos professores dispen­sados.

VASCO ALVES~ Repúdio ao "recessobranco" instituído pela Assembléia NacionalConstituinte durante a semana, com a descon­tinuidade normal dos trabalhos.

MAORfuo FERREIRA UMA - Comporta­mento de constituintes durante a votação da,duração do mandato do Presidente José Sar­ney.

IV- Apresentação de Proposições

ADYLSON MOTTA, BENEDITA DASILVA

PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) - Veri-ficação de quorum.

(Procede-se à votação.)

ADOLFO OLiVEIRA (Pela ordem)-Razõesda ausência do Constituinte Álvaro Valle dassessões da Assembléia Nacional Constituinte.

ADYLSON MOTTA(Pela ordem) - Conve­niência de o Presidente da Assembléia Nacio­nal Constituinte impedir viagem de constituin­tes ao exterior, razão da inexistência de quo­rum na Casa.

PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) - Res­posta ao Constituinte Adylson Motta. .

JOSÉ LOURENÇO (Pela ordem) - Perma­nência do PFL nas negociações acerca da vo­tação das "Disposições Transitórias".

PRESIDENTE - Agradecimemto ao PFLpela colaboração prestada nos entendimentospara a votação do texto constitucional.

JESUS TAJRA (Pela ordem)'- Razões daausência do orador na sessão do dia 10/6/88.

CID SABÓIADE CARVALHO (Pela ordem)- Descabimento de destaque para votaçãoem separado nas matérias atinentes às "Dis­posições Transitórias".

PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) - Res­posta ao Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.Anúncio da inexistência de quorum para vota­ção. Realização de sessão da Assembléia Na­cional Constituinte no dia 10, às 9h. Convo­cação dos Constituintes para votação do res­tante das "Disposições Transitórias". Registroda presença dos Constituintes Juarez Antunes,Carlos Sant'Anna, Roberto Jefferson, JoséAgripino, Alércio Dias, Haroldo Sabóia, AécioNeves, José Egreja, Wilma Maia, Áureo Mello,Geovani Borges, Raimundo Lira, Jairo Car­neiro, Hélio Rosas, Roberto Augusto, João Na­tal, Fernando Santana, Henrique Eduardo Al­ves, João da Mata, José Maurício e ArnaldoPrieto.

V- Encerramento

Discurso pronunciado pelo Sr. Milton Reisna sessão da Assembléia Nacional Constituin­te de 3-6-88: Pesar pelo falecimento do Sena­dor Virgílio Távora.

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE·LÍDERES DEPARTIDOS (Relação dos membros)

4 - COMISSÃO DE SISTEMATIZA·ÇÃO (Relação dos membros)

Ata da 284~ Sessão, em 9 de junho de 1988Presidência dos Srs.: Ulysses Guimarães, Presidente;

Mauro Benevides, Primeiro-Vice-Presidente; Jorge Arbage, Segundo-Vice-Presidente..

ÀS14:30HORAS COMPARECEM OSSENHO­RES:

AbigailFeitosa-PSB; AcivalGomes-PMDB;Adauto Pereira - PDS; Ademir Andrade - PSB;Adhemar de Barros Filho - PDT; Adolfo Oliveira- PL; Adroaldo Streck - PDT; Adylson Motta- PDS; Aécio de Borba - PDS; Aécio Neves- PMDB;Affonso Camargo -.PTB; Afif Domin-gos - PL; Afonso Sancho - PDS; Alarico Abib- PMDB;Albérico Cordeiro - PFL;~ceni Guerra- PFL; Aldo Arantes - PC do B; Alércio Dias-PFL;Alexandre Costa - PFL;Alexandre Puzyna- ~B; Alfredo Campos - PMDB; Almir Ga-

briel - PMDB; Aloysio Chaves - PFL; AluizioBezerra - PMDB;Alysson Paulinelli- PFL;Ama­ral Netto - PDS; Arnaury Müller - PDT; ÂngeloMagalhães - PFL; Anna Maria Rattes - PMDB;Annibal Barcellos - PFL;Antônio Britto-PMDB;Antônio Carlos Konder Reis - PDS; Antônio deJesus - PMDB;Antonio Ferreira - PFL;AntonioGaspar - PMDB;Antonio Ueno - PFL; ArnaldoFaria de Sá - PMB; Arnaldo Martins - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Artur da Távola - PMDB;Asdrubal Bentes - PMDB;Átila Lira - PFL; Au­gusto Carvalho - PCB; Áureo Mello - PMDB;Benedita da Silva - PT; Benito Gama - PFL;Bernardo Cabral - PMDB; Beth Azize - PSB;

Bonifácio de Andrada - PDS; Brandão Monteiro- PDT; Cardoso Alves - PMDB; Carlos AlbertoCaó - PDT; Carlos Chiarelli- PFL; Carlos Cotta- ; Carlos De'Carli - PMDB;Carlos Sant'Anna- PMDB;Carrel Benevides - PTB;Cássio CunhaLima - PMDB;Célio de Castro - ; Celso Dou­rado - PMDB; César Cals Neto - PDS; CésarMaia - PDT; Chagas Duarte - PFL; Chagas Ro­drigues - PMDB;Chico Humberto - PDT; Chris­tóvam Chiaradia - PFL; Cid Carvalho - PMDB;Cid Sabóia de Carvalho - PMDB; Cláudio Ávila- PFL; Costa Ferreira - PFL; Dálton Canabrava- PMDB; Darcy Deitos - PMDB; Darcy Pozza- PDS; Daso Coimbra - PMDB;DaviAlves Silva

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Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NAOONAL CONSTITUINTE Sexta-feira 10 11157

- PDS; Délio Braz - PMDB; Denisar Ameiro--PMDB; Dionisio Dal Prá - PFL; Dirce TutuQuadros - PTB; DirceuCarneiro- PMDB; Dje­nal Gonçalves - PMDB; Domingos Juvenil ­PMDB; Domingos Leonelli - PMDB; Edison Lo­bão - PFL; Edivaldo Holanda - PL; EdivaldoMotta- PMDB; Edme Tavares- PFL; EdmilsonValentim - PC do B; Eduardo Bonfim - PCdo B; Eduardo Jorge - PT; Eduardo Moreira- PMDB; Egídio Ferreira Uma - PMDB; EliasMurad- PTB; Eliel Rodrigues - PMDB; EnocVieira - PFL; EraldoTinoco- PFL; EraldoTrin­dade - PFL; Erico Pegoraro - PFL; EuclidesScalco - PMDB; Eunice Michiles - PFL; EvaldoGonçalves- PFL; ExpeditoMachado- PMDB;Ézio Ferreira - PFL; Fábio Raunheitti - PTB;Farabulini Júnior - PTB; FelipeMendes- PDS;Fernando Cunha - PMDB; Fernando Gasparian- PMDB; Fernando HenriqueCardoso- PMDB;Fernando Lyra- ; Fernando Santana - PCB;Fernando Velasco- PMDB; Firmo de Castro ­PMDB; FlorestanFernandes - PT;FloricenoPai­xão - PDT; Francisco Amaral - PMDB; 'Fran­cisco Benjamim - PFL; Francisco Carneiro ­PMDB; Francisco Dornelles - PFL; FranciscoKüster- PMDB; FranciscoPinto- PMDB; Fran­cisco Rollemberg - PMDB; Francisco Sales ­PMDB; GabrielGuerreiro - PMDB; GandiJamil-PFL; Gastone Righi - PTB; GenebaldoCorreia- PMDB; Geovani Borges - PFL; GeraldoAlck-min Filho- PMDB; Geraldo Bulhões - PMDB;Geraldo Campos - PMDB; Geraldo Fleming ­PMDB; Gerson Camata - PMDB; Gidel Dantas- PMDB; Gil César - PMDB; GilsonMachado- PFL; GonzagaPatriota- PMDB; GumercindoMilhomem - PT; Gustavo de Faria - PMDB;Harlan Gadelha - PMDB; Haroldo Lima - PCdo B; Haroldo Sabóia - PMDB; Hélio Duque ­PMDB; Hélio Manhães - PMDB; Hélio Rosas ­PMDB; HenriqueCórdova- PDS; Heráclito For­tes - PMDB; Hermes Zaneti - PMDB; HilárioBraun - PMDB; Homero Santos - PFL; Hum­berto Lucena- PMDB; HumbertoSouto - PFL;Iberê Ferreira - PFL; Ibsen Pinheiro - PMDB;Inocêncio Oliveira - PFL; Irajá Rodrigues ­PMDB; IramSaraiva- PMDB; Irapuan Costa Jú­nior - PMDB; Irma Passoni - PT; IsmaelWan­derley- PMDB; Israel Pinheiro- PMDB; ItamarFranco - ; Ivo Cersósimo - PMDB; Ivo Lech- PMDB; Ivo Mainardi - PMDB; Ivo Vanderlinde- PMDB; Jairo Azi - PFL; Jairo Carneiro -PFL; "Jalles Fontoura - PFL; Jamil Haddad -

. PSB;Jarbas Passarinho - PDS;Jayme Paliarin- PTB; Jayme Santana - PFL; Jesualdo Caval­canti - PFL; Jesus Tajra - PFL; João Agripino- PMDB; João Alves - PFL, João Calmon ­PMDB; João da Mata- PDC; João de DeusAntu­nes - PTB; João Lobo - PFL; João MachadoRollemberg - PFL; João Menezes - PFL; JoãoNatal - PMDB; João Paulo - PT; João Rezek- PMDB; Joaquim Bevilacqua - PTB; JoaquimFrancisco - PFL; Joaquim Sucena - PTB; Jo­franFrejat- PFL; Jonas Pinheiro - PFL; JonivalLucas - PDC; Jorge Arbage- PDS;Jorge Bor­nhausen - PFL; Jorge Hage - PMDB; JorgeVianna - PMDB; José Agripino - PFL; José Car­los Coutinho- PL; José CarlosGrecco- PMDB;José Carlos Sabóia - PSB;José CarlosVascon­celos- PMDB; José Costa- ;José da Concei­ção - PMDB; José Dutra- PMDB; José Egreja- PTB; José Elias - PTB; José Fernandes -

PDT; José Fogaça - PMDB; José Genoíno ­PT;José Guedes - PMDB; José IgnácioFerreira- PMDB; José Jorge - PFL; José Uns - PFL;José Lourenço - PFL; José Luiz Maia- PDS;José Maranhão- PMDB; José Maurício - PDT;José Melo- PMDB; José Paulo Bisol- PMDB;José Queiroz- PFL; José Richa- PMDB; JoséSantana de Vasconcellos - PFL; José Serra ­PMDB; José Thomaz Nonô - PFL; José Tinoco- PFL; José Viana - PMDB; Jovanni Masini ­PMDB; Juarez Antunes - PDT; Júlio Campos- PFL; Júlio Costamilan- PMDB; Jutahy Maga­lhães - PMDB; Koyu lha - ; Lael Varella ­PFL; Lavoisier Maia- PDS; Lélio Souza- PMDB;LeopoldoPeres - PMDB; Leur Lomanto- PFL;Levy Dias - PFL; Louremberg Nunes Rocha ­PMDB; Lourival Baptista- PFL; LúcioAlcântara- PFL; LuísEduardo - PFL; LuísRobertoPonte- PMDB; Luiz Alberto Rodrigues- PMDB; LuizGushiken- PT;Luiz InácioLula da Silva- PT;Luiz Salomão - PDT; Luiz Viana - PMDB; LuizViana Neto - PMDI,3; Lysâneas Maciel - PDT;Maguito Vilela - PMDB; Manoel Castro - PFL;Manoel Moreira - PMDB; Manoel Ribeiro ­PMDB; Mansuetode Lavor- PMDB; Márcio Bra­ga - PMDB; Márcio Lacerda - PMDB; MarcoMaciel - PFL; Marcondes Gadelha- PFL; Mar­cos Lima- PMDB; Maria de LourdesAbadia­PFL; Maria Lúcia-PMDB; Mário Covas-PMDB;Mário Maia- PDT; Marluce Pinto - PTB; Ma­theus Iensen - PMDB; Maurício Correa- PDT;Maurício Nasser - PMDB; Maurício Pádua ­PMDB; Maun1io Ferreira Uma - PMDB; MauroBenevides- PMDB; MauroCampos - ;MauroMiranda-PMDB; MauroSampaio- PMDB; Mei­ra Filho - PMDB; Melo Freire - PMDB; MelloReis- PDS;Mendes Canale - PMDB; MendesRibeiro - PMDB; Messias Góis - PFL; MessiasSoares - PTR; Michel Temer - PMDB; Milton- PMDB; Miraldo Gomes - PMDB; MoemaSãoThiago- PDT; Moysés Pimentel- PMDB; Moza­rildo Cavalcanti - PFL; Mussa Demes - PFL;Myrian Portella- PDS; Nabor Júnior - PMDB;Naphtali Alves de Souza - PMDB; NelsonAguiar- PDT; NelsonCarneiro- PMDB; Nelson.Jobím- PMDB; Nelson Sabrá - PFL; Nelson Seixas- PDT; Nelson Wedekin- PMDB; Nelton Frie-drich - PMDB; Ney Maranhão - PMB; NilsonGibson- PMDB; Noelde Carvalho- PDT; NyderBarbosa - PMDB; OctávioElísio - ; OlavoPi­res - PMDB; Olívio Dutra - PT;Onofre Corrêa- PMDB; OrlandoPacheco - PFL; Oscar Corrêa- PFL; Osmir Uma - PMDB; Osmundo Rebou-ças - PMDB; Osvaldo Bender - PDS;OsvaldoCoelho - PFL; Ottomar Pinto - PTB; Paes deAndrade - PMDB; Paes Landim - PFL; PauloDelgado - PT; Paulo Macarini - PMDB; PauloMincarone - PMDB; Paulo Paim - PT; PauloPimentel- PFL; Paulo Ramos - PMDB; PauloRoberto - PMDB; Paulo Silva- PMDB; PedroCanedo - PFL; Pimenta da Veiga - ; PlínioArrudaSampaio - PT; Plínio Martins - PMDB;Pompeu de Sousa - ; Rachid Saldanha Derzi- PMDB; RaimundoUra - PMDB; RaquelCapi­beribe ..:.- PSB;Renato Vianna':""" PMDB; RitaCa­mata - PMDB; RobertoAugusto.,..... PTB; RobertoBalestra,-; PDC;Roberto Campos - PDS; Ro­berto D'Avila - PDT; RobertoFreire- PCB; Ro­berto Jefferson - PTB; Roberto Rollemberg ­PMDB; Roberto Torres - PTB; Roberto Vital ­PMDB: RodriguesPalma- PTB; RonaldoAragão

- PMDB; Ronaldo Carvalho - PMDB; RonanTito - PMDB; Rosa Prata - PMDB; Rose deFreitas - PMDB; Rubem Branquinho - PMDB;Ruberval Pilotto - PDS; Ruy Nedel - PMDB;Salatiel Carvalho - PFL; Sandra Cavalcanti ­PFL; Saulo Queiroz - PFL; Sérgio Spada ­PMDB; SérgioWerneck- PMDB; SeveroGomes- PMDB; Sigmaringa Seixas - PMDB; SílvioAbreu- PMDB; SiqueiraCampos - PDC; SólonBorgesdos Reis-PTB; StélioDias-PFL; TadeuFrança - PDT; Teotônio Vilela Filho - PMDB;Ubiratan Aguiar - PMDB; Ubiratan Spinelli ­PDS; Ulysses Guimarães - PMDB; Valmir Cam­peio - PFL; Valter Pereira- PMDB; VascoAlves- PMDB; Vicente Bego - PMDB; Victor Faccioni- PDS; Victor Fontana - PFL; VIlson Souza -PMDB; Vingt Rosado- PMDB; Virgildásio de Se­nna - PMDB; Virgílio Galassi- PDS; Vrtor Buaiz- PT;Vivaldo Barbosa - PDT; Vladimir Palmeira- PT; Waldec Ornélas - PFL; Waldyr Pugliesi- PMDB; Walmorde Luca- PMDB; Wilma Maia- PDS;Ziza Valadares -

I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (cIorge Arbage) - Alista de presença registra o comparecimento de333'Senhores Constituintes.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus e em nome do povo

brasileiro, iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da

sessão anterior.

11 - LEITURA DE ATA

O SR. MÁRIo MAIA, 2c-Secretário, procedeà leitura da ata da sessão antecedente, a qualé, sem observações, assinada.

O SR. PRESIDENTE(Jorge Arbage)- Pas­sa-se à leiturado expediente.

O SR. MARCELO CORDEIRO, 1°-Secretá­rio,procede à leiturado seguinte

III - EXPEDIENTE

CÂMARA DOS DEPUTADOSDepartamemodeP~soal

PARLAMENTARES QUERECEBERAMFALTAS NAS VOTAÇÕES DA

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONsmUINTEAto da Mesa n° 23/88

AbrilMário Bouchardet - 4 faltas

MaioAdhemar de Barros Filho- 8 faltasAloisio Vasconcelos- 8 faltasCaio Pompeu - 7 faltasCarlosVinagre - 8 faltasCleonâncioFonseca - 8 faltasDelfim Netto- 7 faltasErvinBoIikoski - 7.faltasFausto Fernandes - 12 faltasFelipeCheidde - 14 faltasFernando Gomes - 8 faltasFlávio Rocha - 7 faltas

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11158 Sexta-feira 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1938

Francisco Coelho - 7 faltasFrancisco Dornelles - 7 faltasGeraldo Melo - 9 faltasGerson Marcondes - 8 faltasJacy Scenagatta - 8 faltasJoaci Góes - 7 faltasJoão Carlos Bacelar - 7 faltasJoão Cunha - 7 faltasJosé Freire -7 faltasJosé Serra - 7 faltasLuiz Viana Neto - 8 faltasMário Bouchardet - 14 faltasMattos Leão - 7 faltasMélli Rosenmann - 8 faltasNoel de Carvallho - 7 faltasRita Furtado -ã faltasRoberto Balestra - 8 faltasVieira da Silva- 7 faltas.Seção de Registro Parlamentar, 9-6-88. - Jor.

ga O@!~i:BIi1l 01@/J Anjos, Diretor do Departamentode Pessoal.

O §Ro PRESIDENTE (Jorge Arbage) - APresidência anuncia a evidente falta de quorumem plerrsrio para que se dê cumprimento ao art.39 do Regimento Interno. Nestas condições, combase no § 2° do art. 39 do nosso Regimento,aPresídêncía vai optar pela decisão de concedera palavra ao Constituinte que dela quiser fazeruso.

Concedo a palavra ao nobre Constituinte Adyl­semMoM.

o 8l~o ADYLSON MOlTA (PDS - RS) ­Sr. Presidente, SI:'" e Srs. Constituintes, acaba devoltar dos Estados Unidos, cumprindo um carnêde viagem aprovado por esta Casa, contra meuvoto, felizmente, o Sr. Presidente da República,viagem não digo a mais onerosa realizada, maspara fazer o discurso mais caro que este Paísjá teve. O Sr. Presidente da República foi a NovaIorque, acoi1JP~nhado de uma comitiva que lotoudois aviões, partícípar de uma sessão da ONU,embora para falar sobre um tema que a todosinteressa: a paz mundial. Mas esqueceu-se S. Ex',e os jornaís noticiam o fato, de que o Brasil setem vangloriado de ser o sexto exportador de ar­mas do mundo. inclusive para países em guerra,o que lhe rendeu 2 bilhões de dólares. Na pautadas exportações, para adquirir divisas e~emas,

o material bélico tem sido um dos itens Impor­tantes.

Preocupo-me, entretanto, com o que os jornaiscomeçam a noticiar. E, no momento em que vejoalguém que viajava para o exterior ser preso noaeroporto porque levava uma quantia de dólaressuperior àquela que a lei estabelece, quero enca­minhar um pedido de lnformações ao Poder Exe­cutivo, vazado nos seguintes termos:

Excelemíssímo Senhor Presidente da As­sembleía Nacional Constituinte

Nos termos do que dispõe o art. 62, itemIV combinado com o seu § 5°, da Resoluçãon: 2, de 1987, requeiro a Vossa Excelênciasolicitar ao Ministro-Chefe do Gabinete Civilda Presidência da República informações ofi­ciais que es.dareçam à Assembléia NacionalConstituinte e ao requerente qual o montantegasto pelo Exrrr Sr. Presidente da Repúblicae sua comitiva, em sua recente viagem aosEUA,bem como quais foram as pessoas que

a integraram, incluindo-se a segurança pes­soal, esquadrão precursor e qualquer tipo deconvidados inclusive a tripulação da aero­nave.

A preocupação do requerente é saber seos ilustres integrantes da comitiva presiden­cial cumpriram, rigorosamente, o que prevêo paráqrafo único do artigo 22 da Lei n°7.492'; de 16 de junho de 1986, para o quetambém deve o Banco Central do Brasil por­menorizar, para cada um deles, a quantidadede dólares liberada.

Da mesma forma, diante de noticiário di­vulgado pela Folha de S. Paulo, p. A-7 eJornal do BrasO, p. 8, de hoje, de que aReceita Federal procederia à inspeção da ba­gagem transportada pelos dois aviões, paraverificar a possível existência de objetos ele­trônicos, inclusive equipamentos de compu­tação, e para que não paire qualquer dúvidaou insinuação sobre a austeridade apregoadapelo Governo, quer o requerente conhecero inteiro teor do relatório dessa verificaçãofiscal, bem como informações que possamnulificar a denúncia de que as máquinas ad­quiridas à CityServices não foram enviadasIlegalmente para o Brasil, em desconformí­dade com a Lei de Reserva de Mercado deInformática, tão debatida e discutida nestePlenário.

Sala das Sessões, 9 de junho de 1988.- Constituinte Adylson Motta

Sr. Presidente, o assunto é mais sério do queaparentemente se apresenta. Acredito que temosque iniciar uma etapa de moralização neste País,e o Governo tem a responsabilidade de dar osprimeiros exemplos. Não é com esse tipo de con­duta - se isso for confirmado - que haveremosde transformar o Brasil num país Sério.

Muito obrigado. (Palmas.)

AJYEXOSAO DISCURSO DO ORADOR:

1c caderno quinta-feira, 9-6-88

Jornal do BrasilDENÚNCIA DE REPÓRTER

IRRITA O PRESIDENTE

No último dia da visita do presidente brasileiroaos Estados Unidos, a denúncia de excessos co­metidos por membros da comitiva oficial deixouSarney irritado com a imprensa.

Na entrevista coletiva que deu às 8h30min, umadas primeiras perguntas foi feita pela jovem jorna­lista Renata Loprete, da Folha de S. Paulo. "On­tem, vimos vários computadores chegarem paraser entregues em quartos de integrantes de suacomitiva. Esses computadores viajarão no aviãopresidencial e a entrada deles no Brasil é ilegal.Que tem a dizer sobre isso?", perguntou a jorna­lista.

A face do presidente transformou-se e sua res­posta traiu sua irritação: "O que eu tenho a dizeré que vou passar para a próxima pergunta".

A saída, o porta-voz presídencíal Carlos Henri­que, dirigiu-se a Loprete e disse que a perguntanão merecera resposta porque era leviana e forafeita em termos impróprios para uma entrevistacom o chefe da nação. Mas vários correspon­dentes brasileiros nos Estados Unidos interferi­ram, dizendo que a pergunta era legítima e, se

Carlos Henrique não arranjasse uma mais ade­quada, não estaria servindo bem ao presidente.

Não demorou para que o porta-voz voltassedo 14° andar do Hotel Intercontinental, onde foiinstalado o centro de coordenação da visita, comuma nota oficial, cujas cópias distribuiu fartamen­te. Na nota por ele assinada, Carlos Hennque dis­se: "Esta secretaria de imprensa considera a de­núncia infundada. Nenhum dos membros da de­legação adquiriu computadores durante sua per­manência em Nova Iorque. O único computadorposto à disposição do escritório de apoio da dele­gação, é de uso da missão permanente do Brasiljunto à ONU e já foi devolvido".

Para o embaraço de Carlos Henrique, a notanão refletia os fatos. Tanto assim que o porta-vozfoi convidado a caminhar até a porta dos fundosdo hotel, onde a bagagem da comitiva estavasendo carregada num caminhão. Entre as malas,havia várias caixas novas, e ainda cobertas decelofone, contendo computadores pessoais devárias marcas, de Wang a Toshíba e IBM.

Quando um repórter telefonou ao comandanteda Casa Militar, general Bayma Denis, para saberse ele permitiria que os computadores embar­cassem no avião da Força Aérea Brasileira quelevaria a comitiva de volta, a resposta foi: "Vocêsnão têm nenhum assunto melhor sobre o qualescrever?" Ele disse também que, diante da infor­mação do jornalista, iria averiguar.

Nas horas que passaram até as despedidas,.a maior parte dos membros da comitiva presi­dencial adotou uma posição mais distante emrelação aos jornalistas que tinham feito comen­tários sobre o contrabando de computadores.

Grande parte das máquinas foi comprada daempresa CityServices, de propriedade de um ex­funcionário do consulado brasileiro em Nova Ior­que, que os entregou na sala 1.426 do Intercon­tinental, onde funcionava a coordenação da comi­tiva. (R.G.)

Folha de S. Paulo Quinta-feira, 9 de junho de1988 - POÚTICA- A-7

SARNEYSE RECUSAA RESPONDERSOBRE COMPRA DE MICRO

Esta é a íntegra danota da Presidência

Esta é a integra da nota distribuída em NovaIorque pela Secretaria da Imprensa da Presídên­cia da República:

Na entrevista concedida pelo presidente da Re­pública à imprensa brasileira na manhã de hoje,em Nova Iorque, a representante da Folha ~a

S. Paulo denunciou a compra de computadorespor membros da delegação presidencial:

Esta Secretaria de Imprensa tem a informarque a denúncia é infundada. Nenhum dos mem­bros da delegação adquiriu computadores du­rante sua permanência em Nova Iorque.

O único computador posto à disposição doescritório de apoio da delegação é, de uso ~~missão permanente do Brasil junto a ONU e ja

foi devolvido.Em 8 de junho de 1988 - Carlos Henrique

Santos.

De Nova IorqueNa entrevista coletiva realizada ontem no hotel

em que ficou hospedade em Nova Iorque, o pre-

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Junho de E'8E1 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sexta-feira 10 11159

sic.e!1teJose ::.rr~2:"/ ~-;ê ~ ç(USOU a '"'esponder umapergunte IlÓltõ p",l,:! FtJfha sobre um microcom­putador qUE jornahsrae Viram ser traiído ao Inter­continental rVí ü:.rdé de terçc-feira para ser entre­gue fi seu comprador, de acordo com a pessoaresponsavel J:dü urnsporte da encomenda, nasuite 1426,lociJ!Íze<dw no Í-l endsr, ocupado pelacomitiva que ecornpanhcu o presidente na visitaaos EUA Como um rnlcrocomputador não pode­na ser legalrne'ne b'l<lCO pera ; Bresfl, foi pergun­tado o que (I presiderne tinha a dizer sobre oepisodio, "O que E;U tenho a dcer e que vou passarpara a proxí-na p<.rgl1ritô' afirmou Sarney.

Alguns jorna!i:;<:Js, ente eles a repórter da Fo­lha, VIU ne terça- feira um portador que entravano hotel carregar.ao um êpi'!Ielho de som a lasere um rmcrocornputador TroO',rJba 1200, um doslances de um movimentado trafêgo de sacolase caixas registrado durante os tres dias da visita.Entrevistad"O. o ;:JQr.dor d!s;" ;:;e chamar Elton- não quts dar a ultimo ncrne -, ser ex-funcio­naria do Consulado Branleiro em Nova Iorquee enralmente sacio dr empresa "City Services",especialcada na compra de aparelhos eletrônicospara bracilE<1ros que vem ::l Nova Iorque,

O plGçü do epareJho DE rem que carregavaera, sequndo ele, US;; 630, E; o da computadorUS~ 2.380, ['ISS\" que o microcomputador erapara um Integrante da comitiva brasileira, masnão quís ídennfícar o comprador.

Ha manhã de ornem, rrunutos antes do inícioda entrevista coleava, os jornalistas foram avisa­dos de que o presidente responderia um númerolírmtado dê p:ergt:nt:ls e que hzvena um sorteio,que ~2tõ.Ddcceu 0. St;gU!nlIS ordem para as per­guntas: Gazeta flerc3ntil. Cerreío Brnzilien­ce, Rede 0101>0, REd,,, r-lanchete, Folha, OE'Ji.::J1f) de a, Paulo, V';::j:l, Rtdio MetropolItanae O Gloho. Para nê.o desperdiçar tempo e veriespondidac pergunm:, que julgavam ímportan­tes. alguns correspondentes resolveram estabe­lecer de antemco o terna de suas perguntas ecoube d Fo"-fuú questêo -obre os computadores- nos três dias, ia! VEto mzns equipamento che­gando ao norel rlem do Toshiba 1200

Sarney não qub responder e a coletiva prosse­guiu norrnel.nente. í'lo rínal, o secretário de im­prensa, Carlos Henrique disse aos jornalistas queo presidente S<lmev não respondeu à questãopor ter Sido formulada de forma leviana, Meiahora mais tarde, distribuiu uma nota dizendo quehavia sido fGita uma "denuncie infundada" e queo ÚniCO computador utílt.ado pela Secretaria deImprensa era de lLSO da missão permanente doBrasil na ONU No final dê manhã, a Folha foiprocurada por um OUUO inú:egrante da Secretariade Imprensa, que pediu pcea não ler o nome reve­lado e afirmou ter sido chamado pouco antespelo presidente Samey, qUE; pediu a ele uma mves­tigação sobre o computador entregue no 14<an­dar. t, esta êJltt:ra, um caminhêo estacionado nosfundos do hotel começava a receber a bagagemda corrunva bri'l-::déIfâ para leva-Ia ate o aeroporto,(Renata I,o Frete)

o SR. flIL60fl GIBSOn (PMDB- PE. Pro­nuncra o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,SI"" e Sr;:;. Constítuíntes, trago a discussão o se·guinte assunto pera esclarecimentos:

Com respeno a anistia para Cabos e Marinhei·tos, munes pronunoementos tem sido feitos nes-

ta Assembléia, e vánas entrevistas com os repre­sentantes que buscam a anistia tornaram-se pú­blicas, através da imprensa, eivadas de exageros,Basicamente está faltando objetividade nessasanálises.

Em 1964, houve a preocupação da Marinhaem separar o pessoal que havia participado deatividades políticas, antes e logo após o movi­mento armado, daqueles que, antes do movimen­to armado, levados pelo clima de desordem queentãq campeava pelo País, cometeram atos demdisciplina, com maior ou menor gravidade.

A partir desta análise, Oficiais e Praças que tive­ram participação política nos acontecimentos deentão foram punidos com base no Ato Institu­cional nQ 1. Todos estão, hoje, anistiados.

Os demais foram objeto de um inquérito poli­cial militar e, consoante a maior ou menor gravi­dade de seus atos de indisciplina, foram expulsoscom base na Lei do Estatuto dos Mditares e colo­cados à disposição da Justiça Militarpara respon­derem por crime militar, como manda o CódigoPenal Militar; ou simplesmente licenciados, combase na Lei do Serviço Militar,

Hoje, pela imprensa e mesmo desta tribuna,se chama, generalizadamente, de cassados a es­ses homens que não o foram e, isto sim, à seme­lhança do que ainda ocorre em nossas ForçasArmadas - e ocorreu ao longo de todos esses24 anos - atentaram contra a hierarquia e adisciplina. Assemelhar a atos políticos essas faltasdisciplinares, pelo fato de haverem ocorrido em1964, é evidente exagero de raciocínio, pois queem nada diferem do que, rotineiramente, faz comque mais de 2 mil homens sejam, anualmente,excluídos da Marinha de Guerra,

Se aqueles que atualmente são apresentadoscomo vítimas pudessem mostrar o que lhes vaina memória, certamente veríamos jovens desa­justados ou, no mínimo, imaturos, participandode arruaças e atos típicos de mdiscíplínados.

Se fosse o caso, a Mannha sena, ela mesma,como mstituição permanente que zela, carinhosa­mente, pelos seus homens, a primeira a restabe­lecer a justiça. Se seu Ministro, o Almirante Henri­que Sabóia, é tão enfático em suas declaraçõescontra a extensão da anistia a esses homens, creioque nós, que nele reconhecemos caráter de ho­mem e dignidade de Chefe Militar,devemos levarem devida conta seus argumentos.

Oportunamente voltarei ao problema.

fi, SRA. DIRCE TUTU QUADROS (PTB­SP. Sem revisão da oradora.) - Exrrr'Sr, Presi­dente, Sr" e Srs. Constituintes, gostaria de co-as­sinar o requerimento do nobre Constituinte Adyl­son Motta, sobre o montante das despesas daviagem do Presidente José Sarney a Nova Iorquee a carga que os aviões presidenciais estão trazen­do de volta para o País,

Eu e o nobre Constituinte Paulo Delgado, doPT, autores de uma emenda, ao trazermos dadossobre toda a produção bélica para a Câmara, fo­mos vítimas de chacota nesta Casa, tachados deignorantes, por se tratar de indústria altamentelucrativa. Lucrativa por lucrativa, eu teria outrassugestões para o Brasil fazer dinheiro. Se tudoo que vale é dinheiro, temos, por exemplo, o con­trabando,

Sr. Presidente, leio parte do artIgo do nobrejomalista Jânio de Freitas, que diz o seguinte:

"Para que o desastre se desse na ONUbastava que alguém lembrasse a Sarney queo Brasil é hoje, em todo o mundo, o paísque mais investe no desenvolvimento da in­dústria de guerra, tanto a partir de incentivosproporcionados pelo Governo Sarney, comopor aplicação direta do Governo,

E, de quebra, poderiam ter feito um apeloao Presidente para que retirasse ao Brasilo papel de fomentador de guerra, que cum­pre como fornecedor de armas para a lutaestúpida entre Irá e Iraque." .

Gostaria também de me manifestar dizendo­como diz a sabedoria popular: o uso do cachimboé que deixa a boca torta, - que por isso nãome surpreende a posição lamentável do Presí­dente José Sarney, trazida a público durante suaviagem a Nova lork, de que considera as eleiçõesno Distrito Federal inoportunas e que devem seradiadas para o ano que vem,

Representante do povo de Sáo Paulo, mas bra­siliense de coração, tendo visto esta Cidade seerguer da teimosia de JK e das mãos calosasdos candangos, essa raça extraordinária formadapor brasileiros de Minas Gerais, São Paulo, Bahia,Goiás, Pernambuco, Piauí, de todos os rinçõesdo nosso território, não me posso calar dianteda situação caótica da capital da República,

Encareço aos colegas, a todos os que forameleitos pelos votos conscientes de nossos patrí­cios, para que não cassemos o direito sagradode votar do povo desta cidade, que nos abrigae acolhe com tanto carinho e consideração, Gos­taria também de aproveitar a oportunidade paraler um telex que enviei ao Jornal do Brasil, queme acusou de haver corrompido meu voto comrelação ao Triângulo, em troca de queijos e doces.Quanto aos doces, eu, como mulher, sou vítimade regime e os consumo muito pouco,

Nunca processei jornalistas, mas muito meagradaria enfrentar esse "elefante branco" da im­prensa nacional, demonstrando que mesmo umamulher indefesa, mãe e avó, representante do bra­vo povo paulista, sem maiores recursos, pode tera coragem suficiente de quebrar esse tabu daintocabilidade da chamada grande imprensa,

Se o Jornal do Brasil quer briga, se desejacontinuar caluniando-me, já que não pode ter in­dependência para noticiar o caos em que o Paísse encontra atolado e, por isso mesmo, toma-seum órgão especializado em mexericos e ironiasde gosto duvidoso, eu aceito o desafio.

Aproveito para enfrentar os caluniadores agora,antes que o mencionado jornal cerre suas portas,sucumbindo debaixo de sua imensa dívida.

Aproveito para transcrever nos Anais da Assem­bléia Nacional Constituinte o telex que enviei aojornalista Marcos de Sá Correa, editor do meneio­nadojomal:

Jornalista Marcos de Sá CorreaJornal do BrasilRio de Janeiro - RJ

Data:8-6-88

"Senhor editor,Quem tem adotado as posições claras co­

mo as quefldotei em minha atuação na cons­tituinte, com certeza, não votaria ou deixaria

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11160 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

de votar nada em função de doces ou queijos,como afirma o JB de hoje ao noticiar meuvoto em favor do Estado do Triângulo. Vota­rei pelo alto desenvolvimento daquela região;pela ausência de maior identidade entreaquela população progressista e as velhase arcaicas oligarquias que dominam o restan­te de Minas Gerais; por acreditar que é menosum a importante parcela do grande estadoque se submeterá ao desgoverno do senhorNewton Cardoso; entre outros motivos."

Quanto mais puder tirar do Governador New­ton Cardoso, eu tiro,

"Nunca aceitei mordomias de qualquer ti­po. Nunca viajei às custas de quem quer queseja. Não aceito convites para "Bocas-Livres"ou convescotes pagos com o dinheiro tiradodo bolso raso de nosso povo. Não tenho ohábito de mudar de lado. Minhas mudanças,poucas é verdade, decorrem de análises ereflexões a que me imponho quando me de­fronto com problemas políticos graves. Mudomenos, por exemplo, do que o Jornal doBrasil já mudou, quando, em passado nãomuito remoto, apoiou o Sr. Paulo Maluf, nachamada "Fase Malufista" sob a batuta dojornalista J. B. Lemos. Lembram-se? Quantoaos doces e queijos, que nunca recebi, osenviarei à Av. Brasil N° 500, se chegaremao meu gabinete ou a minha casa, Em maté­ria de suborno, creiam-me, sou a pessoa me­nos indicada para falar-lhes. Espero que nãome neguem o direito de resposta. DeputadaFederal Dirce Tutu Quadros (PTB - SP)."

Muito Obrigado.

I O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT - SP. Semt revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI"" e Srs.. Constituintes, antes de abordar o assunto que mef traz à tribuna, não poderia deixar de contestar

o pronunciamento do porta-voz das Forças Arma­das, o nobre Constituinte NIlson Gibson, que seposiciona contrário à anistia.

Ora, Sr. Presidente, em primeiro lugar, o nobreConstituinte Nilson Gibson confunde o problemapolítico da anistia com a questão de atos adminis­trativos. E essa confusão chegou a ponto tal queS. Ex" disse que esses atos administrativos aconte­ceram em decorrência da Revolução de 1964,quando, na verdade, eles ocorreram anteriormen­te.

Em segundo lugar, tentando descaracterizar oproblema político da anistia, S. Ex" citou uma cifraalarmante. Disse que na Marinha de Guerra há2 rml dispensas anuais por atos de indisciplina.Não estamos aqui discutindo anistia para indisci­plinados, em geral, mas para aqueles que forampunidos por motivos políticos, com base em atosadministrativos. Este é o problema. Essas puni­ções se deram por motIvos políticos, e usaramcomo meio, como instrumento, o ato adminis­trativo.

Além do mais, Sr. Presidente, o problema daanistia é uma questão crucial, do ponto de vistademocrático, para esta Assembléia NacionalConstituinte.

Tendo dito que, mesmo que seja apenas uma,e somente uma pessoa, se for deixada fora daanistia, o caráter democrático da Constituição es­tará definitivamente maculado, pois não se pode

promulgar uma Constituição democrática legiti­mando a discriminação e a exclusão de algumaspessoas. Por outro lado, Sr. Presidente, sabemosque o ponto principal reside na questão dos mari­nheiros, que são, do contingente dos militarescassados, aqueles que vivem em situação maisdifícil, porque, além do problema político, sofremdrscrimínação, pela natureza política do movi­mento e por sua situação social. Portanto, Sr. Pre­sidente, essa questão da anistia diz respeito a umproblema essencial. Vou mais longe: ela toca asoberania da Assembléia Nacional Constituinte.

Não vou apenas discutir que a tutela militarestá legitimada no texto constitucional, quandotrata do papel das Forças Armadas.

Ao tratar de outros assuntos essa tutela militarse faz presente em certos dispositivos. E aqui oporta-voz do Forte Apache - S. Ex" está-me di­zendo que é da Marinha - o nobre ConstituinteNilson Gibson, configura e legitima essa tutelamilitar através de posição contrária a dispositivo,que diz respeito a um critério elementar da liber­dade democrática.

Outra questão, Sr. Presidente: queremos mani­festar nossa solidanedade aos professores deduas universidades brasileiras que estão em gre­ve, em luta, sofrendo persequrção, corte de salá­rios e ameaças de toda ordem. Refiro-e à Univer­sidade Estadual de Feira de Santana e à Univer­sidade Estadual de Londrina e Maringá.

Ao expressar essa solidariedade, que é apenasum detalhe diante da crise geral porque passaa universidade brasileira, queremos também as­sumir compromisso com as reivindicações dosprofessores e da comunidade universitária bra­sileira.

Muito obrigado.

O SR. ERALDO TRINDADE (PFL - PA.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI""e Srs. Constituintes, continuamos a discutir nesteplenário assuntos ligados às Disposições Transi­tórias. Há temas polêmicos entre os quais enume­raria: anistia ampla e irrestnta, demarcação dasterras indígenas, redivisão territorial e anistia àsmicroempresas.

Mas o assunto que trago hoje, Sr Presidente,está diretamente ligado aos aposentados. O art.23 das Disposições Transitórias diz em seu textoque "aos segurados da Previdência Social Urbana,quanto aos benefícios previstos na Lei n° 3.807,de 26 de agosto de 1960 e Iegislação subseqüen­te, e aos segurados da Previdência Social Rural,quanto à Lei Complementar n° 11, de 25 de maiode 1971, com as alterações contidas na Lei Com­plementar n° 16, de 30 de outubro de 1973, queé assegurado reciprocamente o cômputo do tem­po de serviço prestado na condição de trabalha­dor rural e urbano".

Sr. Presidente, apresentamos destaque pelamanutenção desse texto, que recebeu o número1.204, e sobre o qual passo a fazer um brevecomentário.

A Lei n° 3 807/60 dispõe sobre a Lei Orgânicada Previdência Social.

"Art. 3° - São excluídos do regime destalei:

1-Os servidores civis e militares da União,dos Estados, dos Municípios e 'Territórios,que estiverem sujeitos a regime próprio deprevidência.

11 - Os trabalhadores rurais, assim enten­didos os que cultivam a terra, e os empre­gados domésticos, salvo, quanto a estes, odisposto no art. 166."

Sr. Presidente, a Lei Complementar n° 5.890,de 1973, ainda relacionada com o texto. do art.23 das Disposições Transitórias, diz:

"Altera a legislação da Previdência Sociale dá outras providências:

Art. 3° .

II- Os trabalhadores rurais, assim defini­dos na forma da legislação própria.

Cômputo do tempo de serviço prestadona condição de trabalhador urbano e rural.

Para o trabalhador urbano - a Lei Orgâ­nica da Previdência Social e a legislação sub­seqüente dispõem sobre os benefícios auférí­dos pelos trabalhadores urbanos.

Para o trabalhador rural - a Lei Comple­mentar rr 11n1 institui o Programa de Assis­tência ao Trabalhador Rural."

Na realidade, Sr. Presidente, queremos a manu­tenção deste texto, volto a dizer, relacionado como art. 23 das Disposições Transitórias, pelo fatode que ele caracteriza nada mais, nada menosdo que a justiça social.

Entendemos que a Assembléia Nacional Cons­tituinte deve dar aos aposentados o direito devidoa essa classe que há bastante tempo vem barga­nhando, de forma justa, maiores atenções nãoapenas por parte do Governo Federal, mas funda­mentalmente por parte da Assembléia NacionalConstituinte.

Muito obrigado.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT - RJ.Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, SI'"e Srs. Constituintes, no último final de semana,estabeleci um plano de atividades que me levoua Natal, onde, convidada pela fundação DinarteMariz, pude, proferir palestra a respeito do tema"Mulher Negra no Partido dos Trabalhadores",comprometida que estou com a luta sobre a ques­tào racial no País.

Tive uma recepção acolhedora por parte dosvários segmentos sociais daquele Estado e tam­bém dos grupos presentes àquela manifestação.No dia seguinte, pela manhã fui para o Estadoda Paraíba, onde em João Pessoa, tive oportu­nidade de discutir a questão racial e o direito dostrabalhadores na Assembléia Nacional Constituin­te. Também tive a honra de participar de umareunião com o professorado paraibano, em grevehá mais de cinqüenta dias, cujos salários se con­fundem com os das empregadas domésticas Asituação é grave. Os trabalhadores, conforme pu­de verificar através dos contra cheques, têm per­cebido nada mais, nada menos do que quatroa cinco mil cruzados mensais. O Governo daqueleEstado tem-se mostrado radicalmente contra ointeresse dos trabalhadores, que não reivindicampura e simplesmente melhores salários, mas me­lhores condições de trabalho. Há escolas necessi­tando de reformas; mais de trezentos estabeleci­mentos de ensino até agora não começaram suasatividades escolares. É o caos total. Como Consti­tuinte, portanto, ali pude travar um grande debate

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Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NAOONALCONS1IT(JJNTE Sexta-feira 10 11161

-a respeito da situação do professorado e da ques­tão da educação da Assembléia Nacional Cons­tituinte.

Logo após, tive oportunidade de visitar o Muni­cípio Guarabira, no mesmo Estado, onde, paraminha surpresa, houve uma manifestação das tra­balhadoras rurais, dos trabalhadores sem-terra,das lavadeiras, das empregadas domésticas, queforam ao chamado Movimento das Mulheres doBrejo. Esse movimento havia acionado a popu­lação daquela cidade, juntamente com o Partidodos Trabalhadores, para, juntos, solicitarem à Câ­mara Municipal de Vereadores permissão paraa realização de um encontro, no qual, eu fariauma palestra relacionada aos temas que, de íme­cliato,interessavam àquela comunidade.

Nó exercício da função de Deputada Consti­tuinte, pude observar que existiam panfletos, fai­xas, e outras coisas; apenas não tínhamos a Câ­mara Municipal de Guarabira aberta para a repre­sentante do Partido dos Trabalhadores na Assem­bléia Nacional Constituinte. Fomos impedidos,oãcíaímente, pelos vereadores à Câmara Muni­cipal de Guarabira, de realizar aquele encontro.

Sr. Presidente, quero registrar o protesto doPartido dos Trabalhadores, que tem referência,que está identificado com a luta dos trabalha­dores, que não tem limitadas as suas ações ape­nas na-sua presença no Plenário da Constituinte,mas se faz também porta-voz do povo junto aoqual tem prestado contas. É um partido legal,e foiírnpedido, oficialmente, sem maiores consi­derações, juntamente com outros grupos sociais,de ali cliscutir a questão do trabalhador.

Quero fazer este registro, pedindo o apoio totalda bancada paraibana nesta Casa, a fim de quetome providências junto às autoridades compe­tentes, no sentido de evitar essas situações, bemcomo para que empreste sua solidariedade aoprofessorado e às empregaClas domésticas, espe­cialmente as de Campina Grande, com as quaistive oportunidade de estar junto no seu '80 Encon­tro. Quero também enviar moção de repúclio àCâmara Municipal de,Guarabira, na Paraiba, con­tra a atitude desrespeitosa e a forma autorítáríacom que foi negado o espaço para a minha falajunto àquela comunidade.

Eis o meu repúclio e registro, para o fato cha­mando a atenção da bancada paraibana na As­sembléia Nacional Constituinte. (Palmas.)

o SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'"e Srs. Deputados, nos próximos dias a AssembléiaNacional Constituinte deverá decidir a questãoda anistia para as microempresas e para o peque­no produtor rural, referente aos empréstimos fei­tos durante a vigência do Plano Cruzado. Notamosque existe resistência por parte do Govemo emaceitar que esta anistia seja conceclida, se bemque o trabalhador rural pouco será beneficiadocom a aprovação da emenda de fusão de autoriade vários Constituintes, porque, ano passado, jáhouve anistia para os pequenos produtores ruraisque haviam contraído empréstimos durante o PIa­no Cruzado. Agora, vem beneficiar grandementeà micro e à pequena empresas.

Tenho conhecimento de que pequenas e mi­croempresas fizeram empréstimos no valor de40 mil cruzados, ao tempo do Plano Cruzado,e ho,k! estão devendo 600 mil cruzados. E~

dívidas já foram roladas, houve perdão de 50%do seu valor. Elas seriam pagas no prazo de 180clias, e depois foram diviclidasem 36 prestações.O que gostaria de ver conceclido ao produtor rural,principalmente do meu Estado, o Rio Grande doSul, é anistia para correção dos empréstimos paraa presente safra sobre o custeio da lavoura daúltima safra, devido à grande estiagem que seferificou no Estado.

Faço votos de que os Srs. Constituintes votempela anistia, o que virá legalizar um fato declaradoinconstitucional. Prova disso é que também todasas empresas que encerram seus balanços apóso Plano Cruzado verificaram que sobre o Impostode Renda incicliua correção monetária. Isto signi­ficou uma verdadeira sangria para esses empre­sários, porque na verdade eles não haviam obtidoresultados suficientes para pagar a correção mon­tetária sobre os lucros auferidos durante o PlanoCruzado.

A maioria desses empresários recorreu à Jus­tiça contra a cobrança dos débitos com correçãomonetária, agora declarada inconstitucional, e porisso a estão recebendo de volta, está sendo resti­tuída toda a correção monetária que íncídíu sobre,seus débitos durante o Plano Cruzado, uma vezque é inconstitucional.

Portanto, nada mais justo do que aprovarmosa emenda nas Disposições Transitórias. Tenhocerteza de que os Srs. Constituintes"haverão decompreender a necessidade dessa aprovação, afim de evitarmos que toda essa gente tenha querecorrer à Justiça, porque de fato e de direitonão precisam fazê-lo.Mas,se o fizerem, sem dúvi­da haverão de ganhar a questão.

O SR.MARIoMAIA (PDT-AC. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente: SI"" e Srs. Consti­tuintes, faz muitos anos - não me lembro maisquantos'- um pequeno avião levantara vôo dacidade do Rio de Janeiro ~pousara em uma dascidades do Estado de São Paulo, levando em seubojo correspondência que representava, àquelaépoca, as saudades dos corações ausentes, da­quelés que, saídos do interior, habitavam, então,a Capital da República.

Estas minhas palavras, Sr. Presidente, I\ão re­gistram datas marcadas, porque confesso nestemomento que não consultei qualquer alfarrábioda História para localizar no tempo esse ato debravura das nossas Forças Armadas. Àquela épo­ca era inaugurado o Correio Aéreo Nacional ­o CANque tantos serviços prestou e tem prestadoà Nação brasileira, criado pelo Brigadeiro Eduar­do Gomes. Daquela época até nossos clias, asaves metálicas têm cruzado os cêús do Brasile levado a todos os recantos de nossa Pátria,nos momentos mais cruciais da vida de nossaspopulações, um lenitivo,uma esperança, uma pa­lavra de conforto, com o transporte da correspon­dência de nossos familiares.. Essa 'instituição, criada na Força Aérea Brasi­leira, denominada Correio Aéreo Nacional, temimensos serviços prestados ao Brasil. Particular­mente, a Amazônia deve a esses bravos brasileirosdo CAN inúmeros serviços, especialmente'nossoEstado, o Acre, encravado na parte mais ocidentalda Amazônia sem fim, onde recebemos, inúmerasvezes, o apoio das asas do Correio Aéreo Nacional.

Recém-formado, jovem médico do interior,prestando s~rvi~snas pequenas cidades do inte-

rior do então Território do Acre, onde àquela épo­ca não havia méclicos -SenaMadureira, Cruzeirodo Sul, Brasiléia, Xapuri - ainda no vigor da ju-:ventude, no viço da mocidade, utilizávamos asasas do Correio Aéreo Nacional para nos trans-'portar àquelas cidades e prestar assistência aosnossos irmãos dos rios e barrancos da florestaAmazônia. E era então, os célebres Catalinas eos Douglas C-47, pilotados, por nossos bravospilotos da Força Aérea Nacional, que transpor­tavam os méclicos, junto com seus pacientes, deuma cidade para outra, do interior para a capital,para que nossos irmãos brasileiros pudessem re­ceber amparo e assistência médica melhores.

Assim, Sr. Presidente, neste momento, registra­mos.a passagem de mais um aniversário do Cor­reio Aéreo Nacional, saudando a nossa Força Aé­rea e os bravos pilotos civis e militares que, àquelaépoca, ajudaram a desbravar a Amazônia e conti­nuam, hoje, cOm seu trabalho-fecundo e incan­sável a nos ajudar e a dilatar as fronteiras sociaisdo País, integrando a grande Região Norte aorestante de nossa Pátria.

0uito obrigado, Sr. Presidente e. Srs, Consti­tuintes.

O SR. FARABULINI JúNIOR (PTB - SP.Sem revisão do orador.) - Sr.•Presidente, SI""e Srs. Constituintes, já nas Díposlçôes Transitóriasexistem alguns problemas que devem ser cliscu­tidos agora, para que os Deputados Constituintescom àssento à mesa das Lideranças e os que,mesmo não estando presentes nesta hora, se en­contram em seus gabinetes de trabalho deles t0­mem conhecimento.

Há pontos que estão recebendo críticas infun­dadas e injustas. Refiro-me, Sr. Presidente, ao prolblema: da segurança, indubitavelmente o bemmaior da família brasileira. Nesta Casa, tenho luta­do..e apresentado projetos, inclusive relativos àpena capital. Igualmente tenho exigido a prisãoperpétua de criminosos e feito outros encaminha­mentos, objetivando o endurecimento da lei pe­nai. Também justifiquei nesta tribuna parlamentarque o delegado de polícia, o promotor públicoe o juiz formam o tripé em tomo do qual gravitagrande parte dos problemas que afligem a sacie­dade, Entretanto, esse tripé pode falhar na suaestrutura e nas funções que cada qual deve exer­citar.

Finalmente, ressalto um assunto sobre o CJ!.IaInão gosto de me pronunciar desta tribuna. E arespeito de numerário, de vencimentos, de pecú­nia. Não posso deixar de sustentar que a boaação desse tripé é fundamental para que a socie­dade seja defenclida contra bandidos, saques, es­tupros e contra tudo aquilo que constitui a grandenódoa na comunidade brasileira. Ora, o delegadode polícia, que preside ao inquérito policial, enca­minha a investigação criminal, persegue os crimi­nosos e arrisca a própria vida, a serviço da socie­dade, não pode deixar de ser tratado na Consti­tuinte com a dignidade de que se faz merecedor.Aqui se tratou muito bem do promotor públicoe do magistrado. Parabéns, pois, aos Constituin­tes. Mas não podemos concluir os trabalhos daAssembléia Nacional Constituinte sem dar ao de­legado de polícia o seu lugar de direito.

Sr. Presidente, Srs. Constituintes, vejam a aca­chapante situação dos delegados de polícia doPiauí, A1a~oas, Paraiba ~.Mé1!~ão.E,.neste mo-

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11162 Sexta-feira 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NAOONAL CONsmUINTE Junho de 1988

mento, invoco a palavra dos ilustres represen­tantes do povo dessa região. Vejam também ocaso de São Paulo, de onde venho, Estado queconheço a palmo - e sei do trabalho dos seusdelegados de polícia, mais do que o dos promo­tores. Valecitar aínda RioGrande do Sul, Pemam­buco e Santa Catarina. Invoco mais uma vez apalavra dos representantes desses Estados, paraque digam se os delegados de polícia são bemtratados. Já não ocorre o mesmo com os da Ba­hia, Amapá, Minas Gerais, Goiás,'Rondônia e Dis­trito Federal, onde os delegados de polícia ga­nham tanto quanto os promotores públicos. Ago­ra, o que não quero e não vou aceitar é que sediga nos bastidores, nas reuniões de lideranças,que o texto do "Centrão" constitui um "trem daalegria" porque defende os interesses dos delega­dos de polícia. Não há "trem da alegria" aí. Nãohá criação de cargos. -Não há benesses. Aí sepostula justiça. Dizer que quando o delegado depolícia tiver exercido dez anos de serviço efetivona sua carreira receberá os mesmos vencimentosque o promotor público será que querem registrarque haverá "trem da alegria"? Isto constitui algu­ma aleivosia? Não, absolutamente. Ora, éií se fazmesmo justiça pela metade, porque o delegadode políciadeveria receber o mesmo que o promo-tor público desde oínícío da carreifa. ,

Em São Paulo um delegado de polícia recebe,como inicial, 70 mil cruzados, enquanto o promo­tor público recebe 180 milcruzados. Se os Consti­tuintes pretenderem segurança pública, à altura,fixando miseráveis salários para - aqueles quedefedem a sociedade, esta Assembléia NacionalConstituinte estará errando. E não vamos permitirque haja erro sem o nosso protesto. (Muitobem!)

'O~. ROY NEDEL (PMDB - RS. Sem revi­são do õrildor.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­1IJintes, todos os dias os meios de comunicação,ém especial os jomais do Sul do País,têm relatado9" número de mortes Por causa do frio: mortes'fie crianças, adultos e' idosos; mortes causadaspelo próprio frio, por doenças respiratória, por-irttoxicação em gás carbônico exalado pelos bra­,seíros acesos dentro dos ranchos.

Sr. Presidente, Srs. Constituintes, no Sul do Paísé necessário que o plano habitacional seja maior,mais efetivoe emergencial, por que o plano habi­tacíonal ~eja maior, mais efetiVo e emergencial,por que lá o frio efetivamente mata.

O RioGrande do Sul tem hoje muito mais fave­lados do que o Nordeste, em percentual ou emquantidade. É um fato concreto, e devem ser vis­tos In loco os problemas, para que se tenha essesparãmetros.

O vento do inverno, o vento minuamo adentrapelas frinchas dos ranchos, e mata mesmo.

Podemos lembrar aqui o médico e grande poe­ta 'Aureliano de Figueiredo Pinto, em sua poesiasobre esses fatos:

, "Hoje o invemo erma a campanha.! Dóino.subúrbio pobretão gelado.!O vento arredaa portal E mal avivaa brasa mortal Que ardena cinza do .fogão} Meu pensamento alertae ágil/ Recorre o mundo ouvindo e vendo;Vai'como um chasque num relampo/Varan­do orioe cortando o campo/ como pampeirorecorrendoz Volta e me conta' o pensamen­to.!Vio rancho e o drama do casebre.!Quàn­to velhirihéijejuandõ.l Quanta criança tiritan-

do.!Alguns no látego da 'febre.!E os podero­sos desses mundos,!Ávidasgarras de caran­chos,! Prontos ao bote à inerme presa,! Tor­nam-se insensíveis à tristeza! Que ronda ashoras desses ranchos} Bom Cristo,!Um dia,de rebenque,! Lenhaste o lombo aos merca­dores} Jesus agarra a tala larga,! Toma maisleve a dura carga! E mais humaria a sorteamarga! De tantos pobres sofredores!" (Pal­mas.)

o SR. EDME TAVARES (PFL - PB. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, S.... e Srs.Constituintes, nesta oportunidade, usando o po­der da síntese, desejo fazer três importantes regis­tros.

O Primeiro deles refere-se ,à presença na As­sembléia Nacional Constituinte de uma caravanade Vereadores paraibanos, principalmente da mi­nha cidade, Cajazeiras,e de Itabaiana, entre tantasoutras. Eles aqui vieram transmitir o desejo popu­lar da realização de eleições democráticas em15 de novembro-para Prefeitos e Vereadores emtodo o Brasil.

Em segundo lugar, quero me solidarizar coma Constituinte Benedita da Silva, que trouxe umdepoimento ísento'a respeito da situação que vivenão só o professorado paraibano, mas todo ofuncionalismo público da Paraíba,

Nós, do PFL e do PDS, temos, nesta Casa,dado apoio e solidariedade aos servidores públi­cos da Paraíba, repudiando atitudes como essa,que lhes atinge um direito sagrado. E se não bas­tasse, Sr. Presidente, uma aguerrida bancada deDeputados Estaduaís do PFLe do PDS da Paraíba,além de Vereadores da Capitale de todo o Estado,tem-se manifestado através de pronunciamentose requerimentos em defesa dos funcionários pú­blicos e do professorado paraibano. No entanto,somos oposição na Paraíba e só temos direitode reclamar, reivirtdicar respeito e sobretudo soli­darizar-nos.

Sr. Presidente, sem dúvida alguma, cabe à ban­cada do PMDB sensibilizar o Governo do Estadopara o atendimento às reivindicações.

Desejo informar à Constituinte Benedita daSil­va'que, como não tenho atuação política em GUÇl­rabíra, desconheço o fato de ter sido negado ouso do salão nobre da Câmara Municipalde Gua­rabira. No entanto, posso atestar a S. Ex" quenos Municípiosem que atuo politicamente e prin­cipalmente na área de meus correligionários, pe­los quais posso falar,as portas de todas as Câma­ras estáo abertas, democraticamente, e lá o povopode ouvir, debater, dialogar. Aliás, expres~r-seé um direito legítimo, sagrado e democrático detodos os brasileiros.

Mas que isso, gostaria de dizer nesta oportu­nidade que me é muito cara a presença da Depu­tada Benedita da Silva no meu Estado, a Paraíba,porque ninguém melhor que S. Ex" poderá atestaraos meus coestaduanos a propósito da atuação'do então Presidente da Comissão da Ordem S0­cial, das posições assumidas naquela Comissão,na Comissão de Sistematização e aqui, no plená­rio da Constituinte, sempre em defesa dos direitose garantias dos trabalhadores brasileiros.

Para finalizar, o terceiro registró.Sr. Presidente, Srs. Constituintes, estamos co­

memorando os 80 anos da imigração japonesano Brasil.A festa é da Nação inteira, porque em

todo este imenso País não há uma região, nemmesmo um Estado, que não se tenha beneficiadocom o trabalho dos japoneses e seus descen­dentes.

Uma verdadeira epopéia foi escrita desde queo "Kasato Maru" aportou em Santos, em 1908,trazendo quase oitocentos nipônicos, entre ho­mens, mulheres e crianças.

A história da imigração japonesa certamenteregistra muitos sofrimentos e grandes sacrifícios,principalmente da parte dos pioneiros, que aquichegaram para desbravar a terra. De início, haviaa barreira da .língua dificultando a comunicação.Mas também era difícil o convivio com pessoasde costumes tão diferentes e uma bem diversaconcepção de vida.

Só mesmo um povo como esse, de tradiçõesmilenares e irrestrita confiança na própria capaci­dade de luta para arrostar um desafio de tama-nhas proporções. ,

Porém, tudo foi enfrentado com determinaçãoinaudita, com aquela garra que tanto admiramosnesses irmãos oriundos da Terra do Sol Nascente.

Portadores de técnicas muito avançadas paraos padrões brasileiros, eles logo se jrnpuserarn,para fazer no País a grande revolução agrícolaconhecida de todos nós. A eles devemos muitopelas inovações que trouxeram, multiplicandoaqui as suas experiências, para criar a enormevariedade de plantas que hoje povoam os camposbrasileiros.Também creditamos a eles, em gran­de parte, a diversificaçãodos alimentos que temosà nossa disposição.

Mas não ficaria restrita à agricultura a colabo­ração dos japoneses para o progresso do Brasil.Passada a fase dos pioneiros, vieram os nIueIse sanseis, brasileiros como todos nós. Essa des­cendência atualmente está disseminada em todaparte, com profissionais dedicados aos várioscampos de atividade.

Tanto quanto no labor agrícola, os japonesese seus descendentes se destacam em qualquerramo de trabalho, graças à tenacidade com queabraçam qualquer profissão. Por isso, são vitorio­sos na medicina, na engenharia, na administra­ção, na política,nas artes plásticas, na advocacia,no mundo das finanças, no comércio e na indús­tria. O sucesso não lhes vem de graça, mas àcusta do trabalho honesto, perseverante, até queapareçam os resultados concretos.

Sr. Presidente, temos na raça japonesa umexemplo construtivo, que há de fazer escola entretodos os brasileiros.É dessa fibra,dessa corageme força de vontade que estamos precisando paravencer-todos os obstáculos da crise econômica.que nos aflige,para dar o salto definitivo em dire­ção ao País com que sonhamos para nossos fíIl10se nossos netos.

Deixo aqui minha homenagem sincera, comgrande admiração e muito carinho por todos oshomens e mulheres que, desde o iníciodo século,deixaram o Japão distante para Vir ajUclar a cons­truir a nossa Nação., Não compreenderíamos o Brasilmoderno sem

a grande colaboração da sua inteligência, do seutrabalho e do congraçamento que hoje nos envol­ve como um só povo, ~oItado para um só ideal,de fazer deste País uma das nações mais prós­peras do mundo.

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Junhode1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NAOONALCONSTIf(J)NTE Sexta-feira 10 11163

o SR. PRESIDENTE (Jorge Arbage) - APresidência sente-se honrada em comunicar apresença, nas galerias desta augusta Casa do po­vo brasileiro, de uma comitiva de vereadores doglorioso,Estado da Parafba. Nossos cumprimen­tos. (Palmas.)

APresidência anuncia que às 15h30mindeveráproceder à verificação de quorum neste plenário.Solicita às S.... e aos Srs. ConstitUintes que séencontram na Casa que se dirijamimediatamenteao plenário, para que se proceda à verificaçãode quorum indispensável à votação de matériasconstantes da Ordem do Dia.

Concedo a palavra ao nobre Constituinte Her­mes Zanetí.

O SR. HERMES ZANETI (PMDB -RS. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, S.... e Srs.Constituintes,por intermédio de duas amigas sue­cas, Margareta Axell e Shestin Valin, há algumtempo marquei uma conversa com o jornalistasueco Jan Westlin, master do JORNAL Swe·dlsh Thnbr And Wood PuIp JournaI, que com­pareceu hoje pela manhã ao meu gabinete, acom­panhado de um colega de trabalho.

O interesse desse jornalista sueco é saber sobreo momento político brasileiro.Chamou-me espe­cial atenção a primeira pergunta que me fez: "Éo Brasiluma democracia ou uma ditadura"? Anteà minha resposta, perguntou por que eu era umotimista. Disse ao jornalista que o Brasilvivehojeo acaso do autoritarismo militar e a madrugadada democracia.

Estou convicto, Sr. Presidente, de que a cons­trução democrática brasileira haverá de prosse­guir e de que o nosso povo será capaz de autode­terminar-se.

Mas, Sr. Presidente, S.... e Srs. Constituintes,na hora em que estava conversando com essesjornalistas suecos, recebi também a visita do Sr.LuizArgueta Antillon, Reitor da Universidade deEISalvador, que está no Brasil em nome da cam­panha "La Universidaéf de EI Salvador se niegaa rnorír".

Já esteve o Sr. Reitorem contato com a Univer:sidade do Rio de Janeiro, a Unicamp e a Univer­sidade de São Paulo, onde firmou alguns convê­nios de intercâmbio cultural. Hoje,aqui em Brasí­lia, àIém de visitar o Congresso Nacional e a As­sembléia Nacional Constituinte,estará em contatocom o ReitorCristóvamBuarque, da Universidadede Brasília,com quem também assinará convênioque se constituirá no marco inicialpara um inter­câínbio entre a UnB e a Universidade de EI Sal­vador.

Sentiu-se- o Sr. Reitor muito bem recebido edestacou a solidariedade do povo brasileiro, poisestá aqui exatamente para mobilizara opihião pú­blica nacional e, de resto, a internacional, emapoio à campanha "La Universidact de EISalvadorse niega a morir".

Gostaria,mesmo que rapidamente, de dizerqueo Sr. Reitor nos relatou que o Governo de EISalvador, no período de 1980 a 1984, ocupoua universidade por...meio de forças militares, asquais saquearam o prédio, furtaram os equipa­mentos dos laboratórios, assaltaram bibliotecase escritórios. Enfim, as forças militares Salvado­renhas praticaram roubos dentro da Universidade- que, segundo estimativas do Sr. Reitor, mon­tam aproximadamente a 14 milhões de d6lares.

Ainda salientou o Sr. Reitor que o Governo deEI Salvador desviou mais de 50% do seu orça­mento nacional para a guerra. Fez de tudo parafechar a Universidade exatamente porque está li­gàda ao povo, especialmente porque 75% da po­pulação estudantil da Universidadede EISalvadorprovêm defilhos de operários e camponeses. Res­saltou twnbém que o desejo do Governo de EISalvador é matar a lnteligência da classe lutadora.O esforço do Governo em fechar a Universidade,a única estatal, reproduz-se no estimulo à empre­sa privada, criando 32 universidades privadas, lo­gicamente pagas a altos preços, pois têm comoobjetivo não a educação, mas a 'produção de lu­cros.

Para encerrar, quero destacar que o Reitor medisse que durante o periÓe!o de intervenção militar,graças à ajuda da comÚnidade e ao esforço dosestudantes e dos professores, a Universidadecon­tinuou~é.-

Faço este registro e manifesto minha solidarie­dade ao povo pela campanha "La Universidadde EI Salvador se niega a morir" e incito todosos colegas Constituintes a que nos somemos nes­te gesto. Ao mesmo tempo apelo para o Governode EI Salvador, por sua embaixada em Brasília,para que, em nome da liberdade e da dignidadehumana, respeite os direitos dos professores edos estudantes salvadorenhos e nos ajude a man­ter de pé aquela Universidade.

O SR. ASDRUBAL BENTES (PMDB - PASem revisão do orador.) - Sr. Presidente, S....e Srs. Constituintes, deveríamos estar discutindoe votando hoje dispositivos importantes das Dis­posições Constitucionais Gerais e Transit6rias dofuturo texto constitucional. Entretanto, o plenáriovazio,a falta de quorum que tem sido uma cons­tante no decorrer desta semana se tem consti­tuído em motivo de justas qíticas pela imprensa.Aliás,não se pode consentir que fujamos da nossaresponsabilidade e aqui estejamos para causaro desapontamento de milhões de brasileiros que,em determinado momento'da política nacional,acreditaram que uma nova Constituição, elabo­rada com seriedade nesta Assembléia NacionalConstituinte,viriaa ser, até mesmo o que erronea­mente se pensava, a panacéia' para solução detodos os males do País.

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade parama referir à visitade uma comisaio, chefiada peloDiretor e pelo Secretário Executivo do ProgramaGrande Carajás, Dr. Francisco Batista Ferreira,com a presença também do Secretário-Geral daSeplan, à minha 'região - Município de Marabá"- acompanhada de uma equipe técnica que, de­pois de 'atender aos iilcontidos apelos da nossabancada e, particularmente, aos meus insistentespedidos ao Presidente da República,José Samey,lã esteve para constatar in loco as nossas dificul­dades, sofrimentos e necessidades: são os sofri­mentos, dificuldades e vicissitudes de uma regiãorica, de um Estado Qco, mas de povo pobre ecarente. Os ilustres membros dessa comitivavisi­taram o. Programa Grande êãmjás e, por certo,deliciaram-se com a sua infra-estrutura, com asua riqueza, mas viram, também, no pé-da-serra,em Paraopeba, a miséria, o sofrimento, a fomee a falta de trabalho. Conheceram em Marabáo novo diStrito iildustrialque haverá de gerar em­pregos a milhares de fanúlias do nosso Estado

e Município.Mas também puderam assistir a mi­séria, a falta de infra-estrutura nos bé$'os pobres,humildes e carentes de Marabá,como Laranjeiras,Líberdadezenflm,sentiram o verdadeiro contrastedaquilo que representou para o meu Estado aimplantação de grandes projetos faraônicos, sema consulta prévia ao nosso povo.

Sr. Presidente, S.... e Srs. Constituintes, o queresta desses projetos faraônicos para o meu Esta­do e para 05 nossos Municípios é muito menoso lucro, a participação, e muito mais a dividasocialda Companhia Vale do Rio Doce, da E1etronortee de tantas outras empresas que -implantaram,é verdade, projetos de real interesse para a vidanacional, mas o Pará deles participa muito pouco,muito menos o povo paraense.

Por isso, espero que essa visita não se tenhaconstituído apenas em mais um passeio à custados cofres públicos, mas que traga à nossa regiãoe aos nossos Municípios os dividendos de quetanto precisamos, as obras de infra-estrutura,paraminimizar o sofrimento e a carência do povo dosul do Pará.

Muitoobrigado.

Durante o discurso do Sr.. Constituinte As­drubal Sentes, o Sr. Jorge Arbage, 2 9- Vice­Presiderite, deixa a cadeira da presidência,que é oçupede pelo Sr. Mauro Benevides,10

_ Vice-Rresidente.

O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) _Concedo a palavra ao nobre Constituinte EvaldoGonçalves.

o SR. EVALDO GONÇALVES (PFL-.Pe.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SJ'1"e Srs. Constituintes, em primeiro lugar, soIidari·zo-rne com a Constituinte Beneditáda Silvapelosvexames que sofreu na cidade paraibana de Gua­rabira. Lamentavelmente, a Câmara de Vereado­res daquela cidade não permitiu que S. Ex" falasseao povo guarabirense. Foi lamentável. Na condi­ção de integrante da bancada paraibana, solídarí­zo-rne com a ilustre colega - repito - na certezade que as autoridades - o Prefeito e o Presidenteda Câmara daquele Município- saberão repararessa injustiça que cometeram contra a nobre re­presentante do Partido dos Trabalhadores nestaCasa. .

Em segundo lugar, trago àminha solidariedadetambém aos professores da Paraíba que estãohá mais de noventa dias querendo dialogar como Governador e não conseguem. Trata-se de umagreve que se arrasta por mais de noventa diasno meu Estado - alunos sem aula e pais dealunos insatisfeitos. De modo que fazemos umapelo a S. Ex", o Governador Tarcísio de MirandaBurity, no sentido de que abra as portas ao diálogocom os professores da minha terra.

Sr. Presidente, em terceiro lugar, por se tratarde matéria ampla e profundamente discutida,através dos tempos, o instituto da imunidade par­lamentar goza, hoje, de prestígio e força acimade qualquer controvérsia. Não há quem possacontestar a legitimidade dessa importante e indis­pensável prerrogativa do Poder Legislativo, sema qual o seu funcionamento e independência fica­riam irremediavelmente comprometidos. É en­tendimento unânime que a inviolabilidade doexercício do mandato parlamentar é apanágio do

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11164 Sexta-feira 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUItITE Junho de 1988

Poder, protegendo-o primacialmente, sem repre­sentar, por, isso mesmo~ prerrogativa- dos -seus­integrantes. Protege o Poder, decorrendo dessapremissa a impossibilidade de seus membros re­nunciarem ao direito da imunidade parlamentar.Na hora em que essa hipótese ocorresse, estadaameaçada a própria sobrevivência da instituição,com sérias repercussões no funcionamento plenoda própria democracia. Não se precisa ir muitolonge. Dispensável até citar os princípios doutri­

.náríos, universalmente consagrados, todos elesobedecendo a essa mesma ordem de idéias: aimunidade parlamentar é intocável e sagrada. Na­da deverá'efetá-ía. Nem mesmo a vontade dosleventuais poderosos.

Essas considerações, Sr. Presidente, SI'"" e Srs.Constituintes, vêm à tona em razão do pedido'de licença feito pelo Tribunal de Justiça do Estadoda Paraíba à Assembléia Legislativadaquele Esta.do para processaro Deputado Estadual FranciscoEvangelista, acusado pelo Gov,emador de ter co­metídocrirne contra a sua honra. O jornal A Tri·buna, de que o Deputado Francisco Evangelistaé um dos diretores, publicara notícia consideradapelo Governador do Estado desabonadora à suadignidade. Dai a ação ajuizada, perante o Tribunalde Justiça, e o conseqüente pedido de licençapara prosseguimento dos seus trâmites legais.

Dentro do que foi exposto, Sr. Presidente, SI""e Srs. Constituintes, não se pode sequer, em taiscK'cunstânéias, analisar o mérito da iniciativajudi­cial.AoPoder Legislativo da Paraiba compete tão­somente exercitar a sua prerrogativa de-resguar­dar a imunidade parlamentar, não transigindocom mais essa tentativa para seu esvaziamentoe desprestígio. Todos reconhecem no institutode imunidade patlamentar uma das caracterís­ticas fundamentais do Poder Legislativo, sendouma das que mais contribui para a independênciado seu funcionamento. Como renunciar a essaprerrogativa única e personalíssima? Seria a des­caracterização do Poder Legislativo perpetradapor sua própria iniciativa, numa autodestruiçãonjustificáveI.

Neste registro manffesto minha solidariedadeao Deputado, Francisco Evangelista e à Assem­b1éia Legislativa da Paraíba, na pessoa do seuPresidente, Deputado .Josê Fernandes de Uma,na certeza de que todos quantos honradamenteintegram aquele Poder o fazem conscientes desuas responsabilidades e certos de que estão fa­zendo a História da Paraíba, da qual o Poder Legis­lativo do meu Estado já participou com mais pe150 anos de construtivas atividades,

Peço, igualmente, Sr. Presidente, que se trans­creva, na íntegra, todo o noticiário anexo publi­cado pelo jornal O Momento, da Paraíba, da

l responsabilidade do jornalista João Manoel deCarvalho, um dos nossos mais lúcidos analistaspolíticos. Solicito ainda a transcrição de todo oteor do telex em anexo, subscrito por todos osmembros da Assembléia Legislativa da Paraibaque integram as bancadas das oposições paraíba­nas na_Casa de,Epitácio Pessoa-:

O que se espera, áfinal, é que não de denigraa imagem do Poder Legislativo da P!,raíDa, ~obalegações pouco convenientes' e interpretaçoesaligeiradas, que não condizem ~om a grandezade sua missão. Istoo ~e a Naçao t04.a espera.

NOTICIÁRIO E TELEXA Q(JESE REFE­REOORADOR:

POLíTICAQulnta·feira, 2 'de Junho de 1988

O MOMENTOAssembléia dedde entre

dividida e perplexa processodo Deputado

JÓÁO MANOELDE CARVALHORepórter político

Ao repetir o gesto de Cristo e pronunciar aspalavras bíblicas "quem não está comigo, está,contr~mim" - o Governador Tarcísio Burity im­põe ao Poder Legislativo paraibano um confronto;ao me~mo tempo em que ameaça os deputadosgoverrusta!, de expulsá-los do templo do Poder,no Estado.

O gesto aparente de despero do Chefe do Go­vemo encontra a-Assembléia Legislativa divididae perplexa anté o constrangimento de aprovara licença para processar um dos seus membros- o Deputado Francisco Evangelista - e, assim,quebrar uma tradição até hoje mantida por todosos legislativos do Pais, desde o Senado e a Câmarados Deputados até as assembléias legislativas eCâmara de Vereadores de todos os municípiosbrasileiros.

A aprovação da licença solicitada pelo Gover­nador do Estado contra o parlamentar, acusadode difamação e injúria por artigo publicado nojornal A Tribuna em que acusa o Sr. TarcísioBurity de ter recebido ajuda financeira de amigospara construir sua residência de veraneio na praiade Carnboinha, significaria um gesto de capitu­lação indisfarçável do Parlamento paraibano dian­te das pressões exercidas pelo Poder Executivo.

O único Deputado, que assume, abertamente,a defesa da concessão da licença para o processodo Deputado Evahgelista - o líder do Governo,Ramalho Leite- contrairia perante a história umaresponsabilidade muito grande, e a Paraiba dariao primeiro e triste exemplo ao Pais de ter abertomão de suas prerrogativas essenciais ao exercícioindependente e autônomo do Poder Legislativo.

FERNANDES SUGERELEI DE IMPRENSA

O Presidente da Ãssembléiâ Legislativa, o le­gendário Deputado José Fernandes de Lima, doalto de sua experiência de quarenta anos de exer­cício do mandato parlamentar, discorda dos crítê­rios processuais do governador Tarcísio Burity'e entende que a interpelação através da Lei deImprensa seria um caminho mais adequado parao Chefe do Governo dirimir a questão que envolveo Deputado Francisco Evangelista.

Sem antecipar qualquer opinião sobre o rríéritodo pedido de licença para processar o parlamen­tar, o Presidente do Legislativo paraibano acreditaque um consenso levará os deputados a decidi­rem sobre o polêmico assunto.

Fernandes fala, contudo, num tom bastanteconciliatório sugerindo que o caminho do enten­dimento será muito melhor que o recurso ao con­fronto e à retaliação pura. e simples.

No caso, o Presidente da Assembléia entendeque as opiniões emitidas pelo parlamentar nãoforam feitas da tribuna da Assembléia e a Leide Imprensa seria o caminho pertinente para diri­mir as dúvidas perante o Poder Judiciário.

Para o Deputado Soares Madruga, Líder doPDS, a Assembléia Legislativa não deve ceder,porque entende que a inviolabilidade-é acima detudo uma questão de honrá para o Poder Legis­lativo.

- Entendo que, se a Assembléia aprovar alicença para processar o parlamentar, estará co­metendo uma capitulação injustificável e muitodificilde ser entendida pela opinião pública. Seriaabrir um precedente muito perigoso e bastantecomprometedor para o nosso conceito perantea Nação, especialmente, se esse mau exemplopartir de um Estado da tradição de rebeldia ebravura, como o é, o Estado da Paraíba - expli­cou o líder pedessista.

Por sua vez, o Deputado Carlos Dunga, da ban­cada do Partido Liberal, afirma que está aguar­dando a decisão de sua bancada, que se reunirána próxima quarta-feíra, para decidir sobre a ques­tão.

- Em princípio, eu defendo a Constituição Fe­deral e Óprincípio da inviolabilidade do mandatoparlamentar, em toda a sua plenitude. Acho oinstituto da imunidade parlamentar uma proteçãoinstitucional indispensável ao exercício da ativi·dade congressual e, portanto, acho que ele deveser mantido, a todo custo, para que possamosgarantir o primado das garantias e dos direitospolíticos.

ASSEMBLÉIA - UM EXEMPLOHISTÓRICO DE ALTIVEZ

AAssembléia Legislativada Paraíbajá se tomouum exemplo tíe altivez, na negativa Sistemáticaa pedidos de licença para processar qualquer dosseus membros.

Ao longo de sua história, não houve voz discre­pante na rejeição de todas as solicitações que-­lhe foram encaminhadas, nos momentos maiscríticos.

Mesmo no episódio de derramamentojle san­gue em plenário - no incidente envolvendc'osDeputados Afrânio Bezerra e Marcos Odilon Ribei­ro Coutinho-e até em solicitação encaminhadaspela Auditoria Militar da,7" Região, sediada em.Recife, o Poder Legislativo paraibano soube, decabeça erguida, resistir a todas as pressões e man-

l.ter íntegra a independência do Poder e a inviolabi­lidade do mandato parlàmentar.

Caso Crítico

O episódio do então suplente de Deputado,o industrial Agnaldo Veloso Borges; parece o casomais crítico. Mesmo como sexto suplente, ao sever envolvido no processo como autor intelectualdo assassinato do líder das ligas Camponesas,João Pedro Teixeira, ele recebeu a proteção' doinstituto da imunidade parlamentar. AAssembléia.'concedeu' licença -8 cínco deputados títulares demandato que ensejou a posse dos respectivossuplentes e o Sr. Agnaldo Veloso Borges teve ne­gada a licença do PoderJudiciário para responderao processo-crime.

O caso teve repercussão nacional, numa fasede grande agitação na vida nacional e que culmi­nou com a deposição do Governo constitucional

, presidido pelo Sr. J.oão Goulart.

Lacerda

Nem mesmo a pressão dos militares, éntãono fog<:> a,ceso da chamada Revoluçâo de 1964"

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Junho de1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NAOONAL CONSmUINTE Sexta-feira 10 11165

fez dobrar o espírito de corpo do Legislativoparai­bano que não mudou de comportamento nemse quedou, vencido, diante dos pedidos encami­nhados pela Auditoria da 7' Região Militar, sediadano Recife, ambos solicitando licença para proces­sar o Deputado José Lacerda Neto, hoje líder doPFL, por acusações de subversão da ordem oú­blica.

Ambos os pedidos foram sistematicamente re­jeitados pela Assembléia, que manteve intacta eíntegra a sua independência e autonomia, mesmodiante da pressão de setores do Exército empe­nhados numa guerra sem quartel contra as cha­madas "atividades subversivas" em todo o país.

Cena de Sangue

Mas não ficou aí adstrita às pressões militaresou do poder econômico, a coerência do PoderLegislativoparaibano no que dizrespeito à inviola­bilidade do mandato dos seus membros.

No episódio do incidente entre o DeputadoAfrânio Bezerra e o Deputadoi Marcos Odilon ­este último atingido por um tiro no pulmão eseu contendor passando pelo vexame de ter dila­cerada a sua orelha - a Assembléia manteve,a tradição e negou o pedido encaminhado pelaJustiça para processar o Deputado Afrânio Be­zerra intentado pela Promotoria Pública do Es-tado. .

MARIl"iHO: AO REI TUDO, _MENOS A HONRA

No dramático episódio da votação do pedidode licença para processar o Deputado Márcio Mo­reira Alves,por solicitação dos Ministros Militares,o Congresso Nacional conheceu a altiveze a dig­nidade política do Deputado Djalma Marinho, doRio Grande do Norte, que se insurgiu contra opedido, considerando-o inoportuno, intempestivoe descabido.

De sua rebeldia cívica, a nação ganhou urnafrase que se tomou célebre, corno símbolo daindependência e da autonomia do Poder Legis­lativo e da resistência à usurpação dos poderesdo Congresso pela ação autoritária dos militares.

Num gesto heróico, Djalma Marinho declaroupara um Congresso atônito e perplexo, ante asameaças que pairavam sobre as cabeças dos de­putados e senadores:

Ao Poder tudo, menos a honra!Parecer - Foi ainda da Comissão de Consti­

tuição e Justiça da Câmara dos Deputados o pare­cer contrário à concessão do pedido de licençapara processar o Deputado Márcio Moreira Alves,o que resultou na edição do Ato Institucional n°5 e na cassação de dezenas de Deputados e Sena­dores, entre os quais os paraibanos Osmar deAquino, Pedro Gondim e Vitaldo Rego.

Foi o seguinte o teor do parecer:Na imunidade absoluta, lastreía-se o regime re­

publicano, embasado na independência e armo­nia dos três Poderes. Daí, muitos entenderem queo pedido não devesse ser recebido pelo SupremoTribunal Federal por inconstitucional e impossí­vel. É como se fora uma denúncia oferecida semjusta causa. Erigiu-se a inviolabilidade para prote­ger o parlamentar por suas opiniões e palavrasno exercício do mandato às quais se proferidaspor um cidadão comum poderiam encartar natipificação da Lei penal.

Não cremos que o Exmo Sr. Presidente da Re­pública esteja empenhado em quebrar o princí­pios da Imunídade absoluta. Ainda há poucosdias, a imprensa publicou um discurso seu cheiode expressões edificantes que mostraram seu de­sejo de profunda compreensão cristã.

Ele não deseja apresentar-se perante o julga­mento da história com a responsabilidade de ico­noclasta da inviolabilidade.

O art. 34 da Constituição Federal é claríssimo.Está encartado rio capítulo do Poder Legislativo.É a fonte primeira das imunidades.

Asopiniões, palavras e votos proferidos no exer­cício do mandato são tão resguardados na tradi­ção parlamentar brasileira que o próprio vereador,neste particular, é protegido pelo Código Penalque lhe concede inviolabilidadepor suas opíníões,votos e pareceres emitidos em plenário ou nasComissões a que pertence.

Os próprios advogados estão isentos de res­ponsabilidade penal pelas opiniões e ofensas por­ventura expostas em Juízo na discussão de suascausas.

Se, até o exercício profissional é protegido pelalei penal, como não deverá ser o exercício domandato parlamentar cujas atribuições são imen­sas.

A inviolabilidade parlamentar, assim, se impõecomo garantia absoluta. Falando da tribuna daCâmara, o Deputado Márcio Moreira Alvesestavaescudado nessa imunidade. A suspensão dos di­reitos políticos é uma sanção e uma pena e seinclui na faixado DireitoPenal. Asua interpretaçãonão pode ser análoga por extensão. I

Assim e pelo exposto, a licença solicitada peloSupremo Tribunal Federal para processar o De­putado Márcio MoreiraAlves,somos pelo arquiva­mento do pedido para o resguardo da indepen­dência do Poder Legislativoe para a manutençãodo princípio republicano que informa a nossa Car- .ta política.

Brasília, dezembro de 1968. Assinam os mern­bros da Comissão de constituição e Justiça daCâmara dos Deputados sob a Presidência do De­.putado Djalma Marinho.

ASPB - 0267 M 02'80/88 - Telex - 8-6-88Exm°.Sr.·Deputado Evaldo GonçalvesCâmara dos DeputadosBrasília, DF.

Na condição de membros das bancadas fazemoposição Governo Tarcisio Buritylevamos conhe­cimento V. Ex" a prepotência, o arbítrio é vinditapartidária chefe do executivo, forçando sua repre­sentação na Assembléia Legislativa conceder lí­cença processar judicialmente Deputado Fran­cisco Evangelista responsabDizando-o por notíciasem fonte publicada jornal sua propriedade. Aeste fato somam-se outros como ameaça levarquestão até as últimas conseqüências, refletindonitidamente falta de garantias encontra-se Pareí­ba, já sobressaltada onda de crimes, assassinatoset seqüestros. Temerosos novos desdobramentosde resultados maís graves, virtude estado de espí­rito do G'ovemador ameaçando também Depu­tado Pedro Adelson outros, denunciamos ocor­rência a V. Ex" solicitando levar conhecimentoautoridades competentes possam freiar impetovingança partidária chefe executivo.

José Lacerda Neto - Líder PFL;Soares Madru­ga -1-íder PDS; Antônio Augusto ArroxeIas ­Líder PDT; Efraim de Araújo Morais - PFL; NiloFeitosa - PFL;Pedro Adelson - PDS; FranciscoEvangelista - PDT; Jader Soares Pimentel ­PDT; Egídio Silva Madruga - PFL; Antônio Qui­fino de Moura - PDS.

Durante o discurso do Sr. ConstituinteEvaldo Gonçalves, o Sr. Mauro Benevides,1°_Vice-Presidente, deixa a cadeira da presi­dência, que é ocupadapelo Sr. Ulysses Gui·merêes, Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Concedo a palavra à nobre Constituinte AbiganFeitosa

A SRA. ABIGAILFEITOSA (PSB'- BA.Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Sr'" e Sr. Constituintes, é inegável que o Governoquer a aprovação por decurso de prazo dos seusdecretos que mexeram com os servidores públi­cos, quer congelando a URP, nos seus reajustesde vencimentos, quer, pela via da intromissão in­débita, mandando cortar a gratificação daquelesque têm UM segundo emprego.

São medidas que ressumbram aos tempos donazi-fascismo e que hoje, conhecidos os seus re­sultados para a economia, sabe-se que não fize­ram; como chegou a ser apregoado .pelas autori­dades econômicas, cair a inflação, nem diminuiro déficit público, não ajudaram a aumentar o nú­mero de empregos, nem tampouco propiciaramelevar a produção industrial do País.

Estamos nos aproximando rapidamente doprazo fatal para a votação desses decretos-leis,Sr. Presidente, e se continuarem ser a marcadassessões do Congresso Nacional para época denotória falta de quorum, como ocorre presente­mente, eles passarão por decurso de prazo, e esta­remos dando mais uma prova de inconseqüência,irresponsabilidade e traição à classe dos servi­dores públicos brasileiros.

Temos esperanças, porém, de que consegui­remos número pará' derrubar esses decretos-leisiníquos e injustos, que transformaram os servi­dores em bodes expiatórios das dificuldades eco­nômicas e financeiras do País, que, ~m verdade,são fruto da corrupção e-da ínepcía,que se consti­tuem nas duas principais marcas registradas doatual Governo - um Governo tirânico, despóticoe que insiste em oprimir o povo brasileiro,

O Sr. Brandão Monteiro - Sr. Presidente,peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.Ex"a palavra.

O SR. BRANDÃO MONTEIRO (PDT - RJ.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta­mos nesta Casa há uma semana sem que nadaaconteça. Requeri, e V. Ex:' deferiu, a cópia doregistro da presença dos constituintes do mêsde maio. Entretanto, não chegou às minhas mãos.A ela ainda não tive acesso. Informaram que V.Ex", assumindo a Presidência da República, a ha­via levado para o Planalto. Não sei se é bem isso.Requeiro novamente a V.Ex' que forneça à Líde-rança do PDT essa relação. _

Nesta Casa. V.Ex"foi o paladino de uma posi­ção, efJc~cend() ~ ~~~ml?léia N~ci0!1a1 Consti-

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11166 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUlí'ffE

tuinte que trabalhasse quase em ritmo diário, paraque pudéssemos elaborar a nossa Constituição.

Entretanto, parece que houve total desinteressequanto àquele apelo anterior. Hoje, recebo a notí­cia extremamente desagradável de que o PFL eo "Centrão" se retiraram das negociações concer­nentes às Disposições Transitórias.

Trago a V. Ex" estas preocupações, e querosaber se a Mesa, que tomou as medidas neces­sárias à existência de quorum, pode fornecer-nosa lista dos ausentes e punir aqueles que estãobrincando conosco. Estou aqui há uma semana,e minha família está no Rio de Janeiro.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Informo a V. Ex", nobre Líder Brandão Monteiro,que determinei a publicação no "Diário da Consti­tuinte" da relação daqueles que forem alcançadospela medida da Mesa. Vou saber se já foi publi­cada; caso contrário, providenciarei para que oseja prontamente.

Quero dizer a V.Ex" que, se depender de mim,encaminharei apelo junto às Lideranças, quandofor necessário, no sentido de que mantenhamoso sistema de trabalho que fizemos durante a vota­ção dos oito títulos, a fim de que não seja inter­rompido nas Disposições Transitórias. Esperoque as negociações sejam feitas por todas as for­ças representativas, de modo que obtenhamosbons resultados no andamento dos trabalhosconstituintes.

Agradeço a V. Ex' a colaboração.Tem a palavra o nobre Constituinte Lúcio Al­

cântara.

O SR. LáCIO ANCÂNTARA (PFL - PE.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, o Ceará não descansa em sualuta em prol da instalação de uma refinaria depetróleo em Fortaleza. O Governo Federal hesitadiante de pressões políticas e ignora estudos téc­nicos da Petrobrás, que indicam ser essa a locali­zação mais aconselhável. Os políticos, há tE\~pos,

estão comprometidos com essa luta. Várias vezeso assunto foi submetido ao próprio PresídenteJosé Sarney. Não obstante, a decisão não sai,em que pese ao apoio do Governador do Estadoe de seu partido ao Presidente da República.lndig­nada, a sociedade cearense reage e o jornal "OPovo", as associações empresariais e a Univer­sidade Federal do Ceará mobilizam todo o Estadoem busca de uma solução favorável para nossapretensão. Aguarda-se para breve a vinda a Bra­sília de expressiva caravana de líderes, de projeçãono estado, para cobrar uma resposta ao Presi­dente Samey, com base nos dados ,técnicos jáconhecidos. A união de todos os cearenses, aci!'flade quaisquer divergências, é fundamental paraque se alcance o objetivo pretendido. Desneces­sário dizer da importância do fato para a economiae o futuro do Ceará. Ela será a 9arantia de nossodesenvolvimento autóctone.

Requeiro, S~. Presidente, para que conste dosAnais desta Assembléia, a transcrição do docu­mento produzido pela Universidade Federal doCeará sob o título "Refinaria". Novas r~ões desua localização no Ceará, esforço sério daquelainstituição de ensino superior, em favor da concrestização de nosso ideal, bem como da matéria'jornalística intitulada "Um País onde impera a fan­tasia".

DOCUMENTOEARTlGOA OOE SE REFE­REOORADOR:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO cEARÁREFINARIA

Fortaleza - [.'!<Jio de 1988Novas razões de sua localização no Cem

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho visa a conscientizar a popu­lação cearense das razões políticas e técnicas queapontam o Ceará como o local mais adequadopara abrigar a Nova Refinaria do Nordeste.

De um modo didático e objetivo foram aborda-dos os seguintes tópicos:

1. INTRODUÇÃO1.1 - Razões Políticas1.2 - Razões Técnicas2. NOVAS RAZÕES DE SUA LOCALlZA­

ÇÃO NO cEARÁ2.1-Estudo da Petrobrás (abriI/87)2.2 - A refinaria e sua contribuição na cri­

se de energia elétrica no Nordeste3. CONCLUSÃOAnexo: Artigo de Rogério Coelho Neto no

Jornal do BrasU 25-4-88, "Um país ondeimpera a fantasia"

Esperamos que o povo do Ceará encontre nes­ses tópicos razões e motivos suficientes para lutarpor esse projeto que certamente irá contribuircom a mudança do perfil sócio-econômico denossa região, não só porser demandador de mão­de-obra, como gerador de riquezas e de empresassatélites. - Prof. Francisco Arionto Holanda,Centr~ de Tecnologia da UFC.

1. INTRODUÇÃOEm outubro de 19,86, a Fundação Núcleo de

Tecnologia Industrial-Nutec e a Universidade Fe­deral do Ceará publicaram o trabalho: "Refinaria- razões de sua localização no Ceará",de autoriados professores Antonio Clecio Fonteles Thomaz,Renato Craveiro de Souza, Walter Schírnmelpfenqe Francisco Ariosto Holanda, onde de modo claroe preciso foram demonstradas as razões daquelecomplexo Industrial fiº- nosso Estadº.

Nãquele trabalho encontram-se destacadas asseguintes justificativas:

1.1 - Razões PoIitk:asa) O Ceará é um dos estados mais pobres

da 'Federação,

b) Outros estados do Nordeste já têm as-segurado seus complexos industriais:

Bahia - complexo petroquímico.Alagoas - pólo cloroquímíco,Sergipe - projeto potássio.Pernambuco - complexo sucre-álcool­

químico.RG Norte - Superintendência de Produ­

ção da Petrobrás.Maranhão - complexo Carajás e Alcoa.

c) O único complexo do Ceará é o da infe­rioridade.

1.2 - Razões Técnicas

a)" No Nordeste, somente o Ceará, Rio Grandedo Norte, Bahia e Sergipe produzem petróleo.

b) Na definição da localização de complexosindustriais, duas parcelas são decisivas no estudode custo mínimo de instaIação: a infra-estruturae o momento de transporte. .

o Ceara elem lk- dIí02.:'.....f.'!1r lnf~Ll~~:J~T1.i.tura

a?e~~dad~ po::w, f3:7~ \~." ,-,r.é7g::, ~gUê. ccmu­mcaçeo t:: ~3m~E. 5ér~ç,;): to ':::.l 2::!E'::!O ..;nrre osdemais do NorC.G9S, q;.~". p:c!a Ece1 p:::.o,:::o geo­gratica c por ner prodi.tc: \lG }'etlJbo, c;pr.::sEntao menor mornemo dE: \I,:rc:PC'hE.,

Para se chegar il esse rezt'l'I:tlo íoí uflízedoo programa de otímízaçêo "hneer Intercctíve Dy­namic Optímíee'' crL12 'CO p~Cl: ~::2[ ~, varíaveísde distribuição, 5 vansv2':; dTo "'c:.:::o.çüQ G :!1restrí­ções, apontou Fon:J2::1 como c bS..:l1 (mel2 o cus­to de transporte co p:::cro]"ü :'; é:tUS derívodos .§mínimo.

Essas, de um modo :ucinto. iorern as razõesapresentadas naquele- trCib,:,lho

2. j-'\S NOVASRAZÕES D, ~ LC>':,\illJ\ÇÃO nocEARÁ '

A índefíniçêo pc r pane do GOl, <'EO Fedsral emdecidir pela locelr.ac1'0 L":! P,"lil':rla no Ceare le­vou-nos 11bUECO de nO.C3 ;:-·rgurm,r.to" mquecüo­náveís e para nó: deCI3ivLl::".

2.1- Estudo.1::1 If'l2ü,,!cms

Em abril de 1987,1': ?"::.n!T:.:: concluiu estudocom o ntulo:

"Plano Diretor de .\biiSt0ClIl10n'odQ riO'Ii" Refi­naria do Nordeste" onde no nem 5.1 desse estudoencontra-se escrito:

Renult~;!r.1[) d::lAKill::ç6ü Ecüm..m!ca"Os resultados eccnõrmcoc C:l::' el.ernstívas es­

tudadas em relação (' h!.rotc:se banca, conside­rada uma taza de 1.5'0 e.a, e bído ce operaçãoem 1992, inicarn que:u cccnornía dcs custos glo­bais de abastecírnen;o, ]tU:::l::::dL'~ cem bcse em1991, são da ordem c'.. LiS" 1 [l biL'1ó",,,.

O fi1.e~h6~ r'~~l>2i~"-' ~ €:.ttt2~~i ecm a rcfína­ria da lZ0.ail'\i li;::'?;'J r'E:''::::]':::J1i !Fí1:ri::!:::711••••••

É preciso destscai qUI2 ;0:::e trar c~ho io, reah­zado por urna equipe muh::dGCip!!r~1r envolvendoos seguintes setores a'J Pi;;!:'obr~s

S2rp!,;n-S2í-r.çO:: dê' pJ;::nejamen~o.

Depín- Deprn:::;n",no rrltl",~trlJl

[}':)co;n·~ D"'PJíCm",nic de Compras.Seqen-c--Serviços de Enqenr.aric.Detran-e-Des-srtsn.ento de Tr.nsr-one.Cenpes~C~Lc.IO d:: P_~::...:;e!~x"-), ~

Depro-D'':'P:Ll'IJnL!J'O de Produção.O "tnc-símíla". .3 ::2Cflgr me :U:í as essína­

turas dos tecnícos d:"2::;:'::; ~::OE5 responsé­vers pelo relstórío.

Uma cópia desse 'i.rcbwho encontra-se naSecretaria de lndustris '" Comexío ::l dispo­sícão dos ínteressedos,

'Ê Imponente é''''1teLWr que b t a.-:,'Lc1o veioreferendar o tnb21t:: Lxnco ra21izado emcutubro de 1986 p "lo I,l\l'~",j(''';c..

Apesm d.~~Jj;] ~~-;fir!l:;Z.L ds õ]Lce:.J tecní..ca, no entemo, !lãt, , t'c'ê:mos cínda :J forcapohtícaneceseirío pC"-c E::<igl:' 9'''' 2ss:epare­c€r da Petrobres S,di:: '::~,ITidc'

PARECE~ r..iQ'i;, T~CmCO~l bA PE'ffiO­B[,~

5-RE5ULT/lDOS [lf'\AVAL!;\Çr\O

5.1 - Ec()itih'rnro

Os resultados 8C0:1<:'r~~o:. c1'ls ~l\"rn<:ttivas es­tudadas em reh,ão ~, Hipot,-sG B;21ca, conside­rada uma taxa de 15>' ,J.3., E' L'1fcio de cper.:çãoem 1992, indicam que :l ~onomi[j dos custos

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JunhD de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTIfUINTE

globais do abastecimento, atualizados com bensem 1991, são da ordem de US$ 1,9 bilhão. Omelhor resultado é obtido com a refinaria de20.000 m3/do em Fortaleza (economia de US$1,9 bilhão). Seguido da alternativa de 20.000 m3/

do em São Luís, com uma economia de US$1,90bilhão (Quadro VIU).

Plano Diretor de Abastecimento Nova Refinariado Nordeste

(D.E. 3.572', Item 34, de 12-2-87). - JoséLuiz de Miranda e Silva, SERPLAN- Coorde­nador - GUberto Netto Baeta, DEPIN - Pe­dro Guilherme T. de Menezes, DETR(\N ­~ogério de Miranda Freire, SEPROD-Jovia­00 Rezende Neto, DDEMT - Jorge FerreiraVelasco, SERPLAN-Américo BrazíIIo S. Viei­ra, DECON - ??? Meira Chaves, SEBEN ­João Baptista de C. M. da Silva, CENPES ­ümberto Antônio caseU, DEPRO.

2.2-A REFINARIA E SUA CONTRIBUIÇÃONA CRISE ATUAL DE ENERGIAELÉTRICA NONORDESTE

Hoje, como se não bastassem as razões técni­cas e políticas para implantação da Refinaria nonosso Estado, ela (refinaria) em SI, surge paracontribuir com a solução do problema de energiaelétrica do Nordeste. '

Antes de entrar no mérito das justificativas, de­vemos lembrar:

a) o-Ceará não tem opção de geração de ener­gia a partir de hídroelêtrícas de grande porte;

b) o Nordeste acaba de sair de uma crise deracionamento que será mais grave se ocorrer no­va estiagem nas cabeceiras do rio São Francisco;

c) as obras de Xingó (última grande reservadia Chesf) encontram-se paradas;

d) o Maranhão tem geração em Tucuruí e Per­nambuco, em Paulo Afonso; .

e) Fortaleza encontra-se na ponta de uma li-nha de transmissão de 600 krn. .

Diante desse quadro, a Coelce através do seuengenheiro Francisco de Assis Sales Filho reali­zou estudo com vistas ao aproveitamento dos resí­duos u1traviscosos de uma refinaria de 120.000barris/dia, para geração de energia elétrica.

Segundo os cálculos daquele engenheiro, osresíduos ultraviscosos se queimados numa usinatérmica daria para gerar 700 megawatts de po­tência.

Se levarmos em conta que a demanda de Forta­leza não chega a 400 megawatts, diríamos quetal energia daria não só para atender o Cearácomo para aliviar a Chesf.

Élpreciso destacar que a própria refinaria pode­lia produzir tal energia num trabalho de cogeraçãocom a Chesf. Tal procedimento é comum emunidades de refino da Petrobrás.

Nesse momento, por exemplo, as refinarias Re­plan e Revap, em São Paulo, estão negociandocom a Companhia de Eletricidade de S. Paulo- Cesp, os seus resíduos ultraviscosos para gera­ção de 1.000 megawatts para São Paulo.

O mapa eletrogeográfico, em anexo, mostraatualmente, a fragilidade do sistema de energiaelétrica do Nordeste.

O trabalho "Cogeração com uso de resíduosultraviscosos de refinaria no Ceará" de autoriado eng. Francisco de Assis Sales Filho de Agos~to/87 encontra-se em an~lise na Petrobrás.

ACoelce dispõe de cópias para os interessados.

3. CONCWSÁO

Acreditamos que as razões, os danos e os argu­mentos aqui expostos toma indiscutível o resul­tado encontrado pela Petrobrás no seu estudode abril de 87, quando aponta o Ceará comolocal que mais otimiza os custos de implantaçãoda Nova Refinaria do Nordeste.

Urge, portanto, uma ação imediata e conjuntado Governo envolvendo não só todos os partidospolíticos como todos os segmentos da sociedadecearense no sentido de que seja cobrado do Presi­dente Samey o compromisso por ele assumido,quando afirmou aos parlamentares cearenses querespeitaria a decisão técnica da Petrobrás.

Entendemos que sé trata de um projeto supra­partidário, que interessa somente ao povo do Cea­rá.

UM PAÍs ONDE IMPERA A FANTASIA

Rogério CoeIh~NetoUma disputa salutar entre os estados do Ceará,

Maranhão e Pernambuco pelo direito de sediaruma nova refinaria de petróleo no Nordeste correo risco de virar, neste país do faz-de-conta, maisum ato de puro protecionismo político. A Petro­brás, em seus estudos preliminares, consideroupequena a diferença entre o Ceará e aoterra dopresidente José Sarney, quanto a aspectos técni­cos, e não fez uma opção. Preferiu adotar a salda­cômoda do empate.

O que está em jogo, na verdade, é o refinode 120 mil barris diários, que saem dos poçosde óleo combustivel já abertos em solo nordes­tino. A localização da refinaria em Fortaleza repre­sentaria uma considerável economia de custose de tempo. Custos e tempo não parecem ser,no entanto, condicionamentos importantes paraproqrarnas de obras, nesta envelhecida nova Re­pública, porque, se fossem, o'ex-mínístro do Pla­nejamento, Anibal Teixeira, não estaria tão envol­vido, como está, em denúncias de irregularidadesadministrativas.

Nesta história da refinaria nordestina, os quedesejam agradar o presidente da República sa­bem que qualquer decisão menos técnica só cõn­correrá para atrasar o projeto. Até porque o Mara­nhãe não tem nenhuma tradição como estadoprodutor de petróleo. Três sondas de prospecçãoque se encontravam em outras áreas da regiãoforam deslocadas para o solo rnaranhense, onde,em desespero, a Petrobrás procura descobrir re­servas de óleo combustível e gás.

Há estudos sérios, em torno do problema ener­gético do Nordeste, em mãos de técnicos cearen­ses. Destacam-se, entre eles, alguns que tiverama participação decisiva do atual secretário deIndústria e Comércio do governo Tasso Jereissati,o professor Francisco Ariosto Holanda. Entre osestudos em questão destaca-se, por exemplo, oque prevê a co-geração de energia com uso deresíduos ultravíscosos de refínaría. O trabalhomostra, em linhas gerais, que a utilização dessesresíduos ultraviscosos de refinaria para geraçãode energia elétrica poderá contribuir para a solu­ção de dois problemas setoriais; falta de energiaelétrica e mercado para os excedentes. Uma atua­ção conjunta, provao trabalho, permitirá um apro­veitamento mais racional de ambos, podendo me­lhorar as suas rentabilidades.

Mas, voltando ao problema dos esiudos sobrea localização da refínaría do Nordeste, eJ1Hsi.efilteem áreas oficiais do governo federal, a conclusãológica, racional, que salta aos olhes de qualquerum, é a de que falta um pouco mais de seriedadeno encaminhamento das soluções reclamadaspelos grandes problemas nscíoneís, sejillITil elespolíticos, sociais ou econõrnícos. Dos 120 milbarris diários de petróleo prcduzídos fila região,80 mil saem da bacia marítima comum ao Cearáe ao RíóGrande do Nane. Os outros ~O mil espa­lham-se pelos demais estados, sem que o Mara­nhão se destaque.

No momento, o governo federal não pode nempensar em investir no projeto da reílnería do í'/or­deste. Esse argumento vem sendo usado, indu­sive, para desestimular a 11.11:61 dos ceerenses 110

sentido de sediarem, no dia que for possívei, oprojeto de grande importância pqra a regnão. Épelo desânimo, então, do governo e dos técnicosdo Ceará, empenhados em dar scluçâo dlGfJH1iti1!@aos problemas energéticos da região, que o Mara­nhão pode lavrar um tento: o de ser aceíto, nãoimporta para quando, como sede da nova reíinaríada Petrobrás.

Alocalização do projeto, mesmo sem a gBlrslnriBlde sua pronta execução, é, apesar dos peseres,uma grande vitória. Não é justo, por isso mesmo,que estudos técnicos, que vão alérn do p:;;l!'óleobuscando a definição abrangente de uma novapolitica energética regional, sejam superedos pelapoliticagem de ocasião. Dar a reãnaríanordestinaao Maranhão é ato, assim, de puro iaccíoslsmode poder. Ou mostra real de que a nON© Repúbik:©entrou mesmo no caminho da pura ril!l1l~si@.

o SR•.CÉSAR MAIA (PDT- nuPronunciao seguinte díscurso.)- Sr. Presidente, SJr'" e Srs,Constituintes, nos últimos meses, todos nós t©­mamós conhecimento de que os donos do Leãopassaram a tratá-lo exclusivamente com UJm@ diGota: o assalariado médio.

O pacote fiscal lançado em dezembro de 1~8J1deixou claro que esta era a receite, f'l@ épClC@,em ofício, pedíamos ao Ministério da Fszendaque revisasse tais decisões. Apresentamos urnatabela demonstrando a regressivídade das medí­das. Para isto, comparamos, em dólar,as tebelssdo Imposto de Renda, progressivo e na fonte,de janeiro de 1986, aprovada por lei, e a de janeírode 1988, apresentada pai' decreto-lei. Nos doiscasos era eliminada a faixa menor de 5% e toma­das mais regressivas as faixas imediatõlmen~e su­periores. No caso da fonte, a regressívídade eraabsurdamente alta. Para se ter urna idéi@, um ren­dimento no entorno de (JS$ 700 P@SS@lIél a reco­Iher na fonte 15%, ao im/és de 10%.

O Governo, aceitando apenas as ponderaçõesdos conservadores ditos liberais, corrigiu curiosa­mente o que não precisava ser corrigido, ou seja,as faixas superiores, fazendo para as íníerioresum ajuste imperceptível.

Criticávamos o tipo de recolhírnerno introdu­zido para o caso de duas fontes ou mais, o chsma­do trileão. Embora o critério teórico ;OSS18 eperen­temente justo, ele implicaria um duplo recolhi­mento exatamente em um il!I1IO de restrições s;;!!©!­riaís, em que foi evidente a perda de poder decompra da classe média. Se o f!W(O de descontos,por conta do Imposto de Renda a pagEili", fossepara um caso' ~eatório, de 20% a ilTlí:!rod!u,Ção do

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11168 Sexta-feira 10, DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONsmUINTE Junho de 1988

trjJeãopraticamente dobraria a mordida, fato insu­portável para um assalariado com renda de apro­ximadamente US$ 1.000, por mês. A mordidaatingia também o bolso dos Estados e Municípios,quando atingisse os servidores públicos, já queo desconto na fonte é renda deles. Propúnhamoscomo alternativa, além da elevação de piso, opagamento parcelado, mesmo que corrigido, ea não-aplicabüidade para o caso de duas fontes,via acumulação prevista em lei, desonerandoaquelas categorias clássicas de servidores que na­turalmente acumulam cargos, como professores,médicos! jornalistas, aposentados, etc.

O tratamento dispensado ao capital foi dife­rente, a começar pela eliminação de um conjuntode, dispositivos que atingia as empresas, comoo Imposto de Renda, na exportação, nos ônibus,na bolsa de valores etc. Não queremos fazer juízode valor. O fato é que muito rapidamente o donodo Leão, nesses casos, mudou a dieta.

o Não satisfeito com isso, a dieta em cima dosassalaríados, especialmente dos da classe média,foi íncrementada. O reforço veio por conta deexpedientes parafiscais, pelos quais o Governo,sem usar explicitamente o recurso a um tributo,termina por produzir um efeito semelhante. Seria,por exemplo, inconstitucional o Governo baixarum decreto-lei aumentando o Imposto de Rendaexclusivamente para os servidores públicos. Po­rém congelar a URPpor dois meses tem o mesmoefeito e causa menos complicação. E assim foifeito, produzindo uma transferência aproximadade US~ 4 bilhões de dólares para o Governo,s,e computados os valores relativos às estatais,fato c1arissimamente inconstitucional.

Outro expecuente que o Governo tem utilizadocom freqüência e que incluimos entre os expe­dientes .parafiscais é o aumento de preços, que,tem uma estrutura superior de tributação, comovários bens duráveis. Inclui-se aqui também o au­mento de certos preços e tarifas do Governo quesão ínelástícos à variação de preço, ou pelo menosapresentam mais baixa elasticidade, como é ocaso dos combustíveis, da ~ne~gia ~I~tric~ etc,

Outro mecanismo que tem repasse direto aum preço de características genéricas é a tributa­ção adicional ao mercado financeiro, com reper­cussão direta no custo do dinheiro, afetando ocrédito ao consumidor, o crédito pessoal etc.

A dieta é impressionantemente intensa. Paraavaliarmos os efeitos dessa dieta, que começoua ser testada na política salarial do Governo, quari­do se elevou o salário mínímo real, reajustandopara baixo da inflação os salários da classe média,o chamado efeito cascata da curva Murilo Mace­do, fizemos um teste, que qualquer um pode fazerfacilmente, com um grupo de amigos. Tomamosos contracheques de 10 anos atrás e de 5 anosatrás de vários de nós, professores e profissionaisdiversos, e quando já não estávamos na mesmaposição, telefonávamos para pedir a cópia do con­tracheque daqueles que estavam em 1988, ocu­pando a mesma posição. Transformamos em dó­lar e comparamos tanto a renda bruta como arenda líquida de 1978, 1,9ª~ e 1988.

A tendência, consistente e inexorável, foi de re­dução do salário•.O valor é impressionánte. Osníveis atuais, em dólar, são aproximadamente aterça parte, (isto mesmo; um terço - (33%) doque foram há dez anos.

É difícil imaginar como a classe média estásuportando tamanho arrocho salarial, tamanhaperda de condição de vida e poder de compra.

Historicamente a classe média não se tem sujei­tado passivamente à condição de dieta única dequalquer leão.

Para a esquerda ou para a direita, tem-se trans­formado a dieta em indigestáo política. Espera­mos que aqui, agora e desta vez; tal indigestãopolítica seja pelo menos para o centro-esquerda.Os exemplos contrários foram tristes.

Preferiríamos mais ainda que conseguíssemosmudar o proprietário do leão.

O SR. JORGEARBAGE(PDS-PA Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes, ocupo esta tribuna para registrar,com grande sentimento de pesar, o falecimentoontem, em Belém, do renomado Maestro AlbertoMota.

O jornal O Uberal, cujo recorte anexo, alémde anunciar a morte, faz um amplo histórico doesplendoroso sucesso que o pianista paraensealcançou nas apresentações públicas pelo Brasil,que percorreu em todos os seus quadrantes. Aúltima delas realizou-se no ltamaraty, em Brasília,quando da solenidade de posse do PresidenteJosé Sarney na Suprema Chefia da Nação.

Faço o presente registro para homenagear tãoilustre figura da arte em nosso Pais, e requeiroa transcrição do noticiário do jornal O Uberalnos Anais dos nossos trabalhos, noticiário querelata o infausto acontecimento.

NOTICIÁRIOA Q(JESEREFEREO ORA­DOR:

MORREU AI.BERTOMOTA,O MAESTROPARAENSE DA DÉCADADE SESSENTA

"A gente entra na casa - antiga, ampla ­e vai disfarçadamente procurando o piano quetinha solovox. Na1ural, o dono da casa é AlbertoMota. E o piano fez dançar muita gente. Em 15anos de Alberto Mota e seu conjunto. Só queele não está mais na sala. O som que se ouveé o de um gravador Hai Kai (dos filhos -adoles­centes) que lança sem parar o grito pop de Santa­na, Heridrix e dos Stones. O piano com solovoxe tudo, ganhou aposentadoria no dia 22 de outu­bro passado, e emudeceu na casa de um dosseus antigos músicos". Este trecho é de reporta­gem de Regina Alves, publicado em O UberaIa 14 de novembro de 1971. Isto é, menos deum mês do maestro ter dado por encerrada suacarreira de músico, assim como Pelé, em meioao sucesso, deixando saudades. "Por que assimnão dói tanto".

Em nenhum momento, porém, o maestro haviadeixado realmente a música. Só a deixou agora,com a morte aos 73 anos, ocorrida ontem, às17:00hs, em sua residência, vítima de edema ce­rebral.. Para ele seria ímpossível abandonar a música

antes. Uma atividade musical iniciada muito cedo,visto que aos dezesseis anos já era profissional,tocando piano no ltapé, navío da antiga Compa­nhia de Nàvégação Costeira, que fazia a linha Be­lém-Porto Alegre. Depois, entrou para a 'Orquestrado melhor "band-leader" da época, o ReginaldoCunha, ou, o simplesmente, "Maçaneta", Nãoaguentando o ritmo das viagens do grupo, optoupelos estudos no Colégio "Paes-de CaJValho" e.

para sua manutenção, foi para o Grande Hotel,que acabava de inaugurar o "Arnazon Bar". Efoi lá que adaptou o solovox ao seu piano, fazendoenorme sucesso com a novidade. Quando o"Arnazon Bar" fechou, foi para o Joquei e deuinício à sua própria orquestra, lançando - a 22de outubro dé1956. Com essa orquestra o maes­tro fez sucesso em Belém nas décadas de 50e 60.

Em 1966 mudou para a Fortaleza, no Ceará,onde continuou a carreira de sucesso. Mas foionde, também, perdeu o filho músico, Marco An­tonio (de embolia cerebral).

Suas idéias,

Os depoimentos coincidem na apresentaçãode Alberto Mota. Um maestro que mereceu deGuilherme Coutinho '(outro tecladista paraense)um disco dedicado a quem "conseguiu valorizaro meio artístico de Belém". Era a realidade, Alber­to Mota foi o primeiro "bend-leader" a propor­cionar o salário mensal fixo aos músicos, quertocassem ou não, "pagando uma nota alta paraa época". Um maestro que não admitia "margi­nalizaro profissional, já que a música não alimentaseparativismos, e o músico mais humilde não temde envergonhar diante dos que pertencem às cha­madas camadas sociais superiores".

"Para Alberto Mota, tocar para cinco mil pes­soas numa praça de Belém, para os detentos deuma penitenciária de Fortaleza, para a hit-societyno Clube Harmonia em São Paulo, ou para oPresidente João Figueiredo, numa recepção ofi­cial em Brasília, não há nenhuma diferença" ­dizia Iriam Rocha Lima em entrevista sobre o pia­nista, publicada a 5 de dezembro de 79 no cader­no de Variedades do jornal Correio BrazlHense.

Depois de desfazer a orquestra erh Belém. omaestro não se conteve. Trabalhou nos clubesmais sofisticados de São Paulo e foi atração per­manente do Hotel Nacional, em Brasília, ínterpre­tando um repertório eclético. Mas, assim cornoseu repertório, Alberto Mota variava o público. Cer­ta vez, tocou para os detentos de uma peniten­ciária de Fortaleza; em outra, tocou pará umaplatéia de cinco mil pessoas em Belém. E foi,também, parabenizado, pelo então presidenteJoão Figueiredo, pelo vice, Aureliano Chaves, epor diversos ministros e congressistas duranteuma recepção em Brasília.

Ardente defensor do samba, Alberto Mota sódeplorava que "um povo que possui o ritmo maisgostoso e bamboleante que se conhece inspiradono andar, no trejeito, na graça de milhões de garo­tas de Ipanema, espalhadas por esse país, sejaobrigado a ouvir estas ensurdecedoras músicasdo, embalo, executadas em massa por certasemissoras de rádio".

A Carreira

Nessa sua carreira gravou cinco discos pelaPhillips. O primeiro É pra Dança••• Ou Mais feztanto sucesso que acabou ganhando o apelidode Ou mais e viu essa expressão acabar comogíria. Depois vieram voa Meu Samba, Top-Set,Quarteto Alberto Mola e Miscelânea.

Reconhecido em sua própria terra, o maestroAlberto Mota recebeu, em 1975, otitulo de honraao mérito, entregue pelo então presidente da As­sembléia Legislativa,Vicente Queiroz. No mesmoano recebeu o título Personalidade do Ano. confe-

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Junho de 1988 DIÁRIO DJ,\ ASSEMBLÉIA NAOON6l CONSTITUINTE Sexta-feira 10 11169

rido pelo jornalista Pierre Beltrand, de O UberaJ.Durante visita da misse universal a Belém, a brasí­leira Ieda MariaVargas, AlbertoMota foi o pianistada recepção na Assembléia paraense (e guarda­vam com carinho a foto tirada ao lado da misse,na ocasião). Sua última apresentação em públicoaconteceu no ltamaraty, quando da solenidademarcada pela posse do atual presidente José Sar­ney•. Alberto Mota deixa viúva'Isaura Nogueira Mota,'

esposa e principal incentivadora e confidente domúsico, e órgãos os filhos Terezinha, Maria Lúcia,Maria Célia, Maria de Nazaré, José Ribamar e Al­berto Júnior.

O corpo está sendo velado na capela de SantoAntonio de Lisboa e será sepultado às 11 horas,no cemitério de Santa Izabel.

OSR.PAOLOSILVA(PMDB-PI.Pronuncia'0 seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr'" e Srs.·Constituintes, o Piauí e o Nordeste receberam,I com boa dose de entusiasmo e até com certo'otimismo, a idéia da Sudene de introduzir emsuas linhas de apoio à região um programa deajuda ao pequeno produtor rural. O programa,denominado São Vicente, tem como objetivo bá­sico o fortalecimento das pequenas comunidades

·rurais do Nordeste, por intermédio da implan­tação de pequenos projetos comunitários visandoà criação de uma economia primária capaz defixar o ruricola ao seu meio.

Dando prioridade aos projetos encaminhadospelos sindicatos, associações de pequenos produ­tores, cooperativas e comunidades organizadas,o Programa São Vicente representa uma conquis­ta dos pequenos agricultores nordestinos. Algu­mas comunidades foram beneficiadas com recur­sos fmanceiros e, como resultado, estão avan­çando em termos da organização e de associa­tivismo, produzindo os gêneros de que neces­sitam, criando pequenos animais e participando,de alguma forma, do sistema produtivo regional.Como se observa, pelo.andamento dos projetoscomunitários, a Sudene vem resgatando a enor­me divida contraída com os pequenos produtoresMais, até então marginalizados pelos programasdo órgão. Conduziu uma política de apoio a gran­des projetos agropecuários, proporcionando a ex­pansão dos latifúndios, concentrando renda emuma região carente de melhor divisão do boloeconômico e aumentando o desemprego nocampo. Dessa forma, aquela Superintendência.

·afastou, por muito tempo, uma enorme parcela,da população rural do Nordeste de sua atividadeagrícola, jogando-a na vala comum da margina­

·lização.

O Programa São Vicente veio a tempo de secorrigir a distorção observada, mas tem encon­trado sérias barreiras quando sã~ requeridos re­cursos para a implementação dos projetos. Ale­gando falta de recursos, Sr. Presidente, a Sudeneestá acumulando um sem-número de projetos'comunitários, deixando as entidades associativase as comunidades desesperadas e desiludidas"frustradas que estão em face da esperançajogadano Programa São Vicente. Bastaria citar o casodo Municípiode Alto Longá, no meu Estado, cujosprojetos foram encaminhados pela Comissão Co-

o munitáriaj\\unicipal e estão, há mais de um é1!10,em análise e/ou em exigência. Sabe-se ~e ara-

zão principal do atrasona apreciação dos projetosé a faltade recursos, pois até alguns já aprovadosestão na dependência de liberação de verbas.. Gostaria, neste momento, Sr'" e Srs. Consti­tuintes, de dirigir um veemente apelo ao MinistroJoão Alves, do Interior, e aos ministros da áreaeconômica, no sentido de que liberem a dotaçãoorçamentária de 1,6 bilhão de cruzados,·verbaque cabe ã Sudene para cobertura dos projetosdo ProgIâma SãoVicente.Com a liberação dessesrecursos, a Sudene poderia apressar a análise dosprojetos acumulados, fortalecendo, dessa forma,aquelas comunidades nordestinas que aguardam

. a oportunidade de integrarem o sistema econô­mico do setor primário regional. .

Solicito à Mesa, neste momento, o encaminha­mento deste apelo aos MinistrosJoão Alves,Mai!­son da Nóbrega e João Baptista Abreu, para quesejam sensíveis à neces5tdade de recursos da Su-:dene, liberando a dotação orçamentária de 1,6bilhão para apoio ao pequeno produtor rural.

O SR. DAVI ALVES SILVA (PDS - MA. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Sr'" e Srs. Constituintes, após aprovação das elei­tções municipais pelo Senado Federal, uso destatribuna para, mais uma vez, ressaltar o processodemocrático deste País. É sempre bom lembrarque as bases para uma política sadia e honestatêm como princípio os eleitos pelos Municípios,pois é de. lá que se dá o ponto de partida paraa-eleição de nomes que comporão o GovernoFederal.

Sr. Presidente, Srs, Constituintes, quando falodas eleições municipais, faço-o com a consciên­ela-de que os trabalhos que realizei como Depu­.tado Estadual, como Deputado Federal e comoConstituinte me dão respaldo para subir num pa­lanque e falar de meus propósitos como futuroPrefeito de meu Município.Portanto, quero ressal-..tar aqui a decisão deste Congresso quando apro­vou as eleições municipais para 1988.

Encerro este pronunciamento comunicando aesta Casa que, dentre muitos nomes respeitáveise competentes, escolhi para meu- Vice o nomede Divino Garcia Rosa, por se tratar de pessoaportadora de uma bagagem política e adminis­trativa capaz de contribuir para o desenvolvimentode meu projeto de Governo. TéEdo sido ele<>P.~e­

feito do Município de Goíatuba, Estado de Goiás,Presidente da Cooperativa daquela cidade porduasvezes, sempre administran~com sabedoriae bom senso as verbas destinaâas aos fins, eunão poderia prescindir de sua presença e coope­ração em minha administação. Consciente deque, juntos, conseguiremos dar ao Muiticípio deImperatrjz um excelente governo_ ressalto aqui,mais uma vez, o nome de Divino G"arcia"Rosa,candidato a Vice-Prefeitode Imperatriz.

O SR. FRANCISCOAMARAL (PMDB-SP.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

. Sr'" e Srs, CQnstituintes,a Secretaria da Educaçãodo Estado de São Paulo adotou o projeto de seishoras diárias para os alunos das primeiras sériese de jornada única para o professor, devendo,com essa medida, recuperar o ênsino público noEstado. Deve-se levar em conta, no entanto, queo novo programa exige maior esforço da MerendaEscolar, com trinta por cento a mais quanto aoscustos atuàis. Diante disso, a Prefeitura M,unicipal

de Catanduva, por intermédio do Sr. José AlfredoLuizJorge, encaminhou apelo no sentido de queseja apoiada a Fundação de Assistência ao Estu­dante - FAE na sua reivindicação no sentidode que a Secretaria da Educação do Estado deSão Paulo forneça, aos estabelecimentos esco­lares do interior os recursos fmanceiros neces­sários ao bom funcionamento do Programa' daMerenda Escolar. Não se pode negar procedênciada reivindicação, tanto mais justa quando há Mu­nicípios mais ricos, que podem complementaros recuros estaduais do Programa, enquanto ou­tros, de menor arrecadação, ficam impossibili­tados de tal atendimento. Ora, o que se procuraé uma prestação uniforme desse serviço alimentarem todo o Estado, em beneficio das crianças as­sistidas e do próprio desenvolvimento.do ensino,sabido que mais de sessenta por cento dos alunoscomparecem às' aulas em função da MerendaEscolar, que diminui o índice de abstenção e osníveis de repetência e abandono, atendendo aosmelhores objetivos do ensino primário em todoo País.

O E;stado de São Paulo está em condições de,estabelecer um plano de merenda escolar queatenda a todos os seus municípios mais pobres.Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente, S....e Srs, Constituintes.

O SR. SIQ(JEJRA CAMPOS (PDC - GO.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,S!'"" e Srs. Constituintes, há grandes vultos cuja

, efigiesó se projeta na História quando transpõemos umbrais da eternidade e seus contemporâneostêm oportunidade de debruçar-se sobre o conteú­do da sua vida e a magnitude das suas realizações,pessoais, principalmente homens públicos, quenão receberam da sua própria geração home­nagem à altura dos seus méritos, proPllg~-apenas na eloqüência dos necrológios.

Evidentemente não é este o caso de VirglIIoTávora, soldado que se alistou nas milícias poIti­cas para, conservando as virtudes aprimoradasna "caserna - o espírito de unidade, a vocação,

.do comando, os ideais cívicos e patrióticos e o, interesse pela segurança e pelo desenvolvimentonacionais'~ receber, ainda em vida, o reconhe-cimento dos concidàdãos.

Dois meses antes do seu desaparecimento, VIr­gílioTávora era considerado, no Ceará, "O Polítícodo Ano", recebendo o reconhecimento de todasas classes sociais, de todos os segmentos políti­cos, sociais e econômicos de sua terra, que souberepresentar, com o máximo de dignidage e com­petência, na Câmara dos Deputados, depois noSenado Federal e agora na Assembléia NacionalConstituinte.

Era um trabalhador pertinaz, uma inteligênciaarguta, uma vocação para os estudos dos proble­mas econômicos e financeiros, um homem sem­pre escolhido para relatar, nas comissões místas,os mais intrincados temas e enfrentar, com calma,precisão e clareza, os mais acalorados debates.

Por isso o seu falecimento, na última semana,abre um claro entre as maiores personalidadesda vida nacional, enIutando principalmente o povocearense, a que serviu como Deputado, várias ve­zes, duas vezes como Senador e Governador, nu­ma das quais, eleito por uma aliança (JDN/PTB,t~ve de enfrentm:a inÇQJTIPreensão de a1gu~ seto-

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11170 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBlÉIA NAOONAL CONSmOlNTE Junho de 1988

res da Revolução de 1964, que superou com altivadignidade.

Se no Governo do Ceará se revelou adminis­trador de vistas amplas, organizador da economiae das finanças estaduais, no Parlamento se feznotar, sempre, pela intransigência das idéias epela afabilidade no trato pessoal, mostrando-sesubmisso aos princípios democráticos e dono deinvejável conduta parlamentar, sobretudo de in­cansável vocação para o trabalho anônimo dasComissões e, quando necessário, para o debatevivo no Plenário, em defesa das postulações edasposições que lhe parecessem justas.

Nascido em novembro de 1919, em Fortaleza,realizados os estudos secundários no Colégio Mili­tar, ingressou na Escola Militép' do Realengo, esco­lhendo a Arma de Engenharia, e reformou-se noposto de Coronel, deixando de atingir o gene­ralato.

Pertencente, sempre, à União Democrática Na­cional, o partido dos Távoras no Ceará, por elase elegeu Deputado Federal em 1950, reelegen­do-se em 1954, para conquistar o Governo doEstado de 1963.

Reelegendo-se Deputado Federal em 196.7 eSenador pela Arena, em 1971, reconquistou oGoverno do Estado em 1979 e, ao falecer, eraSenador Constituinte eleito em 1982, depois decumpridos seis anos de mandato, um dos maisférteis da nossa história parlamentar, autor, diretaou indiretamente, de grande parte do texto consti­tucional elaborado.

Trabalhador pertinaz e incansável, fez parte devários órgãos técnicos do Senado e da Câmarados Deputados, presidindo, várias vezes, a Comis­são Mistade Orçamento, a Comissão de Finançase exercendo a Vice-Presidência da Comissão deRelações Exteriores, além de ser membro dasComissões de Segurança Nacional e de Econo­mia.

Em 1961 foi designado, com prévia aprovaçãoda Câmara dos Deputados, para ocupar, pelaaDN, o Ministério da Vi~ção e Obras Públicas,havendo-se, no curto período ministerial, comoconsagrado administrador.

Possuia as mais elevadas condecorações na­cionais e estrangeiras, era doutor honorário pelaUniversidade Federal do Ceará, pela 'Faculdadede Filosofia e pela Faculdade de Administração,

, e também foi cidadão honorário de vários Municí­pios cearenses.

Deixou várias obras publicadas sobre a admi­nistração pública, planejamento econômico,questões petrolíferas, e sobre o uso pacífico daenergia,nuclear no Brasil, e foi relator do projetode lei sobre reserva de mercado.

Personalidade multiforme, caracterizou-se pelacoerência ideológica, pela fidelidade partidária epelo acentuado interesse na solução dos proble­mas do Nordeste e do Pais.

Nós, os goianos, principalmente os que defen­demos a criação do Estado 'do Tocantins, deve­mos a VIrgílio Távora especial apreço: em todosos passos da tramitação da nossa proposta, naComissão de Sistematização e no Plenário, nuncanos faltou com o seu apoío' vigilante, sedimen­tando uma profunda amizade, que já vinha a1icer­çada de uma grande admiração pelo homem pú­blico, pelo Parlamentar, pelo cornpanheíro e peloamigo exemplar que foi Virgílio Távora.

Trata-se de uma grande e irreparável perda parao Ceará e para o País.

O PDC,Sr. Presidente, Sf"õ e Srs. Constituintes,solidariza-se com ajusta e merecida homenagemque a Nação tem prestado a um dos maiorese melhores homens públicos de todos os tempos,o pranteado Senador Constituinte VIrgílio de Mo­raes Fernandes Távora.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

, O SR. NO LECH (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.) - Sr. Presidente, S....e Srs.Constituintes, sempre fuium entusiasta do federa­lismo. Como cidadão, jamais aplaudi o sistemaunitário que nos foi imposto por mais de duasdécadas: a tecnoburocracia. Nunca me impres­slonaratn as boas cantadas à transformação deEstados e Municípios a pedintes de uma minoriaque se fez dominante - tecnoburocraticamentedominante .:.... à sombra de um poder exercidosem nenhuma delegação popular.

O centralismo então sofrido pelos brasileirosainda perdura, e, com ele, o empobrecimento damaioria populacional.

Apesar de vivermos sob uma bem pouco defi­nida transição democrática, o estado unitário per­siste. Tem sido dificil desestruturá-Io, tanto ~antoé dificil afastar dos postos de mando seus servi­çais. Mas temos uma Constituição que não nosfoi delegada por ninguém. Trabalhosamente, nósa escrevemos, com a qualificação inquestionávelde legítimos representantes do povo brasileiro.

A chamada revolução não teve coragem deafrontar a Nação a ponto de omítír; nas Consti­tuições impostas, a Federação e a República. Noentanto, na prática, fizeram da Federação letramorta. E, da República, um império de interessesinconfessáveis.

Com muita dificulda!:le e não pequenas reaçõesdo autoritarismo ainda dominante, muito emboramascarado de democrata, reconstruímos o fec;le­ralismo em suas linhas mestras.

Dei meu voto a essa corrente do nosso pensa­mento político, aplicado, principalmente, na im­plantação de novos princípios ao norteamentoda redistribuição de recursos para o efetivodesen­voMmento do Brasil.

Criamos, na verdade, um novo federalismo, cu­jo conceito chave é a parceria, ligando Estadose Municípiosao Governo Federal, com autonomiae harmonia: parceiros, sim, nunca senhor e escra­vos.

Isso permitirá programas cooperativos que de­terminarão positivamente um desenvolvimentoreal, sempre que houver comum acordo entreos referidos parceiros quanto às necessidades,aos meios e aos fins.

Enfrentamos o gigantismo das intervenções doPoder Central em todos os campos da ordempública, sempre dependente de um voraz cliente­lismo político, imperativo no fundo e na forma.

Aação constituinte, a que dei meu voto, porém,avançou na questão tributária, para originar umanova conceituação do papel da Federação e daRepública, que fará Estados e Municípios respon­sáveis perante a União e a União responsável dian­te deles.

Sistematizamos a colaboração intergovema­mental, restituindo autoridade e responsabilidadeàs unidades da Federação a nível de Estados ea nível de Municípios, numa decisão política con-

fessada para inverter a imposição do.estado unitá­rio por mais de 20 anos.

Estamos derrogando a doutrina centralizadora,bem resumida na máxima tecnocrétíéa de que"Brasília sabe mais" e deve ser a fonte de todainiciativa.

Agora, a preponderância federal sobre Estadose Municípios foi abrandada, e a burocracia inter­vencionista, reduzida ao mínimo.

Os Estados poderão, a partir de 1989, agir porconta própria, assim como - e principalmente- os Municípios, tomando a iniciativade progra­mas destinados a seus interesses.para tanto con­tando com recursos reais, a eles deferidos consti­tucionalmente.

A democracia federal é a mais autêntica contri­buição dos Constituintes à Nação moderna, dinâ­mica, capacitada à promoção do desenvoMmen­to, independentemente das relações políticas en­tre o Executivo Federal e os Executivos estaduaise municipais.

Descentralização implica hierarquia - uma pi­râmide de governos com graduações de poderprovenientes de um sentido vertical de responsa­bilidades.

A expectativa de um desenvoMmento consis­tente e estável agora existe, com três diferentesníveis governamentais: a base municipal, o meioestadual e o topo federal.

Devemos sublinhar, porém, que a decisãoconstitucional não impede uma ação comum,diante de determinados problemas, sobretudoconjunturais, através de programas harmoníca­mente montados e implementados.

Sem essa condição, a política de realizaçõesconverter-se-á em um tão difuso quanto íntermí­nável esforço, exercido por cada parte, tentandoimpor-se às demais.

A Constituição, neste particular, é clara, da dis­tribuição de recursos à filosofiaque adota - parti­cipativa por excelência.

Ao elaborá-la - este foi o sentido do meu voto- nós, Constituintes, nunca afirmamos ter encon­trado a resposta definitivapara todos os temposou sequer para nosso próprio tempo.

Nen1;Juma fórmula pode ser aplicada automati­camente, sem uma análise isenta, sem equilibri,oe racionalidade, de portas fechadas ao diálogo.

Devemos sempre, dentro dos limites constitu­cionais, procurar o consenso - aquilo que maisinteressa~ comunidades - para que a liberdadede ação, em cada nível de governo, antes de umadisputa, sirva ao bem comum.

Entendo ser este'o melhor caminho para a res­tauração federativa. Demos à Federação - umasíntese política admirável de nossa evolução histó­rica - meios de reafirmar"se inteira e capaz.

Teremos agora - para tanto votei - o tempoe os meios de fazermos administrações conse­qüentes; oportunidades que antes não havia co­mo exercitar. As imposições do centralismo tec­noburocrático as impedia.

A partir do próximo ano teremos uma socie­dade capaz de sustentar-se em seus próprios pése assim caminhar para o futuro, em condiçõesde realizá-lo.

Anova Federação~ uma realidade, para a dinâ­mica de desenvolvimento que será mais eficaz,realizado em parceria justa entre os três níveis

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Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Sexta-feira 10 11 t "ll

de Executivos - União, Estados e Municípios,que por ele devem trabalhar.

Adecisão, harmônica em seu conteúdo expres­so, serve à Nação como um todo. Contudo, serve,acima de tudo, aos Municípios, raízes da demo­cracia representativa, sem os quais qualquer avan­ço não pode ser firmado no País.

A mais justa distribuição de recursos financei­ros determinará autoridade e responsabilidade,até aqui não cobráveis de Prefeitos e Governa­dores.

Apesar' das reações descabidas de um Ministroda Fazenda que se agarra ensandecido às máxi­mas do centralismo, a que prestou culto comoauxiliar direto de Delfim Netto - apesar dele,absurdamente Ministro desta trôpega transiçãodemocrática - apesar de Maílson da Nóbrega,a Constituinte fez e manterá a justiça tributária.

Assim votei, na honrosa companhia de ilustrespares, para restabelecermos a Federação, enter­rando de vez o estado unitário e os tecnocratasdo centralismo.

Foi e é a minha posição.

o SR. JUTAHYMAGALHÃES (PMDB-BAPronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, a Assembléia Nacional Consti­tuinte, na votação do Capítulo 11, do Título 11, doProjeto de Constituição, incorporou significativosavanços no campo dos direitos socíaís, especial­mente no dos direitos' específicos dos trabalha­dores.

Sãoreconhecidos como direitos sociais, no art.79, a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, asegurança, a previdência social, o amparo à ma­ternidade e à infância e a assistência aos desam-parados. '

O alcance desse reconhecimento constitucio­nal de direitos dos cidadãos, principalmente da­queles que trabalham, situa-se em nova dimen­são, porque esses direitos doravante se colocarãoa salvo das mutações da legislação ordinária, ouseja, não estarão mais sujeitos a avanços recuosdecorrentes de contingências sociais-e econômi­cas do País. Direitosreconhecidos na Constituiçãoconsolidam-se, não podendo ser retirados ao sa­bor das conjunturas:

Desde d caput do art. SO começam a súrgiras.conquístas sociais da classe trabalhadora nanova'Constituição, com a menção expressa aosrurais, até agora claramente discriminados.

Trabalhador Rural

A referência geral aos trabalhadores deveriabastar, porque entre eles estão os rurais. Mas areferência expressa é uma garantia contra a preva­lência prática da discriminação dos trabalhadoresdo campo em relação aos urbanos, tradicional­mente sustentada pelo regime ultrapassado dolatif'úQdio (art. 8°,caput).

A simples menção' expressa assegura doravan­te ao trabalhador do campo: fundo de garantia,,adicional de trabalho noturno, seguro-desempre­go, piso salarial, participação nos lucros, jornadade 8 horas e 44 horas de serviço por semana,adicional de 50% para a hora extra, licença àgestante, adicional de férias, aposentadoria 'sobnovos parâmetros, adicional de serviço penoso,insalubre ou perigoso, assistência gratt:Jita aos fi­lhos até 6 anos de idade, igualdade de direitospara o trabalhador avulso, licença paternidade etc.

A nova Constituição assegura previdência so­cial ao produtor rural, equiparando a este o par­ceiro, o meeiro, o arrendatário e respectivos côn­juges, conquistas da maior valia social (art. 9",caput e parágrafo primeiro).

Proteção Contra a Dispensa Imotivada(art. 8°,1)

A nova Constituição consagrará a proteção aoemprego, dificultando a chamada "despedida ar­bitrária". A- Lei Complementar regulamentará asdespedidas, garantindo não só uma indenizaçãoponderável, como também outros direitos, entreos quais o pagamento de importância calculadaem percentual elevado sobre o total do fundode garantia devido pela empresa.

Essa nova normatização deverá provocar sensí­vel redução da rotatividade da mão-de-obra" aotempo em que também eliminará a hipótese deo'trabalhador ser dispensado sem receber algoque lhe possibilite enfrentar situação'de desem­prego. Reforçará essa proteção o seguro-desem­prego.

Seguro-Desemprego

Elevado à condição nova de direito constítucío­nalmente assegurado, deverá ter um tratamentolegal que faça dele uma compensação social aotrabalhador desempregado e um suporte econô­mico regulador davaríaçãç do número de postosde trabalho existente em cada momento. Deveráfuncionar como mecanismos de preenchimentotemporário de remunerações relativas a postosde trabalho passageiramente inexistentes. Comotal ele tem profundo alcance social de estabili­zação da economia pessoal ou familiar dos traba­lhadores (art. 8°,11).

Salário Mímimo

AConstituinte aprovou um novo conceito socialdo salário mínimo, ampliando a abrangência deleem relação à cesta básica do trabalhador, paraincorporar os itens inovadores da educação, dolazer e da previdência social. Garantiu, além disso,uma fixação mais justa do seu valor, quando de­terminou que seja aprovado por lei e periodica­mente ajustado.

O reajuste periódico só decorre de conjunturaeconômica inflacionária, mas é certo que estapersiste décadas nas economias menos estáveis,como a nossa. Vivemos em regime de custo devida crescente há mais de meio século, e nãoexisteperspectivas de saída dessa situação a curtoprazo.

PIsoSalarial

Remunerações diferenciadas por categoriasprofissionais correspondem à realidade. A unifor­midade salarial no patamar inicial da carreira ouprofissão é desestimulo à mão-de-obra qualifi­cada (art. 8°,V).O piso será proporcional à exten­são e à complexidade do trabalho.

lrredutibUldade de Contraprestação

A irredutibilidade .do salário ou vencimento éuma garantia contra a diminuição salarial, queé outro desestimulo ao trabalhador (art. 8°,VI).

Aposentados

Aos aposentados ficou assegurado o 13°salárioequivalente à aposentadoria, ponderávekonquis­ta dos inativos (art. 8°,vm).

Participação nos Lucros

Significa a um só tempo democratização docapitalismo e Incentivo ao trabalho produtivo. ,I;:,também; uma forma de tomar mais justo o ganhpdo trabalhador, de modo indireto (art.'SO, X).

A participação nos lucros da empresa, aliadaà co-gestão, deverá conduzir a uma empresa denovo perfil, onde a produtividade cresce na razã~direta do interesse dos empregados no seu destí­no. É preciso, contudo, que venha a lei ordináriaregulamentadorã. A falta dela serviu de pretextopara que o princípio,já íncorporado à Constítuíção­vigente - art. 165, V- nunca tivesse aplicação,

Jornada de TrabalhoA jornada semanal de 44 horas (art. 8°, XII)

foi combatida por uma corrente mais conserva­dora, temerosa de ônus insuportável para as em­presas. Foi dito que a diminuição de horas -detrabalho conduziria à diminuição da produção;o que é apenas um chavão antiquado. Aquelaredução só faz crescer a produtividade, que cobre:a ausência de trabalho correspondente às horascortadas.

Jornadas de trabalho estafantes conduzem-aodeclínio da produção. A modificação sobre-aConstituição vigente, no particular, visa a um'du-,pIo objetivo: maiores períodos de descanso-eabertura de novos postos de trabalho (art. 8°,XII):

As economias mais avançadas do.rpundo.jáíncorporaram essa conquista, certamente porqueverificaram o aumento da produção simultâneacom jornadas de trabalho menores.

Turnos InIntenuptos de revezamento

O setor menos progressista do empresariado "nacional combateu a proposição de jornada máxí­ma de 6 horas para os turnos ininterruptos' d~revezamento.

Esses turnos geralmente ocorrem em serviços­estafantes, o que justifica a redução da carga ho­rária.

Novamente aqui mostra-se um antagonismo.de posições: há os que vinculam a produção ajornadas maiores e há o pensamento moderníezante de que a produtividade estã na razão inversada extensão do serviço (art. 8°,XIII).

Adicional da hora extra(art. 8°,XV)

Passará a ser 50% maior do que o da hora:normal. O intuito é desestimular a utilização rotí-:neira do serviço extraordinário, abrindo vagas para"a admissão de novos empregados.

O serviço extraordinário é muito aplicado no,Brasil como forma de trabalho de menor custo:do que o da contratação de novos empregados­

Os baixos salários fazem com que os própriostrabalhadores busquem melhor remuneração­através de horas extras.

Embora adicional bem mais elevado que.oatualmente vigente possa contribuir para um.maior índice de emprego, cremos que esse pro-­blema do trabalho extraordinário somente pode,ser resolvido pela via do fortalecimento da econo-, .mia.

Férias

As férias anuais com remuneração integral'jáformaram, em outros tempos, na linha de frentedas reivindicações da classe trabalhadora.

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11172 Sexta-feira 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NAOONALCONSTITOINTE Junho de 1988

Hoje, depois de décadas da conquista dessedireito, verifica-se que o trabalhador apenas saide férias do serviço, mas não pode gozá-Ias emlazer: o salário apenas cobre a despesa rotineirae não dá para as extras. E, como o descansocom lazer é tido pela ciência biopsicolágica comoaquele que restaura ó pleno funcionamento doorganismo de quem trabalha, há que pagar umadicional de férias. O inciso XVI do art. 80 prevêapenas um terço do salário e, por isso, é apenasuma forma embrionária que desembocará, maistarde, na garantia de uma verba mais substancial,capaz de assegurar o lazer do trabalhador e suafamilia.

Licença remunerada da gestante

A empregada gestante obteve um substancialavanço no seu direito à Iicença-matemidade: oprazo, que é de 90 dias, previsto na lei ordinária(art. 392, da CLT), passará a ser de 120 dias,consagrado na Constituição.

Junto a essa licença, surgiu novo direito damulher que trabalha: incentivos específicos paraproteção do seu mercado de trabalho.

Essa última norma representa um expressivosalto social, porque um dos índices da civilizaçãodos povos é a dimensão dada ao asseguramentode rnercado de trabalho à mulher, sem discri­minação.

Licença Paternidade

(art. 80, XVD)

A licença ao pai trabalhador, por ocasião donascimento de filho, quando a mãe não podedar-lhe assistência, é também direito novo, que,por essa rezão, encontra forte impugnação.

Aviso prévio

(art. 80, XVIII)

Pelo art. 487 da CLT, o aviso prévio mínimoé de 8 dias, quando o pagamento 49 salário éefetuado por semana ou tempo inferior.

O Plenário da Constituinte ampliou esse míni­mo para 30 dias, o que permitirá aos empregados,sempre, disporem de um tempo razoável paraa obtenção de novo emprego.

Adldonal por atividade penosa

(art. 80, XX)·

Além dos adicionais de periculosidade e insalu­bridade, já previstos em lei, a nova Constituiçãogarantirá aquele decorrente do trabalho em ativi­dades penosas, uma compensação mlji~ abran-gente. •

O correto objetivo social nessa matéria é a eli­minação ou pelo menos a redução da nocividadedo ambiente de trabalho, e não a remuneraçãoadiciorlal, que não impede os malefícios ~.saúde

do trabalhador. Mas, sendo inevitável a penosí­dade, o adícíonal é uma compensação mínimanecessária.

Creches e pré-escolas

A assistência gratuita aos filhos e depe~fentes

do empregado, até a idade de 6 anos, representaoutro avanço social expressivo, que aponta paraa formação das gerações futuras (art. 80

, XXII).

Automação

(art. 80, XXN)

A Constituinte aprovou norma de profundo sig­nificado social, ao exigir que o empregado sejaprotegido contra a automação. Esta não poderáacarretar desempreço, cabendo ao empregadorremanejar a mão-de-obra.

Seguro

(art. 80, XXV)

Asestatísticas revelam a dimensão dos aciden­tes de trabalho. A Constituinte instituiu o segurocontra eles a cargo do empregador, além da inde­nização em caso de dolo ou culpa deste.

É que o empregado não pode ficar desam­parado exatamente no momento em que, por mo­tivo do trabalho, vem a invalidar-se definitiva outemporariamente.

Prescrlçã~

O art. 11 da CLT estabelece o prazo de 2 anospara a prescrição dos direitos trabalhistas, o quegeralmente significa a extinção deles no cursodo próprio contrato de trabalho.

A ampliação desse prazo para 5 anos dá maistempo ao trabalhador para reclamar a violaçãode seus direitos, abrangendo os rurais.

Proibição de discriminação por motivos deidade

(art. 89, XXVII)

Aproibição de diferença de salário ou de critériode admissão por motivo de idade é um avançosocial da maior significação.

Atualmente essa proibição não é contemplaridana Constituição, e discriminação dos maiores de35 anos, no mercado de trabalho, é praticadaimpunemente.

Trabalhador avulso(art. 80

, XXIX)

A Constituinte estabeleceu a igualdade de direi­tos entre trabalhadores avulsos e permanentes.É um salto social relevante, que acaba com aexploração do trabalhador avulso, mantido comoreserva de mão-de-obra barata, sujeita a uma hu­milhante condição sócio-econômica.

Trabalhador defiden!e físico

O trabalhador portador de defícíênclafísica éoutro discriminado em nosso País, infelizmente.o inciso xxx, do art. 8°, do Projeto de Constituiçãoelimina essa discriminação, no que toca ao saláriocomo ao critério de admissão.

Retenção dolosa do salário(art. 8°, § 19)

Não será mais impunemente praticada peloempresaríado a retenção dolosa do salário do em­pregado, como aconteceu até hoje. Doravante aretenção desse tipo c1assificar-se-á como crime,disposição de alto valor social.

Proteção ao menor trabalhador

O Plenário da Constituinte elevou para 14 anosa idade mínima para engajamento do menor aotrabalho. O objetivo é deixar, até essa idade, otempo livreà criança para a educação, a instniçãoe o lazer, o que também aponta para a preparaçãodas gerações futuras. Fica ressalvado apenas o

caso do menor aprendiz, que se instrui no própriotrabâlho. -

Empregadas domésticas(art. 80, § 50)

As empregadas domésticas, no Brasil, sofremforte discriminação. Só fazem jus, na relação detrabalho, a férias e previdência social, atualmente.

De acordo com o que foi aprovado pela Consti­tuinte, elas passarão a fazer jus ao salário minimo,à irredutibilidade do salário, ao 13° salário, ao re­pouso semanal remunerado.às férias com adicio­nai, ao aviso prévio e à aposentadoria.

É a caminhada dos domésticos em direçãoà plena igualdade com os demais trabalhadores.

Organização Sindical e Greve

O avanço máximo em matéria de direitos dostrabalhadores, outorgado pela Assembléia Nacio­nal Constituinte, contudo, está na organizaçãosin­dical e na greve.

Quanto à associação sindical, o .novo textoconstitucional consagra em definitivo a autono­mia sindical. O § 1° do art. 10 veda ao PoderPúblico qualquer ingerência naprganização sindi­cal, e o § 3° assegura ao sindicato a representaçãoda categoria para a defesa dos direitos e interessescoletivos ou individuais dos integrantes dela, tantoem questões judiciais como administrativas.

O fortalecimento das organizações sindicais, re­sultante de sua plena autonomia, deverá refletirprofundamente no contexto social e econômicodo País, visto que a classe trabalhadora é o contin­gente maior da população e o que participa maisdiretamente da produção da riqueza nacional.

Completa-se o crescimento social da classe tra­balhadora com o reconhecimento do direito degreve, ressalvado apenas o atendimento das ne­cessidades inadiáveis da comunidade.

Acreditamos que a livre vivência do direito degreve conferirá à classe trabalhadora, cada vezmais, a consciência de que se tratade uma annaeficiente que deve ser utilizada com critério, comomeio legítimo de obtenção de melhores condi-ções de trabalho e de remuneração. ,

Concluindo, congratulamo-nos com a Assem­bléia Nacional Constituinte pelas conquistas queacaba de incorporar aos direitos dos trabalha­dores, dentro das possibilidades das empresas.. Foi um ato de reconhecimento ao trabalho pro­

fícuo em benefíci&-da Nação., Estamos segurds de que as conquistas incor­poradas à nova Constituição ensejarão harmoniaentre o capital e o trabalho e abrirão novos cami­nhos para o desenvolvimento de nosso País.

Era o que tínhamos a.dizer.

o SR. ANTONIO DE JESUS (pMDB - GO.Prpnuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,.Srs, e SI'"' Constituintes, nos últimos vinte anos,.o modelo de désehvolvimento imposto ao Paísconcedeu privilégio unicamente ao setor econô­mico e financeiro, estabelecendo um capitalismodesumano, em prejuízo das áreas sociais e assis­tenciais. Costumava-se dizer que seria necessário"fazer o bolo crescer para depois reparti-lo" entrea sociedade.

Sabe-se muito bem que a aplicação dessa polí­tica, na prática, converteu-se em violenta desigual­dade na distribuição de renda, transformando ospobres em_autênticos in~er~yeis.

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Junho de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONS1TfUINTE Sexta-feira 10 11173

Hoje, em busca do tempo perdido, o Governoprocura mudar este quadro injusto, investindo nosprogramas sociais e assistenciais que beneficiemas camadas mais carentes.

Mesmo assim, Sr. Presidente, esse trabalho temsido insuficiente.

Toma-se necessário, no entanto, ampliar o pro­grama social do Governo, implantando crechesnos locais de trabalho de mulheres que têm filhosaté a idade de cinco anos, objetivando, pelo me­nos, dar à mulher trabalhadora brasileira um míni­mo de direito, que é o de ter onde deixar os filhosenquanto trabalha.

A criação de creches para os filhos da mulhertrabalhadora, nos locais de serviço, toma-se, por­tanto, medida imprescindivel, de alto alcance so­cial e humanitário.

É tempo de se pensar, idealizar e fomentar acriação de creches que tenham a ação de lares-es­colas. Essa medidavisa, primordialmente a ampa­rar a criança de família de be'xa renda, bem comoa garantia da mãe viúva que busca no trabalhoa forma de sustentação e sobrevivência dos filhosmenores.

As crianças carentes do nosso País precisamdo nosso carinho, da nossa atenção e sobretudodo nosso cuidado. Elas representam os futurosprofessores, advogados, médicos, políticos, en­fim, os administradores da Nação.

Por isso, a nossa preocupação é uma questãode prevenção e até de segurança nacional.

o SR. ROBERTO FREIRE (PCB - PE. Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs, Constituintes, lutar para não morrer. Este éo lema dos funcionários da empresa de quími­ca-fina AQB, instalada desde o final do ano passa­do no Município de Igarassu, que entraram emgreve na última quarta-feira a favor de um reajustedos salários da ordem de 100 por cento, por me­lhores condições de trabalho e em defesa do meioambiente. A diretoria da empresa, infelizmente,adotou uma postura rígida, inconseqüente, e ne­ga-se a negociar com os grevistas, com clarosprejuízos para o município e para dezenas de famí­lias.

O movimento paredista dos funcionários daAQB está coberto de razão. Só para os Srs, Parla­mentares terem uma idéia da verdadeira situação,'basta citar que o ralárío do mês de março, coma correção norma! pelos índices oficiais, deveriaser de Cz$ 11.420.00, mas, inexplicavelmente, aempresa, recorrendo a um ato insano, resolveurebaixá-lo para apenas Cz$ 9.615,00. Existem ain­da outros motivos favoráveis à greve, até maisfortes que o reajuste salarial. Vários funcionáriosforam vítimas de acidentes de trabalho, simples­mente por não receberem informações adequa­das sobre o perigo da matéria por eles manejada,incluindo soda cáustica e tricloreto de fósforos.Um deles, pelo menos, será obrigado a fazer trans­plante de retina após sofrer graves queimadurasjunto aos olhos.

Como se-não bastassem tais atentados contraos seus próprios empregados, a AQB já está fa­zendo escola no Nordeste, no campo da ecologia,apesar de estar operando há menos de 8 meses.Recentemente, 12 mil litros de ácido clorídrico,antes armazenados em tanques precários, vaza­ram para um afluente do rio Botafogo, provo­cando a matança de peixes e dificultando a vida

de pescadores e populações ribeirinhas. Aos pou­cos, os resíduos químicos também tomam contada atmosfera, segundo denúncias de trabalha­dores, atingindo, de alguma forma, a flora dasimediações da fábrica.

O comportamento da AQB, Srs. Constituintes,é uma espécie de vídeo-teipe comum a tantas

<outras indústrias brasileiras e multinacionais emoperação em nosso País. Elas recorrem ao PoderPúblico, recebem todo tipo de incentivo das insti­tuições financeiras do Governo e, ao final, nãose submetem a qualquer tipo de controle efetivo,seja no campo trabalhista ou do meio ambiente.Já é hora de acabar com este círculo vicioso.Uma empresa deve assumir responsabilidadesclaras com seus trabalhadores e com os recursosnaturais de nosso País.

Sr. Presidente, Srs, Constituintes, a bancada doPCB e das demais forças progressistas represen­tadas nesta Casa têm-se esmerado em defender05 interesses dos setores industriais de ponta emnosso País, como a química-fina, contra a pressãodos grandes monopólios internacionais. Destaforma, é até irritante quando uma empresa comoaAQB resolve ater-se apenas a seus lucros, jogan­do outros valores essenciais de nossa sociedadena lata do lixo.

Torcemos para que este quadro seja alteradoe esperamos que tal ocorra o mais rápido possível.Não queremos os nordestinos e a Nordeste pere­cendo sob a sanha empresarial.

Um outro assunto me traz a essa Tribuna.Vezpor outra somos assaltados com iniciativas

de pessoas, no Brasil, verdadeiramente absurdas.A última vem lá da minha região, o Nordeste,e se não fosse algo deplorável e um exemploaté perigoso para a nossa ainda incipiente demo­cracia, entraria para o folclore da burrice e dafalta de sensibilidade para com tudo de positivoque ocorre à nossa volta, seja a partir do Brasilou do próprio exterior:

Estou me referindo concretamente à ação doSuperintendente da Polícia Federal em João Pes­soa, um delegado de nome obscuro, Lauro Viana,que, por um capricho pessoal e obedecendo cer­tamente a impulsos de sua mente saudosa doperíodo da ditadura militar e da repressão, resol­veu proibir a divulgação do livro "Perestroíka",do líder soviético MikhailGorbachev, em algumasímportantes escolas de segundo grau da capitalparaibana. Mas o ato de desatino, conforme publi­cou o Jornal do Brasil, em sua edição de 2de junho, estende-se por sobre outras publica­ções, entre elas O Capital, de Marx e até livrosde Frei Beto. Ora, Srs. Constituintes, algumas coi­sas parecem brincadeiras. Como proibir "Capi­tal", do grande pensador alemão e responsávelpelos fundamentos da moderna teoria social-eco­nômica em uma escola de segundo grau, quandoesta obra monumental não é lida em profusãonem mesmo nas universidades, em função desuas complexas lógicas internas? Não quero duvi­dar de nossas crianças, mas V. Ex's, imaginemos estudantes de segundo grau lendo, em O Ca­pital, os capítulos relativos à teoria do valor. Parafazer uma comparação sem muito rigor, isto equi­valeria ao Delegado Lauro Viana possuir toda apicardia e a inteligência de um Sherlock; Holmes.

Quanto ao livro"Perestroika", um dos mais ven­didos no Brasil e no mundo inteiro, acredito quea sua divulgação seja fundamental para se com-

preender a realidade de um país e de uma orienta­ção política que têm grandes conseqüências a'nível da política mundial. Não compreender ade­qüadamente os Estados Unidos e a União Sovié­tica, ontem e hoje, é não querer entender direitoo planeta em que vivemos. O livro de Gorbachevé proibido em uma escola, quando é este mesmoestadista que dá passos largos, juntamente comRonald Reagan, para a adoção, em escala mun­dial, de uma política de desarmamento e na cons­trução da paz do amanhã. Talvez se o delegadocatarinense, residindo há três meses emJoão Pes­soa, conhecesse o livro "Perestroika", agisse demodo diferente.

Só para acentuar o absurdo da atitude do dele­gado, ele esmerou-se em fazer um questionário,ainda segundo o Jornal do Brasil"; cujo prin­cipal objetivo é aquilatar o índice de rebelião dofilho com o pai. Coloca-se até mesmo contra apolitização dos jovens, como se isso fosse ummal e não um termômetro das sociedades demo­cráticas. Ora, as últimas pesquisas, conforme jádemonstrou a revista Veja, mostram que os anos80 podem ser caraterizados pelo moderno com­portamento da juventude e por sua boa interaçãocom a família, e não o contrário. Portanto, LauroViana nada compreende da Vidacontemporânea.

Este tipo de atitude isolada de um delegadonão pode ser tolerada pelo Departamento de Polí­cia Federal e pelo Ministério da Justiça. Tais ôr­gãos devem estar comprometidos com a manu­tenção da democracia e, por conseguinte, buscara preservação da Iiberdaéle do conhecimento emnosso País.

O SR. PAES DE ANDRADE (PMDB - CE.Pronuncia o seguinte discurso. - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, como brasileiro, como mem­bro do Congresso Nacional, que tem sua sedeem Brasília, domicílio político de todos nós, massobretudo como representante do Ceará, desejoconsignar nos Anais desta Casa nossa alegria enosso orgulho cívico, diante da decisão do SumoPontífice, o Papa João Paulo 11, de atribuir honrascardinalícias ao Sr. Arcebispo desta Capital, DomJosé Freire Falcão.

Natural de meu Estado e de minha região, entreos Inhamuns e o Cariri, o primeiro Cardeal deBrasília nasceu no pequeno distrito de Ererê, noMunicípio de Pereíro, formado desde muito cedonas virtudes tradicionais dos sertanejos de minhaterra, Dom José Freire Falcão fez seus estudosno Seminário de Fortaleza, o Velho Seminárioda Prainha, por onde passaram alguns dos maisilustres sacerdotes e homens públicos do Nor­deste.

Com estudos de pós-graduação em centrosde ensino da Europa, o sacerdote cearense desta­cou-se muito cedo, entre seus companheiros doclero nordestino, sendo sagrado bispo ainda mui­to jovem. Designado para o Sólio Arquíépíscopalde Teresina, ali exerceu fecunda ação pastoral,sacerdote segundo o coração de Cristo, sua voca­ção evangelizadora de homem de Deus nl!ncafoi toldada por outros interesses que não os daatividade pastoral,

Quando Brasília se consolidou. Como Capitaldo País, a Santa Sé foi buscá-lo, em seu SóIíode Teresina, para ser o segundo Arcebispo daCapital da Repúblícá,

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11174 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

A transformação de Brasília em sede cardina­lícia fora um velho sonho do Presidente JuscelinoKubitschek, amadurecido agora o projeto nachancelaria do Vaticano, por inspiração pessoale por decisão soberana do Papa João Paulo Il,recaiu sobre Dom José Freire Falcão o privilégiode ser o primeiro Cardeal da Cápital da República.

Os homens da Igreja acreditam que as decisõesdo Sumo Pontífice, como sucessor de São Pedro,na condução dos destinos temporais e espirituaisda comunidade católica, são sempre inspiradospelo Espírito Santo.

Agora, Sr. Presidente, a escolha de Dom JoséFreire Falcão para Cardeal de Brasília atribui ànossa Capital o direito de voz e voto na própriaeleição dos Pontífices Romanos.,

A Igreja de nossos dias vive, como todas asfiguras da sociedade humana, momentos difíceis,marcados por incertezas e perplexidades. A pre­sença de um pastor voltado inteiramente parasua vocação evangelizadora é motivo de confian­ça e de esperança para todos nós.

Por tudo isso, a escolha de Dom José FreireFalcão para primeiro Cardeal de Brasília vale paranós como uma mensagem de tranqüilidade e es­perança.

o SR. GONZAGA PATRIOTA (PMDB­PE. Pronuncia o s,eguinte discurso.) - Sr. Presi­dente, SI"'" e Srs. Constituintes, Pernambuco contao com mais antigo jornal em circulação na Amé­rica Latina. Fazendo História, vivendo a Históriae integrado à Hist6ria do nosso f:stado, Diáriode Pernambuco, nos seus 163 anos de existên­cia, confunde-se com a própria cidadania dos per­nambucanos.

Das lutas históricas e libertárias do povo dePernambuco, o Velho Diário não somente foi tes­temunha, mas, sobretudo, foi participe ativo e de­cidido, contribuindo na formação da opinião pú­blica de modo a estimular cada vez mais o senti­mento democrático da gente do meu Estado.

Bastaria o exemplo de 1945, quando Pernam­buco partiu na frente na luta pela redemocra­tização. Naquela oportunidade, o Diário de Per­nambuco foi o grande baluarte do movimentopopular contra a ditadura, pelo restabelecimentoda democracia no País. Lembraria a figura deAníbalFernandes, o grande nome do jornalismoque durante mais de três décadas abrilhantou aspáginas do Diário, e falaria de Gilberto Freyre,expoente maior da nossa cultura, para exempli­ficar a importância do velho jornal, no contextoda imprensa nacional, empenhados que foramnaquele movimento.

No passado, o Diário marcou sua participaçãoem movimentos como a abolição da escravatura,'aparecendo' em suas páginas o brilhantismo deJoaquim Nabuco, o grande tribuno, o bravo jorna­lista, escritor e político, orgulho de nossa gente,um dos principais defensores da libertação daraça negra.

O Diário foi brilhante em todas as fases davida nacional.

Como não poderia deixar de ser, o Diário dePernambuco integra-se hoje à grande imprensanacional na luta por um Brasil melhor, por umaPátria redemocratizada e, por uma Nação livre,soberana e fórte.

. Dando cobertura às atividades desta Assem­bléia Nacional Constituinte, o grande jornal per-

nambucano tem retratado com absoluta fideli­dade o andamento de trabalhos constitucionais,mantendo uma linha informativa equilibrada, re­tratando a realidade de Brasília dentro de padrõesque s6 engrandecem a imprensa brasileira.

Hoje o Diário é disputado na Capital da Repú­blica com avidez, uma vez que os leitores, princi­palmente os políticos e aqueles que estão direta­mente e indiretamente ligados à política pernam­bucana estão certos de que nas páginas do gran­de jornal encontrarão informações sérias e emba­sadas na verdade dos fatos.

Mesmo não contando com uma sucursal emBrasília, o jornal mais antigo da América Latinamantém na capital um jovem e dinâmico corres­pondente que, com brilhantismo, lisura e serie­dade, coloca os eventos políticos mais importan­tes do momento nacional, sempre ao nível doque de melhor pode ser feito em termos de jorna­lismo.

O trabalho desenvolvido pelo jornalista MagnoMartins, pernambucano de Afogados da Ingazeira,temperado pelo entusiasmo que é comum aosjovens de Vale do Pajeú, merece, da parte dopúblico que lê o Diário de Pernambuco, respeitoe amdmiração, o que conquistou através da ma­neira correta que orienta sua conduta profissional.

Pelo que tem feito, Magno Martins é parte inte­grante da ação pernambucana no CongressoConstituinte. Acatado e respeitado por todos, obrilhante jornalista é a imprensa pernambucanaem Brasília.

Por tudo isso, Sr. Presidente, gostaria de fazerconsignar um voto de louvor ao Diário de Per­nambuco, na Ata dos trabalhos desta sessão,estendendo a homenagem ao jornalista MagnoMartins, pelo brilhantismo com que vem sendofeita a cobertura dos trabalhos da Assembléia Na­cional Constituinte. Peço, ainda, Sr. Presidente,que a Mesa dê conhecimento àquele jornal e aoseu correspondente em Brasília da decisão destaCasa.

Muito obrigado.

O SR. JOSÉ LUIZ MAIA (PÓS - PI.Pronun­cia o seguinte díscurso.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes, o Município de ltainópolis, em meuEstado, acaba de coiripletar 34 anos de fundação.Seriaum evento comum no cotidiano das comu­nidades do interior, não se tratasse, como de fatose trata, de um dos mais promissores pólos dedesenvolvimento do Piauí, onde, além de sólidabase agropastoril, está um dos maiores centrosprodutores de algodão daquela unidade federativado Nordeste brasileiro.

Com pouco mais de três décadas de emanci­pação política, ltainópolis é uma das mais gratasafirmações da administração do meu Estado e,graças ao esforço e ao trabalho sério implemen­tado por seu atual Prefeito, Sr. José Maia, dispõede bem montada unidade mista de saúde e deuma das melhores redes de energia elétrica, al­cançando quase todos os pontos do Município..Na atual gestão, foram construídos 36 gruposescolares na zona rural, além de quatro gruposna sede urbana e milhares de metros quadradosde pavimentação poliédrica, fomando o perfil ur­banístico do Município compatível com o seucrescimento.

O trabalho que o PrêfeítoJosé Maia impõe asua administração em ltaínôpolís é modelo que

deve ser imitado por todos quantos têm sobreos ombros a responsabilidade de dirigir a coisapública. Seu empenho indormido para conseguirrecursos e viabilizaro plano de obras de sua admi­nistração é sem dúvida surpreendente, do mesmomodo que a transparência na aplicação dessesrecursos muito tem contribuído para tomar o Mu­nicípio uma comunidade de pacífico entendimen­to, onde o diálogo entre governante e governadospropicia um clima de bem-estar social sem para­lelo no interior piauiense.

Os problemas básicos são atacados com deste­mor e até com certa ousadia. O número de vagaspara o ensino de primeiro grau impede a ocor­rência de déficit escolar, pois a rede oficial deensino, representada por 40 grupos escolares, co­bre todo o território do Município, sob rigorosocritério de orientação pedagógica que atrai efeti­vamente a criança e evita a evasão escolar tãocomum na faixa etária a que se destina.

O atendimento sanitária é outro ponto que me­rece destaque entre as metas alcançadas pelaadministração José Maia,quadro que se completacom um adequado apoio de infra-estrutura ener­gética e de saneamento. E tudo isso a nos mostrarque a aplicação criteriosa dos recursos públicos,pnorizando tudo quanto realmente merece priori­dade, pode operar o milagre de, em meio a tantacrise, promover a felicidade de toda uma popu­lação.

ltainópolis, nos seus 34 anos, já adquiriu a ma­turidade das coisas seculares. Por isto, neste pe­queno registro, ao consignar nos Anais da Casaesse auspicioso evento, quero, de público, teste­munhar meu aplauso a esse administrador quetanto dignifica o municipalismo píauíense.

O SR. DENISAR ARNElRO (PMDB - RJ.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,S!"" e Srs. Constituintes, chegou às nossas mãosa revista "Navegação", de abnl do corrente. Entreas diversas reportagens e depoimentos apresen­tados, chamou-nos a atenção um, que até fogeao assunto tratado pela referida revista.

Trata-se do depoimento dado por um homemque já conhecíamos, por ter sido Presidente daEmbraer e por ser, hoje, o Presidente da PetrobrásCoronel Ozíres Súva mas com quem so há 90dias, tivemos oportunidade de um contato direto.Foi por ocasião da reunião a que compareceuna Comissão de Fiscalização do Poder Executivodesta Casa, a fim de esclarecer-nos sobre a cria­ção de uma subsidiária da Petrobrás em Londres-Overseas.

Naquele dia, já diagnosticamos estarmos diantede um brasileiro com "B" maiúsculo, pois mos­trou ser um executivo que sabe bem e- que faze conhece o que é melhor para o seu País. Expli­cou-nos, de modo claro e conciso, a importãnciada criação dessa subsídíana, o mais rápido possí­vel para a nossa economia, pois propiciará nãosó a compra de petróleo no mercado externo,como também a intermediação junto a outrospaíses, deixando um ganho em moeda forte nosnegócios realizados. Conseguiu, com sua fluidezde raciocínio, transformar uma reunião normal­mente enfadonha, - pelo tipo de perguntas erespostas surgidas - num depoimento que, te­mos certeza, despertou um alto interesse entretodos os presentes. Causou-nos surpresa a verifi­cação de quecdias após essa brilhante explanação

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Junho de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NAOONAI:: CONSmUINTE Sexta-feira 10 11175

do Dr, Ozíres,o Presidente da República, atravésdo Sr. Ministro das Minas'e Energia, tinha resol­vido submeter ao Congresso Nacional a decisãopertinente à criação dessa subsidiária, atitudêque lamentamos profundamente, pois, conhe­cendo a Casa - já em nossa segunda legislaturasabemos que, agravados pela feitura da Consti­tuição, pouco tempo teremos, ainda nos próximosmeses, para tratar de assunto de tamanha Impor­tância. Sabemos também dos prováveistropeçosque a matéria sofrerá em seu andamento poraqueles que, sendo deputados ou senadores sejulgam conhecedores de todos os problemas na­cionais e que com suas intervenções - emboramuitas vezes imbuídos de boas intenções - sótumultuam e causam prejuízos incalculáveis ànossa estrutura econômica.

Confiamos em que as lideranças do PMDBe do PFL os dois maiores partidos com assentonesta Casa assim como também as demais lide­ranças, saberão encaminhar o problemajunto aosseus liderados, para que a matéria não se fiquearrastando pelos caminhos burocráticos, com pe­didos de vista, emendas e outras discussões, quesó atraso trarão para a aprovação do projeto, queé de importância vital para a Petrobrás e, conse­qüentemente, para o País.

Voltamosa referir-nosa esse homem que dirigetodo esse complexo industrial que é a Petrobrás.Homem símples, mas de inteligência privilegiada,e que, apesar de todos os óbices que nossa Naçãoatravessa, continua acreditando no seu futuro.Provadisso é que exorta é!- todos os seus patrícios,no depoimento publicado pela revista "Navega­ção" (como informamos no início deste pronun­ciamento) sob o título "AAventura do Desenvolvi­mento", onde mostra as partes positivas que oBrasilconquistou nos últimos 30 anos.

Para constar nos Anaisdesta Casa, passaremos'a lê-lo, agora, com o intuito de levar ao conheci­mento de todos o que é ver o nosso País pelolado positivo:

"No Brasil de hoje parece haver um con­senso em relação ao pessimismo, pois a críti­ca vem merecendo manchetes, enquanto asrealizações, que não são poucas, são rara­mente mencionadas.

Nas inúmeras vezes em que estive no exte­rior, para falar sobre o Brasil, tenho procu­rado mostrar com franqueza o que está acon­tecendo e como vejo a nossa realidade. Bus­co lembrar que há 30 anos nosso País eravoltado para dentro, namorando os produtosimportados, exportando quase tão-somentecafé, que pagava praticamente quase todasas nossas contas externas, sendo, na maioriados exercícios, deficitárias.

Iniciou-se então um programa.de investi­mentos, continuando no otimismo de ummineiro ilustre, Juscelino Kubitschek, que,com seu grande coração e não menor obsti­nação, dedicou-se a fazeresta Nação crescer50 anos em cinco.

Outros também o seguiram, de uma formaou de outra. O fato é que nesses trinta anosa produção de aço saltou de 1,5 para 20milhões de toneladas - ano; mais de 12milhões de telefones foram instalados; umafrota de navios de carga foi totalmente cons­truída; a potência hidroelétrica instalada cres-

ceu de menos de 4 para mais de 50 mega­watts.-o sistema rodoviário saltou de 5Q milpara 1,4 milhão de quilômetros.

Para não fugir do meu campo de trabalho,já estamos produzindo mais de 600 milbarrisde petróleo - vale lembrar que, no começoda década dos anos 50, houve verdadeirabatalha, discutindo-se se o Brasil tinha ounão petróleo.

Hojeo mundo descobre que somos a 8' econo­mia entre todos os países desta espaçonave terra.Claro,não sem problemas; ao contrário, com mui­tos deles, os quais dominam as conversas desdeos mais sóbrios gabinetes até os bares de todasas esquinas.

Fala-se da dívida externa e contra ela. Mas nãose fala que ela, em grande parte, foi o motordesse desenvolvimento, dando-nos acesso a pro­dutos e tecnologias que, associados às nossasrealizações, guindaram o País a novos patamaresde demanda, sofisticando o nosso caipira, quehoje,em muitas fazendas, assiste à televisãotrans­mitida por um satélite estacíoríárío na linha doequador.

Novamente volto à minha experiência pessoale cito os aviões,citando o presidente da Lufthansa:"Qualquer companhia aérea do mundo que tenhajuízonão pode falarem pequenos aviões de trans­porte sem antes discutir com o Brasil".

Neste percurso de desenvolvimento veloz,tive­mos acidentes: dois choques de petróleo que noscustaram muito dinheiro (em dólares). E as taxasde juros que andaram pelos 20% ao ano (tambémem dólares).

Mais~ainda, a virtualparalisação dos preços dosprodutos primários tradicionais da pauta brasi­leira.Tivemos de exportar muito mais em volumefisicopara, no líquido,ficarcom a mesma receita.

No campo político,nossas realizações tambémforam grandes. Saímos de forma pacífica de umgoverno militarpara uma democracia. Com todosos problemas que aí estão, acho que cada brasi­leiroprefere o regime de liberdade, certos de quese soubermos pagar o custo da democracia, con­solidando-a, construiremos o País com que so­nhamos.

Assim, neste curto relato, vemos que vivemosnum país respeitável. Rico em recursos naturaise com um mercado de 140 milhões de pessoas.Imaginem .se as colocarmos todas EllJI condiçãode produzir e de consumir. Este e, na base, onosso problema; o problema da elite brasileirae de cada um de nós que, neste momenté, estásendo chamado para contribuir e participar dagrande aventura do desenvolvímentosdo Brasil,onde ninguém pode ser espectador, mas' todostêm que ser atores.

No século passado, as atividades produtivascresciam e floresciam à base de uma vantagemenergética e da inovação. Foi assim que o carvãoe o petróleo ajudaram a crescer a indústria. Foiassim que nasceram os produtos manufaturados.

Neste século, o salto foi imenso com a adiçãoda tecnologia como conhecimento sistematizado,suscetível de ser desenvolvido,transferido e nego­ciado.

Ainda neste século surgiram as técnicas racio­nais de gerenc\amento, cujo espetacular desen­volvimento ficou claro já na 11 Guerra Mundial.

É claro que não podemos deixar de falar noJapão, cujo progresso está, sem nenhuma mar­gem de dúvida, vinculado ao extremamente efi­ciente sistema gerencial, produto não só dos exce­lentes empresários que são os japoneses, mastambém da própria forma de vida que desenvol­veram ao longo de muitos séculos.

A conclusão a que se chega é que uma naçãosomente se pode enriquecer produzindo produtosem quantidade, qualidade e preços comparati­vamente melhores que seu concorrente. Para isso,o ingrediente fundamental é a capacidade geren­ciai,entendida como o uso inteligente dos fatoresde produção e das matérias-primas, de modo acomprar produtos capazes de' granjear amplossegmentos do consumo, não só nacionais comointernacionais.

No nosso País colocamos em jogo complica­dos esquemas de proteção ao produto nacional.Sem dúvida, uma política lógica para se dar apartida como em uma corrida. O Governo nosdá um empurrão para que na competição possa­mos ter mais tempo para ganhar velocidade. Osegredo deste jogo é de saber a quantidade deestimulo e por quanto tempo. O empresário pre­cisa compreender quando ele se toma adulto edaí por diante deve buscar caminhar sozinho.

A ampliação desmesurada do apoio governa­mental acaba por deformar o processo produtivo,penalizando o consumidor e gerando interferên­cia e intervenção. Como resultado, temos a insa­tisfação e a inflação. Ê como no ditado mineiro:"Casa em que falta pão, todos gritam e ninguémtem razão".

Não poderia deixar de falar no papel que vejopara a empresa sob controle governamental. Es­sas empresas que, bem ou mal, fizeram e fazemum grande trabalho para este País vivem hojesob certos jargões que são, no mínimo; injustos,

Se hoje temos telecomunicação, energia, açoe tantos outros produtos e beneficios, devemosa elas. Talvezcompanhias privadas poderiam terfeito o .mesmo e melhor, mas o fato é que, noBrasil,este trabalho foidas empresas do Governo.

I§: elas conseguiram fazero que fizeram porqueeram empresas, isto é, eram gerenciadas comotal. No entanto, mudou-se a regra do jogo.

Os Governos federais, notadamente a partir de1~75, passaram a pressionar essas empresas pararealizar seus programas, sem se ater aos princí­pios mais elementares de "marketing". Usaram­nas como fontes derecursos e não como organis­mos produtivos.

Chegamos a nova República com quase 4 cen­tenas de empresas vinculadas ou sob controle

,do Governo, uma boa parte delas desnecessárias,mas muitas úteis e mesmo essenciais.

Não quero fazer injustiça, mas insisto, comotenho insistido junto às autoridades, que sejamtratadas como empresas e não como se fossemórgãos da administração direta.

Isto está custando muito caro em prejuízos eendividamento crescentes, o que somente se re­verterá com administração empresarial profissio­nal em outras palavras com gerenciamento efi­ciente.

Na atualidade, as limitações para os dirigentesdas "estatais" que gerenciam suas empresas sãoenormes.

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11176 Sexta-feira 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Junho de 1988

Em recente palestra que proferi em São Paulo,respondendo a uma pergunta de um empresário,enchi o pulmão e comecei a desfilar cerca de30 limitações impostas à administração das socie­dades de economia mista brasileira.

Quando cheguei à terceira, o empresário meinterrompeu e disse: "Não precisa continuar, sefosse na minha empresa já estaria quebrado".

Este País é um grande patrimônio, como osão suas empresas, do Govemo ou privadas. Asoma do sucesso dessas empresas dá o êxitoao País. Devemos protegê-Ias, sem interferir, eas deixar produzir, com responsabilidade e autori­dade. Corno,acionistas cobremos os resultados,mas deixemos que os administradores façam oseu trabalho. Se falharem, devem ser substituídos,mas não se penalizarem as empresas, que são,em última análise, as células deste organismoimenso que é a Nação. '

Mais uma vez assinalo que creio neste País e,sobretudo, nos brasileiros, cujo patriotismo e de­dicação ao Brasil são claros demonstradores deque, na força de nossa gente, está o germe donosso crescimento para o grande Brasilque alme­jamos.

Ao terminarmos esta leitura, Sr. Presidente eSrs. Constituint,estemos certeza de que esta ser­virá de matéria para reflexão,podendo vira ajudara mudar a ótica de pessimismo que domina estaCasa em todos os pronunciamentos que temosouvido aqui diariamente. Achamos que a formasimples, clara e objetiva com que o Dr. Oziresabordou o presente, acreditando no futuro destePaís, deve ser a tônica de toda a Nação para quea juventude que estuda e cresce neste País-con­tinente, também possa vir a encarar com otimis­mo os nossos destinos. Sugeriríamos até que opresente depoimento não ficasse restrito a umarevista com leitura dirigida a determinado setor,mas que fosse transcrita em outras de maior cir­culação no território nacional.

Finalizando, resta-nos dizer que o nosso Paísnunca precisou tanto do esforço e do trabalhode seus filhos como neste momento, para juntosreabilitarmos a credibilidade nos nossos destinosde nação que deseja uma democracia forte e du­radoura.

Era o que tinha a dizer.

o SR. COSTA FERREIRA (PFL- MA.Pre­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, a Constituição brasileira vigen­te, reconhecendo a importância da educação parao homem, em particular, e para o desenvolvi­mento da Nação, como um todo, determina aobrigatoriedade do ensino para todos os brasi­leiros, na faixa etária dos sete aos quatorze anos.

O texto que estamos elaborando vai mais além,garantindo o ensino fundamental a todos quantosnão tiveram acesso a este na idade própria, eainda responsabiliza as autoridades competentespelo não-oferecimento do ensino pelo Estado oupela sua oferta irregular.

Todavia, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, essepreceito nem sempre jem merecido a atençãoque requer.

No meu Estado, mais precisamente no AltoTurí, 9.246 alunos, filhos de agricultores, residen­tes nas comunidades situadas na área da Compa­nhía de Colonização do Nordeste - Colone, estão

ameaçados de perder o ano letivo agrícola, quese deveria ter iniciado no mês de maio.

Essa companhia, ao chegar à área onde atua,promoveu um grande desenvolvimento na região,O índice de emprego cresceu e o de analfabe­tismó diminuiu sensivelmente.

Agora, fomos informados de que os consul­tores do Banco Mundial recomendaram a transfe­rência do Sistema Educacional do AltoTurí, geri­do pela Colone, para o sistema municipal ou esta­dualdo Maranhão.

Por outro lado, o Estado, por intermédio daSecretaria de Educação, preocupado com a exis­tência de um sistema de educação autônomo,propôs o repasse ao Estado do contingente deprofessores e do acervo patrimonial do Sistemado Alto Turí, com manutenção de verbas pelaSudene, a fímde garantir a continuidade do ensi­no mínístrado naquela zona rural.

Entretanto, conforme nos dá ciência memorialenviado pela cornunídade, anexo, os 180 profes­sores que compõem o quadro daquele sistemaeducacional foram dispensados pela companhia,em 31 de dezembro de 1987, e não foram ­como era de se esperar~ absorvidos pelô .síste­ma estadual de educação.

Fazemos um apelo, aos nobres sentimentosdo Exm-Sr. Presidente José Samey, no sentidode determinar ao Ministério do Interior, atravésda Sudene, a manutenção do convênio com aColone e a recontratação dos professores dispen­sados, até que a Secretaria de Educação do Esta­do do Maranhão assuma as funções na região.

Temos certeza de que o Presidente, como bomrharanhense, há de sensibilizar-se com a situaçãoangustiante em que se encontram os professoresdo Alto Turi, ora desempregados e privados desustentar 180 farnflías-com os recursos, aindaque parcos, antes auferidos e, sobretudo, comos quase dez mil alunos que ficarão à margemdo direito fundamental à educação.

DOC(JMENTO A Q(JE SE REFERE OORADOR:

llm" Sr.Dr. Costa FerreiraMO.Deputado Federal

Prezado Sr. Deputado,Apresentando-lhe inicialmente nossos respei­

tosos cumprimentos, vimos apelar para seus no­bres sentimentos, rogando sua valiosa e decisivainterferência junto aos órgãos competentes, paraque nos ajudem a resolver o que ora iremos expor.

Somos representantes de uma classe de pro­fessores pertencentes ao Sistema de Educaçãoexistente no AltoTurí,Estado do Maranhão, sendoum número de 180 professores, atendendo umaclientela _de 9.246 alunos, filhos de agricultoresantes mantidos pelo Projeto de Colonização doNordeste - Colone, fomos dispensados do qua­dro de funcionários da empresa, em 31 de dezem­bro/87, por questão superior (do Banco Mundial),alegando ser esse sistema de competência dogovemo do Estado.

Por oportuno, esclarecemos, conforme minutade entendimento contando -corn representantesda Sudene, Colone e Estado, que o Sistema seriaabsorvido pelo Estado com a manutenção de ver­bas pela Sudene, o que, na realidade, não acon­teceu.

Diante do exposto, esclarecemos ainda que asatividades letivas do Sistema de Educação deve­riam ter início no mês de maio/88. No entanto,nada temos de concreto acerca dessa situação.

Sendo só o que se apresenta para o momento,somos gratos pela sua presteza, confiantes emDeus que nos ajudará em prol dessa causa.

Cordialmente em Cristo. - lrinei CasteloBranco Crispim - E1izabete Cardoso lindo­so Sousa - Antonia Menezes Pinto.

OBS. Não havendo outro órgão de imediatopara assumir o Sistema, não seria o caso da pró­pria empresa que colonízourwnolone), continuarcom as atividades educacionais até que hajaquem assuma, no caso o Estado, a fim de quenão haja prejuízo da -grãiídemãSsé! estudantil?

O SR. VASCO ALVES (PMDB-ES. Pronun­cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, S~e Srs. Constituintes, venho à tribuna neste diapara expressar meu mais profundo descontenta­mento, e até mesmo meu repúdio ao recessobranco que a Assembléia Nacional Constituinteinstituiu durante toda esta semana.

Não podemos conceber que, enquanto todaa população brasileira aguarda ansiosamente otérmino do processo constituinte e a instauraçãode uma nova ordem jurídica no País, a maioriados Srs. Constituintes se furte ao dever de estarpresente em Brasília, impedindo a continuaçãonormal dos nossos trabalhos.

Ora, SI"'" e Srs. Constituintes, todos nós sabe­mos que os setores ligados ao retrocesso, com­prometidos com o capital intemacional eque la­mentavelmente se fazem presentes nesta Casa,têm tentado sistematicamentejogaro povo contraa Constituinte, contra todos os avanços nos direi­tos sociais e dos trabalhadores conquistados atéagora, tentando criar uma imagem falsa e caricatados nossos trabalhos. Se nos omitimos, se nãoestamos presentes aqui para dar quomm e po­dermos prosseguir normalmente as votações, is­so significa que estamos fazendo o jogo daquelessetores que atuam contra os avanços sociais.

A sociedade clama por definíções que depen­dem de votação da Assembléia NacíonalConsti­tuínte. lridefmições como o período de mandatodos futuros prefeitos e vereadores municipais nãopodem permanecer sem um veredito da Consti­tuinte, pois essas indefmições só contribuem paraa desestabilização do poder civil.

Reitero o~meu repúdio aos Constituintes quesó comparecem a este plenário dirigidos pela ba­tuta do Palácio do Planalto, nas votações de seuinteresse, e com esta postura traem o mandatopopular e impedem o prosseguimento normal daAssembléia Nacional Constituinte e a agiliiaçãodos trabalhos desta Casa, não nos permitindo oquorum suficiente para votação.

Sr. Presidente, os faltosos têm de ser punidosde acordo com oRegimento. Nós, que estivemosaqui desde o início da semana, não podemospagar pelos Fujões da Constituinte, que é co­mo alguns órgãos de imprensa têm chamadoos Constituintes faltosos.

Era o que tinha a dizer.

O SR. MAURÍUO.FERREIRA UMA (PMDB- PE: Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Pre­sidente, Srs. Constituintes, durante a votação dadisposição transitória que definiu a duração do

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Junho de1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NAOONALCONS1TIlJINTE Sexta-feira 10 11177

mandato do Presidente José Samey vi coisas quejamais seriam possíveis em países civilizados.

,QullJ)doas galerias, lotadas, clamavamporquatroanos, a espera do resultado final do placar, o De­putado Amaral Netto voltou-se para elas e disse:"Quero ver o grito de vocês daqui a pouco". Elejá sabia que políticos, sem qualquer vinculo como desejo da população brasileira, haviam vendidoseu voto nesta Assembléia Nacional Constituintepor vantagens e cargos, algo que não seria possí­vel em um país civilizado, onde a vontade do povoprevalece sobre o desejo de mais vantagens parapolíticos inescrupulosos. Ele já sabia que, maisuma vez, a vontade de uma minoria privilegiadairiasobrepor-se aos desejos legítimos de um povoque jamais conseguiu ser respeitado por aquelesque deveriam representá-lo no Congresso. Umpovo traido, mas que perdeu sua paciência paratratar com pessoas venais e sem integridade, pes­soas que esquecem compromissos assumidospublicamente em palanques e meios de comuni­cação de massa. Ao ironizar o desejo da popu­lação por quatro anos, o Deputado Amaral Nettoesqueceu-se de sua condição de representantede cidadãos iguais aos que lotavam as galerias.Ao ironizar as galerias, ele também se esqueceude que depende dosvotos destes homens e mu­lheres .ímpacíentes para retomar à doce rotinados jetoos que esta Casa oferece. '

Os que votararTl"por cinco anos fiqyem certosde que pagarão caro nas próximas eleições. Opovo começa a conhecer o valor exato de seuvoto. O ato de escolher um nome, dobrar umacédula e depositá-Ia em uma uma tem um valorinestimável, incapaz de ser medido em botas esapatos de péssima qualidade. O político corruptosempre soube disso. Os eleitores agora tambémo sabem. O ato de votar tem mais valor que umapromessa de emprego na Administração Féderal,Os políticos clientelistas sempre souberam disso.O povo agora também o sabe.

Minha atuação sempre foi baseada no auto-res­peito. Eu não teria um sono tranqüilo se não esti­vesse cumprindo o desejo da população brasileiranesta Assembléia Nacional Constituinte. O queeste povo quer é uma democracia que não selimite aos aspectos formais de sua definição ese expanda integralmente pelos setores mais di­versos da sociedade. Como homem que respeitaas linhas originais do PMDB, caracterizadas porlutas homéricas contra o regime militar de 64,marco minha atuação ouvindo os desejos do po­vo. Tenho certeza de que retomarei, por isto, aoCongresso em um novo mandato. Os que assimnão agem fiquem certos de que nesta Casa nãoterão lugar. O povo já não se engana mais sobrequem defende realmente seus interesses.

IV -APRESENTAÇÃO DE,PROPOSIÇÕES

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­Os Srs. Constituintes que tenham proposiçõesa apresentar queiram fazê-lo. (Pausa.)

Apresentam proposições os Srs.:

ADYLSON MOTTA- Requerimento de infor­mações ao Ministro-Chefe do Gabinete Civil daPresidência da República sobre montante dasdespesas com a viagem do Presidente da Repú­blica a !'Iova IQ!que,Estados Unidos.

BENEDITA DA SILVA - Requerimento pararealização de sessão solene no dia 18 de julhovindouro em homenagem ao 70° aniversário deNelson Mandela.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Peçcaos Srs. Constituintes que ocupem os luga­res. Vamos fazera verificação de presenças. Regis­trem seus códigos. Os que se encontrem forado plenário que venham registrar sua presença,ainda que seja nos postos avulsos.

. (Procede-se à verificação de quorum.)

O Sr. Adolfo OUveira - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.Ex' a palavra.

O SR. ADOLFO OUVEIRA (PL- RJ.Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, quero levarao conhecimento de V.Ex' e da Casa que o Presi­dente do meu Partido, Constituinte'Álvaro Valle,encontra-se intemado no Hospital Albert Einsteinde São Paulo. S. Ex' foi submetido a uma delicadaintervenção cirúrgica na última terça-feira, e seuestado é bom. Fazemos voto para que retomeprontamente ao convivio de seus colegas, espe­cialmente de seus amigos e companheiros do

,Partido Liberal.

O Sr. Adylson Motta - Sr. Presidente, peçoa palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Tem V.Ex' a palavra.

O SR. ADYLSON MOITA (PDS - RS) ­Sr. Presidente, durante esta semana tivemos umaenorme dificuldade de formaso quorum paradelíberaçôes,

Sei do esforço de V. Ex' para que esta Casafuncione. Quero, pois, renovar, aqui, a V. Ex' oque já pedi em ocasiões anteriores. Aliás, penso'que dei o exemplo. Quando V. Ex' me chamouao seu gabinete e me convidou para ir em missãoà ONU, Jjos Estados Unidos, no ano passado,abri mão da viagem para ficar aqui como suplenteda Comissão de Sistematização.

Acho que V. Ex', Sr. Presidente, deve impedira viagem de Parlamentares ao exterior, porqueisto, de certa forma, está contribuindo para a faltade quorum nesta Casa. É sabido que algumasmissões estão viajando, e certamente isto preju­dica os nossos trabalhos. Parece-me que no mo­mento a tarefa mais importante de um Consti­tuinte é estar participando das votações.

Renovo a V.Ex' esse apelo.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Nóbre Deputado Adylson Motta, confirmo o en­tendimento que tivemos. De minha parte, siste­maticamente tenho respondido aos inúmerosconvites que recebo' dizendo que estamos 'emum trabalho constituinte, impossibilitados de de­signar Parlamentares para atendê-los., Sucede que certas viagens têm caráter, diga­

mos, imperativo, e as designações são feitas peloSenado ou pela Câmara, pelo grupo respectivo.

Mas vou, mesmo assim, interceder, nesses ca­sos, para que adiem, se possível, a saída de com­panheiros quando tivermos dificuldade de quo­JUm.

O Sr. José Lourenço - Peço a palavra pelaordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Concedo a palavra a V.Ex'

O SR. JOSÉ LOURENÇO (PFL- BA.Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria deesclarecer a V. Ex' e à Casa que o PFL não seretirou das negociações. Realizamos uma reuniãointerna, na manhã de hoje, para definir aquiloque podemos negociar, e já à tarde o DeputadoJosé Uns estará nos representando junto à Mesa,como sempre o fez, a fím de chegarmos a umentendimento, o que consideramos da maior im­portância para que possamos votar rapidamenteas Disposições Transitórias.

Esta a informação que prazerosamente prestoa V.Ex', ao mesmo tempo, agradecendo a oportu­nidade de fazê-lo.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Agradeço a V.Ex" essa auspiciosa comunicação.O PFL nunca faltou a essas combinações prelimi­nares. O texto-base das Disposições Constitucio­nais Gerais e Transitórias elaborado pelo "Cen­trão" teve participação bastante expressiva do par­tido de V. Ex' Então, esses entendimentos, quenão envolvem responsabilidade,.porque temos li­berdade para não concordarcom eles, têm trazidoôtímos resultados.

Agradeço a colaboração importante do PFL,na pessoa digna de V.Ex'

O Sr. Jesus Tajra - Sr. Presidente, peço apalavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Concedo a palavra ao nobre Constituinte.

O SR. JESUS TAJRA (PFL-PI.Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, quero deixar consig­nado que amanhã estarei me ausentando de Bra­sília, com destino a Teresina, para atender a con­vite honroso do Ministro Hugo Napoleão, que lávai assinar diversos convênios, em área, inclusive,da minha influência politica.

Muito obrigado.

O Sr. Cid Sabóia de Carvalho - Sr. Presi­dente, peço a palavra para uma questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimerâesj-c­Concedo a palavra ao nobre Constituinte.

O SR. CID SABÓIA DE CARVALHO(PMOB - CE. Sem revisão do orador.) - Sr.Presidente, quero levantar uma questão de ordem,pedindo de antemão a V.Ex' que, antes de resol­vê-Ia, colha o parecer do Relator Bernardo Cabral.Também não há necessidade de que esta questãode ordem seja resolvida de imediato. Poderá V.Ex'"deixar o assunto para ser examinado posterior­mente. Mas, preliminarmente, requeiro a V. Ex'que, examinando questão de ordem, suste os efei­tos do artigo que vou impugnar neste instante.

O SR. PRESIDENtE (Ulysses Guimarães) ­Peço licença a V. Ex", porque devo encerrar averificação de quorum.

Encerrada a verificação de quorum.Esta parte é destinada à votação, nobre Consti­

tuinte, mas ouço V.Ex' Depois anunciarei o resul­tado, direi se há ou não quor,um.

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11178 Sexta-feira 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Junho de 1988

o SR. CID SABÓIA DE CARVALHO - Sr.Presidente, a minha questão de ordem é a seguin­te: sabe V. Ex' que há o destaque para votaçãoem separado. Trata-se de figura que foi criadano Regimento da Assembléia Nacional Consti­tuinte.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Quer V. Ex' saber se no segundo turno poderáser utilizado?

O SR. CID SABÓIA DE CARVALHO ­Não, é um pouco mais complexa a questão quevou submeter a V.Ex' Pediria a V.Ex' que tivesseum pouco de paciência. O problema é o seguinte:há destaque para votação em separado, o quesignifica dizer que se colhe um texto homogêneo,harmônico e que compõe um todo ideológicouma parte para se votar separadamente. Issoaconteceu durante a votação das disposições per­manentes. Agora, Sr. Presidente, há uma sériede destaques para votação em separado - umasérie de DVS- recursos que estão sendo empre­gados quando do exame das Disposições Tran­sitórias.

Entendo, Sr. Presidente, que as DisposiçõesTransitórias são, por sua natureza, devidamenteseparadas. Não há um todo homogêneo. Avincu­lação de cada uma das disposições transitóriasse dá com o texto permanente e não com outradisposição transitória. Tais disposições não com­põem um todo homogêneo, não perfazem o mes­mo corpo ideológico; apenas materialmente for­mam o mesmo texto,um artigo seguido ao outro.Não há que se separar o que por sua naturezajá é mais que separado. Por isso levanto a presentequestão de ordem. A votação das DisposiçõesTransitórias deveria ter ocorrido por artigos, mas,como parte do texto já foi aprovado, é evidenteque está prescrito o direito de revisar essa votação.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­AMesa examinará a questão de ordem de V.Ex'

O SR. CID SABÓIA DE CARVALHO - Sr.Presidente, as Disposições Transitórias só pode­riam ser examinadas separadamente do texto per­manente se requerido quando da votação deste.Qualquer disposição transitória subtraída nesteinstante significará até a revogação, em parte, deuma disposição permanente.

A minha questão de ordem é para que V.Ex'declare, com solução dada pela Presidência, oucomo resolução da Mesa, o descabimento do des­taque de votação em separado no exame de maté­rias atinentes às Disposições Transitórias.

Requeiro a V.Ex' que suspenda toda e qualquervotação de destaque de votação em separado,até a solução ser apresentada, ouvido o Sr. Re­lator.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães) ­AMesa vaiexaminar a questão de ordem propostapor V.Ex' (Pausa.)

Estão presentes 244 Srs. Constituintes. Não háquorum para'votação.

REGISTRAM PRESENÇA OS SRS. CONSTI­TaINTES

Presidente Ulysses Guimarães - AbigailFeito­sa -Acival Gomes ~AdolfoOliveira-AdroaldoStreck - Adylson Motta - Affonso Camargo ­Afif Domingos - Albérico Cordeiro - Alceni

Guerra - Aloysio Chaves - Amaral Netto ­Amaury Müller - Ângelo Magalhães - AnnibalBarcellos - Antônio Carlos Konder Reis - Antô­nio de Jesus - Antonio Gaspar - Amaldo Mar­tins - Artur da Távola - Asdrubal Bentes ~ÁtilaLíra- Augusto Carvalho - Bernardo Cabral- Beth Azize - Bonifácio de Andrada - BrandãoMonteiro - Cardoso Alves- Carlos Alberto Caó- Carlos Cotta - Carrel Benevides - CássioCunha Uma - Célio de Castro - César Maia- Chagas Duarte - Chagas Rodrigues - Chris­tóvam Chiaradia - Cid Carvalho - Cid Sabóiade Carvalho - Cláudio Ávila - Costa Ferreira:.- Darcy Pozza - Daso Coimbra - Davi AlvesSilva - Délio Braz - Denisar Ameiro - DionisioDal Prá - Dirce Tutu Quadros- Domingos Ju­venil- Domingos Leonelli - Edison .Lobâo ­Edivaldo Holanda - Edivaldo Motta'- EdmeTavares - Edmilson Valentim - Eduardo Jorge- Egídio Ferreira Uma - Elias Murad - ElielRodrigues - Eraldo Tinoco - Eraldo Trindade- Evaldo Gonçalves - Expedito Machado ~Farabulini Junior - Felipe Mendes - Feres Na­der - Fernando Cunha - Fernando HenriqueCardoso - Fernando Velasco - Firmo de Castro- Florestan Fernandes - Fíoríceno Paixão ­Francisco Amaral - Francisco Benjamim ­Francisco Küster - Francisco Rollemberg ­Francisco Sales - Gandi Jamil - GenebaldoCorreia - Geraldo Alckmin Filho - Geraldo Bu­lhões - Geraldo Campos - Geraldo Fleming-Gerson Camata - GilCésar - Gonzaga Patrio­ta - Gumercindo Milhomem - Hélio Manhães- Henrique Córdova - Heráclito Fortes - Her­mes Zaneti - Hilário Braun ~ Homero Santos- Humberto Lucena - Humberto Souto-IberêFerreira -Ibsen Pinheiro - Inocêncio Oliveira- Irajá Rodrigues - Irapuan Costa Júnior ­Irma Passoni - Israel Pinheiro -Ivo Cersosimo- Ivo Lech - Ivo Mainardi - Ivo Vanderlinde-Jalles Fontoura ....Jarbas Passarinho -JesusTajra - João Calmon - João de Deus Antunes- João Lobo - João Machado Rollemberg ­João Menezes -João Paulo -Joaquim Bevilac­qua -Joaquim Sucena -Jofran Frejat-JorgeBornhausen - Jorge Hage - José Camargo­José Carlos Sabóia - José Costa - José daConceição - José Dutra - José Elias - JoséFernandes - José Genoíno - José Guedes ­José Lins - José Lourenço - José·Luiz Maia- José Maranhão - José Richa - José Serra- Júlio Campos - Júlio Costamilan - JutahyMagalhães - Koyu lha - LavoisierMaia- LélioSouza - Leopoldo Peres - Leur Lomanto ­Louremberg Nunes Rocha - Lourival Baptista- Lúcio Alcântara - Luís Eduardo - Luís Ro­berto Ponte - Luiz Alberto Rodrigues - LuizGushiken - LuizInácio Lula da Silva- LuizSalo­mão - LuizViana- LuizViana Neto - LysâneasMaciel- Maguito Vilela- Manoel Castro - Ma­noel Moreira - Mansueto de Lavor - Marco Ma-'ciel - Marcos Lima - Mário Covas - MárioMaia- Marluce Pinto - Maurício Corrêa - Mau­rício Pádua - Maurílio Ferreira Uma - MauroBenevides - Mauro Campos - Mauro Miranda- Mauro Sampaio - Mello Reis - Melo Freire- Mendes Canale - Mendes Ribeiro - MessiasSoares - Michel Temer - Milton Barbosa­MiraldoGomes - Moema São Thiago - MoysésPimentel - Myrian Portella - Nabor Júnior ­Naphtali Alvesde SOUEél- Nelson Aguiar - Nel-

son Cameiro - Nelson Jobim - Nelson Seixas- Nelson Wedekin - Nilton Friedrich - NeyMaranhão - Nilson Gibson - Nyder Barbosa- Octávio Elísio - OlívioDutra - Osvaldo Ben­der - Ottomar Pinto - Paes de Andrade - PaesLandim - Paulo Delgado - Paulo Mincarone­Paulo Ramos - Paulo Silva - Pedro Canedo- Pimenta da Veiga - Plínio Arruda Sampaio- Plínio Martins - Pompeu de Sousa - RaquelCapiberibe - Rita Camata - Roberto Balestra- Roberto Freire - Roberto Rollemberg - Ro­drigues Palma - Ronaldo Aragão - RonaldoCarvalho - Rosa Prata - Ruberval Pilotto- RuyNedel - Salatiel Carvalho - Sandra CavalcantiQueiroz - Sérgio Werneck - Sigmaringa Seixas-Sílvio Abreu -Siqueira Campos -Sólon Bor­ges dos Reis - Stélio Dias - Telmo Kirst­Ubiratan Aguiar - Ubiratan Spinelli - UlyssesGuimarães - Valmir Campelo - Valter Pereira- Vasco Alves- Vicente Bogo - VictorFaccioni- Vilson Souza - Virgílio Galassi - Vitor Buaiz- Vivaldo Barbosa - VladimirPalmeira - WaI-deck Omelas - Walmor de Luca - ZizaValada­res-.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Mantenho convocada, nos termos dê ~egimento,

sessão para amanhã, às 9h, e encareço a presençaaqui dos Srs. Constituintes. Estamos enviando te­legramas nesse sentido aos que não estão presen­tes, a fim de que, a partir de segunda-feira, possa­mos, até às 22h, desenvolver as votações, paraultimar a parte final - Disposições Transitórias- do texto da Constituição, no primeiro turno.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­A Mesa registra a presença dos Srs. ConstituintesJuarez Antunes, Carlos Sant'Anna, Roberto Jeffer­son, José Agripino, Alércio Dias, Haroldo Sabóia,Aécio Neves, José Egreja, Wilma Maia,Aureo Me­llo, Geovani Borges, Raimundo Líra, Jairo Car­neiro, Hélio Rosas, Roberto Augusto, João Natal,Fernando Santana, Henrique Eduardo Alves,Joãoda Mata, José M<;,urício e Amaldo Prieto.

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Após a verificação de quorum, comparecerammais os Srs: Feres Nader - PTB;José Camargo- PFL; Telmo Kirst - PDS.

v - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Ulysses Guimarães)­Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a ses­são.

DEIXAMDE COMPARECER OS SENHORES:

Afonso Arinos - PFL; Agqssiz Almeida ­PMDB; Agripino de Oliveira Lima - PFL; AirtonCordeiro - PFL;Airton Sandoval- PMDB; Alba­no Franco - PMDB; Albérico Filho - PMDB;Aloisio Vasconcelos - PMDB; Aloysio Teixeira- PMDB; Aluízio Campos - PMDB;ÁlvaroAntô­nio - PMDB; ÁlvaroPacheco - PFL;ÁlvaroValle-PL;AmilcarMoreira-PMDB;Antero de Barros-PMDB;Antônio Câmara -PMDB;Antônio Car-los Franco - PMDB; Antoníocarlos Mendes Tha­me -PFL; Antonio Mariz-PMDB; Antonio Pero­56 - PMDB;Antonio Salim Curiati - PDS;Amal­do Moraes - PMDB; Amold Fioravante - PDS;

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Junho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Sexta-feira 10 11179

Arolde de Oliveira- PFL;Artenir Werner - PDS;Assis Canuto - PFL; Basílio Villani - PMDB;Benedicto Monteiro - PlB; Bezerra de Melo ­PMDB; Bocayuva Cunha - PDT; Bosco França- PMDB;Caio Pompeu - PMDB;Carlos Alberto- PTB; Carlos Benevides - PMDB; Carlos Cardi-nal - PDT; Carlos Mosconi - ; Carlos Vinagre- PMDB; Carlos VirgIlio - PDS; Chagas Neto- PMDB; Cleonâncio Fonseca - PFL; CristinaTavares - ; Cunha Bueno - PDS; Del BoscoAmaral - PMDB; Delfim Netto - PDS; DionísioHage - PFL; Divaldo Suruagy - PFL; DoretoCampanari - PMDB;Edésio Frias - PDT;EliézerMoreira - PFL; Ervin Bonkoski - ; EtevaldoNogueira - PFL; Fábio Feldmann - PMDB;Fausto Fernandes - PMDB; Fausto Rocha ­PFL; Felipe Cheidde - PMDB; Fernando BezerraCoelho - PMDB; Fernando Gomes - PMDB;Aavio Palmier da Veiga - PMDB; FlávioRocha- PL; França Teixeira - PMDB;Francisco Coe­lho - PFL; Francisco Diógenes - PDS; Fran­cisco Rossi - PlB; Furtado Leite- PFL; GenésioBernardino - PMDB; Geovah Amarante ­PMDB;Geraldo Melo - PMDB; Gerson Marcon­des - PMDB; Gerson Peres - PDS; GuilhermePalmeira - PFL; Hélio Costa - PMDB; HenriqueEduardo Alves- PMDB;Jacy Scanagatta - PFL;Jessé Freire - PFL; Joaci Góes - PMDB;JoãoCarlos Bacelar - PMDB;João Castelo - PDS;João Cunha - PMDB; João Herrmann Neto ­PMDB;Joaquim Hayckel - PMDB; Jorge Leite- PMDB; .Jorge Medauar - PMDB; Jorge Ue­qued - PMDB;José Carlos Martinez - PMDB;José Freire - PMDB; José Geraldo - PMDB;José Luiz de Sá - PL; José Maria Eymael ­PDC;José Mendonça Bezerra - PFL;José MouraJosé Teixeira - PFL; José Ulísses de Oliveira

- PMDB;Leite Chaves - PMDB;Leopoldo Bes­sone - PMDB; Lezio Sathler - PMDB; Lídiceda Mata - PC do B; Lúcia Braga - PFL; LúciaVânia - PMDB; Luiz Freire - PMDB; Luiz Mar­ques - PFL; Luiz Soyer - PMDB; Maluly Neto- PFL;Manuel Viana- PMDB; Marcelo Cordeiro- PMDB; Márcia Kubitschek - PMDB; MarcosQueiroz - PMDB; Mário Assad - PFL; MárioBouchardet- PMDB; Mário de Oliveira- PMDB;Márioüma-PMDB; Mattos Leão-PMDB; Mau­ricio Campos - PFL; Mauricio Fruet - PMDB;Mauro Borges -PDC;MaxRosenrnann-PMDB;Mendes Botelho - PlB; Milton Lima - PMDB;

Miro Teixeira - PMDB; Narciso Mendes - PFL;Nestor Duarte - PMDB;NilsoSguarezi - PMDB;Nion A1bemaz - PMDB; Odacir Soares - PFL;Orlando Bezerra - PFL; Osmar Leitão - PFL;Osvaldo Macedo - PMDB;Osvaldo Sobrinho ­PlB; Oswaldo Almeida - PL; Oswaldo Trevisan- PMDB; Paulo Marques - PFL; Paulo RobertoCunha - PDC; Paulo Zarzur - PMDB; PedroCeolin - PFL; Percival Muniz- PMDB;Raimun­do Bezerra - PMDB; Raimundo Rezende ­PMDB; Raquel Cândido - PFL; Raul Belém ­PMDB; Raul Ferraz - PMDB; Renan Calheiros- PMDB; Renato Bernardi - PMDB; RenatoJohnsson - PMDB; Ricardo Fiuza - PFL; Ricar­do Izar- PFL; RitaFurtado-i- PFL;Roberto Brant- ; Robson Marinho - PMDB; Ronaldo CezarCoelho - PMDB; Ronaro Corrêa - PFL; RospideNetto - PMDB; Rubem Medina - PFL; RubenFigueiró - PMDB; Ruy Bacelar - PMDB;SadieHauache-PFL; SamirAchôa-PMDB; SantinhoFurtado - PMDB; Sérgio Brito - PFL; SimãoSessim - PFL; Sotero Cunha - PDC; TheodoroMendes - PMDB;Tito Costa - PMDB; UlduricoPinto - PMDB; Victor Trovão - PFL; Vieira daSilva - PDS; Vinicius Cansanção - PFL; VirgílioGuimarães - PT;Wagner Lago - PMDB;WilsonCampos - PMDB;Wilson Martins - PMDB;

o SR. PRESIDENTE (Ulysses Gllimarães)­Encerro a sessão, designando para a de amanhã,dia 10, às 9 horas, a seguinte

ORDEM DO DIAProsseguimento da votação, em primeiro turno,

do Projeto de Constituição.

(Encerra-se a sessão às 15 horas e 52mi­nutos.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. MIL­TON REIS, NA SESSÃO DE 3 DE JUNHODE 1988.

O SR. MILTON REIS (PMDB- MG) - Sr.Presidente, Sr,e Srs. Constituintes, com o desapa­recimento do Senador Virgílio Távora, o Cearáe o Brasil perderam um dos seus homens públi­cos mais Ilustres. Conheci-o ainda no Palácio Tira­dentes. Verifiquei, em contato com S. Ex", aquelalegenda, dos Távoras, halo de altivez, bravura e

probidade que permitiu fossem escritas, talvez,as páginas mais altas da História do Ceará e algu­mas da do Brasil. Se estudarmos a Revoluçãode 30, veremos que o jovem Tenente Juarez Távo­ra foi uma legenda de glória dos fastos da históriapolítica do nosso País, e o seu pai, o saudosoSenador Fernandes Távora, também uma das fi­guras mais importantes.

Virgílio Távora, a um só tempo, era conciliadore procurava, com seu temperamento ameno, afá­vel e discrto, organizar as forças políticas do seupartido e do seu Estado Por outro lado, era umhomem de posições firmes, sem nunca haver sidoum radical. Dentro do seu espírito liberal, entre­tanto, mantinha as posições e os princípios quea sua consciência lhe ditava.

Lembro-me dele a seguir, no Ministério do en­tão Presidente João Coulart, atendendo a umaconvocação do saudoso Presidente, que objeti­vava realizar um governo de união nacional, emnome dos superiores interesse do País.

Duas vezes Governador do Ceará, mercê dassuas altas qualidades, ali imprimiu a marca doseu espírito público e criativo, bem como do seutalento.

Aterra de Iracema tem oferecido ao Brasil,querna política, quer nas letras, no império e na Repú­blica, vultos que iluminaram parte da nossa histó­ria, e para homenageá-los cito José de Alencare Martins Rodrigues, do qual tanto nos orgulha­mos. O Ceará, pelos seus filhos,vem contribuindodecisivamente para que possamos levar a efeitoas aspirações mais nobres do nosso povo. Poisele se antecipou à abolição da escravatura. Antesda Lei Áure, no Ceará não mais havia escravos.

Essa saga em busca da liberdade teve um VIrgí­lio Távora um dos seus arautos mais entusias­mados. Portanto, esta Casa chora com o Cearáe com o Brasil a perda de um dos homens públi­cos que dignificaram com a sua passagem, comsua probidade e com seu espítrito público a histó­ria política do seu Estado e do nosso País. E,por isso, em nome da bancada mineira do PMDB,me associo às justas homenagens em memóriado ilustre morto, apresentando as nossas maissentidas condolências a seus filho e nosso colega,o nobre Deputado Carlos VIrgílio, bem como àsua ilusão mãe, viúva do inesquecível Senadore Constituinte Virgílio Távora.

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pAGI~~A ORIGI~AL EM BRANCO,

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ASSEMBLÉJA nACiONAL coaeiiiWlifE

UDERANÇASNAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmmHfE

PMDB GeovaniBorges Vice-Uderes:

Presidente: Uder: MozariIdo Cavalcanti Prmio Arruela Sampaio

OLYSSES GUIMARÃES JlIIárlo Covas ValmirCampelÔ José Genoino

Vice-Uderes:MessiasGóis PL

Euclides ScalcoAroldede Oliveira Uder:

19-Vice-Presidente: PauloMacariniAlércio Dias Adolfo OUvelra

MAURO BENEVIDES AntônioPerosaEvaldoGonçalves

r RobsonMarinho Simão SessimPDC

AntônioBritto Divaldo Suruagy

29-Vice-Presidente: Gonzaga Patriota José Agripino MaiaUder:

JORGE ARBAGE Osrnirürna Mauricio Campos Mauro Borges

GidelDantas Paulo Pimentel

HenriqueEduardo AlvesJosé-Uns Vice-Uderes:

19-5ecretário:Paes Landim José MariaEymael

José Guedes

MARCELO CORDEIRO Ubiratan AguiarSiqueira Campos

Rose de FreitasPDS PC do B

VascoAJvesUder: Uder:

29-Secretário:Cássio Cunha Urna Amaral1"Ietto HaioIdoUma

MÃRlOMAIAJoaci<:i6es Vice-Uderes:

Nestor Duarte Victor Faccioni V1ce-Uder:Antonio Mariz Carlos VrrgOio AldoArantes

Walmorde Luca

39-Secretário: RaulBelém PCB

ARNALDO FARIA DEsA Roberto Brant PDT Uder:

MauroCampos Uder: Roberto Freire

Hélio M8$ães Brandão Monteiro Vice-üder:

19-5uplente de Secretário:Teotonio Vdela Fdho Vice-Uderes: Fernando Santana

BENEDITA DA SILVAAluizio Bezerra Amawy MüllerNionA1bernaz Mhemar de Barros FIlho PSB

OsvaldoMacedo .VJVa!do Barbosa Uder:

29-Suplente de Secretário:JovarmiMasini José Fernandes Ademir Andrade

.Josê Carlos.Grecco

LOIZSOYER GeraldoAlckmin FilhoNelsonJobim P1B Vice-Uder:Miro Teixeira Uder: Beth Azize

39-Suplente de Secretário:PaulõSilva Gastone RfgIaI

SOTERO CONHA.Ronaldo-CéSar Coelho Vice-Uderes:

PFL Sólon Borg~ ~os Reis PMB

Uder: RobertoJefferson Uder:

José Lourenço Elias Murad Ney MRnhioVice-Uderes:

lnocêncío de Oliveira PT PTRFausto Rocha Uder: Uder:

t,RicardoFiuza LuIz inácio Lula elaSilva MeuIas~." t '}'

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PTLulz-lnácío Lula PlínioArruda

da Silva Sampaio

PLAdolfoOliveira

PDC

Siqueira Campos

PCdoBHaroldoLima

PCBRoberto Freire

PSBJamil Haddad

PMDB

Antonio Farias

Suplentes

PTB .

Joaquim Bevilácqua

COMlSSÁO,DESISTEMATIZAÇÃO

Presidente:AfonsoArinos- PFL;-RJ

1°_Vice-Presidente:Aluizio Campos - PMDB - PB

2'-Vice-Presidente:Brandão Monteiro- PDT- RJ

Relator:Bernardo Cabral- PMDB - AM

Titulares

PMDB

Abigail Feitosa José Ignácio FerreiraAdemirAndrade José Paulo BisolAlfredo Campos José RichaAlmirGabriel José SerraAluizio Campos José Ulissesde OliveiraAntonio Britto ManoelMoreiraArturda Távola MárioUmaBemardo Cabral Milton ReisCarlos Mosconi Nelson CameiroCarlos Sant'Anna NelsonJobimCelso Dourado Nelton FriedrichCidCarvalho - NilsonGibsonCristinaTavares Oswaldo Uma FilhoI;giclioFerreira Uma Paulo RamosFernando BezerraCoelho Pimenta da VeigaFernando Gasparian Prisco VianaFernando HenriqueCardoso Raimundo BezerraFernando Lyra Renato ViannaFrancisco Pinto Rodrigues PalmaHaroldoSabóia Sigmaringa SeixasJoão Calmon Severo GomesJoão Herrnann Neto Theodoro MendesJosé Fogaça VirgIldásio de SennaJosé Freire WIlson MartinsJosé Geraldo

PDS

AntoniocarlosKonderReili

DaréyPozzaGerson Peres

PDTBrandão MonteiroJosé Maurício

Francisco RossiGastone Righi

Jarbas PassarinhoJosé LuizMaiaVirgílio Távora

Lysâneas Maciel

PFL

EnocVieira Jonas PinheiroFurtado Leite José LourençoGilsonMachado José TmocoHugo Napoleão MozariIdo CavalcantiJesualdo Cavalcante ValmirCampeloJoão Menezes Paes LandimJofran Frejat RicardoIzar

Oscar CorrêaPDS

AdylsonMotta VictorFaccioniBonifáciode Andrada

PDT

BocayuvaCunha Luiz Salomão

PTBOttomar Pinto

PTJosé Genoíno

PLAfif Domingos

PDCJosé MariaEymael Roberto BaIlestra

PCdoB

AldoArantes

PCB

Fernando Santana

h

PMDB

Afonso ArinosAlceniGuerraAloysio ChavesAntonio'CarlosMendes

ThameArnaldo PrietoCarlos ChiarelliChristóvam ChiaradiaEdme TavaresEraldo TinocoFrancisco DornellesFrancisco BenjamimInocêncio Oliveira

PFL

José JorgeJosé UnsJosé LourençoJosé Santana de

VasconcellosJosé Thomaz NonôLuísEduardoMarcondes GadelhaMárioAssad ­Osvaldo CoelhoPaulo PimentelRicardoFiuzaSandra Cavalcanti

Aécio NevesAlbano FrancoAntonioMarizChagas RodriguesDaso CoimbraDélioBrazEuclides ScalcoIsraelPinheiroJoão AgripinoJoão NatalJosé Carlos GreccoJosé CostaJosé MaranhãoJosé Tavares

Luiz HenriqueManoelVianaMárcioBragaMarcos LimaMichelTemerMiroTeixeiraNelson WedekinOctávioElísioRoberto BrantRose de FreitasUlduricoPintoVicenteBegoVIlson de SouzaZizaValadares

PSB

Beth Azize

PMB

IsraelPinheiro FJ1ho

Reuniões;'terças, quartas e quintas-feiras.

Secretária: Maria Laura Coutinho

Telefones: 224-2848 - 213-6875 ­213·6878.

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/

ID>~(Q) ID& ~~fMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE

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(Inclusa as despesas de correio via tenestre)

§eme§tral 00....0............................... Cz$ 950,00~~lillHJ~~r~~!i() ••••••••••••••••••••••••• fi.OO

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CENTRO GRÁFICO DO SENADO FEDERAL

Pr~ç~ dos Três Poderes - Caixa Postal 1.203- Brasília - DF.CEP: 70.160

f:;~:r~~ informações pelos telefones (061) 211-4128, e 224-5615, naSupervísêo d:z ~aturas e Distribuições de Public~ões - Coordenação deAtteil1:dMnefl"à~ ~~.

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CONSTITUiÇÃO DO BRASIL ECONSTITUiÇÕES ESTRANGEIRAS

A Subsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal está lançando a obra Constitulçlo

do.Bra.1I e Conltltuiçelel Estrangeiras.

A pu.blicaçAo, em 3 volumes, apresenta os textos integrais e um (ndice temático comparativo

das Constituições de 21 países.

Volume 1

BRASIL - ALEMANHA, República Federal da - ARGENTINA

CHILE - CHINA, República Popular da

CUBA - ESPANHA - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

FRANÇA - GRÃ-BRETANHA - GUINÉ-BISSAU

Volume 2

ITÁLIA - JAPÃO - MÉXICO

PARAGUAI - PERU - PORTUGAL - SUrÇA

URSS - URUGUAI- VENEZUELA

Volume 3

rNDICE TEMÁTICO COMPARATIVO

Preço = Cz$ 1.000,00

Avenda na Súbsecretariade Edições Técnicas (Telefone: (061) 211-3578) Senado Federal, Anexo 1,229 Andar- Praça dos Tr6s Poderes, CEP70160 - Brasrlia, DF.

OS pedidos deveria ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de Edições Técni".as do :::enadoFederal ou de vale postal, remetido iI Agência ECTSenado Federal - CGA 470n5 '

Atende-se, também, pelo sistema de r~embol80 postal. •

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REVISTA DE INFORMAÇÃOLEGISLATIVA N9 97

(janeiro a março de 1988)

I:stá circulando o n9 97 da Revista de Informaçlo Legislativa, periódico trimestral depesquisa jurídica editado pelaSubsecretaria de Edições Técnicas do Senado Federal.

Este número. com 342 páginas. contém as seguintes matérias:

Os cênones do direito administrativo - J. Cl'etella JI1.nlor

A Constituiç60 e a administraçao pública na Itália - Um.herto Aleg,.~

Constituiçllo pottugue$8 - .Cel.o Basto.Perspectlv8~ da organizaçao judiciária na futura Consti­

tuiçaoFedllral - Jõit crullherm. VIII.laMlnisténoPÚblico do Trabalho - Joú Eduardo Duarte

8MdA tentlgocia~o ,da cllvi(la externa e o respeito à soberania

nacional __A,noldo W.ldR+cutso em'matéria tributária - Geraldo Atallba

I : R;visião dOl,ltrirtári$ dos conceitos de 'ordem pública esel:/urançá pqbli~a -;- uma an61ise sistêmica - Dlogo d. FI.gu.lr~ Mórel,a Neto '

O aciderite ~e Goiénia e • respqnsabihdade civil nuclear- Carto. Alhr10 .Imr

O'dir~ltocivil brasileir4> em perspectiva histórica e visãode futuro - (:IÓ1l1. 'V. do Couto e Silva

O' nascituro' no CÓdido Givil e no direito constituendodo Brasil- 8l1rnar. J. A. Chlnelato e Almefda

Deformalização doprocesso e deformalização dascontro­vérsias - Ada Pellegrlnl Grlnovor

Osmeiosmoralmente legftimos de prova - LuísAlbertoThomp.on Flores Lenz

Provas ilfcitas no processo penal - Maria da GlóriaUns da Silva Coluccl e Maria Regina Caffaro SlIvll

Decreto-Ler n9 201/67: [urisdicionahzação do processoou liberdade procedimental? - José Nilode Castro

Pontes de Miranda. teónco do direito - Clovis Rtilme.Ihet.

Espaço e tempo na concepção do direito de Pontes deMiranda - Nelson Saldanha

Norberto Bobbio e o positivismo jurfdico - Alaor Bar.bo.a

DireitoEducacronal naformação doadministrador - Edi­valdo M. Boaventura

Os direitos conexos e as situações nacionais -;- Joséde Oliveira Ascenslo

O contratode edição gráfica de obras escritas e musicais- Ant6nlo Chaves

Avenda na Subsecretaria'de Edições Técnicas ­'Senado Federal. Anexo I.229 a'ndar-Praça dos Três Poderes.

,CEP 70160 - Brasrlia, DF ­Telefones: 211-3578 e 211-3579

PREÇO D'OEXEMPLAR:CZ$ 150,00

Assinaturapara 1988(nQs 97 a 100):Cz$ 600,00

Os pedidos deverão ser acompanhados de cheque nominal à Subsecretaria de EdiçõesTécnicas do Senado Federal ou de vale, postal remetido à Agência ECT Senado Federal - CGA470775. .

Atende-se. também, pelo sistema de reembolso postal.

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EDIÇÃO DE HOJE: 32 PÁGINAS

Centro Gráfico do Senado FederalCaixa Postal 07/1203

Brasília - DF

PREÇO DESTE EXEMPLAR: CZ$ 6,00