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República Federativa do Brasil NACIONAL CONSTITUINTE DIÁRIO ASSEMBLÉIA ANO 11- N° 277 DOMINGO, 10 DE JaLHO DE 1988 BRAStuA-DF ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE SUMÁRIO l-ATA DA 302" SESSÃO DA AS- SEMBLÉIA NACIONAL CONSrnillNTE, EM 9 DE JULHO DE 1988 I - Abertura da sessão 11 - Leitura de Ata 11I - Leitura do Expediente IV - Pequeno Expediente DENISARARNEIRO - Liberação parcial da íntervenção do Banco Central do Brasil junto ao Banco do Estado do Rio de Janeiro - Banerj. SIQUEIRA CAMPOS- Comemoração do Dia Nacional do Bombeiro Transcurso do 132 0 aniversário de fundação do Corpo Provi- sório de Bombeiros da Corte. CARDOSOALVES- Compatibilização dos princípiosjurídicos contidos no inciso XXI com os do inciso LXXI do art. 50 do Projeto de Constituição, MAURILlO FERREIRALIMA - Manutenção do instituto do mandado de segurança cole- tivo no futuro texto constitucional. AUGUSTO CARVALHO - Tentativas de grupos políticos de modificação de conquistas asseguradas no pnmeíro turno de votação do Projeto de Constituição relativas à autonomia política do Distrito Federal. AMAURY MULLER- Reclamação sobre adiantamento de horário no relógio do plená- rio. Permanência, no futuro texto constitucio- nal, de conquistas sociais aprovadas em pri- meiro turno de votação. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Resposta ao Constituinte Amaury Múller. VALMIR CAMPELO - Discordância da bancada do PFL do Distrito Federal da orienta- ção da Liderança do partido quanto à autono- mia política local 110 futuro texto constitucio- nal. JOSÉ FERNANDES - Modificação de dis- positivo sobre inelegibilidade aprovado em pri- meiro turno de votação do Projeto de Cons- tituição. ADYLSONMOTTA-Contrariedade à ma- nutenção do sistema presidencialista de go- verno no futuro texto constitucional. ANNAMARIA RATTES - Permanência, no futuro texto constitucional, de conquistas so- ciais aprovadas em primeiro turno de votação. PAULO ZARZUR-Atuação do PMDB na vida política do País. JOVANNIMASINI - Perspectivas de desen- volvimento social após a promulgação do fu- turo texto constitucional. ANTÔNIO DE JESUS - Transcurso do 80" aniversário de elevação à categoria de Muni- cípio de Palmeira de Goiás, Estado de Goiás. v - Comunicações das Uderanças AMAURY MÚLLER - Posição do PDT quanto à mtocabilidade da propriedade priva- da para efeito de desapropriação por interesse social no futuro texto constitucional. PAULO DELGADO-Apresentação, pelo Partido dos Trabalhadores, de emendas su- pressivas destinadas a modificar dispositivos aprovados no primetro turno de votação do Projeto de Constituição. VI- Apresentação de Proposições Não houve apresentação. VlI- Ordem do Dia ADYLSON MOTTA, MOZARILDO CAVAL- CANTI- Discussão, em segundo turno, do Projeto de Constituição. PRESIDENTE - Convocação de sessão da Assembléia Nacional Constituinte para o dia 10, às 9h. VlII- Encerramento 2 - MESA (Relação dos membros) 3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DE PARTIDOS (Relação dos.membros)

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República Federativa do Brasil

NACIONAL CONSTITUINTEDIÁRIO

ASSEMBLÉIA

ANO 11- N° 277 DOMINGO, 10 DE JaLHO DE 1988 BRAStuA-DF

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE

SUMÁRIO

l-ATA DA 302" SESSÃO DA AS­SEMBLÉIA NACIONAL CONSrnillNTE,EM 9 DE JULHO DE 1988

I - Abertura da sessão

11 - Leitura de Ata

11I - Leitura do Expediente

IV - Pequeno Expediente

DENISARARNEIRO - Liberação parcial daíntervenção do Banco Central do Brasil juntoao Banco do Estado do Rio de Janeiro ­Banerj.

SIQUEIRA CAMPOS- Comemoração doDia Nacional do Bombeiro Transcurso do132 0 aniversário de fundação do Corpo Provi­sório de Bombeiros da Corte.

CARDOSOALVES- Compatibilização dosprincípios jurídicos contidos no inciso XXI comos do inciso LXXI do art. 50 do Projeto deConstituição,

MAURILlO FERREIRALIMA - Manutençãodo instituto do mandado de segurança cole­tivo no futuro texto constitucional.

AUGUSTO CARVALHO - Tentativas degrupos políticos de modificação de conquistasasseguradas no pnmeíro turno de votação doProjeto de Constituição relativas à autonomiapolítica do Distrito Federal.

AMAURY MULLER- Reclamação sobreadiantamento de horário no relógio do plená­rio. Permanência, no futuro texto constitucio­nal, de conquistas sociais aprovadas em pri­meiro turno de votação.

PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Respostaao Constituinte Amaury Múller.

VALMIR CAMPELO - Discordância dabancada do PFL do Distrito Federal da orienta­ção da Liderança do partido quanto à autono­mia política local 110 futuro texto constitucio­nal.

JOSÉ FERNANDES - Modificação de dis­positivo sobre inelegibilidade aprovado em pri­meiro turno de votação do Projeto de Cons­tituição.

ADYLSONMOTTA-Contrariedade à ma­nutenção do sistema presidencialista de go­verno no futuro texto constitucional.

ANNAMARIA RATTES- Permanência, nofuturo texto constitucional, de conquistas so­ciais aprovadas em primeiro turno de votação.

PAULO ZARZUR-Atuação do PMDB navida política do País.

JOVANNIMASINI - Perspectivas de desen­volvimento social após a promulgação do fu­turo texto constitucional.

ANTÔNIODE JESUS - Transcurso do 80"aniversário de elevação à categoria de Muni­cípio de Palmeira de Goiás, Estado de Goiás.

v - Comunicações das Uderanças

AMAURY MÚLLER - Posição do PDTquanto à mtocabilidade da propriedade priva­da para efeito de desapropriação por interessesocial no futuro texto constitucional.

PAULO DELGADO-Apresentação, peloPartido dos Trabalhadores, de emendas su­pressivas destinadas a modificar dispositivosaprovados no primetro turno de votação doProjeto de Constituição.

VI- Apresentação de Proposições

Não houve apresentação.

VlI- Ordem do Dia

ADYLSON MOTTA, MOZARILDO CAVAL­CANTI- Discussão, em segundo turno, doProjeto de Constituição.

PRESIDENTE - Convocação de sessão daAssembléia Nacional Constituinte para o dia10, às 9h.

VlII- Encerramento

2 - MESA (Relação dos membros)

3 - LÍDERES E VICE-LÍDERES DEPARTIDOS (Relação dos.membros)

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11944 Domingo 10 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Julho de 1988

Ata da 302~ Sessão, Extraordinária, Matutina,em 9 de julho de 1988

Presidência dos Srs.: Sotero Cunha, Suplente de Secretário; e

José Fernandes, parágrafo único do art. 6° do Regimento Interno.

ÀS 9:00 HORAS COMPARECEM os SENHO­RES:

Adolfo Oliveira - PL; Adylson Motta - PDS;Aldo Arantes - PC do B; Amaury Múller- PDT;Anna Maria Rattes - PSDB;Antônio Carlos Kon­der Reis - PDS; Antônio de Jesus - PMDB;Arnaldo Moraes - PMDB; AsSIS Canuto - PFL;ÁtilaLira- PFL;Augusto Carvalho- PCB;ÁureoMello- PMDB; Bernardo Cabral- PMDB; Bom­fácio de Andrada - PDS;Cardoso Alves- PMDB;Carlos Alberto - PTB; Carlos Sant'Anna _PMDB; CáSSIO Cunha Lima- PMDB; Chagas Ro­drigues - PSDB; Cláudio Ávila - PFL; CostaFerreira - PFL; Délio Braz - PMDB; DenisarArneiro - PMDB; Domingos Leonelli - PMDB;Edivaldo Motta - PMDB; Eduardo Bonfim - PCdo B; Euclides Scalco - PSDB; Fábio Feldmann- PSDB; Fehpe Mendes - PDS; Fernando San­tana - PCB; Floríceno Paixão - PDT; FurtadoLeite - PFL; Genebaldo Correia - PMDB; Ge­raldo Bulhões - PMDB; Geraldo Campos ­PSDB; Geraldo Fleming - PMDB; Gidel Dantas- PMDB; Henrique Córdova - PDS; HeráclitoFortes - PMDB; Iberê Ferreira - PFL; IbsenPinheiro - PMDB; Inocêncio Oliveira- PFL;Ira­puan Costa Júmor - PMDB; Israel Pinheiro ­PMDB; IvoLech - PMDB; Jairo Carneiro - PDC;Jarbas Passarinho - PDS; João Agripino ­PMDB; João Alves- PFL;João Machado Rollem­berg - PFL; Jonival Lucas - PDC;José Costa- PSDB; José Fernandes - PDT;José Uns ­PFL; José QueIroz - PFL; Jovanni Masini ­PMDB; Júlio Costamilan - PMDB; Lélio Souza- PMDB; Leopoldo Peres - PMDB; Lídice daMata - PC do B; Lounval Baptista - PFL;LúcioAlcântara - PFL; Luís Roberto Ponte - PMDB;Mário Lima - PMDB; Maunlio Ferreira Lima­PMDB; Messias Góis - PFL;Mozarildo Cavalcanti- PFL; Nelson Jobim - PMDB; Nelson Seixas- PDT; Ney Maranhão - PMB; Paulo Delgado- PT; Paulo Zarzur - PMDB; Pompeu de Sousa- PSDB; Renato Bernardi - PMDB; Ronan Tito- PMDB; Ruben Figueiró - PMDB; Sandra Ca-valcanti - PFL; Sérgio Brito - PFL; SiqueiraCampos - PDC;Sotero Cunha - PDC;UbiratanSpinelli - PDS; Valmir Campelo - PFL; Virgil­dásio de Senna - PSDB;WaIdec Ornélas - PFL.

1-ABERTURA DA SESSÃO

o SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Alista de presença registra o comparecimento de66 Senhores Constituintes.

Está aberta a sessão.Sob a proteção de Deus e em nome do povo

brasileiro, iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da

sessão anterior.

11-LErrURA DE ATA

o SR. SIQUEIRA CAMPOS, servindo comoSegundo-Secretário, procede à leitura da ata dasessão antecedente, a qual é, sem observações,assinada.

111- EXPEDIENTE

Não há expediente a ser lido.

O SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Pas­sa-se ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Tem a palavra o Sr. Constituinte Denisar Ar­neiro.

O SR. DENISAR ARNEIRO (PMDB - RJ.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.Constituintes, nesta amena manhã de sábado,com a presença de poucos Srs. Constituintes e,por incrívelque pareça, sem jornalistas, esta Casase reúne, com boa quantidade de funcionários,para darmos Início aos trabalhos de discussãodo projeto constitucional

Queremos aproveitar para trazer aqui um pro­blema que há 501 dias martiriza o Governo eo povo do Rio de Janeiro. Exatamente no dia27 de fevereiro de 1987, o Banerj - Banco doEstado do Rio de Janeiro - sofreu intervençãodo Banco Central, com as alegações de que havia'Várias irregularidades e de que não era possívelo novo Governo assumir o Estado e aquela insti­tuição nas condições em que se encontravam

Logicamente, Sr. Presidente, ao Estado e aoGoverno, não contando com seu instituto de cré­dito, não seria possível governar como desejavame esperavam. Entretanto, sabíamos - e o Gover­nador Moreira Franco também - que era neces­sária aquela intervenção, já que o banco atraves­sava uma crise de insolvência. Não apenas o nos­so banco, mas quase todos os bancos estaduaissofreram intervenção; poucos escaparam.

Mas,neste momento, alegramo-nos por ter sidoacertado que, na próxima segunda-feira, dia 11de julho de 1988, deverá ser assinada em defini­tivoa liberação parcial do Banerj: o Governo esta­dual fará a indicação de seis diretores, e o GovernoFederal, por Intermédio do Banco Central, de ou­tros seis; o Presidente será escolhido em comumacordo.

Anotícia que nos traz o jornal muito nos anima,sobretudo a fazer um apelo aos seus funcionários,diretores, contadores, procurador, chefes de setor,funcionários dos mais simples aos mais gradua­dos, para que dêem demonstração de vitalidade

cada vez maior do nosso banco. Deles dependerá.o sucesso da liberação total que o Banerj terádo jugo do Banco Central.Estam~s certos de que esses funcionários da­

rão de si tudo o que podem, para fazer com quea instituição volte a ser o que era há alguns anos.No Estado do Riode Janeiro, em qualquer cidadehavia uma agência do Banerj.

Entretanto, devemos fazer um apelo à nova di­retoria que assume - porque em vários rnuní­cípios do Estado do Riode Janeiro não há agêncíabancária a não ser do Banerj e, ainda assim, amea­çada de ser fechada, como é o caso do Municípiode MangaratIba e do Distritode Varre-Sai,no nortedo Estado, da cidade de Natividade- no sentidode que não permita o fechamento de qualque;agência. Varre-Sai é o maior produtor de cafedo Estado do Rio de Janeiro. Não é possível quelá não tenhamos pelo menos uma agêncra bancá­ria. Como irão recolher seus impostos e guardarseu dinheiro aqueles fazendeiros, sitiantes, planta­dores da região? Como o povo poderá pagar alight, por exemplo? Como a Prefeitura fará seuspagamentos, a não ser por intermédio do Banelj,como atualmente?

Apelamos à nova diretoria para que, se algumaagência já foi fechada no Rio de Janeiro, queseja reaberta, e aquelas que estão sendo prepa­radas para ser fechadas que não o sejam. Vamosfechar agências do Banerj no Maranhão, no Ama­zonas no Rio Grande do Sul, no Paraná ondeexiste' estrutura bancária forte e em condiçõesde atender à população. Mas, no Estado do Rio.é uma injustiça, é um absurdo se fechar qualqueragência do Banerj. Além das funções normaisque desempenha qualquer outro banco estadual,o Banerj deve levar em consideração, acima detudo, o problema social.

Agradeço, Sr. Presidente, a oportunidade de di­rigir a palavra a V.Ex' e ao Plenáno.

NOTÍCIAA OOESEREFEREO ORADOR:

GOVERNO DO RIOASSUMEOCONTROLE PARCIAL DO BANERJ

Brasília - O Governo do Estado do Riode Janeiro reassumiu ontem o controle par­cial do Banerj, que há um ano e três mesesestava sob intervenção do Banco Central. Pa­ra isto, o Rio de Janeiro pagará toda a suadívida com o Banco, estimada em Cz$ 41bilhões, provavelmente com a emissão detitulos estaduais. Por outro lado, foram sus­pensas todas as demissões. O saneamentofinanceiro do Banco passará a ser feito coma mobilização dos funcionários para o au­mento das operações do Banelj.

Este foi o resultado de três horas de reu­nião que o Governador Wellington Moreira

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Julho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Domingo 10 11945

Franco e o Secretáno de Fazenda do Rio,Jorge HIlário Gouveia, tiveram com o Presi­dente do Banco Central; Elmo Camões e oDiretor da Área Bancária do BC, Wadico Buc­chioEstas decisões, entretanto, só serão ofi­cializadas na segunda-feira.

- Considero esse problema completa­mente resolvido do ponto de vista político- afirmou o Govemador.

Ficou acertado que o Estado não assumiráimediatamente o controle integral do Banerj.Isto será feito em duas etapas Na primeira,que será sacramentada na segunda-feira, oBanerj será administrado por uma diretoriacompartilhada, com seis diretores escolhidospelo Banco Central e outros seis pelo Gover­no do Estado. O Presidente será indicadopelo Banco Central, mas terá que ter a apro­vação do Governo estadual. Esta primeirafase esgota-se em 28 de fevereiro, com ofim do prazo de intervenção do BC sobreo Banerj. A partir daí, o Banco passa integral­mente ao controle do Estado.

Na segunda-feira, na reunião que o Secre­tário da Fazenda terá com o Diretor da ÁreaBancária do BC, será decidido também co­mo o Estado pagará a sua dívida com o Ban­co. A maior parte desta dívida foi contraída,segundo Moreira, para financiar gastos doGoverno Leonel Brizola. Uma parte, porém,ainda é relativa à construção, do metrô ca­rioca.

Jorge Hilário disse que 'I alternativa maisprovável para o pagamento desta dívida seráa emissão de Obrigações do Tesouro Esta­dual (as chamadas canoquinhas) no valorequivalente à dívida. Com isso, segundo ele,não haverá elevação do endividamento doEstado e nem do ,déficit público, pOIS o queocorrerá será apenas uma mudança do cre­dor: passará do Banerj para o público.

BANCO REINTEGRARÁ 648 DEMITIDOS

Brasília - Os 648 funcionários do Banerjque tinham Sido demitidos há um mês vãoser reintegrados em seus cargos. A anulaçãoda demissão destes funcionários foi anun­ciada ontem pelo Governador do Rio de Ja­neiro, Wellington Moreira Franco, e repre­senta, segundo ele, o primeiro resultado doretorno do Banerj à administração do Gover­no do Estado do Rio.

A redução do quadro de pessoal do Banerjfoi a última alternativa encontrada pelo Con­selho Diretor do Banco para viabilizá-Iofinan­ceiramente dentro do programa de sanea­mento.

As demissões, entretanto, não chegarama ser homologadas. Após uma reunião comrepresentantes dos funcionários, o Presiden­te do Conselho Diretor do Banco, Eduardoda Silveira Gomes Junior, o Presidente doBanco Central, Elmo Camões, ficou decididoque a homologação destas demissões ficariasuspensa até o próximo dia 17.

ADMINISTRAÇÃO DO BC DUROU MAIS DE UMANO

O regime de administração especial e tem­porário no Sistema Integrado Banerj (SIB)foi decretado em 26 de fevereiro de 1987,

data em que o Banco Central acusou a exis­tência de dívidas equivalentes, em valores deoutubro do ano passado, a Cz$ 127 bilhões.Para promover o saneamento financeiro dobanco, o BC nomeou um Conselho Diretorde 12 membros que teria prazo de um' ano,prorrogável até fevereiro de 1989, para con­cluir seus trabalhos.

O primeiro presidente do Conselho Dire­tor, Adolpho Oliveira, não chegou a perma­necer dois meses no cargo. Ele entregou amissão ao BC depois de propor, sem apoiodas autondades do Estado, a pnvatização dobanco.

Boa parte do prejuízo do Banerj é referenteao Metrô: as dívidas interna e externa daCompanhia do Metropolitano foram transfe­ridas para o Estado. Mas o problema da dívi­da foi equacionado, pois o BNDES e a CEFaprovaram a rolagem da parte que lhes cabepara este ano e o Governador Moreira Francoassinou um contrato especial de crédito como Banco do Brasil, em dezembro, de Cz$112 bilhões, hquldando assim a divida doBanerj assumida pelo BC.

O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS -'GO.Pronuncia o segumte discurso.) - Sr. Presidente,SI" e Srs. Constituintes, sob intensas manifesta­ções de a1egna, comemoramos, no último dia2 de julho, a passagem do 132 0 aniversáno decriação do Corpo Provisório de Bombeiros daCorte, do qual são originários todos os Corposde Bombeiros, inclusive os do Distrito Federale de GOIás, espalhados por todos os recantosdo País, prestando os mais importantes serviçosde assistência e apoio às diversas comunidadesbrasileiras.

O Imperador Dom Pedro 11, ao cnar o CorpoProvisório de Bombeiros, pelo Decreto Imperialrr 1.775, de 2 de julho de 1856, determinou quefossem utilizados os efetivos de servidores da Ca­sa de Detenção e do Arsenal da Marinha do Riode Janeiro

Decorridos cento e trinta e dois anos da aplau­dida iniciativa de Dom Pedro 11, o Corpo Provisóriode Bombeiros da Corte transformou-se em insti­tuição exemplar, organizada em modernas, efi­cientes e adrmráveís estruturas, na forma de agru­pamentos militares integrados às diversas cida­des, nas quais estão presentes, desfrutando o res­peito, a estima e admiração de suas populações.

O pessoal que integra os quadros dos Corposde Bombeiros dos diversos Estados do Brasil atin­giu níveis de especialização e de aperfeiçoamentoque hoje fazem convergir para nosso País, particu­larmente para Brasília, Goiás, Rio de Janeiro eSão Paulo, oficiais e graduados das organizaçõescongêneres de muitos países, buscando a realiza­ção de cursos dos mais diversos estágios de gra­duação e p6s-graduação.

Mesmo gozando de tão largo prestigio nos pla­nos interno e externo, os integrantes dos Corposde Bombeiros do Brasil invariavelmente se com­portam com exemplar humildade e louvável fra­ternidade no relacionamento com os demais ho­mens e mulheres que, com eles, compõem ascomunidades onde atuam com devotamento, es­pírito de solidariedade e inexcedível bravura.

Proteger e dar segurança à população é lemado Corpo de Bombeiros. "Salvar a vida" - essaé a missão suprema do Bombeiro, que se inter-

põe, ou se antepõe, por si só, a todas as outras,missão definida no lema a1icerçador do alienamvitam et hona salvare - a missão de salvarvidas e bens, mas sobretudo vidas, que integrano conceito harmônico de Defesa Civilesse mili­tar, esse combatente ardoroso das brutais e he­diondas catástrofes da ilha de Braço Forte, doincêndio do Vogue, da Buenos Aires, do Astória,Joelma, Andraus, entre outros, que tantas baixase astronômicos prejuízos causaram à Nação, masque não atingiram maiores perdas de vidas e pre­juízos materiais em razão da pronta, eficiente eheróica ação dos "Soldados do Fogo".

Sempre alerta no cumprimento do dever, oBombeiro realiza serviços de prevenção e extinçãode incêndios e salvamentos, presta socorro noscasos de inundações, desabamentos, ou catás­trofes; está presente quando há qualquer ameaçade destruição ou de iminente perigo de vida, pres­tando socorros em acidentes de trânsito, buscase salvamentos e em atividades diversas - retiradade enxames, desobstruções, corte de árvores,aberturas de portas, ou mesmo acudindo partu­rientes ou animais, atuando ainda, com igual efi­ciência e zelo como Força Auxiliar do ExércitoBrasileiro.

São quase um século e meio de coragem, pe­ríodo em' que muitos desses heróis perderam avida, no anonimato, sempre em pengo e coma preocupação constante de salvar vidas.

Nunca é demais lembrarmos, Sr. Presidente,que aqui mesmo em Brasília, o Corpo de Bom­beiros já atuou em pavorosos incêndios, comoo do Ministério da Agricultura, o do Banco doBrasil, e da Disbrave, o do MInistério das RelaçõesExteriores (parte em que funcionava o Ministérioda Fazenda) e mais recentemente o do Ministérioda Aeronáutica.

Comandado atualmente pelo ilustre CoronelBombeiro MilitarJosé Roberto Megale Vale, quetem como seu Assessor Parlamentar o brilhantee devotado Tenente Coronel Luiz Carlos SeraflmSilva, desdobrado no cumprimento do dever ena busca de aperfeiçoamento e de novos conheci­mentos, com a sempre crescente motivação debem servir,como tem feito através dos anos, apopulação desta grande e bela Capital de todosos brasileiros, o Corpo de Bombeiros do DistritoFederal merece os aplausos, o respeito e a grati­dão de todos os brasilienses.

Ao registrar a importante efeméride, o Dia Na­cional do Bombeiro, Srs. Constituintes, faça-ocom a satisfação de estar contribuindo para inser­ção na nova Carta Magna de dispositivo que defineo papel dos Corpos de Bombeiros.

"Art. 150 § 5° Às polícias rníhtares cabema políciaostensiva e a preservação da ordempública; aos Corpos de Bombeiros Militares,além das atribuições definidas em lei, incum­be execução de atividades de defesa Civil,"

A esses heróis anônimos são atribuídas mis­sões e tarefas de todos os níveis, desde a simplesabertura de portas ao socorro a mais arrasadoracalamidade pública, tarefas que exigem de seushomens devotamento, abnegação e sentido deheroísmo, além de especialização e sobretudo deincomparável sentimento de amor ao próximo.

Ao homenagear os valentes e heróicos "Solda­dos da Vida e da paz" de todo o País, por umdever de justiça, destaco os Corpos de Bombeiros

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11946 Domingo 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Julho de 1988

Militares do Distrito Federal e do meu Estado,Goiás, saudando-os nas pessoas dos seus ilustresComandantes, Oficiais,Graduados e Praças, pres­tando-lhes um sincero preito de gratidão Salveo Dia Nacional do Bombeiro, data que se revestede profundo significado nacional, porque ondequer que esteja de prontidão ou em ação um"Soldado do Fogo" estarão sendo veladas a segu­rança do cidadão, da família, da propriedade eda Pátria.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

o SR. CARDOSO ALVES (PMDB - SP.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobresSrs. Constituintes, o Inciso XXI do art. 5° do ante­projeto de Constituição reza que as entidades as­sociativas poderão, desde que expressamente au­torizadas pelos seus membros, representá-los emjuízo e fora dele. Por sua vez, o inciso LXXI domesmo artigo afirma que essas autondades asso­ciativas poderão impetrar mandado de segurançacoletivo.

Ora, Sr. Presidente, o inciso XXI contém a repre­sentação ad jud1cia. As entidades poderão repre­sentar seus associados em juízo e fora dele. Arepresentação em juízo é ampla e geral. De qual­quer maneira, essas entidades poderão represen­tarseus associados em juízo.Elas têm uma procu­ração constitucional legal, portanto ampla e irres­trita, que não lhes apõe qualquer espécie de dimi­nuição nesse poder de representação. Mas exigeo inciso XXI a expressa autorização dos associa­dos. Ao autorizar o mandado de segurança cole­tivo, o inciso LXXI não exige expressa autonzaçãodo associado; é Independente da autorização.Além de redundante, desnecessário, além de estarsobrando no texto e de ali figurar de sobejo, oinciso contém duas impropnedades: a primeiracondição para que alguém compareça em juízoé a manifestação de sua vontade Ninguém podearrastar alguém a juízo, contra sua vontade, comoautor. Como réu, o cidadão vai mesmo contrasua vontade. Ajurisprudência é induzida pela legi­timidade da parte, e a legitimidade da parte pres­supõe a vontade do autor.

Ora, vamos supor que uma entidade represen­tativa - uma associação de funcionários, um sin­dicato, uma associação de classe qualquer - in­gresse em juízo para impetrar mandado de segu­rança em favor dos seus associados, e uma partedesses associados, ou alguém, um que seja, estejaem desacordo com esse mandado de segurança.Será uma figuração contrária à vontade do autorjunto ao Poder Judiciário. É um absurdo, um des­propósito, um descalabro.

Por outro lado, Sr. Presidente, dar-se-á man­dado de segurança, segundo a própria Consti­tuição, em definição em inciso anterior, a direitolíquido e certo não protegido por habeas corpusou habeas data.

Ora, tanto um quanto outro são direitos perso­nalíssimos que atendem a determinada pessoa,e só a ela. Então, quando se impetra um habeascorpus é em favor de alguém que está presoImpetrar-se-á um habeas data, quando alguémquiser tomar conhecimento de seus assentamen­tos nos órgãos governamentais ou particulares.

O mandado de segurança é um direíto persona­líssimo, líquido e certo que assiste a determinadapessoa. É esta sua definição no Direito brasileiro,é esta a sua concepção no Direito Umversal. Cha-

me-se ele judíeíal Writ, no Direito inglês, ou jul­cio de amparo, , no Direitoespanhol. É um direi­to pessoal e por isso não deve ser coletivo. Sãoduas, portanto, as imperfeições. o aspecto coletivoda Impetração e a impetração independentemen­te da manifestação da vontade do requerente.

Assim sendo, Sr. Presidente, quero deixar regis­trada a minha estranheza pela presença dessetexto redundante em nossa Constituição, e quecontém dois erros jurídicos: um que desnaturaa natureza jurídica do mandado de segurança,outro que viola a liberdade individual do impe­trante.

Apelo para que o Sr. Relator Bernardo Cabralcompatibilize as duas redações, reconhecendo oinegável: que o princípio estabelecido no incisoXXI contém o princípio do inciso LXXI, ambosdo art. 5°, aprimorando, assim, o nosso texto edando um testemunho mais dIgno dos foros decompetência jurídica da Assembléia NacionalConstituinte.

O SR. MAaRÍLIO FERREIRA LIMA (PMDB- PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, ouvi com muita atenção as pa­lavras do Constituinte Roberto Cardoso Alves, elamento discordar profundamente das opiniõesemitidas pelo ilustre Parlamentar por São Paulo.

Creio que a figura do mandado de segurançacoletivo cresceu nesta Casa a partir da consta­tação de que, em inúmeros casos, o Poder Judi­ciário e a Justiça como instituição se desmora­lizavam perante a opinião pública, na proporçãoem que não podiam atender com agilidade osjustos redamos de categorias que tinham a mes­ma sorte de queixas.

Tendo como exemplo o problema dos mutuá­rios do Sistema Financeiro de Habitação. Quandoas prestações da casa própria eram elevadas aum patamar insuportável, se houvesse a figurado mandado de segurança coletivo,naquela épo­ca, não teríamos delongas nas questões levan­tadas pelos mutuários Individualmente, mas umasó decisão que aproveitaria a toda uma categoria.

A idéia que a opinião pública faz da Justiçacorresponde a uma dura realidade, qual seja ade que a Justiça no Brasil é morosa, é cara, esó serve para amparar o direito dos ricos. E oque é mais difícil para se fazer compreender agrande parte da opinião pública é o fato de umjuiz, em uma mesma questão, dar uma decisãoe outro juiz em questão idêntica dar uma decisãodiferente.

Além disso, é bem verdade que teoricamenteo Constituinte Roberto Cardoso Alves tem razão,mas é necessário que se diga que. no sentidode se apressarem as decisões judiciárias, no sen­tido de dar mais credibilidade às decisões da Justi­ça, impõe-se, realmente, como uma medida alta­mente avançada e progressista, a figura do man­dado de segurança coletivo, que permitirá queuma só categoria, através de uma associação re­presentativa do seu interesse, possa bater às por­tas da Justiça e obter, em tempo curto, uma deci­são que beneficie todos os seus membros.

No máximo, poderia ocorrer choque de juris­prudência ou de decisões judiciárias quandomandados de segurança com o mesmo teor fos­sem decididos diferentemente nos diversos Esta­dos, mas não teríamos mais, no interior de umsó Estado da Federação, juízes de varas diversas,dando decisões diferentes a questões iguais.

Acredito que, por uma questão de bom senso,o plenário da Assembléia Nacional Constituintemanterá a figura do mandado de segurança cole­tivo, instrumento jurídico que servirá para dar dig­nidade à Justiça e maior credibilidade ao PoderJudiciário.

O SR. AUGUSTO CARVALHO (PCB- DF.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, aguar­dávamos que todos os Constituintes estivessemaproveitando' sta segunda rodada de votação pa­ra burilar a re..açêo final, aprimorar o texto e osmecanismos que consolidam a democracia emnosso País. Mas vimos estarrecidos que esta direi­ta incorrigível tal não deseja. Pelo contrário, sur­gem reações de repúdio, para nós as mais legíti­mas, quando o Líder do PFL anuncia sua dispo­sição de derrubar ponto fundamental para o povodo Distrito Federal, que é sua autonomia políticaatravés da eleição do Governador e de uma As­sembléia Legislativalocal.

Ora, Sr. Presidente, discussão deste tema arras­tou-se por mais de um ano, atravessou incólumetodas as fases anteriores da Assembléia NacionalConstituinte, passou por acordo na Comissão deSistematização, veio à votação no primeiro tumo,e recentemente, em plenário, quase obtivemosmaioria para aprovar, tal como desejava o povode Brasília, eleições diretas para Governador em1988. No entanto, uma intervenção do Paláciodo Planalto, que aqui colocou seus emissáriospara impedir o quorum necessário à aprovaçãoda emenda, frustrou nossa expectativa. Por estamanobra do Palácio do Planalto, vimos derrubadanossa emenda que estabelecia o 15 de novembrocomo o reencontro dos brasilienses com as urnas.Agora, somos surpreendidos por essa malsinadatentiva do Líder do PFL,José Lourenço, que pre­tende, argumentando a dependência de Brasíliados cofres da União, suprimir esse dispositivo jáaprovado nas Disposições Permanentes.

Sr. Presidente, queremos deixar registrado nos­so protesto e, ao mesmo tempo, apelar para obom senso dos Constituintes, a fim de que estamanobra, esta provocação ao povo de Brasílianão tenha guarida no seio da Assembléia NacionalConstituinte. Não é possível que o povo do DistritoFederal veja sua reivindicação de mais de vinteanos retirada do texto da futura Constituição. Osargumentos do nobre Líder do PFL não proce­dem, porque, se hoje o Distrito Federal dependeem cerca de 70% de repasses de verbas da União,é exatamente pela centralização imperial absurdaque existe no Brasil, colocando não só o DistritoFederal, como os demais Estados da Federação,absolutamente subordinados ao Poder Central.

Com a reforma tributária que será implemen­tada a partir da promulgação da nova Constí­tuíção, acredrtamos que os Estados recuperarãosua independência e a Federação não será maisde fancaría, como na situação anterior. Com areforma tributária em vigor, com uma políticamais séria no que tange ao desenvolvimento deprogramas industriais que absorvam mão-de-o­bra, que criem impostos e serviços de forma aincorporar parcelas da juventude que a cada diaacorrem ao mercado de trabalho, acreditamosque gradativamente Brasília terá condições de seauto-sustentar, de ter os recursos necessários pa­ra sua administração. Após estes tempos de cas- .sação precisamos eleger um governador, pa,ra

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pôr fim à era de govemadores biônicos que nadatêm com a comunidade e implantam sua políticade ferro e fogo em completa falta de sintoniacom as aspirações da nossa sociedade.

o SR. AMAURY MÜLLER (PDT - RS. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­tuintes, antes de mais nada, gostaria de fazer umaobservação quanto ao relógio do plenário, quecontrola o horário dos oradores inscritos O reló­gio está exatamente uma hora adiantado Se esti­véssemos, como está o relógio, adiantados emtermos de elaboração constitucional, até que euficaria feliz. Mas não estamos. E a prova é quehoje é o terceiro dia de discussão do relatóriodo ilustre Constituinte Bernardo Cabral sobre asdecisões tomadas no primeiro turno e somospoucos os que comparecemos à sessão para dis­cutir a matéria, o que é profundamente lamen­tável. Estamos atrasados aqui e adiantados nohorário Peço a V. Ex" que determine as provi­dências técnicas para que o relógio seja devida­mente adequado ao verdadeiro horáno.

Sr. Presidente, as tentativas dos setores maisconservadores da Assembléia Nacional Consti­tuinte, no sentido de sepultar algumas tímidas,mas váhdas conquistas obtidas no pnmeíro turnode votação, parece que vão resultar em nada.Os rmlhôes de dólares que o capital estrangeiroestaria disposto a investir na Assembléia NacionalConstituinte reduziram-se a dois milhões. Se apretensão dos empresários multinacionais étransformar esta Assembléia num balcão de ne­gócios e pretensamente comprar dignidades in­sultando honras, estão redondamente equivoca­dos. Aqui nós divergimos. Aliás, divergir é própriodo homem, é parte integrante do exercício demo­crático. Mas divergimos quando não se trata decolocar em jogo os interesses naclonais e os inte­resses da maioria esmagada, humilhada, famintae esfarrapada deste País. Não posso crer, Sr. Presi­dente, que alguns avanços no campo social, naárea dos direitos trabalhistas, conquistados árduae penosamente depois de longos debates, pos­sam ser jogados na vala comum das coisas inúteisapenas porque alguns empresários, que já engor­daram suficientemente suas burras com a maisvalia tirada do suor do trabalhador, queiram influirdecisivamente de maneira a sepultá-los. Mais ain­da, Sr. Presidente, não posso crer que as marufes­tações de nacionalismo expressas no primeiro tur­no, através, principalmente, de dois dispositivosaprovados - a nacionalIzação do subsolo, que,pela primeira vez, vai para o texto constitucional,deferindo ao povo brasileiro um direito que é seue que vem sendo explorado pelo capital interna­cional, e outro dispositivo que assegura prefe­rência à empresa nacional na compra de bense serviços destinados ao poder púbhco, às admi­nistrações direta e indireta - possam servir derepasto para o interesse multínacronal, quandoprecisamos prestigiar a empresa genumamentebrasileira.

Sr. Presidente, algumas pretensões expressas,sobretudo através da Liderança do PFL - que,sei, não reflete o pensamento da sua bancada- não podem tornar-se realidade, não podemser concretizadas, sob pena de negarmos, inclu­sive, acordos de cavalheiros celebrados solene­mente durante os trabalhos paralelos que as Líde­ranças desenvolveram no primeiro turno de vota-

ção. AqUI, há pouco, o ilustre Constítumte AugustoCarvalho denunciava manobra que está sendourdida nos porões dos setores mais conserva­dores da Assembléia Nacional Constituinte e quepretende retirar o direito de cidadania do brasí­liense. Depois de muita luta, muito esforço, supe­rando obstáculos, íntolerêncras, incompreensõese até ódios, e de ter conseguido estabelecer odireito de ele próprio, cidadão brasiliense, elegero seu Governador, compor a sua assembléia derepresentantes capazes de fiscalizar os atos doPoder Executivo, agora pretendem retirar esse dis­positivo, e com isso o meu partido, o PDT, nãoconcorda, por duas razões fundamentais: primei­ro, já que restabelecemos a CIdadania da popu­lação de Brasília, não temos o direito de retirá-la;segundo, porque um Governador eleito pelo povotem certamente compromissos com o povo, coma História, com o futuro de Brasília. Agora, uminterventor que realiza périplos pelo exterior àscustas do contribuinte de Brasfha e de todo oPaís e que é capaz, como fez o Sr. José Aparecido,de determinar que policiais violentassem direitose derrubassem mais de 800 barracos de pessoashumildes e indefesas, não pode, evidentemente,comparar-se a um govemador eleito pelo povo,comprometido com esse povo.

Quero registrar rnmha surpresa, e mais, minhaperplexidade diante de manobras deste tipo, escu­sas, orquestradas no cone de sombras das pes­soas que se escondem da realidade, porque nãotêm coragem de enfrentá-las e porque represen­tam, na verdade, um grave e lamentável retro­cesso. Ou avançamos, Sr. Presidente, no sentidode consolidar, de assegurar as pálidas conquistasobtidas no pnmeiro turno, Inclusive o direito dopovo do Distrito Federal de escolher seu Gover­nador, ou, então, o texto que vamos aprovar nosegundo turno, retiradas todas as conquistas, ha­verá de ser colocado no lixo da História por im­prestar.

O SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - DevoInformar ao nobre companheiro Amaury Mullerque sua reclamação já havia Sido providenciada,mas fOI útil sua intervenção Veja V. Ex' que opróprio relógio se colocou rapidamente no devidolugar.

Concedo a palavra ao nobre Constituinte ValrmrCampelo

O SR. VALMIR CAMPELO (PFL - DF. Semrevisão do orador.) - Sr Presidente, Sr" e SrsConstituintes, quero dizer em primeira mão queas declarações do Líder do Partido da Frente Líbe­ral, Constituinte José Lourenço, não traduzem opensamento e o sentimento da bancada do par­tido do Distrito Federal, que sempre lutou pelarepresentação política a nível de Governador, VI­ce-Governador e de Assembléia Legislativa. E nãoé justo, sob hipótese alguma, que num momentocomo este, de segundo turno das votações, oLíder José Lourenço apresente uma emenda su­pressiva, retirando à comunidade brasiliense o di­reito de escolher seu verdadeiro Governador. Te­nho absoluta certeza de que os homens que com­põem a Assembléia Nacional Constituinte não sedeixarão induzir pela vontade do Sr. José Lou­renço.

Aliás,uma das mais graves omissões praticadasno 10 turno de votação do Projeto de Constituiçãofoi a não-inclusão, no Ato das Disposições Transí-

tórlas, de mecanismo prevendo eleição do Gover­nador do Distrito Federal e Deputados Distritais,em 15 de novembro de 1988.

Esta imprevisão acabou por gerar uma situaçãosui generis na história constítuctonal do País,colocando a Capital da República sob nsco docaos administrativo no período compreendido en­tre a posse do Presidente eleito e a posse donovo Governador eleito, em 15 de março de 1991.

Arigor, o mandato do atual Governador biônicodeveria encerrar-se com a promulgação da CartaConstrtucíonal, já que a nova Constituição nãoprevê a existência de Governador nomeado noDistrito Federal.

Num esforço de boa vontade, entretanto, é pos­sível admitir que o atual Governador permaneçano cargo até o fim do mandato do PresidenteJosé Sarney, Já que foi ungido na função porgraça de S Ex'

Mesmo assim permanece o impasse, uma vezque, encerrando-se o mandato do atual Gover­nador biônico à mesma época do término dagestão Sarney, o novo Governador, pelo textoconstitucional, será eleito em 15 de novembrode 1990, e somente tomará posse junto com osdemais governadores, em 15 de março de 1991,conforme prevê o § 3° do art. 5° das DrsposíçôesTransitórias.

No período de 15 de março de 1990 a 15 demarço de 1991, a administração do Distrito Fede­ral corre o risco de ficar acéfala, sem governo.

A solução ideal seria o recurso democrático,com eleições para Governador e Deputados Dis­tritais em 15 de novembro do corrente ano, masesta proposição não logrou êxito no 10 turno devotação, nem se cogitou da inclusão de um esca­pe nas Disposições Transitórias para reparar aomissão.

O fato, Sr. Presidente, é que o impasse existede fato, e é preciso encontrar uma solução querepare ú lapso prateado no 10turno.

Para sanar o Inusitado, estou sugerindo, atravésda emenda que corrija a omissão, a indicaçãodo Governador pela bancada do Distrito Federalno Congresso Nacional, que encaminhará umalista tríplice para a escolha e nomeação pelo Presi­dente da República eleito.

Repito, o ideal seria a solução democrática deeleição do Governador. Entretanto, na impossi­bilidade desse procedimento a esta altura dos tra­balhos da Assembléia Nacional Constituinte, aproposta que estou apresentando me parece amais justa.

Se aprovada a minha emenda, a populaçãodo Distrito Federal participará da escolha do Go­vernador, mesmo para esse curto período de umano, através de seus representantes na Câmarados Deputados e no Senado Federal.

Sempre lutei por soluções democráticas paraos problemas do povo de Brasília, e não é justoadrnítrr-se que o Governador de uma populaçãode um milhão e oitocentos mil habitantes sejatirado do bolso do colete do Presidente da Repú­blica.

Brasília é uma cidade adulta, politizada; sua po­pulação sempre desejou participar de sua admi­mstração e escolher seus representantes.

Vamos tentar, no 20 turno, rever essa Situaçãoconstrangedora a que fOI submetida a populaçãode Brasília. Conto com o apoio de todos nessaJuta.

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o que não queremos é deixar que Brasília per­maneça com seus direitos de cidadania cassadose que seu povo contmue a ser governado porum homem da confiança tão-somente do Presi­dente da República.

Vamos eleger nosso Governador - se Deusquiser - no dia 16 de novembro de 1990, atravésda vontade desta Assembléia Nacional Constituin­te.

o SR. JOSÉ FERNANDES (PDI - AM.Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.Constitumtes, estamos partindo para o seguntoturno com uma nova rodada de votações do Pro­jeto de Constituição. Muitos acordos foram feitospara aprovar dispositivos no primeiro turno, umdeles no sentido de que no segundo turno escoi­maríamos o Projeto de um casuísmo mserido naConstituição e que haverá de dar prejuízo ao siste­ma eleitoral, especialmente no que dIZ respeitoao zelo pela seriedade e até mesmo pela hones­tidade das eleições.

No Projeto votado em primeiro turno, no tocan­te às inelegibilidades, ficou um dispositivo que,se continuar da forma como está no segundoturno de votação, permitirá que Prefeito, Gover­nador e Presidente da República confundam osseus interesses pessoais com os interesses daPátria, e não tenho visto isso na administraçãopública brasileira Se permanecer este dispositivo,permitindo aos parentes de mandatários tambémdo Executivo serem candidatos, independente­mente do cargo e de já terem algum mandato,isso resultará em que esses mandatários ajudem,com a máquina estatal, os seus parentes consan­güíneos e afins. Então, precisamos eliminar essaparte que diz respeito à ressalva de que, já tendomandato, o candidato poderá concorrer a qual­quer cargo, independentemente da desíncompa­tibilização ou não dos seus parentes que por ven­tura ocupem cargos na administração, especial­mente os que ocupam as funções de Prefeito,Governador e Presidente da República. Não haviaisso na Constituição que se dizia da ditadura, nãohavia isso na Constituição de 1946, nem na de1934, nem mesmo na de 1937, que era umaConstituição outorgada. Logo, precisamos cor­rigir esse dispositivo, retirando essa ameaça à lisu­ra das eleições. Por causa de dispositivos comoesses, pela falta de atenção existente num paíscomo o Brasil, que evoluiu para o 8° PIB masnão evoluiu nos seus costumes, no zelo pela coisapública, no respeito aos direitos individuais, o Paísestá hoje praticamente afogado em corrupção.A corrupção sempre existiu, mas tem aumentadonos últimos tempos, movida talvez pelo processode abertura democrática, quando não se podemtomar medidas de força, e também pela morosi­dade da Justiça.

Espero que agora, com as prerrogativas conce­didas ao Judiciário na Nova Constituição, essePoder seja mais ágil para fazer chegar mais cedoàs malhas da Justiça os casos que precisam serlevados em consideração, como os de apenaçãoou punição.

A verdade é que alguns dispositivos poderãotalvez contribuir até para aumentar a corrupção.Se hoje nos queixamos de corrupção eleitoral,imaginem quando tivermos a possibilidade de umGovernador, por exemplo, indicar seu filho ou suaesposa para seu sucessor, ou até mesmo desde

que seja um Vereador em algum lugar do País.O Govemador Pedro Símon, por exemplo, podeeleger seu filho Vereador em Taquari e, em 1990,apresentá-lo para ser seu sucessor, no Governodo Estado do Rio Grande do Sul. E uma verda­deira aberração o dispositivo votado em relaçãoà inelegibilidade. Essa corrupção que temos vistonos períodos eleitorais só vai tender a aumentar.O País precisa começar a tomar medidas naConstituição para, se não eliminar a corrupçãode uma vez, pelo menos diminuir a intensidadedesse processo na vida nacional.

Hoje vemos algo impressionante: não discu­timos mais a lisura. Parece-me que o povo brasi­leiro já está tão decepcionado, que até nc:;m cobraa moralidade da administração pública. E interes­sante que não estamos vendo mnguém se rnaru­festar contra um dispositivo como esse; nem mes­mo a imprensa, cuja atividade fiscalizadora é tãointensa, tem abordado os problemas que vão de­correr de um dispositivo como esse, que permitea um individuo apresentar seus parentes, por maispróximos que sejam, para a sua sucessão.

Vamos atuar e, se possivel, fazer valer a lei.O Brasil precisa emparelhar-se àqueles países

nos quais a lei é maior do que o homem, a fimde que nos possamos ver livres de corrupçãoou pelo menos, de quando em vez, dar o exemplode como deve ser a moralidade no serviço pú­blico.

Diz-se que hoje o País está desenvolvido, quan­do olhamos a dimensão do Produto Intemo Bruto.Mas ao mesmo tempo, por exemplo, num paísque deveria ter cerca de 90 ou 100 milhões depessoas no mercado consumidor, pelo estudode Hélio Jaguaribe, vemos que cerca de 70%estão nos níveis de pobreza absoluta. Esses 70%não conseguem incorporar-se aos que têm poderde compra no mercado nacional. Esse índicemostra os contrastes existentes num país que sediz a oitava economia do mundo.

Precisamos então, Sr. Presidente, nobres com­panheiros, alterar este sistema. Se caminhamospara a total industrialização do Pais, temos deestruturá-lo nesse sentido. Devemos cultivar a li­sura, a moralidade dos atos públicos, a fim depromover o desenvolvimento do País. Não preci­samos copiar métodos indignos, corno os exem­plos que estamos vendo por aí, hoje: a concessãode canais de rádio e televisão sem nenhum tipode licitação, verbas públicas cuja destinação jáé conhecida antes mesmo que os editais sejamveiculados pela imprensa, e outros casos.

Hoje, sabe-se inclusive que as empresas prati­camente "cavam" obras antes mesmo que asidéias se transformem em projetos, e conseguemreservar financiamentos e outros benefícios, umasérie de indignidades decorrentes de atos lesivosao patrimônio e à imagem da administração pú­blica. Isso deve ser corrigido, sob pena de nãosobrevivermos, pois um país com a dimensãodo Brasil não continuará a crescer se, a cadaano, tiver de enfrentar mais e mais ocorrênciascomo essas. É terrível o que a imprensa noticia:no ano de 1986, por exemplo, informações dizemque cerca de um bilhão de dólares foram retüadosdo País por meios escusos, indo constituir fundode bancos estrangeiros.

Este é um país em que a poupança é insufi­ciente para propiciar o moto-continuo do cresci­mento nacional, a fim de gerar emprego e tarn-

bém atualizar tecnologicamente os seus diversossetores.

Como podemos Viver Dum país como este, sa­bendo que um bilhão de dólares, que poderiamter sido aplicados em investimentos intemos, paramelhorar a tecnologia da indústria, ou por exem­plo, abrir espaço na área terciáriado turismo, saí­ram do Pais, só num ano, para os bancos estran­geiros?

Lamentavelmente, Sr. Presidente, Srs. Consti­tuintes, temos sobretudo o dever de não apenasvotar a melhor Constituição, a melhor norma quedeve ser aplicada ao Estado brasileiro e ao seupovo, mas também de zelar para que se apagueessa mancha da administração pública nacional,que é o processo corruptivo endêmico. Por isso,dentro das etapas que temos a vencer, precisa­mos revogar o dispositivo que permitirá a qual­quer governador, a qualquer prefeito, ou ao presi­dente da república indicar até sua mãe, seu pai,seu filho, sua mulher, para sua sucessão, semse afastar do cargo que ocupa e do uso do poder,o que permitirá que a corrupção seja introduzidana máquina em favor do processo eleitoral quehaverá de beneficiar seus parentes consagilíneosou afins. EVidentemente, precisamos eliminar es­sa possibilidade, repito, porque com ela se chegaao absurdo de poder eleger o filho ou a esposa,numa pequena CIdadedo interior, como Vereador,por exemplo em ípíxuna, no Amazonas, e depoisele sal e vai ser candidato a Governador. A coisafica fácil. Vamos ter eleições neste ano, dandooportunidade a quem quiser preparar a corrupçãoeleitoral de 1990. Já é um abuso do poder econô­mico preparar os filhos ou a esposa para concor­rerem à sua própria sucessão no ano de 1990.

Sr. Presidente, espero que o bom senso, queo interesse pela moralidade pública, pela lisura,pela correção dos pleitos façam com que os no­bres companheiros Constituintes alterem agora,no segundo turno, conforme ficou acertado noacordo do primeiro turno, esse dispositivo quepermite que detentores de cargos executivos mu­nicipais, estaduais ou federal, no caso do presi­dente da república, possam indicar para sua pró­pria sucessão parentes consagüíneos e afins, porrnais próximos que sejam.

Era o que tinha a dizer.

o SR. ADYLSON MOITA (PDS - RS) ­Sr. Presidente. SI"" e Srs. Constituintes, creio queesta Casa perdeu um dos momentos mais impor­tante para consagrar perante a História deste País,a redenção de sua classe política, quando deixoude proceder a algumas modificações que consi­dero importantes, como a adoção do sistema par­lamentarista, que, por certo, implicaria maior res­ponsabilidade para o Parlamento. Até quem sabe?Teríamos evitado quadros constrangedores comoo de hoje, quando temos uma Constituinte reu­nida com apenas meia dúzia de seus membros.

Ao não se introduzir o parlamentarismo, foi der­rotada proposta de minha autoria, que visava àadoção do voto distrital misto para vincular o polí­tico a seu partido e à sua base eleitoral, fortale­cendo dessa forma as agremiações partidárias.Também não foi aprovada aqui proposta de fideli­dade partidária que apresentei, baseado, se nãome falha a memória, no art. 163 da Constituiçãoportuguesa, que evitaria essa verdadeira revoadaa que assistimos hoje, onde ninguém mais tem

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compromisso com ninguém; elegem-se por umpartido e, no outro dia, defendem sigla partidánadiferente, compondo bancada que não foram elei­tas, mas formadas com elementos egressos da­queles partidos que elegeram seus membros.

Sr Presidente, o que considero mais grave éque, além de se perder uma grande oportunidadede modificar nosso perfil político, procurou-semais ainda exacerbar o presidencialismo Imperialque existe hoje em nosso País, contra o qU'1J tantasvozes se levantaram nesta Casa. CIto dlguns Itens,embora não veja oportunidade nem forma de semodificar o que aqui se fez. Dentre as milharesde propostas apresentadas, se fosse selecionara pior delas, escolheria a Emenda Humberto Lu­cena, pois não apenas impossibilitou a introduçãodo parlamentarismo, como praticamente anarqui­zou o que restava do presidencialismo em nossoPaís.

Deixarei para comentar o decreto-lei na segun­da parte, quando apresentarei mmhas quatroemendas. Agora pretendo fazer rápida referênciasobre os pontos que considero mais infelizes daproposta do atual Presidente do Senado, um dosquais exatamente o destaque que dá a essas me­didas provisórias com força de lei, uma formade remtrodução do decreto-lei, que deverei co­mentar a sequir

Outro aspecto, Sr. Presidente, é que é ampliadoo elenco daquelas matérias de competência ex­clusiva do Presidente da República, no início doprocesso legislativo. Esse elenco de matérias che­ga a extrapolar a previsão hoje VIgente, que temsido responsável pela redução abusiva dos pode­res do Parlamento brasileiro, ao longo da vigênciada atual Constituição, no seu art. 57, incisos Ia N e parágrafos. Na proposta aprovada aqui,ao invés de devolver algumas prerrogativas nainiciativa do processo legislativo, nós as amplia­mos, e digo por que: conforme o art. 63, é decompetência exclusiva do Presidente da Repú­blica a mícratíva de leis que "visem à fixação, modi­ficação dos efetivos das Forças Armadas; dispo­nham sobre a criação de cargos, funções ou em­pregos públicos na administração direta e autár­quica ou aumentem a sua remuneração; a organi­zação administrativa e judiciária, matéria tributáriae orçamentária, serviços públicos e pessoal daadministração dos Territórios; servidores públicosda União e dos Territórios, seu regime jurídico,provimento de cargos, estabilidade e aposenta­doria de civis, reforma e transferência de militarespara a inatividade; organização do Ministério PÚ­blico, da Defensoria Pública da Umão e normasgerais para a organização do Ministério Públicoe da Defensoria Pública dos Estados, dos Territó­rios e do Distrito Federal; criação, estruturaçãoe atribuição dos Ministérios e órgãos da adminis­tração pública".

Adisposição prevista amplia o elenco ora vigen­te. A matéria Citada no item, d, que trata da organi­zação do Ministério Público, quando diz qUE' "aorganização do Ministério Público e da DefensoriaPública da União e normas gerais para a organi­zação do Ministério Público e da Defensoria Públi­ca dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó­rios", é também de iniciativa do Presidente.

Nesta parte finaL trata-se de mais um cercea­mento à autonomia política dos Estados, mem­bros, quando dispõe sobre a organização do Mi­nistério Público dos Estados.

Outro aspecto que me parece grave, SI. Presi­dente, é o instituto que trata da irresponsabilidadedo Presidente da República quanto a "atos estra­nhos ao exercício de suas funções", no art. 90.Isto significa que ao Presidente, enquanto tal, serápermitida toda sorte de delitos, de ilícitos penaise civis, desde que não VInculados ao exerciciodo cargo. Tal entendimento parece evidenciar-seno momento em que a Emenda Lucena prevêapenas o julgamento do Presidente e dos Minis­tros por crimes de responsabilidade e não porcrimes comuns, como a atual Carta prevê, noseu art. 65, item I.

Outro ponto que deve ser destacado é a faladaparlamentarização do sistema presidencralista,aprovada com a Emenda Lucena, que parece re­sumir-se à possibilidade de censura aos Mimstrosde Estado. Por certo, sua eficácia será tão reduzidaquanto a do instituto do impeachment, cuja utili­zação é desconhecida nos Anais desta Casa ede outras repúblicas. Com efeito, a adoção doquorum de dOIS terços da Câmara constitui exi­gênCia que praticamente anula o instituto.

Sr Presidente, esses aspectos estão sendo le­vantados porque amanhã ou depois seremos jul­gados pelo que está sendo feito aqui, e gostariade, pelo menos, deixar clara minha preocupaçãoem não Ir para o banco dos réus, pois realmentenão fui favorável a essa emenda, que descarac­teriza completamente o sistema presidencialista,além de ter tirado a oportunidade de se introduzir,de maneira moderna, um novo sistema de gover­no, mais adequado às exigências da nossa época,que seria o sistema parlamentarista.

A SRA. ANNA MARIA RATIES (PMDB­RJ. Pronuncia o segumte discurso.) - Sr. Presi­dente, Sr 06 e Srs Constituintes, bem sei que nãoteremos a Constituição de nossos sonhos, paraum país com vez e voz para todos. Mas deveser compromisso nosso com os legítimos anseiosde mudança e transformação do povo brasileirolutar com todas as armas para impedir retroces­sos no 2° turno de votação e garantir aos brasi­leiros o direito de participar diretamente, e nãosó representativamente, da elaboração das leise das decisões <Ias muitas questões administra­tivas em todas as instãncias do poder constituído.

Os direitos à plena cidadanià devemos preser­var no texto com todas as forças, para evitar, emnosso território, aberrações como a que acontecena Áfnca do Sul atualmente, cerceando a liber­dade do grande líder negro Nelson Mandela, umdos principais baluartes na luta pelos direitos ciVISnaquele país e que estará completando, no próxi­mo dia 18,70 anos de idade, dos quais 26 passouencarcerado, eis que se acha preso desde 5 deagosto de 1962.

O Brasil, mais do que nunca, pelos laços queo unem àquele país, não pode calar-se quandoem todo o mundo se levantam vozes exigindoa libertação desse "Chefe de Estado em prisãoperpétua".

Desejamos, por isso, unir nossa voz aos clamo­res internacionais que exigem a imediata liberta­ção de Mandela, cuja prisão, decretada em razãode uma luta justa, humana e necessária, enver­gonha a Humanidade e põe à mostra a falênciados organismos internacionais que existem paraa defesa dos direitos dos povos.

A criminosa, desumana e fratricida política desegregação racial posta em prática na África doSul, só é mantida pela força, já que uma pesquisade opinião entre a população negra daquele paísrevelou que 70% consideram Nelson Mandela oseu líder.

Mandela iniciou sua luta no mício da décadade 50, quando recebeu sentença por organizaruma campanha de desobediência a leis de segre­gação racial, não chegando a ir para a prisão,pois obteve sursis.

Em 1960, após ter viajado ao exterior em buscade apoto para a sua luta, foi condenado a cincoanos de prisão por subversão e saída Ilegal dopaís, e, quatro anos mais tarde, amda na cadeia,foi condenado à prisão perpétua por organizarum movimento cujo objetivo era promover a lutaarmada contra a política de segregação racial,sendo logo em seguida eleito presidente do Con­gresso Nacional Africano.

A força e a liderança de Mandela, porém, resis­tem ao tempo e a todo tipo de ação reacionáriado governo sul-africano, e achamos que os demo­cratas devem também unir sua voz nessa lutaImportante.

O SR. PAULO ZARZUR (PMDB - SP Pro­nuncia o segumte discurso.) - Sr. Presidente,Srs. Constituintes, enganam-se aqueles que pen­sam que o Partido do Movimento DemocráticoBrasileiro, de tão gloriosas tradições na luta pelarestauração democrática em nosso País, está sen­do enfraquecido, em sua atuação política ou emseu perfil, em virtude da saída de alguns ilustreshomens públicos.

Não desejo entrar no mérito das razões quelevaram esses antigos companheiros a procuraroutra legenda partidária. Reconheço o passadode suas lutas Mas não lamento a saída delesdo nosso PMDB.Pelo contrário: entendo que, ape­sar disso, e talvez mesmo até por isso, teremosmelhores condições de fazer atuante a nossa lutademocrática e de implantar o programa de nossopartido. Não enfraqueceremos nossa denodadadisposição de lutar pelos mesmos ideais que, tem­pos atrás, nos uniram a todos. Se houve quemdesistisse, Sr. Presidente, não fomos nós. Nós per­manecemos na mesma trmcheira de lutas. Nãonos deixamos abalar por eventuais derrotas depontos de vista pessoais ou pela frustração deuma vontade não atendida. Democraticamente,acolhemos sempre a decisão da marona, E nempor isso nos sentimos diminuídos ou despresti­giados. A coerência da democracia exiqe que ca­da agremiação partidária possa apresentar nuan­ces de comportamentos e de atitudes. Caso con­trário, teríamos o partido único, de vontade única,de comando único, tão próprio da ditadura quetanto combatemos.

Para cada filiado que se retira, Srs. Constituin­tes, redobra o nosso ardor e a nossa confiançana causa democrática. As dificuldades não nosamedrontam, pois já passamos por momentosbem piores.

Desejo, nesta oportunidade, transmitir a todosos companheiros do PMDB, especialmente dabancada paulista, uma palavra de ânimo e deconfiança no futuro. Sob a orientação segura deUlysses GUimarães e de Orestes Quércia, o nossopartido, sempre afinado com a vontade popular,marchará unido e coeso nas próximas eleiçõesmunicipais e sairá, uma vez mais, vitorioso. O

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J1950 Domingo 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Julho de 1988

nosso programa de atuação política não fOI meraretónca de gabinete, mas, sim, a expressão davontade popular. Estamos reahzando, não obs­tante as pedras que nos foram postas diante docaminho, todo o nosso ideal.

O PMOB,Sr. Presidente, permanece como ba­luarte da democracia em nosso País. Nossos cor­religionários, dos mais humildes aos mais ilustres,mantêm a chama democrática bem acesa, e comela poderemos ílurrunar, com segurança e firme­za, os caminhos do futuro de nossa Pátria, dentrode um clima de ordem, fraternidade, progressoe igualdade.

Era o que tinha a dizer.

o SR. JOVANI MASINI (PMDB- PR Pro­nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Sr'" e Srs. Constitumtes, no instante em que nospreparamos para enfrentar os momentos decisi­vos deste extraordinário processo constituinte, éoportuno dedicar nosso esforço ao exercício dareflexão crítica e objetiva sobre o texto aprovadoem primeiro turno.

Quero, mais uma vez, dedicar estes minutosa ponderações sobre o conteúdo dos direitos so­ciais e da ordem econõmica. Não porque entendaque estes sejam os únicos pontos fundamentais,mas por temer que aqui o peso dos equívocosvenha a produzir efeitos perversos sobre os desti­nos do Brasil.

Em verdade, o projeto encontra nos pontosenfocados o seu calcanhar de Aquiles. Neles nãoalcançamos a contemporaneidade repleta de hu­manismo que marcou a elaboração dos direitosindividuais e políticos Neles não reproduzimosas soluções criativas e descentrahzadoras queemolduram o novo sistema tributário. Neles nãoalcançamos o liberalismo democrático que alícer­ça o texto da organização dos poderes.

Na ordem econômica, permanecemos carto­ríaís,arcaicos, acovardados e iludidos Nos direi­tos sociais, contmuamos tímidos, paternalistas eretóricos. Além dISSO, parece que o Plenário pre­tende, deliberadamente, ignorar que mametandoa iniciativa econômica dificilmente sustentaremosna prática os avanços sociais consignados na fu­tura Constituição. Mais: parece que os Constituin­tes de 1988 descrêem das potencialidades denossa terra e nossa gente, acreditando que per­maneceremos eternamente Imersos no subde­senvolvimento, travando entre irmãos batalhasvãs em torno de migalhas.

Como pretender ignorar que os propaladosavanços sociais somente terão relevância con­creta se atingirmos um patamar de desenvolvi­mento e geração de riqueza que permitam engor­dar os salários e, a partir daí, os acréscimos dashoras extras, férias etc? Como pretender desco­nhecer que, em boa parte, tais avanços serão cus­teados com recursos públicos que não surgemdo nada, mas que somente podem vir do bolsodo contribuinte ou do incremento da atividadeeconômica?

Não sou contra os novos direitos sociais apro­vados. Antes, pelo contrário: minha preocupaçãoé que eles representem de fato uma melhoriado padrão de vida dos trabalhadores. Mmha an­gústIa vem de perceber que, se a ínícíatrva econô­mica não se liberta, não se revigora, o trabalhador

será mais uma vez iludido, pois sairá do seu bolsode contribuinte o dinheiro que, após encolher den­tro da máquina burocrática, lhe será parcial e ilu­soriamente devolvido com o apelido de benefícro

Quase todos os direitos sociais aprovados são,em tese, excelentes. Marcam mesmo um largopasso em direção a um estado de bem-estar ehumanidade nas relações de trabalho. Exatamen­te por ISSO é que, necessariamente, devem corres­ponder a uma ordem econômica moderna, ágil,desenvolta e desacorrentada. Foi sobre econo­mias possantes que, historicamente, o estado debem-estar pôde concretizar-se na vida dos povos.

Precisamos dar espaço e liberdade à iniciativaprivada, precisamos estreitar nossos laços coma comunidade econômica internacional, precisa­mos trazer à luz as riquezas que se escondemsob nossos pés, enquanto são realmente riquezas,enquanto não caírem na obsolescência.

A China e a União Soviética rompem as mura­lhas do isolacionismo, a Europa está prestes auruficar-se, e nós insistimos em acreditar que po­deremos permanecer auto-sufícrentes na miséria.

Maior liberdade econômica resultará, inevrtavel­mente, em mais renda per capita, maior PIB.A partir daí, poderemos efetivamente acreditarque o salário mínimo será digno, que os 50%de acréscimo na remuneração da hora extra serãoconsistentes, que o terço a rnars de salário nasférias será ponderável Sem cartórios, sem privilé­gios, sem amarras, o progresso florescerá entrenós. Poderemos, então, dar fim à constrangedorabatalha de mendigos em tomo das migalhas.

Era o que tmha a dizer.

o SR. ANTONIO DE JESUS (PMOB- GO.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,Srs Constituintes, quero congratular-me com apopulação de Palmeiras de GOiás,através clt> ~~t:

Prefeito e de sua Câmera Mumclpal, pelo octogé­simo terceiro aniversário de elevação da cidadea Mumcípio

O povoamento de Palmeiras de Goiás teve iní­cio com Felipe de Ohveíra, em 1850, emboranão se possa precisar a primeira penetração noterritório. Há indicações de entradas de famíliasmmeiras entre os anos de 1830 e 1840.

Graças à influência de Tobias Monteiro, baianoque, juntamente com sua família, se fIXOU no luga­rejo, o povoado de São Sebastião do Alemão foielevado a Freguesia em 1857. Com as atividadescomerciais da família Coimbra, que para ali setransferira, o lugarejo teve novo impulso, sendo,por isto mesmo, elevado à condição de Vila em1887.

Com o seu progresso, São Sebastião do Ale­mão tomou-se cidade, em 6 de julho de 1905;em 1917 passou a denominar-se Palmeiras, sen­do tomado Comarca logo depois.

Em 1947, nova denominação, Palmeiras deGoiás, e em 1953, pela importância que passavaa ter no cenário goiano, teve criado seu primeirodistrito.

Como um dos Mumcípios que mais contribuempara o crescímento do Estado de Goiás, não po­deria deixar de homenageá-lo.

o SR. PRESIDENlE (Sotero Cunha) - Estáfindo o tempo destinado ao Pequeno Expediente.

Vai-se passar ao horário de

v- COMUNICAÇÕES DASUDERANÇAS

o Sr. Amaury Müller - Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como LíderdoPOT

O SR. PRESIDENlE (Sotero Cunha) - Tema palavra o nobre Constituinte.

O SR. AMAURYMÜLLER (pOT - RS. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr" e Srs.Constituintes, um dos dispositivos aprovados noprimeiro turno, que, a meu juízo, pela ótica domeu partido, mereceria uma reflexão maior, emface do seu caráter ambíguo, é o que assegurao direito de propriedade.

Claro, Sr. Presidente, que num país neocapi­talista, em fase pré-capitalista, não podemos tera veleidade nem a pretensão de elImmar a proprie­dade privada, nem esta é a intenção do meu parti­do. Mas não se pode, também, atribuir à proprie­dade privada um caráter de intocabilidade, de ves­tal, que não pode ser tocada ou alterada - eé o que o dispositivo diz.

Durante os trabalhos das Subcomissões, poste­riormente das Comissões temáticas e, mais tarde,do Plenário, tentei, em nome do meu partido,inúmeras vezes, introduzir no dísposrtívo umacréscimo que remetia à legislação ordinária acompetência para disciplinar o uso e o limite dapropriedade.

Ora, o caráter conservador do perfil ideológicoda Assembléia Nacional Constitumte insurgiu-secontra essa sugestão, e não tive a felicidade devê-Ia aprovada. Mas isso não quer dizer que omeu partido concorde com esse caráter de intoca­bilidade da propriedade pnvada. Respeitamos aprop-íedade privada, mas não podemos admitirque ela não tenha um limite. E há eloqüentesexemplos que caracterizam bem a posição domeu partido em face desta questão. Costumo citarcomo exemplo mais significativo a apropriação,às vezes até ilegítima e ilegal, de grandes exten­sões de terras neste País-continente, por gruposeconômicos minoritários, alguns dos quais es­trangeiros, e por pessoas físicas nacionais e es­trangeiras que não têm o menor interesse emtransformar a terra num poderoso instrumentode desenvolvimento sócio-econômico harmônicoe equilibrado. Prova disso é que alguns parlamen­tares alemães, da República Federal da Alemanha,que se encontram no Brasil, têm a imagem deque este País é uma grande floresta que está sen­do destruída pela irresponsabilidade do Governoe da própria sociedade.

A Madeireira Nacional S/A., entre outras gran­des empresas, que possui a bagatela de quatromilhões e trezentos mil hectares, está destruindoliteralmente a mata amazônica, sem que o Gover­no adote qualquer tipo de providência para coibire punir exemplarmente esses abusos

Uma empresa apenas, eis que o direito de pro­priedade não tem hmíte, possui uma área geográ­fica superior à superficie de vários Estados daFederação, ínchrswe de um dos principais, queé o Rio de Janeiro. Esses quatro milhões e trezen­tos mil hectares correspondem a quarenta e trêsmil quilômetros quadrados. Enquanto isso, na ba­se da pirâmide SOCIal, cada vez mais alargadapela miséria generalizada, pela pobreza explícita

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Julho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Domingo 10 11951

da maioria, pululam inconformados, revoltados,reduzidos a subseres, doze milhões de agricul­tores sem terra, ou com pouquíssima terra, genteque nasceu no meio rural e de lá foi expulsa pelolatifúndio,pela grande empresa rural, pelo capitalestrangeiro, e hoje, no máximo, exerce a condiçãode bóia-fria, sem nenhum direito trabalhista, car­regada para o meio rural, eis que vivena periferia,na fímbria de miséria das cidades, aos magotes,em caminhões, como se fosse gado, animais, re­cebendo, no máximo, salário de fome e, comodisse antes, sem qualquer garantia previdenciária.Sãoesses doze milhões que têm de estar revolta­dos diante do quadro de insensibilidade quantoà questão da limitação da propriedade privada.

Meupartido prega como bandeira fundamentaluma reforma agrária massiva, radical, capaz dealterar em profundidade a melancólica fisionomiado meio rural brasileiro, que cada vez se esvaziamais, cada vez, não obstante os índices alcan­çados nas últimas safras, produz menos para umapopulação cada vez mais faminta, cada vez maisdesejosa de alimentar-se convenientemente.

Penso que a Assembléia Nacional Constituintecometeu um grave equívoco de perspectiva histó­rica ao permitir que a propriedade privada conti­nuasse intocável, ainda mais depois que no capí­tulo referente à política agrícola e à reforma agrá­ria a chamada propriedade produtiva ficou, estasim, absolutamente intocável,insusceptível de serdesapropriada por interesse social, para fins dareforma agrária.

Vamos tentar, com as forças que temos, comas limitações conhecidas, extirpardo texto consti­tucional esse privilégio.

O que é uma propriedade produtiva? Será aque exibe eventualmente um perfil de produti­vidade satisfatório? Mas como se mede essa pro­dutividade? Posso citar aqui, se V. Ex'me permite,Sr. Presidente, um exemplo: é possível que exis­tam, como existem no meu Estado, o RioGrandedo Sul, duas propriedadeslindeiras, vizinhas,como mesmo solo, com a mesma área geográfica.Agora, üma faz a análise de solo, a correção daacidez, a curva de nível e até terraceamento. Ecertamente, se produzir trigo, produzirá muitomais do que a outra, que não fará nada disso.E são propriedades com a mesma área, na mes­ma região, com a mesma terra. Como se vaimedira produtividade de uma e de outra? Qual é ocritério para dizer que uma propriedade é produ­tiva? Poder-se-á argumentar que o proprietárioocupa fisicamente quase toda a área, respeitandoo percentual das matas, dos rios, das nascentes,mas isto não é suficiente. Admita-se, por outrolado, que esse perfil de produtividade possa sertécnica e cientificamente balizado por indicadoresestabelecidos pela lei or<linária ou por normasdos Ministériosda Reforma e do DesenvolvimentoAgrário e da Agricultura, e que, independente­mente da área, do tipo de cultura, do tipo deterra, do tipo de clima, se estabeleça um pisopara essa produtividade.

Agora vem a outra indagação: em que medidaesse proprietário, que exibe um índice de produti­vidade satisfatório, estará respeitando os recursosnaturais renováveis? Em que medida, por exem­plo, ele não joga vinhoto, se é produtor de álcoole de açúcar? Se transformou lavouras de grãosem lavouras de cana-de-açúcar, ele está jogandovinhoto nos rios, nas nascentes, contaminando

e degradando a natureza. Em que medida elepode ou não ser desapropriado por não estarcumprindo uma parte da função social da terra?E aqueles que têm centenas de escravos, queainda impõem a lei da chibata, como acontececomumente no Nordeste do País, no Centro-Oes­te, em que medida suas propriedades, emboraexibindo índices satisfatórios da produtividade,não estão ferindo, lesando a função social?

Por isso, Sr. Presidente, não será, por certo,nenhuma loucura pretender limitar a propriedadepor meio da lei.A lei tem limite,a vida tem limite;por que apenas a propriedade não pode ter umlimite? O que não se pode conceber é que, com12 milhões de agricultores sem terra, alguns privi­legiados concentrem em suas mãos a maior partedo chão agricultável deste País. E o que é pior,entre esses existem muitos estrangeiros que vêmaqui pilhar e saquear a nossa riqueza, transferirpara fora do Brasilo que faltaaqui dentro, enquan­to apresentamos alarmantes índices de pobrezageneralizada, índices altamante compromentedo­res de mortalidade infantil, indicador dos maisimportantes para medir a qualidade física de vidade um povo, enquanto este País ainda é um verda­deiro hospital, porque o povo é doente, porquenão come, e não come porque não ganha, e,quando ganha, recebe um salário de fome. En­quanto tudo isso acontece, Sr. Presidente, existem10 milhões de brasileiros sem trabalho, 30 mi­lhões de crianças desamparadas, perambulandopelas ruas, já se perdendo nos desvãos do vícioe do crime, 12 milhões de agricultores sem terra,1 milhão de chagásicos; enquanto tudo isso acon­tece, a propriedade continua intocada. Até quan­do, Sr. Presidente?

Por isso, ao expressar a posição do meu partidodiante desse problema, quero lamentar, honestae sinceramente, a faltade sensibilidade da maioriado Plenário, ao rejeitar uma emenda que timida­mente remetia à legislação ordinária a capacidadede disciplinar o uso e o limite da propriedade.Mas, tal como a água que acaba perfurando apedra pela persistência, o meu partido continuaráempolgando a bandeira da reforma agrária, dosdescamisados, dos infelizes, dos desprezados, dosmarginalizados, para um dia colocá-Ia no mastroda História, dizendo que, se não fizemos hoje areforma agrária, se hoje não conseguimos mudara triste fisionomia do campo brasileiro, isto umdia acontecerá, e espero que pela lei,pelo tirocíniodos encarregados de elaborar as leis, espero queem paz, em ordem, sem qualquer trauma maior.Mas se isso não acontecer, Sr. Presidente, certa­mente os que sofrem, que sofrem, os que conti­nuam sendo humilhados, espezinhados em seusdireitos terão a prerrogativa de lutar por aquiloque lhes está sendo negado. E aí poderão multi­plicar-se por este País de terras sem fim, ocupa­ções sociais de inúmeras propriedades que al­guns chamam de invasão, e não teremos o direitode condenar esses que, desesperados e revolta­dos pela nossa insensibilidade, buscam, de qual­quer modo, um pedaço de chão para nele jogara semente que gerará algum tipo de alimentopara saciar a sua fome, que já é endêmica.

Encerro, Sr. Presidente, expressando a convic­ção do nosso partido de que possamos, à luzdo bom senso e de acordo com os interessesmais altos do País, concentrar nossos esforços

para retirar do texto constitucional aprovado noprimeiro tumo esta excrescência, esta verdadeiraaberração, este insulto contra a dignidade da pes­soa humana, que é o item que assegura a ínsus­ceptibilidade da propriedade produtiva de ser de­sapropriada por interesse social.

O Sr. Paulo Delgado'- Sr. Presidente, peçoa palavra para uma comunicação, como LíderdoPT.

O SR. PRESIDENlE (Sotero Cunha) - Tema palavra o nobre Constituinte.

O SR. PAULO DELGADO (PT - MG. Semrevisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Consti­tuntes, o PT, ao longo do trabalho da elaboraçãoconstitucional, tem se preocupado em apresentaruma proposta global de organização para a socie­dade brasileira. Trouxe um projeto de Constitui­ção elaborado após amplas discussões em todasas instâncias partidárias. Chegamos, agora, ao fi­nal do primeiro turno, na discussão daquilo a sermantido e a ser suprimido, com uma visão umpouco pessimista do que o se inscreveu no textoconstitucional. A Carta, na verdade, não respon­deu às exigências históricas do Brasil, neste mo­mento. Mostra-se exageradamente detalhista, cor­porativa e preocupada em beneficiar, na maioriadas vezes, interesses dos já favorecidos. Não sepreviuna Constituição a possibilidade da transfor­mação social legal. Não é uma Constituição quepossa servir de ferramenta para as transforma­ções sociais e sim um espelho do País, refletindotodas as mazelas que ele ainda possui, sem criarcondições reais para que sejam superadas numperíodo de tempo previsível. Esta Constituiçãonão sacramentou a ruptura com o modelo consti­tucional da ditadura e não apontou para o futuro.Foram mantidos os privilégios organizacionaisque sufocam o Brasil como Nação, sufocam onosso povo, além de se manter todo o podertotalitário das Forças Armadas e o privilégio decasta que o Poder Judiciário possui neste País.Conservaram a ordem econômica de tal maneiraconcentrada e vinculada a interesses de grandesgrupos poderosos, nacionais e internacionais, quedificilmente se chegará, pela via constitucional,à democracia plena no País.

Naverdade, como afirmou meu colega de ban­cada, o Sociólogo Florestan Fernandes, a Consti­tuição mantém o País na condição de hospedeirodos grandes interesses multinacionais, parasitadopelas elites políticas e econômicas, sem dar aopovo condições plenas de cidadania. As elites na­cionais conseguiram inscrever nesta Constituiçãoa dependência do País a grandes interesses inter­nacionais, mantendo o modelo de gigantescasdesigualdades que imaginávamos, quando elei­tos, ajudar a superar no texto constitucional. Ainiciativa privada é mantida na Cosntituição comouma verdadeira vaca sagrada, como algo intocá­vel. Não há possibilidade constitucional de se de­ter o papel e o modelo de Estado implantadono País há mais de um século, que é o que geraa corrupção no serviço público e a dificuldadede se estabelecer um modelo viávelde adminis­tração. Há excessiva preocupação com normasorganizacionais do Estado e com a valorizaçãodos poderes em detrimento da força do cidadão.Permanecem privilégios oriundos da primeiraCarta Constitucional brasileira, feita ainda no pe-

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Julho de 198811952 Domingo 10 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL lONSTrrUINTE--------------ríodo escravagista. Vantagens que atingem pe­quenos setores da sociedade não foram elimina­das com o novo texto constitucional. Perpetuou­se a desigualdade no pais. Não há suporte legalpara mudanças substanciais na ordem política,econômica ou social. E aí é que surge a grandefrustração daqueles que acreditavam que era pos­sível escrever um texto consütuclonal que tivesseno horizonte mudanças para este País.

A missão dos Homens Públicos dos setoressociais considerados progressistas era exatamen­te a de, na Constituinte, identificar esse momentoque vive a sociedade brasileira e conduzir o Paísa algumas mudanças. Mas saímos até certo pontoderrotados; não completamente derrotados, masparcialmente mutilados. Em relação às atuais exi­gências de mudanças, saíamos sem condiçõesde dar ao nosso povo um Instrumento jurídico,legal e constitucional capaz de realizá-las.

Como afirma a sabedoria popular, um erro nãopode ser melhorado; um erro tem de ser abolido,porque melhorar um erro é permanecer nele.

Mas, conhecendo a força que tem nesta Assem­bléia Nacional Constituinte, o Partido dos Traba­lhadores e outros partidos, aliados no campoda esquerda, buscaremos manter alguns aspec­tos de mudanças que esta Carta contém e supri­mir aquilo que significa retrocesso ou cristalizaçãodo prívrléqro e do cinismo das classes dominantesem relação à sorte do nosso povo.

Uma das primeiras modificações que tentare­mos fazer no segundo tumo diz respeito aos direi­tos e às garantias individuais. Não é possível umPaís como o Brasil fixar o direito de propriedadecomo direito fundamental, porque aqueles queestão privados da propriedade - a maioria donosso povo - não são menos cidadãos por isso.Aqueles que concentram a propriedade estes, sim, são menos cidadãos, porque egoístas, não vêema sorte do resto da nossa gente.

A Constítuição do lmpérío.jíe um período es­cravista, monarquista, não teve a desfaçatez deintroduzir a herança como direito e garantia fun­damental Mas a nova Carta, quase no século XXI,introduz o direito de herança como díreito e garan­tia fundamental, como se fora fundamental herdarpara ser cidadão, quando o que é fundamentalé o trabalho, que faz com que, ao longo da vida,as pessoas acumulem. O direito de herança éum direito de natureza tributária previsto e fixadona Ordem Econômica, passível de tributação pro­porcional àquilo que se transmite e àquilo quese herda.

Da mesma forma, a proibição da reforma agrá­ria em terras produtivas é um dos aspectos queo meu partido lutará para suprirrrr, porque a fixa­ção do princípio de que a terra produtiva nãopode ser tocada, mas é passível de reforma agrá­ria, é a manutenção do sacrário da exploraçãocapitalista neste Pais.

Outros pontos que tentaremos suprimir são:a possibilidade de demissão arbltrána e sem justacausa; a díscrirrunação contra os trabalhadoresrurais, a concepção de estado de defesa, que éa manutenção dos prmcípios da ditadura milltarno texto constitucional; a tutela militar para garan­tir a lei e a ordem internas; o prazo de dois anose meio para a concessão de novos benefíciosprevidenciários; o repasse de verbas públicas paraentidades privadas nas áreas de saúde, educaçãoe desporto; a anistia tributária; a permissão do

trabalho do menor de quatorze anos sob a maldisfarçada hipocrisia de que trabalhará na condi­ção de aprendiz, quando sabemos que o menorde quatorze anos é uma criança, e uma criançanão pode trabalhar, se quisermos ter uma socie­dade justa e digna. O menino que lava coposno restaurante, que leva recados de um lugar aoutro não é aprendiz de nada, a não ser da escra­vidão moderna do capitalismo brasileiro. É pre­ciso assegurar à família condições para que possacuidar dos seus filhos até aos quatorze anos, eque as crianças sejam assistidas, como aconteceem qualquer sociedade mais ou menos demo­crática.

Defenderemos também a plena elegibilidadede tosdos os cidadãos. Num país democrático,só os estrangeiros não podem alistar-se ou sereleitores.

Somos contra a discnminação dos analfabetos,porque o que nos mostra a realidade brasileiraé que um Presidente que pertence à AcademiaBrasileira de Letras causa mais desgraça ao Paísdo que os milhões de analfabetos que o Governomantém, pela falta de uma política educacional.Se colocarmos no governo analfabetos que nãosejam analfabetos políticos... Porque não bastater educação formal. Temos tido, neste País, umconjunto de políticos que são analfabetos em ma­téria de política, embora até tenham educação,produzam romances, sejam membros da Acade­mia Brasileira de Letras.

Somos contra, também, a exigência do dorní­enio eleitoral, resquício do período autoritáno. Obrasrleíronão precisa morar nesta ou naquela ci­dade para receber o voto do cidadão. O domicilioeleitoral de um político é o coração do povo, enão esta ou aquela casa. Não há necessidadede restringir a atuação dos políticos em domicílioseleitorais, porque isto é restringir a liberdade deo cidadão escolher aqueles que quer para seusgovernantes ou seus representantes

Estes são aspectos de propostas de emendassupressivas que o PT apresentará, destinadas acombater as disposições aprovadas no primeiroturno.

Sr. Presidente, gostaria ainda de falar das con­quistas conseguidas no primeiro turno. Mas, dadaa exiguidade do tempo, sohcíto à Mesa que consi­dere lido, para que conste dos Anais da Casa,o restante do meu pronunciamento que contémaqueles aspectos que meu partido entende devamser mantidos no segundo turno.

O SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - V.Ex' será atendido.

PRONUNCIAMENTOA QUESEREFEREO ORADOR:

O PT desenvolverá todos os esforços possíveispara manter, entre outras, as seguintes conquis­tas aprovadas no 10turno:

1. Direito de greve.2. Jornada de 6 horas.3. Voto aos 16 anos.4. Proibição da censura.5. Licença-maternidade, licença-paternidade

e demais direitos trebalhistas.6. Defesa da empresa nacional e da naciona­

lização da exploração mineral.7. Mandado de injunção e demais instrumen­

tos de defesa dos direitos fundamentais.

8. lmprescntibilidade dos direitos trabalhistasdos trabalhadores rurais.

9. Direito de greve e sindicalIzação para osservidores públicos.

10. Imposto sobre grandes fortunas.

VI-APRESENTAÇÃO DEPROPOSIÇÕES

Os Srs. Constituintes que tenham proposiçõesa apresentar queiram fazê-lo. (Pausa.)

Não há proposições apresentadas

O SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Vai­se passar à

VlI- ORDEM DO DIADiscussão, em segundo turno, do Projeto de

Constituição.Tem a palavra o nobre Constituinte Adylson

Motta.

O SR. ADYLSON MOlTA (PDS - RS) ­Sr Presidente, Srs. Constituintes, dentro do queestabelece o Regimento Interno para esta fasedos trabalhos de elaboração do texto constitu­cional, vou aqui apresentar e justificar as quatroproposições que me cabem, uma vez que nestenúmero foram limitadas.

A pnmeira delas é uma proposta que já apre­sentei nas diversas fases do trabalho legislativo,tanto na Subcomissão de Saúde, na Comissãode Sistematização, quanto neste primeiro turnode votação. E, agora, como derradeira tentativa,apresento-a numa fase final. Refere-se esta pro­posta ao art 201, que trata da saúde.

Diz o art. 201, caput:

"A saúde é direito de todos e dever doEstado, assegurada mediante política sociale econôrmca..."

Mas o que interessa neste artigo é o seu início.Pois bem, estou propondo uma emenda de reda­ção - não sei como enquadrá-Ia corretamente.Proponho esta emenda para evitar que o textoconstitucional contenha um absurdo - e já faleisobre isto em outras sessões É sabido que asaúde depende de uma série de fatores É sabido,também, que existem doenças de etiologia desco­nhecida, que ainda não são do domínio da medi­cina ou da ciência. Então, como poderá o Estadoser responsável por algo que não tem solução?O Estado não pode ser responsável pela saúdede um cidadão. O Estado é responsável pela assis­tência à saúde. Para que não exista então esteabsurdo, estou propondo uma emenda que dizexatamente isto, acrescentando apenas a palavra"assistência", para tomar exeqüível, para poderser, pelo menos, realista o nosso texto. Quemsabe amanhã ou depois a ciência domine todosos ramos da medicina e se possa corrigir estaredação. Mas, hoje, para dar um exemplo, se umcidadão morrer de câncer, de um carcinoma ma­ligno, se morrer de AIDS, pode responsabilizaro Estado, porque aqui o texto diz que o Estadoé responsável pela saúde, independentemente dacausa da doença.

Aminha emenda tem apenas o sentido de evitaro absurdo e que estejamos a dar um atestadopúblico de insensatez.

Uma das outras emendas que apresento temreferência ao art. 111, inCISO Il, pelo qual se cria

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Julho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Domingo 10 11953

a possibilidade de um adicional de 5% do quefor pago à União para pessoa física ou jurídica,domicihada em um respectivo territóno, a títulodo exposto no art 159, inciso 111, incidente sobrelucros, ganhos e rendimentos de capital

Ajustificativa é simples: a previsão de cobrançacontida no dispositivo cogitado para supressão,referente no final, representa mais uma sangriaaos já combalidos bolsos do contribuinte, alémde ferir o princípio consagrado de não se tributarduplamente o mesmo rendimento.

Creio que o contribuinte brasileiro já está sobre­carregado, e tudo que pudermos aliviar em ter­mos de sobrecarga tributária creio que mereceum pouco de atenção desta Casa É neste sentidoque estou propondo que se retire esse adicionalde 5%, que poderia ser facultado às Unidadesfederadas cobrar do contribuinte brasileiro.

A terceira emenda tem a ver com os Territóriosbrasileiros. Na pnmeira fase dos trabalhos, eu ha­via proposto que fosse suprimida a figura do Terri­tório. Apresentei emenda transformando o Amapáe Roraima em Estados, juntamente com três cole­gas. Essa emenda foi aprovada, e os dois Terntó­rios estão sendo transformados em Estados.Apresentei na primeira fase uma emenda transfor­mando Fernando de Noronha em Município vin­culado ao Estado de Pernambuco - fui derro­tado. Agora, por iniciativa de outro Constituinte,foi reapresentada essa emenda e aprovada. Então,hoje não mais existe, no Brasil, a figura do Terri­tório, que funciona como uma espécie de autar­quia do Governo Federal. Sua burocracia é sus­tentada através de recursos diretos do GovernoFederal. Não tem Governador eleito e sim nomea­do a critério subjetivo do Presidente da República.Creio que chegou o momento, não mais existindoo território, em que temos a possíbihdade, discipli­nada no texto constitucional, de transformar dire­tamente uma região em Estado, se preencheraquele mínimo de condições e requisitos que alei estabelecer. Não vejo por que continuarmoscom a figura do Território Minha emenda sim­plesmente propõe a supressão do art 34, quetrata da organização e funcionamento dos Territó­rios brasileiros. Evidentemente, teriam de ser cor­rigidos os demais artigos, onde há referência àfigura dos Territórios, se aprovada aqui a supres­são que proponho neste momento.

A quarta proposta, Sr. Presidente - e me pare­ce a mais importante - é sobre as "medidasprovisórias por força de lei". Esta Casa foi desmo­ralizada, esvaziada e até afrontada pelo Poder Exe­cutivo, ao longo dos últimos anos, através do de­creto-lei. E, diga-se de passagem, o decreto-Ieisó houve no Brasil nos dois períodos de exceção.lntroduzido em 1937, no Estado Novo, ele esteveem vigor àquela época porque não havia um Con­gresso funcionando. Este havia sido fechado. En­tão, o Executivo supna esta parte legiferante, atra­vés da edição do decreto-lei, que caiu em 1946e foi reintroduzido em 1967. O período de 1946a 1964 foi o mais democrático que tivemos. Nãohouve na Constítuição brasileira de 1946, tida co­mo modelar, a figura do decreto-lei. E não tenholembrança de qualquer embaraço acontecido pe­la não-utilização de um instrumento de exceção.Nunca houve problema maior por não estar con­tida no texto constitucional a figura do decreto-lei.Pois bem, em 1967 e com a Emenda Constitu­cional1/69, foi introduzido o decreto-lei. Mas ele

foi reintroduzido dentro de uma série de limita­ções

Tenho aqui comigo uma entrevista do MinistroLeitão de Abreu, uma da'> figur<ls exponenciaisdesse período e um jurista de nomeada, professorde várias faculdades, Ministro do Supremo Tribu­nal Federal, Presidente do Supremo Tribunal Fe­deral, duas vezes Chefe da Casa Civil, cujo títuloé "Constituinte deu cheque em branco a Sarney".

Diz a certa altura:

"AConstituição vigente não dá, em matérianormativa, um cheque em branco ao Execu­tivo, limita antes, estritamente, as hipótesesem que o decreto-lei pode ser expedido."

O Presidente da Repúbhca, art. 55:

"Em casos de urgência ou de interessepúblico relevante e desde que não haja au­mento de despesas, poderá expedir decre­tos-leis sobres as seguintes matérias:

Segurança nacional, finanças públicas, m­c1usive normas tributárias, criação de cargospúbhcos e fíxação de vencimentos."

Exige-se aqui que o texto do decreto seja reme­tido ao Congresso Nacional.

POIS bem, Sr. Presidente, na Constituição doperíodo discricionário, autoritário, de exceção, ha­via a cautela, havia a restrição, havia limite sobrea matéria, sobre a abrangência para a edição dodecreto-lei. SeI que partidos fizeram da aboliçãodo decreto-lei a sua bandeira de luta na campanhaeleitoral, pnncipalmente naquela em que se ele­geu o Presidente Tancredo Neves. E quando sefalava em entulho autoritário, na devolução dasprerrogativas ao Congresso Nacional, sem dúvidaalguma o primeiro item que surgia era terminarcom o decreto-lei. Tanto é que o atual Presidenteda República, publicamente, por diversas vezes,assumiu o compromisso de nunca utilizar o queele chamava de o instrumento de exceção, cha­mado decreto-lei. E não obstante aquela promes­sa, apesar de sua palavra estar bastante abaladanesta República - ninguém mais confia no Presi­dente - S. Ex' já baixou aproximadamente 200decretos-leis. Tenho dados do mês de maio, defa­sados, segundo os quais foram encaminhados162 decretos-leis até o dia 25 de maio. Em trami­tação temos 96, e aprovados em plenário, 2 Ape­nas uma vez o Congresso Nacional, nos últimosquatro ou cinco anos, se reuniu para aprovar umdecreto-lei, já que nunca os rejeitou. Aprovadospor decurso de prazo, 59. Publicados no DiárioOficial, não recebidos no Congresso Nacional,5. Aguardando leitura, zero. Então, isto dá umademonstração mequívoca de que o Poder Execu­tivo assumiu a função legiferante. Agora, o queme entristece e ao mesmo tempo surpreende éque aqueles mesmos que tinham a preocupaçãode devolver as prerrogativas ao Poder Legislativoe evitar esses paralelismos na parte de elaboraçãolegislativa são os que propuseram e defendemardorosamente aqui a reintrodução dessa figurado decreto-lei na Constituição, apenas com mu­danças de estilo, de nome, com outra roupagem,porque falam em medidas provisórias com forçade lei, e com algumas diferenças sobre a suaeficácia, que hoje é perdida a partir da sua revoga­ção. Pelo sistema proposto, desapareceria a eficá­cia a partir da edição, se bem que obriga o Con­gresso Nacional a encontrar medidas para dar

cobertura jurídica aos atos emanados desde aedição e que tiveram a sua eficácia e seus efeitosgerados.

Estamos propondo, no resguardo das prerro­gativas deste Parlamento, que seja suprimido oart. 64 - este é o número que tomou na últimafase do texto constitucional - e parágrafo único,para que possamos devolver a esta Casa as suasatribuições. Do contrário, estaremos realmentedando um cheque em branco ao Presidente daRepública, porque, pelo que está proposto no tex­to constitucional, dentro de um conceito muitosubjetivo de relevância e urgência, poderá o Presi­dente da República baixar decreto-lei em qualquermomento, sobre qualquer matéria. Não existe li­mite sobre a abrangência dessa medida. Estoualertando agora, e se tiver oportunidade havereide defender a minha proposta de supressão aquino plenário, embora seja muito difícil debater oassunto, pelo tumulto na ocasião das votações.Mas estarei em todas as oportunidades defen­dendo a supressão dessa matéria, porque a consi­dero nociva e deformante do processo legislativo.Seria restabelecer o decreto-lei, embora teimemalguns junstas e, pnncipalmente, desta Casa, emdizer que não se trata de decreto-lei. Seja decre­to-lei ou qualquer outra denominação que quei­ram dar, trata-se, na verdade de medida correlata,análoga, semelhante, e até muito mais grave, por­que não limitada na sua extensão, na sua aplica­bilidade.

Eram estas as quatro proposições que queriaapresentar, Sr Presidente, por ocasião da discus­são de matéria constitucional nesta melancólicasessão de sábado de manhã em que temos ahonra de contar apenas com a presença de quatroou cinco Constituintes.

Talvez amanhã, afastando esta figura do decre­to-lei, quando serão devolvidas as prerrogativasdo Congresso, quem sabe, até numa emenda in­troduzindo o parlamentarismo, um sonho queacalentamos ainda, possamos assistir a esta Casa,lotada, participativa, vibrante, na defesa dos inte­resses da sociedade brasileira.

Muito obrigado.

Durante o discurso do Sr. ConstituinteAdylson Motta, o Sr. Sotero Cunha, suplentede Secretário, deixa a cadeira da presidência,que é ocupada pelo Sr. José Fernandes, pa­rágrafo único do art.6°do RegimentoInterno:

O SR. PRESIDENTE (José Fernandes) ­Concedo a palavra ao nobre Constitumte Moza·rildo Cavalcanti, que disporá de dez minutos natribuna.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PFL­RR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,Srs, Constituintes, o projeto de Constítuiçáo quese encontra em discussão em segundo tumo nes­ta Assembléia Nacional Constituinte traz, comoconsequência dos trabalhos desenvolvidos desdeas Subcomissões, um avanço considerável emum ponto que considero tenha sido, até então,desprezado não só pelos legisladores, mas, princi­palmente, pelo Executivo. Refiro-me aos Territó­rios Federais. Essa figura esdrúxula, sob todosos aspectos, foi introduzida no contexto da Fede­ração a partir da anexação do Território do Acreao Brasil. Em 1943, cinco novos Territórios, oentão Presidente Getúlio Vargas criou, num regi-

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me autoritário. Apresentou-se, como justificativapara a criação, essa verdadeira intervenção nosEstados, com o seu desmembramento, o inte­resse da defesa do território nacional, mediantea ocupação das suas fronteiras. Pois bem, Sr.Presidente, tínhamos no início dos trabalhos destaAssembléia Nacional Constituinte três TerritóriosFederais remanescentes que, em termos de lei,nada haviam avançado sua estrutura administra­tiva e política. O projeto que hoje discutimos real­mente apresenta avanços siqinifrcativos, como,por exemplo, a aprovação de uma emenda, denossa autoria, no sentido de que, para criaçãode futuros Territórios Federais, haja consulta, àspopulações diretamente interessadas, através deplebiscito Portanto, não poderá mais o Poder Exe­cutivo, usando decreto-lei ou mesmo projeto delei, criar novos Territórios Federais a seu livre arbí­trio. Esta é realmente uma medida dernocratí­zante, que dá aos Estados grande autonomia. Naparte transitória do nosso projeto há um artigoque prevê que o territóno Federal, ao atingir acasa dos 100 mil habitantes, passará a ter umgovernador nomeado, mas subordinado à apro­vação do Senado Federal. Passará a ter tambémuma Câmara Legislativa territorial, similiar à As­sembléia Legislativa dos Estados. Determina tam­bém que passe a existir a Justiça na instânciasde primeiro e segundo graus. Eu, que nasci numTerritório Federal e vivi toda a minha vida lá, seique o principal entrave para a democracia nessasUnidades federativas, se é que assim podemoschamá-las, é exatamente a ausência de Justiça.Por exemplo: O Tribunal de Justiça de Roraimae Amapá está sediado no Distrito Federal, a váriosquilômetros de distância daqueles Territórios.Portanto, isto realmente é um avanço. E avançomaior se deu ainda quando esta Assembléia deci­diu pela transformação dos dois Territórios emEstados Federados, traçando, inclusive, parâme­tros para sua implantação, o que será feito desto é, mediante eleição para um mandato tampãoou nomeação de um governador pro-temporecom poderes discricionários e amplos, comoacorreu em Rondônia. Lá o Governador nomeadoimplantou os tnbunaís de Justiça e de Contas,enfim, adotou as medidas necessárias para suaimplantação, sem legitimidade, isto é, sem ter pas­sado pelo voto popular. Na realidade, essa forma,como se está pretendendo fazer nos Estados deRoraima e Amapá, é altamente dernocranca ecoerente com o momento histórico que vivemos.Esperamos que, no segundo turno, o Plenárioda Assembléia Nacional Constituinte venha a con­validar essas conquistas até aqui alcançadas.

Sr. Presidente e Srs. Constituintes, referi, aindahá pouco, que não pretendemos transformar, demaneira precipitada, Roraima e Amapá em Esta­dos. Acho que essa parte do texto constitucional,que trata exatamente da transformação de Terríto­rios em Estados, adentrou sem necessidade umponto que mais caberia à legislação complemen­tar - eis que as disposíções permanentes já ante­cipam que o assunto será regulado por lei com­plementar. Assim, pois, as Disposições Transi­tórias avançam em detalhes que inviabilizam, oumelhor, praticamente esgotam a matéria que de­veria ser objeto de legislação complementar. Poresta razão, estou apresentando quatro emendassupressivas exatamente dirigidas a esse ponto,porque, como representante de um Território Fe-

deral - Roraima - acho que temos o devercivico de dar esse importante passo em nossaHistória.

Por fim, registro a decisão desta Assembléiade anexar o território de Fernando de Noronhaa Pernambuco, o que tira do mapa do Brasil,pelo menos no momento, a figura do TerritórioFederal. Com essa decisão não concordamos.De fato, uma reflexão profunda, considerando nãosó o problema adrmnistratívo, como também ogeográfico, leva-nos a preferir Femando de Noro­nha como Território FederaL E por motivo muitosimples: sua população é muito pequena - cercade 1 500 habitantes - e sua distância do conti­nente é considerável

Assim, acho que esta Assembléia deveria refletire analisar com bastante prudência, sem emotivi­dade ou qualquer conotação de ordem pessoalou de facções, ao decidir sobre essa matéria.

Falo, Sr. presidente, Srs,Constituintes - e repi­to - na condição de elemento natural de umTerritório Federal. Portanto, conheço as mazelase as vantagens que tem um pedaço do territórionacional ao passar pela experiência institucionalde Território Federal.

Sr. Presidente, quero terminar minhas palavrasencarecendo aos Srs. Constituintes que analisemcom bastante profundidade o assunto, para quepossam decidir com acerto e soberania e acimados interesses pessoais ou de facções

VIII- ENCERRAMENTO

o SR. PRESIDENTE (Sotero Cunha) - Nadamais havendo a tratar, vou encerrar a sessão.

DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

Abigail Feitosa - PSB; AcivalGomes- PMDB;Adauto Pereira - PDS; Ademir Andrade - PSB;Adhemar de Barros Filho - PDT;Adroaldo Streck- PDT; AéCIO de Borba - PDS; Aécio Neves- PMDB; Affonso Camargo - PTB; AfifDomln-gos - PL; Afonso Arinos - PSDB; Afonso San­cho - PDS; Agassiz Almeida - PMDB; Agripinode Oliveira Lima - PFL; Airton Cordeiro - PFL;Airton Sandoval- PMDB;Alarico Abib - PMDB;Albano Franco - PMDB; Albérico Cordeiro ­PFL; Albérico Filho - PMDB; Alceni Guerra ­PFL; Alércio Dias - PFL; Alexandre Costa - PFL;Alexandre Puzyna - PMDB; Alfredo Campos ­PMDB; Almir Gabriel - PMDB; Aloisio Vascon­celos - PMDB; Aloysio Chaves - PFL; AlOYSIOTeixeira - PMDB; Aluizio Bezerra - PMDB;Aluí­zio Campos - PMDB; Álvaro Antônio - PMDB;Álvaro Pacheco - PFL; ÁlvaroValle- PL;AlyssonPaulinelli - PFL; Amaral Netto - PDS; AmilcarMoreira - PMDB; Ângelo Magalhães - PFL;Annibal Barcellos - PFL; Antero de Barros ­PMDB; Antônio Britto - PMDB; Antônio Câmara- PMDB;Antônio Carlos Franco - PMDB;Anto­nio Carlos Mendes Thame - PFL; Antonio Fer­reira - PFL; Antonio Gaspar - PMDB; AntonioMariz- PMDB;Antonio Perosa - PSDB; AntonioSalim Curiati - PDS; Antonio Ueno - PFL; Arnal­do Faria de Sá - PMB;Arnaldo Martins - PMDB;Arnaldo Prieto - PFL; Arnold Fioravante - PDS;Arolde de Oliveira - PFL; Artenir Wemer - PDS;Artur da Távola - PSDB; Asdrubal Bentes ­PMDB; Basílio Villani- nB; Benedicto Monteiro- PTB; Benedita da Silva - PT; Benito Gama

- PFL; Beth Azize - PSDB; Bezerra de Melo-PMDB; Bocayuva Cunha-PDT; Bosco França- PMDB; Brandão Monteiro - PDT; Calo Pom-peu - PSDB; Carlos Alberto Caó - PDT; CarlosBenevides - PMDB;Carlos Cardinal-PDT; Car­los Chiarelli - PFL; Carlos Cotta - PSDB; CarlosDe'Carli - PTB; Carlos Mosconi - PSDB; CarlosVinagre - PMDB; Carlos Virgilio - PDS; CarrelBenevides - PTB; Célio de Castro - PSDB; CelsoDourado - PMDB;César Cals Neto - PSD; CésarMaia - PDT; Chagas Duarte- PFL; Chagas Neto- PMDB; Chico Humberto - PDT; ChristóvamChiaradia - PFL; Cid Carvalho - PMDB; CidSabóia de Carvalho - PMDB; Cleonâncio Fon­seca - PFL; Cristina Tavares - PSDB; CunhaBueno-PDS; Dálton Canabrava-PMDB; DarcyDeitos - PMDB;Darcy Pozza - PDS; Daso Coim­bra - PMDB; Davi Alves Silva - PDS; Del BoscoAmaral - PMDB; Delfim Netto - PDS; DionisioDal Prá - PFL; Dionísio Hage - PFL, Dirce TutuQuadros - PSDB; Dirceu Cameiro - PMDB; Di­valdo Suruagy - PFL; Djenal Gonçalves ­PMDB; Domingos Juvenil- PMDB; Doreto Cam­panari - PMDB; Edésio Frias - PDT; EdisonLobão - PFL; Edivaldo Holanda - PL; EdmeTavares - PFL; Edmilson Valentim - PC do B;Eduardo Jorge - PT; Eduardo Moreira - PMDB;Egídio Ferreira Lima - PMDB; Elias Murad ­PTB; Eliel Rodrigues - PMDB; Eliézer Moreira- PFL; Enoc Vieira - PFL; Eraldo Tinoco ­PFL; Eraldo Trindade - PFL; Erico Pegoraro ­PFL; Ervin Bonkoski - PTB; Etevaldo Nogueira- PFL; Eunice Michiles - PFL; Evaldo Gonçalves- PFL; Expedito Machado - PMDB;Ézio Ferreira- PFL; Fábio Raunheittí - PTB; Farabulini Júnior- PTB; Fausto Fernandes - PMDB; Fausto Ro-cha - PFL; Felipe Cheidde - PMDB;Feres Nader- PTB; Fernando Bezerra Coelho - PMDB; Fer­nando Cunha - PMDB; Femando Gasparian ­PMDB; Fernando Gomes - PMDB; FernandoHenrique Cardoso - PSDB; Femando Lyra - ;Fernando Velasco - PMDB; Firmo de Castro ­PMDB; Flavio Palmier da Veiga - PMDB; FlávioRocha - PL; Florestan Fernandes - PT; FrançaTeixeira - PMDB; Francisco Amaral - PMDB;Francisco Benjamim - PFL; Francisco Carneiro- PMDB; Francisco Coelho - PFL; FranciscoDiógenes - PDS; Francisco Dornelles - PFL;Francisco Kuster - PSDB; Francisco Pinto ­PMDB; Francisco Rollemberg - PMDB; Francis­co ROSSI - PTB; FranCISCO Sales - PMDB; Ga­briel Guerreiro - PMDB; Gandi Jamil - PFL;Gastone Righi - PTB; Genésio Bernardino ­PMDB; Geovah Arnarante - PMDB;Geovani Bor­ges - PFL; Geraldo Alckmin Filho - PSDB; Ge­raldo Melo - PMDB; Gerson Camata - PMDB;Gerson Marcondes - PMDB; Gerson Peres ­PDS; Gil César - PMDB; Gilson Machado - PFL;Gonzaga Patriota - PMDB; Guilherme Palmeira- PFL; Gumercindo Milhomem - PT; Gustavode Faria - PMDB; Harlan Gadelha - PMDB; Ha­roldo Lima - PC do B; Haroldo Sabóia - PMDB;Hélio Costa - PMDB; Hélio Duque - PMDB;Hélio Manhães - PMDB; Hélio Rosas - PMDB;Henrique Eduardo Alves - PMDB;Hermes Zaneti- PSDB; Hilário Braun - PMDB; Homero Santos- PFL; Humberto Lucena - PMDB; HumbertoSouto - PFL; Irajá Rodrigues - PMDB; IramSaraiva - PMDB; Irma Passoni - PT; IsmaelWanderley-PMDB; Itamar Franco-s- ; Ivo Cer­sósimo - PMDB; IvoMainardi - PMDB; Ivo Van-

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Julho de 1988 DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Domingo 10 11955

derlinde - PMDB; Jacy Scanagatta . - PFL;JairoAzi - PDC;Jalles Fontoura - PFL;Jamil Haddad- PSB, Jayme Paliarin - PTB;Jayme Santana- PSDB; Jessé Freire - PFL; Jesualdo Caval-canti - PFL; Jesus Tajra - PFL; Joaci Góes- PMDB; João Calmon - PMDB; João CarlosBacelar - PMDB; João Castelo - PDS; JoãoCunha - PMDB; João da Mata - PDC; Joãode Deus Antunes - PTB; João Herrmann Neto- PMDB; João Lobo - PFL;João Menezes ­PFL; João Natal - PMDB; João Paulo - PT;João Rezek - PMDB; Joaquim Bevilacqua ­PTB;Joaquim Francisco - PFL;Joaquim Hayc­kel - PMDB; Joaquim Sucena - PTB; JofranFrejat - PFL;Jonas Pinheiro- PFL;Jorge Arba­ge - PDS;Jorge Bornhausen - PFL;Jorge Hage- PMDB; Jorge Leite - PMDB; Jorge Medauar- PMDB; Jorge Uequed - PMDB; Jorge Vianna- PMDB; José Agripino - PFL;José Camargo- PFL;José Carlos Coutinho - PL;José CarlosGrecco - PSDB;José Carlos Martinez- PMDB;José Carlos Sabóia - PSB;José Carlos Vascon­celos - PMDB; José da Conceição - PMDB;José Dutra - PMDB; José Egreja - PTB,JoséElias - PTB;José Fogaça - PMDB; José Freire- PMDB; José Genoíno - PT;José Geraldo ­PMDB; José Guedes - PSDB;José Ignácio Fer­reira- PMDB; José Jorge - PFL;José Lourenço- PFL; José Luiz de Sá - PL; José LUIZ Maia- PDS; José Maranhão - PMDB; José MariaEymael- PDC;José Maurício- PDT;José Melo- PMDB; José Mendonça Bezerra - PFL;JoséMoura - PFL; José Paulo Bisol - PSDB; JoséRicha - PSDB; José Santana de Vasconcellos- PFL; José Serra - PSDB; José Tavares­PMDB; José Teixeira- PFL;José Thomaz Nonô- PFL;José Tinoco - PFL;José Ulísses de Oli­veira- PMDB; José Viana- PMDB; Juarez Antu­nes - PDT;Júlio Campos - PFL;Jutahy Maga­lhães - PMDB; Koyu lha - PSDB; Lael Varella- PFL; Lavoisier MaIa- PDS; Leite Chaves ­PMDB; Leopoldo Bessone -PMDB; LeurLoman­to - PFL; Levy Dias - PFL; LeZIO Sathler ­PMDB; Louremberg Nunes Rocha - PTB; LúciaBraga -PFL; LúciaVânia-PMDB; LuísEduardo- PFL; Luiz Alberto Rodrigues - PMDB; LuizFreire - PMDB; LuizGushiken - PT; LuizInácioal - PMDB; LuizMarques - PFL; LuizSalomão-PDT; LuizSoyer- PMDB; LuizViana- PMDB;Luiz Viana Neto - PMDB; Lysâneas MacIel ­PDT; Maguito Vilela - PMDB; Maluly Neto ­PFL; Manoel Castro - PFL; Manoel Moreira -

PMDB; Manoel Ribeiro - PMDB; Mansueto deLavor- PMDB; Manuel Viana- PMDB; MarceloCordeiro - PMDB; Márcia Kubitschek - PMDB;MárcioBraga - PMDB; MárcioLacerda - PMDB;MarcoMaciel-PFL;Marcondes Gadelha - PFL;Marcos Lima- PMDB; Marcos Queiroz- PMDB;Maria de Lourdes Abadia - PSDB; Maria Lúcia- PMDB; MárioAssad - PFL;MárioBouchardet-PMDB; Máno Covas- PSDB;Máriode Oliveira- PMDB; Mário Lima - PMDB; Marluce Pmto- PTB; Matheus Iensen - PMDB; Mattos Leão-PMDB; MaurícioCampos - PFL;MaurícIo Cor-rêa - PDT; Maurício Fruet - PMDB; MaurícIoNasser - PMDB; MaurícioPádua - PMDB; Mau­ro Benevides - PMDB; Mauro Borges - PDC;Mauro Campos - PSDB; Mauro Miranda ­PMDB; Mauro Sampaio - PMDB; Max Rosen­mann - PMDB; MeiraFilho-PMDB; MeloFreire- PMDB; Mello ReIS - PDS; Mendes Botelho- PTB;Mendes Canale - PMDB; Mendes Ribeiro- PMDB; Messias Soares - PTR;MichelTemer- PMDB; Milton Barbosa - PDC; Milton Lima- PMDB; Milton ReIS - PMDB; MiraIdo Gomes- PDC;MiroTeixeira- PMDB; Moema São Thia-go - PSDB; Moysés Pimentel - PMDB; MussaDemes - PFL; Myrian Portella - PDS; NaborJúnior - PMDB; Naphtali Alves de Souza ­PMDB; Narciso Mendes - PFL; Nelson AgUIar- PDT;Nelson Carneiro - PMDB; Nelson Jobim- PMDB; Nelson Sabrá - PFL;Nelson Wedekin- PMDB; Nelton Friedrich- PSDB;Nestor Duar-te - PMDB; NilsoSguarezI - PMDB; NIlsonGib­son - PMDB; Nlon A1bernaz - PMDB; Noel deCarvalho- PDT;NyderBarbosa - PMDB; Octá­VIO Elísio - PSDB; Odacir Soares - PFL; OlavoPires - PTB; Olívio Dutra - PT; Onofre Corrêa- PMDB; Orlando Bezerra - PFL; Orlando Pa­checo- PFL;Oscar Corrêa - PFL;Osmar Leitão- PFL;Osmir Lima - PMDB; Osmundo Rebou­ças - PMDB; Osvaldo Bender - PDS; OsvaldoCoelho - PFL;Osvaldo Macedo - PMDB; Osval­do Sobrinho - PTB; Oswaldo Almeida - PL;Oswaldo Trevisan - PMDB; Ottomar Pinto ­PMDB; Paes de Andrade - PMDB; Paes Landim- PFL;Paulo Macarini- PMDB; Paulo Marques- PFL; Paulo Mincarone - PMDB; Paulo Paim- PT; Paulo Pimentel - PFL; Paulo Ramos -PMDB; Paulo Roberto - PMDB; Paulo RobertoCunha - PDC;Paulo SIlva- PSDB;Pedro Cane­do - PFL; Pedro Ceolin - PFL; Percival Muniz- PMDB; Pimenta da Veiga- PSDB;PlínioArru­da Sampaio-PT; PlínioMartms-PMDB; Rachid

Saldanha Derzi - PMDB; Raimundo Bezerra ­PMDB; Raimundo LIra - PMDB; Raimundo Re­zende - PMDB; Raquel Cândido-; Raquel Capi­beribe - PSB; Raul Belém - PMDB; Raul Ferraz- PMDB; Renan Calheiros - PSDB; RenatoJohnsson - PMDB; Renato Vianna- PMDB; Ri­cardo FIuza- PFL;Ricardo Izar- PFL;Rita Ca­mata - PMDB, Rita Furtado - PFL;Roberto Au­gusto - PTB; Roberto Balestra - PDC; RobertoBrant -; Roberto Campos - PDS; Roberto D'Á­vila- PDT;Roberto Freire- PCB;RobertoJeffer­son - PTB; Roberto Rollemberg - PMDB; Ro­berto Torres --PTB;Roberto VItal - PMDB; Rob­son Marinho - PSDB; Rodrigues Palma - PTB;Ronaldo Aragão - PMDB; Ronaldo Carvalho ­PMDB; Ronaldo Cezar Coelho - PSDB; RonaroCorrêa - PFL; Rosa Prata - PMDB; Rose deFreitas - PSDB;Rospide Netto- PMDB; RubemBranquinho - PMDB; Rubem Medina - PFL;Ruberval Pilotto - PDS; Ruy Bacelar - PMDB;RuyNedel- PMDB; Sadie Hauache - PFL;Sala­tielCarvalho- PFL;Samir Achôa - PMDB; San­tinho Furtado - PMDB; Saulo Queiroz - PSDB;Sérgio Spada - PMDB; Sérqro Werneck ­PMDB; Severo Gomes - PMDB; Sigmaringa Sei­xas - PSDB;SilvioAbreu - PSDB;Simão Ses­SIm- PFL;Sólon Borges dos Reis- PTB;StélioDias - PFL; Tadeu França - PDT;Telmo Kirst- PDS;Teotônio Vilela Filho- PMDB; TheodoroMendes - PMDB; Tito Costa - PMDB; UbiratanAguiar- PMDB; UlduricoPlOtO - PMDB; UlyssesGuimarães - PMDB; ValterPereira- PMDB; Vas­co Alves - PSDB;Vicente Bogo - PSDB;VictorFaccioni - PDS; VIctor Fontana - PFL; VIctorTrovão - PFL; Vieira da Silva - PDS; VilsonSouza - PSDB;VingtRosado - PMDB; ViniciusCansanção - PFL;Virgílio Galassi- PDS;VirgílioGuimarães - PT; Vitor Buaiz - PT; Vivaldo Bar­bosa - PDT; Vladimir Palmeira - PT; WagnerLago-PMDB; WaldyrPugliesi- PMDB; Walmorde Luca - PMDB; Wilma Maia - PDS; WilsonCampos - PMDB; WIlsonMartins- PMDB; ZizaValadares - PSDB.

o SR. PRESIDENlE (Sotero Cunha) - En­cerro a sessão, convocando outra para amanhã,dia 10, domingo, às 9 horas, com a seguinte

ORDEM DO DIAProsseguimento da discussão, em segundo tur­

no, do Projeto de Constituição.Encerra-se a sessão às 10 horas e 54minutos.

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ASSEMBLÉIA NACIONAL COrtS1TfUINI'E

I.IDERANÇAS NAASSEMBLÉIA NACIONAL CONS1TfUINTE

PMDB Valmir Campelo Vice-Uderes:

Presidente: Líder: Messias Góis Plínio Arruda Sampaio

ULYSSES GUIMARÃES Nt:lson Jobim, Arolde de OIiveil'l' José Genoíno

Vice-Uder no exercício PLda Liderança J:.valdoGonçalves Uder:

19-Vice-Presidente: Sirnão Sessim Adolfo OIvelra

MAURO BENEVIDES Vice-Uderes: Divaldo Suruagy

Paulo Macarini José Agripino Maia

Antônio Britto Maurício Campos PDC

2°-Vice-Presidente: Gonzaga Patriota Paulo Pimentel Líder:

JORGE ARBAGE Osmir UrnaJosé Uns Mauro Borges

Gidel DantasPaes Landim

Henrique Eduardo Alves Vice-Uderes:

lo-Secretário: Ubiratan AguiarPOS José Maria Eymael

MARCELO COROaROUder: Siqueira Campos

Rose de Freitas Amm-.J NettoJoaci Góes PCdoB

Nestor Duarte Vice-Uderes:

29-Secretário: AntonioMarizUder:

Victor Faccioni Haroldo UmaMÃRlOMAIA Walmor de Luca Carlos Virgílio

Raul BelémRoberto Brant Vice-Uder:

3D-Secretário: Mauro Campos PDT Aldo ArantesLíder:

ARNALDO FARIA DE SÁHélioManhães

Brandio MonteiroTeotonio VLlela FLIho

PCB

AluizioBezerra Vice-Uderes:Uder:

Nion AJbemaz Roberto Freire

lo-Suplente de Secretário: Osvaldo MacedoAmaury Müller Vice-l,íder:

BENEDITA DA SILVA Jovanni MasiniAdhemar de Barros FIlho Fernando Santana

Nelson JobimVwaldo Barbosa

Miro TeixeiraJosé Fernandes

2°-Sup\ente de Secretário: Ronaldo César CoelhoPSB

LOIZSOYERPTB Líder:Uder: AdemIr Andrade

PFL Gastone RIghIUder:

3°-Suplente de Secretário: JoR LourençoVice-Uderes:

SOlERO CUNHA PMBVice-Uderes: Sólon Borges dos Reis

Uder:Roberto JeffersonInocêncio de Oliveira EJias Murad

NeyM.nnhio

Fausto RochaRicardo Fiuza PT PTR

Geovani Borges Líder; Uder:MozariJdo CavBJcanti LuIz ln6do Lula da Sha MeuIu&o-es

Page 16: República Federativa do Brasilimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/277anc10jul1988.pdf · 2011-10-07 · Julho de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Domingo 10 11945 Franco

COMlssAoDE818TEMATILAÇÁO

Presldcnte:/Jon&o Arlno.- PFL - RJ

l'·Vke·Ple'!ld~nl!::Aluizio Campos - PMDB - P8

2'·Vl(:e·PT~~ldl:nte:

Brendzo Monteiro - PDT - RJ

Relator:Bernardo Ccbrll1- PMDB - M\

pDS

Antonlocllrlo. KonderReis

Dercy PoneGerson Peru

PDTBrandão MonteiroJosé Mauricio

Jari",. PaasertnhoJosé Luiz MnlnVirgOlo Távora

L~~neas Ma~lel

PFL

Enoc VieiraFurtado Lclt<'Gilson MachadoHugo HepoteêcJesualdo CevelcenteJoão MenezesJo(ran FreJ:!!

PDS

Adylson MotlllBonlf6c1o de Andrada

Jonas PlnhalroJo~é LourençoJosé TinocoMOllll «do Côv!lk:aotlValmir CampeloPaes LandimRicardo lzerOscer Corrêa

Victor FllCCJonI

Buplentes

PTLuiz1n6c10 Lula PlíruoArruda

dll Silva Sempalo

PLAdolfo Oliveira

PDC

Slqueirll Campos

PCdoBHaroldo Limo

PCB

Roberto Freíre

I'SB

Jamil Hllddlld

PMDB

""tania FlIlillS

PedoB

Aldo Arantes

Luiz Seloméo

Fernando Santana

PCB

PDC

José Maria Eymael Roberto Ballestra

Aflr Domingos

PL

José Genoíno

Bocayuva Cunha

PDT

PT

Ottomar Pinto

Joaquim BevilácquaFrancisco RossiGastone Righi

Ablgllíl Feitosa José Ignácio FerreiraMémlr Andrllde José Paulo BisolAlfredoCampos José RichaIJmir Gabriel José SerraAluizio Cernpos José Ulisses de OliveiraAntoruo Bruto Manoel MoreiraArtur da Távola Mário UmaBernardo Cobred MIlton ReisCarlos Mo5<:onl Nelson CarnelroCarlos Sent'Anna Nelson JobimCelso Dourado Nelton FnedrlchCld Carvalbo Nilson GibsonCristina Teveres Oswaldo Lima PilhoEgldio Ferreira L1mll Pauío RamosFernando BczCITIl Coelho Pímente da VeigaFernando Gasparian Prisco VI~naFernando Henrique Cardoso Ralrnundo BezerraFernando Lyra Renllto Vl1mnaFtsnctsco P,ntQ Rodrigues PalmaHaroldoSabóia Sigmarlnga SeixasJoão Celmon Severo GomesJoilo Herrnenn Neto Theodoro MendesJosé Fogaça \1rgl/dáslo de SennaJosé Freire Wilson MartimlJosé Geraldo

PMDB

TItulares

Afonso ArInosAlceni GuerraAloysio ChevesAntonio CarlosMendesTharne

Arnaldo PrietoCarlos ChiarelliChristóvam ChiaradiaEdme TavaresEraldo TmocoFrancisco DornellesFranclsco BenjamimInocêncio Oliveira

PfL

Jo5éJorgeJosé LinsJosé LourençoJosé Santana de

VesconcellosJosé Thomaz NonôLuis EduardoMarcondes GadelhaMário Assad ­Osvaldo Co'~lhoPaulo PimentelRicardo FiuzaSandra Cavalcanti

PMDB

AédoNevesAlbano FrancoAntonlo MllrlzChllíJllS RodriguesDas0 ColmbTllDélio BrazEuclides Scalcolsrael PinheiroJoão AgripInoJoão Natal,1056 Carlos GreccoJosé CostaJosé MaranhãoJosé Tavares

luiz Hcnr:'queManoel VienaMárcio BragaMarcos LimaMichelTemerMiro TeixeiraNelson WedekinOctávio ElísioRoberto Brim!Rose de FreitasUldunco PintoVJcente 13ogoVilson de SomaZíza Valadares

PSB

Beth Azize

PMB

Israel Pinheiro Filho

Reunfóelli terças, quartas e quíntas-felrll$.

Becrctártat Maria Laura C"..outinllo

Telefones: 224·2848 - 213·6875 -_213-68713.

PREÇO DESTE EXEMPLAR: CZ$ 6,~EDIÇÃO DE HOJE: 16 PÃGINASJ f